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Prof. Msc. ROBÉRIO MACÊDO DE OLIVEIRA Radiologia Veterinária

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Page 1: Apostila Radiologia Veterinária

Prof. Msc. ROBÉRIO MACÊDO DE OLIVEIRA

Radiologia Veterinária

Page 2: Apostila Radiologia Veterinária
Page 3: Apostila Radiologia Veterinária

CONCEITOS BÁSICOS EM RADIOLOGIA

1 - HISTÓRICO

No dia 8 de novembro de 1895, no Instituto de Física da Universidade de

Würzburg, na Baviera, WILHELM CONRAD ROENTGEN (1845-1923)

descobriu um novo tipo de radiação e a ela denominou de Radiação X ou Raio

X.

Roentgen estudava o comportamento dos raios catódicos trabalhando

com uma ampola desenvolvida por William Crookes. Nessa ampola, a qual era

de vidro e continha, no seu interior, gás, ao se gerar uma diferença de potencial

elétrico ocorria uma movimentação de elétrons, carga elétrica negativa, que se

encontravam no Cátodo, ou Catódio, em direção ao Ânodo, ou Anódio, carga

elétrica positiva. Nesse deslocamento dos elétrons, Roentgen observou que

alguns se chocavam contra as paredes da ampola e que desse choque havia a

produção de um tipo de radiação que tornava fluorescente um cartão pintado

com platinocianeto de bário usado nas pesquisas dos raios catódicos mesmo

quando a ampola estivesse envolta por um grosso papel negro. No laboratório

haviam filmes fotográficos e, sobre um deles, sua esposa, inadvertidamente,

colocou sua mão. O filme ao ser revelado mostrou nitidamente as estruturas

internas (ossos) da mão da esposa de Roentgen.

Fig. 1 - Representação esquemática de uma

ampola de Crookes.

Page 4: Apostila Radiologia Veterinária

Em 28 de dezembro de 1895 Roentgen submeteu sua descoberta à

Sociedade de Física e Ciências Médicas da Universidade de Würzburg através

de um “paper” (10 páginas) intitulado “Üeber eine Neue Art von Strahlen ” (Uma

nova forma de radiação), tendo o mesmo sido aprovado e passado a fazer

parte dos Anais da Sociedade ainda no ano de 1895.

Em 1901, a Fundação Nobel reconhecendo a importância dessa

descoberta para o avanço e desenvolvimento das ciências médicas criou o

Prêmio Nobel de Física e Roentgen foi o primeiro físico a recebê-lo nesse

mesmo ano.

A primeira radiografia de um animal foi realizada em 1896 por Josef Eder,

em Viena. Richard Eberlein, médico veterinário inglês, publicou, em 1897, o

primeiro Atlas Radiográfico canino.

2 – O QUE É RADIOLOGIA

Radiologia é o ramo das ciências médicas que se utiliza das radiações

descobertas por Roentgen para auxiliar no diagnóstico e tratar diversas

enfermidades. Quando se restringe ao campo do diagnóstico ela, juntamente

com outras especializações médicas (Ultrassonografia, Tomografia

Computadorizada, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear) forma o que se

convencionou denominar de Meios Auxiliares de Diagnóstico por Imagem .

É importante enfatizar que a Radiologia é um Meio Auxiliar de

Diagnóstico e desta maneira suas informações devem ser examinadas de

forma conjunta com a história clínica do paciente, com os sinais clínicos, com o

exame físico, com os exames laboratoriais e com outros exames possíveis de

serem realizados. Por si só a Radiologia apenas contribui, muitas vezes de

maneira decisiva, para o diagnóstico. Não é sua função elaborar o diagnóstico

e sim auxiliar no elaboração dele.

Page 5: Apostila Radiologia Veterinária

3 - OS RAIOS X

Os Raios são radiações eletromagnéticas, as que não possuem massa, e

deste espectro também fazem parte as ondas do rádio, microondas, raios

infravermelhos, luz visível, raios ultravioletas, raios gamas, entre outras. Elas

Tais radiações diferem entre si pelo comprimento de onda (distância entre

uma partícula numa determinada onda e a sua correspondente na onda

seguinte, é representada pela letra grega lambda - ), pela freqüência (número

de ciclos por segundo de uma radiação eletromagnética) e pela energia

(capacidade da radiação de produzir trabalho).

O comprimento de onda das Radiações X varia entre 100 e 0,01 Å,

sendo que para o radiodiagnóstico a variação está na faixa entre 0,5 - 0,4 Å

dependendo da quilovoltagem (Kv) a ser empregada.

4 - A PRODUÇÃO DAS RADIAÇÕES X

Inicialmente, Roentgen produzia as Radiações X em ampolas criadas por

W. Crookes porém esse tipo de equipamento não permitia que houvesse um

controle efetivo sobre a quantidade e a intensidade das radiações emitidas.

Em 1913, William Coolidge, físico inglês, criou um novo tipo de ampola

que permitia controlar a quantidade e a qualidade dos Raios X e essa ampola,

com poucas alterações, ainda é o principal equipamento usado nos aparelhos

de Raios X.

A ampola de Coolidge, que apresenta vácuo total no seu interior, é de

vidro e está envolvida por uma carapaça de metal, geralmente o chumbo, que

possui uma abertura por onde emana o feixe útil de radiações X.

Page 6: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 2 - Representação esquemática de uma

ampola de Coolidge.

Para a produção das radiações X são necessários três elementos

básicos: uma fonte de elétrons, um local de impacto e uma diferença de

potencial elétrico entre eles.

Em uma das extremidades da ampola localiza-se um filamento de

tungstênio em espiral que, quando aquecido através de uma corrente elétrica

de baixa voltagem, medida em miliamperes (mA), produz uma determinada

quantidade de elétrons (carga elétrica negativa) que darão origem as

Radiações X. Esta extremidade, que possui carga elétrica negativa, é

denominada de CATÓDIO ou CÁTODO.

Na extremidade oposta encontramos um bloco, geralmente de tungstênio,

denominada de ANÓDIO ou ÂNODO, que pode ser fixo ou giratório, e possui

carga elétrica positiva. No ponto central deste banco encontramos uma área

bastante resistente denominada de Ponto Focal ou Alvo.

Ao se aplicar uma diferença de potencial elétrico entre as duas

extremidades, através de em circuito de alta voltagem, medido em

quilovoltagem (Kv), faz-se com que os elétrons se desloquem em alta

velocidade desde o catódio em direção ao anódio, se chocando violentamente

contra o Ponto Focal. O impacto faz com que a energia dos elétrons se

transforme em Raios X (± 2%), calor (± 95%) e em outras formas de energia.

Page 7: Apostila Radiologia Veterinária

5 - MILIAMPERAGEM

O filamento de tungstênio que se encontra no catódio ao ser esquentado

cria ao seu redor uma quantidade de elétrons que ao serem deslocados pela

diferença de potencial irão produzir uma quantidade proporcional de radiações

X. Essa quantidade de elétrons criadas ao redor do catódio corresponde

medida elétrica denominada de MILIAMPERAGEM (mA).

A produção dessas radiações X além de estar relacionada com o

número de elétrons emitidos está, também, diretamente relacionada com o

tempo que estará ocorrendo a diferença de potencial. Esse tempo, geralmente,

é um segundo.

Dessa forma, a quantidade de raios X requerida para a obtenção de

uma radiografia é indicada pelo produto da miliamperagem pelo tempo de

exposição e é expressa em miliamperes/segundo (mAs)

Assim sendo, a miliamperagem corresponde a quantidade de radiações

X obtidas num determinado espaço de tempo.

6 - QUILOVOLTAGEM

A intensidade da diferença de potencial aplicada no interior da ampola vai

interferir diretamente na velocidade de deslocamento dos elétrons desde os

catódio até o anódio e, portanto, na intensidade do choque e na energia

liberada por ele. Assim sendo, os raios X que se formarão terão comprimento

de onda variável de acordo com a intensidade do impacto dos elétrons contra o

alvo. A diferença de potencial é produzida por um circuito elétrico de alta

voltagem elétrica e é expressa em QUILOVOLTS ou QUILOVOLTAGEM (kv),

que também é conhecida como a “força de penetração” dos raios X.

Page 8: Apostila Radiologia Veterinária

Como visto, a intensidade da diferença de potencial interfere no

comprimento de onda das radiações X que se formarão. Quanto maior a

diferença de potencial aplicada menor será o comprimento de onda e maior

será o poder de penetração.

O poder de patogenicidade das radiações X também está diretamente

relacionado com o seu comprimento de onda. Quanto maior o comprimento de

onda menor será o seu poder de penetração nos tecidos orgânicos e, portanto,

maior o seu grau de patogenicidade.

Os raios X usados para fins de radiodiagnóstico comumente possuem um

comprimento de onda que varia entre 80 a 100 kv ( = 0,4 Å) que é um

comprimento de onda curto e não apresenta alto grau de patogenicidade. Estas

radiações são chamadas de RADIAÇÕES DURAS.

As radiações com comprimento de onda que variam entre 40 a 60 kv ( =

0,5 Å) possuem um comprimento de onda longo, são altamente patogênicas e

são chamadas de RADIAÇÕES MOLES.

Comprimentos de onda que variam entre 60 a 80 kv ( = 0,45 Å) dão

origem as chamadas RADIAÇÕES INTERMEDIÁRIAS que também

apresentam um grau de patogenicidade menor que o das radiações moles e

não devem ser usadas na prática diária. Acima de 100 kv temos as

denominadas RADIAÇÕES ULTRA DURAS que são geralmente usadas na

indústria.

7 – PROPRIEDADES DOS RAIOS X

Os raios X possuem inúmeras propriedades, porém para fins de

radiodiagnóstico são importantes as seguintes:

Page 9: Apostila Radiologia Veterinária

Propagam-se com a mesma velocidade da luz e sempre em linha reta;

Por não possuírem carga elétrica não são desviados nem por campos

elétricos nem por campos magnéticos;

Produzem ionização (formação de íons) por onde passam;

Por não possuírem massa, são capazes de atravessar corpos

espessos;

Ao incidirem sobre substancias como platino cianeto de bário, sulfato

de zinco, tungstato de cádmio, tornam-nas fluorescentes;

São capazes de sensibilizar os filmes fotográficos e os radiográficos.

Uma das propriedades mais importante das radiações X e que deve

sempre estar presente no cotidiano dos profissionais veterinários é a de que os

raios são capazes causar modificações nas células vivas produzindo alterações

somáticas (interferindo no equilíbrio químico celular) e/ou genéticas

(interferindo diretamente na cadeia do DNA, rompendo-a).

8 – O FEIXE DE RAIOS X

Ao se chocarem contra o anódio, os elétrons, além de produzirem calor,

dão origem a infinidade de raios X que emergem da ampola sob a forma de um

feixe, cônico, denominado de FEIXE PRIMÁRIO. Os raios que compõe este

Feixe possuem comprimento de onda variável e se difundem de forma

divergente, sendo então necessário limitar o seu campo de ação através de

cones e/ou diafragmas. A este Feixe Primário, para fins de proteção contra as

radiações, somente deve ficar exposto o paciente e o pessoal técnico que

esteja com equipamentos de proteção (luvas, avental, etc.). O ponto exato

onde ocorre o choque dos elétrons contra o anódio denomina-se de Ponto

Focal.

Page 10: Apostila Radiologia Veterinária

Compondo o Feixe Primário existe um único raio X que ocupa exatamente

a posição central e que incide sobre a película radiográfica formando com ela

um ângulo de 90º. A essa radiação se dá a denominação de RAIO CENTRAL.

Fig. 3 – Representação do Feixe Primário de radiações X

e do Raio Central (indicado pela seta).

O Raio Central é entre todos os raios X do Feixe Primário o único que não

causa distorção na imagem registrada radiologicamente. Por esta razão o Raio

Central deve sempre incidir exatamente sobre a área ou órgão de interesse

clínico. Exemplificando: em casos suspeitos de luxação de patela o Raio

Central deve incidir exatamente sobre essa estrutura óssea e não sobre a

região epifisiária distal do fêmur ou sobre a região epifisiária proximal da tíbia.

Algumas radiações X do Feixe Primário quando interagem com objeto

sujeito ao exame radiográfico transferem ao átomo do objeto toda a sua

energia e ocorre a produção de novas radiações X. Essas novas radiações X

são denominadas de RADIAÇÕES SECUNDÁRIAS ou DIFUSAS, que se

difundem em todas as direções e possuem comprimento de onda maior que as

originais, portanto, com menor poder de penetração. Em razão de seu

comprimento de onda, as Radiações Secundárias são altamente patogênicas e

contra elas devemos nos precaver.

Page 11: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 4 – Representação esquemática das Radiações Secundárias

(linhas pontilhadas).

Outras radiações X do Feixe Primário ao incidirem na estrutura sujeita ao

exame apenas desviam de sua trajetória mantendo o seu comprimento de onda

original. São as denominadas

RADIAÇÕES DISPERSAS.

Alguns raios do Feixe Primário ao incidirem sobre o objeto cedem apenas

uma parte de sua energia ao átomos do objeto e continuam sua trajetória com

um comprimento de onda maior. Esse fenômeno é denominado de EFEITO

COMPTON.

O poder de definição das radiações do feixe primário é desigual quando

emergem da ampola e essa variação é definida pela angulação do alvo no

anódio. O Raio Central possui um poder de resolução de 100%. A medida que

os raios se afastam do Raio Central em direção ao anódio o poder de

resolução decresce imediatamente. O inverso se dá nos raios que estão para o

lado do catódio, inicialmente há um acréscimo para depois haver a redução do

poder de resolução.

O fenômeno acima descrito é denominado de EFEITO ANÓDICO e a

partir de sua utilização podemos ter radiografias mais uniformes, ao

colocarmos a região de maior espessura sempre para o lado do catódio.

Page 12: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 5 – Representação esquemática do Efeito Anódico.

9 – A IMAGEM RADIOGRÁFICA

As chapas radiográficas nada mais são que negativos fotográficos de

estruturas orgânicas internas e, portanto, um dos principais objetivos dos

exames radiológicos é a obtenção de imagens fieis da estrutura radiografada,

permitindo, assim, uma avaliação criteriosa e consistente do objeto sujeito ao

exame radiológico.

9.1 – A FORMAÇÃO DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

A imagem radiográfica, o objetivo primordial da Radiologia, é conseguida

através de, pelo menos, duas reações: uma física e outra química.

A reação física determina a formação da imagem pela sensibilização dos

cristais halóides dos sais de prata, dissolvidos na gelatina que recobre ambas

faces dos filme radiográficos, pelas Radiações X. Esta sensibilização

transforma estes cristais halógenos em prata metálica a imagem formada,

invisível a olho nu, é denominada de Imagem Latente.

Page 13: Apostila Radiologia Veterinária

Ao se iniciar o processo da revelação do filme radiográfico iniciam-se

diversas reações químicas que culminam na transformação dos grãos de sais

de prata sensibilizados em prata metálica negra, que ao final do processo,

formará a denominada Imagem Visível que será avaliada para fins de

radiodiagnóstico.

9.2 – ALGUNS FATORES QUE INTERFEREM NA FORMAÇÃO DA IMAGEM

Diversos são os fatores que podem interferir na formação de uma imagem

radiográfica de qualidade. Neste trabalho, que não se dedica à formação de

técnicos em radiologia e, sim, à capacitação para avaliação radiológica,

daremos ênfase a alguns destes fatores que se não lhes for dada toda a

atenção corremos o risco de termos exames radiológicos sem nenhuma

validade a para interpretação das possíveis alterações orgânicas.

9.2.1 - DISTÂNCIA ENTRE O OBJETO E O FILME RADIOGRÁFICO

Para que tenhamos uma imagem que reproduza com exatidão a estrutura

radiografada é necessário que esta esteja em íntimo contato como o filme

radiográfico.

Em muitas ocasiões fazer-se com que a estrutura radiografada fique junta

ao filme radiográfico é uma tarefa impossível devido as três dimensões dos

objetos de estudo em Medicina Veterinária. Assim sendo, para que a imagem

formada tenha dimensões o mais próximo possível da estrutura radiografada

torna-se obrigatório posicionar-se o animal de maneira que a estrutura a ser

radiografada esteja próxima ao chassi radiográfico. Exemplificando, caso se

deseja radiografar o rim direito de um paciente este deverá ser colocado em

dois posicionamentos para que se atinja o objetivo desejado: a) decúbito lateral

direito e b) decúbito dorsal.

Page 14: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 6 - Representação esquemática da distância objeto – filme.

A’ e B’ representam as imagens dos objetos A e B.

9.2.2 – DISTÂNCIA ENTRE O PONTO FOCAL E O FILME (DFF)

A distância entre o Ponto Focal, localizado no interior da ampola geradora

de radiações X, e o Filme radiográfico é outro fator que se não observado com

rigor acarretará uma imagem não condizente com a realidade.A distância

recomendada para a grande maioria das estruturas orgânicas é de 100 cm

exceção feita às radiografias cardíacas que, em razão do posicionamento

oblíquo do órgão no interior da cavidade torácica, é de 120-150 cm

dependendo do tipo de tórax do paciente.

Page 15: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 7 – Representação esquemática do efeito da distância

do Ponto Focal – Filme. Observe o aumento da imagem

do objeto quando de uma DFF igual a 30 cm.

9.2.3 – PARALELISMO ENTRE O OBJETO E O FILME RADIOGRÁFICO

Para que tenhamos imagens o mais próximo possível da realidade, no

que diz respeito a reprodução das dimensões do objeto, é necessário que ele

seja posicionado de forma paralela com o filme radiográfico. Em algumas

ocasiões isto não será possível devido a diversos fatores (posicionamento do

órgão no interior das cavidades, manipulação do paciente, graus de lesão do

paciente, etc.) e providências no posicionamento, na distância entre o Ponto

Focal e o Filme, entre outras, deverão ser tomadas.

Page 16: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 8 – Esquema representativo do efeito da falta de paralelismo entre o objeto

e o filme radiográfico.

Observe a diminuição da imagem na representação B.

9.2.4 – IMOBILIDADE DO OBJETO SUJEITO AO EXAME RADIOLÓGICO

A imobilidade do objeto sujeito ao exame radiográfico é um dos principais

fatores que interferem na qualidade das chapas radiográficas, pois a

movimentação durante a tomada radiográfica fará que tenhamos uma imagem

com um detalhamento comprometido.

Na prática veterinária tendo em vista que trabalhamos com seres

irracionais somos obrigados a lançar mão da contenção do paciente, que

poderá ser medicamentosa (sedativos/ tranquilizantes/anestésicos) ou manual.

A contenção medicamentosa tem como vantagens, permitir a

manipulação do paciente de maneira mais fácil, rápida e prevenir contra

agressões, porém aumenta os custos do exame e pode causar transtornos

indesejáveis (choque anestésico). Tendo em vista a segurança que os agentes

medicamentosos atualmente apresentam, a contenção medicamentosa é

amplamente preferível em relação a manual. Esta por sua vez é mais difícil,

mais demorada e não restringe totalmente os movimentos dos pacientes.

Os movimentos involuntários (cardio-respiratórios) são fatores que

interferem na obtenção das radiografias e em Veterinária ainda não dispomos

de meios seguros para anulá-los. Para minimizá-los, devemos sempre usar o

menor tempo de exposição que nos permita nossa aparelhagem.

10 – CARACTERÍSTICAS RADIOLÓGICAS DOS TECIDOS ORGÂNICOS

Page 17: Apostila Radiologia Veterinária

Para que seja possível concretizar um radiodiagnóstico é necessário que

a imagem seja uma reprodução fiel do objeto radiografado, isto é possua um

excelente detalhamento, reproduza as densidades encontradas no objeto e

possua uma escala apropriada de contraste radiológico.

10.1 – DETALHE RADIOGRÁFICO

Detalhe radiográfico é o grau de definição com que as linhas estruturais

e de contorno do objeto se apresentam na imagem radiográfica. Este

detalhamento é de vital importância na interpretação dos exames radiográficos

pois diversas enfermidades apresentam como uma de suas características a

perda das linhas de contorno ou estruturais das estruturas orgânicas. Entre os

fatores que interferem na obtenção de imagens com um detalhamento

desejado podemos citar: a imobilidade do paciente, a distância entre o objeto e

o filme, a utilização de ecrans e grades antidifusoras, correção dos fatores de

exposição radiológica e o processo de revelação das películas radiográficas.

10.2 – DENSIDADES RADIOLÓGICAS ou RADIODENSIDADES

Densidades radiológicas ou Radiodensidades dizem respeito a

tonalidade com que as estruturas orgânicas se apresentam nas radiografias.

Está determinada pela quantidade de radiações que o objeto impede de

progredir em direção ao filme radiográfico e, por consequência, com a

intensidade com que os grão de prata são sensibilizados pelas as radiações X.

A densidade radiológica varia de acordo com o tempo de exposição, a

miliamperagem, a quilovoltagem, a espessura do objeto radiografado, entre

outros fatores.

Page 18: Apostila Radiologia Veterinária

A tonalidade das estruturas radiografadas pode variar desde o branco

(transparente) até o negro, existindo neste intervalo diversas tonalidades de

cinza. Esta variação está ligada diretamente ao peso atômico das dos

elementos que constituem os objetos radiografados. Os objetos formados com

elementos de alto peso atômico, como por exemplo o chumbo cujo o número

atômico é 82 e é usado como um meio de proteção contra as radiações,

dificultam a passagem dos Raios X (absorvem as radiações), não permitindo a

sensibilização da prata e, logo, se apresentam com as tonalidades mais claras

nas radiografias. No outro extremo em relação ao chumbo está o ar ambiente

que não oferece nenhuma restrição a passagem das radiações, permitindo a

sensibilização dos sais de prata com toda a intensidade. Radiologicamente se

apresentam com as tonalidades escuras das chapas radiográficas.

NÚMERO ATÔMICO DE ELEMENTOS DE INTERESSE RADIOLÓGICO

ESTRUTURAELEMENTO Nº ATÔMICO

TECIDOS MOLESHidrogênio 01

Gás Carbônico 06

Nitrogênio 07

Oxigênio 08

Média Tecido Mole06

TECIDO ÓSSEO Cálcio20

Fósforo15

Page 19: Apostila Radiologia Veterinária

Média Tecido Ósseo14

Emulsão Fotográfica Bromo35

Prata47

Meios de Contraste Iodo53

Bário56

Alvo da Ampola Tungstênio74

Meios de Proteção Chumbo82

As densidades radiológicas básicas são: metálica, óssea, de tecido mole

ou de líquidos, de gordura e gasosa.

Metálica Óssea Tecido mole Gordura Gasosa

Fig. 9 – Esquema representativo das densidades radiológicas.

Page 20: Apostila Radiologia Veterinária

As estruturas orgânicas quando radiografadas em razão de suas

densidades teciduais podem adquirir diversas tonalidades radiográficas e

podem ser divididas em estruturas Radiopacas e estruturas Radiolucentes.

Estes conceitos de Radiopacidade e Radiolucência sempre devem ser

relacionados entre si e entre as imagens que se apresentam adjacentes entre

si, porém os OSSOS são as estruturas orgânicas RADIOPACAS por excelência

e os PULMÕES, por conterem ar, são as estruturas orgânicas

RADIOLUCENTES por excelência.

A disposição dos órgãos no interior das cavidades corporais fazem que a

tonalidades radiográficas se alterem pela sobreposição dos mesmos. Quando

temos a sobreposição de dois elementos da mesma densidade tecidual (ex.:

dois ossos sobrepostos) a alteração da tonalide se dá pelo chamado Efeito de

Adição, acarretando aumento na densidade e no contraste radiológico e

diminuição do detalhe. Quando a sobreposição ocorre entre duas estruturas de

densidades teciduais (ex.: sobreposição pulmonar com as costelas) diferentes

a alteração se dá pelo Efeito de Subtração, ocorrendo diminuição do

contraste e do detalhe e aumento da densidade radiológico.

10.3 – CONTRASTE RADIOLÓGICO

Contraste radiológico é definido como a diferença numérica entre a

relação logarítmica de duas densidades adjacentes. Em termos práticos, é a

diferença entre as densidades radiológicas das partes ou das estruturas

radiografadas. Pode-se afirmar que o Contraste é a diferença entre o preto, as

diversas tonalidades de cinza e o branco.

Entre os fatores que interferem no Contraste a quilovoltagem (Kv) é o

mais significante, variando de maneira inversamente proporcional a esta. As

radiações secundárias e o processo de revelação também influem no Contrate

radiológico.

Page 21: Apostila Radiologia Veterinária

11 – TÉCNICA RADIOGRÁFICA

A obtenção de boas radiografias pressupõe o uso de regimes

radiológicos apropriados, com a adequada penetração das radiações, para a

sensibilização dos filmes radiográficos.

Dois fatores são fundamentais para a definição do regime radiológico: a

região a ser radiografada e a sua espessura. A partir desses dois elementos,

podemos definir os fatores de exposição [quilovoltagem (Kv), miliamperagem

(mA) e o tempo de exposição(s)] a partir da seguinte fórmula matemática:

Kv = E x 2 + cf

onde:

Kv = quilovoltagem;

E = espessura da região,

cf = constante do filme (sempre igual a 20).

Uma vez conhecida a Kv, podemos chegar a mA, pois:

para OSSOS a mA será igual a Kv;

para VIAS AÉREAS a mA será 1/10 da Kv, e

para ÓRGÃOS ABDOMINAIS e CORAÇÃO a mA será o dobro da Kv.

Page 22: Apostila Radiologia Veterinária

O tempo de exposição para essa fórmula será sempre de 1

SEGUNDO.

Através dessa fórmula conhecemos o regime radiológico a ser

usado, porém o regime indicado poderá não ser o correto sob o ponto de vista

de proteção tanto do operador como do paciente pois poderemos obter

radiações moles (40 a 60 Kv) ou intermediárias (60 – 80 Kv). Quando isso

ocorrer será necessário uma adaptação do regime para que se use as

radiações duras (80 – 100 Kv). A adaptação será conseguida através do

seguinte artifício: somando-se 10 a Kv e se dividindo a mA pela metade,

mantendo-se o tempo de 1 segundo.

Exemplificando:

Necessita-se radiografar um canino que sofreu atropelamento e há

suspeita de fratura do femur direito. Medindo-se a espessura da região

encontrou-se, em razão do edema, a região mede 10 cm.

Estrutura a ser radiografada: femur de um canino

Espessura da região: 10 cm.

Ao aplicarmos a fórmula, teremos:

Kv = E x 2 + cf

Kv = 10 x 2 + 20

Kv = 40

Page 23: Apostila Radiologia Veterinária

FEMUR osso longo, portanto: mA = Kv e o tempo de exposição igual a

1 segundo.

Assim teremos:

Kv = 40

mA = 40

Tempo de exposição = 1 segundo.

O valor encontrado para a Kv corresponde a faixa de radiações moles

(patogênicas). Portanto deve-se buscar as radiações duras. Como fazer ?

Aplicando o artifício da soma e divisão.

KvmA

Tempo de Exposição

40 (radiação mole)40 1 segundo

50 (radiação mole)20 1 segundo

60 (radiação intermediária)10 1 segundo

70 (radiação intermediária)5 1 segundo

80 (radiação dura)2,5 1 segundo

90 (radiação dura)1,25 1 segundo

Pelos cálculos acima, o exame radiológico poderia usar os regimes

apresentados em negrito. A qualidade radiográfica de qualquer um dos regimes

Page 24: Apostila Radiologia Veterinária

obtidos será a mesma, o que está preservado é proteção contra as radiações

do pessoal envolvido e do paciente.

Porém o tempo de exposição é um tempo extremamente longo sob o

ponto de vista radiológico em Med. Veterinária pois o paciente neste espaço de

tempo pode movimentar-se e inutilizar o exame radiográfico. Assim sendo,

seremos, novamente, fazer uma adaptação do tempo para décimos ou

centésimos de segundos.

Em alguns aparelhos geradores de radiações X, mais sofisticados e

permitem que se reduza o tempo de exposição e se utilize miliamperagem e

quilovoltagem compatíveis com a redução, porém esses aparelhos são caros e

não muito utilizados pela maioria dos Médicos Veterinários que utilizam,

geralmente, os chamados aparelhos portáteis. Nestes aparelhos a Kv e mA são

acopladas e há variação do tempo de exposição.

Com a finalidade didática, exemplificaremos tomando por base o aparelho

FNX 85.

Este aparelho apresenta-se com os seguintes regimes:

Tempo de Exposição (em segundos):

0,1 – 0,15 – 0,25, - 0,4 – 0,6 – 0,8 – 1,0 – 1,5 – 2,0 – 3, 0 - 4,0 – 6,0

Com 25 mA temos acopladas as seguintes Kv, no tempo de 1 segundo:

40 - 50 - 55

Com 20 mA temos acopladas as seguintes Kv, no tempo de 1 segundo:

60 - 65 - 70

Com 15 mA temos acopladas as seguintes KV, no tempo de 1 segundo:

75 - 80 - 85

Page 25: Apostila Radiologia Veterinária

Para o exemplo dado anteriormente, radiografia do cão com suspeita de

fratura do femur, os regime encontrado foi: 80 Kv, 2,5 mA com tempo de

exposição de 1 segundo.

Caso estivéssemos trabalhando com um aparelho FNX 85 teríamos que

80 Kv está acoplado com 15 mA em 1 segundo. No caso o regime estipulado

pelo aparelho ultrapassa a necessidade para uma radiografia de qualidade. O

regime necessário é alcançado pela aplicação de uma regra de tr6es simples.

15 mA – 1 seg

2,5 mA – x segundos

Logo

x = 2,5 x 1

15

x = 0,16 segundos

Então, no FNX 85, seria usado o seguinte regime:

Kv = 80

mA = 15

Tempo de exposição: 0,16 segundos

12 – PROJEÇÕES RADIOLÓGICAS

O registro radiológico, a imagem, é a representação bidimensional

(comprimento e largura) de uma estrutura tridimensional (comprimento, largura

e profundidade) e, em assim sendo, ele não condiz inteiramente com a

realidade. Para superar essa deficiência e para que se tenha um exame

radiológico seguro é obrigatório a realização de, pelo menos, duas projeções

radiológicas e que elas sejam perpendiculares entre si. A não observância

desse princípio ocasiona graves erros de interpretação e, portanto, laudos

radiológicos totalmente errôneos.

Page 26: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 10 – Esquema representativo da importância da realização dos

estudos radiográficos com, no mínimo, duas projeções radiológicas

perpendiculares entre si.

Fig. 11 - Radiografia Lateral da região torácica de um canino.

Page 27: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 12 – Radiografia ventro dorsal (VD)

da região torácica de um canino.

Como regra geral, devemos posicionar os pacientes de forma mais

anatômica possível e quando a espessura não é muito significativa, como por

exemplo nos exames patelares de caninos, podemos usar a projeção que dê

mais conforto para o paciente.

São usados dois termos sendo que o primeiro indica qual a face pela qual

o feixe dos raios X penetram no corpo do paciente e o segundo aquela pelo

qual ele emerge, onde está colocado o filme radiológico.

Apresentaremos inicialmente as projeções radiológicas para pequenos

animais e, posteriormente, as utilizadas em eqüinos uma vez que nesta

espécie somos obrigados a realizar uma série de projeções para uma completa

exploração radiológicas das articulações dos membros, dividindo-as em

BÁSICAS e ACESSÓRIAS.

PEQUENOS ANIMAIS - BÁSICAS

Page 28: Apostila Radiologia Veterinária

VENTRODORSAL (VD) – os raios X penetram pelo ventre e emergem

pelo dorso do paciente. O paciente, na maioria das ocasiões, está em

decúbito dorsal.

DORSOVENTRAL (DV) – os raios X penetram pelo dorso e saem pelo

ventre do paciente. O decúbito do paciente é o ventral.

LATERAL DIREITA (Lat. D) – as radiações X incidem pela parede

lateral direita e emergem pela parede lateral esquerda. O decúbito é o

lateral esquerdo.

LATERAL ESQUERDA (Lat. E) - as radiações X incidem pela parede

lateral esquerda e emergem pela parede lateral direita. O decúbito é o

lateral direito.

Alguns autores utilizam a nomenclatura para as projeções Laterais a

terminação Látero Lateral, especificando se é Direita ou Esquerda. Tal fato

deve-se em razão de que podemos realizar projeções Laterais com obliqüidade

com o objetivo de tornar mais pronunciado uma determinada região de um

órgão ou um acidente anatômico ósseo. A obliqüidade pode se dar no sentido

cranial ou no sentido caudal. Para que não haja confusão é aconselhável que

as projeções Laterais Oblíquas sejam consideradas projeções diferenciadas

das Laterais, com abreviações próprias, e que sejam usadas como projeções

acessórias. Assim teremos: Lateral Oblíqua Direita Anterior ou Cranial (Lat.

ODA ou LODCr) as radiações X penetram pela parede lateral direita com

obliqüidade no sentido crâneo-caudal, Lateral Oblíqua Direita Posterior ou

Caudal (Lat. ODP ou LODCa) as radiações X penetram pela parede lateral

direita com obliqüidade no sentido caudo-craneal, Lateral Oblíqua Esquerda

Anterior ou Cranial (Lat. OEA ou LOECr) as radiações X penetram pela

parede lateral esquerda com obliqüidade no sentido crâneo-caudal e Lateral

Oblíqua Esquerda Posterior ou Caudal (Lat. OEP ou LOECa) as radiações X

Page 29: Apostila Radiologia Veterinária

penetram pela parede lateral esquerda com obliqüidade no sentido caudo-

craneal.

ANTERO-POSTERIOR (AP) – usada para designar as projeções

radiológicas utilizadas para os estudos dos membros dos animais. As

radiações penetram pela face anterior e emergem pela face posterior

dos membros. Alguns autores utilizam esta nomenclatura para os

exames que se realizam da porção proximal até o carpo ou tarso,

utilizando a designação DORSO-PALMAR/PLANTAR (D-P) para os

exames radiológicos das porções distais dos membros dos animais.

PÓSTERO-ANTERIOR (PA) - usada para designar as projeções

radiológicas utilizadas para os estudos dos membros dos animais. As

radiações penetram pela face posterior e emergem pela face anterior

dos membros. Alguns autores utilizam esta nomenclatura para os

exames que se realizam da porção proximal até o carpo ou tarso,

utilizando a designação PALMO/PLANTAR-DORSAL (P-D) para os

exames radiológicos das porções distais dos membros dos animais.

LÁTERO-MEDIAL (LM) – usada para designar os estudos

radiográficos realizados nos membros dos animais nos quais as

radiações penetram pela face lateral (externa) e emergem na face

medial (interna) dos membros.

MÉDIO-LATERAL (ML) - usada para designar os estudos

radiográficos realizados nos membros dos animais nos quais as

radiações penetram pela face medial (interna) e emergem na face

lateral (externa) dos membros.

PEQUENOS ANIMAIS - ACESSÓRIAS

Page 30: Apostila Radiologia Veterinária

Em alguns exames radiológicos somos obrigados a posicionar o paciente

de maneira especial pois estas projeções ajudarão a interpretação radiológica.

Tais projeções são chamadas de ACESSÓRIAS e o seu uso não dispensa a

utilização das projeções básicas. As projeções oblíquas, vistas anteriormente,

são algumas das projeções radiológicas acessórias. As outras, de maior

importância são:

LATERAL ou MEDIAL FLEXIONADA – projeção própria para o

estudo radiológico das articulações localizadas nos membros dos

pacientes. A flexão da articulação deve obedecer os seus limites

fisiológicos, não podendo ocorrer uma hiper-flexão articular.

RADIOGRAFIA de STRESS – são aquelas em que a articulação que

está sendo estudada está no máximo de um de seus movimentos

articulares. São cinco (5) as manobras básicas para se provocar o

stress articular: tração, rotação, forças em sentido contrário, com o

auxílio de um bastão e hiperflexão/hiperextensão. Essas manobras

devem ser realizadas com o máximo cuidado para não agravar a lesão

existente. Para estes exames é recomendado que se realize a(s)

manobra(s) de stress a ser usada antes da tomada radiográfica com a

finalidade de se verificar o grau de resistência do paciente em relação

aos deslocamentos articulares. Quando o animal acusa resistência a

aplicação mínima das forças, não se recomenda-se o uso destes

exames radiológicos. Quando o animal permite a aplicação das forças

deve-se usar sedativos/tranqüilizantes/anestésicos tendo em vista que

se trata de técnica muito dolorosa.

Page 31: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 13 – Forças para causar as manobras de stress articular, onde:

1 – Tração 2 – Rotação 3 – Forças em sentido contrário

4 – Com auxílio de um bastão 5 – Hiperflexão/Hiperextensão

FROG LEG – trata-se de um posicionamento acessório que permite o

estudo da articulação coxo-femural dos animais de pequeno porte.

Através dessa projeção não é aconselhável o exame radiológico da

articulação com a finalidade de interpretação para Displasia Coxo-

femural. Seu principal uso é para as avaliações de pequenos

deslocamentos da articulação. Para a sua realização posiciona-se o

paciente, anestesiado, em decúbito dorsal, portanto uma projeção VD,

incidindo o Raio Central exatamente num ponto intermediário de uma

linha imaginária que liga as duas cabeças femurais deixando-se que

os membros, num movimento de abdução, se aproximem do filme

radiográfico por ação da força da gravidade.

RADIOGRAFIAS POSTURAIS – são projeções Laterais, VD e DV

nas quais o paciente está colocado em estação, no caso das Laterais,

ou ,então, ereto pelos membros, no caso da VD e da DV. São

utilizadas para otimizar a interface entre líquidos/gases, podendo estes

estarem livres em alguma cavidade corpórea (ex.: hidrotórax,

pneumotórax, ascite) ou confinados em algum órgão oco (ex. dilatação

gástrica aguda). Estes estudos radiográficos também apresentam

Page 32: Apostila Radiologia Veterinária

grande utilidade para a interpretação exata das deformações dos

membros pois os mesmos estarão suportando o peso do paciente.

Nestes casos as projeções deverão ser AP, PA, Lat. e Medial.

Fig. 14 – Representação da projeção postural lateral em estação.

Fig. 15 – Representação da projeção postural,

VD com o paciente ereto pelos membros torácicos.

EQÜINOS

Page 33: Apostila Radiologia Veterinária

A maioria dos exames radiológicos em eqüinos são realizados para

estudos de alterações ósseas que se localizam nos membros e no segmento

cervical da coluna vertebral. As demais regiões devido a espessura exigem

aparelhos potentes e de alto custo financeiro, o que inviabiliza a utilização

deste meio auxiliar de diagnóstico na rotina veterinária.

O estudo radiológico dos membros dos eqüinos exigem a realização de

diversas projeções radiográficas porém o princípio fundamental de se realizar

duas projeções perpendiculares entre si está mantido. Uma vez realizadas e

avaliadas estas duas incidências é se que parte para a realização das demais

projeções, muitas delas obedecendo angulações específicas para a incidência

do Raio Central. A realização de 5,6 ou mias projeções são freqüentes nos

exames radiográficos de eqüinos.

A terminologia das projeções radiológicas é variável, mudando de acordo

com o autor, de acordo com o país do autor e, muitas vezes, dentro de um

mesmo país podemos encontrar denominações diferenciadas.

Para esta espécie não dividiremos as projeções em básicas e acessórias

e, sim , indicaremos as projeções necessárias para o estudo dos diversos

ossos e articulações dos membros torácicos e pélvicos.

A Figura 13 mostra um eqüino com os diversos termos utilizados para

denominar as projeções radiográficas.

Page 34: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 16 – Esquema representativo dos diversos termos utilizados nas projeções

radiológicas, onde :

1 – Dorsal

2 – Ventral

3 – Rostral

4 – Cranial/Anterior:

Desde a articulação escápulo-umeral (encontro)

até a articulação carpiana (joelho)

5 – Caudal/Posterior:

Desde o codilho (axila) até a articulação carpiana (joelho)

6 – Dorsal/Anterior:

Desde a articulação carpiana (joelho) até sola do pé.

7 – Palmar/Posterior:

Desde a articulação carpiana (joelho) até a 3ª falange.

8 – Cranial/Anterior:

Desde a articulação femur-tibio-patelar (joelho anatômico)

até a articulação tarsiana (jarrete)

9 – Caudal/Posterior

Na face posterior do membro na altura da articulação do joelho anatômico

Page 35: Apostila Radiologia Veterinária

até o jarrete.

10 – Dorsal/Anterior

Desde o jarrete até a sola do pé, pela face anterior do membro.

11 – Plantar/Posterior

Desde o jarrete até a sola do pé, pela face posterior do membro.

12 – Proximal

Desde a articulação carpiana (joelho) e da tarsiana (jarrete0 em direção ao

dorso do animal.

Usada para definir os ângulos a serem usados.

13 - Distal

Desde a articulação carpiana (joelho) e da tarsiana (jarrete) em direção ao

chão..

Usada para definir os ângulos a serem usados.

As diversas projeções radiográficas usadas para os exames de membros

de eqüinos se encontram bem descritas na literatura, porém, para os

interessados nesta área, recomendamos o livro A GUIDE TO EQUINE FIELD

RADIOGRAPHY escrito por Barbara J. Watrous e publicado pela Veterinary

Learning Systems Co., Inc., Trenton, NJ, EUA, por sua abrangência,

profundidade e simplicidade.

13 – MATERIAIS e EQUIPAMENTOS RADIOGRÁFICOS

13.1 – FILME ou PELÍCULA RADIOGRÁFICA

O filme ou película radiográfica, semelhante ao filme fotográfico, é

composto de uma lâmina de poliester recoberta em ambas as faces por uma

emulsão gelatinosa impregnada por cristais de prata finamente dispersos.

Esses cristais quando sensibilizados por uma energia radiante tornam-se

susceptíveis às transformações químicas que irão ocorrer durante o processo

de revelação.

As dimensões das películas radiográficas mais usadas em Medicina

veterinária são 13 x18 cm, 18 x 24 cm, 24 x 30 cm, 30 x 40 cm e 40 x 15 cm.

Page 36: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 17 – Corte transversal de um filme radiográfico.

13.2 – CHASSI ou CASSETE

Chassi, ou cassete, é uma caixa de metal totalmente vedada e que em

uma de suas faces é de alumínio (baixo número atômico) o que permite a

passagem dos raios X. É usada para abrigar no seu interior o filme radiográfico

e os écrans.

13.3 – ÉCRANS ou TELAS INTENSIFICADORAS

A impregnação dos cristais de prata pelas radiações X requer um tempo

relativamente longo e isso é inconveniente pois permite a movimentação do

paciente, inviabilizando a imagem radiográfica. Para diminuir o tempo de

exposição e tornar a imagem qualitativamente melhor é aconselhado o uso de

Écrans ou Telas Intensificadoras.

Os écrans consistem de uma base de plástico impregnada por cristais de

tungstato de cálcio que são colocados dentro do chassi, ficando em íntimo

contato com o filme radiográfico em seus dois lados.

13.4 - GRADE ANTIDIFUSORA

Os raios X ao interagirem com a estrutura radiografada emitem novas

radiações X, denominadas de radiações secundárias, que diminuem o

Detalhe radiográfico. Para superar essa deficiência são usadas as chamadas

grades antidifusoras.

Emulsão gelatinosa com cristais de prata dispersos

Base de poliester

Emulsão gelatinosa com cristais de prata dispersos

Page 37: Apostila Radiologia Veterinária

As grades antidifusoras são finas placas (2-4 mm) constituídas de finas

lâminas de chumbo intercaladas por um material radiolucente (plástico) que

atuam como um filtro absorvendo as radiações secundárias. São colocadas

entre o objeto a ser radiografado e o filme radiográfico (dentro ou fora do

chassi). Algumas são estacionárias e outras, por fazerem parte da mesa

radiográfica, nesse caso podem ser denominadas de bucky ou potter bucky,

podem apresentar movimentos.

Fig. 18 – Esquema representativo da função das grades antidifusoras.

13.5 - NEGATOSCÓPIO

É o equipamento radiológico usado para a avaliação das chapas

radiográficas. Constitui-se de uma caixa de metal com um visor de acrílico

translúcido e com iluminação fria em seu interior.

13.6 - CALHAS

Posicionar perfeitamente um paciente para o exame radiográfico é uma

das tarefas difícil, por isso é que se aconselha a utilização de calhas. Nos

exames radiográficos para o estudo de Displasia Coxofemoral o uso desse

equipamento é praticamente indispensável.

Page 38: Apostila Radiologia Veterinária

As calhas podem ser de madeira, de plástico e, a melhor, de acrílico.

13.7 - SACOS e BLOCOS DE POSICIONAMENTO

Para auxiliar no posicionamento dos pacientes podemos usar sacos com

areia no seu interior e, também, blocos de isopor cortados em diversas

angulações.

14 - PROCESSO DE REVELAÇÃO/FIXAÇÃO DOS FILMES

RADIOGRÁFICOS

O processo de revelação/fixação, um processo exclusivamente químico,

das radiografias é a última etapa do exame radiológico antes da interpretação

das imagens obtidas. Esse processo pode ser manual ou mecânico. Na prática

veterinária é mais comum a revelação manual em razão do custo de uma

reveladora automática bem como em razão do número de filmes que são

revelados diariamente que não é muito grande que compense a relação custo-

benefício.

O processo de revelação, tanto manual como mecânico, é composto,

sequencialmente, por quatro estágios: a revelação, a lavagem, a fixação e a

secagem. Quando manual os três primeiros estágios devem ser executados

dentro da câmara escura que é um ambiente totalmente vedado. No interior da

câmara escura também ocorre o carregamento e descarregamento dos

chassis.

Durante o estágio de revelação os cristais de prata sensibilizados pelos

raios X se transformam em cristais de prata metálica negra, cuja a intensidade

de coloração dependerá da intensidade com que as radiações X atingem o

filme radiográfico. Durante o estágio de fixação as porções de prata não

sensibilizada serão retiradas da emulsão gelatinosa e a sensibilizada será

fixada nessa emulsão.

Page 39: Apostila Radiologia Veterinária

15 - PROTEÇÃO RADIOLÓGICA e DOSIMETRIA

Os Raios X desde sua descoberta vêm sendo utilizados largamente na

área médica e ao longo destes anos ficaram bem definidos os efeitos deletérios

que eles podem causar as células de um organismo quando com elas

interagem. Estes efeitos se manifestam pelo acúmulo de radiações retidas no

organismo e, na maior parte das lesões, são irreversíveis. Tendo em vista tal

situação é que existem leis que regem o uso dos Raios X e determinam uma

série de medidas para a proteção tanto do pessoal operacional como dos

pacientes.

As radiações X podem causar três tipos de efeitos biológicos, a saber:

a) EFEITO SOMÁTICO: leva a um processo inflamatório, retarda

o crescimento celular e causa lise tecidual. Geralmente é

superficial e pode ser tratado adequadamente.

b) EFEITO GENÉTICO: ao atuar diretamente na cadeia do DNA,

rompendo-a, cria novos códigos genéticos e aumenta o índice

de mutações genéticas, podendo produzir anormalidades em

futuras gerações.

c) EFEITO CARCINOGÊNICO: vem a ser uma conseqüência do

efeito genético por exposições prolongadas temporalmente

aos Raios X.

Entre as alterações mais comuns cauisadas pelas radiações X, citamos

a) LESÕES SUPERFICIAIS

Radiodermatite

Epilação

b) LESÕES HEMATOPOIÉTICAS

Linfopenia

Leucopenia

Anemia

Page 40: Apostila Radiologia Veterinária

Leucemia

Redução na taxa de anticorpos

c) LESÕES CARCINOGÊNCIAS

Carcinomas

Sarcomas

Osteossarcomas

d) LESÕES GENÉTICAS

Mutações genéticas

Aberrações cromossômicas

e) OUTRAS LESÕES

Catarata

Esterilização, parcial ou total

Em Medicina Veterinária é muito comum os profissionais negligenciarem o

uso de equipamentos que permitem uma efetiva proteção contra as radiações

X. Em recentes pesquisas realizadas na Inglaterra ficou constatado que os

Veterinários possuem um potencial de exposição as radiações, portanto de

absorção de Raios X, muito maior que Médicos e Dentistas em razão do tipo de

paciente com que tratamos. Desta forma, é indispensável que tenhamos

sempre presente a necessidade de utilizarmos todos os equipamentos e

práticas de proteção contra as radiações X.

15.1 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Os equipamentos indispensáveis para qualquer serviço radiológicos são:

aventais, luvas, biombos, vidros, colares protetores da tireóide que possuem

uma camada pumblífera. Tais equipamentos são encontrados comercialmente.

Nas salas onde se realizam os exames radiológicos as paredes devem

ser recobertas até, pelo menos, 1 metro e meio com uma camada de chumbo

com espessura mínima de 0,5 cm.

Page 41: Apostila Radiologia Veterinária

15.2 – PRÁTICAS DE PROTEÇÃO CONTRA AS RADIAÇÕES

Com o intuíto de minimizar ao máximo o risco de exposição aos Raios X,

as seguintes precauções devem ser tomadas:

Avaliar se o exame radiológico é realmente necessário;

Decidir se a melhor contenção do paciente é a medicamentosa ou a

manual. Neste particular não deve entrar em consideração os custos

de uma contenção medicamentosa;

Colimar o feixe de raios X através de cones e/ou diafragmas;

Dirigir, sempre que possível, o feixe primário das radiações em direção

ao chão;

Diminuir ao máximo o tempo de exposição;

Procurar usar a menor mA e a maior Kv possíveis;

Quando da contenção manual, solicitar aos proprietários que auxiliem;

Distanciar-se, no mínimo, 2 metros da fonte de radiação;

Os equipamentos de proteção não devem apresentar rachaduras por

onde as radiações possam se infiltrar;

Nunca emitir radiações de forma desnecessária;

NÃO PERMITIR A PRESENÇA DE GESTANTES E CRIANÇAS NO

LOCAL DURANTE A REALIZAÇÃO DOS EXAMES

RADIOLÓGICOS;

NÃO RADIOGRAFAR GESTANTES QUE NÃO TENHAM

ULTRAPASSADO O TERÇO INICIAL DO PERÍODO GESTACIONAL,

e

Usar sempre o dosímetro.

O controle do uso de radiações, no Brasil, está sob a responsabilidade da

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e qualquer serviço de

Radiologia deve estar registrado neste órgão.

O controle da absorção das radiações X é feito através de um

equipamento denominado de dosímetro e este equipamento deve ser enviado

Page 42: Apostila Radiologia Veterinária

mensalmente para o CNEN para a aferição da quantidade de radiações

absorvidas no período.

A unidade usada para exprimir as doses biológicas resultantes da

exposição às radiações ionizantes é denominada de rem (roentgen-equivalent-

man) e existe uma Dose Máxima Permitida (DMP). Para o corpo, como um

todo, a DMP é de 0,1 rem/semana ou 5 rem/ano. Quando há ultrapassagem da

DMP o pessoal que trabalha com radiações X devem ser afastadas

imediatamente do serviço por um considerável período de tempo (geralmente

não inferior a 6 meses).

RADIOLOGIA RENAL

ASPECTOS RADIOLÓGICOS NORMAIS

Os rins são órgãos pares que têm como principais funções a secreção

da urina, a regulação da concentração hídrica e salina do organismo e a

remoção de substâncias estranhas presentes na corrente sangüínea.

Estruturalmente, os rins estão formados pela córtex, pela medula, pela pelve e

pelo hilo renal que, por possuírem igual densidade radiológica, não se

diferenciam entre si nos exames radiológicos simples, entretanto serão

visualizadas quando do emprego de técnicas radiográficas contrastadas

através de meios de contraste radiopacos, também chamados de meios de

contraste positivos.

Page 43: Apostila Radiologia Veterinária

DIVERTÍCULO RENAL

CORTEX RENAL

MEDULA RENAL

CÁPSULA RENAL

GORDURA PERI RENAL

PELVE RENAL

ARTERIA RENAL

VEIA RENAL

URETER

Fig. 10 - Esquema representativo da estrutura renal.

Os rins se localizam um de cada lado da coluna vertebral,

retroperitonealmente, na região sublombar, palpáveis através da parede

abdominal, são relativamente grandes e estão protegidos pelas vértebras,

costelas e músculos lombares.

O rim direito não está sujeito a variações significativas em seu posicionamento

e, em caninos sadios, seu polo cranial está localizado ao nível da última

vértebra torácica (T13) ou da primeira lombar (L1), inserido na depressão

profunda do fígado, se relaciona, caudo dorsalmente, com os músculos

sublombares e, caudo ventralmente, com o ramo direito do pâncreas e o

duodeno.

O rim esquerdo, mais sujeito a variações de posicionamento, em caninos

sadios tem o seu polo cranial localizado ao nível da segunda ou terceira

vértebras lombares ( L2 - 3). Cranialmente está em contato com o estômago e

com a extremidade esquerda do pâncreas, caudal e ventralmente com o colo

descendente e dorsalmente com os músculos sublombares.

Em felinos o polo cranial do rim direito está situado ao nível da primeira até a

quarta vértebra lombar (L1 - 4) enquanto que o do rim esquerdo se situa ao nível

da segunda até a quinta vértebra lombar (L2 - 5). As relações topográficas dos

rins de felinos são praticamente as mesmas observadas nos caninos, porém

apresentam-se bem mais móveis do que nos cães.

Page 44: Apostila Radiologia Veterinária

Nos estudos radiológicos Laterais do abdome de animais normais, tanto em

cães como em gatos, o polo cranial do rim esquerdo estará sobreposicionado

ao polo caudal do rim direito e nas projeções VentroDorsal (VD), o rim

esquerdo encontra-se mais afastado da coluna vertebral que o rim direito.

Fig. 12 - Representação esquemática da localização dos rins numa projeção

VentroDorsal (VD)

E

Fig. 13 - Urografia Excretora demonstrando a localização dos rins na projeção

VentroDorsal (VD).

Page 45: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 14 - Representação esquemática da localização renal, numa projeção

Lateral (Lat).

Fig. 15 - Urografia Excretora demonstrando o posicionamento renal na projeção

látero lateral (Lat).

RADIOLOGIA URETERAL

ASPECTOS RADIOLÓGICOS NORMAIS

Os ureteres são estruturas fibromusculares ocas que conectam os rins, a partir

da pelve, com a bexiga, onde se inserem no trígono vesical. Em animais

normais o seu diâmetro distendido é de 0,6 a 0,9 mm e, em cães de porte

médio, seu comprimento varia entre 12 a 16 cm.

Ao exame radiológico simples, os ureteres são imperceptíveis e, para a sua

avaliação, é necessário o emprego de técnicas radiológicas contrastadas.

Quando da avaliação ureteral através da Urografia Excretora, técnica

radiológica contrastada, deve-se ter presente que os ureteres apresentam

peristaltismo para a condução da urina e, portanto, podem ser observadas

falhas no delineamento do órgão.

As projeções básicas para o estudo radiológico dos ureteres são as Laterais -

esquerda ou direita - e a VentroDorsal. Como no caso do estudo renal, essas

Page 46: Apostila Radiologia Veterinária

projeções também podem ser realizadas com obliqüidade, após a avaliação

através das projeções básicas.

Fig. 40 - Urografia Excretora, projeção lateral (Lat).

Observar áreas em que não há contraste devido ao peristaltismo.

Fig. 41 - Urografia Excretora, projeção VentroDorsal (VD).

Observar áreas em que não há contraste devido ao peristaltismo.

RADIOLOGIA DA BEXIGA

ASPECTOS RADIOLÓGICOS NORMAIS

Page 47: Apostila Radiologia Veterinária

A bexiga é um órgão musculomembranoso, oco e distendível localizado na

porção caudal do abdomem e que tem como função primordial armazenar a

urina produzida pelos rins.

Normalmente, a bexiga possui a forma de uma pera invertida e podemos dividí-

la em três regiões: vértice, sua região cranial, corpo, a intermediária e colo, a

caudal. A forma pode estar alterada em função de processos, fisiológicos ou

patológicos, que se desenvolvem na própria bexiga ou em órgãos adjacentes e

que exercem pressão sobre a mesma.

Fig. 48 - Esquema representativo da bexiga numa projeção Lateral, onde:

a – vértice

b – corpo

c – colo

d – próstata

e – reto

Page 48: Apostila Radiologia Veterinária

Seu tamanho também é variável e está na dependência da quantidade de urina

armazenada. Segundo Miller; Christensen, Evans (1964), em um cão normal,

com aproximadamente 12 quilos, a bexiga pode medir cerca de 17,5 cm de

diâmetro e 18 cm de comprimento quando repleta e, quando contraída, 2 cm de

diâmetro e 3,2 cm de comprimento, sendo capaz de capaz de armazenar cerca

de 100 a 120 ml sem haver uma distensão exagerada do órgão.

As projeções radiológicas de eleição para a avaliação da bexiga são as

Laterais - esquerda ou direita - e a VentroDorsal, sendo obrigatório, como em

todos os exames radiológicos, a realização de, no mínimo, 2 projeções

radiológicas e que sejam perpendiculares entre si. Dá-se preferência a

projeção VentroDorsal em relação a dorso ventral porque facilita a manipulação

do paciente e, também, a sua contenção é mais eficaz. Em alguns casos,

principalmente quando o órgão se encontra repleto, ou suspeita de ruptura ou,

ainda, na presença de ascite, é recomendável a realização do exame na

projeção lateral com o paciente em estação.

Radiologicamente, a bexiga quando vazia é imperceptível ao exame radiológico

simples e, quando com conteúdo, apresenta-se com a densidade característica

de líquidos.

O estudo radiológico da bexiga inclui, além dos exames simples, a realização

de técnicas radiológicas contrastadas denominadas de Cistografia, na qual é

utilizado meio de contraste radiopaco (positivo), Pneumocistografia, com meio

de contraste radiolucente (negativo)e Cistografia de Duplo Contraste, onde os

meios de contraste radiopaco e radiolucente são usados concomitantemente.

Page 49: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 49 - Radiografia abdominal simples, na projeção Lateral, demonstrando a

bexiga na sua posição anatômica.

Fig. 50 - Cistografia.

Page 50: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 51 - Pneumocistografia.

Fig. 52 - Cistografia de duplo contraste.

RADIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL MASCULINO

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os órgãos genitais masculinos, e suas patologias, não apresentam

grande interesse sob o ponto de vista radiológico uma vez que podem ser

avaliados com maior precisão através de outros meios auxiliares de

diagnóstico, porém imagens fornecidas pelas alterações da próstata, glândula

acessória do sistema genital masculino, fazem com que o exame radiológico se

torne um dos principais meios auxiliares para o diagnóstico das enfermidades

prostáticas. A uretra, órgão do sistema urinário que também desempenha

funções genitais nos machos, já teve suas alterações estudadas quando dos

aspectos radiológicos do sistema urinário e o osso peniano será tratado na

radiologia óssea.

Page 51: Apostila Radiologia Veterinária

PRÓSTATA

A próstata é uma glândula bilobulada, ímpar e está localizada no limite da

cavidade abdominal e a pélvica, entre a bexiga e a uretra, cicundando a junção

desses órgãos. Sua função é a produção do líquido seminal que serve como

meio de transporte e suporte para os espermatozóides durante a ejaculação.

O tamanho da próstata é variável com a raça, o tamanho e o peso

corporal do animal. Em animais saudáveis, seu tamanho é maior cerca de 1,5

vezes o tamanho do corpo de uma vértebra lombar e em condições de

normalidade não desloca nem o cólon nem a bexiga de suas posições normais.

No homem e nos caninos, por ação da testosterona, há um crescimento

fisiológico da próstata com o envelhecimento.

O estudo radiológico da próstata é realizado através das projeções

Laterais e VentroDorsal da região caudal abdominal. As sobreposições que

ocorrem nos exames radiológicos ventro dorsais dificultam a visualização

prostática e, geralmente, nas projeções Laterais obtemos informações mais

consistentes, mas isso não dispensa a realização do exame radiológico nas

duas projeções perpendiculares entre si. Radiografias em projeções obliquas,

laterais e ventro dorsais, podem, muitas vezes, serem necessárias para um

radiodiagnóstico mais acurado.

Page 52: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 69 - Esquema representativo da imagem da Próstata numa radiografia

lateral.

RADIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL FEMININO

INTRODUÇÃO

O maior interesse da Radiologia envolvendo o Sistema Genital Feminino

está ligado aos órgãos com localização abdominal e, entre esses, em especial

o útero. Os órgãos que permitem o seu acesso externo são avaliados de modo

mais eficaz por outros meios auxiliares de diagnóstico.

Atualmente outros meios auxiliares de diagnóstico, como por exemplo a

Ultra Sonografia, para muitas alterações uterinas fornecem dados mais

conclusivos que o exame radiológico. A Radiologia tem a sua maior

contribuição nos nas fases finais da gestação, no parto e suas complicações e,

por esse motivo, é que daremos ênfase, nesse trabalho, a essas alterações.

PROJEÇÕES RADIOLÓGICAS

Para o exame radiológico dos órgãos genitais é necessário a realização

de, no mínimo, duas projeções radiológicas perpendiculares entre si. Dá-se

preferência para as projeções Laterais e VentroDorsal. Em muitas ocasiões

será necessário a realização dessas projeções com obliqüidade.

Na maioria dos exames, as projeções Laterais fornecem dados mais

conclusivos que a VentroDorsal pois nessa as sobreposições que ocorrem

normalmente entre os órgãos abdominais dificultam a interpretação. Porém

isso não excluiu a necessidade da realização das duas projeções, pois ambas

se complementam entre si.

ÚTERO

Page 53: Apostila Radiologia Veterinária

O útero é o órgão genital feminino que apresenta maior interesse sob o

ponto de vista radiológico. Está localizado na região caudal do abdome e

consiste de 2 cornos, corpo e cervix. Em razão de seu tamanho e da sua

densidade radiológica ele não é visualizado nos estudos radiológicos simples

de fêmeas normais e que não estejam gestando. Seu tamanho e forma podem

variar consideravelmente em razão da idade, do porte, e do número de

gestações ocorridas. Mesmo que esteja aumentado de volume, fisiológica ou

patologicamente, sua detecção radiológica será dificultada quando a bexiga

estiver distendida ou houver conteúdo fecal nas alças intestinais.

As projeções radiológicas para o estudo do útero são as Laterais e a

VentroDorsal. As Laterais apresentam dados mais consistentes em razão de

haver menos sobreposições que na VentroDorsal, porém tem a grande

desvantagem de não informar o local exato da alteração. Como em qualquer

estudo radiológico, o radiodiagnóstico só será confiável com a avaliação das

radiografias realizadas em ambas projeções. Em algumas ocasiões, para se

obter informações adicionais, será necessário a realização dessas projeções

com obliqüidade.

Nas projeções Laterais o útero aumentado de volume por razões não

fisiológicas pode ser observado entre reto e a bexiga. Quando houver

gestação, geralmente, o útero se apresenta mais ventralmente e desloca alças

intestinais e a bexiga no sentido cranial.

RADIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

INTRODUÇÃO

O estudo radiológico dos órgãos respiratórios tem grande importância no

auxílio ao diagnóstico na clínica médica de pequenos animais e, quando

necessário se lançar mão desse meio auxiliar de diagnóstico, ele ocupa a 2ª

Page 54: Apostila Radiologia Veterinária

posição em quantidade de exames, logo após os exames realizados para o

Sistema Ósseo/Articular.

Mesmo com o avanço da tecnologia e a introdução de outros meios

auxiliares de diagnóstico por imagem, a Radiologia ainda é a que fornece

melhores resultados quando se leva em conta a relação custo-benefício. A

utilização de outros recursos por imagem deve ser considerada como

procedimentos complementares e utilizados quando necessários.

O exame radiológico dos órgãos do Sistema Respiratório, como de

qualquer outro Sistema, não deve ser considerado como substituto para

qualquer outro tipo de exame e a sua utilização está recomendada quando há a

necessidade de informações específicas ou o estabelecimento de diagnósticos

diferenciais.

Os órgãos respiratórios são estruturas que tem por finalidade transportar

o ar desde o exterior até os alvéolos, e vice versa, para que ocorra o processo

da respiração. Isso lhes confere a peculiaridade de serem, radiograficamente,

estruturas radiolucentes. Se, por um lado, tal peculiaridade pode facilitar a

avaliação do Sistema Respiratório, por outro torna-a, muitas vezes, mais

complexa. Pequenas variações na densidade radiográfica são sinais indicativos

de processos patológicos instalados nesses órgãos e isso obriga que a

interpretação radiológica seja a mais acurada possível. À esse fator de

complexidade devemos somar ainda outros como a profundidade torácica, a

pouca colaboração dos pacientes para contenção e imobilização, movimentos

involuntários cardíacos e respiratórios e, muitas vezes, a pouca potencialidade

da aparelhagem radiográfica usada em Medicina Veterinária.

POSICIONAMENTO DO PACIENTE E PROJEÇÕES RADIOGRÁFICAS

PARA O SISTEMA RESPIRATÓRIO

O estudo radiográfico do Sistema Respiratório em nada difere do estudo

de outros Sistemas no que diz respeito ao número mínimo de projeções

radiográficas.

Page 55: Apostila Radiologia Veterinária

Para o exame radiográfico dos órgãos respiratórios é necessário a realização

de, pelo menos, duas projeções radiológicas perpendiculares entre si, podendo

em alguns casos ser necessário a realização de projeções complementares

para que se tenha um exame minimamente confiável.

Para o estudo radiográfico da Cavidade Nasal as projeções radiográficas

indicadas são as Laterais (Lat.), esquerda ou direita, e a Dorsoventral (DV) com

o chassi colocado intraoralmente ou a Ventrodorsal Oblíqua com uma

angulação de 20º no sentido rostocaudal ou anteroposterior, com o paciente de

boca aberta.

RaioCentral

Fig. 1 - Projeção Lateral para o exame radiológico da cavidade nasal de

caninos.

RaioCentral

Fig. 2 - Projeção Dorsoventral com o chassi colocado intraoralmente.

Page 56: Apostila Radiologia Veterinária

RaioCentral

Fig. 3 - Projeção Ventrodorsal Oblíqua com angulação de 20º no sentido

rostocaudal.

O estudo dos Seios Paranasais, principalmente dos Seios Frontais que

são avaliados mais freqüentemente, é realizado pelas projeções Laterais,

Ventrodorsal e Anteroposterior (rostocaudal) da cabeça, sendo que na

projeção Ventrodorsal o estudo é dificultado pelas sobreposições com a

mandíbula.

RaioCentral

Fig. 4 - Projeção Anteroposterior para o estudo dos Seios Frontais.

A Faringe/Laringe é melhor estudada nas projeções Lateral (Lat.) e

Ventrodorsal (VD) que são as mesmas para as radiografias usadas para a

traquéia no seu trajeto cervical mudando, apenas, a incidência do Raio Central.

Page 57: Apostila Radiologia Veterinária

A Traquéia, radiologicamente, é estudada nas projeções Lateral (Lat.) e

Ventrodorsal (VD) nos seus trajetos cervical e torácico. De forma

complementar, a projeção VD oblíqua deve ser realizada quando houver

necessidade de avaliar a traquéia não sobreposicionada à coluna vertebral ou

ao esterno.

Fig. 5 - Projeção lateral para o estuda da traquéia no seu trajeto cervical.

Fig. 6 - Projeção Ventrodorsal para o estudo da traquéia

no seu trajeto cervical.

O posicionamento da cabeça e do pescoço nas projeções Lateral

interferem no trajeto da traquéia. Quando a radiografia é realizada com o

pescoço flexionado o trajeto traqueal estará anormal com deslocamento no

sentido dorsal. Tal posicionamento poderá acarretar falsas interpretações caso

não seja avaliado com toda a acuidade necessária.

Page 58: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 7 - Efeito do posicionamento da cabeça e do pescoço no trajeto traqueal,

na projeção lateral.

A B

Fig. 8 - Radiografias laterais torácicas.

A - Cabeça e pescoço flexionados levando ao desvio traqueal.

B - Cabeça e pescoço em posição normal e traquéia com trajeto normal.

Os Pulmões são avaliados radiograficamente pelas projeções Laterais,

esquerda ou direita, e pelas projeções Ventrodorsal (VD) ou Dorsoventral (DV).

Page 59: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 9 - Projeção Ventrodorsal para radiografias pulmonares.

Observar que os membros anteriores estão estendidos.

Fig. 10 - Projeção Dorsoventral para radiografias pulmonares.

Observar os membros anteriores e posteriores estendidos.

Fig. 11 - Projeção lateral para radiografias pulmonares.

Observar que os membros anteriores e

posteriores se encontram estendidos.

O Raio Central para o exame pulmonar deve incidir no 5º espaço intercostal

( aproximadamente na borda caudal da escápula) com o pescoço estendido

naturalmente.

Page 60: Apostila Radiologia Veterinária

Em toda a avaliação radiológica do Sistema Respiratório deve ser dada

importância para o posicionamento dos membros anteriores que deverão estar

paralelos e estendidos cranialmente. Os membros posteriores devem estar

estendidos caudalmente e, também, paralelos.

O fase respiratória é importante para o estudo radiográfico desse

Sistema e, como rotina, as radiografias devem ser obtidas no ápice da

inspiração uma vez que favorecem o contraste entre as estruturas respiratórias

e as não respiratórias. A fase respiratória é facilmente detectada pelo

posicionamento do diafragma.

EXPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO

Fig. 12 - Posicionamento diafragmático de acordo com a fase respiratória,

numa projeção lateral. Observar a diferença de radiolucência entre a fase

inspiratória e a expiratória.

EXPIRAÇÃO

Page 61: Apostila Radiologia Veterinária

INSPIRAÇÃO

Fig. 13 - Posicionamento diafragmático de acordo com a fase respiratória,

numa projeção ventrodorsal ou dorsoventral

No posicionamento do paciente para o estudo radiográfico nas projeções

laterais é indispensável que a coluna vertebral e o esterno estejam paralelos

entre si e eqüidistantes do filme radiográfico. Isso é obtido com sacos de areia

ou cunhas de isopor apropriadas para auxiliar o posicionamento do animal.

SINAIS RADIOGRÁFICOS DE POSICIONAMENTO DEFICIENTE

Projeção Lateral (Lat.)

- Articulações costocondrais não sobreposicionadas.

- Arcos dorsais das costelas em níveis diferenciados em cada hemi

toráx.

- Corpos vertebrais não visualizados individualmente.

Projeção Ventrodorsal (VD) ou Dorsoventral (DV)

- Coluna vertebral e esterno não sobreposicionados.

- Assimetria das cartilagens costais.

- Tamanho das costelas de um hemi toráx diferenciado das do colateral.

Page 62: Apostila Radiologia Veterinária

O fator mais comum de baixa qualidade em radiografias do sistema respiratório

é a mobilidade do paciente durante a exposição radiográfica. Esses

movimentos podem ser voluntários (resistência à contenção) ou involuntários

(movimentos respiratórios e batimentos cardíacos).

Para minimizar os efeitos adversos determinados pelos movimentos

cardio-respiratórios o melhor método é a utilização de tempos de exposição

extremamente curtos, porém isso está condicionado as características técnicas

da aparelhagem usada. Muitas vezes, em Medicina Veterinária, ao aparelhos

de Raio X são um fator restritivo para obtenção de radiografias de boa

qualidade uma vez que não permitem a utilização de curtíssimos tempos de

exposição (1/20 - 1/60 segundos).

O artifício de suspender a respiração através do fechamento da boca e

das narinas pode permitir paradas respiratórias em torno de 1-2 segundos e é

usado rotineiramente no cotidiano clínico/radiológico, porém tal procedimento

traz desconforto ao paciente que, ao procurar se livrar do incômodo, pode se

agitar ainda mais.

Caso o tempo de exposição tenha que ser longo (1 segundo) em razão

das características da aparelhagem (baixa mA), as exposições devem ser

realizadas nas pausas respiratórias verificadas ao final da expiração e da

inspiração, quando o movimento respiratório é mínimo. Mesmo que a pausa

respiratória da inspiração seja menor que a da expiração, ela é a preferida

devido ao maior volume de ar no interior dos pulmões e as suas benéficas

conseqüências radiográficas.

Outro fator determinante da qualidade radiográfica é o processo de

revelação do filme radiográfico. Substâncias velhas, temperaturas acima ou

abaixo dos 18º C, tempo de revelação aquém ou além do normal, falta de

remoção dos químicos, entre outros fatores, interferem substancialmente na

qualidade radiográfica.

Page 63: Apostila Radiologia Veterinária

A combinação écran/filme e o uso de grades antidifusoras sempre

devem ser levadas em consideração nas radiografias torácicas. Recomenda-se

o uso de écrans e filmes de alta velocidade.

Radiografias do Sistema Respiratório feitas com o paciente sob o efeito

de anestésicos podem se tornar um sério erro caso não haja uma adequada

ventilação pulmonar. Na maioria dos animais, o volume pulmonar diminui sob o

efeito dos anestésicos e disso resulta menor quantidade de ar no interior do

parênquima pulmonar o que torna o campo pulmonar mais denso com perda de

detalhe e contraste.

ASPECTOS NORMAIS

Os seios paranasais estão localizados nos ossos maxilar, etmóide e

frontal. Os dois primeiros não são de fácil visualização radiológica em razão de

suas diminutas dimensões. Os seios frontais, grandes, são facilmente

visualizados acima das órbitas nas projeções laterais. Caracterizam-se por sua

radiolucência.

Fig. 19 - Seios frontais normais, projeção lateral.

Page 64: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 20 - Seios frontais normais, projeção ventrodorsal.

Fig. 21 - Seios frontais normais, projeção anteroposterior

RADIOLOGIA DA LARINGE / FARINGE

A Laringe, órgão musculocartilaginoso relativamente curto e largo, situa-

se, nas projeções Laterais, ventralmente ao Atlas e ao Áxis e tem suas funções

ligadas aos processos respiratórios e de deglutição.

Seu exame radiológico, cuja a imagem normal é radiolucente devido ao

ar no seu interior e imagens radiopacas em razão dos ossos hióides e

cartilagens, é melhor realizado pelas projeções Laterais. Na projeção

Ventrodorsal ela estará sobreposta as vértebras cervicais, o que dificulta a sua

avaliação. Radiografias Ventrodorsais oblíquas devem ser realizadas quando

houver dúvidas nas projeções usadas na rotina inicial, porém é necessário ter

presente que estas projeções complementares causam significativas

distorções. Para a sua avaliação consistente é obrigatório a realização das

projeções radiológicas perpendiculares entre si.

Page 65: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 25 - Esquema representativo das relações da Laringe durante os

processos de respiração (A) e deglutição (B).

A maioria das anormalidades da Laringe são melhores diagnosticadas por

outros métodos auxiliares ao diagnóstico, na maioria dos casos. A

investigação para detecção de corpos estranhos é a que apresenta maior

incidência em pequenos animais, porém, muitas vezes, o radiodiagnóstico é

dificultado pela imagem dos ossos hióides e pelas cartilagens. No caso de

corpos estranhos radiolucentes o radiodiagnóstico é ainda mais difícil de ser

definido.

Fig. 26 - Radiografia Lateral da Laringe que tem o seu trajeto delineado por

uma sonda endotraqueal.

Page 66: Apostila Radiologia Veterinária

RADIOLOGIA DA TRAQUÉIA

ASPECTOS NORMAIS

A Traquéia é um órgão tubular que se estende desde a Laringe até o 5º

espaço intercostal onde se bifurca para dar origem aos brônquios principais. É

visível radiologicamente em razão do ar que contem no seu interior.

As projeções de rotina para a avaliação traqueal são as Laterais e as

Ventrodorsais (VD) ou as Dorsoventrais (DV).

Nas projeções Laterais, a Traquéia corre paralela às vértebras cervicais

e torácicas e na altura do 5º espaço intercostal curva-se ventralmente,

bifurcando-se ao nível da base do coração. A bifurcação traqueal, denominada

Carina Traqueal, manifesta-se como uma região quase circular com marcada

radiolucência.

Page 67: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 27 - Radiografia Lateral de um cão normal demonstrando a imagem da

traquéia.

Área demarcada: Carina Traqueal.

Nas projeções VD ou DV, a Traquéia irá se apresentar sobreposta as

vértebras, cervicais e torácicas, e ao esterno o que dificulta a sua avaliação

radiológica.

O diâmetro da Traquéia em animais normais é relativamente uniforme

em todo o seu trajeto, ligeiramente menor que ao da Laringe. Não são

observadas variações significativas entre as fases respiratórias.

Em sua composição tecidual a Traquéia apresenta anéis cartilaginosos que em

animais jovens não são detectados radiologicamente. Com o avanço da idade

esses anéis vão mineralizando, tornando-se radiopacos, o que não caracteriza

um processo patológico.

Fig. 28 - Radiografia Lateral de um canino com 10 anos de idade.

Observar a radiopacidade dos anéis traqueais.

RADIOLOGIA DA ÁRVORE BRONQUIAL

Page 68: Apostila Radiologia Veterinária

A traquéia ao se bifurcar dá origem aos brônquios principais, direito e

esquerdo, que, por sua vez, se ramificam e originam os brônquios lobares.

Cada brônquio lobar origina brônquios que ventilam áreas pulmonares

independentes, chamadas de segmentos broncopulmonares. A divisão

bronquial se continua até que o seu diâmetro se reduz para 0,5 - 1,0 mm e,

nesse nível, as placas cartilaginosas desaparecem dando origem aos

bronquíolo terminal que demarca o final da parte condutora gasosa da árvore

bronquial. Cada bronquíolo terminal se divide em 2 bronquíolos respiratórios

que se ramificam até emitirem os ductos alveolares dos quais surgem os sacos

alveolares e os alvéolos, local onde ocorre as trocas gasosas do processo

respiratório.

O exame radiológico de rotina para o estudo da árvore bronquial é

realizado pelas projeções Laterais e Ventrodorsal ou Dorsoventral do tórax. A

técnica especial para a avaliação bronquial denomina-se de Broncografia e é

realizada com meios de contraste positivos.

Os brônquios anatomicamente estão contornados por dois vasos

sangüíneos: uma artéria e uma veia. Este conjunto, quando visualizado

radiologicamente, se mostra como uma linha radiolucente (brônquio) a qual

corre paralelamente duas linhas radiopacas (os vasos sangüíneos). Quando o

raio central incide paralelamente ao trajeto do conjunto brônquio/vasos

teremos, radiologicamente, um círculo radiolucente rodeado de dois círculos

radiopacos.

Fig. 33 - Representação esquemática da árvore bronquial.

Page 69: Apostila Radiologia Veterinária

1

2

2

Fig. 34 - Representação esquemática do conjunto brônquio/vasos sangüíneos,

onde:

1 – Brônquio

2 - Vasos sangüíneos.

Fig. 35 - Detalhe radiológico ampliado mostrando o conjunto brônquio/vasos.

RADIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

INTRODUÇÃO

Mesmo com os avanços tecnológicos registrados nos últimos anos na

área dos meios auxiliares de diagnóstico por imagem e com as restrições

impostas pelos mais variados fatores, a Radiologia ainda desempenha papel

importante no estudo das alterações que afetam o Sistema Cardiovascular dos

animais de pequeno porte.

Page 70: Apostila Radiologia Veterinária

Através dos exames radiológicos podemos obter informações concretas a

respeito da forma, da localização, do tamanho da silhueta cardíaca, bem

como de sua relação com estruturas orgânicas adjacentes.

Neste texto iremos abordar os aspectos radiológicos concernentes ao

Sistema Cardiovascular que cotidianamente são objetos de estudo dos

profissionais em seus locais de trabalho e onde enfrentam as mais variadas

restrições para obter imagens radiológicas capazes de fornecer dados

substanciais para elucidar a suspeita clínica.

FATORES QUE LIMITAM O EXAME RADIOLÓGICO CARDIOVASCULAR EM

MEDICINA VETERINÁRIA

Uma aparelhagem radiológica minimamente necessária para a obtenção

de estudos radiológicos com qualidade suficiente para a avaliação aprofundada

do Sistema Cardiovascular é um dos principais fatores limitantes das

avaliações cardiovasculares no cotidiano dos médicos veterinários que se

dedicam a clínica de animais de pequeno porte devido ao seu alto custo.

A aparelhagem radiológica necessária para um exame de qualidade do

Sistema Cardiovascular deve atender aos seguintes requisitos:

a) fornecer, no mínimo, 100 Kv a 200-300 mA;

b) tempo de exposição igual ou menor que 1/60 (0,016) segundos;

c) grade antidifusora de alta resolução com um espaçamento mínimo de

103 linhas por 2,5 cm;

d) túnel que permita a realização de radiografias seqüenciais (5-6

radiografias por segundo)

e) filmes e écrans de alta resolução e de alta velocidade, e

f) processamento acurados das chapas radiográficas.

Page 71: Apostila Radiologia Veterinária

FATORES A SEREM OBSERVADOS QUANDO DO EXAME RADIOLÓGICO

CARDIOVASCULAR EM MEDICINA VETERINÁRIA

- DISTÂNCIA FOCO-FILME (DFF)

Para minimizar as distorções causadas pelo posicionamento anatômico

do coração no interior da cavidade torácica é necessário que a DFF seja de 91

cm. Pesquisas realizadas por diversos autores comprovam que DFF igual a

100-120 cm resultam em um aumento aproximado de 6 mm na silhueta

cardíaca e que DFF menor que a preconizada provoca aumentos ainda

maiores, induzindo o profissional a resultados falsos e comprometedores.

- POSICIONAMENTO DO PACIENTE

O posicionamento do paciente, para o qual os estudos iniciaram-se em

1904 com Moritz, seja qual for a projeção a ser usada, é vital para o exame

radiológico cardiovascular.

Para o posicionamento correto do paciente sempre é necessário que se

recorra ao uso de equipamentos auxiliares (sacos de areia, blocos de isopor,

etc.). Quando o seu estado físico permitir, devemos trabalhar com o paciente

sob a ação de tranqüilizantes, sedativos e, até mesmo, anestésicos gerais.

Nos decúbitos dorsal e esternal, para a obtenção das projeções

DorsoVentral (DV) e VentroDorsal (VD), o esterno e a coluna vertebral deverão

estar perfeitamente sobrepostos. Desvios superiores a 5 graus inviabilizarão a

interpretação radiológica pelas distorções que causam na imagem da silhueta

cardíaca. Nos decúbitos laterais, é indispensável que a coluna vertebral e o

esterno estejam eqüidistantes do filme radiográfico.

Em todas as projeções indicadas para o exame radiológico cardiovascular

é indispensável que os membros anteriores estejam estendidos em direção

cranial para reduzir os efeitos da sobreposição da escápula e da musculatura

da região sobre o campo pulmonar.

Page 72: Apostila Radiologia Veterinária

PROJEÇÕES RADIOGRÁFICAS

A rotina radiográfica recomendada para a avaliação cardiovascular no que

diz respeito ao número de projeções não foge a regra geral: deve ser realizada

por meio de, no mínimo, duas projeções radiográficas e estas necessariamente

perpendiculares entre si. Em alguns casos clínicos poderemos realizar, além

das obrigatórias, projeções oblíquas com a finalidade de ressaltar detalhes

anatomo-radiológicos, porém. Quando da interpretação destas radiografias,

devemos estar atentos às distorções das imagens causadas pela obliqüidade.

PROJEÇÕES LATERAIS

Segundo alguns autores, o uso da projeção Lateral Esquerda resulta em

menores distorções para a avaliação do posicionamento cardíaco e, de acordo

com outros, a projeção Lateral Direita é superior a lateral Esquerda quando se

quer avaliar o tamanho cardíaco.

As alterações que ocorrem na imagem da silhueta cardíaca pela utilização

da projeção Lateral Direita (paciente em decúbito lateral esquerdo) ou pelo uso

da projeção Lateral Esquerda (paciente em decúbito lateral direito) são

mínimas e irrelevantes para a avaliação radiológica da silhueta cardíaca. Assim

sendo, podemos optar por qualquer uma delas para ser usada como rotina

radiográfica cardiovascular.

Para a obtenção de uma radiografia correta nas projeções Laterais o Raio

Central deve incidir a nível do 4º ou 5º espaço intercostal e num ponto

aproximadamente eqüidistante da coluna vertebral e do esterno.

Quando o posicionamento do paciente não for perfeito para estas

projeções ocorrerão consideráveis distorções na imagem radiológica da carina

traqueal, dos grandes vasos intra torácicos e do contorno da silhueta cardíaca.

Page 73: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 1 - Radiografia Lateral de um canino com tórax profundo e estreito,

fase inspiratória, demonstrando um silhueta cardíaca normal.

- PROJEÇÕES DORSOVENTRAL (DV) / VENTRODORSAL (VD)

A projeção DV (paciente em decúbito esternal) é a de eleição para o

estudo radiológico cardíaco. Na projeção VD (paciente em decúbito dorsal) o

ápice cardíaco, que se encontra livre no interior da cavidade torácica, tende a

sofrer um movimento de rotação por ação da força da gravidade, acarretando

distorções da silhueta cardíaca e induzindo a falsos radiodiagnósticos.

Nos pacientes em que a correção do posicionamento no decúbito esternal

seja difícil, pela conformação torácica do paciente, pela sua não colaboração

durante a manipulação ou por ser contra indicado o uso de

tranqüilizantes/sedativos/anestésicos, o exame radiológico deve ser realizado

na projeção VD, tomando-se as devidas precauções quando da interpretação

radiológica .

Page 74: Apostila Radiologia Veterinária

Alguns quadros clínicos requerem a realização de exames radiológicos

continuados por algum período. Nestes casos é necessário que todos os

exames sejam realizados nas mesmas condições do exame inicial (projeções,

regimes radiográficos, etc.).

Fig. 2 - Radiografia DV do mesmo animal da Fig. 1,

mesma fase respiratória, demonstrando uma silhueta cardíaca normal.

VARIAÇÕES RACIAIS

Em razão dos três tipos de conformação torácica apresentados pelas

raças caninas não há uma configuração da silhueta cardíaca que possa ser

definida como normal para esta espécie. Nos felinos, a configuração normal da

silhueta cardíaca é a encontrada nos cães de tórax intermediário.

Page 75: Apostila Radiologia Veterinária

Nas raças caninas com tórax profundo e estreito (Afghan hound, Setter,

Collie) a silhueta cardíaca se apresenta ovalada e perpendicular a coluna

vertebral nas projeções Laterais. Na projeção DV, a silhueta cardíaca tenderá à

forma circular e estará posicionada no plano médio torácico.

Nas projeções laterais dos caninos com tórax intermediário (Pastor

Alemão), a silhueta cardíaca estará menos perpendicular à coluna vertebral e

com forma oval levemente inclinada para frente. Já, nas projeção DV, ela se

apresenta de forma oval, inclinada e com a ponta do coração posicionada a

esquerda do plano médio torácico.

Nos caninos que apresentam tórax largo e não profundo (Bulldog), a

silhueta cardíaca se apresenta de forma arredondada, com grande inclinação

em relação a coluna vertebral e o seu bordo cranial geralmente em contato

com o esterno, nas projeções Laterais. Na projeção DV, os bordos

ventriculares, esquerdo e direito, se apresentam bem arredondados, a silhueta

cardíaca oblíqua ao plano médio e a ponta cardíaca à esquerda, porém

próxima da linha média torácica.

A SILHUETA CARDÍACA

Radiologicamente, se aplica a terminologia Silhueta Cardíaca para

descrever a imagem que engloba o pericárdio, o miocárdio, o endocárdio, os

compartimentos cardíacos e o sangue neles contido. É a estrutura mais

proeminente na cavidade torácica.

O primeiro passo para a definição dos aspectos anatomo-radiológicos da

silhueta cardíaca é a constatação da conformação torácica que, como visto

anteriormente, fornece imagens distintas, não havendo uma configuração que

possa ter tomada como normal para todas as raças caninas.

7.1 - SILHUETA CARDÍACA NAS PROJEÇÕES LATERAIS

Page 76: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 3 - Representação esquemática da topografia cardíaca canina numa

visão lateral a partir do lado esquerdo, onde:

T - Traquéia LS - Artéria Subclávica Esquerda

AB - Artéria Braquiocefálica AVC - Veia Cava Anterior (cranial)

E - Esôfago DA - Aorta Descendente

AA - Arco Aórtico PA - Artéria Pulmonar

RA - Átrio Direito RV - Ventrículo Direito

LA - Átrio Esquerdo LV - Ventrículo Esquerdo

PVC - Veia Cava Posterior (caudal) D - Diafragma

Números de 2 a 8 - referem-se aos pares de costelas.

Nas projeções Laterais, a silhueta cardíaca está localizada na porção

medioventral da cavidade torácica, ocupando 2/3 terços desta e apresenta 3

bordos, a saber:

a) Bordo Dorsal - corresponde a base do coração e é contíguo a porção

caudoventral da traquéia.

Page 77: Apostila Radiologia Veterinária

b) Bordo Cranial - é curvo e se estende ao longo do 3º par de costelas.

Nos caninos com tórax profundo e estreito, não se apresenta em contato, ou se

ocorrer é mínimo, com o esterno. Nos caninos com tórax largo e não profundo,

geralmente contata 2/3 a 1/2 da sua extensão com o esterno.

c) Bordo Caudal - é retilíneo, geralmente sem contato com o diafragma

durante a inspiração e se estendo ao longo do 8º par de costelas.

Fig. 4 - Representação esquemática da silhueta cardíaca,

projeção lateral, demonstrando seus bordos, onde:

a - bordo dorsal

b - bordo cranial

c - bordo caudal

a

b c

Page 78: Apostila Radiologia Veterinária

Os compartimentos cardíacos podem ser definidos, nas projeções

Laterais, através de dois métodos, ambos subjetivos, e nenhum apresenta

superioridade sobre o outro.

O primeiro método consiste em:

a) Traçar uma linha imaginária que se estende a partir da ponta do

coração em direção à Carina Traqueal (ápice-base). Essa linha, nos animais

com conformação torácica intermediária forma, com o esterno um ângulo de

aproximadamente 55-60º, nos de conformação profunda e estreita, um ângulo

de 75-80º e, nos de conformação não profunda e larga, um ângulo próximo a

45º.

A linha ápice-base divide a silhueta cardíaca em dois porções. A porção

cranial corresponde a 2/3 do total da silhueta cardíaca e nela estão localizados

na parte superior o átrio direito e na parte inferior o ventrículo direito. Na porção

caudal, que corresponde a 1/3 da silhueta cardíaca, estão localizados

dorsalmente o átrio esquerdo e ventralmente o ventrículo esquerdo.

b) Uma segunda linha imaginária é traçada perpendicularmente a linha

ápice-base de modo a dividir a silhueta cardíaca em uma porção dorsal, com

aproximadamente 1/3 do tamanho da silhueta, onde estão localizados,

cranialmente o átrio direito e cauldamente o átrio esquerdo, e numa porção

ventral, com 2/3 do total, onde se localizam os ventrículos direito e esquerdo,

cranial e caudalmente, respectivamente.

Page 79: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 5 - Representação esquemática da silhueta cardíaca, projeção lateral,

demonstrando sua divisão em compartimentos, onde:

RA - Átrio Direito RV - Ventrículo Direito

LA - Átrio Esquerdo LV - Ventrículo Esquerdo

AA - Arco Aórtico AD - Aorta Descendente

No segundo método para a definição dos compartimentos cardíacos

faremos uma comparação entre a silhueta cardíaca e o mostrador de um

relógio. Quando usarmos este método na interpretação radiológica é

obrigatório que o bordo cranial do coração esteja à esquerda do profissional.

Embora seja uma metodologia útil para propósitos descritivos ela é falha para

um bom entendimento da tridimensionalidade da anatomia cardiovascular.

Nessa analogia temos: entre 11:30 - 2:00 horas está posicionado o átrio

esquerdo; entre 2:00 - 5:30 horas, o ventrículo esquerdo; a partir das 5:30 até

Page 80: Apostila Radiologia Veterinária

às 8:30, o ventrículo direito e o átrio direito desde as 8:30 até as 11:30 horas. A

base do coração se estende a partir das 9:30 até 1:30 horas. O arco aórtico e

segmentos da arteria pulmonar principal se sobrepõem ao átrio direito desde às

9:30 até as 11:30 horas e a Cava posterior entre 2:30 3 3:00 horas.

Fig. 6 - Representação esquemática da silhueta cardíaca,

projeção lateral, demonstrando a analogia com o mostrador de um

relógio.

Page 81: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 7 - Radiografia lateral da silhueta cardíaca demonstrando

as estruturas direitas do coração, onde:

AVC - Cava anterior PA - Artéria pulmonar principal

RU/RA - Átrio direito RV - Ventrículo direito

PVC - Cava posterior RPA - Artéria pulmonar direita

LPA - Artéria pulmonar esquerda 4 - 4º par de costelas

Page 82: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 8 - Radiografia lateral da silhueta cardíaca demonstrando

as estruturas esquerdas do coração, onde:

BA - Artéria braquicefálica LSA - Artéria sub clávica esquerda

AA - Arco aórtico A - ramo ascendente da aorta

DA - Aorta descendente T - Carina

AU / LA - Átrio esquerdo LV - Ventrículo esquerdo

M - Válvula mitral PV - Veias pulmonares

- SILHUETA CARDÍACA NA PROJEÇÃO DV

Fig. 9 - Representação esquemática da topografia cardíaca de um canino

Page 83: Apostila Radiologia Veterinária

a partir de uma visão dorsal, onde:

LS - Artéria Sub Clávica esquerda PA - Artéria Pulmonar Principal

Lau - Átrio Esquerdo LPA - Artéria Pulmonar

Esquerda

PV - Veias Pulmonares LV - Ventrículo Esquerdo

DA - Aorta Descendente E - Esôfago

T - Traquéia AVC - Cava Anterior

AV - Veia Ázigo RPA - Artéria Pulmonar Direita

RA - Átrio Direito PVC - Cava Posterior

3 - 3ª costela

Na projeção DV a silhueta cardíaca se assemelha a um ovo inclinado que

se estende desde o 3º até o 8º par de costelas, com os bordos cranial e direito

arredondados, o bordo esquerdo levemente retilíneo, a ponta do coração

direcionada para a esquerda a partir da linha média torácica e ocupa cerca de

2/3 do espaço da cavidade torácica.

Duas características marcam as radiografias DorsoVentrais

cardiovasculares e obrigam que a interpretação seja feita com extrema cautela

pois podem resultar em falsos radiodiagnósticos.

A primeira, que não está ao nosso alcance tomar providências para

minimizar seus efeitos, são as sobreposições entre as próprias estruturas

cardíacas e entre essas e as estruturas mediastínicas (grandes vasos, traquéia

e esôfago).

Page 84: Apostila Radiologia Veterinária

A segunda, sobre a qual podemos atuar buscando um a perfeito

posicionamento, diz respeito as rotações torácicas que, mesmo sendo

mínimas, resultam em significativas distorções. Em algumas ocasiões, devido

ao estado físico do paciente, é impossível repetir-se os exames em que há

erros de posicionamento e, quando isso acontece, ao se interpretar as

radiografias deve-se levar em conta que estamos frente a imagens que não

espelham a realidade, logo o radiodiagnóstico não poderá ser conclusivo.

Quando a rotação for no sentido horário, o bordo cardíaco esquerdo e a

ponta do coração estarão mais próximos da parede torácica esquerda e o lado

esquerdo, como um todo, se apresentará mais arredondado dando a falsa

percepção de dilatação ventricular esquerda.

Na rotação torácica no sentido anti horário, o bordo cardíaco direito estará

arredondado e mais próximo da parede torácica direita, simulando uma

dilatação ventricular direita. Essa rotação faz com que a imagem da arteria

pulmonar principal esteja deslocada acarretando um falso aumento do átrio

esquerdo e que o bordo ventricular esquerdo também se torne, falsamente,

retilíneo.

Uma fina linha radiopaca que se estende desde a ponta do coração até o

diafragma foi durante muito tempo erroneamente identificada como o ligamento

cardiofrênico. Atualmente é reconhecido que esse ligamento não é percebido

radiologicamente e que a fina linha radiopaca corresponde a parte caudoventral

do mediastino e parte do lobo pulmonar intermediário do pulmão direito.

A mesma analogia com o mostrador de um relógio feita para as projeções

Laterais pode ser feita em relação a projeção DV. No espaço compreendido

entre 11 - 1 h teremos posicionado o arco aórtico. Entre 1 - 2 horas, a arteria

pulmonar principal. Das 2 às 3 h, o átrio esquerdo, das 2 até às 5 horas, o

ventrículo esquerdo. Entre 5 e 9 horas, o ventrículo direito e entre 9 e 11 h, o

átrio direito.

Page 85: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 10 - Esquema representativo mostrando a analogia entre o mostrador

de um relógio e a silhueta cardíaca na projeção DV, onde:

AA - Arco Aórtico PA - Artéria pulmonar principal

LA - Átrio Esquerdo LV - Ventrículo Esquerdo

RV - Ventrículo Direito RA - Ventrículo Direito

As radiografias a seguir, originais do livro Canine Cardiology, Ettinger &

Suter, 1970, com modificações feitas pelo autor desse trabalho, tem por

finalidade indicar o posicionamento das estruturas cardiovasculares na

projeção DV. As radiografias foram obtidas, originalmente, a partir de

Angiocardiogramas.

Page 86: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 11 - Radiografia da silhueta cardíaca, projeção DV de um canino,

onde:

RB - Veia Braquial D LB - Veia Braquial E

AVC - Cava Anterior AA - Arco Aórtico

RAU / RA - Átrio Direito RV - Ventrículo Direito

PA - Artéria Pulmonar principal LAU - Átrio Esquerdo

LV - Ventrículo Esquerdo PVC - Cava Posterior

Page 87: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 11 - Radiografia da silhueta cardíaca, projeção DV de um canino,

onde:

AVC - Cava Anterior AA - Arco Aórtico

CA - Átrio Direito RV - Ventrículo Direito

PA - Artéria Pulmonar principal PVC - Cava Posterior

3 e 8 - 3º e 8º par de costelas

Fig. 12 - Radiografia da silhueta cardíaca, projeção DV de um canino,

linhas sólidas representam veias e átrio esquerdo e as linhas tracejadas as

arterias pulmonares, onde:

AA - Arco Aórtico PA - Artéria Pulmonar

RPA - Artéria Pulmonar Direita LP - Artéria Pulmonar esquerda

LA - Átrio Esquerdo

Page 88: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 13 - Radiografia da silhueta cardíaca, projeção DV de um canino,

onde:

LSA - Artéria Subclávica Esquerda BA - Artéria Braquial

AA - Arco Aórtico DA - Aorta Descendente

LV - Ventrículo Esquerdo

Seta e linhas tracejadas - Origem da Artéria Coronária Esquerda.

Page 89: Apostila Radiologia Veterinária

RADIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

INTRODUÇÃO

Para o diagnóstico das moléstias que afetam os órgãos do Sistema

Digestório (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino

grosso) a Radiologia se constitui num importante meio auxiliar, porém é

necessário levar em consideração suas limitações, a elevação de custos que

o seu emprego obriga e, principalmente, cotejar suas informações com

àquelas adquiridas através de outros meios auxiliares de diagnóstico. Assim

sendo, na prática cotidiana do profissional veterinário, a utilização dos

diversos exames radiológicos possíveis para o Sistema Digestório pode ficar

restrita aquelas suspeitas clínicas nas quais sua contribuição é realmente

efetiva, priorizando outros meios auxiliares de diagnóstico, entre eles os por

imagem, para casos em que as imagens radiológicas não são específicas.

Foi com essa orientação que elaboramos o texto a seguir.

Neste trabalho foi dado ênfase aos aspectos radiológicos das moléstias

esofágicas, gástricas e intestinais. Deixamos de lado as alterações bucais pois

as estruturas que apresentam real interesse radiológico, os dentes, já foram

tratadas no texto referente a radiologia Óssea e as alterações faringeanas

foram vistas juntamente com a Laringe (Sist. Respiratório).

Os órgãos digestórios apresentam características que são de grande

importância radiológica. São estruturas ocas e que, quando sem conteúdo, se

apresentam colabadas. Sua luz é revestida por mucosa que quando delineada

por meio de contraste radiopaco se apresenta estriada, suas paredes são

delgadas e, a exceção da porção cervical do esôfago, estão localizadas no

interior de cavidades que acomodam órgão de densidade radiológica (de tecido

mole) similares entre si. Essa última característica geralmente dificultam

interpretação de suas alterações nos exames radiológicos simples fazendo

Page 90: Apostila Radiologia Veterinária

com que, em casos clínicos, se tenha de realizar exames radiológicos

contrastados do Sistema Digestório.

No que diz respeito ao posicionamento do paciente, o exame radiográfico do

Sistema Digestório em nada difere dos demais Sistemas orgânicos. Deve

ser realizado basicamente através de, pelo mínimo, duas projeções

perpendiculares entre si e é necessário, em diversas ocasiões, a realização

de projeções complementares, as oblíquas.

As Técnicas radiológicas contrastadas usadas para o radiodiagnóstico de

enfermidades gástricas não são tratadas nesse volume uma vez que estão

descritas no volume Técnicas Radiográficas Contrastadas em Pequenos

Animais, a ser publicado pelo autor.

RADIOLOGIA DO ESÔFAGO

O Esôfago, órgão musculomembranoso, oco, dilatável, se estende desde a

Faringe até o Estômago e, nesse trajeto, podemos dividi-lo em três

segmentos: o cervical, o torácico e o abdominal. Sua motilidade é controlada

pelos Sistemas Nervosos Central e Periférico, podendo qualquer alteração

desses Sistemas comprometer sua função principal, a deglutição.

Em sua porção cervical, nas projeções Laterais, o esôfago cursa paralelo a

traquéia, se sobreposicionando a mesma. Na projeção VentroDorsal (VD)

ele está situado a esquerda da traquéia, principalmente na entrada do tórax.

Na região torácica, nas projeções Laterais, inicialmente ocupa uma posição

ventral em relação a traquéia porém a medida que cursa em direção caudal

vai se deslocando dorsalmente para a nível da Carina Traqueal estar situado

bem dorsal a este órgão e é nessa posição que ruma em direção ao

estômago. Na projeção VD, se apresenta, inicialmente a esquerda e após

sobreposicionado a traquéia.

Page 91: Apostila Radiologia Veterinária

As projeções Laterais são mais elucidativas que a VD uma vez que nessa

projeção iremos encontrar consideráveis sobreposicionamentos, em especial

com a Coluna Vertebral e com o Esterno, dificultando a interpretação

radiológica.

Nos estudos radiográficos do esôfago cervical, nas projeções Laterais os

membros anteriores do paciente devem estar direcionados caudalmente e

paralelos ao tórax, devendo estar incluídas na radiografia a Faringe e a

entrada da cavidade torácica.

Para o estudo do esôfago torácico, os membros anteriores deverão estar

estendidos ao máximo no sentido cranial, o raio central incidindo ao nível do

5º espaço intercostal e na radiografia deverão ser visualizados a entrada do

tórax e o diafragma.

Devido a sua densidade radiológica, similar com a dos órgãos e tecidos que

o circundam, sua espessura e ao fato de se apresentar normalmente

colabado (exceção durante a deglutição), os estudos radiográficos do

esôfago devem ser realizados, num primeiro momento, através de exames

radiológicos simples e, posteriormente, através de técnicas radiológicas

contrastadas.

O exame contrastado do esôfago, denominado de Esofagografia, é obtido

pela administração oral de um meio de contraste radiopaco (positivo). O

meio de contraste mais comum de ser utilizado são as suspensões de

sulfato de bário, facilmente encontradas no comércio. Em algumas ocasiões,

quando se necessita um exame que mostre a mucosa esofágica com maior

detalhe, podemos usar produtos também a base de bário porém sob a

apresentação de pasta que se aderem melhor as paredes do esôfago. Caso

o estudo esofágico faça parte do estudo geral do sistema digestório a pasta

de bário não deve ser usada pois ela não delineia satisfatoriamente o

estômago e os intestinos.

Page 92: Apostila Radiologia Veterinária

Em caninos normais, ao exame contrastado, o esôfago se apresenta com

aspecto estriado no sentido longitudinal (fig.1) enquanto que em felinos os ¾

proximais se apresentam estriados no sentido longitudinal e o ¼ distal as

estrias estão posicionadas de forma oblíqua (fig. 2).

Fig. 1 – Representação esquemática de um exame contrastado

Do esôfago de um canino.

Fig. 2 - Representação esquemática de um exame contrastado

do esôfago de um felino.

Em caso em que houver suspeita de ruptura esofágica, o meio de contrate

de eleição são aqueles que contém iodo, estando os baritados totalmente

Page 93: Apostila Radiologia Veterinária

contra indicados pelas reações que provocam ao entrar em contato com as

estruturas cervicais e mediastínicas.

Fig. 16 – Corpo estranho (anzol) localizado

ao nível o esôfago torácico.

RADIOLOGIA DO ESTÔMAGO

O estômago é um órgão musculoglandular que está localizado

imediatamente após o fígado, subdividido em 4 regiões: cardia, fundo

gástrico, corpo e piloro e, em animais normais e quando repleto, não

ultrapassa o último par de costelas.

Para uma avaliação radiológica completa do estômago é necessário que se

realize radiografias nas projeções VentroDorsal, DorsoVentral, Lateral

Esquerda e Lateral Direita em exames simples e contrastados. Tais

procedimentos são necessários devido que o estômago sempre conter uma

coleção gasosa advinda da atividade das glândulas gástricas localizadas no

fundo gástrico e pela presença de ingesta que, ao sofrer a ação da

gravidade, se deslocam no interior gástrico dando a imagem estomacais

diferenciadas.

Page 94: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 21 – Representação esquemática da

divisão das regiões gástricas, onde:

C – Cardia

F – Fundo gástrico

Co – Corpo

P – Piloro

Fig. 22 – Representação esquemática da imagem gástrica

normal na projeção Lateral, onde:

A – nos caninos

B – nos felinos

F – fundo gástrico

Co – corpo gástrico

Page 95: Apostila Radiologia Veterinária

P – região pilórica

Fig. 23 – Representação esquemática da imagem gástrica

normal na projeção VentroDorsal, onde:

A – nos caninos

B – nos felinos

F – fundo gástrico

C - cardia

Co – corpo gástrico

P – região pilórica

Um fator importante para a realização dos exames radiológicos, sejam eles

simples ou contrastados, e seu grau de enchimento. Alimentos presentes no

estômago por ocasião do exame radiográfico poderão encobrir algumas

lesões ou simular outras criando, então, falsas imagens. Além disso, gases e

ingesta, por ação da gravidade, modificam a aparência radiológica do

estômago conforme a projeção usada por ação da força da gravidade,

Enquanto os sólidos e fluidos ocupam regiões estomacais mais próximas do

filme radiográfico os gases tendem a se localizar em regiões mais distantes.

Essas razões nos obrigam a realizar os exames radiográficos gástricos

Page 96: Apostila Radiologia Veterinária

simples ou contrastados, quando não de urgência, após o paciente ter sido

submetido a um jejum prévio de 12 a 24 horas.

Como regra geral para a avaliação radiográfica do estômago temos:

- A coleção gasosa que se encontra na região fúndica (região glandular)

estará localizada a esquerda da coluna vertebral nas projeções VD e

DV, identicada pela sua radiolucência.

- A região mais afilada, localizada a direita da linha média abdominal,

nas projeções VD e DV, corresponde a região pilórica.

- Na projeção Lateral Esquerda, a área dorsal que corresponde a região

fúndica estará radiopaca em razão de seu preenchimento por fluidos e

a região ventral radiolucente em razão da deposição gasosa na região

pilórica.

Fig. 24 – Projeção Lateral Esquerda com a presença de fluidos na região

fúndica (dorsal) e gás na região pilórica (ventral).

- Na projeção Lateral Direita o gás se acumula na região fúndica que

ocupa uma posição dorsal em relação a linha média abdominal.

Ventralmente a essa linha, teremos a região pilórica, radiopaca devido

a presença de fluidos estomacais.

Page 97: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 25 - Projeção Lateral Direita com gás presente na região fúndica

(dorsal) e fluidos na região pilórica (ventral).

Alguns medicamentos usados para o tratamento de enfermidades

gastrintestinais, bem como alguns fármacos utilizados para a contenção de

pacientes (sedativos, tranqüilizantes e anestésicos) afetam a motilidade

gástrica e com isso compromete a avaliação dos exames radiológicos

contrastados. Assim sendo é necessário avaliar a continuidade, a suspensão

ou a não administração dessas medicações antes de qualquer exame

radiológico contrastado.

RADIOLOGIA DO INTESTINO DELGADO

O Intestino Delgado (ID) possui um comprimento médio de 4 metros, ocupa

a maior parte da cavidade abdominal, caudalmente ao estômago. Está

dividido em duas partes: uma fixa, denominada Duodeno e outra

mesentérica, com mobilidade, que se divide em duas porções denominadas

de Jejuno e Íleo. Estes três segmentos do ID não possuem características

que possam se diferenciar entre si nos exames radiológicos simples.

Mesmo radiodiagnóstico obtido através de exames radiológicos simples e

contrastados seja de grande utilidade para o diagnóstico de enfermidades

que afetam ao ID, sejam elas crônicas ou agudas, a realização desses

Page 98: Apostila Radiologia Veterinária

exames não deve preceder uma anamnese bastante investigativa, exames

físicos completos e exames laboratoriais pertinentes.

SINAIS RADIOLÓGICOS NORMAIS

1 – DEFINIÇÃO RADIOLÓGICA DA CAMADA SEROSA

A camada serosa intestinal, a superfície externa das alças intestinais do ID,

é bem definida radiologicamente em animais adultos que possuam

deposição de gordura abdominal e quando adjacentes as paredes

abdominais. Já as alças que se localizam mais na posição medial interna do

abdome e sobrepostas entre si, freqüentemente se apresentam indistintas.

O aspecto normal da serosa intestinal é liso e regular.

Nos animais jovens, em animais caquéticos, nos edemaciados e nos que

apresentam peritonite, a definição da superfície serosa é bastante indistinta

em razão da falta de gordura ou pelo acúmulo de líquido.

Fig. 43 – Radiografia simples, projeção Lateral demonstrando a superfície

serosa normal do ID.

Page 99: Apostila Radiologia Veterinária

PROJEÇÕES RADIOLÓGICAS

As projeções de rotina para a avaliação do ID são as VentroDorsal e a

Lateral Direita. Projeções adicionais geralmente são necessárias para o

estudo completo do ID e, entre elas, temos: Laterais em estação,

VentroDorsal em estação, Laterais e VentroDorsal oblíquas.

RADIOLOGIA DO INTESTINO GROSSO

O Intestino Grosso (IG) tem um comprimento médio de 60-75 cm, se divide

em Ceco, Cólon, Reto e Anus, e seu diâmetro é 2-3 vezes maior que o do

ID.

O Ceco é um divertículo do Cólon e radiologicamente, nos caninos, é

melhor identificado nas projeções Laterais por sua localização (porção

mediana do abdome e aproximadamente ao nível da L3), aparência (semi

circular) e densidade (gasosa em razão da presença de gás intraluminal).

Nos felinos raramente é identificado.

Fig. 56 – Radiografia simples, projeção Lateral, identificação do Ceco.

O Cólon é dividido em 3 partes: Ascendente, Transverso e Descendente,

possuindo a forma de um ponto de interrogação.

Page 100: Apostila Radiologia Veterinária

A união da porção Ascendente e Transversa se denomina de flexura

hepática e a união da Transversa com a Descendente, flexura esplênica.

Ao nível da entrada da região pélvica temos o início do Reto que pode,

também, ser dividido em 3 porções: Cranial, Caudal e Canal anal.

Fig. 57 – Representação esquemática das regiões do Cólon e do Reto,

onde:

1 – Cólon Ascendente

2 – Cólon Transverso

3 – Cólon Descendente

4 - Flexura Hepática

5 – Flexura Esplênica

6 – Reto Cranial

7 – Reto Caudal

Page 101: Apostila Radiologia Veterinária

8 – Canal Anal

A linha demarca a entrada da região pélvica.

Fig. 58 – Radiografia contrastada, projeção VentroDorsal, demonstrando o

IG, onde:

A – válvula cecocólica

B – Ceco

Page 102: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 59 – Radiografia contrastada, projeção Lateral, demonstrando o IG,

onde:

A – Ceco

B – Válvula cecocólica

AS REGIÕES ÓSSEAS E SUAS CARACTERÍSTICAS RADIOLÓGICAS

Os ossos longos, a partir das extremidades, apresentam 4 regiões

anatômicas e que apresentam importância na interpretação dos exames

radiológicos.

EPÍFISE - está localizada nas extremidades ósseas e no momento do

nascimento é cartilaginosa. Ao longo dos primeiros meses de vida ela sofre

progressiva calcificação que pode ser acompanhada radiologicamente. Nos

animais adultos, sua periferia é estreita e radiologicamente densa. Sua

estrutura interna é formada por finas trabéculas, praticamente longitudinais.

LINHA ou PLACA EPIFISIÁRIA - região localizada entre a Epífise e a

Metáfise e é uma região importante quando da interpretação radiologia pois

caracteriza a maturidade do paciente.

Nos animais jovens, em crescimento, essa região se apresenta como uma

linha estreita e radiolucente que ocupa toda a largura óssea. Diz-se

comumente que a Linha Epifisiária está aberta. Deve-se ter o cuidado de não

confundí-la com linhas de fratura. Nos animais adultos, a placa epifisiária se

apresenta consolidada, radiopaca, e diz-se que se apresenta fechada.

A consolidação das Linhas Epifisiárias ocorre em tempos diferenciados

nos diversos ossos. O profissional deve estar atento para tal fato pois ele

determina, em muitas ocasiões, os procedimentos terapêuticos a serem

tomados. Processos traumáticos que incidam sobre essa região em animais

em crescimento podem determinar o seu fechamento precoce, acarretando

alterações anatômicas ósseas.

Page 103: Apostila Radiologia Veterinária

METÁFISE - corresponde a região onde acontecem as trocas ósseas que

determinam o seu crescimento longitudinal. É formada por osso poroso a partir

da Linha Epifisiária.

DIÁFISE - constitui-se no corpo dos ossos. Nessa região está localizado o

foramen nutricional que pode ser confundido com alteração patológica devido a

sua radiolucência.

O Padrão Trabecular Ósseo é mais proeminente na Metáfise e na Epífise

e nos animais adultos não há uma divisão radiologicamente definida entre a

Diáfise e a Metáfise.

Fig. 2 - Representação das regiões ósseas, onde:

1 - Epífise

2 - Linha Epifisiária

3 - Metáfise

Page 104: Apostila Radiologia Veterinária

Fig. 4 - Radiografias AnteroPosterior, demonstrando Linhas Epifisiárias.

A - Linhas Epifisiárias distais do Rádio e Ulna, abertas.

B - Linhas Epifisiárias distais do Rádio e Ulna, fechadas.

Fig. 3 - Esquema representativo da Linha Epifisiária de uma animal jovem, onde:

1 - Epífise

2 - Linha epifisiária

3 - Metáfise

Page 105: Apostila Radiologia Veterinária

4.1 - IDADE DE FECHAMENTO DE ALGUMAS LINHAS EPIFISIÁRIAS EM

CANINOS

LINHA EPIFISIÁRIA IDADE

TUBEROSIDADE da

ESCÁPULA

3 - 5 meses

PROXIMAL do ÚMERO 10 meses

DISTAL do ÚMERO 5 - 8 meses

PROXIMAL do RÁDIO 5 - 8 meses

DISTAL do RÁDIO 6 - 9 meses

PROXIMAL da ULNA 5 meses

DISTAL da ULNA 6 - 8 meses

PROXIMAL do FÊMUR 6 - 9 meses

DISTAL do FÊMUR 6 - 8 meses

Fig. 5 - Encurvamento do Rádio decorrente de traumatismo na Linha Epifisiária que determinou seu fechamento precoce.

Page 106: Apostila Radiologia Veterinária

CRISTA da TÍBIA 6 - 11 meses

DISTAL da TÍBIA 5 - 8 meses

PROXIMAL da FÍBULA 6 - 10 meses

DISTAL da FÍBULA 5 – 8 meses

METATARSIANOS 5 - 7 meses

Referências