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UNIP Curso Engenharia Básica Interpretação e produção de texto Apostila elaborada pela professora Ivani Vecina Abib 1

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UNIP

Curso Engenharia Básica

Interpretação e produção de texto

Apostila elaborada pela professora Ivani Vecina Abib

Professora da disciplina Aline Ap. Notari de Arruda

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SUMÁRIO

Unidade I – A importância da Leitura....................................................03

Unidade II - As diferentes linguagens: verbal, não verbal......................09

Unidade III - Noções de texto: unidade de sentido...............................14

Unidade IV - Textos orais e escritos...................................................... 16

Unidade V - Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário entre outros...............................................20

Unidade VI - Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade.................................................................................................28

Unidade VII - Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical;..................................................................................35

Unidade VIII - Complemento gramatical................................................43

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UNIDADE I: A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento Antigamente se acreditava que o conhecimento era transmitido, que passava de uma pessoa para outra. É claro que, por mais que se esforçasse, talvez nosso professor de Português não tivesse conseguido nos transmitir as regras da colocação pronominal. (Sabe aquele papo de próclise, mesóclise e ênclise? Não? Fique calmo, quase ninguém se lembra...) O caso é que fizemos a prova e tiramos a nota, mas hoje precisamos escrever uma carta comercial ou um artigo para a revista, mandar um e-mail, procuramos dentro de nós e... onde foi parar? Com certeza, não é um conhecimento disponível no presente. Não aprendemos de fato, pois uma das características da aprendizagem é ser aplicável: não apenas saber, mas poder usar o que se sabe. Agora, aquela música dos Incríveis... aquela você nunca mais esqueceu! Às vezes se pega cantarolando era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones. Gostando ou não gostando, ela ficou. Por que a música permaneceu e a mesóclise foi pro espaço? - Porque a música era fácil. – Alguém diz. Acontece que outras coisas eram muito mais fáceis e você esqueceu, como o telefone da sua cunhada, enquanto reteve inúmeros dados difíceis, como um vocabulário de centenas de palavras e expressões em Inglês. Mesmo sem entrar presentemente na relação entre memória e aspectos emocionais/sentimentais, ainda assim podemos entender o que acontece, com a ajuda de modernas teorias da aprendizagem. Elas consideram o conhecimento como sendo uma construção íntima de cada ser, uma elaboração da mente, construindo, desmontando e reconstruindo estruturas de pensamentos, sempre a partir do que percebeu e experimentou. Há, certamente, os fatores externos, as possíveis estimulações, que são recursos que podem despertar o interesse do aluno para um determinado tema, numa atitude de curiosidade e atenção. Mas a realidade é que ninguém controla o modo como o outro aprende, ou quando chegará a aprender o que pretende ensinar. A prova disso é que aprendemos muito com nossos pais (e não apenas do que esperavam que aprendêssemos!), mas há certas áreas em que eles nunca conseguiram modificar nosso jeito de pensar. E assim também acontece com as nossas crianças. Dizer que cada criança é um mundo parece clichê, mas é a mais pura verdade. Tudo o que ela já viveu, tudo o que já fez, descobriu, percebeu, intuiu e pensou; os filmes que assistiu, as conversas que ouviu, as histórias que leu; tudo participa do seu modo de ver o mundo e de aprender. Que conceitos adquiridos entram na formação de suas conclusões sobre as coisas? Nunca saberemos totalmente. Mas o que se sabe é que as informações e os exemplos a que se expõe sempre podem influenciá-la mais ou menos intensamente - o que é a porta de entrada, dos educadores, neste seu mundo tão particular. O que se pode fazer é criar um meio propício, é oferecer, à inteligência, a argamassa, o material de construção em quantidade e qualidade suficientes para que a criança construa suas estruturas de pensamento da melhor maneira, com o melhor tipo de informação e os melhores exemplos possíveis. E aqui chegamos à importância dos livros e da leitura neste processo. Ler é saber. O primeiro resultado da leitura é o aumento de conhecimento geral ou específico. Ler é trocar. Ler não é só receber. Ler é

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comparar as experiências próprias com as narradas pelo escritor, comparar o próprio ponto de vista com o dele, recriando ideias e revendo conceitos. Ler é dialogar. Quando lemos, estabelecemos um diálogo com a obra, compreendendo intenções do autor. Somos levados a fazer perguntas e procurar respostas. Ler é exercitar o discernimento. Quando lemos, colocamo-nos de modo favorável ou não aos pontos de vista, pesamos argumentos e argumentamos dentro de nós mesmos, refletimos sobre opções dos personagens ou sobre as ideias defendidas pelo autor. Ler é ampliar a percepção. Ler é ser motivado à observação de aspectos da vida que antes nos passavam despercebidos. Ler bons livros é capacitar-se para ler a vida. Texto 2:

Texto 3:

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) serviu para os fascistas, representados pelas Falanges de Francisco Franco (1892-1975), como uma preliminar da II Guerra Mundial. Às 16:40 horas do dia 26 de abril de 1937, os bombardeiros alemães Heinkel e Junker, da Legião Condor, foram testados durante três horas na destruição da cidade basca de Guernica, ao norte da Espanha. Cerca de 2500 pessoas foram mortas nesse que foi o primeiro ataque aéreo da história feito a uma localidade desmilitarizada. Ao todo, 600 mil pessoas morreram durante os três anos dessa guerra civil que contou com a ingerência estrangeira de 40 mil voluntários das Brigadas Internacionais, em apoio aos republicanos, e outros 60 mil que lutaram ao lado dos nacionalistas de Franco. O painel de Pablo Picasso havia sido encomendado pelo governo da República Espanhola em janeiro de 1937, mas os primeiros croquis de Guernica só começaram a ser feitos a primeiro de maio, em seu ateliê de Paris, sendo apresentado na Exposição Mundial de Paris, em junho. Muitos consideraram o quadro excessivamente abstrato e de difícil compreensão, mas o tom de denúncia era claro e só comparado com a fase negra de outro espanhol, Francisco Goya.

ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?

LETRAMENTO: Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita. O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais

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Observação importante: ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar-se da escrita é tornar a escrita "própria", ou seja, é assumi-la como sua "propriedade”.

Retomemos a grande diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.

Letramento definido num poema, uma estudante norte-americana, de origem asiática, Kate M. Chong, ao escrever sua história pessoal de letramento, define-o em um poema:

Texto 4: O QUE É LETRAMENTO?

Letramento não é um ganchoem que se pendura cada som enunciado, não é treinamento repetitivode uma habilidade,nem um marteloquebrando blocos de gramática. Letramento é diversãoé leitura à luz de velaou lá fora, à luz do sol. São notícias sobre o presidente O tempo, os artistas da TVe mesmo Mônica e Cebolinhanos jornais de domingo. É uma receita de biscoito,uma lista de compras, recados colados na geladeira,um bilhete de amor,telegramas de parabéns e cartasde velhos amigos. É viajar para países desconhecidos,sem deixar sua cama,é rir e chorarcom personagens, heróis e grandes amigos. É um atlas do mundo,sinais de trânsito, caças ao tesouro,manuais, instruções, guias,e orientações em bulas de remédios,para que você não fique perdido. Letramento é, sobretudo,um mapa do coração do homem,

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um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser.

O poema mostra que letramento é muito mais que alfabetização. Ele expressa muito bem como o letramento é um estado, uma condição: o estado ou condição de quem interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com diferentes gêneros e tipos de leitura e de escrita, com as diferentes funções que a leitura e a escrita desempenham na nossa vida. Enfim: letramento é o estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e de escrita.

ATIVIDADE:

1. Entre no poema de Kate e coloque mais 05 considerações suas do que é Letramento.

2. Faça o jogo inverso e coloque 05 considerações do que não é Letramento, procure fazê-lo em tom semelhante ao do poema.

Texto 5 : Poucos brasileiros entendem o que leem. Não passam de 25% segundo pesquisa recente do Ibope. Vale dizer que maioria da população mantém-se nos limites de uma deficiência instrumental que torna sombrio o prognóstico quanto ao futuro da nação. A leitura é um dos últimos recantos da liberdade intelectual. Quem lê cria tanto ou mais que o autor. Com a imaginação solta, o leitor elabora mentalmente os cenários, compõe o perfil dos personagens, interpreta diálogos, identifica afinidades pessoais e vive, a seu modo, o prazer e a infinitude das emoções potencialmente contidas no texto. Quem lê não recebe imagens prontas, coloridas, acabadas. Tem de construí-las pelo processo do entendimento e interpretação.

Suas emoções não são pautadas pelas vinhetas da mídia eletrônica que padronizam as emoções do telespectador sempre passivo , para modelar a opinião pública que interessa aos produtores. O leitor nunca é passivo. Exercita, o tempo todo, os mecanismos psicodinâmicos que fundamentam, estruturam e aperfeiçoam a consciência. Por isso, desenvolve a criatividade, refina a percepção, aprimora o senso crítico e fica imune às manipulações que a comunicação pela imagem veicula como ingredientes de dominação.

A leitura é problematizadora, induz à reflexão, suscita hipóteses, faz pensar. Já a comunicação pela imagem, ao ser utilizada como ferramenta de controle da opinião pública, é a negação do pensamento. Não passa de show visual cheio de efeitos especiais que despertam a sensação do fantástico, do extraordinário, do instantâneo e promovem a preguiça mental do expectador por meio do deslumbramento programado. E o deslumbrado não pensa, admira. Não critica, assimila. Não forma sua opinião, repete a que recebe. Não reage, absorve. Não cria, consome. Não resiste, deixa-se aculturar. Não se afirma, submete-se.

Não por acaso, as sociedades menos desenvolvidas e mais dominadas são justamente as que menos leem. São aquelas que admitem o analfabetismo com naturalidade, se é que suas elites não o perpetuam deliberadamente. Aliás, um dos indicadores de desenvolvimento usados na atualidade é o número de televisores difundidos pelo país. Não é o número de livros publicados ou lidos pelo cidadão. Os grupos dominantes

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sabem muito bem que a palavra escrita é incontrolável e, portanto, libertadora, enquanto a imagem pode ser cientificamente editada para inibir a liberdade de pensamento. Nesse sentido, a palavra pertence à sintaxe da revolução, enquanto a imagem é a fonte da ilusão conservadora.

A Santa Inquisição não queimava apenas as bruxas e os hereges. Incinerava montanhas de livros em praça pública para que não fossem lidos. Da mesma forma, em nosso país, agentes dos governos militares invadiam casas de subversivos, apreendiam e destruíam livros cujos títulos e autores integravam a lista dos proscritos do regime. Os jornais escritos foram duramente censurados, quando não empastelados. Em vez de criarem escolas para alfabetização e estímulo à leitura, optaram pela rede de televisão concebida como monopólio destinado a subjugar o povo, impondo-lhe novos padrões de consumo e dependência externa.

Nos primeiros momentos houve necessidade de recurso às tropas para sufocar a resistência das gerações ainda formadas pela leitura. Mas, com o passar dos anos, a estratégia de controle pela mídia eletrônica produziu os resultados projetados. As gerações educadas pelos shows domingueiros e pela Xuxa de todas as manhãs foram se distanciando do hábito de ler e se desinteressando da palavra, do pensamento crítico, do vernáculo. A invasão cultural não tardou a nos americanizar, transformando-nos em consumidores da Disney, da violência enlatada, ou dos Big-Macs que já têm o sabor dos novos tempos.

A comunicação pela imagem eletrônica é a tropa de ocupação dos tempos modernos. Sua eficiência é indiscutível. O império mais violento da história da humanidade é mantido e ampliado por meio das imagens cuidadosamente montadas que nos chegam via satélite. O último recanto da liberdade intelectual vai sendo assim tomado de assalto pela ditadura eletrônica. O pensamento humano tornou-se prisioneiro de telas e cabos. Contudo, nos piores momentos de repressão, nunca se deixou de escrever e ler. Ainda que clandestinamente. E foi, quase sempre, na clandestinidade que se produziram os textos e leituras que transformaram a história do homem.

O escritor e o leitor dos dias atuais não são espécies em extinção, mas militantes da resistência libertária empurrados para a clandestinidade. Vivem nas catacumbas do atual império, mantendo, com a palavra escrita e a leitura, a réstia de luz transformadora que emana do ato de pensar para iluminar os rumos do futuro.

Dioclécio Campos Júnior (É médico, professor titular de pediatria da UnB e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria )

Texto 6

UMA HISTÓRIA DE LEITURA Profa. Ms. Ivani Vecina Abib

_ Maria, apaga essa luz!Mas era difícil fechar o livro! Apagava a luz e acendia o lampião, pouco se

importando se esse cúmplice da noite seria o delator da manhã. O rosto sonolento, sujo de fuligem denunciaria que apagara a luz, mas continuara lendo.

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Essa história de minha mãe sempre me encantou. E, mesmo sem a cumplicidade do lampião, eu também lia à noite. Muitas vezes, confesso, eram livros que Dona Célia, bibliotecária do colégio proibia: “ainda não é hora!”, dizia ela. E Júlio Ribeiro, Adelaide Carraro eram substituídos por José de Alencar, Machado e tantos outros. A tudo isso se acrescente o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Alan Kardec que lia todas as noites, depois do jantar, para meus avós. E eu lia, cheia de importância, afinal “ela sabe ler tão bonito”, diziam eles orgulhosos da neta.

Entretanto, foram tempos difíceis os da minha infância, não fui criada entre intelectuais, nem bibliotecas, mas descendente de imigrantes espanhóis que valorizavam acima de tudo o trabalho. O estudo nos era dado como um presente, aquilo que eles não puderam ter e por isso afirmavam orgulhosos: “fazemos questão de formar nossos filhos”.

A época da minha infância coincidiu com a construção de Brasília, foram anos difíceis. Meu pai, empreiteiro de obras, perdeu tudo o que possuía, pois o material de construção desapareceu do mercado e o que estava disponível era absurdamente caro e dessa forma, não conseguiu cumprir com os contratos assinados.

Nossa vida mudou radicalmente, da casa própria onde morávamos, confortável e bonita, mudamos para uma casa velha que alugamos de um parente distante. Um dia, à noite, ouvi meus pais conversando e minha mãe falou com uma voz que eu nunca ouvira antes. Mostrava preocupação e lágrimas contidas:

_Amanhã, não temos dinheiro nem para a mistura!Meu irmão e eu ouvimos tudo aquilo, do quarto ao lado, apesar da pouca idade,

sentimos o peso da responsabilidade. Ele tomou a decisão e para isso precisava da minha ajuda. Abriria uma banca de revistas e livros usados.

Foi nesse momento que a leitura entrou na minha vida. Enquanto meu irmão saía para comprar livros e revistas, eu tomava conta da banca e lia... lia e escondia aqueles que eu não tinha lido ainda, recusando-me a vendê-los. Perguntavam os fregueses:

_Chegou novidade? Algum livro? Alguma revista nova?_Não, hoje nada, ainda...E, a irmãzinha mais nova sentada no caixote-esconderijo era a cúmplice que me

ajudava a ocultar aquelas preciosidades, pois à noite, ao som da minha voz, dramatizava aquelas histórias, ela adormecia sonhando com o Pimpinela Escarlate, sua personagem favorita.

Assim eram nossos dias, quando à tarde, contávamos o dinheiro das vendas, e este não era suficiente para as despesas, todos os olhos se voltavam para mim.

_Desse jeito não dá! Primeiro você vende, depois, se der você lê.E eu respondia, indignada:_Mas, hoje, você vendeu aquele, e eu já tinha passado da metade, estava quase

no final._ A mistura é mais importante, diziam todos.E revoltada eu ia para o meu quarto, criava um final para as minhas histórias,

princesas, heróis, bruxas, cujo destino eu determinava. Eles povoavam os meus sonhos e eu sempre lhes dava um final feliz, casava moças solitárias, premiava os bons e regenerava os maus.

Um dia, à mesa do café, antes de irmos para a escola, minha mãe sorriu, estendeu sua mão e tocou a de meu pai com carinho e firmeza. Então falou:

_ Esta situação que estamos vivendo logo vai passar. Tenham paciência... ela gosta de ler, ela vai ser professora...

_ Menina, não apague essa luz!

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Sobre os textos lidos:Escreva em seu caderno o assunto de cada texto.Escolha dois textos e faça o seu comentário. UNIDADE II – As diferentes linguagens: VERBAL E NÃO-VERBALTexto 1:

Texto 2: Os retirantes Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos

Vêm das terras secas e escuras; pedregulhosDoloridos como fagulhas de carvão aceso

Candido PortinariOs corpos esqueléticos castigados pela fome de uma família desesperada que

leva tudo o que possui para buscar uma vida melhor. Essa seria uma das possíveis definições a serem dadas a respeito da série Retirantes, pintada por Candido Portinari na década de 40. Porém, atrás das pinceladas que criam o quadro há uma pessoa como outra qualquer, que possui anseios, desejos e vontades.

A acentuada força dramática da Série Retirantes nasceu das visões de Portinari ainda menino. Desde pequeno, assistia da janela de sua casa ao vaivém das sofridas famílias que fugiam da seca do Nordeste à procura de trabalho. Eram famílias inteiras em estado de grande pobreza, imagens que marcaram a vida do menino e do pintor. Ser humano sensível denunciou através do pincel a degradação de uma parcela significativa de homens e mulheres, brasileiros trabalhadores e sofredores. Por meio de sua arte, o artista consegue com uma abrangente visão crítica, fazer um documento visual da nossa realidade. Um grande artista plástico e uma bela denúncia aos problemas da seca, que estão presente até hoje no contexto brasileiro.

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Texto não-verbal: Para Platão & Fiorin, 2007, quando nos referimos a texto ou linguagem, pensamos sempre em textos verbais, ou seja, na capacidade humana ligada ao pensamento que se materializa numa determinada língua e se manifesta por meio de palavras. Há outras formas de linguagem, ao longo dos tempos, o homem tem manifestado diferentes formas de se comunicar, por exemplo, por meio da pintura, da mímica, da dança, da música e outras mais. O homem ao fazer uso dessas atividades representa o mundo, exprime seus pensamentos, comunica-se, denuncia, chama a atenção em relação a determinado tópico e também é capaz de influenciar os outros.

Os sentidos podem ser expressos de duas formas, tanto a linguagem verbal quanto a não verbal e, para isso, utilizam-se de signos. Porém, caro aluno, convém que se ressalte que os signos representativos da linguagem verbal e não verbal aparecem de forma diversa. Na linguagem verbal, os signos são constituídos de sons da língua, ao passo que na linguagem não verbal se exploram outros signos, como as formas, a cor, os gestos, os sons musicais etc. Esses signos, constitutivos das linguagens verbal e não verbal combinam-se entre si, de acordo com regras próprias e obedecem a mecanismos de organização que são próprios da linguagem que representam.Semelhanças e diferenças: A linguagem verbal é linear. Isto significa que seus signos e os sons que a constituem não se superpõem, ou seja, são pronunciados ou escritos um de cada vez, ou seja, eles se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Isto significa dizer que com isso é que cada signo e cada som são usados em momentos distintos, a linguagem não-verbal, ao contrário da linguagem verbal, vários signos podem ocorrer simultaneamente. É dessa forma que percebemos os sons musicais, os movimentos e a expressão da dança, as cores e os traços de um quadro e mesmo uma fotografia. Se na linguagem verbal é impossível conceber palavras encavaladas umas nas outras, na pintura e outras expressões artísticas, por exemplo, podem-se ter várias figuras ao mesmo tempo.

.Em relação ao texto não-verbal, podemos dizer que a princípio é considerado

predominantemente descritivo, pois representa uma realidade singular e concreta, num ponto estático do tempo. Pensemos, em uma foto. Somente uma foto pode ser descritiva, no sentido que nos apresenta nos descreve determinado evento realizado num espaço de tempo. Mas, a sucessão de fotos pode ser uma narrativa, como podemos

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observar nos quadrinhos do reizinho na imagem apresentada anteriormente. Podemos ainda interpretá-las a partir da nossa visão de mundo. No entanto há um limite para a interpretação de cada um, ela não pode chegar ao absurdo da extrapolação, o que descaracterizaria totalmente o texto. Vejamos a imagem abaixo:

Atualmente, há inúmeros recursos com relação à fotografia, propaganda, cinema, televisão, o que nos levar a crer que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade.

Porém, como sabemos essa impressão não é verdadeira. Para citar exemplo da fotografia, observe a capa da revista Claudia com a atriz Taís Araújo. Sabemos também que esta atriz é linda, mesmo assim, o fotógrafo lançou mão de recursos tecnológicos disponíveis hoje, para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento etc.

Bem, e os textos verbais, será que estes textos também devem ser interpretados ao pé da letra? Será que retratam fielmente a realidade? Para Platão & Fiorin, 2007, os textos verbais podem ser figurativos, ou seja, reproduzem elementos concretos, produzindo um efeito de realidade. Caro aluno, leia o texto abaixo, “O homem e a galinha”, de Ruth Rocha, www.portalimpacto.com.br e poderemos esclarecer o que na realidade o figurativo representa no texto.

O homem e a galinha Ruth Rocha

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras. Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:

- Olha o ovo que a galinha botou.A mulher ficou contente:- Vamos ficar ricos!E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava

mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:

- Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló... Muito menos sorvete! Então a mulher falou:

- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro! O marido não quis conversa:- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo. Aí a mulher disse:- E se ela não botar mais ovos de ouro?- Bota sim! – o marido respondeu.

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A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.- E se ela não botar mais ovos de ouro?- Bota sim! – o marido respondeu.Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:- Pra que esse luxo de dar milho para a galinha? Ela que cate o de-comer no quintal!- E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou.- Bota sim! – o marido falou.E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais. Dizem, eu não sei, que ela agora está numa casa onde tratam dela a pão-de-ló.

Reflita: De que trata o texto? Estará a autora falando de galinha? Preocupada com a sua alimentação? Ou esses são elementos figurativos e se referem ao homem e às relações humanas? Quantos exemplos na nossa própria vida podem comparar ao descrito no texto? É disso que falamos em relação a elementos figurativos. Porém, há também textos que podem ser temáticos, aqueles que exploram temas abstratos. Vejamos como tratar o texto “O homem e a galinha” do ponto de vista temático. Muitas vezes o homem não se dá conta da importância que têm as pessoas em suas vidas, por vezes as exploram ou não lhes dão o devido valor. Mas, o tempo pode levar aquele que não é reconhecido ou que é explorado a ter seu valor reconhecido por outra pessoa. Só então, aquele que explorou verá o erro que cometeu.

►Textos não verbais: Os textos não-verbais podem também ser dominantemente figurativos (as fotos, a escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso não pretendem simular elementos do mundo real.

Caro aluno vejamos as especificidades da leitura de texto verbal e não-verbal.

O texto verbal: a palavra e suas figuras: aliteração, rima, ritmo, assonância, a escolha lexical etc. Veja a poesia que concretiza uma Maria fumaça, tente perceber, caro aluno, a maneira como as palavras estão dispostas e a clara intenção dos autores em trazer a nossa lembrança o som, a imagem de um trem e o percurso que ele faz.

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Trem de ferro (fragmento)Café com pão Tom Jobim e Manuel BandeiraVirgem Maria que foi isto maquinista?Agora simCafé com pãoAgora simCafé com pãoVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força.

Vamos agora as especificidades do texto não verbal. As imagens que seguem são do genial Charles Chaplin, que provavelmente você conhece e também a sua personagem Carlitos. Essas imagens podem levá-lo ao contexto de sua época, mas também pode possibilitar que você faça outras comparações, que recorra ao seu arquivo mental, seu repertório e seu conhecimento de mundo.

Dessa forma você já percebeu que podemos nesse texto não verbal fazer diferentes leituras, mas provavelmente elas terão algo em comum.

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UNIDADE III: NOÇÕES DE TEXTO: UNIDADE DE SENTIDO

Considerações sobre texto.

A revista Veja de 1º de junho de 1988, em matéria publicada nas páginas 90 e 91, traz uma reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos, membros ligados à administração do governo do Estado de São Paulo e dois cidadãos portugueses dispostos a lançar um novo tipo de jogo lotérico, designado pelo nome de “Raspadinha”. Entre os suspeitos figurava o nome de Otávio Ceccato, que, no momento, ocupava o cargo de Secretário de Indústria e Comércio e que negava a sua participação na negociata.

O fragmento que vem a seguir, extraído da parte final da referida reportagem, relata a resposta de Ceccato aos jornalistas nos seguintes termos:

Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso foi infeliz ao rebater as denúncias. “Como São Pedro, nego, nego, nego”, disse a um grupo de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes na mesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro naquele episódio, disse talvez a única mentira de sua vida. (Ano 20, 22:91.)

Como se pode notar, a defesa do secretário foi infeliz e desastrosa, produzindo efeito contrário ao que tinha em mente.

A citação, no caso, ao invés de inocentá-lo, acabou por comprometê-lo. Ao citar a passagem bíblica, o acusado esqueceu-se de que ela fez parte de um texto e, em qualquer texto, o significado das frases não é autônomo.

Desse modo, não se pode isolar frase alguma do texto e tentar-lhe conferir o significado que se deseja.

Primeira consideração: O texto não é um aglomerado de frases

Observe agora o seguinte texto:No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckey Jr. Entrou

numa loja de armas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com a Saturday Night Special – nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz,

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James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas. (...)

Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o risco de vender arma para qualquer pessoa indiscriminadamente.

Para comprovar essa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia.

O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em debate.

Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla.

Conclusão:a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto,

já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam.

b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer.

Leia o texto abaixo e considere as possíveis leituras:

Urubus e sabiás - Rubem Alves

"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

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MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."

O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.

UNIDADE IV: TEXTOS ORAIS E TEXTOS ESCRITOS

Textos orais e textos escritos

A interação pela linguagem materializa-se por meio de textos, sejam eles orais ou escritos. É relevante, no entanto, reconhecer que fala e escrita são duas modalidades de uso da língua que, embora se utilizem do mesmo sistema linguístico, possuem características próprias. As duas não têm as mesmas formas, a mesma gramática, nem os mesmos recursos expressivos. Para a compreensão dos problemas da expressão e da comunicação verbais, é necessário evidenciar essa distinção.Para dar início às suas reflexões, leia o texto de Millôr Fernandes, a seguir:

A vaguidão específica

“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago específica.” (Richard Gehman)- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.- Junto com as outras?- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.- Sim senhora. Olha, o homem está aí.- Aquele de quando choveu?- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.- Que é que você disse a ele?- Eu disse pra ele continuar.- Ele já começou?- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.- É bom?- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.- Você trouxe tudo pra cima?- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.- Está bem, vou ver como.FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. São Paulo, Círculo do Livro, 1976, p.77.)

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No texto, o autor revela ironia ao atribuir às mulheres o falar de modo vago e por meio de elipses. No entanto, tais características são próprias do texto oral, em que a interação face a face permite que os interlocutores, situados no mesmo tempo e espaço, preencham as lacunas ali existentes, já que ambos, ancorados em dados do contexto e no conhecimento partilhado que possuem, são capazes de compreender e produzir sentido ao que se diz.

Em nossa sociedade, fundamentalmente oral, convivemos muito mais com textos orais do que com textos escritos. Todos os povos, indistintamente, têm ou tiveram uma tradição oral e relativamente poucos tiveram ou têm uma tradição escrita.

No entanto, isso não torna a oralidade mais importante que a escrita. Mesmo que a oralidade tenha uma primazia cronológica sobre a escrita, esta, por sua vez, adquire um valor social superior à oralidade.

A escrita não pode ser tida como representação da fala. Em parte, porque a escrita não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, tais como a prosódia, a gestualidade, os movimentos do corpo e dos olhos, entre outros. Ela apresenta, ainda, elementos significativos próprios, ausentes na fala, tais como o tamanho e o tipo de letras, cores e formatos, sinais de pontuação e elementos pictóricos, que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representadas. Observe a transcrição de um texto falado, retirado de uma aula de História Contemporânea, ministrada no Rio de Janeiro, no final de década de 70.

Procure ler o texto seguinte como se você estivesse “ouvindo a aula”.

... nós vimos que ela assinala... como disse o colega aí,,, a elevação da sociedade burguesa... e capitalista... ora... pode-se já ver nisso... o que é uma revolução... uma revolução significa o quê? Uma mudança... de classe... em assumindo o poder... você vê por exemplo... a Revolução Francesa... o que ela significa? Nós vimos... você tem uma classe que sobe... e outra classe que desce... não é isso? A burguesia cresceu... ela ...a burguesia possuía... o poder... econômico... mas ela não tem prestígio social... nem poder político... então... através desse poder econômico da burguesia... que controlava o comércio... que tinha nas mãos a economia da França... tava nas mãos da classe burguesa... que crescera... desde o século quinze... com a Revolução Comercial... nós temos o crescimento da classe burguesa... essa burguesia quer... quer... o poder...ela quer o poder político... ela que o prestígio social... ela quer entrar em Versalhes... então nós vamos ver que através... de uma Revolução...ela vai... de forma violenta... ela vai conseguir o poder... isso é uma revolução porque significa a ascensão de uma classe e a queda de outra... mas qual é a classe que cai? É a aristocracia... tanto que... o Rei teve a cabeça cortada... não é isso?(Dinah Callou (org.). A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro – materiais para seu estudo. Elocuções formais. Rio de Janeiro, Fujb, 1991, p. 104-105)

É possível notar que o texto é bastante entrecortado e repetitivo, apresenta expressivas marcas de oralidade e progride apoiando-se em questões lançadas aos interlocutores, no caso, aos alunos. Isso não significa que o texto falado é, por sua natureza, absolutamente caótico e desestruturado. Ao contrário, ele tem uma estruturação que lhe é próprio, ditada pelas circunstâncias sócio-cognitivas de sua produção.

No entanto, tais características, próprias do texto oral, são consideradas inapropriadas para o texto escrito. E por quê? Para entender essa questão, inicialmente,

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faz-se necessário observar a distinção entre essas duas modalidades de uso da língua, proposta por Marcuschi (2001:25). Para o autor a fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral.

É caracterizada pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como os aspectos prosódicos e recursos expressivos como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica. Já a escrita, por sua vez, seria um modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva também recursos de ordem pictórica e outros.

Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideogramas (escrita ideográfica) ou unidades iconográficas. Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.

De modo geral, discute-se que ambas apresentam distinções porque diferem nos seus modos de aquisição, nas suas condições de produção, na transmissão e recepção, nos meios através dos quais os elementos de estrutura são organizados.

Para Koch (2002), entre as características distintivas mais frequentemente apontadas entre as modalidades falada e escrita estão as seguintes:

Fala Escrita1. Contextualizada. 1. Descontextualizada.2. Não-planejada. 2. Planejada.3. Redundante. 3. Condensada.4. Fragmentada. 4. Não-fragmentada.5. Incompleta. 5. Completa.6. Pouco elaborada. 6. Elaborada.7. Predominância de frases curtas,simples ou coordenadas. 7. Predominância de frases complexas, com subordinação abundante.8. Pouco uso de passivas. 8. Emprego frequente de passivas.9. Pouca densidade informacional. 9. Densidade informacional.10. Poucas nominalizações. 10. Abundância de nominalizações.11. Menor densidade lexical. 11. Maior densidade lexical.

Vamos esclarecer passo a passo essas diferenças entre a fala e a escrita, lembrando sempre que a linguagem escrita e a oral não são modalidades prontas, estanques, estão em constante evolução. Mas não se pode desconsiderar as particularidades de cada uma. A oralidade possui recursos diferentes da escrita, como veremos a seguir. É certo que ninguém escreve exatamente como fala, são processos diferentes em condições de produção diferentes. Devemos ter em mente que aspectos como: o contexto, o assunto tratado e a intenção de quem produz o texto, seja ele oral ou escrito são diferentes, mas ambas, oralidade e escrita são parte da linguagem humana e da necessidade de comunicação que acompanha o homem desde sua origem.

1.Contextualizada/descontextualizada: durante a conversa existe um contexto que é do conhecimento do falante, eles se entendem até mesmo pelo olhar, quanto à escrita, se esta não for clara o leitor provavelmente não entenderá o que o autor quis dizer.2.Não planejada/planejada: a fala tem a característica da espontaneidade, de poder dizer novamente se algo ficou ambíguo ou mal entendido. Quanto à escrita, precisa ser planejada, pode se fazer a reescrita caso algum enunciado não fique claro, pois, depois

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que o texto está nas mãos do leitor é impossível desfazer o que foi escrito, salvo pelas ERRATAS que muitas vezes vemos em trabalhos, revistas ou jornais.3.Redundante/condensada: na oralidade um fato comum é a ênfase que muitas vezes leva os falantes à repetição. Porém, na escrita, o texto precisa ser mais enxuto, não deve ser repetitivo e as idéias necessariamente expostas com clareza.4.Fragmentada/não fragmentada: a oralidade se caracteriza por frases entrecortadas, espaçamentos entre as ideias, a escrita exige uma linearidade textual e o uso dos sinais de pontuação, como as reticências, exclamações para passar para o leitor a intenção do seu texto.5.Incompleta/completa: a fala pode ser muitas vezes incompleta pela própria cumplicidade que existe entre os falantes, muitas vezes sem dizer eles sabem o que seu interlocutor está pensando. Quanto à escrita, já sabemos da necessidade da clareza na exposição das ideias e do dos fatos.6.Pouco elaborada/elaborada: devido ao caráter informal da fala, esta não necessita de excessivos cuidados com a norma culta da língua, salvo em situações de formalidade como: palestra, discurso, entre outras. A escrita deve, obrigatoriamente seguir a norma culta, a gramática, porém existem situações como cartas familiares, bilhetes que podem abrir mão da formalidade. 7.Predominância de frases curtas, simples ou coordenadas/predominância de frases complexas, com subordinação abundante: na oralidade predomina o período coordenado pois possui como característica uma ordenação de idéias sem muita inversão das orações, diferente do que acontece no período subordinado.8.Pouco uso de passivas/emprego frequente de passivas: a voz usada na oralidade tem a predominância dos tempos simples da voz ativa enquanto que os tempos compostos, usos de auxiliares são características mais comuns na voz passiva e, portanto, mais freqüentes na escrita.9.Pouca densidade informacional/densidade informacional: como já foi explicado, o que caracteriza a oralidade é o seu caráter informal e o fato de os interlocutores partilharem o conhecimento, enfim, saberem do que estão falando. Já a escrita precisa ser densa no que diz respeito às informações, porque não existe a situação face a face da oralidade, na escrita o seu interlocutor está distante e você muitas vezes não o conhece.10.Poucas nominalizações/abundância de nominalização: a ocorrência da nominalização se dá no vocabulário, é comum na escrita não repetir palavras ou estruturas sintáticas, fato que na oralidade se dá com muita frequência.11.Menor densidade lexical/maior densidade lexical: na oralidade, praticamente, não existe a preocupação da variedade do vocabulário, porém, devemos lembrar sempre do grau de formalidade que envolve a conversação. Na escrita existe uma preocupação com o vocabulário variado e conservador, também, dependendo do grau de formalidade do texto.

Façamos agora, caro aluno, uma reflexão. Essas diferenças nem sempre distinguem as duas modalidades. Isso porque se verifica, por exemplo, que há textos escritos muito próximos ao da fala conversacional (bilhetes, recados, cartas familiares, por exemplo), e textos falados que mais se aproximam da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais, entre outros). Atualmente, pode-se conceber o texto oral e o escrito como atividades interativas e complementares no contexto das práticas culturais e sociais.

Nesse sentido, a oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos distintos. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, a

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elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais e dialetais.

Cabe lembrar, finalmente, que em situações de interação face a face, o locutor que detém a palavra não é o único responsável pelo seu discurso. Trata-se, como bem mostra Marcuschi (1986), de uma atividade de co-produção discursiva, visto que os interlocutores estão juntamente empenhados na produção do texto.

UNIDADE V: Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário entre outros;

TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

     1.TEXTO NARRATIVO

     O texto narrativo é o mais conhecido e universalmente apreciado – todos ouvimos histórias, contamos histórias, conhecemos romances e novelas, livros policiais e de aventura.     Pense nos textos narrativos mais usados nos primeiros anos da escola – a história do Pequeno Polegar, Branca de Neve, da Emília no Sítio do Picapau Amarelo, a fábula do Lobo e o Cordeiro ou ainda a lenda sobre a origem da lua, das estrelas ou da mandioca.     O texto narrativo pode ser literário ou não-literário. Ele é literário quando se aproxima da função expressiva – embora o valor literário do texto possa ser maior ou menor.     Mas um texto narrativo também pode ser não literário, como no caso de notícias, cartas pessoais, bilhetes etc. O texto deixa de ser literário quando se aproxima da função informativa.

1.1 Gênero Conto Tradicional

     Os contos tradicionais, ou populares, são antigos gêneros literários orais, de origem popular. Eles não têm autores, pois surgiram de pessoas comuns e foram contados ou recontados por pessoas diversas, em lugares e épocas diferentes.     Estrutura:

Situação inicial: Era uma vez... o conto tradicional apresenta o personagem principal (herói) e o conflito que esse personagem vai viver na história.

Conflito: os problemas ou dificuldades a serem superados. Enredo: o personagem precisa vencer obstáculos e enfrentar situações de perigo

para conseguir resolver o conflito. Tendência à magia: para resolver o conflito, o personagem esbarra com

elementos mágicos, representados por fadas madrinhas, varinhas de condão, maçãs envenenadas,etc.

Desfecho: E viveram felizes para sempre...

     O Conto Tradicional deve:- ser de tradição oral (não tem autor);- tratar de temas universais;- apresentar tempo e lugar indeterminados;- ter um herói (ou heroína) que enfrenta perigos;

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- ter um final feliz.

1.2 Gênero Conto de Fadas

     A palavra “fada” é originária do latim “fatum”, que por sua vez vem do grego e significa “coisa que brilha”. A característica mais importante das fadas é o encantamento. Foi esse encantamento que transformou os contos populares em um tipo de texto pertencente ao reino maravilhoso. Isto é, o conto de fadas é um tipo de conto popular, porém com características predominantemente fantásticas, que rompem com o real e utilizam elementos mágicos.     Estrutura      Espaço: as situações reproduzidas nessas narrativas acontecem num espaço regido por leis sobrenaturais, comumente bosques e florestas.      Tempo: o tempo é irrelevante, pois tudo acontece de repente e a duração dos acontecimentos não é medida.      Personagens: esse é um mundo dos seres maravilhosos: fadas, anões, magos, bruxas, gigantes, gênios, duendes e outros criados pela imaginação e atribuído à natureza.      Enredo: os conflitos são provocados por uma intenção maldosa contra uma pessoa de bem e só se resolvem pelo encantamento.      Desfecho: no final da história, a virtude triunfa e o ser malévolo é impiedosamente castigado. Assim, tudo termina num final feliz.     A diferença entre os contos populares, é que, nos contos de fadas, a solução do conflito é provocada por uma ação mágica.     O Conto de Fadas deve:- ser de tradição oral (não tem autor);- tratar de temas universais;- acontecer num espaço regido por leis sobrenaturais;- apresentar tempo indeterminado;- ter um herói (ou heroína) que enfrenta seres malévolos;- ter um final feliz.

          1.3 Gênero Fábula     As fábulas pertencem ao grupo de histórias criadas pela tradição oral – junto com os contos de fadas, lendas e mitos. As fábulas são histórias curtas, geralmente utilizam o diálogo entre os personagens. Os personagens geralmente são animais. Toda fábula tem uma moral.

ESTRUTURA

     Histórias curtas: há um só conflito; isso resulta numa narrativa concisa e sóbria.     Diálogo: no que se refere à linguagem, a fábula é objetiva. Daí ter pouca descrição e muito diálogo.     Personagens: os animais são usados como personagens. Eles representam virtudes, defeitos e características dos seres humanos.     Moral: as fábulas terminam sempre com a apresentação de uma moral, que resume a ideia principal da história.     A Fábula deve:- tratar de temas universais;- ser uma história curta;

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- ter animais como personagens (que simbolizem virtudes humanas);- ter o predomínio de diálogos;- terminar com uma moral (geralmente na forma de um provérbio).

A fábula é das mais antigas narrativas, coincidindo seu aparecimento, segundo alguns estudiosos, com o da própria linguagem. No mundo ocidental, o primeiro grande nome da fábula foi Esopo, um escravo grego que teria vivido no século VI a.C. Modernamente, muitas das fábulas de Esopo foram retomadas por La Fontaine, poeta francês que viveu de 1621 a 1695. O grande mérito de La Fontaine reside no apurado trabalho realizado com a linguagem, ao recriar os temas tradicionais da fábula. No Brasil, Monteiro Lobato realizou tarefa semelhante, acrescentando, às fábulas tradicionais, curiosos e certeiros comentários dos personagens que viviam no Sítio do Picapau Amarelo. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe a denominação de apólogo

1.4 Gênero Lenda      A característica das lendas é a mistura entre algo real - um acontecimento sobre a vida de uma pessoa ou de um povo – e o fantástico, uma explicação fantasiosa, milagrosa ou imaginária usada para explicar e valorizar o fato ou personagem da lenda.     ESTRUTURATradição oral: por isso tem autor desconhecido.Tempo: geralmente, não fazem referência a um tempo, exceto para situar o contexto (gregos, fundação de Roma, povos indígenas).Histórias curtas: escritas em linguagem direta e simples.Personagem: diferentemente do conto popular e da fábula, os seres humanos são os protagonista. Enredo: o ponto central de interesse é o caráter explicativo – o que se quer contar sobre uma pessoa, animal ou fenômeno – e qual a natureza a explicação. A lenda sempre está relacionada a algo real – origem da mandioca, do trovão etc. A Lenda deve ser:- de tradição oral (não tem autor);- uma história curta;- explicativa (explicar a origem das coisas);- contada com linguagem simples e direta.

     1.5 Gênero Mitos Brasileiros     A palavra mito significa crença. Mas não se trata de qualquer crença. Trata-se de uma crença usada para entender e explicar o mundo, o que acontece na natureza. E, geralmente, são explicações baseadas em eventos sobrenaturais ou seres extraterrenos, como deuses, pessoas ou animais com poderes mágicos.     ESTRUTURATradição oral: por isso tem autor desconhecido.Tempo: não fazem referência a um tempo.Histórias curtas: escritas em linguagem direta e simples.Personagem: o ponto central de interesse é o personagem em si, que se reveste de importância, pois mostra a imaginação popular e sua criatividade no que se refere à criação da ficção. Enredo: diferentemente de outras narrativas tradicionais de origem oral, esses textos destacam personagens fantásticos, dotados de poderes sobrenaturais para o bem ou para

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o mal, que despertem medo nas pessoas; não raro, esses seres desempenham um papel importante na natureza.O Mito deve:- ser de tradição oral (não tem autor);- ter seres fantásticos com poderes sobrenaturais;- ser uma história curta;- descrever os personagens;- ter personagens que desperte medo nas pessoas;- ter linguagem simples e direta.

     1.6 Gênero Conto Moderno     O conto – contar uma história – é a forma mais tradicional e popular de escrita. Há vários tipos de conto. Uma forma é classificá-los em modernos e tradicionais.     Os contos modernos, ou literários, começaram a ser escritos a partir do século XIV. Essa tendência começou com um escritor chamado Boccaccio, que escreveu os contos de Decamerão.     Diferentemente dos contos tradicionais, o conto moderno tem um autor, não é fruto da imaginação coletiva, a linguagem é própria do autor e o estilo varia de acordo com o autor.     ESTRUTURA Personagens: são, em geral, em número reduzido e suas características são pouco detalhadas. Conflito: é o motivo pelo qual o(s) personagem(s) encontra(m)-se em determinada situação. Ambiente: nesse gênero, a história costuma acontecer num ambiente único. O Conto Moderno deve ter:- um autor;- um narrador na 1ª ou 2ª pessoa;- curta duração (ser uma história pequena);- uma linguagem econômica;- poucos personagens;- o predomínio de diálogos.

     1.7 Gênero Crônica     A popularização da crônica como gênero literário é relativamente recente no Brasil. Data da segunda metade do século XIX.     ESTRUTURA     A crônica possui características gerais de um texto narrativo, mas tem características próprias:Introdução: por ser inspirada em acontecimentos reais, a crônica apresenta uma situação do cotidiano, que passa despercebida pelo cidadão comum.Enredo: muitas crônicas exploram bastante o humor, mas um tipo de humor baseado em situações banais, porém tensas. Há sempre um conflito, uma situação embaraçosa, inesperada que cria uma perplexidade na pessoa envolvida.Desfecho: a crônica termina, em geral, com um final surpreendente. Narrador: normalmente, a crônica é narrada na 1ª pessoa, ou seja, a história é contada por algum personagem. A crônica deve ter;- um autor;- curta duração;

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- poucos personagens;- uma situação real do cotidiano;- um narrador na 1ª pessoa (na maioria das vezes);- uma linguagem econômica, situada entre a linguagem oral e literária;- linguagem mesclada de seriedade, crítica e humor;- um final surpreendente.

Exemplo de crônica:

Para Que Ninguém A Quisesse.

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as jóias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.

Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.

Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.

(Colasanti, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: Contos de Amor Rasgados, Rio de Janeiro, Rocco, 1986. p. 111-2.)

     2- TEXTO INFORMATIVO.      Um texto informativo fornece informações, fatos e dados a respeito de um determinado assunto. Eles nos dão informações a respeito de aspectos da vida ou do mundo. Textos informativos são essenciais para desenvolvermos o conhecimento das coisas, do mundo, das disciplinas científicas, dos assuntos tratados na escola.     2.1-  Gênero Definição      Definições constituem um dos tipos de conhecimento mais importantes no currículo escolar. É por meio de conceitos precisos que o aluno pode adquirir novos conhecimentos, estabelecer relações entre diversos objetos ou conceitos. Definir é dizer as características essenciais e específicas de alguma coisa, de modo que a torne inconfundível com outra.      Uma definição pode ser:      - Dizer o que é;      - Descrever (dizer como é);      - Dizer a função;      - Sinônimo;      - Antônimo.

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     2.2- Gênero Descrição      A descrição constitui tarefa entre as mais importantes no contexto escolar e também em nosso cotidiano.     ESTRUTURA Espacial: os elementos são organizados no espaço. Por tanto é necessário usar locuções que indicam a localização: ao lado, abaixo, acima etc. Temporal: os elementos são organizados no tempo. Assim é muito comum utilizar termos como: primeiro, segundo, depois etc.      Uma Descrição deve ter:      - uma organização espacial ou temporal;      - uma linguagem com: substantivos precisos; muitos adjetivos.     2.3 – Gênero Informativo:      Todo texto é informativo, pois sempre informa alguma coisa ao leitor. Contudo, há um gênero de texto que é mais especificamente voltado para o objetivo de informar com precisão. O texto informativo apresenta muitas e variadas informações sobre um objeto, um acontecimento ou aspecto da realidade.      Distinções Importantes: Texto Informativo e texto instrucional: a diferença básica entre esses dois gêneros

está no objetivo. Enquanto um tem por objetivo informar o outro vai além: informa e ensina.

Texto informativo e notícia: a diferença básica entre esses dois gêneros está em que a notícia é um relato de fatos e acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade e fácil de ser compreendido pelo público.

Texto informativo e texto de ficção: a diferença básica entre esses dois gêneros está no fato de o texto informativo ter estreita relação com a realidade, enquanto os de ficção não têm esse compromisso.

Texto informativo e texto descritivo: no texto informativo há informações sobre os vários aspectos do objeto ou acontecimento, ao passo que no texto descritivo a ênfase é na apresentação do COMO é um objeto, pessoa ou paisagem.

     Um texto Informativo deve ter:- um conteúdo bem organizado;- uma organização cronológica, lógica ou por importância;- uma linguagem clara e precisa;- gráficos, ilustrações e referências relevantes;- vocabulário de acordo com o público a que se destina;- informações sobre o quê, quem, quando, onde, como e por quê.

     3- TEXTO PERSUASIVO.      Textos persuasivos, também chamados de argumentativos, são muito comuns em nosso dia a dia. O texto persuasivo é aquele cuja intenção é persuadir, ou seja, convencer.     3.1- Folheto:      Os folhetos são usados para apresentar uma ideia, convencer alguém sobre alguma coisa, para levar as pessoas a mudar de atitude ou comportamento sobre hábitos de higiene, prevenção de doenças etc. ou para decidir onde passar as férias.      Um Folheto deve ter:      - um público alvo bem definido;      - um objetivo bem definido (convencer alguém de algo);      - um formato próprio (pequeno, muitas vezes dobrável);      - uma linguagem que ajuda a convencer, persuadir;

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      - se possível ou adequado: figuras e ilustrações.     3.2 – Anúncio:      Um anúncio é um texto que utiliza palavras, imagens, música, recursos audiovisuais e efeitos sonoros e luminosos para atrair o consumidor, comunicando-lhe a existência, as qualidades e os supostos ou reais benefícios de um determinado produto ou serviço.      Um Anúncio deve ter:      - um público alvo bem definido;      - um objetivo bem definido (convencer  alguém de algo);      - um slogan;      - uma linguagem atrativa, que ajuda a convencer, persuadir;      - uma linguagem adequada ao público alvo;      - ilustrações: desenhos ou fotos.

4- TEXTO DE PROCEDIMENTO.      Um texto de procedimento  explica como proceder, como fazer. O texto de procedimento é um texto com função diretiva, ele tem uma intenção comunicativa clara: dizer o que fazer e orientar sobre a maneira de fazer algo, realizar uma determinada tarefa.4.1- Gênero Formulários;      Formulários são textos destinados a recolher e armazenar informações específicas.      Um Formulário deve:       - recolher e armazenar informações;      - ter um roteiro a ser seguido;      - ter campo a serem preenchidos;      - ter uma linguagem clara e precisa;      - ser esquemático, com as informações bem organizadas.     4.2 – Gênero Instruções:      Instruções, orientações, modos de uso, bulas, receitas, regras e procedimentos – esses são alguns dos muitos exemplos do gênero “instruções”.      Uma Instrução deve ter:      - ordenação passo a passo;      - uma linguagem clara e precisa;      - verbos no infinitivo ou imperativo;      - um formato organizado em tópicos;      - às vezes, outras informações: material necessário, descrição do objeto.      A instrução para JOGOS deve ter:      - objetivo, regras, descrição do material, número e tipo de participantes.     4.3 – Gênero Normas e Combinados:      Normas e combinados são um tipo de regra, pois determinam princípios a serem seguidos em situações específicas. Todos eles têm a função de regular o funcionamento de alguma coisa ou as atitudes de alguém.      As Normas e Combinados devem ter:      - Caráter regulador;      - Linguagem: clara e objetiva; genérica, que possa abarcar o maior número de situações.     5 – TIPO POESIA.      A poesia é o tipo mais elaborado de textos literários. E também a mais difícil de ser incluída em qualquer tipologia de classificação. Em tudo pode haver poesia – num bilhete, numa carta, num acróstico, numa descrição, ou até mesmo numa foto, expressão facial ou num gesto. O poema é apenas uma das formas de expressão da poesia.

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     5.1 – Poema:      O poema é considerado a semente de toda a literatura, ou seja, tudo indica que a literatura começou em forma de poema; pois é o gênero mais antigo de que se tem notícia.     ESTRUTURA

Verso: cada linha do poema. Dependendo do número de sílabas métricas, os versos recebem nomes especiais, como por exemplo, os versos de cinco sílabas métricas, conhecidos como redondilhas menores, ou os de sete, conhecidos como redondilhas maiores, ou ainda os de doze sílabas, os famosos alexandrinos.

Estrofe: cada bloco dos versos. Forma fixa: dependendo do número e do tipo de estrofes, os poemas recebem

nomes especiais. O soneto é a forma fixa mais conhecida, na língua portuguesa foi imortalizado por Camões. O soneto é um poema cuja forma consiste em dois quartetos e dois tercetos, nessa ordem.

Mas além dos sonetos, houve muitas composições de forma fixa que fizeram grande sucesso durante longo tempo, são exemplos: acalantos, acrósticos, baladas etc.

Métrica: o número de sílabas métricas de cada linha ou verso obedece a algumas regras.

Rima: recurso que consiste em usar palavras que terminam de forma semelhante, quase sempre no final dos versos. As rimas podem ser paralelas, quando aparecem seguidas (geralmente em versos seguidos) ou intercaladas, quando aparecem alternadas com outras rimas.

  Exemplo de poesia: Soneto do amor total                Amo-te tanto meu amor... não cante               O humano coração com mais verdade...               Amo-te como amigo e como amante               Numa sempre diversa realidade.

                Amo-te enfim, num calmo amor prestante               E te amo além, presente na saudade.               Amo-te, enfim, com grande liberdade               Dentro da eternidade e a cada instante.                Amo-te como um bicho, simplesmente               De um amor sem mistério e sem virtude               Com um desejo maciço e permanente.                E de te amar assim, muito e amiúde               É que um dia em teu corpo de repente               Hei de morrer de amar mais do que pude.  (Vinícius de Moraes)

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Texto extraído e adaptado do livro: Usando textos na sala de aula: Tipos e Gêneros textuais – João Batista Araújo e Oliveira; Juliana Cabral Junqueira de Castro.

UNIDADE VI: Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade;

As questões a seguir são retiradas do ENADE 2008 e 2006.QUESTÃO 1O escritor Machado de Assis (1839-1908), cujo centenário de morte está sendo celebrado no presente ano, retratou na sua obra de ficção as grandes transformações políticas que aconteceram no Brasil nas últimas décadas do século XIX.O fragmento do romance Esaú e Jacó, a seguir transcrito, reflete o clima político-social vivido naquela época.Podia ter sido mais turbulento. Conspiração houve, decerto, mas uma barricada não faria mal. Seja como for, venceu-se a campanha. (...) Deodoro é uma bela figura. (...)Enquanto a cabeça de Paulo ia formulando essas ideias, a de Pedro ia pensando o contrário; chamava o movimento um crime.— Um crime e um disparate, além de ingratidão; o imperador devia ter pegado os principais cabeças e mandá-los executar.ASSIS, Machado de, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Esaú e Jacó In Obra completa 1979. v. 1, cap. LXVII (Fragmento

Os personagens a seguir estão presentes no imaginário brasileiro, como símbolos da Pátria.

I.

Disponível em: www.morcegolivre.vet.br

II.

III.

28

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IV.

LAGO, Pedro Corrêa do; BANDEIRA, Júlio. Debrete o Brasil: Obra completa 1816-1831. Rio de Janeiro: Capivara, 2007, p. 78.

V.

LAGO, Pedro Corrêa do; BANDEIRA, Júlio. Debrete o Brasil: Obra completa 1816-1831. Rio deJaneiro: Capivara, 2007, p. 78.

29

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QUESTÃO 2CIDADÃS DE SEGUNDA CLASSE?As melhores leis a favor das mulheres de cada país-membro da União Européia estão sendo reunidas por especialistas. O objetivo é compor uma legislação continental capaz de contemplar temas que vão da contracepção à equidade salarial, da prostituição à aposentadoria. Contudo, uma legislação que assegure a inclusão social das cidadãs deve contemplar outros temas, além dos citados.

São dois os temas mais específicos para essa legislação:A aborto e violência doméstica.B cotas raciais e assédio moral.C educação moral e trabalho.D estupro e imigração clandestina.E liberdade de expressão e divórcio.

QUESTÃO 3

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), talvez o pensador moderno mais incômodo e provocativo, influenciou várias gerações e movimentos artísticos. O Expressionismo, que teve forte influência desse filósofo, contribuiu para o pensamento contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através do embate entre a razão e a fantasia.As obras desse movimento deixam de priorizar o padrão de beleza tradicional para enfocar a instabilidade da vida, marcada por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade.Das obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é:

a)

Homem idoso na poltronaRembrandt van Rijn – Louvre, Paris.Disponível em: http://www.allposters.com

B)

Figura e borboletaMilton DacostaDisponível em: http://www.unesp.br

C)

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O grito – Edvard Munch – Museu Munch, OsloDisponível em: http://members.cox.net

D)

Menino mordido por um lagartoMichelangelo Merisi (Caravaggio)National Gallery, LondresDisponível em: http://vr.theatre.ntu.edu.tw

E)

Abaporu – Tarsila do AmaralDisponível em: http://tarsiladoamaral.com.br

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QUESTÃO 4: INDICADORES DE FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL

Observando os dados fornecidos no quadro, percebe-se: (A) um avanço nos índices gerais da educação no País, graças ao investimento aplicado nas escolas.(B) um crescimento do Ensino Médio, com índices superiores aos de países com esenvolvimento semelhante.(C) um aumento da evasão escolar, devido à necessidade de inserção profissional no mercado de trabalho.(D) um incremento do tempo médio de formação, sustentado pelo índice de aprovação no Ensino Fundamental.(E) uma melhoria na qualificação da força de trabalho, incentivada pelo aumento da escolaridade média.

QUESTÃO 5

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O tema que domina os fragmentos poéticos abaixo é o mar. Identifique, entre eles, aquele que mais se aproxima do quadro de Pancetti.

(A) Os homens e as mulheresadormecidos na praiaque nuvens procuramagarrar?(MELO NETO, João Cabral de. Marinha.Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1985.p. 14.)

(B) Um barco singra o peitorosado do mar.A manhã sacode as ondase os coqueiros.(ESPÍNOLA, Adriano. Pesca. Beira-sol. Rio de Janeiro: TopBooks, 1997. p. 13.)

(C) Na melancolia de teus olhosEu sinto a noite se inclinarE ouço as cantigas antigasDo mar.(MORAES,Vinícius de.Mar Antologia poética.25 ed. Rio de Janeiro:José Olympio,1984.p. 93.)

(D) E olhamos a ilha assinaladapelo gosto de abril que o mar traziae galgamos nosso sono sobre a areianum barco só de vento e maresia.(SECCHIN, Antônio Carlos. A ilha. Todos os ventos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. p. 148.)

(E) As ondas vêm deitar-se no estertor da praia larga...No vento a vir do mar ouvem-se avisos naufragados...Cabeças coroadas de algas magras e de estrados...Gargantas engolindo grossos goles de água amarga...(BUENO, Alexei. Maresia. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. p. 19.)

QUESTÃO 6

Tendo em vista a construção da idéia de nação no Brasil, o argumento da personagem expressa:

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(A) a afirmação da identidade regional.(B) a fragilização do multiculturalismo global.(C) o ressurgimento do fundamentalismo local.(D) o esfacelamento da unidade do território nacional.(E) o fortalecimento do separatismo estadual.

QUESTÃO 7A formação da consciência ética, baseada na promoção dos valores éticos, envolve a identificação de alguns conceitos como: “consciência moral”, “senso moral”, “juízo de fato” e“juízo de valor”. A esse respeito, leia os quadros a seguir:

Quadro I - SituaçãoHelena está na fila de um banco, quando, de repente, um indivíduo, atrás na fila, se sente mal. Devido à experiência com seu marido cardíaco, tem a impressão de que o homem está tendo um enfarto. Em sua bolsa há uma cartela com medicamento que poderia evitar o perigode acontecer o pior.Helena pensa: “Não sou médica devo ou não devo medicar o doente? Caso não seja problema cardíaco o que acho difícil ele poderia piorar? Piorando, alguém poderá dizer que foi por minha causa uma curiosa que tem a pretensão de agir como médica. Dou ou nãodou o remédio?Oque fazer?”Quadro II - Afirmativas1-O “senso moral” relaciona-se à maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes, nosso comportamento, a conduta e a ação de outras pessoas segundo ideias como as de justiça e injustiça, certo e errado.2-A “consciência moral” refere-se a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros.Qual afirmativa e respectiva razão fazem uma associação mais adequada com a situação presentada?(A) Afirmativa 1- porque o “senso moral” se manifesta como consequência da “consciência moral”, que revela sentimentos associados às situações da vida.(B) Afirmativa 1- porque o “senso moral” pressupõe um “juízo de fato”, que é um ato normativo enunciador de normas segundo critérios de correto e incorreto.(C) Afirmativa 1- porque o “senso moral” revela a indignação diante de fatos que julgamos ter feito errado provocando sofrimento alheio.(D) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” se manifesta na capacidade de deliberar diante de alternativas possíveis que são avaliadas segundo valores éticos.(E) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” indica um “juízo de valor” que define o que as coisas são, como são e por que são.

QUESTÃO 8

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Samba do ApproachVenha provar meu brunchSaiba que eu tenho approachNa hora do lunchEu ando de ferryboatEu tenho savoir-faireMeu temperamento é lightMinha casa é hi-techToda hora rola um insightJá fui fã do Jethro TullHoje me amarro no Slash

Minha vida agora é coolMeu passado é que foi trashFica ligada no linkQue eu vou confessar, my loveDepois do décimo drinkSó um bom e velho engovEu tirei o meu green cardE fui pra Miami BeachPosso não ser pop starMas já sou um nouveau richeEu tenho sex-appeal

Saca só meu backgroundVeloz como Damon HillTenaz como FittipaldiNão dispenso um happy endQuero jogar no dream teamDe dia um macho manE de noite uma drag queen.(Zeca Baleiro)

I - “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos são da primeira conjugação e se conjugam como os verbos regulares da classe.” (POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.)II - “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que não existia em português.” (SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3, 2006.)III - “O problema do empréstimo linguístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.” (CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.)IV - “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma já existente.” (PILLA, Éda Heloisa. Os neologismos do português e a face social da língua. Porto Alegre: AGE, 2002.)

O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania brasileira de ter especial apego a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que se confirmam na letra da música são, apenas,(A) I e II.(B) I e III.(C) II e III.(D) II e IV.(E) III e IV.

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UNIDADE VII; Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical;

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS1

INTRODUÇÃO

Nos quadrinhos acima, imagens e palavras são articuladas para compor a unidade do texto. O leitor percebe que: 1) as imagens completam o sentido das palavras e vice-versa; 2) há uma sequência do primeiro para o segundo quadrinho; 3) propõe-se um conceito de família partilhado por muitas pessoas.

Trata-se de um texto misto - com imagens e palavras - que apresenta continuida-de de sentido: a primeira colocação, "ser pai é... é.., será completada pelo quadrinho final, em que o conceito de paternidade se traduz tanto pela fala da personagem, "...é ser feliz", quanto pela imagem do pai com os filhos no colo, envoltos em pequenos co-rações, num cenário doméstico em que a mãe, com expressão feliz, contempla o carinho entre os membros da família.

Para compreender uma história em quadrinhos, ou HQ, o leitor tem de saber ler e entender o que está escrito nos balões e, ao mesmo tempo, compreender a relação do texto com as imagens. Além disso, deve ter um repertório ou conhecimento de mundo que o leve a compreender as situações retratadas - no caso acima, um conceito de família.

Como qualquer texto, a HQ deve apresentar lógica interna e coerência. A coe-rência consiste na continuidade de sentido do texto, ou seja, para haver coerência, o assunto tratado deve ser conduzido do início ao fim de modo progressivo, dando unidade ao conjunto. A coerência não depende apenas do texto, mas também da in-teração entre texto, autor e leitor, isto é, do conhecimento de mundo compartilhado entre os interlocutores.

Alguns textos mesclam tipos diversos de linguagem, como as histórias em quadrinhos, enquanto outros são compostos apenas por palavras: os textos verbais. O texto verbal pode ser oral ou escrito e ter um ou mais de um autor. Mistos ou verbais, os textos circulam em um contexto envolvendo interlocutores em permanente interação, que travam um "diálogo' Esse diálogo pode ocorrer tanto entre interlocutores que vivenciam algo no mesmo momento, por exemplo, conversam sobre um filme a que acabaram de assistir; como também entre interlocutores situados em momentos

1 Texto extraído de GOLDSTEIN, Norma, LOUZADA, Maria Silvia e IVAMOTO, Regina. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. 2010. São Paulo: Editora Ática, p 19 e ss – com adaptações. Destina-se exclusivamente para fins didáticos.

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diferentes, por exemplo, alguém que lê um livro (no momento presente) escrito por um autor do passado.

Levando em conta essa interação entre os interlocutores, fala-se em discurso, ou seja, o efeito de sentido construído em um processo de interlocução. Ao produzir um texto, o autor manifesta seu modo de ver o assunto de que trata. Mas sua posição não é isolada; ao contrário, relaciona-se a outros modos de ver o mesmo assunto, estabe-lecendo um diálogo com outros autores, com outras épocas, com outros textos que trataram do mesmo tema.

O termo "discurso" refere-se à atividade de linguagem que resulta na interação de sujeitos em determinados contextos. Ao tratar de um tema, seja verbal ou oralmente, recorremos ao nosso conhecimento prévio sobre ele, por ter ouvido ou lido a respeito, isto é, colocamos em jogo nosso repertório. O mesmo ocorre quando ouvimos ou lemos um texto - recorremos ao nosso repertório para interpretá-lo.

Coerência textual: A unidade do texto decorre principalmente de dois fatores: a coerência e a coesão textuais. Inicialmente, vamos comentar a primeira delas.

Como vimos no exemplo da HQ, a coerência garante a lógica interna do texto. Tanto no caso de textos mistos quanto no de verbais, o tema ou assunto costuma apa-recer no início e vai sendo ampliado ao longo do texto, numa espécie de progressão, articulando e promovendo a unidade do conjunto.

Assim, não cabe desenvolver outros assuntos, a não ser que se relacionem ao tema central. A quantidade de informações deve ser bem calculada para haver clareza no texto, sem excessos nem falhas. A qualidade dessas informações também conta: é preciso selecionar os dados mais relevantes e indicá-los ao interlocutor.

A coerência ainda estabelece correspondência entre certos elementos do texto e referências ao mundo real. Isso significa que informações duvidosas sobre, por exemplo, a sequência natural da vida das pessoas (nascer, crescer, educar-se, trabalhar etc.); o tipo de comportamento adequado a cada situação (formal ou informal); os dados climáticos de certos lugares podem comprometer a coerência de um texto.

O texto abaixo é o tópico final de uma reportagem sobre educação intitulada "7 medidas testadas e aprovadas". A sétima medida remete a aulas gratuitas de recuperação. O título do tópico, "Aula particular de graça", também tem seu papel: ora anuncia o assunto, ora desperta o interesse do leitor, ora cria efeito de suspense e contribui para a coerência. Leia o texto, observe os sublinhados enumerados, verifique como se dá a continuidade de sentido e de que forma se desenvolve a ideia central.

Aula particular de graça - Em escolas públicas de países como a Finlândia, nada funcionou tão bem no combate à repetência [1] como a implantação de um sistema para atender os estudantes com dificuldade de aprender, à parte das aulas. O reforço esco lar [2] é levado tão a sério que em cada escola há alguém designado para ministrar as tais aulas particulares [3]. Esses professores não costumam se queixar. Ganham mais [4] e têm boas condições de trabalho [5]: são treinados durante um ano [6] para a função e ainda contam com a ajuda de psicólogos para lidar com os casos mais difíceis [7] [...] A decisão de se investir aí se provou acertada - até do p onto de vista financei ro [8]. Cada aluno que repete custa algo como 20.000 dólares a mais aos cofres públi cos [9]. Ao fazerem as contas, os especialistas concluíram que custa menos pagar pelo reforço escolar [10]. Depois dele, a reprovação sempre despenca [11] - algo que em países campeões em repetência como o Brasil ê emergencial -e o ensino melhora [12].

VEJA. São Paulo: 18 jun. 2008, p. 130.

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Note que [1] anuncia o tema: combate à repetência na Finlândia; [2] aponta a solução escolhida, o reforço escolar; [3] especifica que há alguém designado para mi - nistrar as tais aulas particulares e [4] que esses profissionais ganham mais, [5] contam com boas condições de trabalho, [6] recebem treinamento e [7] ajuda de psicólogos nos casos difíceis. Ou seja, o autor aponta o problema, expõe a solução e seleciona com critério as informações complementares que evidenciam o processo. Depois aborda o aspecto econômico e mostra que também desse ponto de vista a estratégia foi acer tada [8], pois o aluno repetente custa mais [9] do que o reforço escolar [10].

Perto da conclusão, urna passagem expõe uma comparação com nosso país — com destaque em itálico — alfinetando a política educacional brasileira, na qual o socorro à repetência não é permanente, mas eventual, em grandes emergências. O leitor percebe por que na Finlândia o resultado aparece e o ensino melhora [12], enquanto no Brasil não há condições para isso.

A ideia central do texto desenvolve-se e amplia-se, comprovando que a medida testada é um bom caminho para países que desejam investir em educação de maneira séria e comprometida. Os demais tópicos complementam essa visão e levam o trecho a ter continuidade e articulação entre as partes que o compõem. Podemos dizer, portanto, que a coerência está presente no texto.

Coerência e uso dos tempos verbais: Para garantir a coerência, é praxe manter a mesma pessoa verbal — indicadora de quem fala ou escreve — em toda a extensão de um texto. Por exemplo, no trecho abaixo, destacam-se o sujeito e o verbo na terceira pessoa do singular ou do plural:

[...] os textos de Antônio Vieira, que foram ouvidos, lidos e admirados durante sua vida não só em Portugal, como em outros países, representam um mostruário de quanto, dedicadamente cultivada, nossa língua é capaz. Mas eles contêm mais do que exemplos de grande prosa e oportunidades de deleite estético. Sua imaginação, que, a um tempo medieval e moderna, bebia em fontes tão diversas quanto a cabala judaica ou a mística milenarista [...] e não é à toa que tenha influenciado decisivamente a obra de Fernando Pessoa.

Também como recurso que acentua a coerência, todo texto costuma organizar as informações que se referem ao tempo ou ao espaço. No exemplo dado, "lidos e admirados durante sua vida não só em Portugal, como em outros países" remete a uma informação temporal e a outra espacial. O tipo de linguagem, ou melhor, a variante linguística também apoia a coerência. A variação linguística ilustra os vários usos da língua, conforme cada região, época, classe social.

A variação linguística é o efeito natural das mudanças da língua, que é dinâmica e viva. A língua se altera conforme o lugar - variação geográfica ou espacial -, confor-me a época - variação histórica ou diacrônica - ou conforme a situação social - for-mal, informal, culta, coloquial ou popular. Existe também a linguagem usada por certos grupos profissionais ou de mesma faixa etária: o jargão. É a variação linguística que leva o redator a escolher o melhor estilo para cada situação. Devemos conhecer as diversas variantes, para selecionar a que vamos usar em cada situação. Dependendo do texto e do contexto, predomina determinada variante, a mais adequada à situação de comunicação e ao gênero textual. Na passagem acima, a escolha foi pela variante culta da linguagem. Então, podemos dizer que vários recursos garantem a coerência do texto:

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1. a continuidade de sentido, caracterizada pela manutenção do assunto central e pelo desenvolvimento desse assunto de modo progressivo e claro;

2. a sequência lógica das ideias: das mais gerais às mais específicas ou o inverso;3. a manutenção da mesma pessoa verbal ao longo do texto;4. a adequação da variante linguística utilizada ao contexto da comunicação e ao gênero

textual escolhido;5. a descrição espacial ordenada: dos dados mais próximos aos mais distantes ou o

contrário;6. as indicações temporais, situando o assunto em relação a fatos anteriores ou pos-

teriores;7. a adequação do título ao texto.

Ambiguidade e contradição: Para garantir a coerência textual, também é preciso levar em conta o que deve ser evitado, como a presença de termos ou expressões de sentido ambíguo ou o uso de termos e expressões contraditórios entre si. Por exemplo, na afirmação "hoje só fiz coisas agradáveis: descansei, passeei, encontrei amigos, jantei muito bem [ 1 ]; em resumo: tive um dia péssimo [2]", nota-se claramente a incoerência, pois o que se diz em [1] não sustenta o que se afirma em [2] .

O escritor Mia Couto, ao comentar a obra de Jorge Amado, também emprega termos contraditórios. Porém, a incoerência é apenas aparente. Vejamos: "Jorge Amado soube tratar a literatura na dose certa e soube permanecer, para além do texto, um exímio contador de histórias e um notável criador de personagens. [... ] Este era um dos segredos do seu fascínio [1]: a sua artificiosa naturalidade, a sua elaborada espontaneidade [2]" Nesse caso, os dois pares de termos aparentemente antagônicos, presentes em [2], ilustram o "fascínio" que Jorge Amado exerce [1], pois esta era a sua forma de ser um "exímio contador de histórias": dando a impressão de ter uma escrita natural e espontânea, sem esforço, quando, na verdade — na análise do conhecedor Mia Couto —, essa escrita resultava de uma cuidadosa elaboração.Coesão textual : A coesão textual complementa o papel da coerência, criando elos pontuais entre as partes do texto. Isso ocorre de duas maneiras: a primeira, pela retomada de palavras já citadas no texto por meio da repetição ou da substituição por outros termos. A segunda, pelo emprego de conectivos entre frases, segmentos ou orações presentes no texto. Esses conectivos estabelecem vários tipos de relação, como oposição, causa, consequência etc.

Vejamos o texto abaixo para, em seguida, ilustrar alguns processos ou mecanis-mos de coesão. Trata-se de uma notícia que anuncia um fato importante ocorrido pouco antes da publicação: um incêndio em Curitiba, capital do Paraná, que destruiu parte de uma igreja tombada pelo patrimônio histórico.

Incêndio destrói parte da Igreja do PortãoCuritiba - Um incêndio destruiu parte da Igreja do Portão, entre a Avenida República Argentina e a Rua João Bettega, em Curitiba, nesta quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio foi de grandes proporções e parte do teto da cúpula (que fica em cima do altar) da igreja caiu.Não havia ninguém na igreja e não houve feridos, apenas danos materiais. O fogo começou por volta das 6 horas. Os bombeiros dos postos do CIC do Portão e do Cen-tro levaram três horas para conter as chamas. [...]Aproximadamente 30 bombeiros participaram da ação. [...] Como ainda há o risco de desabamento sobre o altar, a igreja foi interditada pela Defesa Civil.Os casamentos que estavam marcados e as missas diárias serão transferidos para a igreja nova do Portão, que fica a uma quadra da antiga que pegou fogo. [...] [...] a

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igreja foi construída entre 1916 e 1928 e é bastante tradicional no bairro. A igreja é tombada pelo patrimônio histórico de Curitiba. [...]De acordo com o padre Alexandre Alves Filho, pároco da igreja, [...] o fogo veio de cima para baixo. Todo o madeiramento do altar e as pinturas laterais foram preserva-das. As pinturas antigas que estavam no teto sobre o altar foram todas destruídas [...].

O GLOBO. Rio de Janeiro: 9 fev. 2007, 1h3min.

Qual a finalidade dessa notícia? A primeira é de utilidade pública: anunciar que os ofícios religiosos serão transferidos para outro local, o que interessa sobretudo aos moradores da região. Uma segunda finalidade atinge um público maior: a destruição de um monumento que é patrimônio cultural do país. Fica subentendida, ainda, uma terceira finalidade: garantir o prestígio da publicação. Mesmo sediada no Rio de Ja-neiro, ela tem observadores no país todo, alcance nacional, e, por isso, dirige-se a todos os brasileiros.

Os elementos internos tornam essa notícia coerente em função do modo gradual como se dá o seu desenvolvimento. A coesão pode ser percebida por elementos linguísticos presentes no texto. Para exemplificar esses aspectos, releia a notícia abaixo e observe as marcações feitas. O título, por exemplo, anuncia o incêndio], palavra retomada por meio de repetição ou pela substituição por outras palavras ou expressões com sentido semelhante. O edifício atingido foi uma igreja histórica, termo também retomado várias vezes pelos mesmos processos: repetição ou substituição por outra(s) palavra(s) - note que, no quarto parágrafo, o termo "igreja" não está assinalado porque se refere a outro edifício, não ao atingido pelo incêndio. Observe, ainda, que, no parágrafo seguinte, há uma elipse (destacada com chaves) que permite a omissão do termo igreja. A elipse ocorre quando um termo deixa de ser repetido, porque já apa-receu antes e pode ser subentendido.

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Há dois tipos principais de coesão textual, como vimos. A coesão referencial consiste na retomada de termos por meio de substituição, de repetição da própria pala-vra ou da elipse, como mostramos nas marcações do texto acima. Já a coesão se-quencial remete aos elos que estabelecem relações entre palavras, frases, expressões e orações que compõem o texto. Podemos observar esses elos abaixo:

Não havia ninguém na igreja e não houve feridos, apenas danos materiais. O fogo começou por volta das 6 horas. Os bombeiros dos postos do CIC do Portão e do Centro levaram três horas para conter as chamas. [...]Aproximadamente 30 bombeiros participaram da ação. [...] Como ainda há o risco de desabamento sobre o altar, a igreja foi interditada pela Defesa Civil.

Em "não havia ninguém na igreja e não houve feridos, apenas danos materiais", há uma relação de continuidade. O conectivo - termo que liga duas palavras, expressões ou orações - "e" relaciona duas orações. Seu valor não é apenas adicional, indicando que ocorreu isto mais aquilo; neste caso, seu sentido também é explicativo ou equivalente a "por isso". Na terceira oração, "apenas danos materiais”, é omitido o verbo "haver”, presente na oração anterior. Trata-se de uma elipse. Ao ler a frase, o leitor compreende que ocorreu a elipse da forma verbal "houve".

Em "Como ainda há o risco de desabamento sobre o altar, a igreja foi interditada pela Defesa Civil'; o termo "como" tem valor causal, equivalente a "porque”, justi-ficando o motivo da interdição da igreja. Esse termo tem duplo papel: primeiramente, relaciona a frase às partes anteriores do texto; além disso, estabelece uma ligação entre as duas partes do período, ligando a oração principal ("a igreja foi interditada pela Defesa Civil") à subordinada ("como ainda há risco de desabamento").

Vejamos outro trecho da mesma notícia:

Os casamentos que estavam marcados e as missas diárias serão transferidos para a igreja nova do Portão, que fica a uma quadra da antiga que pegou fogo.

O termo "que" é um pronome relativo. Além de ligar duas orações, ele exerce outro papel importante: a retomada de "os casamentos", elemento com o qual as formas verbais concordam: "estavam marcados" e "serão transferidos". Essa concordância garante a coesão do texto, remetendo à palavra "casamentos'; que está no plural. O termo "que" tem outra função: garantir o elo entre as duas orações. Nesse caso, par-ticularmente, podemos falar em dupla coesão: o pronome relativo "que" tanto garante a coesão referencial ao retomar um termo anterior quanto também a sequencial ao estabelecer a ligação sintática entre as duas orações.

Ainda sobre a notícia, várias formas verbais encontram-se na voz passiva. Nesse tipo de construção sintática, o sujeito é paciente - ou seja, sofre ou recebe o efeito da ação. O agente da ação pode ser omitido, como nas seguintes passagens:

Os casamentos que estavam marcados e as missas diárias serão transferidos para a igreja nova do Portão [...].[...] a igreja foi construída entre 1916 e 1928 [...]. A igreja é tombada pelo patrimônio histórico de Curitiba.

Por ser o elemento mais importante da notícia, a igreja destruída figura como sujeito de grande número de frases.

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EXERCÍCIOS

1. Faça o que for necessário para evitar a ambigüidade e/ou incoerência dos períodos abaixo.

a. Durante o noivado, Joana pediu que Eduardo se casasse com ela várias vezes.

b. Andando pela calçada, o ônibus derrapou e pegou o funcionário quando entrava na livraria.

2. As frases seguintes devem ser transformadas em um só período. Utilize-se dos mecanismos de coesão adequados para fazê-los.

a. Os alunos dispunham de pouco tempo. Não foi possível concluir a prova de Matemática. O pouco tempo disponível provocou protestos junto à direção da escola.

b. Moramos no mesmo andar. Vemo-nos com freqüência. Mal nos falamos.c. O show estava excelente. Eles saíram antes de terminar. Tinha um aniversário

para ir.d. Beatriz mudou de apartamento. Ela fez uma viagem ao exterior. Também

comprou um carro novo. Ficou completamente endividada.

3. Escreva um período, juntando as frases abaixo, utilizando um conectivo de cada vez: embora, apesar de, mesmo, mas. Faça as modificações necessárias.

Estava com febre. Não faltava às aulas.

6. Utilizando um conectivo de cada vez: embora, apesar de, mas, escreva um período, juntando as frases abaixo. Faça as modificações (adaptações) necessárias.

O mercado de fraldas descartáveis é dominado por empresas de grande porte. Pequenos fabricantes estão começando a disputar o mercado.

4. Empregando conectivos (exceto: mas, porque, por causa de), ligue os enunciados, estabelecendo entre eles, respectivamente, relações de oposição (concessão) e causa.

a. Prometi a mim mesmo não ir àquela comemoração. Acabei indo.b. O Brasil tem dificuldades para se alinhar aos países de primeiro mundo. Saúde e

educação acabem sendo pouco valorizadas.

5. Proceda da mesma forma com as frases abaixo. Utilize a gora os conectivos: pelo fato de, porque.

Alguns jovens estudaram menos do que era preciso.Esses jovens ficaram fora das boas universidades.

6. Reescreva as orações, unindo-as por meio de pronomes relativos e fazendo as adaptações necessárias.

a. A miséria é uma triste realidade.É preciso lutar contra a miséria.

b. Aquele rapaz é boa gente.O pai daquele rapaz já chegou.

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Clareza textual: Há quem diga que palavras eruditas fazem toda a diferença na construção textual. Trata-se de um mero engano, pois a escolha das palavras é realmente muito importante, mas elas precisam se adequar ao discurso ora preferido, corroborando assim para um perfeito entendimento mediante a interlocução, desprovido de quaisquer indícios de ambiguidade.

Qualidades e Defeitos de um TextoQualidades:

Concisão:  Ser conciso significa não abusar das palavras para expressar uma idéia. Dentro do texto, e recomendável ir direto ao assunto e eliminar tudo o que for desnecessário e inútil (não '"ficar enrolando'"J pois, assim, suas (chances de acertar serão maiores.

Clareza: Consiste na expressão de ideias de forma que estas possam ser compreendidas com maior rapidez pelo leitor. Ser claro significa ser coerente, evitando desobedecer as normas da língua portuguesa, construir parágrafos  longos ou usar vocabulário impreciso.

Elegância: Em um texto de vestibular, é preciso utilizar a norma culta para exprimir suas ideias e pensamentos. Ou seja, obedeça aos princípios estabelecidos pela gramática. Lembre-se sempre de manter-se informado sobre as regras que regem o uso da língua e a estrutura dos textos.

Nunca use gírias, frases prontas ou ditos populares – isso pode prejudicar a sua pontuação.

Defeitos:

Ambiguidade: Ocorre quando se empregam de forma incorreta palavras, expressões e pontuação. Consiste em um defeito da prosa no qual uma frase apresenta mais de um sentido, o que pode confundir o leitor.

Obscuridade: Ocorre principalmente quando falta clareza aos argumentos do texto. Pode ser visto geralmente em textos com períodos excessivamente longos, com falhas de pontuação ou linguagem rebuscada.

Pleonasmo: Consiste na repetição desnecessária de um ou mais termos.

Prolixidade: Utilização de um número de palavras acima do necessário ou, de forma mais coloquial, "enrolar" o texto.

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UNIDADE VIII: COMPLEMENTO GRAMATICAL O uso da vírgula

1. Para indicar, nas datas, o lugar:

Londrina, 20 de novembro de 2006.

2. Para intercalar termos e expressões num período simples:

Tentei tudo, isto é, quase tudo.Paulo não pode vir, ou melhor, recusou-se a vir. Observe, com muita calma, a sua expressão.Os alunos, ontem à noite, homenagearam a vice-reitora.

2. Separar elementos coordenados assindéticos, ou seja, elementos de uma enumeração:

Os pais, alunos, administradores, comunidade, todos ajudaram a compor o planejamento escolar.

3. Para marcar a anteposição do predicativo:

Sentados, os alunos permaneciam.

4. Isolar expressões explicativas: isto é, ou melhor, quer dizer, melhor dizendo, etc.

Irei para águas de Santa Bárbara, melhor dizendo, Bárbara.

5. Para indicar a elipse do verbo:

Ela prefere filmes românticos; o namorado, de aventuras.Ela estava com fome e eu, com sede.

6. Em orações com objetos pleonásticos:

Os meus alunos, sempre os respeito.Aos meus alunos, o respeito lhes devo.

7. Separar adjuntos adverbiais no meio da frase ou deslocados:

A maioria dos alunos, durante as férias, viajam.Durante as férias, a maioria dos alunos viajam.

8. Isolar o aposto explicativo (intercalação do aposto):

Capitu, o dilema de Machado, é ponto de discussão entre os leitores. Brasília, Capital da República, foi fundada em 1960.

9. Isolar o vocativo (marcar sua interpolação):

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Senhoras e Senhores, vai começar o espetáculo!Minha filha, não seja teimosa! Alberto, traga minhas calças até aqui.

10. Para separar oração apositiva da principal:

O diretor foi claro, que não mais chegassem fora de hora.

11. Para separar a oração adjetiva explicativa da principal:

A jovem garota, que sempre gostou de matemática, agora só estuda inglês.

12. Para separar orações coordenadas sindéticas (exceto as iniciadas por 'e' e 'nem':

Defendeu o amigo, porém manteve-se descontente.

13. Para separar orações coordenadas assindéticas:

Vim, vi, venci.O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.Não sei nem como penso, nem como vivo, nem como sinto, nem como existo.

14. As conjunções 'pois', 'porém', 'portanto', 'não obstante', 'contudo' quando vier depois do verbo, deverá ser separada por vírgula:

Eu já enviei minhas desculpas, espero, pois, que você entenda. Você não veio ontem, nada impede, porém, que continue fazendo parte da equipe vencedora.Terminei a prova com antecedência, não me digas, portanto, que não posso sair.Apesar de toda a minha insistência, disse-me, contudo, que estava estressadíssimo.

15. Para separar adjuntos adverbiais longos:

Depois que toda a diretoria entrou no auditório, as luzes se acenderam.

16. Para marcar a anteposição ou a intercalação de oração subordinada adverbial:

Chegamos, como tínhamos combinado, às 19 h.Como tínhamos combinado, chegamos às 19 h.

17. A conjunção coordenada aditiva e quando equivale a mas, exige anteposição da vírgula:

Ele pensa uma coisa, e diz outra.(= mas)

18. Usa-se a vírgula nas orações coordenadas aditivas iniciadas pela conjunção e quando os sujeitos forem diferentes e quando o e for repetido: 

Ela irá no primeiro avião, e seus filhos no próximo.

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19. Vírgula antes da conjunção mas, indicando ideia contrária:

Muitos tentam, mas poucos conseguem. (= idéias contrárias)

20. Vírgula e a abreviatura etcAlguns autores costumam usar a vírgula antes da abreviatura etc.. Esse é um termo latino que significa e outras coisas, e assim sendo, não haveria necessidade de usar a vírgula, no entanto, o seu uso é consagrado pela norma culta.

A maioria dos advérbios terminados em 'mente' são: suavemente, corajosamente, selvagemente etc.( ou ... corajosamente, selvagemente etc.)

21. Para isolar elementos repetidos:

O homem, semeia, semeia, semeia, e nunca perde a colheita. Trabalha, trabalha, trabalha, homem!

22. Para separar orações reduzidas de particípio e de gerúndio:

Data a partida, já se conhecia o vencedor.Chegando à praia, a primeira coisa que as mães fizeram foi agarrar seus filhos. A chegar ao trabalho, o funcionário deve assinar o livro de ponto.

23. Para separar elementos distintivos de provérbios:

Quem tudo quer, tudo perde. Rei morto, rei posto.Quem dorme com criança, acorda molhado.

Não há vírgula:

1. Entre sujeito e predicado:Luís comprou um carro novo.

2. Entre o verbo e o seu objeto: Maria, seu marido e seus três filhos compraram um novo terreno.

3. Entre o nome e o seu adjunto:Casa de pedra tomba, mas não desiste.

4. Entre o nome e o seu complemento:Eles queriam que tudo permanecesse favorável ao deputado.

5. Entre oração principal e oração adjetiva restritiva:O homem que ajuda o próximo nunca perde a esperança.

6. Antes da conjunção e quando ela introduz a última oração coordenada: Comprou jóias, roupas, sapatos e brinquedos.

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7. Orações subordinadas substantivas: não se separam por vírgulas:É evidente que o culpado é o mordomo.

8. Adjuntos adverbiais curtos: não se exige vírgula com eles, salvo se for exigida pausa:Depois disso tudo voltou ao normal. (ou Depois disso, tudo voltou ao normal)No verão passado fomos à Paris. (ou No verão passado, fomos à Paris)

9. Oração adverbial, após a oração principal, não exige vírgula:Quebrou a perna quando dançava.

nota: Ao contrário do que muitos pensam, a vírgula não depende da respiração e sim, da estrutura sintática da oração. A pausa que ocorre na fala, nem sempre corresponde à pausa na escrita."A  secretária da seção de despachos do correio falou que o chefe disse aos grevistas que eles seriam demitidos."

Exercício 1: (FUVEST 2010)

Em qual destas frases a vírgula foi empregada para marcar a omissão do verbo?

A) Ter um apartamento no térreo é ter as vantagens de uma casa, além de poder desfrutar de um jardim.

B) Compre sem susto: a loja é virtual; os direitos, reais

C) Para quem não conhece o mercado financeiro, procuramos usar uma linguagem livre do economês.

D) A sensação é de estar perdido: você não vai encontrar ninguém no Jalapão, mas vai ver a natureza intocada

E) Esta é a informação mais importante para a preservação da água: sabendo usar, não vai faltar.

Exercício 2: (UDESC 2009)

O uso das vírgulas em cada proposição é justificado pela explicação entre parênteses. Assinale a alternativa cuja explicação não esteja coerente com o uso da vírgula.

A) Um dia, porém, o amante recebeu uma carta anônima. (conjunção adversativa deslocada)

B) O amante temia a ira do marido, e a mulher tratava os dois muito bem.

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(sujeitos diferentes nas duas orações)

C) A sala era mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. (oração coordenada adversativa deslocada)

D) Ao passar pela Glória, ele se despediu do mar. (oração reduzida de infinitivo no início do período)

E) Entrando no quarto, Camilo não pôde sufocar um grito de terror. (oração reduzida de gerúndio no início do período)

Exercício 3: (FCC 2007)

É preciso suprimir uma ou mais vírgulas na seguinte frase:

A) É possível que, em vista da quantidade e de seu poder de sedução, as ficções de nossas telas influenciem nossa conduta de forma determinante.

B) Independentemente do mérito dos professores, as escolas devem, com denodo, estimular os sonhos dos alunos.

C) É uma pena que, hoje em dia, tantos e tantos jovens substituam os sonhos pela preocupação, compreensível, diga-se, de se inserir no mercado de trabalho.

D) O fato de serem, os adolescentes de hoje, tão “razoáveis”, faz com que a decantada rebeldia da juventude dê lugar ao conformismo e à resignação.

E) Se cada época tem os adolescentes que merece, conforme opina o autor, há também os adolescentes que não merecem os adultos de sua época.

Exercício 4: (IFPR 2010)

Assinale a alternativa cujo texto está corretamente pontuado.

A) Os dois principais nomes da pintura modernista no Brasil são de mulheres: Anita Malfatti e Tarsila do Amaral apesar de não haver antes delas, uma tradição aparente de mulheres pintoras no país.

B) Os dois principais nomes da pintura modernista no Brasil são de mulheres; Anita Malfatti e Tarsila do Amaral; apesar de não haver, antes delas, uma tradição aparente, de mulheres pintoras no país.

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C) Os dois principais nomes da pintura modernista no Brasil são de mulheres, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, apesar de não haver, antes delas, uma tradição aparente de mulheres pintoras no país.

D) Os dois principais nomes da pintura modernista, no Brasil são de mulheres: Anita Malfatti e Tarsila do Amaral apesar de, não haver antes delas, uma tradição aparente de mulheres pintoras no país.

E) Os dois principais nomes da pintura modernista no Brasil, são de mulheres Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, apesar de não haver antes delas, uma tradição aparente de mulheres pintoras no país.

Exercício 5: (ACAFE 2009)

Em relação à pontuação, assinale a alternativa correta.

A) De acordo com a assessoria de imprensa do MP cerca de 40 minutos após a evacuação do prédio, todos os funcionários voltaram ao serviço.

B) Num desses dias eu estava falando que queria retornar para a internet e ele me falou que tinha um site que ele queria montar mas não tinha tempo era um site de vídeos!

C) Após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, as atribuições do Ministério Público vêm se multiplicando, numa evidente prova de confiança do legislador, à qual o MP deverá corresponder com atuação eficiente.

D) Muitas vezes descendo ou subindo encontrei cardumes, golfinhos, plânctons gigantes.

E) As entidades monetárias internacionais e não nossos governantes, é que traçam os rumos econômicos e sociais do País

Exercício 6: (UFPR 2009)

A VÍRGULA

A vírgula pode ser uma pausa. Ou não.Não, espere.Não espere.

A vírgula pode criar heróis.Isso só, ele resolve.Isso, só ele resolve.

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Ela pode forçar o que você não quer.Aceito, obrigado.Aceito obrigado.

Pode acusar a pessoa errada.Esse, juiz, é corrupto.Esse juiz é corrupto.

A vírgula pode mudar uma opinião.Não quero ler.Não, quero ler.

UMA VÍRGULA MUDA TUDO.ABI: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA.100 ANOS LUTANDO PARA QUE NINGUÉM MUDE NEM UMA VÍRGULA DA SUA INFORMAÇÃO.

(Anúncio publicado na revista Veja, 9 abr. 2008.)

Sobre esse anúncio, considere as seguintes afirmativas:

1. Na frase “Não, espere”, a vírgula é usada para indicar que a leitura deve ser feita pausadamente, com ênfase em cada palavra.

2. No segundo conjunto de frases, a idéia de heroísmo é veiculada pela primeira frase.

3. A frase “Aceito, obrigado” tem como interpretação preferencial “Sou obrigado a aceitar”.

4. No quarto conjunto de frases, a primeira pode corresponder a uma acusação equivocada se não expressar a intenção do autor de acusar o juiz ou outra pessoa.

5. Nas frases “Não, espere” e “Não, quero ler” a negação não incide sobre o conteúdo dos verbos “esperar” e “querer”, mas sobre outros conteúdos, que permanecem implícitos.

Assinale a alternativa correta.

A) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

B) Somente as afirmativas 4 e 5 são verdadeiras.

C) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.

D) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras.

E) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.

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Uso de "mau" e "mal":

"MAU" corresponde, em seu antônimo, a "BOM".Então devemos, na dúvida, fazer a troca dentro do texto (sem jamais esquecer o 'contexto'):Ex.: "Eu sou o lobo mau, lobo mau, lobo mau..."Fazendo a troca para tirar a dúvida:"Eu sou o lobo bom, lobo bom, lobo bom..."(Jamais poderíamos dizer: "Eu sou o lobo bem, lobo bem, lobo bem...")"MAU" - adjetivo; portanto, tem flexão de gênero - má; de nº - maus, más; e modifica o substantivo.Ele foi um mau aluno. (Trocando: Ele foi um bom aluno.)

MAL - Só pode ser trocado por "BEM":Ex.: Ele pontua *MAL os textos. - Ele pontua BEM os textos. Acomodou-se *MAL na cadeira. Acomodou-se BEM na cadeira.MAL - advérbio; portanto, não tem flexão de gênero e de número; e modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio: João fala MAL.  Maria anda MAL vestida.MAL - também pode ser substantivo:

Exemplos:O **mal do Brasil é a corrupção em todos os níveis.Os **males do Brasil são incontáveis.MAL - substantivo: tem flexão de número, ou seja, tem 'plural'.

Exercício – Complete as frases a seguir com MAL ou MAU:

1. Ele é um ______ profissional.2. Ele está trabalhando ______.3. O chefe está de ______  humor.4. O chefe está sempre ______ -humorado.5. O empregado foi ______ treinado.6. ______ chegou ao escritório, teve o desprazer de encontrar a ex-esposa.7. ______ saiu de casa, foi assaltado.8. ______ foi contratado, já demonstrou suas qualidades.9. Houve um terrível ______-estar.10. Ele é um grande ______-caráter.

Emprego de "ONDE" ou "AONDE":

Em que situação se deve empregar onde e aonde? Veja alguns exemplos:

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a) A cidade onde ela morava tornou-se um grande centro urbano.b) No aeroporto aonde chegamos os vôos estavam atrasados.• Onde: emprega-se com verbos que não indicam movimento (morar, ficar, permanecer, etc.) (= em que lugar)

• Aonde: emprega-se com verbos que indicam movimento (ir, chegar, dirigir-se, etc.) (= a que lugar)

Atenção!a) Se houver uma preposição antes da palavra onde, não se poderá empregar a

forma aonde, mesmo que o verbo exprima movimento ou ação dinâmica. b) Veja este exemplo:

Em Petrópolis, por onde subimos, havia neblina.b) Onde só pode ser usado para lugar. Observe:O bairro onde vocês estão tem uma grande área verde.Observação: Costuma-se, erroneamente, utilizar onde no lugar de em que:O livro onde ele estuda tem muitos exercícios interessantes. (errado)O livro em que ele estuda tem muitos exercícios interessantes. (correto)

EXERCÍCIOS

Substitua os asteriscos por onde ou aonde:1. ** essas medidas dos governo vão nos levar?2. Não entendo ** ele estava com a cabeça.3. De ** você está falando?4. ** querem chegar com essa atitude?5. ** se situa o Morumbi?6. Até ¨** vai sua rebeldia.7. Não se ** me apresentar, nem a quem me dirigir.

Por que / Por quê / Porque ou Porquê?:

Por que: O por que tem dois empregos diferenciados: Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:

Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão); Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais. Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)

Por quê: Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.

Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê? Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

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Porque: É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.

Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois) Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

Porquê: É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.

Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo) Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

EXERCÍCIOS 

Preencha as lacunas usando:a) por que b) por quê c) porquê d) porque1. Quer dizer que você não vai mesmo conosco, ___________?2. Não entendo o ____________ de suas atitudes.3. Você sabe ___________ ela não passou no concurso.4. Não fuja, ___________ toda fuga é fraqueza.5. Os maus momentos _________ passaste serão inesquecíveis6. Os amigos, não sei _________, foram sumindo um a um.7. Agora entendo ______votaste no “homem”...8. Qual seria a razão _______ concordaram tão facilmente?