apostila de lÍngua portuguesa - impacto

18
Ficha 1 Ficha 2 Ficha 3 Ficha 4 Ficha 5 Frente 3 Frente 2 Frente 1 Ortografia Atualização I 2 Noções sobre a Lin- guagem, Texto e Discurso 14 Variação Linguística I 24 Ortografia Atualização II 6 Linguagem Verbal e Não Verbal 16 Variação Linguística II 26 Relações Lógico-Semân- ticas I 8 Funções de Linguagem I 18 Variação Linguística III 28 Relações Lógico-Semân- ticas II 10 Funções de Linguagem II 20 Níveis de Linguagem 30 Relações Lógico-Semân- ticas III 12 Relações Intertextuais 22 Variação Linguística e a In- tencionalidade Discursiva 32

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Page 1: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

Fic

ha 1

Fic

ha 2

Fic

ha 3

Fic

ha 4

Fic

ha 5

Frente 3Frente 2Frente 1OrtografiaAtualização I

2

Noções sobre a Lin-guagem, Texto e Discurso

14

Variação Linguística I

24

OrtografiaAtualização II

6

Linguagem Verbal e Não Verbal

16

Variação Linguística II

26Relações Lógico-Semân-ticas I

8

Funções de Linguagem I

18

Variação Linguística III

28

Relações Lógico-Semân-ticas II

10

Funções de Linguagem II

20

Níveis de Linguagem

30Relações Lógico-Semân-ticas III

12

Relações Intertextuais

22Variação Linguística e a In-tencionalidade Discursiva

32

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2 3 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

OrtOgrafia

atualizaçãO OAcordoOrtográfico foipensadoparauniformizaragrafiadecertaspalavrasentreospaísesfalantesdeLínguaPortuguesaevisafacilitarocomérciodelivroseoutraspublicaçõesentreestespaíses.Comoéapenasortográfico,elenãoproduzalteraçõessignificativasnalíngua,poisnãointerfereemsuaestrutura,ouseja,emsuasintaxe.

1. aCOrDO OrtOgrÁfiCO

2. O uSO DO trEMa

Vejamosagoraasprincipaisalteraçõesocorridasnagrafia.

4. MuDaNçaS COM O uSO DO aCENtO aguDO

O trema deixa de ser utilizado nagrafiadepalavras.

VEJAMOS AS OUTRAS REGRAS.

AS LETRAS K, W e Y VOLTAM PARA O

ALFABETO.

NA BOA, MAS ACHO QUE ESSE POVO DA REFORMA TÁ

COMPLETAMENTE

DESINFORMADO.

VIRA E MEXE USO

PALAVRAS COM

ESSAS LETRAS..

EXEMPLO:

“GARÇOM, UM

WHISKY. POR

FAVOR”.

frente ficha

01 01

BOM, VEJAMOS AS NOVAS REGRAS.

NOSSA!!!QUE COISA...TÔ BESTA!!!

SABIA QUE “LINGUIÇA” TINHA

TREMA.

O TREMA NÃO SERÁ MAIS

USADO. EXEMPLO: “LINGÜIÇA”

PERDE O TREMA E FICA “LINGUIÇA”.

VEJAMOS O QUE MAIS MUDA NESSE ACORDO.

ACENTO AGUDODESAPARECE NOS DI-

TONGOS ABERTOS “EI” E “OI “ DAS PALAVRAS

PAROXÍTONAS.

CERTO... CERTO...A REGRA PARECE

BEM SIMPLES.

SÓ FALTA TU ACHAR AQUI NESSA JOÇA, QUE DIACHO

SIGNIFICA ISSO DE “DI-TONGO” E “PAROXÍTONA”.

Ñ KERO K MXAM NA MNHA LNGUA, OK BRZUKAS ?

AsletrasK,WeYvoltamparaoalfabeto.

VEJAMOS AS OUTRAS REGRAS. AS LETRAS K, W e Y VOLTAM PARA O

ALFABETO.

NA BOA, MAS ACHO QUE ESSE POVO DA RE-FORMA TÁ COMPLETA-MENTE DESINFORMADO

VIRA E MEXE USO PALAVRAS COM ESSAS

LETRAS.

EXEMPLO: “GAR-ÇON UM WHISKY,

POR FAVOR.

3. MuDaNçaS NO alfaBEtO

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4 5 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

aCOrDO OrtOgrÁfiCO

5. MuDaNça COM O uSO DO aCENtO CirCuNflEXO

Aplicações no Caderno de Exercícios

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa trazalteraçõessignificativasnaacentuaçãodealgumaspalavras,extingueousodotrema,epadronizaautilizaçãodohífen. NoBrasil,primeiropaísdaCPLP (ComunidadedePaísesdeLínguaPortuguesa)aadotaroficialmenteanovagrafia que entrou em vigor no dia 1º de 2009, a reformaortográficadeveprovocarmudançasemcercade0,5%daspalavras. Nos demais países --Portugal, Cabo Verde, SãoTomé e Príncipe, Angola,Moçambique, Guiné-Bissau e Ti-mor-Leste amudançadeveatingir aproximadamente1,6%daspalavras. Parafacilitaratransição,oMEC(MinistériodaEdu-cação),estipulouqueasinstituiçõesdeensinofundamentaltêmentre2010e2012paraseadequar,enquantonoensinomédioamudançaentreemvigorapartirde2012.Nestepe-ríodo,osalunosdeverãoconvivercomaduplagrafia.Apar-tirdejaneirode2013,serãocorretasapenasasnovasgrafias.

aCOrDO OrtOgrÁfiCO Da lÍNgua POrtuguESa

Desapareceoacentocircunflexonosencontros de vogais oo e ee

4

Inclui-se o hifen em palavras derivadas por prefixação, quando o prefixo termina com uma vogal igual a vogal inicial do outro elemento.

antiinflamatório viraanti-inflamatório

microondas viramicro-ondas

Pára-quedas viraparaquedas

contra-regra viracontraregraauto-escola viraautoescola

vôo vira voolêem vira leem

Elimina-se o hifen em palavras com-postas cuja noção de composição seperdeu.

Elimina-se o hifen por palavras derivadaspor prefixação, quando o prefixo terminaremvogaleooutroelementocomeçarporconsoante (exceto ob) ou então por umavogaldiferente.

Desaparece o acento agudo nos di-tongos aberto ei, oi, eu daspalavrasparoxítonas.

1 5

6

2

7

3 Caiotrema

Cai o assento que diferencia algumaspalavrasescritasdeformaigual.

(doverboparar,na terceirapessoadosingular,nopresentedoindicativo)vira

(Substantivo)vira

algumasmudançasdo acordoOrtográfico

1

idéia vira ideiaparanóico vira paranoico

VaMOS rECaPitular !!

NOVaS rEgraS EXEMPlO

SaiBa O QuE MuDa Na lÍNgua POrtuguESa

CirCuNflEXO

DifErENCial

Ditongo: quandohá duas vogais namesma sílaba

aguDO NOS DitONgOSaBErtOS

aguDO NOS HiatOS i e u

DESaParECE: semprequeháletrasdobradas

DESaParECE: em quase todas aspalavrasCONtiNua:noverbo“pôr”,noin-finitivo(pôr)enopretéritoperfeitode“poder”(pôde”)faCultatiVO:paradistinguir “for-ma”de“fôrma”(debolo).

DESaParECE: nas paroxítonas(com acento tônico na penúltimasílaba)DESaParECE: na letra U em algu-masformasdeverboscomoapazi-guar,arguir,averiguar,obliquarCONtiNua: nas palavras oxítonas(comacentonaúltimasílaba)enosmonossílabostônico(palavrascomumaúnicasílaba,sendoelatônica)

DESaParECE: quando o hiato éantecedido de ditongoCONtiNua: nas oxítonas termina-das em I e U, seguidas ou não de S

DESaParECE: o acento agudo de-saparece na letra u em algumas formasdeverboscomoapaziguar,arguir,averiguar,obliquar.

COMO Eraeles vêemeles lêemvôo;enjôo

COMO fiCaeles veemeles leemvôo;enjoo

COMO Eraassembléiaidéiaheróico

COMO Eraapazigüeaverigüeargüí

COMO Eraapazigüeaverigüeargüi

COMO Erafeiúrabocaiúva

COMO ErapáraPêloPóloPêrapára-brisa

NãO MuDaherói;Ilhéus;céu;dói

NãO MuDaÉprecisopôramesa.Ontemelenãopôdefazer.

NãO MuDaPiauí,tuiuiú,saúde

COMO fiCaOtrânsitosempreparaOpelodoanimalcaiuFazfrionopoloNorteComiumaperadoceOparabrisaestásujo

COMO fiCaassembleiaideiaheroico

COMO fiCaapazigueaverigueargui

COMO fiCaapazigueaverigueargui

COMO fiCafeiurabocaiuva

Com o Acordo Ortográfico

ACENTOS

Hiato: quando duasvogais ficam em síla-basdiferentes

aguDO EMalguNS VErBOS

testeseus conhecimentos

sobre a nova ortografiaem www.epoca.com.br

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AtuAlizAção

oRtoGRÁFiCA iifrente ficha

01 02

1. MuDaNça COM O uSO DO HÍfEN

2. alguMaS PalaVraS COMPOStaS PEDEraM O HÍfEN

3. Para rEflEtir

TIVE UMA IDEIA, VOU PEDIR AJUDA AO MEU SOBRINHO PARA ENTENDER O

TAL ACORDO.

COMPREI UM LIVRO COM

TUDO SOBRE A REFORMA

ORTOGRÁFICA

BEM QUE PODIAM TER APROVEITA-DO A REFORMA PARA ESTAREM

LIMANDO O GERÚNDIO.

NO LUGAR DE RECLAMAÇÃO

AÇÃO

VOU ESTARLENDO

DIARIAMENTE

VOU ESTAR APRENDENDO

CADA VEZ MAIS.

VOU ESTAR ME SUPERANDO A

CADA DIA

MELHOR PENSAR EM

OUTRA COISA.

PRA ESSA MOLECADA É MOLEZA. ESTÃO

APRENDENDO AGORA NÃO TEM OS VÍCIOS DA GENTE, QUE JÁ USA AS ANTIGAS

REGRAS FAZ TEMPO.

OLÁ SOBRINHO, BELEZA?POR ACASO VOCÊ ESTÁ POR DENTRO

DAS REGRAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO?

FALAAAAAAA TIUNNMMMM !! BLZ???!!!! :-)AXO QUE NAHUM É DIFICIUM NAUMM !!!

PASSA AKI EM KSAAAAAA Q NOIS APREN-DIHH JUNTUUUUM !!!!! ?

HSUAHSUU HSUAHSUU HSUAHSUU

Algumas palavras compostas perderam o hífen COMO ERAmanda-chuvapára-quedasPára-quedista

COMO FICAmandachuvaparaquedasparaquedista

PREFIXOS NOVAS REGRAS EXEMPLO

FALSOS PREFIXOS E OS TERMINADOS EM VOGAIS

PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento se inicia por vogal idêntica à vogal final do prefixo ou por H.DESAPARECE: nos outros casos.

COMO ERAMicroondasarquiinimigo

COMO FICAmicro-ondasarqui-inimigo

TERMINADOS EM B

CONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento é iniciado por B, H ou R.DÚVIDA: O acordo não deixa claro se “subumano” passa-rá a ser grafado como “sub-humano”.

COMO ERAinfra-estrutura

COMO FICAinfraestrutura

CO

CONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento é iniciado por H.

NÃO MUDAco-herdar

DÚVIDA: O acordo não deixa claro se “cohabitar” passará a ser grafado como “co-habitar”.

DESAPARECE: nos outros casos.

COMO ERAco-ediçãoco-auto

COMO FICAcoediçãocoautor

ADCONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segun-do elemento é indicado por D, H ou R.ATENÇÃO: A palavra “adrenalina” continua igual, mas não está claro se “adenal” se torna “ad-renal”.

NÃO MUDAad-digital

CIRCUM

PASSA A SER USADO: Quando o segundo elemento é iniciado por vogal H, M ou N

COMO ERAcircumurado

COMO FICAcircum-murado

MAL

CONTINUA E PASSA A SER USADO : diante de I, H e vogal

COMO ERAmal limpomal humorado

COMO FICAmal-limpoml-humorado

BEM

DESAPARECE: nas palavras citadas no acordo e nas suas correlatas.

COMO ERAbem-feitobem-quererbem-querido

COMO FICAbenfeitobenquererbenquerido

HÍFEN

TERMINADOS EM R CONTINUA: quando o segundo elemento é iniciado por

H ou R.

NÃO MUDAsuper-homem; inter-relação

“situações que a palavra perde o

hifen...”

Olha isso!Tô ferrado.

Falta ver um monte de coisa

ainda.

“situações que a palavra perde o

hifen”.

“exceções para usar o acento diferencial”...

Até 2012ambas as

Normas serãoaceitas??!!

simboraTomar um

chopp.

“até 2012 ambas as

normas serão aceitas”...

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8 9 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

rElaçÕES lÓgiCO-

SEMÂNtiCaS i Chamamos de sintaxe ao estudo das linguagenscomoumtodo,voltadaparaaorganizaçãoharmônicadoselementos(nocaso,aspalavras)queconstituemosenun-ciados. Todas as línguas necessitam ter uma sequencia-çãológica,organizadademaneiraquehajaproduçãodesentidonasinteraçõescomunicativas,especificamenteasverbais.Todostemosdentrodenósumagramáticainter-na,absorvidaduranteoprocessodeaquisiçãodalíngua/linguagem–emboranãosaibaoqueé“sujeito”ou“pre-dicado”,cadaindivíduofazusodessestermosoracionaisdiariamente,mesmoaquelesquenunca frequentaramaescola.

EStrutura DOS tErMOS OraCiONaiS

Frase é cada um dos enunciados que exprimemumaideia,umaemoção,umaordemouapelo,resumindo:fraseéumenunciadodesentidocompleto. Oraçãoéumafrase (oupartedela)quepodeserconstituídadesujeitoepredicado(ouapenaspredicado)e contemumverbo (ou locução verbal). Jáoperíodoéumafraseconstituídadeumaoumaisorações. Destemodo,operíodoserásimples–tambémde-nominadodeoraçãoabsoluta–oucomposto,dependen-dodequantasoraçõesocompõem. Asfrasesquefazempartedequalquerenunciadoexpressamumconteúdopormeiodeelementosecom-binaçõesentreesseselementos.Semprequefalamos(ouescrevemos),falamosdomundo,daspessoas,dascoisas.Etudotemnome. Falamosdecomotudoéoupodeviraser,oudoqueascoisasouaspessoasfazem.Porisso,omodelobá-sicodaoraçãoseestruturaapartirdeumsujeitoedeumpredicado,oschamadostermosessenciaisdaoração. Noquadrodachargeháumenunciado,sepa-reoseusujeitodeseupredicado.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Naescrita,eleémarcadoporletramaiúsculanoinícioeponto-final,deexclamaçãooudeinter-rogaçãonofim. Nãoraroéencontrarmos,nos textos,perío-dos compostos por coordenação e subordinação,poisomododearticulaçãodasoraçõesnodiscursoocorrepordeterminaçõessemânticas.

1. FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO SIMPLES, PERÍODO COMPOSTO, SUBORDINAÇÃO, COORDENAÇÃO

2. lEia O tEXtO aBaiXO

frente ficha

01 03

CaSO DE SECrEtÁria Foi trombudoparaoescritório.Eradiadeseuaniversário,eaesposanemsequeroabraçara,nãofizeraamínimaalusãoàdata.Ascriançastambémtinhamseesquecido.Entãoeraassimqueafamíliaotratava?Elequeviviaparaosseus,quesearrebentavadetrabalhar,nãomerecerumbeijo,umapalavraaomenos! Mas,noescritório,haviafloresàsuaespera,sobreamesa.Haviaosorrisoeoabraçodasecretária,quepoderiamuitobemter ignoradooaniversário,e,entretantoolembrara.Eramaisdoqueumaauxiliar,atenta,experimentadaeefi-ciente,pé-de-boidafirma,comoatéentãoaconsiderara;eraumcoraçãoamigo. Quandoasurpresapassou,sentiu-seaindamaisborocochô,poisocarinhodasecretárianãoocurara,abriramaisaferida.Poisentãoumaestranhaselem-bravadelecomtaisrequintes,eamulhereosfilhos,nada?Baixouacabeça,ficourodandoo lápisentreosdedos, semgostoparaviver.Duranteodia,a secretáriaredobroudeatenções.Pareciaquererconsolá-lo,comosemedissetodasuasolidãomoral,oseuabandono.Sorriaetinhapalavrasamáveis;eoditadodacorrespondênciafoientremeadodesuavesbrincadeirasdapartedela.

—O senhor vai comemorar em casa ou numaboate? Engasgado,confessou-lhequeempartenenhuma.Fazeranoséumadroga,ninguémgostavadelenestemundo,iriarodarporaíànoite,solitário,comoolobodaestepe. —Seosenhorquisesse,podíamosjantar juntos–insinuouela,discretamente. Enãoéquepodiammesmo?Emvezdepassarumanoitebesta, ressentida—opessoal láemcasapoucoestáme ligando—, teriahorasamenas,emcompanhiadeumamulherque—reparavaagora—erabembonita. Daípordianteo trabalho foinervoso,nuncamaisquesefechavaoescritório.Tevevontadedemandartodosembora,paraque todos comemorassemo seuaniversário,eleprincipalmente.Conteve-se,noprazeransiosodaespera. —Ondevocêprefereir?–perguntou,aosaírem. — Se não se importa, vamos passar primeiro emmeuapartamento.Precisotrocarderoupa. Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia doterreno,e,quemsabe? —Masantesqueroumdrinque,paraanimar—elaretificou.

Foramaodrinque,ele recuperounão sóaalegriadeviverefazeranosmastambémcomeçouafazê-lospeloavesso,remoçando.Saiubemmaisjovemdobar,epegou--lhedobraço.

Noapartamento,elaapontou-lheobanheiroedis-se-lhequeousassesemcerimônia.Dentrodequinzeminu-toselepoderiaentrarnoquarto,nãoprecisavabater—eosorrisodela,dizendoisto,eraumapromessadefelicidade.

Elenempercebeuaocerto seestava searruman-doousedesarrumando,detalmodoosquinzeminutosseatropelaram,querendovirarquinze segundos,no calores-caldantedobanheiroedasituação.Libertodaroupa incô-moda,abriuaportadoquarto.Ládentro,suamulhereseusfilhinhos,emcorocomasecretária,esperavam-nocantando"Parabénspravocê.”

Carlos Drummond de Andrade

“Quandoasurpresapassou,sentiu-seaindamaisborocochô,poisocarinhodasecretárianãoocurara,abri-ramaisaferida”.

O enunciado acima é um período composto portrêsorações,oqueéindicadopelapresençadastrêsformasverbaisassinaladas.Notextolido,háalgunselementoslin-guísticos destacados que estabelecem relações semânticasnodiscurso.

PErÍODO COMPOStO.

Operíodocompostopodeserestruturadodeváriasmaneiras:

●Períodocompostoporcoordenação:é formadoporora-çõescoordenadas.●Períodocompostoporsubordinação:éformadoporumaoraçãoprincipaleumaoumaisoraçõessubordinadas.● Períodocompostoporcoordenaçãoesubordinação (oumisto): é formadoporumaoraçãoprincipal epororaçõescoordenadasesubordinadas.

OBSErVE OS EXEMPlOS SEguiNtES:

“Quando a surpresa passou, sentiu-se aindamaisborocochô,poisocarinhodasecre-tárianãoocurara,abriramaisaferida.”

●Quandoasurpresapassou–ora-çãosubordinadaadverbialtemporal.

Sorriaetinhapalavrasamáveis.

●etinhapalavrasamáveis–oraçãocoordenadasindéticaaditiva.

Aplicações no Caderno de Exercícios

Page 6: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

10 11 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

frente ficha

01 04

1. COOrDENaçãO DE OraçÕES ii

2. SãO MESMO iNDEPENDENtES?

3. COOrDENaçãO SEM CONJuNçãO

rElaçÕES lÓgiCO-

SEMÂNtiCaS ii

Umaoraçãochama-secoordenadaquandonãofun-ciona como termo de outra e nem tem outra que funcionecomotermodela.Ouseja,asoraçõescoordenadassãosintati-camenteindependentesentresi.Asoraçõescoordenadaspo-demsersindéticasouassindéticas. Oadjetivosindéticoderivadosubstantivosíndeto,quevemdogregoesignifica“oqueserveparaligar”.Portanto,aora-ção coordenada ligadapor uma conjunção é sindética. Se nãoapresentarconjunçãoéassindética(oprefixoa-indicaausência).Quantoàclassificaçãodasoraçõescoordenadas,temosdoistipos:CoordenadasAssindéticaseCoordenadasSindéticas. Coordenadas assindéticas: coordenadas entre si, não são ligadasatravésdenenhumconectivo.Estãoapenasjustapostas. Coordenadas Sindéticas: ligadas através de umaconjunçãocoordenativa.Essecarátervaitrazerparaessetipodeoraçãoumaclassificação.Assimteremosoraçõescoordena-dasqueestabelecemrelaçõessemânticaspormeiodealgunsconectores.

Écomumencontrarmosasoraçõescoordenadasdefi-nidascomoestruturasindependentes.Edefatosão,jáquenãopertencem à estrutura de outra oração. Dopontodevistagramatical,estácorreto.Mas,do ponto de vista semântico, não há comodeixardenotarcertarelaçãodedependênciaemumperíodocompostoporcoordenação(relaçãoessaquepodesermaisoumenosin-tensa,dependendodotipodeoração). Asoraçõesaditivaspodemsercon-sideradas independentes;omesmonãopo-demosafirmardasdemaiscoordenadas.Pen-semosnafrasefamosadeDescartes.

Penso, logoexisto.

Seriadesvirtuarseusentido (eodapremissabásicadopensamentocartesiano)separá-laemduasunidadesautô-nomas:eupenso;euexisto.A idéiadeconclusãocontidanasegundaoraçãosópodeserentendidaselevarmosemconsi-

deraçãooquevaiditonaoraçãoanterior.Omesmosepodeafirmarde:

Ia ao cinema, mas choveu.

Aqui, é nítida a dependência se-mântica na oração adversativa em relação àoraçãoanterior. Anunciar“umaopiniãoouumde-sejoéexpô-los,aomesmotempo,àseven-tuaisobjeçõesdosinterlocutores”.Assim,épossíveldizerqueasconjunçõesimprimemteor argumentativo, e recebem, neste sen-tido, o nome operadores argumentati-vos,palavrasquepodemorientaroleitora

chegaradeterminadaconclusão. Aclarezadoparágrafodepende,alémdaordenaçãológica das ideias nas frases, do estabelecimento de relaçõesentreelas.Osnexossãoumdosprincipaisrecursosutilizadosparatalfinalidade.

1.Adição,acréscimoe, nem, não só... mas também, não só... como, as-sim... como.

2.Oposição,contrastemas, contudo, todavia, entretanto, porém, no en-tanto, ainda, assim, senão

3.Alternância,exclusãoou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja

4.Conclusãologo, portanto, por fim, por conseguinte, consequen-temente

5.Explicaçãopois, que, porquanto, porque, isto é, ou seja, a sa-ber, na verdade

Outropontoaserdiscutidoéofatodeque,emboraaconjunçãonãoexista(porissoacoordenadaassindéticanãoapresentaclassificação),podemosperceberrelaçãosemânticaentreasassindéticas.

●Somatórioem:“Vim, vi, venci.”Cantou, emocionou, foi aplaudido de pé.

●Adversidadeem:Elespartiram,eufiquei.

●Explicaçãoem:Cheguecedo,precisamosconversar.

● AS ADVERSATIVAS

Poeminha solidário

Ladrão, mentiroso, tarado,Fanático,covarde,traidor.Masdonossolado.

Millôr Fernandes, L&PM, 1984

A conjunção mas é coordenativa, une elementosconsideradosequivalentesnoplanosintático.Noentanto,essaequivalêncianãosemantémnoplanosemântico. No poema acima, temos uma sequência de seisadjetivos “negativos” (ladrão,mentiroso, tarado, fanático,covarde, traidor) a que se opõe apenas uma informaçãoaparentemente“positiva”(donossolado).Oquetemmaispeso?Éevidentequea informaçãoquevemlogoapósomastemmaispeso,éaquefica.Setrocássemosaordem,tudo mudaria: Do nosso lado, mas ladrão, mentiroso, tarado, faná-tico, covarde, traidor.

informaçãoqueprevalece

Énotórioquehácomplexidadenasnoçõessemânti-casdasconjunções.Alémdotipoderelaçãoapresentado,acoordenaçãosemousodeconjunções,estasaindapodemestabelecer outros tipos de relação que nãoos “conven-cionais”, ensinados há tempos na escola tradicional, poisesses operadores do discurso são elementos versáteis eassumemdiferentesignificados,porvezesextremosecon-traditórios.Observe.

Conjunçãomas (adversativa)comvaloraditivo.

Meus alunos são jovens estudiosos, mas principal-mente esforçados.

Notetambémoqueocorrecomaconjunçãoeemcadaumdoscasosabaixo. - valor adversativo, oposição:(e=mas)

"Éferidaquedóie nãosesente."

Elecomprouumcarroe nãosabedirigir. valor conclusivo:

Meus alunos estudam muito e serão aprovados no vestibular! valor distintivo, contrastivo:

Há políticos e políticos! - valor de sucessão temporal:

Estudou e passou e comemorou. (primeiro estudou, depois passou, no final comemorou) - valor implicação, consequência:

Estudebastanteeserásaprovado. - valor causa, efeito:

A professora faltou e não houve aula. (e=porisso) - valor de intensidade:

Gritou e gritou. (gritou muito)

Conjunçãoéumadasdezclassesdepalavras definidas pela gramáti-ca. As conjunções são palavras

invariáveisque servemparaconectarorações ou dois termos de mesma função sintática, estabelecendo entreelesumarelaçãodedependênciaoudesimplescoordenação.

4. CONJuNçãO (Cont.)

CONJuNçãO

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

01 04

Page 7: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

12 13 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

rElaçÕES lÓgiCO -

SEMÂNtiCaS iii

1. COOrDENaçãO DE OraçÕES iii

2. lENDO uM POuCO MaiS

4. CONfrONtO

3. EXPliCaçÕES

Para que servem as orações coordenadas? As orações coordenadas estabelecem relações sintáti-caselógicasbemmaissimplesqueasdasoraçõessubordina-das,porissomesmoelassãoutilizadas,frequentemente,emtex-tosquevisemacomunicaçãodiretacomo

público. Éoqueocorreemtextosdereceitas,folhetosinforma-tivos,cartazeseatémesmonojornalfaladonatelevisão.Nessestextos,quandonãoseempregaoperíodosimples,prefere-seo

períodocompostoporcoordenação.

Casal desfila nu em uma das mais movimentadas avenidas do Df

Flagra aconteceu na noite de domingo, na avenidaW3,emBrasília.Homememulherusavamapenaschapéu.

De01,cominformaçõesdoBomDiaDF

Umcasalflagradocomo“AdãoeEva”sur-preendeuosmotoristasquetrafegavamporuma das mais movimentadas avenidas de Brasília,aW3.Ohomemeamulherusavamapenaschapéu.

Quempassavanolocalbuzinava.Eram22hdedomingoquandoocasalfoidescobertoabaixadopertodosarbustosnacalçada.À luz da câmera da TV Globo, começaram acaminhartranquilamente.Abraçadinhos,tomaramocaminhodecasa.

Oqueprovavelmentesepodedizeréqueostrêspredi-cadosseopõemaoutrosqueestãoassociados(sãoestereótipos)a loiras, a ingleses e a argentinos: loiras seriam burras, ingleses seriamfrioseargentinosseriamorgulhosos.Assim, inteligente,calorosoemodestoopõem-senãoaoqueéditonaprimeiraora-ção,masaumimplícitoassociadoaelas.Osentidoexpressopelotermo"adversativa"fazsentido,claro,masnãosemanifestanasuperfíciedodito.OdicionárioHouaissémaisclarodoqueasgramáticas,nestecaso.Fornecedezacepçõesde"mas"comoconjunção,umacomoadvérbioeumacomosubstantivo.Duasdasdezacepções,sebeminterpretadas,parecemmaisadequadas:"mas"classificaoquefoiditocomoirrelevante,oucontrastaumainterpretação.Ou:"mas"in-dicaquesevaipassarparaoutroassuntodiferente.Istopareceestarmaispróximoaofuncionamentode"mas"queosleitoresdevemterpercebidoadequadamentenosexemploscitados.

OPOSiçãO OsemanticistafrancêsOswaldDucrotpropôsumaboaex-plicaçãoparao“mas”.Elenãocontrastaasduasoraçõesqueune,masopõeasegunda(ouoqueseconcluidela)aoqueseconcluidaprimeira.Seusexemplossãorelativosaoquotidiano.Seja“acasaégrande,masécara”.Emculturascomoanossa,ofatodeacasasergrandeéumargumentoparacompraroualugar(casasgrandessãovalorizadas)eofatodeelasercaraéumargumentoparanãocompraroualugar. Assim,sealguémdiz“égrande”,aceitaqueseriabomcom-prar/alugar.Seacrescenta“masécara”,dáaentenderquenãovaiouquenãopodecompraroualugar.Assim,ofuncionamentodaconjunção“mas”éoseguinte:opõeasconclusõesimplícitasefazasegundasermaisfortedoqueaprimeira.

Paramostrarqueestaéumaanáliseinteressante,veja-seadiferençaentre"acasaégrande,masécara"e"acasaécara,maségrande".Pode-seapostarquetodomundoentendequenãovaiseralugadanoprimeirocaso,masquetalvezsejaalugadanosegundo. Ducrotpropôsmaistardeoutraexplicação,aindamais interessante.Suatesenãosódácontadecasoscomoosmencionados.Explicaaindamelhoroscasosemquesequênciascomoasacimasãoproferidaspordoislocutores,comoporexemplo:

COrrEtOr: a casa é grande! lOCatÁriO: Mas é cara!

Suaanáliseficaaindamelhorseforestendidaa"textos"comumsólocutor(comonocasodealguémcontandoaoutrapessoaquenãoalugouumacasaporqueégrande,masécara;ouquenãoescalouumjogadorporqueeleéalto,masélento-ouqueoescalouporqueélento,maséalto).Éque,mesmotratando-sedetextoproferidoporumsólocutor,apresentam-sedoispontosdevista:umafavoreoutrocontra(alugaracasa/escalarojogadoretc.).Aquestãopodesertratadaemtermosdepolifonia:háduasvozesqueseopõem,emumaculturaqueéopanodefundoemrelaçãoaoqualassequênciasfazemsentido.

Masosmelhoresexemplosparamostrarqueasgramáticascontamsóumapartedahistóriasãodeoutrotipo.Seoleitorvoltaraoiníciodestetexto,veráqueoterceiroperíodocomeçacom“Mas”.Seriaumerrogrosseiro?Ouasgramáticassãomesmoparciais,jáquenãotratamdecasosassim?Vejamosumcasoaindamaisradical.AcolunadeFernandoRodriguesnojornalFolhadeS.Paulododia30/11/2009falavadoentãomaisrecenteescândalopolítico.Nãocabemaquilongascitações,masconsiderem-seaspectosdosprimeirostrêsparágrafos,paraqueoargumentofiqueclaro:1)“ODemocratasnasceudeumacosteladoPDS...”(oparágrafotem6linhas);

2)“Adversáriosdos“demos”pensamdeformadiferente...”(oparágrafotem7linhas);

3)“Afórmulapefelistadeucertopormuitosanos...”(oparágrafotem9linhas).

DiSCurSiVO

O quartoparágrafocomeçaassim:"Masninguém engana a todos o tempotodo"(seguem-seoutras9linhas).Oque issosignifica?Comoesse"mas"podeseranalisado?

Uma sugestão: "mas"marcaaoposiçãoentredoispontosdevista.Elespodemserexpostosemduasoraçõessimples,éclaro,mastambémpodemsê-loemdois longos trechos.Assim, "mas"éummarcadordiscursivo.

Umadesuasparticularidadeséquetambémpode funcionar - e com omesmo sentido - emumperíodocomduasoraçõessimples.Masesseéapenasumdoscasos,omaissimplesdetodos.Enãooúnico,comosedáaentender.

SírioPossentiéprofessorassociadododepartamentodelinguísticadaUnicampeautordeOsHumoresdaLíngua(MercadodeLetras)

Revista Língua Portuguesa, fevereiro/2010

Aplicações no Caderno de Exercícios

as muitas camadas do “mas”

Por certas sutilezas de sentido, essa conjun-ção pode realçar conclusões implícitas e marcar oposição entre visões diferentes.

Sírio Possenti

A frase “O sanduícheégrande,mas é caro” tem sentido dife-rentede “Osanduícheécaro,maségrande”:a ideiadequeo lanche não será pedido sealtera.

Considerem-sesequênciascomo“Éloira,maséin-teligente”,“Éinglês,masécaloroso”,“Éargentino,masémo-desto”.Selecioneipropositalmenteexemplosdeestereótiposedepelomenosumpreconceito.Masoobjetivonãoédiscu-tiressasquestões,culturaisouideológicas,esimofunciona-mento do “mas”.

Asgramáticaseoslivrosdidáticosrepetemquesetratadeumaconjunçãoadversativaque“une”duasoraçõesparaformarumperíodocompostoporcoordenação.(Desafioosleitoresamostraremummanualemque“mas”apareçaintroduzindoumaadversativaquese“oponha”adiversasoraçõesanteriores.)Nosexemplosacima,asegundaoraçãonãoéumaadversativadaprimeira:pareceimpossívelquealguémsustenteque“inteli-gente”seopõea“loira”,que“caloroso”seopõea“inglês”eque“modesto”seopõea“argentino”.

frente ficha

01 05

aÊ FESSÔRA, EU E OS

BRÓDER TUDO, TIPO ASSIM, NuM taMO aCHaNO

MaNÊrO aS ParaDiNHa DO NEW POrtuguÊiS!

Page 8: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

14 15 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

NOÇÕES SOBRE LINGUAGEM,

tEXtO E DiSCurSO 01

2. tEXtO e DiSCurSO

Segundo Ferdinand Saussure, o signo lin-guístico é formado pelo significado, a quecorrespondeumconceitoe,pelosignificante,aque correspondeuma imagemacústicaougráficadoconceito. Destemodo,podemosdizerqueosignoeumaentidadededuasfaces,osignificadoeosignificante,intimamenteligadas,queserecla-mamreciprocamentequandocomunicamos. OtextodeMarilena,Chauí,noboxaolado,atentaparaofatodequeumadasmaioresdistinçõesentreo serhumanoeosdemaissereséofatodequeaquelepossuiafacul-dadedalinguagem.Observequenatiraaci-maumadaspersonagensobservaeformulareflexõessobreoselementosobservados.Senãopossuísselinguagem,oserhumanonãoteriaacapacidadederetrataromundoqueestáasuavolta,nãoseriacapaznemdeper-ceberasuaprópriaexistência.

1. SigNO liNguÍStiCO

3. lEitura E tiPOS DE lEitOr

Otextoéumaunidadelinguísticaconcreta,percebidapelaau-dição(nafala)oupelavisão(naescrita),quetemunidadedesentidoeintencionalidadecomunicativa.Jáodiscursoéaatividadecomunicativageradoradesentidodesenvolvidaentreinterlocutores.

“Dizerquesomos seres falantes significadizerque temosesomos linguagem, que ela é uma criação humana (uma instituiçãosociocultural),aomesmotempoquenoscriacomohumanos (seressociaiseculturais).Alinguageménossaviadeacessoaomundoeaopensamento[...].”

CHAUI, Marilena, convite à Filosofia. São Paulo:Atica,1994.

Pode-sedizerquealinguageméumsistemadesignoscapazderepresentar,atravésdesons,letras,cores,imagensetc,significadosresultantesdeumainterpretaçãodarealidadeedaconstruçãodecategoriasmentaisrepre-

sentativasdessainterpretação.

Umtextopodeserformadounicamenteatra-vésdousodeimagensoudaassociaçãode

imagensepalavras.

SIGNIFICADO

ÁRVORE

SIGNIFICANTE

Leréumaatividadebastantecom-plexaenãoseresumea junçãoedecodificaçãodesinais,vaimui-to além: a leitura pressupõeinvestigar, analisar, interpretar,decifrar e produzir sentidos.Porissodizemosqueháleito-reseleitores.Explica-se.

Há os leitores competen-tes, aqueles que conseguem com-

preenderoqueestáditoeoqueestánasentrelinhas do texto, escondido em camadas e camadas deintençõese sugestões.Contudo,oqueaquibuscamoséumleitorqueaindaconsegueiradiante:elenãoéapenasumcons-trutordesentidos,eletambémconsegueposicionar-secritica-mentediantedoquelê,poissualeituraédeanálisedotextoedascondiçõesdeprodução(quemfala,paraquemfala,emquecontextoemomentohistórico,emquemeioousuportededivulgação,comqualintenção,etc.). Paraentenderestetexto,énecessáriofazerumasé-riedeassociaçõesentreoconteúdodotexto,oaspectosim-bólicodaspersonagens,ogênero textuale suas intençõescomunicativas.

Para entender completamenteum texto,o leitor/ouvintepre-

cisaativarumasériedeconheci-mentos que possui sobre práticas

interacionais diversas, históricaeculturalmenteconstituídas.

Baseando-se neste conhecimen-to o leitor:

● Compreende o objetivo oupropósito pretendido no qua-

drointeracionaldesenhado.

Nestetexto,oprodutorsinali-zaqueaproduçãoéumaho-menagem ao cantor Michael

Jackson,falecidoem2009.

● Compreende a escolha deuma dada variante linguística,

bem como a seleção lexical feitapeloprodutor.

Raymundo Mário Sobral - [email protected] órgão anárquico-construtivo

UM “MOONWALK

EMHOMENAGEM

AOMELHOR

“MOONWALK”QUE O MUNDO

JÁ TEVE

DESCANSE EMPAZ

MICHAEL JACKSON

Arrumaram uma desculpa curiosa para piracema de violência que as-sola Belém. Agora, todas as mortes são por “acerto de contas”. Te mete !

Este texto constitui o falar característico da Região Norte para falar dos proble-

mas desta região.

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

02 01

O FALAR CARACTERÍSTICO DA REGIÃO NORTE

Page 9: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

16 17 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

Imagem 1

Imagem 2

liNguagEM VErBal

E NãO VErBal1. Carta ENigMÁtiCa

2. lEitOr PrEfErENCial - O QuE É iStO?

3. a liNguagEM VErBal

tENtE DESVENDar EStE MiStÉriO.

Existem várias formas de comunicação.Quandoo homem se utiliza da pa-

lavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos que ele

está utilizando uma lin-guagemverbal,poisocó-digousadoéapalavra.Alinguagemverbaléafor-ma de comunicação mais presenteemnossocotidia-no,masnãoéaúnica.

Observeagoraasimagensaolado.

Vocênotouquetantonaimagem1quantonaimagem2nãohápresençadapalavra?Oqueestápresenteéoutrotipodecódigo.Apesardehaverausênciadapalavra,nóstemosumalinguagem,poispodemosdecifrarmensagensapartirdasimagens.Otipodelinguagem,cujocódigonãoéapalavra,denomina-selinguagemnão-verbal,nela,usam-seoutroscódigos(odesenho,adança,ossons,osgestos,aexpressãofisionômica,ascoresetc.)paraexpressaramensagemdesejada.

4. QuaNDO a iMagEM É uM tEXtO

Vocêjádeveterobservado,durantealeituradejornaiserevistas,quehátextoscujosentidonascedaassociaçãoentrealinguagemnãoverbaleosatosaquefazemreferência.Aestemodelotextualchamamosdecharges.Emoutros,éaassociaçãoentrealinguagemnão-verbalealinguagemverbalqueproduzosentido,esteéocasodosquadrinhos.

Achargeéumdesenhohumorístico,geralmenteveiculadopela imprensaetendopor temaalgumacontecimento atual, que criticapormeioda caricatura, umaoumaispersonagensenvolvidas.Nela,é imperativoaassociaçãodocontextocomomomentohistóricovivido.

Nos quadrinhos, observe como éperfeitaaintegraçãoentrealinguagemverbale a não-verbal, alémdapresençadeumfionarrativoqueconduzaideiacentraldotexto,podendoounãolevaràreflexãoacercadoas-suntotratado.

Afotoabaixomostraumamímica,atravésdafeiçãodoprotagonistatemumsignifi-cado,umamensagem.Aquiocorrelingua-gemnão-verbal.

Osemáforoéumexemplode linguagem não-verbal. Um ob-jeto capazde interferir na vidadoser humanode forma tão extraor-dinária, onde o sentido das cores comandaotrânsito.

FERIADO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRAuMa iMagEM ValE MaiS DO QuE Mil PalaVraS

Você,certamente,jáouviuaexpressãocitadanestesubtítuloedevesaberqueeleseconfirmaquandosetratadeinterpretartextoscomoapublicidadeao lado.Observequenela,aforçadamensagemconsisteemrealçarapotênciadamáquinadelavar,atravésdoexagerodaimagem,emqueapersonagemestámergulhadaemmolho.

Ora,oqueseriao pesadelo de qual-quer dona-de-casa,torna-se fácil ao seutilizar o produtoanunciado.O fato équeumleitorcompe-tentedeve estar aptoa decodificar a men-sagem expressa atra-vés de uma imagem,lendoseusexplícitoseseusimplícitos.

gretuvo consrdaA a

frãoai

d bacaxi olão

caconidade

humiganece

lefonerra

bacatelijogarroosodios

Iais

logiocurso

lhosmpalvez

prvore rda-chuvalu

ro

eien

cadason

capaceirafa

-dos

-dio

elhosouraísti

chorrorac

çãis

frente ficha

02 02

COMUNICACIÓN NO VERBAL ENTRE

CHICAS

OI

Nomomentodaproduçãodeumtexto,oautorcriaummodelomentaldotipodeleitorquegostariadeatingire,baseando-se nestemodelo, faz todas as outras escolhas lin-guísticas,taiscomoomodelotextualaserutilizado,otipodelinguagemmaisadequadoàintençãocomunicativaetc. COMPROBAR PELO

AVALIAR PIEL

ES MODERNO NATURAL?

CIEJANOS NUEVOS O DE SEGUNDA M

ANO ?

DECIDE S

I LOS ZA

PATO

S SON B

ONITOS O

FEOS

OPULSERAS? POR FAVOR!

ADMIRAR TELEFONO

!

PULSEIRA DEL TOILLO

PIERNAS DEPILADAS

COMUNICACIÓN NO VERBAL ENTRE

CHICAS

VAMOS

VER, MANOLITO, UMA

PALAVRA QUE COMECE

COM “P”

CHI, VAI VER

QUE ELE VAI FALAR AQUELE

PALAVRÃO.

“POLÍTICA” E FALOU MESMO !

Page 10: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

18 19 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

fuNçÕES DEliNguagEM i

1. OS ElEMENtOS Da COMuNiCaçãO

2. a fuNçãO rEfErENCial ou DENOtatiVa

A tirinha abaixo representa uma situaçãode comunicação, pois nela as personagens interagempela linguagem, demodoqueummodificaocomportamentodooutro.ObservequeaMENSAGEM(aquiloquesepretendecomunicar)emitidapeloLOCUTOR(quemoriginaacomunicação)éplenamentecompreendidapelo INTERLOCUTOR (aquemsedestinaacomunicação). Alémdisso, observeque ainda épossível perce-berumCONTEXTO(oassuntoaqueserefere)equeestacomunicaçãosomenteexistevistoqueambaspersonagenscompartilhamdomesmoCÓDIGO(alinguagemescolhidoparaproduziramensagem)equeháumCONTATO,umca-nalfísicoeumaconexãopsicológicaentreeles. De acordo com a teoria da comunicação, toda mensagemtemumafinalidadepredominante.Aoconjuntodefinalidadescomunicativaschamamosdefunçõesdelin-guagem.Jakobsonpropõeoesquemadidáticoaoladoparaesclarecer a relação entre os elementos de comunicação e asfunçõesdalinguagemorientadasporeles.Percebaquenelesepostulaaexistênciadeseisfunçõesdelinguagem:afunçãoemotiva,afunçãoreferencial,afunçãoconativa,afunçãopoética,afunçãometalinguísticaeafunçãofática.Vejamoscadaumadelas.

Afunçãoreferencialprivilegiajustamenteoreferentedamensagem,buscandotransmitirinformaçõesobjetivassobreele.

Valoriza-se, assim, o objeto da situ-açãodequetrataamensagem,semque haja manifestações pessoaisoupersuasivas.

Éafunçãoquepredominanostextosdecarátercientífico.Étam-bémafunçãoquemuitostextosjornalísticosbuscamprivilegiar.

O objetivo do infográficoacimaéinformaroleitoracer-cadastransformaçõesnocorpodosado-lescentesaolongodapuberdade.

www.g-sat.net/medico-1342/acne-27785.html

3. a fuNçãO EMOtiVa ou EXPrESSiVa

Pormeiodessafunção,oemissormanifestanotextoasmarcas de sua atitude pessoal: emoções, opiniões, avalia-ções.Sente-senotextoapresençadoemissor,aqualpodeserclaraousutil.Aparecenascartaspessoais,naresenhascríticas,napoesiaconfessional,nascançõessentimentais,etc.

A FUNÇÃO CONATIVA ou APELATIVA Essafunçãopro-cura organizar o texto de forma que se imponhasobreoreceptordamen-sagem, persuadindo-o,seduzindo-o.Nasmensa-gens em que predominaessafunção(aspublicitá-rias,porexemplo)busca--se envolver o leitor com o conteúdo transmitido,levando-o a adotar um determinado comporta-mento.Estainduçãopodeser construída de formasutil,valendo-sedeartifí-ciosde linguagemqueamascaram.

A FUNÇÃO FÁTICA OU DE CONTATO

Essa função ocorre quando a mensagem se orientasobreocanaldecomunicaçãooucontato,buscandoverificarefortalecersuaeficiência.Sãoexemplostípicosdessafunçãoasformasdeaberturasdediálogosqueconstituemfrasesfeitas.

A FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Quando a lingua-gemsevoltasobresimesma,transformando-seemseupróprioreferente,ocorrea funçãometalinguística. Dessa forma,nes-safunção,amensagemseorientaparaelementosdocódigo,explicando-os,definindo-osouanalisando-os.Éoqueocorrenosdicionários,nostextosqueestudame interpretamoutrostextos,nospoemasquefalamdaprópriapoesia,etc

A FUNÇÃO POÉTICA Alinguagemexercefunçãopoéticaquandovalorizaotextonasuaelaboração,ouseja,quan-doo autor faz usode combinaçãodepalavras,figurasdelinguagem(metáfora, antítese, hipérbole,aliteração, etc.), exploração dossentidose sentimentos, expres-sãodochamadoeulírico,dentreoutros. Assim,émaiscomumemtextos literários,especialmentenospoemas que enfatizam com maisfrequênciaasubjetividade. Noentanto,podemosen-contrar este tipo de função nosanúnciospublicitáriosenaprosa,bemcomoaliadaaosdemaistiposdefunção,comodaemotiva.Émui-tocomumautilizaçãodepalavrasno seu sentido conotativo ao in-vésdodenotativo.

frente ficha

02 03

MUNDO MONSTRO - ADÃO ITURRUSGARAI

O QUE VOCÊ ACHOU DO MEU NOVO NAMORADO?

EU ACHO ELE UM POUCO IMATURO !

VOCÊ É VELHA DEMAIS PRA ELE !

THEHOMEM

LEGENDA ISBACK

RSRSRSRSRS

QUAL O SEGRE-DO DA LONGA

VIDA?

MEU NOME ESTÁ ESCRITO ERRADO ! VOLTE ANO QUE VEM, BABACA!

O QUE VOCÊ PERGUNTOU MESMO?

NADA

UM MOMENTO

Page 11: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

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fuNçÕESDE liNguagEM ii

1.FUNÇÃO CONATIVA

2. FUNÇÃO EMOTIVA

3. FUNÇÃO FÁTICA

Características:•verbosnoimperativo;•verbosepronomesnasegundaouterceirapessoas;• tentativa de convencer o receptor a ter um determinadocomportamento;•presençapredominanteemtextosdepublicidadeepro-paganda;

TEXTO 1

Reconhecerasfunçõesdalinguagempresentesnostextoséidentificaroobjetivoprimordialdacomunicaçãoeterumaboaideiadosrecursosenvolvidosnaproduçãotex-

tual.Observeostextosabaixo.

“ - Alô , alô, marciano. Aqui quem fala é da Terra. Pra variar estamos em guerra”.

(Elis Regina)

5. FUNÇÃO REFERENCIAL

6. FUNÇÃO POÉTICA

•Objetividade-linguagemdireta,precisa,denotativa;•Clarezanasideias;•Finalidadeétraduzirarealidade,talcomoelaé;•Presençapredominanteemtextosinformativos,jornalísticos,textosdi-dáticos,científicos;mapas,gráficos,legendas,recursosrepresentativos.

• Centralizadanamensagem, revelando recursos imaginativos criadospeloemissor.Afetiva,sugestiva,conotativa,elaémetafórica.Valorizam--seaspalavras,suascombinações;

“Até onde existe amorDe quem assume esta sinaViver é um voo para a felici-dade e a voz daverdade”

(Daqui por diante/ Barão)

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Paramelhorcompreensãodasfunçõesdelinguagem, torna-se necessário o estudo dos ele-mentosdacomunicação.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

• emissor - emite, codifica a mensagem• receptor - recebe, decodifica a mensagem• mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor• código - conjunto de signos usado na transmis-

são e recepção da mensagem• referente - contexto relacionado a emissor e re-

ceptor• canal - meio pelo qual circula a mensagem

Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a co-municação

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

02 04

•verbosepronomesempri-meirapessoa;

•presença comumdepon-to de exclamação e interjei-ções;

• expressão de estados dealma do emissor (subjetivi-dade e pesso-alidade);

• presençapredominan-te em textos líricos, auto-b i o g r a f i a s ,depoimentos,memórias.

“Preste muita atenção orque,na

maior parte do tempo, a coisa

mais importante é a que você não

sabe.

4. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Close n o dedo de Morrison apontando para a bola

Close maior ainda no Homem-Animal, concen-trando-se num olho. O olho se estreita.

Está tudo aqui ! Onde eu escrevo os erros do mundo.

TEXTO 2

“Posso te falar dos sonhos, das flores, de como a cidade mudou...Posso te falar do medo, do meu desejo, do meu amor...Posso falar da tarde que caiE aos poucos deixa ver no céu a luaQue um dia eu te dei”.

(A lua que eu te dei/Ivete Sangalo)

ORA...

QUER ME DIZER

QUE VOCÊ ESTÁ POR TRAS DE

TUDO?

VOCÊ CRIOU OS ALIENÍGENAS

AMARELOS?

... MASAÍ EU APRARECI E BAGUNCEI TUDO!

MEIO SATÂNICO,

NÃO?

VOCÊ NÃO ME

CONTROLA!

NÃO!

NÃO!

CRIEI, NÃO ... RESGATEI OS DOIS DA OBSCURIDADE PRA

TRABALHAREM PRÁ MIM.

EU NÃO CRIEI VOCÊ TAMBÉM. OUTRA

PESSOA FEZ ISSO.

OLHE SÓ. É TUDO FEITO AQUI.

EU POSSO OBRIGAR VOCÊ A FAZER E A FALAR QUALQUER

COISA

Page 12: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

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rElaçÕES iNtErtEXtuaiS

4. ParÓDia

5. EPÍgrafE

Ex. DE EPÍGRAFE

Platão e Fiorin, nos dizem que:

“Com muita frequência um texto retoma passagens de outro. Quando um texto de caráter científico cita outros

textos, isto é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a cita-ção. Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compar-tilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõem um determinado universo cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são neces-sários, muitas vezes, para compreensão global de um texto.”

Já Jéssica Calou, em seu artigo no Recanto das Letras complementa, afirmando:

Assim como as palavras de um texto não se juntam de forma isolada, os livros não são escritos ao acaso.

Toda obra é fruto de influências contidas nas leituras anteriores de quem escreveu. O resultado é que as mesmas ideias, ou os mesmos temas circulam por aí na literatura do mundo, revestidos de roupagens diferentes segundo especifidades de época, au-tor, lugar... O fato é que existe um conjunto universo cultural, que engloba todos os textos: a literatura. E, por vezes, muitas vezes, um elemento desse conjunto estabelece relação de sentido com o outro. Temos aí uma intertextualidade. Basicamente, sempre que um texto faz alusão, cita ou dialoga com outro, temos uma relação intertextual. A cantora Pitty lançou um álbum intitulado “Admirável chip novo”, em clara referência a uma célebre música da MPB brasileira. A intertextualidade pode ocorrer basicamente sob duas formas: paráfrase e paródia. É simples.

Mona Lisa, Leonardoda Vinci. Óleo sobre

tela, 1503., 1503.

Mona Lisa, de MarcelDuchamp, 1919.

Mona Lisa, FernandoBotero, 1978.

Mona Lisa, propagandapublicitária.

A paráfrase tem um sentido positivo.

Ocorre quando um texto cita outro na intenção de reafir-

mar, reforçar, exaltar, concordar ou apropriar-se de seu significado para a construção de uma nova ideia.

A paródia já significa o extremo oposto da paráfrase. É quando citamos um trecho no intuito de negar seu significado, polemizar com ele, criticá-lo, e, geralmente, ridicularizá-lo. (O Casseta e

Planeta faz isso direto...).

É um fragmento de texto que serve de lema ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Costuma existir um vínculo entre a epígrafe e o texto que vem abaixo dela; nesses casos, a epígrafe dá

apoio temático ao texto - ou resume o sentido, a motivação dele. Massaud Moisés observa que o exame atento das epígrafes pode “nos fornecer uma ideia da doutrina básica de um poeta ou romancista, o seu nível intelectual etc.”.

3. ParÁfraSE

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeirasOnde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossas vidas mais amores.Em cismar, sozinho à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;Em cismar - sozinho, à noite -Mais prazer encontro eu lá;Minha tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu¹inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

”Kennst du das Land, wo die Citronen blühn, Im dunkeln Laub die Gold-Orangenglühn,Kennst du es woh? ¬ Dahin, dahin!

Möcht’ich... Ziehn.” GOETHE

* TRADUÇÃO: “Conheces o país onde florescem as laranjeiras? Ardem na escura fronde os frutos de ouro... Conhecê-lo? Para lá , para lá quisera eu ir!

PARA SABER MAIS:

• Para entender o texto – Platão & Fiorin, Ática• Literatura Brasileira- Milliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães• Língua, literatura e produção de textos – José de Nicola

PARA SE DIVERTIR E PENSAR

1. a ParÁfraSE E a ParÓDia

2. O QuE É iNtErtEXtualiDaDE?

MINHA TERRA TEM

PALMEIRAS ONDE

CANTA O SABIÁ.

GONÇALVES DIAS,

“NOSSO CÉU TEM

MAIS ESTRELAS...”.

NOSSAS VÁRZEAS

TEM MAIS FLORES...

...NOSSA VIDA

MAIS AMORES.

ESSA ERA A

PALMEIRA.

O SABIÁ

SOU EU

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

02 05

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VariaçãOliNguÍStiCa i

São Paulo, 5 de setembro de 2008.

Querida Mônica,

Tô morrendo de saudade, mas ainda não será desta vez que vou conhecer seu novo refúgio. Não pude deixar o trabalho, pois meu chefe saiu de férias, e sobrou para mim. Aliás, como sempre, né? Para não lhe dar o cano por comple-to, estou mandando no meu lugar minha grande amiga Marli, que você não conhece, mas que vai adorar, com certeza. Ela é muito legal: bom papo, bem humorada, educada e culta. Excelente companhia. Tenho certeza de que vocês vão curtir muito esses férias juntas. O único risco é você daqui pra frente convidar só a Marli e não me convidar mais.

Um beijão,

Patrícia

Agora compare o texto com a carta transcrita a seguir:

São Paulo, 5 de setembro de 2008Faculdades Unidas de guamaópolisDepartamento de ciências exatasCoordenadoria de pós-graduação

Prezada coordenadora,

apresento-lhe Marli de Azevedo, que desenvolveu sua pesquisa de Mestrado sob minha orientação. Motivos de ordem pessoal a conduziram a optar por residir no interior do estado, razão pela qual, decidiu realizar se doutoramento também no interior. Trata-se de pesquisadora muito competente, responsável e séria, o que me deixa tranqüilo para indica-la à vaga de orientanda para douto-ramento que a senhora oferece. Seu currículo lhe permitirá avaliar a magnitude de sua capacida-de. Se julgar necessário, colo-me à disposição para quaisquer esclarecimen-tos. Atenciosamente, ___________________________ Prof. Dr Ricardo Albuquerque.

Coordenador de pós-graduação

Universidade Estadual da capital

Cada situação comunicativa pede um grau de for-malidade muito específica e o nível de linguagem deve estar adequado a esta formalidade. Quanto mais formal for a situ-ação comunicativa, mais formal será a linguagem.

Não há dúvidas de que possuímos um conhecimen-to intuitivo a esse respeito, mas, muitas vezes, nos esquecemos dele e acabamos por produzir textos recheados de marcas de ora-lidade, o que pode prejudicar a avaliação de nossos trabalhos.

Além da situação comunicativa, vários outros fatores podem interferir na língua provocando variações. Estes fatores podem ser:

REGISTRO INFORMAL• Poder igual;• contato frequente;• Envolvimento afetivo;• Léxico coloquial;• Emprego de apelidos e diminutivos;• Expressão de afeto e despreocupação com a

polidez;• Uso de expressões que sugerem opinião.

REGISTRO INFORMAL

• Hierarquia de poder;• Contato não frequente;• Pouco envolvimento afetivo;• Léxico formal;• Emprego de títulos; preocupa-

ção com a polidez;• Uso de expressões que indicam sugestão.

Fatores contextuais - um mesmo falante altera o registro de sua fala de acordo com a situação em que se encontra. Numa roda de amigos em que discute futebol, o falante utiliza a língua de

maneira diversa daquela que utilizaria ao solicitar em-prego numa empresa.

Fatores culturais - o grau de escolarização e a formação cultural do indivíduo são também fa-tores que determinam usos diferentes da lín-gua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua

de maneira diversa da pessoa que não teve acesso à escolarização formal.

Fernando Gonsales é um cartunista brasileiro, cujo principal personagem é o rato Níquel Náusea – nome que também intitu-lada a tira de jornal em que aparece. Nascido em 3 de fevereiro de 1961, na cidade de São Paulo, formou-se em Veterinária, na turma de 1983 da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e em Biologia, na turma de 1998/1999 do Instituto de Biociências da mesma universidade.

ESTOU CANSADO DA VIDA DE

MOSCA !

GARÇOM !MAIOR

DEPRê!!Tô pensando em suicidio !

Falô !

A QUE REGISTRO VOCÊ ENCAIXARIA A TIRINHA, DE FERNANDO GONSALES?

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

03 01

Fatores regionais - você já deve ter percebido que o português

falado no Sul do país se difere do português falado no Norte. Mesmo dentro de uma mesma

região, encontram-se variações no uso da língua.

Page 14: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

26 27 nLÍNGUA PORTUGUESAwww.portalimpacto.com.brwww.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

VariaçãOliNguÍStiCa ii

GÍRIA A gíria é uma linguagem peculiar oriunda de um determinado grupo (social ou profissional) que, por ser expressiva, normalmente passa a ser utilizada pela comunidade em geral. Há dois tipos de gíria: o de domínio técnico (jargão profissional) e o de domínio popular (social). O jargão é uma linguagem praticada por pessoas que exercem a mesma atividade, por exemplo, atores, jornalistas, bandidos, prostitutas, enquanto a gíria de domínio popular é praticada por um certo grupo social. A gíria nasce pela mudança de significado de palavras já existentes na língua (fumo, legal, perua), pela criação de palavras novas (brega, fofoca, ralé) e, até mesmo, por empréstimos de palavras estrangeiras (boy, cafona, suíngue).

A linguagem literária está para o escritor assim como as tintas e os pincéis estão para o pintor. É, pois, a linguagem do artista, variedade linguística que apresenta, normalmente, bastante rigor em relação às normas prescritas pela gramática. Em geral, a linguagem literária revela-se apurada e elegan-te com características diversas: ordenação especial do pensamento, clareza de ideias, vocabulário rico, precisamente selecionado, e estilo requintado. Trata-se de uma linguagem elaborada em função de uma gama bastante diversificada da experiência humana.

A fim de enten-dermos os diferentes níveis de linguagem e suas mu-danças, temos de recorrer à sociolinguística, ramo da lin-guística que tem como foco de estudos a relação direta entre língua e sociedade. O objetivo principal do estudo dos níveis de fala é enca-minhar o estudante a reco-nhecer as diferenças entre a linguagem padrão e a lingua-gem coloquial, para que possa selecionar o registro adequado nas mais diferentes situações de comunicação.

LINGUAGEM PADRÃO A linguagem padrão (ou culta), utilizada na comunicação for-mal, é controlada por um conjunto de hábitos linguísticos praticado por uma comunidade sociocultural privilegiada, com bom índice de escola-rização e acesso aos bens culturais das elites. Trata-se de um registro marcado pela obediência às normas gramaticais rígidas, que evidenciam aspectos elaborados da língua. É a linguagem que tem prestígio junto ao grupo social, servindo de modelo linguístico para a comunidade em geral.

LINGUAGEM COLOQUIAL

A linguagem coloquial, utilizada na comunicação do dia-a--dia, caracteriza-se por uma certa flexibilidade gramatical e evidencia um aspecto mais simples da língua. A linguagem coloquial pode se dividida em dois tipos: informal e popular. O primeiro, regido pelas normas lin-guísticas, revela a linguagem das classes privilegiadas com um índice maior de educação formal, enquanto o segundo, mais espontâneo, sem a preocupação de seguir uma gramática disciplinada, é praticado pelas classes populares da sociedade, com acesso restrito à escolarização e aos bens culturais da classe dominante.

1. GRAUS DE FORMALIDADE E SELEÇÃO LEXICAL3. LINGUAGEM LITERÁRIA

O dialeto é uma variação regional ou social de uma lín-gua. É uma forma própria de uma língua, praticada por falantes de uma certa região ou de uma classe social específica, com diferen-ças linguísticas na pronúncia, na construção gramatical e na sintaxe, em como no uso do vocabulário. Normalmente, o falante de um dia-leto entende um outro dialeto de sua língua. Há, no entanto, casos em que um dialeto se distancia tanto da linguagem padrão, que se torna difícil para o falante de outro dialeto entendê-lo, dificultando, assim, a comunicação entre falantes das duas variedades linguísti-cas em questão.

BAIXO-ASTRAL

Para os salafrários e espertalhões que se aproveitam da ingenuidade e boa fé de nossos irmãozinhos do interior do Estado para ludibriá-los, aplicando-lhes todo tipo de golpes e armações.

♦ VOLTA Vou logo avisando: em Manga City pobre só consegue dar a volta por cima quando dá uma ‘ruladazinha’ na roda-gigante.

2. DIALETO (REGISTRO VARIANTE)

♦ PEITO Na atual desconjuntura, pato e sutiã, para poder comprar, antes de mais nada precisa ter muito peito.

DO CAPÃO. COM.BR:Atolar o boné - encher minha cabeça de abrobrinhas, ideias erradas etc. Sem massage- não aliviar determinada situação. Talarico - aquele que cobiça a mulher do próximo. Bigode - ficar à toa: “Tá de bigode?” Coalhou - semelhante a “bombou”: “O busão coalhou!” Corda - colar de prata.DO URBAN DICTIONARY:Leave Britney alone! - é o mesmo que “Me esquece!”Sponge Bob - insinuar que alguém é homossexual.Jackass of all trades – alguém que é excepcionalmente ruim em tudo o que faz. Trendicutuous - alguém que se preocupa tanto com tendên-cias que se torna ridículo.

UMA COISA QUE NINGUÉM OUSA DISCU-TIR: O PATO DO VIZINHO É SEMPRE MAIS

GORDO DO QUE O MEU.

DA STREETZ!Precisando melhorar seu vocabulário de gírias? Então, anote essas dicas . O Urban Dictionary (urbandictionary.com) é um glossário de gírias em inglês, alimentado pelos usuários. Você pode se cadastrar e receber no e-mail uma gíria fresquinha, todos os dias. Mas, se quiser ficar por dentro do vocabulário dos manos do Brasil, o lugar para buscar informação é a seção Dialeto do site capão.com.br.

WALT WHITMAN

“Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu po-voado, e disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conheci-mento e o prazer que encerram, estare-mos finalmente fartos e satisfeitos? E mi-nha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.

A variação de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente.

Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de linguagem. Alguns escritores de sociolin-guística usam o termo leto, aparentemente um processo de criação de palavras para termos específicos

Turma do Xaxado

VARIAÇÃO

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

03 02

PATRÃOZIM, A EQUIPE DE NATAÇÃO DA CIDADE

NUM VAI PRA FRENTE NÃO!

MAS EU NÃO ABRI AS PORTAS DA MINHA CASA PARA ELES TREINAREM

NA MINHA PISCINA?

FOI, PATRÃO, MAS OS CABRA TAVA COM UMA

SEDE...

OXI!

Ô ZECÃO! DEIXA DE CRIANCICE!

NÓS VIEMOS AQUI POR UM MOTIVO MUITO SÉRIO!

TODOS OS NOSSOS BONEQUINHOS

DE HERÓIS !

UAU! VOCÊ AINDA TEM O BONECO DO

HE-MENOS?

OLHA! EU NÃO CONHECIA ESSE SEU

CAPITÃO PITOCO !

OPS! FOI MAL! DESCULPEM!

ATENÇÃO! ESVAZIAR AS MOCHILAS!

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VariaçãOlinguística iii

O nível culto é utilizado em ocasiões formais. É uma lin-guagem mais obediente às regras gramaticais da norma culta. O nível culto segue a língua padrão, também chamada norma culta ou norma padrão.

Diz a lenda que Rui Barbosa ao chegar em casa, ouviu um barulho vindo do quintal. Lá, encontrou um homem tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se e lhe disse:

“Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrín-seco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação para levar meus ovípa-

ros à sorrelfa e à socapa. Se isso fazes por necessidade, transijo; mas, se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à enésima potência do que o vulgo denomina nada”.

E o ladrão, perplexo: “Tá bom, dotô, mas então me expri-ca: eu levo os pato ou deixo os pato?”. Temos em qualquer língua as chamadas variantes padrão e variantes não-padrão. Assim, temos variantes de prestígio e variantes estigmatizadas.

Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados

1. VARIAÇÃO LINGUISTICA E A INTENCIONALIDADE DIRCURSIVAVÍCIO NA FALA

O que determina os níveis de fala? Os dois grandes níveis de fala, o coloquial e o culto, são determinados pela cultura e formação escolar dos falantes, pelo grupo social a que eles pertencem e pela si-tuação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra.

Identifique a região em que cada um dos assaltos teria ocorrido:

Ei, bichim . Isso é um assalto . Ar-riba os braços e num se bula ....e num faça munganga. Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora: Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia. Ô sô, prestenção: isso é um as-sarto, uai: Levanta os braço e fica quetin quesse trem na minha mão ta cheio de bala . Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Ta es-perando o que , uai! O gurí, ficas atento:. Báh, isso é um assalto: Levantas os braços e te aquie-ta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse

facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda a la cria, senão o qua-renta e quatro fala. Seguiiiinnte, bicho: Tu te. Isso é um assalto...Passa a grana e levanta os braços rapá:. Não fica de bobeira que eu atiro bem .... Vai andando e se olhar pra traz vira presunto. Ô meu rei . (longa pausa) Isso é um assalto.(longa pausa)Levanta os braços,mas não se avexe não .(longa pau-sa). Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado:. Vai passando a grana, bem devagarinho (longa pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado: Não esquenta, meu irmãozinho ( longa pausa ) Vou deixar teus documentos na encruzilhada. Ôrra, meu:. Isso é um assalto, meu . Alevanta os braços, meu:. Passa a grana logo, meu! Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu: Pô, se manda, meu:.

Língua Falada

● Palavra sonora.● Recursos: signos acústicos e extralingüísti-cos, gestos, entorno físico e psíquico.● Requer a presença dos interlocutores. Ga-nha em vivacidade.● É espontânea e imediata. Uso de palavras--curinga, de frases feitas.● A expressividade permite prescindir de cer-tas regras.● É repetitiva e redundante● A informação é permeada de subjetividade

e influenciada pela presença do interlocutor● O contexto extralingüístico é importanteLíngua Escrita

● Palavra gráfica● Pobreza de recursos não-lingüísticos; uso de letras, sinais de pontuação● Comunicação unilateral. Ganha em per-manência● É mais precisa e elaborada. Ausência de cacoetes lingüísticos e vulgarismos● Mais correção na elaboração das frases. Evi-ta a improvisação● É mais sintética. A redundância é um recur-so estilístico ● É mais objetiva. É possível esquecer o in-terlocutor● O contexto extralingüístico tem menos influência

Erro de português não existe

A Gramática Tradicional abarca um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente.

Ela é dotada de regras e normas que se sustentam até hoje em nomencla-tura e definições estruturalistas da língua. Historicamente se constituiu com base em preconceitos sociais que revelam o tipo pro-duto intelectual de uma sociedade aristocrá-tica, escravagista, oligárquica, fortemente hierarquizada quando adotou como modelo

de língua “exemplar” o uso característico de um grupo restrito de falantes: do sexo mas-culino; livres (não escravos); membros da elite cultural (letrados); cidadãos (eleitores e elegíveis); membros da aristocracia política; detentores da riqueza econômica.

Com isso, passa a ser visto como erro todo e qualquer uso que escape desse modelo idealizado, toda e qualquer opção que esteja distante da linguagem literária consagrada; toda pronúncia, todo vocabu-lário e toda sintaxe que revelem a origem social desprestigiada do falante; tudo o que não conste dos usos das classes sociais le-tradas urbanas com acesso à escolarização formal e à cultura legitimada. Assim, fica ex-cluída do “bem falar” a imensa maioria das pessoas - um tipo de exclusão que se per-petua em boa medida até a atualidade.

O processo de normatização, ou padronização, retira a língua de sua realida-de social, complexa e dinâmica, para trans-formá-la num objeto externo aos falantes, numa entidade com “vida própria”, (supos-tamente) independente dos seres humanos que a falam, escrevem, lêem e interagem por meio dela.

Isso torna possível falar de “atentado contra o idioma”, de “pecado contra a língua”, de “atropelar a gramá-tica” ou“tropeçar” no uso do vernáculo.

Todo esse discurso dá a entender (enga-nosamente) que a língua está fora de nós, é um objeto externo, alguma coisa que não nos pertence e que, para piorar, é de difícil acesso.

Em contraposição à noção de “erro”, e à “tradição da queixa” derivada dela, a ciência lingüística oferece os con-ceitos de variação e mudança. Enquanto a Gramática Tradicional tenta definir a “língua” como uma entidade abstrata e homogênea, a Lingüística concebe a língua como uma realidade intrinsecamente heterogênea, variá-vel, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem os seus fa-lantes. Uma sociedade extremamente dinâmica e multifacetada só pode apresentar uma língua igualmente dinâmica e multifacetada.

Ao contrário da Gramática Tradi-cional, que afirma que existe apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Lingüísti-ca demonstra que todas as formas de ex-pressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica lingüística perfeitamente demonstrável. Ou seja: nada na língua é por acaso.

(Marcos Bagno - Revista EDUCAÇÃO, n. 26 - julho de 1999)

O MÉDICO

Aquele lago me deixou um diagnóstico. Sua beleza era selvagem como uma crise aguda e suas águas vi-viam permanentemente és estado coma-toso. O vento, como um bisturi, cortava a superfície das águas escarlatinadas pelo mercúrio que cobria todo o céu ao pôr--do-sol.

Assim, os elaboradores das primeiras obras gramaticais do mundo oci-dental definiram os rumos dos estudos lingüísticos que iam perdurar por mais de 2 mil anos:

1. Desprezo pela língua falada e supervalorização da língua escrita literária;

2. Estigmatização das variedades não-urbanas, não letradas, usadas por fa-lantes excluídos das camadas sociais de prestígio (exclusão que atingia todas as mulheres);

3. Criação de um modelo idealizado de língua, distante da fala real contempo-rânea, baseado em opções já obsoletas (extraídas da literatura do passado) e transmitido apenas a um grupo restrito de falantes, os que tinham acesso à esco-larização formal.

AS PRIMEIRAS OBRAS GRAMATICAIS

2. NÍVEL CULTO

Aplicações no Caderno de Exercícios

frente ficha

03 03

OBS: O estilo de cada um

O nível colo-quial ou popular é utilizado na conver-sação diária, em si-tuações informais, descontraídas. É o nível aces-sível a qualquer falante e se carac-teriza por:

● Expressividade afetiva, consegui-da pelo emprego de diminutivos, au-

mentativos, interjei-ções e expressões populares.● Tendência a trans-gredir a norma culta.● Repetição de pa-lavras e uso de ex-pressões de apoio.- Que flor bonita. Me dá ela?- Se me disseres dá-ma, eu dou-ta!- Não poderei sa-tisfazê-la.- Sentir-me-ia uma horrenda douta.

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NiVEiS DE liNguagEM

03

frente ficha 04

A ilustração mostra de forma simples a confusão que fazemos quando pre-tendemos flexionar um palavra e exemplifica a maneira como a língua portuguesa faz uso de um mecanismo de concordância para marcar formalmente as relações de determinação ou dependência morfossintática existentes entre os constituintes dos sintagmas nominais e verbais.

1.CONSIDERAÇÕES GERAIS - SINTAXE DE CONCORD. VERBAL I

Essa relação de ajustamento entre os termos da frase ou oração acontece sempre. A cada vez em que escrevemos um texto, quando não usamos esse mecanismo de forma intuitiva, nos esforçamos em efetuar sua revisão gramatical. Para tanto, faz-se necessária uma maior compreensão sobre a sintaxe da língua. Em outras palavras, carecemos de um melhor entendimento sobre a organização do português e as relações fundamentais decorren-tes dessa organização, tais como regência e concordância.

O enunciado que dá origem aos períodos de um texto não são decorrentes de um conjunto desorganizado de palavras. A cada vez que queremos formular uma sentença, fazemos uso de um mecanismo que regula a disposição espacial das palavras na frase. Uma frase está em ordem direta quando as palavras se dispõem na progressão do antecedente para o consequente, isto é: Na frase “O menino perguntou, durante a aula, a matéria ao professor”, identificamos a estrutura sintática pela qual as orações são compostas.

Observando o verbo, podemos inferir a estrutura proje-tada por ele. Por exemplo, o verbo “perguntar” permite pressupor que ‘alguém’ pergunta ‘algo’ ‘a alguém’, ou seja, é um verbo de 3 argumentos: admite sujeito e pede dois complementos. Assim, temos o primeiro contato com a noção de “padrões oracionais” que prevê determinados moldes sintáticos a partir dos quais toda e qualquer frase efetiva da língua é construída. Determinando a estrutura argumental do verbo, identificamos os elementos que compõem a informação básica. No exemplo, seriam eles: o sujeito ‘o menino’, o verbo ‘perguntou’, o objeto direto ‘a matéria’ e objeto indireto ‘ao professor’. Assim:

Regras, imposições e normas são formatadas para si-nalizar o comportamento linguístico estabelecido pela gramática. Se repensarmos o texto, ele, na verdade, é o resultado final de um processo que começou com o vocábulo, que somado a outros formou orações, que somadas a outras, formou períodos e pará-grafos sucessivamente.

2. ANOTAÇÃO GRAMATICAL

3. ANOTAÇÃO GRAMATICAL

• A concordância é decorrente das relações de de-pendência estabelecida entre os componentes da oração, - seja ela de número, gênero ou pessoa, numa oração.

O elemento que determina a concordância verbal é o sujeito. Logo, a melhor definição de sujeito seria “o elemento com o qual o verbo concorda”. Já o predicado seria “tudo o que se diz do sujeito”.

● A presença da partícula apassivadora “SE” faz a frase ser passiva, ou seja, o sujeito é quem sofre a ação do verbo (= carro), e não quem pratica a ação de vender. É o mesmo que dizer “carros são vendidos”.

● Em “VENDE-SE carro usado”, o verbo fica no singu-lar porque o sujeito (=o carro usado) está no singular; em “VENDEM-SE carros usados”, o verbo vai para o plural porque o sujeito (=carros usados) está no plu-ral. Correspondem a: “Este carro é vendido” e “Carros usados são vendidos”.

PALAVRAS→SINTAGMAS→ORAÇÃO→PERÍODO→TEXTO

Na frase, temos o emprego de duas casses gramaticais (substantivo e preposição) e outras subentendidas (verbo).

Classes gramaticais

• Substantivo: são palavras que designam tanto seres visíveis ou não, animados ou não (quanto as ações, estados, desejos, sentimentos e ideias);

• Adjetivo: é a palavra que caracteriza os seres. Refere-se sempre a um substantivo explícito ou subentendido na frase, com o qual con-corda em gênero e número;

• Numeral: é a palavra que expressa quantidade exata de pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determinada sequência;

• Artigo: é a palavra que precede o substantivo, indicando- lhe o gê-nero e o número, ao mesmo tempo, determina ou generaliza o subs-tantivo;

• Advérbio: é a palavra que basicamente modifica o verbo,acrescentando a ela uma circunstância;

• Pronome: é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a sua posição em relação as pessoas do discursou mesmo situando-o no espaço e no tempo;

• Preposição: é a palavra invariável que une termos de uma oração, estabelecendo entre elas variadas relações;

• Conjunção: é a palavra invariável usada para ligar orações ou ter-mos semelhantes de uma oração;

• Interjeição: é a palavra invariável usada para exprimir emoções e sentimentos;

• Verbo: é a palavra que se flexiona em número, pessoa, tempo e voz. Em termos significativos, o verbo costuma indicar uma ação, um estado ou fenômeno da natureza.

Depois da escolha morfológica partimos para organizar a nos-sa estrutura sintática. E é aí que entra a concordância, a regência e a colocação pronominal – bem como a crase, o processo de subordinação e coordenação. Vejamos um exemplo:

O fragmento é composto de três períodos. O primeiro perí-odo, “Dormiu e sonhou”, é composto por coordenação. Há adição de informações e ideias, marcada pelo emprego de conjunção coorde-nada aditiva E. O segundo período do fragmento acima é composto

por coordenação, mas, ao contrário do anterior, a combinação entre as orações se dá sem a interferência de nexos conjuncionais. Nesse caso, a coordenação é assindética. Esse processo de estruturação interna da oração se difere da subordinação, pelo fato de as orações serem independentes sintaticamente, o que não ocorre na subordi-nação, em que a oração subordinada exerce função sintática na ora-ção principal, numa relação de encaixe, dependência. “Mina, teus cabelo é da hora”, a oração é de uma música muito conhecida do grupo Mamonas Assassinas. E então? Como lhe parece o trecho? Absurdo, não? Na verdade, embora ele não chegue a perder completamente o sentido, apresenta um problema formal grave, porque o substantivo está flexionado para o número de maneira caótica. Bem como o verbo de ligação não corresponde às necessidades de flexão. Se explorarmos aleatoriamente os recursos morfológicos de marcação de gênero (masculino e feminino), núme-ro (singular e plural) e pessoa ( 1ª, 2ª e 3ª) de que dispõe a nossa lín-gua, vamos momentaneamente desconsiderar que o substantivo e o verbo estão aqui relacionados a palavras específicas nos enunciados de que fazem parte, e que por manterem uma relação de dependên-cia dentro da estrutura sintática deveriam se assim reescritos:

Menina, seus cabelos são da hora.

É muito provável, no entanto, que você já tenha ouvido enunciados como “Os navio chegou agorinha mesmo no porto”, ou “Elas vende verdura nas feira da cidade”, ou “Eu não sei fazer as lição difícil”. Enunciados como esses são típicos de variedades da língua sem prestígio social, as chamadas variedades socialmente estigma-tizadas. A primeira reação que temos, ao ouvir tais enunciados, é a de rotulá-los como formas erradas da língua. Se os vemos sob forma escrita, nossa reação é ainda mais negativa. A conclusão que você deve tirar dessas considerações sobre os mecanismos de marca-ção da concordância nominal ou verbal em diferentes variedades do Português é que, do ponto de vista estritamente linguístico, não há variedades “melhores” ou “piores”. Marcar redundantemente o plu-ral, como na variedade padrão, ou marcá-lo de maneira formalmente mais econômica, como em variedades socialmente estigmatizadas, produz o mesmo resultado semântico, ou seja, a interpretação, em ambos os casos, será sempre a desejada pelos falantes. Mas onde reside, então, o problema? Por que se repete tanto, na escola, que a regra de concordância que prevê a marcação de plural em todos os elementos do sintagma—justamente a marcação mais redundante! — é a que deve ser seguida?

Você já deve, a esta altura, ter refletido sobre a questão e chegado à conclusão esperada: a escola ensina as regras de con-cordância nominal e verbal que caracterizam a norma culta da língua portuguesa porque as pessoas costumam ser socialmente avaliadas também pela maneira como usam a língua, e — embora muito in-justamente! costumam ser discriminados os falantes das variedades diferentes da norma.

Veja que os exemplos que até agora comentamos são bastante simples, pois os falantes, ao usarem suas respectivas va-riedades, nunca têm dúvidas sobre a forma que devem assumir os elementos no interior dos sintagmas nominais. Existem casos mais complexos, no entanto, que costumam causar muitas dúvidas aos próprios falantes da modalidade culta da língua. Esses casos envol-vem o número e a categoria morfológica dos elementos presentes nos sintagmas, bem como o gênero e o número dos elementos nucleares (determinados) com os quais devem concordar os deter-minantes. É a existência de tais casos que justifica a inclusão, nas gramáticas da língua, das regras de concordância nominal e verbal.

Dormiu e sonhou. Um pé-de-vento de poeira a folhagem das imburanas, sinhá Vitória catava piolhos no filho mais velho, Baleia des-cansava a cabeça na pedra de amolar.

ENCAIXE – SUBORDINAÇÃO: pa-lavras que resumem o processo de concor-dância verbal e nominal.

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VariaçãO liNguÍStiCae a intencionalidade Discursiva

03

frente ficha 04

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frente ficha 05

1. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA e a INTENCIONALIDADE DISCURSIVA

Uma boa cerveja deve descer redondo ou redonda? Se redondo é adjetivo, não deveria concordar com cerveja? Muitos leitores fazem a mesma pergunta, motivada pela campanha de uma de nossas grandes cervejarias. A frase da cerveja se tornou muito comum em nosso idioma. Dito de maneira mais simples: o adjetivo, em Português, pode ser usado como um advérbio: “A águia voava alto”; “Cães de fila custam caro”; “Ela não senta di-reito”. Dá para notar perfeitamente que esses adjetivos (aqui, no masculino singular - que é, na verdade, a forma neutra dos no-mes flexionáveis) estão modificando o verbo, e não o substantivo. A dúvida dos leitores quanto a essa estrutura, como bem diz Celso Cunha, nasce do caráter fronteiriço entre o adjetivo e o advérbio. Nas frases em que predomina o valor de adjetivo, o lei-tor interpreta o vocábulo como um predicativo do sujeito; somos levados a ler “eles chegaram tristes” entendendo “eles estavam tristes quando chegaram”. Nas frases em que predomina o valor de advérbio, no entanto, o leitor interpreta o vocábulo como um adjunto adverbial (geralmente de modo). Para mim, “ela desceu rápido” significa “ela desceu rapidamente”.

Se testarmos a frase da cerveja com vários falantes – para captarmos a cor local, pode ser até numa mesa de bar-, te-nho certeza de que a maioria entenderá que “redondo” descreve a maneira como ela desce (até porque redondo, aqui no sentido de “suave, macio”, não é um atributo relacionado normalmente com uma bebida, mas sim com seu trajeto e com sua passagem por nosso equipamento gustativo). Da mesma forma, não tenho dúvida de que uma frase como “a cerveja desceu gelado” será rejeitada por quase todos, pois aqui “gelado” é nitidamente um atributo do sujeito (“a cerveja estava gelada quando desceu”).

(Dr. Professor Cláudio Moreno)

Como se vê, estudar a principalmente quando o as-sunto envolve estruturas mais complexas como as orações que envolvem, por exemplo, os verbos impessoais.

Numa estrutura simples como “O menino caiu da calça-da” é evidente a relação de ajustamento entre o verbo e o sujeito, mas e nas orações sem sujeito, como se composta a flexão ver-bal? Vejamos:

VERBOS IMPESSOAIS = são os verbos que não têm sujeito. Como eles não possuem sujeito, não têm com quem concordar, ficando, então, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular, com exceção do verbo SER. Como exemplo, temos os verbos que indicam fenômenos naturais: chover, relampejar, ventar, ne-var, gear, amanhecer, escurecer, esquentar. Por exemplo, Cho-veu muito ontem.

Aprofundaremos o nosso estudo focalizando o verbo HAVER que é um dos verbos que mais traz dúvi-das quanto a sua flexão:

Emprega-se o verbo como impessoal - isto é, sempre na 3ª pessoa do singular - quando tem o sentido de existir, Este é um dos casos de “oração sem sujeito”. Exatamente por isso o verbo haver fica neu-tro, impessoal, pois ele não tem um sujeito com quem concordar. Os substantivos que complementam o verbo haver são considerados seu objeto direto. Assim, para atender aos preceitos da língua culta, é preciso obser-var a forma no singular quando o verbo haver está con-jugado nos tempos pretéritos ou futuros (no presente di-ficilmente se cometeria um engano: ninguém diria *hão outros caos).

1. Há - houve casos

As mesmas frases, se construídas com existir, teriam o verbo flexionado de acordo com o subs-tantivo, que aí é considerado o sujeito do verbo existir: Não existem soluções a curto prazo / se existisse mais justiça, existiriam menos descon-tentes / para que existam menos neuroses / as irregularidades que existirem etc.

Deve haver outras técnicas para melhorar o cultivo.

• Pelas informações recebidas, está novamente havendo dis-cussões clandestinas.

• Está havendo coisas de arrepiar os cabelos. [Porém: estão acontecendo coisas]

• Não sei se chegou a haver sessões no Senado naquele período.

Portanto:

• Na festa tinha mais mulheres que homens.

• Tem pessoas assim em todo lugar.

• Teve ocasiões em que me senti frustrado.

• De segunda a sexta tem notícias quentes para você.

SER

ESTAR e FAZER

Indicando tempo ou fenômeno meteorológico. Por exemplo: Está frio no Sul e Faz calor aqui.

Indicando, data, hora, distância. Por exemplo: São dois de maio.

3. Há nas locuções verbais

Quando o verbo haver no sentido de existir faz parte de uma locução verbal, ele transfere sua impessoalidade ao verbo auxiliar dessa locu-ção, que permanece, por isso, no singular.

OBS: Estes verbos, quando são usados em sentido figurado, têm sujeito e admitem plural. Por exemplo, Chovam sobre vós as bênçãos de Deus.

Exemplos:

• Não há / haverá / haveria soluções a curto prazo.• Não mudaremos o país se não houver transformações pro-fundas na Educação Básica.• Se houvesse mais justiça, haveria menos descontentes.• Para que haja menos neuroses é preciso reeducar as pessoas.

Vamos apurar todas as irregularidades que houver, disse o relator da CPI.

Em algumas situações também se pode substituir ‘haver’ por outros verbos:

• Se houver / ocorrerem problemas, teremos de devolver o dinheiro.

• Não é natural que haja / aconteçam tantos distúrbios.

• Às vezes, havia / encontravam-se vasilhas de cerâmica aos pés dos mortos.

VERBO

É a classe de palavras variáveis em pessoa, número, tempo, modo e voz, que indicam ação (correr), estado (ficar), fenômeno (chover), fato (nascer).

Pessoa = Varia a forma verbal para indicar a pessoa grama-tical a que se refere.

1ª pessoa - orador (que fala)

2ª pessoa - interlocutor (com quem se fala)

3ª pessoa - assunto (de que se fala). Número = varia a for-ma verbal para indicar o número de sujeitos a que se refere SINGULAR - refere-se a um único sujeito. Por exemplo, o menino fala. PLURAL - refere-se a mais de um sujeito. Por exemplo, os meninos falam.

FLEXÕES VERBAIS

Comecemos pelo estudo do verbo já que a concordância agora é relacionada a essa classe

gramatical: 2. Há - tem

A professora S.C.M.B., de São Paulo, consulta sobre o verbo ter quando utilizado como haver. Este é um uso bastante coloquial. Deve ser evitado em linguagem científica ou oficial. Mas como é muito comum no Brasil (basta ver os versos de Chico Buarque: “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”), é bom saber que ele segue o mesmo padrão de haver - não flexiona no plural.

Page 18: APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA - IMPACTO

34 www.portalimpacto.com.brnLÍNGUA PORTUGUESA

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação his-tórica) e no espaço (variação regional). As variações linguís-ticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;

2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas di-ferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;

3) Há falares específicos para grupos específicos, como profis-sionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões..

Assim, além do português padrão, há outras varieda-des de usos da língua cujos traços mais comuns.

Se você fizer um levantamento dos nomes que as pes-soas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Gui-marães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Dia-bo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafar-ro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho,

O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfa-no, Rabudo.

LÍNGUA E STATUS

Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regi-ões, para percebers que há preconceito em relação a elas.

"Antigamente, as moças chamavam-se mademoisel-les e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Bas-ta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determina-da época no Brasil.

2. VARIAÇÕES REGIONAIS: OS SOTAQUES

ANTIGAMENTE

Aplicações no Caderno de Exercícios