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ETEC DR JÚLIO CARDOSO Ética e Cidadania Organizacional 1 ÍNDICE: TEMA 1 : O HOMEM: PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA. O EVOLUCIONISMO E O DEBATE DAS DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS VERSUS PROCESSO CULTURAL: - EVOLUCIONISMO E TEORIA DA EVOLUÇÃO - EVOLUÇÃO PRIMATA-HOMEM. - HISTÓRIA ECONÔMICA E AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS: EVOLUÇÃO DOS MODOS DE PRODUÇÃO. MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO AO CAPITALISMO. TEMA 2: O SIGNIFICADO DO TERMO CULTURA: SENSO COMUM E CIENTÍFICO; A SIMBOLIZAÇÃO DA VIDA SOCIAL, A DIVERSIDADE CULTURAL E AS CULTURAS NACIONAIS: - ANTROPOLOGIA E O ESTUDO DA CULTURA COMO VISÃO DE MUNDO. - A CULTURA NA SOCIEDADE ATUAL: CULTURA POPULAR, ERUDITA E DE MASSAS; - GLOBALIZAÇÃO CULTURAL: ETNOCENTRISMO, XENOFOBIA E RELATIVISMO CULTURAL. - DIREITOS HUMANOS: TEORIA E PRÁTICA. TEMA 3: ÉTICA EMPRESARIAL: - CONCEITOS GERAIS. - PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS A TODAS AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS. - PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM A CONCORRÊNCIA. - PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS AO RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES. - PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM EMPREGADOS. - ESTUDOS DE CASO. APÊNDICES: - CÓDIGO DE ÉTICA PROFISISONAL DO ADMINISTRADOR. - A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. EVOLUCIONISMO E TEORIA DA EVOLUÇÃO

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Page 1: Apostila de Etica (1)

ETEC DR JÚLIO CARDOSOÉtica e Cidadania Organizacional

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ÍNDICE:

TEMA 1: O HOMEM: PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA. O EVOLUCIONISMO E O DEBATE DAS DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS VERSUS PROCESSO CULTURAL:

- EVOLUCIONISMO E TEORIA DA EVOLUÇÃO

- EVOLUÇÃO PRIMATA-HOMEM.

- HISTÓRIA ECONÔMICA E AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS: EVOLUÇÃO DOS

MODOS DE PRODUÇÃO. MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO AO CAPITALISMO.

TEMA 2: O SIGNIFICADO DO TERMO CULTURA: SENSO COMUM E CIENTÍFICO; A SIMBOLIZAÇÃO DA VIDA SOCIAL, A DIVERSIDADE CULTURAL E AS CULTURAS NACIONAIS:

- ANTROPOLOGIA E O ESTUDO DA CULTURA COMO VISÃO DE MUNDO.

- A CULTURA NA SOCIEDADE ATUAL: CULTURA POPULAR, ERUDITA E DE MASSAS;

- GLOBALIZAÇÃO CULTURAL: ETNOCENTRISMO, XENOFOBIA E RELATIVISMO

CULTURAL.

- DIREITOS HUMANOS: TEORIA E PRÁTICA.

TEMA 3: ÉTICA EMPRESARIAL:

- CONCEITOS GERAIS.

- PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS A TODAS AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS.

- PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM A CONCORRÊNCIA.

- PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS AO RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES.

- PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM EMPREGADOS.

- ESTUDOS DE CASO.

APÊNDICES:

- CÓDIGO DE ÉTICA PROFISISONAL DO ADMINISTRADOR.

- A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.

EVOLUCIONISMO E TEORIA DA EVOLUÇÃO

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A teoria da evolução, também chamada evolucionismo, afirma que as espécies animais e vegetais existentes na Terra não são imutáveis.

Alguns pesquisadores afirmam que as espécies sofrem ao longo das gerações uma modificação gradual que inclui a formação de novas raças e de novas espécies. Depois da sua divulgação, tal teoria se transformou em fonte de controvérsia, não somente no campo científico, como também na área ideológica e religiosa em todo o mundo.

Até o século XVIII, o mundo ocidental aceitava com muita naturalidade a doutrina do criacionismo. De acordo com essa doutrina, cada espécie animal ou vegetal teria sido criado independentemente por ato divino.

O pesquisador francês Jean-Baptiste Lamarck foi um dos primeiros a negar esse postulado e a propor um mecanismo pelo qual a evolução se teria verificado. A partir da observação de que fatores ambientais podem modificar certas características dos indivíduos, Lamarck imaginou que tais modificações se transmitissem à prole: os filhos das pessoas que normalmente tomam muito sol já nasceriam mais morenos do que os filhos dos que não tomam sol. A necessidade de respirar na atmosfera teria feito aparecer pulmões nos peixes que começaram a passar pequenos períodos fora d'água, o que teria permitido a seus descendentes viver em terra mais tempo, fortalecendo os pulmões pelo exercício; as brânquias, cada vez menos utilizadas pelos peixes pulmonados, terminaram por desaparecer. Assim, o mecanismo de formação de uma nova espécie seria, em linhas gerais, o seguinte: alguns indivíduos de uma espécie ancestral passavam a viver num ambiente diferente; o novo ambiente criava necessidades que antes não existiam, as quais o organismo satisfazia desenvolvendo novas características hereditárias; os portadores dessas características passavam a formar uma nova espécie, diferente da primeira. A doutrina de Lamarck foi publicada em Philosophie Zoologique (1809; Filosofia Zoológica), e teve, como principal mérito, suscitar debates e pesquisas num campo que, até então, era domínio exclusivo da filosofia e da religião. Estudos posteriores demonstraram que, apenas o primeiro postulado do lamarckismo, estava correto; de fato, o ambiente provoca no indivíduo modificações adaptativas; mas os caracteres assim adquiridos não se transmitem à prole. Em 1859, Charles Darwin publicou The Origin of Species (A Origem das Espécies), livro de grande impacto no meio científico que pôs em evidência o papel da seleção natural no mecanismo da evolução. Darwin partiu da observação segundo a qual, dentro de uma espécie, os indivíduos diferem uns dos outros. Há, portanto, na luta pela existência, uma competição entre indivíduos de capacidades diversas. Os mais bem adaptados são os que deixam maior número de descendentes.

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O darwinismo estava fundamentalmente correto, mas teve de ser complementado e, em alguns aspectos, corrigido pelos evolucionistas do século XX para que se transformasse na sólida doutrina evolucionista de hoje.

As idéias de Darwin e seus contemporâneos sobre a origem das diferenças individuais eram confusas. Predominava o conceito lamarckista de que o ambiente faz surgir nos indivíduos novos caracteres adaptativos, que se tornam hereditários.

Um dos primeiros a abordar experimentalmente a questão foi o biólogo alemão August Weismann, ainda no século XIX. Tendo cortado, por várias gerações, os rabos de camundongos que usava como reprodutores, mostrou que nem por isso os descendentes passavam a nascer com rabos menores. Weismann estabeleceu também a distinção fundamental entre células germinais e células somáticas.

Origem das raças: As mutações, as recombinações gênicas, a seleção natural, as diferenças de ambiente, os movimentos migratórios e o isolamento, tanto geográfico como reprodutivo, concorrem para alterar a freqüência dos genes nas populações de animais e são, assim, os principais fatores da evolução.

Duas raças geograficamente isoladas evoluem independentemente e se diversificam cada vez mais, até que as diferenças nos órgãos reprodutores, ou nos instintos sexuais, ou no número de cromossomos, sejam grandes a ponto de tornar o cruzamento entre elas impossível ou, quando possível, produtor de prole estéril. Com isso, as duas raças transformam-se em espécies distintas, isto é, populações incapazes de trocar genes. Daí por diante, mesmo que as barreiras venham a desaparecer e as espécies passem a compartilhar o mesmo território, não haverá entre elas cruzamentos viáveis. As duas espécies formarão, para sempre, unidades biológicas estanques, de destinos evolutivos diferentes.

Se, entretanto, o isolamento geográfico entre duas raças é precário e desaparece depois de algum tempo, o cruzamento entre elas tende a obliterar a diferenciação racial e elas se fundem numa mesma espécie, monotípica, porém muito variável. É o que está acontecendo com a espécie humana, cujas raças se diferenciaram enquanto as barreiras naturais eram muito difíceis de vencer e quase chegaram ao ponto de formar espécies distintas; mas os meios de transporte, introduzidos pela civilização, aperfeiçoaram-se antes que se estabelecessem mecanismos de isolamento reprodutivo que tornassem o processo irreversível. Os cruzamentos inter-raciais tornaram-se freqüentes e a humanidade está-se amalgamando numa espécie cada vez mais homogênea, mas com grandes variações.

Populações que se inter cruzam amplamente apresentam pequenas diferenças genéticas, mas as populações isoladas por longo tempo desenvolvem diferenças consideráveis. Em teoria, raças são populações de uma mesma espécie que diferem quanto à freqüência de genes, mesmo que essas diferenças sejam pequenas. A divisão da

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humanidade em determinado número de raças é arbitrária; o importante é reconhecer que a espécie humana está dividida em alguns grupos raciais maiores que, por sua vez, se subdividem em raças menos distintas, e a subdivisão continua até se chegar a populações que quase não apresentam diferenças.

As subespécies representam o último estágio evolutivo na diferenciação das raças, antes do estabelecimento dos mecanismos de isolamento reprodutivo. São, portanto, distinguíveis por apresentarem certas características em freqüência bem diferentes. Não se cruzam, por estarem separadas, mas são capazes de produzir híbridos férteis, se colocadas juntas.

EVOLUÇÃO PRIMATA-HOMEM.

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Pensadores da evolução das espécies:

- “A evolução não tem um objetivo a longo prazo. Não existe um alvo a longo prazo, nenhuma perfeição última que sirva de critério de seleção, embora a vaidade humana acalente a noção absurda de que nossa espécie é o objetivo último da evolução”. Dawkins, R. 1986. O relojoeiro cego. Edições 70, Lisboa, p. 71.

- “A África é provavelmente o berço da humanidade. Os fósseis serão a prova”. Darwin (1871). The Descent of Men.

Locais onde foram encontrados fósseis de hominídeos:

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O homem não evoluiu do macaco, ambos possuem um ancestral

comum:

Evolução segundo os fósseis:

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Australopithecus:

º Tanzânia e Etiópia

º Bípedes, escalavam árvores.

º 1,35m e 40Kg – machos;

105cm e 35 KG – fêmeas.

º Lucy – 500cc, capacidade craniana

(Homem moderno – 1.400-1.300cc

em média).

Homo habilis:

• 1,9 milhões de anos.

• Leste da África, alguma diferenciação entre machos e fêmeas.

• Fabricava ferramentas.

Homo erectus:

- Lago Turkana, Quênia (1,5 milhões de anos). Também encontrado na Europa e Ásia.

- Mais alto, de proporções mais próximas às humanas; capacidade craniana entre 800 e 900cc.

- Caçava e comia carniça.

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Homo neanderthalensis:

• 150 mil - 30 mil anos.

• Europa leste e Ásia menor.

• Contemporâneo ao homo sapiens sapiens.

Homo sapiens sapiens:

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Comparação entre o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens sapiens.

música para dinâmica:

Homem PrimataDesde os primórdios

Até hoje em diaO homem ainda faz

O que o macaco faziaEu não trabalhava

Eu não sabiaQue o homem criavaE também destruía...Homem Primata

Capitalismo SelvagemOh! Oh! Oh!...(2x)

Eu aprendiA vida é um jogoCada um por si

E Deus contra todosVocê vai morrer

E não vai pr'o céuÉ bom aprenderA vida é cruel...

Homem PrimataCapitalismo Selvagem

Oh! Oh! Oh!...(2x)Eu me perdi

Na selva de pedraEu me perdi

Eu me perdi..."I'm a cave man

A young manI fight with my hands

(With my hands)I am a jungle man

A monkey manConcrete jungle!Concrete jungle!"

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HISTÓRIA ECONÔMICA E AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS

EVOLUÇÃO DOS MODOS DE PRODUÇÃO. MODO DE

PRODUÇÃO ASIÁTICO AO CAPITALISMO.

Quando vamos a um supermercado e compramos gêneros alimentícios, bebidas, calçados, material de limpeza, etc., estamos adquirindo bens. Da mesma forma, quando pagamos a passagem do ônibus ou uma consulta medica, estamos pagando um serviço.

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade. Assim, o conjunto de indivíduos que participam da vida econômica de uma nação é o conjunto de indivíduos que participam da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Ex: operários quando trabalham estão ajudando a produzir, quando, com o salário que recebem, compram algo, estão participando da distribuição, pois estão comprando bens e consumo. E quando consomem os bens e os serviços que adquiriram, estão participando da atividade econômica de consumo de bens e serviços.

Modos de Produção

O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade. Modo de produção = forças produtivas + relações de produção Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade.

Modo de produção primitivo ou asiático:

O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo escravismo, pelo feudalismo e pelo capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.

Na comunidade primitiva os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, ou seja, de todos. Não existia ainda a idéia da propriedade

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privada dos meios de produção, nem havia a oposição proprietários x não proprietários. As relações de produção eram relações de amizade e ajuda entre todos; elas eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, a terra em primeiro lugar.

Também não existia o Estado. Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros. O Estado surgiu como instrumento de organização social e de dominação.

Modo de produção escravista: Na sociedade escravista os meios de produção (terras e

instrumentos de produção) e os escravos eram propriedade do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta. Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não tinham nenhum direito.

Os senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto de trabalho.

Modo de produção feudal:

A sociedade feudal era constituída pelos senhores x servos. Os servos não eram escravos de seus senhores, pois não eram propriedade deles. Eles apenas os serviam em troca de casa e comida. Trabalhavam um pouco para o seu senhor e outro pouco para eles mesmos. Em um determinado momento, as relações feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das forças produtivas. Como a exploração sobre os servos no campo aumentava, o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes e o próprio crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal. Já começava a aparecer às relações capitalistas de produção.

Modo de produção capitalista:

O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado, que substituiu o trabalho servil do feudalismo. O capitalismo é movido por lucros, portanto temos duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.

O capitalismo compreende quatro etapas:

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Pré-capitalismo: o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas.

Capitalismo comercial: a maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum.

Capitalismo industrial: com a revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas industrias, que se tornam à atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente.

Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a industria, à pecuária, e ao comércio.

Modo de produção socialista:

A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há separação entre proprietário do capital (patrão) e proprietários da força do trabalho (empregados). Isto não quer dizer que não haja diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual.

ANOTAÇÕES:

ANTROPOLOGIA E O ESTUDO DA CULTURA COMO VISÃO

DE MUNDO.

Cultura provém do latim medieval significando cultivo da terra. Do verbo latino original COLO que é igual a cultivar, que juntando a cultum, forma a palavra CULTURA.

A experiência de pastores e agricultores com o trato da terra acabou conferindo ao termo cultura o sentido de conhecimento intelectual aplicado à ação transformadora do mundo.

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ANTROPOLOGICAMENTE sabemos que “a cultura é o conjunto de experiências humanas adquiridas pelo contato social e acumuladas pelos povos através do tempo”.

A CULTURA NA SOCIEDADE ATUAL: CULTURA POPULAR

E ERUDITA

Cultura Erudita

Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral - erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida sobretudo pela leitura. A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação.

Quadro de Napoleão Bonaparte

Cultura Popular

A cultura popular aparece associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às classes dominadas. A cultura popular não está ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz a respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso comum.

“A obra de arte popular constitui um tipo de linguagem por meio da qual o homem do povo expressa sua luta pela sobrevivência. Cada objeto é um momento de vida. Ele manifesta o testemunho de algum acontecimento, a denúncia de alguma injustiça” (AGUILAR, Nelson (org). Mostra do Redescobrimento: arte popular. In: BEUQUE, Jacques Van de. Arte Popular Brasileira, p. 71).

O artista popular não está preocupado em colocar suas obras expostas em lugares prestigiados.

Nesse sentido, o mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das grandes cidades. Por isso também a arte popular é sempre contemporânea a seu tempo. Por exemplo, a arte popular do século XVIII (as cantigas, poemas e histórias registradas pelos

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estudiosos) é bem diferente de outras formas de arte popular hoje, como o rap, o hip hop e o grafite, que acontecem nas periferias dos grandes centros urbanos como São Paulo.

A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição, mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a incorporação de elementos modernos pela cultura popular (como materiais como plástico, por exemplo) a transformação de algumas festas tradicionais em espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de produtos da arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer custo e de seus produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de que fazem parte.

O artista popular tira sua “inspiração” de acontecimentos locais rotineiros, a arte popular é regional. Por isso a arte popular se encontra mais afetada pela cultura de massas que atinge a todas as regiões igualmente e procura homogeneizá-las culturalmente do que a erudita.

O produtor de cultura popular e o de cultura erudita podem ter a mesma sofisticação, mas na sociedade não possuem o mesmo status social - a cultura erudita é a que é legitimada e transmitida pelas escolas e outras instituições.

Escultura de Artur Bispo do Rosário

Cultura de Massas

A existência da Indústria Cultural e de uma nova cultura veiculada por esta, a cultura de massas, que não está vinculada a nenhum grupo específico e é transmitida de maneira industrializada

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para um público generalizado, interfere na existência de uma cultura erudita da elite e de uma cultura popular do povo.

A Indústria Cultural é uma indústria que não fabrica produtos concretos, vende uma ideologia, vende visões do mundo, vende idéias, desejos. Feita para uma massa de pessoas, esses bens culturais são veiculados pelos meios de comunicação de massas, aí surge a cultura de massas (o produto da Indústria Cultural). A cultura de massas não é uma cultura que surge espontaneamente das próprias massas, mas uma cultura já pronta e fornecida por outro setor social (que controla a produção da Indústria Cultural), a classe dominante. Portanto, na vida em cidades (residência das massas) e com a Indústria Cultural a cultura passa a ser algo externo às pessoas, não mais de produção delas mesmas.

Podemos analisar a cultura de massas como um ponto de intersecção entre a cultura erudita e a cultura popular porque os elementos próprios da cultura de massas são consumidos tanto por setores mais excluídos da sociedade quanto por elites.

TEXTO PARA DISCUSSÃO

TELEVISÃO – RITA LEE

A Televisão me deixou burro, muito burro demais! Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais.

O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida. E agora toda noite quando deito é boa noite, querida....Oh! Cride, fala prá mãe que eu nunca li num livro que

o espirro fosse um vírus sem cura.Vê se me entende pelo menas uma vez, criatura!

Oh! Cride, fala prá mãe!...A mãe diz prá eu fazer alguma coisa, mas eu não

faço nada.A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina

fechada.É que a televisão me deixou burro, muito burro

demais.E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos

animais...

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Oh! Cride, fala prá mãe que tudo que a antena captar meu coração captura!

Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!Oh! Cride, fala prá mãe!...

LEITURA COMPLEMENTARÉtica e comunicação

Prof. Eduardo C. B. BittarFaculdade de Direito - USP

A comunicação não está isenta das preocupações éticas. Isso porque a

comunicação, por seus meios, técnicas, canais e processos, possui ampla

capacidade de dispersão de idéias, informações, conceitos, sendo capaz de

movimentar culturas. Isso tem valor, sobretudo, para civilizações marcadas pela

ascensão da mass media e pelos processos de aculturação das massas pelas formas

televisivas, jornalísticas, radiofônicas, informáticas e internéticas de difusão de

informações e conhecimentos. A comunicação, enfim, nunca foi tão importante na

constituição da mediação entre os indivíduos em sociedade. Também, nunca foi tão

importante a presença da ética na comunicação.

As maiores acusações contra a mass media são apresentadas e apontadas

por Umberto Eco:

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a) basta-se com o gosto médio do público heterogêneo ao qual se refere;

b) proporciona a homogeneização da cultura universal;

c) manipula o auditório ao qual se dirige, em função de ser inconsciente dos

processos aos quais está sendo submetido;

d) conserva o que é de maior difusão, mantendo os valores sociais de maior

aceitação passada e atravancando a originalidade;

e) usa meios sonoros e plásticos não de sugerir valores, mas de impô-los e

subliminarmente torná-los necessários;

f) funciona na base do sistema de oferta e procura, atendendo a demandas

econômicas e marqueteiras;

g) sintetiza a cultura superior e institui a condensação formular que impede o

desenvolvimento do raciocínio;

h) equipara produtos de diversos gêneros e culturas de diversos escalões num

tabuleiro de igualdades indiferentes;

i) estimula a consciência acrítica e a aceitação de valores e imagens;

j) renega a consciência histórica com o passado, enfocando somente questões do

presente;

k) não desperta a atenção de aprofundamento, mas somente a de superfície;

l) padroniza gostos, ícones e símbolos coletivos e universais, em detrimento da

individualidade;

m) adota e assimila a opinião comum, geral, a consciência aceita sobre fatos e

acontecimentos;

n) forma modelos oficiais da cultura, entroniza umas coisas e marginaliza outras;

o) dissemina uma cultura que não nasce de baixo para cima, mas de cima para

baixo, crestando toda a naturalidade do processo de produção e reprodução de valores.

Isto não a torna a vilã social, ou a semente da destruição plantada por mentes

diabólicas. Seus erros e suas restrições são passíveis de correção e reajustamento,

sobretudo levando-se em consideração que a mass media não pode estar a serviço da

arbitrariedade. A não-arbitrariedade é um dever para os meios de comunicação. Esse

dever possui dupla natureza: ética e jurídica.

Mas, quando todo tipo de meio de comunicação social aparece transfigurado

e servilizado aos modos mercantis de estimular o consumo e a reprodução de bens

econômicos, quando multidões aplaudem (por índices do IBOPE), em horário nobre, os

escândalos familiares, as chantagens, os rumores sexuais, a desmoralização de

instituições sociais, a violência disentérica dos atentados e assassínios (narrados e

filmados em minúcias), a disseminação da exploração da imagem alheia, fatos

sensacionalistas e de aterradora natureza reproduzidos pelos canais televisivos de

comunicação... há sintomas de perda de significado e de banalização da cultura real

da comunicação.

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Quer-se dizer que, deixando de simplesmente comunicar e informar, a mass

media passa a atender a pressões externas, abandonando simplesmente a ética em

nome de outros interesses, faz-se mister a intervenção de expedientes jurídicos

para coibir abusos no exercício da liberdade de expressão (exploração da miséria

humana; exposição pública ao ridículo de pessoa humana; manipulação de informações;

uso da imagem do menor infrator; prática de atestado moral à personalidade humana;

exposição de filmes pornográficos e imagens eróticas em horários inconvenientes para

públicos inconvenientes...).

Seja através de medidas judiciais cabíveis, seja através da elaboração de

normas jurídicas aplicáveis ao setor, o que se percebe é que quando a liberdade

cultural, de pensamento e de imprensa, se choca com interesses sociais ainda

maiores, torna-se necessário disciplinar a liberdade para que não se converta em

libertinagem.

Tudo isso é muito diferente se se pensar em constranger ou cassar o direito à

livre expressão, garantido constitucionalmente (incisos IV, IX, XXVII e XXVIII do art. 5 da

CF 88). Nem a censura nem a castração da palavra são soluções plausíveis. O que se

quer dizer ao se mencionar a necessidade de instituir a disciplina dos meios de

comunicação é que o comportamento comunicacional também possui sua ética,

que deve ser estudada e debatida amplamente junto à sociedade, como forma de

fazer dos meios de comunicação instrumentos que efetivamente sirvam à causa

social e não exclusivamente a interesses escusos.

Os processos midiáticos de disseminação de informação devem se ancorar

no dever e no compromisso de formarem e de contribuírem para o desenvolvimento

da cultura e da cidadania nos meios sociais. Quando esses canais passam a dar

guarida à divulgação de ideologias únicas e a colaborar para os processos de

expansão das formas de exploração da imagem humana e do deliberado

consumismo, há que se entrever nisso uma certa distorção de fins. O que há de se

garantir é que a publicidade, o marketing, a comunicação, a propaganda, o jornalismo, a

arte e a expressão se exerçam com base num código ético, e não por códigos de auto-

regulamentação setorial, que são, por natureza, servis às necessidades dos interesses

regionais que movimentam essas áreas.

O discurso da mídia não pode ser usado da forma que se deseja, ou

direcionado de acordo com este ou aquele interesse unilateral; trata-se de um

instrumento de relacionamento humano que constitui valores, forma idéias,

movimenta ideologias, distorce conceitos, dissemina o ódio, cancela ideais, origina

o proselitismo religioso, planta a discórdia, envenena relações políticas, dissemina

preconceitos... .

A mídia informa, mas também forma. É exatamente por isso que não é isenta

de responsabilidades sociais, culturais, educacionais e, sobretudo, ético-jurídicas.

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MATERIAL PARA DISCUSSÃO

Admirável Chip NovoComposição: Pitty Pane no sistema, alguém me desconfigurouAonde estão meus olhos de robô?Eu não sabia, eu não tinha percebidoEu sempre achei que era vivoParafuso e fluído em lugar de articulaçãoAté achava que aqui batia um coraçãoNada é orgânico, é tudo programado E eu achando que tinha me libertadoMas lá vem eles novamenteE eu sei o que vão fazer:Reinstalar o sistemaPense, fale, compre, bebaLeia, vote, não se esqueçaUse, seja, ouça, digaTenha, more, gaste e vivaPense, fale, compre, bebaLeia, vote, não se esqueçaUse, seja, ouça, diga...Não senhor, Sim senhor (2x)

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Pane no sistema, alguém me desconfigurouAonde estão meus olhos de robô?Eu não sabia, eu não tinha percebidoEu sempre achei que era vivoParafuso e fluído em lugar de articulaçãoAté achava que aqui batia um coraçãoNada é orgânico, é tudo programadoE eu achando que tinha me libertadoMas lá vem eles novamenteE eu sei o que vão fazer:Reinstalar o sistemaPense, fale, compre, bebaLeia, vote, não se esqueçaUse, seja, ouça, digaTenha, more, gaste e vivaPense, fale, compre, bebaLeia, vote, não se esqueçaUse, seja, ouça, diga...Não senhor, Sim senhor (2x)Mas lá vem eles novamenteE eu sei o que vão fazer:Reinstalar o sistema.

*** PARA LER EM CASA: ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, ALDOUS HUXLEY.

GLOBALIZAÇÃO CULTURAL: ETNOCENTRISMO, XENOFOBIA E

RELATIVISMO CULTURAL.

O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a pretensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, é um conceito universal. É a comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade ou mesmo a sua única expressão.

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Criança palestina frente a um tanque israelense

A nossa herança cultural tende a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isso discriminamos o comportamento daquele que foge de nosso senso comum. Damos o nome de xenofobia aos casos extremos de aversão ao outro.

Hitler com a bandeira nazista

O relativismo cultural é o princípio que afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem.

Papa Bento XVI e patriarca da Igreja Ortodoxa.

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ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

FUVEST 2001

TEXTO 1

Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando a tolerância zero a negros, judeus, homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da Pátria em São Paulo. O primeiro petardo foi direcionado na segunda-feira 4, para o coordenador da Anistia Internacional. Tratava-se de uma bomba caseira, postada numa agência dos Correios de Pinheiros com endereço certo: a casa do coordenador. Uma hora e meia depois, foi a vez de o secretário de Segurança e de os presidentes das comissões Municipal e Estadual de Direitos Humanos receberem cartas ameaçadoras. Assinando "Nós os skinheads" (cabeça raspada), os autores abusaram da linguagem chula, do ódio e da intolerância. "Vamos destruir todos os viados, pretos e nordestinos", prometeram. Eles asseguravam também já terem escolhido os representantes daqueles que não se enquadram no que chamam de "raça pura" para receberem "alguns presentinhos".

Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira 5, o mesmo grupo mandou outra bomba, dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay.(Isto é, 08/09/2000)

TEXTO 2

Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de excessos sanguinolentos. Também na Alemanha, imigrantes e refugiados foram mortos friamente por maltas de radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, a esfera pública minimiza tais crimes como obra de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade, porém, o poder racista à solta nas ruas é o prenúncio de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais.(Robert Kurz)

TEXTO 3

Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência internacional secreta de militantes extremistas de direita e organizações neonazistas planejada e divulgada pela Internet. Foram convidados a participar do "Primeiro Encontro Ideológico Internacional de Nacionalismo e Socialismo" representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela e Estados Unidos.(Isto é, 08/09/2000)

Demais textos:

(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e na Europa quanto aqui parece existir uma relação entre o desemprego estrutural do sistema capitalista e a ascensão desses grupos de inspiração neonazista.(Página da Internet)

Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que ele resulta como uma necessidade natural, é desprovida de sinceridade.(Bertolt Brecht)

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Considerar alguém como culpado, porque pertence a uma coletividade à qual ele não "escolheu" pertencer, não é característica própria só do racismo. Todo nacionalismo mais intenso, e até mesmo qualquer bairrismo, consideram sempre os outros (certos outros) como culpados por serem o que são, por pertencerem a uma coletividade à qual não escolheram pertencer. (...)(Cornelius Castoriadis)

"A violência é a base da educação de cada um."(Resposta de um cidadão anônimo entrevistado pela TV sobre as razões da violência)

Estes textos (adaptados das fontes citadas) apresentam notícias sobre o crescimento do neonazismo e do neofascismo e, também, alguns pontos de vista sobre o sentido desse fenômeno. Com base nesses textos e em outras informações e reflexões que julgue adequadas, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, procurando argumentar de modo claro e consistente.

ANOTAÇÕES:

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25LEITURA COMPLEMENTAR

SER OU NÃO SER ÉTICO? EIS A QUESTÃO!

A questão ética, em seu aspecto teórico, é simples. Levando em conta valores e regras de comportamento, decidimos entre o certo e o errado, entre o bem e o mal e entre o que é bom e o que é mau.

O problema é a efetiva prática da conduta ética, especialmente em nossa sociedade atual que sofre a influência dos seguintes fatores: o relativismo; a falsa noção de que aquilo que a maioria faz deve estar certo; o fenômeno da “diluição da responsabilidade”.

Quando alguém é questionado por agir ou pensar de maneira diversa ao senso comum, normalmente se justifica afirmando que age ou pensa da forma que bem entende, pois tudo é relativo. Quando se critica uma obra reconhecida por sua beleza – os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, por exemplo - sob a argumentação de que “gosto não se discute”, percebe-se o quanto o relativismo – doutrina filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade e valor absoluto - pode ser nocivo à sociedade.

O relativismo, ao partir do pressuposto de que todo ponto de vista é válido, rejeita a tradição, os critérios acadêmicos, os ideais de verdade e racionalidade e os próprios valores e regras do comportamento ético.

Além da nocividade dessa teoria que invadiu a sociedade, a falsa noção de que aquilo que a maioria faz deve estar certo vem perigosamente confundindo as pessoas no campo da ética. “Mas saber o que é certo ou errado nunca pode ser a mesma coisa que saber o que é mais usual... Se fosse demonstrado que o preconceito racial é muito difundido, isso não o tornaria eticamente aceitável. Embora outras pessoas fraudem o imposto de renda, isso não torna moralmente defensável que você o faça” (Jostein Gaarder, “O livro das Religiões”).

Ora, a ética não se orienta pelo que a maioria diz, nem busca o que é. Em vez disso, a ética busca o que “deve ser” e se orienta por regras aceitas universalmente, tais como o mandamento do amor – “ama a teu próximo como a ti mesmo” - e o princípio da reciprocidade – “trata os outros como gostaria de ser tratado”.

Note-se, também, que embora a base da ética seja o senso de responsabilidade, em virtude do fenômeno da “diluição da responsabilidade”, quase ninguém a assume realmente, seja no aspecto individual ou no aspecto coletivo, este identificado como a solidariedade.

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e setas com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja, ou insurgir-nos contra um mar de provações e em luta pôr-lhes fim? Morrer...dormir: não mais.”

O angustiante dilema do príncipe Hamlet – vingar ou não a morte de seu pai - retratado na célebre frase da peça teatral de mesmo nome, escrita por William Shakespeare, serve como pano de fundo e inspiração em qualquer lugar e momento onde ocorram conflitos de consciência, dilemas existenciais e reflexões éticas.

Hoje, personificado de príncipe da Dinamarca – Hamlet -, e como ele também incomodado por fantasmas – o dele era o de seu pai assassinado, o meu é o da injustiça e desigualdade que flagelam, excluem e marginalizam – proponho algumas reflexões.

Ser ou não ser ético? Agir ou não agir de maneira ética? Eis as questões que todos os membros de nossa sociedade, especialmente os poucos detentores das riquezas – patrimônio e conhecimento - devem responder.

Fala-se muito e pouco se pratica a ética. E isto porque a atitude ética, ao priorizar o interesse coletivo ao individual, envolve a partilha das riquezas.

Porém os políticos, empresários, profissionais e acadêmicos em vez de agir, protegem seus bolsos com discursos vazios, continuando a vitimar a população carente e vulnerável com suas omissões.

Rodrigo Mendes Pereira. Coordenador do Curso de Terceiro Setor da Escola Superior de Advocacia – ESA - da OAB/SP, consultor, professor, palestrante e articulista.

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MATERIAL PARA ATIVIDADES EM SALA DE

AULA:

EU SÓ QUERO É SER FELIZEu só quero é ser feliz,

Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.

E poder me orgulhar,E ter a consciência que o pobre tem seu

lugar.Fé em Deus, DJ

Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,

Com tanta violência eu sinto medo de viver.

Pois moro na favela e sou muito desrespeitado,

A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado.

Eu faço uma oração para uma santa protetora,

Mas sou interrompido a tiros de metralhadora.

Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,

O pobre é humilhado, esculachado na favela.

Já não aguento mais essa onda de violência,

Só peço a autoridade um pouco mais de competência.

Diversão hoje em dia, não podemos nem pensar.

Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.

Fica lá na praça que era tudo tão normal,Agora virou moda a violência no local.Pessoas inocentes, que não tem nada a

ver,Estão perdendo hoje o seu direito de

viver.Nunca vi cartão postal que se destaque

uma favela,Só vejo paisagem muito linda e muito

bela.Quem vai pro exterior da favela sente

saudade,O gringo vem aqui e não conhece a

realidade.Vai pra zona sul, pra conhecer água de

côco,E o pobre na favela, vive passando sufoco.

Trocaram a presidência, uma nova esperança,

Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.

O povo tem a força, precisa descobrir,Se eles lá não fazem nada, faremos tudo

daqui.

Tarde em ItapuãToquinho

Um velho calção de banhoUm dia prá vadiarO mar que não tem tamanhoE um arco-íris no ar...Depois, na Praça CaymmiSentir preguiça no corpoE numa esteira de vimeBeber uma água de côcoÉ bom!...Passar uma tarde em ItapuãAo sol que arde em ItapuãOuvindo o mar de ItapuãFalar de amor em Itapuã...(2x)Enquanto o mar inauguraUm verde novinho em folhaArgumentar com doçuraCom uma cachaça de rolha...E com olhar esquecidoNo encontro de céu e marBem devagar ir sentindoA terra toda rodarÉ bom!...Passar uma tarde em ItapuãAo sol que arde em ItapuãOuvindo o mar de ItapuãFalar de amor em Itapuã...(2x)Depois sentir o arrepioDo vento que a noite trazE o diz-que-diz-que macioQue brota dos coqueirais...E nos espaços serenosSem ontem nem amanhãDormir nos braços morenosDa lua de ItapuãÉ bom!...

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MATERIAL PARA ATIVIDADES EM SALA DE

AULA:

Vênus ao espelho - Velazquéz

Mirando-se no espelho – Otto Dix

Guernica – Pablo Picasso Independência ou morte Pedro Américo.

Arte em grafite

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

FUVEST 2000

Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), visandoproteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um projeto de lei que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso, declarou o Deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um "Movimento Nacional de Defesa da Língua Portuguesa".

Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem como os textos subseqüentes, relacionados ao mesmo tema.

"A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. (...)" "...estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua

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Portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos – como ‘holding’, ‘recall’, ‘franchise’, ‘coffee-break’, ‘self-service’ – (...). E isso vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso cotidiano (...)""Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos mais vitais do nosso patrimônio cultural – a língua materna –, que vem ocorrendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? (...)""Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha complacência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. (...)"(Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999)

"Na realidade, o problema do empréstimo lingüístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias." (Celso Cunha, 1968)

"Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para ‘germanizar’ expressões estrangeiras, o que já é regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e na xenofobia é evidente. Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi em língua oficial do Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade. No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros exemplos, a palavra ‘entrega’ em vez de ‘delivery’."(Folha de S. Paulo, 20/10/98)

Levando em conta as idéias presentes nos três textos, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, expondo o que você pensa sobre essa iniciativa do Deputado e as questões que ela envolve.

Apresente argumentos que dêem sustentação ao ponto de vista que você adotou.

ANOTAÇÕES:

DIREITOS HUMANOS

Os Direitos Humanos são fundamentais ao Homem pelo fato de ele ser homem. Não resultam de uma concessão da sociedade política, mas constituem prerrogativas inerentes à condição humana. Os Direitos Humanos não são estáticos mas acompanham o processo histórico; processo não linear, pois também conhece retrocessos. Foi apenas no século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial, que eles se definiram explicitamente e adquiriram o reconhecimento mundial. A noção de Direitos Humanos, todavia é muito antiga, perde-se no tempo. O código de Hammurabi (1700 a.C. aproximadamente) menciona leis de proteção aos mais fracos e de freio para a autoridade. A civilização egípcia, especialmente na era dos faraós (dinastia XVIII),

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já concebia o poder como serviço. Há divergências quanto ao surgimento dos direitos humanos na história, mas muitos autores situam-no na Grécia, quando eles foram aludidos em um texto de Sófocles no qual Antígona, em resposta ao rei que a interpela em nome de quem havia sepultado contra suas ordens, o irmão que fora executado: “Agi em nome de uma lei que é muito mais antiga do que o rei, uma lei que se perde na origem dos tempos, que ninguém sabe quando foi promulgada”. Os profetas judeus vinculam o exercício do poder a deveres fundados em princípios religiosos que inspiram uma ética baseada na responsabilidade de todos os homens pelos seus atos. Buda, Confúcio e Zoroastro pregam a supremacia do direito e da justiça, o ensino da fraternidade e da generosidade. Visam a plena realização da natureza humana e a formação de uma sociedade pacífica e justa.

Na Grécia do século V a.C., os cidadãos já controlam as ações do Estado (polis); O limite do poder é dado pelo direito que exercem os cidadãos ao participar dos assuntos públicos. Entre os séculos VII a.C. e XVIII da nossa era, a humanidade faz progressos no controle dos governantes, que exercem e distribuem a justiça. Os gregos desenvolvem o conceito da liberdade, como expressão máxima da dignidade humana, baseada na idéia da igualdade. Os estóicos defendem a existência de princípios morais, universais, eternos e imutáveis que resultam direitos inerentes ao homem. O cristianismo, considerando o homem, à imagem e semelhança de Deus, prega a igualdade entre todos os homens. Esta igualdade não se limita ao usufruto individual dos direitos mas supõe o dever do amor ao próximo. O cristianismo passa a ter uma influência decisiva, ora benéfica, ora maléfica, e a Igreja passa a associar-se ao poder temporal. O Islão na vida política tem uma concepção similar da relação entre os homens: a de sua igualdade primordial “baseada em sua identidade essencial, em sua origem única, e em seu destino comum” (Sorondo)

DIREITOS HUMANOS NA IDADE MÉDIA

Na Idade Média, a partir das famílias daqueles que lutaram contra as invasões dos bárbaros (e com isso tornavam-se proprietários de terras), nasce uma aristocracia, sócia natural do poder real, que buscava fundamento no direito natural para os seus privilégios. Este período tem uma importância significativa, é um momento de revisão de valores, de confronto de objetivos temporais, imediatos e permanentes, muitos deles já indicados como objetivos espirituais no fim da Idade Média quando surge uma nova realidade histórica: a burguesia. No final da Idade Média, São Thomás de Aquino discute diretamente a questão dos Direitos Humanos, retomando Aristóteles e dando, à sua filosofia, a visão cristã. A fundamentação de São Thomás é teológica: o ser humano tem direitos naturais que fazem parte de sua natureza, pois lhe foram dados por Deus. A partir disso desenvolve toda uma linha teórica e política.

Texto para discussão

PerfeiçãoComposição: Renato Russo Vamos celebrar a estupidez humanaA estupidez de todas as naçõesO meu país e sua corja de assassinosCovardes, violadores e ladrões...Vamos celebrar a estupidez do povoNossa polícia e televisãoVamos celebrar nosso governo e nosso estado que não é nação...Celebrar a juventude sem escolas, as crianças mortas. Celebrar nossa desunião...Vamos celebrar Eros e Thanatos; Persephone e HadesVamos celebrar nossa tristezaVamos celebrar nossa vaidade...Vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado. Todos os mortos nas estradas. Os mortos por falta de hospitais...Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos,o voto dos analfabetos, comemorar a água podree todos os impostos, queimadas, mentirasE seqüestros...Nosso castelo de cartas marcadas, o trabalho escravo.Nosso pequeno universo toda a hipocrisia e toda a afetação.Todo roubo e toda indiferença. Vamos celebrar epidemias.É a festa da torcida campeã...Vamos celebrar a fome. Não ter a quem ouvirNão se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade. Vamos machucar o coração...Vamos celebrar nossa bandeiraNosso passado de absurdos gloriososTudo que é gratuito e feio .Tudo o que é normalVamos cantar juntos o hino nacionalA lágrima é verdadeiraVamos celebrar nossa saudade .Comemorar a nossa solidão... Vamos festejar a inveja, a intolerância, a incompreensãoVamos festejar a violência e esquecer a nossa gente que trabalhou honestamente a vida inteiraE agora não tem mais direito a nada...Vamos celebrar a aberração de toda a nossa faltaDe bom senso nosso descaso por educaçãoVamos celebrar o horror de tudo isto com festa, velório e caixão. Tá tudo morto e enterrado agora já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção...Venha!Meu coração está com pressaQuando a esperança está dispersaSó a verdade me libertaChega de maldade e ilusãoVenha!O amor tem sempre a porta abertaE vem chegando a primaveraNosso futuro recomeçaVenha! Que o que vem é Perfeição!...

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Ocorrerá, no entanto, uma clara ambigüidade, na utilização deste conceito, chegando a firmar-se e aceitar-se na prática que o direito dos reis era um direito natural de origem divina que justificava o absolutismo. Um caminho aberto para toda espécie de violências, e em última análise, até para a negação dos direitos humanos. O poder armado, o poder econômico e os proprietários de terras não respeitavam aqueles que não desfrutavam destes privilégios. Não existia o mínimo respeito pela pessoa humana. Um grande número de sere

s humanos viviam à margem, e eram explorados de todas as maneiras. Foram os o burgueses, associados aos pensadores liberais, quem levantaram modernamente, a liberdade como um valor. Cessadas as invasões dos bárbaros e consequentemente, afastados os grandes riscos, a proteção dos senhores feudais se tornou dispensável e as pessoas começam a voltar para as cidades. Os burgos começam a se desenvolverem. A burguesia, paulatinamente enriquece-se e fortifica-se mas ainda é mantida marginalizada do poder político o que reivindica para defender os seus poderes pessoais e o seu patrimônio. A época do Iluminismo e dos Enciclopedistas revoluciona as idéias tradicionais da Idade Média, afirmando-a dignidade humana e a fé na razão. Vige a idéia de que o homem é concebido com o detentor de direitos sagrados e inalienáveis. E o governo não pode prescindir da vontade dos cidadãos. Rousseau desenvolveu a teoria da igualdade natural entre os homens. Voltaire insistiu na tolerância religiosa e na liberdade de expressão pois a religião já não podia explicar tudo.

Na Inglaterra, um Parlamento já existia desde o século XIV mas era formado somente por nobres e prelados, todos proprietários. A burguesia impõe a criação da Câmara dos Comuns que perdura até hoje. O crescimento político da burguesia, desta forma, favorece o crescimento dos Direitos Humanos. Em 1215, na Inglaterra, os bispos e barões impõe ao Rei João-Sem-Terra a Carta Magna que limita o poder do soberano. A petição de direitos de 1628 é imposta pelo Parlamento ao monarca. O Habeas Corpus de 1669 que consagrou o amparo à liberdade pessoal, determinava que a pessoa acusada fosse apresentada para julgamento público. Até então, os nobres e aristocratas prendiam e faziam a sua própria justiça.

Foi sobretudo o Bill of Rights de 1689 o mais importante documento constitucional da Inglaterra, que fortaleceu e definiu as atribuições legislativas do parlamento frente à Coroa e proclamou a liberdade da eleição dos membros do Parlamento, consagrando algumas garantias individuais.

Ainda neste século XVIII, dá-se a criação dos Estados Unidos da América, através de uma revolução eminentemente burguesa. A Inglaterra impunha sucessivas e crescentes restrições à vida econômica das colônias, através da imposição de taxas sobre o comércio exterior. Isto fomentou nos colonos um forte espírito de desobediência e insubordinação.

Texto para discussão

PerfeiçãoComposição: Renato Russo Vamos celebrar a estupidez humanaA estupidez de todas as naçõesO meu país e sua corja de assassinosCovardes, violadores e ladrões...Vamos celebrar a estupidez do povoNossa polícia e televisãoVamos celebrar nosso governo e nosso estado que não é nação...Celebrar a juventude sem escolas, as crianças mortas. Celebrar nossa desunião...Vamos celebrar Eros e Thanatos; Persephone e HadesVamos celebrar nossa tristezaVamos celebrar nossa vaidade...Vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado. Todos os mortos nas estradas. Os mortos por falta de hospitais...Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos,o voto dos analfabetos, comemorar a água podree todos os impostos, queimadas, mentirasE seqüestros...Nosso castelo de cartas marcadas, o trabalho escravo.Nosso pequeno universo toda a hipocrisia e toda a afetação.Todo roubo e toda indiferença. Vamos celebrar epidemias.É a festa da torcida campeã...Vamos celebrar a fome. Não ter a quem ouvirNão se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade. Vamos machucar o coração...Vamos celebrar nossa bandeiraNosso passado de absurdos gloriososTudo que é gratuito e feio .Tudo o que é normalVamos cantar juntos o hino nacionalA lágrima é verdadeiraVamos celebrar nossa saudade .Comemorar a nossa solidão... Vamos festejar a inveja, a intolerância, a incompreensãoVamos festejar a violência e esquecer a nossa gente que trabalhou honestamente a vida inteiraE agora não tem mais direito a nada...Vamos celebrar a aberração de toda a nossa faltaDe bom senso nosso descaso por educaçãoVamos celebrar o horror de tudo isto com festa, velório e caixão. Tá tudo morto e enterrado agora já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção...Venha!Meu coração está com pressaQuando a esperança está dispersaSó a verdade me libertaChega de maldade e ilusãoVenha!O amor tem sempre a porta abertaE vem chegando a primaveraNosso futuro recomeçaVenha! Que o que vem é Perfeição!...

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Embora parte do Império Britânico, as colônias da América foram, desde cedo conquistando o direito de se auto-governar, e assumindo o dever de se tornarem auto-suficientes.

Alastra-se o anseio de libertação pelas treze colônias, que unidas, proclamam a Declaração de Independência dos Estados Unidos, também conhecida como Declaração de Filadélfia.

Nela, são expostas as razões fundamentais que levaram à independência:

“Todos os homens foram criados iguais. Os direitos fundamentais foram conferidos pelo Criador entre eles estão o da vida, liberdade e o da procura da própria felicidade”. Sempre que qualquer forma de governo tenta destruir esses direitos, assiste ao povo o direito de mudá-lo ou aboli-lo e de instituir um novo governo. Este documento serviu de referencial para todos os movimentos de independência dos povos colonizados. Mas a Constituição norte-americana é uma Constituição feita por comerciantes para comerciantes.

Ainda no Século XVIII, a Revolução Francesa criou um direito que torna-se base fundamental do direito constitucional moderno: A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO. Em seu primeiro artigo, já afirma um direito social fundamental: O FIM DA SOCIEDADE É A FELICIDADE COMUM. A essência da Declaração, apoia-se na idéia de que, ao lado dos direitos do Homem e do Cidadão, existe apontada a obrigação de o Estado respeitar e de garantir os direitos humanos

Até então, os Direitos Humanos eram concebidos como direitos naturais, impostos por Deus e vinham sendo utilizados contra burgueses, em favor dos reis, e aristocratas, para justificar violências que praticavam. Os burgueses não rejeitam esses direitos mas os reclamam também para si. Surgem pensadores considerados liberais como: Espinoza, Locke, Rousseau, Montesquieu, que pregam a existência dos direitos fundamentais como a liberdade e igualdade. Todavia, o conceito de igualdade nessa época não é o mesmo que o de hoje, pois a Constituição norte americana admitia a escravidão. Portanto, uma liberdade é igualdade política e no século XVIII, a fundamentação teológica é substituida por um fundamento racionalista que terá um peso expressivo. Hugo Grocis dizia, que “ainda que Deus não existisse, o homem teria direitos naturais”. O fundamento, portanto, não está em Deus mas na razão. Isto é o racionalismo.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Desde a Carta Magna de 1215 até a Carta das Nações Unidas, mais de 700 anos se passaram. Muitos documentos legislativos, declarações e resoluções versaram sobre Direitos Humanos. Nenhum deles foi tão longe e tão amplo quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. O mundo inteiro, chocado com o genocídio e as barbaridades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, sentiu a necessidade de

Texto para discussão

PerfeiçãoComposição: Renato Russo Vamos celebrar a estupidez humanaA estupidez de todas as naçõesO meu país e sua corja de assassinosCovardes, violadores e ladrões...Vamos celebrar a estupidez do povoNossa polícia e televisãoVamos celebrar nosso governo e nosso estado que não é nação...Celebrar a juventude sem escolas, as crianças mortas. Celebrar nossa desunião...Vamos celebrar Eros e Thanatos; Persephone e HadesVamos celebrar nossa tristezaVamos celebrar nossa vaidade...Vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado. Todos os mortos nas estradas. Os mortos por falta de hospitais...Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos,o voto dos analfabetos, comemorar a água podree todos os impostos, queimadas, mentirasE seqüestros...Nosso castelo de cartas marcadas, o trabalho escravo.Nosso pequeno universo toda a hipocrisia e toda a afetação.Todo roubo e toda indiferença. Vamos celebrar epidemias.É a festa da torcida campeã...Vamos celebrar a fome. Não ter a quem ouvirNão se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade. Vamos machucar o coração...Vamos celebrar nossa bandeiraNosso passado de absurdos gloriososTudo que é gratuito e feio .Tudo o que é normalVamos cantar juntos o hino nacionalA lágrima é verdadeiraVamos celebrar nossa saudade .Comemorar a nossa solidão... Vamos festejar a inveja, a intolerância, a incompreensãoVamos festejar a violência e esquecer a nossa gente que trabalhou honestamente a vida inteiraE agora não tem mais direito a nada...Vamos celebrar a aberração de toda a nossa faltaDe bom senso nosso descaso por educaçãoVamos celebrar o horror de tudo isto com festa, velório e caixão. Tá tudo morto e enterrado agora já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção...Venha!Meu coração está com pressaQuando a esperança está dispersaSó a verdade me libertaChega de maldade e ilusãoVenha!O amor tem sempre a porta abertaE vem chegando a primaveraNosso futuro recomeçaVenha! Que o que vem é Perfeição!...

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algo que impedisse a repetição destes fatos. Organizados e incentivados pela ONU, 148 nações se reuniram e redigiram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela representou um enorme progresso na defesa dos Direitos Humanos, Direitos dos Povos e das Nações.

A Declaração foi subscrita por todos os países membros da ONU, com abstenção dos países alinhados à União Soviética (8 abstenções dentre os 58 países membros).

** VEJA A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS EM ANEXO NA SUA APOSTILA.ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

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ÉTICA EMPRESARIAL

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1. CONCEITOS GERAIS

1.1 A ÉTICA EMPRESARIAL: CONCEITO E EVOLUÇÃO ATÉ A ERA DA ÉTICA

A empresa é uma unidade econômica. Nela, o empresário utiliza os três fatores técnicos da produção – a natureza, o capital e o trabalho – para gerar um resultado, que é um serviço, ou um bem ou um direito. O bem, ou o serviço, ou o direito é, então, vendido ao mercado pelo maior preço que este aceitar pagar. A diferença entre o preço da venda e o custo da produção é o proveito monetário denominado lucro.

Portanto, a empresa é uma organização cujo objetivo final é o lucro.

A ética empresarial é o comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade (regras éticas).

A evolução histórica da ética empresarial seguiu o próprio desenvolvimento econômico. Inicialmente, na economia de troca das sociedades primitivas e antigas, não havia lucro e nem empresa. A ética de tais relacionamentos era limitada pelas relações de poder entre as partes e pelas eventuais necessidades prementes de obtenção de certos bens ou artigos.

O advento do conceito de lucro como finalidade das operações econômicas representou uma dificuldade para a moral. Os pensadores estavam acostumados com a realidade da economia de troca, na qual se assumiam valores idênticos para os bens intercambiados, em função disso, consideraram inicialmente o lucro como um acréscimo indevido, sob o prisma da moralidade.

No século XVII, Adam Smith conseguiu demonstrar, na sua A Riqueza das Nações, que o lucro não e um acréscimo indevido, mas um vetor de distribuição de renda e de promoção do bem estar social.‐ Com isso, logrou expor pela primeira vez a compatibilidade entre ética e atividade lucrativa.

A primeira tentativa formal de impor um comportamento ético à empresa foi encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII. Nela foram expostos princípios éticos aplicáveis aos relacionamentos entre a empresa e seus empregados. Esses princípios valorizaram o respeito aos direitos e a dignidade dos trabalhadores.

Em 1890, nos Estados Unidos da América, entrou em vigor a lei denominada Sherman Act, a qual passou a proteger a sociedade contra acordos entre empresas, contrários ou restritivos da livre concorrência. Outras leis se seguiram nessa matéria. Ainda nos Estados Unidos, foi promulgada no começo do século XX a Lei Clayton, alterada na década de 30 pela emenda Pattman Robison. Essa lei complementou a‐ Sherman Act, proibindo a prática de discriminação de preço por parte de uma empresa em relação aos clientes.

Mas foi somente na segunda metade do século XX que o assunto ética empresarial de fato ganhou relevância.

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No ano de 1972 a Organização das Nações Unidas realizou em Estocolmo, Suécia, a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente. O evento serviu para alertar todos os segmentos sociais, inclusive as empresas sobre a necessidade de se preservar a proteger o planeta. Depois dessa Conferência quase todos os países do mundo adotaram ou reforçaram as suas leis, subordinando a atividade econômica à proteção do meio ambiente.

Em 1977 o Congresso norte americano aprovou uma lei relativa‐ à ética empresarial, que chamou a atenção do mundo. Ela foi denominada “Foreign Corrupt Practices Act” (“FCPA”).

Essa lei passou a proibir e a estabelecer penalidades para pessoas ou organizações que oferecessem subornos a autoridades estrangeiras, para obter negócios ou contratos. No Brasil muitos aspectos da ética empresarial também mereceram regulamentação em textos legais. A nossa lei que reprimiu o abuso de poder econômico e as práticas anti concorrenciais foi a 4.137 de 1962. Recentemente, ela foi modificada pela Lei nº 8.884 de 1993. Nas áreas de proteção ao trabalho, proteção ao ambiente, proteção ao cliente consumidor e muitas outras, A legislação brasileira possui textos específicos, os quais têm se multiplicado nos últimos anos.

Tanto no Brasil como em outros países, as leis regulamentos e principalmente as decisões judiciais têm sido no sentido de exigir das empresas um comportamento ético em todos os seus relacionamentos. Para motivá las a seguir a ética, através do estímulo aos seus‐ instintos egoísticos, alguns países têm permitido que os tribunais imponham condenações milionárias às empresas infratoras.

Atualmente, a preocupação com a ética empresarial, em todo o mundo, é de tal monta que podemos afirmar que estamos vivendo uma nova era nessa matéria. Certamente, essa é a Era da Ética.

1.2 ALGUMAS RAZÕES PARA A EMPRESA SER ÉTICA

O comportamento ético por parte da empresa é esperado e exigido pela sociedade. Ele é a única forma de obtenção de lucro com respaldo da moral. Esta impõe que a empresa aja com ética em todos os seus relacionamentos, especialmente com clientes, fornecedores, competidores e seu mercado, empregados governos e públicos em geral.

Só a expectativa acima e sua qualificação como única forma moral de obter lucro já deveriam ser razões suficientes para que uma empresa se convencesse a agir com ética. Mas há ainda outras razões.

Uma empresa ética incorre em custos menores do que uma antiética. A empresa ética não faz pagamentos irregulares ou imorais, como subornos, compensações indevidas e outros.

Exatamente por não os fazer, ela consegue colocar em prática uma avaliação de desempenho de suas áreas operacionais, mais precisa do que a empresa antiética. Um exemplo da dificuldade de avaliar o desempenho quando não se age com ética está na

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possibilidade de aceitação de desculpas de que uma venda não pôde ser realizada, por que o concorrente ofereceu um suborno maior ao cliente.

Ao estabelecer como regra e praticar uma conduta ética, a empresa coloca se em posição de exigir o mesmo de seus‐ empregados e administradores. Desse modo, pode cobrar deles maior lealdade e dedicação. O ato de emprestar o seu trabalho a uma organização que age com ética constitui se para o empregado em‐ uma compensação abstrata, de valor incalculável.

A atuação com ética faz com que os direitos de terceiros sejam sempre respeitados pela empresa respeitados pela empresa. Com isso, o lucro gerado para o acionista não fica sujeito a contingências futuras, como, por exemplo, condenações por procedimentos indevidos.

Os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial, quer com clientes, quer com fornecedores, quer ainda com sócios efetivos ou potenciais. Isso ocorre em função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros.

A prática da ética se insere no rol dos deveres relativos à responsabilidade social dos agentes econômicos. Há um consenso entre juristas, filósofos, economistas, administradores, empresários e público em geral de que a empresa é responsável por ajudar a melhorar continuamente a sociedade da qual obtém lucro. Essa responsabilidade não é apenas material, mas também abstrata consubstanciada na adoção e prática dos preceitos éticos.

1.3 POR QUE ADOTAR UM CÓDIGO DE ÉTICA INTERNO

Ao decidir adotar a postura ética em seus relacionamentos, defendemos que a empresa deve fazer constar sua determinação de um documento interno, cuja denominação propomos que seja Código de Ética.

As pessoas que integram uma organização possuem formações culturais e científicas diferentes, experiências sociais diferentes e opiniões diferentes sobre os fatos de vida. A empresa moderna atua em cenários cada vez mais complexos, praticando operações inovadoras, mesmo quando repetem atividades antigas.

O Código de Ética tem a missão de padronizar e formalizar o entendimento da organização empresarial em seus diversos relacionamentos e operações. A existência do Código de Ética evita que os julgamentos subjetivos deturpem, impeçam ou restrinjam a aplicação plena dos princípios.

Além disso, o Código de Ética quando adotado, implantado de forma correta e regularmente obedecido pode constituir uma prova legal da determinação da empresa, de seguir os preceitos nele refletidos.

1.4 COMO FAZER UMA ORGANIZAÇÃO OBEDECER AO CÓDIGO DE ÉTICA

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A maneira de fazer o Código ser cumprido consiste em estabelecer um Programa de Ética constituído por:

• Treinamento de implantação e reciclagens (no mínimo anuais) dos conceitosconstantes do Código;

• Pratica de um sistema de revisão e verificação do efetivo cumprimento, conformedetalhado na segunda parte desse trabalho;

• Criação de um canal de comunicação destinado a receber e a processar relatos depessoas (empregados ou não) sobre eventuais violações;• Tomada de atitudes corretivas ou punitivas (inclusive com demissões, quando for o caso, ou rescisões de contratos com agentes em caso de constatação de violações;

• Luta clara contra os concorrentes antiéticos inclusive em juízo, se necessário, com divulgação interna das ações e resultados.

2. PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS A TODAS AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS

2.1 PRINCÍPIOS LEGAIS

Toda empresa tem o dever ético de cumprir a lei. Demonstramos no capítulo anterior que há um conjunto de textos legais que também refletem princípios éticos. Em relação às normas deste conjunto, não pode haver qualquer dúvida quanto ao dever moral da empresa em cumpri las.‐ Para bem cumprir uma lei, a empresa deve ouvir previamente o seu consultor jurídico. O cumprimento cego da lei, sem uma análise desse profissional, pode levar a violações dos deveres éticos da organização. O consultor jurídico certamente analisará o novo texto, de acordo com os critérios da ciência do Direito, principalmente os seguintes:

• Critério lógico e literal, através do qual procurará expressar o conteúdo da norma analisada e como os seus dispositivos se aplicam ás atividades da empresa.

• Critério teleológico, que leva á identificação dos fins visados pela sociedade e pelo legislador com a nova norma.

• Critério sistemático, que verifica a conformidade de um texto legal com aqueles de hierarquia superior, conforme detalhado a seguir.

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O critério sistemático de interpretação baseia se em dois‐ conceitos jurídicos: o de que existe uma hierarquia entre as normas jurídicas e o de que as normas hierarquia inferior devem estar em conformidade com as de hierarquia superior, sob pena de nulidade ou de não produzirem efeitos no mundo prático.

Pirâmide da Hierarquia das Normas

Constituição Leis Complementares

Leis Ordinárias e Medidas Provisórias

Decretos e Resoluções do Legislativo

Decretos do Executivo

Atos Administrativos

Quando uma norma jurídica não está em conformidade com a de hierarquia superior, é porque está padecendo dos vícios da ilegalidade ou da inconstitucionalidade, ou de ambos.

Mesmo nessas circunstâncias, a empresa ética não pode deixar de cumprir essas normas incorretas por simples decisão de sua administração. Para deixar de cumprir uma norma jurídica, ela precisará de uma decisão judicial que a autorize a assim proceder.

Para evitar que as empresas fiquem aguardando os finais dos processos judiciais, os juízes são autorizados a conceder ordens liminares ou tutelas antecipadas, que na prática, são autorizações imediatas para que a empresa deixe de cumprir uma norma. Essa decisão é outorgada no início ou no transcorrer de um processo no qual a empresa pleiteie o reconhecimento do vício de ilegalidade e/ou inconstitucionalidade de uma norma jurídica.

A constituição atual permite que certas associações de classe, de âmbito nacional, também pleiteiem junto ao judiciário, em nome dos seus associados, o reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade de uma norma jurídica.

Sem pretensão de esgotar a matéria e apenas a título de exemplo, segue abaixo uma lista de normas jurídicas que também contêm princípios éticos:

Relacionamento com clientes:• Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078 de 11/09/90).• Lei n°8.884/94 (Repressão ao Abuso de poder Econômico).• Lei n° 8.666/939(Princípios Aplicáveis ás Licitações Públicas).

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• Decreto n° 1.171/94(Código de Ética profissional do servidor público Civil federal).• Código Civil.• Código Comercial.

Relacionamento com fornecedores:• Lei n° 8.884 de 11/6/94(já citada).• Lei n° 9.609 de 19/2/98 (Programas de computadores).• Código civil.• Código comercial.• Lei n°9.279 de 14/5/96(Nova Lei de patentes).

Relacionamento com concorrentes• Lei n° 8.884 de 11/6/94(já citada).• Lei n°9.279 de 14/5/96(Nova Lei de patentes).

Relacionamento com empregados• Constituição Federal, arts. 5º e 6º.• Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto Lei nº 5.452 de 1/5/43).‐

Relacionamentos entre sócios e acionistas:• Lei n° 6.404/76(lei das Sociedades Anônimas, cujos dispositivos princípios são também aplicáveis às Sociedades por Quotas de responsabilidade Limitada).

Relacionamento com autoridades, candidatos e governo:• Código Penal (decreto Lei n°2.848 de 7/12/40)art.333(corrupção contra funcionário público).• Lei n° 9.100 de 20/9/95, que disciplina e impõe limites para as doações destinadas às campanhas eleitorais.

Relacionamento com o público em geral:• Lei n°9.605 de 17/2/98 (punições ás condutas lesivas ao meio ambiente).• Lei n°9.613 de 1/3/98(punições ás atividades de “lavagem de dinheiro”).

3. PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM A CONCORRÊNCIA

3.1 LIVRE CONCORRÊNCIA: CONCEITOS ÉTICOS E LEGAIS

No Brasil, a livre concorrência é um principio constante da Constituição Federal, como um dos fundamentos da ordem econômica.

Portanto, a sociedade brasileira escolheu a livre concorrência como um princípio ao qual devem se subordinar todas as empresas que operem no território nacional.

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A livre concorrência, na prática, dificilmente se materializa totalmente. Isso só aconteceria em uma situação na qual existisse:

• Um número expressivo de ofertantes (produtores ou vendedores) e de compradores;• Produtos ou serviços oferecidos por tais ofertantes, aceitos pelos compradores como equivalentes, ou seja, que pudessem ser substituídos uns pelos outros;• Transparência de mercado, que é o conhecimento generalizado por parte dos compradores quanto aos produtos, serviços e seus preços;• Mobilidade, que é a possibilidade de as empresas entrarem e saírem do mercado a qualquer momento, sem quaisquer barreiras.

São os seguintes os deveres éticos relativos à concorrência:

• Lutar para que o princípio da livre concorrência se materialize na prática, nos termos acima expostos.• Não tomar nenhuma atitude que possa impedir a realização prática do princípio.• Abster se de qualquer prática anticoncorrencial.‐ 1

• Abster se de qualquer prática abusiva do poder econômico.‐

Abusa do poder econômico a empresa que utiliza a força do seu patrimônio para, por qualquer modo que não seja a livre concorrência, impor a aquisição de seus produtos ou serviços, ou dominar os mercados.

O Brasil possui uma legislação atualizada e precisa sobre essa matéria (vide Capítulo II, subitem II.1, à p.39). Os princípios éticos aplicáveis a esse assunto são todos eles refletidos em princípios legais. O descumprimento de qualquer preceito ético exposto nesse capítulo será também uma violação da lei, sujeita a severas penalidades.

4. PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS AO RELACIONAMENTO COMFORNECEDORES

4.1 PRINCÍPIOS ÉTICOS GERAIS APLICÁVEIS AO RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES

Os deveres éticos de uma empresa aplicáveis ao relacionamento com os fornecedores são os seguintes:

• Comportar se com honestidade perante o fornecedor, não lesar lhe‐ ‐ o patrimônio e atribuir lhe o que lhe for devido, tendo em vista a sua‐ contribuição para o resultado final do adquirente.

• Tratar com igualdade e oferecer a mesma oportunidade para fornecedores que se

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encontrem em situações equivalentes ou similares, não fazendo discriminação sembase profissional sólida.

• Utilizar somente critérios objetivos para a avaliação e seleção da melhor proposta dentre as apresentadas por mais de um fornecedor.

• Manter sistemas internos de controle que assegurem a lisura e a transparência dos processos de avaliação das propostas.

• Proteger o fornecedor contra práticas antiéticas por parte dos empregados ouprepostos da empresa adquirente, principalmente a solicitação ou imposição desubornos em todas as suas formas.

• Fazer com que o justo equilíbrio econômico financeiro presida‐ sempre orelacionamento com o fornecedor.

• Cumprir todas as obrigações assumidas perante o fornecedor e exigir dele quecumpra tão somente o que houver sido acordado.‐

• Informar ao fornecedor imediatamente sobre qualquer ator ou acontecimento que possa afetar a liquidação do seu crédito.

• Não utilizar o fornecedor para práticas ilegais e antiéticas, e nem induzir ou permitir que ele as perpetre.

• Não omitir do fornecedor fatos, circunstâncias ou condições relevantes para que este possa cumprir adequadamente suas obrigações contratuais ou legais, ou apresentar uma cotação realista e justa.

5. PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM EMPREGADOS

5.1 PRINCÍPIOS GERAIS

As relações com os empregados materializam se nas chamadas‐ Decisões de Trabalho, as quais são tomadas pela empresa em relação a uma pessoa para:

• Recrutá la ao selecioná la;‐ ‐• Contratá la;‐• Remunerá la;‐• Designar lhe as funções ou tarefas;‐

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• Promove la;‐• Transferi la;‐• Treiná la;‐• Removê la de cargo ou função;‐• Demiti la;‐• Aposentá la.‐

Para que as suas Decisões de Trabalho sejam éticas, a empresa deverá observar os seguintes princípios:

• Cumprir integralmente a lei, acordos, convenções e contratos, inclusive respeitando integralmente os direitos de cidadania do empregado, principalmente:

- Sua liberdade, mesmo a liberdade de escolha do emprego;- Sua privacidade, mesmo a de comunicação;- Seu direito ao contraditório e á ampla defesa em qualquer procedimento instaurado contra ele;- Seu direito à imagem e reputação.

• Observar o princípio da igualdade, garantindo tratamento idêntico para os que seencontram em situação equivalente ou similar: sem discriminações e nem proteções indevidas.

• Motivar as pessoas a viverem e serem felizes em outros ambientes, além doambiente de trabalho (família, amigos, escola, grupos voltados para fins específicos, etc.)

• Manter um ambiente de criatividade e engrandecimento profissional.

• Não permitir práticas abusivas contra os empregados, como assédio sexual, arrogância, maus tratos ou agressões.

• Seguir os padrões mais elevados de proteção á saúde e segurança dos empregados.

• Seguir critérios de avaliações de desempenho objetivos, profissionais e justos.

• Abster se de impor ou sugerir a fornecedores, distribuidores e‐ outros parceiros acontratação de pessoas ou a negação de trabalho a pessoas.

• Não permitir que preconceitos ou discriminações possam interferir em quaisquerdecisões de emprego (seleção, admissão, promoção, remuneração ou demissão).

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A experiência de outros países tem sido que a simples determinação de que as empresas devam praticar os princípios acima não tem sido suficiente. Isso em decorrência da possibilidade de se burlarem os princípios mediantes certos ardis.

Esses países passaram a estabelecer leis e regulamentos que apregoam as chamadas ações afirmativas, as quais são práticas efetivas do princípio. A ação afirmativa requerida para evitar o preconceito racial, por exemplo, é a de que a empresa tenha em seus quadros pessoas de outras raças, além daquela dominante no país.

Nos Estados Unidos da América há um órgão denominado Equal Employment Opportunity Commision – EEOC ‐ (Comissão da Igualdade de Oportunidade do Trabalho), cuja missão é promover a prática dos princípios éticos nas relações de trabalho, fiscalizar essa prática e punir violações. A EEOC pode mediar acordos entre as partes. Ela baseia a sua missão, principalmente, nos seguintes textos legais norte americanos:‐

• No Titulo VII da Lei dos Direitos Civis (Civil Rights Act), de 1964, que proíbe qualquer discriminação no emprego com base em raça, cor, sexo ou nacionalidade.• Na lei de combate á discriminação por idade (Age Discrimination Act), de 1967, que proíbe discriminação no emprego contra pessoas com 40 anos ou mais.• Na lei de igualdade de remuneração (Equal Pay Act), de 1963, que proíbe remunerar desigualmente pessoas de sexos diferentes que fazem um trabalho substancialmente igual.• No Título I da lei que regula a situação dos americanos portadores de deficiências(Americans with Disabilities Act), de 1990, que proíbe a discriminação no empregocontra portadores deficiências.

A sociedade brasileira deveria debater com seus representantes no Congresso a conveniência de se ter uma legislação tão detalhada.Os dados da EEOC mostram que nos últimos cinco anos (1992 97),‐ aquela entidade mediou acordos decorrentes de reclamações que lhes foram apresentadas, que geraram os seguintes pagamentos aos empregados e desembolsos para os empregadores:

Reclamação Milhões de DólaresPreconceito de raça ou cor 182,1Preconceito de sexo 231,3Preconceito de idade 188,2Total 601,6www.eeoc.gov

Muitos empregados não fizeram acordos no âmbito da EEOC e passaram a defender as suas pretensões nos tribunais.

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Os tribunais americanos costumam aplicar uma multa punitiva (puntive damage) para casos em que empresa age erroneamente, de forma deliberada. Em função disso, os valores pagos pelos empregadores nos tribunais podem ter chegado segundo estimativas, a três bilhões de dólares.

Muitos empregados não fizeram acordos no âmbito da EEOC e passaram a defender as suas pretensões nos tribunais. Os tribunais americanos costumam aplicar uma multa punitiva (puntive damage) para casos em que empresa age erroneamente, de forma deliberada. Em função disso, os valores pagos pelos empregadores nos tribunais podem ter chegado segundo estimativas, a três bilhões de dólares.

Portanto, pode se concluir que o sistema de legislação‐ detalhada e de exigência de ações afirmativas realmente funciona.

5.2 VEDAÇÃO AOS PRECONCEITOS

Os principais preconceitos conhecidos e que não podem ocorrer nas Decisões de trabalho são:

• De raça, que geralmente é exercido contra as pessoas negras ou de origem asiática;• De origem, geralmente exercido contra os africanos, nacionais de países da América Latina e asiáticos;• De sexo, normalmente praticado contra as mulheres e pessoas que apresentamorientação sexual diversa do seu aparelho biológico;• De idade, discriminando as pessoas com mais de 40 anos;• Contra pessoas portadoras de deficiência físicas;• Contra pessoas portadoras de doenças transmissíveis, como a AIDS;• Contra pessoas que possuem vícios de consumo de droga e de álcool.

O preconceito racial é crime no Brasil. A negação de trabalho a alguém por motivo de raça ou cor sujeita o agente á pena de reclusão de dois a três anos, podendo o estabelecimento infrator ser fechado por um período de até três meses.É mais difícil identificar a prática de preconceito racial nas demais Decisões de trabalho, como remuneração, treinamento e promoção.

Há, ainda, a possibilidade de uma prática mais sutil, que é a do tratamento diferenciado entre os colegas de trabalho. Para facilitar a identificação e a punição dessas práticas ilícitas, a empresa ética manterá formulários e registro internos, nos quais fiquem expressas as razões de cada Decisão de Trabalho.

Para coibir as demais práticas preconceituosas, só a supervisão permanente e a conscientização do grupo de empregados poderão ser eficazes. A empresa ética deve estabelecer punições definitivas para o preconceito racial, consistentes em demissões sumárias, independentemente da ação criminal a que será submetido o agente.

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O preconceito com base em sexo é exercido geralmente contra as mulheres e as pessoas que apresentam orientação sexual diversa dos seus aparelhos biológicos.

O preconceito contra as mulheres possui como causas principais os aspectos:• Econômicos, uma vez que a contratação da mão de obra feminina‐ ‐ implica emmaiores custos com benefícios trabalhistas, decorrentes da proteção legal;• Culturais, consistentes na falsa noção, herdada dos nossos ancestrais, de que amulher não poderia ou não deveria exercer algumas funções tidas como masculinas.

Qualquer que seja a causa do preconceito, ele não se justifica nem sob o ponto de vista ético, nem legal e muitos menos lógicos.

A empresa ética deve criar mecanismos de treinamento e mensuração da conscientização do seu pessoal contra a prática desse tipo de preconceitos.

O preconceito com base em sexo não é exercido somente nas decisões de contratação. Costuma ser notado com muita intensidade nas decisões de remuneração e promoção.

Nos Estados Unidos da América identificou se a ocorrência do‐ chamado “teto de vidro” (glass ceiling). Ele é o fenômeno que se caracteriza pelo fato de as mulheres serem contratadas pelas organizações, mas não terem nem a mesma remuneração e nem as mesmas promoções reservadas aos profissionais de sexo masculino. Assim sendo, elas disse de ascender profissionalmente.

A empresa ética deve estabelecer punições tão severas quanto as recomendadas para o preconceito racial, a fim de punir o preconceito com base em sexo praticado contra as mulheres.

O preconceito com base em sexo praticado contra pessoa que apresenta orientação sexual diversa do seu aparelho biológico é igualmente imoral e antiético.

A base ética para se respeitar e tratar com igualdade essas pessoas está no princípio constitucional e universal da “liberdade” do ser humano.

Portanto, tal preconceito merece da empresa ética tratamento igual aos anteriores, inclusive no que se refere a punições.

O preconceito de idade é o que discrimina as pessoas com mais de 40 anos. As razões alegadas para fundamentá lo são todas‐ de ordem econômicas, totalmente discutíveis. Esse preconceito é também antiético e ilegal, e não deve ser tolerado pela empresa ética, assim como os preconceitos contra portadores de deficiências‐físicas ou de doenças transmissíveis (como a AIDS). Novamente aqui só a supervisão constante, o treinamento e a conscientização podem impulsionar os integrantes de uma organização a não incidir em tais ilícitos.

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Mais complexo é o assunto dos preconceitos contra os viciados em drogas e bebidas. A atitude ética correta da empresa, nesses casos, é não discriminar e procurar oferecer tratamento terapêutico adequado ás pessoas.

5.3 PROIBIÇÃO DO ABUSO DE PODER PELOS SUPERIORES

• Todas as formas de abuso de poder são antiéticas e não devem ser nem permitidas e tão pouco toleradas pelas empresas éticas.

• As principais formas de abuso de poder, além do assédio sexual, que serão tratadas no subitem VII. 5 são:

• Arrogância, assim entendidos a soberba, a insolência, o atrevimento, o descaso com os direitos de cidadania alheios.• Intolerância sem base lógica, Caracterizada pela responsabilização de alguém por um acontecimento ruim, mesmo que não lhe tenha sido possível evitá lo.‐• Indisponibilidade ou dificuldade para ouvir os outros.• Narcisismo profissional, caracterizado pelo excesso de auto‐admiração, transformando se nas manifestações mais patológicas no‐ hábito de creditar todos os feitos bons a si mesmo.• Descortesia para com os colegas de trabalho.• Gritos e ameaças.• Violência física contra colegas e subordinados.• Coação moral e constrangimentos.• Perseguições.• Atentados contra a liberdade individual dos empregados.• Vinganças pessoais ou atitudes não profissionais de disputa de‐ carreira ou de poder.• Punições indevidas.• Avaliações de desempenho injustas.

5.4 AMBIENTE DE TRABALHO PROFISSIONAL, PRODUTIVOS E CRIATIVO, QUE VALORIZER A ATUAÇÃO HUMANA.

O Princípio ético em relação a esse assunto determina que a empresa atenda às necessidades imateriais do trabalhador como ser humano, principalmente as seguintes:

• Adquirir novos conhecimentos.

• Desenvolver se profissionalmente, inclusive pelo domínio de novas‐ técnicas.

• Superar os seus próprios limites de criatividade, conhecimento, concentração

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produtividade e outros.

• Obter uma satisfação imaterial com o trabalho, resultante do seu desempenhonorteado por elevados padrões de qualidade e excelência.

• Obter o reconhecimento e o crédito imaterial pelos seus feitos e contribuições.

Para alcançar os objetivos acima, a empresa precisará implantar programas, além daquele relativo á observância da ética, voltados para:

• Treinamentos gerais e específicos por área, visando a capacitação profissional;

• Avaliação de desempenho dos empregados através de métodos que asseguremresultados justos;

• Recebimento e transmissão de informações aos empregados (canais de comunicação) de forma eficiente;• Criatividade, através do reconhecimento e premiação de novas idéias;

• Incentivo às ações individuais em prol da comunidade, inclusive àquelas

desenvolvidas em favor de instituições filantrópicas ou culturais;

• Promoção da integração da família nas metas do empregado, através de açõesespecíficas, como a concessão de bolsas de estudos para os filhos de empregados de desempenho extraordinário;

• Redução dos controles de freqüência, produção e disciplina, na proporção docomprometimento do empregado com as metas da organização e do nível deresponsabilidade por ele demonstrado.

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ESTUDOS DE CASO

Ética e choque cultural na empresa

Autor: Flavio Farah *

Características da empresa e do colaborador

Um consultor nos relata o caso de um profissional com excelente qualificação técnica, grande experiência e profundo senso de responsabilidade, que estava há muito tempo em uma organização. Ele tinha qualificação para ser promovido a diretor mas estava estacionado no posto de gerente. Qual o motivo? Choque cultural, de acordo com o consultor. Tratava-se de uma empresa alemã cujo ambiente de trabalho era circunspecto, silencioso e formal. O temperamento do gerente era oposto. Alegre e expansivo, gostava de contar casos engraçados e de rir, chegando a fazer algumas ironias com a seriedade dos outros. Os diretores viam seu comportamento como imaturo e não confiável. "Não dá para confiar, ele é meio moleque", disse um dos diretores. "É inteligente, muito bem preparado, mas é um pouco fora do padrão."

Diagnóstico do consultor

O consultor apresentou à direção da empresa o diagnóstico de falta de afinidade cultural. Os diretores, segundo ele, concordaram com sua avaliação “com extrema correção e sentido ético” e deixaram-no à vontade para encontrar outra oportunidade para aquele profissional. O consultor assim fez. Encontrou e ofereceu ao gerente um cargo de direção em outra companhia, proposta que ele prontamente aceitou.

Questões para discussão

1. O caso é realmente de conflito de valores? Para responder essa pergunta, identifique os valores comumente professados pelas empresas. Você pode conseguir esses dados pesquisando na página de valores dos sites de grandes corporações. Nessas páginas, existem valores organizacionais tais como “circunspecção”, “seriedade” (restrição ao riso) e “formalidade”, que, de acordo com o consultor, são características da cultura da empresa em pauta? Se não existem, então o que significam esses termos?

2. Se você fosse diretor da empresa, teria coragem de tornar público que você recu-sou a promoção ao gerente em razão de sua “falta de maturidade e de confiabilidade”? Você sustentaria que era justo recusar a promoção porque ele era inteligente e bem preparado, tinha excelente qualificação técnica, grande experiência e um profundo senso de responsabilidade, mas tinha o pecado de ser alegre e expansivo, de gostar de contar casos engraçados e de rir? Você teria coragem de enfrentar um debate no Sindicato dos Metalúrgicos? De ir ao

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programa “Roda Viva” da TV Cultura? De enfrentar uma CPI?

3. Pelo enunciado do caso, percebe-se que a empresa não tinha intenção de promover o gerente. A companhia, porém, não o informou desse fato. Pergunta-se: foi ética a conduta da companhia? Para responder esta pergunta, responda três outras questões: 1ª) Independentemente da iniciativa do profissional, a organização tinha o dever de lhe comunicar que ele não seria promovido? 2ª) Os diretores tinham obrigação de lhe dizer o que pensavam dele? 3ª) Ao silenciar e deixá-lo estacionado no mesmo cargo por um longo tempo, a empresa causou-lhe algum dano, por exemplo, causou-lhe humilhação ou prejudicou sua carreira profissional ou seus rendimentos?

4. O que é confiabilidade? Como uma pessoa se torna confiável aos olhos de outra? De acordo com os dados disponíveis, a empresa tinha razões concretas para não confiar no profissional? Quais razões? Se não tinha, qual o verdadeiro problema?

5. Qual a relação entre esse caso e a questão da diversidade no ambiente de trabalho?

* Flavio Farah é mestre em administração de empresas, professor universitário, palestrante, articulista e autor do livro “Ética na gestão de pessoas”.

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Ultrapassando os limites do poder

Andréia trabalhava há mais de dois anos em uma das empresas da holding Caessa, proprietária de diversas empresas das áreas agrícola e de mineração. Tinha uma boa relação com seu chefe Victor, quem considerava Andréia muito eficiente. Quando Victor foi promovido à gerência da holding, não duvidou em levá-la com ele. Isto coincidiu com o fato de que Andréia, que costumava ter problema de sobrepeso, emagreceu e começou a freqüentar a academia, todas as manhãs. No entanto, sempre chegava pontualmente, na hora fixada em seu contrato. Além disso, poucos meses depois, Andréia começou um relacionamento, razão pela qual deixou de ficar trabalhando até mais tarde, como fazia antes. De repente a relação entre Victor e Andréia, que antes funcionava às mil maravilhas, começou a ter problemas. Victor a convocava para reuniões às 8 horas da manhã, sabendo que a essa hora ela devia ir à academia, enquanto ele chegava depois das 10 horas. Além disso, todos os outros diretores demonstravam que estavam muito contentes com o trabalho de Andréia, enquanto Victor nunca parecia estar satisfeito e manifestava permanentemente seu descontentamento, inclusive chegou a dizer-lhe que trabalhava melhor quando era gorda. Andréia se sentia desolada e não entendia o que estava acontecendo. Ela continuava se esforçando ao máximo a cada trabalho realizado e sentia que não poderia agüentar por muito tempo essa situação.

Algo havia mudado

Certa manhã Victor chamou Andréia em sua sala e a repreendeu duramente por entender que ela havia elaborado muito mal uma informação, por não ter colocado a numeração das páginas. Ela perguntou se o resto estava bom e ele respondeu que ainda não tinha lido. Andréia sentiu que isto era mais do que poderia suportar. Seu trabalho não a motivava, chegava no horário e se retirava o antes possível. Tinha perdia o respeito que antes nutria por seu chefe. Tudo chegou a um limite insuportável, quando Victor, muito bravo porque Andréia já não ficava além do horário, exigiu-lhe, sob ameaça de ser despedida, que chegasse mais cedo e saísse mais tarde. Andréia devia escolher entre seu trabalho e sua vida privada - e sua saúde- já que o que lhe estava sendo exigido significava deixar de ir à academia, voltar a engordar e não dedicar tempo ao seu namorado. O resto da equipe, ciente da situação, tomou partido de Andréia, o que interferia na relação que mantinham com Victor, de modo que cada dia confiavam menos nele, perdiam o respeito por ele e lhe falavam o mínimo possível, já que ninguém queria ficar trabalhando além do horário.

Uma relação que virou pó

Andréia era uma mulher muito esforçada e Victor lhe havia dado a oportunidade de se desenvolver, ao levá-la para ocupar um cargo melhor e com maiores desafios. Antes de todas essas mudanças sua relação era satisfatória O que havia de errado? Além disso Andréia sempre havia pensado que seu chefe estaria contente com seu emagrecimento e por ter iniciado um namoro, mas a partir destes fatos surgiram apenas reações negativas. A isso

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se acrescenta que, em razão do novo cargo que ocupava, Victor sofria muitas pressões e não estava certo de poder administrar esse problema. Sentia que necessitava, mais que nunca, exigir de Andréia que o ajudasse a superar essa dificuldade.

Descrédito e desconfiança

Como vemos, Victor, sufocado por novas exigências não conseguiu balancear a autoridade formal e informal e tentou exigir de Andréia que fizesse muito mais do esperado, exercendo poder sobre ela, caindo no mal uso da autoridade formal. Abusou de seu poder e, inclusive, a maltratou psicologicamente. Não tinha nenhuma consideração por ela, não havia apreço pelas circunstâncias que envolviam a vida de sua colaboradora, que agora podia ser mais feliz em sua vida pessoal. Isto não só repercutia em Andréia mas em toda a equipe. Ainda que todos continuassem cumprindo suas obrigações dentro do mínimo esperado, Victor já não lhes podia pedir que fizessem esforços adicionais. Eles haviam perdido a confiança em Victor e a motivação. Victor estava desacreditado perante seus colaboradores, como chefe. Por mais que impusesse sua autoridade formal, sem a informal, os empregados não o apoiavam nem se comprometiam com sua causa. Victor ficara só. Victor não compreendeu que para motivar Andréia não precisa impor-lhe seu poder. Que Andréia e seus colegas se motivariam na medida em que o respeitassem como pessoa e como chefe. Mas, Victor, não havia sido antes um chefe respeitável? O que o fizera mudar? Talvez agora pudesse questionar suas tentativas de impor sua autoridade e retomar uma boa relação de confiança com seus colaboradores. Finalmente havia chegado a perguntar-se se as mudanças em motivação e desempenho não se atribuíam às suas más reações. Seria tarde para Victor? Poderia consertar a situação?

Fonte: La Tercera. Jornal Chileno. Ed. 13/08/2005 (eClass.cl) Escuela de Negócios de la Universidad Adolfo Ibanez).

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ANEXOS

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ADMINISTRADOR(Aprovado pela Resolução Normativa CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO

nº 353, de 9 de abril de 2008)

PREÂMBULO

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I - De forma ampla a Ética é definida como a explicitação teórica do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual.II - O exercício da profissão de Administrador implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis.III - O Código de Ética Profissional do Administrador (CEPA) é o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado em um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da sociedade.

CAPÍTULO IDOS DEVERES

Art. 1º São deveres do Administrador:

I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal;II - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional;III - conservar independência na orientação técnica de serviços e em órgãos que lhe forem confiados;IV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando alternativas;V - informar e orientar o cliente a respeito da situação real da empresa a que serve;VI - renunciar, demitir-se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego, se, por qualquer forma, tomar conhecimento de que o cliente manifestou desconfiança para com o seu trabalho, hipótese em que deverá solicitar substituto;VII - evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento, desde que do silêncio não lhe resultem prejuízo, desprestígio ou interpretação errônea quanto à sua reputação;VIII - esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessidade de preservação do meio ambiente;IX - manifestar, em tempo hábil e por escrito, a existência de seu impedimento ou incompatibilidade para o exercício da profissão, formulando, em caso de dúvida, consulta ao CRA no qual esteja registrado;X - aos profissionais envolvidos no processo de formação do Administrador, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código. XI - cumprir fiel e integralmente as obrigações e compromissos assumidos, relativos ao exercício profissional;XII - manter elevados o prestígio e a dignidade da profissão.

CAPÍTULO IIDAS PROIBIÇÕES

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Art. 2º É vedado ao Administrador:

I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títulos, cargos e especializações;II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicidade que resultem em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou atividades, salvo se em exercício de qualquer cargo ou missão, em nome da classe, da profissão ou de entidades ou órgãos públicos;III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição pública ou privada onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à profissão;IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não habilitados ou impedidos;V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização;VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizada por lei;VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa do Sistema CFA/CRAs transitada em julgado;VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem razão fundamentada e sem notificação prévia ao cliente ou empregador;IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção;X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua autorização ou conhecimento;XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do cargo, emprego, função ou profissão, assim como sonegar, adulterar ou deturpar informações, em proveito próprio, em prejuízo de clientes, de seu empregador ou da sociedade;XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial;XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado;XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado por colega, bem como praticar outros atos de concorrência desleal;XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional de Administração;XVI - usar de artifícios ou expedientes enganosos para obtenção de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;XVII - prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ou atitudes, colegas de profissão, membros dirigentes ou associados das entidades representativas da categoria.

CAPÍTULO IIIDOS DIREITOS

Art. 3º São direitos do Administrador:

I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça, sexo,

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nacionalidade, cor, idade, condição social ou de qualquer natureza discriminatória;II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar indignas do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética dos Administradores e ao Conselho Regional de Administração;III - exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual corresponderá às responsabilidades assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe livre firmar acordos sobre salários, velando, no entanto, pelo seu justo valor;IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão e à classe;V - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas ou quando subvencionados os custos referentes ao acontecimento;VI - a competição honesta no mercado de trabalho, a proteção da propriedade intelectual sobre sua criação, o exercício de atividades condizentes com sua capacidade, experiência e especialização.

CAPÍTULO IVDOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Art. 4º Os honorários e salários do Administrador deverão ser fixados, por escrito, antes do início do trabalho a ser realizado, levando-se em consideração, entre outros, os seguintes elementos:

I - vulto, dificuldade, complexidade, pressão de tempo e relevância dos trabalhos a executar;II - possibilidade de ficar impedido ou proibido de realizar outros trabalhos paralelos;III - as vantagens de que, do trabalho, se beneficiará o cliente;IV - a forma e as condições de reajuste;V - o fato de se tratar de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do País;VI - sua competência e renome profissional;VII - a menor ou maior oferta de trabalho no mercado em que estiver competindo;VIII - obediência às tabelas de honorários que, a qualquer tempo, venham a ser baixadas, pelos respectivos Conselhos Regionais de Administração, como mínimos desejáveis de remuneração.

Art. 5° É vedado ao Administrador:

I - receber remuneração vil ou extorsiva pela prestação de serviços;II - deixar de se conduzir com moderação na fixação de seus honorários, devendo considerar as limitações econômico-financeiras do cliente;III - oferecer ou disputar serviços profissionais, mediante aviltamento de honorários ou em concorrência desleal.

CAPÍTULO VDOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS

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Art. 6° O Administrador deverá ter para com seus colegas a consideração, o apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe.

Art. 7° Com relação aos colegas, o Administrador deverá:

I - evitar fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras;II - recusar cargo, emprego ou função, para substituir colega que dele tenha se afastado ou desistido, visando a preservação da dignidade ou os interesses da profissão ou da classe;III - evitar emitir pronunciamentos desabonadores sobre serviço profissional entregue a colega;IV - evitar desentendimentos com colegas, usando, sempre que necessário, o órgão de classe para dirimir dúvidas e solucionar pendências;V - tratar com urbanidade e respeito os colegas representantes dos órgãos de classe, quando no exercício de suas funções, fornecendo informações e facilitando o seu desempenho;VI - na condição de representante dos órgãos de classe, tratar com respeito e urbanidade os colegas Administradores, investidos ou não de cargos nas entidades representativas da categoria, não se valendo dos cargos ou funções ocupados para prejudicar ou denegrir a imagem dos colegas, não os levando à humilhação ou execração;VII - auxiliar a fiscalização do exercício profissional e zelar pelo cumprimento do CEPA, comunicando, com discrição e fundamentadamente aos órgãos competentes, as infrações de que tiver ciência;

Art. 8° O Administrador poderá recorrer à arbitragem do Conselho Regional de Administração nos casos de divergência de ordem profissional com colegas, quando for impossível a conciliação de interesses.

CAPÍTULO VIDOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE

Art. 9° Ao Administrador caberá observar as seguintes normas com relação à classe:

I - prestigiar as entidades de classe, propugnando pela defesa da dignidade e dos direitos profissionais, a harmonia e a coesão da categoria;II - apoiar as iniciativas e os movimentos legítimos de defesa dos interesses da classe, participando efetivamente de seus órgãos representativos, quando solicitado ou eleito;III - aceitar e desempenhar, com zelo e eficiência, quaisquer cargos ou funções, nas entidades de classe, justificando sua recusa quando, em caso extremo, achar-se impossibilitado de servi-las;IV - servir-se de posição, cargo ou função que desempenhe nos órgãos de classe, em benefício exclusivo da classe;V - difundir e aprimorar a Administração como ciência e como profissão;VI - cumprir com suas obrigações junto às entidades de classe às quais se associou, inclusive no que se refere ao pagamento de contribuições, taxas e emolumentos legalmente estabelecidos;VII - acatar e respeitar as deliberações dos Conselhos Federal e Regional de Administração

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CAPÍTULO VIIDAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 10 Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas no Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, aprovado por Resolução Normativa do Conselho Federal de Administração, além das elencadas abaixo, todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem:

I - praticar atos vedados pelo CEPA;II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar o seu exercício aos não registrados ou impedidos; III - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação de entidade da profissão de Administrador ou autoridade dos Conselhos, em matéria destes, depois de regularmente notificado; IV - participar de instituição que, tendo por objeto a Administração, não esteja inscrita no Conselho Regional;V - fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, perante as entidades da profissão de Administrador;VI - tratar outros profissionais ou profissões com desrespeito e descortesia, provocando confrontos desnecessários ou comparações prejudiciais;VII - prejudicar deliberadamente o trabalho, obra ou imagem de outro Administrador, ressalvadas as comunicações de irregularidades aos órgãos competentes;VIII - descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;IX - usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;X - prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano às pessoas, às organizações ou a seus bens patrimoniais.

CAPÍTULO VIIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 11 Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os Conselhos Regionais e a categoria dos profissionais de Administração, promover a revisão e a atualização do CEPA, sempre que se fizer necessário.

Art. 12 As regras processuais do processo ético serão disciplinadas em Regulamento próprio, no qual estarão previstas as sanções em razão de infrações cometidas ao CEPA.

Art. 13 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente, objetivando o resguardo e aplicação do CEPA.

Art. 14 É dever dos CRAs dar ampla divulgação ao CEPA.

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Aprovado na 5ª reunião plenária do CFA, realizada no dia 4 de abril de 2008.

Adm. Roberto Carvalho Cardoso

Presidente do CFACRA/SP nº 097