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_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Vinícius Lott Thibau ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 1

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_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Vinícius Lott Thibau

Dulcineia Moreira dos [email protected]

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Aula 1 – 04/02/09 – Apresentação do Plano de EnsinoPLANO DE ENSINODISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I (“Processo de Conhecimento”)CURSO: DIREITO CARGA HORÁRIA: 72 horas/aula CRÉDITOS: 04 PERÍODO: 5º PERÍODOPRÉ-REQUISITO: Teoria Geral do Processo I e Teoria Geral do Processo III – EMENTAO Processo no Estado Democrático de Direito. Processo, Ação e Jurisdição no CPC. Processo e Procedimento no CPC. Espécies de Procedimento no CPC. O Procedimento de Conhecimento e suas espécies. Petição Inicial. Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial. Antecipação de Tutela. Formação do “Processo”. Suspensão do “Processo”. Atitudes do Réu em face da Citação. Providências Preliminares. Julgamento Conforme o Estado do “Processo”. Provas. Audiência. Sentença. Coisa Julgada. Ação Rescisória.II – OBJETIVOPossibilitar ao discente uma compreensão dogmática inicial acerca do procedimento de conhecimento civil, em suas modalidades ordinária, sumária e sumaríssima, bem como disponibilizar-lhe acesso a estoques teóricos suficientes ao encaminhamento de crítica científica às normas estudadas, a partir do estudo de um conceito de Processo adequado ao paradigma do Estado Democrático de Direito.III – PROGRAMA DE CONTEÚDOUNIDADE I – PROCESSO, AÇÃO E JURISDIÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO1. A importância do Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito1.1. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Liberal1.2. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Social1.3. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito2. O Processo no Código de Processo Civil brasileiro3. A Ação no Código de Processo Civil brasileiro4. A Jurisdição no Código de Processo brasileiro5. A inadequação do conceito de Processo adotado pelo Código de Processo Civil brasileiro em face do paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito6. Processo e o Procedimento: distinções teóricas a partir do Código de Processo Civil brasileiro e de uma perspectiva lógico-constitucionalizada.UNIDADE II – A TEORIA DO PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO CIVIL1. O Procedimento judicial e as suas espécies (conhecimento, execução, cautelar, especiais, extravagantes e especialíssimos): considerações gerais.2. O conceito de Procedimento de Conhecimento3. O Procedimento de Conhecimento e suas modalidades ordinária, sumária e sumaríssima4. O Procedimento Sumário4.1. O Procedimento Sumário e seus princípios regentes4.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumário4.3. A estrutura do Procedimento Sumário4.4. O Procedimento Sumário e o Procedimento Ordinário4.5. O Procedimento Sumário e o Procedimento Sumaríssimo5. O Procedimento Sumaríssimo5.1. O Procedimento Sumaríssimo e sues princípios regentes5.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumaríssimo5.3. A estrutura do Procedimento Sumaríssimo5.4. O Procedimento Sumaríssimo e o Procedimento OrdinárioUNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO1. A petição inicial2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiro3. O “despacho” inicial ou liminar3.1. A emenda da petição inicial3.2. O indeferimento da petição inicial3.3. O julgamento do pedido inicial, de plano, pela improcedência3.4. A citação4. A “Formação do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro5. A “Suspensão do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro6. As atitudes do Réu em face da citação6.1. A revelia6.2. O reconhecimento da procedência do pedido6.3. O oferecimento de defesa ou resposta6.3.1. A Teoria da Defesa e suas considerações principais

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6.3.2. As espécies de defesa no Direito brasileiro6.3.2.1. A contestação6.3.2.2. As exceções instrumentais6.3.2.3. A reconvenção e o pedido contraposto6.3.2.4. A ação declaratória incidental6.3.2.5. A impugnação ao valor da causa6.3.2.6. A impugnação ao pedido de “justiça gratuita”7. As providências preliminares8. O julgamento conforme o estado do “Processo”8.1. A extinção do Procedimento8.2. O julgamento antecipado da lide8.3. O saneamento do Procedimento e a audiência preliminar9. A Prova Civil9.1. A Teoria da Prova e suas considerações principais9.2. Os meios de prova9.2.1. O meio do depoimento pessoal9.2.2. O meio da confissão9.2.3. O meio testemunhal9.2.4. O meio documental9.2.5. O meio pericial9.2.6. A inspeção judicial10. A Audiência10.1. A Audiência de Instrução e Julgamento11. Os atos do juízo11.1. A Teoria da Decisão e suas considerações principais12. A “Extinção do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro12.1. A sentença13. A coisa julgada13.1. A relativização da coisa julgada14. A ação rescisóriaObservação 1: temas diversos atinentes à denominada Teoria Geral do Processo Civil serão abordados ao longo do conteúdo programático, embora não constem expressamente desse programa de conteúdo.Observação 2: os temas constantes dessa ementa serão abordados a partir dos Procedimentos Ordinário, Sumário e Sumaríssimo.CRONOGRAMA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO*4/2 Apresentação da disciplina, metodologia, bibliografia, forma de avaliação 6/2 A interpretação do Direito no paradigma do Estado Democrático de Direito e o Processo Constitucional; Processo no Estado Democrático de Direito; Processo no CPC 11/2 Ação e Jurisdição no CPC; Processo e Procedimento: distinções teóricas; Espécies de Procedimento no Direito brasileiro; O conceito de "Processo de Conhecimento"; Espécies de Procedimento de Conhecimento no Direito brasileiro: Ordinário, Sumário e Sumaríssimo13/2 O Procedimento Sumário18/2 O Procedimento Sumaríssimo (Lei n. 9.099/99/95)20/2 O Procedimento Ordinário: Petição Inicial25/2 Recesso (Carnaval)27/2 Petição Inicial (cont.)4/3 Petição Inicial (cont.)6/3 Antecipação de Tutela11/3 Evento Institucional (aula a ser confirmada)13/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (Despacho Inicial ou Liminar)18/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (cont.)20/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (cont.); A “Formação do Processo” no CPC25/3 A “Suspensão do Processo” no CPC; Atitudes do Réu em face da Citação27/3 Tira dúvidas de temas lecionados no primeiro bimestre1º/4 Primeira Avaliação Parcial (data a ser confirmada pela ESDHC)3/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.); Correção da Primeira Avaliação Parcial8/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.)10/4 Recesso (Semana Santa)15/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.)17/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.);22/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.); Providências Preliminares24/4 O Julgamento conforme o Estado do Processo; Prova Civil

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29/4 Prova Civil1º/5 Feriado (Dia do Trabalho)6/5 Avaliação Múltipla8/5 Prova Civil; Correção da Avaliação Múltipla13/5 Prova Civil15/5 Prova Civil20/5 Prova Civil22/5 Prova Civil27/5 Prova Civil29/5 Tira dúvidas de temas lecionados no segundo bimestre3/6 Segunda Avaliação Parcial (data a ser confirmada pela ESDHC)5/6 Audiência; Correção da Segunda Avaliação Parcial10/6 A “Extinção do Processo” no CPC; Coisa Julgada12/6 Atividades Complementares17/6 Ação Rescisória19/6 Tira dúvidas de temas lecionados durante o semestre24/6 Avaliação Final (data a ser confirmada pela ESDHC)26/6 Semana de Avaliações Finais1º/7 Semana de Exames Especiais3/7 Semana de Exames Especiais* Todas as aulas programadas serão expositivas, com exceção das aulas que são destinadas à realização das avaliações múltipla, parciais, final e especial.* O Cronograma de aulas apresentado está sujeito à alteração a partir de especificidades da turma acerca dos temas lecionados e, também, de atividades institucionais ulteriormentedesignadas. Cabe ao discente identificar referida e eventual alteração do Cronograma, com base na sua freqüência às aulas e, por conseguinte, no acompanhamento dos conteúdos lecionados.* O Conteúdo Programático acima listado será pormenorizado, ao longo das aulas lecionadas, por tópicos advindos dos conteúdos gerais previstos no Programa de Conteúdo descrito no item III do Plano de Ensino.* As avaliações parciais, final e especial serão designadas pela ESDHC; por isso, as datas fixadas são apenas aproximadas, conforme Calendário Letivo indicativo das semanas de avaliações situado no Portal Institucional.* Não é autorizada qualquer forma de consulta nas avaliações parciais, final e especial, que serão realizadas individualmente. Na avaliação múltipla poderá ser autorizada a consulta e a realização não individual, a critério do professor e mediante prévio aviso ao discente.Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2008.Assinatura do Professor Assinatura da CoordenadoraIV. BIBLIOGRAFIA BÁSICAMARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de conhecimento. São Paulo: Revista dos Tribunais.MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. São Paulo: Atlas. v. I.THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense. v. I.V. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTARCÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. Rio de Janeiro: Lúmen Juris. v. II.DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. Salvador: Jus Podivm. v. I e II.DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros. v. III.LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo. Rio de Janeiro: Forense.MONTENEGRO FILHO, Misael. Código de processo civil – comentado e interpretado. São Paulo: Atlas.MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.NUNES, Elpídio Donizette. Curso didático de direito processual civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris.SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil – processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense. v. I.TAVARES, Fernando Horta (coord). Constituição, direito e processo: princípios constitucionais do processo. Curitiba: Juruá.WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo.Curso avançado de processo civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. São Paulo: Revista dos Tribunais. v. I.

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Aula 2 – 06/02/09 – Unidade IUNIDADE I – PROCESSO, AÇÃO E JURISDIÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO1. A importância do Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito

1.1. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado LiberalAlguns doutrinadores consideram que existiu antes mesmo do Paradigma do Estado Liberal, o paradigma do Estado Absolutista, tendo como principais características:

1º Paradigma - Estado Absolutista – Estado = Rei O Estado é o REI – sujeição dos indivíduos à vontade do rei - súditos; Não há processo; É um período em que se mescla os costumes, a ética, os costumes jurídicos, como sendo Direito A relação do Estado com o indivíduo não possui o mínimo de critérios de convivência social, o que gera insatisfação, inconformismos; Em decorrência da insatisfação, surge a burguesia – revolução francesa: marco do Liberalismo ou Estado Liberal – Igualdade, Liberdade, Fraternidade (fraternidade como Propriedade Privada) – esta revolução leva aos Direitos de 1ª geração;

2º Paradigma - Estado Liberal = Propriedade Privada Objetivo: evitar a atuação do Estado (antes absolutista), o qual gerou um estado de miséria; Intolerância à qualquer intervenção do Estado; Direitos de 1ª geração – liberdade individual, propriedade privada; Intervenção do Estado somente quando a Ordem ou Segurança Pública sofressem risco; Estado como “monstro”; Agora os indivíduos passam de súditos a cidadãos: mas só os burgueses, os proprietários; Todas as relações privadas cabiam só aos indivíduos resolver : acúmulo de capitais de um lado versus miséria do outro; Revolução Industrial: 16horas de trabalho, insalubridade – marco do afastamento do Estado Liberal: proprietários x miseráveis (proletariado); Quebra de máquinas, greves (Cartismo, movimento Ludista) – isto faz com que a Ordem e Segurança Pública sejam atingidas, levando novamente à intervenção estatal;

Processo no Estado Liberal = Coisa das partes No Estado Liberal já existe o conceito de Jurisdição, mas o juiz só assiste o procedimento, sendo válido a autonomia privada das partes de forma absoluta: Pacta Sunt Servanda; O processo é considerado como “Coisa das Partes” – as partes é que mandavam no procedimento, o juiz apenas assiste; O juiz usa de interpretação gramatical (ipsis literis) e, no máximo, lógica; O processo é tido como o direito material violado: Savigny e Portier; Os prazos são dilatórios: as partes acordam os prazos do processo, o juiz só assiste. O advogado neste paradigma tem papel fundamental: quanto mais esperto, melhor para a parte – isto leva a um êxito maior e quase freqüente dos burgueses, pois detinham os melhores advogados.

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Exemplos do Direito neste paradigma: Direito Civil (Direito de propriedade, Contratos);

1.2. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Social

Paradigma do Estado Social – Direitos Coletivos A posição do cidadão passou a ser do Estado: o público entra em afastamento ao Privado; Agora o Estado tem que intervir para afastar as diferenças geradas pelo Estado Liberal; Tem-se o Estado Total: o Estado atuando em todos os aspectos da sociedade: ordem, segurança, economia, âmbito privado, etc; Prevalência ao Público; Surgimento do Direito do Trabalho; Sufocamento das relações privadas; O Estado se torna uma Super Produção: o Estado é que define as suas finalidades; A individualidade deixa espaço para a implantação da Homogeneidade; É neste paradigma que surgem a Ditadura, o Nazismo, o Fascismo como justificativas do Estado Total. Processo no Estado Social = Estado-Juiz O processo deixa de ser coisa das partes para se tornar um instrumento da Jurisdição; O processo é um instrumento do Estado para aplicar suas finalidades; O Estado impõe a Homogeneidade estabelecida; Não existe ainda o contraditório no processo; “O processo é uma relação jurídica de direito público entre Autor, Réu e Juiz que cumpre finalidades.” O processo visa, portanto, cumprir as finalidades do Estado. No Estado Social, o processo é relação jurídica, intersubjetiva, de direito público, entre juiz, réu e autor, que cumpre finalidades: as finalidades do Estado. Esta relação jurídica é entre os sujeitos do processo e não entre normas. Surgem as teorias da relação jurídica:

Teoria Triangular da Relação Jurídica Teoria Diangular da Relação Jurídica

J J

A R A R Em ambas as teorias o Juiz está no topo, como representante do Estado, do Público. É o juiz que decide o nosso destino. O juiz se põe em condição de superioridade em relação às partes, em posição de afastamento. À partir de 1950 surgem movimentos de certa forma contra a homogeneização imposta pelo Estado Social: movimento feminista, dos homossexuais, ecologista, estudantil, etc. A busca pelo direito à diferença leva ao Estado Democrático de Direito.

1.3. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito A sociedade passa a ser plural: heterogeneidade, direito à diferença; Privado e Público considerados sem que exista prevalência entre eles (Habermas: Público e Privado são cooriginários, nascem em conjunto, não antecedendo um ao outro; intersubjetividade); Por intersubjetividade (relação entre sujeitos de) = participação + fiscalização – são estes 2 direitos que qualificam o Estado Democrático de Direito e o torna diferente dos outros (Social e Liberal);

Processo no Estado Democrático de Direito = Participação + Fiscalização A participação e fiscalização pelo indivíduo só podem ocorrer, no EDD, através do contraditório, da ampla defesa e da isonomia; No EDD, “ o processo é uma instituição constitucionalizada que se define pelos princípios do contraditório, da ampla defesa e da isonomia.” É, portanto, o processo, técnica de participação e fiscalização, deixando de ser instrumento para ser instrumentador.

Aula 3 – 11/02/092. O Processo no Código de Processo Civil brasileiro

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Embora estejamos em um Estado Democrático de Direito, o CPC brasileiro foi feito em 1973, período este de ditadura e pleno Estado Social. Ainda que tenhamos a CF/88, o conceito do CPC ainda não foi substituído, o que torna o conceito aplicado de processo no atual CPC incompatível com a CF/88. Logo, para o CPC brasileiro, “Processo é a relação jurídica de direito público, entre autor, réu e juiz, que cumpre finalidades.” A crítica está na posição de superioridade em que se coloca o Estado-juiz frente as partes, não havendo isonomia: há que se ter sim um afastamento do juiz(imparcialidade) mas não uma superioridade. As partes têm que sentir, no EDD< que também participaram e construíram o provimento, o que atualmente não ocorre (é o juiz que decide praticamente sozinho).

3. A Ação no Código de Processo Civil brasileiro Existe um conceito dúplice de Ação adotado pelo CPC. 1º conceito acolhido: “Ação como direito a um julgamento de mérito.” – Só tem ação quem tem um mérito (pedido) que possa ser analisado (direito material alegado). Aqui, ter ação significa ter Julgamento. Para isto, é preciso atender às condições da ação exigidas pelo CPC, ou seja, as condições da ação: interesse de agir, legitimidade e possibilidade jurídica do pedido (art. 267, VI - CPC) e ainda os pressupostos processuais (objetivos, subjetivos x negativos). Caso não sejam preeenchidos estes requisitos, haverá “carência de ação”. (art. 3º, CPC). Obs.: O art. 3º do CPC traz as condições da legitimidade e interesse de agir para a ação, não se referindo à possibilidade jurídica do pedido. Isto porque em 1973, na ditadura, o Ministro da Justiça(Busaid), seguidor da doutrina de Liebman, adota sua teoria. Liebman considera que a possibilidade jurídica do pedido estaria ligada ao interesse de agir. Embora o CPC siga a doutrina adotada por Busaid, fica desatualizada: art. 3º não menciona a possibilidade jurídica do pedido, mas o art. 267, VI sim, traz este pré-requisito como exigência para o julgamento do mérito. Ação = direito de mérito (1º conceito) + procedimento (2º conceito). Desta forma, para o CPC, a Ação será o direito a um julgamento de mérito, desde que atendidos os pré-requisitos de seu procedimento, quais sejam:as condições da ação e os pressupostos processuais. Caso contrário, haverá “carência de ação” e esta será extinta sem julgamento do mérito. O CPC usa o termo Ação, as vezes, para se referir na verdade a procedimento: Procedimentos Especiais como o da Ação de Depósito, Ação de Consignação e Pagamento, Ação de Inventário, etc. O CPC usa, então, a mesma palavra para se referir a conteúdos diferentes.

4. A Jurisdição no Código de Processo brasileiro

A Jurisdição no CPC é ato privativo do juiz e não compartilhado (como deveria ser no EDD). Esta é a visão do CPC mais importante da matéria: jurisdição, Estado, Juiz, estado social, relação jurídica que cumpre finalidades; Art.1º CPC – já há referência sobre a Jurisdição e a tutela do Estado desde o 1º artigo; A Jurisdição no CPC quer significar: “Atividade do juiz na análise do mérito.” Ao analisar o mérito, o juiz deve considerar as finalidades do Estado. Mérito: cede um direito material, é formado um pedido com base neste direito material. Tem que passar pelas condições da ação e pressupostos processuais – para se ter no Direito Brasileiro uma análise de mérito há que se percorrer um longo caminho.

5. A inadequação do conceito de Processo adotado pelo Código de Processo Civil brasileiro em face do paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito

É o conceito de Estado Social adotado pelo CPC desde 1973, em que o processo é visto como a relação jurídica de direito público entre autor, réu e juiz, que cumpre finalidades, finalidades estas do Estado, sem considerar a verdadeira participação e fiscalização do indivíduo no exercício da jurisdição, não havendo na verdade uma atividade jurisdicional compartilhada, e sim, uma atividade jurisdicional em grau de superioridade e com decisões jurisdicionais à partir da decisão do juiz e não na construção desta decisão pelas partes.

PARÊNTESES DO PROFESSOR: MATÉRIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PARA APROFUNDAMENTO EM ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 7

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PESQUISA:

Quando se tem o conceito de Jurisdição do CPC como a atividade do juiz na análise do mérito, como fica e se define então a atividade do juiz na análise das Condições da ação e dos pressupostos processuais (fase de saneamento do processo) ? Que atividade é esta? Se não é jurisdição, o que é? Atividade administrativa do juiz? Mas, se for atividade administrativa, está em contraponto com sua definição, pois o saneamento do juiz vincula, já a atividade administrativa não é vinculante. Outro exemplo é a homologação de acordos – é o juiz que homologa e efetiva o acordo, caso contrário não terá força. Estes são temas de sugestão para monografia. As condições da ação, para alguns pesquisadores, não existe, já faria parte do mérito, conforme podemos observar:Legitimidade – se ilegítimo, extinção do processo – mérito;Possibilidade Jurídica do pedido – se o pedido é recepcionado ou não pelo ordenamento jurídico – discute-se aqui também mérito;Interesse de agir – idem. No Brasil o processo é instrumento da jurisdição; o juiz exerce a jurisdição como representante do Estado, seus atos são próprios e não uma atividade compartilhada como se deve em um EDD.

6. Processo e o Procedimento: distinções teóricas a partir do Código de Processo Civil brasileiro e de uma perspectiva lógico-constitucionalizada

O Processo no CPC – Relação Jurídica O processo no CPC ainda é vinculado ao Estado Social (relação jurídica de direito público entre autor, réu e juiz que cumpre finalidades).

O Procedimento no CPC – Explicitação do processo O procedimento seria a explicitação do processo para o CPC, seria o aspecto visível do processo. Ex.: O processo em frente ao espelho, deveria ver a si mesmo, o próprio processo. Para o CPC, ao colocarmos o Processo frente ao espelho este vê o procedimento e não ele mesmo. Conforme Ada Pellegrini: “Procedimento é a realidade fenomenológica perceptível do processo. “ É a visão do CPC do processo como explicitação do procedimento.

O Procedimento numa perspectiva lógica Para Fazzalari (Élio), o procedimento seria uma estrutura comporta por atos jurídicos, interdependentes, que têm sua base e origem em um modelo legal, que flui numa relação tempo e espaço. Estes atos devem ocorrer em interdependência, o último depende do anterior ou primeiro.

Espaço - Tempo

1º 2º 3º . . . último MODELO LEGAL

Petição Despacho Prazo para . . . Sentença Inicial de Citação Defesa

Interdependência dos atos

O conceito de Fazzalari, trabalhado por Rosemiro Leal, referente ao Procedimento é:“Procedimento numa perspectiva lógica é uma estrutura técnica de atos jurídicos seqüenciais em que o ato inicial é pressuposto do ato conseguinte e este extensão do anterior e assim sucessivamente, até o ato encerrador.” Tudo nesta relação espaço-tempo

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corre segundo o modelo legal.

“O processo numa perspectiva constitucional é uma instituição constitucionalizada que se define pelos princípios do contraditório, ampla defesa e isonomia e que deve reger todos os procedimentos.”

A definição de Processo como Procedimento em Contraditório é insuficiente, pois relembra a relação jurídica do juiz e do Estado Social e não inclui os princípios da ampla defesa e da isonomia. O processo deve reger todos os procedimentos e não ser simplesmente uma explicitação de procedimento. Os conceitos de contraditório e relação jurídica não são sinônimos: são conceitos distintos.

Aula 4 – 11/02/09UNIDADE II – A TEORIA DO PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO CIVIL1. O Procedimento judicial e as suas espécies: considerações gerais.

Espécies de Procedimento no Direito Brasileiro: Conhecimento – Livro I Execução – Livro II Cautelar – Livro III Especiais – Livro IV Especialíssimos – Atos Constitucionais

2. O conceito de Procedimento de Conhecimento (segundo o CPC será Processo de Conhecimento)

”Relação jurídica de direito público entre juiz, autor e réu, que visa o reconhecimento de direitos e, eventualmente, a liquidação e o cumprimento da sentença.”

3. O Procedimento de Conhecimento e suas modalidades

Ordinário Sumário COMUM Sumaríssimo – está fora do CPC – JESP (Justiças Especiais Cível e Federal)

O Procedimento Ordinário - Prévia

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de saneatória instrutória sentença sentença 6º período

Neste procedimento, o início e fim de cada fase se dá de maneira nítida. O procedimento ordinário no CPC é o procedimento padrão, é o mais complexo, com perfil mais alongado. Art. 272, § único – o procedimento ordinário deve ser subsidiário ao Sumário e Sumaríssimo

4. O Procedimento Sumário

4.1. O Procedimento Sumário e seus princípios regentes

As diferenças do Procedimento Sumário se acentuam em relação ao Ordinário em 3 princípios básicos: Concentração, Celeridade e Oralidade.

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Concentração dos atos procedimentais – O procedimento sumário é mais concentrado, embora tenha todas as fases, acaba por aglutinar estas fases, não se identifica fácil quando inicia ou finaliza cada uma das fases. Celeridade dos atos procedimentais – o procedimento sumário é bem mais rápido, com prazos pré-fixados e se desenvolvendo em, no máximo, 70 dias (pelo CPC). Oralidade – o princípio da oralidade é bem maior no procedimento sumário.Exemplos de aplicação dos princípios acima:

Art.276 – Na Petição inicial o autor deve apresentar, no primeiro ato: O rol de testemunhas Os quesitos (perguntas) que o perito deverá responder em caso de perícia O assistente técnico indicado pelo autor para acompanhar a perícia.

* No procedimento ordinário esta exigência só ocorre entre a fase de saneamento e probatória.

Art. 278 – Em caso de não conciliação, na própria audiência de conciliação o réu já deve apresentar a resposta e provas, se for o caso, podendo ainda ser oral.Art. 277, § 4º (concentração) - o juiz deve decidir de plano na audiência (ou em 10 dias).Art. 277, caput, §§ 2º e 5º, 278, § 2º , 280 – (celeridade).Art. 278 (oralidade) – a resposta do réu pode ser oral (no ordinário tem que ser por escrito).Art. 279 – (celeridade) – (...) métodos hábeis – já se usa gravação dos atos.

4.2. Critérios de Competência e as hipóteses de cabimento do Procedimento Sumário

O art.275 usa 2 critérios de competência para o Procedimento Sumário: Em razão do valor da causa – para causas até 60 salários mínimos (27.900,00 atualmente); Em razão da matéria – se o pedido se enquadrar em razão da matéria, pouco importará o valor

da causa

As matérias para aplicação do Procedimento Sumário são:

Capítulo III - DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Artigo 275Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; II - nas causas, qualquer que seja o valora) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; O débito do condômino com o condomínio deverá ser tratado via procedimento sumário. A lei tem considerado condômino o proprietário, ainda que exista um locatário morando no imóvel, a ação deve ser contra o proprietário do imóvel e não contra o locatário. Isto deve-se aos Direitos Reais e a obrigação Propter Rem do proprietário (obrigações que recaem sobre o imóvel) – será o proprietário responsável pelo imóvel e pelos débitos que recaiam sobre ele, seja taxas, impostos e também o condomínio. Embora se use o termo “taxa de condomínio” o correto é não usar o termo TAXA, pois TAXA é imposto público. Pelo motivo acima exposto, recaindo para o proprietário toda a responsabilidade do débito de condomínio, e sendo vedado no procedimento sumário a intervenção (denunciação a lide pelo locador ao locatário), é de extrema importância que aquele que for comprar um imóvel faça uma solicitação ao condomínio de uma declaração de quitação de despesas com o condomínio pelo vendedor do imóvel (ex. do prof.: comprou imóvel que valia 60 mil, por 45 mil, achando vantagem estar 15 mil abaixo do mercado, porém, após quitação e registro, comprador é acionado por dívida de 90 mil reais de condomínio pelo antigo morador – vendedor).

c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; Trata-se de dano causado pelo usuário e não aqueles danos gerados por mero uso (locação p.e.);

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d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; Veículo – aquele que leva de um lugar a outro;Terrestre – se transita pelo solo e gera acidente, aplica-se o procedimento sumário. Por este entendimento, a lei tem considerado que todo o objeto que se mover no solo e gerar acidente será tratado pelo procedimento sumário: avião com acidente terrestre, carroça, jet ski que sai da água e vai para o solo e atinge alguém, etc.

e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; Este item refere-se à seguradora que não cobre o valor do seguro. Exceções: Seguro de Vida – processo de execução e não sumário; Seguro/seguradora com 2 testemunhas assinando – é processo de execução e não sumário – a assinatura das testemunhas torna o contrato título executivo extrajudicial. Ex.: DPVAT e vários outros se aplicam por procedimento sumário.f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; Se o contrato do profissional (advogado, segundo OAB) estiver escrito, terá força de título executivo extrajudicial, não demandando procedimento sumário.g) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas. Observações sobre o procedimento sumário: Exige capacidade postulatória (advogado); É exercido pelos mesmos órgãos do Procedimento Ordinário; Para diferenciar o procedimento sumário do ordinário na petição inicial, o autor deve escrever: por este instrumento de procedimento sumário (ou ordinário), venho .... Ou seja, é o próprio autor que elege em seu texto escrito, na petição inicial, o tipo de procedimento indicado. Use sempre o termo: instaurar o procedimento e nunca “entrar com a ação”.

4.3. A estrutura do Procedimento Sumário O procedimento sumário tem seu início através da Petição Inicial instaurada pelo autor e este já deverá, na própria petição inicial, indicar: o rol de testemunhas, a formulação de quesitos(perguntas) para a perícia, quando necessário, e indicar um assistente técnico para o acompanhamento da perícia quando for o caso. Caso o réu não cite tais requisitos (testemunhas, perguntas, assistente), sofrerá a preclusão dos atos (perda da faculdade de agir por ausência da prática deste ato dentro do prazo- decurso do prazo ou por já ter consumado o ato) O juiz fará o despacho inicial: se a petição estiver apta, o Juiz determinará a citação do réu para comparecer à audiência de conciliação, O CPC fixa o prazo da audiência de conciliação para 30 dias após o despacho e saneamento do juiz; Se a petição estiver inapta, de acordo com a inépcia, pode o juiz suspender o processo para regularização da irregularidade pelo autor(incapacidade processual, inabilitação da representação) ou extinguir o processo sem julgamento do mérito (267 CPC); A citação do réu tem que se dar no prazo máximo de 10 dias antes da data agendada para a audiência. Caso o réu seja citado em prazo inferior a 10 dias e compareça à audiência sem indicar a irregularidade, perfeita estará a citação (aceitação tácita). Na audiência de conciliação, havendo o acordo entre as partes, deverá o juiz homologar o acordo tornando-o judicialmente efetivo. Não ocorrendo o acordo na 1ª tentativa, abre-se, na própria audiência de conciliação, oportunidade para a defesa do réu: oral, documentos comprobatórios, provas, perícia, etc. O juiz deve, nesta mesma audiência, decidir quanto aos aspectos procedimentais da ação: o valor da causa, quanto a intervenção de terceiros, se há necessidade de perícia, se há a necessidade de produção de provas: oral, oitiva de testemunhas, perito, etc). Neste caso, havendo a necessidade da produção de provas, o juiz marcará uma audiência de instrução e julgamento para o prazo máximo de 30 dias após a audiência de conciliação (totalizando 60 dias entre a PI e a AIJ), salvo quando houver necessidade de perícia, o que pode prolongar este

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prazo ou ainda levar o juiz a mudar o procedimento da ação proposta, de sumário para ordinário.

Capítulo III - DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Artigo 275

Observar-se-á o procedimento sumário:

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; II - nas causas, qualquer que seja o valor

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Artigo 276Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico.

Artigo 277

O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.

§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença. § 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com poderes para transigir. § 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário. § 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.

Artigo 278Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente técnico.

§ 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. § 2º Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II(Extinção do processo sem julgamento do mérito ou julgamento antecipado da lide – quando o mérito envolver unicamente questão de direito e não de fato, não demandando a produção de prova em audiência ou ainda quando ocorrer a revelia), será designada audiência de instrução e julgamento para data próxima, não excedente de trinta dias, salvo se houver determinação de perícia.

Artigo 279Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz.

Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a estenotipia ou outro método de documentação, os depoimentos serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o essencial.

Artigo 280No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a

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assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

Artigo 281Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença na própria audiência ou no prazo de dez dias.

Aula 18/02/09

4.4. O Procedimento Sumário e o Procedimento Ordinário

Pergunta: Pode o autor escolher entre o procedimento sumario ou ordinário uma vez preenchidos todos os requisitos do procedimento sumário?

Existem 2 teorias doutrinárias sobre esta questão.A Teoria Majoritária considera que sim, que é possível optar pelo procedimento ordinário, ainda que os requisitos sejam de procedimento sumário, pois não haverá qualquer prejuízo para o réu. Sendo faculdade do autor escolher o procedimento, e se o mesmo opta pelo ordinário em vez do sumário, este procedimento é válido. A teoria majoritária se baseia no art. 250 do CPC, onde, sendo o erro somente de forma e não havendo prejuízo para o réu, pode se admitir um procedimento diferente do especificado expressamente em lei. Considera-se aqui que “quem pode o mais, pode o menos”, ou seja, tendo o autor direito a um procedimento mais célere, oral e concentrado e escolher pelo menos célere, está ok, não sendo possível, porém, o inverso, ou seja, quem pode o menos não pode o mais.

Parênteses meu:

(1) – Existe ainda o art. 295, V do CPC, que prevê o indeferimento da Petição inicial quando o tipo de procedimento escolhido pelo autor não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação e só não será indeferida se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal. Podendo, portanto, adaptar-se a outro procedimento, não há motivo para indeferimento da Petição inicial.(2) – Outra observação é o fato da opção pelo procedimento sumário em razão do valor da causa, limitado a 60 salários mínimos. Sendo o autor aquele que irá fazer o pedido e determinar o valor da causa, pode o mesmo inserir em sua petição um pedido que se enquadre no limite de 60 salários mínimos para instaurar o procedimento sumário, sem que, portanto, o juiz fique vinculado a este valor, vez que pode decidir o valor da causa acima dos 60 salários mínimos, ficando o réu, portanto, cerceado de certa forma da oportunidade de ampla defesa, vez que o procedimento ordinário exigido para tal valor da causa daria mais oportunidade de prazo e defesa ao réu. Este posicionamento da não vinculação do juiz ao valor da causa é incorreto segundo o professor, pois estará decidindo além do que foi pedido, não estará sendo imparcial. Esta posição é apresentada pelo Marinoni e melhor explicitada (mais a frente).

(3 ) - É lícito concluir também pela possibilidade de os interessados validamente estabelecerem, em cláusula contratual, que as causas sob procedimento comum eventualmente propostas com base no contrato venham a adotar quer o procedimento comum ordinário, quer o procedimento comum sumário, não sendo portanto cogentes e inarredáveis as regras do art. 275 do Código vigente.Segundo o professor, porém, embora no contrato as partes possam estipular que em caso de litígio elas irão adotar especificamente um dos procedimentos (ordinário, sumário ou sumaríssimo), sendo válida esta cláusula, a mesma vem sendo considerada uma cláusula leonina, não muito aceita pela jurisprudência.

Já a Teoria Minoritária entende que não é possível optar pelo procedimento ordinário em caso de adequação da causa aos requisitos do procedimento sumário, ou seja, uma vez identificados os requisitos expressos na lei para o procedimento sumário em determinada causa, esta tem que ser, necessariamente, instaurada por este procedimento, não havendo opção de se lançar em outro procedimento que não este.Uma vez atendidos os requisitos do procedimento sumário e o autor optar pelo procedimento ordinário, a petição estará inepta, art. 295, V, sendo extinta sem resolução do mérito.Obs.: Não confundir “conversão” com “opção”. Na conversão, feita pelo juiz em casos especificados em lei, o procedimento sumário já foi originalmente instaurado, sendo posteriormente convertido em ordinário, aproveitando-se todos os atos anteriores, sem prejuízo para o réu.

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A conversão do procedimento sumário em ordinário vem sendo admitida de ofício em condições excepcionais:

1ª hipótese: Quando os prazos estabelecidos para o procedimento sumário não puderem ser cumpridos pelo órgão jurisdicional - ou seja, pela deficiência estatal se acata o procedimento ordinário;

2ª hipótese: Identifica-se durante o procedimento sumário a necessidade da ocorrência de uma perícia mais complexa – o sumário requer uma perícia de menor complexidade;

3ª hipótese : Cumulação de pedidos, implicando no afastamento do procedimento sumário;

4ª hipótese: Não preenchimento dos requisitos do sumário, em respeito ao princípio da instrumentalidade das formas – a forma não deve prevalecer sobre o direito de ação. Há aqui uma crítica quanto a esta hipótese de cabimento, pois o CPC diz expressamente que neste caso a petição estará inepta e deve ser extinta sem resolução do mérito.

4.5. O Procedimento Sumário e o Procedimento Sumaríssimo

Não há conversão (e não opção) de procedimento sumaríssimo para sumário , sendo extinto o processo sem resolução do mérito, até mesmo pela inviabilidade desta conversão vez que os procedimentos tramitam em órgãos diferenciados: o procedimento sumaríssimo no JESP e o procedimento sumário no Fórum.Relembrando que ao procedimento sumário cabe, quando possível e nas hipóteses já descritas, a sua conversão em procedimento ordinário pelo juiz.Existe uma opção para o autor, podendo optar entre o procedimento sumário e o sumaríssimo.Ex.: 35 salários mínimos.Importante lembrar que o sumário permite uma maior ampla defesa do que o sumaríssimo.

5. O Procedimento Sumaríssimo

O Procedimento Sumaríssimo – Lei 9.099 – Juizados Especiais

Dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

Capítulo II Dos Juizados Especiais Cíveis

Seção I Da Competência

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do CPC (causas do Procedimento Sumário em razão da matéria); III - a ação de despejo para uso próprio; IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.

§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: I - dos seus julgados; II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.

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§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro: I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

Seção II Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos

Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica.

Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.

Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência.

Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funções.

Seção III Das Partes

Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.

§ 1º Somente as pessoas físicas capazes serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas.

§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.

Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado. Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.

Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.

Seção IV Dos atos processuais

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.

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§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

Seção VDo pedido

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.

§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; III - o objeto e seu valor.

§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.

§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.

Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de pedido e a citação.

Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença.

Seção VI Das Citações e Intimações

Art. 18. A citação far-se-á:

I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria; II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado; III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.

§ 2º Não se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes. § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.

Seção VII Da Revelia

Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.

Seção VIII Da Conciliação e do Juízo Arbitral

Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.

Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.

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Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo.

Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado proferirá sentença.

Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.

§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.

§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.

Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir por eqüidade.

Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para homologação por sentença irrecorrível.

Seção IX Da Instrução e Julgamento

Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que não resulte prejuízo para a defesa.

Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos quinze dias subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes.

Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença.

Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais questões serão decididas na sentença.

Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência.

Seção X Da Resposta do Réu Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.

Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia. Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes. Seção XI Das Provas Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes.

Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.

§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública.

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico.

Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.

Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a supervisão de Juiz togado.

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Seção XII Da Sentença Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.

Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida nesta Lei.

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção. § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas respectivas.

Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento.

Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. Art. 47. (VETADO)

Seção XIII Dos Embargos de Declaração Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para recurso.

Seção XIV Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito

Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei: I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo; II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação; III - quando for reconhecida a incompetência territorial; IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei; V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias; VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.

§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes. § 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.

Seção XV Da Execução Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações: I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice equivalente;

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II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial; III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento (inciso V);

IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova citação;

V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará multa diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor na execução do julgado;

VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária; VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel;

VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;

IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre: a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia; b) manifesto excesso de execução; c) erro de cálculo; d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença. Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei.

§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.

§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior. § 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor.

Seção XVI Das Despesas Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.

Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando: I - reconhecida a litigância de má-fé; II - improcedentes os embargos do devedor; III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor.

Seção XVII Disposições Finais Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária.

Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial. Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão competente do Ministério Público.

Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas não abrangidas por esta Lei.

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Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.

O procedimento Sumaríssimo pode ser: Civil (Lei 9099/95 – Lei dos JESP Cíveis) Penal Trabalhista (CLT) Previdenciário/Tributário (União – JESP Federal)

O procedimento Sumaríssimo é ainda mais célere e oral que o Sumário.

5.1. O Procedimento Sumaríssimo e seus princípios regentes

Critérios do Procedimento Sumaríssimo – Lei 9099, § 2º : Oralidade Simplicidade Informalidade Economia Processual Celeridade Buscando sempre a conciliação ou a transação.

5.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumaríssimo

Art. 3º - Da Competência do Sumaríssimo:I – causas de até 40 salários mínimosII a V – em razão da matéria (inciso IV envolve 2 critérios: matéria e valor)

II – causas do art. 275, II – CPC – toda a competência do Sumário pode ser trazida ao Sumaríssimo (competências concorrentes);

III – ação de despejo para uso próprio (só no Sumaríssimo)IV – ações possessórias em que o imóvel seja de valor inferior ou igual a 40 salários mínimos(critério material + valor)

Art. 3º, § 2º - Exceções ao procedimento Sumaríssimo: Alimentar Falimentar Fiscal e de interesse da Fazenda Pública Acidente de Trabalho Resíduos e ao estado de capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial;

Art.8º - Apresenta mais restrições ao procedimento Sumaríssimo – o procedimento sumaríssimo não caberá quando a parte for:

Incapaz, preso, pessoa jurídica de direito público, empresas públicas da União; Massa falida Insolvente civil. Somente pessoa física capaz pode propor ação no JEsp, excluído o cessionário de direito de Pessoa Jurídica.

5.3. A estrutura do Procedimento Sumaríssimo

PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL

1ª fase 2ª fase

Petição Inicial Audiência de conciliação Por escrito ou oral Prazo de 15 dias para oferecer Oral = atermação resposta (escrita ou oral)

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1º - Petição inicial:

se a causa não ultrapassar 20 salários mínimos, não precisa de advogado. Este critério visa a economia processual. Se o pedido extrapolar os 20 salários mínimos, precisa de advogado;Obs. do Professor – a dispensa do advogado tem que ser acolhida com ressalvas: na prática, nas causas menores que 20 salários mínimos, o autor prefere ir sem advogado porque o valor os honorários do advogado seria, na maioria das vezes, maior que o valor do pedido do próprio autor. Mas isto não quer dizer que o autor não possa buscar o apoio e representação de um advogado através dos núcleos de prática jurídica em faculdades e até mesmo da defensoria, embora esta última se apresente inepta pelo excesso de processos. Na ausência de advogado, o juiz tem se postado em posição de conselheiro da parte, por muitas vezes, o que não poderia ocorrer, em respeito ao princípio da imparcialidade do juiz.Diferente do procedimento sumário e ordinário, não existe custas processuais e de advogado (sucumbência) no procedimento sumaríssimo ( as custas existem só quando em grau de recurso). A petição inicial pode ser escrita ou oral através da atermação. A atermação feita via petição oral só é admitida no procedimento sumaríssimo. No sumário e ordinário a petição inicial só pode ser por escrito. Quem trabalha na atermação nem sempre é formado em direito, em sua maioria são estagiários.

2º - Audiência de Conciliação:

A audiência de conciliação é marcada para 15 dias após a petição inicial.Crítica: Existe um enunciado feito pelos próprios juízes do JESP, dizendo que a resposta pode ser na Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ). Estes enunciados ocorrem no FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais) e acabam por vezes com força de legislar normas para o JESP. A Audiência de Instrução e julgamento será marcada após a audiência de conciliação, somente quando se identificar a necessidade de provas orais.

Críticas ao Procedimento Sumaríssimo:

Em momento algum a lei 9.099 diz que as hipóteses em razão da matéria estão vinculadas aos 40 salários mínimos – ex.: art. 3º, § 3º - renúncia do que ultrapassar os 40 salários mínimos;Art. 39 – é ineficaz a sentença condenatória que exceder a alçada estabelecida nesta lei (40 salários mínimos, mesmo em razão da matéria);Havendo a conciliação, pode exceder os 40 salários mínimos. Não havendo conciliação, a sentença, se ultrapassar os 40 salários mínimos, entende-se renunciado este excesso que extrapolou o limite dos 40 salários.

Artigos que o professor entende que violam os direitos das partes:Art. 3º, § 2º - exclui a Fazenda Pública do Procedimento especial (Sumaríssimo) cível, sendo que a Fazenda Pública é a que mais tinha que estar no JESP, vez que 85% hoje dos procedimentos são contra a Fazenda Pública. Esta medida denota o interesse estatal em reduzir a condição de ré da Fazenda Pública. Ex.: carro que estoura pneu na estrada devido a buracos no asfalto.Art. 6º - o juiz pode usando de equidade. Art. 8º; Art. 8º, § 1º; Art. 9º;Art. 10º - o procedimento sumaríssimo não admite intervenção de terceiros. Não existe citação por edital no sumaríssimo.Art. 18, § 2ºArt. 21 – o procedimento sumaríssimo admite juiz leigo – não concursado ou não passou no exame da ordem, por exemplo.Art. 29, § único – não há o direito de replica para o autor (em falar sobre a defesa do réu);Art. 34; Art. 35; Art. 37; Art. 38; Art. 41; Art. 46; Art. 59;

Outras características: Não se admite perícia nenhuma; Não exige documento de sentença, As decisões interlocutórias não se submetem a recurso (o recurso só cabe contra a sentença);

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O recurso da sentença é julgado pelo próprio JESP (junta de 3 outros juízes do JESP) – não vai ao Tribunal; não cabe ação rescisória. A posição do STF nestas violações de direitos é que deve prevalecer a celeridade do processo. A digitalização do processo através do sistema PROJUD só tem criado maior morosidade, o que, via de regra, tem feito os prazos do JESP serem frequentemente violados.

Aula 20/02/09

Procedimento Sumaríssimo – continuação

5.4. O Procedimento Sumaríssimo e o Procedimento Ordinário

As teorias que existem para justificar a opção entre o procedimento ordinário e sumaríssimo se assemelham às teorias majoritária e minoritária da opção do procedimento ordinário quando atendidos os requisitos do sumário.

Não há, porém, conversão (e não opção) de procedimento sumaríssimo para sumário ou sumaríssimo para ordinário, sendo extinto o processo sem resolução do mérito, até mesmo pela inviabilidade desta conversão vez que os procedimentos tramitam em órgãos diferenciados: o procedimento sumaríssimo no JESP e os procedimentos ordinário e sumário no Fórum.Relembrando que ao procedimento sumário cabe, quando possível e nas hipóteses já descritas, a sua conversão em procedimento ordinário pelo juiz.

UNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

O Procedimento Ordinário

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença INICIAL vamos estudar no 6º período

No procedimento ordinário, não iremos trabalhar o procedimento como uma explicitação do processo mas, sim, no conceito de procedimento lógico.

1. A petição inicial – Fase Postulatória

Petição InicialAto que instaura o procedimento;Não se dá de ofício, é necessário a iniciativa da parte – Princípio da Demanda – o juiz não pode instaurar de ofício o procedimento, apenas deve dar o impulso oficial após sua instauração;

PROCED. SUMÁRIO PROCED. SUMARÍSSIMO PROCED. ORDINÁRIO

PI – sempre por escrito PI – por escrito ou oral PI Oral = atermação

PI – sempre por escrito

Requisitos da Petição Inicial:NO PROCEDIMENTO

ORDINÁRIONO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO

SUMARÍSSIMO

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Arts. 282, 283 e art. 15 da lei 11.419;→ Art. 282:I - indicar o juiz ou tribunal;II - nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu ( + art. 15 – CPF ou CNPJ);III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;IV - o pedido, com suas especificações;V - o valor da causa;VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;VII – o requerimento p/ a citação do réu;Art. 283 – a PI deve conter os documentos indispensáveis à propositura da ação;

Exige também todos os requisitos do procedimento ordinário: arts. 282,283 e 15-11419;Exige ainda – art.276:Rol de testemunhas – com nomes, endereço, profissão, etc.Quesitos – perguntas a serem formuladas à perícia (quesitação)Indicação do assistente técnico que irá auxiliar a perícia.

Todos os itens acima são uma explicitação do Princípio da Concentração deste procedimento. Muitas vezes a perícia requer conhecimen- tos especializados em áreas específicas e que o advogado não possui.

Alguns dos requisitos do art.282 estão afastados neste procedimento:os fatos e fundamentos jurídicos do pedido devem ser encaminhados sucintamente – na prática vem sendo trocado por “inexistente”;inciso VII – 282 – não precisa requerer a citação do réu;inciso VI – 282 – não precisa citar as provas que pretende produzir

Petição Inicial Art. 282, I, CPC – Da Competência do Juízo

Art. 282. A petição inicial indicará:I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;A petição inicial deve indicar o juiz ou tribunal a que é dirigida. Este é o primeiro tópico da PI, deve constar na 1ª linha do documento.Neste inciso há que se verificar a COMPETÊNCIA do Juízo para a causa – a competência é a especialização da jurisdição.

COMPETÊNCIA :COMPETÊNCIA INTERNACIONAL – instauração de procedimento fora do país;COMPETÊNCIA INTERNA – instauração do procedimento dentro do país.COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (interna) – art. 89 CPC:I - conhecer de ações quando envolvem imóveis situados no Brasil,II – proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil mesmo que o autor da herança tenha residido fora do território nacional.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE – art. 88 CPC:I – O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;III – a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil§ único – Para o fim do disposto no inciso I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

LITISPENDÊNCIA – art. 90 CPC – pressuposto processual que visa evitar a instauração de ações idênticas. Só há litispendência entre ações instauradas no Brasil. Entre ações iguais instauradas no Brasil e exterior não há litispendência. Valerá a primeira que transitar em julgado.

A competência interna se dá em razão:Do território (lugar) COMPETÊNCIA Do valor da causa RELATIVA

Da matéria (assunto a ser discutido) COMPETÊNCIADa função (hierarquia dos órgãos) ABSOLUTADa pessoa (prerrogativas pessoais das partes)

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COMPETÊNCIA RELATIVA COMPETÊNCIA ABSOLUTA

Aceitam modificação (por conexão, continência, prorrogação da competência ou prevenção); Perpetuatio jurisdicionis; Necessita provocação da parte para argüição de incompetência relativa, não podendo o juiz fazê-la de ofício; Arquição por meio de exceção. Não havendo na resposta do réu a arquição por incompetência relativa via exceção, entende-se a aceitação tácita da competência, prorrogando-se a competência do juízo.

Não aceitam modificação, salvo em caso de extinção do órgão ou alteração dos requisitos da competência absoluta; Não existem conexão e continência na competência absoluta; Pode ser argüida a qualquer tempo e grau de jurisdição, em preliminar na contestação, ou de ofício pelo juiz; Exceção de competência absoluta em razão do território: direitos reais sobre imóveis – será o foro da situação da coisa

As regras de competência estão descritas nos artigos 94 a 100 do CPC e, quando for o caso, na Legislação Extravagante. Deve o advogado observar se o caso concreto envolve legislação específica e analisá-la para observar alguma determinação de competência para o caso. Não havendo legislação específica que defina a competência no caso concreto, aplicar-se-á os critérios do CPC.Ex.: Justiça Estadual

1. identificar em qual comarca (ex.: Belo Horizonte);2. verificar se na comarca há especialização em razão da matéria (ex.: família, criminal,

etc.)3. Verificar se o procedimento se instaura na Vara ou Tribunal (existem ações de

competência originária nos Tribunais);4. Verificar se o réu tem prerrogativa de competência;5. Verificar o valor da causa

Art. 112 - § único – cláusula de adesão (eleição de foro) – o que se discute sobre este artigo:

1º) O Juiz, ao sentenciar de ofício sobre a nulidade da cláusula de adesão, agindo em prol da parte, toma a postura de Estado Social;

2º) A decisão do juiz sem a oitiva da parte antes de enviar para outro juízo viola também o princípio do contraditório;

MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA:Por Prorrogação – art. 114 – prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar ou o réu não opuser exceção declinatória.Por conexão – art. 103 – duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedirPor continência – art. 104 – duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma é mais amplo, abrangendo as outras.Por prevenção – arts. 106 e 219 – correndo ações conexas perante juízes com mesma competência territorial (mesma localidade) será prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Em caso de ações conexas em circunscrições distintas (localidades diferentes), será prevento o juiz que fizer a 1ª citação válida.

Uma vez identificada a competência, não escrever no documento o nome do juiz e sim do Juízo, por tratar-se de um critério objetivo e não subjetivo. Evitar colocar excessos de pronomes e nome de juiz (Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito de tal vara, de tal comarca).

Ex.: Ao juízo de ________________________________, de tal localidade, de tal vara.

“ Ao Juízo da 1ª Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte.”

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Usar o termo “ Ao Juízo” é mais contemporâneo e despersonifica, despessoaliza o procedimento. “ Desta forma, venho requerer a este Juízo ... “Lembrar: a petição inicial se faz na 3ª pessoa.

Art. 282, II – LEGITIMIDADEArt. 282. A petição inicial indicará:II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;condição da ação, se não atendida se dará a “carência de ação”.Nome, prenome, estado civil (litisconsórcio), domicílio e residência, CPF ou CNPJ (evitar homônimos).Os dados do autor são necessários de se indicar. Os dados do réu devem ser colocados de acordo com os dados que o autor tiver sobre o réu. Os dados que o autor não possuir sobre o réu, durante preenchimento da petição deve inserir a informação: qualificação ignorada. LEGITIMIDADE – PARTE –=>Parte é aquele que sofre os efeitos da decisão. Este conceito está em construção (turma de pós-graduação).=>Capacidade de ser parte – todos que nascem com vida têm a capacidade de ser parte, e há ainda os direitos protegidos ao próprio nascituro. Se for pessoa jurídica, os nomes das pessoas que têm capacidade para serem parte constam nos registros da empresa.=>Capacidade processual – é a capacidade de estar em juízo de maneira autônoma.

Relativamente incapazes – não tem capacidade processual plena, demandando ASSISTÊNCIA. Será assistido.Absolutamente incapazes – não têm capacidade processual, demandando REPRESENTAÇÃO. Será representado.Obs.: É o incapaz que é parte no processo devendo ter o seu nome descrito na petição inicial como parte. Ex.: “João da Silva, relativa/absolutamente incapaz, neste ato representado/Assistido por Maria da

Silva.=>Capacidade Postulatória – É geralmente exercida pelo advogado mas pode eventualmente ser exercida por outros (ex.: no JESP, até 20 salários mínimos a capacidade postulatória é dada ao próprio autor). O art. 36 ainda fala em comarcas com um único advogado e inimigo do autor. Este artigo foi escrito em 1973, época em que havia poucos advogados, o que hoje é diferente.

( ) Discussão com o professor sobre trecho do Marinoni:

“ Processo Civil. Rito fixado em razão do valor da causa. Condenação maior do que o respectivo montante. A despeito de que o rito processual tenha sido adotado em razão do valor da causa, o juiz não está, na sentença, a ele adstrito, podendo fixar a condenação em montante maior. Recurso especial não conhecido. (STJ, 3ª Turma, REsp. 212.576-PB – 05/08/02).”

Conforme o professor, este é um entendimento jurisprudencial que vai contra a lei. Pela indisponibilidade do pedido, não pode o juiz, de ofício, decidir além do que foi pedido pelo autor ou acima do limite expresso em lei para procedimentos especiais como no caso do Procedimento Sumário, sendo inválido o valor da sentença que extrapole o limite máximo.

Aula 27/02/09

Petição Inicial – continuação (Unidade III – 1)

Art. 282. A petição inicial indicará:I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;IV - o pedido, com as suas especificações;V - o valor da causa;VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 282, II, CPCESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 25

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RepresentaçãoSubstituição Processual

Art. 282, III, CPCCausa de pedir

Art. 283, IV, CPCPedido:ConceitoEspéciesCaracterísticasPedido Simples e Pedido Cumulado

Cumulação SimplesCumulação Sucessiva PrópriaCumulação Sucessiva Imprópria (ou Eventual)Pedido AlternativoRequisitos para Cumulação dos Pedidos

Art. 282, II, CPC – Representação

Representação Legal – art. 12, CPCArt. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;III - a massa falida, pelo síndico;IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;V - o espólio, pelo inventariante;VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.§ 1o Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.§ 2o - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.§ 3o O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial.

Substituição Processual – Art. 6º, CPC – Regra

Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

A regra é que ninguém pode pleitear em nome próprio, direito alheio.A exceção é a substituição processual, onde alguém, em nome próprio, pleiteia direito alheio. A substituição processual está somente autorizada quando houver previsão legal, ou seja, só ocorrerá quando a lei assim expressamente a autorizar. Ex.: Sindicato pleiteando reconhecimento de direitos de seus filiados; Ministério Público representando um menor, etc.

Art. 282, III, CPC – Causa de Pedir (Pretensão)

Art. 282. A petição inicial indicará:III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

A causa de pedir deve ser sempre concisa, mas não sucinta, ou seja, objetiva, direta, completa.Ao formular uma petição inicial, pergunte-se sempre: Há algo aqui nesta Petição Inicial descrito e que não precisaria estar?Há alguma informação nesta Petição Inicial que falta para uma melhor compreensão do pedido?

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Obs.: Tomar cuidado com Petições cheias de retóricas que nada mais são que a tentativa de convencimento do juiz no vazio, uma repetição de argumentos e palavras que não têm fundamento jurídico, não têm conteúdo.

CAUSA DE PEDIR

REMOTA PRÓXIMA (Fatos) (Fundamentos Jurídicos)

Substanciação (Teoria da Substanciação) Ou EntretecimentoA Causa de Pedir é formulada á partir da descrição dos fatos (causa de pedir remota) e, em sua seqüência, dos fundamentos jurídicos (causa de pedir próxima). Esta relação de fatos e fundamentos jurídicos é chamada de entretecimento ou substanciação.A Substanciação é a Teoria adotada pelo CPC, existindo também a Teoria da Individuação, que não é acatada pelo CPC. A Teoria da Individuação considera que basta relatar os fundamentos jurídicos, não sendo necessário descrever os fatos. Já a Substanciação, exigida pelo CPC, impõe a descrição dos fatos e dos fundamentos jurídicos que formam a causa de pedir. A antiga máxima “Dá-me os fatos que eu te darei o Direito “ só vinha a reforçar o Estado Social, evitando a verdadeira participação em contraditório e ampla defesa, sobrecarregando ainda o Juiz em sua atuação, visto que teria que conhecer 100% de toda a legislação, doutrina, jurisprudências, etc., tornando ainda menos célere os processos.A Substanciação não é subsunção.Os fundamentos jurídicos são as jurisprudências, doutrina, legislação, súmulas, etc., que informam o possível direito buscado pelo autor.Não há uma regra específica sobre a forma de se expor os fatos e fundamentos quando mais de um, ou seja, há alguns que descrevem primeiro o fato 1 e logo em seguida o fundamento 1, depois o fato 2 e logo em seguida o fundamento 2, e assim por diante. Outros há que descrevem todos os fatos primeiramente (1,2,3 etc.) para, ao final, descrever todos os fundamentos(1,2,3, etc.).Ex.: Dos Fatos (xxxxxx) Do Direito (xxxxx)

Art. 283, IV, CPC – Pedido

Art. 282. A petição inicial indicará:IV - o pedido, com as suas especificações;

O Pedido é a conclusão da Causa de pedir, tem que ter vínculo lógico com a causa de pedir, senão será inepta a Petição Inicial (295, I, CPC).O Pedido se subdivide, para fins didáticos, em Pedido Mediato (ou Objeto Mediato do Pedido) e Pedido Imediato (ou Objeto Imediato do Pedido). Esta subdivisão, porém, não vem discriminada no CPC.

O Pedido Mediato é o bem da vida jurídica pretendido pelo autor.O Pedido Imediato é a solicitação de sentença; qual sentença queremos.

Ex.:

Isto posto, REQUER (*) Sentença Condenatória Ante o exposto, PEDE, Sentença DeclaratóriaFrente a isto, ..., PLEITEIA Sentença Constitutiva

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(*) Nunca usar “Suplica”

Isto posto, requer a condenação do réu ao pagamento de R$100.00,00 (cem mil reais ) a título de empréstimo.

PEDIDO IMEDIATO PEDIDO MEDIATO

Isto posto, requer a declaração da relação jurídica de paternidade com xxxx.

Art. 286 – O Pedido tem que ser CERTO e DETERMINADO.

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;  III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

O CPC entende que alguns pedidos não precisam ser expressos na Petição Inicial: art. 290 e 293.

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

Pedido Implícito É aquele que não é expresso, que nem precisa estar descrito na Petição Inicial, pois a própria lei já prevê o seu reconhecimento e consideração - mesmo que não tenha que ser expresso na petição inicial, o juiz pode acatá-lo de ofício.

a) Prestações subseqüentes, de trato sucessivo – nestes casos, a Petição inicial deverá listar apenas as prestações vencidas e pendentes até a dada da propositura da ação. Aquelas que vencerem durante o decurso do prazo do processo, embora não listadas na Petição inicial, também deverão ser, de ofício, consideradas pelo juiz, consideradas implícitas no pedido.

b) Juros – art. 293 CPC

Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.

c) Correção Monetária e Honorários de advogadoPedido Determinado e GenéricoPedido Determinado é aquele que é delimitado em quantidade e em qualidade.Pedido Genérico – art. 286 CPC – é aquele que não é delimitado em quantidade, mas em qualidade tem que ser delimitado. O art. 286 traz um rol TAXATIVO destas possibilidades.

Ex.: A regra é o pedido determinado: .... requer a condenação do réu em cem mil reais. Exceção: .... requer a condenação do réu.

Art. 286Em regra: Pedido Certo e Determinado.Exceção: Pedido Implícito, arts. 290 e 293.

Regra: Pedido Determinado.Exceção: Pedido Genérico, art. 286.

Pedido Simples – pedido único, quando há apenas um pedido.Pedido Cumulado – quando existem 2 ou mais pedidos na mesma petição.

“Cumulação de Pedidos” Obs.: assunto sempre cobrado nas provas OAB, Concursos e provas PCI..ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 28

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Pelo Entendimento majoritário, a cumulação é entendida da seguinte forma:=> Cumulação Simples - é diferente do pedido simples – são 2 ou mais pedidos cumulados na mesma petição e o autor pretende o acolhimento de todos.Ex.: Na Petição Inicial, o autor requer a condenação em danos morais e materiais (pretensão de que sejam acolhidos os 2 pedidos).

=> Cumulação Sucessiva Própria – 2 ou mais pedidos na mesma petição, sendo que o acolhimento do 2º pedido (pedido posterior) depende do acolhimento do pedido anterior.Ex.: Na Petição Inicial, requer o autor a confirmação do parentesco (paternidade) e a pensão de alimentos – ação declaratória de paternidade cumulada com alimentos. Se não acolhida a declaração de paternidade não há sentido na determinação na pensão de alimentos.

=> Cumulação Sucessiva Imprópria ou Eventual – O acolhimento do pedido posterior depende do não acolhimento do pedido anterior.Ex.: Direito das Obrigações – O autor contrata a construção de um muro, paga ao contratado e este não o constrói. O autor requer na petição a construção do muro (obrigação de fazer – tutela específica – sentença condenatória) ou a condenação ao pagamento de perdas e danos.

Pedido Alternativo – Art. 288, CPCTem que ir ao Direito das Obrigações – forma de cumprimento da obrigação;Pela natureza da obrigação, verificar se há permissão pelo cumprimento de uma ou outra obrigação, ou seja, de um ou outro modo, e se à escolha do credor ou do devedor.

Sobre as sentenças existe a Doutrina Trinaria (adotada pelo CPC) e Quinária:

Doutrina Trinaria Sentença Condenatória - Para esta doutrina as sentenças mandamental e executiva estão embutidas na sentença condenatória. Sentença Declaratória Sentença Constitutiva

Doutrina Quinária Sentença Condenatória Sentença Mandamental Sentença Executiva Sentença Declaratória Sentença Constitutiva

Aula 04/03/09 - Petição Inicial (continuação Unidade III - 1)

Art. 292, CPC – Cumulação de PedidosRequisitos para cumulação de pedidos (292)Pedido CominatórioModificação da Causa de Pedir e do Pedido

Art. 282, V – CPCValor da CausaArt. 282, VI – CPCRequerimento de Provas

Art. 282, VII – CPCRequerimento de CitaçãoArt. 283 – CPC Art. 39, I – CPCArt. 82 – CPC

Art. 292 – Requisitos para a cumulação de pedidosESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 29

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Demonstrar que os pedidos são compatíveis entre si – NECESSÁRIO;Ter os pedidos o mesmo juízo de competência – NECESSÁRIO;Ter os pedidos o mesmo procedimento – em caso de pedido com procedimento Sumário e outro pedido com procedimento ordinário, se optar pelo ordinário ok.

Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.

Mesmo que os pedidos estejam tramitando em procedimento diferente, pode se cumular pelo procedimento ordinário. Ao se inserir 2 pedidos no mesmo procedimento, há ganho de tempo, mas se abre mão da celeridade e oralidade (se um deles for de procedimento sumário e se optar pelo ordinário).

Pedido Cominatório – Direito das Obrigações – Art. 287 CPCArt. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-A).Somente em obrigações de Dar (Entregar), Fazer e Não Fazer;Cominatório = cominação de multaMulta pecuniária – para forçar o cumprimento da obrigação pelo devedor.Visa constranger o réu.O juiz comina a multa em face do réu no procedimento, quando se tratar de obrigação de fazer, não fazer ou de entrega da coisa (dar).A obrigação de pagar está fora deste artigo, não incluída. A obrigação de pagar não admite pedido cominatório.O pedido cominatório pode fazer parte, constar, na própria Petição Inicial.Cominação de multa – muito usada na Antecipação de Tutela e caso de não obediência pelo réu. Ex.: Nome no Serasa sem comunicado ao réu ou negativação indevida.(....) Requer a suspensão/eliminação deste lançamento do nome no SPC-Serasa, com pedido de fixação de multa diária em caso de descumprimento.

== IMPORTANTE: MODIFICAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR E DO PEDIDOO CPC admite, após a instauração do procedimento, que se modifique a causa de pedir e o pedido, desde que cumpridos alguns requisitos.Arts. 264, 294 – CPC – informam a viabilidade ou não da modificação de acordo com o prazo.ESTES ARTIGOS SÃO COBRADOS EM PROVA:

Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.

Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.

Os arts. 264 e 294 apresentam uma contradição de posicionamento, um conflito de normas que é discutido doutrinariamente:O art. 264, feito por lei de 1973, informa a possibilidade de alteração do pedido e causa de pedir pelo autor após a citação, desde que haja o consentimento do réu. Já o art. 294, trazido por lei de 1993 e, portanto, posterior à lei que introduziu o art. 264, informa uma restrição ao art. 264, admitindo que, após a citação, o autor pode alterar a causa de pedir ou pedido somente para aditar, ou seja, acrescentar, e não para reduzir ou alterar o pedido. Considerando-se a eficácia das normas no tempo, a lei posterior revogaria a lei anterior, logo, valeria a aplicação do art. 294 e não do 264. Porém há divergências de entendimento no sentido de se aplicar o art. 264 também.Sobre a modificação da causa de pedir e do pedido, há que serem observados os lapsos temporais, visto que o CPC admite tais modificações, desde que estejam de acordo com a forma e prazos legais.

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Fases do Procedimento de Conhecimento

1º Marco temporal – FASE POSTULATÓRIA – PI 2º Marco Temporal – FASE SANEAMENTO

ANTES DA CITAÇÃO APÓS A CITAÇÃO O que delimita a possibilidade ou não de seO autor pode modificar a O réu tem que consentir mudar a causa de pedir e o pedido é a fasea causa de pedir e pedido com a modificação da de saneamento. APÓS O SANEAMENTO,sem a anuência do réu causa de pedir/pedido NÃO SE PODE MAIS MODIFICAR O PEDIDO.

CITAÇÃO VÁLIDA

Art. 294 CPC – Vem sendo timidamente trabalhado pelos autores. Diz que só é possível aditar, acrescentar pedidos até a citação (e antes do saneamento).Alguns dizem que o art. 294 está revogado visto a sua incompatibilidade com o art. 264, sendo válido, portanto, o art. 264. Este é o posicionamento que vem dominando mas que não está muito sedimentado;Outros dizem que não, que o art. 264 seria para reduzir o pedido, pois o art. 294 veda. (?)O certo, pelo posicionamento do professor, é que, sendo o art. 294 posterior ao 264, se forem falar de revogação, deveria ser a do art. 264 que é anterior ao art. 294 (ab-rogação).Os arts. 264 e 294 entendem, portanto que, se for para reduzir o pedido, ok, mas se for para aditar o pedido, para o art. 264 pode ser feito, desde que com a anuência do réu (após a citação), para o art. 294 não poderia ser feito após a citação, somente antes da citação e somente para aditar e não modificar ou reduzir o pedido.

Art. 282, V – CPC – Valor da CausaArt. 282. A petição inicial indicará:V - o valor da causa;

Aplicações práticas que têm por base o VALOR DA CAUSA:

1º) O valor da causa pode determinar o tipo de procedimento:40 salários mínimos – Procedimento Sumaríssimo (JEsp)60 salários mínimos – Procedimento SumárioAcima de 60 salários – Procedimento Ordinário

2º) O valor da causa é base para se calcular as custas iniciais do procedimentoO pagamento das custas do processo é com base no valor da causa e este valor vai para o Estado;3º) O valor da causa é base para os honorários de sucumbência O honorário de sucumbência é o valor que o Juiz determina que a parte vencida (sucumbente) no processo judicial pague à parte vencedora. Quando o Juiz não cita o valor de sucumbência junto à sentença condenatória, este valor é calculado com base no valor da causa.O art. 20 do Código de Processo Civil prevê que o Juiz, ao final do processo, condene a parte vencida no processo a pagar à parte vencedora um valor, a título de honorário de sucumbência, para compensar o que esta gastou com seu advogado.

Mas houve uma modificação pelo Estatuto da Advocacia, Lei nº 8.906/94, que transfere o honorário de sucumbência para o advogado, de plano, sem qualquer participação do cliente, assim malferindo princípios fundamentais, entre eles o princípio da justa reparação, da cidadania e, por conseqüência, o ideal de Justiça.O Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1194, em julgamento, na votação de questão semelhante, em 04/03/04, declarou voto afirmando que “...os honorários de sucumbência, a teor do disposto no art. 20 do CPC, são devidos à parte vencedora e não ao profissional da advocacia”. "O Informativo nº 338 do STF afasta a aplicação dos citados artigos 22 e 23 do Estatuto da Advocacia”, o que para eles “pode-se afirmar a inconstitucionalidade dos mencionados artigos 22 e 23 do Estatuto da Advocacia, na parte em que transfere automaticamente os honorários de sucumbência ao advogado, sem esclarecimento e concordância contratual do cliente, necessitando de uma atenção dos Juízes e dos órgãos de proteção do consumidor e dos direitos individuais homogêneos”.

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4º) O valor da causa é base para a aplicação de multasA aplicação de multa a perito, indenização e multa por litigância de má-fé aplicada pelo Juiz, todos estes têm por base o valor da causa;

5º) O valor da causa é importante para o depósito da ação rescisória 5% incidente sobre o valor da causa

6º) O valor da causa é utilizado como base para o cálculo do valor de alguns recursos

7º) O valor da causa é referência para multas aplicadas em recursosExistem situações de aplicação de multa ao recorrente

Arts. 259 e 260 – CPC – ARTIGOS QUE TEMOS QUE SABER – MUITO COBRADOS:Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.

I – Na ação de cobrança de dívida, o valor da causa será a:

Soma do : ( Valor Principal + pena (Multa) ) x Juros = ( P + M) x J Valor principal = valor devido de acordo com a base histórica – não é o valor integral;Juros = aplicado ao valor total (Principal + multa)Aplica-se, ao final do cálculo, a correção monetária. O CPC não menciona a Correção monetária mas esta é sempre considerada na prática.

II – Havendo cumulação de pedidos, o valor da causa será a:

Soma do Valor de todos os pedidos – para cumulação simples e cumulação sucessiva própria.

III – Na ação de pedidos alternativos (art. 288), o valor da causa será o:

Valor do maior pedido.

IV – Na ação com Pedido Subsidiário, o valor da causa será o:

Valor do pedido principal

V - Quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor da causa será :

O Valor do contrato;

Aqui (inciso V), será o valor integral do contrato;Se o contrato já tiver sido cumprido em parte, a lei manda colocar o valor do negócio jurídico, ou seja, o valor do contrato inteiro e não o valor restante ao cumprimento do contrato;Observar sempre o perfil da discussão sobre do contrato:a) Se for relativo a cobrança de dívida, aplica-se o inciso I do art. 259, considerando-se o restante do valor em aberto e não o valor integral;b) Se for relativo a revisão de cláusula contratual, aspectos de nulidade do contrato, discussão sobre o objeto do contrato (modificação, existência, cumprimento, rescisão do contrato), aplica-se o valor integral do contrato.

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VI – Na ação de pensão alimentícia, o valor da causa será:

12 x o valor da pensão alimentícia

Atenção: a ação de pensão alimentícia é diferente da ação de execução de alimentos, sendo a segunda uma ação de cobrança de dívida mediante direito já adquirido e a primeira uma ação que visa um direito.

Art. 260 CPC – Prestações de Trato SucessivoArt. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

O CPC traz o entendimento de que, em prestações de trato sucessivo, devem-se cumular, para fins do valor da causa, os 2 aspectos: as prestações vencidas e as prestações vincendas.Ex.: Vencidas = 500,00; Vincendas = olhar quanto tempo falta para o término das vincendas.

Se existirem prestações a vencer por mais de 1 ano ou o prazo é Indeterminado, calcula-se 12 prestações. Se existirem prestações a vencer por menos de 1 ano, calcula-se a quantidade de prestações que faltam vencer.

Sendo, por exemplo, as prestações mensais de 100,00, estando 5 vencidas e faltar mais de um ano para as que irão vencer ou o prazo de vencimento for indeterminado, calcula-se: Vencidas (= 100,00 x 5) + Vincendas (= 12 x 100,00) = 500,00 + 1.200,00 = 1.700,00 Sendo, por exemplo, a prestação mensal de 100,00, estando 5 vencidas e faltarem apenas 5 prestações a vencer, calcula-se: Vencidas (= 100,00 x 5) + Vincendas (= 5 x 100,00) = 500,00 + 500,00 = 1.000,00

Lembrar: Se o contrato com prestações a vencer com mais de 1 ano ou prazo indeterminado, o limite de cálculo para efeito do valor da causa será sempre de 12 prestações, somado as já vencidas.

Ainda sobre o valor da causa - Atenção para a Legislação ExtravaganteObservar sempre no caso concreto se não existe cláusula especial em Legislação Extravagante que trate do cálculo do valor da causa, pois existem algumas legislações que especificam diretamente tal assunto: Ex.: Ação de Despejo (Lei de Locações);Quando a situação em questão não se aplicar a nenhuma das regras do CPC, deve-se calcular com base estimativa o valor da causa.

Petição Inicial – Continuação

Art. 282, VI – PROVASArt. 282. A petição inicial indicará:VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

A apresentação das provas vai variar de acordo com o procedimento instaurado.

Das provasNO PROCEDIMENTO

ORDINÁRIONO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO

SUMARÍSSIMO

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A referência às provas que se quer produzir no Procedimento Ordinário se dá de forma mais genérica na Petição Inicial.;Mencionar os meios legais: documentos, testemunhas, perícias, etc.

“Requer provar o alegado em todos os meios de prova admitidos, ... “

. A referência às provas que se quer produzir no Procedimento Sumário NÂO se dá de forma genérica;Tem que indicar todas as testemunhas(rol), a perícia e quesitos que pretende, a assistência técnica que indica (dar endereço, nome, etc.).

As provas no sumaríssimo também são informadas genericamente e apresentadas na audiência.

Diferenças entre Testemunha e Depoimento Pessoal:Testemunha é o terceiro desinteressado. Depoimento pessoal é o depoimento pela parte.

Art. 282, VII – Requerimento de CitaçãoArt. 282. A petição inicial indicará:VII - o requerimento para a citação do réu.

Da Citação:NO PROCEDIMENTO

ORDINÁRIONO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO

SUMARÍSSIMO

Regra Geral – Por correioSe o autor quiser por via de oficial de justiça (pessoal), tem que mencionar na Petição Inicial.

A citação é automática, o autor não precisa requerer a citação ao instaurar o procedimento.

Art. 283, CPC – Documentos Indispensáveis à propositura da açãoArt. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

O CPC não menciona quais são estes documentos.Os documentos são aqueles relacionados à causa de pedir e ao pedido, além da procuração do advogado.Exceção: Art. 37 – trata das hipóteses excepcionais de atuação do advogado sem procuração, ficando obrigado a anexar estes documentos posteriormente.

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.Art. 38 – Poderes especiais do advogadoArt. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.Parágrafo único.  A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica.

Art. 39, I – CPC Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.

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Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no no II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos.

Este artigo exige que o advogado indique na Petição Inicial o local onde vai receber intimações. Normalmente é o endereço do escritório. Se a petição inicial é feita em papel timbrado com os dados do escritório e advogado, já é considerado suficiente para o preenchimento deste requisito.Ex.: Preâmbulo da Petição Inicial:

“ ... (classificação do cliente), ..., por seu advogado, que recebe intimações no endereço ABCD EF, ...”.

Exemplos de Procuração a Advogado (Instrumento do Mandato)

PROCURAÇÃO " AD JUDICIA"Através do presente instrumento particular de mandato, (NOME DO OUTORGANTE), (Nacionalidade), (Profissão), (Estado Civil), portador da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrito no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado à Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), nomeia e constitui como seu(s) procurador(es) o(s) advogado(s), (NOME(S) DO(S) OUTORGADO(S)), inscrito(s) na Ordem dos Advogados do Brasil sob o(s) n.o(s) (xxx), Seção do Estado (xxx), Subseção (xxx), com escritório profissional situado na Rua (xxx), Bairro (xxx), cidade (xxx), Cep. (xxx), outorgando-lhe(s) amplos poderes, inerentes ao bom e fiel cumprimento deste mandato, bem como para o foro em geral, conforme estabelecido no artigo 38 do Código de Processo Civil, e os especiais para transigir, fazer acordo, firmar compromisso, substabelecer, renunciar, desistir, reconhecer a procedência do pedido, receber intimações, receber e dar quitação, praticar todos os atos perante repartições públicas Federais, Estaduais e Municipais, e órgãos da administração pública direta e indireta, praticar quaisquer atos perante particulares ou empresas privadas, recorrer a quaisquer instâncias e tribunais, podendo atuar em conjunto ou separadamente, dando tudo por bom e valioso, com fim específico para (descrever finalidade, tais como propor Ação de (xxx) em face de (xxx)).(Local, data e ano).(Assinatura do Outorgante).

Procuração para Advogado Por este instrumento particular de procuração, eu (fulano de tal), nacionalidade ?, estado civil ?, profissão ?, portador do CPF de número ___________, e cédula de Identidade de número ______________, expedida pela ______________, residente e domiciliado à rua __________________, número _____________, bairro _______, na cidade de _________________, CEP ________________, nomeio e constituo meu bastante procurador o senhor (beltrano de tal), nacionalidade ?, estado civil ?, profissão ?, portador do CPF de número ___________, e cédula de Identidade de número ______________, expedida pela ______________, residente e domiciliado à rua __________________, número _____________, bairro _______, na cidade de _________________, CEP ________________, especialmente para propor e acompanhar Ação de Despejo contra o meu inquilino (fulano de tal) ________________________________, a quem concedo, além dos poderes da cláusula “ad judicia”, os poderes especiais para transigir, desistir, receber, dar quitação, e, inclusive, substabelecer. Cidade, data, ___________________________________assinatura  Obs.: No caso de procuração outorgada a advogado não é necessário estabelecer o prazo de validade da procuração, porque, tratando-se de mandato judicial, a destinação e finalidade da procuração, neste caso, já limitam os poderes.Art. 82 CPC – Hipóteses em que o Ministério Público tem que intervir na causa,Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:I - nas causas em que há interesses de incapazes;II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

Em todos estes casos o MP tem que ser chamado ao processo – senão, Petição inepta por não preencher os requisitos.Tem que se colocar na Petição Inicial a solicitação de intimação do MP para a causa;Ex.: Ações de família (paternidade), etc.

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Exemplo de Petição Inicial – Portal da Faculdade e Erros identificados

Cível - Inicial Dissolução de Sociedade Data de Promulgação: não disponívelEXCELENTÍSSIMO(A) JUIZ(ÍZA) DA ___ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG.

FULANO DE TAL, (qualificação), domiciliado na rua ................, em Belo Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, por seus procuradores in fine assinados (doc. 1), vem, respeitosamente, propor :

AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE,

em face de COMÉRCIO DE PREGOS LTDA., pessoa jurídica de direito privado, com sede na rua ............................, em Belo Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, e BELTRANO DE TAL, (qualificação), domiciliado na rua ......................., em Belo Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, fazendo-o pelos fatos e fundamentos que passa a aduzir.

I – DOS FATOS

Conforme se vê do contrato social anexo (doc. 2), o Autor constituiu, em .../.../...., a sociedade limitada denominada COMÉRCIO DE PREGOS LTDA., juntamente com o Sr. Beltrano de Tal. O capital social de R$ 50.000,00, dividido em 50.000 (mil) quotas, no valor unitário de R$ 1,00 (um real), foi totalmente integralizado pelos sócios, sendo dividido à proporção de 50% (cinqüenta por cento) a cada um. Dessa forma, o Autor integralizou, no ato de constituição da sociedade, R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), referentes às quotas por ele subscritas. A administração da sociedade coube, isoladamente, ao sócio Beltrano de Tal. Após a constituição da sociedade, esta se mostrou incapaz de realizar seu objeto social e promover o auferimento de lucro ao Autor, sempre chamado pelo sócio-administrador a efetuar novos aportes de capital, visando à manutenção da sociedade. Mas, em nenhum momento, recebeu qualquer partilha de lucros. Restou evidente que o capital social não era suficiente, o que, desde os tempos do vetusto Código Comercial , enseja a dissolução da sociedade, por revelar a inexeqüibilidade do fim social.

Ante a falta de retorno financeiro, de geração de postos de trabalho, o Autor tentou retirar-se da sociedade amigavelmente, em atenção à cláusula décima do contrato social, sem êxito, contudo (doc. 3). Diante disso, o Autor diligenciou a notificação extrajudicial (doc. 4), recebida em .../.../...., cientificando previamente o outro sócio de sua intenção de se retirar da sociedade, conferindo também o prazo de 30 (trinta) dias para que o sócio Beltrano de Tal se manifestasse acerca do exercício do direito de preferência na aquisição das quotas do Autor, liberando-o, após, para tomar as medidas que julgasse convenientes à defesa de seus direitos. Sendo certo que os prazos se esgotaram, sem solução para o impasse, vez que o outro sócio não exerceu seu direito de preferência e não houve interessados na aquisição das quotas do Autor, não restou alternativa senão a presente ação, vez que irrefutável a divergência entre os sócios e a inexeqüibilidade do objeto social.

DO DIREITO

No tocante à sociedade limitada, sabe-se que o aspecto da affectio societatis é imprescindível, por ser considerada uma sociedade de pessoas, constituída em função da qualidade pessoal dos sócios, na busca da realização do objeto social, em prol do auferimento do lucro. Apesar disso, da confiança depositada pelo Autor e da paciência ao longo desses mais de dois anos sem partilha de lucros, vê-se que a sociedade não cumpriu seu objeto e seu fim, vez que não emprega ninguém, não realiza seu objeto social, nem gera lucro.

Fato que corrobora o narrado e que evidencia a quebra da affectio societatis é a própria notificação do Autor, revelando toda sua insatisfação e a vontade expressa de se desvincular da sociedade.

O Prof. Osmar Brina explica que “objeto da sociedade é a sua atividade fim. Seu fim é o lucro” . E a sociedade que se quer dissolver não cumpre seu objeto, muito menos seu fim, vez que não está ativa efetivamente e não gera lucro. Conclui-se, pois, ser oportuna a presente lide, visando à dissolução da sociedade, pois, como ensina Rubens Requião, “é impossível a continuação da sociedade, por não poder preencher o intuito e o fim social” , sendo certo que, após isso, dever-se-á seguir a apuração de haveres e reembolso dos valores devidos ao Autor, apurado em balanço especialmente levantado na data da dissolução.

III – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o Autor requer a V. Exa. dignar-se de: a) determinar a citação dos Réus, nos endereços fornecidos no limiar desta inicial, para, querendo, contestarem o presente pedido, sob pena de revelia, nos termos do art. 656, § 2º, do CPC/39; b) julgar procedentes os pedidos, declarando a dissolução da sociedade, determinando, ato contínuo, o início da apuração dos haveres, visando à liquidação das quotas, mediante a nomeação de liquidante; c) após apuração dos haveres, determinar o seu pagamento ao Autor, devidamente corrigidos, para que seja extinta a sociedade; d) condenar os Réus ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da

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condenação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do administrador da 1ª Ré.

Dá-se a causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Termos em que pede e espera deferimento. Belo Horizonte/MG, .... de ................ de ....... Nome do advogado OAB

Comentários sobre este exemplo de Petição Inicial:1) Não menciona o número do CPF da parte. Se fosse pessoa jurídica, necessário o CNPJ.2) Informar no início da Petição o tipo de procedimento: “ Por esta ação ordinária, por esta ação sob procedimento sumário, " ...3) Dos fatos. Causa Remota; Do Direito – causa próxima4) Dizer a forma que pretende a citação. Em caso de omissão, será feita pela regra geral: correios;5) Pedido imediato x mediato (liquidação, dissolução – é o bem da vida pretendido)6) Não usar o termo “protesta”, que significa o mesmo que “requer”, pois remete ao termo protesta usado no Direito empresarial, o que pode levar a confusão.

O professor sugere deixar uns 10 espaços em branco antes do início da Petição Inicial para que o Juiz use em caso de antecipação de tutela, ou outras anotações.

Aula 06/03/09 UNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓD. DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiroTrata-se de instrumento de grande aplicabilidade práticaOs arts. 273, 461 e 461-A, § 3º, têm que ser conhecidos pelo aluno.

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588 (revogado), 475-O, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). § 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso,

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busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. § 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. § 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.§ 2o A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. § 3o Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o: I – sentença ou acórdão exeqüendo; II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadas pelas partes; IV – decisão de habilitação, se for o caso; V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiroConsiderações Iniciais sobre a Antecipação de Tutela:1) Requerimento do autor + (e)2) Existência de prova inequívoca de que decorra a verossimilhança da alegação + (e)3) Possibilidade de reversão da decisão antecipada + (e) a) Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (ou) b) Haja abuso de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (ou) c) Haja incontrovérsia de um ou mais pedidos ou de parte deles

Exemplo de aplicação da antecipação de tutela:1) Há uma demora no procedimento judicial para se chegar à sentença, o que pode gerar a própria ineficácia da pretensão buscada.Ex.: Plano de saúde, paciente requer autorização para procedimento cirúrgico e internação, o plano de saúde nega o pedido. A pessoa instaura um procedimento judicial para que seja acatado seu pedido mas, se a sentença demorar a sair, a pessoa já estará morta pois a necessidade da cirurgia é de urgência, imediata.

2) Satisfação antecipada do pedido – necessidade da decisão que, apesar de provisória, permita o acesso ao direito, no plano fático, com efeitos práticos, antes mesmo de se proferir a sentença.Neste caso, o procedimento vai continuar até que se profira a sentença, mas, no plano fático, o direito já foi realizado, não precisou aguardar a sentença para se ter o direito.

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Hoje não há limite máximo de prazo sobre a concessão e uso da tutela antecipada.Os prazos dos processos, em média, em Minas Gerais, têm sido de:No JEsp – aproximadamente 7 meses de prazo para se chegar à sentença;No Sumário – aproximadamente 1 ano e 2 meses;No Ordinário – aproximadamente de 3 a 4 anos para se chegar à sentença.

A antecipação de tutela pode ser requerida a qualquer tempo, mas normalmente já consta na própria Petição Inicial.

Requisitos necessários para se obter a Antecipação de Tutela:Os itens I, II e III têm que ser preenchidos de forma CUMULATIVA, sendo que os incisos A, B e C do item III podem ou não aparecer, devendo, porém, ocorrer, ao menos, um deles.

I – O requerimento da Antecipação de Tutela tem que partir do Autor, (E) O juiz não pode, de ofício, conceder antecipação de tutela.

II – Verossimilhança das alegações – “aparência de verdade” (Aristóteles) (E) O autor deve provar que a narrativa pode ser verdade. Prova inequívoca – não basta mera palavra, tem que provar o que está sendo dito. Ex.: Inserir os documentos do plano de saúde, exames, a negativa dada pelo plano, etc.

* Fumus boni iuris – “fumaça do bom direito” – este termo é usado na medida cautelar e tem o mesmo significado que a verossimilhança da antecipação de tutela. Evitar dizer “fumaça do bom direito” porque o termo “fumaça” não condiz com a prática jurídica, gerando muitas criticas a quem o usa.

III – Demonstrar que a decisão de Antecipação de Tutela pode ser revertida posteriormente (E) Possibilidade de se voltar ao “status quo ante”Neste ponto há que se observar a fungibilidade ou não da tutela antecipada, ou seja:Se uma cirurgia foi autorizada via antecipação de tutela, não há como se retornar ao estado anterior à cirurgia, esta, porém, será convertida em patrimonial, em ressarcimento ao plano de saúde caso o pedido do autor seja negado na sentença.Já um patrimônio histórico, por sua infungibilidade, por seu caráter histórico, se derrubado, por exemplo, não há como se retornar ao estado anterior e nem há valor patrimonial que substitua o caráter histórico deste patrimônio.

III – Preenchidas as condições: a ou b ou c:

a) Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (URGÊNCIA) (OU) Este conceito é semelhante ao “Periculum in mora” da Ação Cautelar Neste caso, o advogado deve ir diretamente ao magistrado e tratar com o mesmo.

b) Haja abuso do réu na defesa ou haja característico propósito protelatório pela defesa Neste caso a defesa demonstra apenas a intenção de querer ganhar tempo. Obs.: Este item tem que ser cuidadosamente avaliado, pois:Se a CF/88 garante a ampla defesa ao acusado, como pode o mesmo abusar ao usar seu direito de defesa? Se a defesa atua dentro dos prazos e formas legais, como pode estar protelando o processo?Ou seja, enquanto o réu usar de prazos e técnicas legais, não pode ser tido como abuso da defesa ou protelatório, apenas há que se dizer que está a exercer regularmente o seu direito.Já no caso de condenação do réu por litigância de má-fé, art. 17 CPC, há a possibilidade de se lançar desta condenação para provar que exista um abuso da defesa.A litigância de má-fé precisa ser sentenciada pelo juiz durante o processo para que possa ser usada como prova de abuso pela defesa. Esta sentença é uma sentença declaratória e também condenatória, pois se aplica ao litigante de má-fé multa indenizatória.

Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; 

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III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. § 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.§ 2o O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

c) Demonstrar a incontrovérsia de 1 ou mais pedidos ou de parte delesSomente com a resposta do réu, ou seja, na Contestação, é que será possível verificar se há ou não controvérsia dos pedidos. Se o réu não contrapor o pedido do autor, não há controvérsia (pode haver a confissão do réu ou a omissão, que levarão à incontrovérsia).Ainda que os documentos anexados pelo autor inequivocamente comprovem os fatos alegados, tem que se esperar a resposta do réu, pois os documentos apresentados podem ser falsos.Ex. dado pelo professor: Cliente que sofreu processo de execução on-line, tendo sua conta bloqueada. Decisão do juiz baseada em documento falso – contrato falso, apresentado pelo réu, sem a devida oitiva do autor.

Obs.: ASSUNTOS (SUGESTÕES) PARA MONOGRAFIA: 1) A inconstitucionalidade da execução on-line sem se dar a oportunidade de oitiva do réu.2) Eu: O Sistema PROJUD x o Descumprimento do Princípio da Publicidade e dos Prazos Legais 3) A Fungibilidade entre a Antecipação de Tutela e a Tutela Cautelar

§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. > O correto seria a inépcia da inicial.

Requisitos da Antecipação de Tutela nas Obrigações de FazerTambém deve preencher os requisitos dos itens I e II e III do art. 273 e ainda:

a) Demonstrar que o pedido é relevante (art. 461-A) = verossimilhança do art. 273b) Demonstrar a ineficácia da sentença posterior (art. 461) = art. 273, III, a

Considerações: A antecipação de tutela pode ser requerida a qualquer tempo e grau de jurisdição, ou seja, até no recurso pode constar um requerimento de antecipação de tutela. Pode a antecipação de tutela também ser revogada a qualquer tempo. A modificação e a revogação da tutela antecipada podem ocorrer a qualquer tempo. Há uma discricionariedade do Juiz na análise dos requisitos para a concessão ou não da antecipação de tutela. A antecipação de tutela é admitida tanto no procedimento ordinário, quanto sumário, quanto sumaríssimo.§ 3º, art.273 – CPC – A efetivação da tutela antecipada deve observar:§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588 (revogado), 475-O, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.

Art. 475 – O – Tutela antecipada em Obrigação de Pagar: Nas execuções de obrigação de pagar, se quiser tutela antecipada, tem que se apresentar caução (o autor), pela irreversibilidade do pagamento. Art. 461 – O juiz pode aplicar astreinte ao descumprimento de antecipação de tutela pelo réu:Multa diária para constranger o devedor a cumprir a tutela antecipada.Pode levar a crime de desobediência – descumprimento de decisão judicial.

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A Fungibilidade entre a Antecipação de Tutela e a Tutela Cautelar§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

O correto seria a inépcia da inicial, pela diferença dos dois instrumentos. Há uma resistência quanto à forma que esta fungibilidade é tratada pelo CPC. O § 3º, 273, ao pedir uma antecipação de tutela visando a satisfação de um pedido e o Juiz lhe aplica uma tutela cautelar dando-lhe um asseguramento do pedido, há controvérsia do que foi pedido. O autor que pede uma antecipação de tutela tendo na verdade direito a uma tutela cautelar e o juiz, embora o pedido seja divergente, dê ao autor a tutela cautelar, o juiz está, neste ponto, corrigindo uma falha do autor da ação, decidindo além do que foi pedido, deixando de ser imparcial.Ex. 1) Ação de alimentos – o autor pede tutela antecipada, querendo a satisfação antecipada do pedido, qual seja, antecipação do direito de recebimento (início) da pensão alimentícia.Ex. 2) Separação judicial de um casal com certa animosidade e discutem a partilha de bens. A mulher chama o marido de cachorro, diz que vai quebrar o microondas que a princípio ficaria com ele. O marido contrata um advogado e diz ao mesmo que precisa de uma decisão cautelar visando o asseguramento de que, quando ocorrer a partilha, o microondas será seu. O autor aqui quer ter a certeza de que, quando a decisão for proferida, ele obterá a efetividade na decisão. Muitos advogados hoje pedem errado: pedem tutela cautelar quando deveria ser tutela antecipada e vice-versa.

Equívocos permitidos a partir do § 3º, 273 – CPC:

1) Se você pede algo na Petição inicial e recebe outra coisa pela decisão do juiz, há uma sentença “extra petita”, além do que foi pedido. O Juiz tem que se ater ao que foi pedido, este é o correto, senão haverá o desrespeito ao Princípio da Congruência.

O princípio da correlação ou da congruência consiste naquele que informa o sistema processual de que a sentença deve estar estritamente relacionada ao pedido pela parte, não podendo o magistrado proferir um julgado sem uma efetiva "ponte" com o pedido. Parece até óbvio a existência de tal norma principiológica; ao autor será entregue aquilo que é objeto de sua pretensão, pela concessão e reconhecimento do órgão jurisdicional.

2) O Juiz, ao decidir pela tutela cautelar quando na verdade o que foi pedido foi a tutela antecipada, sem ao menos ouvir o autor e o réu, está violando o princípio do Contraditório.

Contraditório nada mais é do que o conjunto de atividades desenvolvidas pelos sujeitos do processo, reveladoras da existência de diálogo efetivo entre eles, visando à correta formação do provimento jurisdicional. A participação das partes é fundamental para conferir legitimidade à tutela, pois significa que a elas foi assegurado o poder de influir no convencimento do juiz.

3) O procedimento necessário para a obtenção da Tutela Cautelar exigido documento separado da Petição Inicial. Já em caso de Antecipação de Tutela, esta pode ser requerida no próprio pedido da Petição Inicial, o que leva à incongruência das formas de uso destes instrumentos.

Diferenças entre Antecipação de Tutela e Tutela CautelarANTECIPAÇÃO DE TUTELA TUTELA CAUTELAR

Visa a satisfação antecipada do pedidoÈ uma espécie do gênero da Tutela de urgênciaPode ser feita na própria petição inicial

Visa o asseguramento do pedidoÉ outra espécie da Tutela de urgênciaRequer outro documento, não pode ser na Petição Inicial.

( ) Matéria retirada da Internet :

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A TUTELA ESPECÍFICA COMO MEIO DE EFICÁCIA PROCESSUAL.

A demora na prestação jurisdicional se constitui em um verdadeiro óbice a efetivação da justiça, juntamente com a prestação imperfeita, a qual veio ser atenuada com a previsão da tutela específica.

O instrumento do direito, que é o processo, só atingirá o seu desiderato de justiça, quando o cidadão constatar que seus conflitos efetivamente estão sendo solucionados, tendo em vista que, em nome da paz social, estes mesmos cidadãos conferiram ao Estado o poder-dever de dirimi-los.

A adoção da Tutela Específica gerada na Reforma Processual de 1994 veio a suprir, em parte, a deficiência da ineficácia jurisdicional, à proporção que busca dar ao cidadão aquilo e somente aquilo que lhe é devido, tirando o direito do plano genérico-abstrato da norma e inserindo-o especificadamente ao caso concreto, garantindo-lhe a mesma coisa que seria obtida pelo adimplemento voluntário, enfatizando o cunho da substitutividade processual em função do cumprimento da obrigação in natura. Assim, assegura a prestação judicial em sua integralidade e não apenas parte dela, que seria prestada em caso de conversão pecuniária de perdas e danos.

A NOVA TENDÊNCIA DA SENTENÇA AUTO-EXECUTÁVEL EM RELAÇÃO À TUTELA ESPECÍFICA

A nova tendência processual visa desburocratizar o processo para que se atinjam resultados mais céleres, menos dispendiosos e mais efetivos, para tanto, muitas vezes, buscam-se as chamadas Ações Executivas lato senso, que contém sentenças auto-executáveis, não obstante sejam provenientes de processos de conhecimento de natureza condenatória.

As sentenças auto-executáveis consistem em sentenças condenatórias que, no próprio bojo da ação de conhecimento, fazem emergir um comando executório, poupando a parte do trabalho de ingressar em juízo duas vezes, pois, a um só tempo, há uma mescla de processo de conhecimento e executivo em uma perfeita sincronia de economia processual e instrumentalidade das formas.

Exemplos clássicos desse tipo de sentença são as ações possessórias e a ação de despejo. Em relação ao tema tratado, que é a tutela específica, a força inovadora do artigo 461 do CPC está em garantir o efeito auto-executório ao próprio contrato da obrigação de fazer ou não fazer e não só quando tais obrigações forem provenientes de sentenças judiciais.

É bem verdade que o artigo 632 do CPC ao tratar das obrigações de fazer e não fazer determina, desde logo, o seu cumprimento, sendo que tal artigo se utiliza da seguinte expressão: “ o

devedor será citado para cumprir o julgado...”. Fazendo com que a jurisprudência relutasse em aplicá-la aos contratos diretamente, exigindo que o credor, apesar de munido com o contrato, tivesse que primeiro obter a sentença condenatória para, só então, se valer da execução, consistindo em um entrave a efetividade jurisdicional.

Tal entendimento, hoje superado, em virtude da inovação tratada, está bem retratado no seguinte julgado do desembargador Leão Neto do Carmo 1

“ O interessado na obtenção do contrato definitivo não pode executar diretamente o instrumento dele como se fora título executivo extra judicial. Deve, primeiramente, obter sentença em processo de conhecimento.”

Com o advento do artigo 461 do CPC, que sabiamente está inserido na parte do Código que trata da sentença, o julgador auto-executa a tutela específica ou o seu resultado prático equivalente a partir do próprio contrato, em caso de pedido condenatório, independentemente de prévia sentença judicial e posterior processo executivo, mesmo não figurando o contrato na restrita relação dos títulos extrajudiciais.

Ovídio Batista da Silva entende que a ação tratada no artigo 461 do CPC tem natureza

1 RT 583/211ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 42

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executiva2, ao contrário da maioria dos doutrinadores que a consideram ação condenatória com a peculiaridade de ter efeitos auto-executáveis, os quais garantem maior efetividade, fugindo do tradicional processo de conhecimento, pois em uma só ação há um misto de condenação e execução.

É de bom alvitre ressaltar que o artigo em comento não revogou o artigo 645 e seguintes do CPC, pois estes dizem respeito ao tradicional processo de execução das obrigações de fazer e não fazer, tendo por objeto títulos extra judiciais ou sentenças condenatórias com trânsito em julgado, ao passo que o objeto da ação prevista no artigo 461 do CPC são contratos, para que, a partir deles, na própria sentença condenatória, surtam efeitos executivos latu senso, de modo a satisfazer coativamente o objetivo pleiteado independentemente de posterior processo de execução. De modo que mesmo em vigor, o artigo 645 do CPC teve seu conteúdo mais esvaziado, por se ter a possibilidade de obter a execução próprio bojo do processo de conhecimento, que abandonando a linha tradicional de oferecer tão somente a sentença de mérito, além de garanti-la também põe em prática a sua determinação, assegurando mais do que nunca a instrumentalidade processual.

INCIDÊNCIA DA TUTELA ESPECÍFICA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER

As obrigações nascem do acordo de vontade, do ato ilícito ou da declaração unilateral de vontade e o seu modo natural de extinção é o adimplemento, que é o ato pelo qual o devedor cumpre voluntariamente a prestação estabelecida e com isso é liberado do vínculo obrigacional que travara anteriormente.

Acontece, que em alguns casos, o adimplemento voluntário não ocorre, o devedor simplesmente se nega a prestá-lo, fazendo surgir para o Estado Juiz, por intermédio da demanda proposta pelo credor contratual, o dever de compelir o devedor ao pagamento, por força do poder coercitivo que lhe é inerente.

As obrigações de fazer tanto podem ser positivas, no caso em que a prestação do devedor consiste em fazer algo em benefício do credor, como também podem ser de caráter negativo, tendo o devedor que se abster de efetuá-la, abrangendo-se também os atos de permissão ou tolerância.

As obrigações de fazer positiva se subdividem em fungíveis ou infungíveis. As primeiras são aquelas em que a obligatio faciendi podem ser executadas tanto pelo devedor como por terceira pessoa, são de cunho substituíveis em relação ao sujeito que irá levá-las a cabo, as infungíveis, ao contrário, compreendem as intuito personae, que ficam na dependência das aptidões inerentes ao devedor, sendo insubstituíveis. Tendo-se como exemplo da primeira a construção de um muro e da segunda a escultura de um artista famoso.

Como sabemos, toda responsabilidade civil, em regra, é real, por mais que diga respeito a obrigações pessoais, isso porque a pessoa do devedor não poderá ser atingida para o pagamento de suas dívidas, a menos nos excepcionais casos de prisão civil por dívidas previstos estritamente na Constituição Federal. Em função disto, o Estado fica impossibilitado de penetrar na autonomia da vontade do devedor e de obrigá-lo através da força física a cumprir o que lhe cabe. Esta exegese dificulta muito para o Estado executar especificamente as obrigações de fazer infungíveis, mas não o impossibilita, pois na ótica de Candido Rangel Dinamarco, a interpretação dada ao artigo 461 do CPC deverá ser a mais ampla possível3.

Considera-se escorreito o posicionamento que, na busca da efetividade processual, interpreta extensivamente o instituto da tutela específica, abarcando não só as obrigações fungíveis como também as infungíveis.

Valendo ressaltar que em casos de obrigações infungíveis não se pode considerar a regulamentação legal em sua integralidade, tendo em vista a natureza insubstituível da prestação, como por exemplo, não se vislumbra a possibilidade de aplicação “do resultado prático equivalente” expresso, de modo subsidiário, no artigo 461 do CPC. Até porque, como por exemplo, no caso de Picasso, caso ainda fosse vivo, tivesse se comprometido a pintar um quadro e injustificadamente se recusasse a fazê-lo, qual seria o resultado prático equivalente? Será que a contratação de outro artista famoso, as suas

2 SILVA, Ovídio Batista da. Curso de Processo Civil. São Paulo: RT, 2000, v. I. 388p.3 DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma no Código de Processo Civil. São Paulo: Malheiros editora

LTDA, 1998, 2ª edição. 288p.ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 43

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expensas, iria suprir as expectativas do credor a ponto de corresponder ao resultado prático equivalente? Ao meu entender, nestes casos seria incabível a solução legal subsidiária, de modo a ser possível tão somente o meio coercitivo da imposição da multa por dia de atraso de modo a desestimulá-lo ao inadimplemento, e, em caso de relutância, a conversão em perdas e danos seria inevitável tendo em vista o cunho insubstituível da prestação.

Já a imposição das astreintes, conforme mencionado, seria cabível tanto nas obrigações fungíveis como infungíveis das obrigações de fazer e não fazer.

A multa referida tem origem francesa e traduzida para o português significa constrição, tendo como finalidade compelir o devedor ao adimplemento, já que quanto mais atrasar maior será o valor da multa, porque ela deverá ser estabelecida por dia de atraso.

Valendo-se ressaltar que o objetivo visado é o cumprimento da obrigação dentro do prazo estabelecido pelo juiz e não o pagamento da multa, este só será devido na ocorrência de atraso ou de não pagamento. Fazendo-se uma comparação com o devedor inadimplente nas obrigações alimentícias, poder-se-ia afirmar que o intuito coercitivo da prisão é o mesmo existente na cominação de multa por dia de atraso nas obrigações de fazer, de modo que o inadimplente em prestação alimentícia ao pagar a obrigação será posto em liberdade, do mesmo modo que a astreinte não mais incidirá quando o devedor cumprir a obrigação de fazer que lhe cabe, devendo ser pago o valor da multa referente apenas aos dias de atraso.

Na designação de Liebman o termo astreinte significa o seguinte4:“a condenação pecuniária proferida em razão de tanto por dia de atraso(ou qualquer outra unidade de tempo, conforme as circunstâncias), destinada a obter do devedor o cumprimento de obrigação de fazer pela ameaça de uma pena suscetível de aumentar indefinidamente. Caracteriza-se astreinte pelo exagero da quantia em que se faz a condenação que não corresponde ao prejuízo real causado ao credor pelo inadimplemento, nem depende da existência de tal prejuízo. É antes uma pena por caráter cominatório para o caso em que o obrigado não cumprir a obrigação no prazo fixado pelo juiz.”

No nosso sistema, o valor da multa poderá ser cumulado com perdas e danos, isto porque a natureza coercitiva da multa, difere da natureza jurídica das perdas e danos que é compensatória, podendo ambas coexistir; da mesma forma que também será devida em caso de mora no adimplemento, ocasião

que além do cumprimento da obrigação de fazer o devedor retardatário, cumulativamente, também deverá pagar a multa pelos dias que atrasar.

Mas, caso não seja alcançada a finalidade de forçar o devedor relutante ao pagamento coercitivo, a conversão será inevitável, não podendo a multa incidir infinitamente ao talante do credor, que poderia se valer do inadimplemento como fonte de enriquecimento sem causa, de modo que nesse caso, o juiz poderá, inclusive, reduzir o seu valor, da mesma forma que poderá diminuí-lo caso considere exorbitante o fixado no contrato; tendo também poderes de fixá-las ex oficio, na ocasião das partes contratantes não as ter previsto.

Concluindo-se que o instituto em comento valerá tanto para obrigações de fazer fungíveis como infungíveis, sendo que neste ultimo caso, dever-se-á atentar para suas peculiaridades que não permitem a incidência de todas as soluções previstas na lei, não obstante devam-se aplicar os meios com elas inerentes para uma maior eficácia processual.

4. ANÁLISE DO INSTITUTO NO CPC

O instituto da tutela específica, nada mais é do que o resgate finalístico do processo de fazer atuar o que a norma material estabelece, de modo a respeitar ao máximo o direito do credor, proporcionando-lhe a efetivação da obrigação que lhe é devida, do mesmo modo que ela seria obtida se não fosse necessário recorrer às vias judiciais. Sendo o modo mais eficaz do Estado substituir o

4 LIEBMAN, Enrico Túllio. Manual de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Editora Forense,1985, 2ª edição. 376p.

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inadimplemento do devedor recalcitrante e satisfazer o direito do credorA tutela in natura é a busca de praticar os ensinamentos de Chiovenda que afirmou a meta

processual com as seguintes palavras5:“o processo deve dar, enquanto praticamente possível, a quem tem um direito, tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem direito de conseguir, isto é, o optimum da funcionalidade da execução consiste no assegurar ao titular do direito o mesmo bem que ele teria conseguido se inexistisse o fato antijurídico cuja remoção postula.”

É justamente com este intuito, que a reforma editou nova redação ao artigo 461 do CPC, determinando que, em regra, em primeiro lugar, deve-se conceder a tutela de forma específica, em segundo lugar, de forma subsidiária, em casos de obrigações substituíveis, o resultado prático equivalente deverá ser perseguido e, tão somente, em casos excepcionais, quando não for possível nenhuma das opções anteriores é que se converterá em perdas e danos, bem como quando este for o desejo do autor.

Para conseguir a efetivação da tutela específica o julgador é aparelhado por diversos instrumentos, dentre eles as astreintes, já comentadas anteriormente, que deverão compelir o devedor ao adimplemento; caso este método não surta efeitos, o juiz poderá buscar o resultado prático equivalente, em relação às obrigações substituíveis, para tanto o parágrafo quinto do artigo 461 do CPC elenca, em caráter exemplificativo, um rol de medidas cautelares, que poderão ser concedidas tanto de ofício como atendendo ao pedido da parte, consistentes em busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividades nocivas e até reforço policial, além de outras, que diante da impossibilidade de previsão de todas as necessidades fáticas, o legislador deixou ao talante do juiz tendo em vista os reclamos do momento. De forma que a conversão em perdas e danos só deverá vir à tona depois de tentados todos esses instrumentos legais, além da possibilidade de antecipação de tutela, que será tratada posteriormente.

A determinação legal é mais do que justa, porque, na prática, percebia-se como regra a conversão em perdas e danos, com o conseqüente processo de execução por quantia certa que lhe é inerente, juntamente com todos os seus entraves, como a penhora, arrematação, embargos e muitos outros obstáculos ao pagamento opostos pelo devedor no curso processual, e como se não bastasse, no final da ação, mesmo com ganho de causa, o valor atribuído não correspondia, diante da economia instável em que vivemos, nem a metade do que realmente era devido. Isto, sem se falar no fato de que quando uma

pessoa contrata uma obrigação específica, ela está interessada na execução dessa determinada prestação e não no seu correspondente valor em pecúnia, a satisfação está intimamente relacionada com a execução in natura. E a função jurisdicional nada mais é do que a forma de se obter o que se tem direito e não se alcançou espontaneamente.

O parágrafo terceiro do artigo 461 do CPC autoriza a emissão de mandado para execução específica e provisória da tutela de mérito ou de seus efeitos, consistindo tal determinação em medida antecipatória da tutela em relação às obrigações de fazer e não fazer, regulamentada de modo diferenciado em relação aos demais tipos de obrigações, que estão abarcadas genericamente no artigo 273 do CPC.

Para a concessão de tutela antecipada na tutela específica, fazem-se necessários dois requisitos a saber: o relevante fundamento da demanda, que é o “ fumus boni juris” e a existência de justificável receio de ineficácia do provimento final, no caso o “ periculum in mora”. Ao se comparar com os requisitos encartados no artigo 273 do CPC, facilmente se percebe que a lei não foi tão exigente ao possibilitar a antecipação de tutela nas obrigações de fazer como o foi ao prevê-la para as demais obrigações, pois para estas, além dos dois requisitos já explicitados, exigem-se também a prova inequívoca, o convencimento do juiz a cerca da verossimilhança da alegação e o abuso do direito de defesa do réu (de modo alternativo com o periculum in mora). A finalidade de facilitar a medida antecipatória da tutela em relação às obrigações de fazer tem como justificativa o fato do perigo da demora ser, na grande maioria dos casos de obrigação de fazer, um obstáculo irremediável a efetivação do que realmente é devido, podendo o objeto da prestação perecer ou tomar outro rumo que dificulte a obtenção da justiça, de forma que o legislador teve por bem fazer menos exigências para a concessão de

5 APUD: DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. “A execução específica e os interesses metaindividuais”. Revista dos Tribunais. 1995. n.º 712. p. 25-32.

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antecipação de tutela específica. A concessão da medida antecipatória poderá ser inaldita altera parte ou, caso o juiz entenda

necessário, depois de verificada a justificação prévia. Em caso de concessão inaldita altera parte existe uma postergação ao direito do réu de contraditar e de se defender, a qual deverá ser concedida quando a urgência for de tal ordem que não se possa esperar a citação e resposta do réu ou quando a citação possa tornar ineficaz a medida.

A execução stricto sensu da decisão antecipatória da tutela específica deverá ser imediata. Em caso de improcedência do pedido e conseqüente modificação da medida concedida, dever-se-á, em primeiro lugar, tentar a restituição das coisas ao estado quo ante, para, só então, resolver-se em perdas e danos. Isto porque a prestação in natura deverá ser perseguida em qualquer direção, seja em favor do autor, seja em favor do réu. Da mesma forma, caso haja modificação no panorama fático ensejador da medida, a mesma poderá ser revogada, tendo em vista ser regida pela máxima rebus sic stantibus, de modo que só continuará a existir enquanto houver motivo que a respalde.

CONCLUSÃO

Com a breve explanação a respeito desse novo instituto podemos perceber que o juiz está bem mais equipado para proporcionar ao titular do direito o gozo daquilo que realmente lhe é devido, tendo em vista inúmeros benefícios trazidos pela Tutela Específica, tais como:celeridade, pela simplificação do seu procedimento e pela sentença auto-executável, sem a necessidade do processo de execução por quantia certa com todos os seus entraves; maior justiça, tendo em vista a prestação jurisdicional completa, por garantir a parte aquilo e somente aquilo que ela tem direito, tal qual seria prestado no adimplemento direto e voluntário; menos dispendioso, por gastar menos tempo, menos atos processuais, utilizando-se de um único processo que por si só definirá o direito e o colocará em prática enaltece os princípios da economia processual e da instrumentalidade das formas, assegurando efetividade.

A boa atuação do direito será atingida quando conseguirmos explorar ao máximo a instrumentalidade do processo, de modo a tirar a lei do plano abstrato e inseri-la aos fatos ocorridos no cotidiano da sociedade, já que o direito é, acima de tudo, vida em evolução, que deve corresponder aos clamores da sociedade. Sendo a Tutela específica uma forma de atingir este desiderato por garantir a parte o que lhe cabe, de forma integral. BIBLIOGRAFIA

DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. “A execução específica e os interesses metaindividuais”. Revista dos Tribunais, ano 1995, nº 712, p. 25-32.DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma do Código de Processo Civil. São Paulo-SP: Malheiros editora LTDA, 1998, 2ª edição. GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Teoria Geral do Processo. São Paulo-SP: . Malheiros editora Ltda, 1994, 10ª edição. LIEBMAN, Enrico Túllio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1985, vol I, 2ª edição.NERY JÚNIOR, Nelson e outros. Código de Processo Civil comentado. São Paulo-SP: Revista dos Tribunais, 2001, 5ª edição. SANTOS, Antônio Jeová da Silva. A tutela antecipada e execução específica. Campinas-SP: Copola Livros..SILVA, Ovídio Batista da. Curso de Processo Civil. São Paulo-SP: Revista dos Tribunais, 2000, vol. I. WANBIER, Luiz Rodrigues e outros. Curso Avançado de Processo Civil. São Paulo-SP: Revista dos Tribunais, 2000, vol. I, 3ª edição.

Aula 11/03/09

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3. O “despacho” inicial ou liminar

Distribuição da Petição Inicial Exigência Princípios regentes e observância Espécies de Distribuição

Atitudes do Juízo em Face da Petição Inicial Emenda da Petição Inicial Indeferimento da Petição Inicial Julgamento, de plano, do pedido pela improcedência

A partir da propositura da ação é que se obterão efeitos jurídicos no campo fático.

A Petição inicial pode ser levada a Juízo por 2 atos: Ou por distribuição – art. 251, CPC Ou por despacho do juiz

A distribuição da Petição inicial será necessária (e, consequentemente, obrigatória) somente quando existir mais de 1 juízo (mais de 1 órgão jurisdicional).

CAPÍTULO VIDE OUTROS ATOS PROCESSUAIS

Seção I - Da Distribuição e do Registro

Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivão.

A distribuição da petição inicial é orientada por 3 princípios:I – Princípio da Alternatividade (alternar órgãos para que o princípio da Igualdade seja observado);II – Princípio da PublicidadeIII – Princípio da Igualdade

Em regra, a distribuição é regida por estes 3 princípios.Princípio da Igualdade – não seria adequado um órgão sobrecarregado de procedimentos em trâmite e outro órgão sem qualquer procedimento em trâmite.Distribuição por dependência – duas ou mais petições iniciais distribuídas a um mesmo órgão.Princípio da Publicidade – possibilidade de fiscalizar a distribuição; direito de comparecer ao setor de distribuição e verificar se ocorreu a distribuição com base nos 2 princípios (alternatividade e igualdade). Com a informatização dos procedimentos, ficou mais difícil burlar estes princípios que regem a distribuição da PI.É dever do magistrado velar pela manutenção dos 3 princípios e, uma vez não observados os mesmos, pode o juiz, de ofício, determinar a correção.O autor pode também levar ao Juiz a inobservância aos 3 princípios.

Quando você for fazer a distribuição deve:Observar o “PREPARO” – preparo é o pagamento das custas processuais, baseado e considerando o valor da causa;O CPC informa que o autor tem 30 dias para preparar a ação (pagar o valor das custas – art. 257) e comprovar nos autos este pagamento.Em MG, este artigo não vem sendo cumprido – na hora da distribuição, o autor já tem que comprovar o “preparo”, que pagou as custas iniciais (não aplicabilidade fática do art. 257 CPC).

( ) O prof. Perguntou a um magistrado de MG sob qual argumento não se cumpria o art. 257 do CPC e a resposta foi: “ O CPC pode dizer o que quiser, quem manda aqui somos nós.( ) Ato inconstitucional, visto que a CF prediz que somente lei federal pode legislar sobre norma processual (CF – art. 22, I), não sendo válido os regulamentos internos dos tribunais.

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CPCArt. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for preparado no cartório em que deu entrada.

CF/88Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Sugestão do prof.: Na prática, você deve juntar mais uma folha em branco na última página da petição inicial e colar a guia paga, comprovando o “preparo” da ação.

Art. 254 CPC – Deve-se juntar a procuração (dada ao advogado – mandato) na Petição Inicial.

São 3 as hipóteses em que a Procuração (instrumento do mandato) não precisa ser anexada aos autos da PI, conforme o art. 254.

Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do mandato, salvo:I - se o requerente postular em causa própria;II - se a procuração estiver junta aos autos principais;III - no caso previsto no art. 37.

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogáveis até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.

Espécies de Distribuição:

Em regra: AUTÔNOMAEx.:

“ Exmo. Juiz _________________________, da Vara ________, de Belo Horizonte.”

(Aqui não se sabe quem é o Juiz e nem qual a Vara será distribuída.)

Por Dependência – neste caso já se tem notícia de qual é o órgão jurisdicional que está responsável na distribuição da Petição inicial. Ex.: ”Exmo. Juiz da 10ª. Vara de Família de Belo Horizonte.”

Na Petição Inicial, mencionar a distribuição por dependência aos autos nº X (antes da qualificação do autor, réu, etc.). Os autos distribuídos por dependência são amarrados (corda), “apensados” aos autos principais. A distribuição por dependência requer o apensamento dos autos atuais com os que já se encerraram ou que estão em tramitação.Lei 11.419 – determinou a informatização do procedimento judicial. O programa judicial (PROJUD) tem links para os procedimentos em apenso. Tal lei demanda aprofundamento de estudos, pois tal informatização, da forma em que se encontra, tem gerado problemas no acesso à informação, prejudicando o princípio da publicidade.Via eletrônica, os arquivamentos de armas e outras provas se dão de forma específica, constando, porém, certidão eletrônica com referência a tais provas.

Todas as hipóteses que não se encaixam nas 3 situações da distribuição por dependência, serão distribuições autônomas.

Art. 253 – Distribuição por dependência

Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza:

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

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II - quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;Este inciso visa evitar que o advogado leve a Petição Inicial à distribuição, tome conhecimento para onde foi distribuído seu procedimento e desiste, interessadamente em alterar o juízo, do procedimento, por saber o posicionamento do juízo sobre determinado assunto.Alguns advogados levavam até 2 Petições Iniciais, a primeira, se cair em juízo contrário ao seu interesse, desistia da ação.

Com este inciso, agora, se a PI for distribuída e por qualquer motivo for extinto o procedimento, a 2ª Petição inicial (ou próxima) será distribuída por dependência para o juízo anterior (da 1ª distribuição feita). Com esta modificação, feita em 2006, ficou mais difícil burlar a distribuição.

III -  quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento;

NÃO SE TRATA AQUI DE LITISPENDÊNCIA, o que seria um pressuposto negativo da ação. O CPC se equivocou com o uso da terminologia, as ações idênticas a que o CPC se refere neste artigo são aquelas com PEDIDO IDÊNTICO.

Parágrafo único. Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.

DISCUSSÃO PARA PÓS-GRADUAÇÃO:

Não seria a distribuição por dependência propriamente uma distribuição, pois já se sabe qual é o juízo.

Atos decorridos da propositura da ação via petição inicial:

1) Na capa dos autos preencher os campos com:Nº da vara,nº do procedimento, tipo de procedimento, nome do autor, do réu e do(s) advogado(s);

2) Ato da numeração das folhas;

3) Envio dos autos ao Juiz (Magistrado);

4) O Juiz, recebendo os autos, deve agir. É o impulso oficial.

São 4 as atitudes que podem ser adotadas pelo Juiz:I – despacho solicitando a emenda da Petição Inicial – PRAZO DE 10 DIAS;II – indeferimento da Petição inicial;III – julgamento, de plano, do pedido, pela improcedência;IV – despacho solicitando a citação do réu.3.1. A emenda da petição inicial

Art. 284 – CPCArt. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282(requisitos da PI- juízo, nomes, fatos, direito, etc.) e 283 (documentos indispensáveis – representação, capacidade postulatória), ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Sendo os requisitos dos artigos 282 e 283 “sanáveis”, não há imediato indeferimento da petição inicial por inércia, e, sim, a determinação pelo juiz de prazo de 10 dias para emenda pelo autor visando sanar o vício. Se, porém, dentro deste prazo, o autor não proceder com a emenda devida, o juiz determinará a extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da petição inicial.

Considerações sobre a Emenda da Petição InicialConsiderar a exigência da Lei 11.419/06, em seu art. 15, exigindo o CPF ou CNPJ e

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o art. 284 – CPC (de 1973) – requisitos do art. 282 e 283.

Se o vício ocorrer nos quesitos do art. 267, tratar-se-á de vício “insanável”, não havendo o que emendar.Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação;IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;XI - nos demais casos prescritos neste Código.§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no

III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

Exs.: Não indicar o nº do apartamento, o nome do bairro – trata-se de vício sanável em 10 dias; Réu não legitimado – ilegitimidade passiva – vício insanável.

Regra especial:Se o requisito que faltar for do art. 39, I (endereço do advogado para intimações), o prazo para a emenda não é de 10 dias (regra geral afastada) e, sim, de 48 horas (regra específica prevalece sobre a regra geral).Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no no II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos.

O princípio que informa que a Petição Inicial possa ser emendada quando se tratar de vício sanável é o Princípio da Instrumentalidade das Formas. Vencido o prazo para a emenda e não tendo atuado o autor neste sentido, aplicar-se-á o art. 295, indeferindo o juiz a petição inicial.

3.2. O indeferimento da petição inicialArt. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; PRESSUPOSTO PROCESSUAL II - quando a parte for manifestamente ilegítima;  CONDIÇÃO DA AÇÃOIII - quando o autor carecer de interesse processual; CONDIÇÃO DA AÇÃOIV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);   V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;  Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:  I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

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III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

Observações sobre o art. 267:Nos incisos I, II e III, ocorrerá a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo-se instaurar novo procedimento (coisa julgada formal).O inciso IV levará à extinção do processo com resolução do mérito (coisa julgada material).O inciso V é um exemplo da aplicação do Princípio da Instrumentalidade das Formas.Atenção No procedimento Sumário não há prazo para emenda.

Observações sobre a Prescrição e Decadência: O CPC autoriza o juiz, de ofício, declarar a prescrição e decadência. No Direito Civil, a prescrição é inserida na espécie da OBRIGAÇÃO. Uma vez prescrito o direito de cobrança via judiciário do cumprimento de uma obrigação, permanece, mesmo não tutelada pelo Estado, o direito de quitar a obrigação pelo devedor. A obrigação ainda existe, somente não possui mais o direito de ação (não mais poderá demandar a tutela do Estado no julgamento do mérito com efeito coercitivo). A Decadência convencional é motivo que pode ser renunciada pelas partes. Desta afirmação nasce um questionamento:“ Se o Juiz, de ofício, determina a Prescrição e Decadência, sem ouvir as partes, ele estará violando o Código Civil e o Princípio do Contraditório ?” O entendimento é que sim, pois deve o juiz, primeiramente, ouvir a parte a quem aproveita a prescrição ou decadência, para depois decretar a mesma, se for o caso, pois a quem aproveita tal instrumento processual pode ocorrer o não uso deste direito, preservando-se o seu interesse em cumprir com a obrigação devida.

Art. 219, § 5º - Autoriza a declaração de ofício, pelo juiz, da prescrição.Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.  

Art. 295, § único – Quando a Petição Inicial será Inepta ? (COBRADO EM PROVAS)Somente quando se relacionar ao pedido ou à causa de pedir. Não há inépcia da petição inicial fora da causa de pedir e pedido. Se não é pedido e causa de pedir o problema, não será inépcia.

Art. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; PRESSUPOSTO PROCESSUAL Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:  I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; CAUSA DE PEDIR x PEDIDO divergemIII - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Aula 13/03/093. Julgamento do Pedido, de plano, pela improcedência4. Citação

.1 – Conceito

.2 – Citação e Intimação

.3 – Citação e formação do Processo no CPC

.4 – Citação Válida e vício na Citação

.5 – Citação e Comparecimento espontâneo

.6 – Citação e seus efeitos

.7 – Local da Citação

.8 – Hipóteses em que a citação é vedada

.9 – Citação pessoal e exceções

ASSUNTO PARA MONOGRAFIA:

3.3. O julgamento do pedido inicial, de plano, pela improcedênciaESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 51

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Art. 285 – A - Julgamento do pedido, de plano, pela improcedência.Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)

Trata-se de artigo trazido pela Emenda constitucional 45, de 2006, baseado no argumento de que estaria apurado faticamente a ausência de condições de o Judiciário dar efetividade aos procedimentos. Visa tal artigo, portanto, dar maior efetividade ao CPC.A partir da EC/45, novas técnicas foram trazidas para o direito brasileiro. Para o professor, este é um dos artigos mais questionáveis do CPC.Para o art. 285-A:

é possível que o Juiz sentencie sem sequer citar o réu; o pedido vai ser analisado no mérito (quanto a sua procedência ou improcedência), mesmo sem que o réu tenha conhecimento, por si, da ação.

2 são os requisitos para a aplicação do artigo 285-A (caput):I – quando a matéria controvertida for unicamente de Direito;II – quando já existir, naquele juízo, outros casos idênticos e a sentença negue a pretensão do autor;

Com base neste artigo e uma vez preenchidos estes 2 requisitos, o seu pedido será julgado pelo juiz no início, com sentença contrária, negando a pretensão do autor.

Este artigo traz problemas teóricos graves: Prejuízo para o autor e não para o réu – quem arca com as conseqüências do pedido é o autor; Ausência de contraditório; Ausência de ampla defesa; Analogia à aplicação de súmula vinculante – formatação de decisões; Presença de Cláusulas gerais que permitem uma Interpretação aberta (semelhança com os elementos normativos do Direito penal) – o que é matéria unicamente de Direito? Será que existe isto? Será que os fatos não se entretecem com o Direito (Substanciação) ? A doutrina diz que a matéria exclusivamente de Direito é aquela que não precisa de provas. Expressão “Casos Idênticos” – aqui está tratando de litispendência, coisa julgada? Estes 2 casos não atingem o mérito como ocorre na decisão de improcedência do pedido. Só há uma identidade de ações quando houver a igualdade das partes, da causa de pedir e do pedido. A sentença não é construída com a participação das partes, há uma cópia do contraditório e sentença de outra ação, outro caso concreto, outras partes. A aplicação do princípio da persuasão racional dá ao juiz o poder discricionário de não estar vinculado às decisões de fora, ainda que sejam do STF (exceto súmula vinculante).CPC x CF/88 - dá ao juiz o poder de preencher estes conceitos sem participação das partes. O termo “pode” do art. 285-A é entendido pela jurisprudência como uma “faculdade” do juiz, não é obrigado. Pelo art. 285-A, o autor não é ouvido antes da sentença ser proferida. Não tem o autor a oportunidade de contrapor o entendimento do juiz e provar que não se trata apenas de matéria de direito. Não pode o autor, neste caso, afastar os requisitos do 285, faltando-lhe o direito de se pronunciar antes da sentença ser proferida (ausência de contraditório e ampla defesa para o autor). Se o juiz quiser julgar pela improcedência, que julgue, mas que ouça antes o autor. Como é que se permite que, em busca da obtenção de efetividade dos procedimentos, se afaste o contraditório, ampla defesa e isonomia? Numa ponderação de valores e aplicação do princípio da proporcionalidade, o afastamento destes direitos ofende em grau maior as partes. Cabe recurso (apelação) a esta sentença que declara a improcedência do pedido. Neste caso: O juiz pode voltar atrás e determinar a citação do réu.

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O juiz pode não voltar atrás e citar o réu para apresentar atos de contestação contra-recurso. Só que, se assim for, a contestação é ato do processo de conhecimento e não do recurso.O juiz estará chamando o réu para contestar em um recurso e não em um processo de conhecimento.Ora, segundo o CPC, a PI deve ser distribuída ou despachada e, neste momento, é que se considera proposta a ação (art. 263). A partir da distribuição ou despacho, ou seja, da propositura da ação, cria-se um vínculo entre autor e Juiz, mas a relação com o réu só ocorrerá a partir da citação válida. Só aí a relação jurídica, ou seja, o processo se instaura no CPC. Logo, pelo art. 285-A, o processo é extinto sem sequer ser formado, porque não houve citação válida. Para que tenhamos Processo no CPC, é necessário se ter citação, o que não ocorre no art. 285-A.Existe hoje em andamento uma ADIN para o art. 285-A (ausência de contraditório para o autor), havendo um conseqüente afastamento do “devido processo legal” .Existem amicus curiae envolvidos nesta ADIN (o prof. Luiz Rodrigues Vambier é a favor deste artigo). Este artigo foi um projeto introduzido pelo IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual).

Obs.: Existe o contraditório no recurso, tanto para autor quanto para réu, através da apresentação das contra-razões. O prazo é de 15 dias.

Decidir de plano = de logo, de imediato, na 1ª oportunidade. Não quer dizer “de forma abrupta”, inesperada, sem tempo do respiro.

Alguns juízes, ao decidir, pegam a súmula e julgam de acordo com ela. Se houver apelação, o Tribunal verifica que a decisão do juiz está de acordo com entendimento do Tribunal e que foi sumulado, indeferindo a apelação. Logo, mesmo com recurso (apelação) não se consegue em sua maioria mudar este entendimento, porque estaria conflitando com a súmula.

Citação – Arts. 213 e seguintes( ) Verbete do Dicionário

SOIBELMAN. Enciclopédia Jurídica. Dicionário Digital. 2008.

Citação. (direito processual civil)

   É o chamamento de alguém a juízo para defender-se de uma ação. É o ato maís importante de um processo, mais importante mesmo que a sentença, porque sem ele aquela é nula. A citação tem os seguintes efeitos: torna a coisa litigiosa, interrompe a prescrição (*), instaura a instância, previne a jurisdição, induz litispendência, constitui o devedor em mora. Ela se faz por precatória, quando o réu está fora da jurisdição do juiz (**), por rogatória quando no estrangeiro, por edital quando em lugar incerto e não sabido e por hora certa quando há suspeita de que o réu se oculta para não recebê-la. Neste último caso o oficial de justiça marca uma hora com pessoa da família ou vizinho, na qual voltará para citar o réu. Também faz-se a citação por edital quando desconhecido ou incerto o indivíduo que deva ser citado, quando ignorado, incerto ou inascessível o lugar em que se encontrar. A citação pelo correio passou a ser a regra geral (V. citação pelo correio) exceto nas ações de estado, quando for ré pessoa incapaz, quando for ré pessoa de direito público; nos processos de execução, quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; nestes casos deverá ser feita por oficial de justiça. Também será feita por oficial de justiça no caso de ser frustrada a citação por correio; se o autor a requerer de outra forma (art. 222, "f", do CPC) que não a citação pelo correio esta outra forma será igualmente a citação por oficial de justiça (***). Como a citação induz litispendência (V.), é o ato pelo qual se coloca em juízo uma causa de jurisdição contenciosa (V.), não se deveria falar em citação em processos de jurisdição voluntária ou não contenciosos, mas tão-somente em notificação ou intimação. Mas as leis processuais não fazem esta distinção com rigor técnico. A citação se faz no início da causa e da execução, sob pena de nulidade. (*) - A lei 8.952 de 13.12.94 modificou o artigo 219 do CPC, de maneira que a interrupção da prescrição agora retroage à data da propositura da ação (§ 1º), e se a parte realizar todas as exigências necessárias (petição inicial sem vícios, depósito dos recursos necessários à diligência, nome e endereço do réu corretos, etc..) para que seja feita a citação do réu nos dez dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficará prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário (§2º). Assim, ao efeito que a citação já tinha de interromper a prescrição foi acrescida a determinação de que tal efeito deve retroagir à data de propositura da ação; esta propositura se dá em tanto que a petição inicial seja distribuída (artigo 263 do CPC),

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entregue em cartório, enfim, ajuizada. Dita modificação é de evidente bom senso, pois era absurdo que a morosidade do serviço judiciário terminasse por ocasionar para o autor a prescrição, quando este previdentemente propusera a ação em tempo hábil a que o prazo prescricional não se cumprisse.) (**) A lei 8.710 de 24.09.1993 deu nova redação ao artigo 230 do CPC, de modo que foi ampliada a liberdade do oficial de justiça para realizar citações nas comarcas que estejam na mesma região metropolitana sem a necessidade de expedição de carta precatória. Em causas da competência dos Juizados Especiais Cíveis (lei 9.099 de 26.07.1995) a citação feita por oficial de justiça também pode prescindir da carta precatória. (***) As palavras em itálico foram inseridas pelo atualizador em virtude da alteração do texto legal, em especial a lei 8.710 de 24.09.1993.

AULA

Citação é o ato pelo qual se chama o réu ou interessado à juízo para oferecer contestação, a fim de se defender.

Das CitaçõesArt. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender.

Citação é diferente de intimação:

A citação só atinge o réu ou interessado;

A Intimação é o ato pelo qual se chama alguém a juízo para fazer ou deixar de fazer algo (art. 234 CPC). A intimação atinge o interessado, o autor, o réu, o advogado, etc.

Seção IVDas Intimações

Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

A citação é ato que importa na formação do processo para o CPC.Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.

Sem citação válida, não há processo no âmbito do CPC.No CPC, a citação deve observar alguns requisitos para que seja válida.

Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. § 1o O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação. § 2o Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.

O CPC dá a oportunidade ao réu de comparecer a juízo para requerer a nulidade da citação se não cumpridos os requisitos. Se acolhida a nulidade, o réu tem novo prazo para contestar. Se não acolhida a nulidade, o réu pode ser atingido pela preclusão dos atos caso não apresente de imediato a contestação, pois, não sendo nula, será tomada como válida a citação devendo o réu, na ocasião, apresentar sua defesa(contestação), ou, caso esta já tenha sido feita, não poderá mais o réu reapresenta-la (preclusão consumativa).Se acolhida a nulidade via Petição inicial, o réu poderá apresentar novamente a contestação, pois o ato anterior estará viciado, anulando todos os atos posteriores.Existe um risco grande deste pedido de nulidade da citação não ser acolhido. A argüição de nulidade da citação se dá em preliminar da contestação.É possível recurso se o réu for dado e julgado por revelia quando esta se der por citação viciada.Pode ocorrer a antecipação do réu, vindo a juízo sem a citação. Neste caso, comparecendo o réu e não argüindo nulidade, o prazo da defesa começará a contar ( validade tácita da citação).O prazo da defesa flui da juntada da citação aos autos.

Efeitos da Citação (ainda que ordenada por juiz incompetente):

Torna prevento o juiz; Induz litispendência; Faz litigiosa a coisa (objeto do direito material pretendido pelo autor); Interrompe a prescrição;

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Constitui em mora o devedor.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

Incumbe ao autor promover a citação do réu. Isto quer dizer que na Petição Inicial, o autor tem que pedir a citação do réu e pagar a diligência para a citação.A demora do Judiciário não pode atingir o autor para a produção dos seus efeitos.

Hipóteses em que a citação é vedada:

Tratam-se de hipóteses especiais encontradas nos arts. 271 e 218 do CPC:

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; 

II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;

III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;

IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. – ESTE INCISO ESTÁ SE REFERINDO ÀS DOENÇAS PROVISÓRIAS – O CPC IMPÕE AGUARDAR O AFASTAMENTO DA DOENÇA PARA CITAR O RÉU. SE O DIREITO ESTIVER EM VIAS DE PRESCRIÇÃO, O AUTOR PODERÁ ARGUIR ESTA CONDIÇÃO PARA EVITAR O PERECIMENTO DO DIREITO PRETENDIDO.

PROVA DA OAB: SE A DOENÇA FOR DURADOURA OU PERMANENTE, APLIQUE-SE O ART. 218. Quando o citando é demente ou doença duradoura ou permanente, o oficial de justiça irá inserir esta informação no mandado; o juiz irá solicitar um laudo medido. Confirmada pelo laudo médico a doença duradoura do citando, o juiz fixar-lhe-á um curador. Não confirmada a doença ou sua durabilidade, cite-se o réu.

A jurisprudência vem entendendo que a doença tem que acometer o réu de tal forma que que ele não consiga se apresentar pessoalmente.

Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la.§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.§ 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.§ 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu.

Somente em situação de urgência, que vise evitar o perecimento de um direito, é que a citação será permitida nas condições acima.

A citação, em regra, é pessoal, pois visa alcançar a pessoa do citando.

Excepcionalmente, a citação será feita ao representante/procurador do réu – art. 215.

Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.§ 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis.

Aula 18/03/09

Citação (continuação)

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“ Citação é o ato pelo qual se chama o réu ou interessado a juízo para se defender.”

Espécies de Citação – art. 220 CPC:Art. 221. A citação far-se-á:I - pelo correio;II - por oficial de justiça;III - por edital.IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria.

Citação por via postal (correios) É a regra geral no CPC. Visa a celeridade, pois é o meio que se efetiva em menor nº de dias.Se for citação feita à pessoa física por via postal, tem que ser pessoalmente, ou seja, tem o documento que ser entregue à pessoa do citando.

Exceções à citação por via postal : (Cobrado em provas da DHC, OAB, Concursos):

Hipóteses em que a citação por correio não poderá ocorrer – art. 222 CPC:

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto:

a) nas ações de estado;b) quando for ré pessoa incapaz; c) quando for ré pessoa de direito público; d) nos processos de execução;

OBS.: NESTE CASO SOMENTE OS PROCESSOS PREVISTOS EXPRESSAMENTE NO CPC.Por exemplo: A EXECUÇÃO FISCAL é via correio. A cobrança de tributos possui lei especial que admite citação pelo correio – trata-se de processo de execução autorizado por correio – é processo judicial e não administrativo.

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; f) quando o autor a requerer de outra forma.

Estas exceções visam oferecer maior segurança jurídica, afastando-se, portanto, a citação por via postal (o carteiro não traz a mesma segurança jurídica que o Oficial de Justiça).DICA: Quando for redigir a Petição inicial, indicar a forma que pretende a citação:

se postal, não precisa indicar, porque já faz parte da regra; se de outra forma, indicar qual (oficial de justiça, etc).

“(...) vem requerer a citação do réu no endereço XXXX, via mandado (ou por oficial de justiça) ...”

Deve-se juntar tantas cópias de Petição inicial quantas (os) forem a(s) quantidade(s) de réu(s), ré(s) em favor de quem se instaurou o procedimento: 01 petição irá para os autos 01 petição para uso do advogado (arquivamento e acompanhamento no escritório) 01 petição para cada réu – neste caso, basta copiar a petição inicial, não precisando copiar os documentos.Discute-se a validade da citação se não acompanhada da cópia da petição inicial, havendo a possibilidade de arguição pela nulidade da citação por ausência da petição inicial que a acompanharia.Prazos para a Citação:

10 dias após o despacho do juiz que a ordenar, devendo o juiz, uma vez não sendo citado o réu, prorrogar o prazo até o máximo de 90 dias.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. § 2o   Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.§ 3o   Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. § 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não

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interrompida a prescrição. § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.   § 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.

Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos previstos na lei.

Advertência ao artigo 285Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.

Os efeitos do art. 285 só se aplicam aos direitos disponíveis, onde, não havendo a contestação do réu, entender-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo autor.Em se tratando de direitos indisponíveis, ocorrendo a ausência da contestação pelo réu o juiz deverá nomear-lhe um curador a fim de defendê-lo.

Art. 223 CPC – Citação de Pessoa JurídicaArt. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço.

Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração.

Sendo réu uma pessoa jurídica, a citação será válida com a entrega a pessoa com poderes de Gerência geral ou de administração.O STJ vem flexibilizando esta regra: baseando-se na “Teoria da Aparência”, considera-se que, qualquer um que receber a citação presume-se dotado para tal ato.

Ex.: Se a Dom Helder for citada: pelo CPC somente pode receber a citação aquele que tem poderes de representação; pelo STJ – se a recepcionista receber, será válida (aplicação da Teoria da Aparência).

Neste caso, porém, a recepcionista não é obrigada a receber a citação.

Citação por Oficial de Justiça – art. 225 - CPCArt. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências; II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis; III - a cominação, se houver; IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; V - a cópia do despacho;VI - o prazo para defesa; VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado.Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.

A citação por oficial de justiça se dá por via de um mandado.O Oficial de Justiça tem fé pública. Aquilo que ele alega se presume como verdadeiro.Se o réu se nega a receber a citação e o oficial de justiça informa isto nos autos, toma-se como verdadeiro o que o oficial de justiça informou, tornando-se citado validamente o réu e corre-se o prazo para a defesa.Pelo CPC, os atos devem ser realizados no intervalo das 06 às 20hs, mas, se urgentes, poderão ser praticados em outros horários, desde que com justificativa fundada.

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Citação por Hora Certa – art. 227 e seguintes – CPCArt. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas.

A citação por hora certa é uma espécie do gênero citação por oficial de justiça.Ocorre quando o oficial de justiça possui fundada suspeita de que o réu vem se furtando a ser citado, tendo, portanto, este tipo de citação, o objetivo de afastar tal conduta. Basta a suspeita pelo oficial de justiça para que possa se lançar de tal espécie de citação.Neste caso, após 3 tentativas sem sucesso de citar o réu, o oficial de justiça deverá:1º - primeiramente deverá se dirigir a um parente do citando;2º - se não conseguir, deverá se dirigir a um vizinho do citando;3º - Ao parente ou vizinho, o oficial de justiça deve informar que retornará no dia imediato àquele, na hora em que o oficial de justiça determinar, e, não estando presente o citando em tal dia e hora agendados, o mesmo será tomado como citado.

Citação por edital – Arts. 231 e seguintes

Art. 231. Far-se-á a citação por edital:I - quando desconhecido ou incerto o réu;II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;III - nos casos expressos em lei.

§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

Art. 232. São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos ns. I e II do artigo antecedente; II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver;IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;

§ 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do anúncio, de que trata o no II deste artigo. § 2o A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for beneficiária da Assistência Judiciária.

Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo.

Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.

Aula:Se a citação não conseguir se efetivar pelas vias: postal, oficial de justiça e por hora certa (não alcançados parentes ou vizinhos que permitissem o agendamento), será feita a citação ficta: por edital.

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Após o edital, corre-se o prazo de 20 a 60 dias para a resposta do réu.A citação por carta precatória será aquela voltada para outra circunscrição –comarca. A carta rogatória será aquela voltada para outra jurisdição, ou seja, outro país. Se o país se negar ao ato de citação do réu, entender-se-á como réu inacessível, aplicando-se a citação por edital.Se o autor da ação mentir para obter uma citação por edital visando beneficiar-se, e for descoberta sua mentira, todos os atos após a citação irregular serão inválidos, além do autor ficar obrigado ao pagamento de 5 vezes o salário mínimo ao réu.Na prática, a citação por edital não gera efetividade como a postal ou via oficial de justiça. A citação por edital ocorre, produz seus efeitos mas, na prática, o citando não fica sabendo que é réu, não sendo oportunizado à ampla defesa.

O prazo para a citação por edital é de 15 dias. Correrá, após este 1º edital, um prazo de 20 a 60 dias, a ser determinado pelo juiz, para a 2ª publicação (no caso de jornal local).Observe-se também a disponibilidade do direito material pretendido pelo autor para que os efeitos da ausência de contestação do réu possam ser efetivados, conforme o art. 285.O custo médio da citação por correio ou oficial de justiça, é de 15,00 por réu. Já por edital, o custo é aproximadamente de 500.00 por publicação. O legalmente pobre usará como meio para a publicação do edital os veículos de comunicação do Judiciário, ou seja, o Diário Oficial, não havendo custas desta diligência para a parte pobre.

O autor da ação deve:1º - Indicar a forma de citação;2º - Pagar as custas da diligência (citação);3º - Juntar as cópias da petição inicial para cada réu;

Despachado ou distribuída a ação o Juiz irá:1 - Proceder com a fase saneatória;2 - Se ok, mandará citar o réu.3 - Se a citação for por edital, a secretaria irá digitar o edital e entregar aos autor para que se junte aos autos e se proceda com a publicação.

Citação por via eletrônica – Lei 11.419

Faz-se necessário que a pessoa se cadastre no Tribunal para que possa ser citado por via eletrônica no futuro, sendo facultativo tal cadastro. Ou seja, para que possa ser usado este meio, é necessário que a pessoa esteja cadastrada no sistema do Judiciário, mas ninguém está obrigado a fazer tal cadastro, logo, tal artigo traz pouca efetividade.Após citado por via eletrônica, a pessoa tem o prazo de 10 dias para acessar o portal. À partir do 11º dia, começa a fluir o prazo para a resposta.É vedado o uso desta forma de citação no âmbito infracional e penal.A Fazenda Pública não pode ser citada por via postal, mas pode ser citada por via eletrônica.

Da CitaçãoNO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

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Após saneado o processo o juiz marca a audiência de conciliação para 30 dias depois.A citação deve se dar com antecedência mínima de 10 dias da data marcada para a audiência de conciliação.O réu é citado para comparecer à audiência de conciliação para oferecer a defesa.

O réu é citado para comparecer em audiência de conciliação, sendo nesta audiência a apresentação da defesa ou, quando for o caso, na Audiência de Instrução e Julgamento.Citado, o réu tem 15 dias para a defesa (15 dias é o prazo legal para agendamento da audiência de conciliação após saneamento).Neste procedimento não se aceita citação por Edital (o que levará, se usado este meio, a extinção do processo sem resolução do mérito).

“ Só há processo no CPC pela Citação. É a citação que forma o processo. Pela propositura da ação forma-se o vínculo entre autor e juiz mas só com a citação válida é que se forma a relação jurídica entre autor, juiz e réu, tendo-se, portanto, o processo. “

Aula 20/03/09 – Trabalho em sala – 2 pontos

1ª questão) Aplicabilidade dos artigos 264 e 294 do CPC – Cumulação de pedidos (modificação do pedido ou da causa de pedir – admissibilidade e prazo).

2ª questão) Valor da causa quando em prestações de trato sucessivo e com a ocorrência de prestações vincendas acima de um ano– aplicação do Art. 260 CPC – somam-se as prestações vencidas mais 12 prestações.

Aula 25/03/09

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Suspensão do Processo – arts. 265 e seguintes CPC Considerações Gerais Hipóteses de suspensão do procedimento

Atitudes do Réu em face da Citação:

1. Revelia Conceito Revelia nos procedimentos Sumário e Sumaríssimo Efeito material da Revelia Efeitos processuais da Revelia Considerações finais

Processo na Suspensão

Considerações gerais:

O CPC está entendendo o processo como relação jurídica de Direito Público entre autor, juiz e réu, que cumpre finalidades.O CPC quer dizer a suspensão desta relação jurídica, sendo que deveria ser suspensão do procedimento.Após formado o processo no CPC (citação válida), é que se pode ocorrer a suspensão.

Qual é o momento em que se pode suspender o processo no CPC?

A qualquer momento, desde que o processo tenha sido formado, ou seja, após a citação válida.Para que se tenha a suspensão do processo é necessário uma decisão judicial neste sentido. Sem esta decisão judicial não há que se falar em suspensão.A decisão de suspensão é apenas declaratória, com efeitos ex tunc (retroage até o ato que gerou a suspensão). Os efeitos retornam ao momento que deu condições à esta decisão.Exemplo: Morte de uma das partes.

1º) Anúncio de que esta morte ocorreu;2º) O juiz decide, no sentido desta decisão;3º) Os efeitos retroagem até o momento da hipótese que autorizou a suspensão.

Nem sempre será necessário outra decisão para que o processo possa fluir novamente.Algumas hipóteses já definem o prazo determinado de suspensão, voltando o processo a fluir naturalmente após este prazo.Se o prazo for indeterminado, necessita-se de uma decisão do Juiz, para que se determine o agastamento da suspensão do processo.

No período de suspensão do processo, não se autoriza a prática de atos processuais, salvo: atos urgentes para evitar dano irreparável às partes (art. 265).

Tem que ser demonstrado nos autos esta necessidade (encaminhar ao Juiz para que seja reconhecido).Se ocorrer a prática de um ato durante o processo, será tido como inexistente (op legis – uma vez prevista, dispensa-se qualquer consideração).

Quem vai dizer se é ou não irreparável o dano e permitir ou não a prática do ato durante a suspensão será o Juiz, reforçando sua posição de Estado Social e processo como uma relação jurídica.

As hipóteses de suspensão do processo – Art. 265:

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O tempo da prescrição (intercorrente) pára de correr durante a suspensão.

I – Morte ou perda da capacidade processual de uma das partes.Art. 265. Suspende-se o processo:I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

Neste caso, o juiz deve determinar a suspensão do procedimento e aí o Juiz deve fixar um prazo indeterminado para a suspensão.Este prazo irá durar até um momento em que um dos herdeiros assuma: o representante legal ou o representante legal que substitua outro que tenha perdido a capacidade processual.O prazo indeterminado dependerá de decisão judicial para que seja afastada novamente a suspensão do processo.

Exceção ao prazo indeterminado neste caso – art. 265, I - § 1º:§ 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.

O juiz irá suspender o prazo por período indeterminado, salvo quando a AIJ (Audiência de Instrução e Julgamento) já houver se iniciado. Se a AIJ já houver se iniciado, o Juiz determinará a continuidade da mesma, devendo o advogado da parte continuar o processo até o final da audiência, suspendendo-se o processo somente a partir da publicação da sentença ou do acórdão.

Pergunta: Se a AIJ já se iniciou, como continuar o processo? (Crítica ao CPC):

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CAPÍTULO IIDA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Art. 265. Suspende-se o processo:I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;II - pela convenção das partes; III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz;IV - quando a sentença de mérito:a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;V - por motivo de força maior;VI - nos demais casos, que este Código regula.§ 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.§ 2o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.§ 3o A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o no Il, nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.§ 4o No caso do no III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoante Ihe estabelecer o regimento interno.§ 5o Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

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1) Ou o Juiz suspende a AIJ e marca outra data para a mesma.2) Ou, tendo a parte, por exemplo, morrido dentro da AIJ, como o advogado será capaz de

continuar representando a parte que morreu? Se morreu, não tem mais capacidade civil, e sua morte encerra automaticamente o instrumento de mandato do advogado, não podendo mais o mesmo representar seu cliente que acaba de falecer.

3) Se na AIJ é que ocorrem as provas orais e a parte perdeu, durante esta audiência, a capacidade, ou morreu, como obter desta parte a oitiva necessária para provar a causa de pedir?

4) Existem ainda ações que são personalíssimas. Se esta parte morrer, deixou de ter personalidade jurídica. O advogado não terá como defender diretamente o morto, devendo a defesa se dar através dos herdeiros.

Pelo CPC o juiz não poderia suspender o processo durante a AIJ.O CPC, desta forma, considera que durante a AIJ seria a produção somente do direito, mas existe também a vinculação com os fatos, o que demanda partes capazes, presentes, capacidade postulatória, etc.Alguns doutrinadores chamam esta suspensão de “sine die”, sem data para acabar, de prazo indeterminado.

( ) Uso da terminologia correta: “olhando os autos” (e não o processo); “ suspensão do procedimento “ (e não do processo); “Sine die” (como se escreve) (e não saine daí) “instaurar o procedimento” (e não entrar com a ação – entracação).

Para o advogado que perde a capacidade ou que morre, a parte tem um prazo de 20 dias para constituir outro procurador (tratando-se de advogado que esteja atuando sozinho, pois, se for um escritório com subestabelecimento não será necessário).

II – Morte ou perda da capacidade processual de um dos advogados:ART. 265 - § 2o - No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

III – Por convenção das partes:As partes podem convencionar a suspensão do procedimento – normalmente quando autor e réu pretendem transacionar. Neste caso, o CPC permite a suspensão por um prazo máximo de 6 meses.IV – Por oposição de exceção de impedimento do juiz, por oposição de exceção de incompetência do juízo ou por oposição de exceção de suspeição do juiz.

O objetivo neste caso é afastar aquele juiz daquele procedimento através da suspensão do procedimento, evitando-se atos que, se praticados, serão anulados futuramente.

V – Quando a sentença de mérito da causa principal depender de outras ações, provas ou declarações incidentes:IV - quando a sentença de mérito:a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente; As hipóteses A, B e C do inciso IV do art. 265 são chamadas de PREJUDICALIDADE.Nestes casos, a suspensão do procedimento não pode ultrapassar o prazo de 1 ano (um ano).Exemplo: Ação de alimentos em que se quer confirmar primeiro a paternidade – a questão incidente tem que se resolver primeiro para que a decisão pela ação de alimentos possa ocorrer. A lei não autoriza que o Juiz alargue este prazo, o que faz com que o juiz, às vezes, resolva a ação

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principal sem que o fator incidente o tenha sido.A CF/88 fala em prazo razoável do processo. Porém, por exemplo, hoje, na prática, uma carta precatória de MG para a Bahia leva, em médica, 3 anos para retornar.

Existem prazos no CPC para o juiz, só que seus atos não sofrem preclusão, o que acaba não sendo cumprido pelo juiz e ele não perde “nada” com isto.

VI – Por motivo de “força maior” O CPC não diz o que é força maior. Mas o artigo 393 do CC 2002 trás este conceito:

Força maior seria o fato necessário, imprevisto e cogente. A prova da existência de “força maior” é um ônus das partes, e quem decide se o fato é realmente de força maior ou não é o juiz.

Nas provas da OAB e do Professor: lembrar dos casos de suspensão do procedimento do art. 265.

Atitudes do réu em face da citação:ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

CC 2002 – CONCEITO DE “ FORÇA MAIOR”Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

OUTRAS HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO PREVISTAS NO CPC:

Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;II - ao réu, reputar-se-á revel;III - ao terceiro, será excluído do processo.

Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.

Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.§ 1o - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á:a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.§ 2o Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante.

Art. 79. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts.72 e 74.

Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o processo principal.

Do AtentadoArt. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.Parágrafo único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em conseqüência do atentado.Art. 1.052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.

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Estas ações vão de uma inércia até o próprio reconhecimento do pedido ou oferecimento de defesa.

Revelia – inércia do réu – art. 319 e seguintes.

Art. 319 – CPC – O réu será revel se ele não contestar o pedido (no CPC está “ação”).

Nos procedimentos sumário e sumaríssimo, ocorre a revelia:Quando o réu não contesta o pedido e/ouQuando o réu não comparece à audiência de conciliação (sumário e sumaríssimo).

O CPC e a lei dos JEsp (lei 9099/95) confundem Revelia com contumácia:Contumácia – é o não comparecimento à audiência, logo, tanto autor quanto réu podem ser contumazes;Revelia – é o não oferecimento da contestação, logo, só o réu pode ser revel, porque é ele que oferece a contestação.

Revelia.

(dir. prc.)

   Não comparecimento do réu em juízo, depois de citado. V. contumácia. A revelia importa em prosseguimento do processo contra o réu, independentemente de intimação ou notificação para a contagem do início dos prazos, ou para atos do processo. B. - José Joaquim Calmon de Passos, Da revelia do demandado. Liv. Progresso Editora. Salvador, 1960.

Contumácia.

(dir. prc.)

   Deliberada desobediência às ordens judiciais. Falta de comparecimento de qualquer das partes em juízo. Inatividade total ou omissão de comparecimento em juízo. Os autores variam muito nos critérios para diferençar a contumácia da revelia. Há os que não distinguem uma da outra, os que fazem da revelia a pena da contumácia, os que só aplicam esta última para o autor e os que reservam unicamente para o réu a noção de revelia. (V.). B. - José Joaquim Calmon de Passos, Da revelia do demandado. Livraria Progresso Editora. Salvador, 1960.

O CPC distingue a revelia dos seus efeitos.

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CAPÍTULO IIIDA REVELIA

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório.

Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.

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O efeito material da revelia é um só: os fatos apresentados pelo autor são tidos como verdadeiros, desde que tratem de direitos disponíveis e que as provas ou documentos não informem, de plano, o contrário.

O réu que não comparece à audiência ou não oferece contestação, sofrerá o efeito da revelia, tomando-se os fatos do autor como verdadeiros, tendo o réu que provar o contrário do que o autor diz: inversão do ônus da prova (em regra, é o autor que tem que provar os fatos alegados, mas, na revelia, o réu passa a ter que provar que o que o autor disse está errado).

Art. 320 – Exceções à presunção da veracidade dos fatos:Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

Nestas 3 hipóteses, portanto, pode-se ter o réu revel sem que o mesmo sofra o efeito material da revelia.Pela Jurisprudência, o efeito material da Revelia somente se tornará eficaz se na citação existir a advertência quanto a esta possibilidade (aviso na citação informando que a revelia trará o efeito material da veracidade dos fatos alegados pelo autor).

Artigos que afastam o efeito material da revelia:Além do art. 320, também os arts. 9, 52 (§ único), art. 302 – III, 277 - § 2º, art. 20 da Lei do JEsp.

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ARTIGOS QUE AFASTAM O EFEITO MATERIAL DA REVELIA:Art. 9o O juiz dará curador especial:I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este

competirá a função de curador especial.Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos

mesmos ônus processuais que o assistido.Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu

com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.

§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.

§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença.

§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com poderes para transigir.

§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário. § 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.

Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do

ato;III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado

dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Lei 9099/95Seção VII - Da Revelia

Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.

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Os efeitos processuais só irão se verificar se os efeitos materiais se verificarem também.

São 2 os efeitos processuais da revelia:I – Possibilidade de julgamento antecipado da lide;II – Possibilidade de não intimação do réu em relação às decisões proferidas (afastamento da ampla defesa). Viola radicalmente o princípio do contraditório. Este ocorre quando o réu não tem advogado.

O CPC resguarda o revel, dizendo que pode comparecer a juízo para praticar atos presentes e futuros. O que o réu não pode é praticar atos anteriores aos já praticados.

( ) Exemplo: Em caso de pedidos cumulados, tendo o autor feito 3 pedidos, se o réu impugnar 2 pedidos, entende-se, pelo princípio da impugnação específica, que o 3º pedido não impugnado pelo réu será tomado pela revelia (revelia parcial), dando-se como verdadeiro.Sendo o réu revel e o autor quiser mudar o pedido (ampliar o pedido), após a citação, deverá alcançar o consentimento do réu. Se antes da citação e o réu revel, considerar-se-á o pedido aditado.

Aula 27/03/09

Atitudes do Réu em face da Citação (cont.):

2. Reconhecimento da Procedência do Pedido

3. Oferecer resposta ou defesa Conceito de defesa Espécies de Defesa De Mérito Direta

Indireta Processual Peremptória

Dilatória

Considerações sobre a defesa no Procedimento Ordinário Considerações sobre a defesa no Procedimento Sumário e Sumaríssimo

TIPOS DE RESPOSTA DO RÉU

1. Contestação: Considerações gerais Princípio da Concentração Impugnação Específica dos fatos Prazos especiais

O reconhecimento da procedência do pedido é difícil de ocorrer na prática mas existe.O reconhecimento da procedência do pedido pode ocorrer a qualquer tempo, inclusive em grau recursal.O reconhecimento da procedência do pedido importa julgamento de mérito: o réu que reconhecer a procedência do pedido não pode, depois, rediscutir estas questões.O reconhecimento da procedência do pedido pode ser parcial (reconhecer apenas um dos ou parte do pedido) ou integral (reconhecer todos eles).O juiz extingue o processo com base no art. 269, II, do CPC (extinção do processo com resolução do mérito pelo reconhecimento pelo réu do pedido do autor).

O que é resposta ou defesa?Defesa é a técnica de resistência do réu.Existem várias técnicas de defesa. Defesa não é só “contestação”. A contestação é apenas uma das espécies de defesa, é a principal.Defesa é gênero da qual a defesa de mérito e defesa processual são espécies.

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Resistência (ou defesa) de Mérito – preocupa-se com o pedido mediato, preocupação com o direito material discutido (causa de pedir e pedido).

Resistência (ou defesa) processual – preocupa-se com o pedido imediato: condições da ação e pressupostos processuais (o meio, a forma em que o pedido foi feito).

Questão de concurso do MP:

Quando o advogado sustenta em sua peça de resistência a prescrição, ele busca atingir:a)b) c) Direito Material – correta , pois a prescrição atinge a pretensão do autor, sendo causa de extinção do processo com resolução do mérito, formando coisa julgada material.d) N.d.a.

Espécies de defesa:

Espécies de Defesa : De Mérito Direta Indireta

Processual Peremptória

Dilatória

Defesa Direta de MéritoÉ a que nega o fato constitutivo do direito do autor ou as conseqüências jurídicas deste fato jurídico. Visa resistir contra o direito material, impugnar o direito mediato do autor.

Defesa Indireta de MéritoEsta não nega o fato constitutivo do autor nem as suas conseqüências, mas impõe ao fato constitutivo um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito.

Defesa Processual PeremptóriaA defesa processual peremptória será aquela que determina a extinção do procedimento sem resolução do mérito.

Defesa Processual DilatóriaÉ aquela que determina a dilação do procedimento.

Os pressupostos processuais, em conjunto com as condições da ação, são importantes para enquadrar a ação de forma a inviabilizar a defesa processual para o réu.

Exemplos: Falta de assinatura da parte – irregularidade na representação – defesa processual dilatória – efeito de suspensão ao procedimento até regularização (10 dias) – art. 13, CPC.

Litispendência – defesa processual peremptória – gera a extinção do processo.Litispendência – defesa processual peremptória – gera a extinção do processo.

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Considerações da Defesa, tanto no Procedimento Ordinário quanto no Sumário e Sumaríssimo – art. 297 e seguintes:

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CAPÍTULO IIDA RESPOSTA DO RÉU

Seção IDas Disposições Gerais

Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.

Seção IIDa Contestação

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação;  II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; IV - perempção;   V - litispendência;   Vl - coisa julgada;  VII - conexão;   Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;  IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação;  Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. § 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:I - relativas a direito superveniente;II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

Seção IIIDas Exceções

Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação.Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.

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Considerações da Defesa, tanto no Procedimento Ordinário quanto no Sumário e Sumaríssimo – art. 297 e seguintes:

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO PROCEDIMENTO SUMÁRIO PROCED. SUMARÍSSIMOA resposta do réu deve ocorrer em 15 dias e por escrito.O CPC indica 3 espécies de resposta do réu: contestação, exceção e reconvenção (todas por escrito e em 15 dias).Além destas 3, existem outras, mas, quando o CPC indica o prazo de 15 dias, ele está se referindo a estas 3 espécies.Se o réu quiser oferecer Resposta em procedimento ordinário,deve observar este prazo de 15 dias. Se este prazo vencer e o réu não apresentar resposta, o mesmo ficará prejudicado, cabendo inclusive procedimento administrativo da OAB contra o advogado do réu.( ) “culpa in eligendo” – alguns doutrinadores defendem que o autor/réu, ao escolher o advogado, assume o risco, havendo culpa in eligendo da parte.ATENÇÃO:A CONTAGEM DO PRAZO SERÁ 15 DIAS APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO, EXCLUÍNDO O DIA DO COMEÇO E INCLUINDO O DIA DO FINAL.

A defesa é oferecida na audiência de conciliação, a qual é marcada para 30 dias após a propositura da ação.A defesa pode ser por escrito ou oralmente.Na contestação, se quiser rol de testemunhas, quesitos e assistente técnico, o réu tem que indicar estes 3 quesitos na contestação, tem que ser juntado na contestação estas informações (testemunhas e endereço, quais os quesitos, qual o assistente técnico).

ATENÇÃO:A DATA DA DEFESA É A DATA DA AUDIÊNCIA,NÃO TEM QUE CONTAR PRAZO.

A defesa é oferecida na audiência de conciliação, a qual é marcada para 15 dias após a propositura da ação.Existe um enunciado do Jesp de que a defesa pode ser apresentada na AIJ.

ATENÇÃO:A DATA DA DEFESA É A DATA DA AUDIÊNCIA,NÃO TEM QUE CONTAR PRAZO.

PARA NÃO PERDER O PRAZO:Cairá 1 questão na prova para contar o prazo.A contagem do prazo só é útil no procedimento ordinário.Art. 241 – Coordenadas para a contagem do prazo.A contagem do prazo vai depender da forma de citação.

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Subseção IDa Incompetência

Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias.Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente.Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

Subseção IIDo Impedimento e da Suspeição

Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

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Art. 184

O prazo não começa nem termina em dia não útil.Se o prazo termina em dia não útil, prorroga-se para o 1º dia útil seguinte.O prazo deve ser contado, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do final.

Exemplo:10/3 – dia útil - juntado aos autos um mandado de citação em procedimento ordinário.Exclui-se o 1º dia (dia 10), começando a contar a partir do dia 11 (+ 15) = 26 (dia 26).

Se for no procedimento Sumário ou Sumaríssimo, A DATA FINAL PARA A DEFESA É A DATA DA AUDIÊNCIA. Pela Lei. Pelo enunciado do Jesp, no Jesp será possível na data da AIJ.

Se a juntada aos autos da citação (via AR ou mandado, etc) cair na 6ª feira, exclui-se o sábado e conta a partir de 2ª feira.

1º Tipo de Defesa: Contestação Encaminha aqui, o réu, quase toda a defesa: de mérito e processual. O impedimento, a suspeição, a incompetência relativa, o valor da causa e também o pedido de justiça gratuita, são objeto de resistência por outro instrumento: a exceção. A contestação é a peça chave para a defesa do réu. Não existe no CPC requisitos para a formulação da contestação, mas, tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm entendido a necessidade de se preencher todos os requisitos na contestação exigidos pelos arts. 282, 283, etc, da Petição Inicial compatíveis com a defesa :

juízo competente, nome das partes, qualificação, causa de pedir e resistência do pedido, etc. O réu, na contestação, não deverá, por não ser o caso: solicitar a citação de réu ou autor ou dar valor à causa. A contestação deve também indicar o CPF ou CNPJ e anexar os documentos indispensáveis ao andamento do procedimento e identificação do réu e das provas. A contestação não pode se esquecer de informar o endereço em que o advogado receberá as intimações (art. 39). Se o procedimento for Sumário, deverá conter a contestação, sendo interesse do réu, o rol de testemunhas que serão arroladas, os quesitos que devem ser aplicados em caso de perícia e o assistente técnico. ATENÇÃO: Se no procedimento Sumário o réu esquecer de requerer o rol de testemunhas,

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DA CONTAGEM DO PRAZO NO CPC:

Art. 241. Começa a correr o prazo: I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz.

*** Por via eletrônica : o prazo começa a fluir do momento em que você entrar no portal e acessar os autos. Se não acessar o portal e os autos em 10 dias, à partir do 11º dia começa a contar o prazo.

Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I - for determinado o fechamento do fórum;II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.§ 2o Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único).

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quesitos e/ou assistente técnico, não poderá requerer mais. A contestação encaminha matéria processual e de mérito. “Em preliminar” quer dizer que temos que abrir um tópico chamado de PRELIMINAR, no início da contestação, para informar qual é a condição da ação ou pressuposto processual que não foi preenchido pelo autor, quando for o caso (ou seja, só quando houver um motivo é que a contestação deverá se iniciar pela Preliminar). Após o tópico da preliminar, abre-se o tópico do MÉRITO e se apresenta os fatos de resistência ao direito material. Sugestão do professor: dentro do tópico preliminar, abrir um tópico para dizer qual é o tópico que quer impugnar. Art. 301 CPC (11 situações de defesa processual do art. 301).

Princípio da Concentração ou EventualidadeA contestação deve trazer toda a matéria de defesa, toda a matéria de defesa deve ser sustentada na contestação, ainda que incompatível com outra.As defesas devem ser analisadas uma a uma; aquilo que não alegou não pode alegar mais.Podem ser colocados quantos tópicos quiserem, ainda que um exclua o outro.Não se preocupar com a decorrência lógica na defesa.Deve trazer as defesas que tiver, mesmo que incompatíveis.Exemplo: cobrança de mil reais do filho e instauram um procedimento contra a mãe.Na preliminar arquir que há ilegitimidade passiva. Mas no mérito, dizer que, ainda que a preliminar não seja acatada, já pagou, por exemplo.A defesa processual engloba, em regra, matéria de ordem pública: em qualquer momento e grau de jurisdição pode ser argüida de ofício pelo juiz.No mérito, tem que suscitar tudo.

O art. 303 trás as 3 hipóteses que se pode alegar matérias fora da contestação.Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:I - relativas a direito superveniente;II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

Princípio da Impugnação específicaNão adianta negar o que ocorreu de forma geral. Deve impugnar fato por fato, pedido por pedido, justificando.O art. 320 trás exceções à necessidade da impugnação específica:* quando envolver curador, defensor ou Ministério Público, estes, enquanto parte, podem usar de NEGATIVA GERAL (privilégio do Estado Social).

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DA RESPOSTA DO RÉUDA CONTESTAÇÃO

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (DEFESA PROCESSUAL)I - inexistência ou nulidade da citação;  DILATÓRIAII - incompetência absoluta; DILATÓRIAIII - inépcia da petição inicial; PEREMPTÓRIAIV - perempção;   PEREMPTÓRIAV - litispendência;   PEREMPTÓRIAVl - coisa julgada;  PEREMPTÓRIAVII - conexão;   DILATÓRIAVlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; DILATÓRIAIX - convenção de arbitragem; PEREMPTÓRIAX - carência de ação;  PEREMPTÓRIAXl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. DILATÓRIA

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. § 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.

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Existem prazos especiais da Contestação quando a parte for específica – arts. 188 e 191

Este artigo visa proteger os réus litisconsortes com advogados diferentes. Existe uma briga quanto a este artigo, pois se os 2 advogados forem do mesmo escritório este prazo não demandaria ser em dobro. Uma parte da doutrina entende que o prazo é em dobro porque o artigo 191 não indica a obrigatoriedade de ser somente em dobro quando se tratar de escritórios diferentes. Outra parte da doutrina entende que não, que o objetivo do artigo 191 foi dar maior prazo para as partes quando envolvessem escritórios e advogados distintos, de forma que todos pudessem ter acesso aos autos em tempo razoável.

Questões da Prova:Sumaríssimo e Sumário – aplicação de um ou outro : OPÇÃO E CONVERSÃO (diferenças)Sumário e Ordinário – aplicação de um ou outro: OPÇÃO E CONVERSÃO (diferenças)Requisitos para o julgamento de plano – art. 285 AO que na PI do Procedimento Sumário não é exigido no Procedimento OrdinárioAditamento e alteração de pedido e causa de pedir – 264 (qualitativa ou para menor ok), aditar – 294Prazos, tipo de procedimento, correto e incorreto

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PRAZOS DIFERENCIADOS NO CPC (REFORÇA A IDÉIA DO “ESTADO SOCIAL”)

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte  for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. 60 DIAS E NÃO 15. AUSÊNCIA DE ISONOMIA.

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

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Aula 01/04/09

Exceção Considerações Gerais Exceção de Incompetência Exceção de Impedimento e Suspeição Considerações Finais

Aula Anterior: Contestação – Técnica pela qual o réu encaminha toda a sua defesa de mérito e também processual.

A exceção é uma forma de defesa, para suscitar: impedimento, incompetência ou suspeição.Exceção é uma forma de resposta, de defesa do réu, paralela à contestação.O CPC trabalha a exceção nos artigos 304 a 314.

Exceção é gênero das espécies: Impedimento Suspeição Incompetência

Estudar a exceção nos 3 procedimentos: Sumário, Sumaríssimo e Ordinário.ORDINÁRIO SUMÁRIO SUMARÍSSIMO

A exceção deve ser por escrito e interposta em 15 dias;

O CPC estabelece que os 15 dias são contados à partir da identificação do vício.

Por escrito ou oralA resposta se identifica com a audiência;Se identificar o vício antes da audiência, deve levar a exceção na audiência.Se após a audiência, por analogia ao Ordinário, prazo de 15 dias ou 5 dias (CPC, quando não há prazo determinado, informa que será o prazo de 5 dias mas este prazo fere o princípio da ampla defesa) – neste caso será necessariamente por escrito.

Por escrito ou oral;Resposta na audiência;Se vício verificado antes da audiência – levar a exceção na audiência;EXCEÇÃO – no Sumaríssimo, a incompetência deve ser suscitada SEMPRE na contestação (na audiência), ou seja, o vício obrigatoriamente tem que ser identificado antes da audiência, podendo a exceção de impedimento e suspeição serem suscitadas após a audiência, por escrito, com prazo de 15 dias (analogia ao Ordinário) ou 5 dias (ausência de prazo CPC).

Nos procedimentos Ordinário, Sumário e Sumaríssimo, a exceção é sempre instrumental, mesmo que oral: você oralmente faz a atermação da exceção, como se fosse uma Petição Inicial de exceção.A exceção é um incidente processual.Exemplo de Instrumentalidade: Agravo de instrumento, impugnação ao valor da causa, impugnação à justiça gratuita, etc. Na Instrumentalidade, forma-se os autos em separado.

Suspensão do procedimento via exceção: A argüição de exceção leva à suspensão do procedimento ate que seja julgada; O CPC diz que a suspensão do procedimento deve durar até que a exceção seja

“definitivamente” julgada; Isto não quer dizer “até a sentença transitada em julgado”; Não quer dizer “até que ocorra o julgamento do pedido de exceção; Julga-se primeiro o pedido de exceção, o qual é decidido por decisão interlocutória (decidida ao

longo do procedimento); O recurso contra a decisão da exceção, contra o julgamento do pedido de exceção não tem

efeito suspensivo; A suspensão do procedimento ocorre até a 1ª decisão. Depois disto, ainda que em recurso esta

decisão, o processo corre normalmente.

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O procedimento só é suspenso (por impedimento e suspeição) quando se tratar do Juiz, se for de seus auxiliares, na há suspensão do procedimento.

Exceção de Incompetência Questiona a competência relativa: lugar ou valor da causa. Exemplo: instaurar um procedimento

em lugar que territorialmente está incorreto; Incompetência absoluta – matéria de ordem pública, argüida na contestação, em preliminar. Fora

a exceção do sumaríssimo, em que ocorre na audiência, na contestação. Se o réu não interpor a exceção de incompetência (relativa), esta ficará prorrogada (a

competência errada se torna a correta). Não poderá mais o réu modificar o território onde o procedimento foi instaurado.

Art. 112, § único – artigo novo – declaração de ofício de incompetência relativa pelo juiz – Contrato de Adesão (monografia) – afasta a ampla defesa;

A identificação do vício de incompetência é “de plano”: quando o autor indica o juízo que estará responsável por analisar o pedido, o réu recebe a contra-fé, que já possui tal informação;

Desta forma, a exceção de incompetência será sempre no prazo da contestação(15 dias);

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA NO PROCEDIMENTO ORDINÁRIOSe inicia com uma petição.Fundamentar porque é incompetente o juízo e declinar qual é o juízo competente (e porquê entende assim).Não basta mencionar a incompetência, tem que fundamentar.Se o juiz não acolher a exceção de incompetência, não deferindo liminarmente a exceção, deve o mesmo dar prazo de 10 dias para o autor resistir à exceção.Se o juiz acolher a exceção de incompetência, envia os autos para o juízo competente.Autor da exceção = excipiente (réu)Réu da exceção = excepto (autor)Não tem como o autor questionar a competência que ele mesmo escolheu.

IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃOSão 2 espécies distintas.Na exceção de impedimento e suspeição deve-se analisar 3 aspectos: um procedimento para exceção de impedimento e suspeição do juiz; um procedimento para exceção de impedimento ou suspeição dos outros (auxiliares); um procedimento para exceção de impedimento e suspeição do juiz que está no Tribunal.Juiz e outros: deve (CPC) encaminhar a exceção ao juiz. encaminhar uma petição fundamentada, indicando qual é o vício que levaria ao impedimento ou suspeição; deve apresentar (seja ordinário, sumário, sumaríssimo) o rol de testemunhas na petição de impedimento ou suspeição.

Petição = é qualquer manifestação que você faz ao longo do procedimento.

Observações: Se eu digo que o juiz é impedido ou suspeito e direciono a exceção a ele, é bom possível que ele negue. Segundo o CPC, o juiz pode confessar o impedimento ou suspeição, acolhendo a exceção. Se o juiz não se confirmar impedido ou suspeito, vai para o tribunal. Da decisão do tribunal ainda cabe recurso. Quando o juiz é questionado, vira excepto, vira réu, tem prazo próprio de 10 dias, tem o juiz que indicar rol de testemunhas e pode o mesmo ser alcançado pela preclusão.

QUESTÃO DE CONCURSO E PROVAS. Em relação à exceção dos outros que não o juiz, o impedimento e suspeição têm prazo de resposta de 5 dias (quebra de isonomia). Em relação a estes, que não o juiz, a exceção não suspende o procedimento.

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Art. 138 CPC – Impedimento e Suspeição (dos Outros) : Ministério Público Serventuário Perito Intérprete.

“Sempre” a suspensão do processo “tem” que ser declarada pelo juiz (efeitos ex tunc – retroage até os atos praticados por quem foi suscitada a suspeição ou impedimento.1º - juiz determina de imediato a suspensão do procedimento;2º - prazo de 10 dias para a resposta (se juiz) e 5 dias (se outros).

Artigos preferidos pela OAB no Exame da Ordem:Impedimento – art. 134, 136 CPCSuspeição – art. 135

Dica do Professor para saber se trata-se de impedimento ou suspeição: Examinar a facilidade da prova do vício: se for “objetivamente” identificável, será impedimento (prova por via documental); se mais difícil de provar, será suspeição.

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Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeiçãoI - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;II - ao serventuário de justiça;III - ao perito; IV - ao intérprete.§ 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido.§ 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.

IMPEDIMENTOArt. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:I - de que for parte;II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em que o segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.

SUSPEIÇÃOArt. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou nacolateral até o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto dacausa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

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Exceção à esta dica: inciso III da suspeição: se o juiz é empregador de uma das partes.

Além destes motivos, pode o juiz declinar por “motivo íntimo”, não precisando o juiz declarar qual o real motivo.

Considerações finais: “Coleguismo” profissional não é amizade íntima; Sempre que identificar um vício, não ter medo, devemos excepcionar o sujeito suspeito ou impedido; Na prática, há um certo receio pelo possível não acolhimento da exceção pelo juiz; Se o juiz é impedido ou suspeito, vai julgar contra o seu cliente de toda a forma, portanto, não há que se temer: deve-se excepcionar; Ter cautela: buscar uma prova robusta, comprovável; No CPC existe a ação rescisória que traz como um dos cabimentos de sua aplicação a exceção por impedimento do juiz – a ação rescisória visa afastar a coisa julgada.

Aula 15/04/09

Reconvenção Considerações Iniciais Hipóteses de Cabimento Procedimento Considerações Finais

Pedido Contraposto Considerações Iniciais Hipóteses de Cabimento Procedimento Considerações Finais

Impugnação ao valor da Causa Considerações Iniciais Hipóteses de Cabimento Procedimento Considerações Finais

Impugnação ao Pedido de Justiça Gratuita Considerações iniciais Hipótese de cabimento

Reconvenção – última técnica de defesa do réu , CPC à partir do artigo 315 e seguintes. Consideração Inicial – diz respeito à sua característica – Trata-se de uma ação do réu contra o autor, ao contrário da contestação e exceção. É um contra-ataque do réu contra o autor.Não há uma resistência do réu em sentido estrito e sim, uma agressividade do réu em face do autor frente ao procedimento já instaurado.

A reconvenção tem que observar todos os requisitos já estudados para a Petição Inicial, ou seja, artigos 282, 283, art. 39, I, e art. 15 da lei 11.419.

É, porém, permitido ao réu, ao invés de manifestar uma reconvenção, manifestar em seu lugar uma ação autônoma. A Reconvenção visa somente uma ação mais econômica e mais célere, sem ter, porém, caráter obrigatório. Se preferir, o réu pode instaurar uma ação em separado contra o autor do procedimento principal e nesta ação em separado encaminhar o seu pedido.

Hipóteses de cabimento – art. 315

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Além destes requisitos, há que se demonstrar que a competência para a reconvenção é a mesma para a competência para a ação principal e que os procedimentos são comuns.

Procedimento para a Reconvenção: O prazo para oferecimento da reconvenção é o prazo de oferecimento de defesa, ou seja, no procedimento ordinário, o prazo é de 15 dias. Uma petição para a contestação e uma petição para a reconvenção. Se você tiver que oferecer reconvenção e contestação, estas devem ser apresentadas simultaneamente, na mesma data, em instrumentos, peças diferentes, porém simultaneamente. Se você apresentar no 1º dia a contestação e no 15º dia a reconvenção, a reconvenção estaria em prazo intempestivo (preclusão consumativa do ato). No estudo de pós-graduação, hoje se conclui que toda preclusão acaba sendo lógica e consumativa (matéria de pós-graduação).

Na reconvenção, por expressa determinação do CPC, não há citação, basta o réu intimar o autor na pessoa do seu advogado.

Réu que manifesta a reconvenção – reconvinte.Autor da ação principal, contra quem a reconvenção é manifestada – reconvindo.

O reconvindo não precisa ser citado, e sim, segundo o CPC, de intimação. Esta intimação se dá por via de publicação em Diário Oficial (não há correio, oficial de justiça, edital, etc, bastando uma publicação simples do Diário Oficial).

Terminologicamente o termo intimação do autor na reconvenção estaria incorreto, deveria ser citação.

O advogado recebe a intimação para que o reconvindo, querendo, responda à reconvenção.

CPC – para que o advogado receba citação, precisa ter poderes especiais. O CPC, ao usar o termo intimação, afasta esta necessidade, bastando uma pequena publicação no Diário Oficial eletrônico.

No procedimento sumário o procedimento é o mesmo.

A reconvenção gera um julgamento simultâneo, tanto do pedido da ação principal, quanto do pedido da reconvenção (realiza-se uma audiência só, uma sentença só, ganhando-se em tempo a ação).

Ação e reconvenção são ações autônomas, se uma se cancelar, a outra continua.Se você tivesse que instaurar uma ação em separado, seria distribuída por dependência, dando-se conexão, sendo autos separados e amarrados. Na reconvenção, está tudo nos próprios autos.Isto pode ser confuso. O autor da ação principal será intimado através do seu advogado e vai apresentar a contestação à reconvenção. Os autos teriam então 2 contestações. Há procedimentos com 12, 84 reconvenções e contestações do reconvindo.

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Seção IVDa Reconvenção

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

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Considerações finais:Possibilidade ou não de réplica. Há parte da doutrina que diz que a réplica não seria cabível na reconvenção. Mas a maioria entende que sim, que é possível a réplica.Confusão maior é sobre a possibilidade de reconvenção à reconvenção. Pelo CPC, dizendo que o reconvindo deverá apresentar contestação, não há expressa previsão da reconvenção. Há autores que entendem que sim.

Pedido ContrapostoReconvenção mitigada.Hipóteses de cabimento são diferentes da reconvenção:Só pode se fundamentar (causa de pedir próxima ou remota) nos mesmos fatos suscitados no procedimento. Logo, a reconvenção pode ser fundada nos fatos ou nos direitos. No pedido contraposto só pode se fundamentar nos fatos.

Procedimento Sumário – art. 278, parágrafo 1º, Procedimento Sumaríssimo, art. 31, lei 9099/95.

A contestação já afasta na ação dúplice a necessidade de pedido contraposto. Procedimento da reconvenção requer a instauração de uma petição inicial com seus requisitos.No pedido contraposto, é apenas um pedido da contestação.No procedimento ordinário, em que se autoriza a reconvenção, temos 1 PI de contestação e uma PI de reconvenção.No Sumário e Sumaríssimo, tenho a contestação em que o PEDIDO CONTRAPOSTO é apenas 1 ítem, 1 tópico.

Nos procedimentos sumário e sumaríssimo a sugestão é: Na contestação, a nossa primeira atenção é a matéria processual, chamada PRELIMINAR, para apontar irregularidades relacionadas a processo e à ação. Abre-se outro tópico MERITO – Objeto imediato do pedido, contrapondo-se à pretensão. Depois, abre-se outro tópico: PEDIDO CONTRAPOSTO.

NA AÇÃO DÚPLICE NÃO HÁ NECESSIDADE DE RECONVENÇÃO OU PEDIDO CONTRAPOSTO, POIS A PRÓPRIA CONTESTAÇÃO JÁ ATENDERIA AO QUE EU FARIA NA RECONVENÇÃO E PEDIDO CONTRAPOSTO.A CONTESTAÇÃO NAS AÇÕES DÚPLICES JÁ FAZ JUS DE VIA DE CONTRA-ATAQUE. Exemplo: ações possessórias x acidente de trânsito.Na ação de trânsito (Sumário), oferece o réu, após citado, a contestação, e na contestação abre-se o tópico para contra-atacar (Pedido Contraposto), dizendo que é o autor que deve indenizar.Na ação dúplice, não precisaria disto.

Cont.No procedimento sumário e sumaríssimo, a resposta deve ser oferecida em audiência. Como o pedido contraposto integra a contestação, ele será também na audiência. (Pode ser oral – sumaríssimo).No ordinário, há a exigência da reconvenção como ação autônoma.

Impugnação ao valor da causa – art. 261Por via da impugnação do valor da causa, o réu vai indicar o equívoco que o autor teria cometido ao iniciar a PI e indicar o seu valor da causa (arts. 259 e 260).Se lançado equivocadamente pelo autor o valor da causa, abre-se ao réu a oportunidade de impugnar este valor. Esta impugnação deve se dar por uma petição em separado, uma Petição simples, não precisando preencher todos os requisitos exigidos na PI. Basta indicar, conforme o seu entendimento, por que é que o valor da causa informado pelo autor estaria equivocado.Esta petição deve estar em apenso, o autor deve ser ouvido no prazo de 5 dias para que possa ser ouvido. O juiz pode indicar perito para este cálculo.Não precisa ser simultânea a impugnação ao valor da causa com a contestação. A única que tem que ser simultânea é a reconvenção.Para isto, há que se ter o entretecimento, fatos e fundamentos (causa remota e próxima, pedido mediato e imediato).

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A impugnação ao valor da causa só é aceita como tópico na contestação no procedimento sumaríssimo. No sumário e ordinário tem que ser em separado.

Considerações finais:Existe parte da doutrina que diz que o juiz pode retificar de ofício o valor da causa. Para esta parte da doutrina, se o juiz se apercebe que o autor lançou errado o valor da causa, o juiz poderia alterar este valor. O argumento desta parte da doutrina, como o valor da causa é requisito da PI e é matéria pública, o juiz poderia mudar.Outros dizem que o Juiz pode alterar o valor da causa só quando este valor altere o procedimento.Art. 261, parágrafo único diz que se o réu não impugnar o valor da causa, presume-se o valor correto. Se há presunção de valor correto pela inércia do réu, por que haveria o juiz de alterar de ofício o valor da causa? Há uma violação ao princípio da congruência, juiz se atém ao pedido.

Aula 17/04/09

Impugnação ao Pedido de Justiça Gratuita – modalidade de defesa não exclusiva do réuLei 1.060/50

Considerações GeraisPressupõe o estudo do próprio pedido de gratuidade jurisdicional.A lei 1.060/50 diz que as partes podem requerer a gratuidade jurisdicional e à partir daí estariam isentas das despesas de custos, despesas e honorários.Esta possibilidade é tanto para autor quanto para o réu.

Os honorários do advogado são decididos com base na condenação. O pedido de justiça gratuita vem nos auxiliar neste sentido.A lei 1.060/50 diz que aquele que não tem como pagar tais custas, pode estar isento, desde que cumpra determinados requisitos.

A parte contrária pode impugnar este pedido, de forma que aquela parte que requereu o pedido de justiça gratuita tenha que pagar as custas.Alguns manuais de Direito Processual não estudam esta técnica de defesa do réu ou do autor.Alguns professores de PC dizem que como esta impugnação não é espécie de defesa informada no CPC em seu artigo 297.

ProcedimentoA lei 1.060/50 exige que aquele que pede a Justiça Gratuita apenas declare por escrito que não tem como pagar as custas (despesas, honorários e custas) sem prejuízo do seu sustento ou mesmo de sua família.Art. 2º, lei 1.060/50.A lei 1.060 não exige um estado de miséria daquele que pretende a justiça gratuita. A lei diz que não pode ocorrer um comprometimento do sustento.Nada obsta que quem tenha imóvel, carro, requeira justiça gratuita, não há óbice a isto.Ocorre que muitos que têm como pagar requerem este benefício, levando à uma inadimplência antecipada e pública. E na posição de Estado-juiz, o juiz acabe negando esta justiça gratuita, embora a lei não permita a negativa de ofício pelo juiz.Em MG existe o maior número de negativa do Brasil. O problema não é o indeferimento e sim o afastamento da lei. A lei diz que basta a declaração e por ela o juiz tem que deferir.À partir daí, se a parte quiser, pode impugnar. E o juiz pode revogar o pedido, desde que ouça a parte que requer o benefício antes. Mas em MG os juízes estão extrapolando esta regra. Estão condicionando o deferimento do pedido à apresentação de declaração de imposto de renda e contra-cheques.Pela lei não há esta exigência, basta o pedido e a declaração.Existe recurso à esta determinação do juiz (exigência de contra-cheque, comprovante de que não tem imóvel, etc.), cabe agravo de instrumento (recurso a decisão interlocutória). O Tribunal vem acatando estes recursos.

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Ocorre mediante uma petição inicial, uma petição em apenso à PI que foi instaurada. Este pedido receberá um número diferente. Seja o pedido ou a impugnação sempre será em separado, em apenso. A parte contrária tem 48 horas para oferecer resposta à impugnação ao pedido de justiça gratuita. Trata-se de uma exceção, podendo a parte se manifestar a qualquer tempo. A parte que pede e a parte contrária podem pedir a qualquer tempo ao juiz a Justiça Gratuita (por exemplo, durante o procedimento ocorre fato novo que inviabilize à parte pagar os honorários, etc – doença, acidente, desemprego, etc). Se deferida, a parte contrária tem 48 horas para responder (impugnar o pedido de justiça gratuita). O Juiz pode, durante o procedimento, perceber fatores que gerem o afastamento da Justiça Gratuita.

Considerações Finais O que o CPC diz é que todas as vezes que se pede a Justiça Gratuita, os honorários de sucumbência não podem ultrapassar 15% do valor da causa. Alcançado o pedido de Justiça Gratuita, a exigibilidade de pagamento fica suspensa por 5 anos, conforme expresso em lei. Se, durante este prazo, a parte contrária ou advogado conseguir provar que quem alcançou a justiça gratuita tem condições de pagar os honorários ou sucumbência, pode buscar provar em juízo para que fique a parte obrigada a assumir tais custos. O pagamento é corrigido com juros e correção monetária durante o período de afastamento da exigibilidade de pagamento (5 anos), sendo 1% ao mês de juros mais a correção monetária. LER A LEI 1.060/50, a qual foi republicada em 1974. O pedido de justiça gratuita cabe em qualquer procedimento: ordinário, sumário e no recurso do JEsp.

Ação Declaratória Incidental – modalidade de defesa não exclusiva do réu - Art. 5º, 325 do CPC

Considerações iniciaisÉ uma faculdade da parte, não é obrigatória a sua interposição, assim como na reconvenção. Visa a celeridade do procedimento e economia processual.

Requisitos:a) Existência de questão prejudicial negada pela contestaçãob) Competência e procedimento idênticos para Ação Principal e Declaração Incidentalc) Mesmas partes d) Ação Principal pendente

Tem que estar diante, no procedimento já instaurado, de uma questão prejudicial e esta questão tem que ser negada.Questão = matéria controversaPrejudicial = ligada à procedência ou improcedência do pedido.Exemplo: Direito de Família – é mais comum de ocorrer as ações declaratórias incidentais.Uma moça instaura um procedimento contra alguém, requerendo alimentos. Segundo esta mulher, ela manteve união estável com este homem, e, logo após, começou a ter necessidades.

União estável = forma de família semelhante ao casamento. A lei exige que seja do sexo contrário.A relação conjugal, para ser considerada “união estável”, tem que ter cumulativamente :I – ser uma relação pública – de conhecimento de todos, notória;II – ser uma relação contínua;III – a relação tem que ter o objetivo de formação de família;IV – tem que ser entre sexos opostos (homem e mulher).V – tem que existir fidelidade.

Após recente atualização legal, o reconhecimento da união estável não exige a formalidade do casamento nem prazo mínimo (anos) da existência da relação, bastando comprovar os 4 requisitos acima.

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A lei não exige mais a existência de filho comum, moradia no mesmo teto e prazo de 5 anos (estes requisitos eram anteriormente obrigatórios).Logo, a atual diferença de namoro para união estável é muito estreita.

Exemplo: Moça que morava com rapaz a 9 anos, e, tendo a relação interrompida, instaura um procedimento visando alimentos (Ação de Alimentos), fundada em União Estável.Mas a união estável é uma questão prejudicial na ação, visto que a defesa nega a união estável, negando, portanto, a inicial, pois só caberá ação de alimentos se confirmada a união estável.Uma vez negada pela defesa, torna-se questão prejudicial à ação de alimentos, devendo ser anteriormente resolvida, através de Ação Declaratória Incidental, para que se possa, finalmente, julgar o mérito (ação de alimentos) da petição inicial.

No Direito Brasileiro, só há coisa julgada se a decisão for sobre o pedido (Ex.: de alimentos).

Se você quiser, desde logo, resolver a questão prejudicial, manifeste a ação declaratória incidental.

Quando estudamos pedidos cumulados, pode se pedir: União Estável + Alimentos.Como no exemplo acima, a moça não pediu porque considerava ser uma questão certa, não prejudicial, cabe, na negativa da defesa, a Ação Declaratória Incidental.

A defesa pode alegar que teve ou tem outra mulher além da anterior, pois um dos requisitos é a FIDELIDADE.

Procedimento da Ação Declaratória Incidental: pelo réu, deve ser interposta no prazo de defesa, nas preliminares da contestação;

Objetivo da Ação Declaratória Incidental: De se ter um julgamento em conjunto, tanto da ação principal, quanto da ação declaratória incidental, gerando economia processual, maior celeridade e visando evitar incongruências com fatos conexos à mesma ação;

A ação declaratória incidental vem, normalmente, precedida de um susto pela parte contrária, a qual não imagina que a questão prejudicial seria negada pelo réu.A sentença da ação declaratória incidental é sentença declaratória com força de condenação.

Ação declaratória incidental e reconvenção: diferenças

Quanto a Legitimidade: a reconvenção é do réu contra o autor; a ação declaratória incidental pode ser tanto do réu contra o autor quanto do autor contra o réu;

Quanto a dependência da contestação: a reconvenção não depende da contestação; a ação declaratória incidental não existe sem contestação, é feita na contestação;

Quanto a Autonomia: a reconvenção é autônoma em relação à ação instaurada, principal. Se extinta a ação principal, a reconvenção permanece até que se resolva; a ação declaratória incidental não é autônoma. Se extinta a ação principal, a ADI também se extingue.

Quanto ao Objetivo: a Ação Declaratória Incidental visa somente a declaração de um direito ou da existência ou não de uma relação jurídica; a reconvenção, além da declaração da existência ou não de um direito ou de uma relação jurídica, pode requerer também uma condenação ou constituição de direitos;

Quanto a existência de questão prejudicial:ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 82

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a Ação Declaratória Incidental tem como base ou fundamento a existência de uma questão prejudicial; a reconvenção pode ocorrer, vir, sem ou com Ação Declaratória Incidental (questão prejudicial), ou seja, não é pré-requisito da reconvenção a existência de uma questão prejudicial.

Aula 22/04/09

Providências Preliminares – arts. 323 e seguintes – Procedimento Ordinário

Considerações Gerais: Providências preliminares é o nome que o CPC dá ás condutas que devem ser determinadas pelo julgador ou mesmo adotadas pelo autor do procedimento logo após esgotado o prazo de contestação. Pelo instituto das providências preliminares, teremos acesso às condutas que deverão ser determinadas e poderão ser adotadas dando prosseguimento ao procedimento judicial. As providências preliminares dependerão da contestação de maneira direta. Veremos que o tipo de providência preliminar depende do oferecimento ou não da contestação e, se oferecida esta, do seu conteúdo. Podemos, portanto, ter providências preliminares, mesmo sem contestação. Mas precisa-se aguardar o término do prazo da contestação para a adoção de condutas. Quanto ao prazo – o artigo 323 determina que findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos autos. O juiz, no prazo de 10 dias, determinará as providências preliminares que constam neste capítulo. *** Os artigos de hoje deixam claro que, embora as providências, em regra, se realizem em 10 dias, nem sempre isto ocorrerá. Ao que parece, este prazo seria para o magistrado, e não para o autor adotar as condutas. Mas como o juiz não sofre preclusão de seus atos, pode extrapolar este prazo. *** Localização do instituto das providências preliminares nas fases lógicas do procedimento ordinário.

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença INICIAL

vamos estudar no 6º período

A discusão é se as providências preliminares estaria na fase postulatória ou saneadora.Parte da doutrina diz que as providências preliminares encerram a fase postulatória.Parte outra da doutrina diz que as providências preliminares estaria a inaugurar a fase saneadora.Prof.Humberto Teodoro Júnior – as providências preliminares encerram a fase postulatória.

Para o professor, o direito processual democrático, que exige participação e fiscalização das partes, sob pena destas partes não se reconhecerem co-autoras das decisões proferidas, a ausência das providências preliminares durante todo o procedimento torna a decisão inócua.

As providências preliminares envolvem tanto a Petição Inicial quanto a contestação.

Diz o CPC que se o réu não apresentar a contestação e for sofrer os efeitos materiais da revelia, o juiz deverá requerer a especificação de provas pelo autor.

Vimos que, um réu revel não significa um efeito material da revelia produzido (fatos considerados como verdadeiros). Em determinadas hipóteses teremos o réu revel sem que sofra os efeitos da revelia.Neste caso, o autor continua tendo que provar aquilo que alegou na petição inicial. Se ocorrer o efeito

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material da revelia, aí não há necessidade de prova pelo autor, tomando-se os fatos narrados pelo mesmo como verdadeiro.

Quando estudamos a PI, vimos que o autor precisa indicar de forma genérica as formas que pretende produzir. A especificação de provas, é justamente, a indicação final dos meios de prova que o autor pretende utilizar e também a indicação da finalidade da prova, aqui entendida como quais os fatos que o autor pretende provar com estes meios de prova.Se o réu deixa de oferecer contestação, mas não há efeito material da revelia, o autor tem que especificar quais fatos pretende provar e através de quais meios.Exemplo: A instaura ação de danos materiais contra B e C. B não oferece contestação, sendo revel. C apresenta contestação, afastando o efeito material da revelia. Nesta hipótese, B não apresentou a contestação mas continua obrigado a especificar as provas, pois C, em litisconsórcio, apresentou a contestação.A pode dizer, por exemplo, que embora tenha indicado de maneira genérica que usaria de todos os meios de prova admitidos pela lei, irá usar apenas das provas testemunhais.

NÃO CONFUNDIR REVELIA COM EFEITOS DA REVELIA.

Pelo CPC, a única hipótese em que haverá a especificação de provas é esta – não há efeito material da revelia.No entanto, jurisprudência, súmulas, vem dizendo que, se o réu, não tem direito a especificação de provas, tem seu direito de ampla defesa do réu violado.

Pelo CPC só quem especifica provas é o autor e especificamente na especificação de provas.Hoje, o entendimento majoritário é tão absoluto é muito comum o juiz soltar um despacho:especifiquem as partes as provas (ou seja, esta especificação é aberta tanto ao autor quanto ao réu).

Pelo CPC, o momento do réu requerer as provas que vai produzir é na contestação.

2. RÉPLICA OU IMPUGNAÇÃO – arts. 326 e 327 (1ª parte).

Ao contrário da especificação de provas, que pressupõe a não apresentação de contestação, a réplica pressupõe a apresentação de contestação como também pressupõe que esta contestação apresentada traz como conteúdo matéria preliminar ou matéria de defesa indireta de mérito.À partir dos artigos 326 e 327, 1ª parte, se na contestação o réu suscitou uma defesa preliminar ou uma defesa indireta de mérito, o autor tem o direito de falar sobre estas matérias por via da RÉPLICA.Portanto, para que se tenha réplica no procedimento ordinário, há que se ter uma contestação que suscite defesa preliminar ou defesa indireta de mérito.Lembrando:Preliminar – diz respeito à condição da ação ou pressuposto processual.A defesa de mérito indireta - é aquela que traz fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do autor.Se você, na condição de autor, ao ler na contestação do réu, identificar preliminar ou defesa indireta de mérito, terá o direito à réplica no prazo de 10 dias.A réplica é algo importantíssimo para o autor porque é através dela que o autor irá demonstrar que a

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CAPÍTULO IVDAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos autos. O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as providências preliminares, que constam das seções deste Capítulo.

Seção IDo Efeito da Revelia

Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o efeito da revelia, mandará que o autor especifique as provas que pretenda produzir na audiência.

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defesa de mérito indireta ou preliminar são incabíveis no caso em questão. O autor pode inclusive juntar documentos na réplica, desde que estes se relacionem à matéria de defesa de mérito indireto ou preliminar (documentos novos desde que adstritos à estas matérias).A réplica pode destruir a contestação do réu.

Parte da doutrina diz que a réplica não deveria existir, pois não há isonomia entre autor e réu, vez que autor fala duas vezes e o réu uma vez só.Parte da doutrina diz que se a réplica não existir, há restrição do direito de ampla defesa do autor, vez que o réu traz uma matéria de mérito ou preliminar que atingem o pedido do autor, devendo o mesmo ter o direito de participação e fiscalização.

3. AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL – já estudada em última aulaNa última aula foi vista como técnica de defesa do réu.Aqui, nesta aula, está vista como direito do autor, como providência preliminar, tendo o prazo de 10 dias, conforme art. 325 CPC (ação de declaração incidental).

4. SANEAMENTO DE VÍCIOS – art. 327, parte final.

Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Nos procedimentos Sumário e Sumaríssimo, as providências preliminares são bastante mitigadas.

O que a doutrina e jurisprudência minoritária vem dizendo é que a especificação de provas no sumário é cabível na audiência, embora a lei vede, assim como a maioria da doutrina (art.276) e no sumaríssimo não é cabível, porque pode produzir as provas na audiência independentemente do pedido.

A doutrina e jurisprudência vêm dizendo que a réplica é permitida na audiência de conciliação do procedimento Sumário (mesmo o CPC nada falando a respeito), no procedimento Sumaríssimo não há direito a réplica.

Ainda sobre a réplica – muitos advogados deixam de exercer o direito à réplica, sendo um erro. A réplica deve ser usada pelo advogado na oportunidade.

Outras condutas que são providências preliminares mas não estão previstas nos artigos acima:(normalmente cobradas em concurso público) A determinação da intervenção do Ministério Público – há hipóteses de atuação previstas para o MP (art. 82); A citação do litisconsorte necessário; A decisão sobre as intervenções de terceiros; Determinar pronunciamento sobre documentos juntados – no Direito Brasileiro, se uma das partes junta um documento no procedimento ordinário, a outra parte tem o direito de sobre ele se pronunciar num prazo de 5 dias.

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Seção IIIDos Fatos Impeditivos, Modificativos ou Extintivos do Pedido

Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.

Seção IVDas Alegações do Réu

Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 301, o juiz mandará ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental. Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe o capítulo seguinte.

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MODELOS DE RESPOSTA DO RÉU:Site da Dom Helder – Ex.: Contestação em ação de indenização por danos morais movida por advogado contra cliente.

Aula 24/04/09

Apresentação dos trabalhos em banca: sala 72, 4ª feira próxima, 17hs.

Do Julgamento conforme o estado do processo Considerações iniciais Artigos 329 e seguintes

1. Extinção do processo2. Julgamento antecipado da lide3. Saneamento procedimental Audiência preliminar Despacho saneador Provas

Considerações gerais Conceito de prova no CPC

O julgamento conforme o estado do processo está na fase saneadora e se você entender que as providências preliminares estão também na fase saneadora, o julgamento conforme o estado do processo inaugura esta fase.

O julgamento conforme o estado do processo, art. 328, é situado logo após as providências preliminares, tendo estas providências preliminares existido ou não. Segundo o que a doutrina vem dizendo, a fase saneadora que abarcaria o julgamento conforme o estado do processo estaria logo após a fase postulatória.

O julgamento conforme o estado do processo é gênero do qual são espécies: extinção do processo, julgamento antecipado da lide e o saneamento procedimental.Basta acompanhar o CPC a partir do art.329 que conseguiremos identificar cada um destes itens.

A extinção do processo está no art. 329.O julgamento antecipado da lide está no art. 330 eO saneamento procedimental está no art. 331.

1ª espécie de Julgamento conforme o estado do processo, conforme o CPC seria a EXTINÇÃO DO PROCESSO.Conforme o art.329, irá existir a extinção do processo na hipótese dos arts. 267 e 269, incisos II a V.

O CPC prevê no art. 329, alcançando também o julgamento antecipado da lide, é a antecipação do julgamento.Atualmente, as decisões são proferidas como sentenças só na fase decisória. Pelo julgamento conforme o estado do processo, o CPC autoriza que ao invés que a sentença seja proferida na fase decisória, ela seja proferida já na fase de saneamento.

É possível, portanto, que o procedimento não apresente as fases probatória e decisória, é possível que a sentença seja proferida no próprio julgamento conforme o estado do processo.

Em relação à extinção do processo, será possível que ocorra já na fase do saneamento, quando o juiz identificar algumas das hipóteses dos arts. 267 ou 269, II a V.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARAArt. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

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Art.267 – diz respeito às condições da ação ou pressupostos processuais. Extinção sem resolução do mérito.

Art. 269 – com resolução do mérito.

Pelo julgamento conforme o estado do processo, o juiz poderá decidir a sentença desde a fase de saneamento, sem precisar aguardar a fase decisória.Tendo o juiz, na fase preliminar, tendo os autos em suas mãos, vendo que há falta de condição da ação ou pressuposto processual, pode o juiz já extinguir desde logo o processo sem julgamento do mérito.

Vimos nas providências preliminares que, se o vício é sanável, o juiz dará prazo de 30 dias para suprir o vício. Se insanável o vício, não há o que se suprir.A decisão de vício insanável é decisão interlocutória, pois dá direito a recurso pelo autor.

Parênteses teórico sobre a expressão “Extinção do processo” : O CPC, que traz o conceito de processo como relação jurídica entre autor, juiz e réu e que cumpre finalidades, esta terminologia é possível. Para o conceito constitucionalizado de processo, esta expressão jamais poderia existir, pois não haveria participação e fiscalização, numa perspectiva democrática. Leia-se, portanto, este conceito de extinção do processo, a partir da concepção do CPC.Cabe recurso a esta decisão ou ainda ação rescisória.Na visão do CPC (e de SP), seria a eliminação do recurso.

( ) Alexander Gaspar – escreveu sobre a extinção do processo, dizendo que se extinguir o processo estaríamos extinguindo a nós mesmos. Estudos Continuados de Teoria do Processo. Sugere a modificação de extinção para encerramento.Estes artigos visam celeridade e efetividade.

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Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

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Julgamento de plano, não precisa de citar.Tutela antecipada.>> O julgamento antecipado da lide pode ocorrer segundo o artigo 330 em 3 hipóteses e estas 3 hipóteses estão indicadas nos incisos I e II.

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência; 

II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

1ª hipótese de julgamento antecipado da lide: ser a matéria unicamente de direito – neste caso não vai requerer prova, afastando-se a fase probatória e antecipando-se a fase decisória.Discussão: Existe matéria somente de direito? Para o CPC e alguns autores há, para outros não.

2ª hipótese para julgamento antecipado da lide: sendo a matéria de mérito, de fato e de direito, não sendo necessário a produção de provas em audiência. O período para se juntar documentos nos autos já se passou> documentos indispensáveis ou> especificação de provas (providências preliminares).

3ª hipótese para julgamento antecipado da lide: quando ocorrer a revelia, com os efeitos materiais (onde o réu tem que especificar provas).Sem efeitos matérias a revelia, julgamento conforme o estado da lide, julgamento conforme o estado do processo.

PROVA:Sem efeito material – especificação de provas pelo autor (art.320, 302 CPC).Com efeito material – julgamento antecipado da lide.Nós já estudamos:Tutela antecipadaO julgamento de plano pela improcedência (que também é antecipado).

Paralelo entre estes institutos: PROVA

Julgamento antecipado da lide não se confunde com antecipação de tutela.A antecipação de tutela, quando ocorre, o procedimento continua tramitando até a sentença, tanto é que poderá existir revogação ou modificação da decisão antecipada.No julgamento antecipado da lide, se você julga no saneamento, na fase saneadora, o procedimento se encerra ali.É por isto que a decisão antecipatória se dá por decisão interlocutória e o julgamento antecipado da lide por via de sentença.

A antecipação de tutela pode alcançar um ou mais pedidos.O julgamento antecipado da lide não, tem que atingir todos os pedidos, tanto é que o procedimento é encerrado.

Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória.Contra a sentença cabe apelação.

Em relação ao confronto do julgamento antecipado da lide e da improcedência de plano do pedido as diferenças são ainda maiores. No art. 285-A, o juiz profere sentença na fase postulatória, antes mesmo da citação do réu.No julgamento antecipado, a sentença é proferida no saneamento, na fase saneadora.Por outro lado, a partir do art. 285-A, a sentença é sempre de improcedência do pedido.

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No julgamento antecipado da lide não, a sentença pode ser de procedência ou improcedência.

Antecipação da lide(não tem urgência) e procedimento cautelar (sempre visa urgência).

Lide, que integra a expressão “julgamento antecipado da lide”, leia-se julgamento antecipado do pedido, pedido mediato, direito material, é por isto que a sentença é de mérito.Mas se não ocorrer o julgamento antecipado da lide ou extinção do processo, ocorre o saneamento procedimental – art. 331 CPC

O saneamento do procedimento pode ocorrer ao longo de uma Audiência preliminar ou fora dela.Se fora , chama-se despacho saneador.Conforme o CPC, a audiência preliminar deve ser marcada sempre que o direito debatido for disponível e sempre que seja provável a obtenção de transação.Então, quando o direito é disponível e quando é provável a existência de acordo sobre este direito, o juiz deve marcar audiência preliminar.

A audiência preliminar tem duplo objetivo:1º - tentar conciliação,2º - se não conseguir conciliação, sanear o procedimento.

Estranho nisso tudo, se o juiz entender que é improvável a conciliação, o CPC diz que o juiz não deve marcar a audiência preliminar. Logo, sem ouvir as partes, não marca preliminar, sendo totalmente subjetiva a decisão do juiz.Percepção do professor: maior quantidade de conciliações quando é na presença do juiz.

Art.331, parágrafo 2º - o juiz deve, saneando o procedimento, Saneamento – o juiz estaria preparando o procedimento para a fase probatória, estabelecer quais fatos devem ser provados na audiência, vai marcar a audiência.O saneamento, se não ocorrer na audiência preliminar, vai ocorrer no despacho saneador, que é uma decisão, decisão fora da audiência.

( ) expressão equivocada de despacho saneador.Despacho – é ato de impulsionamento do procedimento, ato de tramitação. O despacho não viola direitos. Mas quando se fala no saneamento, e a doutrina fala de despacho saneador, estamos diante de atos que não são atos de mero impulsionamento do procedimento. O despacho saneador é uma decisão interlocutória, pode gerar direito sim e pode gerar prejuízo se negado, cabendo recurso(agravo), se fosse despacho não caberia recurso. Decisão interlocutória saneadora.Se o juiz, por exemplo, negar o direito a perícia solicitado pelo autor, ele te gera prejuízo.

PROVASAs provas vêm sendo indicadas pelos autores como integrantes da fase probatória. Mas, como considerações iniciais, realmente pela doutrina, a fase probatória se inicia após o saneamento. Mas na prática já existe a produção de provas desde a petição inicial.Quando se tem que anexar documentos indispensáveis à petição inicial na fase postulatória, já existe a produção de provas. Ler, portanto, com reserva estas doutrinas.

O estudo das provas gastará 8 aulas. O CPC começa a abordar as Provas no art. 352 e vai até o art. 443. São mais de 100 artigos só sobre provas.

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Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.

§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

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No âmbito do Processo Civil Brasileiro, a prova recebe um conceito variado.Na Teoria do Processo, existem 3 teorias que se destinam a explicitação do conceito de prova:1ª – Diz que prova é meio de prova2ª – Diz que prova é atividade de provar3ª – Diz que prova é resultado probatório

São 3 teorias importantes, de autores estrangeiros, que disputam o conceito adequado de prova.

O CPC acolheu os 3 conceitos, ao invés de escolher um deles.Deixou claro isto em 3 artigos: Art.332 – Prova é meio de prova. “Todos os meios legais ou moralmente legítimos...” – documental, testemunhal, etc. Art. 333 – Ônus da prova a autor e réu – provar como atividade de provar. Art. 131 – O CPC diz que o juiz deve apreciar livremente a prova – prova aqui é o resultado probatório, são as provas constantes nos autos, aquilo que consta no procedimento.

Aula 29/04/09

Apresentação do trabalho de monografia em Banca - Hoje: Art. 285-A fere o contraditório? Qual a diferença da antecipação de tutela e do julgamento de plano? Qual a diferença do julgamento antecipado da lide e da antecipação de tutela?

Prova Civil – continuação Objeto de Prova Ônus da Prova

Regra geral Convenção Inversão

Meios de Prova

Avaliação múltipla – será dia 06/05/09 – valor : 8 pontos – 4ª feira:Assuntos da prova: Da Resposta do Réu: Contestação Reconvenção Exceção Impugnação ao valor da Causa Impugnação a Justiça Gratuita Antecipação de tutela Pedido Contraposto Ação Declaratória Incidental

Matéria da 2ª parcial – á partir da matéria após a 1ª prova até próximo a data da 2ª parcial.

Prova para o CPC – é meio, atividade e resultado. Adota as 3 teorias.

Identificação do que é que deve ser provado no procedimento judicial.Qual é o objeto de prova? Ou seja, quais são os fatos que devem ser provados no procedimento.

Regra geral – todos os fatos têm que ser provados, embora o art. 334 do CPC nos indique fato que não depende de prova.Apesar de ser comum se dizer que o objeto de prova são os fatos, no Direito Brasileiro, excepcionalmente o direito pode ser objeto de prova, conforme previsão do art.337 do CPC.Dizer que o objeto de prova são os fatos é algo que deve ser acolhido como regra geral e com reservas, pois excepcionalmente pode se ter o direito se colocando como objeto de prova.

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Art.337

O juiz pode determinar que se prove o teor e a vigência destas provas.O direito se prova com a apresentação do texto normativo – juntar aos autos uma cópia da lei em questão.

Exemplo: Direito estrangeiro – área trabalhista – Mendes Júnior e envio de funcionários para o Iraque ou Arábia Saudita.

Art.334

I – Fato notório – vem sendo bastante questionado pela doutrina, pois, em se admitindo a notoriedade como algo que afastaria a necessidade de se provar, a identificação de fato como notório seria algo muito útil a quem aproveitaria esta provação. As teorias que se apresentam para dizer o que é fato notório são:a) Fato notório é aquele de conhecimento geral, que todo mundo conhece.b) Fato notório é aquele de conhecimento geral mas numa determinada localidade. À partir desta teoria, tem-se uma restrição importante ao que é e ao que não é notório.

Num caso concreto, se adotada a 2ª teoria, determinado fato pode ter que ser provado, enquanto pela 1ª teoria não teria.

Fatos – art. 334.Direito – art. 337.

II – Fatos afirmados pela parte e confessados pela parte contrária.Se a confissão ocorre a partir de um vício de consentimento, há como requerer um vício desta confissão.Neste inciso há a pressuposição de que a confissão não seria viciada.

IV – Não dependem de prova os fatos em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Matéria de mestrado do professor: As presunções e contraditório no Estado Democrático de Direito.

“As presunções violam o princípio do contraditório.” Quando se presume, quem deveria provar a existência do fato, fica dispensado de fazê-lo, havendo a supressão de ônus de provar, tendo a parte contrária que provar o contrário. Viola o contraditório por ser o contraditório uma igualdade de tratamento. Pela presunção esta igualdade é afastada. Sejam as presunções relativas, mistas ou absolutas, violam o princípio do contraditório.

Outro aspecto em relação às presunções é o Princípio da Inocência, o qual determina que ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo. Mas, na legislação infraconstitucional brasileira este princípio é

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Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:I - notórios;II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;III - admitidos, no processo, como incontroversos;IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

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violado, pois, por via legislativa, existem determinações que obrigam o indivíduo a produzir prova contra si mesmo. Se confrontarmos a lei constitucional com a infraconstitucional, deve prevalecer a lei constitucional.

O CC 2002, no art. 231, previu que se o indivíduo não se prontificar a fazer uma perícia médica, o resultado produzido por ela tem como ser verificado, ou seja, se você não fizer, estará reconhecendo a procedência do pedido.Exemplo: Exame de DNA em testes de paternidade.

Discussão hoje: a presunção beneficia um e prejudica o outro, não havendo tratamento igualitário.Em muitas vezes esta presunção vem para beneficiar a sociedade. Exemplo: Direito Penal, presunção de estupro em relações com menor de 14 anos (presunção pro-societatis).

Outra presunção perigosa: “Fé Pública” – resquício do Estado Social – se hoje não há mais diferença entre privado e público, por que o que o Estado diz é verdadeiro e o que o cidadão diz não é presumidamente verdade, tendo que ser provado?

Ônus da prova – art. 333 CPC

O CPC determina os fatos que o autor deve provar e quais os fatos que o réu deve provar.Autor – prova dos fatos constitutivos.

Verificamos este ônus da prova na defesa direta de mérito.

O fato constitutivo é o fato que permite a aplicação da norma favorável ao autor.O fato impeditivo é o fato que, concorrendo com o constitutivo, veda a aplicação da norma favorável ao autor.O fato modificativo é o fato que permite a aplicação da norma favorável ao autor mas não da maneira inicialmente pretendida.O fato extintivo é o fato que obsta ou faz cessar a aplicação da norma favorável ao autor.

Em termos gerais:O autor deve provar fatos que lhe interessem e o réu também provar fatos que lhe interessem.A partir daí, o autor deverá provar os fatos que autorizariam a aplicação de uma norma favorável a ele (fato constitutivo) e o réu deverá provar os fatos que afastariam, ainda que parcialmente, a aplicação desta norma favorável ao autor.Se o autor diz que A gerou a ele um prejuízo, um dano, em decorrência de sua conduta, é o autor que deve provar a existência do prejuízo, quem provocou este prejuízo e o nexo de causalidade (fato constitutivo).Mas o réu, a partir daí, deverá provar todos os fatos que impeçam ao autor obter a aplicação daquela norma que alega da maneira pretendida, devendo trazer um fato impeditivo, extintivo ou modificativo.

Exemplo:Quando se fala em fato impeditivo, seria um fato que concorre com o fato constitutivo e que vedaria a aplicação do fato constitutivo do autor.Ex.: Justiça do trabalho, demissão sem justa causa, direito do empregado receber 40% do FGTS, somente se esta demissão for sem justa causa.

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CÓDIGO CIVIL 2002Art. 230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal.Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:I - recair sobre direito indisponível da parte;II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

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Se o réu demonstra que houve desligamento mas que ocorreu por justa causa, ele veda o direito almejado pelo autor (fato impeditivo).Fato constitutivo – demissão – provada pelo autor.Fato impeditivo – justa causa

Fato impeditivo é uma qualidade do fato constitutivo, que, se comprovada, afasta a aplicação da norma favorável ao autor.O fato modificativo dá uma aplicação da norma de forma diferente da almejada pelo autor.Exemplo: Dívida de mil reais demandada pelo autor sendo que você já pagou 600 reais. Neste caso, comprovado o pagamento parcial, persiste a demanda de pagamento parcial, sendo este um fato modificativo.

O fato extintivo obsta a aplicação da norma favorável ao autor:1. Pagamento integral;2. Prescrição 3. Decadência

Estes 3 institutos são fatos extintivos.

A presunção faz com que aquele que se beneficia dela não prove nada, ficando todo o ônus da prova para a outra parte, não havendo isonomia.

Convenção do Ônus da provaAlém das presunções, o CPC prevê no parágrafo único do art. 333, de autor e réu convencionarem o ônus da prova de maneira diversa à regra geral dada no caput do art.333.

A convenção do ônus da prova não pode ocorrer:I – quando o direito for indisponível;II – quando for excessiva, houver excessividade para a parte contrária.

Inversão do ônus da prova – art. 6º do CDC, lei 8078/90Neste artigo o CDC prevê a possibilidade de que o consumidor não precise provar.

A inversão do ônus da prova se dará (no CDC):1. Se houver verossimilhança das alegações;

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CDC - Dos Direitos Básicos do Consumidor

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

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2. Alegação de hipossuficientes (frágil, ou no plano técnico-científico, econômico, jurídico, político, etc).

Quais os requisitos para o ônus da prova? Verossimilhança ou hipossuficiência.

Parte da doutrina aceita a inversão e parte da doutrina diz que a inversão afronta a isonomia.

Professor: A inversão do ônus da prova no CDC não apresenta o momento ideal para que ocorra, não diz quando é que o juiz deve ou não inverter o ônus da prova e isto abre espaço para conflitos.

Vimos o saneamento e nele o juiz deve fixar os pontos controvertidos, pendentes e falar sobre a prova (se inverte ou não a prova). O juiz em MG vem invertendo a prova na sentença (CDC), ferrando o fornecedor 2 vezes: desiguala e impede que seja provado, pois a fase probatória já passou.O fornecedor não conta na fase probatória em provar fatos que dizem respeito a parte contrária.

Aula 06/05/09

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Meios de Prova Considerações iniciais

1. Depoimento Pessoal Considerações iniciais Interrogatório e Depoimento Pessoal Lugar da produção Produção

2. Confissão Considerações iniciais Requisitosa) Capacidade do confitenteb) Direito disponível relacionado ao fato confessadoc) Adesão do cônjuge, nas ações sobre imóveisd) Desnecessidade de forma solene para a prova do fatoe) Verossimilhança da alegação relacionada ao fato

Quando o CPC fala dos meios de prova, ele se remete de maneira inicial no art. 332 que diz que temos o direito de utilizar de todos os meios de prova legítimos e legais de prova. Depoimento pessoal e confissão – meios legais de prova. O CPC não diz o que é meio moralmente legítimo – envolve o conceito de Moralidade. O conceito de moralidade recebe contornos específicos para cada autor que a aborda. A moralidade se distingue em cada paradigma do direito: Estado Social, Democrático, Liberal. Na prática, a cada dia que passa, é mais comum a discussão da aceitação ou não de fatos que são provados no procedimento que não expostos na lei. Não há regramento para os meios moralmente legítimos. ( ) Kant – A moralidade obriga internamente.

Se a moralidade é interna, como dizer se é meio legítimo ou não? No âmbito do Direito Penal, a todo o tempo se discute sobre os meios moralmente e legalmente legítimos quando se trabalha a prova lícita e ilícita. No âmbito do Direito Civil, é muito discutido no Direito de Família.

Hoje, existem 2 teorias bem claras sobre o estudo da prova ilícita.1ª teoria – Não se importa com o meio de prova e sim com sua finalidade. Para esta doutrina, pouco importa se o meio é lícito ou não, o que importa é sua finalidade. Este conceito se aplica muito bem para quem trabalha o Processo como Relação Jurídica, importando a decisão, pouco importando o meio que foi utilizado.2ª teoria – Para quem trabalha o processo democrático, o meio faz toda a diferença. No paradigma atual do Estado Democrático do Direito, temos que ter participação e fiscalização em relação às decisões cujos efeitos nós sofreremos.Dentro dos Direitos Fundamentais, existem os direitos à privacidade, inviolabilidade, intimidade, etc.Para quem trabalha o Direito Democrático, os fins não justificam os meios. A fixação dos fatos tem que partir de uma participação e fiscalização incessantes.Se não posso admitir um fato se o meio é ilícito. Se há violação de participação, fiscalização, intimidade, entre outros, o fato demonstrado no procedimento estaria nulo em si.Na prática, a mesma situação vem recebendo entendimentos completamente distintos conforme uma ou outra teoria.O que o Direito Penal vem fazendo é enunciar uma série de teorias para abordar a prova ilícita ou não.

Exemplo: A queria se separar de B. O motivo era traição da mulher contra o marido.A demonstração da traição será feita por qual meio de prova ?A responde que não viu, que ninguém lhe falou, mas que tem certeza de que foi traído.Não sendo esta informação, A insere câmera para filmar o quarto e comprova a traição.Porém, este meio usado não teve a participação da mulher para a fixação da câmera, não tendo a prova participação e fiscalização da parte contrária, invadindo sua privacidade e intimidade, o que pode gerar o questionamento da ilicitude da prova, que o meio foi moralmente ilegítimo.

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Com este entendimento, o réu da separação poderia reconvir, pedindo danos morais pela invasão de privacidade.

Hoje, o juiz se baseia na instituição da família como entidade mais importante e defendida pela CF/88, não acata a separação por fim do afeto.

Existindo ou não da prova ilícita, ela traz questões inevitáveis para o julgador.Mesmo que a prova seja retirada dos autos por ser ilícita, o magistrado já se convenceu da veracidade dos fatos.O que não está nos autos não está no mundo – o juiz decide sem poder usar como fundamento o meio ilícito de prova.Nas lojas, o aviso de que você está sendo filmado, é meio para comprovar que você participa e fiscaliza, sabe que está sendo filmado, é partícipe do registro do fato, não sendo meio ilícito a filmagem neste caso.

( ) Em lugares públicos, há uma maior possibilidade de sustentação quanto à este tipo de prova, pois a pessoa se expõe publicamente, se coloca no risco de se expor.Em contrapartida, o argumento é ______

Depoimento Pessoal – Art. 342 e seguintes.É prestado pela parte ou por um terceiro interessado (intervenção de terceiros).Este depoimento é sempre parcial.Acaba sendo um meio de prova que visa esclarecer fatos mas que deve ser observado com ressalvas.

O depoimento pessoal é gênero, do qual o interrogatório e o depoimento pessoal são espécies.

InterrogatórioAto que tem por finalidade o esclarecimento do juízo.O objetivo do interrogatório é trazer informações sobre determinados fatos a partir da iniciativa do juiz.O interrogatório, sendo um ato privativo do juiz, acaba sendo bem diferente do depoimento pessoal.Pelo interrogatório, só o juiz é que pode perguntar.O interrogatório pode existir quantas vezes o juiz quiser.O juiz pode, a qualquer tempo, intimar as partes e terceiros interessados para esclarecer os fatos.Depoimento Pessoal – Partes e Terceiros InteressadosOcorre, em regra, na Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ).

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Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

Do Depoimento PessoalArt. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento.§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor.§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a pena de confissão.Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas.Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte.Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação de casamento.

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Em regra, é prestado apenas uma vez, nesta audiência (AIJ).No âmbito do depoimento pessoal, tanto o juiz pode perguntar, quanto os advogados das partes contrárias, assim como o Ministério Público como fiscal da lei.Se você pretender colher depoimento pessoal da parte contrária, a finalidade do mesmo é de obter a confissão.Pelo depoimento pessoal, o que se pretende conseguir, é que a parte contrária confesse um fato.É por isto que o professor informa que não devemos pedir o depoimento pessoal do seu próprio cliente.1º - pergunta o juiz;2º - pergunta o advogado do autor;3º - pergunta o advogado do réu;4º - pergunta o terceiro interessado.

Se há litisconsórcio, houve-se na ordem da indicação da petição, na ordem cronológica.

Como o Depoimento Pessoal requer provocação da parte interessada, não podendo o juiz de ofício solicitar o DP, peça a intimação pessoal desta parte, pois, senão, ela não precisa ir. Se quiser que a parte contrária venha para o depoimento pessoal, peça um mandado para que pessoalmente seja intimada a parte contrária para que venha a juízo, senão presume-se verdadeiro o que foi afirmado.

A parte tem direito de ouvir a parte contrária, desde que faça o requerimento de mandado para intimar pessoalmente a parte contrária. Se não requisitar, a parte não é obrigada a ir na AIJ, indo somente o seu advogado (direito ao silêncio).

O momento de requerer o mandado para intimar pessoalmente a parte contrária a prestar o depoimento pessoal não é informado expressamente pelo CPC.Para o professor, deve ser no momento de especificação de provas. Há entendimentos de que seja no prazo de 5 dias antes da audiência (quando o prazo não é informado, o CPC informa que será de 5 dias).

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença INICIAL

vamos estudar no 6º período

O CPC não proíbe que você consulte documentos durante o depoimento pessoal, de breves relatos. O que o CPC não permita é que se leia um documento, discurso, etc. O depoimento pessoal é de pergunta e resposta, diretamente.

O CPC, no art. 347, diz que:

Fora isto, a parte é obrigada a depor.

O CPC traz o conceito de Confissão no art. 348.

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Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação de casamento.

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Para o professor, a confissão não é meio de prova, e sim decorrência da utilização de um meio, é uma declaração.

Para que a confissão seja válida, há que se preencher os requisitos:a.Capacidade do confitenteb.Direito disponível relacionado ao fato confessadoc.Adesão do cônjuge, nas ações sobre imóveisd.Desnecessidade de forma solene para a prova do fatoe.Verossimilhança da alegação relacionada ao fato – a doutrina vem afirmando que a confissão seja havida em cima de fato que se tenha como verdade. (Subjetividade).

Aula 13/05/09

2. Confissão – art. 348 Espécies

Judicial ou ExtrajudicialProvocada ou EspontâneaReal ou Ficta

Irretratabilidade Revogação Indivisibilidade – art. 354 Eficácia

3. Prova Testemunhal Considerações Gerais Admissibilidade Quem pode testemunhar

Confissão judicial – o CPC não diz expressamente mas confissão judicial é aquela que ocorre em juízo.Confissão extrajudicial – é aquela que ocorre fora do juízo.

Sendo Judicial, pode ser provocada ou expontânea.Provocada – diz o CPC que a confissão será provacada quando ela decorrer de um depoimento pessoal.Espontânea - pode ocorrer tanto em juízo quanto fora dele.

Em TGP II vimos:Advogado – tem poderes de mandato gerais e específicos – art. 38 CPC.Especiais – o advogado, dentre os poderes especiais, pode confessar em nome do cliente, podendo o advogado ser agente de confissão espontânea.CUIDADO: Se constar na procuração que o advogado tem o poder para confessar, cuidado para não confessar, senão prejudica o cliente.

Confissão judicial - Tem efeitos plenosConfissão extrajudicial - Espontânea, extrajudicial, deve se observar a forma em que foi feita.

O CPC diz:Se extraoficial, e por escrito, e diretamente feita pela parte contrária ou pelo seu representante, terá efeito como se judicial fosse.Exemplo: Produzir um documento direcionado a parte contrária confessando determinado ato.Assinar documento confessando a dívida, direciona o documento à parte contrária, será confissão.O CPC diz que:

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Da ConfissãoArt. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.

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Se confessar para um terceiro ou verbalmente, ou por via de testamento, esta confissão será tomada com reservas – o juiz deverá avaliar com cuidado a confissão que se realizou.

Conseqüências da confissão realizada:CPC diz – uma vez confessado um fato, não se pode retratar sobre esta confissão, não se pode voltar atrás. O CPC não admite a retratação da confissão, embora admita a sua revogação.

Diferença de retratação para revogação (confissão é irretratável mas é revogável)A retratação é manifestação de vontade de quem confessou, direito potestativo, não depende da intervenção do órgão jurisdicional.A revogação requer instauração de ação judicial e somente é cabível se você argüir que a confissão se deu a partir de um vício de vontade – art. 352.

Art. 352CONCURSO VEM COBRANDO MUITO O TIPO DE AÇÃO PARA REVOGAÇÃO

O CPC diz que se o procedimento onde a confissão se aproveita ainda não teve coisa julgada, a ação seria a Ação anulatória.Se já houver coisa julgada, deve se usar a Ação Rescisória.

A confissão é irretratável mas revogável se feita com vício de vontade, via ação anulatória se ainda sem coisa julgada, ou ação rescisória se já houve coisa julgada.

A ação destinada à revogação é uma ação personalíssima, só quem confessou é que pode destinar a ação para revogar a confissão. Se quem confessou morrer antes de instaurada a confissão, não poderá (seus sucessores) instaurar a mesma. Se morrer o confessor após já ter o mesmo instaurada, poderão seus sucessores darem continuidade á ação.

O CPC diz que a confissão é indivisível, ou se aproveita a confissão integralmente ou não se aproveita nada – art. 354.

Não há hierarquia no Direito Brasileiro entre os meios de prova. Não é melhor a confissão do que perícia, testemunhas, etc.A eficácia da confissão, será, portanto, sempre relativa.Na prática, já há quem diga que a confissão é a rainha das provas. Se o sujeito que vai ser alcançado de maneira desfavorável pela confissão, ainda assim confessa, maior credibilidade ainda se dará à confissão.

( ) Confissão é difícil de se afastar.

Há a discussão se a confissão é ou não um meio de prova.Há quem entende que sim, outros que não é, outros que dizem que dependem de outros depoimentos de prova, por exemplo, o documental.3. Prova Testemunhal – art. 400 e seguintes do CPC

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Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único fundamento.Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.

Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.

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Considerações GeraisA prova testemunhal é prestada por terceiros desinteressados.O depoimento pessoal é prestado pelas partes e por terceiros interessados.

AdmissibilidadeEmbora quase sempre admitida a prova testemunhal, os arts. 400, 401 e 402 indicam as hipóteses em que ela não será admitida.O CPC diz que o juiz indeferirá as testemunhas fatos já comprovados por documentos ou por confissão da parte, e também quando só puderem ser provados por perícia ou já estiver provado.

A prova testemunhal não pode ser usada para afastar a confissão já feita, salvo se você revogar a confissão.O CPC tenta afastar a utilização de testemunha por desnecessária.O CPC diz que a existência de um contrato só pode ocorrer por via exclusivamente testemunhal, se o valor da dívida se der no máximo de 10 salários mínimos.

Pagamento, exclusão de dívida e existência do contrato até 10 salários mínimos, acatam prova testemunhal. Se o valor se situar acima de 10 salários mínimos, não se poderá usar exclusivamente de prova testemunhal (salvo art. 402).

Quem pode testemunhar – art. 403Em regra, todos podem testemunhar. O CPC afasta num 1º momento da possibilidade de testemunhar, somente os (art. 405):

1. Incapazes – estão sempre ligados a fatores físicos ou psíquicos.2. Suspeitos3. Impedidos

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Da Admissibilidade e do Valor da Prova TestemunhalArt. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:I - já provados por documento ou confissão da parte;II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados.Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte contra quem se pretende utilizar o documento como prova;II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.Art. 403. As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao pagamento e à remissão da dívida.Art. 404. É lícito à parte inocente provar com testemunhas:I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade declarada;II - nos contratos em geral, os vícios do consentimento.

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Não basta ter loucura para ser incapaz. Tem que ser declarado judicialmente como incapaz.Aquele que não tiver declarada judicialmente a sua debilidade mental, não é considerado interdito judicialmente.

ATENÇÃO:IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.

SUSPEITO – de difícil verificação prática, vez que se trata de hipóteses subjetivamente verificáveis.O inciso I do § 3º parece impedimento mas é SUSPEITO.§ 3o São suspeitos:  I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença;

II - o que, por seus costumes, não for digno de fé – DISCRIMINAÇÃO DE PESSOA (prostituta, alcoolista, viciado em entorpecentes).

Impugnação de testemunha – chama-se CONTRADITA.

Espécies de testemunha: Presencial – aquela que entrou em contato direto com o fato que se pretende provar. Ex. da prostituta.(não se limita ao apenas ocular, mas auditivo, etc). De referência – tomou conhecimento do fato por ouvir dizer. Referida – testemunha que é mencionada ou num depoimento pessoal, ou por via de outro testemunho. É aquela indicada por outrem em juízo.

O CC trata das testemunhas de criança em relações familiares, o CPC não fala nada.

IV - o que tiver interesse no litígio. O juiz pergunta na qualificação e antes do compromisso.A contradita é o momento entre a qualificação e o compromisso.

O CPC diz que os suspeitos e impedidos poderão prestar seu testemunho se for estritamente necessário. Porém, ainda que estritamente necessário, será dado o nome de informante. Será ouvido mas não jurará que irá dizer a verdade, não sofrerá as conseqüências jurídicas por mentir, por não ser testemunha, mas informante.

Sobre os incapazes, o CPC não diz se podem ser ouvidos, nem como informantes.

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Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. § 1o São incapazes:  I - o interdito por demência; II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; III - o menor de 16 (dezesseis) anos; IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam. § 2o São impedidos:   I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; II - o que é parte na causa; III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes. § 3o São suspeitos:  I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença; II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; IV - o que tiver interesse no litígio. § 4o Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso (art. 415) e o juiz Ihes atribuirá o valor que possam merecer.

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Mas o CC/02, no art. 228, parágrafo único, diz que se o incapaz é o único que tem o conhecimento do fato, ele tem que ser ouvido, como testemunha. No Direito de Família é muito comum, mas nos outros ramos o cuidado vem sendo redobrado.

Aula 15/05/09

Produção da Prova Testemunhal Requerimento de oitiva Admissão Local da Produção Rol de Testemunhas Requerimento de intimação Número de Testemunhas que podem ser ouvidas Substituição de Testemunhas Falso Testemunho Considerações Finais

Aula anterior – estudo de quem pode prestar depoimento como testemunhas.Incapazes, impedidos e suspeitos não podem testemunhar.O CPC admite que impedido e suspeito prestem depoimento como INFORMANTES, mesmo assim, quando estritamente necessário.

O requerimento de oitiva deve se dar de maneira genérica na PI ou na Contestação no Procedimento Ordinário.No momento posterior, na especificação de provas, as partes devem reiterar seu pedido genérico.

No procedimento ordinário:1) PI ou Contestação – referência genérica – “requer usar de todos os meios de prova

admitidos pela lei”.2) Momento da especificação de provas – informar diretamente as provas que pretende

produzir.

Procedimento SumárioJá na Petição inicial e Contestação deve informar o rol de testemunhas, quesitos e assistente técnico de perícia.

A admissão do requerimento de oitiva vai se dar no saneamento.O saneamento pode ocorrer ou dentro da audiência preliminar, ou fora dela – no despacho saneador.É neste momento que o juiz vai admitir ou não a produção da prova testemunhal.

No saneamento determinará as provas a serem produzidas, entre elas a prova testemunhal.O momento adequado do juízo se manifestar da necessidade de produção de provas e admissão de oitiva é no SANEAMENTO.

Local da Produção da Prova TestemunhalO CPC indica como lugar tradicional para a produção da prova testemunhal a AIJ (Audiência de Instrução e Julgamento). É na AIJ que, em regra, as testemunhas são ouvidas.Atenção especial para 2 artigos do CPC que apresenta exceções à esta regra: arts. 410 e 411.

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Procedimento cautelar de produção de provas – oitiva exercida anteriormente ao período de produção de provas, ou ainda, não há a oitiva pela condição da testemunha, ou ainda, se a pessoa for viajar, possa testemunhar antes do prazo para não prejudicar compromissos pessoais.

Art.410 – II – Testemunhas ouvidas por carta – precatória, rogatória ou de ordem.Tendo a necessidade de se ouvir uma testemunha por uma destas cartas, a oitiva será fora da AIJ, sendo, ainda, em outro juízo (Precatória, Rogatória e Ordem – este último do Tribunal para juízos de 1º grau).

Procedimentos que envolvam carta rogatória é complicado, envolve outra jurisdição, país estrangeiro, alguns países vedam o atendimento à carta rogatória, levando, às vezes, à desistência da carta rogatória.

Art. 411 – Prerrogativa por função – não vão à AIJ, são ouvidos em local que escolherem: escolhem o local, a hora em que serão ouvidos e o dia em que serão ouvidos. QUEBRA DE ISONOMIA.Vereador não tem esta prerrogativa.

Podem escolher: Se vai ser ouvido em sua residência ou local de trabalho A hora O dia. Têm direito ainda a uma cópia da Petição Inicial e da Contestação.

( ) Prerrogativas – até que ponto no Estado Democrático de Direito estas devem ser aplicadas ou não e para quem e em que circunstância (Fazenda Pública – prazos, modos de execução, formas de pagamento diferenciados) – Princípio de que o Público prevalece sobre o Privado – época da ditadura e que prevalece até hoje.

O juiz já pode, de ofício, pela qualificação das testemunhas

Rol de TestemunhasSempre que quiser ouvir testemunhas, deve ser encaminhado o rol (lista) de testemunhas.No Sumário este rol já deve acompanhar a PI e a Contestação.No Ordinário, de perfil mais longo, este rol de testemunhas deve ser apresentado mais à frente – art. 407 diz que quem fixa o prazo para a juntada do rol de testemunhas é o juiz no saneamento.Se o juiz disser que deve ser juntado até dia x, junte-se até este dia.

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Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da causa, exceto:I - as que prestam depoimento antecipadamente;II - as que são inquiridas por carta;III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de comparecer em juízo (art. 336, parágrafo único);IV - as designadas no artigo seguinte.

Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:I - o Presidente e o Vice-Presidente da República;II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;III - os ministros de Estado;IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; V - o procurador-geral da República;Vl - os senadores e deputados federais;Vll - os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;Vlll - os deputados estaduais;IX - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de Alçada, os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa ao agente diplomático do Brasil.Parágrafo único. O juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela parte, que arrolou como testemunha.

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Se o juiz não disser nada, marcando a data da AIJ, deve-se juntar o rol de testemunhas, em até 10 dias antes da AIJ.

Sumário – na PI e contestaçãoOrdinário – no prazo fixado pelo juiz. Se não fixar prazo, será de 10 dias antes da AIJ.

Este prazo é preclusivo. Se não juntado o rol de testemunhas, não se terá nova oportunidade para isto.

Questão de concurso:

a) 10 dias antes da AIJb) 10 dias após o saneamentoc) 10 dias antes ...d) N.d.a. – correta – será no prazo fixado pelo juiz. Somente se o juiz não

fixar esta data é que se contará 10 dias antes da data marcada para a AIJ. Exemplo: AIJ em 30/05 – exclui-se o dia do começo e inclui o dia do final.29, 28, 27, 26, 25, 24, 23, 22, 21, 20/05.

Art.407 – Deve-se indicar, no rol de testemunhas, o nome da testemunha, a sua profissão, a sua residência e o local de trabalho. Se não souber algum destes dados, colocar IGNORADO.O principal é saber o local em que se encontra a testemunha – residência ou trabalho, e também a profissão (prerrogativa por função, militar que tem que anteriormente requisitado, etc).

Art.183 – Parágrafo – justa causa.

O CPC permite 2 opções – art. 412:1. Requerer a intimação da testemunha ou2. Informar que a testemunha comparecerá independente da intimação.

Se quiser que a testemunha seja intimada, deve: requerer expressamente; esta intimação será feita por via postal ou por oficial de justiça – o professor sugere requerer, sempre, via oficial de justiça.

Caso a testemunha não compareça, o advogado tem o direito de pedir ao juiz para adiar a AIJ para que tenha o direito de compor a prova que pretende produzir.O juiz adia a audiência, e informa que a testemunha, na próxima data, a testemunha deve comparecer debaixo de vara – polícia vai buscar.O CPC informa que se o advogado/parte dispensar a intimação e a testemunha não comparecer, a AIJ

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Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.

Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas; quando qualquer das partes oferecer mais de três testemunhas para a prova de cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes.

Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento. § 1o A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha, independentemente de intimação; presumindo-se, caso não compareça, que desistiu de ouvi-la. § 2o Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir. § 3o A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com entrega em mão própria, quando a testemunha tiver residência certa.

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não mudará de data, sendo na 1ª data prevista pelo juiz.

Dica do professor: Se for ouvir uma testemunha, como parte, ligue antes e tente ouvi-la, ver se ela pode testemunhar para você, se seria um problema para a pessoa ou não. Converse antes para que a pessoa seja comunicada previamente, não sendo surpreendida, o que pode gerar um problema ao invés de uma ajuda probatória.

Número máximo de testemunhas que podem ser ouvidas:No ordinário – 10 testemunhas – mas embora que o CPC diga isto, o juiz pode restringir a 3 testemunhas para a prova de cada fato, não havendo a necessidade de 10 pessoas para provar a mesma coisa.No Sumário - também são 10 testemunhas.No Sumaríssimo – máximo de 3 testemunhas – ainda que se tenha 10 fatos para provar, admite-se o máximo de 3 testemunhas.

DICA DO PROFESSOR: SE PRECISAR DE OUVIR MAIS TESTEMUNHAS, USE A TESTEMUNHA REFERIDA. Eu não sei, mas fulano sabe. A testemunha referida é admitida inclusive no sumaríssimo.

Forma de oitiva:1º ouve-se as testemunhas do autor;2º ouve-se as testemunhas do réu;3º ouve-se, se for o caso, as testemunhas do MP.

O 1º a perguntar é o juiz.O 2º a perguntar é o advogado da parte que a arrolou – se foi arrolada pelo autor, pergunta primeiro o autor, depois pergunta o réu. O 3º a perguntar será o MP.

O CPC, quando faz referência à oitiva, diz que a testemunha:1º - deve ser qualificada;2º - deve ser compromissada.

Assim que a testemunha ingressar na sala de Audiência, o juiz colhe primeiramente a sua qualificação – art. 414.

Se na qualificação a testemunha informar que não tem relações de parentesco nem interesse no processo, a testemunha parte para o COMPROMISSO.

O juiz informa à testemunha que se ela:OmitirMentirInventarEstará cometendo perjúrio, por falso testemunho, podendo ser presas.

O momento que mais se exige do advogado, é o momento entre a qualificação e o compromisso, para ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o depoimento das outras.Art. 414. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo. QUALIFICAÇÃO§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que Ihe são imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou com testemunhas, até três, apresentada no ato e inquiridas em separado. Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha, ou Ihe tomará o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4o.§ 2o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os motivos de que trata o art. 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá de plano.

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arquir a CONTRADITA.

Contradita – é o anúncio da incapacidade, da suspeição ou impedimento da testemunha.

Se você tiver que argüir a incapacidade, suspeição ou impedimento da testemunha, a hora é o intervalo entre a qualificação e o compromisso.O juiz pode acolher ou não a contradita.Se acolhida, o juiz pode ouvir a testemunha como informante. O juiz ouve mas o depoimento será admitido com ressalvas.

Depois que a testemunha prestou o compromisso, não é mais possível contraditar a testemunha.O máximo possível de se fazer depois, é pedir ao juiz que desconsidere o seu testemunho, mas contraditar não pode mais.

1º - Qualificação2º - Intervalo entre qualificação e compromisso – diga – Eu gostaria de contraditar a testemunha. O juiz pergunta: Por qual motivo doutor? Impedimento, suspeição ou incapacidade. Ex.: A testemunha diz que é amiga, namorado, empregador, etc, da parte. O juiz acolhe a contradita e opta se vai ouvir ou não a contradita, perguntando antes para a pessoa se ela é realmente isto ou não. Se a pessoa negar, quem arquiu a contradita é que tem que provar, ou por documentos, ou por no máximo 3 testemunhas – fora do rol de 10 testemunhas – somente para comprovar a contradita. A contradita tem que ser feita na hora com as provas. Se não provada na hora, o juiz não vai acolher a contradita e vai ouvir a testemunha.3º - Compromisso – após este momento não tem mais como contraditar a testemunha.

Indeferimento da contradita – o momento já está alcançado pela preclusão. O advogado deve apresentar a contradita entre o momento da qualificação e o compromisso.

O CPC diz que depois de juntado o rol de testemunhas, estas não podem ser substituídas, salvo em hipóteses excepcionais, previstas no art. 408.

Se uma testemunha for contraditada, não pode ser colocada outra no lugar.

Falso testemunho – for evasiva, mentir, omitir – comete perjúrio. O juiz pode prender a testemunha que cometa perjúrio – art.

A pergunta do advogado é direcionada ao juiz. O juiz pode ou não encaminhar a pergunta, de acordo com sua discricionariedade. O advogado pode requerer que a pergunta, se indeferida, conste nos autos, cabendo posteriormente AGRAVO RETIDO. O recurso é feito oralmente, na própria audiência, direcionado ao juiz. Se ele retificar, faz a pergunta. Senão, fica retido nos autos e será encaminhado aos tribunais.

O advogado também pode responder por perjúrio, se instruir a testemunha.A testemunha não é obrigada, pelo CPC, a responder sobre tudo.

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Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode substituir a testemunha:I - que falecer;II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; - ENFERMIDADE PERMANENTE, SE FOR PROVISÓRIA ESPERA-SE A MELHORA PARA OUVI-LA.III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.

Art. 415. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado.Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem faz a afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.

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A testemunha também possui regras de privilégio, não tendo que responder sobre tudo:

O juiz tem o direito (faculdade, não é obrigação) de ouvir testemunhas referidas, realizar acareação entre testemunhas ou entre testemunhas e partes, e a testemunha tem o direito de ser reembolsada se teve custos por ir à audiência, informando o CPC que a parte que arrolou a testemunha é que deve cobrir estes custos.

Se presta serviço público, não pode ser descontada pela sua falta ao trabalho ou aula, bastando pedir à Secretaria uma declaração de Comparecimento, o que faz com que a testemunha não possa ser censurada por seu comparecimento em audiência e ausência no trabalho.

A acareação ocorre quando há divergência entre os depoimentos entre testemunhas ou entre testemunhas e parte. O juiz coloca as partes ou testemunhas de frente uma para a outra.

CPC – TRABALHO EM GRUPO – OBSERVAÇÕES

Foro de Contagem – incompetência relativa, filho não é questão de matéria, incompetência de foro, lugar, deverá ser proposta no domicílio do réu.A propositura da ação em conformidade com o art. 95 do CPC, no lugar da situação do imóvel, só se dará em ações reais sobre imóveis (direitos reais de propriedade, servidão, etc, sendo discutidos em juízo, aplica-se o art.95). No caso concreto, trata-se de ação de cobrança de dívida, ação pessoal e não real, sendo irrelevante o local do imóvel, prevalecendo o foro do domicílio do réu (art. 94, art. 95).

Da impugnação ao valor da causa – será o valor integral do contrato quando a discussão tratar de cláusula contratual ou cumprimento ou descumprimento do contrato. Se for dívida, será o valor da dívida.Não esquecer de mencionar os JUROS e CORREÇÃO MONETÁRIA.

Aula 20/05/09

Prova Pericial – Arts. 145 e seguintes + Art. 420 e seguintes) Considerações Gerais Admissibilidade da prova pericial O perito

o Perito e assistente técnicoo Perito e qualificação técnicao Direitos e Deveres do Peritoo Escusa de ser peritoo Impedimento e suspeição do peritoo Prestação de informações inverídicas pelo peritoo Substituição do Peritoo Produção da Prova Pericialo Requerimentoo Deferimento e Fixação de Data para a entrega do laudoo Apresentação de quesitos e indicação de assistente técnico

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Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos:I - que Ihe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consangüíneos ou afins, em

linha reta, ou na colateral em segundo grau;II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

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Seção VIIDa Prova Pericial

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;III - a verificação for impraticável.Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:I - indicar o assistente técnico;II - apresentar quesitos.§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliadoArt. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. Art. 424. O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento técnico ou científico;II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado. Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.Art. 426. Compete ao juiz:I - indeferir quesitos impertinentes;II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.

Seção IIDo Perito

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código.§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. § 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423).Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.

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Prova pericial – tem uso restrito no Direito Brasileiro, sendo necessária quando o fato demandar conhecimentos especializados, senão, usa-se outros meios de prova.

A prova pericial envolve: a necessidade de um conhecimento técnico ou a necessidade de um conhecimento científico.

Se não se tratar de nenhum destes casos, usar-se-á outros meios de prova.O CPC, no art. 420, diz que Perícia é gênero do qual são espécies: o exame, a vistoria ou a avaliação. O CPC não indica o conceito de cada uma destas espécies. A doutrina é que informa:

ExameÉ a inspeção sobre coisa móvel. Por coisa móvel entende-se tanto as pessoas quanto os semoventes.Ex.: Exame de DNA, exame de próstata, exame de urina – inspeção sobre coisa móvel.

VistoriaÉ a inspeção sobre coisa imóvel. Ex.: Vistoria no imóvel para locação. ERRATA – Vistoria do DETRAN está errado, pois carro é coisa móvel.

AvaliaçãoAbarca tanto coisa móvel quanto coisa imóvel, mas apenas no que concerne ao seu valor.Ex.: Avaliação de veículo, avaliação de imóvel (ambos para vender, trocar, etc).

A prova pericial não é admitida em algumas situações ditadas no art. 421 do CPC:I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; E DO CIENTISTA TAMBÉM.II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; NESTE CASO O JUIZ DEVE INDEFERIR A PERÍCIA. QUANDO? Art. 427 CPC – Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.SE O FATO JÁ ESTÁ DEMONSTRADO POR OUTROS MEIOS DE PROVA, INDEFERE-SE A PERÍCIA.

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Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento. Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE ARTIGO:Este artigo se lança de provas extrajudiciais (laudos, documentos), sem participação da parte contrária na construção deste documento, sendo afastado o contraditório.Se o juiz indefere a produção de uma prova pericial, fundamentando-se num laudo produzido unilateralmente, há a possibilidade de se questionar este indeferimento, justamente por não ter a parte contrária participado na construção deste. Cabe recurso (agravo contra decisão interlocutória).

III - a verificação for impraticável.Ex.: O estabelecimento não existe mais (sociedade extinta, lugar demolido, etc). Pode se tentar demonstrar por laudo de situação análoga, porém afasta o contraditório da mesma forma.Hoje o laboratório da Polícia Federal tem uma tecnologia avançada. Atualmente casos de impraticável perícia são quase inexistentes.

( ) Súmulas x Discursividade, contraditório – decisões uniformes, Control C, Control V.O PERITO – não se confunde com o assistente técnico.O perito é nomeado pelo juízo e o assistente técnico é indicado pelas partes. O perito, quando se trata de prova pericial, tem que existir, já que é ele que irá fazer a perícia.Já o assistente técnico é facultativo, devendo existir se indicado pela parte. SEMPRE QUE POSSÍVEL, INDIQUEM ASSISTENTE TÉCNICO.O CPC, à partir desta distinção, informa que o perito tem que ser imparcial e o assistente técnico tem que ser parcial.

Qualificação TécnicaO CPC exige o curso superior do perito na área da perícia e inscrição no Conselho respectivo.O CPC informa, também, que o perito tem que ter especialidade na matéria relacionada à perícia. O CPC diz que, se na localidade onde a perícia será realizada, não existe um profissional que preencha estes requisitos, outros poderão ser nomeados. Mas no Brasil, está difícil se verificar na prática.P.e.., se a perícia for de cirurgia plástica, tem que se nomear alguém formado em medicina e com especialidade em cirurgia plástica.A outra parte pode questinar o laudo médico, caso o médico que o fez não tenha a especialidade exigida para tal perícia.

Direitos e Deveres do Perito Direito maior – ser remunerado – em regra, o perito é privado. Se a especialidade, p.e., for médico-legal, deve se dar prioridade para um perito público. Se for aspectos de falsidade, também dar prioridade a um perito público da criminalística. No mais, deixa livre o CPC a indicação do perito. É o perito que indica qual o valor pretende receber. O perito é nomeado, as partes apresentam seus quesitos, o perito informa o valor que pretende de receber. Mas quem decide o valor a ser pago é o magistrado, independente da proposta solicitada pelo perito.

( ) Justiça gratuita – não paga perícia, mas o perito não é obrigado a trabalhar de graça, dificultando a encontrar um perito que preste serviços gratuitos in casu.

O CPC informa que o perito, após ser nomeado, tem 5 dias para se negar a ser perito – chama-se ESCUSA DE SER PERITO. Basta informar que se escusa por motivo legítimo, não demandando informar qual é o motivo.Esta escusa vem sendo muito utilizada em casos de justiça gratuita.

Ex.: Até pouco tempo o TJMG tinha convênio com a UFMG, o que facilitava a indicação de um perito, mas agora o convênio não foi renovado, dificultando encontrar perito em justiça gratuita.

Quem paga o perito, quase sempre é o autor. O autor paga o perito quando:1. Quando o autor pede a perícia;2. Quando o juiz, de ofício, determinar a perícia;3. Quando o MP requerer a perícia.

O autor só não paga a perícia quando o réu pede sozinho a perícia.

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Obs.: Arts. 33, art.20 CPC.1. Quanto ao reembolso destes valores, quem paga é o autor a perícia, salvo o réu quando pede

sozinho. Mas se o autor vence, tem direito à sucumbência.2. Quanto ao assistente técnico, cada um paga o seu – vencendo o autor ou réu, têm direito a

sucumbência.

O perito não tem que iniciar a perícia antes de depositado os seus honorários.Em regra, o valor só pode ser sacado pelo perito após a entrega do laudo.O CPC vem sendo interpretado pela jurisprudência, admite que o juiz levante para o perito parcialmente de seus honorários, desde que o perito demonstre que precise deste dinheiro para realizar a perícia (contratar pessoas, serviços ou produtos, etc).

A jurisprudência (não está no CPC) vem entendendo também a possibilidade de parcelamento dos honorários do perito, a critério do magistrado.O perito não está obrigado a começar a perícia antes do pagamento da parcela final. Mas, se começar a fazer a perícia após a 1ª parcela, caso as outras não sejam pagas, o perito está obrigado a terminar a perícia, devendo posteriormente entrar com ação executiva contra o devedor (Ação de Execução).

Requisitos a serem observados pelo perito: Prazo na entrega do laudo – se o perito não observar o prazo fixado, o CPC apresenta uma sanção (pode pedir prorrogação do prazo apenas uma vez). Se descumprir o prazo, terá o perito este fato informado ao seu conselho de classe e poderá também ser multado pelo magistrado. Adequação dos seus serviços – prestar seus serviços de maneira correta, sempre partindo de informações verídicas. Se não prestar os serviços adequadamente, poderá ser substituído. E se prestar informações inverídicas, o perito responderá por perdas e danos, responderá criminalmente(falsidade ideológica) e ainda ficará impossibilitado de atuar novamente como perito por 2 anos.Das perdas e danos – é a parte que instaura tal procedimento.Criminal – o juiz dá vistas ao MP.

É o juiz que nomeia – tem uma lista de peritos. Se num caso em que o perito será remunerado ele aceitar e depois em caso de justiça gratuita se negar, o próprio juiz pode futuramente evitar nomear este mesmo perito, ficando o mesmo excluso, perdendo oportunidade de trabalho.

Quem fixa o prazo da entrega do laudo pela perícia é o juiz. Se o juiz não informar expressamente este prazo, o prazo máximo do perito para apresentar o laudo é de 20 dias antes da A.I.J.

Sendo auxiliar da justiça, o perito se submete às determinações judiciais.

Substituição do perito – art. 424.

Da recusa do perito pelas partes – IMPEDIMENTO e SUSPEIÇÃO Impedimento e suspeição em regra são suscitados via Exceção. O prazo para esta exceção é de 15 dias a contar da indicação do vício do impedimento ou da suspeição. A exceção neste caso, não fará com que o procedimento seja suspenso (como ocorre com o juiz) O excepto terá um prazo de 5 dias para se pronunciar (e não 10 quando como ocorre quando é o juiz). Lembrar se juntar o rol de testemunhas ao argüir a exceção.

Próxima aula:RequerimentoDeferimento e fixação de data para a entrega do laudoApresentação de quesitos e indicação de assistente técnico.

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Aula 22/05/09

Prova Pericial – Cont.

Produção Requerimento Deferimento e fixação da data de entrega do laudo Apresentação de quesitos e assistente técnico Quesitos básicos e suplementares Pronunciamento sobre o laudo Pedido de Esclarecimentos Juízo e laudo pericial Nova Perícia

O pedido de produção da prova pericial parte de um requerimento genérico – no ordinário.No Sumário, se dá na petição, mas já na PI tem que se indicar os quesitos e assistente técnico. O réu no sumário, tem que apresentar tais quesitos na contestação.No Sumaríssimo, não se admite prova pericial – o máximo que se consegue é ouvir o perito de uma forma suscinta, genérica, sendo, por vezes, prejudicial.

Requerimento :Ordinário – requerimento genérico, na PI ou ContestaçãoSumário – indicar quesitos e assistente, na PI ou Contestação.

O Deferimento se dá no saneamento do processo, indica perito e fixa um prazo para apresentar o laudo.No saneamento o juiz profere:Defiro a prova pericial requerida e nomeio como perito o Dr. XXXX, endereço Y, inscrito no Conselho Z, etc.O laudo deve ser apresentado no prazo que o juiz fixar. Nunca este laudo poderá ser apresentado mais próximo da AIJ do que 20 dias antes desta.Se o juiz não fixar o prazo, o laudo tem que ser apresentado 20 dias antes da A.I.J.

Procedimentos especiais têm prazos diversos – laudo em ação de desapropriação é de 5 dias antes da audiência.O prazo de 20 dias, é para o procedimento de conhecimento, quando não fixado diretamente pelo juiz.O CPC diz que no procedimento ordinário, tem-se o prazo de 5 dias, a contar da nomeação do perito, para apresentar quesitos e indicar assistente técnico.Portanto, se no sumário, já deve ser indicado na própria PI e Contestação, no ordinário, isto ocorre num prazo de 5 dias, após a nomeação do perito.O prazo é preclusivo, pela jurisprudência majoritária. Se não indicar os quesitos, não poderão mais indicar e apresentar e aí não se faz a perícia, ou então se faz com os quesitos da outra parte, não tendo direito quem perdeu o prazo de fazer quesitos e indicar assistente mais.

Quesitos básicos e suplementares – são os quesitos básicos informados no prazo fixado. São básicos, inicialmente apresentados. Têm que ser bem encaminhados pois é o que vai fixar o trabalho do perito, servindo, inclusive, de base para o calculo do valor que o perito vai cobrar.Porém, autoriza-se os quesitos suplementares.Quesitos suplementares são aqueles que são oferecidos ao longo da perícia.Depois de apresentado o laudo, não é mais possível encaminhar quesitos, nem básicos nem suplementares.

Laudo pericial e pronunciamento sobre eleO laudo pericial é composto por 2 partes distintas:a) Parte descritiva – apenas indica os procedimentos adotados pelo perito. É meramente explicitativo: dia que a diligência ocorreu, hora, lugar, meios adotados pelo perito para fixar o laudo, faz-se constar se alguém foi ouvido pelo perito, a metodologia adotada pelo perito, enfim, noções gerais do procedimento pericial. É uma parte importante mas apenas explicita se houve alguma irregularidade ao longo da pericía.

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b) Parte conclusiva – é aqui que o perito responde os quesitos. O laudo pericial deve ser sistematizado. Em MG esta sistematicidade vem sendo respeitada. Quando o laudo é redigido, as perguntas são discriminadas.O laudo começa indicando os quesitos do autor. O perito reproduz as perguntas, uma a uma, e em seguida respondendo.Ex.: Poderia o Sr. Perito responder se houve acidente? Depois o perito responde aos quesitos do réu, depois aos do MP.

O juiz pode encaminhar quesitos, sendo seus quesitos, quando existirem, os primeiros a serem respondidos.

O perito, em regra, tem que responder a todos os quesitos. Mas as vezes uma resposta já responde as próximas perguntas. O perito informa: PREJUDICADO – verifique resposta da pergunta X.

Se vocês tiverem a oportunidade de ter um assistente técnico, peça a ele para formular os quesitos.

O CPC diz que quando o laudo for apresentado, as partes têm um prazo COMUM de 10 dias para se pronunciarem.

O pronunciamento sobre o laudo pode se dar de 2 formas:a) Como advogado se pronunciar sobre eleb) Se tiver assistente, ele se pronuncia.

Este pronunciamento pode ser de contestação, o assistente ajuda muito neste sentido.

Pode se requerer esclarecimentos sobre o laudo. Exige da parte uma intimação do perito, para que compareça à AIJ para prestar estes esclarecimentos. O CPC diz que na hora que a parte solicitar este esclarecimento, já deve indicar o que é que pretende que seja esclarecido.

A pergunta que for feita só na audiência, será indeferida pelo juiz.

O CPC informa que se o perito ou assistente não for intimado para comparecer a AIJ aomenos 5 dias antes, ele não precisa comparecer na audiência.

No exemplo, se o juiz fixar a entrega do laudo em 20 dias antes da AIJ.Secretaria – 4 dias

2 dias para publicar10 dias para as partes se pronunciarem sobre o laudoNormalmente o prazo não dá para intimar o perito antes.

O juiz não se vincula ao laudo – pelo CPC o juiz pode julgar contra o laudo, mediante o sistema de avaliação do resultado probatório que o CPC acolheu – chamado sistema de PERSUASÃO RACIONAL – art. 131, CPC – o juiz pode decidir livremente, desde que ele fundamente a sua decisão.

Persuasão racional = livre convencimento motivado.

QUAL É O OBJETO DA PROVA?A perícia comprovou que não há nexo de causalidade nem responsabilidade da empresa.Por testemunha e depoimento pessoal – ouviu-se para cerceamento de defesa.

O advogado disse ao juiz que ele não precisava considerar o laudo, afastá-lo.

O CPC permite o requerimento de uma nova perícia.

Art. 440 e seguintes – Inspeção Judicial – é meio de prova, mas só é possível esta inspeção judicial, quando for possível ao juiz ter contato direto com uma coisa ou pessoa, para esclarecer um fato.Se for necessário este contato direto, é possível a inspeção.

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Se não for necessário, não há que se falar em inspeção judicial.A doutrina vem informando também a possibilidade de inspeção judicial em decorrência do lugar.

A regra é que esta inspeção judicial ocorra em juízo – pega a coisa ou pessoa e leve ao juízo, à audiência.

Exceções: art. 442Diz o CPC que o juiz irá ao local (pessoa, coisa e lugar), quando gerar melhor interpretação dos fatos, quando for difícil levar a coisa ou pessoa em juízo, ou quando for necessária a reconstituição dos fatos.No âmbito penal a inspeção judicial ocorre com mais freqüência.

A inspeção judicial tem que ser comunicada às partes quando for de iniciativa do juiz. Pode ser requerida pelas partes, tendo elas o direito de comparecer à inspeção judicial. Não é possível uma inspeção judicial surpresa, o juiz pode ser acompanhado de perito, e sempre terá o juiz de ser acompanhado pelo escrivão – que irá lavrar um auto circunstanciado – narrar o que foi verificado.O juiz pode anexar gráficos, fotografias, etc.

Prova Documental Considerações GeraisDocumento – papel é só uma das espécies de documento – Documento é qualquer coisa que registre a ocorrência de um fato. Disquete, HD, fotografia, mensagem de celular, fita VHS, DVD, MP3.

A distinção que deve existir é:a) o que é o suporte do documento – é o aspecto material do documentob) o que é o conteúdo do documento – é o aspecto ideológico dele.

Quando se fala numa autoria de um documento, pode se ter uma autoria material e uma autoria ideológica, e nem sempre esta autoria vai explicitar uma única pessoa.Ex.: Casamento – Os noivos chegam ao juiz de paz e explicitam a sua vontade. O juiz de paz é o controle material do documento. É o juiz que redige o livro do casamento.O autor ideológico do casamento são os nubentes, são eles que fazem constar o conteúdo, é eles que explicitam que querem se casar.

Ex. de identidade entre autor material e ideológico – redigir uma carta – você mesmo está produzindo o suporte e está fazendo nele constar o conteúdo.

AutenticidadeÉ a certeza sobre a autoria material do documento.Na Introdução ao Estudo do Direito vimos que os documentos públicos têm fé pública, são considerados autênticos. Por isto que documento público não se submete a autenticação, não precisa reconhecer firma nestes documentos.Sendo o documento privado, aí será necessário reconhecer firma.

O documento público tem eficácia erga omnes.O documento privado, para ter presunção erga omnes de conhecimento, basta registrar no Cartório de Registro de Documentos (ex.: Contratos).

( ) APROBATUM ; CEAJUF – cursinho especialista na área federal.

O CPC informa sobre a juntada destes documentos nos autos. O CPC reintera que os documentos indispensáveis á propositura da ação, devem ser juntados na propositura da ação e que os documentos indispensáveis à resposta, devem ser apresentados na resposta (contestação e nas outras técnicas).

O CPC chama os documentos dispensáveis como documentos novos, sendo aqueles que são juntados depois da petição inicial ou defesa, para demonstrar fato superveniente à PI e defesa, e para juntar uma contraposição a outro documento que foi juntado.

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O CPC informa que sempre que um documento for juntado, a outra parte tem um prazo de 5 dias para se pronunciar sobre ele (Contraditório).

Graduação – Pós graduação estrito senso (mestrado e doutorado) e cursos preparatórios (objetivos estratégicos: exame de ordem, concursos, etc). Os cursinhos estão abrindo a pos graduação lato senso.O aluno do 10º período pode se matricular na pós graduação.

Incidente de falsidade – Se vc é honesto, leal, tem boa-fé, saiba que muitos falsificam documentos.O CPC, no art. 390, informa o INCIDENTE DE FALSIDADE – é cabível para questionar a falsidade material pela parte – questionar o suporte do documento.

O incidente de falsidade, se for verificado já na petição inicial, já deve ser informado já na contestação – abrir um tópico (seria um fato).

Se após a Petição inicial ou contestação é que for verificado o incidente de falsidade, logo que for juntado o incidente, a parte que expôs o documento tem 10 dias para se pronunciar. Se a parte aceitar retirar o documento dos autos, mas a parte contrária tem que concordar. Normalmente não concorda, pois caracteriza litigância de má-fé (no âmbito civil) e é crime no direito penal.

Se a audiência de instrução e julgamento já se encerrou, o incidente é autuado em apenso.Se não se encerrou, deve se juntar nos autos principais.Se os autos já estiverem no Tribunal, o incidente deve ser manifestado junto ao juiz relator.

Aula 27/05/09

INCIDENTE DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA – art. 355 e seguintesHá uma ação cautelar chamada de exibitória, que se utilizará desse incidente. Estudamos quem deve provar no procedimento. Documento ou coisa que se faz necessária para a prova. o incidente de exibição tem procedimentos distintos conforme seja requerido contra a parte contrária ou um terceiro. Contra parte contrária. O pedido deve individuar o máximo possível o documento ou coisa e a finalidade da prova que se pretende com esse documento ou coisa. É ônus do requerente explicitar que o documento ou coisa existe e que se encontra em poder da parte contrária ou terceiros (art. 356).

Muito importante: 358 e 363 - hipóteses em que a recusa da exibição não poderia ocorrer e em que ela seria permitida.

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Art. 358. O juiz não admitirá a recusa: (rol é taxativo)I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa: (rol não taxativo)I - se concernente a negócios da própria vida da família;  II - se a sua apresentação puder violar dever de honra;  III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal; IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;  V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição. Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada em juízo

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Seção IVDa Exibição de Documento ou Coisa

Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache em seu poder.Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intimação. Se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;II - se a recusa for havida por ilegítima.Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a sentença.Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa: I - se concernente a negócios da própria vida da família;II - se a sua apresentação puder violar dever de honra; III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal;  IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo; V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição. Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada em juízo.

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Diferenças entre a exibição contra a parte contrária e contra terceirosQuando é contra aparte contrária tem prazo de 5 dias para apresentar documento ou coisa ou oferecer resposta. Se não ocorre, ou se o juiz entender que a recusa não é acolhível, presumir-se-ão verdadeiros os fatos que se provariam pelo documento. Essa é a conseqüência da recusa.Parte contrária – deve se autuados nos próprios autos da ação principalPrazo para ouvir o terceiro é de dez dias. O incidente contra terceiro é autuado em apenso e não nos próprios autos. A conseqüência da ilegitimidade da recusa: deverá depositar a coisa na secretaria do juízo em cinco dias, sob pena de expedição de mandado de busca e apreensão, além de responder por crime de desobediência.

DA AUDIÊNCIA (444 e seguintes)

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CAPÍTULO VII - DA AUDIÊNCIA - Seção I –

Das Disposições GeraisArt. 444. A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, realizar-se-á a portas fechadas.Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:I - manter a ordem e o decoro na audiência;II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem inconvenientemente;III - requisitar, quando necessário, a força policial.Art. 446. Compete ao juiz em especial:I - dirigir os trabalhos da audiência;II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa com elevação e urbanidade.Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes técnicos e as testemunhas, os advogados não podem intervir ou apartear, sem licença do juiz.

Seção II - Da ConciliaçãoArt. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação.Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.

Seção III - Da Instrução e JulgamentoArt. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandando apregoar as partes e os seus respectivos advogados.Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos controvertidos sobre que incidirá a prova.Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo e na forma do art. 435;II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.Art. 453. A audiência poderá ser adiada:I - por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;Il - se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as testemunhas ou os advogados.§ 1o Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência; não o fazendo, o juiz procederá à instrução.§ 2o Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado não compareceu à audiência.§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.§ 2o No caso previsto no art. 56, o opoente sustentará as suas razões em primeiro lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte) minutos.§ 3o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituídopor memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora para o seu oferecimento.

Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia próximo.Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias. Art. 457. O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos e a sentença, se esta for proferida no ato.§ 1volume próprio.§ 2§ 3§ 4

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Da AudiênciaÉ a oportunidade de conhecer as partes envolvidas no processo.Audiência é gênero que comporta algumas espécies.

Considerações gerais: Publicidade da audiência. Em regra, as audiências são públicas, salvo as de segredo de justiça. (art. 155)Atuação do magistrado na audiência. Perguntas são direcionadas ao juiz para que ele as transmita. O magistrado tem poder de polícia para manter a ordem e o decoro. Juiz deve exortar a todos para que se tratem com urbanidade.

A AIJEm regra, nela se apresentam as provas orais: testemunha, depoimento pessoal, esclarecimento do perito. Para fins didáticos, divide-se em quatro fases que, no caso concreto, não aparecerão.Primeiro o pregão. Apregoar as partes, anunciar o tipo de audiência, horário, nome das partes e advogados para se garantir a publicidade.

1ª fase: tentativa de conciliação,Se se tratar de direito disponível. Se as partes transacionarem, as demais fases serão desnecessárias.

2ª fase: instruçãoÉ precedida pela fixação do objeto de prova. Qual é o objeto de prova? Essa é pergunta necessária, pois deve-se trazer logicidade à audiência. Instrução está vinculada à prova oral. É nessa audiência que as provas orais serão colhidas. As perguntas são dirigidas ao magistrado que as transmitirá. A ordem é a seguinte: (tem q saber)

a) Oitiva do perito e assistente técnico (esclarecimentos) b) Depoimento pessoal do autor, a seguir, do réu. Objetivo é obter a confissão. c) Oitiva das testemunhas: as do autor, após, as do réu. Essa ordem é por causa do ônus da prova.

3ª fase: alegações finaisSão importantíssimas, pois é o momento de se reiterar tudo aquilo que seja favorável às partes. É a oportunidade de se dar a última palavra antes da sentença. Indicar os pontos positivos das provas produzidas. 20 minutos prorrogáveis por mais 10. Se há litisconsorte, o juiz concederá 30 minutos, divididos entre eles. Há possibilidade de a divisão desse tempo ser acordado entre os advogados. As orais podem ser substituídas pelos memoriais, que é o nome que se dá ás razões finais apresentadas por escrito, devido à complexidade do processo. 4ª fase: julgamento. Logo após as alegações finais, o juiz já pode sentenciar. Adiamento da AIJ. As hipóteses estão indicadas no art. 433 do CPB.

MATÉRIA PARA PROVA:Questionário 3, questões 01 a 50. Providências preliminares até inspeção judicial.56 - Não vinculação do juiz à prova, o juiz tem liberdade de decidir, desde que de forma fundamentada.

Aula 29/05/09ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 118

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Atos do Juízo Considerações Gerais Sentença

Terminativa Definitiva Efeitos Primários Efeitos anexos Efeitos secundários Requisitos essenciais Requisitos de inteligência Princípio da Congruência

Considerações Finais

( ) Do Estado Liberal ao Estado Social – Paulo Bonavides.

O CPC, quando fala dos atos do juízo, rotula como atos do JUIZ. Art. 162 CPC.Neste artigo 162, o CPC deixa claro que são 3 os atos do juiz:

Atos do juiz1. Despacho2. Declaração interlocutória3. Sentença

Nos Tribunais1. Acórdãos

Usar o termo atos do juízo – 1987 – Congresso Internacional sobre Direito Processual – adota o termo JUIZO e não JUIZ, no intuito de excluir a subjetividade. O juiz pode também se modificar no curso do tempo.Juízo como órgão jurisdicional que tem como agente o juiz.Despachos – são residuais no Direito Brasileiro, o CPC não traz o conceito. O CPC diz que o que não é decisão interlocutória ou sentença será despacho.Despacho, é um ato de mero impulsionamento do procedimento. O despacho seria um ato de tramitação procedimental. Embora o juiz seja aquele que despacha com maior intensidade, o escrivão também pode despachar, logo, o despacho não é ato privativo do juiz.Quando o escrivão escreve algo nos autos, é despacho.

Despacho saneador – expressão equivocada, pois o saneamento tem decisão. Fixa os objetos de prova Marca a audiência

O despacho saneador tem taxionomia:a) Despacho b) Interlocutório – é uma decisão interlocutória c) Sentença d) Acórdão

Exemplo de despacho – ordem de citação, ordem de especificação de provas.Juiz determina que se junte um documento – ato impulsionatório.

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Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.

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Se o juiz indefere este documento – ato decisório.

Decisão interlocutória é um ato do juízo que resolve questão incidente.As decisões interlocutórias são proferidas ao longo do procedimento. Têm caráter decisório. Ao longo do procedimento pode se ter várias decisões interlocutória.Ex.: Antecipação de tutela, suspensão do procedimento (interlocutória), indefere especificação de provas.Os despachos são irrecorríveis. Os despachos nunca podem violar direito.No processo penal, se há uma ordem de citação, o réu tem como impetrar habeas corpus para fechamento da ação penal. NO processo civil, citação é despacho, não cabe recurso.

Da Sentença – arts 267 e 269

Art. 267 – Sentença terminativa.Art. 269 – Sentença definitiva.

Sentença TerminativaA decisão terminativa não resolve mérito. Logo, a sentença terminativa não analisa o direito material, vez que é no mérito que o direito material está sediado.Na sentença terminativa, só se analise o pedido imediato.Em regra, na sentença terminativa tem-se a possibilidade de instaurar novo procedimento para discutir a matéria. Existem 3 situações de exceção, em que não há esta possibilidade:

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Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:I - quando o juiz indeferir a petição inicial; PRESSUPOSTO PROCESSUALIl - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; PRESSUPOSTO PROCESSUALIII - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; PRESSUPOSTO PROCESSUALIV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; PRESSUPOSTO PROCESSUALV - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; PRESSUPOSTO PROCESSUALVl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;CONDIÇÕES DA AÇÃOVll - pela convenção de arbitragem;PRESSUPOSTO PROCESSUALVlll - quando o autor desistir da ação;PRESSUPOSTO PROCESSUALIX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;XI - nos demais casos prescritos neste Código.§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no

III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

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a) coisa julgadab) litispendênciac) perempção

Nestas 3 circunstâncias, não há a possibilidade de se instaurar um novo procedimento.

A sentença terminativa está sempre ligada a condições da ação e pressupostos processuais.Quando ocorre uma circunstância de sentença terminativa, o juiz deve extinguir o processo sem resolução de mérito.

Art. 267 – incisos II e III – a extinção deve ser prescindida de intimação da parte para que dê prosseguimento da ação para não ser extinta.No caso da incompetência absoluta (pressuposto processual), o juiz não extingue, só envia os autos para o juízo competente.O CPC, ao falar de sentença terminativa, indica que sempre estará adstrita ao pressuposto processual, demonstrando a importância da preliminar.Geralmente, quando ocorre a sentença terminativa, o motivo deverá em preliminar, ainda que seja matéria de ordem pública.Medo da sentença terminativa – ela explicita que possa existir uma má qualificação do advogado. Pressuposto processual é matéria técnica. Dá a idéia de inépcia profissional.

A advocacia é uma obrigação de meios, não de resultado. O advogado não pode garantir a procedência do pedido, mas se falta pressuposto, é possível que tenha negligenciado sobre isto.

Sentença terminativa pode gerar procedimento disciplinar na OAB se provado o equívoco claro do advogado. Mas depende, pois pode se dar por divergência doutrinária processual.

Ex. do professor – ação de despejo, execução do valor dos aluguéis. Na execução chamou o fiador e o locatário. O juiz disse que o fiador não poderia ser executado, porque não foi citado no processo de conhecimento. Pelo professor, não citou porque não participou o fiador da relação ex locato (divergência doutrinária sobre isto). Conseguiu reverter no tribunal.

Transação – pagamento – reconhecimento da procedência do pedido. O réu pagou o autor e juntou o comprovante de pagamento nos autos. Ao invés de entender o juiz que houve a procedência do pedido, entendeu a ausência de interesse processual do autor.

SENTENÇA DEFINITIVA – resolve mérito.Por ela, não é mais possível instaurar um novo procedimento.Se pronuncia sobre o pedido mediato.A sentença definitiva resolve o conflito de interesses de uma maneira que não autoriza a instauração de um novo procedimento sobre um mesmo tema.

Para o CPC, a resolução de mérito, quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido (pedido mediato), quando o réu reconhecer a procedência do pedido, quando as partes transigirem, quando juiz pronunciar a decadência e a prescrição e quando o autor renunciar ao direito pelo qual propôs a ação. Em todas estas hipóteses a sentença será definitiva.Quando estudamos contestação, sugeriu que abríssemos um tópico para falar de prescrição e decadência, porque ela resolve o mérito. Se estiver na preliminar, trata da sentença terminativa.

MACETE – Quando há o acolhimento de uma condição da ação inexistente, o juiz julga o autor carecedor da ação – porque não tem direito a julgamento de mérito. Ação no CPC é o direito de julgamento de mérito.

Decreto o autor carecedor da ação e extingo o processo sem resolução do mérito . = Sentença terminativa.Quando o que falta é um pressuposto processual, o juiz fala direto:Isto posto extingo o processo sem julgamento do mérito por faltar o pressuposto x.Na sentença definitiva, o juiz julga procedente ou improcedente o pedido.

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Procedente – o autor obteve o que gostaria.Improcedente – o autor não terá o direito material alegado.Procedência parcial – pode ocorrer.

O que a doutrina vem trazendo são considerações sobre a sentença, a começar pelos efeitos.

Efeitos da Sentença:1. Efeitos Primários – segundo a doutrina majoritária, são 3: o efeito declaratório, o efeito constitutivo, o efeito condenatório.

Efeito primário declaratório – implica num juízo de certeza sobre o direito alegado = RECONHECIMENTO DO DIREITO ALEGADO. Costuma se dizer que a sentença é declaratória.Exemplo: Ação declaratória de união estável – a sentença é meramente declaratória – pediu-se uma declaração incidental de sentença da certeza ou não da união estável. Ex.2 – reconhecimento de paternidade; direito tributário – ação declaratória de inexistência de tributos ao Estado.

Efeito primário constitutivo – Implica no reconhecimento, na modificação ou na extinção do direito.Nos manuais, alguns autores dizem que a sentença constitutiva, ao invés de reconhecer, modificar ou extinguir o direito, diz que cria, modifica o u extingue. MAS QUEM CRIA O DIREITO É O POVO, dizer que sentença cria o direito é errado. Ex.: Ações de Estado da pessoa no juízo de Direito de Família – ex.: separação judicial (sentença judicial constitutiva, estado pessoal de casado para solteiro ou divorciado). Ação de interditar pessoa – incapacidade – extinção de direito.

Efeito primário condenatório – implica o reconhecimento do direito e a imposição de uma prestação à parte.Ex.: Ação de indenização – sentença que imponha um fazer, ou um não fazer, ou a entrega de uma coisa ou uma obrigação de pagar – sentença condenatória.Ex.2 – Ação de cobrança – sentença declaratória condenatória. Ação de nunciação de obra nova – obrigação de não fazer – condenatória.

A doutrina mais evoluída, diz que toda sentença é declaratória, todas elas. Mas a sentença pode ser só declaratória. Quando se fala que é condenatória, é declaratória e condenatória. Quando é declaratória, é só declaratória. Quando se fala que é constitutiva, é declaratória e constitutiva.

Parte da doutrina diz que existe a sentença mandamental e a sentença executiva Lato senso (Pontes de Miranda). Segundo esta doutrina, poderia se enquadrar a sentença mandamental e executiva na condenatória.

2. Efeitos Anexos da Sentença Efeito anexo diz respeito à própria lei – a própria lei já estabelece o efeito anexo e não se precisa pedir sobre ele e nem a sentença precisa informar. Ex.: Correção monetária; juros (divergência doutrinária se é anexo ou secundário). Hipoteca judiciária – art. 466 – o CPC diz que sempre que existir uma sentença condenatória que imponha um pagar ou entrega de uma coisa, pode se utilizar esta sentença como título hábil para hipoteca judiciária. Pega a sentença e leva no cartório e registra, ficando como garante da dívida que o devedor tem com o credor.Os imóveis ou patrimônio até o valor da dívida se colocam como garantia. Toda sentença condenatória é o titulo executivo judicial.

3. Efeitos Secundários Secundários – não precisa de pedido porque a própria lei já encaminha. Mas é necessário que a sentença fale a respeito. Ex.: Honorários de sucumbência – o juiz tem que fixar, ele tem uma margem para esta fixação (entre 10 e 20%). A discussão sobre os juros legais (1% ao mês). Art. 406 do CC.

Requisitos essenciais da Sentença – art. 458ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 122

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1. Relatório2. Fundamentação e3. Dispositivo

Art. 458 – diz o que é que cada um destes requisitos tem que ter.

Relatório – resumo daquilo de importante que existiu no procedimento, daquilo que foi anunciado na petição inicial, na resposta, na audiência – é narrativo, é a 1ª parte da sentença.Vistos etc...

Fundamentação – o juiz vai analisar as questões de fato e de direito – o juiz aqui vai indicar qual a tese vai acolher, faz um confronto entre as teses, analisar a prova. (parecido com a impugnação específica do réu – necessidade de responder a tudo o que foi suscitado).Fundamentar tanto a sentença terminativa quanto a condenatória ou declaratória.Art. 93, IX – CF/88 – Todas as decisões têm que ser fundamentadas pelo juiz.O juiz tem que se posicionar sobre todas as teses suscitadas. O CPC acolheu a persuasão racional ou livre convencimento.

( ) André Leal – O contraditório e a fundamentação das decisões no Direito Processual Democrático. Trabalha paradigma, depois teoria do processo, depois sistema de apreciação da prova e contraditório.

Requisito do Dispositivo – onde o juiz resolve a questão.Isto posto, ante o exposto, por tudo o analisado, .... fecho de tudo o que foi anunciado.

Se faltar qualquer destes requisitos a sentença é inexistente. Tem que ter os 3 requisitos.No JEsp, sentença não precisa de relatório.

Pelo princípio da Congruência, a sentença se vincula ao pedido, não podendo ser: Extra petita – fora do pedido – () Ex.: Fungibilidade – requer antecipação de tutela e sai com ação cautelar. Ultra petita – além do pedido . Ex.: requer danos matérias e juiz condena a danos materiais e morais. Citra (infra) petita – aquém do pedido. Ex.: requer danos materiais e morais e juiz só se pronuncia sobre um.As decisões extra, ultra e citra petita são nulas.

Os requisitos de inteligência são 3 – não estão no CPC:1. Ser uma sentença que apresente clareza;2. Ser uma sentença que apresente concisão;3. Ser uma sentença que apresente correção gramatical.

Tem que ser escrita em português – juiz escreveu 4 parágrafos em latim. Embargos.Decisão de próprio punho.

Considerações Finais:1. A sentença, em regra, deve ser líquida – ela deve individuar o objeto da prestação. Pagamento

(quanto), fazer (como fazer), etc. Esta é a REGRA. O pedido vai direcionar a sentença ilíquida. 2. No procedimento sumário, o art. 275, d e e; exigem sentença líquida3. No JEsp, as sentenças têm que ser líquidas. Não se admitem sentenças ilíquidas no JEsp.4. A sentença tem que ser certa, ainda que decida relação condicional.

Aula 03/06/09ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

Dos Requisitos e dos Efeitos da SentençaArt. 458. São requisitos essenciais da sentença:I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

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Coisa Julgada É gênero, do qual a doutrina estabelece as espécies: coisa julgada formal e coisa julgada material.Quando o CPC se pronuncia sobre a coisa julgada, ele se pronuncia somente acerca da coisa julgada material. Conceito Limites Objetivos Limites Subjetivos Relativização da coisa julgada

Coisa julgada formal Atinge a sentença terminativa, não envolve resolução do mérito. A coisa julgada formal irá recair sobre sentenças proferidas com base no art. 267; Pressupõe a imutabilidade e ausência de discussão sobre esta sentença terminativa. Quando se alcança a coisa julgada formal, tudo o que se dispôs na sentença terminativa não pode ser objeto de re-análise. A coisa julgada formal (ou trânsito em julgado para alguns autores), ocorre quando não são cabíveis mais recursos. Sentença terminativa em que não caiba mais recurso = trânsito em julgado ou coisa julgada formal. Permite a possibilidade de instaurar um novo procedimento, já que a sentença não discute o mérito. Mas no procedimento em que a sentença foi proferida, há uma impossibilidade de modificação de seus termos. Regra – coisa julgada, litispendência e perempção não autorizam um novo procedimento jamais.

Coisa julgada material É a que é informada pelo CPC, no art. 467. Pressupõe uma sentença definitiva – art. 269. O CPC diz que coisa julgada material é a que torna a eficácia do mérito discutido não passível de recurso. Veda a possibilidade de qualquer recurso. Existem, porém técnicas no CPC que afastam esta coisa julgada. Os doutrinadores mais antigos dizem que a sentença que gera coisa julgada material faz lei entre partes, já que é imutável e indiscutível – Vinícius: informa que, na verdade, existem recursos que permitem a alteração da coisa julgada. M = material, mérito.

Limites objetivos da Coisa julgada – art. 469 e 471São algumas matérias que não são alcançadas pela coisa julgada. Mesmo diante de uma sentença transitada em julgado, são matérias, por expressa determinação legal, que não fazem coisa julgada material.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; EXEMPLO: AÇÃO DE PENSÃO DE ALIMENTOS – MESMO QUE JÁ TENHA FEITO UMA AÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA, SE PARAR DE PAGAR, PODE INSTAURAR NOVO PROCEDIMENTO.II - nos demais casos prescritos em lei.

Outras matérias não são alcançadas pela coisa julgada material:DECISÃO CAUTELARDECISÃO DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS.Limites Subjetivos da Coisa julgada – art. 472

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Somente as partes são alcançadas pela coisa julgada.

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

TÓPICO PARA INDICAÇÃO DE DISCUSSÃO:Relativização da Coisa Julgada O CPC teve em mente para impor a coisa julgada, a segurança jurídica, senão não se teria o conflito definitivo, de forma a gerar segurança. É este o princípio que informa a existência da coisa julgada.

Alguns processualistas, em especial Humberto Teodoro Jr., informam que de nada adianta uma decisão que alcança a coisa julgada, se esta decisão: abarca a inconstitucionalidade ou; abarca a injustiça ou imoralidade.

Com base nisto, estes doutrinadores que informam que, a qualquer momento, poderia se afastar a coisa julgada material.

Existem 3 formas já previstas na lei que afastam a coisa julgada material:1. Ação Rescisória2. Embargos à Execução3. Impugnação

O problema da relativização é que os autores querem poder afastar a coisa julgada mesmo sem estar previsto em lei.

Historicamente, a relativização que visa afastar a coisa julgada, foi sugerida por Hitler.

Humberto T.Jr, Ex-ministro José Delgado, entre outros, sugerem este afastamento.O que garante que a decisão que afastou a coisa julgada, será melhor que a anterior?O problema da relativização é a subjetividade. Claus Guinter, Robert Alex – ponderação.Ex. no Brasil – questão do DNA. Até 1990, o DNA ou não existia ou não tinha credibilidade. No Direito de Família a paternidade era fixada por provas documentais e testemunhais. Com a evolução tecnológica, descobriu-se que o pai não era pai.Hoje já existem teorias evoluídas que informam a paternidade sócioafetiva não vinculada somente no fator biológico.Ex.2 – Desapropriação – desvalorização dos terrenos ou supervalorização quando finalmente eram pagos.

1ª técnica expressa em lei que visa afastar a coisa julgada = Ação RescisóriaVisa afastar apenas a coisa julgada material.Este afastamento é à partir de hipóteses expressas no art. 485:

DA AÇÃO RESCISÓRIAArt. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;PrevaricaçãoArt. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.Excesso de exação§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

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§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Corrupção passivaArt. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;DOLO – DO PROCESSO CIVIL, QUER SIGNIFICAR ENGANO – O ENGANO TENHA PARTIDO DA PARTE VENCEDORA. ENGANO = LEVAR A OUTRA PARTE AO EQUÍVOCO.COLUSÃO – COLUIO ENTRE AS PARTES.IV - ofender a coisa julgada; É COMO SE JÁ TIVESSE A COISA JULGADA E DEPOIS UM NOVO PROCEDIMENTO COM NOVA COISA JULGADA (COMO SE NA 2ª AÇÃO O JUIZ NEM A PARTE VISSE QUE JÁ HAVIA COISA JULGADA).

V - violar literal disposição de lei;SE À ÉPOCA EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA DE MÉRITO, COMPORTASSE MAIS DE UMA INTERPRETAÇÃO POSSÍVEL. (EXISTE UMA ORIENTAÇÃO DO STJ DE QUE A SENTENÇA NÃO DEVE POSSUIR MAIS DE UM MEIO DE INTERPRETAÇÃO).É A QUE MAIS GERA AÇÃO RESCISÓRIA.

Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;ESTA HIPÓTESE VEM SENDO MUITO UTILIZADA, MAS TRAZ UM PROBLEMA TEMPORAL.A AÇÃO RESCISÓRIA ESTABELECE UM PRAZO (2 ANOS) PARA SUA INSTAURAÇÃO.NO PROCESSO CRIMINAL, DIFICILMENTE ESTA FALSIDADE EM 2 ANOS.SE A FALSIDADE COUBER ERRO OU DOLO, CABERIA AQUI.

Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável;SE OUTRO MEIO DE PROVA FOR CABÍVEL AO TEMPO DA AÇÃO, NÃO SE APLICA.

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;DESISTÊNCIA NÃO IMPLICA RESOLUÇÃO DE MÉRITO – IMPORTA EM SENTENÇA TERMINATIVA.ALGUNS DOUTRINADORES DIZEM QUE DEVERIA SER RENÚNCIA.SÓ QUE A LETRA DA LEI DIZ DESISTÊNCIA E NÃO RENÚNCIA.

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido.§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato.ORIGEM HISTÓRICA DESTE DISPOSITIVO – REFERÊNCIA À LEI PROCESSUAL CIVIL ITALIANA. ESTE INCISO FOI RETIRADO INTEGRALMENTE DE LÁ. O MINISTRO DA JUSTIÇA TRADUZIU PARA O PORTUGUÊS E TRADUZIU ERRADO. NO CPC ITALIANO A PALAVRA QUE O CPC BRASILEIRO TRADUZIU COMO RESULTANTE, ERA RISULTANTI, PODENDO SIGNIFICAR “FACILMENTE VERIFICÁVEL” OU RESULTANTE.

ATOS – VEIO DO ITALIANO ATI, PODE SER ATOS OU AUTOS. NA LEI ITALIANA ERA AUTOS.

FUNDADO EM ERRO DE FATO, FACILMENTE VERIFICÁVEL DOS AUTOS. A SENTENÇA FOI EQUIVOCADA, PORQUE À PRIMEIRA VISTA JÁ SE VERIFICA NOS AUTOS FATO CONTRÁRIO À DECISAO, OU SEJA, HOUVE ERRO DE FATO.

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Aspectos de Formalização da Ação Rescisória Competência originária de 2ª instância, dos Tribunais. Se dá por via de uma petição inicial; por escrito, com todos os requisitos(art.282, 283, 39, I, art. 15 da lei 11.419/06 ) + um requisito extra: O CPC EXIGE UM DEPÓSITO DE 5% SOBRE O VALOR DA CAUSA, que deve ser realizado no momento da instauração da ação rescisória – o objetivo deste 5% é multar o autor da ação rescisória caso esta ação rescisória tenha o seu pedido julgado improcedente ou seja, a ação rescisória tida como inadmissível por unanimidade de votos. A ação rescisória é de competência dos Tribunais – não será apenas um juiz julgando a ação rescisória, será, em regra, aomenos 3 juízes (3 a 5). Se por unanimidade de votos perder, estes 5% serão remetidos ao réu, como forma de penalização do autor. Basta a jurisprudência dominante para decidir sozinho pela procedência ou improcedência. Cabe ação rescisória no Ordinário e Sumário. No JEsp não. O depósito de 5% é cabível para aqueles que pagam custas, os isentos por justiça gratuita não pagam. Há quem informe a ausência de isonomia. O CPC informa que o juiz deve analisar a ação resc\\isória e verificar se pode decidir de plano:

inépcia da inicial - 295 ausência depósito.

Se o juiz deferir a Ação Rescisória, é o juiz que fixa o prazo para a citação: NUNCA INFERIOR A 15 DIAS E NUNCA SUPERIOR A 30 DIAS – NÃO EXISTE PRAZO FIXO PARA A AÇÃO.PROVA: QUESTÃO COBRANDO ISTO. ARTIGO 491 DO CPC.

Problema: A Fazenda Pública tem prazo em quádruplo para contestar, assim como litisconsórcio com mesmo advogado, defensoria, etc, o prazo é em dobro.Há divergência se o prazo é em 4x ou se é o que está expresso na jurisprudência e doutrina.

( ) Procurador falou – Procuradores diversos para litisconsortes autorizam prazo em dobro.Exemplo: Uma ação rescisória proposta por Vinícius, contra Rubens(cartório) em litisconsórcio com o Estado:

Estado = 120 dias só que em litisconsórcio = é em dobro = 4 x 2 x 30 = 240 dias de prazo para responder.

Discursividade x litigiosidade. – participação e fiscalização x litígio. Reforma como retrocesso.

Se houver necessidade de prova na ação rescisória, há que se expedir CARTA DE ORDEM, já que Tribunais não têm competência funcional probatória, delegando-se ao juízo de 1º grau a causa probatória.

Alegações finais da Ação Rescisória As alegações finais são em regra orais e que excepcionalmente em casos de complexidade, em matérias de fato e de direito, há a possibilidade de memorial. Já na ação rescisória, as alegações finais serão sempre por escrito: 1º o autor depois o réu. 10 dias à partir do encerramento da instrução.

PRAZO DECADENCIAL – 2 anos a partir da data da sentença transitada em julgado.Sem interrupção nem suspensão. Exclui o dia da publicação e inclui o dia do final.Se este prazo vencer: impugnação e embargos, ocorre no âmbito na execução – pode ser antes ou depois do prazo da rescisória. Se ainda assim vencer o prazo, a única alternativa seria a relativização da coisa julgada, hoje não acatada na lei.

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