apostila final balabhadra

76
em 25 Lições bhakti Chandramukha Swami

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sobre apostila balabhadra.

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  • em 25 Liesbhakti

    Chandramukha Swami

  • em 25 Liesbhakti

    Estas 25 lies sobre o yoga devocional (bhakti) fazem parte do

    material didtico dos grupos de discusso denominados Lapidar, um

    projeto da ISKCON, Sociedade Internacional da Conscincia de

    Krishna, coordenado por Chandramukha Swami, e que tem como

    fundador e mestre Sua Divina Graa A. C. Bhaktivedanta Swami

    Prabhupada. Estes textos baseiam-se nos seus divinos ensinamentos

    e a ele so dedicados com profunda gratido.

    Textos: Chandramukha Swami (contato: [email protected])

    Reviso: Dhira Chaitanya

    Os interessados em obter os livros de Sua Divina Graa A. C.

    Bhaktivedanta Swami Prabhupada ou outros livros sobre a

    Conscincia de Krishna so convidados a visitarem os websites

    www.bbt.org.br e www.sankirtana.com.br

    A reproduo integral ou parcial desses textos so permitidas,

    desde que seja citada a fonte.

    lapidarbrasil.com | facebook.com/lapidarbrasil

    Agradecimentos especiais a todos

    aqueles que tm participado

    ativamente. Em especial Daiva Jna e

    Yamuna (Caxias do Sul),

    Liladas, Uddhava Mitra e Prema

    Kirtana (Porto Alegre), Marcos

    Donaduce e Giovana (Viamo), Ananda

    Canuto, Sonia Wild e Cristian

    (Londrina), Deva Yajna, Abhiceta e

    Rasananda (Guarulhos), Nama-Shakti

    (Trememb), Radhika Prasada

    (Taubat), Sarvabhauma e Yogindra

    (So Jos dos Campos), Daniel

    Perdigo e Jamile (So Carlos), Mrcia

    Regina Janurio (Araraquara), a turma

    da Unicamp de Campinas, Martha

    Leiros, Marcelo e Krishna Chandra

    (Terespolis), Tulasi Bhakti e

    Radharani (Paty de Alferes), Nila

    Madhava, Daru Krishna, Nilacala e

    Jnior (Niteri), Raja Rama e Mariana

    (Bauru), Parama Purusha (Petrolina),

    Vasudeva, Prana Natha e

    Damodara (Manaus), Suniti e

    Sarvanubhuti (Belm), Nityananda

    Raya, Nrsimhananda, Dhira Caitanya,

    Balabhadra, Carmen, Dana Raja,

    Gustavo etc.

  • CARO LEITOR, 05.

    A MISSO LAPIDAR, 06.

    SEO 1

    01. A VIBRAO TRANSCENDENTAL DO MAHA-MANTRA, 08 | O cantar cumpre todos os propsitos dos

    Vedas, 09 | Nada pode ser mais eficiente, 10.

    02. A AUTORIDADE DOS VEDAS E AS GLRIAS DA GITA, 11 | A Gt no contexto vdico, 11 | A escolha do

    cenrio, 12 | A batalha entre o bem e o mal, 13.

    03. SABOREANDO UM GOSTO SUPERIOR, 14 | A busca natural pelo prazer, 15 | A alma tambm plena

    de bem-aventurana, 15.

    04. PERCEBENDO A PRESENA DO ABSOLUTO, 17 | Tudo manifestao do poder do Senhor, 18 | A

    Superalma est em todo tomo, 18.

    05. O VALOR DA ASSOCIAO DOS DEVOTOS, 19 | Libertao das concepes materiais, 19 | As

    caractersticas dos devotos, 19.

    SEO 2

    06. PRINCIPAIS CANES DEVOCIONAIS, 22 | Prabhupda praati, 22 | Panca-tattva mantra, 23 | Mah-

    mantra, 23 | Jay Rdh-Mdhava, 23.

    07. O QUE BHAKTI?, 24 | Um fluxo ininterrupto de amor a Deus, 24 | Um cultivo transcendental,

    24 | Sem a influncia da especulao e sem a busca por recompensas, 25 | A mais sublime

    experincia humana, 26.

    08. CONQUISTANDO A MENTE, 27 | A harmonia perfeita entre a alma e a Superalma, 27 | O perigo da

    contemplao dos objetos mundanos, 28.

    09. O CONCEITO DO SAGRADO NO COTIDIANO, 29 | Um mtodo simples e sublime, 29 | Oferecendo os

    frutos das aes, 30.

    10. DIGA-ME COM QUEM ANDAS, 31 | Os corvos e os cisnes, 31 | Transferindo os apegos, 31 | A

    principal funo do devoto, 32.

    SEO 3

    11. O CANTO REPETITIVO DO MANTRA, 34 | Evidncias dos astras, 34 | Evidncias dos sdhus, 34 |

    Evidncias do guru, 34 | Algumas dicas, 35.

    12. O CULTIVO DO AMOR A DEUS, 36 | A ocupao prtica dos sentidos, 36 | O prazer espiritual vir

    automaticamente, 37.

    13. PROTEGENDO-SE DO KARMA, 38 | O principal beneficirio, 38 | O sacrifcio da era atual, 39 |

    Cumprindo todos os propsitos dos sacrifcios, 39.

    14. INTRODUZINDO O AVATARA CAITANYA, 40 | Entendendo o conceito de avatra, 40 | A misso de

    Caitanya, 40 | Os ensinamentos de Caitanya, 41.

    15. DIKSA, A INICIAO ESPIRITUAL, 42 | Egosmo centralizado e estendido, 42 | Renascimento

    espiritual, 42 | A verdadeira iniciao espiritual, 43.

    SEO 4

    16. A NATUREZA ABSOLUTA DO SANTO NOME, 46 | A mais dinmica forma de espiritualidade, 46 |

    Somente o Senhor possui a supremacia, 46 | Esforando-se para cantar com pureza, 47.

    17. ENTENDENDO O EU VERDADEIRO, 48 | Uma existncia relativa, 48 | A partcula atmica e

    infinitesimal, 48 | A individualidade eterna, 49 .

    S u m r i o

    07

    21

    33

    45

  • 18. AUSTERIDADE E VERACIDADE, 50 | Tapsya, o pilar da austeridade, 50 | Satyam, o pilar da

    veracidade, 51.

    19. A ENTREGA AMOROSA, 52 | As seis diretrizes, 52 | Uma ligao ntima com o Senhor, 53.

    20. AS QUALIDADES DE UM VERDADEIRO DEVOTO, 54 | O sofrimento no passa de um sonho, 54 | Os

    processos direto e indireto, 55 | Caractersticas apreciadas pelo Senhor, 55.

    SEO 5

    21. ESTGIOS DO CANTAR DOS SANTOS NOMES, 54 | O sol do santo nome e as nuvens da ignorncia, 58 |

    Trs tipos de maus-hbitos, 58 | As glrias do estgio intermedirio, 59.

    22. AS CINCO VERDADES ESSENCIAIS, 60 | Jva, o ser vivo, 55 | Prakti, a natureza material, 60 | Os trs

    modos da natureza, 60 | Karma, as atividades, 61 | Kla, o tempo eterno, 61 | vara, o Controlador

    Absoluto, 62.

    23. PUREZA E NO-VIOLNCIA, 64 | aucam, o pilar da pureza, 64 | Ahimsa, o pilar da no-violncia, 65.

    24. A FORMA TRANSCENDENTAL DA DEIDADE, 66 | No h diferena entre o Senhor e a Deidade, 66 |

    Aprendendo a se relacionar com o Senhor, 66 | A misericrdia especial, 67 | A diferena entre

    idolatria e servio s Deidades, 68.

    25. A RELAO DE MESTRE E DISCPULO, 69 | Disciplinas voluntrias em prol da autorrealizao, 69 | O

    guru deve estar fixo no servio ao Senhor, 69 | Por favor, me instrua, 70.

    REPASSAR A EXPERINCIA, 71.

    GLOSSRIO, 74.

    57

  • C a r o L e i t o r

    05

    nquanto palestrvamos no

    Eano passado em diferentes lugares, tivemos a grata surpresa de constatar quo

    sedentas as pessoas esto pela

    alternativa de vida proposta pelo

    caminho de bhakti. Nossos eventos

    ocorriam basicamente em espaos

    de yoga e universidades, onde boa

    parte do pblico j tinha ouvido

    falar da Bhagavad-gt e do Vednta.

    Na maioria das vezes, eram pessoas

    f i l i a d a s a a l g u m g r u p o

    espiritualista ou comprometidas

    com alguma modalidade do yoga e,

    portanto, tinham mentes e

    coraes abertos. Como evidncia

    de seu interesse pelo yoga da

    devoo, muitos deles adquiriam

    livros e indagavam como poderiam

    d a r c o n t i n u i d a d e q u e l a

    experincia. Isso nos levou a criar

    um mecanismo que pudesse

    transmitir os pontos essenciais de

    b h a k t i d e fo r m a d i d t i c a ,

    sistemtica e com linguagem

    universal. Desse modo, juntamos

    os interessados de cada cidade e

    criamos vrios grupos, que

    passaram a se reunir semanal ou

    quinzenalmente.

    Como estamos falando de um

    conhecimento que tem sido

    praticado na ndia h tempos

    imemoriais, fcil entender quo

    grande a influncia cultural e

    tnica que ele tem recebido desse

    pas que tem um modo particular

    de vida, voltado ao misticismo.

    Considerando isso, sugerimos que

    os grupos no se restringissem

    meramente ao estudo, mas

    discutissem amplamente sua

    aplicao prtica no nosso

    cotidiano. Se por um lado, devemos

    tomar o devido cuidado para que a

    essncia do conhecimento no seja

    alterada, por outro, importante

    ficarmos atentos para que no seja

    dada importncia exagerada a

    alguns detalhes da cultura indiana,

    principalmente queles que, para

    ns, ocidentais, so de difcil

    aplicao. A proposta tem sido

    recebida com muito entusiasmo e,

    em poucos meses, vrios grupos

    foram espalhados pelo Brasil,

    enquanto muitos outros esperam

    ansiosamente seu incio. A esses

    grupos, demos um nome bastante

    sugestivo: Lapidar, j que cada

    uma das letras dessa palavra

    representa os principais temas de

    nossos estudos: L: limpeza do

    corao, A: autoconhecimento, P:

    proteo espiritual, ID: interao

    com Deus, A: associao favorvel,

    R: repassar a experincia.

    Durante sua leitura, voc ir

    constatar que as lies se referem

    especificamente aos 5 primeiros

    temas. E, como so 5 lies para

    cada tema, temos um total de 25

    lies. Para sistematizar melhor as

    lies, decidimos formar uma seo

    com cada grupo de 5 lies. No que

    se refere ao ltimo item, repassar a

    experincia, como ele de

    natureza muito especfica, no

    vimos a necessidade de dar-lhe a

    mesma ateno que os outros 5

    itens receberam. Mas, por se tratar

    de um assunto igualmente

    importante, ao final do livro

    dedicamos um captulo especial

    para ele.

    No final de cada seo, h

    tambm um resumo de cada uma

    das 5 lies que formam a

    respectiva seo (esses resumos

    servem como base da discusso

    durante as reunies dos grupos

    Lapidar). O que recomendamos

    que os componentes do grupo

    leiam o texto completo de cada

    lio na semana que haver a

    reunio. O ideal que eles

    aproveitem a leitura antecipada

    para anotarem suas dvidas e

    comentrios. Isso ajudar muito no

    d i n a m i s m o d a r e u n i o .

    Gostaramos de ressaltar que todo o

    material disponibilizado atravs

    dessas 25 lies se fundamenta na

    tradio dos Vedas e nos preceitos

    dos mestres antecessores da linha

    devocional, principalmente nos

    ensinamentos de Sua Divina Graa

    A. C. Bhaktivedanta Swami

    Prabhupda, o fundador e mestre da

    ISKCON (International Society for

    Krishna Consciousness), da qual

    temos o privilgio de pertencer.

    A este maravilhoso mestre e

    inquestionvel lapidador de almas,

    conhecido como rla Prabhupda,

    deixamos aqui registrado a nossa

    profunda admirao e oferecemos

    os nossos respeitos e reverncias.

    Na verdade, esse trabalho nossa

    humilde oferenda a ele, que fundou

    sua instituio transcendental em

    agosto de 1965.

    Como estamos falando

    de um conhecimento

    que tem sido praticado

    na ndia h tempos

    imemoriais, fcil

    entender quo grande

    a influncia cultural e

    tnica que ele tem

    recebido desse pas

    que tem um modo

    particular de vida,

    voltado ao misticismo.

    Considerando isso,

    sugerimos que os

    grupos no se

    restringissem

    meramente ao estudo,

    mas discutissem

    amplamente sua

    aplicao prtica no

    nosso cotidiano.

  • Segue abaixo as trs principais

    diretrizes da Misso Lapidar, a qual

    se coaduna com os propsitos do

    mestre, pois se destina a espalhar a

    cincia de bhakti de acordo com

    seus divinos ensinamentos:

    1. Com profundo respeito por todas

    as convices f i losf icas e

    religiosas, criar e manter grupos de

    pessoas que tenham interesse em

    discutir a aplicao prtica da

    cincia universal de bhakti no

    cotidiano do homem moderno.

    2. Divulgar os ensinamentos da

    Bhagavad-git e demais escrituras

    vdicas, de modo sistemtico e,

    a s s i m , a j u d a r a p r o p a g a r

    verdadeiros valores humanos,

    proporcionar equilbrio emocional

    e encorajamento espiritual.

    3. Disseminar a ideia de que todo ser

    vivo uma centelha da Divindade

    S u p r e m a , u m d i a m a n t e

    transcendental que pode ser

    lapidado atravs de prticas de vida

    simples e de pensamento elevado.

    Se procurarmos a palavra

    lapidar nos dicionrios, veremos

    que ela carrega em si alguns

    conceitos muito expressivos. No

    que se refere s pedras preciosas,

    essa palavra est ligada a talhar,

    polir, lavrar e aperfeioar. Mas, ela

    tambm pode ser traduzida como

    educar, cultivar e, novamente,

    polir e aperfeioar. Por isso, uma

    pessoa educada chamada de

    polida. Na nossa logomarca,

    inserimos a imagem do diamante

    na palma de uma mo singela e

    multicolorida, que representa a

    mo magnnima do Criador. Ela se

    encontra aberta e, num gesto

    mstico, est nos oferecendo suas

    bnos.

    Como sabemos, o diamante o

    mais precioso dos minerais. Sua

    in igua lve l prec ios idade

    explicada pelo fato de ele ser o mais

    antigo de todos os materiais

    existentes na Terra e, ao mesmo

    tempo, o ma i s re s i s tente .

    Curiosamente, quando refletimos

    no verdadeiro ser que habita no

    ntimo de cada entidade viva, nos

    deparamos com um ponto

    fundamental que sugere uma bela

    analogia: o corpo nada mais do

    que a mera cobertura do verdadeiro

    Eu, que pode ser comparado a um

    diamante espiritual, infinitamente

    precioso, eterno e imutvel.

    Segundo a Bhagavad-gt, o livro

    que nos serve como principal (1)

    referncia , o Eu verdadeiro a

    conscincia, aquilo que d vida ao

    corpo. Portanto, nada pode ser

    mais precioso do que ela .

    Diferentemente do corpo, que

    feito de matria, a conscincia (ou a

    alma) de natureza espiritual

    eterna, o que significa dizer que ela

    sempre existiu e sempre existir.

    Portanto, a alma mais antiga do

    que o primeiro diamante da Terra!

    Mas, ser que, alm de preciosa e

    e te rna , a a lma t ambm

    resistente? ...Segundo a Gt, nada

    mais resistente do que a alma,

    pois ela imutvel e nada desse

    mundo pode afet-la ou destru-la.

    Vamos ref letir sobre as suas (2)

    qualidades :

    Para a alma, em tempo algum,

    existe criao ou destruio. Ela

    no passou a existir ou passar a

    existir a partir de um momento da

    histria. Ela no-nascida, eterna,

    sempiterna, primordial e no

    morre juntamente com o corpo (...)

    Ela no pode ser ferida por

    nenhuma arma, queimada pelo

    fogo, umedecida pela gua ou

    definhada pelo vento. Ela

    i n q u e b rve l , i n d i s s o l ve l ,

    permanente, imutvel e est em

    toda parte.

    1. Com profundo

    respeito por todas as

    convices filosficas e

    religiosas, criar grupos

    com interesse em

    discutir a aplicao

    prtica da cincia

    universal de bhakti no

    cotidiano do homem

    moderno.

    2. Divulgar os

    ensinamentos da

    Bhagavad-gita e demais

    escrituras vdicas de

    modo sistemtico e,

    assim, ajudar a

    propagar verdadeiros

    valores humanos,

    proporcionar equilbrio

    emocional e

    encorajamento

    espiritual.

    3. Disseminar a ideia de

    que todo ser vivo uma

    centelha da Divindade

    Suprema, um diamante

    transcendental que

    pode ser lapidado

    atravs de prticas de

    vida simples e de

    pensamento elevado.

    06

    A m i s s o L a p i d a r

  • S E O 0 1

    07

    O sucesso nos diferentes empreendimentos depende muito da dedicao, do

    entusiasmo e da pacincia da pessoa, que so frutos da confiana. Isso no

    diferente no que diz respeito espiritualidade. Portanto, para seguir seu

    caminho com confiana e firmeza, o aspirante precisa saber onde est pisando,

    tem que conhecer os obstculos que eventualmente iro surgir e, ao mesmo

    tempo, precisa estar preparado para agir quando se defrontar com eles. De fato,

    preciso muita compreenso e discernimento para no se exaltar ou se

    deprimir desnecessariamente.

    ma confiana baseada em

    Ure f e r n c i a s f a l s a s o u insuficientes pode levar a pessoa a se super estimar e a criar

    uma entusiasmo sem fundamento,

    o que ir prend-la nas armadilhas

    do ego falso. Por outro lado, por

    falta de compreenso espiritual

    adequada, uma pessoa pode

    esmorecer e naufragar num mar de

    dvidas e desnimo. De fato, sem

    bom senso, a possibilidade da

    desistncia ou da confiana

    exagerada ser um fato concreto.

    Logo, o propsito dessa seo,

    composta pelas 5 primeiras lies,

    dar subsdios para que o aspirante

    em bhakti possa entender melhor

    esse no caminho para seguir sua

    jornada com confiana equilibrada.

    I n d e p e n d e n t e m e n t e d o

    segmento espiritual escolhido por

    algum, todos precisam de

    referncia das diferentes escrituras

    r e ve l a d a s , b e m co m o d a s

    experincias anteriores das

    grandes almas que, por terem

    seguido as diretrizes escriturais,

    obtiveram resultados maravi-

    lhosos. Por isso, Ka afirma que

    muitas pessoas no passado, atravs

    das prticas devocionais do bhakti-

    yoga, puderam superar os trs

    principais obstculos da vida: o

    apego, o medo e a ira (Gt 4.10) e

    despertaram sua conscincia

    transcendental. Ele revela tambm

    quais so os dois segredos da vida

    espiritual: conhecimento (jna) e

    austeridade (tapas). Trata-se de

    uma combinao perfeita. Por um

    lado, a pessoa cultiva seriamente o

    conhecimento transcendental e,

    por outro, aplica-o na sua vida

    pessoal. Essa postura to eficiente

    que, mesmo hoje em dia, quando

    observamos os resultados daqueles

    que esto aplicando essa frmula,

    constatamos o sucesso de sua

    aplicabilidade. De qualquer modo,

    devemos cons iderar que o

    conhecimento transcendental

    apresentado nessas 25 lies

    universal, milenar e j passou pelas

    difceis provas do tempo e da

    contextualizao. Embora, nos

    diferentes momentos da histria

    humana, o tempo, o lugar e as

    circunstncias sejam diferentes,

    e n te n d e m o s q u e t a n to o s

    problemas quanto as solues so

    sempre as mesmas.

    Problemas materiais, solues

    espirituais, dizia o mestre. A ideia

    que, embora as solues materiais

    tragam tambm alguns valiosos

    benefcios, elas no solucionam

    definitivamente os problemas, pois

    dificilmente atuam na eliminao

    da verdadeira causa: a falta de

    conscincia de Deus. Por isso, o

    mestre tambm comparava as

    solues materiais com o ato de

    s o p r a r o f u r n c u l o. D e

    qualquer modo, a confiana e o

    entusiasmo na vida espiritual so

    frutos de experincias pessoais,

    pois a fora para eliminar os maus-

    hbitos depende de um trabalho

    interior, que onde acontecem as

    mudanas de paradigmas.

    Problemas materiais,

    solues espirituais,

    dizia o mestre.

    No h como negar que

    as solues materiais

    trazem tambm alguns

    valiosos benefcios, mas

    geralmente elas no

    solucionam

    definitivamente os

    problemas, pois

    dificilmente atuam na

    eliminao da

    verdadeira causa:

    a falta de conscincia

    de Deus.

  • L I O 01

    A v i b r a o t r a n s c e n d e n t a l d o m a h a - m a n t r a

    Desde o primeiro contato da

    pessoa com o conhecimento

    vdico, quando um mundo novo se

    descortina, ela se v diante de

    diversas modalidades de yoga e

    diferentes mtodos de meditao,

    ambos acompanhados de uma

    infinidade de mantras. Alguns

    desses mantras se destinam a obter

    bnos materiais dos semideuses,

    outros proteo do corpo e da

    mente. Alguns garantem eficincia

    no combate dos inimigos, outros

    oferecem cura s doenas. Embora

    haja vrias promessas, bom saber

    que existem mantras que oferecem

    muito mais do que benefcios

    temporrios efmeros. So mantras

    que podem ajudar o ser vivo a

    escapar do ciclo interminvel de

    nascimentos e mortes e transferi-lo

    ao mundo espiritual, assegurando-

    lhe uma posio permanente e de

    plena bem-aventurana. Um

    desses mantras o Hare Ka,

    tambm conhecido como mah-

    mantra, o grande cntico da

    libertao.

    As trs palavras contidas nesse

    poderoso mantra so referncias

    diretas ao Absoluto e s Suas

    e n e rg i a s e , p o r t a n to , s o

    i n d i s c u t v e i s a g e n t e s d e

    purificao. De fato, quem pratica

    com regularidade esse canto

    transcendental pode experimentar

    o desvanecimento gradual das

    i m p u re z a s q u e h av i a m s e

    acumulado na mente. Entretanto, a

    sua atuao no se limita a isso.

    Depois dessa purificao inicial, os

    santos nomes passam a penetrar

    delicadamente a conscincia do ser

    vivo e agem de modo a produzir o

    despertar de sua natureza

    constitucional.

    Como esse surpreendente e

    maravilhoso processo acontece

    explicado filosoficamente por rla

    Prabhupda. A explicao que

    daremos a seguir est baseada em (1)

    seus ensinamentos :

    A v ibrao t ranscendenta l

    estabelecida pelo canto de Hare

    Ka Hare Ka Ka Ka Hare

    Hare | Hare Rma Hare Rma Rma

    Rma Hare Hare o mtodo sublime

    para revivermos nossa conscincia

    de Ka.

    A ideia que o cantar ajuda o ser

    vivo a reviver sua conscincia

    original e verdadeira, que agora est

    encoberta pela poluio da

    atmosfera material. Em outras

    palavras, todo ser vivo uma alma

    e s p i r i t u a l o r i g i n a l m e n t e

    consciente de Deus, mas, por viver

    na atmosfera material de my

    (iluso), insiste na tentativa v de

    ser o senhor da natureza material.

    My significa aquilo que no .

    Um bom exemplo dessa my

    acontece quando o ser vivo, em

    nome de tentar explorar os recursos

    da natureza material, acaba se

    enredando em suas complexidades

    e fica cada vez mais dependente

    dela. Essa mentalidade ilusria

    pode ser removida pelo cantar

    constante do mah-mantra, ou o

    grande cntico da libertao da

    mente. rla Prabhupda continua a (2)

    explicar :

    Por experincia prtica tambm, a

    pessoa pode perceber que,

    cantando este mah-mantra, ela

    pode de imediato sentir um xtase

    transcendental proveniente da

    camada espiritual. E quando estiver

    r e a l m e n t e n o p l a n o d e

    c o m p r e e n s o e s p i r i t u a l

    superando as fases dos sentidos,

    mente e inteligncia , ela situa-se

    no plano transcendental.

    Como provm diretamente da

    plataforma espiritual, o mantra

    Hare Ka ajuda o praticante

    sincero a sentir seus efeitos

    08

    Alguns mantras se

    destinam a obter

    bnos dos

    semideuses, outros

    proteo do corpo e da

    mente. Alguns garantem

    eficincia no combate

    dos inimigos, outros

    oferecem cura s

    doenas. Mas, existem

    mantras que oferecem

    muito mais do que

    benefcios temporrios

    efmeros, pois podem

    ajudar o ser vivo a

    escapar do ciclo e

    nascimentos e mortes e

    transferi-lo ao mundo

    espiritual, assegurando-

    lhe uma posio

    permanente e de plena

    bem-aventurana.

  • O CANTAR CUMPRE TODOS OS

    PROPSITOS DOS VEDAS

    J que a literatura vdica

    tambm prope uma variedade de

    prticas espirituais, tais como yoga,

    meditao e diferentes sacrifcios e

    austeridades, algum poder

    questionar se o cantar um

    processo completo. Em resposta, (4)

    podemos citar a Gt que garante

    que o cantar do santo nome cumpre

    todos os propsitos dos Vedas:

    Todos os propsitos satisfeitos por

    u m p o o p e q u e n o p o d e m

    imediatamente ser satisfeitos por

    um grande reservatrio d'gua.

    Similarmente, todos os propsitos

    dos Vedas so cumpridos para

    aquele que conhece o propsito

    subjacente.

    Sobre esse ponto, h duas

    consideraes importantes. Uma

    que os diferentes rituais e

    sacrif cios mencionados na

    literatura vdica tem como

    finalidade o encorajamento do

    desenvolvimento gradual da

    autorrealizao. A outra que a

    etapa em que a entidade viva

    individual revive sua conscincia

    de Ka a mais elevada perfeio

    do conhecimento vdico. Ora, se o

    cantar se destina especificamente a

    esse reviver da conscincia, no h

    necessidade de outro mtodo alm

    dele. As seguintes palavras (5)

    confirmam isso :

    meu Senhor, uma pessoa que

    esteja cantando Seu santo nome,

    embora nascida em famlia inferior

    como a de um cala (comedor de

    ces), est situada na mais elevada

    plataforma da autorrealizao. Essa

    pessoa deve ter executado todas as

    espcies de penitncias e sacrifcios

    segundo os rituais vdicos e, tendo

    tomado seu banho em todos os

    lugares santos de peregrinao, na

    certa estudou os textos vdicos

    muitssimas vezes. Tal pessoa

    considerada a melhor da famlia

    ariana.

    09

    extticos. Superando passo a passo

    as trs camadas inferiores de

    conscincia a corprea ou

    sensual, a mental e a intelectual a

    pessoa atinge a plataforma

    transcendental. Para finalizar sua

    explicao do mah-mantra, rla (3)

    Prabhupda diz :

    A palavra Har a forma de dirigir-

    se energia do Senhor, e as palavras

    Ka e Rma so formas de se

    dirigir ao prprio Ka. Tanto

    Ka quanto Rma significam o

    prazer supremo, e Har a suprema

    energia de prazer do Senhor,

    modificada para Hare no vocativo.

    A suprema energia de prazer do

    Senhor ajuda-nos a alcanar o

    Senhor.

    A energia material, chamada my,

    tambm uma das multifrias

    energias do Senhor. E ns, as

    entidades vivas, tambm somos

    uma energia a energia marginal

    do Senhor. As entidades vivas so

    descritas como superiores energia

    material.

    Quando a energia superior est em

    contato com a energia inferior, uma

    situao incompatvel surge, mas

    quando a energia marginal superior

    est em contato com a energia

    superior, chamada Har, a entidade

    viva se estabelece em sua condio

    normal e feliz.

    Essas trs palavras, a saber, Hare,

    Ka e Rma, so as sementes

    transcendentais do mah-mantra. O

    canto uma maneira espiritual de

    dirigir-se ao Senhor e Sua energia

    interna, Har, pedindo-Lhes que

    d e e m p r o t e o a l m a

    condicionada.

    Esse canto exatamente como o

    choro genuno de uma criana por

    sua me. A me Har auxilia o

    devoto a alcanar a graa do

    supremo pai Hari, ou Ka, e o

    Senhor Se revela ao devoto que

    canta esse mantra sinceramente.

    Nenhum outro mtodo de

    percepo espiritual, portanto,

    to eficaz nesta era quanto o canto

    do mah-mantra: Hare Ka Hare

    Ka Ka Ka Hare Hare | Hare

    Rma Hare Rma Rma Rma Hare

    Hare.

    rla Prabhupda explica ainda

    que os sintomas de uma pessoa

    realmente inteligente, e que

    compreende o propsito dos Vedas,

    que ele no se deixa apegar apenas

    aos seus rituais e rejeita a ideia de se

    elevar aos reinos celestiais visando

    uma qua l idade melhor de

    satisfao dos sentidos.

    Especialmente nesta era, um

    homem comum incapaz de seguir

    todas as regras e regulaes dos

    rituais vdicos e de estudar

    exaustivamente as escrituras

    avanadas como o Vednta e as

    Upaniads, pois ele carece de

    recursos para por em prtica os

    propsitos dos Vedas. A concluso

    que o melhor propsito da cultura

    vdica alcanado cantando o

    santo nome do Senhor, como foi

    re co m e n d a d o p e l o S e n h o r

    Caitanya:

    Como a maioria da populao no

    recebe treinamento espiritual,

    cumpre melhor o propsito dos

    Vedas quem canta puramente o

    santo nome do Senhor. Vednta a

    ltima palavra em sabedoria vdica,

    e o autor e conhecedor da filosofia

    vednta o Senhor Ka; e o maior

    vedantista a grande alma que

    Quando a energia

    superior est em

    contato com a energia

    inferior, uma situao

    incompatvel surge, mas

    quando a energia

    marginal superior est

    em contato com a

    energia superior,

    chamada Hara, a

    entidade viva se

    estabelece em sua

    condio normal e feliz.

    Bhakti em 25 lies

  • quando a maioria leva a vida

    afastada da meditao, dos

    sacrifcios vdicos e da adorao s

    Deidades, a possibilidade de

    liberao atravs desses trs

    processos se tornou praticamente

    nula. Em outras palavras, estamos

    em grande desvantagem, pois,

    alm do nosso tempo ser reduzido,

    somos afligidos frequentemente

    por doenas fsicas e emocionais.

    Na realidade, o cultivo da filosofia,

    as prticas do yoga mstico ou a

    e specu lao f i los f i ca so

    insuficientes para nos livrar dos

    maus-hbitos.

    Com a influncia nefasta desta

    era, os grupos religiosos ou ligados

    s atividades caritativas se

    tornaram carentes de fora

    espiritual e, geralmente, em vez de

    serem realizados para purificar a

    conscincia, se destinam ao mero

    desfrute. Se, nos dias de hoje, j

    d i f c i l e n c o n t r a r p e s s o a s

    interessadas em entender o

    verdadeiro significado de vida

    espiritual, o que dizer encontrar

    algum que se disponha a aplicar

    com determinao as respectivas

    disciplinas? Isso para no dizer que

    existem obstculos que so

    praticamente intransponveis.

    Portanto, devido a esse panorama

    to desfavorvel, o bondoso Senhor

    Se compadece e, assim, Se oferece

    atravs do krtana, ou o cantar dos

    santos nomes.

    O cantar dos santos nomes

    tanto o processo (sdhana) quanto

    o objetivo (sdhya). No que se refere

    a faci l i tar a l iberao dos

    praticantes (sdhakas), nada pode

    ser mais eficiente do que esse

    mtodo. Na verdade, mesmo que as

    pessoas fortemente enredadas nos

    assuntos mundanos encontrem

    dificuldade em adotar o sdhana

    com a devida seriedade, qualquer

    pequeno esforo nesse cantar

    poder produzir verdadeiros

    milagres. Isso ocorre porque os

    santos nomes de Ka so

    comparados a uma rvore-dos-

    desejos transcendental que

    outorga diferentes bnos aos

    mais variados praticantes. Por

    exemplo, atravs do cantar, um

    materialista poder alcanar

    verdadeira religiosidade, fortuna,

    desfrute e at a liberao. Mas, as

    almas purificadas e entregues aos

    ps de ltus do Senhor recebem da

    rvore-dos-desejos dos santos

    nomes a meta suprema da vida:

    ka-prema, amor puro por Ka!

    Como Ka e Seu nome so

    absolutamente idnticos, uma

    nica Verdade Absoluta, tudo est

    contido e includo nele e faz dele a

    m a i s d i n m i c a f o r m a d e

    espiritualidade. A vibrao dos

    santos nomes manifesta bondade

    espiritual plena, pois personifica a

    doura mais elevada. Nesta era, o

    som transcendental dos nomes do

    Absoluto veio ao mundo para

    ajudar o praticante a se familiarizar

    com os demais aspectos do

    Absoluto: Sua forma transcen-

    dental, qualidades divinas e

    atividades inconcebveis. Como

    Ka o Absoluto, Sua forma

    s i n g u l a r m e n t e b e l a , S u a s

    qualidades e passatempos so

    idnticos a Ele. O cantar do nome

    de Ka, portanto, o agente

    poderoso que conecta o praticante

    Sua bela forma, s Suas

    qualidades e demais atributos e

    preenche seu corao com

    harmonia plena.

    (1, 2 e 3) Canes Vainavas (pg. 14 e 15).

    (4) yvn artha udapne... (Gt 2.46).

    (5) aho bata va-paco 'to gariyn... (Bhg. 3.33.7).

    10

    sente prazer em cantar o santo

    nome do Senhor. Esse o objetivo

    ltimo de todo o misticismo vdico.

    NADA PODE SER MAIS EFICIENTE

    O processo de autorrealizao

    na era de Satya consistia na

    meditao. Numa atmosfera

    plenamente favorvel, os sbios se

    concentravam profundamente no

    Senhor do corao. Quando

    alcanavam a pureza espiritual,

    eles eram premiados com o tesouro

    de bhakti. Na era de Tret, o sucesso

    espiritual consistia em satisfazer o

    Senhor atravs da execuo de

    s a c r i f c i o s e x t r e m a m e n t e

    impecveis, enquanto na era de

    Dvpara, o Senhor concedia

    devoo pura queles que aderiam

    perfeitamente senda da adorao

    Deidade. Mas, nesta era de Kali,

    Mesmo que as pessoas

    fortemente enredadas

    nos assuntos mundanos

    encontrem dificuldade

    em adotar o sadhana

    (disciplinas) com a

    devida seriedade,

    qualquer pequeno

    esforo nesse cantar

    poder produzir

    verdadeiros milagres.

    Isso ocorre porque os

    santos nomes de

    Krishna so comparados

    a uma rvore-dos-

    desejos transcendental

    que outorga diferentes

    bnos aos mais

    variados praticantes.

    LIO 01 | A vibrao transcendental do maha-mantra

  • 11

    L I O 0 2

    A a u t o r i d a d e d o s V e d a s e a s g l r i a s d a G i t a

    H quatro influncias a que

    todos esto sujeitos, a saber,

    tendncia iluso, propenso a

    cometer erros e a enganar os outros

    e percepo sensorial defeituosa.

    Infelizmente, no incomum

    constatar pessoas manifestando

    um ou mais desses defeitos de uma

    s vez. Diante desse quadro, como

    algum pode adquirir conhecim-

    ento perfeito?

    Os Vedas afirmam que, alm de

    ser a fonte original de todo

    conhecimento, seus textos so

    sagrados e de origem supra-

    mundana. Ou seja, por ser

    originalmente transmitidos pela

    Pessoa Suprema, uma fonte

    completamente transcendental, os

    Vedas esto isentos dos quatro

    defeitos anteriormente mencio-

    nados. O receptor original desse

    conhecimento foi o primeiro ser

    vivo, Brahm, que existia antes

    mesmo dessa criao material.

    Brahm foi dotado de poder pelo

    Senhor para criar o mundo material

    com o propsito de dar uma nova

    o p o r t u n i d a d e s a l m a s

    condicionadas que no alcanaram

    a liberao na criao anterior.

    Depois de cumprir essa misso,

    Brahm transmitiu o conhecimento

    que recebera da Pessoa Suprema ao

    sbio Nrada. O sbio, por sua vez, o

    transmitiu a seu discpulo

    Vysadeva que, com o propsito de

    preserv-lo, registrou-o na forma

    literria h cerca de cinquenta

    sculos.

    A GITA NO CONTEXTO VDICO

    Uma vez que os Vedas tm como

    p ro p s i to l t i m o fo r n e ce r

    conhecimento sobre autorrea-

    lizao espiritual, os seus temas so

    compreendidos apenas por pessoas

    com excepcionais qualidades. Por

    esse motivo, no incio da era de Kali,

    o grande sbio Vysa dividiu os

    Vedas em vrios ramos, tornando

    esse conhecimento acessvel s

    pessoas comuns e sem tanto brilho

    intelectual. Compreendendo que a

    maioria das pessoas se interessam

    muito mais por narrat ivas

    fascinantes do que por filosofia

    profunda, ele preparou tambm o

    Mahbhrata, uma compilao

    admirvel repleta de histrias que

    prendem a ateno de qualquer

    tipo de pessoa. Assim, atravs do

    Mahbhrata, Vysadeva quis atrair

    os leitores com a incrvel histria da

    disputa pelo trono entre as

    dinastias Kaurava e Pava. Sua

    estratgia que, no momento mais

    crtico da histria exatamente

    quando a Batalha de Kuruketra

    est por comear Ka entra em

    cena e transmite Sua mensagem

    maravilhosa na forma da Bhagavad-

    gt. Na verdade, toda a trama

    p o l t i c a e e n v o l v e n t e d o

    Mahbhrata no passa de um

    arranjo divino para prender a

    ateno dos leitores para que Ka

    derrame o oceano infinito de

    instrues sublimes sob a forma da

    Bhagavad-gt, a nata dos Vedas.

    Nesta era atual ningum

    verdadeiramente qualificado para

    estudar toda a imensido dos textos

    vdicos, tais como os Puras,

    Upaniads, Vednta-stra, etc., mas

    por estudar simplesmente a

    Bhagavad-gt uma pessoa poder

    se elevar ao estado de sabedoria e

    iluminao transcendental. Basta

    que ela seja fiel e que tenha o desejo

    sincero de se livrar das garras da

    existncia material e alcanar uma

    existncia eterna e plena de

    fe l i c idade . Cons id era - se a

    Bhagavad-gt como o livro perfeito

    para a introduo de valores

    e s p i r i t u a i s . S u a f u n o

    primeiramente elevar a conscincia

    do seu estudante para lhe dar

    condies para que inicie o seu

    estudo da filosofia Vednta atravs

    da leitura do Bhgavatam e,

    posteriormente, elev-lo ao

    bhgavata-dharma, a ocupao no

    servio amoroso ao Senhor.

    Segundo os Vedas, o cosmos

    material se manifesta em ciclos de

    quatro eras: Satya, Tret, Dvpara e

    Kali. A era de Satya caracterizada

    pelas boas virtudes e todos os seres

    humanos que vivem na Terra so

    repletos de qualidades divinas. Na

    era de Tret, h um declnio das

    virtudes e a Terra passa a abrigar ao

    mesmo tempo seres divinos e seres

    demonacos. Na era de Dvpara, o

    aumento da irreligio e da

    Nesta era atual ningum

    verdadeiramente

    qualificado para estudar

    toda a imensido dos

    textos vdicos, tais

    como os Puranas,

    Upanisads, Vedanta-

    sutra, etc., mas por

    estudar simplesmente a

    Bhagavad-gita uma

    pessoa poder se elevar

    ao estado de sabedoria

    e iluminao

    transcendental.

    Basta que ela seja fiel e

    que tenha o desejo

    sincero de se livrar das

    garras da existncia

    material e de alcanar

    uma existncia eterna e

    plena de felicidade.

  • 12

    f o i c o l o c a d o e m i l u s o

    pessoalmente pelo Senhor, que

    d e s e j a v a t r a n s m i t i r o s

    ensinamentos da Bhagavad-gt

    para as futuras geraes. Ao

    representar o papel de uma pessoa

    absorta em sofrimento material e

    formular perguntas relevantes

    sobre os verdadeiros problemas da

    vida, Arjuna ajudou as prximas

    geraes a compreender os

    mistrios mais intrigantes da nossa

    condio humana. Em outras

    palavras, ele ilustra a condio

    daqueles que, influenciados pela

    existncia material, so forados a

    c o n v i v e r c o m f r e q u e n t e s

    ansiedades e temores. A lio a se

    aprender que, assim como Arjuna,

    ningum tem a capacidade de

    encontrar as devidas solues para

    os problemas que surgem na vida

    (independentemente do nvel de

    educao ou inteligncia que se

    possa ter), pois a vida prtica

    como o campo de Kuruketra onde

    acontece a todo instante a batalha

    entre o bem e o mal, o religioso e o

    irreligioso, o tico e o no tico.

    Do ponto de vista material, a

    associao entre uma pessoa e

    outra depende do contato pessoal

    fsico, mas, no que diz respeito

    associao espiritual, isso

    diferente. Na realidade, no campo

    absoluto, Ka e Suas instrues

    so absolutamente idnticos.

    Portanto, Ka transmitiu a Gt

    p a ra q u e to d o s te n h a m a

    oportunidade de receber Suas

    instrues mesmo que Ele esteja

    fora do alcance da viso material.

    Como ficar claro na leitura desta

    obra, o Senhor possui poderes

    inconcebveis e pelo Seu divino

    desejo a energia material pode ser

    espiritualizada. A concluso que a

    Gt uma representao sonora do

    Senhor, no-diferente Dele e,

    portanto, estuda-la a melhor

    maneira de recebermos Sua

    associao direta.

    A ESCOLHA DO CENRIO

    Por que, para expor a cincia

    eterna da alma, r Ka escolheu o

    cenrio de uma guerra, onde, nos

    momentos seguintes, haveriam

    milhes de vtimas?

    Enquanto experimenta uma

    condio de felicidade e conforto,

    uma pessoa comum no busca

    seriamente por conhecimento

    espiritual e nem procura por Deus.

    Mas, uma pessoa piedosa percebe

    que a melhor alternativa diante de

    alguma calamidade se refugiar no

    Senhor. J que as perplexidades

    fazem parte desse mundo, melhor

    encar-las como oportunidades

    para se buscar uma relao tangvel

    com Deus e, assim, progredir em

    compreenso espiritual.

    Batalha significa mortes e

    mortes, perda de corpos. Portanto,

    pelo arranjo da Providncia,

    Arjuna representou o papel de uma

    pessoa que, mesmo tendo recebido

    profundo treinamento espiritual,

    sofre um tipo de apago da

    conscincia no momento mais

    crucial da vida, e, dominado pela

    iluso, se esquece do conhecimento

    espiritual adquirido. Deixando-se

    l e v a r p e l o e g o f a l s o , e l e

    desconsidera que o verdadeiro Eu

    a alma espiritual e, assim,

    demonstra uma identificao

    desmedida com seu corpo e com os

    corpos ligados a ele por afeio

    familiar. Diante do seu grande

    sofrimento e temor, ele decide

    sabiamente aceitar Ka como seu

    mestre espiritual e Lhe faz

    perguntas de grande relevncia. A

    condio adversa na qual Gt foi

    falada indica que todos podem se

    valer dessas instrues atemporais,

    por mais dif cil que seja a

    circunstncia. Se Arjuna foi capaz

    de praticar a obedincia ao Senhor

    enquanto lutava fortemente no

    campo de batalha, o que dizer de

    uma pessoa que vive numa

    impiedade se acentua a ponto do

    divino e do demonaco passarem a

    v i v e r n a m e s m a f a m l i a .

    Finalmente, na era de Kali, ou era

    das trevas, h um predomnio total

    de i r re l ig io, h ipocr i s ia e

    desavenas, e a natureza divina e

    demonaca habitam lado a lado no

    mesmo corpo. Desse modo, foi h

    cinco mil anos, entre o final da era

    de Dvpara e o comeo da era de

    Kali, que r Ka veio Terra para

    t r a n s m i t i r p a r a A r j u n a o

    co n h e c i m e n to s u b l i m e d a

    Bhagavad-gt e, assim, remover

    todas as suas dvidas, ansiedades e

    lamentaes.

    Como um eterno companheiro

    de Ka, o guerreiro Arjuna est

    sempre fora da iluso. dito que ele

    Por que, para expor a

    cincia eterna da alma,

    Sri Krishna escolheu o

    cenrio de uma guerra,

    onde, nos momentos

    seguintes, haveriam

    milhes de vtimas?

    Enquanto experimenta

    uma condio de

    felicidade e conforto,

    uma pessoa comum no

    busca seriamente por

    conhecimento espiritual

    e nem procura por Deus.

    Mas, uma pessoa

    piedosa percebe que a

    melhor alternativa

    diante de alguma

    calamidade se

    refugiar no Senhor.

    LIO 02 | A autoridade dos Vedas e as glrias da Gita

  • 13

    condio muito mais tranquila?

    De acordo com sua posio social, o

    dever do guerreiro Arjuna era se

    ocupar na batalha. Mas, essa

    mesma regra deveria ser aplicada

    numa situao em que parentes e

    benquerentes se apresentam como

    adversrios? Outra importante

    considerao era a presena da

    t o d o - a u s p i c i o s a S u p r e m a

    Personalidade de Deus no campo

    sagrado de Kuruketra. Ao mesmo

    tempo que Ka desejava a

    batalha, Ele pregava a paz interior e

    a serenidade mental. Como

    conciliar tantas diversidades?

    A BATALHA ENTRE O BEM E O MAL

    Considerando a sua posio

    como guerreiro, claro que Arjuna

    deveria cumprir seu dever de

    prosseguir na batalha com firmeza.

    Porm, no se deve pensar que a

    batalha girava simplesmente em

    torno de interesses materiais.

    claro que o interesse dos filhos de

    Dhtarra era mundano. Mas, o

    interesse de Arjuna e seus irmos,

    os Pavas, era o de unicamente

    promover o dharma e estabelecer a

    justia e paz no mundo. Entretanto,

    como conciliar seus deveres de

    guerreiro com os sentimentos

    amorosos que Arjuna nutria pelos

    seus membros familiares?

    medida que o leitor progride

    em seus estudos da Bhagavad-gt,

    ele passa a entender claramente

    que a batalha verdadeira seria

    travada entre o bem e o mal, o

    divino e o demonaco. Os

    menc ionados sent imentos

    amorosos podem ser comparados

    aos apegos e aos desejos mundanos,

    enquanto a figura do simples

    g u e r re i ro, a o ve rd a d e i ro

    guerreiro espiritual adormecido

    no interior de todos. evidente que

    a famlia e os amigos no so

    necessariamente inimigos da vida

    espiritual, mas como no exemplo

    dos Kauravas e seus aliados, isso

    poder acontecer. Nesse caso, um

    verdadeiro guerreiro espiritual no

    poder recuar e desistir da luta.

    Como nos esclarece o Mestre

    Jesus, temos que odiar o pecado, e

    no o pecador. um fato que todo

    aquele que tem um propsito

    sincero de prosseguir firme na sua

    vida espiritual deve estar preparado

    para travar uma batalha com o

    pecado em seu interior, mas

    nunca declarar guerra com os ditos

    pecadores que existem fora dele.

    No caso da batalha de Kuruketra, a

    vitria de Arjuna sobre Duryodhana

    e seu grupo mal-intencionado

    significaria que toda a sociedade da

    poca inclusive das prximas

    geraes receberia os benefcios.

    De forma semelhante, uma vitria

    espiritual no campo de batalha da

    nossa conscincia significar que,

    na verdade, todos nossos familiares

    e amigos, indiretamente, recebero

    v e r d a d e i r o s b e n e f c i o s

    especialmente nossos filhos e

    demais descendentes.

    rla Prabhupda frequen-

    temente mencionava em suas

    palestras e conversas que uma

    pessoa que recupera plenamente a

    sua conscincia espiritual, ou

    conscincia de Ka, garante a

    liberao de todos os seus parentes

    por dez geraes anteriores e dez

    geraes posteriores. Desse modo,

    assim como, ao cumprir seu dever

    de confrontar com os aliados a

    Duryodhana, Arjuna estava em

    completa consonncia com o

    dharma e no incorreria no menor

    pecado, de forma semelhante, uma

    pessoa sincera que ajusta sua vida

    de forma madura, responsvel e

    inteligente com as instrues dadas

    pelo Senhor na Bhagavad-gt, est

    em totalmente harmonia com as

    leis supremas e universais que

    regem o padro mais elevado de

    tica. Agindo assim, ela tambm

    b e n e f i c i a r to d o s o s s e u s

    familiares.

    A natureza de Arjuna o adornava

    com as qualidades santas, tais como

    o d e s a p e g o , o p e r d o , a

    A batalha verdadeira

    seria travada entre o

    bem e o mal,

    o divino e o demonaco.

    Os mencionados

    sentimentos

    amorosos podem ser

    comparados aos apegos

    e aos desejos

    mundanos, enquanto a

    figura do simples

    guerreiro, ao

    verdadeiro guerreiro

    espiritual adormecido

    no interior de todos.

    indulgncia, etc. Portanto, foi por

    uma questo de compaixo que

    Arjuna quis desistir da luta e

    abandonar seu dever de guerreiro.

    Embora, de um modo geral, essa

    atitude seja plenamente louvvel,

    do ponto de vista de quem tem o

    compromisso de proteger a

    sociedade, essa postura foi

    considerada um ato de covardia,

    pois a pessoa nunca deve colocar

    seus interesses familiares acima

    dos seus deveres para com toda a

    sociedade. Alm de tudo que foi

    dito, devemos considerar que r

    Ka, a Suprema Personalidade de

    Deus, estava ao lado de Arjuna

    isso transformava a batalha numa

    a t i v i d a d e c o m p l e t a m e n t e

    transcendental. Portanto, a deciso

    de Arjuna de no lutar era definiti-

    vamente incorreta, pois ele tinha a

    seu lado a presena auspiciosa de

    Ka, que o protetor eterno do

    dharma. Isso garantia a liberao

    ltima de todos os guerreiros que

    tivessem que ser sacrificados em

    nome do dharma.

    Bhakti em 25 lies

  • L I O 0 3

    S a b o r e a n d o u m g o s t o s u p e r i o r

    Mais uma vez, vamos contar

    com a a juda da Gt para

    entendermos um dos mais

    importantes temas desse estudo a

    substituio dos prazeres materiais

    pelos prazeres da vida espiritual, os

    quais so superiores.

    A alma corporificada pode se

    restringir do prazer dos sentidos,

    embora o gosto pelos objetos dos

    sentidos permanea. Porm,

    interrompendo tais ocupaes ao

    experimentar um gosto superior, (1)

    ela se fixa em conscincia .

    De fato, uma pessoa identificada

    com o corpo e com as iluses desse

    mundo no ter como evitar o

    desfrute mundano dos sentidos.

    Ela poder tentar se abster

    artif icialmente dos prazeres

    mater ia is , o que pode ser

    comparado postura de um doente

    que se priva de alguns alimentos

    que lhe so atrativos somente por

    uma questo de sade. claro que,

    at certo ponto, essa restrio pode

    ser til, mas aquele que est

    plenamente satisfeito por conhecer

    as glrias do Supremo e por

    desfrutar da Sua beleza e

    amorosidade no precisa dessa

    restrio artificial. Por estar

    empregando de modo natural os

    sentidos, a mente e o intelecto na

    vida espiritual, ela pode perceber

    com total clareza que seu corpo

    um veculo perfeito para ser usado

    para a autorrealizao. Com o

    tempo, essa compreenso se

    aprofunda e faz com que a pessoa

    definitiva-mente perca o gosto

    pelas coisas materiais inspidas e

    mortas.

    Os sentidos so to fortes e

    impetuosos, Arjuna , que

    arrebatam fora at mesmo a

    m e n t e d e u m h o m e m d e

    discriminao que se esfora por (2).

    control-los

    N a s e s c r i t u r a s v d i c a s ,

    encontramos histrias de muitos

    yogs, sbios e filsofos eruditos que

    no obtiveram xito em controlar

    os sentidos, apesar de suas

    rigorosas penitncias e prticas de

    yoga. Isso mostra que, sem ocup-

    los em atividades transcendentais,

    praticamente impossvel obter

    resultado positivo e duradouro.

    Para se interromper as ocupaes

    materiais, preciso conectar as

    funes da mente (sentir, pensar e

    desejar) Transcendncia e a tudo

    relacionado Ela. Um exemplo

    prtico dado por r Ymuncrya,

    um grande santo e devoto do sculo

    passado, que afirmou que desde o

    momento em que passou a se

    ocupar no servio aos ps de ltus

    do Senhor Ka, sua experincia

    de prazer transcendental ganhava

    vida nova a cada instante. Assim,

    quando sua mente se lembrava ou

    propunha o gozo dos sentidos

    mundanos, seu rosto imediata-

    mente se contorcia e ele rejeitava tal

    pensamento. Isso uma evidncia

    de que, por conceder prazer

    espiritual superior, a conscincia

    de Ka um fenmeno to

    poderoso que torna desinteres-

    sante o prazer mundano e de

    qualidade inferior. Uma pessoa

    consciente de Ka comparado a

    um homem que tenha satisfeito sua

    fome com suficiente quantidade de

    alimentos nutritivos e saborosos.

    Aquele que restringe seus sentidos,

    mantendo-os sob completo

    controle, e fixa sua conscincia em

    Mim, conhecido como um (3)

    homem de inteligncia estvel .

    O significado desse verso que,

    ao manter a conscincia fixa em

    K a , u m a p e s s o a e s t a r

    cumprindo com a mais elevada da

    perfeio da prtica do yoga. Caso

    c o n t r r i o , n o l h e s e r

    absolutamente possvel controlar

    os sentidos. Existe uma famosa

    histria de um desentendimento

    entre o grande yog mstico Durvs

    e o rei Ambara. Devido ao orgulho,

    Durvs acabou se zangando toa

    com Ambara e, assim, perdeu o

    controle dos seus sentidos e o

    ofendeu. Entretanto, mesmo no

    sendo um yog to poderoso como

    ele, Ambara era um grande devoto

    do Senhor e, por isso, foi capaz de

    tolerar pacificamente as injustias

    do sbio. Suas qualificaes so (4)

    abaixo mencionadas :

    O rei Ambara fixou sua mente nos

    ps de ltus do Senhor Ka,

    ocupou suas palavras na descrio

    da morada do Senhor, suas mos

    em limpar o Templo do Senhor,

    Por estar empregando

    de modo natural os

    sentidos, a mente e o

    intelecto na vida

    espiritual, ela pode

    perceber com total

    clareza que seu corpo

    um veculo perfeito para

    ser usado para a

    autorrealizao.

    Com o tempo, essa

    compreenso se

    aprofunda e faz com que

    a pessoa definitiva-

    mente perca o gosto

    pelas coisas materiais

    inspidas e mortas.

    14

  • seus ouv idos em ouv i r os

    passatempos do Senhor, seus olhos

    em ver a forma do Senhor, seu corpo

    em tocar o corpo do devoto, suas

    narinas em cheirar o aroma das

    flores oferecidas aos ps de ltus do

    Senhor, sua lngua em saborear as

    folhas de tulas oferecidas a Ele, suas

    pernas em viajar para o lugar santo

    onde Seu Templo est situado, sua

    cabea em oferecer reverncias ao

    Senhor e seus desejos em cumprir

    os desejos do Senhor.

    Diferentemente de alguns

    mtodos de yoga e meditao que

    no enfatizam a ocupao prtica

    da mente e dos sentidos, o processo

    d e b h a k t i - y o g a o f e r e c e a

    possibilidade de envolv-los

    plenamente no processo de

    autorrealizao. Com isso, fica

    mais fcil abandonar o conceito de

    vida mundana. rla Prabhupda

    comenta:

    Se uma criana tem nas mos

    alguma coisa para comer, e lhe

    oferecemos algo mais saboroso, ela

    deixa de lado o gosto inferior pelo

    superior. Assim tambm, na

    conscincia de Ka, oferecemos

    melhores ocupaes, vida melhor,

    filosofia melhor, conscincia

    melhor tudo melhor. Portanto,

    aqueles que se ocupam em servio

    devocional podem abandonar as

    a t i v i d a d e s p e c a m i n o s a s e

    promoverem-se conscincia de

    Ka.

    Devemos simplesmente nos

    reunir com outros devotos com o

    intuito de aprender sobre Ka,

    cantar e danar com eles e, ao final,

    nos deliciarmos com o alimento

    santificado. Mas, ainda assim,

    algumas pessoas relutam em

    aceitar essa frmula prazerosa e

    preferem uma vida impura,

    caracterizada pela intoxicao,

    promiscuidade e consumo de

    alimentos imprprios. O que se

    pode fazer?

    A BUSCA NATURAL PELO PRAZER

    Quando foi informado que, ao

    ser mascada, a cana-de-acar

    produzia um sabor muito doce e

    agradvel, um certo homem se

    interessou em provar sua doura.

    Como ela ?, perguntou cheio de

    curiosidade. Ela se parece com um

    bambu, responderam-lhe. O

    homem tolo, ento, passou sua vida

    mascando todos tipos de bambus

    que encontrava pela frente, mas

    morreu sem conhecer o verdadeiro

    sabor doce da cana-de-acar.

    De forma similar, estamos o

    tempo todo buscando por

    felicidade e prazer, mas, ser que

    fazemos ideia real do que eles

    significam? Nesse mundo, existe

    intensa propaganda de que a

    felicidade e prazer se encontram na

    sociedade, amizade ou amor

    mundanos, mas, na realidade, isso

    no passa de bambus secos, de onde

    no se pode extrair verdadeiro

    nctar. Por outro lado, existe a

    afirmao vdica de que nossa

    existncia se destina felicidade.

    Nesse caso, onde podemos

    encontr-la?

    Nessa busca, temos que, antes

    de mais nada, compreender que

    somos muito mais do que meros

    corpos materiais temporrios.

    Somos centelhas individuais da

    D i v i n d a d e S u p r e m a q u e ,

    temporariamente, est ocupando

    este veculo chamado corpo.

    imprescindvel que a pessoa se

    entenda como tal, pois isso ir livr-

    la da identificao com o ego falso,

    ou o eu inferior. Em suma, medida

    que ela estiver identificada com o

    eu inferior, continuar dando as

    costas para Deus e se distanciar

    cada vez mais da sua verdadeira

    identidade, do seu Eu superior.

    A verdadeira ocupao do Eu

    superior o servio devocional

    amoroso, que fonte de eternidade,

    conhecimento e real felicidade e,

    em essncia, verdadeiramente

    mais doce do que a cana-de-acar.

    Em algum momento, a pessoa ter

    que despertar a percepo da

    divindade dentro dela e ter de se

    voltar para Deus. Somente, ento,

    ela deixar de ser como o homem

    tolo que permanece mascando os

    bambus secos da existncia

    material, vida aps vida.

    A ALMA TAMBM

    PLENA DE BEM-AVENTURANA

    Ka define a alma como

    m a m a i v a h , u m a p a r t e (5)

    integrante do Supremo , enquanto

    o Supremo definido no Vednta-

    stra como: Aquele que pleno de (6)

    bem-aventurana por natureza .

    Ora, se a alma individual parte do

    Supremo e o Supremo pleno de

    bem-aventurana, ela tambm

    plena de bem-aventurana.

    Entretanto, o seu livre arbtrio lhe

    permite fazer suas prprias

    15

    Na ndia, encontramos

    yogis que aceitam votos

    muito estritos de

    austeridades (tapasya).

    Alguns acendem um

    crculo de fogo em volta

    de si, sentam e

    meditam, em pleno

    vero escaldante;

    outros entram nos rios

    glidos, em pleno

    inverno rigoroso e, com

    gua at o pescoo,

    ocupam-se em

    meditao.

    A conscincia de

    Krishna, porm, no

    exige nada disso.

    Bhakti em 25 lies

  • escolhas. Assim sendo, quando

    escolhe abandonar a companhia do

    Supremo e decide tentar sua sorte

    no mundo material ilusrio, ela

    perder sua bem-aventurana

    natural. rla Prabhupda explica

    melhor esse ponto:

    A Suprema Personalidade de Deus

    Se expandiu em muitos por Sua

    s e m p r e c r e s c e n t e b e m -

    aventurana espiritual, e as

    entidades vivas so partes e parcelas

    dessa bem-aventurana espiritual.

    Elas tambm tm independncia

    parcial, mas por abuso de sua

    independncia sua atitude de

    servio se transforma na propenso

    ao gozo dos sentidos e elas ficam

    dominadas pela luxria.

    Este mundo criado pelo Senhor de

    tal maneira que, devido ao

    s o f r i m e n t o e d e c e p e s

    acumuladas de muitas vidas, a alma

    se frustra em sua busca v de prazer,

    quando comea a questionar,

    Quem sou eu?, Como poderei

    realmente ser feliz?, etc. No

    Vednta-stra est dito, janmdy

    asya yata: O Supremo a origem

    de tudo. Sendo assim, a propenso

    de buscar prazer tambm existe na

    prpria Suprema Personalidade de

    Deus, r Ka. Em outras palavras,

    se temos a tendncia de buscar

    prazer por que Deus, como origem

    de tudo, tambm busca por prazer.

    Somos inf initesimais e nos

    contentamos com um prazer

    i g u a l m e n t e i n f i n i t e s i m a l .

    Entretanto, uma vez que as

    manifestaes de Ka so

    infinitas, o Seu prazer tambm

    infinito.

    Quando queremos prazer, no

    podemos obt-lo sozinhos e, assim,

    procuramos prazer na companhia

    da sociedade, amizade e amor. Da

    Quando queremos

    prazer, no podemos

    obt-lo sozinhos e,

    assim, procuramos

    prazer na companhia da

    sociedade, amizade e

    amor. Da mesma forma,

    para expandir o Seu

    prazer, Krishna, a

    Verdade Absoluta, o

    Supremo Desfrutador,

    expande-Se

    infinitamente. Isso

    explica a existncia de

    infinitas almas

    individuais, que so

    Suas partes integrantes

    e se destinam a dar

    prazer a Ele. Quando se

    dedica a cumprir esse

    propsito, a alma no

    apenas se livra de todas

    as espcies de

    sofrimento, mas

    tambm alcana seu

    estado original de

    eternidade,

    conhecimento e bem-

    aventurana plena.

    16

    mesma forma, para expandir o Seu

    prazer, Ka, a Verdade Absoluta, o

    Supremo Desfrutador, expande-Se

    infinitamente. Isso explica a

    existncia de infinitas almas

    individuais, que so partes

    integrantes de Ka e se destinam a

    dar prazer a Ele. Quando se dedica a

    cumprir esse propsito, a alma no

    apenas se livra de todas as espcies

    de sofrimento, mas tambm

    alcana seu estado original de

    eternidade, conhecimento e bem-

    aventurana plena. Portanto, a

    alma uma potncia de prazer

    i n f i n i t e s i m a l d o S e n h o r.

    Desempenhando seu papel, ela

    sentir felicidade ilimitada. Para

    isso, ela precisar simplesmente

    abandonar o abrigo falso de may, a

    energia ilusria, e aceitar o abrigo

    da potncia de prazer principal de

    r Ka. Essa potncia divina se

    personifica na forma de rmat

    Rdhr, a mocinha que est

    sempre ao lado de Ka, dando

    prazer a Ele. Porque Ela a principal

    fonte de prazer de r Ka, Rdh

    est sempre junta Dele. Assim, se

    quisermos nos aproximar de Ka,

    precisamos da misericrdia de

    rmat Rdhr, a potncia de

    prazer de Ka.

    (1) viay vinivartante... (Gt 2.59).

    (2) yatato hi api kaunteya... (Gt 2.60).

    (3) tni sarvi samyamya... (Gt 2.61).

    (4) sa vai manah ka... (Bhg. 9. 4.18-20).

    (5) mamaivmo jva-loke (Gt 15.7).

    (6) nanda-mayo 'bhyst... (Vednta-stra 1.1.12).

    LIO 03 | Saboreando um gosto superior

  • L I O 0 4

    P e r c e b e n d o a p r e s e n a d o A b s o l u t o

    D e p o i s d e t e r o u v i d o

    diretamente de Ka os quatro

    importantes versos que descrevem ( 1 )

    Sua opulncia , Arjuna se

    emociona e O proclama como a

    Verdade Absoluta. Ele aceita

    totalmente como verdade tudo o

    que acabara de ouvir e reconhece

    que, alm de Ka, ningum

    capaz de compreender Sua

    personalidade divina. Portanto,

    Arjuna pede para que Ele prprio

    descreva Suas opulncias atravs

    das quais Ele Se manifesta e (2)

    mantm tudo :

    mstico supremo, como devo

    pensar em Voc e como devo Lhe

    conhecer? Quais Suas vrias formas

    que devem ser lembradas?

    Descreva, por favor, em detalhes o

    poder mstico de Suas opulncias,

    pois nunca me canso de ouvir sobre

    Voc. Na verdade, quanto mais ouo,

    mais quero saborear o nctar de Suas

    palavras.

    Ao ser indagado assim, Ka

    concorda em descrever uma

    minscula parcela de Suas

    opulncias, pois deseja que Seus

    devotos O conheam ao mximo,

    embora saiba que eles no sero

    capazes de conhec-Lo por

    completo em nenhuma fase da

    vida. Em outras palavras, os

    devotos compreendem a grandeza

    e as opulncias de Ka de acordo

    com suas respectivas habilidades,

    assim como cada pssaro voa no cu

    t a n to q u a n to p e r m i te s u a

    capacidade. De qualquer modo,

    sentir grande deleite ao ouvir,

    cantar os santos nomes e comentar

    exaust ivamente os tp icos

    t r a n s c e n d e n t a i s u m a

    caracterstica marcante do bhakta.

    Segue abaixo um resumo descritivo

    das principais manifestaes

    divinas feita pelo prprio Ka, a (3)

    Suprema Personalidade de Deus :

    Eu sou a Superalma situada nos

    coraes de todas as entidades

    vivas. Eu sou o princpio, sou o meio

    e o fim de todos os seres (...) Entre as

    luzes, sou o Sol radiante; entre as

    es t re las , sou a Lua . . . Dos

    semideuses, sou Indra, o rei dos

    cus; dos sentidos, sou a mente; e

    nos seres vivos, sou a fora viva

    (conscincia). De todos os Rudras,

    sou o Senhor iva (...) Dos corpos de

    gua, sou o oceano; das vibraes,

    sou o o transcendental; dos

    sacrifcios, sou o cantar dos santos

    nomes (japa); e dos objetos inertes,

    sou os Himlayas (...) De todas as

    rvores, sou a figueira-da-bengala;

    dos sbios entre os semideuses, sou

    Nrada e entre os seres perfeitos,

    sou o sbio Kapila (...) e entre os

    homens, sou o monarca (...) Das

    armas sou o raio; entre as vacas sou a

    surabhi, das causas que fomentam a

    procriao, sou Kandarpa, o deus do

    amor; e das ngas de muitos

    capelos, sou Ananta. Entre os seres

    aquticos, sou o semideus Varua;

    entre aqueles que impem a lei, sou

    Yama, o senhor da morte (...) e entre

    os subjugadores, sou o tempo.

    Entre os animais selvagens, sou o

    leo; e entre as aves, sou Garua.

    Dos purificadores, sou o vento; dos

    manejadores de armas, sou Rma;

    dos peixes, sou o tubaro; e dos rios

    que correm, sou o Ganges. De todas

    as criaes, sou o comeo, o fim e

    tambm o meio. De todas as

    cincias, sou a cincia espiritual do

    eu; e entre os lgicos, sou a verdade

    conclusiva. Das letras, sou a letra A

    ( . . . ) Sou tambm o tempo

    inexaurvel, e dos criadores, sou

    Brahm. Eu sou a morte que tudo

    d e vo r a e s o u o p r i n c p i o

    encarregado de gerar tudo o que vai

    existir. Entre as mulheres, sou a

    fama, a fortuna, a linguagem afvel,

    a memria, a inteligncia, a firmeza

    e a pacincia (...) Da poesia, sou o

    Gyatr; dos meses, sou novembro e

    dezembro; e das estaes, sou a

    primavera florida. Sou tambm a

    jogatina em que se fazem trapaas, e

    do esplndido, sou o esplendor. Eu

    sou a vitria, a aventura e a fora dos

    fortes. Dos descendentes de Vi,

    sou Vsudeva; e dos Pavas, sou

    Arjuna. Dos sbios, sou Vysa, e

    entre todos os meios que reprimem

    a ilegalidade, sou o castigo; e

    daqueles processos que visam

    vitria, sou a moralidade. Das

    coisas secretas, sou o silncio; e dos

    sbios, sou a sabedoria. Sou

    tambm a semente geradora de

    todas as existncias. No existe ser

    algum mvel ou inerte que possa

    existir sem Mim. poderoso

    vencedor dos inimigos, Minhas

    17

    Quanto mais uma

    pessoa reconhece as

    opulncias do Senhor,

    mais desenvolve sua

    devoo e mais

    desperta seu interesse

    na vida espiritual.

    Assim, sua inclinao

    por ouvir os temas

    espirituais e por cantar

    os santos nomes s

    aumenta. Com isso,

    alm de sua f e

    devoo serem

    fortalecidas, ela

    desenvolve inteligncia

    espiritual, amplia seu

    discernimento e, por

    dirimir suas dvidas e

    superar sua iluso,

    sente mais facilidade

    em abandonar seus

    maus hbitos.

  • manifestaes divinas nunca

    chegam ao fim. O que te disse

    apenas um mero indcio de Minhas

    opulncias infinitas.

    TUDO MANIFESTAO DO

    PODER DO SENHOR

    Assim como o corpo existe

    devido presena da alma

    individual, a manifestao csmica

    existe unicamente porque a Alma

    Suprema, Ka, est presente nela

    atravs de Sua energia, sem a qual,

    nada poderia existir. Portanto, tudo

    quer seja material ou espiritual

    no passa de uma manifestao do

    poder do Senhor. Desse modo,

    quando nos deparamos com

    alguma coisa de extraordinria

    opulncia, devemos entend-la

    como um fragmento da opulncia

    mstica do Senhor. Na verdade,

    quanto mais uma pessoa reconhece

    o Senhor por trs de ta is

    opulncias, mais ela desenvolve sua

    devoo e mais desperta seu

    interesse na vida espiritual. Assim,

    sua inclinao por ouvir cada vez

    mais os temas espirituais e por

    cantar os santos nomes s

    aumenta. Com isso, alm de sua f e

    devoo serem fortalecidas, ela

    desenvolve inteligncia espiritual,

    amplia seu discernimento e, por

    dirimir suas dvidas e superar sua

    iluso, sente mais facilidade em

    abandonar seus maus hbitos. Ou

    seja, um verdadeiro bhakti-yog

    alm de conseguir diferenciar a

    energia espiritual da energia

    material, compreende tambm que

    o Senhor a fonte de ambos. Com

    isso, a interao constante com Ele

    se torna absolutamente natural.

    O glorioso Arjuna pode ouvir

    diretamente do Senhor sobre Sua

    prpria natureza transcendental, o

    que uma verdadeira bno. Mas,

    no devemos pensar que tal bno

    exclusividade dele, j que esse

    mesmo conhecimento vem sido

    transmitido at os dias de hoje pela

    sucesso discipular e continua

    acessvel a todos os interessados.

    Portanto, a pessoa que recebe e

    estuda a Bhagavad-gt nessa

    corrente de sucesso discipular

    tambm muito afortunada, pois

    e s t p r o t e g i d a d a s f a l s a s

    interpretaes. Como estudaremos

    m a i s f r e n t e , r e c e b e r o

    conhecimento atravs da sucesso

    discipular constitui a maior

    oportunidade de aprender a arte da

    interao com Deus. Por outro

    lado, qual seria o benefcio em

    receber a Gt de um acadmico

    materialista e envaidecido pela sua

    erudio mundana?

    A SUPERALMA EST EM TODO TOMO

    Como uma manifestao

    temporria da energia do Senhor,

    esse mundo material se caracteriza

    pela iluso. Na verdade, tudo o que

    existe um produto da combinao

    de matria e esprito, e tudo se

    desenvolve devido presena da

    Superalma, o Senhor Viu que

    habita cada tomo. Ela a grande

    causa deste Universo, Nela tudo

    repousa e por Ela tudo mantido. A

    verdadeira finalidade de se praticar

    yoga poder perceb-La em cada

    mil metro dessa criao e,

    finalmente, prestar-Lhe servio

    devocional.

    Na etapa preliminar, o Supremo

    pode ser percebido atravs da

    manifestao de Suas energias,

    assim como o Sol percebido

    p r i m e i ra m e n te a t rav s d a

    manifestao de sua energia. Mas,

    no podemos nos esquecer que por

    trs de toda energia h sempre um

    energtico, uma fonte. Portanto,

    enquanto os bhakti-yogs percebem

    Deus como a Pessoa Suprema, a

    fonte de toda energia; outros s

    conseguem perceb-Lo como

    energia impessoal. Por exemplo, o

    Senhor afirma que o sabor da

    gua. Alguns entendem que o

    Absoluto a prpria energia que

    proporciona o sabor da gua,

    enquanto os bhaktas glorificam

    diretamente a bondade da Pessoa

    Suprema em nos suprir com gua

    pura. Ambos esto corretos e no

    h verdadeira contradio entre as

    duas vises. O que existe, de fato,

    a diferena de nveis de percepo

    espiritual. H uma bela descrio

    na Bhagavad-gt em que Ka

    revela a Arjuna como possvel

    perceber Sua presena em tudo. O

    que se segue uma traduo livre (4)

    dessa descrio :

    Querido amigo, meditar em Mim e

    estar sempre comigo muito

    simples, pois Eu sou a vida presente

    em tudo e a semente eterna de toda

    existncia. Quando, nas noites

    frias, teu corpo suplica por

    conforto, mesmo que no saibas, tu

    M e d e s e j a s , p o i s o c a l o r

    aconchegante sou Eu.

    Quando tua garganta seca clama

    por gua, na verdade tu Me chamas,

    pois o sabor agradvel da gua

    tambm sou Eu.

    Quando teu corpo faminto anseia

    por sustento, mesmo que no

    saibas, tu Me queres, pois o suco da

    vida presente nos alimentos sou Eu.

    E, quando nos momentos de

    lamentao, rogas por alvio, na

    verdade, imploras por Mim, pois Eu

    sou o verdadeiro refgio.

    Quando o Sol aparece e ilumina o

    dia, essa luz divina que te enche de

    vida sou Eu a te animar. E quando a

    lua nasce e refresca a noite, esse

    frescor suave sou Eu a te acalentar.

    Quando a chuva cai na terra e

    produz um delicado aroma, essa

    fragrncia doce sou Eu a te inspirar.

    E quando, diante do mais

    angustiante pesar, experimentas

    conforto, esse alvio repentino sou

    Eu a te consolar. Portanto, quem

    sempre Me v em todas as coisas

    desfruta eternamente de Minha

    companhia. Para essa grande alma,

    Eu dou o que ela necessita e

    preservo o que ela j possui.

    18

    LIO 04 | Perecebendo a presena do Absoluto

    (1) aham sarvasya prabhavo... (Gt 10. 8-11).

    (2) katham vidym aham yogims... (Gt 10. 17-18).

    (3) aham tm gudkea... (Gt 10. 20-40).

    (4) Extrado do Cd

    Meditando com Ka, do mesmo autor.

  • N a s e s c r i t u r a s v d i c a s ,

    encontramos vrias citaes que

    do nfase importncia da

    associao com os devotos de

    Ka. Isso porque, sem a ajuda

    deles, no h como conhecer

    verdadeiramente r Ka, Seus

    ensinamentos, passatempos e

    demais aspectos. De fato, devido s

    prticas regulares de bhakti, os

    devotos desenvolvem inteligncia

    devocional e, assim, obtm acesso

    aos mistrios da compreenso da

    Suprema Personalidade de Deus.

    Quanto a isso, encontramos a (1)

    seguinte citao :

    somente atravs de bhakti que

    algum pode Me compreender

    como sou, como a Suprema

    Personalidade de Deus. E quando,

    mediante tal devoo, desenvolve

    plena conscincia de Mim, ele pode

    entrar no reino de Deus.

    No que se refere compreenso

    e percepo espiritual, ningum

    poder ir muito longe valendo-se

    unicamente da especulao mental

    ou baseando-se na opinio dos

    no-devotos. De fato, existem

    enigmas transcendentais que os

    cticos, agnsticos, ateus ou

    mesmo aqueles que nunca tiveram

    experincias prticas com bhakti

    so incapazes de decifrar. Nem

    mesmo uma pessoa que se limita

    em visitar formalmente um Templo

    de Ka para Lhe oferecer

    adorao interesseira pode

    compreend-Lo.

    LIBERTAO DAS

    CONCEPES MATERIAIS

    Como afirma rla Prabhupda,

    Se algum quer compreender a

    Suprema Personalidade de Deus,

    ele deve aceitar a orientao de um

    devoto puro e tambm adotar o

    servio devocional. Caso contrrio,

    L I O 0 5

    O v a l o r d a a s s o c i a o d o s d e v o t o s

    a verdade sobre a Suprema

    Personalidade de Deus nunca se

    manifestar. Ka mesmo diz que

    Se reserva ao direito de no Se

    revelar queles que limitam-se

    erudio acadmica ou simples-

    mente se submetem s severas

    austeridades, penitncias ou

    prticas do mstico . claro (2)

    yoga

    que todos esses processos so de

    grande valia, mas, no que diz

    respeito compreenso das

    verdades mais confidenciais de

    D e u s , e s s e s s e m o s t r a m

    insuficientes. Mas, quando se tem

    associao com algum que j

    familiarizado com a cincia de

    Ka (em outras palavras, com um

    devoto), fica muito mais fcil

    compreender as qualidades

    transcendentais e as opulncias do

    Senhor Supremo. Aquele que tem a

    associao dos devotos muda

    gradualmente sua mentalidade e,

    com o tempo, se promove fase

    conhecida como em brahma-bhuta,

    que se liberta das concepes

    materiais. O item mais importante

    para se alcanar essa fase

    bhagavat-ravana, uma referncia

    importncia de ouvir os tpicos

    sobre o Absoluto. Quanto a isso,

    rla Prabhupda diz:

    Quando ele ouve sobre o Senhor

    Supremo, a fase brahma-bhuta

    desenvolve-se automaticamente e a

    contaminao material a

    ganncia e a luxria inerentes ao

    gozo dos sentidos desaparecem.

    medida que a luxria e os desejos

    desaparecem do corao do devoto,

    ele se torna mais apegado a servir o

    Senhor, e com esse apego se livra da

    contaminao material. Nesse

    estado de vida, ele capaz de

    compreender o Senhor Supremo.

    AS CARACTERSTICAS DOS DEVOTOS

    Ser um devoto no quer dizer ser

    impecavelmente perfeito, acertar

    sempre, manifestar o mximo de

    excelncia em todos os campos de

    atuao. Muito menos, nunca

    falhar, no cometer o menor erro,

    no ter nenhum momento de

    fragilidade, no recuar, no chorar.

    O devoto chora, mas no se

    lamenta, pois usa sua lgrima como

    combustvel que alimenta o fogo do

    d e s e j o d e re co n s t r u i r s u a

    personalidade devocional. O

    devoto tambm erra, mas faz de seu

    erro uma oportunidade de cultivar

    humildade verdadeira e, assim, no

    cria mscaras para se esconder atrs

    delas. Ser devoto no significa

    sentir-se simplesmente todo-

    poderoso e, por conta prpria,

    tentar cruzar qualquer barreira ou

    superar qualquer obstculo que a

    vida lhe impuser. Diante da

    19

    Ser devoto no significa

    sentir-se todo-poderoso

    e tentar cruzar por conta

    prpria qualquer

    barreira ou superar os

    diferentes obstculos

    que a vida lhe impuser.

    Diante da poderosa

    energia material, o

    devoto admite sua

    pequenez e fragilidade.

    Assim, para se livrar da

    repetio dos erros, ele

    usa os possveis

    fracassos do dia a dia

    para corrigir rotas e

    melhorar o seu

    desempenho.

  • poderosa energia material, o

    devoto admite sua pequenez e

    fragilidade. Assim, para se livrar da

    repetio dos erros, ele usa os

    possveis fracassos do dia a dia para

    corrigir rotas e melhorar o seu

    desempenho.

    Quando tudo se encaminha

    bem, o devoto adepto da

    humildade e da simplicidade, mas,

    ao mesmo tempo, se mantm

    atento para as possveis mudanas

    do tempo.

    Quando as coisas se tornam

    difceis, ele amante da gravidade e

    da introspeco, mas continua

    amigo da humi ldade e da

    simplicidade, pois sabe que elas so

    as razes da pacincia e da

    tolerncia qualidades impres-

    cindveis para quem se prope a

    cruzar com segurana qualquer

    tempestade.

    O devoto tem motivos de sobra

    para nunca desacreditar da vida

    espiritual, para nunca desistir ou

    perder a determinao, pois sua

    mente, purificada pelo santo nome,

    o ensinou a arte de destilar

    sabedoria dos momentos difceis.

    Seu corao, suavizado por

    austeridades voluntrias, aprendeu

    a fazer escolhas, que no incluem

    apenas ganhos, mas implica

    pr inc ipa lmente em perdas

    conscientes.

    Ser devoto significa entender

    que cada ser um diamante

    infinitamente valioso, uma das

    obras-primas mais perfeitas de

    Ka. Signif ica respeitar a

    individualidade de todos e saber

    que, mesmo tendo sido escrita com

    insegurana, frustrao e falhas,

    toda vida tambm ilustrada com

    parcelas de sinceridade, ousadia e

    sucesso.

    Para um devoto que entende que

    a vida que pulsa dentro dele e,

    certamente, dentro de todos o

    prprio Ka, como poderia ser

    diferente? Como ele poderia deixar

    de respeitar algum incluindo a si

    mesmo se ele sabe que cada ser

    um mundo maravilhoso a ser

    explorado, um diamante a ser

    lapidado, um jardim a ser

    cultivado?

    Ser devoto significa entender

    que s existimos porque Ka

    existe e que, assim como a alma d

    vida ao corpo, Ele d vida alma.

    Ser devoto no significa fazer

    parte de uma massa que teme a arte

    da crtica saudvel, dissimula a

    dvida, duvida de tudo, mal

    i n t e r p r e t a o s ve r d a d e i r o s

    p e n s a d o r e s , t e c e c r t i c a s

    inescrupulosas. Ele aprende com a

    experincia alheia, no para repetir

    a dor dos que vieram antes, mas

    para seguir os passos das grandes

    almas do presente e do passado.

    Um verdadeiro devoto est to

    empenhado em proteger seu

    tesouro interior, obtido pela graa

    do guru, e to ocupado em cuidar da

    sua trepadeira da devoo que

    nunca v motivos para se deprimir

    ou perder o entusiasmo.

    Sua gratido tamanha que,

    mesmo quando contrariado ou

    criticado, no sente a menor pena

    de si mesmo, pois se compara ao

    pobre garimpeiro que, depois de

    passar a vida toda removendo

    cascalhos, finalmente encontrou o

    maior de todos os diamantes!

    Ser devoto significa no se sentir

    a causa do prprio avano espiritual

    e muito menos culpar algum por

    seu regresso.

    Nem signif ica manifestar

    somente desejos imaculados. Sua

    mente pode produzir pensamentos

    e desejos indesejveis, mas ele a

    observa com ateno e exercita

    constantemente o seu gerencia-

    mento para, assim, poder ter

    controle sobre suas emoes.

    Um devoto no perito em

    resolver unicamente os problemas

    externos, mas d tambm total

    ateno aos internos.

    No significa que ele est

    disposto unicamente a ajudar aos

    outros, mas tambm humilde a

    ponto de pedir ajuda deles.

    20

    Ele sempre transparente e

    estabelece relacionamentos

    verdadeiramente confiveis, sabe

    em quem confiar e se comporta de

    modo a ser tambm absolutamente

    confivel, pois muito consciente

    da importncia de ser uma

    excelente associao para os

    outros.

    Entendendo que possvel

    avanar em conhecimento e prtica

    a cada dia e sempre, sua vida gira em

    torno de cultivar a veracidade, de

    desenvolver gestos, atitudes e

    hbitos devocionais. Com isso, ele

    nunca se lamenta, nem deseja nada

    materialmente e substitui a

    propenso a criticar pela propenso

    a elogiar. Mas, todas essas suas

    caractersticas so secundrias e

    externas. Seu principal predicado,

    e de onde surgem naturalmente os

    outros, que sua meta est

    claramente definida: tornar-se um

    exemplo vivo dos ensinamentos do

    seu mestre. Assumindo para si a

    responsabilidade de represent-lo

    da maneira mais impecvel

    possvel, ele no apenas adornado

    com belssimas e profundas

    qualidades devocionais, mas

    contribui na perpetuao das

    glrias imensurveis de seu

    Gurudeva!

    (1) bhakty mam abhijnti... (Gt 18.55).

    (2) nham prakah sarvasya... (Gt 7.25).

    LIO 05 | O valor da associao dos devotos

  • 21

    S E O 0 2

    No captulo 6 da Gita, Arjuna revela sua dificuldade de conter sua mente, que,

    segundo ele, inquieta, instvel, turbulenta, obstinada e muito forte.

    Admitindo a complexidade dessa tarefa rdua, Krishna expressa Sua opinio

    transcendental: Sem dvida, muito difcil refrear a mente inquieta, mas

    isso possvel pela prtica constante e pelo desapego. Quanto a isso,

    Prabhupada comenta que, na era atual, ningum consegue se refugiar num

    lugar sagrado, focalizar a mente na Superalma, refrear os sentidos e a mente,

    observar celibato, etc. Entretanto, pela prtica da conscincia de Krishna,

    podemos nos ocupar em uma grande diversidade de prticas devocionais.

    A mais importante

    dessas ocupaes

    devocionais ouvir

    sobre Krishna. Esse

    um poderosssimo

    mtodo que elimina da

    mente todas as dvidas.

    Quanto mais praticamos

    o ouvir, mais nos

    iluminamos e nos

    desapegamos de tudo o

    que afasta a mente de

    Krishna. Assim, ao

    impedir que a mente se

    interesse por atividades

    mundanas e ocupando-

    a em autorrealizao,

    fica mais fcil praticar o

    desapego da matria.

    mais importante dessas ocupaes devocionais ouvir sobre Ka.

    AEsse um poderosssimo mtodo que elimina da mente todas as dvidas. Quanto mais praticamos o ouvir, mais nos iluminamos e nos desapegamos de tudo o que afasta a mente de Ka. Assim, ao impedir

    que a mente se interesse por atividades mundanas e ocupando-a em

    autorrealizao, fica mais fcil praticar o desapego da matria. O desapego

    espiritual impessoal mais difcil do que fazer a mente se apegar s

    atividades de Ka. Isso prtico porque, ouvindo sobre Ka, logo nos

    apegamos ao Esprito Supremo. Embora, nessa era atual, no se exija

    grandes austeridades, desapego ou penitncias at porque o homem

    moderno incapaz de adotar tais prticas importante que se saiba que o

    xito na vida espiritual (salvo algumas raras excees) ser proporcional ao

    grau de dedicao do praticante. De fato, quanto mais a pessoa se dedica a

    ouvir o conhecimento transcendental, mais os vus da iluso se dissipam,

    eliminando as impurezas que afastariam sua mente da Transcendncia.

    Assim sendo, ao perder seu interesse pelas atividades mundanas, a vida

    espiritual se torna cada vez mais natural e prazerosa.

    Assim como um homem faminto experimenta satisfao medida que

    ingere o alimento, de modo semelhante, as prticas do servio devocional

    provm satisfao transcendental e produz desapego gradual dos objetivos

    materiais. Quanto mais ouvir sobre as atividades transcendentais do

    Sen