apostila de macroeconomia

69
1 MACROECONOMIA I RESUMO DOS CAPÍTULOS DO DORNBUSCH

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Page 1: Apostila de macroeconomia

1

MACROECONOMIA I

RESUMO DOS CAPÍTULOS DO DORNBUSCH

Page 2: Apostila de macroeconomia

2

SUMÁRIO 01. Revisão de Contabilidade Social..........................................................03 02. Capítulo 3..............................................................................................06 03. Capítulo 4..............................................................................................17 04. Capítulo 5..............................................................................................28 05. Capítulo 7..............................................................................................36 06. Capítulo 8..............................................................................................43 07. Capítulo 9..............................................................................................50 08. Capítulo 13............................................................................................59

Page 3: Apostila de macroeconomia

3

Revisão de Contabilidade Social Primeira versão de Contas Nacionais: Simon Kuznets e Richard Stone (NBER, 1941) Brasil: IBGE / Conjuntura Econômica – FGV / Boletins do Banco Central PIB (Produto Interno Bruto): medida de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional, em determinado período de tempo, avaliados a preços de mercado.

i) é um fluxo (não estoque) ii) bens e serviços finais � para evitar dupla contagem de bens intermediários. iii) Finais = de consumo e de capital iv) Variação de estoque faz parte do PIB � é um bem de capital v) Exclui produção de donas de casa vi) Exclui produção não declarada, não oficial, mercado informal. vii) Sensível à variações do nível de preços (PIB nominal x real)

PIB � não inclui rendas dos residentes e das firmas domésticas auferidas no exterior, portanto apenas rendas geradas internamente. PNB � não inclui rendas resultantes de atividades de não residentes ou firmas estrangeiras atuando dentro do país, considera a nacionalidade do residente. Ex.: Canadá: há muito mais investimento externo no país do que investimento canadense no exterior � PIB > PNB � mesmo caso do Brasil Paquistão: muitos residentes trabalhando no exterior � PIB < PNB EUA: PIB ≈ PNB (1) PIB ≡ Y ≡ C + I + G + X – M C: Consumo corrente do setor doméstico (bens e serviços) I: Investimento � pode ser: investimento fixo das empresas (If), construção civil (Icc) ou variação de estoques (∆E). ∆E pode ser negativo ou positivo (2) I ≡ If + Icc + ∆E � é bruto! Ainda não ocorreu correção pela depreciação. (3) IL = I – Depreciação (Investimento Líquido) G: Gasto do governo (gasto em administração: federal, estadual ou municipal) Obs.: não entra Previdência Social e nem pagamento de juros. X - M: Exportações Líquidas Obs.:

• Descontamos M pois faz parte do consumo, gastos governamentais e Investimento.

• Não incluímos economia informal • Não é medida de bem-estar

Page 4: Apostila de macroeconomia

4

• É uma medida útil do nível global de atividade econômica (tamanho da economia); útil para monitorar as oscilações econômicas de curto prazo e tendências de crescimento à longo prazo da economia.

(4) Renda Líquida Enviada ao Exterior = RLEE ≡ Renda de não residentes gerada internamente enviada ao exterior – Renda de residentes gerada fora recebida do exterior ex.: Brasil: RLEE > 0 (5) PNB ≡ PIB – RLEE Renda Nacional (RN): soma de todas as rendas dos fatores produtivos obtidas na produção de bens e serviços em determinado período de tempo. (6) RN ≡ Salários + Juros + Lucros + Aluguéis. Ou seja, renda dos empregados + renda econômica (em atividades produtivas) + renda de proprietários de capital + renda de proprietários de terra. OBS.:

i) medida NACIONAL = media INTERNA – RLEE ii) medida LIQUIDA = medida BRUTA – DEPRECIAÇÃO iii) medida A CUSTO DE FATORES = medida A PREÇO DE MERCADO –

Impostos Indiretos Líquidos (Imp. Indireto – Subsídios) Então, (7) RN = PNLcf ≡ PIBpm – RLEE – Depreciação – Imp. Indireto Liquido (8) Renda Pessoal = RN - Imposto sobre lucros e lucros não distribuídos - Contribuições Previdência Social + Transferências aos indivíduos (Prev. Social, aposentadoria, donativos) + Renda pessoal com juros. (9) Renda Pessoal Disponível = Renda Pessoal – Impostos sobre a renda = Consumo (C) + Poupança (S) Oferta Agregada global = Y + M Demanda Agregada global = C + I + G + X

� Y + M = C + I + G + X � Y = C + I + G + X – M oferta interna = demanda agregada interna

(X-M) = (Exportação – Importação) de bens e serviços não fatores (fretes, seguros) = Transferência Líquida de recursos ao exterior = Balança Comercial + serviços não fatores

Page 5: Apostila de macroeconomia

5

Pela ótica da renda: Ynacional = C + S + T Pela ótica da distribuição das despesas: Yinterno = C + I + G + X – M Mas, Ynacional = Yinterna – RLEE Então, S + T = I + G + X – M – RLEE � (X - M - RLEE) = (T - G) + (S - I) (X-M-RLEE) = Transações Correntes = - Poupança Externa (X-M-RLEE) > 0 � superávit ou no setor privado (S-I)>0, ou no governo (T-G)>0, ou em ambos. Rearranjando, S + (T - G) + (M + RLEE - X) = I Poupança privada + Poupança do Governo + Poupança Externa = Investimento global Poupança privada + Poupança do Governo = Poupança interna Se poupança interna for insuficiente para financiar o investimento, então paris deve apresentar déficit em transações correntes.

Page 6: Apostila de macroeconomia

6

Dornbusch & Fischer Capítulo 3 – Renda e Gastos I) Modelo I

Simplificação: Economia sem governo (G = TA = TR = 0); sem comércio internacional

(NX = X-M = 0)

Onde, TA = Tributação, TR = Transferências do governo, NX = Exportações Líquidas, X = Exportações de bens e serviços não fatores e M = Importação de bens e serviços não fatores. Obs.: se não há setor externo, então PNB=PIB; se não há governo, então não há diferença entre medido a preços de mercado e a custo de fatores. (1) Y = C + I Demanda Agregada (DA): volume total de bens demandados na economia. A) Hipótese: DA independe do nível de renda. DA = constante. Equilíbrio: quantidade de produto produzido = quantidade demandada. No ponto E demanda agregada = produto = 300. IU = Investimento não-planejado em estoque (estoques involuntários) = Y - DA i) Produto > demanda agregada: Y>DA → IU>0 : aumento de estoques involuntários (produção não vendida) → decisão: redução de produção. ii) Produto < demanda agregada: Y<DA → IU<0 : redução de estoques → decisão: aumento de produção. iii) Equilíbrio: No ponto E, IU=0 → Y=DA, equilíbrio. Em resumo,

• Produção = gasto planejado + ajuste involuntário de estoque • Equilíbrio é quando o gasto planejado é igual à produção real (IU=0). • Demanda agregada determina o nível de equilíbrio da produção.

DA

Y

300

Dem

anda

agr

egad

a

45º

IU<0

IU>0 E

300

Page 7: Apostila de macroeconomia

7

• Equilíbrio implica que o gasto real em consumo e investimento é igual ao gasto planejado.

B) Hipótese: Demanda agregada depende do nível de renda. A Demanda agregada por consumo não é mais autônoma, mas depende da renda. Função consumo: (2) C = cY, 0 < c < 1 onde, c: propensão marginal a consumir.

dY

dC

Y

Cc =

∆∆

= , inclinação da função consumo

(3) DA = C + I = cY + I Poupança: S ≡ Y – C (4) S ≡ Y – cY ≡ (1-c)Y ≡ sY Onde, s = (1-c): propensão marginal a poupar. 0 < s < 1.

dY

dS

Y

Ss =

∆∆

= , inclinação da função poupança.

Função Investimento: II = , é constante. Função Demanda Agregada: cYAIcYDA +=+=

IA = : demanda agregada autônoma = parte de DA que independente da renda.

Equilíbrio: Y = DA → ocorre no ponto E sobre a reta de 45º Suponha agora, cYCC += , II = DA = C + I = cYA + , onde ICA +=

DA = cY + I

Y

DA0

DA

45º

E

Y0

C = cY

I

Page 8: Apostila de macroeconomia

8

A produção está no seu ponto de equilíbrio quando a demanda agregada é igual à produção. Isto ocorre no ponto E. Se Y>Y0, então IU>0 e as empresas reduzem a produção. Se Y<Y0, então IU<0 e as empresas aumentam a produção. Se Y=Y0, então não há tendência para que o nível de produção varie. Definição do equilíbrio: Y0

Y = DA cYAY += AYc =− )1(

Ac

Y−

=1

10 (5) → ),(0 cAfY =

Y0 depende apenas do valor da demanda agregada autônoma e da propensão marginal a consumir. Y0 é maior, quanto maiores forem A e c.

11

1

0)1(

0

20

>−

=∂

>−

=∂

cA

Y

c

A

c

Y

Poupança e Investimento: em equilíbrio Y = DA → C + S = C + I → S = I (6) → IIYcCCYS ==−+−=−= )1(

E

IU>0 DA = A + cY

Y

DA0

DA

45º

Y0

C = C + cY

A

I

C IU<0

Page 9: Apostila de macroeconomia

9

( )( )c

c

Y

cc

cA

ccAY

∆−

=−−

∆=

−−

=∆

´11´1

1

1

´1

1

0

0

Y0

E

DA

Y

DA0

DA

45º

Y0

C

A

I

C

S

Y

I

S

S , I

C

45º

E

Y0 Y0´ Y

DA

A

cYADA +=

YcADA ´´ +=

Page 10: Apostila de macroeconomia

10

O Multiplicador: Quanto um aumento de $1 no gasto autônomo aumenta o nível de equilíbrio da renda? Aumento inicial: A∆ → AY ∆=∆ → AcYcC ∆=∆=∆ → AcY ∆=∆ → AcYcC ∆=∆=∆ 22 → ...

Fase Aumenta da

renda por fase

Aumento acumulado da

renda 1 A∆ A∆ 2 c A∆ (1+c) A∆ 3 c2

A∆ (1+c+c2) A∆ 4 c3

A∆ (1+c+c2+c3) A∆ ... ... ...

∞ 0 Ac

cAi

i ∆−

=∆ ∑∞

= 1

1

1

Multiplicador : c−

=1

1α → é o montante pelo qual a produção varia quando a

demanda agregada autônoma aumenta de uma unidade. Como 0 < c < 1, então α > 1.

• Mede o efeito sobre a renda (endógena) de uma variação exógena. • Quando maior c (propensão marginal a consumir), maior o multiplicador.

Ac

Y ∆−

=∆1

10

Resumindo:

• Uma elevação no gasto autônomo aumenta o nível de equilíbrio da renda. • O aumento na renda é um múltiplo do aumento no gasto autônomo. • Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior o multiplicador que surge

da relação entre consumo e renda.

A∆

'A

A

01

1YA

c∆=∆

DA

DA’

∆Y0

Y0 Y0’

E

E’

45º

Page 11: Apostila de macroeconomia

11

II) Modelo II

= Modelo I incluindo o GOVERNO O governo afeta o nível de renda de equilíbrio de duas maneiras:

• Compras de bens e serviços (G) afeta a demanda agregada • Impostos (TA) e Transferências (TR) afetam a relação entre produto e renda (Y)

e a renda disponível (Yd)

(7) C + I + G ≡ S + (TA – TR) + C Onde, GICDA ++= O Consumo agora irá depender da renda disponível: (8) )( TATRYcCcYCC d −++=+= Hipótese: GG = , RTTR = , TA = tY, 0 < t < 1 → Gastos e Transferências independem da renda; Tributação é uma fração t da renda. Assim, a função consumo fica: YtcRTcCC )1( −++= (8´) i.e., TR aumenta o consumo autônomo e TA diminui o gasto com consumo a cada nível de renda.

Demanda Agregada:

(9) YtcADA

YtcGIRTcCDA

)1(

)1()(

−+=

−++++= → maior intercepto, menor inclinação

Equilíbrio:

AtcY

YtcAY

DAY

=−−

−+=

=

)]1(1[

)1( → )()1(1

10 GIRTcC

tcY +++

−−= (10)

45º

cYICDA ++=

YtcGIRTcCDA )1()(' −++++=

DA

Y

Page 12: Apostila de macroeconomia

12

multiplicador: ctc −

<−− 1

1

)1(1

1

→ O imposto sobre a renda diminui o multiplicador porque reduz o aumento induzido do consumo independentemente das variações na renda. (A curva DA é menos inclinada)

( )

0)]1(1[

0)]1(1[

)1(1)1(

)1(1

)1(1

1

20

20

0

000

<−−

−=

>−−

−−+−=

−−=

−−=

∂=

∂=

tc

Ac

t

Y

tc

tcRTAt

c

Y

tc

c

RT

Y

tcG

Y

I

Y

C

Y

1) Efeito de uma variação nos gastos do governo (∆G):

Gtc

Y ∆−−

=∆)1(1

10

Obs.: Imposto de renda como estabilizador automático: (é quando produz um efeito de redução da variação da produção em resposta a uma alteração na demanda autônoma)

O imposto de renda reduz o multiplicador → variações na demanda autônoma implicam menores variações na produção → menores flutuações

Fato histórico: maiores alíquotas de imposto de renda no período pós-II Guerra são uma razão para que o ciclo de negócios tenha sido menos acentuado que antes.

45º

YtcADA )1(´´ −+=

YtcADA )1( −+= G∆

E

Y0 Y0´ Y

DA

A

´A

∆Y0

Page 13: Apostila de macroeconomia

13

2) Efeito de uma variação no Imposto de Renda (∆t):

Atc

Y

Atc

Y

´)1(1

)1(1

1

0

0

−−=

−−=

→ ( )( )

ttc

cY

ttctc

Ac

tctcAYYY

∆−−

−=

∆−−−−

−=

−−−

−−=−=∆

´)1(1

)1(1´)1(1

)1(1

1

´)1(1

0

000

Exemplo: Corte no imposto de renda: Y0 = 100, c = 0,8, t = 0,2; t´ = 0,1.

56,28)2,01,0()1,01(8,01

)100)(8,0(0 =−

−−−

=∆Y

3) Efeito de uma variação na propensão marginal a consumir (∆c):

´)1´(1

)1(1

1

0

0

Atc

Y

Atc

Y

−−=

−−=

, onde RTcAA

GICARTcAA

´´

,

1

11

+=

++=+=

( )( )c

tctc

RTAt

tc

c

tc

cRT

tctcAYYY

∆−−−−

+−=

−−−

−−+

−−−

−−=−=∆

)1(1)1´(1

)1(

)1(1)1´(1

´

)1(1

1

)1´(1

1

1000

4) Efeito de um aumento nos Pagamentos de Transferências (∆TR):

RTtc

cY ∆

−−=∆

)1(10

→ o aumento no produto será c vezes o multiplicador Conclusões:

i) As compras do governo e os pagamentos de transferências agem como aumentos no gasto autônomo quanto aos efeitos sobre a renda de equilíbrio.

Page 14: Apostila de macroeconomia

14

ii) Um imposto de renda proporcional reduz a proporção de cada dólar extra de produção, que é recebido como renda disponível pelos consumidores e, portanto, tem os mesmos efeitos sobre a renda de equilíbrio que uma redução na propensão a consumir. iii) Política Fiscal tem impacto sobre a economia. Aumenta-se a produção cortando impostos ou aumentando gastos do governo. Orçamento Superávit orçamentário: BS (budget surplus) = excesso de receita do governo sobre seus gastos em bens e serviços e transferências.

RTGtY

RTGTABS

−−=

−−≡

→ recessões reduz BS, i.e. podemos ver déficits orçamentários. Efeitos sobre BS:

1) G∆ : efeito direto de reduzir BS e efeito indireto de aumentar BS, aumentando tributação via aumento induzido da produção.

Gtc

tc

Gtc

t

GGtc

tBS

∆−−−−

−=

−−=

∆−∆−−

=∆

)1(1

)1)(1(

1)1(1

)1(1

→ o efeito é sem dúvida NEGATIVO

ex.: c = 0,8, t = 0,25 → um aumento de $1 nos gastos do governo produz uma redução de $0,375 no superávit orçamentário. 2) ∆t: diretamente aumenta a tributação, mas a base é menor porque tivemos redução de produção → a soma dos dois efeitos é POSITIVO

RTGtYBS −−=

)( RTG +−

Y

BS

Page 15: Apostila de macroeconomia

15

( )( ) ( )( )

( )( )t

tc

Yct

tctc

Ac

Atctc

tctA

tctc

ttcttctt

Atc

t

tc

t

tYYtBS

∆−−

−=∆

−−−−−

=

−−−−∆−∆

=−−−−−+−−−

=

−−−

−−=

−=∆

´)1(1

)1(

´)1(1)1(1

)1(

´)1(1)1(1´)1(1)1(1

´)1()1(´´

)1(1´)1(1

´

´´

0

00

3) mesmo que o governo mantenha constante sua política fiscal, BS pode mudar por mudança de gastos privados autônomos, que induzem a variação do produto. → assim, aumento de BS não pode ser confundido com uma política fiscal expansionista ou redução de BS como uma política fiscal contracionista; pode ser efeito de variação de gastos privados autônomos. Superávit orçamentário de pleno emprego: BS* Mede o orçamento não em seu nível real de renda, mas sim no nível de pleno emprego de renda ou no nível potencial.

Portanto, existe uma dada política fiscal resumida por ( tRTG ,, ) com superávit ou déficit que gere o pleno emprego (Y*).

BS*-BS = t(Y* - Y) Recessão (superemprego) → superávit de pleno emprego excede (é menor que)

o superávit real.

Exemplo: Política Fiscal combinada : redução de t e redução de G. Inicialmente: t = 0,2 ; Y0 = 100 ; c = 0,8 Política: t´ = 0,1 ; ∆G = -10 Multiplicador: início: 1/0,36 = 2,78 ; depois: 1/0,28 = 3,57

AY36,0

10 = , então 36=A

10−=∆=∆ AG , 26´=A

86,922628,0

1´0 ==Y , 14,70 −=∆Y

arrecadação: 20=TA , 286,9´=TA , 714,10−=∆TA superávit orçamentário: 714,0)10(10714 −=−−−=∆−∆=∆ GTABS

Page 16: Apostila de macroeconomia

16

Orçamento Equilibrado: 0=∆BS , ou seja GtYYt

GTA

∆=−

∆=∆

00´´

Obs.: AG ∆=∆

Mostrar que: 0=∆BS ⇔ tYtA ∆=−∆ 0´)1(

Solução:

´´)1(1

)1(1

1

0

0

Atc

Y

Atc

Y

−−=

−−=

⇒ ´´

´)1(1

1´´

)1(1

1

0

0

Attc

Yt

Attc

tY

−−=

−−=

⇒ AAttc

Attc

∆=−−

−−− )1(1

1´´

´)1(1

1

⇒ [ ] [ ] [ ][ ]´)1(1)1(1´)1(1´´)1(1 tctcAAttcAttc −−−−∆=−−−−−

⇒ [ ] ( )[ ] [ ] ( )[ ] 0)1(1´)1(1´)1(1´)1(1´ =−−−−−−−−−−− tcttcAtcttcA

⇒ [ ][ ] [ ][ ] 0)1)(1(´)1(1)1´)(1()1(1´ =−−−−−−−−− cttcActtcA

⇒ [ ] [ ]{ } 0)1(´)1(1´)1()1(1´)1( =−−−−−−−− ttcAttcAc

⇒ [ ] [ ] [ ] 0)1(´)1(1´)1()1(1´)1()1(1 =−−−−−−−+−−−∆ ttcAttcAttcA

⇒ [ ] [ ] 0´)1()1(´)1()1(1 =−−−−−−−∆ ttAttcA

⇒ [ ] 0´)1()1(1 =∆−−−−∆ tAttcA

⇒ tYtA ∆=−∆ 0´)1(

Page 17: Apostila de macroeconomia

17

Dornbusch & Fischer

Capítulo 4 – Moeda, Juros e Renda

o Introdução de moeda e juros o Política Monetária o Interação dos mercados de bens e de ativos o Determinação da taxa de juros

I) Mercado de Bens: modelo com governo + introdução de juros na decisão de investimento. ⇒ Existe uma relação inversa de investimento e juros:

(1) biII −= , b>0 onde i é a taxa de juros e b é a sensibilidade dos gastos com investimento em relação à taxa de juros.

Representação gráfica: como é uma reta, temos uma relação biunívoca e portanto podemos inverter os eixos. Esta representação é ideal para a construção da curva IS que faremos a seguir.

⇒ Ibb

Ii

1−= ⇒

A curva de investimento mostra o nível planejado de gastos com investimento a cada nível de taxa de juros.

b grande: I é muito sensível à i b pequeno: I pouco sensível a i

I

i

I

i

I

i

Page 18: Apostila de macroeconomia

18

Demanda Agregada:

(2)

biYtcA

GbiIYtcRTcC

GICDA

−−+=

+−+−++=

++=

)1(

)1( ⇒ ),,;,( AtcYiDADA =

Para cada nível de taxa de juros temos uma curva de demanda agregada no plano (DA,Y). CURVA IS: lócus de equilíbrio no mercado de bens. Mostra as combinações de taxas

de juros e nível de produção, de tal modo que os gastos planejados sejam iguais à renda.

Equilíbrio no mercado de bens: Y = DA

(3) )(

)1(1)1(1

)1(

ISitc

b

tc

AY

biYtcAY

−−−

−−=

−−+=

(4) ou, )(1

ISYbb

Ai

α−= , onde

)1(1

1

tc −−=α (multiplicador)

A inclinação da curva IS depende (inversamente) da sensibilidade do Investimento a juros (b) e do multiplicador (α)

Y

DA 45º

Y3 Y2 Y1

E1

E2

E3

11 )1( biYtcADA −−+=

33 )1( biYtcADA −−+=

22 )1( biYtcADA −−+=

i1 > i2 > i3

Page 19: Apostila de macroeconomia

19

Pontos fora da curva IS: Y > DA : Excesso de Oferta de bens (EOB);

Y < DA : Excesso de Demanda de bens (EDB).

E1

E2

E3

Y

DA 45º

Y3 Y2 Y1

)( 1iDA

)( 3iDA

)( 2iDA

E1

E2

E3

Y

i

Y3 Y2 Y1

i1

i2

i3

Y > DA

Y < DA

IS = Equilíbrio no mercado de bens

Y

i

IS1

IS2

Inclinação de IS1 > Inclinação de IS2

2211

11

αα bb> ⇒ 1122 αα bb >

Page 20: Apostila de macroeconomia

20

Variação de Gastos Autônomos ( A∆ ) (seja através de IGRTC ∆∆∆∆ ,,, ): Aumento de gastos autônomos desloca a curva DA paralelamente para cima ⇒ deslocamento da curva IS para direita/cima.

E1

E2

Y

DA 45º

Y2 Y1

1)1(´´ biYtcADA −−+=

E1 E2

Y

i

Y2 Y1

IS

i1

1)1( biYtcADA −−+=

IS´

AY ∆=∆ α

AY ∆=∆ α A

´A

A∆

Page 21: Apostila de macroeconomia

21

II) Mercado de Ativos (moeda e títulos)

o Títulos de renda fixa: promessa de pagamento ao seu detentor de um certo

volume de moeda em datas específicas no futuro. o Decisão de quanto da riqueza será guardada em moeda ou títulos (decisões de

portfólio ou de carteira de ativos) Obs.: (BOX 4.1) Os ativos se dividem em duas categorias distintas: ativos financeiros e ativos tangíveis (reais).

Ativos Financeiros: o Moeda = moeda em circulação + Depósitos à vista (M1) [idéia de liquidez] Há também o conceito de M2 = M1 + Outros depósitos (Poupança) (menor

liquidez)

o Títulos (obrigações) do governo e de empresas (Letras do Tesouro [LTN] e debêntures)

o Ações de empresas (rendem dividendos, mais ganho de capital)

Ativos Tangíveis: máquinas, terra, estrutura das empresas, bens de consumo durável

(carros, eletrodomésticos), residências. Em macroeconomia separamos os ativos em duas categorias: MOEDA (serve como

meio de pagamento) e OUTROS ATIVOS.

Demanda por Moeda:

Demanda Nominal versus demanda real (correção pelo nível de preços) Encaixes monetários reais: quantidade de moeda nominal dividida pelo nível de preços (M/P) Restrição orçamentária de riqueza: demanda por encaixes reais (L) mais demanda por obrigações reais (DB) = riqueza financeira real do indivíduo (WN/P)

(5) P

WNDBL =+ ,

mostra a decisão do indivíduo em deter riqueza em forma de moeda ou obrigações.

Lado da oferta de ativos: (6) OBP

M

P

WN+= (moeda real + obrigações)

Então, 0)( =−+

− OBDBP

ML , quando o mercado de moeda está em equilíbrio, o

mercado de títulos também está em equilíbrio. Se há excesso de demanda de moeda, então há excesso de oferta de títulos. Se há excesso de oferta de moeda, então há excesso de demanda por títulos.

Page 22: Apostila de macroeconomia

22

Esta dualidade entre mercados de moeda e títulos nos permite modelar apenas um deles. Trataremos do Mercado de Moeda.

A Demanda por encaixes reais (M/P) depende do nível de renda real e da taxa de juros. Quanto maior a renda, mais moeda os indivíduos precisam para financiar suas despesas, por outro lado, a posse da moeda implica num custo que é o juro de não transforma-la em um ativo que rende juros.

(7) hikYL −= , k, h > 0

k: sensibilidade da demanda por encaixes reais à renda h: sensibilidade da demanda por encaixes reais aos juros

Oferta de Moeda: A quantidade nominal de moeda é controlada pelo Banco Central: M

Oferta Real de Moeda: PM /

L

i

L2 = kY2 - hi L1 = kY1 - hi

k∆Y

A função demanda por encaixes reais implica que para um dado nível de renda a

quantidade demandada é uma função decrescente da taxa de juros.

L PM /

i

L = kY - hi

i0

Page 23: Apostila de macroeconomia

23

CURVA LM: lócus de equilíbrio no mercado de moeda. Mostra todas as combinações de taxas de juros e nível de renda nos quais a demanda por encaixes reais é igual à oferta. Ao longo da curva LM, o mercado monetário está em equilíbrio, logo o mercado de ativos também estará.

Equilíbrio no mercado de moeda: L = M/P

(8)

−=P

MkY

hi

1 (LM)

Pontos abaixo da curva LM, (L > M/P), significam Excesso de Demanda por Moeda (EDM); pontos acima da curva LM, (L < M/P), significam Excesso de Oferta por Moeda (EOM).

Inclinação da curva LM: é tanto maior quanto maior for a sensibilidade da demanda de moeda à renda (k) e quanto menor for sensibilidade da demanda de moeda aos juros (h).

Deslocamentos da LM: A curva LM se desloca paralelamente por alterações na oferta real de moeda.

L

i i

Y

i1

i2

i3

i1

i2

i3

PM / Y3 Y2 Y1

L(Y1)

L(Y2)

L(Y3)

LM

L > M/P

L < M/P

Page 24: Apostila de macroeconomia

24

Aumento da oferta real de moeda desloca a LM paralelamente para direita/baixo. III) Equilíbrio no Mercado de Bens e de Moeda: IS: equilíbrio no mercado de Bens LM: equilíbrio no mercado de Moeda IS = LM: equilíbrio nos mercados de bens e Moeda

IS

LM

Y

i

i0

Y0

E

EOB EOM

I

EDB EOM

II

EDB EDM

III

EOB EDM

IV

L

i i

Y

i1

i2

i1

i2

P

M

Y1

L(Y1)

LM (M/P)

P

M ´

LM´

M´ > M

EOM

Page 25: Apostila de macroeconomia

25

Se o mercado de títulos (ou moeda) se ajustar mais rapidamente que o mercado de bens, então o caminho para o equilíbrio se dá sobre a curva LM. Mudança no nível de equilíbrio da renda e da taxa de juros:

o Equilíbrio inicial no ponto E. o Suponha um aumento dos gastos de investimento autônomo ( I∆ )

o Deslocamento da curva IS para direita/cima de I∆α o No ponto E continuamos ter equilíbrio no mercado de moeda, mas o mercado de

bens está em desequilíbrio: há excesso de demanda por bens. o O novo equilíbrio ocorre no ponto E´, em que taxa de juros e renda são maiores. o Quando aumenta os gastos autônomos realmente tende a elevar o nível de renda,

porém, um incremento na renda aumenta a demanda por moeda (deslocamento da curva de demanda por moeda para cima no mercado de moeda). Como a oferta de moeda é fixa a taxa de juros sobe. Com a maior taxa de juros o nível de investimento é menor e portanto o nível de equilíbrio da renda é menor que o

deslocamento horizontal da curva IS, I∆α .

IS

LM

Y

i

i0

Y0

IS

LM

IS´

Y0´ Y0 Y

i0 E

i0´

i

I∆α

Page 26: Apostila de macroeconomia

26

Valores de i e Y de equilíbrio: Ponto E: IS = LM

P

M

bkh

bA

bkh

hY

P

M

hb

AY

h

k

b

P

MkY

hY

bb

A

αα

αα

α

α

++

+=

+=

+

−=−

0

0

0

11

11

P

M

bkhA

bkh

ki

P

M

bkh

bA

bkh

h

bb

Ai

Ybb

Ai

ααα

αα

αα

α

α

+−

+=

++

+−=

−=

1

1

1

0

0

00

Política Monetária:

o O BACEN compra obrigações em troca de moeda, aumentando o estoque de moeda, ou,

o Vende em troca de moeda paga pelos compradores das obrigações, reduzindo, portanto, o estoque monetário.

Suponha um aumento do estoque de moeda (P

M∆ ):

IS

LM

Y0´ Y0 Y

i0 E

i0´

i

∆P

M

k

1 LM´

Page 27: Apostila de macroeconomia

27

ARMADILHA PELA LIQUIDEZ: Curva LM horizontal. Quando o público está preparado, a uma dada taxa de juros, a deter qualquer volume de moeda que for ofertado. (caso em que a sensibilidade da demanda de moeda em relação à juros é muito elevada, h muito grande) Variações na oferta de moeda não desloca a curva LM e, portanto, política monetária não tem poder para afetar a taxa de juros ou a renda. CASO CLÁSSICO: Curva LM vertical. A demanda por moeda é insensível à taxa de juros (h muito pequeno, próximo de zero), só depende da renda. O deslocamento da curva LM tem seu efeito máximo sobre a variação da renda.

IS

Y

LM

Y0

i0

i

IS

Y

LM

Y0

i0

i LM´

Y0´

i0´

Page 28: Apostila de macroeconomia

28

Dornbusch & Fischer

Capítulo 5 – Política Fiscal, Efeito Deslocamento e a Combinação de Políticas.

Política Fiscal e Efeito Deslocamento:

o Expansão fiscal (aumento de G) desloca a curva IS para direita/cima. o Contração fiscal (redução de G) desloca a curva IS para esquerda/baixo.

Curva IS: )( biAY −=α ou Ybb

Ai

α1

−= , onde )1(1

1

tc −−=α , multiplicador

Note que um aumento nos gastos do governo ( G∆ ) aumenta uma componente dos gastos autônomos. Dado o mesmo nível de taxa de juros significa que a renda aumenta de G∆α . Essa é exatamente a distância horizontal do deslocamento da curva IS (veja gráfico abaixo). Contudo o mercado de moeda estará em desequilíbrio (EDM) e para eliminar o excesso de demanda por moeda a taxa de juros aumenta, reduzindo a demanda por moeda. Além disso, uma maior taxa de juros implica numa contração do investimento e, portanto, uma redução da demanda agregada. O novo equilíbrio será atingido com taxa de juros e renda maiores que a inicial, mas o aumento da renda será inferior ao caso em que a taxa de juros permanecesse constante.

Dinâmica de ajustamento: suponha que o mercado de moeda se equilibra rápida e continuamente enquanto o mercado de bens ajusta-se de maneira mais lenta. Um aumento de G faz a economia inicialmente permanecer em E, uma vez que não há nenhum distúrbio no mercado de moeda ⇒ temos EDB conduzindo a aumento de produção e renda, e então aumento da demanda de moeda ⇒ EDM resulta em aumento imediato da taxa de juros e continuamos na curva LM com produção e taxas de juros crescentes, até alcançarmos o novo equilíbrio em E”.

⇒ AJUSTAMENTO AO LONGO DA CURVA LM.

Equilíbrio inicial: ponto E Aumento de G desloca IS para direita/cima. E’’: equilíbrio no mercado de bens, mas temos EDM. Aumento de i reduz demanda por moeda, mas reduz também investimento (demanda agregada) E’: equilíbrio no mercado de bens e de moeda. Resultado: taxa de juros e renda maiores que inicial

IS´

LM

Y Y0

i0

IS

Y0’ Y”

i0’

i

E’

E

G∆α

E”

Page 29: Apostila de macroeconomia

29

Política Fiscal expansionista (aumento de G) conduz a aumento das taxas de juros e renda.

Este efeito deslocamento depende das inclinações das curvas IS e LM e do tamanho do multiplicador. Obs.:

Curva LM:

−=P

MkY

hi

1, Curva IS: Y

bb

Ai

α1

−=

Inclinação da Curva LM: h

k, onde k e h são, respectivamente, a sensibilidade à renda e

à taxa de juros da demanda de moeda. LM é mais inclinada quanto maior for k e menor for h.

Inclinação da Curva IS: bα1

− , onde α é o multiplicador dos gastos autônomos e b é a

sensibilidade da função investimento à taxa de juros.

Equilíbrio: P

M

bkh

bA

bkh

hY

αα

αα

++

+=0 ,

P

M

bkhA

bkh

ki

ααα

+−

+=

10

Multiplicador da Política Fiscal: bkh

h

αα

γ+

= (quanto um aumento nos gastos do

governo modifica o nível de equilíbrio da renda, mantendo a oferta monetária real constante)

1) Quanto mais inclinada a curva IS, mais aumenta a renda e a taxa de juros, dado o mesmo multiplicador e aumento de gastos do governo.

Y

i

Y

i

Page 30: Apostila de macroeconomia

30

A inclinação da curva IS será tanto maior quanto menor for b (sensibilidade à taxa de juros da função investimento), dado α.

Gbkh

hY ∆

+=∆

αα

0 , Gbkh

ki ∆

+=∆

αα

0 (quanto menor b, dados os demais

parâmetros, maioresbkh

h

αα+

e bkh

k

αα+

).

( )0

2<

+

−=

+∂

bkh

kh

bkh

h

b α

ααα

; ( )

02

22

<+

−=

+∂

bkh

k

bkh

k

b α

αα

α.

2) Quanto mais inclinada a curva LM, mais aumenta a taxa de juros e menos aumenta a renda, dado o mesmo multiplicador e aumento de gastos do governo.

A inclinação da curva LM será tanto maior quanto maior for k (sensibilidade da demanda por moeda à renda) ou menor for h (sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros).

Gbkh

hY ∆

+=∆

αα

0 , Gbkh

ki ∆

+=∆

αα

0 (quanto maior k ou menor h, dados os demais

parâmetros, menor é o parâmetrobkh

h

αα+

e maior o parâmetro bkh

k

αα+

).

( )0

2

2

>+

=

+∂

bkh

bk

bkh

h

h α

ααα

; ( )

02

2

<+

−=

+∂

bkh

bh

bkh

h

k α

ααα

;

( )0

2<

+

−=

+∂

bkh

k

bkh

k

h αα

αα

; ( )

02>

+=

+∂

bkh

h

bkh

k

k αα

αα

;

3) Quanto maior o multiplicador dos gastos autônomos, α, maior é o deslocamento horizontal da curva IS, mas menor é sua inclinação. A resultante é: quanto maior α

Y

i

Y

i

Page 31: Apostila de macroeconomia

31

maior o aumento da renda e taxa de juros advindos de um aumento dos gastos do governo.

Gbkh

hY ∆

+=∆

αα

0 , Gbkh

ki ∆

+=∆

αα

0 (quanto maior α, dados os demais

parâmetros, maioresbkh

h

αα+

e bkh

k

αα+

).

( )0

2

2

>+

=

+∂

bkh

h

bkh

h

ααα

α;

( )0

2>

+=

+∂

bkh

kh

bkh

k

ααα

α.

Política Fiscal e Casos Extremos:

a) Armadilha da Liquidez: LM horizontal ( ∞→h ) GY ∆=∆ α0 ; 00 =∆i

b) Caso Clássico: LM vertical ( 0→h ) 00 =∆Y ; Gb

i ∆=∆1

0

IS´

LM

Y Y0

i0

IS

Y0’

i

E’ E

G∆α

Um aumento no gasto do governo tem seu efeito

multiplicador completo sobre o nível de renda de equilíbrio. O

efeito deslocamento é nulo (não há variação na taxa de juros que

provoque mudança no investimento privado).

IS´

LM

Y Y0

i0

IS

i

E’

E

G∆α

Um aumento no gasto do governo não tem impacto sobre o nível de renda de equilíbrio. O efeito deslocamento é completo: o aumento na renda provocado

pelo aumento dos gastos é exatamente igual à redução na

renda provocada pela redução do investimento, dado o aumento da

taxa de juros.

i0’

Page 32: Apostila de macroeconomia

32

Política Monetária expansionista (aumento de P

M) conduz a aumento da renda e uma

redução da taxa de juros. Este efeito deslocamento depende das inclinações das curvas IS e LM. Sabemos que:

Equilíbrio: P

M

bkh

bA

bkh

hY

αα

αα

++

+=0 ,

P

M

bkhA

bkh

ki

ααα

+−

+=

10

Multiplicador da Política Monetária: bkh

b

h

b

αα

γ+

= (quanto um aumento na oferta

monetária real aumenta o nível de equilíbrio da renda, mantendo a política fiscal sem modificações).

1) A inclinação da curva LM afeta o resultado final de diferente maneira dependendo de qual parâmetro mudou (k ou h).

o Quanto maior k, mais inclinada é a curva LM, menos aumenta a renda e menos diminui a taxa de juros, dado o mesmo aumento de oferta real de moeda.

o Quanto maior h, menos inclinada é a curva LM, menos aumenta a renda e menos diminui a taxa de juros, dado o mesmo aumento de oferta real de moeda.

Y

i

Y

i

P

M

k

∆1

P

M

k

'

1

Y

i

Y

i

P

M

k

∆1

P

M

k

∆1

Page 33: Apostila de macroeconomia

33

A inclinação da curva LM será tanto maior quanto maior for k (sensibilidade da

demanda por moeda à renda) ou menor for h (sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros). Contudo, o deslocamento horizontal da curva LM é inversamente proporcional ao parâmetro k. Assim, quando maiores k e h menor é o impacto do aumento da oferta real de moeda sobre renda e taxa de juros.

P

M

bkh

bY

∆+

=∆α

α0 ,

P

M

bkhi

∆+

−=∆α1

0 (quanto maiores k ou h, dados os demais

parâmetros, menores são os parâmetrosbkh

b

αα+

e bkh α+

1).

( )0

2<

+

−=

+∂

bkh

b

bkh

b

h α

αα

α;

( )0

2

22

<+

−=

+∂

bkh

b

bkh

b

k α

ααα

;

( )0

112<

+

−=

+∂

bkhbkhh αα;

( )0

12<

+

−=

+∂

bkh

b

bkhk αα

α;

2) Quanto mais inclinada a curva IS, mais reduz a taxa de juros e menos aumenta a renda, dado o mesmo multiplicador e aumento da oferta real de moeda. A inclinação da curva IS será tanto maior quanto menor for b (sensibilidade à taxa de juros da função investimento), dado α.

P

M

bkh

bY

∆+

=∆α

α0 ,

P

M

bkhi

∆+

−=∆α1

0 (quanto menor b, dados os demais

parâmetros, menor o parâmetrobkh

b

αα+

e maior o parâmetro bkh α+

1 ).

Y

i

Y

i

Page 34: Apostila de macroeconomia

34

( )0

2>

+=

+∂

bkh

h

bkh

h

b α

αα

α;

( )0

12<

+

−=

+∂

bkh

k

bkhb α

αα

.

Acomodação Monetária da Expansão Fiscal: eliminação do efeito deslocamento A política monetária está se acomodando quando, no decorrer de uma expansão fiscal, a oferta monetária é aumentada com o objetivo de prevenir um aumento das taxas de juros. A acomodação monetária também é referida como monetização dos déficits orçamentários, o que significa que o Banco Central imprime moeda para comprar títulos com os quais o governo paga pelo seu déficit.

⇒ a curva LM e a IS se deslocam para a direita ⇒ não há efeitos sobre o investimento pois as taxas de juros não variam. Obs.: até então não falamos de mudança nos preços. Necessariamente haverá efeito deslocamento por causa de variação de preços, mas será tratado mais a frente. Resumo de Efeitos:

Efeito sobre Política

Deslocamento da IS e da LM Renda

Taxa de Juros

Consumo Investi-mento

1 Aumento de Gastos

do governo IS p/

direita/cima + + + -

2 Aumento da oferta

real de moeda LM p/

direita/baixo + - + +

3 Corte no imposto de

renda Inclinação IS

aumenta + + + -

4 Aumento subsídio ao

investimento IS p/

direita/cima + + + +

LM’

E

Y

IS’ IS

LM

E’

Y0 Y0’

i

i0

Page 35: Apostila de macroeconomia

35

Gráficos: (1) e (2) já tratados acima. (3) redução de t, aumenta o multiplicador dos gastos autônomos, α, e portanto reduz a inclinação da IS (não muda o intercepto). (4) deslocamento da curva de investimento para a direita, equivalente a um aumento de investimento autônomo ⇒ desloca IS paralelamente para direita/cima ⇒ aumenta Y e i; o efeito deslocamento pelo aumento de i reduz o investimento, mas o efeito resultante sobre o investimento ainda é positivo.

IS

LM

Y

i

IS’

IS

LM

Y

i

IS’

I∆α

Page 36: Apostila de macroeconomia

36

Dornbusch & Fischer

Capítulo 7 – Oferta e Demanda Agregadas: Uma Introdução. Até então supomos que o nível de preços, P, é fixo. Portanto nosso modelo não tinha inflação. Este capítulo introduz a solução do modelo que permite variação no nível de preços. Oferta e Demanda Agregadas: Demanda Agregada (DA): mostra as combinações do nível de preços e do nível de produção aos quais os mercados de bens e monetário estão simultaneamente equilibrados.

o Cada ponto sobre a curva DA representa um ponto de equilíbrio do modelo IS-LM;

o É negativamente inclinada porque aumento de preços desloca a curva LM para esquerda/cima, levando a um novo equilíbrio com taxa de juros maior e menor renda;

o Se desloca paralelamente por política fiscal ou monetária, dado o nível de preços.

LM (M/P3)

LM (M/P1)

LM (M/P2)

P1 > P2 > P3

IS

Y

i

Y

P3

P

P2

P1

Y3 Y2 Y1

DA

E

E’

E”

E

E’

E”

Page 37: Apostila de macroeconomia

37

Oferta Agregada (OA): descreve as combinações do nível de preços e do nível de produção nos quais as empresas estão dispostas, em um dado nível de preços, a oferecer uma dada quantidade de produção.

o Reflete as condições nos mercados de fatores – especialmente o mercado de trabalho – assim como no mercado de bens;

o É positivamente inclinada, pois os produtores estarão dispostos a oferecer mais quantidade de produto se o preço de mercado for maior;

o Se desloca paralelamente por variações de custo de produção. Oferta Agregada: dois casos especiais

1) Oferta Agregada Keynesiana: é horizontal, indicando que as empresas oferecerão qualquer volume de bens que for demandado ao nível de preços existente.

o Devido ao desemprego, as empresas podem obter qualquer quantidade do fator trabalho sem alterar seus custos médios de produção;

o Estão dispostas também a oferecer qualquer quantidade demandada de produto ao nível de preços existente.

2) Oferta Agregada Clássica: é vertical, indicando que o mesmo volume de bens

será oferecido em qualquer nível de preços. o Hipótese de que o mercado de trabalho está sempre em equilíbrio com

pleno emprego da força de trabalho; o O equilíbrio do mercado de trabalho é mantido pela rapidez dos ajustes

do salário nominal; o Produção será definida sempre ao nível de pleno emprego, Y*.

Y

P OA

Y

P

Y

P OA Clássica OA

Keynesiana

Y*

Page 38: Apostila de macroeconomia

38

Propriedades da Curva de Demanda Agregada (DA) Representa os pontos de equilíbrio das curvas IS e LM:

Curva LM:

−=P

MkY

hi

1, Curva IS: Y

bb

Ai

α1

−=

Equilíbrio: P

M

bkh

bA

bkh

hY

αα

αα

++

+=0

Ou seja, P

MAY βγ +=0 , onde

bkh

h

αα

γ+

= e h

bγβ =

Então, P

MAY βγ +=0 ⇒

AY

MP

γβ−

=0

Isto é, AhYbkh

MbP

ααα

−+=

0)( ),,,,,;( 0 khbAMYPP α=

Inclinação da curva DA: [ ]

0)(

)(

)( 2

0

200

<−+

+−=

−−=

AhYbkh

Mbkhb

AY

M

dY

dP

αα

ααγ

β

o A curva DA é menos inclinada quanto: o menor a sensibilidade-juro da demanda por moeda (h); o maior a sensibilidade-juro da demanda por investimento (b); o maior o multiplicador dos gastos autônomos (α); o menor a sensibilidade-renda da demanda por moeda (k);

Como ver isso? Relembrando o capítulo 5:

Curva LM:

−=P

MkY

hi

1, Curva IS: Y

bb

Ai

α1

−=

Inclinação da Curva LM: h

k Inclinação da Curva IS:

bα1

Dado i, o deslocamento paralelo da curva LM por variação nos preços é

P

P

P

M

kY

∆−=∆

´

1.

Page 39: Apostila de macroeconomia

39

Menor h ou menor α ⇒ maior inclinação da LM ⇒ maior é a variação da renda pela mesma variação de preços. Maior b ⇒ menor inclinação da IS ⇒ maior é a variação da renda pela mesma variação de preços.

P

Y

Y1

Y2

i0

P2

P1

i

Y Y2’

DA(b2)

P

P

P

M

kY

∆−=∆

´

1

LM (P2)

LM (P1)

DA(b1)

P1 > P2 b1 < b2

IS (b2)

IS (b1)

P

Y

Y1 Y2

i0

P2

P1

i

Y

Y2’

DA(h1)

P

P

P

M

kY

∆−=∆

´

1

LM (h2,P2)

LM (h1,P2) LM (h1,P1)

LM (h2,P1)

DA(h2)

P1 > P2 h1 < h2

P

Page 40: Apostila de macroeconomia

40

Política Fiscal expansionista: Desloca a curva de Demanda Agregada para direita/cima Política Monetária expansionista: Desloca a curva de Demanda Agregada paralelamente para direita/cima

Y

Y1

i1

P1

i

Y Y2

GY ∆=∆ α LM

DA(G1)

P

IS (G2) IS (G1)

G2 > G1

i2

DA(G2)

Y1 Y2

Y

i1

P1

i

Y

P

M

kY

∆=∆

1LM (M1)

DA(M1)

P

IS

M2 > M1 i2

DA(M2)

LM (M2)

Page 41: Apostila de macroeconomia

41

Incluindo a Oferta Agregada: Caso Keynesiano: A Oferta Agregada é horizontal e, portanto, não haverá efeito deslocamento por conta de variação de preços.

Ex.: Política Fiscal Caso Clássico: Oferta Agregada é vertical e, portanto, o efeito deslocamento por conta de variação de preços é total. Ocorrerá deslocamentos da LM até retornar a um novo equilíbrio com mesmo nível de renda. Ex.: Política Fiscal

Y

Y1

i1

P1

i

Y Y2

GY ∆=∆ α LM

DA(G1)

P

IS (G2) IS (G1)

G2 > G1

i2

DA(G2)

OA

Y

Y1

i1

P1

i

Y Y2

G∆α

LM (P1)

DA(G1)

P

IS (G2) IS (G1) G2 > G1

i2

DA(G2)

OA

P2

LM (P2)

i3

Efeito Deslocamento por conta da variação

dos preços

Efeito Deslocamento por conta da variação dos gastos de Investimento

Page 42: Apostila de macroeconomia

42

Resumo:

Tipo de Política Oferta Agregada Y i P M/P Keynesiana + + 0 0

Política Fiscal expansionista Clássica 0 + + -

Keynesiana + - 0 + Política Monetária expansionista

Clássica 0 0 + 0 Efeito deslocamento: Ex.: Política Fiscal

Y

Y1

i1

P1

i

Y Y2

G∆α

LM (P1)

DA(G1)

P

IS (G2) IS (G1)

G2 > G1

i2

DA(G2)

OA

P2

LM (P2)

i3

Efeito Deslocamento por conta da variação

dos preços

Efeito Deslocamento por conta da variação dos gastos de Investimento

Page 43: Apostila de macroeconomia

43

Dornbusch & Fischer

Capítulo 8 – Consumo e Poupança Função consumo: dcYCC += (1) Onde, 0 < c < 1 é a propensão marginal a consumir; C é o consumo autônomo e dY é a renda disponível. Se plotarmos a razão consumo/renda disponível veremos que varia bastante em torno de um valor médio representado por c. Descreveremos duas teorias que tentam explicar porque esta razão varia muito, baseadas em microfundamentos:

1) Teoria do Ciclo de Vida (Modigliani, 1986) 2) Teoria da Renda Permanente (Friedman, 1976)

I) Teoria do Ciclo de Vida A hipótese por trás da eq. (1) é de os indivíduos seguem um comportamento de consumo com base na sua renda auferida no mesmo período. A hipótese do ciclo de vida, ao contrário, focaliza indivíduos, planejando seu comportamento de consumo e poupança no decorrer de longos períodos com a intenção de alocar seu consumo da melhor maneira possível por toda a sua vida. A poupança é apenas a forma de viabilizar o consumo futuro. Assim, outros fatores

como a estrutura etária da população são determinantes para a decisão entre consumo

e poupança.

cYLaWRC += (2) onde WR é a riqueza real, a é a propensão marginal a consumir da riqueza, YL é a renda do trabalho e c é a propensão marginal a consumir da renda do trabalho. Considere uma pessoa que espera viver por NL anos e trabalhar por WL anos. Ignoremos, a princípio, a incerteza quanto à esperança de vida e da extensão do tempo de serviço. A renda durante a vida é WLYL× O consumidor irá querer distribuir o consumo ao longo de sua vida de maneira a ter um fluxo de consumo quase constante. O consumo será função da renda de toda a vida e não apenas da renda corrente. Supondo, inicialmente, que WR=0,

YLNL

WLC

WLYLNLC

×=

×=× (3)

Page 44: Apostila de macroeconomia

44

Poupança: NL

WLNLYLCYLS

−×=−≡ (4)

Durante a fase de trabalho, ele poupa, para depois durante a aposentadoria ele manter seu padrão de consumo. A poupança durante a fase do trabalho gera um montante de ativos que é máximo em WL. Este montante de ativos gerados deve ser igual ao consumo durante a aposentadoria.

Poupança a cada período: NL

WLNLYLS

−×=

Poupança acumulada em WL períodos: ( ) maxWRWLNLYLNL

WLS =−××=

)(max WLNLCWR −×= (5)

obs.: A teoria do ciclo de vida do consumo é também uma teoria do ciclo de vida da poupança. Suponha agora que 0≠WR (o indivíduo possui ativos, além da renda do trabalho). Imagine que um indivíduo está no período T da sua vida. Seu consumo a partir de T será:

cYLaWRC

YLTNL

TWLWR

TNLC

YLTWLWRTNLC

+=−−

+−

=

×−+=−×

1

)()(

, onde

TWLTNL

TWLc

TNLa

>−−

=

−=

,

1

Ex.: Uma pessoa que começa a trabalhar aos 20 anos, aposentando-se aos 65 e expectativa de vida de 80 anos. WL = 65-20 = 45; NL = 80-20 = 60.

Poupança

Despou-pança

tempo NL

YL

C

WL

WRmax

Ativos

Page 45: Apostila de macroeconomia

45

Sua função consumo aos 40 anos de idade (T = 20):

625,02060

2045

025,02060

1

=−−

=

=−

=

c

a

Supondo YL = 20.000 e WR = 200.000, seu consumo será: C = 17.500

Obs.:

1) O consumo é constante ao longo da vida do consumidor. 2) O gasto com consumo é financiado pela renda da vida mais a riqueza inicial. 3) Durante cada ano uma fração, 1/(NL-T), da riqueza será consumida, onde NL-T

é a esperança de vida do indivíduo.

4) O gasto em consumo corrente depende da riqueza corrente e da renda da vida.

II) Teoria do Consumo da Renda Permanente Evidências: a longo prazo, a razão consumo-renda é muito estável, mas, a curto prazo, ela flutua. Hipótese de Friedman: as pessoas geram seu comportamento de consumo em relação às oportunidades de consumo de longo prazo e não de acordo com o nível de renda corrente.

O consumo deve ser proporcional à renda permanente: cYPC = (6) Def.: Renda Permanente é a taxa constante de consumo que uma pessoa pode manter para o resto de sua vida, dado o nível presente de riqueza e renda ganhos agora e no futuro. O indivíduo deve ser capaz de distinguir quando um aumento de sua renda é permanente ou transitório. O consumo não irá variar por variações de sua renda transitória. Estimando a renda permanente: é uma função do comportamento da renda corrente e passada. Ex.: renda passada mais parte da fração da variação na renda do último ano.

1

11

)1(

10),(

−−

−+=

<<−+=

YYYP

YYYYP

θθ

θθ (7)

é uma média ponderada entre a renda corrente e a passada. Assim, o indivíduo não aumenta imediatamente a renda esperada ou permanente pelo montante completo do aumento real na renda. Considerar apenas a renda corrente e a renda do último ano para estimar a renda permanente é uma grande simplificação. Friedman forma a expectativa observando a renda de vários períodos anteriores.

Page 46: Apostila de macroeconomia

46

θ alto: quando os consumidores acredita mais que as variações na renda são normalmente permanentes. θ baixo: consumidores cuja rendas são muito instáveis, então não prestam muita atenção a variações correntes para a formação da estimativa da renda permanente. Expectativas racionais versus renda permanente: a formação da renda permanente olhando para as rendas passadas não é capaz de incluir todos os fatores que influenciam as crenças das pessoas quanto às rendas futuras. Por exemplo, a descoberta de um novo poço de petróleo aumenta a renda permanente no momento de seu anúncio, que não pode ser captado pela fórmula anterior.

(6) e (7) implicam: 1)1( −−+== YcYccYPC θθ (8)

onde cθ, a propensão marginal a consumir da renda corrente, é menor que c, a propensão marginal a consumir de longo prazo. Isto se deve ao fato de que, dado um aumento na renda corrente, o indivíduo não ajusta totalmente os gastos com consumo ao nível mais alto, o que seria apropriado se o aumento na renda fosse permanente. Se a renda do próximo período for igual a de hoje, então o indivíduo ajuste totalmente o consumo. Obs.: o ajustamento aqui se completa em dois anos somente porque supusemos isso na equação (7).

Suponha, que começamos no equilíbrio de longo prazo com a renda real e permanente igual a Y0, e o consumo portanto igual a cY0. Supondo que no curto prazo a renda sobe para Y’, o indivíduo irá rever sua posição de consumo para o ponto E’. No curto prazo a razão consumo/renda diminui quando nos movemos do ponto E para o ponto E’. Mais um período a frente, permanecendo a renda ao nível de Y’, a função consumo se desloca para cima e o novo equilíbrio será em E”. Novamente o consumidor gasta c da sua renda corrente. A curto prazo tivemos alteração na razão consumo/renda.

As teorias do Ciclo de Vida e Renda Permanente não são excludentes. A primeira define motivos para poupança e a segunda a expectativa de rendas futuras. Pode-se combinar os dois princípios:

C

Y’ Y0 Y

C = cθY + c(1-θ)Y0

C = cθY + c(1-θ)Y’

C = cY : consumo de longo prazo

E E’

E”

c(1-θ)Y0

c(1-θ)Y’

Page 47: Apostila de macroeconomia

47

1)1( −−++= YDbYDbaWRC θθ (9)

YD é a renda do trabalho disponível.

Problemas de Restrição de Liquidez: quando um consumidor não pode pegar emprestado para sustentar o consumo corrente na expectativa de ter uma renda futura mais alta. Isto faz com que as variações do consumo estejam mais proximamente relacionado à renda corrente do que aceita a teoria. Essas restrições à liquidez como por exemplo imperfeições do mercado de capitais que geram impossibilidades de financiamento de empréstimo com base em renda futura é capaz de gerar o “excesso de sensibilidade do consumo em relação à renda”. Isso é uma evidência de que as famílias de baixa renda estejam realmente em restrições de liquidez. Neste sentido, o consumo comporta-se mais como a função de consumo keynesiano simples. Os consumidores devem ser um mix entre consumidores do ciclo de vida e de consumidores keynesianos (Campbell e Mankiw (1989) mostraram que esta proporção está em torno de 50% da população)

Consumo e o Instrumental IS/LM: Duas hipótese surgem:

o o consumo é também uma função da riqueza, além da renda; o a resposta do consumo à inúmeras variações de gastos autônomos pode levar

tempo, uma vez que os indivíduos ajustam gradualmente suas estimativas de renda permanente.

1) Incorporando Riqueza na função consumo:

Se WR está na função consumo, então a curva IS desloca-se por variações da riqueza.

C

Y’ Y0 Y

C = aWR + bθYD + b(1-θ)YD0

C = aWR + bθYD + b(1-θ)YD’

C = aWR + bYD

E E’

E”

aWR + b(1-θ)Y’

aWR

aWR + b(1-θ)Y0

Page 48: Apostila de macroeconomia

48

Suponha que ocorre um aumenta na riqueza (ex.: o mercado de ações tenha aumentado porque alguém está otimista quanto ao fato de que a economia irá se recuperar de uma recessão). Maior riqueza implica maior gasto com consumo e curva IS desloca-se para cima/direita, aumentando a renda e taxa de juros de equilíbrio. Desde que se supôs que o aumento na riqueza resulta de expectativas de uma recuperação econômica, vemos que a expectativa se auto-realizou.

2) Dinâmica de Ajustamento O lento ajustamento do consumo, a uma dada variação na renda disponível, irá significar que a renda por si mesma ajusta-se lentamente a qualquer dado deslocamento no gasto autônomo que não é primeiramente reconhecido como permanente. Suponha que as pessoas não sabem, a princípio, se o deslocamento na demanda autônoma é permanente ou transitório. Elas deverão esperar passar mais de um período para saber isso. Se o multiplicador dos gastos autônomos de longo prazo é 1/(1-c), no curto prazo é apenas 1/(1-cθ).

IS

IS’

LM

Y

i

IS

IS’

LM

Y

i

IS”

Ac∆

−1

1

Ac

∆− θ1

1

E

E’

E”

Y Y” Y’

i

i’

i”

Page 49: Apostila de macroeconomia

49

Suponha que a economia esteja inicialmente equilibrada no ponto E. Ocorrendo um aumento na demanda agregada, no longo prazo a curva IS deslocaria para IS’. Contudo, a curto prazo, a propensão marginal a consumir é menor, e o multiplicador também será menor, deslocando a curva IS somente para IS”. No período posterior a curva IS desloca-se novamente, mas não completamente até IS’. Os consumidores ajustaram sua estimativa de renda permanente para cima, mas ainda não o fizeram totalmente para Y’, porque a renda no período anterior foi somente Y” e não Y’. Temos um multiplicador dinâmico da renda.

Page 50: Apostila de macroeconomia

50

Dornbusch & Fischer

Capítulo 9 – Gastos de Investimento

Evidência: O Investimento flutua mais que o consumo

Motivação: 1) ciclo de negócios; 2) determinante do crescimento econômico; 3) indicador de produtividade.

Def.:

• Investimento (I) = gasto destinado ao aumento ou à manutenção do estoque de Capital.

• Estoque de Capital (K) = montante de fábricas, máquinas, equipamentos, móveis, bens duráveis usados no processo de produção.

• Investimento pode ser: capital fixo, construção civil (residências) ou estoques.

Equação de movimento de Capital: IKK +−= −1)1( δ , onde I é Investimento Bruto, δ é a taxa de depreciação do capital.

i. Investimento em Estoques:

Estoque = matérias-primas, bens no processo de produção e bens completos não vendidos.

Motivação para constituir estoques:

• Venda futura

• Custo de produção é menor para aquisição em quantidades maiores de matérias-primas

• Regularizar produção (suavizar sazonalidade de venda)

O Estoque pode ser antecipado (desejado) ou não antecipado (não desejado)

O Investimento em estoque flutua substancialmente no ciclo de negócio.

ii. Investimento em Capital Fixo:

• K

YPMgK

∆∆

= = variação do produto por unidade de variação da quantidade de

capital empregada na produção.

Page 51: Apostila de macroeconomia

51

• Custo de utilização do Capital (rc): ao se decidir utilizar um montante de capital no processo produtivo, tem-se que comparar a eficiência marginal do capital com a taxa de juros de mercado, uma vez que o investimento requer empregar um montante financeiro próprio ou de terceiro. Se for próprio, tem-se a opção de empregar o recurso no mercado de outros ativos financeiros; se for de terceiro, necessariamente tem-se que tomar empréstimo e pagar uma taxa de juros.

• *K = estoque de capital desejado no processo produtivo

• em equilíbrio, uma empresa competitiva escolhe o montante de estoque de capital a ser utilizada tal que o valor da produtividade marginal do capital seja igual ao custo de utilização deste capital. Se a produtividade marginal for maior que o custo de utilização, então o investimento estará em expansão; se, ao contrário, for menor, então o investimento estará em queda. O equilíbrio ocorre pela igualdade: PMgK = rc (1)

• As empresas querem ter mais capital se tiverem que produzir mais e/ou se for mais barato para usá-lo, de modo que existe uma função g tal que:

),( YrcgK = , onde 0<∂∂rc

K e 0>

∂∂Y

K (2)

O aumento de Y, aumento a produtividade marginal do capital para cada nível de capital. Para o mesmo nível de produção, a produtividade marginal do capital é decrescente pela utilização de mais capital, dado o outro insumo fixo (rendimento decrescente do fator capital).

Como em equilíbrio, a produtividade marginal do capital deve ser igual ao custo de utilização do capital, segue-se:

K

PMgK

PMgK2

PMgK1

YY1

YY2

K0

K

Custo de Utilização do capital

rc

YY1

YY2

K1* K2

*

Page 52: Apostila de macroeconomia

52

dado o nível de produção Y1, a empresa vai querer usar mais capital quanto menor for o custo de sua utilização. Dado o custo de utilização do capital, a empresa vai querer usar mais capital quanto maior for o nível de produção.

Para função do tipo Cobb-Douglas pode-se escrever:

10,),( 1 <<== − γγγ KNKNfY

de modo que: K

YKNPMgK γγ γγ == −− 11 ,

ou seja, rc

YK γ=* (3)

Obs.:

i. δ+= jurosdetxrc . (4)

ii. Taxa de juros pode ser nominal ou real, mas para o cálculo do custo de utilização do capital deve-se usar o conceito de taxa de juros real (descontada a taxa de inflação).

em (4) entra a taxa de juros real. (a empresa toma emprestado para produzir bens para vender no futuro)

δδπ −=+−= rirc e , (5)

onde eπ é a taxa de inflação esperada, r é a taxa de juros real e i é a taxa de juros nominal.

Nota: embora em (5) está apresentada numa forma de soma e subtrações, normalmente se usa o cálculo com números índices e produtos e quocientes. Contudo, para pequenas taxas, a aproximação em (5) é adequada.

)1(

)1)(1()1(

e

irc

πδ

+

++=+

tomando ln de ambos os lados,

)1ln()1ln()1ln()1(

)1)(1(ln)1ln( δπ

πδ

+++−+=+

++=+ e

ei

irc ,

sabe-se que xx ≈+ )1ln( , para pequenos valores de x, de modo que chega-se à (5).

iii. Impostos afetam o custo de utilização do capital

iv. Oscilação no mercado de ações afeta o custo de utilização do capital

Empresas podem financiar o investimento pela venda de ações, ao invés de empréstimos. Assim, um boom no mercado de ações com aumento no preço das ações implica que o custo de emitir ações (capital próprio) é reduzido, tornando menor o custo total do capital.

Diz-se que: “Mercado em alta é bom para o investimento”

Page 53: Apostila de macroeconomia

53

v. Políticas Fiscais e Monetárias afetam o estoque desejado de capital

Políticas fiscais podem ser através de alíquota de imposto (t) ou algum incentivo fiscal sobre o investimento.

Seja a política fiscal: ↑t

↑t ⇒ ↓)1(1

1

tc −−=α ⇒ ↑ inclinação da curva IS ⇒ ↓i, ↓P, ↓Y

como rc

YK γ=* , o sentido de variação do estoque de capital desejado é

ambíguo, pois depende qual variação é maior. Se a redução de i for maior que a redução de P, então há redução de rc, o que estimula a demanda por capital, contudo tem-se um efeito contrário, dada a redução de Y. Logo a resultante não é inequívoca, depende de qual variável é mais elástica à variação de t.

Seja uma Política Monetária expansionista,

↑M/P ⇒ deslocamento da curva LM para direita/baixo ⇒ ↓i, ↑P, ↑Y ⇒ ↓rc ⇒ estimulo à expansão do estoque de capital desejado.

LM

IS

Y

i

Y

P

DA

E

E’

E

E’

IS’

OA

DA’

LM’

Page 54: Apostila de macroeconomia

54

Ajustamento do Estoque de Capital:

Modelo de acelerador flexível ou ajustamento gradual

)( 1*

1 −− −+= KKKK λ (7)

em que 1

1*

−=

KK

KKλ é a velocidade de ajustamento

Seja , I = Investimento Líquido, então 1−−= KKI

Logo, )( 1*

−−= KKI λ (8)

Assim, a fórmula de ajustamento gradual do investimento líquido define que o investimento depende da velocidade de ajustamento e do hiato entre o capital desejado e o realizado ontem.

Resolvendo a equação em diferenças (8), é fácil ver que,

LM

IS

Y

i

Y

P

DA

OA

DA’

LM’

Page 55: Apostila de macroeconomia

55

∑−

=

−−

−+−=

=++−+−+−=

+−+−+−=

+−+−=

+−=

+−=

1

0

*0

**2*10

***20

33

**0

22

*01

*1

)1()1(

)1()1()1(

)1()1()1(

)1()1(

)1(

)1(

t

i

it

t

ttt

t

KKK

KKKKK

KKKKK

KKKK

KKK

KKK

λλλ

λλλλλλ

λλλλλλ

λλλλ

λλ

λλ

Λ

Μ

no limite, resolvendo a p.g. infinita tem-se, **

)1(1KKK =

−−=∞ λ

λ

ou seja, ocorre um ajustamento gradual na direção de K* que depende da distância que nos encontramos no período anterior em relação a esta meta e da velocidade de ajustamento. Se λ=1, o ajustamento é imediato. Se λ está mais distante de 1, então o ajustamento é lento.

Ex.: seja λ=0,5 ⇒ )(5,0 1*

−−= KKI

O investimento líquido é a metade do hiato entre o capital desejado e o realizado ontem. Quanto maior λ, mais rapidamente o hiato é reduzido.

Substituindo (3) em (8) tem-se:

−= −1Krc

YI γλ (9)

O investimento depende da distância ao estoque de capital desejado e de como o mesmo se altera devido às variações da produção e do custo de utilização do capital.

tempo

K

K*

A cada período reduz-se a distância à meta pela metade da distância observada no período anterior

Page 56: Apostila de macroeconomia

56

Análise de Fluxo de Caixa:

Cálculo do retorno do investimento de acordo com as aplicações iniciais e resgates esperados períodos à frente.

Retorno do investimento é a soma do fluxo de caixa.

Modelo de acelerador do investimento:

A taxa de investimento é proporcional à variação da produção da economia.

Suponha que λ=1 (ajustamento completo do estoque de capital ao seu nível esperado em 1 período): K = K*

Razão capital/produto constante: vYK =* (10)

Substituindo (10) em (8) tem-se: )( 1−−= YYvI (11)

De modo que, quando a economia está em recuperação, tem-se I>0 e quando a economia está em recessão, tem-se I<0.

⇒ Investimento flutua consideravelmente

Duas outras explicações porque o investimento flutua muito:

1) expectativas/ incertezas

As decisões do investimento envolvem muita incerteza sobre o futuro próximo e distante. Depende muito do estado de espírito dos investidores.

2) Flexibilidade do cronograma de ajustamento do investimento. O início de um projeto de investimento pode ser atrasado, esperando-se melhores indicadores que dão melhor certeza de retorno do investimento.

30 50

-100

50

1)1(30 r+ 2)1(50 r+ 3)1(50 r+

Page 57: Apostila de macroeconomia

57

3) Investimento Imobiliário

Construção civil (ativos de longa duração, menor depreciação)

SS (oferta de imóveis = volume total de imóveis) é fixo no curto prazo e não pode ajustar rapidamente às variações de preço.

H: estoque de imóveis

PH : preço do imóvel

A curva de demanda por imóveis é negativamente inclinada: quanto maior o preço dos imóveis menor a quantidade demanda.

A curva de demanda por imóveis se desloca:

i) quanto maior a riqueza, maior a demanda por imóveis

ii) quanto menor o retorno de outras formas de retenção de riqueza (títulos), maior a demanda por imóveis;

iii) quanto maior o retorno real líquido pela propriedade de imóveis (aluguel+ utilidade do uso do proprietário – impostos – depreciação – juros de outras aplicações), maior a demanda de H.

O investimento imobiliário é a oferta de novas casas e depende positivamente de PH

Qualquer fator que afeta DD afeta PH e portanto afeta a taxa de investimento imobiliário.

FS : curva de fluxo de oferta imobiliária. É afetada pelo custo de fatores de produção. Se aumentar o custo de fatores de produção desloca-se para esquerda/cima, ou seja, ao mesmo nível de preços menor será a oferta de imóveis novos.

DD0

DD1

H

PH SS

H

PH FS

Page 58: Apostila de macroeconomia

58

Suponha um aumento da taxa de juros para aquisição de imóveis, então DD desloca para baixo e ocorre redução de PH. Isso faz reduzir a taxa de produção de novos imóveis (declínio do investimento imobiliário).

Como o estoque de imóveis é muito maior que a taxa de investimento imobiliário, podemos ignorar os efeitos de novos imóveis sobre o preço dos imóveis, a curto prazo. No longo prazo, SS se desloca um pouco.

Page 59: Apostila de macroeconomia

59

Dornbusch & Fischer

Capítulo 13 – A Oferta Agregada: salários, preços e o emprego No capítulo 7 introduzimos a curva de oferta agregada supondo apenas que existe uma relação positiva entre oferta e preços. Vamos agora derivar tal curva, mostrando as ligações entre os salários, os preços e o emprego, bem como o processo de ajuste aos choques sobre a demanda e oferta agregada. Modelo Neoclássico não-friccional do mercado de trabalho No caso clássico a curva de oferta é vertical: o mercado de trabalho se equilibra continuamente e imediatamente em resposta a choques. Mercado de trabalho: ND: (demanda por trabalho) negativamente inclinada – a quantidade de trabalho demandada é maior quanto menor é o salário real por hora. Supõe-se que a produtividade marginal do trabalho decresce quando mais trabalho é empregado. Sendo competitivas, as firmas estão dispostas a pagar um salário real igual ao valor do produto marginal do trabalho. (Esse resultado surge da hipótese de que existe um montante fixo de capital) NS: (oferta de trabalho) positivamente inclinada – quando os salários aumentam, mais trabalhadores entram na força de trabalho à procura de trabalho. (W/P)*: salário real de equilíbrio N*: nível de emprego de pleno emprego. No modelo imaginário neoclássico não-friccional, ao salário real de equilíbrio, todos que desejam trabalhar a esse salário estão empregados. ⇒ não há desemprego. Desemprego Friccional: é o desemprego que existe como resultado do deslocamento dos indivíduos entre empregos e a procura por novos empregos. Fricções ocorrem no mercado de trabalho porque o mesmo não está parado. Há sempre um fluxo de entrada e saída – pessoas saindo de um emprego para outro, empresas

NS

ND

Trabalho

(W/P)

N*

(W/P)*

Page 60: Apostila de macroeconomia

60

expandindo e outras contraindo. Como tais mudanças carecem de tempo para se concretizarem, sempre haverá o desemprego friccional. Taxa Natural de desemprego (u*): é a taxa de desemprego que surge das fricções do mercado de trabalho que existem quando o mercado de trabalho está equilibrado. (entre 4 a 7% da força de trabalho) Obs.: a existência de algum desemprego não é necessariamente inconsistente com o modelo neoclássico do mercado de trabalho, no qual a economia está sempre no nível de pleno emprego da produção. Fatos: 1) Os dados mostram que a taxa de desemprego flutua bem mais do que é consistente com a idéia de desemprego friccional. 2) Curva de Phillips: (1958, dados para o Reino Unido) relação inversa entre a taxa de desemprego e a taxa de aumento nos salários nominais. Quanto mais alta a taxa de desemprego, mais baixa será a taxa de inflação salarial. Em outras palavras, há um hiato entre a inflação salarial e o desemprego.

Taxa de inflação salarial: 1

1

−−=

W

WWgw (1)

Curva de Phillips: *)( uugw −−= ε (2)

onde ε mede a sensibilidade dos salários em relação ao desemprego. Se *uu > , então os salários nominais estão caindo. Se *uu < , então os salários nominais estão aumentando. Na década de 60 a curva de Phillips começou a ser relacionada também ao trade-off entre inflação e desemprego. Essa relação inversa entre taxa de inflação e nível de desemprego foi uma pedra angular na análise de política macroeconômica, pois sugeria que poderia-se escolher diferentes combinações de desemprego e taxa de inflação.

u* u

1

1

−−=

W

WWg w

Page 61: Apostila de macroeconomia

61

A partir da década de 70 essa crença perdeu importância. Começa a coexistir taxa de inflação elevada com desemprego também elevado (estaginflação). 3) Curva de Phillips (ajuste de Friedman e Phelps): (final da década de 60) A curva de Phillips se desloca ao longo do tempo quando os trabalhadores e as firmas se acostumassem e passassem a esperar pela inflação contínua. (expectativas adaptativas) A longo prazo, a economia se moverá para a taxa natural de desemprego quaisquer que sejam as taxas de inflação e de desemprego. Só existe a curva de Phillips com relação negativa entre desemprego e inflação no curto prazo, pois no longo prazo seria vertical. Hipótese: salários se ajustam mais lentamente ou são rígidos. Os salários são rígidos, ou os ajustes salariais lentos, quando os salários movem-se lentamente ao longo do tempo, em vez de serem completa e imediatamente flexíveis, como forma de alcançar o pleno emprego em cada ponto no tempo. N = nível de emprego N* = nível de pleno emprego u = (N* - N)/N* = taxa de desemprego (fração da força de trabalho de pleno emprego) substituindo u e (1) em (2), temos:

−+=

−−=

*

*1

*

*1

1

1

N

NNW

N

NNWW

ε

ε

(3)

u*

u

1

1

−−

P

PP

LP

Page 62: Apostila de macroeconomia

62

A equação (3) mostra a relação entre salário e emprego, WN. O salário de hoje deve ser o salário que vigorou no período anterior com uma correção com relação ao ajustamento do nível de emprego. Se N=N*, então o salário de hoje é igual ao do período anterior. Se N<N*, então o salário de hoje é menor que o do período anterior. Se N>N*, então o salário de hoje é maior que o do período anterior.1 Obs.: Se o parâmetro ε for grande, o desemprego tem grandes efeitos sobre o salário e a linha WN tem maior inclinação. Assim como a curva de Phillips se movia ao longo do tempo (expectativas adaptivas de Friedman e Phelps, 1967), a curva WN também se desloca. Se N>N*, a curva WN se deslocará para cima no próximo período para WN’. Se N<N*, a curva WN se deslocará para baixo no próximo período para WN”. Sobre a rigidez de salário nominal: os salários são negociados periodicamente, mas não freqüentemente. Existe um custo em negociar e também existe custo de obter

1 Quando N=N*, definiu-se que o desemprego é zero; na realidade existe desemprego friccional mesmo quando a economia está no seu pleno emprego. Estamos implicitamente definindo a taxa de desemprego em relação à taxa natural de desemprego, portanto quando u é positivo, a taxa efetiva de desemprego excede a taxa natural. Cabe ainda ressaltar que o desemprego efetivo pode estar abaixo da taxa natural em função das horas extras trabalhadas.

WN

N* N

W

W-1

WN

N* N

W

WN’

WN”

Page 63: Apostila de macroeconomia

63

informações precisas sobre salários alternativos. Normalmente, as firmas e os trabalhadores reconsideram os salários e os ajustam uma vez por ano. Além disso, nem todos os salários são negociados ao mesmo tempo (datas de dissídio diferem entre setores). No curto prazo os salários sobem ao longo da curva WN CURVA DE OFERTA

I) Função de Produção: Y = F(N,...) Relação entre a quantidade de fatores utilizados (trabalho, capital, terra) e quantidade máxima de produção que pode ser produzida usando-se estes fatores. A relação reflete a eficiência técnica. Y é a produção; N é o fator trabalho. Supõe-se que, a curto prazo, os outros fatores são fixos. F(N,...) exibe retornos decrescentes ao fator trabalho (produção resultante do emprego de uma unidade a mais de trabalho declina quando o volume de trabalho utilizado aumenta, porque os demais insumos são fixos). Para efeito de simplificação consideraremos a função de produção,

Y= aN (4) Onde a é produtividade do trabalho (razão de produção e trabalho empregado = volume de produção por unidade de trabalho empregado). Na eq. (4) está subentendida a hipótese de que a produtividade do trabalho é constante.

II) Custos e Preços: A firma oferece a sua produção a um preços que no mínimo cubra seus custos. A hipótese de competição impedirá que seja cobrado um preço acima de seus custos.

N N*

Y*

Y

Y=F(N,...)

Page 64: Apostila de macroeconomia

64

Pela eq. (4), cada unidade de trabalho produz a unidades de produto. Assim o preço de cada unidade do produto deve ser proporcional a W/a (custo unitário do trabalho). Admitindo ainda a hipótese de que as firmas determinam os preços com um markup, z, sobre os custos do trabalho:

a

WzP )1( += (5)

Juntando a função de produção, eq. (4), com a relação preço-custo, eq. (5) e a curva de Phillips, eq. (3), temos:

−+

+= − *

*1

11

N

NNW

a

zP ε (6)

substituindo a

WzP 1

1 )1( −− += ,

−+= − *

*11

N

NNPP ε (6a)

substituindo N =Y/a

−+= − *

*11

Y

YYPP ε (6b)

definindo *Y

ελ = , temos a curva de oferta agregada, OA,

[ ]*)(11 YYPP −+= − λ (7) Assim como a curva de Phillips se deslocava ao longo do tempo, a curva OA se deslocará. Se Y>Y*, então no próximo período a curva OA se deslocará para cima para OA’. Se Y<Y*, então no próximo período a curva OA se deslocará para baixo para OA”.

Y

OA”

Y*

OA’

OA

P

Page 65: Apostila de macroeconomia

65

Os preços aumentam com o nível de produção porque a produção aumentada implica mais emprego, reduzindo o desemprego, e portanto com custos de trabalho aumentados. As firmas repassam estes aumentos nos salários sobre os preços, e por esta razão os preços sobem com o nível de produção. Propriedades da Curva OA:

a) quanto menor o impacto das variações da produção e do emprego sobre os salários correntes (menor ε ), menor a inclinação de OA. Quanto mais rígidos forem os salários, menos inclinada será OA.

b) A posição da curva de oferta agregada depende do nível passado dos preços. A curva sempre passa no ponto Y=Y*, quando P=P-1.

c) A curva OA desloca-se ao longo do tempo. Se a produção for mantida acima do nível de pleno emprego, Y*, então ao longo do tempo os salários continuam a subir e os aumentos salariais são repassados como aumentos nos preços.

Efeitos de Política Monetária:

Seja 0>∆P

M. Desloca curva de demanda agregada, DA, para direita/cima.

Efeito de Curto Prazo: novo equilíbrio se dá em E’. Aumenta a produção e o nível de preços. Os preços são mais altos porque a expansão produtiva causou um aumento nos salários, que é repassado nos preços. Comparando com o capítulo 7, o resultado é intermediário aos casos extremos, keynesiano e clássico. O valor de λ pode servir para aproximar mais de um que de outro, já que define a inclinação da curva OA.

P

M∆β

DA DA’

Y* Y Y’

OA

E’

E P-1

P’

P

Page 66: Apostila de macroeconomia

66

Efeito de Médio Prazo: E’ não é o fim da história, pois em E’ a produção está acima de Y*. Pela eq. (6), os preços se manterão em ascensão. No segundo período, o preço do período anterior é P’ e portanto a nova curva OA passará pelo ponto (Y*, P’). Com a nova curva OA’ e a demanda agregada DA’, o novo equilíbrio se dá em E”. A produção começa a se reduzir e os preços continuam a subir. Este movimento de deslocamento da curva OA para esquerda/cima continuará ocorrer até que a curva OA intercepte a curva DA’ exatamente sobre o nível de produção Y*. Efeito de Longo Prazo: A curva OA se desloca para esquerda/cima até que intercepte a curva DA’ sobre o nível de produção Y*. Voltamos para o nível de pleno emprego e os preços sobem na mesma proporção que o estoque nominal monetário, de modo que a curva LM (capítulo 5) volta para a mesma posição inicial. A longo prazo, uma vez que os salários e os preços tiveram tempo para se ajustar totalmente, o modelo faz as mesmas previsões que o caso clássico do capítulo 7. A diferença está apenas no processo de ajuste. No caso clássico uma expansão monetária leva imediatamente a um aumento equiproporcional nos preços com nenhuma expansão real. Aqui, tanto a produção como os preços aumentam a curto e a médio prazo, e somente a longo prazo nós realmente alcançamos o caso clássico.

DA DA’

Y* Y Y’

OA

E’

E P0

P’

P OA’

E” P”

DA DA’

Y* Y

OA

E’

E P0

P’

P OA”’

E”’ P”’

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Choques de Oferta: distúrbio para a economia cujo primeiro impacto é deslocar a curva de oferta agregada. Exemplos: choque nos preços do petróleo em 1973-1974 e 1979-1980

1) Incorporando preços das matérias-primas: Modificamos a eq. (5) para a inclusão dos preços das matérias-primas, Pm,

mPa

zWP θ+

+=

)1( (5a)

onde θ indica o requerimento de matérias-primas por unidade de produção. Substituindo na curva de Phillips, eq. (3), temos,

mPN

NNW

a

zP θε +

−+

+= − *

*1

11 (6’)

substituindo 1,1

1 )1( −−

− ++= mPa

WzP θ ,

( ) mm PN

NNPPP θεθ +

−+−= −− *

*11,1 (6a’)

substituindo N =Y/a e definindo *Y

ελ = , temos a curva de oferta agregada, OA,

( )[ ] mm PYYPPP θλθ +−+−= −− *)(11,1 (7’)

obs.: temos a curva OA positivamente inclinada que depende também dos preços das matérias-primas; qualquer aumento no preço das matérias-primas aumenta o nível de preços, deslocando a curva OA para cima.

Seja P

Pp m

m = o preço relativo de matérias-primas. Assim, (5a) pode ser reescrita por,

a

W

p

zP

mθ−+

=1

)1( (5a’)

Dados salários, margem de lucro e a produtividade do trabalho, um aumento no preço real das matérias-primas aumentará os preços simplesmente porque ele aumenta os custos. Representa um deslocamento da curva de oferta agregada para esquerda/cima.

Page 68: Apostila de macroeconomia

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Fazendo as mesmas contas que fizemos acima,

−+

−+

= − *

*1

)1(

11

N

NNW

ap

zP

m

εθ (6”)

substituindo a

W

p

zP

m

1

1,1 1

)1( −

−− −

+=

θ,

−+

−= −

− *

*1

1

1 1,1

N

NN

p

pPP

m

m εθ

θ (6a”)

substituindo N =Y/a, m

m

p

p

θ

θτ

−= −

1

1 1, e

*Y

ελ = , temos a curva de oferta agregada, OA,

[ ]*)(11 YYPP −+= − λτ (7”) onde, um aumento do preço relativo das matérias-primas representa um aumento do parâmetro τ, que desloca a curva OA para cima. Choque de oferta adverso: deslocamento da curva de oferta agregada para cima. Ex.: choque do petróleo ⇒ aumento de Pm O choque do petróleo desloca a curva OA para OA’. O equilíbrio de curto prazo é em E’ com preços mais elevados e nível de produção mais baixo. O desemprego força os salários e o níel de preços para baixo, provocando deslocamentos da OA’, no médio prazo, para baixo até retornar ao equilíbrio inicial em E. Este ajustamento é lento e se dá ao longo da curva DA, com os salários caindo até E ser alcançado. No ponto E, agora o salário nominal (e real) é mais baixo que antes.

DA

Y

OA

DA’

OA’

Y*

P

E

E’

E” Efeitos: produção

mais baixa e preços mais altos.

Page 69: Apostila de macroeconomia

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Dados de 1973-1975: (USA) 1974 1975 Preço real dos combustíveis (1973=100) 122,6 138,8 Deflator do PNB (1973=100) 108,8 118,9 Crescimento do PNB real -0,6% a.a. -1,2% a.a. Variação do salário real -2,8% a.a. -0,8% a.a. Políticas monetária e fiscal acomodativas poderiam deslocar a curva DA para DA’ reduzindo os efeitos do choque de oferta, mas aumentando o impacto inflacionário, em E”. Choque de oferta favorável: deslocamento da curva de oferta agregada para baixo. Ex.: Em 1986, os preços do petróleo baixaram sensivelmente ⇒ redução de Pm Dados de 1986-1989: (OCDE: USA, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá) 1986 1987 1988 1989 Crescimento do PNB real 2,7 3,4 4,1 3,3 Variação do salário real 3,1 3,2 3,6 4,5