apostila de logistica reversa

21
2013 Mateus Oliveira Etec Sales Gomes 10/09/2013 LOGÍSTICA REVERSA

Upload: maoliveira15

Post on 29-Dec-2015

171 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apostila de Logistica Reversa

Mateus Oliveira

Etec Sales Gomes

10/09/2013

2013LOGÍSTICA REVERSA

Page 2: Apostila de Logistica Reversa

LOGÍSTICA REVERSA

INTRODUÇÃO

Logística Reversa é o processo logístico de retirar produtos novos ou usados de seu ponto inicial na cadeia de suprimento, como devoluções de clientes, inventário excedente ou mercadoria obsoleta, e redistribuí-los usando regras de gerenciamento dos materiais que maximizem o valor dos itens no final de sua vida útil original.

CONCEITOS

Uma operação de logística reversa é consideravelmente diferente das operações normais. Devem-se estabelecer pontos de coletas para receber os bens usados do usuário final, ou remover ativos da cadeia de suprimento para que se possa atingir um uso mais eficiente do inventário / material.

Requer sistemas de embalagem e armazenagem que garantam que a maior parte do valor que ainda há no item usado não se perca por um manuseio incorreto. Também requer frequentemente de um meio de transporte que seja compatível com o sistema logístico regular. A disposição dos materiais pode incluir a devolução de bens ao inventário ou armazém, devolução de bens ao fabricante original, venda dos bens num mercado secundário, reciclagem, ou uma combinação que gere o maior valor para os bens em questão.

DEFINIÇÃO

Logística Reversa é um termo bastante geral. No sentido mais amplo, Logística Reversa significa o conjunto das operações relacionadas ao reuso de produtos e materiais. A gestão destas operações pode ser chamada de Gestão de Recuperação de Produtos (PRM - Product Recovery Management). PRM lida com o cuidado com os produtos e materiais depois do seu uso. Algumas destas atividades são, até certo ponto, similares às que ocorrem no caso de devoluções internas de itens defeituosos gerados por processos produtivos. No entanto, a Logística Reversa se refere a todas as atividades logísticas de recolher, desmontar e processar produtos usados, partes de produtos e/ou materiais para garantir uma recuperação sustentável (e benéfica ao meio ambiente).

A Logística Reversa lida com 5 questões básicas:

1. Quais alternativas estão disponíveis para recuperar produtos, partes de produtos e materiais?

2. Quem deve realizar as diversas atividades de recuperação?

3. Como estas atividades devem ser realizadas?

4. É possível integrar as atividades típicas da logística reversa com sistemas de distribuição e produção clássicos?

Page 3: Apostila de Logistica Reversa

5. Quais são os custos e benefícios da logística reversa, do ponto de vista econômico e ambiental?

Page 4: Apostila de Logistica Reversa

PORQUE A LOGÍSTICA REVERSA?

Tradicionalmente, empresas de manufatura não se sentiam responsáveis por seus

produtos depois do uso pelos clientes. A maior parte dos produtos usados era jogada

fora com consideráveis danos ao ambiente. Hoje em dia, consumidores e autoridades

esperam que os fabricantes reduzam o lixo gerado por seus produtos. Isto aumentou

a atenção com o gerenciamento de resíduos. Recentemente, devido a novas leis de

gerenciamento de resíduos, a ênfase se voltou à recuperação, devido aos altos custos

e impactos ambientais do descarte. As principais razões para aderir à logística

reversa são:

1. Leis ambientes que forçam as empresas a receber de volta seus produtos e cuidar

de seu tratamento.

2. Benefícios econômicos de usar produtos devolvidos no processo produtivo, ao invés

de descartá-los.

3. A crescente consciência ambiental dos consumidores.

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

- Qual é o valor agregado por sistemas de rastreamento de produtos?- Qual é o efeito de designs de produtos diferentes e contratos alternativos?- Como podemos gerenciar a informação para reduzir a complexidade?

ECONOMIA EMPRESARIAL

- Qual é a influência do design, estrutura do produto e valor agregado na recuperabilidade do produto?- Quais atividades de recuperação são adequadas para cada produto? (ou seja, quando descartar, reciclar, remanufaturar, reusar ou reparar?)- Quais são as consequências econômicas de curto, médio e longo prazos da Logística Reversa?- Como podemos medir parâmetros qualitativos associados à logística Reversa?

INTEGRAÇÃO

- Quais são as oportunidades e pressões da legislação de gestão de resíduos?- Quais são as tendências regulatórias?- para quais indústrias a logística reversa terá maior importância?

Page 5: Apostila de Logistica Reversa

OPÇÕES DE RECUPERAÇÃO

Reuso direto: envolve produtos que não são reparados ou atualizados, mas são limpos e levados a um estado no qual podem ser reutilizados pelo consumidor.

Reparo: o produto é retornado ao estado funcional após seu conserto. A qualidade do produto reparado é normalmente menor que a do produto novo.

Reciclagem: o produto não mantém sua funcionalidade. O objetivo é usar parte ou a totalidade dos materiais do produto devolvido. Os materiais recuperados podem ser usados nos processos produtivos do produto original ou em outras indústrias.

"Refurbishing": na remodelação o produto é atualizado para que atinja padrões de qualidade e operação similares ao produto original.

Remanufatura: os produtos são completamente desmontados e todos os módulos e partes examinados em detalhe. Peças deterioradas são consertadas ou trocadas. O produto remanufaturado recebe uma avaliação de qualidade e são entregues ao produto sob condições de garantia de produto novo.

A logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Apesar de ser um tema extremamente atual, esse processo já podia ser observado há alguns anos nas indústrias de bebidas, com a reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chegava ao consumidor e retornava ao seu centro produtivo para que sua embalagem fosse reutilizada e voltasse ao consumidor final. Esse processo era contínuo e aparentemente cessou a partir do momento em que as embalagens passaram a ser descartáveis. Contudo, empresas incentivadas pelas Normas ISO 14000 e preocupadas com a gestão ambiental, também conhecida como "logística verde", começaram a reciclar materiais e embalagens descartáveis, como latas de alumínio, garrafas plásticas e caixas de papelão, entre outras, que passaram a se destacar como matéria-prima e deixaram de ser tratadas como lixo. Dessa forma, podemos observar a logística reversa no processo de reciclagem, uma vez que esses materiais retornam a diferentes centros produtivos em forma de matéria prima.

CUSTOS

Segundo LACERDA (in CEL 2000), os processos de logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria nos processos de logística reversa. Também não podemos ignorar os custos que o processo de logística reversa pode acarretar para as empresas, quando não é feito de forma intencional, isto é, na citação acima percebemos que a logística reversa é utilizada em prol da empresa, transformando materiais, que seriam inutilizados, em matéria-prima, reduzindo assim, os custos para a empresa. Acontece que o contrário também pode acontecer, e é o que notamos com mais frequência, isto é, materiais que voltam aos seus centros produtivos devido às falhas na produção, pedidos emitidos em desacordo com aquilo que ocliente queria, troca de embalagens, etc. Este tipo de processo reverso da logística acarreta custos adicionais, muitas vezes altos para as empresas,

Page 6: Apostila de Logistica Reversa

uma vez que processos como armazenagem, separação, conferência e distribuição serão feitos em duplicidade, e assim como os processos, os custos também são duplicados.CONCORRÊNCIA

LACERDA (in CEL 2000) defende que os clientes valorizam empresas que possuem políticas de retorno de produtos, pois isso lhes garante o direito de devolução ou troca de produtos. Este processo envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados, bem como um novo processo no caso de uma nova saída desse mesmo produto. Dessa forma, empresas que possuem um processo de logística reversa, bem gerido tendem a se sobressair no mercado, uma vez que podem atender aos seus clientes de forma melhor e diferenciada de seus concorrentes.

Page 7: Apostila de Logistica Reversa

LOGÍSTICA VERDE E QUESTÕES AMBIENTAIS

Preocupadas com questões ambientais, as empresas estão cada vez mais acompanhando o ciclo de vida de seus produtos. Isto se torna cada vez mais claro quando observamos um crescimento considerável no número de empresas que trabalham com reciclagem de materiais.

Um exemplo dessa preocupação é o projeto Replaneta, que consiste em coleta de latas de alumínio e garrafas PET, para posterior reciclagem, e que tem como bases de sustentação para o sucesso do negócio a automação e uma eficiente operação de logística reversa (MALINVERNI, 2002.). As novas regulamentações ambientais, em especial as referentes aos resíduos, vêm obrigando a logística a operar nos seus cálculos com os "custos e os benefícios externos". E, em função disto, entende-se que a logística verde pode ser vista como um novo paradigma no setor. De acordo com ALCOFORADO (2002), a logística verde ou ecológica age em conjunto com a logística reversa, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos.

LOGÍSTICA REVERSA NO BRASIL

No Brasil ainda não existe nenhuma legislação que abranja esta questão, e por isso o processo de logística reversa está em difusão e ainda não é encarado pelas empresas como um processo "necessário", visto que a maioria das empresas não possui um departamento específico para gerir essa questão; assim, algumas Resoluções são utilizadas, como, por exemplo, a Conama nº258, de 26/08/99, que estabelece que as empresas fabricantes e as importadoras de pneus ficam obrigadas a coletar e a dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis, proporcionalmente às quantidades fabricadas e importadas definidas nesta Resolução, o que praticamente obriga as empresas desse segmento a sustentarem políticas de logística reversa. BARBIERI e DIAS (2002). Este conceito está em constante crescimento no Brasil e no mundo, e fica claro que as empresas, cada vez mais, têm se preocupado em considerar os custos adicionais e as reduções de custos que este processo pode ocasionar.

PRM – Administração da Recuperação de Produtos

O gerenciamento das operações que compõem o fluxo reverso faz parte da Administração da Recuperação de Produtos – Product Recovery Management (PRM). PRM é definida como “o gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou por qualquer outra maneira”. (Thierry et al. APUD Krikke: 1998, p.9). Algumas de suas atividades são, em parte, similares àquelas que ocorrem no caso de devoluções internas de itens defeituosos devido a processos de

Page 8: Apostila de Logistica Reversa

produção não confiáveis. PRM lida com uma série de problemas administrativos, entre os quais se encontra a Logística Reversa. As seis áreas principais do PRM são: (Thierry et al., APUD Krikke: 1998, pp. 11-20).

Tecnologia: nesta área estão incluídos desenho do produto, tecnologia de recuperação e adaptação de processos primários.

Marketing: diz respeito à criação de boas condições de mercado para quem está descartando o produto e para os mercados secundários.

Informação: Diz respeito à previsão de oferta e demanda, assim como à adaptação dos sistemas de informação nas empresas.

Organização: distribui as tarefas operacionais aos vários membros de acordo com sua posição na cadeia de suprimentos e estratégias de negócios.

Finanças: Inclui o financiamento das atividades da cadeia e a avaliação dos fluxos de retorno.

Logística Reversa e Administração de Operações: este é o foco do trabalho e será aprofundado no decorrer.

O objetivo da PRM é a recuperação, tanto quanto possível, de valor, econômico e ecológico, dos produtos, componentes e materiais. Krikke (1998, pp. 33-35) estabelece quatro níveis em que os produtos retornados podem ser recuperados: nível de produto, módulo, partes e material. A reciclagem é a recuperação ao nível de material, sendo este o nível mais baixo.

Diferentes empresas utilizam uma ou mais opções de PRM. Por conseguinte, seu sistema de Logística Reversa deverá ser desenhado de acordo com a (s) opção (ões) de PRM utilizadas. O correto planejamento e organização da Logística Reversa são fundamentais para o bom andamento do PRM.

IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA

Lambert et al (1998, págs. 13-19) relacionam as seguintes atividades como parte da administração logística em uma empresa: serviço ao cliente, processamento de pedidos, comunicações de distribuição, controle de inventário, previsão de demanda, tráfego e transporte, armazenagem e estocagem, localização de fábrica e armazéns/depósitos, movimentação de materiais, suprimentos, suporte de peças de reposição e serviços, embalagem, reaproveitamento e remoço de refugo e administração de devoluções. De todas estas atividades, fazem parte diretamente da logística reversa o reaproveitamento e remoço de refugo e a administração de devoluções.

Reaproveitamento e remoção de refugo estudam e gerencia o modo como os subprodutos do processo produtivo serão descartados ou reincorporados ao processo. Devido a legislações ambientais cada vez mais rígidas, a responsabilidade do fabricante sobre o produto está se ampliando. Além do refugo gerado em seu próprio processo produtivo, o fabricante esta sendo responsabilizado pelo produto até o final de sua vida útil. Isto tem ampliado uma atividade que até então era restrita a suas premissas.

Tradicionalmente, os fabricantes não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo. A maioria dos produtos usados é jogada fora ou incinerados com consideráveis danos ao meio ambiente. Atualmente, legislações mais severas e a maior consciência do consumidor sobre danos ao meio ambiente estão levando as empresas a repensarem sua responsabilidade sobre seus produtos após o uso. A

Page 9: Apostila de Logistica Reversa

Europa, particularmente a Alemanha, é pioneira na legislação sobre o descarte de produtos consumidos. (Rogers e Tibben-Lembke, 1999). Administração de devoluções (que é chamada de Logística Reversa por Lambert et al) envolve o retorno dos produtos à empresa vendedora por motivo de defeito, excesso, recebimento de itens incorretos ou outras razões. (Lambert et al, 1998, p.19).

Este trabalho considera como Logística Reversa as duas atividades descritas acima (Reaproveitamento e remoço de refugo e Administração de devoluções) e não apenas a segunda, como em Lambert et al (1998). Várias pesquisas e trabalhos mostram a importância de se prestar atenção a este lado da logística. Caldwell (1999) entrevistou várias empresas e mostrou como um pequeno investimento no gerenciamento da Logística Reversa resulta em economias substanciais. Ele cita um executivo da Sears que diz: “A Logística Reversa é a última fronteira em redução de custos”.

O maior problema apontado por Caldwell (1999) é a falta de sistemas informatizados que permitam a integração da Logística Reversa ao fluxo normal de distribuição. Por esta razão, muitas empresas desenvolvem sistemas proprietários ou terceirizam este setor para firmas especializadas, mais capacitadas a lidar com o processo.

Todos os autores pesquisados mostram as economias relacionadas ao bom gerenciamento da Logística Reversa. Rogers e Tibben-Lembke(1999) pesquisaram uma empresa varejista que obtinha 25% de seuslucros derivados de um melhor gerenciamento de sua LogísticaReversa. Caldwell (1999), entre outros casos, cita textualmente aempresa Esteé Lauder Corporation que conseguiu uma economia deUS$ 30 milhões em produtos que ela deixou de jogar fora (cinqüentapor cento do volume anterior) com a implementaço de sua LogísticaReversa. (O desenvolvimento do sistema proprietário custou US$ 1,3milhão, recuperado já no primeiro ano apenas com a economia emmão-de-obra que lidava com as devoluçes de produtos). Outrosautores (Terry, 2000; Quinn, 2001) também falam de grandeseconomias de custos nas empresas que implementaram o controle dofluxoreverso.Não existem dados precisos sobre o valor que os custos com LogísticaReversa representam na economia do Brasil. Levando-se em conta asestimativas para o mercado americano e extrapolando-as para oBrasil, os custos com Logística Reversa representamaproximadamente 4% dos custos totais de Logística, que de acordocom a Associaço Brasileira de Movimentaço e Logística foi de US$153 bilhões em 1998.1 Estes números tendem a crescer, à medidaque as atividades com Logística Reversa aumentem entre asempresas.Apesar de muitas empresas saberem da importância que o fluxoreverso tem, a maioria delas tem dificuldades ou desinteresse emimplementar o gerenciamento da Logística Reversa. A falta desistemas informatizados que se integrem ao sistema existente delogística tradicional (Caldwell, 1999), a dificuldade em medir oimpacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com o conseqüentedesconhecimento da necessidade de controlá-lo (Rogers e Tibben-Lembke, 1999), o fato de que o fluxo reverso não representareceitas, mas custos e como tal recebem pouca ou nenhuma

Page 10: Apostila de Logistica Reversa

prioridade nas empresas (Quinn, 2001), são algumas das razõesapontadas para a não implementaço da Logística Reversa nasempresas.Por exemplo, o desempenho que as empresas no ramo deengarrafamento de bebidas com vasilhames e engradados retornáveisse beneficiam enormemente de uma boa Logística Reversa. Caldwellrelata grandes economias incorridas por uma engarrafadora de Coca-Cola, no México, após a implementaço de um sistema de

Page 11: Apostila de Logistica Reversa

gerenciamento da Logística Reversa. Estes ganhos se deram desdeuma melhor coordenaço entre promoçes e picos esperados noretorno de vasilhames, reduzindo a necessidade de produço denovos vasilhames, até a reduço na produço de garrafas plásticasnão-retornáveis, aproveitando o maior controle sobre os vasilhamesretornáveis e que já haviam sido pagos. No caso do Brasil areciclagem das embalagens de alumínio vem gerando excelentesresultados do ponto de vista ecológico e financeiro, já que estádiminuindo consideravelmente os volumes importados de matériasprimas, colocando a indústria deste setor entre os maioresrecicladores de alumínio do mundoLambert et al (1998, pp. 28-30) apontam a logística desempenhandoimportante papel no Planejamento Estratégico e como Arma deMarketing nas empresas. Empresas com um bom sistema logísticoconseguiram uma grande vantagem competitiva sobre aquelas quenão o possuem. Sua grande contribuiço é na ampliação do serviçoao cliente, satisfazendo exigências e expectativas. Os autorespesquisados são unânimes em colocar a Logística Reversa como partefundamental do sistema logístico das empresas. Não se concebe maisum sistema logístico completo se esta atividade não estiverincorporadaaele.O que se percebe é que é apenas uma questão de tempo até que aLogística Reversa ocupe posiço de destaque nas empresas. Asempresas que forem mais rápidas terão uma maior vantagemcompetitiva sobre as que demorarem a implementar o gerenciamentodo fluxo reverso, vantagem que pode ser traduzida em custosmenores ou melhora no serviço ao consumidor.Uma integraço dacadeia de suprimentos também se fará necessária. O fluxo reverso deprodutos deverá ser considerado na coordenaço logística entre asempresas.

Page 12: Apostila de Logistica Reversa

Processos e fluxos logísticos reversos

Como já foi referido anteriormente, a logística reversa aplica-se atodos os fluxos físicos inversos, isto é, do ponto de consumo até àorigem ou deposiço em local seguro de embalagens, produtos emfim de vida, devoluçes, etc, tendo as mais variadas áreas deaplicaço, como por exemplo: componentes para a indústriaautomóvel;vendas por catálogo; frigoríficos, máquinas de lavar eoutros eletrodomésticos; computadores, impressoras efotocopiadoras; embalagens; pilhas; baterias; revistas, jornais elivros;Estes fluxos físicos de sentido inverso, estão ligados às novasindústrias de reaproveitamento de produtos ou materiais em fim deciclo de vida, tais como: desperdícios e detritos, transformaço decertos tipos de lixo, produtos deteriorados ou objeto de reclamaço econsequente devoluço, retorno de embalagens utilizadas e a

Page 13: Apostila de Logistica Reversa

reciclar, veículos e outros tipo de equipamentos em fim de vida.

Os dois sistemas, logística direta ou forward e logística inversa oureverse, integram e acrescentam valor à cadeia de abastecimentocom o ciclo completo, e para poderem sobreviver devem ser de certomodo competitivos, minimizando os custos de transporte, na medidado possível, optimizando os veículos no retorno, com o transporte dedevoluçes, material para reciclar, desperdícios e produtosdeteriorados, permitindo rentabilizar e optimizar o transporte,minimizando os respectivos custos.

Logística Reversa: Motivos e Causas

De acordo com o grupo RevLog (um grupo de trabalho internacionalpara o estudo da Logística Reversa, envolvendo pesquisadores devárias Universidades em todo o mundo e sob a coordenaço daErasmus University Rotterdam, na Holanda), as principais razões quelevam as firmas a atuarem mais fortemente na Logística Reversa são:(1)Legislaço Ambiental, que força as empresas a retornarem seusprodutos e cuidar do tratamento necessário;(2)Benefícios econômicos do uso de produtos que retornam aoprocesso de produção, ao invés dos altos custos do correto descartedo

lixo;(3)A crescente conscientizaço ambiental dos consumidores.Além destas razões, Rogers e Tibben-Lembke (1999) ainda apontammotivos estratégicos, tais como:(1)Razões competitivas – Diferenciaço por serviço;(2)Limpeza do canal de distribuição;(3)Proteço de Margem de Lucro;(4)Recaptura de valor e recuperaço de ativos.Quaisquer que sejam os motivos que levam uma empresa qualquer ase preocupar com o retorno de seus produtos e/ou materiais e atentar administrar este fluxo de maneira científica, isto é a prática deLogística Reversa. De acordo com Bowersox et al (1986, p. 15-16) oprocesso logístico é visto como um sistema que liga a empresa aoconsumidor e seus fornecedores. (Figura 1). O processo logístico éapresentado em termos de dois esforços inter-relacionados: o Fluxode Estoques de Valor Adicionado e as Necessidades de Fluxo deInformaçes.Apesar do planejamento logístico, muitas vezes, priorizar apenas oestudo do fluxo de produtos no sentido Empresa-Cliente, Bowersox etal. (1986) coloca a importância de também olharmos o fluxo reverso.Quer seja devido a 'recalls' efetuados pela própria empresa,vencimento de produtos, responsabilidade pelo correto descarte deprodutos perigosos após seu uso, produtos defeituosos e devolvidospara troca, desistência da compra por parte do cliente ou legislação,o fato é que o fluxo reverso é um fator comum.

Page 14: Apostila de Logistica Reversa

“A Logística Reversa não serve necessariamente para aprimorar aprodutividade logística. No entanto, o movimento reverso éjustificado sobre uma base social e deve ser acomodado noplanejamento do sistema logístico. [...]. O ponto importante é que aestratégia logística não poderá ser formulada sem uma consideraçocuidadosa dos requerimentos da logística reversa”. (Bowersox et al,1986,

p. 16).

Em termos logísticos, quando adicionamos o sistema de logísticareversa ao fluxo de saída de mercadorias, temos uma Cadeia deSuprimentos Integral. (Krikke, 1998, p. 1). A Cadeia de SuprimentosIntegral (CSI) é baseada no conceito de ciclo de vida do produto.Durante seu ciclo de vida, o produto percorre a sua cadeia desuprimentos normal. O que é acrescentado na CSI são as etapas dedescarte, recuperação e reaplicaço, permitindo a reentrada do fluxode material na cadeia de suprimentos. (Krikke, 1998, p. 4). A Figura2 nos mostra os laços no Ciclo de Vida de recuperaço para afabricaço de bens duráveis. (Ferrer, APUD Krikke: 1998, p.10).Um planejamento de Logística Reversa envolve praticamente osmesmos elementos de um plano logístico convencional: nível deserviço, armazenagem, transporte, nível de estoques, fluxo demateriais e sistema de informaçes.O nível de serviços faz parte da estratégia global da empresa. Secomo arma de vendas está incluído algo como “satisfaço garantidaou seu dinheiro de volta” ou “garantia de troca em caso de defeito”, osistema logístico tem que estar preparado para o fluxo reverso equalquer falha pode arriscar toda a imagem da companhia. Uma vezdeterminado o volume e as características do fluxo reverso, deve-seestabelecer os locais de armazenagem, os níveis de estoque, o tipode transporte a ser utilizado e em que fase se dará a reentrada nofluxo normal do produto.Bowersox et al (1986, p. 267) estabelece que “o objetivoadministrativo fundamental é obter integraço de todos oscomponentes no sistema logístico”. Esta integraço deverá serbuscada em três níveis: primeiro, a integraço dos componentes dasáreas de distribuiço física, suporte a manufatura e compras em umabase de custo total. Depois, estas três áreas têm que sercoordenadas em um esforço logístico único. E, finalmente, a políticade logística da empresa tem que ser consistente com os objetivosglobais e dar apoio às outras áreas no busca destes objetivos. Comointegrar a Logística Reversa na política logística da empresa é hojeum dos grandes desafios do Administrador Logístico.As diferenças entre os sistemas de logística com fluxo normal e aLogística Reversa são quatro, de acordo com Krikke (1998).“A primeira diferença é que a logística tradicional à frente é umsistema onde os produtos são puxados (“pull system”), enquanto quena Logística Reversa existe uma combinaço entre puxar e empurrar

Page 15: Apostila de Logistica Reversa

os produtos pela cadeia de suprimentos.[...] Como resultado de umalegislaço mais restritiva e a maior responsabilidade do produtor, naLogística Reversa, a quantidade de lixo produzido (e a distinço entreo que é reciclável do que é lixo indesejado) não pode ser influenciadapelo produtor e deverá ser igualada à demanda de produtos, já que aquantidade de descarte já é limitada em muitos países.“Em segundo lugar, os fluxos tradicionais de logística sãobasicamente divergentes, enquanto que os fluxos reversos podem serfortemente convergentes e divergentes ao mesmo tempo.“Terceiro, os fluxos de retorno seguem um diagrama deprocessamento pré-definido, no qual produtos descartados sãotransformados em produtos secundários, componentes e materiais.No fluxo normal, esta transformaço acontece em uma unidade deproduço, que serve como fornecedora da rede.“Por último, na Logística Reversa, os processos de transformaçotendem a ser incorporados na rede de distribuiço, cobrindo todo oprocesso de ‘produço’, da oferta (descarte) à demanda(reutilizaço)”. Krikke (1998, p. 154).Um outro ponto importante é que fluxos reversos estão envoltos emum nível de incerteza considerável. Ao se definir um sistema deLogística Reversa, a incerteza sobre quantidade e qualidade se tornabastante

relevante.Todos estes fatores nos levam a concluir que um sistema de LogísticaReversa, embora envolva os mesmos elementos básicos de umsistema logístico tradicional, deve ser planejado e executado emseparado e como atividade independente. Alguns autores (Rogers eTibben-Lembke: 1999) (Kim: 2001) discutem sobre as vantagens dese terceirizar esta área da empresa. Mas, terceirizando-se ou não, oque a maioria dos autores acredita é que as equipes responsáveispela logística tradicional e pela Logística Reversa devem serindependentes, já que as características dos fluxos com os quais elaslidam são bastante diferentes.Lacerda (2002) aponta seis fatores críticos que influenciam aeficiência do processo de logística reversa. Estes fatores são: a) Bonscontroles de entrada; b) Processos mapeados e formalizados; c)Tempo de ciclo reduzidos; d) Sistemas de informaço; e) Redelogística planejada; e f) Relaçes colaborativas entre clientes efornecedores.Quanto mais ajustados estes fatores, melhor odesempenho do sistema logístico. Os autores acreditam que, devidoao processo de globalizaço, onde multinacionais adotam políticascomuns para todas suas filiais e os governos tendem a adotarlegislaçes ambientais mais rigorosas em todos os países, em poucotempo, as mesmas práticas ambientais adotadas na Europa serãoimplementadas no Brasil. Fora isto, temos um Código do Consumidorbastante rigoroso que permite ao consumidor desistir e retornar suacompra em um prazo de sete dias, define maiores responsabilidadesdas empresas por produtos fabricados e/ou comercializados por elase estabelece normas para os recalls. Nosso consumidor tem-se

Page 16: Apostila de Logistica Reversa

tornado também bastante consciente de seus direitos e dasresponsabilidades ambientais das empresas. Além de tudo isto, váriasempresas (tanto varejistas como fabricantes), por razõescompetitivas, estão adotando políticas de devoluço de produtos maisliberais. Temos também o reaproveitamento de materiais pelasempresas para reduço de custos. Tudo isto, aumenta o fluxo reversodos produtos e/ou materiais no canal de distribuiço.Em um estudo recente, Silva e Fleury (2000) constataram aintegraço da cadeia de suprimento das empresas do setor dealimentos e bebidas, com a crescente coordenaço das operaçeslogísticas (Figura 3). Esta integraço tem sido vista como uma dasmaiores oportunidades para obtenção de ganhos de produtividadepelas empresas. Neste estudo, os autores visaram observar o grau deorganizaço logística existente entre as empresas participantes destesetor. Constataram que quanto maior o grau de organizaço, maior aflexibilidade logística nas empresas. Neste aspecto, as empresasindustriais possuem superioridade sobre as comerciais. Maiorflexibilidade significa melhores condiçes de competitividade. Esteestudo, no entanto, tratou apenas do aspecto normal da Logística,i.e., a consideraço do fluxo de saída de produtos e/ou mercadorias.

CONCLUSÃO

Na verdade, todas as empresas trabalham com o conceito de logísticareversa, porém nem todas encaram esse processo como parteintegrante e necessária para o bom andamento ou para o aumentonos custos das empresas. Apenas utilizam o processo e nãodispensem maior importância e nem investem em pesquisas para omesmo. Uma empresa que recebe um produto como fruto dedevoluço por qualquer motivo já está aplicando conceitos delogística reversa, bem como aquela que compra materiais recicláveispara transformá-los em matéria-prima novamente. Esse interessanteprocesso pode ser visto pelas empresas com enfoques diferentes, ouseja, para algumas, esse processo trará benefícios diversos, acomeçar pela reduço de custos, enquanto que para outras pode serum grande problema, pois representa custos que precisam sercontrolados. No segundo caso, observamos que, nas empresas ondeo processo de logística reversa representa custos, existe uma grandepreocupaço com o processo, para que ele seja extremamentecontrolado, a fim de que esses custos sejam reduzidos, uma vez quea extinço do processo de logística reversa numa empresa épraticamente impossível.

Page 17: Apostila de Logistica Reversa

BIBLIOGRAFIA

http://www.logweb.com.br/artigos/arquivo/art0001703.htm

LACERDA, Leonardo. Logística Reversa, uma visão sobre os conceitosbásicos e as práticas operacionais. Centro de Estudos em Logística -COPPEAD - UFRJ - 2202. www.cel.coppead.efrj.br

MALINVERNI, Cláudia. Tomra Latasa: A logística da reciclagem.Revista Tecnologística, São Paulo, Ano VIII, nº. 80. Julho 2002.

BARBIERI, José Carlos., DIAS, Marcio. Logística Reversa comoinstrumento de programas de produço e consumo sustentáveis.Revista Tecnologística, São Paulo, Ano VI, nº. 77. Abril 2002.

FLUXO DE UM PROCESSO DE LOGÍSTICA REVESA

Prof. Barreto/2010Obs. Esta Apostila foi criada para o Desenvolvimento e Complementaçãodas aulas do técnico em Logística e para Questões de Revisão..

Page 18: Apostila de Logistica Reversa

ANEXO - QUESTÕES PARA REVISÃO DO TEMA LOGÍSTICA REVERSA

1. O que significa Logística Reversa?2. Qual a preocupação da Logística Reversa?3. Por que a Logística Reversa é considerada diferente das operações

normais?4. Quais são as opções de recuperação na Logística Reversa?5. Quais são os retornos de recuperação na Logística Reversa?6. Qual o objetivo da reciclagem?7. O que é Reuso Direto?8. Entre as concorrências das empresas, quais os clientes (segundoLacerda) valorizam mais?9. Em que consiste o Projeto Planeta?10. Em que sentido a Logística Verde age em conjunto com a Logística

Reversa?

1. Por que a Logística Reversa ainda não é encarada como um processo“necessário” ?

2. Qual resolução as empresa de pneus devem obter?3. Qual é a definição de P.R.M.?4. Qual o objetivo da P.R.M.?5. Quais são as atividades que fazem parte diretamente da Logística

Reversa?6. O que dizia um alto executivo da Sears em relação à Logística

Reversa?7. O que a gerencia diz sobre o reaproveitamento e a remoção de

refugos?8. Em que estão ligados os fluxos físicos de sentido inverso?9. Quais são os fatores críticos que influenciam a eficiência de processo

de Logística Reversa?10. O que o pesquisador “Caldwel” aponta no texto como problema em

uma empresa?

1. O que as empresas conseguiram com o Sistema Logístico?2. Quais são os dois Processos Logísticos de inter-relacionado?3. Quais são as principais razões que levam as empresas a atuarem mais

fortemente na Logística Reversa?4. Qual o ponto importante no Planejamento do Sistema Logístico?5. No que é baseada a Cadeia de Suprimentos Integral (C.S.I.) ?6. O que é acrescentado na C.S.I.?7. O que envolve um Planejamento de Logística Reversa?8. No que a maioria de pesquisadores e autores da Logística Reversaacreditam ?9. Quais são os três níveis da Integração no sistema Logístico?10. Quais as diferenças entre os sistemas de Logística em fluxo normal e a

Logística Reversa?