apostila introd paleont

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O Que é Paleontologia? A Paleontologia é a ciência que estuda os fósseis, ou seja, o vasto documentário de vida pré-histórica e/ou proto-histórica. Paleontologia quer dizer "o estudo da vida antiga", do grego "Palaios = antigo; ontos = coisas existentes; logos = estudo", mas essa é uma definição muito vaga e simplista. A Paleontologia, tem como objetivo, principalmente a locação, descrição e a classificação de fósseis, a evolução e da interação dos seres proto-históricos e/ou pré-históricos com seus antigos ambientes, da distribuição e da datação das rochas portadoras de fósseis, etc. A Paleontologia Moderna é uma ciência dinâmica, com relações com outras áreas do conhecimento, estando preocupada em entender a evolução física da Terra, em termos das mudanças na sua geografia (paleogeografia), no clima (paleoclima) e nos ecossistemas (paleoecologia), influenciou a evolução das formas de vida pré-históricas. Portanto, a Paleontologia é uma ciência multidisciplinar, relacionada à Geologia, à Biologia (principalmente Zoologia e Botânica), à Ecologia e à Oceanografia, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as interações entre os organismos e o meio ambiente. Atualmente, a Paleontologia preocupa-se também com a conservação do patrimônio fossilífero e de seus ambientes correlatos. As grandes subdivisões da Paleontologia são a Paleozoologia (estudo dos animais fósseis), a Paleobotânica (estudo das plantas fósseis) e a Micropaleontologia (estudo dos microfósseis). O Paleontólogo é o cientista que estuda a vida pré-histórica, a partir das evidências fornecidas pelos fósseis e pelas rochas. Os Paleozoólogos são os cientistas especializados em Paleontologia de Invertebrados, ramo da Paleozoologia que estuda os animais sem ossos, ou em Paleontologia de Vertebrados, estudando os fósseis de animais com ossos, incluindo o homem fóssil (Paleoantropologia). Micropaleontólogos estudam fósseis microscópicos, ou seja, microrganismos fósseis de parede orgânica (polens) ou mineralizada (foraminíferos). O(s) Processo(s) de Fossilização Muitas vezes nos perguntamos como um organismo vivo pode se tornar um fóssil. O processo pode parecer ser simples, mas é um pouco complexo. Quando um organismo morre, inicialmente ele é decomposto pelas bactérias e fungos que degradam a matéria orgânica. Depois disto, o organismo pode

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Page 1: Apostila Introd Paleont

O Que é Paleontologia?

A Paleontologia é a ciência que estuda os fósseis, ou seja, o vasto documentário de vida pré-histórica e/ou proto-histórica. Paleontologia quer dizer "o estudo da vida antiga", do grego "Palaios = antigo; ontos = coisas existentes; logos = estudo", mas essa é uma definição muito vaga e simplista.

A Paleontologia, tem como objetivo, principalmente a locação, descrição e a classificação de fósseis, a evolução e da interação dos seres proto-históricos e/ou pré-históricos com seus antigos ambientes, da distribuição e da datação das rochas portadoras de fósseis, etc.

A Paleontologia Moderna é uma ciência dinâmica, com relações com outras áreas do conhecimento, estando preocupada em entender a evolução física da Terra, em termos das mudanças na sua geografia (paleogeografia), no clima (paleoclima) e nos ecossistemas (paleoecologia), influenciou a evolução das formas de vida pré-históricas. Portanto, a Paleontologia é uma ciência multidisciplinar, relacionada à Geologia, à Biologia (principalmente Zoologia e Botânica), à Ecologia e à Oceanografia, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as interações entre os organismos e o meio ambiente. Atualmente, a Paleontologia preocupa-se também com a conservação do patrimônio fossilífero e de seus ambientes correlatos.

As grandes subdivisões da Paleontologia são a Paleozoologia (estudo dos animais fósseis), a Paleobotânica (estudo das plantas fósseis) e a Micropaleontologia (estudo dos microfósseis).

O Paleontólogo é o cientista que estuda a vida pré-histórica, a partir das evidências fornecidas pelos fósseis e pelas rochas. Os Paleozoólogos são os cientistas especializados em Paleontologia de Invertebrados, ramo da Paleozoologia que estuda os animais sem ossos, ou em Paleontologia de Vertebrados, estudando os fósseis de animais com ossos, incluindo o homem fóssil (Paleoantropologia). Micropaleontólogos estudam fósseis microscópicos, ou seja, microrganismos fósseis de parede orgânica (polens) ou mineralizada (foraminíferos).

O(s) Processo(s) de Fossilização

Muitas vezes nos perguntamos como um organismo vivo pode se tornar um fóssil.

O processo pode parecer ser simples, mas é um pouco complexo.

Quando um organismo morre, inicialmente ele é decomposto pelas bactérias e fungos que degradam a matéria orgânica. Depois disto, o organismo pode ser imediatamente soterrado ou passar por uma série de processos – desarticulação, transporte – e só depois ser soterrado. Esse soterramento irá acontecer quando a água, ou outro agente, transportar o sedimento que irá recobrir o organismo. Depois de soterrado, o organismo irá passar por um processo chamado de diagênese, que consiste na compactação (pelo peso do sedimento) e na cimentação (o sedimento depositado sobre o organismo ou por dentro dele, através de processos químicos, se aglomera e passa a formar uma rocha sedimentar). Nestas condições, esse “organismo” agora pode ser considerado um fóssil. O movimento das placas tectônicas permite que uma rocha, que antes foi um fundo de mar, um lago ou ainda uma geleira, por exemplo, seja erguida acima da superfície e fique exposta. Nestas rochas expostas é que o paleontólogo vai procurar pelos seus fósseis.

Para obter mais informações, consulte o capítulo (Tafonomia de Vertebrados.) 

Fósseis

Fósseis (termo latino que significa "ser desenterrado" ou "extraído da Terra") são restos ou vestígios (traços) de animais, vegetais e de outros microorganismos (algas, fungos e bactérias) que viveram em tempos proto-históricos ou pré-históricos que foram e estão naturalmente preservados nas rochas sedimentares.

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Embora exista uma tendência para considerarmos fósseis apenas as ossadas de dinossauros e de outros grandes vertebrados pré-históricos extintos, na realidade, um registro fóssil contém representantes da maioria dos grupos biológicos, incluindo desde o Homem fóssil até aqueles grupos representados por formas de vida microscópica, que só podem ser vistos através do auxílio de instrumentos ópticos entre outros instrumentos técnicos. O termo "fóssil" como já vimos, vem do latim "fossilis", que significa "extraído da Terra". Sendo assim, podemos definir um fóssil como, Fósseis Corpóreos, ou restos (ossos, conchas) e Fósseis-traço ou vestígios (pegadas, ovos, tubos, moldes de conchas) de organismos que viveram no passado, dentre outras definições.

Esquema representando o processo de fossilização.

 Um processo de fossilização dura milhares de anos, não ocorre de uma hora para outra. Portanto, ainda não podemos fabricar um “fóssil em laboratório”! Entretanto, a forma como ocorre esse processo pode variar. Algumas dessas possibilidades serão discutidas a seguir. Tipos mais comuns de Fósseis : (Restos , Vestígios e Outros Conceitos Importantes)

Restos - Normalmente consistem nas partes duras dos organismos, pois estas apresentam alto potencial de preservação. Os restos podem ser compostos por: sílica (espículas das esponjas), carbonato de cálcio (moluscos), hidroxiapatita (ossos de vertebrados), carbonatos e quitina (exoesqueleto e exuvias de artrópodes equinodermos), celulose e resinas(vegetais), coprolitos (fezes e outras excreções e secreções), entre outros.

Fóssil de um artrópode trilobita, encontrado na Formação Ponta Grossa, Devoniano da Bacia do Paraná. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Escala em centímetros (foto de Cristina Vega Dias).

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Os restos fósseis podem ainda ser preservados de diversas formas:

Preservação Total;

Preservação Com Alteração Dos Restos Esqueléticos;

Preservação Sem Alteração Dos Restos Esqueléticos.

Preservação Total Dos Restos Esqueléticos

Caracteriza-se, quando ocorre a preservação das partes moles dos organismos.

Âmbar: Resina presente em algumas plantas (principalmente gimnospermas), que pode escorrer pelo vegetal, englobando um organismo. Essa resina, quando seca, fica endurecida, preservando o organismo integralmente.

Inseto preservado em âmbar (retirado de Palmer, 1999).

 

Congelamento: Ocorre quando um organismo fica exposto a baixas temperaturas, impossibilitando a decomposição de suas partes moles.

Filhote de mamute preservado por congelamento, depositado na Suíça (modificado de

www.en.wikipedia.org/wiki/Flood geology em 26.3.2007).

Preservação Com Alteração Dos Restos Esqueléticos

Quando ocorre a preservação das partes dos organismos, mas sob forma alterada.

Carbonificação: Durante o processo de decomposição de um organismo, a maioria dos elementos químicos presentes nele podem ser perdidos, mas o carbono permanece. Normalmente os fósseis apresentam uma coloração escura, justamente devido à presença do carbono. Ocorre normalmente em vegetais depositados em ambiente subaquoso.

Folhas da planta licófita Lepidodendron, coletada na Formação Rio Bonito, Carbonífero da Bacia do Paraná. Observe como o fóssil apresenta coloração escura, devido à carbonificação. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Escala em centímetros (foto de Cristina Vega Dias).

 Recristalização:

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Todos os minerais apresentam uma forma geométrica, obtida durante o seu processo de cristalização. Durante a fossilização, os minerais presentes nas conchas e esqueletos dos organismos podem se rearranjar, modificando-se, e formando outros minerais.

Exemplar de molusco bivalve Anodontites pricei, coletado na Formação Marília (Cretáceo da Bacia Bauru). Reparar na pequena porção da concha original de aragonita (A) recristalizada em calcita nas demais porções do fóssil (B) (foto de Eliseu Dias).

 Substituição:

Ocorre quando o mineral original constituinte de um fóssil é substituído por outro.

Concha do braquiópode Australospirifer, coletado na Formação Ponta Grossa, Devoniano da Bacia do Paraná. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Reparar na substituição do material original da concha (calcita) por pirita (foto de Cristina Vega Dias).

Preservação Sem Alteração Dos Restos Esqueléticos

Quando ocorre a preservação das partes duras dos organismos, sem alteração.

Incrustação: Quando um mineral, transportado pela água, recobre o fóssil original e se cristaliza, formando um envoltório ao redor do organismo.

Molusco gastrópode atual sem incrustação (á esquerda), e um exemplar do mesmo gênero incrustado (à direita). Materiais depositados na Universidade Federal do Paraná (foto de Cristina Vega Dias).

 

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Permineralização: Quando o sedimento que está ao redor do organismo (esqueleto, tronco de árvore) é transportado pela água e preenche as cavidades desse organismo. Como resultado, o material fóssil pode apresentar um aspecto inchado.

Osso coletado na Formação Santa Maria, Triássico da Bacia do Paraná. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Reparar na diferença de coloração do sedimento (vermelho) e da hidroxiapatita constituinte do osso (branco), evidenciando o preenchimento (foto de Cristina Vega Dias).

 

Concreção: Durante o processo de decomposição de um organismo, este libera alguns compostos que atraem outros elementos químicos. Este processo pode fazer com que pirita ou calcita fiquem aderidas ao organismo, envolvendo-o em nódulos. As concreções contendo peixes, muito comuns na Formação Santana, Bacia do Araripe, Cretáceo do Ceará, recebem o nome de ictiólitos.

Fóssil de peixe coletado na “Formação Santana”, Mbr. Romualdo, Cretáceo da Bacia do Araripe. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Escala em centímetros.

Vestígios

Os vestígios representam evidências da existência do organismo ou de sua atividade. São úteis para identificar a presença de um determinado organismo quando seus restos não foram fossilizados.

Dentre os vestígios, podemos citar as pegadas e pistas de organismos, coprólitos (fezes fossilizadas), gastrólitos (rochas presentes em restos estomacais, que auxiliavam na digestão), e também a formação de moldes internos e externos.

Para explicar a formação de moldes, vamos tomar como exemplo uma concha de um molusco bivalve. A formação de moldes ocorre quando um organismo é depositado, e a impressão da porção interna da concha fica marcada no sedimento (molde interno). A impressão da porção externa da concha é o molde externo. Depois disto, a concha pode ser dissolvida, e o espaço ocupado por ela pode ser preenchido por outro material, formando o contramolde.

 

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Representação esquemática para a formação de moldes e contra-moldes. A. Concha antes do soterramento. B. Concha soterrada e necrólise das partes moles. C. Concha dissolvida. D. Preenchimento por outro mineral gerando um contramolde. E. Preenchimento das partes internas por sedimento. F. Recristalização da concha (aragonita para calcita). G. Concha recristalizada. H. Dissolução da concha gerando molde interno e externo.

Outros Conceitos Importantes

Em alguns casos, alguns organismos podem ter aparecido há bastante tempo, mas, embora existam até hoje, seus corpos não sofreram muitas modificações ao longo do tempo geológico. Neste caso, esses organismos são chamados de fósseis–vivos.

À esquerda: Fóssil do braquiópode Lingula, coletado na Formação Ponta Grossa, Devoniano da Bacia do Paraná. Material depositado na Universidade Federal do Paraná. Escala em centímetros (foto de Cristina Vega Dias). À direita: Lingula atual (retirado de www.paleo.cortland.edu em 22.03.2007).

 Muitas vezes podemos observar algumas estruturas nas rochas, que são muito parecidas com fósseis. Essas estruturas são formadas através da passagem da água pelas fissuras entre as rochas, fazendo com que alguns

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minerais, como o óxido de manganês, precipite. Como resultado, forma-se estruturas inorgânicas semelhantes a organismos, que são chamadas de pseudofósseis.

Pseudofósseis (dendrites) Formação Santana, depositados na Universidade Federal do Paraná.

Tempo Geológico

... Posso ouvir o vento passar

Assistir a onda bater

Mas o estrago que faz

A vida é curta pra ver ...

(Essa estrofe da letra de uma música da banda carioca Los Hermanos, composta pelo Rodrigo Amarante, ilustra bem a maneira como a maioria de nós, seres humanos, percebemos o tempo).

Nossos referenciais de tempo são limitados. Concebemos o tempo em termos de eventos bem recentes. Somos capazes de imaginar o tempo transcorrido durante a história da humanidade, não mais que alguns séculos e isso já nos parece ser muito tempo! - Mas, a idéia de um período de tempo que envolve milhões ou bilhões de anos se torna bastante abstrata para o nosso entendimento. Nossa “espécie” está nesse planeta há muito pouco tempo, não mais que uns 300 mil anos. E o que isso significa quando comparado aos aproximadamente 4,6 bilhões de anos de história da Terra?

De fato, a magnitude desse tempo profundo é muito difícil de ser compreendida por nós. Um meio de se tentar entender essa vastidão de tempo é imaginarmos um livro contendo 460.000 páginas, em que cada página contivesse 10.000 anos da história da Terra. Assim a página 1 relataria a formação da Terra, os primeiros organismos unicelulares surgiriam somente na página 70.000, as primeiras plantas terrestres estariam registradas a partir da página 418.000, os dinossauros apareceriam pela primeira vez na página 440.000 e o ser humano surgiria somente na página 459.600.

Esse livro é um exemplo de metáfora ou analogia que nos ajuda a começar a entender que a história da Terra envolve uma vastidão de tempo muito maior do que aquela que conhecemos e que podemos conceber. Chamamos de "Tempo Geológico" esse tempo profundo que foge aos nossos padrões de referência.

Tal escala de tempo pode ser medida através de relógios naturais, bem menos óbvios para a nossa experiência, que refletem o ritmo da Terra. Esses relógios naturais são, entre outros, os movimentos dos continentes, o soerguimento de montanhas, o aumento e a diminuição dos níveis dos oceanos, e também, o surgimento e a extinção das espécies. Assim, cada rocha e cada fóssil existentes na crosta terrestre constituem-se em arquivos naturais que guardam os segredos de muitos eventos do passado e são ferramentas que podem nos ajudar a reconstituir a história do planeta.

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Quando falamos em fósseis, logo nos lembramos dos já mencionados dinossauros. Na verdade, esses fascinantes animais são a porta de entrada para muitas crianças tomarem um primeiro contato com a ciência, já que todos nós temos uma curiosidade natural sobre nossa origem e sobre o passado da Terra. Mas a diversidade da vida no passado vai muito além dos dinossauros. Muito antes dessas criaturas reinarem no planeta, inúmeras formas de vida surgiram e se diversificaram, formando uma grande árvore da vida. A maioria delas já se extinguiu, mas algumas deixaram descendentes que ainda hoje habitam a Terra, como nós.

(SUGESTÕES) - Leituras ComplementaresFAIRCHILD, T.; TEIXEIRA, W.; TAIOLI, F. 2000. Decifrando a Terra. Editora Oficina de Textos, São Paulo. 558,

R.H. & PROTHERO, D.R. 1994. Evolution of the Earth. McGraw-Hill. 569 p.,

NIELD, E.W. & TUCKER, V.T. Paleontology - an introduction. Pergamon Press.

A coluna do tempo geológico

A coluna do tempo geológico, como veremos abaixo, é dividida em eons, Eras, Períodos e Épocas. Essa divisão não é arbitrária, ela reflete grandes acontecimentos que ocorreram nas histórias geológica e biológica da Terra. Assim, os Eons Arqueano e Proterozóico correspondem a grupos de rochas ígneas *1 e metamórficas *2, que juntas, formam grande volume da crosta continental, com registro fóssil ausente ou qdo. presente, escasso e composto por seres microscópicos. No final do Proterozóico é que começaram a aparecer os primeiros seres multicelulares. Já o Eon Fanerozóico, que significa "vida visível", refletindo a fase em que a vida se tornou abundante no planeta.

Cada uma das três Eras do Eon Fanerózóico - Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica - ilustra um momento especial da história da Terra e o limite entre as Eras é pautado marcadamente por eventos de extinção em massa. Dentro da Era Paleozóica ("vida antiga") estão vários períodos. Por exemplo, o nome Cambriano vem de Cambria, que é o nome latino para Gales, onde suas rochas foram primeiramente estudadas. Ordoviciano vem de Ordovices, que é o nome de uma antiga tribo celta. Siluriano homenageia a tribo dos Silures, que habitava uma região de Gales. Devoniano é uma homenagem a Devonshire, na Inglaterra onde estão expostas rochas dessa idade. O nome Carbonífero refere-se aos depósitos de carvões que se encontram acima das rochas devonianas. O nome Permiano foi dado porque as rochas desta idade situavam-se próximas à província de Perm, na Rússia. A Era Paleozóica terminando com o maior evento de extinção em massa de todos os tempos.

A Era Mesozóica ("vida do meio"), inclui os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. O nome Triássico tem a ver com a divisão em três camadas das rochas dessa idade na Alemanha, que se sobrepunham às rochas paleozóicas. Jurássico faz referência às montanhas Jura, na Suíça, já Cretáceo vem do termo latim Creta que significa giz, relativo às rochas calcáreas da França e Inglaterra como também de praticamente toda a costa mediterrânea europeia..

A Era Cenozóica significa "vida recente". Ela inicia depois da grande extinção que marcou o final do período Cretáceo e está dividida em dois períodos: Paleógeno e Neógeno, cada um deles contendo épocas.

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Rochas Ígneas *1

As chamadas rochas ígneas ou magmáticas (rochas fundidas) formam-se pelo resfriamento do magma, fundido nas profundezas da Terra. Por vezes, o magma é expelido por vulcões ou fissuras na superfície terrestre onde pode se resfriar. Porém, comumente, o resfriamento e a solidificação do material magmático ocorrem no interior da crosta. Em decorrência das altas temperaturas (acima de 1100C) e o local de formação (interior da Terra) essas rochas não contêm fósseis. De fato, temperatura e pressão constituem problema para a preservação dos restos orgânicos, na forma de fósseis. As rochas ígneas são classificadas em extrusivas e intrusivas. As rochas ígneas intrusivas formam-se quando o magma, trazido de grandes profundidades, atinge a superfície terrestre através de fissuras na crosta, esfria e torna-se rocha. O basalto é um exemplo de rocha ígnea extrusiva. Já as rochas ígneas intrusivas são aquelas que se solidificam abaixo da superfície terrestre. As rochas intrusivas podem, eventualmente, serem expostas na superfície terrestre devido a movimentos tectônicos. Um exemplo de rocha ígnea intrusiva é o granito.

Figura 1: Rocha ígnea. Foto:

Anne, E.

Rochas Metamórficas *2

Altas temperaturas e pressão podem modificar as rochas pré-existentes, tornando-as metamórficas (rochas modificadas). O metamorfismo produz novas rochas cuja composição mineral e a textura diferem daquela da rocha original. As rochas metamórficas são caracterizadas pelo arranjo de seus minerais em camadas paralelas. Dependendo das alterações produzidas pelo aumento de temperatura e pressão, os fósseis em uma rocha já existente que será metamorfisada (modificada) poderão ser destruídos ou deformados. Um exemplo de rocha metamórfica é o mármore, que se origina da alteração do calcário.

Figura 2: Rocha metamórfica. Foto: Hollocher, K.

Modificado de Gradstein & Ogg, 1996

 

Ao nos depararmos com a coluna do tempo geológico, com suas divisões já bem estabelecidas, não nos damos conta de todo o conhecimento geológico e biológico que foi se acumulando ao longo dos séculos e que possibilitou a sua construção. Como a idade das rochas pôde ser estimada? Como os fósseis auxiliaram

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na tarefa de datação das rochas? Como se chegou à idéia de uma Terra muito antiga, com bilhões de anos? Como se chegou às idades que limitam cada período? Essas são algumas das questões que poderão ser elucidadas nos próximos itens.

O Tempo Profundo

Até o final do século XVIII, a ciência ainda era muito influenciada pela religião e havia a crença de que a Terra era jovem, com não mais do que 6.000 anos de história. Essa idade havia sido estabelecida em 1650, pelo Arcebispo Ussher (religioso irlandês), que realizou um estudo baseando-se em todas as gerações apresentadas pela bíblia, desde Adão e Eva, e calculando seu tempo de duração. Assim, segundo Ussher, a Terra foi criada no ano de 4004 a.C., no dia 23 de outubro, um domingo.

Nessa época havia cientistas que não aceitavam essa abordagem com base nas escrituras bíblicas e que tentavam entender a dinâmica da terra por outros meios, com base na observação das rochas e dos fenômenos geológicos. Foi James Hutton que mudou a tradicional visão de uma Terra jovem para uma Terra "sem vestígio de um começo, sem perspectiva de um fim". Observando formações de rochas sedimentares da Escócia, Hutton percebeu que estas eram produto da erosão de outras rochas, mais antigas ainda, e que as formações geológicas eram produtos de eventos que ocorreram na história do planeta em um tempo muito superior àquele apontado por Ussher. Assim Hutton trouxe a tona o conceito de tempo profundo, um tempo de tal magnitude, que foge completamente aos padrões referenciais humanos.

Uniformitarismo : A base das interpretações de Hutton estava no princípio do Uniformitarismo, que assume que as leis da natureza não mudam através dos tempos, portanto, os mesmos fenômenos naturais que hoje são observados na Terra, também agiram no passado. Um dos pontos fortes do trabalho de Hutton foi o reconhecimento das discordâncias, que se caracterizam por superfícies erosivas separando dois pacotes de rochas, sendo o superior sempre formado por rochas sedimentares. Essas superfícies erosivas representam um hiato de tempo onde pode ter ocorrido deposição de camadas que sofreram erosão posterior ou, então, um grande período em que não ocorreu deposição de sedimentos. Assim, o reconhecimento das inconformidades trouxe evidências incontestáveis para o entendimento do tempo profundo.

Charles Lyell, já no século XIX, baseou-se no princípio do Uniformitarismo para escrever sua obra "Princípios da Geologia" (1830), assumindo que os processos geológicos operaram lenta e gradualmente no passado da Terra, sem a ocorrência freqüente de grandes catástrofes. Segundo Lyell, "o presente é a chave para o passado".

Os princípios da Estratigrafia

Não só as estimativas de idade da Terra eram influenciadas pela Bíblia, como visto anteriormente, mas também os fósseis eram interpretados com base nas escrituras. Nesse contexto, os fósseis eram reconhecidos como restos de animais que foram vitimados pelo grande dilúvio universal, configurando-se como "testemunhas-chave" do dilúvio.

Foi a partir de estudos de alguns cientistas que não se contentavam com essas explicações simplistas e reducionais sobre os fósseis, que esse cenário começou a se modificar.

Dentre esses cientistas podemos, primeiramente, citar Steno (Nicolaus Steno), considerado o "pai da estratigrafia".

Steno contribuiu ainda de forma essencial no entendimento de como se dá o empilhamento das camadas de rochas sedimentares. Ele estabeleceu três princípios que até hoje continuam sendo, a base da estratigrafia

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(ramo da geologia que estuda as sequências de camadas de rochas sedimentares - ou estratos - e a sua idade, buscando determinar os processos e eventos que as formaram). São eles:

Princípio da Superposição,

Princípio da Horizontalidade Original,

Princípio da Continuidade Lateral

Steno esclareceu também como as rochas sedimentares eram depositadas, mas não respondeu como se poderia saber se duas camadas de rocha com a mesma litologia, aflorando em duas áreas geográficas distintas, por exemplo, tinham ou não a mesma idade.

Vamos ilustrar esse fato com a seguinte situação: em uma região no sul da América do Sul, um geólogo encontra uma sequência de 2 m de rochas composta por uma camada de calcário sobre uma camada de arenito. Este geólogo viaja para o Sul da África e lá encontra camadas praticamente idênticas de calcário e arenito com a mesma espessura de 2 m.

Ele poderia afirmar que as duas sequências de rochas são contemporâneas, ou seja, foram depositadas em um mesmo tempo e, portanto fazem parte de um mesmo sistema deposicional(? )A resposta é NÃO! Esse

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"não" deve-se ao fato de que os mesmos tipos de rochas foram depositados em praticamente todos os tempos da história da Terra. Assim, as rochas da figura até poderiam ser contemporâneas, se fossem produto de um mesmo evento de deposição de sedimentos que ocorreu na época em que América do Sul e Africa estavam unidas. Mas, por outro lado, as rochas da América do Sul poderiam, por exemplo, ter sido depositadas no período Permiano, enquanto as rochas, praticamente idênticas, do sul da África, ter sido depositadas no período Cretáceo. Neste caso, os dois pacotes de rochas estariam separados por um "abismo" temporal de mais de 100 milhões de anos.

Portanto, correlações temporais entre camadas de rochas não são possíveis de ser feitas com base apenas na litologia (composição mineral, tamanho dos grãos). Como, então, resolver essa questão? É aí que os fósseis entram em cena, como vamos ver a seguir.

Mas, antes de falarmos nos fósseis, vamos lembrar de dois outros princípios, postulados por James Hutton, que, junto com os princípios de Steno, auxiliam no entendimento da “sequência” de empilhamento das rochas. São eles:

Princípio das relações de corte

Uma rocha ígnea intrusiva que corta uma outra camada de rocha deve ser mais jovem que esta camada de rocha.

Princípio das inclusões

Princípio das Inclusões, qdo. qualquer, fragmento de uma rocha que inclui fragmentos de uma outra rocha deve ser mais jovem que a rocha que originou estes fragmentos.

O uso dos fósseis como ferramentas para Datação Relativa

A partir dos princípios postulados por Steno e Hutton, outros cientistas começaram a tentar entender como os fósseis contidos nas rochas sedimentares poderiam ser usados para auxiliar na estratigrafia.

Dois novos princípios, utilizando fósseis como ferramentas, se somaram aos princípios da estratigrafia. Esses princípios foram concebidos por Georges Cuvier, um paleontólogo/anatomista de vertebrados francês, e Willian Smith, um agrimensor inglês.

Cuvier, considerado o "Pai da Anatomia Comparada", enquanto prospectava fósseis de vertebrados nos arredores de Paris, começou a perceber que cada camada de rochas abrigava um conjunto de fósseis diferente das outras camadas. Verificou, também, que os fósseis das camadas mais inferiores apresentavam características mais primitivas do que os fósseis das camadas mais superiores, os quais se assemelhavam mais aos animais atuais. Segundo Cuvier, essa "Sucessão Faunística" era produto de extinções catastróficas que aconteceram de tempos em tempos na história da Terra. Assim, depois de cada evento de

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extinção, que dizimava a fauna inteira de uma determinada área, novos organismos provenientes de outros lugares ocupavam os ambientes vagos. Essa teoria de Cuvier é chamada de Catastrofismo.

Princípio da Sucessão Faunística ou Sucessão Fóssil

Willian Smith, enquanto realizava seus trabalhos de agrimensor em canais e minas nas propriedades rurais da Inglaterra, percebeu que as mesmas sucessões de rochas sedimentares afloravam em distintas regiões e que cada camada de rocha continha, determinados fósseis que não eram encontrados nas outras camadas. Assim, ele postulou que as camadas de rochas encontradas em áreas geograficamente distantes podiam ser correlacionadas pelo seu conteúdo fossilífero.

Princípio da Correlação Fóssil

As correlações temporais (correlações estratigráficas) entre camadas de rocha situadas a longa distância são realizadas com a utilização de fósseis (gêneros, espécies) que reúnem uma série de características especiais. Estes são chamados de fósseis-guia ou fósseis-índice. Além da grande distribuição geográfica (cosmopolitas), esses fósseis devem apresentar curta amplitude vertical (ter surgido e se extinguido rapidamente), devem ser facilmente identificáveis e devem ser abundantes. Os melhores fósseis-guia são organismos marinhos, de preferência, de hábito planctônico.

Assim, com o auxílio dos fósseis, estavam criadas as bases para um correto empilhamento das camadas de rochas e sua correlação temporal. Esse método é conhecido como Datação Relativa.

Datação absoluta

Os princípios de datação relativa, através do uso dos fósseis, permitiram, ainda no século XIX, o estabelecimento da coluna do tempo geológico. Esta foi primeiramente baseada em afloramentos de rochas sedimentares da Europa, sendo posteriormente estendida para outros continentes. Como já mencionado, os métodos de datação relativa possibilitam um correto empilhamento das rochas no tempo e a correlação de distintos pacotes de rochas, mas não fornecem dados para se saber a idade absoluta (em números) das rochas.

Foi só no início do século XX que uma nova metodologia emergiu. Com a descoberta da radiatividade e de que alguns elementos químicos presentes nas rocha que emitiam radiação a taxas constantes, foi desenvolvido o método de Datação Absoluta das Rochas. Para entendermos essa metodologia, vamos ter que compreender alguns conceitos sobre isótopos radiativos.

 Isótopos radiativos e de meia-vida

Na natureza, existem alguns elementos que apresentam isótopos, ou seja, elementos que apresentam o mesmo número atômico(Z), mas diferentes numeros de massa (A).

Um exemplo é o oxigênio, que possui três isótopos:

oxigênio 16 - 8 prótons e 8 neutrons (A = 16)

oxigênio 17 - 8 prótons e 9 neutrons (A = 17)

oxigênio 18 - 8 prótons e 10 neutrons (A = 18)

 

No caso do oxigênio, esses isótopos que existem na natureza são estáveis. Há porém, outros elementos que são instáveis na natureza e, devido a isso, têm a tendência a se transformarem em outro elemento mais

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estável. Esses são os chamados isótopos radiativos. Nessa transformação, denominada decaimento radiativo, radiação é emitida e calor é liberado. O decaimento radiativo é um processo lento que ocorre a uma taxa constante chamada meia-vida.

Um dos mais conhecidos é o Carbono 14 (C14). O C14 é um dos isótopos do Carbono. O outro é o Carbono 12 (C12), muito mais abundante. O C12 apresenta 6 prótons e 6 neutros, enquanto o C14 apresenta 6 prótons e 8 neutrons. Como o C14 é instável, ele tem a tendência a se transformar em Nitrogênio 14 (N14). A cada meia-vida, metade dos átomos originais de C14 presentes em uma amostra vão se transformar em átomos de N14. A meia vida do C14 é de 5.730 anos. Isso significa que a cada 5.730 anos metade dos átomos do isótopo original (isótopo-pai) se transformará em átomos do isótopo-filho.

Como o C14 pode ser usado na datação de materiais orgânicos antigos, como, por exemplo, os ossos? A explicação é que os vegetais, ao realizarem a fotossíntese, absorvem CO2. Este CO2 é composto tanto de átomos de C12 (99%) quanto de C14. Os animais, que são consumidores na cadeia alimentar, incorporam em seus tecidos parte do carbono presente nos vegetais, na forma de glicose (C6H12O6), produzida através da fotossíntese. Ossos são tecidos vivos que acumulam carbono, seja na forma de C12 quanto de C14 e, portanto, a proporção de N14 em relação ao C14 em um osso antigo, nos fornecerá o número de meias-vidas transcorridas e, por conseqência, a idade daquele osso.

A datação por C14/N14 é utilizada em materiais não muito antigos, por exemplo em múmias egípcias com alguns poucos milhares de anos. Materias mais velhos que 70.000 anos não são passíveis de datação por C14. Por quê? Para responder a essa questão, vamos lançar mão de uma analogia.

Imagine uma festa de aniversário em que é servida uma torta deliciosa. Todos os convidados recebem a sua fatia e resta uma última fatia no prato da torta. Cada convidado, depois de saborear a sua fatia, fica de olho na fatia que restou, mas ninguém tem coragem de pegar a fatia inteira, pois não "pega bem". Assim, um dos convidados se enche de coragem e corta metade da fatia, deixando a outra parte no prato. Um segundo convidado, vai lá e corta metade da metade da última fatia. Um terceiro convidado corta, então, a metade da metade da metade e assim por diante. Vai chegar um momento em que não há mais sequer um farelo da torta original no prato, como mostrado na figura abaixo. Cada fatia 1, 2, 3, 4, 5 e 6 corresponde à metade da espessura da fatia anterior.

Voltando aos isótopos, é exatamente isso que ocorre durante o decaimento radiativo. A cada meia-vida, metade dos átomos orignais (isótopos-pais) decai, transformando-se em isótopos-filhos. A tabela abaixo resume o que aconteceria com uma amostra contendo 1000 átomos de C14.

 

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E assim por diante...

Se representarmos o decaimento radiativo na forma de um gráfico, vamos observar que a redução dos isótopos-pais é diretamente proporcional ao aumento dos isótopos-filhos ao longo do tempo transcorrido (meias-vidas). 

Voltando à analogia da torta, fica mais claro agora, entender porque o C14 não se presta para datação de amostras mais antigas que 70.000 anos. Segundo a tabela acima, em 7 meias-vidas somente 7,875 (0,007875%) dos 1000 isótopos-pais permanecem na amostra.

Bom, se o C14, com sua meia-vida de 5.730 anos, não possibilita datação de materiais muito antigos, existem isótopos que permitem isso? - A resposta é sim ... e não.

Há de fato isótopos radiativos com meias-vidas muito superiores à do C14 (ver tabela abaixo). 

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O que acontece é que esses elementos não estão presentes na composição química dos tecidos dos seres vivos e, portanto, não vão estar presentes em um resto orgânico fossilizado. Assim, esta metodologia não serve para datar fósseis. Mas pode e vai ser aplicada na datação de rochas.

Datação absoluta de rochas

A datação absoluta das rochas baseia-se na premissa de que uma rocha é um "sistema fechado", cuja composição química não sofre alterações por influência de fatores externos. Sendo assim, qualquer alteração química que ocorrer na rocha, vai ser devida a decaimento radiativo de isótopos instáveis presentes nessa rocha desde o momento de sua cristalização. Isso é válido somente para rochas ígneas, a partir de sua cristalização e para rochas metamórficas depois de sua recristalização. As rochas sedimentares, formadas por partículas dos outros tipos de rocha (ígneas e metamórficas) ou, ainda por partículas de outras rochas sedimentares e restos esqueletais ou esqueleticos de organismos, não podem ser datadas pelos tradicionais métodos baseados em isótopos radiativos. Isso se deve ao fato de que é impossível saber quando determinado isótopo foi incorporado à rocha sedimentar.

A datação absoluta das rochas é feita por um equipamento denominado Espectrômetro de Massa.

Integração dos Métodos na Construção da Coluna do Tempo Geológico

Se a coluna do tempo geológico é baseada em pacotes de rochas sedimentares, que não são passíveis de datação por métodos de isótopos radiativos, então, como a datação absoluta auxiliou no refinamento das idades dos Eons, Eras, Períodos, etc.? Bem, em muitos locais onde afloram rochas sedimentares, ocorrem, também, rochas ígneas, como por exemplo cinzas vulcânicas, intrusões de granito, derrames de basalto, etc., que podem ser datadas em termos absolutos.

Assim, mesmo não sendo possível quantificar em números a idade de todas as rochas aflorantes na superfície terrestre, pode-se de tempos em tempos obter a idade absoluta de rochas ígneas, que vão limitar temporalmente as rochas sedimentares dentro de determinado intervalo. 

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Na figura acima, a intrusão de granito foi datada em 180 milhões de anos (Ma) e a camada de lava, datada em 100 milhões de anos. Assim, podemos saber que a camada de arenitos é mais jovem que 180 Ma e mais antiga que 100 Ma. Também sabemos que a camada de calcário na base da sequência é mais antiiga que 180 Ma e que a camada de calcário acima da lava é mais jovem que 100 Ma.

Esse exemplo nos permite entender como o "casamento" entre os métodos de datação relativa e os métodos de datação absoluta, permitiu o atual nível de refinamento da coluna de tempo geológico.

Taxonomia e Sistemática

Como Classificar os Organismos

Os humanos sempre sentiram necessidade de agrupar os organismos na natureza, a fim de compreender a diversidade biológica e facilitar seu estudo.

O mais conhecido Sistema de Classificação dos seres vivos foi proposto por Carolus Linnaeus em meados do século 18. Ele criou o que chamamos de Sistemática Clássica, que utiliza de todas as características observadas num determinado organismo para classificá-lo dentro de categorias taxonômicas organizadas numa hierarquia. A Sistemática Clássica é responsável pela criação de Reinos, (Filos?), Ordens, Classes, Grupos, ..., Famílias, Sub-Famílias ?) e fundamentalmente, Gêneros e Espécies.

A Sistemática Clássica exigia muita experiência do cientista para avaliar quais as características dos organismos que deveriam ser utilizadas para sua identificação. Esta escolha era um tanto subjetiva e não poderia ser repetida através de uma metodologia específica, já que não possuía métodos puramente “matemáticos” objetivos para a obtenção das relações filogenéticas entre os organismos, ficando a intuição do cientista encarregada de classificar os organismos estudados dentro desta ou daquela categoria taxonômica.

Por volta de 1959, um entomólogo alemão chamado Willi Hennig criou a Sistemática Filogenética, que começou a ser utilizada depois da publicação dos seus princípios, em inglês, em 1966.

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No início da década de 1970, esta passou a competir diretamente com a Sistemática Clássica, gerando acaloradas discussões em quase todos os congressos de Ciências Biológicas da época. Já na década de 1980, a Sistemática Filogenética e sua respectiva metodologia atingiram o status de paradigma, ou seja, o sistema mais aceito para classificar os organismos.

Mas como pode ser usada a Sistemática Filogenética? Ela difere da Sistemática Clássica em alguns princípios básicos. Por exemplo, só devem ser utilizadas características exclusivas do grupo em questão, eliminando as características compartilhadas com outros grupos, surgindo assim a idéia de caráter derivado.

A utilização apenas dos caracteres derivados privilegia a novidade evolutiva (apomorfia) que cada grupo apresenta e elimina muitos aspectos compartilhados com outros grupos.

Por exemplo, dizer que um artrópode se caracteriza por possuir um cordão nervoso ventral, não o distingue de todos os outros organismos protostômios, pois os anelídeos também apresentam esta característica. Assim, o cordão nervoso ventral é uma simplesiomorfia em artrópodes, ou seja, um caráter primitivo compartilado. Já a presença de apêndices articulados revestidos por um exoesqueleto é uma característica exclusiva dos artrópodes e, portanto, uma sinapomorfia ou caráter derivado compartilhado.

A Sistemática Filogenética identifica e reúne os caracteres derivados em uma matriz de dados. Nesta matriz, as características precisam ser polarizadas, ou seja, aquelas que mais se parecem com o ancestral recebem o número 0 e as mais derivadas recebem números subseqüentes (1, 2, 3, etc.). Esse processo é feito comparando os grupos da análise com um ou mais grupos externos. A escolha do grupo externo também segue alguns princípios previstos na metodologia, embora, em síntese, possa ser qualquer outro organismo vivo. Abaixo, estã representados três táxons (A, B, C) de um grupo hipotético de animais comparados ao táxon que representa o grupo-externo.  

Característica "dedos nas patas": 0 = ausentes; 1 = presentes.Característica "antenas": 0 = ausentes; 1 = presentes.

 A matriz de dados ilustra a transformação dos estados desses dois caracteres nos três táxons (A, B e C). Os caracteres listados correspondem a ausência ou presença de dedos nas patas e de antenas nesses animais.

Matriz de Dados e polarização dos caracteres: 

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Através de procedimentos matemáticos (algoritmo), com o uso de programas para computador (Hennig 86, PAUP, TNT), produz “árvores filogenéticas” ou cladogramas, que representam as relações de parentesco dos organismos analisados, ou seja, as relações filogenéticas.

 

Exemplo de árvore filogenética (cladograma) gerada a partir da análise da matriz de dados.

 O cladograma acima apresenta dois passos (L), ou seja, cada caráter mudou de estado apenas uma vez . O caráter 1 mudou do estado zero para o estado 1, o que significa um passo, e o caráter dois mudou de zero para um, mais um passo no cladograma (caráter 1: 0 → 1 e carter 2: 0 → 1 / L= 2).

Se o número de características e de grupos analisados for pequeno, esse procedimento pode ser feito manualmente, sem a ajuda de um programa de computador. No entanto, quando o número de táxons (grupos) e caracteres é grande, os programas auxiliam o pesquisador a encontrar as árvores com o menor número de passos evolutivos, seguindo o Princípio da Parcimônia. Isto significa escolher a árvore que apresenta melhor resolução.

A Sistemática Filogenética nunca parte do princípio de que o exemplar em mãos é o ancestral e sim apenas um táxon relacionado (com certo grau de parentesco) aos demais estudados.

Conceitos da Sistemática Filogenética

Grupo monofilético:

Grupo que inclui o ancestral e todos os seus descendentes.

 

Exemplo de grupo monofilético.

 

Clado: É a denominação destes grupos, daí o nome Cladismo também aplicado a esta escola.

 Cladograma ou Árvore Filogenética:

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É o diagrama que representa as relações filogenéticas entre os clados.

Grupo parafilético:

Grupo que possui um ancestral comum, mas não inclui todos os seus descendentes.

 

Grupo-irmão:

É o grupo monofilético mais próximo daquele em foco no momento.

 

Exemplo de grupos-irmãos.

 A forma de classificação dos organismos sofreu uma profunda modificação nas últimas quatro décadas, em função do advento da Sistemática Filogenética.

Entretanto, o método possui várias limitações, que no momento não podem ser contornadas. Uma dessas limitações, principalmente em paleontologia, refere-se às características utilizadas na análise. Para classificar organismos atuais, caracteres como cor, por exemplo, podem ser utilizados. No entanto, nos fósseis, essas características não ficam preservadas, inviabilizando o uso das mesmas.

Mesmo assim, o uso deste método se tornou generalizado, uma vez que preenche todos os requisitos necessários para ser considerado científico, não sendo mais aceitável hoje em dia apresentar filogenias idealizadas, como faziam os sistematas clássicos.

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Tafonomia de Vertebrados

O Que Todos Esses Fósseis Estão Fazendo Aqui?

Partindo-se desta pergunta, qualquer paleontólogo começa sua busca por respostas. A formação dos fósseis está associada a uma série de acontecimentos biológicos e geológicos iniciados com a morte de um organismo. Sucede-se então um conjunto de eventos, como a necrólise, desarticulação, transporte e soterramentos dos restos, até a ocorrência final dos processos físico-químicos que transformam os sedimentos em rocha e fossilizam os organismos nela depositados.

A área da paleontologia que se ocupa em desvendar todos os processos acima mencionados é a Tafonomia. Tafonomia é a ciência que estuda os processos de preservação e como eles afetam as informações no registro fossilífero, englobando duas amplas subdivisões, a Bioestratinomia e a Diagênese dos Fósseis (Fossildiagênse).

Neste capítulo, vamos tratar um pouco mais sobre a Tafonomia de Vertebrados - o estudo dos processos pelos quais os restos ósseos se transformam em fósseis -, importante ferramenta para a reconstrução de ambientes do passado.

Uma análise tafonômica básica fornecerá importantes pistas sobre o que aconteceu com determinado animal desde o momento da sua morte até o dia em que o encontramos fossilizado, completo, ou muitas vezes, só partes dele. Esta análise consiste em estudar os processos de morte, necrólise e desarticulação, transporte, intemperismo, soterramento e, por fim, de diagênese dos fósseis. 

Resumo simplificado das etapas necessárias para se efetuar uma análise tafonômica básica, reconstituindo a trajetória do resto orgânico desde sua morte até a fossilização (modificado de Holz & Simões, 2002).

A Tafonomia serve como uma excelente ferramenta no auxílio às questões paleoecológicas que surgem quando temos um fóssil em mãos. Se um pesquisador dispusesse em uma mesa de laboratório, restos esqueletais de algum organismo que viveu no passado geológico, baseado apenas em suas feições anatômicas, poderia dizer que organismo é esse, qual o parentesco dele com outros vertebrados e qual seu hábito alimentar. Porém, não poderia dizer, olhando apenas os ossos fossilizados, em qual local ele vivia, como era o clima na época em que ele vivia, como foi que este organismo morreu e tantas outras questões de cunho paleoecológico. 

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Relação entre a Tafonomia e suas subdivisões (modificado de Simões & Holz, 2002).

a Tafonomia que nos permite reconstruir a história dos fósseis e, a partir da aplicação de conceitos ecológicos associados a análises das rochas onde os estes foram encontrados, possibilitar as reconstruções paleoecológicas.

 Tafonomia de Vetebrados

Fósseis de vertebrados podem ser preservados nos mais diversos sistemas deposicionais, mas cabe lembrar que, com exceção dos peixes, que normalmente são preservados em ambiente marinho, a maior parte deles ocorre em sistemas continentais. Desta forma, pacotes de rocha que representam antigos ambientes lacustres e fluviais serão excelentes locais para a busca de fósseis, já que os vertebrados terrestres dependem de água para viver, e, portanto, é natural encontrá-los próximos a corpos d'água.

Nos sistemas continentais, os principais depósitos onde se encontrarão vertebrados fósseis são os depósitos fluviais. Por sua grande capacidade de erosão, transporte e deposição de sedimentos, os rios são os principais agentes transformadores da paisagem. Como transformam a paisagem, alteram também o que está sobre ela, incluindo-se os restos orgânicos depositados nos sedimentos característicos do sistema fluvial. Deste modo, a tafonomia de vertebrados está intimamente relacionada com a dinâmica dos sistemas fluviais, principalmente no que diz respeito às questões do transporte e do intemperismo.

Os sistemas fluviais podem apresentar diversas classificações de acordo com a morfologia, mas de forma geral, eles apresentam quatro principais ambientes deposicionais: o canal, a margem do canal, a planície proximal e a planície distal. 

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Principais ambientes de deposição de sedimentos num sistema fluvial (modificado de www.faculty.gg.uwyo.edu).

O que acontece em termos de deposição de sedimentos nos diversos ambientes fluviais afetará diretamente a preservação dos organismos (lembrando que para um resto orgânico se tornar um fóssil, ele precisa ser soterrado!). Em dias "normais", o principal transporte e deposição de sedimentos ocorre nos canais e nas margens dos canais, sendo que as planícies permanecem muito tempo expostas, sem que nenhum sedimento chegue até elas. Nos eventos episódicos, como as grandes enchentes (aqueles que realmente carregam bastante sedimento, o suficiente para soterrar diversos restos orgânicos), o excesso de sedimento transportado pelo rio extravasa e acaba sendo depositado na planície.

Assim, na situação normal o transporte estará mais restrito aos animais que estiverem incorporados ao canal, enquanto que nas planícies o principal agente tafonômico será o intemperismo. Já em épocas de enchentes, todo o sistema será alterado pela grande quantidade de sedimentos que chegarão junto com a corrente hidráulica, e ocorrerá transporte tanto nos organismos que estiverem no canal, quanto nos que estiverem depositados nas planícies.

Para começar a elucidar a questão da transportabilidade dos ossos na água, um pesquisador chamado Voorhies (1969) estudou como ossos de mamíferos se comportavam quando transportados no canal de um rio. Com base nas suas observações, definiu três Grupos. No Grupo I encontram-se os elementos removidos quase que imediatamente pela correntes, compostos por falanges, carpais (ossinhos das mãos) e tarsais (ossinhos dos pés) , além de ossos porosos como o esterno e as vertebrais sacrais. No Grupo II se encontram os restos removidos por saltação e rolamento, como os fêmures, úmeros, tíbias, fíbulas e costelas. Por fim, no Grupo III estão os chamados "depósitos residuais", compostos por elementos pesados e pouco transportáveis como o crânio e a mandíbula.

Desta maneira, a análise dos Grupos de Voorhies é de fundamental importância para aclarar a questão da transportabilidade seletiva dos ossos. Concentrações cujo maior número de ossos pertença ao Grupo I

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englobam elementos muito transportados. As concentrações ricas em elementos esqueléticos do Grupo II podem apresentar algum grau de transporte, mas não tanto a ponto de não se poder especular sobre o local onde o animal vivia. Já as caracterizadas por restos do Grupo III por serem depósitos residuais, praticamente não sofreram transporte.

No geral, podemos relacionar as feições tafonômicas com o ambiente deposicional fluvial, portanto, algumas assinaturas tafonômicas são esperadas para cada tipo de ambiente (Quadro).

Contexto ambiental Características tafonômicas

Canal Ocorrência comum de vertebrados articulados e desarticulados

Margem Ocorrência incomum de vertebrados, quando ocorrem estão desarticulados

Planície de inundação Nos sedimentos mal drenados ocorrem peixes desarticulados e tetrápodes articulados, enquanto que na planície bem drenada ocorrem tetrápodes tanto articulados quanto desarticulados, evidência de necrofagia/carnivoria. 

Ambiente deposicional e características tafonômicas gerais das assembléias fossilíferas encontradas (com base em Behrensmeyer & Hook, 1992).

Nota-se que a relação entre o sistema fluvial e preservação dos vertebrados é bastante intrínseca e pode ser resumida da seguinte maneira: os rios alteram a paisagem e, por consequência, tudo que está nela. As assembléias fósseis terão sido mais ou menos transportadas de acordo com a proximidade do canal e da época em que este rio está (normal ou de enchentes); o intemperismo será maior em épocas normais, pois os ossos ficarão mais tempo expostos na planície antes de serem soterrados.

E os MICROFÓSSEIS ?!

Desvendar a história da vida sobre o planeta Terra desde o seu surgimento há aproximadamente 3,5

bilhões de anos atrás até os dias de hoje é o objetivo que move os ditos paleontólogos.

Restos de organismos (restos de animais, apêndices, zooplâncton, larvas, restos de plantas, sementes, esporos, grãos de pólen, fungos, protistas, bactérias, etc.) ou evidências de suas atividades que ficaram preservados nas rochas são considerados FÓSSEIS.

Geralmente o mundo dos fósseis é dividido em fósseis grandes, visíveis a olho nu, chamados macrofósseis e em fósseis microscópicos ou microfósseis, cada um com seu próprio método de coleta, preparação e estudo.

O Que São Microfósseis?

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Onde Os Microfósseis Podem Ser Encontrados?

Como Passam A Ser Microfósseis?

Que Segredos os Microfósseis Podem Revelar?

Quem Trabalha Com Micrófosseis?

Quais São Os Organismos Encontrados Entre Os Microfósseis?

LOGO o que se pode cocluir ?

Paleoecologia, Paleobiogeografia, Extinções , Paleoecologia, Icnologia, Evolução, ... ... ... !

Sub-especialização - Palinologia, ou seja, o estudo dos esporos, polens e outros restos orgânicos animais ou vegetais microscópicos modernos e fósseis trazem informações preciosas na reconstituição ambiental, na datação dos sedimentos que os contém, além de fornecer subsídios para o conhecimento do estoque florístico em certos momentos da histórica Fanerozóica. Os esporos, ou seja, restos dispersos das plantas superiores e inferiores e os polens da plantas superiores somados aos esporos de algas microscópicas que ocorrem em água doce ou salgada e de fungos constituem os palinomorfos que são extremamente úteis, pois se preservam com facilidade na maioria dos ambientes. São pequeninos, em geral 30-60 micra, são abundantes em muitos ambientes naturais. Suas estruturas internas e externas os tornam facilmente identificáveis a nível de famílias, gêneros e espécies.

O Que Todos Esses Fósseis Estão Fazendo Aqui?

SUGESTÃO : Leitura Complementar:

LAPORTE F. LAPORTE; AMBIENTES ANTIGOS DE SEDIMENTAÇÃO, Título original 1968,“Anciet Environments”, Ed.Bras. , Ed.Edgard Blücher Ltda., 1988.

ARMSTRONG, H.A; BRASIER, M.D. Microfossils. 2.ed. Oxford: Blackwell, 2005.

CARVALHO, I.S. (ed) Paleontologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

http://www2.igc.usp.br/replicas/coluna.htm

http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/escala_de_tempo_geologico.htm

http://www.ufrgs.br/geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Tempo%20Geologico.htm

jan/20010-PEKGF

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O QUE É A PALEONTOLOGIA :

RESUMO: A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas, elucidando não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos. Nas últimas décadas, a Paleontologia tem passado por uma verdadeira revolução científica, devido, em parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de se investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida em laboratório. A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje, não podendo mais ser encarada como uma ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades, já que todos interessam pela história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico, para conhecerem melhor suas origens

Palavras-chave: Evidências; Paleontologia; Passado Geológico; Revolução Científica.

1. DEFINIÇÃO

A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas (os fósseis), e elucida não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos. Para ter sucesso nesse campo o pretendente a paleontólogo precisa adquirir excelentes conhecimentos geológicos e fundamentos sólidos de biologia (FAIRCHILD, 2008). Consolidou-se como ciência no início do século XIX, com o surgimento das primeiras sociedades científicas paleontológicas, que, com a divulgação de pesquisas serviram de suporte para o pleno desenvolvimento desta ciência (CASSAB, 2004).

O termo Paleontologia, usado na literatura geológica pela primeira vez em 1834, foi formada a partir das palavras gregas: palaios= antigo, ontos= ser, logos=estudo. Já a palavra fóssil originou-se do termo latino fossilis= extraído da terra (CASSAB, 2004).

Nas últimas décadas, a Paleontologia tem passado por uma verdadeira revolução científica, devido, em parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de se investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida em laboratório. Também pode se dizer que já passaram os dias em que o paleontólogo descrevia um ossinho ou uma conchinha pelo prazer de lançar um novo nome científico na literatura especializada, pois os fósseis armazenam muito mais informação do que se imaginava antigamente (FAIRCHILD, 2008).

É claro que a descrição e identificação dos fósseis continuam importantes; afinal, essas informações fundamentam estudos de evolução e biodiversidade do passado, servindo de base para a datação e correlação temporal das rochas sedimentares. Mas cada achado também possui uma história própria, desde a morte do organismo (animal, planta ou micróbio), a passagem por todas as fases determinantes até sua transformação definitiva em fóssil, e essa história pode revelar detalhes do paleoclima, dos ambientes antigos de sedimentação e dos processos físico-químicos que afetaram os sedimentos desde sua deposição (FAIRCHILD, 2008).

Novas tecnologias, principalmente na área da "paleontologia molecular", têm propiciado avanços impressionantes na compreensão dos princípios de vida na Terra e da cronologia das inovações evolutivas subseqüentes (FAIRCHILD, 2008).

A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje.Não pode mais ser encarada como uma ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades, já que todos interessam pela história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico, para conhecerem melhor suas origens (CASSAB, 2004).

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2. FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS

Os fundamentos e a metodologia da Paleontologia fundamentam-se em 4 ciências tidas como básica (tronco): a Física, a Química, a Biologia e a Geologia. Por serem “restos” de organismos vivos, o paleontólogo busca subsídios na Biologia. Em contrapartida, é fornecido aos biólogos a dimensão temporal do estabelecimento dos ecossistemas atuais e complementos às teorias evolutivas e seu entendimento. É na Geologia que se utilizam os fósseis como ferramentas para datação e ordenação das seqüências sedimentares, interpretando os ambientes antigos de sedimentação e a identificação das mudanças ocorridas na superfície da Terra através do tempo geológico, com sua bases em processos físicos e químicos basicamente. (CASSAB, 2004).

3. RAMOS DA PALEONTOLOGIA

A Paleontologia é estudada através de duas vertentes principais:

a) Descritiva, objetivando a identificação, reconstituição e relações filogenéticas dos fósseis, com o objetivo de estabelecer as correlações cronoestratigráficas e interpretações paleoambientais e ;

b) Paleobiologia, dando ênfase à identificação das leis que atuaram em ocorrências como a origem da vida, formação e estruturação da biosfera, fenômenos de extinção e o estudo da influência dos paleoambientes na evolução dos organismos (HOFFMAN, 1990).

Há ainda, vários núcleos de estudos, tais como Paleobotânica (fósseis de plantas em geral), Paleontologia de Vertebrados, Paleontologia de Invertebrados (moluscos, braquiópodes, equinóides, conchostráceos, etc), Micropaleontologia e Paleoicnologia (icnofósseis) (CASSAB, 2004).

Dentro da Micropaleontologia, temos o estudo dos palinomorfos, foraminíferos, nanofósseis calcários, radiolários, tintinídeos, calpionelídeos, diatomáceas, dinoflagelados, ostracodes, quitinozoários e acritarcos (CARVALHO, 2004)

E ainda dentro de cada ramo, outras áreas se apresentam, tais como:

- Paleoecologia: estudo das relações dos organismos entre si e destes com o meio. Usando os componentes da fauna e flora e vários parâmetros, tenta inferir dados como profundidade, salinidade, produção orgânica, nível de oxigenação do meio e as condições climáticas da época (CASSAB, 2004).

- Tafonomia: De um modo geral, pode-se dizer que a Tafonomia nasceu da necessidade do paleontólogo em entender como os organismos e seus restos chegaram à rocha e quais foram os fatores e processos que atuaram na formação das concentrações fossilíferas. A partir daí, a Tafonomia ganhou terreno no âmbito da geologia e Paleobiologia, abrangendo processos sedimentológicos, responsáveis pela origem dessas concentrações; auxilia na determinação de camadas-guias e no estabelecimento de tafofácies, sendo também importante ferramenta na análise de bacias; na resolução temporal dos estratos fossilíferos e no estabelecimento de seqüências estratigráficas. A Tafonomia é importante também para a identificação de eventos sedimentares e causa mortis de organismos fósseis, permitindo reconstruções paleoecológicas acuradas e/ou auxiliando na determinação do padrão de comportamento social em paleocomunidades (SIMÕES e HOLZ, 2004). Estudo dos processos de transmissão dos restos biológicos (ou melhor, da informação biológica) da Biosfera do passado para a Litosfera do presente (do Gr. taphós, enterramento, sepultura e nómos, lei). A Tafonomia é a disciplina paleontológica que estuda a formação dos fósseis (a fossilização, ou seja, dos processos de inclusão dos restos biológicos em contextos geológicos) e da formação das jazidas fossilíferas, O termo "Tafonomia" foi introduzido pelo paleontólogo soviético (russo) Iván Antónovitch Efrémov em 1940. Foi criado para designar uma nova disciplina da Paleontologia, por ele estruturada, dedicada ao estudo dos processos de formação dos fósseis. Contudo, estudos de natureza "tafonómica" já há muito que eram conduzidos por outros paleontólogos.

Page 28: Apostila Introd Paleont

- Sistemática: classificação e agrupamento dos organismos com base na análise comparativa de seus atributos e nas relações entre eles (CASSAB, 2004).

- Paleoetologia: Dentre os diversos ramos do estudo do comportamento animal, a Paleoetologia e, mais especificamente, a Paleotanatose é um estimulante, fértil e novo campo de pesquisa. Tendo como ferramentas a Paleoecologia, a Paleoicnologia, a Paleobiomecânica e a Tafonomia, subdisciplinas da Paleontologia, é possível inferir aspectos paleocomportamentais e, dentro deste escopo, aliado à riqueza de nossos jazigos fossilíferos e excelência de preservação, principalmente em inclusões em âmbar, é possível, inferir Paleotanatose em artrópodes. A capacidade de enrolamento em artrópodes atuais é fator gerador de inúmeros padrões comportamentais, entre eles, a tanatose, ou a capacidade de fingir-se de morto. A mesma capacidade presente em ancestrais permite, por homologia, inferir que tais como outros comportamentos usuais, como padrão de coloração, capacidade de produzir som e o de saltar, a Paleotanatose tem também uma longa história geológica (FILIPE, 2007).

Paleoclimatologia, paleometeorologia, etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, I.S.. 2004. Sumário. In: Carvalho, I.S.. (ed). Paleontologia. Vol 1. Rio de Janeiro: Interciência.

CASSAB, R.C.T.. 2004. Objetivos e Princípios. In: Carvalho, I.S.. (ed). Paleontologia. Vol 1. Rio de Janeiro: Interciência – cap 1, p. 3-11.

FAIRCHILD, T.R.. 2008. De Volta ao passado: Paleontologia e paleontólogos. Disponível em: <http://www.igc.usp.br/geologia/de_volta_ao_passado.php>. Acessado em: 25 Jul. 2008.

FILIPE, C.H.O.. 2007. A paleoetologia e a tafonomia como ferramentas para o estudo de casos de evidências de Tanatose em Artrópodes fósseis. 41p. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia – Graduação em Ciências Biológicas). Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.

HOFFMAN, A.. 1990. The past decade and the future. In: BRIGGS, D.E.G.; CROWTHER, P.R. (eds.). Palaeobiology: A Synthesis. Cambridge: Blackwell Scientific Publications. Cap. 6.5.4, p. 550-555.

SIMÕES, M. G.; HOLZ, M. Tafonomia: processos e ambientes de fossilização. In: CARVALHO, Ismar de Souza. (Ed.). Paleontologia. Rio de janeiro: Interciência, 2004, v. 1, n. 3, cap. 3, p. 19-45.

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