apostila direito do trabalho ii 1 estgio unip 2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA CURSO DE DIREITO DIREITO DO TRABALHO II PROF° PAULO ANTONIO MAIA E SILVA 1° ESTÁGIO 1. REMUNERAÇÃO . 1.1.SALÁRIO E REMUNERAÇÃO DISTINÇÃO. Para o direito do trabalho é importante a compreensão dos conceitos de salário e de remuneração em razão da existência de expressões semelhantes em outros ramos do direito, notadamente no direito administrativo, bem como para se entender a proteção dada pelo Direito do trabalho ao salário, que é a contraprestação devida e paga pela prestação dos serviços.Segundo o art.457 da CLT, salário é a contribuição devida e paga diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, aqui inseridas as formas de salário in natura; e, remuneração é um conceito mais abrangente.Envolve não só o salário, que é pago pelo empregador, como o rendimento obtido quando fornecido por terceiros, que é o caso das gorjetas, que serão vistas melhor mais adiante.Ou seja, remuneração é o somatório do salário mais as gorjetas. 1.2.CARACTERÍSTICAS DO SALÁRIO –Vejamos as características do salário, que revelam a intenção do legislador em protegê-lo por conta da sua condição de fonte de subsistência para o empregado, bem como nos ajudam a distingui-lo das outras retribuições próprias como a empreitada, mandato, etc: a)Existência da bilateralidade, pela qual as duas obrigações se encontram, reciprocamente, em relação de equivalência – o contrato de trabalho é comutativo no seu todo e não apenas em relação à prestação de cada parte, assim , mesmo nos casos em que não houver efetiva prestação de serviços pelo empregado , haverá a obrigação de pagamento do salário pelo empregador (art. 4°, CLT) , como convocação militar, acidente de trabalho nos primeiros quinze dias, férias, gravidez, ou seja, motivos de ordem biológica e interesse social. Esta característica está ligada a natureza alimentar do salário e pelo pressuposto de ser o único meio de subsistência do empregado; b)Caráter Alimentar – é a característica mais marcante e distintiva do salário em relação às demais remunerações dos outros tipos de contratos de atividade em que também haja um trabalho humano.Em razão de sua destinação ao sustento do trabalhador e de sua família e por ser presumivelmente a única fonte de renda, oriunda da dispensa da força de trabalho, o salário não só é um direito trabalhista protegido com a irrenunciabilidade absoluta, como em algumas situações não pode ser cedido, penhorado ou compensado. c)Caráter Não Aleatório (forfetário/alteridade) – O empregador não pode condicionar o pagamento do salário aos riscos de sua atividade econômica e sempre que o fizer, ou seja, o salário vier a ser variável, o empregado terá direito a receber a quantia não inferior ao mínimo (art.7°, CF;art.78, CLT).Por outro lado, o empregador também não está obrigado a pagar ao empregado nada mais do que o salário ajustado, entendendo-se isto no que diz respeito à repartição de eventuais lucros em sua atividade econômica.O salário é sempre devido tão somente em relação à comprovação de que o trabalho foi prestado.Isso acontece porque o trabalho é um bem jurídico insuscetível de restituição, uma vez que é prestado.Não tem como ser devolvido ao empregado, por isso sempre gera a obrigação de sua contraprestação; d)Proporcionalidade com a natureza da prestação – o salário deve ser fixado em proporção da natureza, qualidade e quantidade do trabalho prestado. Toda vez que o empregado passa a executar funções diversas da anterior para a nova qualificação, deve ser observado este princípio. O salário normativo é uma das formas, aliada ao piso salarial criado pela CF/88(art.7°, V), de se estabelecer esta proporcionalidade;

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  • CENTRO UNIVERSITRIO DE JOO PESSOA CURSO DE DIREITO DIREITO DO TRABALHO II PROF PAULO ANTONIO MAIA E SILVA 1 ESTGIO 1. REMUNERAO . 1.1.SALRIO E REMUNERAO DISTINO. Para o direito do trabalho importante a compreenso dos conceitos de salrio e de remunerao em razo da existncia de expresses semelhantes em outros ramos do direito, notadamente no direito administrativo, bem como para se entender a proteo dada pelo Direito do trabalho ao salrio, que a contraprestao devida e paga pela prestao dos servios.Segundo o art.457 da CLT, salrio a contribuio devida e paga diretamente pelo empregador como contraprestao do servio, aqui inseridas as formas de salrio in natura; e, remunerao um conceito mais abrangente.Envolve no s o salrio, que pago pelo empregador, como o rendimento obtido quando fornecido por terceiros, que o caso das gorjetas, que sero vistas melhor mais adiante.Ou seja, remunerao o somatrio do salrio mais as gorjetas. 1.2.CARACTERSTICAS DO SALRIO Vejamos as caractersticas do salrio, que revelam a inteno do legislador em proteg-lo por conta da sua condio de fonte de subsistncia para o empregado, bem como nos ajudam a distingui-lo das outras retribuies prprias como a empreitada, mandato, etc: a)Existncia da bilateralidade, pela qual as duas obrigaes se encontram, reciprocamente, em relao de equivalncia o contrato de trabalho comutativo no seu todo e no apenas em relao prestao de cada parte, assim , mesmo nos casos em que no houver efetiva prestao de servios pelo empregado , haver a obrigao de pagamento do salrio pelo empregador (art. 4, CLT) , como convocao militar, acidente de trabalho nos primeiros quinze dias, frias, gravidez, ou seja, motivos de ordem biolgica e interesse social. Esta caracterstica est ligada a natureza alimentar do salrio e pelo pressuposto de ser o nico meio de subsistncia do empregado; b)Carter Alimentar a caracterstica mais marcante e distintiva do salrio em relao s demais remuneraes dos outros tipos de contratos de atividade em que tambm haja um trabalho humano.Em razo de sua destinao ao sustento do trabalhador e de sua famlia e por ser presumivelmente a nica fonte de renda, oriunda da dispensa da fora de trabalho, o salrio no s um direito trabalhista protegido com a irrenunciabilidade absoluta, como em algumas situaes no pode ser cedido, penhorado ou compensado. c)Carter No Aleatrio (forfetrio/alteridade) O empregador no pode condicionar o pagamento do salrio aos riscos de sua atividade econmica e sempre que o fizer, ou seja, o salrio vier a ser varivel, o empregado ter direito a receber a quantia no inferior ao mnimo (art.7, CF;art.78, CLT).Por outro lado, o empregador tambm no est obrigado a pagar ao empregado nada mais do que o salrio ajustado, entendendo-se isto no que diz respeito repartio de eventuais lucros em sua atividade econmica.O salrio sempre devido to somente em relao comprovao de que o trabalho foi prestado.Isso acontece porque o trabalho um bem jurdico insuscetvel de restituio, uma vez que prestado.No tem como ser devolvido ao empregado, por isso sempre gera a obrigao de sua contraprestao; d)Proporcionalidade com a natureza da prestao o salrio deve ser fixado em proporo da natureza, qualidade e quantidade do trabalho prestado. Toda vez que o empregado passa a executar funes diversas da anterior para a nova qualificao, deve ser observado este princpio. O salrio normativo uma das formas, aliada ao piso salarial criado pela CF/88(art.7, V), de se estabelecer esta proporcionalidade;

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    e)Irredutibilidade e adequao ao Custo de Vida A caracterstica alimentar faz com que salrio seja, a princpio, irredutvel.A exceo prevista est no art.7, VI, da Constituio Federal, ou seja, o salrio irredutvel, salvo o disposto em conveno coletiva ou acordo coletivo. Evidentemente fica vedada a reduo unilateral pelo empregador, inclusive a permitida no art.503 da CLT, que no foi recepcionado pela Constituio Federal, ou por requerimento do empregado, como bilateralmente mediante consenso entre empregado e empregador. Para que possa guardar a natureza alimentar, devem ser estabelecidos sistemas de adequao ao custo de vida ou da prpria condio familiar do empregado. Atravs da reviso feita por sentena judicial ou acordo coletivo possvel se restabelecer a adequao do valor do salrio sua realidade. f) Natureza Composta o salrio, enquanto retribuio especfica do trabalho subordinado compe-se de vrios elementos. Inicialmente, o direito do trabalho permite que salrio tanto possa ser pago exclusivamente em dinheiro, como ser pago parte em dinheiro e parte em utilidades tais como a alimentao, moradia, vesturio, etc (tambm denominadas de salrio in natura) possuindo estas, para os efeitos legais, a mesma natureza do salrio(art.458, CLT).Por outro lado, quando feito apenas em dinheiro, o salrio pode ser pago ou em uma quantia fixa ou varivel(comisses), ou em uma parte bsica(geralmente fixa e por isso denominado de salrio base)e outras partes, denominadas parcelas salariais(fixas ou variveis no valor e na regularidade do pagamento)como gratificaes, adicionais(insalubridade, periculosidade, noturno), horas extras, comisses. 1.3.FORMAS DE PROTEO AO SALRIO. -Inalterabilidade e irredutibilidade (Constituio Federal, art. 7, VI)1. O salrio , em regra, irredutvel.Essa proteo devida em razo da sua caracterstica alimentar, no permitindo que uma vez fixado o valor possa ser ele diminudo diretamente, seja por uma das partes ou por ambas.Neste aspecto, a fixao do valor do salrio deve observar os valores mnimos estabelecidos em lei, acordo, conveno coletiva ou outro instrumento.A exceo a regra da irredutibilidade, como j visto, s quebrada pela Constituio Federal, que a autoriza, de forma temporria, em caso de pactuao por acordo ou conveno coletiva de trabalho. -Integralidade (CLT, art. 462)2.Fixado o seu valor, o salrio tem outra garantia que a sua integralidade, ou intangibilidade.Significa que o salrio fica protegido de descontos indevidos, ou seja, de ser manipulado pelo empregador, que fica obrigado a pagar o seu valor integral, no podendo alter-lo para menos de forma abusiva ou arbitrria, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.Ou seja, a regra de intangibilidade excepcionada nos casos em que o empregador obrigado a proceder a descontos legais(INSS, Imposto de Renda, contribuio sindical, vale-transporte, etc) sobre o salrio, ou em casos de descontos decorrentes de adiantamentos de salrio. Quando o empregado causa algum dano de natureza material, aos equipamentos ou ao estabelecimento do empregador, o desconto ser lcito, desde que se o dano decorrer de ao culposa do empregado, esta possibilidade tenha

    1 VI - irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo; 2 Art. 462 - Ao empregador vedado efetuar qualquer desconto nos salrios do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. 1 - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto ser lcito, desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrncia de dolo do empregado. 2 - vedado empresa que mantiver armazm para venda de mercadorias aos empregados ou servios estimados a proporcionar-lhes prestaes " in natura " exercer qualquer coao ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazm ou dos servios. 3 - Sempre que no fr possvel o acesso dos empregados a armazns ou servios no mantidos pela Emprsa, lcito autoridade competente determinar a adoo de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os servios prestados a preos razoveis, sem intuito de lucro e sempre em benefcio das empregados. 4 - Observado o disposto neste Captulo, vedado s emprsas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispr do seu salrio.

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    sido acordada, ou seja, estabelecida previamente no momento da contratao, ou ainda na ocorrncia de dolo do empregado, em que dispensada a exigncia de ajuste prvio, como prev a CLT(art. 462, 1).3 Impenhorabilidade (CPC, art. 649, IV).Pelo Cdigo de Processo Civil Brasileiro, o salrio fica protegido dos credores do empregado, no podendo vir a ser objeto de penhora em uma ao judicial que o empregado esteja sofrendo.A penhora vem a ser um meio coercitivo utilizado nas aes judiciais, de execuo por ttulo extrajudicial ou na fase do cumprimento da sentena, que consiste em retirar da posse do devedor algum bem de sua propriedade para garantir o pagamento da dvida.O salrio , neste ponto, impenhorvel.Contudo, caso a dvida seja de natureza alimentcia, que a oriunda da obrigao de prestar alimentos disciplinada pelo art.1694 e seguintes do cdigo civil brasileiro, ou alimentar, que a decorrente das obrigaes salariais e crditos trabalhistas, esta regra no observada, podendo o salrio vir a ser objeto de penhora. Outras medidas de proteo ao salrio (CLT, art. 463-467)4. -O salrio deve ser pago, em espcie, e em moeda corrente do Pas, entendendo-se como no realizado o que for pago em outra moeda (art.463, CLT); -Sendo o salrio estipulado base de comisses, estas s so exigveis depois de ultimada a transao a que se referem. E nas transaes realizadas por pagamentos em prestaes sucessivas, o pagamento das comisses s exigvel nas que lhes disserem respeito e proporcionalmente respectiva liquidao. (art.466, CLT).No caso do encerramento do contrato de trabalho dever haver o pagamento normal das comisses que se vencerem a partir deste momento; - O pagamento do salrio s ter validade ser for feito contra recibo, assinado pelo empregado, salvo quando efetuado por depsito em conta bancria. Caso o empregado seja analfabeto, ele dever apor sua impresso digital, ou, no sendo esta possvel, a seu pedido.(art.464, CLT); -O salrio considerado como crdito privilegiado na falncia, vindo a ser pago com preferncia sobre qualquer outro, mas limitado at 150(cento e cinqenta) salrios mnimos(Lei 11.101/2005). 1.4.A FORA ATRATIVA DO SALRIO- INTEGRAO DEFINITIVA DAS PARCELAS NO SALRIO O salrio constitui o ncleo do sistema retributivo do trabalho, em torno do qual orbitam em seu redor parcelas remuneratrias e indenizatrias.Assim o devido sua caracterstica alimentar e to somente o seu ncleo, que o torna irredutvel.

    3 1. Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto ser lcito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrncia de dolo do empregado. 4 Art. 463 - A prestao, em espcie, do salrio ser paga em moeda corrente do Pas. Pargrafo nico - O pagamento do salrio realizado com inobservncia deste artigo considera-se como no feito. Art. 464 - O pagamento do salrio dever ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impresso digital, ou, no sendo esta possvel, a seu rogo. Pargrafo nico. Ter fora de recibo o comprovante de depsito em conta bancria, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimento de crdito prximo ao local de trabalho. Art. 465. O pagamento dos salrios ser efetuado em dia til e no local do trabalho, dentro do horrio do servio ou imediatamente aps o encerramento deste, salvo quando efetuado por depsito em conta bancria, observado o disposto no artigo anterior. Art. 466 - O pagamento de comisses e percentagens s exigvel depois de ultimada a transao a que se referem. 1 - Nas transaes realizadas por prestaes sucessivas, exigvel o pagamento das percentagens e comisses que lhes disserem respeito proporcionalmente respectiva liquidao. 2 - A cessao das relaes de trabalho no prejudica a percepo das comisses e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo. Art. 467. Em caso de resciso de contrato de trabalho, havendo controvrsia sobre o montante das verbas rescisrias, o empregador obrigado a pagar ao trabalhador, data do comparecimento Justia do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pag-las acrescidas de cinqenta por cento". (

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    Assim, as demais parcelas componentes do salrio podem aparecer ou desaparecer conforme as circunstncias de cada caso. Jos Augusto Rodrigues Pinto diz que: Em razo de suas caractersticas da alimentariedade e da irredutibilidade, o salrio exerce sobre todas as demais parcelas retributivas uma fora de atrao para o seu ncleo, de modo a consolidar com elas a expectativa de subsistncia do empregado.5 Esta fora atrativa do salrio se d gradualmente, a medida em que o pagamento/fornecimento das parcelas se torna habitual.Ocorrendo a habitualidade do fornecimento da parcela, esta atrada para o ncleo do salrio, passando a fazer parte dele, integrando-o e no mais podendo ser destacada. Esta fora atrativa do salrio converte juridicamente todas as demais parcelas retributivas do salrio, tornando-as tambm em salrio e de maneira permanente. Questo que gerava controvrsias era sobre a definio de qual seria o lapso temporal que legitimaria a habitualidade, que por sua vez fazia com que a parcela se integrasse definitivamente no salrio.O TST entendia, pelo enunciado 76, que este tempo seria de 02(dois)anos. S que este entendimento foi revisado com a redao da sumula 291, deixando o empregado de ter direito incorporao definitiva do valor das horas extras no seu salrio, e passando a ter direito apenas a uma indenizao na forma descrita na smula, desde que tivesse trabalhado horas extras por um ano: HORAS EXTRAS - REVISO DO ENUNCIADO N 76 - A supresso, pelo empregador, do servio suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito indenizao correspondente ao valor de 1 (um) ms das horas suprimidas para cada ano ou frao igual ou superior a seis meses de prestao de servio acima da jornada normal. O clculo observar a mdia das horas suplementares efetivamente trabalhadas nos ltimos 12 (doze) meses, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supresso. Em relao gratificao de funo, o tempo exigido para a integrao do seu valor ao salrio do empregado fixado em 10 anos, por conta do disposto na smula 372 do TST: GRATIFICAO DE FUNO. SUPRESSO OU REDUO. LIMITES. (CONVERSO DAS ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS NS 45 E 303 DA SDI-1) I - Percebida a gratificao de funo por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revert-lo a seu cargo efetivo, no poder retirar-lhe a gratificao tendo em vista o princpio da estabilidade financeira.

    O direito do trabalho possui uma tendncia de negar estabilidade ou garantia de emprego a trabalhadores situados em tais circunstncias, por conta da natural instabilidade da funo de confiana. A jurisprudncia trabalhista, contudo, procurou ponderar esta posio com um mnimo de segurana dentro do contrato para o empregado encontrado nesta situao. A principal preocupao era a do empregado que desempenhava uma funo ou cargo de confiana por vrios anos, e assim assimilava de maneira permanente a remunerao do cargo, incorporando-a ao seu patrimnio salarial. Neste caso, a reverso, com a conseqente perda da gratificao da funo, seria gravemente lesiva. Buscou-se, neste particular, a mensurao entre o respeito ao exerccio do poder diretivo do empregador e a mitigao dos danos ao empregado. A smula 209 garantia a reverso ao cargo, com a perda das vantagens salariais do cargo de confiana, salvo se o empregado tivesse permanecido dez ou mais anos ininterruptos no mesmo.Essa smula foi cancelada em 1985, ficando uma lacuna, ora preenchida pela jurisprudncia com os mesmos critrios temporais, com algumas variaes, ora com a negao da estabilidade.Atualmente a smula 372 do TST restabeleceu a estabilidade com base no critrio decenal.

    5 PINTO, Jos Augusto Rodrigues.Curso de Direito Individual do Trabalho, 4 edio, LTr, So Paulo:2001, p.264.

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    1.5.FORMAS DE PAGAMENTO DO SALRIO: a)por unidade de tempo(art.459,CLT) A remunerao pela durao do trabalho efetuado a forma mais usual, porque a unidade de tempo serve como medida, no se levando em considerao o resultado da atividade. pago por hora, dia ou ms (este o perodo mximo estipulado, segundo o art.459 da CLT), criando-se as figuras do empregado horista, diarista e mensalista, sendo sua escolha determinada pelo fim do contrato, como no comrcio, que se usa o pagamento mensal;na atividade agrcola e industrial, o pagamento por dia e, s vezes, hora. O trabalho intelectual de mdicos, advogados, contadores, usualmente, pago por hora. Desvantagens - Esta forma de pagamento acarreta desvantagens para o empregado, pois no o estimula produo, vez que perceber sempre o mesmo salrio, independente do resultado de seu trabalho, e para o empregador, que, por este motivo, ter que envidar mais esforos no sentido de fiscalizar a realizao dos servios. b)por unidade de obra Consiste no pagamento de quantia proporcional ao resultado da atividade, sendo calculado mais em funo da produo e do resultado, do que do tempo despendido.Podendo ser tomadas as seguintes unidades para o seu cmputo: 1)o nmero(de cada caneta);2)o peso(cada tonelada de cana cortada);3)o volume(cada m3 de carga transportada);4)a superfcie(cada metro de rea construda);5)o comprimento(cada km percorrido). Para se determinar o valor unitrio de cada obra deve-se fixar, inicialmente, o tipo de unidade de obra(nmero, peso, etc), depois se determina o tempo gasto na confeco desta unidade de obra, e por ltimo, faz-se a determinao dos preos unitrios(tarifas) de cada unidade de obra, levando-se em conta o tempo despendido para esta produo. Salrio mnimo por unidade de obra - Encontra-se dividindo o salrio mnimo dirio pela produo normal de unidades de obra ou de tarefas realizveis em um dia de trabalho. Produo normal a mdia de produo fornecida por 2/3 dos empregados que utilizam os mesmos elementos de trabalho e operando em igualdade de condies. Desvantagens - uma forma de pagamento combatida pelos sindicatos, porque no af de obter uma maior remunerao, o empregado despende esforo excessivo, prejudicando a sade e sacrificando a qualidade em detrimento da quantidade. As duas formas de pagamento de salrio no podem se suceder no curso da relao sem o consentimento do empregado e, logicamente, desde que no acarrete prejuzos para o mesmo(art.468/CLT). O preo da unidade de obra no pode ser reduzido nem a quantidade de trabalho diminuda, de forma que afete substancialmente a remunerao ou que realiza apenas o necessrio percepo do salrio mnimo.Incluem-se neste conceito os empregados comissionistas e que recebem por percentagem. c) salrio por tarefa - Ou forma mista. a combinao do salrio por unidade de tempo e salrio por unidade de obra. Concorrendo para seu clculo a durao e o resultado, devendo o empregado cumprir, em certo perodo, um nmero determinado de peas ou certa quantidade de obras.Normalmente predeterminado um mnimo de servios para cada jornada. Atingido esse limite tm-se concludo o dia de trabalho, considerando-se extraordinrio qualquer servio posteriormente executado; d) salrio prmio pago como uma parcela complementar da remunerao principal ou bsica, no podendo ser uma maneira exclusiva do pagamento do salrio. pago em razo dos lucros obtido pela empresa, a produo individual do empregado ou da seo em que trabalha; e)Salrio Complessivo (smula 91/TST) Esta uma forma de pagamento do salrio proibida, pois fixa uma determinada quantia que engloba vrios direitos legais ou contratuais do trabalhador sem discrimin-los. Com a proibio desta forma de pagamento do salrio se busca manter e preservar a identificao individual de cada parcela devida e paga ao empregado.

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    1.6.ELEMENTOS INTEGRANTES DO SALRIO: ART.458, CLT. 1.6.1.SALRIO FIXO, SIMPLES OU COMPOSTO O salrio pode ser pago por meio de importncia fixa ou varivel, denominada de simples, ou de forma composta, atravs de dinheiro e utilidades. 1.6.2.SALRIO UTILIDADE OU IN NATURA No direito do trabalho existe a possibilidade de pagamento parcial do salrio em utilidades ou in natura, no qual o empregado recebe do empregador a utilidade(alimento, vesturio, moradia, etc) e no o dinheiro para adquiri-la.A conveno n 95, da OIT, de 1949, em seu art. 4 prev est situao: A legislao nacional, os contratos ou os laudos arbitrais podero permitir o pagamento parcial do salrio com prestaes em espcie, nas indstrias ou ocupaes em que esta forma de pagamento seja de uso corrente ou conveniente em razo da natureza da indstria ou da ocupao de que se trata. No ordenamento jurdico brasileiro, o art.458 da CLT6 prev tambm tal possibilidade, e atribui ao fornecimento do salrio utilidade os mesmos efeitos legais que o pagamento do salrio em dinheiro incidncia no clculo do FGTS, do 13 salrio, frias, valor da contribuio previdenciria, etc sendo necessrio para o seu fornecimento o prvio ajuste contratual ou, tacitamente, sua prestao com habitualidade.Para que se configure como salrio utilidade preciso que a utilidade fornecida no tenha por fim sua utilizao no local de trabalho para a prestao de servios contratados. Em caso de trabalhador rural, apenas a habitao e a alimentao podem constituir salrio-utilidade (art 9, Lei n 5889/737). . Como caractersticas se ressaltam a habitualidade, isto , o seu fornecimento tem que se renovar no contrato de trabalho, de forma que se for espordica, eventual, no ser considerado salrio in natura e a gratuidade, ou seja, no cobrada do empregado nenhuma quantia para o seu fornecimento.Os valores aos itens do salrio in natura devero ser justos e razoveis, no podendo exceder os limites para eles definidos nos arts.81 e 82 da CLT8, que trata de seu fornecimento aos empregados que percebem o salrio mnimo..O decreto 94.062/87 fixa os percentuais relativos s utilidades, segundo as regies do Brasil, quando o valor percebido de salrio foi igual ao mnimo.. No entanto, quando o empregado receber salrio em valor superior ao mnimo, as utilidades devero ser apuradas em seu valor real (En 258/TST). . Sendo uma forma de pagamento parcial do salrio, a(s) prestao(es) do salrio utilidade no pode(m) comprometer integralmente o valor do salrio.Por isso se utiliza comumente, pela analogia legis, da regra contida no art.82, pargrafo nico da CLT, 9assegurando que o empregado receba no menos do que 30% do salrio em dinheiro.O TST, entretanto, entende diferente. A sua smula n 258 diz o seguinte: SALRIO-UTILIDADE. PERCENTUAIS - Os percentuais fixados em lei relativos ao salrio in natura apenas se referem s hipteses em que o empregado percebe salrio mnimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade. Uma das formas apontadas pela doutrina a fim de se caracterizar a existncia de salrio in natura saber-se se o seu fornecimento proporcionado pelo trabalho ou para o trabalho.

    6 Art. 458. Alm do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salrio, para todos os efeitos legais, a alimentao, habitao, vesturio ou outras prestaes in natura que a empresa, por fora do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum ser permitido o pagamento com bebidas alcolicas ou drogas nocivas. 7 Art. 9. Salvo as hipteses de autorizao legal ou deciso judiciria, s podero ser descontadas do empregado rural as seguintes parcelas, calculadas sobre o salrio mnimo: a) at o limite de 20% (vinte por cento) pela ocupao da morada; b) at 25% (vinte e cinco por cento) pelo fornecimento de alimentao sadia e farta, atendidos os preos vigentes na regio; 8 Art.458. 1. Os valores atribudos s prestaes in natura devero ser justos e razoveis, no podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salrio mnimo (artigos 81 e 82) 9 Pargrafo nico. O salrio mnimo pago em dinheiro no ser inferior a 30% (trinta por cento) do salrio mnimo.

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    Se for fornecido para o trabalho, no salrio utilidade nem tem natureza salarial, pois neste caso, a utilidade proporcionada voltada para utilizao como meio ou equipamento para o empregado poder trabalhar.So parcelas meramente instrumentais e viabilizam apenas a realizao do servio ou do atingimento dos seus objetivos. Se, no entanto, o fornecimento da utilidade pelo trabalho, ou seja, constitui uma inteno retributiva e contraprestativa por parte do empregador e decorrente do contrato, vindo a funcionar como um acrscimo de vantagens que entregue ao empregado e para seu uso particular, a esta parcela ter, se habitual, natureza salarial.Atualmente, a CLT, com a nova redao dada ao 2 do art.458 pela lei 10.243/200110, definiu itens cujo fornecimento pelo empregador no caracterizar a transformao em salrio. Convm verificar tambm nas leis esparsas, como ocorre com o vale-transporte (Lei 7.418/85) e o PAT (Programa de alimentao do trabalhador)(lei 6.321/76), e nas convenes coletivas de trabalho, outras situaes em que o fornecimento de prestaes no ser considerado como salrio utilidade.Ocorrendo esta excluso, evidentemente no poder haver o seu cmputo no salrio para os efeitos legais. FORMAS DE SALRIO-UTILIDADE - devem ser anotadas na CTPS( 1 do art.29/CLT): Vesturio para que tenha natureza salarial, preciso que o vesturio seja fornecido como pagamento do trabalho contratado e substitua parte do salrio em dinheiro que seria destinado a sua aquisio, se for fornecido para a execuo do servio, mesmo que no seja uniforme, no salrio; II)Transporte o mesmo ocorre em relao ao transporte fornecido ao empregado para a execuo do servio, como o transporte mineiro, da boca da mina ao interior, no salrio; No entanto, a smula 90 do TST, entende o tempo despedido pelo trabalhador entre sua casa at o local de trabalho, em conduo paga pelo empregador, cujo local seja de difcil acesso ou servido por transporte pblico, como computvel na jornada de trabalho, definindo a jornada in itinere. O vale transporte, criado pela lei n. 7418/85, no salrio-utilidade. o que dispe o art.2, a, da referida lei.11 III)Alimentao mesmo que fornecida preparada ou em gneros, constitui prestao salarial dedutvel do salrio do empregado, pois este necessita alimentar-se, onde estiver. A smula 241 do TST assim prescreve: SALRIO-UTILIDADE. ALIMENTAO - O vale para refeio, fornecido por fora do contrato de trabalho, tem carter salarial, integrando a remunerao do empregado, para todos os efeitos legais.Todavia, caso o empregador seja pessoa jurdica12 e opte pelo PAT (Programa de Alimentao do trabalhador), criado pela lei 6.231/76, ele pode fornecer alimentao ao empregado e esta no vir a ser considerada como

    10 2 Para os efeitos previstos neste artigo, no sero consideradas como salrio as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I - vesturios, equipamentos e outros acessrios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestao do servio; II - educao, em estabelecimento de ensino prprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrcula, mensalidade, anuidade, livros e material didtico; III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou no por transporte pblico; IV - assistncia mdica, hospitalar e odontolgica, prestada diretamente ou mediante seguro-sade; V - seguros de vida e de acidentes pessoais; VI - previdncia privada; 11 Art. 2. O Vale-Transporte, concedido nas condies e limites definidos nesta lei, no que se refere contribuio do empregador: a) no tem natureza salarial, nem se incorpora remunerao para quaisquer efeitos; 12 rt. 1. As pessoas jurdicas podero deduzir, do lucro tributvel para fins do imposto sobre a renda, o dobro das despesas comprovadamente realizadas no perodo base, em programas de alimentao do trabalhador, previamente aprovados pelo Ministrio do Trabalho na forma em que dispuser o Regulamento desta lei.

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    salrio-utilidade.Deve ser suficiente e adequada, sob pena de assistir ao empregado direito de rescindir, por justa causa, o contrato de trabalho.

    Neste sentido o entendimento do Precedente Jurisprudencial n 133 da SDI-1/TST: Ajuda Alimentao. PAT. Lei n 6321/76. No Integrao ao Salrio. A ajuda alimentao fornecida por empresa participante do programa de alimentao ao trabalhador, institudo pela Lei n6321/1976, no tem carter salarial. Portanto, no integra o salrio para nenhum efeito legal. IV)Habitao- para corresponder a salrio-utilidade, preciso que a habitao seja fornecida a ttulo oneroso para o empregador e decorrente de ajuste expresso ou tcito. A habitao concedida de favor ao empregado, para facilitar moradia, desde que eventualmente, no caracteriza salrio in natura. Uma prtica fraudulenta exercida a de se fornecer o salrio utilidade em forma de habitao, mas simular um contrato de locao para que se descaracterize o salrio in natura, visto que os dois contratoso de trabalho e o de locao se excluem, ou seja, so considerados distintamente um em relao ao outro. Entretanto, quando a habitao fornecida ttulo de salrio in natura, ela tomada como parte integrante do salrio e pertencente ao contrato de trabalho. 1.7.FORMAS DE REMUNERAO A)GRATIFICAES Quando o empregador em sua liberalidade e de maneira espontnea, retribuir ao funcionrio, com ou sem motivo especfico, esporadicamente, em quantias e pocas variveis, como uma recompensa, a se ter a denominada gratificao prpria, a qual, cujo significado vem de dar algo graciosamente, de graa, no tem natureza salarial e nem se integra remunerao legal para todos os efeitos.Entretanto, quando a gratificao paga em decorrncia de ajuste expresso ou tcito, durante anos e mediante critrios certos e determinados, estabelecida percentualmente sobre os lucros e desempenhando funo essencial em relao ao salrio-base, esta passa a integrar o salrio do empregado para todos os efeitos jurdicos e tambm a ter natureza salarial13, como as gratificaes por tempo de servio e as de funo. SMULAS E OJ DO TST SOBRE GRATIFICAO

    N 152 - GRATIFICAO. AJUSTE TCITO O fato de constar do recibo de pagamento de gratificao o carter de liberalidade no basta, por si s, para excluir a existncia de ajuste tcito. Ex-prejulgado n 25 N 253 - GRATIFICAO SEMESTRAL. REPERCUSSES - NOVA REDAO A gratificao semestral no repercute no clculo das horas extras, das frias e do aviso prvio, ainda que indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodcimo na indenizao por antigidade e na gratificao natalina. OJ SDI-! N 45. Gratificao de Funo Percebida por 10 ou Mais Anos. Afastamento do Cargo de Confiana sem Justo Motivo. Estabilidade Financeira. Manuteno do Pagamento.

    13 GRATIFICAO INTEGRAO NO SALRIO A gratificao peridica contratual integra o salrio, pelo seu duodcimo, para todos os efeitos legais, inclusive o clculo da natalina da Lei n 4.090/62. (TRT 4 R. RO 96.032840-8 2 T. Rel. Juiz Juraci Galvo Jnior J. 26.05.1998) HORAS EXTRAS GRATIFICAO DE FUNO INTEGRAO De acordo com o art. 457, 1 do diploma celetizado, Integram o salrio no s a importncia fixa estipulada, como tambm as comisses, percentagens, gratificaes ajustadas... Se a autora exerceu as funes de caixa executivo durante todo o perodo imprescrito, percebendo mensalmente a gratificao de funo, esta deve integrar o clculo das horas extras porque constitui salrio. (TRT 3 R. RO 7.962/99 5 T. Rel. Juiz Levi Fernandes Pinto DJMG 29.01.2000 p. 25) GRATIFICAO MENSAL TEMPORRIA Em face da condio de confessa da r, tem-se por atendido o requisito ftico para a percepo da vantagem, assegurada normativamente dirigir veculos a servio da empresa. Deferimento mantido, excluda, todavia, sua integrao ao salrio, em face dos termos em que instituda a vantagem(TRT 4 R RO 00225.541/97-1 2 T Rel Juza Dulce Olenca Baumgarten Padilha Presidente Denise Maria de Barros J. 26.09.2000).

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    B)PARTICIPAO NOS LUCROS este modo no transforma o contrato de trabalho em contrato de sociedade, pois no confere ao empregado o controle sobre a gesto econmica, nem o insere nos riscos e perdas da atividade. A Constituio Federal (art.7, XI) desvinculou-a expressamente da remunerao, dando ao empregador maior liberdade de instituir o regime no seio da empresa, sem o receio de v-la integrada na remunerao e dos seus conseqentes efeitos.A lei 10.101, de 19 de dezembro de 2000, regulamentou a forma de concesso da participao dos lucros no seio das empresas, condicionando-a a participao dos sindicatos nas negociaes, seja diretamente entre os empregados e empregadores ou em uma das formas de negociao coletiva, e na elaborao do instrumento que regular a sua concesso.Uma das novidades a possibilidade de as partes elegerem a mediao de um terceiro ou a rbitro Para os fins de participao nos lucros, a pessoa fsica no considerada como empresa, no podendo, por isto, participar desta forma de remunerao. C)GORJETAS so quantias pagas por terceiros estranhos ao contrato de trabalho, que o empregado obtm quando da execuo de atos inerentes ao contrato de trabalho aos clientes do empregador.Diz-se ser gorjeta prpria quando paga direta, aleatria e espontaneamente pelo cliente, e imprpria quando tarifada, representando um percentual sobre a conta, possuindo esta, natureza salarial.

    Para dirimir estas divergncias doutrinrias, o TST adotou a posio da Smula 290, que assim se expressava:

    N 290 - GORJETAS - NATUREZA JURDICA - AUSNCIA DE DISTINO QUANTO A FORMA DE RECEBIMENTO As gorjetas, sejam cobradas pelo empregador na nota de servio ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remunerao do empregado.

    Esta posio foi revista na smula 35414, mas apenas para acrescentar a excluso desta verba no cmputo do aviso prvio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. D)DIRIAS E AJUDA DE CUSTO As dirias so importncias pagas ao viajante, para que possam atender s despesas de viagem e manuteno durante tais viagens, visam compensar o empregado de fadiga maior a que est sujeito por causa de sua transferncia diria. Estas, semelhana da ajuda de custo, entram nos conceitos de salrio indenizao, pois o empregado, via de regra, no retira nenhuma vantagem para o sustento da famlia ou para seu prprio.Divide-se em dirias prprias, ou seja, aquelas destinadas rigorosamente a cobrir as despesas de viagem, e imprprias, aquelas que so pagas em excesso pelo empregador, dissimulando um aumento de salrio.J a ajuda de custo uma importncia paga ao empregado para ressarcir-lhe das despesas havidas com a sua mudana de um local para outro, no interesse do servio.O legislador estabeleceu que a diria que exceder a 50% do salrio do empregado considerada salrio, exatamente como conseqncia de situaes em que as dirias mascaram autntico pagamento de salrio, para fugir incidncia dos encargos sociais que pesam sobre este(art.457, 2, CLT).Todavia, em relao ajuda de custo, o TST entende que, qualquer que seja o seu valor, mesmo que exceda os 50% do salrio, ter sempre natureza indenizatria.15

    14 N 354 - GORJETAS - NATUREZA JURDICA - REPERCUSSES - (REVISO DO ENUNCIADO N 290)As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de servio ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remunerao do empregado, no servindo de base de clculo para as parcelas de aviso-prvio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. (RA 71/97 - DJU 04.06.1997) 15 AC.TST PLENO, ERR 5.305/90, REL Min Medes Cavaleiro, DJU de 15.08.1986.

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    E)DCIMO TERCEIRO SALRIO Tambm denominado de gratificao natalina, compulsrio para o empregador.Foi instituda pela lei n 4.090/6216 e elevada ao plano constitucional na CF de 1988(art. 7, VII). de natureza salarial, sendo devida ao empregado na proporo do tempo trabalhado em cada ano civil, de janeiro a dezembro.A gratificao corresponder a 1/12 avos da remunerao devida em dezembro, por ms de servio, do ano correspondente (art.1, 1, Lei 4090/62).Para tanto, a frao igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho ser havida como ms integral(art.1, 2, Lei 4090/62). Pela lei 4.749, de 12 de agosto de 1965(art.1), o 13 ser pago pelo empregador at o dia 20 de dezembro de cada ano, compensada a importncia que, a ttulo de adiantamento, o empregado houver recebido. que o empregador obrigado(art.2, lei 4.749/65) a pagar, como adiantamento do 13 salrio, metade do salrio recebido pelo respectivo empregado no ms anterior.Esse pagamento, contudo, pode se dar entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano. devida indistintamente a toda categoria de empregados, inclusive os domsticos e o trabalhador avulso. Sendo computvel no clculo da indenizao (Smula 148/TST),s no devida na despedida por justa causa do art. 484. F)HORAS EXTRAORDINRIAS Em princpio e excepcionalmente firmado mediante acordo escrito, podendo ser diretamente entre empregado e empregador, jornada normal poder se acrescer de horas extraordinrias, desde que no exceda a duas horas dirias e dez semanais e que sua remunerao seja 50% superior a da hora normal (art.59, 1, CLT e art.7, XVI da CF/88). FORMA DE CLCULO DO VALOR DO ADICIONAL E DA HORA EXTRA- Seu clculo, em uma apresentao mais elementar, feito na forma descrita no art.64 da CLT.17Primeiro tem-se que saber qual o divisor a ser usado no clculo das horas extras.No caso do empregado mensalista, que at a CF de 1988 trabalhava 48 horas por semana, passou a trabalhar 44 horas, a sua jornada mensal que era de 240(duzentas e quarenta) horas (486 dias= 8horas por dia X 30 dias=240), passou a ser de 220(duzentas e vinte)horas(446 dias= 7,33 horas por dia X 30 dias=220).Nos demais casos se utilizam as regras do pargrafo nico do art.64 e do art.65 da CLT 18 Em seguida divide-se o valor do salrio pelo divisor encontrado, no caso 220, para encontrarmos o valor da hora normal. Em seguida, a este valor da hora normal acresce-se o percentual do adicional das horas extras (50% no mnimo) para se encontrar o valor do

    16 Art. 1. No ms de dezembro de cada ano, a todo empregado ser paga, pelo empregador, uma gratificao salarial, independentemente da remunerao a que fizer jus. 1. A gratificao corresponder a 1/12 avos da remunerao devida em dezembro, por ms de servio, do ano correspondente. 2. A frao igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho ser havida como ms integral para os efeitos do pargrafo anterior. 3. A gratificao ser proporcional: I - na extino dos contratos a prazo, entre estes includos os de safra, ainda que a relao de emprego haja findado antes de dezembro; e II - na cessao da relao de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro. (Pargrafo acrescentado pela Lei n 9.011, de 30.03.1995) Art. 2. As faltas legais e justificadas ao servio no sero deduzidas para os fins previstos no pargrafo 1, do artigo 1 desta lei. Art. 3. Ocorrendo resciso, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receber a gratificao devida nos termos dos pargrafos 1 e 2 do artigo 1 desta lei, calculada sobre a remunerao do ms da resciso. 17 Art. 64. O salrio-hora normal, no caso do empregado mensalista, ser obtido dividindo-se o salrio mensal correspondente durao do trabalho, a que se refere o artigo 58, por 30 vezes o nmero de horas dessa durao. 18 Pargrafo nico. Sendo o nmero de dias inferior a 30, adotar-se- para o clculo, em lugar desse nmero, o de dias de trabalho por ms. Art. 65. No caso do empregado diarista, o salrio-hora normal ser obtido dividindo-se o salrio dirio correspondente durao do trabalho, estabelecida no artigo 58, pelo nmero de horas de efetivo trabalho.

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    adicional.Depois soma-se o valor do adicional com o valor da hora normal e se chega ao valor da hora extra. Depois basta multiplicar o valor da hora extra pelo nmero de horas trabalhadas em um dia, e quando for o caso, por uma semana e por um ms.Nem sempre ser devido o pagamento das horas extras e do adicional. Nos casos definidos pelos incisos III e IV da smula 85 do TST19, ou seja, do no-atendimento das exigncias legais para a compensao de jornada, inclusive quando feita mediante acordo tcito, no implica a repetio do pagamento das horas excedentes jornada normal diria, se no dilatada a jornada mxima semanal e ser devido apenas o pagamento do adicional, independente de terem sido trabalhadas horas extras. O pagamento do acrscimo salarial poder ser dispensado, caso tenha sido acordado por acordo coletivo ou conveno coletiva, a compensao das horas excedentes pela diminuio em outros dias (art.59, 2, da CLT e art.7, XIII, CF).Excluem-se do regime de horas extraordinrias os casos do art.6220, em razo da natureza do servio e pela impossibilidade de fixao de horrio.

    N 166 - BANCRIO. CARGO DE CONFIANA. JORNADA DE TRABALHO O bancrio que exerce a funo a que se refere o 2 do art. 224 da CLT e recebe gratificao no inferior a um tero de seu salrio j tem remuneradas as duas horas extraordinrias excedentes de seis. Ex-prejulgado n 46. N 109 - GRATIFICAO DE FUNO - REDAO DADA PELA RA 97/1980, DJ 19.09.1980 O bancrio no enquadrado no 2 do art. 224 da CLT, que receba gratificao de funo, no pode ter o salrio relativo a horas extraordinrias compensado com o valor daquela vantagem.

    Caso fossem prestadas com habitualidade, se integravam ao salrio para todos os efeitos.Esta incorporao no existe mais.O lapso temporal que o Egrgio TST entendia para a integrao das horas extras era de 1(um)ano(smula 291).Atualmente, na mesma smula 291, o TST estabelece o direito ao empregado de haver uma indenizao em caso de supresso das horas extras habituais, o que na verdade concede ao empregador a faculdade de poder liberar-se da obrigao da integrao das horas extras ao salrio do empregado, bastando para isso converter esse tempo na indenizao prevista, consistente na razo do valor de um ms das horas suprimidas para cada ano ou frao igual ou superior a seis meses de trabalho acima da jornada normal.

    19 N 85 - COMPENSAO DE JORNADA. (INCORPORADAS AS ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS NS 182, 220 E 223 DA SDI-1) III. O mero no-atendimento das exigncias legais para a compensao de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tcito, no implica a repetio do pagamento das horas excedentes jornada normal diria, se no dilatada a jornada mxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. IV. A prestao de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensao de jornada. Nesta hiptese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal devero ser pagas como horas extraordinrias e, quanto quelas destinadas compensao, dever ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinrio. 20 Art. 62. No so abrangidos pelo regime previsto neste captulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatvel com a fixao de horrio de trabalho, devendo tal condio ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdncia Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gesto, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Pargrafo nico. O regime previsto neste captulo ser aplicvel aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salrio do cargo de confiana, compreendendo a gratificao de funo, se houver, for inferior ao valor do respectivo salrio efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).

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    I)COMISSES - uma forma de salrio na qual toma-se como base algum valor determinado (R$ 10,00 por cada unidade vendida) ou a percentagem(10% sobre as vendas) para se remunerar o empregado. Pode ser ajustada como forma de pagamento do salrio, mas em caso de no atingimento de vendas ou da condio imposta para o recebimento da comisso, no se pode deixar de pagar ao empregado o salrio, pois se estaria submetendo o seu recebimento a uma condio aleatria violando o princpio da alteridade ou a caracterstica da forfetariedade do salrio. Ou seja, o pagamento do salrio no est vinculado ao risco da atividade econmica do empregador.Neste caso garantido ao empregado comissionista o recebimento do salrio mnimo legal, o piso normativo de sua categoria, ou ainda o salrio profissional. Como mencionado anteriormente, no caso de o salrio ser estipulado base de comisses, estas s so exigveis depois de ultimada a transao a que se referem. E nas transaes realizadas por prestaes sucessivas, o pagamento das comisses s exigvel nas que lhes disserem respeito proporcionalmente respectiva liquidao.(art.466, CLT).No caso do encerramento do contrato de trabalho dever haver o pagamento normal das comisses que se vencerem a partir deste momento; J) REPOUSO REMUNERADO OU HEBDOMADRIO21 a obrigao que o empregador tem de remunerar seus empregados nos dias de repouso semanal obrigatrio e nos feriados, sendo o repouso semanal gozado preferencialmente aos domingos (art. 67 CLT), e excepcionalmente em outros dias, sua no concesso implica no pagamento em dobro (Smula 146/TST)(Smula 461/STF) REMUNERAO DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO A remunerao do repouso semanal remunerado est disciplinada no Art.7da lei 605/49:

    A remunerao do repouso semanal corresponder: a) para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou ms, de um dia de servio, computadas as horas extraordinrias habitualmente prestadas; b) para os que trabalham por hora, sua jornada normal de trabalho, computadas as horas extraordinrias habitualmente prestadas; c) para os que trabalham por tarefa ou pea, o equivalente ao salrio correspondente s tarefas ou peas feitas durante a semana, no horrio normal de trabalho, dividido pelos dias de servio efetivamente prestados ao empregador; d) para o empregado em domiclio, o equivalente ao quociente da diviso por 6 (seis) da importncia total da sua produo na semana.

    O 1. Dessa lei diz que os empregados cujos salrios no sofram descontos por motivo de feriados civis ou religiosos so considerados j remunerados nesses mesmos dias de repouso, conquanto tenham direito remunerao dominical. E o 2 diz que se consideram j remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo clculo de salrio mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por falta sejam efetuados na base do nmero de dias do ms ou de 30 (trinta) e 15 (quinze) dirias, respectivamente. 1.8.O QUE A NATUREZA SALARIAL DE UMA PARCELA? Pode se verificar que muitas vezes no valor pago ao empregado como salrio no se encontra na sua composio apenas o salrio base, que o valor fixo principal, mas tambm se pode constatar a presena de outras parcelas que tambm so pagas diretamente pelo empregador. Essas outras parcelas possuem caractersticas prprias e distintas do salrio base, mas ao final, em razo da natureza alimentar que eles constituem, tambm possuem natureza salarial. Mas afinal o que vem a ser a natureza salarial de uma parcela componente do salrio?

    21 relativo a semana, que se renova a cada semana; semanal.

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    No mbito do direito do trabalho, um dos assuntos de maior relevncia exatamente o de se buscar, precisamente, as parcelas que vem a possuir natureza salarial.A importncia e relevncia desta identificao reside em que os efeitos jurdicos da parcela que possui natureza salarial so profundamente diferentes da que no possui. Os efeitos jurdicos da parcela que possui natureza salarial se fazem sentir seja no salrio como um todo, isto , tanto nas outras parcelas que j possuem natureza salarial, como nas parcelas de natureza previdenciria, que so acessrias ao salrio. neste sentido que o consolidador inseriu a expresso para todos os efeitos legais no caput do art.457 e 458 da CLT. Isso denominado de efeito expansionista circular dos salrios22, que consiste na capacidade que a parcela detentora de natureza salarial tem de produzir repercusses sobre as outras parcelas do salrio13 salrio, frias mais 1/3, FGTS e na multa de 40% e no valor da contribuio previdenciria.Com isso, um empregado que recebe um salrio base de R$ 400,00 e mais horas extras no valor de R$ 50,00 e mais uma gratificao de funo de R$ 100,00, tem um valor nominal e total de salrio de R$ 550,00. E com base neste valor R$ 550,00que o 13 salrio, frias e 1/3, FGTS e as demais parcelas salariais, sero calculadas.Como conseqncia, tambm com base neste valor que a sua contribuio previdenciria ser mensalmente recolhida, o que influenciar no valor do seu benefcio de aposentadoria. 2.ALTERAO DO CONTRATO DE TRABALHO FORMAO DO CONTRATO DE TRABALHO O contrato de trabalho pode se formar por manifestao tcita ou expressa da vontade das partes (art.442, caput).Neste ponto, algumas clusulas j nascem predeterminadas, seja pela lei ou por instrumento de negociao coletiva.Alm disto, uma grande parte do contrato ter suas alteraes fixadas unilateralmente apenas por uma das partes o empregador, no que se assemelha com os contratos de adeso do direito civil. certo que algumas das regras do contrato, como o ajuste inicial, o objeto, local e hora da prestao, entre outros, so semelhantes s do direito privado.As irregularidades meramente administrativas no assinatura da CPTS, no recolhimento de encargos, etc no tornam inexistente ou nulo o contrato, em virtude da possibilidade de sua formao tcita.Estas irregularidades so supridas com as penalidades administrativas previstas na CLT.O momento de incio do contrato de trabalho informao importante para poder se estabelecer o instante em que os efeitos obrigacionais comeam, ainda que no tenha ocorrido a efetiva prestao dos servios.De idntica forma, o local onde o contrato firmado tambm pode vir a fixar, em alguns casos, a competncia territorial do juiz para conhecer das lides sobre este contrato. 2.1.ALTERAES Afora as clusulas obrigatrias do contrato, decorrentes da lei ou de conveno e/ou acordo coletivo, h uma grande variedade de outras clusulas que so passveis de fixao pelo exerccio da vontade das partes, notadamente do empregador.O contedo do contrato originariamente fixado pode vir a sofrer alteraes em seu curso, enveredando em uma das reas mais crticas do direito laboral. A CLT estabeleceu como critrio a ser seguido nas alteraes do contrato de trabalho o contedo do art.468, que diz:

    Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho s lcita a alterao das respectivas condies por mtuo consentimento, e, ainda assim, desde que no resultem, direta ou indiretamente, prejuzos ao empregado, sob pena de nulidade da clusula infringente desta garantia.

    O contedo desta norma espelha o princpio da inalterabilidade unilateral lesiva do contrato de trabalho, que apesar de no ser absoluto, como, alis, no direito atual no mais se pode afirmar que existam contedos normativos absolutos, vige como regra geral no direito do trabalho para as alteraes contratuais.

    22DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 4 edio, LTr, So Paulo:2005, p.693.

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    Assim, de regra, se pode dizer que as alteraes no contrato de trabalho s sero, em princpio, admitidas quando se derem 1)por meio de acerto entre as partes, ou seja de forma bilateral(o mtuo consentimento)e 2)desde que no resultem, direta ou indiretamente, prejuzo para o empregado. 2.2.JUS VARIANDI O empregador poder fazer unilateralmente ou em determinados casos especiais, algumas modificaes no contrato de trabalho, desde que no venham a alterar significativamente o contrato e nem importem em prejuzo para o empregado. As alteraes que o empregador pode fazer unilateralmente decorrem do seu poder diretivo (art.2, parte final, CLT23), o qual espelha a prerrogativa de ajustar e organizar a forma da prestao dos servios do empregado pelo fato de assumir exclusivamente os riscos da atividade econmica, desde que tais alteraes no contrariem dispositivos legais trabalhistas. O jus variandi tambm enxergado pela doutrina no como alterao do contrato, mas como disciplinao normal do trabalho por fora da sua natureza.24 A doutrina classifica25 o jus variandi em ordinrio ou normal, que seria aquele no qual as alteraes unilaterais so as mais comuns ou triviais, e se referem prpria execuo dos servios, sendo expresso direta do poder diretivo, e em extraordinrio ou excepcional, que so alteraes de condies secundrias ou superficiais do trabalho do empregado (tempo, modo e lugar da prestao do trabalho).Essas modificaes, todavia, devem corresponder uma real necessidade da empresa, no podendo ser um ato arbitrrio, caprichoso, imotivado, discriminatrio ou persecutrio, sob pena de ser invlido. . O empregado, por sua vez, pode opor-se s modificaes que lhe causem prejuzos ou sejam ilegais, podendo pedir at a resciso indireta do contrato de trabalho(art.483). o que se chama de jus resistentiae. 2.3.FORMAS DE ALTERAES 2.3.1.ALTERAES CONTRATUAIS SUBJETIVAS So aquelas que atingem os sujeitos ou as partes do contrato, substituindo-as no seu curso.Neste particular, cumpre anotar que no direito do trabalho a nica alterao que se permite quanto aos sujeitos do contrato a modificao da pessoa do empregador(art.448), na sucesso de empregadores.Para o empregado, essa substituio vedada em face da caracterstica intuitu personae, ou personalssima, do contrato de trabalho, em relao sua pessoa.A CLT, em seu art.468, estatui a inalterabilidade unilateral do contrato, efetuada pelo empregador.Apenas por mtuo consentimento e desde que no acarrete prejuzos ao empregado, que as clusulas podem ser alteradas.Entretanto, as modificaes in pejus podem acontecer, , por instrumento coletivo, desde que observado o quantum mnimo da lei. 2.3.2.ALTERAES CONTRATUAIS OBJETIVAS So aquelas cujas modificaes alcanam as clusulas do contrato ou as circunstncias que envolvem a sua execuo. 2.3.2.1.CLASSIFICAO I-OBRIGATRIAS So as que decorrem da lei ou da norma coletiva, sendo por isso compulsrias. II-VOLUNTRIAS So as que decorrem da vontade das partes, sendo por estas ajustadas: a)qualitativas Pois envolvem a natureza da prestao do trabalho do empregado.So as mudanas de funo.O empregado exerce uma funo e a empresa determina a mudana desta funo, passando o empregado a exercer outras atribuies funcionais. b)quantitativas implica na mudana do objeto do contrato que atinge o montante das prestaes pactuadas.Os exemplos mais comuns so as mudanas na jornada e no salrio.

    23 Art. 2. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios. Grifo nosso 24 SARAIVA, Renato.Direito do Trabalho.11.ed, Rio de Janeiro:Forense;So Paulo:MTODO, 2010, p.142. 25 DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 4 edio, LTr, So Paulo:2005, p.1003/1004., GONALVES, Simone Cruxn.Limites do Jus Variandi do Empregador.So Paulo:Ltr, 1997, p.60.

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    ALTERAES QUALITATIVAS. ALTERAO DE FUNO Funo, segundo Delgado, o conjunto sistemtico de atribuies, atividades e poderes laborativos26.Em regra, a funo que o empregado vai desempenhar estipulada no momento da contratao.O contrato de trabalho quem configura a funo a ser desempenhada pelo empregado, independente de sua qualificao profissional, tcnica ou escolaridade (art.442, caput, c/c art.456, caput).Contudo, caso a funo exigir uma qualificao tcnica como requisito para o seu desempenho, como o caso das profisses regulamentadas, ela ser condio indispensvel, por ser consequncia de exigncia legal.

    Por outro lado, a prtica habitual, e real, da funo tambm prevalece sobre a possvel denominao aposta no cargo. Isso acontece quando a pessoa contratada para ser balconista, mas exerce a funo de supervisora, ou contratada como gerente, mas no tem poder de gesto ou controle.Caso no haja como se inferir qual a funo exercida pelo empregado, na falta de prova sobre a funo exercida e no existindo clusula contratual expressa, a CLT diz que se entende que o obreiro se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com a sua condio pessoal (art.456, pargrafo nico27).A expresso condio pessoal entendida pela doutrina e jurisprudncia como qualificao profissional.28

    Dispositivo semelhante encontramos no Cdigo Civil Brasileiro, na parte relativa ao contrato de prestao de servios: Art. 601. No sendo o prestador de servio contratado para certo e determinado trabalho, entender-se- que se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com as suas foras e condies. ALTERAES FUNCIONAIS LICITAS Sero as alteraes do contrato que incidirem na violao de uma ou das duas condies de validade para as mudanas contratuais dispostas no art.468 da CLT (o mtuo consentimento e o no acarretamento de prejuzo para o empregado).Caso ocorra, a alterao ser passvel de nulidade.Pode acontecer, inclusive, que uma destas alteraes seja considerada como justa causa pelo empregador(ver art.483, alneas a e d , da CLT). ALTERAES FUNCIONAIS LCITAS De regra, respeitada a qualificao profissional do empregado se este tiver sido o parmetro funcional utilizado , no havendo prejuzos qualitativos, quantitativos e circunstanciais, estas mudanas sero vlidas.Encontramos tambm, as autorizaes concedidas ao empregador para o exerccio do jus variandi em algumas das alteraes.Respeitando-se estas regras, so alteraes lcitas: a)Situaes excepcionais e de emergncia As alteraes funcionais de curta durao, em carter excepcional ou de emergncia, como o caso de falta ao dia de trabalho por doena ou acidente, as quais so sempre ocasionais e inopinadas e sem reduo de salrio, so consideradas como lcitas. b)Substituies temporrias So as situaes de substituio provisria comuns dentro da vida de uma empresa.Nesse caso, porm, so situaes previsveis e comuns como licenas-gestante, frias, etc.A substituio no acarreta diminuio salarial, caso o empregado substituto tenha salrio maior do que o substitudo.De idntico modo, o substituto s ter direito ao nvel salarial do substitudo caso a substituio no seja de poucos dias ou semanas(Smula

    26 DELGADO, Maurcio Godinho.Curso de Direito do Trabalho.8.ed.So Paulo:LTr:2009, p.935. 27 Pargrafo nico. falta de prova ou inexistindo clusula expressa a tal respeito, entender-se- que o empregado se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com a sua condio pessoal. ACMULO DE FUNES - JUS VARIANDI O acrscimo salarial apenas devido caso o Reclamante comprove o exerccio de funes diferentes daquelas previstas no contrato individual de trabalho. In casu, como no ficou demonstrada especificao expressa das funes a serem desempenhadas pelo Autor, presume-se que este se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com sua condio pessoal, conforme preceitua o artigo 456, pargrafo nico, da CLT Processo: RR - 159900-52.2006.5.04.0202 Data de Julgamento: 02/12/2009, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8 Turma, Data de Divulgao: DEJT 04/12/2009 28 DELGADO, Maurcio Godinho.Curso de Direito do Trabalho.8.ed.So Paulo:LTr:2009, p.938.

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    159/TST29)).Aps cumprida a substituio, o substituto tem direito ao retorno funo de origem(art.450 da CLT30). c)Destituio de cargo ou funo de confiana Esta situao envolve a reverso, que o retorno do empregado ao cargo de origem, de condio inferior, aps ocupar cargo ou funo de confiana, de condio superior. Como a ocupao de um cargo desta natureza implica aumento salarial de gratificao e de outras vantagens, a reverso no deixa de ser uma alterao lesiva e prejudicial aos interesses econmicos do empregado. Porm, ela vista como uma modificao funcional decorrente do jus variandi extraordinrio do empregador (art.468, pargrafo nico), como uma mera conseqncia da ligao estreita que estes cargos ou funes possuem com o desempenho do poder diretivo do empregador, no adquirindo o empregado qualquer garantia na permanncia do exerccio desse cargo (art.499 e 468, pargrafo nico).E nesse sentido que ela ainda continua sendo vista. d)Extino do cargo ou funo Em princpio, se considera como vlida essa alterao funcionaldesde que no haja reduo salarial ou moral para o empregadoe exista uma afinidade entre a nova e a velha funo. e)Alterao de Plano de Cargos e Salrios ou quadro de carreira Tambm vlida, em princpio, esta forma de alterao, desde que observados no novo posicionamento funcional do empregado, como contedos mnimos, a sua qualificao profissional e o salrio anterior. f)Readaptao por causa previdenciria vlida a readaptao funcional no caso de o empregado vir a sofrer de deficincia fsica ou mental superveniente, no curso do contrato, desde que atestada por rgo previdencirio oficial e participando o empregado de programa de reabilitao funcional(art.461, 4, CLT31).Nos precedentes normativos 27 e 64, o TST dispe sobre a observncia das regras para os casos de deficincias derivadas de acidente do trabalho ou no:

    PRECEDENTE NORMATIVO N 27 - GARANTIA AO EMPREGADO ACIDENTADO COM SEQELAS E READAPTAO - Ser garantida aos empregados acidentados no trabalho, a permanncia na empresa em funo compatvel com seu estado fsico, sem prejuzo na remunerao antes percebida, desde que, aps o acidente, apresentem cumulativamente, reduo da capacidade laboral atestada pelo rgo oficial e que tenham se tornado incapazes de exercer a funo que anteriormente exerciam, obrigados, porm, os trabalhadores nessa situao a participar de processo de readaptao e reabilitao profissional: quando adquiridos, cessa a garantia com as garantias asseguradas na Lei n. 8.213/91, art. 118. Precedente n 64 - Vrus HIV Desde que ciente o empregador, vedada a despedida arbitrria do empregado que tenha contrado o vrus do HIV, assim entendida a despedida que no seja fundamentada em motivo econmico, disciplinar, tcnico ou financeiro, assegurando, neste caso, a readaptao ou alteraes que se fizerem necessrias em funo da doena

    29 N 159 - SUBSTITUIO DE CARTER NO EVENTUAL E VACNCIA DO CARGO. I - Enquanto perdurar a substituio que no tenha carter meramente eventual, inclusive nas frias, o empregado substituto far jus ao salrio contratual do substitudo. II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocup-lo no tem direito a salrio igual ao do antecessor. 30 Art. 450. Ao empregado chamado a ocupar, em comisso, interinamente, ou em substituio eventual ou temporria cargo diverso do que exercer na empresa, sero garantidas a contagem do tempo naquele servio, bem como a volta ao cargo anterior. 31 4. O trabalhador readaptado em nova funo, por motivo de deficincia fsica ou mental atestada pelo rgo competente da Previdncia Social, no servir de paradigma para fins de equiparao salarial.

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    Nesta readaptao, o empregado pode vir a ser designado para uma funo inferior a que ele exercia.A questo pontual e crucial quanto a alterao salarial.Uma corrente admite pequena reduo salarial, sem que haja a perda da renda efetiva do empregado.Isso se conseguiria com a composio do benefcio previdencirio e do salrio, garantindo-se, assim, o mesmo quantum que o empregado recebia quando em plena atividade fsica.A fundamentao dessa corrente parte da premissa de que o objetivo da ordem jurdica seria a manuteno da viabilidade operacional do trabalho e a auto-estima do empregado.A segunda corrente entende que no possvel qualquer diminuio salarial mesmo passando o trabalhador a laborar em situao mais simples. de se anotar tambm que a lei 8.213/91, no seu art.118, concede ao empregado acidentado uma estabilidade provisria: Um ano aps o seu retorno do afastamento previdencirio. g)Promoo ou remoo Promoo o ato pelo qual o empregado transferido em carter permanente, com as vantagens efetivas, dentro da estrutura funcional da empresa, de um cargo ou categoria para outro cargo ou categoria superior.A promoo um direito exigvel se houver na empresa um quadro de cargos ou plano de carreira em que sejam previstas promoes por antiguidade ou merecimento.A remoo consiste na transferncia do empregado do seu local de trabalho provocando mudana de residncia.A licitude desta alterao est condicionada a observncia dos requisitos do art.469 da CLT. Sendo promovido o empregado, o retorno antiga funo alterao ilcita.Denomina-se de rebaixamento o retorno, com inteno punitiva, do empregado do seu cargo efetivo mais alto, que estava exercendo, ao cargo efetivo anterior, mais baixo.Situao semelhante ocorre na retrocesso, com a diferena que no h intuito punitivo.Ambas as formas so ilcitas e no so aceitas. ALTERAES QUANTITATIVAS Alteraes ampliativas da durao do trabalho- So aquelas que aumentam a durao do trabalho para alm do que fixado na lei ou no contrato.Toda jornada extraordinria cumprida pelo empregado no contratocom exceo das horas extras compensadasser devida a remunerao complementar, consistente no pagamento das horas extras e do adicional. Alteraes redutoras da durao do trabalho So aquelas que diminuem o tempo de trabalho ou de disponibilidade para aqum do que foi fixado na lei ou no contrato. Nesses casos, a alterao unilateral s ser vlida se no trouxer reduo salarial para o empregado.As excees a esta regra so se a causa motivadora da reduo da jornada e do salrio tenha sido para atender a interesse essencialmente pessoal do empregado(extracontratual), o que caracteriza uma mudana favorvel ao empregado, e no caso de reduo salarial negociada(art.7, VI) Alteraes do horrio de trabalho So as modificaes que atingem a posio da jornada no contexto dos horrios de trabalho dirio e semanal.As alteraes ocorridas dentro da mesma jornada(noturna ou diurna) so consideradas lcitas, porque inerentes ao jus variandi.Todavia, alteraes que possam trazer real prejuzo ao empregado so consideradas ilcitas.Neste passo, admitida a transferncia do empregado do horrio noturno para o diurno( smula 265/TST) por ser menos desgastante.Mas, a mudana do perodo diurno para o noturno, mesmo com o acrscimo do adicional e a contagem da hora ficta, entendida como lesiva, em virtude do prejuzo pessoal, familiar e social do empregado. ALTERAES DE SALRIO As alteraes que implicam em elevao salarial no exigem maiores consideraes em razo de sua natureza mais favorvel e lcita. As redues de salrios no so permitidas(art.7, VI), salvo nas negociaes coletivas e mesmo assim provisoriamente para atender situaes especficas.

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    2.3.3.ALTERAES CIRCUNSTANCIAIS So aquelas que dizem respeito situao ambiental ou da organizao referente prestao do trabalho.So exemplos a mudana do local de trabalho e a forma de pagamento do salrio. MUDANAS DO LOCAL DE TRABALHO OU TRANSFERNCIAS DO EMPREGADO Essas mudanas so regidas pela CLT(arts.469 e 470).Por estas disposies, o empregador no pode transferir o empregado, sem a sua concordncia, para localidade diversa da que resultar do contrato.No se considera transferncia a que no acarretar necessariamente a mudana de seu domiclio. 32. a)Transferncia que no acarreta necessariamente a mudana de domiclio- A parte final do art.469 diz que no haver transferncia se no se acarretar mudana de domiclio do empregado.Srgio Pinto Martins diz que h situaes em que mesmo no ocorrendo a mudana de domiclio, como nos casos em que o empregado deslocado para trabalhar em local mais distante, dentro da mesma cidade, h a transferncia. Juridicamente, mesmo que o empregado seja deslocado para trabalhar em outro municpio ou outro bairro do mesmo municpio, no haver transferncia. Da mesma forma, quando o empregado deslocado para trabalhar em plataformas de petrleo, tambm no se considera transferncia, para se gerar o direito ao recebimento do adicional, b)Empregado que exerce cargo de confiana- O 1 do art.469 da CLT garante ao empregador a possibilidade de transferir o empregado exercente de cargo de confiana, ou seja, aqueles que possuem poderes de gesto na empresa, como gerente ou diretor. A parte final do 1 do art.469 diz que essa transferncia no exige a comprovao da real necessidade do servio.Isso ocorre em razo das peculiaridades inerentes a tais cargos.A expresso real necessidade de servio se aplica aos empregados que tenham contratos onde a transferncia seja algo implcito ou explicito no contrato.

    Mesmo assim, devido ao empregado situado nessa circunstncia o pagamento do adicional de transferncia, caso esta seja provisria. Presume-se abusiva a transferncia de que trata o 1 do artigo 469 da CLT, sem que haja comprovao da real necessidade do servio (smula n. 43 do TST) c)Clusula explcita Os empregados podem ser transferidos caso haja clusula explcita no contrato de trabalho, devendo esta ser escrita, podendo ser prevista no regulamento da empresa.Para que esta transferncia ocorra deve ser decorrente de uma real necessidade de servio, ou seja, para que o empregador venha a desenvolver normalmente as suas atividades. a transferncia por questes de ordem tcnica, organizacional ou produtiva da empresa. Se no existir essa real necessidade o empregado no poder ser transferido ( Sum 43/TST). d)Clusula implcita Pode haver a transferncia quando o contrato de trabalho contenha uma clusula implcita de transferncia do empregado.Para isso deve se considerar a atividade da empresa e a natureza do servio do empregado.So exemplos o aeronauta, o ferrovirio, o vendedor pracista, o atleta profissional, o bancrio e o operrio da construo civil. Mesmo assim, ser faz necessria a comprovao da real necessidade do servio para legitim-la. e)Extino do estabelecimento Ser lcita a transferncia quando houver a extino do estabelecimento(art.469, 233).Nesse caso, no se exige a comprovao da real necessidade do servio ou da anuncia do empregado. No se distingue entre a extino do estabelecimento

    32 Art. 469. Ao empregador vedado transferir o empregado, sem a sua anuncia, para localidade diversa da que resultar do contrato, no se considerando transferncia a que no acarretar necessariamente a mudana de seu domiclio. 1. No esto compreendidos na proibio deste artigo os empregados que exeram cargos de confiana e aqueles cujos contratos tenham como condio implcita ou explcita, a transferncia, quando esta decorra de real necessidade de servio. 33 2. lcita a transferncia quando ocorrer extino do estabelecimento em que trabalhar o empregado.

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    ou da sua transferncia. Havendo a transferncia do estabelecimento de um local para outro da cidade isso implica em considerar a sua extino. O empregado estvel, segundo a jurisprudncia, no pode ser transferido nessa situao caso no concorde. Se no concordar, a transferncia ser considerada como resciso do contrato de trabalho. Se o dirigente sindical aceitar a transferncia perder o mandato (art.543, 1, da CLT).Isso ocorre para que a representatividade sindical, na localidade, no seja esvaziada com a transferncia. Transferncia provisria Essa transferncia permitida pela CLT, no art 469, 334, desde que observados os requisitos elencados. provisria a transferncia do empregado que vai montar uma mquina em outro local da cidade, podendo perdurar at o trmino do servio. , porm, necessria que a realizao do servio seja imprescindvel, isto , que no possa ser realizado por outro empregado da localidade. um direito do empregador e manifestao do jus variandi.No h fixao de um prazo para definir se permanncia do empregado no local evidencia se a transferncia provisria ou no.Cada situao apresentar suas peculiaridades e particularidades que determinaro a natureza da transferncia. Adicional de transferncia devido o adicional de 25% sobre o salrio do empregado.Ele ser devido e pago apenas na transferncia provisria e no na definitiva, porque os demais dispositivos do art.469 da CLT no tratam do adicional na transferncia definitiva. Transferncia para o exterior A lei 7.064/82 estatui a situao de trabalhadores contratados no Brasil e dos transferidos para prestar servios no exterior, estes desde que contratados por empresas prestadoras de servios de engenharia, inclusive consultoria, projetos e obras, montagens, gerenciamento e congneres35.A lei 11.962, de 03/07/2009, alterou a redao do art.1 da lei 7.064/82 no sentido de generalizar o conceito de empregado transferido, no resumindo-se apenas aos casos elencados na redao anterior.36 Considera-se a transferncia a remoo para o exterior do empregado cujo contrato estava sendo executado no Brasil; do empregado cedido a empresa sediada no estrangeiro, desde que mantido o vnculo empregatcio com o empregador brasileiro e a do empregado contratado por empresa sediada no Brasil, para trabalhar a seu servio no exterior. De um modo geral, no caso do trabalho ser executado em outro pas, aplica-se a lei do local da prestao de servios em matria trabalhista (lex loci laboris) ou lei do local da execuo do contrato (lex loci executionis).Isso tambm acontece nos casos regulados pela lei 7.064/82. Entretanto, no obstante o art. 14 da Lei n 7.064 firme orientao no mesmo sentido, ressalvando, porm, os direitos conferidos a tal empregado por esta lei: sem prejuzo da aplicao das leis do pas da prestao dos servios, no que respeita a direitos, vantagens e garantias trabalhistas e previdencirias, a empresa estrangeira assegurar ao trabalhador os direitos a ele conferidos neste Captulo. So direitos desse empregado (art.3): FGTS, previdncia social, frias no Brasil, aps dois anos de permanncia, com custeio da viagem pelo empregadorinclusive da famlia; custeio do seu retorno, contagem do perodo de transferncia no tempo de servio, seguro de vida e acidentes pessoais, assistncia mdica e social, adicional de transferncia.

    34 3. Em caso de necessidade de servio o empregador poder transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, no obstante as restries, do artigo anterior, mas, nesse caso, ficar obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento), dos salrios que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situao. Art. 470. As despesas resultantes da transferncia correro por conta do empregador. 35 Art. 1 Esta lei regula a situao de trabalhadores contratados no Brasil, ou transferidos por empresas prestadoras de servios de engenharia, inclusive consultoria, projetos e obras, montagens, gerenciamento e congneres, para prestar servios no exterior." 36Art. 1. Esta Lei regula a situao de trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus empregadores para prestar servio no exterior.(NR).

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    A permanncia do empregado no exterior no pode ser ajustada por tempo superior a trs anos, salvo quando for garantido o direito a gozar frias anuais no Brasil, com as despesas custeadas pelo empregador. 3 SUSPENSO E INTERRUPO DO CONTRATO DE TRABALHO37 Suspenso e interrupo do contrato de trabalho so circunstncias criadas pela lei que sustam os efeitos das clusulas do contrato de trabalho. Isso ocorre de maneira ampla ou restrita, mas sempre de forma temporria.No h qualquer semelhana com a alterao das clusulas.L h alterao do contedo das clusulas.Aqui, tanto em um quanto em outro casos, h apenas a sustao dos efeitos das clusulas.

    37 Art. 471. Ao empregado afastado do emprego so asseguradas, por ocasio de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausncia, tenham sido atribudas categoria a que pertencia na empresa. Art. 472. O afastamento do empregado em virtude das exigncias do servio militar ou de outro encargo pblico, no constituir motivo para a alterao ou resciso do contrato de trabalho por parte do empregador. 1. Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de exigncia do servio militar ou de encargo pblico, indispensvel que notifique o empregador dessa inteno, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo mximo de trinta dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a terminao do encargo a que estava obrigado. 2. Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes interessadas, no ser computado na contagem do prazo para a respectiva terminao. 3. Ocorrendo motivo relevante de interesse para a segurana nacional poder a autoridade competente solicitar o afastamento do empregado do servio ou do local de trabalho, sem que se configure a suspenso do contrato de trabalho. 4. O afastamento a que se refere o pargrafo anterior ser solicitado pela autoridade competente diretamente ao empregador, em representao fundamentada, com audincia da Procuradoria Regional do Trabalho, que providenciar, desde logo, a instalao do competente inqurito administrativo. 5. Durante os primeiros 90 (noventa) dias desse afastamento, o empregado continuar percebendo sua remunerao. Art. 473. O empregado poder deixar de comparecer ao servio, sem prejuzo do salrio: I - at 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cnjuge, ascendente, descendente, irmo ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdncia Social, viva sob sua dependncia econmica; II - at 3 (trs) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doao voluntria de sangue devidamente comprovada; V - at 2 (dois) dias consecutivos ou no, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; VI - no perodo de tempo em que tiver de cumprir as exigncias do Servio Militar referidas na letra "c" do artigo 65 da Lei n 4.375, de 17 de agosto de 1964 VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; VIII - pelo tempo que se fizer necessrio, quando tiver que comparecer a juzo; IX - pelo tempo que se fizer necessrio, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunio oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. (NR) ( Art. 474. A suspenso do empregado por mais de 30 dias consecutivos importa na resciso injusta do contrato de trabalho. Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez ter suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de Previdncia Social para a efetivao do benefcio. 1. Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe- assegurado o direito funo que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porm, ao empregador, o direito de indeniz-lo por resciso do contrato de trabalho, nos termos dos artigos 477 e 478, salvo na hiptese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenizao dever ser paga na forma do artigo 497. 2. Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poder rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenizao, desde que tenha havido cincia inequvoca da interinidade ao ser celebrado o contrato. Art. 476. Em caso de seguro-doena ou auxlio-enfermidade, o empregado considerado em licena no remunerada, durante o prazo desse benefcio.

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    H uma corrente que adota uma postura contrria a distino entre suspenso e interrupo Amauri Mascaro Nascimento se encontra nela, alegando que isso no se fazia necessrio, eis que no se teria presente um critrio claro para se enquadrar distintamente as duas figuras.Segundo ela, em ambas as figuras o ponto comum seria paralisao do trabalho, variando apenas os efeitos na suspenso e na interrupo.A segunda corrente, favorvel a tipologia inserida na CLT, sustenta exatamente o contrrio.Ela diz que a CLT, em seus arts.471 a 476, estabelece critrios cristalinos e objetivos para a distino e classificao entre suspenso e interrupo.Assim, se a prpria lei deixa claro que as situaes so diferentes e geram efeitos diferentes, a classificao doutrinria formulada para elas tambm vlida. 3.1.SUSPENSO CONCEITO a sustao temporria dos principais efeitos do contrato laboral (salrio, trabalho, tempo de servio), motivada por um fato relevante do ponto de vista jurdico, sem que haja a ruptura do vnculo contratual.O contrato de trabalho se mantm ntegro, s que o empregado no trabalha, nem fica a disposio, e o empregador no paga o salrio.Se diz que a suspenso a sustao mais ampla dos efeitos das clusulas do contrato de trabalho. Maurcio Godinho Delgado(2004, 1055)diz que: Em princpio, praticamente, todas as clusulas contratuais no se aplicam durante a prestao: no se presta servio, no se paga salrio, no se computa tempo de servio38, no se produzem recolhimentos vinculados ao contrato, etc.No perodo suspensivo, empregado e empregador tm, desse modo, a ampla maioria de suas respectivas prestaes contratuais sem eficcia. (grifo meu)Em casos de prestao do servio militar obrigatrio e acidente de trabalho, contudo, os recolhimentos do FGTS continuam, como prev o art.15, 5, da lei 8036/90(lei do FGTS)39 O decreto n 99.684/90, que regulamenta a lei 8036/90, estabelece em seu art.28 mais outros casos em que h a continuidade do depsito do FGTS quando houver a suspenso do contrato de trabalho (licena gestante, licena-paternidade, licena para tratamento de sade de at quinze dias e nos casos em que o empregado passa a exercer cargo de diretoria, gerncia ou outro de confiana imediata do empregador). Note que o decreto denomina de interrupo casos tpicos de suspenso.40

    38 AUXLIO-DOENA SUSPENSO DO CONTRATO DE TRABALHO PROMOO POR ANTIGIDADE INDEVIDA No caso de gozo de licena previdenciria com a concesso do respectivo auxlio-doena, h a suspenso total do contrato de trabalho, no se produzindo qualquer efeito. Assim, o perodo de afastamento no se incorpora para fins de cmputo de tempo de servio e, tampouco, para promoo por antigidade. Se o requisito para a concesso da promoo a antigidade, o tempo de servio prestado pressuposto para a percepo do benefcio, devendo, no caso, ser excludo da contagem o perodo em que o Reclamante ficou afastado do emprego em face da licena previdenciria. Embargos no conhecidos integralmente. (TST ERR 591737 SBDI 1 Rel. Min. Rider Nogueira de Brito DJU 19.12.2002) SUSPENSO DO CONTRATO DE TRABALHO Na ocorrncia da suspenso, as clusulas do contrato encontram-se com seus efeitos provisoriamente suspensos. O empregado no faz jus ao recebimento de salrios nem contagem de tempo de servio. (TRT 5 R. RO 00760-2003-005-05-00-2 (14.375/05) 1 T. Rel Des Vnia Chaves J. 07.07.2005). 39 5. O depsito de que trata o caput deste artigo obrigatrio nos casos de afastamento para prestao do servio militar obrigatrio e licena por acidente do trabalho. ( 40 Art. 28. O depsito na conta vinculada do FGTS obrigatrio tambm nos casos de interrupo do contrato de trabalho prevista em lei, tais como: I - prestao de servio militar; II - licena para tratamento de sade de at quinze dias; III - licena por acidente de trabalho; IV - licena gestante; e V - licena-paternidade. Pargrafo nico. Na hiptese deste artigo, a base de clculo ser revista sempre que ocorrer aumento geral na empresa ou na categoria profissional a que pertencer o trabalhador. Art. 29. O depsito a que se refere o art. 27 devido, ainda, quando o empregado passar a exercer cargo de diretoria, gerncia ou outro de confiana imediata do empregador.

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    3.2.CASOS TPICOS DE SUSPENSO 1-Afastamento previdencirio, por motivo de doena, a partir do 16 dia(auxlio-doena)- art.476, CLT; 2- Afastamento previdencirio, por motivo de acidente do trabalho, a partir do 16 dia(auxlio-doena)- art.476, CLT, art.4, pargrafo nico, da CLT); 3-Aposentadoria provisria, sendo o trabalhador considerado incapacitado para trabalhar(art.475, caput, CLT, smula 160/TST); 4-Por motivo de fora maior; 5-Para cumprimento de encargo pblico obrigatrio(art.483, 1, CLT e art.472, caput, CLT).(para que o empregado volte ao trabalho deve observar o que prescreve o art.472, 1, da CLT)41; 6-Para prestao de servio militar obrigatrio(art.4, pargrafo nico, da CLT); 7-Participao pacfica em greve(art.7, lei 7783/89); 8-Encargo pblico no obrigatrio.Nesse caso, o empregado tambm deve observar o que prescreve o art.472, 1, da CLT; 9-Eleio para o cargo de dirigente sindical(art.543, 2, CLT); 10- Eleio para o cargo de diretor de sociedade annima(smula 269 TST); 11-Licena no remunerada concedida pelo empregador, aps consenso e acordo bilateral, a pedido do empregado para atender a objetivos particulares; 12-Afastamento para qualificao profissional do empregado(art.476-A, da CLT)42;13-Suspenso disciplinar(art.474, da CLT; enunciado 77 TST).Essa suspenso a decorrente da aplicao de uma sano disciplinar contra o empregado, decorrente do poder hierrquico do empregador.Seu prazo mximo de trinta dias(art.474)sob pena de consistir em despedida sem justa causa; 14-Suspenso de empregado estvel ou com garantia especial de emprego para instaurao de inqurito para apurao de falta grave( sendo julgada procedente ao de inqurito(art.494, CLT, smula 197 STF).Este inqurito, na verdade, se trata de uma ao judicial instaurada para apurar falta grave cometida por empregado estvel ou com garantia de emprego, visando a sentena condenatria e a perda do emprego em questo; 15- Aposentadoria por invalidez durante o prazo fixado pelas leis de Previdncia Social para a efetivao do benefcio(art.475, CLT). 3.3.EFEITOS JURDICOS DA SUSPENSO O efeito principal da suspenso a paralisao das obrigaes contratuais durante o perodo suspensivo. Isso s no acontece em poucos casos tipificados na lei, como a suspenso por acidente do trabalho e servio militar, que continuam a recolher os depsitos para o FGTS, como se encontra regido na Lei n 8.036/1990 c/c o Decreto n 99.684/90, que regulamenta o Fundo de Garantia do Tempo de Servio, em que ambos prevem o recolhimento dos depsitos, em casos de interrupo(entenda-se suspenso) do contrato de trabalho decorrentes de: Prestao de servio militar, licena mdica para tratamento de sade de at quinze dias(aqui interrupo), licena por acidente de trabalho, licena gestante(pode ser caso de interrupo ou suspenso) e licena- paternidade(caso de interrupo) (art. 28 do Decreto n 99.684/1990).Em casos de suspenso por acidente ou simples doena, haver a contagem do tempo de servio para o perodo aquisitivo de frias, se o afastamento no for superior a seis meses(art.133, IV, CLT)43. Um dos efeitos a garantia de retorno do empregado ao trabalho, aps a cessao da causa suspensiva (art.471, CLT).Como conseqncia deste efeito, se tem a garantia do

    41 Art.472. 1. Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de exigncia do servio militar ou de encargo pblico, indispensvel que notifique o empregador dessa inteno, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo mximo de trinta dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a terminao do encargo a que estava obrigado. 42 Art. 476-A. O contrato de trabalho poder ser suspenso, por um perodo de dois a cinco meses, para participao do empregado em curso ou programa de qualificao profissional oferecido pelo empregador, com durao equivalente suspenso contratual, mediante previso em conveno ou acordo coletivo de trabalho e aquiescncia formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidao. 43 Art. 133. No ter direito a frias o empregado que, no curso do perodo aquisitivo: V - tiver percebido da Previdncia Social prestaes de acidente de trabalho ou de auxlio-doena por mais de 6 (seis) meses, embora descontnuos. (

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    recebimento do mesmo padro salarial e de direitos alcanados por alteraes legais ou convencionais.(art.471, CLT). Outro efeito a impossibilidade de despedida sem justa causa no perodo de suspenso.A despedida por justa causa, todavia, admissvel, tendo o motivo ocorrido dentro do perodo de suspenso. PRAZO PARA RETORNO AO TRABALHO APS A SUSPENSO Cessada a suspenso, o retorno ao trabalho deve ser imediato. Entretanto, no havendo qualquer convocao expressa do empregador e no existindo disposio expressa da lei quanto ao prazo mximo de retorno, a jurisprudncia, partindo por analogia do disposto no art.472, 144, que consigna em trinta dias o prazo para retorno do empregado que se afastou por exigncia do servio militar ou de encargo pblico, estabelece-o como prazo mximo de retorno para todas as demais situaes.45. 11.4.INTERRUPO DO CONTRATO DE TRABALHO OU SUSPENSO PARCIAL A interrupo vista como uma suspenso parcial dos efeitos do contrato, uma vez que so sustadas apenas as principais obrigaes do empregado.Ele no presta trabalho nem fica disposio do empregador durante a interrupo.Contudo, as demais obrigaes contratuais se mantm integralmente.H o pagamento do salrio, contagem do tempo de servio, recolhimento das obrigaes, etc. CASOS TPICOS DE INTERRUPO 1)Encargos pblicos em geral, como comparecimento judicial como jurado (art.430, Cdigo de processo penal), como testemunha(art.822, CLT), comparecimento judicial como parte do processo(enunciado 155 TST); 2)Afastamento do trabalho por motivo de doena ou acidente do trabalho, at os 15 dias primeiros dias; 3) Todos os descansos e pausas laborais, desde que remunerados: intervalos intrajornadas, repouso semanal remunerado e em feriados, frias; 4)Licena maternidade da empregada gestante; 5)Aborto, durante afastamento at duas semanas(art.395, CLT); 6)Licena remunerada concedida pelo empregador; 7)Interrupo dos servios na empresa, decorrente de causas acidentais ou fora maior(art.61, 3, CLT); 8)Situaes do art.473 da CLT46

    44 Art.472. 1. Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de exigncia do servio militar ou de encargo pblico, indispensvel que notifique o empregador dessa inteno, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo mximo de trinta dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a terminao do encargo a que estava obrigado. 45 Ver tambm o enunciado 32 do TST(considera abandono de emprego o no retorno do empregado trinta dias aps cessado o benefcio previdencirio) 46 Art. 473. O empregado poder deixar de comparecer ao servio, sem prejuzo do salrio: I - at 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cnj