apostila diaconato

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato SUMÁRIO Autoridade Espiritual I 02 Costumes 06 História da Igreja 14 O Serviço no Diaconato 43 Relações Interpessoais 46 Hombridade 63 Doutrinas Fundamentais 73 Família 82 Projeto Semear 119 Bibliografia Geral 124

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

SUMÁRIO

Autoridade Espiritual I 02

Costumes

06

História da Igreja

14

O Serviço no Diaconato

43

Relações Interpessoais 46

Hombridade 63

Doutrinas Fundamentais

73

Família 82

Projeto Semear

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Bibliografia Geral

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

DISCIPLINA: AUTORIDADE MINISTERIAL I

I. A IMPORTÂNCIA DA AUTORIDADE ESPIRITUALTEXTO BÁSICO: ROMANOS 13.1-2

Em Romanos 13.1-2 a palavra de Deus diz: “Obedeçam às autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus lugares por ele. Assim quem se revolta contra as autoridades está se revoltando contra o que Deus ordenou, e os que agem desse modo serão condenados”.

Na vida espiritual e na vida carnal, temos autoridades, as quais devemos seguir, pois a rebeldia a essas autoridades é pecado, conforme nos ensina a Bíblia.

A palavra “autoridade”, do grego, “ecsusia”, literalmente significa: autoridade, direito de mandar. Ela é traduzida na versão atualizada, de João Ferreira de Almeida, como: autoridade, poder, jurisdição, autorização, direito, domínio, potestade, império, soberania, força. Aparece cerca de 99 vezes na Bíblia, sendo apenas 6 vezes no Antigo Testamento.

A autoridade de Deus é o princípio da ordem. Cada coisa no seu lugar.(Salmos 103:19) - O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.

Deus é a autoridade superior é a fonte da autoridade. Ele reina não para ser autoridade, mais porque ele é autoridade.

Ninguém tem autoridade, Deus é quem a concede e delega. Por isso quando alguém obedece a autoridade do homem, está obedecendo a autoridade de Deus, pois, Deus é quem concedeu.(Romanos 13:1) - TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.

A Bíblia define o pecado como transgressão ( 1João 3.4 ). Em Romanos 2.12 , a palavra “sem” lei é o mesmo que “contra” a lei. A transgressão é desobediência à autoridade de Deus; e isto é pecado. Pecar é uma questão de conduta, mas transgressão é uma questão de atitude do coração. O presente século caracteriza-se pela transgressão, e logo o fruto desse pecado aparecerá.

A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada até que, finalmente, todas as autoridades sejam destruídas e a transgressão governe. Saibamos que no universo existem dois princípios: o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e simultaneamente andar pelo caminho da rebeldia. Satanás ri quando uma pessoa rebelde prega a palavra, pois nessa pessoa habita o princípio satânico. O princípio do serviço tem de ser a autoridade, se obedecemos ou não a autoridade de Deus”.

Na palavra de Deus há linhas específicas de autoridade que devemos obedecer para não estarmos em rebeldia contra o próprio Deus:

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

1. Em relação a Deus (Daniel 9.5-9) 2. Ao governo civil (Romanos 13.1-7, 1Timoteo 2.1-4; 1Pedro 2.13-17) 3. Aos pais (Efésios 6.1-3) 4. Esposa em relação ao marido (1Pedro 3.1-4) 5. Ao patrão (1Pedro 2.18-23) 6. Aos líderes da igreja (Hebreus 13.17) 7. Uns aos Outros (Efésios 5.21)

II. TIPOS DE AUTORIDADE

A) Temporal ou físicaAssim chamada porque ela está sujeita a mudanças de acordo com o tempo e com o

surgimento de necessidades humanas ou materiais . Ex: mudanças de governos, costumes e avanços tecnológicos. Vejamos o que diz a Palavra de Deus sobre estas autoridades:

B) Autoridade na família O esposo deve seguir os padrões de Cristo, com relação à Igreja (Ef 5:25 - 29).

• A esposa, submissa ao esposo (Ef 5:22).• Os filhos, submissos aos pais (Ef 6:1,2).

C) Na vida profissional Os empregados devem respeitar seus patrões, diretores, chefes, etc..., e trabalharem com

maior desenvoltura durante suas ausências (Ef 6:5 - 8).

D) Na vida do país Embora espiritualmente já não pertençamos mais a este mundo, ainda vivemos nele, e sendo

assim temos deveres a cumprir através de uma consciência pura (Rm 13:4 - 7) e (Mt 22:17 - 21).

III. O PRINCÍPIO DA REBELIÃO/É O INVERSO DA SUBMISSÃO

O princípio da Rebelião se deu com o Diabo. (Isaías 14:12)

Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! 13) - E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. 14) - Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. 15) - E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.

Deus expulsou o Lúcifer do céu por causa de sua insubordinação, no céu não há lugar para a insubordinação. Após esta sentença ele começou a ser chamado de Satanás ou diabo, que revela seu caráter, pois significa: inimigo, opositor, adversário, caluniador, usurpador. E com ele muitos anjos se aliaram dando origem aos demônios. O diabo tenta implantar então a insubordinação aos homens e começa por Adão e Eva. (Gênesis 3:5) - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. O homem insubordinado tenta se assemelhar a Deus, acreditando que domina a própria vida, depois acredita que domina outras vidas. Características do Insubordinado. Ganância. (nunca está satisfeito com o que têm quer sempre mais)

1. Arrogância (acha que já sabe de tudo) Ex. Filho/Pais2. Presunção. (acha que sabe fazer melhor)

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3. Avareza (quer tudo para si)4. Ira (quando os seus intentos não dão certos ele se revolta)5. Inveja. (deseja a posição que o outro ocupa)

Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica GospelO EXEMPLO DO APÓSTOLO PAULO

Antes de reconhecer a Autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja (Atos 8.3); mas depois de se encontrar com Jesus na estrada de Damasco entendeu que era difícil recalcitrar (revoltar-se; rebelar-se, dar coices), contra os aguilhões (autoridade divina) (Atos 9.5) Imediatamente Paulo caiu no chão e reconheceu Jesus como Senhor.

Em seguida, deu-se início ao tratamento de Paulo. O que precisava aprender aquele que tinha livre trânsito nas salas dos governadores e dos sumos-sacerdotes? O que precisava aprender aquele que fora instruído aos pés de Gamaliel, o homem mais sábio de sua época e que podia se comunicar livremente com qualquer estrangeiro do seu tempo? O que precisava aprender aquele que não parava de ameaçar e perseguir a igreja, por considerá-la a escória da humanidade?

O EXEMPLO DE JESUS

A ATITUDE DE JESUS DIANTE DOS TRIBUNAIS Mateus 26 e 27 registram o duplo julgamento que Jesus enfrentou após o seu

aprisionamento. Diante do sumo sacerdote ele recebeu julgamento religioso e diante de Pôncio Pilatos recebeu julgamento político. Quando foi julgado por Pilatos (Mateus 27), o Senhor não respondeu nada, pois se encontrava sob jurisdição terrena. Mas quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus Vivo, então ele precisou responder às perguntas que estavam sendo feitas. Isto é obediência à autoridade.

Aqui está a segunda consideração que precisávamos fazer acerca deste princípio: Todo aquele que conhece a autoridade lida com a autoridade e não com o homem.

O ARCANJO MIGUEL.

• O Arcanjo Miguel quando contendia com o diabo a respeito do corpo de Moisés não pronunciou infâmia contra ele, não obstante já estar caído (Jd 9).

• Somente os ímpios vivem no erro difamando autoridades e rejeitando os governos constituídos, Jd 9 e II Pe 2 :10 – 22.

• Ao repreendermos um demônio devemos estar inteirados que a autoridade exercida pertence ao Nome de Jesus Cristo.

Exemplos e conseqüências de quem quebrou a autoridade.

• Lucifer• Adão• Caim• Cam• Miriã e Arão• Davi• Filhos de El

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• Sansão

Saul

A) A leitura do texto de (I Sm 15:1 –26) nos dá a exata compreensão do valor da obediência à autoridade espiritual, vejamos :

I. O Senhor ditou ordens bastante claras (vs 1 - 3).II. Saul fez tudo ao seu próprio modo (vs 7,8).

III. Junto com a desobediência anda a cobiça e o orgulho (vs 1,2).IV. Para encobrir a sua desobediência, Saul usou a mentira (vs 13 - 15).

a) Nos dias de hoje muitos estão preferindo sacrificar a obedecer (vs 19- 22), tal como procedeu Saul .

Obs: A desobediência é tão grave quanto a ser feiticeiro ou praticar a idolatria (vs 23).

b) O Senhor Deus deixou claro que sua autoridade era exercida no povo de Israel através de Moisés e quem desrespeitasse a Moisés estaria desrespeitando ao próprio Senhor Deus ( Nm 16 : 1 - 3 ).

IV. O MAU USO DA AUTORIDADE

a. Saul foi ungido como rei do povo de Israel (I Sm 10:1).b. Não obstante as perseguições, Davi o respeitou como autoridade (I Sm 24:6).c. Davi reconhecia a unção de Deus sobre Saul (I Sm 24:10).d. O rei Saul, fazendo mau uso da sua autoridade , perseguia a Davi e aos seus homens, sem se

importar com as conseqüências de sua atitude (I Sm 18:18 e ISm 19:10).e. A autoridade delegada ao rei Saul foi tornada sem efeito no momento em que ele fazendo mau

uso, no tocante às devidas limitações com relação à autoridade do profeta ao tentar tomar o lugar deste (I Sm 15:26).

V. AUTORIDADE ESPIRITUAL

a) É fundamental para a paz e o crescimento da Igreja de Cristo. Quem não se aperceber disso, seja um pastor, um líder ou simplesmente um membro da Igreja, certamente terá problemas em sua vida espiritual e no seu ministério, pois Deus, como vimos, não tolera a quebra da autoridade constituída. Ele constituiu, ele estará corrigindo ou retirando, se for o caso, no Seu devido tempo, ou será que alguém queira fazer o trabalho de Deus?

b) O princípio fundamental da autoridade, é ser fiel a quem o constituiu naquela autoridade, pois se você não sabe, ser submisso e estar debaixo de autoridade, como que o Senhor poderá lhe dar mais autoridade? Como que os demais servos vão lhe obedecer? A Igreja se move debaixo da autoridade espiritual, e sem ela, a Igreja não pode caminhar. Este princípio é fundamental para quem quer fazer a obra de Deus e ser bem realizado.

CONCLUSÃO

Que Deus nos abençoe, para que possamos cumprir a Sua vontade em relação ä AUTORIDADE, e não a nossa vontade.

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

Pastor Ariel Eugênio – Regional São Marcos/BH ([email protected]).

DISCIPLINA: COSTUMES

1. DEFINIÇÃO

Costume é o nome dado a qualquer forma social resultante de uma prática, observada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convenção de obrigatoriedade, e de acordo com cada sociedade e cultura especifica.

Exemplos bíblicos

a) No Velho Testamento: Jr 10.3 (Nação – Prática) b) No Novo Testamento: Lc 1.9 (Grupo); Lc 4.16 (Pessoal); 1Co 11.12 a 16

(Costume da Igreja local); 1 Coríntios 15.33 (Bons) c) Costumes superados: Bigode e Chapéu

Necessitamos manter os bons costumes da Assembleia de Deus. Dentro da contextualização atual.

Nossa matéria envolve

• Ética • Antropologia • Teologia • Doutrinas • Entre outras

2. MINISTÉRIO DO DIACONATO

O ministério diaconal emergiu na história da igreja, entre os cristãos da igreja primitiva por causa do crescimento espantoso da igreja. O texto bíblico em Atos retrata este fato: "Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos ... ". (At 6.1a)

Automaticamente, com o crescimento da igreja, surgiram muitos trabalhos que sobrecarregavam os apóstolos a ponto deles não poderem atender a comunidade cristã a contento e, em detrimento disso, as pessoas começavam a murmurar deles achando que estavam dando preferência p'ara uns na igreja e ignorando outros. O texto bíblico diz: "Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve murmuração dos gregos, contra os hebreus, porque suas viúvas eram desprezadas na distribuição diária de alimentação." (At 6. 1)

Os apóstolos sacrificavam o ministério deles, que era o ministério da palavra e praticidade na oração para atender o povo. Mesmo assim eram alvo de murmuração. Para cortar este mal pela raiz os apóstolos instituíram o ministério dos diáconos podendo assim dedicarem-se ao ministério da palavra e a oração.

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"Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus, e sirvamos às mesas. Escolheis, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra." (At 6.2-4)

A primeira coisa que um diácono ou aspirante a diácono precisa saber, antes de qualquer outra coisa, é que o diaconato é um ministério. O diaconato não é apenas um cargo, é um ministério. A Bíblia fala de ministérios como dos Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, que são ministérios que estão intrinsecamente ligados ao ministério da pregação e do ensino da palavra de Deus para edificação do corpo de Cristo. Já o ministério dos diáconos está aliado à idéia de servir. Se observarmos o texto de Atos 6, que fala da instituição desse ministério, vamos encontrar no texto algumas palavras chaves que retratam a eleição dos diáconos, sendo estes escolhidos para servir. Quais as palavras que retratam isso no texto de Atos 6? O texto mostra que os diáconos foram instituídos para servir: as viúvas, servir na distribuição de alimentos diariamente aos carentes, servir as mesas. O texto ainda destaca este serviço como um importante negócio.

A palavra "ministério" é oriunda da palavra grega "diakonai" e significa "variedade de serviços” prestados em favor da expansão do Reino de Deus. Logo, fica subentendido que ministério não dá apenas a idéia de "cargo". Ministério está aliado a idéia de "prestação de serviços". Portanto, toda pessoa que faz parte do grupo que foi separado para servir como diácono na igreja, mas não cumpre com as funções estabelecidas para esta posição, tem o cargo, mas não tem o ministério.

Se alguém pretende fazer a diferença no ministério como diácono, o mesmo precisa servir, ou seja, é necessário seguir o exemplo de Jesus, que foi o melhor diácono de todos os tempos. Disse Ele: "... Todo aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, seja vosso servo, e quem dentre vós quiser ser o primeiro, seja vosso escravo - tal como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos." (Mt 20.26-28)

3. O QUE OS DIÁCONOS PRECISAM SABER SOBRE A BÍBLIA?

Os diáconos precisam conhecer a estrutura da Bíblia Quando falo de conhecer a estrutura da bíblia estou falando da importância de se conhecer

fatos acerca da bíblia como: qual a origem da bíblia? Quais são suas principais divisões? Qual o significado da palavra bíblia? Quantos testamentos ela possui? Quando e como a bíblia assumiu sua forma atual? Quantos livros têm a bíblia? São perguntas desse gênero que precisamos ser capazes de responder antes de penetrar no estudo de seu conteúdo.

4. O ZELO NO MINISTÉRIO DO DIACONATO

a) O que chamou a atenção da rainha de Sabá no reinado de Salomão?

Ela ouviu a fama de Salomão"Quando a rainha de Sabá ouviu a fama de Salomão .... " (IRs10.1). Todo obreiro deve saber que a igreja, na qual ele pertence, está diante de duas alternativas:

carregar a boa fama, por sua estrutura organizacional, ou a má fama por sua desorganização estrutural. Lembrando que todos os membros daquela instituição são co-participantes ou da boa fama ou da má fama.

b) Exemplo bíblico de má fama

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"Ora, Eli que já era muito velho, ouvia tudo que seus filhos faziam a todo o Israel .... Então ele lhes disse: Por que fazeis tais coisas? Ouço de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus, não é boa fama a que ouço entre o povo do Senhor." (I Sm 2.22-24)

Os diáconos pelo fato de serem as primeiras pessoas na quais os visitantes têm contato quando vêm à igreja, carregam sobre os seus ombros uma grande responsabilidade. Há um ditado que diz: a primeira impressão é a que fica. Se ao chegar ao estacionamento da igreja, sendo supostamente o primeiro local de contato, o membro ou visitante for mal recebido, recepcionado com mau humor por parte de quem o recebe, com arrogância ou com indiferença, este terá, conseqüentemente, uma má impressão da igreja. Então os diáconos precisam ter cuidado para não serem instrumentos propagadores de má fama da igreja.

A rainha pelo fato de não acreditar no que ouvia foi ter com Salomão para conferir. Ela ficou fora de si, pois testemunhou que o que viu era até mesmo além do que lhe falaram: "Vendo a rainha de Sabá toda sabedoria de Salomão, a casa que edificara, a comida da sua mesa, o assentar dos seus oficiais, o serviço de seus criados e os trajes deles, seus copeiros e os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor, ficou fora de si, e disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, acerca dos teus feitos e da tua sabedoria. Porém eu não acreditava naquelas palavras, até que vim, e vi com os meus olhos. Deveras, não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi." (I Rs 10.4-7)

A estrutura organizacional do reino de Salomão era tão “perfeita” que sua fama percorreu em todos os reinos da época e chegou até a rainha de Sabá que, ao tomar conhecimento, resolveu ir conferir e quando chegou, ela ficou tão impactada, que chegou a dizer: “... é muito mais além do que me disseram.” Foi a organização dos servos de Salomão que chamou a atenção da rainha. Se nós prestarmos um serviço organizado na igreja nossa fama vai correr nas outras igrejas e vamos receber muito visitantes que virão conferir nossa modalidade de trabalho.

c) O que deixou a rainha de Sabá impressionada?

A casa que Salomão edificara A edificação da casa de Salomão deixou a rainha de Sabá muito impressionada. Para nós

obreiros, que estamos sendo treinados para fazer a obra de Deus, isso nos traz duas lições:

• Lição material

O bom gosto de Salomão ao planejar a arquitetura da casa deixou a rainha de Sabá impressionada. Com isso aprendemos que as coisas que fazemos, mesmo na vida material, com bom gosto, redunda em louvor a Deus. Paulo escreveu aos filipenses: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é,justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (FI 4.8)

• Lição espiritual

A edificação da casa que Salomão construiu, chamou a atenção da rainha de Sabá não apenas em termos de bom gosto, mas também em termos de qualidade do material utilizado na construção. Com isso aprendemos que na obra de Deus além do bom gosto, quando formos realizar alguma coisa para Deus, devemos primar por material de qualidade pois a bíblia nos faz a seguinte advertência: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Pois ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

fundamento levantar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará, porque o dia a demonstrará. Pelo fogo será revelada, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou sobre ele permanecer, esse receberá galardão." (I Co 3.10-14)

d) A comida da sua mesa A comida que era posta na mesa na casa de Salomão também chamou a atenção da rainha

de Sabá. Não obstante o texto não descrever a presença de um nutricionista para estabelecer o cardápio diário, o próprio Deus deu sabedoria a Salomão até na sua forma de se alimentar. Isso retrata que devemos cuidar com o que nos alimentamos porque o nosso corpo é templo do Espírito Santo. Esse cuidado deve ser extensivo também a nossa alimentação espiritual, devemos cuidar com que tipo de alimento espiritual estamos nutrindo a nossa alma. Em se tratando do trabalho dos diáconos é bom lembrar que não só a comida posta na mesa era boa, mas também a arrumação da mesa chamou a atenção da rainha. Servir as n1esas é um trabalho dos diáconos. Assim diz o texto: "Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus, e sirvamos às mesas." (At 6.2). É trabalho dos diáconos arrumar as mesas para o café aos domingos a tarde, servir os irmãos da melhor maneira possível, arrumar a mesa da ceia do Senhor, guardar os utensílios como: toalhas, cálices, mandar lavar e passar toalhas da ceia e os panos utilizados dentro da igreja. Todos estes são alguns dos serviços dos diáconos.

e) O assentar de seus oficiais

Os oficiais de Salomão tinham postura tão digna de um oficial do rei, que deixou, também, a rainha de Sabá perplexa. A forma deles assentarem diante do rei foi um bom exemplo de postura. Isto revela que os obreiros devem ter boas maneiras e primar por uma postura que dignifique ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Os oficiais aqui podem ser uma figura dos diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores da Igreja. Os diáconos bem podem estar sentados dentro do templo, mas precisam estar atentos a tudo que está acontecendo, sendo diligentes para agir quando preciso dispensando, até mesmo, a necessidade de o pastor ter que pedi-Ios para atender a alguma demanda dentro da igreja.

f) O serviço de seus criados

Os criados eram os servos que cuidavam dos serviços gerais do palácio real. Eles faziam seus serviços com tanta disciplina e discrição, que mesmo sendo criados que prestavam serviços de manutenção do palácio real, foram motivos de apreciação por parte da rainha de Sabá. Os servos de Salomão, apesar de serem criados, não deixaram de chamar a atenção da rainha de Sabá, através da prestação do serviço de manutenção da ordem funcional do palácio. Isso é uma grande lição para aqueles irmãos na igreja que cuidam da manutenção da casa de Deus, ou seja, os auxiliares de trabalho, os diáconos. Os criados eram responsáveis pelos preparativos das atividades do palácio real. A eles competiam arrumar e manter arrumado o local de atividades dentro do palácio como o salão de festas, salão de reuniões, cuidar da limpeza, iluminação, ventilação etc. A rainha ficou comovida ao ver que nada era feito de última hora, tudo era muito bem organizado. Isso deixa claro para os diáconos, e auxiliares de trabalho, que a pontualidade no serviço da casa de Deus fala alto e contribui para a boa fama da igreja.

g) A rainha também reparou os trajes deles

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A maneira de se vestir dos oficiais e dos criados de Salomão também abismou a rainha de Sabá. Ora, se para estar diante do rei Salomão os seus criados e oficiais se vestiam tão bem a ponto de chamar a atenção da rainha, imagine como os obreiros, que servem na casa do Senhor, devem trajar-se. No Evangelho segundo Lucas está escrito que entre nós está alguém maior que Salomão. "A rainha do Sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é maior do que Salomão." (Lc 11.31).

Como já falamos anteriormente a primeira impressão é a que fica. Os diáconos e auxiliares de trabalho não devem vir à igreja prestarem serviços mal trajados. Estes devem, portanto, apresentar-se sempre da melhor forma possível, de preferência procurar ir de terno para os cultos. Pelo fato de terem que tirar oferta e desenvolver determinadas tarefas na igreja que requerem movimentação, os diáconos são os que mais são vistos na igreja. Um diácono mal arrumado depõe contra a estrutura organizacional e estética da igreja. Queridos obreiros está na hora de renovarmos nossos guarda-roupas para estar na presença do nosso grande Rei Jesus.

h) Seus copeiros

Os copeiros tinham uma grande responsabilidade: eram eles que experimentavam o que o rei bebia e comia antes do rei, comer e beber. O Antigo Testamento destaca Neemias como copeiro do rei: " ... eu era copeiro do rei. No mês de Nisã, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, quando lhe trouxeram o vinho, eu o tomei e o dei ao rei ... "(Ne 1.11,12)

Os copeiros retratam obreiros que cuidam de seus pastores, tanto os servindo, quanto protegendo-os, de qualquer projeto maquiavélico de Satanás contra eles. Os diáconos são os guardiões tanto da casa do Senhor, como dos homens de Deus que são colocados para cuidar do Reino. Os diáconos devem estar sempre com a atenção voltada para seu pastor, para servi-Io, para protegê-Io de emboscadas, laços, armadilhas, falsos irmãos que entram na igreja com capa de ovelha, defender a obra de Deus de venenos destilados pelos inimigos da obra de Deus. Estevão, por amor a obra de Deus, morreu apedrejado.

i) Os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor

Os holocaustos retratam como Salomão oferecia culto ao Senhor. Isto também impressionou a rainha de Sabá. Salomão não economizava quando oferecia culto a Deus. A Bíblia revela um culto oferecido por Salomão ao Senhor, que deve ter sido a razão pela qual a rainha de Sabá ficou fora de si. O texto diz:

"E o rei Salomão ofereceu em sacrifício vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim, o rei e todo povo dedicaram a casa de Deus." (II Cr 7.5). Imagina o trabalho que os criados de Salomão tiveram para ajudar Salomão preparar um holocausto tendo que imolar vinte dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas? Obviamente a rainha de Sabá ficou boquiaberta com a maneira que Salomão oferecia culto a Deus, sem reservas. No entanto o que mais chamou a atenção dela foi a disposição dos criados no preparo do holocausto. Hoje nós não fazemos sacrifícios desse gênero porque estamos na dispensação da graça. Com o advento do Cristo e sua morte, rituais como estes utilizados no Antigo Testamento já não mais são necessários, tendo em vista de que Jesus foi o sacrifício perfeito e definitivo quando se entregou em holocausto por todos nós.

REFLEXÃO

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

Um dos propósitos deste curso é a preparação daqueles que foram separados para este importante negócio na obra de Deus, capacitando os mesmos a impactar a igreja, por meio da prestação de um serviço com tanta qualidade, que a os servos de Salomão deixaram a rainha de Sabá pasmada e também serão capazes de deixar muita gente admirada pelo que serão capazes de fazer para glória do nome do Senhor.

5. O PERFIL DE UM BOM DIÁCONO A LUZ DA BÍBLIA

a) Um bom diácono precisa ser uma pessoa vocacionada para servir.

O que valida o ofício de diácono é a vocação para servir e como diz o salmista: "servir com alegria”. De modo que ninguém pode executar o ministério de diácono, correta e ordenadamente sem ter sido vocacionada antes por Deus para servir em Sua obra. O bom diácono é aquele que está disposto a aprender, aquele que está disposto a ser bem treinado para o exercício do oficio que recebeu da parte do Senhor. Disse Jesus: "Se alguém vem a mim e ama a seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo." (Lc 14.26,27).

b) Um bom diácono precisa ter boa reputação para servir

"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3 )

A idéia de boa reputação está relacionada com a idéia de bom testemunho das pessoas de dentro da igreja e das de fora. O apóstolo Paulo disse: "Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo." (I Tm 3.7). O diácono não pode ser aquela pessoa rabugenta, mau humorada, indelicada, que trata mal as pessoas. Se ele proceder assim obviamente não terá o bom testemunho dos irmãos da igreja. O diácono precisa ser uma pessoa afável, amável, cortez, cavalheiro, primar pela boa educação no tratamento para com os irmãos, sendo assim uma pessoa estimada, amada e respeitada por todos.

c) Um bom diácono precisa ser cheio do Espírito Santo para servir

"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio."( At 6.3 ).

Apesar do trabalho do diácono ser um trabalho que muitas vezes, ganha conotação de serviço material na igreja. O bom diácono é aquele que desenvolve seu ministério dentro ou fora da igreja na direção do Espírito Santo. Para isso ele procura viver uma vida de oração, jejum e meditação na palavra de Deus, para se manter cheio do Espírito Santo assim como Estevão. O texto bíblico diz: "Ora, Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo"; "Mas ele cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus." (At 6.8; 7.55)

d) Um bom diácono precisa ser cheio de sabedoria para servir

"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3). O serviço de diácono exige muita sabedoria, para ser desenvolvido. O diácono é aquela pessoa que lida com todo tipo de

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

gente na igreja. Ele lida e tem que servir desde o visitante não crente até o pastor da igreja. Logo, o diácono tem que se prostrar diante de Deus pedindo sempre sabedoria para desenvolver o ministério que Deus o delegou. O apóstolo Tiago disse: Ora, se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser lhe-á dada." (Tg 1.5 )

e) Um bom diácono precisa ser um homem que exerça seu ministério com consciência limpa

"Da mesma forma os diáconos sejam respeitáveis, sinceros, não dados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o ministério da fé com a consciência pura." (I Tm. 3.8.9)

Os diáconos são homens de confiança, por isso precisam ser pessoas respeitadas, pessoas sinceras, pessoas de consciência pura. Não devem ser pessoas de dupla personalidade, que pensam Lima coisa e dizem outra, pessoas que mudam de postura de acordo com suas próprias conveniências. Também não devem confundir a idéia de serem pessoas de palavra com a idéia de serem pessoas teimosas e inflexíveis.

6. O QUE A IGREJA ESPERA DOS DIÁCONOS?

a) Pontualidade no cumprimento de seus deveres

Os diáconos que desejam primar pela boa reputação, não devem chegar à igreja atrasados em nenhuma de suas programações. A pontualidade no cumprimento dos deveres na obra de Deus é o cartão de visita do diácono. É uma questão de honra para o diácono chegar cedo na igreja e deixar todo ambiente preparado para o início da programação. Seja culto, Escola Dominical, mesa do café, instrumentos, microfones, arrumação do salão, salas de aula, banheiros, etc.

b) Serem dizimistas e ofertantes servindo de exemplo para os fiéis

Como um diácono vai recolher dízimos e ofertas dos irmãos se ele mesmo não é dizimista e não coopera com ofertas alçadas? É um contra-senso levar as pessoas a fazerem aquilo que não praticamos.

A igreja espera que os diáconos sejam homens irrepreensíveis no aspecto moral e espiritual.

Se é responsabilidade dos diáconos zelar pela boa ordem da obra de Deus, eles não pode ser maus exemplos para o povo de Deus em absolutamente nada. Se as pessoas não devem ficar do lado de fora batendo papo, muito menos um diácono. Se as pessoas não devem conversar dentro da igreja, ou chupar bala, mascar chicletes, atender telefone etc., o que dizer de um diácono.

7. QUAL A RECOMPENSA QUE OS DIÁCONOS TERÃO PELO TRABALHO PRESTADO?

1. Os diáconos serão honrados por Deus pelo trabalho prestado ao seu reino

"Aquele que me serve deve seguir-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará." (Jo 12.26)

2. Os diáconos que servirem bem, serão estimado pela igreja e alcançarão posição de honra na obra de Deus

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"Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." (I Tm 3.13)

3. Cada serviço prestado pelos diáconos será lembrado de forma graciosa por Deus

"Deus não é injusto; ele não se esquecerá da vossa obra, e amor que para com o seu nome mostrastes, pois servistes e ainda servis aos santos." (Hb 6.10)

4. O serviço prestado pelos diáconos será recompensado por Deus

"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão." (I Co 15.5)

8. CONCLUSÃO

Que Deus em Cristo Jesus possa aplicar esta lição no coração de cada diácono ou aspirante ao diaconato. Que ambos tenham consciência de que o diaconato é um importante negócio esta-belecido por Deus para servir a igreja tanto como corpo místico de Cristo, como uma grande instituição organizacional.

Bibliografia

RIBEIRO, Samuel César Pastor. Fazendo a diferença no Ministério como Diácono. 2006

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DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA

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I – INTRODUÇÃO.

Definição de Igreja.

A palavra igreja vem do grego eklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, eklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra eklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega eklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.

Contribuições para o Surgimento e Expansão da Igreja.

A "Plenitude dos tempos"

Lendo Marcos 1:15 e Gálatas 4:4. Estes textos revelam que Jesus Cristo não nasceu numa época qualquer, mas ao chegar a "plenitude dos tempos". Como as profecias messiânicas não apontam para uma data da vinda do Messias, não se podem interpretar esses textos como fazendo alusão ao cumprimento de uma profecia específica. De acordo com os estudiosos, a interpretação adequada de "plenitude dos tempos" é: "tempo certo”, “momento ideal", "ocasião propícia" designada por Deus, mas não revelada nas profecias escritas.

Assim, temos a seguinte definição técnica para a expressão "plenitude dos tempos": época ou contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi tremendamente favorável ao objetivo da vinda de Cristo ao mundo, que é a anunciação e propagação universal do Evangelho do Reino de Deus. A natureza dessa realidade é a uniformização cultural e política propiciada pelo sistema administrativo do império romano, somadas as outras contribuições religiosas (dos judeus) e culturais (dos gregos) que já faziam parte desse ambiente mundial.

II. A IGREJA DAS ANTIGUIDADES.

A Influência do Judaísmo na Igreja.

Para entender a história do cristianismo, é necessário conhecer um pouco do contexto em que a nova fé foi abrindo caminho e estruturando sua vida e suas doutrinas.

O pano de fundo mais imediato da igreja nascente foi o Judaísmo – primeiramente o judaísmo da Palestina e posteriormente o que existia fora da Terra Santa.

O judaísmo da Palestina já não era aquele que conhecemos pelos livros do Antigo Testamento. Mais de trezentos anos antes de Cristo. Alexandre Magno, o grande, tinha criado um vasto império que se estendia da Grécia ao Egito e até as fronteiras da Índia, o qual, portanto, abrangia toda palestina. Uma das conseqüências dessas conquistas foi o “helenismo”, nome que se dá a tendência de combinar a cultura grega, que Alexandre tinha trazido, com as culturas antigas de cada uma das terras conquistadas. Esse judaísmo da Palestina não era todo igual; pelo contrário, havia nele partidos e posturas religiosas diferentes. Entre eles se destacavam os Zelotes, os fariseus, os saduceus e os essênios. Esses grupos divergiam quanto a maneira de servir a Deus e também quanto a postura diante do Império Romano. Mas todos concordavam que há um só Deus, que esse exige certa conduta da parte do seu povo e que

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algum dia ele cumprirá suas promessas a esse povo.

Fora da Palestina, o judaísmo contava com fortes contingentes no Egito, na Ásia Menor, em Roma e até nos territórios da antiga Babilônia. Trata-se da “Dispersão” ou “Diáspora”, conforme se chama. O judaísmo da Diáspora mostrava sinais do impacto das culturas vizinhas. No Império Romano, esse impacto manifestava-se no uso da língua grega – a língua mais generalizada no mundo helenista – além do hebraico ou do aramaico – a língua mais usada na parte da Diáspora que se estendia até a Babilônia. Foi por isso que na Diáspora, no Egito, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Essa tradução se chama “Septuaginta”, e foi a Bíblia que os cristãos de fala grega usaram durante muito tempo. Também no Egito viveu o judeu helenista Filo de Alexandria que tentou combinar a filosofia grega com judaísmo, sendo, portanto, precursor de muitos teólogos cristãos que tentaram fazer a mesma coisa com o cristianismo.

O Avanço do Cristianismo.

As Perseguições e a Paz.

IMPERADOR ANO FATOS/ACONTECIMENTOS MARTIRES

TIBÉRIO 14 – 37 Perseguição Judaica sem intervenção do Império

Estevão 35

GAIO 37 – 41 Perseguição Judaica sem intervenção do Império

Tiago (disc.) 42

CLAUDIO 41 – 54 Período da expulsão dos Judeus de Roma. Tiago 62

NERO 54 – 68 64 – 68 Perseguição oficial no Império começou em Roma depois do grande incêndio 64 A.C.

VESPASIANO 69 – 79 Não houve perseguição diretamente contra os cristãos, pois o imperador estava ocupado em guerrear contra Jerusalém.

TITO 79 – 81 Filho de Vespasiano terminou o conflito de Jerusalém destruindo a cidade.

Flavio Clemente

DOMICIANO 81 - 96 95-96 João exilado na Ilha de Patmos e exílio de Domitila,; desenvolvimento do culto do imperador

NERVA 96 – 98 João e Domitila Libertados

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TRAJANO 98 – 117 Não procura os cristãos, nem aceitos acusações anônimas.

Inácio (de Antioquia).

ADRIANO 117 – 138 Seguia a política de Trajano e não aceitava acusações anônimas contra os cristãos.

ANTONINO, O PIO 138 – 161 Policarpo (de Esmirna) 155/156MARCO AURELIO 161 – 180 177 perseguições ferozes na Gália (Lião e

Viena )Justino, 165 / Fotino, 177/ Blandina 177

CÔMODO 180 – 193 Vários cristãos condenados as minas na Sardenha foram soltos.

SÉTIMO SEVERO 193 – 211 202 -206 decretou que era ilegal tornar-se judeu ou cristão; perseguição feroz ao Egito

Leônidas (Alexandria) Perpetua e Felicidade (Cartago)

VÁRIOS IMPERADORES

206 – 250 Paz: A igreja aumentou.

DÉCIO 249 – 251 250 – 251 Décio queria uma religião no império; requereu que todas tivessem certificado de sacrifício (libelli); 1ª perseguição universal; problemas dos caídos e sua reentrada na Igreja.

Fabiano (de Roma) Orígenes (morreupoucos anos depois da torturas sofridas

VALERIANO 253 – 259 Em 253 diminuiu a persegução deciana; mas em 257 proibiu reuniões cristãs nos cemitérios e, em 258, ordenou a execução dos líderes da Igreja.

Sixto II (de Roma)Cipriano (de Cartago).

VÁRIOS IMPERADORES

260 -300 Paz: a igreja aumentou; o imperador Galieno (260-269) revogou os decretos contra os cristãos, restaurou seus cemitérios e proibiu os maus trados.

DIOCLECIANO 284 -305 303 -305 - Perseguição final (incitada e continuada por Galério); edito ordenou a destruição dos prédios das igrejas e as cópias das Escrituras. Os cristãos que entregavam as Escrituras eram chamados de “traidores”

GALÉRIO 305 – 311 306 – 311 perseguição até a promulgação do Edito de Tolerância

CONSTANTINO 313 Edito de Milão: Terminou a perseguição oficial do cristianismo no império.

A primeira tarefa do cristianismo foi definir sua própria natureza em contraste com o judaísmo do qual surgiu. Como se vê no Novo Testamento, boa parte do contexto em que essa definição foi feita consistia na missão aos gentios.

O cristianismo não demorou em ter seus primeiros conflitos com o Estado, esses conflitos com 17

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o Estado produziram mártires e apologistas. Aqueles selaram o seu testemunho com o próprio sangue. Em atos dos Apóstolos, quando os cristãos são perseguidos, os perseguidores são geralmente

são os lideres religiosos entre os judeus com aval do imperador da época . Além disso, em várias ocasiões as autoridades do império intervêm para deter um motim,

livrando indiretamente os cristãos de dificuldades. Em pouco tempo, as coisas começaram a mudar e o império começou a perseguir os cristãos,

no século I, as piores perseguições aconteceram com Nero (54 – 68) e com Domiciano (81 – 96). Por cruentas que tenham sido, parece que as perseguições foram relativamente locais.

No século II a perseguição foi se tornando mais generalizada, ainda que, a grosso modo, tenha seguido a política de Trajano (98 – 117) de castigar os cristãos se alguém os delatasse, mas sem empregar os recursos do Estado para sair em busca deles. Por isso, a perseguição foi esporádica e dependeu muito das circunstancias locais. Entre os mártires do século II contam Inácio de Antioquia, de quem cujo martírio inda existe um relatório muito fidedigno, e os mártires de Lion e Vienne na Gália.

No século III, embora com longos intervalos de relativa tranqüilidade, a perseguição foi se intensificando. o imperador Sétimo Severo (193 – 211) seguiu uma política sincretista e decretos a pena de morte para quem se convertesse a religiões exclusiva como o judaísmo e o cristianismo. Nessa perseguição Perpetua e Felicidade foram martirizadas. Décio (249 – 251) ordenou que todos sacrificassem diante dos deuses e que se expedissem certificados disso. Os cristãos que se recusassem a tal deveriam ser tratados como criminosos. Valeriano (253 – 260) seguiu uma política semelhante.

Entretanto, a pior perseguição veio com Diocleciano (284 – 305) e com seus sucessores imediatos. Em primeiro lugar, os cristãos foram expulsos das legiões romanas. Em seguida, foi ordenada a destruição dos seus edifícios e dos livros sagrados. Finalmente, a perseguição se generalizou, e todos os tipos de tortura começaram a ser praticados contra os cristãos.

Quando morreu Diocleciano, alguns dos seus sucessores continuaram a mesma política, até que dois deles, Constantino (306 – 337) e Licínio (307 – 323), puseram fim a perseguição por meio do “Edito de Milão”.

III. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO PAPADO

Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos, p 122-131 Gonzales, Justo. A Era dos Gigantes. p.57-78. e A Era das Trevas. p.39-59.

V. QUEDA DE ROMA E EVANGELIZAÇÃO DA EUROPA

O quarto e o quinto século viram a continuação do declínio do império romano e finalmente sua queda no ocidente. Constantino governou o império a partir de 323 com energia e sabedoria. Transferiu a capital para a sua nova e belíssima cidade de Constantinopla (Istambul). Depois dele, verificou-se novamente a divisão de autoridade até Teodósio o qual, já governando no oriente obteve o poder total que manteve de 392 a 395. Foi ele o último a manter o domínio de todo o mundo romano. Depois dele, houve duas linhas de imperadores, do oriente e os do ocidente, com as capitais em Constantinopla e em Roma. Durante todo esse tempo o império vinha-se esfacelando internamente enquanto, se acentuavam os ataques externos dos bárbaros.

Em 378, verificou-se em Adrianópolis uma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os visigodos que habitavam o Baixo Danúbio derrotaram os romanos sob o comando de Valêncio e mataram este imperador. Em 410 sob as ordens de Alarico, procederam o saque de Roma. Finalmente, em 476, o general germânico Odoacro destronou Romulo Augusto, o último imperador

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romano do ocidente e ocupou o governo.

Os historiadores não são unânimes em apresentar as causas da queda do império romano. Elas são difíceis de determinar, especialmente sendo que é difícil distinguir entre causas e sintomas. Algumas sugestões são: Degeneração moral, fatores político militar, destruição da iniciativa criativa dos gregos, a falta de uma economia verdadeiramente capitalista, problemas de malária, peste, guerra, mistura com outras raças. Todos estes elementos estão intimamente relacionados e contribuíram para a queda de Roma.

Evangelização da Europa

Inglaterra. De Roma, o papa Gregório I enviou cerca de 40 monges chefiados por Agostinho, prior de um mosteiro romano, como missionários à Inglaterra. Em 597 aportaram à foz do Tâmisa. Naquele mesmo ano, Ethelberto rei de Kent, foi batizado e seu reino tornou-se quase todo cristão. Agostinho foi nomeado primeiro arcebispo da Inglaterra, com sede em Cantuária (Canterbury). Outros missionários romanos seguiram a esse primeiro grupo. Outro importante centro missionário se estabeleceu em York, no norte da Inglaterra.

Os ingleses enviaram a outros povos alguns dos seus mais nobres missionários. O maior deles e de todos os missionários deste período, foi Bonifácio (680-755). Nasceu em Devonshire, de pais ricos. Tornou-se famoso por sua cultura, eloqüência e piedade. Ainda moço se sentiu chamado para evangelizar os germanos. Conseguiu permissão do papa para trabalhar como missionário na Turingia. Ali trabalhou de maneira assombrosa, pregando, batizando, fundando escolas e mosteiros, instituindo uma organização eclesiástica no sul da Alemanha, país que ele conquistou para o Cristianismo.

O "apóstolo do norte"foi Ansgar (801)865), francês de família nobre, monge de Corbey. Seu desejo era pregar aos pagãos. A oportunidade lhe apareceu com o desejo de Luiz, o Pio, filho de Carlos Magno, de enviar um missionário à Dinamarca. Depois de ali permanecer vários anos, atravessou a Suécia com alguns companheiros, e lá iniciou o trabalho evangélico. Foi depois sagrado bispo de Hamburgo com autoridade missionária sobre todo o norte. Seus companheiros foram espalhados e sua diocese saqueada pelos piratas; mas restaurando suas forças, viu, afinal o cristianismo estabelecido na Suécia, embora que este só se torna-se forte no século XI

A primeira das terras eslavas a ser evangelizadas foi a Morávia, no século IX, por dois grandes e notáveis irmãos, Constantino (Cirilo) e Metódio, gregos de Tessalônica.Pouco depois, o cristianismo foi estabelecido entre os sérvios e os 8búlgaros, como também na Boêmia. Em vários países o cristianismo foi imposto pela força, pelos respectivos governos e, às vezes, de modo bem cruel. Tal foi o caso da Noruega e da Polónia.

Recomendamos a leitura de Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos p.137-168. e Gonzales, Justo. A Era das Trevas. p. 1-38.

O APOGEU DO PODER PAPAL

As origens do bispado romano se perderam na penumbra da história. A maior parte dos historiadores, tanto católicos como protestantes, concorda que Pedro esteve em Roma, e que provávelmente morreu nesta cidade durante a perseguição de Nero. Porém não existe nenhum documento antigo que diga que Pedro transferiu sua autoridade apostólica aos seus sucessores.

Quando os bárbaros invadiram o império a igreja do ocidente começou a seguir um rumo bem

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diferente da do oriente. No oriente o império continuou existindo, e os patriarcas continuaram subordinados a ele. No ocidente entretanto, o império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã da velha civilização. Por isto o patriarca de Roma, o papa, chegou a ter grande prestígio e autoridade.

As Causas do Apogeu do Papado

No período da idade média aparece um dos grandes papas (nomeado anteriormente), Gregório I, chamado o Grande. O fato de sua eleição ao papado (590) para alguns marca o início do período medieval ou um período da história da igreja. Ele era de caráter irrepreensível, muito honrado por sua bondade e modo de vida, de uma austeridade muito severa. Valendo-se dos seus dons extraordinário, Gregório tirou o máximo de proveito da sua posição de bispo de Roma constituindo-se em patriarca do ocidente. Defendeu e impôs constantemente a sua autoridade sobre esta grande parte da igreja. Conseguiu que os mais fortes bispos metropolitanos reconhecessem a superioridade de Roma. Fez com que o culto seguisse o ritual romano. Enviou missionários a diferente lugares. Ele muito trabalhou para purificar e fortalecer a Igreja, cuidando dos pobres e enviando o cristianismo aos pagãos.

Além do mais, não havia na Europa ocidental nenhum governo civil bastante forte entre o ano 400 e o tempo de Carlos Magno (768-814), e mesmo depois de Carlos Magno, até aparecer Oto I. Não houve por todo esse tempo qualquer governo que ministrasse justiça e impusesse a ordem e a paz. Mas em Roma, a antiga sede do poder mundial, estava o bispo exercendo um ofício então julgado santo, visto crer-se ter sido primeiramente exercido por um apóstolo. Esse pode de Roma pretendia o domínio mundial da Igreja, e tentava alcançar todo mundo ocidental com a sua soberania. E muitos dos bispos de Roma foram homem fortes e capazes de governar. Em toda Europa ocidental, por muitos anos, o papa era o único representante de um governo permanente. Nesta situação, o poder do papado inevitavelmente cresceu por todo o ocidente e, em menor grau, em outras partes da Igreja.

Os papas exerciam justiça, pois foi durante o pontificado de Nicolau I, (858-867), Lotário, rei da Lorena, repudiou a esposa, substituindo-a por outra mulher e, não obstante, conseguiu aprovação dos arcebispos subservientes do seu reino. Tal situação, constituía, naturalmente, uma grave ameaça à moralidade. Mas o papa depois de uma forte luta, compeliu o rei a receber a esposa e despedir a rival. Nenhum outro governo no mundo teria realizado esse feito. Mas a autoridade do chefe da Igreja, baseada no temor da excomunhão que, como se cria, significava a morte eterna, contribuiu para alcançar essa vitória. O papa aparecia assim, encarnando um poder acima dos reis, pois representava a lei moral. Tais circunstancias fortaleciam cada vez mais o papado, que tanto podia ser uma força para o bem, como para o mal.

Outra coisa que muito fortaleceu o papado foi a situação de muitos papas como governadores civis de Roma. Esse governo civil é conhecido como o "poder temporal". Muitas vezes em épocas de calamidades pública, como de pestilência ou fome, perigo de invasão, motins ou desordens em gerais, os bispos tiveram de assumir o governo da cidade. Além das cidades, os papas governavam extensos territórios na Itália, os quais lhes foram doados por Pepino, rei dos francos, pai de Carlos Magno.

As missões também contribuíram em parte para o soerguimento do poder de Roma. quando os papas enviavam missionários, encarregavam-nos de tornar as terras conquistadas obedientes ao papa. Assim cada conquista do cristianismo era outra para o poder papal.

O avanço do islamismo ajudou aumentar o poder papal. Quando a Ásia ocidental e a África do

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norte cairam sob a dominação árabe, a Igreja foi terrivelmente enfraquecida no oriente. Três dos cinco patriarcados (Alexandria, Jerusalém, Antioquia), cairam sob o domínio de uma religião que era inimiga mortal do cristianismo. Enquanto isso, a Igreja no ocidente crescia vantajosamente por meio das suas missões. De modo que, a parte da Igreja que reconhecia a soberania do papa, cresceu em importância enquanto a parte oriental, em que tal soberania não era reconhecida, se tornou menor e enfraquecida.

Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos. p.146-177 e Gonzales, A Era das Trevas. p.61-85

EXPANSÃO DO MONACATO

Menos de um século depois da morte de Bento de Nursia as conquistas dos bárbaros na Itália, Galia e Espanha foram reconquistadas para o império. Os territórios da Inglaterra, Alemanha e Escandinávia foram incorporados ao cristianismo ou abertos a trabalhos missionários. Os beneditinos tiveram grande participação nesta evangelização. Até o XIII século os beneditinos tiveram um quase monopólio do monacato, sendo os cistercianos e os de Cluny apenas reforma dos beneditinos. Os movimentos monásticos continuaram a se multiplicar durante os quatro séculos que compreendem os anos 950 e 1350 e que alcançaram o apogeu no século XIII.

Os cistercienses. No século XII, a direção da vida monástica passou para este grupo. Eles começaram com Roberto, monge beneditino o qual devido ao seu zelo por reformas e observância estrita do ideal monástico, atraiu muitos eremitas. Os cistercienses seguiam a disciplina beneditina. Mas tinham cinco características peculiares. Primeiro, era a vestimenta. No lugar de roupa preta dos beneditinos, levavam a cor branca grisalha e frequentemente eram chamados dos "monges brancos". Outra marca distintiva foi a observância da regra de estrita pobreza. Tanto roupas como comidas deveriam ser simples. Terceiro, eles se estabeleciam nos seus mosteiros em lugares remotos da população. Eles limpavam e cultivam os seus terrenos com seu próprio trabalho. Em quarto lugar, reduziram o tempo dedicado aos serviços litúrgicos. E por último, a disposição de unificar todas as casa monásticas numa só ordem.

Os dominicanos. A ordem dos "frades pretos"surgiram no XIII século para ir ao encontro do selo, ascetismo e devoção dos catari e waldenses. Um espanhol cujo nome era Domingos (1170-1221), possuía grande cultura universitária quando se tornou sacerdote. Após os 30 anos de idade viajou pelo sudeste da França onde observou a necessidade de reformas e da pregação da verdade cristã. Concebeu o plano de organizar uma companhia de pregadores que devia viajar por toda a parte ensinando o povo. O pedido de formar uma ordem foi recusada aprovação pelo papa no IV concílio de Latrão (1215) mas foi aprovado por Honório III em 1216. O propósito dos dominicanos era ser humilde, abnegado, democrático, bem como douto. São pregadores e professores. Esta ênfase sobre erudição eventualmente deu um sabor aristocrático à ordem. Como metodologia, procuraram se espalhar pelos centros de educação (Paris, Roma, Bologna). Localizados em cidades universitárias, logo foram representados nas congregações das universidades. Entre os mais conhecidos de então são: Albertus Magnus e Tomas de Aquino (teólogos); Eckhart e Tauler (místicos). Hoje são representados pela Êcole de Jerusalém (Bíblia e comentários).

Os franciscanos. Ordem fundada por São Francisco de Assis (1182-1226). Este se dedicou a imitar Cristo com toda sinceridade. Quis restaurar as igrejas, pregando em pobreza o

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arrependimento. Inocêncio III aprovou a ordem em 1210. Tomou a mendicância como a prática normal de vida. Embora hierárquica como a dominicana, a franciscana era mais democrática. A ordem fortaleceu o papado às custas do sacerdócio normal. Os franciscanos podiam pregar e absolver em qualquer lugar. Trabalhando nas cidades, se aproximaram mais do povo e assim minaram a força dos hereges. Desenvolveu uma terceira ordem (terciários), a segunda era mosteiros para as mulheres, em que as pessoas ficaram em suas ocupações ordinárias, vivendo uma vida semi-monástica. A fraternidade se desenvolveu rapidamente para além das fronteiras, pois quando se reuniram pela segunda vez em 1217, havia irmãos franciscanos na Alemanha, Hungria e Espanha e já iniciadas as missões em terras pagãs. Apesar de modificados os ideais de S.Francisco, os franciscanos conservaram ainda por muitos anos muita coisa do espírito do fundador de aquela organização. Onde havia gente desamparada e sofredora, os franciscanos apareciam para ajudar.

A sociedade de Jesus. Ordem fundada por Loyola em 1540, plena época da Reforma, ala é diferente das dominicanos e franciscanos, em que a estrutura é ditatorial, exigindo obediência absoluta ao superior e sendo totalmente a serviço do papar. Teve grande influência sobre o Concílio de Trento e tornou o meio pelo qual a contra-reforma foi propagada. Até meados do século XVIII sustentava 669 faculdades e se tornou muito rica.

Como um dos propósitos da sociedade era lutar contra o protestantismo eles usaram 3 métodos principais: primeiro, nas igrejas que estabeleceram ou naquelas que conseguiram controlar, colocavam hábeis pregadores e promoviam reuniões atraentes. Colocaram assim, nova vida no culto público da Igreja Romana. Também dispensavam muita atenção à obra educacional. Abriram escolas primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom. Os alunos eram, naturalmente, treinados a demonstrar devoção a I. Católica Romana e, através dos filhos, os jesuítas alcançavam os pais. Um terceiro método era de caráter político. Os jesuítas se dedicaram a inspirar nos governantes católicos, devoção à Igreja e ódio ao protestantismo. como resultado dessa política, se levantaram tremendas perseguições aos protestantes em vários países. A pressão jesuítica era constante e poderosa no ânimo dos governos. Dentro de poucos anos, os jesuítas se tornaram dominadores da I.C. Romana. O espírito deles era o da contra reforma e o seu ideal esmagar os dissidentes.

Ao ser feita uma avaliação destes movimentos religiosos, geralmente os protestantes destacam as fraquezas e as más atuações dos religiosos, mas apesar destes maus resultados, o monasticismo no princípio: atraiu poderosamente pagãos ao cristianismo. Fizeram grande obra missionária. Produziu uma forte resistência ao mundanismo. Promoveu muitas vezes o estudo teológico e, mais tarde cultural. Foi um lugar de refúgio para a escória da sociedade. Também se tornaram pioneiros da civilização ocidental. Também a obra agressiva da igreja católica romana tem sido feita quase que exclusivamente por monges. Além do mais não pode ser esquecido que a proteção e a evangelização dos povos americanos foi feita quase que exclusivamente por missionários franciscanos (espanhol) e jesuítas (português). Cp. Bartolomé de las Casas e Anchieta. Ao mesmo tempo podemos destacar alguns pontos gerais que caracterizam este movimento monástico especialmente nestes quatro séculos de 950 a 1350.

1o. A vida monástica parecia ser o caminho que levava a uma vida cristã perfeita e se alcançava a salvação da alma.

2o. Todos os esforços por alcançar o ideal cristão através do sistema monástico, perdiam a sua força e as instituições criadas por eles tendiam a se corromper.

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3o. Devido a este relaxo, de tempo em tempo, surgiam e floresciam novos movimentos monásticos.

4o. Este movimentos eram extremamente variados, pois mostravam uma separação total do mundo mas ao mesmo tempo iam ao mundo para alcançar mais homens e mulheres para a fé cristã.

5o. A grande maioria dos novos movimentos monásticos tinham seu origem na Itália, naquilo que tinha sido a Galia, áreas que por muito tempo professavam a fé cristã. Poucos surgiram em regiões como Inglaterra, Escócia, Alemanha do Norte, Escandinávia, Espanha.

6o. Os fundadores das novas ordens eram principalmente da aristocracia exceto Francisco de Assis, embora pertencia a classe dos comerciantes e não dos plebeus.

7o. Havia um grande desejo de tornar mais profunda, mais inteligente e mais efetiva a lealdade a fé cristã, a qual era meramente nominal por parte dos convertidos em massa nos primeiros séculos.

8o. Estes movimentos eram um esforço para purificar a Igreja e ao mesmo tempo elevar o nível moral de toda a população que levava o nome de cristão.

Recomendamos a leitura de: Gonzales Justo, A Era das Trevas. p.87-181 e A Era dos Altos Ideais, p.1-46

AS CRUZADAS

As cruzadas são, sob vários aspectos, o fenômeno mais notável da idade média, foi um fenômeno avassalador, dramático. Durante vários séculos a Europa ocidental derramou o seu fervor e seu sangue em uma série de expedições cujos resultados foram, nos melhores casos, de pouca duração; e nos piores casos trágicos.

Objetivos e Causas das cruzadas

Era derrotar os muçulmanos que ameaçavam Constantinopla, salvar o império do oriente, unir de novo a cristandade, reconquistar a terra santa, e em tudo isto ganhar o céu. Desta forma temos que de modo geral sentia-se que o cristianismo podia repelir os maometanos. O amor da aventura, a esperança do saque, o desejo da expansão territorial e o ódio religioso seguramente impulsionaram poderosamente os cruzados. Seríamos, 8porém, injustos para com eles se não reconhecêssemos também que os cruzados criam estar praticando algo mui importante para suas almas e Cristo. Assim temos que as causas as cruzadas eram um misto de fatores: políticos, religiosos, econômicos, pessoal.

Um Breve Histórico das Cruzadas

Primeira Cruzada

Aleixo I (1081-1118), rei mais forte que seus predecessores imediatos em Constantinopla, se sentiu incapaz de enfrentar os perigos que ameaçavam o império. Pediu então auxílio ao papa Urbano II, o qual prometeu o socorro. No sínodo reunido em Clermont,(1095) França, Urbano pregou a cruzada obtendo resultado inesperado. Ele exortou aos cristãos da Europa ocidental a socorrer os seus irmãos do oriente e também libertar os lugares santos das mãos dos hereges (muçulmanos).

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Urbano, prometeu indulgência plenária a todos quantos se engajassem. Os ouvintes profundamente emocionados se disse que gritaram: "Deus o quer". Um dos pregadores mais conhecidos desta cruzada foi Pedro, o eremita, monge de Amiens ou seus arredores. Ele divulgou a mensagem pela Europa ocidental, aumentando o entusiasmo e arrebanhava multidões para este empreendimento. Muitos destas multidões pereciam no caminho, porém no verão de 1096 saíram exércitos melhor organizados, passaram o inverno em Constantinopla, e na primavera entraram na Ásia Menor e capturam Antioquia em junho de 1098 e no ano seguinte tomaram Jerusalém, matando muito dos seus habitantes.

Segunda Cruzada

Não obstante a desorganização feudal, o reino de Jerusalém se manteve até a captura de Edessa pelos islamitas, em 1144. Essa captura representou a perda do seu baluarte do noroeste. Bernardo de Claraval, então no auge da fama, pregou nova cruzada, em 1146, e recebeu apoio do rei francês, Luis VII (1137-1180) e do imperador alemão Conrado III, (1138-1152). Não tinha, no entanto, o ardente entusiasmo da anterior. Muitas das suas forças pereceram na Ásia Menor e as que alcançaram a Palestina sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um desastre completo, que deixou profundo ressentimento no ocidente contra o império do oriente, pois os príncipes desse império, com ou sem razão, foi atribuído o insucesso. As divisores entre os muçulmanos tinham sido a causa do sucesso da primeira cruzada. Mas o curdo Saladino tinha edificado um estado muçulmano forte que circundava o reino latino nas suas fronteiras continentais.

Terceira Cruzada

As novas desta catástrofe lançaram a Europa na terceira cruzada (1189-1192). Nenhuma delas foi melhor preparada que esta. Três grandes exércitos foram chefiados pelo imperador Frederico Barba Ruiva (1152-1190), o maior soldado da época; pelo Rei Filipe Augusto, da França (1179-1223); pelo rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (1189-1199). Frederico morreu afogado acidentalmente na Cilícia e seu exército, sem a sua vigorosa direção, tornou-se inteiramente ineficaz. As questões entre os reis da França e Inglaterra e o rápido retorno de Filipe à França para atender a seus planos políticos, deram como resultado o fracasso da expedição. Acre foi recuperada, mas Jerusalém ficou na posse dos muçulmanos.

Quarta Cruzada

No ano de 1202 estimulada pelo papa Inocêncio III e com o sonho da reconquista dos santos lugares houve um novo empreendimento. Neste caso a intenção não era atingir a terra santa, mas atacar os muçulmanos no centro do seu poder, o Egito. Esperava-se que desta maneira a reconquista de Jerusalém fosse mais fácil e duradoura. E em vez de deixar o empreendimento em mãos de príncipes p papa se declarou seu único chefe legítimo, mostrando como na terceira cruzada os interesses temporais dos reis tinham levado ao desastre. Como na primeira cruzada os soldados de Cristo marchariam sob as ordens diretas dos legados papais. O mais famoso pregador desta nova aventura foi Foulques de Neuilly, homem de origem humilde que nos lembra Pedro, o eremita

"Cruzada das Crianças"

Em 1212 se deu este episódio triste e dramático. Crianças da França e da Germânia, dirigidas

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por dois meninos, Estevão e Nicolau, marcharam pelo sul da Europa até Itália, na suposição de que a pureza de suas vidas lhes daria o sucesso numa aventura em que seus pecadores pais tinham fracassado. Muitos pereceram no caminho e os sobreviventes foram vendidos como escravos no Egito

Fim das Cruzadas

Outras tentativas de cruzadas foram feitas. Contra o Egito foi organizada um expedição em 1218-1221. De começo alcançou certo êxito, mas terminou em fracasso. É geralmente denominada quinta cruzada. Mas curiosa foi a Sexta (1228-1229) O imperador Frederico II (1212-1250), que era livre pensador, tomou a cruz em 1215 mas não tinha pressa em cumpri seus votos. Partiu por fim, em 1227, retornando logo. Parece haver adoecido, no entanto o papa Gregório IX (1227-1241) o considerou desertor e, tendo outros motivos para hostilizá-lo, o excomungou. Apesar da interdição, Frederico partiu em 1228 e no ano seguinte, por um tratado feito com o sultão do Egito, obteve a posse de Jerusalém. Belém, Nazaré e um ponto da costa. E Jerusalém ficou mais uma vez em poder dos cristãos, mais foi definitivamente perdida em 1244. O espírito da cruzada estava quase morto, quando o rei Francês Luís IX (1226-1270) levou uma expedição desastrosa contra o Egito (1248-1250). Foi feito prisioneiro nessa empresa. E num ataque a Túnis, em 1270, perdeu a vida. A última tentativa de importância foi a do príncipe Eduardo, pouco depois de Eduardo I, da Inglaterra (1272-1307). Essa expedição se deu 1271-1272. A última possessão latina na Palestina foi perdida em 1291. Estavam terminadas as cruzadas, ainda que se continuasse a falar em novas expedições durante os dois séculos seguintes.

Consequências das Cruzadas

Cresceu a inimizade entre o cristianismo latino e o oriental. Prejudicou a vida dos cristãos que viviam em terras de muçulmanos.Na Europa ocidental contribuíram para aumentar ainda mais o poder do papa. No que se refere à devoção, as cruzadas também viveram grandes conseqüências para a cristandade ocidental. As viagens constantes para a terra santa e histórias cheias de prodígios, houve interesse em conhecer mais sobre a realidade física de Jesus. Também a vida intelectual é alcançada, pois chegam novas idéias do oriente. Algumas destas idéias consistiam nas velhas heresias. Mas também chegaram à Europa idéias filosóficas, princípios arquitetônicos ou matemáticos, costumes e gostos de origem muçulmana. Por último, as cruzadas têm relações complexas com uma série de mudanças econ6omicas e demográficas que ocorreram na Europa ao mesmo tempo. Neste período é o do crescimento das cidades e da economia mercantil.

Recomendamos a leitura de: Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos. p.178-186 e Gonzales, Justo, A Era dos Altos Ideais. p. 47-84

O ESCOLASTICISMO

O termo "escolasticismo"vem através do latim, da palavra grega "schole", que significa o lugar onde se aprendia. O termo "escolástico"foi aplicado aos professores na corte ou na escola palaciana de Carlos Magno e também aos eruditos medievais que se serviam da filosofia no estudo da religião. Este estudiosos procuravam provar a verdade vigente através de processos racionais em vez de buscar uma nova verdade. Desta forma o escolasticismo pode ser definido como a tentativa de racionalizar a

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teologia para que se sustente a fé com a razão.

As Causas do Surgimento do Escolasticismo

A causa principal foi a emergência na Europa da filosofia de Aristóteles. Outra causa foi o interesse das novas ordens mendicantes pelo uso da filosofia no estudo da revelação. Tomas de Aquino, o grande escolástico, e Alberto Magno, seu mestre, e Guilherme de Occam e Boaventura eram franciscanos. A expansão do movimento universitário, que começou no século XII, deu um lugar para o novo movimento intelectual; tanto é que as universidades logo centralizaram seus currículos em torno do estudo da teologia pela ajuda da lógica e da razão. A universidade de Paria tornou-se ao tempo de Abelardo o centro principal do escolasticismo.

O Conteúdo e Metodologia do Escolasticismo

Os escolásticos não estavam interessados em buscar a verdade mas em organizar racionalmente um corpo de verdades aceitas, para que, venha ela da revelação através da fé ou filosofia através da razão, pudesse ser um corpo harmônico. A mente medieval buscava uma unidade intelectual, política e eclesiástica. Para os escolásticos, os dados ou o conteúdo de seu estudo estavam fixados definitiva e absolutamente. O conteúdo do seu estudo era a Bíblia, os credos dos concílios ecumênicos e os escritos dos Pais da Igreja, estes se constituíam nas suas fontes, o que eles desejavam resolver era saber se a fé era ou não razoável.

Assim como seu conteúdo deveria ser a teologia autorizada da Igreja católica romana, a metodologia escolástica estava muito sujeita à autoridade da dialética ou lógica de Aristóteles. O cientista contemporâneo segue o método empírico da lógica indutiva e só enuncia uma verdade geral com base nos fatos depois de uma longa observação e experimentação. A dialética ou lógica de Aristóteles é mais dedutiva do que indutiva e dá destaque para o silogismo como instrumento da lógica dedutiva. O filósofo dedutivo começa com uma verdade ou lei geral que não prova, mas pressupõe. Ele relaciona esta lei geral a um fato particular e da relação entre a lei geral e o fato particular tira uma conclusão que, por sua vez, torna-se uma nova lei ou verdade geral para ser relacionada a novos fatos. Este método foi tirado pelos escolásticos de Aristóteles.

As Escolas do Escolasticismo

Embora os escolásticos tinham como base a filosofia grega houve divergências em relação ao tratamento do problema da natureza dos universais ou da realidade última, e relação entre a fé e a razão. Assim temos o realismo e o nominalismo

Realismo

Sua origem se remonta até o seu autor Platão, o qual declarava que os seres universais tem uma existência independente da mente do pensador ou seja tem uma existência objetiva em algum lugar do universo. Esta filosofia foi resumida na seguinte frase: "os universais existem antes das coisas criadas. Uma boa obra, por exemplo, é apenas uma sombra o reflexo da realidade da bondade que existe objetivamente à parte desta obra. Platão achava, desse modo, que os homens devem olhar para a realidade última além desta vida. Agostinho e Anselmo foram os principais pensadores a aplicar estas idéias à teologia

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Nominalismo

Por outra parte, esta escola ensinava que somente as coisas particulares são reais e que as universais são meramente as palavras inventadas pelo intelecto. Segundo eles, verdades ou idéias gerais não têm existência objetiva fora da mente; ao contrário, elas são apenas idéias subjetivas formadas pela mente como resultado da observação das coisas particulares. Os universais são apenas nomes de classes. A justiça é simplesmente a idéia decorrente da observação que o homem faz da justiça em ação. Os nominalistas cuidavam mais do indivíduo; os realistas se preocupavam mais com o grupo e a instituição.

Figuras do Escolasticismo

Anselmo

Foi o primeiro dos grandes pensadores desta época. Natural do Piemonte, na Itália, descendia de uma familia nobre e seu pai se opôs a sua carreira monástica. Ele foi feito Arcebispo de Canterrbury em 1093. A importância teológica de Anselmo está em que foi ele quem primeiro, depois de séculos de trevas, voltou a aplicar a razão às questões da fé de maneira sistemática. Anselmo crê primeiro, e depois faz suas perguntas à razão. Seu propósito não é provar alguma coisa depois crer nela, mas demonstrar que o que ele de antemão aceita pela fé é eminentemente racional. Suas obras principais foram Proslogion, Monologion, e Por que Deus se fez homem?. Neste último desenvolveu a sua teoria da Expiação

Abelardo

Nasceu na Bretanha em 1079, e dedicou boa parte da sua juventude a estudar os mais ilustres mestres do seu tempo. Ele é conhecido sobretudo por sua doutrina da expiação, segundo a qual o que Jesus Cristo fez por nós não foi vencer o demônio, nem pagar nossos pecados, mas nos dar um exemplo e um estímulo para que pudessemos cumprir a vontade de Deus. Também foi importante a sua doutrina ética, ele dava importância especial à intenção de uma ação, e não tanto à ação em si.

Tomas de Aquino

A dedicação deste mestre foi o desejo de integrar a filosofia natural de Aristóteles com a teologia revelada da Bíblia como interpretada pela Igreja romana. Sua produção literária foi muito intensa e suas duas obras mais conhecidas são: Suma Teológica e Suma contra os gentios. Quanto a relação entre fé e razão afirma que há verdades que estão ao alcançe da razão e outras que estão acima dela.Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos-187-198. Gonzales, Justo. A Era dos Altos Ideais, 127-169

VI. PRE-REFORMA

Logo no início do século XII, surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonara o seu culto e a comunhão. Não deve ser esquecido que geralmente as conversões eram em massas o que

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produzia um cristianismo nominal. Assim que sempre houve dentro da Igreja pessoas que desejavam purificar esta de qualquer anormalidade ou caminhos que fugiam do padrão cristão, mesmo que alguns movimentos beiravam ou eram heresias.

Petrobrusianos

Surge no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Laussane. Ele e os seus seguidores opunham-se a superstição dominante na igreja e a certas formas de culto, como também a imoralidade do clero. Ele rebatizavam após a conversão, eram contra os templos ou igrejas, bem como a cruz. Eram biblicistas embora tenham rejeitado o AT.

Cataristas

Desenvolveu-se nos fins do século XII e durante o século XIII. Na realidade foi uma igreja rival, pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto. O credo era uma estranha mistura de cristianismo e idéias religiosas orientais. Pensavam que matéria fora criada por Satanás e que ela era a sede e fonte de todo o mal. Por isto não acreditavam que o Filho de Deus tivesse tido um corpo e vida humana. A santidade era alcançada fugindo do poder da carne, negando os desejos ou deles fugindo pelo suicídio. Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituiam uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão.

Os Valdenses

No fim do século XII, um negociante de Lião, chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do capítulo 10 de Mateus, começou a distribuir o seu dinheiro com os pobres e se tornou pregador ambulante do Evangelho. Teve muitos seguidores, As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram. Expulsos e considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte. Era um movimento semi-monástico (pobreza, celibato, consagração ao trabalho religioso itinerante) Eram biblicista em eclesiologia, embora que alguns repudiaram o AT. Só usava a oração dominical e davam ações de graças nas refeições. Ouviam confissões, celebravam juntos a Ceia do Senhor e ordenavam os seus membros ao ministério. Não aceitavam as missas e orações pelos mortos. Negavam o purgatório.

João Wycliff

O espírito de nacionalismo que se vinha desenvolvendo na Inglaterra preparou o caminho para a obra de Wycliff. Quando ele entrou em luta com o papado em 1375, já a Inglaterra durante 75 anos, pelos seus reis, pelo seu parlamento, e mesmo pelos bispos, resistira a interferência papal nos negócios da Igreja. A primeira investidura de Wycliff foi contra um suposto direito do papa de cobrar impostos ou taxas de Inglaterra. Sustentou a tese de que não haveria distinções de classes dentro do clero. Negou a transubstanciação. Traduziu a Bíblia no vernáculo e a distribuiu em toda Inglaterra. Para ele a suprema autoridade em assuntos religiosos era a Bíblia. Para espalhar entre o povo ea Bíblia e os seus ensinos, ele organizou a ordem dos "lolardos", muitos dos quais eram estudantes de Oxford.

João Huss

Os ensinos de Wycliff deram origem a outra revolta maior contra a igreja papal chefiada por João Huss. De posse dos livros de Wycliff avidamente bebeu-lhe as idéias. Ensinando as doutrinas de

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um "hereje"entrou em conflito com os chefes da igreja papal. Todavia defendeu seu direito de pregar a verdade de Cristo como sentia e a entendia. Excomungado pelo seu desafio ao papa João XXIII, em 1412, ao qual Huss compareceu. escreveu o seu livro mais importante, no qual ensinava que a "Lei de Cristo", isto é, o Novo Testamento, era o guia suficiente para a igreja, e que o papa só podia ser obedecido até onde suas ordens coincidissem com esta lei divina

Concílios Reformistas

O meio pelo qual propunham reformar a Igreja era um concílio geral, que, segundo a velha teoria, era a suprema autoridade na Igreja. Perdidas as esperanças no papado, os reformadores reviveram essa teoria com um meio de alcançarem os seus propósitos. tentaram isto primeiramente no Concílio de Pisa, num vão esforço para curar o cisma. Pouco tempo depois foi convocado o concílio de Constança que conseguiu restaurar a unidade da igreja. Muitos participantes do Concílio, porém, pretendiam fazer muito mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam "a reforma da Igreja da Cabeça aos pés". O concílio era constituindo por um grupo de homens aos quais não faltavam habilidade, intelig6encia e interesse.

Também estavam representados os poderes civis quer pessoalmente ou por meio de embaixadores. Não obstante haver muita discussão sobre a reforma, o concílio, depois de três anos, nada conseguiu. Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição a qualquer modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os reformadores. Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de propósitos, entusiasmo moral para atingirem os seus objetivos.

Considerações sobre a Reforma de Lutero.

Alemanha – Martinho Lutero (1483-1546).

• 1483 – Nascimento em Eisleben.• 1502 – bacharel pela Universidade de Erfurt.• 1505 – Mestrado pela Universidade de Erfurt - depois dum temporal, entrada no

convento agostiniano de Wittenberg. • 1508 – 17 – Professor. • 1511 – Viagem para Roma. • 1512 – doutorado em teologia pela Universidade de Wittenberg. • 1515 – 16 – preleção sobre os livros de Romanos e Gálatas• 1517 (out. 31) – 95 Teses contra a pregação das indulgências de Tetzel.• 1518 – Frederico, o Eleitor da Saxônia, dá seu apoio – chegada de Felipe a melanchton. • 1519 – Debate em Leipzig contra João Eck (em alguns pontos Hus tinha razão e o concilio

de Constança errou). • 1520:

Apelo a Nobreza Germânica (contra a hierarquia romana). O Cativeiro Babilônico (contra o sistema sacramental de Roma). Sobre a Liberdade do Homem cristão (contra a teologia romana; afirma que o

sacerdócio de todos os crentes). • 1521:

Dieta de Worms (Lutero: Bíblia é a única autoridade cristã)29

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Excomunhão por Leão X Refugio em Wartburgo Começa a tradução do NT para o Alemão.

• 1522: Volta para Wittenberg Lançamento do NT em Alemão.

• 1525: Revolta dos camponeses Admoestação à Paz Contra o bando de assassino e salteador Casamento com Catarina Bora

• 1526 escreve: Diesta de Spira - decide que o governante de cada Estado determina a fé no

território dele.• 1527 escreve:

Doença e depressão intensa Composição de Castelo Forte.

Pilares da Reforma Protestante.

• Sola Scriptura (Somente a Escritura) - afirma a doutrina bíblica de que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos. Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos: "Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém."

• Sola Gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.

• Sola Fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé) - afirma a doutrina bíblica de que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça de Deus.

• Solus Christus (Somente Cristo) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta.

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• Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para glória de Deus.

VII. PROTESTANTISMO NO BRASIL.

O termo "evangélico" na América Latina designa as religiões cristãs originadas ou descendentes da Reforma Protestante Européia do século XVI. Está dividido em duas grandes vertentes: o protestantismo tradicional ou histórico, e o pentecostalismo. Os evangélicos que hoje representam 13% dos brasileiros, ou mais de 23 milhões de pessoas, vem tendo um crescimento notável (no Censo de 1991 eram apenas 9% da população - 13,1 milhões). As denominações pentecostais são as responsáveis por esse aumento.

Protestantismo histórico - Esse grupo surge no Brasil de duas formas: uma decorre da imigração e a outra, do trabalho missionário. O protestantismo de imigração forma-se na primeira metade do século XIX, com a chegada de imigrantes alemães ao Brasil, em especial à Região Sul, onde fundam, em 1824, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. As igrejas do protestantismo de missão são instituídas no país na segunda metade do século XIX, por missionários norte-americanos vindos principalmente do sul dos Estados Unidos e por europeus. Em 1855, o escocês Robert Reid Kelley funda, no Rio de Janeiro, a Igreja Congregacional do Brasil. Segundo o Censo de 1991, os protestantes tradicionais são 3% da população brasileira e estão concentrados, em sua maioria, no sul do país. Nas últimas décadas, com exceção da Batista, as igrejas protestantes brasileiras ou estão estagnadas, apenas em crescimento vegetativo, ou em declínio. Seus integrantes têm, em média, renda e grau de escolaridades maiores que os dos pentecostais.

Presbiterianos - A Igreja Presbiteriana do Brasil é fundada em 1863, no Rio de Janeiro, pelo missionário norte-americano Ashbel Simonton. Maior ramo da igreja presbiteriana do país possui 150 mil membros, 600 pastores e 700 igrejas. Em 1903 surge a Igreja Presbiteriana Independente, com cerca de 50 mil membros. Há ainda outros grupos, como a Igreja Presbiteriana Conservadora (1940) e a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1966), que somam 5 mil membros. Esta última é a igreja protestante brasileira mais aberta ao ecumenismo. Um de seus fundadores, o reverendo Jaime Wright (1927-1999), foi um dos religiosos que se destacaram na luta contra a tortura durante o regime militar de 1964. Na década de 70 surgem grupos com características pentecostais, como a Igreja Cristã Presbiteriana, a Igreja Presbiteriana Renovada e a Igreja Cristã Reformada. Pelo censo de 1991, têm 498 mil membros. Os presbiterianos mantêm na capital paulista uma das mais importantes universidades do Brasil, a Mackenzie.

Luteranos - A Igreja Luterana tem origem em Martinho Lutero, filho de João Lutero, que aos 18 anos tornou-se aluno da Universidade de Erfurt, em cuja biblioteca descobriu uma Bíblia Latina. Na porta da Igreja de Wittenberg afixou suas 95 teses nas quais PROTESTAVA contra os desvios da Igreja Católica (daí o nome Protestantismo, Protestante). Isso ocorreu em 31.10.1517. As primeiras comunidades luteranas de imigrantes alemães se estabelecem no Brasil a partir de 1824, nas cidades de São Leopoldo (RS), Nova Friburgo (RJ), Três Forquilhas (RS) e Rio de Janeiro (RJ). O primeiro templo é construído em 1829, em Campo Bom (RS), e os pastores europeus chegam depois de 1860. Em 1991, há 1 milhão de membros, localizados principalmente no Rio Grande do Sul, e 1,1 milhão em 1995. Até 2000, o número de luteranos, bem como dos demais protestantes históricos, não sofre alteração significativa. Os luteranos, como os anglicanos, estão mais próximos da teologia professada pela Igreja Católica. Em 1999 chegam a assinar um documento histórico em que colocam fim às suas divergências sobre a salvação pela fé. Das correntes luteranas, a maior e mais antiga no

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Brasil é a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, com 410 paróquias espalhadas por todos os estados brasileiros, segundo dados da própria igreja. Posteriormente, surgem outras correntes luteranas, como a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, vinda dos Estados Unidos no início do século XX.

Metodistas - Primeiro grupo de missionários protestantes a chegar ao Brasil, os metodistas tentam fixar-se no Rio de Janeiro em 1835. A missão fracassa, mas é retomada por Junnius Newman em 1867, que começa a pregar no oeste do estado de São Paulo. A primeira igreja metodista brasileira é fundada em 1876, por John James Ranson, no Rio de Janeiro. Concentrados sobretudo na Região Sudeste, os metodistas reúnem 138 mil fiéis e 600 igrejas em 1991, conforme censo do IBGE. De acordo com o livro Panorama da Educação Metodista no Brasil, publicado pelo Conselho Geral das Instituições Metodistas de Ensino (Cogeime), atualmente são 120 mil membros, distribuídos em 1,1 mil igrejas. Entre os ramos da igreja metodista, o maior e o mais antigo é a Igreja Metodista do Brasil. Sobressaem também a Igreja Metodista Livre, introduzida com a imigração japonesa, e a Igreja Metodista Wesleyana, de influência pentecostal, estabelecida no Brasil em 1967. Os metodistas participam ativamente de cultos ecumênicos. Na educação têm atuação de destaque no ensino superior, com 23 mil alunos matriculados em 2000.

Adventistas - Os primeiros adeptos da Igreja Adventista surgem em 1879, em Santa Catarina. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, a maior desse ramo no país, é organizada em Gaspar Alto (SC), em 1896. Em 2000, a instituição estimava ter quase 1 milhão de membros e 3.696 igrejas. Entre os outros ramos que aqui se desenvolvem estão a Igreja Adventista da Promessa e a Igreja Adventista da Reforma. Os adventistas mantêm uma extensa rede hospitalar e estão em todos os estados brasileiros.

Batistas - Os batistas chegam ao Brasil após a Guerra Civil Americana e se estabelecem no interior de São Paulo. Um dos grupos instala-se em Santa Bárbara d'Oeste (SP) e funda, em 1871, a Igreja Batista de Santa Bárbara d'Oeste, de língua inglesa. Os primeiros missionários desembarcam no Brasil em 1881 e criam no ano seguinte, em Salvador, a primeira Igreja Batista brasileira. Em 1907 lançam a Convenção Batista Brasileira. Em meados do século, surgem os batistas nacionais, os batistas bíblicos e os batistas regulares, que somam 233 mil membros. Em 1991, o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE registra 1,5 milhão de membros em todo o país.

VIII. O MOVIMENTO PENTECOSTAL.

Sobre a origem e o desenvolvimento inicial do movimento pentecostal no Brasil, o sociólogo Paul Freston cita “três ondas” ou fases da implantação do Pentecostalismo no Brasil.

Primeira Onda:

Cristã do Brasil: 1910. Assembléias de Deus: 1911. Essas Igrejas dominaram amplamente o campo pentecostal durante 40 anos.

2. Segunda onda.

Igreja do Evangelho Quadrangular (1951).

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Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo (1955). Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962). Essa Onda coincidiu com o aumento do processo de urbanização do país e o crescimento acelerado das cidades.

Terceira Onda.

Igreja Universal do Reino de Deus (1977). Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) Igreja Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra, Igreja Paz e Vida, Comunidades Evangélicas e muitas outras (A partir da década de 80). Estas Igrejas denominadas neopentecostais, com sua ênfase na teologia da prosperidade... Igreja Nova Vida:

a) Esta foi importante precursora dos grupos neopentecostais, fundada pelo canadense bispo Robert McAllister, que rompeu com a Assembléia de Deus em 1960.

b) Essa igreja foi pioneira de um pentecostalismo de classe média, menos legalista, e investiu muito na mídia. Foi também a primeira igreja pentecostal a adotar o episcopal no Brasil.

c) Sua maior contribuição foi treinamento de futuros lideres como Edir Macedo e seu cunhado Romildo R. Soares.

d) Outros grupos pentecostais e neopentecostais brasileiros resultaram da chamada renovação carismática. Esse movimento surgiu nos estados Unidos no início dos anos 60, com a ocorrência de fenômenos pentecostais nas igrejas protestantes históricas e também na Igreja Católica Romana.

e) No Brasil, a renovação produziu divisões em quase todas as denominações mais antigas, com o surgimento de grupos como:

• Igreja Batista Nacional. • Igreja Metodista Wesleyana.• Igreja Presbiteriana Renovada.

HISTÓRIA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL

No princípio

Enquanto o avivamento pentecostal expandia-se e dominava a vida religiosa de Chicago, na cidade de South Bend, no Estado de Indiana, que fica a cem quilômetros de Chicago, morava um pastor batista que se chamava Gunnar

Vingren. Atraído pelos

acontecimentos do avivamento de Chicago, o jovem foi a essa cidade a fim de saber o que realmente estava acontecendo ali. Diante da demonstração do poder divino,

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Aqui em Azuza, Street – EUA, inicia-se o sonho.

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ele creu e foi batizado com o Espírito Santo.Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas batistas,

em Chicago. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com Espírito Santo. Ambos eram de origem sueca e membros da igreja batista em seu país, havendo emigrado para a América em épocas diferentes. Ali, não somente tomaram conhecimento do avivamento pentecostal, mas receberam-no individualmente de modo glorioso.

Posteriormente, já amigos e buscando juntos o Senhor, receberam Dele a chamada missionária para o Brasil. Através de uma revelação divina, o lugar tinha sido mencionado: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil. Era uma chamada de fé, pois para eles, era um lugar totalmente desconhecido.

De Chicago a Nova York e de Nova York para o Brasil

Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmãos em Chicago. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá chegassem, eles não saberiam como conseguir dinheiro para comprar mais duas passagens até o Pará. Porém, esse detalhe não os abalou em nada, nem os deteve em Chicago à espera de mais recursos. Tinham convicção de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade de Deus fazer com que os recursos materiais inexistentes necessários à viagem surgissem.

Chegaram à grande metrópole, Nova Iorque, sem conhecer ninguém, e sem dinheiro para continuar a viagem. Os dois missionários

caminhavam por uma das ruas da cidade, quando encontraram um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã, aquele homem colocou a referida importância em um envelope para mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem à sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experiência e entregou-lhe o envelope.

Quando o irmão Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dólares - exatamente o preço de duas passagens até o Pará.

Assim, no dia 5 de novembro de 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio "CleMent" com destino à Belém do Pará. No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era

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quase que totalmente católico.

A Chegada

No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticanteos dois missionários desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil.

Os missionários não os possuíam amigos ou conhecidos na cidade de Belém. Não traziam endereço de alguém que os acolhessem ou orientasse. Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para descansar; e aí fizeram a primeira oração em terras brasileiras.

Seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foi procurá-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento, ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém, e os apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre.

E, assim, os missionários passaram a morar nas dependências da igreja. Alguns dias depois, Adriano Nobre, que pertencia à igreja presbiteriana e morava nas ilhas, foi a Belém em visita ao primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionários a Adriano, que imediatamente mostrou-se interessado em ajudá-los a aprender falar o português. Passado um determinado tempo eles já podiam falar português. Vingren continuou a estudar a língua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg começou a dedicar-se ao trabalho de colportagem.

Acende a chama no Brasil

Os jovens missionários tinham o coração avivado pelo Espírito Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou a atenção de alguns membros da igreja, que passaram a censurá-los, considerando-os fanáticos por dedicarem tanto tempo à oração. Mas isso não os abalou. Com desenvoltura e eloqüência, continuaram a pregar a salvação em Cristo Jesus e o batismo com o Espírito Santo, sempre alicerçados nas Escrituras. Todavia, como

resultado daquelas orações, alguns membros daquela Igreja Batista creram nas verdades do Evangelho completo que os missionários anunciavam. Os primeiros a declararem publicamente sua crença nas promessas divinas foram as irmãs Celina Albuquerque e Maria Nazaré. Elas não somente creram, mas resolveram permanecer em oração até que Deus as batizasse com Espírito Santo conforme o que está registrado em Atos 2.39.

Numa quinta-feira, uma hora da manhã de dois de junho de 1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, enquanto orava, foi batizada com o Espírito Santo. Após o batismo daquela irmã começaria a luta acirrada. Na Igreja Batista alguns creu, porém outros não se predispuseram sequer a compreender a doutrina do Espírito Santo. Portanto, dois partidos

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estavam criados.Devido a este movimento pentecostal, Daniel Berg e Gunnar Vingren e mais 18 simpatizantes

foram expulsos daquela Igreja Batista, no dia 13 de junho de 1911. Na mesma noite da expulsão, ao chegarem a casa da irmã Celina, na Rua Siqueira Mendes, 67, os irmãos resolveram passar a se congregar ali, o que normalmente foi feito pelo espaço de mais ou menos três meses, com cultos dirigidos pelo missionário Vingren e pelo irmão Plácido. Daniel Berg pouco falava por ainda estar atrasado no aprendizado da língua.

A Primeira igreja

Assim surgiu a necessidade de que o trabalho fosse organizado como igreja, o que se deu a 18 de junho de 1911, quando por deliberação unânime, foi fundado a Assembléia de Deus no Brasil, tendo em Daniel Berg e Gunnar Vingren os primeiros orientadores.

O termo Assembléia de Deus dado a denominação não tem uma origem definida entre nós, entretanto sugere-se estarem ligado as Igrejas que na América do Norte professam a mesma doutrina e recebem a designação de Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal. Sobre a questão, é aceitável o seguinte testemunho do irmão Manoel Rodrigues: "Estou perfeitamente lembrado da primeira vez que se tocou neste assunto. Tínhamos saído de um culto na Vila Coroa. Estávamos na parada do bonde Bemal do Couto, canto com a Santa Casa de Misericórdia.

O irmão Vingren perguntou-nos que nome deveria dar-se a Igreja, explicando que na América do Norte usavam o termo Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal. Todos os presentes concordaram em que deveria ser Assembléia de Deus.

Em 11 de Janeiro de 1968 a denominação foi registrada oficialmente como pessoa jurídica. Com o nome de Assembléia de Deus.

Surgem as Perseguições

A fundação da Assembléia de Deus repercutia profundamente entre as várias denominações. O medo que a Assembléia de Deus viesse a absorver as demais denominações fez com que estas se unissem para combater o movimento Pentecostal. No ano de 1911, em Belém, alguns se dispuseram a combater o Movimento Pentecostal em seu nascedouro. Para alcançarem esse intento, não escolhiam os meios: calúnia, intriga, delação e até agressão física. Tudo era válido. Chegaram, inclusive, a levar aos jornais a denúncia de que os pentecostais eram uma seita perigosa, tendo com prática o exorcismo. Enfim, alarmaram a população.

A matéria no jornal A Folha do Norte, todavia, acabou por atrair numerosas pessoas para os cultos da nova igreja. Não poderia haver propaganda melhor.

A Chegada em São Paulo

Em 15 de novembro de 1927, por comando divino, chegava na capital de São Paulo o abençoado casal Daniel Berg e sua esposa Sara, para aqui semearem a boa semente do evangelho de Jesus. O primeiro culto nesta cidade foi realizado na mesma data em uma casa alugada na Vila Carrão, um bairro distante do centro da cidade. Este culto teve a participação do

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casal de missionários suecos, Simon Lundgren e Linnea Lundgren, e é a data oficial da fundação da igreja.

Orando muito, eles prosseguiam com as reuniões. Porém, aos poucos, a vizinhança começou a tomar conhecimento dos cultos. Certo dia, quando estavam orando e cantando, uma senhora bateu à porta e convidaram-na para entrar. Perguntou-lhes se eram crentes, e eles responderam afirmativamente. Esta mulher contou-lhes que havia se convertido na Assembléia de Deus de Maceió, vindo depois para São Paulo.

Em sua casa, vinha por muito tempo, com lágrimas, pedindo ao Senhor Jesus para que enviasse um servo seu para desenvolver a sua obra na cidade de São Paulo. O casal Berg compreendeu imediatamente que fora pelas orações desta irmã que o Senhor lhes enviara à capital paulista. Na família da mesma, havia pessoas que estavam sedentas de salvação, que aceitaram o Evangelho com muita alegria. Muitos vizinhos começaram também a participar das reuniões, recebendo de bom grado a Palavra do Senhor e a Cristo como seu Salvador.

Alguns dias depois, um grupo de crentes que haviam saído de outra denominação (discordância doutrinária), passou para a nova igreja. Entre eles estavam: Ernesto Ianone e a sua esposa Josefina; Vitaliano Piro e esposa; José Piro e esposa Elvira; Filomena Salzano e seus filhos Miguel e Luiz Salzano. Ainda faziam parte deste grupo, familiares da irmã Regina Antunes, de saudosa memória, que em fevereiro de 1989 passou para a eternidade: sua mãe Angelina Augusta Barretta e seu irmão Pedro Barretta Hallepian.

Nascia assim a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, do Ministério do Belém, que hoje já reúne cerca de 2.000.000 de membros, e que teve como seus pastores: Daniel Berg, Samuel Nystron, Samuel Hedlund, Simon Lundgren, Francisco Gonzaga da Silva, Bruno Skolimovski, Cícero Canuto de Lima, e o atual pastor José Wellington Bezerra da Costa.

A Chegada em Minas Gerais

A Assembléia de Deus em Belo Horizonte foi fundada em 17 de março de 1927, pelo próspero comerciante colombiano Clímaco Bueno Aza, convertido no Estado do Pará, no ano de 1913.

Em 1918-1921, fez o mesmo no Maranhão, seguindo depois para o Rio de Janeiro, a fim de realizar campanhas evangelísticas naquele Estado, de onde veio para Belo Horizonte, chegando aqui em 15 de fevereiro de 1927. Fixando residência à Rua Peçanha, esquina com Rua Paraíso, no Bairro Carlos Prates, fez do seu lar o primeiro salão de cultos Pentecostais, tendo realizado o primeiro culto ali, no dia 17 de março de 1927, ficando naquela data fundada a Assembléia de Deus na Capital Mineira.

Boa parte da assistência daqueles primeiros cultos era de espíritas de um centro espírita que havia nas proximidades dali, os quais ficavam confusos com a manifestação do Espírito Santo sobre os corações inflamados da família AZA, e muitos deles foram depois. Os primeiros crentes Pentecostais belorizontinos foram batizados no Córrego do Leitão (em cujas águas não havia poluição) naqueles dias.

As Igrejas Evangélicas existentes em Belo Horizonte, receberam com muita cautela a notícia da chegada do Movimento Pentecostal à Capital Mineira, e passaram a observar o que se passava no meio assembleiano.

Os corações dos crentes mineiros estavam sedentos por um derramamento do Espírito Santo de Deus sobre eles; muitos iam examinar o que se passava naqueles cultos Pentecostais, eram visitados pelo poder de Deus, e continuavam a assistir aquelas benditas reuniões do Evangelho Completo, e se uniam à Assembléia de Deus, ocasião em que bom número daqueles que eram

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membros de outros ministérios, tornavam-se obreiros Pentecostais.

Registro da igreja em cartório

Em 30 de abril de 1927, a Igreja foi registrada em cartório com o nome de “Sociedade Evangélica Assembléia de Deus”, tendo como presidente o pastor Clímaco Bueno Aza e vice-presidente Elói Gilbrás de Santilhana. Alugaram um salão para cultos na Rua Tremedal esquina com a Rua Padre Eustáquio, porém, a maior parte das pessoas que assistiam aos cultos ficava do lado de fora do salão.

Compra de terreno e construção de pequeno templo

Devido ao grande número de pessoas, resolveram comprar outro imóvel, e pela fé, compraram um terreno localizado na Rua Contagem, 431, bem próximo da congregação. Dando assim o início a construção do novo salão, que foi inaugurado em 15 de janeiro de 1929.

Mudança de Direção

Em 1931 o Pastor Nils Kastberg chegou a BH para ajudar ao Pastor AZA, que resolveu trabalhar em outro Estado, passando a direção da igreja em 02 de agosto de 1931. Posteriormente Pastor Aza veio a falecer em 1946 no Rio de Janeiro, tendo trabalhado para o Senhor durante 33 anos seguidos.

Em 1933 o Pastor Anderson Johanson chegou a BH para auxiliar o Pastor Nils Kastberg, que neste mesmo ano foi substituído pelo Pr Anderson, uma vez que foi trabalhar no Rio de Janeiro. Todavia, neste mesmo ano, este foi substituído pelo Missionário Algot Svesson, que permaneceu a frente da igreja mineira até o ano de 1958.

Compra de terreno para Construção da Nova Sede

Em 1944, com a centralização do trabalho em Belo Horizonte, a sede da Igreja na Rua Uberlândia, 620 (antiga Contagem, 431), que havia sido reinaugurado em 1932, não oferecia mais condições de acomodar todos os crentes em trabalhos especiais. Naquele templo não se poderia realizar grandes trabalhos, por não comportar toda a assistência em cultos especiais, como festivos e de Santa Ceia do Senhor.

Havendo um terreno anunciado à venda na Rua São Paulo, 1341, por bom preço, o pastor Algot reuniu o ministério da Igreja e propôs a ele a compra daquele terreno para construção da nova sede da Igreja, o que foi bem aceito pelo ministério.

Ao exporem para a Igreja aquela pretensão, vários irmãos se opuseram, alegando que a Igreja não tinha condições financeiras nem para pagar os impostos anuais daquele terreno, havendo com isso até quem se desviasse do Evangelho sob a alegação de que era impossível à Igreja arcar com aquele compromisso.

No entanto, o Pastor Algot, como homem de fé e visão espiritual, levou o secretário da igreja, o irmão João Gomes Moreira, ao corretor do citado imóvel, o qual ao ver que um estrangeiro o procurara para realização do negócio, ficou animado e apressou-se em realiza-Ia.

Ao ser dado o preço do imóvel de Cr$100.000,00 (CEM MIL CRUZEIROS) à vista, o Pastor Algot lhe pediu que aguardasse o seu retorno e foi com o irmão João Gomes até à Caixa Econômica Federal, e propuseram

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levantar um empréstimo de Cr$ 100.000,00, em nome da "Sociedade Evangélica Assembléia de Deus", para serem pagos em prestações a combinar.

O gerente concordou em efetuar o empréstimo, a ser pago em 40 prestações de Cr$ 2.500,00, e que seriam cobrados juros de 10% no ato do levantamento do empréstimo, com o que concordou o Pastor Algot, e que, também, o imóvel ficaria penhorado até à liquidação do débito. A transação foi feita, o Pastor Algot recebeu os Cr$90.000,00, tomou mais Cr$ 10.000,00 emprestados com um irmão da Igreja, e levou os Cr$100.000,00 ao corretor do imóvel.

Efetuaram o pagamento e levaram a escritura para ficar penhorada na Caixa Econômica Federal, até à liquidação do débito. O Pastor reuniu a Igreja e cultuaram a Deus pela primeira vitória alcançada.

A Grande construção do grande Templo Central

Ainda em 1950, foram iniciadas as obras de construção do grande templo central, à Rua São Paulo, n.º 1341, no Centro da capital, possuindo no caixa da Igreja apenas Cr$ 121.000,00 (Cento e vinte e um mil cruzeiros), dos quais, 100 mil trazidos por empréstimo da Igreja da Suécia, e 21 mil tomados emprestados de um irmão da Igreja de Caratinga.

Toda essa importância foi gasta apenas na fundação do templo, com cimento, ferragens, areia e brita.

O Pastor Algot apelou para as Igrejas do interior do Estado, a fim de enviarem ofertas especiais. As congregações da Capital também faziam o mesmo, além de continuarem os cultos aos domingos pela manhã, na área da construção do templo, ocasião em que eram levantadas ofertas especiais; isso, durante os seis longos anos que duraram as obras de construção da Igreja. Durante todo aquele período, houve mutirões, com irmãos da Capital e das congregações da periferia, inclusive os obreiros, que também prestavam a sua valiosa mão-de-obra, de acordo com as suas es-pecialidades.

Os assembleianos continuavam unidos, todos com um só propósito: o de ver realizado o gigantesco desafio da fé do tão pequeno rebanho! Antevíamos a breve inauguração do majestoso templo.

A esposa do pastor Anselmo, irmã Bernarda Silvestre, por sua vez, prestou a sua valorosíssima colaboração, com uma equipe de abnegados irmãos e irmãs: forneceram alimentação ao grande número de irmãos que vinham prestar serviços em mutirão. Durante todo o tempo em que o templo esteve em construção, a nossa irmã Bernarda amanhecia e anoitecia preparando o alimento para aqueles servos de Deus.

Inauguração do novo templo e mudança da sede

Finalmente, após ferrenha luta, o templo foi concluído e inaugurado em 13 de maio de 1956, com grande júbilo e com a presença de várias autoridades civis e militares locais, e de representantes das igrejas co-irmãs da Capital, como também do interior de Minas e de outros estados da Federação e do Exterior, os quais se congratulavam com o pequeno rebanho pela grande realização da inauguração do majestoso templo de linhas arquitetônicas modernas, com capacidade para 3.000 assentos, em pleno centro da Capital Mineira, quando na Igreja de Belo Horizonte havia menos

de 1.500 congregados.Era de fato um grande milagre que estava acontecendo!

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Naquela data foi transferida a sede da Igreja, da Rua Uberlândia, 620, antiga Rua Contagem, 431, para seu novo endereço: a Rua São Paulo, 1341.

A igreja hospeda Convenção Nacional

Em março de 1957, a Igreja hospedou a Convenção Nacional, freqüentada por obreiros de todas as partes do país e do exterior. Naquela ocasião, foi designado o escritor e compositor Emílio Conde, para escrever a 1.a edição da História das Assembléias de Deus no Brasil, cuja obra foi publicada em 1960.

Pastor Algot viaja em férias para a Suécia e chega ao falecimento

Após a Convenção Nacional, o Pastor Algot, que estava muito cansado, viajou em férias para a Suécia, deixando como seu substituto o Pastor Anselmo Silvestre. Em 1958, quando ainda se encontrava na Suécia, o Pastor Algot adoeceu vindo a falecer ali em 06 de junho de 1958.

Por este motivo, em 18 de junho daquele mesmo ano, o Ministério da Igreja em Belo Horizonte se reuniu e empossou o Pastor Anselmo Silvestre como presidente de todo o campo mineiro, tendo como vice-presidente Orozimbo Tiburtino.

Conforme documento do governo federal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, encontrado no Departamento de Secretaria Geral, datado de 05.01.1950, a igreja possuía a de o nome de “Igreja Evangélica Assembléia de Deus”, onde havia 2 Ministros, 2 Diáconos e 6 Presbíteros, tendo um total de 1550 membros, com os templos na Rua São Paulo, 1341; Rua Urbelândia 620 e Rua Leopoldo Gomes, em Parque Jardim, Belo Horizonte/MG. Este documento possui a assinatura do Pr Algot Svesson. Quem quiser conhecê-lo, é só procurar o Departamento de Secretaria Geral, que possui uma cópia deste original.

Nova liderançaPor Mary Silvestre Leal

Pastor Anselmo Silvestre, Líder das Assembleias de Deus em Minas Gerais.

Nasceu em 1º de junho de 1916, em Sabinópolis Gerais (MG).Em 1930, aos 13 anos, mudou-se para Belo Horizonte. Casou-se com

Bernarda, com quem teve oito filhos: Ruth, Jeremias, Isaías, Oséias, Ezequias, Sulamita, Judith e Noemi. Sua conversão ao evangelho aconteceu em maio de 1939, em Belo Horizonte (MG), por meio da cura de sua esposa.

Quando recém-casado, sua esposa Bernarda sofria de epilepsia e ficou desenganada pelos médicos. Anselmo resolveu então procurar ajuda no espiritismo. Porém, depois de quatro sessões, sua esposa não encontrou a cura. Ele ficou desesperado e um dia tentou esquecer o grave problema indo a um baile. No dia seguinte, encontrou um velho amigo, que lhe falou sobre o evangelho e o convidou para assistir a um culto na casa de seu irmão.

Era um culto pentecostal, realizado por crentes da Assembléia de Deus. Nesse culto, em a um “turbilhão de aleluia, glórias a Deus e línguas estranhas”, sua esposa foi curada e o casal aceitou o evangelho. Poucos dias depois, Anselmo também adoeceu gravemente, por causa de uma pneumonia dupla, mas recebeu a cura.

Em dezembro de 1939, foi batizado nas águas, pelo missionário sueco Algot Svensson, então pastor da Assembléia de Deus de Belo Horizonte, tendo já recebido o batismo com o Espírito Santo. Quando estava no antigo templo da AD de Belo Horizonte, no bairro Padre Eustáquio (Rua

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Uberlândia 620), para participar, pela primeira vez, da Ceia, o pastor Algot declarou à igreja: “Precisamos de um bom porteiro. O senhor, como se chama?” Uma pessoa que estava ao seu lado adiantou: “Anselmo Silvestre, ele foi batizado ontem”. Então o pastor Algot prosseguiu: “O irmão quer se levantar para que a igreja o conheça? Aceita o cargo de porteiro?” Anselmo aceitou e começou imediatamente a trabalhar, ficando nesse cargo durante um ano, sendo o primeiro a chegar e o último a sair da igreja.

Em 1940, foi separado para trabalhar como diácono. Naquela época, a Assembléia de Deus em Belo Horizonte possuía cerca de trezentos membros em toda capital. Havia poucos obreiros. Então, mesmo como diácono, Anselmo desenvolvia intenso trabalho evangelístico e pastoral no interior do Estado, em cidades designadas pelo missionário Svensson, tais como Corinto, Curvelo, Pirapora, Montes Claros e outras. Muitas vezes, essas viagens eram custeadas por Anselmo, que, na época, trabalhava na empresa de Estrada de Ferro Central do Brasil. Quando estava para ser promovido, e passaria a ganhar o salário de três contos de réis, foi chamado para trabalhar em tempo integral na igreja, ganhando bem menos. Em 1945, foi consagrado a evangelista, e em1950, ao ministério pastoral.

Pastor Anselmo Silvestre foi um grande auxiliar do missionário Svensson durante a construção do templo da Rua São Paulo, 1341, no centro da capital Mineira, inaugurado em 13 de maio de1956.

Em 1958, o missionário Svensson viajou com a família para descanso na Suécia. Estando naquele país, faleceu em 5 de Junho de 1959. Anselmo Silvestre, vice-presidente, foi eleito pelo Ministério, por unanimidade, para pastorear a igreja. Embora Anselmo considerasse que havia pastores mais experientes que ele, como José Alves Pimentel, Geraldo de Freitas e Geraldo Sales, os primeiros consagrados em Minas Gerais.

Quando assumiu a igreja, havia, na capital, apenas 1300 membros e seis congregações. A igreja na capital mineira cresceu em todas as áreas, possuindo atualmente muitos templos, milhares de crentes e centenas de obreiros.

Em 1998 inaugurou um prédio de doze andares nos fundos do templo, para abrigar departamentos da igreja, o escritório da Convenção Estadual dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus no Brasil (COMADEMG).

Em 1964, começou a investir em missões enviando o Pastor Philemon Rodrigues da Silva para o campo missionário na Bolívia. Atualmente, a igreja mantém mais de 160 missionários em diversos países e cidades do Brasil.

Anselmo ocupou cinco vezes a vice-presidência da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), em 1962-64, 1997-99, 1999-2001, 2001-03 e 2003-05, 2005-2006 além de outros cargos na Mesa Diretora e, como conselheiro, em órgãos da Convenção.

Em seu pastorado, a AD de Belo Horizonte hospedou duas assembléias gerais da CGADB (1981 e 1997). Como líder das Assembléias de Deus, viaja freqüentemente por todo o país e ao Exterior, tendo visitado Estados Unidos da América, Israel, Coréia do Sul, Ucrânia, Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e outros.

Pastor Anselmo continua atuante na liderança do seu Ministério. Viúvo desde 31 de dezembro de 1986, Anselmo Silvestre é conhecido em todo o país pelo seu vigor extraordinário, apesar da idade (sempre viajando), pelo seu bom humor e por gostar de cantar, nas igrejas e convenções, o hino cujo refrão conclama a todos ao avivamento, declarando que “tem que começar pelo altar”.

Hoje, a grande BH conta com mais de 600 congregações e mais de 65.000 membros. Considerando todo o Estado, temos mais de 150.000 membros.

O Pastor Anselmo Silvestre, atual Pastor Presidente de Honra é o primeiro brasileiro que ocupa este cargo, sendo o 5º. Presidente desde sua fundação neste Estado.

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Agora, com a posse do Pr Moisés Silvestre Leal como o Presidente do Ministério de Belo Horizonte, este se torna o 2º brasileiro a ocupar o cargo de presidente da Assembleia de Deus – Ministério de Belo Horizonte.

Diretoria Geral

É importante que todos os membros e obreiros de nosso ministério, saibam que hoje a igreja possui uma Diretoria Geral, que trata das diretrizes que a igreja precisa tomar, para continuar crescendo, isto posto, necessário se faz conhecermos mais um pouco sobre ela.

A Diretoria Geral é o órgão responsável pela deliberação de assuntos administrativos gerais da Igreja. Ela é eleita para mandato de 2 (dois) anos pelos membros e ministros, reunidos em Assembleia Geral.

Dentre as funções da Diretoria Geral está a de comandar todos os demais órgãos administrativos (Comissões, Diretorias Auxiliares e Departamentos), bem como gerir todos os recursos financeiros destinados ao caixa geral da Igreja.

A atual Diretoria Geral foi eleita na AGE do dia 10 de janeiro de 2010 sendo constituído pelos pastores Moisés Silvestre Leal, Sebastião Evangelista, Nicodemos de Souza, José Vieira Izidório, Francisco Cleuton Lopes, José Vicente Sousa, José Zito dos Santos e João Carlos Ferreira de Oliveira.

A atual gestão que desempenha seu mandato até janeiro de 2012, tem pela frente como principais desafios à implantação dos vários procedimentos administrativos instituídos pelas normas do estatuto e regimento interno e o saneamento do caixa geral da igreja.

Nossa Doutrina

a) Santa Ceiab) De acordo com o credo das Assembléias de Deus, entre as verdades fundamentais da

denominação, estão à crença:c) Num só Deus eterno subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; d) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, considerada a única regra infalível de fé normativa para a

vida e o caráter cristão; e) Na concepção virginal de Jesus Cristo, na sua morte vicária e expiatória, ressurreição corporal e

ascensão para o céu; f) No pecado que distancia o homem de Deus, condição que só pode ser restaurada através do

arrependimento e da fé em Jesus Cristo. g) Arrebatamento dos membros da Igreja para a Nova Jerusalém em breve com a volta de Cristo. h) Na necessidade de um novo nascimento pela fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito

Santo e da Palavra de Deus para que o homem se torne digno do Reino dos Céus; i) A denominação pratica o batismo em águas por imersão do corpo inteiro, uma só vez, em

adultos, em nome da Trindade; a celebração, sistemática e continuada, da Santa Ceia ; e o recebimento do batismo no Espírito Santo com a evidência inicial do falar em outras línguas, seguido dos dons do Espírito Santo.

j) A exemplo da maioria dos cristãos, os assembleianos aguardam a segunda vinda pré-milenial de Cristo em duas fases distintas: a primeira, invisível ao mundo, para arrebatar a Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; e a segunda, visível e corporal com a Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo por mil anos, sendo portanto dispensacionalista.

k) Ainda, nesse corolário de fé, os assembleianos esperam comparecer perante o Tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa do Cristianismo, seguindo-se uma vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tormento para os infiéis.

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Liturgia

a) Os cultos da Assembléia de Deus se caracterizam por orações, cânticos (músicas e hinos evangélicos), testemunhos e pregações, onde muitas vezes ocorrem manifestações dos dons espirituais, como profecias e o culto em línguas.

b) Possui dias e horários específicos, sendo o principal deles no Domingo (o culto público) por volta das 19h00min, e o de Ensinamento Bíblico (a Escola Bíblica Dominical, com divisão de classes por idade aos Domingos por volta das 08h00min.

c) Os cultos e trabalhos tem duração média de 02:30hs, sendo divididos em:d) Oração inicial - Normalmente um obreiro ou pastor faz uma oração pedindo a benção de Deus. e) Cânticos iniciais - Utilizando-se da Harpa Cristã, canta-se em média de 03 hinos. f) Leitura trecho bíblico (ou Palavra Introdutória) - Neste momento a leitura do trecho bíblico e

inspirada pelo Espírito Santo, no qual o culto será direcionado como um todo com base nesse trecho.

g) Oportunidades de Cânticos por Grupos de Jovens, Crianças, Senhoras, Adolescentes, Corais, Grupos e Ministérios de Louvor.

h) Oportunidades de Testemunhos por Membros - Momento no qual os membros contam o que Deus mudou em suas vidas e vem fazendo atualmente por eles.

i) Leitura Bíblica e Pregação - na qual um pastor, um membro da igreja local, ou um pregador ou pastor convidado fará a pregação (sermão) explicando a passagem bíblica para toda a igreja.

j) Apelo - Convite aos que não são evangélicos a aceitarem a Jesus como seu único e suficiente Salvador.

k) Oração Final. l) Benção Apostólica.

BIBLIOGRAFIA:

1. CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. S. Paulo. Vida Nova, 1984, 494 2. GONZÁLES, Justo L. A Era das Trevas. S. Paulo. Vida Nova, 1981. vol. 3. A Era dos Altos Ideais. S.

Paulo. Vida Nova.1981, vol. 4. A Era dos Sonhos Frustrados. S. Paulo. Vida Nova. 1981, vol.53. SILVA, Amaro Pedro da. Sinopse Histórica da Fundação da Assembléia de Deus de Belo Horizonte

1927-1958. 1º. Edição. Editora Betânia S/C. Belo Horizonte, 2000. 4. www.wikipedia.org 5. http://www.assembleiadedeusdf.com.br/nossahistoria/templos.htm 6. http://adsaomarcos.urimtumim.net/igreja/adhistoria.php 7. http://bibliaaberta.blogspot.com/2007/08/histria-das-assemblias-de-deus-no.html 8. http://avivamentoazusa.blogspot.com 9. http://adcnfatebom.com.br 10. http://www.assembleiadedeusbh.com.br/2008/Institucional.asp 11. SOUZA, Julio Cezar Gomes. Organização e Diagramação. Apostila do Curso de Preparação de

Obreiros de 2008. Assembleia de Deus – Ministério de Belo Horizonte. Belo Horizonte – 2008.

DISCIPLINA: O SERVIÇO NO DIACONATO

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

Escolhei, pois irmãos dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo, e de Sabedoria, aos quais encarregaremos este serviço, At. 6.3.

INTRODUÇÃO

A palavra DIÁCONO, do original grego DIÁKONOS, quer dizer, servo, serviçal, servente, camareiro. Deve-se observar que nessa palavra os PRESBÍTEROS que à congregação cabia o privilégio de fazer a seleção, embora os escolhidos devessem ser aprovados, e consagrados pelos Apóstolos. Trata-se de uma ação democrática bem definida e clara.

I – DIÁCONOS ORIGINAIS PORQUE SETE DIÁCONOS? PORQUE FOI ESCOLHIDO ESSE NUMERO DE DIÁCONOS? EIS ALGUMAS EXPLICAÇÕES?

1. Por esse ser o numero das qualidades do Espírito Santo em Is 11.2, Ap 1.4.2. Porque sete talvez fosse a representação eqüitativa dos diversos grupos de que se compunha

à comunidade cristã, isto é, três representantes do grupo hebraico, três representantes do grupo dos gregos, e um representante dos prosélitos.

3. Alguns têm suposto que tal numero foi regulado pela circunstância de que a cidade de Jerusalém naquela época estava dividida em sete distritos.

4. Talvez esse número tenha sido escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o pensamento dos hebreus.

Os DIÁCONOS que aparecem no capítulo 6 de Atos, apesar de serem um grupo distinto de indivíduos, com distintas responsabilidades, mais tarde distribuídas entre os anciões e os DIÁCONOS, servem de exemplos antecipatórios da organização eclesiástica, executando tão somente o oficio apostólico que jamais esteve sujeito a alterações em face das condições exigidas para tal ofício, que eram as de terem visto o Senhor Jesus ressurreto e de serem pessoalmente nomeados por ele. Uma prova disso é que as qualificações para qualquer oficio eclesiástico subordinado eram praticamente idênticas, como também muitas de suas funções eram parecidas, pois quase tudo quanto uns podiam fazer, os outros também podiam.

II – QUALIFICAÇÃO DOS DIÁCONOS EM ATOS 6.3

1) Homem de Boa Reputação – Isso tanto nos aspectos, positivo como negativo. Não deveriam se envolver em qualquer escândalo que lançasse qualquer reflexo adverso sobre sua moralidade ou honestidade. Deveriam ser conhecidos como homens de interesses humanitários, que promovessem o seu oficio e apresentassem soluções equipadas aos muitíssimos, problemas. A palavra reputação é uma qualidade intrínseca ao DIÁCONO e nos dá entender que teriam de ser indivíduos testados, que lhes tivesse dado bom testemunho. Outras pessoas precisam conhecê-los em negócios e em seu caráter passado testificando favoravelmente acerca deles.

2) Homens cheios do Espírito Santo – Certamente os Dons espirituais estavam, em foco. Os DIÁCONOS precisavam ser dotados de habilidade sendo homens destacados da comunidade cristã, como homens de Deus, ativos e poderosos no ministério. Estevão foi um homem cheio de graça e de poder, At 6.8, pois fazia prodígios e grandes sinais visíveis dos dons espirituais,

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como característica necessária para alguém ser nomeado a qualquer oficio mais elevado como deve ter sido inicialmente considerado o DIACONATO.

3) Homens cheios de sabedoria – Obviamente essa qualidade era resultado direto do poder habilitados do Espírito Santo. Trata-se de uma qualidade ao mesmo tempo negativa e positiva, terrena e celestial. Era mister que soubessem rejeitar as murmurações e como cuidar delas, sabendo também cuidar dos que eram dados à fraude, à calunia, e a traição por palavras pois em seu trabalho de administração do dinheiro, naturalmente se encontrava com pessoas mais idosas, nas quais com freqüência, se encontrava um espírito de partidarismo radical, alem de idéias fechadas e preconcebidas.

O oficio DIACONAL no livro de Atos capitulo 6, é um dos recursos dos ofícios inferiores, ao pastorado, na igreja cristã, e originalmente, sem duvida, muito se assemelham aos ofícios pastorais e DIACONAL dos anos posteriores.

III – QUALIFICAÇÃO DOS DIÁCONOS EM ATOS 6.3 EM I TM 3.8-13, V.8:

Da mesma sorte os DIÁCONOS sejam sérios, não de língua dobre, não dado a muito vinho, não cobiçoso de torpe ganância.

Espera-se que os DIÁCONOS tenham as mesmas virtudes dos Pastores, pois embora o ofício DIACONAL talvez seja menos importante, com um pouco menos de prestigio, é mister que os DIÁCONOS sejam homens espirituais, para que o oficio seja um sucesso o que é importante para o bem estar da Igreja local, At 9.15,19; Ap 2.17. O Bispo Clemente de Roma disse a nomeação dos DIÁCONOS, era originalmente apostólica. O oficio e a função dos DIÁCONOS, embora a passagem do tempo ampliou o escopo e a natureza desse oficio, até que o mesmo se tornou uma posição eclesiástica. A própria palavra DIÁKONOS, é usada de várias maneiras, no Novo Testamento, como serviço de qualquer espécie, espiritual ou material, como Paulo se refere, a si mesmo, I Co 3.5; a Jesus Cristo, em Gl 2.17; aos governantes civis em Rm 13.4.

1) Os DIÁCONOS sejam honestos e sábios nas decisões.2) Os DIÁCONOS não sejam de língua dobre, pesados de língua.3) Os DIÁCONOS sejam temperantes.4) Os DIÁCONOS sejam bons administradores das possessões.5) Os DIÁCONOS devem ser provados para serem provados.6) Os DIÁCONOS devem de fé.7) Os DIÁCONOS devem ser homens irrepreensíveis.8) Os DIÁCONOS devem ser monógamos, (esposos de uma só mulher).9) Os DIÁCONOS devem governar bem seus filhos e sua casa.

IV – DEVERES DOS DIACONOS: SERVIR ÀS MESAS

1) Servir a Mesa do Senhor – Cabe a responsabilidade aos DIÁCONOS de funcionar na distribuição da Ceia do Senhor. Não há ordem a esse respeito no NT, mas a pratica já consagrou este costume. Isto, no entanto, não impede que o pastor escolha um outro cooperador da congregação que goze da simpatia da mesma para exercer esta função.

2) Servir a Mesa do pastor – Tratar do sustento pastoral é um dos deveres mais honrosos do DIÁCONO. O Pastor por uma questão de escrúpulo não se dirige à igreja para lhe dizer o que

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ele necessita, mas aos DIÁCONOS compete fazer um estudo minucioso, das condições econômicas da Igreja, e das necessidades do Ministro para manter-se condignamente na função ministerial com alegria e não gemendo, Hb 13.7. graças a Deus que em sua maioria as Igrejas têm tido no DIACONATO, homens probos, conscientes, humildes, amigos do Pastor e que têm honrado o ministério, para o que foram escolhidos: o de servir.

3) Servir a mesa dos Pobres – os problemas social de filantrópico de certas igrejas, absorvem muitíssimo o tempo do Pastor. Por isso a igreja a exemplo do que fizeram os crentes primitivos, elege homens da sua congregação para servirem as mesas, At 6.2, afim de que os pastores não fiquem sobrecarregados e possam dedicar-se mais a oração e do ministério da palavra de Deus, At 6.4.

Grandes ministérios realizem os DIÁCONOS que reconhecem sua verdadeira função. Um DIÁCONO já desanimado. Procurou o pastor dizendo que iria entregar o cargo em suas mãos. O Pastor disse-lhe: “Antes que o irmão ainda proceda, por favor, leve uma oferta a uma senhora pobre em determinado favela, e converse com ele sobre os problemas dele “Ele aceitou a palavra e foi e ao retornar era um outro homem. Então disse ao Pastor que não queria deixar mais função. O cumprimento da sua real função lhe deu mais animo e mais vitalidade espiritual.

V – OUTRAS RESPONSABILIDADES QUE OS DIÁCONOS PODEM EXERCER:1) Ajudar a Igreja no levantamento das finanças.2) Ajudar o Pastor nas visitações.3) Ajudar o Pastor na disciplina eclesiástica.4) Visitar os novos convertidos e os enfermos nos hospitais.5) Se o Pastor não está presente e não há ninguém escalado para substituí-lo, um DIÁCONO

pode ficar na direção dos trabalhos.6) Os DIÁCONOS devem ficar à disposição durante o trabalho, das igrejas para ajudá-la em

qualquer serviço.Quando se faz um rodízio nas atividades e funções dos DIÁCONOS por ocasião das eleições,

muitos são os resultados positivos: 1) Desenvolve-se um maior número de homens; 2) Traz nova vida e novo sangue; 3) Possibilita a ordenação dos outros; 4) Dá aos jovens inspiração para servirem ai DIACONATO; 5) Educa maior número de homens no trabalho; 6) É a maneira mais fácil de se eliminar da função aqueles que não se adaptam bem a mesa; 7) Permite o afastamento de alguns da função DIACONAL sem embaraços; 8) É a maneira democrática e dá à igreja o direito de escolher os seu próprios DIACONOS; 9) Dá ao DIÁCONO um bom preparo da função durante o período de suas atividades o que através de bons serviços prestados, faz do DIACONATO uma função muitíssimo distinta e de confiança no ministério.

CONCLUSÃO

Um bom DIÁCONO é uma grande alavanca na igreja, uma esperança e um estimulo para o Pastor, e para os membros em geral. Mas o DIÁCONO que exorbita em suas funções, é uma pedra de tropeço um tipo de Diótrefes, um peso morto uma decepção. É melhor não ter DIÁCONOS e tê-los sem que eles preencham os requisitos bíblicos, exigidos. Só devem ser eleito aqueles que realmente possuem dom de ministrar e servir.

Pr. José Vicente Sousa (Diretor Financeiro e Pastor Regional na Região Santa Mônica ADBH)

DISCIPLINA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS (*)

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INTRODUÇÃO

Scott trabalha com som. Até pouco tempo atrás, ele era gerente de vendas de uma cadeia de lojas que vende alto-falantes, componentes e aparelhos de som estéreo. Todo mundo na companhia reconhecia seu talento como vendedor. Quase sempre, ele era o vendedor do mês e suas comissões e bônus engordavam bastante o seu contracheque.

Os clientes de Scott gostavam de seu charme, seu conhecimento sobre os produtos que vendia e de sua boa vontade. Ele parecia estar realmente interessado em seus clientes e em prestar um bom serviço.

Mas ele não se dava muito bem com o pessoal da empresa. Era impaciente com os colegas que faziam perguntas e criticava os erros dos outros. Como gerente de vendas, ele fazia questão de pontualidade e dizia um monte de desaforos para quem chegava atrasado; só que, algumas vezes, ele também não era pontual. Ele exigia que o limite de crédito do cliente fosse verificado rigorosamente e que as regras da empresa fossem seguidas à risca, mas ele mesmo violava as regras com seus clientes. Sempre que recebia instruções do dono da firma, ele sentia uma raiva corroendo por dentro e uma vontade enorme de desobedecer. Às vezes, ele secretamente ignorava as ordens do patrão e fazia as coisas do seu jeito.

Não faz muito tempo, ele foi despedido. Não havia a menor suspeita de que Scott tivesse sido desonesto ou fosse incompetente. Ele foi dispensado por causa de sua óbvia mau vontade em cooperar e por sua incapacidade de se relacionar bem com os colegas de trabalho.

Scott sempre teve dificuldades de relacionamento com os outros, principalmente os que estavam em posição de autoridade. Quando jovem, ele batia de frente com o pai toda hora, tinha muitas discussões com os professores e às vezes descarregava sua frustração dando ordens ao irmão caçula e a outras pessoas que ele podia controlar.

Uma pessoa sugeriu que o aconselhamento talvez fizesse bem para ele, mas Scott já tinha decidido procurar outro emprego e, depois, resolver as coisas sozinhas. Um de seus amigos acha que ele tem medo dos conselheiros. Talvez ele pense que o conselheiro vai agir como o seu pai.

Scott é um jovem com talento para as vê! Das, é inteligente, conhece bem o mundo dos negócios e tem potencial para fazer uma carreira de sucesso no comércio, mas não consegue se relacionar com as pessoas, a menos que esteja no controle e possa fazer as coisas à sua maneira. Se não tiver algum tipo de ajuda, é pouco provável que venha a mudar.

Os seres humanos são criaturas sociais. Na época da Criação, Deus disse que não era bom que o homem estivesse só. Ele deu a Adão uma companheira, disse à espécie humana para se multiplicar e permitiu que nos expandíssemos até os bilhões de pessoas que ocupam o planeta Terra atualmente.

Sempre que duas ou mais pessoas se juntam, ocorrem relações interpessoais. Às vezes, essas relações são tranqüilas, com todo mundo apoiando todo mundo e com uma comunicação clara, concisa e eficiente. Freqüentemente, no entanto, as relações interpessoais são tensas e marcadas por conflitos. Os homens e mulheres de hoje têm orgulho de seu individualismo, sua independência e autodeterminação, mas esses traços de personalidade: às vezes nos afastam dos outros e nos tornam mais insensíveis, solitários e incapazes de nos relacionar bem com outras pessoas. Vivemos na era da informação, com suas multimídias e dispositivos mecânicos para auxiliar a comunicação e a interação, mas ainda temos muitos mal-entendidos, não conseguimos nos dar bem uns com os outros e muitas vezes nos sentimos isolados e sozinhos. Há muitos anos, o psiquiatra Harry Stack Sullivan levantou a hipótese de que todo crescimento pessoal e toda cura, bem como os danos e regressões, surgem através dos relacionamentos com outras pessoas. Todos os processos de

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aconselhamento (e quase todos os assuntos discutidos neste livro) lidam, direta ou indiretamente, com as relações interpessoais. O modo como as pessoas interagem com as outras, inclusive o modo como se comunicam, deve ser uma das preocupações centrais de todo conselheiro cristão.

1. O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

A Bíblia registra uma longa história de problemas interpessoais e quebras na comunicação, envolvendo a espécie humana. Adão e Eva, o primeiro casal, teve um desentendimento a respeito das razões que os levaram a pecar, no jardim do Éden. Seus dois primeiros filhos tiveram um conflito que acabou em homicídio. Depois disso, com a multiplicação da população, a terra se encheu de violência. Alguns anos após o dilúvio, os pastores de Abraão e Ló começaram a brigar, então houve rixas familiares e toda uma sucessão de guerras, que se estenderam por todo o Velho Testamento.

As coisas não eram muito melhores na época do Novo Testamento. Os discípulos de Jesus discutiam entre si sobre quem seria o maior, quando chegassem ao céu. 2 Na igreja primitiva, Ananias e Safira mentiram aos outros crentes, os judeus e gregos não se entendiam, e havia disputas doutrinárias.-' Muitas vezes, em suas cartas, o apóstolo Paulo comentou a desunião na igreja e rogou pela paz. Em suas próprias atividades missionárias, ele se envolveu em discussões, e em certa ocasião escreveu aos coríntios, expressando o temor de que, quando fosse visitá-Ios, encontrasse "contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho," desordem e outras demonstrações de tensões interpessoais e pecado.

Embora a Bíblia registre muitos exemplos de discórdias, ela não faz vista grossa, nem deixa passar as contendas interpessoais, como se não fossem nada. Ao contrário, a contenda é decididamente proibida e os princípios para um bom relacionamento interpessoal são mencionados freqüentemente. O livro de Provérbios, por exemplo, nos ensina a refrear a nossa língua e não caluniar, dizer a verdade, falar com educação, pensar antes de falar, ouvir atentamente, resistir à tentação dos mexericos, a evitar a lisonja e a confiar em Deus. A ira incontida, as palavras ásperas, o orgulho, a desonestidade, a inveja, a luta pelas riquezas e muitas outras características prejudiciais são citadas como fontes de tensão. Não há nenhum outro livro na Bíblia que contenha tantos ensinamentos claros sobre as relações entre as pessoas quanto o livro de Provérbios.

Entretanto, outros trechos da Bíblia ensinam sobre isso. Grande parte do Sermão do Monte diz respeito às relações interpessoais? No período final de seu ministério, Jesus ensinou sobre a resolução de conflitos e interveio em diversas disputas. 8 Paulo advertiu Timóteo a não ficar discutindo com as pessoas, principalmente sobre assuntos sem importância. Outras passagens bíblicas ensinam a viver em harmonia, a demonstrar amor e a trocar a amargura e a ira pela bondade, o perdão e a mansidão. 9 Depois de alertar sobre as pessoas que causam confusão porque não controlam a língua, Tiago diz que as brigas e contendas são fruto da cobiça e da inveja. 10 Então, em meio a uma excitante lista de regras práticas de comportamento, lemos a recomendação de Paulo para evitar as represálias - "não torneis a ninguém mal por mal" - e - fazer o possível para viver em paz com todos. 11 Jesus e os escritores da Bíblia eram pacificadores que, através de seu exemplo e exortação, esperavam que os crentes de hoje também fossem pacificadores. 12

Quando meditamos a respeito das várias afirmações bíblicas sobre as relações interpessoais, podemos identificar vários temas.

2. BOAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS COMEÇAM COM JESUS CRISTO.A cada Natal, os cânticos e os cartões nos lembram que Jesus Cristo é o Príncipe da Paz. 13

Durante seu ministério, ele previu que haveria tensão entre os seus seguidores e os parentes e amigos incrédulos, 14, mas a Bíblia diz que ele é "a nossa paz" e pode derrubar as barreiras interpessoais e as muralhas de hostilidade que separam as pessoas. 15

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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato

, Os seguidores de Jesus receberam a promessa de uma paz interior sobrenatural [16 que proporciona estabilidade interna, até mesmo em períodos conturbados e com muitas tensões interpessoais. A paz com Deus vem quando confessamos nossos pecados, pedimos a ele que assuma o controle da nossa vida e esperamos que ele nos desse a paz que a Palavra de Deus nos promete. Essa paz, por sua vez, deveria nos acalmar nos momentos de tensão interpessoal.

Por que, então, os cristãos parecem estar constantemente em conflito uns com os outros e com os incrédulos? Por que tantos de nós não conseguem viver bem com os outros?

3. AS BOAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Dependem das características individuais. Não há nada errado em promover negociações entre pessoas em conflito, facções políticas, partes envolvidas em questões trabalhistas ou nações. Esses esforços para obter a paz geralmente são úteis, mas a Bíblia dá maior ênfase às atitudes e características das pessoas envolvidas nas disputas.

Em sua primeira carta aos coríntios, Paulo parece dividir as pessoas em três categorias. A primeira delas é composta dos homens naturais. É claro que existem diferenças individuais. Mas esse grupo de pessoas é caracterizado por imoralidade sexual, corrupção, envolvimento com o ocultismo, ódio, discórdias, ciúme, raiva descontrolada, ambição egoísta, dissensões, facções, inveja e várias falhas no autocontrole. 19 Essas pessoas podem desejar e até lutar pela paz, mas sua fundamental alienação de Deus faz com que lhes seja impossível atingir tanto a paz interior, quanto a paz com o semelhante. O segundo grupo, conhecido como homens carnais, entregaram sua vida a Cristo, mas nunca cresceram espiritualmente. Eles se comportam como incrédulos e se envolvem quase sempre em ciúmes e contendas. “Como muitos membros das igrejas parecem fazer parte desse grupo, assistimos ao triste espetáculo de crentes que brigam entre si e com” o próximo, às vezes violentamente.

Alguns desses crentes carnais lêem a Bíblia regularmente e têm bons conhecimentos teológicos, mas suas crenças são, em sua maioria, intelectuais e parecem ter pouca influência em sua vida e nas suas relações interpessoais. Em contraste com estes, está o terceiro grupo, o dos espirituais. Estes são cristãos que se entregaram ao controle de Deus e procuram pensar e viver como Cristo. Algumas vezes, essas pessoas erram, fazendo algo que é da velha natureza, mas na maior parte do tempo sua vida mostra evidências cada vez maiores do "fruto do Espírito": amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.

Quando as pessoas passam por uma transformação interior, tem início um lento processo de transformação exterior. Com o tempo, isso permite que elas se relacionem melhor com as pessoas. Os conselheiros cristãos podem lembrar um princípio importante: para que possamos ter verdadeira paz interior e com os outros, é necessário ter primeiro paz com Deus. Essa paz vem quando as pessoas entregam sua vida a Cristo, se dedicam a adorar orar e meditar na Palavra de Deus regularmente e mudam seus pensamentos e ações.

4. BOAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EXIGEM DETERMINAÇÃO, ESFORÇO E HABILIDADE.Um bom relacionamento interpessoal nem sempre acontece automaticamente, mesmo

entre crentes sinceros. A Bíblia e a psicologia concordam que um bom relacionamento depende de um aprendizado constante e da aplicação de técnicas tais como: ouvir atentamente, observar, entender a si mesmo e aos outros, evitarem os comentários desagradáveis e as explosões de tempe-ramento, e se comunicar bem. Tudo isso se aprende; tudo isso pode ser ensinado por um conselheiro com discernimento.5. AS CAUSAS DOS PROBLEMAS INTERPESSOAIS

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Por que as pessoas não conseguem se relacionar bem umas com as outras? Essa pergunta é feita há séculos e cada situação tem uma resposta diferente. Entretanto, as causas podem ser agrupadas em algumas categorias:

6. ATUAÇÃO SATÂNICA.

Satanás é descrito na Bíblia como enganador e pai da mentira, que se disfarça como um anjo de luz e percorre a terra tentando as pessoas e sempre procurando alguém para devorar. Embora muitas pessoas neguem ou riam de sua existência, o diabo e suas legiões são intrigantes poderosos e perversos a quem os cristãos devem resistir, no nome de Jesus Cristo.

De acordo com um estudioso da Bíblia, a "cobiça e as ambições egoístas das nações, a diplomacia enganadora do mundo político, o ódio acirrado e a rivalidade na esfera do comércio, as ideologias ímpias das massas da humanidade, tudo isso se origina e é fomentado pela influência satânica." Num nível mais pessoal, Satanás "se interessa em conhecer todos os relacionamentos e projetos do crente, visando arruiná-los ou poluí-los." No cerne dos conflitos interpessoais, existem sempre a mão sutil e manipuladora de Satanás.

Mas ele não é todo poderoso. Os crentes sabem que Deus é maior do que as hostes malignas de Satanás. Elas têm um poder limitado e serão derrotadas no final, mas atualmente têm permissão de afligir o povo de Deus e causar tensões e conflitos interpessoais no mundo.

7. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS, PENSAMENTOS E AÇÕES.

Não existe ninguém perfeito, embora algumas pessoas tenham mais facilidade de se relacionar do que outras. A tensão interpessoal geralmente começa e aumenta com pessoas cujos traços de personalidade, pensamentos, opiniões, sentimentos, maneirismos e comportamento geram conflitos e desconfianças. Jesus, certa vez, foi abordado por um homem que disse: "Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança." Em vez de arbitrar essa contenda, Jesus fez uma advertência contra a avareza. Aparentemente, o conflito familiar daquele homem era causado por sua cobiça. Em outra ocasião, Jesus nos advertiu a não ficar procurando falhas nos outros, se nossas falhas são ainda maiores.

As falhas que dificultam o relacionamento entre as pessoas incluem:

• Necessidade egocêntrica de ser notado, estar no controle, fazer tudo à sua maneira,ou ter dinheiro, prestígio e status.

• Atitude rancorosa, falta de perdão.• Excesso de críticas, julgamentos e irritação com tudo.• Insegurança, envolvendo sentimentos de ameaça, medo da rejeição e falta de confiança nos

outros.• Preconceito, geralmente ignorado ou não admitido.• Falta de vontade ou incapacidade de "se abrir" e compartilhar seus sentimentos e

pensamentos.• Má vontade ou dificuldade de admitir as diferenças individuais (a idéia errônea de que todo

mundo pensa, sente e vê as coisas da mesma forma).

Seria errado presumir que todas essas falhas são tentativas deliberadas de dificultar os relacionamentos. A falta de perdão, o rancor e a imposição da própria vontade são pecado, mas podem ser evitados se a pessoa quiser, e sem a ajuda de um conselheiro. Por outro lado, o medo da

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intimidade, a timidez inata e a desconfiança podem ser atitudes entranhadas, que são mais difíceis de mudar sem a ajuda de um conselheiro.

Algumas vezes, no entanto, as pessoas se comportam de uma forma cujo objetivo é controlar os outros e provocar tensões. Algumas pessoas têm a crença errônea que a melhor maneira de motivar os outros é colocar pressão sobre eles. Essa é uma filosofia que gera tensão e manda o seguinte recado: "Minha tarefa não é ficar com úlceras; é provocá-las".

Um consultor de administração perceber que os problemas interpessoais são mais comuns quando há pessoas difíceis envolvidas. O número dessas pessoas é pequeno, mas elas têm um grande impacto e uma grande habilidade de gerar frustrações nos outros. Essa categoria inclui personalidades abrasivas que são arrogantes, cínicas, insensíveis, intimidantes e com tendência a explosões de raiva quando não conseguem o que querem. Um pouco diferentes são os que vivem reclamando e que vêem defeito em tudo, mas nunca fazem nada para acabar com seus motivos de queixa, ou porque se sentem impotentes, ou porque não querem causa, ou com Deus, ou, então, quando não cumprimos uma promessa, estamos, na verdade, nos comprometendo com a solidão, a falta de intimidade, o fracasso nas áreas pessoais e várias outras tensões e frustrações.

A falta de compromisso nem sempre se deve à preguiça ou a valores egocêntricos. Algumas vezes, as pessoas se esquecem de seus compromissos anteriores, ficam envolvidas com outra coisa, ou se perguntam, mais tarde, se deveriam mesmo ter assumido aquele compromisso. ÀJ; vezes, o compromisso fica seriamente abalado quando confiamos num cônjuge ou sócio e descobrimos depois que ele traiu nossa confiança. Uma equipe de pesquisadores afirma que não deveríamos nos surpreender com o fato de que "um relacionamento no qual os parceiros não confiam um no outro seja um relacionamento em conflito". Assumir um compromisso é muito difícil quando não há confiança.

8. FALHA NA COMUNICAÇÃO.

A essência do' bom relacionamento interpessoal é a boa comunicação. Quando a comunicação é deficiente ou está em vias de ser interrompida, surgem tensões interpessoais. Mas mesmo quando duas pessoas querem se comunicar pode haver várias razões para o fracasso. No nível mais simples, um emissor tenta transmitir uma mensagem a um receptor. Esse processo é obstruído se:

• A mensagem não está clara na mente do emissor (se o emissor não pensa com clareza, a comunicação não pode ser clara).

• Emissor está com medo, tem vergonha, não é sincero ou não deseja, por algum motivo, enviar uma mensagem clara.

• Emissor não expressa a mensagem com palavras ou gestos claramente compreensíveis.• Emissor diz uma coisa, mas seu comportamento diz outra (por exemplo, se o emissor diz

"estou triste", mas fica sorrindo e brincando, a mensagem é confusa). Quando dizemos uma coisa com a boca, mas demonstramos outra com nossas ações, estamos enviando "mensagens ambíguas", que podem dificultar bastante a boa comunicação.

• Emissor fala muito baixo, grita ou distorce a mensagem de alguma maneira, de modo que ela não é enviada com clareza.

• Emissor está inseguro, com medo, com vergonha ou reluta em enviar uma mensagem clara.• Receptor não consegue entender a·mensagem.• Receptor está distraído ou não quer ouvir, talvez por desinteresse, desconfiança, medo de ser

persuadido, ou alguma outra razão.• Receptor acrescenta sua própria interpretação à mensagem, ou deixa de lado idéias que lhe

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parecem muito ameaçadoras.

Mesmo quando o processo de comunicação começa bem, o receptor responde com expressões faciais, gestos e verbalizações, geralmente antes que a mensagem seja completamente transmitida. Isso pode interromper o emissor e fazer com que ele mude as palavras ou o tom da mensagem, às vezes até no meio da frase.

Quando os interlocutores não se conhecem, a comunicação depende fundamentalmente das palavras e de gestos convencionais. Quando os interlocutores têm um contato íntimo (como dois amigos muito chegados ou um casal), eles se conhecem tão bem que a maior parte da mensagem é transmitida através de expressões faciais, tom de voz, meias sentenças ou até grunhidos. Esses atalhos aceleram a comunicação, mas também aumentam a possibilidade de mal-entendidos. Isso ocorre porque pessoas que se conhecem intimamente têm a tendência de interpretar o que está sendo dito em termos de acontecimentos passados e não de se concentrarem na mensagem e no emissor.

9. AGRAVANTES SOCIAIS.

Eventos ou situações sociais podem impedir ou dificultar as boas relações interpessoais. Parece quê as tensões têm probabilidade de irromper mais em áreas urbanas aglomeradas e desagradáveis do que em locais mais amplos e comunidades rurais. As prolongadas ondas de calor ou clima rigoroso que forçam as pessoas a ficar dentro de casa podem acabar com a paciência e provocar brigas (algo que qualquer mãe cujos filhos estão presos em casa, brigando o tempo todo, já descobriu). Quando ocorrem problemas econômicos na comunidade, falta de suprimentos essenciais, greves ou demissões, ondas de crimes, corrupção política ou decisões impopulares de autoridades do governo, ou até mesmo desentendimentos de vizinhos ou torcidos rivais, o clima se torna propício para mais desentendimentos, violência racial ou rebelião de trabalhadores, revoltas estudantis, rachas na igreja, convulsão política ou golpes militares e, às vezes, guerra.

Num nível mais pessoal, as discussões domésticas, os "aborrecimentos e perturbações irritantes, frustrantes e desagradáveis que nos aborrecem dia sim, dia não,” podem nos desgastar e provocar ira, medo, ciúme, culpa ou outras emoções. Quando não temos a chance de fugir do barulho, das cobranças de um ambiente de trabalho difícil ou de outras pessoas (inclusive a família), a tensão tende a crescer, e o resultado são os conflitos interpessoais.

10. OS EFEITOS DE UMA RELAÇÃO RUIM

As pessoas reagem à tensão interpessoal de maneiras diferentes. Algumas resistem a ela, outras a evitam, muitas ficam profundamente irritadas' com ela, outras são esmagadas e há aquelas que parecem se deliciar. No entanto, esse tipo de tensão é potencialmente ameaçador, de modo que geralmente tomamos medidas para nos proteger. Por exemplo, nós escondemos nossos verdadeiros sentimentos e inseguranças e tentamos, sutilmente, manipular os outros. Ou, então, fingimos ser o que não somos. Todas essas táticas têm um preço e podem nos afetar física, psicológica, social e espiritualmente.

Os efeitos físicos do estresse e da tensão interpessoal são bem conhecidos. Fadiga, músculos tensos, dores de cabeça, problemas estomacais, úlceras e várias outras reações biológicas se desenvolvem, principalmente quando as tensões são negadas ou escondidas. Um observador perspicaz escreveu certa vez que, quando tentamos esconder nossas emoções e tensões interpessoais, nosso estômago é quem paga.

Psicologicamente, relações interpessoais ruins podem desencadear quase todas as reações

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emocionais do ser humano, e as ações de pessoas em conflito podem variar desde uma pequena inclinação para o corpo mole até o assassinato. Quando existe tensão, os indivíduos podem se sentir deprimido, culpado, humilhado, inseguro e ansioso. Em alguns casos, a situação gera raiva, rancor, cinismo e tentativas de dominar, manipular ou revi dar. Quando as pessoas se sentem ameaçadas ou frustradas em suas tentativas de conviver bem com os outros, elas nem sempre conseguem raciocinar com clareza. Por causa disso, acabam dizendo ou fazendo coisas de que vão se arrepender mais tarde.

Isso nos leva aos efeitos sociais do estresse interpessoal, incluindo as agressões verbais, a violência, o afastamento dos outros e a ruptura de relacionamentos anteriores. Isso acontece, por exemplo, quando dois sócios encerram a parceria de uma hora para a outra, quando uma família se levanta e sai da igreja bufando, quando um empregado abandona o emprego sem avisar, quando um casal decide se separar quando duas nações entram em guerra por um motivo insignificante. Ações como essas aumentam ou mantêm o conflito, mas raramente resolvem alguma coisa. Elas podem satisfazer o desejo de poder e de retaliação, mas são reações destrutivas que geralmente geram sofrimento, pensamentos negativos, solidão e, mais tarde, sentimentos de remorso ou arrependimento.

Nada disso ajuda as pessoas espiritualmente. No jardim do Éden, o Diabo conseguiu criar tensão entre o Criador e suas criaturas. Quando Adão e Eva comeram o fruto, eles foram separados de Deus e logo já estavam em conflito, jogado a culpa um no outro. Num sentido amplo, portanto, toda tensão interpessoal é um resultado e um reflexo do pecado. Quando as pessoas estão separadas de Deus, ou umas das outras, não são capazes de amadurecer emocional e espiritualmente.

Quando o conflito é causado por imaturidade ou egoísmo dos indivíduos, ele é errado e potencialmente nocivo, mesmo que a experiência possa estimular o crescimento.

10. O ACONSELHAMENTO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

O profeta Isaías escreveu certa vez sobre o tempo futuro em que o lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará junto ao cabrito, o bezerro e o leão comerão juntos e um pequenino os guiará. 40 Até lá, todos nós teremos que conviver com, pelo menos, alguma tensão interpessoal. O conflito social é inevitável num mundo repleto de pessoas pobres, que têm recursos limitados, pouca liberdade de escolha e precisam depender umas das outras. De acordo com um pesquisador da Universidade de Michigan, temos diante de nós o desafio de controlar o aumento das tensões entre os indivíduos e as nações, para que possamos evitar os conflitos interpessoais destrutivos e as guerras.

Conviver bem com as pessoas requer o desenvolvimento de características pessoais tais como auto-conhecimento, bondade, preocupação com os outros, sensibilidade e paciência. Bons relacionamentos interpessoais também envolvem habilidades, entre elas a de ouvir, comunicar e entender. Essas habilidades interpessoais eficientes não aparecem de uma hora para a outra. Elas são aprendidas, geralmente com a ajuda de um conselheiro paciente. Essa ajuda pode ocorrer em diversas áreas.

11. COMEÇANDO COM O BÁSICO.

O amor raramente é mencionado na literatura sobre aconselhamento, mas é um tema dominante no Novo Testamento. Foi o amor que motivou Deus a enviar seu Filho ao mundo para morrer pelas almas perdidas. O amor é considerado o maior de todos os atributos, e é tão crucial no cristianismo que se torna a marca registrada dos crentes.

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Uma das metas do aconselhamento é ajudar as pessoas a se tornarem mais amorosas.Em qualquer situação de aconselhamento, começamos ouvindo e tentando entender o problema, mas o conselheiro também demonstra amor e às vezes conversas sobre isso com. Aconselhando. Procure descobrir se o aconselhando é crente. Diga-lhe que a rendição completa a Jesus Cristo pode mudar nossas atitudes e, portanto, nosso relacionamento com os outros. Não é correto dar a entender que os problemas de relacionamento desaparecem imediatamente quando entregamos nossa vida a Cristo. A aquisição de habilidades também é importante, mas estas se tornam mais eficazes quando a pessoa tem um espírito de amor, paciência. Domínio próprio e os outros frutos do Espírito.

Um conselheiro cristão sensível também reconhece que a atuação demoníaca está na base dos conflitos interpessoais. O poder do diabo não cede diante das técnicas de aconselhamento, a menos que o terapeuta seja fortalecido e guiado, diariamente, pelo Espírito Santo, conheça profundamente a Palavra de Deus e ore constantemente "por todos os santos," inclusive por seus aconselhandos.

12. TRANSFORMANDO O INDIVÍDUO.

Como os conflitos interpessoais geralmente são o resultado das características, atitudes e ações irritantes das pessoas, pode ser muito produtivo trabalhar para mudar o indivíduo. Geralmente, os aconselhandos não têm consciência do modo como seus maneirismos e comportamentos produzem ou intensificam a tensão interpessoal. Às vezes, o aconselhando tem muita facilidade de ver os erros dos outros, mas não consegue reconhecer suas próprias fraquezas. Podem ajudar, portanto, apontar gentilmente essas falhas pessoais e comportamentos negativos. Procure dar exemplos específicos que corroborem suas observações e peça ao aconselhando que diga o que pensa sobre isso. De vez em quando, incentive o aconselhando a falar sobre seus pontos fortes e suas fraquezas com uma ou duas outras pessoas (se abrindo), consigo mesmo (fazendo uma introspecção) e principalmente com Deus, em sinceridade de coração (confessando) Às vezes, a mudança é acelerada quando o aconselhando compartilha e abre o coração com pelo menos uma pessoa que seja responsável por ele. Mas não deve haver exagero. Não estimulamos os aconselhandos a revelarem detalhes Íntimos de sua vida indiscriminadamente, nem a muitas pessoas. Contudo, quando os aconselhandos conversam com uma ou mais pessoas, inclusive o conselheiro, as tensões interiores podem ser aliviadas e eles começam a entender melhor a si mesmos. Esse entendimento geralmente leva a mudanças de comportamento que, por sua vez, contribuem para melhorar seus relacionamentos com os outros. Quando a pessoa se conhece melhor, há mais liberdade para ver as necessidades dos outros e investir nas relações interpessoais.

O conselheiro cristão sabe que as mudanças mais fundamentais e duradouras nos indivíduos vêm de Deus. Para conselheiros e aconselhandos, um relacionamento constante e crescente com Jesus Cristo pode ajudar a quebrar as barreiras com as pessoas e ajudá-Ios a se livrarem do rancor e da insensibilidade que separa os indivíduos, contribuindo assim para que haja paz e unidade.

13. MODELANDO BONS RELACIONAMENTOS.

Alguns aconselhandos nunca tiveram a experiência do respeito mútuo ou de um bom relacionamento com outra pessoa. A relação entre conselheiro e aconselhando pode ser, portanto, um modelo de atenção, respeito e interação positiva. Esse exemplo é tão importante que muitos conselheiros acreditam que uma relação afetuosa é fundamental para o sucesso do aconselhamento.

Às vezes é necessário haver confrontação e discussão de assuntos dolorosos, mas o

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conselheiro também deve procurar dar estímulo constante. Geralmente, isso é só o começo na construção de relacionamentos melhores, mas quando as pessoas são encorajadas por um conselheiro, costuma ser mais fácil resolver os problemas e com o tempo ter a satisfação de encorajar outras pessoas.

14. ENSINANDO A RESOLVER CONFLITOS.

Para David Augsburger, o conflito é uma coisa natural, normal, neutra e, às vezes, até agradável. "Pode até ter um resultado ruim ou desastroso, mas não precisa ser assim. [...] Não é com os conflitos que temos que nos preocupar, mas sim com o modo como os enfrentamos. [...] O modo como vemos, abordamos e tratamos as nossas diferenças determina - em grande parte - todo o nosso modo de viver."49 Augsburger acrescentam que é possível ajudar as pessoas a encararem os conflitos como diferenças sinceras, que podem ser resolvidas quando as pessoas estão dispostas a tratar uma à outra com respeito e confrontar-se com a verdade de uma forma amorosa. Quando você estiver aconselhando, lembre-se de que a maioria dos conflitos envolve um motivo de controvérsia e um ou mais relacionamentos. Um pai e sua filha adolescente, por exemplo, podem estar discutindo por causa das virtudes do novo namorado da garota. Esse é o motivo da controvérsia, mas por trás disso pode haver um problema de relacionamentos mais grave, que é a questão de saber quem tem mais poder na família: o pai ou a filha. Os alvos dessas pessoas podem ser analisados em termos dos assuntos (chegar a uma conclusão sobre o namorado) ou em termos dos relacionamentos (reivindicar e manter o controle sobre a outra pessoa). Essas diferenças nem sempre são Claras, de modo que o conselheiro precisa observar ações e atitudes para determinar se os alvos expressos são os alvos reais ou mais Importantes.

Quando os alvos são identificados e esclarecidos, eles podem ser mais facilmente atingidos, compreendidos e modificados. Em alguns casos, podemos levar as pessoas em conflitos a se lembrarem, primeiramente, de seus alvos comuns, para depois discutir as diferenças.

15. RESOLVENDO AS DIFERENÇAS.

Falando aos seus discípulos, Jesus esboçou um procedimento para restaurar relacionamentos entre cristãos que estão em desacordo. Os princípios podem não se aplicar a incrédulos, mas são específicos para crentes. Aos conselheiros crentes, o conselheiro cristão deve estimular os aconselhandos a seguir essas diretrizes. Primeiro passo: Tome a iniciativa e vá até a pessoa que o prejudicou. O Novo Testamento dá a entender que isso deve ser feito pessoalmente e em particular. Ao fazer isso, a pessoa deve ir com humildade, estar disposta a ouvir o outro, estar determinada a não ficar na defensiva e ter o desejo de perdoar. Segundo passo: Chame testemunhas. Se a outra pessoa não der ouvidos, nem mudar de comportamento, você deve voltar com uma ou duas testemunhas. Essas pessoas devem ouvir analisar a situação e, presumivelmente, tentar arbitrar e dar uma solução para a disputa. Terceiro passo: Conte à igreja. Se a pessoa que foi visitada ainda se recusa a ouvir, mudar ou cooperar para resolver o conflito, ela pode ser excluída.

Tudo isso parece antiquado? Hoje em dia, ao que parecem, as igrejas preferem fazer vistas grossas para o pecado de seus membros, e alguns cristãos fazem piada com as brigas entre os membros. Talvez hoje sejam poucas as pessoas que ficariam tristes com uma exclusão. Recentemente, uma mulher processou sua igreja porque foi ameaçada de exclusão. O processo acusava os líderes da igreja de terem exposto a vida daquela mulher e invadido sua privacidade ao divulgar seu comportamento imoral perante a congregação.

Não é fácil seguir as diretrizes bíblicas para a vida em sociedade. Perdoar setenta vezes sete, dar a outra face, pagar o mal com o bem, orar pelos que nos perseguem - essas e outras orientações

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listadas na Tabela 16-1 são difíceis de seguir na sociedade atual. 53 No entanto, o crente deve procurar seguir as normas bíblicas, mesmo que seja difícil. Muitas vezes, os aconselhandos e conselheiros precisam meditar juntos sobre o que Jesus faria hoje, se estivesse enfrentando o mesmo problema que o aconselhando.

16. ALGUMAS DIRETRIZES BÍBLICAS PARA AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS.

a) Compassivo, bondoso e amoroso(Gl 5.22; Ef 4.32; Cl 3.12, 14; 1 Pe 3.8; 4.8; 1Jo 3.11)

b) Gentil, brando e diplomático(Gl 5.23; Ef 4.2; Cl 3.12; 4.6; 1 Tm 3.3; Tt 1.8; 3.2; 1 Pe 3.4)

c) Humilde, manso, submisso(Mt 5.3-5; Jo 13.34; Ef 4.2; CI3.12; lPe 3.8; 5.5)

d) Generoso e disposto a dar(Mt 5.42; 10.42;25.35-36,42-43; Mc 12.41-44; Rm 12.8, 13; lPe 4.9; 1Jo 3.17)

e) Hospitaleiro sem murmuração(Rm 12.13; Hb 13.2; 1Pe 4.9; lTm 3.2)

f) Auto controlado e temperante(Gl 5.23; 1 Tm 3.2; Tt 1.8; 2.1, 5-6; 1 Pe 5.8; 2Pe 1.6)

g) Disposto a exercer misericórdia, mesmo quando não for merecida(Mt 5.7; 18.33; Lc 6.36; Rm 12.8; Tg 2.13; 3.17)

h) Pacificador, procurando viver em paz com todos(Mt 5.4; Rm 12.18; G15.22; 1Ts 5.13; 1Pe 3.8; 2Pe 3.14; Tg 3.17)

i) Paciente, mesmo quando provocado(lCo 13.4-5,7; Gl 5.22; Ef 4.2; Cl 3:12; 1Ts 5.14; 2Tm 2.24)

j) Realizado, não ansiando por aquilo que não tem em termos de bens, felicidade ou relacionamentos.

(2Co 12.10; Fp 4.11; lTm 6.6-8; Hb 13.5)

k) Firme, inabalável,' não vacilando na fé(Mt 14.29-31; 1Co 15.58; Tg 1.6-8)

l) Sujeitos uns aos outros(Ef5.21; 1Pe 2.13,18; 3.1; 5.5)

m) Perdoador, quantas vezes for necessário(Mt 6.14; 18.21-22; C13.13)

n) Sempre positivo, buscando a edificação dos outros(Ef 4.29; 6.22; 1Ts 4.18; 5.11, 14; Hb 3.13; 10.25)

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o) Sincero, falando a verdade em amor(2Tm 2.15; 1Pe 2.15; 3.15-16; Ef 4.15; 2Co 6.7)

p) Uma pessoa que ora, até mesmo pelos que lhe criam problemas.(Mt 5.44; Lc 6.28)

NÃO:

a) Seja orgulhoso nem arrogante(Rm 12.16; 1Co 13.4; 2Tm 3.1-2, 4; Jd 16)

b) Seja inflamado ou de temperamento explosivo(Mt 5.22; G15.20, 23; C13.8; 1Tm 3.2; Tt 1.7; Tg 1.19-20)

c) Seja egoísta, não insista em fazer a sua vontade, nem seja auto-indulgente(Rm 12.10; 15.1-3; 1Co 10.33; Fp 2.3; 2Pe 2.3; Jd 12)

d) Ofenda(lCo 10.32; 2Co 6.3)

e) Xingue, não insulte os outros, nem use linguagem ofensiva(Mt 5.22; 12.36; Cl 3.8; Tg 5.12)

f) Julgue nem aponte as falhas dos outros(Mt 7.1-5; Lc 6.37; Fp 4.8; Jd 16)

g) Procure se vingar, pagando o mal com o mal(Rm 12.17-20; lTs 5.15; 1Pe 3.9)

h) Faça fofoca(2Co 12.20; 1Tm 6.20; 2Tm 2.16, 23; Tt 3.9)

i) Reclame ou murmure(Jo 6.43; 1Co 10.10; lPe 4.9; Tg 5.9; Jd 16)

j) Discuta, não seja briguento, beligerante nem voluntarioso(2Tm 2.24; Tt 3.2; 1 Tm 3.3)

k) Seja caluniado r ou maldoso(2Co 12.20; Ef 4.31; CI 3.8; 2Tm 3.3; Tt 3.2; 2Pe 3.3; Jd 18.

17. SOLUCIONANDO CONFLITOS.

Quando indivíduos, grupos ou nações estão em conflito, há quatro direções que eles podem tomar. Eles podem tentar eliminar o conflito, mantê-Io em seu nível atual, aumentá-Io ou reduzi-Io. Como vimos às pessoas nem sempre desejam que o conflito termine, e às vezes os participantes podem decidir tomar direções diferentes. Por exemplo, um dos cônjuges pode querer evitar enfrentar o conflito, achando que ele irá desaparecer se for ignorado. Já o outro cônjuge pode querer aumentar o nível do conflito, talvez para conseguir poder ou para trazer as diferenças à tona.

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A solução dos conflitos geralmente acaba levando o conselheiro a assumir o papel de negociador e mediador. Nem sempre é uma boa idéia se envolver nos conflitos de outra pessoa, mesmo que você seja convidado a fazê-Io. O interventor se sentirá pressionado a tomar partido, será forçado a tomar decisões analíticas sem ter muito tempo para pensar, e será responsável por manter aberto o canal de comunicação. Se você optar por se envolver, deve procurar:

• Demonstrar respeito pelas partes.• Compreender ambas as posições, sem tomar partido abertamente.• Restaurar a confiança das pessoas e Ihes dar esperança, se sentir que há razão para isso.• Estimular as partes a se comunicarem com sinceridade e ouvir uns aos outros.• Concentrar a atenção no que pode ser mudado.• Tentar impedir que o conflito se intensifique (já que isso poderia interromper a

comunicação).• De vez em quando, fazer um resumo da situação e das posições de cada um.• Ajudar os aconselhados a encontrar ajuda se a sua mediação não resolver o problema.

Para os membros de uma junta de negociadores, 55 a probabilidade de sucesso na solução de conflitos é maior quando se usa um método de quatro etapas.

Primeira etapa:Separe as pessoas do problema. Isso significa tratar um ao outro com respeito, evitar todas

as declarações defensivas, xingamentos e julgamentos de caráter, focalizando a atenção no problema. Cada lado deve tentar entender as opiniões, os medos, as inseguranças e os desejos do outro. As partes devem pensar em si mesmos como parceiros que trabalham lado a lado na difícil tarefa de encontrar um acordo que seja vantajoso para ambos os lados.

Segunda etapa:Concentre-se nos problemas e não nas posições. Quando uma moça de dezenove anos disse

ao pai que estava pensando em comprar uma moto, ele discordou imediatamente. Eis aqui duas posições conflitantes que podiam causar um conflito familiar considerável: ela disse que ia comprar a moto; ele disse que não. Entretanto, um pouco de reflexão revelou que o verdadeiro motivo da discórdia era o desejo que a filha tinha de ter um meio de transporte seguro, confiável e barato. Quando esse motivo foi identificado e os dois tomaram a decisão de tentar resolver a questão sem preconceitos, eles começaram a pensar em várias alternativas e chegaram a um consenso (um carro pequeno que o pai ajudaria a pagar), sem deflagrar uma batalha doméstica. O conflito foi resolvido porque o pai e a filha se concentraram no ponto principal - o transporte - e não ficar; agarrados a posições irredutíveis.

Terceira etapa:Pense em várias opções que possam resolver o problema. No início, não se deve tentar

avaliar as alternativas ou chegar a uma única solução. Cada lado faz sugestões em uma ou duas sessões de tempestade cerebral. Depois que várias alternativas criativas e inovadoras tiverem sido propostas, pode-se começar a avaliar as opções.

Quarta etapa:Insista em critérios objetivos. A probabilidade de haver desacordo é menor quando ambos os

lados concordam de antemão com uma maneira objetiva de chegar a uma solução. Se os dois lados concordam em aceitar uma solução escolhida na base da cara ou coroa, ou pela decisão de um juiz, ou baseada na opinião de um avaliador, os resultados finais podem não ser igualmente satisfatórios

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para ambas as partes, mas todo mundo concorda com a solução porque ela foi determinada por métodos objetivos, justos e previamente acordada.

Algumas vezes, é necessário dividir problemas grandes em partes menores que possam ser tratadas uma de cada vez. O conselheiro deve tentar entender os dois lados.

Embora o conselheiro cristão procure ser objetivo, ele deve discordar de qualquer decisão que não seja bíblica - mesmo que ambas as partes a apóiem.

18. ENSINANDO TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO.

O espírito de crítica (quando uma pessoa faz comentários desfavoráveis, indelicados ou de censura a respeito de outra pessoa) tem "causado, mas infelicidade, acabado com mais casamentos, destruído mais crianças, desencorajado mais pessoas e Impedido mais o progresso do que qualquer outra arma." Esta é a opinião de um experiente conselheiro cristão que, após quarenta anos atuando nesta área, chegou à conclusão recentemente de que o problema número um de seus aconselhados é a incapacidade de lidar com as mudanças. A mudança a acrescenta esse conselheiro, vê o que está errado e, depois, com amargura e sarcasmo, chama a atenção da outra pessoa para isso.

Pessoas que atacam os outros verbalmente (e talvez todos nós estejamos incluídos nesse grupo, vez por outra) estão usando as palavras para machucar e criar tensão. Em alguns casos, a pessoa mudança porque nunca aprendeu a se comunicar direito, nem a falar a verdade em amor, e nem a discutir os problemas com franqueza e respeito. Todos nós precisamos nos lembrar, de vez em quando, que existem princípios para uma boa comunicação. A Tabela 16-2 _apresenta algumas. Quando essas diretrizes são seguidas fielmente, a comunicação e as relações lnterpessoais se tornam mais fáceis, as diferenças são discutidas sinceramente a crítica destrutiva é evitada e os conflitos podem ser resolvidos de modo satisfatório.

19. REGRAS DA COMUNICAÇÃO

1. Lembre-se de que as ações falam mais do que as palavras; a comunicação não verbal geralmente é mais eloqüente do que a verbal. Evite mensagens ambíguas, em que as mensagens verbais e não verbais são contraditórias.

2. Decida o que é importante e enfatize esse ponto; decida o que não é importante e dê pouca ênfase a esse ponto, ou até ignore-o. Evite as críticas.

3. Comunique-se de uma forma que mostre respeito pela outra pessoa como ser humano.Evite frases que comecem com "Você nunca...”

4. Seja claro e específico em suas palavras. Evite as frases vagas.5. Seja realista e razoável. Evite os exageros e as palavras que começam com "Você sempre...”6. Teste todas as suas hipóteses verbalmente, perguntando se estão corretas. Procure

Não tomar nenhuma atitude antes de fazer isso. .7. Reconheça que uma situação pode ter diferentes interpretações. Evite presumir que a outra

pessoa está vendo as coisas da mesma maneira que você.8. Reconheça que seus familiares e amigos conhecem você e o seu comportamento muito bem.

Evite a tendência de negar as observações que eles fazem a seu respeito - principalmente se você não tem certeza de que eles estão errados.9. Reconheça que o desentendimento pode ser uma forma significativa de comunicação.Evite os desentendimentos destrutivos.

10. Seja franco e aberto em relação aos seus sentimentos e opiniões. Traga à tona todos os problemas importantes, mesmo que você ache que a outra pessoa pode não gostar. Fale a verdade

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em amor. Evite ficar calado e emburrado.11. Não menospreze nem manipule a outra pessoa com táticas como ridicularizar, interromper,

xingar, mudar de assunto, jogar a culpa, aborrecer, usar de sarcasmo, criticar, fazer birra, provocar sentimento de culpa, etc. Evite assumir ares de superioridade.

12. Preocupe-se mais com o modo como sua comunicação afetou os outros do que com o que você pretendia dizer. Evite zangar-se quando for mal compreendido.

13. Aceite todos os sentimentos e tente compreender os sentimentos e atitudes dos, outros. Evite dizer "você não deveria se sentir desse jeito".

14. Tenha tato, consideração e cortesia. Evite tirar partido dos sentimentos dos outros.15. Faça perguntas e escute com atenção. Não pregue sermão e nem faça discursos.16. Não dê desculpas. Evite cair nas desculpas do outros.17. Fale de forma agradável, educada e suave. Evite as reclamações, gritos e lamúrias.18. Reconheça o valor do senso de humor e da seriedade. Evite as provocações.

Mas existem muitas pessoas que nunca aprenderam os princípios da comunicação, nunca os praticaram, se esquecem deles no calor da discussão, ou preferem ignorá-Ios. O conselheiro tem a responsabilidade de

(a) aprender estes e outros princípios semelhantes, (b) aplicá-Ios em sua própria vida, (c) exemplificá-los em seu relacionamento com os aconselhandos, (d) ensiná-los e (e) discutir como eles podem ser aplicados nas relações interpessoais do aconselhando.

Veja, por exemplo, a primeira norma: Lembre-se de que as ações falam mais do que as palavras; a comunicação não verbal geralmente é mais eloqüente do que a verbal. Evite mensagens duplas, em que as mensagens verbais e não verbais são contraditórias. Peça ao aconselhando que pense numa situação de conflito recente. Será que alguém transmitiu uma mensagem contraditória? Como isso poderia ter sido evitado - e pode ser evitado no futuro?

Quando estiver aconselhando, procure identificar exemplos de mensagens ambíguas e aponte-as para que o aconselhando tome consciência delas. Uma boa sugestão de trabalho de casa é pedir ao aconselhando que se concentre em evitar mensagens ambíguas. Discuta o exercício numa sessão posterior.

A habilidade de se comunicar eficazmente e sem irritar o outro é uma arte. Como toda arte, o aprendizado é lento e precisa de prática. Ela começa com uma compreensão básica das normas da boa comunicação, mas a verdadeira comunicação envolve mais do que o uso de técnicas.

A verdadeira comunicação, do tipo que diminui a tensão interpessoal e constrói bons relacionamentos, só ocorre quando existe um genuíno desejo de respeitar, aceitar, compreender e dar atenção aos outros. Embora sejam importantes, as técnicas de comunicação, em si mesmas, são de pouca valia sem a boa vontade e a sinceridade dos interlocutores.

20. TRANSFORMANDO O AMBIENTE.

Como o ambiente influi na tensão interpessoal, os conselheiros e aconselhandos devem tentar mudar as circunstâncias que causam estresse. Se for possível, discuta a resolução de conflitos num ambiente sossegado, confortável, onde não haja muita gente nem muito barulho. Algumas pessoas gostam de conversar sobre seus problemas num restaurante, tomando café. Este tipo de ambiente pode ser relaxante e ajudar a pessoa a não se sentir exposta, desde que não haja música alta, outros fregueses distraindo a atenção, pessoas bisbilhotando na mesa ao lado, nem decoração

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extravagante demais. O ambiente faz uma diferença, até quando estamos aconselhando.O lugar onde os conflitos são discutidos pode ser menos importante do que o ambiente onde

as pessoas vivem. Não é fácil reduzir o barulho da vizinhança, eliminar a pobreza e a violência das ruas, melhorarem as condições de trabalho, criar uma atmosfera doméstica mais aconchegante, diminuir as aglomerações e Outros incômodos físicos. Deste modo, a preocupação do conselheiro deve ir além do processo de aconselhamento em si. Ele deve procurar eliminar as condições sociais e ambientais que estimulam e intensificam as tensões interpessoais. Todo conselheiro deve decidir sobre a extensão desse tipo de envolvimento.

21. COMO EVITAR OS PROBLEMAS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

O cristianismo é uma religião de relacionamentos. Seu fundador é o Deus do amor, e o amor é a sua característica mais marcante. Mas esse amor não é uma afeição sentimental e açucarada, mas sim um sentimento poderoso, de sacrifício e entrega, que apresenta as características descritas em 1 Coríntios 13 e reflete o amor de Deus, que enviou seu filho para morrer pelos homens, num mundo pecaminoso. A igreja está falhando em seu dever quando não prega e não pratica este amor tão central na mensagem cristã. Sempre que essa mensagem é pregada e praticada, as tensões interpessoais são reduzidas.

Deus também deu algumas diretrizes mais específicas para a demonstração desse amor. Através das páginas da Bíblia, Deus dá muitos conselhos, mas, além disso, ele nos permitiu descobrir Outros princípios para o bom relacionamento e a boa comunicação. As relações interpessoais podem melhorar, e muitas tensões podem ser evitadas, quando as pessoas de qualquer idade são ensinadas e encorajadas a:

• Praticar os ensinamentos bíblicos sobre bons relacionamentos Ter um caminhar diário com Jesus Cristo - caracterizado pela oração, meditação nas Escrituras, confissão do pecado e desejo de buscar e seguir a orientação de Deus.

• Fazer um auto-exame que leve, com a ajuda de Deus, à eliminação do rancor, doRacismo e de outras atitudes e ações que podem estimular a dissensão.• Entender a natureza dos conflitos e praticar as táticas que os reduzem.• Seguir as diretrizes para uma boa comunicação, listadas na Tabela 16-2.• Reduzir, evitar ou eliminar o estresse ambiental gerador de conflitos.

Este é um desafio e tanto, mas que deve ser sempre enfatizado, principalmente na igreja. Quando os líderes cristãos, inclusive os conselheiros, se envolvem na prevenção das tensões interpessoais, estão ajudando os indivíduos a viver em paz e harmonia, a evitar as desavenças destrutivas e a experimentar um pouco da paz que vem de Deus.

22. PADRÕES DE CONFLITO.

Todo conflito envolve uma disputa entre duas ou mais pessoas que têm objetivos aparentemente incompatíveis; ou que desejam uma coisa que não existe em quantidade suficiente para todos. Em termos um tanto formais, pessoas em conflito "enfrentam o problema de conciliar suas necessidades individuais de poder, sucesso, realização e vitória com suas necessidades relacionais de confiança, afeição, benefícios coletivos e crescimento mútuo."31 Embora os conflitos geralmente sejam destrutivos e ameaçadores, eles também são úteis para esclarecer metas, unificar um grupo e às vezes trazer à discussão desavenças antes ignoradas, para que possam ser resolvidas. Constatamos essas características. Nós mesmos.

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Ao que parece da mesma forma que cada pessoa tem uma personalidade característica, os indivíduos e grupos têm estilos de conflito que podem ser muito bem determinados. Isso favorece o conflito. 32 Algumas pessoas dão um ataque de chiliques, fazendo beicinho e batendo o pé durante uma briga. Outras recorrem a expedientes diversos como gritar, interromper freqüentemente, tentar intimidar ou atacar a oposição, ignorar o outro lado, tentar manipular, sutil ou abertamente, subornar ou fingir que não têm o menor interesse no assunto. Mais sensatos são aqueles que tentam resolver o conflito usando a resposta branda que desvia o furor, e enfrentando os problemas aberta e sinceramente.

Quando existe um conflito, o conselheiro deve tentar descobrir quais são os verdadeiros problemas envolvidos (que podem não ser os relatados pelo aconselhando). Procure identificar os traços de personalidade e estilos de conflito que podem estar piorando a situação.

23. FALTA DE COMPROMISSO.

Muitas pessoas, pelo menos na América, parecem ter medo de assumir compromissos. A lealdade aos amigos, à família, aos sócios e ao país é só da boca para fora e é rapidamente descartada quando atrapalha a auto-realização ou o progresso pessoal. Muitas pessoas não querem se comprometer com outra pessoa ou com uma causa, talvez porque sejam hedonistas demais, excessivamente cautelosas ou se sintam muito ameaçadas pela idéia de um compromisso. Ou existe uma relutância em fazer votos ou, então, as promessas verbais são facilmente abandonadas quando aparece alguma coisa mais atraente. Muitos se sentiriam incomodados com as palavras de um escritor anônimo que nos conclamou a sermos como o selo postal: "Sua utilidade consiste na capacidade de ficar agarrado a uma coisa até que ela chegue lá."

Pode haver muitas razões para os conflitos interpessoais, mas uma causa bastante comum é a falta de disposição em assumir compromissos e se manter fiel a eles. Mesmo quando as pessoas tentam evitar os compromissos, elas estão se comprometendo com alguma coisa, ainda que não queiram. Quando não nos comprometemos com outra pessoa, com algum.

CONCLUSÃO

Os seres humanos são criaturas complexas com personalidades individuais e vontades que desejam ver atendido a todo custo. Estamos comprimidos num planeta que parece estar repleto de pessoas cuja natureza pecaminosa faz com que vivam em desacordo entre si e com Deus. Muitos de nós queremos viver bem com os outros, mas não é fácil.

Talvez o apóstolo Paulo estivesse pensando nisso quando escreveu esta orientação inspirada: "Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens."61 Essas palavras estão escritas quase no final de um trecho que trata de regras práticas para a boa convivência: amai-vos cordialmente uns aos outros, sejam devotados uns aos outros em amor fraternal, honrai aos outros mais que a vós mesmos, compartilhai com os outros, praticai a hospitalidade, vivei em harmonia com os outros, associai-vos de boa vontade com os humildes, não sejais orgulhosos, não pagueis mal com mal, fazei o que é certo aos olhos de todos.

Com certeza, é interessante que a recomendação de viver em paz seja precedida por duas condições: "se possível" e "quanto depender de vós". A dedução óbvia que se pode fazer a partir da primeira é que nem sempre é possível viver em harmonia com os outros. Mesmo assim, cada pessoa é responsável por suas próprias atitudes e comportamento. No que depender de nós, devemos viver em paz. Com a ajuda do Espírito Santo, os conselheiros cristãos procuram estabelecer essa paz e evitar o desgaste característico de tantos relacionamentos interpessoais.

Assumir responsabilidades. Algumas pessoas difíceis são indivíduos silenciosos, apáticos, que

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se tornam difíceis porque falam muito pouco e raramente revelam o que estão pensando ou fazendo. Outras pessoas podem ser sempre agradáveis e gentis com os outros, mas são difíceis de conviver porque assumem compromissos demais e depois não conseguem cumprir suas promessas. Personalidades negativas, por outro lado, são aquelas pessoas que adotam a atitude pessimista de que tudo o que você disser não vai funcionar e, por isso, se recusam a cooperar e tentar. Os do tipo sabe-tudo costumam ser pretensiosos, condescendentes, prolixos e pouco cooperativos. Diferentes deles são os indecisos que nunca fazem nada, nem tomam nenhuma decisão até terem absoluta certeza. Por causa disso, eles quase nunca agem.

Bibliografia:

(*) Texto extraído do Livro: COLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão. Edição Século 21. Tradução Lucília Marques Pereira da Silva – São Paulo: Vida Nova, 2004.

DISCIPLINA: HOMBRIDADE

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1. Significado

Qualidade associada a características socialmente valorizadas e popularmente relacionadas ao estereótipo da figura masculina, tais como: coragem, resiliência, honradez, integridade, valor e pró-atividade.

1. Qualidade de homem.2. Qualidade boa e destacada de homem, especialmente a integridade e o valor.

Diante da complexidade envolvendo o homem nos mais diversos aspectos da vida social, cultural, antropológica e psicológica, surge o maior de todos os desafios, ser um exemplo para a família, assim como, uma conduta condizente com a fé cristã.

2. A multideterminação do Ser Humano

Concepção de Homem – Os mitos sobre o homem

Para muitos pensadores o “Homem” constitui o ponto central de toda reflexão filosófica. Ele pode ser visto sob diferentes ângulos, histórico, político, religioso, artístico, psicológico, econômico, biológico e social.

Bleger (1987), sistematiza pelo menos três mitos filosóficos, que influenciaram as ciências humanas em geral e a Psicologia em particular, e que apresentam a idéia de que o homem nasce pronto.

O mito do homem natural: concebe o homem como possuidor de uma essência original que o caracteriza como bom, possuindo qualidade que, por influência da organização social manifestariam, isto é, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

O mito do homem isolado: supõe o homem como, originária e primitivamente, um ser isolado, não social, que desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos. Alguns teóricos consideram necessário, para esse relacionamento, um instinto especial, que Le bon, um dos pioneiros da Psicologia Social, denominou instinto gregário. Sem esse instinto, o homem não conseguiria relacionar-se com seus semelhantes, e seria impossível a formação da sociedade.

O mito do homem abstrato: nessa concepção, o homem surge como um ser, as características independem das situações de vida. O ser está isolado das situações históricas e presentes em que transcorre sua vida. O homem é estudado como o “homem em geral”, e seus atributos ou propriedades passam a ser apresentados como universais, independentes do momento histórico e tipo de sociedade em que se insere e das relações que vive”.

3. O QUE É O HOMEM?

É esta a primeira e principal pergunta da filosofia. Surgiu da necessidade de saber as respostas sobre o que refletimos e vemos, o que somos e o que podemos nos tornar a ser, se realmente e dentro de que limites somos “artífices de nós próprios”, da nossa vida, do nosso destino.

Surge então a questão: Quem é o homem? Segundo Maranhão (1987), existem definições que focalizam os diferentes prismas:

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De biologia – “aglomerados de células”;

Da sociologia – “moldador de sociedade”;

Da arqueologia – “acumulador de cultura, construtor de cidades, plantordor de cereais, inventor da escrita”;

Da filosofia: Aristóteles -“Animal racional”;

Kant - “O homem escolhe seus próprios fins, realiza sua natureza que historicamente é a liberdade de autoprojetar-se com a sua razão”;

Sob o nosso ponto de vista, o homem não pode ser concebido como ser natural, porque ele é um produto histórico, nem pode ser estudado como ser isolado, porque ele se torna humano em função de ser social, nem concebido como ser abstrato, porque o homem é o conjunto de suas relações sociais.

As propriedades que fazem do homem um ser particular, que fazem deste animal um ser humano, são um suporte biológico específico, o trabalho e os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos sentimentos e emoções e pelo inconsciente. Com isso, queremos dizer que o humano é determinado por todos esses elementos.

4. ELE É MULTIDETERMINADO

O patriarca Jó parece ter sido o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a interrogar acerca dos homens. Foi ele quem perguntou a Deus: “que é o homem, para que tanto o estimes e ponhas nele o teu cuidado e cada manhã o visites, e cada momento o ponhas à prova”? (Jó 7.17,18). Depois foi a vez do Salmista indagar: “que é o homem para que dele te lembres”? (Sl 8.4). “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento”? E o filho do homem para que o estimes? (Sl.144.3).

5. UM FENÔMENO INTRIGANTE ESTÁ OCORRENDO EM NOSSA SOCIEDADE.

A principal figura de autoridade que nossas crianças conhecem, do nascimento até quase os vinte anos, é delineada quase totalmente por mulheres. Vez por outra, a figura masculina aparece nesse quadro, mas com presença pouco marcante.

No hospital, são as enfermeiras que se encarregam de quase todos os aspectos relativos ao cuidado do recém-nascido. Em casa, geralmente, a figura dominante é a mãe. E 90% dos professores do curso primário se constitui de mulheres. Em alguns casos, o policial que auxilia a criança na travessia da rua em frente à escola é uma mulher.

E há muitas outras situações como, por exemplo, supermercado, lojas, lanchonetes, escola domincal, em que são mulheres que atendem, orientam e ensinam as crianças a respeito de Deus.

Quem instrui a criança sobre que roupa deve vestir, quem lhe inculca os primeiros bons hábitos, quem a ajuda com os deveres de casa, quem faz as compras da família?

Em suma, quem manda? Não é de se admirar, portanto, que o rapaz de hoje esteja se esforçando ao máximo para demonstrar que é homem de verdade como a mamãe.

E é por isso que em nossos dias os homens aderirão uso de pulseiras, colares, e até brincos.

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Por outro lado, as mulheres estão usando o cabelo bem curto, calças e blazers masculinos, e algumas, até gravatas.

Enfim, os homens e mulheres de nossos dias não sabem exatamente como devem agir, desconhecem sua função como homem ou mulher, e por causa disso sentem-se confusos e ansiosos.

A tendência da mentalidade prevalente hoje é anular as diferenças básicas entre homem e mulher, em especial no que diz respeito às suas funções. De modo geral, os homens não assumem uma posição clara, preferindo omitir-se. Simplesmente vão vivendo a vida sem assumir seu papel. E como o natural é que quando alguém se omite, outro acabe preenchendo seu espaço, as mulheres estão sendo levadas a ocupar as áreas que eles abandonam. O resultado de tudo isso são homens, mulheres e crianças frustrados, irritados, e um número cada vez maior de indivíduos em “crise de identidade”.

A Bíblia diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhe disse; Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai... E assim se fez”.

6. SER DO SEXO MASCULINO É QUESTÃO DE NASCIMENTO; SER HOMEM É QUESTÃO DE DECISÃO.

Deus instituiu a família nesta terra e, mesmo diante dos inúmeros fracassos humanos, os planos pré-estabelecidos do Criador não sofreram quaisquer alterações.

Providências radicais foram tomadas para reescrever a historia da família na terra, conforme encontramos no livro do Gn 12.1-3; várias ordens imperativas – Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu, e vai para a terra que te mostrarei; promessas para as famílias obedientes – de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção: Proteção divina – abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Algo preocupante nesta passagem para os homens, é que a ordem foi dada diretamente a Abraão, isto mostra que Deus estabeleceu uma liderança no lar e delegou responsabilidades específicas para o pai, lembre-se a ordem no Éden foi dirigida ao homem, Adão.

O Abraão iniciou a sua caminhada construindo altares, Gn 12.7,8 e, em seguida armando a sua tenda. Hoje infelizmente, os homens querem construir suas tendas primeiro e depois com o tempo pensar no altar. Esta inversão tem sido um fator destrutivo para os lares iniciantes. Abraão cumpriu a ordem divina instruindo seu filho Isaac aguardar as promessas feitas por Deus. Temos repassado para nossos filhos (as), tudo que temos recebido e apreendido nas escrituras, ou estamos negligenciando com a responsabilidade recebida? Lembre-se “seus filhos farão aquilo que você faz, e não o que você fala”.

A família sonhada por Jeová cresceu e multiplicou-se ao ponto de superar seus algozes em número e força. O desafio teve inicio quando o as famílias foram levadas para o deserto, com intuito de estreitar a comunhão com o seu Deus.

O nosso dilema começa na sequidão da solidão, quando não encontramos o cônjuge disposto a nos ouvir, na escassez das necessidades básicas, doenças imprevistas e, sob as mais variadas pressões, então mergulhamos completamente numa crise.

“Se você estiver passando por algum momento difícil hoje, fique firme. Logo as coisas irão mudar. Se você estiver caminhando tranquilamente pela vida, segure-se. Logo as coisas mudarão. A única coisa de que você pode ter certeza é que elas irão mudar.” J.Dobson.

7. O FRACASSO DA FAMÍLIA NO DESERTO RESULTOU PRIMARIAMENTE DE CINCO PECADOS: 1CO 10. 6-11

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“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram num só dia vinte e três mil. Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram, e pereceram pelas mordeduras das serpentes. Nem murmures como alguns deles murmuraram, e foram destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.

De acordo com o texto, as razões do fracasso das famílias israelitas são as seguintes:

a) Cobiça;b) Idolatria;c) Imoralidade;d) Pôr o Senhor à prova;e) Murmuração.

Precisamos atacar esses pecados, em especial à questão da promiscuidade sexual. O problema é geral! Tem gente aí vivendo junto, sem casar, e freqüentando a igreja achando que são cristãos!

É não somos nem um pouco melhores que os israelitas! Cometemos os mesmos pecados que eles cometeram. “Há já algum tempo a fibra moral de nossa nação, de toda ela, vem sendo esgarçada”. E a igreja não se acha imune ao processo. A sociedade está impondo seus costumes e idéias à igreja de Jesus Cristo. E assim muitos estão sendo enredados nos pecados do sexo.

As famílias e todos nós – pregadores, obreiros, jovens e velhos, ansiamos por uma palavra de orientação; precisamos ouvir a voz de Deus, por mais severa que ela seja. Desejamos desesperadamente uma mudança de vida, queremos ver-nos livres de nossas dúvidas e indagações.

Como a desditosa família israelita, hoje as famílias sonham com uma terra prometida, com a Canaã. Anseiam por uma existência caracterizada por força e energia, onde os problemas possam ser resolvidos, onde cessem os conflitos, e os relacionamentos sejam restaurados.

8. AQUELAS FAMÍLIAS ANSIAVAM POR UMA CANAÃ.

Para Deus, Canaã sempre foi o símbolo da vida humana vivida em todo o seu potencial. É o

lugar onde as promessas divinas se cumprem, onde a família de Deus atinge o máximo de sua capacidade, tanto a nível individual como coletivo. E isso envolve toda a sua vida – o espírito, suas emoções e seu corpo, inclusive e principalmente seu casamento, seus filhos e sua atuação profissional.

A Canaã do Antigo Testamento era a terra onde Deus queria que as famílias israelitas vivessem após sua libertação do cativeiro egípcio. Ali eles viveriam pela fé, e o Senhor cumpriria todas as suas promessas.

Mas as famílias israelitas não conseguiram entrar em Canaã. E não entraram devido às cinco razões mencionadas em 1 Coríntios 10. E são as mesmas razões que impedem as famílias de hoje de chegarem à sua Canaã, a terra da realização pessoal. E, no entanto Deus deseja que os cristãos tenham uma existência tipo “terra de Canaã”, nos seus negócios, no seu casamento, no relacionamento com os filhos, nos estudos, em tudo. Temos que reconhecer, porém, que não a temos. Não temos atingindo o nosso potencial. E esse pode ser o caso da sua família, ou de alguém que você conhece.

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Aqueles mesmos cinco pecados básicos assediam as famílias modernas, impedindo-as de desenvolverem todo o seu potencial.

Esses pecados são os seguintes.

A) Cobiça

A cobiça é a busca constante da satisfação de nosso ego à custa de Deus ou de outrem. É uma extrema preocupação com aquilo que nosso ego deseja, a satisfação dos desejos da carne.

Já o amor é algo próprio de Deus. O verdadeiro amor é sempre doador. Por natureza, ele sempre deseja satisfazer a quem ama. Jo 3.16. Deus é amor. O amor é doador.

O amor dá; a cobiça estende a mão e pega. A diferença entre os dois é a direção que cada um segue. As famílias israelitas cobiçaram o que haviam deixado para trás, no Egito. Fisicamente seguiam para Canaã. Entretanto, em seu coração, estavam retornando ao Egito. Eram amigos dos prazeres do que de Deus.

O homem casado que, no ato sexual, só se preocupa em satisfazer a si mesmo e deixa a esposa insatisfeita e frustrada, está sendo cobiçoso. O rapaz que afirma amar a namorada, mas que depois de satisfazer-se sexualmente a abandona, deixando-a enfrentar sozinha e desesperada a gravidez, na verdade não a ama. O que sente por ela é apenas cobiça. A esposa que usa irresponsavelmente o cartão de crédito, acumulando dívida que o marido não pode pagar, prejudicando assim toda a família, vive sob o domínio da cobiça. As empresas também cobiçam umas das outras. Até as nações cobiçam bens umas das outras. Esse pecado, então, é um dos que impedem as famílias, (homens e mulheres) de atingir todo o seu potencial.

B) Idolatria

A idolatria é um sistema de valores que criamos, em que damos mais importância a qualquer outra coisa que a Deus. Alguns interesses que podem se tornar ídolos para nós são: o poder, o prestígio, os estudos, o dinheiro, Os negócios, a religião, a popularidade, o ego, a pornografia, etc. Há homens que se ajoelham diante do altar do seu trabalho, outros, no templo dos esportes e lazer. Ainda outros se curvam perante o som da caixa registradora. Há inclusive pastores que fazem do seu ministério um ídolo. Devotam-se tanto a ele que não têm tempo para adorar a Deus, aguardar na sua presença para ouvi-lo e ter comunhão com ele. E existem aqueles cujo ídolo é o seu televisor.

Todo tipo de pornografia é idolatria. Baseia-se na capacidade que o homem tem de criar fantasias ou imagens mentais que o satisfaçam, e com que pode ter prazer.

As novelas dominam e viciam, levando algumas vezes às fantasias sexuais, causando em pessoas mais suscetíveis o mesmo impacto provocado pelo alcoolismo.

A idolatria, portanto, é outro pecado que impede que desenvolvamos ao máximo o nosso potencial nos aspectos pessoal, conjugal, profissional e espiritual.

C) ImoralidadeO termo “imoralidade” designa todos os tipos de pecados sexuais. Pecado é sempre

pecado, não importa o nome que lhe damos.Em nossos dias, a imoralidade tornou-se popular. A promiscuidade sexual já é aceita em

toda parte – menos na Bíblia. Não me admira que os homens queiram queimá-la, negá-la, ou crucificá-la. Mas ainda é a palavra de Deus que revela o caráter de Deus, que estabelece para o homem o padrão de fé e as regras de conduta.

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Os relatos bíblicos sobre essa questão, como por exemplo, os de Sansão, Davi e outros, ensinam preciosas lições acerca das tristes conseqüências do pecado. E o mesmo se aplica ao homem de nossos dias. Muitos homens hoje conseguem desenvolver todo o seu potencial em algumas áreas, mas acham-se limitados em outras devido a pecados sexuais.

Solteiros e casados, jovens e velhos, todos se acham dominados por desejos, apetites, paixões e tentações que causam sérios estragos em seu ser, impedindo-os de se tornarem como Deus deseja que sejam.

Sabemos de homens cujo ministério foi destruído, ou então se acha debilitado, outros têm caráter fraco, ou pouco desenvolvido.

Deus afirma que os “vencedores” irão assentar-se com ele em seu trono. E vencedores são aqueles que concluem com êxito a carreira espiritual.

Os homens de Israel que praticaram a imoralidade morreram no deserto, e nunca chegaram a ver a terra prometida. E em nossos dias também muitas pessoas estão morrendo num “deserto” pessoal. Atolados no lodo moral, e perdendo as gloriosas bênçãos que Deus tem para elas.

Esse nunca foi o plano divino para as famílias (homens), nem naquela época nem no presente.

D) Pôr o Senhor à prova

As multidões que por ocasião da crucificação de Jesus diziam-lhe que descesse da cruz estavam pondo-o à prova. Pôr o Senhor à prova é pedir que ele faça algo contrário à sua vontade, ou ao seu caráter. E muitos hoje agem da mesma forma, cobrando de Deus outro meio de salvação que não a cruz.

Quem não é correto nos negócios, e ainda cobra de Deus que o abençoe e lhe dê prosperidade, está pondo o Senhor à prova. Há gente que vive na promiscuidade, perfeitamente consciente de que está pecando; há filhos que rejeitam a orientação espiritual dos pais; cristãos que exigem que o pastor promova o crescimento da igreja com base em programas de ação social, e não na pregação da Palavra de Deus e na oração; outros desejam gozar dos benefícios da salvação e ao mesmo tempo viver nos prazeres do pecado. Tudo isso é pôr o Senhor à prova.

Esse foi um dos pecados que impediram as famílias israelitas de entrarem em Canaã. E continua impedindo que muitas famílias (homens) entrem em sua Canaã hoje.

E) Murmuração

Em sua forma mais simples, murmurar nada mais é que fazer uma “confissão negativa”. Queixar da vida, criticar outros, achar erro em tudo ou espalhar boatos, são formas de

murmuração. No quinto capítulo dessa mesma carta aos coríntios, Paulo fala sobre o “maldizente”. Maldizente é aquele que difama outros, blasfema e usa de linguagem profana. Deus quer que ajamos com firmeza e disciplina para com tal indivíduo.

“Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!” (Tg 3.5) A língua e assim. Basta uma pequena observação, um comentário crítico de ódio, inimizada

e guerra. Ela arrasa relacionamentos, deixando após si desolação e cinzas. Há homens que murmuram contra o patrão ou contra a empresa onde trabalham, e depois

não entendem por que não recebem uma promoção. Cristãos murmuram contra o pastor, e não entendem por que os filhos não se convertem. Murmuram contra a Palavra de Deus e depois se queixam de sua fé ser improdutiva.

Não entram em Canaã!

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Exemplos bíblicos de amor à família: Isaque Gn 24.67; Jacó - Gn 29.20; Ester - Et 2.17; Pv 5.19; Poemas - Ct 8.7; Maridos - Ef 5.28; Cl 3.19.

Exemplos de amor maternal: Hagar por seu filho – Gn 21.16; Mãe de Moisés - Ex 2.3; Mãe de Samuel - 1Sm 2.19; Amor de Rispa por seus Filhos – 2Sm 21. 9,10; A mãe da época de Salomão – 1Rs 3.26; A mãe Sunamita – 2Rs 4.20; O amor inesquecível de mãe – Is 49.15; Mãe Cananéia – Mt 15.22; Mãe de Jesus – Jo 19,25;

Exemplos de amor paternos: Labão – Gn 31.28; Jacó – Gn 37.35; 42.38; 46.30; Davi – 2Sm 12.16; 13.39; 18.5; Jairo – Mc 5.23; 9.24; O pai do filho pródigo – Lc 15.20.

Obrigações dos Maridos: Gn 2.23,24; Dt 24.5; Pv 5.18; Ec 9.9; Mc 10.8; 1Co 7.11; Ef 5.25; 1Pe 3.7.

Devem ter apenas uma mulher, Gn 2.24; Mc 10.6-8; 1 Co 7.2-4

Obrigações das Mulheres: Et 1.20; Pv 31.27; 1Co 7.10; Ef 5.22; Cl 3.18; 1Tm 3.11; Tt 2.4; 1Pe 3.1.

Na vida pessoal (Maridos apertem o cinto), enfrentamos o desafio de ser o que Deus quer que sejamos, vamos observar pontos imprescindíveis, para a condução sem turbulência, na vida das pessoas que o Senhor colocou sobre nossa responsabilidade.

Em toda casa há um sacerdote. Deus determinou que o homem exercesse essa função. Homens, vocês são o sacerdote da família, quer tenham estudado teologia ou não. Meu amigo, você é o sacerdote, quer creia nisso ou não; quer assuma essa missão e a pratique, ou a ignore. É tarefa do sacerdote, além de servir a Deus, ministrar espiritualmente àqueles que foram confiados aos seus cuidados. Como sacerdote, o homem tem de ministrar à esposa e aos filhos. É preciso ser homem de verdade para realizá-lo com sucesso.

A palavra de uma esposa desesperada “Por favor, diga aos homens, onde o senhor for pregar, que nós mulheres, queremos que eles assumam a liderança do lar em todos os aspectos, principalmente nessa questão de orar e estudar a Palavra de Deus. Se ele se dispusesse a mudar e a assumir a liderança, eu o amaria ainda mais”.

O sacerdote da casa tem de orar por sua esposa. A oração aprofunda o relacionamento. Orar nos permite conhecer intimamente Aquele a quem oramos, a pessoa por quem oramos, e com quem oramos.

A bíblia oferece duas estratégias básicas para as mulheres que têm marido incrédulo, ou cristão que ainda não desenvolveu todo o seu potencial como homem.

Perdoar ao marido todos os seus pecados. Muitas não perdoam aos maridos. Não perdoando, ficam a acusá-los dos erros cometidos, e assim prendem o erro ao homem. O perdão abre o coração. O rancor fecha-o. O perdão liberta; o rancor aprisiona.

Há muitos homens que desejam sinceramente chegar a ser como Deus deseja que sejam, mas estão lutando para libertar-se daquela prisão de rancor em que suas esposas os encerraram.

Amá-lo. Parece uma solução simples demais, mas é a fórmula divina para um casamento feliz. 1Pe 3.1,2.

O homem ministra à esposa comunicando-lhe segurança. Toda mulher precisa saber que é importante para o marido.

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O sexo praticado de forma mecânica não satisfaz o desejo do ser humano de gozar uma união verdadeira.

Quando o marido diz à esposa que ela é a mulher que Deus escolheu para ele, dá-lhe maior certeza de seu amor. Aquilo que confessamos torna-se um compromisso. Os votos matrimoniais são confissões que produzem compromissos.

9. “MEU MARIDO MINISTRA A TODO MUNDO, MENOS A MIM.”

Deus criou o homem para ser líder e mordomo. Nós homens não somos donos de nada; somos apenas mordomos.

Tudo pertence a Deus: a saúde, o casamento, a terra, os negócios, o amor da esposa, etc. Os homens são apenas mordomos desses bens. Foi Deus quem nos confiou todos eles. O que importa é a maneira como cuidamos deles e como os usamos. É disso que teremos de prestar contas.

Meu amigo, você não é o dono do amor de sua esposa. É apenas mordomo dele. Ele é uma dádiva de Deus para você.

Seja um bom mordomo, seja o sacerdote. Ministre! Ministre à sua esposa.Vez por outra, deixem as crianças com a vovó, ou com outra pessoa, larguem o trabalho, e

saiam os dois juntos. Só os dois. Apaixonem-se de novo um pelo outro. Ministre a ela. Essa é a base para a submissão da mulher.

Todo casal precisa ter uma lua-de-mel pelo menos de seis em seis meses, durante um final de semana prolongado. Se os dois não passarem alguns momentos juntos a sós, depois de vinte e cinco anos de casamento, quando os filhos já tiverem saído de casa, verão que já não sabem mais se amarem, nem se comunicar, e se encontram em vias de separar-se.

Ministre.

Ore por ela. Ore com ela. Busque uma comunhão mais profunda.

Confesse que ela é de fato a mulher de sua vida. Ministre-lhe senso de segurança. Isso é amar.

Saia com ela, só com ela, e vá a algum lugar onde possa dedicar-lhe toda a sua atenção.

Vez por outra, será bom apaixonarem-se novamente um pelo outro.

Homens, vocês não tem alternativa.

Foi Deus quem os chamou para ser o sacerdote do lar.

10. HÁ UM SACERDOTE EM SUA CASA?a) A mudança sempre vem de cima.

Se a cabeça não mudar, mais cedo ou mais tarde haverá uma revolução embaixo que forçara a mudança.

Esse princípio se aplica a todas as áreas da vida humana, inclusive à família.

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Para que uma família mude, é preciso que o homem da casa mude primeiro. Ele precisa crescer para que a família cresça. É ele quem dá o exemplo. Uma mudança só pode ser considerada mudança depois que mudar alguma coisa.

A maioria das pessoas julga os outros pelo que estes fazem; mas julga a si mesma por suas intenções.

Ter intenção de mudar não é mudar. Dizer que vai mudar, prometer mudar, tomar a decisão de mudar nada disso é mudar. Nada disso “conserta” uma família problemática.

O chefe da casa tem de mudar. O homem é o chefe da casa; a mudança tem de começar por ele.

Quando um homem se modifica e passa a ser como Deus deseja que ele seja, a mulher e os filhos também mudam. E tudo depende do seu ato de obedecer à Palavra de Deus.

Mais vale um grama de obediência do que uma tonelada de oração. Crença mais ação é igual à fé. A questão da hombridade não é mero discurso; é um modo de

viver. Lembremos bem disto: uma mudança só pode ser considerada mudança depois que mudar

alguma coisa. Uma oferta só é oferta depois que for dada. A fé só é fé depois que entrar em ação.

b) A coragem sempre foi um requisito para quem exerce qualquer tipo de liderança.

Uma expressão que aparece repetidas vezes nas Escrituras é: “Sê forte e corajoso”. A coragem é a virtude, qualidade ou atributo que capacita o homem a enfrentar a desaprovação de outros, a perseguição, o medo, o fracasso e até a morte como verdadeiro homem.

É preciso muita coragem para se encarar a realidade. O apóstolo Pedro escreveu o seguinte: “Associai com a vossa fé a virtude” (2Pe 1.5). E a virtude aí significa grandeza moral, masculinidade e coragem.

A Bíblia relata que, quando José estava na casa de Potifar, a mulher deste tentou seduzi-lo. E José repeliu-a dizendo: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9). O critério pelo qual ele norteava sua vida era honrar a Deus, obedecendo-lhe em tudo. Isso é ser homem.

c) É preciso muita coragem para ser homem.

Nesta vida existem certas coisas que são mais importantes que a própria vida. Para cultivarmos atributos como verdade, honradez, integridade e outras características do

verdadeiro homem, é preciso ter coragem ou amor. Mudança requer coragem.Hoje em dia, muitos homens estão prontos a trocar de mulher, de filhos, de emprego, de

tudo, mas não mostram disposição de mudar a si mesmos. Um verdadeiro homem é capaz de encarar a realidade e de efetuar mudanças pessoais.

“O Senhor coloca em nós os seus próprios anseios para que ele mesmo os realize. Desse modo ele estabelece o seu reino na terra”.

O plano de Deus é que alguém assuma o comando. Homens, isso é com vocês! Ef. 5.23

A solução de todos os problemas da família tem de começar pelo pai.

Os homens estão tão ocupados com sua atividade profissional que deixam com a esposa a tarefa de “escutar os filhos”.

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Adão pecou e em seguida escondeu-se de Deus, mas o Senhor o chamou e ele teve de abandonar seu escoderijo. Como Deus o procurasse insistentemente, Adão foi obrigado a explicar por que havia se escondido.

“Porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gn 3.10).Sentir culpa, temer, esconder essa é a sequência resultante do pecado, estabelecida há

milênios no jardim do Éden, e que ainda prevalece em nossos dias.O ser humano não tolera o sentimento de culpa. Ele é destrutivo! O peso da culpa nos

amedronta e esmaga.O homem que se nega a confessar seus próprios pecados, que prefere omitir-se e acaba

deixando que os problemas destruam os membros de sua família, é um covarde.Há ocasiões em que o silêncio é de ouro; mas há outras em que de ouro ele não tem nada.

Deus quer que a família tenha uma liderança forte, e espera isso do homem.Deus não se acha indiferente aos nossos problemas. Jesus Cristo afirmou que foi para isso

que ele veio a este mundo. Deus só não pode fazer nada por aqueles que dizem não ter problemas. Deus nos ama e quer nosso bem. Ele quer que gozemos a vida em todo o seu potencial.

Meu irmão, Deus espera que você, como o homem da casa, assuma a liderança. Ele já lhe deu sua Palavra. E através do seu próprio Espírito, ele o mune do melhor recurso que existe a sabedoria divina. De posse da Palavra e de sabedoria, ele espera que você encontre as soluções.

Este é o desafio que agora lhe proponho: conhecer a Deus, conhecer a si mesmo, conhcer sua família e fazer com que a transferência de culpa termine em você.

Deus nos ama como somos, mas o seu amor por nós é grande demais para nos deixar como estamos.

d) As pessoas ouvem o que sai da nossa boca, mas é a partir do que somos que elas aprendem. Nossos atos mostram quem a gente é. As ações falam bem mais alto que as palavras.

Na maioria dos casos, o fator que distingue um homem fracassado de um outro, bem-sucedido, é a capacidade de cada um para lidar com as pressões, (Pv.24.10).

Nossa natureza humana, carnal, procurará sempre diminuir a tensão, ir devagar e acomodar-se, em vez de se submeter às disciplinas do espiríto faminto e sedento de Deus, e de estudar a Palavra e de orar diariamente e de desejar participar daquilo que o Senhor está fazendo na Terra neste momento!

Eu quero ser cheio de fervor pelo Senhor até morrer! Afinal, por que deixar de aproveitar o melhor da vida, que é o presente? Os “bons tempos” de nossa vida não estão no passado; o hoje é o melhor dia da nossa existência!

A glória de Deus nunca se apaga. As pessoas, sim perdem o vigor.A glória divina é a mesma ontem, hoje e será eternamente.Fomos regenerados “para uma herança incorruptível, sem máculo, imarcescível, reservada

nos céus para vós outros” (1 Pe 1.4). Faça bom proveito dela, pois ela durará para toda a eternidade.

Bibliografia• Bock.A.M.B. Psicologias. Uma introdução ao estuda da psicologia. São Paulo: Saraiva,

2004.• Cole, Edwin Louis. Homem ao máximo. Betânia, 2006.• www.fortium.com.br/faculdadefortium.com.br

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DISICIPLINA: DOUTRINAS FUNDAMENTAIS

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O PORQUÊ DAS ESCRITURAS

Deus tem se revelado através dos tempos por meio de suas obras, isto é, por meio da Criação (Rm 1.20; SI 19.1-6). Porém, na Palavra de Deus temos uma revelação especial e muito maior. É dupla esta revelação; temo-la de duas maneiras: a) na Bíblia - A PALAVRA ESCRITA, e b) em Cristo - A PALAVRA VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é especial e tornou-se necessária devido a queda do homem.

A Necessidade do Estudo das Escrituras

A necessidade do estudo das Escrituras está implícita· nos seguintes textos: 1 Pedro 3.15; 2 Timóteo 2.15; Isaías 34.16; Salmos 119.130. O estudo destes versículos nos conduz a dois pontos de suma importância, que são: 1) Porque devemos estudar a Bíblia, e 2) Como devemos estudar a Bíblia. Ambos os pontos são estudados pormenorizadamente a seguir:

Porque devemos estudar a Bíblia

Devemos estudar a Bíblia, porque:a. Ela é o manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. (2 Trn 2.15). b. Ela alimenta nossas almas (Mt 4.4; Jr 15.16; 1 Pe 2.2). c. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). d. Ela enriquece espiritualmente a vida do salvo (Sl 119.72).

Como devemos estudar a Bíblia

a. Leia a Bíblia conhecendo seu Autor. Ela é o único livro cujo Autor está presente quando se o lê. b. Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). É preciso a leitura bíblica individual, pessoal e diariamente. c. Leia a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Como a Palavra de Deus, com o coração e reverente devoção (Tg 1.21). Os galhos mais carregados de frutos são os que mais se abaixam. d. Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando. (SI 119.12,18), Dn 9.21-23). (SI 73.16,17). E. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso; a única maneira de conhecermos a verdade completa.

O TEMA CENTRAL DAS ESCRITURAS

Jesus é o tema central das Escrituras Sagradas. Ele mesmo no-la declara em Lucas 24.44 e João 5.39: Se olharmos com cuidado, veremos que em tipos, figuras, símbolos e profecias, Jesus ocupa o lugar central das Escrituras, isto, além da sua manifestação corno está registrado em todo o Novo Testamento. Cristo, de Gênesis a Apocalipse

A INSPIRAÇÃO DIVINA DAS ESCRITURAS

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo e a sua inspiração divina. (2 Tm 3.16); (2 Pe 1.21)."Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido" (Jó 32.8).

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HARMONIA E UNIDADE DAS ESCRITURAS

A existência da Bíblia até aos nossos dias só pode ser explicada corno um milagre singular. Há nela 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens, na maior parte dos casos não se conheceram. Viveram em lugares distantes de três continentes, escrevendo em duas línguas principais. Devido a estas distanciam, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, séculos depois um outro o completava com tanta riqueza de detalhes, que somente um livro vindo de Deus podia ser assim. Urna obra humana em tais circunstâncias seria uma babel indecifrável!

A Razão da Harmonia e Unidade da Bíblia

Se a Bíblia fosse um livro puramente humano, sua composição seria inexplicável. Suponhamos que 40 dos melhores escritores atuais do Brasil, providos de todos os meios necessários, fossem isolados uns dos outros, em situações diferentes, cada um com a missão de escrever uma obra sua. Se no final reuníssemos todas as obras, jamais teríamos um conjunto uniforme. Seria a pior miscelânea. Pois bem, imagine isto acontecendo nos antigos tempos em que a velha Bíblia foi escrita! A confusão seria muito maior! Não havia meios de comunicação, meios materiais, enfim, dificuldades de toda sorte. Imagine-se o que seria a Bíblia se não fosse a mão de Deus! Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.

PROVAS DA INSPIRAÇÃO DIVINA DAS ESCRITURAS

Ainda que aceitemos a harmonia e unidade da Bíblia como urna das mais contundentes provas de que a Bíblia é divinamente inspirada, achamos necessário darmos outras provas dessa natureza, da-das a seguir.

Jesus Aprovou a Bíblia

(Lc 4.16-20) , (Lc 24.27) , (Mc 7.13), , (Lc 24.44), (Jo 17.17), (Lc 18.31), (Mc 12.35,36), (Mt 4.4,7,10).

O cumprimento Fiel da Bíblia

(Mt 11.13), (Gn 49.10; Is 7.14; 53; Dn 9.24-26; Mq 5.2; Zc 9.9; SI 22, etc), (Jr 1.12).

A EXISTÊNCIA DE DEUS Aqueles que se dão ao estudo comparativo das religiões, são unânimes em testemunhar que

a crença na existência de Deus é de natureza praticamente universal. Essa crença acha-se arraigada até entre as nações e tribos menos civilizadas da terra.

Provas Bíblicas da Existência de Deus Na primeira página da Bíblia encontramos a inequívoca declaração: "No principio...Deus ... " (Gn 1.1).

Deus se Revela 1. Deus se revela através da sua doutrina (Jo 7.17), (Os 6.3), (2 Co 5.19). A PERSONALIDADE DE DEUS

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O ensino de que Deus é um Ser pessoal.

O Que se Entende por Personalidade

Pode-se definir como existência dotada de autoconsciência e do poder de autodeterminação. Portanto, representa a soma total das características necessárias para descrever o que é um ser pessoal.

A NATUREZA DE DEUS

Deus pode ser revelado e crido de acordo com a medida da nossa fé, porém não pode ser analisado num tubo de ensaio dum laboratório, para ser dissecado por quem quer que seja. Diz o Catecismo de Westmister que "Deus é espírito, infinito, eterno, e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade."

Atributos Naturais de Deus

1. Vida. (Jo 5.26). DEle, nEle, por Ele e para Ele emanam tudo e todos os seres criados, animados ou inanimados (Jr 10.10-16; SI 115.1-7; Dt 5.26; 1 Sm 17.36; 2 Rs 19.4; SI 84.2; Jr 23.36; Dn 6.20; Os 1.10; Mt 16.16; At 14.15; 1 Ts 1.9; 1 Tm 3.15; 4.10). 2. Espiritualidade. (Jo 5.37; Fp 2.6). 3. Eternidade. Ele é o eterno "EU SOU" (Ex 3.13,14; Jo 8.58). 4. Imutabilidade. (Tg 1.17). 5. Onisciência. (1s 40.28). (SI 147.5; Rm 11.33). 6. Onipotente. (Gn 18.14; Jó 42.2; Sl 93.4; SI 115.3; Jr 32.17). 7. Onipresença. Por sua onipresença, e que Deus está em todos os lugares. Ele age em todos os lugares e possui pleno conhecimento de tudo quanto ocorre em todos os lugares.

A NATUREZA DE DEUS

Atributos Morais de Deus : 1. Veracidade; 2. Fidelidade; 3. Conselho. 4. Santidade.

A TRINDADE DE DEUS

"FAÇAMOS o homem à NOSSA imagem, conforme a NOSSA semelhança" (Gn 1. 26); 3.16,17; 28.19; 1 Co 12.4-6; 2 Co 13.13; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2; Jd 20,21; Ap 1.4,5. 1. A respeito do Pai: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servid5o" (Êx 2 0.2). 2. A respeito do Filho: "Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28): 3. A respeito do Espírito Santo: “Então disse Pedro”:

A DIVINDADE DE JESUS CRISTO

Um dos pontos salientes da doutrina cristo lógica consiste da afirmativa segundo a qual Jesus Cristo tinha uma dupla natureza, o que O fazia cem por cento homem e cem por cento Deus. Apesar disto, não poucas vozes, ao longo dos séculos, têm se levantado contra esta verdade, e principalmente, contra a divindade do Salvador.

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A Divindade de Cristo nas Escrituras

(Jo 1.1); Jo 10.30,33,38, 14.9,11; 20.28; Romanos 9.5; Colossenses 1.15; 2.9j Filipenses 2.6, Hebreus 1.3; 2 Coríntios 5.19; 1 Pedro 1.2; 1 João 5.6i e Isaías 9.6.

O CARÁTER DE JESUS CRISTO

O caráter de Jesus, tem recebido a aprovação e a recomendação não apenas de Deus Pai, dos anjos e dos santos, mas até mesmo os demônios têm reconhecido isto. A santidade de Jesus Cristo, quanto ao seu verdadeiro significado, indica que, Ele era isento de toda contaminação, 1 Jo 3.5.

A RESSURREIÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO

A Ressurreição de Cristo

A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristo é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé.

Realidade da Ressurreição de Cristo A realidade da ressurreição de Cristo se evidencia ao longo da narrativa novitestamentária.Suas provas se vêem, No sepulcro vazio, Lc 24.3. Nas aparições do Senhor à Maria Madalena, às mulheres, à Simão Pedro, aos dois discípulos no caminho de Emaús, aos discípulos no cenáculo, a Tomé, a João e a Pedro, a todo o grupo dos discípulos, Jo 20.19; Mt 28. 5,8,9; Lc 24.13,14,25-27,30~32; Jo 20.19; 26.29; 21. 5-7; 1 Co 15.4-7, Jo 7.3-5, At 20.7; 1 Co 16.2, At 2.14,22-24; 17.31.Ap 1.18, etc.

A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

Desde o dia de Pentecoste, o Espírito Santo tem exercido na terra uma atividade fora do comum, especialmente neste século. Esta gloriosa verdade é para nós muito significativa, porque além de testemunhar da nossa própria experiência, corresponde à nossa concepção à luz das profecias, de que a manifestação abundante do Espírito Santo é um dos sinais distintos da iminente volta de Jesus Cristo.

A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO

A natureza do Espírito Santo se evidencia através da sua personalidade singular, da sua divindade, dos seus nomes e símbolo conforme revelados tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos.

A Personalidade do Espírito Santo

O Espírito Santo ê uma pessoa divina. 1 Jo 2. 1; Jo 14. 16; Mt 28.19; 2 Co 13.13: 1 Jo 5.7; At 15.28; Rm 8.27; 1 Co 12.11; Ef 4.30; 2 Pe 1.21: G14.6; Rm 8.26; Ap 2.7; At 16.6,7; Jo 15.26, At 5.3; Mt 12.31,32.

A Deidade do Espírito Santo

At 5.3,4; Hb 9.14; SI 139.7-10; Lc 1.35; 1 Co 2.10; Gl 1.2; Jo 3.3-8; Rm 8.11. Os Símbolos do Espírito Santo

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(Lc 3.16); (At 2.2); (Jo 3.8); (Jo 7.37-39); (Zc 4.2-6); (Ef 1.13; 2 Tm 2.19); (Rm 8.9; Mt 27.66) ; (Mt 3.16-17)

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo na Criação " (Gn 1.2). O Espírito Santo Antes do Dilúvio (Gn 6.5). Espírito Santo nos Líderes do Antigo Testamento: José do Egito, Moisés, os setenta anciãos de Israel, Bezaleel, Josué, Otoniel, Gideão, Jefté, Sansão, Saul e Davi.

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO O evento do batismo com o Espírito Santo não devia surpreender, nem confundir os estudantes das Escrituras do Antigo Testamento, pois era uma bênção já prometida, relacionada com o plano divino da salvação em Cristo, e foi predito por Joel, Isaías, João Batista e Jesus, At 2.16-18; Is 44.3; Mt 3.11; Jo 14.16,17. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Os dons do Espírito Santo podem ser descritos como urna dotação ou concessão especial e sobrenatural de capacidade divina para serviço especial, na execução do propósito divino para, e através da Igreja. Em resumo - é urna operação especial e sobrenatural do Espírito Santo por meio do crente. Numa definição mais resumida, Horton define os dons do Espírito Santo corno sendo fa-culdades da pessoa divina operando no homem.

Classificação dos Dons Espirituais 1 Coríntios 12.1-11

1. DONS DE REVELAÇÃO: Palavra do Conhecimento; b) Palavra da Sabedoria; c) Discernimento de Espíritos 2.DONS DE PODER: Dons de Curar; b) Operações de Milagres; c) Fé 1. DONS DE INSPIRAÇÃO: Variedade de Línguas; b) Interpretação das Línguas; c) Profecia

A DOUTRINA DO HOMEM

Tudo quanto pudermos conhecer sobre o homem e sua natureza, nos servirá no estudo de seu relacionamento com Deus.

A ORIGEM E CRIAÇÃO DO HOMEM

A Bíblia nos apresenta um duplo relato da origem do homem, harmônicos entre si, o primeiro no capitulo 1, versículos 26 e 27, e o outro no capítulo 2, versículo 7 do livro de Gênesis.

O HOMEM, IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Havendo criado todas as coisas de acordo com a sua vontade e pelo poder da sua Palavra, no sexto dia da semana da recriação Deus formou o homem; imagem e semelhança sua o criou, Gn 1.26,27.

Destinados Para o Domínio da Criação

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Ao formar o homem, Deus fê-lo partícipe do seu plano governativo do universo; este é o ensino implícito em Gênesis 1.27-30: O homem foi destinado a exercer domínio sobre a terra, os mares e o espaço, e isto é o que ele tem feito.

Destinado Para o Louvor a Deus

O salmista Davi, que no Salmo 8 mostra a superioridade do homem sobre os seres criados na terra, vai mais além para mostrar que o mesmo homem foi destinado por Deus para o seu louvor. (Sl 8.5-9). O Salmo 148 mostra como o homem junta-se em coro às demais criaturas para elevar louvor a Deus; isso em todos os povos. Os homens, tão diversos e tantas vezes separados, podem ser unidos no louvor a Jeová.

A DOUTRINA DO PECADO

São os mais diversos, os conceitos entre os homens que ao longo da história surgiram acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Leão, na Gália (130-208 d.C), foi, talvez, o primeiro dos pais da Igreja antiga,a assegurar que o pecado no mundo se originou da transgressão voluntária de Adão no Éden.

A ORIGEM DO PECADO

Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equivoco, deslize, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniqüidade, transgressão, contravenção e injustiça. Â luz do ensino geral das Escrituras,o homem é apresentado como um transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a B1blia diz acerca disso? Para responder a estas perguntas devemos considerar o seguinte:

1. Deus Não e o Autor do Pecado

Evidentemente Deus na sua onisciência já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para-, ao fazer essa interpretação, não lançar sobre Deus a causa ou autoria do pecado. Esta idéia está excluída da Bíblia. Jó 34.10.

2. O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico

Se queremos conhecer a origem do pecado devemos ir além da queda do homem, descrita no capitulo 3 de Gênesis, e pôr a nossa atenção em algo que aconteceu no mundo dos anjos. Deus criou os anjos como seres dotados de relativa perfeição; porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa rebelião e queda não é dado a conhecer na Bíblia, porém, em João 8.44 Jesus fala do Diabo como aquele que é homicida desde o principio; e 1 João 3.8 diz que o Diabo peca desde o princípio.

3. A Origem do Pecado na Raça Humana

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A Bíblia ensina que a origem do pecado na história da raça humana, foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvido à insinuação do tentador, de que, se ele se colocasse em oposição a Deus, se' tornaria um igual a Deus. Tornando do fruto que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não apenas pecou, corno também se tornou servo do pecado.

A universalidade do pecado está registrada, entre muitas outras nas seguintes passagens da Bíblia: Gn 6.5; 1 Rs 8.46; SI 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23; Gl 3. 22; Tg 3. 1 , 8 , 10. A IDÉIA BÍBLICA DO PECADO

Dada a importância do assunto de que trata este Texto, e em decorrência dos diferentes conceitos do pecado, chamamos a sua atenção para as seguintes particularidades do ensino bíblico sobre o pecado.

O Pecado e uma Classe Especifica de Mal

A característica principal do pecado, em todos os seus aspectos, é que ele está orientado contra Deus, conforme mostram o Salmo 51.4 e Romanos 8.7.

O Pecado tem um Caráter Absoluto

O contraste entre o bem e o mal é absoluto. É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa de Deus e sua vontade, pois é compreendendo-o assim que ele é interpretado como "falta de conformidade com a lei de Deus".

Pecado tem Sempre Relação com Deus

"se todavia, fazeis acepção pecado, sendo argüidos pela lei de pessoas, cometeis como transgressores" (Tg 2.9).

O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção da Pessoa

A culpa é um estado em que se sente o merecimento do castigo pela violação duma lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei.

o Pecado tem Lugar Primeiramente no Coração

o pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. O coração de que fala a Bíblia, é o centro das influências que põe em· operação o intelecto, a vontade e os afetos. Provérbios 4.23; Mateus 15.19,20; Lucas 6.45 e Hebreus

O Pecado Original

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A condição pecaminosa em que nasce o ser humano e definida teologicamente corno "pecado original". Segundo Berkhof, ele é chamado assim 1) porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; 2) porque está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado corno resultado de simples imitação; e 3) porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem.Devemos, porém, evitar o erro de pensar que o termo "pecado original" implica que este pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria que Deus criou o homem como pecador. O PECADO E O CRENTE

O significado e a gravidade do pecado são melhor compreendidos pelo crente do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente ê advertido contra o "pecado que tão de perto nos rodeia" (Hb 12.1), e a caminhar para o alvo que ê a semelhança da estatura e perfeição do Senhor que o comprou com o seu precioso sangue. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a advertência solene do Mestre: " vai e não peques mais” (Jo 8.11). É Possível o Crente Pecar?

Para muitos crentes, a descoberta de que apos aceitar a Jesus como Salvador ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão extraordinária quanto o próprio fato de agora saberem que eram novas criaturas.

Que ê possível o crente pecar, ê assunto que se salienta em toda a Escritura. Só no Novo Testamento há capítulos inteiros, como por exemplo Romanos capítulos 7 e 8 que mostram o conflito interior do crente entre a natureza divina que nele habita, e a natureza humana, mostrando a possibilidade do crente vir a pecar se deixar de vigiar. Vem ao caso citarmos outra vez 1 João 1.8,9.

Qual a Causa do Pecado do Crente?

São muitas as causas porque o crente é levado à prática do pecado, porém, vamos citar apenas as três principais, e também mais conhecidas, que são: a. A natureza pecaminosa (Rm 8.21-25). b. O sistema mundial que está sob o domínio de Satanás, (1 Jo 2.15-17). c. Falta de oração e cuidadoso estudo das Escrituras, (Ef 6. 1 0-1 5) . O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudos da Bíblia, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil do adversário. Quais as Conseqüências do Pecado na Vida do Crente? Dentre as muitas conseqüências do pecado na vida do crente, vale destacar as seguintes: A perda da comunhão com Deus (1 Jo 1.5,6; SI 51.11); Os inimigos encontram oportunidade de blasfemar de Deus (2 Sm 12.14); Perda do galardão (1 Co 3.8 i 3.13-15); Possível morte prematura (At 5.1-11; 1 Co 11.30); Maus exemplos (1 Co 8.9,10); Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).

Como o Crente Deve Tratar Com o Pecado?

Quanto ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:

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a. Reconhecê-lo, SI 51.3; Evitá-lo 1 Tm 5.22.; Detestá-lo, Jd 23. ; Resisti-lo com confiança em Deus, Tg 4.7,8 ; Confessá-lo, 1 Jo 1-9; Abandoná-lo, Pv 28.13

O apóstolo João escreveu: "Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis...” (1 Jo 2.1).

Em termos de pecado há uma grande diferença entre o impio e o homem perdoado, o crente. Com o crente pode acontecer um desastre espiritual, enquanto que o ímpio é um desastre em si mesmo. Ainda que haja diante do crente a possibilidade de pecar, ele sabe que não vale a pena pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso mesmo procura a todo custo evitá-lo. O pecado que antes lhe era uma regra, hoje lhe é urna exceção foi por isso que o apóstolo João escreve "Se, todavia, alguém pecar ... "

BIBLIOGRAFIA

1. BANCROFT, E.H. Teologia Elementar, são Paulo: Imprensa Batista Regular, 1979. 2. BERKHOF, L. Teologia Sistemática Grand Rapids: T.E.L.L., 1979. BERNARDES, A. Resumo Teológico

Para Leigos, Rio de Janeiro: JUERP, 1969. 3. BINNY, A.R. Compêndio de Teologia, Campinas: Editora Nazarena4. BOYER, o. Pequena Enciclopédia Bíblica, Miami: Editora Vida, 1978 5. GRAHAM, B. Anjos, Agentes Secretos de Deus, Rio de Janeiro: Editora Record, 1975. 6. LANGSTON, A.b. Esboço de Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: Juerp, 1977. 7. PEARLMAN, M. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Miami: Editora Vida, 1978

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DISCIPLINA: FAMÍLIA

A PERSONALIDADE, TEMPERAMENTOS, INSTINTOS

1. A PERSONALIDADE. NOÇÕES

• Personalidade é o nosso total modo peculiar de ser, caracterizado pelas nossas ações, reações e expressividade.

• Outra definição sumária: É o conjunto de qualidades físicas, intelectuais e psíquicas que caracterizam o indivíduo.

Todo indivíduo tem, pois, personalidade, que pode ser ideal, medíocre, má, deturpada.

2. OS COMPONENTES DA PERSONALIDADE

São quatro, em resumo: Biótipo, Caráter, Temperamento e o “Eu”.

a) Biótipo.

• E o aspecto morfofisiológico da personalidade. • Parte é herdado; parte é formado através de muitos fatores contribuintes. • Sua aceitação pelo portador. (Nem sempre é aceito, e daí surgem muitos problemas subjetivos,

inclusive complexos.)

b) Caráter.

• É a expressão da personalidade; seu aspecto subjetivo. • É a característica estática ou subjetiva da personalidade. • É formado pelo: - Meio-ambiente do lar (os pais; a família em geral). - Meio-ambiente da comunidade. - Meio-ambiente da escola. - Meio-ambiente do trabalho. - Meio-ambiente da religião e sua prática. - Comunicação de massa (o que se lê, o que se vê - a televisão, por exemplo e o que se ouve). - Estado socioeconômico do indivíduo.

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• Pode ser mudado, mas... não é fácil!

Jesus pode mudá-Io milagrosamente num instante (2 Co 5.17), e continuar mudando-o, à medida que nos rendemos a Ele. (Ler Fp 1.6 e 2 C6 3.18.)

c) Temperamento

• É o aspecto dinâmico ou objetivo da nossa personalidade. • É aquilo que em nossa personalidade nos faz diferentes dos outros; nos faz únicos no universo. • É herdado dos pais e parentes próximos, na árvore genealógica. • Não pode ser mudado, mas pode e deve ser controlado. • O Espírito Santo quer controlá-Io, à luz de Ef 5.18-21. • O temperamento é a expressão do nosso biótono, isto é, nossa vitalidade individual. • Fazem parte do temperamento os instintos (literalmente impulsos), dos quais nos ocuparemos logo a

seguir. • Temperamento, instintos e hormônios estão relacionados entre si (como veremos a seguir), por isso

também se define o temperamento como "O aspecto fisiológico-endócrino do indivíduo".

d) O "Eu" = "Ego".

• É o aspecto espiritual da personal ida de. • É a pessoa consciente de se mesma. Correspondente à nossa consciência. • O "Eu", na psicologia aplicada à religião, pode ser considerado quanto a quatro tipos de indivíduos:

- O descrente (não nascido de novo, conforme Jo 3.5).- O crente espiritual. - O crente carnal. - O desviado da fé cristã.

3. OS TEMPERAMENTOS

• O nosso temperamento é herdado e congênito, e não pode ser mudado. • Pode ser, sim, controlado pelo Espírito Santo, fi medida que progride a nossa santificação. • O estudo do assunto revela que o nosso temperamento é herdado:

50% dos pa is. 1'/4 dos avós. 3/16 dos bisavós. 1/16 dos trisavós.

A Palavra de Deus diz: "Até a terceira e quarta geraçãd'(Ex 20.5). • Vantagens de estudar e conhecer o nosso temperamento: a) Conhecemos melhor a nós próprios.

Por que somos assim? b) Conhecemos melhor o nosso próximo e deste modo podemos melhor compreendê-Io. c) Somos levados a reagir convenientemente às situações subjetivas. d) Vigiamos a nós próprios quanto a comportamento, em relação a nós e aos outros. • Os primeiros estudos científicos do temperamento foram feitos pelo médico grego Hipócrates (460-

370 a.C.).

Sua classificação e nomenclatura dos temperamentos foi tão bem elaborada, que não sofreu atualização até hoje.

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Hipócrates foi o maior médico da antiguidade.

4. OS QUATRO TIPOS GERAIS DE TEMPERAMENTOS • Há quatro tipos gerais de temperamentos, sendo todos nós uma combinação desses tipos,

predominando um deles no indivíduo, marcando-o assim:

1º)Temperamento introvertido. (Nomenclatura tradicional: Melancólico.) Traços gerais da pessoa introvertida: • É perfeccionista (isto é, tem tendência a viver procurando defeitos nos outros). • Quer tudo perfeito; quer fazer tudo perfeito e entra em conflito consigo mesmo, por causa

disso. • É organizado na vida e no trabalho. • É calado; fala pouco. • É muito sensível. • É sacrificial em relação ao próximo. • É quieto. • É propenso à depressão, ao mau humor, a ficar amuado, ao mau gênio, à rabugice. • Facilmente fica zangado com os outros, consigo mesmo, e daí ter insônia. • E tendente a ser pessimista. • Guarda ressentimento. • É tendente a autocomiseração. • Tem tendência a ser intrometido; quer ver e ouvir tudo o que se passa à sua volta, e por isso, às

vezes, torna-se antipático. Por causa disso, se não vigiar, torna-se malicioso e colecionador de defeitos alheios.

• O introvertido, se não praticar autocrítica, estará sempre carrancudo, tanto no aspecto facial como na voz, mas tem bom coração, apesar da má impressão.

• E ESTE O SEU TEMPERAMENTO PREDOMINANTE?

2º) Temperamento extrovertido. (Nomenclatura tradicional: COLÉRICO.)

Traços gerais do indivíduo extrovertido: • É ativo, decidido, prático, "vivo", definido. • Tem espírito de liderança (e quando ignora isso, torna-se insuportável em casa, na escola, no

trabalho, no fazer, em viagens, ou onde quer que seja). • É sempre apressado e apressado em tudo. • É tendente a gostar de música "viva". • É otimista. • É tendente a hiperestesia (é um distúrbio neurologico que se dá ao excesso de sensibilidade de um

sentido ou órgão a qualquer estímulo). • É tendente a falar muito - quando deve e quando não deve. • Às vezes fala quando devia ficar calado e cala quando devia falar, e por isso entra em conflito

consigo próprio. • É ESTE O SEU TEMPERAMENTO PREDOMINANTE?

3º) Temperamento superintrovertido. (Nomenclatura tradicional: FLEUMÁTICO.)

Traços gerais do indivíduo superintrovertido: • É submisso, frio, calmo, lento, passivo, parado.

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• Aprecia muito as artes e a Natureza. • Costuma se atrasar com tudo e apressar os outros ...

• É tendente a gostar de música doi ente. • É organizado no trabalho e na vida. • Costuma perder as suas coisas e ... culpar os outros. • Tem tendência inata a ser bruto, ditador, mau, insensível e preguiçoso. • É ESTE O SEU TEMPERAMENTO PREDOMINANTE?

4º) Temperamento superextrovertido. (Nomenclatura tradicional: SANGUÍNEO).

Traços gerais do temperamento superextrovertido: • É emocional; chora com facilidade; é afetuoso; é brincalhão; é alegre; é animado. • Conversa quase sempre tocando as coisas e as pessoas. • Dá para orador, humorista, vendedor, etc. • É gregário; é explosivo (dá "curto-circuito" num instante, e por isso perde o crédito, o respeito e a

confiança de seus pares). • É precipitado. Não mede as conseqüências, de seus atos impensados.• É imprudente na vida amorosa, nas finanças, nos negócios, nos compromissos, etc. Quando se

arrepende é tarde! • É propenso à ira e à colera instantâneas, mas

depois não guarda ressentimentos. • É propenso à fraqueza de vontade; à abulia. • É tendente à hiperestesia. • É tendente ao cansaço fácil (por causa da muita e constante perda de energia física, emotiva e

mental).

• Não descobre, nem admira as belezas naturais: um pôr de sol, o murmurar de um 'regato, o canto das aves, o sorriso de uma criança,etc.

• E ESTE O SEU TEMPERAMENTO PREDOMINANTE?

5. OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE O TEMPERAMENTO 1) A ignorância do nosso tipo de temperamento é uma das causas geradoras de conflitos de

personalidade (geralmente chamados de incompatibilidade). Daí vêm <JS sociopatias (= mau relacionamento social com quem quer que seja).

2) Conheça o seu temperamento para melhor entenderse a si mesmo; para aceitar-se e para relacionar-se bem com os demais. Do contrário, virão as sociopatias.

3) Não queira julgar os demais à luz do seu próprio temperamento! 4) Não devemos confundir temperamento com:

• Má educação; má formação social. • Disfunções orgânicas do indivíduo. • Defeitos do caráter, que vêm de ,distúrbios afetivos ocorridos na infância e má formação social.

5) Solução para os nossas deficiências temperamentais: "Enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18). O resultado disso será: • uma vida alegre (Ef 5.19). • Uma vida de gratidão (Ef 5.20). Gratidão gera gratidão. • Uma vida interiormente submissa (Ef 5.21).

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6) Os instintos e os temperamentos Noções gerais: 1) Os instintos são formas de energia emotiva cristalizada que impulsiona os temperamentos. 2) Os instintos são congênitos; implantados na criatura para capacitá-Ia a fazer instintivamente o que for

necessário, independente de reflexão, para manter e preservar a vim natural. 3)A alma vive a sua vida natural através dos instintos; 4)Dos seis principais instintos, um deles é o instinto sexual que se ocupa da autoperpetuação do gênero hu-

mano. 5)Os nossos instintos saíram perfeitos das mãos do Criador, mas a queda adâmica os transtornou e os

perverteu. 6) E o abuso desses poderosos instintos que dá origem a todo pecado no ser humano (isto é, o mau uso, a

perversão, a distorção deles), uma vez que a alma vive a sua vida natural através deles. 7)Quanto ao instinto sexual, há grandes diferenças afetivo-sexuais entre o homem e a mulher.

Namorar; noivar e casar ignorando isso, é envolver-se com sérias complicações. Prazer físico e amoroso, e perpetuação do gênero humano. ~ 8) Os seis principais instintos, suas autênticas finalidades e as conseqüências do seu mau uso.

INSTINTO FINALIDADE PERVERSAO/CORRUPÇAO1. Defens

ivo.2. Aquisiti

vo.3. Conser

vativo.4. Sexual.

5. Domínio.

6. Gregário.

Prevenção.

Possessão de bens.

Alimentação e recreação

Prazer físico e amoroso, e perpetuação do gênero humano.

Administração

Associação.ComunicaçãoCooperação.

Egoísmo. Ódio. Vingança. Violência.

Materialismo (no sentido bíblico). Cobiça. Avareza.

Glutonaria. Indiferentismo em geral. Vaidade. Hedonismo. Ludismo.

Impureza. Depravação. Eromanias. Hedonismo do sexo, como no paganismo. As “fobias”, as “filiais” as “manias” e os “ismos” relacionados com o sexo.Prepotência. Tirania. Egocentrismo. Autocracia (= falsa liderança ou chefia).Promiscuidade. Orgias. Poluição Moral. Relaxamento moral. Falsas filosofias de vida comunitária.

9) A endocrinologia e os instintos e os temperamentos • A endocrinologia trata das nossas glândulas de secreção interna, isto é, hormônios. • Essas glândulas produzem e lançam na corrente sangüínea seus hormônios, dinamizando os instintos e

afetando decisivamente o temperamento do indivíduo. • Em caso de disfunção dessas glândulas (atrofia, hipertrofia, etc.), todo o comportamento do indivíduo

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nos múltiplos aspectos da sua vida é afetado, mui especialmente a área afetivo-sexual. 10) As nossas principais glândulas de secreção endócrina 1) A Hipófise.

E a glândula mestra; ela comanda todas as, demais. E ela o centro de controle de nível hormonal do organismo. Local: base do crânio. Função principal: crescimento em geral (é também chamada Pituitária).

2) A Tireóide.

Local: parte anterior do pescoço, sobre o conduto laringo-traqueal . Função principal: metabolismo, nutrição.

73 3) As Supra-renais. Local: acima dos rins. Função principal: nervos, sexo (principalmente caracteres sexuais secundários). Fonte adicional de hormô-nio masculino. Produz adrenalina - hormônio que estimula o sistema nervoso e eleva a pressão arterial. 4) O Pâncreas. Local: parte superior do abdômen, por trás do estômago. Função: digestão. Produz a insulina, que tem função importante no metabolismo dos açúcares pelo organismo. Promove a formação e armazenagem de gorduras, glicogênio e proteínas.

5) As Gônadas. São pares, no homem e na mulher. Local: Na mulher, são internas, comumente chamadas ovários. No homem, são externos, comumente chamadas testículos. Função principal: atividade sexual, reprodução. As gônadas produzem vários hormônios, todos controlados pela hipófise.

O OBREIRO E AS TRÊS METAS FUNDAMENTAIS DA PATERNIDADE (*)

A verdadeira paternidade (entenda-se também maternidade) inicia-se com Deus. Quem seria melhor para nos guiar nos princípios da paternidade senão o Autor da vida e Fundador do casamento e da família? Desde a criação do homem, o intento do Senhor para nós foi estabelecer descendências que habitassem harmoniosamente o nosso mundo. A missão de tomarmo-nos pais e gerarmos filhos é uma enorme parte do mandamento original da humanidade recebida de nosso Criador:

Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme (Nossa semelhança". Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e Ihes disse: "sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Gênesis 1.26a-28

A primeira frase registrada do Senhor para os homens instituiu o principio da paternidade: Sejam férteis e multipliquem-se! O homem foi ordenado a reproduzir-se semelhança de Deus. O Todo-poderoso criou o homem e a mulher com a finalidade de multiplicarem-se por meio da união sexual no contexto do casamento. Em outras palavras, Ele deu origem a Adão e Eva e disse-lhes que tivessem filhos. E assim, como o Senhor criou Adão e Eva á sua própria imagem, os filhos deles deveriam possuir a imagem de seus pais.

O capítulo 5 de Gênesis comprova que Adão e Eva cumpriram fielmente sua missão, assim como as gerações que os sucederam:

Esta é a lista dos descendentes de Adão. Quando criou os seres humanos, Deus os fez parecidos com ele. Deus os criou homem e mulher, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados. Viveu Adão

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cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete. Gênesis 5.1-3 NTLH Deus criou o homem. à sua imagem e semelhança. Observe que o termo homem inclui a concepção do

masculino e feminino; homens e mulheres em conjunto compõem todo o gênero que conhecemos como humanidade ou raça humana. Juntos, eles também devem conceber seus filhos à sua imagem e semelhança.

No livro de Gênesis é descrita cada geração da descendência de Adão, chegando até Noé e seus filhos, Perceba que, em cada caso, quando o capítulo 5 se refere a Deus e ao homem, ou aos pais e seus filhos, as palavras imagem e semelhança representam muito mais do que mera aparência física. Elas estão relacionadas também às qualidades internas de todas as pessoas.

Meta nº 1- Reproduzir a natureza intrínseca dos pais nos filhos

Analisando o primeiro mandamento de Deus para o homem, no qual o Senhor afirma que o ser humano deve ser fértil, multiplicar-se e povoar a terra, nós podemos identificar os três pontos fundamentais da paternidade. O primeiro, em. relação à essência dos pais, é reproduzir a sua natureza (de pai e de mãe) nos filhos.

Isso é parte do significado que está por trás da palavra imagem. Na criação, Deus é o Pai, e a raça humana é a sua prole. Criando-nos à sua imagem, a intenção primordial do Senhor era de que tivésse mos e refletíssemos a sua essência. Da mesma maneira, a primeira meta que os pais devem ter em mente deve ser a de que seus filhos tenham e reflitam sua própria natureza [Índole, temperamento, caráter].

Meta nº 2 - Reproduzir o caráter dos pais nos filhos

O segundo ponto fundamental da paternidade é reproduzir o próprio caráter nos filhos. Essa é a outra parte do significado de imagem. O sentido completo desta palavra se refere à verdadeira natureza e ao caráter de alguém. Então, quando Deus falou façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (Gn 1.26), Ele quis dizer que o ser humano deve ser criado de tal forma que reflita a essência e o caráter de seus genitores. Em suma, fomos gerados para nos parecermos com Deus: pensamos como Ele e carregarmos suas características peculiares - tal Pai, tal filho.

Do mesmo modo, o principal intuito dos pais deve ser o de querer que o filho se pareça com eles próprios - compartilhando os mesmos valores, agindo com os mesmos princípios de conduta e carregando as mesmas características. Podemos considerar-nos bem-sucedidos como pais se as pessoas que conhecemos vierem até nosso filho e dissessem: "Você me lembra muito o seu pai". Ou então: "Você é exatamente igual à sua mãe".

Meta n9 3 - Reproduzir o comportamento dos pais nos filhos

Os pais devem ter o objetivo de reproduzir seu próprio comportamento em seus filhos. Quando Deus criou a humanidade, um dos pontos principais da sua criação foi instituir que seus filhos se parecessem e pensassem como Ele, como também carregassem suas características e suas qualidades e agissem como Ele.

Igualmente, os pais precisam perseguir o mesmo objetivo dos atos exemplificados pelo Senhor para com seus filhos. De maneira ideal, os filhos devem sentir Deus em seu coração. E, em seu cotidiano, responder aos chamados do Criador exatamente da mesma forma que seus pais.

Não temas

Se quisermos seguir o modelo ideal de como ser pai e mãe no caminho do Senhor, não precisamos olhar além da relação entre Deus Pai e Deus Filho. Jesus era exatamente como seu Pai, porque Eles foram feitos da mesma essência. Em todos os sentidos, Cristo foi a verdadeira e a perfeita representação de seu Pai. Ele também conduziu os ensinamentos a seus discípulos claramente: Quem me vê, vê o Pai (Jo 14.9).

Jesus freqüentemente deixava evidente que Ele não fazia nada por si mesmo, mas suas atitudes

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eram sempre espelhadas nas de seu Pai (veja João 5.19). Ao falar de Jesus, Paulo dizia em Colossenses 1.15: Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação. Em outras palavras, Cristo foi o reflexo perfeito de seu Pai em todas as formas.

Há grandes exemplos disso. Um dos ensinamentos mais repetidos por Jesus aos seus seguidores era: Não temas ou Não lenhas medo, dentre outras mensagens deste princípio. O Deus Pai, como Criador e Senhor de todas as coisas, não temia nada porque Ele era grandioso em tudo. E seu Filho, como leal e fiel seguidor, também não sentia medo.

Essa é uma das razões do porquê a vida de Jesus na terra foi curta, entretanto, tão poderosa e efetiva. Diferente das pessoas comuns, Ele nunca foi guiado ou dominado pelo medo. Mas sempre conduzido pela vontade suprema do Pai. Porém, durante sua missão aqui, Ele teve de confortar e reafirmar aos seus discípulos que não precisavam ter uma vida repleta de temores sucessivos.

Os seus seguidores, homens e mulheres, deveriam ser exatamente como Ele, criados à imagem de Deus. Pacientemente e com muito amor, Jesus repreendeu aqueles que não agiam como o Pai. Na verdade, um dos motivos para que o Messias viesse a terra foi mostrarmos como pensar e viver os ensinamentos do Senhor.

Paulo seguiu os mesmos princípios com Timóteo, seu filho na fé, quando escreveu: Deus não deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio (2 Tm 1.7). O Senhor não é o Deus do medo, e nós, como seus filhos, não podemos ser guiados por este sentimento.

Da mesma forma, devemos criar nossas crianças de modo que se libertem de todo temor, pois a nossa grande meta como pais deve ser reproduzir nelas a nossa própria fé para que consigam superar os temores e, conseqüentemente, encaminhá-las nos ensinamentos do Senhor, nosso Pai. O amor é o antídoto para o medo.

João escreveu:

Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está aperfeiçoando entre nós, para que no dia do Juízo tenhamos confiança, porque; neste mundo somos como ele. No amor, não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. 1 João 4.16-18

O Senhor deseja que seus filhos carreguem a sua semelhança.Quando nascemos e recebemos o espírito de Deus, ganhamos também o seu poder, o espírito do

amor e da mente sã, mas não o medo. Isso significa que o mesmo poder que pertence a Deus igualmente nos pertence, porque somos seus filhos. O mesmo amor que o caracteriza, caracteriza-nos (ou deveria caracterizar-nos).

Os mesmos princípios de nosso Pai, de fato, devem ser os nossos princípios. Em outras palavras, precisamos libertar-nos do medo, deixar-nos ser preenchidos com o poder de Deus, amá-lo, oferecer nosso amor ao próximo e agir mediante os ensinamentos da Palavra. Tudo isso caracteriza nosso Pai, e nós também somos dotados das mesmas qualidades.

Como seria diferente a sua vida se você pudesse vi ver sem medo?Quanto a vida de seus filhos se modificaria se eles conseguissem fazer o mesmo?

SEJAMOS IMITADORES DO SENHOR

Infelizmente, a maioria de nossas crianças, hoje em dia, vive aflita por causa do medo. Por quê? Por um grande motivo: o mundo atual é um lugar temido. Entretanto, a principal razão pela qual elas vivem no medo é porque nós, pais, também o vivenciamos. Nunca conseguimos aprender a banir o temor confiando completamente na perfeição do amor de Deus - assim nossos filhos não saberão como fazê-Io também. Jamais poderemos transmitir aos nossos filhos o aprendizado que nós mesmos não possuímos.

Não devemos viver de uma maneira e dizer aos nossos filhos que vivam de outra. As crianças são, naturalmente, grandes aprendizes. Elas assimilam melhor pela observação e pela imitação. Se nossas palavras dizem algo e nossas atitudes representam outra coisa, os nossos filhos escolherão reconhecer as atitudes e

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ignorar nossos aconselhamentos. Por essa razão, precisamos ser muito cuidadosos e viver exatamente do modo que desejamos que nossos filhos vivam.

O velho ditado "faça o que eu digo, mas não o que eu faço" é uma receita pronta para a falência dos pais. As crianças aprendem muito mais por meio de exemplos do que pelas palavras, especialmente se o que você diz e o que faz não representam a mesma coisa. Atitudes e aconselhamentos que são reforçados mutuamente, por sua vez, trabalham juntos para reproduzir a natureza, o caráter e o comportamento paterno nas crianças.

Ser pai e mãe é uma tarefa extremamente poderosa, porque molda a mente e as atitudes dos filhos tanto para o bem como para o mal. Uma sábia citação do livro de Provérbios diz: A criança mostra o que é pelo que faz; pelos seus atos a gente pode saber se ela é honesta e boa (Pv 20.11 NTLH). Crianças aprendem a comportar-se pela observação, imitando as pessoas com quem mais tem convivência - geralmente os pais, em especial durante os primeiros anos de vida.

Então, como podemos dar o melhor tipo de exemplo para os nossos filhos? Referindo-se sempre à Bíblia, o manual de instruções fornecido por Deus, nosso primeiro Pai. O apóstolo Paulo, que conhecia a paternidade espiritual escreveu: portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus (Ef 5.1,2).

Como podemos imitar Deus? Vivendo em amor, pois este é um antídoto para o medo. Como poderemos saber como modelar o amor? Olhando para Cristo como nosso exemplo. Jesus tomou como modelos a natureza, o caráter e o comportamento de seu Pai, e se nós o imitarmos nas palavras e nas ações, forneceremos aos nossos filhos um modelo de confiança no qual eles estabelecerão seus próprios padrões de vida.

O OBREIRO DEVE SABER QUE A PATERNIDADE DEVE SER INTENCIONAL

Ninguém pratica a paternidade efetivamente por acidente.Tornarmo-nos pais deve ser estritamente intencional Precisa ser planejado, centrado e deve-se

ter uma finalidade em mente. Os pais, que são tementes a Deus, não deixam de cumprir esta missão. Eles fazem tudo o que podem para se preparar e conhecer este privilégio divino, a paternidade.

Até mesmo para pais conscientes, contudo, há alguns desafios na tarefa da boa criação dos filhos. O primeiro desses desafios é a simples e verdadeira afirmação de que só se pode ser pai da mesma maneira que se foi criado como filho. Em outras palavras, não importa o quanto você seja consciente em seu desejo de educar bem o seu filho, se seus pais não fizeram um bom trabalho - caso eles tenham fracassado em passar os valores do amor, do caráter e do comportamento de Deus - você igualmente terá dificuldades de superar os efeitos dos exemplos de seus pais.

Esforce-se ao máximo possível na educação de seus filhos, pois ha,rerá horas em que as situações se tomarão muito difíceis e, justamente nesses momentos, é provável que você encontre um jeito parecido com o padrão estabelecido pelos seus pais de resolver o problema. E nem sempre esta será a melhor maneira, mas inconscientemente lhe soará familiar - e também confortável. Aprender sólidos princípios bíblicos de paternidade é a chave para quebrar aqueles padrões negativos, mas tudo isso vai requerer esforços contínuos e sérios.

O segundo desafio que devemos encarar como pais é a realidade da natureza humana pecadora, tanto em nós mesmos como nas crianças. O livro de Gênesis, capítulo 5 relata que Adão teve filhos e descendentes à sua imagem e semelhança. Ele fez um bom trabalho. Assim como Adão, somos todos perfeitos pecadores. Adão foi tão eficiente na sua paternidade que, quando ele caiu, todos seus descendentes também caíram. Nós herdamos sua natureza pecadora. A Bíblia fala que por causa da desobediência de Adão, a desobediência em si entrou no coração de cada ser humano.

Por causa da natureza pecadora de cada ser humano, nenhum de nós teve [ou tem] pais perfeitos; e também ninguém será um pai ou uma mãe irrepreensível. Tudo o que podemos fazer é aprender os princípios bíblicos, comprometer-nos com a missão de exercer a paternidade junto ao Senhor, e confiar que Ele aja poderosamente na vida de nossos filhos, além do que fazemos por conta própria por considerarmos ser bom e eficiente para o desenvolvimento deles.

Pecar é essencialmente rebelar-se, o que está profundamente enraizado em nosso coração.

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Qualquer um que seja pai ou mãe sabe que essa rebeldia está no coração de suas crianças desde o nascimento. Você não precisa ensinar seu filho a mentir; a mentira já está embutida nele. Não é necessário ensiná-lo a ficar com ciúmes da sua afeição em relação à outra criança ou a cobiçar o brinquedo de um amiguinho; a criança descobre esses característicos traços humanos sozinha.

É por isso que a Bíblia diz: a insensatez está ligada ao coração da criança, nas a vara da disciplina a livrará dela (Pv 22.15). De onde veio toda essa insensatez? Pela linear e direta descendência de Adão, O primeiro humano que foi pai. E a vara de disciplina se refere à paternidade disciplinada, deliberada, consciente, determinada e intencional.

Sendo positiva ou negativa, a paternidade é uma poderosa e inescapável influência. Todos são filhos de alguém, temos ou tivemos pais, Cada um de nós reflete em nossa vida ou em nossas atitudes a natureza, o caráter e o comportamento daqueles que nos influenciaram desde pequenos,

Nós tendemos a tornar-nos parecidos com a pessoa que nos filiou; e ele ou ela pode não ser biologicamente nosso pai ou nossa mãe. Isso também é verdade para as nossas crianças, Você pode ser um pai ou uma mãe, e ainda assim não sê-lo de fato, efetivamente, pois a paternidade verdadeira dá-se para aquele que participa e influencia positivamente [ou negativamente] a vida de uma criança.

Considere os seguintes questionamentos: quem mais influencia a vida de seu filho? Quem, diária e continuamente, exerce ações de influência sobre seu crescimento e desenvolvimento? Uma profes -sora da escola? Uma babá ou empregada doméstica? Programas de televisão?

Ou você ensina seus filhos ou alguma outra pessoa irá fazê-Io, pois as crianças não estão preparadas para se criarem sozinhas. Inevitavelmente, elas encontrarão uma direção ou uma referência em algum lugar ou em alguma pessoa e, a menos que você forneça a elas instruções corretas, provavelmente não gostará dos resultados.

Pais conscientes devem estar constantemente guardando e protegendo seus filhos de influências negativas em sua formação. A paternidade deve ser intencional

DESCENDÊNCIA IDÔNEA E CONSAGRADA

As três principais metas do obreiro na paternidade são reproduzir na criança a natureza; o caráter e o comportamento de seus pais. De acordo com os critérios estabelecidos pelo Criador desde o início dos tempos, gerar filhos somente pode ser realizado dentro do casamento, Logo, esta união é o meio que Deus instituiu para que as crianças viessem ao mundo. Por fim, todos os filhos devem ter os dois: o pai e a mãe, que são casados entre si, Pais que amam o Senhor têm a responsabilidade de criar uma descendência idônea e consagrada. Para dizer a verdade, a Bíblia fala que este é um dos propósitos essenciais para o casamento:

Não temos todos o mesmo Pai? Não fomos todos criados pelo mesmo Deus? Por que será, então, que quebramos a aliança dos nossos antepassados sendo infiéis uns com os outros? Malaquias 2.10

Este versículo destaca duas coisas. A primeira nos diz que Deus é nosso Pai; e a segunda nos afirma que o casamento é o ambiente onde o Senhor quer fazer-nos pais. A palavra aliança aqui se refere não só ao concerto espiritual que o Senhor fez com a nação de Israel, mas também à aliança do casamento, que é um símbolo visual da união espiritual.

O casamento, como descrito aqui, é relatado claramente em alguns versículos depois:E vocês ainda perguntam: "Por quê?" E porque o senhor é testemunha entre você e a mulher da sua mocidade, pois

você não cumpriu a sua promessa de fidelidade, embora ela fosse a sua com panheira, a mulher do seu acordo matrimonial. Não foi o senhor que os fez um só? Em corpo e em espírito eles lhe pertencem. E por que um só? Porque ele desejava uma descendência consagrada. Portanto, tenham cuidado: Ninguém seja infiel li mulher da sua mocidade. Malaquias 2.14,15

A nação de Israel estava com sérios problemas porque havia abandonado a aliança com Deus, passando a servir a outros deuses. Assim, o Senhor deixou de prestar atenção aos seus filhos, em grande parte porque eles estavam quebrando a aliança do casamento pelo divórcio, e, por meio disso, desfizeram o plano do Criador e o desejo dEle de gerar uma descendência consagrada. O Senhor não quer apenas dar-nos filhos; Ele também deseja que os nossos filhos sejam conhecedores da Palavra por nosso intermédio. Que

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maravilhosa responsabilidade - e privilégio!Ultimamente, o casamento não tem representado para nós o que significa para Deus. Casamento,

conforme Paulo nos diz em Efésios 5.31,32, simboliza a relação entre Cristo e a Igreja. Duas pessoas tornam-se uma só carne. E Malaquias relata que o Senhor fez o homem e a mulher se tomarem um só porque Ele desejava uma descendência consagrada. De fato, o Senhor está dizendo que a razão do casamento é para que Ele possa confiar nas pessoas por meio das quais consiga agir como Pai.

Então, o propósito fundamental da paternidade é gerar crianças idôneas e consagradas por Deus. O termo idôneo quer dizer com posicionamento correto ou estar em relações certas. Em outras palavras, o objetivo de termos filhos é criar crianças que desfrutem um correto relacionamento com o Senhor; indivíduos que estejam de acordo com as vontades do Criador e desejem agradá-lo; pessoas que reflitam a sua natureza.

Isso abrange a educação e o treinamento da consciência de uma criança, para que esta possa envolver-se com Deus. Uma consciência inclinada a agradar ao Senhor ajudará a criança a evitar o pecado ou o comportamento destrutivo. Elas desejarão agradar o Todo-poderoso porque o amam. A maior prova de que temos feito um bom trabalho como pai e mãe é observar o comportamento dos nossos filhos em nossa ausência. Se eles fazem a coisa certa pela própria consciência, mesmo quando não estamos por perto, obtivemos êxito como pais. Criamos filhos idôneos.

O termo consagrado quer dizer dedicado a Deus. Filhos consagrados são aqueles que não apenas refletem a natureza do Senhor, mas também seu caráter e seu comportamento. Neste ponto é onde os pais realmente encaram o desafio. Não se pode esperar educar um filho consagrado se nós também não estivermos firmemente comprometidos a viver como pais consagrados.

Isso significa que devemos permitir que o Senhor forme, molde e direcione nossas vontades e nossos corações. Temos de deixar que Deus seja nosso Pai. Só assim, tornaremo-nos pessoas fiéis e também seremos filhos que praticam a vontade do Altíssimo por amor a Ele. Por meio disso, poderemos ser exemplos de caráter e comportamento consagrados para os nossos próprios filhos.

A sabedoria bíblica nos diz: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele. (Pv 22.6 ). Não há nada mais valioso ou de mais importância neste mundo para os pais do que estarem comprometidos a levar uma vida consagrada a Deus e a criar filhos idôneos e consagrados, que amem o Senhor com todo seu coração, toda sua alma, todo seu pensamento e toda sua força. Este é o desejo e o plano do Senhor. E este é o propósito da paternidade.

O OBREIRO E A INSTRUÇÃO NO LAR

Se o propósito da paternidade (isto inclui a maternidade) é criar filhos idôneos e consagrados, a questão natural é: como podemos realizar essa tarefa? Como criar crianças para estarem na posição correta diante de Deus, que o amem com todo coração e que vivam uma vida consagrada? A resposta é muito simples: educação.

Conto obreiros, devemos educar nossos filhos deliberadamente e com propósitos, e isso requer planejamento. Este é o motivo pelo qual afirmei no capitulo anterior que a paternidade deve ser intencional. Educação não acontece por acaso. Filhos não se tomam consagrados por acidente. Eles são o produto do esforço e do comprometimento dos pais que se dedicam a Deus.

Há muita informação para os pais no mundo de hoje, provavelmente bem mais do que já houve em todas as épocas anteriores. Algumas delas podemos escutar, entretanto, para a maioria, não devemos dar ouvidos, porque são baseadas em filosofias e pontos de vista produzidos muito mais pela razão do homem do que pelo pensamento de Deus.

O bom conselho a respeito de instruir filhos consagrados é sempre aquele vindo do Senhor: a Palavra de Deus, como está escrita na Bíblia. Com isso em mente, focarei este capítulo nas instruções que estão nas Sagradas Escrituras e que fornecem fundamentos e diretrizes para a educação das crianças.

O Obreiro deve conhecer o caminho - mostrar o caminho

O livro de Provérbios é um excelente meio de informação para pais conscientes, porque grande parte dele foi escrito na perspectiva de um pai que dá sábios conselhos ao filho. Talvez o princípio mais

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importante em relação à educação dos filhos que há na Bíblia seja aquele que mencionei no fechamento do capítulo anterior: Ensina a criança no caminho em que deve andar; e, ainda quando for velho, mio se desviará dele. (Pv 22.6).

Podemos chamar este livro da Bíblia de o Mandamento dos pais.Logo, nosso trabalho básico como pais é ensinar nossa família a pensar corretamente, falar de

forma correta e viver da mesma maneira - e assim mostrar-Ihes o caminho certo na vida. Soa fácil demais, não? Mas desde já encaramos algumas questões desafiadoras.

Em primeiro lugar a fim de ensinar o caminho para nossas crianças, devemos conhecê-lo por nós mesmos. Se não sabemos por qual estrada seguir, como podemos mostrá-Ia aos nossos familiares? Como será possível instruir nossas crianças a viver corretamente, se nós tampouco sabemos fazê-Io? Corno as ensinaremos a orar, se também não sabemos dirigir-nos a Deus? Como conseguiremos instruir as crianças a confiar no Senhor sobre todas as coisas, se não mostramos essa confiança a elas em nossa própria vida? Nossos filhos somente podem chegar aonde nós, pais, temos a capacidade de conduzi-Ias.

Nesse caso, nossa primeira função como pais é estudar e conhecer por nós mesmos o caminho que as crianças devem percorrer, a fim de podermos guiá-Ias por ele. E qual é o caminho? O da idonei-dade e da consagração. Essa é uma difícil atribuição para os pais (ou qualquer outra pessoa). E é aqui que encontramos nosso segundo grande desafio. Por quê?

Porque aprender o caminho da idoneidade e da consagração é um longo processo de vida para nós e para nossos familiares. Então, mesmo que ainda estejamos aprendendo este caminho, devemos moldá-Io e ensiná-Io para que nossas crianças aprendam a segui-Io.

Lembre-se: o principal propósito para o casamento é produzir uma descendência consagrada a Deus. Não importa quantos anos você tem. Se ainda não possui consciência deste intuito divino e tampouco está trilhando um caminho idôneo e de consagração, realmente não está em condições de assumir tanto o casamento como a paternidade.

Pais que sabem o caminho, conseqüentemente o ensinam. Assim, as crianças podem crescer e tornar-se adultos férteis; produtivos e completos que refletem em sua vida a semelhança com Cristo - a sua natureza; o seu caráter e o seu comportamento.

Não há presente melhor nem legado mais poderoso que os pais possam transmitir aos seus filhos do que instruí-Ias no caminho do Senhor para amá-Ia com todo seu coração. Tal legado ajuda os filhos a descobrir que O significado e o propósito da vida estão em um viver consciente e deliberado, como cidadãos do Reino dos céus.

É justamente esse legado que nos leva a segunda parte do versículo de Provérbios: se instruirmos a criança de acordo com, os nossos objetivos, mesmo com o passar dos anos" ela não se desviará deles. É como se Deus estivesse dizendo para os pais: "Não se preocupem com os seus filhos. Se você fez seu trabalho de forma correta, pode deixá-Ias viver sua vida. Eles me amarão e viverão por mim para todo o sempre".

Uma das razões pela qual obreiros são bem-sucedidos em criar seus familiares foi porque eles entenderam que ter filhos é intencional, e isso começa imediatamente a partir do nascimento de cada criança.

Esperar até que elas se tornem adolescentes para começar a levar a sério a função de instruí-Ias é tarde demais. Nunca é muito cedo para começar a educação de um filho. A criança ainda nos primeiros anos de vida aprende bem rápido e beneficia-se significativamente da deliberação do plano paternal de treinamento e instrução.

Diversos estudos deixaram claro que as crianças aprendem tudo o que elas precisam saber nos primeiros sete anos de vida. Após este período, assimilam apenas o que elas desejam saber. Em outras palavras, se você não instrui seus filhos adequadamente, da forma que eles precisam ser educados até os sete anos - se você não nutre neles a sua natureza, seu caráter e seu comportamento –, provavelmente nunca conseguirá fazê-Io. Mas, se você realmente ensina até a idade de sete anos todos esses conceitos, é muito provável que eles seguirão pelo bom caminho por toda a vida.

Os filhos, eventualmente, tentarão experimentar outras coisas ou então se interessarão por variadas questões em algum momento da vida. Os jovens geralmente fazem isso, mas, na maioria das vezes, eles retomam para os valores, as idéias e as instruções que receberam quando crianças. Esta é a

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promessa do que diz Provérbios quando ressalta que os pais, ao instruírem seus filhos na maneira correta, mesmo com o passar dos anos, estes não se desviarão do caminho reto.

Filhos não se educam sozinhos

Ao moldarmos a forma correta de viver para os nossos filhos, é essencial darmos importância à sua saúde, ao seu bem-estar e ao seu sucesso. Isso deveria ser óbvio e evidente, mas continuo me surpreendendo com grande quantidade de pais que simplesmente deixam seus filhos por conta própria. E, depois, eles mesmos começam a questionar-se por que as crianças são rebeldes, sofrem de depressão, têm tendências suicidas, problemas na escola e ficam encrencadas com a polícia.

Devido à realidade econômica, em inúmeros lares é necessário que pai e mãe trabalhem fora; e o emprego exige muitas horas de dedicação. Este tempo, muitas vezes, é roubado do convívio dos filhos. Além disso, muitos outros fatores contribuem para que alguma tarefa familiar não seja realizada plenamente, como a desatenção de alguns pais em executar suas responsabilidades paternas.

Freqüentemente, os filhos mais velhos, quando ainda também são crianças, são encarregados de cuidar dos irmãos mais novos. Isso é igualmente trágico e equivocado, porque as crianças não se educam sozinhas e também não se espera que elas possam desempenhar tal papel.

Mais uma vez, o livro de Provérbios nos dá um conselho muito sábio: É bom corrigir e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba fazendo a sua mãe passar vergonha (Pv 29.15 NTLH). Deus nunca planejou que os próprios filhos se educassem. Os seres humanos não têm a capacidade de auto-instrução. Esta é a razão de ser dos pais: amar, nutrir, cuidar e educar os filhos, para que se tornem adultos maduros, felizes, bem-sucedidos e bem ajustados.

Ainda assim, quantas vezes nos deparamos com essa situação: pais que vão trabalhar em um segundo turno ou saem pata uma festa e deixam uma lista de tarefas para os seus filhos (muitas vezes até para crianças menores de seis anos) - "O jantar está na geladeira, aqueça-o antes de comer, lave sua louça e suas roupas, faça o seu dever de casa, feche as janelas, deixe a lâmpada da varanda acesa e depois vá dormir. Isso é muito para atribuir a uma criança.

Alguém pode questionar: "Não devemos delegar responsabilidades aos filhos?" Ensinar às crianças em uma idade apropriada a ter responsabilidade é uma coisa; instruir um menor de seis anos de idade a guardar seus brinquedos e colocar a roupa suja no cesto é perfeitamente conveniente. Mas dar a esta mesma criança a incumbência de preparar o jantar para o seu irmão mais novo não é.

A responsabilidade adequada para a idade deve vir acompanhada de treinamento, observação e delegação de tarefas de acordo com a habilidade de reposta (o que o termo responsabilidade quer dizer).

Colocar um filho de seis anos para cuidar de seus irmãos menores não é responsabilidade; é abuso. Dar às crianças responsabilidades que são inadequadas para a sua idade e o seu desenvolvimento é delegar a elas um peso que ainda não estão preparadas para carregar. Os efeitos negativos podem não ser visíveis de imediato, mas, a longo prazo, danos psicológicos aparecerão. Elas crescerão ressentidas com os irmãos e em relação a seus pais por terem roubado sua infância.

Deus desenhou as crianças para brincar. É justamente assim que elas conseguem aprender, que se tornam criativas, que crescem. Crianças aprendem a socializar-se e a relacionar-se com outras pes-soas adequadamente por meio de jogos e brincadeiras, e não pelo trabalho.

Crianças não são adultos em miniatura. É errado tratá-Ias desta maneira. Elas precisam de uma orientação paciente, instruções cuidadosas, disciplina consistente e limites claros e definidos. Todas essas coisas são vitais para gerar na criança um sentimento de segurança e proteção. Elas precisam sentir-se protegidas e seguras para crescerem livres do medo, da ansiedade e dos problemas psicológicos.

Entretanto, muitas delas se sentem como pequenos escravos e aprendizes de serviçais em sua própria casa. Seus pais esperam muito delas e também exigem muitas coisas. As crianças não foram feitas para servir aos pais, mas justamente o contrário: os pais devem servir aos filhos.

Nosso objetivo como pais não é treinar bons trabalhadores para tomar conta de tudo quando não estivermos por perto, mas criar uma descendência idônea. As responsabilidades devem ser delegadas aos filhos à medida que eles vão crescendo, aumentando assim também os deveres. Isto

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precisa ser feito sempre de acordo com a habilidade dos pequenos de entender e de executar estas responsabilidades. Eles devem ser igualmente física e emocionalmente maduros para dar conta das tarefas que são requeridas a eles.

O trecho de Provérbios diz: É bom corrigir e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba fazendo a sua mãe passar vergonha. Esta é outra maneira de dizer que o comportamento dos filhos reflete em seus pais. Se um filho é guiado em uma direção errada, na maioria das vezes é devido ao fracasso dos pais em instruir a criança da maneira que ela deveria seguir.

Eu digo na maioria das vezes por que as crianças, assim como os adultos, possuem vontade própria e, em certos momentos, mesmo aquelas que foram criadas e instruídas da forma correta pelo seu pai e pela sua mãe, ainda assim escolhem seguir pela direção errada.

Para a maior parte, o comportamento de uma criança indica e revela o tipo e a qualidade de instrução que elas receberam. Pais que não impõem limites aos seus filhos formam crianças que não obedecem. Pais que traem e são desonestos criam filhos que não têm nenhum respeito pela autoridade paterna. Pais que constantemente diminuem a importância dos seus filhos, humilhando-os, programam as crianças para o fracasso.

Por outro lado, o pai e a mãe que criam e asseguram um ambiente de amor, uma disciplina consistente e justa com expectativas desafiadoras, mas realistas, formam crianças que são confiantes, seguras e grandes conquistadoras. Logo, elas se tornarão indivíduos mental, social e emocionalmente bem ajustados. Pais que amam de modo supremo ao Senhor e reafirmam este sentimento continuamente formam filhos que têm as mesmas afeições.

Filhos não se educam sozinhos, e a intenção de Deus nunca foi essa. Nós, obreiros, pais, precisamos instruí-Ios e treiná-Ios por meio de nossa força espiritual no Senhor, para que eles obtenham sucesso na vida. E é justamente isso que nossos filhos esperam de nós.

Pais não irritem seus filhos

O terceiro e fundamental livro da Bíblia que fala a respeito da educação de filhos vem do apóstolo Paulo, no Novo Testamento: Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor (Ef 6.4). Irritar significa exasperar, como outra transcrição do mesmo versículo indica:

Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-Ios com a disciplina e os ensinamentos cristãos (Ef 6.4 NTLH).

Isso não quer dizer que os pais devem evitar fazer com que seus filhos fiquem com raiva. Se formos responsáveis, conscientes e pessoas comprometidas com a boa formação de nossos filhos, será inevitável que em determinadas ocasiões iremos dizer ou fazer alguma coisa que eles certamente não apreciarão.

Haverá momentos em que nossas ações e decisões a respeito da vida desses pequenos aprendizes vão contrariá-Ios. E pode levar muitos anos até que eles consigam compreender o porquê de nossas atitudes. Quando Paulo diz não irritem seus filhos ou não exasperem, ele não está falando a respeito da realidade do cotidiano da paternidade, mas das inconsistências do nosso comportamento para com as nossas crianças.

Uma das maneiras que exasperamos os nossos filhos é fazendo discursos e demonstrando atitudes contraditórias na frente deles. Isto nada mais é do que a aplicação do velho ditado “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”.

Exemplo: se nós dizemos para as nossas crianças uma coisa e, em contrapartida, fazemos justamente o oposto; ou se ensinamos os nossos filhos que eles devem ser honestos em todas as situações, enquanto sonegamos impostos; ou se nós os instruímos para não mentir e quando recebemos a ligação de alguém com quem não desejamos falar, dizemos às crianças: "fale que o papai não está em casa”. Assim, elas começam a ficar confusas e exasperadas com essas atitudes que seguem dois padrões de comportamento distintos. Nossos filhos ficam sem saber como agir e o que fazer.

Atitudes contraditórias não representam um comportamento consistente. Nossas crianças precisam conhecer nosso comportamento e assegurar-se de que as coisas que dizemos ou fazemos em alguma situação serão coerentes com nossas atitudes em uma ocasião similar. Elas precisam saber que somos pessoas em

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quem podem confiar.Outra forma de irritar as crianças é fazendo ameaças irreais ou faltando com a nossa palavra. Imagine

que você tem o hábito de dizer aos seus filhos coisas do tipo: "Se você fizer isso de novo, vou quebrar o seu pescoço. "Faça isso freqüentemente e com o tempo duas coisas podem acontecer. Primeira, seu filho pode acreditar e desenvolver um medo terrível de você. Segunda, é possível que ele não acredite e logo comece a desrespeitá-lo mais e mais até ter a certeza de que suas ameaças são infundadas.

Em ambos os casos, você estará inclinado a ter problemas com suas crianças. Se você diz ao seu filho que vai bater nele assim que chegar a casa, faça isso. Seja coerente. O benefício a longo prazo que a criança obterá é a certeza de que você é consistente e confiável. É melhor o pai cumprir com a sua palavra do que perder a credibilidade com o filho. Então, cuidado com o que você diz à criança.

Um problema similar ocorre quando fazemos uma promessa e não temos condição de cumpri-la. As crianças lembram e esperam por cada palavra dita. Caso não aconteça, assim que cresce, o ressentimento fica mais forte dentro delas. Se você promete que levará seus filhos para tomar um sorvete após terminarem de arrumar o quarto, faça isso. Seja leal às suas promessas. Cumpra o que prometeu e os pequenos perceberão o quanto você é honrado ao dar a sua palavra. Desta forma, eles confiarão e acreditarão quando você mostrar importância às verdadeiras coisas da vida.

Disciplina inconsistente é outra área pela qual os pais geralmente exasperam os seus filhos. Como pais e mães, devemos sempre ter cuidado ao aplicar um método disciplinador (no sentido de punição) que seja proporcional à ofensa, assegurando que seja administrado eqüitativamente de forma justa e consistente. Nossos filhos merecem saber com segurança o que esperar.

Outro problema que deve ser evitado é criar a percepção de que uma criança é favorecida em relação à outra. Se for dado tratamento preferencial a um dos filhos, o outro se sentirá ressentido com os pais e também com o irmão protegido. Isso foi o que aconteceu com José, no Velho Testamento, que era o filho favorito de seu pai, Jacó.

O tratamento preferencial que Jacó concedia a José irritou os outros filhos. O ódio se tornou tão intenso que seus irmãos o venderam como escravo. Depois mentiram para Jacó a respeito do destino de José. Os outros filhos de Jacó se tornaram homens ásperos e amargurados, cujo comportamento trouxe muitos problemas para o seu pai, a sua família e para eles próprios. É muito importante que amemos nossos filhos de maneira idêntica e nunca mostremos favoritismo.

Em suma, conheça o caminho reto e mostre-o aos seus filhos. Não deixem suas crianças por conta própria. Sejam cautelosos ao usar as palavras e, também, em seu próprio comportamento. Não irritem os filhos e não provoquem sua ira e rebelião. Estas são as diretrizes fundamentais que os ajudarão a obter êxito como obreiro e pais, nesta tarefa concedida por Deus de responsabilidade e de privilégio: instruir a família no caminho que eles devem seguir para que, quando estiverem mais velhos, não se desviem dele.

A FAMÍLIA DO OBREIRO COMO CANAL DE BENÇÃO PARA A SOCIEDADE

A família salva, unida e avivada pelo Espírito Santo é um elemento chave na propagação do avivamento na comunidade em que encontra-se inserida.

"E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo" (Lc 1.67).

Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugiste da face de Esaú teu irmão. Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado. Então deram a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém. E partiram; e o terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó. Assim chegou Jacó a Luz, que está na terra de

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Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que com ele havia. E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão. E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho cujo nome chamou Alom-Bacute. E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o. E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel. Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos; E te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele. E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite. E chamou Jacó aquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel. (GÊNESIS 35.1-15 )

Qual seria o efeito de um verdadeiro avivamento em nossa família? Há alguma espécie de "ídolo" comum aos componentes de nossa família ou "objeto de adoração" de um membro específico que deve ser abandonado para que o renovo e a bênção de Deus recaia abundantemente sobre nossos familiares? Nossas famílias têm "habitado" na Casa de Deus e mantido a comunhão e a preservação do altar do Senhor? Temos nos sentido líderes espirituais em nossas próprias casas? Quais os reparos necessários à reativação do altar do Senhor em nossas próprias vidas?

A família é o primor da criação de Deus. E ela a primeira instituição divina na terra; o estado apenas incorporou-a. Quando Deus estabeleceu a família no Eden, tudo o mais Ele já criara. A família é a célula fundamental da sociedade. Isto posto, a família devidamente constituída é a parte mais importante da igreja e da sociedade e, portanto, da nação. O avivamento espiritual deve alcançar primeiro cada família da igreja, para que após, alcance toda a sociedade.

DEUS, O SENHOR DA FAMILIA

Jacó num momento de muita incerteza e preocupação, em viagem a Padã-Arã, ainda solteiro Deus a ele se revelou assegurando-lhe a sua bênção. Jacó fez então um solene voto ao Senhor, con forme Gn 28.20-22. Vinte anos ficara longe da sua terra. Agora decorridos uns dez anos de seu retorno a Canaã, já casado e com numerosa família, Deus relembra-lhe o cumprimento daquele voto.

1. Crises na família.

"Depois disse Deus a Jacó (v.I). O "depois" refere-se à crise do cap.34 que quase destruiu toda família de Jacó. O desejo de justiça de seus filhos era natural, mas o modo como agiram foi impiedoso. Ver também Gil 49.5-7. Fazia poucos anos, tivera Jacó uma profunda experiência com Deus, no vale de Jaboque, que lhe havia mudado todo o seu viver, mas a sua família pouco mudou. Deus quer a família inteira renovada espiritualmente.

2. A solução da família está em Deus.

a) A ordem de Deus era "subir". Jacó precisava de renovação urgente. Quando Deus nos ordena algo, mesmo que pareça uma descida, resultará em subida espiritual. Porque Deus nos ama sempre nos adverte de um modo ou de outro sobre nossos deveres negligenciados, pessoais, domésticos, espirituais.

b) A ordem de Deus era Betel (v.l). "Sobe a Betel". É esta a prioridade de toda a família cristã. Podemos ir a muitos lugares apropriados e convenientes, mas a prioridade tem de ser a casa de Deus, o culto ao Senhor, o encontro com Deus. Betel é o lugar da comunhão com Deus. Betel era o lugar onde Jacó teve sua primeira revelação de Deus, mas ele (Jacó) continuou apenas como um religioso que professa o nome de Deus mas não se rende integralmente a Ele. Deus quer que cada crente pelo poder do Espírito Santo seja: aqUI, transformado de glória em glória à imagem de Cristo (2 Co 3.18).

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c) A ordem de Deus era para ele habitar (v.l). "E habita ali". Deus não disse para "visitar Betel", mas habitar, permanecer, demorar-se ali. É a importância da Igreja como povo e santuário de Deus para a família. Não são idas periódicas e irregulares da família à casa de Deus, mas estar lá sempre, regularmente. Quem apenas "visita" a igreja é muito diferente de quem ali "habita". Quem habita: cuida, zela, defende, conhece; ao passo que, quem apenas visita, age casualmente sem qualquer responsabilidade.

d) A ordem de Deus inclui um altar (v.l). "Faze ali altar ao Deus que te apareceu". É o altar da renovação espiritual do crente. No Antigo Testamento o altar era o caminho do acesso a Deus. Era o primeiro objeto que o pecador encontrava à entrada da casa de Deus. O caminho para o Lugar Santíssimo onde fulgurava a glória divina começava no altar. Era aqui o lugar do encontro do pecador com Deus. Nosso Salvador Jesus é tanto o caminho para Deus, quanto o nosso supremo altar (Jo 14.6; Hb 13.10).

O MARIDO (OBREIRO), LÍDER DA FAMILIA

1. Jacó e sua família (vv.2,3). Jacó reconheceu o baixo estado espiritual da sua família e agiu primeiramente nesse sentido, para mudar esse quadro espiritual diante de Deus.

a) Idolatria na família do obreiro

"Tirai os deuses estranhos no meio de vós". Evidentemente Jacó como chefe da família sabia da exis -tência desses ídolos dentro de casa, mas não tomara providências para eliminar esse pecado.

Agora, avivado pelo Espírito Santo, ele vê coisas erradas, inconvenientes e pecaminosas que antes não via.

Tiremos os "deuses estranhos" de dentro do lar. São "ídolos" de muitos tipos e gostos, do marido, da mulher, dos filhos. Um ídolo na vida cristã ocupa o lugar entre nós e Deus, ou tudo o que em nossa vida tem a primazia em relação a Deus; isto é, desloca Deus de seu lugar em nossa vida.

b) Pureza espiritual na família do obreiro

"Purificai-vos, e mudai os vossos vestidos". A pureza é o repúdio ao, e afastamento do, pecado por parte do crente, pois é o pecado que estraga, contamina, enfraquece e por fim extingue a vida espiritual do crente. É evidente que práticas e ritos religiosos estavam vinculados a esses ídolos da família de Jacó.

O mesmo acontece hoje. O efeito do pecado nunca é singelo; é sempre múltiplo; esse é um dos enganos do pecado (Hb 3.13).

FAMÍLIA SUBMISSA AO OBREIRO

As palavras de Jacó vinham de Deus, e a sua família prontamente obedeceu-as, pois o alvo de tudo era que, juntos, fossem adorar na casa de Deus.

1. A prontidão da família do obreiro em obedecer. Em Gn 35.4 mostra que renunciaram aos ídolos de todos os tipos, e Jacó, de imediato, sepultou-os

para não serem mais vistos. Na entrega dos ídolos, Raquel, a amada e diligente esposa de Jacó teve sua parte, pois ela furtara os ídolos de seu pai (Labão), quando da viagem de Harã para Canaã (Gn 31.19).

2. A prontidão da família do obreiro para adorar. Em Gn 35.5 diz "e partiram." A partida seria mais simples, se fosse apenas a da família de Jacó. Mas

tratava-se de uma mudança completa, incluindo os servos e servas e todos os pertences. Quando nos dispomos a fazer a vontade de Deus em tudo, a pontualidade é observada. Os atrasos viciosos são a causa de muita contenda nas famílias e de muito prejuízo para a obra de Deus.

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3. A proteção de Deus à família do obreiro. Na viagem de Siquém para Betel "o terror do Senhor" instalou-se na alma do povo estranho e

adversário o "terror de Deus". Foi essa a proteção escolhida por Deus. Deus protege a família não só por sua ação externa, mas também no íntimo das pessoas como vemos aqui. Quão grandioso é o Senhor!

O OBREIRO SUBMISSO AO SENHOR

Deve ter sido um momento solene para Jacó, agora já idoso, voltar a Betel, já com novo nome (Israel) dado por Deus, consoante à transformação espiritual em sua vida.

1. Submissão completa a Deus. Sua chegada a Betel foi parte da sua obediência a Deus como chefe de família (v.l). Toda sua família

estava ali reunida e unida (v.6b). Jacó poderia ter saído de Siquém e se mudado para outro lugar (como ele fez com seu irmão Esaú (Gn 33.14,17). Ele foi fiel ao Senhor.

2. O altar de Deus construídoEdificado segundo a direção de Deus. Este é o segundo altar de Jacó. O primeiro, fizera-o em lugar

impróprio (33.20). Ele seguiu os passos de seu pai Isaque que também havia construído um altar (26.25). Filhos que procuram seguir os pais nas coisas do Senhor são sempre abençoados. Este altar era como o de Siquém, que só tem o registro; este tem uma história de fé, de avivamento e de vitória (vv.7-5).

3. O altar do avivamento Este altar redundou em bênção para aquele lugar. Ele chamou aquele lugar EI-Betel. Literalmente: "O

Deus Todo-Poderoso da Casa de Deus". Antes de ser avivado, Jacó se preocupava com o lugar ("Casa de Deus"). Agora ele preocupa-se com a Pessoa do lugar, chamando El-Betel ("O Deus Todo-Poderoso da Casa de Deus"). Isso indica que Jacó experimentara uma das gloriosas mudanças espirituais que o avivamento lhe trouxe.

A obediência de Jacó foi imediata como chefe de família. Nada ficou para mais tarde. A família inteira correspondeu, como vimos no texto lido. E isso contrasta fortemente com o seu estado anterior de fraqueza espiritual e falta de determinação. A preparação de Jacó e sua família para irem a Betel por ordem de Deus, ilustra muito bem os passos necessários da nossa parte para um reavivamento espiritual e as bênçãos que o caracterizam.

Crises as mais terríveis se abatem sobre a família do obreiro em toda parte, mas Deus quer salvar a todos.

"Depois dos acontecimentos terríveis do capítulo 34, Deus ordenou que a família de Jacó seguisse para Betel a fim de levá-Ia a uma mais estreita obediência à sua palavra.

"O avivamento começa com a nossa total submissão aos caminhos e à vontade de Deus. Precisamos abrir nossos corações a Deus e submeter as nossas vidas a um processo de cura. Como no amor, ou escolhemos a vida a dois ou continuamos sozinhos.

Quando você se entrega ao amor de Deus, rejeita todas as outras paixões. O avivamento nunca virá se houver em nossos corações a intenção de retomar ao pecado. Por isso deve haver arrependimento, confissão de pecados e rejeição ao mundo. Se o pecado voltar, rejeite-o Jesus Cristo quer o seu coração, a sua alma e o seu entendimento. Ele não dividirá você com ninguém.

Quando você voltar ao primeiro amor, permaneça perto de Deus. E, quando fizer isso, Ele ficará perto de você, pois existe uma relação de amor íntimo. E esse relacionamento pode vir de diversas maneiras: 1) lendo a Palavra de Deus bom tempo para buscar a face em oração;3.) Adorando ao Senhor e buscando sua presença e poder.

Por mais estranho que possa parecer, o amor restaurado produz inquietação, pela grande mudança no estilo de vida. No início, o avivamento produzirá grande alegria e regozijo. No entanto, só será perfeito quando atingir todas as áreas de sua vida, todas as imperfeições, falhas e brechas. Você se sentirá tão estranho que lhe parecerá não estar preparado para a ocasião ou que está sujo. E então começará a imaginar que precisa fazer alguma coisa quanto a isso, e bem rápido. Você não ficará

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sossegado enquanto não resolver todas essas questões." (De Volta para o Altar, CPAD, págs. 173,174)

A Família, uma Instituição Divina

"Assim também vós cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido" (Ef 5.33).

A família foi instituída por Deus como base da vida social, moral e espiritual.

E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele. Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. GÊNESIS 2.18-24

Somos criacionistas, ou seja, temos a convicção de que fomos criados a imagem e semelhança de Deus. E nosso dever, portanto, estar preparados para responder, com base bíblica, aos «evolucionistas", nas escolas secundárias e universitárias, que tentam, de todas as maneiras, nos confundir.

Deus teve um excelente propósito, ao criar o homem, pois desejou que este vivesse eternamente e cuidasse de tudo o que Ele estabeleceu na Terra. O Senhor, ao entregar Eva a Adão, ordenou que sua descendência possuísse toda a região habitável do nosso planeta.

Deus instituiu o matrimônio e celebrou o primeiro casamento. Ele deseja, portanto, que o casal permaneça unido, até que a morte os separe, em benefício da família e da sociedade.

DEUS INSTITUI A FAMÍLIA

1. O homem, o ser racional criado por Deus (Gn 2.7; At 17.26). Havendo Deus formado o homem do pó da terra, colocou-o no Éden, onde viveu por algum tempo, cuidando das responsabilidades que o Senhor lhe confiara (Gn 2.8, 15). Seu compromisso: cuidar do jardim, pôr nomes no que Deus havia feito, desde as árvores e todos os animais (Gn 2.20).

2. Não é bom que o homem esteja só (Gn 2.18). Foi esta a primeira vez que Deus observou, no homem, a falta de uma companheira, e logo tomou uma decisão em favor dele. Primeiras providências: tirá-Io da solidão (Gn 2.18), promovendo uma relação ou identidade com outro ser racional (não um outro homem) que completasse sua felicidade; realizar o seu plano de multiplicação da raça humana: " ... multiplicai-vos, e enchei a terra ... " (Gn 1.28).

3. O homem, distinto das outras criaturas (Gn 1.20,22,26). Deus criou todas as coisas, usando as palavras:

"Haja", "Ajuntem-se" e "Produza" (Gn 1.3,7,9,11); mas, para fazer o homem, o Senhor disse: "Façamos o homem ... " (Gn 1.26,27). Observem que as duas pessoas, as quais compõem a primeira família, foram criadas e estabelecidas por Deus, enquanto que as demais coisas foram feitas mediante a palavra expressa pelo Criador. Isto nos mostra que, para a família, Deus tem um plano diferente das outras coisas criadas por Ele, tanto nesta vida como na futura. Por isso o Diabo, constantemente, tem procurado desintegrar o lar e afastá-Io do plano estabelecido pelo Criador, ao afirmar que o homem procede do macaco.

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DEUS CRIA A MULHER PARA AJUDAR O HOMEM

1. Providências tomadas. "... um sono pesado sobre Adão" (Gn 2.21). Não pensem os irmãos, alunos e professores da Escola Dominical e, mui especialmente, os candidatos ao casamento, que achar uma boa esposa é fácil (Pv 18.22; 31.10). Entendemos que a mulher foi criada por Deus, não somente para tirar o homem da solidão (Gn 2.18), mas para completar a felicidade dele.

2. Deus prepara uma esposa para Adão (Gn 2.22). A Bíblia é que é o Manual de Orientação para a família cristã, e não a sociedade sem Deus, pervertida pelos maus costumes que o mundo, influenciado pelo Diabo, e através de falsos psicólogos e sociólogos, ensina, mas não pratica. O espírito diabólico promove uma luta orquestrada contra Deus, a Igreja e a família. Atualmente, ele usa a falsa ciência (1 Tm 6.20; 1 Co 3.19) e, com isso, procura "provar" a não existência do Criador, contrariando a sua Palavra (Sl 10.4; 14.1; Rm 1.18-20). A falsa doutrina tem um só alvo: impedir os homens de conhecer e crer no Evangelho (Jd v 4).

3. Deus entrega uma esposa a Adão. A monogamia foi estabelecida por Deus (Gn 2.22; Ef 5.31). Deus entregou apenas uma Eva a Adão. A expressão "Não é bom que o homem esteja só", significa que o homem, sozinho, não cumpre, não realiza o que Deus determinou. O Criador fez a mulher diferente do homem, no modo de andar, vestir, sorrir. Deus criou Eva para compartilhar com Adão as suas emoções e os seus afetos. Isto mostra que o ajuntamento de um homem com outro (o amaldiçoado homossexualismo), é imoral, é diabólico, está fora do plano de Deus, é anticristão, é anomalia, é inversão de valores, Só é aceito em sociedade sem Deus e sem raciocínio, pior do que os animais irracionais que rejeitam um companheiro do mesmo sexo para a cópula. De igual modo, o ajuntamento de uma mulher com outra (o lesbianismo), é dia -bólico, é contra a natureza e o plano de Deus. É fruto de uma sociedade sem Deus e de uma religião sem Cristo.

O CASAMENTO, INSTITUÍDO POR DEUS PARA UM FIM ESPECÍFICO

1. "Deixará o varão pai e mãe e se unirá à sua mulher" (Gn 2.24; Mt 19.4,5). O casamento é comparado à união entre Jesus Cristo e sua Igreja (Ef 5.32,33). Em outras palavras, o marido deve representar Cristo e a mulher a Igreja. Por isso, é necessário que seja feito no Senhor (1 Co 7.39). Jesus só tem uma Noiva. ("A minha Igreja": Mt 16.18.) Por isso, o casamento é indissolúvel, pois o Senhor Jesus jamais se separará de sua Igreja (Mt 28.20). Ele mesmo afirmou: " ... 0 que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mt 19.6).

2. O casamento, uma união perfeita (Ef 5.31). "... e serão dois numa carne". Na verdade, o propósito do casamento é o alcance de uma unidade. No entanto, ninguém se casa convicto de que alcançará este objetivo, de imediato. Às vezes, passam-se anos para que o casal se entenda. Paulo considera esta união entre Cristo e a Igreja um mistério (Ef 5.32). Entre o marido e a mulher, a compreensão mútua surge na medida em que o casal convive, desde que tenha Deus como seu orientador. Isto posto, convém que um cônjuge procure entender o outro, buscando em Deus a sua graça. Não existe adivinho ou "profeta casa -menteiro" capaz de orientar alguém a um casamento feliz. Somente Deus o pode fazer, porque foi Ele quem instituiu o matrimônio.

3. O casamento, uma doutrina bíblica (Gn 2.18,24; Mc 10.6-9). A doutrina bíblica do matrimônio está intimamente ligada ao desenvolvimento da soteriologia.

A Bíblia apresenta dois relatos da instituição do casamento (Gn 1.26-31; 2.1825), ambos diferentes em sua forma e, não obstante, unânimes em afirmar: a) que Deus quis o matrimônio, tomou-o possível e dele fez uma bênção; b) que a polarização masculina ou feminina atinge o ser humano em sua própria natureza e, portanto, que a pessoa é homem ou é mulher na sua própria essência; c) que o homem e a mulher são feitos um para o outro.

O primeiro relato impõe ao casal o dever da procriação (Gn 1.28). O segundo, mostra que o homem necessitou de uma ajudadora, a ele destinada e trazida por Deus, por uma espécie de doação de si mesmo (Gn 2.21), e que seu encontro com a mulher se realizou em admiração e inocência (Gn 2.23 ,25).

4. Adão e Eva não se envergonhavam de estar nus (Gn 2.25). Isto prova que o casamento é uma união

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legítima de um homem com uma mulher, quando realizado dentro do plano de Deus: " ... contanto que seja no Senhor" (I Co 7.39). Esta união não é apenas de corpo, pois envolve uma perfeita comunhão espiritual dos cônjuges: "Estavam nus e não se envergonhavam". Adão, ao receber sua mulher, disse: "Carne de minha carne".

Nada há de vergonhoso na relação sexual, quando realizada dentro das normas estabelecidas por Deus (Hb 13A). Os fornicários, os adúlteros, os que praticam o "amor livre" preparem-se para o juízo de Deus (Ap 21.8).

Vivemos em uma sociedade depravada e corrompida, em que o sexo é deturpado, e perde o seu valor. "Os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade ... varão com varão (homossexualismo)" (Rm 1.27). É necessário que as igrejas evangélicas se unam, numa cruzada de fé, para combater esta ação diabólica.

O OBJETIVO DE DEUS, AO CRIAR A FAMÍLIA

1. A procriação

(Gn 1.28; SI 127.3). Por isso, Deus criou "macho e fêmea". Adão tinha liberdade de comunicar-se verbal, social e fisicamente com sua esposa. A união, portanto, entre marido e mulher foi estabelecida por Deus, para a multiplicação da raça humana. A vida íntima entre os dois deve ser mantida, pois é uma coisa pura e nobre conservar o "leito sem mácula" (Hb 13.4). Sem briga, sem discussão, sem rivalidade.

2. Toda família a seu serviço.

Deus quer toda família servindo a Ele e à sua obra (Êx 10.9; Ef 3.15). O Diabo luta para separá-Ia, mas Deus sempre deseja ajuntá-Ia. Vivamos, pois, juntos na igreja, na

oração, nos cultos, no lar, na escola dominical. Sempre juntos! A família é composta de pai, mãe e filhos. Jamais confundamos afamítia cristã com grupos de pessoas, ou família no sentido de uma raça. Às vezes, o termo família, na Bíblia, significa o que se abriga debaixo de nosso teto (Êx 12.4). Em outras ocasiões, refere-se a Israel (Is 5.7). Deus ordenou que Noé e seus familiares entrassem na arca (Gn 7.1,7). O carcereiro de Filipos foi batizado com toda a sua casa (At 16.33).

É motivo de grande alegria para nós, aprendermos que a família é uma instituição divina. As orga-nizações humanas, por mais sólidas que sejam, tendem a se desestruturar com o tempo. No entanto, o que Deus estabeleceu, tem solidez, pois Ele zela pela sua permanência até um determinado prazo. O que depender de nós, façamos com empenho, para manter a família unida.

3. A mulher é parte integrante do homem criado à imagem e semelhança de Deus. Ela, na verdade, possui características peculiares que determinam a sua feminilidade. Mas é herdeira dos mesmos sentimentos. que o Criador concedeu a Adão e repartiu com Eva. Ela precisa ser amada, compreendida, principalmente, por constituir O sexo frágil.

4. Deus instituiu o casamento com o sublime propósito de preservar o homem, a mulher e os filhos unidos. Nós, seres racionais, nos diferenciamos dos irracionais. Assemelhamo-nos a Deus que, em três pessoas, formam a unidade perfeita. Por isso, Jesus declarou em João 10.30: "Eu e o Pai somos um". (Também está implícito, nesta passagem, o Espírito Santo.) O casamento é o reprodutor de lares que não deve ser desfeito, pois também constitui uma unidade.

Assuntos para a sua reflexão:

O início da família - Gn 2.18-24Instituída para ser estável - 1 Co 7.10-14 A fé cristã une a família - Is 24.15; Jo 4.53Forças do mal contra a família - 2 Tm 3.1-5; 1 Tm 1·3 A Escritura orienta a família - 2 Tm 3.16; Tg 1.22·25

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A família vitoriosa na oração - At 1.14; Rm 12.12; C14.2

O cristão deve dar o seu testemunho de vida cristã, primeiro no seu lar, seja qual for o seu grau de parentesco na família.

O cristão precisa demonstrar que é crente também em casa, como o é na igreja, no trabalho, na escola e na sociedade. Há crentes que na congregação parecem magníficos, mas em casa, no lar, se contradizem. Esta lição retrata o cristão no lar, destacando o relacionamento entre pais e filhos e os assuntos correlatos.

O RELACIONAMENTO HARMÔNICO NO LAR CRISTÃO

1. O amor no lar. "Todas as vossas coisas sejam feitas com amor" (1 Co 16. 1 4). O lar não é exceção aquL O que torna uma casa um verdadeiro lar é acima de tudo o amor entre os membros da família, a começar dos pais. Amor esse que na prática traduz-se em dedicação uns aos outros.

2. Comunicação no lar. Uma coisa vital para o fortalecimento do lar é a comunicação franca e cons-tante entre os membros da família. Mutações sociais da era moderna que vêm afetando seriamente a fa mília no aspecto da comunicação:

Pais que vêem seus filhos somente à noite devido ao trabalho, transporte e distância. Mães que diariamente trabalham fora e deixam os filhos aos cuidados de babás, empregadas, escolinhas e creches. São crianças "orfanadas" e carentes, afetiva, psicológica e emocionalmente. Esse quadro não é geral, mas está cada vez mais se ampliando. Os pais precisam intensificar a comunicação no lar.

3. O princípio da submissão. Deus instituiu a família sobre o princípio da submissão e obediência: do marido a Deus, da mulher ao

marido, e dos filhos aos pais (1 Co 11.3). Essa submissão deve ser motivada por amor.

4. Ira e amargura entre os filhos. "Pais, não provoqueis a ira a vossos filhos" (vA). O "não", aqui, denota que a autoridade dos pais sobre os filhos, na sua criação, educação, formação e disciplina deve ser exercida dentro dos seus limites. Isso significa que casos há em que são os pais que precisam de tudo isso e não somente os filhos.

OS FILHOS

1. O dever da obediência dos filhos (v. 1). "Sede obedientes a vossos pais". A Bíblia ao tratar da es-posa, em Efésios 5.22, ordena "sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor". Trata-se aí da submissão da esposa, que não é exatamente o,mesmo que a obediência dos filhos, no versÍculo1. Submissão é uma entrega voluntária por amor, que vai além da obediência. Para a esposa cristã, isso não é difícil, se ela antes for sub -missa ao Senhor (Ef 5.22).

2. Ensinar aos filhos. A idade áurea para isso é na mais tenra infância (Pv 22.6 Versão Atualizada). Quem tiver filhos e perder essa oportunidade, jamais terá outra igual.

a. Ensinar a criança a obedecer, no lar. Esta é a principal forma de disciplina na infância. Os impulsos infantis sem controle e disciplina são a causa mais comum dos problemas sociais com que a sociedade se de -bate na escola, no trabalho, na igreja e na vida doméstica.

b. Ensinar a criança a temer a Deus. É o seu ensino da doutrina cristã, da Palavra de Deus, das coisas do Senhor, da sua casa, da sua obra.

c. Ensinar a criança a executar pequenas tarefas; a ter responsabilidade; a valorizar o trabalho, prepa-rando-a para o futuro.

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d. Ensinar a criança a conviver em grupo. As noções claras de direito dos outros e de deveres nossos; de cooperação mútua; de respeito à pessoa humana.

e. Ensinar ao pré-adolescente, esclarecendo seus problemas, dúvidas, incertezas questionamentos e conflitos internos.

3. Oração constante pelos filhos. Inclusive quanto às companhias dos filhos, uma vez que isto envolve ambientes freqüentados, con-

selhos recebidos, exemplos presenciados, divertimentos, etc. "A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos", diz a Bíblia em Tiago 5.16.

4. O exemplo dos pais. O bom e santo exemplo de pais piedosos, amorosos e responsáveis é um inestimável e duradouro

legado para os filhos. Por outro lado, o mau exemplo gera má influência, como atritos entre os pais, hipocrisia e vícios diversos também.

5. Filhos abençoados (v.3). Abençoados na jornada da vida: "para que te vá bem"; e abençoados com vida longa: "e vivas muito

tempo sobre a terra". Todos os pais sempre querem a felicidade de seus filhos, mas a desobediência destes, aos preceitos de Deus, pode impedir as bênçãos divinas.

OS PAIS

1. Não provocar a ira aos filhos (vA). Isso pode acontecer quando ordens, restrições, correções, enfim disciplina, excedem os limites. Isso já passa a ser punição, que tem a ver com delinqüentes. Filhos podem merecer castigo, que tem a ver com a prevenção do mal; ao passo que punição tem a ver com retribuição e vingança.

2. A doutrina e admoestação do Senhor (v.4). Doutrina é uma referência à doutrina bíblica, que pode ser ensinada aos filhos de variadas maneiras, dependendo da idade e dos recursos didáticos do lar e da Escola Dominical. Admoestação é literalmente disciplina (como está na Versão Atualizada). O texto inclui: "do Senhor", isto é, da parte de Deus, como revelado nas Escrituras.

SERVOS E SENHORES

1. Servos (vv.5-8). Eram escravos. De acordo com as leis romanas, podiam ser herdados, comprados, trocados e usados

para o pagamento de dívidas. Viviam em condições sub-humanas. Seus senhores tinham poder de vida e morte sobre eles. Eram muitas as categorias de escravos. Nas ocupações mais elevadas havia médicos, engenheiros, músicos, escribas, professores, etc.

O crente como empregado, funcionário, profissional e trabalhador precisa de temor de Deus e sabedoria divina para não envolver-se em movimentos trabalhistas aparentemente necessários, justos e legais, mas abusivos .• perversos, ilícitos, desonestos e prejudiciais a todos, nos quais os inimigos do bem, da ordem e do direito se intrometem, inspirados muitas vezes, no todo ou em parte, por demônios.

2. Senhores (v.9). Aparecem aqui na mesma passagem sobre assuntos domésticos. Naqueles tempos os chefes de família, em grande parte e conforme suas posses, tinham escravos para os trabalhos de casa e do campo. As condições sociais mudaram, mas a lição espiritual ficou. O que ocorre na vida do crente como trabalhador, patrão ou chefe; influi na sua vida doméstica; nos relacionamentos do lar.

A EDIFICAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO LAR CRISTÃO

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1. O viver em retidão diante de Deus. "Andarei em minha casa com um coração reto" (SI 101.2). A vida no lar, em retidão, a partir dos pais, promove a edificação e preservação desse lar. É o altar da fé e da comunhão com Deus, bem conservado.

2. Um lar com proteção. Os pais precisam guardar e defender o lar no sentido moral e espiritual. É o ambiente sadio do lar nesse sentido. Que se ouve ali? Que se faz? Que se vê? Que se lê? Que sejam coisas as quais ajudem a edificar e preservar o lar: os pais, os filhos e mais tarde os netos e bisnetos. Sim, um muro protetor da família, no lar, feito pelos pais (Dt 22. 8).

3. Um lar que honra a Palavra de Deus (Dt 31.12, 13). Nesse lar haverá temor de Deus e a sua bênção sobre os filhos, como afirma o texto acima. Ali a Palavra de Deus é conhecida, lida, estimada e obedecida.

4. O culto doméstico. Uma excelente noção de culto doméstico está em Deuteronômio 6.7, quando a Bíblia diz "falarás assentado em tua casa".

MALES E PERIGOS QUE AFETAM O LAR

1. Mutações sociais ilusórias.

Elas contribuem para a ruína da família. Uma delas é a chamada "liberação feminista". Ela beneficiou a mulher num sentido, mas prejudicou-a em muitos outros, sobretudo no sentido social, moral e espiritual. A "liberação feminista", aos poucos, vulgarizou a mulher e também aos poucos vem destruindo seus meca-nismos de defesa moral e emocional.

2. Meios de comunicação social de massa.

Os mais volumosos meios de que o lar cristão precisa precaver-se, são o vídeo e a página impressa. Esses dois meios andam repletos de obscenidade, violência, vícios e ocultismo disfarçado, como se tudo fosse passatempo inofensivo. Deuteronômio 7.16 admoesta: "não meterás, pois, abominação em tua casa". A influência mais destruidora aqui é sobre a infância, mas também pessoas adultas tornam-se presas desses males.

3. A multiplicação da iniqüidade.

Jesus preveniu sobre isso, como um sinal dos tempos, em Mateus 24.12. A maneira do crente, da fa -mília e da igreja superar tudo isso é a manutenção de uma vida cristã consagrada a Deus, e sempre reno vada no Espírito Santo.

A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL E O LAR

1. A dotação da Escola Dominical. Cada igreja e congregação devem sempre manter a sua Escola Do-minical com professores espirituais e preparados para ensinar, com instalações apropriadas aos alunos e material de ensino também próprio para todos.

2. Tarefas da Escola Dominical. Algumas tarefas da Escola Dominical que abrangem o lar, direta e indiretamente: ganhar os membros da família para Jesus; discípular os novos crentes na fé cristã; treinar os crentes para servir ao Senhor e ao próximo; orientar o crente a engajar-se na evangelização e na obra missi -onária; visitar os alunos quando necessário; reunir os pais para orientá-los; ensinar princípios de civismo, bons hábitos individuais, comportamento social e formação do caráter cristão ideal, para exaltação do nome de Cristo e do seu Evangelho.

Lar no seu pleno sentido é o lugar e o ambiente onde vive uma família. Uma casa apropriada para uma família, mas vazia, não é um lar. Uma parte de uma pensão onde moram vários hóspedes conhecidos en-tre si, não podemos chamar de lar. Um lar subentende uma família, cujos membros moram juntos.

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3. Sansão uniu-se a uma incrédula e experimentou a tragédia. Salomão teve esposas ímpias e es-tragou sua vida. Acabe complicou se ainda mais, desposando uma mulher pagã. Deus conduziu os passos de Rebeca em seu casamento com Isaque. Rute deixou sua terra, seu povo, seus deuses, e casou-se com Boaz, um bom crente, e foi feliz.

4. Casais, ao trazerem os filhos ao mundo, têm o dever de criá-Ios "na doutrina e na disciplina do Se -nhor" (Ef 6.4). Esta responsabilidade é dos pais, não da igreja, da escola, dos parentes. Tudo isso pode apenas suplementar o trabalho dos responsáveis.

5. O lar verdadeiramente cristão é um escape e refúgio para o marido e a mulher e seus filhos em meio aos muitos labores do dia-a-dia de cada um. O amor e a paz de Deus que fluem no aconchego doméstico fortalecem e revigoram a todos da família para o desempenho de suas atividades e responsabilidades.

O OBREIRO E A VIDA CONJUGAL

"Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegarse-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2.24).

Instituído por Deus, o casamento foi confirmado por Jesus; é explanado pela Bíblia e efetuado pela Igreja e a sociedade.

Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento. Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.( 1 CORÍNTIOS 7.1-9)

Há três instituições que Deus estabeleceu na esfera humana: a família, a nação e a Igreja.

A família foi a primeira a ser criada; as outras duas dependem dela. Para que elas caminhem corretamente, abençoadas e felizes, precisam pautar-se pela Palavra de Deus, porque ali está a sua origem e as normas básicas para as três.

O CASAMENTO, UMA INSTITUIÇÃO DIVINA

1. O casamento e seu conceito geralSegundo o ensino geral da Escritura, o casamento é individualmente uma escolha. Se essa não for

dirigida por Deus, os dois cônjuges poderão ter sérios problemas pelo resto da vida. Do ponto de vista social, o casamento é um contrato ou aliança feito entre um homem e uma mulher, na presença do Senhor, da família, da Igreja e da sociedade (Ml 2.14).

2. O casamento e o celibato. "Bom seria que o homem não tocasse em mulher" (1 Co 7.1 ,26). A estrutura peculiar de cada língua

precisa ser considerada. "Tocar", nesta passagem bíblica, é um modismo das línguas bíblicas originais, significando casar-se (ver Gn 20.6; Pv 6.29).

As razões desse ensino são:

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a. Os terríveis tempos de perseguição que se avizinhavam, e a história da Igreja o comprova, ainda naquela século. Paulo, o escritor de Coríntios, sofreu severas perseguições por causa de sua fé em Cristo. Mas na sua visão ele sabia que aquilo seria apenas o princípio.

Em tempos de severa perseguição generalizada é muito difíciJ a famí' cristã ermanecel' coesa unida e feliz.

b. A urgência da evangelização. A ordem de Jesus era para se alcançar o mundo imediatamente com o Evangelho. O essencial eles tinham: o poder do alto, como se vê no livro de Atos. O solteiro tem menos afa -zeres do que o casado.

3. O problema básico da família. O lar cristão por toda parte deixou o manual de procedimento da família (a Bíblia) e vem seguindo os ensinos dos sociólogos e outros profissionais afins. No entanto, muitos deles são inimigos de Deus e de sua Palavra.

4. O cônjuge apropriado (1 Co 7.2). "Ter a sua própria mulher; ter o seu próprio marido". a. Esta expressão bíblica tem mais peso do que se lhe atribui à primeira vista. O sentido estrito aqui é

o do cônjuge ser, na verdade, o complemento do outro; ser adequado para o outro; ser moldado para o outro.

b. A expressão sob consideração e também tem a ver com o casamento monogâmico. Os críticos do passado e presente alegam que a poligamia deve ser aceita pela Igreja, porque, dizem eles, Deus a permitiu no AT. Isso é mentira

OS FUNDAMENTOS DA FAMÍLIA

1. O alicerce da liderança do marido/obreiro (ver CI 3.18). Diante de Deus, a dignidade do homem e da mulher é a mesma, como nos ensina Gálatas 3.28; porém, diante da família, quanto às diretrizes do lar, o marido é o cabeça, conforme 1 Co 11.3.

2. O alicerce da submissão da esposa, conforme determina Cl 3.18. A esposa ser submissa ao marido, em termos bíblicos, não constitui inferioridade alguma. É um mandamento bíblico. É o alicerce da família como instituição. Não há dificuldade em uma esposa obedecer ao marido, quando primeiramente ela obedece a Cristo como seu Salvador e Senhor. Igualmente não é difícil um marido exercer a liderança conjugal e doméstica , quando ele primeiramente serve a Cristo como seu Senhor e ao mesmo tempo ama a sua esposa, conforme escrito no livro de 1 Co 11.3 e Ef. 5.25.

3. "A devida benevolência" ( I Co 7.3,4). Trata-se de um modo suavizante. Se na vida do casal não houver boa vontade e realização nesse particular, por amor, por parte dos dois, esse casamento não prosperará. E a Bíblia diz que "serão uma só carne” (Gn 2.24; Mc 10.8; Ef 5.31).

4. "Depois ajuntai-vos outra vez" (1 Co 7.5). Há ocasiões na vida do casal em que eles precisam aprofundar sua espiritual idade, ou seja, buscar mais "as coisas lá de cima, onde Cristo está sentado a destra de Deus".

5. O alicerce da Igreja de Deus. Prescreve em Efésios 5, onde a família cristã aparece com destaque, a Igreja é mencionada cinco

vezes. Ela deve ser a escola por excelência do lar. Antes de Deus estabelecê-la historicamente, Ele constituiu a família. Na realidade, a Igreja, no aspecto atual e terreno, procede do lar. O que ocorre nele reflete na mesma.

OS DEVERES CONJUGAIS

1. “A devida benevolência" ( 1 Co 7.3,4). Trata-se de um modo suavizante de expressar na vida do casal o ato conjugal. No original a expressão

literal é boa vontade. Se na vida do casal não houver boa vontade e realização nesse particular, por amor, por parte dos dois, esse casamento não prosperará. É a Bíblia diz que "serão uma só carne" (Gn 2.24; Mc 10.8; Ef 5.31).

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2. "Depois ajuntai-vos outra vez" (I Co 7.5). Há ocasiões na vida do casal em que eles precisam aprofundar sua espiritualidade, ou seja, buscar

mais "as coisas lá de cima, onde Cristo está sentado à destra de Deus". Isso, às vezes, inclui períodos de oração e jejum, e jamais devemos confundir as coisas naturais, mesmo legitimas, como as que estamos tratando, as espirituais.

3. A mulher como esposa (Gn 2.21-24). Deus podia ter feito a mulher do pó da terra como Ele fez Adão. Mas decidiu fazê-Ia de uma parte do

homem, evidenciando assim o princípio da dependência da mulher. Mas assim como Adão deu vida a Eva, esta deu vida ao mundo (Gn 3.20).

4. A imoderação nos deveres conjugais. Toda imoderação e excesso são danosos, inclusive nos deveres conjugais. Aqui se incluem as práticas

reprováveis e antinaturais do mundo sem Deus conforme estabelece em Ef 5.12; CI3.5; 1 Ts 4.4,5.

O CASAMENTO FELIZ

1. O casamento feliz.

O casamento feliz, em que os cônjuges estão satisfeitos um com o outro e sentem-se realizados, é exceção quando devia ser a regra. A primeira bênção de Deus na esfera humana foi para o primeiro casal: "E Deus os abençoou" (Gn 1.28). O Senhor nunca aboliu esta bênção, para a felicidade em geral da família. Mas necessário é que cada casal viva para Deus.

2. As causas básicas de um casamento feliz e duradouro.

a. Cônjuges que vivem para Deus. Casais que buscam a Deus podem vencer juntos os problemas da vida.

b. Amor recíproco entre os dois. O amor não é a única causa de felicidade no casamento, mas é a principal.

c. Maturidade social e espiritual dos dois. É sabido que 75% dos conflitos conjugais estão aqui: imaturidade do marido, da mulher ou dos dois.

AS CRISES DA FAMÍLIA MODERNA

1. Satanás trama contra o casamento (1 Co 7.5).

No tratamento do assunto de casamento, Satanás é mencionado como tentador. Todo casal deve resguadar-se sob o sangue protetor de Jesus e vigiar, pois o inimigo sabe que o marido e a mulher são os esteios da família. Se eles forem atingidos pelo mal, toda a família sofrerá.

2. Casamento com descrente.

Isto também gera crises na família. Em 1 Coríntios 7.39 ensina que o casamento do cristão deve ser "no Senhor', isto é, segundo o ensino da Palavra do Senhor. O casamento de crente com descrente afeta negativamente o casal, os genitores, os parentes e os filhos, caso os tenham.

3. A separação do casal e o divórcio (1 Co 7.10,11).

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Estes dois fatos constituem os piores males que podem atingir o casal e suas famílias. O divórcio nunca é um fato terminal, pois ele sempre deixará reflexos negativos, desgosto e sofrimento pelo resto da vida, sobre o casal e seus filhos (pior ainda se forem pequenos). Deus não originou o divórcio e o abomina (MI 2.16· Mt 19.7,8).

4. Noivos despreparados para casar.

Grande parte dos casamentos que fracassam é resultado da desinformação e despreparo dos noivos, e toda essa ignorância eles levam para o enlace matrimonial, quando terão muita dificuldade para se ajus -tarem.

a. Os noivos sabem e sentem diante de Deus que o casamento é da sua vontade? O fato de existir intenso amor afetivo entre o rapaz e da moça não quer dizer que o namoro ou

noivado seja da vontade do Senhor, porque o amor já existe latente no coração humano desde que ele aflora na adolescência.

b. Palestras e Seminários. Toda igreja deve realizar regularmente, através de pessoas fiéis e idôneas na fé cristã, palestras,

estudos, seminários e cursos de orientação para a família toda, jovens, noivos e casais. 5. O fracasso do casamento entre os cristãos.

Como já mostramos, a Bíblia previne sobre males que, no fim dos tempos, visam atingir o casamento e por fim destruí-Io; como já ocorreu na época antidiluviana. O índice na igreja, de casamentos fracassados continua aumentando. A culpa disso não esta em Deus, que estabeleceu o matrimônio. Ele insti tuiu o casamento para o bem e a realização do casal, da família, da sociedade e da própria Igreja.

Vejamos as causas principais desse fracasso:

a. Ignorância dos namorados e noivos.Ignorância do que é o casamento "no Senhor", segundo a Palavra de Deus. O amor do futuro casal deve começar no namoro, no plano espiritual. Deve continuar no noivado, no plano social, e deve realizar-sé no matrimonio, no plano físico. Muitos invertem essa ordem, por falta de temor de Deus, e começam o seu namoro no plano físico, sem reconhecerem o seu erro e sem se arrependerem disso diante de Deus. A Palavra de Deus adverte: "A herança que no princípio é adquirida às pressas, não será abençoada no seu fim" (Pv 20.21).

b. Desamor de um dos dois

O amor conjugal precisa ser cultivado e protegido pelos cônjuges. Do contrário ele pode vir a estagnar-se, esfriar e até morrer, pois trata-se de amor humano. O amor não é a causa única da felicidade no casamento, mas é a principal.

c. Ausência de Deus no lar.

Muitos pares já se casaram distanciados de Deus. Outros afastaram-se do Senhor após anos de casados. Casais que vivem para o Todo-poderoso, podem vencer juntos as dificuldades e crises que venham a surgir.

Diante disto ao obreiro é ordenado por Deus, que primeiramente ame a sua mulher (CI 3.19). À mulher é primeiramente ordenado que obedeça a seu marido, "como convém ao Senhor" (CI 3.18). A mulher sente-se mais valorizada no seu papel de esposa quando é amada pelo marido, e este sente-se mais valorizado no seu papel de marido quando respeitado pela mulher.

O amor "eros" (erótico) existindo sozinho no casamento, um dia não muito distante começará a esfriar, para em seguida morrer, deixando apenas desilusão e também a infeliz impressão de que o "casamento é isso mesmo". Isso é puro sensualismo irresponsável e abusivo, que não resiste ao tempo, nem

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ao peso das responsabilidades do matrimônio. Lembre-se o matrimônio corretamente considerado é uma instituição divina na área humana. Ele foi

estabelecido por Deus, no princípio da criação, confirmado por Jesus, mediante seus ensinos e o seu comparecimento a um casamento; e efetuado pela sociedade, como meio, entre outros, de preservar a pureza moral da família.

O CRISTÃO E AS FINANÇAS

I CRÔNICAS 29.12,14; I TIMOTEO 6.9,10.

A vida cristã deve ser pautada pelo equilíbrio. O que somos, a for ma como vivemos, o tratamento que dispensamos ao próximo e a nós mesmos, nada escapa às regras estabeleci das por Deus em sua Palavra para nosso bem-estar. Neste conjunto de normas, está incluída a forma como gastamos nosso dinheiro. Devemos ganhá-Io com trabalho honesto e fugindo das práticas ilícitas. Somos filhos de Deus e dEle recebemos todas as boas dádivas, inclusive bens materiais. É lícito desfrutarmos dos benefícios que o dinheiro traz. Não é lícito nos apegarmos a ele transformando-o em objeto de cobiça e tentando consegui-Io a qualquer custo. Deus recomendou ao homem, no Éden, que buscasse sustento, sacrificando o suor de seu rosto, não a sua dignidade.

Orientação didática Para que servem as técnicas de grupo? Esta pergunta parece desnecessária, entretanto, muitos pro-

fessores utilizam tais técnicas sem ter consciência de sua finalidade. Tais técnicas não têm outros objetivos senão os de facilitar o processo de comunicação, promover a participação dos alunos e ajudar na tomada de decisões. As técnicas são simples artifícios para o grupo realizar seus fins. Elas não são absolutas mas meras ferramentas que o professor pode modificar, adaptar ou combinar quando bem entender. Aliás, o ideal é que o mestre sempre esteja criando novas técnicas mais adequadas ao ensino de sua própria classe e condições físicas e estruturais de sua Escola Dominica1. Existe uma infinidade de técnicas grupais, tais como: Phillips 66, Díade, Grupos de cochicho, Grupos pequenos, Grupos de verbalização e observação, Tempestade cerebral, Pergunta circular, Painel, Simpósio, Debate, Estudos de casos, Seminários, Dramatização etc. Que tal Realizar uma dessas técnicas na lição desta semana?

O dinheiro O dinheiro pode ser bênção ou maldição, dependendo do uso que dele fazemos. Se o fizermos de

modo judicioso e para glória de Deus e expansão do seu reino, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Que possamos utilizar nossos recursos financeiros de modo honesto, como verdadeiros mordamos de nosso Senhor Jesus Cristo. Sabia-se que a avareza é uma forma de idolatria (Cl 3.5).

FiliaçãoVínculo que a geração biológica cria entre os filhos e seus genitores. No campo espiritual, a filiação do homem em relação a Deus se dá quando o pecador arrependido

recebe a Cristo Jesus como Salvador. O homem passa a desfrutar plenamente da natureza. Este é o milagre operado pelo novo nascimento.

TUDO O QUE SOMOS E TEMOS VEM DE DEUS

1. Somos seus filhos. Todas as pessoas pertencem a Deus, por direito de criação (cf. Sl. 5124.1). Nós cristãos, temos algo a mais, pois somos filhos de Deus por criação, mas também por redenção e ainda por direito de , através da nossa fé em Jesus: "Mas a todos quantos o receberam deu-111es o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome" (Jo 1.12).

2. Deus nos dá todas as coisas. Na condição de filhos, Deus nos concede todas as bênçãos espirituais de que necessitamos (Ef 1.3; Fp 4.19; Tg 1.17) e também nos confere as bênçãos materiais. No Pai Nosso, lemos: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mt 6.11). Nos salmos, está escrito: "quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia" (SI 103.5). Os não crentes têm as coisas por

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permissão de Deus, sejam ricos ou pobres. Nós, seus filhos, temos as coisas, incluindo o dinheiro, como dádi-vas de sua mão. Davi tinha essa visão, quando disse: "Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos" (1 Cr 29.14).

3. Com trabalho honesto. A ética bíblica nos orienta que devemos trabalhar com afinco para fazermos jus ao que percebemos. Desde o Gênesis, vemos que o homem deve empregar esforço para obter os bens de que necessita. Disse Deus: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão ... " (Gn 3.19a). O apóstolo Paulo escreveu, dizendo: "Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus" (1 Ts 2.9); "e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vô-lo temos mandado" (1 Ts 4.11). "Se alguém não quiser trabalhar, não coma também" (2 Ts 3.10). Daí, o preguiçoso que recebe salário está usando de má fé, roubando e insultando os que trabalham.

4. Fugindo de práticas ilícitas. O cristão não dever recorrer a meios ou práticas ilícitas para ganhar dinheiro, como o jogo, o bingo, a rifa, loterias, e outras formas "fáceis" de buscar riquezas. Em Provérbios, lemos: "O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não fi cará sem castigo" (Pv 28.20). O cristão também não deve freqüentar casas de jogos, como cassinos e assemelhados. Esses ambientes estão sempre associados a outros tipos de práticas desonestas, como prostituição e drogas.

5. Fugindo da avareza. Avareza é o amor ao dinheiro. É uma escravidão ao vil metal. Diz a Bíblia: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (lTm 6.9,10). Deus não condena a riqueza em si, mas a ambição, a cobiça, a exploração, a usura e a avareza. Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1.3, 10); Davi, Salomão e outros reis acumularam muitas riquezas, e nenhum deles foi condenado por isso. O que Deus condena é a ganância, a ambição desenfreada por riquezas (cf. Pv 28.20).

6. Fugindo da preguiça. O trabalho diuturno deve ser normal para o cristão. A preguiça não condiz com a condição de quem é nascido de novo. Jesus deu o exemplo, dizendo: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo 5.17). O livro de Provérbios é rico em exortações contra a preguiça e o preguiçoso (Pv 6.9-11).

COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZA O DINHEIRO

1. Na igreja do Senhor. Um velho pastor dizia: "O dinheiro de Deus está no bolso dos crentes". De fato, Deus mantém sua igreja, no que tange à parte material, através dos recursos que Ele mes mo concede a seus servos.

a) Entregando os dízimos do Senhor. Em primeiro lugar, os crentes devem pagar os dízimos devidos para a manutenção da Obra do Senhor (cf. Ml 3.10; Mt 23.23). A obediência a essa determinação bíblica redunda em bênçãos abundantes da parte de Deus (Ml 3.10,11). É bom lembrar que devemos dizimar do total bruto da nossa renda, e não do líquido; deve ser das "primícias da renda" (Pv 3.9,10). Os dízimos devem ser levados "à casa do tesouro", ou seja, à tesouraria, por meio da entrega na igreja local. É errado o próprio crente administrar o dizimo, repartindo com hospitais, construções, campanhas, obras assistenciais, creches ou pessoas carentes. Deus disse: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa ... " (MI 3.l0a). Cabe à igreja sua devida e integra administração.

b) Contribuindo com ofertas. Em segundo lugar, o crente fiel deve contribuir com ofertas alçadas (levantadas), de modo voluntário,

como prova de sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Com esses recursos (dízimos e ofertas), a igreja mantém a evangelização, as missões, o sustento de obreiros, o socorro aos necessitados (viúvas, órfãos, carentes, etc.), bem como o patrimônio físico da obra do Senhor, e outras necessidades que podem surgir.

c) Os recursos da igreja local. Não provêm de governos ou de organismos financeiros. Toda vez que algum obreiro resolveu con-

seguir dinheiro para a igreja, em fontes estranhas ao que a Bíblia recomenda foi malsucedido, acar retou problemas para seu ministério e para os irmãos. Deus nos guarde de vermos igrejas envolvidas com práticas financeiras corruptas, abomináveis aos olhos de Deus. É de todo detestável que algum obreiro, usando o dinheiro dos dízimos e ofertas, se locuplete, adquirindo bens em seu próprio nome, exceto com aquilo que a igreja lhe gratifica.

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2. No lar, no trabalho e o fisco. Se existe disciplina no trabalho, que regula os procedimentos para a

aquisição do pão de cada dia, há, também, a disciplina no gasto, no emprego da renda ou do salário: a) Evitar dívidas fora do seu alcance. Muitos têm ficado em situação difícil, por causa do uso irracional

do cartão de crédito - na verdade, cartão de débito. As dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranqüilidade (causando doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos lembrar: "O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta" (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho caloteiro perante os ímpios, quando o crente compra e não paga.

b) Evitar extremos. De um lado, há os avarentos, que se apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar dos familiares. São os "pães-duros". De outro lado, há os que gastam tudo o que ganham, e compram o que não podem, às vezes para satisfazer o exibicionismo a insensatez da concorrência com os vizinhos e conhecidos, à mania de esbanjar, a inveja de outros, ou por mera vaidade. Isso é obra do Diabo.

c) Comprar à vista, se possível. Faz bem quem só compra à vista. Se comprar a prazo, é necessário, que o crente avalie sua renda e,

quanto vai se comprometer com a prestação assumida, incluindo os juros. É importante que se faça um orçamento familiar em que se observe quanto ganha, o que vai gastar (após pagar o dízimo do Senhor), e sempre procurar ficar com alguma reserva para imprevistos.

d) Não ficar por fiador. Outro cuidado importante, é não ficar por fiador. A Bíblia desaconselha isso (Pv 11.15; 17.18; 20.16; 22.26; 27.13). Outro perigo é fornecer cheque para alguém utilizar em seu nome. Conheço casos de irmãos que ficaram em aperto por isso. É importante fugir do agiota. É verdadeira maldição quem cai na não dessas pessoas, que cobram "usura" ou juros extorsivos (Êx 22.25; Lv 25.36).

e) Pagar os impostos. Em Romanos 13.7, lemos: "Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tri-buto, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra" (Rm 13.7). A sonegação de impostos acarreta prejuízo para toda a nação. O cristão não deve ser contrabandista pois isso não glorifica a Deus.

f) Pagar o salário do trabalhador. Se o cristão tem pessoas a seu serviço, crentes ou não, tem o dever de pagar corretamente e em dia o salário que lhe é devido. A Bíblia diz: "Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos sem direito; que se serve do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário do seu trabalho" (Jr 22.13; ver Tg 5.1-5).

O dinheiro é um meio de troca importante para as transações entre pessoas e empresas. O que a Bí-blia condena não é o dinheiro em si, mas o amor ao dinheiro (avareza). Isso equivale a idolatrar o dinheiro, a riqueza. Esta, também não é condenada por Deus, desde que obtida por meios lícitos e trabalho honesto. Que o Senhor nos ensine a usar da melhor maneira possível os recursos financeiros ao nosso dispor, como bênçãos de sua parte.

"Mt 23. 23. A oferta financeira deve ser ligada a um compromisso com o amor, a vida e os valores divinos; caso contrário, a vida murcha quando se trata de doar. Quando a alegria e o amor estão ausentes no ato da entrega, o poder se evapora.

Não são poucos os cristãos que pensam estar isentos das outras obrigações com relação a Deus e ao próximo por darem o dízimo. Pagam o dízimo na igreja, mas demonstram ódio em casa. É como se alguém dis-sesse a Deus: 'Já cumpri com o meu dever na igreja, e não julgo necessário andar no Espírito no lar, no es-critório ou em qualquer outro lugar'.

Formalismo desse tipo, como a desculpa 'já dei o dízimo', pode sutilmente impedir Deus de continuar a purificar e a aperfeiçoar a pessoa na prática do amor. Pode igualmente bloquear a sua disponibilidade para uma contribuição financeira maior! Veja como isso parece ter acontecido com os fariseus.

É interessante notar que, embora Jesus tivesse elogiado os dízimos dos fariseus, não faz menção de suas ofertas. Existe algo a ser aprendido aqui? Estamos olhando para pessoas que aderiram religiosamente ao 'dever' de dar o dízimo, mas só obedeciam por uma imposição legal. E as ofertas, que revelam amor e ge-nerosidade ampliados, não eram praticadas?" (A Chave de Tudo, CPAD, págs. 73 e 74)

"A economia doméstica deve ser considerada antes do casamento e posta em prática no seio da família, através das gerações. Os conflitos oriundos da situação financeira, com freqüência, envolvem o casa -mento e podem arruiná-Io; por isso, convém que seja estudada a maneira correta de usar o dinheiro.

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Não há liberdade moral e espiritual sem responsabilidade; por isso, a ciência das finanças é importante para os lares que desejam ter êxito e alcançar vitória. E por falar sobre a maneira correta usar o dinheiro, diz um sábio americano:

Um dólar gasto para adquirir feijão, batatas, pão, saladas, queijos, maçãs, cebolas, ameixas, cereais e café maltado compra não uma refeição, mas três - sendo ainda possível que o alimento seja mais puro que o do restaurante. Comemos estilo, luxo ou alimento?

Trata-se, portanto, de um quadro simples que demonstra como a refeição pode tornar-se três vezes mais cara, podendo resultar em a família viver sempre endividada, envolta em problemas que podem quebrar a harmonia do lar. Porém, quando a economia funciona adequadamente, além da tranqüilidade possível, resultará em os filhos adquirirem fartos sentimentos de integridade e honestidade. Isso convém à família e agrada a Deus." (... E Fez Deus a Família, CPAD, pág. 87)

UMA QUESTÃO DECISIVA

Reprimindo um bocejo, continuei escutando o casal que se achava em meu gabinete, e discutia sobre a imagem que cada um tinha do outro.

Minha sala não tinha janela e parecia sem ar também. O ambiente estava abafado; e como aqueles dois eram cacetes.

Gosto de gente. Gosto de ajudar as pessoas. Mas naquele momento sentia-me cansado. Já me achava ali havia algumas horas dando aconselhamento. Tenho muita fé no trabalho de aconselhamento. E creio que podemos, sim, ter um ministério de aconselhamento sério.

Mas estou convencido também de que a principal razão por que existe tanta necessidade de aconselhamento hoje é que os cristãos oram pouco. Se passassem mais tempo lendo a Palavra de Deus, meditando nela, orando sobre o que lêem e aplicando-a a sua vida, encontrariam orienta ção na própria Palavra.

De repente, a mulher disse algo que me "despertou". A única coisa que quero é que ele seja homem. Só que seja homem.

Endireitei-me na cadeira, olhei para ela e em seguida para o marido. Era meu desejo justo. Aquele homem não tinha exercido satisfatoriamente a liderança no lar. Por causa disso, os filhos haviam perdido todo o respeito por ele. O mais velho zombava do pai abertamente, sem o menor constrangimento· Os outros, a mãe ainda estava conseguindo controlar, nas sem muita energia. Eles desobedeciam sistematicamente às suas ordens, procurando provocá-Ia.

A mulher trabalhava fora para complementar à renda do marido, que não que dispunha a procurar um emprego melhor. Se ele quisesse, poderia facilmente arranjar um. E tendo que impor disciplina e ao mesmo tempo dar segurança aos filhos, além de ter de contribuir com o sustento, ela se sentia esgotada.

Ademais o relacionamento deles perdera o sabor, em todos os aspectos - conjugal sexual e recreativo. Ela queria um pouco mais de "tempero". Mas dele só vinha insipidez. Ela queria um relacionamento mais romântico e estimulante. Ele lhe oferecia o tédio e a rotina.

Agora ela dissera tudo. Expusera seus desejos. - A única coisa quero é que ele seja homem. Só que seja homem. Olhei diretamente para ele.- Você ouviu o que ela disse, falei. Ela quer um homem. Consegue ser esse homem? Ela quer você.Ele sustentou mel olhar direto por uns instantes e depois desviou os olhos' Levantou o rosto, e ficou

fitando o teto por um longo tempo. Houve um prolongado silêncio, que provocou um forte constrangimento e um clima de tensão.O silêncio se tornou tão gritante que era quase ensurdecedor.Mas resolvi deixar que ele falasse primeiro'- Era sua vez de responder.Ele nunca tivera de tomar uma decisão antes. Primeiro, eram os pais que sempre falavam por ele.

Depois, durante os anos de casamento, fora a esposa que aprendera assumir seu lugar. Ela constantemente ocupava os espaços vagos deixados por ele, tanto em público como em particular; sempre deixando que ele se escudasse por trás do que ela dizia.

Agora, depois de viver duas décadas dessa maneira na escola, no casamento, no trabalho e com os

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filhos aquele homem teria de manifestar-se. Seus pais não poderiam mais falar por ele, e sua esposa se recusava a fazê-Io.

Existem duas perguntas importantes que todo homem, mais dia menos dia, tem de encarar. E não somente encarar, mas responder também.

A primeira, e a principal delas, é a seguinte:"Que pensais vós do Cristo?" E a segunda é:"Você vai assumir sua condição de homem?"Já era tarde. A sala estava abafada, mas a sonolência passara. No ar pairava uma inquietante

expectativa. Um homem encontrava-se no limiar de uma decisão. Para responder, era preciso ser homem de verdade. Ele estava sendo desafiado a ir buscar no fundo de seu caráter todos os atributos de um verdadeiro homem: sinceridade, verdade, fé, humildade, coragem, amor e graça. Ali, na presença da esposa, de Deus e de seu pastor, ele teria de responder à pergunta:

"Você vai assumir sua hombridade?"Não foi sem certa relutância que ele baixou os olhos e lentamente fixou-os no rosto da esposa. Enfim

os dois se viam cara a cara, olho no olho, e de alma aberta um para o outro.Percebia-se claramente que ele travava uma intensa luta interior.Afinal ele se dispôs a responder, e, embora falasse em vozbaixa, suas palavras soaram como uma trovoada naqueleAposento: -Vou tentar!Com um brilho de felicidade no rosto e lágrimas brotando nos olhos, a esposa estendeu os braços

para ele, deu-lhe um abraço apertado, e assim permaneceram alguns instantes num aconchego afetuoso. Era como se tivesse reencontrado um ente querido que perdera.

Ele iria tentar.Aquele pródigo, depois de haver passado um longo tempo numa "terra distante", tinha caído em si e

retomava ao lar. Ele iria tentar.O que mais uma mulher poderia desejar? Ela aceitaria isso, de bom grado. A decisão, vinda do fundo

de sua alma, não fora nada fácil, pois tinha a embaraçá-Ia toda a carga de sua vida anterior. Ele ponderara bem na pergunta, encarara a questão, e anunciara sua decisão.

Ser um homem em todo o potencial não acontece como num passe de mágica; é um processo. Não existe varinha de condão que possa produzir essa condição em nós num abrir e fechar de olhos, não. É edificada passo a passo, camada a camada, ponto a ponto, preceito a preceito, decisão a decisão.

Lendo a história de Abraão, vemos que a todo lugar que ia ele edificava um altar e armava sua tenda. Hoje a maioria dos homens primeiro edifica sua tenda e só depois arma o seu altar. Dedicam a maior parte de seus esforços às coisas temporais, e quase nenhum às eternas; passam às coisas temporais, e quase nenhum às eternas; passam muito tempo edificando sua personalidade, e dão pouca atenção à formação do Caráter. Isso é uma inversão dos valores divinos.

Podemos, sim, cuidar da personalidade, mas temos de edificar nosso caráter. ]Um dos homens mais notáveis que conheço é W T. Gaston, um herói da fé. Certa vez, Gaston me

disse algo que nunca mais esqueci, e tenho citado com freqüência. "Quando a fase de encantamento acaba, sobra só o caráter."Toda mulher deseja profundamente ter em casa um homem de caráter. Todo filho precisa de um

homem no leme de sua vida. E a grande necessidade das igrejas é ter homens de verdade em seu ministério.É até possível a mulher exercer influência espiritual na igreja; mas a força só vem dos homens. O

mesmo se aplica ao lar e à nação. A força das igrejas, dos lares e das nações depende basicamente da força dos homens que os constituem.

Nosso Pai celeste ordena que tenhamos um caráter semelhante ao de Cristo. O próprio Cristo orou ao Pai pedindo-lhe que enviasse seu Espírito para que este reproduzisse sua vida em nós.

Eu já disse isso, e vou repetir:Se homem em todo o seu, potencial e ter um caráter semelhante ao de Cristo.O homem dominou os montes, os mares e até o espaço.

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Mas a maior façanha que um homem pode realizar é dominar seu espírito."Melhor é o... que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade. " (Pv 16.32.)Hombridade e Semelhança a Cristão são Sinônimos.Seja homem!Viva como homem em todo o seu potencial!

ESTE É O MEU PAI!

O talento do homem pode levá-Io a situações em que seu caráter não é capaz de sustê-lo. Esse princípio vale para atletas, diretores de empresas e também para pastores.

O legado que o pai deixa aos filhos é o caráter incutido neles. Uma das mais belas frases que um homem pode ouvir de um filho é: "Este é o meu pai!"

Não há decreto governamental para manter as pessoas casadas, nem autoridade para fazer os pais amarem os filhos, tampouco para determinar a criação adequada deles ou o cumprimento de promessas paternas. Uma das maiores motivações que recebi para escrever contra o divórcio, como tenho feito, veio de uma criança, filha de pais divorciados, que me disse.

"Minha infância foi interrompida quando meus pais se divorciaram.”Joann Webster, em seu livro sobre famílias resultantes de um novo casamento, escreve: "As pessoas

não deveriam pensar duas vezes antes de escolherem o divórcio. Deveriam era pensar umas cinqüenta mil vezes e ainda assim, não optar por ele".

No livro The Unexpected Legacy of DivoTce (O legado inesperado do divórcio), que relata um estudo de caso que durou vinte e cinco anos, Judith Wallerstein afirma: "A criança que enfrenta o divórcio dos pais nunca se recupera do trauma". A autora mostra as conseqüências de uma separação para os filhos e como isso os afeta quando se tornam adultos.

A sociedade, cuja raiz está na igreja, precisa declarar que o casamento convencional é algo essencial. Tem de ensinar os pais a amar seus filhos e a cuidar deles. Precisa fortalecer as famílias, a fim de que a própria comunidade se torne mais forte. E tem de transmitir às crianças o valor dos relacionamentos.

O lar é nossa primeira escola. As crianças de hoje são os maiores indicadores de qual será o futuro da nação.

A vida do homem se resume, ou se baseia, em três coisas: na administração dos recursos que recebe, em seus relacionamentos e na liderança. Todas elas são de extrema importância no relacionamento com os filhos.

Ser pai é ser o gerador de uma vida humana, formada e moldada à imagem e semelhança de Deus. Isso é algo sagrado. Os filhos devem ser fruto do amor de um casal, e não de um desejo lascivo. Muitas vezes, quando há apenas desejo, os pais não tratam a vida gerada como algo sagrado, e o resultado é o aborto.

Por ser o pai, você é responsável pela criança gerada e pela vida que você fez sua parceira abortar.É responsável pela criança que abandonou um dia, e que agora está na prostituição, nas drogas, ou

presa em alguma casa de detenção.É responsável por aqueles que, por causa da sua irresponsabilidade, não tiveram o cuidado paterno. Enquanto você está assentado aí, lendo este livro, pode haver uma criança órfã de pai, vagando pelas

ruas, que você abandonou e para quem você não ligou à mínima!Filhos e filhas nascem prontos. Mas, a capacidade de ser pai tem de ser desenvolvida.Qualquer indivíduo do sexo masculino pode gerar uma criança, mas somente um homem de verdade

é capaz de ser pai.Nenhum homem tem o direito de engravidar uma mulher, se não estiver disposto a criar o filho que

irá nascer. Ninguém tem esse direito!Sendo homens, temos a missão de criar filhos livres de malícia, num mundo cheio de violência e

imoralidade. Nosso dever é criar filhos fiéis, que respeitem e admirem o pai que têm.A exortação de Deus é a de não provocar nossos filhos à ira, e sim, criá-los na disciplina e na

admoestação do Senhor." (Ef 6.4). Isso demanda tempo, e tempo de qualidade. Nada é capaz de substituí-lo.

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Dedicar tempo significa entregar-se ao outro, e é isso que precisamos fazer.Tive o privilégio de ser o preletor em um dos encontros dos Promise Keepers (Homens de Palavra) no

Los Angeles. Coliseum, do qual participaram 78.462 homens. Em dado momento, todos soltaram uma exclamação em reação a uma afirmativa que fiz. Eu disse que "ser ateu praticante não é parar numa esquina e ficar apontando para o céu, exclamando não acreditar em Deus. É simplesmente viver como se Deus não existisse. A maioria dos homens aqui vai à igreja aos domingos, mas volta para a casa e não faz mais nada de espiritual durante toda a semana, como orar ou ler a Bíblia. Na realidade, dizem-se cristãos aos domingos, mas são ateus praticantes durante a semana". Essa doeu!

O apóstolo Paulo revelou a base para quem quer ser um bom pai quando declarou: "Sedes meus imitadores, corno também eu sou de Cristo." (1 Co 11.1).

A Bíblia conta que Moisés esteve enfermo, a ponto de quase morrer, quando regressava ao Egito a fim de assumir a liderança do povo de Israel. É dito, então, que sua esposa Zípora tomou o filho mais velho e o circuncidou. Em seguida, Moisés se restabeleceu, e eles seguiram viagem. Evento curioso em tão poucos versículos! Qual é a razão disso?

A razão está numa afirmativa do Senhor Jesus: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão.” (Jo 8.39). Abraão é o pai da família de Deus, isto é, da família da fé aqui na Terra. Todo aquele que crê em Cristo sabe que descende dessa família, por intermédio da fé e do fiel Abraão. A palavra de aprovação dada por Deus em relação a esse servo foi simples e direta: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele.” (Gn 18.19).

Quais obras Abraão realizou e transmitiu a seus descendentes? Em primeiro lugar, ele recebeu a justificação pela fé. Em segundo, deu o dízimo. Depois, resgatou Ló e, por último, foi o líder de sua casa. Durante o tempo em que Abraão conduziu sua família terrena, o Senhor o provou e capacitou, a fim de torná-Io o líder da família de Deus. Essa é a razão por que Paulo diz a Timóteo que o pastor deve primeiro demonstrar que sabe governar a própria família, para então liderar a família de Deus.

Era dever de Abraão circuncidar o seu filho, deixar lhe uma herança, ensinar-lhe um ofício e escolher uma esposa para ele.

Moisés era responsável pela circuncisão do filho, mas foi negligente neste aspecto. Não sei por que isso se deu. A julgar pela minha experiência como pastor, posso imaginar que Moisés tenha ficado ocupado demais com o que Deus lhe ordenara fazer, e deixado o dever de cuidar da família por conta da esposa, Zípora. No entanto, ela não tinha a mesma origem e criação de Moisés, tampouco possuía o entendimento que o marido herdara a respeito de Deus e de Abraão. Então, no momento em que se viu forçada a circuncidar o filho, ela repreendeu o marido. Talvez a razão de Moisés ter pecado, negligenciando o aspecto mais importante de sua vida - isto é, a missão de pai - tenha sido conseqüência de se achar em jugo desigual. A esposa, midianita, era tolerante demais com o filho e Moisés, por sua vez, tolerante demais com ela.

Antes de Moisés assumir a liderança do povo de Deus, o Senhor lhe deu uma lição. Moisés não tinha escapatória. O Senhor lhe mostrou, de um modo extremamente duro, que nenhum homem escapa da lei de Deus!

O Senhor não usou termos dúbios. Deixou claro que homem nenhum está desobrigado de seguir os princípios divinos! Nenhum homem pode se abster da Palavra de Deus.

Eli era sacerdote em Israel e conhecedor da lei de Deus. Sabia de sua responsabilidade como pai e, no entanto, seus filhos se tornaram "filhos de Belial". Eram perversos, mundanos, egoístas, mal-educados e desprezíveis, e essa má conduta levava o povo a pecar. Eli soube do comportamento deles e os repreendeu. No entanto, errou por não afastá-Ios da posição de liderança que ocupavam. Com isso, Deus lhe disse que ele estava honrando mais aos filhos do que ao próprio Senhor.

O juízo de Deus sobre Eli foi severo, mas justo. Ele cortou a descendência do sacerdote.Que motivo levou esse homem a experimentar algo tão trágico já ao final dos seus longos anos de

serviço ao Senhor?Talvez o ministério de Eli - que era, na verdade, seu trabalho - tenha se tornado um ídolo para ele.

Pode ser que o sacerdote tivesse dedicado mais tempo ao seu ofício do que ao Senhor. Até hoje, muitos e muitos homens fazem o mesmo. É uma prática costumeira, mas que vai contra a Bíblia. Na prática, os filhos de Eli não tiveram um pai presente. Não estavam "perdidos no mundo", mas eram jovens religiosos, irreverentes e manipuladores. Faziam as coisas apenas para impressionar os outros, eram falsos e tinham o

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coração endurecido. Características comuns, porém contrárias às coisas espirituais.Vejamos quais são os deveres de um pai de verdade, um genuíno filho de Abraão e de Deus.Em primeiro lugar, circuncide seu filho. No Novo Testamento, a circuncisão equivale a se empenhar

para que os filhos se tornem cristãos genuínos, nascidos do Espírito de Deus. Deus deu ao pai a incumbência de levar os filhos a conhecer o Senhor. O homem é responsável diante de Deus por essa tarefa. Muitas vezes, o marido abdica dessa responsabilidade e a deixa por conta da esposa. O homem é prejudicado por isso e nem se dá conta. Quando se nega a acatar a responsabilidade recebida do Senhor de ser o líder espiritual do lar, ele fica sob o juízo de Deus. Depois se pergunta por que o Senhor não o abençoa. O motivo é óbvio!

Em segundo lugar, o pai deve deixar uma herança para o filho. Abraão deixou aos seus descendentes um grande legado de fé e de bens materiais, além da responsabilidade de administrar bem a herança, para a riqueza aumentar, em vez de diminuir. Se Deus não desejasse que os filhos herdassem o ministério dos pais, então, não seria conhecido como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. A questão, no entanto, é que Isaque e Jacó tiveram de Cavar novamente os poços que Abraão escavara. O ministério pode passar de pai para filho, mas a unção, não. A unção é algo que o filho precisa buscar por si só e apenas em Deus. O mesmo vale para a administração dos negócios. O filho só poderá assumir as atividades do pai quando demonstrar ter condições de fazê-Io. E só assim sua liderança será aceita.

Em terceiro lugar, ensine-lhe um ofício. Em muitos países, e em várias áreas, esse tipo de aprendizado é ainda comum. Em outros lugares, como nos Estados Unidos, já não é tão freqüente mais. Não obstante, o pai pode ensinar ao filho a ética no trabalho e mostrar-lhe o valor do dinheiro, dentre outras lições que o prepararão para a vida.

Por último, encontre uma esposa para ele. Em alguns países, a prática do casamento arranjado é ainda corrente. Nos dias de Abraão, os homens não se casavam com a mulher amada, mas passavam a amar verdadeiramente a esposa que tomavam. Hoje, as pessoas se casam com quem amam, mas deixam de amá-Ia depois do casamento.

O pai de hoje talvez não arranje um casamento para o filho(a), mas pode, em lugar disso, mostrar-lhe como a aliança do casamento é sagrada e valiosa aos olhos de Deus. Pode ensinar-lhe o valor da virgindade, isto é, da dádiva que Deus nos dá e que podemos entregar somente uma vez na vida a uma única pessoa. Isso é o que torna a virgindade tão especial e sagrada. De fato, ela é tão subli me, importante, sagrada e preciosa, que Deus planejou que o solteiro a concedesse uma única vez a uma só pessoa.

Ser um bom pai é a missão mais nobre que pode existir. Quem é padrasto provavelmente precisará de mais graça e sabedoria do que o pai biológico, pois o

padrasto precisa conquistar o direito à autoridade, ao passo que o pai natural já o tem automaticamente.Jesus deixou um princípio de suma importância para padrasto e para os filhos herdados em virtude do

casamento. "Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso." (Lc 16.12.)Num dos eventos que realizamos em Phoenix, um homem se colocou de pé e declarou:"Não conseguia entender por que eu enfrentava certas dificuldades com meus dois enteados, sendo

que com meus dois filhos biológicos eu não tinha esses problemas. Mas ao ouvir esse princípio, me dei conta de que não tenho me dedicado aos meus enteados como me dedico aos meus filhos. Decidi que a partir de amanhã, não haverá mais nenhuma diferença entre eles."

Assim que ele terminou, todos os presentes se puseram de pé e o aplaudiram.Por que é que o homem é tão importante?Os cinco primeiros livros da Bíblia nada mais são do que o relato da vida de sete homens.Deus revela a sua própria história através de varões. Ele se dá a conhecer a nós como nosso Pai.Nós, homens, podemos nos revelar aos nossos filhos como pais. No Antigo Testamento, o sacerdote

era um mediador, isto é, aquele que intercedia a Deus em favor do povo. Ele ministrava a graça divina àqueles que se achavam sob sua tutela e era chamado de "pai". Do mesmo modo, o chefe de família atua como o "sacerdote" do lar.

É por esse motivo que todo homem tem de orar pelos filhos e apresentá-Ios diante do Senhor, antes de falar do Senhor a eles.

Profeta, sacerdote, rei, progenitor, pai. Seja homem! Um varão de verdade! Seja semelhante a Cristo em tudo o que fizer para sua família e na companhia dela. Seus fi lhos e esposa precisam de um homem assim.

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A sociedade necessita de homens desse quilate. E o reino de Deus também.

ASSUNTOS PARA UMA REFLEXÃO DIALÉTICA DO CASAL

1. Ele trata melhor o cachorrinho do que eu quando chega do trabalho.2. Quando a língua é um instrumento que fere. (Marido)3. Nosso desequilíbrio financeiro tem provocado constantes conflitos. (Marido/Esposa)4. Ele é bom para todo mundo, menos pra mim. (Esposa)5. Ele(a) só sabe me criticar, nunca faz elogio. (Esposa/Marido)6. Por que não nos comunicamos na vida a dois? (Marido/Esposa)7. Meu marido pastoreia o coração de todas as ovelhas, menos a “ovelha mais próxima” que sou eu, sua

esposa.8. Eu tenho dificuldade em perdoar. Ela(e) nunca me pede perdão quando erra.9. Preciso de toque, carinho, sem sexo (esposa).10. Ele nunca toma decisão alguma. Eu tenho que resolver tudo. (Esposa)11. Ele é uma coisa na igreja, outra na rua e outra em casa. (Esposa)12. Ela sempre me diz que submissão é auto-escravizar-se ou ser “empregada doméstica de luxo” do marido.

Á luz da Bíblia, o que é submissão? (Marido)13. Envolvi-me emocionalmente com uma pessoa, e nem ela(e) sabe disto. Devo contar para o meu

conjugue para ele(a) me ajude? (Marido/Esposa)14. O excesso de TV está destruindo meu casamento. (Marido/Esposa)15. Ele nunca vai ao supermercado, à feira ou ao shopping center comigo. Só ando sozinha. (Esposa) 16. Ele não se arruma. (Esposa)17. Sempre brigamos, ela(e) joga os filhos contra mim. (Marido/Esposa)18. Ele é viciado em Internet. Já tivemos sérias brigas por causa disso. (Esposa)19. Ele me magoa o dia inteiro; e depois, à noite quer ter relações sexuais comigo. Ele só pensa nele, e nunca

se preocupa com a minha satisfação sexual. (Esposa)20. Ele quer que eu pratique sexo anal. (Esposa)21. Nós nem bem começamos o ato sexual e ele já termina (Esposa)22. Ele fica indiferente e me despreza quando eu estou menstruada. (Esposa)23. Eu tenho sonhos eróticos com outras mulheres. Devo contar para minha esposa, a fim de que ela me

ajude?24. Não agüento mais o mau-humor pré-menstrual da minha esposa. (Marido)25. Tudo indica que está com problema na próstata, porém não quer ir ao médico. (Esposa)26. Até que idade o casal pode praticar o ato sexual?

BIBLIOGRAFIA

1.APOLONIO, José. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 4º Trimestre de 1993, Lição 1. 2.COLE, Edwin Louis. Homem ao Máximo. Belo Horizonte, MG: Betânia, 2006.3.GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1º Trimestre de 2000, Lição 2.4.GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 4º Trimestre de 1996, Lição 9. 5.GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 4º Trimestre de 1996, Lição 6. 6.GONÇALVES, Josué. 104 Erros que Uma Casal Não Pode Cometer. São Paulo, SP. Editora Mensagem Para Todos, 2004. 7.MUNROE, Myles; BURROWS, David. Pais e Filhos no Reino de Deus. Rio de Janeiro, RJ. Editora Central

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Gospel, 2009.8.GILBERTO, Antônio. A Família Cristã. Campinas, SP. Editora CELUS, 1986.

DISCIPLINA: PROJETO SEMEAR

Prezados obreiros e membros,

Informamos que o Projeto Semear é um projeto implantado pela Diretoria da Assembleia de Deus Belo Horizonte, com o objetivo de buscar a excelência e crescimento de nossa Igreja em todas as nossas congregações no Estado de Minas Gerais.

Sabemos que não é fácil a tarefa ordenada pelo Nosso Senhor Jesus, todavia, não podemos recuar diante deste nobre desafio de buscar vidas para o Reino dos Céus, diante disto, contamos com sua cooperação para a implantação deste projeto em sua congregação, pois dados nos mostram que as congregações que utilizaram as ferramentas oferecidas pela Bíblia Sagrada e pelo Projeto Semear, alcançaram um crescimento considerável, e mais, reduziram o índice de pessoas que saem das igrejas.

Assim, não podemos furtar a oportunidade concedida por Deus, para que nós, obreiros na Seara do Senhor, alcancemos a cada dia mais, vidas para serem apresentadas a Deus na eternidade.

Somemos nossas forças, e unidos no mesmo propósito, avancemos em direção a gloriosa promessa do Senhor Jesus, que irá recompensar a cada um, segundo a suas obras.

Lembremos das últimas palavras de David Brainerd, que assim expressou.

Declaro, agora, que estou morrendo, que não teria gasto minha vida de outro modo, ainda que em troca do mundo inteiro.

Oportunamente citamos as palavras do grande pregador Charles Haddon Spurgeon:

Se os pecadores serão condenados, que eles o sejam pelo menos passando por cima de nossos corpos. Se os pecadores hão de perecer, que eles o façam pelo menos tendo os nossos braços a agarrar-lhes os joelhos, implorando que fiquem. Se o inferno tem de ser cheio, que o seja pelo menos contra o vigor de nossos esforços, e não permitamos que ninguém vá para o inferno sem que o tenhamos advertido e por ele tenhamos orado.

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Queremos ainda fazer menção das nobres palavras de Dawith L. Moody:

Ganhar almas para Cristo é o meu negócio.

Assim, que ninguém diga de nós no dia do Juízo Final, que ninguém deponha contra nosso testemunho ou contra nossa missão, sob o argumento que não anunciamos o evangelho de Jesus Cristo a todos que estão em nossa volta, próximo de nós, conosco, a tempo e fora de tempo.

Conclusivamente, rogamos que o Senhor vos abençoe, e que o Espírito Santo conceda a graça e sabedoria, para que possamos aproveitar o tempo que se chama hoje, para anunciar o caminho, a porta, a felicidade, o gozo eterno, que se chama Jesus.

Fraternalmente,

Pr. Moisés Silvestre Leal Pr. Paulo Cezar Pereira Presidente Coordenador Geral Assembleia de Deus Assembleia de Deus Belo Horizonte Belo Horizonte Projeto Semear Projeto Semear

BIBLIOGRAFIA GERAL

1. KESSLER, Nemuel. O Culto e Suas Formas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.2. OLIVEIRA, Timóteo Ramos de. Manual do Candidato ao Santo Ministério. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007.3. FOSTER, Richard J. Celebração da Disciplina o Caminho do Crescimento Espiritual. São Paulo, SP. Editora Vida, 2007.4. CGADB, Conselho de Doutrina. Manual de Doutrina das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.5. GABY, Wagner Tadeu dos Santos. Relações Públicas Para Líderes Cristãos. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2004.6. ROBSON, Rocha; PAIXÂO, Rafael. Publicidade Para Igrejas. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.7. MARTINS, Jeziel Guerreiro. Manual de Celebrações do Ministro Para Eventos e Cerimônias Religiosas. A. D. Santos Editora, 2009.8. CARUSO, Luís tradução. Manual do Ministro Para Cerimônias Religiosas. São Paulo, SP. Editora Vida, 2005.9. KESSLER, Nemuel. Ética Pastoral O Comportamento do Pastor Diante de Deus e da Sociedade. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.10. ANDRADE, Claudionor de. As Disciplinas da Vida Cristã Como Alcançar a Verdadeira Espiritualidade. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2008.11. CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.12. SIMPSON. Michael L. Permissão Para Evangelizar. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007.13. WHITE, Robert. A Igreja Revestida de Poder. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007.14. BICEGO, Valdir. Manual de Evangelismo Aprendendo a Ganhar Almas Para Cristo. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.15. SANDE, Ken. O Pacificador. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.16. SILVA, Severino Pedro da. A Igreja e as Sete Colunas da Sabedoria. Rio de Janeiro, RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2010.

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