apostila metodologia científica da passo 1 mtc1[1]

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DISCIPLINA METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO I Apostila elaborada pelos professores de MTC do ICPG ICPG INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO

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Page 1: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

D I S C I P L I N A

METODOLOGIADO TRABALHOCIENTÍFICO I

Apostila elaborada pelos professoresde MTC do ICPG

ICPG

INSTITUTOCATARINENSE DEPÓS-GRADUAÇÃO

Page 2: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

IMPORTANTE:

Esta apostila é utilizada exclusivamente para fins didáticos na disciplina de METODOLOGIA DO TRABALHOCIENTÍFICO I no Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Não deve ser considerada como base para consultabibliográfica, mas como material orientativo. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou porqualquer meio.Aviolação dos direitos de autor (Lei n. 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Page 3: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

Plano de estudo da disciplina

Ementa

Objetivos da disciplina

Avaliação

Referências sugeridas:

Tipologia dos trabalhos técnico-científicos. Fundamentos do trabalho científico – artigocientífico: características e relações com os demais trabalhos acadêmicos. Tipos deconhecimentos. Procedimentos metodológicos. Estrutura e composição do artigocientífico. Escolha do tema (definição individual) do artigo científico. Esquemadetalhado/categorizado do texto por etapa (introdução – desenvolvimento –considerações finais). Informações sobre orientação do artigo. Encaminhamento paraconclusão do trabalho.

1. Fornecer conceitos básicos para a compreensão e crítica da pesquisa científica ouinvestigação científica.

3. Compreender a Metodologia do TrabalhoAcadêmico e sua estrutura.4. Proporcionar ferramentas metodológicas ao aluno para que tenha um caminho maisseguro e tranquilo durante os diversos níveis de sua vida acadêmica.

• Elaboração textual e exercícios.• Socialização e Interação nas apresentações em sala.

ANDRADE, Maria Margarida de. . 5.ed. São Paulo:Atlas, 2001.

AZEVEDO, Israel Belo de. 7.ed. Piracicaba:UNIMEP, 1999.

CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. . 5.ed. São Paulo:Prentice Hall, 2002.

GIL,Antônio C. . 3.ed. São Paulo:Atlas, 1996.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. . 3.ed.São Paulo:Atlas, 2000.

MEDEIROS, João Bosco. . 6.ed. São Paulo:Atlas, 2004.

SEVERINO, Antônio Joaquim. 21. ed. São Paulo:Cortez, 2000.

TAFNER, Elisabeth Penzlien; SILVA, Everaldo da; FICSHER, Julianne, TAFNER,MalconAnderson. 2.ed. Curitiba: Juruá,2006.

2.Fornecer subsídios para a estrutura do documento técnico-científico (ArtigoCientífico) a ser elaborado pelos alunos da pós-graduação do ICPG.

Introdução à metodologia do trabalho científico

O prazer da produção científica.

Metodologia científica

Como elaborar projetos de pesquisa

Metodologia científica

Redação científica

Metodologia do trabalho científico.

Metodologia do trabalho acadêmico.

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S U M Á R I O

1 TIPOS DE CONHECIMENTO

1.1 CONHECIMENTO POPULAR/EMPÍRICO

1.2 CONHECIMENTO RELIGIOSO/TEOLÓGICO

1.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO

1.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

................................................08

..........................................09

...............................................................10

................................................................12

2.1 ALGUMAS CONCEITUAÇÕES DE CIÊNCIA

2 CONCEITOS DE CIÊNCIA

...........................................14

3 TIPOLOGIA DOS TRABALHOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS

3.1 TRABALHOS DE GRADUAÇÃO

3.2 TRABALHOS DE CURSO

3.3 MONOGRAFIA

3.4 DISSERTAÇÃO

3.5 TESE

3.6 ARTIGO CIENTÍFICO

3.7 PAPER

3.8 RESENHA CRÍTICA

................................................................18

..........................................................................18

.........................................................................................18

........................................................................................18

........................................................................................................19

...............................................................................19

.....................................................................................................19

.................................................................................19

4 ARTIGO CIENTÍFICO

4.1 APRESENTAÇÃO GRÁFICA

4.2 NORMAS METODOLÓGICAS

4.3 ESTRUTURA DO ARTIGO

4.3.1 Elementos pré-textuais

4.3.2 Elementos textuais

4.3.2.1 Introdução

4.3.2.2 Desenvolvimento

4.3.2.2.1 Títulos e indicativos numéricos

4.3.2.2.2 Apresentação dos elementos de apoio ao texto

....................................................................20

.................................................................21

.......................................................................21

..........................................................................21

.................................................................................23

...........................................................................................23

................................................................................23

........................................................23

..............................24

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.....18

........................................................................20

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4.3.2.2.3 Citações

4.3.2.2.4 Fundamentação teórica

4.3.2.2.5 Procedimentos metodológicos

4.3.2.2.6 Modalidades da pesquisa

4.3.2.2.7 Coleta de dados

4.3.2.2.8 Análise e interpretação

4.3.2.3 Considerações Finais

4.3.3 Elementos pós-textuais

4.3.3.1 Referências

4.3.3.2 Apêndice

4.3.3.3 Anexo

...........................................................................................26

...................................................................26

.........................................................26

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....................................................................34

...........................................................................35

.........................................................................35

........................................................................................35

.............................................................................................35

.................................................................................................35

5.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

5.1.1 O problema de pesquisa

5.2 OBJETIVO

5 DEFINIÇÃO E FORMULAÇÃO DO TEMA

.........................................................................37

........................................................................38

.................................................................................................39

6 REFERÊNCIAS ....................................................................................46

APÊNDICES...........................................................................48

ANEXOS.................................................................................55

................................36

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 07

INTRODUÇÃO

Esta apostila tem como objetivo apresentar as características de artigos

científicos e procedimentos para sua elaboração, favorecendo e estimulando a ética,

a solução de problemas, a produção escrita dos alunos e/ou a vivência da pesquisa

científica. Para tanto, a apostila apresenta explicações sobre a estrutura do

documento técnico-científico a ser elaborado pelos alunos da pós-graduação do

ICPG.

Salienta-se que para a elaboração do Artigo Científico o aluno deve seguir, em

conformidade com as normas do ICPG, as indicações metodológicas e orientações

estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

especificamente as seguintes Normas Brasileiras de Referência (NBR): 6022

(artigos), de 2003; 6023 (referências), de 2002; 6024 (numeração progressiva das

seções de um documento escrito), de 2003; 6027 (sumário), de 2003; 6028 (resumo),

de 2003; 10520 (citações), de 2002; e 14724 (trabalhos acadêmicos), de 2005.

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• Superficial – conforma-se com a aparência, comaquilo que se pode comprovar simplesmente estandojunto das coisas. Usam-se frases como: “Eu vi”, “Euestive presente”, “Porque disseram”, “Porque todomundo diz”.

• Sensitivo – refere-se às vivências, aos estados deânimo e às emoções da vida diária da pessoa. Essasvivências não são plausíveis de comprovação e demensuração.

• Subjetivo – é o próprio sujeito que organiza suasexperiências e os seus conhecimentos.

•Assistemático – a organização da experiência nãovisa a uma sistematização das ideias e da forma deadquiri-las nem à tentativa de validá-las.

Enfim, no conhecimento popular/empírico, ohomem conhece o fato e a sua ordem aparente, semexplicações de ordem sistemática, metodológica, maspela experiência, pelo costume e pelo hábito. Numembate entre o conhecimento popular/empírico e oconhecimento científico, algumas pessoas poderãoargumentar que ambos tem o mesmo valor; outraspoderão defender que o primeiro é inferior e que osegundo é digno de confiança e mérito.

É comum se encontrar uma separaçãometodológica entre os tipos de conhecimento, a saber:conhecimento popular/empírico, filosófico,religioso/teológico e científico. Contudo, ainda sepodem encontrar outras nomenclaturas para essadivisão. Os tipos de conhecimento podem coexistir emuma mesma pessoa. Um cientista voltado para oestudo da biologia, por exemplo, pode ser praticantede uma religião, ter afinidades com um sistemafilosófico e ter como guia da sua vida cotidianaconhecimentos provenientes do senso comum.

Além disso, vale salientar que esses tipos deconhecimento podem ter um mesmo objeto de estudo,como, por exemplo, a origem do universo. Mas, cadaum dos tipos de conhecimento pode apresentar a suaversão para tal fato.

Para fins didáticos, apresentam-se, em linhasgerais, os quatro tipos de conhecimento:popular/empírico, filosófico, religioso/teológico ecientífico.

O conhecimento popular/empírico também podeser designado de vulgar ou de senso comum. Porém,nesse tipo de conhecimento a maneira de conhecerocorre de forma superficial por informações ou porexperiência casual.

É desenvolvido principalmente por meio dossentidos e não tem a intenção de ser profundo,sistemático e infalível. Usualmente é adquirido poracaso ou pelas tradições ou transmitido de geraçãopara geração, não passando pelo crivo dos postuladosmetodológicos.

O conhecimento popular/empírico é adquiridoindependentemente de estudos, de pesquisas, dereflexões ou de aplicações de métodos. Entretanto,pode tornar-se científico, desde que passe pelasexigências dos pares de uma comunidade científica.

Pode atingir o status de conhecimento científico,pois “[...] ele é base fundamental do conhecer, e jáexistia muito antes de o ser humano imaginar apossibilidade da existência da ciência”. (FACHIN,2001, p. 10).

Entre as características do conhecimentopopular/empírico estão, segundo Ander-Egg (1978apud LAKATOS; MARCONI, 2000):

1.1 CONHECIMENTOPOPULAR/EMPÍRICO

1 TIPOS DE CONHECIMENTO

Um breve exame de nossos saberes cotidianos edo senso comum de nossa sociedade revela quepossuem algumas características que lhes sãopróprias:

• são subjetivos, isto é, exprimem sentimentos eopiniões individuais e de grupos, variando de umapessoa para outra, ou de um grupo para outro,dependendo das condições em que vivemos.Assim, por exemplo, se eu for artista, verei a belezada árvore; se eu for marceneira, a qualidade damadeira; se estiver passeando sob o Sol, a sombrapara descansar; se for bóia-fria, os frutos que devocolher para ganhar o meu dia. Se eu for hindu, umavaca será sagrada para mim; se for dona de um

Leitura complementar

Características do senso comum

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 09

1.2 CONHECIMENTORELIGIOSO/TEOLÓGICO

O conhecimento religioso/teológico (do grego, que significa Deus, e , que significa

tratado/discurso), está relacionado com a fé e a crençadivina. Apresenta verdades indiscutíveis e infalíveis.O que funda o conhecimento religioso/teológico é a fé,não sendo necessário ter evidências para crer.

O conhecimento religioso/teológico apoia-se emdoutrinas que contem proposições sagradas,valorativas, as quais foram ou são reveladas pelosobrenatural, pelo divino e, por esse motivo, taisproposições são consideradas infalíveis, indiscutíveise exatas. No conhecimento religioso/teológico, umcorpo coerente de crenças pode se transformar emreligião. Já a religião é o uso de forma sistematizada einstitucionalizada dessas crenças.

Enfim, o conhecimento religioso/teológico partedo princípio de que as verdades tratadas são infalíveise indiscutíveis, por consistirem em revelações dadivindade, do sobrenatural.

theos logos

frigorífico, estarei interessada na qualidade e naquantidade de carne que poderei vender;

• são qualitativos, isto é, as coisas são julgadaspor nós como grandes ou pequenas, doces ouazedas, pesadas ou leves, novas ou velhas, belas oufeias, quentes ou frias, úteis ou inúteis, desejáveisou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor,odor, próximas ou distantes etc.;

• são heterogêneos, isto é, referem-se a fatosque julgamos diferentes porque os percebemoscomo diversos entre si. Por exemplo, um corpo quecai e uma pena que flutua no ar são acontecimentosdiferentes; sonhar com água é diferente de sonharcom uma escada etc.;

• são individualizadores por serem qualitativose heterogêneos, isto é, cada coisa ou cada fato nosaparece como um indivíduo ou como um serautônomo: a seda é macia, a pedra é rugosa, oalgodão é áspero, o mel é doce, o fogo é quente, omármore é frio, a madeira é dura etc.;

• mas também são generalizadores, pois tendema reunir numa só opinião ou numa só ideia coisas efatos julgados semelhantes: falamos dos animais,das plantas, dos seres humanos, dos astros, dosgatos, das mulheres, das crianças, das esculturas,das pinturas, das bebidas, dos remédios etc.;

• em decorrência das generalizações, tendem aestabelecer relações de causa e efeito entre ascoisas ou entre os fatos: “onde há fumaça, há fogo”;“quem tudo quer, tudo perde”; “dize-me com quemandas e te direi quem és”; a posição dos astrosdetermina o destino das pessoas; mulhermenstruada não deve tomar banho frio; ingerir salquando se tem tontura é bom para a pressão; mulherassanhada quer ser estuprada; menino de rua édelinquente etc.;

• não se surpreendem e nem se admiram com aregularidade, constância, repetição e diferença dascoisas, mas, ao contrário, a admiração e o espantose dirigem para o que é imaginado como único,extraordinário, maravilhoso ou miraculoso.Justamente por isso, em nossa sociedade, apropaganda e a moda estão sempre inventando o“extraordinário”, o “nunca visto”;

• pelo mesmo motivo e não por compreenderemo que seja investigação científica, tendem aidentificá-la com a magia, considerando que ambasl idam com o mister ioso, o ocul to , oincompreensível. Essa imagem da ciência comomagia aparece, por exemplo, no cinema, quando osfilmes mostram os laboratórios científicos repletos

de objetos incompreensíveis, com luzes queacendem e apagam, tubos de onde saem fumaçascoloridas, exatamente como são mostradas ascavernas ocultas dos magos. Essa mesmaidentificação entre ciência e magia aparece numprograma da televisão brasileira, o Fantástico, que,como o nome indica, mostra aos telespectadoresresultados científicos como se fossem espantosasobras de magia, assim como exibem magosocultistas como se fossem cientistas;

• costumam projetar nas coisas ou no mundosentimentos de angústia e de medo diante dodesconhecido. Assim, durante a Idade Média, aspessoas viam o demônio em toda a parte e, hoje,enxergam discos voadores no espaço;

• por serem subjetivos, generalizadores,expressões de sentimentos de medo e angústia, e deincompreensão quanto ao trabalho científico,nossas certezas cotidianas e o senso comum denossa sociedade ou de nosso grupo socialcristalizam-se em preconceitos com os quaispassamos a interpretar toda a realidade que noscerca e todos os acontecimentos.

Fonte: CHAUI, Marilena. São Paulo:Ática, 2005, p. 110-111.

Filosofia.

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1.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico pode ser entendidocomo resultado do esforço racional, sistemático elógico de busca de conhecimento sem recorrer àexperimentação. De acordo com Fachin (2001), oconhecimento filosófico busca ser o guia para areflexão e conduz à elaboração de princípios e devalores universais válidos.

Ainda conforme Fachin (2001, p.7),

• Valorativo - seu ponto de partida consiste emhipóteses, que não poderão ser submetidas àobservação, ou seja, as hipóteses filosóficas não sebaseiam na experimentação;

• Não-verificável - os enunciados das hipótesesfilosóficas não podem ser confirmados nem refutados;

• Racional - consiste num conjunto de enunciadoslogicamente correlacionados;

• Sistemático - suas hipóteses e enunciados visama uma representação coerente da realidade estudada,numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade;

• Infalível e exato - suas hipóteses e postuladosnão são submetidos ao decisivo teste da observação eda experimentação.

O conhecimento f i losóf ico tem comocaracterística o esforço da razão, ou seja, recorre-se àrazão para postular boas respostas aos problemashumanos, como, por exemplo, conhecimento, ética,política e estética. Enfim, o objeto da filosofia são asideias, os conceitos, que não são redutíveis à realidadematerial e que, por isso, não são passíveis deobservação e mensuração. Porém, vale lembrar queessa posição não é unânime.

Nesse tipo de conhecimento, é a razão que permitea coordenação, a análise e a síntese em uma visão clarae ordenada. Entre as características do conhecimentofilosófico estão, segundo Ander-Egg (1978 apudLAKATOS; MARCONI, 2000):

1 Deus existe porque existe movimento nouniverso.

2 Deus existe porque, no mundo, os efeitostem causa.

3 Deus existe porque se observa, no mundo, oaparecimento e o desaparecimento de seres.

4 Deus existe porque há graus hierárquicosde perfeição nas coisas do mundo.

5 Deus existe porque existe ordenação nascoisas do mundo.

Compêndio deteologia.

Observa-se, no mundo, que as coisas setransformam. Todo o movimento tem uma causa,que é exterior ao ser movido. Sendo cada corpomovido por outro, é necessário existir um primeiromotor, não movido por outros, responsável pelaorigem do movimento. Esse primeiro motor éDeus.

Todas as coisas no mundo são causas ou efeitosde algo, não podendo uma coisa ser causa e efeitode si mesma. Assim, toda causa causada por outraleva à necessidade da existência de uma causa não-causada. Essa primeira causa é Deus.

Se todas as coisas aparecem ou desaparecem,elas não são necessárias, mas são apenas possíveis.Sendo apenas possíveis, deverão ser levadas aexistir num dado momento por um ser já existente.Esse ser existente e necessário por si próprio, quetorna possível a existência dos outros seres, é Deus.

Dizer que existem graus de bondade,sabedoria... implica a noção de que essas coisasexistam em absoluto, o que, inclusive, permite acomparação.

No mundo, verifica-se que as diferentes coisasse dirigem a um determinado fim, o que ocorreregularmente e ordenadamente. Sendo tão diversasas coisas existentes, a regularidade e a ordenaçãonão poderiam ocorrer por acaso; portanto, faz-senecessário que exista um ser que governe o mundo.

Esse ser é Deus.

Fonte: AQUINO, São Tomás de.São Paulo:Abril Cultural, 1973, p. 73.

Leitura complementar

“o conhecimento filosófico conduz à reflexão críticasobre os fenômenos e possibilita informaçõescoerentes. Seu objetivo é o desenvolvimentofuncional da mente, procurando educar o raciocínio”.

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 11

Filosofia: repensar, voltar atrás

O afrontamento, pelo homem, dos problemasque a realidade apresenta, eis aí o que é a filosofia.Isto significa, então, que a filosofia não secaracteriza por um conteúdo específico, mas ela é,fundamentalmente, uma atitude; uma atitude que ohomem toma perante a realidade. Ao desafio darealidade, representado pelo problema, o homemresponde com a reflexão [...]. E que significareflexão? A palavra nos vem do verbo latino

, que significa “voltar atrás”. É, pois, umre-pensar, ou seja, um pensamento em segundograu. Poderíamos, pois, dizer: se toda reflexão épensamento, nem todo pensamento é reflexão. Esteé um pensamento consciente de si mesmo, capaz dese avaliar, de verificar o grau de adequação quemantém com os dados objetivos de medir-se com oreal. Pode aplicar-se às impressões e opiniões, aosconhec imentos c ien t í f icos e técnicos ,interrogando-se sobre seu significado. Refletir é oato de retornar, reconsiderar os dados disponíveis,revisar, vasculhar numa busca constante dosignificado. É examinar detidamente, prestaratenção, analisar com cuidado. E é isto o filosofar.[...]. Com efeito, se a filosofia é realmente umareflexão sobre os problemas que a realidadeapresenta, entretanto ela não é qualquer tipo dereflexão que possa ser adjetivada de filosófica, épreciso que se satisfaça uma série de exigências quevou resumir em apenas três requisitos: aradicalidade, o rigor e a globalidade. Quero dizer,em suma, que a reflexão filosófica, para ser tal,deve ser radical, rigorosa e de conjunto.

RADICAL. Em primeiro lugar, exige-se que oproblema seja colocado em termos radicais,entendida a palavra radical no seu sentido maispróprio e imediato. Quer dizer, é preciso que se váaté as raízes da questão, até seus fundamentos. Emoutras palavras, exige-se que se opere uma reflexãoem profundidade.

RIGOROSA. Em segundo lugar e como quepara garantir a primeira exigência, deve-seproceder com rigor, ou seja, sistematicamente,segundo métodos determinados, colocando-se emquestão as conclusões da sabedoria popular e asgeneralizações apressadas que a ciência podeensejar.

reflectere

Leitura complementarDE CONJUNTO. Em terceiro lugar, o

problema não pode ser examinado de modo parcial,mas numa maneira perspectiva de conjunto,relacionando-se o aspecto em questão com osdemais aspectos do contexto em que está inserido.É nesse ponto que a filosofia se distingue da ciênciade um modo mais marcante. Com efeito, aocontrário da ciência, a filosofia não tem objetodeterminado, ela dirige-se a qualquer aspecto darealidade, desde que seja problemático; seu campode ação é o problema, esteja onde estiver. Melhordizendo, seu campo de ação é o problema enquantonão se sabe ainda onde ele está; por isso se diz que afilosofia é busca. E é nesse sentido que se podedizer que a filosofia abre caminho para a ciência;através da reflexão, ela localiza o problematornando possível a sua delimitação na área de talou qual ciência que pode então analisa-lo e,quiçá,solucioná-lo. Alem disso, enquanto a ciência isolao seu aspecto do contexto e o analisaseparadamente, a filosofia, embora dirigindo-se àsvezes apenas a uma parcela da realidade, insere-ano contexto e a examina em função do conjunto.

Fonte: SAVIANI, Dermeval. do sensocomum à consciência filosófica. 6. ed. São Paulo:Cortez/AutoresAssociados, 1985, p. 23-24.

A diferença entre o cientista e o filósofo é,portanto, fácil de perceber. O cientista se fixa sobreo objeto sem olhar a mesma maneira com que oatinge. A maiêutica lhe é, pois, estranha eindispensável. O filósofo centraliza sua atençãosobre o sujeito que conhece e sobre as atividades doespírito, acionadas para apreender seu objeto. Docientista ao filósofo é completamente diferenteatitude frente ao seu objeto A Filosofia é umareflexão do espírito sobre o trabalho do espírito. Aciência é a flexão sobre objeto sobre o qual sedebruça.

Fonte: CHARBONNEAU, Paul-Eugéne.lógica e metodologia. São Paulo:

EPU, 1986, p. 15-16.

Educação:

Diferença entre o filósofo e o cientista

Cursode filosofia:

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12

• Objetivo – procura as estruturas universais enecessárias das coisas investigadas;

• Generalizador – reúne individualidades,percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, osmesmos padrões ou critérios de medida, mostrandoque possuem a mesma estrutura;

• Racional – procura, assim, apresentarexplicações racionais, claras, simples e verdadeiraspara os fatos, opondo-se ao espetacular, ao mágico e aofantástico;

• Previsível – busca demonstrar e provar osresultados obtidos durante a investigação, graças aorigor das relações definidas entre os fatos estudados; ademonstração deve ser feita não só para verificar avalidade dos resultados obtidos, mas também paraprever racionalmente novos fatos como efeitos dos jáestudados.

Enfim, o conhecimento científico é ordenado econtínuo, ocorrendo por meio de estudos incessantes.Procura renovar-se e modificar-se continuamente,evitando a transformação das teorias em doutrinas eestas em preconceitos sociais. O conhecimentocientífico está aberto a mudanças e resulta de umtrabalho paciente e lento de investigação e de pesquisaracional.

1.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico procura desvelar osfenômenos: suas causas e as leis que os regem.Considera-se, assim, que o objeto da ciência é ouniverso material, físico, perceptível pelos órgãos dossentidos ou pelos aparelhos investigativos. De acordocom Fachin (2001, p.12),

Para que um conhecimento adquira o status decientífico deve seguir alguns critérios internos:coerência (ausência de contradições); consistência(capacidade de resistir a argumentos contrários);originalidade (não ser tautologia); relevância (espera-se que traga alguma contribuição ao conhecimentoacumulado pela comunidade científica); objetividade(capacidade de reproduzir a realidade como ela é, enão como o cientista gostaria que fosse - evitarformulações ideológicas).

O conhecimento científico possui algumascaracterísticas de consenso da literatura especializada.Dentre elas, se destacam as seguintes, conformeAnder-Egg (1978 apud LAKATOS; MARCONI,2000):

• Real – lida com ocorrências, fatos, isto é, comtoda forma de existência que se manifesta de algummodo;

• Contingente – suas proposições ou hipóteses tema sua veracidade ou falsidade conhecida por meio daexperimentação, e não pela razão, como ocorre noconhecimento filosófico;

• Sistemático – saber ordenado logicamente,formando um sistema de ideias (teoria), e nãoconhecimentos dispersos e desconexos;

• Verificável – as hipóteses que não podem sercomprovadas não pertencem ao âmbito doconhecimento científico;

• Falível – não é definitivo, absoluto ou final;

• Aproximadamente exato – novas proposições e odesenvolvimento de novas técnicas podem reformularo acervo de teoria existente;

Anotações

“[...] a literatura metodológica mostra que oconhecimento científico é adquirido pelo métodocientífico e, sem interrupção, pode ser submetido atestes e aperfeiçoar-se, reformular-se ou até mesmoavantajarse mediante o mesmo método”.

Page 13: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 13

Aciência não é neutra

O que é ciência? A questão parece banal. Asrespostas, porém, são complexas e difíceis. Talveza ciência nem possa ser definida. Em geral, é maisconceituada do que propriamente definida. Porque“definir” um conceito consiste em formular umproblema e em mostrar as condições que otornaram formulável. No entanto, para os cientistasem geral, a verdadeira definição de um conceitonão é feita em termos de “propriedades”, mas de“operações” efetivas. Mesmo assim, definiçõesnão faltam. Para o grande público, ciência é umconjunto de conhecimentos “puros” ou“aplicados”, produzidos por métodos rigorosos,comprovados e objetivos, fazendo-nos captar arealidade de um modo distinto da maneira como afilosofia, a arte, a política ou a mística a percebem.Segundo essa concepção, os contornos da ciênciasão mal definidos. O protótipo do conhecimentocientífico permanece a física, em torno da qual seordenam a matemática e as disciplinas biológicas.A esse conjunto, opõem-se os conhecimentosaplicados e técnicos, bem como as disciplinaschamadas “humanas”. A verdadeira ciência seriaum conhecimento independente dos sistemassociais e econômicos. Seria um conhecimento que,baseando-se no modelo fornecido pela física, seimpõe como uma espécie de ideal absoluto. Mas háoutras definições: umas são extremamente amplase vagas, a ponto de identificarem “ciência” com“especulação”; outras são demasiadamenterestritivas, a ponto de excluírem do domíniopropriamente científico, senão todas, pelo menosboa parte das disciplinas humanas. Algumasdefinições podem ser classificadas como“idealistas”, na medida em que insistem em reduzira atividade científica à busca desinteressada doconhecimento ou da verdade; outras apresentam-secomo “realistas”, chegando ao ponto deidentificarem pura e simplesmente ciência etecnologia. Uma coisa nos parece certa: não existedefinição objetiva, nem muito menos neutra,daquilo que é ou não a ciência. Esta tanto pode seruma procura metódica do saber, quanto um modode interpretar a realidade; tanto pode ser umainstituição com seus grupos de pressão, seuspreconceitos, suas recompensas oficiais, quanto

Leitura complementarum subordinado a instâncias administrativas,políticas ou ideológicas; tanto uma aventuraintelectual conduzindo a um conhecimento teórico(pesquisa), quanto um saber realizado outecnicizado.

Fonte: JAPIASSU, Hilton.científica. Rio de Janeiro: Imago,

1975, p. 9-10.

metiê

O mito daneutralidade

Anotações

Page 14: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

14

causa/efeito; generalizando o porquê, atinge aconstituição íntima e a causa comum a todos osfenômenos da mesma espécie, conferindo à ciência aprerrogativa de fazer prognósticos seguros;

• Finalidade prática e teórica – da pesquisafundamental e da descoberta da verdade decorreminúmeras consequências práticas;

• Objeto formal – é, de maneira particular, oaspecto e o ângulo sob os quais a ciência atinge seuobjeto material (realidades físicas), com o controleexperimental das causas reais próximas (evidênciasdos fatos, e não das ideias);

• Método e controle – é uma investigaçãorigorosamente metódica e controlada, derivando-sedaí a razão da confiança nas conclusões científicas;

• Exatidão – a ciência pode demonstrar, por via deexperimentação ou evidência dos fatos objetivos,observáveis e controláveis, o mérito dos seusenunciados; e

• Aspecto social – a ciência é uma instituiçãosocial, com os cientistas membros de uma sociedadeuniversal para a procura da verdade e melhoria dascondições de vida da humanidade.

Além das características da ciência, destaca-se,ainda, que as tarefas básicas para se fazer ciência são,conforme Demo (1985, p. 35),

A palavra ciência etimologicamente tem origemlatina, , que significa “aprender ou alcançarconhecimento”, e grega, , “conhecimentocriticamente fundamentado”. A ciência caracteriza-sepelo conhecimento racional, sistemático, exato,verificável, lógico, objetivo e falível.

2.1ALGUMAS CONCEITUAÇÕES DE CIÊNCIA

Na história da ciência, várias são as conceituações,nem sempre unânimes. Nesse sentido, é possívelencontrar diversas conceituações.

Para Ander-Egg (1978 apud LAKATOS;MARCONI, 2000, p. 22),

Para Ferrari (1982, p. 22), “[...]Aciência é todo umconjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidasao sistemático conhecimento com objeto limitado,capaz de ser submetido à verificação.”

Para Fachin (2001, p. 15),

A ciência distingue-se do senso comum porqueeste é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos,tradições cristalizadas, enquanto a ciência baseia-seem pesquisas, investigações metódicas e sistemáticase na exigência de que as teorias sejam internamentecoerentes e digam a verdade sobre a realidade.

De acordo com Ruiz (2002), algumas dascaracterísticas das ciências são:

• Conhecimento pelas causas – a ciência secaracteriza por demonstrar as razões dos enunciados,relacionando as suas causas.

• Profundidade e generalidade das conclusões – aciência exprime suas conclusões em enunciados geraisque traduzem a relação constante do binômio

ScientiaScirem

2 CONCEITOS DE CIÊNCIA

A apresentação das definições de ciência põe emrelevo a forma pela qual a pesquisa cientifica dá valorà evidência dos fatos ou objetos, mostrando comocada área das ciências geralmente se inicia com osdados oriundos da observação e da verificação,seguindo parâmetros da metodologia científica.

a) Definir os termos com precisão, para não darmargem à ambiguidade; cada conceito deve ter umconteúdo específico e delimitado; não pode virardurante a análise; embora a dose de imprecisão sejanormal o ideal é reduzi-la ao mínimo possível,produzindo o fenômeno desejável da clareza daexposição;b) Descrever e explicar com transparência, nãoincorrendo em complicações, ou seja, em linguagemhermética, dura, inteligível; para bem explicar émister simplificar, mas é preciso buscar o meio-termoentre excessiva simplificação e excessivacomplicação;c) Distinguir com rigor as facetas diversas, nãoemaranhar termos, clarear superposições possíveis,fugir da mistura de planos da realidade; não cair naconfusão, no sentido de confundir uma coisa com aoutra, de obscurecer regiões distintas no mesmoobjeto, de trocar termos destacáveis;d) Procurar classificações nítidas, bem sistemáticas,de tal sorte que objeto apareça recortado sem perdermuito a sua riqueza;e) Impor certa ordem no tratamento do tema, tal modoque seja claro o começo ou o ponto de partida, aconstituição do corpo do trabalho, e a sequênciainconsútil das conclusões.

“A ciência é um conjunto de conhecimentosracionais , cer tos ou prováveis , obt idosmetodicamente, sistematizados e verificáveis, quefazem referência a objetos de uma mesma natureza”.

Page 15: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 15

Mesmo com as mais variadas conceituações deciência, das suas características e das tarefas básicaspara se construí-la, vale destacar que, para fazerciência, é necessário preocupar-se com a formação docientista/pesquisador. Nada valem um instrumentalso f i s t i cado e métodos ace i t áve i s , s e opesquisador/cientista não estiver imbuído de umespírito científico, ou seja, o de buscar soluções sériascom métodos aceitos pelos pares. Acima de tudo, opesquisador/cientista deve estar apto a enfrentarcríticas e sustentar o seu parecer sobre o fenômeno queestuda.

De acordo com Cervo e Bervian (1983), o espíritocientífico traduz-se na prática em consciência crítica,objetiva e racional.

A consciência crítica não se refere a um sentidonegativo, mas ao sentido de impedir aceitação do fácile superficial. A consciência crítica só deve admitir oque é suscetível à prova.

A objetividade implica romper com posiçõessubjetivas, mal-formuladas e suscetíveis a enganos ouexpressões, como “acho que”, pois, para a ciência, nãovale o que o cientista pensa ou imagina, mas o que defato é.

Enfim, muitas são as conceituações de ciência e asposições sobre quais características internas ouexternas esta deve ter, mas isso depende de época paraépoca, de autor para autor e dos instrumentosinvestigativos disponíveis que são usados peloscientistas de um determinado contexto.

[...] o espírito científico age racionalmente. As únicasrazões explicativas de uma questão só podem serintelectuais ou racionais. As razões que a razãodesconhece, as razões da arbitrariedade, dosentimento e do coração nada explicam nemjustificam no campo da ciência. (CERVO;BERVIAN, 1983, p.19, grifos dos autores).

Alguns cuidados metodológicos comunspara o compromisso da objetivação

Introdução à metodologiada ciência.

a) Espírito crítico, significando a postura que dáprimazia à contestação dos pretensos resultadoscientíficos, sobre a sua consolidação, no fundo nãoacredita em consolidação, mas na necessidade deconstante superação;

b) Rigor no tratamento do objeto, significando,sobretudo, a necessidade de se definir bem,distinguir cuidadosamente, sistematizar comdetalhe e fineza;

c) Trabalho , significandoatitude distanciada, na procura de não se deixarenvolver em excesso por aquilo que gostaríamosque fosse, em detrimento daquilo que de fato é;

d) Profundidade na análise, significando arecusa de deter-se na superfície das coisas, na visãoimediata, na ingenuidade da informação primeira;

e) Ordem na exposição, significando amontagem concatenada, arrumada, clara dapesquisa e análise;

f) Dedicação à ciência, tomada por vocação, ouseja, feita com convicção íntima, com prazer, comrealização pessoal;

g) Abertura incondicional ao teste alheio, a fimde superar colocações subjetivistas, etéreas ouexcessivamente gerais, que não conseguem serreproduzidas pelos colegas;

h) Assídua leitura dos clássicos, paraconhecimento profundo de como viram realidade eaté que ponto foram capazes de objetivação;

i) Dedicação aos estudos das principais teorias,metodologias e da produção atual, com vistas aoposicionamento inteligente dentro da discussão eao amadurecimento de uma personalidade própriacientifica.

Fonte: DEMO, Pedro.2. ed. São Paulo:Atlas, 1985, p. 39.

sine ira et studio

Leitura complementar

Page 16: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

16

SITES INTERESSANTES

w w w. c n p q . b r - C o n s e l h o N a c i o n a l d eDesenvolvimento Científico e Tecnológico.

www.cnpq.br/gpesqui3 - Diretórios de grupos depesquisa no Brasil.

www.cnpq.br/lattes - Currículo dos pesquisadores.

www.usp.br/iea - Instituto de Estudos Avançados daUniversidade de São Paulo.

www.ibict.br - Instituto Brasileiro de Informação emCiência e Tecnologia.

www.abnt.org.br - Associação Brasileira de NormasTécnicas.

www.uol.com.br/cienciahoje - Revista de DivulgaçãoCientífica.

www.mct.gov.br - Ministério da Ciência e Tecnologia.

www.sbpcnet.org.br - Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência.

www.finep.gov.br - Financiadora de Estudos eProjetos.

www.teses.usp.br - Biblioteca Digital de Teses eDissertações - textos integrais de parte das teses edissertações apresentadas na USP.

www.scielo.br - SCIELO - biblioteca eletrônica comperiódicos científicos brasileiros.

www.universiabrasil.net/busca_teses.jsp - UniversiaBrasil - busca teses nas universidades públicaspaulistas e na PUC-PR.

www.bn.br - Biblioteca Nacional (Brasil) - o site éreferência para todas as bibliotecas do país, com fartadocumentação e imagens digitalizadas, além deinformações e serviços.

www.prossiga.br - Bibliotecas virtuais do sistemaMCT/CNPq/Ibict - grande referência na área debibliotecas virtuais, é o site mais importante no Brasilde informação e comunicação sobre ciência etecnologia.

[Qualidades do espírito científico]

Metodologia científica:

[...] Como virtude intelectual, ele se traduz nosenso de observação, no gosto pela precisão e pelaideias claras, na imaginação ousada, mas rígidapela necessidade da prova, na curiosidade que levaa aprofundar os problemas, na sagacidade e poderde discernimento. Moralmente, o espírito científicoassume a atitude de humanidade e dereconhecimento de suas limitações, dapossibilidade de certos erros e enganos. Éimparcial. Não torce os fatos. Respeitaescrupulosamente a verdade. O possuidor doverdadeiro espírito cientifico cultiva a honestidade.Evita o plágio. Não colhe como seu o que os outrosplantaram. Tem horror às acomodações. É corajosopara enfrentar obstáculos e os perigos que umapesquisa possa oferecer. Finalmente, o espíritocientífico não reconhece fronteiras. Não admitenenhuma intromissão de autoridades estranhas oulimitações em seu campo de investigação. Defendeo livre exame dos problemas [...].

Fonte: CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro.para uso dos estudantes

universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil,1983, p. 19.

Leitura complementar

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 17

Anotações

Page 18: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

18

3 TIPOLOGIA DOS TRABALHOSTÉCNICO-CIENTÍFICOS

Existem diversos tipos de trabalhos acadêmicose/ou científicos. Podem-se citar, entre eles, osseguintes: Trabalhos de Graduação, Trabalho deConclusão de Curso, Monografia, Dissertação, Tese,Artigos Científicos, Paper e Resenha .

Esses t raba lhos c ien t í f i cos possuemcaracterísticas próprias, como a sistemática, ainvestigação, a fundamentação, a profundidade e ametodologia e, dependendo do caso, a originalidadeem tema e método e a contribuição da pesquisa para aconstrução do conhecimento científico, como é o casodas teses e das dissertações.

Destaca-se que a estrutura dos trabalhoscientíficos segue, quase sempre, um padrão quecompreende uma introdução, um desenvolvimento euma conclusão. A introdução do trabalho costumaabranger os objetivos da pesquisa, os problemas, asdelimitações e a metodologia adotada para a suarealização.

O desenvolvimento é mais livre, podendo opesquisador dissertar sobre o tema propriamente dito,sem, contudo, abandonar pontos importantes, como ademonstração, a análise e a discussão dos resultados.Por fim, o autor poderá escrever suas conclusões arespeito da discussão realizada ou dos resultadosobtidos. Neste ponto, o pesquisador deverá serenfático, ressaltando as posições que deseja defenderou refutar.

Os trabalhos de graduação não constituem,obrigatoriamente, trabalhos de cunho científico, masde iniciação científica, uma vez que precisam serapresentados dentro de uma sistemática e de umaorganização que estimulem o raciocínio científico.Visto que, frequentemente, o enfoque pretendido emtrabalhos de graduação é a assimilação de umconteúdo específico, é comum que uma revisãobibliográfica ou uma revisão literária, seja tida comosuficiente. Porém, nada impede que sejam realizadosoutros tipos de trabalhos acadêmicos como relatórios epequenas pesquisas. No entanto, é importante ter emmente a cientificidade da sistemática adotada para arealização desses trabalhos.

1

3.1 TRABALHOS DE GRADUAÇÃO

3.2 TRABALHOS DE CURSO

3.3 MONOGRAFIA

3.4 DISSERTAÇÃO

O Trabalho de Curso (TC), também conhecidocomo Trabalho de Final de Curso, é tido como umamonografia sobre um assunto específico. Tem comoobjetivo levar o aluno a refletir sobre temasdeterminados e transpor suas ideias para o papel naforma de uma pesquisa ou de um relatório. Para agraduação, por se tratar de mais um requisito para acomplementação do curso, o estudo não necessita sertão completo em relação ao tema escolhido, como é ocaso de uma dissertação ou tese. No entanto, o alunonão deve perder de vista a clareza, a objetividade e aseriedade da pesquisa.

Apesar de haver esta classificação, inclusiveaceita internacionalmente, são comuns certosequívocos em relação à palavra monografia comrespeito a dissertações, teses e trabalhos de fim decurso de graduação. Etimologicamente, monografia éum estudo realizado com profundidade sobre umúnico assunto. No entanto, esta nomenclatura parecedestinada aos Cursos de Especialização, tendo comofim primeiro levar o autor a se debruçar sobre umassunto em profundidade com o intuito de transmití-loa outrem ou de aplicá-lo imediatamente. Amonografia, exigida para a obtenção do título deespecialista em alguns cursos de pós-graduação

, é semelhante ao Trabalho de Final de Cursoapresentado em cursos de graduação. Também possuicomo objetivo levar o aluno a refletir sobredeterminados temas e transpor suas ideias para o papelna forma de uma pesquisa. Para o caso da pós-graduação, o estudo necessita ser um pouco maiscompleto em relação ao tema escolhido para apesquisa.

A dissertação, que paulatinamente está sedestinando aos trabalhos de cursos de pós-graduação

(mestrado), busca, sobretudo, a reflexãosobre um determinado tema ou problema, o que ocorrepela exposição das ideias de maneira ordenada efundamentada. Dessa forma, como resultado de umtrabalho de pesquisa, a dissertação deve ser um estudo

latosensu

stricto sensu

1 Informações coletadas em Silva e Tafner (2006).

Page 19: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 19

o mais completo possível em relação ao temaescolhido. Deve expressar conhecimentos do autor arespeito do assunto e sua capacidade desistematização. Nesse contexto, uma das partes maisimportantes da dissertação é a fundamentação teórica,que procura traduzir o domínio do autor sobre o temaabordado e a sua perspicácia de buscar tópicos nãodesenvolvidos.

A tese, a exemplo da dissertação dirigida para omestrado, cumpre o papel do trabalho de conclusão depós-graduação (doutorado). Caracteriza-se como um avanço significativo na área doconhecimento em estudo. Deve tratar de algo novonaquele campo do conhecimento, de forma apromover uma descoberta ou, mesmo, dar uma realcontribuição para a ciência. O trabalho deve serinédito, contributivo e não-trivial. Os argumentosutilizados devem comprovar que a ideia exposta éverdadeira e convencer.

O objetivo principal do artigo científico é levar aoconhecimento do público interessado alguma ideianova ou alguma abordagem diferente sobredeterminado tema já estudado, como particularidadeslocais ou regionais de um assunto, sobre a existênciade aspectos ainda não-explorados em alguma pesquisaou a necessidade de esclarecer uma questão ainda nãoresolvida. A principal característica do artigocientífico é que as suas afirmações devem estarbaseadas em evidências, sejam elas oriundas depesquisa de campo ou comprovadas por outros autoresem seus trabalhos. Isso não significa que o autor nãopossa expressar suas opiniões no artigo, mas que devedemonstrar para o leitor qual o processo lógico que olevou a adotar aquela opinião e quais evidências que atornariam mais ou menos provável, formulandohipóteses.

O paper possui estrutura gráfica muito similar àdo artigo científico. Em virtude disso, devem-seapenas excluir os itens resumo e palavras-chave. Osdemais itens seguem as definições utilizadas no artigocientífico. Quanto à abordagem do tema, o principaldiferencial entre o artigo científico e o paper está naprofundidade: no paper, a análise deverá ser maissuperficial e condensada, podendo ou não conter um

3.5 TESE

3.6ARTIGO CIENTÍFICO²

3.7

stricto sensu

PAPER

parecer do autor. Porém, caberá a cada professor ouinstituição definir os limites de aprofundamento dostrabalhos realizados, que poderão variar de um temapara o outro.

É um tipo de redação técnica que avalia precisa esinteticamente a importância de uma obra científica oude um texto literário. A resenha nunca pode sercompleta e exaustiva. O resenhador deve procederseletivamente, filtrando apenas os aspectospertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que éfuncional em vista de uma intenção previamentedefinida. A resenha combina resumo e julgamento devalor. Seu objetivo é oferecer informações para que oleitor possa decidir quanto à consulta ou não dooriginal. Daí a resenha dever resumir as ideias da obra,avaliar as informações nela contidas e a forma comoforam expostas, bem como justificar a avaliaçãorealizada.Aresenha consta de:

- nome do autor (ou dos autores);- título completo e exato da obra (ou do artigo);- nome da editora e, se for o caso, da coleção de

que faz parte a obra;- lugar e data da publicação;- número de volumes e páginas.

Pode-se fazer, nessa parte, uma descriçãosumária da estrutura da obra (divisão em capítulos,assunto dos capítulos, índices etc.). No caso de umaobra estrangeira, quando tratar-se de tradução, é útilinformar a língua da versão original e o nome dotradutor.

- indicação sucinta do assunto global da obra(assunto tratado) e do ponto de vista adotado pelo autor(perspectiva teórica, gênero, método, tom etc.) -resumo, com os pontos essenciais do texto e seu planogeral - comentários e julgamentos do resenhador sobreas ideias do autor, o valor da obra etc.

3.8 RESENHA

a) Uma parte descritiva em que se dãoinformações sobre o texto:

b) Uma parte com o resumo do conteúdo daobra:

2 Ver item 4 Artigo Científico.

Page 20: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

20

4 ARTIGO CIENTÍFICOConsiste em publicação sintética, mesmo tratando

de assuntos bem específicos. Deve ter uma abordagemmais sucinta do tema, comparativamente a trabalhosacadêmicos mais complexos. É um trabalho técnico-acadêmico que, apesar de sintético e de menorcomplexidade, deve apresentar uma relativaprofundidade em sua análise. O artigo pode serdefinido como “Publicação com autoria declarada,que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas,processos e resultados nas diversas áreas doconhecimento.” (ABNT, NBR 6022, 2003, p. 2).

O artigo possui muita versatilidade, sendofacilmente publicável em periódicos ou similares,atingindo simultaneamente todo o meio científico.

A elaboração de trabalhos técnico-científicosenvolve o conhecimento e o uso de técnicas depesquisa para a coleta de dados e informações, bemcomo de padronização e uniformidade na suaestrutura.

Os artigos podem se apresentar de duas formas(ABNT, NBR 6022, 2003):

Apresenta temas ou abordagenspróprias. Geralmente relata resultados de pesquisa,bem como desenvolve e analisa dados não publicados.

Resume, analisa e discuteinformações já publicadas que, geralmente, resultamde revisão de referências já publicadas.

Em qualquer processo de produção de um trabalhotécnico-científico, seja ele um Trabalho de Curso, deGraduação, Artigo Científico, Monografia, Relatóriode Estágio e outros, o pesquisador deve definir umplano com os elementos fundamentais, comodelimitação do tema, dos objetivos, dosprocedimentos metodológicos e da fundamentaçãoteórica. Quanto a esse plano de produção, no caso paraa construção do artigo científico, a equipe deMetodologia do Trabalho Científico (MTC) propõeuma estrutura com todos os elementos. Dessa forma,os conceitos discutidos e as orientações prestadas nadisciplina de MTC se tornam indispensáveis para opesquisador que se encontra nesse processo de suavida acadêmica.Pretende-se desenvolver algumashabilidades no aluno de pós-graduação, como a de

Artigo original:

Artigo de revisão:

realizar trabalhos técnico-científicos com qualidade,uniformidade e rigor ético e científico exigidos pelacomunidade científica, como também pela instituiçãode ensino e curso aos quais o aluno está vinculado.

Para facilitar a compreensão e a operacionalizaçãodas atividades, apresentam-se as etapas a seremcumpridas e os elementos obrigatórios para aprodução do artigo do ICPG.

O artigo científico³ deve seguir as indicaçõesabaixo:

folha branca de tamanho A4 (21cm x29,7cm) e de boa qualidade;

esquerda de 3cm; superior, direita einferior de 2cm;

simples;• de 1,25cm (geralmente 1 tab), com

uma linha em branco entre um parágrafo e outro;justificado;

detamanho 12 para o texto; tamanho 10 para citaçõeslongas, notas de rodapé e número de página; tamanho18 para título; e 16 para subtítulo;

as páginas são numeradas comalgarismos arábicos colocados no canto superiordireito da página, a 2cm da borda superior. A primeirafolha, que apresenta a identificação do artigo, não épaginada, embora seja contada.Apaginação é iniciadana segunda folha e segue até o final do trabalho,inclusive nos elementos pós-textuais opcionais(apêndices e anexos);

de 8 a 12 páginas. Aproporção dos elementos do artigo sugerida apresenta-se no Quadro 1.

4.1APRESENTAÇÃO GRÁFICA

Papel:

Margens:

Espaçamento entrelinhas:Parágrafo:

Formato do texto:Tipo e tamanho da fonte:

Paginação:

Extensão do artigo:

Times New Roman

ELEMENTOS QUANTIDADE DE PÁGINAS

Pré-textuais ½Introdução 2Desenvolvimento 8Considerações Finais 1Referências ½Total 12

Quadro 1 – Proporção dos elementos do artigoFonte: Os autores, 2007.

3. Ver apêndices B e C.

“[...] artigos de periódicos são trabalhos técnico-científicos, escritos por um ou mais autores, com afinalidade de divulgar a síntese analítica de estudos eresultados de pesquisas.” (UFP, 2002, p. 2).

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 21

Títulos e subtítulos internos:

3 ADMINISTRAÇÃO

Itálico:

os títulos deprimeiro nível devem ser colocados em letrasmaiúsculas e em negrito ( );subtítulos de segundo nível, em letras maiúsculas esem negrito (3.1 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA);e subtítulos de terceiro nível, em letras minúsculas eapenas a primeira letra do título maiúscula (salvonomes próprios) e sem negrito (3.1.1 Histórico daadministração científica). A numeração de títulos esubtítulos deve ser alinhada à margem esquerda;

utiliza-se para grafar as palavras emlíngua estrangeira, como

, por exemplo.

O modelo de apresentação seguirá, por razões denormalização, a estrutura de artigos científicosutilizada pelo ICPG, baseada na NBR 6022 (2003),sendo imprescindível o uso e o cumprimento dasnormas estabelecidas no Quadro 2.

São formados por informações essenciais,

check in, resumen,workaholic

4.2 NORMAS METODOLÓGICAS

4.3 ESTRUTURADOARTIGO

4.3.1 Elementos pré-textuais

conforme explicação e modelo a seguir:• Título do trabalho (letra 18, centralizado, caixa

alta e negrito);• Subtítulo, se houver (letra 16, centralizado,

negrito, maiúscula e minúscula); (deixar 2 linhas detamanho 12 em branco);

Aluno: nome do aluno (letra 12, centralizado,negrito, maiúscula e minúscula), com nota de rodapéindicando a titulação e o e-mail;

Co-autor: nome do orientador (letra 12,centralizado, negrito, maiúscula e minúscula), comnota de rodapé indicando a titulação (especialista,mestre, doutor) e o e-mail; (deixar 2 linhas de tamanho12 em branco);

Resumo (letra 12, negrito, alinhado à esquerda)

Após a palavra “resumo”, deixar 1 linha detamanho 12 em branco. O resumo deve ter umparágrafo de, no máximo, 250 palavras(aproximadamente 15 linhas), sem recuo na primeiralinha. Usar espaçamento

O resumo (Quadro 3) deveapresentar o objetivo geral da pesquisa, o métodoutilizado, os resultados e as conclusões do trabalho,formando uma sequência corrente de frases concisas, enão de uma enumeração (ABNT, NBR 6028, 2003).

Após o resumo, deixar 2 linhas de tamanho 12 embranco.

Palavras-chaveNum total de 3 a 6 palavras ou termos mais

importantes do conteúdo, frequentemente já expressosno resumo, devem ser separados entre si e finalizadospor ponto e iniciados com letra maiúscula.Aexpressão“Palavras-chave” deve ser em fonte 12, negrito,alinhada à esquerda.

simples, justificado,tamanho 12, itálico.

Quadro 2 – Disposição dos elementos do artigo científicoFonte: ABNT, NBR 6022, 2003 (os autores, 2007).

ELEMENTOS

Pré-textuais

Textuais

Pós-textuais

ETAPAS

TítuloSubtítulo (opcional)AutoresResumoPalavras-chave

IntroduçãoDesenvolvimentoConsiderações Finais

Referências (obrigatório)Apêndice(s) (opcional(is)/não-recomendado(s))Anexo(s) (opcional(is)/não-recomendado(s))

• Tema e objetivo do artigo.• Apresentação concisa dos pontos maisimportantes.• Tipo de pesquisa e coleta de dados.• Resultados (considerações finais).

Quadro 3 – Lembrete sobre o resumoFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

Page 22: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

22

Exemplo:

Conhecimento. Ciência. Metodologia Científica.

Após as palavras-chave, deixar 2 linhas de tamanho 12 em branco. A disposição dos elementos pré-textuais doartigo científico, de acordo com as normas adotadas pelo ICPG, pode ser observada na Figura 1.

Palavras-chave:

Figura 1 – Elementos pré-textuais do artigo científicoFonte: Os autores, 2007.

EeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeEeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

3 cm 2 cm

2 cm

2 cm

TÍTULOSubtítulo

Nome do Aluno¹Nome do Co-Autor²

Resumo

Palavra-chave? Bbbbbbbbbb cccccccc ddddddddddd

Introdução

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

1 Especialista em xxxxxxxx. E-mail:[email protected] Mestre em xxxxxxx. E-mail: [email protected]

Page 23: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 23

4.3.2 Elementos textuais

4.3.2.1 Introdução

4.3.2.2 Desenvolvimento

É a apresentação inicial do trabalho. Possibilitau m a v i s ã o g l o b a l d o a s s u n t o t r a t a d o(contextualização), com definição clara, concisa eobjetiva do tema, e da delimitação precisa dasfronteiras do estudo em relação ao campo selecionado,ao problema e aos objetivos a serem estudados.

O objetivo geral refere-se diretamente ao objeto –problema do trabalho. Inicia-se a frase com um verboabrangente e na forma infinitiva (ANEXO A),envolvendo o cenário pesquisado e umacomplementação que apresente a finalidade (iniciandono gerúndio) (SILVA, 2006a).

O autor aponta os seus propósitos e as linhas geraisque orientaram seu pensamento, ou seja, apresenta oproblema ou tema central do estudo ou da pesquisa,contextualiza-o, destacando sua importância e seuslimites quanto à extensão e à profundidade. Naintrodução (Quadro 4), também se devem mencionaras principais etapas (títulos e subtítulos) do trabalho.(SILVA; TAFNER, 2006).

É a parte principal, mais extensa e consistente dotrabalho. São apresentados os conceitos, teorias eprincipais ideias sobre o tema focalizado, além deaspectos metodológicos, resultados e interpretação doestudo.

Da mesma forma que na introdução, os elementosque integram o desenvolvimento do trabalho (Quadro5) poderão variar nas suas divisões e subdivisões, emfunção da sua natureza e da área de conhecimento aque pertencem.

Independente do trabalho, o aluno deve utilizarrecursos complementares no corpo do texto,especialmente no desenvolvimento. A seguir,apresentam-se outras regras que devem ser seguidaspara os títulos e indicativos numéricos, quadros,gráficos, tabelas, figuras e citações.

As partes que dividem o texto de um documento,contendo a exposição ordenada do assunto, sãodenominadas de capítulos (divisões) e tópicos(subdivisões). Cada capítulo deve apresentar o título e,possivelmente, subtítulos. A numeração deve serprogressiva e alinhada à esquerda. As divisões

4.3.2.2.1 Títulos e indicativos numéricos

Contextualização• Relevância/justificativa• Objetivo• Pergunta de pesquisa• Tipos de pesquisa ecoleta de dados• Tópicos dodesenvolvimento

1º momento – Tema de forma geral (conceitos e importância do tema)+ citações2º momento – Relevância e necessidade do tema, o cenário estudado+ citações3º momento – Objetivo geral (iniciar com verbo de ação no infinitivo+ cenário da pesquisa + complementação que apresente a finalidadeiniciando no gerúndio)4º momento – Problema de pesquisa (forma interrogativa -pergunta)5º momento – Tipos de pesquisa e coleta de dados (atividades)6º momento – Etapas do trabalho (títulos/subtítulos internos)

Quadro 4 – Lembrete sobre a introduçãoFonte: Os autores, 2007.

• Aprofundamento e análise pormenorizadados aspectos conceituais.• Discussão das ideias e teorias quesustentam o tema (fundamentação teórica).• Posicionamento pessoal.• Relatos de experiência.

Quadro 5 – Lembrete sobre o desenvolvimentoFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

LEMBRETE

Page 24: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

24

( ) devem iniciar em folha distinta. Não se utiliza nenhuma pontuação oucaractere entre o número e o título (ABNT, NBR 6024, 2003). Os títulos das divisões e das subdivisões sãodestacados gradativamente, usando-se os recursos apresentados no Quadro 6.

Não se aconselha o uso de subtítulos de quarta seção com marcações numéricas (2.1.1.1). Se houvernecessidade de subdivisões, sugere-se utilizar as letras minúsculas com parênteses ou os marcadores. Todosdevem ser alinhados à margem esquerda, conforme modelo abaixo:

a) Década de 1990

Processos sociaisBenefícios familiares

Figuras, gráficos, quadros e tabelas (desenho, esquema, fluxograma, fotografias, mapas, organogramas,plantas, retratos e outros) devem ser de boa qualidade, ter relação com o assunto abordado e conter análise dasinformações apresentadas. São inseridos em um trabalho científico quando apresentam dados verdadeiramentenecessários à compreensão do texto.

Os quadros resumem um conjunto de dados que não são passíveis de tratamento estatístico, enquanto astabelas (lista e forma específica) apresentam dados estatísticos.As fotografias são consideradas e tratadas comofiguras. Os gráficos devem ter cores bem diferentes para as suas variáveis, e o uso de modelo pizza parasituações com mais de quatro variáveis deve ser evitado, pois dificulta a leitura e a interpretação dasinformações. Devem-se utilizar, então, os modelos de barras ou colunas. A legenda deve aparecer na lateraldireita ou abaixo do gráfico.

As figuras, gráficos e quadros devem apresentar título com numeração arábica (fonte 12) antes do elemento;sua estrutura e fonte (autor e ano) abaixo, em fonte 10, conforme modelos 1, 2 e 3 a seguir.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.3.2.2.2Apresentação dos elementos de apoio ao texto

Quadro 6 – Títulos e formataçãoFonte: Os autores, 2007.

TÍTULO

3.1 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

3.1.1 Histórico da administração científica

3 ADMINISTRAÇÃO

FORMATAÇÃO

Letras maiúsculas, em negrito

Letras maiúsculas, sem negrito

Apenas a 1ª letra maiúscula, sem

negrito

Modelo 1- Figura

Figura 1 – Mapa de localizaçãoFonte: Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, 2003.

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 25

Modelo 2 – Gráfico

Modelo 3 – Quadro

Gráfico 1 –ProcedênciaFonte: Os autores, 2007.

Quadro 1 –Distância de Florianópolis de outras cidadesFonte: Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, 2003.

CIDADE

São PauloPorto AlegreCuritibaRio de JaneiroFoz do IguaçuBuenos AiresMontevidéuAssunçãoSantiago

KM

705476300

1.144942

1.5391.3601.2902.885

As tabelas devem apresentar o título do elemento com numeração arábica (fonte 12), e, abaixo, a fonte(autor e ano), em letra 10. Estes elementos expõem dados estatísticos e devem ter a lateral da sua estruturasem borda, conforme modelo a seguir.

Fonte: Os autores, 2006.

Modelo 4 – Tabela

Machado de Assis

Rui Barbosa

Monteiro Lobato

9

7

8

9

8

9

9

7,5

8,5

ALUNOS ATIVIDADE 1 ATIVIDADE 2 MÉDIA

Tabela 1 - Notas da Turma 1C

Page 26: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

26

4.3.2.2.3 Citações

4.3.2.2.4 Fundamentação teórica

A apresentação das citações se encontra na NBR10520, de agosto de 2002,daABNT.

Segundo Ruiz (1991, p. 83),

As citações serão aprofundadas na disciplina deMTC 2.

No artigo científico, a fundamentação éapresentada de acordo com o tema proposto nos itensinternos, ou seja, nos títulos e subtítulos do trabalho.Dessa forma, não deve ser criado um item específicopara a fundamentação teórica.

A fundamentação teórica (Quadro 7), revisão daliteratura ou revisão bibliográfica, apresenta osconceitos teórico-empíricos que nortearão o trabalho.O texto deve ser construído expressando as leituras eos diálogos entre o pesquisador e os autorespesquisados. (SILVA, 2006b).

Assim, deve-se apresentar uma revisão crítica defontes de pesquisa relacionadas ao tema de formaampla para, depois, fazê-la de forma específica. Oaluno deve relacionar sua visão sobre o temafundamentado aos acontecimentos atuais e trabalhosjá realizados na área, bem como opiniões de autores.

Salienta-se que é necessário o cumprimento dasregras de citações (ABNT, NBR 10520, 2002)apresentadas neste documento.

4.3.2.2.5 Procedimentos metodológicos

Diversos autores já publicaram suas percepções econceitos sobre pesquisa e vários salientam que esta éum processo de perguntas e investigação; é sistemáticae metódica e aumenta o conhecimento humano.(COLLIS; HUSSEY, 2005).

“A pesquisa parte [...] de uma dúvida ou problemae, com o uso do método científico, busca uma repostaou solução”. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 63). Paratal, o pesquisador utiliza conhecimentos teóricos epráticos. É necessário que tenha habilidades para autilização de técnicas de análise e que entenda osmétodos científicos e os procedimentos para que possaatingir o objetivo de encontrar respostas para asperguntas formuladas para o estudo.

O objetivo da pesquisa pode ser resumido daseguinte maneira:

Assim, a pesquisa envolve o planejamentocuidadoso de uma investigação de acordo com asnormas da metodologia científica, tanto aquelareferente à forma como ao conteúdo. (OLIVEIRA,2002).

Segundo Andrade (2001), pesquisa científica é umconjunto de procedimentos sistemáticos, baseados noraciocínio lógico, que tem por objetivo encontrarsoluções para os problemas propostos, mediante oemprego de métodos científicos e definição de tipos depesquisa

• Relação entre o texto e as citações (uso dascitações com comentários do aluno).• Citações corretas (curtas - até 3 linhas, comaspas; e longas - recuo de 4cm, sem aspas e letra10).• Tema (área de conhecimento – área de estudo,objetivo do artigo).

Quadro 7 – Lembrete sobre fundamentação teóricaFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

“Citações são os textos documentais levantados coma máxima fidelidade durante a pesquisa bibliográficae que se prestam para apoiar a hipótese dopesquisador ou para documentar sua interpretação”.

• revisar e sintetizar o conhecimento existente;• investigar alguma situação ou problema existente;• fornecer soluções para um problema;• explorar e analisar questões mais gerais;• construir ou criar um novo procedimento ousistema;• explicar um novo fenômeno;• gerar novo conhecimento;• uma combinação de quaisquer dos itens acima.(COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 16).

“A pesquisa, tanto para efeito científico comoprofissional, envolve a abertura de horizontes e aapresentação de diretrizes fundamentais, que podemc o n t r i b u i r p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o d oconhecimento.” (OLIVEIRA, 2002, p. 62).

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 27

4.3.2.2.6 Modalidades da pesquisa

Para o desenvolvimento de qualquer pesquisacientífica é imprescindível a definição dosprocedimentos metodológicos. O artigo científicotambém deve apresentar os caminhos e formasutilizadas no estudo. Assim, é importante citar asmodalidades ou tipos da pesquisa e características dotrabalho. Conforme Gil (1999), as pesquisas podemser classificadas quanto:

• à natureza da pesquisa (básica ou aplicada);• à abordagem do problema (qualitativa ou

quantitativa ou ambas combinadas);• à realização dos objetivos (descritiva,

exploratória ou explicativa);• aos procedimentos técnicos (bibliográfica,

documental, levantamento, estudo de caso,participante, pesquisa-ação, experimental e ex-post-facto).

objetiva gerar conhecimentosnovos, úteis para o avanço da ciência,

Envolve verdades e interessesuniversais. (GIL,1999). Assim, o pesquisador buscasatisfazer uma necessidade intelectual peloconhecimento e sua meta é o saber. (CERVO;BERVIAN, 2002).

objetiva gerar conhecimentosdirigidos à solução de

problemas específicos. Envolve verdades e interesseslocais. (GIL,1999). Este tipo de pesquisa visa àaplicação de suas descobertas a um problema(COLLIS; HUSSEY, 2005).

considera que tudo possaser contável, o que significa traduzir em númerosopiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas

a) Do ponto de vista da sua natureza, pode ser:

Pesquisa Básica:sem aplicação

prática prevista.

PesquisaAplicada:para aplicação prática

b) Do ponto de vista da forma de abordagem doproblema, pode ser:

Pesquisa Quantitativa:

(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão,coeficiente de correlação e outros). (GIL, 1999).Assim, a pesquisa quantitativa é focada namensuração de fenômenos, envolvendo a coleta eanálise de dados numéricos e aplicação de testesestatísticos. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

considera que há umarelação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e asubjetividade do sujeito que não pode ser traduzido emnúmeros.Ainterpretação dos fenômenos e a atribuiçãode significados são básicas no processo de pesquisaqualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicasestatísticas. O ambiente natural é a fonte direta paracoleta de dados, e o pesquisador é o instrumento-chave. (GIL, 1999). A pesquisa qualitativa utilizavárias técnicas de dados, como a observaçãoparticipante, história ou relato de vida, entrevista eoutros. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

visa proporcionar maiorproximidade com o problema, objetivando torná-loexplícito ou definir hipóteses. Procura aprimorarideias ou descobrir intuições. Possui um planejamentoflexível, envolvendo, em geral, levantamentobibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveramexperiências práticas com o problema pesquisado eanálise de exemplos similares.Assume, geralmente, asformas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.Indicada para as fases de revisão da literatura,formulação de problemas, levantamento de hipóteses,identificação e operacionalização das variáveis. (GIL,1996; DENCKER, 2000). Esse tipo de pesquisa évoltado a pesquisadores que possuem poucoconhecimento sobre o assunto pesquisado, pois,geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicadosobreo tema. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Pesquisa Qualitativa:

c) Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser:

Pesquisa Exploratória:

São pesquisas [básica e aplicada] que não se excluem,nem se opõem. Ambas são indispensáveis para oprogresso das ciências e do homem: uma busca aatualização de conhecimentos para uma nova tomadade posição, enquanto a outra pretende, além disso,transformar em ação concreta os resultados de seutrabalho. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65).

Se você estivesse conduzindo um estudo sobre oestresse provocado por trabalho noturno e adotasse ométodo quantitativo, seria útil coletar dados objetivose numéricos, tais como taxas de absenteísmo, níveisde produtividade, etc. Todavia, caso adotasse ummétodo qualitativo, você poderia coletar dadossubjetivos sobre o estresse enfrentado portrabalhadores noturnos em termos de percepções,saúde, problemas sociais e assim por diante.(COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 27).

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Pesquisa Descritiva:

Pesquisa Explicativa:

d) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos,pode ser:

Pesquisa Bibliográfica:

visa descrever ascaracterísticas de determinada população oufenômeno ou o estabelecimento de relações entrevariáveis. A forma mais comum de apresentação é olevantamento, em geral, realizado mediantequestionário ou observação sistemática, que ofereceuma descrição da situação no momento da pesquisa.Metodologia indicada para orientar a forma de coletade dados quando se pretende descrever determinadosacontecimentos. (GIL, 1996; DENCKER, 2000, p.125). É direcionada a pesquisadores que temconhecimento aprofundado a respeito dos fenômenose problemas estudados.

aprofunda o conhecimentoda realidade porque explica a razão, o porquê dascoisas, e, por isso, é o tipo mais complexo e delicado,já que o risco de cometer erros aumentaconsideravelmente. Visa identificar os fatores quedeterminam ou contribuem para a ocorrência dosacontecimentos. Caracteriza-se pela utilização dométodo experimental (nas ciências físicas ou naturais)e observacional (nas ciências sociais). Geralmenteutiliza as formas de Pesquisa Experimental e PesquisaEx-Post-Facto. Metodologia indicada para orientar acoleta de dados em pesquisas que procuram estudar ainfluência de determinados fatores na determinação deocorrência de fatos ou situações. (GIL, 1996;DENCKER, 2000, p. 125).

utiliza material jápublicado, constituído basicamente de livros, artigosde periódicos e, atualmente, de informaçõesdisponibilizadas na internet. Quase todos os estudosfazem uso do levantamento bibliográfico, e algumas

pesquisas são desenvolvidas exclusivamente porfontes bibliográficas. Sua principal vantagem épossibilitar ao investigador a cobertura de uma gamade acontecimentos muito mais ampla do que aquelaque poderia pesquisar diretamente. (GIL, 1999). Atécnica bibliográfica visa encontrar as fontes primáriase secundárias e os materiais científicos e tecnológicosnecessários para a realização do trabalho científico outécnico-científico. (OLIVEIRA, 2002).

é elaborada a partir demateriais que não receberam tratamento analítico,documentos de primeira mão, como documentosoficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos,diários, filmes, fotografias, gravações etc., ou, ainda, apartir de documentos de segunda mão que, de algumaforma, já foram analisados, tais como relatórios depesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticasetc. (GIL, 1999); e dos localizados no interior deórgãos públicos ou privados, como manuais,relatórios, balancetes e outros.

: envolve a interrogação direta depessoas cujo comportamento se deseja conheceracerca do problema estudado para, em seguida,mediante análise quantitativa, chegar às conclusõescorrespondentes aos dados coletados. O levantamentofeito com informações de todos os integrantes douniverso da pesquisa origina um censo. (GIL, 1999). Olevantamento usa técnicas estatísticas, análisequantitativa e permite a generalização das conclusõespara o total da população e, assim, para o universopesquisado, permitindo o cálculo da margem de erro.Os dados são mais descritivos que explicativos.(DENCKER, 2000).

envolve o estudo profundo eexaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a seobter o seu amplo e detalhado conhecimento. (GIL,1999). O estudo de caso pode abranger análise deexame de registros, observação de acontecimentos,entrevistas estruturadas e não-estruturadas ouqualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto podeser um indivíduo, um grupo, uma organização, um

Pesquisa Documental:

Levantamento

Estudo de Caso:

A pesquisa descritiva observa, registra, analisa ecorrelaciona fatos ou fenômenos (variáveis) semmanipulá-los. [...] Procura descobrir, com a precisãopossível, a frequência com que um fenômeno ocorre,sua relação e conexão com outros, sua natureza ecaracterísticas. [...] desenvolve-se, principalmente,nas ciências humanas e sociais, abordando aquelesdados e problemas que merecem ser estudados e cujoregistro não consta de documentos. (CERVO;BERVIAN, 2002, p. 66).

A pesquisa bibliográfica procura explicar umproblema a partir de referências teóricas publicadasem documentos [...] busca conhecer e analisar ascontribuições culturais ou científicas do passadoexistentes sobre um determinado assunto, tema ouproblema. [...] constitui geralmente o primeiro passode qualquer pesquisa científica. (CERVO;BERVIAN, 2002, p. 65-66).

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conjunto de organizações ou, até mesmo, umasituação. (DENCKER, 2000). A maior utilidade doestudo de caso é verificada nas pesquisasexploratórias. Por sua flexibilidade, é sugerido nasfases iniciais da pesquisa de temas complexos, para aconstrução de hipóteses ou reformulação do problema.É utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento.A coleta de dados geralmente é feita por mais de umprocedimento. Entre os mais usados, estão: aobservação, a análise de documentos, a entrevista e ahistória da vida. (GIL, 1999).

concebida e realizada em estreitaassociação com uma ação ou com a resolução de umproblema coletivo. Os pesquisadores e participantesrepresentativos da situação ou do problema estãoenvolvidos de modo cooperativo ou participativo.(GIL, 1999). Objetiva definir o campo deinvestigação, as expectativas dos interessados, bemcomo o tipo de auxílio que estes poderão exercer aolongo do processo de pesquisa. Implica o contatodireto com o campo de estudo, envolvendo oreconhecimento visual do local, consulta adocumentos diversos e, sobretudo, a discussão comrepresentantes das categorias sociais envolvidas napesquisa. É delimitado o universo da pesquisa erecomendada a seleção de uma amostra. O critério derepresentatividade dos grupos investigados napesquisa-ação é mais qualitativo do que quantitativo.É importante a elaboração de um plano de ação,envolvendo os objetivos que se pretende atingir, apopulação a ser beneficiada, a definição de medidas,procedimentos e formas de controle do processo e deavaliação de seus resultados. (GIL, 1996). Não segueum plano rigoroso, pois o plano é readequadoconstantemente de acordo com a necessidade, osresultados e o andamento da pesquisa. O investigadorse envolve no processo, e sua intenção é agir sobre arealidade pesquisada. (DENCKER, 2000).

Pesquisa-Ação:

Pesquisa-ação é uma pesquisa na qual opesquisador, enquanto intervém na realidade, analisa aprópria intervenção. Segundo Thiollent, pesquisa-ação

pesquisa realizada pormeio da integração do investigador que assume umafunção no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir umaproposta predefinida de ação. A intenção é adquirirconhecimento mais profundo do grupo. O grupoinvestigado tem ciência da finalidade, dos objetivos dapesquisa e da identidade do pesquisador. Permite aobservação das ações no próprio momento em queocorrem. (DENCKER, 2000). Esta pesquisa necessitade dados objetivos sobre a situação da população. Issoenvolve a coleta de informações socioeconômicas etecnológicas que são de natureza idêntica àsadquiridas nos tradicionais estudos de comunidades.Esses dados podem ser agrupados por categoriasgeog rá f i ca s , demográ f i ca s , econômicas ,habitacionais, educacionais e outras. (GIL, 1996).

Pesquisa Participante:

É comum proceder-se a um estudo de caso partindoda leitura de documentos, passando para a observaçãoe a realização de entrevistas e culminando com aobtenção de histórias de vida. Por exemplo, se aunidade pesquisada for constituída por uma igrejaevangélica, o pesquisador pode, inicialmente,consultar documentos tais como: livro de atas, avisos,livros de orações, registro de batismos etc. A seguir,pode observar algumas das sessões do culto e daescola dominical. Pode entrevistar o pastor e algunsdos fiéis e, por fim, selecionar algumas histórias devida significativas para atingir os objetivospropostos. (GIL, 1996, p. 122).

Diversas técnicas são adotadas para coleta de dadosna pesquisa-ação.Amais usual é a entrevista aplicadacoletiva ou individualmente. Também se utiliza oquestionário, sobretudo quando o universo a serpesquisado é constituído por grande número deelementos. Outras técnicas aplicáveis são: aobservação participante, a história de vida. (GIL,1996, p. 129).

[...] é um tipo de pesquisa social com base empíricaque é concebida e realizada em estreita associaçãocom a ação ou com a resolução de um problemacoletivo e no qual os pesquisadores e participantesrepresentativos da situação ou do problema estãoenvolvidos de modo cooperativo ou participativo.(2002, p. 14).

Por exemplo, em relação ao problema da repetênciaescolar, seria errôneo considerar que as causas seriamdevidas exclusivamente à incapacidade dos alunos.Nesta fase de crítica da representação do problemacaberia considerar outros aspectos, tais como: otempo que a criança dispõe para estudar, os estímulosrecebidos no meio familiar, a maneira como é tratadana escola, o interesse que lhe desperta a matérialecionada e também a real importância dosconhecimentos que a escola transmite. (GIL, 1996, p.135).

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Pesquisa Experimental:

P e s q u i s a E x - P o s t - F a c t o :

quando se determina umobjeto de estudo, selecionam-se as variáveis queseriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formasde controle e de observação dos efeitos que a variávelproduz no objeto. (GIL, 1999). A pesquisaexperimental necessita de previsão de relações entre asvariáveis a serem estudadas, como também o seucontrole, e, por isso, na maioria das situações, éinviável quando se trata de objetos sociais. (GIL,1996).

q u a n d o o“experimento” se realiza depois dos fatos. Opesquisador não tem controle sobre as variáveis. (GIL,1999). É um tipo de pesquisa experimental, mas difereda experimental propriamente dita pelo fato de ofenômeno ocorrer naturalmente sem que oinvestigador tenha controle sobre ele, ou seja, nessecaso, o pesquisador passa a ser um mero observador doacontecimento. Exemplo disso é a verificação doprocesso de erosão sofrido por uma rocha porinfluência do choque proveniente das ondas do mar.(BOENTE; BRAGA, 2004). É importante salientarque o pesquisador deve explicar de que tipo depesquisa o estudo trata, justificando cada item declassificação e a relação com o tema e objetivos dapesquisa; deve fazer uso de citações para enriquecer aargumentação (Quadro 8). Toda fonte citada deve serreferida, e toda fonte referida deve ser citada

4.3.2.2.7 Coleta de dados

M e n c i o n a r c o m o f o i o r g a n i z a d a eoperacionalizada a coleta dos dados relativos aoprocesso de pesquisa. Todas as formas de coletautilizadas devem ser mencionadas (leituras,entrevistas, questionários, documentos, observação) ede onde foram coletados os dados, identificando oambiente, a população e a amostra retirada para apesquisa (Quadro 9).

Dentre as formas de coleta de dados, podem-sedestacar: questionário, entrevista e observação.

O questionário é o que exige maior atenção dopesquisador por se tratar de um instrumentoirreversível, ou seja, no caso de ocorrência de algumproblema que inviabilize a utilização desseinstrumental, será preciso um novo levantamento. Porisso exige maior planejamento. (LABES, 1998). Essatécnica de investigação, composta por questõesapresentadas por escrito às pessoas, tem a intenção deidentificar opiniões, crenças, sentimentos, interesses,expectativas, situações vivenciadas e outros. (GIL,1996). As situações em que o questionário deve serutilizado, segundo Labes (1998, p. 17), são:

a) Questionário

Quando os objetos em estudo são entidades físicas,tais como porções de líquidos, bactérias ou ratos, nãose identificam grandes limitações quanto àpossibilidade de experimentação. Quando, porém, setrata de experimentar com objetos sociais, ou seja,com pessoas, grupos ou instituições, as limitaçõestornam-se bastante evidentes. Considerações éticas ehumanas impedem que o experimento se façaeficientemente nas ciências humanas, razão pela qualos procedimentos experimentais se mostramadequados apenas a um reduzido número desituações. (GIL, 1996, p. 53-54).

Quadro 8 – Lembrete sobre procedimentos metodológicosFonte: Silva e Silva, 2006.

• Definição de cada tipo de pesquisa (natureza,abordagem, objetivos, procedimentos).• Explicação e argumentação do tipo de pesquisa.• Explicações relacionadas ao tema do trabalho.• Citações para cada tipo de pesquisa apresentada.• Correlação entre citações e referências.

LEMBRETE

• Coletas bibliográficas (temas e assuntos).• Documentos internos da empresa (relatórios...).• Entrevistas e questionários devem citar quantas equais pessoas (cargos) foram pesquisadas.• Observação (definição e forma de observação).

Quadro 9 – Lembrete sobre coleta de dadosFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

· Necessidade do registro de informações(comprovação/cientificidade);· Existência de dados padronizados para posteriormensuração;· Dispersão geográfica do público-alvo;·Amostra ou população numerosa;· Desconhecimento dos fatores quantitativos doproblema (causa-efeito);· Grande número de variáveis intervenientes.

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 31

Para elaborar um questionário, deve-se refletirsobre os objetivos da pesquisa e passá-los paraquestões específicas. São as respostas queapresentarão as informações necessárias para testar ashipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa.Segundo Labes (1998), as etapas do questionáriopodem ser:

a) Pesquisa;b) Elaboração do questionário;c) Testagem ou pré-teste;d) Distribuição e aplicação;e) Tabulação dos dados;f)Análise e interpretação dos dados.

Gil (1999) cita três tipos de questões em relação àforma: questões fechadas, questões abertas e questõesrelacionadas. Na questão fechada, Dencker (2000)acrescenta perguntas com escala.

No questionário do tipo ,apresenta-se ao respondente um conjunto dealternativas de resposta para que seja escolhida a quemelhor representa a sua situação ou ponto de vista.

Exemplo: Qual a sua religião?( ) Católica ( ) Espírita ( ) Protestante ( ) Luterana( ) Sem religião( ) Outra__________________

A pergunta com escala visa medir o grau, e não aqualidade. Apresenta uma gradação nas respostas. Aescala pode ser apresentada pela atribuição de nota, depreferência, de atitude.

Exemplo: Em que medida você concorda com aprivatização dos serviços de telefonia?

( ) Concordo plenamente ( ) Concordo ( ) Nãotenho opinião ( ) Discordo ( ) Discordo plenamente

Sobre as questões, o Quadro 10 apresenta algunsitens a serem lembrados.

questões fechadas Nas , apresenta-se a pergunta edeixa-se um espaço em branco para que a pessoaescreva sua resposta sem qualquer restrição.

Exemplo: Como você considera o atual governomunicipal?_____________________________________________________________________________________________________________________

Entretanto, questionários com excesso de questõesabertas retornam com muitas delas não respondidas.Também é conveniente lembrar que, nesse caso, atabulação das respostas torna-se mais complexa.

As são aquelas dependentesda resposta dada a uma outra questão.

Exemplo:9) Você possui automóvel?( ) Sim (responda à questão seguinte) ( ) Não

(responda à questão número 11)

10) Qual a marca do seu automóvel?( ) Volkswagem ( ) Chevrolet ( ) Fiat( ) Outro_____________________________

questões abertas

questões relacionadas

• Não é conveniente oferecer um número muitogrande de alternativas, pois, poderá prejudicar aescolha.• Nas questões com diversas alternativas, deve-sesempre colocar a opção “outras” para não ter quelistar todas as possíveis opções.• Ter apenas uma resposta para o entrevistadoassinalar. Quando houver necessidade de mais deuma resposta (Exemplo: Que esportes vocêpratica?), deve-se deixar claro na pergunta e tercuidado na tabulação.

Quadro 10 – Lembrete sobre questõesFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

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32

Labes (1998) enfatiza a necessidade de se tergrande atenção na formulação das perguntas,especialmente no que diz respeito à escolha eutilização das palavras, clareza, terminologiaadequada, linguagem de fácil compreensão, etc.

Assim, para a elaboração do questionário, énecessária a observação de quatro itens principais:

1) Cabeçalho ou orientações aos respondentes (senecessário, orientações sobre o preenchimento);

2) Redação das perguntas – aberta, fechada e semi-aberta (com clareza e simplicidade);

3) Montagem do questionário (número, ordem ecodificação das perguntas. Ordem crescente decomplexidade);

4) Tratamento estético do questionário (papel,formato, reprodução, letras).

Antes da aplicação definitiva do questionário, sefaz necessário um pré-teste. Esta prova serve paraevidenciar possíveis falhas na redação do

questionário, tais como, complexidade das questões,imprecisão na redação, não-necessidade das questões,constrangimentos aos informantes, exaustão etc. Opré-teste deverá ser aplicado na quantidade de 10 a 20provas a elementos pertencentes à populaçãopesquisada. (GIL, 1999; DENCKER, 2000).

Para a distribuição do questionário, após aadequação do pré-teste, podem ser utilizados osseguintes meios: correio, e-mail e/ou telefone. Osquestionários também podem ser distribuídospessoalmente, de forma individual ou em grupo. Paratodos os meios, é preciso ter precauções para aaplicação, o preenchimento e o retorno dosquestionários. (GIL, 1999; LABES, 1998).

Labes (1998) destaca como pontos doplanejamento a definição dos recursos necessários, adelimitação da população e da amostra e a definição deum cronograma de trabalho.

O tratamento estatístico deve atender a doismomentos: seleção e definição do universo eorganização do questionário–tabulação. (LABES,1998).

A amostra de uma pesquisa pode ser conceituadacomo “subconjunto finito de uma população”(LABES, 1998, p. 22) e dividida em quatro tipos:

1) Amostragem Causal ou Aleatória Simples:sorteio ou seleção espontânea da amostra.

2) Amostragem Sistemática: quando a populaçãoencontra-se ordenada, por exemplo, em subgrupos;quando se conhece a proporção e a dispersãogeográfica.

3) Amostragem Proporcional Estratificada:consideração de variáveis, como sexo, idade, rendaetc.

4) Amostragem Probabilística: possibilidade detodos os elementos serem pesquisados – aleatoriedadeda amostra. Fator importante: conhecer ou não ap r o b a b i l i d a d e d e o c o r r ê n c i a d oevento/fenômeno/característica.

A tabulação de questionários, segundo Labes(1998), pode se voltar à ampli tude dasvariáveis/categorias, ao cruzamento de variáveis e àtabulação manual e ao processamento eletrônico. Autilização de gráficos deve, ainda de acordo comLabes (1998), se preocupar com proporcionalidade,título, grandezas numéricas, relações e outros.

• A pergunta não deve sugerir respostas.• A questão deve referir-se a uma única ideia decada vez.• O questionário não deve ultrapassar o número de30 questões.• Iniciar pelas questões que definam o perfil doentrevistado (sexo, faixa etária, renda etc.).• Na sequência, começar pelas questões maisgerais e, depois, apresentar as de maiorespecificidade.• As perguntas devem ser ordenadas em umasequência lógica.• Incluir apenas perguntas que realmente tenhamrelação com o problema.• Iniciar com as questões mais fáceis eimpessoais, deixando as mais difíceis e íntimaspara o fim.• Evitar perguntar o nome, pois as respostas sãomais livres e sinceras.• Não obrigar o entrevistado a fazer cálculos.• Ter uma boa apresentação gráfica (caracteres,diagramação, espaçamento entrelinhas).• Apresentar as instruções do preenchimentoadequado do questionário.• Citar, na apresentação do questionário, o objetivoda pesquisa e os envolvidos (entidade).

Quadro 11 – Lembrete sobre questionárioFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

“O universo ou população é o conjunto de seresanimados ou inanimados que apresentam pelo menosuma característica em comum [...] dependem doassunto a ser investigado.” (OLIVEIRA, 2002, p. 72)

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A análise dos dados consiste em: relacionar;comparar; medir; identificar; agrupar; classificar;concluir; deduzir. Os procedimentos de análise são:definição de variáveis e tabulação (adotando uma oumais variáveis como referência).

A entrevista é uma comunicação verbal entre duasou mais pessoas. Com uma estruturação previamentedeterminada, a entrevista é realizada com a intenção deobter informações de pesquisa. É uma das técnicas decoleta de dados mais usadas nas ciências sociais.(DENCKER, 2000; GIL, 1999). O pesquisador deveplanejar a entrevista delineando o objetivo a seralcançado e cuidando de sua elaboração,desenvolvimento e aplicação. As entrevistas podemser estruturadas (com perguntas definidas) ousemiestruturadas (permitindo maior liberdade aopesquisador). (DENCKER, 2000). De acordo com Gil(1999, p. 119),

É recomendada nos estudos exploratórios aentrevista informal, que visa abordar realidades poucoconhecidas pelo pesquisador. É o tipo de entrevistamenos estruturada possível e só se distingue dasimples conversação porque tem como objetivo básicoa coleta de dados. Utilizam-se informantes-chave quepodem ser especialistas no tema em estudo, líderesformais ou informais, personalidades destacadas eoutras. (GIL, 1999).

Em situações experimentais, com o objetivo deexplorar com profundidade alguma experiênciavivenciada, é interessante o uso da entrevistafocalizada. Esta é utilizada com grupos de pessoas quepassaram por uma experiência específica, comoassistir a um filme, presenciar um acidente e outras.Essa categoria permite ao entrevistado falarlivremente sobre o assunto, com ampla liberdade de seexpressar. (GIL, 1999).

Aentrevista por pauta apresenta certa estruturação,pois se guia por uma relação de pontos de interesse doentrevistador. As pautas devem ser ordenadas e terrelação entre si. O entrevistador faz poucas perguntasdiretas e deixa o entrevistado falar livremente. (GIL,1999).

b) Entrevista

O desenvolvimento de uma relação fixa deperguntas, cuja ordem e redação permaneceminvariáveis para todos os entrevistados (quegeralmente são em grande número) é a entrevistaestruturada. (GIL, 1999).

as entrevistas mais estruturadas são aquelas quepredeterminam em maior grau as respostas a seremobtidas, [...] e as menos estruturadas sãodesenvolvidas de forma mais espontânea, sem queestejam sujeitas a um modelo pré-estabelecido deinterrogação.

EXEMPLO

ENTREVISTACOM O SECRETÁRIO DE TURISMO

1) O turismo ocupa uma posição prioritária para a atualadministração?2) Quanto é o orçamento (mensal ou anual) destinado aoturismo?3) Quais os principais atrativos turísticos da cidade?4) Como e onde é feita a divulgação desses atrativosturísticos?5) Quais as ações já realizadas pelo poder público para odesenvolvimento turístico local?6) Quais as ações/projetos que estão sendodesenvolvidos(as) pela Secretaria para o fomento daatividade turística no município?7) Como secretário de turismo, quais as suas sugestõespara um maior desenvolvimento do turismo nomunicípio?8) Em relação ao turismo, como o senhor visualiza omunicípio nos próximos anos?

No Quadro 12, encontra-se um lembrete sobre a entrevista.Fonte: Os autores, 2007.

• A data da entrevista deverá ser marcada comantecedência, e a situação em que se realiza deveser discreta.•Registrar os dados imediatamente (anotando-osou utilizando gravador).• Certificar-se de possuir permissão doentrevistado para registrar os dados e utilizá-los napesquisa.• Obter e manter a confiança do entrevistado.• Deixar o entrevistado à vontade.• Dispor-se mais a ouvir do que a falar.• Manter o controle da entrevista (temas).• Iniciar pelas perguntas que tenham menospossibilidade de provocar recusa.• Não emitir opinião.

Quadro 13 – Lembrete sobre entrevistaFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

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A análise dos dados pode ser de caráterquantitativo ou qualitativo e utilizar várias técnicaspara o tratamento dos dados. Em todas as pesquisas, éconveniente a realização de uma análise descritiva –com apresentação de uma visão geral dos resultados e,na sequência, análise dos dados cruzados, quepossibilita perceber as relações entre as categorias deinformação e da análise interpretativa. (DENCKER,2000).

De acordo com Labes (1998), a estatística naanálise e interpretação de dados pode ser classificadacomo:

descrição e análise seminferências e conclusões.

inferências, conclusões,tomadas de decisão e previsões.

Labes (1998) enfatiza a necessidade deconhecimento e domínio do pesquisador, de cálculosestatísticos, sob risco de tirar (e induzir a) conclusõesequivocadas, necessidade de definir e relacionarclasses, estratos e variáveis, bem como a importânciado cruzamento de variáveis.

Assim, a pesquisa deve prezar pela apresentação,formal e oficial, dos resultados do estudo; pelaexplicitação dos objetivos, de metodologia e dosresultados; e pela fidedignidade na transmissão dasdescobertas feitas. (LABES, 1998).

No Quadro 14, encontra-se um lembrete sobreanálise e interpretação.

Estatística Descritiva:

Estatística Indutiva:

c) Observação

Aobservação constitui elemento fundamental paraa pesquisa. É utilizada de forma exclusiva ouconjugada a outras técnicas. Segundo os meiosutilizados, a observação pode ser estruturada ou não-estruturada. De acordo com o nível de participação doobservador, pode ser participante ou não-participante.Gil (1999) afirma que a observação participante tendea utilizar formas não-estruturadas, podendo seradotada a seguinte classificação, que combina os doiscritérios considerados: observação simples,observação participantee observação sistemática.

Na , o pesquisador permanecealheio à comunidade, grupo ou situação que pretendeestudar e observa de maneira espontânea os fatos queocorrem. O pesquisador é muito mais um espectadorque um ator. A ocorre pormeio do contato direto do investigador com ofenômeno observado, para detectar as ações dos atoresem seu contexto natural, considerando sua perspectivae seus pontos de vista. (CHIZZOTTI, 2001).

O observador assume o papel de um membro dogrupo. (GIL, 1999) Nas pesquisas que tem comoobjetivo a descrição precisa dos fenômenos ou teste dehipóteses, é frequentemente utilizada a observaçãosistemática. Pode ocorrer em situações de campo oulaboratório. O pesquisador, antes da coleta de dados,elabora um plano específico para a organização e oregistro das informações.Para tal, é preciso estabelecerantecipadamente as categorias necessárias à análise dasituação.

O objetivo da análise é reunir as observações deforma coerente e organizada e responder o problemade pesquisa. A interpretação proporciona um sentidomais amplo aos dados coletados, fazendo a relaçãoentre eles e o conhecimento existente. (DENCKER,2000).

Os critérios de análise e as etapas utilizadas nainvestigação devem ser apresentados visandoinformar ao leitor as técnicas e métodos, expressos emtexto ou em etapas, em formato de cronograma.Assim,será possível identificar os procedimentos e perfil dopesquisador. A análise e a interpretação de dados, deacordo com Labes (1998, p.67):

observação simples

observação participante

4.3.2.2.8Análise e interpretação

[...] consistem na capacidade raciocinativa e técnicado pesquisador, representada pela capacidade deencadear informes, estruturar informações,estabelecer correlações e averiguações baseadosno(s) levantamento(s) de forma a possibilitar adescoberta ou o conhecimento de fatos, situações ourelações existentes na delimitação da pesquisa.

• Forma de analisar e interpretar.• Meios que serão utilizados.• Relações entre os dados coletados.

Quadro 14 – Lembrete sobre análise e interpretaçãoFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

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4.3.2.3 Considerações Finais

4.3.3 Elementos pós-textuais

4.3.3.1 Referências

A parte final do texto consiste na revisão sintéticados resultados e da discussão do estudo realizado. Temcomo objetivo destacar as principais questões tratadasno trabalho acerca do estudo desenvolvido. Asconsiderações finais devem apresentar deduçõeslógicas correspondentes aos propósitos previamenteestabelecidos do trabalho, apontando o alcance e osignificado de suas contribuições. Também podemindicar questões dignas de novos estudos, além desugestões para outros trabalhos.

Salienta-se que, nessa etapa do trabalho, não sedevem utilizar citações (diretas ou indiretas), pois estemomento é único e exclusivo para a reflexão do aluno.

Nas considerações (Quadro 15), igualmente não sedevem acrescentar elementos que não foram tratadosno desenvolvimento.

Devem ser colocadas em ordem alfabética dosobrenome, alinhadas à esquerda e de acordo com asnormas técnicas especificadas. Em territóriobrasileiro, utiliza-se a ABNT, NBR 6023, paranormalizar as referências apontadas durante otrabalho.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas(2002, p.1), na NBR 6023, de agosto de 2002,

(Quadro 16).

42.3.3.2Apêndice (opcional)

4.3.3.3Anexo (opcional)

4

5

Texto ou documento elaborado pelo autor que visacomplementar o trabalho. Os apêndices sãoidentificados por letras maiúsculas consecutivas,seguidas de travessão e respectivo título (Ex.:APÊNDICEA– Roteiro de entrevista).

Texto ou documento não-elaborado pelo autor dotrabalho, que complementa, comprova ou ilustra o seuconteúdo. Os anexos são identificados por letrasmaiúsculas consecutivas, seguidas de travessão erespectivo título (Ex.: ANEXO B – Estruturaorganizacional da EmpresaAlfa).

4 Sugere-se que os elementos pós-textuais Apêndices e Anexos não sejam incluídos na Revista Leonardo Pós do ICPG.5 Idem

• Síntese dos conteúdos essenciais dodesenvolvimento.•Retomada dos objetivos.• Desdobramentos possíveis.• Sem citações.• Sem elementos.

Quadro 15 – Lembrete sobre as considerações finaisFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

• Conforme ABNT, NBR 6023 (2002).• Ordem alfabética (sistema alfabético).• Todas as fontes citadas pelo autor (livros, sites,entrevistas, etc.).• Alinhamento na margem esquerda.

Quadro 16 – Lembrete sobre as referênciasFonte: Os autores, 2007.

LEMBRETE

Anotações

“[...] fixa a ordem dos elementos das referências eestabelece convenções para transcrição eapresentação de informação originada do documentoe/ou outras fontes de informação”.

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“amadurecer as ideias” antes de começar a escrever, eisso demanda tempo, o que pode ser um problema,caso o assunto a ser abordado seja completamentenovo para quem pesquisa.

Antes de abordar a importância do assunto, quer secompartilhar com você o que Cervo e Bervian (1983,p. 74) entendem por “assunto”: “o assunto de umapesquisa é qualquer tema que necessita melhoresdefinições, melhor precisão e clareza do que já existesobre o mesmo”.

Portanto, basta agora você pensar em umajustificativa para a realização do trabalho sobre atemática escolhida. É importante? É um novo métodoou uma nova técnica criada na empresa onde vocêtrabalha? Ou, se você apresentar definições maisclaras ou atualizadas e que tenham importância socialou política para uma determinada comunidade, diga aoleitor quais são as contribuições obtidas a partir dastécnicas ou definições. Seja qual for a contribuição(prática ou teórica), você deve reunir argumentos eexplorá-los para mostrar sua relevância.

Azevedo (1999, p. 43) destaca algumas perguntasa partir das quais se pode refletir sobre a importânciado objeto de estudo escolhido. Veja:

• O que esta pesquisa pode acrescentar à ciênciaonde se inscreve? (Relevância Científica).

ue benefício poderá trazer à comunidade com adivulgação do trabalho? (Relevância Social).

que levou o pesquisador a se iniciar e, por fim,escolher por este tema? (Interesse).

m termos gerais, quais são as possibilidadesconcretas de esta pesquisa vir a se realizar?(Viabilidade).

Outro fator a ser ponderado na escolha do seu temaestá relacionado às possibilidades de pesquisa. Alémde o assunto fazer parte das suas reais inclinações,ainda é preciso pensar nas suas possibilidades detempo, na existência de bibliotecas e de outras fontesde informação.

É bom verificar a existência de fontes para

b) da relevância do assunto

c) da possibilidade de pesquisa

• Q

• O

• E

Uma das tarefas iniciais na elaboração do artigodeve ser a escolha do assunto. Nesse processo, épreciso levar em conta alguns fatores, pois, caso opesquisador não lhes der atenção, correrá o risco dedescobrir, no meio do caminho, que a escolha foiequivocada.

A produção do artigo é uma etapa importante navida de quem ingressa numa pós-graduação. Portanto,o pesquisador não deve encará-la como umaobrigação. Para que a escrita não se transforme numfardo, basta analisar com atenção alguns fatores antesde começar. É fundamental lembrar que a escolha devefazer com que o autor se sinta realizado ao escreversobre o assunto. Se, ao final, o artigo despertar umsentimento de crescimento pessoal, é provável que atemática tenha sido escolhida corretamente.

É possível selecionar um assunto a partir:

Você deve gostar do assunto. Se for familiar, o graude dificuldade para discutí-lo torna-se menor. Pensenas disciplinas cursadas na pós-graduação ou, atémesmo, ao longo da graduação. Alguma delas podemter deixado aspectos interessantes a serem discutidos eque, consequentemente, podem se transformar no seufuturo artigo. Outra possibilidade é selecionar algumaspecto da sua realidade profissional; talvez dessarealidade você possa extrair um tópico interessante.Não se esqueça do seguinte: escolher um tema com oqual não se tem vínculo anterior algum – apesar de serdesafiador e enriquecedor – pode gerar frustração,uma vez que, geralmente, é preciso cumprir prazos, oque implica, às vezes, falta de tempo para completar ociclo básico de quem deseja fazer um artigo bem feito:pesquisar, ler, assimilar, decidir qual caminho trilharem relação a esse novo contexto (delimitação doassunto) e, finalmente, começar a escrever. Se oassunto já for de certa forma familiar, algumas dasetapas do ciclo ficam mais rápidas. É necessário

a) de suas inclinações

5 DEFINIÇÃO E FORMULAÇÃODO TEMA

“É aconselhável que o tema selecionado reflita oambiente do pesquisador, ou seja, a empatia entre otema e o indivíduo que vai desenvolvêlo é pontoprimordial para a qualidade da pesquisa.” (COSTA;COSTA, 2001, p. 46, grifo nosso).

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consulta. Materiais que precisam ser traduzidos ouassuntos sobre os quais há pouco material publicadopodem causar dificuldades ao longo do processo.

Aliás, a leitura das publicações da sua área(revistas, livros, dissertações, teses) pode despertar emvocê a curiosidade em aprofundar algum tema de suapreferência.

Recursos financeiros e humanos também devemser previstos conforme o assunto a ser pesquisado.

Ao escolher, convém pensar em tema atual, atéporque ninguém dedicaria esforços para reunir,analisar e discutir um assunto desgastado. Mantenha-se atualizado sobre o que está sendo discutido na suaárea. Para tanto, não apenas a leitura de materiais,como a participação em congressos, seminários eoutros eventos de caráter científico são momentosbastante profícuos para encontrar seu assunto.

Algumas formulações teóricas podem se aplicarem outros setores, diferentes dos inicialmentepensados. Para tanto, deve-se proceder à realização dealgumas analogias com o intuito de verificar aaplicação da teoria num contexto diferente do original.

Exemplificando: você já deve ter ouvido falarsobre o tema qualidade total, certo? É um conceitoligado à área da administração de empresas.Entretanto, é possível refletir sobre sua aplicabilidadeem outras áreas, como na gestão de uma biblioteca, porexemplo.

Escolhido o tema, é hora de delimitá-lo. Dito deuma forma bem simples, delimitar um assuntosignifica focalizar um objeto de estudo. Para tanto, énecessário conhecer genericamente o assunto. É umaetapa igualmente importante, pois temas muitoextensos não permitem discussões com profundidade.

Para a realização desta etapa, não existem regrasfixas. Porém, alguns encaminhamentos podem guiá-loneste momento: realizar um levantamento daspublicações mais recentes sobre o tema; verificarquais são mais importantes, para que você não fiqueperdido no meio de tantos títulos e conversar com seuorientador para concentrar-se nas informações maisrelevantes.

Com a ajuda de Cervo e Bervian (1983),

d) de assunto atual

e) de analogias

5

5.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

descrevem-se, a seguir, outras técnicas que podemajudá-lo no processo de delimitação: Entretanto, elaspodem não funcionar para alguns assuntos. A primeiraé a divisão do assunto em suas partes constitutivas e,segunda, a definição da compreensão dos termos, queimplica a enumeração dos elementos constitutivos ouexplicativos que os conceitos envolvem.

Fixar circunstâncias de tempo (quadro histórico,cronológico) e de espaço (quadro geográfico) tambémcontribui para indicar os limites do assunto.

Que tal ilustrar um caso de delimitação do tema?Imagine que você escolha . Da formacomo está, o tema é bastante amplo, o que certamenteatrapalharia a execução do artigo. Você precisa, então,“passá-lo num funil”, “recortá-lo”, restringi-lo, enfim,de l imi tá - lo . Aba ixo , mos t ram-se a lgunsdesdobramentos possíveis desse tema:

As possibilidades de delimitação são muitas etodas estão relacionadas ao seu gosto, a sua formação,a sua experiência profissional, à existência de fontes,as suas possibilidades de tempo e de recursosfinanceiros.

Veja outros exemplos:

Ao se especificarem as informações (onde – emque região, cidade, estado?); em que nível (no EnsinoFundamental, Médio ou Superior?) e qual o enfoque(estatístico, filosófico, histórico, psicológico,sociológico?), indicam-se as circunstâncias parapesquisa e discussão, isto é, definem-se a extensão e aprofundidade do futuro artigo.

Você deve ter percebido, nos exemplos, quesempre se faz algum “recorte”.

Assim consegue-se discutir com maiorprofundidade e qualidade. Contudo, é bom lembrar oseguinte: os exemplos são temas (equivalentes aoassunto delimitado), e não títulos. Certo? O título deveser atribuído ao artigo apenas quando este estiverpronto.

Programa 5S

Aplicabilidade do Programa 5S nas empresastêxteis de Brusque, Implantação do Programa 5S nasempresas metalúrgicas de Criciúma e Resultado daimplantação do Programa 5S na Prefeitura deFlorianópolis.

O nível de produtividade na empresa X,O índice de analfabetismo nas regiões rurais de

Santa Catarina e As relações entre escolaridade dosfuncionários e falhas no setor de produção de fios nasempresas têxteis do Vale do Itajaí.

5 Não é à toa que a palavra seminário “deriva, por etimologia, de semente de temas que merecem estudo e pesquisa”. (SALOMON, 2001, p. 277, grifo do autor).semen:

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O tema (assunto da sua pesquisa) deve ser tratadoao longo do trabalho com o intuito de trazer respostas(soluções ou possíveis soluções) aos problemas quelevanta. É a sua pesquisa que oferecerá algumaexplicação para a dificuldade encontrada. “Portanto, oenfoque central para uma pesquisa é o problema que,posteriormente, trará uma contribuição científica epessoal.” (FACHIN, 2003, p. 109).

Segundo Schrader (1974 apud LAKATOS;MARCONI, 2001, p. 103), para que um problema sejacientificamente válido, devem-se considerar asseguintes questões:

Com o intuito de esclarecer um pouco mais aformulação do problema, transcreve-se um fragmentoencontrado em Gil (2006, p. 49-50, grifo do autor).Leia-o com atenção.

5.1.1 O problema de pesquisa

Depois de escolher e delimitar o assunto (retorneaos vários exemplos, caso seja necessário). É hora detransformar o em Você deve terreparado na seção anterior em que se associou àpalavra Sim, porque a pesquisa começa apartir de alguma dúvida, de alguma inquietação, dealguma dificuldade (teórica ou prática) que se tentacompreender melhor ou para a qual se busca umasolução.

Contudo, a investigação só começa após sequestionar mentalmente o assunto, transformando-oem problema. Para tanto, é necessário detectar asdificuldades que o assunto aponta, identificar osproblemas envolvidos, elaborar questionamentos. Aseguir, você pode colocá-los em ordem, o quefacilitará a verificação de qual deles lhe parece maisimportante para ser respondido (lembre-se de que suapesquisa deve oferecer alguma contribuição). Naverdade, o que você estará fazendo é a divisão doproblema em problemas mais específicosrelacionados ao assunto. Essa decomposição permitiráque você identifique qual (quais) dele (s) sua pesquisapode responder.

Outra alternativa também pode ser a determinaçãode algum ponto de vista para focalizar o assunto. Ummesmo tema pode ser discutido sob vários enfoques.Confira, a seguir, alguns exemplos de abordagemdescritos por Laville e Dionne (1999, p. 104) para otema (também chamado de “problema”) da evasãoescolar:

tema problema.tema

problema.

[...] Ninguém, com razão, tem vontade de dedicarmuito tempo para saber se a chuva molha, se oshomens e as mulheres são de sexos diferentes, se aszebras são listradas de preto e branco. O que mobilizaa menta humana são problemas, ou seja, a busca deum maior entendimento de questões postas pelo real,ou ainda a busca de soluções para problemas neleexistentes, tendo em vista a sua modificação paramelhor. Para aí chegar, a pesquisa é um excelentemeio. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 85).

Quando se diz que toda pesquisa tem início comalgum tipo de problema, tornase convenienteesclarecer o significado deste termo. Uma acepçãobastante corrente identifica problema com questãoque dá margem à hesitação ou perplexidade, pordifícil de explicar ou resolver. Outra acepçãoidentifica problema com algo que provocadesequi l íb r io , mal -es ta r, sof r imento ouconstrangimento às pessoas. Contudo, na acepçãocientífica, problema é qualquer questão não solvida eque é objeto de discussão, em qualquer domínio doconhecimento. Assim, podem ser consideradas comoproblemas científicos as indagações: Qual acomposição da atmosfera de Vênus? Qual a causa daenxaqueca? Qual a origem do homem americano?Qual a probabilidade de êxito das operações paratransplante de fígado? As questões seguintes, por sua

• O ângulo social: Os alunos vivem em um ambientede evadidos? A que grupos pertencem? São isolados?Seu ambiente familiar valoriza os estudos? Recusamo mundo da competição?• O ângulo psicológico: Como os evadidos sepercebem? Possuem uma imagem positiva de simesmos? Experimentam um sentimento de fracasso?Com o que se identificam? O que valorizam?

Encontram obstáculos intelectuais ou afetivos naaprendizagem escolar?• O ângulo histórico: Que vida escolar tiveram? Pode-se determinar em seu passado sinais anunciadores deevasão? Existem na realidade escolar fatores quesurgiram e poderiam explicar a evasão? A evasão émesmo um fenômeno novo? Possui característicasnovas?

• pode o problema ser enunciado em forma depergunta?

corresponde a interesses pessoais (capacidade),sociais e científicos, isto é, de conteúdo em e t o d o l ó g i c o s ? E s s e s i n t e r e s s e s e s t ã oharmonizados?

constitui-se o problema em questão científica, ouseja, relacionam-se entre si pelo menos duasvariáveis?

pode ser objeto de investigação sistemática,controlada e crítica?

pode ser empiricamente verificado em suasconseqüências?

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5.2 OBJETIVO

A partir da elaboração do objetivo, o pesquisadorexplicita para o leitor a intenção de sua pesquisa(aonde quer chegar ao término da pesquisa). ParaFachin (2003), os objetivos revelam o que se querconhecer, medir ou provar e indicam a contribuição dotrabalho.

Para formular os objetivos, você deve retomar oquestionamento eleito na escolha do seu problema depesquisa. Veja no exemplo abaixo: resgata-se o tema,esse é transformado em problema e, em seguida,explicita-se o objetivo.

Observe que, na construção do objetivo,substituiu-se o pronome interrogativo por um verbo noinfinitivo ( , no caso exemplificado).Porém, como o objetivo enunciado é bastante amplo, épreciso desdobrá-lo em objetivos específicos (etapas aserem cumpridas para se atingir o objetivo geral):

Conforme Richardson (1989, p.23), os objetivosespecíficos “definem aspectos determinados que sepretende estudar e que contribuem para alcançar oobjetivo geral”.

No caso do exemplo dado, os objetivos específicospoderiam ser:

A delimitação e a problematização formuladaspoderiam ser quaisquer outras, dependendo das

Tema:

Transformação do tema em problema:

Objetivo:

identificar

Objetivos específicos:

As relações entre escolaridade dosfuncionários e falhas no setor de produção de fios nasempresas têxteis do Vale do Itajaí

Qual é arelação entre escolaridade dos funcionários e falhasno setor de produção de fios nas empresas têxteis doVale do Itajaí?

Identificar as relações entreescolaridade dos funcionários e falhas no setor deprodução de fios nas empresas têxteis do Vale doItajaí.

Caracterizar o nível de qualificação dosfuncionários ( idade, escolar idade, n íve lsocioeconômico);

Caracterizar as empresas com maior e menoríndices de falhas no setor de produção de fios;

Descrever as falhas no setor de produção de fiosdas empresas envolvidas para correlacioná-las com aescolaridade dos funcionários.

vez, podem ser consideradas como problemas doâmbito das ciências sociais: Será que a propaganda decigarro pela TV induz ao hábito de fumar? Em quemedida a delinqüência juvenil está relacionada àcarência afe t iva? Qual a re lação entresubdesenvolvimento e dependência econômica? Quefatores determinam a deterioração de uma áreaurbana? Quais as possíveis consequências culturaisda abertura de uma estrada em território indígena?Qual a atitude dos alunos universitários em relaçãoaos trabalhos em grupo? Como a população vê ainserção da Igreja nos movimentos sociais? Paraentender o que é um problema científico, Kerlinger(1980, p. 33) propõe, primeiramente, que sejaconsiderado aquilo que não é. Por exemplo: Comofazer para melhorar os transportes urbanos? O quepode ser feito para se conseguir melhor distribuiçãode renda? O que pode ser feito para melhorar asituação dos pobres? Nenhum destes problemas érigorosamente um problema científico, porque nãopodem ser pesquisados segundo métodos científicos,pelo menos sob a forma em que são propostos.“Comomelhorar os transportes urbanos” é um probl ema de“engenharia”. Da mesma forma as questões da rendae dos pobres, segundo Kerlinger, são tambémquestões de “engenharia”. A ciência pode fornecersugestões e inferências acerca de possíveis respostas,mas não responder diretamente a esses problemas.Eles não se referem a como são as coisas, suas causase consequências, mas indagam acerca de como fazeras coisas. Também não são científicos estesproblemas: Qual a melhor técnica psicoterápica? Ébom adotar jogos e simulações como técnica sdidáticas? Os pais devem dar palmadas nos filhos?São antes problemas de valor, assim como todosaqueles que indagam se uma coisa é boa, má,desejável, certa ou errada, ou se é melhor ou pior queoutra. São igualmente problemas de valor aqueles queindagam se algo deve ou deveria ser feito. Emboranão se possa afirmar que o cientista nada te m a vercom estes problemas, o certo é que a pesquisacientífica não pode dar respostas a questões de“engenharia” e de valor, porque sua correção ouincorreção não é passível de verificação empírica.A partir destas considerações pode-se dizer que umproblema é testável cientificamente quando envolvevariáveis que podem ser observadas ou manipuladas.As proposições que se seguem podem ser tidas comotestáveis: Em que medida a escolaridade determina apreferência político-partidária? A desnutriçãodetermina o rebaixamento intelectual? Técnicas dedinâmica de grupo facilitam a interação entre osalunos? Todos estes problemas envolvem variáveissuscetíveis de observação ou de manipulação. Éperfeitamente possível, por exemplo, verificar apreferência político-partidária de determinado grupo,bem como o seu nível de escolaridade, para depoisdeterminar em que medida essas variáveis estãorelacionadas entre si.

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Em relação à formulação do objetivo, Gil (2006, p.264) alerta para que esse tenha apenas uma ideia (umsujeito e um complemento). O autor ainda salientaque,

Seguem alguns exemplos para orientar você:

Definidos os objetivos, você pode dar início aolevantamento da documentação existente sobre oassunto. É hora de consultar livros, artigos, dicionáriosespecializados, bases de dados etc. Antes deprosseguir, transcreve-se um exemplo coletado emLakatos e Marconi (2001, p. 116), ilustrando todo oprocesso que você desenvolverá nas atividades aseguir, a fim de se preparar para executá-lo na escolhado seu futuro tema. Como o exemplo se refere àsetapas de um projeto, salienta-se que você poderá sermais breve em relação aos objetivos desejados.

Este texto objetiva analisar...O presente trabalho pretende comparar...Este texto tem em vista explicar ...Este texto visa estudar o evento X, de acordo com

seu surgimento cronológico...

reconstruir, produzir, narrar, sintetizar, demonstrar,modificar, gerar, determinar, conceber, projetar,dimensionar, representar, executar, montar (e outros).

É o nível de maiorcomplexidade, pois implica atividades dejulgamento, isto é, uso de critérios e de padrões quepermitam apreciar o grau de precisão, efetividade,economia ou suficiência de pormenores. Nesse nível,o aluno apresenta seu ponto de vista, o seu julgamentoparticular sobre o assunto tratado. Capacidade dejulgar o valor de um material (conteúdo) com umdado propósito.Verbos que devem ser utilizados: Julgar, apreciar,comparar, concluir, interpretar, avaliar, taxar, validar,selecionar, escolher, medir, estimar, qualificar,justificar, categorizar, criticar, embasar, fundamentar,estimar, analisar, demonstrar (e outros). (COSTA;COSTA, 2001, p. 55-57).

6. Nível de Avaliação:

inclinações e interesses do pesquisador. Somente apóssua definição se torna possível estabelecer osobjetivos. Como serão estes os responsáveis por“fisgar” a atenção do leitor e manter a coerência dotexto, apresenta-se, a seguir e noApêndiceA, uma listade verbos para que você possa consultá-los ao decidirqual será o objetivo a ser desenvolvido no seu futuroartigo.

1. Nível de Conhecimento:

2. Nível de Compreensão:

3. Nível de Aplicação:

4. Nível de Análise:

5. Nível de Síntese:

Baseado namemorização, no armazenamento de informações.Comporta vários graus de complexidade, desde umasimples informação isolada, como uma data ou umnome, até o conhecimento de uma teoria ou estrutura.O que se deseja é a lembrança ou a retenção dainformação apropriada. Verbos que devem serutilizados: Definir, identificar, nomear, repetir,inscrever, listar, apontar, marcar, registrar, recordar,relatar, enunciar, sublinhar, relacionar, expor,designar, descrever, mencionar, exemplificar,enumerar, distinguir, reproduzir, especificar,explicar, selecionar, detalhar, determinar, mostrar,citar, explanar (e outros).

Baseado noentendimento. Inclui a translação (passagem de umamensagem de uma linguagem para outra), ainterpretação (envolve o entendimento deinterpelação das partes ou estrutura da mensagem) e aextrapolação (envolve predição de conseqüências damensagem). Verbos que devem ser utilizados:Distinguir, explicar, predizer,estimar, traduzir,transcrever, descrever, reafirmar, localizar, revisar.discutir, ilustrar, narrar, converter, relacionar,sumariar, expor, deduzir, organizar, interpretar,definir, debater, exemplificar, explicar (e outros).

envolve a utilização dosconteúdos dos níveis de conhecimento ecompreensão. Refere-se à capacidade de utilizar ummaterial (conteúdo) apreendido em situações novas econcretas. Verbos que devem ser utilizados: Aplicar,resolver, construir, converter, calcular, operar,demonstrar, interpretar, usar, utilizar, dramatizar,praticar, operar, ilustrar, esboçar, inventariar, traçar,relacionar, manipular, manusear, provar, preparar,calcular, modificar, descrever, determinar, distinguir,discriminar, explicar, elaborar, utilizar e efetuar (eoutros).

envolve o desdobramento domaterial em suas partes consecutivas, a percepção desuas inter-relações e os modos de organização.Verbos que devem ser utilizados: Analisar, distinguir,decompor, discriminar, identificar, ilustrar,relacionar, diferenciar, calcular, provar, categorizar,experimentar, comparar, criticar, investigar, debater,examinar, inferir, determinar, selecionar, enunciar,fracionar, separar, detalhar, especificar, descrever,explicar, designar, estabelecer, posicionar (e outros).

Envolve a organização deconteúdos trabalhados nos níveis de conhecimento,compreensão, aplicação e análise. Capacidade decombinar as partes para formar um todo. Nesse níveldeseja-se a projeção e criação de um produto original,a partir dos assuntos abordados. Verbos que devemser utilizados: Escrever, propor, explicar, combinar,compilar, criar, planejar, organizar, sumariar,compor, esquematizar, formular, coordenar,conjugar, reunir, construir, dirigir, delinear, relatar,

Tema:Aspirações dos trabalhadores.Delimitação do tema: Aspirações dos trabalhadoresdas empresas industriais de grande porte, nomunicípio de São Paulo, no momento atual (1983).Problema: Será que as categorias ocupacionais(burocráticas e de produção) e os status ocupados naestrutura organizacional levam o empregado apossuir diferentes tipos de aspirações?

Discussões, reflexões ou debates não constituemobjetivos de pesquisa, pois todo o trabalho científicoé fruto de discussão, reflexão, debate de ideias, cujolugar mais adequado é no espaço dedicado à revisãoda literatura [...].

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 41

Para ajudar na delimitação, inseriu-se no exercíciouma teia para que você possa desmembrar seu tema atéencontrar a delimitação mais interessante. A teia não érígida. Portanto, você poderá preencher cada espaço àmedida que as ideias forem surgindo, mas o tema deveocupar a posição central. Se faltarem quadrados ou sevocê precisar subdividi-los, fique à vontade. É a teiaque deve se adaptar ao seu trabalho, e não o contrário.No mais, lembre-se: você precisa restringir o seuartigo para que este possa ganhar em profundidade equalidade.

Uma última dica: retorne à listagem de verbosquando elaborar o(s) objetivo(s).

Objetivo geral: Verificar os motivos específicosextrínsecos e intrínsecos que influem e/oudeterminam as aspirações dos trabalhadores emrelação à natureza organizacional da empresaindustrial.Objetivos específicos:• examinar se os problemas particulares dotrabalhador influem mais em suas aspirações emrelação à empresa do que os gerados pela própriaorganização;• da mesma forma, analisar a relação entre fatoresoriginados da estrutura organizacional e da estruturasocial, no que se refere às alterações de aspirações;• observar a influência do aumento salarial nasaspirações do trabalhador;• determinar a viabilidade da utilização dasaspirações do trabalhador como incentivo para oaumento da produtividade.

Anotações

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42

EXERCÍCIO DE DELIMITAÇÃO DO TEMA(CONFORME TEXTOS DOANEXOA)

a)Tema (Título provisório):____________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Delimitação do tema (abrangência do estudo, ou seja, estabelecer os limites extensionais - limitaçãogeográfica e espacial - e conceituais do tema em questão):

Problema (pergunta):

Objetivo(s) (Inicia com verbo no infinitivo):

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 43

ESQUEMADE CONTEÚDO (ESQUELETO DOARTIGO) ORDENADO E HIERARQUIZADO

1 INTRODUÇÃO

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44

EXERCÍCIO DE DELIMITAÇÃO DO TEMA(TEMÁTICAPROVISÓRIADOARTIGO)

a)Tema (Título provisório):____________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Delimitação do tema (abrangência do estudo, ou seja, estabelecer os limites extensionais - limitaçãogeográfica e espacial - e conceituais do tema em questão):

Problema (pergunta):

Objetivo(s) (Inicia com verbo no infinitivo):

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 45

ESQUEMADE CONTEÚDO (ESQUELETO DOARTIGO) ORDENADO E HIERARQUIZADO

1 INTRODUÇÃO

Page 46: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

46

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Pesquisa em ciênciashumanas e sociais.

Introdução à metodologia daciência.

Métodos e técnicasde pesquisa em turismo.

Metodologia dapesquisa científica.

Métodos e técnicas em pesquisa social.

O mito da neutralidadecientífica.

Questionário:

A construçãodo saber:

Pesquisa de marketing:

Fundamentos de metodologia.

Fundamentos de metodologia.

Métodos e técnicas de pesquisasocial.

Como elaborar projetos de pesquisa.

Metodologia do trabalho científico.

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NBR 6024

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NBR 6028:

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O prazer da produçãocientífica.

Metodologia científica contemporânea parauniversitários e pesquisadores.

Curso defilosofia:

Filosofia.

Pesquisa emadministração:

NBR 14724

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Metodologia científica:

Metodologia científica:

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Apostila demetodologia científica.

Metodologia da pesquisa-ação.

Elaboração de trabalhosacadêmico-científicos:

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Planejar e redigir trabalhos científicos.

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Metodologia científica.

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Redação científica:

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Page 48: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

48

APÊNDICE A – Lista de verbos

Conhecimento

Compreensão

Aplicação

Análise

Apontar, registrar, enunciar, citar, exemplificar, marcar,

descrever, identificar, medir, classificar, evocar, nomear,

relacionar, distinguir, ordenar, definir, relatar, expressar,

sublinhar, calcular, estabelecer, inscrever, reconhecer,

repetir, enumerar, especificar.

Concluir, determinar, estimar, ilustrar, interpretar,

predizer, preparar, narrar, relatar, traduzir, deduzir,

descrever, explicar, induzir, localizar, reafirmar,

reorganizar, transcrever, demonstrar, diferenciar,

exprimir, inferir, modificar, revisar, prever, representar,

transformar, derivar, discutir, extrapolar, interpolar,

transmitir.

Aplicar, empregar, ilustrar, operar, selecionar,

demonstrar, esboçar, traçar, estruturar, inventariar,

interpretar, usar, desenvolver, organizar, dramatizar,

generalizar, relacionar, praticar, exercitar.

Analisar, comparar, debater, discutir, investigar, calcular,

discriminar, identificar, examinar, combinar, contrastar,

detectar, experimentar, provar, categorizar, correlacionar,

diferenciar, distinguir, deduzir.

Área Verbo

Fonte: Univali, 2003.

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APÊNDICE B – Modelo de artigo científico do ICPG

1 INTRODUÇÃO

Quando se pretende escrever um artigo científico, énecessário utilizar algumas regras para padronizar a escritadeste texto, cuja finalidade é mostrar os resultados de umestudo que não se constitui em dissertação ou tese. No casodo Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG), trata-sede uma atividade para a qual você deve escolher umprofessor orientador para auxiliá-lo(a) na discussão e nabusca de materiais sobre o tema escolhido.

Tomando como exemplo o trecho que foi escrito atéantes da INTRODUÇÃO, percebe-se que o artigo que vocêescreverá precisa ter: título, indicação de autoria (nome doaluno e do orientador), nome do curso, resumo e palavras-chave. Estes elementos são chamados pré-textuais e devemser escritos conforme as orientações a seguir. Deve-se terem mente, porém, que as orientações aqui descritas podemvariar de acordo com a revista em que você deseja publicarseu estudo.

O título deverá estar no topo da página, em maiúsculas,centralizado, fonte Times New Roman tamanho 18,negrito. Após o título, também se pode usar um subtítulo,cuja utilização é opcional. Veja que o artigo que é utilizadocomo exemplo não traz a indicação de um subtítulo. Mas, sevocê o fizer, não deve deixar espaço entre o título e osubtítulo. Este deverá ser escrito em maiúsculas eminúsculas, centralizado, fonte Times New Romantamanho 16, negrito. Ao término do título (se não houver

subtítulo), devem-se deixar duas linhas em branco emtamanho 12 e inserir a autoria do texto. Caso haja subtítulo,procede-se da mesma forma, deixando duas linhas embranco antes do(s) nome (s) do(s) autor(es). É importantefrisar que o título e o subtítulo são escritos em tamanhos defonte diferentes (lembre-se: imediatamente ao término daescrita do título, se houver subtítulo, altere o tamanho dafonte de 18 para 16) e que entre eles não deve haverespaçamento.

Abaixo do título, centralizado, fonte Times NewRoman tamanho 12, em linhas distintas, você vai inserir oseu nome (inclua uma nota de rodapé e indique sua titulaçãoe seu e-mail) e, debaixo deste, igualmente o nome doorientador (inclua uma nova nota de rodapé e indique atitulação e o e-mail do seu orientador), ambos em negrito,as demais linhas não. Após a indicação da autoria, deixeuma linha em branco e escreva a palavra Resumo, em fonteTimes New Roman, tamanho 12, negrito, alinhado àesquerda. Deixe uma linha em branco. O resumo devesintetizar o objetivo, a metodologia e as consideraçõessobre o estudo. Na primeira frase do resumo, você deveráexpressar o assunto tratado. Não é aconselhável usarcitações aqui. O resumo deve ser de um (1) parágrafo de, nomáximo, 15 linhas ou 250 palavras, sem recuo na primeiralinha. Usar espaçamento simples, justificado, fonte TimesNew Roman tamanho 12, itálico. Dica: a escrita do resumoé a última etapa do trabalho, pois exige que você tenha

AS CONTRIBUIÇÕES DA INTERAÇÃO VERBAL NOPROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Elisabeth Penzlien Tafner¹Everaldo da Silva²

Resumo

Palavras-chave:

O conhecimento de língua oral que a criança já traz internalizado antes mesmo de adentrar os portões do ambienteescolar é extremamente importante para sua alfabetização. O artigo mostra, a partir de pesquisa bibliográfica, que esseconhecimento deve ser efetivamente aproveitado, por meio da interação verbal, durante o processo de alfabetização. Nãobasta deixar os educandos falarem: essa fala precisa fazer sentido, ser valorizada no grupo e pelo educador. Querendo ounão, o educador ainda é aquele que garante o sucesso dessa interação em sala de aula. Será ele quem mediará asdiscussões, estabelecendo as direções de aonde quer chegar. É a partir do seu discurso e de suas práticas que oseducandos se sentem à vontade ou não para expressarem suas ideias e, conseqüentemente, darem seus primeiros passosna aquisição da modalidade escrita da língua.

Alfabetização. Interação Verbal. Educando. Educador. Escrita.

¹ Mestre em Lingüística. E-mail: [email protected]² Mestre em Desenvolvimento Regional. E-mail: [email protected]

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conhecimento de todo o texto para sua produção. Se vocêtentar fazê-lo antes, é provável que não consiga elaborá-locom a objetividade necessária. Deixe 2 linhas em brancoapós o resumo.

A próxima etapa é a seleção das palavras-chave (Outradica: escolha as palavras-chave somente ao término de todoo trabalho). Após o resumo, escreva “Palavras-chave:” emfonte Times New Roman tamanho 12, negrito, alinhado àesquerda.As palavras-chave devem ser iniciadas com letrasmaiúsculas, estar separadas entre si e finalizadas por ponto.Em seguida, liste de 3 a 6 palavras-chave que identifiquema área do artigo e sintetizem sua temática. As palavrasescolhidas devem priorizar a abordagem geral do tema e, namedida do possível, usando grandes áreas doconhecimento. Por exemplo, o artigo que serve comoexemplo trata da importância da interação verbal noprocesso de alfabetização. As palavras que identificam oconteúdo deste artigo são alfabetização, interação verbal,educando, educador e escrita, devendo ser assim colocadas:Alfabetização. Interação Verbal. Educando. Educador.Deixe 2 linhas em branco após as palavras-chave.

Após a inserção dos elementos mencionados (quedevem ser pensados em momentos diferentes da ordemaqui listada), é hora de iniciar a introdução do artigo. Aelaboração da introdução também é uma das últimas partesdo artigo a ser feita. Deve apresentar a contextualização, arelevância, o objetivo, a caracterização da pesquisa, o tema,o problema, o(s) objetivo(s), a justificativa, a metodologia ea abordagem do que será tratado na fundamentação. Ospróximos parágrafos constituem a introdução do artigoadotado como exemplo e ilustram estas etapas. Na faseadulta, quando já se está alfabetizado e se lida com a escritade forma satisfatória, existe uma sensação dedistanciamento em relação ao momento em que ocorreu oprocesso dealfabetização. Em decorrência disto, diante desituações reais de alfabetização, há os que banalizam esteprocesso, julgando, por meio de suas próprias experiên-cias, que assim como foram capazes de aprender, a criança,cedo ou tarde, também o será. Entretanto, a experiênciamostra que o processo de alfabetização mal conduzido trazao desenvolvimento da criança sérios prejuízos, os quaisvão se tornando cada vez mais salientes ao longo do seuprocesso de letramento.

Este artigo enfatiza, a partir de pesquisa bibliográfica, anecessidade de o educador possibilitar inúmerasoportunidades para que seu educando possa, de fato,expressar-se e ser ouvido, pois é a partir da linguagem que oindivíduo participa da sociedade.

Se o indivíduo não for capaz de expressar-seadequadamente em situações orais ou escritas, certamenteserão destinados a ele papéis de menor valor na sociedade.Isto remete à crença de que a escrita, conforme Soares(2001, p.18), “[...] traz conseqüências sociais, culturais,políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o

grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduoque aprenda a usá-la”. Para evitar essas conseqüências, éfundamental que o processo de alfabetização sejaconduzido de forma a contemplar e respeitar os atores aíenvolvidos.

Você deve ter observado que a função da introdução éinformar o leitor a respeito do conteúdo discutido no corpodo artigo. Portanto, ao longo da seção 2 e de suas subseções(2.1, 2.2, 2.2.1...) você deve apresentar para o leitor, deforma lógica, os dados e interpretações de sua pesquisa paraatingir o(s) objetivo(s) proposto(s).

O artigo adotado para exemplo começa seudesenvolvimento a partir da seção

e depois se subdivide em: 2.1 AINTERAÇÃO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO,

eAtente para o uso de efeitos nos títulos destas seções.Seções primárias precisam estar em maiúsculas e emnegrito (exemplos:

), seções secundárias apenas em maiúsculas(exemplo: 2.1 A INTERAÇÃO NO PROCESSO DEALFABETIZAÇÃO) e seções terciárias em maiúsculas eminúsculas ( 2.2.2Ainteração verbal).

O artigo deve ser escrito utilizando papel A4. Asmargens esquerda, direita e inferior devem ter 2cm; amargem superior, 3cm.

O texto deve ser escrito em fonte Times 12, comespaçamento simples entre linhas e alinhamentojustificado.Antes de cada parágrafo, deve-se deixar 1.25cmou teclar Tab. Deixar uma linha em branco entre umparágrafo e outro.

O artigo deverá ter um mínimo de 8 e um máximo de 12páginas, devidamente numeradas.Todas as páginas sãocontadas, mas a numeração inicia apenas na segundapágina. O número da página deve estar no canto superior damargem direita.

Agora, você pode conferir todas as regras acimalistadas nos próximos parágrafos doartigo adotado comoexemplo.

Quando se está inserido no mundo da educação,conhecendo as implicações do processo de alfabetização,percebe-se quão complexa esta atividade é para a criança epara o educador. Imerso nas várias teorias sobre o processode alfabetização, constata-se que se é alfabetizado por meiode modelos tão criticados atualmente, como a cartilha eoutros pertencentes a uma escola tradicional. O fato é que

2 O PROCESSO DEALFABETIZAÇÃO

2 (O PROCESSO DEALFABETIZAÇÃO)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO, 2 O PROCESSODE ALFABETIZAÇÃO, 3 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Page 51: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 51

esse processo de alfabetização era baseado em exercíciosmecânicos que não levavam em consideração o que opaciente desse processo tinha a dizer.

Porém, ao se adentrar o segundo milênio e, nesta novaera, permeada por tanta tecnologia, mais do que nunca énecessário refletir sobre a maneira como esse processo dealfabetização está ocorrendo e agir em relação a ela, porquea tecnologia caracteriza um modo cultural e socialextremamente diversificado. A reflexão e a ação se fazemnecessárias, porque é a partir dessa diversidade que acriança construirá a visão de mundo com a qual entrará naescola. Por isso, o momento em que a criança começa aparticipar do mundo escolar deveria ser visto e tratado, porpais e professores, como algo fascinante e imprescindívelpois, nessa ocasião, ela traz consigo uma ansiedade e umaprática de falar e relatar suas experiências quase queincontroláveis, ao mesmo tempo em que tenta traduzi-laspor meio de rabiscos ou desenhos, fato desencadeador deum dos estágios mais importantes do processo dealfabetização.

O intercâmbio de valores que o espaço da sala de aulapode proporcionar é indescritível. Portanto, ouvir o que ascrianças tem a dizer contribui muito para que elas tambémse sintam parte integrante do processo e co-responsáveispor ele. Cada educando traz consigo um saber socialadquirido em fontes, como a família, os amigos, a igreja eos meios de comunicação, que pode ser muito aproveitadopor meio de práticas que propiciem essa inclusão deopiniões.

Contudo, não se pode perder de vista que a diversidadeprovoca, às vezes, discussões um tanto quanto acaloradas.Por isso, o próprio educador, em seu discurso, não pode,mesmo sem querer, atingir negativamente algum educando.Como há, em um mesmo ambiente, várias identidades, cabeao educador o papel de evitar discriminações de qualquerespécie e respeitar o discurso que cada um de seuseducandos traz. É preciso, também, que ele esteja atentoaos diferentes níveis de letramento, pois cada um aprendeno seu ritmo, do seu jeito, por meio de estratégias variadas.Porém, dizer que cada um tem seu ritmo e seu jeito e queprecisa de estratégias diferenciadas durante o processo deensino/aprendizagem não pode servir como desculpa paradeixar em posição desfavorável qualquer um doseducandos. Qualquer que seja a dificuldade que elestragam, todos eles tem o direito de se apropriarem de tudoaquilo que a leitura e a escrita pode lhes propiciar,competindo aos educadores mostrar-lhes esses benefícios.

Faz-se necessário explicar, nesse momento, o que seentende por letramento sob a ótica da realidade brasileira, jáque o termo originou-se da palavra inglesa(condição de ser “letrado”), dando à palavra “letrado”sentido diferente daquele que vinha tendo na línguaportuguesa.

literacy

Conforme Soares (2001), letrado é aquele versado emletras, erudito. Entretanto, não é essa a definição aplicável auma pessoa letrada no Brasil. É necessário, então, recorrer aSoares mais uma vez e verificar o significado da palavraletramento: é o resultado da ação de “tornar-se” letrado. É oestado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever,mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita.O letramento, nas palavras de Soares (2001, p. 44, grifo daautora), é

Até aqui, você deve ter reparado que os autores doartigo adotado como exemplo fizeram uso de citações nodecorrer do texto. Essas citações, bem como as demaisregras que já foram comentadas, seguem as orientações daABNT. A primeira citação que o artigo traz e que setranscreveu aqui – Conforme se encontra em Soares (2001),letrado é aquele versado em letras, erudito, mas não é essa adefinição aplicável a uma pessoa letrada no Brasil. – é umacitação indireta, isto é, trata-se de uma paráfrase (síntesedas ideias, e não cópia literal) de um trecho da obra daautora Magda Soares. Nestas situações, indica-se apenas osobrenome do autor seguido do ano de publicação da obra.Logo após, encontra-se mais uma citação de Soares. Otrecho vem entre aspas, com indicação do ano e páginaporque é cópia literal (citação direta) do que estava escritona obra de Soares. Além disso, acrescentou-se a expressão“grifo da autora”, uma vez que, no texto original, tambémhavia grifo.

A partir de agora, alguns trechos do artigo adotadocomo exemplo foram excluídos com o propósito deobservar outras situações que podem ocorrer com vocêdurante a escrita do seu artigo.

2 . 1 A I N T E R A Ç Ã O N O P R O C E S S O D EALFABETIZAÇÃO

Aqui entra em cena a figura do educador como aqueleque aceitará toda a bagagem que a criança traz acerca de seuconhecimento de mundo ou aquele que a conceberá comouma tabula rasa. Se o educador acreditar no potencial destacriança, se criar condições para que ela se expresse semreceios, apostando no conhecimento dela, promovendo emsala situações em que ela seja ouvida, não apenas paracumprir uma etapa de um roteiro, certamente promoveráuma interação que trará resultados bastante significativospara ambas as partes. É interessante refletir, nestemomento, sobre o que diz Bakhtin (1988, p.113, grifo doautor) a respeito da interação:

“[...] um estado, uma condição: o estado ou condiçãode quem interage [...] com diferentes gêneros deleitura e de escrita, com as diferentes funções que aleitura e a escrita desempenham na nossa vida”.

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Observe agora que os autores do artigo adotado comoexemplo fizeram uma citação direta, para isso usando umafonte menor (10) e recuo de 4 cm da margem esquerda. Esteprocedimento será usado toda vez que você precisar fazeruma citação com mais de 3 linhas (citação longa). Nãoesqueça de indicar o ano e o número da página nos casos decitação direta. Quanto ao grifo, este já foi comentadoanteriormente.

A seguir, os autores do artigo adotado como exemplousam uma citação direta com três autores (BAGNO;GAGNE; STUBBS). Isto também pode acontecer comvocê. Atente para a disposição dos nomes e não esqueça:citações diretas, curtas ou longas, exigem a indicaçãodoano e número da página de onde foram extraídas.

Isso remete, segundo Bagno, Gagne e Stubbs (2002, p.55), “[...] ao milenar preconceito contra a língua falada[...]”, ressuscitando-se, assim, a questão do preconceitolingüístico.

Nesta seção, devem constar, de forma sintética, oselementos desenvolvidos ao longo do artigo (ideiasessenciais do referencial teórico, da metodologia, dosresultados, da análise etc.).

Encerra-se o artigo comparando esses dados aoobjetivo que norteou todo o estudo, destacando as reflexõesdo autor.

No processo de alfabetizar, verificou-se que asmanifestações orais do educando sinalizam seu grau deconhecimento a respeito da língua e não podem serdesprezadas nas práticas escolares que visam à aquisição docódigo escrito. Trata-se de um conhecimento adquirido nafamília e na comunidade onde a criança está inserida e quefaz sentido para ela, é fruto da sua realidade.

Essa percepção, no processo de alfabetização, precisaser bem orientada pelo e para o educador, pois, se ele insistirem práticas que não considerem esse saber que a criançatraz consigo, se homogeneizar ou, pior, se estigmatizaralgum de seus educandos, o estará impedindo de construirsuas hipóteses e participar de forma ativa no processo dealfabetização, não restando a ele outra alternativa a não sero mero e passivo exercício da repetição.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se o educador insistir apenas na questão do certo ouerrado, tomando o processo de alfabetização como algoinstantâneo ou mecânico, tirará a oportunidade de a criançater uma visão de língua como algo vivo, mutante,heterogêneo.Ainsistência no certo e no errado fará a escolaperpetuar a caminhada obsessiva na correção dos erros,sem saber ou não querendo avaliar muitos dos acertos dacriança nos seus diferentes percursos utilizados para aaquisição da escrita.

Embora não se deseje, nestas linhas, propor umaanarquia contra o proposto pela norma padrão, o educadorque lida com as primeiras manifestações da escrita noâmbito escolar deve encará-las como carregadas designificado: o que o educando escreveu diz algo dele,pertence efetivamente a ele, é a expressão dele e merece,portanto, ser valorizada e trabalhada de modo quegradativamente ele perceba que há certas normas queregem a forma de se escrever.

Outrossim, também é importante que o educador, aolongo do processo, mostre ao educando todas aspossibilidades de crescimento intelectual, profissional ecultural oferecidas a partir do letramento, do qual aalfabetização é apenas a primeira, mas fundamental etapa.Mesmo que se possa questionar sobre que nível deletramento é este (tal resposta é muito subjetiva), deve-seter em mente que o nível de letramento deve ser suficientepara que uma pessoa tenha condições dignas de sobrevivernuma sociedade, para não se tornar mais uma peça dosistema e poder, também, intervir nele.

A última seção do artigo corresponde àsREFERÊNCIAS. Trata-se de uma lista de todos osdocumentos utilizados para elaboração do artigo. Asreferências também seguem as regras da ABNT e devemestar em ordem alfabética.

Não se esqueça de que o artigo deve ser elaborado emeditor de textos (preferencialmente Microsoft Word) edeverá ser entregue em formato eletrônico em um únicoarquivo no formato “Word para Windows”, em doisdisquetes ou um CD ROM, e uma cópia impressa em papelA4 branco.

BAGNO, M.; GAGNE, G.; STUBBS, M.letramento, variação e ensino. São Paulo:

Parábola, 2002.

BAKHTIN, M. SãoPaulo: Hucitec, 1988.

SOARES, M. um tema em três gêneros. BeloHorizonte:Autêntica, 2001.

REFERÊNCIAS

Línguamaterna:

Marxismo e filosofia da linguagem.

Letramento:

Essa orientação da palavra em função do interlocutortem uma importância muito grande. Na realidade,toda palavra comporta duas faces. Ela é determinadatanto pelo fato de que se procede de alguém, comopelo fato de que se dirige para alguém. Ela constituijustamente o produto da interação do locutor e doouvinte.

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Anotações

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OARTIGO CIENTÍFICO

Ao iniciar mais este momento, de extremaimportância para nós do ICPG e da Equipe MTC,pedimos que você observe com atenção as dicas queoferecemos para um início de uma caminhada comsucesso!

Inicie o artigo científico pela definição do tema!

Este é o primeiro passo e deve ser realizado commuita flexibilidade, liberdade e criatividade. Se, na“monografia”, a formulação do problema, dosobjetivos e da metodologia é vital para a elaboração dotrabalho de pesquisa, no “artigo científico”, a

e de seuconhecido como “esqueleto do texto”, é fundamental.Por isso, a importância de estarmos “relaxados” e“tranquilos” quando estivermos encaminhando essesprocessos fundamentais para a construção do artigo.

Inicie um exercício individual ou com outraspessoas, procurando comentar e identificar questõesrelacionadas às suas preferências temáticasindividuais, motivações profissionais, assuntos ouáreas temáticas de leitura e estudo, que marcaram ouforam mais determinantes em suas escolhasacadêmicas, inclusive que trouxeram você até estemomento.

Pense em um ou dois assuntos/temas bemgenéricos. Não esqueça: verbalizar e anotar suas ideiassobre o tema gera, por si só, um processo deEm termos práticos, é o seguinte: se você apenas“pensar” sobre um assunto ou uma ideia e ficaranalisando mentalmente a questão, terá umacompreensão específica e mais restrita, baseada emdados comparativos relativos, ou seja, você “abre” umnúmero menor de arquivos para analisar a questão.Mas se você verbalizar e escrever tudo o que estápensando, ou se fizer isso em um grupo, sua análiseserá mais ampla e completa.

Após, identifique questões mais específicas nessequadro geral, detectando alguns focos mais estreitosrelacionados a possíveis temas. Na continuidade,pergunte a si próprio: Este pode ser um tema para meuartigo científico? Aonde quero chegar analisando estetema? Há material teórico consistente e suficiente(livros, revistas, sites etc.) para fundamentar um texto

definição do tema esquema básico,

feedback.

com este tema ou já não há muito material teóricoproduzido sobre o assunto? Qual será meu diferencialde análise?

Qual o assunto que sempre me interessou, desde afaculdade, em livros, artigos, palestras, cursos, etc.?Qual a área ou o conjunto de questões que mais meinstiga no trabalho profissional? Aquelas quevivencio durante minha jornada de trabalho e quesempre me inquietam? Que sistematicamente procuroresponder ou, pelo menos, atenuar em termos dedúvidas? Qual o assunto que é “foco” mais comum deminhas leituras?

Provavelmente, um ou dois temas se destacarão!

Se não houver êxito imediato ou se não for tãosimples como imaginava, dê um tempo a você e passea observar, em suas preferências teóricas, umatendência geral, como também uma provável “linha deação” profissional repetitiva que denote certa“coerência” ou “afinidade” com um tema ou uma áreano trabalho profissional e intelectual.

Não esqueça que a definição do tema deve ser algoindividual, com grande “significado” para o autor, poisassim o artigo será realizado com mais motivação eprazer. Não se deixe levar somente pela sugestão deamigos e professores. Escolha um tema que tenhasignificado para você, respeitando, é claro, algumasregras importantes na escolha e redação de um artigoacadêmico.

Para amadurecer gradativamente o melhor temapara o artigo, você pode e deve realizar estas reflexõessozinho e/ou com outras pessoas, tendo a preocupaçãoconstante de anotar as ideias no momento em que elasaparecem, na hora em que ocorre o insight, senãodepois as ideias “fogem”, e você acaba esquecendo.

Após estas reflexões, escreva muito. Somentedesta forma o Artigo Científico se tornará umarealidade!

Seguindo estas proposições, acreditamos que vocêpossa iniciar seus artigos nas disciplinas e, no futuro,utilizar esses escritos. Da mesma forma entendemosque você tem subsídios suficientes para iniciar oprocesso produtivo doArtigo Científico.

Equipe de MTCICPG

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APÊNDICE C – Carta aberta aos alunos

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ANEXO A – Artigos

Uma fechada no trânsito e lá vem uma vontadeincontrolável de esmurrar o motorista do outro carro.O marido responde um pouco atravessado e pronto: lávai o cinzeiro na testa do esposo. Vistas normalmenteapenas como manifestações de temperamentosimpulsivos, essas situações podem ser os sintomas deuma doença chamada Distúrbio da ExplosãoIntermitente. E há muito mais indivíduos portadoresdo problema do que se imagina, de acordo com umapesquisa feita pela Universidade de Harvard, nosEstados Unidos, e publicada na última edição darevista Archives of General Psychiatry, uma dasbíblias da área de psiquiatria. Segundo o trabalho, sónos EUA há 16 milhões de pacientes, quantidadesuperior a de doentes com esquizofrenia.

O distúrbio é definido por crises repentinas e muitofortes de raiva desproporcionais à situação geradorado sentimento. É, por exemplo, machucar seriamenteou tentar ferir o colega do escritório só porque ele nãoquis ajudar em uma tarefa. A violência também incluiatirar objetos e danificar móveis ou propriedades nomomento da fúria. Para que um indivíduo receba odiagnóstico, é preciso que ele tenha apresentado trêsou mais episódios na vida. No estudo, os portadoresmanifestaram em geral 43 ataques. O númeroinquietou os coordenadores do trabalho, Emil Coccaroe Ronald Kessier. “Trata-se de um problema de saúdepública, pois cada uma das crises pode fazer múltiplasvítimas, inclusive o paciente”, afirma Kessier. De fato,se forem tomados como base os 16 milhões deamericanos irados agredindo pelo menos um outroindivíduo, na melhor das hipóteses haverá 32 milhõesde cidadãos em risco de perder a vida.

As crises também não podem ter sido geradas poroutros distúrbios psiquiátricos, como o transtorno dehiperatividade e déficit de atenção ou pelo transtornobipolar, caracterizado pela alternância entre euforia edepressão. Embora ainda não se conheçam as causamreais da enfermidade, a doença está associada a umdesequilíbrio na produção ou aproveitamento daserotonina, uma substância do cérebro que participa daregulação de humor. A desordem parece produzirtambém efeitos colaterais, como o alcoolismo e o

consumo de drogas. Entre os 9,2 mil participantes doestudo, 82% eram dependentes químicos ou bebiamhabitualmente, “Em alguns casos, o paciente procurainconscientemente remediar o desequilíbrio deserotonina com álcool ou drogas. Isso piora ainda maisseu estado”, diz Kessier. Outro fator preocupante é queo problema surge cedo - a idade média do primeiroataque é 14 anos.

O transtorno é mais comum em homens. Otratamento compreende o uso de antidepressivos,psicoterapia, principalmente a focada em modificaçãode comportamento e exercícios de controle de raiva.Há, também, iniciativas que adotam métodos maisdiferentes, como a meditação transcendental e ahipnose. Porém, o grande problema é que nem todos osmédicos tem conhecimento sobre esta desordem.Além disso, o diagnóstico é dificultado em razão dafalta de informações mais precisas sobre as origens eos mecanismos de ação da doença. Sua identificação éfeita a partir de uma extensa análise da história deproblemas médicos e de comportamentoapresentados. O processo é conduzido por umpsiquiatra ou psicólogo após a realização de testespsicológicos e entrevistas. E, para piorar a situação,não há uma maneira de prevenir o mal. No entanto,uma vez identificado, as chances de controlá-lo sãoboas.

FREITAS JUNIOR, Osmar. Doente de raiva.São Paulo, p. 79, jun. 2006.

REFERÊNCIA

RevistaISTOÉ,

DOENTE DE RAIVAOsmar Freitas Junior

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Aos 28 anos, o canadense de origem austríaca HansSelye era um jovem pesquisador do departamento debioquímica da Universidade de McGill, em Montreal,no Canadá. Hans trabalhava em um experimento comratos de laboratório para descobrir um novo hormônio.Os resultados de sua pesquisa, no entanto, oconduziram para um outro caminho: a descoberta doque chamou de Síndrome Geral daAdaptação. O nomeestranho batizava o conjunto de reações do corpodiante de situações de risco. Em 1936, o jovemendocrinologista publicou as primeiras conclusões deseus estudos no jornal britânico Nature, uma espéciede bíblia da área médica. Para definir as reações queobservou primeiro nos ratos de laboratório e, maistarde, em seres humanos, ele pegou da física a palavraestresse. O termo significa o desgaste sofrido pelosmateriais expostos a algum tipo de pressão ou força.Naquele momento, Hans deu à luz um dos grandesvilões do mundo moderno: o estresse.

Na época, as ideias de Hans viraram assunto nasrodinhas científicas e acadêmicas. Setenta anos depoisda publicação do pesquisador canadense, suadescoberta se tornou um assunto cotidiano. Suapopularização se deu à medida que homens e mulheressentiam seus efeitos. Hoje, ninguém questiona, aspessoas vivem muito mais estressadas do que há 70anos. A explicação para isso é a infinidade de agentesestressores que passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia. O mundo se tornou mais complexo. A carreiraprofissional, antes administrada pela empresa, agora éproblema de cada indivíduo. As companhias tambémmudaram. Quer um exemplo? Vamos pegar uma únicaindústria: as montadoras de automóveis. Há setedécadas, GM, Fiat e Ford figuravam entre os maioresempregadores do mundo. Hoje, depois de passar porreengenharia (mudança de processos), downsizing(redução de pessoal) e terceirização, elas continuamdemitindo seus funcionários para equacionar o custode produção.

Essa não é uma realidade somente das montadoras.As organizações de outros setores hoje estão maisenxutas. Não há espaço para o profissional mediano.Sobrevive no mercado de trabalho o profissional quetem empregabilidade. Outro fator que tem de serlevado em conta é a entrada massiça da mulher nomercado de trabalho. “Elas também querem sergerentes, diretoras e presidentes”, diz a psicóloga

gaúcha Ana Maria Rossi, presidente no Brasil daInternational Stress Management Association. Elas,portanto, estão na disputa pelo crescimentoprofissional, outro estopim para o estresse. Por isso,marido e mulher dividem as mesmas angústias comrelação à carreira.

Há ainda o fator velocidade. Vivemos num mundomais rápido. Contribuiu muito para isso a tecnologia.Antes do e-mail, uma carta enviada do Brasil para osEstados Unidos levava de dez a 14 dias para chegar aodestinatário. O correio eletrônico abreviou esseperíodo para uma questão de segundos. “Após tantasmudanças no mundo moderno, a grande perguntaagora é: como lidar com o estresse de maneirasaudável?”, diz Ana Maria Rossi. O conselho daantropóloga americana Susan Andrews, estudiosa doestresse, é: aprenda a intercalar os períodos de tensão,que são essenciais para o desempenho, com pausas derelaxamento para se recuperar. Afinal, quem não sepermite descansar acaba pifando.

COSTA, José Eduardo. 70 anos de estresse.São Paulo, p. 68-69, abr. 2006.

REFERÊNCIA

Você S/A,

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70 ANOS DE ESTRESSEJosé Eduardo Costa

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Desde a bossa nova, na década do 60, o Brasil nãoassumia um papel de tamanha importância navanguarda cultural. Desta vez, porém, não se trata demúsica, literatura, (cinema ou artes plásticas). O Brasilestá na vanguarda de uma das maiores inovações dosúltimos anos: a cultura livre e colaborativa na internet.Há, no país, 2,5 milhões de internautas fazendodownloads na rede sem pagar nem receber por nada.

Os internautas do Brasil passam mais horasconectados que os de qualquer outro país no mundo.Brasileiros também ocupam posições de destaque emsites e programas de relacionamento, como Orkut ouMSN, e disputam a liderança em número de blogs. “OBrasil é, provavelmente, o lugar mais excitante nomundo no momento para discutir a cultura livre”,afirma o advogado americano Lawrence Lessig, daUniversidade Stantord, um dos maiores especialistasmundiais em Direito Digital.

Lessig é o idealizador e co-fundador do CreativeCommons, uma maneira mais maleável de aplicar osdireitos autorais. Nas obras artísticas que seguem asregras do Creative Commons, a conhecida frase“todos os direitos reservados” é substituída por“alguns direitos reservados”. De acordo com essasregras, o artista pode escolher se quer ou não liberar o

gratuito de músicas, o uso de suascomposições como matéria-prima de mixagens emoutras canções ou até como toque de celular. Essaflexibilidade legal ajuda na divulgação de músicas,filmes e outros tipos de obra. O principal meio dedifusão é a internet. Foi a livre troca do informaçõesque gerou alguns dos maiores sucessos da rede, comoo Orkut, os blogs, o livre Linux e aenciclopédia on-line Wikipédia.

Em vez de julgar a cópia de arquivos na rede umaameaça, como faz boa parte da indústria cultural, aturma do Creative Commons decidiu torná-la legal e,assim, eliminar a pirataria digital. É uma forma deresguardar os direitos de quem produz sem prejudicara enorme massa de internautas que constroemcoletivamente a cultura pela internet. “Está em cursouma explosão de criatividade, uma revoluçãosilenciosa, que o radar dos direitos autorais nãoconsegue captar”, afirma Joichi Ito, atual presidentedo Creative Commons. “A troca de arquivos pelainternet permitiu, por exemplo, que os filmes deHollywood, a indústria de cinema da Índia, fossemconhecidos em lugares do mundo que nunca se poderiaimaginar.”

Entre os artistas que já usam o Creative Cornmons

download

software

em sua obra, estão os roqueiros do Pearl Jam e doLinkin Park, os rappers do grupo Beastie Boys e, noBrasil, o músico e ministro da cultura, Gilberto Gil. Gil(chegou a tentar deixar todo o seu catálogo de músicasdisponível no sistema livre, mas esbarrou nainflexibilidade da gravadora americana Warner,detentora da licença da maior parte de sua obra). Nemtodas as gravadoras, porém, são contra a flexibilizaçãodos direitos autorais. A brasileira Trama, por exemplo,é pioneira em licenciar artistas usando o CreativeCommons e divulgar suas músicas livremente por seusite.

A vocação brasileira para a nova cultura digitalemergente fica evidente quando o assunto são osprogramas de computador usados e copiadosgratuitamente, chamados livres. Um dosprincipais programadores do mais célebre softwarelivre - o Linux, alternativa ao da Microsoft -é o brasileiro Marcelo Tosatti. Na Wikipédia,enciclopédia digital gratuita criada e alimentada porinternautas, os brasileiros só perdem para osamericanos em número de contribuições. O Brasiltambém é pioneiro no uso em larga escala de softwareslivres em empresas, repartições, tribunais e, até, noExército.

Mas há mais que isso. Um dos maioresinspiradores da cultura livre no mundo é o poetabrasileiro Oswald de Andrade. “Só me interessa o quenão é meu”, escreveu Oswald no ManifestoAntropófago, de maio de 1928, seis anos depois daSemana deArte Moderna de São Paulo.Afrase tornou-se a máxima de um movimento que, restrito aosintelectuais, virou fenômeno cultural de massa no finaldos anos 60 com o advento do tropicalismo de Gil eCaetano Veloso. A regra era descartar o preconceitocom o que é de fora, incorporar novidades, digeri-las,modificálas, multiplicá-las e propagá-las. Nada muitodiferente do que ocorre hoje na internet.

Quase 80 anos depois do ManifestoAntropófago, amáxima de Oswald é reproduzida no teclar doscomputadores. Na internet, músicas, filmes, jogos eprogramas circulam livres na velocidade da luz. Nafauna on-line que reúne Orkut, MSN, blogs, Linux eWikipédia, como num banquete antropófago, oconhecimento foi digerido, assimilado e redistribuído.

PEREIRA, Rafael. Os antropófagos digitais.São Paulo, p. 102-103, 19 jun. 2006.

softwares

Windows,

REFERÊNCIA

Época,

OS ANTROPÓFAGOS DIGITAISRafael Pereira

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Sua alimentação pode ter impacto direto em suasaúde mental e, conseqüentemente, na suaprodutividade profissional. Pelo menos é o que sugereuma pesquisa realizada pela Fundação Mental Health,no Reino Unido, relacionando o crescimento dedistúrbios psicológicos (como depressão ehiperatividade) às mudanças da nossa alimentação nosúltimos 50 anos. O estudo —que compilou material deoutras investigações na área, uma pesquisa qualitativacom mais de 2000 adultos e entrevistas comespecialistas — avaliou os hábitos alimentares docidadão britânico e descobriu que ele é um pacoteambulante de aditivos químicos: ingere, por ano,quatro quilos deles, a exemplo dos conservantes.Adicione a isso um ritmo de vida acelerado e temosuma dieta que inclui:

- mais alimentos processados (daqueles que durammuito tempo no armário da cozinha e na geladeira);

- uma variedade menor de frutas e verduras;- muito mais cereais refinados (quem se lembra de

arroz integral?) e quase todos baseados no trigo;- menos peixe e muita carne vermelha;- muito mais aditivos químicos (conservantes,

agrotóxicos e seus resíduos etc).

A autora do relatório, Courtney van de Weyer, dizque esse tipo de alimentação, rica em alimentosprocessados, provoca uma deficiência de nutrientesvitais para o organismo — já que alguns deles sãoencontrados apenas na versão natural. “Além disso, háum problema extra: os alimentos processados contêmníveis altos de açúcares e gorduras trans, que sãoassociados, em vários estudos, a problemas de saúdemental”, diz. Como nem só os ingleses modificaram oshábitos alimentares nos últimos anos — e muitosbrasileiros seguem uma dieta igualzinha à que apesquisadora descreve —, o alerta também vale paraos profissionais do lado de cá doAtlântico.

Se para os indivíduos o resultado das mudançasalimentares é uma vida menos saudável, produtiva eprazerosa, para os países o prejuízo econômico égrande. A pesquisa da Fundação Mental Health, feitaem parceria com a Sustain — ONG com sede emLondres que aconselha governos e agênciasreguladoras em assuntos ligados a políticas agrícola ealimentar —, enumerou os custos do problema para asaúde econômica dos britânicos. No Reino Unido, asperdas anuais em virtude de distúrbios psicológicosrepresentam um prejuízo de 28,3 bilhões de librasesterlinas (ou mais de 49 bilhões de dólares). Para ascompanhias britânicas, a conta fica perto de 4 bilhõesde libras anuais.

A pesquisa britânica não encontrou evidências deque mudar sua alimentação de forma radical vai curarou prevenir os problemas psicológicos e neurológicos.Mas indicou que uma dieta saudável diminui ossintomas e, se for necessário tomar medicação,potencializa os benefícios do medicamento, além dereduzir os efeitos colaterais. Esses resultados, noentanto, enfrentam algumas resistências. “Fazrealmente sentido associar boa alimentação ao bomfuncionamento do cérebro”, diz Arthur Guerra deAndrade, psiquiatra do Hospital Albert Einstein, emSão Paulo, e professor da Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo (USP). “Mas é arriscadoafirmar que uma alteração da dieta, sozinha, teriapoder para influenciar o funcionamento dosneurotransmissores (substâncias presentes no cérebroque, quando não estão em equilíbrio, podem causar adepressão por exemplo).” Aos médicos e cientistasque sugerem que associar dieta a doenças psicológicasé forçar a barra, Courtney van de Weyer responde: “Éclaro que é preciso fazer mais pesquisas. Hoje não sepode afirmar categoricamente que a depressão écausada por uma dieta pobre e que pode ser curada sevocê se alimentar de forma saudável. Mas dizer quenão há nenhum impacto é ignorar muita investigaçãocom evidências consistentes”.

Controvérsias à parte, é inquestionável oargumento de que uma boa alimentação beneficia oorganismo. “Infelizmente, não vai ser comendomelhor que vamos eliminar o mal de Alzheimer. Masum organismo alimentado adequadamente respondemelhor aos medicamentos e enfrenta com maiscompetência qualquer distúrbio, não só osneurológicos”, diz o neurologista Pedro Paulo PortoJr., do Hospital Albert Einstein e membro da academiaamericana de neurologia. Ou seja, da próxima vez queficar indeciso entre a lasanha congelada e a suposta“trabalheira” para preparar a receita caseira da mama,use seu cérebro e fique com a segunda opção. Seuspneuzinhos podem continuar incomodando, mas adecisão pode fazer muito por seu bem-estarpsicológico. O que a pesquisa inglesa comprovou foiaquilo que sua avó já sabia: comer direito só faz bem.Inclusive para o cérebro.

PIRES, Alessandra. Cérebro. São Paulo, p.66-67, abr. 2006.

REFERÊNCIA

Você S/A,

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CÉREBROAlessandra Pires

Page 59: Apostila Metodologia científica da passo 1 MTC1[1]

M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 59

Conectado o tempo todo e em qualquer lugar.Embora a definição de mobilidade seja simples, hácada vez mais tecnologia envolvida para esse conceitoalcançar o seu significado máximo. Wi-Fi (quepermite conectar o palm top à internet sem uso decabos, em locais específicos), WiMax (redes de longoalcance), VoIP (transmissão de voz pela internet), EV-DO e EDGE (transmissão de dados em altavelocidade). Fique calmo. A tendência é que, aexemplo do telefone celular, toda essa parafernália sepopularize e se torne fácil de usar. Nas empresas, nãoserá diferente. “A tecnologia aumenta a possibilidadede as organizações atuarem de maneira global paracriar parcerias e marcar presença em outrosmercados”, prevê Alberto Luiz Albertim, coordenadorda área de tecnologia da informação da Escola deAdministração de Empresas de São Paulo daFundação Getúlio Vargas.

O grande impulso para o crescimento damobilidade está na geração de tecnologias quepermitem transmitir dados, imagens e voz. Um bomexemplo é o crescimento das redes Wi-Fi, quepossibilitam navegar na internet em aeroportos, hotéis,cafés e restaurantes, os chamados hotspots. A Vex,uma das maiores operadoras de Wi-Fi no Brasil,contabiliza a instalação de 700 redes desse tipo nopaís. “A previsão é que o número de usuários tripliqueneste ano”, diz o presidente da empresa RobertoUgolini Neto. Para 2007, a expectativa é que asantenas WiMax, que cobrem um raio de 50quilômetros, estejam disseminadas em São Paulo.Com boa cobertura e um bom provedor, você poderáconectar seu laptop até no táxi.

Por último, estamos assistindo à evolução datransmissão de voz pela internet (VolP), que possibilitaligar para qualquer lugar do mundo com custosmenores. Nesse campo, a Siemens acaba de lançar oHiPath Wireless, um sistema de comunicação sem fiocom o máximo de segurança. Dá para usar aparelhosde VoIPsem fio por todas as salas da empresa.

A mobilidade transformou-se também emimportante ferramenta de produtividade na mão dosexecutivos. Augusto Carvalho, de 40 anos, executivode Mobile Solutions da IBM Brasil, estava no saguãodo aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quandorecebeu, por e-mail, a solicitação para dar umaentrevista à VOCÊ S/A. No avião, desligou a funçãocelular de seu smartphone e digitou a resposta. “Setivesse que voltar para o escritório para checar minhas

MAIORALCANCE

mensagens, talvez não estivéssemos conversandoagora”, brincou. “Aconvergência de redes é o próximoestágio da mobilidade”, explica Ronaldo Miranda,diretor de marketing e de vendas da área de mobilidadedigital e comunicações da Intel América Latina. Querdizer, por exemplo, que um mesmo smartphone serácapaz de identificar a melhor rede para cada tipo de usoe fazer essa transição automaticamente. Isso significaque você deve economizar espaço na pasta, mas não nobolso. Se os custos do uso das redes estão em queda, opreço dos aparelhos ainda não está. Poder trabalhar emqualquer lugar, porém, tem um valor enorme.

AREVOLUÇÃO do trabalho. São Paulo, p.76-77, abr. 2006.

REFERÊNCIA

Você S/A,

A REVOLUÇÃO DO TRABALHO

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Esqueça perguntas totalmente fora do contextoprofissional como “o que você faria se estivesse emuma ilha deserta?” Deixe para trás também aquelascenas deploráveis de candidatos imitando bichos.Felizmente, agora, as dinâmicas de grupo estãofocadas no que realmente interessa: escolher ocandidato mais competente para o cargo. “Não existemais aquele afã de ser criativo. O que se busca éconhecer o profissional”, diz Helena Camacho,gerente nacional de recrutamento e seleção do bancoBanespa. Destaca-se quem realmente tem aptidão paraa função pretendida. Ganha ponto quem demonstralidar melhor com situações imprevistas, ouve e acataopiniões, assume naturalmente a frente do grupo eapresenta as ideias mais bem aceitas.

Quando surgiram no Brasil, na década de 50, asdinâmicas tinham exatamente a mesma finalidade quetem hoje: afinar o processo de seleção. O que mudounesse tempo todo foi a maneira de conduzir o processo.Na década de 90, elas tinham um contorno maisperformático, com exercícios que devem ter deixadomuito sedentário com a língua de fora. Na ânsia deinovar, profissionais e consultorias de RH acabaramperdendo de vista o objetivo do processo. “Haviapouco comprometimento com a técnica. O foco estavano cliente, na empresa, e não no candidato”, diz oheadhunter paulistano Guilherme Françoso, que temno currículo experiências com recrutamento paraempresas como Tim Celular, Olimpus e Ambev.“Houve uma banalização e o processo foitransformado em linha de produção.” Isso acaboucontribuindo para que a dinâmica de grupo caísse emdescrédito.

“Ha alguns anos, não recebíamos pedidos pararealização de processos seletivos utilizando adinâmica de grupo”, diz Bárbara Santana, analista deRH da Politec, empresa brasiliense de tecnologia dainformação. “Agora, noto que as pessoas estãoenxergando a dinâmica como algo que realmente podeoferecer subsídios para escolher o melhorprofissional.” É que o processo permite ao avaliadorobservar o comportamento do candidato. A entrevistafica na teoria. É a dinâmica que leva o candidato àprática, ao dia-a-dia da companhia. Geralmente, ela éusada numa segunda etapa do processo de seleçãocomo forma complementar de avaliação. “Asconclusões são tiradas com base nas reações daspessoas. É importante saber, por exemplo, como

alguém reage quando o grupo não aceita sua ideia”, dizCarla Zeitone, superintendente de recursos humanosda empresa paulista Indiana Seguros.

TÉCNICAAPURADA, RESULTADO PRECISO

A possibilidade de fazer uma escolha maisacertada é outra diferença entre as dinâmicas de antes eas atuais. Antigamente, não era difícil ver processoscom centenas de candidatos em pouco mais de duas,três horas. Hoje, não. Algumas empresas estão,inclusive, separando os profissionais de acordo comsuas características e formando grupos menores, quedificilmente ultrapassam 15 candidatos. “É muitodifícil, por exemplo, avaliar o potencial de uma pessoatímida se ela estiver no meio de extrovertidos”, explicaHelena, do Banespa.

Utilizada para a contratação nos mais diversosníveis, a técnica só não é muito realizada quando afunção é altamente técnica. Nesses casos, geralmente,privilegia-se o conhecimento específico, que é aliadona entrevista e na análise do currículo. A avaliação ésubjetiva e, na maioria das vezes, o resultado não sai nahora. “É muito importante ter em mente que não hácerto ou errado. Não ficamos com um ‘gabarito’,esperando as respostas do candidato a determinadosestímulos”, diz o headhunter Guilherme Françoso. Overedicto sai depois que a banca (geralmente formadapor dois observadores e um instrutor) compara suasimpressões com as de profissionais que avaliaram ocurrículo e entrevistaram o candidato. Se é justo ounão, é assunto para outra conversa. Mas o fato é que adinâmica pode aumentar suas chances de conseguiraquela vaga, já que você vai ser analisado em situaçõesque simulam a realidade. Portanto, mostre a que veio.

MEDEIROS, Fernanda. Competência a toda prova., São Paulo, p. 80-82, maio 2006.

REFERÊNCIA

Você S/A

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COMPETÊNCIA A TODA PROVAFernanda Medeiros

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 61

Afinal, é possível uma pessoa motivar outra, ou aspessoas devem se automotivar? Na dúvida, vamosperguntar aos especialistas: os psicólogos. O que elesdizem é que as pessoas só são motivadas por duasgrandes forças: a necessidade e o desejo. Anecessidade de não sofrer e o desejo de ter prazer. Opsicólogo Abraham Maslow afirma que nós nãofazemos nada se não estamos motivados, e quepassamos pela vida procurando atender às demandasda sobrevivência. Ele também explica que temos queatender às necessidades de sobrevivência física,emocional e intelectual, nessa ordem de prioridade.Maslow criou a famosa pirâmide que leva seu nome eexplicou a hierarquia de nossas necessidades, denossas atividades.

Freud, quando abriu as portas do inconsciente paraa humanidade, disse que somos movidos pelo instintodo prazer, ao que ele chamou de libido. Para ele, agrande motivação, que está por trás de tudo o quefazemos, é a perpetuação da espécie, e a libidocumpriria o papel de providenciar o desejo quegarantiria esse processo. Freud explica que a vidaprecisa do sexo e que, sem prazer, nada feito. Já Jung,seu seguidor, concordou com ele na essência, masdiscordou no detalhe. Disse que a libido éfundamental, mas que não está presente apenas nosexo, e sim e em tudo o que fazemos. Então os doisbrigaram, e cada um tomou seu rumo, com Jungdizendo que, para Freud, tudo era sexo. Na verdade,Jung também só pensava naquilo, mas não só no sexoda perpetuação da espécie, também no da perpetuaçãodas ideias, da multiplicação do conhecimento etc.Afinal, tudo isso envolve um grande prazer. Ou não?Alibido é uma força motivadora que mira o prazer eacerta na perpetuação, e isso também vale para acarreira.

Jung e Freud abriram a discussão, mas quemmatou a charada foi um psicanalista brasileirochamado Roberto Freire (não é o político) no título deum de seus livros: Sem Tesão Não Há Solução. Para aépoca (década de 1960), a frase soou escandalosa,mas, a partir daí, a palavra tesão deixou de tersignificado chulo. Hoje dizemos que temos tesão pelotrabalho, pela profissão ou pela empresa. E, sem tesão,não se cria nada. Se você lidera uma equipe, saiba queas pessoas precisam do trabalho, mas desejam afelicidade. O que multiplica resultados, faz crescer oslucros e pereniza as empresas é essa dupla de área, anecessidade e o prazer.

E, respondendo aos questionamentos do primeiroparágrafo, a pessoa tem que se motivar, sim, mas outrapessoa – seu líder – pode lhe dar os elementos queusará para construir essa motivação. Pela necessidade,as pessoas trabalham simplesmente e, agregando oprazer, trabalham plenamente. Ah, tem uma terceiracoisa que motiva as pessoas: o sonho, que é acapacidade de imaginar um futuro melhor. Mas isso éhistória para outro artigo.

MUSSAK, Eugênio. O prazer de trabalhar. ,São Paulo, p. 83-84, maio 2006

REFERÊNCIA

Você S/A

O PRAZER DE TRABALHAREugênio Mussak

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É sabido que a taxa de analfabetismo em nosso paísvem-se reduzindo de forma rápida em torno de umponto percentual a cada ano. Uma das razões é aampliação do acesso ao Ensino Fundamental dascrianças de 7 a 14 anos. Além disso, os programasespecíficos contra o analfabetismo de jovens e adultostiveram e tem um papel decisivo nesse processo.

Apesar de todo o avanço, o Brasil ainda apresentaum alto índice de analfabetismo. Segundo o IBGE,estão nessa condição 33 milhões de brasileiros commais de 15 anos: 16,3 milhões “sem instrução” e 16,7milhões de “analfabetos funcionais”, que nãoconcluíram a 4ª série do Ensino Fundamental. O quefazer com essa imensa população? Investir apenas nosque estão chegando e esperar que os analfabetosadultos morram?

Há uma razão simples para argumentar em favorda prioridade à educação de jovens e adultos: aeducação é um direito que não prescreve aos 14 anos.Não priorizar a educação de jovens e adultos épenalizar duplamente os analfabetos. Não hásociedades que tenham resolvido seus problemassociais e econômicos sem equacionar devidamente osproblemas de educação, assim como não há países quetenham encontrado soluções para seus problemase d u c a c i o n a i s s e m e q u a c i o n a r d e v i d a esimultaneamente a educação de adultos e aalfabetização.

São muitos os benefícios de um programa dealfabetização de jovens e adultos, inclusive para aproteção da infância. Segundo a Pastoral da Criança,em pesquisa realizada em 2002, a falta dealfabetização das mães é uma das principais causas dedesnutrição infantil. Conforme documento publicadopelo Banco Mundial no ano 2000 (Including the 900million), os participantes em programas dealfabetização tem maior confiança e autonomia nointerior de suas famílias e comunidades, estão mais àvontade que os não-alfabetizados quando levam etrazem seus filhos da escola e acompanham seusestudos, participam mais efetivamente da comunidadee da política, desenvolvem novas e produtivas relaçõessociais por meio de seus grupos de aprendizagem.

É preciso investir mais na educação de jovens eadultos. É o que recomendou a Unesco em suaConferência de Hamburgo (1997), enfatizando a

necessidade de reconhecer o papel indispensável doeducador bem formado, garantir a diversidade deexperiências, reafirmar a responsabilidade inegável doEstado diante da educação, fortalecer a sociedade civile a cidadania, integrar a educação de jovens e adultoscomo uma modalidade da educação básica,reconceituar a educação de jovens e adultos como umprocesso permanente de aprendizagem.

É uma humilhação para um adulto ter de estudarcomo se fosse uma criança, renunciando a tudo o que avida lhe ensinou. É preciso respeitar o aluno,utilizando-se uma metodologia apropriada, queresgate a importância de sua biografia. Os jovens eadultos alfabetizandos já foram desrespeitados umavez quando tiveram negado seu direito à educação. Aoretomar sua instrução, não podem ser humilhadosmais uma vez por uma metodologia que lhes nega odireito de afirmação de sua identidade, de seu saber, desua cultura.

A educação de jovens e adultos não é uma questãode solidariedade. É uma questão de direito. E mais:essa inclusão do jovem e do adulto no sistema deensino precisa ser acompanhada de uma novaqualidade, não uma qualidade formal, mas umaqualidade social e política.

GADOTTI, Moacir. A educação de jovens e adultosdeve ser priorizada? , Porto Alegre, anoVIII, n. 32, p. 38-39, nov. 2004 – jan. 2005.

REFERÊNCIA

Revista Pátio

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A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DEVE SER PRIORIZADA?Moacir Gadotti

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M E TO D O L O G I A D O T R A B A L H O C I E N T Í F I C O I 63

Apostila elaborada pelos professoresde MTC do ICPG

ICPG

INSTITUTOCATARINENSE DEPÓS-GRADUAÇÃO

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