apostila drogas

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Jovens e Drogas: Polêmica, Preconceito e o necessário Debate Racional Materiais de apoio para discussões Levantamento realizado por Thais Eastwood Vaine ([email protected]) Falar sobre drogas assim como sobre qualquer outro assunto polêmico é bastante complicado. Esse trabalho torna-se mais difícil quando o público é formado por adolescentes. Assim, para conseguir sua atenção, a utilização de recursos diversificados ajuda e essa é a intenção desse documento: fornecer sugestões de alguns materiais de apoio que podem nos ajudar a promover discussões mais ricas sobre as drogas entre os jovens. Quase todo mundo que experimenta drogas alguma vez na vida o faz na adolescência. Isso ocorre, pois o cérebro dos jovens é “programado” para correr riscos. “Do nascimento à fase adulta, nosos neurônios se multiplicam e aperfeiçoam as conexões que fazem entre si. Com a prática, nosso cérebro consegue fazer coisas cada vez mais complexas. Só que esse processo não acontece ao mesmo tempo em todas as regiões. As partes que controlam a emoção amadurecem mais rápido. E a última a ficar pronta - lá pelos 25 anos - é o chamado córtex pré-frontal, que nos ajuda a tomar decisões mais racionais e lógicas. O lado emocional de um adolescente é como o de um adulto, mas o racional é mais parecido com o de uma criança”. (Trecho do livro Almanaque das Drogas, de Tarso Araújo. p 188). Aulas que promovem a cultura do amedrontamento, sem demonstrarem abertura para que os estudantes compartilhem suas dúvidas e experiências, não contribuem para uma discussão aberta sobre o assunto, pois os adolescentes ficam receosos de participar, mesmo que anonimamente, com medo de represálias. A sala de aula deve ser um espaço em que o estudante se sinta confortável e seguro, ele espera mais receber informações e orientações do que ser julgado. A escola não é um tribunal, e sim um local que promova a reflexão e o pensamento crítico através da informação. As discussões sobre esse tipo de assunto devem ser sérias, tirar o jovem da zona de conforto através de perguntas inquietantes e ao mesmo tempo promover atividades que mostrem meios de se divertir, de ser feliz, e de levantar a autoestima dos estudantes. Nesse documento estão sugestões de alguns materiais que podem ajudar na promoção de um debate saudável sobre as drogas além de outras diversas atividades que promovam a conscientização em sala de aula.

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Material complementar à Oficina "JOVENS E DROGAS: POLÊMICA, PRECONCEITO E O NECESSÁRIO DEBATE RACIONAL", ministrada no dia 05 de outubro de 2013 na UNC MAFRA.

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Page 1: Apostila drogas

Jovens e Drogas: Polêmica, Preconceito e o necessário Debate RacionalMateriais de apoio para discussõesLevantamento realizado por Thais Eastwood Vaine ([email protected])

Falar sobre drogas assim como sobre qualquer outro assunto polêmico é bastante complicado. Esse trabalho torna-se mais difícil quando o público é formado por adolescentes. Assim, para conseguir sua atenção, a utilização de recursos diversificados ajuda e essa é a intenção desse documento: fornecer sugestões de alguns materiais de apoio que podem nos ajudar a promover discussões mais ricas sobre as drogas entre os jovens. Quase todo mundo que experimenta drogas alguma vez na vida o faz na adolescência. Isso ocorre, pois o cérebro dos jovens é “programado” para correr riscos.

“Do nascimento à fase adulta, nosos neurônios se multiplicam e aperfeiçoam as conexões que fazem entre si. Com a prática, nosso cérebro consegue fazer coisas cada vez mais complexas.

Só que esse processo não acontece ao mesmo tempo em todas as regiões.As partes que controlam a emoção amadurecem mais rápido. E a última a ficar pronta - lá

pelos 25 anos - é o chamado córtex pré-frontal, que nos ajuda a tomar decisões mais racionais e lógicas. O lado emocional de um adolescente é como o de um adulto, mas o racional é mais

parecido com o de uma criança”.(Trecho do livro Almanaque das Drogas, de Tarso Araújo. p 188).

Aulas que promovem a cultura do amedrontamento, sem demonstrarem abertura para que os estudantes compartilhem suas dúvidas e experiências, não contribuem para uma discussão aberta sobre o assunto, pois os adolescentes ficam receosos de participar, mesmo que anonimamente, com medo de represálias. A sala de aula deve ser um espaço em que o estudante se sinta confortável e seguro, ele espera mais receber informações e orientações do que ser julgado. A escola não é um tribunal, e sim um local que promova a reflexão e o pensamento crítico através da informação. As discussões sobre esse tipo de assunto devem ser sérias, tirar o jovem da zona de conforto através de perguntas inquietantes e ao mesmo tempo promover atividades que mostrem meios de se divertir, de ser feliz, e de levantar a autoestima dos estudantes. Nesse documento estão sugestões de alguns materiais que podem ajudar na promoção de um debate saudável sobre as drogas além de outras diversas atividades que promovam a conscientização em sala de aula.

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EXPERIMENTOS

Efeitos nocivos do álcoolFonte: Adaptado do site Ciência à mão. Disponível em:http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=lcn&cod=_biologiasimulacaoefeitos

ResumoEsta aula tem por finalidade demonstrar os efeitos nocivos do álcool, principalmente no fígado que é o maior órgão do corpo humano. O fígado é o “lixeiro” do nosso organismo, pois metaboliza todas as substâncias que podem nos fazer mal. Uma das principais doenças do fígado é a cirrose, doença crônica causada pela destruição das células, que pode ser irreversível se não for tratada a tempo, levando o órgão à falência total e à morte da pessoa. A cirrose ocorre mais frequentemente em pessoas que utilizam drogas em excesso. Como uma das drogas mais consumidas no mundo é o álcool, utilizaremos essa substância como referência nessa aula.

ObjetivosConhecer as consequências do uso abusivo do álcool para o nosso organismo.Conscientizar os estudantes a respeito do consumo responsável de substâncias psicoativas lícitas.Conhecer os problemas socioculturais decorrentes do álcool.

Estrutura da AtividadeProblematizar a aula através da utilização de reportagens, músicas e vídeos sobre o assunto “consumo de álcool” (existem diversas referência nesse guia). Também realizar explicações ou incentivar os alunos a pesquisarem sobre o fígado, suas funções e a composição de seus tecidos.Realizar experimento no qual uma gema de ovo será utilizada para representar as células do fígado, por ter composição semelhante ao órgão, sendo rica em colesterol.Realizar uma discussão a respeito dos resultados do experimento e seu significado quanto aos efeitos do álcool no nosso organismo.Incentivar os estudantes a sistematizarem o conhecimento através de atividades criativas, criando campanhas contra o uso do álcool.Promover um debate sobre as implicações socioculturais do consumo de álcool.

Organização da ClasseOrganizada em grupos de até quatro alunos para a realização do experimento e posterior sistematização do conhecimento.

Formas de RegistroCaderno, preenchimento de relatório, elaboração de campanhas contra o consumo de álcool.

IntroduçãoO tipo de álcool das bebidas é o etanol (ou álcool etílico), cuja estrutura molecular é CH3 – CH2 – OH. Existem duas formas de produção dessas bebidas, as quais conterão diferentes concentrações da substância. Nas bebidas fermentadas, como vinho e cerveja, o teor de álcool varia de 4% a 15%, ao passo que nas destiladas (uísque, pinga, vodca etc.) varia de 40% a 90%.Quanto maior esse valor, mais rápida é absorção pelo organismo. O álcool entra na corrente sangüínea e provoca uma alteração no Sistema Nervoso Central, dando origem a uma sensação de desinibição e euforia.Esse estado dura pouco se a pessoa continua a beber. Nesse caso, costuma ser sucedido por

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EXPERIMENTOS

uma fase depressiva, com falta de coordenação motora, podendo chegar, em caso de intoxicação grave, ao coma alcoólico e até mesmo à morte por insuficiência respiratória. O fato de atuar no sistema nervoso central explica porque o consumo de álcool pode se tornar um vício, levando a pessoa a procurar cada vez mais bebidas com teor alcoólico elevado, pois são rapidamente absorvidas. Os efeitos da ingestão exagerada estão relacionados à concentração de álcool no sangue (alcoolemia), que depende de como a bebida é tomada, porque o fígado, por onde se dá a eliminação da maior parte da substância, leva horas para realizar essa função. Apenas cerca de 5% a 10% do álcool ingerido são eliminados no ar exalado, na urina e no suor. Assim, beber algumas doses em curto intervalo de tempo ou em jejum produz aumento da alcoolemia sem que se inicie o processo de eliminação.No fígado ocorre a oxidação do etanol graças à ação da enzima álcool desidrogenase, que quebra as ligações eletrônicas do carbono com o hidrogênio produzindo um acetaldeído que depois se converte em ácido acético (vinagre).O consumo frequente desencadeia a ação de outro sistema enzimático que provoca desequilíbrios metabólicos pela formação de radicais livres, responsáveis por problemas graves no fígado, como cirrose hepática.

MaterialPara cada equipe:1 gema de ovo1/2 copo de álcool etílico1 colher (chá) para mexer1 copo de 200 ml.Para a organização do conhecimento: Cartolinas, computadores, materiais diversificados conforme a necessidade dos estudantes.

ProcedimentoPrimeiro separar a clara da gema do ovo. A clara não será utilizada no experimento.Ao copo que contém a gema, você deve acrescentar álcool aos poucos e ir mexendo com a colher, até perceber que a gema começou a ficar dura.

Questões para reflexão no relatório do experimentoPor que a gema mudou? Isso é semelhante ao que ocorre no nosso fígado? O que pode acontecer após o uso contínuo de bebida alcoólica? Será que a gema do ovo,volta ao normal após algum tempo? As células do fígado podem se regenerar após a ingestão de bebida álcoolica? Como será que ficam os outros órgãos com o uso constante de bebidas alcoólicas?

Questões para reflexão e debateO que os alunos pensam a respeito dos perigos inerentes do hábito beber? É possível que muitos mencionem os problemas do álcool ao volante, casos de violência ou coma alcoólico, todos relacionados, principalmente, ao consumo. Quais as diferenças entre as políticas de restrição ao consumo do cigarro e do álcool? Por que existem essas diferenças? O que os alunos pensam a respeito dos perigos inerentes ao hábito de fumar e beber? Será que o cigarro também não provoca efeitos prejudiciais ou pior? E as outras drogas, quais efeitos causam no organismo humano?

Sistematização do conhecimentoCom base nos resultados do experimento e nas discussões, os estudantes deverão elaborar campanhas que alertem as pessoas sobre os perigos do consumo de álcool.

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EXPERIMENTOS

Efeitos das drogas consumidas via respiratória nos nossos pulmões.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=53L7xHFeVd0

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VÍDEOS

SensaçõesLink: http://www.youtube.com/watch?v=icOL50L_EnE

Quebrando o TabuLink: http://www.youtube.com/watch?v=tKxk61ycAvs

Como funcionam as drogas (Discovery)Link: http://www.youtube.com/watch?v=qatkbKFPfvc

Escolha viver sem drogasLink: http://www.youtube.com/watch?v=o5DuSFg1aRs

Drausio Varela fala sobre DROGASLink: http://www.youtube.com/watch?v=mdciKzGg-b4

A História das Drogas | Dublado | History ChannelLink: http://www.youtube.com/watch?v=JeLCMgb9XiY

Ben Goldacre: O que os médicos não sabem sobre as drogas que prescrevemLink: http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/ben_goldacre_what_doctors_don_t_know_about_the_dru-gs_they_prescribe.html

Steven Levitt analisa a economia do crackLink: http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/steven_levitt_analyzes_crack_economics.html

Mudando os paradigmas da educaçãoLink: http://www.youtube.com/watch?v=DA0eLEwNmAs

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VIDEOS

Elizabeth Pisani: Sexo, drogas eHIV -- sejamos racionaisLink: http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/elizabeth_pisani_sex_drugs_and_hiv_let_s_get_rational_1.html

Crack - Os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=OutwugmiPiY

Maconha - Os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=nmcsyZU19tU

Cocaína - Os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=-yr6KLQGT_o

Cigarro - os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=EaTmgMbr0WI

Ecstasy - Os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=Nw2wd0q_VQs&list=PLBBA3C973C278BC81&index=3

Álcool - os efeitos da droga no organismoLink: http://www.youtube.com/watch?v=EJSWUL7Njmg&list=PLBBA3C973C278BC81&index=6

Campanha contra bebida e outras drogas no trânsitoLink:http://www.youtube.com/watch?v=-kqy9sEL-qI

Reportagem sobre dependentes drogasLink:http://www.youtube.com/watch?v=MoV8GHe--lg

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FILMES

Aos Treze

Diário de um Adolescente

As melhores coisas do mundo

As melhores coisas do mundo

Trainspotting

Réquiem para um sonho

Eu, Christiane F – 13 anos, Drogada e Prostituída

Meu nome não é Johnny

Kids

Pulp Fiction

Bicho de Sete Cabeças

Tropa de Elite

28 dias

Aqui sugerimos alguns filmes que abordam o uso das drogas para seu próprio enriquecimento quanto ao conhecimento sobre o assunto.Muitos deles possuem censura 16 e 18 anos, ou seja, não são recomendados para adolescentes abaixo dessa faixa etária. Caso queira utilizar algum filme em discussões com os jovens, sugerimos selecionar trechos adequados à idade dos estudantes.

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MÚSICAS

Músicas são ótimas para problematizar, quebrar o gelo e promover dicussões enriquecedoras entre os jovens.

- Cocaine. Autor: Eric ClaptonEssa música ficou muito conhecida na voz do Eric Clapton, mas foi composta pelo J.J. Cale, em 1976. Esse som fala abertamente da cocaína e de seus problemas, apesar de muita gente cantar apenas o “she don´t lie, she don´t lie, she don´t lie, Cocaine” [ela não mente, ela não mente, ela não mente – Cocaína] e achar que isso é a favor. O próprio Clapton já disse que essa é uma música muito inteligente contra as drogas e até acrescenta a frase “that dirty cocaine” [essa malvada cocaína] quanto toca esse som hoje em dia.

- Rehab. Autor: Amy WinehouseAmy narra o conflito vivido por uma personagem, talvez ela mesma, com sua dependência alcoólica e rejeição em se internar.

- É preciso saber viver. Banda: Titãs

- Decadência das drogas. Autor: Detentos do rap

- Primeiros erros. Autor: Capital Inicial

- Natasha. Autor: Capital Inicial

- Cegos do Castelo. Autor: Nando Reis

- Legalize Já. Autor: Planet Hemp

- O cachimbo da paz. Autor: Gabriel O Pensador

- Tem Alguém Aí? Autor: Grabriel O Pensador

- Homem na Estrada. Autor: Racionais Mc’s

- Cocaína. Autor: Racionais Mc’s

- Quando a Maré Encher. Autor: Nação

Zumbi

- A culpa é de quem? Autor: http://letras.mus.br/planet-hemp/68758/

- Straight Edge. Autor: Minor ThreatEssa é a última da lista, mas com certeza é uma das mais significativas para a lista de sons anti-drogas. Isso porque o Minor Threat é praticamente o pai de um movimento que ficou conhecido como... Straight Edge (é, o nome da música). A letra descreve uma pessoa que não precisa de drogas, nem álcool para ser feliz. E ainda mostra como ela consegue aproveitar melhor os shows por não estar totalmente chapada.

- Don´t Drive Drun. Autor: Stevie Wonder“Não dirija bêbado”, quer algo mais direto do que isso? A música do Stevie Wonder conta diversas histórias ligadas a bebida e direção. De um casal que brigava, até um adolescente que saiu de uma festa. O começo das histórias pode ser diferente, cada um com uma idade e um perfil, mas se não tiverem cuidado o final é sempre o mesmo.

- White Lines (Don´t Do It). Autor: Grandmaster Melle MelAté agora os exemplos todos estavam no rock e no pop, mas em outros estilos musicais o pessoal também se preocupa com os excessos. Essa música é de 1983, gravada por um dos caras do Grandmaster Flash and the Furious Five, um dos mais importantes grupos do old school hip hop, ela fala dos riscos da cocaína e do tráfico. Essa mesma música foi usada em 1988 em uma campanha contra a heroína no Reino Unido.

Cold Turkey. Autor: John LennonCold Turkey [peru frio] é o nome que se dá a quem está passando por uma crise de abstinência de drogas como a heroína, geralmente por vontade própria para se livrar do vício. E essa música do Lennon fala exatamente sobre uma tentativa dele e da Yoko de se livrarem do rápido,

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MÚSICAS

mas perigosíssimo, flerte que ambos tiveram com essa droga. Quem passa pelo “Cold Turkey” geralmente sofre com dores no corpo, insônia, febre alta e crises de humor. Pesado, mas muito melhor do que a morte.

Hateful. Autor: The ClashEssa é uma que fala de todas as drogas, e de nenhuma. Isso porque eles não dão o nome de nenhuma específica, mas descrevem problemas típicos dos consumidores de todas elas. Ter que ir atrás dos traficantes a qualquer hora, se tornar esquecido e deixar de lado os amigos e as coisas boas da vida são alguns dos temas abordados pelo pessoal do Clash. “Anything I want he gives it, but not for free”, tudo que eu quiser ele vai dar pra mim, mas não de graça. E o preço é bem alto.

Kicks. Autor: Paul Revere & the RaidersEm plena época dos hippies e do Flower Power, em 1968, o Paul Revere apareceu com essa música que falava do exato oposto que aquela geração se propôs. Na letra, um narrador conta a uma garota que as drogam podem viciar e que o uso de drogas leves pode levar às mais pesadas. Na época muita gente achou que a letra era boba, pois ia contra o que todos os outros músicos diziam. Um dos únicos a entender a letra foi Brian Wilson, vocalista do Beach Boys, que na época enfrentava sérios problemas com drogas.

Mr. Brownstone. Autor: Guns N´ RosesEssa música do Guns mostra um dos maiores problemas dos viciados - a necessidade de se mandar cada vez mais, doses cada vez mais fortes para sentir o mesmo efeito das primeiras vezes. Escrita pelo Slash e pelo Izzy Stradlin, essa música fala sobre heroína (Mr. Brownstone era uma gíria para a droga) e sobre como eles gostariam de parar, mas acabavam tomando cada vez mais.

Suicide Solution. Autor: Ozzy OsbourneO Ozzy escreveu essa depois que o Bom Scott, ex-vocalista do AC/DC, morreu. Mais uma que engana, essa letra fala sobre uma solução suicida, mas não sobre o suicídio. A solução suicida que o Ozzy quer dizer é a mistura de bebidas que acaba ocasionando em morte.

That Smell. Autor: Lynyrd SkynyrdO vocalista Ronnie Van Zant escreveu essa música após um acidente de carro envolvendo o guitarrista Gary Rossington, que bebeu demais, misturou algumas drogas e acabou batendo o carro em uma árvore. A música serviu como um aviso para os outros membros da banda sobre os riscos dos excessos. Maconha, cocaína, heroína, álcool e comprimidos são algumas das drogas citadas por Ronnie.

Fonte: Top 10 músicas contra as drogas. Disponível: http://www.obaoba.com.br/brasil/magazine/top-10-musicas-contra-as-drogas

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LIVROS

ARAÚJO, Tarso. Almanaque das Drogas Leya. São Paulo, 2012.

TIBA, Içami. Juventude & Drogas : Anjos Caídos. Integrares Editora. São Paulo, 2007.

HERCULANO, Suzana. Sexo, Drogas, Rock’n’roll... e Chocolate - o Cérebro e Os Prazeres da Vida Cotidiana.Vieira e Lent.

BOUER. Jairo. Álcool, Cigarro e Drogas. Panda Books.

BOUER. Jairo. Tudo sobre álcool, cigarro e drogas.Melhoramentos.

TIBA, Içami. 123 Respostas Sobre Drogas - Col. Diálogo na Sala de Aula. Scipione.

CASTAÑEDA, Carlos. A Erva do Diabo. Best Seller Ltda

ALVES, Rubem. 2005. E aí? Cartas aos adolescentes e a seus pais. Campinas: Papirus.

ARATANGY, Lidia Rosenberg. 1991. Doces venenos: conversas e desconversas sobre drogas. São Paulo: Olho d’água.

BOLOGNA, José Ernesto. 1992. Estação desembarque: referências existenciais para o jovem contemporâneo.São Paulo: Aquariana.

CARLINI-COTRIM, Beatriz. 1997. Drogas: mitos e verdades. São Paulo: Ática.

CEBRID. Departamento de Psicobiologia UNIFESP. 2004. Livreto informativo sobre Drogas Psicotrópicas. São Paulo: CEBRID.

MALUF, Daniela P. et al. 2002. Drogas- preveção e tratamento. São Paulo: CL-A Cultural.

MASUR, Jandira. 1985. O que é toxicomania. São Paulo: Brasiliense.

ORTIZ, Esmeralda do Carmo. 2001Esmeralda – por que não dancei. São Paulo: SENAC

POLIZZI, Valéria Piassa. 2003. Depois daquela viagem. São Paulo: Ática.

SAVATER, Fernando. 1996. Ética para o meu filho.Tradução: Monica Stahel. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes.

SENAD (Secretaria Nacional Antidrogas). 2004. Cartilhas da série “Por dentro do assunto”(algumas são específicas para pais ou educadores)

ZEMEL, Maria de Lurdes. LAMBOY, Maria Elisa. 2000. Liberdade é poder decidir.São Paulo:FTD.

ABRAMO, Helena W., FREITAS, Maria Virgínia, SPOSITO, Marilia P. (orgs). 2000. Juventude emdebate. São Paulo: Cortez/Ação Educativa.

ALBERTANI, Helena M.B., CARLINI, Beatriz. 2006. Festa Virtual – Manual de Orientação

para professores.Curitiba: IPAD PUCPR

AQUINO, Julio Groppa (org.). 1998. Drogas na Escola. São Paulo: Summus Editorial.

BRASIL. “Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências”. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

BRASIL. “Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas” e outras providências. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

CASTRO, Mary Garcia, ABRAMOVAY, Miriam. 2002. Drogas nas escolas. Brasília: UNESCO.

CEBRID. 2010. VI Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes de ensino fundamental e médio das redes pública e privada de ensino nas 27 capitais brasileiras. São Paulo: CEBRID.

DALLA DÉA, Hilda R.F. (org). 2007. Você tem sede de quê? Entre a cervejinha e o alcoolismo.São Paulo: Musa.

FREITAS, Luiz Alberto Pinheiro. 2002. Adolescência, família e drogas: a função paterna e a questão dos limites. Rio de Janeiro: Mauad.

GRYNBERG, Halina, KALINA, Eduardo. 1999. Aos pais dos

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LIVROS

adolescentes - Viver sem drogas.Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos.

LARANJEIRA, Ronaldo, PINSKY, Ilana. 1998.O alcoolismo.São Paulo: Contexto.

LARANJEIRA, Ronaldo, JUNGERMAN, Flávia, DUNN, John. 1998. Drogas: maconha, cocaína e crack.São Paulo: Contexto.

MASUR, Jandira, CARLINI, Elisaldo. 1993. Drogas: subsídios para uma discussão.. 4ª edição. São Paulo: Brasiliense.

PINSKY, Ilana, BESSA, Marco Antônio (orgs). 2004. Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto.

SANT’ANNA, Ivan, PINHEIRO, Fred,. 2005. Bicho solto. Rio de Janeiro: Objetiva

SODELLI, Marcelo. 2010. Uso de Drogas e Prevenção. São Paulo: Iglu.

TAUB, Anita, ANDREOLI, Paola, (orgs). 2004. Guia para a família: Cuidando da pessoa com problemas relacionados com álcool e outras drogas. São Paulo: Atheneu

ABRAMOVAY, Miriam, RUA, Maria das Graças. 2003. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO.

ACSELRAD, Gilberta (org.). 2005. Avessos do prazer: drogas,

AIDS e direitos humanos.Rio de Janeiro: Fiocruz.

BIAL, Pedro et al. 2005. Tarja preta.Rio de Janeiro: Objetiva.

CETAD – UFBA, 2002. Entre riscos e danos – Uma nova estratégia de atenção ao uso de drogas.Paris: ACODESS

EDWARDS, Griffith, DARE, Christopher. 1997. Psicoterapia e tratamento de adições.Tradução: M. Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas

MARLATT, G. Alan. 1999. Redução de danos.. Tradução: Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas.

MARLATT, G. Alan, GORDON, Judith R. 1993. Prevenção da recaída.. Tradução: Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas

MASUR, Jandira. 1984. A questão do alcoolismo.São Paulo: Brasiliense.

MILLER, William R., ROLLNICK, Stephen. 2001. Entrevista motivacional.Tradução: Andréa Caleffi e Cláudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed.

MONTEIRO, Walmir. 2000. O tratamento psicossocial das dependências. Belo Horizonte: Novo Milênio.

SEIBEL, Sérgio. (org). 2010. Dependência de Drogas. 2ª edição. São Paulo: Atheneu.

SENAD (Secretaria Nacional Antidrogas). 2004. Glossário de Álcool e Drogas.

SILVA, Eroy, DE MICHELI, Denise (orgs). 2011. Adolescência uso e abuso de drogas: uma visão integrativa. São Paulo: Fap-Unifesp.

SILVEIRA FILHO, Dartiu Xavier da. 1995. Drogas: uma compreensão psicodinâmica das farmacodependências. São Paulo: Casa do Psicólogo.

SILVEIRA FILHO, Dartiu Xavier da, MOREIRA, Fernanda Gonçalves (orgs). 2006. Panorama atual de drogas e dependências. São Paulo: Atheneu

SUDBRACK, M.Fátima Olivier et al. (orgs). 2003. O adolescente e as drogas no contexto da justiça. Brasília: Plano.

Fonte: http://drogasporque.miltoncampos.org.br/bibliografia

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TEXTOS

Quem é feliz não usa drogas... Felicidade é saber superar frustrações, pois não há como satisfazer todos os desejos. E o desejo pelo prazer é muito grande. Ele pode até ser saciado, mas a saciedade aos poucos vai passando, e nós continuamos a desejar mais e mais. Prazer corporal qualquer animal pode sentir. Entretanto, o ser humano é o único ser vivo que estabelece uma distinção entre o que é bom e o que é ruim. Por isso, o ser humano sabe que nem tudo o que dá prazer é bom. A droga provoca prazer, mas não é boa, pois prejudica o corpo, a mente, a família e a sociedade. Quanto maior o uso, maior o prejuízo. Cada ser humano pode ter maior ou menos resistência à droga, mas ninguém consegue controlar as reações bioquímicas que ela provoca dentro do organismo. O único controle que qualquer pessoa tem sobre a droga é o de não experimentá-la.

Não se pode confundir prazer químico com felicidade. A drogacausa momentos de alegria que desaparecem, dando lugar a um vazio na alma. A felicidade preenche o ser humano, fornecendo-lhe alimento durante os períodos difíceis, valorizando-o pelo que é, e não pelo que não possui naquele momento.

Quem é feliz não precisa usar drogas!

(Fonte: TIBA, I. Juventude & Drogas: Anjos Caídos. São Paulo: Integrare Editora, 2007)

Eu comprei uma arma e escolhi drogas ao invés dela.Kurt Cobain Entre as drogas que alteram o pensamento, a

melhor é a verdade.Lily Tomlin

As drogas me deram asas para voar... Mas me tiraram o céu.John Lennon

Drogas são uma perda de tempo. Elas destroem sua memória, seu respeito próprio e tudo o que se

relaciona com sua autoestima.Kurt Cobain

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TEXTOS

DEPENDÊNCIA QUÍMICARonaldo Laranjeira é médico psiquiatra, coordena a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e é PhD em Dependência Química na Inglaterra.

As drogas acionam o sistema de recompensa do cérebro, uma área encarregada de receber estímulos de prazer e transmitir essa sensação para o corpo todo. Isso vale para todos os tipos de prazer – temperatura agradável, emoção gratificante, alimentação, sexo – e desempenha função importante para a preservação da espécie. Evolutivamente o homem criou essa área de recompensa e é nela que as drogas interferem. Por uma espécie de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a repetir seu uso compulsivamente. Com a repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e só interessa aquele imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário.

MECANISMO GERAL DA DEPENDÊNCIA

Drauzio – Que mecanismo do corpo humano explica o processo de dependência da droga?

Ronaldo Laranjeira – Acho importante destacar que existe, no cérebro, uma área responsável pelo prazer. O prazer, que sentimos ao comer, fazer sexo ou ao expor o corpo ao calor do sol, é integrado numa área cerebral chamada sistema de recompensa. Esse sistema foi relevante para a sobrevivência da espécie. Quando os animais sentiam prazer na atividade sexual, a tendência era repeti-la. Estar abrigado do frio não só dava prazer, mas também protegia a espécie. Desse modo, evolutivamente, criamos essa área de recompensa e é nela que a ação química de diversas drogas interfere. Apesar de cada uma possuir mecanismo de ação e efeitos diferentes, a proposta final é a mesma, não importa se tenha vindo do cigarro, álcool, maconha, cocaína ou heroína. Por isso, só produzem dependência as drogas que de algum modo atuam nessa área. O LSD, por exemplo, embora tenha uma ação perturbadora no sistema nervoso central e altere a forma como a pessoa vê, ouve e sente, não dá prazer e, portanto, não cria dependência.Vários são os motivos que levam à dependência química,

mas o final é sempre o mesmo. De alguma maneira, as drogas pervertem o sistema de recompensa. A pessoa passa a dar-lhes preferência quase absoluta, mesmo que isso atrapalhe todo o resto em sua vida. Para quem está de fora fica difícil entender por que o usuário de cocaína ou de crack, com a saúde deteriorada, não abandona a droga. Tal comportamento reflete uma disfunção do cérebro. A atenção do dependente se volta para o prazer imediato propiciado pelo uso da droga, fazendo com que percam significado todas as outras fontes de prazer.

Drauzio – Você diz que a evolução criou, no cérebro, um centro de recompensa ligado diretamente à sobrevivência da espécie. As abelhas, quando pousam numa flor e encontram néctar, liberam um mediador chamado octopamina, neurotransmissor presente nas sensações de prazer. Esses mecanismos são bastante arcaicos?

Ronaldo Laranjeira – O sistema de prazer é muito primitivo. É importante para as abelhas e para os seres humanos também. A droga produz efeito tão intenso porque age nesses mecanismos biológicos bastante primitivos.

Drauzio – Mecanismos tão arcaicos assim representam uma armadilha poderosa. Na verdade, provoca-se um estímulo forte que está mexendo com milhares de anos de evolução.

Ronaldo Laranjeira – Acho que estamos cada vez mais valorizando esse tipo de mecanismo. A droga é um fenômeno psicossocial amplo, mas que acaba interferindo nesse mecanismo biológico primitivo.

DEPENDÊNCIA É UM PROCESSO DE APRENDIZADO

Drauzio – A maioria das pessoas bebe com moderação, mas algumas fazem uso abusivo do álcool. Há quem fume maconha ou use cocaína esporadicamente, mas existem os que fumam crack o dia inteiro. O que explica essa diferença? A resposta está na droga ou no usuário?

Ronaldo Laranjeira – Parte da resposta está na tendência ao uso crônico e na história de cada pessoa. Quando começou a usar? Como interpreta os sintomas da síndrome de abstinência? Além disso, o que vai fazer com que repita

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TEXTOS

a experiência não é só a busca do prazer, mas a tentativa de evitar o desprazer que a ausência da droga produz. A dependência é um processo de aprendizado. O fumante, por exemplo, pela manhã já manifesta sintomas da abstinência. Fica irritado e sua capacidade de concentração baixa. Ele fuma, o desconforto diminui. Vinte minutos depois, o nível de nicotina no cérebro cai, voltam os sintomas da abstinência e ele vai aprendendo a usar a droga pelo efeito agradável que proporciona e para evitar o desprazer que sua falta produz. A dependência é fruto, então, do mecanismo psicológico que a um só tempo induz o indivíduo a buscar o prazer e evitar o desprazer, e fruto das alterações cerebrais que a droga provoca. Essa interação entre aspectos psicológicos e efeito farmacológico vai determinar o perfil dos sintomas de abstinência de cada pessoa. A compulsão é menor naquelas que toleram a abstinência um pouco mais, e maior nas que a inquietação é intensa diante do menor sinal da síndrome de abstinência. Resumindo: a dependência química pressupõe o mecanismo psicológico de buscar a droga e a necessidade biológica que se criou no organismo. Disso resulta a diversidade de comportamentos dos usuários.A maconha é um bom exemplo. Seu uso compulsivo hoje é maior do que era há 20, 30 anos e, de acordo com as evidências, quanto mais cedo o indivíduo começa a usá-la, maior é a possibilidade de tornar-se dependente. Como garotos de 12, 13 anos e, às vezes, até mais novos, estão usando maconha, atualmente o problema se agrava. Além disso, as concentrações de THC (princípio ativo da maconha) aumentaram muito nos últimos tempos. Na década de 1960, andavam por volta de 0,5% e agora alcançam 5%. Portanto, a maconha de hoje é 10 vezes mais potente do que era naquela época. Diante disso, a Escola Paulista de Medicina sentiu a necessidade de montar um ambulatório só para atender os usuários de maconha e há uma lista de espera composta por adolescentes e jovens adultos desmotivados, que fumam seis, sete baseados por dia e não conseguem fazer outra coisa na vida. Isso não acontecia quando a concentração de THC era mais fraca e o acesso à droga mais restrito.

Drauzio - Quando se conversa com usuários de maconha de muitos anos, eles lastimam que a droga tenha perdido a qualidade. Sua explicação prova exatamente o contrário.

Terão essas pessoas desenvolvido um grau de tolerância maior à droga?

Ronaldo Laranjeira - Acho que a queixa é fruto de um certo saudosismo, uma vez que há tipos de maconha, entre eles o skank, que chegam a ter 20% de THC. Na Holanda, foram desenvolvidas cepas que contêm maior concentração desse princípio ativo, o que faz com que a maconha perca a classificação de droga leve e se transforme numa substância poderosa para causar dependência. Deve-se considerar, ainda, como justificativa da queixa que o uso crônico causa sempre certa tolerância.

Drauzio - No Carandiru, minha experiência mostra que há quem fume um baseado a cada 30 minutos. Uma droga que exija tal frequência de consumo não pode ser considerada leve, não é verdade?

Ronaldo Laranjeira – Infelizmente não existem drogas leves, se produzirem estímulo no sistema de recompensa cerebral. Em geral, as pessoas perguntam: mas se a droga dá prazer, qual é o problema? O problema é que ela não mexe apenas na área do prazer. Mexe também em outras áreas e o cérebro fica alterado. Diante de uma fonte artificial de prazer, ele reage de modo impróprio. Se existe a possibilidade de prazer imediato, por que investir em outro que demande maior esforço e empenho? A droga perverte o repertório de busca de prazer e empobrece a pessoa. Comer, conversar, estabelecer relacionamentos afetivos, trabalhar são fontes de prazer que valorizamos, mas não são imediatas.

CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DOS USUÁRIOS

Drauzio – O uso crônico do álcool provoca uma série de alterações que todo mundo conhece e reconhece. Em relação às outras drogas, de acordo com sua experiência pessoal e não com as definições dos livros, quais as principais características do usuário?

Ronaldo Laranjeira – No ambulatório da Escola Paulista de Medicina que atende usuários de maconha, pude notar que há dois grupos distintos. Um é constituído por jovens que perderam o interesse por tudo o que faziam. Não estudam nem trabalham. Estão completamente desmotivados. É o

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que chamamos de síndrome amotivacional. O nome é feio, mas pertinente. O outro grupo é formado por pessoas nas quais se estabelece uma relação complexa entre maconha e doenças mentais como psicose e depressão. Não se sabe se a maconha produz a doença mental. O que se sabe é que ela piora os sintomas de qualquer uma delas, seja ansiedade ou esquizofrenia.

AÇÃO E EFEITO DAS DIFERENTES DROGAS

Drauzio -Teoricamente, quando a pessoa ansiosa fuma maconha, fica mais relaxada. Você acha que isso é um mito?

Ronaldo Laranjeira – É importante distinguir, na droga, o efeito imediato do efeito cumulativo. No geral, sob a ação da maconha, a pessoa ansiosa relaxa um pouco, mas esse é um efeito de curto prazo. O álcool também relaxa num primeiro momento. No entanto, as evidências demonstram que nas pessoas ansiosas seu uso crônico aumenta os níveis de ansiedade, porque o cérebro reage tentando manter o sistema em equilíbrio. É o efeito de homeóstase. Se alguém usa um estimulante, passado o efeito, o cérebro não volta ao funcionamento normal imediatamente. Surge o efeito rebote. Isso ocorre com qualquer droga. Tanto com a maconha quanto com o álcool, findo o efeito depressor, o efeito rebote elevará os níveis de ansiedade.

Drauzio – Como age a maconha na memória?

Ronaldo Laranjeira - A maconha diminui a concentração, a memória e a atenção. É um efeito bastante rápido. Estudos mostram que, se alguém usar maconha num dia e medir os níveis de memória e concentração no outro, eles estarão ligeiramente alterados. Isso tem um impacto bastante negativo na vida dos adolescentes. Na verdade, não há droga que melhore o desempenho intelectual. Nós sabemos que pessoas criativas usam drogas e produzem coisas criativas. Se elas não fossem criativas por natureza, não haveria droga no mundo capaz de produzir esse resultado.

Drauzio - Quais são os efeitos crônicos da cocaína?

Ronaldo Laranjeira – Em relação à saúde, o efeito mais grave da cocaína são os problemas cardíacos e

cardiovasculares. Quando associada ao álcool, então, ela é uma das principais causas de infarto do miocárdio em adultos jovens.

ASSOCIAÇÃO PERIGOSA DA COCAÍNA COM O ÁLCOOL

Drauzio – Por que o usuário de cocaína bebe tanto?

Ronaldo Laranjeira – De alguma forma, o álcool faz com que a pessoa se sinta mais liberada e use cocaína, um estimulante potente. Para diminuir a excitação, ela torna a beber e, como num círculo vicioso, a usar cocaína. A confusão cerebral aumenta consideravelmente e a tendência é beber ou cheirar mais. Trata-se de uma reação perturbadora em que o álcool incentiva o consumo de cocaína e vice-versa.

Drauzio – Fico assustado com a quantidade de bebida destilada que o usuário de cocaína consome.

Ronaldo Laranjeira – A cocaína aumenta a resistência ao álcool, porque um pouco de seu efeito depressor é atenuado pela cocaína. Por outro lado, a pessoa tolera quantidades maiores de álcool, porque precisa abrandar os efeitos altamente excitantes da cocaína.Sempre é válido repetir que álcool e cocaína representam uma das associações de drogas mais perigosas que existem. Ao que parece, tal associação dá origem a uma terceira molécula extremamente tóxica para cérebro e para o músculo cardíaco.

Drauzio – No Carandiru, vi meninos de 20 e poucos anos com infarto do miocárdio ou derrame cerebral puxando o braço ou a perna depois de uma seção de crack ou de uma overdose de cocaína. Isso acontece frequentemente?

Ronaldo Laranjeira – Infelizmente, no Brasil, não há dados precisos sobre o que aconteceu com os usuários de cocaína, porque o sistema médico não é muito coordenado. Se eles existissem, ficaríamos horrorizados. Tivemos uma pequena experiência acompanhando, por cinco anos, o primeiro grupo de usuários de crack que foi internado em Cidade de Taipas, interior de São Paulo. Era uma população de classe média baixa. No final desse período, 30% tinham morrido em acidentes ou por morte

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violenta. Nesse caso, as famílias não sabiam dizer quem eram os responsáveis pelas mortes: os traficantes ou a polícia. Não sabemos se isso ocorre com todos os usuários de crack. Temos certeza, porém, de que poucas doenças apresentam esse índice de mortalidade.

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA / EFEITO REBOQUE

Drauzio – Como se manifesta o efeito rebotque?

Ronaldo Laranjeira – O mecanismo de recompensa cerebral é importante para a preservação da espécie e ninguém é contra o prazer. Ao contrário, deveríamos estimular o surgimento de inúmeras fontes de prazer. A dependência química, entretanto, cria uma ilusão de prazer que acaba perturbando outros mecanismos cerebrais. Se, fumando um baseado, a pessoa relaxa, findo o efeito, a ansiedade ganha força, pois a síndrome de abstinência é imediata. É o chamado efeito rebote. A cocaína age de forma diferente. O efeito rebote está na impossibilidade de sentir prazer sem a droga. Passada a excitação que ela provoca, a pessoa não volta ao normal. Fica deprimida, desanimada. Tudo perde a graça. Como só sente prazer sob a ação da droga, torna-se um usuário crônico. Às vezes, tenta suspender o uso e reassumir as atividades normais, mas nada lhe dá prazer. Parece que, por vingança divina, o cérebro perdeu a capacidade de experimentar outras fontes que não a desse prazer artificial que a droga proporciona. Essa é uma das tragédias a que se expõem os dependentes químicos. No processo de reabilitação, quando a pessoa para de usar droga, é fundamental ajudá-la a reencontrar fontes de prazer independentes da substância química.

Drauzio – Quem está de fora dificilmente entende o comportamento do dependente. “Esse cara, em vez de estar namorando, indo ao cinema, estudando, fica cheirando cocaína ou fumando crack”, é o que normalmente todos pensam. Isso dá a sensação de que o outro é fraco, com comportamento abjeto, digno de desprezo. Quem está passando por isso, vê a realidade de forma diferente?

Ronaldo Laranjeira – Na verdade, essa pessoa está doente. Seu cérebro está doente, com a sensação de que não

existe outro prazer além da droga. Isso acontece também com o cigarro, uma fonte preciosa de prazer para os fumantes que adiam a decisão de parar de fumar por medo de perdê-la. De fato, 30% dos fumantes, logo depois que se afastam da nicotina, apresentam sintomas expressivos de depressão e precisam ser medicados com antidepressivos.

BUSCA DO PRAZER TOTAL

Drauzio - Você acha que um dia aparecerá uma droga cujo mecanismo de ação se encarregue de nos deixar felizes sem provocar malefícios no cérebro?

Ronaldo Laranjeira – Não acredito. Fica difícil imaginar uma droga que aja só no centro de prazer sem perturbar os demais mecanismos bioquímicos do cérebro, que é um órgão complexo e evolutivamente preparado para vivenciar muitas formas de prazeres sutis. Para tais estímulos, está aparelhado. Para os advindos das drogas, não.

Drauzio – Você não acha que o homem está sempre à procura do prazer total?

Ronaldo Laranjeira – A busca do prazer é uma característica positiva do ser humano. No caso das drogas, porém, ao querer superar a própria biologia por um artifício grosseiro, ele acaba se empobrecendo. O desejo de intensificar o prazer ao máximo empurra o homem para uma guerra que jamais será vencida.

CAMPANHAS CONTRA AS DROGAS

Drauzio – Quando analisamos as campanhas contra as drogas, verificamos que se baseiam muito nos aspectos negativos dessas substâncias. A ideia é sempre assustar o usuário: “droga mata”. Aí, o garoto fuma um baseado e não morre. Ao contrário, sente-se bem e fica achando que tudo não passa de uma grande mentira. Você acha que o enfoque das campanhas é ingênuo?

Ronaldo Laranjeira – Estamos ainda muito no começo. Na criação de um modelo do que acontece com os usuários de droga, as campanhas estão numa fase bastante embrionária, mas acho que estão certas ao afirmar que drogas fazem mal. Ficar só nisso, porém, é passar uma informação de saúde

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ingênua e pobre. É preciso dizer como e por que as drogas são altamente prejudiciais ao organismo para que a pessoa tome uma decisão firme, bem alicerçada, e disponha-se a abandoná-las. As evidências nos mostram que, quando se trabalha com a prevenção, a prioridade deve ser dada aos fatores de risco. Todavia, a partir do momento em que já está instalado o consumo (maconha, nos casos mais comuns), as estratégias teriam de ser bem diferentes.

ORIENTAÇÃO AOS PAIS

Drauzio – Muitas vezes os pais ficam apavorados quando encontram maconha nas coisas dos filhos. Como você orienta quem vive esse problema?

Ronaldo Laranjeira – Na verdade, maconha é a primeira droga ilícita que a pessoa consome, mas antes disso, em geral, já experimentou o álcool e o cigarro. Já não se discute mais que, quanto mais cedo o adolescente entrar em contato com a droga, maior será a probabilidade de “escalar”, isto é, de partir para outras drogas ou intensificar o uso da maconha. É muito difícil prever quem vai ou não embarcar nesse processo. Sabe-se, porém, que quantos mais amigos envolvidos com drogas ele tiver, maior risco correrá do uso tornar-se crônico. O primeiro passo para enfrentar a situação é os pais se informarem sobre o que está acontecendo na vida dos filhos e voltarem a exercer controle mais efetivo sobre suas atividades. Em geral, esse problema reflete uma certa crise familiar. Por razões diversas, pais e filhos se distanciaram. Por isso, a estratégia básica é levar ao conhecimento dos pais o que está acontecendo com seus filhos e os riscos que eles correm. Quanto ao adolescente, é complicado conversar sobre esses riscos. A tendência do jovem que já se envolveu com maconha é minimizá-los ao máximo. “Que mal existe em fumar um baseado por semana?” é a pergunta que muitos fazem. Acontece que, na maioria das vezes, quem começou precocemente, no período de seis meses, estará fumando um baseado por dia. Na entrevista clínica, não dá para antever o caminho que cada um percorrerá no mundo das drogas. Quem já teve o desprazer de acompanhar um adolescente numa entrevista, tranquilizar os pais, dizendo – “Olhem, ele só

está usando uma vez por semana. Essa é uma experiência pela qual ele deve passar.” – e, depois de dois anos, ver esse jovem totalmente deteriorado, traficando drogas, fica muito preocupado com o momento certo em que deve interferir. Esse é o desespero dos pais e o dilema dos profissionais: agir na medida exata da necessidade de cada caso. Nem todos precisam de tratamento, mas não se pode deixar escapar aqueles para os quais o acompanhamento clínico é indispensável.

Drauzio – Em que você se baseia para julgar se um garoto, que afirma fumar maconha a cada dois meses , representa risco de tornar-se um usuário crônico?

Ronaldo Laranjeira – É preciso estar atento a três fatores que combinados são sinais de alerta e requerem algum tipo de acompanhamento. O primeiro é atitude por demais tranquila do adolescente que considera a maconha inofensiva e destituída de inconveniências. Depois, é importante considerar a rede social em que está inserido. Os amigos com quem convive são usuários da droga? Por último, deve-se avaliar seu desempenho nas atividades cotidianas. É o caso do bom aluno até os 13 anos, que foi perdendo o interesse pela escola e não reage mesmo diante da ameaça de perder o ano.

PARANOIA ASSOCIADA AO CONSUMO DE DROGAS

Drauzio – A paranoia é um efeito terrível da cocaína. O indivíduo cheira e entra numa crise persecutória alucinante. O que leva alguém a usar uma droga sabendo que irá provocar uma sensação medonha e que nenhum prazer oferece?

Ronaldo Laranjeira – Essa é a essência da dependência química de uma droga. Primeiro aparece o efeito prazeroso e, depois, o desprazer. Com a cocaína, isso é mais intenso. Seu efeito de excitação e de prazer é imediato, ocorre em poucos segundos. Alguns minutos depois, desaparece e surgem os efeitos desagradáveis. Confrontando os dois, prevalece a lembrança dos bons momentos e a pessoa volta a usar a droga. Tive um paciente que injetava cocaína. Suas veias tinham sumido, mas mesmo assim ele não desistia. Expunha-se ao tormento de dezenas de picadas para obter um único resultado positivo que, em sua balança

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emocional, compensava o sofrimento anterior. Os fumantes têm comportamento parecido. Muitos, mesmo com traqueostomia, não deixam de fumar.

Drauzio - Conheci alguns que, apesar da insuficiência vascular cerebral, ficavam tontos e caíam no chão quando fumavam, mas não desistiam e logo depois acendiam um cigarro outra vez.

Ronaldo Laranjeira - É a força da dependência, um fenômeno diversificado cuja essência é a disfunção cerebral provocada por várias drogas e que se manifesta em pessoas de personalidades diferentes.

Drauzio - A maconha também pode provocar paranoia?

Ronaldo Laranjeira – É menos comum, mas casos de paranoia também ocorrem especialmente em pessoas que já apresentaram algum problema mental. Quem tem um surto psicótico e fuma maconha, por exemplo, faz um péssimo negócio, porque se intensificarão os sintomas dessa doença já estabelecidos anteriormente. No que se refere à cocaína, nem todos que manifestam esses sintomas desenvolverão a síndrome paranoica. No entanto, quando isso acontece, as consequências são desastrosas. Soube de um usuário de cocaína que, em crise, saiu em disparada por uma estrada, foi atropelado e morreu. Há outros que pegam uma arma e disparam a esmo.

FORÇA PODEROSA DA DEPENDÊNCIA

Drauzio – Muitos usuários garantem que a maconha é uma droga fácil de largar, que não causa dependência. Isso é verdade?

Ronaldo Laranjeira – Cada droga tem um perfil de dependência, e a maconha não é muito diferente das demais. Como já foi dito, atualmente ela está dez vezes mais forte do que era há 30 anos. Por isso, não é tão fácil afastar-se dela, principalmente se a pessoa começou a fumar na adolescência, quando ainda era um ser em formação. O acompanhamento de usuários de maconha, no ambulatório da Escola Paulista de Medicina, sugere exatamente o contrário. As pessoas conseguem suspender o uso da droga durante alguns dias, mas a vontade fica incontrolável e elas voltam a fumar os baseados.

Drauzio – No Carandiru, examino rapazes com tuberculose

que fumam cigarros de nicotina, de maconha e crack. Explico-lhes que eles não podem fumar de jeito nenhum porque seus pulmões estão doentes, muito inflamados. Na semana seguinte, eles me informam que conseguiram suspender o crack e a maconha, mas o cigarro está difícil. Isso se repete nas semanas subsequentes. Tive centenas de casos como esse, que me convenceram de que o cigarro é mais difícil de largar do que as outras drogas. Estou exagerando?

Ronaldo Laranjeira – Embora o efeito da nicotina não seja tão poderoso quanto o da maconha, é muito mais constante. Imaginemos que o fumante dê dez tragadas em cada cigarro e fume vinte cigarros por dia. Feitas as contas, num único dia seu cérebro recebeu um reforço positivo pelo menos duzentas vezes. Cada tragada é igual a uma injeção de nicotina na veia. Esse estímulo, repetido através dos anos, faz com que a dependência de nicotina seja mais poderosa do que as outras. A maconha, no momento, passa por processo semelhante. Mais disponível e mais barata, seu consumo aumentou e, consequentemente, o número de cigarros fumados por dia e os estímulos cerebrais que provocam aumentaram também. Portanto, em termos de dependência, as duas drogas não diferem muito. Pelo atual padrão de consumo, mais fácil, acessível e intenso, maconha e nicotina têm muito em comum. Por isso, não compartilho a ideia de que maconha seja uma droga leve.

Drauzio – O usuário de cocaína diz que deixará de usar a droga quando quiser. No entanto, admite que não poderá vê-la, porque entrará em desespero e a vontade de consumi-la ficará incontrolável. Como se pode explicar esse fenômeno?

Ronaldo Laranjeira – Ficar longe da droga, quando se está disposto a abandoná-la, faz parte do processo de aprendizado. No exato instante em que a pessoa vê a cocaína, seu cérebro começa a preparar-se para recebê-la e dispara um mecanismo que chamamos de craving ou fissura. Isso vale para qualquer droga. Depois que ficou dependente, é quase impossível alguém ver a droga e resistir ao desejo de usá-la. Por isso, na fase inicial do tratamento, aconselha-se que o usuário se afaste completamente de todos esses estímulos, pois ficará menos difícil lidar com o fenômeno da dependência química.

Fonte: http://drauziovarella.com.br

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MACONHA FAZ MAL, SIMO atual liberalismo em torno do consumo da droga está em descompasso com as pesquisas médicas mais recentes. As sequelas cerebrais são duradouras, sobretudo quando o uso se dá na adolescência

Fonte: Revista Veja. Novembro, 2012.

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Hoje ainda, até o fim do dia, 1 milhão de brasileiros terão fumado maconha. A maioria dessas pessoas está plenamente convencida de que a droga não faz mal. Elas conseguem trabalhar, estudar, namorar, dirigir, ler um livro, cuidar dos filhos…

A folha seca e as flores de Cannabis são consumidas agora com uma naturalidade tal que nem parece ser um comportamento definido como crime pela lei penal brasileira. O aroma penetrante inconfundível permeia o ar nas baladas, nas áreas de lazer dos condomínios fechados, nos carros, nas imediações das escolas.

A maconha, que em outros tempos já foi chamada de “erva maldita”, agora ganhou uma aura inocente de produto orgânico e muitos de seus usuários acendem os “baseados” como se isso fosse parte de um ritual de comunhão com a natureza, uma militância espiritual de sintonia com o cosmo.

Tolerância cada vez maior com o consumo

Há uma gigantesca onda de tolerância com esse vício. Nos Estados Unidos, dezessete Estados já regulamentaram seu uso medicinal. No dia 6 passado, os Estados de Washington e Colorado realizaram plebiscitos sobre a legalização e o eleitorado aprovou. No Uruguai, o presidente José Mujica pretende estatizar a produção e a distribuição da droga.

Em maio deste ano, no Brasil, sob o argumento do direito à liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a marcha da maconha – desde, é claro, que ela não fosse consumida pelos manifestantes.

Em um de seus shows, em janeiro, Rita Lee causou tumulto ao interromper a apresentação em Sergipe para interpelar os policiais que tentavam reprimir o fumacê na plateia: “Este show é meu. Não é de vocês. Por que isso? Não pode ser por causa de um baseadinho. Cadê um baseadinho pra eu fumar aqui?”.

Na contramão da liberalidade oficial, legal e até social com o uso da maconha, a ciência médica vem produzindo provas cada dia mais eloquentes de que a fumaça da maconha faz muito mal para a saúde do usuário crônico – quem fuma no mínimo um cigarro por semana durante um ano.

Não faz menos mal do que álcool ou cigarro

Fumar na adolescência, então, é um hábito que pode ter consequências funestas para o resto da vida da pessoa. Aqueles cartazes das marchas que afirmam que “maconha faz menos mal do que álcool e cigarro” são fruto de percepções disseminadas por usuários, e não o resultado de pesquisas científicas incontrastáveis.

Maconha não faz menos mal do que álcool ou cigarro. Cada um desses vícios agride o organismo a sua maneira, mas, ao contrário do que ocorre com a maconha, ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo.

Diz um dos mais respeitados estudiosos do assunto, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo: “Encarar o uso da maconha com leniência é uma tese equivocada, arcaica e perigosa”.

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Alguns dos argumentos para a legalização da maconha têm uma lógica perfeita apenas na aparência. Os defensores da legalização alegam que, vendida legalmente, a maconha também seria cultivada dentro da lei e industrializada. A oferta aumentaria e os preços cairiam. Isso tornaria inúteis os traficantes. Eles sumiriam do mapa, levando consigo todo o imenso colar de roubos, assassinatos e corrupção policial que a repressão à maconha provoca.

Estudo acompanhou 1.000 voluntários por 25 anos

O argumento não resiste ao mais simples teste de realidade embutido na pergunta: “Quem disse que traficante vende só maconha?”. Se a maconha fosse liberada, o tráfico de cocaína, heroína e crack continuaria e todos os problemas sociais decorrentes do poder desse submundo ficariam intactos. Acrescente-se à equação o fato de que a maconha efetivamente faz mal à saúde, e a lógica dos defensores de sua legalização evapora-se no ar ainda mais rapidamente.

Um dos estudos mais impactantes e recentes sobre os males da maconha foi conduzido por treze reputadas instituições de pesquisa, entre elas as universidade Duke, nos Estados Unidos, e de Otago, na Nova Zelândia. Os pesquisadores acompanharam 1.000 voluntários durante 25 anos. Eles começaram a ser estudados aos 13 anos de idade.

Queda no desempenho intelectual, na memória, na concentração

Um grupo era composto de fumantes regulares de maconha. Os integrantes do outro grupo não fumavam. Quando os grupos foram comparados, ficou evidente o dano à saúde dos adolescentes usuários de maconha que mantiveram o hábito até a idade adulta. Os fumantes tiveram uma queda significativa no desempenho intelectual.

Na média, os consumidores crônicos de maconha ficavam 8 pontos abaixo dos não fumantes nos testes de Q.I. Os usuários de maconha saíram-se mal também nos testes de memória, concentração e raciocínio rápido.

Os resultados mostram que é falaciosa a tese de que fumar maconha com frequência não compromete a cognição. Diz o psiquiatra Laranjeira: “Se o usuário crônico acha que está bem, a ciência mostra que ele poderia estar muito melhor sem a droga. A maconha priva a pessoa de atingir todo o potencial de sua capacidade”.

O cineasta paulistano Álvaro Zunckeller, de 32 anos, fumou maconha durante duas décadas, desde a adolescência, com os amigos, na roda do bar e na saída da escola. No início, era um cigarro a cada duas semanas. Chegou a três por dia. “Era um viciado, mas para a maioria das pessoas eu era um sujeito sossegado, apenas um pouco desatento”, conta ele.

Zunckeller é um caso típico da brasa dormida dos danos da maconha ao cérebro confundidos com um comportamento ameno e um estilo de vida mais contemplativo.

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Apenas 10% dos pacientes internados em clínicas de recuperação de dependentes foram parar ali para tentar se livrar do vício da maconha. Ainda assim, muitos dos usuários da droga nessas clínicas foram diagnosticados com esquizofrenia, bipolaridade, depressão aguda ou ansiedade – sendo o vício de maconha apenas um componente do quadro psicótico e não seu determinante.

Risco mais alto de desenvolver esquizofrenia ou depressão.

Até pouco tempo atrás vigorou a tese de que a maconha só deflagra transtornos mentais em pessoas com histórico familiar dessas doenças. Essa noção benigna da maconha foi sepultada, entre outros trabalhos, por uma pesquisa feita pelo Instituto de Saúde Pública da Suécia. Um grupo de 50.000 voluntários foi avaliado durante 35 anos. Eles consumiram maconha na adolescência.

Os suecos demonstraram que o risco de um usuário de maconha sem antecedentes genéticos vir a desenvolver esquizofrenia ou depressão é muito mais alto do que o da

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população em geral. Entre os usuários de maconha pesquisados, surgiram 3,5 mais casos de esquizofrenia do que na média da população.

No que se refere à depressão, o número de casos clínicos foi o dobro. Os sinais de perigo da fumaça estão surgindo em toda parte. “O bombardeio repetido da maconha sobre o cérebro cria uma marca neuronal indelével”, diz Ana Cristina Fraia, psicóloga da Clínica Maia Prime, em São Paulo, especializada no tratamento de dependência química.

Interfere nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais.

A razão básica pela qual a maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem o álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabis.

Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses. A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais.

O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo – em muitos casos para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.

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Com 224 milhões de usuários em todo o mundo, a maconha é a droga ilícita universalmente mais popular. E seu uso vem crescendo – em 2007, a turma do cigarro de seda tinha metade desse tamanho. Cerca de 60% são adolescentes. Quanto mais precoce for o consumo, maior é o risco de comprometimento cerebral.

Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Em um processo conhecido como poda neural, o organismo faz uma triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser mantidas para o resto da vida. A ação da maconha nessa fase de reformulação cerebral é caótica. Sinapses que deveriam se fortalecer tornam-se débeis. As que deveriam desaparecer ganham força.Os efeitos psicoativos da maconha são conhecidos desde o ano 2000 antes de Cristo. Seu princípio psicoativo

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mais atuante é o tetraidrocanabinol (THC). Um outro componente da droga, o canabidiol, é o principal responsável pelos seus efeitos potencialmente terapêuticos.

No câmpus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, o psiquiatra José Alexandre Crippa estuda o efeito do canabidiol no tratamento da fobia social. Trinta e seis voluntários, metade deles composta de fóbicos, ingeriram cápsulas da substância e, em seguida, tiveram de falar em público.

Os níveis de ansiedade apresentados pelos portadores do transtorno equivaleram aos registrados pelos participantes sem a fobia. Todos os estudos sérios sobre os potenciais usos médicos da maconha mediram os efeitos de uma única substância, selecionada e isolada em laboratório – e não da inalação da fumaça de um cigarro. Diz Crippa: “Os defensores do uso medicinal do cigarro da maconha querem mesmo é obter a liberação da droga”.

Nos EUA, venda de receitas

Nos Estados Unidos floresce uma indústria de falsificação de receitas depois da legalização da erva para o tratamento do glaucoma e no controle da náusea de pacientes submetidos a quimioterapia. Para a alegria dos viciados, médicos inescrupulosos prescrevem a droga por preços que variam de 100 a 500 dólares.

Em nenhum país a maconha é completamente liberada. Um dos mais notoriamente tolerantes é a Holanda, que permite o consumo da erva nos coffee shops, mas, ainda assim, os proprietários só estão autorizados a vender 5 gramas, o equivalente a um cigarro, para cada cliente.

Recentemente, o governo holandês proibiu a venda da droga para estrangeiros. Nem sempre foi assim. Na década de 70, quando a Holanda descriminalizou a maconha e se tornou uma espécie de Disney libertária, fumava-se em praça pública. A festa acabou cedo. Desde então, o tráfico só aumentou. A experiência holandesa – e o recuo das autoridades – derruba um dos mais rígidos pilares da defesa pela liberação: o de que a venda autorizada poria fim ao tráfico. Não pôs.

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No Brasil, desde 2006, com a lei antidrogas aprovada pelo Congresso e sancionada pelo então presidente Lula, foi estabelecida uma distinção na punição de traficantes e usuários. Os bandidos estão sujeitos a até quinze anos de prisão. O consumidor não vai para a cadeia. Nesse caso, o juiz decide por uma advertência verbal, pela prestação de serviços comunitários ou recomenda um tratamento médico.

A lei brasileira não contempla o volume máximo da droga a ser classificado como uso pessoal. Luana Piovani e Isabel Filardis são algumas das celebridades que defendem a tese de que a maioria dos presos com maconha “nunca cometeu outros delitos, não tem relação com o crime organizado e portava pequenas quantidades da droga no ato da detenção”.

Do ponto de vista social, elas estão corretíssimas. Do ponto de vista da saúde e da aplicação das leis, nem tanto. O advogado criminalista Pedro Lazarini faz restrições: “Um bandido pode se valer desses limites para nunca ser condenado”. O ideal seria que as evidências científicas incontestáveis sobre os ruinosos efeitos da maconha para a saúde sejam levadas em conta. Todos ganham com isso.

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“ATUALMENTE, ‘PEGA MAL’ SER CONTRA A LIBERAÇÃO DA MACONHA”

Aos 66 anos, o paulistano Valentim Gentil Filho é um dos mais renomados psiquiatras do país. Com doutorado em psicofarmacologia clínica pela Universidade de Londres, ocupou o cargo de presidente do conselho diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas durante doze anos – sem nunca ter abandonado a prática clínica.Tamanha experiência o levou a defender a condenação da maconha. “Trata-se da única droga a interferir nas funções cerebrais de forma a causar psicoses irreversíveis”, disse a VEJA. “Se fosse para escolher uma única droga a ser banida, seria a maconha.”

Nos últimos dois anos, a ideia da descriminalização para o usuário da maconha ganhou força no país. Recentemente, um grupo de juristas apresentou a proposta no Senado com o objetivo de a medida ser adotada na reforma do Código Penal. O que o senhor acha disso?

O tráfico deve adorar isso. Em hipótese alguma dá para liberar geral. Estamos falando de substâncias altamente tóxicas. Um dos argumentos pró-maconha é que a legalização reduziria o consumo da droga. As pesquisas mostram, no entanto, que, quando o consumo é referendado e a droga é considerada segura, o adolescente experimenta mais. A história de que os jovens se sentem estimulados a usar drogas por serem proibidas se aplica apenas a uma minoria.

Há muitos médicos, inclusive da sua especialidade, que não pensam como o senhor.

Não é simpático expressar uma opinião contrária à cultura da “anticaretice” que impera no país em relação à maconha. Atualmente, “pega mal” ser contra a liberação da maconha. Até mesmo entre os médicos. O fato de a maconha não ser tão agressiva como outras drogas quando usada nas primeiras vezes contribui para isso. Mas ou esses médicos estão muito desinformados ou eles têm acesso a fontes científicas bem diferentes das minhas. Se fosse obrigado a escolher uma única droga a ser banida, seria a maconha, sem sombra de dúvida.

De que forma a maconha seria mais prejudicial do que as outras drogas?

Drogas como heroína, cocaína e crack são devastadoras porque podem matar a curto ou curtíssimo prazo. Além disso, é difícil se livrar dessas substâncias pelo alto grau de dependência que apresentam.Os danos que elas causam ao cérebro, porém, cessam quando deixam de ser usadas. Ou seja, passado o período de abstinência, as funções do organismo se restabelecem.Com a maconha a história é outra. É a única droga a interferir nas funções cerebrais de forma a causar psicoses

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definitivas, mesmo quando seu uso é interrompido.

Qualquer usuário está suscetível a tais danos?

Sim, mas em graus diferentes, a depender da frequência de consumo e da tolerância do organismo do usuário. É uma roleta-russa. O consumidor esporádico, aquele que fuma às vezes, está sujeito a sofrer estados psicóticos transitórios, como alucinação e paranoia, ataques de pânico e ansiedade. O efeito permanente nas conexões nervosas se dá no uso crônico. Aí, sim, absolutamente todos sofrem algum prejuízo.O astrônomo americano Carl Sagan (1934-1996) foi usuário da maconha e um defensor ferrenho da droga. Ainda assim, deixou o legado de uma carreira brilhante. Ele teria sido uma exceção?Sagan foi um gênio, e sou fã dele. Mas penso que, se não tivesse usado tanta maconha, ele teria sido um profissional ainda mais brilhante e mais responsável. Sagan tinha algumas ideias estapafúrdias para um astrônomo.Por exemplo: ele se tornou um dos líderes do Seti (Search for Extra-Terrestrial Intelligence – Busca por Inteligência Extraterrestre), que investiu centenas de milhões de dólares na busca de sinais alienígenas ou provas de alguma civilização extraterrestre. Repito aqui: não há exceções para os danos causados pela maconha.

É possível identificar os adolescentes mais propensos a usar a droga?

Há entre eles um traço de personalidade conhecido como “busca de novidade” (novelty seeking) ou “busca de sensações” (sensation seeking). Pessoas com esse perfil se expõem mais a riscos, têm menor controle sobre suas emoções, são mais impulsivas e têm maior probabilidade de se tornarem dependentes da maconha. No extremo oposto, alguns jovens introvertidos e ansiosos também ficam vulneráveis, dependendo do ambiente. Famílias estruturadas ajudam, e a presença dos pais monitorando o comportamento é uma proteção importante, mas não é garantia contra o uso.

Qual é a sua opinião sobre o uso medicinal da maconha?

Acredito em benefícios de determinadas substâncias extraídas da planta que dá origem à maconha, a Cannabis. Isso é diferente de preconizar o uso terapêutico da maconha fumada, que tem muitos compostos nocivos ao organismo, além da fumaça quente retida no pulmão, com potencial cancerígeno.Não acredito nem mesmo nas versões “purificadas” da planta, vendidas em alguns estados americanos e em coffee shops europeus. Não há tecnologia capaz de certificar que um baseado tenha apenas substâncias não tóxicas da planta. Aliás, a venda nesses lugares é uma bagunça.O filho de um amigo conseguiu comprar maconha medicinal na Califórnia porque no mesmo lugar onde comprou a droga comprou também a receita médica. Uma coisa tem de ficar clara: a agência de saúde oficial americana (FDA) não valida o consumo da maconha ou de outros preparados da Cannabis para fins medicinais. Alguns estados liberam por meio de seus governos.

O senhor já fumou maconha?

Nunca. E jamais tive vontade.

Seus filhos já fumaram?

Não que eu saiba.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/maconha-faz-mal-sim-quem-afirma-e-a-me-dicina/

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MAIS NOTÍCIAS E ARTIGOS

DEBATE A RESPEITO DA PROIBIÇÃO, DESCRIMINALIZALÇAI E LEGALIZAÇÃOLIBERALIZAÇÃO DE DROGAS: divergências entre senadores mostra que será quente o debate sobre o novo Código Penal. Disponível: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/debate-sobre-descriminalizacao-das-drogas-mostra-antagonismos/

Ao julgar se é ou não crime pregar a descriminalização das drogas, Supremo decide sobre um direito essencial dos cidadãos: o de livre manifestação do pensamento. Disponível: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/ao-julgar-se-e-ou-nao-crime-pregar-a-descriminalizacao-das-drogas-supremo-decide-sobre-um-direito-essencial-dos-cidadaos-o-de-livre-manifestacao-do-pensamento/

Reportagem imperdível: como é e o que mostra o documentário sobre drogas que teve FHC como fio condutor. Disponível: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/a-utopia-de-desfazer-o-no/

DROGAS: entendam a real posição de FHC a respeito do assunto. Não é nada de “liberou geral”. Disponível: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/drogas-entenda-a-real-posicao-de-fhc-a-respeito-do-assunto-nao-e-nada-de-liberou-geral/

Combate às Drogas. Artigo do Dr. Drauzio Varella. Disponível: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/combate-as-drogas/

Drogas o que fazer a respeito. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/drogas-fazer-respeito-442615.shtml

A farmácia do doutor biruta: como os remédios são regulamentados. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/farmacia-doutor-biruta-como-remedios-sao-regulamentados-459626.shtml

Tempo de violência. Disponível: http://super.abril.com.br/ciencia/tempo-violencia-436778.shtml

O negócio do século. Disponível: http://super.abril.com.br/cotidiano/negocio-seculo-443866.shtml

Drogas psicodélicas para pacientes terminais? Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/pesquisa_utiliza_drogas_psicodelicas_em_pacientes_terminais.html

Um debate necessário. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/10/um-debate-necessario/?searchterm=drogas

Drogas: caso de polícia ou de saúde? Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/drogas-caso-de-policia-ou-de-saude/?searchterm=drogas

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MAIS NOTÍCIAS E ARTIGOS

Radiografia do envolvimento dos jovens no tráfico de drogas. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/sociologia-e-antropologia/radiografia-do-envolvimento-dos-jovens-no-trafico/?searchterm=drogas

JOVENS E DROGASA pílula da inteligência. Disponível: http://super.abril.com.br/ciencia/pilula-inteligencia-625149.shtml

Dr. Drauzio Varella orienta a como proteger os filhos contra as drogas. Disponível: http://gnt.globo.com/maes-e-filhos/noticias/Drauzio-Varella-orienta-a-como-proteger-os-filhos-contra-as-drogas.shtml

Entrevista com o Dr. Jairo Bouer. Disponível: http://www.obid.senad.gov.br/portais/mundojovem/conteudo/index.php?id_conteudo=11207&rastro=Bate+Rebate/Dr.+Jairo+Bouer

A droga de cada um. Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/mundo-novo/2013/05/21/a-droga-de-cada-um/

Os bastidores do crack. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2013/06/os-bastidores-do-crack/?searchterm=drogas

O problema não está no crack – está na alma. Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/mundo-novo/2013/05/06/o-problema-nao-esta-no-crack-esta-na-alma/

Brasil dispara no vício induzido pelos pais na droga da obediência – Ritalina. Disponível: http://iconoclastia.org/2013/03/07/brasil-dispara-no-vicio-induzido-pelos-pais-na-droga-da-obediencia-ritalina/

A Polêmica da Ritalina contra a inquietação na vida escolar. Disponível: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/ritalina-contra-a-inquietacao-na-vida-escolar/

Adolescentes procuram cada vez mais tratamento contra drogas. Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/adolescentes_procuram_cada_vez_mais_tratamento_contra_drogas.html

Discurso da prevenção é intimidador e autoritário, dizem estudos. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/linguistica-e-literatura/discurso-da-prevencao-e-intimidador-e-autoritario/?searchterm=drogas

DROGAS E O CORPO HUMANODroga Pesada. Artigo sobre tabagismo. Dr. Drauzio Varella. Disponível: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/tabagismo/droga-pesada/

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Uma viagem das drogas pelo corpo humano. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/drogas-viagem-pelo-corpo-humano-440187.shtml

Dependência química: Fuga do beco sem saída. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/dependencia-quimica-fuga-beco-saida-440250.shtml

Ação da vacina anti-drogas. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/08/imagens/Vacina2.jpg/view?searchterm=drogas

Dependência química interrompida. Disponível: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/neurociencia/dependencia-quimica-interrompida/?searchterm=drogas

Pesadelo sem fim. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/pesadelo-fim-443859.shtml

Viciados em remédios. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/viciados-remedios-443688.shtml

Alucinógenos que podem curar. Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/alucinogenos_que_podem_curar.html

Heroína, o analgésico que mata. Disponível: http://super.abril.com.br/ciencia/heroina-analgesico-mata-438400.shtml

7 mitos sobre a maconha. Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-mitos-sobre-a-maconha/comment-page-5/

Efeitos mágicos de cogumelos permanecem por muito tempo, proporcionando uma “longa viagem”. Diponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/efeitos_magicos_de_cogumelos_permanecem_por_muito_tempo_proporcionando_uma_-longa_viagem-.html

O pó da onipotência. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/po-onipotencia-443862.shtml

Fumaça global. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/fumaca-global-443861.shtml

Portas do delírio. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/portas-delirio-443860.shtml

Por que gostamos tanto de drogas? Disponível: http://super.abril.com.br/saude/gostamos-tanto-drogas-447571.shtml

Legais e perigosos. Disponível: http://super.abril.com.br/saude/legais-perigosos-443865.shtml

As drogas controlam a sua vida? Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/planeta/as-drogas-controlam-a-sua-vida/

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LSD pode ajudar a curar alcoolismo, dizem cientistas. Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/lsd-pode-ajudar-a-curar-alcoolismo-dizem-cientistas/

O cérebro pode ser reprogramado para vencer a dependência de drogas? Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/o_cerebro_pode_ser_reprogramado_para_vencer_a_dependencia_de_drogas_.html

Inibição da dopamina pode evitar vício de drogas. Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/inibicao_da_dopamina_pode_evitar_vicio_de_drogas.html

Paixão segue mesmos caminhos das drogas analgésicas. Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/paixao_segue_mesmos_caminhos_das_drogas_analgesicas.html

Excesso de gordura pode alterar cérebro tanto quanto drogas fortes. Disponível: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/excesso_de_gordura_pode_alterar_cerebro_tanto_quanto_drogas_fortes.html

HISTÓRIA DAS DROGAS

Drogas: 5 mil anos de viagem. Disponível: http://super.abril.com.br/ciencia/drogas-5-mil-anos-viagem-446230.shtml

8 drogas ilegais que já foram (ou ainda são) prescrição médica. Disponível: http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/8-drogas-ilegais-que-ja-foram-ou-ainda-sao-prescricao-medica/#comments

ONDE ENCONTRAR MAIS ARTIGOS E NOTÍCIAS:

Revista Superinteressante: http://super.abril.com.br/busca/?qu=drogas

Revista Galileu: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,DGU0-17571,00-BUSCA.html?cx=012582155851081905792%3Atpxki7x3e28&cof=FORID%3A11&q=drogas&sa=

Revista Scientific American: http://www2.uol.com.br/sciam/busca/resultados.html?domains=http%3A%2F%2Fwww2.uol.com.br%2Fsciam&q=drogas&sa=buscar&sitesearch=http%3A%2F%2Fwww2.uol.com.br%2Fsciam&client=pub-8233132566218081&forid=1&channel=4954935866&ie=ISO-8859-1&oe=ISO-8859-1&cof=GALT%3A%23008000%3BGL%3A1%3BDIV%3A%23336699%3BVLC%3A663399%3BAH%3Acenter%3BBGC%3AFFFFFF%3BLBGC%3A336699%3BALC%3A0000FF%3BLC%3A0000FF%3BT%3A000000%3BGFNT%3A0000FF%3BGIMP%3A0000FF%3BFORID%3A11&hl=pt

Revista Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/search?b_start:int=0&SearchableText=drogas