apostila entomologia agricola

310
 1 UNIVERSIDADE FEDERA DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL SETOR DE ENTOMOLOGIA COORDENADOR: PROF. DR. MARCELO COUTINHO PICANÇO VIÇOSA - 2010

Upload: willyandrake

Post on 09-Oct-2015

165 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERA DE VIOSA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

    SETOR DE ENTOMOLOGIA

    COORDENADOR: PROF. DR. MARCELO COUTINHO PICANO

    VIOSA - 2010

  • 2

    CONTEDO

    PARTE 1: AULAS TERICAS

    tens Pgina Introduo entomologia econmica 4 Receiturio agronmico e deontologia 15 Toxicologia de inseticidas - I 22 Toxicologia de inseticidas II 28 Toxicologia de inseticidas III (mecanismos de ao dos inseticidas) 34 Toxicologia de inseticidas IV (limitaes do uso de inseticidas 39 Controle biolgico de pragas 44 Manipulao do ambiente de cultivo ou controle cultural 58 Mtodos de controle por comportamento 64 Interaes inseto-planta e resistncia de plantas hospedeiras a insetos 67 Mtodos mecnicos, fsicos, genticos e legislativos de controle de pragas 78 Mtodos alternativos de controle de pragas 86

  • 3

    PARTE 2: AULAS PRTICAS

    tens Pgina FRUTFERAS Abacaxizeiro 93 Bananeira 99 Mamoeiro 105 Citros 112 Maracujazeiro 125 Pessegueiro 131

    GRANDES CULTURAS Algodoeiro 138 Arroz 151 Cafeeiro 162 Cana-de-aucar 171 Feijoeiro 176 Mandioca 186 Milho 192 Pastagens 196 Soja 206 Sorgo 217 Trigo, aveia e cevada 221

    OLERCOLAS Alho e cebola 231 Batata 236 Brssicas 244 Cucurbitceas 249 Tomateiro 256 Pimento e pimenta 264

    ORNAMENTAIS Roseira 272

    PRAGAS GERAIS Biologia e controle de cupins de ninhos expostos 277 Formigas cortadeiras 281 Pragas de instalaes 288 Pragas de produtos armazenados 301

  • 4

    INTRODUO ENTOMOLOGIA ECONMICA Marcelo PICANO

    1. Organismos praga

    So organismos que competem direta ou indiretamente com o homem por alimento, matria

    prima ou prejudicam a sade e o bem-estar do homem e animais.

    2. Exemplos de organismos praga . Pssaros (marrecos, goderos, assanhaos, etc.).

    . Mamferos (ratos, morcegos, capivaras, coelhos, etc.).

    . Patgenos (vrus, bactrias, fungos, etc.): os patgenos que atacam as plantas so estudados

    pela Fitopatologia. . Plantas invasoras: so estudados nos cursos de plantas invasoras.

    . Nematides (so estudados pela Nematologia).

    . Artrpodes (caros, sinfilos, diplopodas, aranhas, insetos, etc.) so estudados geralmente nos cursos de Entomologia.

    . Moluscos (lesmas e caracis).

    3. Conceitos de pragas

    3.1. Convencional

    Um organismo considerado praga, quando constatada sua presena no agroecossistema.

    3.2. Do ponto de vista do manejo integrado de pragas (MIP) Um organismo s considerado praga quando causa danos econmicos.

    4. Nvel de dano econmico (ND) - Corresponde a densidade populacional do organismo praga na qual ele causa prejuzos de igual valor ao custo de seu controle.

    - O nvel de dano econmico, embora tomado muitas vezes como um valor fixo, varivel em

    funo dos seguintes fatores: . Preo do produto agrcola (quanto maior o preo do produto menor ser o nvel de dano

    econmico). . Custo de controle (quanto maior o custo de controle, maior ser o nvel de dano econmico).

  • 5

    . Capacidade da praga em danificar a cultura.

    . Susceptibilidade da cultura praga.

    5. Nvel de ao ou controle (NA ou NC) a densidade populacional da praga em que devemos adotar medidas de controle, para que esta no cause danos econmicos. Sendo que a diferena entre os valores do ND e do NC,

    deve-se a velocidade de ao dos mtodos de controle.

    6. Nvel de no-ao (NNA) Corresponde a densidade populacional do inimigo natural capaz de controlar a populao da

    praga.

    7. Tipos de pragas

    7.1. De acordo com a parte da planta que atacada

    7.1.1. Praga direta

    - Ataca diretamente a parte comercializada. . Exemplo: broca pequena do tomateiro (Neoleucinodes elegantalis Guene, 1854) que ataca

    os frutos do tomateiro.

    7.1.2. Praga indireta

    - Ataca uma parte da planta que afeta indiretamente a parte comercializada. . Exemplo: lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis Hueb.) que causa desfolha nas plantas da

    soja.

    7.2. De acordo com sua importncia

    7.2.1. Organismos no-praga

    - So aqueles que sua densidade populacional nunca atinge o nvel de controle. Correspondem

    a maioria das espcies fitfagas encontradas nos agroecossistemas.

    Tempo

    DensidadeND

    NC

    PE

    populacional

  • 6

    (Ponto de equibrio (PE): densidade populacional mdia do organismo ao longo do tempo). 7.2.2 Pragas secundrias

    - So aqueles que raramente atingem o nvel de controle

    - Exemplo: caros na cultura do caf.

    Tempo

    DensidadeND

    NC

    PE

    populacional

    (Corresponde ao momento de aplicao do mtodo de controle de pragas).

    7.2.3. Pragas chaves

    - So aqueles organismos que frequentemente ou sempre atigem o nvel de controle. Esta

    praga constitui o ponto chave no estabelecimento de sistema de manejo das pragas, as quais so geralmente controladas quando se combate a praga chave. So poucas as espcies nesta

    categoria nos agroecossistemas, em muitas culturas s ocorre uma praga chave.

    7.2.3.1. Pragas frequentes

    - So organismos que frequentemente atigem o nvel de controle. . Exemplo: cigarrinha verde (Empoasca kraemeri Ross & Moore, 1957) em feijoeiro.

    Tempo

    DensidadeND

    NC

    PE

    populacional

    7.2.3.2. Pragas severas

    - So organismos cuja parte de equilbrio maior que o nvel de controle. . Exemplo: formigas savas (Atta spp.) em pastagens.

    Tempo

    DensidadeND

    NC

    PEpopulacional

    PEM (Ponto de Equilbrio Modificado)

  • 7

    8. Consequncias do ataque de pragas s plantas

    8.1. Injrias - Leses ou alteraes deletrias causadas nos rgos ou tecidos das plantas. . As pragas de aparelho bucal mastigador provocam as seguintes injrias:

    - leses em rgos subterrneos;

    - roletamento de plantas;

    - broqueamento (confeco de galerias no interior de rgos subterrneos, caule, frutos e gros); - surgimento de galhas;

    - vetores de doenas;

    - desfolha;

    - confeco de minas (galerias surgidas nas folhas devido a destruio do mesfilo foliar).

    . As pragas fitossucvoras provocam as seguintes injrias:

    - suco de seiva;

    - introduo de toxinas;

    - vetores de doenas (principalmente viroses). . Sendo que ataque de pragas fitossucvoras pode ocasionar:

    - retorcimento ("engruvinhamento"); - amarelecimento;

    - anormalidade no crescimento e desenvolvimento;

    - secamento;

    - mortalidade;

    - queda na produo das plantas.

    8.2. Prejuzos das pragas Queda na produo agrcola causada por pragas.

    8.3. Dano das pragas agrcolas

    Prejuzos causado por organismos fitfagos com densidade populacional acima de nvel de dano econmico.

    9. Fatores favorveis ocorrncia de pragas

    - Descaso pelas medidas de controle

  • 8

    - Plantio de variedades suscetveis ao ataque das pragas

    - Diminuio da diversidade de plantas nos agroecossistemas (o plantio de monoculturas favorecem as populaes das espcies fitfagas "especialistas" e diminui as populaes dos

    inimigos naturais das pragas) - Falta de rotao de culturas nos agroecossistemas.

    - Plantio em regies ou estaes favorveis ao ataque de pragas.

    - Adoo de plantio direto (geralmente h um aumento de insetos que atacam o sistema radicular das plantas). - Adubao desiquilibrada (as plantas mal nutridas so mais susceptveis ao ataque de pragas) - Uso inadequado de praguicidas (uso de dosagem, produto, poca de aplicao e metodologia inadequados). l0. Problemas advindos do uso inadequado de praguicidas

    l0.l. Reduo das populaes de inimigos naturais em nveis superiores ao das populaes de

    pragas devido:

    - possuirem maior mobilidade do que as pragas, ficando assim mais expostas aos praguicidas.

    - ocorrncia de maior consumo de pragas contaminadas por praguicidas devido a maior

    facilidade de "captura" destas;

    - maior concentrao de substncias txicas (o praguicida) em nveis trficos mais elevados (no caso dos inimigos naturais).

    A reduo nas populaes dos inimigos naturais traz como consequncias:

    - Ressurgncia de pragas (a praga reaparece em safras subsequentes, oriunda de lugares de refgio e dos indivduos sobreviventes na lavoura, em nveis populacionais superiores aos da

    sanfra anterior). - Erupo de pragas (mudana de "status", com praga secundria tornando-se chave). Exemplo disto pode ocorrer com o uso de inseticidas do grupo dos piretrides no controle do

    bicho mineiro (Perileucoptera coffeella (Gurin - Menville, 1842)) do cafeeiro. Esse uso pode reduzir a populao de caros predadores do caro vermelho (Oligonychus ilicis (McGregor, 1919)), que passa para o "status" de praga chave.

    l0.2. Quebra da cadeia alimentar - Consiste na reduo da populao de espcies fitfagas, que servem como fonte inicial de

    alimentao de predadores, os quais posteriormente sero essenciais no controle de pragas

  • 9

    chaves. Exemplo disto o que ocorre na cultura algodoeira quando se usa semente preta

    (semente tratada com inseticida sistmico) diminuindo assim, a populao de pulges e tripes. Estes insetos so fonte inicial de alimento dos predadores de pragas chaves que surgiro

    posteriormente como o curuquer do algodoeiro (A. argillacea Hueb., 1818) e lagarta das mas (Heliothis virescens (Fabr., 1781). l0.3. Resistncia das pragas aos praguicidas.

    - Consiste no aumento da tolerncia das populaes de pragas a doses de um

    praguicida anteriormente considerado eficiente no seu controle.

    - Isto ocorre devido a eliminao de indivduos susceptveis, fato este que far com que haja seleo de indivduos que possuam carga gentica para resistncia ao do praguicida.

    - Os mecanismos de resistncia podem ser: . alteraes no alvo de ao do praguicida;

    . aumento da taxa de desintoxicao (por degradao ou excreo) do praguicida pela praga;

    . reduo da taxa de penetrao do praguicida no corpo da praga, e

    . resistncia por comportamento (modificaes no comportamento como repelncia ao

    praguicida que permitam esse tolerar o praguicida). - Alm da resistncia induzida a um praguicida pode tambm ocorrer: . resistncia cruzada (quando a resistncia induzida por um praguicida se estende tambm a

    outro produto de mesmo modo de ao); . resistncia mltipla (quando a resistncia se estende a praguicidas de modo de ao

    diferentes).

    l0.4. Modificaes na fisiologia das plantas, aumentando a susceptibilidade das culturas

    pragas.

    l0.5. Bioacumulao (acmulo do praguicida no corpo de um organismo). l0.6. Biomagnificao (acmulo do praguicida ao longo da cadeia alimentar). l0.7. Presena de resduos de praguicidas no solo, ar, gua e alimentos.

    l0.8. Intoxicaes agudas no homem, componentes da fauna, flora e microorganismos.

    ll. Filosofias de controle de pragas

    11.1. Filosofia tradicional de controle de pragas

    Segundo essa filosofia, devem ser adotadas medidas de controle (geralmente se utiliza o mtodo qumico) quando o organismo praga est presente, independentemente de outros

  • 10

    fatores. Esta filosofia, e o seu uso, se deve entre outros fatos a falta de informaes

    disponveis para a maioria dos agroecossistemas e a simplicidade de sua adoo por tcnicos e

    agricultores.

    11.2. Manejo integrado de pragas (MIP) uma filosofia de controle de pragas que procura preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, atravs do uso integrado dos mtodos de controle selecionados com base

    em parmetros econmicos, ecolgicos e sociolgicos.

    l2. Componentes do MIP

    l2.l. Avaliao do agroecossistema

    - avaliao da populao da praga (amostragem para verificao da densidade populacional da praga). - avaliao das populaes dos inimigos naturais das pragas (amostragem para verificao de suas densidades populacionais). - estdio fenolgico das plantas (verificao do grau de susceptibilidade da cultura em cada estdio). - avaliao das condies climticas (as quais podem determinar aumento ou decrscimo da populao das pragas, inimigos naturais e eficincia dos mtodos de controle).

    l2.2. Tomada de deciso

    Nesta fase, tomaremos a deciso de controlar ou no as pragas com base nos seguintes

    componentes:

    l2.2.1. Populao de praga

    - Tomamos deciso de controlar a praga se a densidade populacional da praga for igual ou

    maior que o nvel de controle.

    12.2.2. Populao dos inimigos naturais

    - S tomaremos deciso de controlar as pragas se as densidades populacionais de inimigos

    naturais estiverem menores que o nvel de no-ao.

    12.2.3. Estdio fenolgico da cultura

    - Na tomada de deciso, devemos considerar o grau de susceptibilidade da cultura em cada

    estdio.

    12.2.4. Condies climticas

  • 11

    - Na tomadas de deciso, deve-se verificar as condies climticas, visto que estas tm efeito

    sobre as populaes das pragas, inimigos naturais e eficincia dos mtodos de controle.

    12.2.5. Escolha dos mtodos de controle

    - Deve-se levar em considerao os fatores tcnicos, econmicos, ecolgicos e sociolgicos.

    13. Amostragem das populaes de pragas e inimigos naturais

    Para avaliao correta, das populaes de pragas e inimigos naturais necessrio se realizar

    amostragens. Para tanto, necessrio o desenvolvimento de pesquisas que permitam o

    desenvolvimento de metodologia de avaliao populacional, plano de amostragem e tipo de

    caminhamento a ser adotado na amostragem.

    13.1. Mtodos de avaliao de populaes de pragas e inimigos naturais

    13.1.2. Mtodos absolutos

    - Consistem na avaliao da populao total existente em determinada rea.

    - Praticamente no usado em Entomologia Agrcola devido ao tempo, pessoal e dinheiro

    gasto na sua realizao.

    13.1.3. Mtodos relativos

    - Estima-se a populao existente em determinada amostra.

    - Esta contagem pode ser feita atravs de: . contagem direta das pragas existentes numa amostra, como feito na cultura de citros para o

    caro da leprose (Brevipalpus phoenicis Geijskes, 1939), onde conta-se o nmero de caros existentes nos frutos; . uso de armadilhas, como feito para a cultura da soja quando conta-se o nmero de

    percevejos (Heteroptera: Pentatomidae) presentes em pano colocado entre as fileiras das plantas.

    13.1.4. ndices populacionais So realizadas avaliaes de produtos metablicos (fezes e exvias, principalmente) e efeitos das pragas e inimigos naturais. Como exemplo deste mtodo, conta-se o nmero de minas

    feitas pelo bicho mineiro (Perileucoptera coffeella) em caf.

    14. Planos de amostragem de populaes de pragas e inimigos naturais

    14.1. Comum

  • 12

    - Se baseia em nmero fixo de amostras a serem realizadas por unidade de rea.

    - Neste plano, para a amostragem ser representativa da realidade, tem que ocorrer uma

    distribuio espacial dos organismos semelhante distribuio destes em pesquisa na qual

    este plano foi estabelecido.

    - Como exemplo deste plano, temos o nmero de amostras a serem feitas na avalao da

    populao de pragas da soja (Quadro 1).

    QUADRO 1 - Amostragem das Pragas da Cultura da Soja. rea/ha N de pontos

    amostrados Unidade de amostragem

    Lagartas e percevejos Broca das axilas 1 - 9

    10 - 29 30 - 99

    6 8

    10

    Uma amostragem colocando-se pano branco entre as fileiras

    Exame de dez plantas em cada ponto

    14.2. Sequencial

    - O nmero de amostragem a ser realizado varivel de tal forma a garantir uma boa preciso

    da amostragem.

    - Para tanto, so confeccionados tabelas que possuem trs colunas: a primeira contm o

    nmero de amostras, a segunda o limite inferior e a terceira o limite superior (Quadro 2). - Se a populao da praga for menor ou igual ao valor do limite inferior, a deciso de no

    controlar a praga.

    - Se for maior ou igual ao limite superior, a deciso ser a de controlar a praga.

    - Se o valor for intermedirio entre os limites inferior e superior, deve-se fazer mais

    amostragens at que esta caia em uma das duas situaes anteriores.

    - Alm de trazer maior preciso que o plano anterior este tambm possibilita uma economia

    de tempo e esforo (em geral 50%).

    QUADRO 2 - Plano de Amostragem Sequencial para o Bicudo do Algodoeiro (A. grandis). N de amostras N de botes atacados (contagem acumulativa)

    Limite inferior Limite superior 1 - - 5 - -

    10 9 12 15 13 16 20 18 21 25 23 26 30 28 30 34 31 34

  • 13

    15. Tipo de caminhamento: Representa a forma de deslocamento para se fazer a amostragem

    Figura 2 - Tipos de caminhamento mais usados na amostragem de pragas e inimigos naturais

    16. Mtodos de controle de pragas Os principais mtodos usados no controle de pragas so:

    16.1. Mtodos culturais Emprego de prticas agrcolas normalmente utilizadas no cultivo das plantas objetivando o controle de pragas. 16.2. Controle biolgico Ao de inimigos naturais na manuteno da densidade das pragas em nvel inferior quele que ocorreria na ausncia desses inimigos naturais. 16.3. Controle qumico Aplicao de substncias qumicas no controle de pragas 16.4. Controle por comportamento Consiste no uso de processos (hormnios, feromnios, atraentes, repelentes e macho estril) que modifiquem o comportamento da praga de tal forma a reduzir sua populao e danos. 16.5. Resistncia de plantas Uso de plantas que devido suas caractersticas genticas sofrem menor dano por pragas. 16.6. Mtodos legislativos Conjunto de leis e portarias relacionados a adoo de medidas de controle de pragas. 16.7. Controle mecnico Uso de tcnicas que possibilitem a eliminao direta das pragas. 16.8. Controle fsico Consiste no uso de mtodos como fogo, drenagem, inundao, temperatura e radiao eletromagntica no controle de pragas. 16.9. Mtodo gentico Consiste no controle de pragas atravs do uso de esterilizao hbrida.

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    CROCOMO, W.B. 1990. Manejo Integrado de Pragas. Botucatu, Ed. UNESP. 358 p.

  • 14

    RECEITURIO AGRONMICO E DEONTOLOGIA Angelo PALLINI FILHO

    Francisco Jos da Silva LDO 1. Introduo

    - Sculo XX: A exploso da Quimioterapia na defesa sanitria vegetal. . Primeiras trs dcadas: uso de produtos inorgnicos (Agrotxicos de primeira gerao);

    . A partir de 1932: uso dos primeiros produtos de sntese orgnica (Agrotxicos de segunda

    gerao). - Desenvolvimento da Quimioterapia aplicada Fitiatria: . Extremamente rpida

    . Cheio de incertezas e desconhecimentos

    . Ocorrncia de muitos acidentes

    . Muito polmico

    - Conceitos que fundamentam os perodos de desenvolvimento da Fitiatria, nas ltima

    dcadas: . Conceito esttico: Comercial - O produto de melhor aparncia vendido;

    . Conceito ecolgico - Produtos que agridem menos o ecossistema.

    . Conceito atual No aplicar produtos. Ex: Planos e metas dos pases membros da

    comunidade econmica europia para o ano 2000 (Pases escandinavos reduo a ZERO, Holanda reduo de 65%)

    2. Legislao Atual sobre Agrotxicos

    2.1. Legislao Federeal

    - Lei No 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto Federal No 98.816, de 11 de janeiro de 1990. - Importncia: . uma lei bastante abrangente, pois trata da pesquisa, experimentao, propaganda

    comercial, utilizao, comercializao, fiscalizao, etc.., at o destino final dos resduos e

    embalagens; . Aplica penalidade a todos os segmentos envolvidos em atividades agrcolas que promovam

    danos ao meio ambiente e sade humana; . Exige a prescrio do Receiturio Agronmico por tcnico legalmente habilitado.

    - Decreto N 98.816, de 11 de janeiro de 1990, regulamenta a Lei N 7.802.

  • 15

    - Portaria N 67, de 30 de Maio de 1995 regulamenta o uso de mistura de agrotxicos e afins

    em tanques.

    - Portaria N 120, de 1o de outubro de 1997 permite a avaliao para contemplar a aplicao

    de produtos `a culturas hortculas, frutferas e ornamentais que no possuem agrotxicos

    registrados.

    - Portaria N 121, de 9 de outubro de 1997 estabelece o registro para produtos semioqumicos

    destinados a monitoramento e controle de pragas.

    - Portaria Normativa N 84, de 15 de outubro de 1996 permite ao IBAMA exigir registro e

    avaliao contnuo do potencial de periculosidade ambiental de agrotxicos, seus

    componentes a fins.

    - Portaria Normativa N 131, de 3 de novembro de 1997 estabele procedimentos a serem

    adotados junto ao IBAMA para registro e avaliao de agentes biolgicos usados na defesa fitossanitria.

    2.2. Legislao de Minas Gerais

    - Minas Gerais: Lei N0 10.545, de 13 de dezembro de 1991, regulamentada pelo Decreto N0

    33945, de 18 de setembro de 1992.

    - Portaria 156/95, de 9 de janeiro de 1995 disciplina o cadastro de agrotxicos e afins no estado de Minas Gerais pelo Instituto Mineiro de Agropecuria IMA.

    3. Conceitos Fundamentais

    3.1. O Receiturio Agronmico busca a origem do problema com vista a ating-lo com o

    mximo de eficincia e o mnimo de insumos.

    3.2. O Receiturio Agronmico exige do tcnico (Engenheiro Agrnomo) conhecimento profissional para que se possa realmente atingir os objetivos a que se prope.

    3.3. O Receiturio Agronmico, impe, assume toda a responsabilidade profissional em toda a

    sua amplitude atravs de seu documento-base: A Receita.

    3.4. Receiturio antes de tudo, uma metodologia de trabalho a ser seguida por quem

    trabalha na rea Fitossanitria. No confundir Receiturio com Receita Agronmica. A

  • 16

    receita apenas o instrumento final de todo um processo desenvolvido que envolve

    caractersticas tcnicas e ticas.

    3.5. Resumindo:

    O Receiturio Agronmico um instrumento permanente que subsidia as entidades oficiais e

    privadas da pesquisa, ensino e extenso no sentido do diagnstico dos problemas

    filossanitrios regionais, com vistas a seu direcionamento e planejamento operacional.

    4. Bases para o Receiturio Agronmico

    4.1. Competncia Legal- A resoluo do CONFEA N0 3444 de 27/07/90 define quem pode

    prescrever o Receiturio Agronmico: apenas o Engenheiro Agrnomo e Florestal, dentro de

    suas respectivas atribuies profissionais.

    4.2. Competncia Profissional - O Engenheiro Agrnomo necessita de conhecimentos

    acadmicos bsicos na rea de Defesa Fitossanitria principalmente em relao ao Manejo Integrado de Pragas, Doenas e Plantas Invasoras, Tecnologia de Aplicao de Produtos

    Fitossanitrios, conhecimento sobre disposio final de resduos e embalagens e de proteo

    ao meio ambiente.

    4.3. tica Profissional - O profissional deve ter um compromisso com sua conscincia, sabendo que ele tem um papel social, poltico e humano a ser cumprido.

    4.4. Viso Global do Problema - Deve-se ter, em cada situao, uma viso global do problema

    dando nfase aos preceitos agroecotoxicolgicos. Esta viso global s adquirida pelo

    profissional que est constantemente atualizado e que tem humildade para aprender tambm

    com o agricultor.

    5. Fatores Determinantes da Eficincia do Receiturio Agronmico

    5.1. Fator Pessoal - O aspecto subjetivo daquele que conduz o processo fundamental para o sucesso do diagnstico. Pontos como o conhecimento tcnico, cultura geral, noes de

    Sociologia Rural e empatia so imprescindveis ao profissional que pretende se dedicar a esta

    rea de atuao.

  • 17

    5.2. Fator Material - Principalmente ao se tratar dos equipametos de aplicao, deve-se ter

    cuidado com sua manuteno (olhar exemplo 1), pois pode afetar a eficincia da prescrio. Deve-se observar as instalaes para o armazenamento dos produtos fitossanitrios, bem

    como os cuidados de segurana.

    5.3. Fator Ecolgico - Deve-se estudar com detalhes a topografia da regio, a natureza da

    vegetao predominante e o tipo de fauna existente para evitar a contaminao ambiental do

    solo e da gua. Os problemas fitossanitrios devem ser encarados como sendo parte de um

    complexo sistema, onde a opo por uma alternativa simplista de soluo de uma dada

    particularidade, pode causar danos irreparveis no Agroecossistema.

    5.4. Fator Econmico - O custo do produto fitossanitrio pode ser um entrave para produtores

    de baixa renda. Deve-se observar o poder aquisitivo do produtor, verificando equipamentos e

    formulaes compatveis com a realidade do consulente.

    5.5. Fatores Profissionais: . Capacitao profissional - tica, Competncia, etc.

    . Semiotcnica agronmica - Explorao de todos os elementos considerados teis como

    subsdios para a determinao do diagnstico. neste ponto que entram todos os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de graduao do profissional. . Preceitos etioecotoxicolgicos - Conhecer o agente causal do problema, sua insero

    ecolgica e os possveis efeitos txicos a serem causados pelos agrotxicos recomendados.

    5.6. Fatores de Execuo: . Conhecimento de diagnstico etiolgico ou polietiolgico: um ou so vrios agentes

    causais? . Considerao s particularidades do cultivar.

    . Conhecimento da fenologia dos fatores etiolgicos e da cultura: conhecer fundo a biologia

    da praga e o ciclo da cultura. . Formulaes adequadas dos agrotxicos compatveis com o poder aquisitivo do consulente.

    . Cuidados quanto tecnologia de aplicao - Indicar formulaes compatveis com os

    equipamentos de aplicao, levando-se em considerao o tipo de bico usado, dosagem, vazo

    e nvel de instruo dos usurios.

    6. Semiotcnica do Receiturio Agronmico

  • 18

    A abordagem do problema fitossanitrio pode ser dividido em dois momentos importantes:

    um antes e outro durante a percia fitossanitria, onde se renem as informaes necessrias

    para se chegar diagnose.

    Fases:

    6.1. Rapport (abordagem) - Primeiro contato com o agricultor (consulente). O tcnico atravs de uma seqncia de observaes e procedimentos tem um conceito inicial (CI) do seu consulente, tendo uma viso do seu nvel de conhecimento. O tcnico durante o Rapport deve

    promover a descontrao, objetivando estabelecer um fluente canal de comunicao.

    6.2. Queixa e Durao (QD) - Qual o problema (Q) e h quanto tempo existe (D).

    6.3. Anamnese Passiva - a fase em que o consulente expe o seu problema. No deve haver interrupo na fala. Durante a narrativa, pontos que chamem a ateno devem ser

    anotados para se iniciar a realizao do diagnstico.

    6.4. Anamnese Ativa - Baseado nas anotaes efetuadas, o tcnico deve fazer perguntas,

    agora dirigindo aos pontos anotados ou a algum detalhe que sirva para formar a idia geral do

    diagnstico, sem emitir nenhuma opinio, abordando os seguintes tens: . Aspectos Fitossanitrios: Pragas, doenas, plantas invasoras.

    . Cultura - Cultivar, espaamento, rea plantada, trato, etc.

    . Pessoal - Disponibilidade, treinamento.

    . Equipamentos - Disponibilidade, tipo de bico, etc.

    . Instalaes - Local de armazenamento do agrotxico, descarte de embalagens.

    . Topografia e Recursos Naturais - Relevo, matas, fauna, cursos d'gua, etc.

    6.5. Montagem da Ficha Tcnica - Classificar o consulente quanto ao tamanho da propriedade, produtividade, nvel tcnico, etc. Aps essa fase, que geralmente feita no

    escritrio, o tcnico deve visitar a propriedade utilizando-se da semiotcnica agronmica para

    conferir todas as informaes colhidas anteriormente e aquelas que no foram possveis como

    a populao de inimigos naturais das pragas, doenas e plantas invasoras, visando a

    implementao do MIP.

  • 19

    - A partir dessas informaes, o profissional tem dados que formaro a Histria Pregressa do

    Problema Atual (HPPA), prticas culturais inadequadas ou outros aspectos responsveis pelo aparecimento do Problema Atual, e a Histria do Problema Atual (HPA). Com isso, chega-se ao diagnstico.

    - A ficha tcnica dever conter: . Informaes sobre o consulente;

    . HPPA - Resumo do somatrio das fases: Rapport, QD, Anamnese Passiva e Ativa e CI;

    . HPA;

    . Diagnstico - Etiolgico ou polietiolgico;

    . Prescrio tcnica;

    . Medidas preventivas;

    . Resultados obtidos;

    7. A Receita Agronmica

    - Documento pelo qual o profissional se identifica, se situa, se apresenta e preconiza o

    tratamento, preventivo ou curativo, em funo do diagnstico. - o instrumento utilizado pelo Engenheiro Agrnomo ou Florestal para determinar,

    esclarecer e orientar o agricultor sobre como proceder ao usar um agrotxico. - a etapa final de uma metodologia semiotcnica que o profissional se vale para tirar

    concluses sobre o problema.

    7.1. Caracterstica da Receita Agronmica

    7.1.1. Documento simples que impe exigncias e responsabilidades ao profissional;

    7.1.2. Sua elaborao requer conhecimentos de semiotcnica agronmica e sua metodologia;

    7.1.3. Obedincia a princpios etioecotoxicolgicos: receitar respeitando a ecologia, o

    equilbrio biolgico, a sade humana e animal e a especificidade do problema;

    7.1.4. Exigncia de auto-treinamento permanente, por parte do tcnico, visando a capacidade

    de sntese na formao de um conceito global;

    7.2.5. Deve ser clara, precisa, concisa e esttica;

  • 20

    ("Observar Modelos de receita em anexo")

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    ANDREI, E. 1993. Compndio de Defensivos Agrcolas. So Paulo, ANDREI Editora. 448 p. DE PAULA, J.A.A. 1980. Engenharia Agronmca: legislao aplicvel. Belo Horizonte, EMATER-MG. 304 p.

    GUERRA, M.S. & SAMPAIO, D.P.A. 1988. Receiturio Agronmico. Rio de Janeiro, Ed. Globo. 436 p.

    RANGEL, A.; CARVALHO, D.T. de; PELEGRINETTI, J.R.; CASTANHEIRA, L.C. & PALLA, V.L. 1990. Agrotxicos: esclarea suas dvidas. Campinas, CATI. 12p.

    SALGADO, L.O. 1992. Informaes gerais: tica profissional. Curso de proteo de plantas, 1.3. Braslia/DF, ABEAS. 32 p.

    SALGADO, L.O. & CONCEIO, M.Z. 1992. Manejo integrado e receiturio agronmico. Curso de proteo de plantas, 2. Braslia/DF, ABEAS. 32 p.

  • 21

    TOXICOLOGIA DE INSETICIDAS - I I. Relevncia, Conceitos, Parmetros Toxicolgicos e Formulaes

    Raul Narciso C. GUEDES

    1. Relevncia

    - alguns mtodos de controle de insetos: . legislativo

    . cultural

    . mecnico

    . resistncia de plantas

    . controle biolgico

    . controle qumico

    . pesticidas ou praguicidas: qualquer substncia ou mistura de substncias utilizadas para

    prevenir, destruir, repelir, ou atenuar insetos, roedores, nematides, fungos, plantas daninhas,

    ou quaisquer formas de vida reconhecidas como pragas ou pestes

    . inseticidas: substncia ou mistura de substncias utilizadas para prevenir ou destruir

    insetos que possam estar presentes no ambiente

    - controle biolgico x controle qumico: reversibilidade, especificidade, rea coberta,

    pesquisa em eficincia e impacto, economia e biossistemtica de agentes de controle qumico

    e biolgico

    - percepo pblica dos riscos associados ao uso de pesticidas:

    . riscos superestimados pelo pblico

    . causa das preocupaes exageradas com o uso de inseticidas:

    incompreenso do uso e importncia

    publicidade provocada por acidentes e uso indevido

    2. Conceitos

    2.2. Toxicologia de inseticidas: estudo dos efeitos adversos de inseticidas em organismos

    vivos

  • 22

    2.3. Toxicidade: refere-se a capacidade inata de um composto ser venenoso sob condies

    experimentais

    2.4. Classificao toxicolgica

    Classes ( Legislao Brasileira)

    Cor de Tarja ( Legislao Brasileira)

    DL50 (mg.kg) para ratos*

    Via oral Via drmica Slido Lquido Slido Lquido

    I. altamente txico

    Vermelha < 50 < 200 < 100 < 400

    II. Medianamente txico

    Amarela 50 a 500 200 a 2000 100 a 1000 400 a 4000

    III. Pouco txicos Azul 500 a 2000 2000 a 6000 1000 a 4000 4000 a 12000

    IV. Praticamente no-txico

    Verde > 2000 > 6000 > 4000 > 12000

    * Orientao geral; os valores de DL50 se referem a formulaes inseticidas

    2.5. Toxicidade de inseticidas:

    Todas as substncias so txicas; a dose determina o veneno

    Interaes txicas entre produto qumico e organismo se relacionam a dose

    Modos de expresso da toxicidade: LD50 (eg. mg/kg), LC50 (e.g. mg/ml), LT50 (e.g. horas) Determinao: crnica/aguda/dermal/sistmica

    2.6. Testes toxicolgicos:

    2.6.1. Estudos: - bioqumicos e farmacolgicos (modo de ao sobre enzimas) - metabolismo (sinergismo, induo enzimtica etc)

    2.6.2. Estudos a curto prazo: - < que metade da vida mdia do animal

    - permite escolha de doses para testes a longo prazo

    2.6.3. Estudos a longo prazo: - > que metade da vida mdia do animal

    2.6.4. Estudos de carcinognese, mutagnese e teratognese

  • 23

    3. Parmetros Toxicolgicos 3.1. Nvel de no efeito (NNE): dose incua que pode ser ingerida continuamente durante todos os dias da vida do organismo experimental (mg subs./ kg peso)

    3.2. Fator de segurana (FS): entre 100 e 1000 ao extrapolar para o homem

    3.3. Ingesto diria aceitvel (IDA): quantidade do produto qumico que parece poder ser ingerida diariamente sem riscos apreciveis (mg subs./ kg peso)

    IDA = NNE/FS

    3.4. Limite mximo de resduo (LMR): resduo mximo de inseticida aceitvel em produto comercializvel

    3.5. Perodo de carncia ou intervalo de segurana: tempo decorrido entre a ltima aplicao ou tratamento inseticida e a colheita ou coleta

    3.6. Dieta alimentar: alimentos consumidos usualmente pela populao (importante no estabelecimento do LMR)

    4. Esquema de Estabelecimento de Limite Mximo de Resduo de Pesticidas

    Boa prtica estudo de resduo Resduo (mg i.a./kg) Dieta usual Mxima ingesto Agrcola (A) potencial (mg i.a/kg peso/dia)

    (B)

    B < C A = LMR B > C o pesticida no pode ser usado

    Ingesto diria aceitvel (IDA) (mg i.a./ kg peso/dia) (C)

    Provas de Crnica mg i.a./kg rao Nvel de no efeito ___________ Toxicidade (mg i.a./kg peso/dia) Fator de segurana (=100) (NNE/FS) Subaguda

    Aguda

  • 24

    5. Formulaes Inseticidas

    5.1. Formulao: a arte de transformar um produto tcnico numa forma apropriada de uso. Normalmente reune o ingrediente ativo (i.e. o inseticida propriamente dito), solvente (s vezes) , e produto(s) inerte(s) (e.g. talco, caulim, bentonita etc) e/ou adjuvante(s) (e.g. estabilizantes, agentes molhantes, dispersantes, emulsificantes, espalhantes, adesivos,

    sinergistas etc.)

    5.2. Tipos de formulao: . pr-mistura (geralmente para diluio em gua) . pronto uso

    4.1. P seco (P): slido, pronto uso . material adsorvente (mineral de argila) impregnado com inseticida + material inerte . partculas menores que 30 m com 1 a 2% de princpio ou ingrediente ativo (p.a. ou i.a. = inseticida) . aplicao: barata, raramente fitotxica, pouca adesividade planta, fcil deriva, fcil

    transporte mas difcil pesagem a campo.

    4.2. Granulado (G, GR): slido, pronto uso . partculas slidas (silicatos, argila, gesso, resduos vegetais, plsticos etc.) impregnadas com inseticida

    . tamanho grande (iscas) a bem pequeno (microencapsulado) . formulaes contm 1 a 10% de p.a.; matracas so usadas na aplicao

    4.3. P molhvel (PM): lquida, pr-mistura . material de argila (com i.a. adsorvido) + adjuvantes (i.e. agente molhante, dispersante, antiespumante, estabilizante etc.) . forma suspenso (necessrio manter sob agitao) . desgasta e entope bicos

    . necessria preparao de pr-mistura

    . barata, mas em desuso

    . uso em pulverizao

    4.4. P solvel (PS): slido, pr-mistura . i.a. solvel em gua (soluo homognea)

  • 25

    . usado em pulverizao, barato, sem necessidade de agitao e no entope nem desgasta

    bicos; tem de ser pesado a campo, o que difcil.

    4.5. Concentrado emulsionvel (CE): lquido, pr-mistura . (i.a. + solvente) + adjuvante (agente emulsionante, estabilizadores, etc.) = emulso leitosa . mais estvel que suspenso e cara (> PM) . aplicao em pulverizao, com melhor penetrao na planta e menor perda por lixiviao

    4.6. Suspenso concentrada (SC): antigo flowable; lquida, pr-mistura . PM suspenso em gua + adjuvante para aumentar estabilidade . no armazenamento pode sedimentar e no ressuspender mais

    . melhorou muito e est se popularizando entre herbicidas e fungicidas

    4.7. Solues concentradas: lquida, pronto uso . i.a. + solvente

    . exemplos: - Ultra baixo volume (UBV): para aplicaes areas e terrestres - Eletrodinmica (ED): para aplicaes em aparelho Electrodin (gera campo eletrosttico possibilitando maior aderncia do inseticida s folhas, com menor deriva)

    4.8. Outras: . comprimido (CP) . tablete (TB) . pastilha (PA) . pincelamento (PT) . tratamento de sementes (TS) . grnulos para dissoluo em gua (GDA) . aerosis

    . etc.

    5. Classificaes de inseticidas

    . quanto a finalidade: . insetos em geral = inseticidas

    . afdeos = aficidas (e.g. pirimicarbe) . formigas = formicidas (e.g. sulfluramida)

  • 26

    . quanto a penetrao:. contato = penetrao via exoesqueleto

    . fumigao = penetrao via espirculos

    . ingesto = penetrao via aparelho bucal

    . quanto a translocao no organismo tratado:

    - sistmicos: translocam-se atravs do sistema vascular das plantas. Eficientes para pragas

    sugadoras de seiva e minadores em menor grau

    - profundidade: ao translaminar; aplicado em superfcie vegetal, capaz de atravess-la e

    atingir a praga do lado oposto

    . quanto a origem qumica:

    - inorgnicos (e.g. arsnico, enxofre) - orgnicos: . de origem vegetal (e.g. rotenona, azadiractina, nicotina) . de origem microbiana (e.g. abamectina, Bacillus) . sintticos: clorados, carbamatos, fosforados, piretrides etc

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    ABEAS. 1988. Avaliao Toxicolgica dos Defensivos Agrcolas. Braslia, ABEAS, pp. 94-111. (Curso por tutoria a distncia, Mdulo 5).

    ANDREI, E. 1993. Compndio de Defensivos Agrcolas, 4 ed., So Paulo, Andrei. 448 p.

    HOWARTH,F. G. 1983. Classical biocontrol: Panacea or Pandoras box. Proc. Hawaiian Entomol. Soc. 24: 239-244.

    MATUO, T. 1990. Formulao de defensivos agrcolas, pp. 11-16. In Tcnicas de Aplicao de Defensivos Agrcolas, Jaboticabal, UNESP.

    WARE, G. W. 1994. Pesticides: chemical tools, pp. 3-19. In The Pesticide Book, 4 ed., Fresno, Thomson.

  • 27

    TOXICOLOGIA DE INSETICIDAS - II II. Classificao e Caractersticas dos Principais Grupos Inseticidas

    Raul Narciso C. GUEDES

    1. Inseticidas Organossintticos

    1.1. Clorados

    - caractersticas gerais: . produtos sintticos que possuem C, Cl e H em sua estrutura qumica

    . insolveis em gua, mas alta solubilidade em tecido gorduroso (lipoflicos) . moderada a alta toxicidade para mamferos

    . baixo custo de sntese

    . muito persistentes (baixa reatividade, pouco volteis e pouco solveis em gua) . amplo espectro de ao

    . no sistmicos

    . suspeita de mutagenicidade e carcinogenicidade

    . alguns produtos passveis de bioacmulo e biomagnificao

    . inseticidas neurotxicos

    - grupos de inseticidas clorados:

    DDT e anlogos:

    . DDT foi inicialmente sintetizado em 1873 e sua atividade inseticida foi descoberta em

    1939 por Paul Mller, o que lhe valeu um prmio Nobel

    . uso inseticida do DDT foi introduzido em 1942

    . importncia mdica e agrcola como inseticida

    . banido mundialmente, mas ainda extremamente importante no controle de vetores

    . exemplos dentro do grupo: DDD, dicofol, clorobenzilato e metoxicloro

    HCH (hexaclorociclohexano) ou BHC (hexacloreto de benzeno) e ismeros: . propriedades inseticidas descobertas em 1942

    . HCH teoricamente pode existir em 8 diferentes formas estereoisomricas das quais 5

    so encontradas no produto cru, sendo o ismero (gama) o mais ativo (ca. 12% na mistura)

  • 28

    . Lindano o nome comercial dado ao ismero gama purificado

    . no mais usado

    Ciclodienos:

    . grupo amplo

    .propriedades inseticidas do clordane (primeiro a ter suas propriedades inseticidas descobertas) descobertas em 1945 .alta toxicidade aguda para mamferos (superior ao dos outros clorados) .exemplos dentro do grupo: aldrim, dieldrim, clordane, endrim, dodecacloro, heptacloro e

    endossulfam

    - Clorados de uso ainda permitido no Brasil: . acaricidas: dicofol (Kelthane) . DDT: no controle de vetores; uso a cargo da SUCAM

    . Endossulfam (Thiodan): importante no cafeeiro e ainda recomendado em outras grandes culturas como algodo e soja

    1.2. Fosforados ou organofosforados

    - caractersticas gerais: - representavam 35.5% do mercado mundial de inseticidas em 1995

    - toxicidade varivel de baixa a alta para animais superiores

    - normalmente bem mais txicos para vertebrados do que os clorados

    - alguns compostos possuem atividade sistmica em plantas (e.g. forato) ou animais (e.g. triclorfom) - quimicamente instveis e no persistentes; facilmente degradados por enzimas e fatores

    qumicos - sintetizados graas ao trabalho pioneiro do Dr. G. Schrader na Bayer, Alemanha, na dcada de 30

    - so inseticidas neurotxicos atuando a nvel de sinpse

    - estrutura geral: derivados do cido fosfrico

    O

    OH P OH

    OH

  • 29

    - fosforados so divididos em trs subgrupos: - derivados alifticos: possuem cadeia carbnica linear (e.g. diclorvs, triclorfom, malatiom) - derivados fenlicos: possuem anel benzeno (e.g. paratiom, tetraclorvinfs, fenitrotiom) - derivados heterocclicos: possuem anis de 3, 5, ou 6 elementos distintos (N, O e S) (e.g. clorpirifs, diazinom, pirimifs-metlico)

    Exemplos de utilizaoo agrcola de fosforados:

    . proteo de gros armazenados: . fenitrotiom (Sumithion) . pirimifs-metlico (Actellic)

    . acaricidas no sistmicos: . diazinom (Diazinom) . etiom (Ethion)

    . cochonilhicidas: . diazinom (Diazinom) . malatiom (Malathion) . metidatiom (Supracid) . granulados sistmicos: . forato (Granutox) . dissulfotom (Disyston) . dimetoato (Dimetoato)

    . de curto efeito residual: . acefato (Orthene) . naled (Naled)

    . sistmico em animais: . triclorfom (Neguvon)

    1.3. Carbamatos - caractersticas gerais: - toxicidade varivel

    - mais volteis que clorados

    - menor lipofilicidade que clorados (no so bioacumulados) - menor persistncia que clorados

    - rpida degradao

    - alguns compostos so sistmicos em plantas e alguns so nematicidas (e.g. aldicarbe) - desenvolvidos a partir de um alcalide (base orgnica que contm N) chamado fisostigmina (ou eserina) encontrado nos feijes de Calabar

  • 30

    - estrutura geral: derivados do cido carbmico

    O

    HO C NH2

    Carbamatos: ROOCN CH3

    R R = um grupo aril (e.g. fenil, naftil ou heterocclico) R= H (nos metil carbamatos) ou metil (nos dimetilcarbamatos)

    Exemplos de inseticidas carbamatos: - Nematicidas: aldicarbe (Temik) e carbofuram (Furadam) - Tratamento de sementes: carbofuram (Furadam), carbosulfam (Marshall) e tiodicarbe (Semevin, Larvin) - Sistmicos: aldicarbe (Temik), carbofuram (Furadam), carbosulfam (Marshall) - Aficida especfico: pirimicarbe (Pirimor) - Carbaril (Carvin, Sevim): uso geral

    1.4. Piretrides - caractersticas gerais: - . inseticidas sintticos derivados das piretrinas naturais - . inseticidas no persistentes de ao por contato - . pouco volteis e lipoflicos - . ao de repelncia contra algumas pragas e as vezes causam alergia no homem - . fotoestveis, mas degradados rapidamente no solo - . muito txicos a insetos, mas bem baixa toxicidade para mamferos - . alguns piretrides so txicos para peixes e alguns favorecem o desenvolvimento de caros - . representavam 21% do mercado de inseticidas em 1995 - . primeiro piretride sintetizado foi a alletrina pelo grupo do Dr. M. S. Schechter em 1949 e o grupo do Dr. M. Elliot sintetizou a resmetrina em 1957. Piretrides-fotoestveis s comearam a ser sintetizados na dcada de 70.

    - caractersticas gerais: steres do cido crisantmico ou pretro - exemplos de inseticidas piretrides: - permetrina (Pounce), cipermetrina (Cymbush), deltametrina (Decis, K-Obiol) e lambdacialotrina (Karate): controlam lagartas, besouros, pulges, tripes, traas e baratas - acaricidas: fenpropatrina (Danimen) e bifentrina (Talstar)

    1.5. Outros inseticidas organossintticos

    a) neonicotinides: derivados melhorados da nicotina

  • 31

    . desenvolvimento recente (1978)

    . principais compostos: imidaclopride, acetamipride, thiamehoxam

    . sistmico seletivo e eficiente contra sugadores e tambm controla lagartas (imidaclopride)

    b) organossulfurados: possuem S centralmente molcula . acaricidas especficos bem eficientes (e.g. Propargite (Omite)) que agem sobre todas as fases de desenvolvimento de caros (i.e. ovo a adulto)

    c) derivados da nereistoxina: nereistoxina uma toxina do verme marinho Lumbriconeris heteropoda . grupo surgido em1964 e o cartape (Cartap), usado contra a traca do tomateiro o principal exemplo do grupo

    d) fenilpirazis: so aminas aromticas e heterocclicas . desenvolvimento recente . venenos axnicos . fipronil o principal produto no Brasil sendo usado contra formigas cortadeiras e carrapatos

    e) acilurias: reguladores de crescimento de insetos, que afetam a sntese de quitina, introduzidos pela Bayer em 1978 . eficientes contra lagartas e larvas de alguns besouros . exemplos: diflubenzurom (Dimilin) e triflumurom (Alsystin)

    f) juvenides e anti-HJ: . juvenides: produtos anlogos ou derivados do hormnio juvenil (juvenides) que interferem na muda dos insetos, principalmente para a fase adulta, gerando estgios ninfais anmalos; exemplos: metopreno, quinopreno, fenoxicarbe e piriproxifem . anti-HJ: so produtos que antagonizam a ao do hormnio juvenil causando metamorfose precoce em insetos (e.g. precoceno) . ecdisterides: agonistas de ecdisona que imitam sua ao (e.g. acilhidrazinas: tebufenozide e metoxifenozide)

    2. Inseticidas de origem natural

    2.1. Inseticidas de origem vegetal:

    a) nicotina: extrada de plantas de fumo; elevada toxicidade para mamferos

    b) azadiractina: princpio txico da planta indiana Neem (Azadirachta indica) - interfere com o processo de muda nos insetos (interfere na sntese e metabolismo da ecdisona)

  • 32

    c) piretrum e piretrinas: piretrinas so as constituintes do piretrum, extrato de flores de Chrysanthemum cinerafolis (cinerariae = Tanacetum cinerariae) e C. coccineum (roseum = carenum) . fotoinstveis e eficientes inseticidas que serviram de base para a sntese dos piretrides

    2.2. Inseticidas de origem microbiana

    - a) Lactonas macrocclicas: dois grupos principais, avermectinas e milbemicinas - milbemicinas so obtidas em produtos de fermentao do actinomiceto de solo Streptomyces hygroscopicus e avermectinas so obtidas de S. avermitilis - avermectinas tem tido maior potencial de utilizao, com abamectina (componente principal dentre as avermectinas = abamectina B1a) sendo usada contra a traa do tomateiro e caros fitfagos

    - b) Bacillus thuringiensis e suas toxinas: tanto os esporos desta bactria (Dipel, Thuricide), quanto seus cristais proticos txicos e purificados tem sido usados, com sucesso, no controle de insetos

    - c) Spinosinas: toxinas isoladas de produtos de fermentao do actinomiceto de solo Saccharopolyspora spinosa (principais so spinosina A e spinosina D)

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    ANDREI, E. 1993. Compndio de Defensivos Agrcolas, 4 ed., So Paulo, Andrei. 448 p.

    GUEDES, R. N. C. 1990. Um Breve Histrico Sobre os Inseticidas Organossintticos, Viosa, UFV. 6 p. (Apostila)

    GUEDES, R. N. C. & VILELA, E. F. 1991. Produtos com ao na fisiologia dos insetos, pp. 37-90. In Novos Produtos para o Manejo Integrado de Pragas, E. F. Vilela et al. (ed.), Braslia, ABEAS. (Mdulo 4.7).

    WARE, G. W. 1994. Insecticides, pp. 41-74. In The Pesticide Book, 4 ed., Fresno, Thomson. Produtos para o Manejo Integrado de Pragas, E. F. Vilela et al. (ed.), Braslia, ABEAS. (Mdulo 4.7).

  • 33

    TOXICOLOGIA DE INSETICIDAS - III (MECANISMOS DE AO DE INSETICIDAS)

    Raul Narciso C. GUEDES

    1. Sistema nervoso de insetos . sistema nervoso formado por clulas nervosas ou neurnios, que so formados por uma

    regio chamada corpo celular que possui terminaes ramificadas chamadas dendritos, onde

    recebido o estmulo nervoso, e uma regio alongada chamada axnio, que possui

    arborizaes terminais por onde so transmitidos os estmulos nervosos

    . gnglios so agregaes de neurnios e a agregao e interconeco dos gnglios forma o

    sistema nervoso central. O remanescente do sistema nervoso chamado sistema nervoso

    perifrico

    . a funo do sistema nervoso transmitir informaes ao corpo por meio de impulsos

    O estmulo nervoso conduzido eletricamente ao longo do axnio e quimicamente entre neurnios

    a) eventos axnicos na conduo do estmulo excitatrio . a membrana do axnio permevel a K+ quando em repouso e impermevel a Na+, portanto

    a membrana do axnio permanece polarizada no estado de repouso com potencial prximo ao

    potencial de equilbrio do K+ (-50 a -70 mV). Mediante estmulo, os canais de K da membrana se fecham e os de Na se abrem permitindo um fluxo de Na para o interior da clula

    despolarizando-a at atingir um potencial prximo ao potencial de equilbrio do Na. Quando esse potencial de ao atingido no desencadeamento de um estmulo, os canais de Na se

    fecham novamente e os K vo lentamente se abrindo at ser restabelecido o potencial eltrico

    de repouso (membrana polarizada). A bomba de Na-K transporta o excesso de Na do interior para o exterior do axnio, e K do exterior para o interior do mesmo restabelecendo o

    equilbrio qumico da clula no estado de repouso. O impulso transmitido se propaga ao longo

    do axnio at atingir a extremidade do mesmo, onde a transmisso passa de eltrica a qumica

    diferena de potencial.

  • 34

    b) eventos sinpticos na conduo do estmulo excitatrio . sinapse a fenda que separa duas clulas nervosas intercomunicantes

    . a transmisso do impulso nervoso deve atravess-la para que se propague, o que

    conseguido atravs da liberao de neurotransmissores na membrana pr-sinptica. Esses

    neurotransmissores migram pela fenda sinptica e atingem receptores especficos na

    membrana ps-sinptica onde desencadeiam novos potenciais de ao. Canais de Ca++ na

    membrana pr-sinptica modulam a liberao das vesculas com neurotransmissor na sinapse

    . principais neurotransmissores em insetos, de importncia para o controle qumico deles:

    . acetilcolina: neurotransmissor excitatrio, presente no sistema nervoso central de insetos

    . cido gama aminobutrico (GABA): neurotransmissor inibitrio, presente no sistema nervoso central de insetos e junes neuromusculares

  • 35

    Estmulo inibitrio: . estmulo inibitrio leva a uma hiperpolarizao da membrana do axnio atravs do fluxo de

    ons Cl- para o interior da membrana do axnio via canais de Cl. Efeito inibitrio bloqueia o

    excitatrio e o neurotransmissor envolvido em sinpses inibitrias o GABA

    2. Inseticidas que agem nos receptores sinpticos

    2.1. Inseticidas que agem nos receptores de acetilcolina

    . Nicotina e neonicotinides (e.g. imidaclopride): imitam o neurotransmissor acetilcolina e competem com ele por seus receptores na membrana ps-sinptica (so agonistas da acetilcolina, ou seja, imitam sua ao apesar de possuirem frmulas estruturais bem distintas dela). Contudo, ao contrrio da acetilcolina, esses inseticidas no so susceptveis a hidrlise enzimtica pela enzima acetilcolinesterase e permanecem ligados aos receptores ps-

    sinpticos da acetilcolina levando a hiperexcitao do sistema nervoso

    . Spinosinas: moduladores dos receptores da acetilcolina que levam a abertura de canais inicos e conduo do estmulo nervoso. Seu stio de ligao nos receptores de acetilcolina

    parece ser distinto do da nicotina e neonicotinides

    . Nereistoxina e cartape: tambm agem nos receptores ps-sinpticos da acetilcolina, mas ao

    contrrio dos nicotinides, agem como antagonistas (parciais) da acetilcolina competindo com ela por seus receptores e inibindo o impulso na membrana ps-sinptica. Causam paralisia nos

    insetos, sem excitao

  • 36

    2.2. Inseticidas que agem nos receptores GABA

    . BHC (ou HCH), ciclodienos e fenilpirazis: ligam-se ao stio de ligao dos receptores/canais GABA suprimindo o fluxo de Cl para o interior da membrana da clula

    nervosa e levando os insetos a eventual morte por hiperexcitao

    . Avermectinas e milbemicinas: so agonistas do GABA ligando-se aos receptores dele e

    estimulando o fluxo de Cl- para o interior da membrana, o que leva ao bloqueio da

    transmisso do impulso nervoso, imobilizao e paralisia, seguidas por eventual morte do

    organismo

    3. Inseticidas que agem nos canais de sdio (Na+)

    . DDT e piretrides: se ligam aos canais de Na+ modificando a conformao destes e aumentando o tempo de abertura deles. Isso leva a um aumento do fluxo de Na+ para o interior

    da membrana e prolonga a fase de despolarizao aps o pico do potencial de ao, que

    atingido normalmente. A consequncia disto a hiperexcitao e eventual morte do

    organismo

    4. Inibidores da acetilcolinesterase

    . Fosforados e carbamatos: acetilcolinesterase hidroliza o neurotransmissor acetilcolina

    removendo-o de seu receptor especfico e possibilitando neurotransmisses adicionais.

    Fosforados e carbamatos imitam a estrutura da acetilcolina e se ligam a acetilcolinesterase

    bloqueando a ao dessa enzima. Como consequncia h um acmulo de acetilcolina na

    sinapse que continua a interagir com seus receptores levando a hiperexcitao do sistema

    nervoso. A inibio proporcionada por fosforados mais intensa que a por carbamatos, que

    tem reverso mais ligeira

    5. Inibidores da formao de cutcula

    . acilurias: interferem com transporte de N-acetilglucosamina e interferem no metabolismo de ecdisterides (e.g. diflubenzurom, flufenoxurom, triflumurom etc.) . ciromazina: afeta o metabolismo da epiderme sendo um inibidor do processo de

    esclerotizao (i.e. endurecimento) da cutcula

  • 37

    6. Substncias que afetam a ao de hormnios reguladores do crescimento

    a) juvenides: imitam o hormnio juvenil interferindo na muda (principalmente de larva a pupa), reproduo e embriognese. Ex. metopreno, hidropreno, fenoxicarbe e piriproxifem.

    b) anti-HJ: efeito antagnico ao hormnio juvenil. Podem competir por receptores de HJ, causar injria aos corpora allata (glndulas produtoras de HJ) (e.g. precoceno I e II) ou interferirem na sntese de HJ (e.g. imidazoles e butxido de piperonila)

    c) ecdisterides: interferem no processo muda imitando a ecdisona, o hormnio de muda (e.g. tebufenozide e metoxifenozide)

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    DOWSON, R. J. 1977. An introduction to the principles of neurophysiology. Pest. Sci. 8: 651-660.

    ETO, M. 1990. Biochemical mechanisms of insecticidal activities, pp. 73-82. In Chemistry of Plant Protection, vol. 6, Berlin, Spring-Verlag.

    GUEDES, R. N. C. & VILELA, E. F. 1991. Produtos que agem na fisiologia dos insetos, pp. 59-70. In Novos Produtos para o Manejo Integrado de Pragas, Braslia, ABEAS. (Mdulo 4.7)

    OBRIAN, R. D. 1976. Acetylcholinesterase and its inhibition, pp. 271-296. In Insecticide Biochemistry and Physiology, New York, Plenum.

    WARE, G. W. 1994. Modes of action for insecticides, pp. 178-182. In The Pesticide Book, 4 ed., Fresno, Thomson.

  • 38

    TOXICOLOGIA DE INSETICIDAS IV (LIMITAES DO USO DE INSETICIDAS)

    Raul Narciso C. GUEDES

    1. Limitaes de Inseticidas Para o Homem

    . Pontos importantes sobre resduos de inseticidas no homem: a) clorados que acumulam (so estveis, lipoflicos e detectveis a baixas concentraes) b) variam geograficamente e dentro de uma mesma populao c) variam com o tempo (com clorados a variao menor) d) principal fator que determina a distribuio de inseticidas no homem a gordura, mas outros fatores tambm existem

    1.1 Riscos Para o Homem

    . Influem na sade humana

    . Exposio: . alimentao (no ocupacional) . ocupacional

    . Problemas principais: . neurotoxicidade retardada (atraso na apresentao de sintomas) . carcinognese, mutagnese e teratognese . ao aguda - medidas de primeiros socorros:

    a) dificuldade ou parada respiratria: remova intoxicado para local ventilado e sombreado. Limpe vias respiratrias e caso necessrio inicie assistncia respiratria (levante pescoo pela nuca, incline cabea para trs e puxe queixo para cima). Se paciente no voltar a respirar, inicie respirao boca a boca (pressione narinas do paciente e sopre ar em sua boca deixando o ar sair livremente depois; repita isso 15 vezes por minuto ou 20 no caso de crianas, s que com menor volume de ar neste caso)

    b) parada circulatria: se no sentir pulso ou corao e verificar pupila dilatada, inicie massagem cardaca. Com a vtima de costas, mantenha-se em plano superior a ela e extendendo os braos faa presso vigorosa para que o externo abaixe e comprima corao de encontro coluna, descomprimindo subitamente a seguir. Repita a operao 60 vezes por minuto.

  • 39

    c) parada cardiorespiratria: requer procedimentos explicados anteriormente aplicados em alternncia para que um no interfira com o outro

    d) estado de choque: estado de palidez fria com pele fria e pegajosa, sudorese, respirao curta e irregular, pulso fraco, viso turva e eventualmente nuseas e vmito. Deve-se proceder as seguintes medidas: mantenha vtima deitada e aquecida, com roupas afrouxadas e com pernas levantadas se possvel. No caso de vmito, vire a cabea da vtimia para o lado e limpe sua boca mantendo livres as vias respiratrias. No administre bebida alcclica e no d nada a pessoa inconsciente ou semi-inconsciente por via oral. Procure socorro mdico

    e) convulso/coma: mantenha livres as vias respiratrias, proteja o corpo da vtima, principalmente cabea, contra leses. Evite ferimento na lngua colocando proteo entre maxilares. Mantenha o paciente aquecido e encaminhe-o ao servio mdico

    Exposio e descontaminao: mediante exposio drmica ou ocular, lave intensamente o local com gua corrente fria e jato suave. No caso de inalao, leve vtima a local arejado e fresco, alm de afrouxar-lhe a roupa. Pode ser necessria respirao artificial. Roupas contamindas devem ser retiradas. No caso de exposio oral, em geral benfica provocao de vmito (exceto quando vtima est inconsciente), mas deve-se observar a bula do praguicida para observar restries quanto a este procedimento

    Antdotos: dos inseticidas atuais, somente fosforados e carbamatos possuem antdotos. Para os demais inseticidas o tratamento sintomtico e deve ser prescrito por mdico. Para fosforados e carbamatos a atropina o antdoto a ser usado, e usado sobre orientao mdica. A atropina (normalmente na forma de sulfato), bloqueia os receptores de acetilcolinesterase reduzindo a ao in vivo do excesso de acetilcolina em seus receptores. Esse composto no capaz de reativar a enzima fosforilada, mas a oxima 2-PAM (contrathion) capaz de desfosforilar a acetilcolinesterase no caso de intoxicao por fosforados podendo tambm ser usada no tratamento de intoxicaes por estes inseticidas, mas no efetiva contra carbamatos, podendo at agravar a situao neste caso

    2. Efeito de Inseticidas na Vida Silvestre

    . fatores a serem considerados: a) nveis de contaminao do ecossistema b) susceptibilidade do material biolgico aos inseticidas . riscos para a vida silvestre:

  • 40

    a) toxicidade aguda: parmetro mais direto e conveniente para mensurao. Generalizaes so possveis, mas efeitos variam com espcie. Menor risco ambiental. b) toxicidade crnica: gradual e de maiores amplitudes. Pode afetar reproduo, comportamento etc. . efeitos subletais de inseticidas: b.1) em aves: reduo da espessura da casca do ovo; induo microssomal no fgado; e interferncia na tiride (distrbios hormonais) b.2) em peixes: comportamento anormal reversvel ou no e alterao do sistema osmorregulador . transferncia biolgica e bioacumulao: refere-se ao acmulo de pesticidas em sistemas biolgicos a nveis bem superiores ao do ambiente circunvizinho. Tambm chamado biomagnificao. A rota mais comum a aqutica. Fatores que afetam: . caractersticas fsico-qumicas dos inseticidas . caractersticas biolgicas do ambiente (e.g. competio, consumo alimentar e tamanho do corpo e dinmica de bioacumulao (= entrada sada)

    3. Efeito de Inseticidas no Manejo de Pragas . apesar dos benefcios proporcionados ao controle de insetos, o uso e inseticidas potencialmente capaz de gerar os seguintes problemas no controle de insetos: a) erupo de pragas secundrias b) ressurgncia c) resistncia a inseticidas

    3.1. Erupo de pragas secundrias e ressurgncia . consequncia dos seguintes fenmenos aps o tratamento com inseticidas: a) reduo da populao de inimigos naturais (IN); causas: a.1. disponibilidade de presas envenenadas (+ que normais e de mais fcil captura) a.2. IN mais expostos aos inseticidas (devido a sua maior mobilidade) a.3. Concentram inseticidas (por se alimentarem de muitas presas) a.4. Pesticidas so mais letais a IN a.5. Pesticidas tem efeitos subletais em IN, repelindo-os ou reduzindo a capacidade de sobrevivncia deles e sua eficincia de forrageamento

    b) aumento da populao de pragas; causas: b.1. Reduo da competio b.2. Maior disponibilidade de alimento b.3. Pesticidas podem aumentar a reproduo de insetos-praga, permitindo-lhes escaparem do controle proporcionado por IN

  • 41

    b.4. Pesticidas podem levar a alteraes na distribuio espacial da praga, causando emigrao temporria de IN ou reduzindo a eficincia de forrageamento destes b.5. Pesticidas podem sincronizar populaes de pragas causando extino local de IN e aumento de populaes de pragas como no tem anterior (b.4)

    . insetos-praga mais comumente associados a problemas de ressurgncia e erupo de pragas secundrias so ssseis e alvos difceis de ao inseticida como cochonilhas e minadores de folhas. Esse tipo de problema tem sido mais comumente relatado com hompteros, lepidpteros e caros

    3.2. Resistncia a Inseticidas

    resistncia: capacidade de uma populao de insetos de resistir a doses de substncias txicas que seriam letais para a maioria dos indivduos de uma populao normal da mesma espcie tolerncia: capacidade intrnseca de uma espcie de tolerar efeitos txicos de um inseticida devido ao seu estgio de desenvolvimento, condies nutricionais e outros fatores

    . consequncias da resistncia a inseticidas: - perda de vrios compostos inseticidas anteriormente eficientes - perdas de produo agrcola - erupo de pragas secundrias e ressurgncia - aumento de riscos a organismos no-alvo - resistncia em inimigos naturais, que pode ser benfica mas no muito comum

    . mecanismos de resistncia: - comportamentais - fisiolgicos:

    . reduo de penetrao no inseto

    . sequestramento - bioqumicos: . aumento da destoxificao metablica por citocromo P450 monooxigenases, esterases ou glutationa S-transferases . insensibilidade do stio de ao (e.g. alteraes na acetilcolinesterase, nos canais de Na+ - KDR, receptores GABA etc)

    . manejo da resistncia a inseticidas: linhas gerais - rotao ou alternao de inseticidas - uso de doses efetivas quando usando misturas de tanque

  • 42

    - uso de sinergistas capazes de suprimir o efeito de mecanismos destoxificativos de resistncia - evitar aplicaes em larga escala - maximizar integrao de tticas alternativas de controle - reduzir risco de inseticidas a organismos no-alvo - evitar repetir tratamentos subsequentes com mesmo inseticida - monitorar situao visando a deteco dos primeiros sinais indicativos da existncia de populaes resistentes

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

    ANNIMO. 1996. Tratamento Geral das Intoxicaes: Principais Substncias Qumicas Utilizadas na Agricultura e em Sade Pblica. Rio de Janeiro, Cianamid. 20 p.

    CAMPANHOLA, C. 1990. Resistncia de Insetos a Inseticidas: Importncia, Caractersticas e Manejo. Jaguarina, EMBRAPA. 45 p.

    DENHOLM, I. & ROWLAND, M.W. 1992. Tactics for managing pesticide resistance in arthropods: theory and practice. An. Rev. Entomol. 37: 91-112.

    GUEDES, R.N.C. 1990. Resistncia a inseticidas: desafio para o controle de pragas dos gros armazenados. Seiva 50: 24-29.

    MATSUMURA, F. 1985. Toxicology of Insecticides, 2a ed. New York, Plenum. 598 p.

    PRICE, N.W. 1975. Populations under insecticide stress, pp. 215-226. In Insect Ecology, N.W. Price, New York, John Wiley.

    WAAGE, J. 1989. The population ecology of pest-pesticide-natural enemy interactions, pp. 81-93. In Pesticides and Non-Target Invertebrates, P.C. Jepson, Wimborn, Intercept.

  • 43

    CONTROLE BIOLGICO DE PRAGAS Causas de Desequilbrio

    Angelo PALLINI FILHO Marcelo PICANO

    Inseticidas: - resistncia - ressugncia - espcie rara e inofenciva se tornando praga - magnificao biolgica

    Desmatamento

    Estratgias de Controle Bilolgico (CB)

    CB natural CB clssico CB artificial Tticas de CB

    CB natural - Inseticida seletivo. - aplicao em reboleiras, ruas alternadas. - Sub-dosagem. - Inseticida somente quando for necessrio. - Formao e ou povoamento de bosques. - Diversificao de espcies vegetais cultivadas.

    CB clssico - Introduo de inimigo natural.

    CB artificial - Criao de IN. - Aplicao no campo: . microorganismo - primeiros nstares da praga; alta temperatura; sem luz; hbito da praga;

    nvel de controle. . parasitides e predadores - libera especfica a cada caso.

    Inimigos Naturais

  • 44

    Entomfagos

    Predadores

    - Definio: . Tipos:

    i) Sugadores - injetam toxinas - Chrysopidae, Syrphidae, Reduviidae.

    ii) Mastigadores - Coccinellidae.

    - Insetos . Diptera

    - Famlias: Syrphidae, Asilidae, Calliphoridae, Cecidomyidae, Pompyllidae, Phoridae.

    . Hymenoptera

    - Famlias: Vespidae, Sphecidae, Pteromalidae, Formicidae.

    . Coleoptera

    - Famlias: Coccinellidae, Carabidae, Staphylinidae, Lampyridae, Dytiscidae.

    . Neuroptera

    - Famlias: Chrysopidae, Hemerobiidae.

    . Hemiptera

    - Famlias: Pentatomidae, Reduviidae, Lygaeidae, Nabidae.

    . Odonata

    - Famlias: Libellulidae, Aeshnidae.

    . Dermaptera:

    - Famlia: Forficulidae, Labiduridae. . caros predadores

    - Famlias: Phytoseiidae, Cunaxidae, Stigmaeidae, Bdellidae.

    . Aranhas predadoras

  • 45

    - Famlias: Lycosidae, Thomisidae, Salticidae

    - Outros animais . Lagartos, rs, sapos, tatus, morcegos, pssaros, peixes.

    Parasitos Conceito:

    Parasitide:

    - Associao parasitides - hospedeiro

    . modificao no parasitide para sobreviver no hospedeiro:

    - respirao atravs do tegumento. - adaptao no sistema excretor. - ovipositor adequado postura com preciso de ovos, para injetar toxina paralizante, secretar seda, construir tubo de alimentao.

    . reaes do hospedeiro:

    - encapsulao. - melanizao.

    - Parasitides quanto a destribuio da prognie

    Sobre ou dentro do hospedeiro - Parasitides de ovos. - Parasitides de cochonilhas. - Parasitides de hospedeiros em galhas, galerias, casulos. - Parasitides que paralizam o hospedeiro e decidem onde colocar os ovos. - Parasitides que atacam o hospedeiro em movimento.

    Distribuio longe do hospedeiro

    - Etapas do parasitismo 1. Fmea encontra o habitat do hospedeiro 2. Encontra o hospedeiro 3. Aceita o hospedeiro 4. Adequabilidade do hospedeiro

  • 46

    - Insetos - ordem de parasitides

    . Diptera

    - Famlias: Tachinidae, Sarcophagidae

    . Hymenoptera

    - Famlias; Braconidae, Trichogrammatidae, Ichneumonidae, Scelionidae, Pteromalidae, Chalcididae, Bethylidae. Diferenas entre parasitides e predadores

    1. Parasitide - ciclo em um nico hospedeiro. Predador - vrias presas. 2. Parasitide - morte do hospedeiro quando ocorre lenta. Predador - sempre mata a presa. 3. Parasitide - adulto se alimenta de mel, nctar, gua. Predador - alimenta-se da presa. 4. Parasitide -atua a nvel de populao. Predador - atua a nvel de comunidade. 5. Parasitide - oviposio feita: prxima, sobre ou dentro do hospedeiro. Predador - prxima da presa. 6. Parasitide - interao hospedeiro/parasitide menos complexa. Predador - interao mais complexa. 7. Parasitide - movimenta-se menos. Predador - movimenta-se mais.

    Fatores que influem sobre o inimigo natural (IN) Inseticidas. Variao de clima. Escassez de alimento para adulto. Falta de presa/hospedeiro. Correlao defeituosa entre o ciclo biolgico da presa/hospedeiro e o seu IN.

    Princpios no uso de parasiides e predadores 1. Um rigoroso estudo deve ser feito antes da deciso em relao ao CB. 2. Evitar o rompimento natural de CB por uso de inseticidas e prticas culturais danosas. 3. Nvel de controle deve ser determinado. A eficincia de CB no 100%. Desse modo, a aceitao de prejuzos que no afetem a qualidade do produto necessria.

  • 47

    4. Crescente educao e conhecimento essencial para manipulao intensiva de IN. 5. Evitar morte de todas as pragas quando se usar inseticida. IN deve ter hospedeiro/presa para sobreviver. 6. Manter a diversidade na cultura e reas sem cultura, se necessrio, para refgio, alimento e outras necessidades do IN e hospedeiro/presa. 7. Se o inseticida necessrio, deve ser seletivo ou que cause o mnimo efeito no IN. Se isso no for possvel, procurar resistncia de IN. 8. Conhecer a biologia de IN e da praga para empregar tcnicas culturais e outros mtodos alternativos. 9. Manter o equilbrio em dia, pois mais fcil para se tomar medidas de conservao. 10. Cada cultura e pragas apresentam diferenas e as condies variam de regio para regio, assim a avaliao deve ser feita para cada situao. 11. Manejo de populao de pragas em reas no cultivadas deve ser feito. Uso de CB importante nessas reas, desde que econmico. 12. No abandonar novas pesquisas de IN e novas tcnicas de manejo. 13. O CB no uma resposta para tudo, mas a oportunidade existente para se fazer muito mais do que tem sido feito com muitas pragas.

    Entomopatgenos

    Aspectos histricos do uso de entomopatgenos

    A primeira referncia histrica recordando doenas de insetos data de 2700 A.C., por chineses que fazem o registro de doenas no bicho-da-seda (Bombyx mori). Nos sculos seguintes, doenas presentes em abelhas e ainda no bicho-da-seda so constantes nas citaes dos primeiros cientistas. Por volta de 1830, Agostino Bassi, um pesquisador italiano, demonstrou efetivamente que um microrganismo (fungo) causava doena em bichos-da-seda. Posteriormente, Louis Pasteur, cientista francs renomado, desenvolveu um mtodo para a criao de Bombyx mori sadios em reas anteriormente infectadas por doenas. A partir dos trabalhos destes dois pesquisadores, ficou estabelecido a nvel terico, o potencial que as doenas de insetos representavam no controle dos mesmos. Nas tentativas feitas ocorreram poucos sucessos iniciais que foram rapidamente diminudos pelos fracassos frequentes no uso destes agentes microbianos no controle, levando ao questionamento do valor real do uso de microrganismos para este fim. A patologia dos insetos e o seu uso prtico realmente emerge no sculo XX como um importante aspecto da cincia, levando a especializao pelo tipo de patgeno utilizado, sejam eles, bactrias, vrus e fungos, e mesmo outros agentes como nematides e protozorios. At 1950, quatro dos grupos principais de patgenos, vrus, bactrias, fungos e nematides,

  • 48

    haviam sido utilizados em tentativas de controle microbiano. Apenas o grupo protozoa foi utilizado depois de 1950.

    Vantagens e Desvantagens no seu Uso

    Entre as vantagens encontradas no uso dos patgenos para o controle de insetos-pragas temos:

    - Especificidade: existem alguns patgenos que apresentam alta especificidade como os vrus, enquanto outros so altamente patognicos para algumas espcies, como ocorre com bactrias, fungos e nematides. A aplicao deste agentes mesmo que excessiva no agroecossistema geralmente no afeta os inimigos naturais (predadores e parasitides) e polinizadores. - Multiplicao e disperso: os patgenos apresentam a capacidade de multiplicao e disperso no meio ambiente atravs dos indivduos da populao. Dos focos primrios de infeco podem surgir focos secundrios, ocorrendo mesmo a passagem de uma gerao para outra, pela permanncia dos patgenos nos cadveres de insetos ou mesmo no solo. - Efeitos secundrios: alm da mortalidade direta eles podem diminuir a taxa de oviposio, viabilidade dos ovos e tornar os insetos mais sensveis a outros agentes biolgicos e qumicos. - Controle mais duradouro: quando aps o estabelecimento do patgeno em uma determinada rea, a doena assume o carter enzotico, com o inseto raramente atingindo os nveis de dano econmico - Poluio e toxicidade: os patgenos no poluem o meio ambiente e no so txicos para os homens e outros animais - Resistncia: para alguns patgenos, o processo de resistncia por envolver vrios fatores, dificilmente ter lugar.

    Dentre as desvantagens que o uso dos patgenos apresentam, temos:

    - Aspectos econmicos: a curto prazo, o uso de muitos patgenos ainda no apresenta a economicidade necessria para o estmulo do seu uso, quando comparados com os produtos qumicos de largo espectro. - Planejamentos das aplicaes: deve envolver aspectos relacionados com o perodo de incubao do patgeno, de modo que o inseto seja eliminado antes que cause dano econmico. - Condies favorveis: necessidade de umidade, temperatura e luminosidade ideais podem tornar alguns dos patgenos inviveis em determinadas pocas. - Armazenamento: inseticidas microbianos requerem maiores cuidados no armazenamento, visando manter a sua viabilidade e patogenicidade.

  • 49

    - Comercial: alguns patgenos levam os insetos a ficarem presos em frutos ou partes das plantas que so consumidas levando a sua desvalorizao.

    Bactrias

    So seres unicelulares, de tamanho que varia de menos de 1 m a vrios m de comprimento, sem um ncleo definido (procarioto). O seu formato pode ser esfrico, de bastonete (bacilo) ou espiral, at aqueles que no apresentam parede celular rgida, denominados pleiomrficos. As bactrias podem se encontrar em agregaes regulares ou irregulares, podem ser mveis, em formatos de cadeias ou individuais. A sua reproduo pode ser por fisso binria ou conjugao (sexual). O seu desenvolvimento pode ocorrer na presena de oxignio (aerbicos) ou na sua ausncia (anaerbicos).

    Sintomas e Patologia

    As infeces bacterianas nos insetos podem ser classificadas como bacteremia, septicemia e toxemia. Bacteremia ocorre quando a bactria se multiplica na hemolinfa do inseto sem a produo de toxinas. Esta situao ocorre com os simbiontes e raramente com as bactrias patognicas. Septicemia ocorre frequentemente com as bactrias patognicas, que invadem a hemocele, multiplicam-se, produzem toxinas e terminam matando o inseto. Toxemia ocorre quando a bactria produz toxinas e se encontra confinada a luz do intestino. O conjunto de sintomas produzidos pelas bactrias pode variar do tipo de infeco que est ocorrendo, porm, os aspectos mais frequentes e genricos comuns so que aps a ingesto do microrganismo, se inicia produo de toxinas, o inseto perde o apetite, apresenta diarria, as fezes so aquosas e em muitos casos o vmito comum. Os insetos mortos pr bactrias, principalmente nos estgios larvais, geralmente escurecem e se tornam macios. Os tecidos internos e rgos se deterioram, sendo este processo acompanhado de um odor ptrido. O tegumento permanece intacto. Logo aps a morte existe abundncia de bactrias, depois o cadver do inseto, seca e endurece.

    Locais de entrada de bactrias

    A infeco bacteriana geralmente se inicia pela entrada do microrganismo pela boca e tubo digestivo, menos frequentemente atravs dos ovos, tegumento e traquia. Eventualmente, as bactrias podem entrar pela ao de parasitides e predadores. Dentro do tubo digestivo, a ao de enzimas (i.e., lecitinase, proteinase, quitinase) atuando nas clulas do intestino mdio permitem a entrada da bactria na hemocele. O pH desta regio tem papel fundamental neste mecanismo.

  • 50

    A ao das exo e endotoxinas das bactrias fundamental para que a invaso pela mesma seja bem sucedida. Estas toxinas so geralmente produzidas nos estgios iniciais de uma infeco. Elas podem atuar danificando a parede do intestino e permitindo a entrada das bactrias na hemocele e podem tambm atuar nos tecidos da hemocele. Poucos casos so conhecidos de bactrias que iniciam a infeco pelas traquias ou mesmo pelo tegumento. Geralmente, nestes casos, aps a injria do tegumento do inseto em outras situaes, as bactrias iniciam a invaso nestas regies. A transmisso pelo ovo pode ocorrer com a presena da bactria na superfcie ou dentro do ovo.

    A transmisso para o inseto por parasitides e predadores ocorre tambm. Em alguns casos, os parasitides adultos podem perfurar o tubo digestivo e ento permitir a passagem das bactrias presente na luz do tubo digestivo para a hemocele. Outro exemplo, a transmisso bacteriana efetivada pelo ovipositor de um parasitide, que a passa de uma pupa infectada para outro sadia.

    Bactrias Esporulantes

    As bactrias que formam esporos so importantes para o controle dos insetos, uma vez que estes constituem uma forma de persistncia, pr-requisito para a utilizao comercial do microrganismo em escala comercial. Da Famlia Bacillaceae, dois gneros se destacam que so Bacillus e Clostridium. O gnero Bacillus representado por clulas em forma de bastonete, encontrando na espcie Bacillus thuringiensis um dos agentes bacterianos mais bem estudados.

    Bactrias No-Esporulantes

    A Famlia Enterobacteriaceae apresentam alguns gneros de interesse no controle dos insetos. Ela caracterizada pela forma de pequenos bastes, em geral mveis pela ao de flagelos. No so formadadoras de esporos. Este ltimo aspecto dificulta o seu uso em processos de produo comercial de inseticidas biolgicos, mas devido a sua presena em muitas situaes de controle natural, elas devem ser estudadas para posterior uso nos seus mais diversos aspectos.

    VRUS

    Os vrus constituem entidades que possuem o seu material gentico prprio, que dentro do hospedeiro celular atua como parte da clula, e pela presena de um estgio infectivo, denominado vrion, que serve de veculo para a introduo do material gentico na clula.

  • 51

    Apesar de no constituir uma definio completa, se diz que os vrus devem ser capazes de ser transmissveis e causar doenas em hospedeiros. De todos os grupos de microrganismos causadores de doenas em insetos, so os mais amplamente investigados.

    Estrutura Viral e Replicao

    A particula viral composta de uma cpsula proteica (capsdeo) que reveste o material nucleico. O capsdeo prov o vrus com as suas caractersticas morfolgicas e propriedades funcionais, dos quais o cido nucleico constitui o material gentico. O material gentico pode ser constitudo de DNA ou RNA, de dupla ou fita simples. O material gentico mais o capsdeo constituem o nucleocapsdeo. Em alguns vrus, o nucleocapsdeo revestido por um envelope geralmente constitudo por uma membrana bilipdica relacionada aos componentes da membrana celular. A replicao das viroses envolve a adsoro, entrada e exposio do material gentico, seguido pela expresso e replicao do genoma viral e produo de suas cpias. Enzimas presentes na partcula viral e na clula hospedeira so requeridas para a replicao. Esta envolve trs estgios durante o seu desenvolvimento: (1) latente: durante o qual o vrus penetra e o material gentico exposto pelo desmonte da proteo constituda pelas protenas e membrana lipdica; (2) exponencial: o perodo no qual o nmero de infeces aumenta exponencialmente at atingir a (3) fase estacionria.

    Tipos de viroses de insetos

    Cerca de 20 grupos de viroses so reconhecidas como causadores de doenas em insetos. Trs famlias principais se destacam como a Baculoviridae, Entomopoxviridae e Reoviridae. Estas famlias se caracterizam pela presena de corpo de ocluso, onde durante certo estgio de desenvolvimento os vrus so colocados e constituem formas de estabilidade e persistncia no meio ambiente. Baculoviridae o grupo mais estudados das viroses de insetos e so exclusivos de artrpodos.

    Locais de entrada de vrus e hospedeiros mais frequentes

    A infeco por baculovrus geralmente ocorre pela ingesto de partculas virais, podendo eventualmente ser transovariana, pelos espirculos, chegando a ocorrer eventualmente pelo canibalismo de insetos ou mesmo pelo ovipositor de um inseto parasitide. Aps a ingesto das partculas virais, o perodo entre a infeco at a morte do inseto depende de vrios fatores que so: idade da larva, temperatura ambiente, virulncia do

  • 52

    isolado, dosagem de partculas virais ingeridas e aspectos nutricionais do inseto hospedeiro. Aps a ingesto, a infeco ocorre geralmente pelas clulas do intestino mdio. O grupo dos baculovrus tem sido encontrado em cerca de 400 espcies de insetos, sendo que o principal grupo suscetvel, Lepidoptera, seguido por Hymenoptera, Diptera, Coleoptera e algumas outras ordens com menor nmero de viroses detectadas, como Neuroptera, Trichoptera, Siphonaptera.

    Patologia dos Insetos Infectados por Baculoviridae

    Os lepidpteros infectados no mostram sinal externo algum por 2 a 5 dias aps a ingesto do vrus. Mudanas graduais de cor, como tegumento tornando-se opaco, adquirindo um aspecto leitoso. A hemolinfa gradualmente torna-se turva e leitosa. As larvas tornam-se inativas, com perda do apetite antes da morte ocorrer. Esta ocorre geralmente depois de 5 a 12 dias da infeco. Geralmente antes de morrer os insetos movimentam-se para longe das fontes alimentares indo em direo s partes mais elevadas das plantas. Quando a morte ocorre, o tegumento pode tornar-se frgil e romper-se facilmente.

    FUNGOS

    Foram os primeiros microrganismos encontrados e identificados como causadores de doenas em insetos, isto se deve principalmente a presena de crescimento macroscpico visvel na superfcie dos insetos. Eles podem ser hospedeiros facultativos ou obrigatrios e alguns so simbiticos. O seu crescimento limitado principalmente pelas condies ambientais, particularmente a umidade relativa do ar e as temperaturas serem adequadas a esporulao e a germinao dos esporos.

    Estrutura e Reproduo dos Fungos

    Os fungos podem ser constitudos de uma clula ou mais frequentemente de vrias clulas agrupadas em filamentos ou hifas consitutindo o miclio. A parede da hifa apresenta quitina ou celulose e outras glucanas. Estas hifas podem ser uninucleadas ou com segmentos multinucleados. Dois aspectos de reproduo esto presentes, assexual e o sexual. No assexual geralmente a reproduo ocorre pela presena de propgulos assexuais dos mais diversos tipos. Clulas reprodutivas assexuais mveis esto presentes em algumas espcies, ou condia, que dispersada por outros meios, como a gua e o vento. A reproduo sexual ocorre mas menos frequente nas famlias de interesse entomopatognico.

  • 53

    Hospedeiros

    Os fungos associados aos insetos podem ser ecto ou endoparasitas. Os insetos so geralmente infectadospor esporos ou condia e mesmo outras formas (zoosporos e ascoporos). Encontrados em praticamente todas as ordens de insetos, mais comuns em Hemiptera, Diptera, Coleoptera, Lepidoptera, sendo que em muitos casos as formas imaturas (sejam ninfas ou larvas) mais suscetveis que as formas adultas. O estgio pupal pouco infectado, assim como o ovo raramente atacado pelos fungos. A especificidade dos hospedeiros varia consideravelmente, sendo que alguns fungos esto restritos a poucas espcies de insetos, enquanto outros apresentam pouqussima especificidade de hospedeiros.

    Processo de Infeco

    O desenvolvimento da doena mictica ocorre em trs fases distintas, a saber: (a) adeso e germinao do esporo sob a cutcula do inseto; (b) pentrao na hemocele; (c) desenvolvimento do fungo na hemocele, com a morte do inseto. A adeso do esporo parece estar correlacionada com a agressividade ou mesmo a especificidade do hospedeiro em relao a espcie fngica. Em outros casos, parece que a adeso no decorre de especificidade alguma. A segunda fase, a germinao do esporo depende dos fatores ambientais como umidade temperatura,e em menor extenso da luz e condies nutricionais do ambiente. A penetrao depende das propriedades da cutcula, a sua espessura, grau de esclerotizao e mesmo da presena de substncia antifngicas na rea. A larva que recm sofreu o processo de muda ou mesmo a pupa recm formada so mais suscetveis a infeco do que aqueles insetos que apresentam a cutcula endurecida. O processo de penetrao atravs do tegumento envolve aspectos qumicos (ao de enzimas) e a atuao mecnica (foras fsicas). Estas ltimas so visveis pelas marcas presentes na cutcula do inseto, mostrando depresso ao redor da rea de penetrao pelo tegumento. As enzimas presentes no tubo germinativo so: proteases, lipases, aminopeptidades, sendo as proteases as principais responsveis pela degradao inicial da cutcula, sendo seguidas pelas quitinases. Em outros casos, o fungo penetra pelas aberturas naturais do corpo do inseto, sejam elas a cavidade bucal, espirculos e mesmo outras aberturas. Depois da germinao da hifa que penetrou pelo tegumento do inseto, a passagem para a hemocele faz com que o fungo se multiplique pela formao de brotos. Ocorre a formao de miclio que endurece constituindo um esclertio posteriormente. A esporulao ocorre geralmente no inseto morto ou ainda nele vivo. Em condies desfavorveis, o fungo produz propgulos resistentes.

    Patogenicidade

  • 54

    A morte dos insetos ocorre por um dos fatores que se seguem: deficincia nutricional, invaso e destruio de tecidos e a liberao de toxinas. Alguns fungos so bastante virulentos e matam os insetos dentro de alguns dias e outros levam a situaes de enfermidade crnica prolongada. As espcies fngicas apresentam vrias linhagens tambm denominadas isolados que diferem entre si pela virulncia e patogenicidade. Geralmente aqueles isolados de uma determinada espcie de inseto, so mais virulentos a esta espcie que a outros hospedeiros. Por outro lado, a cultura in vitro de certos isolados acabam r