apostila de software livre e assuntos correlatos

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos DCE-Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme”

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Apostila de Software Livre

e assuntos correlatos

DCE-Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme”

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Sumario

1 Introduc ˜ ao 41.1 Hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2 Software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 O que e o software livre 9

2.1 Vantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Historia do movimento pelo Software Livre . . . . . . . . 14

2.3 Instrumentos legais que os regulamentam . . . . . . . . . 18

2.4 Distribuicoes GNU/Linux . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.5 Ambientes graficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242.6 Mitos e equıvocos que cercam o Software Livre . . . . . . 26

2.7 Equivalentes aos softwares proprietarios conhecidos . . . . 30

3 Formatos livres de arquivos eletr onicos 43

3.1 ODF-Open Document Format . . . . . . . . . . . . . . . 45

4 TV Digital 48

5 Inclus ˜ ao Digital 50

6 Licencas Creative Commons 50

7 Construc ˜ ao colaborativa de conteudo 50

7.1 Wikipedia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

8 Certificac ˜ ao Eletr onica 50

9 Casos de sucesso em uso de Software Livre 51

9.1 Poder publico e grupos polıticos . . . . . . . . . . . . . . 519.2 Movimentos Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

9.2.1 Entidades Estudantis . . . . . . . . . . . . . . . . 529.3 Empreendimentos solidarios . . . . . . . . . . . . . . . . 52

9.4 Empresas do capitalismo tradicional . . . . . . . . . . . . 52

10 Conclus ˜ ao 52

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

1 Introduc ˜ ao

Tradicionalmente, o Movimento Estudantil (ME) discute e mobiliza-se emtorno de assuntos ligados as lutas pela qualidade do ensino, as diversas

formas de opressao praticadas contra alguns grupos de pessoas, a defesa

de patrimonios publicos constantemente ameacados por interesses priva-

dos e discussoes polıtico-filosoficas de toda sorte. A maioria das pessoas

interessadas nessas questoes e que sonha com uma sociedade mais justa eestudante de cursos universitarios da area de Humanidades.

Dessa forma, quando e necessario discutir nesse meio um assunto de cu-

nho tecnologico, encontra-se resistencia e apatia; mesmo tratando-se deuma luta que tambem pode ser vista como um movimento social que quer

dar mais liberdade para as pessoas, algo que “pode tornar o mundo um

pouquinho melhor”, numa abordagem mais piegas.

Nesse contexto esta incluıda a questao do Software Livre. Quando seus(su-

as) defensores(as) procuram mostrar para integrantes de diversas lutas emovimentos a sua importancia na construcao de uma sociedade mais de-

mocratica geralmente nao encontram retorno adequado. Muita gente ja

ouviu falar em alguns dos softwares livres mais famosos, mas nao sabe o

que isso significa direito; seja fora das universidades, nos cursos de Hu-manidades e Biologicas ou mesmo em menor escala dentro dos cursos de

Exatas.

Esta apostila foi elaborada por alguns alunos da USP que tem interesse

em ver essa questao esclarecida e aceita dentro dos movimentos estudan-tis e sociais, sob encomenda do DCE-Livre, gestoes 2006/7 (Camarao) e

2007/8. Autor: Francisco Jose Alves1 “Zeppelin” “laranjatomate” (EESC).

Colaboradores:Pode-se copiar e distribuir o presente material de acordo com as licencas

Creative Commons nc-nd-sa $     \   =C

, conforme sera explicado em

detalhes na secao 6.

Esta apostila foi elaborada usando-se exclusivamente softwares livres, e

nao tem o objetivo de ser um curso que os ensine a usar, mas apenas mos-trar questoes filosoficas, sociais, polıticas, economicas e estrategicas por

tras desse assunto tecnico.

[email protected]

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

1 - Introduc ˜ ao 5

1.1 Hardware

Sem entrar em demasiado em detalhes tecnicos, vamos comecar expli-cando um pouco do funcionamento dos computadores. Apesar de enfa-

donho para quem nao e aficcionado(a) pela area, tais conhecimentos serao

uteis para compreender o que sera discutido adiante.

Basicamente, um computador e uma maquina que faz calculos. Ela pega

os numeros em determinado lugar, faz os calculos necessarios e coloca osresultados em outro lugar. Por isso que em frances tal maquina e deno-

minada ordenateur . Quem ja viu nos escritorios de Contabilidade antigas

calculadoras mecanicas acionadas por manivela, que em seus mecanismos

levavam dos numeros teclados aos resultados das somas/subtracoes/multi-plicacoes/divisoes pode imaginar com um pouco mais de facilidade o que

acontece dentro de um computador; pois a diferenca e que ao inves de com-

ponentes mecanicos o que se movimenta sao pequenas cargas eletricas, em

um ritmo muito mais acelerado.

Como qualquer equipamento eletronico, computador e “tapado”, “pau-

-mandado”. Ele faz exatamente o que o(a) programador(a) manda, sem

questionar, sem perceber falhas humanas de programacao. Tarefas comoescolher os melhores tamanhos de letras e margens para a editoracao de um

 jornal, ou exibir um objeto girando e pulando no monitor, sao resultado de

operacoes que geralmente demandam milhares de calculos por segundo e

sao orientados por pedidos do(a) usuario(a) e pelo que ja foi programado.

Os programas, os dados de entrada e de saıda sao armazenados em meio

eletronicos de forma bin´ aria, ou seja, na forma de zeros e uns. A combina-

cao deles representa letras, numeros e outros sımbolos. Cada 0 ou 1 pode

ser representado pela orientacao de uma partıcula magnetica num disquete,pela presenca ou ausencia de luz por determinada fracao de segundo em

uma fibra otica ou de pulso eletrico em um fio, pela existencia ou nao deuma marquinha microscopica na superfıcie de um CD que permite ou nao a

reflexao do LASER incidente. Poder-se-ia ainda convencionar que um grao

de feijao significa 0 enquanto o grao de milho representa 1 e convencionar

que 01100001=a 01100010=b e por aı vai para que um texto pudesse ser

representado por uma sequencia de graos dispostos sobre uma superfıcie

qualquer.No sistema binario (com base 2 ao inves do 10 ao qual estamos acostu-

mados/as), 01100001=97 pois 97 = 9 × 10 + 7 que na base binaria fica

1 × 26+ 1 × 2

5+ 0 × 2

4+ 0 × 2

3+ 0 × 2

2+ 0 × 2

1+ 1 × 2

0. Nos

computadores, a letra “a” minuscula e tratada pelo codigo 97. Os 8 bits

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utilizados para armazenar um byte permitem 256 combinacoes, que tem

outros usos alem das letras, numeros e sinais de pontuacao. Podem por

exemplo representar 256 tonalidades de vermelho, verde ou azul, permi-tindo 2563 = 224 = 16777216 cores diferentes. Cada pixel (pequeno

quadrado com uma unica cor, pode-se perceber dando um zoom numa fi-

gura digitalizada que trata-se de um mosaico) precisa portanto de 3 bytes

para seu armazenamento.

Da mesma forma, musicas sao armazenadas nos CDs convencionais como

uma tabela com a posicao da pelıcula da caixa de som armazenada com

16 bits (216 = 65536 combinacoes) atualizada a 44100 vezes por segundo

(calculos complicadıssimos provam que assim o ouvido humano pratica-

mente nao percebe diferenca entre o CD e a musica de verdade).Os formatos JPEG para figuras e MP3 para musicas permitem que se ocupe

um espaco muito menor nos dispositivos de armazenamento de dados,gracas a transformacoes matematicas que permitem descrever mudancas

de cor e vibracoes sonoras atraves de equacoes. As formulas que ocupam

menos espaco exigem mais do computador na hora de exibir o que quere-

mos.

1.2 SoftwareHa varias formas de se programar um computador. Ha a programacao em

alto e baixo nıvel (que nao tem nada a ver com carater, moral ou vulga-

ridade). A programacao de alto nıvel pode ter programas compilados e

interpretados. O mais comum e ver softwares compilados programados

em alto nıvel, e nessa categoria reside a diferenca entre software livre e

proprietario.A programacao em alto nıvel e feita atraves da elaboracao de um codigo-

-fonte com instrucoes que o computador deve obedecer quando o pro-grama estiver executando. Quando o porgrama e compilado, o codigo-

fonte e transformado em outra forma de arquivo binario que so e com-

preendida pelo proprio equipamento e por quem entende de compiladores.

Nos programas interpretados tais instrucoes, compreensıveis para os(as)

programadores(as), sao lidas diretamente pelo processador, levando a pro-

gramas um pouco mais lentos na sua execucao. Costuma-se dizer que ocodigo-fonte e uma especie de receita de bolo, con uma serie de instrucoes

para se reazlizar uma determinada tarefa. Em Computacao, essa seria de

instrucoes dadas a uma maquina ou pessoa para resolver determinado pro-blema de forma sistematizada e chamada de algoritmo.

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1 - Introduc ˜ ao 7

Ha ainda a programacao em baixo nıvel, que consiste em criar um pro-

grama diretamente com ordenando os bits de forma compreensıvel para

o hardware existente.´E uma tarefa semelhante a da engenharia genetica,pois ha 4 bases nitrogenadas (A, T, C, G) que podem corresponder a 2 bits

cada, que sao alteradas e transportadas entre especies para dar origem a no-

vas formas de seres vivos transgenicos. As instrucoes do DNA coordenama construcao e o funcionamento de determinado organismo, como nenhum

“Criador” deu para os humanos o fonte da “compilacao” de nenhum de-

les, faz-se programacao em baixo nıvel na programacao dos seres vivos,

levando a criaturas com novas estruturas anatomicas e funcionamentos fi-

siologicos.

Da mesma forma que o DNA se replica praticamente sem prejuızo a estru-tura original (aı reside uma das causas do envelhecimento e deterioracao

das celulas), os arquivos eletronicos podem ser copiados indefinidamentesem perder sua qualidade, desde que o meio fısico (disquete, CD, pen-

drive) nao seja danificado. A informacao e o conhecimento, bens in-

tangıveis, quando copiados nao privam do seu uso a pessoa que o forneceu

para copia. Ambos continuam com informacoes e arquivos perfeitos em

mao.

Nos primordios da Computacao, haviam poucos computadores em opera-

cao no mundo todo. Houve gente importante do setor que chegou a dizerna decada de 1970 que e ridıcula a ideia de ter um computador em casa,ou ainda que o mundo teria mercado para apenas 5 ou 6 maquinas, nos

anos 1960. Tais maquinas foram concebidas inicialmente para ajudar em

tarefas de Engenharia que exigem milhoes de calculos em curto espaco

de tempo, ou ainda para o trato com grandes bancos de dados, sendo util

para governos e grandes corporacoes em geral, especialmente bancos. Sua

transformacao em maquina de escrever de luxo ou eletrodomestico de en-

tertenimento foi um acidente.

Naqueles tempos, o software era livre, ou seja, seu codigo-fonte nao eraescondido a sete chaves como autalmente. Havia interesse em vender o

equipamento e era interessante para os fabricantes que houvessem mais

programas para elas e gente trabalhando no desenvolvimento deles. Nao

havia venda de software como atualmente. Em 1978, Bill Gates publi-

cou um artigo em uma revista cientıfica fazendo apologia ao modelo de

software proprietario, incentivando as empresas desenvolvedoras de soft-

ware a vender direitos de uso sobre eles e restringir o acesso aos fontes

aos limites da empresa. Sua sugestao foi aceita pela industria e, aliadaa popularizacao dos computadores pessoais nos anos 1980 fez com que a

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populacao considerasse natural a possibilidade de adquirir apenas o direito

de uso do programa pronto, mesmo que em condicoes mais desfavoraveis

que aquelas verificadas quando nao havia restricao de acesso aos fontes.Esse modelo ajudou algumas empresas a se fixar e crescer no mercado.

Para nao caracterizar aquela cena em que o Seu Madruga explica ao Chaves

o jogo de boliche enquanto o menino fica imaginando uma mesa de res-taurante com mudas de arvores Pinus e as bolas de boliche sendo usadas

como luvas de boxe, vamos apresentar um exemplo simlpes de codigo-

fonte. Trata-se de um programa que calcula os dıgitos verificadores do

CPF quando insere-se os seus 9 dıgitos principais. Na linguagem de pro-

gramacao usada, o que vem apos as duas barras sao comentarios ignorados

pelo compilador, que servem apenas para orientar os/as programadores(as)que leem o codigo. Nota-se uma serie de instrucoes em ingles e uma certa

sintaxe para determinar o que e quando o programa deve exibir e calcular.

//Fonte: Prof. Maurıcio Nacib Pontuschka (PUC-SP)

//www.pucsp.br/˜tuska/2002/arquivos/extras/CPF.C

#include <stdio.h>

void main() {

char c[15];

int soma, resto, digito1, digito2, i;

printf("Entre com o n£mero do CPF:");

scanf("%s",&c);

//Calculo do 1º dıgito

i=0;

while (i<9) {c[i++]-=48;}

i=10;

soma=0;while (i>1) {soma+=c[10-i]*i--;}

resto = soma % 11;

if (resto < 2)

digito1 = 0;

else

digito1 = 11 - resto;

//Calculo do 2º dıgito

i=11;

soma=0;while (i>2) {soma+=c[11-i]*i--;}

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2 - O que e o software livre 9

soma += digito1 * 2;

resto = soma % 11;

if (resto < 2)digito2 = 0;

else

digito2 = 11 - resto;

//Impressao do resultado

printf("Digitos verificadores :

%d%d",digito1,digito2);

}

Antes de comecar a falar do tao esperado Software Livre e necessario ex-plicar o que e Sistema Operacional (SO). Trata-se de um conjunto de

programas que fazem a intermediacao entre os programas comuns, o hard-

ware e as acoes do(a) usuario(a). Exemplos de SOs sao: MS-DOS, Win-

dows (marcas registrads da Microsoft), OS/2 (da IBM), MacOS (da Apple)e Linux (registrada por seu criador Linus Torvalds). Geralmente confunde-

se Software Livre com Linux, que e apenas o nucleo de um sistema oper-

caional livre. Ha programas proprietarios que funcionam sob SOs livres

e vice-versa, apesar ser mais comum a existencia de softwares livres com

versao para SOs igualmente livres como o Linux.

Os cursos de Ciencia da Computacao tem disciplinas especıficas sobre o

funcionamento e a confeccao de Sistemas Operacionais.

2 O que e o software livre

Muita gente confunde Software Livre com softwaregratuito. A liberdade de que se trata e a de ter acesso

ao codigo-fonte que gerou o programa. E perfeita-

mente possıvel haver software proprietario gratuito

(como os conhecidos sharewares de download  gra-

tuito) e softwares livres pagos. Um bom exemplo e

o programa fornecido gratuitamene pela Receita Federal para elaboracaode delcaracoes de Imposto de Renda, que nao permite o acesso ao seus

fontes para toda a populacao.

Pode-se pagar pelo desenvolvimento de um Software Livre, manutencaoou treinamento de pessoal. Richard Stallman, presidente da Free Software

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Foundation2, idealizador do movimento pelo Software Livre e notavel

programador, diz:

Free as in free speech, not as in free beer.

Ou seja, livre de “liberdade de expressao” e nao como e entendido em

“cerveja gratis”. Para um software ser considerado livre, deve atender a

quatro requisitos:

• A liberdade de executar o programa, para qualquer proposito (edu-cacional, comercial, lazer);

• A liberdade de estudar como o programa funciona, e adapta-lo paraas suas necessidades. Acesso ao codigo-fonte e um pre-requisito

para esta liberdade;

• A liberdade de redistribuir copias de modo que voce possa beneficiar

o proximo;

• A liberdade de aperfeicoar o programa, e liberar os seus aperfeico-

amen tos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso aocodigo-fonte e um pre-requisito para esta liberdade.

Quando o software e livre, pode-se pegar seu codigo-fonte atraves de down-

load ou outro meio qualquer e compila-lo em casa, alterando sua progra-

macao ou nao. O(a) usuario(a) tem liberdade para definir outro rumo para

o programa, nao apenas aquele predeterminado pela empresa fornecedora.Tendo a “receita do bolo” na mao hao ha como cobrar royalties pelo seu

mero direito de uso. Ao contrario do software proprietario, nao ha proble-

mas com pirataria, pois com uma copia de um pacote e instalacao de Soft-

ware Livre pode-se instala-lo com quantos computadores se queira sem

precisar dar satisfacao ao seu time de desenvolvimento.Ha, porem, a exigencia de que caso esse software seja passado adiante,

as mesmas liberdades sejam mantidas. Uma empresa pode alterar um

Software Livre sem contar nada a ninguem, mas nao pode distribuir tal

alteracao apenas em formato programa-pronto (binario). “Uma vez Fla-mengo, sempre Flamengo”, a mesma regra aplica-se aos Softwares Livres.

Pode-se dizer que a GPL e uma “Licenca-Flamengo”

O pai do autor principal, tecnico em Contabilidade, sempre aconselhava

seus filhos a nao corrigir/revisar os proprios textos; pois ja o tendo em

2<http://www.fsf.org>

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2 - O que e o software livre 11

mente, junto de determinados vıcios fica mais difıcil encontrar erros. Quem

e contabilista sabe disso e passa seus lancamentos contabeis para outra pes-

soa conferir. Da mesma forma, os Softwares Livres estao a disposicao deum numero muito maior de programadores e programadoras ao redor de

todo o planeta, que veem a vida de formas diferentes, que passaram por

diversas experiencias. Erros que “passam batido” por quem criou um pro-grama em uma localidade podem ser facilmente detectados e corrigidos

por pessoas de outro lugar. As vantagens de usar Software Livre serao

mais detalhadas adiante.

Codigo-fonte e como receita de bolo. Sendo livre, quem e alergico a gluten

pode livrar-se a tempo de um bolo com farinha de trigo e tentar fazer um

semelhante com fecula de mandioca ou batata. Quem e vegano (nao con-some nada de origem animal) pode criar uma “versao” sem ovos do mesmo

prato se tiver acesso a receita. Alternativas que nao existem quando ha um“monopolio” por parte da padaria ou restaurante.

Ha tambem no Software Livre a ausencia de restricao no acesso ao co-

nhecimento, o que e especialmente grave quando as empresas vendedo-

ras de software proprietario aproveitam-se do conhecimento acumulado

pos seculos para produzir algo fechado. Com o Software Livre pode-se

comecar onde outra pessoa parou, sem e necessidade de desenvolver al-

guma aplicacao especial a partir do nada.

2.1 Vantagens

Apesar da pouca preocupacao com o respeito a direitos autorais e com a

pirataria no Brasil, a primeira vantagem enxergada no Software Livre e

a reducao de custos para seus/suas usuarios(as). Mesmo tendo elevadoscustos na migracao de seu parque de maquinas e no treinamento de seu

pessoal, na pior das hipoteses ganha-se a longo prazo quando deixa-se derealizar pagamentos vultosos para grandes corporacoes que vivem de ven-

der licencas de software proprietario, pois tais atualizacoes para versoes

mais recentes sao periodicas.

Nada impede tambem que alguem cobre pelo custo do mıdia (CD virgem

por exemplo), do tempo de copia, do transporte, etc.; e venda CDs com

Softwares Livres. A unica exigencia e manter a liberdade que se teve eincluir o codigo-fonte no pacote ou ao menos da uma indicacao de onde

pode-se fazer o download deles.

Admitamos que orgaos fiscalizadores nao tem interesse em punir “peixespequenos” como pessoas fısicas que tem softwares proprietarios piratas em

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

casa, inclusive porque precisariam dar-se ao trabalho de obter uma ordem

 judicial para violar uma residencia. Nao faz sentido adotar um discurso

moralista que exalte a honestidade, o “dar a Cesar o que e de Cesar” oumesmo que insinue que pirataria de software e roubo. Deve-se incenti-

var o uso do Software Livre nos pequenos estabelecimentos e residencias

exltando-se suas outras qualidades.Ja que foi falado em pirataria, roubo e moralismo; pode-se dizer que com

o Software Livre ha uma honestidade em mao dupla. Nao apenas o/a

usuario(a) deixa de ser desonesto(a) com o fabricante mas a empresa ou

coletivo desenvolvedor e honesta ao fornecer um software transparente,

que pode ser auditado. Se uma falha de seguranca for descoberta, ela pode

ser consertada em pouco tempo e uma versao a prova daquela vulnerabi-lidade pode ser lancada em pouco tempo. No software proprietario, nao

se sabe quais procedimentos estao imbuıdos em sua programacao, que foifeita para atender a maioria dos(as) usuarios(as). Nada garante que nao

haja uma “treta” que faca algo que o/a usuario(a) nao aprovaria, ou ainda

que alguma caracterıstica inovadora esta sendo guardada para a proxima

versao (para que tenham mais produtos para vender) quando poderia ser

implementada ja.

Com Software Livre nao ha tanta dependencia em relacao as empresas

fornecedoras. Alguem que, por exemplo, planta abobrinha e nao sabe pro-gramar, pode encomendar um software livre para gerenciar sua producao.Se o programna for proprietario e houver um desentendimento entre as

partes, ou o(a) responsavel pelo desenvolvimento do programa morre ou

fecha sua empresa; o(a) cliente fica desamparado(a). Sendo livre, pode-se

trocar de fornecedor de servicos de programacao/desenvolvimento quando

necessario. Pode-se ainda levar os codigos-fonte para outra pessoa que

tenha uma plantacao de chuchu e deseja informatizar suas atividades. O

programa feito para gerenciar plantacao de abobrinha pode ser alterado

para as particularidades da cultura de chuchu sem que seja necessario rein-ventar a roda, ou seja, escrever outro software a partir do nada.

Ja que o presidente Lula tenta explicar muita coisa fazendo metaforas fu-

tebolısticas e o autor principal e engenheiro mecanico, vamos a algumas

comparacoes com o automobilismo: Software proprietario e uma caixa-

preta. Usa-lo corresponde a tomar um taxi de olhos vendados; pois chega-

se ao destino pretendido sem saber se haveria uma forma mais pratica,

rapida, segura e barata de faze-lo. Falhas descobertas em Softwares Li-

vres importantes costumam ser reparadas em dias ou memso horas! Naose varre a poeira para debaixo do tapete, costuma-se alertar toda a comu-

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 13

nidade da descoberta da falha e do trabalho em torno do desenvolvimento

de uma solucao. Por nao ser possıvel modificar e adaptar o software pro-

prietario e o(a) usuario(a) ficar a merce da boa vontade da empresa desen-volvedora; pode-se compara-lo a um automovel com capo soldado. Um(a)

engenheiro(a) que nao seja dessa empresa nao pode abrir o capo para ver

como e o motor nem abaixar a suspensao ou o cabecote, converter paraalcool ou gas natural, colocar vidro escuro, ou algo que o valha.

E interessante que a populacao reclamaria muito se essas coisas aconte-

cessem no mundo automobilıstico, mas nao reclama quando acontece no

mundo do software!

Os Softwares Livres tambem sao passıveis de permitir que se chegue a

usos inusitados em relacao a ideia original, para ter flexiblidade e rece-ber novas funcionalidades especıficas que sao necessarias a uma pequena

fatia do mercado. Nesse caso pode-se pagar para uma empresa ou pro-gramador(a) adaptar o software a necessidade de cada cliente, afinal nao

sao todos(as) que sabem programar. A diferenca e que nesse modelo o(a)

cliente nao e dependente de um unico fornecedor, de um monopolio, que

tem poder para estabelecer regras escorchantes.

Uma luta importante que deveria ser construıda principalmente por movi-

mentos polıtico-partidarios e pelo uso de Software Livre nas urnas eletronicas.

Atualmente nao temos conhecimento de seus metodos internos de funcio-namento, tal equipamento nao pode ser auditado.O ideal seria disponibilizar o codigo-fonte dos seus softwares para todo o

publico. Fiscais representando os partidos polıticos analisariam os fontes

para atestar sua lisura. Tais softwares seriam compilados em uma sessao

publica. O programa compilado seria instalado nas urnas, que seriam

lacradas tambem na presenca desses(as) fiscais e de quem se interessar.

Chaves de autenticacao3 seriam geradas para reforcar a prova de que o

programa instalado naquela sessao publica nao foi alterado em baixo n´ ıvel

nem foi substituıdo.Alguns milhoes de Reais de eventuais gastos adicionais nao fariam muita

diferenca, dada a importancia de ter-se eleicoes honestas. O Governo deve

exigir isso nos editais para fornecimento das urnas eletronicas. Nao pre-

cisamos voltar as cedulas de papel (como pedia Leonel Brizola em seus

ultimos meses de vida) so por causa dessas desconfiancas atuais em relacao

ao nosso processo eleitoral.

3Metodos matematicos baseados na multiplicac ao de mumeros primos muito grandes po-

dem provar a autenticidade e autoria de arquivos eletronicos. Os Governos Federal e algunsestaduais estao investindo em certificacao eletronica (secao 8)

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Por incrıvel que pareca, o uso de Softwares Livres tambem pode ser fa-

voravel ao meio ambiente. O modelo de software proprietario incentiva a

obsolesc encia programada, que e a necessidade de atualizar o hardwarepara acompanhar os “avancos” do software. O descarte de computado-

res antes do real fim da sua vida util faz com que a energia e os recur-

sos naturais (alguns deles toxicos) usados em sua fabricacao sejam sub-aproveitados, alem de acelerar o seu ciclo de consumo e contribuir com a

poluicao da agua e do solo por baterias e geis de capacitores. Seguindo o

lema do projeto USP Recicla, que diz que deve-se “reduzir, reutilizar e em

ultimo caso enviar para reciclagem”; usar softwares mais “enxutos” e que

nao sejam tao exigentes (a flexibilidade do Software Livre permite isso)

permite um substancial aumento na vida util desses equipamentos, bemcomo o “retorno a vida” de muitos deles que estavam esquecidos. A ONG

Meta Reciclagem4, com sua princpal sede em Santo Andre-SP e “filiais”em diversas cidades, usa do conhecimento tecnico de pessoas engajadas

na luta pela popularizacao do Software Livre para revitalizar (termo muito

comum na boca dos/as polıticos/as atualmente) computadores descartados

e direciona-los para projetos sociais e de inclusao digital.

O lancamento periodico de novas versoes de determinado software pro-

prietario pode trazer (e geralmente traz) outra armadilha: aos poucos criam-

se versoes de programas e arquivos incompatıveis entre si, de forma aimpedir que arquivos elaborados em softwares antigos sejam lidos nasversoes mais atuais do mesmo, o que forca parte da populacao a ter (quer

seja comprando ou pirateando) a ultima palavra em determinado software

para poder comunicar-se adequadamente. Nao parece, mas o desenvolvi-

mento de Softwares Livres sempre e feito buscando-se a compatibilidade,

inclusive retroativa.

2.2 Historia do movimento pelo Software Livre

Richard Stallman

Em 1983, o fısico Richard Matthew Stallman, ati-vista em lutas por liberdades civis e individuais

nos EUA; deparou-se com um problema tecnico

na impressora Xerox do seu local de trabalho: asretas impressas por ela estavam em formato leve-

mente ondulado. Tendo conhecimento em e gosto

por programacao de computadores, requisitou ao

4<www.metareciclagem.org>

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 15

fabricante o codigo-fonte do driver 5 dessa impres-

sora, dizendo que tinha conhecimento tecnico para

resolver o problema e de quebra disponibiliza-lopara todos(as) os(as) seus/suas clientes ao redor do mundo. Seria bom

para ele, para os/as demais clientes e para o fabricante, que infelizmente

negou-lhe o acesso as instrucoes que geram tal driver e tambemnao o con-sertou por conta propria.

Diante desse fato Richard percebeu a importancia de lutar para que o soft-

ware voltasse a ser livre e comecou um projeto ambicioso: desenvolver

todo um SO com diversas ferramentas uteis para tarefas informatizadas

que fosse livre. Tal desenvolvimento deveria ser feito from scratch, ou seja,

a partir do zero, sem “chupinhar” codigo-fonte de nenhum outro prorgamaproprietario.

Em 1985 foi fundada a Free Software Foundation, com sede em Boston,Massachussets, EUA.

Stallman comecou sua empreitada sozinho, depois com ajuda de colegas de

trabalho do MIT, onde desenvolvia sua pos-graduacao. O primeiro projeto

foi de um editor de texto chamado Emacs, que quando ficou razoavem-

lente usavel foi prontamente disponibilizado para download  no servidor

FTP (File Transfer Protocol, muito usado para uploads e downloads) da

instituicao. Havia tambem a opcao de comprar uma fita magnetica como programa e seu codigo-fonte, util para quem nao tinha conexao com aInternet na epoca. O preco pode parecer salgado (US$ 150) para um pro-

grama que poderia ser baixado gratuitamente, mas trazia a vantagem de

dar liberdade de estudo e desenvolvimento de novas funcionalidades ao

editor.

Com o tempo, mais colaboradores(as) juntaram-se a esse e a outros proje-

tos de Softwares Livres que foram surgindo, tendo na expansao da Internet

uma grande aliada. A existencia de um reposit   orio de codigo-fonte que

esta a disposicao de qualquer um(a) em qualquer lugar do mundo agilizamuito a troca de informacoes e o desenvolvimento em si.

Os sistemas operacionais usados por Richard Stallman e pelas pessoas ini-

cialmente envolvidas no seu projeto eram diversos tipos de Unix. Esse SO

e mais robusto, seguro, complexo, difıcil de operar e dotado de alguna re-

cursos que o MacOS, Windows ou o MS-DOS por exemplo; nao tem. Os

Unices sao usados com mais frequencia em servidores de bancos de dados

ou de acesso a Internet, ou ainda em areas tecnologicas de universidades.

5Em Computacao, trata-se de programas especıficos que definem as regras decomunicacao de um determinado hardware com o sistema operacional e os demais programas

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Os outros SOs mais faceis de operar sempre foram os preferidos dos(as)

“mortais”.

Stallman escolheu o gnu, um antılope africano, para ser o mascote do mo-vimento. O sistema operacional livre idealizado por ele e chamado de

GNU, que significa (Gnu is Not Unix). E um acronimo, uma brincadeira

como o nome do animal, que serve par lembrar que seu projeto e umacoisa, e os Unices em geral sao outra. O sistema operacional GNU tem

sua estrutura, comandos e modos de funcionamento semelhantes ao dos

Unices existentes.

Aı reside uma das principais causas de resistencia na migracao para Soft-

ware Livre: Deve-se aprender a usar algum Unix. O proprio Linux e uma

especie de Unix. Quem idealizou o Software Livre nao quis fazer algo ex-ternamente semelhante ao MS-DOS ou ao Windows 3.1.

A excecao da pouca familiaridade de muita gente com os Unices e ao pe-queno alcance da Internet no fim dos anos 1980, tudo ia muito bem. Faltava

um pequeno detalhe para que fosse possıvel usar um computador exclusi-

vamente com software livre: uma peca chamada kernel! Faltava a cereja

no bolo, a parte principal do SO. Em 1991, um formando de Ciencia da

Computacao finlandes chamado Linus Benedict Torvalds estava com pro-

blemas que viriam de encontro as necessidades do projeto GNU: ele queria

estudar profundamente a arquitetura dos microprocessadores 80386, usarum Unix no seu PC (so havia MS-DOS e Windows 3.x para IBM-PC 386na epoca) e nao ser obrigado a atravessar ruas cheias de neve para che-

gar ao equivalente da Sala Pro-aluno6 da Universidade de Helsinki para

acessar a Internet; uma vez que poderia acessar o servidor via linha te-

lefonica se pudesse curtir tudo o que um Unix pode oferecer em casa.

6Chamada de LIG (Laboratorio de Informatica para Graduacao) na UFSCar e de Polo naUnesp

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2 - O que e o software livre 17

Tux, o pinguim-

-mascote do Linux

Ele comecou a desenvolver um kernel, que quando

tinha um mınimo de usabilidade (agosto) foi di-

vulgado num newsgroup7sobre SOs. Ele anunciouque esse kernel seria disponibilizado de acordo

com a Licenca Geral Publica da Free Software

Foundation nao pelo mesmo altruısmo e idea-

lismo que movem Richar Stallman, mas por en-

xergar nesse modelo de desenvolvimento vanta-gens tecnicas. Teria na mao seu Unix para 80386

em menos tempo, tambem poderia contar com um

produto de melhor qualidade gracas a colaboracao

de mais gente.Em outubro daquele ano era lancada a primeira versao estavel do Linux,

cujo nome significa Linus’ Unix. O Unix do Linus. Seu desenvolvimento

e o de outros programas continuou, porem sem muita preocupacao com os

usuarios “mortais” ate o fim dos anos 1990. Nesta decada que o desenvol-vimento de Software Livre comecou a preocupar-se com os/as usuarios(as)

finais, surgindo projetos de desenvolvimento de Softwares Livres para ta-

refas cotidianas de grande parte da populacao; para SOs livres ou nao. Asecao 2.7 mostra uma tabela com Softwares Livres equivalentes aos princi-

pais softwares proprietarios conhecidos para as mais diversas aplicacoes.Pode-se dizer tambem que atualmente o Software Livre como um todo

esta maduro o suficiente para atender a grande maioria das demandas de

populacao em geral e das empresas, havendo espaco para desenvolver oque falta. Em alguns nichos especıficos, porem, o Software Livre dificil-

mente entrara.

Aos poucos pessoas que nao estudam Computacao nem Engenharia

Eletrica somam-se ao movimento, seja simplesmente usando Softwares

Livres, colaborando com seu desenvolvimento sem necessariamente sa-ber programar (por exemplo, elaborando musicas, artes visuais ou asse-

sorando desenvovledores com outros conhecimentos), contribuindo comdocumentacao e traducao, testando versoes Beta e reportando problemas

aos coletivos de desenvolvimento. Ou simplesmente militando para divlu-

gar o assunto, levar a discussao a seu respeito para fora da “torre de silıcio”e exigir que pelo menos os orgaos publicos e entidades sem fins lucrativos

gastem seu dinheiro com responsabilidade e nao exijam de seus/suas as-

7Neles, pode-se discutir sobre diversos assuntos, porem sem a interface grafica bonitinhae amigavel do Orkut

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sociados(as) e cidada(o)s que usem determinados softwares e formatos de

arquivos proprietarios.

2.3 Instrumentos legais que os regulamentam

Linus Torvalds

O/A programador(a) tem a sua disposicao

diversas ferramentas legais para proteger o

direito autoral de seus codigos sem preci-

sar esconde-los, podendo escolher a mais

adequada para cada caso. No ambiente

do Software Livre tambem ha acordos en-

tre usuario(a) e time de desenvolvimento,que sao implicitamente aceitos quando clica-

se no botao “Next” na instalacao de alguns

softwares em ambientes graficos. Clicar

nessas opcoes com a inscricao “Next” ou

“aceito os termos da licenca” tem o valor le-

gal de aceitar as condicoes de quem desenvolveu o software, seja livre ou

priprietario. A vantagem dos Softwares Livres e que suas condicoes naosao tao desfavroaveis.

A principal licenca de Software Livre e a GPL (General Public License),redigida pela Free Software Foundation. Trata-se de um texto extenso e

de difıcil leutura (esta disponıvel em ingles no site da FSF), que diz basi-

camente que quem usa um software sob suas condicoes tem as 4 liberda-

des citadas e que caso o redistribua deve manter o acesso a elas. A GPL

tambem tem um carater “viral” que “contamina” outros programas que re-

cebam trechos de codigo sob essa licenca, nesse caso o novo programatambem deve ser distribuıdo pela mesma licenca.

Ja foi dito que nada impede que um software proprietario funcione sob SO

livre ou vice-versa. Porem o funcionamento combinado de um programa

sob GPL com um proprietario ou simplesmente com outro tipo de licenci-

amento incompatıvel nao e permitido. Mesmo tendo na FSF pessoas que

sonham com um mundo onde todos os softwares fossem livres, foi elabo-

rada uma licenca ligeriamente diferente para “quebrar um galho”: a Lesser

General Public License (LGPL). Uma de suas utilidades e permitir quebibliotecas8 livres possam ser utilizads por softwares proprietarios. . Seu

8Biblioteca e uma colecao de subrotinas que podem ser usadas por softwares distintos.

Servem para facilitar o desenvolvimento deles, poupando trabalho de desenvolver instrucoessemelhantes para problemas semelhantes e espaco em disco. Por exemplo, uma biblioteca

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2 - O que e o software livre 19

objetivo e justamente permitir que softwares livres possam ser combina-

dos com modulos nao-livres e vice-versa. Entretanto a FSF nao estimula

seu uso, e sim o da GPL convencional, para que softwares nao livres tra-balhem em conjunto com essas bibliotecas. Tal atitude pode incentivar

o uso de Softwares Livres ou distanciar as pessoas dele, dependendo da

simpatia que determinada pessoa, grupo ou empresa nutre por ele. Outrofator quepesa nessa decisao pode ser a existencia de bibliotecas altamente

avancadas.

A terceira e ultima versao da GPL tem atualizacoes para evitar que o Soft-

ware Livre nao seja vıtima da tivoizac ˜ ao indiscriminada. Ha hardware que

so funciona se o software tiver uma determinada assinatura eletronica, o

que impediria o uso de versoes alteradas nesse tipo de equipamento. Ativoizacao, porem, e desejada nas urnas eletronicas, onde deve-se ter cer-

teza de que o programa uma vez instalado nao foi alterado. As LicencasBSD (Berkeley Software Distribuition) foram criadas a partir da dis-

cordancia de algumas pessoas com as regras da GPL, que as consideram

complicadas e restritivas demais. As licencas BSD permitem que pedacos

de codigo de software livre possa ser adicionado em software proprietario.

Tais licencas tambem exigem a citacao do nome de todas as pessoas en-

volvidas no desenvolvimento, mesmo quando alguma parte e incorporada

a um software proprietario. O defensores desse modelo de licenciamentodizem nele pode-se fazer com o codigo mais coisas que a GPL permite,enquanto quem defende a licenca da FSF diz que a permissao de incorpo-

rar sodigo livre em programa proprietario dificulta o avanco do Software

Livre.

Os sistemas operacionais Free BSD, Net BSD e Open BSD tem suas

licencas ligeriamente diferentes. Sao considerados mais seguros que o Li-

nux e preferidos em algumas aplicacoes onde exige-se alta confiabilidae,

por razoes tecnicas. Tambemsao tipos de Unix, mas devido a suas particu-

laridades nao sao tao apropriados para uso para pessoas leigas em tarefasinformatizadas corriqueiras.

Interessados(as) em conhecer os BSD mais profundamente podem consul-

tar:

http://en.wikipedia.org/wiki/BSD license

http://www.freebsd.org

http://www.netbsd.org

http://www.openbsd.org

com informacoes sobre valroes e desenhos de cartas de baralho poderia ser usada por varios jogos de cartas.

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Algumas corporacoes torcem o nariz para o termo Free Software e pre-

ferem Open Source. Um software Open Source tem os codigos-fonte

a disposicao dos(as) usuarios(as) para estudo e atestado de seguranca elisura, mas nao lhes da necessariamente o direito de modificar e distri-

buir. Tal termo foi cunhado porque “Free Software” assuta alguns atores

do capitalismo tradicional, soa libertario demais para o gosto deles. AOpen Source Initiative <http://www.opensource.org> defende a

existencia de ambos os conceitos e pode fornecer maiores informacaoes

para quem se interessar em uma visao mais detalhada.

Softwares Livres precisam de documentacao livre. Quem desenvovle

softwares geralmente nao tem muita inspiracao ou paciencia para escre-

ver os manuais dos programas, quando eles sao complexos demais paraprecisar disso. Pessoas que tenham talento ou nao em programacao sao

incentivadas a desenvolver manuais e tutoriais para Softwares Livres. AFDL-Free Documentation License nada mais e que um meio de permitir a

livre distriubicao e aperfeicoamento de documentacao em geral, nao ape-

nas para Software Livre. Ter “livros” livres, mesmo que nao no formato

fısico convencional, ajuda no aprendizado em qualquer area, dispensando

as pessoas da compra de livros caros a respeito (e existem muitos voltados

para softwares livres).

Um engano muito comum para quem nao conhece as questoes do SoftwareLivre e confundi-lo com domınio publico. Uma obra inventiva/criativa/ar-tıstica sob domınio publico nao esta sujeita a nenhuma regra de direito au-

toral e pode ser pega por qualquer pessoa ou empresa para qualquer finali-

dade. Geralmente trata-se de obras antigas que ca´ ıram em domınio publico

devido a expiracao de patentes e fazem parte do patrimonio historico,

artıstico ou cultural de um povo. Cantigas de roda e algumas musicas

que animam as festas juninas enquadram-se nessa categoria.

Falta falar do Copyleft. Trata-se de um trocadilho com o Copyright, onde

a expressao “direito de copia” e trocada pelo “copia permitida”, em ingles.Ao inves de proibir a copia de qualquer obra criativa sem a expressa per-

missao do(a) autor(a) ou detentor(a) dos direitos autorais, ha liberdade para

copias e adpatacoes. Ha diferencas entre Copyleft e domınio publico, pois

o Copyleft nao e tao permissivo e exige que as mesmas liberdades sejam

repassadas e a citacao do nome do(a) autor(a). A GPL e as licencas Crea-

tive Commons sao Copyleft.

O sımbolo do Copyleft e o sımbolo de Copyright invertido horizontal-

mente. 

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2 - O que e o software livre 21

2.4 Distribuic ˜ oes GNU/Linux

Como o Linux, o sistema operacional GNU e os demais Softwares Livres

podem ser distribuıdos por qualquer pessoa ou empresa; algumas delaspreparam discos de instalacao para permitir a instalacao de um sistema

operacional completo com relativa facilidade. Sao como engarrafadoras.Algumas distribuicoes sao preparadas por empresas e outras por coletivos

formados por voluntarios(as).

As centenas de distribuicoes existentes (nada impede que uma pessoa crie

a sua propria) tem focos e objetivos distintos. Algumas oferecem ferra-

mentas que facilitam a instalacao, configuracao e uso do computador. Ou-

tras, permitem um maior controle sobre a maquina e configuracoes mais

avancadas. Ha ainda as que preocupam-se em atender a necessidades es-

pecıficas de algumas regioes. Outra opcao que as principais distribuidorasfazem consiste em “engarrafar” os programas na sua versao mais atual ou

escolher versoes exaustivamente testadas. Alguns Softwares Livres sao

atualizados uma ou mais vezes por mes, estao em constante evolucao, e

essa opcao pode ser muito importante dependendo da aplicacao. Nada im-

pede, pois, que apos a instalacao do sistema operacional e dos aplicativos

a partir do disco de instalacao de alguma ditribuidora sejam instalados ou-

tros softwares, livres ou nao que funcionem sob o SO.Algumas empresas nao mantem necessariamente uma determiadadistribuicao, mas contribuem com seu desenvolvimento de outras formas.

Algumas doam equipamentos, dinheiro, ou chegam ao ponto de ter em-

pregados(as) pagos(as) exclusivamente para ajudar a manter determinado

software ou distribuicao. Em alguns casos ha interesses comerciais, como

por exemplo assegurar que determinado produto sera compatıvel com ao

menos uma distribuicao.

Existem ainda as distribuicoes Live-CD, que praticamente nao interferem

no disco rıgido. Com um Live-CD e um computador que permita realizaro procedimento de boot 9 a partir do drive de CD, pode-se executar o SO

a partir dessa mıdia. Apesar do funcionamento mais lento e de algumas

limitacoes, ha a vantagem de muitas tarefas de configuracao de hardware

ser automatizadas, o que e necessario nesse caso porque nao se guarda ne-

nhum arquivo de configuracao no disco. Apos desligar o computador e

realizar o boot  novamente sem o CD no drive, ele volta a executar o SO

que esta instalado em seu disco rıgido como se nada tivesse acontecido. E

um transe hipnotico.

9O pontape inicial, uma serie de processos de inicializc ao do computador

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Os Live CDs sao muito uteis para conhecer o GNU/Linux sem compro-

misso, sem exigir muito espaco no disco rıgido para sua instalacao. Nao se

forca uma mudanca drastica de paradigmas, uma pessoa pode ate mesmousar um computador que nao lhe pertenca.

Vamos falar um pouco sobre as principais distribuicoes existentes:

Debian http://www.debian.org

O nome surgiu da fusao do nome do seu criador (Ian Murdock), com o

de sua esposa, Debra (que romantico!). Nota-se que que seu site e .org

e nao .com, pois nao se trata de uma empresa, mas de um grupo de pes-

soas distribuıda ao redor do mundo que mantem a distribuicao com o seu

trabalho de desenvolvimento e “engarrafamento”. A principal marca do

Debian e a preocupacao com o alinhamento a filosofia do Software Li-vre, nenhum programa entra e empacotado em seus discos de instalacao

se nao for totalmente livre (algumas distribuidoras empacotam programasproprietarios). Mesmo assim, conta atualmente com mais de 18000 pro-

gramas, atualmente a distribuicao completa contem 21CDs ou 3 DVDs.

Mesmo assim eles sao rigorosos e so admitem versoes dos softwares que

foram exaustivamente testadas e tiveram sua estabilidade comprovada, em

detrimento das ultimas versoes dos mesmos. E uma das distribuicoes mais

antigas, fundada em 1993, e algumas outras derivam dela.

Slackware http://www.slackware.comUm sistema GNU/Linux instalado a partir dessa distribuicao e o equiva-lente de uma maquina fotografica que usa filme e tem regulagem de aber-

tura e exposicao. Nao ha “moleza”, muitas das configuracoes devem ser

feitas editando-se arquivos de configuracao ao inves de escolher-se menus

e botoes em ambiente mais amigavel. Para pessoas mais experientes esse

caminho e mais apropriado, bem como para quem quer aprofundar-se no

conhecimento do sistema. A intencao dos seus desenvolvedores e criar

um sistema operacional mais parecido possıvel com Unices ja existentes.

Tambem lancado em 1993, visa a “simplicidade”, nao no sentido de serfacil de usar por iniciantes, mas em nao ter muita “firula”.

RedHat/Fedora http://www.redhat.com

Foi umas das primeiras distribuidoras com foco para o mercado corpo-

rativo, propondo-se a oferecer servicos para grandes empresas. Muitos

softwares para GNU/Linux, inclusive alguns proprietarios, sao feitos para

funcionar melhor ou somente com Red Hat. Apos a decisao de atender

apenas os clientes corporativos, foi lancada a distribuicao Fedora para o

ambiente domestico. Curiosidade: o governo chines criou a distribuicaoRed Flag para uso interno.

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2 - O que e o software livre 23

Mandriva http://www.mandriva.com.br

Fusao da francesa Mandrake com a brasileira Conectiva. Segue uma li-

nha semelhante a da Red Hat, com o oferecimento de aplicativos e driversvoltados para os equipamentos de hardware mais vendidos na America La-

tina, na divisao Conectiva.

SUsE http://www.novell.com/linux

Empresa alema que atende boa parte do mercado europeu, adquirida re-

centemente pela Novell.

Gentoo http://www.gentoo.org

Tambem indicada para pessoas muito expeirentes, tem uma caracterıstica

marcante: tudo e compilado, os programas nao sao instalados no seu

modo compilado a partir de uma mıdia de instalacao. E feito o down-load dos codigos-fonte dos programas esoclhidos, com algumas opcoes de

compilacao. Os programas ficam otimizados para o equipamento que setem, o que pode ser vantajoso quando prcisa-de desempenho.

As principais distribuicoes sao baseadas na RedHat, Slackware ou Debian,

usando inclusive seus sistemas de pacotes de instalacao.

Ha alguns anos atras a discussao sobre qual distrubicao e a melhor era

mais acalorada e apaixonante, especialmente entre usuarios(as) de Debian

e Slackware. “So o (Debian/Slack) presta!” ja foi dito por muita gente.

Atualmente a discussao sobre as caracterısticas de cada distribuicao e suaadequacao para cada tarefa ainda existe e e saudavel, permanecendo numnıvel menos agressivo que o passado.

Existem tambem as distribuicoes que usam o formato chamadao Live-

CD. Nelas, nao e necessario instalar nada (ou quase) no disco rıgido. Os

programas sao carregados a partir do CD desde o inıcio do processo de

boot  e permitem uma certa funcionalidade sem maiores interferencias do

computador. Apesar das limitacoes no desempenho dos programas, es-

sas distribuicoes sao muito uteis para quem quer sonhecer o GNU/Linux

sem compromisso, nao tem condicoes de migrar de SO atualmente oumesmo nao dispoe de um computador proprio, podendo usar o Live-CD

em maquinas de terceiros(as). Quando desliga-se o equipamento e retira-

se o CD, ele volta a executar o SO instalado no disco rıgido nas outras ve-

zes em que for ligado em o Live-CD, como se nada tivesse acontecido. E

como se fosse um transe hionotico. A uinca interferencia que pode ser ne-

cessaria e a instalacao de um unico arquivo (geralmente bem grande) para

ser usado pelo GNU/Linux como mem´ oria virtual ou uma serie de arqui-

vos menores para salvar algumas configuracoes para o caso de utilizar-seo Live-CD com uma certa frequencia no mesmo computador.

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Entre as distribuicoes Live-CD, destacam-se: Knoppix (baseada no De-

bian, uma das primeiras a adotar o modelo Live-CD), Kurumin (voltada

para o publico brasileiro). Ubuntu e suas variantes (Xubuntu, Edubuntu).Ubuntu e mantida por um milionario sul-africano que chega ao ponto de

enviar gratuitamente pelo correio seus CDs para quem requisita-los. Ali-

ada as facilidades dos Live CDs, essa facilidade de obtencao dos seus dis-cos fez do Ubuntu uma distribuicao muito popular. A palavra Ubuntu tem

diversos significados em lınguas tribais africanas, que vao desde “piada” a

“humanidade em direcao a outros(as)”, que na explicacao de Nelson Man-

dela passa a nocao de referir-se e pessoa solidaria, acessıvel e hospitaleira.

Em <http://www.distrowatch.com> encontra-se uma extensa

lista de distribuicoes.

2.5 Ambientes graficos

No sistema operacional Microsoft Windows, o mais conhecido e usado, a

interface grafica e uma funcionalidade embutida que nao pode ser trocada.

Nos Unices isso e diferente: ha um servidor de janelas varios ambien-

tes graficos distintos (estima-se que atualmente estejam na casa dos 50),que sendo livres podem ser compilados em diversos SOs que seguem os

padroes do Unix. Tais ambientes graficos tem propostas diferentes, po-

dem exigir mais ou menos recursos fısicos do computador, ter mais ou

menos funcionalidades (das mais essenciais aquelas considerads “firula”),

ser mais facil de aprender a usar ou nao. Ha ainda a opcao pessoal de cada

usuario(a), e a possibilidade de ter varios ambientes graficos distintos num

mesmo computador para cada pessoa usar o que melhor lhe convier (basta

o hardware comportar todos eles). Pode-se mesmo usar a cada dia umainterface diferente sem problemas com compatibilidade.

Nao e apropriado colocar aqui, em preto-e-branco e no tamanho reduzidodo papel, as capturas de tela (tambem chamadas de screenshots) dos prin-

cipais ambientes graficos usados no ambiente Unix. Para conhece-los me-

lhor, deve-se visitar os seus sites para saber detalhes de suas caracterısticas

e ver alguns screenshots.

O site “Sao’s place. Window Managers for X11”

http://homepage.mac.com/sao1/fink/wmanagers.html

tem uma pagina Web com informacoes resumidas sobre varios ambientes

graficos para uso em SOs livres compatıveis com Unix. Ha links para os

seus sites onde maiores informacoes podem ser obtidas. Comentarios so-bre alguns deles:

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2 - O que e o software livre 25

Enlightenment: altamente configuravel, leve, relativamente complexo e de

difıcil aprendizado.

GNOME <http://www.gnome.org>: GNU Network Object ModelEnvironment. Criado para ser uma alternativa ao KDE numa epoca em que

ele era mal-visto.

KDE <http://www.kde.org>: e o mais pesado, seguido de pertopelo GNOME. Ha alguns anos precisava de uma biblioteca proprietaria

para funcionar e era mal visto por pessoas muito preocupadas com a filo-

sofia do Software Livre. Essa biblioteca, chamada Qt, foi liberada, o que

permitiu sua popularizacao. Tem muitas ferramentas de configuracao que

poupam o/a usuario(a) de fucar em arquivos-texto menos amigaveis, alem

de contar com muitos recursos graficos. Tais regalias sao configuraveispara que setenha mais ou menos “firulas”. Junto com GNOME, tem mui-

tas funcionalidades associadas, beirando um SO completo.IceWM/FVWM/QVWM: Concebidos para ter aparencia semelhante a do

MS Windows 95, para facilitar a aclimatacao de pessoas acostumadas a

esse SO.

XFCE - X Free Cholesterol Environment. Feito para ser semelhante ao

GNOME na aparencia, sendo porem um pouco mais leve para permitir seu

uso em computadores mais antigos.

Window Maker10: boa relacao custo-benefıcio para quem nao faz questaode muitos efeitos especiais. Leve e agil. Nao tem a barra inferior comacesso intuitivo aos menus, que sao acessados com a tecla F12 ou com

clique do botao direito do mouse na area de trabalho. Suas configuracoes

podem ser editadas com aplicativo proprio ou atraves da manupulacao de

arquivos texto para quem preferir. Compatıvel com aplicacoes feitas espe-

cialmente para KDE e GNOME.

Nota-se que em muitos projetos de ambientes graficos (ha varios outros

citados no Sao’s place) ha preocupacao com a leveza e agilidade. Al-

guns chegam ao ponto de permitir o maximo possıvel de funcionalidadecom o uso mınimo do mouse, pois algumas pessoas preferem manter suas

maos sobre o teclado. Poucos preocupam-se na facilidade de uso para lei-

gos(as) recem-chegados(as) dos SOs proprietarios. Basicamente, KDE e

GNOME sao os mais recomendados para iniciantes e pessoas que nao que-

rem aprofundar muito seus conhecimentos tecnicos nos Softwares Livres.

Para executa-los dignamente, porem, e necessario ter recursis de hardware

paropriados, pois eles sao exigentes nesse quesito.

10O autor usa Slackware e Window Maker, mas nao faz questao que os/as outros(as) facamo mesmo, desde que estejam no Software Livre

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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26

DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Em projetos que visam o reaproveitamento de computadores antigos para

projetos socio-ambientais, pode valer a pena esforcar os/as envolvidos(as)

no aprendizado de um ambiente mais espartano, pois muito poder de pro-cessamento esta envolvido na elaboracao de alguns graficos e ter um am-

biente assim pode ser fundamental para o sucesso do Software Livre em

equipamento mais modesto.De qualquer forma, a escolha do ambiente grafico e tao ou mais impor-

tante que a da distribuicao, pois quem usa o computador tem contato com

a interface diretamente, ao passo em que a instalacao, as configuracoes e

rotinas de manutencao podem ser feitas por outras pessoas, que instalariam

a distrubuicao a qual estao acostumados(as).

2.6 Mitos e equıvocos que cercam o Software Livre

Muitas ideias erroneas sobre o Software Livre permeiam a imaginario po-

pular. Algumas sao espalhadas por pura ma-fe por parte de quem quer

manter-se gracas ao software proprietario. Outras sao repetidas por quem

tem preguica de pensar e avaliar as vantagens so Software Livre porque

teria mais trabalho caso seu local de estudo ou trabalho o implementasse.Se ´ e de graca n˜ ao deve ser bom. E geralmente a primeira ideia lancada

por quem quer denegrir o Software Livre, com a ideia de que quem nao

e remunerado por um servico nao o faz corretamente. Sem ser piegas,

sem dizer que esses(as) programadores(as) sao altruıstas e querem justica

social; deve-se chamar a atencao para as motivacoes tecnicas que levam

muita gente a buscar o modelo livre para disponibilizar ou buscar um soft-

ware. Pode nao pegar bem dizer que as melhores coisas da vida nao tem

preco, dependendo do contexto.Por que vocˆ e n˜ ao aprende Esperanto tamb´ em? Afinal, s˜ ao modelos di-

 ferentes, criados por pessoas que dizem que s˜ ao melhores para o mundocaso fossem adotados em larga escala. A proposta de uma lıngua “tirada

da cartola” com regras gramaticais simples, sem excecoes, verbos irregula-

res ou a predominancia cultural de determinado povo parece interessante.

Ha, porem, algumas diferencas entre o uso da linguagem e dos softwa-

res: os idiomas evoluem, influem uns nos outros e dividem-se de forma

espontanea e descentralizada. Tampouco e necessario pagar por royalties

ou direitos autorais para usar um determinado idioma, seja na forma es-

crita ou falada. O Esperanto pode ter vantagens tecnicas sobre o ingles

que e naturamlente aceito na comunicacao globalizada, as trata-se de umaquestao menos grave e urgente, sobre a qual tambem nao temos tanto co-

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 27

nhecimento de causa.

Em contrapartida ha uma semelhanca entre as propostas do Esperanto e

do Software Livre, de acordo com depoimentos de gente que estuda esseidioma: Por nao estar atrelado a neuma cultura e nenhum povo especıfico,

nao haveria a necessidade de se mudar o idioma “padrao”, “universal” da

civilizacao cada vez que uma nacao diferente assume a lideranca, mesmoque esse fenomeno seja bem mais lento que as atualizacoes e mudancas

de padrao na industria de informatica. Ha alguns seculos, espanhois e

portugueses tinham notavel influencia no Velho Mundo devido aos seus

desenvolvimentos na area naval. Gregos e Romanos (que falavam latim)

 ja foram os mais poderosos tambem. Hoje temo o ingles como a lıngua

“universal” dos negocios e usada pelos povos dominantes. Daqui a algu-mas decadas, os idiomas chines e espanhol promete tomar boa parte desse

espaco. Um idioma com padroes mais simples (com a outra face da mo-eda de nao ser tao enfeitado e belo) poderia sobreviver melhor a essas

mudancas periodicas de paradigma.

. Deve-se deixar claro que em TI (Tecnoligia da Informacao) n ˜ ao

existe Vodu! Para instalar um programa menos seguro, compilado por

alguem de ma-fe com intencao de causar algum dano; deve-se passar pri-meiro pelos programas seguros que estao atualmente instalados e compi-

lados. Alterar o codigo emumamaquina nao altera o programa pronto na

outra instantaemanete e sem necessidae de passar por barreiras. Nao existe

vodu em Tecnologia da Informacao.

 Mas eu n˜ ao tenho o que fazer com o fonte. Os Softwares Livres nao sao

feitos apenas para estudantes e profissionais de Ciencia da Computacao e

Engenharia Eletrica. Alguns deles sao voltados para o publico geral, in-

clusive leigo. Mesmo quem nao participa do coletivo de desenvolvimentotoma parte das vantagens da liberdade que tal software da. Os/As dsen-

volvedores(as) fazem-no pensando em toda a populacao (obviamente sefor por exemplo um programa para area medica, pensa-se em todos/as

oas/as profissionais da Medicina). Quem sentir a obrigacao moral de

colaborar pode participar de outras atividdes que nao necessariamente a

programacao, conforme ja foi descrito.

 Mas eu mal sei mexer no “Ord”. Cada um(a) tem suas habilidades e ap-

tidoes. Alguams pessoas tem dificuldade para entender como um com-putador funciona e nao tem o “desconfiometro” que outras tem para lidar

com essa maquina. Como o SO livre mais famoso (GNU/Linux) e real-

mente mais complexo (a verdade deve ser dita) e o simples fato de migrarpara o que nao se esta acostumado exige novo aprendizado; a mudanca de

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

paradigma para Software Livre realmente assusta. Quando a pessoa tem

disposicao para aprender, nota-se que aquelas que lidam com computado-

res ha muito tempo (digamos, quem ja mexeu com MS-DOS, XT, 286)ou aquelas que nunca pegaram num e ja comecam a aprende a usa-lo em

plataformas livres e nao tem o legado proprietario; aprendem a lidar com

o GNU/Linux mais facilmente do que aquelas que comecaram com o Mi-crosoft Windows 2000 ou XP. Se a pessoa mal sabe usar o “Ord”, e uma

otima oportunidade para que ela aprenda usar o BrOffice de uma vez.

  Mas na empresa XYZ migraram para Software Livre e est   ao gastando

mais. Isso pode ser verdade. Ha os custos com migracao, treinamento

e nao ha tantos(as) profissionais aptos(as) a oferecer suporte adequado

em todas as regioes do Paıs. Ha demanda reprimida, empresas e orgaospublicos querendo migrar mas nao encontram quem possa faze-lo. Alu-

nos(as) de Computacao ou Engenharia Eletrica que estudam o assunto porconta propria tem mais chance de conseguir uma bos colocacao no mer-

cado de trabalho. Em alguns casos pode tratar-se de um investimento, com

maiores custos na fase inicial e retorno na forma de menores custos dali a

alguns anos; nao apenas na economia com licencas e royalties como com

perdas e “dores de cabeca” evitadas. Ha quem disponha-se a pagar ais por

estabilidade, seguranca e disponibilidade. E o caso dos bancos, que ga-

nham demais com tarifas, os altıssimos spreads e juros da dıvida interna,mas estao aceitando Softwares Livres ao menos em seus servidores. Comodizem por aı, gasta-se menos indo atras de prostitutas, mas nao e tao legal

quanto levar a namorada para um restaurante.

Se ´ e de graca porque eu tenho que pagar pelo treinamento? Deveriam

dar treinamento gratuito tamb´ em. N   ao ´ e t   ao livre assim esse software.

Uma polıtica publica de incentivar a adocao do Software Livre em diersas

camadas da sociedade seria bem vinda e acontece de forma tımida em al-

guns projetos publicos. Porem, deve-se entender que caso nao se consiga

isso ou algum(a) voluntario(a) para ministrar algumas aulas gratuitamentea unica saıda e pagar pelo curso. Ja foi dito que o custo de treinamento nao

e a mesma coisa que pagar pela licenca de uso do programa. Um curso

pago, mesmo que com preco modico e/ou voltado meramente para cobrir

custos, forca o(a) professor(a) a ter mais carinho e responsabilidade; alem

de incentivar o(a) aluno(a) a comparecer as aulas e valoriza-las. Abrindo-

se inscricoes gratuitas para um curso de GNU/Linux, se ha 200 pessoas

inscritas umas 20 vao efetivamente as aulas.

Quem garante que um dia n ˜ ao v˜ ao apossar-se deles e torn ´ a-los ilegais ou piratas? O carater “flamenguista” das licencas.

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 29

Os estadunidenses roubaram a patente do brasileiro que inventou o Bina.

Vamos roubar algo deles tamb´ em. Para quem cre na Bıblia basta di-

zer que vinganca nao e legal e o Apostolo Paulo ensina a pagar o malcom o bem. Esse desejo vingativo e prejudicial para quem o sente, pois

deixa-se de usufruir as vantagens do Software Livre. Deve-se ressaltar

tambem a “vista grossa” que os principais desenvolvedores de software

proprietario fazem em relacao a pirataria, para manter-se populares atraves

da disseminacao de seus produtos ilegais onde a fiacalizacao e mais com-

plicada (em casa, com pessoas fısicas). A pirataria favorece seu alvos, por

manter a sociedade longe das alternativas livres e da discussao a respeito

delas. Alguem pode alegar que sendo o preco das licencas escorchantes

(e o sao realmente) uma desobediˆ encia civil nosmoldes ghandianos seriautil para rebelar-se contra essas grandes corporacoes; mas elas nao tem

prejuızo com essa pratica, pelo contrario. Isso ainda n˜ ao est   a pronto para “n´ ıvel usu´ ario”. Daqui a uns 5 anos,

quando estiver melhor, eu vejo se migro ou n˜ ao. Ha quantas decadas dizem

que o Brasil e o Paıs do futuro, e o futuro nunca chega? Ha distribuicoes

e ambientes graficos adequados para quem esta disposto(a) a dispender

um mınimo de tempo aprendendo a lidar com seus ambientes. Faz muito

tempo que os ambientes de Software Livre estao prontos para o “nıvel

usuario”. Mas n˜ ao ´ e t   ao parecido com o equivalente propriet   ario que conheco. Temgente que reclama que se o software livre que se propoe a realizar a mesma

tarefa de outro software proprietario tiver a aparencia e funcionalidade

muito semelhante, reclama; se for muito diferente, reclama tambem. Deve-

se ver se o software livre usado atende as necessidades de cada um. As

veze spode nao atender, e a saıda pode ser pagar pelo seu desenvolvimento

na direcao pretendida ou continuar usando a solucao proprietaria. Querer

que um software seja semelhante a outro para ser cdhamado de bom equi-

vale e chamar uma pessoa negra de bom carater de preto de alma branca.Sugiro uma experiencia, que foi realizada no 50o Congresso da UNE no

final dos debates sobre Software Livre e assuntos afins: tome um refrige-

rante local, de preferencia um guarana, quando for viajar a um lugar novo.

O interior paulista tem varias fabricas de alcance regional com bons gua-

ranas11. Alguns talvez nao sejam tao bons. No Parana tambem ha refrige-

rantes exoticos, com sabor de morango e abacaxi. Ao tomar esse guarana

novo ao seu paladar, avalie se ele e bom por si so e se atende as suas ne-

11O autor principal e assisense e recomenda os guaranas Conquista, Cristalina e Funada,populares no vale do Paranapanema, oeste paulista

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

essidades; mas em hipotese alguma compare seu sabor ao dos principais

guaranas do mercado. Um guarana bom nao precisa necessariamente ter

o mesmo sabor do Kuat ou do Antarctica. Mas... e os anti-v´ ırus? Quasenao ha anti-vırus para ambiente GNU/Linux. E isso nao se deve a sua po-

pularidade incipiente. Sua estrutura nao permite determinadas formas de

ataque, ou somente parmite que se prejudique o diretorio do usuario queesta logado (ou seja, que fez o login). Se o programa operado por essa

pessoa manipular arquivos em outro lugar nao ha esse risco. De qualquer

forma, e tecnicamente possıvel confeccionar vırus para plataformas livres

que possam infectar usuarios(as) domesticos e afetar seus arquivos. Atu-

almente os vırus cederam espaco para outros tipos de pragas virtuais, que

exploram vulnerabilidades dos softwares, especialmente os proprietarios.Nesse caso, uma rede bem configurada (com aquela peca que fica entre o

teclado e a cadeira bem ajustada, treinada e atualizada) mantem uma redecorporativa segura. Sofrer tais ataques em casa e umapossibilidade remota,

porem ainda tecnicamente possıvel.

 Mas tem que ter um padr   ao, vocˆ e est   a indo contra a corrente. Sim, deve

haver padroes, mas padroes livres, que nao restrinjam as pessoas. Real-

mente mudar umpadrao amplamente usado pela Humanidade e traumatico

e oneroso, e nao sera feito enquanto nao se tiver ampla certeza de que

esse outro padrao e melhor e que nao sera necessario mais mudancas. Jafoi dito que a Internet e sua face mais conhecida (a World Wide Web) soalcancaram a popularidade que tem porque foram baseadas em padroes

abertos. Qualquer um(a) faz um navegador, um roteador, um SO ou uma

placa que comunica-se via TCP/IP, o protocolo da Internet. Se os padroes

para parafusos e pneus fossem de popriedade de uma unica empresa ao

inves de permitir seu livre uso por diversos fabricantes automobilısticos;

haveria uma pressao por um padrao novo e livre?

2.7 Equivalentes aos softwares proprietarios conhecidos

Fontes: Tabela do Projeto Software Livre-Bahia 12

e <www.linuxrsp.ru/win-lin-soft/table-eng.html>

Programa Proprietario/Microsoft

Windows

Equivalente livre

12<http://twiki.dcc.ufba.br/bin/view/PSL/CartilhaSL>

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-de-software-livre-e-assuntos-correlatos 31/53

Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 31

Internet

Navegador ou brow-

ser 

Internet Explorer

Mozilla Firefox

Galeon

Konqueror

Nautilus

Cliente de e-mail Outlook Express

Evolution

Sylpheed

Mozilla Thunderbird

KMail

Gnumail

Catalogo de

enderecos

Outlook Express Rubrica

Gerenciamento de

downloads

Getright

Downloader for X

Caitoo (Kget)

Prozilla

Wget13

Aria.

Axel

GetLeft.

Lftp

Download de sites in-

teiros

Teleport Pro

Httrack 

WWW Offline Expolrer

Wget, Xget, QtGet

Pavuk 

Clientes FTP Bullet Proof, Cu-

teFTP, WSFTP

Gftp

Dpsftp

KBear

IglooFTP

Nftp

Wxftp

axyFTP

Clientes IRC (Internet

Relay Chat)

mIRC, VIRC, Xircon

Xchat

KVirc

Irssi

BitchX

Ksirc

Epic

Sirc

13Front-ends graficos para Wget: Kmago, Gnome Transfer Manager, QTget, Xget

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Mensagens em rede

local

Win PopUp, netsendLinPopUp

Kpopup

Clientes para mensa-

gem instantanea

ICQ, MSN, AIM,

TrillianICQ ( free-eware, nao e livre)

Licq (ICQ)

Centericq (ICQ, console)

Alicq (ICQ)

Micq (ICQ)

GnomeICU (ICQ)

Gaim (Suporta varios

protocolos)

Kopete

Everybuddy

Imici MessengerIckle (ICQ)

aMSN (MSN)

Kmerlin (MSN)

Kicq (ICQ)

YSM (ICQ, console)

kxicq

Clientes Jabber MyJabber, Skybber

Rhymbox, Rival

Tkabber

Gabber

PsiVıdeoconferencias MS NetMeeting GNOME Meeting

Firewall BlackICE, ATGuard,

ZoneAlarm, Agnitum

Outpost Firewall,

WinRoute Pro

ipchains

Kmyfirewall

Shorewall

Guarddog

Firestarter

IPCop

Firewall Builder

Deteccao de intru-

sos(as)

BlackICE, Agnitum

Outpost Firewall

Snort

PortsentryHostsentry

Logsentry

Filtro de conteudo Proxomitron, AT-

Guard, Agnitum

Outpost Firewall, MS

ISA server

Squid

DansGuardian

Squidguard

Privoxy

JunkBuster

Fork 

Mozilla(tem essa opcao)

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 33

Restricao de trafego ? IP Relay

Contabilidade de

trafego

Tmeter, dial-up do

MS Windows

Tcp4me

GetstatdIpacct

Ipac-ng

Ipaudit

Lanbilling

SARG

Talinux

NetUP UserTrafManager

Compartilhamento de

arquivos

Morpheus, WinMX,

Napster, KaZaA

(Fasttrack), eDonkey

LimeWire (Gnutella)

Lopster. (OpenNAP)Gnapster (OpenNAP)

Mldonkey (eDonkey)

eDonkey for Linux

cDonkey

Gift

ed2k gui

Gtk-Gnutella

Qtella

Mutella (Gnutella, console)

TheCircleFreenet

GNUnet

Lmule

Bittorrent

Fax WinFax

HylaFax

Fax2Send

Efax

Dial-up (conexao dis-

cada)

Vdialer, Trumpet

Winsock 

Kppp

X-ispwvdial

Gppp

Kinternet

Rp3

Compartilhamento e

visualizacao de arqui-

vos em redes MS

Windows

Pastas comparti-

lhadas, Locais de

rede

Samba

LinNeighboorhood

XSMBbrowser

Gerenciamento de arquivos

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Administracao de ar-quivos

Windows Explorer

Konqueror

Gnome-Commander

NautilusEndeavour

XWC

Pacotes para escritorio

Editor de texto Bloco de notas, Word-Pad, TextPad

Kedit (KDE)

Gedit (Gnome)

Gnotepad

Kate (KDE)

KWrite (KDE)

NeditVim

Xemacs

Xcoral

Nvi

Compressao de arqui-vos WinZip, WinRAR

Tar/Gzip

FileRoller

Gnozip

LinZip

Ark KArchiveur

Gnochive

RAR for Linux

CAB Extract

Visualizacao de PDF Adobe Acrobat Rea-

der

Xpdf 

Kpdf 

GhostView

Criacao de PDF Adobe Acrobat Distil-

ler, plug-ins para Mi-

crosoft Office

comando “imprimir PDF”

em varios programas

PDFLatexlatex+dvipdfm

Ghostscript

Tex2Pdf 

Reportlab K

Criptografia PGP

GnuPG

GPA

Kgpg

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 35

OCR-

Reconhecimentooptico de caracteres

escaneados

Recognita, FireRea-

der

ClaraOcr

Gocr

Scanner Programas que

vem junto com ele,

gerlamente para

MS-Windows

Xsane

Kooka

Anti-vırus NAV, AVG

OpenAntivirus+AMaViS

VirusHammer

Sophie/Trophie

Backup ntbackup, Legato

Networker

dd

Gparted

PartitionImage

Gestao de tarefas TaskInfo, Process Ex-

plorer

top

Gtop/Ktop

kSysGuard

Reconhecimento de

texto por voz

MS text to speech

KDE Voice Plugins

Festival

Emacspeak 

Reconhecimento de

voz

ViaVoice, Dragon Na-

turally Speaking

Sphinx

ViaVoice

Busca por arquivos System monitor

(integrado ao MS-

Windows)

Find

Gsearchtool

Kfind

Recuperacao de dados R-Studio

e2undel

myrescue

TestDisk 

unrm

Multimıdia-audio

Musica em formato

MP3 ou Ogg Vorbis

Winamp

XMMS

Noatun

Xamp

GQmpeg

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Gravacao de CD Nero, Roxio

K3b (KDE)

XCDRoast

KOnCdEclipt Roaster

Gnome Toaster

CD Bake Oven

KreateCD

SimpleCDR-X

GCombust

Reproducao de CD CD player

KsCD

Orpheus

SadpWorkMan

Xmcd

Grip

XPlayCD

ccd/cccd

MIDI/Karaoke VanBasco, Cakewalk,

Finale, Sibelius,

SmartScore

Noatun

Kmidi

LilyPond

Edicao de audio SoundForge, Cooledit

SweepWaveForge

Sox

Audacity

GNUSound

Ecasound

Mixagem sndvol32

Opmixer

aumix

mix2000

Mixer appMultimıdia-Graficos

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 37

Visualizador de figu-

ras e fotos digitais

ACDSee, InfranView

Xnview

GQview

QivCompuPic

Kuickshow

GTKSee

pornview

imgv

Gwenview

Gliv

Showimg

FbiGthumb

Editor de figuras sim-

ples

Paint

Kpaint

Gpaint

Tuxpaint

Killustrator

Editores de fotogra-

fias digitais com fil-

tros

Adobe Photoshop GIMP

Desenhos vetoriais

(adesivos, logotipos)

Corel Draw, Adobe

Illustrator, Freehand,

AutoSketch

Sodipodi

InkscapeXfig

OpenOffice Draw

dia

Criacao de Flash Macromedia FlashDrawSWF

Ming

Graficos 3D 3D Studio

Blender

Maya

KPovModeler

K3StudioMoonlight

GIG3DGO

POVray

K3D

Wings 3D

Editor de ıcones MicroangeloKiconedit

Gonme-iconedit

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Captura de tela tecla PrintScreen

GIMP

Ksnapshot

Xwpick Xwd

xgrabsc

Multimıdia-Vıdeo e etc.

Reprodutores de

MPEG4

BSplayer, Zoom-

player, Windows

Media Player

Mplayer

Xine

Sinek 

VideoLAN

Aviplay

Repordutores de

DVD

PowerDVD,

WinDVD, Mi-

croDVD, Windows

Media Player

OgleMplayer

Xine

Aviplay

VideoLAN

Decodificador de

DVD

Gordian KnotDrip

Mencoder

Edicao de vıdeos sim-

ples

Windows Movie Ma-

ker

iMira Editing

Edicao profissional de

vıdeo

Adobe Premiere, Me-

dia Studio Pro

Cinelera

iMira Editing

Sintonizadores de TV AVerTV, PowerVCR

3.0, CinePlayer DVR

Kwintv

GNOME TV

Mplayer

Escritorio/negocios/administracao

Pacote de escritorio MS Office (Word, Ex-cel, Power Point), 602

Open Office

Koffice

GNOME Office

SIAG

Edicao de textos 602 text, MS Word

Open Office Writer

Abiword

LATEX

Planilhas eletronicas MS Excel, 602Tab

OpenOffice Calc

Kspread

Gnumeric

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 39

Apresentacoes/aplestras MS Power Point

Open Office Impress

LATEX

KpresenterMagic Point

Bases de dados locais Ms Access

KNoda

GNOME DB Manager

OpenOffice + MySQL

BDB

Financas pessoais Quicken, MS Money

GNUcash

GnoFin

Kmymoney

GrisbiGerenciamento de

projetos

MS Project, Project

Expert

Mr. Project

Comercio eletronico e

web business

Websphere JBoss

Cientıficos

Sistemas matematicos Mathcad Gap

Sistemas matematicos MATLAB

Octave

Scilab

rlabyacas

euler

Sistemas matematicos Mathematica, MapleMaxima

Mupad

Editor de equacoes Mathtype MS Equa-

tion

OpenOffice Math

MathMLed

Kformula

LyX

TEX/LATEX

CAD ArchiCAD, Auto-

CAD

QCAD

CAD AutoCAD

ThanCAD

LignunCAD

FreeEngineer

Editoracao de jornais

e revistas

Adobe PageMaker,

MS Publisher

Scribus

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DCE-Livre-USP “Alexandre Vannucchi Leme”

Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

Simulacao de circui-tos eletronicos Electronics Work-bench

Geda

Xcircuit

Gnome Assisted electronicsSPICE

Desenho de estruturas

quımicas

Chemwin, Chamdraw Xdrawchem

Emulador de osci-

loscopio

Winoscillo Xoscope

Monitoramento de

disco rıgido

Active Smart, uti-

litarios que vem com

a placa-mae

IDEload

HDDtemp

Smartmontools

Monitoramento de

temperaturas

SisSoft SANDRA,

SisSoft SAMANTHA

Lm sensors

Ksensors

Atualizacao Windows Update

Ximian Red Carpet

Apt-get

Slaptget

Yum

Mandrake Online

Palm Palm OfficeJpilot

Kpilot

Protetor de tela embutido no MS Win-

dows

Xlock 

xcreensaver

Kscreensaver

Checagem de HD Scandisk fsck 

reiserfsck 

Observacoes sobre a tabela: Na tabela on line ha links para o site da mai-oria dos programas.

Pidgin e gaim acessam varios protocolos de conversa on-line (MSN, Jab-

ber, IRC, ICQ, Google Talk, Yahoo! Messenger).

Alguns termos que soam com muita naturalidade para entendidos(as) em

informatica devem ser esclarecidos: Servidor e cliente: servidor prove um

servico qualquer, enquanto o cliente aproveita-se dele. Se ha por exemplouma rede de bate-papo online, sao necessarios computadores com progra-

mas apropriados para armazenar tudo e coordenar as conversas, da mesma

forma que os computadores de cada usuario(a) devem ter programas quefacam a comunicacao com o servidor e com as outras pessoas da con-

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

2 - O que e o software livre 41

versa. O provedor tem o servidor (tanto em hardware quanto em software)

enquanto os/as usuarios(as) tem os clientes instalados em casa. Proto-

colo e o conjunto de regras par que computadores, iguais ou nao em SOou hardware, comuniquem-se entre si. Para transportar informacao pela

Internet ha o protocolo TCP/IP, para conversar pela rede MSN ha o pro-

tocolo MSN e por aı vai. Deve-se ressaltar que a Internet so e tao dis-seminada e popularizada hoje porque os idealizadores do TCP/IP e do

HTML/WWW tornaram-nos livres e abertos, de forma que qualquer de-

senvolvedor(a) pudesse construir computadores, dispositivos e softwares

que pudessem acessa-la. Firewall e um programa ou um conjunto deles

que filtra as informacoes que podem ou nao passar pela maquina onde esta

funcionando. Serve para dar seguranca, privacidade e disponibilidade parausuarios(as) de uma rede de computadroes. Plug-in sao acessorios em

geral, que incrementam as funcionalidades de um programa. O navega-dor/ browser  pode ter por exemplo plug-ins para exibir determinados for-

matos de arquivos e conteudo, como desenhos vetorais SVG e animacoes

em Flash. Front-end grafico e uma versao de determinado programa em

interface grafica, mais amigavel, com as mesmas funcionalidades de ou-

tro programa conhecido, porem que funciona em “modo texto”, ou seja,

aquela janelinha preta onde deve-se digitar os comandos, que assusta muita

gente. Criptografia Tecnica de cifrar conteudo para que caso seja in-terceptado nao possa ser comprrendido por quem nao deve ter acesso aoseu teor. Pode ser feita e desfeita atraves de metodos matematicos com

seguranca comprovada. Codec e um decodificador que permite que um

programa (geralmente da area de Multimıdia) possa abrir arquivos em for-

matos para os quais nao fora designado. Muitos formatos criados pela

Microsoft para ser abertos exclusivamente em seus programas, como por

exemplo os vıdeos WMV e as musicas WMA. Programas multimıdis para

GNU/Linux costumar ter os tais codecs para permitir a manipulacao des-

ses formatos. Desenho vetorial vs. bitmap: Um bitmap e um mosaicodigital, onde cada ponto quadrado (chamado de pixel) tem uma determi-

nada cor. Fotografias digitais sao armazenadas em formatos diversos de

bitmap, que podem ocupar mais ou menos espaco conforme ja foi expli-

cado (armazenar as cores de todos os pontos ou converte-los para equacoes

que os descrevam e ocupam menos espaco). Os desenhoe vetoriais sao

formados por equacoes que descrevem figuras geometricas como linhas,

quadrados, cırculos e afins. Tambem descrevem as cores dos objetos. De-

senhos vetorias podem ser ampliados e reduzidos livremente sem perdade qualidade grafica, enquanto os bitmaps tem seus quadradinhos ampli-

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

ados para quadrados grandes que nao condizem com a amplicacao dese-

  jada. Desenhos vetoriais sao muito uteis para a elaboracao de graficos e

logotipos, podendo ser convertidos para bitmaps se necessario. Boot e oprocesso de inicializacao da maquina, uma serie de procedimentos inici-

ais que levam alguns segundos desde o ato de ligar o computador ate ele

estar pronto para uso. Memoria virtual e formada por um arquivo ouparticao no disco rıgido para ser usada pelo SO quando a memoria RAM

(onde os dados estao prontos para uso pelo procesador apos ser carregados

a partir dos discos) nao e suficiente. Sem memoria virtualqualquer SO fica

muito lento, a nao ser que se compre uma quantidade exagerada de RAM

para equipar o computador. HTML e a sigla para Hypertext Markup Lan-

guage, que e um protocolo que define regras para a confeccao das paginasda WWW, World Wide Web, a parte multimıdia da Internet que chega a

ser confundida com ela propria.Ao falar de protocolos, especialmente o HTML, e importante destacar que

grandes empresas de software proprietario como a Microsoft criam ferra-

mentas que facilitam muito o desenvolvimento de paginas para a WWW,

porem as custas da violacao de alguams regras do HTML ou da criacao de

novas regras incompatıveis com esse protocolo. Fugindo do padrao HTML

convencionado por anteriormente entre varios atores do mercado de Tecno-

logia da Informacao atraves de instrucoes fechadas nessas paginas, chega-se ao grande numero de Web sites que so pdem ser visualizados com onavegador proprietario Internet Explorer! Mais uma forma de obrigar as

pessoas a usar produtos proprietarios de uma unica empresa. Isso e espe-

cialmente grave quando visto em servicos publicos, em sites do Governo

Federal, Estadual ou Municipal.

O objetivo desta secao e mostrar algumas questoes tecnologicas para quem

nao e da area. E necessario explicar o significado de um mınimo de termos

tecnicos para o entendimento dos assuntos tratados aqui. Nao queremos

importunar os/as leitores(as) com termos tecnicos desnecessarios.O site Freshmeat <http://freshmeat.net> e o repositorio Source

Forge <http://sourceforge.net> contem informacoes sobre

varios projetos de Software Livre, com busca e hospedagem de seus pro-

 jetos.

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

3 - Formatos livres de arquivos eletr onicos 43

3 Formatos livres de arquivos eletr onicos

Uma discussao tao importante quanto a do Software Livre e aquela refe-

rente aos formatos livres de arquivos eletronicos. Diversos tipos de arqui-

vos (textos, planilhas, figuras, musicas) podem ser armazenados tambem

em formatos livres ou proprietarios.

Os arquivos manipulados por pacotes de automacao de escritorio (tambemchamados de pacotes ou suıtes Office) sao o exemplo mais flagrante de

como os formatos proprietarios podem ser prejudiciais a sociedade sem

que ela de-se conta. Ao longo de aproximadamente 20 anos desde a

popularizacao dos PCs (Personal Computers) e do seu uso em escritorios,alguns editores de texto, planilhas e apresentacoes distintos passaram pelos

computadores e escritorios mundo afora, e mesmo diversas versoes de um

mesmo editor mantido por uma mesma empresa. Geralmente os desenvol-

vedores de suıtes proprietarias criam formatos proprietarios para que os

arquivos criados por essa suıte nao possam ser lidos em softwares feitos

pela concorrencia. Dessa forma fica mais difıcil perder mercado, ja que a

mudanca de ferramenta e desestimulada pela impossibilidade de conver-ter os documentos acumulados por anos a fio. Empresas parceiras; como

fornecedores, consultores ou clientes; tambem precisam ter o mesmo pro-

grama para lidar com o formato de arquivos no qual foi gravado. Quem

detem a maioria do mercado (que logo corre para um unico modelo bus-

cando padronizacao) nao prde mais esse posto.

Os formatos proprietarios tambem podem levar a obsolescencia progra-

mada de uma forma bem sutil. A cada nova versao pequenos “avancos”

sao incluıdos, que tornam o arquivo criado na versao anterior incompatıvelcom a versao atual do software. Um arquivo gerado num mesmo edi-

tor,porem numa versao usada ha cinco anos atras corre o serio risco deser incompatıvel com o que o mercado usa atualmente.

Como funciona essa historia de formato de arquivo: Pode-se armazenar

um texto em formato ASCII, que e texto puro e pode ser lido por um

editor como o Bloco de Notas, no MS Windows. Um texto de um edi-

tor WYSIWYG tem, alem do conteudo do texto, muitas informacoes do-

bre formatacao da pagina, margens, cabecalho, rodape, figuras incluıdas,divresas fontes e formatacao de paragrafos, tabelas, itens; que nao sao

possıveis de se fazer com o texto puro. Nos formatos proprietarios essas

instrucoes todas costumam estar “embaralhadas” ao longo do arquivo, mis-turadas com o conteudo do texto para dificultar que alguem leia com um

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Gest ˜ oes 2006/7(Camar ˜ ao) e 2007/8(Vez e Voz)

editor de ASCII puro ou um editor hexadecimal14. Alem dessa confusao

proporsital de informacoes, ha ainda a possibilidade de se colocar muita

“enchecao de linguica” nos arquivos para que fique mais difıcil a tarefa dequem atrever-se a criar algum editor para manipular um arquivo sob esse

formato. Ambos os habits levam a arquivos maiores e que dao mais traba-

lho ao microprocessador para ser abertos e salvos.Antes da chegada dos computadores ao nosso cotidiano, bastava ser al-

fabetizado(a) para ter acesso ao conteudo de um documento e ter acesso

fısico a ele. Copias poderiam ser feitas a mao por copistas, em fotoco-

piadoras ou em graficas. Com os formatos proprietarios manipulados por

algins softwares, uma permissao a mais e necsssaria da parte do fornecedor

desse software. No caso, e necessario comprar a sua licenca ou piratea-lo.As mesmas comparacoes valem para as planilhas e as apresentacoes mul-

timıdia.Aparentemente isso nao faz diferenca. A maioria esmagadora da

populacao que tem acesso aos computadores continua a enviar textos, pla-

nilhas e apresentacoes em um formato proprietario que teoricamente res-

tringe algumas liberdades dos/as seus/suas usuarios(as) e obriga o seu uso,

mas que devido ao amplo uso da pirataria passa desapercebido. Estamos

falando do Microsoft Office. Troca-se a armazena-se textos do Word, pla-

nilhas do Excel e apresentacoes do Power Point “porque e o padrao demercado, e o que todo mundo usa”. Pouca gente se toca de que e obrigadaa adquirir o Microsoft Office para ler um arquivo num desses formatos e

de que isso nao e bom, ja que a pirataria e amplamente aceita e praticada

no Brasil.

Exigir a manipulacao de formatos proprietarios de arquivos e especial-

mente grave quando trata-se de orgaos publicos. Apesar do esforco do

Governo Federal e de alguns governos estaduais/municipais em usar soft-

ware e formatos livres na marquina publica, ainda vemos documentos

eletronicos disponibilizados a cidadaos(as) em formatos que exigem acompra ou pirataria. Concursos publicos exigem o conhecimento des-

sas ferramentas proprietarias. Universidades publicas estimulam seu uso,

com tımidas iniciativas, geralmente individuais da parte de alguns(mas)

professores(as) que estimulam o uso de formatos livres em atividades

academicas. Em meados de 2006 foi anunciado pela Coordenadoria de

Tecnologia da Informacao (CTI-USP) um Programa de Inclusao Digital e

Aperfeicoamento Academico que preve a venda de licencas do Microsoft

14Editores que permitem ver como o arquivo e realmente armazenado, como e cada byteque compoe o arquivo na forma como e lido e gravado pelo computador

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

3 - Formatos livres de arquivos eletr onicos 45

Office por cerca de R$ 150 para a comunidade academica; alem da venda

de PCs e laptops com duas opcoes de SO: MS Windows XP ou Vista. O

que levou a essa atitude de favorecimento da Microsoft, por que nao setomou a decisao de usar SO’s livres e outros pacotes Office que manipu-

lam arquivos em formatos tambem livres? Talvez nem tenha sido de ma-fe,

mas por entender que naoha demanda por Software Livre por parte dos(as)alunos(as).

3.1 ODF-Open Document Format

Dados os problemas de usar arquivos, especialmente em aplicacoes tıpicas

de escritorio, em formatos proprietarios, surge a necessidade de elaborarum padrao livre para a mesma categoria de arquivos. De acordo com a

Uniao Europeia, um padrao aberto para documentos deve ter seu formato

totalmente descrito em docuemntos acessıveis a qualquer pessoa, com li-

vre distribuicao e implementacao em qualquer software sem empecilhos

tecnicos ou legais. E bom recordar que pode-se cobrar por custos nominais

de distribuicao (por exemplo copia e distribuicao), mas nao por royalties.

O padrao deve ser disponıvel para que todos(as) possam le-lo e imple-menta-lo em algum programa para que ele manipule os arquivos de acordo

com suas regras. Nao deve prender o(a) usuario(a) a um unico fornecedor.

Nao pode haver qualquer forma de discriminacao. Tais padroes devem ser

passıveis de evolucao, desde que mantemnham a compatibilidade retroa-

tiva e nao levem a um formato fechado. O modelo legal de licenciamento

desse padrao deve ser protgido contra praticas comerciais predatorias que

estrangulem seu desenvolvimento e levem ao seu apoderamento por um

pequeno grupo. Deve haver suporte ao padrao enquanto houver interessesocial nele. Nao pode haver restricoes quanto a plataforma (dobradinha

hardware/software); um arquivo editado numa determinada arquitetura decomputador com dterminado SO deve ser passıvel de leitura e manipulacao

em qualquer computador diferente. Tambem e recomendavel que o arma-

zenamento dos dados nao seja feito na forma binaria, ou seja, de forma

que suas informacoes nao possam ser extraıdas com uma simples lida num

editor ASCII ou hexadecimal. A ultima caracterıstica agiliza sobremaneira

a leitura e gravacao desse tipo de arquivo.Nesse contexto surge o ODF, que encaixa-se perfeitamente nas exigencias

estabelecidas. O consorcio OASIS, responsavel por mante-lo, disponi-

biliza suas especificacoes para que qualquer pessoa ou empresa. Talconsorcio e formadopor empresas e pessoas com os mais diversos inte-

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resses, num modelo que impede que o interesse de poucos se sobressaia.

Seu licenciamento foi feito por esse orgao independente e sem custo, de

maneira irrevogavel. Isso significa que nao e possıvel do ponto de vistalegal passar a cobrar pelo uso do ODF no futuro, da mesma forma que nao

se pode faze-lo com os Softwares Livres sob GPL (Licenca-Flamengo).

O fato de ter um grupo heterogeneo construindo o OASIS elimina a pos-sibilidade de sua extincao quando algum setor nao mais vir interesse nele.

Nao ha aenas empresas e profissionais da area de TI participando dele, mas

ha tambem por exemplo, empresas como a Boeing, que viu a necessidade

de diminuir o espaco ocupado por seus documentos internos em seus ser-

vidores, bem como reduzir o tempo de transferencia desses documentos

entre locais distintos quando necessario.O ODF foi adotado pela ISO, fazendo parte agora da norma ISO/IEC

26300. Uma boa variedade de softwares, tanto livres como proprietarios,esta adotando-o como formato padrao ou como alternativa ao seu formato

original. Ate mesmo um plug-in para que o Microsoft Office pudesse le-los

foi feito pela comunidade Software Livre, sendo que a Microsoft e a em-

presa a qual menos interessa a popularizacao do ODF em detrimento dos

seus padroes DOC, XLS e PPT. A aceitacao ao ODF cresce continuamente,

ao menos nos meios mais ligados a Tecnologia da Informacao e em alguns

orgaos publicos mundo afora. Alguns governos municipais/estaduais noBrasil, nos EUA, na Europa e a propria Uniao Europeia sao simpaticos aoODF e estao migrando para ele, visando disponibilizar alguns de seus do-

cumentos para suas populacoes de forma mais justa.

Da mesma forma que acontece com o Software Livre; ha resistencia, apa-

tia e a difucao de mitos e equıvocos em relacao ao padrao ODF. Ha gente

que nao entende a Licenca-Flamengo e pensa que a qualquer momento

alguempode agir de ma-fe e apoderar-se do padrao ou de algum dos seus

principais pacotes Office que o manipulam, sem atentar para o fato de que

se isso acontecesse ainda seria possıvel usar outro programa que manipulaODF. O que pode acontecer mais facilmente e algum software proprietario

que lide com ODF ser descontinuado ou algum software livre ter seu de-

senvolvimento abandonado; o que nao deixaria seua/suas usuarios(as) de-

samparados(as), pois poderiam migrar facilmente para outra suıte de apli-

cativos, livres ou nao, que opere com ODF.

Outra ideia encalacrada na mente de quem usa computador e nao conhece

essa realidade e que com ODF a pessoa precisa migrar para GNU/Linux

ou ficar presa a suıte Open Office, que e a mais famosa dentre aquelasque lidam com ODF. Quem recebe um texto (ODT-Open Document Text),

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Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

3 - Formatos livres de arquivos eletr onicos 47

planilha (ODS-Open Document Spreadsheet) ou palestra (ODP-Open Do-

cument Presentation) em ODF tem a sua disposicao mais de 20 aplicativos,

livres ou nao, para as mais diversas arquiteturas de computadores e SOs.O principal e mais famoso pacote e o Open Office, chamado de BrOffice

em sua versao em portugues brasileiro. A comunidade BrOffice e bem

ativa no seu desenvolvimento, lutando para torna-lo facil de usar e dotadode funcionalidades necessarias para as tarefas cotidianas. Sua aparencia e

muito semelhante a dos aplicativos equivalentes do Microsoft Office, ape-

sar de ter seu funcionamento interno bem diferente.

A verdade deve ser dita: o autor principal nao tem detalhes de todas as

funcionalidades do BrOffice por nao usa-lo tao intensamente. Sabe-se que

o Banrisul, primeiro banco nacional a migrar para Softwar Livre, incen-tivado pela decisao do entao governador gaucho Olıvio Dutra; manteve

o Microsoft Office em alguns computadores onde foi verificado que al-guns recursos avancadıssimos do Excel sobre matematica financeira eram

necessarios por alguns(mas) profissionais dos seus quadros. Os recursos

mais simples que a maioria esmagadora da populacao usa sao cobertos,

e o banco tomou a decisao racional de adquirir as licencas do MS Win-

dows+MS Office apenas onde era realmente necessario, migrando para

GNU/Linux e BrOffice no restante do seu parque de maquinas.

O poder publico (e isso inclui as universidades publicas) precisa gastaradequadamente seus recursos. Enquanto estudantes e Sintusp lutam poruma maior parte do orcamento estadual, desperdica-se o dinheiro atual-

mente recebido dessa e de outras formas.

A luta por um uso mais disseminado de formatos livres na Universidade

levaria a sociedade, em medio prazo, pessoas conscientes e que nao co-

nhecem apenas uma ferramenta, que nao veja computador como sinonimo

de computador com a dobradinha MS Windows+MS Office. O esforco

para acostumar-se a um dos pacotes que lidam com ODF epequeno se

houver forca de vontade e disposicao para participar nesse processo, es-pecialmente se for escolhido o Open Office que e esternamente muito se-

melhante. Nao se deve esperar apenas que o governo faca tudo e ficar

esperando que as melhorias venham de bandeja. Nos alunos(as) e fun-

cionarios(as) podemos coalborar.

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4 TV Digital

Como ja foi explicado, a transmissao ou armazenagem de dados na formadigital e feita a partir de dois tipos de sinal, cuja combinacao define as

informacoes que se quer descrever. No caso de transmissao por ondas de

radio (nesse caso tambem enquadram-se as transmissoes de TV, que usam

ondas eletromagneticas como o radio, porem em frequencias diferentes),

uma transmissao digital poderia ser feita convencionando-se os zeros e uns

do codigo binario como a presenca ou ausencia de onda por uma determi-nad quantidade de tempo, ou mesmo usando-se duas ondas diferentes. A

figura 1 ilustra a transmissao digital de dados. Muitas transmissoes de da-

dos ja sao feitas de uma forma semelhante. De 2006 para ca o GovernoFederal mostrou interesse em mudar o sistema de transmissao de televisao

no Paıs para a tecnologia digital. A vantagem tecnica mais flagrante nessa

mudanca seria a ausencia de chiados e fantasmas na imagem. Ou ela chega

perfeita ao aparelho receptor ou nao chega, afinal uma ligeira distorcao nas

ondas ainda pode ser enxergada como determinado tipo de onda (ou seja,

como 1 ou 0) e levar a representacao da imagem real na tela. No modoanalogico, usado atualmente, ha analogia entre intensidades de onda e

a definicao dos sona e das imagens, numa comparacao grosseira. Uma

distorcao nas ondas eletromagneticas (que podem ser causdas por tempes-tades, montanhas e grandes porcoes metalicas presas ao solo, por exemplo)

leva a distorcoes da imagem.

A TV digital, porem, traz mais discussoes alem da simples melhoria na

qualidade da imagem. Em 2006 o Governo Federal optou por usar o padrao

Figura 1: Exemplo de transmissao de alguns caracteres na forma digital,

por ondas eletromagneticas

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4 - TV Digital 49

 japones de TV Digital, apos uma disputa acirrada entre eles com grupos in-

teressados na adocao dos padroes europeu ou estadunidense. O padrao ja-

pones foi adotado em troca da transferencia de algumas tecnologias, atravsda instalacao de algumas fabricas de componentes eletronicos em territorio

brasileiro.

Cada um dos tres principais padroes usados atualmente no mundo tem suasparticularidades. O padrao usado nos EUA tem como uma de suas aualida-

des uma imagem em alta definicao, enquanto o japones e voltado para dis-

ponibilizar conteudos multimıdia para dispositivos moveis como palmtops

ou telefones celulares. Havia tambem a possibilidade de unir universidade

e centros de pesquisas brasileiros para desenvovler um padrao nacional,

voltado as nossas necessidades.A transmissao de TV na forma digital permite aumentar absurdamente

aqualidade da imagem para poucas pessoas que disponham-se a comprarum aaprelho mais caro. Ou pode-se manter a definicao atual de imagem

(porem sem chiados e distorcoes) e alojar ate quatro canais. Com o es-

 pectro eletromagn´ etico disponıvel para a transmissao de uma variedade

maior de canais, a sociedade poderia beneficiar-se com a participacao de

mais grupos (sejam empresas privadas ou organizacoes com interesses so-

ciais) na producao e distribuicao de conteudo que entra diariamente em

milhoes de lares brasileiros e influencia. Trata-se de uma discussao so-bre a funcao social da propriedade ou sobre a destinacao que o Estadodara a uma conecssao sua. A tecnologia atual permite que no mesmo con-

 junto de frequencias eletromagneticas sejam transmitidas o quadruplo de

conteudos diferentes. Qual o interesse em manter uma conecessao na mao

de um unico grupo que ja a detem para a transmissao de um unico canal?

Interesses de gente poderosa estariam ameacados.

Outra promessa da TV Digital e a interatividade, que pode ser usada para

diversos fins. A comunicacao com a producao de determinado programa

em tempo real seria facilitada, bem como o uso dessa novidade para finscapitalistas como permitir a encomenda de um figurino usado numa no-

vela com alguns cliques no controle remoto. Pensa-se tambem em levar o

acesso a Internet junto com a transmissao digital para mais lares, atraves

do aparelho de TV pronto para a tecnologia digital ou do conversor D/A

(digital-analogico) que sera usado por quem nao quiser adquirir um novo

aparelho tao cedo, o chamado set-up-box.

Nesse contexto, um padrao de TV digital desenvolvido no Brasil, adequado

as nossas necessidades e particularidades (por exemplo geograficas, quesao muito diferentes das demandas japonesas) poderia ser desenvolvido

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de forma livre, trazendo algumas vantagens; como o desenvolvimento de

tecnologia nacional, a liberdade para que outros paıses modificassem o

nosso padrao para suas necessidades particulares e a liberdade para quequalquer um(a) desenvolvesse softwares usaveis nos modulos da TV Di-

gital ou mesmo programas televisivos, sem ter que pagar royalties ou so-

frer qualquer tipo de restricao por parte dos grandes grupos do setor decomunicacao.

O Ministerio da Cultura, aliado a secretaria de TI do Minsisterio do Pla-

nejamento, estao buscando desenvolver o projeto Ginga Brasil, para criar

ferramentas livres que permitam a producao de aplicativos e conteudo para

veiculacao em TV Ddigital de forma livre e mais democratica. Nesse

modelo, a comunidade Software Livre brasileira foi chamada para cola-borar a ajudar a melhorar essa tecnologia. Enquanto isso, o Ministerio

das Comunicacoes defende os interesses dos grandes conglomerados decomunicacao na “cara-dura”.

O Coletivo Intervozes de Comunicacao Social promove o debate so-

bre a TV Digital e assuntos relacionados, que lidem com a producao e

distribuicao de conteudos voltados para comunicacao de massa.

5 Inclus ˜ ao Digital

Textos e conversas de Sergio Amadeu da Silveira

6 Licencas Creative Commons

7 Construc ˜ ao colaborativa de conteudo

7.1 Wikipedia

8 Certificac ˜ ao Eletr onica

Governo eletronico

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9 - Casos de sucesso em uso de Software Livre 51

Figura 2: Nosso Ministro da Cultura apoia ambas as iniciativas.

9 Casos de sucesso em uso de Software Livre

9.1 Poder publico e grupos polıticos

Governo gaucho. Governo Federal. Algumas prefeituras.Falar do FISL

PT discute razoavelmente.

A discussao sobre Software Livre esta bem avancada nos coletivos anar-

quistas, com muito(a) aluno(a) de Humanidades “metendo os peitos” e

aventurando-se nele, aprendendo a usar seus programas. Nos partidos de

esquerda ainda e incipiente.

9.2 Movimentos Sociais

MST ja participou do FISL. Zilda Arns e simpatica. Economia Solidaria

esta buscando, caminha-se para uma solida interseccao entre ambos os mo-vimentos.

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9.2.1 Entidades Estudantis

DCE-UFPR. Nossos amigos bafo de pinha, de pe-vermelho e coxa-branca

podem ajudar na redacao dessa sub-secaoUNE. Deixar claro para a turma do PSTU que o software livre nao e ruim

so porque o governo e a UNE os apoiam.

9.3 Empreendimentos solidarios

9.4 Empresas do capitalismo tradicional

O soft. livre pode ajudar ambos. Pode ser usado para o bem e para o mal.

10 Conclus ˜ ao

E aı, pronto(a) para a migracao para Software Livre?

Que tal ajudar o DCE-Livre e os CAs a estabelecer um cronograma de

migracao e ajudar a tornar o software e os formatos livres uma “polıtica deEstado” e nao “polıtica de governo”? Uma diretriz que permaneca inde-

pendentemente da orientacao ideologica das proximas gestoes.

Como o assunto ainda nao e tao bem conhecido fora da torre de sil´ ıcio

dos cursos tecnologicos, elaboramos esta cartilha para dar uma visao ge-

ral do assunto. Passe-a adiante, incentive a discussao sobre esses assuntos

na sua entidade, seu movimento social ou seu coletivo. Incentive o DCE-

Livre e/ou seu grupo a organizar um debate serio a respeito. Estimule a

participacao de amigos(as) nesses debates e apresentacoes. Procure pes-soas que entendam do assunto (e mais provavel encontra-las na Poli, no

IME e no IF, para quem e da USP) para tirar eventuais duvidas nao escla-recidas aqui.

Nao fique “bitolado(a)” apenas na sua luta ou no seu movimento. E

possıvel (ate mesmo recomendavel em alguns casos) lutar por e ser a fa-

vor da legalizacao do aborto, das reformas agraria e urbana, do passe li-

vre, da erradicacao de qualquer forma de opressao de pessoas contra pes-

soas, da educacao publica gratuita laica de qualidade para todos e todas,do meio ambiente, da autodeterminacao dos povos, dos direitos humanos

(e ate mesmo dos outros animais), entre tantas outras lutas; usando softwa-

res e formatos livres de arquivos, as ferramentas e instrumentos legais deconstrucao colaborativa de conhecimento.

8/4/2019 Apostila de Software Livre e assuntos correlatos

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-de-software-livre-e-assuntos-correlatos 53/53

Apostila de Software Livre e assuntos correlatos.

10 - Conclus ˜ ao 53

A militancia em determinada causa toma tempo, sabemos disso. Nao es-

tamos pedindo para militar pelo Software Livre da forma tradicional, par-

ticipando de muitas atividades que demandariam muito tempo. O mınimoque queremos e a compreensao da sua importancia a seu uso mais disse-

minado. Da mesma forma, nos militantes pro-Software Livre podemos ter

contato com outras discussoes e incluir algumas de suas reivindicacoes nodia-a-dia, uma especie de intercambio.