apostila-etica (1)

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  • Prof. Leonardo de Medeiros | tica

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    Sistema de tica Pblica Revista e ampliada

    Prof. Leonardo de Medeiros

    Braslia, DF, maio de 2014

  • Prof. Leonardo de Medeiros | tica

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    Introduo

    A Filosofia h mais de 2.000 anos se controverte e se debate sobre questes da tica. Sem embargos,

    trata-se de tema profundamente espalhado pelos setores pblicos e privados, intersubjetivo e intrasubjetivo, familiar e

    social. O presente material didtico tem por escopo uma abordagem objetiva para fins de provas pblicas, exortando

    os estudiosos para avanar e aprofundar o tema em momento posterior com as bibliografias pertinentes.

    tica e moral so ambos o conjunto de valores que norteiam a conduta humana. Do ponto de vista

    etimolgico e estilstico no h diferena. Deve-se dar tratamento distinto sob a tica cientfica. Sob o prisma

    emprico, ento, tica e moral no so a mesma coisa. Podemos afirmar que a tica est para a moral assim como

    hermenutica est para a interpretao.

    (CESPE-UNB/CAIXA/Tcnico/2006) A distino fundamental entre tica e moral decorre de explicao

    etimolgica.

    Gab. E

    (CESPE/INPI/2013) tica a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral e os princpios ideais da

    conduta humana.

    Gab. C

    Esclarecem a Profa. Dra. Maria Clara Dias, o Prof. Dr. Nelson Gonalves Gomes e o Prof. Dr. Claudio

    Araujo Reis, em monografia sobre o tema:

    Os Cdigos Tradicionais de Conduta e o Direito so dois planos do universo dos valores e das normas, mas h ainda

    um terceiro, que analisado pela Filosofia. Tal plano a tica ou Moral, que tem a ver com valores e com normas,

    mas sob um ponto de vista peculiar: a racionalidade. A tica abrange, pretensamente, um ou mais sistemas de

    valores e normas de conduta que sejam racional ou argumentativamente defensveis.

    ...

    Os Cdigos Tradicionais de Conduta, o Direito e a tica ou Moral so, portanto, trs planos imersos no universo dos

    valores e das normas. Eles so distintos uns dos outros, sem ser estanques. Ao que parece, a vida ser um valor em

    todos eles, e a norma no mate pertencer tambm a todos. Porm, conflitos podem surgir entre tais planos,

    obrigando o indivduo a certas escolhas. O soldado que receber ordens de executar prisioneiros inocentes poder

    cumpri-las, consoante os regulamentos militares, que classificaro o seu comportamento como certo. Ele poder,

    porm, recusar obedincia, apelando para o princpio moral de que no se deve matar um inocente. Num tal caso,

    estar sujeito a sanes militares, mas a sua conduta ser certa, sob o ponto de vista moral.

    A tica, numa atitude passiva se resume mxima no faa ao outro o que no queres que o outro faa

    a ti e numa atitude pr-ativa faa ao outro o que queres que o outro faa a ti. A tica integrada pela Deontologia

    (cdigo de tica, deveres) e pela Diceologia (direitos). Costuma-se classificar a tica, para efeitos meramente

    didticos, quanto ao resultado do comportamento e quanto ao aspecto histrico, da seguinte maneira:

    RESULTADO DO COMPORTAMENTO ASPECTO HISTRICO

    tica absoluta, apriorstica, explicativa, racional tica emprica, cnica

    tica relativa, factual, experimental: anarquista,

    utilitarista, ceticista, subjetivista

    tica dos bens: felicidade, virtude, prazer, sabedoria

    tica formal, do dever, da atitude

    tica de valores, axiologia

    (CESPE/AGU/Agente Administrativo/2010) A tica no servio pblico envolve a responsabilidade do servidor

    pblico tanto por aquilo que fez quanto por aquilo que no fez, mas que deveria ter feito.

    Gab. C

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    Em sntese apertada:

    TICA MORAL

    grego ethos: modo de ser latim mos ou mores: costume

    cincia filosfica sobre o comportamento

    moral dos homens em sociedade, estuda

    os julgamentos do homem sobre o bem e o

    mal, o bom e o mau, visa aperfeioar o

    homem.

    conjunto de regras, aceitas livre e

    conscientemente, que regulam

    o comportamento individual dos homens

    entre si e entre estes e a comunidade, visa a

    estabilidade social.

    teoria prtica

    princpio condutas especficas

    geral, aberta especfica, fechada

    abstrata, objetiva concreta, subjetiva

    universal cultural

    permanente, eterna transitria, temporria

    reflexo ao

    juzo especulativo: dever ser, sollen;

    enunciados que so gerados em uma

    investigao a respeito da validade ou no

    dos enunciados morais.

    juzo valorativo: ser, sein; enunciados que

    do valor a certas condutas, aprovando-as ou

    rejeitando-as)

    descritiva: como os seres humanos de uma

    determinada cultura de fato agem

    normativa: determina como os seres

    humanos deveriam agir

    filosofia moral objeto da tica

    (CESPE-UNB/ANATEL/Tcnico/2006) A palavra "tica" derivada do grego ethos e significa "modo de ser" ou

    "carter" o que implica, necessariamente, um juzo de valor sobre os desvios atvicos da conduta do homem em

    sociedade.

    Gab. E

    (CESPE-UNB/ANATEL/Tcnico/2006) A tica ocupa-se basicamente de questes subjetivas, abstratas e

    essencialmente de interesse particular do indivduo.

    Gab. E

    (CESPE-UNB/CAIXA/Tcnico/2006) Infere-se do texto que tica, definida como "uma cincia sobre o

    comportamento moral dos homens em sociedade", corresponde a um conceito mais abrangente e abstrato que

    o de moral.

    Gab. C

    (CESPE-UNB/TRE-AL/Tcnico/2004) Atender plenamente ao cdigo de tica da empresa condio necessria e

    suficiente para que um profissional seja eficiente e eficaz.

    Gab. E

    (CESPE/DPU/ Agente Administrativo/2010) Ao ter conhecimento de um ato administrativo ilegal, o servidor

    pblico no pode omitir esse ato, ainda que contrrio aos interesses da prpria pessoa interessada ou da

    administrao pblica.

    Gab. C

    (CESPE/PRF/Policial/2013) O elemento tico deve estar presente na conduta de todo servidor pblico, que deve

    ser capaz de discernir o que honesto e desonesto no exerccio de sua funo.

    Gab. C

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    Atender plenamente ao cdigo de tica torna o profissional eficaz faz aquilo que dever ser feito, que

    cumpre com suas metas, que realiza o que foi proposto. Para ser eficiente o servidor tem que apresentar algo a mais

    como fazer alm. Os casos omissos no cdigo de tica devem ser julgados pelo servidor levando em

    considerao os princpios fundamentais da CR.

    (CESPE-UNB/TRE-AL/Tcnico/2004) O comportamento profissional influenciado pela tica e pelo aprendizado

    contnuo e pode variar de indivduo para indivduo.

    Gab. C

    (CESPE-UNB/TRE-AL/Tcnico/2004) Os cdigos de tica determinam o comportamento dos agrupamentos

    humanos e, por essa razo, cada profisso pode ter seu prprio cdigo.

    Gab. C

    (CESPE-UNB/CAIXA/Tcnico/2006) Uma tica deontolgica aquela construda sobre o princpio do dever.

    Gab. C

    (CESPE-UNB/FUB/Assistente/2013) Para fins de comprometimento tico, considerado servidor pblico

    exclusivamente aquele que presta servios a rgos do poder estatal mediante retribuio financeira do Estado.

    Gab. C

    (CONSUPLAN/Correios/Agente/2008) Em seu sentido mais amplo, a tica tem sido entendida como a cincia da

    conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Portanto, neste sentido, a tica envolve: estudos de

    aprovao ou desaprovao da ao dos homens e a considerao de valor como equivalente de uma medio

    do que real e voluntarioso no campo das aes virtuosas.

    Gab. C

    Por fim, leia-se o artigo assinado pelo Procurador Federal da AGU Bruno Czar da Luz Pontes1:

    Finalmente, gostaria de dizer algumas palavras sobre o Decreto 1.171, de 12 de junho de 1994, que aprovou o

    Cdigo de tica do Servidor do Poder Executivo Federal. Como foi dito anteriormente, o comportamento tico do

    servidor pblico na sua vida particular s exigvel se, pela natureza do cargo, houver uma razovel exigncia do

    servidor se comportar moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras tpicas de Estado. O que, ento,

    dizer do Decreto 1.171, de 1994, que impe o comportamento tico e moral de todo e qualquer servidor, na sua

    vida particular, independentemente da natureza do seu cargo? Quando tal Cdigo estabelece, logo no Captulo I

    do Anexo, algumas Regras Deontolgicas, quer dizer que o servidor pblico est envolto em um sistema onde a

    moral tem forte influncia no desenvolvimento da sua carreira pblica. Assim, quem passa pelo servio pblico

    sabe ou deveria saber que a promoo profissional e o adequado cumprimento das atribuies do cargo esto

    condicionados tambm pela tica e, assim, pelo comportamento particular do servidor. Veja o nobre leitor que o

    referido Decreto cria normas de conduta, conhecidas no Direito como normas materiais, porque impem

    comportamentos. Por amor verdade e Constituio, no posso omitir uma opinio, neste ponto. O Decreto

    1171 inconstitucional, na medida em que impe regras de condutas, ferindo a Constituio. Esta Lei Mxima diz,

    no seu art. 5, diz que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei e

    que no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal. Esta lei citada pelo art. 5

    a norma primria, no podendo ser confundido com a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela

    norma secundria.

    1 www.agu.gov.br/page/download/index/id/525850; 05/maio/2014.

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    E continua:

    Assim, no poderia ser imposta nenhuma norma de conduta a algum via Decreto, que uma norma secundria,

    porque s a norma primria tem esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova redao do art. 84, inciso

    VI, dada pela Emenda Constitucional n. 32, de 11 de setembro de 2001, possvel falar em Decreto Autnomo. Isto

    : possvel falar em Decreto como norma primria, para fins de dispor sobre organizao e funcionamento da

    Administrao Pblica Federal, quando no houver aumento de despesa nem criao ou extino de rgos

    pblicos, e tambm para extinguir funes ou cargos pblicos, quando vagos. Somente uma grande fora de

    interpretao, que chegaria a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da CF/88, poderia aceitar que a

    criao de normas de conduta para servidores pblicos estaria inserta na organizao e funcionalmente da

    Administrao Pblica Federal. Apesar disto, o fato que o Decreto Autnomo s apareceu verdadeiramente no

    ordenamento jurdico nacional em 11 de setembro de 2001, e o Decreto 1.171 de 22 de junho de 1994, quando

    no havia no ordenamento jurdico o Decreto como norma primria. Por isso, o Decreto 1171 no impe coero

    quanto s normas materiais nele indicadas; impe to somente em relao s normas processuais, como a

    obrigao de criao de Comisso de tica por todas as entidades e rgos pblicos federais. Diante desta

    situao, o que resta do Cdigo de tica do Servidor do Poder Executivo Federal, imposto pelo referido Decreto?

    Posso garantir que ele continua com o mesmo vigor que sempre teve, porque o vigor nunca foi sancionador ou

    coercitivo. O ento Ministro Chefe da Secretaria da Administrao Federal da Presidncia da Repblica, e

    presidente da Comisso Especial criada para estudar a construo do Cdigo de tica, Romildo Canhim, ao expor os

    motivos para o Presidente da Repblica da poca, Itamar Franco, foi enftico, ao dizer o seguinte:

    Para melhor se compreender a total separao entre o Cdigo de tica e a lei que institui o regime disciplinar dos

    servidores pblicos, basta a evidncia de que o servidor adere lei por uma simples conformidade exterior,

    impessoal, coercitiva, imposta pelo Estado, pois a lei se impe por si s, sem qualquer consulta prvia a cada

    destinatrio, enquanto que, no atinente ao Cdigo de tica, a obrigatoriedade moral incluir a liberdade de escolha

    e de ao do prprio sujeito, at para discordar das normas que porventura entenda injustas e lutar por sua

    adequao aos princpios da Justia. Sua finalidade maior produzir na pessoa do servidor pblico a conscincia de

    sua adeso s normas preexistentes atravs de um esprito crtico, o que certamente facilitar a prtica do

    cumprimento dos deveres legais por parte de cada um e, em conseqncia, o resgate do respeito aos servios

    pblicos e dignidade social de cada servidor.

    Exatamente por isso, o Cdigo de tica cria regras deontolgicas de tica, isto , cria um sistema de princpios e

    fundamentos da moral, da porque no se preocupa com a previso de punio e processo disciplinar contra o

    servidor antitico, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidncia entre a conduta antitica e a necessidade de

    punio administrativa. A verdadeira inteno do Cdigo de tica foi estimular os rgos e entidades pblicas

    federais a promoverem o debate sobre a tica, para que ela, e as discusses que dela se extrai, permeie amide as

    reparties, at com naturalidade. Para o leitor ter uma idia de como isso pode dar certo, o fato de existir esta

    confluncia leitor-autor, a respeito da tica, est engajada no esprito do Cdigo, que visa no deixar que o fogo da

    tica e da moral se apague pela falta de debate e pela falta de tempo.

    Em relao s punies pela vida amoral do servidor pblico comum fora das suas atribuies, enfatizo que tais

    punies existiro, porm de modo indireto. o caso daquele servidor que vive tentando ser nomeado para um

    Cargo de Direo e Assessoramento Superior, mas sempre vive reclamando que s tem acesso a tais cargos quem

    apadrinhado poltico. No entanto, este servidor esquece de dar trs voltas dentro da prpria casa, para saber se

    existe um outro motivo para que no seja nomeado, alm da capacidade tcnica e do apadrinhamento poltico.

    Quem, de boa-f e preocupado com o interesse pblico, ir nomear um servidor alcolatra para um cargo DAS?

    Quem ir nomear um servidor que j se envolveu em pedofilia? Quem ir nomear um servidor pblico que

    conhecido e reconhecidamente espancador da sua esposa? Ns sabemos que muitos e muitos cargos em comisso

    so nomeados apenas pelo apadrinhamento. Existem a duas imoralidades, que o excesso de tais cargos e a

    forma de sua nomeao.

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    Malgrado, no podemos negar que muitos cargos deixam de ser ocupados por servidores pblicos efetivos porque

    aquele que suficientemente tcnico, no goza de boa aceitao moral. No mundo judicial, por exemplo, muitos

    juzes passam a vida inteira tentando chegar ao Tribunal de Justia, para alcanar a condio de desembargador.

    No entanto, ficam s na tentativa, porque os desembargadores, sabendo que o juiz ou mulherengo, ou adora

    viver em botecos, ou que bate na mulher, impedem que o juiz, que tem todos os outros requisitos (conhecimento

    tcnico e tempo na carreira), chegue ao Tribunal de Justia. Este juiz passa a vida inteira praguejando contra o

    Tribunal de Justia, mas esquece de dar aquelas trs voltas dentro da sua prpria casa. O mesmo ocorre em muitas

    outras carreiras, e no inteno deste reles divagador, colocar a carreira da magistratura na berlinda. s um

    exemplo. Uma outra punio indireta, porm mais eficaz, o prejuzo em relao promoo do servidor pblico

    dentro da carreira.

    Quer queira, quer no, a conduta antitica e imoral do servidor pblico fora da vida funcional acaba influenciando

    no momento da promoo, isto para qualquer categoria de servidor, seja dentro das carreiras tpicas de Estado,

    seja em outra dentro dos Planos de Cargos e Salrios. O art. 30 da Lei 3.780, de 12 de julho de 1960, que trata da

    Classificao de Cargos do Servio Civil do Poder Executivo, diz que o merecimento, para fins de promoo, a

    demonstrao positiva pelo funcionrio, durante a permanncia na classe, de pontualidade, assiduidade, de

    capacidade, de eficincia, de esprito de colaborao e compreenso dos deveres, alm da tica profissional. Tudo

    isso leva a crer que, no havendo tica e moral, seja na repartio, seja na vida particular, durante todo o perodo

    que esteve na classe, a promoo pode ser prejudicada.

    Ratificando esta idia, o art. 6 da Lei 5.645, de 10 de dezembro de 1970, que tambm trata da classificao de

    cargos na Unio e nas autarquias federais, diz que a progresso funcional obedecer critrios seletivos a serem

    estabelecidos pelo Poder Executivo. Por outro lado, o princpio constitucional da moralidade possibilita que a lei

    condicione a promoo funcional quando houver um comportamento tico dentro e fora das atribuies funcionais.

    No haveria nenhuma inconstitucionalidade. Haveria, sim, dificuldade de regulamentao, que outro assunto,

    mas no se pode perder de vista que a Constituio tem um esprito prprio a respeito da moralidade, valorizando-

    a sempre que possvel. Estas situaes de punio indireta so exemplos clssicos das regras deontolgicas da

    tica, que acabam punindo o servidor, sem que o mesmo receba qualquer punio formal ou que venha a

    responder a um processo disciplinar. O que mais interessa, meu caro leitor, que a maior punio indireta do

    servidor que no se comporta moralmente, seja na vida particular seja na vida funcional, a punio que vem do

    olhar do colega; aquela punio sorrateira, que fica permeando toda a vida funcional do servidor, porque o

    mesmo no ter condies morais de dar um exemplo ou de reclamar de algo errado. A pior punio no aquela

    que vem a galope; sim aquela que vem a tripetrepe, escondida no olhar, nos trejeitos, no posicionamento invasivo

    do colega e no contgio malvolo de quem, visa de todos, no pauta sua vida com moralidade e tica.

    Portanto, o servidor que no se comporta dentro dos padres estabelecidos no Cdigo de tica, poder at passar

    ileso a processos disciplinares. No entanto, no ficar ileso ao conceito dos colegas, da instituio e dos superiores.

    O pior de tudo que ele no ter moral suficiente para deixar uma herana positiva para a repartio, e nem

    poder, na vida particular, passar a imagem para a sua famlia, com orgulho e paixo, que um servidor admirvel

    e comprometido com a tica.

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    E conclui:

    O servidor pblico que no se comporta eticamente, fazendo valer todos os princpios e normas estabelecidas no

    Decreto 1.171, portanto, perder a oportunidade de passar pelo servio pblico e deixar uma herana vvida para

    os colegas, e no h maior punio que esta... Pode acreditar! Por isso, vale a pena resumir as cinco grandes

    razes morais para as regras deontolgicas do Cdigo de tica do Servidor do Poder Executivo Federal:

    a) primeira, a obrigatoriedade do trabalho. Esta primeira razo moral deve fazer surgir a idia de que o trabalho

    do servidor til sociedade, porque o servidor respeita o que faz, sendo, por isso, assduo e pontual, fazendo com

    que exista uma solidariedade e uma harmonia interna em cada repartio. Alm do mais, esta obrigatoriedade

    impede que o servidor transfira para outra pessoa aquilo que lhe caiba, e cumpra as ordens superiores, quando

    legais, tendo um comportamento pr-ativo em relao s suas obrigaes institucionais e funcionais;

    b) a segunda, se refere obrigao de receber como contraprestao somente o que devido. Esta obrigao deve

    fazer o servidor ter conscincia de que sua remunerao custeada pelos tributos pagos pela comunidade, e que

    ele deve condicionar a sua felicidade e de seus dependentes dentro da possibilidade material que a sua

    remunerao permite. Assim, no h outro modo de se portar seno com cortesia, eficincia, boa vontade e

    cuidado perante os cidados. Esta obrigao evita o enriquecimento ilcito, torna compatvel o patrimnio e o

    modo de vida do servidor e torna a prestao de contas algo natural. Se o servidor acredita realmente que s tem o

    direito moral de receber somente a contraprestao do que devido, vai, de fato, pautar toda a sua vida e de seus

    familiares dentro da sua capacidade financeira. A conseqncia ser a boa nova de no ser, jamais, aturdido pela

    cobia, pela criao ilegtima de viagens para ganhar dirias, pela aproximao perigosa com interessados na

    licitao e com interessados na lenincia de servidores pblicos;

    c) a terceira refere-se obrigatoriedade de cumprir e de fazer cumprir as regras. O princpio da legalidade, para o

    servidor pblico, to forte quanto o princpio da moralidade, porque um pode se satisfazer no outro. O servidor,

    ento, deve estar atendo s normas internas (Portarias, Decretos, Instrues Normativas etc.), porque s com a

    predisposio para cumpri-las que o servidor se animar a afastar alguma imoralidade implcita;

    d) a quarta razo a obrigao da verdade, muito bem resumida no inciso VIII do Cdigo de tica: Toda pessoa

    tem direito verdade. O servidor no pode omiti-la ou false-la, ainda que contrria aos interesses da prpria

    pessoa interessada ou da Administrao Pblica. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder

    corruptivo do hbito do erro, da opresso, ou da mentira, que sempre aniquilam at mesmo a dignidade humana

    quanto mais a de uma Nao. S a verdade pode fazer com que os equvocos apaream e sejam superados;

    e) a quinta, a obrigatoriedade de utilizao dos bens pblicos para fins pblicos. O interesse pblico jamais

    poder ser sucumbido pelo interesse particular. Isto passa desde a prioridade na utilizao de um telefone, at na

    honesta e competente forma de se levar adiante uma licitao.

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    1. SISTEMA DE GESTO DA TICA DO PODER EXECUTIVO FEDERAL

    Em 2007, foi institudo o Sistema de Gesto da tica (SGE) do Poder Executivo Federal com a

    finalidade de promover atividades que dispem sobre a conduta tica no mbito do Executivo Federal,

    competindo-lhe (art. 1, Decreto n 6.029/2007):

    1) integrar os rgos, programas e aes relacionadas com a tica pblica;

    2) contribuir para a implementao de polticas pblicas tendo a transparncia e o acesso informao

    como instrumentos fundamentais para o exerccio de gesto da tica pblica;

    3) promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilizao e interao de normas, procedimentos

    tcnicos e de gesto relativos tica pblica;

    4) articular aes com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho

    institucional na gesto da tica pblica do Estado brasileiro.

    O SGE do Poder Executivo Federal integrado pelos seguintes comisses (art. 2, Decreto n

    6.029/2007):

    a) Comisso de tica Pblica (CEP Decreto de 26 de maio de 1999); b) comisses de tica (Decreto n

    o 1.171/1994);

    c) demais comisses de tica e equivalentes nas entidades e rgos do Poder Executivo Federal.

    Compete a CEP coordenar, avaliar e supervisionar o SGE do Poder Executivo Federal. Junto com o SGE e a CEP foi

    criada a REDE DE TICA DO PODER EXECUTIVO FEDERAL, integrada pelos representantes das comisses de tica, e

    que tem o objetivo de promover a cooperao tcnica e a avaliao em gesto da tica (art. 4 V, art. 9, Decreto

    n 6.029/2007).

    Os integrantes da REDE DE TICA se reuniro sob a coordenao da CEP, pelo menos 01 vez por ano, em frum

    especfico, para avaliar o programa e as aes para a promoo da tica na Administrao Pblica (art. 9,

    pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    Os representantes das comisses de tica atuaro como elementos de ligao com a CEP, que

    dispor em resoluo prpria sobre as atividades que devero desenvolver para o cumprimento desse objetivo

    (art. 23, Decreto n 6.029/2007).

    Ateno! A infrao de natureza tica cometida por membro de comisso de tica ser apurada pela CEP (art. 21,

    Decreto n 6.029/2007).

    dever do titular de entidade ou rgo da Administrao Pblica Federal, Direta e Indireta (art. 6,

    Decreto n 6.029/2007):

    a) assegurar as condies de trabalho para que as comisses de tica cumpram suas funes, inclusive para

    que do exerccio das atribuies de seus integrantes no lhes resulte qualquer prejuzo ou dano;

    b) conduzir, em seu mbito, a avaliao da gesto da tica conforme processo coordenado pela CEP.

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    Compete s instncias superiores dos rgos e entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a

    Administrao Direta e Indireta (art. 8, Decreto n 6.029/2007):

    a) observar e fazer observar as normas de tica e disciplina;

    b) constituir comisso de tica;

    c) garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a comisso de tica cumpra com suas

    atribuies; e

    d) atender com prioridade s solicitaes da CEP.

    2. COMISSO DE TICA PBLICA Decreto de 26/maio/1999

    A COMISSO DE TICA PBLICA (CEP) rgo vinculado Presidncia da Repblica e foi criado

    por meio de decreto do Presidente da Repblica, em 26/maio/1999, ser integrada por 07 brasileiros desde que

    preencham os seguintes requisitos (art. 3, Decreto n 6.029/2007):

    idoneidade moral

    reputao ilibada

    notria experincia em Administrao Pblica

    sero designados pelo Presidente da Repblica

    para mandatos de 03 anos, no coincidentes

    permitida uma nica reconduo.

    Lembre-se! STF-v 13. A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,

    at o 3, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de

    direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo

    gratificada na Administrao Pblica Direta e Indireta em qualquer dos Poderes da Unio, Estados, DF e

    Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a CR/1988.

    A CEP possui uma Secretaria-Executiva, vinculada CASA CIVIL da Presidncia da Repblica, qual

    competir prestar o apoio tcnico e administrativo Comisso (art. 3, 1, Decreto n 6.029/2007).

    Competncias da CEP (art. 4, Decreto n 6.029/2007):2

    1) reviso das normas sobre conduta tica na Administrao Pblica Federal

    2) elaborar a instituio do CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL, no mbito do

    Poder Executivo Federal.

    Compete ainda a CEP (art. 4, art. 3, 2, Decreto n 6.029/2007):

    3) escolher seu Presidente, que ter o voto de qualidade nas deliberaes da Comisso e aprovar o

    regimento interno;

    4) atuar como instncia consultiva do Presidente da Repblica e Ministros de Estado em matria de tica

    pblica;

    5) dirimir dvidas de interpretao sobre as normas do Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil

    do Poder Executivo Federal (Decreto n 1.171/1994)

    2 Ateno! O Decreto n 6.029/2007 revogou os dispositivos do Decreto de 26/maio/1999 que dispunha sobre a composio e

    competncia da CEP, instituindo novas regras.

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    6) coordenar, avaliar e supervisionar o SISTEMA DE GESTO DA TICA PBLICA (SGE) do Poder Executivo

    Federal;

    7) administrar a aplicao do CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL, devendo:

    a) submeter ao Presidente da Repblica medidas para seu aprimoramento;

    b) dirimir dvidas a respeito de interpretao de suas normas, deliberando sobre casos omissos;

    c) apurar, mediante denncia ou de ofcio, condutas em desacordo com as normas nele previstas,

    quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas;

    Os trabalhos da CEP devem ser desenvolvidos com celeridade e observncia dos seguintes princpios

    (art. 10, Decreto n 6.029/2007):

    1) proteo honra e imagem da pessoa investigada;

    2) proteo identidade do denunciante, que dever ser mantida sob reserva, se este assim o desejar;

    3) independncia e imparcialidade dos seus membros na apurao dos fatos;

    4) contraditrio e ampla defesa.

    s instncias superiores dos rgos e entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a

    Administrao Direta e Indireta, compete atender com prioridade s solicitaes da CEP (art. 8, IV, Decreto n

    6.029/2007).

    Ateno! Resoluo n 04, de 07 de junho de 2001 - Aprova o Regimento Interno da Comisso de tica Pblica

    CAPTULO I DA COMPETNCIA

    Art. 2 Compete Comisso de tica Pblica (CEP):

    I - assegurar a observncia do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal, aprovado pelo Presidente da Repblica em

    21 de agosto de 2000, pelas autoridades pblicas federais por ele abrangidas;

    II - submeter ao Presidente da Repblica sugestes de aprimoramento do Cdigo de Conduta e resolues de carter

    interpretativo de suas normas;

    III - dar subsdios ao Presidente da Repblica e aos Ministros de Estado na tomada de deciso concernente a atos de

    autoridade que possam implicar descumprimento das normas do Cdigo de Conduta;

    IV - apurar, de ofcio ou em razo de denncia, condutas que possam configurar violao do Cdigo de Conduta, e, se for o

    caso, adotar as providncias nele previstas;

    V - dirimir dvidas a respeito da aplicao do Cdigo de Conduta e deliberar sobre os casos omissos;

    VI - colaborar, quando solicitado, com rgos e entidades da administrao federal, estadual e municipal, ou dos Poderes

    Legislativo e Judicirio; e

    VII - dar ampla divulgao ao Cdigo de Conduta.

    CAPTULO II DA COMPOSIO

    Art. 3 A CEP composta por seis membros designados pelo Presidente da Repblica, com mandato de trs anos, podendo

    ser reconduzidos.

    1 Os membros da CEP no tero remunerao e os trabalhos por eles desenvolvidos so considerados prestao de

    relevante servio pblico.

    2 As despesas com viagens e estada dos membros da CEP sero custeadas pela Presidncia da Repblica, quando

    relacionadas com suas atividades.

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    CAPTULO III DO FUNCIONAMENTO

    Art. 4 Os membros da CEP escolhero o seu presidente, que ter mandato de um ano, permitida a reconduo.

    Art. 5 As deliberaes da CEP sero tomadas por voto da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o voto de

    qualidade.

    Art. 6 A CEP ter um Secretrio-Executivo, vinculado Casa Civil da Presidncia da Repblica, que lhe prestar apoio

    tcnico e administrativo.

    1 O Secretrio-Executivo submeter anualmente CEP plano de trabalho que contemple suas principais atividades e

    proponha metas, indicadores e dimensione os recursos necessrios.

    2 Nas reunies ordinrias da CEP, o Secretrio-Executivo prestar informaes sobre o estgio de execuo das

    atividades contempladas no plano de trabalho e seus resultados, ainda que parciais.

    Art. 7 As reunies da CEP ocorrero, em carter ordinrio, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que necessrio,

    por iniciativa de qualquer de seus membros.

    1 A pauta das reunies da CEP ser composta a partir de sugestes de qualquer de seus membros ou por iniciativa do

    Secretrio-Executivo, admitindo-se no incio de cada reunio a incluso de novos assuntos na pauta.

    2 Assuntos especficos e urgentes podero ser objeto de deliberao mediante comunicao entre os membros da CEP.

    CAPTULO IV DAS ATRIBUIES

    Art. 8 Ao Presidente da CEP compete:

    I - convocar e presidir as reunies;

    II - orientar os trabalhos da Comisso, ordenar os debates, iniciar e concluir as deliberaes;

    III - orientar e supervisionar os trabalhos da Secretaria-Executiva;

    IV - tomar os votos e proclamar os resultados;

    V - autorizar a presena nas reunies de pessoas que, por si ou por entidades que representem, possam contribuir para os

    trabalhos da CEP;

    VI - proferir voto de qualidade;

    VII - determinar o registro de seus atos enquanto membro da Comisso, inclusive reunies com autoridades submetidas ao

    Cdigo de Conduta;

    VIII - determinar ao Secretrio-Executivo, ouvida a CEP, a instaurao de processos de apurao de prtica de ato em

    desrespeito ao preceituado no Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal, a execuo de diligncias e a expedio

    de comunicados autoridade pblica para que se manifeste na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e

    IX - decidir os casos de urgncia, ad referendum da CEP.

    Art. 9 Aos membros da CEP compete:

    I - examinar as matrias que lhes forem submetidas, emitindo pareceres;

    II - pedir vista de matria em deliberao pela CEP;

    III - solicitar informaes a respeito de matrias sob exame da Comisso; e

    IV - representar a CEP em atos pblicos, por delegao de seu Presidente.

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    Art. 10. Ao Secretrio-Executivo compete:

    I - organizar a agenda das reunies e assegurar o apoio logstico CEP;

    II - secretariar as reunies;

    III - proceder ao registro das reunies e elaborao de suas atas;

    IV - dar apoio CEP e aos seus integrantes no cumprimento das atividades que lhes sejam prprias;

    V - instruir as matrias submetidas deliberao;

    VI - providenciar, previamente instruo de matria para deliberao pela CEP, nos casos em que houver necessidade,

    parecer sobre a legalidade de ato a ser por ela baixado;

    VII - desenvolver ou supervisionar a elaborao de estudos e pareceres como subsdios ao processo de tomada de deciso

    da CEP;

    VIII - solicitar s autoridades submetidas ao Cdigo de Conduta informaes e subsdios para instruir assunto sob apreciao

    da CEP; e

    IX - tomar as providncias necessrias ao cumprimento do disposto nos arts. 8 , inciso VII, e 12 deste Regimento, bem

    como outras determinadas pelo Presidente da Comisso, no exerccio de suas atribuies.

    CAPTULO V DAS DELIBERAES

    Art. 11. As deliberaes da CEP relativas ao Cdigo de Conduta compreendero:

    I - homologao das informaes prestadas em cumprimento s obrigaes nele previstas;

    II - adoo de orientaes complementares:

    a) mediante resposta a consultas formuladas por autoridade a ele submetidas;

    b) de ofcio, em carter geral ou particular, mediante comunicao s autoridades abrangidas, por meio de resoluo, ou,

    ainda, pela divulgao peridica de relao de perguntas e respostas aprovada pela CEP;

    III - elaborao de sugestes ao Presidente da Repblica de atos normativos complementares ao Cdigo de Conduta, alm

    de propostas para sua eventual alterao;

    IV - instaurao de procedimento para apurao de ato que possa configurar descumprimento ao Cdigo de Conduta; e

    V - adoo de uma das seguintes providncias em caso de infrao:

    a) advertncia, quando se tratar de autoridade no exerccio do cargo;

    b) censura tica, na hiptese de autoridade que j tiver deixado o cargo; e

    c) encaminhamento de sugesto de exonerao autoridade hierarquicamente superior, quando se tratar de infrao

    grave ou de reincidncia.

    CAPTULO VI DAS NORMAS DE PROCEDIMENTO

    Art. 12. O procedimento de apurao de infrao ao Cdigo de Conduta ser instaurado pela CEP, de ofcio ou em razo de

    denncia fundamentada, desde que haja indcios suficientes, observado o seguinte:

    I - a autoridade ser oficiada para manifestar-se por escrito no prazo de cinco dias;

    II - o eventual denunciante, a prpria autoridade pblica, bem assim a CEP, de ofcio, podero produzir prova documental;

    III - a CEP poder promover as diligncias que considerar necessrias, assim como solicitar parecer de especialista quando

    julgar imprescindvel;

    IV - concludas as diligncias mencionadas no inciso anterior, a CEP oficiar autoridade para nova manifestao, no prazo

    de trs dias;

    V - se a CEP concluir pela procedncia da denncia, adotar uma das providncias previstas no inciso V do art. 11, com

    comunicao ao denunciado e ao seu superior hierrquico.

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    CAPTULO VII DOS DEVERES E RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS DA COMISSO

    Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar e manter arquivadas na Secretaria-Executiva declaraes prestadas

    nos termos do art. 4 do Cdigo de Conduta.

    Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou potenciais, que possam surgir em funo do exerccio das atividades

    profissionais de membro da Comisso, devero ser informados aos demais membros.

    Pargrafo nico. O membro da CEP que, em razo de sua atividade profissional, tiver relacionamento especfico em matria

    que envolva autoridade submetida ao Cdigo de Conduta da Alta Administrao, dever abster-se de participar de

    deliberao que, de qualquer modo, a afete.

    Art. 15. As matrias examinadas nas reunies da CEP so consideradas de carter sigiloso at sua deliberao final, quando

    a Comisso dever decidir sua forma de encaminhamento.

    Art. 16. Os membros da CEP no podero se manifestar publicamente sobre situao especfica que possa vir a ser objeto

    de deliberao formal do Colegiado.

    Art. 17. Os membros da CEP devero justificar eventual impossibilidade de comparecer s reunies.

    CAPTULO VIII DAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausncias, ser substitudo pelo membro mais antigo da Comisso.

    Art. 19. Caber CEP dirimir qualquer dvida relacionada a este Regimento Interno, bem como promover as modificaes

    que julgar necessrias.

    Pargrafo nico. Os casos omissos sero resolvidos pelo colegiado.

    3. BANCO DE DADOS DA CEP

    Compete a CEP atuar como instncia consultiva do Presidente da Repblica e Ministros de Estado em

    matria de tica pblica (art. 4 c/c art. 3, 2, Decreto n 6.029/2007).

    A CEP manter banco de dados de suas prprias sanes aplicadas (art. 22, Decreto n 6.029/2007):

    para fins de consulta pelos rgos ou entidades da Administrao Pblica Federal

    em casos de nomeao para cargo em comisso ou de alta relevncia pblica.

    O banco de dados da CEP engloba as sanes aplicadas a qualquer dos agentes pblicos (art. 22,

    pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    Aplica-se, no que couber, a Lei do Habeas Data Lei no 9.507/1997 em relao informao de pessoa, fsica ou

    jurdica, constante de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de carter pblico (art. 38, Lei

    n 12.527/20113).

    STJ 02 No cabe o habeas data se no houve recusa de informaes por parte da Autoridade

    Administrativa.

    3 Regula o acesso a informaes previsto no art. 5

    o, XXXIII, art. 37, 2, III, e art. 216, 2, CR.

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    4. CONSULTAS

    Compete a CEP atuar como instncia consultiva do Presidente da Repblica e Ministros de Estado em

    matria de tica pblica (art. 4, III, art. 3, 2, Decreto n 6.029/2007).

    Cumpre CEP responder a consultas sobre aspectos ticos que lhe forem dirigidas (art. 16, 2,

    Decreto n 6.029/2007):

    demais comisses de tica

    rgos e entidades que integram o Poder Executivo Federal

    cidados e servidores que venham a ser indicados para ocupar cargo ou funo abrangida pelo

    CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL.

    (CESGRANRIO/BB/Escriturrio/2014) 26 O Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal instituiu a

    Comisso de tica Pblica (CEP), responsvel pelo exame dos atos praticados pelos integrantes dos membros do

    Governo Federal. Caso seja ocupante de cargo pblico e venha a praticar ato de gesto patrimonial sobre o qual

    paire dvida quanto sua realizao luz das normas do referido Cdigo, o funcionrio deve

    (A) realizar consulta prvia CEP sobre a regularidade do negcio entabulado.

    (B) estabelecer o negcio, mediante a participao de parentes sem vnculo com o servio pblico.

    (C) pedir exonerao do cargo, realizar o negcio e postular o seu retorno.

    (D) consultar os seus advogados para obteno de parecer sobre o tema.

    (E) proceder normalmente e assumir os riscos do negcio empreendido.

    Gab. A

    As consultas dirigidas CEP devero estar acompanhadas dos elementos pertinentes legalidade da situao

    exposta (item 7, Resoluo n 08/2003).

    Cabe Administrao Pblica, na forma da lei, a gesto da documentao governamental e as providncias para

    franquear sua consulta a quantos dela necessitem (art. 216, 2, CR).

    Ao Ministrio da Justia compete a poltica nacional de arquivos; ao GABINETE DE SEGURANA INSTITUCIONAL

    compete coordenar as atividades de inteligncia federal e de segurana da informao (art. 27, XIV, n, c/c art. 6,

    IV, Lei n 10.683/20034).

    dever do Estado controlar o acesso e a divulgao de informaes sigilosas produzidas por seus rgos e

    entidades, assegurando a sua proteo (art. 25, Lei n 12.527/2011).

    Consideram-se, para os efeitos desta Lei n 12.527/2011 (art. 4, I e II, Lei n 12.527/2011): INFORMAO: dados,

    processados ou no, que podem ser utilizados para produo e transmisso de conhecimento, contidos em

    qualquer meio, suporte ou formato; DOCUMENTO: unidade de registro de informaes, qualquer que seja o

    suporte ou formato.

    4 Dispe sobre a organizao da Presidncia da Repblica e dos Ministrios.

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    5. COMISSES DE TICA

    Cada comisso de tica ser integrada por 03 membros titulares e 03 suplentes, escolhidos entre servidores e

    empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente mximo da respectiva entidade ou rgo, para

    mandatos no coincidentes de 03 anos (art. 5, Decreto n 6.029/2007).

    A infrao de natureza tica cometida por membro de comisso de tica ser apurada pela CEP (art. 21, Decreto

    n 6.029/2007).

    Compete s comisses de tica (art. 2, II, III, art. 5, Decreto n 6.029/2007):

    1. atuar como instncia consultiva de dirigentes e servidores no mbito de seu respectivo rgo ou entidade;

    2. representar a respectiva entidade ou rgo na REDE DE TICA do Poder Executivo Federal;

    3. supervisionar a observncia do CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL e comunicar

    CEP situaes que possam configurar descumprimento de suas normas;

    4. aplicar o CEP-SP-PEF, devendo:

    a) submeter CEP propostas para seu aperfeioamento;

    b) dirimir dvidas a respeito da interpretao de suas normas e deliberar sobre

    casos omissos;

    c) apurar, mediante denncia ou de ofcio, conduta em desacordo com as

    normas ticas pertinentes;

    d) recomendar, acompanhar e avaliar, no mbito do rgo ou entidade a

    que estiver vinculada, o desenvolvimento de aes objetivando a

    disseminao, capacitao e treinamento sobre as normas de tica e

    disciplina;

    Cada comisso de tica contar com uma Secretaria-Executiva (art. 7, 1, Decreto n 6.029/2007):

    vinculada administrativamente instncia mxima da entidade ou rgo,

    para cumprir plano de trabalho por ela aprovado e

    prover o apoio tcnico e material necessrio ao cumprimento das suas atribuies

    As Secretarias-Executivas das comisses de tica sero chefiadas por servidor ou empregado do

    quadro permanente da entidade ou rgo, ocupante de cargo de direo compatvel com sua estrutura, alocado

    sem aumento de despesas (art. 7, 2, Decreto n 6.029/2007).

    Junto com o SGE e a CEP foi criada a REDE DE TICA DO PODER EXECUTIVO FEDERAL, integrada

    pelos representantes das comisses de tica, e que tem o objetivo de promover a cooperao tcnica e a

    avaliao em gesto da tica (art. 9, Decreto n 6.029/2007).

    Os integrantes da REDE DE TICA se reuniro sob a coordenao da CEP, pelo menos uma vez por

    ano, em frum especfico, para avaliar o programa e as aes para a promoo da tica na Administrao Pblica

    (art. 9, pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

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    As comisses de tica no podero escusar-se de proferir deciso sobre matria de sua competncia

    alegando omisso do CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL ou do CDIGO DE TICA

    DA ENTIDADE, que, se existente, ser suprida por (art. 16, Decreto n 6.029/2007):

    analogia e

    princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia.

    Havendo dvida quanto legalidade, a comisso de tica competente dever ouvir previamente a

    rea jurdica do rgo ou entidade (art. 16, 1, Decreto n 6.029/2007).

    As comisses de tica, sempre que constatarem a possvel ocorrncia de ilcitos penais, civis, de

    improbidade administrativa ou de infrao disciplinar, encaminharo cpia dos autos s Autoridades competentes

    para apurao de tais fatos, sem prejuzo das medidas de sua competncia (art. 17, Decreto n 6.029/2007).

    Nenhum servidor poder ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar cincia Autoridade

    Superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra Autoridade competente para apurao de

    informao concernente prtica de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em

    decorrncia do exerccio de cargo, emprego ou funo pblica (art. 126-A, Lei n 8.112/1990).

    As decises das comisses de tica, na anlise de qualquer fato ou ato submetido sua apreciao ou

    por ela levantado, (art. 18, Decreto n 6.029/2007):

    sero resumidas em ementa

    com a omisso dos nomes dos investigados

    divulgadas no stio do prprio rgo,

    remetidas CEP

    Os trabalhos nas comisses de tica so considerados relevantes e tm prioridade sobre as

    atribuies prprias dos cargos dos seus membros, quando estes no atuarem com exclusividade na comisso

    (art. 19, Decreto n 6.029/2007).

    Os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal daro tratamento prioritrio s solicitaes de

    documentos necessrios instruo dos procedimentos de investigao instaurados pelas comisses de tica (art.

    20, Decreto n 6.029/2007).

    A comisso de tica, na hiptese de haver inobservncia do dever funcional, recomendar a

    abertura de procedimento administrativo (art. 12, 5o, III, art. 20, 1, Decreto n 6.029/2007).

    As Autoridades competentes no podero alegar sigilo para deixar de prestar informao solicitada

    pelas comisses de tica (art. 20, 2, Decreto n 6.029/2007).

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    6. INVESTIGAES DE INFRAES TICAS

    Qualquer cidado, agente pblico, pessoa jurdica de direito privado, associao ou entidade de classe

    poder provocar a atuao da CEP, visando apurao de infrao tica imputada a agente pblico, rgo ou setor

    especfico de ente estatal (art. 11, Decreto n 6.029/2007).

    AGENTE PBLICO todo aquele que, por fora de lei, contrato ou qualquer ato jurdico, preste servios de

    natureza permanente, temporria, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuio financeira, a rgo ou

    entidade da Administrao Pblica Federal, Direta e Indireta (art. 11, pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    (CESPE/FUB/Assistente/2013) Para fins de comprometimento tico, considerado servidor pblico

    exclusivamente aquele que presta servios a rgos do poder estatal mediante retribuio financeira do Estado.

    Gab. E

    O processo de apurao de prtica de ato em desrespeito ao preceituado, no CDIGO DE CONDUTA

    DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL e no CEP-SP-PEF, ser instaurado, de ofcio ou em razo de denncia

    fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias do contraditrio e da ampla defesa, pela CEP ou comisses

    de tica, conforme o caso, que notificar o investigado para manifestar-se, por escrito, no prazo de 10 dias (art. 12,

    Decreto n 6.029/2007).

    O investigado poder produzir prova documental necessria sua defesa (art. 12, 1, Decreto n

    6.029/2007).

    STF-v 05 A falta de defesa tcnica por advogado no processo administrativo disciplinar no ofende a

    CR/1988.

    STF 22 necessrio processo administrativo com ampla defesa, para demisso de funcionrio

    admitido por concurso.

    STF 19 inadmissvel segunda punio de servidor pblico, baseada no mesmo processo em que se

    fundou a primeira.

    As comisses de tica podero requisitar os documentos que entenderem necessrios instruo

    probatria e, tambm, promover diligncias e solicitar parecer de especialista (art. 12, 2, Decreto n 6.029/2007).

    Na hiptese de serem juntados aos autos da investigao, aps a manifestao do investigado, novos

    elementos de prova, o investigado ser notificado para nova manifestao, no prazo de 10 dias (art. 12, 3,

    Decreto n 6.029/2007).

    Concluda a instruo processual, as comisses de tica proferiro deciso conclusiva e

    fundamentada (art. 12, 4, Decreto n 6.029/2007).

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    Se a concluso for pela existncia de falta tica, alm das providncias previstas, no CDIGO DE

    CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL e no CEP-SP-PEF, as comisses de tica tomaro as seguintes

    providncias, no que couber (art. 12, 5, Decreto n 6.029/2007):

    1) encaminhamento de sugesto de exonerao de cargo ou funo de confiana autoridade

    hierarquicamente superior ou devoluo ao rgo de origem, conforme o caso;

    2) encaminhamento, conforme o caso, para a CGU ou unidade especfica do Sistema de Correio do Poder

    Executivo Federal para exame de eventuais transgresses disciplinares (Decreto n 5.480/20055);

    O Sistema de Correio do Poder Executivo Federal compreende as atividades relacionadas preveno e

    apurao de irregularidades, no mbito do Poder Executivo Federal, por meio da instaurao e conduo de

    procedimentos correcionais. A atividade de correio utilizar como instrumentos a investigao preliminar, a

    inspeo, a sindicncia, o processo administrativo geral e o processo administrativo disciplinar; a CGU o rgo

    Central do Sistema (art. 1, 1, 2, art. 2, II, Decreto n 5.480/2005);

    3) recomendao de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir.

    Ser mantido com a chancela de reservado, at que esteja concludo, qualquer procedimento

    instaurado para apurao de prtica em desrespeito s normas ticas (art. 13, Decreto n 6.029/2007).

    Concluda a investigao e aps a deliberao da CEP ou da comisso de tica do rgo ou entidade,

    os autos do procedimento deixaro de ser reservados (art. 13, 1, Decreto n 6.029/2007).

    Na hiptese de os autos estarem instrudos com documento acobertado por sigilo legal, o acesso a

    esse tipo de documento somente ser permitido a quem detiver igual direito perante o rgo ou entidade

    originariamente encarregado da sua guarda (art. 13, 2, Decreto n 6.029/2007).

    Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam ser mantidos, as comisses de tica,

    depois de concludo o processo de investigao, providenciaro para que tais documentos sejam desentranhados

    dos autos, lacrados e acautelados (art. 13, 3, Decreto n 6.029/2007).

    Qualquer pessoa que esteja sendo investigada assegurado o direito de saber o que lhe est sendo

    imputado, de conhecer o teor da acusao e de ter vista dos autos, no recinto das comisses de tica, mesmo que

    ainda no tenha sido notificada da existncia do procedimento investigatrio; o direito assegurado inclui o de obter

    cpia dos autos e de certido do seu teor (art. 14, caput e pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    Todo ato de posse, investidura em funo pblica ou celebrao de contrato de trabalho, dos agentes

    pblicos, dever ser acompanhado da prestao de compromisso solene de acatamento e observncia das regras

    estabelecidas pelo CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL e pelo CDIGO DE TICA do

    rgo ou entidade, conforme o caso (art. 15, Decreto n 6.029/2007).

    A posse em cargo ou funo pblica que submeta a Autoridade s normas do Cdigo de Conduta da

    Alta Administrao Federal deve ser precedida de consulta da Autoridade CEP acerca de situao que possa

    suscitar conflito de interesses (art. 15, pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    5 Dispe sobre o Sistema de Correio do Poder Executivo Federal.

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    7. CDIGO DE TICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO

    FEDERAL - Decreto n 1.171/1994

    Os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal Direta e Indireta implementaro, em 60 dias,

    as providncias necessrias plena vigncia do CDIGO DE TICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PBLICO

    CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL, inclusive mediante a constituio da respectiva comisso de tica,

    integrada por 03 servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente (art. 2, Decreto

    n 1.171/1994).

    A constituio da comisso de tica ser comunicada Secretaria da Administrao Federal da

    Presidncia Da Repblica, com a indicao dos respectivos membros titulares e suplentes (art. 2, pargrafo nico,

    Decreto n 1.171/1994).

    8. REGRAS DEONTOLGICAS

    I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficcia e a conscincia dos princpios morais so primados maiores que

    devem nortear o servidor pblico, seja no exerccio do cargo ou funo, ou fora dele, j que refletir o exerccio da

    vocao do prprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes sero direcionados para a preservao da

    honra e da tradio dos servios pblicos.

    II - O servidor pblico no poder jamais desprezar o elemento tico de sua conduta.

    Assim, no ter que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,

    o oportuno e o inoportuno, mas PRINCIPALMENTE entre o HONESTO E O DESONESTO, consoante as regras

    contidas no art. 37, caput, 4, CR:

    Art. 37. A Administrao Pblica Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da Unio, Estados, DF e Municpios

    obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia... 4 Os ATOS DE

    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA importaro:

    suspenso dos Direitos Polticos

    perda da funo pblica

    indisponibilidade dos bens e

    ressarcimento ao errio,

    na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel.

    III - A moralidade da Administrao Pblica no se limita distino entre o bem e o mal, devendo ser acrescida

    da ideia de que O FIM SEMPRE O BEM COMUM.

    O equilbrio entre a LEGALIDADE e a FINALIDADE, na conduta do servidor pblico, que poder consolidar a

    MORALIDADE do ato administrativo.

    IV- A remunerao do servidor pblico custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, at por ele

    prprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a MORALIDADE administrativa se integre no Direito, como

    elemento indissocivel de sua aplicao e de sua finalidade, erigindo-se, como consequncia, em fator de

    LEGALIDADE.

    V - O trabalho desenvolvido pelo servidor pblico perante a comunidade deve ser entendido como acrscimo ao seu

    prprio bem-estar, j que, como cidado, integrante da sociedade, o xito desse trabalho pode ser

    considerado como seu maior patrimnio.

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    VI - A funo pblica deve ser tida como exerccio profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada

    servidor pblico.

    Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada podero acrescer ou diminuir o seu

    bom conceito na vida funcional.

    VII - SALVO os casos de segurana nacional, investigaes policiais ou interesse superior do Estado e da

    Administrao Pblica, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da LEI, a

    PUBLICIDADE de qualquer ato administrativo constitui REQUISITO DE EFICCIA E MORALIDADE, ensejando sua

    omisso comprometimento tico contra o bem comum, imputvel a quem a negar.

    VIII - Toda pessoa tem DIREITO VERDADE. O servidor no pode omiti-la ou false-la, ainda que contrria aos

    interesses da prpria pessoa interessada ou da Administrao Pblica.

    Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hbito do erro, da opresso ou da

    mentira, que sempre aniquilam at mesmo a DIGNIDADE HUMANA quanto mais a de uma Nao.

    IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao servio pblico caracterizam o esforo pela

    disciplina.

    Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma

    forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimnio pblico, deteriorando-o, por descuido ou m

    vontade, no constitui apenas uma ofensa ao equipamento e s instalaes ou ao Estado, mas a todos os homens

    de boa vontade que dedicaram sua inteligncia, seu tempo, suas esperanas e seus esforos para constru-los.

    X - Deixar o servidor pblico qualquer pessoa espera de soluo que compete ao setor em que exera suas

    funes, permitindo a formao de longas filas, ou qualquer outra espcie de atraso na prestao do servio,

    no caracteriza apenas atitude contra a tica ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral

    aos usurios dos servios pblicos.

    XI - O servidor deve prestar toda a sua ateno s ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu

    cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente.

    Os repetidos erros, o descaso e o acmulo de desvios tornam-se, s vezes, difceis de corrigir e caracterizam at

    mesmo imprudncia no desempenho da funo pblica.

    XII - Toda ausncia injustificada do servidor de seu local de trabalho fator de desmoralizao do servio pblico,

    o que quase sempre conduz desordem nas relaes humanas.

    XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada

    concidado, colabora e de todos pode receber colaborao, pois sua atividade pblica a grande oportunidade

    para o crescimento e o engrandecimento da Nao.

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    9. PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PBLICO

    So deveres fundamentais do servidor pblico (XIV, Decreto n 1.171/1994):

    a) desempenhar, a tempo, as atribuies do cargo, funo ou emprego pblico de que seja titular;

    b) exercer suas atribuies com rapidez, perfeio e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver

    situaes procrastinatrias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espcie de atraso na prestao

    dos servios pelo setor em que exera suas atribuies, com o fim de evitar dano moral ao usurio;

    c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu carter, escolhendo sempre, quando

    estiver diante de duas opes, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

    d) jamais retardar qualquer prestao de contas, condio essencial da gesto dos bens, direitos e servios da

    coletividade a seu cargo;

    e) tratar cuidadosamente os usurios dos servios aperfeioando o processo de comunicao e contato com o

    pblico;

    f) ter conscincia de que seu trabalho regido por princpios ticos que se materializam na adequada

    prestao dos servios pblicos;

    g) ser corts, ter urbanidade, disponibilidade e ateno, respeitando a capacidade e as limitaes individuais

    de todos os usurios do servio pblico, sem qualquer espcie de preconceito ou distino de raa, sexo,

    nacionalidade, cor, idade, religio, cunho poltico e posio social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes

    dano moral;

    h) ter respeito hierarquia, porm sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento

    indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

    i) resistir a todas as presses de superiores hierrquicos, de contratantes, interessados e outros que visem

    obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrncia de aes imorais, ilegais ou

    aticas e denunci-las;

    j) zelar, no exerccio do direito de greve, pelas exigncias especficas da defesa da vida e da segurana coletiva;

    l) ser assduo e frequente ao servio, na certeza de que sua ausncia provoca danos ao trabalho ordenado,

    refletindo negativamente em todo o sistema;

    m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrrio ao interesse pblico,

    exigindo as providncias cabveis;

    n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os mtodos mais adequados sua

    organizao e distribuio;

    o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exerccio de suas funes,

    tendo por escopo a realizao do bem comum;

    p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exerccio da funo;

    q) manter-se atualizado com as instrues, as normas de servio e a legislao pertinentes ao rgo onde exerce

    suas funes;

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    r) cumprir, de acordo com as normas do servio e as instrues superiores, as tarefas de seu cargo ou funo, tanto

    quanto possvel, com critrio, segurana e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

    s) facilitar a fiscalizao de todos atos ou servios por quem de direito;

    t) exercer com estrita moderao as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribudas, abstendo-se de faz-lo

    contrariamente aos legtimos interesses dos usurios do servio pblico e dos jurisdicionados administrativos;

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua funo, poder ou autoridade com finalidade estranha ao

    interesse pblico, mesmo que observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao expressa

    lei;

    v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existncia deste CDIGO DE TICA,

    estimulando o seu integral cumprimento.

    10. VEDAES AO SERVIDOR PBLICO

    vedado ao servidor pblico (XV, Decreto n 1.171/1994):

    a) o uso do cargo ou funo, facilidades, amizades, tempo, posio e influncias, para obter qualquer

    favorecimento, para si ou para outrem;

    b) prejudicar deliberadamente a reputao de outros servidores ou de cidados que deles dependam;

    c) ser, em funo de seu esprito de solidariedade, conivente com erro ou infrao a este CDIGO DE TICA

    ou ao Cdigo de tica de sua profisso;

    d) usar de artifcios para procrastinar ou dificultar o exerccio regular de direito por qualquer pessoa,

    causando-lhe dano moral ou material;

    e) deixar de utilizar os avanos tcnicos e cientficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para

    atendimento do seu mister;

    f) permitir que perseguies, simpatias, antipatias, caprichos, paixes ou interesses de ordem pessoal

    interfiram no trato com o pblico, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente

    superiores ou inferiores;

    g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificao, prmio,

    comisso, doao ou vantagem de qualquer espcie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o

    cumprimento da sua misso ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

    h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providncias;

    i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em servios pblicos;

    j) desviar servidor pblico para atendimento a interesse particular;

    l) retirar da repartio pblica, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao

    patrimnio pblico;

    m) fazer uso de informaes privilegiadas obtidas no mbito interno de seu servio, em benefcio prprio, de

    parentes, de amigos ou de terceiros;

    n) apresentar-se embriagado no servio ou fora dele habitualmente;

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    o) dar o seu concurso a qualquer instituio que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa

    humana;

    p) exercer atividade profissional atica ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

    11. COMISSES DE TICA

    Em todos os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal Direta, Indireta, Autrquica e

    Fundacional, ou em qualquer rgo ou entidade que exera atribuies delegadas pelo Poder Pblico, dever ser

    criada uma comisso de tica, encarregada de (XVI, Decreto n 1.171/1994):

    orientar e aconselhar sobre a tica profissional do servidor

    no tratamento com as pessoas e com o patrimnio pblico

    competindo-lhe conhecer concretamente de imputao ou procedimento susceptvel de censura.

    comisso de tica incumbe (XVIII, Decreto n 1.171/1994):

    fornecer, aos organismos encarregados da execuo do quadro de carreira dos servidores

    os registros sobre sua conduta tica

    para o efeito de instruir e fundamentar promoes e

    para todos os demais procedimentos prprios da carreira do servidor pblico.

    Cada COMISSO DE TICA de que trata este Decreto n 1.171/1994, ser integrada por 03 membros titulares e 03

    suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo DIRIGENTE mximo da

    respectiva entidade ou rgo, para mandatos no coincidentes de 03 anos (art. 5, Decreto n 6.029/2007).

    A constituio da COMISSO DE TICA ser comunicada SECRETARIA DA ADMINISTRAO FEDERAL DA

    PRESIDNCIA DA REPBLICA, com a indicao dos respectivos membros titulares e suplentes (art. 2, pargrafo

    nico, Decreto n 1.171/1994).

    A infrao de natureza tica cometida por membro de COMISSO DE TICA ser apurada pela CEP (art. 21,

    Decreto n 6.029/2007).

    A pena aplicvel ao servidor pblico pela comisso de tica a de censura e sua fundamentao

    constar do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com cincia do faltoso (XXII, Decreto n

    1.171/1994).

    Para fins de apurao do comprometimento tico, entende-se por servidor pblico todo aquele que,

    por fora de lei, contrato ou de qualquer ato jurdico, preste servios de natureza permanente, temporria ou

    excepcional, ainda que sem retribuio financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer rgo do

    poder estatal, como autarquias, fundaes pblicas, entidades paraestatais, empresas pblicas e sociedades de

    economia mista, ou em qualquer setor onde prevalea o interesse do Estado (XXIV, Decreto n 1.171/1994).

    AGENTE PBLICO todo aquele que, por fora de lei, contrato ou qualquer ato jurdico, preste servios de

    natureza permanente, temporria, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuio financeira, a rgo ou

    entidade da Administrao Pblica Federal, Direta e Indireta (art. 11, pargrafo nico, Decreto n 6.029/2007).

    (CESPE/FUB/Assistente/2013) Para fins de comprometimento tico, considerado servidor pblico

    exclusivamente aquele que presta servios a rgos do poder estatal mediante retribuio financeira do Estado.

    Gab. E

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    12. CDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAO FEDERAL

    O Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) foi fruto dos trabalhos desenvolvidos pelos

    Membros da Comisso de tica Pblica (CEP), criada pelo Decreto de 26 de maio de 1999. 6De acordo com a sua

    Exposio de Motivos7, o CCAF, antes de tudo, valer como compromisso moral das autoridades integrantes da Alta

    Administrao Federal com o Chefe de Governo, proporcionando elevado padro de comportamento tico capaz de

    assegurar, em todos os casos, a lisura e a transparncia dos atos praticados na conduo da coisa pblica... A

    medida proposta visa a melhoria qualitativa dos padres de conduta da Alta Administrao, de modo que esta

    Exposio de Motivos, uma vez aprovada, juntamente com o anexo Cdigo de Conduta da Alta Administrao

    Federal, poder informar a atuao das altas autoridades federais, permitindo-me sugerir a publicao de ambos os

    textos, para imediato conhecimento e aplicao.

    As normas do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) aplicam-se, no que couber, s

    autoridades e agentes pblicos nele referidos, mesmo quando em gozo de licena (art. 24, Decreto n 6.029/20078).

    Para facilitar o cumprimento das normas previstas, no Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal, a

    Comisso de tica Pblica (CEP) informar autoridade pblica as obrigaes decorrentes da aceitao de

    trabalho no setor privado aps o seu desligamento do cargo ou funo (art. 16, CCAF).

    Todo ato de posse, investidura em funo pblica ou celebrao de contrato de trabalho, dos agentes

    pblicos, dever ser acompanhado da prestao de compromisso solene de acatamento e observncia das regras

    estabelecidas pelo Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) e pelo Cdigo de tica do rgo ou

    entidade, conforme o caso (art. 15, Decreto n 6.029/2007).

    Exposio de motivos do CCAF: ... natural que a expectativa da sociedade a respeito da conduta do

    administrador pblico se tenha tornado mais exigente. E est claro que mais importante do que investigar as

    causas da insatisfao social reconhecer que ela existe e se trata de uma questo poltica intimamente associada

    ao processo de mudana cultural, econmica e administrativa que o Pas e o mundo atravessam. A resposta ao

    anseio por uma administrao pblica orientada por valores ticos no se esgota na aprovao de leis mais

    rigorosas, at porque leis e decretos em vigor j dispem abundantemente sobre a conduta do servidor pblico,

    porm, em termos genricos ou ento a partir de uma tica apenas penal. Na realidade, grande parte das atuais

    questes ticas surge na zona cinzenta cada vez mais ampla que separa o interesse pblico do interesse

    privado. Tais questes, em geral, no configuram violao de norma legal mas, sim, desvio de conduta tica. Como

    esses desvios no so passveis de punio especfica, a sociedade passa a ter a sensao de impunidade, que

    alimenta o ceticismo a respeito da licitude do processo decisrio governamental...

    6 Art 1 Fica criada a Comisso de tica Pblica, vinculada ao Presidente da Repblica, competindo-lhe proceder reviso das

    normas que dispem sobre conduta tica na Administrao Pblica Federal, elaborar e propor a instituio do Cdigo de

    Conduta das Autoridades, no mbito do Poder Executivo Federal. 7 www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/codi_conduta/cod_conduta.htm; 04/01/2014.

    88 Institui Sistema de Gesto da tica do Poder Executivo Federal, e d outras providncias.

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    13. FINALIDADES

    So finalidades do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) (art. 1, CCAF):

    1) tornar claras as regras ticas de conduta das autoridades da alta Administrao Pblica Federal, para

    que a sociedade possa aferir a integridade e a lisura do processo decisrio governamental;

    2) contribuir para o aperfeioamento dos padres ticos da Administrao Pblica Federal, a partir do

    exemplo dado pelas autoridades de nvel hierrquico superior;

    Exposio de motivos do CCAF: A conduta dessas autoridades, ocupantes dos mais elevados postos da estrutura

    do Estado, servir como exemplo a ser seguido pelos demais servidores pblicos, que, no obstante sujeitos s

    diversas normas fixadoras de condutas exigveis, tais como o Estatuto do Servidor Pblico Civil, a Lei de

    Improbidade e o prprio Cdigo Penal Brasileiro, alm de outras de menor hierarquia, ainda assim, sempre se

    sentiro estimulados por demonstraes e exemplos de seus superiores... Uma vez assegurado o cumprimento do

    Cdigo de Conduta pelo primeiro escalo do governo, o trabalho de difuso das novas regras nas demais esferas da

    administrao por certo ficar facilitado....

    3) preservar a imagem e a reputao do administrador pblico, cuja conduta esteja de acordo com as

    normas ticas estabelecidas Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal;

    4) estabelecer regras bsicas sobre conflitos de interesses pblicos e privados e limitaes s

    atividades profissionais posteriores ao exerccio de cargo pblico;

    5) minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever funcional das autoridades

    pblicas da Administrao Pblica Federal;

    Exposio de motivos do CCAF: ... de notar que a insatisfao social com a conduta tica do governo Executivo,

    Legislativo e Judicirio no um fenmeno exclusivamente brasileiro e circunstancial. De modo geral, todos os

    pases democrticos desenvolvidos, conforme demonstrado em recente estudo da Organizao para Cooperao e

    Desenvolvimento Econmico - OCDE, enfrentam o crescente ceticismo da opinio pblica a respeito do

    comportamento dos administradores pblicos e da classe poltica. Essa tendncia parece estar ligada

    principalmente a mudanas estruturais do papel do Estado como regulador da atividade econmica e como poder

    concedente da explorao, por particulares, de servios pblicos antes sob regime de monoplio estatal. Em

    conseqncia, o setor pblico passou a depender cada vez mais do recrutamento de profissionais oriundos do setor

    privado, o que exacerbou a possibilidade de conflito de interesses e a necessidade de maior controle sobre as

    atividades privadas do administrador pblico...

    6) criar mecanismo de consulta, destinado a possibilitar o prvio e pronto esclarecimento de dvidas

    quanto conduta tica do administrador.

    A Comisso de tica Pblica (CEP), se entender necessrio, poder responder s consultas formuladas por

    autoridades pblicas sobre situaes especficas (art. 19, CCAF).

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    14. AUTORIDADES PBLICAS & PADRES DE TICA

    Exposio de motivos do CCAF: ... o ponto de partida foi a tentativa de prevenir condutas incompatveis com o

    padro tico almejado para o servio pblico, tendo em vista que, na prtica, a represso nem sempre muito

    eficaz. Assim, reputa-se fundamental identificar as reas da administrao pblica em que tais condutas podem

    ocorrer com maior freqncia e dar-lhes tratamento especfico. Essa tarefa de envergadura deve ter incio pelo

    nvel mais alto da Administrao ministros de estado, secretrios-executivos, diretores de empresas estatais e de

    rgos reguladores que detem poder decisrio... o Cdigo trata de um conjunto de normas s quais se sujeitam

    as pessoas nomeadas pelo Presidente da Repblica para ocupar qualquer dos cargos nele previstos, sendo certo

    que a transgresso dessas normas no implicar, necessariamente, violao de lei, mas, principalmente,

    descumprimento de um compromisso moral e dos padres qualitativos estabelecidos para a conduta da Alta

    Administrao. Em conseqncia, a punio prevista de carter poltico: advertncia e "censura tica". Alm

    disso, prevista a sugesto de exonerao, dependendo da gravidade da transgresso...

    As normas do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) aplicam-se s seguintes

    autoridades pblicas (art. 2, CCAF):

    1) Ministros e Secretrios de Estado

    2) Titulares de cargos de natureza especial

    3) Presidentes e Diretores

    Lembre-se! A Circular BACEN n 3.461 dispe que as instituies financeiras e demais instituies autorizadas a

    funcionar pelo BACEN devem obter de seus clientes permanentes informaes que permitam caracteriz-los ou

    no como pessoas expostas politicamente (PEP) e identificar a origem dos fundos envolvidos nas transaes dos

    clientes assim caracterizados. Consideram-se PEP os agentes pblicos que desempenham ou tenham

    desempenhado, nos ltimos cinco anos, no Brasil ou em pases, territrios e dependncias estrangeiros, cargos,

    empregos ou funes pblicas relevantes, assim como seus representantes, familiares e outras pessoas de seu

    relacionamento prximo; entre outras PEP temos os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da Unio ministro de

    estado ou equiparado, natureza especial ou equivalente, presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de

    autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas ou sociedades de economia mista, ocupantes de cargo do

    Grupo DAS nvel 06 (art. 4, redao dada pela Circular 3.654/2013).

    Secretrios-Executivos

    Secretrios ou autoridades equivalentes ocupantes de cargo do Grupo DAS nvel 06

    Agncias Nacionais

    Autarquias, inclusive as Especiais

    Fundaes mantidas pelo Poder Pblico

    Empresas Pblicas

    Sociedades de Economia Mista

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    As autoridades pblicas, no exerccio de suas funes, devero pautar-se pelos padres da tica, com

    vistas a motivar o respeito e a confiana do pblico em geral, sobretudo no que diz respeito integridade +

    moralidade + clareza de posies + decoro (art. 3, CCAF).

    So finalidades do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) contribuir para o aperfeioamento dos

    padres ticos da Administrao Pblica Federal, a partir do exemplo dado pelas autoridades de nvel hierrquico

    superior, preservar a imagem e a reputao do administrador pblico, cuja conduta esteja de acordo com as

    normas ticas estabelecidas por este Cdigo de Conduta (art. 1, II, III, CCAF).

    Exposio de motivos do CCAF: Alm de comportar-se de acordo com as normas estipuladas, o Cdigo exige que o

    administrador observe o decoro inerente ao cargo. Ou seja, no basta ser tico; necessrio tambm parecer

    tico, em sinal de respeito sociedade.

    Estes padres da tica so exigidos da Autoridade Pblica na relao entre suas atividades pblicas e

    privadas de modo a prevenir eventuais conflitos de interesses (art. 3, pargrafo nico, CCAF).

    Lembre-se! A Administrao Pblica Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

    eficincia... (art. 37, CR).

    15. EVOLUO PATRIMONIAL DA AUTORIDADE PBLICA

    A autoridade pblica, alm de cumprir a exigncia legal da declarao de bens e rendas (art. 4, CCAF

    vide Lei no 8.730/1993

    9):

    dever enviar Comisso de tica Pblica (CEP)10

    na forma por ela estabelecida e no prazo de 10 dias contados de sua posse

    informaes sobre sua situao patrimonial

    que, real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse pblico

    indicando o modo pelo qual ir evit-lo.

    A Comisso de tica Pblica (CEP) poder, em caso de dvida, solicitar informaes adicionais e esclarecimentos

    sobre alteraes patrimoniais a ela comunicadas pela autoridade pblica ou que, por qualquer outro meio,

    cheguem ao seu conhecimento (art. 5, 2, CCAF).

    9 Estabelece a obrigatoriedade da declarao de bens e rendas para o exerccio de cargos, empregos e funes nos Poderes

    Executivo, Legislativo e Judicirio, e d outras providncias. 10

    Criada pelo Decreto de 26 de maio de 1999, a Comisso de tica Pblica tem a misso de "Zelar pelo cumprimento do Cdigo

    de Conduta da Alta Administrao Federal, orientar as autoridades que se conduzam de acordo com suas normas e inspirar o

    respeito tica no servio pblico" e promover a tica na administrao pblica, em linha com o Decreto 6.029, de 1 de

    fevereiro de 2007.

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    As alteraes relevantes no patrimnio da autoridade pblica devero ser imediatamente

    comunicadas Comisso de tica Pblica (CEP), especialmente quando se tratar de (art. 5, CCAF):

    ATOS DE GESTO PATRIMONIAL

    a) transferncia de bens a cnjuge, ascendente, descendente ou parente na linha

    colateral;

    b) aquisio, direta ou indireta, do controle de empresa;

    c) outras alteraes significativas ou relevantes no valor ou na natureza do

    patrimnio;

    ATOS DE GESTO DE BENS

    cujo valor possa ser substancialmente alterado por deciso ou poltica

    governamental.

    Excetuadas aplicaes em modalidades de investimento que a Comisso de tica Pblica (CEP) venha

    a especificar, so vedados (art. 5, 1, CCAF):

    a) investimentos de renda varivel ou em commodities11

    b) contratos futuros

    c) moedas para fim especulativo

    d) investimento em bens cujo valor ou cotao possa ser afetado por deciso ou poltica governamental a

    respeito da qual a autoridade pblica tenha informaes privilegiadas, em razo do cargo ou funo.

    A autoridade pblica poder consultar previamente a Comisso de tica Pblica (CEP) a respeito de

    ato especfico de gesto de bens que pretenda realizar (art. 5, 3, CCAF).

    Lembre-se! So finalidades do Cdigo de Conduta da Alta Administrao Federal (CACF) criar mecanismo de

    consulta, destinado a possibilitar o prvio e pronto esclarecimento de dvidas quanto conduta tica do

    administrador (art. 1, VI, CCAF).

    A fim de preservar o carter sigiloso das informaes pertinentes situao patrimonial da autoridade

    pblica, as comunicaes e consultas, aps serem conferidas e respondidas, sero acondicionadas em envelope

    lacrado, que somente poder ser aberto por determinao da Comisso de tica Pblica (CEP) (art. 5, 4, CCAF).

    Ateno! A CR dispe serem inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado

    o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao (art. 5, X, CR).

    dever do Estado controlar o acesso e a divulgao de informaes sigilosas produzidas por seus rgos e

    entidades, assegurando a sua proteo (art. 25, Lei n 12.527/201112

    ).

    11

    Commodity um termo de lngua inglesa (plural commodities), que significa mercadoria. utilizado nas transaes comerciais

    de produtos de origem primria nas bolsas de mercadorias. O termo usado como referncia aos produtos de base em estado

    bruto (matrias-primas) ou com pequeno grau de industrializao, de qualidade quase uniforme, produzidos em grandes

    quantidades e por diferentes produtores. Estes produtos "in natura", cultivados ou de extrao mineral, podem ser estocados

    por determinado perodo sem perda significativa de qualidade. Possuem cotao e negociabilidade globais, utilizando bolsas de

    mercadorias.

    www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1955&refr=608; 04/01/2014. 12

    Regula o acesso a informaes previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do 3

    o do art. 37 e no 2

    o do art. 216, todos da

    CR.

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    A autoridade pblica tornar pblico o fato de manter participao superior a cinco por cento (5%)

    do capital de (art. 6, CCAF):

    sociedade de economia mista

    instituio financeira

    empresa que negocie com o Poder Pblico.

    Ateno! Resoluo n 1, de 13 de setembro de 2000 - Estabelece procedimentos para apres