apostila principios da administração financeira

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Princípios de Administração Financeira Marcelo Cerqueira Silva

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Princípios de Administração Financeira

Marcelo Cerqueira Silva

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Princípios de Administração Financeira, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e au-tônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital

ApreSentAção

SUMÁrIo

IntroDUção ............................................................................................................................................... 5

1 pApeL e AtIVIDADe De FInAnçAS ........................................................................................... 71.1 A Importância da Administração Financeira ........................................................................................................81.2 A Relação entre a Administração Financeira e as demais Ciências ...........................................................101.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................131.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................13

2 o pApeL Do ADMInIStrADor FInAnCeIro nAS eMpreSAS .......................... 152.1 Funções do Administrador Financeiro .................................................................................................................152.2 Meta do Administrador Financeiro ........................................................................................................................172.3 Resumo do Capítulo ...................................................................................................................................................182.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................19

3 tIpoS De eMpreSAS ......................................................................................................................... 213.1 Modalidades de Organização de Empresas .......................................................................................................213.2 Fusões de Empresas ....................................................................................................................................................233.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................253.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................25

4 noçÕeS De rISCo e retorno ................................................................................................ 274.1 Rentabilidade, Liquidez e Risco...............................................................................................................................284.2 Gestão de Riscos ..........................................................................................................................................................294.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................314.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................31

5 SISteMA FInAnCeIro nACIonAL .......................................................................................... 335.1 Participantes do SFN ...................................................................................................................................................335.2 Mercados Financeiros .................................................................................................................................................355.3 Introdução ao Mercado de Capitais ......................................................................................................................385.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................405.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................40

6 DeMonStrAçÕeS FInAnCeIrAS ........................................................................................... 416.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................466.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................47

7 AnÁLISe DAS DeMonStrAçÕeS FInAnCeIrAS ......................................................... 497.1 Índices Financeiros e Econômicos .........................................................................................................................517.2 Resumo do Capítulo ...................................................................................................................................................557.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................55

8 FLUXo De CAIXA.................................................................................................................................. 57

8.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................628.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................63

9 proJeçÕeS FInAnCeIrAS ............................................................................................................ 659.1 Regime de Competência e de Caixa......................................................................................................................699.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................699.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................70

10 AnÁLISe De InVeStIMento .................................................................................................... 7110.1 Operações Financeiras com Juros Simples e Compostos ...........................................................................7110.2 Métodos de Avaliação de Investimentos ..........................................................................................................7510.3 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................7810.4 Atividades Propostas ................................................................................................................................................79

reSpoStAS CoMentADAS DAS AtIVIDADeS propoStAS ..................................... 81

reFerÊnCIAS ............................................................................................................................................. 87

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IntroDUção

Caro(a) aluno(a),

O objetivo geral do curso é oferecer-lhe subsídios para um estudo sobre o funcionamento da Ad-ministração Financeira nas Empresas, analisando os principais participantes do Sistema Financeiro Na-cional, entre eles, o Banco Central do Brasil (BACEN), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Monetário Nacional (CMN) e as Bolsas de Valores. Esta apostila e a disciplina, como um todo, buscam apresentar a definição e a aplicação dos conceitos fundamentais presentes na administração financeira nacional e internacional. Além disso, apresentamos informações sobre os principais tipos de riscos.

Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado de forma a promover sempre o seu apren-dizado, através da fundamentação de conceitos com os mais renomados autores. Dessa forma, analisare-mos a importância da administração financeira para as empresas, as principais demonstrações financei-ras e os principais índices financeiros para verificação das condições financeiras das empresas.

Posteriormente, discutiremos o conceito e o valor do dinheiro no tempo; as diferentes formas de cálculo de juros, simples e compostos; a dinâmica de um fluxo de caixa; e a integração dos conceitos contábeis e financeiros. Finalizando, buscamos a avaliação do seu aprendizado, propondo a resolução de alguns exercícios. Será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo deste trajeto.

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pApeL e AtIVIDADe De FInAnçAS1

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, discutiremos a importância da administração financeira para a Economia, as razões para se estudar administração financeira e as três principais áreas da administração financei-ra. Trataremos ainda dos avanços da administra-ção financeira a partir dos anos 1990 e do proces-so de globalização das empresas. Vamos iniciar a discussão?

O(A) aluno(a) típico(a) não terá cursado anteriormente matérias de Finanças e, presumi-damente, não terá o conhecimento prévio do as-sunto. Contudo, este material é parte de um pro-grama introdutório da Administração Financeira, que se destina a alunos de Finanças e de outras áreas de formação.

O Dicionário Aurélio define o termo “Finan-ças” como a “ciência e a profissão do manejo do dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado.” De forma mais ampla, dizemos que ele trata do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pes-soas, empresas e governos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem.

Analisando o conceito, parece ser algu-ma coisa um pouco distante do nosso dia a dia, mas diariamente temos envolvimento com as fi-nanças. Tomamos decisões financeiras a todo o momento, na escolha pelo produto mais caro ou

mais barato, na matrícula em um curso, no parce-lamento de alguma dívida, na negociação salarial, na escolha de um fundo de aposentadoria mais adequado e assim por diante. Assim, precisamos entender de assuntos financeiros e tomar as deci-sões financeiras corretas.

Figura 1 – Principais relações entre as finanças e os diversos agentes da sociedade.

Na Figura 1, temos uma demonstração da interação constante entre os diversos agentes da sociedade, com os quais as empresas se relacio-nam. Entre eles, estão as relações com os consu-midores, que adquirem os produtos ou a realiza-ção da prestação de serviços; os funcionários, que trabalham na produção ou na execução da pres-tação de serviços; os investidores, que acreditam na prosperidade do negócio para obtenção futura de lucro; os financiadores, que disponibilizam re-cursos para a aquisição dos bens de capital; e o governo, que concede licenças para abertura do negócio e arrecada impostos com a sua existência.

AtençãoAtenção

Em última análise, as Finanças são a arte e a ciência de administrar fundos (GITMAN, 1997).

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As Finanças consistem em três áreas inter--relacionadas: (1) mercados monetários e de capi-tais, que trabalham com os mercados de títulos e as instituições financeiras; (2) investimentos, que focalizam as decisões tomadas, tanto pelos inves-tidores individuais quanto pelos institucionais, à medida que escolhem títulos para suas carteiras de investimento; (3) administração financeira ou “finanças de empresas”, que envolve decisões dentro das empresas. As oportunidades de car-reira dentro de cada uma dessas áreas são muitas e variadas, porém os administradores financeiros devem ter o conhecimento das três áreas, caso queiram ser bem-sucedidos em seu trabalho.

A administração financeira

A administração financeira é a mais ampla das três áreas e a que contém o maior número de oportunidades de trabalho. Essa área é importan-te para os tipos de negócios, inclusive para ban-cos e outras instituições financeiras, assim como para empresas industriais e comerciais. A área financeira também é importante para operações governamentais de escolas, hospitais e até depar-tamentos de rodovias.

Os administradores financeiros têm tam-bém a responsabilidade de determinar os termos de crédito sob os quais os clientes poderão fazer suas compras, o montante de estoque que a em-presa deve manter, quanto de caixa manter dis-ponível, se deve ou não comprar outras empresas (análise de fusões) e a quantidade de lucros que a empresa deve reinvestir versus a quantidade que deve ser distribuída na forma de dividendos (GIT-MAN, 1997).

Suponha, porém, que você não tenha inten-ção de formar-se em Finanças. O assunto ainda é importante para você? Com certeza; por duas ra-zões: (1) você precisa de conhecimento em finan-ças para tomar muitas decisões pessoais, desde investir para sua aposentadoria até a decisão de

alugar ou comprar um carro; (2) virtualmente, to-das as decisões importantes de um negócio têm implicações financeiras e, por isso, elas, em geral, são tomadas por equipes dos departamentos de contabilidade, finanças, jurídico, marketing, recur-sos humanos e produção. Portanto, se você quer ter sucesso na arena dos negócios, deve ser alta-mente competente em sua própria área, digamos, em marketing, mas deve ter também familiarida-de com as outras disciplinas de Administração, incluindo Finanças.

Uma vez que há implicações financeiras vir-tualmente em todas as decisões de negócios, os executivos não financeiros simplesmente devem conhecer o suficiente de finanças a fim de traba-lhar essas implicações em suas próprias análises especializadas. “Por essa razão, todo estudante de administração, independentemente de sua área de especialização, deve preocupar-se com a administração financeira.” (ROSS; WESTERFIELD, 2000, p. 321).

Quando a Administração Financeira surgiu como um campo de estudo separado, no início de 1900, a ênfase era sobre os aspectos legais de fusões, a formação de novas empresas e os vários tipos de títulos que as empresas poderiam emi-tir para levantar capital. Durante a depressão dos anos 1930, a ênfase voltou-se para concordatas e reorganização, liquidez das empresas e para a re-gulamentação dos mercados de títulos.

Durante as décadas de 1940 e 1950, as Fi-nanças continuaram a ser ensinadas como uma matéria descritiva e institucional, entendida mais do ponto de vista de alguém de fora do que do ponto de vista de um gestor. No entanto, um mo-vimento em direção à análise teórica iniciou-se no final da década de 1950 e o foco mudou para decisões administrativas em relação à escolha de ativos e passivos, com o objetivo de maximizar o valor da empresa.

O enfoque sobre a maximização de valor tem recebido ênfase cada vez maior durante a

1.1 A Importância da Administração Financeira

Princípios de Administração Financeira

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década de 1990, à medida que mais empresas es-tão implementando planos de remuneração que ligam bônus dos gestores e empregados à gera-ção de valor. O ativismo dos acionistas também cresceu, à medida que “os gestores de carteiras de fundos de pensão e fundos mútuos estão com-prando grandes quantidades de ações de em-presas e pressionando-as a tomar medidas que beneficiem os acionistas.” (GITMAN, 1997, p. 223).

Além do foco na maximização do valor para o acionista, duas outras tendências têm-se tornado crescentemente importantes nos anos recentes: (1) a globalização das empresas; e (2) o crescente uso de tecnologia da informação. Essas tendências certamente continuarão nos próxi-mos anos.

Atualmente, muitas empresas dependem amplamente de operações em outros países. Quatro fatores têm levado à crescente globaliza-ção das empresas:

1. Melhorias nos transportes e comuni-cações, o que diminuiu os custos da remessa de mercadorias e tornou o co-mércio internacional mais viável;

2. O aumento do poder político dos con-sumidores, que desejam produtos de baixo custo e de alta qualidade, tem ajudado a reduzir as barreiras comer-ciais designadas para proteger produ-tores domésticos que têm altos custos e são ineficientes;

3. À medida que a tecnologia avança, o custo de desenvolvimento de novos produtos tem aumentado. Esse au-mento de custos tem levado a acor-dos comerciais entre companhias, como a General Motors e a Toyota, e a operações globais para muitas empresas, à medida que elas procu-ram expandir seus mercados e ratear o custo do desenvolvimento por um maior volume de vendas;

4. Em um mundo povoado por empresas multinacionais capazes de deslocar a produção para onde os custos forem mais baixos, uma empresa cujas opera-ções industriais estejam restritas a um país não pode competir, a menos que os custos em seu país de origem sejam bem baixos, condição que não existe necessariamente para muitas empre-sas norte-americanas.

Como resultado desses quatro fatores, a sobrevivência requer que a maior parte das in-dústrias produza e venda globalmente. Portanto, ao menos um pouco de conhecimento sobre as condições econômicas globais é necessário para praticamente todo mundo e não apenas para aqueles envolvidos com negócios que operam internacionalmente.

O século 21 verá avanços contínuos nos computadores e na tecnologia de comunicações e isso continuará a revolucionar a maneira pela qual as decisões financeiras são tomadas. As com-panhias estão ligando suas redes de computado-res pessoais umas às outras, aos computadores centrais da companhia, à internet, ao World Wide Web e aos computadores de seus clientes e forne-cedores.

Conforme Hoji (2007), os administradores financeiros são capazes de compartilhar informa-ções e ter “reuniões” com colegas do outro lado do mundo por meio de videoconferências. A ha-bilidade de acessar e analisar informações em tempo real também significa que a análise quan-titativa está tornando-se mais importante e a “in-tuitividade” não é mais suficiente para a tomada de decisões de negócios. Como resultado, a pró-xima geração de gestores financeiros necessitará de maior habilidade quantitativa e com computa-dores do que a que era exigida no passado.

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Quem precisa conhecer finanças? Em uma só palavra: você. De fato, existem muitas razões pelas quais você precisa ter conhecimento de fi-nanças, mesmo que não planeje seguir carreira nessa área. Seja qual for a área na qual você esteja se especializando – Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental, Logística, Gestão de Pessoas, Gestão Pública, entre outras –, haverá a necessidade de possuir tais conhecimentos, para que torne seus projetos ou decisões viáveis.

Talvez a razão mais importante para conhe-cer finanças é a de que você terá que tomar deci-sões financeiras que serão muito importantes em termos pessoais. Hoje, por exemplo, quando você for trabalhar, em praticamente qualquer tipo de empresa, será questionado sobre como prefere que seu fundo de pensão privado seja investido. Seu sonho é começar seu próprio negócio? Preci-sará contar com boa sorte e, caso não tenha co-nhecimentos básicos de finanças, você acabará aprendendo pelo caminho mais árduo. Quer sa-ber qual será o tamanho de seu crédito educativo antes de sua dívida assumir? Talvez não, mas mos-traremos como calculá-lo de qualquer maneira.

Essas são apenas algumas maneiras pelas quais as finanças lhe afetarão pessoal e profissio-nalmente. Queira ou não, você terá que examinar e entender assuntos financeiros e precisará tomar decisões financeiras. A partir de agora, explorare-mos outras áreas que justificam o seu aprendiza-do em nossa disciplina.

Se você estiver interessado em marketing, precisará conhecer finanças, porque, por exem-plo, profissionais de marketing constantemente trabalham com orçamentos e precisam entender como obter o maior benefício das despesas e dos programas de marketing. Analisar custos e benefí-cios de diversos tipos de projetos é um dos aspec-tos mais importantes em finanças, assim como as ferramentas que você aprende em finanças são vitais em pesquisas de mercado, projetos de mer-cado e canais de distribuição, precificação de pro-dutos, apenas para citar algumas poucas áreas.

Os analistas financeiros apoiam-se bastante nos analistas de mercado e, geralmente, os dois trabalham juntos para avaliar a lucratividade de projetos e produtos propostos. As projeções de vendas são dados essenciais para praticamente todos os tipos de análise de novos produtos e tais projeções normalmente são desenvolvidas con-juntamente por marketing e finanças.

Além disso, a indústria financeira emprega profissionais de marketing para auxiliar a venda de produtos financeiros, tais como contas ban-cárias, apólices de seguros e fundos mútuos. O marketing de serviços financeiros é um dos seg-mentos de marketing que vem crescendo mais rapidamente e profissionais de marketing espe-cializados em serviços financeiros são muito bem recompensados. Para trabalhar nessa área, você, obviamente, precisa conhecer produtos financei-ros.

Uma das áreas mais importantes da admi-nistração é a estratégia. Pensar sobre a estratégia empresarial sem pensar, ao mesmo tempo, sobre estratégia financeira é receita excelente para o desastre. Consequentemente, os estrategistas precisam ter clara compreensão das implicações financeiras de seus planos estratégicos.

Em termos gerais, espera-se que todos os tipos de administradores tenham grande enten-dimento de como seus negócios afetam a lucra-tividade e que sejam capazes de aumentar a lu-cratividade de suas áreas. Isso é precisamente o que o estudo de finanças lhe ensina: quais são as características das atividades que criam valor?

A Administração Financeira está estreita-mente ligada à Economia e Contabilidade. A Administração Financeira pode ser vista como uma forma de economia aplicada, que se baseia amplamente em conceitos econômicos. A Ad-ministração Financeira também aproveita certos dados da Contabilidade, outra área da Economia aplicada. Nesta seção, discutiremos a relação en-tre a Administração Financeira e a Economia, bem

1.2 A Relação entre a Administração Financeira e as demais Ciências

Princípios de Administração Financeira

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como entre a primeira e a Contabilidade. Embora essas disciplinas estejam relacionadas, há diferen-ças marcantes entre elas.

A importância da Economia para o desen-volvimento do ambiente financeiro e da teoria financeira pode ser melhor descrita em função de suas duas área mais amplas: Macroeconomia e Microeconomia. De acordo com Brigham (2001), a macroeconomia estuda o ambiente global, ins-titucional e internacional em que a empresa pre-cisa operar. Estuda ainda a estrutura institucional do sistema bancário, intermediários financeiros, o Tesouro Nacional e as políticas econômicas de que o Governo Federal dispõe para controlar sa-tisfatoriamente o nível de atividade econômica dentro da economia.

Deve ficar claro, de acordo com Pinheiro (2007), que a teoria e a política macroeconômi-cas não conhecem limites geográficos; antes, elas visam a estabelecer uma estrutura internacional, segundo a qual os recursos fluam livremente en-tre instituições e nações, a atividade econômica seja estabilizada e o desemprego possa ser con-trolado. Uma vez que a empresa deve operar no âmbito macroeconômico, é importante que o Administrador Financeiro esteja ciente de sua estrutura institucional. Precisa também estar alerta para as consequências de diferentes níveis de atividade econômica e mudanças na política econômica que afetam seu próprio ambiente de decisão. Sem compreender o funcionamento do amplo ambiente econômico, o Administrador Fi-nanceiro não pode esperar obter sucesso finan-ceiro para a empresa.

Deve, ainda, perceber as consequências de uma política monetária mais restritiva sobre a capacidade de a empresa obter recursos e gerar receitas, além de conhecer as várias instituições financeiras e saber como estas operam, para po-der avaliar os canais potenciais de investimento e financiamento.

A Microeconomia trata da determinação de estratégias operacionais ótimas para empresas e indivíduos. As teorias microeconômicas forne-cem a base para a operação eficiente da empresa e visam a definir as ações que permitirão à em-presa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro são extraídos da teoria Mi-croeconômica.

Questões relativas à composição de fato-res produtivos, níveis “ótimos” de vendas e estra-tégias e determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias do nível Microeconô-mico. A mensuração de preferências, através dos conceitos de utilidade, risco e determinação de valor, está fundamentada na teoria Microeconô-mica.

As razões para depreciar ativos também derivam desta área da Economia. A aná-lise marginal é o princípio básico que se aplica em Administração Financeira; a predominância desse princípio suge-re que apenas se deve tomar decisões e adotar medidas quando as receitas mar-ginais excederem os custos marginais. Quando se verificar essa condição, é de se esperar que uma dada decisão ou ação resulte num aumento nos lucros da em-presa. (GITMAN, 1997).

A importância da análise marginal na to-mada de decisões financeiras se tornará evidente nos capítulos subsequentes. Muitos consideram a função financeira e a contábil dentro de uma em-presa virtualmente a mesma. Embora haja uma relação íntima entre essas funções, exatamente como há um vínculo estreito entre a Administra-ção Financeira e a Economia, a função contábil é mais bem visualizada como um insumo necessá-rio à função financeira, isto é, como uma subfun-ção da Administração Financeira. Essa visão está de acordo com “a organização tradicional das atividades de uma empresa em três áreas básicas – produção, finanças e mercadologia.” (GITMAN, 1997).

Em geral, considera-se que a função con-tábil deve ser controlada pelo vice-presidente fi-nanceiro. Contudo, há duas diferenças básicas de

DicionárioDicionário

Economia: é a ciência que estuda a forma como as sociedades utilizam os recursos escassos para pro-duzir bens com valor e como os distribuem entre os vários indivíduos (SAMUELSON, 1967).

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perspectiva entre a Administração Financeira e a Contabilidade: uma se refere ao tratamento de fundos e a outra, à tomada de decisão.

O Contador, cuja função básica é desenvol-ver e fornecer dados para avaliar o desempenho da empresa, apurar sua situação financeira e pa-gar impostos, difere do Administrador Financeiro pela maneira como vê os fundos da empresa. O Contador, usando certos princípios padronizados e geralmente aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as re-ceitas devem ser reconhecidas por ocasião das vendas e as despesas, quando incorridas. Esse método contábil é geralmente chamado Regime de Competência dos exercícios contábeis.

A receita oriunda da venda de mercadorias a crédito, pela qual não se tenha recebido ainda o pagamento efetivo de caixa, aparece nas de-monstrações financeiras da empresa como con-tas a receber, um ativo temporário. As despesas são tratadas de modo semelhante, isto é, “certos passivos são criados para representar bens ou serviços que foram recebidos, mas ainda devem ser pagos. Esses itens são normalmente listados no Balanço como contas a pagar.” (HOJI, 2007).

O Administrador financeiro está, segundo Brigham (2001), mais preocupado em manter a solvência da empresa, proporcionando os fluxos de caixa necessários para honrar as suas obriga-ções e adquirir e financiar os ativos circulantes e fixos, necessários para atingir as metas da empre-sa. Ao invés de reconhecer receitas no ponto de venda e despesas quando incorridas, reconhece receitas e despesas somente com respeito às en-tradas e saídas de caixa.

Uma analogia simples ajudará a esclarecer as diferenças básicas de perspectiva entre o Con-tador e o Administrador Financeiro. Se conside-rássemos o corpo humano uma empresa e cada pulsação do coração representasse uma nova venda, o Contador iria ocupar-se de cada uma dessas pulsações e daria entrada nessas vendas como receitas.

De acordo com Ross e Westerfield (2000), o Administrador Financeiro iria verificar se o flu-xo resultante de sangue através das artérias teria

atingido as células certas, conservando os vários órgãos do corpo em funcionamento. É possível que o coração seja forte e, no entanto, pare de funcionar, devido ao desenvolvimento de obstru-ções e coágulos no sistema circulatório. Da mes-ma forma, uma empresa pode conservar os níveis de vendas crescentes, mas falir por causa de en-tradas insuficientes de caixa para saldar suas obri-gações no vencimento.

O Administrador Financeiro usa esses da-dos, seja em sua forma bruta, seja depois de fazer certos ajustes e análises, como um importante insumo ao processo de tomada de decisão financeira. Obvia-mente, isto não quer dizer que os Con-tadores jamais tomem decisões e que os Administradores Financeiros jamais cole-tem dados; a ênfase básica da Contabili-dade e Administração Financeira é sobre as funções que indicamos. (HOJI, 2000, p. 127).

No caso das empresas brasileiras, a primei-ra constatação que se faz é de que a cultura dos empresários dificulta a transparência das infor-mações e o tratamento adequado aos acionistas minoritários (governança corporativa).

A Contabilidade existe desde os primórdios da civilização. Ela surgiu da preocupação do Homem com suas posses (animais, peles etc.). A contabi-lidade do Homem primitivo era a contabilidade empírica, praticada de forma rudimentar, utilizan-do desenhos e gravações em pedras. No passado, os sumérios e os babilônicos, assim como os assí-rios, faziam seus registros em peças de argila, de diferentes formatos, combinado o figurativo com o numérico. Na argila, era gravada a figura do ani-mal e a quantidade era de acordo com o formato da pedra. Em relação ao formato, a forma de disco representava a quantidade 100, o quadrado, 20. As peças eram guardadas em uma urna que, pos-teriormente, era lacrada(http://www.exatagestaocontabil.com.br/).

CuriosidadeCuriosidade

Princípios de Administração Financeira

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Os deveres do executivo financeiro diferem dos do Contador, pois este se dedica, basicamente, à coleta e apresentação de dados financeiros. O exe-cutivo financeiro avalia as demonstrações do Con-tador, desenvolve dados adicionais e toma decisões

com base em análises subsequentes. O papel do Contador é prover dados que sejam desenvolvidos e interpretados com facilidade, sobre operações passadas, presentes e futuras da empresa.

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos que é necessário possuir conhecimentos em Administração Financeira e que essa ciência está subdividida em três grandes áreas, acompanhamos a ordem cronológica de desen-volvimento da Administração financeira até os dias atuais e verificamos a relação entre a Administração Financeira e outras áreas de conhecimento, tais como Marketing, Contabilidade, Administração e Econo-mia.

Para se entender o ambiente financeiro e as teorias de decisão que constituem a base da Admi-nistração Financeira contemporânea, faz-se necessário possuir também conhecimentos em Economia. A Economia possui duas grandes áreas de destaque, que são a Macroeconomia e a Microeconomia. A Macroeconomia fornece ao Administrador Financeiro uma visão clara das políticas do Governo e institui-ções privadas, através das quais a atividade econômica é controlada. Operando no “campo econômico” criado por tais instituições, o Administrador Financeiro vale-se das teorias Microeconômicas de operação da firma e maximização do lucro para desenvolver um plano que seja bem-sucedido. Precisa enfrentar não só outros concorrentes em seu setor, mas também as condições econômicas vigentes.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

1.3 Resumo do Capítulo

1.4 Atividades Propostas

1. Cite e explique as três principais áreas das finanças.

2. Explique a relação entre a administração financeira e a economia?

3. Explique a diferença entre o Contador e o Administrador Financeiro.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos das três princi-pais funções do administrador financeiro, de suas principais metas e dos processos de maximização do lucro e de maximização da riqueza. Vamos ini-ciar a discussão?

Nossa discussão inicia-se ressaltando que a extensão e a importância da função financeira dependem, em grande parte, do tamanho da em-presa. Em empresas pequenas, a função financei-ra é geralmente realizada pelo departamento de Contabilidade.

Pinheiro (2007) menciona que, à medida que a empresa cresce, a importância da função financeira leva à criação de um Departamento Financeiro separado – uma unidade organizacio-nal autônoma, ligada diretamente ao Presidente da companhia, através de um Vice-Presidente de Finanças. A Figura 2 mostra um organograma, destacando a estrutura da atividade financeira dentro da empresa.

o pApeL Do ADMInIStrADor FInAnCeIro nAS eMpreSAS2

AtençãoAtenção

A classificação do porte de empresas por faturamento, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é a seguinte:•Microempresa: menor ou igual a R$ 2,4 milhões;•Pequena empresa: maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões;•Média empresa: maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões;•Média-grande empresa: maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões;•Grande empresa: maior que R$ 300 milhões (http://www.bndes.gov.br).

De acordo com o estudo realizado por Git-man (1997), as funções do Administrador Finan-ceiro dentro da empresa podem ser avaliadas em relação às demonstrações financeiras básicas da

empresa. Suas três funções primordiais são: (1) análise e planejamento financeiro; (2) administra-ção da estrutura de ativo da empresa; e (3) admi-nistração de sua estrutura financeira.

2.1 Funções do Administrador Financeiro

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Figura 2 – Estrutura do departamento financeiro nas empresas.

�� Análise e planejamento financeiro: esta função envolve a transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser usada para orientar a posição financeira da empresa, avaliar a neces-sidade de aumento da capacidade pro-dutiva e determinar que tipo de finan-ciamento adicional deve ser feito;

�� Administração da estrutura de ativo da empresa: o Administrador Financeiro determina a composição e os tipos de ativos encontrados no balanço da em-presa. A composição refere-se ao valor dos ativos circulantes e fixos. Depois que a composição estiver fixada, o Ad-ministrador Financeiro precisa determi-nar certos níveis “ótimos” de cada tipo de ativo circulante e tentar mantê-los. Deve também detectar quais são os me-lhores ativos fixos a serem adquiridos e saber quando os ativos fixos existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados ou substituídos. A deter-minação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é um processo sim-ples; requer o conhecimento das opera-ções passadas e futuras da empresa e a compreensão dos objetivos que deve-rão ser alcançados em longo prazo;

�� Administração da Estrutura Financeira da Empresa: trata-se de um processo amplamente complexo, que requer o conhecimento das operações passa-das e futuras da empresa e a compre-ensão dos objetivos que deverão ser alcançados em longo prazo. Esta fun-ção é relacionada com o lado direito do balanço da empresa. Em primeiro lugar, a composição mais adequada de financiamento em curto e longo prazo precisa ser determinada. Esta é uma decisão importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa quanto sua liquidez global. Um segundo problema igualmente importante é saber quais as melhores fontes de financiamento em curto ou longo prazo para a empre-sa, num dado momento. Muitas dessas decisões são impostas por necessidade, mas algumas exigem uma análise pro-funda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações em longo prazo.

As três funções do Administrador Financei-ro descritas são claramente refletidas no balanço, que mostra a posição financeira da empresa num dado instante. A avaliação dos dados do balanço pelo Administrador Financeiro reflete a posição financeira global da empresa. Ao fazer tal avalia-ção, ele precisa inspecionar as operações da em-presa, procurando áreas que mostrem problemas e áreas que podem ser melhoradas.

Saiba maisSaiba mais

Ao administrar a estrutura de ativo da empresa, na realidade, ele está determinando a formação do lado esquerdo de seu Balanço. Ao administrar sua estrutura financeira, está elaborando o lado direito do Balanço da empresa (GITMAN, 1997).

Princípios de Administração Financeira

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Ao administrar sua estrutura financeira, está elaborando o lado direito do Balanço da empresa. O Administrador Financeiro deve visar a atingir os objetivos dos proprietários da empresa. No caso de sociedades anônimas, os proprietários da em-presa normalmente não são os administradores.

A função destes não é realizar seus próprios objetivos (que podem incluir o aumento de seus ordenados, a obtenção de prestígio ou a manu-tenção de sua posição). De acordo com Gitman (1997), antes, é maximizar a satisfação dos pro-prietários (acionistas). Presumivelmente, se forem bem-sucedidos nessa tarefa, também atingirão seus objetivos pessoais. Alguns acreditam que o objetivo dos proprietários é sempre a maximiza-ção do lucro; outros creem que é a maximização da riqueza. A maximização da riqueza é a aborda-gem preferida, por cinco razões básicas:

1. Retorno realizável do proprietário: o proprietário de uma ação possivel-mente espera receber seu retorno sob a forma de pagamentos periódicos de dividendos ou através de valorizações no preço da ação ou ambos. O preço de mercado de uma ação reflete um valor de dividendos futuros esperados, bem como de dividendos correntes; a riqueza do acionista (proprietário) na empresa, em qualquer instante, é me-dida pelo preço de mercado de suas ações. Se um acionista numa empre-sa desejar liquidar sua participação, irá vender a ação ao preço vigente no mercado ou bem próximo a este. Uma vez que o preço de mercado da ação, e não os lucros, é que reflete a riqueza do proprietário numa empresa, num dado momento, a meta do Administra-dor Financeiro deve ser maximizar essa riqueza;

2. Uma perspectiva de longo prazo: a maximização do lucro é uma aborda-gem de curto prazo; a maximização da riqueza considera o longo prazo. Do exemplo anterior, deve-se depreender que o maior preço da ação da Compa-nhia alfa resultou do fato de que suas decisões de curto prazo relacionadas com o desenvolvimento de novo pro-duto, embora baixando os lucros em curto prazo, produzem maiores retor-nos futuros. Uma empresa que deseja maximizar lucros poderia comprar ma-quinaria de baixa qualidade e usar ma-teriais de baixa qualidade, ao mesmo tempo que faria um tremendo esforço de venda para vender seus produtos por um preço que rendesse um eleva-do lucro por unidade;

3. Época de ocorrência dos retornos: a abordagem de maximização do lucro não consegue refletir diferenças na época de ocorrência de retornos, ao passo que a maximização da riqueza tende a considerar tais diferenças. O objetivo de maximização do lucro dá maior importância a um investimento que ofereça os maiores retornos totais, enquanto a abordagem da maximiza-ção da riqueza considera explicitamen-te a época de ocorrência dos retornos e seu impacto no preço da ação;

4. Análise dos riscos: a maximização do lucro desconsidera não apenas o fluxo de caixa, mas também o risco – a pos-sibilidade de que os resultados reali-zados possam ser diferentes daqueles esperados. Uma premissa básica em Administração financeira é que há um confronto entre o retorno (fluxo de caixa) e o risco. De maneira geral, os acionistas têm aversão ao risco, ou seja, querem evitá-lo;

2.2 Meta do Administrador Financeiro

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5. Distribuição dos retornos: o objetivo de maximização do lucro dá maior impor-tância a um investimento que ofereça os maiores retornos totais, enquanto a abordagem da maximização da rique-za considera explicitamente a época de ocorrência dos retornos e seu impacto no preço da ação.

O uso do objetivo da maximização do lucro, conforme Brigham (2001), não permite conside-rar que os acionistas possam desejar receber uma parte dos retornos da empresa sob a forma de dividendos periódicos. Na ausência de qualquer preferência por dividendos, a empresa poderia maximizar lucros de um período a outro, reinves-tindo todos os lucros e usando-os para adquirir novos ativos, que elevarão os lucros futuros.

A estratégia da maximização da riqueza leva em conta o fato de que muitos proprietários apre-ciam receber o dividendo regular, independente do seu montante. Os Administradores financeiros devem reconhecer que a política de dividendos da empresa afeta a atratividade de sua ação para tipos particulares de investidores. Porém, segun-do Hoji (2007), os acionistas certamente preferi-riam um aumento na sua riqueza, em longo pra-zo, do que a geração de um fluxo crescente de lucros, sem se preocupar com o valor de mercado de suas ações.

Muitas vezes, os dois objetivos podem ser perseguidos simultaneamente, porém não se deve nunca permitir que a maximização dos lucros obs-cureça o objetivo mais amplo da maximização da riqueza.

Assista ao filme Wall Street – Poder e Cobiça. O filme aborda uma série de situações presentes no mercado de ações, que ajudará no seu aprendizado. A história se passa em Nova Iorque, em 1985, onde Bud Fox é um jovem e ambicioso corretor que trabalha no mercado de ações. O personagem Gordon Gekko é um inescrupuloso bilionário proprietário de uma corretora de valores, que não mede esforços para obter informações privilegiadas, que lhe propor-cionam vantagem na tomada de decisão sobre a compra e venda de ações. Atores: Daryl Hannah, Michael Douglas, Charlie Sheen. Ano de lançamento: 1987.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos as principais funções do administrador financeiro, análise e planejamen-to financeiro, administração da estrutura de ativo da empresa e administração da estrutura financeira da empresa, função que está relacionada com o lado direito do balanço da empresa. Entendemos ainda sobre a importância de saber quais as melhores fontes de financiamento em curto ou longo prazo para a empresa, num dado momento, e também que muitas dessas decisões são impostas por necessidade, mas algumas exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas impli-cações em longo prazo.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

2.3 Resumo do Capítulo

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1. Cite e explique as principais metas do administrador financeiro.

2. Explique a diferença entre maximização do lucro e maximização da riqueza.

3. Explique o seu entendimento sobre retorno realizável ao proprietário e análise dos riscos.

2.4 Atividades Propostas

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, apresentaremos os prin-cipais tipos de empresas, com destaque para a firma individual, as sociedades por cotas e socie-dades anônimas. Observaremos ainda as princi-pais responsabilidades dos sócios, as vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de empresas apresentados. Por fim, entenderemos o conceito de fusão, holding e cisão de empresas. Vamos ini-ciar a discussão?

Van Horne (1993, p. 3) inicia seu trabalho de forma objetiva, quando diz: “O objetivo de uma companhia deve ser a criação de valor para seus acionistas.” O valor é representado pelo preço de mercado da ação ordinária da companhia, o qual, por outro lado, é uma função das decisões de in-vestimento, financiamento e dividendos da em-presa.

A maioria dos livros sobre finanças tem origem nos Estados Unidos, onde as sociedades anônimas de capital aberto são extremamente representativas, razão por que o foco de finanças tem sido os acionistas. A realidade brasileira é di-ferente, pois a quantidade e o valor patrimonial das sociedades anônimas não têm a mesma re-presentatividade e a maior parte das empresas brasileiras com fins lucrativos constitui-se socie-tariamente como limitada. Nesse caso, a figura é o sócio, dono das cotas.

De qualquer forma, a palavra “acionista” deve representar, além destes, os sócios e os do-nos das empresas individuais. Em outras palavras, o objetivo maior de finanças é criar valor para seus proprietários, sejam eles quais forem. O objetivo de uma empresa deve ser a criação de valor para seus acionistas ou proprietários (PINHEIRO, 2007).

As finanças das entidades sem fins lucrati-vos devem interpretar o objetivo de criação de valor de forma similar. Assim, a geração ou criação de um resultado econômico e financeiro positivo, que permita o desenvolvimento normal de suas operações e as necessidades gerais de investi-mentos, de modo a garantir sua continuidade e cumprir a missão a que se destinam, representa a mesma coisa que o conceito de criação de va-lor. Nesse caso, de acordo com Ross e Westerfield (2000), a criação de valor é para a entidade e não para os proprietários, uma vez que essas entida-des não se caracterizam como propriedades de alguém.

Como a palavra “valor” se presta a muitas interpretações, convém ressaltar que o conceito a que se refere o objetivo de finanças é valor eco-nômico, ou seja, a representação do valor da em-presa medido em unidades monetárias. Portanto, criação de valor, em finanças, é um conceito obje-tivo, mensurável em moeda.

tIpoS De eMpreSAS3

3.1 Modalidades de Organização de Empresas

Nos Estados Unidos, as grandes empresas, como, por exemplo, IBM e Exxon, quase sempre são sociedades por ações, assim como, no Brasil,

temos a Sadia, o Pão de Açúcar, a Votorantin, entre outras. Examinaremos as três diferentes modali-dades legais de organização de empresas – firma

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individual, sociedade por cotas e sociedade por ações –, para que se entenda por que isso aconte-ce (GITMAN, 1997).

A Firma individual é a empresa que perten-ce a uma única pessoa. É a maneira mais simples de se começar uma empresa e é a menos regula-mentada das modalidades de empresas. Por essa razão, há mais firmas individuais do que qualquer outra modalidade de empresa e muitos negócios que, posteriormente, se transformam em grandes sociedades por ações começam como firmas in-dividuais.

O proprietário de firma individual tem di-reito a todo o lucro da empresa. Essa é a notícia boa. A notícia ruim é que o proprietário tem res-ponsabilidade ilimitada pelas dívidas da empresa. Isso significa que os credores podem recorrer aos bens pessoais do proprietário para pagamento de seus direitos. De maneira análoga, não há distin-ção entre rendimentos da pessoa física e da pes-soa jurídica e, portanto, todo o lucro da empresa é tributado como rendimento de pessoa física.

A vida da firma individual é limitada à vida do proprietário e, o que é mais importante, o montante do patrimônio líquido que pode ser obtido está limitado à riqueza pessoal do pro-prietário. Essa limitação geralmente significa que a empresa é incapaz de explorar novas oportuni-dades, em vista da insuficiência de capital. É difícil transferir a propriedade de uma firma individual, pois isso implica a venda de toda a empresa a novo dono (PADOVEZE, 2005).

Uma sociedade por cotas é semelhante a uma firma individual, exceto pelo fato de que existem dois ou mais donos (sócios). Numa socie-dade geral, todos os sócios dividem lucros e pre-juízos e possuem responsabilidade ilimitada por todas as dívidas da empresa, não apenas por uma proporção delas. A maneira pela qual lucros (e prejuízos) são divididos é descrita no contrato da sociedade. Esse contrato pode ser um acordo ver-bal informal, como em “vamos montar um negó-cio para cortar grama?”, ou um longo documento formal, por escrito.

Numa sociedade limitada, um ou mais só-cios gerais serão responsáveis pela gestão da

empresa e terão responsabilidade ilimitada, e outros não terão participação ativa no negócio. A responsabilidade de um sócio limitado por dívi-das da empresa é restrita ao montante que tenha contribuído para o capital da sociedade. Essa for-ma de organização é comum em empreendimen-tos imobiliários, por exemplo.

As vantagens e desvantagens da socieda-de por cotas, de acordo com Brigham e Weston (2000), são basicamente as mesmas de uma firma individual. As sociedades com base em contratos relativamente informais podem ser constituídas facilmente e a baixo custo. Sócios gerais pos-suem responsabilidade ilimitada nas dívidas da empresa e a sociedade acaba quando um sócio geral mostra o desejo de vender ou morre. Todo o lucro é tributado como rendimento da pessoa física dos sócios e o montante do patrimônio líquido que pode ser obtido é limitado à riqueza agregada dos sócios.

Brigham e Weston (2000) menciona ainda que a participação de um sócio geral não pode ser transferida com facilidade, pois é necessário que se forme uma nova sociedade. A participação de um sócio com responsabilidade limitada pode ser vendida sem que a sociedade seja desfeita, mas encontrar um comprador pode ser difícil.

Como um sócio de uma sociedade geral pode ser responsável por todas as dívidas da em-presa, a existência de um contrato por escrito é muito importante. Se os direitos e as obrigações dos sócios não forem explicitados, frequente-mente ocorrerão desentendimentos futuros. Além disso, se você for um sócio com responsa-bilidade limitada, não se envolverá muito com as decisões da empresa, a menos que pretenda as-sumir as obrigações de um sócio geral. O motivo é que, se as coisas forem mal, você poderá ser tra-tado como um sócio geral, mesmo que diga que é um sócio com responsabilidade limitada.

Com base na proposta de Padoveze (2005), as principais desvantagens da firma individual e da sociedade de cotas como modalidades de organi-zação de empresas são: (1) responsabilidade ilimi-tada dos proprietários em relação às dívidas da em-presa; (2) vida limitada da empresa; e (3) dificuldade de transferência de propriedade. Essas três desvan-tagens resumem-se a um único problema crucial: a capacidade de crescimento de tais empresas pode

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ficar seriamente prejudicada pela impossibilidade de levantar recursos para investimento.

A Sociedade por Ações é a modalidade mais importante (em termos de tamanho) de organi-zação das empresas em geral. A sociedade por ações consiste em uma entidade legal separada e distinta de seus proprietários e possui muitos dos direitos, obrigações e privilégios de uma pessoa de verdade. Sociedades por ações podem tomar dinheiro emprestado e possuir imóveis, podem processar e ser processadas e podem firmar con-tratos. A sociedade por ações pode até mesmo ser um sócio geral ou sócio com responsabilida-de limitada em outra sociedade e pode possuir ações de outras sociedades por ações.

Não é surpreendente o fato de que come-çar uma sociedade por ações é muito mais com-plicado do que começar outras modalidades de organização de empresas. A formação de uma sociedade por ações envolve a preparação de um documento de incorporação e um estatuto. O do-cumento de incorporação precisa conter diversos itens, entre eles, o nome da sociedade, sua dura-ção (que pode ser indeterminada), sua finalidade e o número de ações que podem ser emitidas. Geralmente, essas informações precisam ser for-necidas ao Estado no qual a empresa será incor-porada. Para a maior parte dos objetivos legais, a sociedade por ações é “residente” desse Estado.

O estatuto consiste em regras que descre-vem como a empresa norteia sua existência. Por exemplo, o estatuto descreve como a diretoria será eleita. O estatuto pode ser emendado ou ampliado de tempos em tempos pelos acionistas.

Em grandes sociedades por ações, os acionis-tas e administradores geralmente são grupos distin-tos. Os acionistas elegem o conselho de administra-ção, que, por sua vez, seleciona os administradores.

A administração é responsável pela conduta das atividades, de acordo com os interesses dos acionis-tas. Em princípio, os acionistas controlam a empresa, pois são eles que elegem o conselho de administra-ção.

Como consequência da separação entre propriedade e administração, a sociedade por ações é uma modalidade que traz diversas vanta-gens. A propriedade (representada pelas ações da companhia) pode ser prontamente transferida e a vida da empresa, portanto, é ilimitada. A socieda-de por ações toma dinheiro emprestado em seu próprio nome. Consequentemente, os acionistas da empresa têm responsabilidade limitada pelas dívidas da empresa. O máximo que podem per-der está limitado a seu investimento.

A facilidade relativa de transferência da pro-priedade, a responsabilidade limitada pelas dívi-das da empresa e a vida ilimitada da empresa são as razões pelas quais a modalidade de sociedade por ações é uma alternativa superior às demais no que se refere a levantar capital. Se a empre-sa necessitar aumentar o capital próprio, poderá vender novas ações, atraindo novos investidores. O número de donos pode ser enorme; as maio-res sociedades por ações possuem milhares e, até mesmo, milhões de acionistas.

Essa modalidade possui uma desvantagem significativa. Como a sociedade por ações é uma entidade legal, precisa recolher impostos. Além disso, o dinheiro pago aos acionistas sob a for-ma de dividendos é tributado novamente como rendimento desses acionistas. Isso é dupla tribu-tação, significando que os lucros da empresa são tributados duplamente: na pessoa jurídica, ao ser gerado lucro, e na pessoa física, quando esse lu-cro é distribuído.

3.2 Fusões de Empresas

Muitas razões têm sido apresentadas pelos administradores financeiros e teóricos para justi-ficar o grande nível de atividades de fusão de em-presas. O conceito e os principais motivos por trás das fusões você acompanha neste capítulo.

Atividades envolvendo expansão ou con-tração das operações de uma empresa ou, ainda, mudança em seus ativos ou estrutura financeira (dívida em curto e longo prazo e patrimônio). De acordo com Hoji (2007), a fusão é a operação pela

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qual se unem duas ou mais sociedades para for-mar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (Lei das S.A. – Lei nº 6.404, de 1976, art. 228; Código Civil – Lei nº 10.406, de 2002, art. 1119). Com a fusão, desaparecem todas as sociedades anteriores, para dar lugar a uma só, na qual todas elas se fundem, extinguindo-se to-das as pessoas jurídicas existentes e surgindo ou-tra em seus lugares.

A sociedade que surge assumirá todas as obrigações ativas e passivas das sociedades fusio-nadas. Na combinação de duas ou mais empre-sas, a empresa resultante mantém a identidade de uma das empresas, geralmente a maior.

Uma holding ou sociedade gestora de par-ticipações sociais é uma forma de oligopólio, na qual é criada uma empresa para administrar um grupo delas (conglomerado) que se uniu com o intuito de promover o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços. Na holding, essa empresa criada para administrar possui a maioria das ações ou cotas das empresas componentes de determinado grupo. Essa forma de adminis-tração é “muito praticada pelas grandes corpora-ções. Em outras palavras é monopólio em blinda-gem.” (HOJI, 2007, p. 234).

Essa forma de sociedade é muito utilizada por médias e grandes corporações e, normal-mente, visa a melhorar a estrutura de capital da empresa ou como parte de alguma parceria com outras empresas.

Um exemplo prático de como uma holding pode ser utilizada: a empresa Acme fabrica e ven-de sapatos no Brasil. Ela acha que pode ganhar dinheiro se vender tênis também, mas não tem nenhuma experiência na fabricação de tênis. A empresa alemã Beta faz ótimos tênis e gostaria de vender seus produtos no Brasil, mas não tem uma rede de varejistas para distribuí-los. Acme e

Beta então fecham uma parceria para distribuir seus produtos no país. Uma maneira de formali-zar o acordo seria a criação da AB Importadora e Distribuidora Ltda. Acme criaria a Acme Holding, que seria dona de 100% do capital da antiga em-presa Acme Sapatos e de 51% do capital da AB. Beta seria dona dos outros 49% do capital da AB (HOJI, 2007).

A cisão é a operação pela qual a sociedade transfere todo ou somente uma parcela do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, cons-tituídas para esse fim ou já existentes, extinguin-do-se a sociedade cindida – se houver versão de todo o seu patrimônio – ou dividindo-se o seu capital – se parcial a versão (Lei das S.A. – Lei nº 6.404, de 1976, art. 229, com as alterações da Lei nº 9.457, de 1997).

Efetivada a cisão com extinção da empresa cindida, caberá aos administradores das socieda-des que tiverem absorvido parcelas do seu patri-mônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação (HOJI, 2007).

Na cisão com versão parcial do patrimô-nio, essa obrigação caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio (Lei das S.A. – Lei nº 6.404, de 1976, art. 229, § 4º).

AtençãoAtenção

A Fusão é resultante da combinação de duas ou mais empresas para formar uma sociedade anônima completamente nova (PINHEIRO, 2007).

Existem duas modalidades de Holding: (1) a pura, quando no seu objetivo social consta somente a participação no capital de outras sociedades; e (2) a mista, quando, além da participação, ela serve à exploração de alguma atividade empresarial (HOJI, 2007).

CuriosidadeCuriosidade

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos que, nos Estados Unidos e no Brasil, as grandes empresas quase sempre são sociedades por ações. Observamos, ainda, que uma Firma individual é a maneira mais simples de se começar uma empresa; que uma sociedade por cotas é semelhante a uma firma individual, exceto pelo fato de que existem dois ou mais donos (sócios); que as vantagens e desvantagens da sociedade por cotas são basicamente as mesmas de uma firma individual; que a participação de um sócio com respon-sabilidade limitada pode ser vendida sem que a sociedade seja desfeita, mas encontrar um comprador pode ser difícil; e que a Sociedade por Ações é a modalidade mais importante de organização das em-presas em geral.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

3.3 Resumo do Capítulo

3.4 Atividades Propostas

1. O que você entende por sociedade por ações?

2. Quais são as vantagens e desvantagens de uma sociedade por cotas?

3. O que você entende por fusão e holding?

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, discutiremos a relação entre risco, retorno e liquidez. Veremos, ainda, o con-ceito de risco e os principais tipos de risco, com destaque para os riscos operacionais, de crédito e mercado, e apresentaremos a atuação do admi-nistrador na função de minimizador da intensida-de do risco existente nas empresas. Vamos iniciar a discussão?

Gitman (1997) afirma que a função admi-nistrativa que tem como objetivo a adequação das fontes e das aplicações dos recursos de uma empresa objetivando o lucro é chamada Gestão

Financeira. A maximização do lucro como medida de eficiência na gestão financeira da empresa é baseada na crença de que a busca do maior lucro que possa ser proporcionado por um ativo con-duz a uma eficiente alocação dos recursos.

A política de maximização de lucros, de acordo com Hoji (2007), poderá trazer consequ-ências graves, se a busca de um resultado de cur-to prazo sacrificar a segurança de retorno do capi-tal investido, podendo até inviabilizar a empresa no longo prazo. Por outro lado, cautela excessiva e segurança em demasia na alocação dos ativos podem reduzir a rentabilidade, porque ativos seguros tendem a oferecer menor remuneração, por não necessitarem compensar o risco.

noçÕeS De rISCo e retorno4

As opções existentes para qualquer tipo de investimento devem ser decompostas nos seus três fatores fundamentais: rentabilidade, liquidez e risco. Esse tripé sustenta os investimentos e de-vem ser sempre avaliados. Em condições normais, percebe-se que, quanto maior a rentabilidade, menor a liquidez; quanto maior a liquidez, maior o risco; quanto maior o risco, maior a rentabilida-de e assim por diante.

Investimento

Risco

$

LiquidezRisco

Rentabilidade

Figura 3 – Tripé da análise de risco e retorno.

AtençãoAtenção

Risco é um conceito “multidimensional”, que co-bre quatro grandes grupos: risco de mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal (MARKOWITZ, 1959).

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Entendemos como rentabilidade o aumen-to da capacidade de consumo pelo seu adiamen-to, ou seja, é o grau de rendimento proporciona-do por um investimento.

A Liquidez é a capacidade de consumir o mais rápido possível, ou seja, é a capacidade de transformar um investimento em dinheiro. Segu-rança é a certeza de poder consumir no futuro o retorno que se espera daquele investimento, ou seja, é a certeza de retorno do dinheiro aplicado. O aumento da capacidade de consumo, que é a rentabilidade, se dá “pela apreciação do capital ao longo do tempo, ou seja, ao final do horizonte de investimento.” (ROSS; WESTERFIELD, 2000, p. 67).

Existem dois momentos distintos no cálculo da rentabilidade. A rentabilidade calculada antes de realizado o investimento é a que o investidor espera que ocorra. A outra é a calculada depois de realizado o investimento e é a que realmente aconteceu ou está acontecendo.

A rentabilidade calculada antes também é conhecida como rentabilidade esperada ou re-torno esperado do investimento. A rentabilidade calculada depois do vencimento da aplicação ou da realização do ativo é conhecida como rentabi-lidade observada. Se a rentabilidade anterior fos-se sempre igual à posterior, o mundo financeiro seria muito simples, porém, em geral, a esperada é diferente da observada. Segurança é justamen-te o quão próxima está a rentabilidade posterior da anterior. De acordo com Padoveze (2005), a melhor forma de entender a segurança é através da análise do seu contrário, que é o risco.

Atravessar a rua pode ter como resultado um acidente. Tudo o que fazemos ou dizemos pode gerar uma consequência diferente daquela que imaginamos.

Embora lidemos diariamente com as mais variadas formas de risco, sua conceitua-ção não é fácil. Isto pode estar relaciona-do com a dificuldade de estabelecermos a aversão ao risco, pois a atitude frente ao risco é diferente para cada pessoa. Situ-ações de alto risco para um pode ser de risco aceitável para outros. As diferentes perspectivas, geradas por diferentes con-juntos de informações, é que estabelece-rão o nível de risco para um evento. (BRI-GHAM, 2001, p. 274).

Explica-se, assim, o fato de uma pessoa apli-car suas economias em bolsas de valores, enquan-to outra prefere a segurança de uma caderneta de poupança. A variedade de posturas individuais em relação ao risco é que permite, muitas vezes, a realização de um grande volume de negócios.

A atuação do Administrador Financeiro deve procurar eliminar sempre a incerteza, ou seja, estimar a probabilidade de ocorrência do evento, saindo do conceito de incerteza e chegan-do ao conceito de risco. Como não há possibilida-de de extinção do risco, cabe ao profissional de finanças aprender como administrá-lo. Em toda e qualquer atividade em que a empresa atue, exis-te um componente de risco, que será maior ou menor dependendo de duas variáveis: primeiro, o impacto quantitativo que pode causar sobre os resultados ou receitas da empresa, e, segundo, a probabilidade estatística de que esse fato ou im-pacto aconteça (PINHEIRO, 2007).

4.1 Rentabilidade, Liquidez e Risco

DicionárioDicionário

Risco: está sempre presente na atividade humana. Quando os médicos realizam cirurgias ou diagnós-ticos, engenheiros projetam novas construções, pessoas iniciam negócios, o risco é um parceiro inevitável.

Saiba maisSaiba mais

Existe uma distinção entre os conceitos de risco e incerteza, não podendo ser confundidos. Em Fi-nanças, podemos dizer que o Risco existe quando o tomador da decisão pode embasar-se em proba-bilidade para estimar diferentes resultados e que há ocorrência da incerteza quando o tomador não dispõe de dados históricos acerca de um fato, o que exigirá a tomada de decisão apenas pela intuição (GITMAN, 1997).

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É tomar providências hoje, para garantir a sobrevivência do empreendimento no futuro, caso ocorra um cenário improvável, porém possí-vel. Para saber qual providência deve ser tomada, é necessário mensurar o risco.

De um modo geral, o risco total de um ativo é subdividido em uma parcela causada por even-tos controláveis pela empresa e uma parcela cau-sada por eventos não controláveis pela empresa, denominados riscos sistemáticos ou sistêmicos e riscos próprios (ROSS; WESTERFIELD, 2000).

Os riscos estão divididos em categorias. Sendo assim, temos os chamados riscos sistemá-ticos, que são provenientes de mudanças no ce-nário macroeconômico, ou seja, aqueles que os sistemas econômico, político e social impõem em geral a todos os ativos e, naturalmente, à sua taxa de retorno. Nessa categoria, estão aqueles riscos que nenhum administrador ou investidor pode controlar ou evitar.

Temos ainda os riscos chamados não siste-máticos, que consistem em riscos intrínsecos ao ativo e são gerados por fatores que atingem di-retamente o ativo em estudo ou, no máximo, um pequeno número de ativos, não atingindo os de-mais. Esse tipo de risco é evitável, uma vez que a determinante é a escolha ou não dessa classe de investimento (HOJI, 2007).

Incertezas sobre condições econômicas gerais, como Produto Interno Bruto (PIB), taxa de juros ou inflação, são exemplos de riscos sistêmi-cos, pois afetam praticamente todas as empresas em algum nível. O anúncio da descoberta de um novo remédio para determinada doença por uma empresa afetará principalmente aquela empresa e seus competidores, não envolvendo outras; é, portanto, um evento não sistêmico.

Temos ainda outras classificações de riscos. Entre elas, destacam-se os riscos de crédito, que estão relacionados a possíveis perdas quando um dos contratantes não honra seus compromissos.

As perdas aqui estão relacionadas aos re-cursos que não mais serão recebidos ou aos seus recebimentos fora do prazo ou das condições pactuadas. De maneira geral, o mercado tende a associar tamanho da instituição com sua capa-cidade de pagamento. Risco de crédito pode ser dividido em três grupos: o Risco da Falta de Pa-gamento ou de Inadimplência, decorrente da im-possibilidade de uma das partes em um contrato honrar seus compromissos assumidos; o Risco de Concentração de Crédito, proveniente da possibi-lidade de perdas em função da não diversificação do crédito concedido a clientes; e o Risco Sobera-no ou Risco do País, proveniente da existência de restrições ao fluxo livre de capitais entre países, as quais podem ser originárias de golpes militares, novas políticas econômicas, resultados de novas eleições etc. ou como no caso das moratórias de países latino-americanos (HOJI, 2007).

4.2 Gestão de Riscos

Assista ao filme Um Bom Ano. Tópicos explorados: mercados de capitais e análise técnica. A passa-gem inicial do filme retra-ta a associação entre os movimentos dos agentes no mercado financeiro e o comportamento dos pre-ços dos ativos financeiros. Aos 11 anos, Max Skinner

é cuidadosamente educado na arte de saborear vinhos por seu tio Henry. Adulto, Max torna-se um bem-sucedido homem de negócios e a tra-ma segue. Ator principal: Russell Crowe. Ano de lançamento: 2006.

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Outra modalidade de risco importante para ser compreendida é a do Risco de mercado. Esse tipo de risco depende do comportamento do preço do ativo diante das condições de mercado. Para entender e medir possíveis perdas devido às flutuações do mercado, é importante identificar e quantificar o mais corretamente possível as vola-tilidades e correlações dos fatores que impactam a dinâmica do preço do ativo.

O risco de mercado pode ser dividido em quatro grandes áreas: risco do mercado acionário, decorrente da possibilidade de perdas decorren-tes de mudanças adversas nos preços de ações ou em seus derivativos; o risco do mercado de câm-bio, proveniente da possibilidade de perdas de-vido a mudanças adversas na taxa de câmbio ou em seus derivativos; o risco do mercado de juros, proveniente da possibilidade de perdas, no valor de mercado de uma carteira, decorrentes de mu-danças adversas nas taxas de juros ou seus deri-vativos; e o risco do mercado de commodities, re-ferente à possibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas nos preços de commodities e/ou em seus derivativos (HOJI, 2007).

O risco operacional está relacionado a pos-síveis perdas como resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de processos in-ternos, gerenciamento e erros humanos. O risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas: o Risco Organizacional, que está relaciona-do com uma organização ineficiente, administra-ção inconsistente e sem objetivos de longo prazo bem definidos, fluxo de informações internas e externas deficiente, responsabilidades mal defi-nidas e acesso a informações internas por parte de concorrentes; o Risco de Operações, que pode ser relacionado com problemas tecnológicos, equipamentos (telefonia, elétrico, computacional etc.), processamento e armazenamento de dados e fluxo operacional inadequado; e o Risco de Pes-soal, que pode estar relacionado com falhas hu-manas, como empregados não qualificados, por exemplo, ou fraudes, do tipo adulteração de do-cumentos, vazamento de informações privilegia-das, desvio de valores, entre outros (PADOVEZE, 2005).

Por fim, temos o chamado Risco Legal, que pode estar associado a perdas oriundas de falta da definição técnica legal ou organização jurídi-ca em alguma operação realizada; pode ser com respeito à ausência de técnica jurídica na elabora-ção de contratos, expondo a organização exces-sivamente a uma contraparte ou levando ao fe-chamento de contratos sem garantias suficientes de execução; ou pode estar relacionado ainda à inexistência de verificação sobre a legitimidade de contrapartes ou autenticidade de documen-tos apresentados; e o Risco de Imagem, que está relacionado a perdas decorrentes de causas ima-teriais, gerando a possibilidade de perdas decor-rentes de desgastes com a imagem da instituição junto ao mercado ou autoridades, em razão de publicidade negativa, de ações particulares ile-gais ou irresponsáveis, que podem ser verdadei-ras ou não (HOJI, 2007).

Existem diversas metodologias de avaliação de risco, porém não existe muita uniformidade no cálculo do risco de instituições financeiras e de empresas. Em comum, as metodologias para es-timação do risco requerem conhecimentos sobre a mecânica dos mercados de interesse, alguma sofisticação matemática e sistemas computacio-nais e de informações confiáveis. No caso de ris-co operacional e risco legal, o problema de medir risco deve ser tratado em uma abordagem caso por caso.

Em outros estudos realizados por Brigham (1997), para o risco de mercado e para o risco de crédito, algumas metodologias já se encontram em uso; podem ser medidos das seguintes for-mas: Risco de Mercado Relativo, que é uma me-dida do “descolamento” dos rendimentos de uma carteira de investimentos em relação a um índice utilizado como benchmark (desvio padrão); e Ris-co de Mercado Absoluto, que mede as perdas de uma carteira de investimentos sem qualquer rela-ção a índices de mercado.

São utilizadas outras medidas estatísticas de avaliação do risco, como: Medida de posição (média, mediana, moda); Medida de dispersão (Desvio padrão, variância, amplitude total, disper-são absoluta); probabilidade (Estudo do risco); Re-gressão Linear Simples, Linear Múltipla, Logística e Análise Discriminante. As técnicas não lineares mais utilizadas são as Redes Neurais e Algoritmos Genéticos (GITMAN, 1997).

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos o conceito de risco, retorno e liquidez. Observamos que, de um modo geral, o risco total de um ativo é subdividido em duas parcelas, denominadas riscos sistemáticos ou sis-têmicos e riscos próprios. Os riscos estão divididos em categorias. Temos ainda outras classificações de riscos. Entre elas, destacam-se os riscos de crédito, ocasionados pela falta de pagamento; concentração de crédito, proveniente da possibilidade de perdas em função da não diversificação do crédito concedi-do a clientes; e o risco país, decorrente da existência de restrições ao fluxo livre de capitais entre países, que podem ser originárias de golpes militares, novas políticas econômicas, resultados de novas eleições etc. Por fim, estudamos algumas formas de realizar a gestão de riscos.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

4.3 Resumo do Capítulo

4.4 Atividades Propostas

1. Explique o seu entendimento sobre risco sistemático e não sistemático.

2. Explique o seu entendimento sobre risco operacional.

3. O que você entende por gestão de riscos? Exemplifique.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos do processo de abertura de capital de uma empresa. Vamos ini-ciar a discussão?

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é for-mado por instituições que têm como finalidade intermediar o fluxo de recursos entre poupado-res, investidores e os tomadores de recursos, em condições satisfatórias do mercado.

O CMN é o órgão mais importante do SFN. É um órgão normativo sem funções executivas, res-ponsável pela fixação de diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial. É presidido pelo Ministro da Fazenda (HOJI, 2007).

Instituições financeiras e mercados são im-portantes elementos do ambiente operacional de uma empresa. Por que o administrador financeiro deve interagir com instituições financeiras, forne-cedores e clientes? Como você pensa em fazê-lo? Antes de prosseguir a leitura, reflita alguns instan-tes sobre essas questões.

Empresas que necessitam de fundos de fontes externas podem obtê-los através de duas formas principais. Uma é através de instituições financeiras que captam poupanças e as transfe-rem para aqueles que precisam de fundos. Outra é através de mercados financeiros organizados, em que fornecedores e tomadores de vários tipos de fundos podem realizar transações.

SISteMA FInAnCeIro nACIonAL5

AtençãoAtenção

O Mercado Financeiro é regulamentado e fiscali-zado principalmente pelo Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN) e pela Comissão de Valores Mo-biliários (CVM), que estão subordinados ao Con-selho Monetário Nacional (CMN) (BRITO, 2005).

Saiba maisSaiba mais

O principal papel da autoridade monetária é o de regular e fiscalizar o mercado. As características das principais autoridades monetárias são comentadas a seguir (HOJI, 2007).

O BACEN é o órgão executivo central do SFN, responsável pela fiscalização e cumprimen-to das disposições que regulam o funcionamento do SFN, de acordo com as normas expedidas pelo CMN. A missão institucional é a de zelar pela es-tabilidade do poder de compra da moeda e pela solidez do sistema financeiro (BRITO, 2005).

De acordo com Pinheiro (2007), as principais atribuições do BACEN são: emitir normas; autori-zar o funcionamento das instituições financeiras; fiscalizar e fazer intervenções; receber depósitos compulsórios e voluntários; fazer operações de re-desconto; emitir, comprar e vender títulos públicos federais; emitir papel-moeda; controlar e sanear o meio circulante; administrar a dívida pública inter-na e externa; e gerir as reservas internacionais.

5.1 Participantes do SFn

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A CVM é o órgão normativo responsável pelo desenvolvimento, disciplina e fiscalização do mercado de ações e debêntures. A principal atribuição da CVM é a fiscalização da emissão e negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto, para que as bolsas de valores funcionem adequadamente.

A seguir, são apresentadas, conforme Brito (2005), as principais instituições que atuam tam-bém como agentes auxiliares de normatização e fiscalização do SFN.

O Banco do Brasil (BB) é um banco múltiplo, que opera também como agente financeiro do Governo Federal, principalmente, na execução da política oficial de crédito rural. É responsável pela gestão da câmara de compensação de cheques e outros papéis.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma instituição re-sponsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal e principal instituição financeira de fomento do país, através de fundos e programas especiais de fomento direcionados à compra de máquinas e equipamentos e expor-tação.

A Caixa Econômica Federal (CEF) atua tam-bém como banco múltiplo, mas é uma instituição financeira pública com função social; é a principal agente do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A CEF é detentora dos direitos de administração dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e das loterias federais.

A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autar-quia vinculada ao Ministério da Fazenda.

A Secretaria de Previdência Complementar é um órgão do Ministério da Previdência Social e tem as atribuições de supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência complementar fechada e a fis-calização das atividades das entidades fechadas de previdência privada, quanto ao cumprimento da legislação e normas em vigor, e aplicar as pe-nalidades cabíveis.

A seguir, são apresentadas algumas institui-ções financeiras e suas principais características.

Os Bancos Comerciais, por suas múltiplas funções, constituem a base do sistema monetá-rio. São intermediários financeiros que têm o ob-jetivo de conseguir os recursos necessários para financiar, em curto e médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. As principais fontes de recursos dos bancos comerciais são os depósitos à vista e a prazo fixo. Repassam recursos oficiais e exter-nos, prestam serviços de natureza financeira (co-brança de títulos, recebimento de tributos etc.) e fazem operações de câmbio. Por meio de cré-dito seletivo, repassam os recursos aos tomado-res, fazendo descontos de títulos e operações de abertura de crédito simples ou em conta-corrente (BRITO, 2005).

As caixas econômicas integram o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e o SFH. São as instituições com objetivos sociais que con-cedem empréstimos e financiamentos a progra-mas e projetos nas áreas da habitação, assistên-cia social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte. Equiparam-se aos Bancos co-merciais em alguns aspectos, pois podem captar depósitos à vista e a prazo e realizar operações ativas. Têm a competência de vender bilhetes de loterias.

Entre os Bancos de Desenvolvimento, o BN-DES destaca-se como principal agente do Gover-no Federal para financiamentos de médio e longo prazo. As instituições de fomento regionais são: o Banco do Nordeste do Brasil e o Banco da Ama-zônia.

A principal função dos Bancos de Investi-mento é intermediar recursos de médio e longo prazo para financiamento de capital fixo ou de giro das empresas. Esses bancos não podem cap-tar por meio de depósitos à vista. Captam recursos por meio da emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Recibos de Depósito Bancário (RDBs), repasses de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimento. São Instituições especializadas em underwriting (subscrição pública de ações) e estruturação de financiamentos de projeto.

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As Sociedades de Arrendamento Mercantil são mais conhecidas como empresas de leasing. Essas empresas captam recursos por meio de emissão de debêntures e empréstimos de mé-dio e longo prazo e financiam a compra de bens, como máquinas, equipamentos e veículos.

Os Bancos Múltiplos foram criados por meio da Resolução nº 1.524/88 do BACEN, com a fina-lidade de racionalizar a administração das insti-tuições financeiras. Várias instituições financeiras do mesmo grupo econômico constituem uma única instituição financeira, com personalidade jurídica própria e a consequente redução de cus-tos operacionais. Um Banco Múltiplo pode ter as seguintes carteiras: Comercial, de Investimento, de Crédito Imobiliário, de Desenvolvimento e de Arrendamento Mercantil (BRITO, 2005).

As Bolsas de Valores, de mercadorias e de futuros são instituições civis sem fins lucrativos, constituídas pelas corretoras de valores para for-necer a infraestrutura do mercado de ações, mer-cadorias e futuros. A principal função das bolsas é manter o local adequado para as negociações de compra e venda de ações, mercadorias e índices.

Esse local chama-se pregão. As operações feitas fora das bolsas são chamadas operações de bal-cão.

Existem outras instituições que, apesar de não serem consideradas instituições financeiras, exercem papel importante no mercado financei-ro. Podemos citar algumas delas.

As empresas de Factoring (fomento comer-cial) não são consideradas instituições financeiras e, portanto, não estão sujeitas às normas do BA-CEN. Financiam as atividades industriais e comer-ciais por meio de compra de direitos creditórios (duplicatas).

As empresas administradoras de cartões de crédito são empresas que prestam serviços de intermediação entre o consumidor e o varejista. O consumidor titular do cartão de crédito paga anuidade à administradora e o lojista paga comis-são sobre os valores vendidos por meio do cartão de crédito. Na prática, a administradora financia a compra do consumidor e o lojista recebe num prazo médio semelhante ao que o consumidor quita os débitos.

A palavra “mercado” remonta a períodos an-teriores à existência da moeda e o seu significado original designa o local onde as pessoas se encon-tram para comprar, vender ou trocar mercadorias. Com o passar do tempo, o termo “mercado” foi evoluindo para um conceito de conjunto de ele-mentos envolvidos no comércio de determinado produto: produtores, consumidores, intermediá-rios, regulamentos, preços etc. Hoje, quando fa-lamos no mercado do pêssego, estamos nos re-ferindo ao conjunto de pessoas que produzem, apreciam (consumidores finais), aos atravessado-res, aos doceiros, aos preços praticados etc.

Brito (2005) afirma que o Mercado Financeiro também tem o seu produto. Ele é o uso do dinheiro no tempo, que significa a transferência temporá-ria, entre agentes econômicos, da capacidade de

consumo, ou seja, do poder de compra que a pos-se do dinheiro proporciona. O Mercado Financeiro, portanto, é o conjunto de mecanismos voltados para a transferência de recursos entre os agentes econômicos.

Seu papel essencial é viabilizar e operacio-nalizar os fluxos de financiamentos na economia. Como qualquer mercado, o Financeiro também tem suas figuras básicas, que são os compradores (tomadores de empréstimos), vendedores (pou-padores) e os intermediários (instituições finan-ceiras).

Ao pouparem, as pessoas deixam de utilizar a capacidade de consumo do dinheiro no momento, acreditando que essa atual capacidade de consu-mo trará maiores benefícios no futuro, seja frente a algum imprevisto, para economizar dinheiro e

5.2 Mercados Financeiros

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comprar algo de maior valor, ou simplesmente para sustentar a família na aposentadoria. Quando os poupadores optam por “vender” suas mercadorias, se transformam em investidores. No sentido eco-nômico, investir significa a aplicação de capital para produzir bens e serviços; num sentido mais amplo, significa direcionar recursos para a obtenção de ju-ros ou lucros.

Os “poupadores”, portanto, são os agentes econômicos superavitários dispostos a transfor-mar suas disponibilidades monetárias em ativos financeiros, através da oferta de recursos, sujei-tando-se aos riscos de mercado, com a finalidade de obter retornos reais positivos. São os criadores de fundos para o financiamento do crescimento econômico.

Os “tomadores”, aqueles que adquirem o produto comercializado no Mercado Financeiro, são os industriais, comerciantes, pessoas físicas etc. que, necessitando de dinheiro para utilizar o seu poder de compra, dispõem-se a pagar por essa utilização. São os agentes econômicos defici-tários, que demandam recursos e estão dispostos a financiar seu déficit a custo de mercado.

Cabe aos “intermediários financeiros” efetu-ar a ponte entre os dois segmentos. Ao concen-trar os recursos dos agentes superavitários, os

intermediários financeiros viabilizam a ampliação das escalas de produção, financiando investimen-tos de maior vulto.

Quando o mercado financeiro é eficiente, a produção e o consumo de mercadorias são es-timulados e as empresas têm acesso a recursos mais baratos, podendo investir mais na produção e, consequentemente, gerar mais lucros, que se-rão reinvestidos, dando continuidade a um círcu-lo virtuoso que ocasiona a geração de mais rique-za, maior oferta de empregos e melhores salários. As pessoas têm acesso a financiamentos que pos-sibilitam a aquisição de mais bens, aumentando o consumo.

Quando a sociedade não consegue gerar um excedente de produção ou este não é rein-vestido, obstruindo a transformação da poupan-ça em investimentos, segundo Brito (2005), a ge-ração de bens e serviços é reduzida e o bem-estar material das pessoas diminui.

A circulação do dinheiro tem a capacidade de aumentar ou diminuir a produção de bens e serviços, aumentando ou diminuindo o bem-es-tar material das pessoas; por esse motivo, o mer-cado financeiro recebe uma atenção especial do governo, que, através da atuação das autoridades financeiras, interfere na economia.

Quadro 1 – Segmentação do mercado financeiro.

Mercado Prazos Objetivos

Monetário Curto/curtíssimo Controle de liquidez da economia Supri-mento de capital monetário

Crédito Curto/médio Financiamento do consumoCapital de giro das empresas

Capitais Curto/médio/ indeterminado Financiamento de capital fixo Financia-mentos especiais

Derivativos Curto/médio Hedge

Especulação

Cambial À vista/curtoConversão de moeda

Comércio internacional

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O Quadro 1 demonstra a divisão do merca-do Financeiro nacional, sendo este subdividido em 5 segmentos. Um sistema financeiro eficiente é aquele que tem capacidade de viabilizar a reali-zação de financiamentos de curto, médio e longo prazo, sob condições de minimização de risco e atendendo aos desejos e necessidades dos agen-tes superavitários, que determinam a oferta de recursos, e dos agentes deficitários, que materia-lizam a demanda por recursos.

Os meios de pagamentos são a força mo-triz do mercado financeiro. Um dos aspectos im-portantes da moeda é que, sendo um ativo, uma forma de aplicação dos recursos dos indivíduos, é um bem que possui o seu próprio mercado, ofer-ta, demanda e preço. Seu uso generalizado gerou consenso a respeito das funções que a moeda deve exercer: como intermediária de trocas, uni-dade de conta ou medida de valor e como reserva de valor.

A função de intermediária de trocas per-mite a superação da economia de escambo e a passagem para a economia monetária. Essa ca-racterística dá à moeda a condição de funcionar como intermediária prática para as transações econômicas, facilitando a aquisição de bens entre os agentes (PINHEIRO, 2007).

A terceira função exercida pela moeda é a que decorre da particularidade de servir como reserva de valor, desde o momento em que é re-cebida até o instante em que é gasta por seu de-tentor. O indivíduo recebe a moeda por uma tran-sação e não precisa gastá-la, pode guardá-la para uso posterior; isso significa que ela serve como reserva de valor.

A teoria tradicional considera meios de pa-gamento na economia o papel-moeda em poder do público e os depósitos à vista nos bancos co-merciais, aquele dinheiro que os depositantes sacam a qualquer momento. A soma nos dá o conceito de M1 (M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista). Hoje, denominamos Meios de Pagamento Restritos.

O BACEN reformulou conceitual e metodolo-gicamente os Meios de Pagamento Ampliados ofi-ciais do Brasil, tendo por base o Padrão Especial de Disseminação de Dados (PEDD) e as tendências in-ternacionais na área. A metodologia foi implantada a partir do levantamento dos saldos nacionais de

julho de 2001. Os novos conceitos de meios de pa-gamentos ampliados representam mudança de cri-tério de ordenamento de seus componentes, que deixaram de seguir o grau de liquidez, passando a definir os agregados por seus sistemas emissores (BRITO, 2005).

Nesse sentido, o M1 é gerado pelas institui-ções emissoras de haveres estritamente monetá-rios e o M2 corresponde ao M1 e às demais emis-sões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias (as que realizam a multiplicação do crédito). O M3, por sua vez, é composto pelo M2 e captações in-ternas por intermédio dos fundos de renda fixa e das carteiras de títulos registrados no Sistema Es-pecial de Liquidação e Custódia (SELIC). O M4 en-globa o M3 e os títulos públicos de alta liquidez.

Conceitos Atuais de Meios de Pagamento:

�� Meios de pagamento restritos: • M1 = papel-moeda em poder do

público + depósitos à vista;�� Meios de pagamento ampliados:

• M2 = M1 + depósitos especiais re-munerados + depósitos de pou-pança + títulos emitidos por insti-tuições depositárias;

• M3 = M2 + cotas de fundos de ren-da fixa + operações compromissa-das registradas no SELIC

�� Poupança Financeira: • M4 = M3 + títulos públicos de alta

liquidez.

Da mesma maneira que o credor da dívida contratual, o credor da dívida securitizada pode ter o seu dinheiro de volta de duas maneiras: ven-dendo a obrigação a outro investidor ou esperan-do o resgate pelo devedor, mas, como o título de crédito representa uma dívida líquida e certa com circulação desvinculada do negócio que o origi-nou, é muito mais fácil vender esse tipo de obri-gação do que a anterior. Nos dois tipos, é possível, só que, no de dívida contratual, quase não acon-tece, pois é muito complicado e incerto. No de dí-vida securitizada, basta a negociação do título de crédito. É muito mais simples e fácil de precificar.

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A função primordial dos mercados financei-ros é aproximar os dois agentes econômicos nor-malmente separados no mercado, o superavitário e o deficitário. Ao permitir que recursos sejam transferidos de pessoas que não têm oportuni-dades produtivas para investir para aquelas que as têm, esses mercados possibilitam um aprovei-tamento das oportunidades em toda a economia (PINHEIRO, 2007).

O mercado de capitais e, especificamente, o mercado acionário permitem a diluição do risco de novos investimentos, chamados underwri-ting, e promovem uma democratização e socia-lização do capital. Permitem também a pulveriza-ção da participação na propriedade das empresas para os pequenos poupadores, seja diretamente, seja através de fundos mútuos ou, de maneira crescente nas economias mais modernas, através de fundos de previdência.

Além dos efeitos macroeconômicos na alo-cação de recursos, o mercado de capitais propor-ciona um aumento da eficiência microeconômica nas empresas.

Quando uma empresa assume compromis-sos de longo prazo com terceiros, seja na forma de emissão de títulos de dívidas ou da abertura de capital, ela passa a partilhar seus riscos com um grande número de investidores. Necessaria-mente, ela se obriga a fornecer informações mais detalhadas sobre seu desempenho ao mercado.

Os investidores passam a acompanhar os resultados, buscando identificar falhas, premiar acertos e, não raramente, oferecer ideias para me-lhorar o desempenho da empresa (HOJI, 2007).

A gestão da empresa será premiada ou re-provada em função dos bons ou maus resulta-dos. A empresa obriga-se a procurar alternativas que proporcionem os melhores retornos para os detentores de seu capital. Se isso não ocorre, o capital irá buscar outras alternativas, em outras empresas, com melhor retorno. O objetivo passa a ser o melhor resultado econômico e não interes-ses específicos de seus donos, de facções políticas ou de grupos específicos.

Quanto maior a participação de empresas de capital aberto na economia e quanto mais desenvolvido o mercado de capitais, maior será a quantidade de empresas buscando a maior efi-ciência possível para seu capital. Já as empresas ineficientes serão punidas, perdendo investidores e capital. Mesmo as empresas que não participem do mercado de capitais serão obrigadas a melho-rar sua eficiência pelo efeito da concorrência das demais.

Quanto mais desenvolvida é uma econo-mia, mais ativo é o seu mercado de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pesso-as, empresas e instituições aplicarem suas pou-panças.

Ao abrir seu capital, uma empresa busca uma fonte de captação de recursos financeiros permanente. A plena abertura de capital aconte-ce quando a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas bolsas de valores. O adquirente da ação passa a ser também sócio da empresa, um acionista (PINHEIRO, 2007).

O Mercado de Ações é o segmento do Mer-cado de Capitais no qual ocorre a compra e venda de participações no capital das sociedades anô-nimas. Sua função básica é proporcionar liquidez aos títulos emitidos por companhias abertas e pode ser dividido nos seguintes tipos: Mercado primário, no qual ocorre a primeira colocação pú-blica dos títulos de uma sociedade anônima. Uma vez ocorrendo o lançamento inicial ao mercado, as ações passam a ser negociadas no Mercado

5.3 Introdução ao Mercado de Capitais

DicionárioDicionário

Underwriting: compreende o lançamento de no-vas ações no mercado, com aporte de recursos à companhia (PINHEIRO, 2007).

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Secundário, sendo este, então, o local onde são negociadas as ações das sociedades anônimas de capital aberto que foram adquiridas pelo público no mercado primário.

Apesar da semelhança com o mercado pri-mário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não para a companhia), determi-nando, portanto, uma distribuição no Mercado Secundário. Compreende mercados de bolsas de valores, de balcão e de balcão organizados.

As Bolsas de valores são associações civis sem fins lucrativos. Seu patrimônio é representa-do por títulos que pertencem às sociedades cor-retoras membros. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, atuam como auxilia-res da CVM na fiscalização do mercado, em espe-cial de seus membros, as Sociedades Corretoras, e estão sujeitas à supervisão dessa Comissão. Bolsa de Valores é o local onde se compram e se ven-dem as ações das companhias (PINHEIRO, 2007).

São os mais importantes centros de nego-ciação das ações, devido ao expressivo volume e maior transparência das operações. Seus obje-tivos e atividades, entre outros, são: manter local adequado à realização, entre corretores, de tran-sações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fisca-lizado pelos próprios membros, pela autoridade monetária e pela CVM; estabelecer sistema de ne-gociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado; dar ampla e rápida divulgação às operações efetua-das em seu pregão; e assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores negocia-dos.

As Corretoras de Valores são instituições financeiras membros das bolsas de va-lores, credenciadas pelo Banco Central, pela CVM e pelas próprias bolsas, e es-tão habilitadas, entre outras atividades nos mercados financeiro e de capitais, a negociar valores mobiliários com exclusi-vidade no pregão físico (viva-voz) ou ele-trônico das bolsas. Corretora de Valores é a instituição que compra e vende ações, os investidores são os clientes das Corre-toras. (PINHEIRO, 2007, p. 52).

As principais formas de negociações de ações são através das Corretoras de Valores e Ele-trônica, via computador, conhecida como Home Broker, que é um canal de relacionamento entre investidores, corretoras e o sistema de pregão ele-trônico da Bovespa. Nesse sistema, qualquer pes-soa pode acompanhar a cotação do papel e fazer a oferta de compra ou venda, fechando, assim, o negócio sem a necessidade de um operador; o investidor é o próprio operador. Todas as ações listadas na Bovespa são negociadas pelo sistema eletrônico e a tendência é de que, no mercado, só fique essa modalidade de pregão.

O pregão eletrônico funciona em sessão contínua, das 10h às 17h, para todas as empresas listadas nos mercados à vista. Das 9h45 às 10h, acontece o leilão de pré-abertura, quando é dada a entrada das ofertas para formação do preço te-órico de abertura. Das 16h55 às 17h, o sistema eletrônico realiza o chamado Call de Fechamento para todas as empresas negociadas no mercado à vista, no pregão viva-voz e também para os pa-péis que fazem parte da carteira teórica do Ibo-vespa (PINHEIRO, 2007).

Existe ainda o sistema denominado After market, que acontece diariamente após o fecha-mento do mercado. No after market, só podem ser feitas operações no mercado à vista.

Outra modalidade de operação em bolsa recebe o nome Day Trade. Fazer um day trade sig-nifica comprar e vender as ações no mesmo dia. Por exemplo, você compra certa quantidade de ações por um preço, acompanha a variação do preço ao longo do dia e, dependendo da valori-zação da ação, você decide vendê-la no mesmo dia. Portanto, você lucra a diferença do preço de compra para o preço de venda multiplicado pela quantidade das ações, descontando as taxas da operação.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos a composição do SFN e seus diferentes participantes e que as Institui-ções financeiras e mercados são importantes elementos do ambiente operacional de uma empresa. Ob-servamos ainda que o Mercado Financeiro é o conjunto de mecanismos voltados para a transferência de recursos entre os agentes econômicos e que seu papel essencial é viabilizar e operacionalizar os fluxos de financiamentos na economia, sendo que suas figuras básicas são os compradores (tomadores de em-préstimos), vendedores (poupadores) e os intermediários (instituições financeiras).

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

5.4 Resumo do Capítulo

5.5 Atividades Propostas

1. Quais são as principais atribuições do BACEN?

2. Quais são as principais funções dos bancos de investimentos?

3. Explique o seu entendimento sobre as corretoras de valores.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos da composição e aplicação das principais demonstrações finan-ceiras utilizadas pelas empresas. Vamos conhecer ainda os principais índices financeiros e econômi-cos utilizados no processo de avaliação de uma empresa. Entre eles, destacamos os índices de endividamento, rentabilidade e liquidez. Vamos iniciar a discussão?

De acordo com a Lei nº 6.404, de 15/12/1976, conhecida também como Lei das Sociedades Ações, é obrigatória a publicação pelas compa-nhias, ao final de cada exercício social com dura-ção de 1 ano, das seguintes demonstrações finan-ceiras:

a) Balanço Patrimonial;

b) Demonstração do Resultado do Exercí-cio;

c) Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ou demonstrações das mutações do patrimônio líquido;

d) Demonstrações das origens e aplica-ções dos recursos.

Conforme Hoji (2007), o Balanço Patrimo-nial demonstra a situação estática da empresa em determinado momento. Cada empresa pode determinar a data de encerramento do balanço conforme as suas conveniências, mas a maioria das empresas brasileiras encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano, coincidindo com o en-cerramento do ano civil.

No Balanço Patrimonial, as contas represen-tativas do ativo e do passivo devem ser agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia e apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez para o ativo e de exigibilidade para o passivo.

Resumidamente, o Ativo representa os re-cursos aplicados em bens e direitos e o Passivo e o Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos fornecidos por terceiros e acionistas, res-pectivamente.

DeMonStrAçÕeS FInAnCeIrAS6

AtençãoAtenção

É de extrema importância para o contador e o administrador entender as demonstrações finan-ceiras, para que possam administrar um negócio e saber como ele opera. As demonstrações financei-ras possibilitam uma visão da situação econômica e financeira da empresa, constituindo um ponto de partida para análises econômicas e financeiras, bem como apoio para a realização do planeja-mento estratégico e operacional (GITMAN, 1997).

DicionárioDicionário

Balanço patrimonial: tem a principal função de fazer a provisão de um quadro preciso da situa-ção financeira de uma empresa, que geralmente é feito no período de um ano. Deve ser feito de maneira precisa e rigorosa; o balanço patrimonial é essencial para qualquer empresa, por isso deve ser eficiente (http://www.cpcon.eng.br).

Marcelo Cerqueira Silva

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Tabela 1 – Balanço patrimonial.

ATIVO Saldos em 31-12-X8

Saldos em 31-12-X7

PASSIVO E PATRIMÔnIO LÍQUIDO

Saldos em31-12-X8

Saldos em31-12-X7

ATIVO CIRCULAnTE 1.301.111 1.106.743 PASSIVO CIRCULAnTE 757.141 474.351

Caixas e Bancos 45.685 35.883 Empréstimos e financiamentos 198.948 10.850

Aplicações de liquidez imediata 128.942 190.925 Fornecedores 232.338 189.110

Títulos e Valores mobiliários 144.190 104.009 Salários e encargos sociais 86.018 68.112

Duplicatas a Receber 419.128 381.006 Obrigações Fiscais 151.535 54.055

(-) Duplicatas descontadas (115.751) (57.157) Adiantamentos de clientes 10.684 15.098

Saques de exportação 30.000 0 Dividendos propostos 25.454 0

(-) Saques descontados (10.000) 0 Provisão p/ férias e 13º salário 33.506 18.911

(-) Provisão p/ devedores duvi-dosos

(9.201) (5.641) Outras contas a pagar 18.658 28.215

Impostos a recuperar 0 15.006

Estoques 620.412 408.171 PASSIVO EXIGÍVEL EM LOnGO PRAZO

416.135 526.882

Outras contas a receber 24.890 25.877 Financiamentos bancários 416.135 526.882

Prêmios de seguros a apropriar 6.932 4.649 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FU-TUROS

5.926 7.524

Encargos financeiros a apropriar 15.884 4.015 Receitas de exercícios futuros 9.876 9.874

ATIVO RLP 289.128 254.022 (-) Custos e despesas (3.950) (2.350)

Depósitos judiciais 254.294 189.825 PATRIMÔnIO LÍQUIDO 1.353.942 1.232.293

Empresas coligadas e controladas 34.834 64.197 Capital social 1.057.353 833.749

ATIVO PERMANENTE 942.905 880.285 Reservas de capital 70.196 251.713

Investimentos 157.852 198.629 Reservas de reavaliação do ativo 28.490 56.980

Imobilizado 736.818 659.115 Reservas de lucros 141.266 135.845

Diferido 48.235 22.541 Lucros (prejuízos) acumulados 56.637 (45.994)

TOTAL DO ATIVO 2.533.144 2.241.050 TOTAL DO PASSIVO E PL 2.533.144 2.241.050

A Demonstração de Resultado do Exercício é uma demonstração financeira que apresenta o fluxo de receitas e despesas, que resulta em au-mento ou redução do patrimônio líquido entre duas datas. Ela deve ser apresentada de forma de-

dutiva, isto é, inicia-se com a Receita Operacional Bruta e dela deduzem-se custos e despesas, para apurar o lucro líquido, conforme o modelo apre-sentado na Tabela 2.

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Tabela 2 – Demonstração do resultado do exercício.Exercício encerrado em 31-12-X8

Exercício encerrado em 31-12-X7

RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS

Vendas de produtos 2.116.938 1.824.264

Prestação de serviços 112.088 95.453

SOMA 2.229.025 1.919.717

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devoluções e abatimentos (42.339) (27.364)

Impostos incidentes sobre vendas (469.113) (460.627)

Impostos incidentes sobre serviços (5.604) (4.773)

(=) RECEITA LÍQUIDA 1.711.970 1.426.953

(-) CUSTO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

Custo dos produtos vendidos (815.868) (737.185)

Custos dos serviços prestados (39.926) (32.721)

(=) LUCRO BRUTO 856.176 657.047

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (430.259) (395.237)

Despesas gerais e administrativas (124.980) (114.581)

Despesas financeiras líquidas (148.648) (8.954)

Outras receitas e despesas operacionais 25.096 1.988

(=) LUCRO OPERACIONAL 177.385 140.263

RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS 2.822 0

(=) LUCROS ANTES DO IR E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 180.207 140.263

(-) PROVISÃO P/ IR E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (59.468) (28.866)

(=) LUCRO APÓS IR E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 120.739 111.397

(-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

Empregados (4.856) (5.570)

Administradores (10.867) (11.140)

(=) LUCRO (PREJUÍZO) LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 105.016 94.687

LUCRO POR AÇÃO (EM $) 95,47 94,69

A Demonstração das Mutações do Patri-mônio Líquido (DMPL) evidencia os fluxos que impactaram os saldos das contas do Patrimônio Líquido. Para fins de publicação, por ser mais

abrangente, a DMPL substitui a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), esta sim obrigatória, de acordo com a legislação (HOJI, 2007).

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Tabela 3 – Demonstração das mutações do patrimônio líquido.Reservas de Lucro

Movimentações CapitalSocial

Reserva de Capital

Reserva realização

Legal Estatutária Para contin-gência

Lucros realizar

Lucros ou acumulado

Total

Saldo em 31-12-X7 833.749 251.713 56.980 56.455 30.982 16.005 32.403 (45.994) 1.232.293

Ajustes de exercícios 0

Aumento de capital:

Subscrição pública 42.087 42.087

Com reservas 181.517 (181.517) 0

Reversões de reservas (28.490) (15.663) 44.153 0

Lucro líquido do exer-cício

105.016 105.016

Proposta de destina-ção do lucro líquido:

Reserva legal 5.251 (5.251) 0

Reservas para contin-gências

5.465 (5.465) 0

Lucros a realizar 10.368 (10.368) 0

Dividendos (25.454) (25.454)

Saldos em 31-12-X8 1.057.353 70.196 28.490 61.706 30.982 21.470 27.108 56.637 1.353.942

A Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos (DOAR) identifica os fluxos finan-ceiros que aumentaram ou reduziram o Capital

Circulante Líquido (CCL), de um exercício a outro, evidenciando a origem dos recursos e onde eles foram aplicados (HOJI, 2007).

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Tabela 4 – Demonstração das origens e aplicações dos recursos.Exercício encerrado em

31-12-X8Exercício encerrado em

31-12-X7

ORIGEnS

Das operações

Lucro (prejuízo) do exercício 105.016 94.687

Mais:

Depreciação, amortização e exaustão 153.193 126.334

Variações monetárias das dívidas de longo prazo

49.898 86.749

Menos:

Resultado de equivalência patrimonial 10.074 1.204

Redução nos Resultados de exercícios futuros

1.598 0

Lucro na venda do imobilizado 2.822 0

Dos acionistas

Integralização de capital 42.087 0

De terceiros

Captação de empréstimos e financia-mentos de longo prazo

124.006 241.954

Valor de venda de imobilizado 15.678 0

Valor de venda de investimentos per-manentes

50.851 0

Total das origens 526.235 548.520

APLICAÇÕES

Aplicações de direitos do imobilizado 222.482 52.086

Adições ao custo do Ativo Diferido 46.964 0

Aplicações em investimentos perma-nentes

0 105.658

Aumento do Realizável em longo prazo 35.106 10.891

Transferência de dívidas de longo prazo para curto prazo

284.651 116.096

Dividendos propostos 25.454 0

Total das aplicações 614.657 284.731

Aumento (Redução) do Capital Circu-lante Líquido

(88.422) 263.789

CAPITAL CIRCULAnTE LÍQUIDO

Saldo no fim do período 543.970 632.392

Saldo no início do período 632.392 368.603

Variação (88.422) 263.789

De maneira simplista, o ativo representa bens e direitos, ou seja, a parte que pertence à empresa, e o passivo representa as obrigações da empresa, ou seja, as dívidas da empresa. A parte que pertence efetivamente à empresa é a sobra

após pagar as dívidas. Essa parte líquida, de cur-to prazo, chama-se CCL ou capital de giro líquido. Tecnicamente, o CCL é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante (HOJI, 2007).

Marcelo Cerqueira Silva

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Tabela 5 – Capital circulante líquido.31-12-19X8 31-12-19X7 Variação

Ativo circulante 1.301.111 1.106.743 194.368

Passivo circulante 757.141 474.351 282.790

CCL 543.970 632.392 (88.422)

Portanto, a DOAR demonstra como ocorreu essa variação no CCL.

Temos ainda outros documentos comple-mentares aos demonstrativos financeiros apre-sentados pelas empresas. São eles: o Relatório da Administração, as Notas Explicativas e o Parecer da Auditoria Independente.

Conforme Hoji (2007), as notas explicati-vas devem complementar as demonstrações fi-nanceiras, juntamente aos quadros analíticos ou outras demonstrações financeiras e contábeis necessárias para esclarecimento da situação pa-trimonial e dos resultados do exercício. De acordo com a Lei nº 6.404/76, pelo menos as seguintes notas explicativas devem ser publicadas:

�� Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais e práticas con-tábeis adotados;

�� Os investimentos relevantes em outras empresas;

�� Os ônus reais sobre ativos, as garantias prestadas a terceiros e outras responsa-bilidades eventuais ou contingentes;

�� Os detalhamentos das dívidas de longo prazo e do capital social;

�� As opções de compra de ações outor-gadas e exercidas no exercício;

�� Os ajustes dos exercícios anteriores;�� Os eventos subsequentes relevantes

ocorridos após a data de encerramento do balanço.

A publicação do Parecer da Auditoria Inde-pendente, em conjunto com as demonstrações fi-nanceiras, é obrigatória para diversos tipos de em-presas, tais como companhias de capital aberto, seguradoras, instituições financeiras etc. Grande parte das companhias de capital fechado, mesmo que não seja obrigada por lei, publica esse pare-cer, para reforçar a fidedignidade das informações divulgadas pela empresa (PADOVEZE, 2005).

O relatório da Administração evidencia os negócios sociais e os principais fatos administra-tivos ocorridos no exercício, os investimentos em outras sociedades, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a política de distribuição de dividendos, a política de recursos humanos, a po-lítica da qualidade, a política de relacionamento com os fornecedores e clientes, análise do setor etc.

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos os principais demonstrativos financeiros. Entre eles, destacamos: o Ba-lanço Patrimonial, que demonstra a situação estática da empresa em determinado momento; a Demons-tração de Resultado do Exercício, que apresenta o fluxo de receitas e despesas, que resulta em aumento ou redução do patrimônio líquido entre duas datas; e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Lí-quido (DMPL), que evidencia os fluxos que impactaram os saldos das contas do Patrimônio Líquido.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

6.1 Resumo do Capítulo

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1. Qual é a importância do Balanço Patrimonial para as empresas?

2. Cite as principais informações que devem constar nas notas explicativas.

3. Explique o seu entendimento sobre capital circulante líquido.

6.2 Atividades Propostas

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, discutiremos sobre a impor-tância das análises financeiras e econômicas e suas respectivas equações para a obtenção de re-sultados. Apresentaremos os índices de liquidez, que mostram a capacidade de a empresa honrar seus compromissos. Vamos iniciar a discussão?

As análises apresentadas nesta seção são referentes às Tabelas 1 e 2, apresentadas na seção anterior. A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo, bem como a par-ticipação de cada item da Demonstração de Re-sultado na formação do lucro ou prejuízo (HOJI, 2007).

O cálculo do percentual de participação re-lativa dos itens do Ativo e do Passivo é feito divi-dindo-se o valor de cada item pelo valor total do Ativo ou do Passivo. O cálculo do percentual de participação relativa dos itens da Demonstração de resultado é feito dividindo-se cada item pelo valor da Receita líquida, que é considerada base.

Como exemplo, pode-se verificar que, con-forme a Tabela 6 (coluna AV [%]), houve pequenos aumentos do percentual do grupo do Ativo Circu-lante em 31-12-X7 e em 31-12-X8, mas o percen-tual do item “Duplicatas a receber” apresentou aumento significativo nessas datas em relação a 31-12-X6.

AnÁLISe DAS DeMonStrAçÕeS FInAnCeIrAS7

AtençãoAtenção

A avaliação econômica de empresas e projetos é uma atividade de grande complexidade. Seu sucesso está ligado ao desafio de conquistar in-formações, organizar e empreender pesquisas e projeções. A qualidade dos dados contábeis tam-bém é fundamental nessa atividade (http://www.analisefinanceira.com.br).

Saiba maisSaiba mais

Análise vertical, também denominada análise es-trutural, é a comparação entre uma série de dados com outro valor base e tem a função de disponibi-lizar conhecimento das demonstrações financeiras, que, às vezes, podem não ser entendidas através de índices. Análise horizontal é a comparação de uma determinada série de dados em relação à mesma série de dados em outro período, levando em con-sideração valores percentuais das demonstrações financeiras (http://www.investeducar.com.br/).

Marcelo Cerqueira Silva

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Tabela 6 – Análise vertical e horizontal.BALAnÇO EnCERRA-DO EM

31-12-X6 31-12-X7 31-12-X8

ATIVO Valores AV (%) AH Valores AV (%) AH Valores AV (%) AH

ATIVO CIRCULAnTE 978.263 47,3% 100 1.163.900 50,6% 119,0 1.462.862 53,7% 145,9

OPERACIOnAL 505.882 24,4% 100 803.191 34,9% 158,8 1.067.271 40,1% 211,0

Duplicatas a receber 161.183 7,8% 100 381.006 16,6% 236,4 419.128 15,8% 260,0

Saques de exportação 15.325 0,7% 100 0 0,0% 0,0 30.000 1,1% 195,8

(-) Provisão p/ devedo-res duvidosos

(4.377) -0,2% 100 (5.641) -0,2% 128,9 (9.201) -0,3% 210,2

Impostos a recuperar 0 0,0% 100 15.006 0,7% #DIV/0! 0 0,0% #DIV/0

Estoques 326.892 15,8% 100 408.171 17,8% 124,9 620.412 23,3% 189,8

Prêmio de seguros a apropriar

6.859 0,3% 100 4.649 0,2% 67,8 6.932 0,3% 101,1

nÃO OPERACIOnAL 472.381 22,8% 100 360.709 15,7% 76,4 359.591 13,5% 76,1

Caixa e Bancos 25.883 1,3% 100 35.883 1,6% 138,6 45.685 1,7% 176,5

Aplicações de liquidez imediata

280.928 13,6% 100 190.925 8,3% 68,0 128.942 4,8% 45,9

Títulos e valores mo-biliários

150.659 7,3% 100 104.009 4,5% 69,0 144.190 5,4% 95,7

Outras contas a re-ceber

12.005 0,6% 100 25.877 1,1% 215.6 24.890 0,9% 207,3

Encargos financeiros a apropriar

2.906 0,1% 100 4.015 0,2% 138,2 15.884 0,6% 546,6

ATIVO REALIZÁVEL EM LOnGO PRAZO

243.131 11,8% 100 254.022 11,1% 104,5 289.128 10,9% 118,9

Depósitos judiciais 25.980 1,3% 100 189.825 8,3% 730,7 254.294 9,6% 978,8

Empresas coligadas e controladas

217.151 10,5% 100 64.197 2,8% 29,6 34.834 1,3% 16,0

ATIVO PERMAnEnTE 847.671 41,0% 100 880.285 38,3% 103,8 942.905 35,5% 111,2

Investimentos 91.767 4,4% 100 198.629 8,3% 216,4 157.852 5,9% 172,0

Imobilizado 666.342 32,2% 100 659.115 28,7% 98,9 736.818 27,7% 110,6

Diferido 89.562 4,3% 100 22.541 1,0% 25,2 48.235 1,8% 53,9

TOTAL DO ATIVO 2.069.065 100,0% 100 2.298.207 100,0% 111,1 2.658.895 100,0% 128,5

Na Tabela 6, pode-se verificar que houve melhora do Lucro bruto em 19X7 (46,0%) e 19X8 (50,0%), em relação a 19X6. Outras constatações podem ser extraídas, mas a utilidade aumenta sensivelmente se a análise vertical for utilizada conjuntamente com a análise horizontal (HOJI, 2007).

A análise horizontal tem a finalidade de evi-denciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por períodos. Calculam-se os núme-ros índices, estabelecendo o exercício mais anti-go como índice base 100. Podem ser calculados,

também, aumentos anuais. Os números índices dos exercícios encerrados em 31-12-X7 e em 31-12-X8 foram calculados em relação a dados do exercício encerrado em 31-12-X6.

Tomando-se como exemplo o saldo do Ativo Circulante, em 31-12-X7, o aumento da participa-ção desse grupo no total do Ativo foi relativamen-te pequeno (de 47,3 para 50,6%), mas houve um crescimento de 19,0% em valores absolutos. Aná-lises semelhantes podem ser feitas com outros valores, descendo para níveis mais detalhados, se for o caso. No caso de Lucro bruto, os “pequenos aumentos” anuais de participação relativa desse

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item (4,9, em 19X7, e 4,0%, em 19X8) significaram “aumentos excelentes” em 19X7 (61,1%) e 19X8 (109,9%), ambos em relação ao exercício base de 19X6.

As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam algumas limitações:

a) Quando o valor do item corresponden-te no exercício base é nulo, o número índice não pode ser calculado pela for-ma proposta, pois os números não são

divisíveis por zero. Nesses casos, podem ser analisadas variações em valores ab-solutos;

b) Quando o exercício base apresenta um número negativo e, no exercício seguin-te, o número fica positivo (e vice-versa), matematicamente, é calculável, mas o resultado deve ser tratado com bastan-te cuidado, para não ocorrerem inter-pretações equivocadas da evolução.

De acordo com Hoji (2007), a técnica de aná-lise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico-financeira da empresa. Os índices e quocientes mais utiliza-dos pelos analistas de balanços são apresentados a seguir. O analista pode trabalhar com índices ou percentual:

Por exemplo:

0,42 equivale a 42%, pois 0,42 x 100 = 42%.

Geralmente, as fórmulas apresentadas em livros de análise de balanços utilizam o prazo mé-dio simples, baseado no ano comercial de 360 dias (ou mês comercial de 30 dias), mas utilizare-mos o prazo de 365 dias, para se referir ao período de um ano (PADOVEZE, 2005).

Os índices de estrutura de capital são bas-tante úteis em análise da estrutura de capital. Os índices são calculados relacionando as fontes de capitais entre si e com o Ativo Permanente. Indi-cam o grau de dependência da empresa com re-lação a capital de terceiros e o nível de imobiliza-ção do capital.

Quanto menor o índice, melhor.

Participação de Capitais de Terceiros sobre os recursos totais (PCT)

Este índice, calculado com os dados de 19X8, relaciona os capitais de terceiros ou Exigível total (Passivo circulante + Exigível em longo pra-zo) com os recursos totais obtidos para financia-mento do Ativo. O índice 0,49 significa que, para cada $1,00 de recursos totais, o capital de tercei-ros participa com $0,49. Em outras palavras, o ca-pital de terceiros financia 49% do Ativo.

Exigível Total Exigível Total + Patrimônio Líquido

PCT =

7.1 Índices Financeiros e Econômicos

Saiba maisSaiba mais

Podem-se classificar os índices da empresa como ótimos, bons, satisfatórios ou deficientes, ao com-pará-los com os índices de outras empresas do mes-mo ramo e porte ou com os índices do setor, publi-cados pelas revistas especializadas (HOJI, 2007).

Marcelo Cerqueira Silva

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Composição do Endividamento (CE)

O índice CE indica quanto da dívida total vence no curto prazo. De acordo com o índice, 68% da dívida da empresa vence no curto prazo.

Passivo Circulante Exigível Total

CE =

Imobilização do Capital Próprio (ICP)

Este índice indica a parcela dos recursos próprios investida no Ativo Permanente. O índice calculado indica que 69% dos recursos próprios estão investidos no Ativo Permanente e, portanto, os restantes 31% dos recursos próprios estão sen-do investidos em ativos realizáveis (HOJI, 2007).

Ativo PermanentePatrimônio Líquido

ICP =

Imobilização dos Recursos não Correntes (IRnC)

Este índice informa quanto dos recursos permanentes e de longo prazo está investido no Ativo Permanente. O cálculo indica que 53% dos recursos permanentes e de longo prazo estão “imobilizados” e, portanto, 47% desses recursos estão sendo utilizados por ativos realizáveis.

Ativo Permanente

Patrimônio Líquido + Exigível em Longo Prazo IRNC =

Os índices de liquidez mostram a situação financeira da empresa. Como os valores se refe-rem a vencimentos de diferentes datas, um valor com vencimento no primeiro dia de um ano pode estar sendo comparado em igualdade de condi-ções com outro valor que vence no último dia do mesmo ano. Os valores traduzidos a valores pre-sentes minimizam esse tipo de problema (HOJI, 2007).

Quanto maior o índice, melhor.

Um aspecto importante que deve ser con-siderado é que a empresa precisa “repor” os ativos circulantes que converte em dinheiro, para não interromper sua atividade operacional. Nessas condições, os ativos circulantes passam a ter ca-racterísticas permanentes. Portanto, os índices de liquidez são válidos para as hipóteses em que a empresa é “liquidada”.

Liquidez Geral (LG)

Este índice indica a capacidade de paga-mento de dívida no longo prazo. O índice 1,32 que a empresa apresenta significa que ela possui bens e direitos suficientes para liquidar os com-promissos financeiros no longo prazo, pois, para cada $1,00 de dívida, possui $1,32 de bens e di-reitos. Mas, se a empresa apresentar problema fi-nanceiro no curto prazo, o índice “bom” do longo prazo será válido. O principal problema deste ín-dice é que os diversos valores correntes de dife-rentes datas se misturam.

Ativo Circulante + Realizável em Longo Prazo

Passivo Circulante + Exigível em Longo Prazo LG =

Liquidez Corrente (LC)

Na maioria dos casos, este índice é conside-rado o melhor indicador da capacidade de paga-mento da empresa. O resultado do cálculo indica que a empresa tem $1,62 de ativos conversíveis em dinheiro no curto prazo para liquidar cada $1,00 de dívida de curto prazo. Mas este índice também é resultante de diversos valores corren-tes de diferentes datas.

Ativo CirculantePassivo Circulante

LC =

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Liquidez Seca (LS)

Pode-se verificar que, com exceção dos Es-toques e Despesas do exercício seguinte, todos os outros itens do Ativo Circulante, como Aplicações de liquidez imediata, Títulos e valores mobiliários, Outras contas a receber, Duplicatas a receber, Sa-ques de exportação e Impostos a recuperar, po-dem ser convertidos em dinheiro com relativa facilidade antes do prazo normal de realização, se for necessário. Nesses casos, podem existir de-ságios, o que reduz o valor desses ativos (HOJI, 2007).

Levando em conta que, para continuar ope-rando, a empresa precisa ter pelo menos os esto-ques e estes são mais difíceis de serem transfor-mados em dinheiro imediatamente, ela consegue obter recursos para liquidar 89% das dívidas de curto prazo.

Ativo Circulante - Estoques

Passivo CirculanteLS =

Liquidez Imediata (LI)

Este índice indica quanto a empresa pos-sui de recursos imediatamente disponíveis para liquidar compromissos de curto prazo. As dispo-nibilidades são recursos imediatamente dispo-níveis, mas as obrigações de curto prazo podem estar compostas por dívidas que vencem em 15, 30 ou até 365 dias.

A empresa possui $0,20 de Disponibilida-des para cada $1,00 de Passivo Circulante. O ana-lista interno pode obter dados mais detalhados e utilizar este índice com base em relatórios de dí-vidas separadas por vencimentos. Deve-se avaliar a composição dos Títulos e valores mobiliários, pois, em alguns casos, são praticamente disponí-veis.

Disponível

Passivo CirculanteLI =

Índices de Rotação

Os índices de rotação (giros) são calculados relacionando os elementos patrimoniais com os itens da demonstração de resultados e eviden-ciam o prazo de renovação dos elementos patri-moniais dentro de determinado período. A análi-se do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão da empresa, tais como as po-líticas de estocagem, financiamento de compras e financiamento de clientes (HOJI, 2007).

O analista interno pode obter saldos mé-dios calculados com base em dados diários ou mensais, o que gera análise de melhor qualidade. O analista externo, se não tiver acesso a saldos intermediários, pode calcular o saldo médio dos elementos patrimoniais somando o saldo atual com o saldo anterior e dividindo a soma por dois. O analista deve estar ciente das possíveis distor-ções que essa forma de cálculo pode causar.

Giro dos Estoques (GE) e Prazo Médio de Esto-cagem (PME)

A empresa apresenta o GE de 1,59 vezes e PME de 230 dias, em 19X8. O PME pode ser calcu-lado dividindo o número de dias do período (ano, em nosso exemplo) pelo giro ocorrido nesse perí-odo. Assim, o PME = 365 dias ÷ 1,59 = 230 dias, o que significa que os estoques completam o giro a cada 230 dias (desde a compra até a venda).

As empresas procuram aumentar o giro dos estoques, pois, quanto mais rápido venderem o produto, mais o lucro aumentará. Esse raciocínio é válido desde que a margem de contribuição seja positiva e o aumento do giro não implique “custos extras” em volume superior ao ganho ob-tido pelo aumento do giro.

ESTOQUES

CPVPME = X 360

Marcelo Cerqueira Silva

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Giro das Contas a Receber (GCR) e Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV)

O PMRV pode ser calculado diretamente, dividindo 365 dias pelo GCR. A empresa apresen-ta um giro de 5,36, em 19X8, o que significa que as duplicatas e saques de exportação (deduzidos das provisões para devedores duvidosos) são re-cebidos, em média, a cada 68 dias (365 dias ÷ 5,36 = 68 dias). A alteração do giro do período atual em relação ao período anterior pode ser causada por diversos fatores: alteração na política de fi-nanciamento de clientes, aumento (ou dedução) da eficiência de cobrança etc. (HOJI, 2007).

SD Médio Contas Receber

VendasPMRV = X 360

Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores (PMPF)

O valor das Compras brutas deve ser extra-ído de registros internos, pois não está evidente em demonstrações contábeis de publicação obri-gatória, em casos de indústria. O valor das Com-pras pode ser calculado pela clássica fórmula: Es-toque final = Estoque Inicial + Compras – Custo das mercadorias vendidas, em casos de empresas do ramo de comércio. Porém, em balanços de empresas industriais, o Custo de produção inclui Mão de obra direta e Custo indireto de fabricação, além dos custos de materiais. Estimando que o custo dos materiais corresponda a 65% do Custo de produção (62% em ano anterior), pode-se efe-tuar o seguinte cálculo:

FORNECEDORES

COMPRASPMPF = X 360

Frequentemente, o prazo médio de paga-mento de fornecedores é comparado com o pra-zo médio das contas a receber. A empresa compra com prazo de 113 dias e vende com prazo de 68 dias. Deve-se levar em consideração que os valores

das vendas são geralmente maiores do que os valo-res das compras.

Índices de Rentabilidade

Conforme Hoji (2007), os índices de renta-bilidade medem quanto estão rendendo os capi-tais investidos. São indicadores muito importan-tes, pois evidenciam o sucesso (ou o insucesso) empresarial. Os índices de rentabilidade são cal-culados, geralmente, sobre as Receitas líquidas (alguns índices podem já ter sido calculados em análise vertical), mas, em alguns casos, pode ser interessante calcular sobre as Receitas brutas de-duzidas somente das Vendas canceladas e Abati-mentos.

Margem Bruta (MB)

Este índice indica quanto a empresa obtém de Lucro bruto para cada $1,00 de Receita líquida. Com 50% de Lucro bruto, a empresa precisa co-brir outras despesas e ainda gerar lucro. O concei-to de “margem” utilizado nessa fórmula difere do conceito utilizado para analisar a relação custo--volume-lucro.

Este índice indica qual foi o Lucro líquido em relação à Receita operacional líquida. O índice calculado mostra que, em 19X8, após desconta-dos todos os custos e despesas, sobraram 6% das vendas líquidas da empresa.

Lucro Bruto

Receita Operacional LíquidaMB =

Margem Líquida (ML)

Este índice indica qual foi o Lucro Líquido em relação à receita operacional líquida. O índice calculado mostra que, em 19x8, após desconta-dos todos os custos e despesas, sobraram 6% das vendas líquidas da empresa.

Lucro Líquido

Receita Operacional LíquidaML =

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Rentabilidade do Capital Próprio (RCP)

Este índice informa quanto rende o capi-tal aplicado na empresa pelos proprietários. Em 19X8, a empresa gerou lucro líquido de $105.016, ou seja, 8% sobre o capital médio investido pelos acionistas ou sócios.

Lucro Líquido

SD Médio do Patrimônio LíquidoRCP =

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos os índices de liquidez nos quais, quando os valores se referem a venci-mentos de diferentes datas, um valor com vencimento no primeiro dia de um ano pode estar sendo com-parado em igualdade de condições com outro valor que vence no último dia do mesmo ano. Os valores traduzidos a valores presentes minimizam esse tipo de problema.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

7.2 Resumo do Capítulo

7.3 Atividades Propostas

1. O que representam os índices de liquidez?

2. O que representam os índices de rentabilidade?

3. O que representam os índices de rotação?

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, abordaremos como uma empresa deve tomar a decisão de investir. Vere-mos ainda que os investimentos das empresas normalmente são em ativos fixos e capital de giro e que toda decisão de investimento é acompa-nhada da decisão de financiamento, pois, para in-vestir, é necessária a obtenção de fundos. Vamos verificar ainda que o fluxo de investimentos com-preende os gastos que a empresa faz para a aqui-sição de seus ativos fixos, correspondendo, então, às saídas de caixa. Vamos iniciar a discussão?

De acordo com Gitman (1997), consideran-do a empresa em continuidade, dentro de uma visão de longo prazo, todos os lucros devem se transformar em caixa. Contudo, no mundo real, o momento da geração de lucro não coincide com o momento da geração de caixa. Só há coincidên-cia desses momentos quando todas as operações são realizadas à vista, o que é improvável em uma empresa em condições normais de operação. De um modo geral, a geração de caixa é um evento que acontece em um momento posterior à gera-ção do lucro.

Uma empresa começa com a decisão de investir. Os investimentos são em ativos fixos e capital de giro. Os ativos fixos recebem essa de-nominação porque são elementos patrimoniais que a empresa adquire com a intenção de não revender. São representados classicamente pelos ativos imobilizados (terrenos, prédios, máquinas, equipamentos, móveis e veículos). O capital de giro é representado pela “necessidade da empre-sa ter estoques à mão para produção e vendas, e também pela necessidade de a empresa dar um prazo para o recebimento das vendas. O capital de giro representa a operação da empresa.” (HOJI, 2007, p. 208).

Toda decisão de investimento é acompa-nhada da decisão de financiamento, pois, para investir, é necessária a obtenção de fundos. Esses fundos podem vir tanto dos proprietários do ne-gócio, que tomaram a iniciativa de investir, quan-to de terceiros, via financiamentos ou emprésti-mos bancários. O fluxo de caixa pode, então, ser segmentado em três grandes áreas:

1. Fluxo de investimentos: compreen-de os gastos que a empresa faz para a aquisição de seus ativos fixos, corres-pondendo, então, às saídas de caixa; e o valor recebido pelas desimobiliza-ções, ou seja, o valor obtido pela venda de ativos fixos (imóveis, equipamentos etc.) que não são mais necessários para as operações ou que serão repostos, correspondendo às entradas de caixa;

2. Fluxo de financiamentos: compreen-de a entrada de dinheiro na empresa a título de entrada de capital, mais os seus incrementos. De acordo com Hoji (2007, p. 193),

essas entradas são denominadas de capital próprio, pois a fonte desses recursos são os donos da empresa (sócios, adquirindo co-tas da empresa, ou acionistas adquirindo

FLUXo De CAIXA8

AtençãoAtenção

O fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em deter-minado intervalo de tempo (ASSAF NETO, 1997).

Marcelo Cerqueira Silva

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ações). Essa é na realidade, em termos con-ceituais, a primeira entrada de caixa da em-presa, pois é o evento que faz dar origem. A característica básica dessa entrada de caixa é que fundamentalmente esse valor não será devolvido aos donos até o encerra-mento das atividades da empresa.

Também compreende a entrada de dinheiro de terceiros, por meio da ob-tenção de empréstimos e financiamen-tos na rede bancária ou nos mercados financeiros, fontes de recursos que são denominadas fontes de capital de terceiros; a saída de caixa para o pa-gamento de encargos financeiros do capital de terceiros, normalmente de-nominados despesas financeiras (juros, comissões, spread, variações cambiais ou monetárias); a saída de caixa para o pagamento de principal dos emprés-timos e financiamentos obtidos, nos respectivos vencimentos contratados, denominado amortização da dívida; e

a saída de caixa para a distribuição de lucros aos sócios ou acionistas, devolu-ção do capital social aos sócios ou acio-nistas (HOJI, 2007);

3. Fluxo operacional: é o caminho para a obtenção do lucro desejado pela em-presa. É, portanto, o mais importante, devendo ser analisado de acordo com suas funções básicas. O fluxo de ope-rações tem uma lógica básica, que é o processo de comprar, produzir, ven-der e receber, retornando em seguida ao mesmo processo, o que dá a ideia de um movimento circular, repetitivo, contínuo, de forma a gerar lucros inin-terruptamente.

O Fluxo de caixa pode ser entendido ainda como um esquema que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Deve existir pelo menos uma saída e pelo menos uma entrada.

Figura 4 – Fontes de recursos financeiros.

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Em uma operação financeira, ocorrem en-tradas e saídas de dinheiro. Um empréstimo im-plica receber o dinheiro (entrada de caixa) em uma data e devolvê-lo posteriormente, acrescido de juros (saída de caixa); uma aplicação financei-ra implica desembolsar um valor (saída de caixa), para recebê-lo (entrada de caixa) após algum tempo, acrescido de juros. Essas operações po-dem ser representadas pelo fluxo de caixa.

Exemplo: um investidor fez um investimento no valor de $15.000 no instante zero e teve os se-guintes retornos: $5.000 no mês 2, $6.000 no mês 3, $8.000 no mês 6. Porém ele teve que desembol-sar mais $1.000 no mês 3 e $2.150 no mês 5.

O fluxo de caixa que representa o enuncia-do pode ser apresentado de forma analítica ou gráfica:

(1) colunas separadas (2) coluna única

Meses Entradas Saídas Entradas/Saídas0 11.000 - 11.00012 4.000 + 4.0003 5.000 1.000 + 4.00045 2.144 - 2.1446 6.000 + 6.000

Para convenção, a flecha no sentido para baixo representa uma saída de caixa e, no senti-do para cima, representa uma entrada de caixa.

O fluxo de caixa apresentado é conhecido como fluxo de caixa não convencional, pois existem vá-rias entradas e várias saídas de caixa (HOJI, 2007).

Um fluxo de caixa convencional é formado por uma única entrada e várias saídas ou uma sa-ída e várias entradas.

O Método do Fluxo de Caixa Direto é a for-ma de apresentação formal, que resgata exata-mente os valores movimentados no controle do caixa (das disponibilidades). Esse método pode ser elaborado de duas maneiras:

Representação Gráfica (Diagrama de Fluxo de Caixa)

�� Pelo somatório de todos os eventos fi-nanceiros ocorridos na movimentação de caixa, dentro de um padrão de clas-sificação dos desembolsos e entradas adotados pela empresa;

�� Pela movimentação das contas do ba-lanço patrimonial e da demonstração de resultados de seus elementos que se inter-relacionam.

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A primeira alternativa é mais trabalhosa, pois implica obter cada entrada e cada saída de caixa, para o processo de resumo e classificação. A outra alternativa é mais simples e parte dos sal-dos finais e iniciais dos elementos patrimoniais de cada período, em que os dados já estão resumi-dos. Essa segunda alternativa, contudo, só é pos-sível se o sistema de informações estiver adequa-damente estruturado.

O Método do Fluxo de Caixa Indireto, se-gundo Hoji (2007), não se preocupa em obter as informações de entradas e desembolsos no perí-odo, mas sim a movimentação de fundos que dão origem ao saldo final de caixa. Assemelha-se bas-tante com a DOAR.

Tabela 7 – Demonstração do resultado do período.Receita Operacional Bruta 33.800

(-) Impostos sobre Vendas (6.760)

Receita Operacional Líquida 27.040

(-) Custos das Mercadorias Vendidas (16.224)

Lucro Bruto 10.816

Despesas Operacionais: Adm. e Com.

Salários e encargos sociais (4.500)

Despesas gerais (2.900)

Depreciações (1.050)

Lucro Operacional 2.366

Receitas Financeiras 30

Despesas Financeiras (600)

Equivalência Patrimonial 320

Lucro antes dos impostos 2.116

Imposto sobre o lucro (741)

Lucro líquido 1.375

Tabela 8 – Balanço patrimonial (inicial e final).Ativo Inicial $ Final $ Passivo Inicial $ Final $

CIRCULAnTE P. CIRCULAnTE

Caixa/Bancos/Apl. Financeiras 1.440 230 Dupls. a pagar – fornece-dores

1.070 930

Dupls. Receber – clientes 3.550 2.950 Salários a pagar 190 580

Estoque de mercadorias 2.100 3.845 Contas a pagar 80 120

Soma 7.090 7.025 Impostos s/ mercadorias 590 440

Soma 1.930 2.070

REALIZÁVEL LOnGO PRAZO EXIGÍVEL LOnGO PRAZO

Depósitos Judiciais 100 120 Financiamentos 5.600 5.180

PERMAnEnTE PAT. LÍQUIDO

Investimentos em controladas 2.500 2.820 Capital social 7.000 7.800

Imobilizado bruto 9.000 10.500 Reservas 590 590

(-) Depreciações acumuladas (3.400) (4.450) Lucros acumulados 170 375

Soma 8.100 8.870 Soma 7.760 8.765

ATIVO TOTAL 15.290 16.015 PASSIVO TOTAL 15.290 16.015

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No método indireto, não são efetivadas fi-nanceiramente depreciações (equivalência patri-monial). Depois, identificam-se as variações ocor-

ridas no capital de giro e, em seguida, as variações financeiras de financiamentos e investimentos, conforme demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9 – Fluxo de caixa – Método indireto.DAS ATIVIDADES OPERACIOnAIS $

Lucro Líquido do período 1.375

(+/-) Receitas e Despesas não efetivadas financeiramente

Depreciações 1.050

(-) Equivalência patrimonial (320)

= Lucro gerado pelas operações 2.105

(+/-) Ajustes por mudança no Capital de giro

(+) Diminuição de duplicatas a receber 600

(-) Aumento dos estoques (1.745)

(-) Diminuição de duplicatas a pagar (140)

(+) Aumento de salários a pagar 390

(+) Aumento de contas a pagar 40

(-) Diminuição de impostos a recolher (150)

Saldo 1.100

DAS ATIVIDADES DE FInAnCIAMEnTO

Redução dos financiamentos de longo prazo (420)

Variação dos financiamentos de curto prazo 0

Aumento de capital em dinheiro 800

Distribuição de lucros e dividendos (1.170)

Saldo 790

DAS ATIVIDADES DE InVESTIMEnTO

Aquisição de imobilizados 1.500

Investimentos e diferido 0

Realizável em longo prazo 20

Saldo (1.520)

SALDO TOTAL (1.210)

(+) Saldo inicial de caixa 1.440

= Saldo final de caixa 230

Tomemos como exemplo a variação de du-plicatas a receber. Nesse fluxo, é uma redução, mas poderia ser um aumento, assim com as de-mais contas. As principais características desse método são: toda movimentação é feita tendo como foco os saldos iniciais e finais de caixa; evi-dencia claramente a inter-relação existente entre a demonstração do resultado, o balanço patrimo-nial e o fluxo de caixa; não mensura, contudo, o

fluxo financeiro efetivo das receitas e gastos, uma vez que já parte do lucro líquido; pessoas não fa-miliarizadas com o modelo têm dificuldade de entender a movimentação financeira apenas pe-las variações das contas de capital de giro; as va-riações do capital de giro, pelas suas naturais os-cilações, trazem dificuldades para a extrapolação de seus dados para os períodos futuros.

Marcelo Cerqueira Silva

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Tabela 10 – Fluxo de caixa – Método direto.OPERACIOnAL $

Recebimentos das vendas 34.400

(-) Pagamentos fornecedores 21.309

Salários e encargos 4.110

Despesas gerais 2.860

Impostos sobre vendas 3.710

Impostos sobre o lucro 741

Soma 32.730

SALDO OPERACIOnAL DE InVESTIMEnTOS 1.670

Aquisição de imobilizados 1.500

Investimentos e Diferido 0

Realizável em Longo Prazo 20

SALDO DE InVESTIMEnTOS DE FInAnCIAMEnTOS 1.520

Aumento de Capital 800

Novos Empréstimos 1.000

(-) Amortizações e Juros (2.020)

Lucros Distribuídos (1.170)

SALDO DE FINANCIAMENTOS (1.390)

SALDO TOTAL (1.240)

+ Receitas Financeiras 30

+ Saldo Inicial de Caixa 1.440

= Saldo Final de Caixa 230

O método direto tem como premissa básica reproduzir fielmente a movimentação financeira re-fletida nos resultados e no balanço patrimonial. Nes-se sentido, é mais facilmente assimilável por qual-

quer usuário, mesmo que não seja especialista em finanças. Além disso, suas movimentações refletem os eventos econômicos normais da empresa, permi-tindo um processo mais adequado para a extrapola-ção dos dados em períodos futuros (HOJI, 2007).

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos que o fluxo operacional é o caminho para a obtenção do lucro desejado pela empresa. O fluxo de operações tem uma lógica básica, que é o processo de comprar, produzir, ven-der e receber, retornando em seguida ao mesmo processo, o que dá a ideia de um movimento circular, repetitivo, contínuo. Observamos ainda que o fluxo de caixa pode ser entendido como um esquema que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo, devendo existir pelo menos uma saída e pelo menos uma entrada.

Existem dois métodos de elaboração de fluxo de caixa. O Método do Fluxo de Caixa Direto é a forma de apresentação formal, que resgata exatamente os valores movimentados no controle do caixa (das disponibilidades). O Método do Fluxo de Caixa Indireto não se preocupa em obter as informações de entradas e desembolsos no período, mas sim a movimentação de fundos que dão origem ao saldo final de caixa.

Espero que tenha compreendido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

8.1 Resumo do Capítulo

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1. O que você entende por fluxo de caixa?

2. Explique o funcionamento do fluxo de caixa direto.

3. Explique o funcionamento do fluxo de caixa indireto.

8.2 Atividades Propostas

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos sobre os diferen-tes ciclos existentes. Em destaque, teremos o ciclo operacional, o ciclo financeiro e o ciclo econômi-co. Veremos ainda a diferença entre o regime de competência e o regime de caixa. Vamos iniciar a discussão?

Segundo Hoji (2007), o ciclo operacional de uma empresa industrial inicia-se com a compra de matéria-prima e encerra-se com o recebimen-to da venda. Durante esse período, ocorrem vá-rios outros eventos que caracterizam o ciclo eco-nômico e o ciclo financeiro, conforme a Figura 5. O ciclo operacional é a soma do prazo de rotação dos estoques e do prazo de recebimento da ven-da.

O Ciclo Econômico inicia-se com a compra de matéria-prima e encerra-se com a venda do produto fabricado. Caso ocorram desembolsos

ou gastos antes da compra da matéria-prima, é nesse momento que se inicia o ciclo econômi-co. Da mesma forma, caso a empresa incorra em custos e despesas relacionados com as operações após o recebimento da venda, o ciclo econômico se encerra após a ocorrência desses eventos.

O Ciclo Financeiro tem início com o primeiro desembolso e termina, geralmente, com o recebi-mento da venda. Caso haja pagamento de custos ou despesas após o recebimento da venda, é nes-se momento que se encerra o ciclo financeiro.

Se ocorrem gastos ou pagamentos de ou-tros custos e despesas (ou adiantamento para compras) antes da compra de matéria-prima, é num desses momentos que se inicia o ciclo ope-racional.

PRE = PF + FEPACE = PRECO = PRE + PRVCO = do início do CE até o final do CFCF = do primeiro desembolso até o final do PRV

A rentabilidade é a medida do resultado econômico (lucro ou prejuízo) gerado por capital investido.

proJeçÕeS FInAnCeIrAS9

AtençãoAtenção

A elaboração do Ciclo Operacional auxilia o Ad-ministrador Financeiro a gerenciar de forma mais confiável as entradas e recursos financeiros (http://www.sebrae.com.br).

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Figura 5 – Representação do ciclo operacional de uma indústria.

Mês 0 1 2 3 4

Venda (c )Pagamento deoutros custos (b )

Compra dematéria-prima (a )

Início defabricação

Recebimentoda venda (c’ )

Pagamento da matéria-prima (a’ )

Pagamento dacomissão (d’ )

Prazo deestocagem dos

Término defabricação

Despesa decomissão (d )

Produtos acabados(PEPA )

Prazo defabricação (PF )

CICLO FINANCEIRO (CF )

CICLO OPERACIONAL (CO )

Prazo de rotação dos estoques (PRE )

Prazo de recebimento da venda (PRV )

Prazo de pagamento da compra (PPC )

CICLO ECONÔMICO (CE )

A Contabilidade adota o regime de compe-tência para apurar o resultado econômico e me-dir a rentabilidade das operações. Basicamente, por esse regime, as receitas são reconhecidas no momento da venda e as despesas, quando incor-ridas. O regime de competência coincide com o ciclo econômico.

A Liquidez é a capacidade de pagar com-promissos financeiros no curto prazo. Em sentido amplo, a liquidez é relacionada com as disponibi-lidades, mais direitos e bens realizáveis no curto prazo. Em sentido restrito, a liquidez é relaciona-da somente com as disponibilidades (BRIGHAM, 1997).

A Administração Financeira adota o regime de caixa para planejar e controlar as necessidades e sobras de caixa e apurar o resultado financeiro (superávit ou déficit de caixa). Basicamente, pelo regime de caixa, as receitas são reconhecidas no momento do efetivo recebimento e as despesas, no momento do efetivo pagamento.

Ross e Westerfield (2000) afirma que o Con-troller moderno tem consciência da importância do regime de caixa e, por sua vez, o tesoureiro

moderno compreende a importância do regime de competência, pois esses dois conceitos não são conflitantes. Na realidade, eles são interde-pendentes e complementam-se.

A diferença (ou semelhança) entre os dois conceitos é demonstrada por meio de um exem-plo prático, utilizando os eventos da Figura 4.

O exemplo a ser desenvolvido considera um ambiente de inflação zero ou com os valores expressos em moeda forte. Suponha-se que os valores em cada evento sejam os seguintes:

a) Compra de matéria-prima no mês 0, com prazo de três meses para paga-mento, no valor de $1.000;

b) Pagamento de outros custos, no mês 1, no valor de $200;

c) Venda total do estoque de produtos acabados, no mês 2, com prazo de re-cebimento de dois meses, no valor de $1.600;

d) Apropriação de despesa de comissão, no mês 2, no valor de $80, que é paga no mês seguinte;

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e) A eventual insuficiência de caixa é co-berta com empréstimo bancário, até esse valor;

f ) Os juros são calculados com taxa de 4% ao mês sobre o valor dos empréstimos e dos juros a pagar, são apropriados mensalmente e pagos ao final do ciclo operacional.

Tabela 11 – Balanço patrimonial da Companhia ABC.Mês 0 1 2 3 4

ATIVO

Caixa e Bancos 0 0 (b) 0 0 (a”, d”) 252 (c”, d”)

Contas a Receber 0 0 1.600 ( c) 1.600 0 (c”)

Estoques 1000 (a) 1.200 (b) 0 0 0

Total 1000 1.200 1.600 1.600 252

PASSIVO

Fornecedores 1000 (a”) 1.000 1.000 0 (a”) 0

Empréstimos 0 200 (e 1) 200 1.280 (e 2) 0 (e”)

Juros a pagar 0 0 8 (f 1) 16 (f 2) 0 (f”)

Contas a pagar 0 0 80 (d) 0 (d”)

Patrimônio Líquido 0 0 312 304 252

Total 1.000 1.200 1.600 1.600 252

Resumo dos fatos Econômicos e Financeiros:

�� a = $1.000 = a”;

�� b = $200;

�� c = $1.600 = c”;

�� d = $80 = d”;

�� e 1 + e 2 + = $200 + $1.080 = $ 1.280 = e”;

�� f 1 + + f 2 + f 3 = $ 8 + $ 8 + $ 52 = $ 68 = f”.

Tabela 12 – Demonstração de resultado da Companhia ABC.Mês 0 1 2 3 4

Vendas 1.600 (c)

Custo do Prod. Vendido

Matéria-prima (1.000) (a)

Outros Custos (200) (b)

Despesa de comissão (80) (c)

Lucro antes dos juros 0 0 320 0 0

Juros 8 (f 1)

Lucro (prejuízo) do mês 0 0 312 (8) (52)

Lucro ou Prejuízo 0 0 312 304 252

Marcelo Cerqueira Silva

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Tabela 13 – Demonstração do fluxo de caixa da Companhia ABC.Mês 0 1 2 3 4

Recebimentos 1.600 (c”)

Pagamentos

Matérias-primas

Outros custos (200) (b) (1.000) (a”)

Comissão (80) (d”)

Superávit (déficit) das operações

0 (200) 0 (1.080) 1.600

Juros (68) (f”)

Superávit (déficit) após os juros

0 (200) 0 (1.080) 1.532

Empréstimos 200 (e 1) 1.080 (e 2) (1.280) (e”)

Saldo final 0 0 0 0 252

Superávit (déficit) to-tal acumulado

0 (200) (200) (1.280) 252

Comparando a Demonstração do Resultado (DR) e a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) da Companhia ABC, mês a mês, percebem-se cla-ramente as diferenças entre as duas demonstra-ções. No momento inicial (mês 0), os resultados das duas demonstrações “coincidem”, pois não ocorreram eventos financeiros nem vendas. Con-tudo, como foi feita compra a prazo no valor de $1.000 (a), esse valor está contabilizado como Es-toque, tendo como contrapartida a conta de For-necedores.

No mês 1, a DR da Companhia ABC apresen-ta o resultado nulo, pois ainda não ocorreu recei-ta (venda), enquanto já ocorreu desembolso de $200 (b), conforme a DFC. Como não existia saldo anterior de caixa, a empresa tomou um emprésti-mo nesse valor (e1).

No mês 2, não ocorreu nenhum evento fi-nanceiro, mas ocorreu venda (c) e, portanto, os custos mantidos no ativo circulante são baixados (a, b) e as despesas de comissão (d) são apropria-das, gerando um lucro antes dos juros de $320 e um lucro após os juros de $312, em consequência da apropriação de juros (f1) sobre o saldo dos em-préstimos existentes no mês anterior.

No mês 3, de acordo com a DR, são apro-priados os juros no valor de $8 (f2), calculados so-bre os Empréstimos e Juros a pagar, no valor total

de $208. De acordo com a DFC, houve desembol-so no valor total de $1.080 (a”, d”), o que obrigou a empresa a tomar mais um empréstimo no va-lor correspondente ao do déficit de caixa (e2) do mês, aumentando o saldo de Empréstimos para $1.280.

No mês 4, de acordo com a DR, foram apro-priados juros no valor de $52 (f3), calculados so-bre os Empréstimos e Juros a pagar, no valor total de $1.296. De acordo com a DFC, houve recebi-mento das vendas no valor de $1.600 (c”) e foram amortizados os empréstimos, no valor total de $1.280 (e”), e pagos os juros acumulados, no valor de $68 (f”).

No exemplo desenvolvido, ao final do ciclo operacional, no mês 4, foi apurado lucro líquido acumulado de $252 e superávit de caixa acumu-lado no mesmo valor. Portanto, podemos verificar que o regime de competência e o regime de cai-xa produzem o mesmo resultado ao final do ciclo operacional.

Caso não fosse possível amortizar integral-mente os empréstimos no final do ciclo operacio-nal, significaria que as operações da empresa não estariam gerando caixa em nível suficiente, o que implicaria descapitalização ao longo do tempo, pois a empresa precisaria captar mais emprésti-mos e pagar mais juros a cada ciclo operacional (PADOVEZE, 2007).

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A DFC nada mais é do que a demonstra-ção da Conta Caixa. O Regime de Caixa mostra qual o volume de recursos financeiros necessário para financiar as operações da empresa, porém

somente será conhecido esse valor no final do ci-clo financeiro (que coincide com o final do ciclo operacional) (GITMAN, 1997).

O Regime de Competência mostra com antecedência o provável resultado financeiro da operação. No mês 2, com base na DR, já podemos conhecer o superávit de caixa operacional antes dos juros, no valor de $320, que será gerado no final do ciclo operacional. Alguns críticos do regi-me de competência dizem que de nada adianta conhecer o lucro, se não tiver certeza de que as vendas serão recebidas, pois as empresas que-bram por falta de caixa, visto que não se podem pagar compromissos financeiros com o lucro. É certo, porém, que um contador consciente, por meio das técnicas estatísticas e obedecendo aos princípios contábeis, irá provisionar o valor do provável “não recebimento” das vendas, de forma que a Contabilidade reflita, por antecipação, a provável situação financeira de uma data futura (HOJI, 2007).

O Regime de Competência, por anteci-par em determinada data o que prova-velmente acontecerá em datas futuras, fornece importantes subsídios para ad-ministração financeira. Para um analista externo, os dados fornecidos pela DR po-dem não ser conclusivos, mas o adminis-trador financeiro pode ter acesso a deta-lhes dos dados e informações fornecidos pelos relatórios financeiros. (HOJI, 2007, p. 163).

Cabe a ele utilizar as duas demonstrações financeiras (a DR e a DFC) para planejar adequa-damente o volume de recursos necessário para financiar as atividades da empresa.

9.1 Regime de Competência e de Caixa

9.2 Resumo do Capítulo

Saiba maisSaiba mais

O regime de competência é um princípio contá-bil, que deve ser, na prática, estendido a qualquer alteração patrimonial, independentemente de sua natureza e origem (http://www.portaldecontabili-dade.com.br).

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos que o ciclo econômico inicia-se com a compra de matéria-prima e encerra--se com a venda do produto fabricado e que o ciclo financeiro tem início com o primeiro desembolso e termi-na, geralmente, com o recebimento da venda. Observamos ainda que o regime de competência e o regime de caixa tratam dos mesmos valores, diferenciando-se somente no aspecto temporal. A análise dos ciclos operacional, econômico e financeiro fornece importantes subsídios para tomadas de decisões financeiras.

Espero que tenha compreendido. Vamos avaliar a aprendizagem.

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1. Explique o seu entendimento sobre os ciclos operacional, financeiro e econômico.

2. Explique o seu entendimento sobre regime de caixa.

3. Explique o seu entendimento sobre regime de competência.

9.3 Atividades Propostas

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos a respeito dos juros e suas modalidades de cobrança: Juros Sim-ples e Compostos. Veremos, ainda, as principais ferramentas de análise de investimentos utiliza-das pela administração financeira (Payback, Valor Presente Líquido – VPL e a Taxa Interna de Retor-no – TIR). Vamos iniciar a discussão?

O surgimento da moeda como padrão de troca de mercadorias e serviços provocou, como consequência imediata, o surgimento do juro como remuneração pelo uso em empréstimo dessa mercadoria e a possibilidade de inflação pela alta generalizada e contínua dos preços me-didos em moeda (HOJI, 2007).

O fundamento para a existência do juro é, de acordo com Gitman (1997), a possibilidade de alguma pessoa antecipar ou não o consumo de bens e serviços. Esse deslocamento de tempo pode ser considerado um serviço, razão por que o pagamento de juros também é denominado pagamento do serviço da dívida, ou seja, a dívi-da presta um serviço a quem toma emprestado. Como todo serviço tem um preço, o juro é o preço pelo uso da moeda de outrem.

Outra visão similar é a de que o juro é uma

compensação pela espera, ou seja, uma compen-sação pelo fato de o dono do capital deixar de dispor desse dinheiro. Outra explicação é que o juro é um prêmio pela renúncia temporária da li-quidez de seu proprietário, provavelmente uma cobrança para fazer face à escassez dessa merca-doria em determinados momentos e mercados (SANDRONI, 2001).

Isso posto, fica claro que o valor do dinheiro no tempo decorre do seu custo (para quem paga) e da renda (para quem recebe).

Assim, o dinheiro (uma unidade monetária) vale hoje mais do que uma unidade monetária disponível no futuro, uma vez que o dinheiro dis-ponível agora pode ser investido e começar a ren-der juros imediatamente. Além disso, o dinheiro disponível hoje está seguro. O dinheiro empresta-do, com o cedente abdicando da liquidez, incor-pora o risco de ele não ser devolvido. Portanto, dinheiro hoje vale mais do que um dinheiro com risco no futuro.

AnÁLISe De InVeStIMento10

AtençãoAtenção

A taxa de juros é o elemento que liga e ajusta as decisões intertemporais de consumo (SANDRONI, 2001).

Em países com economia estável, é comum a utilização de juros simples em operações com prazo de seis meses ou um ano, pois a inflação, além de ser relativamente baixa, é relativamen-te previsível e as regras do mercado financeiro

não são abruptamente alteradas. O mesmo não ocorre em países com alto nível de inflação, pois qualquer desvio na taxa de juros esperada pode produzir diferenças significativas sobre o resulta-do final da operação (BRIGHAM, 1997).

10.1 Operações Financeiras com Juros Simples e Compostos

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No Brasil, os juros simples são comumente utilizados em operações financeiras de curtíssi-mo e curto prazos (de um dia a um mês), descon-tos de duplicatas e títulos, e cobranças de juros de mora. As operações financeiras indexadas em dólar são também calculadas com taxa de juros simples.

Quando o juro é calculado sobre o capital inicial, proporcionalmente ao número de capita-lização, o regime de capitalização é o dos Juros Simples.

As taxas de juros são expressas em unidade de tempo, mas os juros não são pagos, necessa-riamente, ao final de cada período em que é ex-pressa a taxa de juro. Por exemplo, os juros de um empréstimo feito pelo prazo de seis meses, à taxa de 2% a.m., podem ser pagos mensalmente, tri-mestralmente ou com qualquer outra periodici-dade, dependendo de como foi contratado.

A taxa de juros simples é conhecida tam-bém como taxa linear. A equação básica dos juros simples é:

J = C . i . n

Em que:

�� J = juros; �� C = capital inicial (ou principal);�� i = taxa de juros; �� n = número de capitalização durante o

prazo da operação financeira.

Exemplo: Calcule o juro produzido por um capital de $100.000, aplicado durante seis meses, à taxa de juros simples de 2% a.m.

J = $100.000 x 0,02 x 6J = $12.000 A soma do Capital e dos Juros chama-se

Montante (M), que é calculado mediante a se-guinte equação:

M = C + J

Essa equação pode ser deduzida para a se-guinte expressão matemática:

M = C (1 + i . n)

Exemplo: Calcule o Montante de um capital de $100.000, aplicado durante seis meses, à taxa de juros simples de 2% a.m.

M = $100.000 x (1 + 0,02 x 6)M = $112.000

As taxas proporcionais são típicas do siste-ma de capitalização linear (juros simples). As ta-xas são proporcionais se duas ou mais taxas de juros expressas em unidades de tempo diferentes produzem uma mesma taxa, quando calculadas para um mesmo período.

Pode-se afirmar que a taxa de 1% a.m. é proporcional às taxas de 3% a.t., 6% a.s. e 12% a.a., pois quando calculadas para os prazos de três, seis ou doze meses, todas produzem a mesma taxa.

No regime de juros compostos, os juros produzidos em um período de capitalização e não pagos são integrados ao capital constituído no início do período seguinte, para produzir no-vos juros, ou seja, incidem os juros sobre o capital inicial e sobre os próprios juros (ROSS; WESTER-FIELD, 2000).

Esse raciocínio parte da premissa de que a taxa de juros é expressa na unidade de tempo correspondente ao período de capitalização, ao final do qual os juros são pagos. Por exemplo, se a taxa de juros é expressa em período mensal, os juros são pagos mensalmente; se é expressa em período anual, os juros são pagos anualmente e assim por diante. Caso os juros não sejam pagos, eles são incorporados ao capital existente no iní-cio do novo período de capitalização.

No regime de juros compostos, é indiferen-te que os juros sejam pagos a cada período de ca-pitalização ou no final do prazo da operação ou, ainda, que ocorram resgates intermediários.

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A equação básica dos juros compostos é:

J = C [(1 + i)ⁿ - 1]

Sabendo que M = C + J, a fórmula do Mon-tante deduzida da fórmula básica dos juros com-postos é:

M = C (1 + i)ⁿ

Exemplo: Calcule o montante de um capi-tal de $100.000,00, aplicado durante seis meses, à taxa de juros compostos de 2% a.m.

M = $100.000 x (1 + 0,02)6 = $112.616,24

Podem-se deduzir outras equações a partir das equações dadas:

Capital (C) = ___M_____ (1 + i)ⁿ

Período (n) = _log (M / C)__ log (1 +i)

taxa (i) = [(M / C)¹/ⁿ] – 1

Observa-se que a taxa acumulada nos dois regimes de capitalização é idêntica ao final de um ano, quando a taxa é expressa em período anual, mas, até completar um ano, o regime de capitali-zação simples apresenta, mensalmente, taxa acu-mulada maior, invertendo a situação após um ano (HOJI, 2007).

Quando a taxa é dada em período mensal, ocorre o inverso, ou seja, o regime de capitaliza-ção composto apresenta sempre a taxa acumulada maior, com exceção do primeiro mês. Ao final de um ano, no regime de capitalização composto, a taxa acumulada coincide com as taxas acumuladas do primeiro caso, enquanto a taxa acumulada pelo regime de capitalização simples não atinge 80%.

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Tabela 14 – Capitalização simples e capitalização composta.Mês Taxa de juros: 80% a.a. Taxa de juros: 5,0202% a.m.

Simples Composta Simples Composta

0 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

1 6,67% 5,02% 5,02% 5,02%

2 13,33% 10,29% 10,04% 10,29%

3 20,00% 15,83% 15,06% 15,83%

4 26,67% 21,64% 20,08% 21,64%

5 33,33% 27,75% 25,10% 27,75%

6 40,00% 34,16% 30,12% 34,16%

7 46,67% 40,90% 35,14% 40,90%

8 53,33% 47,97% 40,16% 47,97%

9 60,00% 55,40% 45,18% 55,40%

10 66,67% 63,20% 50,20% 63,20%

11 73,33% 71,40% 55,22% 71,40%

12 80,00% 80,00% 60,24% 80,00%

13 86,67% 89,04% 65,26% 89,04%

14 93,33% 98,53% 70,28% 98,53%

15 100,00% 108,49% 75,30 108,49%

16 106,67% 118,96% 80,32% 118,96%

17 113,33% 129,95% 85,34% 129,95%

18 120,00% 141,50% 90,36% 141,50%

Gráfico 1 – Comportamento dos juros.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

140,00%

160,00%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Tempo (meses)

Taxa

acu

mul

ada

do p

erío

do (%

)

Capitalização simples com taxa anual

Capitalização composta com taxa anualCapitalização simples com taxa mensal equivalente

Capitalização composta com taxa mensal equivalente

As calculadoras financeiras estão programa-das para fornecer as respostas procuradas, com a inserção de pelo menos três variáveis. As calcula-doras financeiras utilizam o conceito de fluxo de caixa e, portanto, se o valor presente for um valor

positivo, o valor futuro (ou prestações em valor uniforme) será, necessariamente, um valor nega-tivo (e vice-versa). As funções básicas de uma cal-culadora financeira são:

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VP ou PV = Valor Presente (capital);VF ou FV = Valor Futuro (montante);n = número de capitalização da taxa i;i = taxa de juros;PMT = Prestações em Valor uniforme.

Quando os valores das prestações não fo-rem uniformes, deve ser utilizada a função de flu-xo de caixa. Pode-se definir o VP como o capital a valor de hoje. Com o passar do tempo, a esse valor são acrescidos juros, o que resulta em mon-tante. O montante é um valor produzido no futu-ro, portanto, pode-se chamá-lo VF.

Exemplo: Rafael faz um investimento jun-to ao banco no valor de $100.000 por 4 meses, a uma taxa de juros mensal de 2% a.m. Quanto Ra-fael resgatará depois de 4 meses?

O orçamento de Capital é um programa de aplicação de capital de longo prazo, vinculado ao plano estratégico e, portanto, trata de investimen-tos permanentes. As decisões relacionadas ao or-çamento de capital devem ser tomadas somente após profundo estudo, pois, uma vez iniciado o processo de dispêndio de capital, sua interrupção ou reversão não será fácil (HOJI, 2007).

Um investimento envolve grande volume de recursos em capital humano, intelectual, ma-terial e financeiro.

A engenharia econômica apresenta a me-lhor alternativa de investimento entre as várias existentes, por meio de comparações. Exemplos: substituição de uma máquina velha por uma nova, instalação de fábrica nova ou aumento da capacidade da fábrica atual, gastos com pesqui-sas e desenvolvimento de produtos ou compra de tecnologia (HOJI, 2007).

Segundo Gitman (1997), os modelos para decisão de investimentos e para mensuração do valor da empresa compreendem fundamental-mente as mesmas variáveis. Todos consideram o valor a ser investido, os fluxos futuros de benefí-cios, a quantidade de tempo em que esses fluxos futuros ocorrerão e o custo do dinheiro no tempo.

Os principais métodos de avaliação de al-ternativas econômicas são:

a) Método do Prazo de Retorno: consis-te na apuração do tempo necessário para que a soma dos fluxos de caixa lí-quidos periódicos seja igual ao valor do fluxo de caixa líquido do instante inicial. Este método não considera os fluxos de caixa gerados durante a vida útil do in-vestimento após o período de payback;

b) Método da Taxa Interna de Retorno: a taxa de juros que anula o VPL é a Taxa Interna de Retorno (TIR). Este método assume implicitamente que os fluxos de caixa líquidos periódicos são reinves-tidos à própria TIR calculada para todo investimento. O investimento será eco-nomicamente viável se a TIR for maior do que a taxa de atratividade;

c) Método do valor presente líquido: consiste em determinar o valor no ins-tante inicial, descontando o fluxo de caixa líquido de cada período futuro (fluxo de caixa líquido periódico) gera-do durante a vida útil do investimento,

10.2 Métodos de Avaliação de Investimentos

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com a taxa mínima de atratividade, e adicionando o somatório dos valores descontados ao fluxo de caixa líquido do instante inicial. O investimento será economicamente viável se o VPL for po-sitivo.

Suponha a existência de dois projetos de in-vestimentos, nas seguintes condições: presume-se

que a vida útil dos projetos seja de quatro anos, nos quais os investimentos não gerarão caixa, isto é, terão valor igual a zero. Para facilitar os cálculos, os fluxos de caixa estão divididos em dois grupos: investimento inicial, que ocorre no momento zero, e fluxo de caixas líquido, que compreende os cai-xas líquidos gerados no futuro, conforme o modelo apresentado no quadro a seguir:

Projetos Investimento Inicial Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Soma A (100.000) 52.000 15.000 32.000 41.000 140.000 B (100.000) 35.000 35.000 35.000 35.000 140.000

Fluxo de caixa em Valores Correntes

Fluxos de caixa líquidos descontados

PAYBACK do Projeto AFluxos de caixa líquidos descontados correntes

Se a taxa mínima de atratividade for de 15% a.a., o projeto A poderá ser implementado, pois a TIR desse projeto é maior do que a taxa mínima de atratividade, mas o projeto B não deverá ser implementado, pois a TIR é menor do que a taxa mínima de atratividade.

Se a taxa mínima de atratividade for de 15% a.a., os valores correntes do fluxo de caixa do exemplo anterior seriam descontados a essa taxa, apresentando os seguintes dados em valor presente:

Projetos Investimento Inicial Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Soma

A (100.000) 45.217,39 11.342,16 21.040,52 23.441,88 101.041,95

B (100.000) 30.434,78 26.465,03 23.013,07 20.011,37 99.924,25

Brigham (1997) menciona que se podem utilizar diversos métodos para avaliar os dois pro-jetos de investimento. O critério do payback, apli-cado ao conceito VPL, indica em quantos períodos (normalmente, anos) haverá retorno do investi-mento inicial. É uma informação complementar ao processo decisório, uma vez que não considera o valor do dinheiro no tempo. É eventualmente

importante quando, além do retorno do investi-mento, o tempo de recuperação é importante. Mesmo que os fluxos de caixa estejam desconta-dos para valor presente, esse método apresenta li-mitações, pois não considera os fluxos de caixa ge-rados durante o resto de vida útil do investimento (que poderão ser positivos ou negativos).

Fluxo de Caixa Investimento Inicial Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Soma

Do ano (100.000) 45.217,39 11.342,16 21.040,52 23.441,88 101.041,95

acumulado (100.000) (54.782,61) (43.440,45) (20.087,12) 1.041,95 ********

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O payback do projeto A ocorre entre o ano 3 e o ano 4. Para calcular a fração do período necessário para zerar o investimento inicial durante o ano 4, di-vide-se o saldo do ano 3 pelo fluxo de caixa do ano 4.

PAYBACK do Projeto BFluxos de caixa líquidos descontados correntes

Assim, temos $22.399,93 ÷ 23.399,93 = 0,9556. Por-tanto, o investimento inicial do Projeto A será recu-perado em 3,9956 anos (3 anos, 11 meses e 14 dias)

Fluxo de Caixa Investimento Inicial Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Soma

Do ano (100.000) 30.434,78 26.465,03 23.013,07 20.011,37 99.924,25

Acumulado (100.000) (69.565,22) (43.100,19) (20.087,12) (75,75) ********

O investimento inicial do Projeto B não será recuperado durante sua vida útil, pois o saldo acumulado no último ano continua negativo.

O fundamento do VPL é o custo do dinheiro no tempo. O critério de VPL é o modelo clássico para a decisão de investimentos e compreende as seguintes variáveis:

a) O valor do investimento;

b) O valor dos fluxos futuros de benefícios;

c) A quantidade de períodos em que ha-verá os fluxos futuros;

d) A taxa de juros desejada pelo investidor.

Esse método também leva à conclusão de que deve ser implementado somente o projeto A, pois o VPL é a diferença entre o investimento ini-cial e os benefícios líquidos de caixa gerados pelo projeto.

VPL do projeto A $101.041,95 - $100.000 = $1.041,95

VPL do projeto B $99.924,25 - $100.000 = ($75,75)

Um investimento é feito no pressuposto de gerar um resultado que supere o valor investido, para compensar o risco de trocar um valor pre-sente certo por um valor futuro com risco em sua recuperação. Esse resultado excedente é a renta-bilidade do investimento e é o prêmio por inves-tir. Esse prêmio é o conceito que fundamenta a

existência dos juros como pagamentos pelo ser-viço prestado ao investidor pelo ato de emprestar dinheiro para um terceiro (HOJI, 2007).

A rentabilidade dos demais investimentos determina qual será a rentabilidade que o inves-tidor desejará do investimento sob o processo de decisão. Ele pode desejar a rentabilidade média dos demais investimentos, como pode desejar rentabilidades superiores. Dificilmente ele admi-tirá rentabilidades inferiores à média, se bem que, em teoria, isso seria possível.

Na calculadora financeira, temos:

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O modelo de decisão baseado na TIR é uma variação do critério do VPL. Nesse modelo, em vez de se buscar o VPL do fluxo futuro, busca-se a taxa de juros que iguala o total dos fluxos futuros descontados a essa taxa de juros, com o valor do investimento inicial. A fórmula é a seguinte:

Em que:

�� I (0) = Investimento inicial no período 0;

�� FF = Fluxos Futuros dos períodos 1 a n;

�� I = Taxa de juros que iguala a equação.

As TIRs dos projetos são:

TIR do projeto A 15,53%

TIR do projeto B 14,96%

Se a taxa mínima de atratividade for 15% a.a., o projeto A poderá ser implementado, pois a TIR desse projeto é maior do que a taxa mínima de atratividade, mas o projeto B não poderá ser implementado, pois a TIR é menor do que a taxa mínima de atratividade.

Na calculadora financeira, temos:

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, estudamos que o modelo de decisão baseado na TIR é uma variação do critério do VPL. Nesse modelo, em vez de se buscar o VPL do fluxo futuro, busca-se a taxa de juros que iguala o total dos fluxos futuros descontados a essa taxa de juros, com o valor do investimento inicial. Estudamos ainda que o critério do payback, aplicado ao conceito de VPL, indica em quantos períodos (normalmente, anos) haverá retorno do investimento inicial.

Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

10.3 Resumo do Capítulo

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1. Explique o seu entendimento sobre operações com juros simples e juros compostos.

2. Explique o seu entendimento sobre os métodos de investimentos TIR e VPL.

3. O que você entende por juros?

10.4 Atividades Propostas

Assista ao filme A Fraude, com o qual terá a oportunidade de compreender melhor alguns conceitos apresentados sobre o Mercado de Futuros. Nick é um dos muitos empregados am-biciosos do Barings Bank. Ele se casa e vai para Singapura, quando o banco oferece a ele um emprego de corretor da bolsa para montar as opções de operação em mercado futuro. Seu primeiro ano de negócios é um grande sucesso. Assista ao filme e você descobrirá o que acon-tecerá com Nick. Ator principal: Ewan McGregor. Ano de lançamento: 1998.

MultimídiaMultimídia

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CAPÍTULO 1

1. Finanças consistem em três áreas inter-relacionadas: (1) mercados monetários e de capitais, que trabalham com os mercados de títulos e as instituições financeiras; (2) investimentos, que focalizam as decisões tomadas tanto pelos investidores individuais quanto pelos institucionais, à medida que escolhem títulos para suas carteiras de investimentos; (3) administração finan-ceira ou “finanças de empresas”, que envolve decisões dentro das empresas. As oportunidades de carreiras dentro de cada uma dessas áreas são muitas e variadas, porém os administradores financeiros devem ter o conhecimento das três áreas, caso queiram ser bem-sucedidos em seu trabalho.

2. A Administração Financeira está estreitamente ligada à Economia e Contabilidade. A Admi-nistração Financeira pode ser vista como uma forma de economia aplicada, que se baseia am-plamente em conceitos econômicos. A importância da Economia para o desenvolvimento do ambiente financeiro e da teoria financeira pode ser melhor descrita em função de suas duas áreas mais amplas: Macroeconomia e Microeconomia.

3. O Contador, cujas funções básicas são desenvolver e fornecer dados para avaliar o desempenho da empresa, apurar sua situação financeira e pagar impostos, difere do Administrador Financei-ro da maneira como vê os fundos da empresa. O Contador, usando certos princípios padroniza-dos e geralmente aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser reconhecidas por ocasião das vendas e as despesas, quando incorridas. O Administrador financeiro está mais preocupado em manter a solvência da empresa, propor-cionando os fluxos de caixa necessários para honrar as suas obrigações, adquirir e financiar os ativos circulantes e fixos, necessários para atingir as metas da empresa. Uma analogia simples ajudará a esclarecer as diferenças básicas de perspectiva entre o Contador e o Administrador Financeiro. Se considerássemos o corpo humano uma empresa e cada pulsação do coração representasse uma nova venda, o Contador iria ocupar-se de cada uma dessas pulsações e daria entrada nessas vendas como receitas. O Administrador Financeiro iria verificar se o fluxo resultante de sangue através das artérias teria atingido as células certas, conservando os vários órgãos do corpo em funcionamento. É possível que o coração seja forte e, no entanto, pare de funcionar, devido ao desenvolvimento de obstruções e coágulos no sistema circulatório.

reSpoStAS CoMentADAS DAS AtIVIDADeS propoStAS

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CAPÍTULO 2

1. Ao administrar sua estrutura financeira, está elaborando o lado direito do Balanço da empresa. O Administrador Financeiro deve visar a atingir os objetivos dos proprietários da empresa. No caso de sociedades anônimas, os proprietários da empresa normalmente não são os adminis-tradores. A função destes não é realizar seus próprios objetivos (que podem incluir o aumento de seus ordenados, a obtenção de prestígio ou a manutenção de sua posição), mas maximizar a satisfação dos proprietários (acionistas). Presumivelmente, se forem bem-sucedidos nessa tarefa, também atingirão seus objetivos pessoais. Alguns acreditam que o objetivo dos proprie-tários é sempre a maximização do lucro; outros creem que é a maximização da riqueza.

2. A maximização do lucro reúne objetivos de curto prazo; entre eles, destaca-se a obtenção de lucro no exercício vigente. A maximização da riqueza preocupa-se com a perspectiva da orga-nização no longo prazo, em elevar a valorização das ações da companhia. É ainda a abordagem preferida por cinco razões básicas: (1) retorno realizável do proprietário; (2) uma perspectiva em longo prazo; (3) época de ocorrência dos retornos; (4) análise dos riscos; e (5) distribuição dos retornos.

3. Retorno realizável do proprietário: o proprietário de uma ação possivelmente espera receber seu retorno sob a forma de pagamentos periódicos de dividendos ou através de valorizações no preço da ação, ou ambos.Análise dos riscos: a maximização do lucro desconsidera não apenas o fluxo de caixa, mas tam-bém o risco – a possibilidade de que os resultados realizados possam ser diferentes daqueles esperados. Uma premissa básica em Administração financeira é que há um confronto entre o retorno (fluxo de caixa) e o risco. De maneira geral, os acionistas tem aversão ao risco, ou seja, querem evitá-lo.

CAPÍTULO 3

1. A Sociedade por Ações é a modalidade mais importante (em termos de tamanho) de organiza-ção das empresas em geral. A sociedade por ações consiste em uma entidade legal, separada e distinta de seus proprietários, que possui muitos dos direitos, obrigações e privilégios de uma pessoa de verdade. Pode tomar dinheiro emprestado e possuir imóveis; pode processar e ser processada; e pode firmar contratos. A sociedade por ações pode até mesmo ser um sócio geral ou sócio com responsabilidade limitada em outra sociedade e pode possuir ações de outras sociedades por ações.

2. As vantagens e desvantagens da sociedade por cotas são: contratos relativamente informais, que podem ser constituídos facilmente e a baixo custo; os Sócios gerais possuem responsa-bilidade ilimitada nas dívidas da empresa; a sociedade acaba quando um sócio geral mostra o desejo de vender ou morre; todo o lucro é tributado como rendimento da pessoa física dos sócios; e o montante do patrimônio líquido que pode ser obtido é limitado à riqueza agregada dos sócios.

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3. Uma operação de Fusão é resultante da combinação de duas ou mais empresas para formar uma sociedade anônima completamente nova.

CAPÍTULO 4

1. Os chamados riscos sistemáticos são aqueles provenientes de mudanças no cenário macro-econômico, aqueles que os sistemas econômico, político e social impõem em geral a todos os ativos e, naturalmente, à sua taxa de retorno. Nessa categoria, estão aqueles riscos que ne-nhum administrador ou investidor pode controlar ou evitar. Temos ainda os riscos chamados não sistemáticos, que consistem em riscos intrínsecos ao ativo e são gerados por fatores que atingem diretamente o ativo em estudo ou, no máximo, um pequeno número de ativos, não atingindo os demais. Esse tipo de risco é evitável, uma vez que a determinante é a escolha ou não dessa classe de investimento.

2. Está relacionado a possíveis perdas como resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de processos internos, gerenciamento e erros humanos. O risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas: o Risco Organizacional, que está relacionado com uma organi-zação ineficiente, administração inconsistente e sem objetivos de longo prazo bem definidos, fluxo de informações internas e externas deficiente, responsabilidades mal definidas e acesso a informações internas por parte de concorrentes; o Risco de Operações, que pode ser rela-cionado com problemas tecnológicos, equipamentos (telefonia, elétrico, computacional etc.), processamento e armazenamento de dados, e fluxo operacional inadequado; e o Risco de Pes-soal, que pode estar relacionado com falhas humanas, como empregados não qualificados, por exemplo, ou fraudes, do tipo adulteração de documentos, vazamento de informações privile-giadas, desvio de valores, entre outras.

3. É tomar providências hoje, para garantir a sobrevivência do empreendimento no futuro, caso ocorra um cenário improvável, porém possível. Para saber qual providência deve ser tomada, é necessário mensurar o risco.

CAPÍTULO 5

1. Emitir normas; autorizar o funcionamento das instituições financeiras; fiscalizar e fazer inter-venções; receber depósitos compulsórios e voluntários; fazer operações de redesconto; emitir, comprar e vender títulos públicos federais; emitir papel-moeda; controlar e sanear o meio cir-culante; administrar a dívida pública interna e externa; e gerir as reservas internacionais.

2. A principal função dos Bancos de Investimento é intermediar recursos de médio e longo prazo para financiamento de capital fixo ou de giro das empresas. Esses bancos não podem captar por meio de depósitos à vista, captando recursos por meio da emissão de CDBs e RDBs, re-passes de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimento. São Instituições especializadas em underwriting (subscrição pública de ações) e estruturação de financiamentos de projeto.

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3. As Corretoras de Valores são instituições financeiras membros das bolsas de valores, credencia-das pelo BACEN, pela CVM e pelas próprias bolsas, e estão habilitadas, entre outras atividades no mercado financeiro e de capitais, a negociar valores mobiliários com exclusividade no pre-gão físico (viva-voz) ou eletrônico das bolsas. Corretora de Valores é a instituição que compra e vende ações; os investidores são os clientes das Corretoras.

CAPÍTULO 6

1. O Balanço Patrimonial demonstra a situação estática da empresa em determinado momento. Cada empresa pode determinar a data de encerramento do balanço conforme as suas conve-niências, mas a maioria das empresas brasileiras encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano, coincidindo com o encerramento do ano civil.

2. De acordo com a Lei nº 6.404/76, pelo menos as seguintes notas explicativas devem ser publi-cadas: os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais e práticas contábeis ado-tados; os investimentos relevantes em outras empresas; os ônus reais sobre ativos; as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; os detalhamentos das dívidas de longo prazo e do capital social; as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; os ajustes dos exercícios anteriores; e os eventos subsequentes relevan-tes ocorridos após a data de encerramento do balanço.

3. De maneira simplista, o ativo representa bens e direitos, ou seja, a parte que pertence à em-presa, e o passivo representa as obrigações da empresa, ou seja, as dívidas da empresa. A parte que pertence efetivamente à empresa é a sobra após pagar as dívidas. Essa parte líquida, de curto prazo, chama-se CCL ou capital de giro líquido. Tecnicamente, o CCL é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.

CAPÍTULO 7

1. Os índices de liquidez representam a capacidade de a empresa honrar seus compromissos com a sociedade.

2. Os índices de rentabilidade medem quanto estão rendendo os capitais investidos. São indica-dores muito importantes, pois evidenciam o sucesso (ou o insucesso) empresarial. Os índices de rentabilidade são calculados, geralmente, sobre as Receitas líquidas (alguns índices podem já ter sido calculados em análise vertical), mas, em alguns casos, pode ser interessante calcular sobre as Receitas brutas deduzidas somente das Vendas canceladas e Abatimentos.

3. Os índices de rotação (giros) são calculados relacionando os elementos patrimoniais com os itens da demonstração de resultados e evidenciam o prazo de renovação dos elementos pa-trimoniais dentro de determinado período. A análise do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão da empresa, tais como as políticas de estocagem, financiamento de compras e financiamento de clientes.

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CAPÍTULO 8

1. O fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e as saídas (desembolsos) de re-cursos monetários no âmbito de uma empresa, em determinado intervalo de tempo.

2. É a forma de apresentação formal, que resgata exatamente os valores movimentados no con-trole do caixa (das disponibilidades). Esse método pode ser elaborado de duas maneiras: pelo somatório de todos os eventos financeiros ocorridos na movimentação de caixa, dentro de um padrão de classificação dos desembolsos e entradas adotados pela empresa; e pela movimen-tação das contas do balanço patrimonial e da demonstração de resultados de seus elementos que se inter-relacionam.

3. Esse método não se preocupa em obter as informações de entradas e desembolsos no perío-do, mas sim a movimentação de fundos que dão origem ao saldo final de caixa. Assemelha-se bastante com a DOAR.

CAPÍTULO 9

1. O ciclo operacional de uma empresa industrial inicia-se com a compra de matéria-prima e en-cerra-se com o recebimento da venda. O Ciclo Econômico inicia-se com a compra de matéria--prima e encerra-se com a venda do produto fabricado. O Ciclo Financeiro tem início com o primeiro desembolso e termina, geralmente, com o recebimento da venda.

2. Basicamente, pelo regime de caixa, as receitas são reconhecidas no momento do efetivo rece-bimento e as despesas, no momento do efetivo pagamento. Esse regime mostra qual o volume de recursos financeiros necessário para financiar as operações da empresa, porém somente será conhecido esse valor no final do ciclo financeiro (que coincide com o final do ciclo opera-cional).

3. O Regime de Competência mostra com antecedência o provável resultado financeiro da ope-ração.

CAPÍTULO 10

1. Em países com economia estável, é comum a utilização de juros simples em operações com prazo de seis meses ou um ano. No Brasil, os juros simples são comumente utilizados em ope-rações financeiras de curtíssimo e curto prazo (de um dia a um mês), descontos de duplicatas e títulos, e cobranças de juros de mora. As taxas proporcionais são típicas do sistema de capi-talização linear (juros simples). No regime de juros compostos, os juros produzidos em um pe-ríodo de capitalização e não pagos são integrados ao capital constituído no início do período seguinte, para produzir novos juros, ou seja, incidem os juros sobre o capital inicial e sobre os próprios juros.

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2. O mercado de opções é uma modalidade operacional em que não se negociam ações objeto, mas direitos sobre elas. Opções são, assim, direitos de uma parte comprar ou vender a outra, até determinada data, certa quantidade de ações objeto a um preço preestabelecido. Dessa forma, no mercado de opções, não ocorre a negociação da ação, mas dos direitos sobre ela.

3. Juro é uma compensação pela espera, ou seja, uma compensação pelo fato de o dono do ca-pital deixar de dispor desse dinheiro. Outra explicação é que o juro é um prêmio pela renúncia temporária da liquidez de seu proprietário, provavelmente uma cobrança para fazer face à es-cassez dessa mercadoria em determinados momentos e mercados.

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