apostila de economia - noções gerais de economia

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O QUE É ECONOMIA? Dificuldade de se ter uma definição exata para a economia, em virtude de diversas razões: o Complexa teia das relações sociais o Multiplicidade dos fatores condicionantes da atividade econômica o Economia é influenciada por diferentes concepções político- ideológicas Conseqüentemente, cada corrente do pensamento econômico enxerga a realidade sob ângulos diferenciados. Ademais, ao longo do tempo a conjuntura mundial, as instituições econômicas e as concepções político-ideológicas se modificam. Economia é uma ciência que examina a ação individual e social em seus aspectos mais estreitamente ligados à obtenção e ao uso das condições materiais do bem-estar. De um lado, o estudo da riqueza; de outro, o estudo do comportamento humano dentro de um mundo com recursos limitados, onde busca-se uma eficiência alocativa. Economia possui um nível de exatidão maior que outras ciências sociais, justamente pelo fato de muitas de suas variáveis estudadas poderem ser mensuradas. No entanto, em termos comparativos, a economia não tem a mesma precisão que as ciências físicas exatas, pois ela se relaciona com forças sutis e sempre mutáveis da natureza humana. No entanto, é importante frisar que nem todas as ações econômicas são possíveis de serem mensuradas, e daí vem a distância que essa ciência tem das ciências exatas. É interessante frisar também que os motivos das ações humanas não residem, necessariamente, apenas em benefícios materiais, economicamente mensuráveis. Por exemplo, abordagem da imersão social. Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (VASCONCELLOS e GARCIA). o Escolha; o Escassez; o Necessidades; o Recursos; o Produção; o Distribuição. O fato econômico resume-se, assim, nos atos de ESCOLHA entre fins possíveis e meios ESCASSOS aplicáveis a USOS ALTERNATIVOS. ESCASSEZ recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. O homem está agindo economicamente quando procede uma escolha determinada.

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Abordagem sobre as noções gerais de economia

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  • O QUE ECONOMIA?

    Dificuldade de se ter uma definio exata para a economia, em virtude de diversas razes:

    o Complexa teia das relaes sociais o Multiplicidade dos fatores condicionantes da atividade econmica o Economia influenciada por diferentes concepes poltico-

    ideolgicas Conseqentemente, cada corrente do pensamento econmico enxerga a

    realidade sob ngulos diferenciados. Ademais, ao longo do tempo a conjuntura mundial, as instituies econmicas

    e as concepes poltico-ideolgicas se modificam. Economia uma cincia que examina a ao individual e social em seus

    aspectos mais estreitamente ligados obteno e ao uso das condies materiais do bem-estar.

    De um lado, o estudo da riqueza; de outro, o estudo do comportamento humano dentro de um mundo com recursos limitados, onde busca-se uma eficincia alocativa.

    Economia possui um nvel de exatido maior que outras cincias sociais, justamente pelo fato de muitas de suas variveis estudadas poderem ser mensuradas. No entanto, em termos comparativos, a economia no tem a mesma preciso que as cincias fsicas exatas, pois ela se relaciona com foras sutis e sempre mutveis da natureza humana.

    No entanto, importante frisar que nem todas as aes econmicas so possveis de serem mensuradas, e da vem a distncia que essa cincia tem das cincias exatas.

    interessante frisar tambm que os motivos das aes humanas no residem, necessariamente, apenas em benefcios materiais, economicamente mensurveis. Por exemplo, abordagem da imerso social.

    Economia a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (VASCONCELLOS e GARCIA).

    o Escolha; o Escassez; o Necessidades; o Recursos; o Produo; o Distribuio.

    O fato econmico resume-se, assim, nos atos de ESCOLHA entre fins possveis e meios ESCASSOS aplicveis a USOS ALTERNATIVOS.

    ESCASSEZ recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas.

    O homem est agindo economicamente quando procede uma escolha determinada.

  • O problema que cada agente econmico deve resolver consiste em tirar o mximo proveito dos recursos escassos a sua disposio. Por exemplo, consumidor e sua restrio oramentria, tenta distribuir seus gastos de forma a maximizar sua satisfao.

    Algumas definies do que Economia: A economia o estudo da organizao social atravs do qual os homens

    satisfazem suas necessidades de bens e servios escassos (Umbireit, Hunt e Kinter).

    Embora nem sempre seja fcil separar a demarcao das fronteiras que separam a economia de outros campos do conhecimento social, h atualmente concordncia geral em relao a seu contedo principal. Ao se ocupar das condies gerais do bem-estar, o estudo da economia inclui a organizao social que implica distribuio de recursos escassos entre necessidades humanas alternativas, com a finalidade de satisfaz-las a nvel timo (Leftwich).

    A economia a cincia voltada para a administrao dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposio onerosa do mundo exterior, decorrente da tenso entre desejos ilimitveis e meios limitados (Barre).

    No houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, no existiriam sistemas econmicos nem a econmica. A economia , fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes (Stonier e Hague).

    A economia diz respeito ao estudo do fenmeno chamado escassez. Embora o homem tenha sido at aqui bem-sucedido em fazer com que se expandissem a produo de bens e servios necessrios a sua vida, ele no conseguiu reduzir substancialmente a diferena entre seus desejos e os meios capazes de satisfaze-los. Continua, assim, agindo economicamente, pois ainda no se libertou e, presumivelmente, no ser fcil libertar-se do difcil exerccio da escolha (Rogers).

    Escolher a melhor forma de empregar recursos escassos para obter benefcios mximos: este o problema bsico de todas as sociedades economicamente organizadas (Horsman).

    QUESTES ECONMICAS DECORRENTES DO PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA NECESSIDADE DE ESCOLHA.

    Em toda sociedade, qualquer que seja sua organizao poltica, de defronta com trs questes econmicas bsicas decorrentes do problema de escassez: a) O que e quanto produzir?

    J que no se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos de bens e servios, a sociedade deve escolher entre as vrias alternativas, quais bens e servios sero produzidos e em que quantidade. Devemos produzir mais automveis do que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos?

  • b) Como produzir?

    Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido ser produzido. Normalmente os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinaes de recursos e tcnicas. Nesse sentido, deve-se optar pela tcnica que resulte no menor custo por unidade de produto ser obtido.

    c) Para quem produzir? Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira deciso fundamental: quem ir receber esses bens e servios? Sabemos que a produo total e bens e servios dever ser distribuda entre os diferentes indivduos que compem a sociedade. De que maneira essa distribuio ocorrer? Ser que todas as pessoas recebero a mesma quantidade de bens e servios?

    ECONOMIA COMO CINCIA SOCIAL OU DO COMPORTAMENTO

    Cincias sociais ocupam-se dos diferentes aspectos do comportamento

    humano. Exemplos de cincias sociais:

    o Cincia poltica Trata das relaes entre a nao e o Estado, formas de governo, etc.

    o Sociologia Ocupa-se das relaes sociais e da organizao estrutural da sociedade.

    o Antropologia cultural Estudo das origens e da evoluo, da organizao e das diferentes formas de expresso cultural do homem.

    o Psicologia Estudo do comportamento humano.

    o Direito Estudo das normas que regulam os direitos e as obrigaes individuais e sociais.

    o Economia Como as demais reas, abrange apenas uma frao das cincias sociais, estudando o comportamento econmico do homem, envolvendo essencialmente o processo de produo, a gerao e apropriao de renda, o dispndio e a acumulao.

    Da mesma forma que ocorre com os demais ramos das cincias sociais, no se pode considerar a economia como fechada em torno de si mesma. Cincia econmica estabelece relaes diretas com diversas outras cincias sociais.

    Possui relaes tambm com a filosofia, a histria, religies, desenvolvimento tecnolgico, meio ambiente, etc.

    Segundo Kenneth Boulding, Os problemas econmicos no tem contornos bem delineados. Eles se estendem perceptivelmente pela poltica, pela sociologia e pela tica, assim como h questes polticas, sociolgicas ou ticas que so envolvidas ou mesmo decorrentes de posturas econmicas. No ser exagero dizer que as respostas cruciais s questes cruciais da

  • economia encontram-se em algum outro campo. Ou que a resposta a outras questes humanas, formalmente tratadas em outras esferas das cincias sociais, passar necessariamente por alguma reviso do ordenamento real da vida econmica ou do conhecimento econmico.

    Ou seja, as solues para os problemas de ordem econmica no sero encontradas apenas na cincia econmica, mas sim atravs de um paralelo entre a cincia econmica e as demais cincias sociais. Por qu?

    Porque so diversos os fatores condicionantes da ao, das relaes e do comportamento econmico, tais como: o As formas de organizao poltica da sociedade; o As posturas tico-religiosas; o Os modos de relacionamento social; o As condies limitativas do meio ambiente; o A estruturao da ordem jurdica; o A formao cultural da sociedade; o Os nveis de avano tecnolgico da sociedade.

    RECURSOS ECONMICOS

    O FATOR TERRA: um conceito abrangente de recursos naturais

    Reservas naturais encontram-se na base de todo o processo de produo. Historicamente, a prpria localizao espacial dos agrupamentos humanos foi

    condicionada pela disponibilidade de recursos naturais.

    Condies que expandem as bases das reservas naturais economicamente

    aproveitveis

    Condies que restringem a ao do homem sobre as reservas

    naturais economicamente aproveitveis

    Estgio de conhecimento humano Nveis de exausto das reservas minerais aferidas

    Disponibilidade de instrumentos exploratrios Ameaas de extino de espcies vegetais e animais

    Avanos sobre novas fronteiras Degradao de macrodisponibilidades naturais

    Processos de renovao e reposio Conscincia preservacionista

    Processos de reciclagem de materiais bsicos j transformados e rejeitados

    Restries legais, condicionantes das formas de acesso e de explorao econmica

    Os recursos naturais possuem limitaes em suas dotaes. Por exemplo, a disponibilidade de solos potencialmente aproveitveis para a agricultura gira em torno de 3,2 bilhes de hectares.

  • O FATOR TRABALHO: as bases demogrficas da atividade econmica

    constitudo de uma parcela da populao total: a Populao Economicamente Ativa.

    Parcela economicamente ativa varia de pas para pas, de acordo com leis. Qualificao um fator fundamental para a produtividade do fator trabalho. Pirmides demogrficas Pases desenvolvidos x Pases subdesenvolvidos. As pirmides evidenciam as propores em que se apresentam as pores

    economicamente no mobilizvel e mobilizvel. Esta ltima definida pelo conjunto de faixas etrias centrais, situadas entre os conjuntos das faixas pr e ps-produtivas. A faixa central se configura, assim, o que se considera fora de trabalho potencial. A inferior e a superior configuram o nus demogrfico.

    Pirmides com uma base muito larga indicam alto potencial de proviso de recursos humanos no futuro; mas, simultaneamente, representam uma sobrecarga no presente, exigindo altas taxas de investimentos sociais que concorrem com outras categorias de investimentos, como infra-estrutura.

    J as pirmides de bases estreitas e topos dilatados configuram situaes de relativo conforto socioeconmico presente; mas, dependendo da magnitude da taxa de reposio demogrfica e do nus ps-produtivo, o futuro poder ser comprometido.

    Taxa de crescimento populacional exploso demogrfica no sculo XX. Pirmide demogrfica no Brasil tendncia de diminuio da taxa de

    natalidade.

  • O FATOR CAPITAL: conceito, tipologia e processo de acumulao

    O fator capital compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade.

    Revoluo industrial no sculo XVIII intensificou o processo de criao, emprego e acumulao de recursos de capital.

    importante frisar que o fator capital constitui-se sempre das diferentes categorias de riqueza acumulada, empregadas na gerao de novas riquezas.

    Sntese das principais categorias do estoque de capital: Grandes itens

    Infraestrutura Construes e edificaes segundo a destinao

    Equipamentos de transporte

    Mquinas, equipamentos, instrumentos e

    ferramentas

    Agro-capitais Econmica Social

    Energia Educao e cultura

    Administraes pblicas

    Ferrovirio De extrao Culturas permanentes Telecomunicaes Rodovirio De transformao

    Transportes Sade e saneamento

    Militares Hidrovirio De construo Instalaes

    Fabris Aerovirio De servios Edificaes

    Esportes Comerciais Equipamentos

    Lazer Residenciais Ferramentas

    Segurana Implementos

  • Essas diferentes categorias de capital acumuladas pela sociedade resultam de um dos mais importantes fluxos econmicos: o de investimento. Conceitualmente, formao de capital e investimento so expresses sinnimas.

    A adio de novos bens de produo s aumenta em termos lquidos o estoque de capital se ela for superior a depreciao.

    Formao Bruta de Capital Fixo Depreciao = Formao Lquida de Capital Fixo.

    Ou, visto de outra forma: Estoque inicial de capital + Fluxos de investimento bruto processo de

    depreciao = Estoque resultante de capital. Fontes de acumulao de capital:

    o Internas Poupana das famlias Poupana das empresas Poupana do setor pblico

    o Externas Ingresso lquido de capitais de risco Ingresso lquido de capitais exigveis (emprstimos e financiamentos) Transferncias unilaterais de governos ou organizaes

    internacionais

    A CAPACIDADE TECNOLGICA: ELO INTERFATORES

    Considerada um fator de produo, a capacidade tecnolgica formada pelo

    conjunto de conhecimentos e habilidades que do sustentao ao processo de produo, sendo, portanto um fator que envolve todo o processo produtivo em todas as suas etapas.

    Podemos agrupar as habilidades e conhecimentos relacionados a esse fator em 3 grupos:

    P&D a fonte de capacidade tecnolgica. Envolve capacidade para armazenar, processar, interpretar, integrar e fundir conhecimentos tcnico-cientficos.

    Em seguida, temos a capacitao para desenvolver e implantar projetos, novos processos ou novos produtos. quando ocorre a transio da inveno para a inovao.

    Por ltimo, temos a capacitao para operar as atividades de produo.

    P&D

    Pesquisa e

    Desnvolvimento

    Operao das

    atividades de

    produo

    Projetos

    - Novos Processos

    - Novos Produtos

    INOVAOINVENO

  • A velocidade com que esse processo se d uma das mais ntidas diferenas entre as sociedades primitivas e as modernas.

    Atravs dos avanos tecnolgicos, os recursos (escassos) podem ser utilizados com maior eficincia, gerando uma maior riqueza.

    Segundo Shumpeter, as invenes traduzem-se pela descoberta de novas formas ou fontes de energia, de novos materiais, de novos processos e de novos produtos; j as inovaes referem-se incorporao das novas

    descobertas ao fluxo corrente de produo da sociedade Processo de destruio criativa.

    A CAPACIDADE EMPRESARIAL: A ENERGIA MOBILIZADORA A mobilizao, aglutinao e combinao dos quatro fatores de produo

    colocados anteriormente pressupe a existncia de determinada capacidade de empreendimento. atravs dela que os recursos disponveis so reunidos, organizados e acionados para o exerccio de atividades produtivas.

    Os agentes dotados de capacidade empresarial renem um conjunto de qualificaes que os diferenciam em relao aos contingentes economicamente mobilizveis.

    o Viso Estratgica; o Baixa averso a riscos; o Esprito inovador; o Sensibilidade para perceber oportunidades de investimentos; o Energia suficiente para implantar projetos de empreendimento; o Ter acesso aos outros 4 fatores de produo e capacidade para

    combina-los; o Ter capacidade de organizar o empreendimento.

    O SISTEMA ECONMICO: UMA VISO DE CONJUNTO

    Sistemas econmicos so arranjos historicamente constitudos, a partir dos quais os agentes econmicos so levados a empregar recursos e a interagir via produo, distribuio e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos institucionais de controle e disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos at as formas de atuao, as funes e os limites de cada um dos agentes.

    Elementos bsicos de um sistema econmico: o Estoque de recursos produtivos ou fatores de produo Aqui se

    incluem os recursos humanos, o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia.

    o Agentes econmicos Constitudo pelas famlias, empresas e governo. Decidem como empregar os recursos econmicos. Produzem. Geram e se apropriam de diferentes categorias de rendas. Transacionam. Consomem. Acumulam.

  • o Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais base da organizao da sociedade. Nenhum sistema econmico possvel sem que um conjunto de normas jurdicas discipline os deveres, direitos e obrigaes dos detentores de recursos e das unidades que os empregaro. De forma anloga, fundamental a existncia de um conjunto de instituies polticas que definam as esferas de competncia de cada agente.

    Os sistemas econmicos podem ser classificados em sistema o Capitalista ou economia de mercado; o Sistema socialista ou economia centralizada.

    AGENTES ECONMICOS

    AS UNIDADES FAMILIARES

    Essas unidades possuem e fornecem os recursos de produo, apropriam-se

    de diferentes categorias de rendas e decidem como, quando, onde e em que as rendas recebidas sero despendidas.

    As capacidades de escolha quanto gesto de seus oramentos constituem um dos mais importantes atributos das unidades familiares.

    O desempenho do sistema econmico como um todo e dos mercados especficos (em especial o de bens de consumo) so fortemente influenciados pelas decises independentes de milhes de unidades familiares diversas em sua constituio e estratificadas em diferentes grupos socioeconmicos. Por exemplo, humor dos consumidores.

    A maior parte das unidades familiares tem uma ou mais pessoas economicamente ativas, diretamente empregadas, fornecendo recursos para o processamento das atividades primrias, secundrias ou tercirias de produo.

    Contudo, h tambm unidades familiares que no tm pessoas efetivamente empregadas nas atividades de produo. Estas se mantm, participando tambm dos fluxos econmicos, com recursos que a sociedade lhe transfere.

    AS EMPRESAS: UNIDADES BSICAS DO APARELHO DE PRODUO

    So os agentes econmicos para os quais convergem os recursos de produo disponveis. Nessas unidades, esses recursos so empregados e combinados no sentido de gerar bens e servios que atendero s necessidades de consumo e de acumulao da sociedade.

    O conjunto de empresas que compe o aparelho de produo bastante diversificado:

    o Tamanho O universo de empresas constitudo por unidades que vo desde as microorganizaes at as grandes corporaes. No Brasil,

  • empresas com at 19 funcionrios so consideradas microempresas. De 20 a 99, so consideradas pequenas empresas. De 100 a 499 empregados considerado de tamanho mdio e de 500 empregados em diante considerado de grande porte. Distribuio das Empresas no Brasil, de Acordo com seu Tamanho.

    Porte Nmero de Empresas %

    Microempresas 5.956.763 93,0

    Pequenas Empresas 377.903 5,9

    Empresas de Tamanho Mdio 44.835 0,7

    Empresas de Grande Porte 25.621 0,4

    Total 6.405.122 100

    Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego, 2012. Setores considerados: indstria, construo, comrcio e servios.

    Estatutos jurdicos Vo desde a titularidade assumida pela pessoa fsica proprietria, at a constituio atravs de sociedades annimas.

    Origens e controle Podem ser pblicas, privadas ou de economia mista. Formas de gesto Nas micros, pequenas e mdias empresas, o controle e a

    direo normalmente se sobrepe: a direo assumida pelos proprietrios. No entanto, em grandes empresas amadurecidas, segundo a expresso de Galbraith, o controle e a gesto se dissociam.

    Natureza dos produtos Quanto a este atributo, a heterogenidade decorre das diferenas que observadas entre produtos gerados por atividades produtivas primrias, secundrias e tercirias. Das duas primeiras resultam bens; da ltima, servios.

    GOVERNO: CARACTERSTICAS E FUNES

    Segundo o conceito de Edey e Peacock, o governo um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produo das empresas para proporcionar bens e servios teis sociedade como um todo. Trata-se, pois, de um centro de bens e servios coletivos.

    Suas receitas so provenientes de retiradas compulsrias do poder aquisitivo de unidades familiares e de empresas, atravs do sistema tributrio.

    No entanto, importante se deixar claro que esse conceito exclui as empresas estatais, que se encaixam na definio anterior.

    Alm de interagir com os demais agentes econmicos, o governo um centro de gerao, execuo e julgamento de regras bsicas para a sociedade como um todo.

    A discusso acerca do papel e do tamanho do Estado no Brasil tem sido recorrente ao longo dos ltimos anos.

    Outra discusso recorrente refere-se ao papel do Estado na economia.

  • O peso da carga tributria no pas outro ponto de debate, visto que em 2013, o valor percentual da carga tributaria representou 37,65% do PIB. O sistema tributrio brasileiro composto por 61 tributos federais, estaduais e municipais.

    Nesse sentido, a reforma fiscal parece ser de grande necessidade. De acordo com o IBGE, a Estrutura do Governo no Brasil:

    Unio 1

    Estados e DF 27

    DF e Municpios 5.564

    A INTERAO DOS AGENTES ECONMICOS

    Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interao dos agentes econmicos decorrem de dois fatores fundamentais: o A diversidade das necessidades humanas, que conduz organizao de

    sistemas de trocas. o A diversidade de capacitaes das pessoas e naes, determinadas por

    heranas culturais ou por vocaes naturais, que conduz especializao e diviso social do trabalho.

    Essa diversidade das necessidades humanas exigiu, ao longo dos tempos, capacitaes diferenciadas Diviso do trabalho, onde cada pessoa dedica-se preponderantemente a uma atividade especfica, satisfazendo suas necessidades atravs da interao com os outros agentes econmicos, por intermdio de um sistema de trocas.

    Assim, surgem trs importantes fatores de propulso do progresso econmico: o A diviso do trabalho o A especializao o As trocas

    Esses fatores possibilitaram aperfeioamentos em todos os campos e conduziram a formas de produo cada vez mais complexas e eficientes

    Por conseqncia, h um aumento da diversidade dos bens e servios, que acaba por gerar o surgimento de novas necessidades.

    Logo, percebe-se ao longo da histria da humanidade uma mudana de paradigma, onde a autossuficincia substituda pela interao entre os agentes econmicos.

    Esse processo de interao (decorrente do trinmio diviso do trabalho-especializao-trocas) acaba por gerar dois benefcios bastantes visveis a sociedade, decorrentes do princpio da vantagem comparativa: o Maior eficincia e ganhos de escala. o Eficincia Tcnica e Eficincia Econmica. Eficincia Tcnica - envolve

    aspectos fsicos da produo. Assim, a produo tecnicamente eficiente quando no h a possibilidade de substituir um processo produtivo por outro capaz de obter o mesmo nvel de produo com uma quantidade inferior de insumos. A Eficincia Econmica envolve os aspectos monetrios da produo de modo a conduzir o processo produtivo de forma a deter mximo lucro ou menor custo.

  • o Ganhos de Escala ou Economia de Escala - Diz-se que h economias de escala quando o aumento do volume da produo de um bem por perodo reduz os seus custos.

    A INTERAO DE UNIDADES FAMILIARES E EMPRESAS

    Para uma primeira aproximao, vamos considerar um sistema econmico

    fechado, constitudo apenas por unidades familiares e empresas. Temos, no caso acima, dois fluxos: os fluxos reais, que se refere ao emprego

    de recursos e o suprimento de bens e servios, e os fluxos monetrios, que se refere remunerao dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e servios adquiridos.

    Fluxos Reais (a) As unidades familiares fornecem recursos s empresas. As empresas, em contrapartida, suprem as unidades familiares de bens e servios (b).

    Fluxos Monetrios (c) Empregando a moeda como meio de pagamento, as empresas remuneram as unidades familiares pelos recursos empregados. (d) E estas transferem para as empresas os ganhos recebidos, ao pagarem pelos bens e servios adquiridos.

    Portanto, as unidades familiares so remuneradas pelos recursos fornecidos: elas recebem das empresas pagamentos sob a forma de remunerao de fatores, como salrios, aluguis e arrendamentos, royalties e outros direitos de propriedade, lucros e dividendos, ou mesmo juros. Com a remunerao recebida, as unidades familiares so dotadas de poder aquisitivo, por meio do qual adquirem os bens e servios que atendero suas necessidades, bens e servios esse fornecidos pelas empresas.

    A INTRODUO DO GOVERNO

    O governo um agente econmico como outro qualquer. Ele se apropria de

    uma parte da renda social e, com ela, proporciona sociedade o suprimento

    EMPRESASUNIDADES

    FAMILIARES

    c

    d

    a

    b

  • de bens e servios de uso coletivo que, de outra forma, no seriam disponibilizados.

    Para realizar suas funes, ele tambm emprega e remunera fatores de produo, interagindo assim com as unidades familiares. E adquire produtos, conectando-se com as empresas.

    Influncias da introduo do governo na interao com os demais agentes

    econmicos: Reduo do poder aquisitivo e da capacidade privada de acumulao, em

    virtude da cobrana de tributos, que podem penalizar mais a uns em detrimento de outros, dependendo a forma como so cobrados.

    Realocao de renda Atravs de um sistema de previdncia social, o governo retira parte da renda da sociedade, tanto das unidades familiares quanto das empresas, realocando-a atravs do pagamento de transferncias. Exemplos: seguro-desemprego, aposentadorias, licena maternidade, etc.

    Reconfigurao da procura e da oferta de bens e servios O governo, atuando como agente econmico, acaba por influenciar na economia, seja de

    EMPRESASUNIDADES

    FAMILIARES

    GOVERNO

    Fatores de produo

    Produtos

    Remunerao dos fatores

    Pagamentos dos

    produtos adquiridos

    Pagamento

    pelos bens e

    servios

    adquiridos

    Remunerao dos

    fatores empregados

    e transferncias

    Bens e

    servios

    Tributos

    Tributos

    Fornecimento

    de fatores de

    produo

    Fornecimento de bens e servios

    pblicos e investimentos em

    infraestrutura econmica e social

  • forma mais efetiva, em economias onde o Estado mais intervencionista, seja de forma mais branda, onde prevalece um sistema mais liberal.

    QUESTES ECONMICAS FUNDAMENTAIS

    Eficincia produtiva e eficcia alocativa Essas duas primeiras questes chaves da economia, tratam de dois elementos cruciais do processo econmico: o emprego de recursos escassos e a escolha entre fins alternativos.

    Eficincia significa maximizar o emprego de recursos escassos. Eficcia significa otimizar escolhas.

    Ser eficiente no emprego de recursos (escassos) e ser eficaz na escolha do que fazer com eles resumem, assim, as duas questes fundamentais bsicas com que se defrontam todos os agentes econmicos.

    Se os recursos disposio de cada agente econmico fossem ilimitados e suas necessidades e aspiraes fossem limitveis, a economicidade da ao humana perderia a razo de ser. No entanto, h uma ESCASSEZ de recursos em um ambiente onde so ilimitveis as aspiraes da sociedade, gerando necessidade, portanto, de se fazer ESCOLHAS.

    O conceito de necessidades ilimitveis O desenvolvimento socioeconmico no se caracteriza por eliminar, mas por acrescentar novas necessidades s preexistentes. Em conflito com as aspiraes ilimitveis, os agentes

    econmicos tm restries oramentrias Isso leva a necessidade de se fazer escolhas.

    Nesse sentido, em contraposio limitao de recursos, as necessidades e as aspiraes sociais por bens e servios parecem ser ilimitveis, no s em virtude da crescente diversificao dos produtos que as modernas economias so capazes de levar aos mercados, mas tambm pelos cada vez mais sofisticados padres com que se apresentam e pelos nveis de desempenho progressivamente melhores.

    Logo, bens e servios que ontem eram suprfluos, ou que atendiam a um reduzido de sofisticados, hoje se tornaram necessidades inevitveis. Assim foi com as lmpadas eltricas, depois com os automveis, com os eletrodomsticos, com microcomputadores e mais recentemente, com os celulares.

    A EFICINCIA PRODUTIVA: AS CURVAS DAS POSSIBILIDADES DE PRODUO

    A idia de eficincia significar maximizar a utilizao dos recursos disponveis

    em uma determinada economia, a fim de maximizar a gerao de riqueza.

    Pleno Emprego abrange todos os fatores de produo, no apenas o fator trabalho. Pressupe, assim, manter ocupada a totalidade da populao economicamente mobilizvel, utilizar plenamente os bens de capital e os recursos naturais disponveis e operar o processo produtivo segundo os melhores padres tecnolgico conhecidos.

  • Limite Mximo da Eficincia alcanado quando, j operando em pleno emprego, no h mais qualquer ociosidade a ser aproveitada. Alcanando esse limite, qualquer acrscimo na produo de determinado bem ou servio implicar redues na produo de outro.

    Possibilidades de produo existentes Podem ser destinadas a uma multiplicidade de combinaes de bens e servios. difcil determinar qual a melhor combinao. As combinaes praticadas resultam ou de decises de governantes ou de decises descentralizadas resultantes da livre atuao das empresas e das unidades familiares. A melhor a que estiver mais ajustada a uma escala de necessidades hierarquizadas, definida para a sociedade como um todo (escolhas).

    Sejam quais forem as combinaes praticadas e por mais eficiente que seja a economia como um todo, h sempre limites para as possibilidades efetivas de produo, em virtude da limitao de recursos. Como eles so escassos, nunca possvel produzir quantidades infinitas de bens e servios. As fronteiras de produo definem os limites mximos, demonstrando as limitaes de uma economia.

    Portanto, duas economias com disponibilidades de recursos distintos tero possibilidades de produo diferentes.

    Exemplo de Curva de possibilidade de Produo: Cada uma das combinaes revela limites mximos de produo. Em todas

    elas a economia estar operando no limite superior de sua fronteira de produo. Por isso, no h como aumentar a produo de qualquer um dos dois bens, sem sacrificar a do outro. Isto significa que qualquer combinao envolve CUSTOS DE OPORTUNIDADE.

    Por exemplo, a aquisio de uma cada de praia envolve um custo de oportunidade pela no aquisio de uma casa de campo.

    De forma anloga, a deciso de se destinar determinado recurso pblico para um investimento tambm envolvem custos de oportunidade.

    Dessa forma, a ocorrncia de custos de oportunidade, quaisquer que sejam as alternativas adotadas, inexorvel.

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    Produo em milhes de unidades / ano

    (Limites mximos, em regime de pleno-emprego)

    700

    750

    150

    100

    50

    0

    Alternativas

    Altenrativas de emprego dos recursos de produo em uma economia imaginria

    450

    600

    Produto X Produto Y

    250

    200

    0

    250

  • Essa curva representa as combinaes mximas dos produtos X e Y que a

    economia capaz de produzir, representando uma espcie de fronteira de produo.

    PONTO O Nesse ponto, a economia reduz a zero sua produo, tanto de X quanto de Y. Trata-se de uma situao identificada como de pleno desemprego. Obviamente, uma posio que se configura apenas no plano terico.

    PONTO Q Neste ponto, a economia est operando com capacidade ociosa, indicando uma posio intermediria entre os extremos do pleno desemprego e do pleno emprego. Nesse ponto, uma parte dos recursos de produo no est sendo mobilizada. Trata-se de situao comum e, de certa forma, normal. Normalmente, h pessoas desempregadas, algumas at por razes voluntrias. Uma parte das mquinas estar parada, ainda que seja para operaes de manuteno. Outras mquinas estaro sendo subtilizadas. Algumas edificaes tero espaos ociosos e, na extrao de reservas naturais, sempre ocorre certa taxa de desperdcios de recursos extrados.

    PONTO P Este ponto indica uma posio ideal, mas dificilmente alcanvel na realidade, representando o pleno emprego dos recursos disponveis. um dos mais importantes objetivos de qualquer sociedade, tanto do ponto de vista econmico como tambm sociais. Contudo, o alcance do pleno emprego muito difcil, pois sempre se verificar alguma taxa de desemprego, mesmo que muito reduzida. Talvez se chegue prximo ao pleno emprego dos recursos em perodos de guerra.

    250

    750

    Y

    X

    700

    600

    450

    250

    50 100 150 200

    R

    P

    Q

    O

  • PONTO R Este quarto ponto notvel define um nvel impossvel de produo, relativamente s possibilidades demarcadas pela curva, visto que est situada alm das fronteiras de produo da economia. O ponto R, ou qualquer outro situado direita da curva ou fora da fronteira, s ser alcanvel em perodos futuros, desde que ocorram deslocamentos positivos da curva de possibilidades de produo.

    OS DESLOCAMENTOS DAS FRONTEIRAS DE PRODUO Os deslocamentos das curvas de possibilidades de produo so a

    representao terica do processo de crescimento econmico. Nas ltimas trs ou quatro dcadas, ocorreram deslocamentos notveis nas

    fronteiras de produo das economias nacionais a uma velocidade superior das dcadas precedentes.

    Os deslocamentos positivos de possibilidades de produo decorrem de um conjunto de fatores, muitas vezes interdependentes. O aumento dos contingentes demogrficos economicamente mobilizveis um deles, e deve ocorrer simultaneamente com a melhoria dos padres de qualificao da populao mobilizvel e ainda com novos investimentos em formao de capital infra-estrutura econmica e social, mquinas e equipamentos, instrumentos e ferramentas de trabalho. Deve-se destacar tambm a importncia das novas capacitaes tecnolgicas nesse processo e da necessidade da expanso das disponibilidades de recursos naturais.

    Inversamente, podem tambm ocorrer deslocamentos negativos das fronteiras de produo, em virtude de desastres naturais, guerras ou mesmo crises sociais. Exemplo: Peste Negra na Idade Mdia, que dizimou 25 a 35% da populao europia. Crise Argentina no incio do sculo XXI.

    A EFICCIA ALOCATIVA

    A primeira questo econmica fundamental trata da maximizao da utilizao

    dos recursos econmicos disponveis em uma determinada economia. Contudo, no basta apenas utilizar os recursos na gerao de riqueza.

    preciso utiliz-los de forma a gerar o maior retorno possvel para a sociedade Escolha.

    Exemplo: suponha a deciso de produzir alguns tipos de flores tipicamente tropicais em regies de clima mais frio. Dentro do conceito acima trabalho, o recurso terra est sendo utilizado e, portanto, se est sendo eficiente. Contudo, essa produo ir necessitar de estufas climatizantes, fertilizantes, etc. A produo dessas mesmas flores em uma regio tropical dispensaria a utilizao dessas ferramentas, gerando custos muito inferiores. Seria muito mais interessante, nesse caso, utilizar essa terra em um clima frio para produzir algo adequado ao clima da regio. Portanto, no caso da produo dessas flores, podemos dizer que se est sendo eficiente, mas no se est sendo eficaz, j que apesar de o recurso econmico (terra) estar sendo

  • utilizado, ele no est gerando tanta riqueza quanto poderia caso o utilizassem de uma outra forma (escolha).

    Em uma economia capitalista, quem define o que ser produzido? O mercado.

    A JUSTIA DISTRIBUTIVA

    A justia distributiva trata de um dos mais complexos aspectos da realidade econmica: a repartio dos resultados do esforo social de produo. H os que consideram normal a distribuio desigual de recompensas socialmente valorizadas, como a riqueza, o prestgio e o poder: no importam quais sejam os limites e os padres das desigualdades, eles teriam resultado de valorao definidas e sancionadas pela prpria sociedade. Mas h os que consideram as desigualdades, sobretudo quando muito acentuadas, como um dos mais perversos efeitos da ordem historicamente estabelecida: somente mecanismos revolucionrios poderiam quebrar os padres estabelecidos e romper os crculos viciosos que deles decorrem.

    A desigualdade econmica uma das caractersticas universais das naes. Manifestou-se sempre em todas as pocas, e em todas as sociedades, embora sob diferentes graus. No h uma s economia nacional que tenha apresentado algum dia ou que apresente hoje padres distributivos de renda e de riqueza que possam ser descritos como de igualdade absoluta.

    ESTRUTURA DE REPARTIO DE RENDA NO BRASIL, EM 2001

    Classes de rendimentos

    % da participao na renda agregada

    De cada classe

    Taxas acumuladas

    10% mais pobres 1 1

    10% seguintes 2,5 3,5

    10% seguintes 3 6,5

    10% seguintes 3,4 9,9

    10% seguintes 4,5 14,4

    10% seguintes 5,7 20,1

    10% seguintes 7,3 27,4

    10% seguintes 10 37,4

    10% seguintes 15,7 53,1

    10% mais ricos 46,9 100

    5% mais ricos 33,7 -

    1% mais rico 13,1 -

    Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti

    A estrutura de repartio da renda no pas de alta concentrao. Qualquer que seja o ngulo de leitura dos dados, eles revelam a alta discrepncia entre as parcelas de renda agregada apropriadas pelos mais pobres e mais ricos.

  • ESTRUTURA DE REPARTIO DE RENDA NO BRASIL, EM 2001, POR GRANDES REGIES

    Classes de rendimentos

    % da participao na renda agregada

    Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

    10% mais pobres 1,4 0,9 1,4 1,3 1,2

    10% seguintes 3,0 2,2 2,5 2,8 2,6

    10% seguintes 3,5 3,5 2,9 3,0 2,8

    10% seguintes 3,8 4,9 3,8 4,0 3,4

    10% seguintes 4,7 5,0 4,8 5,0 4,3

    10% seguintes 5,9 5,3 5,9 6,0 5,2

    10% seguintes 7,4 6,6 7,6 7,7 6,7

    10% seguintes 9,9 9,1 10,5 10,4 9,1

    10% seguintes 15,0 13,8 16,0 15,3 15,2

    10% mais ricos 45,4 48,7 44,7 44,5 49,5

    5% mais ricos 33,1 36,5 31,8 31,8 36,1

    1% mais rico 14,0 15,8 12,6 13,0 14,3

    Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti

    EVOLUO DA ESTRUTURA DE REPARTIO DE RENDA NO BRASIL 1960-2001

    Classes de rendimentos

    % da participao na renda agregada

    1960 1970 1980 1990 1995 2001

    10% mais pobres 1,1 1,2 1,0 0,8 1,1 1,0

    10% seguintes 2,3 2,2 2,1 1,8 2,2 2,5

    10% seguintes 3,4 2,9 2,9 2,2 2,4 3,0

    10% seguintes 4,7 3,7 3,7 3,0 3,2 3,4

    10% seguintes 6,2 4,9 4,3 4,1 4,2 4,5

    10% seguintes 7,7 6,0 5,5 5,5 5,3 5,7

    10% seguintes 9,4 7,3 7,4 7,3 7,2 7,3

    10% seguintes 10,9 9,9 9,9 10,3 10,1 10,0

    10% seguintes 14,7 15,2 15,5 16,3 16,1 15,7

    10% mais ricos 39,6 46,7 47,7 48,7 48,2 46,9

    5% mais ricos 28,4 30,3 32,7 34,6 34,6 33,7

    1% mais rico 12,1 12,5 13,0 13,9 13,9 13,6

    Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti

    Verifica-se que, de 1960 a 1990, a renda tornou-se crescentemente concentrada no Brasil. Esse processo de aumento da concentrao de renda ocorreu tanto

  • em condies de grande crescimento econmico, onde se justificava que deveramos primeiro crescer para posteriormente distribuir, como tambm nos anos 80, quando o crescimento econmico diminui sensivelmente.

    No entanto, com o Real, estabeleceram-se novas condies: o fim do imposto inflacionrio e o aumento dos rendimentos reais dos rendimentos implicaram mudanas, ainda que discretas, na estrutura distributiva. Ainda assim, chegamos ao final do sculo XX ostentando um dos piores ndices de desigualdade na distribuio de renda do mundo.

    Desigualdade, Pobreza e Justia Distributiva

    A desigual repartio de renda, a pobreza relativa e mesmo a pobreza absoluta so aspectos da realidade econmica que parecem estar presentes em todas as sociedades, independentemente de seus estgios de desenvolvimento e da ordem institucional praticada.

    Como a desigualdade e a pobreza esto presentes em praticamente todas as naes, quais seriam, afinal, seus principais fatores determinantes?

    Heranas histricas H heranas sociais que se perpetuam, embora em graus atenuados ao longo do tempo. Um exemplo o caso da escravido no Brasil, que gera reflexos ainda hoje.

    Macrocondicionalidades Modelos de crescimento e de desenvolvimento definidos pelo poder poltico estabelecido podem impactar as estruturas de repartio, seja na direo de maior esforo distributivo, seja na maior concentrao da renda e da riqueza. E os desdobramentos desses modelos continuaro a exercer impactos de intensidades e de duraes variadas.

    Retorno do capital humano As pessoas que destinaram maior soma de anos em sua formao pessoal tero retornos futuros maiores em relao quelas que no optaram ou no puderam acumular esse tipo de riqueza humana. Por exemplo, h diferenas expressivas entre os custos e o tempo de preparao de um cirurgio e p de um carpinteiro e os retornos expressos sob a forma de rendas recebidas sero tambm diferentes ao longo das vidas profissionais de cada um.

    Talento e habilidades inatas Em qualquer sociedade, h indivduos que se destacam por talentos ou habilidades superiores aos da mdia da populao. Por exemplo, a capacidade empreendedora um tipo diferenciado de habilidade que pode conduzir construo de imprios econmicos ao longo de uma vida produtiva.

    Curva da experincia Na maior parte das atividades humanas, a experincia conta como um fator de diferenciao. Os nveis de renda por faixas etrias diferenciam-se em todas as sociedades praticamente segundo um mesmo padro.

    Estoques de riqueza acumulados A riqueza econmica acumulada, sob a forma de fatores de produo ou quotas partes do patrimnio empresarial da sociedade, tambm um fator que explica porque as rendas diferem. Para alguns, estes estoques resultam de rendas poupadas ao longo de toda uma vida de trabalho. Para outros, os estoques de riqueza geradores de renda resultam

  • de heranas ou de outras formas de transmisso de propriedade de uma gerao a outra.

    Poder de mercado Esse fator de diferenciao derivado direto de imperfeies da concorrncia e dos processos de competio. Pessoas que se encontram em posies monopolistas tm capacidade para aumentar suas rendas por seu poder de mercado.

    Heterogeneidade ocupacional A escolha da profisso ou a desigualdade de oportunidade para escolh-la um dos fatores que, associados educao, mais explicam a desigualdade de rendimentos das pessoas ativas. O mercado de trabalho no remunera igualmente profissionais da mesma rea, atribuindo-lhes diferentes nveis de reconhecimento e de capacitao presumida.

    Discriminao A discriminao, notadamente a motivada por sexo e cor, tem alta importncia como fator explicativo das diferenas de renda e de riqueza.

    Visto isso, o que pode ser considerado, portanto, justia distributiva?

    Uma das mais conhecidas pistas para responder a estas questes foi indicada por J. Rawls, em A Theory of Justice, em 1971. So dois critrios estabelecidos pelo autor de justia distributiva: o da maximizao da renda mnima e o princpio da diferena.

    O primeiro implica que a estrutura da repartio seja tal que o mais pobre dos indivduos tenha padres mnimos de bem-estar, o que significaria a inexistncia de indivduos abaixo da linha de pobreza.

    O segundo implica que as diferenas de renda reproduzam padres de eficincia agregada que maximizem o bem-estar de todos, atravs de um padro de desigualdade que premie capacidades e esforos diferenciados.