apostila de toxicologia

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Apostila de

TOXICOLOGIA OCUPACIONAL

Prof DSc. Rita Wetler Tonini1- TOXICOLOGIAA Toxicologia a cincia que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substncias qumicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substncias qumicas.Trata-se de uma Cincia multidisciplinar, onde os conhecimentos esto inter-relacionados. Envolvendo assim, especialistas com diferentes formaes profissionais

A Toxicologia se apia em 3 elementos bsicos:i) O agente qumico (AQ) capaz de produzir um efeito;ii) O sistema biolgico (SB) com o qual o AQ ir interagir para produzir o efeito;iii) O efeito resultante, que pode ser adverso (ou txico) para o SB.2- REAS DA TOXICOLOGIAToxicologia Ambiental: efeitos nocivos produzidos por substncias qumicas presentes no macro ambiente dos seres vivos.Toxicologia Ocupacional: efeitos nocivos produzidos pelas substncias qumicas presentes no meio ocupacional (micro ambiente) do homem.Toxicologia de Alimentos: estuda os efeitos adversos produzidos por agentes qumicos presentes nos alimentos, sejam estes de origem biognica ou antropognica. Toxicologia de Medicamentos: efeitos adversos decorrentes do uso inadequado de medicamentos, da interao medicamentosa ou da susceptibilidade individual.Toxicologia Social: efeito nocivo dos agentes qumicos usados pelo homem em sua vida de sociedade seja sob o aspecto individual ou social.Ecotoxicologia: estudo dos efeitos adversos de agentes qumicos ou fsicos no ecossistema.

Todas estas reas podero ser estudadas sob trs aspectos distintos: o clnico, o analtico e o experimental.3- AGENTE TXICODiz-se de qualquer substncia qumica que, interagindo com um organismo vivo, capaz de produzir um efeito txico, seja este uma alterao funcional ou a morte.

Toda a substncia qumica potencialmente txica, este potencial pode se transformar em risco com base em 3 fatores:- Dose recebida

- Sensibilidade do receptor concentrao recebida- Via de contato

Todas as substncias so venenos, no h uma que no seja. A dose correta que diferencia um veneno de um remdio (PARACELSUS-1493-1541).

3.1- Classificao dos Agentes Txicos- Quanto natureza: Naturais ou Sintticos

- Quanto ao rgo ou sistema onde atuam: Hepatotxico, Neurotxico, Nefrotxico, Genotxico, etc.

- Quanto s caractersticas fsicas: Slidos, Lquidos, Gases, vapores, partculas

- Quanto s caractersticas qumicas: Halognios, Metais, Produtos alcalinos, Hidrocarbonetos alifticos, HPAs, etc.

4- TOXICIDADE

Toxicidade capacidade do agente qumico, de produzir maior ou menor efeito nocivo sobre os organismos vivos, em condies padronizadas de uso.

- Substncia muito txica: causar dano a um organismo se for administrada em quantidades muito pequenas.

- Substncia de baixa toxicidade: somente produzir efeito quando a quantidade administrada for muito grande.

4.1- Fatores que influem na toxicidade- Fatores ligados ao agente qumico:

- propriedades fsico-qumicas (solubilidade, grau de ionizao, coeficiente de partio leo/gua, tamanho molecular, estado fsico, etc.);

- impurezas e contaminantes;

- fatores envolvidos na formulao (veculo, adjuvantes)

- Fatores relacionados com o organismo:

- espcie, linhagem, fatores genticos;

- fatores imunolgicos, estado nutricional, dieta;

- sexo, estado hormonal, idade, peso corpreo;

- estado emocional, estado patolgico

- Fatores relacionados com a exposio:

- via de introduo;

- dose ou concentrao

- Fatores relacionados com o ambiente:

- temperatura, presso, radiaes, luz, umidade, etc.

5- INTOXICAO

um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e sintomas que revelam o desequilbrio orgnico produzido pela interao do agente qumico com o sistema biolgico. Corresponde ao estado patolgico provocado pelo agente txico, em decorrncia de sua interao com o organismo.

Efeito txico=

Dose da substncia+Tempo contatoSuficientes para quebrar a homeostasia do organismo5.1- Fases da intoxicaoFase de Exposio: corresponde ao contato do agente txico com o organismo. Representa a disponibilidade qumica das substncias qumicas e passveis de serem introduzidas no organismo.Fase Toxicocintica: consiste no movimento do AT dentro do organismo. formada pelos processos de absoro, distribuio, armazenamento e eliminao (biotransformao e excreo). Todos esses processos envolvem reaes mtuas entre o agente txico e o organismo, conduzindo disponibilidade biolgica.Fase Toxicodinmica: corresponde ao do AT no organismo. Atingindo o alvo, o agente qumico ou seu produto de biotransformao interage biolgicamente causando alteraes morfolgicas e funcionais, produzindo danos.Fase Clnica: corresponde manifestao clnica dos efeitos resultantes da ao txica. o aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o efeito txico e evidenciam a presena do fenmeno da intoxicao.

5.1.1- Fase de exposioExposio a medida do contato entre o AT e a superfcie corprea do organismo e sua intensidade depende de fatores, tais como:

5.1.1.1- Via ou local de exposio: As principais vias de exposio, atravs das quais os AT so introduzidos no organismo so:- via gastrintestinal (ingesto)

- via pulmonar (inalao)

- via cutnea (contato)

Embora no to importante para a Toxicologia como estas trs, existe tambm a via parenteral. A via de introduo influi tanto na potncia quanto na velocidade de aparecimento do efeito txico. A ordem decrescente de eficincia destas vias : via endovenosa > pulmonar > intraperitoneal > sub-cutnea > intra muscular > intra-drmica > oral > cutnea.

Estas vias ganham maior ou menor importncia, de acordo com a rea da Toxicologia em estudo. Assim, a via pulmonar e a cutnea so as mais importantes na Toxicologia Ambiental e Ocupacional, a via gastrointestinal na Toxicologia de Alimentos, de Medicamentos, em casos de suicdios e homicdios, e a via parenteral tem certa importncia na Toxicologia Social e de Medicamentos (Farmacotoxicologia).5.1.1.2- Durao e freqncia da exposio: A durao de uma exposio importante na determinao do efeito txico, assim como na intensidade destes. Geralmente a exposio pode ser classificada, quanto durao em:

- exposio aguda: exposio nica ou mltipla que ocorra em um perodo mximo de 24 horas

- exposio sub-aguda: aquela que ocorre durante algumas semanas (at 1 ms)

- exposio sub-crnica: aquela que ocorre durante alguns meses (geralmente entre 1 e 3 meses)

- exposio crnica: ocorre por um tempo maior do que 3 meses.

Quanto freqncia da exposio observa-se que, geralmente, doses ou concentraes fracionadas podem reduzem o efeito txico, caso a durao da exposio no seja aumentada. Assim, uma dose nica de um agente que produz efeito imediato e severo, poder produzir menos do que a metade ou nenhum efeito, quando dividida em duas ou mais doses, administradas durante um perodo de vrias horas ou dias. No entanto, importante ressaltar que a reduo do efeito provocado pelo aumento de freqncia (ou seja, do fracionamento da dose) s ocorrer quando:

i) A velocidade de eliminao maior do que a de absoro, de modo que os processos de biotransformao e/ou excreo ocorram no espao entre duas exposies;

ii) O efeito txico pela substncia parcial ou totalmente revertido antes da exposio seguinte.

Se nenhuma destas situaes ocorrerem, o aumento de freqncia resultar em efeitos txicos crnicos.5.2 - Fase toxicocinticaNesta fase tem-se a ao do organismo sobre o agente txico, procurando diminuir ou impedir a ao nociva da substncia sobre ele. de grande importncia, porque dela resulta a quantidade de AT disponvel para reagir com o receptor biolgico e, consequentemente, exercer a ao txica. A fase toxicocintica constituda dos seguintes processos:

- Absoro

- Distribuio

- Eliminao: biotransformao e excreoPode-se notar que, nesta fase, o agente txico dever se movimentar pelo organismo. Para tal, ter que, frequentemente, transpor membranas biolgicas. Assim, muito importante o conhecimento dos fatores que influem no transporte das substncias qumicas pelas membranas.Fatores que influem no transporte por membranas: podem ser agrupados em duas classes distintas: os relacionados com a membrana, e aqueles relacionados com a substncia qumica.Fatores relacionados com a membrana

- Estrutura da membrana

- Espessura da membrana

- rea da membranaDentre estes 3 fatores, destaca-se a estrutura da membrana. Sabe-se que a membrana biolgica constituda de uma bicamada lipdica, contendo em ambos os lados, molculas de protenas que penetram e s vezes transpem esta camada. Os cidos graxos presentes na camada lipdica no possuem uma estrutura cristalina rgida, ao contrrio, na temperatura fisiolgica eles tm caractersticas quase fludas. Portanto, o carter fludo das membranas (e sua permeabilidade) determinado principalmente pela estrutura e proporo relativa de cidos graxos insaturados presentes na regio. Este modelo denominado de mosaico fludo, foi proposto por SINGER & NICOLSON em 1972 e o mais aceito atualmente.

Fatores relacionados com a substncia qumica

Lipossolubilidade: Devido constituio lipoprotica das membranas biolgicas, as substncias qumicas lipossolveis, ou seja, apolares, tero capacidade de transpo-la facilmente, pelo processo de difuso passiva. J as substncias hidrossolveis no transporo estas membranas, a no ser que tenham pequeno tamanho molecular e possam ser filtradas, atravs dos poros.

Grau de ionizao ou de dissociao: A maioria dos agentes txicos so cidos fracos ou bases fracas que possuem um ou mais grupos funcionais capazes de se ionizarem. A extenso desta ionizao depender do pH do meio em que a substncia est presente e do seu prprio pKa. importante relembrar que a forma ionizada polar, hidrossolvel e com pouca ou nenhuma capacidade de transpor membranas por difuso passiva. Quando o pH do meio igual ao pKa de um composto, a metade deste estar na forma ionizada e a outra metade na forma no-ionizada. Importante ressaltar que o pKa sozinho no indica se um composto tem carter cido ou bsico, j que os cidos fracos tem pKa elevado, mas as bases fortes tambm o tem. Da mesma maneira os cidos fortes tem pKa baixo assim como as bases fracas.

5.2.1- Absoro: a passagem do AT do meio externo para o meio interno, atravessando membranas biolgicas. O meio externo na absoro pode ser o estmago, os alvolos, o intestino, ou seja, dentro do organismo, mas fora do sangue. Existem trs tipos de absoro mais importantes para a Toxicologia.5.2.1.1- Absoro pelo trato gastrintestinal (TGI) ou Oral: Uma vez no TGI, um agente txico poder sofrer absoro desde a boca at o reto, geralmente pelo processo de difuso passiva. So poucas as substncias que sofrem a absoro na mucosa bucal, principalmente porque o tempo de contato pequeno no local. Estudos feitos experimentalmente, no entanto, mostram que cocana, estricnina, atropina e vrios opiides podem sofrer absoro na mucosa bucal. Esta absoro dependente, principalmente, da lipossolubilidade (quanto maior, mais fcil ser a absoro) e resulta em nveis sanguneos elevados, j que as substncias no sofrero a ao dos sucos gastrintestinais.

No sendo absorvido na mucosa bucal, o AT tender a sofrer absoro na parte do TGI onde existir a maior quantidade de sua forma no-ionizada (lipossolvel). De maneira geral, os cidos fracos no se ionizam em meio cido, como o do estmago, sendo assim absorvidos na mucosa gstrica, enquanto as bases fracas por no se ionizarem no pH intestinal, sero absorvidas no local. Embora a maioria dos AT sofram absoro no TGI por difuso passiva, existem alguns que sero absorvidos por processo especial, mais precisamente por transporte ativo. Exemplo: o chumbo absorvido por transporte ativo e utiliza o sistema que transporta o clcio; o tlio transportado pelo sistema carregador responsvel pela absoro de Fe, etc.

5.2.1.2- Absoro Cutnea: A pele ntegra uma barreira efetiva contra a penetrao de substncias qumicas exgenas. No entanto, alguns xenobiticos podem sofrer absoro cutnea, dependendo de fatores tais como a anatomia e as propriedades fisiolgicas da pele e propriedades fsico-qumicas dos agentes.

A pele formada por duas camadas: a epiderme que a camada mais externa da pele; e a derme, que formada por tecido conjuntivo, onde se observa a presena de vasos sangneos, nervos, folculos pilosos, glndulas sebceas e sudorparas. Estes trs ltimos elementos da derme permitem o contato direto com o meio externo, embora no existam dados que demonstrem haver absoro atravs das glndulas citadas. As substncias qumicas podem ser absorvidas, principalmente, atravs das clulas epidrmicas (absoro transepidrmica) ou folculos pilosos (absoro transfolicular).

Fonte: http://www.colegioweb.com.bri) Absoro transepidrmica: o tipo de absoro cutnea mais frequente, devido ao elevado nmero de clulas epidrmicas existente, embora no seja uma penetrao muito fcil para os AT devido proteo da camada queratinosa.ii)Absoro transfolicular: Algumas substncias qumicas podem penetrar pelos folculos pilosos, alcanando rapidamente a derme. uma penetrao fcil para os agentes qumicos, uma vez que eles no necessitam cruzar a camada de queratina da pele. Qualquer tipo de substncia qumica, seja ela lipo ou hidrossolvel, ionizada ou no, gs ou vapor, cida ou bsica, pode penetrar pelos folculos. uma absoro tambm importante para alguns metais.5.2.1.3- Absoro pelo trato pulmonar: A via respiratria a via de maior importncia para Toxicologia Ocupacional. A grande maioria das intoxicaes Ocupacionais decorrente da aspirao de substncias contidas no ar ambiental. O fluxo sangneo contnuo exerce uma ao de dissoluo muito boa e muitos agentes qumicos podem ser absorvidos rapidamente a partir dos pulmes. Os agentes passveis de sofrerem absoro pulmonar so os gases os vapores e os aerodispersides. Estas substncias podero sofrer absoro, tanto nas vias areas superiores, quanto nos alvolos.Gases e Vapores

i) Vias Areas Superiores (VAS): Geralmente no dada muita ateno para a absoro destes compostos nas vias areas superiores. Deve-se considerar, no entanto, que muitas vezes a substncia pode ser absorvida na mucosa nasal, evitando sua penetrao at os alvolos. A reteno parcial ou total dos agentes no trato respiratrio superior est ligada hidrossolubilidade da substncia. Quanto maior a sua solubilidade em gua, maior ser a tendncia de ser retido no local. Visto sob este ngulo, a umidade constante das mucosas que revestem estas vias, constitui um fator favorvel. H, no entanto, a possibilidade da ocorrncia de hidrlise qumica, originando compostos nocivos, tanto para as vias areas superiores quanto para os alvolos. Ex.: dixido de enxofre (SO2) + H2O ( cido sulfrico.

Isto importante porque estes produtos formados, alm dos efeitos irritantes, favorecem tambm a absoro deles ou de outros agentes pela mucosa j lesada. Assim, nem sempre, a reteno de gases e vapores nas vias areas superiores sinnimo de proteo contra eventuais efeitos txicos.ii) Alvolos: Nos alvolos pulmonares duas fases esto em contato, uma gasosa formada pelo ar alveolar; e outra lquida representada pelo sangue. As 2 fases so separadas por uma barreira dupla: o epitlio alveolar e o endotlio capilar. Diante de um gs ou de um vapor, o sangue pode se comportar de duas maneiras diferentes: como um veculo inerte, ou como meio reativo. Em outras palavras, o agente txico pode dissolver-se simplesmente por um processo fsico ou, ao contrrio, combinar-se quimicamente com elementos do sangue. No primeiro caso tem-se a dissoluo do AT no sangue, que puramente fsica e no segundo caso a reao qumica, ocorre aqui uma fixao entre o AT e o sangue que depender da afinidade qumica entre estes dois elementos. So vrias as substncias qumicas que se ligam quimicamente ao sangue so monxido de carbono (CO), chumbo, mercrio, etc.Material particulado ou aerodispersides:

Aerodispersides so partculas slidas ou lquidas de pequeno tamanho molecular, que ficam em suspenso no ar, por um perodo longo de tempo. Geralmente, somente as partculas com dimetro menor ou igual a 1(m atingiro os alvolos e podero sofrer absoro. As partculas que possuem dimetro maior ficaro retidas nas regies menos profundas do trato respiratrio. A penetrao e reteno dos aerodispersides no trato pulmonar depende de fatores como:

Dimetro da partcula: o dimetro das partculas nem sempre indica o seu comportamento no aparelho respiratrio. importante considerar o dimetro aerodinmico que funo do tamanho (dimetro fsico) e da densidade da partcula. Quanto maior o dimetro aerodinmico, menor a penetrao ao longo das vias areas superiores. Assim, se existem duas partculas com o mesmo dimetro fsico, a de maior densidade ter o maior dimetro aerodinmico e penetrar menos ao longo das vias areas superiores (VAS).

Hidrossolubilidade: devido umidade existente nas VAS, as partculas hidrossolveis tendero a ficar retidas na parte superior do trato pulmonar, sem alcanar os alvolos.

Condensao: o tamanho das partculas no aparelho respiratrio pode ser alterado pela aglomerao ou por adsorso de gua, originando partculas maiores. Influem na condensao a carga da partcula, as propriedades fsico-qumicas da substncia, o tempo de reteno no trato respiratrio, etc.

Temperatura: ela pode aumentar o movimento browniano (movimento natural e ao acaso de partculas coloidais pequenas), o que provocar maior coliso das partculas e, consequentemente, sua maior condensao e maior reteno.

Mecanismos de Remoo dos Aerodispersides do Trato Pulmonar: Nem todas partculas que se depositam no aparelho pulmonar sero retidas nele. Se assim fosse, calcula-se que, aps 20-30 anos de trabalho, os mineiros deveriam ter cerca de 1 kg de partculas retidas em seus pulmes. No entanto, os estudos detectaram apenas cerca de 20g o que demonstra um eficiente sistema de remoo ou de clearence pulmonar. Os mecanismos de remoo vo depender do local de deposio. Assim:

Regio nasofarngea: as partculas so removidas pelo muco, associado ao movimento dos clios, que vibram em direo faringe. o chamado movimento mucociliar. Na regio nasofarngea a velocidade de clearence muito rpida. A remoo ocorre em minutos.

Regio traqueobronquial: o processo de remoo o mesmo anterior (movimento mucociliar), sendo que a tosse, ocasionada pela presena de corpo estranho na regio, pode auxiliar nesta remoo. Algumas substncias tais como o SO2, amnia e tambm a fumaa de cigarro diminuem a velocidade de remoo nesta regio, mas, normalmente, nesta regio, a velocidade de remoo rpida, e esta ocorre em minutos ou horas. Em regies mais profundas dos brnquios esta velocidade de remoo moderada (cerca de horas).

Regio alveolar: os epitlios dos bronquolos e dos alvolos so desprovidos de clios. O muco est presente devido secreo das clulas epiteliais. Esse muco se move em direo ao epitlio ciliado. Sabe-se que este mecanismo capaz de remover as partculas em direo s vias areas superiores e que ele estimulado pela presena das prprias partculas nos alvolos. Outro mecanismo de remoo a fagocitose, realizada pelos macrfagos presentes em grande nmero na regio. Os fagcitos contendo as partculas podem migrar em duas direes: - at aos brnquios onde so eliminados pelo movimento mucociliar (que o mais comum); ou at ao sistema linftico, atravs da penetrao pelas paredes dos alvolos. A fagocitose pode remover at 80% das partculas presentes nos alvolos. Na regio alveolar a velocidade de clearence lenta, podendo levar de dias at anos para ocorrer. Ela vai depender do tipo de partcula e do mecanismo de remoo. As partculas presentes nos alvolos, que no foram removidas ou absorvidas, podem ficar retidas na regio, causando as chamadas Pneumoconioses.

5.2.2- Distribuio: Aps a entrada do AT na corrente sangnea, seja atravs da absoro ou por administrao direta, ele estar disponvel para ser distribudo pelo organismo. Normalmente a distribuio ocorre rapidamente e a velocidade e extenso desta depender principalmente dos seguintes fatores:

- Fluxo sangneo atravs dos tecidos de um dado rgo;

- Facilidade com que o txico atravessa a membrana e penetra nas clulas de um tecido.

Assim, aqueles fatores que influem no transporte por membranas, discutidos anteriormente, sero importantes tambm na distribuio. Alguns agentes txicos no atravessam facilmente as membranas celulares e por isto tem uma distribuio restrita enquanto outros, por atravess-las rapidamente, se distribuem atravs de todo organismo. Durante a distribuio o agente alcanar o seu stio alvo, que o rgo ou tecido onde exercer sua ao txica, mas poder, tambm, se ligar a outros constituintes do organismo, concentrando-se em algumas partes do corpo.

Em alguns casos, estes locais de maior concentrao so tambm os stios de ao e disto resultam efeitos altamente prejudiciais. o caso do monxido de carbono (CO), para o qual o sangue representa tanto o local de concentrao quanto o de ao txica. Felizmente para o homem, no entanto, a grande maioria dos AT atinge seus maiores nveis em locais diferentes do stio alvo (exemplo: Pb armazenado nos ossos e atua nos tecidos moles). Este acmulo do AT em outros locais que no o de ao, funciona como uma proteo ao organismo, uma vez que previne uma elevada concentrao no stio alvo. Os agentes txicos nos locais de concentrao esto em equilbrio com sua forma livre no sangue, e quando a concentrao sangnea decai, o txico que est concentrado em outro tecido liberado para a circulao e da pode atingir o stio de ao.

A importncia do sangue no estudo da distribuio grande, no s porque o principal fludo de distribuio dos AT, mas tambm por ser o nico tecido que pode ser colhido repetidamente sem distrbios fisiolgicos, ou traumas orgnicos. Alm disto, como o sangue circula por todos os tecidos, algum equilbrio pode ser esperado entre a concentrao do frmaco no sangue e nos tecidos, inclusive no stio de ao. Assim, a concentrao plasmtica fornece melhor avaliao da ao txica do que a dose (a no ser quando a concentrao plasmtica muito baixa em relao concentrao nos tecidos).A distribuio do AT, atravs do organismo ocorrer de maneira no uniforme, devido a uma srie de fatores que podem ser reunidos em dois grupos:- Afinidade por diferentes tecidos, e

- Presena de membranas

5.2.1- Afinidade por diferentes tecidos- Ligao s protenas plasmticas (PP): Vrias protenas do plasma podem se ligar constituintes do corpo (ex.: cidos graxos, triptofano, hormnios, bilirrubinas, etc.) e tambm aos xenobiticos. A principal protena, sob o ponto de vista da ligao a xenobiticos, a albumina. Algumas globulinas tm tambm papel relevante na ligao aos agentes estranhos, especialmente queles de carter bsico. Destaca-se aqui a (1 glicoprotena cida.

Com exceo das substncias lipossolveis de carter neutro, que geralmente se solubilizam na parte lipdica das lipoprotenas, a ligao de frmacos s protenas plasmticas feita, usualmente, pela interao de grupos polares ou no polares dos AT com o(s) grupamento(s) protico(s). Ex.: os frmacos de carter cido se ligam em um nico stio de albumina, possivelmente ao nitrognio do aminocido terminal, que no homem, o cido asprtico.

O elevado peso molecular das protenas plasmticas impede que o complexo AT-PP atravesse pelas membranas dos capilares restringindo-o ao espao intravascular. Assim, enquanto ligado s protenas plasmticas, o AT no estar disponvel para a distribuio no espao extravascular. Deve-se observar, no entanto, que esta ligao reversvel (geralmente feita por pontes de hidrognio, foras de van der Waals, ligao inica), e medida que o agente livre se difunde atravs da membrana capilar, a frao ligada se dissocia das protenas tornando-se apta para ser distribuda. Esta ligao atua, portanto, graduando a distribuio dos xenobiticos e, consequentemente, a chegada ao stio de ao.

- Ligao Celular: Embora no to estudado como a ligao s protenas plasmticas, a ligao a outros tecidos exerce um papel muito importante na distribuio desigual dos agentes pelo organismo. Sabe-se a quantidade total de albumina plasmtica no homem corresponde a cerca de 0,4% do peso corpreo. A gua corprea total corresponde a 60% do peso corpreo, logo pode-se deduzir que os restantes 40% do peso corpreo de tecido no hidratado. Assim, a ligao de AT a componentes teciduais poder alterar significativamente a distribuio dos xenobiticos, j que a frao de AT ligada aos tecidos ser inclusive maior do que a ligada s protenas plasmticas. Sob o aspecto de ligao a xenobiticos, o tecido heptico e o renal tm um papel especial. Eles possuem elevada capacidade de se ligarem aos agentes qumicos e apresentam as maiores concentraes destes (e tambm de substncias endgenas), quando comparados com outros rgos.5.2.2- Presena de membranas

- Barreira Hematenceflica: esta barreira, que protege o crebro da entrada de substncias qumicas, um local menos permevel do que a maioria de outras reas do corpo. Assim, em contraste com outros tecidos, o AT tem dificuldade em se mover entre os capilares, tendo de atravessar no somente o endotlio capilar, mas tambm a membrana das clulas gliais, para alcanar o fludo intersticial. Uma vez que este fludo pobre em protenas, o AT no pode usar a ligao protica para aumentar a distribuio dentro do SNC. Estes fatos juntos atuam como um mecanismo de proteo, que diminui a distribuio e ao dos txicos no SNC, j que eles no entram no crebro em quantidades significativas. A eficincia da barreira hematoenceflica varia de uma rea do crebro para outra. No est claro se a maior permeabilidade destas reas decorre de um suprimento sanguneo mais rico ou de uma permeabilidade mais adequada da barreira ou dos dois fatores juntos.

Os princpios que regem o transporte das substncias atravs de membranas so tambm os que comandam a entrada de txicos no crebro. Assim, somente a forma livre estar apta para entrar no crebro, desde que seja lipossolvel

- Barreira Placentria: Durante anos, o termo barreira placentria demonstrou o conceito que a principal funo da placenta era proteger o feto contra a passagem de substncias nocivas provenientes do organismo materno. Sabe-se hoje que ela possui funes mais importantes, tais como a troca de nutrientes e gases, como O2, CO2, etc.. Este material vital necessrio para o desenvolvimento do feto transportado por processo ativo, com gasto de energia. J a maioria dos xenobiticos que consegue passar atravs da placenta, o faz por difuso passiva. Atualmente sabe-se que a placenta no representa uma barreira protetora efetiva contra a entrada de substncias estranhas na circulao fetal. Embora no totalmente efetiva na proteo do feto contra a entrada de AT, existem alguns mecanismos de biotransformao de frmacos, que podem prevenir a passagem placentria de alguns xenobiticos.

5.2.3- Armazenamento: Os agentes txicos podem ser armazenados no organismo, especialmente em dois tecidos distintos:

Tecido adiposo: Como a lipossolubilidade uma caracterstica fundamental para o transporte por membranas, lgico imaginar que os agentes txicos de uma maneira geral podero se concentrar no tecido adiposo. Os xenobiticos so armazenados no local atravs da simples dissoluo fsica nas gorduras neutras do tecido.

Tecido sseo: Um tecido relativamente inerte como o sseo pode tambm servir como local de armazenamento de agentes qumicos inorgnicos, tais como flor, chumbo e estrncio. O fenmeno de captura dos xenobiticos pelos ossos pode ser considerado essencialmente um fenmeno qumico, no qual as mudanas ocorrem entre a superfcie ssea e o lquido que est em contato com ela. O lquido o fludo extracelular e a superfcie envolvida a matriz inorgnica do osso. Assim, por exemplo, o fluoreto pode ser facilmente colocado no lugar da hidroxila e o Pb e Sr no lugar do Ca. O armazenamento de xenobiticos no tecido sseo poder, ou no, provocar efeitos txicos no local. O Pb no nocivo para os ossos, mas o flor pode provocar fluorose ssea e o Sr radioativo, osteosarcoma e outras neoplasias. Este armazenamento no irreversvel. O agente txico pode ser liberado dos ossos por trocas inicas ou descalcificao. Se, no lugar do clcio, o osso contiver um AT, este ser deslocado para a corrente sangnea, aumentando a sua concentrao plasmtica.

5.2.4- Eliminao: Se aceita atualmente, que a eliminao composta de dois processos distintos: a biotransformao e a excreo.

5.2.4.1- Biotransformao: Pode-se conceituar Biotransformao como sendo o conjunto de alteraes maiores ou menores que um agente qumico sofre no organismo, visando aumentar sua polaridade e facilitar sua excreo. Trata-se de um dos mecanismos de defesa, do organismo vivo, que busca impedir ou minimizar a ao farmacolgica ou txica de um frmaco sobre ele. A intensidade e durao de uma ao txica so determinadas, principalmente, pela velocidade de biotransformao do agente no organismo. Segundo alguns autores, se no existisse a biotransformao, o organismo humano levaria cerca de 100 anos para eliminar uma simples dose teraputica de pentobarbital, que um frmaco muito lipossolvel. A biotransformao pode ocorrer em qualquer rgo ou tecido orgnico como, por exemplo, no intestino, rins, pulmes, pele, etc. No entanto, a grande maioria das substncias, sejam elas endgenas ou exgenas sero biotransformadas no fgado.

Mecanismos da Biotransformao: A biotransformao pode ocorrer atravs de dois mecanismos:i) Mecanismo de Ativao da Biotransformao: produz metablitos com atividade igual ou maior do que o precursor, isto pode aumentar a toxicidade da substncia. ii) Mecanismo de Desativao: quando o produto resultante menos ativo (txico) que o precursor, esta situao a de ocorrncia mais comum para os xenobiticos. Os termos Metabolizao e Detoxificao so comumente encontrados na literatura cientfica, como sinnimos de biotransformao. Hoje, no entanto, se guarda o termo metabolizao para os elementos essenciais endgenos do organismo e sabe-se que detoxificao no sinnimo de Biotransformao. Isto porque detoxificao significa diminuio de toxicidade e nem todas as reaes de biotransformao, como citado acima, produziro metablitos menos txicos ou ativos que o seu precursor. Importncia da Biotransformao para as Anlises Toxicolgicas: A forma mais comum de se encontrar o agente txico em material biolgico como produto biotransformado. Assim, conhecendo a biotransformao do AT, sabe-se o que procurar na amostra enviada ao laboratrio. Alm disto, conhecendo-se a biotransformao e os metablitos formados, fica mais fcil saber que tipo de amostra a mais indicada para ser requisitada. Exemplo: a metanfetamina, um anorexgeno do grupo anfetamnicos usado como bolinha biotransformada no organismo, produzindo anfetamina, que excretada pelos rins. Assim, quando da ingesto ou intoxicao com a metanfetamina, que excretada na urina. Assim, o material biolgico enviado para anlise deve ser uma amostra de urina, e o produto principal a ser pesquisado dever ser a anfetamina. Os solventes clorados do tipo CHCl3 e CCl4 so pouco biotransformados no organismo e quando isto ocorre o produto formado geralmente o CO2, que ser, assim como os precursores, eliminados pelo ar expirado. Logo no adianta solicitar ou receber amostras de urina para serem analisadas.

5.2.4.2- Excreo: Este processo , muitas vezes, denominado Eliminao, embora pelo conceito atual a eliminao tambm o processo de biotransformao. A excreo pode ser vista como um processo inverso ao da absoro, uma vez que os fatores que influem na entrada do xenobitico no organismo podem dificultar a sua sada. Basicamente existem trs classes de excreo:i) Atravs das secrees: tais como a biliar, sudorpara, lacrimal, gstrica, salivar, lctea.ii) Atravs das excrees: tais como urina, fezes e catarro.iii) Pelo ar expirado.

Excreo Urinria: Trata-se do processo de excreo mais importante para a Toxicologia. Os glomrulos filtram substncias lipossolveis ou hidrossolveis, cidas ou bsicas, desde que tenham PM menor do que 60.000. A filtrao glomerular um dos principais processos de eliminao renal e est intimamente ligada a outro processo que a reabsoro tubular. As substncias, aps serem filtradas pelos glomrulos, podem permanecer no lmem do tbulo e serem eliminadas, ou ento podem sofrer reabsoro passiva atravs da membrana tubular. Isto vai depender de alguns fatores, tais como a hidrossolubilidade; o pKa da substncia e pH do meio. De modo geral, as substncias de carter alcalino so eliminadas na urina cida e as substncias cidas na urina alcalina. Isto porque nestas condies as substncias se ionizaro, tornando-se hidrossolveis e a urina , em sua maior parte, formada de gua.

Outro processo de excreo renal a difuso tubular passiva. Substncias lipossolveis, cidas ou bsicas, que estejam presentes nos capilares que circundam os tbulos renais, podem atravessar a membrana por difuso passiva e carem no lmem tubular. Dependendo do seu pKa e do pH do meio, elas podem, ou no, se ionizarem e, consequentemente, serem excretadas ou reabsorvidas.O terceiro processo de excreo renal a secreo tubular ativa. Existem dois processos de secreo tubular renal, um para substncias cidas e outro para as bsicas, estando estes sistemas localizados, provavelmente, no tbulo proximal. A secreo tubular tem as caractersticas do transporte ativo, ou seja, exige um carregador qumico, gasta energia, um mecanismo competitivo e pode ocorrer contra um gradiente de concentrao. Algumas substncias endgenas, tais como o cido rico, so excretadas por este mecanismo e a presena de xenobiticos excretados ativamente, pode interferir com a eliminao de substratos endgenos. A Penicilina um exemplo de xenobitico secretado ativamente pelos tbulos. O uso de Probenecid (frmaco excretado pelo mesmo sistema) evita que este antibitico seja secretado muito rapidamente do organismo. Geralmente, o que ocorre no organismo uma combinao dos trs processos de excreo renal, para permitir uma maior eficcia na eliminao dos xenobiticos.

Excreo Fecal e Catarral: No so processos muito importantes para a Toxicologia. Os AT encontrados nas fezes correspondem frao ingerida e no absorvida ou ento ao AT que sofreu secreo salivar, biliar ou gstrica. As partculas que penetram pelo trato pulmonar podem ser eliminadas pela expectorao no TGI e, se no forem reabsorvidas, sero, tambm, excretadas pelas fezes.

Secreo Biliar: Dentre as secrees orgnicas, a mais significativa para a excreo de xenobiticos a biliar. O fgado tem uma posio vantajosa na remoo de substncias exgenas do sangue, principalmente daquelas absorvidas pelo trato gastrintestinal. Isto porque, o sangue proveniente do TGI, atravs da circulao porta, passa inicialmente pelo fgado, e somente depois entra na circulao sistmica. No fgado parte do xenobitico pode ser biotransformado e os metablitos ou mesmo o produto inalterado pode ser secretado pela bile no intestino.

Existem, sabidamente, trs sistemas de transporte ativo para a secreo de substncias orgnicas na bile, a saber, para substncias cidas, bsicas e neutras. quase certa a existncia de outro sistema para os metais. Uma vez secretado no intestino, os xenobiticos podem sofrer reabsoro ou excreo pelas fezes. No se conhece o mecanismo que determina se a excreo ser urinria ou biliar. Esquematicamente temos:

Este o chamado ciclo entero heptico e a morfina um exemplo tpico de xenobitico que apresenta tal ciclo. Ela conjugada com cido glicurnico no fgado e o glicurondeo de morfina secretado pela bile no intestino. Neste local, pela ao da enzima (-glicuronidase, a morfina liberada e reabsorvida. O glicorondeo que no for lisado ser excretado pelas fezes.

Outras secrees: A eliminao atravs da secreo sudorpara j conhecida h muitos anos. Sabe-se que substncias tais como iodo, bromo, cido benzico, cido saliclico, chumbo, arsnio, lcool, etc., so excretadas pelo suor. O processo parece ser o de difuso passiva e podem ocorrer dermatites em indivduos suscetveis, especialmente quando se promove a sudorese para aumentar a excreo pela pele. A secreo salivar significativa para alguns xenobiticos. Os lipossolveis podem atingir a saliva por difuso passiva e os hidrossolveis podem ser eliminados na saliva, em velocidade proporcional ao seu peso molecular, atravs de filtrao. Geralmente as substncias secretadas com a saliva sofrem reabsoro no TGI.Existe um interesse em relao secreo de xenobiticos no leite, pois, atravs a amamentao, estes compostos acabam sendo ingeridos por recm-nascidos. Geralmente as substncias apolares sofrem difuso passiva do sangue para o leite e como esta secreo mais cida do que o sangue (ela tem pH = 6,5), os compostos bsicos tendem a se concentrarem mais a. J os compostos cidos tm uma concentrao lctea menor que a sangnea. Vrias substncias so, sabidamente, eliminadas pelo leite: DDT, PCB (difenil policlorados), Pb, Hg, AAS, morfina, lcool, etc.

Excreo pelo ar expirado: Gases e vapores inalados ou produzidos no organismo so parcialmente eliminados pelo ar expirado. O processo envolvido a difuso pelas membranas que, para substncias que no se ligam quimicamente ao sangue, depender da solubilidade no sangue e da presso de vapor. Estes xenobiticos so eliminados em velocidade inversamente proporcional reteno no sangue, que estimada pelo coeficiente de partio ar alveolar/sangue (K). Assim, gases e vapores com K elevado (pouco solveis no sangue) so rapidamente eliminados, enquanto os de K baixo (muito solveis no sangue) so lentamente excretados pelo ar expirado. A frequncia cardaca influi na excreo das substncias de K alto, enquanto a frequncia respiratria influencia a excreo de agentes de K baixo. Em relao presso de vapor, os lquidos mais volteis sero, quase exclusivamente, excretados pelo ar expirado.

Fatores que influem na velocidade e via de excreo:

- Via de Introduo: a via de introduo influi na velocidade de absoro, de biotransformao e, tambm, na excreo.- Afinidade por elementos do sangue e outros tecidos: geralmente o agente txico na sua forma livre est disponvel eliminao.

- Facilidade de ser biotransformada: com o aumento da polaridade a secreo urinria est facilitada.

- Frequncia respiratria: em se tratando de excreo pulmonar, aumentando-se a freqncia respiratria, as trocas gasosas ocorrero mais rapidamente.

- Funo renal: sendo a via renal a principal via de excreo dos xenobiticos, quaisquer disfuno destes rgos interferir na velocidade e proporo de excreo.

5.3- Fase toxicodinmicaEsta a terceira fase da intoxicao e envolve a ao do agente txico sobre o organismo. O AT interage com os receptores biolgicos no stio de ao e desta interao resulta o efeito txico. O rgo onde acontece a interao agente txico-receptor (stio de ao) no , necessariamente, o rgo onde se manifestar o efeito. Alm disto, mesmo que um AT apresente elevadas concentraes em um rgo, no significa obrigatoriamente, que ocorrer a uma ao txica. Geralmente os AT se concentram no fgado e rins (locais de eliminao) e no tecido adiposo (local de armazenamento), sem que haja uma ao ou efeito txico detectvel.Quando se considera a complexidade dos sistemas biolgicos (do ponto de vista qumico e biolgico), pode-se imaginar o elevado nmero de mecanismos de ao existentes para os agentes txicos. Alguns destes mecanismos, os principais em Toxicologia, so resumidos a seguir:

5.3.1- Interferncia com o funcionamento de sistemas biolgicos- Inibio irreversvel de enzimas: O exemplo clssico deste mecanismo so os inseticidas organofosforados, que inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase (AChE). Assim, impedem que a acetilcolina (Ach), um dos mais importantes neurotransmissores do organismo, seja degradada em colina e cido actico, aps transmitir o impulso nervoso atravs da sinapse. Ocorrer acmulo de Ach e, consequentemente, os efeitos txicos decorrentes deste acmulo.- Inibio reversvel de enzimas: Geralmente, os AT que atuam atravs deste mecanismo so anti-metablitos, ou seja, quimicamente semelhantes ao substrato normal de uma enzima. Assim, o agente txico captado pela enzima, mas no consegue ser transformado por ela, interrompendo assim reaes metablicas essenciais para o organismo. uma inibio reversvel porque o prprio organismo ao final da exposio capaz de revert-la. O exemplo clssico a dos inseticidas carbamatos, que inibem tambm a AChE, s que reversivelmente. Outro exemplo so os antagonistas do cido flico (usados no tratamento de tumores malignos e como herbicidas). Estas substncias inibem enzimas envolvidas na sntese das bases pricas e pirimdicas, impedindo que haja sntese de DNA e multiplicao celular. Como estes frmacos no tm ao seletiva, podem causar efeitos txicos em uma srie de tecidos e rgos.

- Sntese letal: Neste tipo de mecanismo de ao, o agente txico , tambm, um antimetablito. Ele incorporado enzima e sofre transformaes metablicas, entrando em um processo bioqumico, surgindo como resultado um produto anormal, no funcional e muitas vezes txico. Em outras palavras, h a sntese de substncias que no so farmacologicamente teis e, dependendo da concentrao deste produto anormal, pode haver morte celular, tecidual ou de sistemas biolgicos. Tem-se como exemplo, o cido fluoractico (CH2-F-COOH), usado como rodenticida e que atua no organismo tomando o lugar do cido actico no ciclo do cido ctrico. Os processos metablicos desenvolvem-se at a formao de cido fluoroctrico (no lugar do cido ctrico). Este produto anormal inibe a aconitase, enzima responsvel pela etapa seguinte do ciclo. Assim, h formao de um substrato anormal, txico, que impede o desenvolvimento do ciclo do cido ctrico, indispensvel para o suprimento de energia de quase todos os organismos vivos.

- Seqestro de metais essenciais: Vrios metais atuam como cofatores em diversos sistemas enzimticos, como os citocromos, envolvidos nos processos de oxi-reduo. Destacam-se o Fe, Cu, Zn, Mn e Co. Alguns agentes txicos podem atuar como quelantes, ou seja, se ligam ou seqestram os metais, impedindo que eles atuem como cofatores enzimticos. Desta maneira, o processo biolgico, no qual estas enzimas atuam, ficar prejudicado ou mesmo interrompido. o caso dos ditiocarbomatos. Eles se complexam com metais, formando complexos lipossolveis e impedindo a ao enzimtica.

- Interferncia com o transporte de oxignio: A hemoglobina (Hb), pigmento responsvel pelo transporte de O2 dos alvolos para os tecidos e da retirada de CO2 dos tecidos para os pulmes, constituda de uma parte protica (globina) e outra no protica (heme). Na frao heme, tem-se basicamente, um complexo, formado por uma molcula de Fe2+ ligada a quatro molculas de protoporfirina. Quimicamente o ferro possui 6 valncias de coordenaes, portanto no heme restam ainda 2 coordenaes livres. Em situaes normais, uma delas ligada globina formando a hemoglobina e a outra ligada ao O2, dando origem a oxemoglobina (HbO2), pigmento normal do sangue. Existem alguns agentes txicos que alteram a hemoglobina, impedindo o transporte de oxignio. So trs os pigmentos anormais do sangue, ou seja, formas de Hb que so incapazes de transportar O2: - Carboxemoglobina (HbCO): que pode ser causada pelo CO, diclorometano, etc.

- Metemoglobina (MeHb): resultante, por exemplo da exposio a anilina, acetaminofeno, nitritos,etc.- Sulfemoglobina (SHb): a droga oxidante metaclorpramida exemplo de um agente sulfemoglobinizante.No caso de carboxemoglobina, o monxido de carbono, que tem 210 vezes mais afinidade pela Hb do que o O2 liga-se sexta coordenao do Fe2+, deslocando o O2. A HbCO incapaz de exercer a funo respiratria e efeitos decorrentes desta hipxia vo aparecer no indivduo exposto.

Existem vrios xenobiticos tais como os nitritos, anilina e acetaminofeno, que uma vez no sangue, oxidam os ons Fe2+ da hemoglobina, formando a chamada metemoglobina. O Fe3+ da MeHb perde a capacidade de se ligar na 6a coordenao com o O2 e, assim, este pigmento no cumprir, tambm, a funo respiratria. Dentro deste grupo de agentes txicos, que agem interferindo com o transporte de O2, esto, ainda, os agentes que provocam a lise das hemcias. Com a hemlise, a hemoglobina extravasada para o meio extracelular, onde desnaturada. Haver assim menor quantidade de Hb e logicamente menor transporte de O2 para os tecidos.5.3.2- Interferncia com o sistema gentico

- Ao citosttica: Alguns agentes txicos impedem a diviso celular e, consequentemente, o crescimento do tecido. Esta ao pode ser desenvolvida atravs de distintos mecanismos, tais como a inibio enzimtica ou o encaixe entre as duplas hlices do DNA. Neste ltimo caso esto as substncias denominadas de Alquilantes, que ao se intercalarem entre as bases de cada hlice, inibem o crescimento celular; so usadas no tratamento do cncer, mas no tm ao seletiva.

- Ao mutagnica, carcinognica e teratognica: Certas substncias qumicas tm a capacidade de alterar o cdigo gentico, ou seja, de produzirem um erro no cdigo gentico. Se esta alterao ocorrer nos genes de clulas germinativas (que formam os gametas), pode ocorrer um efeito mutagnico. Este efeito possui um perodo de latncia relativamente grande, se manifestando apenas algumas geraes aps a ao. Isto porque, geralmente, a mutao ocorre em genes recessivos e s ser manifestada se houver o cruzamento com outro gene recessivo que tenha a mesma mutao. Logicamente, os estudos que comprovam esta ao bastante difcil de ocorrer e de se avaliar, o que faz com que, atualmente, poucas substncias sejam consideradas comprovadamente mutagnicas. O mais comum existir suspeita de aes mutagnicas.A ao carcinognica vem sendo mais intensamente estudada nos ltimos anos. Nesta ao os xenobiticos provocam alteraes cromossmicas que fazem com que as clulas se reproduzam de maneira desordenada. Esta reproduo incontrolvel no produz clulas harmnicas e perfeitas. Embora o mecanismo exato de desenvolvimento do cncer no seja totalmente conhecido, se aceita que esta ao ocorra em duas fases distintas: a converso neoclssica ou fase de iniciao, e o desenvolvimento neoclssico ou promoo. Na fase de iniciao, um xenobitico ou produto de biotransformao promove a alterao ao nvel do DNA. Esta leso origina a chamada clula neoplstica, que atravs da interferncia de outras substncias qumicas e/ou fatores, muitas vezes desconhecidos, sofre processo de crescimento, originando o neoplasma e o cncer instalado. Entre as duas fases do processo carcinognico existe, geralmente, um perodo de latncia que pode variar de meses a anos. A teratognese resulta de uma ao txica de xenobiticos sobre o sistema gentico de clulas somticas do embrio/feto, levando ao desenvolvimento defeituoso ou incompleto da anatomia fetal.(NOTA: neoplasma: massa ou colnia anormal de clulas. A neoplasia pode ser benigna, situao na qual o tumor no invasivo, ou maligna, quando o tumor invasivo).

5.3.3- Interferncia com as funes gerais das clulas

- Ao anestsica: a interferncia no transporte de oxignio e nutrientes para as clulas. O xenobitico se acumula na membrana de certas clulas, impedindo que haja a passagem destes nutrientes. As clulas mais sensveis a esta deficincia so as do SNC, por necessitarem de maior quantidade destes compostos essenciais.5.3.4- Interferncia com a neurotransmisso

Na realidade, muitos dos mecanismos agrupados aqui podem decorrer de inibio enzimtica, ou seja, poderiam ser classificados no primeiro grupo de ao txica citado.

Vrios agentes txicos atuam alterando a transmisso neurolgica atravs da interferncia nos neurotransmissores envolvidos, que pode ocorrer ao nvel pr-sinptico, sinptico e/ou ps-sinptico. Exemplos:

- Bloqueio dos receptores de diferentes sinapses (curare);

- Inibio do metabolismo dos neurotransmissores (praguicidas organofosforados);

- Bloqueio na sntese ou metabolismo de neurotransmissores (mercrio);

- inibio da liberao da liberao pr-sinptica dos neurotransmissores (toxina botulnica - Clostridium botulinum);

- Estimulao da liberao de neurotransmissores (anfetamina)

- Bloqueio da recaptura dos neurotransmissores para as clulas pr-sinpticas (imipramina, anfetamina).5.4- Fase Clnica

Essa fase caracterizada pela exteriorizao dos efeitos do agente txico, ou seja, o aparecimento de sinais e sintomas da intoxicao ou alteraes laboratoriais causadas pela substncia qumica. No diagnstico das intoxicaes, deve-se lembrar que um mesmo rgo pode ser afetado por uma grande variedade de agentes txicos, e que uma nica substncia qumica pode atingir vrios rgos ou produzir diferentes efeitos relacionados a um mesmo rgo. 5.4.1 - Classificao dos efeitos txicos5.4.1.1- Quanto ao tempo de aparecimento dos sintomas

- Efeitos Imediatos ou agudos: so aqueles que aparecem imediatamente aps uma exposio aguda, ou seja, exposio nica ou que ocorre, no mximo, em 24 horas. Em geral so efeitos intensamente graves.

- Efeitos crnicos: so aqueles resultantes de uma exposio crnica, ou seja, exposio a pequenas doses, durante vrios meses ou anos. O efeito crnico pode advir de dois mecanismos:

i) Somatria ou Acmulo do Agente Txico no Organismo: a velocidade de eliminao menor que a de absoro, assim ao longo da exposio o AT vai sendo somado no organismo, at alcanar um nvel txico.

ii) Somatria de Efeitos: ocorre quando o dano causado irreversvel e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposio, at atingir um nvel detectvel; ou, ento, quando o dano reversvel, mas o tempo entre cada exposio insuficiente para que o organismo se recupere totalmente.- Efeitos retardados so aqueles que s ocorrem aps um perodo de latncia, mesmo quando j no mais existe a exposio. Exemplo: efeitos carcinognicos que tm uma latncia a 20-30 anos.

Deve-se, no entanto, fazer distino entre exposio a curto prazo (aguda) ou a longo prazo (crnica) e os efeitos agudos e crnicos. Por exemplo, uma exposio a curto prazo (aguda) pode determinar um efeito crnico, ou seja, a exposio a uma nica dose de triortocresilfosfato (TOCP) pode produzir, no homem, leso persistente no SNC. 5.4.1.2- Quanto gravidade

- Efeitos reversveis e irreversveis: O efeito reversvel desaparece quando cessa a exposio, enquanto o irreversvel persiste mesmo aps o trmino da exposio. So exemplos de efeitos irreversveis os carcinomas, as mutaes e cirrose heptica. A manifestao de um ou outro efeito depende, principalmente, da capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, leses hepticas so geralmente reversveis, j que este tecido tem grande capacidade de regenerao, enquanto as leses no SNC so, geralmente, irreversveis, uma vez que as clulas nervosas so pouco renovadas.

5.4.1.3- Quanto abrangncia da leso

- Efeitos locais: O efeito local refere-se quele que ocorre onde acontece o primeiro contato entre o agente txico e o organismo. Os xenobiticos que possuem ao irritante direta sobre os tecidos, reagem quimicamente, no local de contato, com componentes destes tecidos. Dependendo da intensidade da ao pode ocorrer irritao, efeitos custicos ou necrosantes. Os sistemas mais afetados so pele e mucosas do nariz, boca, olhos, garganta e trato pulmonar. Destacam-se nesse grupo, a ao dos gases irritantes (gs mostarda, NO2, cloro) e lacrimognicos (acrolena, bromo, cloro). Outra ao irritante de tecidos a dermatite qumica. Os xenobiticos que apresentam esta ao txica (substncias vesicantes como as mostardas nitrogenadas ou agentes queratolticos como o fenol) lesam a pele e facilitam a penetrao subsequente de outras substncias qumicas.

- Efeitos sistmicos: so produzidos em local distante do stio de penetrao do toxicante, portanto, exigem uma absoro e distribuio da substncia, de modo a atingir o stio de ao, onde se encontra o receptor biolgico. Existem substncias que apresentam os dois tipos de efeitos. (ex.: benzeno, chumbo tetraetila, etc.). 5.4.1.4- Quanto ao tipo de alterao provocada

-Efeitos morfolgicos: os efeitos morfolgicos referem-se s mudanas micro e macroscpicas na morfologia dos tecidos afetados. Muitos desses efeitos so irreversveis como, por exemplo, a necrose e a neoplasia

- Efeitos funcionais: em geral, representam mudanas reversveis nas funes dos rgos-alvo. Essas mudanas geralmente so detectadas antes ou em exposies a baixas doses quando comparadas s alteraes morfolgicas.

- Efeitos bioqumicos: apesar de todos os efeitos txicos estarem associados a alteraes bioqumicas, quando se faz referncia a efeitos bioqumicos, significa que os efeitos manifestam-se sem modificaes morfolgicas aparentes. Por exemplo, a inibio da acetilcolinesterase decorrente da exposio a inseticidas organofosforados ou carbamatos.5.4.1.5- Quanto ao tipo de clula alterado

- Efeitos somticos e germinativos: Os efeitos somticos so aqueles que afetam uma ou mais funes vegetativas do indivduo atingido, e os efeitos germinais correspondem s perturbaes determinadas nas funes de reproduo, que atuam sobre a integridade dos descendentes e desenvolvimento de tumores.5.4.2- Efeitos resultantes da interao de agentes qumicos

O termo interao entre substncias qumicas utilizado todas as vezes em que uma substncia altera o efeito de outra. A interao pode ocorrer durante a fase de exposio, toxicocintica ou toxicodinmica. Como consequncia destas interaes podem resultar diferentes tipos de efeitos:- Adio: aquele produzido quando o efeito final de 2 ou mais agentes quantitativamente igual soma dos efeitos produzidos individualmente.

- Sinergismo: Ocorre quando o efeito de 2 ou mais agentes qumicos combinados, maior do que a soma dos efeitos individuais.

- Potenciao: Ocorre quando um agente txico tem seu efeito aumentado por atuar simultaneamente, com um agente no txico.

- Antagonismo: Ocorre quando dois agentes qumicos interferem um com a ao do outro, diminuindo o efeito final. , geralmente, um efeito desejvel em toxicologia, j que o dano resultante (se houver) menor que aquele causado pelas substncias separadamente. Existem vrios tipos de antagonismo:

i) Antagonismo qumico: (tambm chamado neutralizao) ocorre quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o. Este tipo de antagonismo tem um papel muito importante no tratamento das intoxicaes. ii) Antagonismo funcional: ocorre quando dois agentes produzem efeitos contrrios em um mesmo sistema biolgico atuando em receptores diferentes. iii)Antagonismo no-competitivo, metablico ou farmacocintico: quando um frmaco altera a cintica do outro no organismo, de modo que menos AT alcance o stio de ao ou permanea menos tempo agindo. iv)Antagonismo competitivo, no-metablico ou farmacodinmico: ocorre quando os dois frmacos atuam sobre o mesmo receptor biolgico, um antagonizando o efeito do outro. So os chamados bloqueadores e este conceito usado, com vantagens, no tratamento clnico das intoxicaes.

6- DOENAS OCUPACIONAIS

Doena ocupacional designao de vrias doenas que causam alteraes na sade do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho. A doena ocupacional est diretamente ligada modificao na sade do trabalhador por causa da atividade desempenhada por ele ou da condio de trabalho s quais ele est submetido. Dessa forma, as doenas ocupacionais podem ser classificadas como:

- Doena Profissional (Tecnopatia): a modificao na sade do trabalhador, desencadeada pelo exerccio da sua atividade profissional.

- Doena do Trabalho (Mesopatia): a modificao na sade do trabalhador, desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relaciona diretamente.6.1- Classificao dos principais riscos ocupacionais

Uma doena ocupacional adquirida quando um trabalhador exposto em excesso a riscos qumicos, fsicos, biolgicos, ergonmicos ou de acidentes, sem nenhuma proteo compatvel.

As classes de riscos e sua gravidade no ambiente de trabalho representada de acordo com o quadro abaixo:

Exemplo das classes de agentes e de gravidade dos riscos representados em um mapa de risco empresarial:

Levando em considerao a natureza dos riscos, bem como a sua forma de atuao no organismo humano, segue a relao de agentes que podem ser encontrados no ambiente de trabalho:

(Riscos Fsicos (cor verde): Consideram-se agentes de risco fsico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores. Ex. rudo, calor, frio, presso, umidade, radiaes ionizantes e no-ionizantes, vibrao, etc.

- Rudos

Conseqncias: fadiga nervosa; irritabilidade; perda temporria ou definitiva da audio, etc.

Medidas de controle: Proteo coletiva (isolamento da mquina; isolamento de rudo); Proteo individual (Equipamento de Proteo Individual EPI - protetor auricular);

Medidas mdicas: exames audiomtricos peridicos, afastamento do local de trabalho, revezamento.

Medidas educacionais: orientao para o uso correto do EPI, campanha de conscientizao.

Medidas administrativas: tornar obrigatrio o uso do EPI, controlar seu uso.

- Vibrao

Conseqncias: alteraes neurovasculares nas mos; problemas nas articulaes das mos e braos; osteoporose (perda de substncia ssea); leses na coluna vertebral; dores lombares.

Medidas de controle: Revezamento dos trabalhadores expostos aos riscos (menor tempo de exposio).

- Radiaes

Conseqncias:perturbaes visuais (conjuntivites, cataratas); queimaduras; leses na pele; cncer; etc.

Medidas de controle: Proteo coletiva (isolamento da fonte de radiao. Ex: biombo protetor para operao em solda, pisos e paredes revestidas de chumbo em salas de raio-x); Proteo individual: EPI (ex: avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador , culos para operadores de forno).

Medida administrativa: ex: dosmetro de bolso para tcnicos de raio-x.

Medida mdica: exames peridicos.

- Calor

Conseqncias: desidratao; erupo da pele; fadiga fsica; distrbios psiconeurticos; problemas cardiocirculatrios.

- Frio

Conseqncias: feridas; rachaduras e necrose na pele; agravamento de doenas reumticas; predisposio para doenas das vias respiratrias. Medidas de controle: Proteo coletiva (isolamento das fontes de calor/frio; Proteo individual (EPI - ex: avental, bota, capuz, luvas especiais).

( Riscos Qumicos (cor vermelha): Substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratria, ou serem absorvidos pelo organismo atravs da pele ou por ingesto. Ex. cidos ou bases fortes, brometo de etila, solventes, metais pesados, vapores, gases e produtos qumicos em geral.

- Poeiras

- Poeiras minerais: Ex: slica, asbesto (amianto), carvo mineral.

Consequncias: silicose (quartzo), asbestose (amianto), pneumoconiose dos minrios de carvo.

- Poeiras vegetais: Ex: algodo, bagao de cana-de-acar.

Consequncias: bissinose (algodo);bagaose (cana-de-acar)

- Poeiras alcalinas: Ex: calcrio

Consequncias: doenas pulmonares obstrutivas crnicas; enfisema pulmonar

- Fumos: Partculas slidas produzidas por condensao de vapores metlicos. Ex: fumos de xido de zinco nas operaes de soldagem com ferro.

Consequncias: doena pulmonar obstrutiva, febre de fumos metlicos, intoxicao especfica de acordo com o metal.

- Nvoas: Partculas lquidas resultantes da condensao de vapores ou da disperso mecnica de lquidos. Ex: nvoa resultante do processo de pintura a revlver, sprays ou aerossis.

- Gases: Estado natural das substncias nas condies usuais de temperatura e presso. Ex: hidrognio, cido ntrico, butano, etc.

- Vapores

Conseqncias: Irritantes (irritao das vias areas superiores. Ex: cido clordrico, cido sulfrico, soda custica, cloro, etc.); Asfixiantes (dor de cabea, nuseas, sonolncia, convulses, coma e morte. Ex: H2, N2, CH4, CO2 , CO, etc.); Anestsicos (ao depressiva sobre o sistema nervoso, danos a diversos rgos, ao sistema formador de sangue (benzeno), etc. Ex: butano, propano, aldedos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, lcoois, percloritileno, xileno, etc.).

Medidas de controle: Proteo coletiva (Ventilao e exausto, substituio do produto qumico utilizado por outro menos txico, reduo do tempo de exposio, estudo de alterao de processo de trabalho, conscientizao dos riscos no ambiente); Proteo individual (EPI como medida complementar. Ex: mscara de proteo respiratria para poeira, para gases e fumos; luvas de borracha, neoprene para trabalhos com produtos qumicos, afastamento do local de trabalho).

( Riscos Biolgicos (cor marrom): Consideram-se como agentes de risco biolgico seres vivos que possam causar doenas ao trabalhador e deteriorao de produtos. Ex. bactrias, vrus, fungos, helmintos, protozorios e outros parasitas.

- Agentes Biolgicos diversos

Conseqncias: AIDS, hepatite, leptospirose, tuberculose, brucelose, malria, febre amarela, micoses, parasitoses, infeces intestinais, entre outras.

Medidas de controle: saneamento bsico (gua e esgoto), controle mdico permanente, uso de EPI, higiene rigorosa nos locais de trabalho e pessoal, uso de roupas adequadas, vacinao, treinamento, sistema de ventilao/exausto.

Existem diferentes vias de penetrao no organismo humano, com relao ao dos riscos biolgicos

Cutnea: ex: a leptospirose adquirida pelo contato com guas contaminadas pela urina do rato;

Digestiva: ex: ingesto de alimentos deteriorados;

Respiratria: ex: a pneumonia transmitida pela aspirao de ar contaminado.

( Riscos Ergonmicos (cor amarela): Qualquer fator que possa interferir nas caractersticas psicofisiolgicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua sade. Ex. levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada, falta de iluminao ou ventilao, etc.

- Diversas causas

Conseqncias: cansao fsico; dores musculares, LER/DORT, estresse, depresso, hipertenso arterial, alterao do sono, doenas nervosas, taquicardia, doenas do aparelho digestivo (gastrite e lcera), ansiedade, problemas de coluna, etc.

Medidas de controle: Ajuste entre as condies de trabalho e o homem sob os aspectos de praticidade, conforto fsico e psquico por meio da melhoria no processo de trabalho, melhores condies no local de trabalho, modernizao de mquinas e equipamentos, melhoria no relacionamento entre as pessoas, alterao no ritmo de trabalho, ferramentas adequadas, postura adequada, etc.

( Riscos de Acidente (cor azul): Qualquer fator que coloque o trabalhador em situao vulnervel e possa afetar sua integridade, e seu bem estar fsico e psquico. Ex. mquinas e equipamentos sem proteo ou defeituosos, probabilidade de incndio e exploso, arranjo fsico inadequado, armazenamento inadequado, animais peonhentos, ferramentas inadequadas ou defeituosas.

- Arranjo fsico deficiente: resultante de: prdios com rea insuficiente; localizao imprpria de mquinas e equipamentos; m arrumao e limpeza; sinalizao incorreta ou inexistente; pisos fracos e/ou irregulares.

- Mquinas e equipamentos sem proteo: Mquinas obsoletas; sem proteo em pontos de transmisso e de operao; comando de liga/desliga fora do alcance do operador; mquinas e equipamentos com defeitos ou inadequados; EPI inadequado ou no fornecido.

- Ferramentas inadequadas ou defeituosas: Ferramentas usadas de forma incorreta; falta de fornecimento de ferramentas adequadas; falta de manuteno.

- Eletricidade: Instalao eltrica imprpria, com defeito ou exposta; fios desencapados; falta de aterramento eltrico; falta de manuteno.

- Incndio ou exploso: Armazenamento inadequado de inflamveis e/ou gases; manipulao e transporte inadequado de produtos inflamveis e perigosos; sobrecarga em rede eltrica; falta de sinalizao; falta de equipamentos de combate ou equipamentos defeituosos.

Conseqncias: danos fsicos, como fraturas, queimaduras, contuses, choques eltricos,etc.

Medidas de controle: Proteo Individual (uso de EPI quando aplicveis), Proteo Coletiva (sinalizao dos perigos, extintores de incndio, manuteno de equipamentos, treinamento adequado dos funcionrios, fornecimento de ferramentas adequadas).

6.2 Principais doenas ocupacionais

As doenas mais comuns so as do sistema respiratrio, do sistema sseo e da pele. Os cuidados so essencialmente preventivos, pois a maioria das doenas ocupacionais de difcil tratamento. So exemplos principais destas doenas:

6.2.1 - Doenas respiratrias: se destacam as pneumoconioses, que so doenas por inalao de poeiras, substncias que o organismo pouco consegue combater com seus mecanismos de defesa imunolgica e/ou leucocitria, diferentemente do que ocorre com microorganismos que podem ser fagocitados, digeridos ou destrudos pela ao de anticorpos e de clulas de defesa por meio das enzimas lisossomais e outros mecanismos.causadas pela inalao de poeiras. Suas variaes incluem:

Antracose - poeira de carbono

Pneumoconiose dos mineiros de carvo(tambm conhecida como "pulmo negro") - poeira decarvo

Asbestosepoeira de asbesto (amianto)

Fibrose de bauxita- poeira debauxita

Beriliose- poeira deberlio

Siderose- poeira deferro

Bissinose- poeira dealgodo

Bagaose bagao de cana-de-acar

Siderose- misto de poeira contendo slica e ferro

Silicose(tambm conhecida como doena de "Grinder") - poeira deslica

Outro exemplo a asma ocupacional, causada por substncias agressivas inaladas no ambiente de trabalho. Estas se depositam nos pulmes, provocando falta de ar, tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento.6.2.2- Perda auditiva induzida por rudo (PAIR): Diminuio gradual da audio decorrente da exposio contnua a nveis elevados de rudos no ambiente de trabalho. Consideram-se como sinnimos: perda auditiva por exposio ao rudo no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva induzida por nveis elevados de presso sonora, perda auditiva induzida por rudo ocupacional, perda auditiva neurossensorial por exposio continuada a nveis elevados de

presso sonora de origem ocupacional.

Os dados epidemiolgicos sobre perda auditiva no Brasil so escassos e referem-se a determinados ramos de atividades e, portanto, no h registros epidemiolgicos que caracterizem a real situao A maior caracterstica da PAIR a degenerao das clulas ciliadas do rgo de Corti. Recentemente tem sido demonstrado o desencadeamento de leses e de apoptose celular em decorrncia da oxidao provocada pela presena de radicais livres formados pelo excesso de estimulao sonora ou pela exposio a determinados agentes qumicos. Caractersticas:

sempre neurossensorial, uma vez que a leso no rgo de Corti da orelha interna.

geralmente bilateral, com padres similares. Em algumas situaes, observam-se diferenas entre os graus de perda das orelhas.

Geralmente, no produz perda maior que 40dB(NA) nas freqncias baixas e que 75dB(NA) nas altas.

A sua progresso cessa com o fim da exposio ao rudo intenso.

A presena de PAIR no torna a orelha mais sensvel ao rudo; medida que aumenta o limiar, a progresso da perda se d de forma mais lenta.

A perda tem seu incio e predomnio nas freqncias de 3, 4 ou 6 kHz, progredindo, posteriormente, para 8, 2, 1, 0,5 e 0,25 kHz.

Em condies estveis de exposio, as perdas em 3, 4 ou 6 kHz, geralmente atingiro um nvel mximo, em cerca de 10 a 15 anos.

O trabalhador portador de PAIR pode desenvolver intolerncia a sons intensos, queixar-se de zumbido e de diminuio de inteligibilidade da fala, com prejuzo da comunicao oral.6.2.3- Intoxicaes exgenas: pode ser definida como a consequncia clnica e/ou bioqumicas da exposio a substncias qumicas encontradas no ambiente ou isoladas. Como exemplo, dessas substncias intoxicantes ambientais, podemos citar o ar, gua, alimentos, plantas, animais peonhentos ou venenosos. Por sua vez, os principais representantes de substncias isoladas so os pesticidas, os medicamentos, produtos qumicos industriais ou de uso domiciliar.

- Agrotxicos: Os agrotxicos podem causar diversos efeitos sobre a sade humana, sendo muitas vezes fatais. Classicamente tais efeitos so divididos em intoxicao aguda e intoxicao crnica. A exposio ocupacional e/ou ambiental normalmente responsvel pelas intoxicaes crnicas. Estas podem se manifestar de varias formas, tais como: problemas ligados fertilidade, induo de defeitos teratognicos e genticos e cncer. Tambm so relatados efeitos deletrios sobre os sistemas nervoso, respiratrio, cardiovascular, geniturinrio, gastrointestinal, pele, olhos, alm de alteraes hematolgicas e reaes alrgicas a estas substncias.

- Chumbo (saturnismo): a exposio contnua ao chumbo, presente em fundies e refinarias, provoca, em longo prazo, um tipo de intoxicao que varia de intensidade de acordo com as condies do ambiente (umidade e ventilao), tempo de exposio e fatores individuais (idade e condies fsicas).

- Mercrio (hidrargirismo): o contato com a substncia se d por meio da inalao, absoro cutnea ou via oral; ocorre normalmente com trabalhadores que lidam com extrao do mineral ou fabricao de tintas

- Solventes Orgnicos (benzenismo): por serem txicos e agressivos, podem contaminar trabalhadores de refinarias de petrleo e indstrias de transformao tanto por via cutnea quanto respiratria.

- Monxido de Carbono (CO): Gs incolor, sem cheiro e potencialmente perigoso. Liga-se fortemente hemoglobina, (protena que transporta O2 no sangue para os tecidos), competindo com o oxignio e provocando hipxia, podendo ocasionar leso cerebral e morte. O monxido de carbono pode ser emitido por diversas fontes, como escapamento de veculos (perigo em lugares fechados, como garagens), aquecedores a gs, foges, aquecedores e queima de praticamente qualquer substncia em locais fechados. Os sintomas incluem:Inicialmente, dor de cabea, nusea, vmitos, coriza. Posteriormente, distrbios visuais, confuso mental, sncope (desmaio), tremores, coma, disfuno cardiopulmonar e morte.

6.2.4- LER/DORT (Leses por Esforos Repetitivos / Distrbios Osteo-musculares Relacionados ao Trabalho): Conjunto de doenas que atingem principalmente os nervos, msculos, tendes, articulaes. O problema decorrente do trabalho com movimentos repetitivos, esforo excessivo, m postura e estresse, entre outros. Abrangem 30 doenas, como a tendinite (inflamao em tendo), a tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, tenossinovite estenosante (DeQuervain), contratura de Dupuytren, dedo em gatilho, cisto, entre outras. A bursite uma das LER que mais acometem trabalhadores, esta doena causa inflamao da pequena bolsa de contedo lquido que recobre as articulaes, conhecida como bursa, que funciona como amortecedor. A rea do ombro a mais atingida, devido ao maior esforo aplicado sobre ela. Esta inflamao provoca dor intensa, capaz de impedir a realizao das mais simples tarefas e de afetar a qualidade de vida.

As LERs so classificadas em quatro estgios ou graus:

- LER grau I: A dor aparece durante os movimentos ou com a postura inadequada que compromete um dado grupo muscular; cessando aps alguns minutos em repouso. Por exemplo, dor no ombro ou parte anterior do brao, tendinite do ombro e tendinite bicipital respectivamente.

- LER grau II: nesse estgio a dor mais persistente, bem localizada, podendo ser um pouco difusa ou irradiar para todo o brao, mas o quadro ainda leve, exemplo: dor no punho Direito, tendinite do punho e tenossinovite de MSD.

- LER grau III: Doena grave, de difcil controle, doena arrastando por vrios meses ou anos. Dor crnica que s vezes no cede com medicao nem com o repouso; dor espontnea que exacerba com certos movimentos e com o nervosismo. Pode haver perturbao do sono. A dor insuportvel, s vezes, precedida de formigamentos, pontadas, choques, agulhadas, queimao, perda de fora na mo etc.

- LER grau IV: So exemplos a Sndrome de Distrofia Reflexa (SDR), Ombro Congelado, etc; casos esses, bastante graves, onde o paciente nem mesmo consegue mexer com o ombro doente. A dor pode se tornar insuportvel, e at atividades comuns da vida diria, como escovar dentes e cabelos, tornam-se impraticveis. Nessa ltima fase, muitos pacientes recebem injees de drogas potentes para aliviar a dor e alguns chegam at a passar por cirurgias.

Estas patologias representam 84,77% do total de doenas do trabalho, no entanto, importante ressaltar que todas elas podem ser evitas com exerccios simples de ginstica e equipamentos certos na hora do trabalho.

6.2.5- Dermatite ocupacional ou dermatose ocupacional: Toda alterao de pele, mucosas e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por tudo aquilo que seja utilizado na atividade profissional ou exista no ambiente de trabalho. So provocadas por uma reao do organismo diante da exposio a agentes alergnicos, causando dermatites alrgicas; ou agentes irritantes, causando dermatites de contato. Os principais sintomas so coceira na pele, erupes vermelhas e formao de bolhas que podem estourar formando crostas e descamaes. Se a pele no for tratada, poder escurecer ficando grossa e rachada. Podem ser causadas por:

- Agentes Qumicos: responsveis por cerca de 80% das dermatoses ocupacionais, destacando-se os cidos, bases, cimento, borracha, derivados de petrleo, leos de corte, cromo e seus derivados, nquel, cobalto, madeira e resina epxi.

- Agentes Biolgicos: bactrias, fungos, leveduras e insetos, especialmente nos trabalhos de manipulao de couro ou carne animal; tratadores de aves e porcos; peixeiros; aougueiros; jardineiros; balconistas de bar; barbeiros, entre outros.

- Agentes Fsicos: calor, frio, vibraes, eletricidade, radiaes ionizantes e no ionizantes, microondas, laser e agentes mecnicos.

Fatores como a temperatura ambiental e umidade influenciam o aparecimento de dermatoses, como infeces por bactrias (piodermites) e fungos (micoses). O trabalho ao ar livre frequentemente sujeito ao da luz solar, picadas de insetos e contato com plantas irritantes ou alergnicas. O tratamento envolve, principalmente, evitar o contato com a substncia que desencadeou a reao, alm de medicamentos que aliviam os sintomas.

O quadro inflamatrio deve ser tratado com o uso de corticides tpicos ou sistmicos, dependendo da gravidade. A aplicao de cremes hidratantes nas peles secas aumenta sua resistncia. Em caso de infeco secundria, faz-se a administrao de antibiticos e anti-histamnicos. Geralmente a dermatite desaparece depois de duas ou trs semanas, mas podem recorrer se o antgeno no puder ser identificado ou evitado.

6.2.6- CVS (Computer Vision Syndrome ou Sndrome de Viso de Computador): Sintomas oculares que aparecem durante ou aps a permanncia prolongada diante da tela do computador, incluindo olhos irritados ou vermelhos, coceira, olhos ressecados ou lacrimejamento, cansao ocular, sensibilidade luz, dificuldade de conseguir foco, viso de cores alteradas, visualio de halos ao redor de objetos, viso embaada ou dupla. Existem ainda outros sintomas, como dor de cabea, dor na nuca ou nas costas e espasmos musculares. Atinge principalmente os profissionais da rea de informtica, ou outros trabalhadores que faam uso constante de computadores. Algumas medidas podem reduzir ou evitar os sintomas relacionados com esta sndrome:

- Posicionar a tela do computador entre 50 e 60 cm de distncia dos olhos, mantendo o topo do monitor na altura dos olhos ou abaixo.

Posicionar os papis prximos tela, com o auxlio de um suporte, quando estiver digitando.

- Iluminar o ambiente de trabalho.

- Minimizar os reflexos da tela, alterando a posio do computador, usando cortinas nas janelas e filtro anti-reflexo.

- Piscar os olhos frequentemente.

- Manter a tela sempre limpa.

- Descansar 5 minutos para cada hora de trabalho, tirando a viso da tela e olhando para longe.

- Usar culos, se necessrio.

6.2.7- Cncer: O cncer ocupacional originado devido exposio a agentes carcinognicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo aps a cessao da exposio; representa de 2% a 4% dos casos de cncer. Os fatores de risco de cncer podem ser externos (ambientais) ou endgenos (hereditrios), estando ambos inter-relacionados e interagindo de vrias formas para dar incio s alteraes celulares presentes na etiologia do cncer. Alguns tipos de agentes causadores so:

- Agentes qumicos: Agrotxicos; Amianto (ou asbesto); Slica; Benzeno; Xileno; Tolueno. Profissionais expostos a estes agentes so, principalmente, agricultores, operrios da indstria qumica e construo civil, trabalhadores de laboratrio, mineradores etc.

- Agentes fsicos: Radiao ionizante: partculas alfa, beta, raios gama, raios-X, nutrons e outros. Os trabalhadores afetados so os da indstria nuclear ou aqueles que trabalham prximos a equipamentos que emitam radiao (por exemplo: em instituies mdicas ou em laboratrios). O dano pode ocorrer ao nvel celular ou molecular, quando o controle do crescimento rompido, permitindo o aumento descontrolado de clulas cancerosas, uma vez que a radiao ionizante tem a habilidade de quebrar os elos qumicos dos tomos e molculas, produzindo um potente carcingeno. Radiao no-ionizante: exemplo, luz solar que composta de: Radiao ultravioleta (UV), invisvel aos olhos; Luz visvel; Radiao infravermelha, que a principal fonte de calor, mas tambm no visvel. Os trabalhadores afetados so os que executam suas atividades ao ar livre ou em reas onde recebem grande reflexo da luz solar, ou ainda, trabalhadores que utilizam intensa radiao de UV, como soldadores.

Fatores que influenciam o desenvolvimento do cncer ocupacional so a dose diria absorvida; o tempo de exposio; idade; doena preexistente; suscetibilidade individual; predisposio gentica; outros fatores, como tipo de alimentao, estresse e fumo.

A preveno do cncer de origem ocupacional deve abranger:

- Remoo da substncia cancergena do local de trabalho, os compostos cancergenos devem ser substitudos por outros mais seguros.

Controle da liberao de substncias cancergenas resultantes de processos industriais para a atmosfera.

Controle da exposio de cada trabalhador e uso rigoroso dos equipamentos de proteo individual (mscaras e roupas especiais).

- Boa ventilao do local de trabalho, para evitar o excesso de produtos qumicos no ambiente.

- Trabalho educativo visando a aumentar o conhecimento dos trabalhadores a respeito das substncias com as quais trabalham, alm dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substncias.

- Eficincia dos servios de medicina do trabalho, com a realizao de exames peridicos em todos os trabalhadores que devem ter direito sade integral por tempo indeterminado

- Proibio do fumo nos ambientes de trabalho, pois a poluio tabagstica ambiental potencializa as aes da maioria dessas substncias.

6.2.8- Estresse ou Stress: Stress um dos termos mais utilizados atualmente, tanto pela comunidade cientfica como pelo pblico em geral, no entanto, continua a no existir um significado comum unanimemente aceito. Este termo provm do latim, e tem como significado apertar, comprimir, restringir. A expresso existe na lngua inglesa desde o sculo XIV sendo utilizada, durante bastante tempo, para exprimir uma presso ou uma contrao de natureza fsica. Apenas no sculo XIX o conceito se alargou, passando a significar tambm as presses que incidem sobre um rgo corporal ou sobre a mente humana.

O estresse ocupacional pode ser definido como um conjunto de perturbaes psicolgicas ou sofrimento psquico associado s experincias de trabalho. Normalmente, resultante da incapacidade de lidar com as fontes de presso no trabalho, tendo como consequncias problemas na sade fsica, mental e na satisfao no trabalho, afetando o indivduo e as organizaes. As fontes de presso podem ser os relacionamentos com colegas ou superiores, excesso de trabalho, horrio inadequado, baixa remunerao, barulho, calor, vibrao, falta de espao ou privacidade, etc.

Os sintomas do estresse causado pelas condies de trabalho podem variar desde mudanas no humor, ansiedade, irritabilidade, distrbios do sono e descontrole emocional at doenas psquicas, hipertenso, taquicardia, gastrite e lcera gstrica.7- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAShttp://www.abcdasaude.com.brhttp://www.brasilescola.comAmdur, M. O.; Doull, J.; Klaasen, C. D. - Casareth and Doull's Toxicology-The basic science of poison. 5 ed.,New York:Pergamon Press, 1996.

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