apostila direito constitucional - prof cris luna

525
DIREITO CONSTITUCIONAL Não é autorizada a reprodução sem identificar a autoria CRISTINA LUNA 1 INDICE I. PARTE GERAL página Teoria da Supremacia da Constituição 2 Poder Constituinte 3 Eficácia e Vigência das Normas Constitucionais 4 Teoria da Recepção 5 Teoria da Repristinação 6 Teoria da Desconstitucionalização 6 Classificação das Constituições 6 Questões de Prova 12 II. PARTE ESPECÍFICA Princípios Fundamentais 72 Questões de Prova 74 Direitos e Garantias Fundamentais 99 Questões de Prova 100 Direitos e Deveres individuais Fundamentais 109 Questões de Prova 115 Direitos e Garantias Sociais 234 Questões de Prova 241 Direitos e Garantias à Nacionalidade 254 Questões de Prova 255 Direitos e Garantias Políticos 262 Questões de Prova 263 Estado Federal 275 Questões de Prova 285 Poder Legislativo Federal 322 Questões de Prova 332 Poder Executivo Federal 399 Questões de Prova 406 Controle da Constitucionalidade 420 Questões de Prova 440 III. LEGISLAÇÕES Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999 515 Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999 522 Lei 11.418, de 19 de dezembro de 2006 524

Upload: alessandra-bueno

Post on 04-Jul-2015

4.016 views

Category:

Documents


26 download

TRANSCRIPT

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoriaINDICE

CRISTINA LUNA

I. PARTE GERAL Teoria da Supremacia da Constituio Poder Constituinte Eficcia e Vigncia das Normas Constitucionais Teoria da Recepo Teoria da Repristinao Teoria da Desconstitucionalizao Classificao das Constituies Questes de Prova II. PARTE ESPECFICA Princpios Fundamentais Questes de Prova Direitos e Garantias Fundamentais Questes de Prova Direitos e Deveres individuais Fundamentais Questes de Prova Direitos e Garantias Sociais Questes de Prova Direitos e Garantias Nacionalidade Questes de Prova Direitos e Garantias Polticos Questes de Prova Estado Federal Questes de Prova Poder Legislativo Federal Questes de Prova Poder Executivo Federal Questes de Prova Controle da Constitucionalidade Questes de Prova III. LEGISLAES Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999 Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999 Lei 11.418, de 19 de dezembro de 2006

pgina 2 3 4 5 6 6 6 12

72 74 99 100 109 115 234 241 254 255 262 263 275 285 322 332 399 406 420 440

515 522 524

1

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

MATERIAL DE APOIO DIDTICO DIREITO CONSTITUCIONAL - Prof. Cristina Luna

Os seres humanos so como anjos de uma s asa, s conseguem voar quando esto abraadosNeo Buscarle PARTE GERAL Noo Direito Constitucional um ramo do Direito Pblico (porque contm regras onde prevalece o interesse pblico sobre o privado) Conceito Direito Constitucional um conjunto sistematizado de normas coercitveis que estruturam o Estado, estabelecem os direitos e garantias de sua populao e limitam os poderes dos governantes. Constitucionalismo Constitucionalismo significa o caminho percorrido pelas leis constitucionais desde a antiguidade at a atualidade. Foi na antiguidade que Plato e Aristteles desenvolveram a teoria de limitao dos poderes dos governantes por uma lei suprema. Na idade moderna, com o advento do Iluminismo (sculos XVII e XVIII), surge a base do constitucionalismo atravs de um movimento ideolgico e poltico para destruir o absolutismo monrquico e estabelecer normas jurdicas racionais, obrigatrias para governantes e governados. Foi no sculo XVIII que Montesquieu consagrou de vez a Teoria da

Tripartio dos Poderes (legislativo, executivo e judicirio) concomitante Teoria de Freios e Contrapesos.Essas teorias foram incorporadas pela Declarao dos Direitos do Homem e na Constituio de Filadlfia, espalhando-se pelo mundo democrtico. Teoria da Supremacia Constitucional Baseia-se no Princpio da Unidade da Constituio. A lei constitucional superior lei comum porque as leis comuns (que esto fora da Constituio, por isto denominadas extraconstitucionais, infraconstitucionais ou ordinrias) decorrem e encontram validade na Constituio. Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, escalonou as normas jurdicas sob a forma de uma pirmide, tendo no topo a Constituio e na base as leis infraconstitucionais, ou seja, as leis de menor hierarquia quando comparadas com as leis constitucionais. Assim, a Constituio norma hierarquicamente superior a todas as demais normas e, portanto, as normas que contrariarem o disposto na Constituio sero consideradas inconstitucionais. comuns so obra de um poder institudo. A superioridade da Constituio de um pas decorre do fato de ser obra do poder constituinte originrio enquanto as leis

2

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Normas Constitucionais ( Constituio Soberana ) N.C. Originrias. N.C. Derivadas (Emendas Constituio). Ordenamento Jurdico Normas Infraconstitucionais, Extraconstitucionais ou Ordinrias: N.I. Supralegais N.I. Primrias (ou Legais) N.I. Secundrias (ou Infralegais)

Poder Constituinte Poder Constituinte aquele que um povo tem para elaborar a sua Constituio, diferente do Poder Constitudo que todo aquele que o constituinte institui na Constituio, ou seja, os poderes constitudos so o Legislativo (federal, estadual, distrital ou municipal), Executivo (federal, estadual, distrital ou municipal) e o Judicirio. O poder constituinte divide-se em poder constituinte originrio e poder constituinte derivado (reformador e decorrente). Poder Constituinte Originrio Poder constituinte originrio o que cria o Estado e estabelece sua forma de estado, de governo, sistema de governo e regime poltico de governo, elaborando a sua Constituio, rompendo com a ordem jurdica anterior, submetendo a nova ordem jurdica ao seu comando. Foi Emmannuel Siys, abade francs do sculo XVIII, que afirmou que o poder para criar uma Constituio Soberana pertencia ao povo (na obra: O que o Terceiro Estado?). A partir de ento, considerou-se o titular do poder constituinte originrio o povo, que, no Estado Democrtico, tambm detm o seu exerccio. Esse exerccio um direito inalienvel, imprescritvel e irrenuncivel. Quando a Constituio elaborada por representantes do povo (chamados constituintes) reunidos para este fim em uma Assembleia Nacional Constituinte, diz-se que essa Constituio foi promulgada. Caso contrrio, ela ter sido outorgada. Conforme a doutrina majoritria e o STF, o poder constituinte originrio apresenta como caractersticas ser inicial, soberano, ilimitado e incondicionado. importante ressaltar que o poder constituinte originrio juridicamente ilimitado, mas encontra limites nos fatores culturais, sociais e econmicos presentes naquela sociedade. Existe uma doutrina minoritria nacional, seguidora do alemo Otto Bachoff, que, baseada no jusnaturalismo, reconhece nos direitos humanos uma vontade supranacional ou suprapositiva, que se impe ao direito nacional (direito de um determinado pas), inclusive sobre o exerccio do poder constituinte originrio, o limitando juridicamente. Poder Constituinte Derivado Reformador Poder constituinte derivado reformador o mecanismo que permite a atualizao da Constituio sempre que for conveniente, alterando-a quando necessrio. Trata-se de um poder constitudo pelo

3

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

poder constituinte originrio, por isto tambm conhecido com poder constitudo, institudo, diferido ou de segundo grau. O titular do poder constituinte derivado o povo, se manifestando, no Estado Democrtico, atravs dos seus representantes. A atual Constituio brasileira entrega o exerccio deste poder de reforma aos deputados federais e senadores reunidos no Congresso Nacional. O poder constituinte derivado reformador apresenta como caractersticas ser derivado, condicionado, secundrio e limitado (limitaes formais ou procedimentais - art. 60, incisos I, II e III, e pargrafos 2, 3 e 5; circunstanciais - art. 60, pargrafo 1; e materiais ou substanciais - so as chamadas clusulas

ptreas, que podem ser expressas (os incisos do pargrafo 4, art. 60) e implcitas (como por exemplo:arts. 1, 3, 4 e 60, incisos e pargrafos 1, 2, 3 e enunciado do 4).

Como se pode notar, uma emenda constitucional no pode retirar da Constituio

brasileira as limitaes circunstanciais e as procedimentais. Por este motivo, possvel afirmar que so tambm consideradas limitaes materiais, porm, implcitas, j que a proibio de aboli-las no se encontra expressa.

No que se refere s limitaes temporais, h divergncias quanto a sua existncia na atual Constituio brasileira, mas a doutrina majoritria no as tem reconhecido. Lembre-se que essa limitao j encontrou existncia expressa na histria do constitucionalismo brasileiro: a Constituio de 1824 previa a impossibilidade de qualquer reforma nos primeiros quatro anos aps a sua publicao. Poder Constituinte Derivado Decorrente Poder constituinte derivado decorrente o mecanismo que permite a elaborao da Constituio Estadual, autnoma. Trata-se, tambm, de um poder constitudo pelo poder constituinte originrio, conforme o art. 25, caput, da Constituio Federal, e o art. 11, do ADCT (Ato das Disposies Constitucionais Transitrias). O titular do poder constituinte derivado o povo manifestando-se, no Estado Democrtico, atravs dos seus representantes. A atual Constituio brasileira entrega o exerccio deste poder aos deputados estaduais reunidos na Assembleia Legislativa estadual. Eficcia e vigncia das normas constitucionais A eficcia de uma norma jurdica no se confunde com a sua vigncia. Uma norma pode ser eficaz e estar em vigncia, e pode tambm estar em vigncia e no ser eficaz. Todas as normas constitucionais tm, ainda que seja mnima, certa eficcia. Varia, porm, a forma de tal eficcia, distinguindo-se as normas constitucionais em normas de eficcia plena, eficcia contida e eficcia limitada (diviso tricotmica). 1) Norma constitucional de eficcia plena a norma constitucional de efeito imediato e ilimitado, independentemente de qualquer norma infraconstitucional regulamentadora posterior ou de qualquer outro ato do poder pblico. Trata-se de

4

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

uma norma constitucional com autoaplicabilidade ou autoexecutoriedade. So exemplos o art. 1 e pargrafo nico; art. 4, incisos; art. 5, inciso I e III. 2) Norma constitucional de eficcia contida, restringvel ou redutvel Tem aplicabilidade imediata e diretamente, executvel da forma como est no texto constitucional, pois contm todos os elementos necessrios a sua formao. Permite, entretanto, restrio por lei infraconstitucional, emenda constitucional ou outro ato do poder pblico, desde que esta restrio no seja excessiva. exemplo o art. 5, incisos VII, XI, XII, XIII, XIV, XVI, LX, LXI, LXVII. 3) Norma constitucional de eficcia limitada aquela no regulada de modo completo na Constituio, por isso depende de norma regulamentadora elaborada pelo Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judicirio, ou de qualquer outro ato do poder pblico para que possa produzir plena eficcia. incorreto dizer que tais normas no tm eficcia, pois tm uma eficcia mnima, j que seu alcance total depende de ato legislativo ou administrativo posterior. So eficazes, pelo menos, em criar para o legislador o dever de legislar ou ao administrador o dever de agir, de revogar normas anteriores ou permitir a declarao de inconstitucionalidade de normas posteriores que lhes sejam contrrias. So exemplos os arts. 3, incisos; 4, pargrafo nico; 5, incisos VI (ltima parte) e XXXII; e 7, incisos IV e V. Cabe lembrar que esta norma dever ser regulamentada a fim de assegurar o direito nela previsto quanto ao mnimo existencial (o mnimo necessrio para que se tenha uma vida digna). Alm deste mnimo se aplica o princpio da reserva do possvel. Teoria da recepo Baseia-se no princpio da continuidade do direito. A Constituio sustenta a validade jurdica das normas infraconstitucionais. Com o advento de uma nova Constituio, as normas infraconstitucionais anteriores vigentes sob o imprio da antiga Constituio, se forem materialmente (o seu contedo) incompatveis com esta nova Constituio, sero revogadas. Por outro lado, aquelas normas infraconstitucionais anteriores, materialmente compatveis com a nova Constituio, iro aderir ao novo ordenamento jurdico infraconstitucional (isto , sero recepcionadas) como se novas fossem porque tero como base de validade a atual Constituio (trata-se de uma fico jurdica). Essa teoria tradicionalmente admitida no direito brasileiro, independentemente de qualquer determinao expressa. CF 67 NI CF 88 NI

5

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Teoria da repristinao Consiste em revigorar uma lei revogada, revogando a lei revogadora. Quanto repristinao por supervenincia de Constituio, no h direito anterior a ser restaurado, isto porque o direito constitucional brasileiro no admite repristinao que no seja expressamente permitida por lei constitucional. Nada impede, entretanto, que uma lei infraconstitucional repristine outra lei infraconstitucional j revogada desde que o faa expressamente, conforme a Lei de Introduo ao Cdigo Civil (LICC), art. 2, 3 (Salvo disposio em contrrio, lei revogada no se restaura por ter lei revogadora perdido a vigncia). C1 NI C2 NI

Norma revogada Teoria da desconstitucionalizao Consiste em aproveitar como lei infraconstitucional preceitos da Constituio revogada no repetidos na Constituio superveniente, mas com ela materialmente compatveis (compatibilidade do contedo da norma constitucional anterior com o contedo da Constituio superveniente). Porm, tradicionalmente no direito brasileiro, a supervenincia da Constituio revoga imediatamente a anterior e as normas no contempladas na nova Constituio perdem sua fora normativa, salvo na hiptese de a prpria Constituio superveniente prever a desconstitucionalizao expressamente. C1 NC NI C2 NI

Classificao das Constituies: Existem vrios modos da doutrina classificar as Constituies. Boa parte ser baseada na obra de Jos Afonso da Silva 1: 1. Quanto ao contedo: a) material (ou substancial) - a Constituio de contedo material no sentido restrito significa o conjunto de normas constitucionais escritas, jurisprudenciais ou costumeiras, inseridas ou no num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organizao de seus rgos e os direitos fundamentais, no se admitindo como constitucional qualquer outra matria que no tenha aquele contedo essencialmente constitucional. Vale dizer que possvel separar as normas verdadeiramente constitucionais, isto , normas que realmente devem fazer parte do texto de uma Constituio,

1

Jos Afonso da Silva - Curso de Direito Constitucional Positivo - Malheiros, So Paulo, 2002, p. 42/ 44.

6

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

daquelas outras, que s esto na Constituio por uma opo poltica, mas ficariam bem nas leis ordinrias2. b) formal - a Constituio de contedo formal o conjunto de normas escritas, hierarquicamente superior ao conjunto de leis comuns, independentemente de qual seja o seu contedo. Estando na Constituio formalmente constitucional, pois tem a forma de Constituio3. As Constituies escritas no raro inserem matria de aparncia constitucional, que assim se designa exclusivamente por haver sido introduzida na Constituio, enxertada no seu corpo normativo e no porque se refira aos elementos bsicos ou institucionais da organizao poltica4. A Constituio Imperial Brasileira de 1824 fazia a ntida e expressa diferena entre normas de contedo material e as de contedo formal. 2. Quanto forma: (essa classificao foi estabelecida, inicialmente, por Lord Bryce) a) escrita (instrumental ou positiva) - a Constituio codificada e sistematizada num texto nico, escrito, elaborado por um rgo constituinte, encerrando todas as normas tidas como fundamentais sobre a estrutura do Estado, a organizao dos poderes constitudos, seu modo de exerccio e limites de atuao, e os direitos fundamentais (polticos, individuais, coletivos, econmicos e sociais). b) no escrita (costumeira, ou consuetudinria) - a Constituio cujas normas no constam de um documento nico e solene, mas se baseia principalmente nos costumes, na jurisprudncia e em convenes e em textos constitucionais esparsos. At o sculo XVIII preponderavam as Constituies costumeiras, hoje restaram poucas, como a Inglesa e a de Israel, esta ltima em vias de ser positivada.

importante notar que, com o advento da Emenda Constitucional n. 45, foi

introduzido o 3, no art. 5, possibilitando que tratado internacional sobre direitos humanos possa ter fora de norma constitucional, ainda que no esteja inserido formalmente na CF/88. Esse fato novo parece ter suavizado a condio de Constituio escrita da atual Carta brasileira. Assim, determina o novo pargrafo 3 do art. 5, que: Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais.

3. Quanto ao modo de elaborao: a) dogmtica (instrumental) - ser sempre uma Constituio escrita, a elaborada por um rgo constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria poltica e do Direito dominantes no momento. b) histrica (costumeira) - sempre uma Constituio no escrita, resulta de lenta transformao histrica, do lento evoluir das tradies, dos fatos sociopolticos.2 3

Ari Ferreira de Queiroz - Direito Constitucional - Editora Jurdica IEPC, Gois, 1998, p. 70. Ari Ferreira de Queiroz, p. 71. 4 Paulo Bonavides - Curso de Direito Constitucional - Malheiros, So Paulo, 2000, p. 64.

7

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

4. Quanto origem: a) promulgada (popular ou democrtica ou votada) - a Constituio que se origina de um rgo constituinte composto de representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar e estabelecer aquela Constituio, portanto nasce de uma assembleia popular (Assembleia Nacional Constituinte), representada por uma pessoa ou por um rgo colegiado. As Constituies brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas. b) outorgada - a Constituio elaborada e estabelecida sem a participao do povo, ou seja, a que o governante impe ao povo de forma arbitrria, podendo ser elaborada por uma pessoa ou por um grupo. As Constituies brasileiras de 1824, 1937 e 1969 foram outorgadas.

Cabe alertar para uma espcie de Constituio, entendida como uma Constituio

outorgada por um bom nmero de autores: a Constituio Cesarista, examinada por plebiscito (para alguns autores se trataria de referendo) sobre um projeto formado por um imperador ou ditador. A Histria tem demonstrado que a participao popular no faz dessa espcie de Constituio uma Carta democrtica j que, regra geral, visa apenas confirmar a vontade do detentor do poder.

5. Quanto estabilidade (consistncia ou processo de reforma): a) rgida - a classificao relativa rigidez constitucional foi estabelecida, inicialmente, por Lord Bryce. Trata-se de uma Constituio que somente pode ser modificada mediante processo legislativo, solenidades e exigncias formais especiais, diferentes e mais difceis do que aqueles exigidos para a formao e modificao de leis comuns (ordinrias e complementares). Quanto maior for a dificuldade, maior ser a rigidez. A rigidez da atual Constituio Brasileira marcada pelas limitaes procedimentais ou formais (art. 60, incisos e 2, 3, e 5). Quase todos os Estados modernos aderem a essa forma de Constituio, assim como todas as Constituies brasileiras, salvo a primeira, a Constituio Imperial, de 1824 que foi semirrgida.

1) Cabe lembrar que s h rigidez constitucional em Constituies escritas e que s

cabe controle da constitucionalidade na parte rgida de uma Constituio. Por consequncia, no existe possibilidade de controle da constitucionalidade nas Constituies flexveis, ou seja, em qualquer Constituio costumeira. 2) Existe uma subespcie de Constituio rgida, denominada de super rgida, que alm de possuir limitaes procedimentais, conta tambm com limitaes materiais (clusulas ptreas) ao poder de reforma. A atual Constituio brasileira seria um exemplo.

b) flexvel (plstica) - aquela Constituio que pode ser modificada livremente pelo legislador segundo o mesmo processo de elaborao e modificao das leis ordinrias, ou at mesmo por novos costumes e jurisprudncias. A flexibilidade constitucional se faz possvel tanto nas Constituies costumeiras quanto nas Constituies escritas.

8

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

c) semirrgida - a Constituio que contm uma parte rgida e outra flexvel. Conforme j foi dito, a Constituio Imperial brasileira de 1824 foi semirrgida.

Cabe alertar que alguns doutrinadores estabelecem outra espcie, a Constituio

imutvel. Mas a grande maioria dos autores a considera reprovvel porque entende que a estabilidade das Constituies no deve ser absoluta, imutvel, perene, j que a prpria dinmica social exige constantes adaptaes para atender as suas exigncias. A Constituio deve representar a vontade de um povo e essa vontade varia com o tempo, por isso a necessidade de que a Constituio se modifique.

6. Quanto extenso: a) concisa (sinttica) - aquela Constituio que abrange apenas, de forma sucinta, princpios gerais ou enuncia regras bsicas de organizao e funcionamento do sistema jurdico estatal, deixando a parte de pormenorizao legislao complementar 5. b) prolixa (analtica ou extensiva) - aquela Constituio que trata de mincias de regulamentao, que melhor caberiam em normas ordinrias. Segundo o mestre Paulo Bonavides, estas Constituies se apresentam cada vez em maior nmero, incluindo-se a atual Constituio brasileira. 7. Quanto supremacia: a) Constituio material aquela que se apresenta no necessariamente sob a forma escrita e modificvel por processos e formalidades ordinrios e por vezes independentemente de qualquer processo legislativo formal (atravs de novos costumes e entendimentos jurisprudenciais). b) Constituio formal (jurdica) - aquela que se apresenta sob a forma de um documento escrito, solenemente estabelecido quando do exerccio do poder constituinte e somente modificvel por processos e formalidades especiais nela prpria estabelecidos. Apoia-se na rigidez constitucional. 8. Quanto finalidade: a) Constituio Garantia a Constituio que se preocupa em proteger os direitos individuais frente aos demais indivduos e especialmente ao Estado. Impe limites atuao do Estado na esfera privada e estabelece ao Estado o dever de no fazer (obrigao negativa, status negativus). b) Constituio Dirigente (Programtica ou Compromissria) - a Constituio que contm um conjunto de normas-princpios, ou seja, normas constitucionais de princpio programtico, com esquemas genricos, programas a serem desenvolvidos ulteriormente pela atividade dos legisladores ordinrios. No entender de Raul Machado Horta6, as normas programticas exigem no s a regulamentao legal, mas tambm decises polticas e providncias administrativas. As normas programticas constitucionais estabelecem fundamentos, fixam objetivos, declaram princpios e enunciam diretrizes.

5 6

Paulo Bonavides, p. 73 Raul Machado Horta - Estudos e Direito Constitucional - Del Rey Editora, Belo Horizonte, 1995, p. 221/227.

9

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Tais normas, que Jos Afonso da Silva situa dentre as de eficcia limitada. importante lembrar que como qualquer norma constitucional, as normas de eficcia limitada, entre elas as programticas, tm eficcia, ou seja, produzem efeitos (para relembrar, volte classificao quanto eficcia das normas constitucionais). A atual Constituio Brasileira traz numerosas normas de princpio programtico, como por exemplo: arts. 3, incisos; 4, nico; 144; 196; 205 e 225. c) Constituio Balano a Constituio que, ao caracterizar uma determinada organizao poltica presente, prepara a transio para uma nova etapa.

1789 IDADE MDIA MONARCA ESTADO MNIMO OU LIBERAL (no fazer) Finalidade de proteger o indivduo do Estado.

SEC. XX ESTADO INTERVENCIONISTA (fazer) Interveno do Estado para proteger o Homem diante da explorao dos empregadores Normas programticas de eficcia limitada que tm a finalidade de obter o bem estar social.

So direitos: RECONHECIDOS INDISPONVEIS IMPRESCRITVEIS

So direitos:

CONSTRUDOS DISPONVEIS PRESCRITVEIS

OBS: Os direitos fundamentais so limitados por outros direitos. Portanto, em regra, no devemos falar em direitos ilimitados. 9. Vale lembrar a classificao desenvolvida por Karl Loewenstein - denominada ontolgica, ou quanto efetividade, se baseia no uso que os detentores do poder fazem da Constituio: a) Constituio normativa a Constituio efetiva, ou seja, ela determina o exerccio do poder, obrigando todos a sua submisso. b) Constituio nominal ou nominativa aquela ignorada pela prtica do poder. c) Constituio semntica aquela que serve para justificar a dominao daqueles que exercem o poder poltico.

10

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Constituio Brasileira de 1988:

Nossa atual Constituio apresenta a seguinte classificao:

1. ESCRITA 2. PROMULGADA 3. RGIDA ou SUPER-RGIDA 4. CONTEDO FORMAL 5. DE SUPREMACIA FORMAL 6. DOGMTICA 7. ANALTICA 8. PROGRAMTICA 9. NORMATIVA

Concepes sobre as Constituies Existem vrias formas de se observar a supremacia da Constituio soberana sobre as demais normas infraconstitucionais de um Estado. Dentre eles, se destacam: 1. Constituio em sentido jurdico (formal): Essa concepo, desenvolvida por Hans Kelsen, e na qual o direito constitucional brasileiro se baseia, observa a Constituio como uma norma superior de cumprimento obrigatrio, independentemente de seu contedo, um dever-ser. 2. Constituio em sentido sociolgico: Desenvolvida por Ferdinand Lassalle, reproduz os fatores reais do poder, ou seja, as foras polticas presentes naquela sociedade, tais como: grupos religiosos, os trabalhadores, o empresariado, os negros, as mulheres, etc. Acrescenta este terico que se uma Constituio no tratar desses temas ela no passar de uma mera folha de papel. Essa concepo tambm compartilhada por Konrad Hesse. 3. Constituio em sentido poltico: Foi formulada por Carl Schmitt. Neste sentido a Constituio uma deciso poltica fundamental e trata apenas daqueles temas fundamentais, tais como a forma de Estado e de governo, o sistema e regime de governo, os princpios e direitos fundamentais e estrutura do Estado. As demais normas que tratem de assuntos estranhos a esses temas, mas que se encontrem includas no texto constitucional, so leis

constitucionais, porm no fazem parte da Constituio em si. Esse terico faz, portanto, uma distinoentre Constituio e leis constitucionais.

11

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

JURISPRUDNCIA DO STF TEORIA DA RECEPO: No que concerne aos diplomas legais anteriores Carta de 1988, a jurisprudncia reiterada do Supremo Tribunal Federal (STF) firma-se no sentido da impossibilidade jurdica de question-los mediante ao direta de inconstitucionalidade (ADIN). Mas admitem controle abstrato por via de arguio de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) e controle concreto (por via de exceo), conforme Lei 9.882 (03/12/99), art. 1, pargrafo nico, inciso I. A incompatibilidade vertical superveniente de atos do Poder Pblico, em face de um novo ordenamento constitucional, traduz hiptese de pura e simples revogao dessas espcies jurdicas, posto que lhe so hierarquicamente inferiores. O exame da revogao de leis ou atos normativos do Poder Pblico constitui matria absolutamente estranha funo jurdico-processual da ao direta de inconstitucionalidade (ADIN). A recepo de lei ordinria como lei complementar pela Constituio posterior a ela s ocorre com relao aos seus dispositivos em vigor quando da promulgao desta, no havendo que se pretender a ocorrncia de efeito repristinatrio, porque o nosso sistema jurdico, salvo disposio em contrrio, no admite a repristinao (art. 2, 3, da Lei de Introduo ao Cdigo Civil). (AI 235.800, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 25-5-1999, Primeira Turma, DJ de 25-6-1999). QUESTES DE PROVA

1.

Por fora da mudana de entendimento do STF e/ou da alterao da legislao desde

a aplicao da prova, essas questes podem ter mais de uma resposta ou nenhuma resposta.

(ESAF - TCU - 99) - Assinale a opo correta:

a) A reforma constitucional, no sistema constitucional brasileiro, no conhece limites materiais. b) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, existem normas de hierarquia diferenciada na Constituio. c) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, os princpios gravados com clusula

ptrea devem ser interpretados de forma to estrita que a simples alterao de sua expressoliteral, mediante emenda, pode significar uma violao da Constituio. d) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, as clusulas ptreas protegem direitos e garantias individuais que no integram expressamente o captulo relativo aos direitos individuais. e) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, as Disposies Constitucionais Transitrias no so modificveis mediante emenda constitucional.

12

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:a) errado existem as clusulas ptreas expressas (previstas nos incisos do 4, art. 60) e as implcitas (reconhecidas pela doutrina e pela jurisprudncia). b) errado do entendimento do STF que todas as normas constitucionais se encontram no mesmo patamar, independentemente de serem originrias ou derivadas (estas provenientes de emendas constitucionais). c) errado s so proibidas as emendas constitucionais que visem excluir, no todo ou em parte, o contedo daquelas normas. d) correto os direitos e garantias individuais no se encontram apenas no art. 5, mas existem outros espalhados pela CF/88, tais como, por exemplo, o direito a isonomia tributria (art. 150, II). e) errado vrios artigos do ADCT (Ato das Disposies Constitucionais Transitrias) j foram alterados ou acrescentados por emendas constitucionais, sem que o STF os tenha declarado inconstitucionais.2. (ESAF AGU - 98) - Assinale a opo correta:

a) A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal enfatiza que as disposies protegidas pelas

clusulas ptreas no podem sofrer qualquer alterao.b) Segundo orientao dominante no Supremo Tribunal Federal, os direitos assegurados em tratado internacional firmado pelo Brasil tm hierarquia constitucional e esto ipso jure protegidos por

clusula ptrea.c) Os direitos e garantias individuais protegidos por clusula ptrea so somente aqueles elencados no catlogo de direitos individuais. d) Segundo entendimento dominante na doutrina e na jurisprudncia, a introduo de um sistema parlamentar de governo ou do regime monrquico pode ser realizada por simples Emenda Constitucional. e) Segundo o entendimento dominante no Supremo Tribunal Federal, normas constitucionais originrias no podem ser objeto de controle de constitucionalidade.

Resposta:a) errado s so proibidas as emendas constitucionais que visem excluir, no todo ou em parte, o contedo daquelas normas. b) errado de acordo com o art. 5, 3, da CF, acrescentado pela EC 45, os tratados internacionais sobre direitos humanos podero ter fora normativa semelhante de uma EC, mas para que isso ocorra necessrio que seja discutido e aprovado de forma semelhante de uma PEC. (Art. 5, 3: Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais).

ipso jure uma expresso latina que significa imediatamente, desde logo.

c) errado - os direitos e garantias individuais no se encontram apenas no art. 5, mas existem outros

espalhados pela CF/88, tais como, por exemplo, o direito a anterioridade tributria (art. 150, III).

13

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

d) errado h divergncia doutrinria quanto possibilidade de EC vir a alterar a forma de governo, de repblica para monarquia constitucional, porque para alguns autores, a atual forma de governo (repblica) seria clusula ptrea implcita. Este entendimento se vale de dois dados: primeiro porque a Constituio brasileira anterior (1967/1969) tratava a repblica como clusula ptrea expressa, e segundo porque a possibilidade de se alterar esta forma de governo afetaria a periodicidade do voto, o que proibido pelo art. 60, 4, inciso II, da CF e, por isto, a possibilidade de alterao do princpio republicano se resumiria a hiptese prevista no ADCT, art. 3. e) correto por ser a norma constitucional originria fruto do exerccio do poder constituinte originrio que, de acordo com a doutrina majoritria e o STF, juridicamente ilimitado, no pode sofrer controle da constitucionalidade.

3.

bom lembrar que existe uma corrente minoritria que entende pela submisso do

constituinte originrio ao direito natural do homem e consequentemente, se a norma constitucional originria no observar os princpios desse direito supranacional, estar sujeita ao controle da constitucionalidade.

(ESAF AGU - 99) - Assinale a opo correta: direitos fundamentais configura leso expressa clusula ptrea.

a) Segundo entendimento pacfico do Supremo Tribunal Federal, qualquer alterao que afete os b) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, no s as normas constantes do catlogo de direitos fundamentais, mas tambm outras normas consagradoras de direitos fundamentais constantes do Texto Constitucional podem estar gravadas com a clusula de imutabilidade. c) Os direitos previstos em tratados internacionais firmados pelo Brasil somente podero ser alterados mediante emenda constitucional. d) vedada a alterao de Disposies Transitrias constantes do texto constitucional original. e) Segundo a firme jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, admissvel a arguio de inconstitucionalidade de norma constitucional originria.

Resposta:a) errado s se for para suprimir, no todo ou em parte, direitos ou garantias fundamentais individuais. Os direitos fundamentais sociais, de acordo com o entendimento do STF, no so clusulas ptreas, nem expressa, nem implicitamente. b) correto - os direitos e garantias individuais no se encontram apenas no art. 5, mas existem outros espalhados pela CF/88, tais como, por exemplo, o direito a isonomia e a anterioridade tributria (art. 150, II e III). c) errado se o tratado internacional for internalizado como norma infraconstitucional da espcie de norma supralegal, poder ser alterado por outra norma infraconstitucional supralegal, ou por emenda constitucional. Por outro lado, se o tratado versar sobre direitos humanos e for internalizado por meio daquele processo de aprovao prprio de EC (art. 5, 3, da CF), s poder ser alterado, mas no mais suprimido, por meio de outra EC ou por outro tratado que venha a ser internalizado nos termos do art. 5, 3, da CF.

14

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

d) errado - vrios artigos do ADCT j foram alterados ou acrescentados por emendas constitucionais, sem que o STF os tenha declarado inconstitucionais. e) errado - por ser a norma constitucional originria fruto do exerccio do poder constituinte originrio que, de acordo com a doutrina majoritria e o STF, juridicamente ilimitado, no pode sofrer controle da constitucionalidade.4. (CESPE TCU - 96): Julgue os itens abaixo, relativos vigncia, eficcia e hierarquia das

normas jurdicas no ordenamento jurdico brasileiro. (1) A posio hierrquica de uma norma definida pelas regras constitucionais vigentes. Por essa razo, pode-se encontrar, hoje, decreto presidencial vigendo com fora de lei, tendo sido recepcionado como tal pela Constituio superveniente. (2) As normas jurdicas devem ser editadas em conformidade com a Carta Poltica vigente. certo, porm, que, sobrevindo uma nova Constituio, a norma jurdica inferior, cuja origem seja formalmente incompatvel com o novo processo legislativo, no ser recepcionada. (3) Uma medida provisria s ser eficaz quando for convertida em lei, o que dever ocorrer at trinta dias aps a sua edio. (4) Salvo disposio em contrrio, a lei revogada no se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigncia. (5) Diversamente da situao em que se edita correo de lei que ainda no est em vigor, a correo de texto de lei vigente considerada como sendo lei nova.

Resposta:(1) correto em regra, o decreto administrativo, norma infraconstitucional secundria, serve para dar execuo lei (por exemplo, art. 84, inciso IV), excepcionalmente nos deparamos com decreto autnomo (por exemplo, art. 84, inciso VI, de acordo com parcela da doutrina). Nada impede, entretanto, que decretos administrativos venham a integrar o novo ordenamento jurdico, com status de lei (norma infraconstitucional primria), se recepcionados pela Constituio superveniente por ausncia de incompatibilidade material. (Ver "Teoria da Recepo). (2) errado s no ser recepcionada a norma infraconstitucional se materialmente incompatvel com a nova Constituio. bom lembrar que o aspecto formal no tem a menor importncia, em se tratando da teoria da recepo. (3) errado a EC 32 (promulgada em 11/09/2001) deu nova redao ao art. 62, da CF, estendendo o prazo de exame de MPs editadas a partir da EC 32, para 60 dias, prorrogvel por mais 60 dias (art. 62, 3, da CF). Por outro lado, as MPs editadas em data anterior no tero prazo para serem examinadas, permanecendo vlidas at que o Congresso Nacional as examine ou at que outra MP venha a revog-las explicitamente (EC 32, art. 2). (4) correto o direito brasileiro s admite repristinao quando for expressa a autorizao constitucional ou legal. (Ver a Teoria da Repristinao). (5) correto o art. 59, pargrafo nico, da CF, prev que lei complementar vai regulamentar o processo legislativo relativo s normas infraconstitucionais. Essa lei complementar j existe, a LC 95, alterada pela LC 107. A afirmativa do item 5, desta questo, encontra-se presente na respectiva lei.

15

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

5.

(PROCURADOR DO RS - 97): A espcie de norma constitucional que grande parte da doutrina

brasileira denomina hoje de "norma constitucional de eficcia restringvel" e que JOS AFONSO DA SILVA chamou de "norma de eficcia contida" tem, entre suas caractersticas, a de: a) no produzir nenhum efeito jurdico. b) produzir efeitos exclusivamente no condicionamento de legislao futura. c) depender, para a produo da plenitude de sua eficcia, de regulamentao legal futura. d) permitir que lei posterior venha a inviabilizar sua aplicabilidade. e) entrar no mundo jurdico com eficcia plena e aplicabilidade imediata.

Resposta:a) errado - no existe norma constitucional incapaz de produzir qualquer efeito. Toda norma constitucional produz efeitos, ainda que minimamente. b) errado a norma constitucional dependente de legislao futura classificada como norma de eficcia limitada e, mesmo assim, produz algum efeito. (Ver Eficcia das Normas). c) errado esta seria uma norma constitucional de eficcia limitada. d) errado caso surgisse essa lei inviabilizando a aplicao de uma norma constitucional, esta lei seria inconstitucional. e) correto a norma constitucional de eficcia contida produz todos os seus efeitos, mas pode vir a sofrer restries por ato do poder pblico quanto ao seu mbito de incidncia, por autorizao constitucional. Por exemplo, a CF/88, no seu art. 5, inciso XIII, garante a liberdade profissional, mas autoriza ao legislador ordinrio restringir essa liberdade ao exigir qualificao profissional para o exerccio de certas profisses.6. (PROCURADOR DO RS - 97): O poder constituinte institudo pode ser exercido, no Brasil, a

partir da Constituio de 1988, no mbito: a) da Unio, exclusivamente. b) da Unio e dos Estados. c) da Unio, dos Estados e do Distrito Federal. d) da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. e) da Unio, dos Estados e das Regies Metropolitanas

Resposta:d) correto a tendncia acharmos que o poder constitudo s seria exercitvel pelo Congresso Nacional, quando, do exerccio do poder constituinte ou constitudo derivado reformador na elaborao de emendas Constituio, ou pela Assembleia Legislativa, quando do exerccio do poder constituinte ou constitudo derivado decorrente na elaborao da Constituio Estadual. Mas o poder constitudo ou institudo exercido, genericamente, pelos trs poderes (legislativo, executivo e judicirio) e nas quatro esferas (federal, estadual, municipal e distrital). So todos eles, poderes criados pelo constituinte originrio quando da elaborao da Constituio brasileira.

16

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

7.

(CESPE PF 97): Em relao ao Estado brasileiro, julgue os itens abaixo: estados-membros, detm e exercem soberania.

(1) O Brasil uma repblica federativa, de modo que os componentes da federao, notadamente os (2) A adoo, pelo Brasil, do princpio republicano em lugar do monrquico produz consequncias no ordenamento jurdico, tais como a necessidade de meios de legitimao popular dos titulares dos Poderes Executivo e Legislativo e a periodicidade das eleies. (3) No h, no sistema constitucional brasileiro, uma rigorosa diviso de poderes; as funes estatais que so atribudas a diferentes ramos do poder estatal, e de modo no exclusivo. (4) O princpio que repousa sob a noo de Estado de direito o da legalidade. (5) No Estado democrtico de direito, a lei tem no s o papel de limitar a ao estatal como tambm a funo de transformao da sociedade.

Resposta:(1) errado os estados-membros detm autonomia (art.18, caput), enquanto que a Repblica Federativa do Brasil, e s ela, soberana (art. 1, inciso I). (2) correto na monarquia constitucional, o monarca no eleito, mas ocupa a chefia de Estado em razo da hereditariedade. (3) correto a Constituio brasileira assegura a independncia entre as funes do Estado ao adotar a teoria da tripartio dos poderes, mas tempera esta separao ao permitir a influncia de um poder no outro, por fora da adoo da teoria dos freios e contrapesos, tendo sido essas duas teorias desenvolvidas por Montesquieu. (4) correto no Estado de Direito, o princpio da legalidade impe limites ao poder pblico, obrigando-o a observncia das normas de direito, quando no exerccio de todas as suas atividades. (5) correto no Estado Democrtico de Direito, as normas jurdicas esto a servio da vontade do povo e comprometidas com o seu bem-estar, da o seu poder de transformao. o caso do Brasil, conforme determina a CF, no art. 1, caput.8. (CESPE PF 97): O constituinte fez opo muito clara por Constituio abrangente. Rejeitou

a chamada constituio sinttica, que constituio negativa, porque construtora apenas de liberdadenegativa ou liberdade-impedimento, oposta autoridade, modelo de constituio que, s vezes, se chama de constituio-garantia (ou constituio-quadro). A funo garantia no s foi preservada como at ampliada na Constituio, no como mera garantia do existente ou como simples garantia das liberdades negativas ou liberdades-limites. Assumiu ela a caracterstica de constituio-dirigente, enquanto define fins e programa de ao futura, menos no sentido socialista do que no que de uma orientao social democrtica, imperfeita, reconhea-se. Por isso, no raro, foi minuciosa e, no seu compromisso com a garantia das conquistas liberais e com um plano de evoluo poltica de contedo social, nem sempre mantm linha de coerncia doutrinria firme. Abre-se, porm, para transformaes futuras, tanto seja cumprida. E a est o drama de toda constituio dinmica: ser cumprida. Jos Afonso da Silva. Informaes ao leitor. In Curso de direito constitucional positivo. So Paulo, 14 ed., Malheiros, p. 8, 1997 (com adaptaes). Com o auxlio do texto e da teoria da constituio, julgue os itens seguintes.

17

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

(1) A doutrina constitucionalista aponta o fenmeno da expanso do objeto das constituies, que tm passado a tratar de temas cada vez mais amplos, estabelecendo, por exemplo, finalidades para a ao estatal. Considerando a classificao das normas constitucionais em formais e materiais, correto afirmar que as normas concernentes s finalidades do Estado so apenas formalmente constitucionais. (2) As normas constitucionais, do ponto de vista formal, caracterizam-se por cuidar de temas como a organizao do Estado e os direitos fundamentais. (3) As normas constitucionais que consagram os direitos fundamentais 7 consubstanciam elementos limitativos das constituies, porquanto restringem a ao dos poderes estatais. (4) A Constituio brasileira em vigor permite e prev a possibilidade de sua prpria transformao, disciplinando os modos por meio dos quais sua reforma pode ocorrer; acerca da reforma constitucional, a doutrina pacfica no sentido de que limitam a ao do poder constituinte derivado apenas as restries expressas no texto constitucional. (5) Assim como os demais produtos do processo legislativo, as emendas constitucionais esto sujeitas ao controle de constitucionalidade, tanto formal quanto material; em consequncia, poder ser julgada inconstitucional a emenda constituio que carea de sano presidencial.

Resposta:(1) errado h entendimento doutrinrio, incluindo-se o do constitucionalista Jos Afonso da Silva, no sentido de que as finalidades ou fins do Estado fazem parte do contedo essencial de uma Constituio. Por este motivo, as finalidades seriam, para parcela da doutrina, de contedo material e no formalmente constitucional. (2) errado as normas constitucionais que tratam destes temas so materialmente, e no formalmente, constitucionais. (3) correto os direitos individuais fundamentais foram reconhecidos, inicialmente, nas Constituies francesa ps-revoluo e americana, ambas do sculo XVIII, como instrumento de conteno do poder do governante impondo-lhe, como limite, o dever de respeitar os direitos civis e polticos dos particulares. (4) errado a doutrina e a jurisprudncia do STF no sentido de que impem limites ao poder de reforma as clusulas ptreas expressas e implcitas. (5) errado o processo legislativo relativo emenda constitucional no passa por sano ou veto. Alis, s passa por sano ou veto o projeto de lei complementar e o projeto de lei ordinria, salvo o projeto de lei ordinria de converso integral de medida provisria (art. 62, 12, no sentido contrrio).9. (CESPE PF 97): Acerca da teoria das constituies, julgue os itens seguintes.

(1) Diz-se outorgada a constituio que surge sem a participao popular. (2) A vigente Constituio da Repblica, promulgada em 1988, prev os respectivos mecanismos de modificao por meio de emendas, podendo ser classificada, por esse motivo, como uma constituio flexvel. Entenda-se apenas os direitos fundamentais individuais, porque se considerados os direitos fundamentais sociais, estes no restringem a atuao do Poder Estatal, mas ao contrrio, lhes impe o dever de agir.7

18

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

(3) Considerando a classificao das normas constitucionais em formais e materiais, seriam dessa ltima categoria, sobretudo, as normas concernentes estrutura e organizao do Estado, regulao do exerccio do poder e aos direitos fundamentais. Desse ngulo, outras normas, ainda que inseridas no corpo da Constituio escrita, seriam constitucionais to somente do ponto de vista formal. (4) Conhece-se como constituio dirigente aquela que atribui ao legislador ordinrio, isto , infraconstitucional, a misso de dirigir os rumos do Estado e da sociedade. (5) A Supremacia material e formal das normas constitucionais atributo presente tanto nas constituies rgidas quanto nas flexveis.

Resposta:(1) correto quando o exerccio do poder constituinte originrio ocorre sem representao popular, ou seja, a Constituio imposta ao povo, denominada de outorgada. Assim foram as Constituies brasileiras de 1824, 1937 e 1969. (2) errado a atual Constituio brasileira se classifica, quanto estabilidade, como Constituio rgida, exatamente por prever um procedimento legislativo especial, difcil e complexo, para a sua alterao. Alguns autores a consideram super-rgida, por contar tambm com limitaes materiais. (3) correto de acordo com a doutrina majoritria, ainda que no seja um entendimento pacfico, as normas constitucionais que tratem de assuntos estranhos ao ncleo essencial, so constitucionais apenas por que foram includas na Constituio, da se dizer que so apenas formalmente constitucionais. (4) errado a Constituio dirigente aquela que algumas de suas normas impem ao Estado o dever de agir, a obrigao positiva. Este contedo se faz presente nas normas constitucionais e no nas normas infraconstitucionais. o legislador constitucional, e no o ordinrio que estabelece metas ao governante. (5) errado a supremacia material caracterstica das Constituies flexveis, ou seja, o que caracteriza uma norma constitucional enquanto tal o seu contedo (essencial a uma Constituio). Por outro lado, a supremacia formal caracterstica das Constituies rgidas ou semirrgidas, ou seja, suas normas s podem ser alteradas mediante um procedimento formal, diferenciado em relao ao procedimento prprio das normas infraconstitucionais.10. (CESPE PF 97): O poder de reforma jamais atingir, portanto, a eminncia representada

pela ilimitao da atividade constituinte. Chamemo-lo um poder constituinte constitudo, como faz Snchez Agesta; poder constituinte derivado, conforme Garcia Pelayo; ou poder constituinte institudo, segundo Georges Burdeau; devemos encar-lo, nas palavras de Pontes de Miranda, como uma atividade constituidora diferida ou um poder constituinte de segundo grau. Nelson de Souza Sampaio. O poder de reforma constitucional. Salvador, Progresso, p.42-3, 1954. Com o auxlio do texto, julgue os itens que se seguem, relativos ao poder constituinte. (1) Do ponto de vista do direito interno, considera-se o poder constituinte no sujeito a qualquer limitao.

19

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

(2) Quanto ao poder constituinte derivado, este encontra limitaes impostas pelo poder constituinte originrio. (3) Ao poder constituinte institudo, h limitaes de ordens temporal, circunstancial e material. (4) Na Constituio brasileira, as limitaes reforma constitucional conhecidas como clusulas

ptreas probem apenas emendas que extirpem, por inteiro, a forma federativa de Estado, aseparao dos poderes e os direitos e garantias individuais. (5) Se uma proposta de emenda Constituio (PEC) que vise estabelecer a nomeao, pelo Presidente da Repblica, dos governadores dos estados federados seguir as normas constitucionais e regimentais aplicveis ao processo de tramitao das PECs, nenhum bice jurdico haver sua promulgao e entrada em vigor.

Resposta:(1) correto para responder a esse item necessrio que se observe o item imediatamente seguinte. Se o item (2) se refere ao poder constituinte derivado, consequentemente, este primeiro item se refere ao poder constituinte originrio que, para a doutrina majoritria e para o STF, tem como uma de suas caractersticas ser juridicamente ilimitado. (2) correto as limitaes podem ser, dependendo da vontade do exercente do poder constituinte originrio, de ordem material (clusulas ptreas), circunstancial, procedimental e temporal. Em relao histria do constitucionalismo brasileiro, esta ltima limitao s se fez presente na primeira Constituio (de 1824). (3) correto - repare que o enunciado da questo no se refere, especificamente, ao Brasil, mas ao constitucionalismo em geral. Tanto assim, que cita uma srie de autores estrangeiros. Portanto, em geral, existem estas limitaes. (4) errado repare que agora o item se refere claramente a Constituio brasileira e nela existem essas e outras clusulas ptreas, inclusive as implcitas, que probem que se extirpem por inteiro ou em parte o seu contedo constitucional. (5) errado a Constituio brasileira eleva condio de clusula ptrea o direito de voto (art. 60, 4, inciso II), e seria inconstitucional qualquer EC que viesse a abolir, no todo ou em parte, esse direito, inclusive no que se refere ao direito de eleger os governantes.11. (CESPE TCU - 97): Em relao supremacia constitucional, julgue os itens abaixo. ordenamento jurdico. (2) A supremacia constitucional pode ser visualizada, do ponto de vista jurdico, como supremacia formal. (3) A Constituio Brasileira vigente no revestida de supremacia, haja vista proclamar que todo o poder emana do povo, sendo este, ento, supremo perante o ordenamento jurdico do Brasil. (4) O princpio da supremacia da Constituio a primordial consequncia da rigidez constitucional. (5) Considerando que a Constituio de um Estado moderno objetiva organizar o prprio poder, podese concluir que, luz da supremacia constitucional, a Carta Poltica Brasileira delimita e regula o poder constituinte originrio.

(1) No h supremacia formal da Constituio costumeira em relao s demais leis do mesmo

20

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:(1) correto toda Constituio costumeira flexvel e de supremacia material, isto significa dizer que a superioridade das normas constitucionais em relao s normas infraconstitucionais se manifesta em razo de seu contedo e no do procedimento legislativo. Suas normas so facilmente alterveis, at mesmo por novos usos e costumes. Mas, quando necessrio um procedimento legislativo, ele se equivale ao mesmo utilizado para as alteraes na ordem infraconstitucionais. (2) correto na concepo jurdica, desenvolvida por Hans Kelsen, por se tratar necessariamente de uma Constituio escrita e rgida, a supremacia formal. (3) errado na Repblica Federativa do Brasil, o poder emana do povo e por isso s os seus representantes esto autorizados a alterar o ordenamento jurdico, inclusive a prpria Constituio (CF, art. 1, pargrafo nico). E como toda Constituio soberana, suas normas tm supremacia sobre todas as demais presentes no ordenamento jurdico. E por ser uma Constituio rgida, a supremacia se manifesta em razo do procedimento legislativo diferenciado, da se tratar de supremacia formal. (4) correto lendo a frase de outra forma, podemos afirmar que a rigidez constitucional acaba por provocar a supremacia (formal) da Constituio. (5) errado de acordo com a doutrina majoritria e o STF, o poder constituinte originrio no sofre qualquer limitao e por este motivo as normas constitucionais originrias no se sujeitam ao controle da constitucionalidade.12. (CESPE PF 97): Acerca das normas constitucionais, julgue os itens seguintes. modificao, em relao aos das demais normas jurdicas. (2) Considera-se que a Constituio encontra-se no nvel mais importante do ordenamento jurdico e d validade a todas as suas normas; exatamente por isso, a norma infraconstitucional que contravier Constituio dever ser privada de efeitos. (3) Apenas as normas das Constituies escritas possuem supremacia. (4) A Constituio brasileira em vigor flexvel, em razo da grande quantidade de temas que disciplina. (5) O regime jurdico brasileiro no aceita o princpio da supremacia da Constituio.

(1) A rigidez das normas constitucionais decorre dos mecanismos diferenciados, previstos para sua

Resposta:(1) correto (2) correto por fora da supremacia (formal) da Constituio brasileira, uma norma que a contrarie dever ser declarada inconstitucional. A declarao de inconstitucionalidade tem o poder de suspender a eficcia (os efeitos) da norma, mas no o de revogar, porque uma lei s pode ser revogada (retirada do ordenamento jurdico) por outra lei. (3) errado as Constituies rgidas e semirrgidas (escritas) possuem supremacia formal, enquanto as flexveis (escritas ou no escritas) possuem supremacia material. possvel concluir que todas as Constituies possuem alguma supremacia. (4) errado - a Constituio brasileira em vigor rgida por exigir um procedimento legislativo especial para sua alterao. Por outro lado, em razo da grande quantidade de temas que disciplina e por seu

21

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

alto detalhamento, classifica-se como Constituio de contedo formal (normas de contedo formal e material) e analtica. (5) errado o regime jurdico brasileiro reconhece a supremacia formal da atual Constituio brasileira.13. (CESPE PF 97): O poder constituinte constitucional anterior. (2) derivado est sujeito, do ponto de vista do direito interno, a certas limitaes, cuja observncia pode ser aferida por meio do controle de constitucionalidade. (3) institudo no pode produzir emenda constitucional na vigncia de interveno federal. (4) derivado no pode abolir nenhum direito previsto na Constituio de 1988. (5) originrio condicionou a aprovao de emendas constitucionais a um determinado quorum especial e sano do Presidente da Repblica; faltando um desses requisitos, a proposta de emenda no entrar em vigor.

(1) originrio est sujeito, juridicamente, a limitaes oriundas das normas subsistentes da ordem

Resposta:(1) errado a doutrina majoritria e o STF reconhecem ao exerccio do poder constituinte originrio as caractersticas: ilimitado, incondicionado, inicial e soberano. (2) correto se uma EC no respeitar as limitaes circunstanciais ou procedimentais, poder ser declarada inconstitucional por incompatibilidade formal, e se no respeitar as limitaes materiais, poder ser declarada inconstitucional por incompatibilidade material. (3) correto conforme previsto na CF, art. 60, 1, que impe ao poder constituinte derivado limitaes circunstanciais. (4) errado a proibio de se abolir, no todo ou em parte, s recai para os direitos e garantias individuais fundamentais. (5) errado em primeiro lugar, um projeto de emenda Constituio no passa por sano ou veto. Em segundo lugar, ainda que uma emenda Constituio seja inconstitucional, ela entrar em vigor e s ter suspensa a eficcia depois de declarada a sua inconstitucionalidade.14. (CESPE - FISCAL/INSS - 98): Nos captulos LX e LXIV de Esa e Jac, Machado de Assis

traa o ambiente de perplexidade e de surpresa com que o povo recebeu a notcia da proclamao da Repblica: Quando Aires saiu do Passeio Pblico, suspeitava alguma coisa, e seguiu at o Largo da Carioca. Poucas palavras e sumidas, gente parada, caras espantadas, vultos que arrepiavam caminho, mas nenhuma notcia clara nem completa. (...). Aires quis aquietar-lhe o corao. Nada se mudaria; o regime, sim, era possvel, mas tambm se muda de roupa sem trocar de pele. Comrcio preciso. Os bancos so indispensveis. No sbado, ou quando muito na segunda-feira, tudo voltaria ao que era na vspera, menos a constituio. A ironia do texto no impede que sejam tecidas algumas consideraes sobre consequncias jurdicas e polticas da forma de governo republicana, bem como acerca da natureza das constituies e do poder constituinte. Com relao a esses temas, julgue os itens abaixo:

22

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

(1) Conforme a doutrina moderna, em uma repblica, idealmente, os que exercem funes polticas representam o povo e decidem em seu nome, mediante mandatos renovveis periodicamente. (2) A Constituio que se segue a um movimento revolucionrio que conquista o poder, com ruptura da ordem jurdica anterior, tida como obra do poder constituinte originrio. (3) Uma Constituio que se origina de rgo constituinte composto de representantes do povo denomina-se constituio outorgada. (4) Constituies, como a brasileira de 1988, que preveem a possibilidade de alterao do seu prprio texto, embora por um procedimento mais difcil e com maiores exigncias formais do que o empregado para a elaborao de leis ordinrias, classificam-se como constituies semirrgidas. (5) Como tpico do princpio republicano, o chefe do Poder Executivo brasileiro, durante a vigncia do seu mandato, pode ser responsabilizado por crimes polticos, embora no o possa ser por crimes comuns.

Resposta:(1) correto inclusive no Brasil, nos termos da CF, no art. 1, pargrafo nico e art. 14 caput. (2) correto alis, bom lembrar que o poder constituinte originrio pode ser exercido por vontade do povo, vontade ora manifestada de forma violenta atravs de uma revoluo, ora pacificamente atravs de uma transio democrtica. Pode ser tambm exercido por imposio ao povo, por fora de um golpe de Estado. (3) errado trata-se de uma Constituio promulgada. A Constituio outorgada aquela imposta ao povo. (4) errado classificam-se como Constituies rgidas. As Constituies semirrgidas so aquelas que algumas de suas normas so facilmente alterveis e outras necessitam de um procedimento mais complexo para a sua modificao. (5) errado na repblica, o chefe do Poder Executivo pode ser responsabilizado por crimes polticos ou comuns, conforme a CF, arts. 85 e 86; arts. 51, inciso I e 52, inciso I e pargrafo nico; e art. 102, inciso I, alnea b.15. (ESAF AFTN 96): Assinale a assertiva correta: superior da lei. b) O regulamento de execuo goza de preeminncia em relao ao regulamento autorizado e ao regulamento delegado no modelo constitucional brasileiro. c) Os tratados internacionais que instituam direitos individuais so dotados de hierarquia constitucional. d) O regulamento delegado constitui categoria expressamente prevista no ordenamento constitucional brasileiro. e) O texto constitucional no admite a delegao legislativa em matria de lei complementar.

a) Segundo o entendimento dominante da jurisprudncia, os tratados so dotados de hierarquia

23

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:a) errado os tratados, quando internalizados, em geral equiparam-se as normas infraconstitucionais legais, com a ressalva do tratado que define direitos humanos que pode vir a ter status de EC (art. 5, 3,da CF) ou de norma infraconstitucional supralegal. b) errado no direito constitucional brasileiro atual, no outra hiptese de regulamento alm daquele de execuo (art. 84, inciso IV, da CF) e o autnomo (art. 84, inciso VI, da CF). c) errado os tratados internacionais que instituam direitos individuais podero ter status de normas constitucionais derivadas se passarem por aprovao semelhante ao de uma EC (art. 5, 3, da CF: os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais) ou status de normas supralegais se promulgados como norma infraconstitucional.d) errado no direito constitucional brasileiro atual, no h outra hiptese de regulamento alm

daquele de execuo (art. 84, inciso IV, da CF) e o autnomo (art. 84, inciso VI, da CF). e) correto art. 68, 1, da CF.

16.

A correo foi atualizada por fora do advento da EC 45, promulgada em 08/12/2004

e publicada e m 31/12/2004.

(ESAF AFTN 94): Quanto ao direito ordinrio pr-constitucional correto afirmar-se: norma constitucional superveniente deve ser considerada inconstitucional, podendo, por isso, sua legitimidade ser aferida em ADIN.

a) a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal considera que toda lei ordinria incompatvel com a

b) todo ele incompatvel com a nova Constituio. c) deve ser considerado como recebido pela nova ordem constitucional, desde que se mostre com ela compatvel tanto sob o aspecto formal, quanto sob o aspecto material. d) deve ser considerado como recebido pela nova ordem constitucional, desde que se mostre compatvel com a Constituio de uma perspectiva estritamente formal. e) a incompatibilidade entre lei anterior e norma constitucional superveniente refere-se apenas a aspectos materiais (contedo). Essa incompatibilidade no pode, todavia, ser aferida em ADIN.8

Resposta:a) errado a incompatibilidade material de norma infraconstitucional em face da Constituio superveniente provoca a sua revogao, pelo critrio hierrquico (norma inferior revogada por norma superior). A norma ordinria pr-constitucional no pode ser objeto de Adin em face da Constituio superveniente porque, de acordo com o STF, no existe inconstitucionalidade superveniente. Mas pode sofrer o exame de incompatibilidade material por via incidental ou por via de arguio de descumprimento de preceito fundamental (ADPF, Lei 9.882, de 03/12/1999, art. 1, nico, inciso I). b) errado s ser incompatvel se o contedo da norma contrariar a nova Constituio (incompatibilidade material).8

Questo atualizada e adaptada s mudanas ocorridas na Constituio Brasileira desde ento.

24

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

c) errado ser recepcionado se compatvel sob o aspecto material, por outro lado, o aspecto formal no tem a menor importncia. d) errado ser recepcionado se compatvel sob o aspecto material, por outro lado, o aspecto formal no tem a menor importncia. e) correto.17. (CESPE MPE): Na vigncia do regime jurdico anterior Constituio Federal de 1988 (CF),

determinado tema havia sido disciplinado por meio de lei ordinria. A CF passou a exigir que o mesmo assunto fosse disciplinado por lei complementar. Em face dessa situao, assinale a opo correta: a) A antiga lei foi recepcionada pelo novo ordenamento jurdico. b) A mencionada lei foi revogada pelo advento da CF. c) Tornou-se materialmente inconstitucional a referida lei, devendo ser proposta ao direta de inconstitucionalidade a fim de expurg-la do ordenamento jurdico. d) A lei em questo poder, na vigncia da nova CF, ser alterada por meio de projeto de lei ordinria. e) A referida lei ser tida como formalmente incompatvel com o novo ordenamento jurdico, podendo ser obtida a declarao de sua inconstitucionalidade, seja por meio do controle difuso, seja por meio de controle concentrado de constitucionalidade.

Resposta:a) correto a antiga lei foi recepcionada pelo novo ordenamento jurdico com status de lei complementar. b) errado. c) errado no pode ser objeto de Adin porque, de acordo com o STF, no existe inconstitucionalidade superveniente, mas pode ser examinada a sua revogao por incompatibilidade material com a nova Constituio, atravs do controle incidental ou por ADPF (Lei 9882, 03.12.1999, art. 1, pargrafo nico). Como no o caso, ser recepcionada com status de lei complementar. d) errado poder ser alterada por outra lei complementar ou por emenda constitucional. e) errado.18. (ESAF AFRF 2002) - Assinale a opo correta.

a) tpico de uma Constituio dirigente apresentar em seu corpo normas programticas. b) Uma lei ordinria que destoa de uma norma programtica da Constituio no pode ser considerada inconstitucional. c) Uma norma constitucional programtica, por representar um programa de ao poltica, no possui eficcia jurdica. d) Uma Constituio rgida no pode abrigar normas programticas em seu texto. e) Toda Constituio semirrgida, por decorrncia da sua prpria natureza, ser uma Constituio histrica.

25

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:a) correto a Constituio dirigente tambm conhecida como Constituio programtica, porque conta com normas constitucionais que definem metas, programas, fins a serem alcanados a mdio ou longo prazo. b) errado a norma constitucional programtica uma norma constitucional como qualquer outra, por isso uma norma infraconstitucional que a contrarie deve ser declarada inconstitucional. c) errado toda norma constitucional tem alguma eficcia, inclusive as programticas que so espcies de normas constitucionais de eficcia limitada. d) errado a Constituio brasileira classifica-se como rgida e programtica (ou dirigente). e) errado toda Constituio semirrgida necessariamente escrita e, portanto, dogmtica; por outro lado, toda Constituio no escrita histrica e flexvel.19. (ESAF - AFRF - 2002) Suponha que um decreto-lei de 1987 estabelea uma determinada

obrigao aos cidados. Suponha, ainda, que o decreto-lei perfeitamente legtimo com relao Constituio que se achava em vigor quando foi editado. O seu contedo tampouco entra em coliso com a Constituio de 1988. Diante dessas circunstncias, assinale a opo correta. a) O decreto-lei deve ser considerado inconstitucional apenas a partir da vigncia da Constituio de 1988, porquanto no mais existe a figura do decreto-lei no atual sistema constitucional brasileiro. b) O decreto-lei deve ser considerado revogado pela Constituio de 1988, que no mais prev a figura do decreto-lei entre os instrumentos normativos que acolhe. c) O decreto-lei deve ser considerado como recebido pela Constituio de 1988, permanecendo em vigor enquanto no for revogado. d) O decreto-lei somente poder produzir efeitos com relao a fatos ocorridos at a Constituio de 1988. e) O decreto-lei inconstitucional, mas somente deixar de produzir efeitos depois de o Supremo Tribunal Federal, em ao direta de inconstitucionalidade, proclamar a sua inconstitucionalidade.

Resposta:a) errado ainda que no possam surgir novos decretos-lei na vigncia da atual Constituio, os anteriores a ela podero continuar vlidos se compatveis com a nova Constituio sob o aspecto material. b) errado os decretos-lei anteriores atual Constituio podero continuar vlidos se com ela compatveis sob o aspecto material, adquirindo o status que a nova Constituio lhe der. c) correto porque com ela compatvel quanto ao aspecto material (contedo). d) errado poder continuar produzindo efeitos com o advento da nova Constituio. e) errado se houvesse incompatibilidade material, o que no h conforme determina o enunciado da questo, no poderia ser declarado inconstitucional, porque, de acordo como o STF, no existe inconstitucionalidade superveniente.

26

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

20.

(ESAF AFRF 2002) Assinale a opo que melhor se ajusta ao conceito de clusula ptrea. momento em que redige a sua prpria constituio (a constituio estadual).

a) Conjunto de princpios constitucionais que regula o exerccio da autonomia do Estado-membro, no b) Norma da Constituio Federal que, por ser autoaplicvel, o Poder Legislativo no pode regular por meio de lei. c) Matria que somente pode ser objeto de emenda constitucional. d) Princpio ou norma da Constituio que no pode ser objeto de emenda constitucional tendente a aboli-lo. e) Norma da Constituio que depende de desenvolvimento legislativo para produzir todos os seus efeitos.

Resposta:d) correto art. 60, 4.21. (ESAF AFC 2002) Da constituio que resulta do trabalho de uma Assembleia Nacional

Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar o texto constitucional, diz-se que se trata de uma constituio: a) Outorgada b) Histrica c) Imutvel d) Promulgada e) Dirigente

Resposta:a) errado esta uma Constituio imposta ao povo. b) errado esta uma Constituio no escrita, tambm conhecida como consuetudinria ou costumeira, que nunca est pronta ou acabada. Constri-se ao longo do tempo. c) errado pacfica na doutrina a compreenso de que no existiu, no existe e provavelmente no existir uma Constituio imutvel, j que ela reflete uma sociedade sujeita a transformaes. Por este motivo, evita-se falar em Constituio imutvel e quando o faz apenas para fins acadmicos. d) correto tambm denominada democrtica ou popular. o caso da nossa Constituio, bastando verificar o seu Prembulo. e) errado a Constituio Dirigente aquela que estabelece metas, programas ao Estado (governo e sociedade).22. (ESAF AFC 2002) Assinale a opo correta. norma constitucional editada pelo Poder Constituinte Originrio. b) De acordo com a jurisprudncia pacfica do STF, inconstitucional a lei que diverge de norma constante de tratado sobre direitos humanos de que o Brasil seja parte.

a) A garantia constitucional do direito adquirido no pode ser invocada para se obstar a incidncia de

27

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

c) As emendas Constituio tm status hierrquico inferior s normas da Constituio elaboradas pelo prprio poder constituinte originrio. d) Normas que constituem clusulas ptreas tm status hierrquico superior ao das demais normas constantes do texto constitucional. e) Normas constitucionais que no sejam autoexecutveis no possuem valor jurdico, exprimindo, to-somente, um programa poltico de governo.

Resposta:a) correto de acordo com o entendimento da doutrina majoritria e do STF, no existe direito adquirido em face da Constituio. Inclusive, a prpria Constituio, em norma constitucional originria prevista no ADCT, art. 17, no observa direito adquirido em relao percepo que exceda o teto estabelecido pela prpria CF. b) errado se o tratado internacional sobre direitos humanos ingressar no ordenamento jurdico com fora equivalente emenda constitucional, possvel que norma infraconstitucional que o contrarie venha a ser declarada inconstitucional. Por outro lado, se ingressar como norma supralegal, no ser possvel aquela espcie de controle, mas sim o controle da legalidade.

Mas, desde 31/12/2004, com a entrada em vigor da EC 45, o tratado internacional

sobre direitos humanos poder ser internalizado no ordenamento jurdico brasileiro por aprovao prpria de emenda constitucional e neste caso ganhar status semelhante ao de emenda e qualquer norma infraconstitucional que no o observar estar sujeita ao controle da constitucionalidade. (CF, art. 5, 3: Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais). Veja a deciso do STF, na ADI 1.480-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-9-1997, Plenrio, DJ de 18-5-2001: "No sistema jurdico brasileiro, os tratados ou convenes internacionais esto hierarquicamente subordinados autoridade normativa da Constituio da Repblica. Em consequncia, nenhum valor jurdico tero os tratados internacionais, que, incorporados ao sistema de direito positivo interno, transgredirem, formal ou materialmente, o texto da Carta Poltica. O exerccio do treaty-making power, pelo Estado brasileiro no obstante o polmico art. 46 da Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados (ainda em curso de tramitao perante o Congresso Nacional) , est sujeito necessria observncia das limitaes jurdicas impostas pelo texto constitucional. (...) O Poder Judicirio fundado na supremacia da Constituio da Repblica dispe de competncia, para, quer em sede de fiscalizao abstrata, quer no mbito do controle difuso, efetuar o exame de constitucionalidade dos tratados ou convenes internacionais j incorporados ao sistema de direito positivo interno. (...) Os tratados ou convenes internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurdico brasileiro, nos mesmos planos de validade, de eficcia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinrias, havendo, em consequncia, entre estas e os atos de direito internacional pblico, mera relao de paridade normativa. Precedentes."

c) errado as normas constitucionais, sejam elas originrias ou derivadas, encontram-se no mesmo patamar, ainda que as primeiras no se submetam ao controle da constitucionalidade, de acordo com o STF e a doutrina majoritria, e as segundas se submetam.

28

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

d) errado predomina o entendimento doutrinrio e jurisprudencial no sentido de que as normas constitucionais, independentemente do assunto que tratem, encontram-se todas no mesmo nvel. Alis, essa uma caracterstica da Constituio de supremacia formal. e) errado todas as normas constitucionais, sejam elas de eficcia plena, contida ou limitada (entre essas as programticas) tem eficcia, algumas mais (as de eficcia plena e contida), outras menos (as de eficcia limitada).23. (ESAF AFC 2002) Sabendo que o Cdigo Tributrio Nacional (CTN) foi editado antes da

Constituio de 1988, sob a forma de lei ordinria, possvel afirmar que as normas do CTN que regulam limitaes constitucionais ao poder de tributar: a) continuam em vigor, desde que o seu contedo seja concordante com as normas da Constituio de 1988. b) so consideradas revogadas pela nova Constituio, uma vez que esta exige para o tratamento da matria o instrumento normativo da lei complementar. Resguardam-se, porm, direitos adquiridos. c) podem ser declaradas, pelo STF, em ao direta de inconstitucionalidade, supervenientemente inconstitucionais, por no se revestirem da forma de lei complementar. d) so tecnicamente consideradas repristinadas pela nova ordem constitucional, depois de assim afirmado pelo Supremo Tribunal Federal. e) uma vez que o poder constituinte originrio d incio ao ordenamento jurdico, as normas referidas no enunciado devem ser tidas como revogadas desde o advento da Constituio de 1988, nada obstando, porm, que o Congresso Nacional as revigore expressamente, por ato legislativo com efeitos retroativos.

Resposta:a) correto apesar de o CTN encontrar-se sob a forma de lei ordinria, e a CF/88 determinar que as limitaes ao poder de tributar tenham que ser reguladas por meio de lei complementar (CF, art. 146, inciso II), por ser uma norma anterior a atual CF, ser recepcionado no novo ordenamento jurdico como lei complementar naquilo que no contrariar a atual CF sob o aspecto material (contedo), no sendo importante o aspecto formal (procedimento). b) errado as normas ordinrias pr-constitucionais de direito tributrio s seriam revogadas se fossem materialmente incompatveis com as normas da Constituio superveniente. c) errado as normas pr-constitucionais no se submetem ao controle da constitucionalidade, portanto no podem ser objeto de Adin. d) errado a teoria da repristinao seria aplicvel em relao norma revogada, para revitaliz-las. E as normas do CTN materialmente compatveis com a Constituio no foram revogadas. e) errado as normas pr-constitucionais s sero revogadas se houver incompatibilidade material (contedo da norma incompatvel com o contedo da Constituio).24. (ESAF TCU - 2002) Assinale a opo correta.

a) As unidades federadas, no Brasil, gozam do direito de secesso.

29

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

b) Toda a vez que o Estado-membro edita lei que desrespeita a Constituio Federal est sujeito interveno federal. c) No exerccio do seu poder de autoconstituio, o Estado-membro pode fixar, em diploma constitucional, que o seu Governador, a exemplo do que ocorre com o Presidente da Repblica, no pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exerccio de suas funes, durante a vigncia do seu mandato. d) Nada impede que um Estado-membro no Brasil adote normas constitucionais caracteristicamente parlamentaristas, mesmo que tais normas no correspondam ao modelo presidencialista adotado no mbito da Unio. e) Embora a Constituio Federal enumere matrias que so da competncia legislativa privativa da Unio, os Estados-membros podem, em certos casos, legislar sobre questes especficas de tais matrias.

Resposta:a) errado a unio entre os estados, municpios e o distrito federal indissolvel (CF, art.1, caput), sendo inconstitucional qualquer movimento de independncia (movimento de secesso). b) errado o descumprimento de normas constitucionais no se encontra, necessariamente, entre as hipteses de interveno federal previstas nos incisos do art. 34, da CF. c) errado o STF j firmou o entendimento de que a norma prevista no art. 86, pargrafo 4, da CF, que estabelece uma imunidade formal ao presidente da Repblica, no pode se estendida aos demais chefes dos executivos, das demais esferas. Cabe lembrar que tambm de simetria proibida na Constituio Estadual a norma prevista no art. 86, pargrafo 3, da CF. d) errado de acordo com o art. 34, inciso VII, alnea a, o sistema representativo de governo tem que ser preservado, sob pena de interveno federal. e) correto conforme autoriza o artigo 22 e pargrafo nico.25. (ESAF - AFRF - 2002) Assinale a opo correta. constitucionalidade no Judicirio brasileiro. b) Conforme pacificado na doutrina e na jurisprudncia, se o tratado for posterior Constituio e se disser respeito a direitos e garantias individuais, revogar as normas da Constituio que com ele no forem compatveis. c) Sobrevindo ao tratado lei ordinria com ele incompatvel no seu contedo, o tratado no dever ser aplicado pelos tribunais brasileiros. d) Medida provisria no pode disciplinar assunto que tenha sido objeto de tratado j incorporado ordem jurdica interna. e) O tratado incorporado ao direito interno tem o mesmo nvel hierrquico das emendas Constituio.

a) As normas de um tratado j incorporado ao direito interno no podem ser objeto de controle de

30

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:a) errado o STF tem admitido o exame da constitucionalidade de tratados internacionais internalizados na ordem jurdica brasileira. b) errado em regra, um tratado internacional sobre direitos humanos internalizado na ordem jurdica infraconstitucional como norma supralegal, no podendo, portanto, interferir na ordem constitucional. Atualmente, com o advento da EC 45, promulgada em 8/12/2004 e publicada em 31/12/2004, os tratados internacionais que definam direitos humanos e passem por aprovao equivalente a de uma EC, podem alterar a Constituio, desde que respeitando as clusulas ptreas. c) correto em regra, aplica-se o critrio cronolgico, ou seja, lei posterior prevalece sobre tratado anteriormente internalizado, ressalvada a hiptese de o tratado (sobre direitos humanos) ter sido internalizado por processo semelhante ao de EC ou como norma infraconstitucional supralegal. No primeiro caso, o tratado prevaleceria sobre lei, provocando a inconstitucionalidade da lei superveniente. d) errado medida provisria pode tratar de assunto que no lhe seja proibido pela CF/88, conforme o art.62, pargrafo 1, incisos e o art. 246. e) errado excepcionalmente podero ter nos termos do pargrafo 3, do art. 5, da CF: Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais.26. (ESAF - AFC/CGU 2004) Analise as assertivas a seguir, relativas ao poder constituinte e

princpios constitucionais, e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. 1. Segundo a melhor doutrina, a caracterstica de subordinado do poder constituinte derivado referese exclusivamente sua sujeio s regras atinentes forma procedimental pela qual ele ir promover as alteraes no texto constitucional. 2. O plebiscito consiste em uma consulta feita ao titular do poder constituinte originrio, o qual, com sua manifestao, ir ratificar, ou no, proposta de emenda constituio ou projeto de lei j aprovado pelo Congresso Nacional. 3. Segundo precedente do STF, no caso brasileiro, no admitida a posio doutrinria que sustenta ser o poder constituinte originrio limitado por princpios de direito suprapositivo. 4. Segundo a melhor doutrina, a aprovao de emenda constitucional, alterando o processo legislativo da prpria emenda, ou reviso constitucional, tornando-o menos difcil, no seria possvel, porque haveria um limite material implcito ao poder constituinte derivado em relao a essa matria. 5. Segundo a melhor doutrina, o art. 3 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio Federal de 1988 (CF/88), que previa a reviso constitucional aps cinco anos, contados de sua promulgao, uma limitao temporal ao poder constituinte derivado. a) F, F, V, F, F b) F, F, V, V, F c) V, F, F, F, F d) F, V, V, V, V e) V, F, F, V, V

31

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

Resposta:1) falso o Congresso Nacional, quando do exerccio do poder constituinte derivado reformador, deve observar no s as limitaes procedimentais, mas tambm as materiais e circunstanciais. 2) falso o plebiscito (CF, art. 14, inciso I) uma consulta popular anterior a existncia da norma e, no caso apresentado, a EC j existe desde a sua aprovao pelo CN, j que no passa pela sano ou veto, j a LC e, em geral, de LO se submetem sano ou veto. Portanto, no caso da EC, seria o caso de ratificar aquilo que j existe atravs de uma consulta popular posterior, tratando-se de referendo (CF, art. 14, inciso II). 3) verdadeiro o STF reconhece ser o exerccio do poder constituinte originrio, ilimitado (juridicamente), incondicionado e inicial, no se submetendo a qualquer outra vontade. 4) verdadeiro as limitaes procedimentais previstas no art. 60, 2, da CF, e no art. 3, do ADCT, so tambm consideradas limitaes materiais implcitas (clusulas ptreas implcitas). 5) falso de acordo com a doutrina nacional majoritria, no existe na atual CF limitao temporal. O art. 3, do ADCT, seria uma limitao procedimental imposta ao CN quando do exerccio do poder de reviso.

A opo correta a letra B.(UnB/CESPE - AGU - 2002) Texto Aps longa e intensa luta revolucionria, liderada por Carlos Magno, proclamou-se a independncia de uma rea territorial, denominada at ento Favela da Borboleta, e de seus habitantes em relao a um Estado soberano da Amrica Latina. Carlos, imediatamente, convocou eleies, entre os habitantes da favela, visando escolha de quinze membros da comunidade para compor uma Assembleia Constituinte, cuja funo era elaborar o texto da Constituio da Repblica Federativa das Borboletas. Tal constituio foi, ento, elaborada e continha regras referentes organizao poltica e administrativa do novo Estado, bem como as regras garantidoras das liberdades fundamentais de seus habitantes. Entre as regras de organizao, previu-se a diviso do territrio em trs estados-membros com constituies prprias, a serem elaboradas segundo os princpios da constituio maior. Previu-se, tambm, a possibilidade de reviso da Constituio da Repblica das Borboletas, por procedimento especial distinto do da legislao ordinria, ficando vedada a reviso na hiptese de decretao de estado de stio ou de defesa, bem como em determinadas matrias referentes s liberdades fundamentais dos membros da comunidade. Considerando a situao hipottica descrita no texto e a doutrina constitucional, julgue os itens a seguir. 1. O poder que constituiu a Repblica Federativa das Borboletas pode ser considerado poder constituinte originrio. 2. O poder constituinte originrio tem como caractersticas fundamentais ser inicial, limitado e incondicionado. 3. A Constituio da Repblica Federativa das Borboletas pode ser considerada uma constituio escrita e flexvel, uma vez que admite a reviso de seu texto em situaes determinadas. 4. A assembleia que elaborou a Constituio da Repblica Federativa das Borboletas detinha a titularidade e o exerccio do poder constituinte, que lhe foram conferidos por Carlos Magno.

32

DIREITO CONSTITUCIONAL

No autorizada a reproduo sem identificar a autoria

CRISTINA LUNA

5. A Constituio da Repblica Federativa das Borboletas impe ao poder constituinte derivado limitaes circunstanciais e materiais, mas no temporais.

Resposta:1) correto o poder constituinte originrio, capaz de criar uma nova Constituio soberana pode surgir, entre outras hipteses, a partir de uma revoluo. 2) errado ilimitado, alm de inicial, incondicionado e soberano, de acordo com a doutrina majoritria e o STF. 3) errado rgida, e no flexvel, porque impe limitaes procedimentais ao poder de reforma, conforme descrito no texto: previu-se, tambm, a possibilidade de reviso da Constituio da Repblica das Borboletas, por procedimento especial distinto do da legislao ordinria. 4) errado o titular do poder constituinte originrio o povo e os exercentes podem ser representantes do povo, reunidos em uma Assembleia Nacional Constituinte, ou ditadores. 5) correto as limitaes circunstanciais seriam: ficando vedada a reviso na hiptese de decretao de estado de stio ou de defesa, e as limitaes materiais (clusulas ptreas) seriam: bem como em determinadas matrias referentes s liberdades fundamentais dos membros da comunidade. No existem limitaes temporais na situao descrita no enunciado da questo.27. Ainda considerando a situao hipottica descrita no texto e a doutrina constitucional, julgue os

itens abaixo. 1. O processo usado por Carlos Magno para positivar a Constituio da Repblica Federativa das Borboletas foi a outorga, tendo em vista a sua origem revolucionria. 2. Em sentido jurdico, revoluo o rompimento de uma ordem jurdico-constitucional, que retira a eficcia de uma constituio em vigor, abrindo caminho ao poder constituinte originrio para implantar uma nova constituio. 3. Com base na doutrina constitucional, com a publicao da Constituio da Repblica Federativa das Borboletas, extingue-se o poder constituinte originrio que lhe deu vida, passando a regncia do Estado s mos do poder constitudo. 4. A Constituio da Repblica Federativa das Borboletas previu, no seu texto, tanto manifestaes do poder constituinte derivado reformador quanto do poder constituinte derivado decorrente. 5. Do reconhecimento de um poder constituinte originrio decorre a ideia de supremacia constitucional e, do reconhecimento desta, o imperativo do controle de constitucionalidade.

Resposta:1) errado foi uma Constituio promulgada porque elaborada por representantes do povo, diferente de Constituio outorgada que imposta ao povo. 2) correto. 3) correto