apostila do 5º encontro espírita sobre mediunidade

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5 o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE Centro Espírita Léon Denis Dia 28/06/98 Tema “Da Natureza da Crença” Livro dos Médiuns, itens 18 a 28

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Page 1: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A

MEDIUNIDADE

Centro Espírita Léon Denis

Dia 28/06/98

Tema

“Da Natureza da Crença”

Livro dos Médiuns, itens 18 a 28

Page 2: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

2 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Índice

Convite .......................................................................................................................................................... 3

Mensagens .................................................................................................................................................... 5 Palavra aos Médiuns ................................................................................................................................................. 6

O Centro Espírita ...................................................................................................................................................... 8

De que precisa o Espiritismo .................................................................................................................................... 9

Vigiando e Orando .................................................................................................................................................. 10

Padrão Espírita ........................................................................................................................................................ 11

Revisão Espírita ...................................................................................................................................................... 12

Em vossas artérias ................................................................................................................................................... 13

Façamos o mesmo ................................................................................................................................................... 14

Estudo Espírita ........................................................................................................................................................ 15

Espíritas – Precursores ............................................................................................................................................ 16

A conclusão da pesquisa ......................................................................................................................................... 17

Atualidade Espírita ................................................................................................................................................. 18

Inspiração ................................................................................................................................................................ 19

Aulas com Altivo C. Pamphiro ................................................................................................................. 21 1a aula - 15/01/98 .................................................................................................................................................... 23

Perguntas e Respostas da aula de 15.01.98 ............................................................................................................. 31

Referências bibliográficas da 1a. aula de Altivo Pamphiro, em 15.01.98 .............................................................. 38

2a aula - 16/02/98 .................................................................................................................................................... 40

Perguntas e repostas da 2a. aula - 16/02/98 ............................................................................................................. 46

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.02.98 .................................................................................. 51

3a aula - 16/03/98 .................................................................................................................................................... 53

Perguntas e Respostas da aula de 16/03/98 ............................................................................................................ 59

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.03.98 .................................................................................. 60

4a aula - 02/04/98 .................................................................................................................................................... 61

Perguntas e Respostas da 4a. aula (02/04/98) ......................................................................................................... 68

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.03.98 .................................................................................. 71

5a aula - 07/05/98 .................................................................................................................................................... 72

Perguntas e respostas da aula de 07/05/98 .............................................................................................................. 80

Referências bibliográficas comentadas da aula de 07.05.98 .................................................................................. 80

1a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade ........................................................... 81

2a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade ........................................................... 82

3a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade ........................................................... 83

5a Vibração para o 5o. encontro Espírita sobre a Mediunidade ............................................................ 84

Mensagem de Balthazar para 5o Encontro Espírita sobre a Mediunidade .......................................... 85

Mensagem de Yvonne Pereira para o 5o Encontro Espírita sobre a Mediunidade ............................. 86

Mensagem de Lins de Vasconcelos para o 5o Encontro Espírita sobre a Mediunidade...................... 87

Avaliação do 5º Encontro Espírita sobre a Mediunidade ...................................................................... 89

Page 3: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 3

28 de junho de 1998

(L.M. Primeira Parte - Noções Preliminares - Cap. III itens 18/28)

Convite

“Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o

mundo invisível.

........................................................................................................................................

... são escassos os bons médiuns. Não porque faltem faculdades notáveis, senão porque logo ficam sem

utilidade prática por falta de estudos sérios e aprofundados.”

(Léon Denis - Espíritos e Médiuns Cap. III Natureza da Mediunidade pg. 45 e 48 - 2a edição CELD)

O Centro Espírita Léon Denis renova o convite ao estudo da Doutrina Espírita, durante esse mês

de junho, através do 5o Encontro Espírita sobre a Mediunidade.

De maneira intensiva durante todo um dia de domingo - o quarto domingo do mês - poderemos

acompanhar os estudos e meditação realizados sobre o Capítulo III da 1a Parte de O Livro dos Médiuns -

Do Método. Os itens 18 a 28 são a base para o entendimento do Tema Central do 5o Encontro Espírita

sobre a Mediunidade: “Da Natureza da Crença”.

A partir de 1994 quando foram iniciados, por determinação da Direção Espiritual do CELD, os

estudos sistemáticos sobre a Mediunidade, sob a forma de Encontros, pudemos refletir sobre:

1994 - A Mediunidade Psicográfica

1995 - A Mediunidade de Incorporação

1996 - A Influência Moral do Médium

1997 - Da Natureza da Comunicações

Os estudos e reflexões mostraram-nos em O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, o imprescindível

instrutor de todos aqueles que desejam exercer a mediunidade com finalidade de progresso.

“Praticar o Espiritismo sem rodear-se de precauções necessárias, eqüivale a abrir a porta, de par a

par, para os assaltantes de rua” (Léon Denis - Espíritos e Médiuns Cap. IV Prática da Mediunidade pg. 54

- 2a edição CELD ).

Nos itens 18 a 28 de O Livros dos Médiuns, Allan Kardec nos convida a fazer uma revisão da

nossa fé. Estabelecida em nós a crença nos Espíritos, graças a convivência com os fenômenos mediúnicos,

estamos aptos a encarar todas as conseqüências morais da adesão ao Espiritismo?

“O Espiritismo, interiormente praticado, não é só uma fonte de ensinamentos, é também um meio

de preparação moral. As exortações, os conselhos dos Espíritos, suas descrições da vida de além-túmulo

vêm a influir em nossos pensamentos e atos e operam lenta modificação em nosso caráter e em nosso

modo de viver” (Léon Denis - No Invisível Cap. XI Aplicação moral e frutos do Espiritismo pg. 124 - 2a

edição FEB ).

De acordo com Allan Kardec (LM 18) a Ciência Espírita deve ser aprendida através do estudo

sério e praticada até as últimas conseqüências. É imprescindível habituarmo-nos à visão espírita da

situações e dos seres renovando o nosso “ponto de vista” sobre a vida corpórea.

“A idéia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que

acarreta enorme conseqüência sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de

vista sob o qual encaram eles a vida terrena” (Kardec - ESE Cap. II item 5 pg. 66 - 106ª edição FEB).

Devemos à mediunidade a idéia clara e precisa da vida futura: como são os Espíritos; como é o

Mundo Invisível; como funcionam as Sociedades Espirituais; o que nos espera após a morte do corpo

carnal.

Torna-se portanto necessário valorizar a Mediunidade em todos os seus aspectos:

Page 4: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

4 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

- instrumento especial outorgado por Deus ao homem para penetrar no mundo invisível (ESE -

Cap. XXVIII item 9 pg. 397 - 106a edição FEB);

- exteriorização dos sentidos profundos da alma (Léon Denis - Espíritos e Médiuns pg. 68 - 2a.

edição CELD);

- maneira de penetrar por antecipação no mundo dos Espíritos (idem);

- dom de Deus concedido aos médiuns para o fim da sua melhoria espiritual e para dar a

conhecer aos homens a verdade (LM Cap. XVII item 220 3a questão - 59a edição FEB);

Mas para atender aos deveres e responsabilidades da mediunidade faz-se imprescindível “a fé que

transporta montanhas”. Aquela que luta por remover obstáculos internos (maus pendores) e externos

(preconceitos da rotina, má vontade, resistências, cegueira do fanatismo) na realização do trabalho do

Bem.

Como anda a nossa fé? Ela tem estado suficientemente forte para permanecermos com

devotamento na realização de nossas tarefas mediúnicas e não mediúnicas, na Casa Espírita?

Como anda a nossa fé? Ela está suficientemente assentada nos conceitos doutrinários de modo a

mantermos convivência pacífica com todos os Espíritas que renteiam conosco, buscando o progresso por

outras sendas diferentes das nossas?

Já conseguimos compreender o alto valor dos nossos dons mediúnicos na caminhada para o

Progresso?

Junte-se a nós no próximo dia 28 de junho para as reflexões sobre “A Natureza da Nossa Crença” .

Na sede do CELD e nas Instituições que seguem a programação de estudos do CELD (Centro

Espírita Abgail, Centro Espírita Abgail Lima, Centro Espírita Antonio de Aquino, Centro Espírita

Clarêncio e Centro Espírita Amigos do Bem), estaremos estudando o grande papel da mediunidade em

nossa existência terrena e, o modo de nos despojarmos de alguns fatores que dificultam o exercício

mediúnico superior: o materialismo e a incredulidade.

Marcia Cordeiro

(Artigo a ser publicado na Revista do Espiritismo de junho de 1998, edição do CELD)

Page 5: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 5

Mensagens

Page 6: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

6 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Palavra aos Médiuns

Assunto básico dentro da Doutrina Espírita, a mediunidade tem sido examinada sob

os mais diversos ângulos através dos tempos. Certas interpretações pessoais, entretanto,

criaram um sem número de perturbações, atingindo comunidades e indivíduos bem

intencionados que buscam o caminho correto no exercício da mediunidade.

Para se garantir contra os percalços da ignorância, bastaria ao médium que lesse os

livros da Codificação Espírita e usasse a voz interior que lhe vibra no coração, como

condutor pessoal do seu campo mediúnico.

Quantas comunicações belas não teríamos se o médium se dispusesse a sensibilizar

seu próprio coração?! Suas faculdades encontrariam eco na Espiritualidade, pois sua

mente estaria associada ao objetivo do trabalho a que foi chamado. Então veríamos a sua

confiança crescer diante das Inteligências que o buscam para falar ao mundo. Entretanto,

vemos que, normalmente, o comparecimento ao trabalho mediúnico é feito com

preocupações nas atividades extracentro. Morrem, deste modo, em sue próprio coração,

todos os ensejos de um intercâmbio profícuo.

Médium! Tu que estás presente nas tarefas mediúnicas e tens o senso moral

desenvolvido, recorda! Foste convocado para colaborar com o Plano Invisível. Se queres

desenvolver corretamente tua atividades mediúnicas, deves conservar dentro do teu

coração a paciência, o amor, a benevolência, a mansidão, a concórdia, a disposição, o

valor interior e a compreensão pelos sentimentos humanos.

Aquele que julga enganar a si próprio, comparecendo às reuniões mediúnicas

apenas porque é dia de comparecer, pode ter certeza, encontrará na Espiritualidade a

tristeza por não haver cumprido com exatidão os seus deveres mediúnicos. Ninguém o

acusará; todos lhe sorrirão e lhe dirão que fizeram o que era possível. Entretanto, sua

consciência lhe dirá: “Podia ter feito melhor”.

Por isso, médium se tu não sabes o que é o melhor, se ignoras tudo aquilo que o

Plano Espiritual tem reservado para ti, deves comparecer ao exercício mediúnico munido

não só de todo amor, de todo fervor, como também de todo conhecimento possível que te

possa auxiliar. Terás talvez algumas incorporações a menos; poderão dizer-te que não

colaboraste corretamente. Mas dentro de ti haverá aquela voz que te trará alento, correção,

ajuda e te dirá: - “Fizeste o possível”.

Recorda bem, médium: tudo aquilo que deixares de fazer por imprecisão, má

vontade e indiferença; todo bem que negares em benefício do próximo, tua consciência te

cobrará. Daí tu deveres te preocupar muito com tua educação e exercitar cada vez mais o

amor que há em ti. O teu crescimento íntimo, a superação de ti mesmo, a sensação de que

hoje foste melhor do que ontem, o teu cumprimento fiel com o exercício da mediunidade,

serão a demonstração de que evoluis com o Cristo, em busca da Perfeição para a

eternidade do teu ser.

Evolução... mediunidade... espírito de serviço. Foram médiuns todos os grandes

homens. Alguns talvez omitindo que traduziam o que o Plano Espiritual tinha a falar, mas

eram medianeiros que captavam o que a Espiritualidade tinha a dizer, pois há uma

diferença fundamental entre o falar e o dizer. O falar significa transmitir pela voz

articulada um conceito e o dizer significa transmitir o desígnio que reside na

Page 7: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 7

individualidade do Espírito que se comunicar. A tua preocupação, pois, como médium, é a

de entender o que o Plano Espiritual tem a dizer, muito mais do que tema falar. Por isso a

mediunidade tem um papel preponderante, mas não o principal na grande tarefa de

renovação que os Espíritos de Deus lançam sobre toda a Terra, através do Espiritismo.

O falar agora passou a ser secundário, pois o que atinha que ser dito já foi dito à

humanidade.

Médium! Depende de ti a tua integral e completa evolução - cérebro, coração e

sentimento - para continuares a captar o que a Espiritualidade tema dizer. Esforça-te para

que os teus gestos, tuas tentativas, enfim, as tuas tarefas tendam sempre no sentimento

da valorização da individualidade, através do crescimento espiritual.

LÉON DENIS

(Mensagem psicofônica obtida na noite de 23.01.1973, no CE Emmanuel, Votuporanga - SP, pelo médium Altivo

Pamphiro)

Page 8: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

8 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

O Centro Espírita

O Centro Espírita é uma célula viva e pulsante onde se forjam caracteres, sob a ação enérgica do

bem e do conhecimento.

Mais do que uma sociedade de criaturas encarnadas, é um núcleo onde se mesclam os seres

desprovidos da carne com os mergulhados no envoltório físico, em intercâmbio que faculta a evolução no

programa de amor e trabalho.

Escola - torna-se educandário, graças ao qual a instrução alarga-se, desde a geração de fenômenos

educativos de hábitos, para produzir discípulos conscientes da própria responsabilidade, até cidadãos

capacitados para a vida.

Oficina - onde se trabalham os sentimentos e se modelam os valores éticos, aos camartelos do

sofrimento e da renovação, nas diretrizes que a caridade propõe como método depurativo e elevado.

Hospital - enseja as mais exclusivas terapêuticas para alcançar as causas geradoras do sofrimento,

apresentando as ramificações das enfermidades e as expressões das dores morais, que devem ser

transformadas em estado de saúde lenificadora.

Santuário - que converte em altar de holocausto dos valores morais negativos e de soerguimento

das virtudes, em intercâmbio saudável com o pensamento cósmico, mediante a oração, a concentração e a

atividade libertadora.

Na sua polivalência, o Centro Espírita enseja o intercâmbio continuado de criaturas de um plano

com o outro e, na mesma faixa de vibrações, estimula o desenvolvimento das mentes equilibradas

construtoras da sociedade feliz do futuro.

Allan Kardec, fundando a Sociedade Espírita de Paris, estabeleceu ali, na casa-máter do

movimento nascente, o Centro ideal, para onde convergiam as aspirações, as necessidades, os problemas e

objetivos de ordem espírita, a fim de serem examinados e bem conduzidos.

O Centro Espírita é o núcleo social onde se caldeiam os sentimentos, auxiliando os seus membros

a tolerarem-se reciprocamente, amando-se, sem o que, dificilmente, os que o constituem, estariam em

condições de anelar por uma sociedade perfeita, caso fracassem no pequeno grupo onde se aglutinam para

o bem.

O Centro Espírita é, portanto, a célula ideal para plasmar a comunidade dos homens felizes de

amanhã, oferecendo-lhes o contributo do respeito e da fraternidade, da atenção e do bem. Honrar-lhe as

estruturas doutrinárias com a presença e a ação, pelo menos duas vezes por semana, é dever que todo

espírita se deve impor, a benefício da divulgação da Doutrina que ama e que o liberta da ignorância.

João Cleófas

Do livro: Suave Luz nas Sombras

Psicografia: Divaldo Pereira Franco

Editor: LEAL

Page 9: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 9

De que precisa o Espiritismo

Nos centros doutrinários: de amigos do bem e da verdade, que saibam exemplificar a compreensão

e a boa vontade para o soerguimento de todos, através da elevação de si próprios.

Na ciência: de investigadores e estudiosos, que unam o raciocínio e o sentimento, elevando o

coração ao nível da inteligência.

Na política: de legisladores e administradores dignos, que não menosprezem o sacrifício pessoal,

habilitados a criar mais altos padrões de caráter para a mente do povo.

Na imprensa: de jornalistas humanos, construtores do bem e adversários do escândalo, livres da influência

financeira, a serviço do bem geral.

No magistério: de professores devotados, que possam plasmar a alma da infância e da juventude

nas linhas eternas do ideal superior.

Nos lares: de pais e mães consagrados à missão que esposaram, de filhos e irmãos que auxiliem,

reciprocamente, no testemunho leal da comunhão fraterna.

Nas organizações de trabalho: de cooperadores que se honrem no cumprimento do dever,

dedicados ao progresso e ao aperfeiçoamento, para a justa exaltação da dignidade do serviço.

No campo: de colaboradores da natureza, de amigos sinceros do solo, das plantas e dos animais,

que, semeando e ajudando alegremente, se façam intérpretes dos propósitos divinos.

Na arte: de tradutores fiéis da bondade e da beleza, que auxiliem o pensamento a escalar os mais

altos cimos da vida.

Na mediunidade, na pregação, na propaganda: de corações corajosos e confiantes, conscientes de

suas responsabilidades e fiéis aos seus compromissos com o Infinito Bem, que se expressem com atos,

acima das palavras, plenamente integrados na execução das boas obras, a fim de que o Reino do Senhor se

estabeleça, em definitivo, na Terra, assegurando a felicidade dos homens para sempre.

André Luiz

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, numa homenagem do Centro Espírita Luiz

Gonzaga, de Pedro Leopoldo, ao II Congresso Espírita do Estado de Minas Gerais. Fonte: “O Espírita

Mineiro” , número 8, outubro de 1 952)

Page 10: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

10 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Vigiando e Orando

Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista,

cumpre cabalmente o teu ministério. - Paulo (II Timóteo, 4:5)

Em nos reportando aos obreiros do Senhor recordemos que uma espécie existe que, sem dúvida

trabalha e sem dúvida produz algo; entretanto, vive sempre em posição deficitária e por vezes estraga

aqueles companheiros que se lhe aproximam, quando frágeis na fé.

Onde estejam, são para logo identificáveis porque servem, mas servem debaixo de condições

especialíssimas, tais quais sejam: onde querem; como entendem; quando se vejam dispostos; tanto quanto

se determinam; na faixa de ação em que não se sintam incomodados; com quem gostam; com as idéias

que lhe agradem; com os recursos que venham a escolher; como julgam melhor; nas conveniências que

lhe digam respeito; desde que se lhes satisfaçam as exigências; e desde que ninguém os critique nem

contrarie.

Um companheiro assim assemelha-se a um servidor meio-sombra e meio-luz, que beneficia com a

luz que derrama e prejudica com a sombra que teima em carregar.

Daí o imperativo de orarmos e vigiarmos, procurando desvencilhar-nos de toda sombra que ainda

nos pesa no orçamento da alma, a fim de que nos tornemos, a pouco e pouco, em obreiros fiéis na causa

do Eterno Bem, servindo ao Senhor conforme os desígnios do Senhor.

Emmanuel

Livro: Bênção de Paz

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: GEEM

Page 11: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 11

Padrão Espírita

Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de Nosso

Senhor e Salvador Jesus Cristo. — Pedro (II Pedro, 1:11)

Transformar o coração em fonte de amor, de tal modo que nenhum sentimento contrário lhe

alcance os recessos, ainda quando violentamente arremessado pelos piores dardos vibratórios...

Converter o cérebro em fulcro de pensamentos nobres, de tal maneira que nenhuma idéia menos

feliz se lhe fixe nas criações, mesmo quando sob a mais constrangedora indução ao fascínio das trevas.

Metamorfosear os olhos em mananciais de compreensão, com tal amplitude que, à frente de

quaisquer cenários da vida, somente apreendam as imagens que favoreçam a construção do bem, com

olvido de todo mal...

Transfigurar os ouvidos em depósitos de bondade, com a tal extensão que venham a filtrar

exclusivamente, no auxílio aos outros, os conceitos, revelações, apontamentos e comentários capazes de

promover a paz e a consolação, a esperança e a bênção no caminho dos semelhantes, com absoluto

esquecimento de tudo aquilo que signifique incentivo à crueldade ou ao desânimo, à incompreensão ou à

discórdia.

Selecionar as palavras que ajudem, consagrar as mãos ao serviço, investir os valores do tempo em

ação digna e aproveitar as oportunidades que se nos ofereçam na vida para melhorar-nos, melhorando a

estrada em que se jornadeia - eis, na essência, o padrão espírita que, um dia, através do trabalho e do

estudo, do burilamento e da renovação, teremos todos nós de atingir.

Emmanuel

Livro: Bênção de Paz

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: GEEM

Page 12: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

12 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Revisão Espírita

Destituído do sobrenatural, o Espiritismo produz a fé que é a certeza plena, pacífica, baseada na

Ciência e na Filosofia, sem apelar para o misticismo; dispensa arrazoados sutis e aparentemente lógicos

de que habitualmente se valeram seitas do passado para iludir quem raciocina; maneja fatos e argumenta

com a vida, não carecendo da mínima ardileza ou de engenhosas adaptações a idéias novas do mundo para

manter-se racional.

Não é unicamente uma religião bela, é uma crença positiva, coerente, marchando ombro a ombro

com a Ciência, no combate ao mito, à superstição e ao fanatismo de qualquer natureza, alijando a

estratégia secular da formação religiosa dogmática, interessada em manter o número de seus profitentes

pelos freios da tradição e pelos antolhos da rotina.

Consola como toda religião, mas o consolo que distribui satisfaz à razão, fundamentando-se nas

respostas a todos os “porquês” que acicatam a alma; confere resignação a quem sofre, mas levanta a

resignação otimista, construtiva e operosa, dentro da qual a pessoa não se acomoda à inércia e nem se

deita na estrada das circunstâncias, na expectativa da morte.

A todos aqueles que indagam sofrendo ou experimentando perplexidades diante do Universo, o

Espiritismo liberta, acalma e reajusta, fazendo compreender, antes de fazer crer.

O espírita, à vista disso, há-de ser racionalista, pois ninguém poderá ser espírita por simples hábito

ou somente por interesse social. O Espiritismo requisita análise, conclusões, estudos, e, coroando toda a

realidade que apresenta, pede esforços persistentes para que a criatura supere espiritualmente a si mesma,

na esfera de limitações que ainda carreie.

O maravilhoso, a adesão cega e o entusiasmo inconsciente não lhe alimentam a fé. O espírita crê,

não apenas porque sente, mas sobretudo porque observa, comprova, verifica, jamais entrando em crises de

dúvidas capazes de transfigurar-lhe a confiança em desilusão.

A criatura não precisa de senso religioso para aceitar os princípios espírita, bastar-lhe-á pensar e

concluir por si, de vez que o próprio Espiritismo lhe reclama pesquisa e reflexão acerca de tudo o que lhe

compõe o campo doutrinal.

Ao espírita não é indispensável um diretor espiritual. Ele age por si, deduzindo, segundo o

Espiritismo, sob o critério da consciência. Na verdade, se a criança pode ser preparada para a condição

espírita integral, espírita, só o adulto vem a ser, porque a fé espírita não é ingênua, nem ilógica e ninguém

será verdadeiro espírita exclusivamente porque deseje crer em algo, através de fenômenos exteriores,

sempre discutíveis, ou anseie simplesmente repousar em determinado sistema de reconforto, porquanto o

espírita, claramente espírita, não pode, em tempo algum, deixar de refletir.

Faze de quando em quando a revisão dos teus pontos-de-vista espíritas. O Espiritismo não é

religião apenas para as horas de provação ou para o período final da existência: é religião de todo dia,

aprendizado de todo instante, em qualquer parte.

Teles de Menezes

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 13: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 13

Em vossas artérias

Espíritas, não vos erijais em vosso próprios carcereiros. Desvencilhemo-nos do círculo vicioso das

reencarnações de provas repisadas, vivendo ombro a ombro a caridade que nos polariza os ideais

nobilitantes.

As idéias reveladoras dos fantasmas vieram escorraçar o fantasma de vossas idéias derrotistas,

ante o transe da morte, e a sobrevivência da alma, desatando as línguas entorpecidas no túmulo, vos

conclama, sublime, à emancipação espiritual.

Não vos prendais à inoportunidade dos fenômenos.

Acertai vossas horas pelo relógio da evolução doutrinária, para não carregardes na consciência o

peso do tempo perdido.

Há companheiros encarnados que esperam outra fase fenomênica semelhante à ocorrida com as

mesas girantes, para poderem seguir os preceitos do Espiritismo, olvidando que esse período histórico de

nossos princípios libertadores já foi superado há quase um século.

O ovo é o berço do pássaro.

A Doutrina Espírita, naturalmente, teve o seu tempo de nascedouro; no entanto, em plenitude das

novas revelações, eleva-se ao Mais Além.

Por isso não vejais na fonte mediúnica apenas estranha caixa de surpresas onde assestar a

curiosidade novidadeira.

A comunhão dos Dois Mundos visa a alcançar nossa melhoria moral nos dois lados da

Vida.

Ser somente um entendedor de doutrina, realmente não basta. Orai e vigiai, manejando a bênção

diária de poder servir.

O acaso não trabalha em qualquer nesga do Universo. Se os Paladinos da Luz, componentes das

Coortes do Senhor, tomassem férias, a obsessão toldaria a atmosfera do mundo com a violência e na

vertigem do raio.

Guardai no coração essa verdade: embora não seja conferido por universidades humanas,

conquanto não possa ser comprado em qualquer instituto terrestre, e, não obstante nenhum país exista que

o outorgue, perante a Vida Imortal, na Terra não há título mais valioso e que imponha maior

responsabilidade do que a chancela de espírita.

Trazeis dentro de vós o esboço da angelitude.

A caridade é a presença do Cristo.

Fugi a culto de vós mesmos! Buscai, antes de tudo, a coesão, a paz, a harmonia e o serviço

infatigável na seara do bem - do bem de todos, capaz de brilhar em todos.

Espíritas! Muito se pedirá a quem muito recebeu; em vossa artérias corre o sangue redivivo dos

primeiros cristãos!

Lameira de Andrade

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 14: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

14 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Façamos o mesmo

Quando alguém vai atravessar uma rua, há-de saber como fazê-lo, obedecendo às leis do trânsito

para não incorrer em desastre, o mesmo acontecendo para viajar na direção de outra cidade ou visitar

determinada pessoa ou repartição.

Atrás de tudo e de todos, vigem Leis orientando, medindo e prescrevendo o caminho certo,

estabelecendo horários, direções, modos, linguagem, valores.

Assim também sucede na vida moral; por detrás de todas as atitudes, há leis que a superintendem,

pesando e avaliando emoções e ideais. Por isso, a preguiça, a cólera e o egoísmo impõem prejuízos fatais,

da mesma forma que a diligência no bem, a paz e caridade trazem vantagens inapreciáveis. São firmes,

constantes, inderrogáveis.

Eis aí o valor do Espiritismo. Ele expõe as minúcias das leis que nos governam, munindo a

criatura de defesas e conhecimentos para que erre menos e acerte mais, superando as próprias fraquezas.

A convicção do espírita no Espiritismo é igual à convicção serena e racional do matemático na

Matemática, do químico na Química, do biólogo na Biologia: o Espiritismo mostra as causas, o espírita

aprende a controlar os efeitos.

Da mesma forma que a Astronomia demonstra, explica e interpreta a gravitação, a obliqüidade da

eclíptica e muitos outros fenômenos exatos e invariáveis da mecânica celeste, constrangendo o astrônomo

a aceitá-los pacificamente, para não desajustar observações e cálculos, o Espiritismo demonstra, explica e

interpreta a existência das leis do carma, da reencarnação, da sintonia e do intercâmbio entre os Espíritos

e muitas outras leis exatas e invariáveis, compelindo o espírita a aceitá-los pacificamente para não falsear

diretrizes e decisões.

Depreende-se que o espírita não goza de vantagens especiais para viver na Criação, porém, com a

força que o Espiritismo lhe propicia, muito pode para vencer a si mesmo. Ciente dos princípios que lhe

orientam o espírito, o espírita torna-se capaz de orientar suas próprias ações.

Raciocinando com essas certezas evidentes, não inculpes alguém por tristeza ou fracasso que te

assediem. A rigor, ninguém te pode fazer infeliz, de vez que assumes voluntariamente as atitudes que te

infelicitam.

Também urge apreciar que nunca somos vítimas das circunstâncias, somos vítimas de nós

próprios, das idéias, das emoções e das escolhas entre o melhor e o pior, que adotamos no conjunto das

leis que nos regem.

Reconheçamos que os nossos problemas não são novos. Para galgarem as eminências de onde nos

inspiram, os grandes luminares da Espiritualidade enfrentaram todos os problemas que nos assaltam e

tudo deram de si para superá-los. Se aspiramos à elevação, façamos o mesmo.

Umberto Brússolo

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 15: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 15

Estudo Espírita

Estabelecendo paralelos entre o estudo oficial da cultura terrestre e o estudo voluntário das teses

espíritas, reparemos os valores, contradições e conseqüências de cada um para a criatura encarnada.

Na carreira universitária, o educando freqüenta aulas, desde a infância, num total aproximado de

dez a dezesseis anos sucessivos de ingentes esforços; no entanto, quando alguém se dedica sozinho ao

Espiritismo, durante três meses, em muitas circunstâncias já se julga realizado, sem necessidade de

trabalho mais amplo...

Na instrução humana usam-se técnica especializada, disciplina rigorosa, ordem severa e freqüência

assídua para todos os estudantes, e surpreendemos companheiros de atividade espírita que após lerem ,

anotando, aqui e ali, alguns poucos livros, se supõem com autoridade dos pesquisadores de exceção...

Se para obter diploma de formação superior, a pessoa humana despende energia e dinheiro,

submetendo-se a todo tipo de exames, provas e estágios complicados e exaustivos, para o cultivo do

Espiritismo não existe nenhuma dessas dificuldades, pois até mesmo os livros são mais baratos e os

templos doutrinários não cobram ingressos...

O sistema de educação intelectual experimenta a supervisão constante de inspetores, fiscais e

conselhos de ensino que verificam os mínimos incidentes do currículo escolar; entretanto, nas casas

espíritas, em muitas ocasiões, se um companheiro de boa vontade assinala esse ou aquele senão, em favor

da segurança da obra, muito dificilmente escapa de ser apontado à conta de elemento indesejável, corroído

de obsessão...

Para graduar-se em Direito, Engenharia, Magistério ou Medicina, o aluno aplica a inteligência em

observações incessantes, analisando e repetindo, freqüentemente, página a página ou frase a frase,

centenas de rechonchudos calhamaços, afora inumeráveis apontamentos e resumos, suplementos e

apostilas de toda espécie, mas não faltam irmãos nossos que folhearam, descuidadosamente, alguns

magros volumes e já se sentem detentores de preciosa erudição, estacando no aprendizado...

As aquisições acadêmicas sofrem naturalmente as conseqüências da evolução, constituindo-se de

afirmações provisórias a reclamarem, por vezes, grandes sacrifícios para se fixarem no campo do

pensamento; os valores espíritas, ao contrário, vinculam-se às realidades imarcescíveis da alma, com

definições morais muito mais fáceis de reter, e muito dificilmente encontram quem lhes dê maior

atenção...

O homem concorre a disputadas competições para a obtenção dos títulos de idoneidade técnica

que praticamente se anulam com a aposentadoria do interessado aos trinta ou quarenta anos consecutivos

de serviço: todavia, quase sempre, apenas de longe em longe, esse mesmo homem encontra quinze

minutos no dia para se consagrar ao estudo espírita, tranqüilo e fácil, que prosseguirá, imperecedouro,

caminho afora, a iluminar-lhe o imo do próprio ser...

Todos acham vantagens no adestramento do cérebro, o que permite ao Espírito dominar o plano

terrestre por algum tempo; raros vêem conveniências na assimilação do conhecimento espírita que prepara

a alma, a fim de que domine a si mesma, com vistas à Eternidade...

Valorizemos, quanto possível, o estudo humano, em louvor dos experimentos, técnicas, profissões

e ciências que glorificam a civilização passageira; entretanto, prestigiemos também, e seriamente, o

estudo abençoado da Doutrina Espírita, combatendo negligência e dispersão, preguiça e desânimo,

destaque de superfície e esforço deficitário, para que possamos entender os Estatutos Divinos da Criação

Eterna, de cuja grandeza todos participamos, sob as Bênçãos de Deus.

Joaquim Travassos

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 16: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

16 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Espíritas – Precursores

Ninguém aguarde exceções nas Normas Divinas. Espírito algum colherá primazias para agir no

Universo. A Lei não se modificará para favorecer-nos.

Desfrutamos vida independentes: Deus nos criou, mas não existe unicamente para nós. De igual

modo, determinada criatura não pode viver exclusivamente para outra, conquanto necessitem socorrer-se

e aconselhar-se, mutuamente, em muitas ocasiões, sem se substituírem na responsabilidade individual.

Eis porque a morte não desaparecerá da Terra, as vidas sucessivas não serão suspensas do Cosmo,

o Princípio de Causa e Efeito não sofrerá qualquer alteração e a necessidade, por instrutora natural,

vigiar-nos-á o caminho. Que se transforma é a criatura; quem cresce e se corrige somos nós mesmos.

O raciocínio humano, aperfeiçoando as próprias conclusões acerca das realidades que o cercam,

avança e se apura, emancipando as almas. Quando atingir graus superiores de elevação, a dor perderá

espontaneamente a função que lhe cabe na esfera de cada consciência, desaparecendo por inútil.

Reflete quanto a isso.

Os espíritas são, na vida humana, precursores da moral que ilustrará o futuro. Inadiável

experimentar e aprender, desentranhar a ignorância e assimilar o conhecimento.

Se a sabedoria fosse regra, a humildade não seria exceção. Além disso, há muito comodismo

fantasiado de humildade. “Sou insignificante”, “nada sei”, “nada valho”, “não é comigo”, são refrões

cediços dos que anseiam dormir, preferindo que tudo fique hoje como está, a fim de verem amanhã como

fica.

Não te pejes de ser simples, a serviço dos outros. Bastas vezes, a pessoa nunca é tão “espírito

forte” como quando se assemelha a frágil criança.

Faltando-nos amor puro, falta-nos a paz íntima. O mal cria idéias fixas, instalando-as por

fantasmas nos labirintos da memória, espectros que somente se desfazem ao calor do trabalho.

Um sorriso de fraternidade - relâmpago de vida - rompe as trevas, de fora a fora. Ligeiro estudo

edificante - centelha da alma - dissipa as sombras interiores.

Na lareira do ideal, se o lume do entusiasmo se extingue, ao primeiro sopro da adversidade, a

brasa da convicção permanece rubra, nas cinzas, para alimentar novas chamas. Inibição absoluta e

incapacidade irremediável são meras palavras.

Busquemos estudar. Pior que a situação de quem não sabe ler, é a situação de quem sabe e, no

entanto, não lê.

Todo espírita cristão é um predestinado, trazendo nos tímpanos e nas retinas vozes e visões doutro

mundo; um paisagista a fixar, com o próprio sangue, as telas do bom exemplo; um tarefeiro a regar, com

o próprio suor, a lavra do bem.

Ignacio Bittencourt

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 17: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 17

A conclusão da pesquisa

Companheiro espírita, que não entendes ainda nos princípios do Espiritismo?

A singela pergunta surge com imensa importância, porque, sem o necessário entendimento do

Espiritismo, há sempre falhas na utilização do estágio terrestre.

É imprescindível assimilar a Doutrina Espírita, nas entranhas da própria alma, para que seja vivida

nas ações cotidianas.

Para senti-la, porém, urge compreendê-la, raciocinando.

Com todos os ensinamentos excepcionais divulgados pelas ciências e pelas filosofias da

atualidade, não encontrarás a explicação das Leis que orientam a Vida Eterna, tanto quanto nas intimidade

da fé positiva que esposamos.

Quase todos os setores da existência humana já foram motivos para revelações espirituais.

Quase todos os fenômenos que sensibilizam a consciência já receberam na Terra essa ou aquela

palavra esclarecedor do Mais Além.

Mas o ideal espírita só abrasará o mundo se o acendermos no imo do próprio ser. Evitemos a

derrota prévia das almas amodorradas na rotina e construamos o templo do estudo.

Ócio é o coágulo da vida.

Não te contentes em declarar que conheces os postulados que abraças. Aprendizado não decorre de

geração espontânea.

Analisa o teu conhecimento doutrinário nas horas de decisão. Em tais circunstâncias é que

demonstrarás para ti mesmo e para os outros como se te gradua o brilho do Espiritismo no âmago da

razão.

E faze testes rigorosos contigo, medindo a própria aplicação; abre indiscriminadamente um

compêndio básico de Doutrina e verifica se dominas o assunto tratado nas páginas descerradas.

Visita um biblioteca espírita e observa quantos volumes já analisaste com atenção.

Ouve um orador e repara se estás percebendo o conteúdo das palavras pronunciadas.

Considera qual o esforço que despendes por dia, por semana ou por mês, para realizar esse ou

aquele estudo pessoal dos princípios que esposas.

Sopesa como e quanto já favoreceste, sem imposição, a benéfica renovação dos parentes, amigos e

colegas que te cercam.

O homem não deve ser espírita apenas por inclinação.

Os Emissários Espirituais dos Planos Divinos não ditam mensagens, desde os albores da

Codificação Kardequiana, somente com interesse literário. Visam a elevado fim: a instrução da

Humanidade.

Por esses e outros motivos, reconhecemos o acerto da opinião indiscutível dos Excelsos Dirigentes

do Espiritismo, nas Esferas Superiores, que, após minuciosa pesquisa, chegaram à conclusão de que, junto

às calamitosas quedas morais e às deserções deploráveis de numerosos companheiros responsáveis pelo

serviço libertador, entre todas as causa que dificultam a marcha da Nova Revelação na Terra, destaca-se,

em posição de espetacular e doloroso relevo, a preguiça mental.

Ignacio Bittencourt

Livro: Seareiros de Volta

Psicografia: Waldo Vieira

Editora: FEB

Page 18: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

18 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Atualidade Espírita

Cap. XXXI - Dissertação I

Espíritas!

O mundo de agora é o campo de luta a que fostes conclamados para servir.

Todas as rotas oferecem contradições terríveis.

A cada trecho, surpreendemos os que falam em Cristo, negando-lhe testemunho.

Ouvimos os que pregam desinteresse, agarrando-se à posse; os que se referem à união, disseminando a

discórdia; os que exaltam a humildade, embriagando-se de orgulho, e os que receitam sacrifício para uso

dos outros, sem se animarem a tocar com um dedo os fardos de trabalho que os semelhantes carregam!...

Ontem, contudo, noutras reencarnações, éramos nós igualmente assim...

Recorríamos à cruz do Senhor, talhando cruzes para os braços do próximo; exalçávamos o

desprendimento, entronizando o egoísmo; louvávamos a virtude, endossando o vício, e clamávamos por

fraternidade, estimulando a perseguição a quem não pensasse por nossa cabeça.

* * *

Hoje, no entanto, a Doutrina Espírita restaura para nós o Evangelho, em versão viva e simples.

Não mais o Cristo abençoando a carniçaria da guerra.

Não mais o Cristo monumentalizado em prata e ouro.

Não mais a escravidão religiosa, imaginariamente do Cristo.

Não mais imposições e convenções, supostas do Cristo.

Agora, como devia ter sido sempre, encontramos no Mestre Divino o companheiro da Humanidade,

ensinando-nos a crescer no bem para a vida vitoriosa.

Não nos baste, pois, simplesmente crer!...

Em toda parte, é necessário sejamos o exemplo do ensino que pregamos, porque, se o Evangelho é a

revelação pela qual o Cristo nos entregou mais amplo conhecimento de Deus, a Doutrina Espírita é a

revelação pela qual o mundo espera mais amplo conhecimento do Cristo, em nós e por nós.

Emmanuel

Livro: Seara dos Médiuns

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: FEB

Page 19: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 19

Inspiração

Questão no 218.

Em qualquer consideração sobre a mediunidade, não te esquives à inspiração, campo aberto a

todos nós e no qual todos podemos construir para o bem, assimilando o pensamento da Esfera Superior.

Não vale fenômeno sem proveito.

* * *

Um homem que enxergasse num vale de cegos, sem diligenciar qualquer auxílio aos irmãos

privados da luz, não passaria de uma lente importante, entregue a si mesma.

Aquele que conversasse numa província de mudos, fugindo de prestar-lhes concurso na

reconquista da fala, assemelhar-se-ia tão somente a uma discoteca ambulante.

Quem se locomovesse à vontade, numa terra de paralíticos, negando-lhes apoio para readquirirem

a herança do movimento, seria para eles uma ave rara e anormal, agindo em forma humana.

A pessoa que ouvisse numa ilha de surdos, desertando da cooperação fraterna para que

reaprendessem a escutar, seria apenas uma registradora de sons.

A criatura que ensinasse lógica e conduta numa colônia de alienados mentais, e não procurasse um

meio, ainda que simples, de amparar-lhes o retorno à razão, estaria, entre eles, como arquivo de máximas

inassimiláveis.

* * *

Não te asseveres incapaz de servir, porque te falte mais ampla incursão no inabitual.

Recurso psíquico, sem função no bem, é igual à inteligência isolada ou ao dinheiro morto,

excelentes aglutinantes da vaidade e da sovinice.

De toda ocorrência, observa o préstimo.

E certos de que o pensamento é onda de força viva que nos coloca em sintonia com os múltiplos

reinos do Universo, busquemos a inspiração do bem para o trabalho do bem que nos compete, conscientes

de que as maravilhas mediúnicas, sem atividade no bem de todos, podem ser admiráveis motivos a

preciosas conversações entre os esbanjadores da palavra, mas, no fundo, são sempre o exclusivismo de

alguém, sem utilidade para ninguém.

Emmanuel

Livro: Seara dos Médiuns

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: FEB

Page 20: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

20 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Page 21: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 21

Aulas com Altivo C. Pamphiro

Page 22: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

22 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

“O fim do Espiritismo é melhorar aqueles que o

compreendem. Procuremos dar o exemplo e mostrar que, para

nós, a doutrina não é letra morta. Numa palavra, sejamos dignos

dos bons Espíritos, se quisermos que eles nos assistam”.

Allan Kardec

(Revista Espírita – 1859 – Discurso de encerramento do ano social 1858-1859 pronunciado na Sociedade

Parisiense de Estudos Espíritas - SPEE)

Aulas de Altivo Pamphiro sobre

LM - Primeira Parte - Noções preliminares - Cap. III - do Método itens 18 a 28

1a aula L.M. 18 15/01/98

2a aula L.M. 19 16/02/98

3a aula L.M. 20 e 21 16/03/98

4a aula L.M. 22, 23, 24 e 25 02/04/98

5a aula L.M. 26, 27 e 28 07/05/98

6a aula 21/05/98

Page 23: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 23

1a aula - 15/01/98

L.M. - Primeira Parte - Noções Preliminares - Cap. III Do método, item 18

Texto de Kardec:

“Muito natural e louvável e, em todos os adeptos, o desejo, que nunca será demais animar, de

fazer prosélitos. Visando a facilitar-lhes essa tarefa, aqui nos propomos examinar o caminho que nos

parece mais seguro para se atingir esse objetivo, afim de lhes pouparmos inúteis esforços.

“Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente

queira conhecê-lo, deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele

não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos,

entende com todas as questões que interessam à Humanidade; tem imenso campo e o que principalmente

convém é encará-lo pelas suas conseqüências.

“Forma-lhe sem dúvida a base a crença nos Espíritos, mas essa crença não basta para fazer de

alguém um espírita esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer de quem quer que seja um

teólogo. Vejamos, então, de que maneira será melhor se ministre o ensino da Doutrina Espírita, para

levar com mais segurança à convicção.

“Não se espantem os adeptos com esta palavra - ensino. Não constitui ensino unicamente o que é

dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação. Ensina todo aquele que procura

persuadir a outro, seja pelo processo das explicações, seja pelo das experiências. O que desejamos é que

seu esforço produza frutos e é por isto que julgamos de nosso dever dar alguns conselhos, de que

poderão igualmente aproveitar os que queiram instruir-se por si mesmos. Uns e outros, seguindo-os,

acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado”.

.....

... que vão do número 18 até o 28, e nós vamos fazer assim uma divisão desses itens. Nós não vamos

analisá-los todos hoje até porque não teria cabimento.

Vamos ler alguma coisa que Kardec fala, vamos falar também segundo aquilo que nós já passamos

aqui na Casa Espírita, ao longo desses anos e, vamos tentar chegar a uma conclusão. Porque o texto é

aparentemente fácil mas é um pouco mais complicado nas suas realizações.

Então começa Kardec dizendo assim:

“Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente

queira conhecê-lo, deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele

não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar.”

A Ciência Espírita é uma ciência que se aprende. E quando se diz aprende se diz que se estuda.

Não se pode ser Espírita sem estudar.

O que vem a ser estudar? Aplicar-se, no conhecimento de alguma coisa.

Então quando a gente diz que quer aprender Espiritismo nós queremos dizer assim: eu quero

conhecer a Filosofia Espírita; eu quero conhecer a Prática da mediunidade; eu quero conhecer a

Evangelização do próprio Ser Humano e, eu quero conhecer também a Lei de Causa e Efeito que está

muito bem e claramente colocada no livro “O Céu e o Inferno”.

Quando nós aqui estudamos “O Livro dos Médiuns” nós estamos conhecendo uma parte da

Ciência Espírita.

Então quando nós estudamos “O Livro dos Espíritos” nós conhecemos a filosofia; quando nós

estamos estudando “O Livro dos Médiuns” nós conhecemos ou procuramos estudar apenas a Prática do

movimento mediúnico.

Então não se pode dizer que verdadeiramente se conhece Doutrina Espírita, se nós não

aprendemos a estudar os livros todos de Kardec, se nós não conseguimos “fechar” o conhecimento

doutrinários dentro dessa leitura ampla de todos os seus livros (1).

Page 24: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

24 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Ora, quando vocês encontram, no curso do L.M. as pessoas que querem estudar o L.M. elas dizem

assim:

- “Vim aqui para estudar porque desejo saber como apressar o meu desenvolvimento mediúnico.”

...................................................................................................................................

Ora, como é difícil você explicar a uma pessoa que, em verdade, nós não vamos acelerar processo

de mediunidade nenhum e sim vamos dar a ela um conhecimento teórico do fenômeno mediúnico para

que ela, juntamente com o fenômeno filosófico (ela) comece a aplicar-se no estudo da Mediunidade.

Por que? Por que o L.E. tem que vir na frente? Por que?

Justamente porque com o L.E. nós vamos aprender a conhecer a categoria dos Espíritos e,

conhecendo a categoria dos Espíritos, nós vamos saber, ou conhecer, ou entender quem está manipulando

a nossa mediunidade (2).

Se nós falássemos no mundo nós iríamos dizer, repetindo aquele chavão: “Diga-me com quem

andas e direi quem és”.

Então nós diremos assim: “Diga quais são os teus amigos Espirituais e eu te direi que tipo de

médium que és” (3).

.................................................................................................................................

Quando Kardec “coloca” na página de rosto do L.M. que o L.M. deve ser estudado após o L.E., ele

está “colocando” claramente isso. Na verdade eu estou começando a entender que eu preciso ter uma

filosofia de vida para que dessa filosofia decorra a convivência com determinados Espíritos e, da

convivência com determinados Espíritos, eu vou ter quem manipule a mediunidade que eu possuo.

Então para falar para o estudante de o L.M. que entra na Casa Espírita, pensando em “acelerar” a

mediunidade dele é um pouco difícil, mas é nossa obrigação dizer a ele que, em verdade, o

desenvolvimento da mediunidade é um episódio na sua vida de ESPÍRITA. É um episódio na sua vida de

participante de uma Doutrina. É um episódio na sua condição de ser humano que se aplica à Doutrina

Espírita.

Mas, se vocês falarem assim, pode ser que a pessoa desanime.

- “Poxa vida”, eu estou interessado na mediunidade. Eu estou interessado em servir e, em

verdade, eu não consigo nem usar a minha mediunidade!!!”

- A pessoa pode desistir do trabalho da Doutrina Espírita porque ela ainda acha que o caminho é

o exercício [mediúnico].

Há gente mesmo ...

Isso eu já ouvi inúmeras vezes, quando eu digo assim:

- “Tenta estudar”...

A pessoa responde:

- “Eu gosto é de trabalhos práticos. Eu gosto é de ação”.

Como se a mediunidade fosse alguma coisa que movimentasse somente a ação...

Ao contrário. A mediunidade quando praticada por pessoas que conhecem o fenômeno ela rende

muitíssimo mais. Ela rende infinitamente mais. Ela rende superiormente. Porque há a participação do

médium com o Espírito. Há a participação dupla.

Então por isso que, muitas vezes, nós vemos o Plano Espiritual colocar à disposição da pessoa

atividades que possam manter o estímulo, manter a vontade de servir, no campo da mediunidade, da

espiritualização, sem que por isso ela possa ser classificada como médium.

É quando você estimula as pessoas a serem médium-passistas.

Elas estão vivenciando, participando do trabalho da Espiritualidade, com a Espiritualidade, sem

entretanto significar que elas sejam médiuns na acepção básica da palavra, de ter uma convivência com o

Mundo dos Espíritos.

Às vezes essas pessoas não tem nem capacidade de perceber (e quando eu digo não tem

capacidade de perceber é porque lhes falta condições mediúnicas) até mesmo o Espírito que está dando

passes através delas.

Elas são aquilo que se costuma dizer [chamar] “médiuns de pedra”, ou seja, médiuns que fazem o

movimento dos passes mas que não sentem sequer o “arrepio” nas suas mãos, nos seus braços (4).

Page 25: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 25

E podem produzir. Elas se sentem estimuladas. Elas se sentem ativadas. Elas se sentem com

vontade de prosseguir porque julgam que naquele momento elas estão sendo médiuns.

Esse aprendizado é um aprendizado também que vai se apresentando assim, diferentemente, em

cada pessoa.

Como, diferentemente?

Há pessoas que se sentem muito satisfeitas em serem médiuns passistas. Mas há outras que

gostam, por exemplo, de fazer doutrinação de Espíritos. Há outras mesmo que gostam de participar de

outras atividades na mediunidade.

Não é o caso da nossa Casa mas, há Casas Espíritas cujos médiuns sentam-se numa 2a fileira de

bancos, numa 3a fileira de bancos e eles até usam uma expressão muito comum nessas Casas, quando eles

dizem assim: “São médiuns da 2a Corrente”, querendo dizer que a 1a Corrente é “aquele povo” que está

sentado em volta da mesa “recebendo os Espíritos”, dando passe, conversando com os Espíritos e, os

outros estão naquilo que se chama de CONCENTRAÇÃO. Mas eles usam o termo de “médium de 2a

Corrente”.

Para essas pessoas é importante essa participação. E é importante realmente. Porque a pessoa

estará ajudando com a sua prece, estará ajudando com a sua concentração, estará ajudando com o seu

sentimento e, estará ajudando até mesmo com o seu fluido.

Porque nós todos sabemos que o médium (ele) direciona o seu fluido, ou o fluido que ele possui é

aproveitado pelos Guias Espirituais, pelos Benfeitores.

Então uma pessoa na chamada “2a corrente”, uma pessoa na chamada “2a fileira” de cadeiras, ela

com seu pensamento, com sua idéias, com o seu sentimento, (ela) realmente pode irradiar, pode realmente

trazer para a mesa mediúnica fluídos, idéias, mentalizações, preces, sentimentos que auxiliam ao médium

que “está aqui”, sentado à mesa. (5)

Nesse momento, pode se dizer que genericamente, essa pessoa pode ser classificada como médium

embora, em verdade, não é um médium “ativo”. Não é um médium que tem comunicação direta com o

Plano Espiritual.

Lembrem-se que Kardec “classifica”[define] que “todo aquele que sente num grau qualquer a

presença dos Espíritos é médium”, mas ele conclui assim: “entretanto usualmente só se classificam como

médiuns aquelas pessoas cuja manifestação é extremamente visível (6).

Essas pessoas podem ser boas participantes de um trabalho mediúnico, podem ajudar numa sessão

mediúnica, podem cooperar vitoriosamente para o trabalho que vai ser feito na mesa mediúnica. Elas

podem ajudar muito.

Então, não é de todo errado, quando nós trouxermos uma pessoa para o curso do L.M. e, dentro

dela existir aquele afã de servir, não é errado nós colocarmos essas pessoas num serviço deste tipo, que

realmente pode colaborar muito com a pessoa, com a sessão.

Então o que é que nós temos que fazer com essa pessoa? Dar-lhe pelo estudo sério, conforme está

aqui [escrito] no L.M., a noção exata daquilo que elas tem a fazer.

Tanto quanto aquele médium classificado como médium de incorporação, cuja mediunidade é

muito visível, nós também temos que ensinar a ele que aquela manifestação visível dever ter um

objetivo.(7)

E ensinar à pessoa que aquele objetivo deve ser extremamente sério, também faz parte do

chamado conhecimento doutrinário.

Porque há pessoas que pensam que a mediunidade é uma benção que [da qual] ela dispõe. Quando

em realidade é o conceito que a Doutrina Espírita ensina de um modo diferente.

A Doutrina Espírita diz que a mediunidade é uma benção para que ela a utilize em benefício dos

outros. Tanto é que, os Espíritos e Kardec falam da mediunidade com fins úteis. Ou seja, “receber

Espíritos” ou não [receber Espíritos] ... se não tiver utilidade, ela [o dom mediúnico, qualquer que seja]

deixa de ser uma benção.

Então dentro da mediunidade, mesmo com aqueles chamados médiuns “visíveis”, ostensivos, nós

temos que mostrar a eles que a benção não está “dentro” deles; a benção está ao lado deles para que, se

Page 26: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

26 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

eles utilizarem muito bem aquela benção, eles vão poder incorporar dentro deles (um)a capacidade de

servir.

Porque é outra coisa que a gente tem que entender, a mediunidade não é um fim, a mediunidade é

um meio, ou seja, nós usamos a mediunidade como um dos meios que temos para progredir.

Por que razão nós temos a mediunidade? Por que razão A, B ou C tem a mediunidade ostensiva?

Isto é um detalhe que, na maior parte das vezes nos foge ao alcance porque isto é um detalhe

reencarnatório.

Então quando uma pessoa reencarna coma mediunidade ostensiva, por uma razão qualquer, elas

precisou daquele processo para o seu progresso.

Nós não podemos esquecer isso porque senão nós vamos começar a achar que médium é um

“E.T.”. Que ele é uma pessoa com um diferencial grande. E não é. Médium não é um “E.T.”. Ele não tem

diferencial. Ele tem um dos meios que Deus nos dá para o progresso.

Por isso que o médium deverá desde o início da sua mediunidade ter conhecimento perfeito do que

vem a ser a Ciência Espírita e inclusive, lembrando a ele, que “a sua mediunidade é uma coisa santa”,

“que deve ser santamente utilizada” mas que também tem que ter a característica da utilidade. (8)

Ora, como é que eu “ponho” em mim que a mediunidade é uma coisa útil?

Exatamente a partir do momento que evangelizado, ou o que?, com um bom conhecimento

filosófico-espírita eu entendo justamente, que aquela mediunidade que eu estou usando, que está servindo

para os outros, significa para mim um dos veículos que o meu Espírito tem para progredir.

Aí neste momento nós vamos considerar a mediunidade exatamente como ela deve ser

considerada, um dos veículos que os Espíritos me dão. E aí neste caso, já que eles me deram este dom eu

vou utilizá-lo muito bem.

Assim como eu utilizo bem a minha inteligência, assim como eu utilizo bem a minha força, assim

como eu utilizo bem a minha capacidade de trabalhar, assim como eu utilizo bem qualquer dom que eu

possua.

A mediunidade está exatamente neste processo de progresso, neste processo de caminhar, nesse

processo de servir, nesse processo de aprendizado.

O dia que nós entendermos assim nós nunca deixaremos de exercer a mediunidade. Por que nós

não teremos nenhuma vinculação ou vaidade: a MINHA mediunidade... Não teremos nunca vinculação

com o orgulho: SOU MÉDIUM DO ESPÍRITO TAL... E nós nunca teremos nenhuma vinculação com a

tolice: Ah, EU SOU MÉDIUM, (d)AÍ TRABALHO QUANDO QUISER... Nós nunca teremos essa

vinculação. Nós seremos realmente OPERÁRIOS DO TRABALHO MEDIÚNICO. Aquela criatura que

vai, trabalha, cumpre o seu dever e espera, como disse Paulo de Tarso, o “salário da sua paz” (9).

Quando chegar a vez da gente receber o salário... quando estivermos lá [no Plano Espiritual]...

quando [ formos receber] nosso “Fundo de Garantia”...

(Mas) a gente nem sabe o que deve.

Até porque todo médium que julga que ele é um ser à parte, na Criação, pode ser médium, (ele)

não tem nem noção dos seus débitos passados.

Então ele não sabe nem se tudo o que ele está fazendo aqui agora ainda é pagamento de dívidas

atrasadas.

Portanto se ele não pode nem se considerar como sendo uma pessoa superior porque ele nem sabe

ainda se isto tudo [não é só] pagamento...

Pode ainda se dar o caso de nós passarmos a vida inteira trabalhando, achando que vamos ser

recebidos com “fanfarras”, “Lá em Cima”, “tapete vermelho”, e vamos chegar assim apenas com a

certidão de débito quitada.

“Olha”, por enquanto, está quitada a sua dívida. Agora começa daqui para frente a trabalhar para

ver se você vai merecer fanfarra daqui a algum tempo.

Nós não sabemos disso.

Pode ser que a gente trabalhe, trabalhe, trabalhe e quando a gente chegar lá, do “Outro Lado” :

“Pronto, está quitada a dívida. Agora, começa a trabalhar ... (10)

Então, em realidade, neste sentido nós temos que entender que nós somos operários da

mediunidade.

Page 27: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 27

Nós não somos nem “ET's”, nem pessoas especiais, nem coisa nenhuma. Somos apenas operários.

Estamos aqui trabalhando, “numa boa”, cumprindo nosso dever, cumprindo nosso programa, cumprindo o

nosso horário, cumprindo a nossa vida. E o resto é com Deus.

E isto significa ser conhecedor da Doutrina Espírita.

A mediunidade entretanto tem a ver com uma série de coisas muito interessantes.... “O

Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem

imenso campo, e o que principalmente convém, é encará-lo pelas suas conseqüências.

“Forma-lhe sem dúvida a base a crença nos Espíritos, mas essa crença não basta para fazer de

alguém um espírita esclarecido ...”

.......................................................................................................................................

“Vejamos, então, de que maneira será melhor, se ministre o ensino da Doutrina Espírita, para levar

com mais segurança e convicção.

Não se espantem os adeptos com esta palavra ensino”.

.........................................................................................................................................

“O Espiritismo tem um imenso campo”.

Vejamos bem, a Doutrina Espírita nos ensina um modo de viver. Havia ou ainda há hoje, em

muita gente, quando a Doutrina não era praticada por tanta gente, havia claramente aquela definição:

“Fulano é Espírita”. Esperava-se um comportamento especial daquela pessoa: “Fulano tem conhecimento

de Doutrina Espírita”.

Então, tem a ver com o que? Tem a ver também com a convivência uns com os outros.

Como o Espiritismo tem a ver também com o próprio chamado Progresso Social.

Uma grande base ou talvez o maior número de instituições, ditas religiosas, que praticam a

caridade material é dos Espíritas. A grande base é dos Espíritas.

Numa cidade grande nós não temos acesso a muitas informações. Eu conheço muito Centro

Espírita do Rio de Janeiro. Não conheço a totalidade porque isso seria impossível mas, em todos os

Centros Espíritas que eu fui e que vou, do maior ao mais simples, ao mais humilde, em nenhum deles eu

deixei de ver a chamada prática da Caridade Material. Nenhum deles.

Um dos Centros mais simples que eu conheço está situado em bairro próximo ao Méier e eles

distribuem [mantimentos] a um grupo de, no máximo, 10 a 12 pessoas... É um Centro Espírita, volto a

dizer, extremamente pequeno, eles distribuem com aquele grupinho pequinininho, uma bolsa de

mantimentos, quase que de 3 em 3 meses. E o Presidente disse assim para mim:

- “Eu sei que isso é pouco. Mas nós não deixamos de fazer isso. Nem que seja de 3 em 3 meses.

Então eles contribuem com a melhoria da qualidade de vida de algumas pessoas; uma bolsa

pequenina... Claro que a pessoa não come de 3 em 3 meses, mas ele contribui.

Então a atividade assistencial é feita.

Em cidades grandes é muito difícil de você acompanhar todos os núcleos. Mas, em cidades

pequenas, quase todas elas, quase todos os Núcleos Espíritas, tem grandes atividades assistenciais,

conhecidas, movimentadas.

Mas, o Espiritismo não pode ser visto só pela Atividade Assistencial . Ele é visto também em

alguns núcleos, como uma Atividade de Ensino. Haja vista os chamados Centros de Cultura Espírita: O

Instituto de Cultura Espírita do Brasil é um centro direcionado para um tipo de Cultura Espírita. Em Nova

Iguaçu, o Centro de Cultura Espírita Deolindo Amorim, lá, junto do Grupo Scheila, onde Nilton de Barros

trabalhava, eis um grupo de cultura espírita. Os nossos Encontros aqui, eles são verdadeiros pontos de

cultura espírita. Fogem aquele [lugar] comum da aula, da reunião pública ou do curso. O próprio Curso é

um grupo de cultura espírita.

O homem Espírita aprende a ver muitas coisas diferentes.

A crença em Deus tem um aspecto totalmente diferente num Espírita ou em nós mesmos, antes de

nos tornarmos Espíritas.

Então isto tem a ver com o Progresso da Inteligência Humana.

Page 28: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

28 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Sem falar em inúmeros caso de pessoas, minhas conhecidas, pessoas até mesmo altamente

situadas na sociedade terrena, diretores de Bancos importantes, que eles são enfáticos em me dizerem

assim:

- “Altivo, eu não tenho condições de por os pés em um Centro Espírita”...

E apresentam lá as suas razões ...

- “Mas, todo o meu comportamento, mesmo neste Banco, mesmo nesta Sociedade cruel que eu

vivo, eu sou Espírita aqui dentro, e corrijo muitas coisas em função do Espiritismo que eu professo”.

Isso tem a ver com o Progresso do Ser Humano.

Eu conheço um trabalhador espírita que por força de uma série de circunstâncias não pôde

permanecer na Instituição Espírita.

E ele disse assim, muito simplesmente:

- “Vou convencer a diretoria da minha empresa a agir com total espírito de colaboração com os

funcionários”.

O patrão [dele] que é uma pessoa muito rigorosa, mas bondosa [e] entendeu o objetivo dele.

Destaca uma verba da empresa por ano, de acordo com os lucros da empresa, para que ele crie condições

de melhor vida para os próprios funcionários da empresa.

E ele disse assim para mim:

- “Eu estou ajudando ao próximo através da minha empresa”.

Por qualquer razão ele não pode ficar numa Casa Espírita, mas ele faz isso.

Agora imaginem quando nós tivermos em todos os outros ramos da Sociedade

homens-Espíritas?(11)

Médicos-espíritas já são relativamente comuns: psicólogos, odontólogos. Na área médica já são

relativamente comuns.

Então o Espiritismo tem a ver com a sociedade porque pouco [a] pouco ele vai entrando na

sociedade através das várias profissões que a sociedade traz, permite ter e, com isso, ele vai modificando a

própria cultura da cultura e, consequentemente, vai fazendo com que a mediunidade nestas criaturas seja

diferenciada. (12)

E nós temos que entender isso. Se não nós não vamos entender de ser humano.

Uma vez fui a um Centro Espírita numa cidade do interior e, observando o serviço de passe, um

coisa (que) me chamou a atenção: aquela pessoa humilde, simples lavadeira, estava ao lado de uma

professora, de uma dona de fazenda e de um médico. Eu estava observando o trabalho [mediúnico] das 4

pessoas. Era eu que estava dirigindo o passe, porque quando eu vou lá a diretora pede que eu dirija o

passe.

Então eu vi o movimento da lavadeira, da médica, da milionária (da dona da fazenda) e, via cada

um dos gestos traduzindo o que a pessoa é por dentro.

A simples lavadeira com gestos menos elaborados: os fluidos saiam de igual modo, mas gestos

menos elaborados. Aos olhos dos outros aquela pessoa estava dando um passe extremamente simples mas

aos meus olhos de médium vidente estava vendo aquela enorme carga de fluido saindo da pessoa, cheia de

amor.

A dona da fazenda, que se apresentava, com uma roupa mais simples, mas que não podia deixar de

trair aquela característica de pessoa milionária, fazia gestos extremamente comedidos: passes assim

“comedidos”. Não tinha tanta expansão fluídica, mas tinha amor igualmente. O fluido penetrava nos

doentes.

A médica, um passe mais elaborado, atingindo órgãos, atingindo “não sei que”...

E eu fui vendo aquelas pessoas todas dando passes e dizendo assim:

- “Como é bom o conhecimento da Doutrina Espírita! Ninguém se chamando “seu Doutor”, nem

“dona Fulana Sinhazinha”, mas todo mundo trabalhando... E como Espíritos imortais, todos dando a sua

condição [ contribuição].

A lavadeira dando aquela enorme expansão fluídica aos nossos olhos, diferente.

Então o Espiritismo tem a ver com inúmeras questões da Humanidade, inclusive para nós

entendermos como as pessoas aplicam os passos dentro da sua própria cultura.

Page 29: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 29

Um dos passes mais interessantes que eu já vi, eu já contei isso inúmeras vezes, eu vi numa cidade

do interior, em que os médiuns ficavam “um para lá, outro para cá”, eles quase se batiam por trás e, a

senhora que chegou para dar o passe, o passe dela era gozadíssimo, do ponto de vista assim, da técnica.

Ela chegava na cabeça da gente e “fazia assim” umas 4 ou 5 vezes, “assim” com a mão e parava...

Eu conto isso relativo número de vezes. E, no entanto, foi um dos passes que eu tenho recebido na

minha vida que maior impacto me causaram, pela força fluídica, pela luminosidade das mãos daquela

pessoa.

Ela apenas sacudia as mão “assim”, nem sei que tipo de passe era aquele. Ela sacudia as mãos e

“aquilo” entrava em todas as pessoas presentes porque o sentimento dela estava junto. Bem junto. Muito

junto. Isso não significa que as pessoas não aprendam uma técnica de passe, não. Mas, isso justifica que

ela que ela conseguiu aprender assim como a lavadeira, daquele caso que eu citei, dava aquele passe

“rude”, com as mãos meio grossas, movimentando-se assim até com uma certa indelicadeza, mas era

capaz de produzir uma grande expansão fluídica.

Então o Espiritismo pode ser visto por esse ângulo também.

E vocês nunca deixem de encarar nas aulas que vocês vão dar vida afora, nos Encontros, ou em

qualquer outro lugar que este é um meio, não é o fim. A técnica de passe é um meio para facilitar o

trabalho do passe, mas ela não é um fim em si mesmo. Ela é um meio, porque economiza os nossos

fluidos. Ela é um meio porque faz com que nossos fluidos sejam aplicados mais corretamente. Ela é um

meio como conseqüência de um aprendizado que nos diz assim:

“- “Se você pode fazer de um modo melhor, faça. Por que é que [você] vai fazer de um modo

pior?”

Então o Espiritismo nos mostra também que a nossa obrigação de aprender está ligada diretamente

à obrigação de fazer melhor, menos sacrificialmente.

................................................................................................

“Não se espantem os adeptos com esta palavra - ensino. Não constitui [ensino] unicamente o que é

dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação”.

Essas pessoa produzem muito mais conversões do que num púlpito ou numa tribuna.

Vocês tem uma prova disto na família de vocês quando vocês pertencem a uma família

não-espírita. Quando vocês ensinam pelo exemplo. Vocês não estão ocupando nenhum púlpito, não estão

dando demonstração de sapiência, mas estão dando demonstração de transformação. E aí então vocês

ensinam. (Nesse momento vocês ensinam).

O silêncio, quando uma pessoa diz uma palavra mal colocada, a paciência que vocês demonstram,

isso tudo é ensino. Ensino o que? Ensino Espírita!

Então nós temos que falar de Doutrina Espírita com a nossa vida, mas também com a nossa

capacidade de mostrarmos às pessoas a nossa transformação.

E também temos muita coisa para mostrar aos outros nos pequenos grupos de estudo. Os pequenos

grupos de estudo em que não são preciso pessoas com muita experiência de tribuna, esses pequenos

grupos de estudo, eles ensinam muitíssimo a todas as pessoas.

Os Cursos? Ninguém precisa ser expert em oratória para falar às pessoas. Nós temos nossos

exemplos aqui nos Nossos Cursos.

Este pequeno comentário de Evangelho aqui, durante o passe, em que nós treinamos para falar de

público. Isto se chama ensino.

O livro que você lê e que você comenta. O artigo que você escreve.

O Hermínio Miranda, que todos conhecemos como grande escritor... Vocês querem ver o

Hermínio Miranda “sair do sério” é convidá-lo para uma tribuna. Ele diz:

- “Não me ponha para falar. Faça o seguinte: eu vou ficar aqui sentado à mesa”.

E o Delmo, que naquela época tomava conta do som, disse assim;

- “Professor, o senhor não quer fazer uma gravação?”

Enquanto eu virei o rosto para lá, ele disse:

- “Quero sim”.

Page 30: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

30 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

E quando eu virei para cá o Hermínio tinha “fugido”, e fez uma gravação lá no estúdio. E “o

povo” que tinha vindo aqui para vê-lo foi vê-lo no final, porque ele tinha medo de tribuna.

E no entanto quantos milhões de pessoas ou milhares de pessoas, ele convence pelos seus escritos?

Então ensino é uma outra coisa que vocês tem que por na cabeça. Todos nós podemos ensinar.

Não só pelo exemplo mas, também pela palavra simples. Pela sua experiência. Pela sua prática no campo

da mediunidade.

..........................................................................................................................................

“O que desejamos é que seu esforço produza frutos”.

E aí está o outro aspecto da Doutrina que nós não podemos esquecer: é o “produzir frutos”. O que

é que nós queremos fazer aqui? Produzir frutos.

O que é que nós vamos fazer com o nosso Encontro de Mediunidade? Produzir frutos. Quais são

os frutos que nós vamos produzir com o nosso Encontro? Já está dito aqui [L.M.}. Nós vamos produzir

UM ESTUDO SÉRIO. É a que nos devemos nos aplicar quando fizermos o nosso Encontro abençoado.

.........................................................................................................................................

“A fim de lhe pouparmos inúteis esforços”.

Se vocês raciocinarem bem, o que é que [um] livro produz na gente, senão a capacidade de nos

poupar esforços de estudar outra vez? Ou estudar por nós mesmos? Ele já traz “o prato pronto”.

...................................................................................................................

O que é que um médium experiente faz com a gente quando ele nos ensina alguma coisa?

Ele nos poupa esforços... Até nós aprendermos aquilo por nossos próprios esforços...

A gente cansa...

Quando um médium iniciante chega perto da gente e a gente diz:

- “Não faça isso, produz desse jeito que é melhor...

Às vezes o médium fica cheio de ódio porque chamaram a atenção dele... Mas, se ele for esperto,

ele vai dizer assim:

- “Esta poupando meus esforços. Já passou por isso, já gastou o tempo dele nisso, e agora já está

me ensinando. Deixa eu fazer como ele está falando, que deve dar certo...”

Page 31: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 31

Perguntas e Respostas da aula de 15.01.98

P 01 - A [correlação] entre Espiritismo e Futuro [Progresso]. Influências do Espiritismo nas Idéias no

Futuro. Independente de Religião, certas idéias espíritas estarão no domínio público, no futuro?

R 01 - Exatamente. O Espiritismo trará, por exemplo, para todas as pessoas, uma idéia acerca da Vida

Futura.

Há mais de 20 anos, o Dr. Hermann... disse assim que, até o final deste século, as pessoas estariam

falando tanto de Espiritismo, partindo de suas próprias experiências, das suas sensações de vidas

anteriores, ter vivido outras vidas, (e) que a(s) lembrança(s) das suas existências espirituais estariam

muito presentes nas crianças e que aquilo era um começo de um processo que estava sendo detonado.

Eu disse assim:

- “A Humanidade está chegando a um ponto que esses sãos os primeiros”.

Daqui a 50, 100 anos todo mundo vai estar lembrando, naturalmente. Então, realmente o

Espiritismo vai tornar-se um crença comum partindo dos efeitos.

Depois, nós vamos remontar as causas.

Esse é o papel do Espírita: ensinar a causa.

Por que eles vão sentir isso no organismo, como uma conseqüência do próprio progresso do seu

organismo, seu Espírito. Mas, filosoficamente, o único que tem a chave para explicar isso é a Doutrina.

P 02 - [Como entender] “Fazer prosélitos?” (L.M., 18, § 1o.). Quando falamos de Espiritismo às pessoas

sentimos nelas uma preocupação. Como será para o futuro?

Será que “todo mundo” vai ser Espírita? Por que essa [o Mundo Espiritual] é a nossa realidade,

a realidade de todos os homens...

R 02 - É, é a nossa realidade...

P 03.1 - “Não basta a crença nos Espíritos para que a criatura possa se considerar um Espírita

esclarecido” (L.M., 18, § 3o.). Kardec faz ainda uma comparação: “Não basta a crença em Deus para

fazer de quem quer que seja um teólogo...”.(idem). Comecemos a analisar, desse ponto de vista, as

dificuldades das criaturas que, apesar da notícia da existência dos Espíritos e todas as conseqüências

que daí advenham:

1o.) delas serem Espíritos;

2o.) da imortalidade da alma e todo o conjunto que constitui as bases doutrinárias:

Reencarnação, Lei de Causa e Efeito e tudo o mais; ...

R 03.1 - A base disso é a existência de Deus e dos Espíritos.

P 03.2 - Então, qual a dificuldade de, apesar de ter o conhecimento, elas se tornarem Espíritas

esclarecidos?

R 03.2 - A dificuldade maior é a de que, o homem (ele) terá que se transformar. Isso provoca dificuldade

no homem ser Espírita. Por causa da interiorização. Mas não basta isso não. Não é só isso não.

Além da interiorização o homem tem que ver que (ele) tem que realmente modificar a sua atitude,

sob pena dele próprio se considerar uma pessoa que, fala ou pensa, mas age de modo diferente.

E isso nós não admitimos em nós a partir de um certo momento do nosso progresso.

A partir de um certo momento do nosso progresso nós temos vergonha de dizer que eu falo uma

coisa, penso uma coisa e ajo de outro modo.

Então o que nós temos que falar para as pessoas é exatamente isso: NÃO TENHAM VERGONHA

DE MUDAR, MUDAR O COMPORTAMETNO, O PENSAMENTO! NÃO TENHAM VERGONHA

DISSO!! NÃO TENHAM VERGONHA!!!

Page 32: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

32 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Essa dificuldade existe porque além do homem ter vergonha de mudar, ele tem uma outra coisa

que se chama MODIFICAR OS SEUS CONCEITOS [APRENDIDOS] ATÉ AGORA. [Por exemplo]

Religião que a mamãe me ensinou, a religião que eu aprendi....

- “Lá na faculdade, o que é que vão dizer de mim?”

O Ser, O Que É, é difícil...

Você pode mudar, mas (você) também tem vergonha de dizer que é Espírita.

- “O que é que você é?

- “espírita”... (Fala baixinho...)

- “O QUE É QUE VOCÊ É?”

- “ES -PÍ-RI-TA!” (É a mudança...)

É a certeza absoluta que você transmite da Doutrina Espírita um conceito correto.

Uma vez uma pessoa que me dirigia, na empresa em que eu trabalhava, (ele) virou-se para mim e

disse assim:

- “Eu soube que você é Espírita?”

- “Sou”.

Ele olhou para mim e eu fiquei esperando qual seria a resposta seguinte.

Ele me olhou assim, de alto a baixo, e eu perguntei:

-“Por que? O senhor tem alguma dúvida sobre o meu comportamento?”

- “Não, não tenho não.”

Ele tornou a olhar para mim mas, ele não teve coragem de dizer (para mim) o que é que ele achava

dos Espíritas. Uma crença falsa que ele tinha dos Espíritas.

Passados uns tempos, houve necessidade de eu dar um despacho num processo.

... E eu disse que com a minha assinatura aquele pagamento não saía e devolvi o processo para ele.

Então, ele “pegou”, ficou com o processo um mês parado, na mesa dele. Eu disse a ele que [o pagamento]

não saía.

Aí, passado um mês, ele me mandou um bilhete:

-“Você pode devolver este processo para mim? E tirar aquilo que você “botou” [escreveu]? Deixa

que eu assumo toda a responsabilidade do pagamento. Você tira seu nome dali.”

Eu respondi:

- “Está bem. Isto para mim não é nenhum problema. Me devolve o processo.”

Arranquei a página que eu escrevi e passei a ele.

Isso mostrou a ele o que? Não era só que eu era o Altivo. Mostrou a ele que eu era Altivo-Espírita.

Ele não podia prosseguir com o processo com o meu parecer contrário, aquela situação não estava

certa... Mas, ele pediu para eu devolver para ele; que eu arrancasse a página do processo, que ele assumia

a responsabilidade de tudo...

O problema não era meu. O problema era da consciência dele.

- “O Sr. quer que eu arranque a página desse processo?”

Arranquei, rasguei e devolvi; até a página rasgada eu devolvi a ele, para ele saber que eu não tinha [tirado]

cópia xerox.

Isso chama-se comportamento. Isso você passa para os outros.

P 04 - Em o L.E. - Introdução III, Kardec estuda algumas situações ou alguns motivos pelos quais

homens inteligentes recusam-se à aceitação ou à compreensão da Idéia Espírita.

Ele fala dos sábios, de uma série de circunstâncias. Ele vai fazendo uma seqüência, [um estudo]

das dificuldades íntimas da criatura para compreensão de uma idéia que é lógica e apoiada em fatos...

Por que?

R 04 - É a vergonha de se confessar membro de uma minoria.

E vocês não tenham dúvida disso. O Espiritismo ainda é uma minoria. E as pessoas tem vergonha

de se confessar membro de uma minoria. Vocês não tenham a menor dúvida. Nós somos minoria. Isto

[deve ficar] claramente na nossa cabeça.

Page 33: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 33

Para que vocês tenham uma noção muito exata da nossa minoria, a China tem1 bilhão e tanto de

pessoas. Desse 1 bilhão e tanto de pessoas se 4 ou 5 souberem o que é Espiritismo é muito.

Nós somos uma minoria clara. E o homem tem medo de participar da minoria.

Não tenham dúvida disso.

O homem de ciência [ele] tem medo de dizer que é Espírita não porque ele não acredite, não. É

porque ele tem medo de ficar do outro lado. Porque ele está numa maioria confortável.

...........................................................................................................................................

É como acontece com a gente, quando a gente tem medo de dizer que é Espírita num ambiente

eminentemente oposto ao Espiritismo. É confortável a gente ficar em silêncio. E é desconfortável você

dizer que [você] é da minoria.

Vocês não tenham dúvida. Não é medo da crença, não. É medo de pertencer à minoria. Isso é uma

coisa muito clara e, se vocês prestarem atenção, vão ver que é só isso, é medo de pertencer à minoria.

Por isso que o Espírita tem que ser transformado porque ele não tem medo de pertencer à minoria.

Como é confortável para nós sermos Espíritas dentro do Centro Espírita, onde a gente passa a ser

maioria....

......................................................................................................................................

Agora você vai lá, na sua empresa dizer que você é Espírita...

- “Ah, é espírita, é?..[dizem os outros]”.

P 05 - E como eu ia falar justamente isso. Parece que as pessoas tem medo de enfrentar a cobrança do

outro. Então você fala muito bonito como um [teórico], fala, fala, falam mas na hora da prática

“escorrega”. Mas não quer nem admitir que “escorrega”. É como se [escondesse aquilo]. Então nós

Espíritas, muitas vezes parece que [temos] medo de enfrentar o que o outro vai cobrar da gente. Então

isso a gente tem medo de enfrentar porque ainda não amadureceu, ainda não interiorizou. A gente

mesmo não entendeu ainda aquilo que teoricamente se conhece. Porque quando a gente fortalece o

íntimo não tem porque esconder, porque ter vergonha.

É como Joanna [de Angelis] diz:

-“Por que o católico não tem vergonha de dizer abertamente que é católico? Por que o

protestante não tem vergonha de dizer abertamente que é protestante? E o Espírita tem?”

R 05 - Mas vocês podem ter certeza de que o grande medo é pertencer à minoria. Se vocês pensarem,

analisarem vão ver que os que falam assim tem medo de pertencer à minoria.

P 06 - ?????????? (INAUDÍVEL!)

R 06 - Porque a responsabilidade é conseqüência.

O que é que a responsabilidade vai lhe dar?

Vai lhe dar a determinação de ser o que você é mesmo quando todo mundo é contra você.

P 07 - Em o L.E. Conclusão V e VII, Kardec fala sopre os períodos de desenvolvimento da Idéia Espírita

e faz uma classificação de seus adeptos. (Ver o texto)

............................................................................................................................................

R 07 - Nós estamos caminhando com lentidão para esse 3o. período. Nós ainda estamos em pleno

desenvolvimento do 3o. período.

P 08 - E é neste 3o. período que nós vamos encontrar os Espíritas esclarecidos?

R 08 - Neste 3o. período é que nós vamos encontrar os Espíritas esclarecidos.

P 09 - [Quais serão] Suas características?

Page 34: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

34 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

R 09 - Conhecimento da Doutrina. Aplicação da Caridade, que é a Evangelização da criatura e também a

capacidade de fazer da Doutrina um elemento, uma alavanca para cultura acerca do Mundo Invisível.

Nós temos uma tarefa de alavancar a cultura do Mundo Invisível que a maioria das pessoas ainda

não percebem (Léon Denis No Invisível, cap. XI).

Vejamos a psicografia.

Muita gente fala de livros de A, de B, de C. Livros de Luís Sérgio, livros de Patrícia. Muito

Espírita diz que aqueles livros, não devem ser lidos, não devem ser lidos porque há erros doutrinários. As

pessoas que falam isso elas estão caindo, sem o perceberem no elitismo. Que quando Luís Sérgio (com

licença da ausência dele) ele possa tropeçar num ou noutro conceito doutrinário, em verdade ele está

alavancando a consciência do Mundo Espiritual que ele conhece. E nós temos que entender que tem muita

gente que conhece aquele Mundo Espiritual que ele conhece. Têm direito ao acesso às informações.

Nós vamos mostrar às pessoas que tem uma coisa melhor.

Mas me diga uma coisa: o que é que adianta eu falar de música clássica à pessoa que a vida inteira

só conheceu o tamborim? Eu vou perder o meu tempo.

Deixa eu falar numa linguagem adequada a ele; mal comparando é o que acontece a muita gente:

não tem conhecimento doutrinário aprofundado.

Ontem mesmo, 4a. feira, uma moça chegou aqui chorando, pela ausência do pai e do irmão mortos

no espaço de um ano. Desencarnaram e a colega que a trouxe disse assim para ela [quando] ela começou a

chorar:

- “Fulana, não chore. Você lembra da história do livro da Patrícia, “Violetas na Janela”?

- “Lembro”.

- “Então porque é que você está chorando?”

Aí ela disse:

- “É isso mesmo. Por que é que eu estou chorando?”

E se recompôs. Essa pessoa encontrou o que precisava encontrar que era o conforto, orientação.

Então nós estamos alavancando a Doutrina Espírita. É a única Doutrina que “alavanca” [mostra,

expõe] o Mundo Invisível para o homem da Terra. Não tem nenhuma outra doutrina que faça isso...

Que quando o padre naquelas vestes esquisitas, ou quando o Papa, mesmo naquela simplicidade

que ele tenta se revestir... Ele faz aquela cerimônia usando com aquelas vestes esquisitas... (E quando nós

dizemos “vestes esquisitas” nós já usamos. Não usamos mais hoje, mas todos nós já usamos através dos

séculos). Ele usa aquilo, o jovem olha para ele e ri. E tem que rir.

Eu tenho um sobrinho que é mais chegado ao debochado do que a qualquer outra coisa, ao ver na

televisão [aquele cerimonial] bateu no meu ombro e disse:

- “Oh tio, você não está com vontade de rir? Você não está com vontade de rir “desse sujeito” com

esse chapéu, com essa coisa toda?

Eu respondi:

- “Não estou com vontade de rir, não”.

E ele:

- “Deixa de conversa; até eu que não sou Espírita estou com vontade de rir deste camarada, eu

tenho certeza que você está com vontade de rir também.”

Dentro do deboche dele, aquilo era uma provocação carinhosa que ele estava fazendo comigo...,

ele estava mostrando a realidade, uma verdade [visão distorcida do Mundo Espiritual].

E a pessoa não entende que a Doutrina Espírita está trazendo VISÃO DO MUNDO INVISÍVEL.

A Doutrina Espírita foi a que difundiu as noções do Magnetismo (que se fossem ficar lá com Mesmer

talvez só meia dúzia de pessoas soubessem o que é Magnetismo).Ela trouxe a NOÇÃO DA

COMUNICAÇÃO DOS ESPÍRITOS - MEDIUNIDADE OSTENSIVA. Ela trouxe a FÉ

RACIOCINADA. Ela trouxe, através, de alguns médiuns, um visão diferente das conseqüências de toda

essa crença.

Porque os médiuns, à época de Kardec, que não eram Espíritas, (eles) não trouxeram nenhuma

conseqüência moral.

Page 35: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 35

Stainton Moses [ obra: Ensinos Espiritualistas]. Pouca gente lê Stainton Moses. Uma boa leitura,

embora confusa. Entretanto Stainton Moses foi o primeiro [médium] que falou de vida depois do outro

lado. Ele fala em árvores, ele fala em flores do Plano Espiritual.

Há um livro: VIDA, MORTE, REENCARNAÇÃO, é uma monografia, em que os Espíritos falam

a Bozzano das construções mentais do Mundo Invisível. E eles até dizem, na seqüência de perguntas que

Bozzano vai fazendo...

-“Quer dizer que se o Fulano quisesse, ele faria, por exemplo, um charuto aqui pelo pensamento

dele?”

Olha a visão do Mundo Invisível, para a gente compreender a perturbação...

Os Espíritos disseram a Bozzano:

- “Faria. Só que nós não iríamos permitir. No nosso ambiente a gente não permitiria.

Quer dizer, olha a Educação Mental.

Isto tudo quem trouxe foi a Doutrina Espírita, por isso que o Conhecimento Espírita tem que ser

muito claro na nossa mente. Por que em verdade esse conhecimento só a Doutrina Espírita trouxe e dá. É

a única que dá.

Noção de Céu, Inferno, Purgatório... ficar eternamente deitado lá, para acordar no Dia do Juízo

Final isto não basta, ninguém aceita isso. Aceitam aqueles que gostam disso.

Mas a Doutrina Espírita está trazendo esse esclarecimento. No campo da Física a Doutrina Espírita

ensinou muitas coisas com as experiências da médium Eusápia Paladino: o movimento de corpos, o

movimento de [corpos pesados] a chamada telecinesia. Aquilo tudo foi a Doutrina Espírita que trouxe.

Porque muita gente fala isso falou-se durante algum tempo; foi o “must” da época, falar de

Parapsicologia. Passou este movimento, ninguém mais fala disso.... Doutrina Espírita estava “careca” de

falar aquilo, há não sei mais quantos anos.

Para o nosso cotidiano... “Gente”, eu vou falar uma coisa que talvez escandalize a muita gente mas

aqui no Brasil “a turma” que se valia dos trabalhadores da Umbanda... O que é que eles estavam fazendo?

Eles estavam procurando o Mundo Invisível.

E o Espiritismo teve que se modificar para aceitar para mostrar ao “povo” que Espiritismo não é

de elite, o Espiritismo é de POVO. Que você pode perguntar a um Espírito coisas simples e o Espírito vai

lhe ar uma resposta de acordo com a sua necessidade.

Então “a turma” quando foi atrás da Umbanda eles foram atrás de quê? Eles não foram atrás de

uma solução material não. Eles foram atrás de alguém que dissesse a eles fora do nível de conhecimento

deles: “Como é que O Mundo Espiritual vê isso?” Ou por outra: “Como é que aquele Mundo que eu não

vivo, vê isso?”; “Como é que o Mundo que eu não vivo entende [isto], que é o Mundo dos Espíritos?”;

“Como é que esse mundo vê isso?”...

Eles não queriam solução [material]... Podia ter muita gente que quisesse solução [material]. Mas

muita gente estava perguntando... É como se dissesse assim: “Quem enxerga de modo diferente de

mim?”; “Deixa eles me dizerem como é que é isso!”

E o Centro Espírita teve que se adaptar falando para o povo, deixando de ser de elite.

Pegando aquele “Zé Povo” que chega aqui perguntando bobagem, e o Plano Espiritual responde de

forma SÉRIA, CORRETA, transforma aquela bobagem numa resposta adequada ao nível dele.

Isso é o que, senão mostrar que existe o Mundo Espiritual?

Isso que a Doutrina Espírita fez com a gente. E por isso que quando vocês olham o crescimento de

Centros, “tipo” Léon Denis que socorre o povo... Tem muita gente que diz: “Ah, é porque tem isso, tem

aquilo”. Não é nada disso não. É porque a gente não tem medo de falar do Mundo Invisível. Só isso. Nós

não temos medo de falar do Mundo Invisível.

Quando eu vou por aí afora... Eu conheço um bom Centro Espírita que ele não consegue sair

daquele espaço de ação... Um centro médio, quando se fala de Espiritismo eles são felizes. Quando chega

na hora do socorro, o “povo” sai correndo de lá para cá, depois eles voltam para lá.

Aí eu disse assim para o dirigente da Casa Espírita, um dia:

- “Você está reparando que mesmo como médium você tem medo de falar de Espírito e do Mundo

dos Espíritos?”

Page 36: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

36 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

- “Ah, isso é muito perigoso”.

- “Que perigo o que, “rapaz”! Você tem medo? Que perigo é esse? Você tem que saber falar. Você

tem que saber viver. Você não tem que ter medo”.

Isso a Doutrina Espírita nos faz sentir, que temos o Mundo dos Espíritos. Isso é uma benção que a

Doutrina nos traz.

P 10 - Então o Espírita esclarecido será sempre aquele com a correta noção do Mundo Invisível?

R 10 - Com a correta noção do Mundo Invisível.

P 11- E suas correlações?

R 11- E suas conseqüências! E mais ainda: eu acrescentarei correta noção do Mundo Invisível, suas

conseqüências e correta noção dos Espíritos. Não é só do Mundo Invisível. Falar do Mundo Invisível

generaliza muito. Mas, dos Espíritos.

Quando eu vou aos cemitérios, nas preces que fazemos pelos companheiros que eu vejo muitos

Espíritos... Uma vez um companheiro virou-se para mim e disse assim:

_ “Você viu um bocado de Espíritos junto do meu avô, não é ” ...

Eu entendi o que ele quis dizer. Eu disse assim:

_ “Interessante. Você conhecia esses Espíritos?”

Ele disse:

- “Não. Nenhum deles. Não conhecia nenhum deles. Só conhecia o da minha avó”.

(Ali estavam) o tio, o bisavó de não sei quem. A mãe dele é que conhecia. Ele não conhecia. Antes

que ele tentasse dizer que eu estava vendo demais eu disse assim:

_ “Você vê, o fato de você não conhecer e ser comprovado, é sinal de que eu não fraudei.”

Fui assim meio duro com ele.

- “Não, pelo amor de Deus, eu não estou falando isso”.

E eu [ainda] disse assim:

- “Mas eu vou te dizer mais. Você vai aprender agora: é que esses Espíritos existem mesmo.”

Porque ele é Espírita, “espiritado”. Ele é Espírita, acredita nos Espíritos, mas não acredita que os

Espíritos estivessem lá. Então que adianta crer no Espírito, se o Espírito não está lá? Mas, o que adianta

ele acreditar que tem Espírito se ele não acredita que o Fulano está ali?

Então por isso que não é só comprovação do Mundo Espiritual não, é a certeza de que ele está ali.

É a certeza de que o pai dele, o bisavô dele, o trisavô dele, lá quem quer que seja, está ali: “Puxa

vida”! “É mesmo, hein”. Além de eu ter a crença, ter a certeza que ele está ali.

A crença, isto é uma coisa que o Espírita de um modo geral está perdendo por falta de uso da

mediunidade.

Ele tem que ter (a) certeza básica que quando a tua avó, teu bisavô, teu trisavô, o marido, o pai, o

irmão aparece a verdade é básica, que você sabe que os Espíritos sobrevivem. Mas se ele aparece ele está

te dizendo mais de que ele sobrevive. Ele está dizendo: Eu estou aqui.

Essa confiança, essa certeza isso é de uma importância que não tem tamanho.

Isso quem traz é a Doutrina Espírita. Quem traz isso é a Doutrina Espírita, através da

mediunidade.

Vocês não esqueçam que a mediunidade ela não é mais importante que a Doutrina mas tenham a

certeza também que a mediunidade é importante como o microfone do Além. O microfone do Além.

P 12 - Vamos ver se essa conclusão estaria correta: Na nossa condição de médiuns imperfeitos, nós nos

classificaríamos assim como médiuns indiferentes porque tudo que está se falando aqui, as proposições

que vem desde o Evangelho de Jesus, tudo que a Filosofia Doutrinária traz para a gente, nos concita o

tempo todo a essa renovação (L.M. 196). Mais esses exemplos que vimos aqui nos coloca assim com

pouca vontade de enfrentar essa dificuldade, que nos renovariam, certo?

Page 37: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 37

Então as oportunidades que nós temos de fazer o Bem, pequeninas que sejam seriam assim de um

valor muito grande para apressar a chegada do Futuro... Massificaria para nós como Espírito a chegada

daquilo ali. Cada vitoriazinha dessa, pequenina, que a gente tem conta para depois a gente tentar uma

coisa maior. Não é isso?

R 12 - Exatamente assim.

P 13 - Uma coisa que eu tenho observado bastante nos Cursos e mesmo nos Encontros é uma dissociação

do pensamento das pessoas com a idéia de Deus. Eu tenho percebido muito essa situação. Então as

pessoas se atem vamos dizer assim ao fato mediúnico, elas sabem que existem Espíritos, mas parece que

há uma resistência em ligar tudo aquilo à idéia de Deus.

Então a gente até faz um esforço para trazer para as criaturas que tudo isso acontece por

permissão de Deus, com o conhecimento Dele, pela vontade Dele.

Mas para “passar” assim para a massa, às vezes parece assim que fica difícil. Com é que nós

vamos fazer isso?

R 13 - As pessoas não tem noção exatamente do que vem a ser Deus. Nós ainda temos aquela visão

antropomórfica de Deus. Como isto está sendo destruído em nós, nós não estamos colocando outra visão

no lugar.

A Doutrina Espírita nos ensina a colocar outra coisa no lugar dessa figura antropomórfica de Deus,

aquela figura parecida com o homem.

A Doutrina Espírita nos ensina a colocá-lo como Pai e nos ensina a aceitar a Lei de Deus. Depois

um dia você vai entender quem é o autor da Lei.

No momento ainda existe e até é compreensível e a gente tem que mostrar às pessoas que existe

uma Lei e que essa Lei, aos pouquinhos, vai sendo esclarecida para nós, até para nós, num outro passo,

entendermos quem é o autor da Lei.

Temos que ir devagar mesmo com estas pessoas.

Vocês não esqueçam que tem muita gente chegando aqui na nossa Casa, isso eu falo, também de

público, porque já foi falado há alguns anos atrás. O nosso irmão Baltazar há uns 4 anos atrás, ele disse

que se aproximaria da Casa, uma grande “camada”, pode ser até que alguns dos presentes façam parte

dessa camada, uma grande camada de pessoas que estavam sendo Espíritas pela primeira vez. Eles não

tinham sequer noção do que era Doutrina Espírita. Estaria se formando a visão espírita para muita

pessoas.

Então é natural que elas não tenham nem noção de Deus. Tenham até dificuldades.

...............................................................................................................................

E realmente no ano que ele falou isso chegou uma turma que praticamente você tinha que brigar,

entre aspas, com as pessoas para elas acreditarem no que elas estavam vindo estudar...

P 14 - E ainda Altivo, como 3o. efeito da Doutrina é o sentimento, que está aqui na Conclusão (V e VI) do

L.E. que está sendo estudada.

O sentimento religioso que a Doutrina vem trabalhar no homem, é o sentimento de resignação e a

estimular no homem a indulgência com os defeitos alheios.

Então a Doutrina Espírita tem feito muito isso também pela Humanidade.

R 14 - É, pela humanidade.

P 15 - E para ilustrar a última coisa que você disse sobre mediunidade, no nosso curso do L.M., hoje à

tarde, uma companheira disse assim para mim:

- “Olha A, eu tinha lido, eu li sobre o Mundo Espiritual, tudo isso. Mas eu tive a certeza da

existência dos Espíritos quando eles falaram ao meu ouvido. Eu passei a ouvir os Espíritos. Então isso

me deu uma certeza muito grande da existência do Mundo Espiritual.

Page 38: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

38 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Referências bibliográficas da 1a. aula de Altivo Pamphiro, em 15.01.98

1 L.M., item 35

Roteiro dado POR KARDEC para leitura de suas obras. ORDEM que devem

seguir os que desejarem adquirir “noções preliminares” de Espiritismo, pela leitura

de suas obras. 1o) “O Que é o Espiritismo?”, 2o.) “O Livro dos Espíritos, 3o.) “O

Livro dos Médiuns, 4o.) “A Revue Spirite”(A Revista Espírita) (obras editadas até

1861) O item traz nota da Editora FEB com a divulgação de outros títulos de

Kardec editados posteriormente: “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e

o Inferno”, “A Gênese”, “Obras Póstumas”.

Lembramos ainda: “Instrução Prática” e “Viagem Espírita”

A Editora O Clarim lançou sob forma de volume todos os estudos de Kardec sobre

a obsessão, encontrados na Revista Espírita “A Obsessão”

A Editora CELD lançou sob a forma de separata “Da comunhão do Pensamento e

“Série Ilustrada Allan Kardec” com as comunicações da obra “O Céu o Inferno”

sob a forma de histórias em quadrinhos.

Ver também mensagem ESTUDO ESPÍRITA, de Joaquim Travassos na obra

SEAREIROS DE VOLTA, psicografia de Waldo Vieira.

2 L:.M. Introdução

“Mas, a quem quer que deseje tratar seriamente da matéria [Ciência Espírita],

diremos que primeiro leia “O Livro dos Espíritos”, porque contém princípios

básicos, sem os quais algumas partes deste se tornariam talvez dificilmente

compreensíveis”.

3 Kardec - R. E. - Aforismos Espíritas e Pensamentos soltos (julho de 1859)

“Quando quiserdes estudar a aptidão de um médium... evocai de preferência o seu

Espírito familiar, porque este virá sempre; então o julgareis por sua linguagem e

estareis em condições de melhor apreciar a natureza das comunicações que o

médium recebe”.

4 L.M. 164

Conceito de Kardec sobre SENSIBILIDADE MEDIÚNICA, faculdade rudimentar,

indispensável ao desenvolvimento de qualquer gênero de mediunidade.

Desenvolvida, pelo hábito, chega a tal sutileza que permite a distinção entre um

bom e um mau Espírito.

5 L.M. 209, 211

Consideração de Kardec dirigidas ao médium aprendiz e ao médium que não

possui faculdades ostensivas.

Condições para o início do desenvolvimento mediúnico: pureza de intenção, o

desejo, e a boa-vontade, assim como a intuição.

Ver também Médiuns novatos (em L.M. 192 - 2o.) e lição INSPIRAÇÃO na obra

SEARA DO MÉDIUNS de Emmanuel e F.C. Xavier

6 L.M. 159

7 L.M. 197 - Médiuns Devotados

8 E.S.E. cap. XXVI - item XII

9 L.M. 197 - Médiuns Modestos

10 L.M., cap. XXXI - item XII.

Page 39: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 39

11 Ver mensagem de André Luiz “De que Precisa o Espiritismo”

12 Observações do Ministro Clarêncio, em “Nosso Lar” (André Luiz/ F.C. Xavier)

Cap. 14, § ... “é preciso convir que, toda tarefa na Terra, no campo das

profissões, é convite do Pai para que o homem penetre os templos divinos do

trabalho.

O título, para nós, é simplesmente uma ficha....

Com essa ficha, o homem fica habilitado a aprender nobremente e a servir ao

Senhor, no quadro de Seus divino serviços no planeta. Tal princípio é aplicável a

todas as atividades terrestres, excluída a convenção dos setores nos quais se

desdobrem...

.................................................................................................................................

Assombrava-me a interpretação do título acadêmico, reduzido à ficha de ingresso

em zonas de trabalho para a cooperação .... com o Senhor Supremo.”

13 Léon Denis No Invisível, cap. XI

Page 40: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

40 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

2a aula - 16/02/98

L.M. Primeira Parte - Noções Preliminares- Cap. III, item 19.

Texto de Kardec:

É crença geral que, para se convencer a alguém, basta se lhe apresentem fatos. Esse, com efeito,

parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a

cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram. A que se

deve atribuir isso? É o que vamos tentar demonstrar.

No Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui o ponto de

partida. Este precisamente o erro em que caem muitos adeptos, e que, amiúde, os leva a insucesso com

certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a

existência da alma. Ora, como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres,

estando crente de que, em si próprio, tudo é matéria? Como pode crer que, exteriormente à sua pessoa,

há Espíritos, quando não acredita ter um dentro de si? Será inútil acumular-lhe diante dos olhos as

provas mais palpáveis. Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio.

Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. Ora, para o

materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a

observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra

primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para tal, muito outra é a

ordem de fatos a que se há de recorrer, muito especial o ensino cabível e que, por isso mesmo, precisa

ser dado por outros processos. Falar-lhe dos Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é

começar por onde se deve acabar, porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão, sem que admita

as premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio de fatos, cumpre nos

certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência

da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa,

falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí a regra. Não dizemos que não comporte exceções. Neste

caso, porém, haverá provavelmente outra coisa que o torna menos refratário.

“É crença geral que, para se convencer a alguém, basta se lhe apresentem fatos. Esse, com efeito,

parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a

cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram”. (Kardec - L.M., item 19 § 1o.)

................................................................................................................................................

O que é que acontece conosco quando temos a Fé Espírita?

Normalmente nós queremos que as pessoas compartilhem conosco, ou compartilhem dessa fé.

Geralmente nós apresentamos para essas pessoas os fatos, ou seja, um livro, uma mensagem, aquilo que

nós aprendemos e que nos serviu de apoio para o nosso progresso.

Mas, nem sempre isso convence as pessoas. E por que é que não convence? Justamente por que as

pessoas não tem a crença de origem nos Espíritos. Mais adiante elas não tem nem sequer algumas delas, a

crença na possibilidade dos Espíritos, desencarnados, manterem a sua individualidade e se comunicar.

Isto é que geralmente nós não prestamos atenção.

Então quando nós levamos a mensagem de um Amigo Espiritual, quando nós levamos a

mensagem de um pai, de uma mãe, desencarnados, aquelas pessoas a quem nós entregamos a mensagem

nem sempre acreditam que ali esteja o Espírito porque elas sequer acreditam com lógica, com equilíbrio,

na existência do Espírito. Eles não vão entender a mensagem. Elas não vão se dar conta da mensagem.

Elas não vão compreender e vão até achar que nós fomos ludibriados.

Por que é que isso se dá?

Kardec diz que isso se dá porque as pessoas são intrinsecamente materialistas quando ele diz

assim: ... “para o materialista o conhecido é a matéria.” Então como a pessoa só acredita naquilo que ela

Page 41: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 41

sente, como a pessoa só acredita naquilo que ela vê, ela basicamente está dando uma demonstração de que

ela é materialista, antes de tudo.

Porque ela só diz assim:

- “Só acredito se ver. Só acredito se passar diante dos meus olhos.”

Então ela não tem uma crença espiritualista, ela tem antes uma crença materialista.

Ora, quando nós damos uma mensagem a alguém, e isso é Kardec que nos ensina, primeiramente

nós temos que saber se aquela pessoa é uma pessoa que acredita até mesmo na alma humana ou seja, se

ela acredita que exista o Espírito, e que esse Espírito possa realmente “acontecer”, e que esse Espírito

possa realmente dar o sinal de sua presença (1).

Porque a pessoa às vezes não acredita na alma. Se ela não acredita na alma ela não vai acreditar

numa comunicação. Você vai chegar perto dela e ela vai dizer o que para você?

- “Ah! Eu não acredito em alma. Eu só acredito se ver.”

Então se ela disser isso basicamente ela não vai acreditar em nenhuma mensagem.

Às vezes os fatos são concludentes. Concludentes ao ponto da pessoa não poder negar a existência

daquela alma. Mas se a pessoa não tem a crença dentro de si, ela adiante vai arranjar uma argumentação

para contrapor aquele fato tão evidente aos olhos deles.

Entre muitos, nós tivemos um caso aqui na Casa, em que uma pessoa chegando perto de mim, ele

e a esposa, ele veio falar comigo (eu não sabia de que é que se tratava), quando ele se aproximou, eu via

um Espírito de uma senhora junto a ele e ela disse assim para mim:

- “Diga a ele que a filha dele morreu na hora certa.”

E eu então, quando ele se aproximou de mim, eu disse assim:

- “Meu irmão você veio falar comigo da morte de sua filha?

- “Como é que o Sr. sabe?”

Aí eu relatei:

- “A sua tia disse que a sua filha morreu na hora certa”.

Ele virou-se para a esposa e disse assim:

- “Ele adivinha mesmo.

Aí (n)a continuação da conversa (eu fiquei meio mal-humorado com aquele “ele adivinha

mesmo”) eu virei-me para ele e disse assim:

- “A sua tia é uma pessoa...”

E descrevi o Espírito da tia, toda, desencarnada, para ele. Ele então virou-se para a mulher e disse

assim:

- “É exatamente a tia Fulana.

Ele é português e a esposa, ao que me parece não conhecia essa tia.

E continuando a conversa eu relatei como se deu a desencarnação da filha, como uma série de

coisas aconteceram e ele disse assim para mim:

- “É impressionante a sua capacidade de penetrar na minha alma. Era exatamente tudo isto que eu

queria saber.”

Convidei-o a assistir os cursos da Casa, ele disse que ia pensar, e o resumo da história é que

passados alguns anos, a mulher dele já fez todos os cursos da Casa, já é médium da Casa, e ele continua

descrendo.

Noutro dia ele esteve aqui e eu disse assim para ele:

- “Fulano, como é que pode, a sua mulher já é até médium da Casa e você continua descrendo?”

Ele disse assim:

- “Não, mas eu creio. Só que eu sou católico”.

E eu disse para ele:

- “Mas você, sendo católico vai à sua igreja?

- “Absolutamente. Eu não acredito em nada daquilo que o padre diz”. (2)

Então vocês vejam que é uma alma realmente materialista como diz Kardec. É uma alma

materialista por mais que ela diga que tem uma fé, que tem uma religião. Na realidade todas as

demonstrações que eles dão são demonstrações de absoluta descrença, de que realmente aquela pessoa,

Page 42: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

42 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

antes de tudo, como diz Kardec precisa tornar-se uma pessoa crente. Precisa acreditar na existência da

alma.

Faltou a ele o que? Faltou a ele, mesmo compreendendo que a filha tinha morrido, sendo

consolado pela fé, pela certeza de que a filha continuava viva porque era a coisa que mais interessava a

ele naquele momento, ele não foi capaz de absorver aquela demonstração, que a própria tia provocou,

mostrando-se a mim, dando os recados; ele não foi capaz de perceber que havia por parte do esforço do

Espírito uma demonstração, não de sobrevivência daquela alma, da alma da filha dele, mas sim um

elemento de crença para ele.

E é isso que nós temos que prestar atenção. Porque às vezes, muitas vezes nós pensamos que os

Espíritos estão interessados somente em se apresentarem a nós. Os Espíritos não tem muito interesse

nessa apresentação não. Eles geralmente observam as nossas necessidades espirituais e quando eles agem,

eles agem na tentativa de passar alguma coisa que modifique a nossa necessidade espiritual. No caso

desse Sr. o que menos interessava à tia era a demonstração de que ela estava viva. O que menos

interessava a ela era a demonstração de que a sobrinha dela estava viva. E o que mais interessava a ela era

tentar passar para o sobrinho, alguma coisa que modificasse as concepções dele de vida depois da morte.

Essa força que o Espírito desempenha atinge a gente geralmente num processo em que nós não nos

damos conta, que geralmente é o processo da descrença. Eu repito, mostrar-se, apresentar-se, dizer quem

é, dar provas de sua individualidade, isto o Espírito faz porque ele tenta nos atingir de alguma maneira.

Mas não é para que nós creiamos que ele sobreviva. Geralmente é para modificar alguma coisa dentro de

nosso coração. Isso é muito interessante porque às vezes essas demonstrações por parte dos Espíritos são

feitas até para os crentes.

Eu vou me permitir contar um caso, que eu vou ter muito cuidado na exposição deste caso porque

após (o relato) vocês podem reconhecer a pessoa. Não que isso interesse, que a pessoa tenha medo de se

expor mas é que a gente não deve dizer muito das coisas dos outros.

Há pouco tempo participei de um culto numa família em que todos são espíritas de berço. Desde a

matriarca aos filhos. E o filho estava do lado da noiva e o avô desse menino, comunicando-se, disse uma

série de coisas a ele. Ele é espírita, a família é espírita. Contou uma série de coisas para ele e que ao final

da reunião ele disse assim para mim:

- “Não sei porque o meu avô falou tanto sobre isso”.

Eu disse assim para ele:

- “De repente é para você pensar.”

- “Mas pensar o que? Se eu tenho a crença nisso tudo que ele está falando?”

Eu disse:

- “Você tem essa crença mas deve estar acontecendo alguma coisa dentro do teu coração que

precisa ser modificado. Ele deve estar chamando a sua atenção para algum fato.

E ele parou comigo ali, a conversa morreu por ali, sem maiores conseqüências.

Passado algum tempo ele vem e me conta uma situação pela qual ele está passando e disse assim:

- “Agora é que entendi o que o meu avô estava me dizendo. Agora é que eu percebi o que é que ele

estava me dizendo!”.

Então o que é que os Espíritos fazem? Eles dão menos importância à personalidade e é isso um

dos objetivos que Kardec chama muito a nossa atenção, que a mensagem espírita nem sempre é uma

mensagem que precisa, que objetiva dizer a você quem você é. Ela atinge a sua necessidade intrínseca, ao

seu problema interno.

Por isso Kardec diz assim: ...“o cuidado de todo médium quando ouve uma mensagem é ver se ela

primeiro se aplica a si mesmo para ver depois se aplica-se aos outros (3).

No fundo, o que é que os Espíritos estão dizendo para gente? No fundo os Espíritos estão

mostrando à gente que nós precisamos prestar atenção, se aquela mensagem, se aquilo que ele está nos

dizendo tem a ver com um realidade interna nossa nem sempre exposta. Pode ser a fé, mas pode ser

também a atitude de descrença; pode ser a fé, mas pode ser também a atitude de não relevância ao fato

que o Espírito esteja chamando a nossa atenção. Pode ser a fé, mas pode ser também o Espírito nos

chamando a atenção para uma atitude nossa de pessoa que não está valorizando o conselho que o Plano

Page 43: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 43

Espiritual está nos dando. Então toda mensagem espírita se dirige à alma da pessoa. Toda mensagem

espírita se dirige ao cerne da criatura humana. Às vezes as pessoas não valorizam uma mensagem

mediúnica, não valorizam um mensagem que o Plano Espiritual está dando não é nem por indiferença

não; é porque ela mesma não pensa que aquela mensagem se dirija ao seu Espírito imortal. Ele sempre

pensa que é alguma coisa que está sendo dirigida para as pessoas, para os seres, apenas superficialmente.

Ora, quando nós lidamos com uma pessoa, vamos dizer assim pouco crente, sem nenhuma fé, nós

temos que tornar essa pessoa espiritualista, antes de torná-la espírita.

A Doutrina Espírita nós dá muitas chances de fazer uma pessoa espiritualista. Uma das chances: a

Fé. A certeza da existência de Deus que a pessoa não pode comprovar mas pode entender. Entender que

Deus existe é uma coisa que não é muito difícil das pessoas perceberem. Falar, mostrar, dizer, pedir para

pensar. Então é a Fé.

Outra coisa em que a Doutrina pode ajudar a pessoa a tornar-se espiritualista é a racionalização da

existência do Espírito. De um Espírito ou de Espíritos. Como?

Você dizendo exatamente, mostrando exatamente, as criaturas como elas são. Umas sofrem, outras

não sofrem; uma penam, outras não penam; umas tem o lar feliz, outras não tem o lar feliz; umas tem paz,

outras não tem paz. Mostrando que existe Deus, mostrando que existe uma justiça você também atinge a

um ponto de equilíbrio, mostrando à criatura que existe um Espírito imortal residindo dentro dela e

residindo dentro dos outros.

Então a pessoa já adquiriu a certeza de que Deus existe por pensar e vai adquirir a certeza que

Espírito existe por racionalizar as coisas. Ele sente que não pode ser de outro jeito.

Muito Espíritos que eu conheço eles são crentes na existência do Espírito sem serem espíritas. Por

raciocínio, por entender que não há outra explicação senão a existência do Espírito; por entender que não

se pode ter outra solução a não ser a existência do Espírito. E se vocês perguntarem a eles qualquer ponto

de Doutrina eles dizem assim para mim:

- “Essas tuas concepções religiosas... Basta que eu saiba que eu vou sobreviver. Basta que eu saiba

que eu sou um Espírito”.

Mas aquilo não é uma crença ainda adquirida. Aquilo é uma certeza que eles estão tendo porque

eles não podem raciocinar de outro modo. Porque eles não tem condição de raciocinar de outro modo a

não ser crendo que existe alguma coisa neles. Mas aquilo ainda não é uma coisa adquirida. Eles estão

racionalizando. É o cérebro deles que diz: “Não é possível ter outra expectativa.” É o cérebro. Não é o

Espírito ainda capaz de dizer alguma coisa. Não é o Espírito capaz de pensar de outra maneira. É o

cérebro que “manda” ele pensar daquele modo.

Então o que é que vai acontecer? Vai acontecer que essas pessoas pouco a pouco, por força de um

série de sensações, inclusive pode ser a dor, elas vão descobrir, pelo sentimento, que Espírito existe com

uma função nobre, que é essa a noção que o Espiritismo dá às pessoas. A nossa crença na existência do

nosso Espírito não pode ser fruto de um raciocínio porque se for fruto do raciocínio a gente não põe

nobreza no objetivo de nossa encarnação.

Vocês quando falarem para as pessoas lá no Encontro, vocês enfatizem isso. Vocês lembrem a

nobreza que é o fato de nós estarmos vivendo. De nós sermos um Espírito imortal e porque nós estamos

encarnados.

Porque senão a pessoa pensa que é fácil matar um ao outro! O que é que tem que o Espírito

sobreviva? Não tem nenhum problema! Tanto faz como fez! Ele vai sobreviver mesmo!

Então a característica de nobreza, a característica de valorização daquele Espírito, isso só a

Doutrina Espírita oferece, só a Doutrina Espírita é capaz de mostrar. Não tem outra doutrina que mostre

isso.

Quando Kardec fala para a gente que a gente tem que tornar a criatura primeiro espiritualista ele

está mostrando isso a gente, primeiro acredite em Espírito, depois tenha nobreza. Nobreza é uma

conseqüência da compreensão, da fé, do aprendizado. Se não houver esse aprendizado, se não houver essa

maturação, se não houver essa experiência de sua vida, você não dá nobreza à sua própria existência, ao

seu próprio Espírito. Não é só à sua própria existência; é ao seu próprio Espírito.

Page 44: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

44 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Quando ele diz que nós temos que tornar a criatura espiritualista ele está dizendo assim para L.,

para A. de L., para M., para todo mundo: Valoriza a você mesmo! Nesse momento que nós

compreendemos - “Valoriza a você mesmo” - você começa a caminhar, a progredir porque é seu interesse

caminhar, é seu interesse progredir. Nós passamos a ser almas independentes. Ninguém mais precisa nos

conduzir porque é meu interesse progredir. Porque eu já entendi que eu sou uma alma, a caminho do

progresso. Não basta só que eu saiba que eu sou uma alma. Eu tenho que ter esse caráter de nobreza que é

uma alma sim, mas para progredir; uma alma sim, mas para produzir alguma coisa no Bem.; uma alma

sim mas para não ser apenas mais uma alma. Nós temos esta característica.

Então quando Kardec diz para nós, seja primeiro um espiritualista ele está dizendo exatamente

isso: Seja uma pessoa que além de crer que tem uma alma - a racionalização- entenda a nobreza do fato da

sua vida, do seu Espírito.

E quando a gente entende do nosso a gente passa a entender a dos outros também.

Quando eu falo para o D., por mais que eu queira brigar com ele, eu irei sempre me lembrar que

ele é um Espírito igual a mim e portanto, por mais que eu chame a atenção dele, eu tenho que chamar a

atenção dele, lembrando que a minha função também é de ajudá-lo a elevar-se, a caminhar para frente, a

andar lado a lado ou talvez até na minha frente, mas eu então nunca mais vou considerar ninguém inferior

a mim porque eu verei em todos os homens irmãos, eu verei pessoas que igualmente estão caminhando

para o mesmo objetivo que eu estou caminhando, que é o encontro com Deus.

Então vejam vocês, Kardec já nos ensinou que nós temos que crer na existência da alma, ele já nos

ensinou que nós temos que ser espiritualistas.

Uma das coisas que me chama muito a atenção no campo do Espiritualismo, que deve nos chamar

a atenção, é o problema das outras crenças.

Normalmente nós temos sempre uma crítica quanto às outras crenças. Quando eu digo nós estou

falando numa generalidade.

Como é que nós vamos nos ver diante das outras crenças? Como é que o Espírita, no caso o

espiritualista se vê diante de outras crenças?

Nós não podemos deixar de reconhecer que há crenças que são notoriamente antiquadas. Há

crenças que são notoriamente voltadas para objetivos que não são superiores. Há crenças até mesmo que

são feitas ou criadas com o objetivo de explorar os outros. Há crenças que são fruto do puro fanatismo.

Mas essas pessoas, muitas delas, são espiritualistas equivocadas. Espiritualistas equivocadas quanto ao

verdadeiro objetivo de suas vidas, em primeiro lugar.

Em segundo lugar, crenças equivocadas com relação à própria existência do outro ser.

Quando a gente “pega” aquelas seitas fanáticas que aqueles espiritualistas mandam que todo

mundo se suicide, o que é que eles estão fazendo ali? Eles estão tendo uma crença equivocada e alguns

deles até mesmo acreditam naquela existência: “Vamos na cauda do cometa, vamos lá para uma cidade

sideral, vamos para um lugar sideral”. Aquilo é uma crença equivocada, mas eles tem uma crença.

Agora, há pessoas que vocês vêem que não há um objetivo senão explorar o próximo. Há

objetivos escusos como aqueles objetivos que manda que a pessoa se intoxique para perceber melhor o

Mundo dos Espíritos. Aquilo é enganar os outros. Não há nenhum objetivo.

O da cauda do cometa podemos até dizer que é uma crença equivocada mas quando você manda

se intoxicar para perceber o “Outro Lado” isso não é uma crença objetiva. Não há nem mesmo uma fé.

Não há mesmo nenhum objetivo senão explorar os outros. Não tenhamos dúvida disso. Não há uma

filosofia. Não há um crescimento. Não há uma proposta de crescimento para a criatura.

Há crenças, há grupos ditos religiosos que eles mandam que as pessoa fiquem ali se drogando para

entrar num estado subliminal. Gente, se vocês perguntarem se há alguma filosofia, não tem filosofia, não

há nada. Não objetivam coisa alguma. Então isso não é crença. Isso é esperteza, por parte dessas pessoas.

Essas pessoas não são espiritualistas sequer. Elas são exploradoras da credulidade dos outros.

Quando nós estamos diante de crenças como religiosos que se vestem com vestes diferentes, que

se vestem assim com roupas alegóricas, com chapéus e mitras, essas coisas todas nós podemos dizer que

são religiosos de crença equivocada, que ainda irão caminhar, irão perder tudo isso. Há um tipo, nesse

caso de espiritualismo; nós não podemos negar.

Page 45: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 45

O Espiritismo é um espiritualismo à frente que mostra o que? Mostra principalmente que nós

existimos, que nós temos uma espiritualidade, que nós valorizamos aquela vida e que nós estamos um

pouco mais adiante porque além de valorizar a vida a gente valoriza por exemplo a prática da caridade,

valoriza a comunicação dos Espíritos e valoriza também a continuidade progressiva das existências.

Que muitos desses religiosos eles perdem a condição de trabalho por que?

Por que eles não vêem que o Espírito em verdade deveria progredir e quando eles confinam esse

Espírito numa região circunscrita porque erraram ou porque acertaram eles não acreditam que o Espírito

esteja progredindo, que tenha a obrigação de progredir.

Então quando vocês falarem para os encontristas vocês não tenham dúvida disso. O Espiritismo

está acima dessas outra religiões, não é porque nós sejamos melhores não, mas é porque nós estamos

dando um destino de progresso à alma humana e eles não estão dando. Eles estão confinando a pessoa

num purgatório, num inferno, num paraíso. Eles estão dizendo que o Espírito não progride.

É um amadurecimento. É por isso que a Doutrina Espírita está acima.

Então vocês tem que lembrar nesse momento que nós somos melhores porque pensamos mais mas

individualmente nos podemos estar precisando, ainda, de certas modificações.

E qual é a grande modificação que nós precisamos ter para dizermos que realmente nós estamos

acima dessas pessoas?

Aí então está aqui a informação de Kardec: ‘é preciso que ele então seja espírita”.

Então nós somos almas, somos espiritualistas e depois então nós vamos ser espíritas ou seja, nós

vamos ter uma filosofia que manda, entre outras coisas que a gente cumpra a Lei de Jesus quando ele fala

na Lei de Amor, mas ela se mostra mais ampla do que a lei de Jesus, ou porque Jesus não teve ocasião de

falar claramente, ela se mostra mais ampla que a doutrina cristã, porque ele mostra justamente que o

nosso Espírito sobrevive. E Jesus falou sobre isso muito superficialmente. E Jesus falou sobre a

comunicação dos mortos muito superficialmente. A Doutrina Espírita mostra que a comunicação dos

mortos com os mortos é um fato que pode se tornar corriqueiro.

Então quando nós tratarmos com as pessoas que estiverem diante de nós, que cheguem na nossa

frente, que nos perguntem qual o destino de nossa existência nós devemos perguntar a ele:

-“Você crê que uma alma exista?”

- “Você crê que é um alma?”

- “Você crê que é uma pessoa que realmente tem inteligência, tem individualidade, que realmente

vai sobreviver?” (4)

- “Creio. Sei que sou um alma!”

- “Você crê que pode ter um progresso?”

- “Creio”.

- “Então você crê que o seu Espírito pode ter uma finalidade?”

“Acredito.”

Então depois disso você entra com a Doutrina propriamente dita que é entre outras coisas a prática

do Amor ensinado por Jesus, a sobrevivência, a manutenção da individualidade e da comunicabilidade

dos Espíritos que é a característica da Doutrina Espírita.

Aí então nós vamos tornar as pessoas espíritas.

Então uma pessoa chegou na nossa frente, é isso.

- ”Você acredita que você é uma alma humana. Você tem a certeza disso?

Para nós não sermos materialistas como nosso amigo que eu contei inicialmente: “Como é que ele

adivinhou tudo?” “Como é que ele foi capaz de adivinhar as coisas?”

Ou como o outro menino que é espírita e não entendeu a mensagem. Naquele momento ele foi tão

igual a um materialista. Não percebeu que o conselho do Espírito se dirigia a ele. Ele tinha a crença mas

ele agiu como se materialista fosse.

É o que acontece conosco quando um Espírito dá um conselho para gente e a gente diz:

_ “Ah, não é bem assim! Não é bem isso que está para acontecer não. Isso aí deve ser um pouco de

exagero! Terrorismo do Plano Espiritual.”

Page 46: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

46 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Na verdade nesse momento a gente está dando uma demonstração de falta de fé tão descrente

quanto qualquer outro descrente. E com agravante que nós temos o conhecimento doutrinário e

deveríamos pensar antes de dizer que as coisas estão erradas. Não é isso mesmo?

Finalizando, vamos lembrar disso: “Se a resposta for negativa, falar-lhe dos Espíritos seria perder

tempo.” Aí nós vemos o espírito prático de A Kardec.

Há muitos anos eu estava entrando no salão e um casal virou-se para mim contanto fatos

mediúnicos que ocorriam na casa deles dois. Era televisão que ligava, eles olhando a televisão mudava de

canal, o liqüidificador que começava a funcionar sozinho, aquela porção de fenômenos de efeitos físicos.

Quando eles acabaram de contar esta estória que são fatos mediúnicos muito interessantes ele viraram-se

para mim os dois disseram quase que em uníssono:

_ “Mas, por favor, nós viemos aqui buscar uma solução e uma explicação. Mas por favor não me

venha com essa estória de que são Espíritos que provocam isso pois nós não acreditamos em Espíritos.”

Eu então disse:

_ “Mas olha meu irmão, minha irmã. Então eu não vou perder meu tempo nem vocês o de vocês.

Por que eu vou explicar a vocês exatamente que são Espíritos que estão junto de vocês. Se vocês não

acreditam em Espíritos não percam nem o tempo de vocês nem o meu porque tem uma fila enorme aí para

eu falar com aqueles que querem crer e estão precisando de uma oportunidade para crer.”

É o que Kardec diz: “ Há momentos, se a resposta for negativa, falar-lhes dos Espíritos seria

perder tempo.”

E ele conclui:

“Eis aí a regra: Não dizemos que não comporte exceções. Neste caso, porém, haverá

provavelmente outra coisa que o torna menos refratário”.

Perguntas e repostas da 2a. aula - 16/02/98

P 01 - Maturidade x Materialistas. Não falta maturidade aos materialistas?

R 01 - Que tipo de maturidade?

P 02 - Maturidade espiritual.

R 02 - Maturidade espiritual sim. Eles podem ser bom raciocinadores.

Eu contarei um fato depois aqui para você sobre essa maturidade.

Você pode por exemplo colocar padre, tipo esse que escreve aqui no JB, D. Estevão Bittencourt,

eu acho. Ele escreve coisas muito interessantes e todas as vezes que ele fala de Espiritismo e ele fala

muito de Espiritismo.

Um dia desses ele escreveu um artigo todo ele baseado em Léon Denis. E ele citava o autor: Léon

Denis. O espírita chamado Léon Denis fala isso assim, assim, assim, ..., entretanto essa visão estava

errada. Falava sobre reencarnação, ele cita o autor.

Então esse padre você não se pode dizer que ele não tem maturidade. Ele está equivocado.

Em mu itos casos há de maturidade você pode chamar também de maturidade espiritual se você

quer, o equivocado.

P 03 - O (Pe.) Quevedo?

R 03 - Ele é por sistema. Aquilo já é esperteza.

P 04 - Kardec diz que nós devemos nos comportar como Espíritos diante das outras crenças. Mas que

comportamento devemos ter quando alguém trabalha com você, que está junto com você tem uma outra

crença e fustiga, pergunte até mesmo para provocar, atenazar a gente deixa? A gente tenta convencê-la?

Page 47: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 47

R 04 - A gente deve deixar. É perda de tempo você tentar convencê-la.

É materialista por sistema. Não se deve responder a essas pessoas.

Algumas pessoas acham que a gente até deve tentar dizer alguma coisa eu particularmente acho

que a gente deve convencer pelos exemplos.

P 05 - Como classificar de materialista o homem que teve a revelação da continuação da vida de sua

filha desencarnada?

R 05 - Ele é um materialista porque ele não acredita que a Doutrina ou a Religião acrescente algo para ele.

A religião deve acrescentar algo para você. Obrigações. Porque se não houver obrigações não adianta ela

acrescentar nada para você.

Não adianta ter uma crença por ter se ela não lhe obriga a nada, se você não se sentir obrigado a

nada. No caso da Doutrina Espírita qual é a nossa obrigação? Progredir.

Então ele mostrou ser materialista porque a Doutrina não fez com que ele progredisse. Nem a

Católica que ele diz professar, nem a Espírita.

P 06 - Prova da incredulidade.

Na RE discute-se porque o Espírito já tendo vivido no Mundo Espiritual pode ao encarnar

apresentar um comportamento de negação? Não crer que ele mesmo seja um Espírito? Não crer que seja

o M.I.? E todas as conseqüências? Lá mesmo na R.E. os espíritos nos dizem que seria uma espécie de

prova. O homem que tem a necessidade de “conquistar a fé às próprias custas”. Em que se basearia essa

necessidade?

R 06 - A necessidade está na humildade que o homem precisa adquirir.

Porque crer você só está sendo espiritualista. Você acredita na existência de Deus mas isto não

transforma você. Acredite na existência do Espírito mas isto não faz com que você pense no Espírito

amigo que está do Outro Lado.

- “Tenho a certeza que a minha mãe morreu sobrevive”.

E daí?

Você não lembra dele. Você não pensa nela, não recorda dela nos momentos de alegria nem de

tristeza. Aquela figura fica à distância.

É claro que uma pessoa que morre você não vai evocar. Mas você não vai tirá-lo de seu mapa

mental.

Você vai conversar naturalmente sobre aquele Espírito como a gente deve conversar naturalmente

sobre os nossos guias, sobre os guias da Casa, sobre os companheiros que se foram.

Quando você “apaga” da sua lembrança essas figuras você está colocando-os à distância.

E são as pessoas que podem te dar o conforto e o consolo. Porque são aqueles que te conhecem

são aqueles com os quais você conviveu.

Um dia você está sozinho dentro de sua dor, dentro de um processo depressivo, ou de angustia, ou

de solidão você diz assim:

- “Não tenho sequer um amigo.”

E a gente pergunta:

_ “Nem um Amigo Espiritual? Nem um Guia? Nem uma pessoa?”

Lembram daquele livro: “Dramas da Obsessão”, da Da. Yvonne, em que Bezerra vai atrás dos

guias espirituais daqueles Espíritos que se suicidaram.

E o Guia Espiritual diz que eles eram tão descrentes que eles tinham que ficar sozinhos. A Lei

mandou que eles ficassem sozinhos. Eles não mereceram nem a presença dos Guias deles na hora de suas

dores!

Isso era uma prova de fé!

Então quando se diz que não tem a prova da fé é porque você tem tudo para crer mas não consegue

crer.

Page 48: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

48 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

E porque você não consegue crer? Porque você não consegue por o seu sentimento naquela

criatura, naquela convicção.

Então são pessoas que crêem sem realmente se apoiarem em fatos lógicos.

Uma vez um amigo muito inteligente - se você der o L.M. para ele, ele discorre sobre o L.M.; se

você der o L.E. ele discorre sobre o L.E. - é uma pessoa espiritualista, embora se diga espírita ele é só

espiritualista.

E, naquela época em que o fato se passou ele estava passando por um doença muito séria, e eu

perguntei a ele: -“Já que eu me dou com Yvonne Pereira você quer que eu peça (ela não estava mais

fazendo serviços assim com o público mas em casa ainda recebia mensagens); você quer que eu peça a

Da. Yvonne para que Dr. Bezerra escreva alguma coisa para você?

- “Ah eu gostaria muito. Você sabe que eu acredito na existência os Espírito., etc. e tal....”

A D. Yvonne tirou a mensagem, uma mensagem belíssima exortando à confiança em Deus, à fé

na sua cura FUTURA e acima de tudo que ele nunca deixasse de ser bom.

Ele naturalmente é uma pessoa boa mas com uma forte inclinação para o isolamento e nós

sabemos que a pessoa isolada é um egoísta, porque ele não se machuca. Não machuca ninguém também

não se machuca. O que ele não quer é lidar com ninguém.

Então Dr. Bezerra foi sutil: que ele nunca deixasse de ser bom. Deu uma mensagem indireta.

A Yvonne me mostrou a mensagem, eu li, e ela disse assim para mim:

- “Será que é isso que ele esta precisando?”

Como eu o conhecia muito bem, conheço a alma dele porque trabalhei com ele muitos anos, disse

assim:

- “É exatamente isso que ele precisa ouvir. Mas vamos ver se ele vai entender.”

Eu dei a mensagem a ele e quando ele acabou de ler a mensagem, ele dobrou a mensagem e disse

assim:

- “Altivo eu estou te devolvendo a mensagem. Entregue lá à nossa querida irmã Yvonne.”

- “Porque?”, eu disse assim.

_ “Ela certamente pegou essa mensagem para outra pessoa. Não é para mim. Porque eu não estou

enquadrado em nenhuma dessas três situações que o Espírito está declarando. Com toda certeza ela pegou

essa mensagem, eu não estou dizendo que ela falhou, eu estou dizendo que ela dirigiu as suas antenas

psíquicas (aí ele falou corretamente, não é?) e pegou alguma outra pessoa que não a mim. Eu agradeço o

seu interesse mas devolve a mensagem a ela.

Então isso é a prova de fé!

P 07 - Vamos ver outro aspecto. Você se referiu ao processo intelectual antecedendo o processo moral

colocando no contexto doutrinário a valorização ou nobreza da vida. Então vamos esmiuçar mais um

bocadinho.

Essa passagem de conhecimento, informação sobe sobrevivência da alma, sobre

comunicabilidade dos Espíritos, vamos chamar de provas indiretas da existência de Deus, a

possibilidade do Espírito não compreender do ponto de vista lógico e racional esses fatos.

Ele não os nega. Ele compreende os argumentos, ele comprova, ele até vai observando em sua

vivência a existência daqueles fatos.

R 07 - Ele não consegue fazer aquilo. Por que?

P 08 - Fazer o que?

R 08 - Fazer o seu progresso.

Porque ele ainda não consegue entender, novamente falo, ele não conseguiu entender o objetivo do

seu Espírito imortal.

Essa compreensão é uma coisa muito lenta para o nosso Espírito. Nós custamos a entender que nós

precisamos caminhar, progredir. Quando você tem a crença você se torna espiritualista; esta é a 1a. fase do

progresso. A fase seguinte é a fase espírita; volto a repetir!

Page 49: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 49

É quando você diz assim para você mesmo: “Eu sou tudo isso agora eu tenho que caminhar com

os meus pés”. Quando a gente se convence que o único interessado no nosso progresso, além de Deus e

dos Guias Espirituais, somos nós mesmos. Nós é que temos que progredir.

Quando vocês falarem um palestra; quando vocês falarem com uma pessoa vocês lembrem que

Kardec fala que divulgador espírita é todo aquele que falar de Espiritismo.

Então você pode não ter capacidade de falar para o público, porque falar para o público é um fato

e uma realidade pessoal, não é necessidade coletiva.

Assim, conversar entre pessoas qualquer um pode fazer. Falar de público há pessoas que

conseguem falar ; outras que não conseguem. Mas falar uns com os outros todos podemos fazer. Então

quando vocês falarem com as pessoas, quando vocês conversarem com as pessoas vocês precisam

enfatizar o progresso. A sua vertente seguinte que é o esforço para progredir. E uma outra vertente que é a

responsabilidade.

Porque o progresso não vem sem responsabilidade. Responsabilidade com aquilo que nós temos

pela frente. Responsabilidade com aquilo que nós temos por fazer. Progresso é isso: a responsabilidade da

gente é tão grande que até em ouvir uma aula a gente tem que ter responsabilidade. Até em dar um passe a

gente tem que ter responsabilidade porque a gente diz assim: quando eu dou um passe eu estou

movimentando energias, ajudando alguém, aumentando a minha capacidade de irradiação. Então você não

está dando só um passe. Os objetivos não é só daquelas pessoas não que você está dando o passe. É o meu

também.

Então nesse momento eu estou tendo uma visão objetiva do meu progresso. Então eu estou agindo,

usando a minha vontade.

Como é então o progresso do ser humano quando a gente é espírita? É o nosso esforço em

produzir algo de elevado, de bom, mas lembrar também que isso é um episódio de racionalização. É o que

vai acontecer conosco no 3o. milênio. Nós vamos deixar de ser mundo de prova e expiação para ser

mundo de regeneração ou por outra, nós teremos consciência das nossas dificuldades de e vamos agir de

modo a superar essas dificuldades.

Por enquanto nós vivemos num mundo de provas. Porque?

Porque se eu não for acicatado eu não vou para frente (em tese). Todos somos assim. Claro que há

exceções.

Já no (mundo) de regeneração eu vou para frente porque eu sei que eu preciso ir para frente.

Ninguém precisa me mandar.

(5) Eu até vou analisar o que é que Kardec diz (sobre) o mundo de regeneração. Ele diz que haverá

dores. Ainda haverá sofrimentos mas sem aquela dor pungente.

Qual é a dor pungente? É a dor que massacra. Porque você não consegue ir à frente da dor. Você

deixa que a dor vá à sua frente, por isso que ela te machuca. Aí ela bate em você porque você tem que

olhar para ela de frente.

O mundo de regeneração será esse?

Eu preciso alcançar esses objetivos. Então esses objetivos vão ser alcançados porque? Porque eu

estou trabalhando para alcançá-lo. Ninguém vai me mandar fazer nada.

Eu terei consciência disso. Eu não precisarei mais ser mandado. Porque eu mesmo me

conduzirei. Deu para entender?

P 09 - Dentro desse ponto de vista lembrando a Lei de Progresso, o progresso intelectual antecipando o

progresso moral e as discussões da marcha do progresso.

Quando se diz que a criatura não pode se ligar ou necessariamente depois de alcançar outras

realidade no campo moral necessidade do conhecimento é essa conscientização?

R 09 - É essa conscientização.

P 09.1 - Do ponto de vista do raciocínio para imprimir uma marcha no próprio desenvolvimento.

Page 50: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

50 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

R 09.1 - Porque se não ele não imprime aquela marcha...

Ele precisa desse raciocínio para empurrar a si mesmo. Porque você não tenha dúvida. Vocês não

se deixem levar só pelo sentido não. A mente da gente tem que comandar as coisas também que é o nosso

próprio intelectual. Esse é o progresso da gente. É o objetivo que impulsiona a gente para a frente.

Mesmo quando a pessoa diz assim:

- “Ah, pelo sentido a gente caminha.” Caminha, mas porque pensa. A gente sente que aquilo é

uma necessidade. Porque pensou.

P 10 - Então à guisa de ilustração para nós, temos um exemplo que é muito discutido na literatura

mediúnica. Vamos lembrar da figura de Estevão na obra “Paulo e Estevão”(Emmanuel/ Chico ). Num

daqueles momentos das lutas reencarnatórias de Estevão alguém faz o seguinte comentário sobre ele

quando, aprisionado, trabalhando nos remos alguém observando o seu comportamento diz: - “É o

homem que trabalha sem o aguilhão.”

R 10 - É o homem que trabalha sem o aguilhão. Então não precisa daqueles homens para baterem lá nos

remadores para fazê-los caminhar.

P 11 - Tem um caso na RE em que Kardec faz a evocação de um amigo materialista que se suicidou. O

Espírito relata seus sofrimentos e agradece a ajuda de Kardec e diz que o sofrimentos é que começaram

a despertá-lo. Quando ele começou a ver que a dor não atingia apenas a ele mas também a familiares, à

sua mãe.

Kardec pergunta porque após ter encarnado/desencarnado por diversas vezes ele ainda duvida de

ser Espírito.

O Espírito responde que por diversas encarnações desde a era Cristã ele vem com essa idéia

materialista. Embora ele fosse um intelectual ele era altamente materialista. Então foi preciso, não que

fosse preciso ele se suicidar não é, ele ser depurado pela dor.

R 11 - Então vejamos bem aqui: vamos fixar bem esse conceito.

Nós temos que fazer a pessoa acreditar na existência da alma. Vamos fazê-la espiritualista e

depois vamos fazê-lo espírita.

São 3 fases. Quando se passa para uma pessoa a noção de que ele é uma alma. É como se nós

disséssemos a pessoa que sofre:

- “Acredite que Deus é justo.”

- “Você acredita em Deus? Então acredite que há uma causa justa para esse sofrimento.” (6)

Depois que a pessoa acreditar nessa causa justa nós vamos torná-la espiritualista e vamos lembrar

que torná-la espírita é fazer com que ele creia na existência dela, na comunicação dos Espíritos, na

convivência com outras almas.

De repente isso pode ser feito através de um religião, uma religião com fins elevados, nunca

daquelas religiões que objetivam explorar o homem.

E finalmente, aí nós vamos torná-lo espírita.

Isto é, crer em si; crer na existência do Espírito depois da morte; crer na comunicabilidade; porque

só o Espiritismo fala. Outras crenças não falam nisso. O Espiritismo é a única que fala disso claramente,

abertamente.

Hoje em dia muita gente já acredita na existência dos Espíritos e acredita já que eventualmente um

Espírito possa se comunicar. Mas ainda não acredita nas causas da reencarnação; no objetivo do seu

próprio.

Ser espírita e dizer assim: “Eu sou Espírito, Deus existe, eu vou sobreviver à vida material e eu

tenho que correr atrás do prejuízo ou seja, eu tenho que ganhar o tempo perdido”.(7)

Porque é que o espírita às vezes é ansioso? Porque ele às vezes percebe que ele tem que sair

correndo atrás do prejuízo dele ou seja, ele tem que ganhar tempo, ele tem que fazer o bem.

Às vezes até o que o Plano Espiritual manda a gente ir devagar que é para a gente não se atropelar.

Não é que a gente deva diminuir o ritmo não. É só que a gente pode se atropelar.

Page 51: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 51

Você veja que às vezes não mandam a gente parar, quando a gente tem raciocínio lúcido. Você

veja que os Espíritos não mandam a gente parar, quando a gente tem raciocínio lúcido. Você veja que

Kardec “fez”, a Doutrina Espírita de 1 857 a l869 em 12 anos. Em 12 anos ele “acelerou”... Ele começou

tarde para ele. Ele começou com 54/55 anos. Nenhum Espírito diria para ele que ele era errado em ser

rápido.. Quando ele estava para desencarnar os Espíritos mandaram que ele moderasse para que ele

pudesse sobreviver mas não disseram que ele parasse.

Então nós temos uma espécie de ansiedade quando somos Espíritos-espíritas que a gente começa a

caminhar e olhar para trás. “Tem um buraco atrás que eu tenho que preencher.” “ Deixa eu começar fazer

o meu trabalho no limite das minha forças com equilíbrio, mas não posso ficar naquela .

Uma vez eu conheci, é uma pessoa já desencarnada, espírita, de renome, e de vez em quando ele

cometia uma dificuldades qualquer e dizia assim para mim:

- “Eu sei que estou errado mas eu tenho a eternidade pela frente.”

Então com isso o que é que ele dizia em última análise? Ele ainda não era um Espírita. Ele por

enquanto era um Espírito.

O verdadeiro Espírito que seja Espírita ele diz assim:

- “Posso até não ter forças mas estou errado. Não precisa ninguém me dizer nada que eu estou

errado. Mas eu não vou dizer: deixa para depois. Eu estou errado apenas ainda não tenho forças para

fazer; eu estou querendo vencer um lado e não vencer o outro, caminhar um lado e não caminhar no outro.

Eu vou chegar lá mas eu tenho consciência de meus erros, das minhas dificuldades: que eu preciso

caminhar.

Esse é o verdadeiro sentido do Espírita.

Por isso que não tem cabimento, por exemplo, o Espírita brigar dentro do Centro Espírita,

provocar cisões. Não tem cabimento, isso!.

Você quer trabalhar, trabalhe. Vai para outro lugar ou então você vai montar a Casa em outro

lugar.

Não tem cabimento isso!

Não te cabimento você brigar com alguém por causa de Casa Espírita.

Eu conheço uma (Casa Espírita) que os espíritas...

Eu disse para um deles que foi o que me contou o caso, que foi uma das facções:

Eu disse: eu acho que vocês são uns Espíritas meio esquisitos, hein.

...........................................................................................................................................

(A cizânia na Casa Espírita culminou com construção de uma parede dividindo o salão de reuniões

e, cada grupo trabalhando isoladamente em cada uma das metades do salão).

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.02.98

1 L.M. 4

2 C.I., 2a. parte cap. V mensagem “Um Ateu”- nota de Kardec ao item 8

3 L.M., item 225 5a. questão

4 L.M., item 4

5 E.S.E., cap. III item 17

6 L.M., item 4

7 “O Espiristimo e as Doutrinas Espiritualistas (Deolindo Amorim) Cap.

“Conceito de Espírita

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52 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

8 L.E. 195

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5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 53

3a aula - 16/03/98

L.M. - Primeira Parte - Noções Preliminares - Cap. III itens 20 e 21.

Texto de Kardec:

Entre os materialistas, importa distinguir duas classes: colocamos na primeira os que o são por

sistema. Nesses, não há dúvida, há a negação absoluta, raciocinada a seu modo. O homem, para eles, é

simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja e de que, após a morte, só resta

a carcaça.

Felizmente, são em número restrito e não formam escola abertamente confessada. Não precisamos

insistir nos deploráveis efeitos que para a ordem social resultariam da vulgarização de semelhante

doutrina. Já nos estendemos bastante sobre esse assunto no Livro dos Espíritos (no. 147, e § III da

Conclusão).

Quando dissemos que a dúvida cessa nos incrédulos diante de uma explicação racional,

excetuamos os materialistas extremados, os que negam a existência de qualquer força e de qualquer

princípio inteligente fora da matéria. A maioria deles se obstina por orgulho na opinião que professam,

entendendo que o amor próprio lhes impõe persistir nela. E persistem, não obstante todas as provas em

contrário, porque não querem ficar debaixo. Com tal gente, não há que fazer; ninguém mesmo se deve

deixar iludir pelo falso tom de sinceridade dos que dizem: fazei que eu veja, e acreditarei. Outros são mais

francos e dizem sem rebuço: ainda que eu visse, não acreditaria.

A segunda classe de materialistas, muito mais numerosa do que a primeira, porque o materialismo

é um sentimento anti-natural, compreende os que são por indiferença, por falta de coisa melhor, pode-se

dizer. Não o são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento.

Há neles uma vaga aspiração pelo futuro; mas esse futuro lhes foi apresentado com cores tais, que a razão

se lhes recusa a aceitá-lo. Daí a dúvida e, como conseqüência da dúvida, a incredulidade. Esta, portanto,

não constitui neles um sistema.

Assim sendo, se lhes apresentardes, alguma coisa racional, aceitam-na pressurosos. Esses, pois,

nos podem compreender, visto estarem mais perto de nós do que, por certo, eles próprios o julgam.

Aos primeiros não faleis de revelação, nem de anjos, nem do paraíso: não vos compreenderiam.

Colocai-vos, porém, no terreno em que eles se encontram e provai-lhes primeiramente que as leis da

fisiologia são impotentes para tudo explicar: o resto virá depois.

De outra maneira se passam as coisas, quando a incredulidade não é preconcebida, porque então a

crença não é de todo nula; há um gérmen latente, abafado pelas ervas más, e que uma centelha pode

reavivar. É o cego a quem se restitui a vista e que se alegra por tornar a ver a luz; é o náufrago a quem se

lança uma tábua de salvação.

“Entre os materialistas, importa distinguir duas classes: colocamos na primeira os que o são por

sistema, ” quer dizer por método, por jeito de ser.

...............................................................................................................................................

Kardec fala aqui dos materialistas por sistema. Fala dos Espíritos encarnados.

Mas nós devemos lembrar dos seres materializados desencarnados. Parece incrível que possam

existir Espíritos desencarnados que se mantenham materializados no Plano Espiritual. Como existem

Espíritos que dizem que não há reencarnação.

Rosemary Brown, a médium inglesa que tem uma obra sobre música mediúnica diz que o Espírito

Liszt e todos aqueles outros Espíritos de músicos que se comunicam através dela negam a reencarnação.

Então a gente fica imaginando que provavelmente aquilo é uma má filtragem do médium. Ela põe na boca

dos Espíritos que não existe reencarnação.

Então vocês observam que no Plano Espiritual deve existir também Espíritos materialistas, que

negam a existência de Deus, que negam a existência do Plano Espiritual Superior.

Page 54: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

54 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Kardec diz aqui que existem os materialistas por sistema, ou seja, aqueles que dizem

preliminarmente: “Não acredito, não creio, tenho a certeza de que não existe”. Donos da verdade.

Como agir com esses Espíritos? Observem o que Kardec diz no final do item 20: “O homem, para

eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada e que se desarranja após a morte”. Você tem

vida enquanto o cérebro pensa.

Qualquer forma de crença de vida após a morte é espiritualismo. O católico, o protestante, os

espiritualistas, mesmo sem serem espíritas acreditam na continuidade da vida após o desaparecimento do

corpo. O materialista não crê na existência de Deus. E quando você pergunta a ele o que ele acha que vai

lhe acontecer após a morte do corpo ele responde que vai se acabar, que não mais vai existir, que vai

desaparecer. Ele não tem nenhuma crença na Espiritualidade.

Quando você apresenta a essas pessoas uma comunicação mediúnica elas apresentam como

resposta uma negação. Vocês não esqueçam que Kardec está discutindo os materialistas por sistema, isto

é, por uma obrigação, por um sentimento, por uma força de entendimento deles (Eu sou materialista e está

acabado). E ainda que apareça qualquer coisa que ensine a eles que exista o Espírito, ou a comunicação

mediúnica, eles negam por sistema, isto é, sem examinar (Não existe, está acabado).

É uma forma de preconceito. O negador por sistema estabeleceu dentro dele uma norma. Qual é a

norma? Que Deus não existe. E nem ele próprio existe depois da matéria.

Porque essas pessoas são negadoras por sistema? Elas podem fazer isso por interesse. Eles representam

uma determinada religião. Então sempre dirão que não há Espíritos. Por exemplo, o Quevedo. Isso

interessa a concepção deles. Eles vivem daquilo.

Há outros exemplos. Surgiu na França após a 1a. Guerra uma corrente filosófica que pregava a

existência do Nada. Na Alemanha no final do século passado Nietzche pregava que nada existe depois da

morte. Ele tinha até uma filosofia perfeita, do ponto de vista humano. Devemos fazer o bem, não devemos

prejudicar, devemos agir bem com o próximo, mas baseada numa forma de viver com educação, não

numa forma de viver para uma espiritualização. Como ele não tinha nenhum interesse em viver para o

Espírito dele, aquelas normas eram cumpridas em relação ao próximo, enquanto o meu interesse não era

contrariado. A partir daí, quando não havia a necessidade de eu viver bem com o outro eu podia esquecer

aquilo e agir como eu quisesse. Foi um dos filósofos que ajudaram a Hitler e seus seguidores a implantar a

doutrina do Nacional Socialismo. Mais ou menos o raciocínio é o seguinte: “Eu faço o bem aos outros,

enquanto não me incomoda, quando começa a me incomodar eu tenho que mudar a situação, para eu

continuar bem, e o outro não me interessa.”

O Positivismo já tinha uma forma de espiritualismo, embora ainda estivesse muito próximo disso.

Então o materialistas por sistema segue uma linha de raciocínio da qual apenas as coisas da Terra, em

torno da Terra interessam.

Se você falar com um Espírito desses logo após o desencarne ele vai dizer que Deus não existe.

Porque ele estará envolto em tanta miséria moral, em tanta confusão mental, tão desacostumado de pensar

positivamente que apesar de ser Espírito ele vai dizer que não existe nada, que não existe coisa alguma.

Há algum tempo a Folha Espírita trouxe uma série de reportagem sobre a TCI (Transcomunicação

Instrumental) e uma dessas reportagens falava numa mensagem recebida por TCI. Um Espírito dizia

assim, através da máquina: “O que é que está acontecendo? Eu me vejo envolto em fumaça. Só em

fumaça. Já não vale mais o juramento de 2 de abril?” (Goelb).

A pesquisa sobre a comunicação revelou que esse Espírito, Goelb, foi a pessoa que iniciou o

programa de queima dos cadáveres de judeus, inspirado por Hitler e seus seguidores, nos campos de

concentração. 50 anos após o término da Guerra ele se vê ainda envolto em fumaça e ele pergunta o que é

isso. Esse juramento foi um juramento público que todos os seguidores de Hitler fizeram quando ele

assumiu o poder. Juraram seguí-lo, fazendo apenas o que ele mandasse. 50 anos depois esse Espírito

estava completamente perdido no Plano Espiritual. Imagina se um Espírito desses se comunica. Ali ele

deixou a mensagem no instrumento. Não teve a oportunidade de estabelecer um diálogo. Imagine que o

doutrinador lhe pergunte: “Então você não acredita em Deus?” Como ele ia dizer que acreditava em Deus

se ele nem entendia o que estava acontecendo com ele? Como ele ia entender reencarnação, se ele nem

entendia porque estava envolto em toda aquela sombra?

Page 55: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 55

Vocês que lidam com a mediunidade, trabalham em desobsessão, doutrinadores, compreendam

que vocês podem estar falando com um materialista por sistema, do outro lado. Aí vocês não se

perguntem: “Mas Espírito desencarnado não acreditando que ele mesmo exista?” São naturalmente

Espíritos bastante inferiores, bastante complexados e com uma vida totalmente má. Mas existe. Nem por

isso eles deixam de ser Espíritos.

O que esse Goelb estabeleceu na vida dele? Ele decidiu-se por seguir a Hitler. Se Hitler mandou

matar, ele mata. Não está interessado em qualquer outra conseqüência. Para ele Hitler era o grande

condutor. Se alguém que eu admiro manda fazer alguma coisa eu faço.

Ele disse que não tem conseqüência nenhuma, eu faço.

Imaginem alguém trabalhando para esses líderes que afirmam estar agindo em nome de Deus, para

salvação da Humanidade.

O que falta a essas pessoas é a capacidade de pensar racionalmente. Então eles obedecem

cegamente sem pensar.

É justamente o contrário do que a Doutrina Espírita manda fazer. A Doutrina diz que você deve

pensar sempre. Em o LM 230 diz-se: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade,

uma só teoria errônea.” (Erasto)

Vejamos alguns exemplos: aquelas criaturas que participaram da Inquisição, obedecendo

cegamente aquelas determinações; no Afeganistão, aqueles líderes religiosos que passaram a proibir a

mulher de assumir vida profissional, fora do lar. O país que já havia atingido algum progresso, regrediu.

Isso não é uma forma de materialismo?

Recordem a Revolução dos camponeses liderada pelo Pol Poth. Atribui-se a ele a morte de 2

milhões de pessoas. Quem ele mandou matar? Aqueles que tivessem aprendido a ler.

Há o relato de um médico que quase perdeu a vida numa das armadilhas preparadas pelos

camponeses para descobrir as criaturas que tinham alguma cultura. Solicita-se a ele que mostre como se

toma determinado remédio. E ele por força da profissão ia se traindo. Consegue disfarçar a tempo dizendo

ser analfabeto.

Esse camponês ignorante que aderiu a essa revolução, desencarnado, será o que? Será materialista.

Não pode acreditar que haja nada. Ele não tem nenhuma convicção de vida espiritual.

Agora imaginem uma pessoa que diga assim: “Não acredito em Espíritos. Menos ainda em

médiuns.” Ao entrar em contato com o médium essa será uma pessoa que está sempre negando “a priori”

por causa da cultura dela. O que é a cultura? São os hábitos estabelecidos. Essa pessoa que nega a

existência dos Espíritos por cultura, por hábito estabelecido, só vai superar essa situação quando ela for de

boa vontade e deixar aflorar o Espírito Imortal dela. Ai vai se lembrar de tudo aquilo o que ela já sabia

antes. Aí vai se tornar novamente espiritualista. Ou então quando ela se decidir a pensar.

Como exemplo recordem o que aconteceu na Rússia durante 75 anos. Houve oficialmente a

negação da existência de Deus. Nas escolas ensinava-se às crianças que não havia Deus. O que aconteceu

no dia seguinte da Queda do Regime? As igrejas estavam cheias. Não era de velho não. Era de jovem.

Aflorou todo aquele sentimento religioso que estava instalado nos Espíritos, que apesar de, nessa

encarnação, estarem recebendo toda aquela informação negativa, na hora que pode veio à tona.

Conhece-se também a história de um médico que se gabava de ter formado uma escola de médicos

que praticava o aborto até o 3o. mês. Ele achava que não havia vida até esta fase da gestação. Ele dizia ter

nas suas estatísticas 45.000 abortos praticados por eles. Um dia conseguiram provar a ele que já havia

uma forma de vida no embrião de 1 mês. Ele então declarou: “Tenho que rever os meus conceitos.” Então

foi o raciocínio que mudou a cabeça dele.

Então a gente muda quando deixa aflorar o Espírito Imortal ou quando a gente raciocina.

Compreendam que o materialista por sistema é aquele que descrê da existência de Deus porque ele

colocou na cabeça dele que não existe nada. Como você vai argumentar com ele? Mostrando-lhe a

continuidade da vida. Como? Mostrando que existe Espírito.

Por exemplo: Um dos alunos dos primeiros cursos de Psicologia da PUC contou-me que, na época

em que praticamente só os padres davam aula na universidade, o Padre Quevedo era um dos professores.

Page 56: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

56 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Então o Padre Quevedo era muito conhecido, através da televisão, que se resumia praticamente na TV

Tupi, a qual os padres tinham livre acesso.

Numa das turmas que também tinha jovens padres como alunos, o Padre Quevedo foi dar alguma

aulas e iniciou sua exposição negando a existência de Espíritos e a possibilidade de comunicação com

(entre) Espíritos e os homens.

Esses padres-estudantes levantaram-se em bloco e disseram ao professor:

- “Nós não vamos ficar aqui escutando essas bobagens. Então você vem dizer que não existem

Espíritos e que eles não podem se comunicar com os homens? Se você quer dizer que não se pode seguir

a Filosofia Espírita é outra coisa. Mas negar a existência dos Espíritos?!”

Nesse caso esses padres se negarem a existência do Espírito, estão negando porque? Por sistema.

Mas eles acreditavam.

“Quando dissemos que a dúvida cessa nos incrédulos diante de uma explicação racional,

excetuamos os materialistas extremados”.

Anteriormente Kardec lembra a discussão sobre o materialismo em LE 147 e Conclusão III. A

Nota de Kardec à questão 147 do LE é verdadeiro estudo sobre o materialismo.

Continua Kardec: “Com tal gente, não há que fazer; ninguém mesmo se deve deixar iludir pelo

falso tom de sinceridade dos que dizem: fazei que eu veja, e acreditarei. Outros são mais francos e dizem

sem rebuço: ainda que eu visse, não acreditaria”.

Atenção: não se perde tempo com esse tipo de pessoa. Deixem que a dor vá despertá-los (ESE

Cap. VII § 9: “Não se espantem, pois, os incrédulos de que nem Deus, nem os Espíritos, que são os

executores da sua vontade, se lhes submetam às exigências.”).

Vocês prestem atenção nas pessoas que comparecem à Assistência Fraterna, pessoas que precisam

ser ouvidas, que se “perca tempo” com eles, auxiliando-as a encontrar a crença. Não percam tempo com

os que não conhecem Doutrina e querem discutir.

Eu tive uma parenta que dizia assim:

- “Eu não acredito que Espírito existe. Só se eles aparecerem aqui na hora que eu estiver lavando

roupa.”

Entretanto foi uma das pessoas que eu conheci com maior número de fenômenos mediúnicos junto

a ela. Via Espíritos, falava com os Espíritos, chegava perto de você e identificava sua personalidade toda.

Tinha um coração bondosíssimo mas, após conversar com Espíritos dizia:

- “Ah, isso não é Espírito não.”

Uma das vezes o Espírito chegou a dar o nome de um remédio o tratamento da filha dela.

Passemos ao item 21.

“A segunda classe de materialistas, muito mais numerosa do que a primeira, porque o

materialismo é um sentimento anti-natural, compreende os que são por indiferença, por falta de coisa

melhor, pode-se dizer. Não o são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes

é um tormento.”

Porque eles querem crer, mas querem crer segundo o seu ponto de vista. Então eles ficam

atormentados. Que nem obtém resposta e sentem que estão errados. Então a coisa vira um tormento.

Quem são esses materialistas por falta de coisa melhor? Aqueles que negam existência de Anjos,

Paraíso, Inferno. Tornam-se aparentemente materialistas.

“Assim sendo, se lhes apresentardes, alguma coisa racional, aceitam-na pressurosos. Esses, pois,

nos podem compreender, visto estarem mais perto de nós do que, por certo, eles próprios o julgam.

Aos primeiros não faleis de revelação, nem de anjos, nem do paraíso: não vos compreenderiam.

Colocai-vos, porém, no terreno em que eles se encontram e provai-lhes primeiramente que as leis da

fisiologia são importantes para tudo explicar: o resto virá depois.

De outra maneira se passam as coisas, quando a incredulidade não é preconcebida, porque então a

crença não é de todo nula; há um gérmen latente, abafado pelas ervas más, e que uma centelha pode

reavivar. É o cego a quem se restitui a vista e que se alegra por tornar a ver a luz; é o náufrago a quem se

lança uma tábua de salvação.”

Page 57: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 57

Observemos com Kardec esse tipo de materialistas. Primeiro eles o são por indiferença, por falta

de coisa melhor. Há uma vaga aspiração, mas eles são incrédulos por causa daquilo que foi apresentado a

eles. Então isso é uma fase.

Para essas pessoas você não pode apresentar fenômeno mediúnico, você tem que apresentar a

Filosofia. Porque no fenômeno mediúnico eles vão sempre ter alguma coisa que rejeitar, que negar, que

desconfiar. Você não apresenta fenômeno mediúnico, mensagens, livros de mensagens. Isso não serve

para eles.

Você vai apresentar a eles a Filosofia. Eles estão descrentes porque apresentaram a eles alguma

coisa parecida com o que eles rejeitam.

Na Itália e na França os Espíritas de lá não tem hábito de rezar. Só os Espíritas brasileiros. Por

que? Eles estão tão cheios de padres e daquela tradição católica, que se falar em prece eles dizem logo:

“Isso aí é coisa de padre.”

Uma vez recebemos aqui no Centro a visita de um líder do Espiritismo na Itália, já desencarnado.

Ao final da reunião ele disse:

- “Mas como vocês aqui são católicos?!!!”

Eu perguntei:

- “O que é que você viu de catolicismo aqui?”

Ele disse:

- “Vocês rezaram do começo ao fim da reunião. Isso parece coisa de igreja!”

Eu insisti:

- “Escute, você viu alguém aqui fazendo o sinal da cruz, ajoelhado, etc...?”

Ele me disse:

- “Não, não vi. Vocês só são católicos educados.”

É a rejeição. Aí ainda “pega” umas Espíritas que falam em Nosso Senhor Jesus Cristo (risos).

Como agir com essas pessoas? Kardec explicou: “Colocai-vos, porém, no terreno em que eles se

encontram e provai-lhes primeiramente que as leis da fisiologia são impotentes para tudo explicar: o resto

virá depois.”

São os negadores que rejeitam aquele sentimento de religiosidade e são os negadores que acham

que tudo pode ser explicado pelas leis da Fisiologia: “Porque meu filho nasceu anormal? Porque sofro?.”

Eles começam então a pensar porque acima de tudo eles são pessoas que desejam encontrar respostas.

Eles tem isso aqui: “... a incerteza lhes é um tormento.” Eles querem crer, mas às vezes a gente não

consegue explicar direito; mas às vezes ainda não está no momento deles entenderem.

O Mário Tamassia, Espírita já desencarnado, era um dos homens ricos de Campinas que

convidava para sua casa a sociedade rica da cidade para conversas sobre Espiritismo. E me dizia: “Altivo,

esse homem aí (presidente de indústria, etc.) jamais vai botar o pé dentro de Centro Espírita. Eles jamais

vão descer de seus pedestais.”

Mas na casa do Tamassia, que era um rico igual a ele, que devia ter uma cabeça liberada, eles

escutavam falar de Espiritismo. Ele tinha uma cunhada que era um médium muito bom para

comunicações particulares e aproveitava o Guia da cunhada que dizia algumas verdades para aqueles

homens que iam ouvir falar de Espiritismo na casa do Tamassia.

E ele dizia assim: “Quando essa gente sai daqui deixa os meus tapetes todos sujos.”

O Tamassia particularmente era um homem muito simples. Os nossos blusões eram mais elegantes

do que os dele. Ele sabia usar a riqueza dele. Ele era espírita convicto, escritor.

O que aquela sociedade tinha era essa angústia de crer, mas o orgulho impedia a procura de Casa

Espírita.

Isso também acontecia com Inácio Bittencourt, que recebia em casa pessoas que não iam até à

farmácia onde ele trabalhava: religiosos, por exemplo. Eles compareciam à casa do médium em horários

em que não pudessem ser identificados pelo público, para que não dissessem deles que estavam

procurando um intérprete do demônio.

Page 58: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

58 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

E esses homens entendiam essas criaturas. Porque no fundo Inácio queria passar para aquelas

pessoas o que? Não o remédio, mas a certeza da existência dos Espíritos. Então essas pessoas tem a

angústia da crença. A incerteza lhes é um tormento.

Quando vocês vêem essas pessoas que comparecem a TV para discutir com os

jornalistas/apresentadores sobre mediunidade saibam que isso é tolice! Discutir fenômeno com incrédulo?

Se vocês tiverem que comparecer a uma ocasião dessas, vocês devem é mostrar a Doutrina.

Porque fenômeno mediúnico é uma coisa tão complexa, tão difícil de entender que não vai ser com 5

minutos de discussão que você vai convencer alguém.

Essas discussões sobre a mediunidade não dão esclarecimento a essas pessoas às quais falta a

certeza do Mundo Espiritual. E certeza do Mundo Espiritual você só adquire com meditação.

Eu presenciei sessões de materialização com o médium Fábio nas quais presenciei fenômenos

interessantíssimos. Assisti às reuniões com espírita convicto e afirmo a vocês que os fenômenos nada

acrescentaram à minha convicção. E eram materializações luminosas.

99% dos incrédulos que assistem a fenômenos mediúnicos não alcançam a crença. Portanto

conversando com os encontristas prestemos atenção nisso: “Você está querendo crer ou ver?” Se você

quer crer os elementos de discussão estão no estudo! Quer entender o raciocínio, vamos estudar! Discutir,

eu não estou aqui para discutir.

Como é que você deseja crer? Eu desejo crer porque eu quero ter uma fé! Eu desejo crer porque eu

quero pensar! Eu desejo crer porque eu desejo aprender.

Então vocês vão oferecer material para o raciocínio: é o curso, o livro. A nossa função é despertar

essas pessoas. Não é comprovar não.

Porque essa comprovação será feita através de um amadurecimento do próprio Espírito. Porque

enquanto nós não amadurecemos nós não acreditamos. É como a gente quando a gente não acreditava em

reencarnação. Enquanto a reencarnação não se tornar uma “coisa” natural no nosso entendimento, nós

vamos sempre questionar a reencarnação.

Quando nós amadurecemos a idéia da reencarnação, nós até podemos querer compreender porque

estamos reencarnados nesse ou naquele lugar, enfrentando essa ou aquela circunstância. Mas nós não

questionamos a reencarnação em si mesma.

“Colocai-vos no terreno em que eles se encontram.”

Uma vez procurou à Casa um médico com problemas com a mulher dele. A mulher era meio

“espiroquetada”, e ele queria uma orientação. E ele perguntava:

- “Minha mulher é maluca ou está influenciada por Espíritos?”

Por orientação do Dr. Hermann eu passei a conversar com ele, semanalmente sobre o Mundo dos

Espíritos, a alma, Deus, e Dr. Hermann me advertia para não entrar na discussão de fenômeno mediúnico.

Dizia mesmo que ele teria pouco tempo vivendo no Rio de Janeiro e que importava dar-lhe noções claras

que o auxiliasse a raciocinar sobre a mediunidade. Ele vinha de uma outra cidade para ouvir as

explicações.

Passado algum tempo ele me disse:

- “Já acredito em Deus. Já sei que sou um Espírito. Já compreendi como os Espíritos se

comunicam. E já sei que a minha mulher é maluca.”

Ele chegou à conclusão de que o que a mulher precisava era de tratamento psicológico, com algum

profissional espiritualista. Em momento algum eu falei com ele sobre Dr. Hermann, sobre a força do

passe, ou ofereci orientações espirituais. Eu só conversava com ele, no terreno dele de acordo com as

experiências dele.

Uma vez ele me pediu para assistir uma reunião mediúnica. E eu concordei. No final da reunião

ele me disse assim:

- “Muito interessante como essas pessoas (os médiuns) mudam de personalidade.”

Ao afastar-se definitivamente da cidade, por motivos profissionais, ele levou uma crença.

Há ainda os falsos crentes. Eu conheci um bom médium escrevente que não acreditava na

mediunidade dele. No Centro em que ele trabalhava ele era o último médium a encerrar o seu trabalho. A

reunião acabava, a dirigente liberava todo mundo e o Espírito continuava escrevendo através dele. E ele

mesmo avisava: “Ainda não acabou não.” O Espírito era deseducado, ele também era médium deseducado

Page 59: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 59

e ele dizia assim para mim: “Eu não acredito no que eu estou escrevendo.” Porque é que o Espírito não

parou ao final da reunião? Porque ele precisava crer. Ele precisava crer que estava sendo dominado pelo

Espírito. Eu dizia que ele tinha a falsa fé.

Uma vez em que ele atravessava certos problemas eu o convidei para irmos à Rocinha. Ele era um

“dandi”, cheio de “não me toques”. Quando acabou o trabalho ele me disse assim:

- “Olhe não me chame mais para ir a esse lugar. Eu não me dou com pobre. É muita tristeza. É

muito sofrimento.”

E eu lhe perguntei:

- “Mas você não percebeu os Espíritos junto a você, dispostos ao trabalho?”

- “Mas eu não posso tolerar isso.”

E a coisa foi num crescendo. Ele abandonou o Centro Espírita. E o Espírito que tinha um trabalho

a desenvolver com ele, ditou através dele mesmo uma mensagem de despedida para as pessoas da Casa,

dizendo que não ia insistir mais com o médium. Atualmente ele leva sua vida participando de associações

de aposentados, etc., mas não mantém qualquer vínculo com a Casa Espírita. Diz simplesmente que se

houver Espíritos, reencarnação, depois da morte ele enfrentará isso. É a falsa fé. É o falso crente. Falará a

você sobre Espíritos, sobre Deus, mas no fundo, no fundo, é um descrente.

“De outra maneira se passam as coisas, quando a incredulidade não é preconcebida, porque então a

crença não é de todo nula; há um gérmen latente, abafado pelas ervas más, e que uma centelha pode

reavivar.”

Algumas vezes quando eu olho o trabalho mediúnico, a reunião, acho que houve mais confusão do

que poderia haver. E fico “danado”: Fulano não estava concentrado, Beltrano não falou o que deveria. E

nessas ocasiões, algumas pessoas que estão chegando à Casa vem me dizer:

-“Que beleza de reunião!” “Eu estou “voando”. “Eu estou num clima de total paz”.

Que confusão. Eu vi um monte de coisas erradas e as pessoas foram despertadas pelo clima de

espiritualidade. É o gérmen latente e a centelha.

O fato de Fulano e Beltrano não terem desempenhado suas tarefas a contento não tem para essas

pessoas qualquer importância. O que ela precisava era do reerguimento. O contato com o ambiente da

Casa Espírita. Esses negadores não são preconcebidos. A fé está latente neles.

Aí vocês vão entender a ação desses pastores “malucos” junto a muita gente. O que eles falam

reaviva a fé dessas pessoas. Faltava apenas “passar um esfregão” para a fé aparecer. Eles falam meia dúzia

de verdades misturadas com 30 irrealidades mas aquilo desperta a pessoa. Depois elas vão racionar, mas o

que elas queriam era crer.

Por isso o Espírita tem que falar numa linguagem acessível. O Léon Denis é um Centro que cresce

muito porque ele fala para o povo. Dá-se chance. Todos os Centros que seguem este modelo de reuniões

públicas e cursos estão crescendo. Porque? Porque as pessoas querem acreditar. Eles querem crer. Mas

como não se apresenta nada de positivo e de elevado para eles, eles ficam perdidos.

O Centro Espírita tem que ser assim. Dar os elementos para as pessoas pensarem, para elas

raciocinarem. Não adianta ficar fazendo palestras de alta erudição mas que não auxiliem as pessoas na sua

dor. Elas saem dali sem fé.

Lembrem-se ao estudar o item 21 “porque o verdadeiro materialismo é um sentimento

anti-natural”, de comparar com a questão 651 do LE.

Ainda no item 21 quando Kardec diz “esse futuro lhes foi apresentado com cores tais, que a razão

se lhes recusa a aceitá-lo”, ele se refere aos incrédulos por força dos dogmatismos que lhes foram

impostos. Um exemplo disso é encontrado na obra Memórias do Padre Germano.

No 3o. § “aos primeiros não faleis de revelação ...” Kardec ensina uma metodologia de como agir

com essas pessoas. É uma metodologia de convivência.

Perguntas e Respostas da aula de 16/03/98

P 01 - Qual o grau de responsabilidade desse médico que negando a existência de vida, antes do 3o. mês

de gestação, induziu outros profissionais à prática do aborto até este período de gestação?

Page 60: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

60 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

R 01 - A responsabilidade dele deriva daquilo que ele estimulou nos outros. Ele não responderia por 45

mil abortos mas por aquilo que ele estimulou nos outros.

P 02 - O que é que vai se estimular primeiro nas criaturas? A crença nos Espíritos ou a crença em Deus?

R 02 - A crença nos Espíritos. Ela é mais imediata. Você começa a acreditar no Mundo Espiritual quando

você começa a ver Espíritos ao seu lado; você não vê a Deus.

P 03 - Mas a orientação da Casa não é que inicialmente trabalhemos a idéia de Deus junto das

criaturas? Como então lidar com o Espírito materialista na mesa de desobsessão?

R 03 - Nos cursos você vai falar primeiro da idéia de Deus. Mas individualmente você precisa levar a

criatura a compreender que ela é um Espírito. Então o princípio é esse: diante do materialista que você

torne a criatura crente nele mesmo, no ser espiritual. De acordo com Kardec você primeiro torne a criatura

espiritualista; depois, espírita.

P 04 - Mas no LE não diz que todos temos a Lei de Deus gravada na consciência? Não temos então a

idéia de Deus?

R 04 - Você não tem desde a sua criação, como Espíritos, a noção de Deus. As vidas sucessivas vão

criando a noção da continuidade da vida. Depois você alcança a noção de Deus. Não é quando você foi

criado. Você não tem condição de ter a noção de Deus quando você foi criado.

Como a criança pequena em relação aos pais. Ela volta-se para eles, instintivamente. Mas não tem

consciência deles. Se, muito pequena, é afastada ou perde seus pais, voltar-se-á para aqueles que

substituam-nos no papel de proteção a ela.

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.03.98

1 “Recordações da Mediunidade”, Yvonne A. Pereira, Capítulo 10 “O Complexo

Obsessão”, página 199.

O caso de “Chico da Porteira” que “desencarnado, ignorava a localização do

mundo espiritual.

2 L.E. 651

3 L.E. 147 – Nota de Kardec, Conclusão 3

4 E.S.E., cap. VII item 9

5 E.S.E., cap. VII, “Mistério Oculto aos Doutos e Prudentes” itens 7 a 10

6 Memórias do Padre Germano, médium Amalia D. Soler

Page 61: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 61

4a aula - 02/04/98

L.M. - Primeira Parte - Noções Preliminares - Cap. III. Itens 22, 23, 24 e 25

Texto de Kardec:

Ao lado dos materialistas propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora

espiritualista, pelo menos de nome, são tão refratários quanto aqueles. Referimo-nos aos incrédulos de

má vontade. A esses muito aborreceria o terem que crer, porque isso lhes perturbaria a quietude nos

gozos materiais. Temem deparar com a condenação de suas ambições, de seu egoísmo e das vaidades

humanas com que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir.

Lamentá-los é tudo o que se pode fazer.

Apenas por não deixar de mencioná-la, falamos de uma quarta categoria, que chamaremos os

incrédulos por interesse ou de má fé. Os que a compõem sabem muito bem o que devem pensar do

Espiritismo, mas ostensivamente o condenam por motivos de interesse pessoal. Não há o que dizer deles,

como não há com eles o que fazer.

O puro materialista tem para o seu engano a escusa da boa fé; possível será desenganá-lo,

provando-se-lhe o erro em que labora. No outro, há uma determinação assentada, contra a qual todos os

argumentos irão chocar-se em vão. O tempo se encarregará de lhe abrir os olhos e de lhe mostrar, quiçá

à custa própria, onde estavam seus verdadeiros interesses, porquanto, não podendo impedir que a

verdade se expanda, ele será arrastado pela torrente, bem como os interesses que julgava salvaguardar.

Além dessas diversas categorias de opositores, muitos há de uma infinidade de matizes, entre os

quais se podem incluir: os incrédulos por pusilanimidade, que terão coragem quando virem que os

outros não se queimam; os incrédulos por escrúpulos religiosos, aos quais um estudo esclarecido

ensinará que o Espiritismo repousa sobre as bases fundamentais da religião e respeita a todas as

crenças; que um de seus efeitos é incutir sentimentos religiosos nos que os não possuem, fortalecê-los nos

que os tenham vacilantes. Depois, vem os incrédulos por orgulho, por espírito de contradição, por

negligência, por leviandade, etc., etc.

Não podemos omitir uma categoria que chamaremos a dos incrédulos por decepções. Abrange os

que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade, porque sofreram desenganos. Então,

desanimados, tudo abandonaram, tudo rejeitaram. Estão, no caso de um que negasse a boa fé, por haver

sido ludibriado.

Ainda aí o que há é o resultado de incompleto estudo do Espiritismo e de falta de experiência.

Aquele a quem os Espíritos mistificam, geralmente é mistificado por lhes perguntar o que eles não devem

ou não podem dizer, ou porque não se acha bastante instruído sobre o assunto, para distinguir da

impostura a verdade.

Muitos, ao demais, só vêem no Espiritismo um novo meio de adivinhação e imaginam que os

Espíritos existem para predizer a sorte de cada um. Ora, os Espíritos levianos e zombeteiros não perdem

ocasião de se divertirem à custa dos que pensam desse modo. É assim que anunciarão maridos às moças;

ao ambicioso, honras, heranças, tesouros ocultos, etc. Daí, muitas vezes, desagradáveis decepções, das

quais, entretanto, o homem sério e prudente sempre sabe preservar-se. (Kardec, L.M. – Cap. III – Itens 22, 23, 24 e 25)

Kardec fala dos INCRÉDULOS que são ESPIRITUALISTAS. Quem nós poderíamos classificar

assim de INCRÉDULOS, embora ESPIRITUALISTAS?

Kardec dá a primeira “dica”, a primeira noção de quem são essa pessoas, quando ele diz assim:

“são aqueles de MÁ VONTADE”... E porque ele diz que essas pessoas tem MÁ VONTADE? Ele diz que

elas tem má vontade justamente porque elas teriam que sofrer uma perturbação na sua quietude. E ele fala

nos gozos materiais.

Então vocês observam que Kardec aqui ... não fala dos incrédulos de má vontade que sejam

religiosos. Ele não fala, por exemplo, de um Quevedo. Porque ele não é incrédulo. Um Quevedo e essa

Page 62: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

62 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

“turma” toda eles não são incrédulos. Eles apenas defendem o ponto de vista deles. Eles não fazem isso

porque são incrédulos, eles fazem apenas porque não querem “dar o braço a torcer”.

Já essa classe que Kardec fala, desses incrédulos de má vontade, eles são bem caracterizados, ou

seja, tudo aquilo que significar qualquer forma de obrigação moral para eles, vai perturbar-lhes a

satisfação, a vida, os gozos. Então eles dizem logo: “Não creio”.

Não é nem porque eles creiam ou não creiam. Eles não querem é examinar.

Eles são inteiramente diferentes daqueles que eu chamei aqui a atenção, de Quevedo e todos esses

religiosos. O religioso, esse protestante, essa turma toda assim “negativa”, eles são incrédulos porque eles

defendem um outro ponto de vista. Embora a gente saiba que eles estão agindo até com má fé. Mas eles

defendem o ponto de vista deles. Eles estão agindo de má fé, tranqüilamente que eles estão agindo de

má-fé, mas eles defendem o ponto de vista deles.

Mas essa categoria, DE MÁ VONTADE, é o que apenas não quer ser incomodado, por que eles

estão muito sossegados, muito satisfeitos com aquilo que eles estão fazendo. Então ele alegam que não

querem crer porque (aí eles vão descobrir!) não há uma prova convincente; não há uma prova que

realmente lhes sirva; não há uma prova que realmente possa (me) dar tranqüilidade... Mas, no fundo, no

fundo, eles até acreditam...

Mas como se eles disserem a vocês que estão crendo vocês vão cobrar deles alguma coisa em

seguida, eles preferem dizer que não crêem.

E se você, mulher do marido que não quer ir ao Centro Espírita, marido de uma mulher que não

quer ir ao Centro Espírita, dissesse:

- “Ah, você não quer ir? Pode ficar à vontade, mas deixa eu ir...”

Eles iam ficar satisfeitos. Até iam dizer:

- “Não! Minha mulher ou meu marido é Espírita! Eu não sou, mas eles são!”

Porque é que eles não querem dizer que são Espíritas? Porque é que eles querem ser incrédulos?

Porque é que eles querem dizer que são incrédulos?

Porque vocês vão imediatamente cobrar deles.

- “Mas, escuta, porque não vai também ao Centro Espírita? Porque não me acompanha?”

Então vocês “cobram” e como vocês “cobram” eles “saem correndo”.

..........................................................................................................................................

Mas existem os incrédulos também de má vontade que sem serem esposo ou esposa, sem serem

marido ou mulher, são aqueles que não querem ser incomodados. É aquele colega, por exemplo, de

trabalho, que chega para você, pede até uma prece, pede o auxílio para uma dificuldade qualquer, pede o

socorro para uma circunstância que ele esteja passando, demonstrando portanto que acreditam, mas

quando vocês dizem assim:

- “Escuta, vai ao Centro Espírita.”

- “Ah, isso aí não.”

Ele vem uma vez, não vem outra, vem outra vez, não vem mais.

Aí tem aquela alegação:

- “Isto muito me incomoda.”

Aí vocês “pegam” quase todos nós temos um caso, temos um conhecido na nossa empresa, o

nosso vizinho, que pede um socorro espiritual, mas só quer vir aqui ser curado, só quer vir aqui “passar

pela corrente”, como eles dizem. Só quer vir aqui passar pelo socorro.

Então ele diz a você que as coisas não tem tanto interesse para ele. Então eles não querem ter o

quê? Não querem dar continuidade àquelas obrigações, porque isso os obrigaria a uma modificação de

hábitos, a uma transformação de hábitos, e também a um posicionamento diante de certas coisas da vida.

O que é posicionamento diante de certas coisas da vida?

Às vezes você como Espírita você é obrigado a declarar-se Espírita. A dizer-se Espírita. A

mostrar-se Espírita. E até a tomar até uma atitude de Espírita!

E essas pessoas que ainda estão diante do “crer ou não crer”, “sou ou não sou”, ficam naquela

balança, naquele bamboleio; eles não querem declarar-se Espíritas (eles querem ter esta incredulidade por

má vontade) justamente por causa das indecisões deles.

Uma vez uma amiga nossa disse assim para mim:

Page 63: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 63

- “Eu tenho muito medo de ser despedida do meu emprego.”

Ela tem razão. Quem é que não tem medo de ser despedido? Porque o patrão dela era judeu e ela

era cristã. E o judeu aceitou lá “aquele negócio” de ser cristã.

E quando eu falei assim para ela... (Ela trabalhava numa outra Instituição Espírita, que dirige um

orfanato)

E quando eu disse para ela ... (Era uma reunião para ajudar a Instituição a levantar fundos)

Eu disse assim:

- “Vocês tem que dizer que essa instituição é Espírita, até para motivar as pessoas.”

Ela disse:

- “Ah, não! Isso eu não faço. Porque o meu patrão é judeu. Ele já aceita o fato de eu ser cristã; se

eu ainda digo que eu sou Espírita e o Orfanato que eu trabalho é Espírita, vai ser muita coisa para ele.

Então eu vou perder o auxílio e vou perder o emprego.”

Ela simplesmente ficou num “dúvida cruel”. E ela tinha o direito, nos dias de hoje, de temer pela

perda do emprego.

Mas interessante que, se um patrão desse perguntar a ela:

- “Você é Espírita?”

Ela vai mastigar, mastigar, mastigar e vai dizer que acredita que “não sei o que”.

Ela é uma pessoa parcialmente atuante, razoavelmente atuante na sua Instituição.

Então esse também é um tipo de incredulidade que a pessoa demonstra.

Por que o que é que é incredulidade? É a (falta da) crença, (d)a fé.

Então numa hora dessa ela pode até ser desculpada de dizer que tem a fé mas não quer se declarar

para não perder o emprego. Está até justificado...

Mas há horas que é covardia moral a gente dizer que não é (1).

Há momentos em que você tem que ter o comportamento totalmente Espírita. Você tem que ter

sentimento, mas também tem que ter comportamento.

Então o “incrédulo por má vontade” tem várias nuances. Vocês quando falarem para os

encontristas vão ter que falar com cautela para não acusar ninguém, para não por o dedo na cara de

ninguém. Vocês vão lembrar as suas pequenas covardias, os seus pequenos medos.

- “Você é Espírita?”

Em certas ocasiões a gente responde: “É eu acredito mais ou menos”...

A gente não declara: “Eu sou Espírita.”

Hoje em dia se dizer Espírita até virou “status”. Antigamente isto era meio complicado. Para vocês

terem noção como isso era complicado, na minha empresa por volta de 1954, éramos 4 Espíritas em 2.000

funcionários: eu, Brunilde, Vera Simões e Benedito Guimarães. Foi quando eu comecei a ser Espírita. As

pessoas me perguntavam:

- “Você agora é da “turma dos fumaças”?”

Naquele tempo a “turma dos fumaças” não tinha o tom pejorativo que tem hoje. A “turma dos

fumaças” designava os Espíritas. Em 40 e poucos anos mudou muito o quadro. E cada vez vai mudar

mais.

Vocês então irão de qualquer modo encontrar os incrédulos de má vontade. Aqueles que não

querem ser incomodados e farão uma perfeita distinção entre aqueles religiosos que dizem que não

querem crer. Os incrédulos por má vontade não são religiosos. Eles não querem ser incomodados.

Há os incrédulos por interesse ou por má fé. Os religiosos estão aqui.

“Apenas por não deixar de mencioná-la, falamos de uma quarta categoria, que chamaremos os

incrédulos por interesse ou de má fé. Os que a compõem sabem muito bem o que devem pensar do

Espiritismo, mas ostensivamente o condenam por motivos de interesse pessoal. Não há o que dizer deles,

como não há com eles o que fazer.”

Prestem bem atenção: “não há o que dizer deles, como não há com eles o que fazer.” Ou por outra,

não se perde tempo com esse tipo de gente.

Page 64: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

64 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

“O puro materialista tem para o seu engano a escusa da boa fé; possível será desenganá-lo,

provando-se-lhe o erro em que labora. No outro, há uma determinação assentada, contra a qual todos os

argumentos irão chocar-se em vão. O tempo se encarregará de lhe abrir os olhos e de lhe mostrar, quiçá à

custa própria, onde estavam seus verdadeiros interesses, porquanto, não podendo impedir que a verdade

se expanda, ele será arrastado pela torrente, bem como os interesses que julgava salvaguardar.”

Aqui se enquadram perfeitamente os religiosos.

Há alguns dias eu estava em Petrópolis e dei aquela “paradinha” para ver as manchetes do jornal

na banca. E lá estava também um evangélico, de gravatinha, de Bíblia na mão, “torrando a paciência” de

uma senhora, tentando convencê-la. E eu escutando o camarada falar.

Um dos jornais apresentava uma seqüência de fotos nas quais um homem estava esquentando

cocaína com uma vela. Na seqüência ele oferecia o tóxico à mulher. A seguir ele mesmo aspirava o

tóxico. O prato aonde esquentava o tóxico estava apoiado numa Bíblia.

Eu tive vontade de falar para o Fulano:

- “Olha aí o que o teu seguidor está fazendo.”

Um Espírita também poderia estar fazendo o mesmo. Aonde está o erro? O erro está em dar

caráter absoluto à salvação. Como o erro deles está em dar caráter absoluto à descrença na existência dos

Espíritos. Os Espíritos existem. Ninguém pode negá-los.

Então quando eles falam contra o Espiritismo, quando eles falam contra a existência dos Espíritos

eles estão perfeitamente enquadrados na classificação de incrédulos por interesse ou de má fé.

E ele poderá alegar: “A Bíblia não era nem deles”. Então porque dizer que só eles salvam? A má

fé está nisso.

Há muito tempo esse padre Estevão Bittencourt escreveu um artigo no JB contrariando a

reencarnação. E ele escrevia citando textos de Léon Denis. E eu pensava assim: “Eu não sei se ele é um

espírita infiltrado no clero ou se ele está estudando Léon Denis e vai acabar sendo Espírita.”

Para escrever o artigo ele teve que ler as obras portanto teve ocasião de pensar. Ele citava trechos

das obras de Denis sobre a reencarnação e comentava: “O Espírita Léon Denis disse isso, sobre

reencarnação. Mas nós devemos pensar o contrário por aquilo.”

É portanto o incrédulo de má fé. Esses incrédulos tem capacidade intelectual de pensar; não se

pode negar a acuidade intelectual desses homens, não pode negar a capacidade de raciocínio deles, até

pelo estudo, pelo hábito de ler. Porque eles não tem a crença? Porque eles sabem que se defenderem

aquela crença eles estarão perdidos no seu próprio reduto.

Então o incrédulo de má fé ou incrédulo por interesse eles conhecem o assunto e a aparente falta

de fé na existência dos Espíritos por eles, está baseada tão somente na suas próprias decisões pessoais.

Não é mais um capítulo de crença. É um capítulo de decisão pessoal. E vocês prestem muita atenção nisso

quando vocês apresentarem esse tema aos encontristas. A crença o Fulano tem a partir do momento que o

fato se dá. Ele não pode deixar de crer porque ele ouviu. Ele entendeu. Mas a decisão pessoal obriga que

ele não assuma aquela responsabilidade. Não é que eles não tenham a crença. É que eles tomam uma

decisão: “Não vou fazer isso.” “Porque?” “Porque isso contraria as minhas convicções.”

Uma parenta minha, médium vidente, cansou de ver Espíritos. Mas ela dizia que não podia

acreditar naquilo porque ela era católica. Não era um problema de crença. Era um problema de decisão

pessoal. Ela tinha a crença nos Espíritos. Ela não podia negar o fato. Mas quando se perguntava a ela o

porque do não exercício da mediunidade, ela respondia: “Porque sou católica.” Era uma decisão pessoal.

“Não posso crer.” “Não devo crer.” Então vocês vejam que no caso dela não era má fé. Era o interesse da

crença.

O nosso querido irmão Estevão Bittencourt também tem o interesse da crença. Ele não pode

aceitar o raciocínio de Léon Denis devido ao interesse da crença que ele defende, o catolicismo.

A má fé é quando as pessoas utilizam aquela falsa crença para tirarem proveito. Pessoas que lêem

mãos, pessoas que dizem que fazem trabalhos contra outrem. Quando você diz a uma pessoas dessas:

“Você está prestando atenção que você está induzindo uma pessoa a ter medo, a ter inquietação na

alma?”. Elas respondem: “Não. Elas crêem nisso porque querem”. É má fé pura.

Elas sabem que o outro vai ficar assustado. Elas sabem que o outro vai ficar apavorado porque

estão se dirigindo a uma alma fraca. É a má fé. É a total má fé.

Page 65: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 65

A má fé portanto é para tirar um proveito imediato.

“Além dessas diversas categorias de opositores, muitos há de uma infinidade de matizes, entre os

quais se podem incluir: os incrédulos por pusilanimidade, que terão coragem quando virem que os outros

não se queimam; os incrédulos por escrúpulos religiosos, aos quais um estudo esclarecido ensinará que o

Espiritismo repousa sobre as bases fundamentais da religião e respeita a todas as crenças; que um de seus

efeitos é incutir sentimentos religiosos nos que os não possuem, fortalecê-los nos que os tenham

vacilantes. Depois, vem os incrédulos por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por

leviandade, etc., etc.”

Aí Kardec fala de todos o defeitos que a gente tem.

Vocês reparem bem que quando ele fala nos incrédulos por pusilanimidade, isto é, por medo, ele

se refere aos que tem medo de crer. Porque é que você tem medo de crer? Por várias razões.

Você pode ter sido educado para ter medo de Espíritos. Sua mãe lhe ensinou, sua cultura lhe

ensinou que aquilo era coisa do demônio.

Por comparação vamos ver o seguinte caso. Aqui na Casas Sendas tem um garoto excepcional que

ajuda as pessoas a carregar suas compras. Uma vez alguém aqui do Centro pediu ajuda a ele para carregar

algumas bolsas de compras para cá.

Ele respondeu: “Não posso. Lá eu não posso ir.”

E a pessoa perguntou porque e ele respondeu que lá era a casa do demônio.

E a pessoa argumentou com ele: “Quem disse isso?”

- “Minha mãe disse que eu nunca posso me aproximar de lá. Lá é a casa do demônio.”

Quando a mãe dele incute esse medo num Espírito desses, vocês imaginem isso repercutindo

daqui a uma, duas encarnações. Durante muito tempo dentro da alma dele vai existir: “lugar de Espírita é

lugar de demônio.” Até ele “lavar” isso da alma dele vai demorar um bocado. A não ser que ele seja um

Espírito com muita determinação.

Isso acontece com muitos de nós. Às vezes nós somos Espíritas meio “catolicizantes”. Espírita que

adora cantar no Centro Espírita. Espírita católico.

Há Espíritas também que não deixaram de ser protestantes. Eles adoram brigar por um artigo

doutrinário. A discussão que se estabelece sobre a questão no. 1 do Livro dos Espíritos. Discute-se se

Deus é a causa primária ou é a causa primeira. Estabelecem-se intermináveis discussões. Primária parte

do zero e primeira é quando tudo já estando estabelecido Deus então toma conta. São discussões

bizantinas. São os Espíritas protestantes. Adoram reclamar que as mulheres entraram de saia curta, que os

homens vieram de short.

Há ainda Espíritas negadores. Há Espíritas negadores de Deus. Não acreditam em Deus: “Deus

está muito distante”.

Espírita tem que ser “esférico”. Tem que acreditar em Deus, nos Espíritos, tem que ter moral, tem

que ter conhecimento de Doutrina, tem que ter conhecimento global. Você é Espírita quando conhece

tudo. Você não é Espírita só porque leu o Livro dos Espíritos. Você é Espírita quando leu o Livro dos

Espíritos, o Evangelho, entendeu O Céu e o Inferno, tem noção global da Doutrina. Senão você não é

Espírita. Você não entendeu o raciocínio de Kardec. Por isso a nossa Casa propugna pelos Cursos. E

propugna que vocês façam todos os Cursos para vocês conhecerem exatamente qual é o raciocínio de

Kardec.

O incrédulo por medo tem medo por coisas que lhe incutiram na cabeça. Ela acha que pode

acontecer isso comigo.

Observem ainda com que facilidade nós nos enquadramos na classificação incrédulos por

pusilanimidade. Mesmo nós que aqui estamos acabamos sendo Espíritas medrosos.

Quantas vezes as pessoas me perguntam: “Eu posso fazer o Culto do Lar? Eu posso rezar pelos

mortos na minha casa?” Eu pergunto; “Porque não?” “Porque dizem que se a gente orar pelos Espíritos

em casa a gente atrai maus Espíritos para dentro de casa.”

Isso não é uma forma de Espírita com medo? Tem medo de obsessor. Tem medo de Espírito

sofredor.

Page 66: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

66 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Vocês vejam como a gente está freqüentemente nessa classificação. Isso é para gente lutar contra.

Não é para sermos destemidos. Mas é para termos a coragem da fé.

Não é para fazer como um conhecido meu que abria o Culto dele dizendo: “Convido todos os

Espíritos que estiverem ao derredor, perturbados e não perturbados, ...”

Isso é destemor. Já basta os Espíritos que os Guias vão deixar chegar junto a nós. Já bastam esses.

Não precisamos invocar outros.

Então o incrédulo que não crê por medo ele pode não crer por medo em causas profundas, porque

no passado lhe foi incutido o medo, a descrença, como o caso do garoto excepcional; como você também

pode sentir medo porque você sentiu-se mal, passou mal, você viu um Espírito que lhe assustou. Você

ainda pode ter medo porque não é capaz de analisar, de raciocinar: “Porque é que eu vou ter medo?”

O próprio Kardec diz isso quando ele diz na R.E. que a gente devia ter muito mais medo do

encarnado do que do desencarnado. Porque o desencarnado a prece afasta ele. Você muda o padrão moral

ele se afasta. É o caso das obsessões. Obsessão só acaba quando o outro lado desiste. Senão você “vira

santo” e o outro lado ainda está pensando mal da gente. A perturbação só acaba quando o perseguidor

renuncia ao mal. Senão, volto a dizer, vocês “viram santos”, estão lá no “sétimo céu” e a “turma” ainda

está, “aqui em baixo” pensando: “Mas olha, mas olha...”. Qualquer defeito e eles “grudam” em cima de

você novamente.

Assim, somos nós. O medo pode ter razões mais ou menos profundas e nós só vamos combater

esse medo com aquela célebre pergunta: “Por que? Por que eu tenho esse medo? Qual a lógica de eu ter

esse medo? Não há razão de eu ter esse medo.”

“Não podemos omitir uma categoria que chamaremos a dos incrédulos por decepções. Abrange os

que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade, porque sofreram desenganos. Então,

desanimados, tudo abandonaram, tudo rejeitaram. Estão, no caso de um que negasse a boa fé, por haver

sido ludibriado.

Ainda aí o que há é o resultado de incompleto estudo do Espiritismo e de falta de experiência.

Aquele a quem os Espíritos mistificam, geralmente é mistificado por lhes perguntar o que eles não devem

ou não podem dizer, ou porque não se acha bastante instruído sobre o assunto, para distinguir da

impostura a verdade.

Muitos, ao demais, só vêem no Espiritismo um novo meio de adivinhação e imaginam que os

Espíritos existem para predizer a sorte de cada um. Ora, os Espíritos levianos e zombeteiros não perdem

ocasião de se divertirem à custa dos que pensam desse modo. É assim que anunciarão maridos às moças;

ao ambicioso, honras, heranças, tesouros ocultos, etc. Daí, muitas vezes, desagradáveis decepções, das

quais, entretanto, o homem sério e prudente sempre sabe preservar-se.”

Vocês estão vendo que esse incrédulo por decepção é certamente alguém com falta de

conhecimento da Doutrina e não está com toda certeza evangelizado.

Vamos raciocinar. Quem crer no Plano Espiritual sem uma base doutrinária terá uma fé cega..

Porque a base doutrinária é que dá à criatura condição de compreender os erros ou as infrações da

mediunidade, dos Espíritos dos médiuns.

Na obra que nós editamos “Eusápia, a feiticeira”, está relatado que Eusápia foi acusada de fraude.

Eusápia levantava mesas. Era prática comum dela. Uma vez durante uma sessão, aqueles pesquisadores,

aumentaram a luz do lampião e viram um fio na mão dela. Então a acusaram de fraude.

Ela muito simples, não se importou com o que disseram dela. Ela foi inclusive caluniada pelos

jornais. Mas ela tinha mediunidade.

Um dia por qualquer razão os Espíritos começaram a fazer uma materialização à luz do dia. E qual

foi a primeira coisa que surgiu da palma da mão da Eusápia? O bendito fio.

O fio fluídico ia de uma mão para a outra e quando ela distendia as mãos, diante da mesa, o fio

fluídico passava por baixo da mesa e levantava a mesa. Mas ela não sabia disso. Ela só foi sabe disso

depois que os Espíritos começaram a produzir os fenômenos em pleno dia.

Então os pesquisadores diziam que a médium falava: “Olha o fio, olha o fio que vocês diziam que

eu tinha nas mãos.”

Por que aquelas pessoas se afastaram dela?

Page 67: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 67

Então todo aquele que se afasta por decepção não tem doutrina no coração. Porque se tiverem

doutrina e o médium falhou, fracassou, a mediunidade em si própria não sofre abalos. Ou então é uma

pessoa que compreende a Doutrina mas por lhe faltar evangelização, isto é, sentimento, compreensão,

fraternidade, ...

Eu já vi muita discussão em Casa Espírita na qual todas as criaturas estavam defendendo a

Doutrina. E eu dizia assim para eles: “Gente, a única coisa que está faltando é capacidade de conviver

com os erros uns dos outros. Só falta fraternidade entre vocês”.

Quando vocês depararem com os incrédulo por decepção, vocês podem dizer que falta apenas o

Evangelho no coração. Há ainda aqueles incrédulos por decepção porque desejaram “testar” os Espíritos.

Essas pessoas dizem que pegaram os Espíritos em erro. E daí? Grande coisa os Espíritos errarem.

Porque o Espírito não pode errar? O médium pode ter filtrado errado a mensagem.

Então quando as criatura disserem “Eu não creio porque sofri uma decepção” vocês podem

perfeitamente dizer aos encontristas: “Não tem Evangelho no coração e não conhece Doutrina Espírita.”

Haveria sim uma análise mais severa sobre o trabalho que o médium exerce. Pode até se cobrar do

médium mais vigilância, mas jamais duvidar da fé ou da Doutrina Espírita.

Page 68: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

68 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Perguntas e Respostas da 4a. aula (02/04/98)

P 01 - Como entender a posição de grupos evangélicos que realizam reuniões mediúnicas, que eles

chamam de manifestação do Espírito Santo? Não existe ali conhecimento da vida extracorpórea?

R 01 - Aí eles não tem medo. Aí eles tem má fé.

P 01.1 - Nós vemos as criaturas dizendo: “Não é pela Salvação, que a gente vai ser salvo mesmo?”

Criaturas que passaram do Catolicismo para o Protestantismo afirmam agora que estão salvas pela Fé.

E ameaçam com o fogo do Inferno aqueles que não fizeram nova profissão de fé.

R 01.1 - Essas pessoas não virão ao Encontro. Vocês vão ter que mostrar às pessoas que a Fé que o

Espiritismo nos dá oferece-nos a certeza de que nós precisamos lutar pela nossa transformação. Eu vou

sugerir uma coisa à vocês. Não entrem na trilha de Novo Testamento ou de Velho Testamento, embora

para nós o Novo Testamento seja muito importante. Usem apenas o raciocínio de Kardec.

O que é a Salvação? Eles usam o raciocínio de Paulo de Tarso que disse que o que crê será salvo.

Mas ao mesmo tempo também disse que a Fé sem obras é morta em si mesma. Então o mesmo autor tem

enfoques diferentes sobre o mesmo tema.

P 02 - (Relato) Um parente meu que está doente foi convidado pela própria filha a vir ao CELD. Ele já

foi Espírita. Agora ele está católico. E alegou que ele não poderia se beneficiar da mediunidade

curadora, porque agora ele está na “1a. religião”. Ele só poderia participar de cura lá aonde ele está

agora. Que tipo de incrédulo seria ele?

R 02 - Incrédulo por interesse. Vocês podem pegar esse “gancho” que ela deu. Uma pessoa que já foi

Espírita. É difícil uma pessoa que foi Espírita passar para outra religião. Ela era conhecedora de Doutrina

simplesmente. Não muda por interesse. Interesse novo porque ele não pode deixar de reconhecer (a

realidade da mediunidade).

Hoje na feira o feirante me contou que procurando socorro para uma dor ciática de forte

intensidade que não cedeu com todos os tratamentos ele recorreu a uma senhora que “já foi Espírita”. Pelo

decorrer da conversa eu entendi que ela já foi Umbandista. Hoje, ela é evangélica. Ele pediu a ela que

rezasse por ele. A senhora rezou-o com o Divino Espírito Santo, fez uns movimentos que ela disse que

não eram passes e no final disse a ele que ele estava “muito carregado”. Disse ainda a ele que ele

precisava rezar muito.

Afinal o que é que ela é? Ela é evangélica ou ela é Umbandista? Ela era médium de incorporação e

falou a ele a partir desta experiência. O que faltou a ela? Mudou porque?

Faltou a ela raciocinar.

P 03 - (Relato) O meu parente junto com outras pessoas da igreja que ele freqüenta agora alugaram uma

casa para a realização das atividades de cura.

R 03 - Está confirmado. É incrédulo por interesse mesmo. Essa é a situação dessas pessoas que trocam de

religião, abandonando o Espiritismo. Vocês podem dizer que são incrédulos por interesse. Incrédulos no

sentido de dizer que não crêem nos Espíritos.

P 04 - (Relato) Em relação aos incrédulos por decepção nós podemos enquadrar aqueles que abandonam

a Casa por decepções com outras pessoas.

R 04 - É a personalização da Doutrina.

Page 69: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 69

P 05 - (Relato) Pode ainda se enquadrar aí as pessoas que não conseguem trabalhar com outras dentro

da Casa Espírita. Quando é Fulano ou Beltrano que está à frente de uma tarefa o outro faz “corpo

mole”.

P 06 - (Relato) No outro dia, no momento de um assalto, fui conversando com o ladrão. Em determinado

momento ele me perguntou: “A senhora é crente?”. Eu respondi: “Sou da Igreja Universal do Reino de

Deus”. Na hora me senti completamente covarde por não me declarar Espírita. Mas o ladrão me liberou

sem me assaltar. E agora ouvindo este estudo...

R 06 - (Risos) Foi apenas “uma falha”.

P 07 - Como classificar uma pessoa católica não praticante que há muito tempo não freqüenta sua igreja

e atrapalha a vida de toda a família que é Espírita? Dificulta até a freqüência dos filhos à Casa Espírita,

perturbando-lhes o tratamento espiritual.

R 07 - Incrédulo de má vontade. É aquele “machão” da família, é aquela “mulher chata” que diz que não

vai ao Centro. Está morrendo, está passando mal, mas não vai e não quer que o outro vá.

P 08 - (Relato) Durante o período de doença de um familiar meu uma parenta que atualmente é Espírita e

já foi evangélica, juntava-se a nós nos comentários sobre Doutrina Espírita. E eu fui percebendo a

dificuldade dela de entender e aceitar os Espíritos.

R 08 - Então o conhecimento doutrinário dela ainda está na superfície. Não está sedimentado. Há

necessidade de meditação. O que é meditação? Aquilo que já está arquivado, bem preso dentro da alma de

vocês. Para mim Espírita só é Espírita depois que ele entendeu reencarnação “de cabo a rabo” . Porque

isso é que dá à nós a certeza de que nada do que nos acontece é injusto. Até quando chegar a doença, o

assalto, a perturbação, eu vou entender que eu estou sendo perseguido. É só perseguição. Eu não vou

achar que Deus não me protegeu.

O dia que vocês não tiverem mais dúvidas sobre o Espírito e a reencarnação, vocês são Espíritas.

Vocês podem até não entender o que motivou aquela situação. Mas dizer que aquilo não poderia ter

acontecido, é falta de sedimentação da doutrina.

P 09 - Eu pergunto em relação a nossa crença. Se saíssemos todos daqui agora, o último que apagasse a

luz, não olharia com medo para o corredor? E nós temos a crença nos Espíritos.

R 09 - Você tem a crença, o que falta é a experiência de ver o Espírito, de sentir o Espírito na pele. Quem

é médium vidente isto fica mais fácil. Vária vezes quando eu pego carona com as pessoas, de carro eu

pergunto: “Quem está sentado aí atrás?” É que eu vejo o Espírito, eu sinto o Espírito. Já deixei de tomar

susto com isso. Mas isso é uma experiência que eu tenho. Mas isso não significa que vocês tenham. Eu já

não me assustaria com os Espíritos, a não ser que fosse um inferior. Mas a crença que eles existem eu

tenho também. O lidar com Espíritos dá uma crença baseada na experiência. É como o ato de ver. O cego

sabe que existe gente. Mas o vidente sabe como é gente. Ele sabe que há gente branca, preta, gorda, baixa,

etc. Essa é a diferença.

Vocês podem ter a certeza que quando vocês passarem em locais aonde há Espíritos inferiores

vocês sentem medo mesmo. Pela inferioridade mesmo daqueles Espíritos. Como a gente tem medo do

sofrimento de certos Espíritos. Pelo ambiente deles. Não é medo de Espíritos. É medo daquele Espírito.

Uma vez eu estava em casa e ao abrir a porta para colocar o lixo na lixeira defrontei-me com um Espírito

que olhava para a minha porta, conferindo o no. do apartamento com uma anotação que ele trazia. Estava

atrás de mim. Deve ter sido mandado por alguém.

Então eu perguntei: “Ué “seu” Espírito, o que é que o Sr. está procurando aqui?”

Page 70: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

70 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

O Espírito tomou um susto, disparou pela escada abaixo, porque ele não esperava que eu o visse.

Naquele momento deve ter sido aberta a vidência, para que eu pudesse percebê-lo. Porque a gente não

vive assim vendo Espírito a toda hora.

Então isso não dá medo, por causa do trato [da mediunidade]. Mas você não vai sair no meio da

rua, dizendo aos Espíritos: “Eu estou te vendo, eu estou te vendo”.

Mas isso não é descrença, nem aumenta a minha crença. Quantos outros Espíritos como aquele eu

devo ter atravessado por eles, no meio da rua, sem perceber?

Lembrem-se das pessoas que tem medo de andar nos cemitérios. Eu não me importo mas não

demonstro ao Mundo Espiritual inferior que estou percebendo a presença dos Espíritos.

Uma das vezes em que eu estive fazendo preces junto a companheiro da Casa desencarnado, ao

olhar na direção dos túmulos percebi várias luzes e uma daquelas luzes aproximou-se, entrou dentro da

capela e eu fiquei aguardando. Eu sabia que aquela luz era um Espírito. Aquela luz chegou-se a mim, se

apresentou, e disse assim: “Eu sou um dos Espíritos que vem prestar socorro aqui, na tentativa de tirar

esses Espíritos de dentro dos túmulos. Há protestantes, católicos, inúmeros Espíritos que vem socorrer. Eu

vi a luz da oração aqui e vi que vocês tem uma outra noção das coisas .”

Eu então, conversando com o Espírito, disse assim: “Todos aqui somos Espíritas e não temos

dificuldade de compreender a morte.”

Ele ainda me disse assim: “O meu trabalho vai até o amanhecer. Se vocês precisarem de alguma

coisa, eu estarei aqui com a equipe toda.”

Isso não passa medo. Mas há Espíritos que passam medo. A vibração deles, o mal estar deles,

Espíritos perversos. O medo que passariam como encarnados.

Então a crença no médium tem que ser mais forte porque ele tem que ter a crença de um ponto de

vista intelectual e tem a crença porque sentem na própria pele.

P 10 - Como fazer a distinção entre o Espírito encarnado e desencarnado?

R 10 - Você aprende com o tempo. Você vê o Espírito como uma pessoa, porém em outra dimensão. Ele

não é sólido como você. A holografia vai auxiliar muito a crença nos Espíritos.

P 11 - Em uma das suas obras, Hermínio Miranda levanta a hipótese de Fénelon ter reencarnado como

escritor, negando a crença na reencarnação. Até que ponto a reencarnação poderia abafar o

conhecimento das verdades do Mundo Invisível?

R 11 - Eu particularmente não acredito que em certas almas a reencarnação possa amortecer a crença na

Imortalidade, a não ser quando você está debaixo de uma estrutura que não lhe dá chance de pensar de

outro modo. Imagine você encarnado no Paquistão, na Índia. Passar uma idéia cristã lá deve ser muito

difícil. Para eles o Cristo deve ser tão distante quanto Buda para nós. Mas você guarda uma secreta

lembrança da figura do Cristo. Não digo o homem intelectualizado, mas aquele homem no interior de uma

aldeia, incapaz de pensar [por si mesmo] a figura do Cristo deve ser muito distante. Mas também só almas

muito simples renascem nesses lugares.

Em relação a sua pergunta, se você já é um Espírito demonstrando conhecimento das verdades

espirituais, e renasce numa época como a nossa em que tantos conceitos espirituais são veiculados, é

muito difícil que você não retome a sua crença.

Se você Espírito cristão, sem muita altura espiritual renasce no Paquistão você pode até esquecer o

Cristo. Esquecer momentaneamente, como a gente tem simpatia por Buda. A gente sente que ele deve ter

sido um iluminado. A gente já deve ter reencarnado em tantos lugares que há conceitos gerais na nossa

alma.

P 12 - Você enquadrou alguns religiosos na categoria de incrédulos por interesse ou por má fé. A RE, à

época de Kardec, traz diversos testemunhos da crença nos Espíritos, de religiosos ortodoxos. Stainton

Moses, reverendo, médium publica obra mediúnica psicografada sobre o Mundo Espiritual. A RE, talvez

de l859 faz referência a uma obra publicada por padres católico-romanos na qual dão testemunho da

Page 71: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 71

crença nos Espíritos, na Mediunidade. Tudo isso é muito diferente da atitude atual dos religiosos frente

ao Espiritismo e a Mediunidade. Atualmente os religiosos ressuscitam o raciocínio medieval que

relaciona Mediunidade e Satanismo. Como entender isso? Temem eles as conseqüências da Doutrina

Espírita?

R 12 - Só encontramos testemunhos de religiosos favoráveis a Doutrina Espírita, na RE, até o ano de l

864, ano de lançamento do Evangelho Segundo o Espiritismo. A partir daí a Igreja declarou guerra à

Kardec, porque Kardec entrou no território dela. Falou do Cristo. Enquanto a coisa estava no território dos

fenômenos, estava tudo bem. Mas, a partir de 1 864 começo a perseguição a Kardec quando ele começou

a falar do Evangelho.

Em segundo lugar, vamos lembrar da informação do LE quando eles dizem que inúmeros

Espíritos vão substituir a outros Espíritos, quando Kardec fala nos POVOS DEGENERADOS (LE, 786).

Muitos Espíritos que estão hoje dentro da Igreja Católica, eles tem uma cultura baseada na estrutura da

Igreja e não que eles sejam aqueles Espíritos que estruturaram a filosofia da Igreja. Muitos desses

Espíritos são Espíritos novos na estrutura da Igreja. Então o recrudescimento da perseguição contra o

Espiritismo é porque esses Espíritos são inferiores mesmo.

Em terceiro lugar, esses médiuns de outras religiões, Stainton Moses, não se tornou Espírita no

conceito que nós temos hoje de Espírita. Todos eles tinham a certeza da existência dos Espíritos porque os

Espíritos se manifestavam através deles. Stainton Moses foi o médium que primeiro falou das cidades

espirituais, antes de André Luiz. Mas o que ele deduziu disso? Não deduziu nenhuma filosofia Espírita.

Só deduziu que existia Espíritos.

Por isso eu digo a vocês, sejam “xiítas”. É Kardec. É essa linha de raciocínio.

P 13 - Como exemplo na discussão incrédulos x materialistas vale lembrar o exemplo de Gamaliel na

obra “Paulo e Estevão” (Emmanuel/Chico). Nós vemos em Gamaliel, o fariseu, doutor do Templo que

busca a Verdade, que ao encontrá-la faz profissão de fé individual. Mas com a sua idade e posição

pública não convida ninguém a seguí-lo.

R 13 - Nos idos de 60 o bispo da cidade de Barquisemeto se declarava Espírita publicamente. Mas, idoso

dizia não poder mais sair da estrutura da Igreja.

Referências bibliográficas comentadas da aula de 16.03.98

1 E.S.E., cap. XXIV, itens 13 a 16

2

3

4 Revista Espírita 1858 – Artigo “Reconhecimento da Existência dos Espíritos e

de suas Manifestações” (Discussão de artigo editado por um dos principais

jornais eclesiásticos de Roma – A Civicta Cattolica – que reconhece a

veracidade das manifestações dos Espíritos.

Page 72: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

72 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

5a aula - 07/05/98

L.M. - Primeira Parte - Noções Preliminares - Cap. III, itens 26, 27 e 28

Texto de Kardec:

Uma classe muito numerosa, a mais numerosa de todas, mas não poderia ser incluída entre os

opositores, é a dos incertos. São, em geral, espiritualistas por princípio. Na maioria deles, há um vaga

intuição das idéias espíritas, um aspiração de qualquer coisa que não podem definir. Não lhes falta aos

pensamentos senão serem coordenados e formulados. O Espiritismo lhes é como que um traço de luz; a

claridade que dissipa o nevoeiro. Por isso mesmo acolhem pressurosos, porque ele os livra das angústias

da incerteza.

Se, daí, projetarmos o olhar sobre as diversas categorias de crentes, depararemos primeiro, com

os que são espíritas sem o saberem. Propriamente falando, estes constituem uma variedade, ou matiz da

classe precedente. Sem jamais terem ouvido tratar da Doutrina Espírita, possuem um sentimento inato

dos grandes princípios que dela decorrem e esse sentimento se reflete em algumas passagens de seus

discursos, a ponto de suporem, os que os ouvem, que eles são completamente iniciados. Numerosos

exemplos de tal fato se encontram nos escritores profanos e sagrados, nos poetas, oradores, moralistas e

filósofos, antigos e modernos.

Entre os que se convenceram por um estudo direto, podem destacar-se:

1o — Os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas

uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. Chamar-lhes-emos espíritas

experimentadores.

2o — Os que no Espiritismo vêem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica;

admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes

exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O

avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis.

Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.

3o — Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas

as conseqüências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar

os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia

do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com

eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o

mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. São os verdadeiros espíritas, ou

melhor, os espíritas cristãos.

4o — Há, finalmente, os espíritas exaltados. A espécie humana seria perfeita, se sempre tomasse o

lado bom das coisas. Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado

cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e

sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O

entusiasmo, porém não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do

Espiritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque todos, com razão,

desconfiam dos julgamentos deles. Graças à sua boa fé, são iludidos, assim por Espíritos mistificadores,

como por homens que procuram explorar-lhes a credulidade. Meio-mal apenas haveria, se só eles

tivessem que sofrer as conseqüências. O pior é que, sem o quererem, dão armas aos incrédulos, que antes

buscam ocasião de zombar, do que de se convencerem e que não deixam de imputar a todos o ridículo de

alguns. Sem dúvida, que isto não é justo, nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiritismo

só consideram de bom quilate a razão de que desfrutam e conhecer a fundo aquilo sobre que discorrem é

o que menos cuidado lhes dá. (Allan Kardec – L.M.– Cap. III – itens 26, 27 e 28)

Page 73: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 73

Vamos estudar no item 26 (LM) uma classe de pessoas que crêem noas manifestações de Espíritos

e na mediunidade e é designada por Kardec como incertos.

“Na maioria deles, há um vaga intuição das idéias espíritas, um aspiração de qualquer coisa que

não podem definir. Não lhes falta aos pensamentos senão serem coordenados e formulados. O Espiritismo

lhes é como que um traço de luz; a claridade que dissipa o nevoeiro. Por isso mesmo acolhem

pressurosos, porque ele os livra das angústias da incerteza.”

Esse tipo de pessoas são aquelas criaturas que conhecem mediunidade, que sabem portanto da

existência dos Espíritos e que falam disso, de Espiritismo de modo extremamente confuso. Eles falam de

Espiritismo mas eles não tem no Espiritismo um roteiro. A mediunidade para eles é apenas um

experimento. Como a mediunidade é apenas um experimento eles fazem dela o uso que a cabeça deles dá.

Assim essas pessoas podem ser por exemplo, uma ledora de mãos. Uma pessoa que faz da mediunidade

portanto alguma coisa não definida, não traçada como um roteiro de vida, como um roteiro de

comportamento.

Quando você apresenta a eles uma mudança ou medida que é justamente a dada pela Doutrina

Espírita, se eles são bons e desejam realmente transformar-se até deixam aquela rotina que eles usavam e

passam a utilizar a rotina Espírita.

Mas se eles não são realmente bons ou se não desejam a mudança eles encaram a Doutrina

Espírita como alguma coisa de importância, mas preferem ficar onde estão devido ao modo que eles já

possuem. Eles já estão acostumados aquela maneira de ser

Uma pessoa amiga deu meu telefone para alguém de suas relações, que desejava uma orientação

espiritual. A senhora que me telefonou apresentou-se como um sacerdotisa dizendo ter mais de 300 preces

cada uma indicada para uma das dificuldades da vida. Ela dizia atender a A, a B, a C ensinando aquelas

preces, e dizia que as pessoas se sentiam bem com aquelas orações. No momento ela estava passando por

dificuldades que não estava sabendo resolver . Alegando que eu dirigia uma Casa Espírita grande, e ela

trabalhava sozinha, solicitava auxílio para a resolução das suas dificuldades.

O problema era de âmbito material tipo: “Eu preciso vender minha casa mas não consigo. E o que

é que eu vou fazer com as minhas preces?” Eu argumentei já que ela havia se apresentado como

sacerdotisa se dentre as suas preces, que ela já estava acostumada a fazer, não havia alguma que pudesse

resolver a questão.

Ela respondeu-me que sabia que eu era assistido por um Espírito. Citou nominalmente o Dr.

Hermann e pedia que eu o consultasse. Eu confirmei a existência do Dr. Hermann mas disse-lhe que eu

nem sequer podia saber se ele estava ao meu lado naquele momento.

Aquela informação que para nós é corriqueira, que o Espírito não está sentado ao nosso lado, a

nossa disposição foi uma surpresa para ela: “O que?! Você é um trabalhador e o Espírito não está aí ao

seu lado, 24 horas por dia?” Eu respondi-lhe que não, que certamente o Espírito tinha mais o que fazer do

que ficar ao meu lado, ouvindo os telefonemas que as pessoas me dirigem.

As conversas continuaram nesse diapasão, a pessoa sempre me dizendo que a Doutrina Espírita

era muito importante para ela, que ela era uma sacerdotisa, que ela tinha não sei quantas preces para

resolver os problemas materiais da vida, e a conversa sempre terminando em torno de solicitações de

orientação espiritual para resolução de problemas materiais. “Lá para as tantas” eu perguntei o que é que

ela queria do Espiritismo. Ela respondeu-me assim: “Eu sei que o Espiritismo dá um tipo de orientação

que eu não tenho.”

É o tipo de conhecimento que Kardec traz. Kardec traz um conhecimento baseado na existência

dos Espíritos, baseado num trabalho que os Espíritos tem a fazer no Bem, e num fato que nenhum Espírita

pode esquecer principalmente nenhum médium pode esquecer: que a mediunidade só deve ser utilizada de

um modo superior, elevado e somente para aquilo que for de elevação das almas. Ou a mediunidade é

usada para o Bem ou não é utilizada. A essa pessoa dava vontade de perguntar: “Entre tantas preces quais

aquelas voltadas para a elevação das almas?” Porque pelo teor da conversa parecia que todas as preces

destinavam-se a situações da vida material. Nenhuma daquelas orações convidava a elevação a Deus. Não

diriam: “Caminha, faz alguma coisa pelo teu futuro espiritual.”

Page 74: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

74 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Eu estou apresentando aqui esse caso, essa pessoa, porque você pode classificá-lo como incerta .

Ela utiliza alguma coisa de Kardec, da Doutrina Espírita portanto, mas, quando essa alguma coisa que ela

utiliza a chama para uma renovação moral ela recua e diz assim: “Depois.”

Nós reconheceremos o verdadeiro Espírita e o bom médium não só pelo conhecimento da

Doutrina Espírita mas também pelos padrões evangélicos doutrinários que a Doutrina Espírita traz.

Quando nós dissermos que Fulano é um médium Espírita é porque nós o reconhecemos bem junto a esses

padrões. Esse é o objetivo que nós temos que alcançar; esse é o trabalho que temos que fazer; essa é a

evolução que temos que buscar. Viver dentro daquele padrão que diz que não basta a gente ser bom.

Porque ser bom é simplesmente obrigação. Mas ter aquele padrão que a Doutrina Espírita dá, ou seja,

crença nos Espíritos, respeito aos Espíritos, condição de trabalho no Bem, absoluto desejo de servir, total

abstinência do Mal, lutar pelo bem do próximo, pela felicidade do semelhante, criar dentro de si

comportamentos éticos- doutrinários, utilização da mediunidade como um recurso de elevação e nunca

usada para nosso benefício ou para obtenção de coisas materiais, nós estaremos dentro do padrão Espírita.

E todos aqueles que usam a mediunidade fora desse padrão eles estarão sempre aquém da

Doutrina. Chico Xavier é um médium espírita porque ele está exatamente dentro desses padrões. Quando

a gente pega um médium novato fazendo operações, servindo de intermediário a um desses Espíritos que

se manifestam fazendo milagres, fazendo operações, a gente intimamente se pergunta ou pergunta aos

outros: “Eles estão dentro do padrão Espírita ?” “Não, porque eles cobram ou por qualquer outro tipo de

comportamento.” A gente então diz que eles são incertos porque não tem a balizar o seu comportamento o

Evangelho, o Livro dos Espíritos, o Livro dos Médiuns. Então eles agem como querem. E porque é que

eles não tem esse balizamento? Porque eles não se consideram Espíritas, para ficarem livres, para

poderem agir à vontade. Porque se eles tiverem o balizamento da Doutrina Espírita elas serão obrigadas a

ter o comportamento diferenciado.

É o que acontece conosco. O médium que aceita a orientação Espírita vai ter que apresentar uma

linha de conduta já determinada. É por isso que aqui na Casa quando nós dizemos às pessoas: “Você só

vai fazer o COMP depois que estudar o LE” é para que ela tenha o seu balizamento, para que as pessoas

tenham os seus limites, para que elas saibam quando, onde, como e o que fazer. É muito fácil você ser

médium sem ser Espírita. É mais difícil você ser Espírita e ser médium porque além da Doutrina você tem

o comportamento. Quando você tem o comportamento ninguém mais precisa lhe chamar atenção. Você já

tem a Doutrina. Você por si só já sabe o que tem e o que não tem o que fazer. Em princípio todo médium

Espírita tem a noção do que ele deve e do que ele não deve fazer.

Espírita não pode ser incerto. Incertas são as pessoas que não tem uma definição doutrinária, que

podem fazer assim uma leitura de mãos. Você chega perto delas e pergunta: “Minha filha, porque você

está lendo mãos?” “Eu não sou Espírita, eu faço o que eu quiser da minha mediunidade. Eu acompanho o

que o Guia diz.”

O máximo que você pode dizer a ela é: “Porque é que você não se orienta pela Doutrina Espírita,

ao invés de seguir esse Espírito?”

Com os Espíritas, quando eles agem de maneira equivocada você pode dizer: “Esse

comportamento não é doutrinário.” Se eles respondem que estão agindo de acordo com o Guia, você

alerta: “Então esse Guia não é um bom Espírito.”

Por isso nós não podemos ser incertos. Se nós quisermos ser Espíritas que façam concessões,

vamos tirar o título de Espíritas, vamos sair da Casa Espírita, e vamos para onde quisermos.

Uma vez um médium da Casa veio me pedir opinião sobre as consultas que ele fazia a uma

“vovó”. E eu respondi: “É melhor você nem me contar, se não eu serei obrigado a afastar você do trabalho

na Casa Espírita e avisar ao Nestor que nem passes aqui você pode dar. Se você não acredita na própria

Doutrina, se você tem que ficar se aconselhando com pessoa que não tem o padrão Espírita ... Se você

fosse se aconselhar com outro médium Espírita eu não ia falar nada.” A sua Casa não lhe deu conselhos à

altura, você vai procurar alguém que lhe dê conselhos. Mas procurar orientação com menos capacidade

que a Doutrina Espírita ... Eu estou na obrigação de proibir a pessoa de trabalhar mediunicamente na

Casa. Nesse momento ela mostrou que é incerta. Não tem segurança. Não tem consistência doutrinária.

Eles são espiritualistas. Mas eles fazem a confusão porque eles vão lá e vem cá. Eles usam coisas

da Doutrina Espírita mas aquilo não é um padrão para eles. É só a utilização, é só um meio para eles

Page 75: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 75

chegarem aos seus fins. E quais são os fins deles? Nem sempre são fins maus não. Mas são fins que não

tem o padrão que nós escolhemos, o padrão da Doutrina Espírita.

Kardec começa agora a estuar no item 27 as 4 categorias de crentes: “... depararemos primeiro,

com os que são espíritas sem o saberem. Propriamente falando, estes constituem uma variedade, ou matiz

da classe precedente. Sem jamais terem ouvido tratar da Doutrina Espírita, possuem um sentimento inato

dos grandes princípios que dela decorrem e esse sentimento se reflete em algumas passagens de seus

discursos, a ponto de suporem, os que os ouvem, que eles são completamente iniciados.”, ou seja, são

pessoas que trazem da própria vida espiritual, noções básicas do conhecimento Espírita, mas falta a elas

as bases do estudo sistematizado, a leitura da própria Doutrina. Como eles trazem aquela noção básica, e

como eles não estudaram, quando eles ouvem a 1a notícia eles dizem logo assim: “Eu já conheço isso; eu

já conheço o assunto.” Mas porque eles trazem isso do Plano Espiritual.

Que conhecimentos básicos um Espírito traz do Plano Espiritual? Conhecimento básico, por

exemplo, da existência do Espírito, porque ele próprio sabe que retornou; o conhecimento da existência

de Espíritos superiores a eles (falo de Espíritos em condições medianas); a certeza que existe um Espírito

Maior, tipo Jesus, outro Guia tipo Buda, Confúcio, esses Espíritos. Essas noções básicas, a volta ao

mundo material. Pelo menos a desconfiança de que existe alguma coisa além da matéria.

Um vizinho meu me disse uma vez a cerca de uma cachorra que ele tinha: “Eu gosto tanto dessa

cachorra, mas tanto. Ela parece que me entende. Você é Espírita, não é? Você sabe, a minha avó morreu

há dois anos. Exatamente a idade dessa cachorra. Será que é ela que está ali junto da cachorra?”

No primeiro momento a vontade era de sorrir. Mas no segundo momento eu pensei: “É a noção

imperfeita; era o ser naquele momento que ele mais gostava.” Eu não tive nem condições de perguntar a

ele: “Escuta, você acha que a sua avó caiu tanto?” Porque ele falou aquilo com tamanha sinceridade que

não havia condições de dizer isso a ele.

Eu só pude dizer a ele que a Doutrina Espírita explica que o ser humano não pode voltar num

animal. E ele comentou: “Ah, eu não sabia disso. Como ela gosta tanto de mim eu pensei que fosse a

minha própria avó que havia retornado.” Quer dizer, a pessoa não tem nem capacidade de pensar que

aquilo seria um retrocesso.

Então esses espíritas sem o saberem, eles trazem genericamente todas as informações que

qualquer Espírita tem: a crença na sobrevivência, a possibilidade do retorno, a crença em Deus, a

possibilidade de um dia conversarem uns com os outros, e a própria certeza de que eles são Espíritos. É

uma crença genérica que praticamente todo espiritualista tem.

Mas se você colocar o Fulano para estudar o que é que ele vai aprender? Ele vai aprender também

conceitos que para nós são básicos. Ele vai aprender: Espírito não retrograda, nós temos que evoluir, nós

temos que estudar, a Doutrina não é só comunicação mediúnica. Nós vamos aprender toda uma filosofia.

Por isso que o Espírita verdadeiro é aquele que conhece pelo menos a obra de Kardec toda para ele ter

uma noção de conjunto.

Até o Espírita que só conhece o LE ele não pode ser classificado como espírita verdadeiro, porque

ele não tem uma noção do conjunto da Filosofia, do que Kardec quis dizer. Por isso na nossa Casa nós

fazemos os estudos todos para que conheçamos o arcabouço doutrinário.

Quando você tem noções imperfeitas você transmite conceitos imperfeitos. A reencarnação é um

assunto do qual muitas vezes nós temos noções imperfeitas. Além dessa noção do exemplo do meu

amigo, em relação a cachorra, nós às vezes achamos que todas as provas são expiações que estamos

passando. Isso é um conceito imperfeito. E todas as pessoas com noções imperfeitas, quando vêem

alguém passando por um sofrimento dizem: “ O que será que você fez na outra vida que deu origem a esse

sofrimento?” E muitas vezes você não fez nada. Kardec diz que passamos por situações, porque estamos

nos aprimorando. Qualquer estudante sabe que na fase de aprendizado ele passa por problemas sérios.

Quais os problemas sérios? Os do aprendizado. Muitas vezes ele diz: “Porque escolhi esta carreira? Oh

“troço” difícil!” Mas quando ele termina o curso ele até acha que falou uma impropriedade. Naquela

ocasião era uma dificuldade, mas era apenas o aprendizado.

Então nós passamos por provas porque erramos mas também porque estamos aprendendo. Isso é

um conceito bem básico de estudante da Doutrina Espírita.

Page 76: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

76 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Esses espíritas sem o saberem ficam com os conceitos primários, não com os conceitos superiores

que permitem que a gente possa interpretar nossas lutas, uma passagem de vida, um momento de prova

coletiva.

...............................................................................................................................................

Eu vou repetir aqui um relato que eu já fiz algumas vezes. Numa reunião de atendimento aos

Espíritos sofredores, eu vi, emocionado, o professor Bozzano. E perguntei a ele o motivo da sua presença,

junto a nós, já que os fenômenos ali produzidos eram muito simples e não tinham o sentido de

demonstração da existência do Espírito com aqueles que ele tinha pesquisado. E ele virou-se para mim,

dentro daquela maneira “seca” dele falar e disse assim: “Eu não estou procurando fenômenos de

comprovação. Isso eu já os tenho muito. Eu quero ver como se utiliza no fenômeno mediúnico, a força de

uma criatura, com os objetivos cristãos e vou ficar aqui durante muito tempo. Pode continuar o seu

trabalho.”

Era o Espírita experimentador. Então todos aqueles que só gostam de experimentação, que só

gostam de ouvir falar de fenômeno mediúnico, que vivem “borboleteando” de médium a médium, não se

fixam em lugar algum, pode se chamar essas pessoas de experimentadoras. Sabem que ali existe um

médium que produz esse fenômeno e vão lá, sabem de outro médium que produz outro gênero de

fenômeno e vão atrás ... Elas não conseguem tirar um conceito de elevação daquilo que elas estão vendo.

Os médiuns de efeitos físicos são para essas categorias de trabalhadores. De um modo geral eles

só servem para isso. Porque é que Peixotinho, o grande Francisco de Peixoto Lins, era um médium de

efeitos físicos diferente? Porque ele junto da mediunidade de efeitos físicos, antes de fazer qualquer

experimentação, ele dedicava um parte da sua energia e de seu tempo para os doentes. Botava um “bando”

de doentes lá, os Espíritos se materializavam, cuidavam dos doentes, faziam os tratamentos, apareciam

luzes, surgiam máquinas ... Depois que ele acabasse de tratar os doentes, é que ele produzia os fenômenos

para a alegria dos homens. Ele produzia então a materialização do seu pai, da sua mãe, do seu marido,

trazia conchas, trazia flores. Mas primeiro eram os doentes. Ele próprio punha um sentido de

respeitabilidade ao fenômeno.

Médium experimentador ele tem que ser obrigatoriamente médium de efeitos físicos.

O médium experimentador tem que ser de efeitos físicos, mas o Espírita experimentador pode

utilizar o médium de um ponto de vista intelectual. Pode fazer experimentos com um médium de efeitos

intelectuais. Ele pode fazer perguntas que estejam fora do alcance da mente do médium. Eles espíritas são

experimentadores, o médium não é experimentador.

Tenham essa noção muito clara. O médium experimentador é o de efeitos físicos porque ele faz o

fenômeno ocorrer. Ele movimenta objetos, acende luz, apaga luz, derruba cadeira. Já o Espírita que está

trabalhando com o médium ele pode ser para esse tipo de médium, ou ele pode se dirigir a

intelectualidade do médium: “Me responda a esse conceito médico”. E o médium que não entende nada

de medicina responde corretamente. O médium não é experimentador. Mas aquele que lhe perguntou é.

Guardem bem esse conceito. O médium para ser experimentador ele tem que ser de efeitos físicos.

Já o Espírita, o pesquisador pode ser experimentador junto do médium de efeitos físicos ou do médium de

efeitos inteligentes, quando ele faz perguntas que estejam fora do alcance intelectual do médium.

“Os que no Espiritismo vêem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a

moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos

caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento

continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis. Consideram a

caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.”

Kardec quer dizer aqui que quando você é um Espírita você tem que ter aqueles conceitos da

Doutrina Espírita ou os de Kardec. Os conceitos morais e os de manifestação. Os morais: Evangelho,

Livro dos Espíritos, O Céu e Inferno. Os de conhecimento: Livro dos Médiuns, A Gênese. São os

conceitos básicos.

Às vezes você consegue tudo isso mas não procura se transformar. Vocês vejam que espíritas

imperfeitos todos nós somos. Mais ou menos. Há pessoas que dizem assim: “Eu sou Espírita mas eu não

sou bobo.” No fundo a pessoa está disfarçando aquele ódio, aquela má vontade, aquele ressentimento que

está no fundo do seu coração. É o espírita imperfeito.

Page 77: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 77

Como mais ou menos somos todos Espíritas cristãos.

Aqueles que Kardec chama de espíritas imperfeitos são aqueles bem extremados que não tem o

menor interesse em se modificar. Bebe, continua agindo de má fé, continua dando prejuízo aos outros,

continua usufruindo dos outros. A Doutrina Espírita para eles é só uma fachada, não é um movimento

interno. O Espírita a caminho da perfeição é um Espírita cujo conhecimento doutrinário provoca um

movimento interno nele. Qual o movimento interno? “Eu tenho que me modificar. Eu não posso continuar

sendo o que eu era.” Esses somos quase todos nós. Somos imperfeitos a caminho da perfeição. A gente

até confessa as nossas fraquezas: “Puxa, eu gostaria de ser assim mas ainda não sou.” Sabe até o que deve

ser feito. Já o Espírita imperfeito não sabe o que deve ser feito. É aquilo e é aquilo mesmo. “Deixa para

próxima”.

Eu tive um conhecido, pessoa muito trabalhadora e muito conhecida no Movimento Espírita e ele

tinha hábitos muito perniciosos. E ele dizia para mim e para quem quisesse ouvir: “Eu não sou Espírita

perfeito. Não estou interessado em mudar nada agora. Deixa para a próxima encarnação.” E nós

ficávamos admirados de ver um homem tão cultuado, até hoje, mesmo desencarnado ele continua sendo

cultuado, com esses conceitos básicos. Ele não era mau não, mas havia lá umas coisas que ele não devia

fazer e que ele fazia, que eram dificuldades que ele tinha. Aí ele não se limitava. Ele até usava os defeitos

dele. Ele era imperfeito neste aspecto. Não era uma queda. Era um hábito dele. E no entanto era capaz.

Muitos de vocês o admiram. E vão continuar admirando-o porque ele tinha muito valores, mas tinha

dificuldades.

O que significa então sermos espíritas imperfeitos? É quando nós nos comprazemos naquele

defeito. Se eu apenas não consigo superar eu sou imperfeito num outro nível.

Então o Espírita experimentador pode produzir erro simples porque ele não tem qualquer ligação

com a Doutrina. Ele pode “azucrinar” os médiuns. Ele pode ficar “no pé” dos médiuns para produzir

fenômenos, para saber de notícias, etc. Quando ele tem noções das coisas e ele “azucrina”, perturbando o

juízo do médium para produzir fenômeno, então ele é imperfeito mesmo.

Agora, você tem a imperfeição moral, você tem a imperfeição ética. Há pessoas dentro da

Doutrina Espírita não sabem que certas coisas não devem ser feitas, falta esclarecimento para elas. Há

pessoas que não sabem por exemplo, que não devem interromper uma comunicação mediúnica, devem ter

respeitabilidade.

Uma vez enquanto eu estava, mediunizado, dando um passe na casa de um doente, sua esposa e

sua filha começaram a conversar sobre uma receita culinária. Da casa da vizinha vinha o cheiro da comida

que estava sendo preparada. Ao terminar o trabalho o filho dela chamou-lhe a atenção: “Mas mamãe, eu

não falei nada na hora para não atrapalhar ainda mais o trabalho. Mas na hora do passe do papai é que

você resolve falar de receitas?” E a mãe respondeu: “O que é que tem demais? Eu não estava

atrapalhando. Eu estava aqui falando baixinho com sua irmã.” Completamente alienada. Você não pode

classificar uma pessoa dessas de imperfeita. Isso é ético.

E durante o passe, eu estava meio furioso ouvindo aquele “blá-blá-blá” e perguntei ao Dr.

Hermann: “Isso não está lhe atrapalhando?” E ele: “A mim não. Você é que está se preocupando.” E

continuou dando o passe dele. Se ele estava ouvindo, porque ele não podia deixar de ouvir, ele não estava

se importando. Ele estava concentrado no trabalho dele.

Isso não era nem espiritual. Era ético.

No curso do COMP a gente vai falando as coisas. Não deve fazer isso, não deve fazer aquilo. São

coisas éticas. É difícil de você passar isso numa aula. A pessoa costuma confundir . Tem que ficar de cara

fechada. Não pode falar. Não pode sorrir.

Isso tem que ser amadurecimento da alma da gente. “Puxa vida, o sujeito está ali se esfalfando,

dando o fluido dele, deixa eu colaborar com o silêncio.”

Se não daqui a pouco você acha que tudo se limita a regras. No dia que alguém olha para o lado,

você diz: “Está errado”. Aí fica todo mundo tomando conta.

Essa ética tem que ser aquele célebre “desconfiômetro”, “semancol”.

“Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as

conseqüências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os

Page 78: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

78 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do

mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles

sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal.

A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os

espíritas cristãos.”

O que todos nós temos que ser é espíritas cristãos. Essa convicção tem que vir com força porque

aí as pessoas terão convicção no que nós falamos, por aquilo que nós representamos, e por aquilo que nós

nos esforçamos por ser.

Eu vou me esforçar sempre por ser cristão. A pessoa então vai me respeitar porque sabe que eu

não vou dar azo a maledicência ou ao Espírito inferior.

(Ver a esse respeito o raciocínio de Kardec na obra Viagem Espírita em 1862, pg. 48 e 49).

“Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e

freqüentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem

verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo,

porém não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.”

São os chamados espíritas exaltados aquelas pessoas que não refletem. “Eu ouvi falar que ali

existe um médium fazendo “não-sei-que, não-sei-que”. E todo mundo repete aquilo como se fosse

verdade. Eu vou lembrar com cuidado uma declaração, feita na televisão, por aquele médium do “Ra!”.

Acho que é o Thomas Green Morton. Ele disse que conseguiu fazer um pinto voltar a ser ovo. Quem

divulgar isso é Espírita exaltado. Ele também não é Espírita não. Com ele é só fenômeno.

O Espírita exaltado acredita sem raciocinar. Acredita que o médium pode produzir qualquer tipo

de fenômeno. Por isso Kardec disse que essa categoria de adeptos é prejudicial à Causa, porque aqueles

que desejam denegrir a Doutrina, ao ouvir essas declarações, indagam: “Isso é que é Espírita?” O

fenômeno não pode contrariar as leis da Natureza.

Então quando alguém nos apresenta um fenômeno que contraria as leis da Natureza nós estamos

autorizados a pensar que estamos sendo enganados.

Então Espírita exaltado será sempre aquele que pensa de forma anormal, contrariando as leis da

Natureza.

Esse médium, o Uri Geller não tem qualquer compromisso com a Doutrina. O compromisso deles

é com os fenômenos que produzem. Em que é que o Uri Geller transformou alguém?

Na Feira do Livro, na França, eu conversei com uma repórter que teve o seu faqueiro de prata

entortado pelo Thomas. E ela dizia que ele entortou o faqueiro mas não soube desentortar. Eu perguntei

ainda o que é que ela fazia com aquele faqueiro. Ela me respondeu: “Nada. Quando lá em casa não se tem

mais assunto com a visitas, a gente pega aquele faqueiro e mostra.” Em resumo, aquilo não serviu para

nada. Foi só distração.

Não vamos confundir o exaltado com o fanático. O fanático é um exaltado mas nem todo exaltado

é fanático. O fanático chega a extremos. Ele perde o senso das coisas.

Uma amiga, presidente de um Centro Espírita, ao me ouvir relatar alguns fatos mediúnicos,

durante uma palestra no Centro dela, referiu-se a supostos fenômenos mediúnicos que aconteciam

enquanto ela trabalhava com uma certa máquina de escrever elétrica. Foi um dos primeiros modelos

fabricados. Eu também ganhei uma e nunca consegui trabalhar nela. Você aperta a tecla da letra “a” e sai

outra letra. A máquina é horrível.

E eu disse a ela que não via ação espiritual nessa troca de letras, mas ela insistia em ver nisso o

resultado da ação de Espíritos. É Espírita exaltado. Imagine nesse Centro que ela preside se um médium

disser que viu chegar o Rei David? Ela vai acreditar.

Isso aconteceu uma vez num Centro em que eu estava. Um médium disse que o Rei David tinha

estado ali. Quando eu perguntei que Rei David, ele me disse que era aquele mesmo lá da Bíblia. Eu

lembrei a ele que aquele Espírito provavelmente já não tinha interesse em se apresentar daquela forma.

Certamente já teria evoluído muito, poderia até já ter se tornado um trabalhador do Cristo. Mas o médium

argumentava: “Já vem você com essa mania de saber mais que os outros.”

Isso é Espírita exaltado.

Page 79: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 79

Para nós compreendermos a ação perturbadora dos Espíritos junto à maquinas, etc. vamos lembrar

Deolindo Amorim na época em que ele escreveu “O Espiritismo à Luz dos Fatos”, que era uma refutação

ao Pe. Álvaro Negromonte, durante vários meses ele não conseguiu datilografar o livro. Ele era um

homem muito pobre. Morreu pobre. Tinha uma única máquina de escrever, que quebrou e todo mundo

que ele chamou para consertar, dizia: “Vou buscar a peça que está faltando.” E voltava no dia de “São

Nunca”. Ele ficou 6 meses com aquela máquina parada, com o livro manuscrito, sem poder mandar para

publicação. Finalmente ele resolveu dar um descanso aos obsessores. E deixou o livro parado. Os

obsessores não conseguiram perseguir a ele. Ele escreveu o livro. Então eles perseguiam quem ia lá

consertar a máquina.

Quando os Espíritos acharam que ele já tivesse desistido, apareceu alguém que pode consertar a

máquina, e ele mandou o livro datilografado para a editora.

Page 80: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

80 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Perguntas e respostas da aula de 07/05/98

P 01 - O texto de Kardec diz que a classe dos incertos é a mais numerosa. Isso à época dele. Continua

sendo?

R 01 - Continua sendo a mais numerosa porque as pessoas são crentes na manifestação dos Espíritos, são

crentes na existência dos Espíritos, mas não tem a definição que a Doutrina Espírita dá. Não se costuma

dizer que não há brasileiro que não tenha ouvido falar em fenômeno mediúnico? No Brasil a mediunidade

é tão difundida que a gente não acredita que possa haver pessoas que não ouviram falar em mediunidade.

Mas você não pode chamar essas pessoas de Espíritas. Eles tem uma noção bem vaga, até bem distanciada

da realidade. Eles são incertos. Eu acho até que é muito mais hoje que no tempo de Kardec.

P 02 - Vamos tentar então classificar essas pessoas que chegam à Casa Espírita, com sensibilidade

mediúnica ou com mediunidade ostensiva, que estão acostumadas a procurar na diversas seitas

espiritualistas, formas de fazer com que a mediunidade produza, e ao chegar à Casa Espírita, a 1a

solicitação delas é: “Eu quero ser médium dessa Casa.” Podemos classificá-las como incertas?

R 02 - Num primeiro momento sim. Porque elas não sabem o que a Doutrina Espírita ou a Casa vai

oferecer a elas. Por isso que a gente continua insistindo com o estudo do LE. Porque teoricamente depois

que você estudar o LE você vai ter uma definição a cerca da crença. Essas pessoas você pode chamar

tranqüilamente de incertas. A não ser que elas já venham de outras Instituições com uma base doutrinária

que você pode classificar como boa.

P 03 - Em relação aos Espíritas imperfeitos poderíamos dizer que eles são noviços no conhecimento

doutrinário?

R 03 - Quase todos os noviços são imperfeitos mas nem todos os imperfeitos são noviços. Quando você

começa a estudar uma Doutrina você ainda não tem a ética. Você é imperfeito. Mas depois que você tem

o conhecimento, e não muda o comportamento o que há é a imperfeição na qual você se compraz.

Referências bibliográficas comentadas da aula de 07.05.98

1 L.E. 612

2 “Dossiê Peixoutinho”, L. Palhano Jr. E Wallace F. Neves

3 “Viagem Espírita de 1863”, página 48

Page 81: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 81

1a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade

Pela graça infinita de Deus, Paz

Baltazar pela graça de Deus.

Ao início das vibrações do Encontro sobre a Mediunidade devemos recordar o objetivo básico do

Encontro em si mesmo. É o de transmitir às pessoas uma visão superior a cerca da mediunidade e suas

conseqüências morais, psicológicas e espirituais.

Falar de mediunidade podem todos falar. Basta para isso que pensem. Mas falar com propriedade,

é próprio daqueles que estudam, que se orientam pela doutrina cristã-espírita e pelas experiências

contínuas amparadas na Caridade e no Amor ao próximo.

Por isso esse Encontro vai revestir-se de uma característica que é justamente de passar para as

pessoas a noção de que ou se exerce a mediunidade de modo cristão ou, em si mesma, ela não promoverá

o progresso do Espírito.

A visão cristã diz-nos que agir mediunicamente é trabalhar em favor do próximo criando

condições de erguimento das criaturas; é dedicar-se infinitamente ao que se propõe; é o de iluminar o seu

interior lembrando que a mediunidade é luz que se acende e se carrega dentro de si; é criar condições

internas e externas para que os Bons Espíritos venham sem se sentirem com mal estar por estar junto de

um médium; é enfim, fazer da sua força mediúnica um instrumento de paz e de elevação.

Desse modo vamos trabalhar nesse Encontro principalmente os conceitos morais e falaremos da

mediunidade em si mesma mas conceituando-a de modo claro, sem rebuços, que a mediunidade é fruto de

um trabalho cristão.

Assim ireis falar de tudo em torno da mediunidade. Ireis lembrar as responsabilidades das pessoas.

Ireis recordar as próprias experiências e as que ouviram falar. Ireis sentir com Jesus que, ou se age

cristãmente ou a mediunidade poderá se transformar num instrumento até mesmo de tumulto para aqueles

que não na souberam aproveitar adequadamente.

Ireis lembrar do Cristo, médium. Ireis lembrar de todos os homens de bem que foram médiuns.

Ireis agir demonstrando a todos que estais em processo de se tornar um homem de bem e estais no

trabalho da mediunidade sem interrupção.

Enfim ireis demonstrar vivamente o que a mediunidade cristã fez com cada um.

Assim o fareis para terdes um bom desempenho neste abençoado Encontro.

Que Deus ajude, conduza e proteja a todos. Muita Paz.

Baltazar

Mensagem psicofônica recebida por Altivo Pamphiro em 27.05.98

Page 82: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

82 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

2a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade

Pela graça infinita de Deus, Paz.

Baltazar pela graça de Deus.

Ressaltar os valores morais de um médium para o bom exercício da mediunidade é também

mostrar-lhe o caminho do amor à tarefa, à Doutrina Espírita em si mesma, e também lembrar-lhe que esse

trabalho resultará em última análise, em uma maior segurança para o próprio Espírito do médium e,

certamente, a quitação de erros do passado graças à misericórdia de Deus, que permite que através da

mediunidade, um médium se redima de anos de erros cometidos anteriormente.

Falar pois de mediunidade, é lembrar a responsabilidade. E quando, por qualquer razão ou

desculpas o médium alegar esta ou aquela circunstância, para o abandono de sua tarefa, devemos recordar

a essas criaturas que, em verdade, ninguém lhe oporá obstáculos para que ele deixe o serviço do bem mas,

que a própria Vida, a própria necessidade que ele possui indicará obstáculos que o farão passar por

circunstâncias tristes, de sofrimento até o ponto em que ele arrependido, volte-se para o serviço do bem.

E isto não significa, propriamente dito, um castigo, como muitos usam a palavra mas tão somente,

uma decorrência, uma vez que aquele que abandona as tarefas, liga-se a forças que o comandavam

anteriormente, isto é, a forças de tristeza, quando não de maldade, a forças que o retém em ângulos de

sofrimento.

Já o médium em pleno trabalho, ele parece ser aquela semente que busca ar e claridade, que sai da

terra em busca do sol. O médium que trabalha com amor, com sentimento, com caridade e com

determinação é o ser que busca romper as faixas de angústia, de dor, de sofrimento que o envolve para

buscar a luminosidade do céu e a clareza da opinião dos Bons Espíritos.

É assim que, ireis falar que ser médium é ser responsável, é ter amor e usar muito de sua própria

determinação.

Falareis àqueles que estão cansados e direis a eles: “Oh médiuns idosos! trabalhai no limites das

vossas forças, mas trabalhai”. Para aqueles que estão em plena juventude e que alegam os prazeres do

mundo, direis: “Oh médium jovem! tu que ainda pensas tanto na Terra, que ainda buscas tanto os valores

da Terra, não vos esqueçais do compromisso com a Espiritualidade. Trabalhai uma, duas vezes por

semana, mas trabalhai com decisão, como quem trabalha buscando alicerçar seu futuro, buscando

alicerçar suas forças”. E para aquele que apresenta esta ou aquela desculpa lembrai: “Médiuns, médiuns, o

Senhor a todos nós espera no exercício do Bem. Cultivai amigos, os valores da bondade.”

E assim, falareis a todos nos variados tons e para aqueles em variadas idades que mediunidade é

força a serviço do Bem de Jesus na Terra, tanto quanto é uma força a serviço da elevação moral e

espiritual daquele que a pratica.

E assim, meus irmãos, devereis falar da mediunidade com Jesus para todos os nossos irmãos de

jornada terrena.

Que Deus a todos abençoe, ilumine e conduza, agora e sempre.

Baltazar, pela graça de Deus.

(Mensagem psicofônica recebida por Altivo Pamphiro em 03.06.98)

Page 83: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 83

3a Vibração para o 5o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade

Pela graça infinita de Deus, Paz.

Baltazar pela graça de Deus.

Na continuidade dos assuntos em torno do Encontro deste ano de 1998 devemos todos recordar a

lição da compreensão acerca das dificuldades do próximo.

Certamente que vocês irão ter com muitos que tiveram orientações diferentes das obtidas aqui em

suas Casas Espíritas. Estas podem ser todas generosas e com Guias bondosos, Presidentes corretos

entretanto, como é fácil perceber, existem os que caminham à frente e os que caminham após. Há

cooperadores que vem de Casas que estão caminhando atrás, um pouco atrás daqueles conceitos mais

elevados ou dos conceitos mais modernizados no campo da ação dos passes e da mediunidade. A estes

deveis compreender, respeitar mesmo, como aluno que sem poder ainda ter atingido um determinado grau

no seu estudo curricular, escolar, ele nem por isso deixa de ser um bom aluno, um aluno em vias de um

aperfeiçoamento. Para esses devemos ter a paciência, a compreensão e distribuir estímulos.

E que estímulos podemos dar a uma pessoa quando observarmos que ela não está conscientizada

ainda do que deve fazer ou do que já pode fazer? Além do estímulo do estudo, da meditação, do ouvir

aulas dadas por pessoas mais capacitadas, deveis oferecer a vossa humildade.

A humildade nessas horas serve de base para se ensinar alguém. Instrutor que ostente

conhecimentos, que pareça ou que queira parecer ser superior, Instrutor que tente elevar-se acima do

aluno, cria pelo menos uma condição de antagonismo entre um e outro. Quando digo que deveis oferecer

a humildade quero dizer que vocês devem falar com clareza, com concisão, com paciência às pessoas,

para que elas possam, estimuladas, virem que em vocês reside uma parcela maior de conhecimentos e se

sentirem então envolvidas no próprio sentimento que vocês transmitem, ser envolvidas no sincero desejo

de buscar a visão diferente que a Doutrina Espírita oferece.

Desse modo comecem por fazer o exercício da boa vontade, procurem ser compreensivos,

procurem ser aqueles que compreendem, desenvolvei dentro de vocês a parcela do Amor, do

Entendimento, desenvolvei a parcela do saber repetir incessantemente as lições já conhecidas. Combatei a

impaciência. Assim o fazendo certamente conseguirão todos vencer o aspecto antipático da pretensa

superioridade e tereis atraído com isso pessoas para o nosso trabalho no Bem.

Entretanto quando falamos em humildade, não queremos dizer que tudo deve ser aceito. Queremos

dizer, e isto fique bem claro, que todo ensino deve ser envolvido na dose de compreensão, todo

movimento em torno do esclarecimento precisa ser sustentado pelo entendimento das pessoas, e todo

aquele que trabalha no Bem deverá sempre buscar em Deus a força para bem fazer o que deve fazer.

Que Deus nos ajude, abençoe, conduza e traga a sua Paz para todos nós.

Graças a Deus.

Baltazar

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Pamphiro, no CELD, em 10.06.98)

Page 84: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

84 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

5a Vibração para o 5o. encontro Espírita sobre a Mediunidade

Pela graça infinita de Deus, Paz.

Baltazar, pela graça de Deus.

Ao estarmos próximos à execução do encontro propriamente dito lembramos as grandes

determinações dadas no decorrer das vibrações feitas aqui. E lembramos também a todos o sentimento

que deve existir no coração de cada um, partindo do princípio que todos estais aqui para servir a Jesus.

Algumas vezes os corações, ou por estarem cansados, ou por visualizarem outros objetivos, ou por

serem teimosos mesmo, colocam-se como quem se sente indisposto para o trabalho. Creiam-me, à parte

das atuações pessoais, particularistas mesmo existe a forte influência espiritual do meio em que viveis.

A Terra, o país, a cidade, a sociedade ainda em crise, sem uma base segura e sem estar articulada

com a idéia de Deus se permite ter momentos que classificamos como os da falta de vontade determinada.

Por isso mesmo nas vésperas deste Encontro queremos lembrar aos companheiros presentes, não

só a finalidade do serviço em si mesmo, mas igualmente a responsabilidade individual no campo das

realizações positivas, individuais, pessoais e coletivas e, lembrando estas necessidades, estes programas

de trabalho, pedimos a Deus que abençoe a todos vocês, porque caminhamos ao lado de cada um até o

limite em que deveis demonstrar vossa fidelidade a Deus.

Iluminai os corações e neste dia que se aproxima coloquemos alegria na alma pela execução de

mais um serviço para e em nome do Senhor.

Que ele ajude a todos nós, abençoe, conduza e fortaleça, agora e sempre.

Muita Paz.

Baltazar, pela graça de Deus.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Pamphiro, no CELD, em 24.06.98)

Page 85: Apostila do 5º Encontro Espírita sobre Mediunidade

5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 85

Mensagem de Balthazar para 5o Encontro Espírita sobre a Mediunidade

Todos estão sendo convocados este mês, a pensar em torno do Encontro, que vai realizar-se nas

próximas semanas.

Estudos, meditações, análise de textos, todo um processo de aprendizado, está sendo movimentado

pelos trabalhadores espirituais e materiais da Casa, objetivando o ensino adequado a cerca da

mediunidade.

Envolvidos neste clima, os benfeitores que acompanham a todos vocês, recordam incessantemente

que médium é todo aquele que registra a presença dos Espíritos em torno de si. E neste caso a

sensibilidade humana se ampliando em função mesma da evolução do ser humano, em função do hábito

da oração, da leitura edificante, tornam-se então todos médiuns na acepção mais legítima da palavra.

Assim, de uma forma bem clara, falaremos não só aos médiuns, mas a todo o ser humano com

sensibilidade ou seja, repetiremos incessantemente a todos a necessidade de estudar, de melhorar-se

intimamente, para refletir o pensamento, os sentimentos, as idéias de elevação daqueles que se

enobrecem, ajudando a humanidade terrena através de múltiplos ensinos.

Todos são médiuns, todos registram a presença dos Espíritos, todos serão capazes de vê-los,

ouvi-los e principalmente senti-los. Todos devem analisar a vida mental de um modo correto, todos

precisam intimamente renovarem-se para sintonizarem somente com o Equilíbrio ou com as Forças

Superiores. Todos devem esforçar-se, quer através da prece, do pensamento, através das leituras, todos

devem esforçar-se por, entre outras coisas, elevar-se mentalmente.

Que assim todos possam entender que o Encontro dirige-se aos médiuns e aqueles que,

oficialmente, que não são chamados de médiuns, entretanto são capazes de registrar nitidamente a

presença de vozes, de sensações, de percepções do Mundo Espiritual.

Que Deus a todos ajude, abençoe a compreender esse aspecto e todos caminharem na direção do

Bem.

Graças a Deus.

Baltazar, pela graça infinita de Deus.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Pamphiro, no CELD, na Reunião Pública em 10.06.98)

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86 5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE

Mensagem de Yvonne Pereira para o 5o Encontro Espírita sobre a

Mediunidade

Aprestamo-nos para o Encontro a cerca da mediunidade, e este Encontro se reveste, naturalmente,

de importância grande para a Casa Espírita, e para aqueles que dele participarem.

Nele se tratará, entre outras coisas, do aspecto moral, que investindo o médium deste aspecto,

trabalhará ele melhor seus dons mediúnicos.

Estes resultados de múltiplas experiências e múltiplas vidas, fazendo com que aquele, que hoje se

denomina médium, seja um homem que vivendo entre dois mundos, será capaz de sintonizar somente,

com o lado belo, positivo, superior do mundo espiritual, ao mesmo tempo em que lutará contra forças

terríveis que na Terra tentam afastá-lo do bem.

Mediunidade é assim e antes de tudo, uma poderosa arma com que aqueles médiuns, ou aqueles

seres dela investido, demonstrarão a Deus, a si próprio, a seus Guias Espirituais e ao mundo sua grande

transformação, sua exata transformação para o bem.

Ele mostrará que deixou um dos aspectos mais triste de sua existência, ou seja: a incredulidade, a

má vontade, a ligação com as forças do mal, para ser aquele que denominaremos, como disse-nos Kardec,

médium Cristão; ou seja, aquele que envolvido em poderosas força de amor, de caridade, dedica-se e

destina-se à atividade junto a Caridade.

Assim, a mediunidade junto a Caridade, teremos como resultado o médium cristão.

A casa que se prepara para este Encontro, deve ter, não só a possibilidade de promover este

Encontro, mas deve principalmente, contar com a presença daqueles que realmente se sentem interessados

no estudo desta bendita e amorosa força, gloriosa oportunidade de nos transformarmos. Esta força que aos

poucos, se alastra por entre a humanidade, mostrando que todos somos médiuns mas que precisa, da

decidida força dos homens cristãos e do decidido esclarecimento que a Doutrina Espírita dá.

Trabalhadores do bem - estudai; trabalhadores que já se consideram grandes operários da caridade

- meditai; trabalhadores que estais nas lides do trabalho contínuo com a mediunidade em nome de Jesus -

perseverai.

Que Deus na sua infinita bondade e misericórdia nos ajude a todos.

Vossa amiga,

Yvonne Pereira

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Pamphiro, no CELD, em 03.06.98)

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5o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE 87

Mensagem de Lins de Vasconcelos para o 5o Encontro Espírita sobre a

Mediunidade

Meus sempre estimados irmãos, que Jesus abençoe esta Casa e todos aqueles que a ela estão

ligados pelos laços do trabalho, do amor à Doutrina Espírita e ao Cristo também.

Falar de muitos deuses, leva-nos a pensar na grandeza da Doutrina Espírita, que nos mostra não

penas um Deus único e verdadeiro, fato perfeitamente assimilável pela maioria dos seres encarnados, mas

nos mostra, um extensão da vida espiritual, de forma clara, sem confusões na mente de ninguém e nos

mostra que esta mesma vida espiritual, interferindo na mente humana, no ser humano em si mesmo, pode

provocar inúmeras reações nas camada populacionais da Terra.

Observamos que a Doutrina Espírita vem trazendo para a humanidade, uma visão clara e objetiva

do mundo espiritual, mostrando quem são os Espíritos, mostrando a realidade Espírita, mostra assim, à

humanidade terrena que existem várias camadas populacionais na Espiritualidade, capazes de envolver

aos seres e capaz mesmo de influenciá-los.

Ora, fazendo assim, a Doutrina Espírita acaba com os últimos resquícios de politeísmo existentes

na face da Terra, mostrando exatamente a continuidade da vida, a Doutrina Espírita acrescenta mais ao

cérebro humano, acrescenta para ele e para o ser humano: a força, o entendimento e diz que a vida

continua.

Ora, quando entendemos que a vida continua, entendemos naturalmente que continua com

variações, ou seja: condições mentais, espirituais de inteligência, peculiares a cada um. Ora, isto é ou não

é um crescimento no campo do entendimento das pessoas?

Para isso, a Doutrina Espírita nos conduz. Enquanto outras religiões estimam a discussão, tentam

comprovar o comportamento de seus líderes, enquanto outras religiões continuam ainda, na prática

exterior das demonstrações de culto, enquanto outras ainda estimulam o ganho material para seus

pastores, a Doutrina Espírita continua impávida, mostrando a liberdade espiritual que existe em cada um

de nós, mostra-nos ainda, a continuidade da vida e diz-nos mais, diz-nos: que por aquilo que nós vemos

nos outros, produziremos o que poderá acontecer conosco.

Assim, quando ouvimos uma mensagem superior ou inferior, entendemos que tal seja a nossa

atitude, também seremos do outro lado, superiores ou inferiores. A Doutrina Espírita, assim explica-nos

claramente, como será a continuidade da vida.

Meus irmãos, continuem dentro do padrão doutrinário Espírita, continuem estudando a Doutrina

Espírita, com tudo de belo, de bom, de útil, de proveitoso que ela tem. E um dos grandes proveitos que a

Doutrina Espírita tem justamente, é a difusão da crença da imortalidade, na sobrevivência do ser portanto

e, na continuidade da inteligência desses que se vão.

Doutrina que mostra claramente como somos, o que seremos, como agiremos, não pode ser palco

de discussões, senão de continuidade da vida.

Repetindo: nossa Doutrina é a Doutrina da libertação, por isso mesmo, compreendemos que

deveremos ter caridade, no dizer de Allan Kardec, uns para com os outros. Deveremos amar aos

semelhantes, como nos ensinou Jesus.

Mas não podemos esquecer que a grande benção que a Doutrina traz, para nós outros, seres mais

afeiçoados à Terra, seres encarnados mesmos, a grande benção que a Doutrina nos trouxe, foi justamente,

de sabermos que continua a vida e que essa vida pode interferir na nossa vida . Assim, policiando-nos

viveremos uma vida de mais elevação e de mais paz. E é isso o que a Doutrina pede, a todos aqueles que

estão encarnados na Terra.

Vivenciemos esta paz, e veremos os poderes milagrosos daqueles seres, que estão no Plano

Espiritual, conduzindo a tudo e a todos.

Que Deus abençoe, a cada um de nós, ilumine aos nossos corações e abençoe-nos sempre.

Vosso irmão,

Lins de Vasconcelos

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Pamphiro, no CELD, em 06.06.98)

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Avaliação do 5º Encontro Espírita sobre a Mediunidade

Pela graça infinita de Deus. Paz.

Baltazar, pela graça de Deus.

Trata-se de avaliar este 5º Encontro em torno da Mediunidade.

Se, de um modo em geral podemos dizer que o Encontro transcorreu corretamente, não devemos

deixar de assinalar porém, as faltas cometidas contra o próprio encontrista, contra o Encontro, em última

análise.

E uma dessas faltas está justamente na falta de preparo maior daqueles que se propuseram a

dinamizar. Entre essas faltas destacamos a ausência deles dos estudos preparatórios do Encontro, algumas

vezes, das vibrações realizadas às noites de quartas-feiras, e outras vezes, a simples incapacidade que as

pessoas tem de reter o conceito Kardequiano dentro de si mesmas.

Desse modo, reiteramos a necessidade dos coordenadores gerais do Encontro de ativarem a

vontade dos dinamizadores de modo que eles se proponham fielmente a estudar, a meditar para ensinar.

Imaginem que todo um esforço de aprendizado foi feito, todo um esforço para ajudar ao próximo a

entender o objetivo do trabalho igualmente foi feito e no entanto, o esforço que todos desejávamos, que é

um feliz aprendizado para uma feliz exposição, este não foi feito.

Pedimos assim a todos que se conscientizem desse serviço. Mediunidade é coisa séria. E não se

pode dar uma informação como que se fosse de algibeira, uma informação pouco lastreada no

Conhecimento Doutrinário. Precisamos estar atentos, a postos, firmes, com muita vontade de servir mas,

principalmente com muita vontade de mostrar aos outros o que uma sã mediunidade ocasiona a um bom

médium, ao médium cristão.

Assim reiteramos os esforços a cerca do estudo, a cerca da boa vontade, reiteramos a necessidade

de meditação e pedimos a direção do Encontro que tente ainda outra vez conscientizar aos cooperadores

gerais, aos dinamizadores, da necessidade de insistir neste processo.

Lembrando os outros pontos de ação quer na divulgação, quer na distribuição de mensagens, quer

na distribuição de apoio, vimos que tudo transcorreu bem, faltando tão somente a determinação por parte

daqueles que vieram estudar.

Haveremos de ajudar ao próximo para que o próximo se entenda. Haveremos de fazê-lo

entender que o Encontro é algo sério que não pode ser feito senão seriamente. Haveremos de entender

que a finalidade do Encontro é divulgação. Haveremos de entender enfim, que todos os que colherem

este fruto serão beneficiados.

Comecemos agora as perguntas individuais.

P - (MC) - Temos tido dificuldades próprias e pessoais para a realização deste trabalho e acreditamos

estejam se refletindo sobre o trabalho. O Sr. tem alguma sugestão para nós?

R 01 - (B) Entendemos que a continuidade de uma tarefa é que dá capacidade aquele que a faz.

Quanto mais se executa um serviço, melhor ele se apresenta.

Entendemos que as dificuldades podem ser equacionadas, corretamente equacionadas para que

justamente se possa ter, não apenas de sua parte, mas da parte de todos a vibração de alegria, o

empenho fraternal para que o Encontro continue rendendo como rendeu. É só isso minha filha, é o

empenho mesmo de todos os dias, de todas as horas, de todos os minutos.

Adiante...

P - (MR) - Com as dificuldades do dia anterior ao Encontro diminuiu bastante o número de pessoas

inscritas no dia...

R 02 - (B) Como dificuldades?

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P - (MR) - Não são propriamente dificuldades. Nós armamos um esquema para receber 200 inscrições no

dia, como é habitual. Só fizemos cerca de 170 inscrições no dia. Mesmo as pessoas chegando todas no

mesmo horário, tudo transcorreu bem. Me parece que o trabalho da Secretaria transcorreu bem.

P - Este ano tivemos o dobro de colaboradores na Creche. Este ano tivemos 10 colaboradores mas o

número de crianças dobrou. Tivemos 16 crianças na Creche, na faixa etária mais trabalhosa, as crianças

que não andam, requerendo dos colaboradores, dos evangelizadores muito mais atenção.

No momento da sensibilização, ao iniciar a evangelização houve um choro geral. Fomos obrigados

a parar, retirar as crianças choronas, ficando apenas 4 da faixa etária maior, entre 1 e 2 anos. No segundo

momento, depois do almoço, teríamos 3 dramatizações com fantoches. Em virtude da baixa faixa etária

resumimos o trabalho em apenas 1 dramatização.

Diante desses acontecimentos gostaríamos de perguntar ao Plano Espiritual se houve rendimento

da evangelização na Creche.

R 03 (B) - Houve, houve rendimento. As dificuldades registradas são as dificuldades próprias que eu

acabei de dizer. Até à Creche faltou um bom preparo. Mas, nada que impedisse a realização do serviço

em si.

P - (M) - Este ano constatamos uma coisa curiosa. O ano passado tivemos o dobro ou o triplo de

colaboradores e mais problemas do que tivemos este ano com menos colaboradores. O trabalho decorreu

mais tranqüilo. Não tivemos qualquer problema de vulto.

R 04 (B) - Adiante...

P - (E) - O problema maior do Apoio, para servir lanches e refeições foi a desobediência, por parte dos

dinamizadores aos horários estabelecidos. É necessário obediência rigorosa a esses horários para que o

trabalho transcorra melhor do que foi este ano.

R 05 (B) - É uma coisa a corrigir então.

P - (D) - Na Cozinha não tivemos maiores problemas dentro daquilo que nos propusemos a fazer.

Fizemos um pouco a mais de comida pela falta de informação quanto ao número de encontristas.

Apareceu um bom número de colaboradores...

R 06 (B) - Cabe a você analisar a questão do horário a que (E) se referiu...

P - (D) - Não houve problemas com o horário em que a comida ficou pronta.

P - (E) - O problema não foi com a Cozinha. Foi com o horário da liberação dos encontristas das salas de

estudo.

R 06.1 (B) - O problema então não é com você.

P - (BB) - Realmente a falta de conhecimento dos dinamizadores atrapalhou um pouco o trabalho com os

jovens. Mas os problemas maiores, como rebeldia, diminuíram um pouco. Só na parte final, da conclusão,

tivemos alguns problemas. Gostaríamos de saber se houve rendimento do trabalho realizado com os

jovens?

R 07 (B) - Teve. Teve bastante.

P - (LR) - Baltazar, você falou que o Encontro de Mediunidade é um Encontro sério e que precisa ser

passado um conteúdo. Ao dinamizar este ano, pela primeira vez no Encontro de Mediunidade, o que eu

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percebi foi o medo das pessoas de realizar o trabalho da dinamização. Gente já com muita experiência de

dar aulas, do estudo do LM, com medo. E eu peguei o tema, o texto e as conclusões a que a Coordenação

queria chegar e fiz um esquema trazendo meditações. Tenho quase que certeza que não consegui passar o

conteúdo como poderia ser passado. Mas a minha preocupação foi fazer uma meditação em cima do texto

de Kardec. Eu forneci o texto de Kardec aos encontristas para que eles pudessem estudá-lo, por si

mesmos, mais tarde.

Nós entendemos que o objetivo maior do Plano Espiritual é fazer com que as pessoas reflitam

sobre aquilo na sua vida. E o que eu percebi no grupo em que eu fiquei é que as pessoas gostaram e

saíram dali com uma outra visão, uma visão reflexiva.

Eu pedi à coordenação para ficar sozinha em sala e aplicar essa metodologia de trabalho.

Era esse o objetivo?

R 08 (B) - Vamos dizer que o esforço que você fez, fora dos padrões estabelecidos rendeu. Cabe agora

você apresentar à coordenação do trabalho o seu modo de agir, como foi que você agiu.

P - (LR) - Eu fiz isso antes. Apresentei à coordenação o roteiro de tudo que eu pretendia fazer e obtive

permissão para realizar.

R 08.1 (B) - Cabe agora você mostrar o resultado do seu trabalho à coordenação do Encontro e esta

coordenação examinando o trabalho ver as adaptações possíveis, ou a absorção integral desse tipo de

serviço que você fez. Você apresentou seu trabalho. Cabe agora a direção do Encontro ver como

conduzir isso.

Evidentemente que todos nós não estamos numa posição estática, nossa posição é dinâmica.

Eles terão que ver agora esse trabalho.

P - (LR) - As pessoas estavam com medo. E eu não senti medo. E era a primeira vez que eu dinamizava

no Encontro de Mediunidade. E eu nunca me “joguei” no estudo do LM. E eu ao invés de sentir medo

senti uma alegria muito grande. O grupo parecia uma família. As pessoas se abriram e eu passei para elas

a alegria que eu sentia em realizar esse trabalho. Foi um dia muito bom, “lucroso”, na minha pequena

visão.

Repito, não sei se consegui passar todos os conceitos, mas a minha tônica foi levar a reflexão.

Porque este Encontro provocou em mim também muita reflexão sobre a mediunidade, mexeu muito

comigo.

R 08.2 (B) - Muito bom. É isso o que se quer. Adiante...

P - (PC) - Eu queria mais esclarecimentos sobre a dificuldade de guardar os conceitos de Kardec dentro

de cada um de nós. Eu faço as minhas reflexões durante o estudo de preparo de uma palestra, do

Encontro, mas na hora de passar isso ao encontrista, eu sinto que não atingi aquele ponto que deveria ter

sido atingido. Como coordenar isso? Como guardar isso tudo dentro de mim para que eu seja fiel aquela

posição proposta no trabalho?

R 09 (B) - Seu objetivo é de ensinar. Você está começando a guardar isso dentro de você. Em seguida

lembre-se que o aprendizado é lento mas se ele for perseverante ele atinge seu objetivo. É só isso. Você

tem que ter um aprendizado perseverante. É assim que a gente chega ao final dos nossos objetivos. Um

aprendizado perseverante. É só insistir que você conseguirá vencer, como todos venceremos um dia.

Quando andamos mais rápido, melhor para nós. Então como vencer, se não perseverar? Perseverar,

perseverar, perseverar, aprender, estudar, ler, ler, ler...

P - (PC) - Repetir tantas vezes quantas forem necessárias...

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R 09.1 (B) - Quantas forem necessárias... Esta é a chave da solução.

P - (PC) - Outro detalhe que eu observei durante a fase de planejamento desse Encontro, que nós

estimulássemos as criaturas a trazer à tona os seus problemas. Isso realmente aconteceu durante o trabalho

de dinamização.

R 09.2 (B) - Então você vê que o objetivo foi alcançado.

P - (PC) - Eles falaram de suas próprias vidas...

R 09.3 (B) - É isso que se quer.

P - (PC) - Eu também me expus junto a eles para que eles tivessem uma visão real minha, não a visão que

eles imaginavam a meu respeito, uma visão verdadeira de alguém que também estivesse se beneficiando,

aprendendo.

R 09.4 (B) - Muito bom. Adiante...

P - Eu queria saber do Plano Espiritual como foi visto o funcionamento do setor da cozinha do Centro

Espírita Abigail de Lima.

R 010 (B) - As dificuldades que se encontram são as pessoais. E dificuldades pessoais você vai insistir

para que elas não ocorram. Mas não esperar que isso aconteça. Sempre insistir. Repetir

exaustivamente, como foi dito, até que as coisas se passem e se tornem tranqüilas. Adiante...

P - (RB) - A cada Encontro estamos tendo no Núcleo Assistencial Antônio de Aquino uma participação

maior dos assistidos. Neste Encontro eles foram a maioria dentro da sala mais cheia. Os outros

encontristas eram freqüentadores habituais do Centro Espírita, bem conhecidos nossos. Com isso a

dinamização teve que atingir dois grupos distintos, na mesma sala, porém conhecidos.

Gostaria de ter uma orientação para o futuro: deveremos separar em salas distintas os

assistidos-encontristas dos frequentadores-encontristas?

R 011 (B) - Nenhuma separação.

P - (RB) - Se o dinamizador não conhecer os assistidos-encontristas, eles conseguirão acompanhar o

estudo?

R 011.1 (B) - Sim se o dinamizador falar de modo natural.

P - (RB) - Estamos tentando montar duplas com dinamizadores que conheçam a clientela de lá (NAAA).

R 011.2 (B) - É assim que tem que ser. E prossigam que é assim que dá certo. Adiante...

P - (N) - Parece que tivemos um maior número de atendimentos pela equipe Médico-Espiritual (NAAA).

R 012 (B) - Nada demais. O tema pode provocar isso, as emoções das pessoas. Não há uma razão

específica. Devemos estar preparados para qualquer coisa. Adiante...

P - (MC) - Alguma outra recomendação?

R 013 (B) - De nossa parte já dissemos. Estudar, melhorar sempre no estudo e no trabalho.

Reorganizar equipes. Reorganizar dinamizadores. Reorganizar trabalhadores. Aqueles que não

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conseguirem prosseguir por cansaço nestas áreas tão difíceis como são as áreas em que não há apenas

o trabalho intelectual, mas são áreas que também trazem exigências, como a expedição, essas coisas

todas, só vemos isso: insistir. Nosso objetivo espiritual continua sendo alcançado que é de falar,

explicar, falar, explicar, mostrar, “remostrar”, até que vejamos as coisas andarem corretas. É insistir.

Que Deus a todos abençoe.

(Mensagem psicofônica pelo médium Altivo Pamphiro em 29.06.98, no CELD)