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  • 8/6/2019 apostila ppenal

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    Apostila de Direito Processual Penal

    Assunto:

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Autor:

    CARMEM FERREIRA SARAIVA

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    I JURISDIO PENAL

    ConceitoEm sentido estrito, o poder de dizer o direito no caso concreto.Conceito simples poder de dizer o direito.Conceito completo - poder de decidir as demandas que surgem no relacionamento humano dirio, aplicando odireito no caso concreto. A fonte imediata do direito a lei, principalmente no processo penal (princpio dareserva legal).Assim, pode haver a conduta imoral, porm legal e ainda a conduta moral, porm ilegal.Somente o juiz pode dizer o direito, porque a pessoa legalmente investida no cargo, sendo o poderjurisdicional indelegvel.

    Existem, tambm, outros rgos jurisdicionais: o tribunal do jri - crimes dolosos contra a vida (homicdio, infanticdio, induzimento ao suicdio e aborto)

    nas suas formas tentada e consumada (juizes leigos); congresso nacional presidente da repblica, senadores e deputados federais em crimes de responsabilidade

    funcional; STF presidente da repblica, senadores e deputados federias em crimes comuns; STJ governadores em crimes comuns;

    tribunal de justia deputados estaduais e prefeitos em crimes comuns; assemblia legislativa governadores e deputados estaduais em crimes de responsabilidade funcional; cmara dos vereadores prefeito em crime de responsabilidade funcional; obs vereadores no tm foro privilegiado.

    Diviso quanto categoriainferior- comarcas - 1 grau de jurisdiosuperior tribunais 2 grau de jurisdio quanto matria as competncias dos juizes no podem ser misturadaspenal

    civileleitoralmilitar quanto ao organismoestadualfederal Unio e autarquias quanto ao objetocontencioso a ao proposta com litgio;voluntrio para feitos administrativos; quanto funoordinria justia comum;

    especial tribunal do jri, STF, STJ, etc.;

    quanto competnciaplena juizes nas pequenas comarcas;limitada juizes nas grandes comarcas, onde as competncias esto separadas.

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    Elementos notio conhecimento o poder que o juiz tem de conhecer todos os detalhes dos fatos que esto sub-

    judice em busca da verdade real, para proferir a deciso justa ; vocatio chamamento o poder que o juiz tem de obrigar a vir a si testemunhas, peritos, intrpretes, etc.,

    para esclarecimentos, devendo, para tanto, notificar as partes, porque as provas no so somente para si; coertio coero poder que o juiz tem de obrigar testemunhas, peritos, intrpretes, etc. a comparecer em

    lugar pr-estabelecido (conduo sob vara); juditio julgamento poder que o juiz tem de julgar o processo; executio execuo poder do juiz de executar a sentena, inclusive com o uso da fora.

    Princpios juiz natural o juiz competente para julgar os crimes ocorridos nos limites territoriais de sua jurisdio; investidura para exercer a funo jurisdicional deve ser o juiz bacharel em direito aprovado em concurso

    de provas e ttulos dado pelo tribunal, ser nomeado, tomar posse como juiz de direito e entrar em exercciona comarca;

    imparcialidade do juiz o juiz tem que ser extremamente isento para proferir uma sentena justa; iniciativa das partes (ne procedat judex ex officio) art. 5 da exposio de motivos do CPP o juiz no

    pode proceder de ofcio, porque se assim no fosse no estaria sendo imparcial. Qualquer deciso judicial

    tem que ser provocada e fundamentada, pois somente as partes podem comear a ao. indeclinabilidade - o juiz no pode declinar a nenhum outro seu poder; improrrogabilidade no se pode prorrogar a competncia para outra comarca, exceto nos casos em que

    esta esteja vaga; inevitabilidade o juiz natural no pode outorgar sua competncia a qualquer outro; relatividade o juiz somente pode julgar dentro do pedido, sendo-lhe vedado julgar extra petita, ultra petita

    ou citra petita; processualidade nenhuma deciso pode ser proferida sem o regular processo.

    II COMPETNCIA JURISDICIONAL

    Conceito

    Medida da jurisdio.rea territorial em que o juiz tem exercita a jurisdio. necessrio delimitar a rea de competnciajurisdicional para evitar conflito. Nas grandes comarcas, a jurisdio est dividida por matria (varas especiais).No MP no h conflito de competncia, somente de atribuies, que ir ser decida pelo procurador de justia.

    Jurisdio Especialmilitar atua nos crimes do exerccio da funo;eleitoral atua desde o registro das candidaturas at crimes eleitorais;trabalho atua nas causas entre patres e empregados litgio trabalhista;federal atua nas causas em que a Unio e suas autarquias so partes, seja plo ativo ou plo passivo no 1 e 2graus;justia comum ou estadual atua nas outras causas para as quais no haja foro privilegiado em comarcas de 1,2 e 3 intrncias e intrncia especial para 1 grau;tribunal de justia e tribunal de alada atua nas causas provenientes da justia comum em 2 grau,esclarecendo-se que entre elas no h hierarquia, somente distino de matria;juizes vitalcios 2 anos no cargojuizes no vitalcios - juiz substituto incio de carreirajuiz de paz tem funo somente conciliatria (casamento), sem funo jurisdicional (art. 98 CF);

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    juizados especiais h o civil e o penal, sendo que ltimo promove somente a transao penal, que no temreflexo na vida da pessoa como o processo penal.

    Fixao da Competncia

    Lugar da Infrao (arts. 70 e 71 CPP) : local do cometimento do crime local onde se esgotou a atividade delituosa

    Regra local do cometimento do crime ou o local onde se esgotou a atividade delituosa.Princpios que fixam a competncia : poltica de preveno criminalidade- o Estado busca uma resposta quela sociedade; facilidade de provas ; economia processual.Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, e ainda onde se esgotou a atividade delituosa(arts. 4 e 6 CP). Adotou-se, ento, a teoria mista, ou seja, a competncia escolhida para cada crimeespecfico.Regra : a competncia ser determinada : lugar em que se consumar a infrao;

    no caso de tentativa, lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo.Exemplos de casos de deforamento : caso o ru seja muito influente no local do cometimento do crime ou no local onde se esgotou a atividade

    delituosa; firma-se a competncia do local onde ocorreu o crime mais grave, se for diferente do local do cometimento

    do crime ou o local onde se esgotou a atividade delituosa, caso em que haver unidade de julgamento;

    Lugar do domiclio ou residncia do ru (arts. 72 e 73 do CPP)No conhecido o local do cometimento do crime ou o local onde se esgotou a atividade delituosa, firma-se acompetncia do local da residncia ou domiclio do ru.Obs nos crimes de ao privada, o querelante pode preferir o domiclio do ru, ainda que outro tenha sido o

    local da infrao.Firma-se a competncia pela preveno: se o ru tiver mais de uma residncia; se o ru no tiver residncia ou for ignorado seu paradeiro.

    Natureza da Infrao (art. 74 CPP)Prevalece a competncia, conforme o que a lei especificar.Exemplos :crime eleitoral justia eleitoral;crimes dolosos contra a vida tribunal do jri;crime falimentar justia falimentar.

    Distribuio (art. 75 CPP)A distribuio feita pelo cartrio, aleatoriamente, exceto nos casos de varas especializadas. A procedncia dadistribuio fixa a competncia. Exceo quando o juiz suspeito.

    Conexo e Continncia (arts. 76 a 82 CPP)Importam em unidade de processo e julgamento, economia processual e unificao de penas privativas deliberdade (art. 75 CP).

    Conexo ocorre nos casos em que h nexo de relao entre crimes, ou seja, somente quando houver concursode crimes :

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    duas ou mais infraes praticadas em concurso ou reunio de pessoas, embora diverso o tempo e o lugar; no mesmo caso, para facilitar ou ocultar as infraes ou conseguir impunidade ou vantagem; infraes ou suas circunstncias elementares tm a mesma prova.

    Continncia ocorre nos casos em que no h elo de ligao entre uma conduta e outra: duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infrao (concurso formal).

    Obs Concurso de crimes arts. 69 e 70 CP formal uma nica ao gera dois ou mais crimes material mais de uma ao gera dois ou mais crimes.

    Regras : prevalece a competncia do jri, quando houver concurso de competncia do jri e de outro rgo de

    jurisdio comum; quando houver concurso de jurisdies da mesma categoria :

    prevalece a competncia do lugar da infrao, qual for cominada pena mais grave; prevalece a competncia do lugar onde houver ocorrido maior nmero de infraes nos demais casos, firma-se a competncia por preveno.

    prevalece a jurisdio de maior graduao, quando houver concurso de jurisdio de diversas categorias; prevalece a jurisdio especial, quando houver concurso entre jurisdies comum e especial.

    Casos em que a conexo e continncia no importam em unidade de processo e julgamento : concurso entre jurisdio comum e militar; concurso entre jurisdio comum e juzo de menores, pois contra o menor o processo no se inicia.

    Cessa a unidade de processo : se em relao a qualquer ru sobrevier doena mental, (instaura-se o incidente de insanidade) caso em que

    ser autuado em processo de incidente de sanidade mental; o juiz poder ordenar internao em manicmiojudicirio ou instituio equivalente, e o processo incidental em relao a ele ficar suspenso at que este

    ru se restabelea. O processo principal em relao aos outros rus deve prosseguir, para que no se expire oprazo processual;

    quando houver crimes diferentes.

    Cessa a unidade de julgamento, mesmo que haja unidade de processo: se houver co-ru foragido que no possa ser julgado revelia crimes dolosos contra a vida inafianveis; se os co-rus tiverem diferentes defensores; houver diferente recusa de jurado;Obs o jurado recusado por um ru e aceito por outro poder participar o julgamento do ru que o aceitou,salvo se tambm no for recusado pela acusao.

    facultada a separao dos processos : as infraes tiverem sido praticadas em circunstncias de tempo ou de lugar diferentes; para no prolongar a priso provisria dos acusados, quando em excessivo nmero; por outro motivo relevante, que o juiz repute conveniente a separao.

    Verificada a reunio de processo, o juiz continuar competente para os demais processos, mesmo que noprocesso de sua competncia sobrevenha sentena absolutria ou desclassificao para outra que no inclua suacompetncia.

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    Reconhecida incialmente a competncia ao jri por conexo e continncia, o juiz que vier a desclassificar ainfrao ou impronunciar ou absolver o acusado, remeter o processo ao juzo competente. Caso seja o jri for oque desclassifique, o juiz que preside o tribunal ser o competente.

    Preveno (art. 83 CPP)Firma-se a competncia pela preveno ao primeiro juiz que toma conhecimento do fato delituoso e praticaalgum ato pertinente.

    Exemplos (art. 71 e 1 e 2 do art. 72 CPP) : infrao continuada ou permanente praticada em territrio de duas ou mais jurisdies; se o ru tiver mais de uma residncia; se o ru no tiver residncia ou for ignorado seu paradeiro.

    Prerrogativa de Funo (arts. 84 a 87 CPP)A competncia firmada em razo do cargo que o ru ocupa ou pelo tipo de infrao cometida.Exemplos : o tribunal do jri - crimes dolosos contra a vida (homicdio, infanticdio, induzimento ao suicdio e aborto)

    nas suas formas tentada e consumada (juizes leigos); congresso nacional presidente da repblica, senadores e deputados federais em crimes de responsabilidade

    funcional; STF presidente da repblica, senadores e deputados federias em crimes comuns; STJ governadores em crimes comuns; tribunal de justia deputados estaduais e prefeitos em crimes comuns; assemblia legislativa governadores e deputados estaduais em crimes de responsabilidade funcional; cmara dos vereadores prefeito em crime de responsabilidade funcional; obs vereadores no tm foro privilegiado.

    Disposies Especiais

    O STF entende que as pessoas com prerrogativa de foro em decorrncia da funo, somente tero estaprerrogativa se se encontrarem no exerccio da funo por ocasio da conduta delituosa. Quando no maisestiverem no cargo, sero julgadas pela justia comum.Casos especiais: crimes praticados fora do pas juiz competente o da capital do estado onde por ltimo residiu o acusado,

    ou caso no tenha residncia, o juiz competente o de Braslia; crimes cometidos em embarcaes nacionais ou em aeronaves nacionais nas guas ou no espao areo

    brasileiros sero julgados pelo juiz do primeiro porto ou aeroporto em que a embarcao ou a aeronavetocar, aps o crime;

    crimes cometidos por aeronave nacional no territrio nacional ou em alto-mar ou em aeronave estrangeirano espao areo brasileiro sero julgados pelo juiz do ltimo aeroporto do qual a aeronave partiu;

    quando incerta, a competncia se firmar pela preveno.

    Tribunal do Jri

    A cada fim de ano so selecionados os jurados e seus suplentes para o ano seguinte, que constaro, emdezembro, de uma lista publicada, que pode ser impugnada por qualquer cidado.Para cada julgamento so sorteados e convocados 21 jurados, dos quais , no mnimo, 15 devem estar presentespara que se possa instaurar os trabalhos. Entretanto, comporo o conselho de sentena, somente 7 jurados, queno mais podem funcionar em outro processo.

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    As partes tm direito a at 3 recusas imotivadas. O jurado recusado por um ru e aceito por outro poderparticipar o julgamento do ru que o aceitou, salvo se tambm no for recusado pela acusao.

    1 Fase Processual denncia pelo MP; recebimento da denncia pelo juz; interrogatrio do ru; defesa prvia feita pelo defensor; sumrio de culpa oitiva das testemunhas; diligncia se houver fato novo; alegaes finais MP pronuncia o ru;

    2 Fase Processual pronncia mero juzo de admissibilidade da ao proposta pelo Estado (denncia), por meio da qual se

    determina que o juiz remeta o processo ao tribunal do jri; no faz coisa julgada material, porque pode sermudada pelo jri; pode haver recurso da pronncia em 5 dias, sob pena de precluso (perda do direito derecorrer); nulidades ocorridas depois da pronncia devem ser aguidas no incio da audincia de julgamentosob pena de precluso (perda do direito de recorrer); a sua nulidade requerida.

    libelo crime acusatrio proposio de acusao feita pelo MP de acordo com a denncia emjulgamento e tem que ser distinto para cada ru; contrariedades ao libelo crime acusatrio teses da defesa do defensor em julgamento; quesitos a partir do libelo e das teses de defesa apresentadas em julgamento, o juiz apresentaros quesitos ao jri para votao; os quesitos referem-se a autoria, a materialidade, a letalidade e atentativa da conduta; o juiz pautar sua sentena, conforme a votao dos quesitos feita pelo jri e nascondies do art. 59 CP, ou seja, condies do agente, grau de culpabilidade, etc.;. regras da formulaodos quesitos (art. 481 CPC) : 1)fato principal do libelo, 2)teses que causam absolvio, 3)teses quecausam diminuio de pena; 4)teses atenuantes; 5) teses qualificadoras; 6)teses que causam aumentode pena, etc.

    impronncia se no h prova de autoria e materialidade do crime, o juiz julga por impronncia e arquiva o

    processo; mas, antes de ocorrer a prescrio, o juiz pode desarquiv-lo, quando houver prova de autoria ematerialidade; absolvio sumria prova de excludente de ilicitude ou excludente de penalidade; entretanto tem duplo

    grau de jurisdio (recurso de ofcio); desclassificao o juiz que preside o jri sumariamente entendendo que no aquele crime, pode

    desclassific-lo, mas no capitul-lo, remetendo, assim, o processo secretaria para que seja distribudo aojuiz competente. Caso o crime seja desclassificado pelo jri, o juiz que preside o tribunal ser o competentepara o julgamento, oportunidade em que proferir a sentena.

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    2 Prova

    I Priso

    Priso a privao da liberdade de locomoo , ou seja, do direito de ir e vir, por motivo lcito ou por ordemlegal. Pode ser : pena privativa de liberdade - simples (contraveno), priso para crimes militares, recluso, deteno; ato de captura priso em flagrante ou em cumprimento de mandado; custdia recolhimento da pessoa ao crcere;

    Espcies de Priso: priso penal tem a finalidade repressiva e ocorre com o trnsito em julgado da sentena condenatria em

    que se imps pena privativa de liberdade; priso de natureza processual a priso cautelar em sentido amplo e pode ser :

    priso em flagrante (arts. 301 a 310 CPP); priso preventiva (arts. 311/316 CPP); priso resultante de pronncia (arts. 282 e 408 1 CPP); priso resultante de sentena penal condenatria sem trnsito em julgado (arts. 393 I CPP);

    priso temporria (Lei n 7.960/89); priso cautelar de natureza constitucional (art. 139 II CF); priso administrativa art. 319 I CPP, cuja competncia a autoridade judiciria; priso civil devedor de alimentos, depositria infiel, detentor de ttulo e falido (art. 5 LXVII CF); priso disciplinar art. 656 CPP, revogada pela CF; priso militar crimes militares (art. 5 LXI e 142 2 CF).

    Mandado de PrisoRegra a priso somente pode ser efetuada mediante ordem escrita da autoridade judiciria competente (art285 CPP).Requisitos do mandado: ser lavrado pelo escrivo e assinado pela autoridade; designar a pessoa que tiver de ser presa (perfeita individuao); mencionar a infrao penal que motivar a priso (fundamento); valor da fiana arbitrada, quando inafianvel a infrao; indicao de quem dirigida para dar-lhe execuo; gera nulidade autoridade incompetente, no ser assinado pelo juiz; no designar a pessoa ou no ter

    fundamento. Obs. se atingida sua finalidade, no ser nulo (art. 572 II CPP). podero ser expedidos quantos mandados forem necessrios, desde que seja reproduo fiel do teor do

    original (art. 297 CPP).

    Execuo do MandadoRegra a priso ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restries relativas inviolabilidade do domiclio (art. 283 CPP e art. 5 XI CF).O mandado dever ser expedido em duplicata, cpia que o executor dever entregar ao preso, sendo aposto dia,hora e lugar da diligncia (art. 286 CPP).Se o preso se recusar a receb-la, no souber ou no puder escrever,ser assinada por duas testemunhas (art. 286 CPP). Ser informado ao preso os seus direitos, dentre os quais ode permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado e da identificao dosresponsveis por sua priso ( art. 5 LXII e LXIV CF).Se a infrao for inafianvel, a falta de exibio do mandato no obstar a priso e o preso em tal caso, serimediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado (art. 297 CPP).

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    Priso em DomiclioArt. 5 XI CF A casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento domorador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre ou para prestar socorro ou durante o dia , pordeterminao judicial.Regra durante o dia, havendo mandado de priso, a captura pode ser efetuada durante o dia (6:00 hs s 18:00 hs),

    mesmo sem o consentimento do morador, seja este capturando ou terceiro. (art. 293 CPP). durante a noite, na oposio do morador ou de pessoa a ser presa, o executor no poder invadir a casa

    devendo esperar que amanhea para se dar cumprimento ao mandado. Entretanto, em se tratando de crimeem execuo ou de flagrante delito, permite-se a entrada sem o consentimento do morador (art. 293 CPP).

    Priso em PerseguioRegra o perseguidor poder efetuar a priso no lugar onde alcanar o capturando (art. 290 CPP).Entende-se por perseguio : tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupo, embora o tenha perdido de vista; sabendo-se por indcios ou informaes fidedignas que o ru tenha passado a pouco tempo em tal direo

    (encalo fictcio);Em tal circunstncia, o executor dever apresentar o preso autoridade local, que determinar a lavratura doauto de priso em flagrante, se for o caso, e determinar a remoo do preso para a apresentao ao juiz queexpediu o mandado original.

    Priso Fora do Territrio do JuizRegra no h impedimento, dentro do territrio nacional, que a captura possa ser efetuada fora da jurisdioterritorial do juiz que a ordenou, por meio de carta precatria (art. 289 CPP)Havendo urgncia, (ex. eminncia de fuga para o exterior), permite a lei a priso sem carta precatria, hipteseem que se pressupe a existncia de regular mandado de priso, inclusive no caso de crime inafianvel (arts298 e 299 CPP).

    Emprego de Fora

    A lei permite o emprego de fora se for necessrio, ou seja, indispensvel no caso de resistncia ou tentativa defuga do preso quando da execuo do mandado, bem como resiste o capturando quando se ope com violnciaou ameaa priso, seja na exibio do mandado e intimao para acompanhar o executor. A fuga ou tentativade fuga ocorre quando o capturando desobedece a ordem negando-se a acompanhar o executor, escapando ouprocurando escapar do executor. No caso de resistncia por parte de terceiros o executor poder usar os meiosnecessrios para defender-se ou para vencer a resistncia, fatos que sero lavrados em auto assinado por duastestemunhas (arts. 284, 291 e 292 CPP).

    CustdiaRegra - ningum ser recolhido priso sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor, a quem ser

    entregue uma cpia, devendo ser passado o recibo com dia e hora da entrega do preso (custdia) (art. 288 CPP)Os presos provisrios, sempre que possvel, ficaro separados dos que j tiverem definitivamente condenados(art. 300 CPP).

    Priso EspecialSem ferir o preceito constitucional de que todos so iguais perante a lei, esta prev hipteses em que a custdiado preso provisrio, pode ser efetuada em quartis ou priso especial, prerrogativa concedida a certas pessoaspelas funes que desempenham, por sua educao, etc. A priso especial perdurar enquanto no transitar emjulgado a sentena condenatria (arts. 295 e 296 CPP e alteraes posteriores). Nos locais onde no houver

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    estabelecimento adequado para se efetivar a priso especial, pode-se efetuar a priso provisria domiciliarprevista na Lei n 5.256/67.

    II - Priso de Natureza Processual

    II.1 - Priso em Flagrante

    A despeito do princpio da presuno de inocncia, a Constituio Federal no impede a priso em flagrante

    (processual). Devido ao ilcito ser patente e se concretizar a certeza visual do crime, h cabimento a priso emflagrante que permite a priso do autor, sem mandado, ou seja, uma providncia administrativa acautelatriada prova da materialidade do fato e da respectiva autoria (arts. 301 e 302 CPP e art. 5 LVII e LXI CF).Nas situaes legais (art. 302 e 303 CPP) em que h a notitia criminis e estando presentes os pressupostos , aautoridade est obrigada lavratura do competente auto de priso, tendo em vista o princpio da obrigatoriedadeou da legalidade da ao penal (art. 24 CPP), exceto quando se verificar a hiptese de crime organizado, isto das infraes que resultem de aes de quadrilha ou bando (Lei n 9.034/95).A lei considera : flagrante prprio priso daquele que est cometendo o crime (art. 302 I CPP); quase flagrante priso daquele que acabou de praticar a infrao (art. 302 II CPP); flagrante imprprio priso daquele que perseguido, logo aps (24 hs.), pela autoridade, pelo ofendido ou

    por qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser autor da infrao (art. 302 III CPP). Neste caso aperseguio pode ser por horas ou vrios dias;

    flagrante presumido ou ficto priso daquele que encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,objetos ou papis que faam presumir ser ele o autor da infrao ( art. 302 IV CPP). Neste caso no hperseguio, pois o agente encontrado, por acaso ou no, com a posse de coisas que o presume-se comoautor de um delito acabado de cometer.

    Observao : nas infraes de natureza permanente, entende-se o agente em flagrante delito enquanto no cassar

    permanncia (ex. crcere privado, seqestro) (art. 303 CPP); a situao no a mesma no caso de crime habitual, pois a priso em flagrante exige a prova da reiterao

    de atos que traduzem o comportamento criminoso; independe de infrao penal de ao privada ou pblica, dolosa ou culposa; no h flagrante preparado, pois a smula 145 STF prev que no h crime quando a preparao do

    flagrante pela polcia torna impossvel sua consumao.

    Sujeitos do FlagranteNos termos da lei, qualquer do povo poder (faculdade) e as autoridades policiais e seus agentes devero(obrigatoriedade) prender quem seja encontrado em flagrante delito (art. 302 CPP).

    Autoridade CompetenteEfetuada a priso em flagrante, o capturado, para que seja procedida a autuao, deve ser apresentado autoridade competente, que no caso, a autoridade policial no exerccio de uma das funes primordiais dapolcia judiciria da circunscrio onde foi efetuada a priso (no a do local do crime), ou a do local maisprximo, quando naquele lugar no houver autoridade (arts. 290 e 308 CPP).

    Prazo para Lavratura do Auto de Priso em FlagrantePelo disposto nos arts. 304 e 306 do CPP, tem-se 24 horas para que seja entregue ao preso a nota de culpa,prazo este mximo para lavratura do auto de priso em flagrante.

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    Auto de Priso em Flagrante

    A lavratura do auto de priso em flagrante no um ato automtico da autoridade policial competente, porquetem que estar presentes os pressupostos da certeza absoluta da materialidade do crime e indcios mnimos deautoria. Deve ser comunicada a priso famlia do preso ou a pessoa por ele indicada, a fim de que possibilite aestas que tomem as providncias que entenderem necessrias (art. 5 LXIII CF).No auto de priso em flagrante, sero ouvidas as seguintes pessoas, nesta ordem (art. 304 CPP):condutor, testemunhas instrumentria de instruo e acusado. Aps, o escrivo lavrar o auto que ser assinado

    pela autoridade, condutor, ofendido, testemunhas, pelo preso, que se recusar ou no puder faz-lo, ser supridapor duas testemunhas de apresentao, seu curador ou defensor.

    Priso pela AutoridadeNo caso de deleito praticado contra a autoridade (desacato ou desobedincia).

    CustdiaEncerrado o auto de priso em flagrante e resultando das respostas s inquiries efetuadas pela autoridadefundada suspeita contra o conduzido, mandar ela recolh-lo priso (art. 304 CPP).

    Nota de Culpa

    Dentro de 24 horas depois da priso, ser dada ao preso nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivoda priso, o nome do condutor, e os das testemunhas (art. 306 CPP e art. 5 LXIV CF).

    II.2 - Priso Preventiva

    Conceito uma medida cautelar , constituda pela privao de liberdade do acusado como autor do crime edecretada pelo juiz, antes do trnsito em julgado da sentena condenatria. Ocorre durante o inqurito ouinstruo criminal em face da existncia de pressupostos legais, para resguardar os interesses sociais desegurana. uma medida facultativa, devendo ser decretada apenas quando necessria segundos os requisitoslegais.

    PressupostosA priso preventiva somente pode ser decretada quando houver prova da existncia de crime (certeza damaterialidade - laudo de corpo de delito, prova documental, prova testemunhal) e indcios suficiente de autoria(no preciso ter a certeza da autoria fumus boni juris) (art. 312 CPP)

    FundamentosProvada a existncia do crime e havendo indcios suficientes de autoria - periculum in mora que fundamenta amedida cautelar (art. 312 CPP), a a priso preventiva poder ser decretada : como garantia da ordem pblica evitar que o delinqente pratique novos crimes contra a vtima e seus

    familiares; como garantia da ordem econmica Lei n 8.884/84, 8.137/90 (crimes contra a economia popular e

    sonegao fiscal); por convenincia da instruo criminal para assegurar a prova processual, de modo a impedir que a ao

    do criminoso no sentido de fazer desaparecer as provas do crime, apagar vestgios, subornar, aliciartestemunhas ou amea-las, etc;

    para assegurar a aplicao da lei penal - impede-se o desaparecimento do autor da infrao que pretenda sesubtrair aos efeitos penais da eventual condenao.

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    Condies de Admissibilidade

    Conforme art. 313 CPP, quando presentes os pressupostos e fundamentos, a priso preventiva permitida naocorrncia dos crimes dolosos : punidos com recluso; punidos com deteno, quando se apurar que o indiciado vadio, ou havendo dvida sobre sua identidade

    no fornecer ou indicar elementos para esclarec-la; se o ru tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentena transitada em julgado, exceto nos casos

    do art. 46 CP (transcorrido tempo superior a 5 anos entre o cumprimento ou extino da pena e a infraoposterior).

    No se aplica a a mera contraveno, e ao agente que tenha praticado e o crime nas condies do art. 23 CP(excludente de ilicitude estado de necessidade, legtima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exerccioregular de direitos), nos termos do art. 314 CPP.

    DecretaoA priso preventiva pode ser decretada em qualquer fase do inqurito policial ou da instruo criminal, tantonos casos de ao penal pblica ou privada, desde que presente os pressupostos, fundamentos e condies deadmissibilidade previstos em lei (art. 311 CPP). No h recurso, somente o pedido de habeas corpus comfundamento em constrangimento ilegal, decorrente da inadmissibilidade da medida amparada em falta de

    fundamentao adequada, na inexistncia de pressupostos, etc.

    FundamentaoO despacho que decretar ou denegar a priso preventiva ser sempre fundamentado (art. 315 CPP). indispensvel que se fundamente em fatos concretos que lhe proporcionem fomento.

    Revogao ou RedecretaoA priso preventiva apresenta o carter de impreviso, podendo ser revogada conforme o estado da causa. Ojuiz poder revogar a priso preventiva se, no decorrer do processo, verificar a falta de motivo para que subsista(art. 316 CPP). No mais presentes os fatores que a recomendem, no deve ela ser mantida somente porque aautoria est suficientemente provada ou a materialidade da infrao demonstrada. Da deciso que revoga a

    priso preventiva cabe recurso em sentido estrito (art. 581 V CPP). Entretanto, considerando-se a natureza e afinalidade da priso preventiva, natural que se permita ao juiz novamente decret-la, mesmo porque aqualquer momento ela pode ser necessria.

    Apresentao EspontneaA apresentao espontnea do acusado autoridade no impedir a decretao da priso preventiva nos casosem que a lei autoriza (art. 317 CPP).

    II.3 Priso Resultante de Pronncia (art. 282 e 408 1 CPP)

    O juiz mantm a priso se o acusado estiver preso na fase de instruo de julgamento. A priso poder efetuar-

    se em virtude de pronncia e mediante ordem escrita da autoridade competente. Na sentena da pronncia, ojuiz declarar o dispositivo legal em cuja sano julgar em curso o ru, e recomend-lo- na priso em que seachar, ou expedir as ordens necessrias para a sua captura.

    II. 4 - Priso Resultante de Sentena Penal Condenatria Recorrvel (arts. 393 I e 594 CPP)

    R ru ser preso ou conservado na priso, assim nas infraes afianveis ou inafianveis, enquanto noprestar fiana. Ademais, o ru no poder apelar se no recolher-se priso ou prestar fiana.

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    II.5 Priso Temporria

    Trata-se de medida acauteladora de restrio de liberdade de locomoo, por tempo determinado, destinada apossibilitar as investigaes a respeito de crimes graves, durante o inqurito policial. Somente pode serdecretada por autoridade judiciria, conforme imposio constitucional, tendo tempo limitado de durao, ouseja, 5 dias prorrogveis por igual perodo, com exceo da prtica de crimes hediondos e outros delitos graves,em que o prazo mais dilatado.

    FundamentoA Lei n 7.960/89 prev que caber : quando imprescindveis para investigaes do inqurito policial; quando o indiciado no tiver residncia fixa ou no fornecer elementos necessrios ao esclarecimento de sua

    identidade;Caber nos crimes : homicdio doloso, seqestro ou crcere privado, roubo, extorso, extorso medianteseqestro, estupro, atentado violento ao pudor, rapto violento, , etc.

    Crimes HediondosConforme definido no art. 5 XLIII CF, os crimes hediondos so :latrocnio, extorso mediante seqestro, estupro, atentado violento ao pudor, epidemia com resultado morte

    envenenamento de gua potvel ou de substncia alimentcia ou medicinal qualificado pela morte, genocdiohomicdio, tortura, racismo, terrorismo, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins . A priso temporria tertempo limitado de durao, ou seja, 30 dias prorrogveis por igual perodo.

    ProcedimentoA priso temporria pode ser decretada em face de representao da autoridade policial ou a requerimento doMinistrio Pblico, ou seja, no h decretao de ofcio pelo juiz. O juiz tem 24 horas para decidir sobre apriso em despacho fundamentado, sob pena de nulidade. O mandado deve ser expedido em duas vias, e aprorrogao exige extrema e comprovada necessidade, ou seja, a razo tem que ser maior que o fundamentoinvocado para a priso. O acusado ficar separado dos demais detentos e pode se entrevistar com seu advogadoe com familiares.

    III Priso Cautelar de Natureza Constitucional

    A priso cautelar de natureza constitucional (art. 139 II CF), tem cabimento na vigncia do estado de stioquando sero decretadas as seguintes medidas s pessoas : permanncia em localidade determinas; deteno em edifcio no destinado a este fim; restries relativas inviolabilidade de correspondncia, ao sigilo da comunicao, etc.; suspenso da liberdade de reunio; busca e apreenso em domiclio; interveno nas empresas de servio pblico; requisio de bens.

    IV Priso Administrativa

    Conceito aquela decretada por autoridade administrativa, por motivos de ordem administrativa e comfinalidade administrativa (art. 319 e 320 CPP).

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    Competncia para a DecretaoSomente competente para sua decretao a autoridade judiciria, pelo que se deflui do art. 5 LXI da CF emque ningum pode ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridadejudiciria competente, salvo excetuada a transgresso militar.

    A priso administrativa ter cabimento, dentre outros, nos seguintes casos : contra remissos ou omissos em entrar para os cofres pblicos com dinheiros a seu cargo, a fim de compeli-

    los a que o faam (peculato). contra estrangeiros desertor de navio de guerra ou mercante, surto em porto nacional.

    V Priso Civil

    Competncia para a DecretaoSomente competente para sua decretao a autoridade judiciria, pelo que se deflui do art. 5 LXI da CF emque ningum pode ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridadejudiciria competente, salvo excetuada a transgresso militar.

    A priso civil ter cabimento nos seguintes casos (art. 5 LXVII CF): inadimplemento voluntrio e inescusvel da penso alimentcia; depositrio infiel 904 CPP; detentor de ttulo - 885 CPP; falido Lei de Falncia.

    VI Priso Militar

    A priso aplicada somente para crimes militares (art. 5 LXI e 142 2 CF), quando no ser decretada pelaautoridade judicial e no caber habeas corpus.

    VII Liberdade Provisria

    A liberdade provisria um instituto por meio do qual o acusado no recolhido priso ou posto emliberdade quando preso, vinculado ou no a certas obrigaes que o prendem ao processo e ao juzo, com o fimde assegurar a sua presena ao processo sem o sacrifcio da priso provisria. Direito subjetivo do acusadoquando se verificar a ocorrncia das hipteses legais que a autorizam.As hipteses de liberdade provisria, com ou sem fiana, so decorrentes : flagrante (arts. 301 a 310 CPP); em decorrncia de pronncia (art. 408 1 CPP); sentena condenatria recorrvel (art. 594 CPP).Tem a denominao de liberdade provisria porque : pode ser revogada a qualquer tempo;

    vigora at o trnsito em julgado da sentena final condenatria.Obs : na liberdade provisria o acusado fica sujeito a sanes caso no cumpra as obrigaes. Ao contrrio, orelaxamento da priso em flagrante decorre do art. 5 LXV CF e nunca h obrigaes. A hediondez noautoriza a priso preventiva.A liberdade provisria pode ser : obrigatria ocorre quando o ru se livra solto independentemente de fiana (art. 321 I e II CPP) permitida nas hipteses em que no couber priso preventiva e os requisitos legais forem preenchidos,

    inclusive ao acusado primrio e de bons antecedentes pronunciado (art. 408 2 CPP), ou quandocondenado por sentena recorrvel (art. 594 CPP);

    vedada quando couber priso preventiva e nas hipteses em que a lei expressamente probe.

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    VII - Liberdade Provisria Sem Fiana

    Liberdade provisria sem vinculao a liberdade provisria sem fiana e sem obrigaes ao acusado, ocorrenos casos em que o ru se livra solta (art. 321 CPP infrao penal com pena privativa de liberdade nosuperior a trs meses), exceto quando o acusado for vadio ou reincidente em crime doloso (art. 323 III e IVCPP).Liberdade provisria com vinculao a liberdade provisria sem fiana e com obrigaes ao acusado ocorre

    nos casos em que : agente praticou o ato nas condies do art. 23 CP (causas de excludente de ilicitude - estado de necessidade

    legtima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exerccio regular de direito), nos termos do art. 310CPP;

    ao acusado em inqurito preso em flagrante antes do recebimento da denncia; quando o juiz verificar pelo auto de priso em flagrante a inocorrncia de qualquer das hipteses que

    autorizam a priso em flagrante (crimes afianveis ou inafianveis).

    VIII - Liberdade Provisria Com Fiana

    Fiana

    um direito subjetivo do acusado (art. 5 LXVI CF), que lhe permite mediante cauo e cumprimento de certasobrigaes, conservar sua liberdade at a sentena condenatria irrecorrvel, e est regulada nos arts. 322 a 350CPP.

    Inafianabilidade (arts. 323 e 324 CPP)No admitem fiana : crimes punidos com recluso em que a pena mnima cominada for superior a 2 anos ; contravenes tipificadas nos arts. 59 e 60 LCP vadiagem e mendicncia; crimes dolosos punido com pena privativa de liberdade se o ru tiver sido condenado por outro crime doloso

    em sentena transitada em julgado (reincidncia); em qualquer caso, quando prova-se que o ru vadio (no tem meios para prover seu sustento); nos crimes punidos com recluso que provoquem clamor pblico (prtica de crime em circunstncias

    especiais), ou que tenham sido cometidos com violncia contra a pessoa ou grave ameaa (leso corporal,tentativa de estupro, etc.);

    acusado possa se beneficiar, ao final, com suspenso condicional da pena, ousursis; crimes de tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os definidos como hediondos; tiverem quebrado a fiana concedida no mesmo processo ou infringido, sem justo motivo, qualquer

    obrigao; priso em mandado do juiz cvel, de priso disciplinar (revogada), administrativa ou militar; ao que estiver em gozo de livramento condicional ou suspenso condicional; quando estiverem presentes os pressupostos que autorizem a decretao da priso preventiva.

    Valor da Fiana (art. 325 CPP)Fixada de acordo com a pena cominada abstratamente infrao penal e em salrios mnimos de referncia(SMR) : 1 a 5 SMR pena privativa de liberdade de at 2 anos; 5 a 20 SMR pena privativa de liberdade de at 4 anos; 20 a 100 SMR pena privativa de liberdade superior a 4 anosEste valor poder ser reduzido de at no mximo 2/3 se assim recomendar a situao econmica do ru, ou seraumentada at o dcuplo.

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    No se permite liberdade provisria sem fiana nos crimes de sonegao fiscal e contra a economia popular.Pressupostos: a liberdade provisria com fiana somente poder ser concedida por juiz competente aps a lavratura do

    auto de priso em flagrante; valor ser fixado pelo juiz que a concedeu; se assim recomendar a situao econmica do ru, o limite mnimo ou mximo da fiana poder ser

    reduzido at nove dcimos ou aumentado at o dcuplo.

    Modalidades (art. 330 CPP) por depsito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, ttulos da dvida pblica; por hipoteca de casa, terreno, navio.A coisa dada em cauo fica sujeita ao pagamento das custas, da indenizao do dano e da multa, caso o ru forcondenado, mesmo no caso de prescrio aps sentena condenatria.

    Arbitramento (art. 326 CPP)Para determinar o valor da fiana, a autoridade ter em considerao a natureza da infrao, as condiespessoais de fortuna e da vida pregressa do acusado, as circunstncias indicativas da sua periculosidade, bemcomo a importncia provvel das custas do processo, at o julgamento

    Reforo (art. 340 CPP)Pode acontecer que o valor arbitrado se mostre inexato ou insuficiente aos fins visados pelo instituto, nosseguintes casos : quando a autoridade tomar por engano fiana insuficiente; quando houver depreciao material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados ou depreciao

    dos metais ou pedras preciosas; quando for inovada a classificao do delito.

    Dispensa ( art. 350 CPP)Nos casos em que no couber fiana, o juiz verificando ser impossvel ao ru prest-la, por motivo de pobreza

    (falta de recurso para prest-la sem que acarrete sacrifcios ou privaes para o sustento do acusado e de suafamlia), poder conceder-lha a liberdade provisria sujeitando-o s obrigaes constantes dos arts. 327 e 328CPP (comparecimento perante a autoridade e comunicao de mudana de residncia).

    Obrigaes (arts. 327 e 328 CPP)O acusado fica sujeito s seguintes obrigaes: comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimado para os atos do inqurito e da instruo

    criminal e para julgamento; no poder mudar de residncia sem prvia permisso da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de

    oito dias de sua residncia, sem comunicar quela autoridade o lugar onde ser encontrado.

    Concesso (arts. 322 e 335 CPP)A fiana poder ser concedida em qualquer fase do inqurito policial ou do processo, at o trnsito em julgado dadeciso final.

    Pode conced-la de ofcio ou a requerimento do interessado ou de terceiro, sempre em deciso motivada,independentemente de audincia do MP, salvo quando este julgar conveniente (art. 333 CPP) : a autoridade policial, mas apenas nos casos de infrao punida com deteno ou priso simples; a autoridade que presidir os autos nos casos de priso em flagrante; juiz competente, nos casos de recusa ou demora da autoridade policial na concesso da fiana, mediante

    simples petio

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    juiz competente nos casos de habeas corpus ; juiz competente nos casos de crimes apenados com recluso, quando a autoridade policial no pode arbitrar

    a fiana; juiz competente ou a autoridade policial a quem tiver sido requisitada a priso; relator nos casos de competncia originria dos Tribunais (art. 557 CPP);O termo de fiana deve ser explcito quanto s condies o obrigaes do afianado e juntado aos autos (art.329 CPP) e o valor ser recolhidos aos cofres pblicos (art. 331 CPP).

    Cassao (arts. 338 e 339 CPP)

    Hipteses : a fiana que se reconhea no ser cabvel na espcie ser cassada em qualquer fase do processo; ser cassada a fiana quando se reconhea a existncia de delito inafianvel, no caso de inovao na

    classificao do delito.Da deciso que cassar a fiana cabe recurso em sentido estrito (art. 581 V CPP) sem efeito suspensivo, que socorre no caso de perda de fiana (art. 584 CPP), oportunidade em que a coisa caucionada ser devolvidaintegralmente ao acusado.

    Quebra (arts. 324, 328, 341/343 CPP)Hipteses : quando o ru legalmente intimado para o processo, deixar de comparecer, sem provar incontinenti (assim

    que desaparea a causa), motivo justo, ou quando na vigncia da fiana, praticar outra infrao penal (crimeou contraveno);

    quando o acusado mudar de residncia sem prvia permisso da autoridade processante, ou ausentar-se pormais de 8 dias de sua residncia, sem comunicar quela autoridade o lugar onde ser encontrado.

    O quebramento da fiana importa a perda de metade de seu valor e a obrigao por parte do ru de recolher-se priso, prosseguindo-se, entretanto sua revelia, no processo de julgamento, enquanto no for preso (impede-senova fiana no mesmo processo). A decretao da quebra de competncia do juiz, contra a qual cabe recurso.

    Perda (art. 344 CPP)

    Ocorre o perdimento do valor da fiana em sua totalidade se o ru no se apresentar priso, aps o trnsito emjulgado da sentena condenatria em que no for concedida a suspenso condicional da pena. A decretao daperda de competncia do juiz, contra a qual cabe recurso. O trnsito em julgado da sentena absolutria ouque declare extinta a ao penal, o valor da fiana ser restitudo sem desconto.

    IX - Atos Processuais

    Conceito

    O ato jurdico uma declarao humana que se traduz numa declarao de vontade destinada a provocar umaconseqncia jurdica.O ato processual aquele ato jurdico praticado para criar, modificar ou extinguir direitos processuais. todaconduta dos sujeitos do processo que tenha por efeito a criao, modificao ou extino de situaes jurdicasprocessuais.O direito somente pode ser acionado no momento em que violado e se faz conforme esteja nos cdigos deprocesso.Os atos processuais so condutas praticadas pelos juzes e auxiliares para dar andamento ao processo. Aoconjuntos de atos processuais d-se o nome de procedimento.

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    1) Classificao

    Atos do juizatos finais - so os que solucionam o mrito da causa (decises - terminativas e definitivas);atos interlocutrios so feitos durante o andamento do processo e o pem em marcha (despachos incidentais,etc.).

    Atos das partessimples so os postulatrios (denncia, etc.);complexos so os que buscam a marcha processual ou a prtica de um ato processual (oitiva de testemunhas,etc.).

    2) Formas dos atos Processuais

    Lugar dos atosregra na sede do juzo (sentena, etc.);fora do juzo (leilo, penhora, avaliao, etc.).

    Tempo dos atospoca em que se deve estabelecer os atos (somente podem ser praticados de 600hs. s 1800 hs, etc.).Prazo para a sua execuo podem ser contados em anos, meses, dias, horas e minutos.

    Modo dos Atos Processuais

    Atos das Partes - Classificao: atos postulatrios so os que visam do juiz um pronunciamento sobre o mrito da causa ou mera resoluo

    de contedo processual (requerimento, petio, denncia, queixa, etc.); atos instrutrios so destinados a convencer o juiz do que alegado ou afirmado, ou seja, da verdade da

    afirmao de um fato (alegaes, atos probatrios, etc.); atos reais so os que se manifestam em coisas e no em palavras (juntada de documentos, prestao de

    fiana, etc.); atos dispositivos so os que consistem na declarao da vontade da parte destinada a dispensar a tutela

    jurisdicional dando-lhe existncia ou modificando-lhe as condies (perdo do ofendido, renncia ao direitode queixa, etc.).

    Atos dos Juzes Classificao atos decisrios so os que solucionam questes do processo. Podem ser decises (terminativas e

    definitivas) ou despachos de expediente; atos instrutrios so aqueles em que a atividade do juiz est destinada a esclarecer a verdade dos fatos

    (interrogatrio, oitiva de testemunhas, etc.); atos de documentao so aqueles em que o juiz participa da documentao dos atos processuais

    (subscrever termos de audincia, rubricar folhas dos autos, etc.). atos de coero conduzir a vtima, testemunhas, acusado, etc.; atos de polcia processual sesses de jri, audincias, etc.; atos administrativos alistamento de jurados, etc.; atos anmalos requisitar inqurito policial, recorrer de ofcio, etc.

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    Atos dos Auxiliares de Justia Classificao atos de movimentao promover o desenvolvimento do processo (concluso, abertura de vista s partes

    etc.); atos de execuo cumprimento das determinaes do juiz ( citao do ru, notificao de testemunhas,

    intimao das partes, etc.); atos de documentao em que do f dos atos que foram executados por determinao do juiz (certido de

    intimao, de notificao, de afixao de editais, etc.).

    Atos de Terceirosato de terceiro interessados - prestar fiana, etc.;ato de terceiro desinteressado - prestar testemunho, etc.;

    Espcies de Atos Classificao atos simples so os resultam da manifestao de vontade de uma s pessoa, de um s rgo monocrtico

    ou colegiado (denncia, sentena, acrdo, etc.); atos complexos so aqueles em que observa uma srie de atos entrelaados (audincias, sesses, etc.); atos compostos - o que resulta da manifestao de vontade de uma s pessoa, dependendo, contudo, para

    ter eficcia da verificao e aceitao feita por outro (perdo do ofendido, que depende da aceitao doquerelado, etc).

    TermosA documentao de ato levado a efeito por funcionrio ou serventurio da justia no exerccio de suasatribuies.Classificao termo de autuao inicia o processo com apresentao da denncia ou queixa; termo de juntada quando foi anexado aos autos documento ou coisa; termo de concluso - que remetem os autos ao juiz; termo de vista que os autos esto disposio das partes;

    termo de recebimento que os autos retornam ao cartrio, aps sua sada regular; termo de apensamento por terem sido juntados ao auto principal, outros autos ou peas; termo de desentranhamento que foi separado documento ou pea dos autos.

    X - Citao

    Em decorrncia do princpio da ampla defesa assegurado ao acusado a cientificao da existncia de processoe de todo seu desenvolvimento. Tem o efeito de completar a relao processual. A citao o chamado do juizpara que o acusado se defenda na ao. A citao pessoal, ainda que o acusado seja menor de 21 anos. umato essencial do processo e sua falta gera nulidade absoluta (art. 564 CPP). No dispensada, mesmo que oacusado j tenha tomado conhecimento da imputao (ex. crimes de funcionrios pblicos quando afianveis -

    arts. 514/518 CPP, crimes de competncia originria dos tribunais - arts. 558/560 CPP).A falta ou nulidade da citao estar sanada se o interessado comparecer antes do ato de se consumar, emboradeclare que o faa para o nico fim de argi-la (art. 570 CPP). No se exige a citao para fins de execuo daspenas ou medidas de segurana.

    Classificao e EfeitosA citao pode ser :real quando se realizada na pessoa do acusado;ficta ou presumida quando se realiza por meio de editais

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    Citao por mandado.Regra a citao por mandado, uma vez que a citao inicial far-se- por mandado, quando o ru estiver noterritrio sujeito jurisdio do juiz que a houver ordenado (art. 351 CPP), exceto para os militares ( art. 358CPP) e em legao estrangeira ( art. 368 CPP).Os requisitos intrnsecos esto elencados no art. 352 CPP : juiz, querelante, ru, residncia do ru, o fim que feita, e ainda o juzo, o lugar, o dia, a hora em que o ru deve comparecer, a subscrio do escrivo e a rubricado juiz.

    Os requisitos extrnsecos esto no art. 357 CPP : a citao deve ser realizada por oficial de justia, que deveproceder leitura do mandado, e entrega da contraf, na qual se mencionaro dia e hora da citao, certificar dasua entrega ou sua recusa.A citao pode ser feita a qualquer dia (teis ou no) e qualquer hora (dia e noite).

    Citao por precatriaQuando o ru estiver fora do territrio da jurisdio do juiz processante, deve ser citado por precatria (art. 353CPP).Os requisitos intrnsecos constam do art. 354 CPP : o juiz deprecado e o juiz deprecante, a jurisdio de um deoutro, o juzo do lugar e o dia e hora em que o ru dever comparecer.Cumprida a precatria ela devolvida ao juiz de origem (art. 355 CPP). Pode haver ainda a precatria

    itinerante, quando o ru estiver em outra jurisdio, que no a do juiz deprecante e juiz deprecado. Ainda podeser feita via telegrfica, se houver urgncia (art. 356 CPP).

    Outras forma de citaoA citao far-se-: se militar - por intermdio do chefe do respectivo servio (art. 357 CPP); se funcionrio pblico por meio do chefe da repartio (art. 359 CPP); se ru preso - por meio do diretor do estabelecimento (art. 360 CPP); se estrangeiros por meio de carta rogatria (art. 368 CPP); se competncia originria dos tribunais por carta de ordem .

    Citao por edital Art. 361 CPPA citao ficta ou presumida realizada quando no for possvel localizar o citando a fim de se integrar arelao processual. Entretanto, com a nova redao do art. 366 CPP, desfez-se esta presuno e o acusadocitado por edital no comparecer ao interrogatrio, tampouco constituir para defend-lo, tal fato impede odesenvolvimento do processo. Cabe citao por edital : ru no encontrado; ru se oculta para no ser citado; ru se encontra em lugar inacessvel; incerta a pessoa que estiver sendo citada; ru se encontra no estrangeiro ou em local no sabido.

    Se o ru no for encontrado ser citado por edital no prazo de 15 dias, que ser contado excluindo-se o dia doincio e computando-se o do vencimento, sempre iniciando e vencendo em dias teis. O escrivo lavrar otermo correspondente.

    XI Intimao e Notificao

    A intimao a cincia dada parte, no processo, da prtica de um ato, despacho ou sentena (ato j praticado).A notificao a comunicao a parte do lugar dia e hora de um ato processual a que deva comparecer (atoainda no praticado).

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    A falta de intimao ou notificao implica nulidade por cerceamento de direito de defesa, passvel de sercorrigida por meio de habeas corpus.

    FormasDevem ser observadas, no que couber, as formas aplicveis citao (art. 370 CPP).Formas especiais (arts. 390/392 e 413/415 CPP).

    XII - Precluso

    A precluso tem por objetivo por fim a uma fase processual para dar celeridade ao processo. Assim preclui apossibilidade da parte de praticar o ato processual.A precluso liga-se ao princpio do impulso processual, ou seja, impede-se de praticar o ato que no foipraticado. Significa que aquela fase processual est preclusa, pois encerra o momento processual, mas oprocesso continua o seu rito normal. Assim, no faz coisa julgada.

    Num sentido amplo a precluso a perda de uma faculdade ou direito processual, que, por haver esgotado oupor no ter sido exercido em tempo ou momento oportunos. Logo, cada ato tem um determinado momentoprocedimental para ser praticado. A no prtica do ato naquele momento procedimental gera a extino dodireito de pratic-lo. Entretanto, no faz coisa julgada.

    No campo objetivoA precluso consiste no fato impeditivo destinado a garantir o avano progressivo da relao processual e obstao seu recuo para fases anteriores do procedimento. a morte do direito de praticar o ato processual.

    No campo subjetivoA precluso representa a perda de uma faculdade ou de um poder ou de um direito processual, porque o cidadotem o direito de praticar o ato.

    Espcies:

    temporal quando o cidado no exerce o poder no prazo determinado, ou seja, perda do prazo em que deveriaser praticado o a (art. 183 CPC);lgica quando decorre de incompatibilidade da prtica de um ato processual com relao a outro ato jpraticado (art. 503 CPC);consumativa quando consiste em um fato extintivo caracterizado pela circunstncia de que a faculdadeprocessual foi validamente exercida, ou seja, omisso ou perda da capacidade de praticar o atos por j ter sidopraticado, ou seja, perda da faculdade de praticar o ato por ter sido praticado outro ato incompatvel com aqueleque poderia ser praticado; (art. 473 CPC).

    Inqurito Policial

    o instrumento atravs do qual a polcia judiciria apura a infrao penal e sua autoria, ou seja, o conjunto dediligncias realizadas pela polcia judiciria para a apurao de uma infrao penal e sua autoria para que otitular da ao penal possa ingressar em juzo pedindo a aplicao da lei ao caso concreto.

    Caractersticas : pea escrita, investigatria, sigilosa e preparatria da ao penal : pea escrita porque todos os atos so reduzidos a termo. O indiciado ser interrogado diretamente, sem

    qualquer interferncia do advogado, e seu depoimento tomado a termo; Se houver alguma incorreo, oindiciado pede a retificao, que, caso no seja feita, se recusar a assinar o termo, fato que ficar apontadona pea;

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    investigatria porque investiga a infrao penal e sua autoria. As partes podem pedir diligncia, que serrealizada a juzo da autoridade, esclarecendo que a escusa h que ser fundamentada. Somente no se poderecusar a realizao de diligncia relativa a corpo de delito;

    sigilosa (art. 20 CPP) uma exceo regra da publicidade (ampla ou restrita) que um dos princpiosque orientam o direito processual penal. No h defesa porque se trata de procedimento administrativo. Aregra do art. 21 CPP prev a incomunicabilidade do indiciado. Com amparo no inciso III do art. 7 doEstatuto da OAB, direito do advogado comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmosem procurao, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou

    militares, ainda que considerados incomunicveis. Com amparo no inciso XIV do art. 7 do Estatuto daOAB direito do advogado, examinar em qualquer repartio policial, mesmo sem procurao, autos deflagrante e de inqurito, findos ou em andamento, ainda que conclusos autoridade, podendo copiar peas etomar apontamentos.Com amparo no inciso XV do art. 7 do Estatuto da OAB direito do advogado tervista dos processos judiciais e administrativos de qualquer natureza, em cartrio ou na repartiocompetente, ou retir-los pelos prazos legais.

    preparatria da ao penal - - para permitir que o titular da ao penal (MP) possa promov-la.

    Notcia do crimeA notcia do crime pode chegar polcia judiciria por meio de telefonemas, imprensa, o prprio ofendido, etc.e se chamar delao do crime.

    A notcia do crime pode ser: simples aquela em que apenas comunicado polcia judiciria a ocorrncia de uma infrao penal e

    aplica-se ao penal pblica incondicionada; postulatria aquela em que alm de ser comunicado polcia judiciria a ocorrncia de uma infrao

    penal, manifestado o desejo de ver instaurado o inqurito policial (representao ou requisio) e aplica-se ao penal pblica condicionada. Na ao penal privada necessrio que haja o queixa do ofendido ou dequem legalmente o represente, no sentido de que seja instaurado o inqurito policial.

    A polcia judiciria pode deixar de instaurar o inqurito, mediante despacho fundamentado, contra o qual caberecurso, porque o inqurito no pode servir de instrumento para propsitos mesquinhos (art. 5 2 CPP)Assim a regra da obrigatoriedade no absoluta , exceto com relao requisio do juiz e MP. A autoridade

    policial deve fazer o interrogatrio do indiciado, que tendo entre 18 e 21 anos tem direito a um curador, sobpena de irregularidade, prejudicando o valor probatrio da pea. Deve ser assegurado o direito do indiciado deficar em silncio, sem qualquer prejuzo, porque ele pode se negar a responder qualquer pergunta, poisdetermina o inciso LXIII do art. 5 CF que o preso ser informado de seus direitos dentre os quais o depermanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e do advogado.O inqurito judicial se inicia com o auto de priso em flagrante .O inqurito judicial encerra-se com o relatrio exarado pela polcia judiciria, que contm a narrao dos fatossomente, pois quem tem atribuio para opinar somente o MP.

    O prazo para concluso do inqurito policial de : 30 dias para indiciado solto. Se o prazo no for cumprido, nada acontece e a polcia judiciria pode pedir ao

    juiz para fazer a dilao do prazo; 10 dias para indiciado preso. Se o prazo no for cumprido, nada acontece e a polcia judiciria pode pedir ao

    juiz para fazer a dilao do prazo, que no ser concedido, porque se no arrecadou elementos para manter oindiciado preso, naquele prazo, no poder mais mant-lo preso (arts. 10 e 46 CPP). Para fins de excesso de prazo e cabimento de habeas corpus, o prazo do inqurito somado com os prazos da ao penal(jurisprudncia pacfica).

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    Priso

    Priso a privao da liberdade de locomoo , ou seja, do direito de ir e vir, por motivo lcito ou por ordemlegal.Espcies de Priso: priso penal tem a finalidade repressiva e ocorre com o trnsito em julgado da sentena condenatria em

    que se imps pena privativa de liberdade; priso de natureza processual a priso cautelar em sentido amplo e pode ser :

    priso em flagrante (arts. 301 a 310 CPP); priso preventiva (arts. 311/316 CPP); priso resultante de pronncia (arts. 282 e 408 1 CPP); priso resultante de sentena penal condenatria sem trnsito em julgado (arts. 393 I CPP); priso temporria (Lei n 7.960/89);

    Liberdade Provisria

    A liberdade provisria um instituto por meio do qual o acusado no recolhido priso ou posto emliberdade quando preso, vinculado ou no a certas obrigaes que o prendem ao processo e ao juzo, com o fim

    de assegurar a sua presena ao processo sem o sacrifcio da priso provisria. Direito subjetivo do acusadoquando se verificar a ocorrncia das hipteses legais que a autorizam.As hipteses de liberdade provisria, com ou sem fiana, so decorrentes : flagrante (arts. 301 a 310 CPP); em decorrncia de pronncia (art. 408 1 CPP); sentena condenatria recorrvel (art. 594 CPP).Tem a denominao de liberdade provisria porque : pode ser revogada a qualquer tempo; vigora at o trnsito em julgado da sentena final condenatria.Obs. : na liberdade provisria (priso legal) o acusado fica sujeito a sanes caso no cumpra as obrigaes. Aocontrrio, o relaxamento da priso (priso ilegal) decorre do inciso LXV do art. 5 CF.

    A liberdade provisria pode ser : obrigatria ocorre quando o ru se livra solto independentemente de fiana (art. 321 I e II CPP) permitida nas hipteses em que no couber priso preventiva e os requisitos legais forem preenchidos,

    inclusive ao acusado primrio e de bons antecedentes pronunciado (art. 408 2 CPP), ou quandocondenado por sentena recorrvel (art. 594 CPP);

    vedada quando couber priso preventiva e nas hipteses em que a lei expressamente probe.

    Ao Penal

    O Estado chamou para si, com exclusividade, o direito de punir e desse modo criou o direito subjetivo ao

    ofendido de exigir-lhe o cumprimento da atividade de persecuo penal (art. 5 XXXV CF/88), mesmo porquenenhuma lei pode excluir a apreciao do poder judicirio. Assim, qualquer pessoa obrigada a suportar umprocesso, porque o poder jurisdicional soberano. O direito de ao o direito subjetivo de pedir a prestaojurisdicional, observando-se que a ao somente comea em juzo.

    O direito de punir, consubstanciado no CP, abstrato e genrico, porque dirigido a todos ns. Em outromomento passa a ser concreto e especfico, quando algum aparentemente comete um crime. Quando o poderde punir se transmuda do abstrato e genrico para o concreto e especfico, nasce a verdadeira pretenso punitivado Estado.

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    Condies da Ao - Requisitos sem os quais no pode se instaurar a ao penal: legitimidade de partes para a ao penal pblica o MP e para a ao penal privada o ofendido ou

    algum que legalmente o represente; interesse de agir (pretenso punitiva) se no houver a pretenso punitiva do Estado a ao penal no pode

    ser proposta. Ex: caso induvidoso de legtima defesa; possibilidade jurdica do pedido (tipicidade) a figura tem que ser tpica, ou seja, h que ter uma le

    estabelecendo que aquela conduta delituosa e que estabelea uma penalidade correspondente.

    Classificao da Ao PenalA classificao tem carter subjetivo, ou seja, com a identificao de seu titular.Regra a ao penal ser pblica, salvo quando a lei determine expressamente que seja privada -art. 100 CP.

    Espcies (art. 100 1 e 2 CP): ao penal pblica

    incondicionada titularidade MP nasce com denncia (pea inaugural exclusiva pea deacusao). aquela que no depende de condio; condicionada titularidade MP nasce com a denncia (pea inaugural exclusiva pea deacusao), precedida da representao do ofendido ou da requisio do Ministro da Justia. aquelaque depende de condio, ou seja, a denncia do MP est condicionada representao do ofendido(condio de procedibilidade) ou requisio do Ministro da Justia (condio de procedibilidade);

    ao penal privada titularidade ofendido ou quem legalmente o represente nasce com a queixa doofendido ou quem legalmente o represente (pea inaugural exclusiva pea de acusao). Ex. 167 CP.

    Assim, quando o dispositivo legal se referir a queixa (pea inaugural e acusatria) como pea inaugural, estarfalando de ao penal privada; por outro lado, quando se referir representao do ofendido ou requisio doMinistro da Justia como condio de procedibilidade da denncia (pea inaugural e acusatria) estar sereferindo a ao penal pblica condicionada, e quando for silente, refere-se a ao penal pblicaincondicionada, que a regra.

    Princpios da ao penal oficialidade o Estado deduz em juzo sua pretenso punitiva por meio da ao penal e para tanto, foram

    criados rgos oficiais MP (oficialidade) para promover a ao penal pblica. Na ao penal privada noh rgo incumbido;

    indisponibilidade instaurada a ao penal, no pode o MP dela desistir, mesmo sendo seu titular; legalidade (obrigatoriedade) (art. 24 CPP) atravs deste princpio, o MP diante dos elementos mnimos

    caracterizadores de um crime de ao penal pblica, estar obrigado a intent-la; indivisibilidade por este princpio a ao penal deve ser promovida contra todas as pessoas que

    participaram da infrao penal, referindo-se tanto ao penal pblica, quanto ao penal privada;

    intranscendncia decorre de uma disposio constitucional de que a pena no passar da pessoa doacusado, e assim, nenhuma ao penal pode alcanar algum que no tenha participado da ao penal.

    Regra a ao penal ser pblica, salvo quando a lei determine expressamente que seja privada (art. 100CP).Espcies (art. 100 1 e 2 CP): ao penal pblica :

    incondicionada (plena) titularidade MP nasce com denncia (pea inaugural exclusiva peade acusao). aquela que no depende de condio, tampouco da manifestao da vtima;

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    condicionada titularidade MP nasce com a denncia (pea inaugural exclusiva pea deacusao), precedida da representao do ofendido ou da requisio do Ministro da Justia. aquela quedepende de condio, ou seja, a denncia do MP est condicionada representao do ofendido(condio de procedibilidade) ou requisio do Ministro da Justia (condio de procedibilidade);

    ao penal privada titularidade ofendido ou quem legalmente o represente nasce com a queixa doofendido ou quem legalmente o represente (pea inaugural exclusiva pea de acusao).

    O processo o meio, o instrumento uno que se usa para pedir a prestao jurisdicional.

    O procedimento o modo pelo qual o processo anda, a forma.

    O rito processual, atenta para o princpio da igualdade processual, por meio do qual todas as pessoas sabem,antecipadamente, os atos e a seqncia que eles devem ser praticados. No direito processual penal, para seestabelecer o rito, leva-se em considerao a natureza da pena privativa de liberdade prevista parta cada crime, asaber : recluso pena para crimes mais graves (CP); deteno pena para crimes mais leves (CP); priso simples pena para contravenes penais

    Os ritos podem ser : Rito Comum

    rito ordinrio rito sumrio rito sumarssimo

    Rito Especial crime de txicos

    Rito Ordinrio

    O rito ordinrio aplica-se a : crime, cuja pena cominada seja de recluso;

    crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados (aborto, participao em suicdio, homicdio doloso einfanticdio ) tribunal do jri; outros crimes que a lei assim o determinar.

    Rito Ordinrio Crimes Cuja Pena Seja De Recluso - arts. 394/405 e 498/502 CPP

    Oferecimento MP/Ofendido Denncia/Queixa (art. 41 CPP)

    Processo Enviado ao Juiz

    Juiz Recebe Denncia/Queixa (art. 394 CPP) Juiz Rejeita Denncia/Queixa (art. 43 CPP)

    Cabe Habeas Corpus Defesa

    Citao do Ru (arts. 394 e 564 CPP) Recurso em Sentido Estrito MP (art. 581,I CPP)

    Interrogatrio (arts. 185/201 CPP)

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    Defesa Prvia Rol/Excees (arts. 351/369 e 395 CPP)

    Testemunhas (arts. 202/225 e 398CPP)

    Diligncias (art. 499 CPP)

    Alegaes Finais (art. 500 CPP)

    Sentena (arts. 381/393 e 502 CPP)

    Pedido de Declarao (art. 382 CPP)Recurso de Apelao (arts. 593/608 CPP).Recurso em Sentido Estrito (arts. 581/592)

    Denncia ou Queixa - arts. 24/62 e 364 CPP

    DennciaA denncia uma exposio por escrito de fatos que constituem, em tese, um ilcito penal (autoria e

    materialidade), ou seja, fato subsumvel em um tipo penal, com a manifestao expressa da vontade de que seaplique a lei penal a quem presumivelmente seu autor e a indicao das provas em que se alicera a pretensopunitiva. a pea vestibular da ao penal pblica.Prazo para o oferecimento da denncia art. 46 CPP : 5 dias para o ru preso; 15 dias para o ru soltoAntes do oferecimento da denncia, no caso do MP entender que so imprescindveis novas diligncias, podedevolver o inqurito autoridade policial para novas diligncias (art. 47 CPP).

    QueixaA queixa a petio intentada pelo ofendido ou seu representante legal. a pea vestibular da ao pena

    privada. O direito de queixa deve ser exercido pelo ofendido ou seu representante legal por meio de procuradorcom poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelado e a meno do fatocriminoso (autoria e materialidade) (art. 44 CPP). A ao penal privada regida pelo princpio daindivisibilidade, ou seja, ela deve abranger todas as pessoas crime com concurso de pessoas (art. 48 CPP).Apresentada a queixa somente contra uma pessoa e no sendo aditada a queixa dentro do prazo decadencial,ocorre a extino de punibilidade para todos os agentes (art. 49 CPP). Cabe ao MP verificar se a queixa foproposta contra todos os autores. Tambm o MP pode, no prazo de 3 dias, aditar a queixa, no sentido decorrigir, acrescentar, ampliar, complementar (art. 45 CPP). A queixa pode ser proposta somente do prazo de 6meses e, escoado sem a propositura da ao ocorre a decadncia, que causa extintiva de punibilidade.

    Formalidades

    A denncia (MP) e a queixa (ofendido ou por procurador com mandato com poderes especiais art. 44 CPPcontero - art. 41 CPP: dirigida ao juiz singular de primeira instncia competente (arts. 69/91 CPP lugar da infrao, domiclio ou

    residncia do ru, natureza da infrao, distribuio, conexo ou continncia, preveno e prerrogativa defuno) ;

    qualificao da vtima; qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo; exposio do fato criminoso com todas as suas circunstncias (meios empregados, lugar, mal produzido, o

    motivo, a maneira e tempo);

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    classificao do crime; pedido de condenao; requerimento de citao do ru (na denncia suprida pelo juiz e na queixa obrigatria); protesta por todos os meios de prova em direito permitidas, inclusive diligncias, percias, documentais e

    anexa o rol de testemunhas, quando necessrio em nmero no superior a 8, sob pena de precluso.No caso de percia, pode ser feita em qualquer fase da instruo criminal, diligncia esta que no pode serindeferida pelo juiz, porque se prova a materialidade do crime. Mas, pode-se pedir percia at o prazo preclusivodo art. 499 CPP.

    Hipteses de RejeioA denncia e a queixa sero rejeitadas quando art. 43 CPP : fato narrado evidentemente no constitui crime (a prtica do fato imputado ao agente no se amolda

    perfeitamente descrio abstrata contida na lei penal); j estiver extinta a punibilidade (art. 107 CP morte do agente, anistia graa ou indulto, retroatividade da lei

    mais benigna, prescrio, decadncia, perempo, renncia do direito de queixa, perdo aceito, perdojudicial, retratao do agente e casamento do agente com a vtima).O juiz pode reconhecer em qualquer faseprocessual extinta a punibilidade art. 61 CPP;

    for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condio exigida pela lei para o exerccio da ao penal (MP

    nos casos de ao pblica, e ofendido ou seu representante legal nos casos de ao penal privada).Depois do oferecimento da denncia ou queixa, o MP ou o querelante podem requerer diligncias que julgaremconvenientes (art. 399 CPP).

    Cabimento deHabeas CorpusO juiz pode receber uma denncia ou queixa que contenham hiptese de rejeio prevista no art. 43 CPP. Nestecaso, cabe a impetrao de habeas corpus por coao ilegal (art. 648 CPP) em favor do acusado, com afinalidade de trancar a ao penal definitiva ou temporariamente. Este ato de pro fim ao penal, geracassao da denncia. O habeas corpus interposto contra ato do juiz singular, junto ao tribunal, contra ato dotribunal, junto ao STJ, e contra ato do STJ, junto ao STF.

    Citao arts. 351/369 e 394 CPP

    ConceitoA citao o ato processual com que se d conhecimento ao ru da acusao que contra ele foi intentada a fimde que possa se defender e vir integrar a relao processual. o chamado do juiz para que o acusado se defendana ao, e, sendo um ato essencial do processo a sua falta gera nulidade absoluta (art. 564 CPP), em decorrnciado princpio da ampla defesa. A falta ou nulidade da citao estar sanada desde que o interessado compareaantes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o nico fim de arg-la (art. 570 CPP). O acusadopode argi-la at as alegaes finais (art. 571, II CPP).

    EspciesA citao pode ser : real quando se realizada na pessoa do acusado, por mandado; ficta ou presumida quando se realiza por meio de editais.A citao por mandado a regra e far-se- por mandado entregue por oficial de justia (contraf), quando o ruestiver no territrio sujeito jurisdio do juiz que a houver ordenado (art. 351 CPP). A citao pode ser feita aqualquer dia (teis ou no) e qualquer hora (dia e noite).Se o acusado, citado pessoalmente, no comparecer sem motivo justificado, falta de comunicao da mudanade endereo, ocorre a revelia e o processo segue sem a sua presena (art. 367 CPP). Entretanto, tal fato noimplica confisso ficta, no impede a defesa, tampouco a nomeao de um defensor pelo juiz (arts. 261 e 396CPP). At que ele volte a comparecer para os atos do processo, no ser intimado, exceto da sentena. No caso

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    do ru preso, ser requisitada a sua apresentao em juzo em dia e hora designados. Se for caso de ru fora dacomarca, a citao ser pessoal, por carta precatria.Cabe citao por edital arts. 362/364 CPP: ru no encontrado 15 dias; ru se oculta para no ser citado 5 dias; ru se encontra em lugar inacessvel entre 15 e 90 dias de acordo com as circunstncias; incerta a pessoa que estiver sendo citada 30 dias;Se o acusado, citado por edital, no comparecer e no constituir advogado, ficaro suspensos o processo e oprazo prescricional ( art. 366 CPP).A citao far-se-: por carta precatria se o ru estiver fora do territrio da jurisdio do juiz processante art. 353 CPP (forma

    de se pedir a citao); requisio do diretor do estabelecimentos da apresentao do ru em dia e hora designados se ele estiver

    preso - art. 360 CPP; por carta rogatria se o ru estiver em territrio estrangeiro (forma de se pedir a citao).No h, no direito processual penal, citao por hora certa.

    Interrogatrio arts. 185/201 CPP

    ConceitoO interrogatrio um ato privativo do juiz que no sofre interferncia das parte, ou seja, tanto um meio deprova, quanto a oportunidade de defesa do acusado. um ato solene, formal, de instruo, sob a presidncia dojuiz, em que se indaga do acusado sobre os fatos articulados na denncia ou queixa, deles lhe dando cincia, aotempo que lhe abre oportunidade de defesa. Cabe somente ao Juiz a faculdade de proceder novo interrogatrio.

    NecessidadeSabe-se que a qualquer tempo o acusado que for preso ou comparecer espontaneamente ou em virtude deintimao, perante a autoridade judiciria poder ser qualificado e interrogado (arts.185 e 196 CPP). A falta deinterrogatrio causa de nulidade (art. 564, III, e CPP). No h no direito processual penal confisso ficta.No caso de citao por edital, ser decretada a revelia pelo no comparecimento sem justificativa do acusado nointerrogatrio. Vale esclarecer que dispensvel o interrogatrio do ru revel.

    FormalidadesO ato de interrogatrio pblico, gozando o acusado de liberdade e garantia de que no se praticar extorsodas confisses. um ato processual, personalssimo do ru, por meio do qual o juiz ouve do acusadoesclarecimentos sobre a imputao que lhe feita e ao mesmo tempo colhe dados para o seu convencimento, ouseja, uma fonte de prova. O interrogatrio pode ser feito por meio de carta precatria, porque poder serrealizado na comarca em que o acusado estiver preso ou solto (Resoluo do TJMG) e o STJ entende queinexiste no CPP a identidade fsica do juiz. Outra caracterstica a judicialidade, ou seja, cabe ao juiz, somentea ele, interrogar o ru . O defensor do acusado no poder intervir ou influir , de qualquer modo, nas perguntas enas respostas, estendendo-se esta proibio tambm ao MP (art. 187 CPP). O interrogatrio feito oralmente eas respostas sero ditadas pelo juiz e tomadas a termo, que depois de lido e rubricado pelo escrivo serassinado pelo juiz e pelo acusado (art. 195 CPP). Se o acusado no souber escrever, no puder, ou no quiserassinar tal fato ser considerado no termo ( nico art. 195 CPP). Ao acusado imperioso a nomeao de umdefensor e um curador ao menor de 21 anos, que devem estar presente ao interrogatrio sob pena de nulidade(arts. 194 e 564 CPP).Vale esclarecer, que se no termo do interrogatrio constar alegaes que o acusado no fez e que lhe causemprejuzo, ele o o advogado no assinam ou consignam a ocorrncia. Na hiptese do ru no assinar, a autoridadetem que chamar algum para assinar a seu rogo e explicar porque o ru no assinou.

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    ProcessamentoO ru ser qualificado, cientificado da acusao que lhe imputada, e ainda ser-lhe- informado que poderpermanecer calado, sendo-lhe assegurado a assistncia da famlia e do advogado (LXIII art. 5 CF) e logo aseguir ser-lhe-o feitas perguntas a respeito do fato (art. 188 CPP). Se o acusado no tiver defensor, ser-lhe-nomeado um, que poder atuar no interrogatrio independentemente de instrumento (arts. 263 e 266 CPP), sobpena de nulidade (art. 564 CPP). Tambm se o acusado for menor de 21 anos ser-lhe- nomeado curador, sob

    pena de nulidade (art. 564 CPP). O Juiz ainda observar que ele tem direito constitucional de permanecer emsilncio (faculdade de no responder), porque h presuno de no culpabilidade. O ru no est obrigado afalar a verdade, porque no h lei que assim o determine e tem direito ao devido processo legal. A ausncia deinterrogatrio, quando presente o acusado, constitui nulidade insanvel. O Juiz far o interrogatrio deidentificao e em seguida passa ao interrogatrio de mrito. Havendo co-rus, eles sero interrogadosseparadamente.A confisso o reconhecimento feito pelo imputado de sua prpria responsabilidade e no tem valor absoluto,tem que ser espontnea, retratvel, pode ser divisvel, pois o Juiz pode aceitar uma parte e desprezar a outra.

    Defesa Prvia art. 351/369 e 395 CPP

    ConceitoA defesa prvia o ato processual facultativo por meio do qual o defensor, de modo tcnico, alega nulidades daacusao, bem como a contesta em seu mrito, e ainda requer diligncias, tudo por escrito. Tem que serapresentada logo aps o interrogatrio ou no prazo de 3 dias, anexando, se for o caso, rol de at 8 testemunhas(art. 395 CPP), sob pena de precluso. No caso de acusado revel ser-lhe- nomeado defensor pelo Juiz, que serintimado para apresentar a defesa prvia.

    FinalidadeA sua finalidade esclarecer sobre a teses de defesa do acusado, mas por vezes o silncio ser-lhe- maisinteressante, pois uma faculdade proveniente do princpio da ampla defesa. O que gera nulidade a ausnciade concesso para que o defensor apresente defesa prvia (art. 564 CPP). Na defesa prvia deve ser argida, sob

    pena de precluso, a nulidade de incompetncia do juzo, oferecidas as excees (arts. 108 e 109 CPP), bemcomo o rol de testemunhas (art.. 395 CPP). Tambm deve-se requerer diligncias (art. 399 CPP), juntardocumentos, que alis pode ocorrer em qualquer fase do processo (art. 400 CPP).A defesa prvia pode tratar de :preliminar matria de natureza processual vcio do processo, nulidade, observando que a incompetncia dojuzo tem que ser alegado, sob pena de precluso;mrito matria de natureza substancial improcedncia total ou parcial da acusao, diligncia, percia,documentos, observando que o rol de testemunhas tem que ser apresentado, sob pena de precluso. No caso depercia, pode ser feita em qualquer fase da instruo criminal, diligncia esta que no pode ser indeferida pelojuiz, porque se prova a materialidade do crime. Mas, pode-se pedir percia at o prazo preclusivo do art. 499CPP. O juiz pode, em qualquer fase do processo declarar extinta a punibilidade (art. 61 CPP). A no

    apresentao da defesa prvia no gera nulidade, mas a falta de abertura de prazo para sua apresentao geranulidade.

    Testemunhas arts. 202/225 e 398 CPP

    ConceitoTestemunho a declarao positiva ou negativa da verdade a respeito de uma fato feita ante o magistrado. Ovalor probatrio da prova testemunhal no absoluto, porm um meio de prova importantssimo.

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    Testemunha a pessoa perante o juiz declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal ou as que so chamadas a depor perante o juiz sobre suas percepes sensoriais a respeito doacontecimentos lhe fornecido pelos seus sentidos.

    Caractersticas :judicialidade o depoimento prestado em juzo;oralidade o depoimento prestado de viva voz e reduzido a termo;retrospectividade o depoimento refere-se a fatos pretritos.

    Impedimentos art. 206/208 CPPQualquer pessoa pode ser testemunha, que no poder eximir-se da obrigao de depor, criando assim o deverde testemunhar. Podero entretanto recusar-se o ascendente, descendente, o afim em linha reta, o cnjuge, oirmo, exceto quando houver necessidade, que prestaro depoimento sem compromisso na qualidade dedeclarante. Tambm os menores de 14 anos e os doentes mentais podem ser ouvidos em juzo na qualidade deinformantes, tambm sem prestarem compromisso de dizer a verdade. Tambm so proibidas de depor aspessoas as pessoas que devem guardar segredo em razo de funo (encargo), ministrio (religioso ou social)ofcio (trabalho manual) e profisso (atividade intelectual).

    Deveres

    As testemunhas arroladas tem o dever de comparecer, sob pena de ser conduzida e o dever de prestarcompromisso sobre a verdade, sob pena de incorrer no crime de falso testemunho. Antes de iniciado odepoimento as partes podero contraditar as testemunhas, e o Juiz no lhes tomar o compromisso. Se atestemunha da defesa no comparecer, a parte pode desistir, insistir e apresentar novo endereo ou substituirobservando-se que todas as diligncias para encontr-la esto a seu cargo. No caso de testemunha da acusao,o MP pode desistir, insistir e apresentar novo endereo ou substituir, observando-se que pode-se requerer oauxlio da polcia, dos tribunais eleitorais, etc., como forma de diligncias para encontr-la. A substituio datestemunha procedimento legtimo, desde que regularmente arrolada (art. 397 CPP).

    NmerosNa instruo do processo sero inquiridas no mximo 8 testemunhas de acusao e at 8 de defesa, excetuadas

    as que no prestaram compromisso e as referidas. Se no for encontrada quaisquer das testemunhas arroladastanto pela defesa como pela acusao, o Juiz poder deferir pedido de substituio. O Juiz poder arrolartestemunhas , tendo em vista o princpio da verdade real.

    ProcedimentosAs testemunhas devem ser inquiridas uma de cada vez, de modo que umas no ouam o depoimento das outras.Comparecendo, qualificada (art. 203 CPP) e tomado seu compromisso de dizer a verdade, quando verificada ainexistncia de impedimento, sob pena de incorrer em crime de falso testemunho (art. 342 CP). Aps aqualificao as partes podero contraditar as testemunhas, sob pena de precluso, fato que constar nos autosEntretanto, o professor entende que, mesmo aps o compromisso e antes de iniciar o a inquirio, a parte podecontraditar, se assim o juiz permitir. O prazo so 20 dias para ru preso e 40 dias para ru solto.

    Na inquirio de testemunhas regra que os atos processuais no podem ser invertidos, ou seja, primeiro seroouvidas as testemunhas de acusao, depois as de defesa. Estes procedimentos podem ser realizados em umanica audincia, principalmente quando for o caso de ru preso, para a celeridade do procedimento. Astestemunhas de acusao primeiro sero inquiridas na seguinte ordem : MP , assistente e defensor, e astestemunhas de defesa sero inquiridas na seguinte ordem: defensor, MP e assistente.

    DepoimentoO depoimento deve ser prestado oralmente, no sendo permitido testemunha traz-lo por escrito, de modo quedeve relatar o que souber, explicando as razes de sua cincia ou as circunstncias pelas quais possa avaliar-sede sua credibilidade. O depoimento em relao aos questionamento das partes sero sempre por meio do juiz

  • 8/6/2019 apostila ppenal

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    Caso o juiz recuse formular as perguntas, as partes podem reformular as perguntas, ou pedir que conste em ata apergunta e a causa do indeferimento, para que mais tarde a parte possa questionar o cerceamento de direito dedefesa ou acusao. O depoimento deve ser reduzido a termo, que ser assinado pela testemunha, pelo juiz epelas partes.Diligncias art. 499 CPP

    Esta fase de diligncias decorrncia da instruo criminal e preclusiva das partes. Durante o processo asdiligncias podem ser requeridas na instruo criminal, denncia, defesa prvia, tendo como momento final e

    preclusivo o art. 499 CPP. Se a diligncia deferida pelo juiz, o processo fica paralisado at que seja feita. Se adiligncia indeferida, no h recurso, somente pode-se alegar em preliminar nas alegaes finais porcerceamento de direito de defesa se houve efetivo prejuzo. Terminada a inquirio de testemunhas, o MP tem24 horas para requerer diligncias e logo aps o acusado tem igual prazo para providncia (arts. 498/502 CPP).Caso seja inferido o pedido, cabe nulidade do processo por cerceamento do direito de defesa, desde que restardemonstrada a necessidade da produo de provas. Este prazo preclusivo. Assim, este o ltimo momentopara se requerer diligncias.A percia, em regra, pode ser realizada em qualquer fase da instruo, sendo que o momento preclusivo o doart. 499 CPP. Observe-se que o laudo pericial a prova da materialidade e deste modo no pode ser indeferidopela juiz. Normalmente esta prova produzida na fase inquisitria, por causa dos vestgios presente. Ademaisse restar alguma dvida, exames complementares ou laudos percias indiretos podem ser feitos.

    A regra especfica do processo penal, que prova documental pode ser oferecida em qualquer fase do processo(art. 231 e 400 CPP).

    Alegaes Finais art. 500 CPP

    As alegaes finais so peas obrigatrias porque a oportunidade de se apresentar a defesa tcnica. Aocontrrio da faculdade da defesa prvia, pode gerar cerceamento de direito de defesa se causar prejuzo e serpassvel de nulidade. Deve ser apresentada de modo que fique caracterizada uma defesa de fato, inclusive comfundamentos. Em preliminar pode-se alegar nulidade e no mrito pede a improcedncia total ou parcial.Concludas as diligncias, ser aberto prazo para vista aos autos e para alegaes por 3 dias, sucessivamente, aoacusador, ao assistente e ao defensor. As alegaes finais sero produzidas por escrito, sob pena de nulidade

    (art. 564 CPP). Nesta fase as partes podem fazer todas as alegaes, sejam de mrito ou preliminares, sob penade precluso. O art. 501 CPP diz que o prazo de 3 dias correr em cartrio, ou seja, o processo no poder serretirado. Entretanto, hoje pacfica a jurisprudncia no sentido de que o processo poder ser retirado pelaspartes, com base na igualdade das partes e no Estatuto da OAB.

    Sentena arts. 381/393 e art. 502 CPP

    CaractersticasAntes da sentena, o juiz pode determinar diligncias, suprir falta ou sanar nulidade. Findos os prazos paraoferecimento das alegaes finais, e conclusos os autos, o Juiz dentro de 5 dias poder ordenar diligncias parasanar qualquer nulidade ou suprir a falta que prejudique o esclarecimento da verdade. Como o CPP no adotou

    a identidade fsica, o juiz que no presidiu os atos de instruo, pode proceder a novo interrogatrio do ruinquirio das testemunhas e do ofendido.A sentena a declarao do direito no caso concreto, ou seja, ato pelo qual o juiz declara o direito no casoconcreto, solucionando a controvrsia objeto do processo.

    EspciesAs sentenas classifica-se em art. 800 CPP: despacho de mero expediente ou ordinatrios so os que dispem simplesmente sobre o andamento do

    processo ou impulso do processo; defin