apostila do treinamento profibus configuração

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2 Apostila do Treinamento Noções de Aplicação de Profibus DP/PA em Projetos de Automação - Configuração Versão 1.0 Outubro 2008 Autoria: Dennis Brandão Centro de Competência Profibus Laboratório de Automação Industrial EESC/USP Av. Trabalhador Sancarlense, 400 São Carlos, SP Fone: (16) 3373-9357 [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou utilizada sem a prévia permissão por escrito do autor.

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Apostila do Treinamento Noções de Aplicação de Profibus DP/PA em Projetos de Automação - Configuração

Versão 1.0 Outubro 2008

Autoria: Dennis Brandão Centro de Competência Profibus Laboratório de Automação Industrial – EESC/USP Av. Trabalhador Sancarlense, 400 São Carlos, SP Fone: (16) 3373-9357 [email protected]

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou utilizada sem a prévia permissão por escrito do autor.

Page 2: Apostila do treinamento profibus   configuração

3

Introdução

1.1. 1 - Protocolos de Comunicação

Protocolos de comunicação definem a forma como duas ou mais estações

ou dispositivos trocam dados usando mensagens ou “frames” em uma rede de

computadores ou de campo. Um frame de dados contém diferentes campos

para informações de controle e para dados. O campo de dados é precedido por

um cabeçalho que contém, em geral, os endereços fonte e destino e detalhes

da mensagem, e é seguido por campos de segurança e de verificação de dados

destinados à verificação e ao reconhecimento de falhas de transmissão.

Uma característica das redes de campo é que elas possibilitam uma

transmissão eficiente de pequenos volumes de dados em tempos críticos de

forma sincronizada com a aplicação ou com o sistema controlado.

Alguns dos requisitos mais importantes de projeto de redes de campo

estão relacionados aos seguintes fatores:

a) Acesso ao barramento

Controle de acesso de barramento (MAC, Medium Access Control) é o

procedimento específico que determina quando uma estação pode transmitir

dados. Enquanto estações ativas podem iniciar a troca de informações,

estações passivas podem somente iniciar a comunicação quando solicitadas por

uma estação ativa.

Uma distinção é feita entre procedimentos controlados de acesso

determinístico com capacidade de tempo real (ex. mestre-escravo no

PROFIBUS) e procedimentos de acesso randômico e não determinísticos (ex.

CSMA/CD na Ethernet).

Page 3: Apostila do treinamento profibus   configuração

4

b) Endereçamento

Endereçamento é necessário para seletivamente identificar uma estação.

Para este propósito, o endereçamento das estações pode ser realizado por uma

chave de endereço (endereçamento por hardware) ou através de

parametrização durante o comissionamento (endereçamento por software).

c) Serviços de comunicação

Os Serviços de Comunicação cumprem as tarefas de comunicação de

dados das estações cíclica ou aciclicamente. O número e tipo destes serviços

são critérios para a seleção de um protocolo de comunicação. Uma distinção é

feita entre serviços de conexão orientada (com procedimentos de handshake e

monitoração) e serviços sem conexão. O segundo grupo inclui mensagens de

multicast e broadcast que são enviadas para um grupo específico ou para todas

as estações respectivamente.

d) Perfis

Perfis ou “Profiles” são utilizados na tecnologia de automação para definir

propriedades específicas e comportamento para os dispositivos, famílias de

dispositivos ou o sistema inteiro. Somente dispositivos e sistemas que utilizam

perfis, independentemente do fabricante, provem interoperabilidade e

explorando, assim, completamente as vantagens de uma rede de campo.

Perfis de aplicação (application profiles) referem-se principalmente a

dispositivos (dispositivos de campo, de controle e ferramentas de integração) e

incluem uma seleção de comunicação de rede e de aplicações específicas nos

dispositivos.

Este tipo de perfil prove a fabricantes uma especificação para o

desenvolvimento de dispositivos interoperáveis em conformidade com seu

perfil de aplicação.

Page 4: Apostila do treinamento profibus   configuração

5

Perfis de sistema (system profiles) descrevem classes de sistemas que

incluem funcionalidade, interfaces de programa e ferramentas de integração.

1.2. 2 – O modelo de referência ISO/OSI

Um modelo de referência descreve uma estrutura para protocolos de

comunicação entre as estações de um sistema. Para que um modelo funcione

efetivamente, são utilizadas regras, operações e interfaces de transferência de

dados e serviços dentro do protocolo.

De 1978 a 1983, o International Organization for Standardization (ISO)

desenvolveu o modelo de referência OSI (Open Systems Interconnection

Reference Model) para este propósito. Este protocolo define os elementos,

estruturas e tarefas requeridas para comunicação e as organiza em sete

camadas.

Cada camada deve cumprir uma função específica dentro do processo de

comunicação. Se um sistema de comunicação não requerer alguma destas

funções específicas, a camada correspondente não tem propósito e não é

utilizada. O PROFIBUS utiliza as camadas 1, 2 e 7.

Figura 1 – Modelo de Referência ISO/OSI

Page 5: Apostila do treinamento profibus   configuração

6

1.3. 3 - Padronização internacional e normas utilizadas

A padronização internacional para sistemas de rede de campo torna-se

importante em um mercado com diversidade de protocolos e sistemas, de

forma a se ampliar a aceitação e o estabelecimento de dispositivos

interoperáveis. O PROFIBUS obteve padronização nacional em 1991/1993 sob

a DIN 19245, partes 1 a 3 e alcançou a padronização européia em 1996 com a

EN 50170.

Junto com outros sistemas de rede campo, PROFIBUS foi padronizado na

IEC 61158 em 1999 e recebeu atualizações em 2002, tal norma é denominada

“Digital data communication for measurement and control – Fieldbus for use in

industrial control systems” ou Comunicação digital de dados para medição e

controle – Redes de campo para uso em sistemas de controle industrial.

Atualmente, os mais modernos desenvolvimentos em PROFIBUS e

PROFInet estão incorporados nesta norma.

A IEC 61158 divide-se em 6 partes que são nomeadas como 61158-1,

61158-2, etc. O conteúdo da parte 1 é a sua introdução enquanto as partes

seguintes são orientadas ao modelo de referencia OSI, camadas 1, 2 e 7,

conforme a tabela a seguir.

Documento IEC 61158

Conteúdo Camada

OSI

IEC 61158-1 Introdução

IEC 61158-2 Physical layer specification and service definition

1

IEC 61158-3 Data-Link service definition 2

IEC 61158-4 Data-Link protocol specification 2

IEC 61158-5 Application layer service definition 7

IEC 61158-6 Application layer protocol specification 7

Tabela 1 -Divisões da IEC 61158

As várias partes da IEC 61158 definem os numerosos serviços e

protocolos para comunicação entre estações que são considerados como o

Page 6: Apostila do treinamento profibus   configuração

7

conjunto total disponível, do qual uma seleção específica (subconjunto)

compreende redes de campo específicas.

O fato que uma grande gama de diferentes sistemas de rede de campo

estar disponível no mercado é reconhecida na IEC 61158 pela definição de 10

tipos de protocolos de redes de campo, nomeadas de Tipo 1 a Tipo 10.

PROFIBUS é tipo 3 e PROFInet tipo 10.

Na IEC 61158 nota-se que a comunicação de rede, por definição, é

possível somente entre dispositivos que pertençam ao mesmo tipo de

protocolo.

A IEC 61784, norma complementar, tem o título “Profile sets for

continuous and discrete manufacturing relative to fieldbus use in industrial

control systems” ou Conjunto de perfis para fabricação contínua e discreta

relativo ao uso de redes de campo em sistemas de controle industrial.

É apresentada uma declaração sobre a IEC 61158 através do seguinte

comentário introdutório: “Este padrão internacional (IEC 61784) especifica um

conjunto de perfis de protocolos de comunicação baseados na IEC 61158, para

serem utilizados no desenvolvimento de dispositivos envolvidos na

comunicação de controle de processos e fabricação de manufaturas”.

A IEC 61784 descreve qual subconjunto, do conjunto total disponível de

serviços e protocolos especificados na IEC 61158 (e outros padrões), é

utilizado por um sistema específico de comunicação de rede de campo. Os

perfis específicos de comunicação de rede de campo determinados desta

maneira são resumidos nas Famílias de Perfis de Comunicação (CPF –

Communication Profile Families) de acordo com sua implementação no sistema

individual de rede de campo.

O conjunto de perfis implementado com PROFIBUS é resumido sob a

designação de Família 3, com subdivisões 3/1, 3/2 e 3/3. A tabela 2 mostra

sua declaração para PROFIBUS e PROFInet.

Conjunto de

Perfis Link de Dados

Camada

Física Implementação

Perfil 3/1

Subconjuntos da IEC

61158 Transmissão assíncrona

RS485

Plastic fiber Glass fiber

PCF fiber

PROFIBUS

Page 7: Apostila do treinamento profibus   configuração

8

Perfil 3/2 Subconjuntos da IEC 61158 Transmissão síncrona

MBP PROFIBUS

Perfil 3/3 ISO/IEC8802-3 TCP/UDP/IP/Ethernet

ISO/IEC 8802-3

PROFInet

Tabela 2 – Propriedades da Família do Perfil de Comunicação CPF3 (PROFIBUS)

Page 8: Apostila do treinamento profibus   configuração

9

Tecnologia PROFIBUS

PROFIBUS é um sistema de comunicação digital aberto, com uma extensa

gama de aplicações, particularmente nos campos de fabricação de manufatura

e automação de processo. PROFIBUS atende aplicações rápidas com tempos

críticos, bem como tarefas complexas de comunicação.

A comunicação de PROFIBUS é baseada nos padrões internacionais IEC

61158 e IEC 61784. Os aspectos de engenharia e aplicação são especificados

nas diretrizes gerais e documentos técnicos disponíveis aos associado da

Organização PROFIBUS. Isto cumpre a demanda do usuário para independência

de fabricante e assegura comunicação entre dispositivos de vários fabricantes.

1.4. 1 - Estrutura PROFIBUS

Os sistemas PROFIBUS têm estrutura modular e oferecem uma gama de

tecnologias de comunicação, numerosas aplicações e perfis de sistema, bem

como ferramentas de administração de dispositivo. Assim, cobrem as diversas

demandas e aplicações específicas no campo de fabricação de manufatura e

automação de processos.

Do ponto de vista tecnológico, o mais baixo nível (comunicações) da

estrutura do sistema PROFIBUS está baseado no modelo de referencia ISO/OSI

antes mencionado. A figura a seguir contém a implementação do modelo OSI

(camadas 1, 2 e 7) no PROFIBUS com detalhes em como as camadas são

implementadas e especificadas individualmente.

Page 9: Apostila do treinamento profibus   configuração

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Figura 2 – Estrutura técnica do sistema PROFIBUS

Especificações combinadas entre os fabricantes e usuários sobre

aplicações específicas de dispositivo são organizado sobre a camada 7 em

perfis de aplicação I e II.

Do ponto de vista do usuário PROFIBUS apresenta-se na forma de

diferentes aplicações típicas com suas ênfases principais que não são definidas

especificamente, mas tem se comprovado útil como resultado de aplicações

freqüentes.

Cada aplicação típica resulta de uma combinação de elementos modulares

dos grupos "tecnologia de transmissão", "protocolo de comunicação" e "perfil

de aplicação". Os seguintes exemplos, vistos na figura 3, ilustram este

princípio:

PROFIBUS DP é a ênfase principal para automação de fabricação de

manufatura. Ele utiliza a tecnologia de transmissão rápida RS485,

uma das versões (V0, V1 ou V2) do protocolo de comunicação DP e

um ou mais perfis de aplicação típicos de automação de fabricação

como sistemas de identificação ou robôs e comandos numéricos.

PROFIBUS PA é a ênfase principal para automação de processos,

tipicamente com tecnologia de transmissão MBP-IS com segurança

Page 10: Apostila do treinamento profibus   configuração

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intrínseca e alimentação dos dispositivos pelo barramento de dados,

protocolo de comunicação DP-V1 e o perfil de aplicação de

dispositivos PA.

Figura 3 – Exemplos típicos de aplicações orientadas de PROFIBUS

a) Tecnologias de transmissão

RS485 é a tecnologia de transmissão geralmente utilizada no Profibus DP.

Utiliza um cabo de par trançado blindado e alcança taxas de transmissão de

até 12 Mbits por segundo.

A versão especificada recentemente RS485-IS, foi concebida como um

meio de transmissão com um cabo de quatro fios com tipo de proteção EEx-i

para utilização em áreas potencialmente explosivas. Os níveis especificados de

tensão e de corrente referem-se aos valores máximos relativos à segurança e

não devem ser excedidos nos seus dispositivos individuais ou durante a

conexão no sistema. Ao contrário do modelo FISCO, no qual o sistema tem

somente uma fonte intrinsicamente segura, neste caso todas estações

representam fontes ativas.

A tecnologia de transmissão MBP (Manchester Coded, Bus Powered,

designação prévia "IEC 1158-2 - Physics") está disponível para aplicações em

automação de processos com uma demanda para redes de campo energizadas

e com equipamentos intrinsecamente seguros.

Page 11: Apostila do treinamento profibus   configuração

12

Comparados aos procedimentos anteriormente utilizados, o “Fieldbus

Intrinsically Safe Concept” (FISCO) tem desenvolvimento especial para

interconexão de dispositivos de rede de campo intrinsecamente seguros,

consideravelmente simplifica o planejamento e a instalação.

Transmissão em Fibra Óptica é utilizada para uso em áreas com alta

interferência eletromagnética ou onde são requeridas maiores distâncias de

rede.

b) Protocolos de comunicação

No nível de protocolo, PROFIBUS DP com suas versões o DP-V0 a DP-V2

oferece um grande espectro de opções de comunicação entre aplicações

diferentes. Historicamente, o FMS foi o primeiro protocolo de comunicação

PROFIBUS, sua aplicação foi descontinuada e substituída pelo protocolo DP,

após a especificação de troca assíncrona de dados no DP.

DP (Decentralized Periphery) é um meio de troca de dados de processo

simples, rápido, cíclico e determinístico entre o mestre de rede e os seus

declarados dispositivos escravos. A versão original, declarada como DP-V0, foi

expandida para incluir a troca de dados acíclica entre mestres e escravos, o

que resultou na versão DP-V1. Uma posterior versão, DP-V2 também está

disponível o qual também prove comunicação direta de escravo para escravo

com ciclo de rede isócrono.

O protocolo de acesso ao barramento, camada 2 ou camada de enlace

(data link), define os procedimentos entre mestres e escravos e os

procedimentos de passagem de token para coordenação de vários mestres na

rede (figura 4). As funções da camada 2 também incluem segurança dos dados

e manuseamento dos frames de dados.

Muitas companhias oferecem chips ASIC que implementam totalmente ou

parcialmente o protocolo DP, tais chips são encontrados em grande parte dos

produtos PROFIBUS disponíveis no mercado.

Page 12: Apostila do treinamento profibus   configuração

13

A camada de aplicação, camada 7, define a forma e a interface para o

programa de aplicação. Ela oferece vários serviços para troca de dados cíclica e

acíclica.

Figura 4 – Configuração PROFIBUS com mestres ativos e escravos

c) Perfis

Perfis são as especificações definidas pelos fabricantes e usuários.

Especificações de Perfis definem os parâmetros e comportamento de

dispositivos e sistemas que pertencem a uma família de perfil construída nos

moldes de desenvolvimento e de conformidade, o qual facilita a

interoperabilidade de dispositivos, e em algumas instâncias,

intercambeabilidade de dispositivos na rede. Perfis levam em conta a aplicação

e as características especiais específicas do tipo dos dispositivos de campo,

controles e métodos de integração (engenharia). O termo Perfil varia de

somente algumas especificações para uma classe específica de dispositivos até

abrangentes especificações para aplicações em uma indústria específica. O

termo genérico utilizado para todos os perfis é Perfis de Aplicação.

Page 13: Apostila do treinamento profibus   configuração

14

Uma distinção é feita então entre:

Perfis Gerais de Aplicação com opções de implantação em diferentes

aplicações (isto inclui, por exemplo, PROFIsafe, Redundância e Time Stamp);

Perfis Específicos de Aplicação, o qual são desenvolvidos para aplicações

específicas como PROFIdrive, SEMI ou dispositivos PA e

Perfis de Sistema o qual descreve o desempenho específico do sistema

que está disponível para os dispositivos de campo.

1.5.

Page 14: Apostila do treinamento profibus   configuração

15

Protocolo de enlace de dados e de acesso ao meio PROFIBUS

Os perfis de comunicação PROFIBUS (Communication Profiles) usam um

protocolo uniforme de acesso ao meio. Este protocolo é implementado pela

camada de enlace (camada 2) do modelo de referência OSI, que inclui também

a segurança de dados e o protocolo de transmissão e ao formato geral dos

diferentes tipos de mensagens.

No PROFIBUS a camada 2 é chamada Fieldbus Data Link (FDL). O Controle

de Acesso ao meio (MAC) especifica o procedimento que determina qual e

quando uma estação tem a permissão para transmitir dados. O MAC deve

assegurar que uma única estação tem direito de transmitir dados em um

determinado momento. O protocolo PROFIBUS foi projetado para atender os

dois requisitos básicos do Controle de Acesso ao Meio:

Durante a comunicação entre mestres, deve ser assegurado que

cada uma destas estações detenha tempo suficiente para executar

suas tarefas de comunicação dentro de um intervalo definido e

preciso de tempo.

Por outro lado, a transmissão cíclica de dados em tempo real deverá

ser implementada tão rápida e simples quanto possível para a

comunicação entre um controlador programável (mestre) e seus

próprios dispositivos de I/O’s (escravos).

Desta forma, o protocolo PROFIBUS de acesso ao barramento inclui o

procedimento de passagem do Token, utilizado pelas estações ativas da rede

(mestres) para comunicar-se umas com as outras, e o procedimento de polling

ou varredura entre mestres e escravos.

O procedimento de passagem do Token garante que o direito de acesso ao

barramento é designado a cada mestre dentro de um intervalo preciso de

tempo. A mensagem de Token, um telegrama especial para passar direitos de

acesso de um mestre ao próximo mestre, circula no anel lógico de mestres

pelo menos uma vez dentro de um intervalo de tempo máximo denominado

Page 15: Apostila do treinamento profibus   configuração

16

tempo de rotação do Token. No PROFIBUS o procedimento de passagem de

Token somente é utilizado na comunicação entre estações ativas (mestres).

O procedimento de polling entre mestres e escravos permite por sua vez

ao mestre que, no momento em que possui o Token, acesse seus próprios

escravos. O mestre pode enviar mensagens aos escravos ou ler mensagens dos

escravos. Este método de acesso permite as seguintes configurações de

sistema:

Sistema puro mestre-escravo;

Sistema puro mestre-mestre;

Uma combinação dos dois.

A figura 4 mostra uma configuração com três estações ativas (mestres) e

sete estações passivas (escravos). Os três mestres formam um anel lógico de

Token. No momento que uma estação ativa recebe o telegrama de Token

(direito de acesso a rede) passa a executar seu papel de mestre durante um

determinado período de tempo. Durante este tempo, pode comunicar-se com

todas estações escravas num relacionamento de comunicação de mestre-

escravo e com todas estações mestres num relacionamento mestre-mestre de

comunicação.

Um anel de Token é a corrente organizacional, ou lógica, de estações

ativas que forma um anel virtual baseado em seus endereços de estação.

Neste anel, o Token é passado de um mestre ao próximo segundo a ordem de

endereços crescentes.

Na fase de inicialização do sistema, a tarefa do controle de acesso (MAC)

das estações ativas é captar esta designação lógica e estabelecer o anel de

Token. Na fase operacional, estações ativas defeituosas ou fora de operação

são removidas do anel e novas estações ativas podem ser adicionadas ao anel.

Além disto, o controle de acesso assegura que o Token seja passado de um

mestre ao próximo em ordem crescente de endereços. O tempo de retenção do

Token por um mestre depende do tempo de rotação de Token configurado. A

detecção de defeitos no meio de transmissão ou no receptor, assim como

detecção de erros de endereçamento (por ex.: endereços duplicados) ou na

Page 16: Apostila do treinamento profibus   configuração

17

passagem do token (por ex.: múltiplos tokens ou perda do token) são funções

do Controle de Acesso ao Meio (MAC) do PROFIBUS.

Outra tarefa importante de camada 2 é a segurança de dados. A camada 2

do PROFIBUS formata frames que asseguram a alta integridade de dados.

Todos os telegramas têm Hamming Distance (HD=4), alcançada através do uso

de telegramas especiais, delimitadores de início/fim, bit de paridade e bytes de

checksum, conforme norma IEC 870-5-1. Os seguintes tipos de erro são

detectados com o HD=4:

Erros no formato do caractere (paridade, e erros de framming);

Erros de protocolo;

Erros com os limitadores de início e de fim das mensagens;

Erros com o conteúdo do telegrama (check byte)

Erros com o comprimento do telegrama.

A camada dois do PROFIBUS pode operar em modo “sem conexão”. Além

de transmissão de dados ponto-a-ponto, proporciona também comunicações do

tipo multi-ponto (Broadcast e Multicast):

Comunicação Broadcast significa que uma estação ativa envia uma

mensagem sem confirmação a todas outras estações (mestres e

escravos).

Comunicação Multicast significa que uma estação ativa envia uma

mensagem sem confirmação a um grupo de estações pré-

determinadas (mestres e escravos).

De forma geral, o usuário não exerce influência na operação da camada de

enlace. Quando ocorre uma falha, entretanto, é interessante que este tenha

habilidade para avaliar as informações contidas nas mensagens enviadas.

Cada perfil de comunicação PROFIBUS utiliza os serviços de transmissão

da camada 2 (veja tabela 9). Os serviços são acionados via pontos de acesso

de serviço (SAP’s). No PROFIBUS-DP, a cada função definida é associada a um

Page 17: Apostila do treinamento profibus   configuração

18

ponto de acesso de serviço. Vários pontos de acesso de serviço podem ser

utilizados simultaneamente por todas estações passivas e ativas. Uma

distinção é feita entre fonte (SSAP – Source) e destino (DSAP - Destination)

dos pontos de acesso de serviço. Os seguintes serviços de transmissão são

definidos para o PROFIBUS pela IEC61158:

Serviço Função

SRD Send and Request Data with acknowledge (Envia e requisita dados com

reconhecimento)

SDN Send Data with No acknowledge (Envia dados sem reconhecimento)

Tabela 9: Serviços da camada de segurança de dados (Data Link Layer)

Com o serviço SRD, o mestre transfere a variável de saída para um

escravo e recebe de volta os dados de entrada (se o escravo tiver dados de

entrada) como resposta dentro de um limite pré-definido de tempo. Se o

escravo é um dispositivo atuador puro, ele responde com um reconhecimento

simples do tipo “0x5E”.

O serviço SDN envia dados para um grupo determinado de escravos, sem

o recebimento de qualquer tipo de resposta ou reconhecimento.

O protocolo de comunicação DP foi projetado para rápida troca de dados

no nível de campo. Isto é onde PLC´s, PC´s ou sistemas de controle de

processos comunicam-se com dispositivos de campo como I/Os remotos,

drivers, válvulas, transdutores sobre uma rápida conexão serial. Trocas de

dados com dispositivos distribuídos são principalmente cíclicas. As funções de

comunicação requeridas para isto são especificadas na versão DP-V0.

As funções básicas do DP têm sido expandidas passo a passo com

implementações especiais para atender demandas de outras aplicações, d

forma que o protocolo hoje conta com três versões: DP-V0, DP-V1 e DP-V2,

segundo a figura 13.

Esta divisão em versões reflete, principalmente, a seqüência cronológica

do trabalho de especificação como o resultado das sempre crescentes

Page 18: Apostila do treinamento profibus   configuração

19

demandas de aplicações. As versões V0 e V1 contêm as características

(vinculadas à implementação) e opções, enquanto a versão V2 especifica

somente opções. Os conteúdos principais das três versões são os seguintes:

DP-V0: fornece a funcionalidade básica do DP, incluindo trocas

cíclicas de dados, bem como diagnósticos de estação, diagnósticos

de módulo e diagnóstico de canal específico.

DP-V1: contêm melhorias em relação à automação de processos

contínuos, em particular comunicação acíclica de dados para

parametrização, operação, visualização e manuseamento de alarmes

de dispositivos de campo inteligente, paralelos à comunicação cíclica

de dados do usuário. Isto permite acesso em tempo real para as

estações de engenharia. Em adição, DP-V1 define alarmes de

estado, alarmes de atualização e alarmes específicos do fabricante.

DP-V2: contêm melhorias adicionais para a demanda da tecnologia

de acionamento (drivers). Devido às funcionalidades adicionais como

modo isócrono de escravo e a comunicação de escravo para escravo

(DXB, troca de dados broadcast), o DP-V2 pode também ser

aplicado em controle e sincronismo de seqüência de movimentos de

eixos rápidos.

As várias versões do DP são especificadas em detalhe na IEC 61158.

Page 19: Apostila do treinamento profibus   configuração

20

Figura 13 – Funcionalidade das versões de PROFIBUS com suas características

chaves.

1 - Versão DP-V0

O PROFIBUS DP-V0 prevê a troca de dados cíclica entre um mestre de

classe 1 e escravos, também referenciada por uma conexão do tipo MS0. O

controlador central lê ciclicamente a informação de entrada dos escravos e

escreve também ciclicamente a informação de saída nos escravos. O tempo de

ciclo do barramento é geralmente mais curto que o tempo de ciclo do

programa do PLC. Além da transmissão cíclica de dados de usuário, o

PROFIBUS-DP proporciona funções de diagnóstico e configuração.

O telegrama pode conter até 244 bytes de dados do usuário e 11 bytes de

cabeçalho, totalizando 255 bytes, e ser endereçada para estações com o

endereçamento entre 0 e 126. O endereço 126 deve ser reservado para

serviços de comissionamento, ou seja, dados de usuário não devem ser

trocados com a estação no endereço 126.

Page 20: Apostila do treinamento profibus   configuração

21

A figura 14 apresenta o tempo típico de transmissão do PROFIBUS-DP em

função do número de estações e da velocidade de transmissão.

Figura 14 – Tempo de ciclo do barramento de um sistema DP mono mestre. Cada

escravo tem 2 bytes de entrada e de saída de dados

A comunicação de dados é controlada por funções de monitoração tanto

no mestre como no escravo, uma vez que somente uma alta velocidade de

transferência de dados não é um critério suficiente para o sucesso de um

sistema de comunicação de dados. Instalação e manutenção simples, uma boa

capacidade de diagnóstico e uma de transmissão de dados segura e livre de

erros são também importantes.

A tabela 10 lista um resumo das funções básicas do PROFIBUS-DP.

Acesso ao

barramento

Procedimento de passagem de token entre mestres e

passagem de dados entre mestres e escravos. Opção de sistemas mono-mestre ou multi-mestre.

Máximo de 126 dispositivos entre mestres e escravos.

Comunicação Ponto a ponto (comunicação de dados) ou multicast

(comandos de controle). Comunicação cíclica de dados entre mestre e escravo.

Estados de operação

Operate – transmissão cíclica de dados de entrada e saída. Clear – as entradas são lidas, as saídas ficam em estado de falha segura.

Stop – diagnósticos e declaração de parâmetros. Sem comunicação de dados.

Sincronização Comandos de controle habilitam a sincronização de entradas e

Page 21: Apostila do treinamento profibus   configuração

22

saídas. Modo Sync – saídas são sincronizadas. Modo Freeze – entradas são sincronizadas.

Funcionalidades Transferência cíclica de dados entre o mestre DP e os escravos.

Dinâmica ativação e desativação de escravos individuais; verificação da configuração do escravo.

Poderosas funções de diagnóstico com 3 níveis de mensagens. Sincronização de entradas e/ou saídas.

Declaração de endereço opcional para escravos na rede. Máximo de 244 bytes de entrada e 244 bytes de saída por

escravo.

Funções de

proteção

Transmissão de mensagem com Hamming Distance HD=4.

Controle de Watchdog dos escravos DP para detecção de falha do mestre declarado. Proteção de acesso para saídas dos escravos.

Monitoramento da comunicação de dados com tempo ajustável no mestre.

Tipos de dispositivos

DP mestre classe 1 (DPM1), por exemplo PLC’s e PC’s. DP mestre classe 2 (DPM2), por exemplo ferramentas de

engenharia e diagnósticos. DP escravos, por exemplo dispositivos com entradas e saídas digitais ou analógicas, drives e válvulas.

Tabela 11 – Resumo do DP-V0

Em redes PROFIBUS existem duas classes de mestres. Os mestres de

classe 1 manipulam as variáveis de processo e acionam os escravos envolvidos

em I/O, são tipicamente CLPs e PCs. Os mestres de classe 2 realizam apenas

tarefas de comissionamento, e por isso, eventualmente toma o controle sobre

estações escravo apenas por um curto período de tempo. Tais mestres são em

geral terminais de engenharia, programadores, dispositivos de configurações

ou painéis de operação.

Os escravos são dispositivos periféricos (dispositivos de I/O, drives, IHM,

válvulas, etc.) que coletam informações de entrada e atualizam informações de

saída provindas do controlador.

O comprimento do dado a ser transmitido por escravo é definido pelo

fabricante do dispositivo no arquivo de base de dados do dispositivo (arquivo

GSD) e verificado por uma mensagem de configuração pelo dispositivo, que a

declara apropriada ou não.

Quando um mestre recebe seus parâmetros de operação de uma

ferramenta de configuração, começa a configuração e a troca de dados com os

Page 22: Apostila do treinamento profibus   configuração

23

escravos designados para ele e a correspondente monitoria. Os escravos por

sua vez se adaptam à taxa de troca de dados. Por motivos de segurança, um

escravo só pode ter seus parâmetros ou saídas modificadas pelo mestre

responsável pela sua parametrização e configuração, embora possa ter suas

variáveis de I/O lidas por todos os mestres ativos da rede.

Qualquer mau funcionamento neste mecanismo é reconhecido

imediatamente por um mecanismo de monitoramento no mestre que dispara

um telegrama de diagnóstico. As saídas dos escravos são chaveadas para

valores de segurança e o mestre recomeça então a fase de re-parametrização

e configuração.

Uma descrição dos parâmetros de operação da camada de enlace é

apresentada no Anexo I.

Durante a configuração dos mecanismos de monitoramento, deve-se

saber o tempo de rotação do token e aplicar um fator de segurança de forma a

se compensar possíveis retransmissões de mensagens.

O tempo de rotação do token (Token hold time) deve ser estimado de

forma que cada mestre uma vez com o token possa acessar todos seus

escravos uma vez.

O ciclo de comunicação (Bus cycle) do sistema é, portanto, caracterizado

por um Tempo alvo de rotação do token (Target rotation time), que deve ser

maior do que a soma dos tempos reais de rotação do token (TRR, real rotation

time) de cada mestre.

As funções de diagnósticos do PROFIBUS-DP permitem a rápida

localização de falhas. As mensagens de diagnósticos são transmitidas ao

barramento e coletadas no mestre. Estas mensagens são divididas em três

níveis:

Diagnósticos de Estação: estas mensagens ocupam-se com o estado

operacional geral da estação (por exemplo: alta temperatura ou

baixa tensão).

Page 23: Apostila do treinamento profibus   configuração

24

Diagnósticos de Módulo: estas mensagens indicam que existe uma

falha em um I/O específico (por ex: o bit sete do módulo de saída)

de uma estação.

Diagnósticos de Canal: estas mensagens indicam um erro em um bit

de I/O (por ex: curto-circuito na saída 7).

A especificação do PROFIBUS DP descreve o comportamento do sistema

para garantir a intercambiabilidade dos dispositivos. O comportamento de

sistema é determinado principalmente pelo estado de operação do DPM1. Há

três estados principais:

STOP: neste estado, nenhuma transmissão de dado entre o DPM1 e

os escravos DP ocorre.

CLEAR: neste estado, o DPM1 lê a informação de entrada dos

escravos DP e retém as saídas no estado de segurança.

OPERATE: neste estado, o DPM1 está na fase de transferência de

dados. Em comunicação cíclica de dados, as entradas dos escravos

DP são lidas, e as saídas atualizadas.

O DPM1 envia ciclicamente, em um intervalo de tempo determinado e

configurável, seu estado atual à todos os escravos DP associados através do

comando denominado Multicast.

Já a reação do sistema a um erro durante a fase de transferência de dados

para o DPM1 (por ex. falha de um escravo DP) é determinado pelo parâmetro

de configuração auto-clear. Se este parâmetro está ativo (=1), o DPM1 altera

todas as saídas do escravo DP defeituoso para um estado seguro, assim que

tenha detectado que este escravo não está respondendo suas requisições. O

DPM1 muda então para o estado CLEAR. No outro caso, isto é, se este

parâmetro não está ativo (=0), o DPM1 permanece no estado OPERATE mesmo

quando uma falha ocorre, e o usuário então deve programar a reação do

sistema, por exemplo, através do software aplicativo.

Page 24: Apostila do treinamento profibus   configuração

25

A transmissão de dados entre o DPM1 e os escravos DP associados a ele é

executado automaticamente pelo DPM1 em uma ordem definida, que se repete

de acordo com a figura 15. Quando configurando o sistema, o usuário

especifica a associação de um escravo DP ao DPM1 e quais escravos DP serão

incluídos ou excluídos da transmissão cíclica de dados.

A transmissão de dados entre o DPM1 e os escravos DP é dividida em três

fases: parametrização, configuração e transferência de dados. Durante as fases

de configuração e parametrização de um escravo DP, sua configuração real é

comparada com a configuração projetada no DPM1. Somente se

corresponderem é que o Escravo-DP passará para a fase de transmissão de

dados. Assim, todos os parâmetros de configuração, tais como tipo de

dispositivo, formato e comprimento de dados, número de entradas e saídas,

etc. devem corresponder à configuração real. Estes testes proporcionam ao

usuário uma proteção confiável contra erros de parametrização.

Além da transmissão de dados, que é executada automaticamente pelo

DPM1, uma nova parametrização pode ser enviada à um Escravo-DP sempre

que necessário.

Figura 15 - Transmissão cíclica de dados no PROFIBUS-DP

Page 25: Apostila do treinamento profibus   configuração

26

Além da transferência de dados com as estações associadas, executada

automaticamente pelo DPM1, o mestre pode enviar também comandos de

controle a um único escravo, para um grupo de escravos ou todos escravos

simultaneamente. Estes comandos são transmitidos como comandos Multicast.

Eles possibilitam o uso dos modos sync e freeze para a sincronização de

eventos nos escravos DP.

Os escravos iniciam um modo denominado sincronizado (sync) quando

recebem um comando sync de seu mestre. Assim, as saídas de todos escravos

endereçados são congeladas em seus estados atuais. Durante as transmissões

de dados subsequentes os dados de saída são armazenados nos escravos, mas

os estados de saída (física) do escravo permanecem inalterados. Os dados

armazenados de saída não são enviados às saídas até que o próximo comando

de sync seja recebido. O modo Sync é concluído com o comando unsync.

De modo semelhante, o comando de controle de congelamento (freeze)

força os escravos endereçados a assumirem o modo freeze. Neste modo de

operação os estados das entradas são congelados com o valor atual. Os dados

de entrada não são atualizados novamente até que o mestre envie o próximo

comando freeze. O modo freeze é concluído com o comando unfreeze.

A segurança e confiabilidade se faz necessário para proporcionar ao

PROFIBUS DP funções eficientes de proteção contra erros de parametrização ou

erros do equipamento de transmissão. Para se obter isto, um mecanismo de

monitoramento temporal está implementado tanto no mestres DP quanto nos

escravos. O intervalo de tempo é especificado durante configuração.

O Mestre-DP monitora a transmissão de dados dos escravos com o

Data_Control_Timer. Um temporizador de controle independente para cada

escravo. Este temporizador expira quando a correta transmissão de dados não

ocorre dentro do intervalo de monitoração. O usuário é informado quando isto

acontece. Se a reação automática de erro (Auto_Clear = True) estiver

habilitada, o DPM1 sai do estado OPERATE, altera as saídas de todos escravos

Page 26: Apostila do treinamento profibus   configuração

27

endereçados para o estado de segurança (fail-safe) e muda o seu estado para

CLEAR.

O escravo usa o controle de watchdog para detectar falhas do mestre ou

na linha de transmissão. Se nenhuma comunicação com o mestre ocorre

dentro do intervalo de controle de watchdog, o escravo automaticamente muda

suas saídas para o estado de segurança (fail-safe).

Adicionalmente, proteção de acesso é requerida para as entradas e saídas

dos escravos DP que operam em sistemas multi-mestres. Isto assegura que o

direito de acesso só pode ser executado pelo mestre autorizado. Para todos

outros mestres, os escravos oferecem uma imagem de suas entradas e saídas

que podem ser lidas de qualquer mestre, sem direito de acesso.

1 - Versão DP-V1

As características chaves da versão DP-V1 estão nas funções estendidas

para comunicação acíclica de dados, isto torna possível a parametrização e

calibração de dispositivos de campo sobre a rede durante a operação e para a

apresentação de mensagens de alarme. A transmissão de dados acíclicos é

executada em paralelo com a comunicação cíclica de dados, mas com baixa

prioridade. A figura 16 mostra um exemplo de seqüência de comunicação. O

mestre classe 1 tem o token e está habilitado para enviar mensagens ou então

recebê-las do escravo 1, em seguida do escravo 2 etc, em uma seqüência fixa

até ele alcançar o último escravo da lista corrente (canal MS0), ele então passa

o token para o mestre classe 2. Este mestre pode então usar o tempo

disponível restante do ciclo programado para estabelecer uma conexão acíclica

para qualquer escravo (na figura 16, escravo 3) para trocar registros (canal

MS2), e no fim do ciclo de token, ele o retorna para o mestre classe 1. A troca

acíclica de registros pode continuar por vários ciclos de scan, e no seu final o

mestre classe 2 usa o tempo que lhe é destinado para desconectar-se.

Similarmente, o mestre classe 1 também pode executar troca acíclica de dados

com os escravos (canal MS1).

Serviços adicionais disponíveis são mostrados nas tabelas 12a e 12b.

Page 27: Apostila do treinamento profibus   configuração

28

Os canais de serviços de comunicação, MS0, MS1 etc, também chamados

de relação entre aplicações estão resumidos na tabela 13.

Figura 16 – Comunicação cíclica e acíclica no DP-V1

Serviços para comunicação acíclica de dados entre um DPM1 e escravos

Leitura O mestre lê um bloco de dados de um escravo.

Escrita O Mestre escreve um bloco de dados em um escravo.

Alarmes Um alarme é transmitido do escravo para o mestre, com uma

recepção explicita de reconhecimento. O escravo somente poderá

enviar uma nova mensagem de alarme após o reconhecimento do

mestre da mensagem em curso. Isto previne de alarmes serem

sobrescritos.

Reconhecimento

de alarmes

O mestre reconhece a recepção de um alarme para o escravo.

Status Uma mensagem de status é transmitida do escravo para o

mestre. Não é necessário reconhecimento.

Tais transmissões de dados estão sobre um canal de serviço MS1. Este é

estabelecido pelo DPM1 e é vinculado à conexão de comunicação acíclica de dados.

Ele pode ser usado pelo mestre que configurou e parametrizou o respectivo escravo.

Page 28: Apostila do treinamento profibus   configuração

29

Tabela 12a – Serviços de comunicação acíclica MS1 no DP-V1

Serviços para comunicação acíclica de dados entre um DPM2 e escravos

Iniciação /

Cancelamento

Inicialização e término de uma conexão para comunicação

acíclica de dados entre o DPM2 e o escravo.

Leitura O mestre lê um bloco de dados do escravo.

Escrita O mestre escreve um bloco de dados no escravo.

Transporte de

dados

O mestre pode escrever dados específicos da aplicação

(especificadas nos perfis) aciclicamente no o escravo e, se

necessário, ler dados do escravo do mesmo modo.

Tais transmissões de dados estão sobre um canal de serviço MS2. Este é

estabelecido antes de começar a comunicação acíclica de dados pelo DPM2 usando

o serviço de inicialização. A conexão é então disponível para leitura, escrita e para

serviços de transporte de dados. A conexão também deve terminada. Um escravo

pode manter várias conexões MS2 ativas simultaneamente, entretanto, o número

de conexões é limitada pelos recursos disponíveis no respectivo escravo.

Tabela 12b – Serviços de comunicação acíclica MS2 no DP-V1

Como uma função adicional, os diagnósticos específicos do dispositivo do

DP-V1 foram padronizados e divididos em categorias de alarmes e mensagens

de status (figura 17).

Page 29: Apostila do treinamento profibus   configuração

30

Figura 17 – Configuração de mensagens de diagnósticos no DP-V0 e DP-V1

Ao se endereçar os dados no PROFIBUS supõe-se que estes estejam

organizados como um bloco físico, ou que possam ser estruturados

internamente em unidades de função lógicas, chamados de módulos. Este

modelo também é usado nas funções básicas do PROFIBUS-DP para

transmissão cíclica de dados, onde cada módulo tem um número constante de

bytes de entrada e/ou saída que são transmitidos, sempre em uma mesma

posição no telegrama de dados do usuário.

O procedimento de endereçamento de dado dentro de um transmissor é

baseado em identificadores que caracterizam o tipo do módulo, tal como

entrada, saída ou uma combinação de ambos. Todos identificadores juntos

resultam na configuração do escravo, que também é verificada pelo DPM1

quando o sistema é inicializado.

Os serviços acíclicos também são baseados neste modelo. Todos blocos de

dados habilitados para acessos de leitura e escrita acíclica também são

considerados pertencentes aos módulos. Estes blocos podem ser endereçados

por um número de slot e index. O número de slot endereça o módulo, e o

Page 30: Apostila do treinamento profibus   configuração

31

index endereça o bloco de dados pertencente à um módulo. Cada bloco de

dados pode ter um tamanho de até 244 bytes.

Iniciando com 1, os módulos são numerados consecutivamente em ordem

crescente. O slot número 0 é atribuído ao próprio dispositivo. Dispositivos

compactos são tratados como uma unidade de módulo virtual.

Usando a especificação de comprimento na requisição de leitura e escrita,

é também possível ler ou escrever partes de um bloco de dados. Se o acesso

aos blocos de dados for bem sucedido, o escravo responde a leitura ou escrita

positivamente. Se o acesso não for bem sucedido, o escravo dá uma resposta

negativa com a qual é possível identificar o erro ou problema.

Figura 18 – Endereçamento com Slot e Índice

3 - Versão DP-V2

Esta versão habilita a comunicação direta entre escravos usando

comunicação broadcast sem a participação freqüente do mestre com economia

de tempo. Neste caso, os escravos agem como “publishers”, suas respostas

Page 31: Apostila do treinamento profibus   configuração

32

não vão através da coordenação do mestre, mas diretamente para outros

escravos embutidos na seqüência, então chamados “subscribers”, de acordo

com a figura 19. Isto habilita escravos para ler dados de outros escravos e

usá-los diretamente, abrindo a possibilidade de aplicações completamente

novas, e também reduzindo o tempo de resposta na rede em até 90%.

Figura 19 – Troca de dados de escravo para escravo

O modo isócrono, implementado no DP-V2, habilita controle síncrono de

tempo em mestres e escravos, independentemente da carga da rede. Esta

função habilita processos de posicionamento altamente precisos. Todos ciclos

dos dispositivos participantes são sincronizados com o ciclo mestre da rede

através de uma mensagem de controle global broadcast. Um especial código

de sinal de vida (número consecutivo) possibilita o monitoramento da

sincronização. A figura 20 mostra os tempos disponíveis para troca de dados

(DX, verde), acesso de um mestre classe 2 (amarelo) e reserva (branco). A

seta vermelha identifica a rota da atual aquisição de dados (Ti) sobre controle

(Rx) através do setpoint da saída de dados (To), o qual usualmente estende-se

sobre 2 ciclos de barramento.

Page 32: Apostila do treinamento profibus   configuração

33

Figura 20 – Modo Isócrono

O controle de clock, segundo um mestre com tempo real envia uma marca

de tempo para todos os escravos sobre um novo serviço MS3 sem conexão,

designado para este propósito, sincroniza todas estações para um tempo do

sistema com desvio de menos de 1 microsegundo. Isto possibilita o preciso

rastreamento de eventos, sendo particularmente útil para a aquisição de

funções cronometradas em redes com vários mestres. Isto facilita o diagnóstico

de falhas, bem como o planejamento cronológico de eventos.

A tabela a seguir resume as características dos canais de comunicação

disponíveis no PROFIBUS DP:

Canal de serviço de

comunicação Descrição

MS0 (sem conexão)

- Aplicado em: um DPM1 e seus escravos relacionados;

um ou vários DPM2 e seus escravos relacionados; um ou vários escravos DP com todos seus escravos

relacionados (publisher/subscriber). - Utilizações: cíclica troca de dados de I/O com DPM1;

cíclica troca de dados de entrada entre escravos DP (DXB); acíclica transferência de dados para parametrização,

configuração e diagnósticos (DPM1); acíclica transferência de comandos para um conjunto de

dispositivos de campo;

Page 33: Apostila do treinamento profibus   configuração

34

acíclica leitura de dados de I/O (DPM2); acíclica leitura de informações de configuração (DPM2); acíclica leitura de informações de diagnósticos (DPM2);

acíclica escrita de parâmetros adicionais (DPM2).

MS1 (com

conexão)

- Aplicado em:

um DPM1 e um escravo relacionado. - Utilizações:

acíclica leitura e escrita de variáveis; acíclica transferência de alarmes; upload e/ou download de dados de uma região de dados;

chamada de funções.

MS2 (com

conexão)

- Aplicado em:

um DPM2 e um escravo relacionado. - Utilizações:

acíclica leitura e escrita de variáveis; upload e/ou download de dados de uma região de dados; chamada de funções.

MS3 (sem conexão)

- Aplicado em: um DPM1 ou DPM2 e um conjunto de escravos

relacionados. - Utilizações:

sincronização de tempo.

MM1 (sem

conexão)

- Aplicado em:

um dispositivo de configuração DPM2 e um dispositivo de controle (DPM1).

- Utilizações:

upload e download de informações de configuração; upload de informações de diagnósticos;

ativação de uma configuração previamente transferida.

MM2 (sem

conexão)

- Aplicado em:

um dispositivo de configuração DPM2 e um conjunto de dispositivos de controle (DPM1).

- Utilizações:

ativação de uma configuração previamente transferida.

Tabela 13 – Canais de serviços de comunicação

Page 34: Apostila do treinamento profibus   configuração

35

Perfis de aplicação

PROFIBUS destaca-se de outros sistemas de redes de campo

principalmente devido a sua amplitude de opções de aplicações. Não somente

desenvolveu perfis específicos que levam em conta demandas chaves

especificas à industria, mas também uniu os aspectos chaves de suas

aplicações em um sistema de rede de campo aberto e padronizado.

A tabela 14 mostra os perfis específicos de aplicação de PROFIBUS.

Designação Conteúdo Publicação

PROFIdrive Este perfil especifica o comportamento de

dispositivos e o procedimento de acesso a dados

para drives em PROFIBUS.

V2 – 3.072

V3 – 3.172

Dispositivos PA Este perfil especifica as características de

dispositivos de automação de processo em

PROFIBUS.

V3.0 – 3.042

Robôs /

Controle

Numérico

Este perfil descreve como robôs são

controlados em PROFIBUS.

V1.0 – 3.052

IHM Este perfil descreve como um dispositivo de

Interface Homem Máquina (IHM) integra-se com os

componentes de automação de alto nível.

V1.0D –

3.082

Encoders Este perfil descreve a interface de encoders

rotatórios, angulares e lineares em PROFIBUS.

V1.1 – 3.062

Fluid Power Este perfil descreve o controle de drives

hidráulicos em PROFIBIS em cooperação com

VDMA.

V1.5 – 3.112

SEMI Este perfil descreve as características de

dispositivos para fabricantes de semicondutores em

PROFIBUS.

3.152

Switchgear de

baixa tensão

Este perfil define a troca de dados para

dispositivos Switchgear de baixa tensão (ex:

starters) em PROFIBUS.

3.122

Dosagem / Este perfil descreve a implementação de 3.162

Page 35: Apostila do treinamento profibus   configuração

36

Pesagem sistemas de dosagem e pesagem em PROFIBUS.

Sistemas de

Identificação

Este perfil descreve a comunicação entre

dispositivos com propósitos de identificação

(leitores código de barras, transponders etc) em

PROFIBUS.

3.142

Bombeamento

de líquidos

Este perfil define a implementação de

bombeamento de líquidos em PROFIBUS em

cooperação com VDMA.

3.172

I/O remoto

para

dispositivos PA

Devido a sua especial colocação em operações

de rede, um diferente modelo de dispositivo e tipos

de dados são aplicados para os I/O’s remotos

comparados aos dispositivos PROFIBUS PA.

3.132

Tabela 14 – Perfis específicos de aplicação PROFIBUS

1.6. 1 - Dispositivos PA

Os dispositivos de processo modernos são intrinsecamente inteligentes e

podem executar parte do processamento da informação ou até mesmo a total

funcionalidade em sistemas de automação. O perfil de dispositivos PA define

todas as funções e parâmetros para diferentes classes de dispositivos de

processo que são típicos para o processamento dos sinais de sensor de

processo, os quais são lidos pelo sistema de controle junto com o status do

valor medido. Os vários passos do processamento da informação (fluxo do

sinal) e o processo de formação de seu status são mostrados na figura 24.

O perfil de dispositivos PA está documentado em requisitos gerais

contendo a especificação para todos os tipos de dispositivos e em folhas de

dados de dispositivos contendo as especificações concordantes para classes

específicas de dispositivos. O perfil de dispositivos PA está disponível na versão

3 e contém folhas de dados para os seguintes tipos de dispositivos:

Pressão e pressão diferencial;

Nível, temperatura e vazão;

Entradas e saídas analógicas e digitais;

Page 36: Apostila do treinamento profibus   configuração

37

Válvulas e atuadores;

Analisadores.

Em engenharia de processo é comum se utilizar blocos para descrever as

características e funções de um ponto de medida ou uma manipulação em

certo ponto de controle e para se representar uma aplicação de automação. A

especificação de dispositivos PA utiliza este modelo de blocos funcionais para

representar seqüências funcionais como apresentado na figura 21.

Os seguintes tipos de blocos são utilizados:

Bloco Físico (Physical Block – PB)

Um bloco físico contém os dados característicos de um dispositivo, como o

nome do dispositivo, fabricante, versão, número de série, etc. Pode haver

somente um bloco físico em cada dispositivo.

Bloco Transdutor (Transducer Block – TB)

Um bloco transdutor contém todos os dados requeridos para processar um

sinal não condicionado obtido de um sensor para passar ao bloco funcional. Se

este processamento não for necessário, o bloco transdutor pode ser omitido.

Dispositivos multifuncionais com dois ou mais sensores têm o

correspondente número de blocos transdutores.

Bloco Funcional (Function Block – FB)

Um bloco funcional contém todos os dados para processamento final do

valor medido antes da transmissão para o sistema de controle, ou por outro

lado, para processamento de uma etapa antes do cenário do processo.

Os seguintes blocos funcionais estão disponíveis:

Bloco de Entrada Analógica (Analog Input Block – AI)

Um bloco de entrada analógica fornece o valor medido do sensor e bloco

transdutor para o sistema de controle.

Page 37: Apostila do treinamento profibus   configuração

38

Bloco de Saída Analógica (Analog Output Block – AO)

Um bloco de saída analógica fornece ao dispositivo o valor especificado

pelo sistema de controle.

Bloco de Entrada Digital (Digital Input Block – DI)

Um bloco de entrada digital fornece ao sistema de controle um valor

digital do dispositivo.

Bloco de Saída Digital (Digital Output Block – DO)

Um bloco de saída digital fornece ao dispositivo um valor especificado pelo

sistema de controle.

Os blocos são implementados pelos fabricantes como soluções de software

nos dispositivos de campo e, levando como o conjunto, representam a

funcionalidade do dispositivo. Como uma regra, vários blocos trabalham em

conjunto em uma aplicação de acordo com a figura 21, a qual mostra uma

estrutura de blocos simplificada de um dispositivo de campo multifuncional.

A funcionalidade do primeiro sub-processo, “princípio de medida e

atuação” (figura 24 – calibração, linearização e escalonamento) está no bloco

transdutor. A funcionalidade do segundo sub-processo “pré-processamento do

valor medido / pós-processamento” (figura 24 – filtro, controle de limites de

valor, comportamento de falha segura e seleção do modo de operação) está

nos blocos de função.

Page 38: Apostila do treinamento profibus   configuração

39

Figura 21 – Estrutura de blocos de um dispositivo de campo (com

multifuncionalidade)

A figura 22 e a tabela 15 fornecem detalhes do passo calibração, já a

figura 23 mostra o passo checagem de limites dos valores.

Figura 22 – Especificação de função de calibração

Parâmetro Descrição

LEVEL_HI Faixa de medida de preenchimento do nível

LEVEL_LO

CAL_POINT_HI Faixa de medida do sensor com a qual a faixa do nível

é mapeada CAL_POINT_LO

Tabela 15 – Parâmetros para a função de calibração

Blocos são determinados por meio de seus endereços iniciais e parâmetros

através de um índice relativo dentro do bloco. Como uma regra, esses podem

ser livremente selecionados pelo fabricante do dispositivo. Para acessar os

parâmetros, por exemplo, usando uma ferramenta de operação, a estrutura de

blocos específica é armazenada no diretório do dispositivo.

Para implementação de dispositivos de campo em processo de lote, o

perfil possibilita armazenar vários conjuntos de parâmetros durante a fase de

Page 39: Apostila do treinamento profibus   configuração

40

comissionamento. O atual lote do processo é então alternado para o conjunto

de parâmetros necessários durante a execução.

No PROFIBUS uma distinção é feita entre dispositivos compactos e

modulares, pela qual um bloco funcional é um módulo nesse contexto.

Dispositivos de processo cada com múltiplas variáveis de processo, por

exemplo, usando vários sensores ou na forma de variáveis derivadas, são

levados em consideração nos blocos transdutores do perfil pela diferenciação

entre valor primário (PV) e valor secundário (SV).

Parte do processamento da informação transferida para o dispositivo é a

verificação de limites dos valores. Para este propósito dispositivos PA oferecem

mecanismos correspondentes para sinalização quando limites de advertência e

alarme são excedidos em ambos os limites.

Figura 23 – Especificação da função de verificação de limites dos valores

Uma informação de status do valor medido é adicionada a este, a qual

sinaliza a sua qualidade. Existem três níveis de qualidade: ruim, incerta e boa.

Page 40: Apostila do treinamento profibus   configuração

41

Uma informação adicional é fornecida em um sub-status que é declarado para

cada nível de qualidade.

O perfil de dispositivos PA também fornece características de falha segura.

Se uma falha ocorrer em um fluxo de medida, a saída do dispositivo é colocada

em um valor definido pelo usuário. Podem ser selecionados três diferentes

tipos de comportamento de falha segura.

Figura 24 – Fluxo do sinal no perfil de dispositivo PA

Page 41: Apostila do treinamento profibus   configuração

42

Gerenciamento de dispositivos

Dispositivos de campo modernos fornecem uma grande gama de

informações e também executam funções que eram anteriormente executadas

em PLC´S e sistemas de controle. Para executar estas tarefas, as ferramentas

para comissionamento, manutenção, engenharia e parametrização desses

dispositivos requerem uma exata e completa descrição dos dados do

dispositivo e suas funções, como o tipo da função da aplicação, parâmetros de

configuração, faixas dos valores, unidades de medida, valores padrões, valores

limites, identificação etc. O mesmo se aplica aos controladores e sistema de

controle, do qual parâmetros específicos de dispositivos e formato de dados

também devem ser conhecidos para certificar a troca de dados livre de erros

com os dispositivos de campo.

O PROFIBUS possui métodos e ferramentas (tecnologias de integração)

para esse tipo de descrição de dispositivo, o qual habilita padronização do

gerenciamento de dispositivo. A faixa de desempenho dessas ferramentas é

otimizada para tarefas específicas, em função do tipo de aplicação.

Na automação da manufatura, por razões históricas, o GSD é utilizado

preferencialmente, e o uso de FDT está se consolidando. Na automação de

processos, dependendo da necessidade, EDD e FDT podem ser utilizados.

Page 42: Apostila do treinamento profibus   configuração

43

Figura 25 – Tecnologias de integração no PROFIBUS

Métodos de descrição de dispositivos:

As características de comunicação cíclica de um dispositivo

PROFIBUS são descritas em uma lista de características de

comunicação (GSD) em um formato de dados definido. O GSD é

relacionado ao DP-V0 e é muito utilizado para aplicações simples.

Ele é criado pelo fabricante do dispositivo e é incluído na distribuição

do dispositivo.

As características de aplicação de um dispositivo PROFIBUS PA

(características do dispositivo) são descritas por meio de uma

linguagem universal de descrição de dispositivo eletrônico (EDDL –

Electronic Device Description Language). O arquivo (EDD) criado

desta maneira também é fornecido pelo fabricante do dispositivo e

está relacionado principalmente a operações acíclicas de escrita e

leitura. O interpretador baseado em EDD é muito utilizado para

aplicações de média complexidade.

Para aplicações complexas, há também a integração das funções

especificas do dispositivo, incluindo interface gráfica com o usuário

para parametrização, diagnósticos etc, como componentes de

Page 43: Apostila do treinamento profibus   configuração

44

software Windows em um gerenciador de tipo de dispositivo (DTM –

Device Type Manager). O DTM atua como o driver de dispositivo

perante a interface padronizada, a FDT, a qual é implementada em

uma estação de engenharia ou no sistema de controle.

1.7. 1 - GSD

Um GSD (General Station Description) é um arquivo de texto ASCII e

contém as especificações do dispositivo para a sua comunicação. Cada uma

das entradas descreve uma característica suportada pelo dispositivo. Por meio

de palavras chave, uma ferramenta de configuração lê a identificação do

dispositivo, os parâmetros ajustáveis, o tipo de dado correspondente e os

valores limites permitidos para configuração do dispositivo contidas no GSD.

Algumas das palavras chave são obrigatórias, como por exemplo,

Vendor_Name. Outros são opcionais, como por exemplo,

Sync_Mode_supported. Um GSD substitui os anteriores manuais convencionais

e suporta verificações automáticas para erros de entrada e consistência de

dados, ainda durante a fase de configuração.

Um GSD é dividido em três seções:

1) Especificações gerais – esta seção contém informações dos nomes do

fabricante e do dispositivo, versões de hardware e software, taxas de

transmissão suportadas, possíveis intervalos para tempos de monitoração.

2) Especificações de mestre – esta seção contém todos os parâmetros

relacionados a um mestre, como o número máximo de escravos conectáveis ou

opções de “upload” e “download”. Esta seção não está disponível em

dispositivos escravos.

3) Especificações de escravo – esta seção contém todas informações

especificas aos escravos, como o número e tipo de canais de I/O,

especificações de diagnósticos e informações disponíveis nos módulos no caso

de dispositivos modulares.

Page 44: Apostila do treinamento profibus   configuração

45

Também é possível utilizar arquivos bitmap com o símbolo dos

dispositivos. Ele contém as taxas de transmissão suportadas pelo dispositivo, e

a descrição dos módulos disponíveis em um dispositivo modular. Um texto

claro e objetivo também pode ser declarado para as mensagens de

diagnóstico.

Existem dois caminhos para se utilizar o GSD:

1) GSD para dispositivos compactos, o qual a sua configuração de blocos é

fixada durante sua fabricação. Este GSD pode ser criado completamente pelo

fabricante do dispositivo.

2) GSD para dispositivos modulares, o qual a sua configuração de blocos

ainda não é especificada conclusivamente durante sua fabricação. Neste caso,

o usuário deve utilizar a ferramenta de configuração para configurar o GSD de

acordo com sua atual configuração de módulos.

Pela leitura do GSD em uma ferramenta de configuração, o usuário é

capaz de fazer ótimo uso das características especiais de comunicação do

dispositivo.

Cada escravo PROFIBUS e cada mestre classe 1 devem ter um número de

identificação. Isto é requerido para que um mestre possa identificar os tipos de

dispositivos conectados sem a necessidade de extenso protocolo adicional. O

mestre compara o número ID dos dispositivos conectados com os números ID

especificados nos dados de configuração. A transferência dos dados do usuário

não é iniciada até os tipos de dispositivos corretos com seus respectivos

endereços de estações estejam conectados no barramento. Isto certifica ótima

proteção contra erros de configuração.

Para um número ID para cada tipo de dispositivo, os fabricantes de

dispositivos devem submeter-se ao PROFIBUS User Organization o qual

também administra esses números ID.

Uma faixa especial de números ID (números ID genéricos) foi reservada

para dispositivos de campo de automação de processos e drives

respectivamente: 9700h-977Fh ou 3A00h-3AFFh. Todos dispositivos de campo

que correspondam exatamente com as especificações do perfil de dispositivo

Page 45: Apostila do treinamento profibus   configuração

46

PA versão 3.0 ou superior, ou PROFIdrive versão 3, podem usar números de ID

para esta faixa especial. A especificação destes números de perfil ID aumentou

a permutabilidade desses dispositivos. O número ID para ser selecionado pelo

respectivo dispositivo depende de vários fatores, por exemplo, no caso de

dispositivos PA, do tipo e número de blocos de funções existentes. O número

ID 9760h, por exemplo, é reservado para dispositivo de campo PA que contém

vários blocos de funções diferentes (dispositivo multivariáveis). Convenções

especiais também se aplicam para designação dos arquivos GSD desses

dispositivos de campo PA. Estes são descritos em detalhe no perfil de

dispositivos PA.

O primeiro número de perfil ID reservado para PROFIdrive (3A00h) é

utilizado durante a formação da conexão DP-V1 para verificar que mestre e

escravo estão usando o mesmo perfil. Escravos que positivamente reconhecem

este identificador suportam o canal de parâmetros DP-V1 descritos no perfil

PROFIdrive. Todos números de perfis ID posteriores servem para identificar

arquivos de GSD independente do fabricante. Isto permite a permutabilidade

de dispositivos de diferentes fabricantes sem a necessidade de novas

configurações da rede.

1.8. 2 - EDD

O GSD é inadequado para descrever parâmetros e funções relacionados à

aplicação de um dispositivo de processo (por exemplo, parâmetros de

configuração, faixas de valores, unidades de medidas, valores padrões etc).

Isto requer uma linguagem de descrição mais poderosa, que foi desenvolvida

na forma de uma linguagem universalmente aplicável de descrição eletrônica

de dispositivo (Electronic Device Description Language - EDDL) e padronizada

na norma IEC 61804-2 (EDDL Profibus, HART e Foundation Fieldbus). Acima de

tudo, a EDDL fornece os meios de linguagem para descrição da funcionalidade

de dispositivos de campo PROFIBUS PA. Ele contém mecanismos de suporte

para:

Page 46: Apostila do treinamento profibus   configuração

47

Integrar descrições de perfis existentes na descrição do dispositivo;

Possibilitar referencias para variáveis em blocos funcionais;

Possibilitar acesso a dicionários padrões;

Usando o EDDL, fabricantes de dispositivos podem criar o arquivo EDD

relevante para seus dispositivos o qual, como nos arquivos GSD, forneçam as

informações do dispositivo para ferramentas de engenharia e então,

subseqüentemente, para o sistema de controle.

Page 47: Apostila do treinamento profibus   configuração

48

Anexo I1

1 - Tempos de operação da rede profibus

Segundo as normas PROFIBUS, para que a rede funcione de modo

adequado, sem colisões, atraso ou tempo ocioso, é definido um grupo de

parâmetros referente a tempo, que, obrigatoriamente, deve ser obedecido por

todas as estações-mestres e estações-escravas da rede.

Estes parâmetros de tempo são usados pelo FDL no gerenciamento do

tráfego de mensagens no barramento; alguns deles são calculados pelo próprio

FDL, enquanto outros são ajustados pelo usuário ou calculados

automaticamente através de ferramentas de configuração.

A unidade usada na medição desses parâmetros é a tBIT, o que indica que

qualquer outra unidade deve ser convertida para tBIT.

BIT TIME - tBIT

Bit Time é o tempo de transmissão de um bit, parâmetro diretamente

relacionado ao baud rate em bit/s

tBIT = 1 / baud rate (Baud rate in Bits/s)

SLOT TIME (TSL)

O Slot Time (TSL) define o tempo máximo aguardado por um

reconhecimento ou resposta, após transmissão da mensagem. Se esse tempo

se expirar antes do reconhecimento ou resposta, a estação que fez a requisição

deve repetir o pedido, respeitando o número de retransmissões suportadas.

1 Valéria Paula Venturini. Desenvolvimento de um mestre PROFIBUS com a

finalidade de análise de desempenho. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de

São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.

Page 48: Apostila do treinamento profibus   configuração

49

LARGEST STATION DELAY RESPONDER (maxTSDR)

Máximo tempo que um escravo necessita para responder a uma

mensagem. Deve ser menor que o TSL.

SMALLEST STATION DELAY RESPONDER (minTSDR)

Mínimo tempo que um escravo espera para responder a uma mensagem,

este parâmetro é configurado no escravo pelo mestre. Tipicamente é de 11

tBIT.

QUIET TIME (TQUI)

Tempo que a eletrônica ou o software do emissor de uma mensagem leva

para ligar o modo de escuta ou de recepção após o envio da mensagem. Este

parâmetro deve ser configurado em situações de reflexões de sinais.

Tipicamente é de 0 tBIT.

SETUP TIME (TSET)

É um tempo de espera adicional que começa a ser contado antes do envio

de uma mensagem. Geralmente é configurado em redes com couplers DP/PA

ou outros conversores de mídia. Deve ser configurado no dispositivo que

necessita de um tempo de setup longo (de acordo com o manual).

DELIVERY DELAY (TID)

Tempo que um dispositivo leva para envias dados de rede para seu

software de aplicação.

TARGET ROTATION TIME (TTR)

Page 49: Apostila do treinamento profibus   configuração

50

O parâmetro Target Rotation Time (TTR) define o tempo máximo esperado

para que o token circule entre todas as estações-mestres do anel e retorne ao

seu mestre inicial, no entanto, alguns fatores podem influenciar no tempo de

ciclo do token, como por exemplo, o baud rate, número de mestres e de

escravos com troca de dados cíclicos.

O ajuste do TTR deve ser feito pelo usuário ou automaticamente pela

ferramenta de configuração e deve assegurar que cada estação-mestre do anel

disponha de tempo suficiente para executar suas tarefas de comunicação.

GAP UPDATE TIME (TGUD)

O parâmetro Gap Update Time (TGUD) determina o momento em que se

deve iniciar a atualização da GAPL. Se durante a rotação do token não houver

tempo suficiente para manutenção da rede, deve-se atualizar o GAPL na

próxima rotação do token.

TGUD = GAPFATOR * TTR.

Tqui

min TSDR

max TSDR

Response Frame

Tid1

Request Frame

Page 50: Apostila do treinamento profibus   configuração

51

O parâmetro GAPFATOR deve ser configurado pelo o usuário que indicará

o número de rotação do token, que deve ocorrer antes de se expirar o tempo

do TGUD.

HIGHEST STATION ADDRESS (HSA)

Este parâmetro refere-se ao máximo endereço na rede que um mestre

procurará por outros mestres. A diminuição deste endereço torna o

reconhecimento de mestres mais rápido. Um meste com endereço maior que o

HSA não será identificado na rede. O padrão é 126.

TIMEOUT TIME (TTO)

Se no decorrer do tempo definido por este parâmetro nenhuma

mensagem for transmitida no barramento, o temporarizador se expira e um

erro ocorre. Normalmente, um valor diferente para esse parâmetro é definido

para cada estação da rede, de acordo com o endereço das mesmas.

MAXIMUM RETRIES (Max Retries Limit)

Ajusta o número de tentativas de envio quando um destinatário não

responde a mensagem. Deve ser aumentado pelo usuário em redes expostas a

altos níveis de distorção. O tempo de ciclo da rede é prejudicado por repetições

de mensagens.

WATCHDOG

Tempo de supervisão que o mestre envia para todos os escravos que

configura. Se dentro deste tempo o escravo configurado não for solicitado pelo

mestre, ele deixa o modo de troca de dados. Quando calculado pela ferramenta

de configuração, este tempo é de 6 x o pior caso do tempo de ciclo.

2 - Estrutura das mensagens

Page 51: Apostila do treinamento profibus   configuração

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O protocolo PROFIBUS disponibiliza cinco tipos de estruturas de

mensagens, todas elaboradas conforme o serviço.

Representação da estrutura das mensagens

A Figura a seguir mostra o significado de cada byte da mensagem.

Descrição dos bytes da mensagem

Page 52: Apostila do treinamento profibus   configuração

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Bibliografia

Manfred Popp. The New Rapid Way to PROFIBUS DP. From DP-V0 to DP-V2. PROFIBUS Nutzerorganisation e. V. 2003.

PROFIBUS Technology and Application. System Description. PROFIBUS International Support Center. 2002.

Valéria Paula Venturini. Desenvolvimento de um mestre PROFIBUS

com a finalidade de análise de desempenho. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,

2007.

Roberto Pinelli e Dennis Brandão. Apostila do Treinamento

Integradores Profibus. Associação Profibus do Brasil. 2007