apostila sistemas estruturais ufop

Upload: joaommiguel

Post on 14-Apr-2018

270 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    1/171

    Departamento de Engenharia Civil

    Escola de MinasUniversidade Federal de Ouro Preto

    CIV 403

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    2/171

    Programa Analtico

    1 Aes e Segurana nas Estruturas

    1.1 Introduo

    1.2 Mtodo do Coeficiente de Segurana Interno

    1.3 Mtodo do Coeficiente de Segurana Externo

    1.4 Mtodo das Tenses Admissveis1.5 Introduo aos Mtodos Probabilsticos

    1.6 Mtodo dos Estados Limites

    1.7 Tipos e Natureza das Aes

    1.8 Ao do Vento

    2 Tipologia das Estruturas

    2.1 Histr ico da Engenharia Estrutural

    2.2 Classificao dos Sistemas Estruturais (Dimenses)

    2.3 Classificao dos Sistemas Estruturais (Natureza dos Esforos)

    2.4 Fios e Cabos

    2.5 Arcos

    2.6 Trelias

    2.7 Vigas

    2.8 Pilares

    2.9 Grelhas

    2.10 Estruturas de Superfcie

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    3/171

    Bibliografia

    NBR 8681 Aes e Segurana nas Estruturas Associao Brasileirade Normas Tcnicas (ABNT)

    NBR 6321 Foras devidas ao Vento nas Edificaes AssociaoBrasileira de Normas Tcnicas (ABNT)

    NBR 8800 Projeto e Execuo de Estruturas de Ao de Edifcios Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT)

    NBR 6118 Projeto e Execuo de Obras de Concreto Armado Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT)

    Fundamentos Estatsticos da Segurana das Estruturas Fusco, P.B.

    Fundamentos do Projeto Estrutural Fusco, P. B. Probabilidade: Aplicaes Estatstica Meyer, P. L. Vocabulrio de Teoria das Estruturas Associao Brasileira de

    Concreto Portland(ABCP) Structural Analysis & Design of Tall Buildings Taranath, B. S. Structural Principles Engel, I. Structural Concepts and Systems for Architects and Engineers Lin,

    T. Y and Stotesboury, S. D. Structural Engineering for Architects Lauer, K. R. Structural Analysis for Engineers Willems, N. and Lucas Jr., W. M. Sistemas Estruturais: Segurana nas Estruturas Sles, J. J.;

    Gonalves, R. M. e Malite, M. Departamento de Engenharia deEstruturas, Escola de Engenharia de So Carlos, USP. Publicao041/93.

    Sistemas Estruturais: Elementos Estruturais - Sles, J. J.; Gonalves,R. M. e Malite, M. Departamento de Engenharia de Estruturas, Escolade Engenharia de So Carlos, USP. Publicao 014/94.

    Ao do Vento nas Edi ficaes Sles, J. J.; Gonalves, R. M. eMalite, M. Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola deEngenharia de So Carlos, USP. Publicao 015/94.

    Construes Metlicas e de Madeira (Notas de Aula) Reis, M. V. M.Departamento d4e Engenharia Civil, Escola de Minas, UFOP.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    4/171

    APRESENTAO

    Estas notas de aula foram elaboradas para a implementao da

    disciplina eletiva Sistemas Estruturais, do currculo de graduao do Curso

    de Engenharia Civil, oferecido pelo Departamento de Engenharia Civil da

    Escola de Minas/UFOP.Exceto por pequenos detalhes e ligeiras correes, a presente verso

    ainda a primeira, desenvolvida ao longo do primeiro semestre letivo de

    1999.

    importante ressaltar que o mesmo baseia-se, quase integralmente,

    nas publicaes do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola

    de Engenharia de So Carlos/USP referentes aos assuntos abordados.

    Por esta razo, considerando o desprendimento dos autores dasmencionadas publicaes, manifesto meus mais sinceros agradecimentos

    aos professores Jos Jairo de Sles, Maximiliano Malite e Roberto Martins

    Gonalves.

    Ouro Preto, agosto de 1999

    Prof. Dr. Luiz Fernando L. Ribeiro

    Departamento de Engenharia Civil Escola de Minas

    Universidade Federal de Ouro Preto

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    5/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    1. AES E SEGURANA NAS ESTRUTURAS

    1.1 Introduo:

    A palavra estrutura tem significado de considervel amplitude,

    podendo ser definida, de modo genrico, como o modo de disposio das

    diferentes partes que compem um corpo. Assim, referimo-nos estrutura

    atmica para definir a disposio de tomos de uma molcula. De modo

    figurado, tambm utiliza-se esta palavra para designar a ordem, a disposio

    ou a distribuio das diversas partes que compem uma obra literria,

    artstica, ou trabalho cientfico (artigo tcnico, monografia, dissertao ou

    tese, etc.).

    Na Engenharia Civil, a palavra estrutura utilizada para designar a

    composio, construo, organizao e disposio arquitetnica de umedifcio, compreendendo todas as partes que o compem, incluindo as

    fundaes, lajes, vigas, pilares, paredes, revestimentos, cobertura, pintura,

    etc.

    De modo ainda mais particularizado, tanto na Engenharia Civil quanto

    na Arquitetura, a palavra, por definio, representa as partes que suportam

    as cargas de uma construo e as transmitem s fundaes, constituindo-se

    nos elementos fundamentais do chamado sistema estrutural.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    6/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    2

    A conceituao apresentada, por si s, j caracteriza a importncia do

    sistema estrutural de uma edificao. Porm, em inmeras ocasies, a

    estrutura tambm explorada sob ponto de vista esttico, assumindo uma

    dualidade de funes que impe a necessidade, qualquer que seja o

    profissional envolvido no projeto, de slido conhecimento do funcionamento

    dos sistemas estruturais, bem como de uma profunda interao entre os

    profissionais de diferente formao (arquiteto e projetista estrutural)

    envolvidos no projeto.

    A necessidade deste conhecimento e/ou desta interao to maisvisvel se imaginarmos que, na etapa criativa, este processo basicamente

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    7/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    3

    intuitivo, sendo fundamental a ligao da intuio consciente com a

    formulao matemtica para a compreenso e a representao da realidade

    fsica.

    O carter intuitivo daconcepo de uma estrutura

    evidente em vrios fatos da vida

    cotidiana, como por exemplo, ao

    escolhermos o ngulo correto para

    posicionarmos uma escada de

    mo, bem como ao verificarmos,

    intuitivamente, se as dimenses de

    suas peas so suficientes parasuportar o nosso peso.

    A importncia do sistema estrutural est, portanto, na mesma razo

    da compreenso de seu funcionamento quanto de sua concepo, com toda

    a simplicidade possvel, mesmo abstendo-nos de recorrer ao conhecimento

    formal de frmulas matemticas e questes referentes s caractersticas

    fsicas dos materiais, sem que isso signifique tratar o problema de forma

    simplificada, mas sim reconhecer, nas situaes arquitetnicas prticas, os

    pontos mais delicados do projeto estrutural, proporcionar-lhe as dimenses e

    as propores adequadas, deixando para o projetista estrutural a parte

    matemtica e o detalhamento.

    No projeto de uma estrutura, desde as mais complexas at as mais

    simples, como as constitudas por um nico elemento, fundamental que

    exista a preocupao de que a mesma desempenhe as funes a que se

    destina com o mximo de ECONOMIA e EFICINCIA.

    O carter econmico da estrutura deve ser assegurado atravs de

    uma anlise dos materiais e das tecnologias disponveis, comparando-se os

    custos de matrias primas, distncias de transporte, consumo de materiais e

    de mo-de-obra, tempo de execuo, etc. Definido o material e a tecnologia,

    deve-se procurar a otimizao do sistema estrutural a ser adotado,

    buscando o equilbrio entre o consumo de material e de mo-de-obra.

    Em muitos projetos possvel obter bons resultados com a

    padronizao das dimenses dos elementos, mesmo que s custas de um

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    8/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    4

    consumo maior de material, uma vez que, com a padronizao, possvel

    diminuir-se consideravelmente o emprego da mo-de-obra.

    Centro Esportivo Itaperuna/RJ

    Para assegurar a eficincia de uma estrutura deve-se buscar um

    projeto econmico mas que permita que a estrutura tenha CONDIES DE

    SEGURANA, o que significa apresentar-se resistente, estvel e duradoura.

    O conceito de segurana em estruturas costuma ter dois aspectos

    que, algumas vezes, podem ser confundidos entre si.

    O primeiro qualitativo, dizendo-se que uma estrutura possui ou nopossui segurana. O segundo quantitativo, buscando-se atribuir um valor

    ao nvel de segurana alcanado ou desejado.

    Qualitativamente, diz-se que uma estrutura segura quando ela

    capaz de suportar, sem sofrer danos, todas as aes que vierem a solicit-

    la, desde a fase de construo at o final de sua vida til, entendendo-se

    como aes as causas externas capazes de produzirem esforos internos e

    deformaes na estrutura. Incluem-se nesse caso as foras provenientes

    dos pesos prprios dos elementos estruturais e construtivos, a ao do

    vento, as variaes de temperatura, a movimentao das fundaes

    (recalques de apoios), a circulao de pessoas, veculos, lquidos, gases,

    etc.

    Em termos de vida til das estruturas, pode-se dizer que ela varia de

    acordo com a finalidade da construo. Para as catedrais medievais, por

    exemplo, acredita-se que elas possuam vida til da ordem de 1000 anos,

    enquanto as usinas hidreltricas so projetadas para durarem, no mnimo,

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    9/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    5

    100 anos. No caso das construes industriais, como as usinas siderrgicas,

    os plos petroqumicos, as fbricas e oficinas so concebidas para uma vida

    til de 50 anos, assim como edifcios e demais construes comerciais,residenciais e agrcolas.

    Durante o perodo previsto para a sua vida til, uma estrutura no

    deve apresentar deformaes e/ou deslocamentos excessivos, trincas,

    perda de equilbrio, colapso ou runa ou seja, no deve apresentar falhas

    que impeam ou mesmo prejudiquem a utilizao para a qual foi projetada.

    A principal questo relativa ao aspecto quantitativo a dificuldade

    encontrada na mensurao da segurana oferecida por uma estrutura,verificando-se que vrios mtodos foram desenvolvidos e aperfeioados

    para esta finalidade.

    Na Antigidade o mtodo utilizado pelos construtores, que pode ser

    denominado Mtodo Intuitivo, procurava somente obter construes

    seguras, sem a preocupao de quantificar o grau de segurana. Com isso,

    introduzia-se um conceito de segurana traduzido por meio de concepes

    estruturais baseadas na intuio dos projetistas e construtores, condicionada

    puramente nos sucessos e insucesso de construes similares j

    executadas.

    A aplicao desse mtodo primitivo, via de regra, conduzia a

    estruturas que hoje seriam consideradas antieconmicas mas era obrigatria

    face ao quase total desconhecimento das teorias quantitativas do

    comportamento estrutural.

    Com o desenvolvimento da Mecnica das Estruturas, foram sendo

    criadas teorias quantitativas que reproduziam, cada vez melhor, os diversos

    comportamentos estruturais, tanto na definio do comportamento reolgico

    dos materiais, quanto na determinao dos esforos internos, deformaes e

    deslocamentos produzidos por um dado carregamento, ou na definio dos

    critrios de resistncia dos materiais.

    Atravs dessas teorias, empregando-se processos analticos,

    numricos ou grficos, pode-se determinar, com vrios graus de realismo, os

    esforos internos, as deformaes e os deslocamentos nas estruturas,

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    10/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    6

    permitindo a sua comparao com os critrios de resistncia.

    O desenvolvimento dos mtodos experimentais tambm contribui para

    que sejam obtidas definies cada vez mais completas e claras dosaspectos comportamentais dos materiais e das estruturas, permitindo a

    verificao experimental das teorias quantitativas, possibilitando, at hoje,

    uma integrao circular que proporciona o desenvolvimento dos mtodos

    que buscam atribuir valores segurana das estruturas.

    Assim, os mtodos experimentais constituem-se em um quarto

    processo de anlise de estruturas, podendo ser denominado processo

    analgico , proporcionando uma nova alternativa para a determinao dasdeformaes e deslocamentos das estruturas e possibilitando a aferio dos

    esforos internos.

    importante ressaltar que todas as teorias mencionadas baseiam-se

    na hiptese fundamental de que o comportamento estrutural de um certo

    elemento determinstico, ou seja:

    Para um mesmo elemento, com as mesmas

    vinculaes, a aplicao de uma certa solicitao, de

    acordo com uma certa lei de variao ao longo do

    tempo, se pudesse ser repetida diversas vezes,

    produziria, em todas as aplicaes, os mesmos esforos

    internos, as mesmas deformaes e os mesmos

    deslocamentos

    Um outro parmetro, muito importante para a quantificao da

    segurana, a intensidade das aes, assumidas como invariveis em

    alguns casos. Entretanto, muito fcil de perceber que at mesmo o peso

    prprio de uma estrutura pode variar ao longo do tempo ou por influncia de

    reformas, manutenes ou mesmo de condies climticas.

    Estabelecido o arcabouo quantitativo, surge o problema de como

    deve ser introduzida a segurana no projeto estrutural. A seguir so

    apresentados os diversos mtodos adotados para esta finalidade,

    comentando-se, criticamente, a sua formulao e buscando-se mostrar,

    dentro das perspectivas atuais, o potencial desses mtodos.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    11/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    7

    1.2 Mtodo do Coeficiente de Segurana Interno

    Este mtodo resultou da contnua evoluo experimentada no sculo

    XIX pela Teoria da Elasticidade. A introduo da segurana no projeto

    estrutural, por este mtodo, feita atravs do coeficiente de segurana

    interno , impondo-se a condio de que as maiores tenses que ocorram

    por ocasio da utilizao da estrutura no podem ultrapassar o valor das

    correspondentes tenses, divididas por , de ruptura ou de

    escoamento dos materiais, cujo valor resultante denominado tenso

    admissvel de ruptura ou de escoamento, respectivamente.

    O mtodo eqivale, portanto, imposio de um limite superior para

    as mximas tenses atuantes, as quais no podem ultrapassar as

    correspondentes tenses admissveis, ou seja:

    Os valores a serem adotados para devem levar em considerao

    as inevitveis variabilidades tanto das tenses de ruptura ou de escoamento

    dos materiais, quanto das intensidades das aes, assim como expressar a

    responsabilidade da estrutura e outros fatores que sero ainda discutidos.A determinao dos coeficientes de segurana internos emprica,

    justificando-se seus valores pelos resultados disponveis de estruturas

    projetadas com a sua utilizao, os quais tambm orientam a alterao dos

    coeficientes, permitindo um progresso gradual e seguro dos critrios de

    projeto, de modo a atender aos aspectos econmicos que exigem a

    minimizao dos valores de .

    Para estados mltiplos de tenses podem ser definidas grandezasque caracterizam os diferentes critrios de resistncia adotados para cada

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    12/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    8

    tipo de material, relativamente s quais so introduzidos os coeficientes de

    segurana internos, verificando-se o mesmo para outros fenmenos como,

    por exemplo, a fadiga em estruturas.

    Analisando-se criticamente o mtodo, percebe-se que no so feitas

    consideraes separadas a respeito das incertezas do sistema ou dos

    parmetros, da natureza da estrutura ou das conseqncias da runa. Alm

    disso, as aes so, geralmente, especificadas por outras normas, sob a

    forma de valores mdios para as cargas permanentes, valores mximos

    estimados para as acidentais e valores estatsticos estimados para a ao

    do vento.Quanto s incertezas, cabe apenas ao calculista lev-las em

    considerao, introduzindo, informalmente, hipteses conservadoras a

    respeito do seu modelo terico e, formalmente, atravs da adoo de

    valores para as aes e para as tenses admissveis.

    Um outro aspecto muito importante a considerar o fato de que as

    tenses mximas calculadas na estrutura ocorrem em pontos singulares,

    constituindo-se em efeitos isolados. No caso de uma viga biapoiada

    submetida a um carregamento uniformemente distribudo, por exemplo, o

    momento mximo ocorre no ponto mdio do vo, e a tenso mxima

    ocorrer tambm nesse ponto, mas apenas para as fibras longitudinais

    superiores e inferiores.

    A maioria das estruturas no entra em colapso simplesmente pelo fato

    de existirem tenses altamente localizadas, ocorrendo redistribuio dessas

    tenses para as regies menos solicitadas da seo transversal ou do

    elemento. Esse o caso, por exemplo, de uma viga metlica bi-engastada,

    com seo transversal I.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    13/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    9

    Observa-se na figura acima que, medida que cresce a solicitao

    (momento fletor) na seo transversal, crescem as tenses nos pontos mais

    afastados da linha neutra, verificando-se, em determinada situao (M = My),

    que a mxima tenso normal na seo transversal igual tenso deescoamento do material (y). Com o aumento da solicitao, ocorre uma

    redistribuio de tenses para pontos em que a tenso atuante ainda

    menor que y, at que todos os pontos da seo estejam solicitados pela

    mesma tenso y, dizendo-se que a seo atingiu a plastificao total, para

    solicitao igual ao momento fletor de plastificao total (M = Mp).

    Analisando-se o comportamento da viga bi-engastada, observa-se

    que o momento fletor mximo nos engastes, ocorrendo ento, nesses

    pontos, a formao de rtulas plsticas quando Meng = Mp. A viga, portanto,

    considerando-se que no h mais resistncia rotao nos apoios, passa acomportar-se como uma viga biapoiada, transferindo para outras sees

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    14/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    10

    transversais a responsabilidade pela resistncia ao acrscimo da

    solicitao. O valor mximo do carregamento uniformemente distribudo ser

    aquele correspondente solicitao de momento fletor de plastificao total

    da seo do meio do vo, uma vez que, formada nesse ponto uma nova

    rtula, ocorre a formao de um mecanismo e a viga sofre colapso.

    Face ao exposto, o coeficiente de seguranai

    deve procurar

    representar uma srie de incertezas e imprecises que vo definir o grau de

    segurana de uma estrutura. No estudo dos fatores que devem ser levados

    em considerao na anlise da segurana estrutural, as comparaes entre

    solicitaes e resistncias sero feitas por meio dos esforos solicitantes, o

    que vlido apenas para as estruturas reticuladas (elementos que podem

    ter seu estudo reduzido ao comportamento de seu eixo longitudinal) e de

    superfcie (estudo do comportamento do plano mdio dos elementos).

    No caso de estruturas que possuam as trs dimenses da mesma

    ordem de grandeza, a comparao deve ser feita por meio das aes, sendo

    necessrio englobar-se os grupos (a) e (b), descritos a seguir, em um

    mesmo grupo de fatores que influenciam a resistncia das estruturas.(a) Fatores que influem nas aes

    - variabilidade da intensidade das aes;

    - probabilidade da ao simultnea das diversas aes que a

    estrutura deve suportar.

    (b) Fatores que influem nos esforos solicitantes

    - erros da anlise estrutural:

    decorrentes da atribuio de um esquema terico

    de comportamento estrutura real

    - erros numricos de clculo:

    decorrentes da anlise de estruturas complexas

    que exigem a soluo de grandes sistemas de

    equaes, podendo atingir de 5% a 10%.

    IMPORTANTE: No se consideram previses

    para enganos ou erros nos clculos .

    - imprecises geomtricas construtivas:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    15/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    11

    decorrentes de deformaes iniciais (ou residuais)

    nos eixos das barras ou na superfcies mdias

    dos elementos de superfcie (placas, cascas, etc.)

    e do posicionamento das armaduras, entre outros.

    - variabilidade das caractersticas mecnicas dos materiais em

    laboratrio:

    so inevitveis e decorrentes dos processos de

    caracterizao do material.

    - variabilidade das caractersticas mecnicas dos materiais, do

    laboratrio para a obra:no caso de estruturas metlicas este fator

    praticamente no existe, enquanto para estruturas

    de concreto ele depende essencialmente do

    controle de qualidade dos materiais recebidos na

    obra, da dosagem

    (c) Fatores que influem na responsabilidade da estrutura

    - tipo e montante dos danos produzidos pela eventual runa da

    estrutura

    - capacidade de redistribuio dos esforos e de aviso de runa

    iminente:

    a capacidade de redistribuio dos esforos e de

    aviso de runa iminente pode minorara

    responsabilidade da estrutura, relativamente a

    uma outra que no possua tais caractersticas,

    por permitir uma reduo do montante dos danos

    e, principalmente, por permitir a eliminao, ou

    pelo menos a minimizao de perdas de vidas

    humanas, no caso de uma eventual runa

    A seguir so apresentados alguns exemplos de estruturas que

    permitiro discutir e esclarecer alguns conceitos bsicos ligados segurana

    estrutural, considerando-se apenas materiais com comportamento reolgico

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    16/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    12

    representado pelo diagrama tenso-deformao abaixo representado,

    caracterizando um comportamento elasto-plstico perfeito (EP).

    Quanto aos critrios de resistncia, admite-se que o material satisfaa

    ao Critrio da Mxima Energia de Distoro (Hencky / Von Mises)

    Exemplo 1:

    Determinar a maior fora P

    que pode ser suportada pelo

    tirante da figura, com seo

    transversal constante, sendo y =

    30 kN/cm2 e adotando coeficiente

    de segurana i = 3.

    Soluo:

    Sendo A = b.h, a tenso mxima na estrutura P /A e a condio de

    segurana, decorrente do mtodo :

    22

    1 3 +adm ,

    onde 1 a tenso normal mxima e tem valor nulo.

    Portanto:

    iyadm

    adm

    AP

    e

    //max

    max

    ==

    Desse modo:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    17/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    13

    kNxx

    APiy 4000

    3

    401030/max ==

    Exemplo 2:

    A viga da figura

    constituda por material com sendo

    y = 30 kN/cm2. Determinar o

    mximo valor de P que pode ser

    suportado pela viga, com i = 2.Soluo:

    A maior tenso normal na estrutura dada por:

    l

    hM

    2

    max

    max=

    Sabendo-se que o momento mximo ocorre na seo transversal

    correspondente ao engaste e vale M x l, tem-se:

    kNxx

    xxPou

    lhbP

    hb

    lP

    i

    y

    i

    y

    adm

    12024006

    401230

    6

    6

    2

    max

    2

    max2

    ==

    ==

    Uma outra verificao que pode ocorrer aos mais detalhistas, a do

    esforo cortante. Entretanto, analisando-se as distribuies de tenses para

    as duas solicitaes, encontra-se a distribuio apresentada na figura a

    seguir, onde observa-se que, quando uma tenso o seu valor mximo, a

    outra nula. Pelo critrio de resistncia adotado, para o cisalhamento, tem-

    se:

    22_

    3 +

    e, para 0= , encontra-se: 4,06,03/___

    == , que ,

    aproximadamente, o valor utilizado em diversas normas.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    18/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    14

    Do exemplo, para V = Pmax = 120 kN, tem-se:

    bI

    QV

    .

    .max

    =

    Sendo ( ) ( ) 12/8/4/2/ 3hbIehbhxhbQ === , obtm-se:

    2_

    2

    max

    /12304,04,0

    /375,05,18

    12

    cmkNxe

    cmkNA

    V

    bh

    V

    y===

    ===

    Portanto, no cisalhamento:

    32375,0

    12

    max

    _

    ===

    i

    Este valor permite a constatao que, nos casos normais de flexo, o

    fator limitante a tenso normal ( ) . A tenso de cisalhamento ( ) s

    limitante em vigas com vos pequenos, submetidas a aes muito altas e

    que possuam pequena largura (b), como no caso de vigas metlicas.

    Pode parecer importante, ainda, a verificao em pontos onde ambas

    as tenses no so nulas. Entretanto, uma vez que o valor da tenso normal

    ( ) varia muito mais rapidamente que o da tenso de cisalhamento ( ) ,

    conclui-se que somente ocorrem mximos nos pontos mais afastados da

    linha neutra.

    Exemplo 3:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    19/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    15

    Determinar a mxima fora P que pode ser suportada pela viga

    mostrada acima, com seo transversal constante, considerando

    2/18 cmkNy = e 2=i .

    Soluo:

    O momento mximo, bem como as tenses mximas, ocorrem na

    seo do meio do vo, obtendo-se:

    PPxx

    x

    hbxPl

    0125,060204

    660006

    4 22max

    ===

    A condio de segurana do mtodo permite escrever:

    kNP

    Pouiy

    720

    2/180125,0/_

    max

    = Nos problemas anteriores, conhecia-se o material e as dimenses das

    barras e buscava-se o maior valor que a fora aplicada poderia atingir, com

    determinado i . Diversos problemas de Engenharia apresentam-se desta

    forma, mas, na grande maioria dos casos, conhece-se o carregamento, o

    material e o coeficiente de segurana internoi

    , buscando-se dimensionar a

    seo transversal, como ser apresentado nos problemas a seguir.

    Exemplo 4:

    Para a viga biapoiada, com seo transversal constante, mostrada na

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    20/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    16

    figura, determinar a mnima altura h necessria para suportar o

    carregamento p, com 4=i , utilizando material com2

    /20 cmkNy = .

    Soluo:

    Tambm neste exemplo o momento mximo e as tenses mximas

    ocorrem no meio do vo, obtendo-se:

    cmcmh

    cmkNh

    hxxhbMxWM

    cmkNxlpM

    iy

    1105445,1095

    60000

    /54/20//60000

    20/2000006./6/

    .2000008/400108/

    2_

    2

    max

    22

    maxmaxmax

    22

    max

    =

    ====

    ===

    ===

    Exemplo 5:

    Determinar o dimetro da viga de seo transversal constante da

    figura, confeccionada com material que possui MPay 400= , utilizando

    67,1=i .

    Soluo:

    O momento mximo, neste caso, ocorre nos apoios, sendo calculado

    por

    kNmxplM 2412/6812/22

    max === ,

    obtendo-se, para as tenses mximas:

    ( )max

    3

    maxmax /32/ MxDWM ==

    Substituindo-se os valores e impondo-se a condio de segurana do

    mtodo:

    67,1

    402400

    32 _

    3max == x

    D

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    21/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    17

    cmx

    xxD 100683,10

    40

    24003267,1==

    Exemplo 6:

    A estrutura da figura formada por barras iguais, de material com

    mlecmkNxEcmAcmkNy 2/102,10,/242422 ==== . Determinar o

    mximo carregamento P que pode ser aplicado estrutura, com 3=i .

    Soluo:

    Neste exemplo essencial a aplicao da teoria de 2 ordem, para

    obter-se o equilbrio da estrutura na posio deslocada.

    Desse modo, encontra-se:

    lflfffl

    lLL

    //.sen.2===

    +=

    e, pelas equaes da Esttica, aplicadas na posio de equilbrio:

    f

    lP

    L

    lxf

    LPNHH

    f

    LP

    f

    LxP

    lHLVN

    PVVV

    BA

    A

    BA

    22cos

    22

    /cos/

    2/

    ====

    ====

    ===

    Como so desconhecidos os valores de f, L e N, busca-se,

    inicialmente no tringulo ACD, as relaes:

    EAlNLf

    EAlNLffl

    /..

    /./sen.

    2

    2

    =

    ===

    que, substituda na equao de N, aps elev-la ao quadrado, fornece:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    22/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    18

    lN

    LAEP

    lNL

    AELP

    f

    LPN

    444

    222

    2

    222 ===

    l

    LxAEP

    N4

    23 =

    Admitindo-se que 1/ lL , obtm-se:

    3 263,0 AEPN =

    Esta equao, pela aproximao feita, conduz a um certo erro, mas

    possui resoluo mais simples que a soluo exata, obtida atravs da

    soluo de uma equao de 4 grau. O erro cometido fica em torno de 1 a

    2%, o que pode ser considerado desprezvel.

    Impondo-se que_

    max/ ==AN encontra-se:

    22

    max

    3_

    /25,0 AExP=

    ou, escrevendo-se em funo de Pmax: EAP /2

    3_

    max

    =

    e, para os valores numricos do exemplo:

    ( ) kNxxP 2,3102/3/24102 43max ==

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    23/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    19

    1.3 Mtodo do Coefic iente de Segurana Externo

    Em 1849, dois anos aps o colapso de uma ponte sobre o Rio Dee

    (Inglaterra), construda com trelias de ferro fundido, ainda era discutida a

    utilizao desse material na construo de pontes. Vrios eminentes

    engenheiros deparavam-se com a pergunta: Qual o mltiplo da maior

    carga atuante em uma estrutura deve ser considerada como carga deruptura da mesma?. Brunel e Robert Stephenson, entre outros destacados

    calculistas da poca, passaram a interessar-se pelo comportamento das

    estruturas no caso de ocorrer uma sobrecarga, realizando provas de carga

    de modo a assegurar-se de que a estrutura fosse capaz de suportar as

    cargas de servio.

    Esses engenheiros possuam uma intuio que parece inibida nos

    profissionais modernos, distrado pela exatido da teoria da elasticidade e

    pelo uso consequente das tenses admissveis. Se, por um lado, no pode

    ser negado o sucesso da engenharia atravs da utilizao e do

    desenvolvimento da teoria da elasticidade, por outro lamentvel que essa

    teoria tenha sido to sufocante. No sculo atual, com o desenvolvimento

    cada vez maior da teoria da plasticidade aplicvel s estruturas de ao e da

    teoria da ruptura utilizada nas de concreto, tem ocorrido uma espcie de

    retorno ao mtodo de avaliao da segurana que se revelou com aquela

    pergunta feita em 1849.

    A teoria da plasticidade tornou oportuno lembrar que, para avaliar-se

    a segurana da estrutura, importante conhecer as condies de colapso.

    Decorre da a introduo de um fator de carga em alguns mtodos de

    dimensionamento e sua definio como carga de colapso, dividida pela

    carga de servio, exatamente a mesma relao utilizada h 150 anos. A

    nica diferena que hoje, faz-se uma estimativa da carga de colapso por

    clculo terico, enquanto, naquela poca, somente era possvel estimar-se o

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    24/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    20

    seu valor atravs de provas de carga.

    Embora a determinao da carga de colapso, por meios tericos

    (adotando-se modelos simplificados), seja menos precisa que a obtida pormeio de provas de carga, hoje pode-se contar com os ensaios em modelos

    reduzidos, eliminando-se a necessidade de construo da estrutura para

    obter-se a carga de colapso (ou a existncia de estruturas similares, j

    construdas, para a execuo da prova de carga).

    Se as estruturas apresentassem resposta linear durante toda a sua

    histria de carregamento proporcional e crescente, ou seja, se elas

    apresentassem, em todas as condies, proporcionalidade entre aintensidade do carregamento e a intensidade das tenses correspondentes,

    em todos os pontos e em todos os planos, seria possvel dar uma

    interpretao externa ao coeficiente de segurana interno i , que passaria

    a ser um coeficiente que, ao multiplicar o carregamento de utilizao da

    estrutura, definiria um carregamento proporcional ao mesmo, produzindo

    ruptura ou colapso da estrutura.

    A resposta linear de uma estrutura, porm, somente existe enquanto

    as relaes tenso-deformao do seu material permanecerem lineares

    (linearidade fsica), enquanto sua geometria ficar pouco alterada pelos

    deslocamentos produzidos pelo carregamento (linearidade geomtrica) e

    enquanto todas as aes na estrutura permanecerem proporcionais entre si.

    Entretanto, a maioria das estruturas sujeitas a um carregamento

    proporcional, mesmo apresentando resposta linear em uma certa faixa

    desse carregamento, antes de atingir a ruptura ou o colapso, deixa de

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    25/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    21

    apresentar tal tipo de resposta, quer por perder, sensivelmente, a linearidade

    geomtrica, quer por perder a linearidade fsica, ao deixar de seguir a Lei de

    Hooke em alguns de seus pontos.Observa-se que, a rigor, so poucas as estruturas que no perdem

    linearidade geomtrica, adotando-se a teoria linear como uma aproximao

    do comportamento no-linear das mesmas. No entanto, existem estruturas

    em que esse afastamento terico pouco sensvel, at que elas atinjam a

    ruptura ou o colapso. Como conseqncia, a interpretao externa que se

    poderia dar a i e que, quase certamente, estava implcita na conceituao

    de seus introdutores, perde significado.Para medir-se, externamente, a distncia entre as condies de

    utilizao da estrutura e as correspondentes condies de ruptura ou

    colapso, define-se como coeficiente de segurana externo e de uma

    estrutura, sujeita a um certo carregamento, ao valor pelo qual deve-se

    multiplicar as intensidades desse carregamento, proporcional ao primeiro, de

    forma a produzir a ruptura ou o colapso da estrutura.

    Exemplo 7:

    Determinar o coeficiente de

    segurana externo e da estrutura

    do Exemplo 1, agora comprimida,

    submetida ao carregamento P =4000 kN. Utilizar 2/30 cmkNe =

    e E = 20000 kN/cm2

    Soluo:

    A tenso normal mxima correspondente ao carregamento de

    utilizao especificado ( )2

    /101040/4000 cmkNx == . Se a estrutura

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    26/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    22

    mantivesse resposta linear at a ruptura, teramos 0,3== ei , uma vez

    que 0,310/30/ ==e .

    No entanto, ao ser atingida a carga de flambagem da estrutura, o

    comportamento da estrutura deixa de ser linear, verificando-se um

    crescimento das tenses, a partir de ento, muito mais rapidamente que o

    das aes.

    Assim sendo, a ruptura da estrutura se d com um carregamento

    muito pouco superior a flP , podendo ser, na prtica, confundido com este

    valor, ou seja:

    kNxx

    xxxx

    l

    IEPfl 34,4112

    200412

    1040102

    43

    342

    2

    2

    ===

    e, portanto,

    028,14000

    34,4112===

    P

    Pfl

    e

    Isto mostra que a aplicao do mtodo do coeficiente interno, neste

    caso, conduziu a uma distncia insuficiente entre o carregamento de

    utilizao da estrutura e o de ruptura, j que ambos foram praticamente

    coincidentes. Este fato, devido perda da linearidade geomtrica da

    estrutura, produzida pela flambagem, foi o primeiro grande argumento

    levantado contra o mtodo do coeficiente de segurana interno, conduzindo,

    j de longa data, utilizao de e em estruturas sujeitas flambagem.

    A figura seguinte ilustra o comportamento altamente no-linear da

    estrutura considerada.

    possvel, porm, determinar o valor de P para que se tenha

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    27/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    23

    0,3=e . Para isto, basta fazer:

    kNPPelfadm 13713/34,4112/ ==

    Uma outra opo, mantendo-se o valor de P = 4000 kN, seria

    redimensionar a seo transversal da barra, para obter-se 0,3=e , ou seja:

    kNxPPeadmlf 1200034000. ==

    ou kNlIE 120004/ 22

    83,972620000/20041200012/223

    = xxxbhI

    Como h = 40 cm, b = 10 cm e a flambagem ocorrer segundo o eixo

    de menor inrcia (paralelo a h), aumentando-se b a inrcia aumenta muitomais rapidamente.

    cmb

    bxI

    29,14

    83,972612/403

    =

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    28/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    24

    1.4 Mtodo das Tenses Admissveis:

    Este o mtodo que serviu de base s normas de dimensionamento

    das estruturas at quase os dias de hoje mas, devido a algumas falhas que

    sero discutidas mais adiante, vem sendo substitudo por outros mtodos.

    Este mtodo introduz a segurana no dimensionamento, de duas

    maneiras distintas:a) Nos elementos submetidos a solicitaes estabilizantes, como as

    de trao, utiliza o coeficiente de segurana interno i ;

    b) Nos elementos que podem apresentar flambagem, como por

    exemplo, em pilares ou vigas que no possuem adequadas

    contenes laterais, o mtodo utiliza o coeficiente de segurana

    externo, s que dividindo o carregamento terico de ruptura ou de

    colapso para obter o valor admissvel.

    Exemplo 8:

    Determinar a tenso admissvel do pilar calculado no exemplo 7, para

    obter 0,2=e .

    Soluo:

    A tenso admissvel, nesse caso, nada mais do que a tenso deflambagem dividida pelo coeficiente de segurana externo, ou seja:

    cmkNxx

    e

    lf

    adm /4895,1023,1440

    12000===

    Esta tenso conduz a uma carga admissvel (Padm) de:

    kNxxAxPadmadm 60003,14404895,10 ==

    que corresponde, exatamente, ao valor da carga dividido por e , ou seja:

    kNPP elfadm 60002/12000/ ===

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    29/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    25

    Conforme j visto, atravs dos coeficientes de segurana, o mtodo

    das tenses admissveis procura:

    a) Estabelecer uma medida da segurana das estruturas;

    b) Estabelecer uma sistemtica para a introduo da segurana nos

    projetos estruturais.

    No que diz respeito medida da segurana introduzida, pode-se, de

    imediato, observar que ela bastante deficiente. Como j afirmado, o

    coeficiente de segurana i deve depender, entre outros fatores, da

    variabilidade das resistncias dos materiais, crescendo com o crescimento

    das disperses correspondentes. Este fator justifica a utilizao de 2=i

    em uma estrutura metlica e a utilizao de 4=i , por exemplo.

    A simples considerao deste exemplo permite concluir quei no

    uma boa medida de segurana, uma vez que, quando se projeta uma

    estrutura de madeira com 4=i , no se deseja e nem se consegue que ela

    tenha uma segurana maior do que a de uma estrutura metlica projetada

    com 2=i

    , mas sim, que as duas estruturas tenham a mesma segurana

    ou, pelo menos, segurana da mesma ordem de grandeza.

    Por outro lado, a constatao de que apenas o valor dei no define

    a segurana de uma estrutura acaba por mostrar a deficincia de tal medida

    de segurana. Para exemplificar, se duas estruturas, uma de madeira e

    outra metlica, possurem 2=i , a primeira ter segurana menor que a

    Segunda, embora ambas tenham o mesmoi .

    No que diz respeito sistemtica para a introduo da segurana nos

    projetos estruturais que o mtodo das tenses admissveis estabelece,

    podem ser feitas crticas ainda mais contundentes.

    Inicialmente, cabe a crtica de que h uma preocupao apenas com

    o estabelecimento de uma conveniente distncia entre a situao de

    utilizao da estrutura e aquela que corresponderia a uma ruptura da

    estrutura (desagregao do material) ou a um colapso da mesma (perda da

    capacidade portante da estrutura, por se tornar parcial ou totalmente

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    30/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    26

    hiposttica). No h preocupao com a verificao de outras condies que

    possam invalidar a utilizao da estrutura, como por exemplo o

    aparecimento de deformabilidade exagerada da mesma.

    Esta crtica no , contudo, a mais grave, pois outras condies que

    possam colocar a estrutura inadequada utilizao, poderiam ser satisfeitas

    por meio de verificaes adicionais, em separado.

    A principal crtica que se pode e que se deve fazer ao mtodo das

    tenses admissveis justamente a respeito da distncia que ele introduz

    entre a situao de utilizao da estrutura e aquela que corresponderia a

    uma ruptura ou a um colapso da mesma. A medida da distncia entre assituaes mencionadas fica muito mais bem definida quando procura-se

    estabelecer uma relao entre os carregamentos correspondentes a elas

    ( )e

    do que procurando-se estabelecer a relao entre as tenses

    correspondentes a tais situaes ( )i .

    As estimativas tericas so seguras, desde que a idealizao do

    comportamento da estrutura seja feita de forma conservadora. Alm disso, a

    carga de colapso obtida de modo muito mais rpido e econmico que a

    obtida por prova de carga. O maior avano do mtodo do coeficiente

    externo, em relao ao mtodo do coeficiente interno, que nele, tenta-

    se considerar a forma de comportamento da estrutura ou seja, como o

    modelo ideal da estrutura se comportaria se essa estrutura fosse construda.

    Entretanto, o mtodo ainda apresenta muitos defeitos, como por

    exemplo, o fato de no existir uma separao entre as incertezas do sistema

    e a incerteza dos parmetros. Alm disso, as aes so especificadas damesma forma que para o mtodo do coeficiente interno ou seja, uma mistura

    de mdias, mximas e valores estatsticos estimados. Existe, tambm

    neste mtodo, uma confuso filosfica e falta de rigor, no existindo uma

    estrutura lgica de raciocnio, por meio da qual possam ser examinados

    todos os estados limitativos da estrutura.

    Como conseqncia, o mtodo das tenses admissveis no retrata

    com boa preciso a condio de colapso, nem permite que seja feita uma

    avaliao confivel dessa condio. O mtodo, contudo, representa uma

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    31/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    27

    sub-estimativa da segurana, ou seja, um limite inferior de segurana, alm

    de ser um mtodo simples, direto e de fcil utilizao, desde que os

    coeficientes de segurana sejam adequadamente escolhidos.

    Entretanto, como no um mtodo realista, poderia apresentar perigo

    nos casos em que o calculista, baseando-se em uma anlise mais

    sofisticada da estrutura, imaginasse ser possvel a reduo do coeficiente de

    segurana. Isso somente seria possvel caso fosse feito um estudo mais

    rigoroso a respeito das incertezas do sistema e dos parmetros.

    Adicionalmente, bvio que outros efeitos, que no sejam tenses,

    dever ser analisados no projeto de uma estrutura, como, por exemplo,deformaes, controle de fissuras, etc. No obstante as normas tratarem

    desses efeitos, o mtodo permanece obscuro e desprovido de unidade

    filosfica, apresentando uma nfase excessiva s tenses elsticas e pouca

    s restries que devem ser impostas utilizao da estrutura. Em resumo,

    a moderna Engenharia j ultrapassou este mtodo.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    32/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    28

    1.5 Introduo aos Mtodos Probabilst icos

    Os conceitos e as anlises apresentadas parecem indicar que um

    mtodo de introduo de segurana em uma estrutura deve levar em

    considerao a completa conceituao de segurana, observando-se todos

    os seus aspectos e adotando-se, para medida de segurana, o coeficiente

    de segurana externo.

    Um mtodo com estas caractersticas, porm, permite a crtica

    fundamental de que, alm da premissa de que o comportamento estrutural

    um fenmeno determinstico, considera-se que os parmetros mecnicos

    e geomtricos da estrutura tambm o so.

    A primeira premissa, relativa ao comportamento estrutural

    determinstico lgica e verificada experimentalmente, no se conhecendo

    situaes que a contradigam. Entretanto, a hiptese no verificada

    experimentalmente no que se refere aos parmetros mecnicos e

    geomtricos, observando-se, por exemplo, que a tenso correspondente ao

    limite de escoamento de um materialy

    uma varivel aleatria

    contnua, qual deve-se associar uma lei de distribuio de densidade de

    probabilidade.

    Esta constatao, inclusive, suficiente para que possa-se formular

    uma idia fundamental:e

    tambm no uma medida satisfatria da

    segurana de uma estrutura uma vez que, mesmo considerando-se que

    apenas y no tenha um comportamento determinstico, duas estruturas

    geometricamente iguais e igualmente solicitadas, projetadas com o mesmo

    e , mas construdas com materiais cujos y apresentam diferentes

    disperses, apresentaro nvel de segurana diferente, sendo menor a

    segurana da estrutura cujo material apresentary com maior disperso.

    Por exemplo, uma estrutura metlica e uma de madeira, geometricamente

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    33/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    29

    iguais e igualmente solicitadas, ambas projetadas com 3=e , possuem

    diferentes nveis de segurana, sendo menos segura a estrutura de madeira

    por apresentar maior disperso para y .

    A concluso apresentada, obtida com a considerao de que apenas

    y comporta-se como varivel aleatria, fica reforada com a considerao

    de que todas as caractersticas geomtricas e mecnicas da estrutura

    tambm so variveis aleatrias e, ainda mais, com a considerao

    adicional de que as aes tambm o so.

    Exemplo 9:

    Considere a viga do

    exemplo 2 construda com um

    material comy apresentando

    uma distribuio log-normal de

    mdia 2/30 cmkNm = e

    coeficiente de variao de 15%.

    Determinar os valores de P e as

    correspondentes probabilidades de

    runa, para coeficientes de

    segurana internos iguais a 1, 2 e

    3.

    Soluo:

    Suponhamos que, para a determinao dem tenham sido realizados 200

    ensaios de caracterizao do material da viga, obtendo-se os resultados

    apresentados na tabela.

    Dispondo-se os valores em ordem crescente, e tomando-se o nmerode valores encontrados dentro de intervalos, por exemplo de 2 kN/cm2,

    pode-se traar um grfico relacionando a freqncia relativa dos valores de

    y (nmero de ocorrncias dividido pelo nmero total de valores da

    amostra) com os valores mdios de cada intervalo.

    Se, no limite, reduzirmos o valor dos intervalos a zero, obtemos a

    funo densidade de probabilidade (f.d.p.) dos valores dey , tal que:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    34/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    30

    Amostra y Amostra y Amostra y Amostra y1 18,96 51 26,89 101 29,76 151 32,892 20,96 52 26,97 102 29,80 152 32,98

    3 21,46 53 27,01 103 29,85 153 33,03

    4 21,85 54 27,09 104 29,89 154 33,13

    5 22,15 55 27,13 105 29,93 155 33,23

    6 22,41 56 27,21 106 30,02 156 33,28

    7 22,65 57 27,25 107 30,07 157 33,38

    8 22,85 58 27,33 108 30,11 158 33,48

    9 23,06 59 27,37 109 30,16 159 33,58

    10 23,19 60 27,41 110 30,20 160 33,63

    11 23,37 61 27,49 111 30,25 161 33,73

    12 23,54 62 27,54 112 30,34 162 33,83

    13 23,68 63 27,62 113 30,38 163 33,93

    14 23,79 64 27,66 114 30,48 164 34,03

    15 23,93 65 27,74 115 30,52 165 34,08

    16 24,04 66 27,78 116 30,57 166 34,19

    17 24,18 67 27,82 117 30,61 167 34,29

    18 24,29 68 27,91 118 30,70 168 34,44

    19 24,40 69 27,95 119 30,75 169 34,54

    20 24,51 70 28,03 120 30,80 170 34,65

    21 24,62 71 28,07 121 30,89 171 34,75

    22 24,69 72 28,12 122 30,93 172 34,86

    23 24,80 73 28,20 123 30,98 173 34,96

    24 24,92 74 28,24 124 31,03 174 35,12

    25 24,99 75 28,28 125 31,12 175 35,22

    26 25,07 76 28,37 126 31,17 176 35,3827 25,18 77 28,41 127 31,26 177 35,49

    28 25,25 78 28,45 128 31,31 178 35,64

    29 25,33 79 28,50 129 31,35 179 35,75

    30 25,40 80 28,58 130 31,40 180 35,91

    31 25,48 81 28,62 131 31,49 181 36,07

    32 25,59 82 28,67 132 31,54 182 36,23

    33 25,67 83 28,75 133 31,63 183 36,40

    34 25,75 84 28,80 134 31,68 184 36,56

    35 25,82 85 28,84 135 31,73 185 36,78

    36 25,86 86 28,88 136 31,82 186 37,00

    37 25,98 87 28,97 137 31,87 187 37,22

    38 26,02 88 29,01 138 31,97 188 37,44

    39 26,10 89 29,05 139 32,01 189 37,6740 26,17 90 29,10 140 32,11 190 37,89

    41 26,25 91 29,14 141 32,16 191 38,23

    42 26,29 92 29,23 142 32,21 192 38,52

    43 26,37 93 29,27 143 32,30 193 38,87

    44 26,45 94 29,32 144 32,35 194 39,27

    45 26,53 95 29,40 145 32,45 195 39,75

    46 26,57 96 29,45 146 32,54 196 40,28

    47 26,65 97 29,49 147 32,59 197 41,01

    48 26,73 98 29,54 148 32,64 198 42,00

    49 26,77 99 29,62 149 32,74 199 43,60

    50 26,85 100 29,67 150 32,79 200 46,42

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    35/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    31

    =

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    36/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    32

    distribuio) e a mdia.

    15 20 25 30 35 40 45 50

    0

    10

    20

    30

    40

    y

    Moda = 29

    Mdia = 30,06

    f.

    d.

    p.

    Uma distribuio log-normal de densidade de probabilidade para a

    varivel aleatriay

    uma distribuio tal que ln y apresenta uma

    distribuio normal de densidades de probabilidade. A figura a seguir

    apresenta a f.d.p para os dados do problema.

    3,0 3,2 3,4 3,6 3,80

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Mdia = 3,39

    ln ()

    Sendom

    e c, respectivamente a mdia e o coeficiente de variao

    da distribuio log-normal. A distribuio normal de ln y apresenta mdia

    ln e desvio padro dados por:

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    37/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    33

    ( ) 2/2 21 =+= eecnl y

    No caso de ter-se c = 0,15 (15%), vem:

    ( )

    39,3ln

    cm/kN6681,29ex30

    1492,015,01nl

    22/)1492,0(

    2

    2

    =

    ==

    =+=

    A partir da mxima tenso que ocorre na estrutura pode-se obter o

    correspondente valor de P:

    l6

    hbP

    hb

    lP6 2

    2

    ==

    Fazendo-se iy / == , para os valores de i do problema,

    obtm-se:

    i (kN/cm2) P (kN)

    1,0 30 240

    2,0 15 120

    3,0 10 80

    Para calcularmos as probabilidades de runa correspondentes aos

    valores de P obtidos, deve-se considerar a forma reduzida da f.d.p. de y ,

    da forma

    ( )

    = 2

    e)(lnf 2/uy

    2

    , onde

    = nlnlu .

    A probabilidade da varivel y situar-se em um intervalo (a,b) ser

    expressa por:

    ( ) ( )yb

    a

    2/uy de

    2

    1bap

    2

    =

    que representada pela rea hachurada da figura, entre os valores a e b.

    Analogamente, fixada uma certa probabilidade p, pode ser

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    38/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    34

    determinado o intervalo em torno da mdia (no caso ln ) dentro do qual

    devem estar situados todos os valores da varivel, definindo-se tal intervalo

    em funo do parmetro u(p%) e do desvio padro .

    ba

    ln ( ) + u(p%)ln ( ) - u(p%) ln ( )

    = =

    p %

    ( )ln y

    de

    nsidadedeprobabilidade

    Entretanto, esta integral no pode ser calculada pelos meios comuns,

    uma vez que no possvel encontrar uma funo cuja derivada seja igual a

    2/u2e , sendo necessrio recorrer a mtodos de integrao numrica que

    permitem a tabulao dos valores de p em funo de u.Por exemplo, para o concreto, as normas prevem que a

    probabilidade de que, em apenas 5% dos casos, a resistncia do concreto

    possa apresentar valor inferior resistncia caracterstica calculada. Assim,

    o quantil de 5% (p = 0,05) deve ser procurado na tabela da distribuio

    normal para obter-se o correspondente valor de u.

    Utilizando-se, por exemplo, a tabela apresentada por Meyer, P.L.

    (Probabilidade: Aplicaes Estatstica, p.369-370), obtm-se:

    - para p = 0,9495 u = 1,64

    - para p = 0,9505 u = 1,65

    Interpolando-se os valores, linearmente, tem-se:

    - para p = 0,95 u = 1,645

    Portanto, a resistncia caracterstica do concreto deve ser calculada

    como:

    = 645,1ff cjck

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    39/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    35

    - onde fcj a resistncia mdia dos corpos de prova

    ensaiados e o desvio padro do lote ensaiado.

    Para o caso do exemplo, utilizando as tabelas, obtm-se:

    -

    ( ) ( )

    =

    =

    ==

    %97,525297,0p

    0745,01492,0

    6681,29ln30lnu

    cm/kN30 2

    -

    ( ) ( )

    =

    =

    ==

    %001,010

    5712,41492,0

    6681,29ln15ln

    /15

    5

    2

    p

    ucmkN

    -( ) ( )

    =

    ===

    %000000001,010p

    2888,71492,0

    6681,29ln10lnucm/kN10

    11

    2

    Deve-se observar que a variao da probabilidade de runa, embora

    tenha uma relao direta com o valor da tenso mxima atuante na estrutura

    ou carga P aplicada, no diretamente proporcional a ela, ou seja, uma

    reduo de 50% na tenso mxima atuante (de 30 para 15 kN/cm2) reduziu

    a probabilidade de runa de 52,97% para 0,001%, correspondente a uma

    reduo de 99,8%.

    Para melhor observao desse fenmeno, vamos considerar ainda os

    valores 1,5 e 1,515 para de i , obtendo-se:

    i (kN/cm2) P (kN) u p (%)

    1,5 20 160 -2,64 0,41

    1,515 19,8 158,4 -2,71 0,34

    0,8 37,5 300 1,57 94,18

    Observa-se que a reduo de 1% na carga aplicada resultou em 17%,

    aproximadamente, de reduo da probabilidade de runa.

    A ltima linha da tabela acima foi includa para que seja observado

    que probabilisticamente, o fato de a tenso mxima atuante ter superado a

    tenso mdia 22 /30/5,37 cmkNcmkN m =>= no implica,

    necessariamente, em runa da estrutura, havendo 94,18 % de probabilidade

    de que isto venha a acontecer.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    40/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    36

    Existem ainda outras idias fundamentais que podem ser agora

    introduzidas, como por exemplo, as interpretaes fsicas da probabilidade

    de runa de uma estrutura.

    A probabilidade p de um certo evento pode ser entendida como o

    limite para o qual tende a freqncia relativa da ocorrncia daquele evento,

    quando o nmero de repetio das situaes em que ele pode ocorrer tende

    para infinito. Assim sendo, se forem construdas e carregadas n estruturas

    igualmente especificadas e controladas, se o nmero de runas for r,

    medida que n crescer, a relao r/n tender a p, podendo-se, para um n

    suficientemente grande, supor npr = . Por exemplo, se 410p = , para n

    suficientemente grande, 1 em cada 10000 estruturas construdas dever

    atingir a runa.

    Por intermdio da probabilidade de runa de uma estrutura, pode-se

    chegar a uma medida conceitualmente perfeita da segurana de uma

    estrutura. Sendo p a probabilidade de runa, (1 p) pode expressar a

    segurana, levando em considerao todos os fatores que influem na

    mesma. Entretanto, devido aos valores assumidos por p, a possibilidade de

    sobrevivncia de uma estrutura apresenta uma faixa de variao muito

    estreita, por exemplo, entre 0,999 e 0,999999, o que torna inconveniente a

    sua utilizao corrente, face sua falta de sensibilidade numrica.

    Para contornar esse inconveniente, diversas medidas da segurana

    podem ser introduzidas, sendo uma delas, perfeitamente satisfatria, o

    ndice de segurana, definido por s = colog p.

    Do exemplo 8 pode-se, ento extrair os seguintes valores de s:

    i p s

    0,8 0,9418 0,026

    1,0 0,5297 0,28

    1,5 0,0041 2,39

    1,515 0,0034 2,47

    2 10-5 5

    3 10-11 11

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    41/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    37

    Portanto, dentro da concepo probabilstica que, obrigatoriamente,

    deve ser introduzida nos mtodos de dimensionamento, os conceitos de

    coeficientes de segurana devem ser abandonados, por no representarem,

    efetiva e satisfatoriamente, o conceito de segurana desejado.

    Apesar disso, ser visto a seguir, que no estgio atual de

    desenvolvimento dos mtodos probabilsticos de dimensionamento, ainda

    parecer ser conveniente a manuteno dos coeficientes de segurana,

    principalmente em face das grandes dificuldades ainda existentes para o

    clculo de s nos casos reais de projeto. No entanto, a sua manuteno s

    pode e somente deve ser feita sabendo-se que ela provisria, formalmente imperfeita e deve subordinar-se, sempre que possvel, aos

    mtodos probabilsticos.

    A concluso de que a segurana estrutural um problema

    probabilstico tem implicaes conceituais, ticas e econmicas.

    O conceito de que uma estrutura, ao ser projetada e construda,

    apresenta sempre uma probabilidade de runa pode parecer chocante a

    muitas pessoas e mesmo a muitos engenheiros. Durante muitos e muitos

    anos, a teoria das estruturas deu a falsa sensao de que era possvel

    alcanar uma segurana absoluta, especialmente se houvesse um controle

    operacional das aes que viessem a agir sobre a estrutura.

    Embora desde 1936 j estivesse clara a conceituao probabilstica,

    apenas recentemente ela vem impondo-se de uma forma mais ampla.

    Assim, resta aos engenheiros projetar e construir estruturas que apresentem

    baixas probabilidades de runa, comparveis quelas probabilidades de risco

    inevitveis, ligados a outras atividades humanas.

    Por exemplo, a probabilidade de uma pessoa ser morta em acidentes

    de estradas de 0,7%, igual probabilidade de sofrer um acidente uma

    pessoa que voa 10 horas por ano. Para uma pessoa que faz 300 viagens de

    trem por ano, a probabilidade de acidente de 0,2%, enquanto a

    probabilidade de que qualquer pessoa, em perfeitas condies fsicas e

    mentais venha a falecer, antes de terminar o dia, da ordem de 10-5.

    Consideraes desse tipo acabam por levar concluso de que so

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    42/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    38

    normalmente admissveis para as estruturas probabilidades de runa entre

    10-3 e 10-6, ou seja, valores do ndice de segurana s de 3 a 6.

    Sob o aspecto tico, cabe ao engenheiro definir as probabilidades de

    runa aceitveis em cada situao, levando em considerao no s os

    riscos humanos e materiais envolvidos mas, principalmente, considerando o

    fato consumado de que o risco inevitvel. Por outro lado, cabe sociedade

    passar a entender e a julgar os engenheiros, considerando a inevitabilidade

    desse risco e a no pressupor que eles trabalham com segurana absoluta.

    Porm, para que isso possa efetivamente ocorrer, essencial que os

    prprios engenheiros distingam, clara e corajosamente, no caso deacidentes, aqueles devidos a erros de projeto ou de execuo, daqueles

    devidos aleatoriedade inevitvel dos fatores de que a segurana depende.

    Sob o aspecto econmico, cabe ao engenheiro tomar uma deciso

    perante a incerteza, fixando a probabilidade de runa p com que ir projetar

    e construir uma certa estrutura, levando em considerao os custos da

    construo e o montante de danos decorrentes de uma eventual runa da

    mesma.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    43/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    39

    1.6 Mtodo dos Estados Limi tes

    O conceito de dimensionamento nos estados limites foi desenvolvido

    na Rssia, de 1947 a 1949, aprovado em 1955 e introduzido na Engenharia

    Civil em 1958. Foi a primeira tentativa de disciplinar todos os aspectos da

    anlise de estruturas, incluindo a especificao de aes e a anlise da

    segurana. um critrio utilizado para definir um limite acima do qual um

    elemento da estrutura no poder mais ser utilizado (estado limite de

    utilizao), ou acima do qual ser considerado inseguro (estado limite

    ltimo). Portanto, quando um elemento da estrutura tornar-se inadequado

    para utilizao, ou quando uma estrutura deixar de satisfazer a uma das

    finalidades de sua construo, diz-se que ela atingiu um estado limite, ou,

    por extenso, que atingiu a runa.

    Combinando-se esta definio com a conceituao de segurana,

    pode-se dizer que segurana de uma estrutura a capacidade que ela

    apresenta de suportar as diversas aes que vierem a solicit-la

    durante a sua vida til, sem atingir qualquer estado limite.

    Como visto, os estados limites podem ser classificados em duas

    categorias:

    - estados limites ltimos

    - estados limites de utilizao

    Os estados limites ltimos so aqueles correspondentes ao

    esgotamento da capacidade portante da estrutura, podendo ser originados,

    em geral, por um ou vrios dos seguintes fenmenos:

    - perda da estabilidade de equilbrio de uma parte ou do

    conjunto da estrutura, assimilada a um corpo rgido. Por

    exemplo, tombamento, arrancamento de suas fundaes,

    etc.;

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    44/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    40

    - colapso da estrutura, ou seja, transformao da estrutura

    original em uma estrutura parcial ou totalmente hiposttica,

    por plastificao;- perda da estabilidade de uma parte ou do conjunto da

    estrutura, por deformao;

    - deformaes elsticas ou plsticas, deformao lenta e

    fissurao (no caso de concreto estrutural) que provoquem

    uma mudana de geometria que exija uma substituio da

    estrutura;

    - perda de capacidade se sustentao por parte de seuselementos, ruptura de sees, por Ter sido ultrapassada a

    resistncia do material, sua resistncia flambagem,

    fadiga, etc.;

    - propagao de um colapso que inicia-se em um ponto ou

    regio da estrutura, para uma situao de colapso total

    (colapso progressivo ou falta de integridade estrutural);

    - grandes deformaes, transformao em mecanismo,

    instabilidade global.

    De forma geral, pode-se dizer que os estados limites ltimos esto

    relacionados ao colapso da estrutura ou de parte dela (colapso real ou

    convencional), com uma probabilidade muito pequena de ocorrncia, uma

    vez que ter como conseqncia a possvel perda de vidas humanas e da

    propriedade.

    Um estado limite ltimo tambm pode ocorrer devido sensibilidade

    da estrutura aos efeitos da repetio das aes, do fogo, de uma exploso,

    etc. Estas causas devem ser consideradas por ocasio da concepo da

    estrutura e os estados limites ltimos a elas associados devero ser

    obrigatoriamente verificados, mesmo no estando previstos explicitamente

    nas normas de dimensionamento.

    Os estados limites de utilizao esto relacionados interrupo da

    utilizao normal da estrutura, aos danos e deteriorao da mesma. Para

    esses estados limites poder ser tolerada maior probabilidade de ocorrncia,

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    45/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    41

    pelo fato de no representarem situaes to perigosas quanto os estados

    limites ltimos.

    Em ltima anlise, os estados limites de utilizao correspondem sexigncias funcionais e de durabilidade da estrutura, podendo ser

    originados, em geral, por um ou vrios dos seguintes fenmenos:

    - deformaes excessivas para uma utilizao normal da

    estrutura como, por exemplo, flechas ou rotaes que

    afetam a aparncia da estrutura, o uso funcional ou a

    drenagem de um edifcio, ou que possam causar danos a

    componentes no estruturais e aos seus elementos deligao;

    - deslocamentos excessivos, sem perda de equilbrio;

    - danos locais excessivos (fissurao, rachaduras, corroso,

    escoamento localizado ou deslizamento) que afetam a

    aparncia, a utilizao ou a durabilidade da estrutura;

    - vibrao excessiva que afeta o conforto dos ocupantes da

    edificao ou a operao de equipamentos.

    O dimensionamento pelo mtodo dos estados limites um processo

    que envolve:

    1) a identificao de todos os modos de colapso ou maneiras

    pelas quais a estrutura poderia deixar de cumprir as

    finalidades para as quais foi projetada (estados limites);

    2) a determinao de nveis aceitveis de segurana contra a

    ocorrncia de cada estado limite;

    3) a considerao, pelo calculista da estrutura, dos estados

    limites significativos.

    No projeto de edifcios comuns, os itens (1) e (2) so contemplados

    pelas normas, como por exemplo a NBR 8800/86 Projeto e execuo de

    estruturas de ao de edifcios, que indica os estados limites que devem ser

    considerados. Para estruturas corriqueiras, o calculista responsvel pelo

    item (3), geralmente comeando-se pelo estado limite mais crtico.

    Dentre as etapas enumeradas acima, a etapa (2) aquela que

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    46/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    42

    envolve a introduo da segurana aceitvel ou desejvel, relativamente a

    cada estado limite pertinente, baseando-se em mtodos probabilsticos para

    levar em considerao a variabilidade das aes e das resistncias, embora,no projeto de uma estrutura, o calculista no tenha que trabalhar,

    explicitamente, com o clculo de probabilidades.

    As principais vantagens do mtodo de dimensionamento baseado no

    conceito de estados limites (mtodo dos estados limites) so as seguintes:

    confiabilidade mais coerente entre as vrias situaes de

    projeto, uma vez que a variabilidade das resistncias e das

    aes representada, de forma explcita e independente,para resistncias e aes;

    possibilidade de escolha do nvel de confiabilidade, de tal

    forma que possa refletir as consequncias do colapso;

    melhor possibilidade de compreenso, por parte do

    calculista, dos requisitos a serem atendidos pela estrutura e

    do comportamento estrutural necessrio para que esses

    requisitos sejam atendidos; simplicidade do processo de dimensionamento;

    permite ao calculista a avaliao de situaes no rotineiras

    de projeto;

    permite, de maneira mais racional, a atualizao das

    normas de dimensionamento, em funo dos avanos na

    determinao das variabilidades das aes e das

    resistncias;

    utiliza variveis probabilsticas, refletindo melhor o carter

    dos fenmenos envolvidos.

    1.6.1 Verificao de projeto

    No dimensionamento de uma estrutura, o objetivo do calculista

    assegurar-se, com razovel nvel de probabilidade, que, no todo ou em

    parte, a estrutura no atingir um estado limite, durante a sua construo ou

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    47/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    43

    durante o perodo previsto para sua utilizao (vida til). Para alcanar este

    objetivo, o dimensionamento pelo mtodo dos estados limites consiste,

    essencialmente, na determinao das aes, ou sua combinao, cujosefeitos conduzem a estrutura a um estado limite e garantir que so

    superiores s aes, determinadas probabilisticamente, a que ela pode estar

    sujeita nesse perodo.

    Na prtica, o processo de verificao , no entanto, inverso e baseia-

    se no conceito de efeito das aes (Sd) e no conceito de resistncia

    correspondente (Rd) e em garantir-se que :

    dd RS O carter semi-probabilstico da verificao da segurana e das boas

    condies de servio (confiabilidade) introduzido definindo-se as aes e

    as resistncias dos materiais atravs de seus valores caractersticos (Sk e

    Rk) determinados estatisticamente ou baseados na prtica de projeto.

    Por sua vez, os valores de clculo (ou de projeto) das aes (ou

    seus efeitos) e das resistncias so obtidos dos correspondentes valores

    representativos, afetados por fatores de segurana, respectivamente f e

    m , determinados por consideraes probabilsticas para cada tipo de

    estado limite, geralmente como produtos de coeficientes parciais.

    A subdiviso em coeficientes parciais tem por objetivo quantificar,separadamente, as vrias causas de incerteza, umas quantificveis

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    48/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    44

    probabilisticamente e outras dependentes de opes subjetivas. O fator f

    paras as aes (F) e efeitos S(F) e, geralmente, considerado como produto

    de trs fatores:

    -1f

    para levar em considerao a possibilidade de ocorrncia

    de aes que se afastem do valor caracterstico;

    -2f

    chamado fator de combinao, cuja funo traduzir a

    probabilidade reduzida de todas as aes, que atuam

    combinadas, atingirem valores elevados simultaneamente.

    Este fator , usualmente, identificado como 0 ;-

    3f para levar em considerao a impreciso na determinao

    dos efeitos das aes (solicitaes ou tenses) e o efeito

    da variao das dimenses nos esforos gerados na

    montagem ou execuo.

    Para quantificao dos vrios f e, para o estabelecimento das

    regras de combinao, as aes so classificadas, segundo sua

    variabilidade ao longo do tempo, em trs categorias:

    - permanentes (G)

    - variveis (Q)

    - excepcionais (E)

    As aes permanentes so aquelas cuja variao no tempo

    desprezvel em relao ao tempo mdio de vida til da estrutura, podendo

    ser divididas em duas classes:

    - diretas so consideradas aes permanentes diretas os

    pesos prprios da estrutura e de todos os

    elementos construtivos permanentes, os pesos

    dos equipamentos fixos e os empuxos devidos

    ao peso prprio de terras no removveis e de

    outras aes sobre elas aplicadas e, em casos

    particulares, os empuxos hidrostticos tambm

    podem ser considerados como permanentes;- indiretas so consideradas como aes permanentes

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    49/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    45

    indiretas a protenso, os recalques de apoio e

    a retrao dos materiais.

    So consideradas como aes variveis as cargas acidentais dasconstrues, bem como seus efeitos, tais como foras de frenagem, de

    impacto e centrfugas, os efeitos do vento, das variaes de temperatura, do

    atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, as presses hidrostticas e

    hidrodinmicas. Em funo de sua probabilidade de ocorrncia durante a

    vida til da construo, as aes variveis so classificadas em normais ou

    especiais.

    As aes variveis normais so aquelas cuja probabilidade deocorrncia suficientemente grande para que sejam, obrigatoriamente,

    consideradas no projetos das estruturas de um determinado tipo de

    construo, enquanto so classificadas como aes variveis especiais as

    aes ssmicas ou cargas acidentais de natureza ou intensidades especiais,

    atuantes em tipos particulares de estruturas.

    Exemplos:

    nos edifcios habitacionais

    - sobrecarga devido utilizao da edificao (pessoas, objetos,

    mobilirio, etc.) e foras devidas presso do vento.

    nos edifcios industriais e comerciais

    - sobrecarga de utilizao (equipamentos, pessoas, etc.) e foras

    devidas presso do vento

    nas pontes e passarelas

    - sobrecarga de utilizao (pessoas e veculos) e foras devidas

    ao vento

    nas barragens e centrais nucleares

    - efeitos de natureza ssmica

    So consideradas como aes excepcionais as decorrentes

    exploses, choques de veculos, incndios, enchentes ou sismos

    excepcionais. Os incndios, ao invs de serem tratados como causa de

    aes excepcionais, tambm podem ser levados em considerao por

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    50/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    46

    intermdio de reduo do valor das propriedades fsicas dos materiais

    constitutivos da estrutura.

    Tendo em vista as diversas aes levadas em considerao no

    projeto, o ndice do coeficiente f pode ser alterado para identificar a ao

    considerada, resultando nos smbolos g , q , p e , respectivamente

    para as aes permanentes, variveis, de protenso e para os efeitos de

    deformaes impostas (aes indiretas).

    Os valores representativos das aes, como j comentado, podem ser

    valores caractersticos, caractersticos nominais, reduzidos de combinao,

    convencionais excepcionais, reduzidos de utilizao e valores raros de

    utilizao, de acordo com o estado limite em questo.

    Assim, para os estados limites ltimos, so considerados os

    seguintes valores representativos:

    1. valores caractersticos

    os valores caractersticos Fk das aes so definidos em

    funo da variabilidade de suas intensidades;

    os valores caractersticos das aes variveis, estabelecidos

    por consenso e indicados em normas especficas,

    correspondem a valores que tm 25% a 35% de probabilidade

    de serem ultrapassados no sentido desfavorvel, durante um

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    51/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    47

    perodo de 50 anos;

    para as aes permanentes que produzam efeitos

    desfavorveis na estrutura, o valor caracterstico correspondeao quantil de 95% da respectiva distribuio de probabilidade

    (valor caracterstico superior) e, para as aquelas que produzem

    efeitos favorveis o valor caracterstico corresponde ao quantil

    de 5% de suas distribuies (valor caracterstico inferior).

    2. valores caractersticos nominais

    para as aes que no tenham sua variabilidade

    adequadamente expressa por distribuies de probabilidade,os valores caractersticos so substitudos por valores

    nominais, convenientemente escolhidos.

    3. valores reduzidos de combinao

    so determinados a partir dos valores caractersticos, pela

    expresso k0 F e so empregados nas condies de

    segurana relativas a estados limites ltimos, quando existem

    aes variveis de diferentes naturezas, levando emconsiderao a baixa probabilidade de ocorrncia simultnea

    dos valores caractersticos de duas ou mais dessas aes;

    por simplicidade, qualquer que seja a natureza das aes

    variveis, o valores de 0 nico.

    4. valores convencionais excepcionais

    so valores arbitrados para as aes excepcionais,

    estabelecidos por consenso entre o proprietrio da construoe as autoridades governamentais que nela tenham interesse.

    Para os estados limites de utilizao, os valores representativos

    so:

    1. valores reduzidos de utilizao

    so determinados a partir dos valores caractersticos, pelas

    expresses k1 F e k2 F , e empregados, respectivamente,

    na verificao da segurana em relao a estados limites de

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    52/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    48

    utilizao decorrentes de aes que se repetem muitas vezes

    e de aes de longa durao;

    os valores reduzidos k1 F e k2 F so designados,respectivamente, por valores freqentes e valores quase-

    permanentes das aes variveis.

    2. Valores raros de uti lizao

    Quantificam as aes que podem acarretar estados limites de

    utilizao, mesmo que atuem com durao muito curta sobre a

    estrutura.

    A verificao da segurana em relao aos estados limites ltimos feita em funo das combinaes ltimas de aes e em relao aos

    estados limites de utilizao feita em funo das combinaes de

    utilizao.

    Em termos de carregamentos, durante a vida til da estrutura, podem

    ocorrer carregamentos normais, carregamentos especiais ou carregamentos

    excepcionais, sendo necessria, em alguns casos particulares, a

    considerao do carregamento de montagem ou de construo.O carregamento normal decorre da utilizao prevista para a

    construo, admitindo-se que possa ter durao igual ao perodo de

    referncia da estrutura (vida til). Este tipo de carregamento deve ser

    sempre considerado na verificao da segurana, tanto em relao a

    estados limites ltimos quanto em relao a estados limites de utilizao.

    O carregamento especial decorre da atuao de aes variveis de

    natureza ou intensidade especiais, cujos efeitos superam, em intensidade,

    os efeitos produzidos pelas aes consideradas no carregamento normal.

    Os carregamentos especiais so transitrios, com durao muito pequena

    em relao ao perodo de referncia da estrutura e so, em geral,

    considerados apenas na verificao da segurana em relao aos estados

    limites ltimos, correspondendo, a cada carregamento especial, uma nica

    combinao ltima especial de aes.

    O carregamento excepcional decorrente de aes excepcionais

    que podem provocar efeitos catastrficos e somente devem ser

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    53/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    49

    considerados no projeto de estruturas de determinados tipos de construo,

    para os quais a ocorrncia de aes excepcionais no possa ser desprezada

    e que, alm disso, na concepo estrutural, no possam ser tomadasmedidas que anulem ou atenuem a gravidade das conseqncias dos

    efeitos dessas aes. O carregamento excepcional transitrio, com

    durao extremamente curta, sendo considerado apenas na verificao da

    segurana em relao a estados limites ltimos, por intermdio de uma

    nica combinao ltima excepcional de aes.

    O carregamento de construo considerado apenas nas

    estruturas em que haja risco de ocorrncia de estados limites, durante a fasede construo, portanto transitrio, e sua durao deve ser definida em cada

    caso particular. Devem ser consideradas tantas combinaes de aes

    quantas sejam necessrias para a verificao das segurana em relao a

    todos os estados limites que so de se temer durante a fase de construo.

    Portanto, a verificao da segurana para cada tipo de carregamento

    deve considerar todas as combinaes de aes que possam acarretar os

    efeitos mais desfavorveis na estrutura, observando-se, sempre, que:

    - as aes permanentes devem ser consideradas em sua totalidade;

    - devem ser consideradas apenas as parcelas das aes variveis

    que produzam efeitos desfavorveis;

    - as aes mveis devem ser consideradas em suas posies mais

    desfavorveis.

    As aes includas em cada uma das condies indicadas devem ser

    consideradas com seus valores representativos, multiplicados pelos

    coeficientes de ponderao, adotando-se os seguintes critrios:

    - as aes permanentes devem figurar em todas as combinaes de

    aes;

    - em cada combinao ltima normal, uma das aes variveis deve

    ser considerada como principal, admitindo-se que ela atue com

    seu valor caracterstico Fk, enquanto as demais devem ser

    consideradas como secundrias, adotando-se os seus respectivos

    valores reduzidos de combinao k0 F ;

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    54/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    50

    - nas combinaes ultimas, especiais ou excepcionais, a ao

    varivel, especial ou excepcional, deve ser considerada com seu

    valor representativo ( 0,1=f ) e, para as demais aes variveis,

    devem ser adotados valores correspondentes a uma probabilidade

    no desprezvel de atuao simultnea com a ao varivel

    especial ou excepcional.

    Os coeficientes de ponderao g (aes permanentes) majoram os

    valores representativos que provocam efeitos desfavorveis e minoram os

    valores representativos daquelas que provocam efeitos favorveis para a

    segurana da estrutura. Nas combinaes ltimas, salvo indicao em

    contrrio expressa em norma relativa ao tipo de construo e de material

    utilizado, devem ser tomados com os valores bsicos indicados na tabela 1.

    Para a determinao do coeficiente de ponderao g as aes

    permanentes so divididas em dois grupos:

    aes permanentes de grande variabilidade

    - so as constitudas pelo peso prprio das estruturas, dos

    elementos construtivos permanentes no estruturais e dos

    equipamentos fixos, todos considerados globalmente, quando o

    peso prprio da estrutura no superar 75% da totalidade desses

    pesos permanentes;

    aes permanentes de pequena variabilidade

    - so as aes permanentes quando o peso prprio da estrutura

    supera 75% da totalidade dos pesos permanentes;

    A tabela 1 indica, alm dos coeficientes de ponderao das aes

    permanentes e variveis, os valores que devem ser adotados para aes

    decorrentes de recalques de apoio e de retrao dos materiais.

    Os fatores de combinao 0 , salvo indicao em contrrio, expressa

    em norma relativa ao tipo de construo e de material utilizado, esto

    indicados na tabela 2, juntamente com os fatores de reduo 1 e 2

    referentes s combinaes de utilizao.

  • 7/27/2019 Apostila Sistemas Estruturais UFOP

    55/171

    CIV 403 Sistemas Estruturais_________________________________________________________________________________________________________________

    51

    Tabela 1 Valores caractersticos de ponderao das aes

    Combi-

    naes.

    Aes PermanentesAes

    Variveis

    Recalques de

    apoio e

    retrao

    Grande

    variabilidade

    Pequen