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NOTAS INTRODUTÓRIAS EM ECONOMIA Elaboração: Prof. Alvaro Luchiezi Jr. Apostila destinada exclusivamente para o uso dos alunos da disciplina Economia para Engenharia Curso de Engenharia de Computação e Telecomunicações - IESB

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Page 1: Apostila EE Unidade I

NOTAS

INTRODUTÓRIAS

EM

ECONOMIA

Elaboração: Prof. Alvaro Luchiezi Jr.

Apostila destinada exclusivamente para o uso dos alunos da disciplina Economia para Engenharia

Curso de Engenharia de Computação e Telecomunicações - IESB

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Notas Introdutórias em Economia__________________________________________________________________

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UNIDADE I

CONCEITOS GERAIS

INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ECONÔMICA I.1. ASPECTOS DO CONHECIMENTO ECONÔMICO: NOME, DEFINIÇÃO E OBJETO DA ECONOMIA.

I.11 Definição do Termo Economia Termo de origem grega, deriva da palavra OIKOS (Eco), que significa casa, fortuna, riqueza e da palavra NOMOS (nomia), cujo significado é lei, regra ou administração1. Significaria, portanto, “administração da casa” ou “administração da coisa pública”2. Assim, temos a:

Primeira Definição de Economia : Ciência que se dedica ao estudo das leis que determinam a riqueza ou da administração da riqueza.

Uma vez que a riqueza é gerada pelos homens e por eles administrada, é preciso considerar suas ações sobre a natureza para produzi-la, e suas ações entre si para reproduzi-la e administrá-la.

A riqueza não tem sentido em si mesma. Ela somente será completa se puder ser utilizada em benefício do homem (satisfação de necessidades). Para satisfazer as necessidades o homem necessita consumir algo (coisas). O homem transforma essas coisas através do seu trabalho, com o auxílio de instrumentos. O ato de transformar é denominado produção e por meio dele criam-se bens (e serviços)

I.12 Objeto da Economia

“O objeto do estudo da economia é a atividade humana denominada econômica e dirigida no sentido de escolher, dentre as diversas alternativas existentes, o que fazer com recursos escassos”3. Em outras palavras, trata de descobrir a melhor utilização a ser dada aos recursos limitados existentes na natureza de forma a melhor satisfazer as necessidades humanas.

A economia é, portanto, a ciência da escassez. A solução do problema econômico confronta a administração de recursos escassos, limitados, com a satisfação de necessidades ilimitadas, cada vez maiores conforme o progresso da ciência e da tecnologia.

1Adelphino T. Silva. Economia e Mercados, São Paulo, Atlas, 20ª ed. , 1989, p.16 2 Marco A. S. Vasconcelos, & Roberto L. Troste, , Economia Básica, São Paulo, Atlas, 4ª ed., 1998, p. 20 3 Adelphino T. Silva, idem, p. 19

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Segunda Definição de Economia : ciência que procura a melhor opção para, utilizando plenamente recursos escassos disponíveis, combiná-los para satisfazer as necessidades humanas.

I.2. ESCASSEZ DE RECURSOS E NECESSIDADES ILIMITADAS : A TRÍADE DO PROBLEMA FUNDAMENTAL.

As necessidades humanas se multiplicam conforme o avanço da sociedade. A evolução da ciência determina padrões tecnológicos mais sofisticados, capazes de satisfazer com maior detalhes as necessidades humanas. Dada a escassez de recursos produtivos, as quantidades a serem produzidas encontram limites físicos. Daí coloca-se o Problema Central da Economia 4:

� O quê produzir;

� Como produzir;

� Para quem produzir.

O que (e quanto produzir) é uma decisão tomada em nível econômico . Pressupõe atingir fronteiras de produção . A sociedade deve escolher que bens vai produzir e em que quantidades, conforme as suas necessidades.

Ilustremos com um caso bastante relacionado com a realidade brasileira. Devido às carências da nossa sociedade, seria de se esperar que os agentes econômicos nacionais se dedicassem mais a investimentos que produzam alimentos, do que à produção de foguetes e naves espaciais para a exploração do cosmos. Já na sociedade americana, que experimenta um nível de desenvolvimento social e tecnológico mais elevado do que a brasileira é de se esperar que os agentes econômicos invistam de forma diferente. A economia americana produz relativamente mais foguetes e naves espaciais do que a brasileira. De fato, a brasileira produz raríssimas unidades de foguetes, e nenhuma nave. E isto não somente devido ao maior avanço social da sociedade americana, mas também porque, dado o nível de desenvolvimento científico por eles alcançado, pesquisas espaciais passam a ser necessárias para a sociedade americana como um todo. Tornou-se necessário para os americanos, mesmo que seja por uma simples questão de geopolítica mundial, o domínio, mesmo que parcial, deste ramo do conhecimento. Esta última necessidade não é colocada para nós, brasileiros.

Como produzir é uma decisão tomada em nível tecnológico . Objetiva-se com isso a obtenção da eficiência produtiva. Uma sociedade somente produzirá de acordo com a tecnologia de que dispõe, e se esforçará para buscar tecnologias avançadas, pois assim estará aumentando sua eficiência ou produtividade. Poderá produzir mais em menor tempo.

No exemplo acima citado, além da produção de foguetes e naves espaciais não serem uma necessidade para a sociedade brasileira, também não dispomos do domínio

4 José P Rossetti, Introdução à Economia, São Paulo, Atlas, 1985, p.153

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da tecnologia para tanto. É possível que chegue o dia em que o avanço das pesquisas nacionais nos possibilite o domínio da tecnologia espacial, e tal necessidade de faça sentir.

Para quem produzir é uma decisão tomada em nível social . Busca-se a obtenção da eficiência distributiva. Quase nunca os bens produzidos satisfazem todas as necessidades da sociedade. Daí que a tomada desta decisão deve levar em consideração quais são as maiores necessidades e mais comuns a todos, o que ‚ bastante difícil de se conseguir. Sempre haverá pessoas cujas necessidades, mesmo as mais prioritárias, estarão insatisfeitas. Quando se conseguir atender todas as necessidades de todos, então ter-se-á alcançado a plena eficiência na distribuição da produção.

Numa sociedade que se defronta com problemas de subnutrição, por exemplo, é de se esperar que os agentes econômicos produzam alimentos de alto valor nutricional e calórico e de baixo custo. Estes bens seriam direcionados para as camadas menos favorecidas.

I.3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

As duas definições abaixo definem de maneira mais precisa dois elementos importantes na definição de economia acima.

Bem Econômico : São "coisas" que satisfazem as necessidades humanas. Sua característica básica é ser consumível, isto é, se não for apropriado e se não se desgastar ao longo do tempo para satisfazer uma necessidade, então não será um bem econômico.

Riqueza : é o conjunto de bens e serviços de consumo. A idéia moderna de riqueza introduziu a variável consumo, porque o termo riqueza deixou de ser abstrato e estático no sentido de somente acumular coisas de valor, e adquiriu maior dinâmica com a idéia de que a riqueza é tudo aquilo que permite à pessoa consumir mais bens com aquilo que já acumulou.

I.4. FATORES DE PRODUÇÃO

Para que as necessidades humanas sejam satisfeitas e para que o Problema Central da Economia possa ser devidamente equacionado é necessário contar com o concurso dos “instrumentos” de produção, ou seja, aquilo com que se produz, assim como com os “objetos” da produção, isto é, aquilo que transformado resultará em algo capaz de satisfazer as necessidades do homem. Em economia tais elementos são conhecidos como Fatores de Produção .

Os fatores de produção podem ser definidos como todos os recursos que se pode usar na produção. Pergunta-se, então, que recursos são esses? Um simples raciocínio nos faz deduzir que para se produzir um bem é preciso um material qualquer

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que, trabalhado por alguém com alguma ferramenta, resultará nesse bem. Aí estão colocados então os três fatores de produção, a saber:

� Terra (recursos naturais que fornecem a matéria prima)

� Capital (recursos financeiros, máquinas equipamentos).

� Trabalho (mão-de-obra)

A terra é a origem das matérias-primas, e nos casos dos bens agrícolas é a própria matéria-prima.

O trabalho é a própria força de trabalho, ou capacidade de trabalho do homem, sem a qual nenhum bem seria produzido.

O capital inclui todos os equipamentos utilizados de forma auxiliar pelo homem na produção, e contempla também a capacidade gerencial que o homem tem de melhor alocar os recursos (terra, capital e mão de obra) de forma a, com o auxílio da tecnologia, produzir com eficiência.

Esta é a divisão clássica. Modernamente, entretanto, a literatura apresenta duas correntes, que se dividem em como apresentar esta classificação.

A primeira5 considera apenas o trabalho e o capital como fatores de produção. O capital, entendido como patrimônio, incluiria também a terra (matéria prima) e a tecnologia.

A segunda6 considera que tanto a capacidade gerencial do homem como a tecnologia , por apresentarem contribuições significativas ao processo produtivo em termos de produtividade, devem ser tratados à parte. Assim, SILVA & JORGE dividem os fatores de produção em:

� Capital – definido como “o conjunto (estoque) de bens econômicos heterogêneos, tais como máquinas, instrumentos, fábricas, terras, matérias primas, etc., capaz de reproduzir bens e serviços”.

� Recursos Naturais - constituído pelas riquezas naturais do mundo animal e vegetal (recursos renováveis), pelos recursos minerais e pelo solo (recursos não renováveis).

� Força de Trabalho (mão-de-obra) – fator que mobiliza os recursos naturais e o capital.

� Tecnologia – definida omo o estudo das técnicas (“know how”) dividida em tecnologia de produto (inovação que leva à obtenção de um novo produto) e tecnologia de processo (inovação do processo produtivo que racionaliza o uso de matérias-primas).

5 Adelphino T. Silva. Idem, p. 48, entre outros. 6 Fabio G. Siva & Fauzi T. Jorge, Economia Aplicada à Administração. São Paulo: Futura, 1999,. p. 28 a 31, entre outros.

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� Capacidade Empresarial – definida como a aglutinação dos demais fatores (terra, capital, trabalho e tecnologia) que irá possibilitar o suprimento de bens e serviços.

VASCONCELOS & GARCIA7, por sua vez, definem os fatores de produção como “recursos de produção da economia, constituindo-se os mesmos de:

� Recursos Humanos (Trabalho e Capacidade Empresarial );

� Terra;

� Capital

� Tecnologia.

Tanto uma, quanto outra classificação não podem ser desconsideradas, mesmo porque se consagraram na literatura. Entretanto, parece-nos que a classificação clássica é a que melhor se adapta aos propósitos de um curso introdutório. Ela é mais didática ao distinguir inequivocamente os recursos utilizados na produção.

I.4.1 Remuneração Dos Fatores De Produção

Cada fator de produção, como contrapartida à sua contribuição ao processo produtivo, percebe uma remuneração ou pagamento. Assim, temos:

� Salário - é a remuneração dos serviços do fator Trabalho .

� Aluguel – é a remuneração dos serviços do fator Terra ou Recursos Naturais.

� Lucro – é a remuneração dos serviços do Capital. Capital aqui é entendido como o capital físico , isto é, prédios, instalações, equipamentos e maquinário, tal como definido anteriormente. Em outras palavras, é a expressão física do capital monetário que é investido em ativos imobilizados.

� Juro – é a remuneração de serviços do fator capital monetário (dinheiro).

Estas duas últimas distinções são feitas por VASCONCELOS & TROSTE8 que consideram o lucro como a “remuneração da capacidade gerencial, ou seja, a rentabilidade dos empresários pela organização produtiva da empresa” . Estes autores também consideram que os juros “são a renda do capital monetário aplicado na produção, pagos pela empresa aos capitalistas privados. Os juros pagos pelas empresas aos bancos NÃO são considerados remuneração de fator de produção, mas sim pagamentos de um serviço intermediário” (grifo nosso).

7 Marco A Vasconcelos & Manuel E. Garcia, Fundamentos de Economia, São Paulo, Saraiva, 2000, p. 8. 8 Marco A. S.Vasconcelos & Roberto Luis Troste, Economia Básica, São Paulo, Atlas, 1998 p. 199, nota de rodapé 2.

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♦ Royalty – remuneração pela utilização dos serviços de tecnologia.9. É o pagamento que se faz pela utilização dos direitos de propriedade de uma patente. A utilização ou reprodução de um bem ou serviço para fins produtivos somente poderá ser feita com o pagamento dos royalties.

I.5 CLASSIFICAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS.

Uma vez que o objetivo do processo de produção é produzir bens e serviços a fim de satisfazer necessidades, é preciso entender com que finalidade ele será utilizado. Trata-se, portanto, de distinguir a origem, a natureza, o destino destes bens. Estaremos classificando os bens e serviços.

I.5.1 Quanto à Raridade 10

Por “raridade” entende-se o quão escasso é o bem. Existem dois tipos de bens quanto à raridade.

I.5.1.1 Bens livres (ou abundantes) - também são chamados de não econômicos , pois não têm valor nem preço. Estão à disposição na natureza. O único verdadeiramente livre é o ar. Até hoje ninguém produziu ar ou o comercializou. Há outros bens, entretanto, que, dependendo das circunstâncias em que são obtidos, podem ser considerados livres ou não. A areia do deserto, por exemplo, é um bem livre. Entretanto, se for explorada comercialmente (para construções, por exemplo), então deixará de ser um bem livre, pois será submetida a um processo produtivo (extração, refinamento, transporte, etc).

I.5.1.2 Bens produzidos ( relativamente raros) - também são chamados de econômicos e têm como característica existirem em quantidade limitada e serem comercializados, tendo valor e preço. Qualquer bem obtido através de um processo produtivo é um bem econômico. Um refrigerante, um automóvel ou o milho plantado e colhido no campo são exemplos de bens produzidos.

I.5.2 Quanto à Natureza.

Por natureza entende-se a “natureza física” do bem. Também há duas classificações.

I.5.2.1 Bens Materiais - são as mercadorias , cuja característica principal é serem palpáveis, tocáveis. Ex: roupas, alimentos.

I.5.2.2 Bens Imateriais - são os serviços , que não têm forma material, mas satisfazem necessidades humanas. Ex: serviços médicos, serviços de educação.

9 Marco A Vasconcelos & Manuel E. Garcia, idem. 10 Adelphino T. Silva. Idem, p. 48

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I.5.3 Quanto ao Destino

Por destino entende-se o uso que se vai fazer do bem. São assim classificados.

I.5.3.1 Bens Finais – são aqueles vendidos para consumo final11, ou seja, têm um fim em si mesmos. Subdividem-se em:

I.5.3.1.1 Bens de Capital – são os bens utilizados na produção de outros bens, mas que não se desgastam totalmente neste processo de produção. São as máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações, etc. Sua característica é elevar a produtividade da mão-de-obra e classificam-se contabilmente no Ativo Fixo das empresas12. Exemplos: torno mecânico, furadeira, galpões industriais, fogão de restaurante, etc.

I.5.3.1.2 Bens de Consumo – são aqueles que têm um fim, isto é, finalidade em si mesmos, e satisfazem diretamente as necessidades humanas. São aqueles feitos para o consumo final , isto é, que não produzem nem entram na produção de outro bem. Conforme a sua durabilidade subdividem-se em13:

I.5.3.1.2.1. Duráveis - não se extinguem no ato do consumo, processo que ocorre num período de tempo mais longo. Segundo a “Classificação por Grandes Categorias Econômicas” das Nações Unidas, os bens de consumo duráveis se definem como produtos que têm uma vida útil de três anos ou mais e que tenham um valor relativamente alto, como os refrigeradores, as máquinas de lavar, fogões, etc., todos para uso doméstico.

I.5.3.1.2.2. Semi -Duráveis – São uma subdivisão dos bens de consumo duráveis. Os bens de consumo semi-duráveis são aqueles cuja vida útil é de mais de um ano e menos de três anos e os bens de consumo não-duráveis são aqueles cuja vida útil é de menos de um ano. Ex: utensílios de cama, mesa e banho, roupas e calçados.

I.5.3.1.2.3. Não Duráveis - Extinguem-se no ato do consumo. Ex: remédios, alimentos.

I.5.3.1.2.4. Semi -Duráveis - Os bens de consumo semi-duráveis são aqueles cuja vida útil é de mais de um ano e menos de três anos e os bens de consumo não-duráveis são aqueles cuja vida útil é de menos de um ano. Ex: utensílios de cama, mesa e banho, roupas e calçados.

I.5.3.2 Bens Intermediários – são aqueles que são transformados ou agregados totalmente no processo de produção14. Transferem-se, por assim dizer, para os bens que produzem. Subdividem-se em:

11 Marco A Vasconcelos & Manuel E. Garcia, idem, p. 8 12 Idem, ibidem. 13 Adelphino T. Silva, idem. 14 Marco A Vasconcelos & Manuel E. Garcia, idem.

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I.5.3.2.1 Bens Intermediários Propriamente Ditos - entram na composição de outros bens sem perder as suas características iniciais. Exemplos: prego, parafuso, fio, etc.

I.5.3.2.2 Insumos (matérias-primas) - são utilizados imediatamente, incorporando-se aos bens que produzem, desaparecendo na produção, ou seja, perdendo suas características iniciais15. Ex: tintas, produtos químicos, farinha de trigo para pão, etc.

I.6. CLASSIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES

A palavra necessidade significa a carência ou falta de coisas necessárias, enquanto que o termo satisfação (satisfeito, satisfazer, etc) denomina o estado do saciado, farto, contente.

Podemos dizer, também , que necessidade é a falta ou privação de alguma coisa que desejamos. Acompanhando a vida de uma pessoa, verificamos que, de tempos em tempos, ela precisa de alimentação. Imaginemos, por exemplo, uma pessoa que fique por longas horas sem comer; há de sentir, com desespero, a falta de alimentos. Para viver são indispensáveis os alimentos.

A mesma coisa acontece com o corpo humano, que necessita de agasalhos ou roupas, pois sem o vestuário poderia adoecer e provavelmente morreria. Esta é outra condição para viver: o vestuário.

Mas o homem precisa também de abrigar-se das chuvas, do sol, enfim, do tempo, e, para tanto, necessita de uma casa ou habitação. A habitação é a terceira condição para viver.

Quando o homem vai para o trabalho, geralmente tem necessidade de locomover-se, precisando usar qualquer condução, como, por exemplo: o automóvel, metrô, ônibus, trem, etc. Surge então, aqui, a quarta necessidade, que é a do transporte , mormente nas grandes cidades.

Por fim, a vida moderna exige do homem um cuidado todo especial quanto ao seu estado de saúde e à conservação da própria vida. Para tanto, ele recorre aos inúmeros preceitos de higiene, bem como se serve das mais variadas utilidades destinadas a mantê-lo em condições de saúde e bem-estar. Nota-se, então, na sociedade moderna, a existência de outra necessidade primária, que é a higiene

Para satisfazer às necessidades mencionadas, o homem procura alimentar-se, vestir-se, morar numa casa e utilizar-se de meios de transporte e de produtos de higiene.

15 Marco A Vasconcelos & Manuel E. Garcia, Idem, e Adelphino T. Silva, idem.

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O uso de alimentos, roupas, casa, meios de transporte e produtos de higiene constitui um consumo. Pelo consumo, o homem faz desaparecer as suas necessidades.

Mas, passado certo tempo, as necessidades se renovam, porque depois de algumas horas o corpo humano volta a ter fome, a roupa vai ficando velha e imprestável; assim, com a habitação acontece o mesmo. As necessidades de transporte e de higiene também são renovadas constantemente.

Novamente precisamos satisfazer às nossas necessidades com outros alimentos, novas roupas, novos meios de transporte, etc. Essas novas coisas não encontramos no mundo prontas para serem consumidas.

Os alimentos e os produtos de higiene precisam ser preparados, as roupas costuradas, as casas construídas e os meios de transporte devem ser conduzidos.

Assim, as coisas que o mundo nos oferece são transformadas pelo homem. Nesse ato de transformação, o homem emprega o seu trabalho com o auxílio de instrumentos. Este ato é denominado produção e, por meio dele, o homem cria bens econômicos e presta serviços.

Assim, ficamos conhecendo os dois primeiros fenômenos econômicos:

• produção • consumo

Imaginemos um homem que, para poder satisfazer às suas necessidades e às de sua família, precisa produzir. Para tanto, passa a fabricar sapatos. Depois de prontos os sapatos, ele os troca por moeda ou dinheiro. Com o dinheiro obtido ele compra alimentos, roupas, casa para morar e se utiliza dos diversos meios de transporte.

Geralmente a produção de sapatos tem por finalidade satisfazer às necessidades de outras pessoas; daí o aparecimento da troca ou circulação, outro fenômeno econômico.

O ato de troca é comumente denominado circulação , porque as coisas circulam das mãos do produtor para as do consumidor. No estudo do fenômeno da circulação aborda-se o mecanismo da oferta e procura das mercadorias, o problema do seu valor , dos preços e da moeda que facilita o ato de troca.

No caso de haver grande consumo de sapatos, o produtor deverá contratar outros operários e precisará, muitas vezes, de dinheiro emprestado para ampliar a sua fábrica. Depois, com as novas vendas, apurará maior quantidade de dinheiro; entretanto, esse dinheiro deve ser repartido entre o dono da fábrica, os operários e o emprestador do dinheiro. Aos operários cabem os salários; ao dono da fábrica, os lucros; e ao financiador, os juros do capital emprestado.

Este fenômeno de repartir o resultado da produção é denominado repartição ou distribuição. Desta maneira, concluímos que os primeiros fenômenos econômicos

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(produção, repartição, circulação e consumo) têm sua origem nas necessidades humanas.

Assim como os bens são classificados para melhor compreender sua origem, natureza e destino, as necessidades também o devem ser para que se possa compreender: a) a sua emergência (se básicas ou não); b) a sua abrangência (individual ou coletiva). Desta forma elas se classificam da seguinte maneira16:

I.6.1 Necessidades Primárias : são aquelas essenciais para a sobrevivência humana. Ex: alimentação, vestuário, habitação, transporte, higiene.

I.6.2 Necessidades Secundárias (ou acidentais) : decorrentes do convívio social. Não se instalam de repente (como se alimentar, por exemplo), mas aos poucos se tornam um hábito, precisando ser satisfeitas. Ex: fumar, lazer, etc.

As necessidades primárias e secundárias estão ligadas às exigências psico-fisiológicas do homem.

I.6.3 Necessidades Coletivas (ou sociais): para serem satisfeitas exigem um esforço coletivo, satisfazendo exigências coletivas ou sociais. Ex: segurança pública, educação, etc. O Estado em geral, está encarregado de sua satisfação através dos serviços públicos.

I.7 OS SETORES DA ECONOMIA

A atividade econômica, isto é, a produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades humanas, ocorre em três setores distintos: aqueles onde predominam as atividades rurais; aqueles baseados na atividade industrial e aqueles em que o serviço e o comércio são as atividades predominantes. São classificados como se segue.

I.7.1 Primário : Inclui as atividades rurais. Normalmente, ao se falar em setor primário refere-se à agricultura, mas ele engloba também a pecuária, e a silvicultura. Nele não intervém nenhum processo industrial, embora admitindo processos de produção não manual. A agroindústria, portanto, não se inclui neste setor.

I.7.2 Secundário : Inclui as atividades industriais. Nele são produzidos quaisquer produtos que passam por processos industriais, que alteram sua característica original.

Por exemplo, o leite é um produto do setor primário, mas o leite pasteurizado, com as características originais alteradas, é produto industrial.

I.7.3 Terciário: Abrange o setor de serviços, públicos ou privados, e o comércio em geral. Exemplos: hospitais e escolas (públicos e privados); lojas e restaurantes

16 Adelphino T. Silva, Idem

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em geral; empresas prestadoras de serviços em geral (empresas de informática, reparos domésticos, etc.).

I.8 AS ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO E AS CURVAS DE POSS IBILIDADES DE PRODUÇÃO

Uma economia produz uma quantidade finita de bens. Como vimos acima, um dos problemas que ela terá que resolver é definir quanto irá produzir de cada um desses bens. Ou, em outras palavras, ela define quais são as combinações das diversas quantidades de bens que ela produzir.

Para simplicidade de raciocínio, suponhamos que essa sociedade somente produza dois bens quaisquer X e Y, nas seguintes quantidades abaixo:

TABELA I.1 - Alternativas de Produção Quantidade Produzida

(Em Unidades) Alternativa

s Bem Y Bem X

A 12 0 B 11 20 C 8 37 D 4 48 E 0 50

FONTE: Fabio G. Siva & Fauzi T. Jorge, p. 32

Colocando estas quantidades, que formam pares ordenados de pontos dados pelas diversas alternativas de produção, em um gráfico cartesiano, onde as quantidades do Bem X são lançadas no eixo das abscissas (eixo X) e as quantidades do bem Y são lançadas no eixo das ordenadas (eixo Y), temos a curva apresentada na Figura 01.

Esta curva chama-se Curva de Possibilidades de Produção (ou Fronteira d e Produção ou Curva de Transformação) , que “indica as infinitas combinações possíveis de produção dos bens X e Y”17. Em qualquer ponto desta curva uma quantidade produzida de X corresponde a uma quantidade produzida de Y. A curva de possibilidades de produção “estabelece os níveis máximos de produção desses dois bens”18.

17 Fabio G. Siva & Fauzi T. Jorge, idem, p. 34 18 Idem, ibidem.

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Figura I.1 – Exemplo de Curva de Possibilidades de Produção.

12 •A

11 • • B • P

8 • • C Q •

4• • D

• • • • • E 0 20 37 48 50

Bem Y

Bem X

Para uma economia que opera sobre a Curva de Possibilidades de Produção admite-se que:

a) Todos os fatores estão empregados e não é possível agregar mais fatores;

b) Não são introduzidas inovações tecnológicas, ou seja, a economia opera com os padrões tecnológicos existentes.

Uma economia que se encontre sobre a Curva de Possibilidades de Produção, ao se deslocar do ponto A para o ponto B, ou do ponto B para o ponto C, e assim sucessivamente até o ponto E, estará deixando de produzir algumas unidades do Bem Y para produzir mais quantidades do Bem X. Ou, como se diz no linguajar técnico, estará transformando o Bem Y em Bem X. Daí também ser conhecida por Curva de Transformação. Esta transformação não é física, significando apenas que se transferem recursos (fatores de produção) de um processo de produção (no caso, da produção de Y) para outro (no caso, produção de X)19.

Associada a esta escolha sobre quantos e quais bens produzir, há uma questão mais ampla de eficiência alocativa. Ou seja, definidas as quantidades e a qualidade dos fatores de produção, é preciso aloca-los, isto é, distribuí-los entre os setores produtivos de forma a obter a máxima eficiência na quantidade e qualidade dos bens produzidos.

Os pontos na figura indicam as seguintes situações:

Pontos A, B,C, D e E – Pleno Emprego de Fatores (de Produção) . Nestes pontos, que se situam sobre a Curva de Possibilidades de Produção, todos os fatores de 19 Juarez A B Rizzieri, Introdução à Economia, in, Pinho, Diva B & Marco. A S. Vasconcelos, Manual de Economia, São Paulo, Saraiva, 2000. p. 15.

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produção estão plenamente ocupados. Na verdade, os fatores de produção nunca estão 100% plenamente ocupados. Em geral, os economistas consideram que uma taxa de ocupação acima de 92% a 93% caracteriza o pleno emprego. Segundo Rizzieri20, “pleno emprego é definido por uma situação em que os recursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados na produção de bens e serviços, garantindo o equilíbrio econômico das atividades produtivas”.

Ponto Q – Capacidade Ociosa – Nem todos os fatores de produção estão plenamente ocupados. Isto significa que existe uma ociosidade parcial dos fatores. Ou, em outras palavras, há um desemprego de fatores. Alguns (ou muitos) trabalhadores estão desempregados, máquinas estão paradas, parte do capital não é aplicado produtivamente e terras não são utilizadas. Nesta situação percebe-se que, dadas as quantidades de fatores de produção, é possível aumentar a produção utilizando os fatores de produção não empregados. Se isto ocorrer, então o ponto Q, onde há ociosidade de fatores, se desloca em direção à curva, onde todos os fatores estarão plenamente ocupados.

Ponto 0 – Pleno Desemprego de Fatores – É um estado limite, crítico para a economia, pois nele nada se produz, não existindo atividade econômica. Teoricamente, é possível de ser atingido, e na prática uma tal situação é mais fácil de ocorrer em situações de guerra (toda economia fica paralisada em função das atividades beligerantes) e catástrofes naturais (uma inundação, terremoto, vulcões, etc, que destroem completamente a economia).

Ponto P – Ponto de Expansão de Recursos – Este ponto não pode ser atingido com o volume de fatores existentes. Para que ele possa ser atingido é preciso acrescentar alguma quantidade de pelo menos um dos fatores . Assim a produção poderá se expandir, possibilitando o deslocamento da Curva de Possibilidades de Produção. A Fgura I.2 abaixo ilustra este deslocamento. A linha pontilhada mostra uma hipótese de deslocamento da curva, caso haja o acréscimo na quantidade de ao menos um dos fatores de produção. Nestas circunstâncias, a economia estará atingindo o ponto de expansão de recursos (ponto P).

I.8.1 Mudanças da Curva de Possibilidades de Produç ão

Qual será a magnitude e como se desloca a Curva de Possibilidades de Produção quando houver um acréscimo de fatores de produção21?

• O deslocamento da curva a partir da origem será tanto maior quanto maior for a disponibilidade (e, portanto, a utilização) dos fatores de produção.

• Se houver inovações tecnológicas, ou seja, introdução de novas tecnologias, iguais na produção dos Bens X e Y, então a nova curva (no gráfico abaixo a curva pontilhada) se desloca paralelamente à original.

20 Idem, ibidem. 21 Juarez A B Rizzieri, idem, p. 16 e 17.

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• Se a inovação tecnológica for maior na produção de um dos bens, digamos o Bem X, então o deslocamento da curva será maior em relação ao eixo representado por este bem, tal como indicado na Figura I.3 abaixo.

Figura: I.2 – Curva de Possibilidades de Produção e a Expansão de Recursos

• P

Figura: I.3 – Inovação Tecnológica e Deslocamento d a Curva de Possibilidades de

Produção • P

• Se a economia entrar em recessão, os agentes produtivos tendem a reduzir sua produção, e portanto a utilização de fatores de produção. A implicação óbvia é uma redução no nível de produção. Quando a economia chega a este ponto, a curva de possibilidades de produção fará um deslocamento contrário ao estabelecido na Figura I.1 acima, ou seja, ela se desloca em direção à origem. Isto significa que há redução no nível de utilização de insumos e matérias primas, retração no nível da produção e perda de postos de trabalho.Esta situação está exemplificada na Figura I.3 abaixo.

Bem Y

Bem X

Bem Y

Bem X

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Figura: I.3 – Curva de Possibilidades de Produção e a Retração de Recursos

I.8.2 Lei dos Custos Sociais Crescentes e Lei dos R endimentos Decrescentes.

Suponhamos que uma dada economia esteja operando em nível de pleno emprego, num ponto qualquer sobre a Curva de Possibilidades de Produção. Ou seja, ela encontrou o seu ponto de produção ideal, com quantidades definidas dos diversos bens que deseja produzir.

I.8.2.1 A Lei dos Custos Sociais Crescentes afirma que: “a obtenção de quantidades adicional de um bem será cada vez menor, às custas de reduções proporcionais ou cada vez maiores do outro bem, dada uma capacidade tecnológica e um nível de produção”.

Em outras palavras isto quer dizer que “se está consumindo (produzindo) pouco de um bem, o sacrifício de se consumir ainda menos é muito grande”.22

A idéia por trás desta lei é que haverá um custo cada vez maior para se produzir uma quantidade a mais de um determinado bem. Em outras palavras, se quisermos obter uma quantidade maior de um determinado bem, teremos de abrir mão de quantidades proporcionais ou cada vez maiores de outros bens. O custo (social) é a maior ineficiência produtiva.

Tomemos os dados da Tabela I.1 como exemplo. Passando de do ponto B para o ponto C produzem-se a mais 17 unidades do Bem X e sacrificam-se 3 unidades do Bem Y.

A seguir, ao se passar do ponto C para o ponto D, o ganho na produção de X é de 11 unidade (menor do que na passagem de B para C) e a perda na produção de Y é de 4 (maior do que na passagem de B para C).

22 Juarez A B Rizzieri , idem, p. 17.

Bem Y

Bem X

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Este fenômeno ocorre toda vez que se transferem recursos (fatores de produção) eficientemente alocados numa atividade para outra onde eles encontrarão uma dificuldade inicial maior para se adaptar. O resultado desta alocação ineficiente de fatores é uma produção menor. O reflexo sobre a Curva de Possibilidades de Produção é que ela é decrescente. O seu formato indica que ela decresce a taxas crescentes, significando que “ a substituição de quantidades dos dois bens torna-se cada vez mais difícil”23.

Na prática isto significa, por exemplo, que a mão-de-obra já adaptada aos processos de produção do Bem Y, ao ser transferida para a produção do Bem X terá que aprender outros e diferentes processos. Neste processo de aprendizagem há uma queda de rendimento que resultará em queda da produção. É o que se chama em linguajar técnico de Rendimentos Decrescentes . Simultaneamente à Lei dos Custos Sociais Crescentes, formula-se a:

I.8.2.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes: “a elevação da produção não se dá na mesma intensidade que a expansão dos fatores de produção ao se manter constante um ou mais fatores”.24.

Note, entretanto, que este fenômeno somente ocorre sobre a Curva de Possibilidades de Produção, quando todos os fatores estão plenamente empregados. Quando a economia está operando com capacidade ociosa é sempre possível alocar, ou melhor, incorporar fatores que operem com igual ou maior grau de eficiência. Já que existe ociosidade, estes fatores estariam apenas “esperando” por uma oportunidade de emprego. Vemos com certa freqüência na televisão que em momentos de recuperação econômica, quando se está contratando funcionários, muitas empresas dão preferência à ex-funcionários que tenham sido demitidos em momentos de crise ou desaquecimento. Estes trabalhadores têm a necessária eficiência e evitarem uma queda no ritmo de produção da empresa.

De fato, o formato da Curva de Possibilidades de Produção está associado a esta lei. A curva é côncava, indicando que a produção de quantidades cada vez menores de um bem (Bem X, no nosso exemplo) se faz às custas do sacrifício de quantidades cada vez maiores do bem Y. Este formato indica que a curva “decresce a taxas crescentes”, significando que “a substituição entre quantidades (produzidas) dos dois bens se torna cada vez mais difícil”25.

I.8.3 Custo de Oportunidade

Vimos que ao se deslocar fatores de produção de uma alternativa de produção para outra as quantidades produzidas de um bem serão menores às custas de reduções cada vez maiores na produção de outro bem.

Percebe-se, pois, que existe um custo cada vez maior medido em unidade do bem se que deixa de produzir para se obter quantidades adicionais, cada vez menores, do bem que se deseja produzir mais.

23 Idem, ibidem. 24 Fabio G. Siva & Fauzi T. Jorge, idem, p. 36. 25 Juarez A B Rizzieri , idem, ibidem.

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Este custo é também conhecido como Custo de Oportunidade. No exemplo da produção de dois bens, Y e X, citado anteriormente, significa que “ existe um sacrifício de unidades de produção do Bem Y, a cada expansão da produção do bem X”26. Em outras palavras, o custo de oportunidade significa “a renúncia de determinados ganhos”27

Em nosso cotidiano nos deparamos com muitas situações práticas e não econômicas de custos de oportunidade. Vejamos um caso.

� O indivíduo decide praticar esportes para melhorar seu condicionamento físico. Alguns dos hábitos ou comportamentos abaixo talvez ele tenha que sacrificar, eliminando ou reduzindo, contando assim como seu custo de oportunidade.

• O lazer (assistir televisão ou bater papo com os amigos no barzinho, por exemplo); • Convívio familiar (esposa, filhos etc.); • Atividades culturais (leitura, teatro, etc.) • Horário de almoço, se acaso ele decidir praticar esportes entre 12 e 14 hs. • A novela das oito, se ele tiver este hábito e decidir praticar esportes à noite. • Etc.

A Tabela I.2 abaixo mostra os custos de oportunidades associados a cada uma das alternativas de produção exemplificadas na Tabela I.1.

Tabela I.2 - Alternativas de Produção e Custos de Oportunidades

Alternativas Bem Y

Bem X

Acréscimo na Produção

de X

Custo de Oportunidade (para produzir X em termos de quantidade de Bens Y)

A 12 0 0 − B 11 20 20 01 (12 − 11) C 8 37 17 03 (11 − 08) D 4 48 11 04 (08 – 04) E 0 50 02 04 (04 − 00)

26, Fabio G. Siva & Fauzi T. Jorge, p. 36. 27 Idem, p. 37.

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O custo de oportunidade é calculado em termos da quantidade do Bem Y que se deve deixar de produzir para obter um acréscimo da produção do Bem X. Neste exemplo percebemos que para se produzir as primeiras20 unidades de X é preciso sacrificar uma unidade do Bem Y (custo de oportunidade igual a 1); em seguida, para se produzir mais 17 unidades do Bem X, 3 unidades do Bem Y deixam de ser produzida (custo de oportunidade igual a 3), e assim sucessivamente. Os acréscimos na produção de X serão sempre decrescentes . Ora, nestas circunstancias os custos sociais, medidos pelo custo de oportunidade, serão crescentes .

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Bibliografia Consultada

Complementarmente a esta apostila, sugere-se a consulta aos textos abaixo.

PINHO, Diva B. & VASCONCELOS, Marco A S. (org.) Manual de Economia, São Paulo, Saraiva, 2001, 652 p (Cap 1 – Introdução à Economia)

ROSSETTI, José P. Introdução à Economia, São Paulo, Atlas, 2002, 19ª ed., 744 p (Cap. 2 – Os Recursos Econômicos e o Processo de Produção: Caracterização Básica)

SILVA, Adelphino Teixeira da. Economia e Mercados, São Paulo, Atlas, 20ª ed. , 1989, 223p. (Cap 1 a 6)

SILVA, Fabio G. & JORGE, Fauzi T. Economia Aplicada à Administração. São Paulo: Futura, 1999, 242 p (Cap. 1 – Considerações Iniciais sobre Economia Política)

VASCONCELOS, Marco A & GARCIA, Manuel E., Fundamentos de Economia, São Paulo, Saraiva, 2000, 1a ed. , 240 p (Cap. 1 – Introdução à Economia)

VASCONCELOS, Marco A. S. & TROSTE, Roberto Luis, Economia Básica, São Paulo, Atlas, 4ª ed., 1998 (Cap 1)

VICECONTI, Paulo E.V. & NEVES, Silvério das. Introdução à Economia, São Paulo, Frase Editora, 4a ed., 2000, 520 p. (Cap. 1 – O Problema Econômico Fundamental)