apostila de nr 10

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NR 10 - Segurança em Serviços em Instalações Elétricas 1

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NR 10 - Segurança em Serviços em Instalações Elétricas

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SegurançaNR 10 - Segurança em Serviços em Instalações Elétricas

Versão 01

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Apresentação

A busca por especialização profissional é constante. Você, assim como a maioria das pessoas que deseja agregar valor ao currículo, acredita nessa ideia. Por isso, para apoiá-lo na permanente tarefa de se manter atualizado, a Samapetro apresenta este material, visando a oferecer as informações de que você precisa para ser um profissional competitivo.

Todo o conteúdo foi elaborado por especialistas da área e pensado a partir de critérios que levam em conta textos com linguagem leve, gráficos e ilustrações que facilitam o entendimento das informações, além de uma diagramação que privilegia a apresentação agradável ao olhar.Como instituição parceira da indústria na formação de trabalhadores qualificados, a Samapetro está atento às demandas do setor. A expectativa é tornar acessíveis, por meio deste material, conceitos e informações necessárias ao desenvolvimento dos profissionais, cada vez mais conscientes dos padrões de produtividade e qualidade exigidos pelo mercado.

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Sumário

Introdução........................................................................................................................9Norma Regulamentadora número 10............................................................................11Riscos em instalações e serviços com eletricidade....................................................27Equipamentos de proteção.......................................................................................67Normas técnicas brasileiras...........................................................................................73Rotinas de trabalho........................................................................................................79Documentação de instalações elétricas........................................................................83Composição do incêndio...............................................................................................85Incêndios.......................................................................................................................91Noções básicas de atendimento pré-hospitalar........................................................105Referências bibliográficas...........................................................................................123

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Introdução

A NR10 institui as exigências e as condições para implementar as medidas de controle e os sistemas de prevenção com o objetivo de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem, de forma direta ou indireta, em instalações elétricas e em serviços com eletricidade.

Em todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas, além de quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, é preciso estar atento à aplicação desta norma, sempre observando o que estabelecem os órgãos competentes. Se alguma situação não está prevista nela, você deve ficar atento ao que determinam as normas internacionais.Então, a partir de agora conheça as principais determinações da NR 10. Bons estudos!

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Norma Regulamentadora número 10

Segurança em Instalações Serviços Elétricos

10.1 – Objetivo e Campo de Atuação

10.1.1 – Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

10.1.2 – Esta NR se aplica a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas, e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

10.2 – Medidas de controle

10.2.1 – Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de analise de risco, de forma a garantir a segurança e saúde no trabalho.

10.2.2 – As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, saúde e do meio ambiente do trabalho.

10.2.3 – Todas as empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

10.2.4 – Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem, além do disposto no subitem 10.2.3, constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, de forma a organizar o memorial, contendo no mínimo:

a) Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrava de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;b) Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

c) Individual e o ferramental, aplicáveis, conforme determina esta NR;

Documentação comprobatória da qualificação, habilitação,

d) capacitação, autorização dos profissionais e dos treinamentos realizados;

e) Resultados dos testes de isolação elétrica realizada em equipamentos de proteção individual e coletivo;

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f) Certificações das instalações, dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;

g) Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

10.2.5 – As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência ou nas suas proximidades devem acrescentar ao prontuário os documentos relacionados no item 10.2.4 e os a seguir listados:

a) Descrição dos procedimentos para emergências;

b) Certificados dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

10.2.6 – O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e deve permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade

10.2.7 – O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser revisado e atualizado sempre que ocorrerem alterações nos itens 10.2.3; 10.2.4. e 10.2.5.

10.2.7 – Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

10.2.9 – Medidas de proteção coletiva

10.2.9.1 – Em todos os serviços executados em instalações elétricas, devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

10.2.9.2 – As medidas de proteção coletiva compreendem prioritariamente a desenergização elétrica e na sua impossibilidade o emprego de tensão de segurança, conforme estabelece esta NR.10.2.9.2.1 – Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.9.2., devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, como: isolação das partes vivas, emprego de tensão de segurança, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático, dentre outros.

10.2.9.3 – O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência dessas, deve atender às Normas Internacionais vigentes.

10.2.10 – Medidas de proteção individual

10.2.10.1 – Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6.

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10.2.10.2 – As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades considerando-se, também, a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

10.2.10.3 – É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

10.3 – Segurança em projetos

10.3.1 – Todo projeto elétrico deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, a montante dos pontos de intervenção, que permita a aplicação de seu travamento.

(Pendente)

10.3.2 – O projeto de instalações elétricas deve considerar o distanciamento e o espaço seguros, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências ambientais, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção.

10.3.2.1 – Os circuitos elétricos com finalidade diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos.

10.3.3 – O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra de todas as partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

10.3.4 – É obrigatório que os projetos de quadros, instalações e redes elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para travamento na posição desligado, de forma a poderem ser travados e sinalizados. (Pendente)

10.3.5 – Sempre que tecnicamente viável devem ser projetados dispositivos de seccionamento com recursos de aterramento automático do circuito seccionado. (Pendente)

10.3.6 – Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário.

10.3.7 – O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado.

10.3.8 – Todo projeto elétrico deve atender ao que dispõe as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, às regulamentações técnicas oficiais estabelecidas e ser assinado por profissional legalmente habilitado.

10.3.9 – O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os itens de segurança:

a) Especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;

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b) Indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado e Vermelho – “L”, ligado);

c) Descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;

d) Recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;

e) Precauções aplicáveis face às influências externas;

f) O princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à segurança das pessoas;

g) Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica.

10.3.10 – Os projetos devem assegurar iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia.

10.4 – Segurança na Construção, montagem, operação e manutenção

10.4.1 – As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir segurança dos trabalhadores e dos usuários e serem supervisionadas por profissional autorizado conforme dispõe esta NR.10.4.2 – Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se sempre a sinalização de segurança.

10.4.3 – Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas.

10.4.3.1 – Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

10.4.4 – As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos.

10.4.4.1 – Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

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10.4.5 – Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas.

10.4.6 – Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida no item 10.7, e somente podem ser realizados por trabalhadores que atendam às condições de quali-ficação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR.(Pendente).

10.5 – Segurança em instalações elétricas desenergizadas

10.5.1 – Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho mediante os procedimentos apropriados, obedecida a sequência, abaixo:

a) Seccionamento;

b) Impedimento de reenergização;

c) Constatação da ausência de tensão;

d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;

e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo f) Instalação da sinalização de impedimento de energização.

10.5.2 – O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo: a) retirada de todas as ferramentas, utensílios e equipamentos;

a) Retirada, da zona controlada, de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização;

b) Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais;

c) Remoção da sinalização de impedimento de energização;

d) Destravamento se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

10.5.3 – As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado.

10.5.4 – Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

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10.6 – Segurança em instalações elétricas energizadas

10.6.1 – As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta norma.

10.6.1.1 – Os trabalhadores mencionados devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

10.6.1.2 – As operações elementares, tais como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida.

10.6.2 – Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no anexo I.10.6.3 – Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo.

10.6.4 – Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de nova instalação ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidos com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos seguros.

10.6.5 – O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificarem situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.

10.7 – Trabalhos envolvendo alta tensão(AT)

10.7.1 – Todos os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR. (Pendente)

10.7.2 – Os profissionais mencionados no item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico para trabalhos com instalações elétricas em alta tensão, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. (Pendente)

10.7.3 – Todo profissional autorizado deve portar identificação, conforme determina o item 10.8 desta NR, com indicação diferenciada para o exercício de atividades em circuitos energizados com AT. (Pendente)

10.7.4 – Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles que interajam com o Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente.(Pendente)

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10.7.5 – Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente podem ser realizadas mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área.

10.7.6 – Item transferido para o 10.11.6 com alterações, ficando este eliminado.

10.7.7 – Excluído com substituição no tópico 10.11.1

10.7.8 – A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento.

10.7.8.1 – Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado.10.7.9 – Transferido para item por 10.7.8.1

10.7.10 – Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao uso em alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório, periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente.

10.7.11-Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

10.7.12 – Toda equipe de serviços em AT deverá possuir pelo menos um supervisor com experiência comprovada na função de observar e dirigir os trabalhos. (Congelado para negociação futura).

10.8 – Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos Trabalhadores

10.8.1 – É considerado profissional qualificado todo o trabalhador que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.

10.8.2 – É considerado profissional legalmente habilitado todo trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.

10.8.3 – É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente:

a) Seja treinado por profissional habilitado e autorizado;

b) Trabalhe sob a responsabilidade de um profissional habilitado e autorizado.

10.8.3.1 – A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação.

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10.8.4 – São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados com anuência formal da empresa.

10.8.5 – Todo trabalhador autorizado deve portar identificação visível e permanente contendo as limitações e a abrangência de sua autorização. (Pendente)

10.8.6 – Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.10.8.7 – Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos à análise de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizadas em conformidade com a NR 7 e registrada em seu prontuário médico.

10.8.8 – Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.

10.8.8.1 – A empresa concederá autorização na forma desta NR, aos trabalhadores capacitados, profissionais qualificados e profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatório dos cursos constantes do ANEXO II desta NR.

10.8.8.2 – Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:

a) Troca de função ou mudança de empresa;

b) Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a 3 meses;

c) Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

10.8.8.3 – A carga horária e conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas a, b e c do item 10.8.8.1 devem atender as necessidades da situação que o motivou.

10.8.8.4 – O Trabalho em áreas classificadas deve ser procedido de treinamento especifico de acordo com risco envolvido.

10.8.9 – Os trabalhadores com atividades não relacionadas as instalações elétricas, desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

10.9 – Proteção contra incêndio e explosão

10.9.1 – As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a Norma Regulamentadora nº 23 – Proteção Contra Incêndios.

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10.9.2 – Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

10.9.3 – Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica

10.9.4 – Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção complementar, tais como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.

10.9.5 – Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área.

10.10 – Sinalização de segurança

10.10.1 – Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir:

a) Identificação de circuitos elétricos;

b) Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;

c) Restrições e impedimentos de acesso;

d) Delimitações de áreas;

e) Sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas;

f) Sinalização de impedimento de energização.

10.11 – Procedimento de trabalho

10.11.1 – Todos os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinado por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

10.11.2 – Todos os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviços especificas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referencias aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

10.11.3 – Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais.

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10.11.4 – Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SEESMT, quando houver.10.11.5 – A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR.

10.11.6 – Antes de iniciar trabalhos em equipe, os seus membros em conjunto com o responsável pela execução do serviço devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.

10.12 – Situação de emergência

10.12.1 – As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa.

10.12.2 – Todo trabalhador autorizado deve estar apto a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente através de reanimação cardio-respiratória.

10.12.3 – Toda empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios para a sua aplicação.

10.12.4 – Todo trabalhador autorizado deve estar apto a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existente nas instalações elétricas.

10.13 – Responsabilidades

10.13.1 – As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias a todos os contratantes e contratados envolvidos.

10.13.2 – É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle dos riscos elétricos a serem adotados.

10.13.3 – Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

1.1.4 – Cabe aos trabalhadores:

a) Zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetados por suas ações ou omissões no trabalho;

b) Responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive os procedimentos internos de segurança e saúde;

c) Comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço às situações que considerar risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.

10.14 – Disposições Finais

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10.14.1 – Os trabalhadores, a qualquer tempo, devem interromper suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico que diligenciará as medidas cabíveis.

10.14.2 – As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato quando cabível denúncia aos órgãos competentes.

10.14.3 – Deverão ser adotadas pelo MTE as providências previstas na NR 03 quando do não cumprimento desta NR.

10.14.4 – A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas.

10.14.5 – Toda documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição das autoridades competentes.

10.14.6 – Esta Norma Regulamentadora não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extra baixa tensão.

• Anexo I – Distanciamento de Segurança – Zona de risco e zona controlada.

Faixa de tensão Nominal da instalação elétrica em

kV

Rr – Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em metros

Rc – Raio de delimitação entre zona controlada e

livre em metros

< 10,20 0,70

≥ 1 e < 30,22 1,22

≥ 3 e < 60,25 1,25

≥ 6 e < 10 0,35 1,35

≥ 10 e < 15 0,38 1,38

≥ 15 e < 20 0,40 1,40

≥ 20 e < 30 0,56 1,56

≥ 30 e < 36 0,58 1,58

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≥ 36 e < 450,63 1,63

≥ 45 e < 600,83 1,83

≥ 60 e < 700,90 1,90

≥ 70 e < 1101,00 2,00

≥ 110 e < 1321,1 3,10

≥ 132 e < 1501,20 3,20

≥ 150 e < 2201,60 3,60

≥ 220 e < 2751,80 3,80

≥ 275 e < 3802,50 4,50

≥ 6 e < 103,20 5,20

≥ 380 e < 4805,20 7,20

Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.• Zona de risco, zona controlada e livre.

Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre.

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Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada

ZL = Zona livre

ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.

ZR= Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.

PE = Ponto da instalação energizado.

SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança.

• Anexo II – Treinamento

• Curso básico – Segurança em instalações e serviços elétricos.

Curso para todos os trabalhadores autorizados. Carga mínima 40 horas. Programação mínima:

Introdução à segurança com eletricidade

Riscos em instalações e serviços com eletricidadeO choque elétrico, mecanismos e efeitos;Arcos elétricos; queimaduras e quedas;

Campos eletromagnéticos

Técnicas de Análise de Risco

Medidas de Controle do Risco ElétricoDesenergização.

Aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário;

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Equipotencialização.Seccionamento automático da alimentação;

Dispositivos a corrente de fuga;Extra baixa tensão;

Barreiras e invólucros;Bloqueios e impedimentos;

Obstáculos e anteparos;Isolamento das partes vivas;Isolação dupla ou reforçada;Colocação fora de alcance;

Separação elétrica.

Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT

NBR-5410, NBR 14039 e outras;

Regulamentações do MTE.Normas Regulamentadoras;

Norma Regulamentadora NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade); Qualificação; habilitação; capacitação e autorização.

Equipamentos de proteção coletiva.

Equipamentos de proteção individual

Rotinas de trabalho – ProcedimentosInstalações desenergizadas;

Liberação para serviços;Sinalização;

Inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento.

Documentação de instalações elétricas

Riscos adicionaisAltura;

Ambientes confinados;Áreas classificadas;

Umidade;Condições atmosféricas;

Proteção e combate a incêndiosNoções básicas;

Medidas preventivas;Métodos de extinção;

Prática;

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Acidentes de origem elétrica.Causas diretas e indiretas;

Discussão de casos;

Primeiros socorros

Noções sobre lesões;Priorização do atendimento;

Aplicação de respiração artificialMassagem cardíaca;

Técnicas para remoção e transporte de acidentados;Práticas;

Responsabilidades

• Curso complementar – Segurança no sistema elétrico de potência (SEP)

É pré-requisito para frequentar este curso complementar, ter participado com aproveitamento satisfatório, do curso básico definido anteriormente.

Carga horária mínima – 40 horas – Programação mínima abaixo.

(*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente para as condições de trabalho características de cada ramo, padrão de operação, de nível de tensão e de outras peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial de atividade, sendo obedecida a hierarquia no aperfeiçoamento técnico do trabalhador.

1 – Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP

2 – Organização do trabalho

a) Programação e planejamento dos serviçosb) Trabalho em equipec) Cadastro das instalaçõesd) Métodos de trabalhoe) Comunicação

3 – Aspectos Comportamentais

4 – Condições impeditivas para serviços

5 – Risco típico no SEP e sua prevenção (*)

f) Proximidades e contatos com partes energizadas;g) Indução;h) Descargas elétricas e magnetismos;i) Estática;

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j) Campos elétricos e magnetismos;k) Comunicação e identificação;l) Trabalho em altura, máquinas e equipamentos especiais.

6 – Procedimentos de trabalho – análise e discussão (*)

7 – técnicas de trabalho sob tensão (*)

m) Em linha viva;n) Ao potencial;o) Em áreas internas;p) Trabalho à distância;q) Trabalhos noturnos.

8 - Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação, verificação, ensaios) (*).

9 – Sistema de proteção coletiva.

10 – Equipamentos de proteção individual (*).

11 – Posturas e vestuários de trabalho. (*)

12 – Sinalização e isolamento de áreas de trabalho. (*)

13 – Liberação de instalação para serviço e para operação e uso. (*)

14 – Treinamentos em técnicas de remoção, atendimento, transporte de acidentados. (*)

15 – Acidentes típicos (*) – Análise, discussão, medidas de proteção.

16 – Responsabilidades. (*)

Riscos em instalações e serviços com eletricidade

O uso da eletricidade apresenta muitos benefícios, mas também pode causar problemas, como acidentes provocados por atos ou por condições de operação inseguras. Apesar do aprimoramento da tecnologia neste segmento, o risco de choque elétrico ainda existe, não só no trabalho, mas também nas atividades domésticas e de lazer.

Nesta unidade, você vai estudar os riscos em instalações e serviços com eletricidade. Com esse conhecimento, você poderá garantir de forma mais eficaz a sua segurança e a de outras pessoas.

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Choque elétrico

O choque elétrico é uma perturbação da natureza que provoca diversos danos aos seres humanos. Isso porque o corpo possui em sua composição uma grande quantidade de líquido considerado bom condutor de corrente elétrica.

Qualquer pessoa que encostar em um local energizado, ou em um equipamento elétrico com defeito de isolação, estará sujeita a choque elétrico. Isso pode ocorrer em locais onde há redes de alta e baixa tensão, máquinas, ferramentas, eletrodomésticos e veículos.

O choque acontece quando há contato acidental, curto-circuito ou rompimento e queda de cabos no solo.

A corrente elétrica é um fluxo de elétrons que ocorre quando há um caminho fechado, denominado circuito elétrico, estabelecido entre dois pontos com potenciais elétricos diferentes. Por exemplo: um condutor energizado e a terra.

Correntes de baixa intensidade também podem ser fatais, se aplicadas diretamente ao coração. Já as da ordem de miliampères são perigosas, dependendo do trajeto que fazem.

Todo o tipo de corrente elétrica, se aplicada de modo não controlado e atingir o coração, apresenta risco à vida. Porém, há um aparelho chamado desfibrilador que aplica corrente, mas de modo controlado, o que é benéfico para os seres humanos.

Portanto, para prevenir os riscos elétricos em trabalhos que envolvem eletricidade, é fundamental compreender os princípios do choque elétrico, que é dividido em duas categorias: choque eletrostático e choque dinâmico. Veja.

Choque eletrostático

Este tipo de choque é resultado de uma descarga eletrostática em determinados ambientes onde são feitas, por exemplo, montagens de dispositivos eletrônicos, como em postos de gasolina. A descarga eletrostática é um efeito presente em diferentes tipos de materiais e de equipamentos com os quais o homem convive.

Veículos que se movem em climas secos podem causar esse fenômeno. Isso porque gera atrito com o ar e, consequentemente, cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Assim, passa a existir diferença de potencial entre o veículo e o solo e,

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dependendo do acúmulo das cargas, poderá haver faiscamento ou choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca o veículo.

Choque dinâmico

O choque dinâmico ocorre quando uma pessoa entra em contato direto ou indireto com partes vivas energizadas. O choque dinâmico é o tipo mais perigoso, pois a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada. A persistência da corrente ao passar pelo corpo provoca graves consequências aos órgãos internos.

Esse tipo de choque podem ser causados pela tensão do toque ou pela tensão de passo. Observe os efeitos.

Tensão de toque

É a tensão elétrica que ocorre devido ao contato entre qualquer parte do corpo e uma instalação energizada. Se a tensão de toque ocorrer com as partes vivas, é considerada contato direto. Já se for realizada com as partes não vivas, é considerada contato indireto.

Por exemplo, quando há um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmissão ocorre uma tensão de toque. Pois, ao tocar na parte metálica da torre, o cabo condutor produz um curto-circuito do tipo monofásico até a terra. A corrente de curto passará pela torre, entrará na terra e percorrerá o solo até atingir a malha da subestação, retornando pelo cabo da linha de transmissão até o local do curto. No solo, a corrente de curto-circuito gera potenciais distintos desde o “pé” da torre até uma distância remota.

Se uma pessoa tocar a torre no momento do curto-circuito, será submetida a um choque proveniente da tensão de toque entre a palma da mão e o pé por meio de uma diferença de potencial.

Nos projetos de sistema de aterramento há uma regra que exige que as pessoas fiquem afastadas a uma distância de um metro do equipamento que tocarem com as mãos.

Nesse caso, a resistência R1 é a resistência da terra do “pé” da torre até a distância de um metro. O restante do trecho de terra é representado pela resistência R2. Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por R.

Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula:

U toque = (R corpo humano + R contato / 2) I choque

O aterramento no “pé” da torre estará adequado somente se no instante do curto-circuito monofásico a terra, a tensão de toque estiver abaixo do limite de tensão e não causar fibrilação ventricular, já que o coração está no trajeto da corrente de choque.

Tensão de passo

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É a tensão elétrica que ocorre quando os dois pés estão afastados entre si a uma distância de cerca de um metro e apresentam potenciais diferentes. Isso ocorre, por exemplo, em torres de transmissão. Nos projetos de aterramento a distância entre os dois pés é considerada de um metro.Com isso, é obtida a expressão:

U passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque

O aterramento só é considerado perfeito se a tensão de passo for menor do que o seu limite para não causar fibrilação ventricular, que é uma contração extremamente rápida das fibrilas (pequenas fibras musculares) e é um fenômeno que se mantém, mesmo quando a corrente para. Esta disfunção pode ser anulada somente com o uso de um equipamento chamado desfibrilador.

A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque, porque nesse caso o coração não está no percurso da corrente de choque.

Mesmo assim, essa corrente é considerada perigosa, pois vai de pé em pé, as veias e artérias vão da planta do pé até o coração e o sangue é condutor da corrente de choque. Com isso, a corrente de tensão de passo vai do pé até o coração e deste ao outro pé, o que pode provocar a fibrilação ventricular.

Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial (equipotencial), a tensão de passo será nula e não haverá choque elétrico. A tensão de passo poderá variar de zero até a máxima diferença entre duas superfícies equipotenciais separadas por um metro.

Um agravante é que a corrente de choque, por causa da tensão de passo, contrai os músculos da perna e da coxa, fazendo a pessoa cair. Ao tocar o solo com as mãos, a tensão se transforma em tensão de toque. Nesse caso, o perigo é maior, porque o coração está contido no percurso da corrente de choque.

Contato direto

É o choque elétrico que ocorre quando são tocados, diretamente, um condutor que normalmente está energizado e o corpo humano, que passa a fazer parte do circuito energizado.

É a Lei de Ohm (I = V / R) que permite compreender as relações existentes entre a tensão, a corrente e a resistência nesse circuito, em que:

I = Intensidade da corrente elétrica

V = Tensão ou d.d.p.

R = Resistência elétrica

A resistência é um valor relacionado às características do material e suas dimensões. A tensão é uma grandeza que depende da fonte de energia. Já a corrente elétrica é a consequência da tensão e da resistência.

Como é a tensão que força os elétrons a percorrerem o circuito, quanto maior for à resistência (R) menor será a corrente (I).

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A intensidade do choque será função entre as resistências: elétrica do corpo humano; da terra no local em que os pés estão no solo; dos EPIs e EPCs; e do aterramento da instalação elétrica no ponto de alimentação de energia.

Contato indireto

É o choque elétrico que ocorre quando é tocada uma parte condutiva de uma massa ou carcaça que, em condições normais ou em caso de falha, se torna acidentalmente viva, conforme circuito apresentado na figura.

A fórmula P = V . I permite compreender as relações existentes entre a potência, a tensão e a corrente nesse circuito, no qual:

I – Intensidade da corrente elétrica

V – Tensão, pressão ou d.d.p.

P – Potência elétrica.

A potência é a capacidade de realizar um trabalho em determinado tempo. A tensão é uma grandeza que depende da fonte de energia. A corrente elétrica é a consequência da tensão e da potência. Como é a tensão que força os elétrons a percorrerem o circuito, quanto maior for a potência (P) maior será a corrente (I).

Porém, no choque elétrico por contato indireto a intensidade poderá ser obtida em função dos seguintes fatores: falha de isolação, desequilíbrio de corrente de fase e falha no aterramento.

Nesse tipo de choque a pessoa está tocando ou pisando regiões ou elementos não energizados da instalação. Mas, durante o curto-circuito essas áreas neutras ficam com diferença de potencial e ocorre o choque elétrico.

Efeitos da corrente elétrica no corpo humano

O efeito da corrente do choque acontece de maneira diferenciada no corpo humano. Os efeitos térmicos são mais visíveis nas regiões de alta intensidade de corrente e podem causar queimaduras de alto risco. Já na área de baixa densidade de corrente, o calor produzido é pequeno.

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Como a região do tórax é uma área maior, a densidade de corrente nesse local é pequena. Isso reduz os efeitos térmicos de contração e de fibrilação no coração, o que é positivo do ponto de vista da segurança.

A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente por esta. Ou seja, a resistência do vem da resistência elétrica da pele. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de potencial do choque, mas também de acordo com o estado da pele.

Os pontos de contato do acidentado com o local energizado influenciam a gravidade dos efeitos do choque elétrico. Na tabela abaixo são apresentados os prováveis locais por onde poderá ocorrer contato elétrico, o percurso da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa pelo coração. Em algumas situações, o percentual de corrente que passa pelo coração na figura “E” pode ser diferente de zero.

Outros fatores determinam a gravidade do choque elétrico são as características da corrente, conforme você poderá conferir a seguir:

a) Corrente contínua (CC): a fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto, específico e vulnerável do ciclo cardíaco.

b) Corrente alternada (CA): este tipo de corrente entre 20 e 100 Hertz é o que oferece maior risco. A de 60 Hertz, normalmente usada nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, é

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especialmente perigosas, pois está situada próxima à frequência na qual a possibilidade de ocorrer fibrilação ventricular é maior.

Para correntes alternadas de frequências elevadas, acima de 2000 Hz, a possibilidade de ocorrer de choque elétrico é pequena. Mas, se houver pode causar queimaduras, pois a corrente tende a circular pela parte externa do corpo.

Há ainda diferenças nos valores de intensidade de corrente para a sensação de choque elétrico, que varia conforme o sexo da pessoa. Na tabela abaixo são especificadas as reações fisiológicas que ocorrem de acordo com a faixa de corrente aplicada. Observe:

Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato e da intensidade de corrente

A relação entre o tempo de contato e a intensidade de corrente é um agravante nos acidentes por choque elétrico. Os valores estão no gráfico publicado pela NBR 6533 da ABNT, que define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz e admite a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas que pesam de 50 quilos.

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Zona 1 - habitualmente nenhuma reaçãoZona 2 - habitualmente nenhum efeito pato-fisiológico perigosoZona 3 - habitualmente nenhum risco de fibrilaçãoZona 4 - fibrilação possível (probabilidade de até 50%)Zona 5 - Risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%)

Resistência elétrica do corpo humano

A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima depende da resistência elétrica que ela oferece à passagem da corrente, e também de outra resistência adicional que houver entre a vítima e a terra.

A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é proveniente, quase exclusivamente, da camada externa da pele e varia entre 100 mil e 600 mil ohms. Quando a pele estiver seca e não apresentar cortes, a variação é apresentada em função da espessura do órgão.

Se a pele estiver úmida, condição mais facilmente encontrada na prática, a resistência elétrica do corpo é de cerca de 100 ohms. Já quando a pele está molhada é da ordem de 10 ohms. Ou seja, os valores da resistência da pele são reduzidos de acordo com a presença da umidade e com a existência de cortes.

A resistência interna do resto do corpo é bem menor que a da pele e varia, normalmente, entre 300 e 500 ohms. Isso porque a parte interna do corpo é composta por sangue, músculos e demais tecidos que apresentam líquidos.

A diferença da resistência elétrica da pele – seca ou molhada – à passagem da corrente é grande e pode influenciar significativamente nos efeitos do choque elétrico. Por exemplo: Em um toque acidental de um dedo seco com um ponto energizado de um circuito elétrico, haverá uma resistência de 1000 ohms. Se estiver úmido, a resistência será de 100 ohms. Usando a lei

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de Ohm e, considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito elétrico que represente uma diferença de potencial de 100 volts, os valores serão de:

com o corpo seco:

I = 100V / 1000Ω = 0,1mAΩ

Conforme a tabela Efeitos dos Choques Elétricos Dependentes da Intensidade de Corrente, é possível verificar que na faixa de 0,1 a 0,5 mA as reações fisiológicas habituais são: leve percepção superficial, habitualmente sem nenhum efeito.

se o corpo estiver molhado:

I = 100V / 100Ω = 1 A, ou 1000mAΩ

Conforme a tabela Efeitos dos Choques Elétricos Dependentes da Intensidade de Corrente, na faixa acima de 500 mA as reações fisiológicas habituais são: traumas cardíacos permanentes e, nesse caso, o efeito é letal, salvo intervenção imediata e pessoal especializado e com equipamento adequado.

Espraiamento de corrente durante o choque elétrico

O espraiamento ocorre quando a corrente que provoca o choque elétrico é distribuída de forma diferenciada no corpo humano. O fenômeno é resultado da diferença da resistência elétrica e das seções transversais no corpo e faz com que os efeitos térmicos sejam mais intensos nas regiões de alta intensidade de corrente, o que pode produzir queimaduras graves.

Nas áreas de baixa densidade de corrente o calor produzido é pequeno. Um exemplo é o tórax, que por ter área maior faz com que a densidade de corrente seja pequena, diminuindo os efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração, o que é positivo do ponto de vista da segurança.

O espraiamento pode acontecer na forma de macrochoque ou microchoque. A característica daquele é que a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. Já este ocorre no interior. Além disso, no macrochoque, que é aquele que se sente ao encostar em um local energizado, a corrente invade o corpo pela pele e sai novamente por esta. Assim, o corpo humano está bastante resistente no trajeto da resistência elétrica pela pele.

Em relação ao microchoque, sua principal característica é ser bem específico, pois ocorre somente por defeito em equipamentos hospitalares usados para analisar, diagnosticar ou monitorar o corpo humano.

Agora, entenda quais são os efeitos do choque elétrico no corpo humano.

Os efeitos do choque elétrico

Os efeitos da passagem de corrente elétrica no corpo humano envolvem:

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a) Efeitos físicos: são provocados por energia térmica e pela força eletromagnética, como a elevação da temperatura dos órgãos do corpo humano devido ao aquecimento produzido pela corrente elétrica do choque (Efeito Joule, P=I2R). Um exemplo pode ser a necrose, resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido.

b) Efeitos químicos: provocados por alterações eletrolíticas devido ao efeito da eletrólise no sangue. Como constitui 70% do corpo humano, é matéria líquida e apresenta diversos tipos de sais minerais, como sódio, potássio, cálcio e magnésio, o choque elétrico em corrente contínua provoca a eletrólise no sangue e no plasma líquido de todo o corpo. Esse efeito pode modificar a concentração de sais minerais e produzir desequilíbrio, além de causar como aglutinação de sais e produção de coágulos no sangue.

c) Efeitos biológicos: ocorrem por contraturas do músculo do coração e por alterações neurológicas. Em geral, os fenômenos biológicos mais críticos são tetanização, parada respiratória, queimadura e fibrilação ventricular. Observe cada um:

Tetanização: é a paralisia muscular provocada pela circulação de • corrente através dos tecidos nervosos que controlam os músculos. Se influenciar os impulsos de comando da mente, a corrente de curto os anula e pode bloquear um membro ou o corpo inteiro. Nesse momento, o indivíduo não tem controle sobre o contato. Parada respiratória: caso particular da tetanização que atinge os • músculos peitorais e bloqueia a função dos movimentos respiratórios, inclusive os involuntários. Quando estão envolvidos na tetanização, os músculos peitorais e os pulmões são bloqueados e a função vital da respiração é interrompida. Fibrilação ventricular: se a corrente atingir o coração, poderá alterar • seu funcionamento regular. Os impulsos periódicos que, em condições normais regulam as contrações (sístole) e as expansões (diástole), são alterados. O coração passa a vibrar desordenadamente. Queimaduras: acontecem por conta do calor desprendido pela pas• sagem da corrente que causa destruição da pele e dos tecidos profundos. Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia calorífica que pode ser definida pela equação a seguir. Este fenômeno é denominado Efeito Joule.

Energia calorífica = R corpo humano . I choque . t choque

Onde:

R corpo humano = Resistência elétrica (S) do corpo humano ou a • resistência de parte do corpo, do músculo ou do órgão afetado.

I choque = Corrente elétrica do Choque (A). t choque = Tempo do choque (s)• E calorífica = Energia em Joules (J) liberada no corpo humano.

O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano e pode produzir vários efeitos e sintomas, confira:

queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo.

aquecimento do sangue e consequente dilatação.

aquecimento que pode provocar o derretimento dos ossos e das cartilagens.

Queimadura das terminações nervosas e sensoriais da região atingida.

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queimadura das camadas adiposas ao longo da derme, que se tornam gelatinosas.

As queimaduras provocam a liberação de uma substância encontrada nos músculos denominada mioglobulina, que vai até os rins e causa danos na região.

Agora, entenda o fenômeno do arco elétrico.

Arco elétrico

Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por outro meio isolante, como o óleo, está ocorrendo um arco elétrico. A passagem de corrente elétrica entre dois materiais pouco distantes é ocasionada pela grande diferença de potencial entre eles que pode, dessa forma, realizar a ruptura dielétrica do seu meio isolante, o que forma o arco elétrico. Isso ocorre por causa do fenômeno de ionização do meio isolante entre os contatos e devido à persistência de uma tensão elétrica entre os mesmos.

Também contribuem para a existência desse fenômeno a situação do meio isolante que, na maioria das vezes, vem do ar e fatores como poluição, umidade e outros. Além disso, o alto valor de corrente que aparece entre os contatos no instante de sua separação, quando ocorre a execução de manobras sobre carga de chaves seccionadoras do tipo sem carga (chaves secas), influencia a ocorrência do fenômeno.

O arco elétrico tem curta duração, geralmente menor que meio segundo, e é tão rápido que o olho humano não tem capacidade de perceber.

Próximos ao laser, os arcos elétricos são extremamente quentes e considerados a mais intensa fonte de calor da Terra, pois sua temperatura pode alcançar até 20 mil°C. Por isso pessoas localizadas a alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras.

Este fenômeno é um evento de múltipla energia e sua forte explosão e energia acústica são acompanhados de intensa energia térmica. Em alguns casos, uma onda de pressão também pode se formar, e esta possui a capacidade de empurrar e derrubar o que estiver próximo ao local de sua ocorrência.

Acidentes com arco elétrico podem ser causados por fatores relacionados aos equipamentos, ao ambiente ou às pessoas, conforme relacionado abaixo:

- intencional entre fase e terra ou entre múltiplas fases, provocado, por exemplo, por falhas de isolação.

Em causas relacionadas ao ambiente, como contaminação por sujeira,

- água ou presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos), que provocam curtos-circuitos em barramentos de painéis ou subestações.

- As causas relacionadas a pessoas podem ocorrer devido à negligência, imperícia ou imprudência dos trabalhadores. Um exemplo são trabalhadores que realizam movimentos bruscos ou que têm descuido ao manejar ferramentas e outros materiais condutivos quando estão trabalhando em partes energizadas da instalação ou próximos a elas.

Consequências de arcos elétricos

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A severidade da lesão para as pessoas em áreas onde ocorrem falhas depende da energia liberada durante o arco elétrico, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que estejam utilizando. As mais sérias queimaduras causadas por este fenômeno envolvem a ignição da roupa da vítima pelo calor do arco. Quanto maior o tempo de duração do arco, maior será o grau e a área da queimadura no corpo. Isso influencia diretamente a gravidade da lesão e a sobrevivência da vítima.

A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circuito e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção. Altas correntes de curto-circuito e a atuação prolongada dos dispositivos de proteção aumentam o risco de ocorrer um arco elétrico.

A proteção contra o fenômeno varia de acordo com a energia que pode ser liberada em caso de um curto-circuito. As roupas de proteção devem ser adequadas e cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias provenientes do arco elétrico e da energia térmica causada por ele, como rosto, pescoço e cabelos estes protegidos por capuzes.

Proteção contra perigos resultantes do arco

Os dispositivos e equipamentos capazes de gerar arcos durante a operação devem ser especificados, selecionados, instalados e em perfeitas condições de uso com o objetivo de garantir a segurança e a saúde das pessoas que trabalham em locais de risco. Algumas medidas padrão foram estabelecidas para a proteção contra os perigos do arco elétrico, como:

Utilização de um ou mais dos seguintes elementos: dispositivos de abertura sob carga; chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido (calculado), sistemas de intertravamento, fechaduras com chaves não intercambiáveis.

Sinalização adequada.

Corredores operacionais mais curtos, altos e largos possível.

Coberturas sólidas ou barreiras, ao invés de coberturas ou telas.

Equipamentos e dispositivos dimensionados para resistir à faltas elétricas.

Uso de dispositivos limitadores de corrente.

Redução dos tempos de interrupção do arco, por meio de relés instantâneos ou de dispositivos sensíveis à pressão, luz ou calor, que atuam em dispositivos de interrupção rápidos.

Correta operação da instalação.

Entenda, agora, as características do campo eletromagnético.

Campo eletromagnético

O ambiente eletromagnético em sistemas de energia é composto basicamente por dois componentes: um campo elétrico e um magnético. Geralmente, para campos que apresentam variações de tempo, há acoplamento desses dois campos. Entretanto, para a frequência da operação de linhas de transmissão e distribuição de equipamentos eletrodomésticos (60 Hz), os campos elétricos e magnéticos podem ser considerados independentes e desacoplados.

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Conheça os tipos de campo a seguir:

Campo magnético

Campo magnético é toda a região do espaço, em torno de um condutor ou ímã. Esse espaço é representado geometricamente por linhas de indução magnéticas paralelas, nos casos de ferraduras, ou concêntricas, no caso de um condutor.

Cada ponto da linha magnética está associado a um vetor do campo magnético. Normalmente, os campos magnéticos são medidos ou calculados em weber por metro quadrado (w/m²). As linhas magnéticas se originam no polo norte em direção e sentido ao polo sul e a intensidade máxima destas ocorre nos polos.

Para o organismo humano, a exposição aos campos eletromagnéticos pode promover efeitos térmicos e endócrinos. A radiação eletromagnética provoca intenso aquecimento dos elementos metálicos, por isso, devem ser tomados cuidados especiais com portadores de marca-passo, de amplificadores auditivos, de dosadores de insulina, entre outros.

A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próximos. Dessa forma, há risco de ocorrer circulação de corrente elétrica em circuitos desenergizados se eles estiverem próximos a um circuito energizado.

Campo elétrico

Campo elétrico é toda a região do espaço, em torno de uma carga elétrica. São representados geometricamente pelas linhas de força elétrica, cujos pontos estão associados a um vetor de campo elétrico. As linhas são originadas nas cargas positivas e terminam nas cargas negativas. Quanto mais próximas elas estejam da carga, mais intenso será o campo elétrico.

O campo elétrico, da mesma forma que o magnético é uma grandeza vetorial, descrita por sua intensidade.

Normalmente campos elétricos são medidos em volts por metro (V/m). É importante conhecer este fenômeno, pois os detectores de tensão indicam a presença do campo elétrico e não do magnético.

Riscos adicionais

Os riscos adicionais são todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que possam afetar, direta ou indiretamente, a segurança e a saúde dos trabalhadores. Entre os riscos adicionais, destacam-se: altura, iluminação, ventilação, flora, fauna, alimentação, sono, estresse, cultura da empresa, entre outros. Veja cada um a seguir.

Altura

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Nos trabalhos com energia elétrica em alturas é preciso seguir as instruções relativas à segurança, como o uso obrigatório do cinturão de segurança e do capacete com jugular em alturas acima de dois metros. Em trabalhos com essa elevação deve também ser designado um ou mais observadores para prevenir qualquer risco de acidente. Os observadores precisam estar devidamente instruídos sobre o serviço que será executado e se dedicar exclusivamente à observação. Além disso, eles devem ser substituídos após determinado tempo de trabalho, estabelecido pelo responsável pelo serviço.

Ambientes confinados

São ambientes que apresentam pelo menos uma das seguintes características: deficiência ou excesso de oxigênio (inferior a 19%); presença de gases e vapores nocivos à saúde ou a integridade física; acesso restrito; não projeção para ocupação contínua.

Algumas medidas preventivas devem ser tomadas nesses locais, conforme a seguir:

Treinamento e orientação dos trabalhadores em relação aos riscos a que estão submetidos visando a prevenir acidentes e para que conheçam os procedimentos que devem ser adotados em situações de risco.

Antes de cada tarefa, deve ser feita a Análise Preliminar de Riscos (APR), e seguir dos procedimentos padronizados.

Em serviços em que são utilizados produtos químicos deve ser realizada uma avaliação prévia. O trabalho em recintos confinados deve ser precedido da inspeção e da elaboração de uma ordem de serviço com os procedimentos que precisam ser adotados. É necessário monitorar constantemente a presença de substâncias que possam provocar asfixia, explosão e intoxicação no interior de locais confinados. Esse trabalho deve ser feito por profissional qualificado e sob a supervisão de um responsável técnico. É preciso ressaltar também a proibição do uso de oxigênio para ventilação em local confinado. Deve ser realizada uma ventilação local exaustora eficaz para extrair os contaminantes e uma ventilação geral para insuflar o ar para o interior do ambiente e garantir, de forma permanente, sua renovação contínua. Sinalização com informações claras e permanentes precisam ser empregadas durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados. O uso de cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que garantam formas seguras de resgate também é demandado. O acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares também é essencial. A cada grupo de 20 trabalhadores, dois devem ser treinados para resgate. É necessário manter ao alcance dos trabalhadores ao ar mandado e aos equipamentos autônomos de resgate. Em casos de manutenção de tanque, é preciso providenciar desgaseificação antes da execução do trabalho.

Áreas classificadas

São locais com potencialidades de ocorrer atmosferas explosivas.

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Ambientes de alto risco

São aqueles em que há possibilidade de haver vazamento de gases inflamáveis, em situações de funcionamento normal. O que pode ser causado por razões diversas, como desgaste ou deterioração de equipamentos. Ambientes explosivos são classificados conforme normas internacionais, que demandam a instalação de equipamentos e de interfaces para atender às exigências.

As áreas classificadas, normalmente, cobrem uma zona cuja fronteira é o local em que os gases inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de explosão ou combustão.

Segundo as recomendações da IEC 79-10, as áreas são classificadas da seguinte forma:

Zona 0: área na qual uma mistura de gás e ar, potencialmente explosiva, está presente de forma contínua ou por longos períodos de tempo. Zona 1: área em que a mistura gás e ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o funcionamento normal do processo. Zona 2: área na qual uma mistura de gás e ar, potencialmente explosiva, não está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos de tempo.

Equipamentos instalados em área classificada também devem ser considerados. A classificação deles é baseada na temperatura superficial máxima que podem alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a temperatura superficial máxima em seis níveis e assume como temperatura ambiente de referência 40ºC.

Assim, a temperatura superficial máxima será de:

T1= 450ºC.

T2= 300ºC.

T3= 200ºC.

T4= 135ºC.

T5= 100ºC.

T6= 85ºC.

Por exemplo: um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambientes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC. Para reduzir o risco de explosão, podem ser adotados diversos métodos, como eliminar um dos elementos do triângulo do fogo (temperatura, oxigênio e combustível) ou empregar uma das três alternativas a seguir:

Contenção da explosão: este é o único método que permite que haja a explosão, que fica confinada em um ambiente bem definido e não pode se propagar para a atmosfera do entorno.

Segregação: é o método que permite separar ou isolar fisicamente as partes elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva.

Prevenção: por meio deste método, é limitada a energia, térmica ou elétrica, a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada nesse método de proteção e é também a mais efetiva. O que se faz é limitar a energia armazenada em

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circuitos elétricos para torná-los totalmente incapazes de produzirem faíscas elétricas ou de gerarem arcos voltaicos que possam causar a explosão, tanto em condições normais de operação, como em situações de falha. Os riscos de explosões ocorrem em ambientes com presença de gases, poeiras e fibras, substâncias que apresentam alto risco de incêndios explosões.

Instalações elétricas em ambientes explosivos

As instalações e os serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados visando a permitir uma adequada distribuição de energia e isolamento. A proteção correta contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos e outros riscos também deve ser considerada. Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos com atmosferas potencialmente explosivas devem observar os seguintes itens:

As tarefas de manutenção elétrica precisam ser realizadas sob o controle de um supervisor e mediante a permissão para o trabalho, formalmente estabelecida, com rede desenergizada e chave de acionamento bloqueada, etiquetada e aterrada. O monitoramento da concentração dos gases também deve ser realizado.

Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados a aplicação em instalações elétricas devem ser certificados por um organismo credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

Os locais de instalação de transformadores e capacitores, seus painéis e respectivos dispositivos de operação devem ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia adequada para a operação em ambientes confinados e, também, serem devidamente protegidos e sinalizados, indicando zonas de perigo em que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas. Esses espaços não podem ser usados para outras finalidades diferentes das estabelecidas pelo projeto elétrico e precisam possuir extintores portáteis de incêndio, adequados à classe de risco, localizados na entrada ou em suas proximidades.

Toda instalação, carcaça, invólucro, blindagem ou peça condutora, que possa armazenar energia estática e apresente possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas, deve ser aterrada. As malhas, os pontos de aterramento e os para-raios devem ser revisados periodicamente e os resultados registrados.

Umidade

O trabalho com equipamentos energizados deve ser iniciado somente se houver boas condições meteorológicas. Não são permitidos trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. Isso porque a presença de umidade reduz a rigidez dielétrica do ar.

A condição de umidade favorável ou não é determinada com a utilização de um aparelho conhecido como termohigrômetro ou umedecendo levemente com um pano a superfície de um bastão de manobra e aguardar aproximadamente cinco minutos. Se a película de umidade desaparecer, há condições seguras para a execução dos serviços.

A existência de umidade no ar reduz a capacidade disruptiva do ar e aumenta o risco de acidentes elétricos. É preciso também levar em consideração que os equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade elevada, já que o óleo isolante pode absorver a umidade do ar e comprometer, dessa forma, suas características isolantes.

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Condições atmosféricas

Determinadas características da atmosfera que influenciam o trabalho em instalações elétricas. Veja:

Descargas atmosféricas (Raios)

Existem várias teorias que buscam explicar a formação dos raios. Todas elas concordam que massas ascendentes de ar elevam as gotículas de água até as partes superiores da nuvem. Essas partículas se tornam pesadas e, ao caírem, colidem com as gotículas que estão subindo. Isso causa uma ionização do ar, devido ao atrito entre elas. Assim, ocorre a polarização das nuvens que, normalmente, apresentam cargas negativas na parte inferior e positivas na superior.

O raio é um fenômeno de natureza elétrica produzido por nuvens do tipo “cumulunimbus” que têm formato parecido com uma bigorna. As descargas elétricas ocorrem quando certas condições particulares - como temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade do vento, entre outros - fazem com que um determinado tipo de nuvem se torne eletricamente carregada internamente.

O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas aumenta e dá origem a uma onda elétrica (raio) que partirá da base da nuvem em direção ao solo, buscando locais de menor potencial, o que define sua trajetória ramificada e aleatória. A partir do raio líder forma-se um canal ionizado entre a nuvem e o solo que, dessa forma, permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 200 mil Ampères.

Depois disso, um segundo choque violento das cargas elétricas passando pelo ar, provoca o aquecimento desse meio até 30 mil ºC, provocando assim a expansão do ar (trovão). As descargas atmosféricas podem ser ascendentes, da terra para a nuvem, ou descendentes, da nuvem para a terra, ou ainda entre nuvens.

O raio é um fenômeno da natureza que tem características imprevisíveis. A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosféricas que causam danos a equipamentos são ocasionadas pelas descargas indiretas.

Para se prevenir desse fenômeno, é preciso procurar abrigo, mas nunca devem ser árvores ou construções isoladas sem sistemas de proteção atmosférica adequados. Quando há risco de raio, não é recomendado entrar em rios, lagos ou piscinas ao contrário, é preciso manter uma distância segura destes. Nesses casos, evite tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica e ficar em locais perigosos, como topos de morros e prédios.

Nada, em termos práticos, pode ser feito para impedir a queda de uma descarga. Por isso, as soluções aplicadas visam somente a minimizar os efeitos destruidores, a partir de instalações adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra.

Sobretensões transitórias

Ao cair na terra, um raio pode provocar grandes destruições. Devido à intensidade de sua corrente, é capaz de gerar intensos campos eletromagnéticos e calor por exemplo. Além dos

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danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, de telecomunicações, de TV a cabo, antenas parabólicas, redes de transmissão de dados, entre outro.

A sobretensão causada pelo raio é chamada de sobretensão transitória e pode chegar até as instalações elétricas internas de qualquer unidade consumidora. Além de causar danos a pessoas e a animais, pode provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos, danos à própria instalação elétrica interna e telefônica, e reduzir a vida útil dos equipamentos ou até sua parada completa.

As sobrecorrentes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem ocorrer por meio de descargas diretas e indiretas. Na primeira, o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou telefônica. Nesse caso, o efeito é devastador, gerando elevados valores de sobretensões sobre os diversos circuitos. Já a descarga indireta é representada por raios que caem a uma distância de até um quilômetro de uma rede elétrica. A sobretensão gerada é de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta, mas também pode causar sérios danos. Essa sobretensão induzida acontece quando uma parte da energia do raio é transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica de arame, torres, linhas telefônicas ou aéreas.

Entenda quais os sistemas que podem proteger o trabalhador de descargas elétricas.

Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas

As medidas utilizadas para minimizar as consequências das descargas atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência até terra e o envio das correntes elétricas dos raios para ela. Os principais componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas são:

Terminais aéreos - conhecidos como para-raios, são hastes montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações e têm o objetivo de propiciar um caminho mais fácil para as descargas atmosféricas que venham a incidir na edificação. Esses equipamentos são, geralmente, interligados por condutores horizontais. Condutores de descida - são os cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento. Terminais de aterramento - condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo. Esses equipamentos são compostos de cabos e hastes enterrados no solo, que propiciam uma baixa resistência à terra. Condutores de ligação equipontecial - visam a interligar o sistema de aterramento a outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo, dessa forma, a existência de diferenças de potenciais entre os elementos interligados. Todas as partes metálicas da edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas estruturais e os sistemas de proteção atmosférica devem ser interligadas a um mesmo referencial de terra.

Supressores de surto, varistores, pára-raios de linha, centelhados - São instalados em pontos de entrada de energia, em cabos telefônicos e de dados e em instrumentação industrial com o intuito de proteger as instalações e os equipamentos contra sobrecorrentes transitórias (sobretensões) provocadas por descargas diretas, indiretas e por manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica.

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Segurança em projetos

Para que os procedimentos de instalações elétricas sejam feitos com êxito há alguns pontos que devem estar previstos nos projetos elétricos. São esses cuidados e regras que você vai estudar de agora em diante. Veja.

É imprescindível que os projetos de instalações contenham dispositivos de desligamento de circuitos que possuam impedimentos de reenergização e sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

Todos os projetos elétricos, na medida do possível, devem prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito.

O projeto de instalações elétricas deve considerar, para a operação e a realização de serviços de construção e de manutenção, o espaço seguro quanto ao dimensionamento, a localização dos componentes e as influências externas.

É importante entender também que, caso haja circuitos elétricos com finalidades diferentes, entre elas comunicação, sinalização, controle e tração elétrica, devem ser identificados e instalados separadamente, a não ser que exista uma tecnologia que permita o compartilhamento, mas tudo deve seguir as definições do projeto.

No projeto devem ser definidas também a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

Sempre que tecnicamente viável e necessário devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado.

Outras condições é que o uso do aterramento temporário devem estar previsto em todo projeto, que deve também ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa, além de ser mantido atualizado.

Devem ser observadas no projeto elétrico as Normas Regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho e as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas.

O trabalho em instalações elétricas energizadas, ou seja, aquelas com tensão superior à tensão de segurança (extrabaixa tensão – EBT) que é 50 VCA ou 120 VCC (volts em corrente alternada e volts em corrente contínua) só poderá ser realizado por profissionais autorizados.

Durante as atividades no interior da zona controlada é preciso respeitar as distâncias de segurança e de isolamento de partes energizadas e a proteção por barreiras. Os trabalhadores precisam saber quais os pontos são energizados.

Antes de qualquer nova atividade, é necessário identificar e analisar os riscos para escolher o procedimento mais adequado, os tipos de EPI e EPC e os acessórios de trabalho. No entanto, é preciso estar preparado também para os acontecimentos que não estão previstos, como

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inundações, tempestades de raios ou quaisquer outros cuja neutralização não seja possível. Nesse caso, o responsável pela atividade deve suspendê-la.

Durante a fase de testes para a entrada em operação de novos equipamentos e tecnologias é mais provável a ocorrência de acidentes. Por isso, antes é necessária a elaboração da análise dos riscos e dos procedimentos de segurança específicos para o momento. Lembrando que tudo deve ser feito com os circuitos desenergizados.

Os pontos que você acabou de estudar são alguns dos mais importantes para que as atividades de um projeto elétrico sejam feitas com segurança. Lembre-se sempre de exigir que esses passos sejam cumpridos, assim estará garantido o trabalho seguro no ambiente.

Memorial descritivo

Os seguintes itens de segurança a seguir devem fazer parte do memorial descritivo do projeto. Confira:

a especificação da proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros.

a indicação da posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos, ou seja, Verde (D de desligado) e Vermelho (L de ligado).

a descrição dos sistemas de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como devem ser utilizados fisicamente nos componentes das instalações.

as recomendações de restrições e as advertências ao acesso de pessoas não autorizadas aos componentes das instalações.

as precauções que devem ser tomadas por conta de influências externas.

o funcionamento dos dispositivos de proteção durante a instalação elétrica.

as instalações devem proporcionar aos trabalhadores a iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com as recomendações da NR 17 sobre ergonomia.

Também faz parte do projeto elétrico a preocupação com a segurança intrínseca das instalações que deve partir de todo equipamento ou rotina de operação. Para que essa segurança seja garantida devem ser previstos:

a) Dispositivos de desligamentos de circuitos, os chamados disjuntores, atuando em conjunto com dispositivos de impedimento de reenergização, os relês de bloqueio, que vão eliminar o risco de eletrocussão de profissionais durante os trabalhos de manutenção em circuitos desenergizados.

b) Sinalização de advertência e de condições operacionais, como dispositivo aberto ou fechado, painéis mímicos, telas do sistema em computadores. Isso evita acidentes, pois todos os trabalhadores saberão o real estado do sistema.

c) Distanciamento e espaços seguros nas instalações que impeçam contatos acidentais com partes energizadas durante as atividades de manutenção. A ergonomia também deve ser uma preocupação.

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d) Aterramento das partes condutoras que não façam parte dos circuitos elétricos. Essa ação diminui bastante a possibilidade de choque elétrico por contato indireto com as partes que podem ser energizadas por indução elétrica ou por contato acidental com outros condutores.

e) Dispositivos de seccionamento com recursos fixos de equipotencialização e de aterramento ao circuito seccionado. Além disso, devem ser previstas condições para a execução de aterramento temporário que protege o trabalhador contra a reenergização de circuitos já desenergizados.

Agora, estude como é possível prever os riscos por meio de técnicas específicas.

Glossário

Conheça algumas definições importantes que você conhecera durante o curso.

1. Alta tensão (AT) — Tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou a 1.500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2. Área classificada — Local com potencial para a ocorrência de atmosfera explosiva.

3. Aterramento elétrico temporário — Ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

4. Atmosfera explosiva — Mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a combustão se propaga.

5. Baixa tensão (BT) — Tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente alternada ou a 1.500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

6. Barreira — Dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas.

7. Direito de recusa — Instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade por considerar que ela envolve um grave e iminente risco para a segurança e a saúde ou de outras pessoas.

8. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) — Dispositivo fixo ou móvel de abrangência coletiva destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores.

9. Equipamento segregado — Equipamento inacessível por meio de invólucro ou barreira.

10. Extrabaixa tensão (EBT) — Tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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11. Influências externas — Variáveis que devem ser consideradas na definição e na seleção de medidas de proteção para a segurança das pessoas e o desempenho dos componentes da instalação.

12. Instalação elétrica — Conjunto das partes elétricas e não-elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.

13. Instalação liberada para serviços (BT/AT) — Aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e de equipamentos adequados, desde o início até o fim dos trabalhos e a liberação para o uso.

14. Impedimento de reenergização — Condição que garante a não-energização do circuito por meio de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

15. Invólucro — Envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas.

16. Isolamento elétrico — Processo que impede a passagem de corrente elétrica por interposição de materiais isolantes.

17. Obstáculo — Elemento que impede o contato acidental, mas não o contato direto por ação deliberada.

18. Perigo — Situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

19. Pessoa advertida — Profissional informado ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade.

20. Procedimento — Sequência de operações a serem desenvolvidas para realizar um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

21. Prontuário — Sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

22. Risco — Capacidade de uma grandeza com potencial de causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

23. Riscos adicionais — Todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

24. Sinalização — Procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.

25. Sistema elétrico — Circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

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26. Sistema Elétrico de Potencia (SEP): Conjunto das instalações e equipamentos destinados a gerar, transmitir e distribuir energia elétrica até a mediação, inclusive.

27. Tensão de segurança: Extrabaixa tensão originada em uma fonte de segurança.

28. Trabalho em proximidade: Trabalho durante o qual o profissional pode entrar em zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

29. Travamento: Ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo em uma determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

30. Zona de risco: Entorno de parte condutora energizada, não agregada, acessível, inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

31. Zona controlada: Entorno de parte condutora energizada, não agregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

Técnicas de análise de risco

Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades, procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Para reduzir a frequência de acidentes é preciso avaliar e controlar os riscos.

Que pode acontecer de errado? Quais são as causas e consequências dos eventos não desejados? As respostas para esses questionamentos serão dadas nesta unidade.

As técnicas de análise de risco mais utilizadas são as seguintes:

APR (Análise Preliminar de Risco) e EPO (Estudo de Perigos e Operabilidade): identificam os perigos antes da aplicação de um método quantitativo. AQR (Análise Quantitativa de Riscos): Calcula a frequência e simula a consequência das fatalidades causadas por cenários de incêndio, explosões ou liberação de produtos tóxicos a partir dos riscos verificados em uma técnica de levantamento de perigos. Lopa (Análise de Camada de Proteção) para determinação de SIL (Nivel de Integridade e Segurança): identifica as técnicas de proteção existentes em cada situação de risco apontada pela APR e EPO.

Como você pode observar acima, por meio de normas internacionais, é possível determinar o nível de integridade do sistema instrumentado de segurança por meio do SIL. Esse valor está diretamente relacionado às práticas desenvolvidas em projetos de automação, com separação do sistema de controle ou até mesmo das práticas de codificação de um PLC.

Conceitos

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Os conceitos básicos que envolvem a análise dos riscos das atividades são o de risco e de perigo e de suas respectivas avaliações. A seguir, você vai aprender o significado de cada um deles.

Perigo: é representado por uma ou mais condições físicas ou químicas que apresentem possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou a uma combinação de todos eles. Risco: é a medida da perda econômica e dos danos para a vida das pessoas. O resultado desta avaliação é feito pela combinação entre a frequência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências). O risco também pode ser definido pelas seguintes expressões: combinação de incerteza e de dano; razão entre o perigo e as medidas de segurança; combinação entre o evento, a probabilidade e suas consequências.

Geralmente, os grandes acidentes são causados por eventos pouco frequentes, mas que causam danos importantes.

Análise de riscos

É uma atividade que consiste na elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) dos riscos, baseada na avaliação e em técnicas estruturadas para promover a combinação das frequências e consequências de cenários acidentais. É composta por dois itens:

Avaliação de riscos

É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerância previamente estabelecidos.

Gerenciamento de riscos

É a formulação e a execução de medidas e de procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial. Isto é feito visando a que a operação seja realizada conforme requerimentos de segurança considerados toleráveis.

Níveis de risco

A classificação dos níveis de riscos é feita de acordo com a severidade das consequências causadas por eles. Os níveis são estabelecidos nas seguintes categorias:

Categoria I – Desprezível: Quando as consequências e os danos estão restritos à área industrial da ocorrência do evento e apresentam possibilidade de controle imediato.

Categoria II – Marginal: Quando as consequências e os danos atingem outras subunidades ou áreas não industriais e apresentam possibilidade de controle e não contaminam solo, ar ou recursos hídricos.

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Categoria III – Crítica: Quando há contaminação temporária do solo, do ar ou de recursos hídricos e possibilidade de recuperação imediata.

Categoria IV – Catastrófica: Quando são atingidas áreas externas, como a comunidade circunvizinha e o meio ambiente.

As principais técnicas para a identificação dos riscos e perigos são:

Análise Preliminar de Riscos ou Perigos – APR/APP Método de Análise de Falhas e de Efeitos – AMFE Análise de Segurança de Sistemas Árvore de eventos Árvore de falhas

A realização da análise é feita por meio do preenchimento de uma planilha de APR/APP para cada módulo de análise da instalação. A planilha utilizada nesta APP, exposta a seguir, contém oito colunas que devem ser preenchidas, conforme a descrição apresentada a seguir.

1ª coluna – Etapa: deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade ou operação.

2ª coluna – Risco / Perigo: precisa explicitar os riscos e perigos identificados para o módulo de análise em estudo. De forma geral, os riscos e perigos são eventos acidentais que têm potencial para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente.

3ª coluna – Modos de detecção: os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco e do perigo identificado na segunda coluna devem ser relacionados nesta parte. A detecção da ocorrência deles pode ser realizada por meio de instrumentos, como alarmes de pressão e de temperatura, e pela percepção dos sentidos humanos, como visão, olfato, entre outros.

4ª coluna – Efeitos: os possíveis efeitos danosos de cada risco ou perigo identificado devem ser listados nesta coluna.

5ª coluna – recomendações e observações: Esta coluna deve conter as recomendações de medidas para eliminar os riscos propostas pela equipe de realização da APR/APP, além de outras observações pertinentes ao cenário de acidente em estudo.

Depois das técnicas para analisar os riscos, você vai estudar as medidas para controlá-los. Siga em frente.

Medidas de controle do risco elétrico

Nesta parte, você vai conhecer as técnicas desenvolvidas para controlar os riscos de choque elétrico durante operações que envolvem eletricidade.

Desenergização

A desenergização é uma técnica de controle de risco em que é realizado um conjunto de procedimentos, que visam a promover a segurança das pessoas que participam ou não do

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processo. A seguir, estão relacionados todos os passos do processo de desenergização. Observe:

Desligamento: é a interrupção da alimentação elétrica fornecida a um equipamento ou circuito. Isso pode ser feito por meio de uma manobra, geralmente realizada no disjuntor que fornece corrente, conforme demonstra a ilustração abaixo.

Seccionamento: o passo seguinte é o seccionamento que consiste em desconectar e distanciar de forma adequada um equipamento ou circuito de outros. Isso é feito para garantir que a tensão elétrica não esteja mais presente nos aparelhos que precisam ser desenergizados.

Esta operação é concluída somente quando é possível constatar visualmente que os contatos foram separados e que foram realizadas ações como a extração de disjuntor e retirada de fusíveis, entre outras. Se isso não for possível, é necessário formalizar a não realização deste procedimento, conforme o item 10.5.3 da NR-10.

Para evitar a formação de arco elétrico, a abertura da seccionadora pode ser feita somente após o desligamento do circuito ou do equipamento.

Constatação de ausência da tensão: este processo consiste na verificação da presença de tensão em todas as fases que o circuito apresentar. Para isso, é necessário o uso de sinalização luminosa ou de um voltímetro instalado no próprio painel.

Caso estes equipamentos não estejam operando de forma correta, é preciso substituí-los por outros, que devem ser selecionados de acordo com cada caso. Entre os aparelhos que podem ser utilizados estão o voltímetro e os detectores de tensão de proximidade ou de contato.

Aterramento

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O aterramento é outra medida de controle de risco que consiste na ligação elétrica do circuito à terra de forma intencional. O objetivo desta operação é fazer com que a corrente faça um caminho seguro no qual haja baixa resistência elétrica e propriedades mecânicas suficientes para impedir que correntes elétricas perigosas causem danos.

É preciso que os sistemas de aterramento possuam algumas especificações para proporcionar mais a segurança e a funcionalidade da instalação. O principal deles é que o valor da resistência de aterramento atenda a estas condições.

Em cada local de instalação deve ser feito somente um aterramento, independente da função que os mesmo apresentem. Em casos específicos, eles podem ser feitos separadamente, desde que sejam levadas em consideração as medidas de proteção necessárias para a operação.

Há diversos métodos de aterramento disponíveis para os diferentes tipos de situações. Nas próximas páginas, você vai aprender como funciona cada um deles.

Aterramento temporário

Este tipo de aterramento tem como finalidade equipotencializar circuitos desenergizados. Para isso, é necessário ligar os condutores ou equipamentos a uma malha de aterramento através de dispositivos apropriados ao nível de tensão nominal do circuito.

Com o uso de equipamentos de proteção (EPIs e EPCs) adequados deve ser desconectado, primeiramente, a extremidade ligada ao condutor ou equipamento, que deve ser ligada à malha da terra. Veja o esquema abaixo:

Aterramento funcional

É o aterramento de somente um ponto da instalação ou do equipamento que visa a garantir a proteção contra choques elétricos. O termo funcional foi empregado devido ao objetivo da operação de reduzir as tensões e proporcionar um caminho elétrico que permita a atuação das proteções.

Aterramento do condutor neutro

Este método é utilizado quando a instalação é alimentada por concessionário. Nesse caso, o condutor deve ser aterrado na origem da instalação.

Aterramento de proteção (PE)

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Este procedimento está associado aos equipamentos de classe e proporciona proteção contra contatos indiretos, que é garantida por eles e, também, pela instalação. Além de sua isolação básica, os elementos de Classe I possuem meios de aterramento, como o fio terra, chamado também de condutor de proteção (PE). Conectados ao PE da instalação esses dispositivos atuam em casos de falha na isolação do equipamento, promovendo o desligamento do circuito.

Aterramento por razões combinadas de proteção e funcionais (PEN)

Quando for exigido um aterramento por razões combinadas de proteção e funcionais, as prescrições relativas e este devem ser levadas em consideração entre eles estão o esquema de aterramento e a medida da resistência do aterramento.

Esquemas de aterramento

Os esquemas de aterramento possuem classificações diferentes, que você aprenderá a seguir, e utilizam uma simbologia com duas letras. A primeira se refere à situação da alimentação em relação à terra:

T - representa um ponto de alimentação, geralmente o neutro, diretamente aterrado. I - demonstra que todas as partes vivas são isoladas em relação à terra e que há a presença de aterramento de um ponto através de uma impedância. A segunda letra relaciona a situação das massas da instalação elétrica em relação à terra, em que: T - são as massas diretamente aterradas, independente do aterramento eventual de ponto de alimentação. N - representa as massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado. Em corrente alternada o ponto aterrado é, normalmente, o neutro.

Veja a seguir os esquemas de ligação de aterramento existentes:

Esquema TN

Possui ponto de alimentação diretamente aterrado e as massas são ligadas a ele através de condutores de proteção. Há três tipos de esquemas TN, que variam de acordo com a posição dos condutores neutro e de proteção, conforme a seguir:

Esquema TN-S - Os condutores neutros e de proteção são diferentes e separados ao longo de toda a instalação. Veja a ilustração:

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Esquema TN-C: as funções de neutro e de condutor de proteção são ligadas ao longo de toda instalação por meio de um único condutor. Observe:

Esquema TN-C-S: as funções de neutro e de proteção são combinadas em uma parte da instalação e por um único condutor:

Esquema TT:

Neste esquema há um ponto de alimentação aterrado. Já as massas de instalação são conectadas a eletrodos de aterramento diferentes aos do aterramento da instalação.

Esquema IT

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Não apresenta ponto da alimentação aterrado. Neste caso, o aterramento é feito nas massas da instalação, conforme representa a figura abaixo.

Medida da resistência de aterramento

A seleção dos eletrodos usados no processo de aterramento e sua distribuição devem levar em consideração as condições ambientais, a natureza do terreno e a resistência de contato do aterramento, pois este método depende desses fatores para ser bem sucedido.

Para conseguir uma resistência ôhmica ideal para o aterramento, é necessário aferir a corrente e a queda de tensão provocada por esta. Para isso, basta medir a tensão entre uma tomada de terra e um ponto 20 metros distante dela, de forma que o potencial seja nulo.

Os eletrodos de aterramento podem ser profundos ou superficiais. Para o primeiro, normalmente, são usados tubos de ferro galvanizado ou hastes de aço revestidas com película de cobre depositada eletroliticamente, que apresentem comprimento grande e sejam cravados no solo. No caso de aterramento superficial, são empregados cabos condutores ou chapas, enterrados a uma profundidade média de meio metro. É preciso dar prioridade à sua disposição radial e, também, à obtenção de um centro comum.

Equipotencialização

É um conjunto de medidas que tem o objetivo de minimizar as diferenças de potencial entre componentes de instalações elétricas de energia e de sinal. O método visa a prevenir acidentes com pessoas e reduzir os danos causados nessas instalações e nos equipamentos ligados a elas.

A equipotencialização pode ser realizada mediante algumas condições. São elas:

Todos os aterramentos de uma mesma edificação devem ser interligados de forma conveniente e formar um só aterramento, independente de fazerem parte do quadro de distribuição principal de energia (QGBT), do DG de telefonia, da rede de comunicação de dados ou de outros.

Todas as partes das edificações – como ferragens estruturais, grades, guarda corpos, corrimãos, portões, bases de antenas e carcaças metálicas dos equipamentos elétricos – devem ser conectadas ao aterramento de modo correto.

As tubulações metálicas das edificações – rede de hidrantes, eletrodutos e outros – também precisam ser interligadas ao aterramento de forma conveniente.

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Os aterramentos devem ser realizados em anel fechado, malha, ou por meio de ferragens estruturais das fundações da edificação, quando forem eletricamente contínuas, o que na maioria das vezes ocorre.

Os terminais “terra“ dos equipamentos precisam ser ligados ao aterramento através dos condutores de proteção que devem ser distribuídos por toda a instalação da edificação.

Todos os Equipamentos de Tecnologia de Informações (ETIs) devem ser protegidos por Dispositivos de Proteção Contra Surtos (DPSs), como varistores, centelhadores, diodos especiais ou associações deles.

Todos os terminais “terra“ dos DPSs precisam ser ligados a um sistema de Barramento de Equipotencialização Principal (BEP) através da ligação da massa dos ETIs pelo condutor de proteção PE.

Dependendo da configuração da instalação elétrica de baixa tensão no Quadro de Distribuição Principal de Baixa Tensão (QDP) ou no quadro do secundário do transformador, é necessária a instalação de um DPS. Esse dispositivo deve apresentar características nominais mais elevadas, que possibilitem a coordenação eficaz dos quadros de alimentação dos circuitos terminais que alimentam os ETIs.

Conforme a NBR-5410/2004, na zona de influência do BEP é atingido um equilíbrio aceitável dos potenciais em frequência industrial dentro de uma edificação. Para isso, é preciso estabelecer uma distância entre eles de dez metros em qualquer direção, horizontal ou vertical.

Portanto, cada edificação deve possuir um BEP. Caso o local apresente dimensões que ultrapassem a zona de influência do Barramento, é preciso instalar outras barras, chamadas Terminal de Aterramento Secundário (TAS), de forma similar ao BEP.

O TAS deve ser interligado ao BEP com condutores e conexões que proporcionem à ligação baixa impedância. Nessas situações, podem ser aplicados recursos que visem a reduzir o custo das instalações. Por exemplo: usar os mesmos cabos e hidrantes da instalação, desde que eles garantam a continuidade elétrica em valores aceitáveis.

A NBR14306 de 1999, que regula as telecomunicações, substituiu o TAS por um Terminal de Aterramento de Telecomunicações (TAT), que apresenta as mesmas práticas de instalação.

Para que a interligação seja realizada de forma correta em instalações de energia em edificações, é demandada a aplicação de uma barra de cobre próximo ao Quadro de Distribuição Principal de Baixa Tensão (QDP) distante alguns centímetros da parede e que seja isolada por materiais como porcelana ou resina.

Essa barra (BEP) deve ter extensão adequada para garantir bom contato elétrico e preservar suas características de resistência mecânica e de baixa impedância elétrica. São considerados parâmetros ideais largura de 50 milímetros, espessura de 6 milímetros e comprimento maior que 500 milímetros.

Dessa forma, você pode concluir que para fazer uma ligação adequada é necessário ligar todos os aterramentos ao BEP, inclusive as ferragens. Isso deve ser feito pelo caminho mais curto. É necessário também retirar quantos condutores de proteção forem necessários para a instalação.

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Se alguma tubulação metálica não apresentar possibilidade de ser interligada ao Barramento, isso deve ser feito de forma indireta através de um dispositivo chamado centelhador.

Alguns problemas podem ser causados pela diferença de potenciais em aterramentos de uma mesma instalação, como o risco de choques que provocam danos às pessoas e aos equipamentos. Isso ocorre se um equipamento for tocado e sua isolação não for suficiente para impedir a diferença de potencial em relação ao aterramento ou à caraça e outro equipamento. Com isso, pode haver circuito fechado e uma corrente de falta pode fluir e atingir o corpo de uma pessoa ou animal.

Em aparelhos de tecnologia da informação e similares, em que há ligações para permitir o envio e o recebimento de dados, há risco de interferências que podem prejudicar o funcionamento de um só equipamento ou até a paralisação de grandes linhas de produção.

Seccionamento automático da alimentação

É um método de controle de risco elétrico que consiste na ligação das massas aos condutores de proteção, que passam a fazer parte de uma rede de aterramento. Nesse caso, sempre que for identificado o início de uma tensão perigosa, os elementos de proteção interrompem automati-camente a alimentação do circuito.

A aplicação dos dispositivos de sobrecorrente e de corrente diferencial é estabelecida de acordo com a utilização dos equipamentos em que serão aplicadas e do sistema de aterramento que utilizam.

Dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual

É uma proteção que apresenta alta sensibilidade por identificar correntes inferiores a 30 mA. Por isso, sua aplicação é obrigatória em diversos tipos de circuito, como:

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os situados em locais contendo banheiro ou chuveiro.

os que fornecem alimentação para tomadas de corrente, localizadas em áreas externas da edificação.

os presentes em tomadas de corrente instaladas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos na parte externa.

de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço e garagens, além dos localizados em áreas nos quais o local interno pode ser molhado ou esteja sujeito a lavagens.

A função desse dispositivo é medir as correntes que percorrem os condutores e que em condições normais de operação são praticamente nulas. Quando há falha no isolamento, uma corrente residual é enviada para a terra, o que caracteriza uma disfunção, detectada pelo DR.

Se uma pessoa tocar um equipamento no momento em que está ocorrendo vazamento de corrente, esta irá atingi-lo e passar por seu corpo. Essa situação também pode ser identificada pelo dispositivo diferencial. Quando a diferença de corrente atinge um determinado valor, é ativado um relé, que irá abrir os contatos principais do próprio dispositivo ou de um outro associado, e provocar o desligamento do circuito.

Fazem parte da composição do dispositivo DR um TC de detecção toroidal, sobre o qual são enrolados os condutores do circuito, que adapta o enrolamento de detecção e que mede a diferenças entre correntes dos condutores. Outro elemento que faz parte do DR é o relé diferencial ou reversível, que processa o sinal e comanda o disparo.

Modo de funcionamento

O funcionamento do DR varia de acordo com a presença ou não de fonte e com outros fatores que serão abordados a seguir.

DR sem fonte auxiliar – este dispositivo apresenta funcionamento direto e pode ser aplicado sem restrições nas proteções contra contatos diretos e contra riscos de incêndio. Nesse caso, o DR desempenha suas funções de detecção, comparação, medição e interrupção de forma totalmente independente, sem usar energia auxiliar.

DR com fonte auxiliar: a fonte auxiliar é usada quando há necessidade de amplificar o sinal. O nível de sensibilidade do dispositivo determina se ele pode ser aplicado na proteção contra contatos diretos ou indiretos. O uso desse dispositivo de alta sensibilidade (£ 30 mA) é obrigatório em casos em que há necessidade de complementar a proteção contra choques elétricos, em circuitos de banheiros, tomadas de cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens, entre outros.

Uso de DR de alta sensibilidade (£ 30 mA): nesse caso, o dispositivo pode ser usado como uma alternativa para a proteção de equipamentos de Classe I, localizados no volume 2 de piscinas

Uso previsto de DR com sensibilidade £ 500 mA: esta aplicação visa a limitar as correntes de falta e de fuga à terra onde sejam processados ou armazenados materiais infamáveis.

Observe a ilustração:

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Tipos de DR

A proteção com o uso de DR pode ser realizada com o uso de diversos dispositivos, como: tomadas com interruptor DR incorporado; disjuntores com proteção diferencial-residual incorporada e interruptores diferenciais-residuais.

Quando o objetivo da proteção é somente o acionamento de uma sinalização ou alarme após a detecção de corrente diferencial-residual, é recomendada a aplicação de elementos como blocos diferenciais acopláveis, disjuntores em caixa moldada, mini disjuntores, além de peças avulsas (relé DR e transformador de corrente toroidal).

Proteção por extrabaixa tensão

A tensão extrabaixa pode ser proveniente de transformadores isoladores ou de baterias e geradores. Esse tipo de tensão é comum em condições de trabalho desfavoráveis, como ambientes úmidos, que facilitam a ocorrência de choque elétrico, e também em equipamentos de solda usados em ambientes confinados que demandam o uso de baixa tensão.

Para proteger um sistema contra extrabaixa tensão, menor que 50V, é necessário usar uma fonte de baixa tensão ou uma isolação elétrica confiável, se a tensão for proveniente de um circuito de maior tensão.

Antes da aplicação desse tipo de proteção, é necessário atentar para alguns critérios, como a proibição de aterrar o circuito e de fazer ligações com outros de tensão maior. Não é permitido também usar condutores de extrabaixa tensão em locais que contenham condutores de tensão de valor mais elevado.

Esse método apresenta três fatores essências de segurança: isolação funcional, isolação do sistema e, no caso de transformadores, a redução da tensão.

Porém, na prática a técnica possui desvantagens, já que demanda uma instalação elétrica de baixa tensão e a aplicação de grandes secções transversais para os condutores de fornecimento da baixa tensão. Além disso, em algumas situações, é necessário construir equipamentos de tensão de tamanho relativamente grande, em comparação aos que usam tensões maiores.

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Proteção por barreiras e invólucros

Para proteger o contato com as partes vivas das instalações elétricas, estas podem ser colocadas no interior de invólucros ou atrás de barreiras, conforme demonstra a figura a seguir.

É necessário que esses dispositivos sejam fixados de forma segura e, também, que eles possuam propriedades suficientes para proteger e separar as partes vivas. Entre as principais funções das barreiras e invólucros está o impedimento de que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes energizadas. Outra questão que essa construção deve garantir é que as pessoas sejam devidamente alertadas, por meio de placas e sinalizações, sobre os riscos de tocar as partes vivas da instalação intencionalmente.

A retirada da barreira e a abertura dos invólucros devem ser realizadas somente em casos especiais, com a utilização de chaves e ferramentas apropriadas e após a desenergização das partes vivas. Se houver interposta uma segunda barreira ou isolação, é necessário manusear os equipamentos sem que seja feita a desenergização prévia.

A sinalização apresentada abaixo é usada para identificar os equipamentos energizados e não energizados devem ser aplicadas em todos os pontos em que há possibilidade de haver passagem de corrente. A liberação dos equipamentos para manuseio pode ser feita somente por profissional habilitado.

Obstáculos e anteparos

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Estes dispositivos impedem contatos acidentais com partes energizadas. Sua função é prevenir uma aproximação física sem intenção com as partes vivas, como, por exemplo, corrimões e telas de arame. Além disso, os anteparos e obstáculos visam a proteger as pessoas de contatos em equipamentos que estejam operando sob tensão, por meio de telas ou painéis sobre os seccionadores.

A NBR-5410 permite que sejam usadas medidas parciais de proteção contra contatos diretos ou dispensam o seu uso em locais nos quais são realizados serviços elétricos. O acesso a estes espaços, porém, é restrito aos técnicos responsáveis pelo trabalho.

Proteção por isolamento das partes vivas

Este tipo de proteção é feito por meio da aplicação de materiais isolantes nos equipamentos e tem a função de impedir a passagem de corrente elétrica.

Esse isolamento pode ser duplo ou reforçado visando a proporcionar uma dupla linha de defesa. O processo para que seja feito este tipo de isolamento compõem a realização de uma isolação básica aplicada às partes vivas com objetivo de oferecer uma proteção básica contra os choques. Posteriormente, é feita a isolação complementar, que visa a assegurar esta proteção, em caso de falha da isolação básica.

Esse sistema é aplicado em aparelhos eletrodomésticos e em ferramentas elétricas portáteis, como furadeiras e lixadeiras. Nesses casos, haverá na plaqueta de identificação um símbolo indicativo gravado, conforme mostrado a seguir.

Há um outro tipo de isolação conhecida como isolação reforçada, que apresenta grau de proteção equivalente ao da dupla isolação.

É possível considerar o cabo da figura abaixo um condutor com isolação reforçada, já que ele pode ser instalado em locais inacessíveis sem que haja necessidade de invólucros ou barreiras. Observe as partes que o compõe.

1. Condutor

material: fio de cobre nu, têmpera mole.

forma: redonda normal, compacta ou setorial.

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encordoamento: classe 2.

2. Isolação

Composto termoplástico de PVC em chumbo antichama.

3. Enchimento

Composto termoplástico em PVC sem chumbo.

4. Cobertura

Composto termoplástico de PVC sem chumbo antichama.

Proteção parcial por colocação fora de alcance

Colocar fora de alcance significa prevenir o contato involuntário com as partes vivas. Quando há espaçamento, ele deve ser adequado para evitar que pessoas circulem nas proximidades das áreas ou dos equipamentos energizados e que toquem as partes vivas diretamente ou por meio de objetos que manipulem ou transportem.

Em locais sem proteção, é necessário manter uma distância mínima para evitar contatos diretos, conforme a ilustração a seguir:

Proteção por separação elétrica

Este método, abordado pela NBR-5410/2004, visa a reduzir a tensão, por meio de um transformador de separação, para que esta atinja valores seguros, como os de extra-baixa tensão que devem ser menores que 50V, em ambientes secos, e abaixo de 25V, em locais úmidos e molhados.

Além do transformador, essa técnica pode ser aplicada com o uso de um grupo motor-gerador com enrolamentos que realizem separação equivalente deste equipamento.

Circuitos eletricamente separados podem alimentar um ou vários equipamentos. Mas, o ideal é que estes sejam conectados apenas a um circuito e que sua massa seja aterrada. Se diversos elementos forem conectados ao mesmo circuito, não podem ser aterrados, mas ser ligados entre si por condutores de equipotencialidade.

Depois de estudar as medidas para prevenir o risco elétrico, siga em frente e conheça os principais equipamentos de proteção individual e coletiva.

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Equipamentos de proteção

Em todos os serviços realizados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas medidas de proteção coletiva e individual para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Isso é feito por meiodo uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Conheça cada um deles agora.

Equipamentos de proteção coletiva

No caso de instalações elétricas, as medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica e, caso isso não seja possível, o emprego de tensão de segurança, conforme estabelece a NR 10.

Essas medidas visam à proteção, não só dos trabalhadores envolvidos com a atividade principal que será executada e que gerou o risco, mas também a amparar outros funcionários que possam executar atividades paralelas nas redondezas ou até pessoas que passam pelo local e ficam expostas ao risco.

A seguir, você vai conhecer melhor os equipamentos e sistemas de proteção coletiva usados nas instalações elétricas.

Conjunto de aterramento

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Este equipamento é usado para a execução de aterramento temporário, visando à equipotencializar e a proteger as pessoas contra uma possível energização indevida do circuito em intervenção.

Tapete de borracha isolante

É um acessório utilizado principalmente em subestações. O objetivo é isolar os locais contra contatos indiretos e minimizar, dessa forma, as consequências de possíveis falhas na isolação de equipamentos.

Cones e bandeiras de sinalização

Anteparos destinados a isolar áreas em que estejam sendo executadas intervenções.

Placas de sinalização

Estes dispositivos são utilizadas para sinalizar perigos e situações dos equipamentos como, por exemplo, “Equipamentos energizados”, “Não manobre este equipamento sobre carga”, entre outros avisos. O objetivo do uso desses equipamentos é proteger os profissionais que atuam no circuito e pessoas que possam vir a manobrar os sistemas elétricos.

Protetores de máquinas

São anteparos destinados a impossibilitar contatos acidentais com partes energizadas ou partes móveis de equipamentos.

Protetores isolantes de borracha para redes elétricas

São dispositivos usados para proteger os trabalhadores contra contatos acidentais em redes aéreas, utilizados na execução de trabalhos em redes energizadas ou nas proximidades delas.

Equipamentos de proteção individual

Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva foram tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual – EPIs.

Esses dispositivos devem ser específicos e adequados às atividades desenvolvidas, conforme determina a NR 6, Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego que dispõe sobre esses equipamentos.

As roupas para o trabalho devem ser adequadas às atividades. Devem ser considerados ainda fatores como a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas dos

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equipamentos. É vedado o uso de adornos pessoais, como brincos, cordões ou anéis nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades, principalmente se forem metálicos ou facilitarem a condução de energia.

Os EPIs devem possuir um Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Seu uso é recomendando quando não for possível eliminar o risco por outros meios, for necessário complementar a proteção coletiva e se forem realizados trabalhos eventuais que apresentam exposição de curta duração, cujo controle na fonte ainda não tenha sido estudado.

Tipos de EPIs

A seguir, você vai conhecer os tipos de EPI e suas aplicações em atividades que envolvem energia elétrica.

Capacete isolantes de segurança

Usado para proteger a cabeça contra quedas de objetos e contatos acidentais com as partes energizadas da instalação. O capacete para uso em serviços com eletricidade deve ser classe B (submetido a testes de rigidez dielétrica a 30 kV) e preferencialmente deve apresentar aba total.

Óculos de segurança

É um equipamento que visa a proteger os olhos contra elementos que possam prejudicar a visão, como descargas elétricas.

Máscara ou respirador:

Equipamento que deve ser usado em áreas confinadas sujeitas a emissão de gases e poeiras.

Luvas isolantes

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As luvas têm como objetivo proteger as mãos e o antebraço durante a execução de manobras. Esses equipamentos, normalmente, são usados em conjunto com uma luva de cobertura apropriada e acondicionados em compartimento apropriado para não comprometer suas características de isolação.

O teste de segurança garantida pela luva pode ser feito com o uso de um equipamento inflador de luvas que verifica a existência de furos e aplica tensão de teste.

As luvas são classificadas de acordo com o nível de tensão de trabalho e de teste, conforme tabela a seguir:

Classe Tensão Máxima tensão Utilização

Máxima tensão Reteste

Tarja de Identificação

Classe 00 500 V 2.500 V Bege

Classe 0 1.000 V 5.000 V Vermelha

Classe 1 7.500 V 10.000 V Branca

Classe 2 17.000 V 20.000 V Amarela

Classe 3 26.500 V 30.000 V Verde

Classe 4 36.000 V 40.000 V laranja

Calçado (botinas sem biqueira de aço)

Este equipamento é utilizado com o objetivo de minimizar as consequências de contatos com partes energizadas. A seleção dos calçados é feita de acordo com o nível de tensão, de isolação, e de sua aplicabilidade em trabalhos com linhas energizadas ou não.

O armazenamento desses dispositivos deve ser feito em local apropriado para garantir a manutenção de suas características de isolação.

Cinturão de segurança

É usado para a proteção contra quedas de pessoas. Sua utilização é obrigatória em trabalhos realizados acima de dois metros de altura. Podem ser abdominais ou de três pontos (paraquedista). É recomendado dar preferência aos cintos do tipo paraquedista, pois os abdominais podem causar lesões na coluna do trabalhador.

Os cintos podem ser utilizados com trava-quedas instalados em cabos de aço ou com cabos flexíveis fixados nas estruturas a serem escaladas.

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Protetores auriculares

Estes dispositivos são utilizados para minimizar as consequências de ruídos que podem prejudicar a audição. No caso de trabalhos com eletricidade devem ser selecionados protetores apropriados, sem elementos metálicos.

Entenda agora, as regras a que estão submetidos o empregador e o trabalhador de espaços com risco elétrico em relação aos equipamentos de segurança.

Legislação

Conheça a seguir as obrigações do empregador.

Obrigações do empregador

Adquirir e exigir o uso adequado dos equipamentos em setores que oferecem risco para cada atividade. Fornecer ao trabalhador somente os equipamentos e ferramentas aprovados pelo órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho. Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a conservação dos materiais de trabalho. Substituir imediatamente os equipamentos danificados ou extraviados. Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica do local e dos equipamentos. Comunicar ao TEM qualquer irregularidade.

Obrigações do trabalhador

Utilizar os equipamentos apenas para a finalidade a que se destinam. Guardar corretamente ferramentas e equipamentos para que se conservem. Comunicar ao empregador qualquer alteração que torne os equipamentos impróprios para o uso. Cumprir o que determina o empregador em relação ao uso adequado.

Agora, você vai conhecer as normas brasileiras relativas ao trabalho com eletricidade.

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Normas técnicas brasileiras

A partir de agora, conheça o que a ABNT e o Ministério do Trabalho determinam em relação aos serviços com eletricidade.

Normas ABNT

As normas técnicas oficiais vigentes no Brasil são desenvolvidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e registradas no Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro). A elaboração das regras é resultado de estudos feitos por especialistas organizados em grupos de estudos, comissões e comitês.

O Sistema Internacional de Normalização, composto por diversas entidades regionais, nacionais e internacionais, tem como representante brasileira a ABNT. Para as instalações elétricas, essa instituição desenvolveu normas que abrangem as instalações, os métodos de trabalho e os produtos. A seguir, você vai conhecer melhor as regras estabelecidas para a atividade com eletricidade.

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Normas para instalações elétricas

NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão: essa norma é uma referência para segurança em trabalhos que envolvem eletricidade, pois aborda diversas formas de instalação e as influências externas que devem ser consideradas nos projetos. Apresenta, ainda, os cálculos de dimensionamento de condutores e de dispositivos de proteção necessários.

Os elementos de segurança são abordados de forma detalhada pela NBR 5410 e incluem métodos como aterramento, proteção por dispositivos de corrente de fuga, sobretensões e sobrecorrentes. Instalação, manutenção, inspeção visual e ensaios específicos também constam na regra.

NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2 kV: esta norma aborda instalações de consumidores e suas subestações em uma faixa de tensão específica, mas não inclui as redes de distribuição das empresas concessionárias de energia elétrica.

A regra estabelece critérios de segurança voltados para as subestações consumidoras, que incluem normas de acesso e parâmetros físicos e de infraestrutura, além da prescrição técnica das dimensões da instalação. Procedimentos de trabalho também são abordados pela NBR 14039.

Há diversas outras normas que estabelecem regras para o desenvolvimento do trabalho, em instalação elétricas. É função dos profissionais conhecê-las e aplicá-las, de acordo com o tipo de trabalho que vão realizar. A seguir, entenda outras normas que são boas referências para consultas e que complementam as prescrições gerais estabelecidas nas normas de baixa e média tensão já citadas.

NBR 5419 – Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas: aborda as condições de instalação e de manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de estruturas, estabelecidas pelo projeto. São normalizados também os sistemas de proteção de pessoas e instalações.

NBR 5418 – Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas: estabelece os aspectos exigidos para seleção e aplicação de equipamentos e, também, para o projeto e montagem de instalações elétricas em atmosferas explosivas por gás ou vapores inflamáveis.

NBR 6151 – Classificação dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos quanto à Proteção Contra os Choques Elétricos: enumera os equipamentos de acordo com a proteção contra choques elétricos, em caso de falha da isolação, que apresentam.

NBR 6533 – Estabelecimento de Segurança aos Efeitos da Corrente Elétrica Percorrendo o Corpo Humano: normaliza as condições necessárias para garantir a segurança do ponto de vista da engenharia, levando em consideração os efeitos da corrente elétrica no corpo humano.

NBR 13534 – Instalações Elétricas em Ambientes Assistenciais de Saúde – Requisitos para a Segurança: estabelece as condições necessárias para instalações elétricas de estabelecimentos assistenciais de saúde visando a proporcionar a segurança de todas as pessoas e, especialmente, dos pacientes.

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NBR 13570 – Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público: constitui as normas exigidas para instalações elétricas em locais onde há grande circulação de pessoas com objetivo de garantir seu funcionamento adequado.

O Inmetro torna obrigatória a Avaliação de Conformidade de produtos que apresentam possibilidade de comprometer a segurança ou a saúde do consumidor. Isso é feito para garantir o cumprimento das normas e dos regulamentos técnicos aplicáveis.

A certificação obrigatória já é aplicada em alguns produtos disponíveis no mercado brasileiro, entre eles tomadas, interruptores, disjuntores, equipamentos para atmosferas explosivas, estabilizadores de tensão, entre outros.

Regulamentações do MTE

O Ministério do Trabalho e Emprego estabelece a proteção e a segurança dos trabalhadores por meio de normas específicas. Confira:

Em relação à segurança em instalações e serviços em eletricidade, norma de referência é a NR-10, que você está estudando aqui e que aborda as condições mínimas exigidas para garantir a segurança dos profissionais que atuam nas diversas etapas que envolvem o trabalho em instalações. Essas fases incluem a elaboração de projetos, a execução, a operação, a manutenção, a reforma e a ampliação, além das fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica.

A NR-10 exige também que sejam observadas as normas técnicas oficiais vigentes e também as normas técnicas internacionais. A fundamentação legal, que dá o embasamento jurídico à existência desta NR, está nos artigos 179 a 181 da Consolidação das Leis do Trabalho – (CLT).

Normas

Saiba quais as normas relacionadas ao trabalho com eletricidade e que têm aplicações em materiais, equipamentos e serviços são:

NBR – 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

NBR – 5414: Execução de Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

NBR – 10295: Transformadores de Potência Secos

NBR – 14039: Instalação Elétrica de Média Tensão / Alta Tensão (1kV à 36,2 kV)

NBR – 5419: Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas.

NBR – 5114: Reatores para Lâmpadas de Descargas.

NBR – 6148: Fios e Cabos com Isolação Sólida Extrudada de Cloreto de Polivinila (PVC) para Tensões de 750 V sem cobertura.

NBR – 6689: Requisitos Gerais para Condutores de Instalações Elétricas Prediais.

NBR – 5361: Disjuntores Secos de Baixa Tensão.

NBR – 5283: Disjuntores de Caixa Moldada.

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NBR – 5624: Eletrodutos Rígidos de Aço Carbono, Tipo Pesado, Rosca 150 R 228.

NBR – 6150: Eletrodutos de PVC Rígidos.

Especifição

Veja as especificações da ABNT em relação aos materiais usados em eletricidade.

NBR – 5111: Fios de Cobre Nus de Secção Circular para Fins Elétricos.

NBR – 5349: Cabos Nus de Cobre.

NBR – 5355: Chave Faca Não Blindada para Baixa Tensão.

NBR – 5456: Transformadores de Potência.

NBR – 728: Cabos de Potência com Isolação Sólida Extrudada de Cloreto de Polivinila (PVC) para Tensões de 1 a 20 kV.

NBR – 5037: Fitas Adesivas Sensíveis à Pressão para Fins de Isolação Elétrica.

NBR – 6854: Aparelhos de iluminação para interiores.

NBR – 5360: Chaves blindadas não magnéticas.

Métodos

Para entender os métodos de trabalho como eletricidade, você pode consultar as seguintes normas:

NBR – 5288: Determinação das Características Isoladas, Composto Termoplástico.

MB – 211: Condutores Elétricos Isolados com Composto Termoplástico Polivinílico.

MB – 240: Fita Isolante Adesiva de Cloreto de Polivinílico.

NBR – 5386: Disjuntores Secos de Baixa Tensão.

NBR – 5290: Disjuntores em Caixas Moldadas.

NBR – 5159: Ensaios de Fios de Cobre Nú de Secção Circular para Fins Elétricos.

Padronização

A norma a seguir está ligada à padronização de procedimentos.

NBR – 5431: Caixas de Derivações de Instalações Elétricas Prediais.

Terminologias

As duas normas a seguir como são denominados alguns itens do trabalho com eletricidade.

NBR – 5473: Eletrotécnica e Eletrônica – Instalações de Baixa Tensão.

NBR – 5458: Transformadores de Potência.

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Simbologias

Confira nas normas abaixo a normalização de símbolos gráficos.

NBR – 5037: Símbolos Gráficos de Eletricidade – Fusíveis, Centelhadores e Para-raios.

NBR – 5272: Símbolos Gráficos Eletricidade – Dispositivos de Partida

NBR – 5274: Símbolos Gráficos de Eletricidade – Contatos, Chaves, Interruptores, Dispositivos de Alarme e de Sinalização.

NBR – 5446: Símbolos de Relacionamento Usados na Confecção de Esquemas.

NBR – 5259 Símbolos Gráficos Eletricidade – Instrumentos Indicadores.

Agora estude como é a habilitação dos profissionais que atuam em instalações.

Habilitação e autorização dos profissionais

Fazem parte também das prescrições da NR-10 os critérios para a admissão dos profissionais que atuem em instalações elétricas. Estes devem ser qualificados e comprovar a conclusão de curso específico na área de elétrica, que seja reconhecido pelo sistema oficial de ensino. O trabalhador precisa ter ainda registro no conselho de classe da área.

As pessoas que atuam em instalações elétricas devem ser supervisionadas por um profissional habilitado e autorizado, além de portar identificação visível que contenha informações sobre as limitações e a abrangências de sua autorização.

O estado de saúde compatível com as atividades é essencial ao trabalhador, que deve ainda ser treinado especificamente sobre os riscos decorrentes do uso da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas.

Depois de observar as principais normas relativas ao trabalho com eletricidade, entenda as rotinas de trabalho em locais de risco elétrico.

Rotinas de trabalho

As rotinas do trabalho que envolve instalações elétricas demandam a adoção de procedimentos específicos e também da liberação dos serviços por meio da emissão de documentos de permissão. Além disso, são estabelecidas algumas responsabilidades para os trabalhadores e empregadores. É este o tema que você vai estudar nesta unidade.

Procedimentos de trabalho

Para garantir a segurança em trabalhos com instalações elétricas, é necessário programar e planejar de forma adequada todas as ações que serão desenvolvidas no local. Ordens de serviço com especificação mínima da atividade, do local e dos procedimentos adotados são medidas essenciais.

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Conforme estabelece a NR10, nos procedimentos de trabalho devem ser apresentadas ainda as instruções de segurança, que devem conter basicamente o objetivo, o campo de aplicação, as competências e habilidades dos profissionais, a base técnica utilizada, as responsabilidades, as disposições gerais, além das medidas de controle e as orientações finais.

A emissão da autorização para serviços em instalações elétricas é de responsabilidade de um profissional habilitado com formação em administração. Esse processo deve ser coordenado por técnicos em segurança do trabalho e estar de acordo com a NR 4, que estabelece normas para serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho.

Para liberar serviços em instalações desenergizadas, é necessário confirmar previamente as condições do equipamento em que será realizada a intervenção e verificar os itens relacionados a seguir. Essa intervenção é denominada travamento. Veja, então, quais itens são esses.

Desligamento e Seccionamento – verificar se o circuito desligado alimenta o circuito em que será feito o serviço. Isso pode ser feito por meio da análise de diagramas elétricos, da folha de procedimentos ou da identificação da situação em campo.

Impedimento de reenergização – averiguar se as medidas que visam a impedir a reenergização são compatíveis;

Constatação da ausência de tensão – esta análise é realizada no local de trabalho com o uso de instrumentos de medições dos painéis ou de instrumentos elétricos móveis. É preciso ainda verificar se os EPIs e EPCs são adequados para o serviço.

Instalação a perfeita equipotencialização dos condutores do circuito ao referencial de terra.

Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada – após a constatação dos equipamentos energizados do circuito ou do equipamento em que será realizada a intervenção, devem ser relacionados os procedimentos, materiais e EPI’s necessários, conforme a tabela de zona de risco e controlada.

Instalação da sinalização de impedimento de energização – checar os equipamentos que podem vir a energizar o circuito ou o equipamento em intervenção. Após essa análise, deve ser providenciada a identificação adequada para o local.

Após a realização do serviço de travamento e com autorização para reenergização do sistema, é preciso ainda seguir alguns procedimentos, como a retirada de todas as ferramentas, utensílios e equipamentos e solicitar a saída dos trabalhadores que não estiverem envolvidos no processo. A remoção do aterramento temporário da equipotencialização, das proteções adicionais e da sinalização de impedimento de energização também é necessária. Caso haja dispositivos de seccionamento, é recomendado destravá-los.

Responsabilidades

A NR 10, em seu item 10.13, estabelece as responsabilidades das pessoas que contratam e das que são contratadas para realizar trabalhos que envolvem eletricidade.

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Segundo a norma, quem contrata têm o dever de informar os trabalhadores a respeito os riscos que a atividade apresenta e dos procedimentos que podem ser adotados contra eles caso descumpram as normas. Além disso, estes profissionais passam a estar legalmente envolvidos com a responsabilidade de zelar pela própria integridade física e saúde e de seus companheiros de trabalho. Dessa forma, são obrigados a adotar os procedimentos de segurança legais e os regulamentos da empresa e têm a responsabilidade de informar aos setores específicos sobre possíveis situações de risco que possam causar acidentes.

A NR10 também define conceitos, como “ato inseguro”, que representa ações voluntárias ou não do trabalhador que podem provocar perigo como, por exemplo, excesso de confiança, imprudência, exibicionismo e negligência. Outra definição da norma é a de “condição insegura”, que pode ser provocada por situações existentes no ambiente de trabalho e que podem causar acidentes, como: piso escorregadio, iluminação deficiente, excesso de ruído, falta de arrumação, instalações elétricas sobrecarregadas, máquinas defeituosas, calçados ou roupas impróprias, falta de planejamento, jornada de trabalho excessiva, entre outras.

Observe quais as funções do gerente e dos supervisores e encarregados em relação à segurança dos profissionais.

Gerente imediato

Instrui os profissionais sobre as normas de segurança do trabalho e sobre as precauções e as peculiaridades dos serviços nas estações. Orienta todos os empregados, sem exceção sobre o cumprimento das normas de segurança do trabalho. Designa somente pessoal habilitado para executar tarefas. Se mantém informado sobre atualizações nas normas de segurança do trabalho e as repassa aos funcionários. Estuda as causas dos acidentes e faz cumprir as medidas que possam evitar a repetição do acontecimento. Proíbe a entrada de menores aprendizes em estações ou em áreas de risco.

Supervisores e encarregados

Instruem adequadamente os funcionários em relação às normas de segurança do trabalho. Certificam-se do uso dos equipamentos de sinalização adequados antes do início da execução dos serviços. Orientam a equipe quanto às características dos serviços a serem executados e às precauções tomadas. Comunicam a gerência imediata os casos em que não foram observadas as normas de segurança do trabalho, inclusive as que ocorrerem fora de sua área de serviço. Advertem os funcionários que estão sob sua responsabilidade quando estes deixarem de cumprir as normas de segurança do trabalho. Cuidam da conservação das ferramentas e dos equipamentos de segurança, além de atentarem para a utilização correta. Proíbem os integrantes da equipe de utilizar ferramentas e equipamentos inadequados ou defeituosos. Usam e exigem que os outros profissionais utilizam roupa adequadas ao serviço.

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Mantêm-se informados sobre as atualizações nas normas de segurança do trabalho e as repassam aos funcionários. Providenciam rapidamente os primeiros socorros aos funcionários acidentados e comunicam o ocorrido à gerência imediata. Estudam as causas dos acidentes e fazem cumprir as medidas para evitar que acontecem novamente. Conservam o local de trabalho organizado e limpo. Cooperam com a CIPA na sugestão de medidas de segurança do trabalho. Atribuem serviços somente àqueles que estejam física e emocionalmente capacitados e de acordo com a capacidade técnica de cada um.

A documentação de instalações elétricas é o próximo tema de estudos. Conheça o que é preciso para trabalhar em espaços de risco elétrico.

Documentação de instalações elétricas

Para realizar serviços em instalações elétricas, as empresas precisam manter documentações específicas com informações sobre o trabalho que será realizado. O principal deles é o diagrama unifilar das instalações elétricas que especifica o sistema de aterramento, os equipamentos usados e os dispositivos de proteção necessários. Esses dados precisam estar sempre atualizados.

Veja um exemplo de diagrama unifilar.

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Em locais em que são desenvolvidas atividades que envolvam potência igual ou superior a 75kW, é obrigatória a emissão de um Prontuário de Instalações Elétricas que contenha, no mínimo:

os diagramas unifilares, os sistemas de aterramento e as especificações dos dispositivos de proteção das instalações elétricas.

um relatório de auditoria, conforme a NR-10, com recomendações e cronogramas de adequação, visando a controlar o risco.

a descrição dos procedimentos e das instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde.

as inspeção e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e a especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual, além das ferramentas usadas, de acordo com a NR-10.

A documentação que comprove a qualificação, a habilitação, a capacitação, a autorização dos profissionais e os treinamentos realizados por eles.

as certificações dos materiais e dos equipamentos utilizados em áreas classificadas.

As empresas que operam em instalações ou com equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência ou nas suas proximidades devem acrescentar ao prontuário os documentos relacionados anteriormente, além dos listados a seguir:

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descrição dos procedimentos de ordem geral para contingências não previstas.

certificados dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

O prontuário de instalações elétricas deve ser organizado e mantido pela empresa ou por profissional indicado por ela, e deve permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e nos serviços em eletricidade. Esse documento, elaborado por um profissional habilitado, deve ser revisado e modificado sempre que houver alterações nos sistemas. Toda a documentação deve ser escrita em língua portuguesa, sendo permitido o uso de línguas estrangeiras adicionais.Entenda agora como realizar a prevenção a incêndios, tema da próxima unidade.

Composição do incêndio

Para que as ações de prevenção combate aos incêndios sejam realmente eficazes, é preciso conhecer alguns conceitos que facilitam a definição das atitudes a serem tomadas no caso de eles ocorrerem.

O fogo, que pode também ser chamado de combustão, é uma reação química de oxidação rápida que gera luz, calor e vapores. Para que ocorra, é preciso haver a combinação de elementos e de condições apropriadas. Vapor de água, gás carbônico (CO2) e dióxido de enxofre (SO2) são os produtos resultantes mais comuns quando há este fenômeno.

É preciso, porém, ressaltar que a oxidação lenta, como a ferrugem, por exemplo, não é considerada um tipo de combustão.

A combustão é classificada de acordo com as propriedades que apresenta e pode ser:

Viva: este tipo de combustão é produzido por líquidos inflamáveis, como gasolina, removedor, tinta e outros, ou por combustíveis sólidos, entre eles, linho e papel. Nesse caso, há produção imediata de chama e, também, a elevação rápida da temperatura.

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Lenta: neste tipo de combustão a produção de chama e a temperatura se apresentam de forma gradativa.

Espontânea: este fenômeno acontece devido à oxidação lenta de uma substância, provocada por baixas temperaturas, que produzem lentamente a temperatura de ignição. Alguns exemplos são estopa ou trapos acumulados ou embebidos em óleo; monte de feno úmido em fermentação; fardo de estopa ou de algodão úmido.

Incompleta: neste caso, a combustão ocorre com uma quantidade insuficiente de oxigênio. No momento em que o fenômeno acontece, a velocidade da combustão é reduzida e quando é atingido o ponto crítico do teor de oxigênio, a chama acaba. Esse processo geralmente resulta na formação de grande quantidade de fumaça.

Entenda de que é composto o fogo.

Composição do fogoVocê viu que a combustão é uma reação química que precisa de condições favoráveis para ocorrer. Para que você compreenda melhor este fenômeno, observe a seguir o quadro com os elementos essenciais para a formação do fogo, denominado “quadrado do fogo”. Observe:

Agora, estude cada um desses componentes.

Comburente

O comburente é um gás que envolve o combustível e tem a função de manter a combustão. O comburente mais comum é o oxigênio, pois é o mais abundante em condições ambientais normais, representando 21% dos gases da atmosfera.

A concentração mínima de oxigênio necessária para formar o fogo é de 13%, se for menor que o limite de 6% não haverá mais chama e o processo será realizado de forma lenta.

Material combustível

Este elemento é representado por qualquer substância em estado sólido, líquido ou gasoso que, após atingir a temperatura de ignição, arde devido à formação de calor e luminosidade. Concluir se um material apresenta ou não possibilidade de ser oxidado exige a avaliação de

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sua composição química. Porém, é possível afirmar que elementos compostos de carbono e oxigênio podem passar pelo processo de oxidação.Alguns líquidos combustíveis apresentam uma propriedade chamada inflamabilidade ou explosividade. A definição de líquidos combustíveis pode ser feita por meio da avaliação de sua capacidade de liberar vapor. Entretanto, qualquer líquido combustível aquecido de modo suficiente se torna inflamável. A combustão com esses elementos é realizada se houver combustível (vapores ou gases) e ar (oxigênio) misturados em percentual adequado e se uma fonte de ignição estiver presente.

Fonte de ignição

Fonte de ignição ou calor é a energia necessária para ativar uma reação química entre o material combustível e o oxigênio.

Assim como o combustível e o comburente, é preciso que o calor também esteja presente em intensidade adequada para elevar a temperatura e dar início à combustão.

Para que seja promovida a transformação de combustível em fogo, é necessário considerar as seguintes temperaturas:

Ponto de fulgor: É menor temperatura que provoca o desprendimento de gases e vapores de um combustível para formar uma mistura inflamável que, com a presença de ar atmosférico e da superfície do combustível, se incendeia ao entrar em contato com uma centelha ou uma chama. Ponto de combustão: representa o valor mínimo da temperatura em que os valores desprendidos dos combustíveis entram em combustão e mantém a queima ao terem contato com uma fonte externa de calor. Ponto de auto-ignição: é a mais baixa temperatura em que é causada a combustão, a partir do contato entre gases desprendidos dos combustíveis e do oxigênio, independente de haver outra fonte de calor.

Reação em cadeia

Quando as moléculas iniciais de um combustível se combinam com o oxigênio, ocorre a oxidação e sucessivas etapas até que sejam atingidos os produtos finais,. Essas reações químicas são chamadas de reação em cadeia.

Em cada etapa do processo são formadas moléculas instáveis, os radicais livres, que apresentam duração muito curta. A formação e a extinção quase simultânea desses elementos representam o tempo de duração da chama.

A reação dos radicais com as moléculas do combustível produz o calor que sustenta a reação de combustão e ativa outros processos entre o combustível e o oxigênio disponíveis.

Formas de transmissão de calorSaber como ocorre a transmissão do calor é essencial para a prevenção e o combate a incêndios. O processo de transferência de calor de um corpo para outro pode ocorrer por

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condução, convecção ou radiação. A seguir, você vai conhecer como acontecem esses fenômenos.

Condução

Por meio da condução, o calor é transferido diretamente de uma matéria e de uma molécula para a outra, sem intervalo de corpos. Um exemplo de condução pode ser a transmissão do calor em barras ou objetos metálicos que tenham uma de suas partes em contato com uma fonte de calor.

Esse processo não pode ser interrompido por materiais de isolamento térmico, que apresentam baixa condutividade térmica e serem atravessados de forma lenta pelo calor. Porém, nenhum volume de material isolante pode efetivamente representar obstáculo para o fluxo. Isso deve ser levado em consideração durante a elaboração de projetos de meios de proteção para o calor. Por esse motivo, deve haver sempre um espaço ocupado pelo ar ou ser aplicado um outro método de conduzir o calor para fora do local (por convecção).

O ar é um dos piores condutores de calor, tanto que a condução de calor por ele é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o corpo quente e o frio.

Convecção

Própria dos líquidos, a convecção é o processo de transmissão de calor que ocorre quando estes fluidos são aquecidos e têm suas densidades reduzidas. Isso os torna mais leves e faz com que se agitem de modo ascendente, resultando em correntes de convecção.

Durante incêndios de combustíveis sólidos, correntes deslocam partículas incandescentes por grandes distâncias, que podem causar ignição em outros combustíveis. Essa reação pode ocorrer em edifícios através do poço dos elevadores ou pelo vão da escada e atingir os andares superiores de nos quais pode estar ocorrendo a queima.

Radiação

Consiste na emissão de calor por meio de ondas de energias térmicas que se deslocam pelo ar. Nesse processo, a energia é movimentada na velocidade da luz e absorvida ao encontrar um corpo. É dessa forma que o sol esquenta a Terra, pois se move até alcançá-la e ser absorvido por ela.

O calor radiante é transmitido em linha reta e em todos os sentidos até encontrar um obstáculo que o absorverá. A partir daí, começa a se propagar por condução. Se a superfície atingida for brilhante, os raios serão refletidos.A intensidade do calor radiante é proporcional à temperatura do fogo e diminui de acordo com a distância.

Observe o esquema das características do fogo:

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Incêndios

É uma forma muito importante de transmissão de calor, que você estudará na próxima unidade.

Incêndios

Você estudará algumas características do incêndio, entre elas efeitos térmico, proteção e suas classes. Veja a segui:

Efeito térmico

Os incêndios por efeito térmico são causados se a corrente de curto-circuito que provoca o aquecimento dos condutores percorridos não for rapidamente interrompida por equipamentos de proteção com atuação rápida.

Quando as correntes que passam pelos condutores apresentam curta duração, entre um e cinco segundos, ocorre um tipo de aquecimento chamado adibático, ou seja, todo o calor é empregado para aquecer os condutores. Isso pode reduzir a resistência mecânica destes e, se forem isolados, é possível que haja destruição do material isolante e risco de incêndio.

Nesse caso, podem ser usados os disjuntores, equipamentos utilizados para interromper a corrente de curto-circuito e limitar a energia que poderia danificar os condutores e seus isolamentos.

Proteção

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Os componentes elétricos precisam ser protegidos, para não apresentar perigo de incêndio para os equipamentos vizinhos. Elementos fixos submetidos a situações que podem elevar suas temperaturas e oferecer risco de incêndio devem ser montados sobre materiais, aplicados no interior de materiais que suportem temperaturas elevadas ou serem separados dos elementos da construção do prédio por materiais que apresentem baixa condutividade térmica. Outra opção é que a montagem seja realizada de modo que proporcione condições de dissipação do calor e a distâncias seguras de qualquer material em que a temperatura elevada possa causar danos.

Se, em operação normal, o componente puder produzir arcos ou fagulhas, é necessário que seja totalmente envolvido ou separado por materiais resistentes a estes fenômenos. Outra alternativa é montar os equipamentos modo que haja a possibilidade de extinção segura dos arcos a uma distância suficiente de outros elementos.É preciso que os componentes fixos que apresentem efeitos de focalização ou de concentração de calor sejam posicionados a uma distância segura dos demais para evitar o perigo causado pelas elevações de temperatura excessivas.

Para evitar que produtos inflamáveis se espalhem por construções em que há uso de equipamentos elétricos que contenham líquidos inflamáveis em quantidade elevada, é preciso tomar algumas precauções. Uma delas é a instalação de um equipamento com câmara que resiste adequada ao fogo e, também, a construção de fosso de drenagem, para coletar vazamento de líquidos e assegurar a extinção de chamas, se houver incêndio.

Métodos de extinção de incêndios

O fenômeno da combustão ocorrerá somente se os elementos presentes na atmosfera formarem o “quadrado do fogo”, como você já sabe. Com base nesse conhecimento, foram desenvolvidas técnicas de combate às chamas e que desfazem alguma das partes desse quadrado. Nas próximas páginas, você poderá conhecer estes métodos. O primeiro é o res-friamento. Confira.

Resfriamento

É o modo de extinção de incêndio mais conhecido. Sua aplicação visa à redução da temperatura do material em chamas até que chegue a um valor menor que o do ponto de combustão. A partir daí, não haverá mais desprendimento dos vapores essenciais para sustentar a combustão.

Abafamento

Este método tem o objetivo de reduzir a concentração de oxigênio no ar para que esta atinja um valor menor que 13%, concentração mínima que permite a combustão. Em sólidos, a combustão pode continuar ocorrendo mesmo nessas condições. Nesse caso, é necessário baixar o percentual para 6%.

Interferência na reação em cadeia

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Também conhecida como extinção química, essa técnica consiste na tentativa de o agente extintor evitar a reação entre as substâncias geradas na combustão, conhecidas como produtos intermediários e responsáveis pela manutenção do processo.

Isolamento (remoção do combustível)Este é o método mais simples de ser realizado, já que dispensa o uso de aparelhos especializados. Nesse processo, são retirados, reduzidos ou interrompidos, de modo seguro, os materiais combustíveis que alimentam o fogo. Um exemplo do emprego dessa técnica pode ser o “aceiro”, praticado nos casos de incêndios em matas, florestas e campos, que interrompe a continuidade do fogo, facilitando o seu domínio.

Classes de incêndio

Para facilitar os estudos e a prevenção dos incêndios, eles foram divididos nas classes: A, B, C e D. Estenda o funcionamento de cada uma.

Incêndios de Classe A: acontecem em elementos de fácil combustão que têm sua superfície e profundidades queimadas e deixam resíduos, como tecidos, madeira, papel e fibra. Para que esse tipo de incêndio pare, é preciso aplicar agentes de resfriamento, como a água ou outras soluções em grande quantidade que apresentem possibilidade de baixar a temperatura da mistura até um valor menor que o ponto de ignição.

Incêndios de Classe B: são os que incidem em produtos com características inflamáveis, como óleos, graxas, gasolina e tintas, sem resíduos resultantes. Para a extinção dos incêndios da classe B, é necessário aplicar a técnica de interferência na reação em cadeia ou o método de abafamento, que separa o material combustível do ar.

Incêndios de Classe C: representam a combustão em equipamentos elétricos em que há passagem de corrente elétrica, como motores, transformadores, fios, entre outros. Para que seja interrompido, é preciso a aplicação de um agente extintor não condutor de eletricidade.

Incêndios de Classe D: Para ser finalizado, esse tipo de incêndio necessita de extintores com agentes especiais, que têm a capacidade de se fundir com o material combustível e formar uma capa que isola o ar atmosférico e interrompe a combustão. Esse tipo de incêndio ocorre em metais chamados pirofóricos, como magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio, potássio, zinco, titânio, sódio e zircônio.

Nesta unidade, você está estudando as principais características do incêndio. Aprenda agora como controlá-lo por meio dos extintores.

Extintores

Os extintores são equipamentos utilizados para conter e prevenir incêndios. A seleção do tipo de dispositivo adequado ao local é feita de acordo com as condições e com o tipo de incêndio.

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A proteção com o uso dos extintores é feita por meio de um jato proveniente do equipamento ou da instalação utilizada que tem o objetivo de proteger o operador, mantê-lo distante do foco e alcançar o fogo, mesmo em condições desfavoráveis. Os equipamentos também facili-tam a distribuição do agente de modo adequado e permitem a penetração no foco do incêndio.

Os agentes extintores são utilizados por equipamentos e instalações de combate a incêndio – extintores portáteis, carretas e instalações fixas automáticas ou sob comando.A seguir, confira agentes que compõem os extintores e o modo de utilização específico destes.

Água

Por ser uma substância muito abundante na natureza, a água é o agente extintor mais utilizado. Em condições normais de ambiente, ao nível do mar, a água se apresenta no estado líquido, mas pode ser solidificada ao atingir a temperatura de 0ºC e se tornar vapor, se chegar a 100ºC. Quando ocorre o deslocamento do vapor, a quantidade de oxigênio necessário para a combustão é reduzida no ambiente. É isso que faz a água ser um bom agente extintor e também a possibilidade de resfriar o ambiente e produzir abafamento.

A água no estado natural contém impurezas, o que a torna boa condutora. Porém, há técnicas especiais, empregadas por bombeiros experientes, que possibilitam o uso deste agente em equipamentos elétricos energizados para reduzir o perigo de choque elétrico.

Extintores com carga d’água são classificados de acordo com seu tipo e aplicação e podem ser:

Portáteis (até 20 quilos). Não-portáteis (massa acima de 20 quilos).

Tipos

Confira os tipos de extintores que utilizam água.

Pressurização direta: extintor água pressurizada. Nele o gás que será expelido fica pressurizado, junto com a água, dentro do recipiente e sua descarga é controlada. Pressurização indireta: extintor água - gás. Cuja pressurização é realizada somente quando ele é usado. Isso é feito por meio de um gás que fica em uma ampola instalada dentro ou fora do recipiente. A descarga pode ou não ser controlada por meio de gatilho.

Veja a seguir uma ilustração que representa as partes e subpartes dos extintores que usam água como agente.

Extintor tipo água - gás com cilindro interno e dispositivo para descarga controlada

Para usar este extintor, você deve: Retirar o pino de segurança do fogo e posicioná-lo a uma distância segura. Empunhar a mangueira e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Controlar a descarga.

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Extintor tipo água pressurizada

Para usar este extintor, você deve:

Empunhar a mangueira e posicionar-se a uma distância segura do fogo. Atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas.

Dióxido de carbono (CO2)

Também conhecido como gás carbônico, este agente é utilizado em extintores para interromper incêndios em líquidos inflamáveis, gases e em equipamentos elétricos nos quais há passagem de corrente elétrica. O dióxido de carbono é um gás mais pesado que o ar. Em temperatura e pressão normais é inodoro, insípido e não conduz eletricidade. O armaze-namento do agente nos extintores é feito com aquele no estado líquido e a uma pressão de 126 dgf/cm² (1850 PSI), em cilindros especiais de aço.

Ao sair da compressão, o líquido é vaporizado rapidamente. Isso faz sua temperatura baixar a um nível que pode chegar a – 78ºC. Algumas partes do CO2 se solidificam formando o chamado gelo-seco.

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O dióxido de carbono deve ser aplicado para a interrupção de incêndios especiais nos quais é necessário o uso de extintores não condutores de eletricidade e que não deixem resíduos. Os dispositivos podem ser apresentados de modo portátil, em carretas ou em instalações fixas.

Características

Se comparada com a densidade do ar a 0 ºC e a 1 atm de pressão, a densidade relativa do CO2

é cerca de 1,5 vezes mais pesada que a do ar. Essa propriedade capacita o agente extintor a substituir o ar acima da superfície em combustão e a realizar o abafamento.

Embora possa causar inconsciência e até levar à morte quando está em concentrações necessárias para combater incêndios em ambientes fechados, o dióxido de carbono não é tóxico. Os efeitos acontecem devido à retirada do oxigênio do ar pelo CO2.

A maioria das pessoas resiste a uma concentração de dióxido de carbono de até 9%, em quantidades maiores, ele leva à perda da consciência. Portanto, podemos concluir que o CO2

não é um gás venenoso, mas um gás sufocante.

Caso haja descargas de CO2 em ambientes protegidos pelo gás, e que apresentam área reduzida, uma pessoa que estiver no local terá tempo suficiente para sair, antes que a concentração crítica seja alcançada.

Propriedades extintorasAs propriedades extintoras do CO2 vêm do fato de ele ser capaz de reduzir a quantidade de oxigênio ou de produtos gasosos de um combustível no ar até que a concentração estes torne impossível a ocorrência da combustão. Entre os principais benefícios do uso desse agente estão a não corrosão, não produção de estragos e resíduos, além do fornecer sua própria pressão para o funcionamento dos extintores. Outro benefício do gás é que ele não é condutor de eletricidade, por isso, pode ser usado com segurança em equipamentos elétricos energizados.

Extintor de CO2

Os extintores desse tipo são empregados para extinguir pequenos focos de incêndios das Classes B e C (combustíveis líquidos e equipamentos elétricos) e o alcance do seu jato varia entre 1 e 2,5 metros, de acordo com a capacidade. A instalação desses aparelhos deve ser feita visando a facilitar o uso.

Os extintores com carga de gás carbônico podem ser:

Portáteis (até 25 quilos). Não-portáteis (acima de 25 quilos).

Veja a seguir as partes, subpartes e as operações do extintor com carga de gás carbônico portátil.

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Confira o modo de usar deste extintor:

Retirar o pino de segurança e o difusor.

Atacar fogo, dirigindo o jato para a base das chamas; movimentar o difusor.

Pó químico

O pó químico utilizado como agente é composto por finíssimas partículas de bicarbonato de sódio e por materiais específicos submetidos a tratamentos adequados, o que proporciona maior resistência à vibração e duração, quando embalado.

Funciona quebrando a reação em cadeia, ou seja, alterando os produtos intermediários formados durante a combustão e que são responsáveis pela manutenção do incêndio.

As propriedades deste elemento garantem alta eficiência na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis, além disso, o extintor com pó químico pode ser aplicado na maioria dos incêndios em equipamentos elétricos. Sua aplicação só é limitada em combustões de Classe A.

A matéria-prima utilizada no pó químico não é tóxica, mas a descarga de grandes volumes pode provocar dificuldades respiratórias temporárias que cessam após a interrupção do disparo. Além disso, o material gera nas pessoas dificuldade de enxergar.

O tamanho das partículas de pó varia de 10 a 75 mícrons e é um fator essencial para sua eficiência extintora, o que exige um cuidadoso controle para que não sejam muito maiores ou menores do que o tamanho ideal. As partículas menores são as responsáveis pela extinção do incêndio, pois reagem quimicamente na combustão, por meio da interferência na reação em cadeia. As maiores servem como veículo para elas.

Ação de abafamento

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Testes práticos concluíram que o oxigênio não é o principal fator da extinção do incêndio, conforme se acreditava antes. Exames revelaram que 5 libras de pó químico são tão eficientes quanto 10 libras de CO2. Assim, se pode concluir que o pó químico não extingue o fogo por seus efeitos abafadores.

Proteção contra a radiação

A descarga do pó químico produz uma nuvem entre as chamas e o operador do extintor. Este elemento protege o trabalhador, por algum tempo, do calor irradiado pelas chamas.

Uso e limitações

O pó químico é recomendado para incêndios das Classes B e C. Neste último tipo, que envolve equipamentos elétricos delicados, como computadores, a utilização do pó químico não é recomendada, pois, além de ser corrosivo, ele fica impregnado nos componentes, o que dificulta sua limpeza posterior.Esse elemento é empregado, na maioria das vezes, na interrupção de incêndios em líquidos inflamáveis. Além disso, pelo fato de não ser bom condutor elétrico, pode ser usado também para extinguir fogo em equipamentos elétricos energizados.

Devido à rapidez com que o pó químico extingue as chamas, pode ser usado na extinção de incêndios da Classe A. Nesses casos, deve ser adicionada água na forma de neblina após a operação para garantir a extinção focos remanescentes em situações em que o fogo tenha se propagado em profundidade.

O pó químico de boa qualidade, quando usado de forma adequada, apresenta validade de até cinco anos. Os fatores que mais influenciam na perda de sua qualidade são: umidade, temperatura e perda das partículas menores.

Extintor de pó químico seco

Os extintores carregados com compostos químicos em pó utilizam como agentes extintores o bicarbonato de sódio (o mais comum), o bicarbonato de potássio e o cloreto de potássio, tratados com estearatos a fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil descarga.

O agente propulsor pode ser o dióxido de carbono ou o nitrogênio, entretanto, o CO2 é o agente mais empregado para a operação dos aparelhos portáteis, como cilindros de gás. Já o nitrogênio é o agente indicado para o funcionamento de tipos pressurizados e sobre rodas.

Para os casos de princípios de incêndio de Classe D, os compostos são à base de fosfato de monoamônia, trifosfato de cálcio, grafite e estearatos metálicos.

Classificação

Os extintores de incêndio com carga de pó químico são classificados de acordo com o uso, o tipo e a temperatura. Veja:

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Quanto ao uso

Portáteis (massa de até 20 quilos): Para veículos (carga mínima de 1 quilo).de parede (carga mínima de 1 quilo). Não - portáteis:

- Estacionários.

- Sobre rodas.

Quanto ao tipo

Pressurizados. Com cilindro para o gás:

- Interno.- Externo.

Quanto à temperatura

• Faixa I: de – 10º C a +60º C.

• Faixa II: de – 10º C a +85º C.

• Faixa III: de – 10º C a valor superior a +85º C.

Veja a seguir a denominação das partes e subpartes dos equipamentos e seu modo de uso.

Extintor do tipo pressurizado

Para usar este extintor, você deve:

Empunhar o difusor ou pistola e observar a direção do vento. Retire o pino de segurança. Atacar o fogo, acionando o dispositivo de descarga, buscando cobrir toda a área atingida com a movimentação da mão.

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Extintor do tipo com cilindro de gás

Para usar esse extintor, é preciso:

Acionar a válvula do cilindro e observar a direção do vento. Empunhar a pistola difusora e atacar o fogo, procurando cobrir toda a área atingida com movimentação rápida da mão.

Veja quais as partes e as subpartes deste tipo de extintor.

Sinalização, simbologia e localização dos extintoresA sinalização dos extintores é importante para facilitar a localização, identificar o agente extintor e as classes de incêndio para as quais o equipamento é adequado e delimitar a área próxima ao aparelho. Por meio desses dispositivos, é possível ainda garantir que a manutenção foi realizada por empresa certificada pelo Inmetro.

O local dos extintores deve ser sinalizado por um círculo, ou uma seta, pintado internamente de vermelho e a borda, de amarelo. Já as letras que identificam o agente extintor devem ser brancas. A área livre para os extintores deve ser pintada de vermelho.

Padronização

No extintor deve constar um selo com as seguintes informações:

o código de identificação da empresa junto ao Inmetro.

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os logotipos do Inmetro, da empresa e do organismo de certificação credenciado. a capacidade do extintor expressa em “kg” ou “L” e a capacidade extintora. o número da norma aplicável. a validade do teste hidrostático, que é contada cinco anos após a data de fabricação, expressa em semestre ou ano.

Os adesivos devem ser padronizados com as seguintes identificações:

Agente extintor: precisam ser fixados para indicar o agente extintor e sua classificação quanto ao tipo. Classes de incêndio: feita por meio de um sistema de letra, figuras geométricas e cores, atendendo às condições estabelecidas na NBR 7532/82. Marcação: deve ser informada a sigla do fabricante, o número de série, o trimestre ou ano de fabricação e o número da norma da ABNT. Nos extintores de pó químico, espuma e de água a marcação deve ser feita na borda inferior. Já nos que usam CO2, a marcação deve ser feita na calota (próximo à válvula de disparo).

Os extintores deverão ser colocados em locais de fácil acesso e visualização e onde há menos probabilidade de o fogo bloquear o seu acesso. Não é permitido que os equipamentos sejam localizados em paredes das escadas ou encobertos por pilhas de materiais. É importante ressaltar que os extintores sobre rodas devem ter garantido sempre acesso livre a qualquer ponto das instalações.

Inspeção, manutenção e recarga

A inspeção dos extintores é realizada por meio de análise que visa a determinar as condições originais de operação do aparelho. Neste processo, serão checados os seguintes componentes:

selo de vedação. pressão no manômetro (no aqueles em que houver). peso do extintor. suportes e mangueiras. gatilho. etiqueta que informa a data da recarga e do reteste.

Os testes hidrostáticos são uma exigência da ABNT e devem ser feitos em intervalos regulares ou quando o extintor sofrer pancadas, exposição a altas temperaturas, corrosão e outros danos. O intervalo estabelecido pela norma é de cinco anos, a partir da data indicada na etiqueta do extintor. A manutenção visa a manter suas condições originais de operação, após a utilização ou quando é requerida uma inspeção.

Esse processo envolve procedimentos como descarga, desmontagem, reparo ou substituição de peças, teste hidrostático, pintura, marcação e recarga dos aparelhos. As normas também prescrevem intervalos máximos para a recarga dos extintores: Devem ser recarregados assim que forem usados ou quando apresentarem variação no peso em 10%.

Distribuição

A distribuição dos extintores de incêndio é determinada pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) em sua publicação Tarifa de Seguro-Incêndio do Brasil. Confira o que é recomendado.

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São exigidas, no mínimo, duas unidades extintoras para cada pavimento, mezanino, galeria, jirau ou local de risco isolado. A presença de apenas uma unidade extintora é permitida somente em áreas com medidas menores que 50 m². Em armazéns ou depósitos em que não são realizados trabalho, a não ser, operações de carga ou descarga, é permitida a colocação de extintores em grupos, em locais de fácil acesso, de preferência em mais de um grupo e próximos às portas de entrada e de saída.

A unidade extintora é calculada pelos seguintes valores:

Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar, mesmo que os considerados seguro. A partir de agora, você vai entender os procedimentos para prestar os primeiros socorros às vítimas. Esse procedimento, se feito de forma segura, contribui até mesmo para salvar vidas.

Noções básicas de atendimento pré-hospitalar

Conhecer os princípios de primeiros socorros permite que a vítima seja confortada antes da chegada do socorro especializado. Estudos comprovam que as duas primeiras horas após o acidente são essenciais para garantir a recuperação das vítimas. Nesse contexto, o atendimento por meio dos primeiros socorros faz diferença.

A rapidez na adoção das providências pode salvar vidas. Para se ter uma ideia, em cerca de três minutos o cérebro de uma vítima de parada cardíaca começa a apresentar lesões ou hemorragia, que se não forem controladas podem causar uma parada cardíaca completa.

Os métodos para enfrentar situações de emergência serão abordados nesta unidade. Com esse conhecimento você poderá ajudar seus colegas de trabalho em caso de acidentes. Mas isso requer habilidade para não complicar mais ainda a situação.

Se você não tiver condições emocionais de prestar socorro direto à vítima, procure por alguém que o auxilie no atendimento e, em seguida, acione os serviços especializados: médicos, ambulâncias, polícia e bombeiros. Não deixe uma pessoa acidentada sem uma palavra de apoio nem um gesto de solidariedade, nem deixe de adotar os procedimentos cabíveis. Comece analisando a vítima. Veja.

Análise da vítima

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Para organizar melhor o atendimento e para que os resultados dos procedimentos sejam eficazes, é preciso conhecer algumas etapas básicas dos primeiros socorros, que consistem nas análises primária e secundária realizadas no local do acidente.

Ao localizar o acidentado, é preciso assumir o controle da situação e fazer uma rápida e segura avaliação do acidente, tentando obter o máximo possível de informações sobre o que aconteceu. Você deve ser ágil, decidido e observar rapidamente se há perigos para o acidentado e para quem for prestar socorro para ele.Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando a elas ordens breves, claras, objetivas e concisas. Mantenha afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço para trabalhar da melhor maneira possível.

A avaliação e o exame do estado geral de um acidentado é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente após a avaliação e a proteção do acidente do acidentado. O exame precisa ser rápido e sistemático. Além disso, devem ser observadas as seguintes prioridades:

Análise primária

Primeiramente, é preciso avaliar o estado de consciência da vitima. Isso é feito por meio da análise das respostas lógicas do paciente como nome e idade. Atente também para a respiração do acidentado, observando se os movimentos torácicos e abdominais estão sendo realizados com entrada e saída de ar normal pelas narinas ou boca.

A próxima etapa é ver se há hemorragia. Para isso, é necessário avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que o paciente está perdendo e se é arterial ou venoso. O estado de dilatação e a simetria (igualdade de tamanho) das pupilas também devem ser verificados. A temperatura do corpo é outra questão essencial . Veja ainda se o acidentado tem a sensação de tato na face e nas extremidades do corpo.

Como você viu, é primordial ter uma ideia bem clara do que se vai fazer para não expor o acidentado a outros riscos. Veja se há ferimentos e o tenha cuidado de não movimentá-lo excessivamente.

Análise secundária

A análise secundária é a próxima etapa da prestação dos primeiros socorros. Consiste na realização de um exame rápido em algumas partes do corpo do acidentado. Se a pessoas estiver consciente, pergunte que áreas do corpo estão doloridas e se há incapacidade funcionais que demandam mobilização. Peça também para a pessoa apontar o local da dor e também que movimente as mãos, braços e outras partes do corpo.

Os sinais vitais de uma pessoa indicam a existência de vida. Podem ser reflexos ou indícios que permitem tirar conclusões a respeito do estado geral de uma pessoa, entre eles: temperatura, pulso, respiração e pressão arterial. Caso alguns dos sinais vitais estejam ausentes, significa que há alterações nas funções essenciais para o funcionamento do corpo.

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Tipos de emergênciaAs emergências são classificadas de acordo com suas características: podem ser clínicas – como parada respiratória, desmaio, convulsão, hemorragia e queimaduras – ou traumáticas – representadas pelas fraturas e lesões na coluna. A seguir, observe as especificidades de cada uma:

Clínicas

As emergências clínicas ocorrem internamente e podem ou não terem sido causadas por fatores externos. Confira:

Parada cardiorrespiratória

Parada cardiorrespiratória é a ausência do batimento cardíaco, pulsação e respiração. As causas mais frequentes são: traumatismo cerebral, intoxicação, obstrução das vias respiratórias por corpo estranho, afogamento e choque elétrico. Este último é o que você precisa conhecer este curso. Observe:

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas da parada cardiorrespiratória são os seguintes:

Ausência de movimento respiratório (no tórax e no abdome da vítima). Ausência de saída de ar pela boca e nariz da vítima. Ausência de pulsação. Palidez acentuada da pele e aparência azulada nas extremidades.

Procedimentos

Entre as técnicas mais conhecidas para socorro de pessoas que apresentam parada cardiorrespiratória estão a respiração boca-a-boca e a massagem cardíaca. Veja os métodos para fazer cada uma delas.

Respiração boca-a-boca (Ventilação)

Para realizar esse tipo de salvamento, você deve seguir os seguintes passos:

1. Coloque uma das mãos na testa da vítima, imobilizando-a por meio da técnica de controle cervical, e a outra sob a mandíbula elevando-a para abrir a via aérea superior. Esse procedimento libera a língua, através da manobra tríplice modificada.

2. Deite a vítima de costas em superfície lisa e firme.

3. Retire próteses comida, restos de alimento ou corpo estranho que estejam obstruindo a passagem de ar.

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4. Feche os dutos nasais com o polegar e o indicador.

5. Inspire profundamente, adapte corretamente a sua boca na boca da vítima e assopre.

6. Observe a elevação do tórax e do abdome para checar se há passagem de ar,

7. Deixe que a vítima expire livremente, tirando seus dedos dos dutos nasais.

8. Repita, num intervalo de cinco segundos, a manobra quantas vezes forem necessárias, até restabelecer a ventilação espontânea.

Massagem cardíaca

Para realizar a massagem cardíaca, você deve:

1. Deitar a vítima de costas sobre superfície firme e horizontal.

2. Permanecer (com os dois joelhos no chão) ao lado da vítima, e colocar a parte saliente da palma da mão sobre a metade inferior do osso esterno. A outra mão deve ser sobreposta à primeira. Cuide para não encostar os dedos nas costelas e no apêndice xifóide.

3. Não dobre os cotovelos durante a manobra, traga os ombros em direção ao tórax como se fosse uma alavanca.

4. Verifique as pupilas e a pulsação, constantemente.5. Utilize movimentos rítmicos e coordenados numa frequência de 60 a 80 compressões por minuto, enquanto for necessário.

A respiração artificial boca-a-boca associada à massagem cardíaca externa constituem a reanimação cardiopulmonar (RCP).

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Desmaio

O desmaio é a perda súbita, temporária e repentina da consciência provocada pela diminuição de sangue e de oxigênio no cérebro e também pode ocorrer em consequência do contato com superfícies energizadas.

Sinais e sintomas

A perda da consciência pode provocar a queda do acidentado. Veja os sinais e sintomas que podem provocar o desmaio:

Fraqueza, Suor frio, Náusea ou ânsia de vômito, Palidez intensa, Pressão arterial baixa Respiração lenta Extremidades frias Tontura Escurecimento da visão

ProcedimentosSe a pessoa começar a desfalecer, você deve levá-la para sentar em uma cadeira, curvá-la para frente e baixar sua cabeça, colocando-a entre as pernas e pressionar a cabeça para baixo. Faça-a manter a cabeça mais baixa que os joelhos e peça para respirar profundamente até que o mal-estar passe.

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Caso o acidentado desmaie, você deve mantê-lo deitado, colocando sua cabeça e ombros em posição mais baixa em relação ao resto do corpo. Afrouxe sua roupa e o mantenha em ambiente arejado. Se houver vômito, coloque a cabeça do acidentado em posição lateral para evitar sufocamento.

Depois que a vítima se recuperar, você pode dar café ou chá, jamais bebida alcoólica.

Convulsão

A convulsão é uma contração violenta ou uma série de contrações dos músculos voluntários que ocorrem com ou sem a perda da consciência. Nos ambientes de trabalho, pode ocorrer em indivíduos que têm ou não histórico anterior de convulsão. O evento pode ocorrer quando. O evento expostos a agentes químicos que podem provocar a convulsão, como os inseticidas clorados e o óxido de etileno.

Entre outros fatores, a convulsão pode ser provocada devido ao choque elétrico. Confira quais os sintomas.

Sinais e sintomas

Os principais sinais e sintomas da convulsão são:

Inconsciência.

Queda desamparada, pela qual a vítima é incapaz de fazer qualquer esforço para evitar danos físicos a si própria.

Olhar vago, fixo ou olhos revirados.

Suor. Pupila dilatada.

Lábios cianosados (com aparência azulada).

Boca com espuma.

Vontade de morder língua e lábios.

Corpo rígido e contração do rosto.

Palidez intensa.

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Movimentos involuntários e desordenados. Perda de urina e fezes.

Geralmente, os movimentos incontroláveis duram entre dois e quatro minutos. Após esse período se tornam menos violentos e o acidentado vai se recuperando gradativamente. Esses acessos podem variar na sua gravidade e duração. Depois da recuperação da convulsão, há perda momentânea da memória.

Procedimentos

Veja os primeiros socorros recomendados quando há convulsão:

Tente evitar que a vítima caia desamparada, cuidando para que a cabeça não sofra traumatismo, por isso deite-a no chão com cuidado.

Retire da boca próteses dentárias móveis, como pontes e dentaduras ou outros, se houver.

Remova qualquer objeto com que a vítima possa se machucar. Você também deve afastá-la de locais e ambientes potencialmente perigosos, como escadas, portas de vidro, janelas, fogo, eletricidade e máquinas em funcionamento.

Não interfira nos movimentos convulsivos, mas assegure que a vítima não vai se machucar.

Afrouxe as roupas da vítima no pescoço e na cintura.

Vire o rosto da pessoa para o lado, para evitar a asfixia por vômitos ou secreções.

Não coloque nenhum objeto rígido entre os dentes da vítima. Tente introduzir um pano ou lenço enrolado entre os dentes da vítima para evitar que ela morda a língua.

Não jogue água fria no rosto da vítima. Quando a convulsão passar, mantenha a pessoa deitada até que recupere a consciência e o autocontrole. Se a vítima demonstrar vontade de dormir, tente tornar isso possível. O ideal é mantê-la é deitada na “posição lateral de segurança” (PLS). Entre em contato com o atendimento especializado do hospital mais próximo para que seja realizado o diagnóstico sobre a necessidade de tratamentos precisos.

Após a convulsão, você deve fazer uma inspeção do estado geral da vítima para verificar se ela está ferida e sangrando. Conforme o que for identificado, é preciso realizar os

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procedimentos adequados para tratar as consequências do ataque convulsivo, que podem ser ferimentos e contusões.

Para que o socorro seja bem prestado, permaneça ao lado da vítima até que se recupere totalmente. Converse com e demonstre atenção e cuidado com o caso visando a oferecer mais segurança e tranquilidade.

Em todos os casos de ataque convulsivo, encaminhe a vítima ao hospital, o que deve ser feito com rapidez, especialmente se a pessoa tiver um segundo ataque, se as convulsões durarem mais de cinco minutos ou se a vítima for uma mulher grávida.

Ferimentos

Os ferimentos são alterações mais comuns que podem ocorrer em acidentes de trabalho. Podem ser desde com lesões pequenos cortes até acidentes violentos com politraumatismo e complicações.

O objetivo principal das orientações que você receberá neste material é enfatizar a necessidade de limpeza, da melhor forma possível, das partes do corpo que podem tocar qualquer tipo de lesão, além dos cuidados especiais que devem ser tomados na presença ou suspeita de hemorragia, enquanto se espera a chegada de socorro médico ou a remoção para atendimento especializado.

Os ferimentos são lesões que apresentam solução de continuidade dos tecidos e provocam o rompimento da pele e, dependendo do tipo e profundidade, causam o rompimento das camadas de gordura e de músculo.

Sinais e sintomas

A seguir, veja os sinais, sintomas e as características de cada tipo de ferimento para que você seja mais preciso ao identificar que tipo de socorro é necessário em cada caso. Veja:

Os ferimentos incisos: são provocados por objetos cortantes, têm bordas regulares e causam sangramentos de variados graus, devido ao rompimento dos vasos sanguíneos e dos danos causados aos tendões, músculos e nervos.

Os ferimentos contusos: chamados também de lacerações, são lesões do tecido que apresentam bordas irregulares. Geralmente, provocados por objetos rombudos (sem ponta), que ocasionam trauma fechado sob superfícies ósseas, com o esmagamento dos tecidos. O sangramento deve ser controlado por compressão direta e aplicação de curativo e bandagens.

Os ferimentos perfurantes: são lesões causadas por perfurações da pele e dos tecidos abaixo dela com objetos. O orifício aberto pode não corresponder à profundidade da lesão. Os ferimentos transfixantes: são os que atravessam de lado a lado uma parte do corpo. Os ferimentos puntiformes: são aqueles que geralmente sangram pouco para fora.

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Procedimentos

Para realizar os primeiros socorros, você deve se lembrar de nunca tocar o ferimento diretamente com os dedos. Pois podem inflamar e infeccionar muito rapidamente, dependendo do grau de limpeza e dos cuidados que forem tomados para prevenir a contaminação.

Lembre-se sempre da necessidade de cobrir o ferimento com compressa limpa e encaminhe o acidentado para atendimento especializado.

Hemorragia

A hemorragia se caracteriza pela perda de sangue por meio das cavidades naturais do corpo, como nariz e boca, e é causada por ferimentos. A disfunção também pode ser interna, resultante de um traumatismo.

As hemorragias podem ser classificadas como arteriais e venosas. As arteriais são caracterizadas pela saída do sangue em forma de jato pulsátil com coloração vermelha bem viva. Já as hemorragias venosas são aquelas em que o sangue é mais escuro e sai continua e lentamente, escorrendo pela ferida.

Para fins de primeiros socorros, é mais importante saber se as hemorragias são externas ou internas. A seguir, conheça as características de cada uma para que você tenha mais facilidade em identificá-las, no caso de acidentes.

Hemorragia externaQuando ocorre este tipo de hemorragia, o sangue é eliminado do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo ou em órgãos internos que têm ligação com o exterior, como o tubo digestivo, os pulmões ou as vias urinárias.

Hemorragia interna

É aquela em que o sangue extravasa para uma cavidade já existente no organismo, como a cavidade craniana, a câmara do olho, entre outras.

Sinais e sintomas

Os sinais e os sintomas das hemorragias externas e internas variam de acordo com a quantidade perdida de sangue, a velocidade do sangramento, o estado prévio de saúde e a idade do acidentado.

Procedimentos

Conter uma hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o método mais indicado nesses casos. Se não for possível, é preciso usar um curativo que faça compressão.

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Caso a pressão direta e a elevação da parte atingida a um nível superior ao do coração não contenham a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão. Porém, não deve ser elevada a parte ferida se isso produzir dor ou se houver suspeita de lesão interna, como fratura.

Mantenha o acidentado agasalhado com cobertores ou roupas. Não dê líquidos para a vítima quando ela estiver inconsciente ou se houver suspeita de lesão no ventre ou no abdome.

Nos casos em que hemorragias não podem ser contidas pelos métodos de pressão direta, curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se necessário o uso do torniquete. Este recurso só é usado em casos de extrema gravidade, quando a hemorragia se torna intensa, com grande perda de sangue, como é o caso de esmagamento mutilador ou amputação traumática.

O torniquete deve ser o último recurso usado por quem fará o socorro, pois sua má utilização pode provocar perigos, já que o método impede totalmente a passagem de sangue pela artéria. Nesta técnica, é absolutamente contra indicada a utilização de fios de arame, corda, barbante, material fino ou sintético.

Para fazer um torniquete é preciso realizar as seguintes operações:

Elevar o membro ferido acima do nível do coração. Usar uma faixa de tecido largo de sete centímetros ou mais e que seja longa o suficiente para dar duas voltas, com pontas para amarração. Aplicar o torniquete logo acima da ferida. Passar a tira ao redor do membro ferido, duas vezes. Dar meio nó. Colocar um pequeno pedaço de madeira (vareta, caneta ou qualquer objeto semelhante) no meio do nó. Dar um nó completo no pano sobre a vareta. Apertar o torniquete, girando a vareta. Fixar as varetas com as pontas do pano. Afrouxar o torniquete, girando a vareta no sentido contrário, a cada 5 ou 10 minutos.

Queimaduras

As queimaduras são lesões provocadas pela temperatura, geralmente pelo calor, que podem provocar grave perigo à vida ou à integridade da pessoa, dependendo de sua localização, extensão e grau de profundidade.

O efeito inicial de todas as queimaduras é a desnaturação de proteínas, com consequente lesão ou morte das células locais. Por esse motivo, têm o potencial de desfigurar, causar incapacitação temporária ou permanente e até a morte.

A pele é o maior órgão do corpo humano. Ela é uma barreira contra a perda de água e calor e tem também importante papel na proteção contra infecções e na resistência contra choques elétricos. Dessa forma, pessoas com extensas lesões causadas por queimaduras tendem a perder temperatura e líquidos corporais, o que as torna mais propensas a infecções. O agente causador das queimaduras produz uma série de alterações no corpo, mas o revestimento da pele é o mais atingido em um primeiro momento e é o que apresenta as alterações mais visíveis.

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Qualquer tipo de queimadura requer atendimento médico especializado imediatamente após a prestação dos primeiros socorros, independente da extensão e da profundidade do ferimento.

As queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade da lesão que provocam. São diferenciadas em graus, para melhor compreensão e adoção de medidas terapêuticas adequadas.

As lesões não são uniformes, existem, geralmente, em vários graus de profundidade em uma mesma área. O tratamento inadequado e a infecções podem converter queimaduras de segundo grau em queimaduras de terceiro grau. Agora, entenda as características de cada tipo de queimadura.

Queimaduras de 1º grau

As queimaduras de primeiro grau são caracterizadas pela vermelhidão (eritema), que clareia quando sofre pressão. Existe dor e edema, e geralmente há o aparecimento de bolhas. Veja o que deve ser feito para socorrer a vítima.

ProcedimentosAfastar o acidentado do local de origem da queimadura é o passo inicial e tem prioridade sobre todos os outros tratamentos. O prestador dos primeiros socorros deve observar as condições de segurança pessoal com máximo cuidado, durante o atendimento aos queimados.

Nas queimaduras identificadas como de primeiro grau, é preciso lavar o local atingido com água corrente, na temperatura ambiente, por um período máximo de um minuto. Esse tempo é necessário para resfriar o local e para interromper a atuação do agente causador da lesão, além de aliviar a dor e evitar o aprofundamento da queimadura. O resfriamento mais prolongado pode induzir a hipotermia. Por isso, não aplique gelo no local, pois causa vasoconstrição e diminuição da irrigação de sangue no local.

Se o acidentado sentir sede, dê a ele água que deve ser bebida lentamente. Se possível, adicione à água um pouco de sal (uma colher, das de café, de sal para meio litro de água).

Se o acidentado estiver inconsciente não lhe dê água, o que pode provocar a morte. Em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primeiro grau, é preciso ficar atento para manter o local lesado limpo e protegido de infecções.

Queimaduras de 2º grau

As queimaduras de segundo grau são avermelhadas e dolorosas, com bolhas, edema abaixo da pele e restos de peles queimadas soltas. A dor e ardência local têm intensidades variáveis.

Esse tipo de queimadura é mais profundo e provoca morte da pele evidente e dilatação do leito vascular. Nas queimaduras de segundo grau superficiais não há destruição da camada basal da epiderme, enquanto nas queimaduras secundárias profundas isso ocorre. Em todos os casos, não há capacidade de regeneração da pele.

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Procedimentos

As queimaduras de segundo grau requerem outros tipos de cuidados de atendimento á vitima. Além do procedimento imediato de lavagem do local lesado, é preciso proteger o ferimento com compressa de gaze ou pano limpo, umedecido, ou papel alumínio.

As bolhas que surgirem no local jamais devem ser perfuradas. Também não é recomendável aplicar pomadas e cremes no ferimento. Algumas técnicas habituais, como aplicar creme dental, manteiga, margarina ou graxa de máquina são absolutamente contraindicadas.

Para evitar que o acidentado entre em estado de choque, proteja-o com cobertor ou similar e o acomode em local confortável, com as pernas elevadas cerca de 30 centímetros acima da cabeça.

Tranquilize o acidentado para amenizar a dor e o sofrimento. A prescrição de drogas analgésicas é restrita a pessoas especializadas.Remova joias e roupas do acidentado para evitar que elas se fundam com a pele durante o desenvolvimento do edema. Não retire roupas ou partes de roupa que tenham grudado no corpo do acidentado, nem corpos estranhos que tenham ficado na queimadura após a lavagem inicial.

Todos os procedimentos de primeiro socorros devem ser realizados com calma e precisão. A identificação do estado ou iminência de choque poderá ser feita pela observação de ansiedade, evidenciada por inquietação, confusão, sonolência, pulso rápido, sudorese e baixa pressão arterial.

O exame primário deve ser realizado normalmente, priorizando a manutenção das vias aéreas, da respiração e da circulação.

O acidentado deverá ser encaminhado assim que possível para atendimento especializado. Não transporte o acidentado envolvido em panos úmidos ou molhados.

Queimaduras de 3º grau

As queimaduras de terceiro grau são aquelas nas quais toda a profundidade da pele está comprometida, podendo atingir tecidos, vasos e ossos. Como há destruição das terminações nervosas, o acidentado só acusa a dor inicial da lesão aguda.

Esse tipo de queimadura é de extrema gravidade. Na prática, é difícil distinguir as queimaduras de segundo e terceiro grau. Além disto, uma mesma pessoa pode apresentar os três graus de queimaduras ao mesmo tempo. Porém, é importante saber que a gravidade do quadro não está no grau da lesão, e sim na extensão da superfície atingida.

Entenda como deve ser feito o atendimento à vítima.

Procedimentos

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O atendimento de primeiros socorros para queimaduras de terceiro grau também consiste na lavagem do local lesado e na proteção da lesão. Se for possível, proteja a área com papel alumínio.

As vantagens desta cobertura é que ela separa efetivamente a lesão do meio externo, reduz a perda de calor, é moldável, não aderente e protege a queimadura contra microrganismos.Todas as providências tomadas para prevenção do estado de choque, administração de líquidos e cuidados gerais com vítima são as mesmas aplicadas nos casos de queimaduras de segundo grau. As queimaduras de terceiro grau têm a mesma gravidade que queimaduras de segundo grau profundas.

Veja na figura quais partes da pele os tipos de queimaduras atingem.

Extensão da queimaduraComo você viu, a extensão da queimadura é que determina sua gravidade pode ser mensurada por percentuais como mostra a figura a seguir:

Gravidade Emergências traumáticas

As emergências traumáticas podem ser fraturas ou lesões na coluna. A seguir, confira as características das fraturas, os sinais e sintomas, além dos procedimentos de primeiros socorros relacionados a cada uma delas.

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FraturaÉ uma interrupção na continuidade do osso. Constitui uma emergência traumato-ortopédica e requer boa orientação de atendimento e transporte de acidentados. Quem for socorrer, deve ter tranquilidade e calma. Essas lesões geralmente apresentam aparência que varia de acordo com a gravidade da deformação.

As fraturas são classificadas conforme sua exteriorização e com a lesão no osso afetado. Observe:

Fratura aberta ou exposta

São as fraturas em que os ossos quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes. Podem ser causadas pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrante se causar infecções.

Fratura fechada ou interna

São as fraturas nas quais os ossos quebrados permanecem no interior do membro, sem perfurar a pele. Podem romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo que esteja localizado nas proximidades da lesão.

Procedimentos

Para socorrer uma pessoa que sofreu fratura, você deve tomar as seguintes providências:

Observe o estado geral do acidentado, procure lesões mais graves com ferimento e hemorragia.

Acalme o acidentado, que pode ficar apreensivo e entrar em pânico.

Fique atento para prevenir o choque hipovolêmico (perda rápida de sangue que ocasiona a redução do plasma sanguíneo).

Controle eventuais hemorragias e cuide dos ferimentos, com curativo, antes de imobilizar o membro afetado.

Imobilize o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos dolorosa para o acidentado, da forma mais natural possível. É importante salientar que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas acima e abaixo da lesão.

Trabalhe com muita delicadeza e cuidado. Toda atenção é pouca. Os menores erros podem gerar sequelas irreversíveis.

Use talas, caso seja necessário. Elas irão auxiliar na sustentação do membro atingido. As talas devem ter tamanho suficiente para ultrapassar as articulações acima e abaixo da fratura. Para improvisar uma tala, é possível usar qualquer material rígido ou semirrígido, como tábua, madeira, papelão, revista enrolada ou jornal grosso dobrado.

O membro atingido deve ser acolchoado com panos limpos, camadas de algodão ou gaze, procurando sempre localizar os pontos de pressão e desconforto. Prenda as talas com ataduras ou tiras de pano, aperte o suficiente para imobilizar a área, com cuidado para não provocar insuficiência circulatória.

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Fixe a tala em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e acima e abaixo da fratura. Jamais tente recolocar o osso fraturado de volta no seu eixo. As manobras de redução de qualquer tipo de fratura só podem ser feitas por pessoal especializado. Ao imobilizar um membro que não pôde voltar ao seu lugar natural, não force. Este processo deve ser feito dentro dos limites do conforto e da dor do acidentado.

Não desloque, remova ou transporte o acidentado que apresenta fratura, antes de ter a parte afetada imobilizada corretamente. A única exceção é em casos nos quais o acidentado corre perigo de vida. Mesmo nesses casos, é necessário manter a calma, promover uma rápida e precisa análise da situação, e realizar a remoção provisória com o máximo de cuidado possível, atentando para as partes do acidentado com suspeita de lesões traumato-ortopédicas. Providencie o atendimento especializado o mais rápido possível. As fraturas expostas requerem cuidados adicionais. Fique atento para o controle de hemorragia arterial e jamais tente recolocar o osso exposto de volta o seu lugar. Limpe o ferimento provocado pela exposição do osso, coloque um curativo seco e fixe com bandagens. Não toque o osso exposto. Tente manter o acidentado tranquilo e em repouso enquanto realiza a imobilização, do mesmo modo quem os casos de fratura fechada.

Choque elétrico

Nesta unidade, você vai ampliar seus conhecimentos a respeito da gravidade do choque elétrico para adotar os procedimentos adequados de socorro às vítimas, em caso de acidente.

Se uma corrente elétrica de intensidade elevada circular de uma perna para outra pode haver queimaduras no local sem lesões graves. Porém, se circular de um braço para o outro, é possível que ocorra fibrilação do coração, parada cardíaca ou paralisia da musculatura respiratória, ocasionando a asfixia da vítima.

A gravidade do acidente causado pelo choque elétrico também varia de acordo com a intensidade da corrente. Veja:

10 mA – intensidade de corrente elétrica a partir da qual a vítima não consegue se livrar do ponto energizado com que está em contato. 30 mA – intensidade de corrente elétrica a partir da qual a vítima estará sujeita a efeitos graves, como a parada cardiorrespiratória e a fibrilação ventricular.

O período de tempo em que pessoa ficou em contato com a corrente elétrica é outro fator que influencia na severidade dos acidentes. Isso porque algumas correntes produzem contrações musculares que levam à asfixia em apenas dois minutos e podem provocar fibrilação ventricular em 0,25 segundo. Dessa forma, é possível concluir que a passagem da corrente elétrica pelo corpo causa efeitos diretos e indiretos às vítimas.

Efeitos do choque elétricoO choque elétrico pode provocar graves consequências para quem é submetido a ele. Entre os principais efeitos da passagem de corrente elétrica pelo corpo estão:

Paralisia da musculatura respiratória, levando à asfixia e à morte da vítima em cerca de quatro minutos.

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Fibrilação cardíaca e interrupção da circulação do sangue nos tecidos, o que causa falta de oxigenação e leva à morte em cerca de quatro minutos. O cérebro, o coração e os rins são os órgãos mais afetados por essa disfunção.

Queimaduras eletrotérmicas provocadas pelo calor resultante da passagem da corrente elétrica. Este é um tipo diferente de queimadura, pois é mais profunda e causa a lesão e dos tecidos mais profundos. A destruição das terminações nervosas faz com que este acidente seja indolor e sua regeneração ser muito lenta.

Queimaduras térmicas pelo desprendimento de calor durante a passagem da corrente.

Conjuntivite, que é a irritação das conjuntivas oculares pela liberação da radiação ultravioleta durante o fluxo da corrente.

Quedas, batidas, fraturas, ferimentos, entre outros.

Primeiros socorros

Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardiorrespiratória nos locais de trabalho. Portanto, os procedimentos de primeiros socorros devem ser prestados nos primeiros quatro minutos após o acidente, para que exista chance de sobrevida e de recuperação do acidentado.

Outra disfunção causada pela passagem de corrente elétrica pelo corpo é a fibrilação ventricular do coração, que será abordada em seguida.

Nos acidentes provocados por choque elétrico são causadas, geralmente, duas feridas cutâneas: uma na entrada e outra na saída da corrente. Embora possam parecer pequenas, uma quantidade considerável de tecido abaixo delas é destruída. Nesse caso, os procedimentos a serem adotados são os mesmos para outros tipos de queimadura.

Quando o choque provoca a paralisação da respiração, em virtude da contração dos músculos respiratórios, o socorrista deve efetuar as manobras de respiração, já estudadas, neste material sobre reanimação cardiorrespiratória.

O socorrista deve adotar todos os procedimentos ao seu alcance, mas esses cuidados não substituem os do médico. Uma vez que a gravidade das lesões pode exigir recursos adequados para lidar com os danos na pele e problemas de insuficiência circulatória, renal e de infecção, devem ser acionados de imediatamente os recursos hospitalares.

A seguir, estão relacionadas algumas medidas de socorro específicas para pessoas que receberam choque elétrico. Confira:

Antes de tocar na vítima, certifique-se de que ela não esteja mais em contato com a corrente elétrica. Se ela ainda estiver recebendo tensão, desligue imediatamente a eletricidade. Caso isso não seja possível, interrompa o contato utilizando material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais use objeto metálico ou úmido.

Caso as vestes da pessoa estejam em chamas, deite-a no chão e cubra-a com tecido bem grosso. Para apagar o fogo, faça com que ela role no chão.

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Localize as partes do corpo comprometidas. Resfrie o local somente com água corrente na temperatura ambiente ou com panos umedecidos. Não aplique métodos caseiros, como manteiga, gelo, pomada nem creme dental nos ferimentos.

Cheque os sinais vitais para conferir se há parada cardiorrespiratória. Em caso positivo, deite a vítima de costas, abra a boca dela, puxe a língua, remova objetos que estejam nas vias aéreas. Em seguida, aplique as técnicas de respiração artificial e ressuscitação cardiopulmonar.

Fibrilação ventricular

Quando uma pessoa recebe uma descarga elétrica, seu coração pode ter uma fibrilação ventricular e sua pressão chegar a zero. Os sintomas básicos desta disfunção são:

desfalecimento.

palidez.

ausência de pulso e de respiração.

dilatação da pupila do olho de 30 a 45 segundos após o ocorrido.

Procedimentos

Como a fibrilação ventricular é irreversível por meios naturais, foram desenvolvidas técnicas para fazer o coração retomar seu ritmo normal. Muitas técnicas e medicamentos já foram testados para esse processo, mas o procedimento que obteve sucesso foi o desfibrilador elétrico, que é um capacitor descarregado no acidentado.

Hoje está à venda, no mercado, o desfibrilador automático externo, equipamento portátil com tecnologia de onda bifásica para uso em qualquer ambiente. O aparelho é utilizado em unidades de resgate aéreo e terrestre e fornece suporte avançado à vida.

Esse equipamento possibilita o manuseio por leigos após treinamento mínimo e sob supervisão médica, já que dispõe de meios simples de operação e possui alta sensibilidade para identificar arritmias malignas.

Você chegou ao final dos estudos sobre NR 10 aprendendo a realizar os primeiros socorros em vítimas de acidente. Obviamente, este conteúdo não irá torná-lo um especialista, mas é seu dever compreendê-lo para que saiba como proceder durante um acontecimento desse tipo.

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Referências bibliográficas

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