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Fundacentro - ES CURSO COMO ELABORAR E GERÊNCIAR O PROGRAMA DE PREVENÇAO DE RISCOS AMBIENTAIS - PPRA Vitória - 2009

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Fundacentro - ES

CURSO

COMO ELABORAR E GERÊNCIAR O PROGRAMA DE PREVENÇAO DE RISCOS

AMBIENTAIS - PPRA

Vitória - 2009

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Sumário

1. Objeto e campo de aplicação........................................................................................................1 1.1. A estrutura do PPRA............................................................................................................1

2. A Relação Trabalho e Saúde ........................................................................................................2 2.1. O Homem e o Trabalho........................................................................................................2 2.2. O Ambiente de Trabalho ......................................................................................................3 2.3. A Organização do Trabalho .................................................................................................4

3. Do desenvolvimento do PPRA.....................................................................................................4 4. Processo de Avaliação e Gerenciamento de Riscos .....................................................................6

4.1. Conceito sobre Risco............................................................................................................8 4.2. Classificação dos Fatores de Riscos.....................................................................................9 4.3. A Análise de Riscos como Instrumento de Controle Ambiental .......................................11 4.4. Etapas de um Estudo de Analise de Risco .........................................................................12

5. Inspeções nos Locais de Trabalho..............................................................................................15 5.1. Tipos de inspeção ...............................................................................................................15 5.2. Como fazer uma inspeção ..................................................................................................15 5.3. Fazendo uma lista de verificação .......................................................................................16

6. Técnicas para identificação de perigos.......................................................................................17 6.1. Análise Preliminar de Perigos (APP) .................................................................................17 6.2. Análise de Perigos e Operabilidade (HazOp) ....................................................................18 6.3. Consolidação dos cenários acidentais ................................................................................19 6.4. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade............................................20

7. Metodologias de reconhecimento e avaliação qualitativa dos fatores de risco..........................21 7.1. Probabilidade de Ocorrência e Gravidade do Dano ...........................................................21 7.2. Medidas de controle Existentes..........................................................................................25 7.3. Estimativa do Risco............................................................................................................26

8. Documento Base ........................................................................................................................28 8.1. Capa e folha de rosto do Documento .................................................................................28 8.2. Sumário ..............................................................................................................................29 8.3. Introdução do PPRA...........................................................................................................29 8.4. Identificação da Empresa ...................................................................................................30 8.5. Política de Segurança da Empresa .....................................................................................30 8.6. Responsabilidades ..............................................................................................................30 8.7. Atividades da Empresa.......................................................................................................31 8.8. Ciclo Produtivo ..................................................................................................................31 8.9. Caracterização dos Riscos..................................................................................................32 8.10. Conclusões e Recomendações........................................................................................32 8.11. Plano Anual ....................................................................................................................34 8.12. Dos Prazos......................................................................................................................35

9. Controles dos Riscos ..................................................................................................................35 9.1. Inviabilidade técnica ou econômica ...................................................................................36 9.2. Hierarquia do Controle.......................................................................................................36 9.3. Avaliação das medidas de controle ....................................................................................37 9.4. Do nível de Ação................................................................................................................37 9.5. Monitoramento ...................................................................................................................38 9.6. Registro dos dados .............................................................................................................38 9.7. Das Responsabilidades.......................................................................................................38 9.8. Das Informações.................................................................................................................39 9.9. Das disposições finais ........................................................................................................39

10. Referências Bibliográficas .....................................................................................................40

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1. Objeto e campo de aplicação

Todos os empregadores brasileiros devem elaborar e executar no âmbito de suas empresas um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, conforme previsto na Norma Regulamentadora NR 9, cujo objetivo é a preservação da saúde e a integridade dos trabalhadores contratados. Por este aspecto todo empresa independente do grau de risco e do numero de empregados deve cumprir esta determinação.

O PPRA deve fazer parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo de preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores, como a prevenção de acidentes e melhoria do conforto no trabalho e estar articulada com as demais NRs, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO – NR 7.

O PPRA deve ser elaborado prevendo ações de antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle dos agentes ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

O PPRA apesar de seu caráter multidisciplinar é considerado essencialmente um programa voltado para a higiene ocupacional (MIRANDA & DIAS, 2004).

1.1. A estrutura do PPRA

O PPRA deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura (9.2.1):

a) Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;

b) estratégia e metodologia de ação;

c) forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;

d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Pelo menos uma vez ao ano, ou sempre que necessário, deverá ser realizado uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades (9.2.1.1).

O PPRA deverá ser descrito num documento-base contendo todos os aspectos estruturais citados acima (9.2.2).

Este documento base e suas alterações é um documento que deve ser discutido com a CIPA, quando existente na empresa e uma copia deve ser anexada ao livro de atas desta comissão. E sempre disponível para as autoridades competentes para sua analise de acompanhamento de sua execução.

O cronograma previsto na estrutura deverá indicar claramente prazos para o desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas do PPRA (9.2.3).

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2. A Relação Trabalho e Saúde

As condições de trabalho são percebidas, desde a antiguidade, como um dos fatores mais importantes na determinação do processo saúde-doença. No século XVIII, o médico Bernardino Ramazzini (1633-1714) relacionou com precisão a origem de determinadas doenças em mais de 50 ocupações, registradas em seu livro De Morbis Artificum Diatriba, traduzido em nossa língua como As Doenças dos Trabalhadores (MENDES & DIAS, 1991). Todavia, após 150 anos de sua morte, as condições de trabalho mudaram radicalmente e os problemas de saúde relacionados com o trabalho se tornaram mais evidentes.

A Saúde do Trabalhador tem como objeto de estudo o processo saúde-doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho (MENDES & DIAS, 1991). Além de objetivar a compreensão do “por que” e do “como” ocorrem às doenças e os acidentes do trabalho, ainda pretende apresentar alternativas que possam romper o processo de adoecimento, sempre na perspectiva da apropriação destes métodos pela classe trabalhadora.

Esta complexidade torna a área de estudo da Saúde do Trabalhador um campo interdisciplinar, em que há a necessidade de, segundo Nunes (2002), conjugar saberes para uma abordagem mais profunda desta questão.

Por outro lado, a Saúde do Trabalhador precisa, cada vez mais, de progredir em suas bases científicas, para desvendar como ocorrem nos grupos de trabalhadores, os processos biológicos, psicológicos e sociais de desgaste e o surgimento das doenças.

2.1. O Homem e o Trabalho

A origem do homem se confunde com a origem do trabalho. O ato de pensar e agir para alcançar um determinado fim de forma consciente e que se aprimora ao longo do tempo é como denominamos o ato de trabalhar.

No inicio, acionado pela necessidade de sobrevivência em um ambiente hostil, o homem produziu as primeiras ferramentas de pedra e teve na vida em grupo o desenvolvimento do trabalho em equipe, este foi sem duvida o ponto de apoio para superar suas fragilidades. Assim, ele arrancou a pele dos animais para superar suas deficiências e sobreviver ao frio das eras glaciais, dominou o fogo o que facilitou a digestão da carne e sua proteção dos predadores.

Segundo Wisner (1992) o homem é um animal complexo constituído por três instâncias: o corpo físico, o aparelho cognitivo e o psíquico. Qualquer sobrecarga sobre qualquer um destes aspectos poderá ter reflexo nos outros. Assim, quando olhamos a exposição do homem aos diversos fatores de riscos nos ambientes de trabalho não podemos analisar a exposição separadamente. A promoção da saúde no trabalho exige que haja sempre um equilíbrio, evitando-se qualquer carga excessiva.

Cada ser humano carrega dentro de si uma historia genética que os torna único e por isso mesmo, capaz de sofrer ou de reagir diferentemente dos outros aos diversos agentes de riscos existentes no ambiente de trabalho. Assim, uma dose de uma determinada substância, ou um determinado barulho pode causar danos diferentes em cada pessoa, apesar de haver Limites de Tolerâncias (LT) estipulados por algumas instituições de pesquisa, que empiricamente estabelece um nível médio de exposição sob a qual a maioria das pessoas estaria protegida e não adoeceria.

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É mais fácil visualizar na execução do trabalho as atividades que podem causar danos no aspecto físico do homem, caso de acidentes, do que nos aspectos cognitivos e psíquicos, mas é fundamental raciocinar que não é possível isolar ou separar o físico do mental, ambos funcionam simultaneamente. Como a visão dos técnicos da área de saúde e segurança no trabalho é centrada no aspecto formal de causa e efeito a análise de riscos geralmente é limitada aos aspectos objetivos e pouco se faz para prevenir as doenças psicossomáticas.

Todo sistema de segurança no trabalho deve ser destinado essencialmente a proporcionar as melhores condições de vida nos locais de trabalho e isso abarca todos os aspectos do ser humano. E quando se fala de saúde deve ser olhado pelo seu aspecto mais amplo “não apenas a ausência de doenças, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social” Ou seja, a saúde não tem continuidade com a doença, mas é um modelo a ser construído a partir de parâmetros do “bem-estar”, necessariamente social, histórico, escapando finalmente à tirania da fisiopatologia (MEDRONHO, 2004).

2.2. O Ambiente de Trabalho O ambiente de trabalho tem sido palco de muitos infortúnios para os trabalhadores

desde o inicio da historia humana. Algumas das doenças do trabalho como a silicose já era conhecida como doença pulmonar dos trabalhadores das pedreiras desde antiga Grécia, quando foi relatada por Hipócrates, pai da medicina.

No mundo moderno o termo ambiente de trabalho é muito abrangente, tendo em vista o grande numero de atividades, postos de trabalho e condições oferecidas para realizar as atividades aos trabalhadores. Vamos adotar a definição de ODDONE, de que ambiente de trabalho é o conjunto de todas as condições de vida no local de trabalho. Tais como: as características do local (dimensões, iluminamento, aeração, rumorosidade, presença de poeiras, gás ou vapores, fumaça etc.) além das atividades realizadas (tipo de trabalho, posição operário, ritmo de trabalho, horário de trabalho, turnos, alienação, valorização do patrimônio intelectual e profissional). Outros aspectos a serem levados em consideração são como se dá às relações de trabalho, a organização dos serviços, questões de hierarquias e domínio do trabalhador sobre o tempo livre.

Entre as concepções sobre a ocorrência de doenças existem duas concepções básicas: a primeira que aponta a doença como conseqüência do desequilíbrio do organismo ou quebra de harmonia como o meio ambiente e a segunda concepção ontológica vê a doença como um ser ou algo que penetra no corpo do ser humano e o adoece (CANQUILHEM, 1978). Nas duas concepções percebe-se a influencia do meio ambiente externo como causador no interior do ser humano da doença ou da morte.

Estudar o ambiente de trabalho e sua interação com o corpo dos trabalhadores é o desafio dos profissionais da área da saúde e segurança no trabalho. Lembrando sempre que os fatores não atuam isoladamente e, portanto devem ser analisados pelo aspecto multifatoriais.

Alguns ergonomistas preferem ser referir a “estruturas” em vez de ambiente de trabalho quanto são analisados os aspectos socioeconômicos, devido a estes fatores ficarem fora de alcance da ação da ergonomia. É evidente que uma analise das atividades e das situações de trabalho devem pontuar micro-situações, salário, moradia entre outros que podem interferir na analise do ambiente de trabalho. Sobre estes aspectos veja Wisner (1992).

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2.3. A Organização do Trabalho

A organização do trabalho como o próprio nome diz é a forma como se realiza a produção nos locais de trabalho.

Historicamente sempre foi o trabalhador que geria sua forma de trabalhar. Isso ocorreu sistematicamente entre os antigos artífices e durou ate o inicio da revolução industrial, quando ainda o “saber fazer” era domínio dos trabalhadores. Mas, com o extraordinário avanço no século XX, da tecnologia e da produtividade do trabalho as coisas foram progressivamente mudando.

Estas mudanças se iniciaram no fim do século XIX e inicio do século XX e se intensificaram após os estudos de alguns administradores pioneiros. Entre eles tem destaque o trabalho do engenheiro americano Frederick Wislow Taylor (1856-1915). O trabalho de Taylor foi consolidado na famosa obra “Princípios da Administração Cientifica”, publicado em 1911. Neste trabalho, Taylor propôs a substituição do empirismo por métodos científicos da divisão de trabalho: seleção por aptidão e treinamento nas tarefas dos trabalhadores, cooperação entre a gerência e o trabalhador para assegurar a consecução das tarefas através do pagamento extra por produção, divisão de responsabilidade entre a administração e o trabalhador, cabendo à administração o planejando e organizando o trabalho.

Taylor, através da observação sistemática do trabalho, se apropriava do saber dos operários, verificava quando havia perda de rendimento e com isso conseguia selecionar os trabalhadores mais capazes. Por este processo Taylor conseguiu grande avanço na produção de sua empresa. Esta forma de administração é denominada de Taylorismo, pois segundo seus adversários, despreza o saber operário e suas necessidades humanas se preocupando exclusivamente com o aspecto da produção.

Na verdade Taylor deu inicio ao processo de organização do ambiente de trabalho atual que teve grande repercussão na explosão de produtividade da humanidade, e teve seus seguidores na linha de montagem da FORD e mais recentemente nas empresas japonesas.

Atualmente muito se fala na qualidade do produto, na automação, na reengenharia produtiva, na flexibilização do trabalho, terceirização e outras formas de relação de trabalho, que sistematicamente prejudicam os trabalhadores. Estas novas formas de organização exploram as aptidões humanas ao extremo e alguns autores a indicam como fontes de estresse por piorar as relações interpessoais e por precarizar as condições de trabalho que são aceitas pelos trabalhadores e seus sindicatos devido à falta de emprego estrutural do mundo atual.

3. Do desenvolvimento do PPRA

O PPRA deverá incluir as seguintes etapas:

a) Antecipação e reconhecimento dos riscos;

b) Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;

c) Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;

d) Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

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e) Monitoramento da exposição aos riscos;

f) Registro e divulgação dos dados.

a) Antecipação e reconhecimento

A antecipação ocorre sempre nas seguintes situações:

• A análise de novos projetos;

• Mudanças nas instalações;

• Uso de novos produtos;

• Novos métodos ou processo de trabalho ou de modificação das já existentes;

O objetivo é a identificação dos riscos potenciais e a introdução de medidas de controle necessárias ainda no projeto, antecipando-se a exposição ao risco ambiental. Os cenários de risco devem ser previstos e projetado os seus controles.

Já o reconhecimento dos riscos é um processo contínuo na empresa, ele inclui dois processos:

1- Caracterização do processo: desde a entrada da matéria prima até a expedição final, indicando em cada etapa quais os riscos existentes, indicando fontes, trajetórias, conseqüências e formas de controle;

2- Caracterização das funções: descrever as atividades realizadas e as interações com os riscos e as medidas adotadas

Tabela 1: Ficha para reconhecimento de riscos no ambiente de trabalho;

Identificação

do Risco

Causa/Fonte

Geradora

Tipo de

Exposição

Trabalhadores

Expostos

Ruído

Motores dos

Caminhões,

transito de

veículos

Contínua

Auxiliar de

Produção

Óleos

Básicos

Medição do

nível de

temperatura

dos tanques

Intermitente

Auxiliar de

Produção

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Esta etapa envolve a identificação e a explicitação dos riscos existentes nos ambientes de trabalho.

As informações necessárias nesta etapa são:

a) A identificação e localização das possíveis fontes geradoras;

b) As trajetórias e meios de propagação;

c) A caracterização das atividades e do tipo de exposição;

d) Identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos ao risco;

e) a caracterização das atividades e do tipo de exposição;

f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de comprometimento com a saúde dos trabalhadores;

g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos indicados, disponíveis na literatura técnica;

h) a descrição das medidas de controle existentes.

A NR 9 no item 9.1.2.1 – quando não forem identificados riscos ambientais nas fases de antecipação ou reconhecimento, descritas no item 9.3.2 e 9.3.3, o PPRA poderá resumir-se às etapas previstas nas alíneas “a” (antecipação e reconhecimento dos riscos) e “f” (registro e divulgação dos dados) do desenvolvimento do programa (subitem 9.3.1).

4. Processo de Avaliação e Gerenciamento de Riscos

Para realizar estudos sobre o processo de trabalho Rigotto (1993, p.162), recomenda que as informações necessárias a serem obtidas devam abarcar os seguintes aspectos:

1- Identificação das empresas do ramo de atividade, importância econômica na região em que estão instaladas e o número de trabalhadores contratados direta e indiretamente;

2- Aspectos históricos sobre como as empresas surgiram e o contexto sócio-econômico e como se organizam as representações de classe dos trabalhadores;

3- O processo de produção onde se verificará a capacidade produtiva, matérias-primas utilizadas, os meios de produção (máquinas, equipamentos, ferramentas, o mobiliário, etc.) e o fluxograma da produção;

4- Organização do Trabalho onde se verifica a divisão das tarefas (concepção e execução), os mecanismos de controle da produção (ritmos, produtividade, autonomia), a jornada de trabalho (turnos, tempo para pausas, horas-extras, rodízios de funções), aspectos de estabilidade no emprego, salário e a relação com os sindicatos das categorias;

5- Instalações da empresa: onde o espaço físico do local de trabalho é analisado no aspecto de divisão espacial (layout), ventilação, iluminação, conforto e higiene (banheiros, bebedouros, vestiários, áreas de lazer, refeitórios, etc.);

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6- Descrição das condições ambientais de trabalho: onde se estuda se no meio ambiente de trabalho existem elementos que possam ser agentes nocivos para os trabalhadores como os aerodispersóides (poeiras, fumos metálicos, gases e vapores), a presença de energias como o ruído, vibração, radiações, a presença de microorganismos que possam ser fonte de contaminação e as situações que podem provocar acidentes, incluída aí uma análise da gestão destes fatores de risco;

7- Relação com o meio ambiente: como se dá a disposição de todos os resíduos sólidos e líquidos do processo de produção e qual é sua influência no ecossistema do entorno da fábrica.

Para realizar esta etapa do estudo é necessário realizar visitas aos locais de trabalho para observar in loco as formas de organização da produção e registrar em documento de campo quais os principais fatores de risco à saúde dos trabalhadores que estão presentes no processo de trabalho. Durante este trabalho é fundamental que se façam entrevistas com pessoas da empresa como diretores e pessoas ligadas a este ramo industrial que participaram do seu desenvolvimento, com o propósito de se obter informações sobre os seguintes fatos: como surgiu a empresa, suas características principais, época de consolidação no pólo industrial, principais mercados consumidores e o desenvolvimento da mão-de-obra. Entre os entrevistados os encarregados de produção sobre: aonde aprenderam a gerenciar a produção, como capacitaram a mão-de-obra, rotatividade e quando aparecem os primeiros sinais de adoecimento e desgaste nos trabalhadores.

O estudo das cargas de trabalho no PPRA não é um levantamento exaustivo para cada função existente no processo produtivo, mas um levantamento qualitativo preliminar, cujo objetivo é identificar a presença de fatores de riscos que podem representar fontes de desgaste dos operários.

O processo começa com o reconhecimento da existência dos fatores de risco no local de trabalho que possam ser gênese de lesões ou patologias nos trabalhadores e termina com a tomada de decisões gerenciais de controle. Esquematicamente podemos dizer que este processo envolve as seguintes etapas:

1ª Fase:

- - Identificação dos riscos (fatores e prováveis danos);

- - Estimativa do risco (probabilidades de ocorrência);

- - Identificação e análise das opções de eliminação ou controle do risco;

- - Aprovação de sua viabilidade técnica e econômica.

2ª Fase:

- - Tomada de decisão e planejamento das medidas;

- - Implantação das medidas;

- - Monitorar e avaliar a eficácia das medidas implantadas;

- - Revisão ou manutenção das medidas.

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Portanto a identificação dos riscos no ambiente de trabalho é fundamental para iniciar-se seu controle e sua avaliação é necessária para que se possam estabelecer critérios de prioridades.

Não podemos confundir “percepção de risco” com a “avaliação de risco”, pois aquela é uma interpretação pessoal, de leigos, que envolve muitas vezes conotações socioeconômicas e de crenças de uma determinada situação de risco. Assim, muitas vezes são verificados conflitos entre os resultados destas avaliações com as realizadas por técnicos especialistas, resultando em conflitos (Krimsky, S e Golding, D, Social Theories of Risk, Praeger, Wstport/London, 1992). Como a percepção do risco é em parte subjetiva pode levar a minimização ou um exagero de sua potencialidade.

Mas vale ressaltar que os especialistas devem levar em consideração o conhecimento dos trabalhadores que vivenciam diariamente os fatores de riscos nos ambientes de trabalho e criam formas de convivência defensiva contra estas condições, sendo, portanto detentores de um conhecimento que não pode ser desprezado.

4.1. Conceito sobre Risco

O conceito de risco pode apresentar diferentes interpretações que podem trazer confusões, principalmente para os leigos. Nos textos técnicos em português tem havido bastante confusão conceitual sobre o conceito de perigo, risco e fator de risco. Outra confusão é sobre a avaliação de risco e análise de risco.

O conceito de risco (Hazard) que iremos utilizar é da “possibilidade de perda/dano e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra”, ou então ”uma medida da probabilidade e magnitude de conseqüências adversas, incluindo agravos, doença ou perda econômica“ (KOLLURO, 1996). Baseado nestes conceitos o pesquisador da Fundacentro Gilmar Trivelato (1998), concluiu que o risco é bidimensional, representando a possibilidade de um efeito adverso ou dano e a incerteza da ocorrência, sua distribuição no tempo ou a sua magnitude do resultado adverso.

Por estas definições a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano pessoal (lesão ou doença) somente existirá se ele estiver exposto a um fator de risco, perigo ou uma situação de risco, que tenha potencial para causar o dano (Damage).

Outra definição, bem à anterior e a de que o Risco pode ser definido como uma ou mais condições de uma variável, com o potencial necessário para causar danos (impactos) (DE CICCO, 1993

Já o termo “Perigo” (Danger) representa uma situação de ameaça a existência de uma pessoa, ser ou coisa; ou, ainda, uma ou mais condições de uma variável com potencial de causar danos ou lesões (CETESB,1994). Dano é a severidade da lesão, ou a perda física, funcional ou econômica, que podem resultar se o controle sobre o risco é perdido (DE CICCO, 1993).

O conceito de risco está associado à relação entre a freqüência da exposição e as conseqüências que podem ocorrer em função da exposição (CARDELLA, 1999) Iremos utilizar o conceito de “fator de risco” como sendo uma condição ou um conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso. Quando um fator de risco sozinho apesar de ser uma condição necessária, mas não suficiente, para produzir o dano, que ocorrerá com a combinação com outros fatores de risco utilizaremos o termo “situação de risco”.

Concluindo, risco é um conceito formal e não pode ser observado e sim avaliado, isto é são necessários dados estatísticos para que se possa mensurar sua importância,

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enquanto o fator de risco ou situação de risco são conceitos mais concretos e podem ser observados nos locais de trabalho.

No entanto devemos ressaltar que existe uma diferença entre a capacidade de um fator de risco (agente) em causar dano e a possibilidade de que este agente cause o dano. O potencial intrínseco de um agente só se caracteriza como um risco se ele pode atingir algum órgão do corpo humano e danificá-lo. Por exemplo: a sílica livre cristalizada é o agente etiológico da silicose, um bloco de granito é constituído por muitas partículas de sílica, mas esta só será um risco caso seja submetida a um processo industrial e produza partículas que possam ser inaladas por um trabalhador.

O reconhecimento das condições risco no ambiente de trabalho à saúde do trabalhador envolve um conjunto de procedimentos, sendo a fase mais importante para o estabelecimento das ações de prevenção.

4.2. Classificação dos Fatores de Riscos

Na NR 5 especificamente no anexo IV instituído pela portaria nº 25 de 29/12/1994 cria a obrigatoriedade da elaboração do Mapa de Risco pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA classifica o riscos ocupacionais em grupos segundo sua natureza. Os riscos são classificados em: físicos (Grupo 1), químicos (Grupo 2), biológicos (Grupo 3), de Acidentes (Grupo 4) e ergonômicos (Grupo 5).

Na NR 9 consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (9.1.5). Estes agentes são assim definidos conforme a sua natureza:

Agentes físicos: São as diversas formas de energia a que possam estar expostas os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.

Agentes Químicos: São as substâncias, compostos e produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Agentes Biológicos: São os microorganismos, como: as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros, que podem levar o trabalhador à infecção ou ao parasitismo.

Fazer o reconhecimento das condições de riscos nos locais de trabalho exige a identificação ou não de um problema para a saúde do trabalhador. A análise visa indicar o agente, estabelecer sua provável magnitude, a exposição, tempo de exposição e se os controles existentes são suficientes.

Saber identificar o fator de risco e qualificar sua capacidade de gerar danos é à base de todo trabalho de gerenciamento de risco, pois a partir daí a empresa deve assumir sua existência. Ao assumir que o fator de risco faz parte do ambiente de trabalho deve-se tomar as medidas de correção e controle através de procedimentos, equipamentos de proteção coletiva, e se for necessário o uso dos equipamentos de proteção individual – EPI sempre acompanhada de uma supervisão de segurança eficiente.

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Para completar os agentes de riscos no ambiente de trabalho não considerados ambientais podemos citar os agentes ergonômicos e os de acidentes do trabalho

Agentes Ergonômicos: São os decorrentes da organização do conforto no trabalho como: Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido da produção, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, demais situações que possam causar estresse físico e psíquico.

Agentes de Acidentes: São os que podem causar lesões nos trabalhadores de forma imediata como: o Arranjo físico, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, local classificado como sujeito a incêndio ou explosões, armazenamento inadequado, pisos irregulares, animais peçonhentos, etc.

Figura 1: Ambiente Insalubre e com riscos de acidentes

Ambientes Insalubres ou perigoso

Enfermidades e Lesões

Diagnóstico

Tratamento e cura

Pessoa Saudável

AMBIENTE SEM CONTROLE

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Figura 2: Ambiente controlado

4.3. A Análise de Riscos como Instrumento de Controle Ambiental

As técnicas de análise de riscos em uso nas empresas para o controle de acidentes do trabalho estão sendo utilizada, também, como ferramenta para as ações de controle ambiental, tanto no âmbito preventivo como corretivo.

A utilização de técnicas avançadas para a análise de riscos proporciona ao governo e às empresas a possibilidade de, em conjunto, adotarem soluções para o gerenciamento dessas questões, na medida em que propiciam as condições para a previsão da ocorrência de distúrbios em seus processos, proporcionando assim os subsídios necessários para a definição de alternativas que compatibilizará os requisitos de segurança e meio ambiente com Este conceito extrapolado para a questão ambiental seria analisado como impacto ao meio ambiente.

Assim, tomando-se por base nestas definições concluímos que o perigo é uma propriedade intrínseca de uma atividade, instalação ou substância; já o risco está associado à chance de acontecer um evento indesejado. Dessa forma, o controle de um determinado risco é possível por meio da implantação de ações para reduzir tanto a probabilidade de o acidente acontecer como as conseqüências por ele geradas, caso ele venha a ocorrer. Portanto, os estudos de analise de riscos voltados para a prevenção de acidentes maiores, no contexto do controle ambiental, devem resultar na proposição de medidas para o pleno gerenciamento de riscos (CETESB, 1994).

O estudo de análise de riscos requer análises precisas e detalhadas de sistemas, equipamentos e operações presentes em uma planta industrial, já que é de grande importância identificar as causas básicas e as seqüências de eventos e falhas que podem

Ambientes Insalubres ou perigosos

Enfermidades e Lesões

Diagnóstico

Tratamento e cura

Pessoa Saudável

GESTÃO DO AMBIENTE

AMBIENTE CONTROLADO

INTERVENÇÕES

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levar a ocorrência de um acidente. Dessa forma os estudos devem prever e quantificar os prováveis cenários acidentais, bem como suas respectivas conseqüências em termos de explosões, incêndios, vazamentos tóxicos e outras reações violentas e indesejadas, de modo que medidas concretas e efetivas de gerenciamento sejam incorporadas no processo operacional da empresa (Freitas, 2000, 259 p).

4.4. Etapas de um Estudo de Analise de Risco

Vamos analisar, brevemente, as técnicas de uso desta metodologia com referência à atividade de transporte de cargas perigosas. Podemos dividir os estudos de análises de riscos em cinco etapas:

� caracterização do empreendimento e da região;

� identificação do perigo;

� analise de conseqüências e de vulnerabilidade;

� cálculo e avaliação de risco;

� programa de gerenciamento dos riscos.

a) Caracterização do empreendimento e da região.

Neste primeiro momento são necessários os levantamentos preliminares de dados sobre o empreendimento e as regiões que estarão sujeitas aos riscos decorrentes da atividade. Principais informações necessárias:

- Localização e descrição geográfica da região, incluindo os mananciais hídricos, rodovias a serem utilizadas, etc;

- Distribuição da população ao longo da área de abrangência;

- Características climáticas e meteorológicas da região;

- Em caso de haver local de armazenamento fazer descrição física e layout das instalações;

- Características das substâncias químicas transportadas: formas movimentação, manipulação, armazenamento e características físico-químicas e toxicológicas;

- Descrição das unidades de cargas a serem utilizadas no transporte

b) Identificação de Perigos

Existem muitas técnicas para a realização desta importante etapa, entre elas citamos abaixo as principais:

* Análise Histórica de Acidentes: consiste no levantamento de acidentes ocorridos em atividades similares, realizado em bancos de dados de acidentes ou em bibliografia

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técnica específica. Vários dados podem ser obtidos como taxas de freqüências, conseqüências e as principais causas;

* Listas de Verificação (Checklist): Este instrumento é uma seqüência lógica de perguntas para a avaliação de conformidade das condições de segurança de uma atividade ou instalação, por meio da análise de sua situação física, dos equipamentos utilizados e das operações praticadas;

* Análise “E se...” (What if...?): Esta técnica contempla o exame de possíveis anomalias que possam ocorrer nas etapas do projeto, construção e operação de uma instalação industrial, por meio de questionários onde as perguntas sempre iniciam pelo termo “E se..?. As perguntas formuladas sempre sugerem uma ocorrência inicial que pode acarretar uma seqüência de falhas”.

* Análise Preliminar de Perigos (APP): A APP (PHA – Preliminar Hazard Analyses) é a técnica mais utilizada no Brasil para identificação de perigo. Os peritos devem fazer inspeções nas instalações e nos locais de trabalho e registrar em uma planilha específica, os principais fatores de riscos encontrados, suas causas, principais efeitos, categorias de riscos, recomendações para redução dos riscos e como fazer seu gerenciamento;

* Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE): Esta técnica identifica as falhas de componentes de um sistema ou instalação. Analisa também as possíveis conseqüências das falhas.

* Hazard & Operability Study (HAZOP): é um método de detecção de desvios (anomalias) de projetos ou na operação de uma instalação ou sistema.

Todas as técnicas podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto, de modo que possam propiciar condições de prevenção de falhas e indicar as ações a serem tomadas imediatamente para controle e diminuição dos danos.

c) Análise de Conseqüências e de Vulnerabilidade

Esta etapa tem por finalidade analisar as possíveis conseqüências geradas pelas hipóteses acidentais caracterizadas na fase de identificação dos perigos, bem como a vulnerabilidade das pessoas e do meio ambiente a estes impactos (CETESB, 1994).

Uma técnica a ser utilizada para a identificação das seqüências acidentais e a definição da tipologia dos acidentes é a denominada “Análise de Árvores de Eventos – AAE". Esta análise é realizada por meio da utilização de modelos de cálculo para simulação dos fenômenos decorrentes das hipóteses acidentais, como: incêndios, explosões e vazamentos tóxicos.

A análise da vulnerabilidade deve ser realizada através do estudo dos efeitos decorrentes desses impactos no homem e no meio ambiente, investigando:

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- - Poder de dispersão das substâncias no meio ambiente;

- - Velocidade de infiltração no solo;

- - Miscibilidade na água;

- - Níveis de concentração em solos e água;

- - Formas de monitoramento de resíduos na natureza;

- - Tratamento de resíduos,

Estes estudos irão apontar pelas conseqüências consideradas intoleráveis, em termos de impactos agudos ao homem e aos ecossistemas vulneráveis, o grau de importância a ser dado a cada tipo de transporte. Assim, em substâncias cujos riscos intrínsecos sejam elevados, haverá necessidade de o transporte ser realizado com batedores, velocidade controlada, isolamento de rodovias, entre outras providências a serem tomadas ao longo de toda a rota.

d) Cálculo e Avaliação de Risco

Para ser calculado adequadamente é necessário definir uma ferramenta que seja adequada à determinação da freqüência dos eventos e sua gravidade. Normalmente é utilizada a “Análise de Árvores de Falhas – AAF”, cujas taxas de falhas e as probabilidades de ocorrência de erros são extraídas de bases de dados de confiabilidade ou de estudos específicos encontrados em bibliografia internacional. As estimativas das conseqüências decorrentes das hipóteses acidentais consideradas são extraídas da análise de vulnerabilidade realizada na etapa anterior (CETESB, 1994).

e) Programa de Gerenciamento de Riscos

A última etapa é a construção pela empresa de um Programa de Gerenciamento de Riscos, que demonstre a política da empresa frente às exigências legais de manter padrões de segurança que garantam o menor risco possível para as pessoas e o meio ambiente.

O gerenciamento deve contemplar medidas de redução das freqüências de acidentes, estabelecimento de indicadores de eficiência e de subprogramas de controle dos fatores de riscos. Além disso, deve prever exercícios simulados, para que se possam verificar se as medidas de emergência são eficientes. Destacamos as seguintes ações a serem contempladas no programa gerencial:

. Melhoria da qualidade da frota de veículos e das instalações;

. Aumento da confiabilidade dos serviços;

. Programa de treinamento e capacitação de todos os empregados;

. Ações para redução de impactos de acidentes;

. Melhoria no sistema de comunicação;

. Sistemas de controle e contenção de vazamentos;

. Ações para proteção da população exposta;

. Plano de emergência.

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A empresa deve estar em sintonia com todos os órgãos públicos e participar de Planos de Ajuda Mútua, de comissões que discutam as questões relacionadas à segurança no transporte e na manutenção de um posto de atendimento de emergência coletivo.

5. Inspeções nos Locais de Trabalho É indispensável que o SESMT e os setores produtivos realizem inspeções nos diversos terminais portuários, procurando visitar todos os locais em que são executados trabalhos portuários.

5.1. Tipos de inspeção Existem vários tipos de inspeção que podem ser realizados nos locais de trabalho. O importante é que as inspeções sejam planejadas para que não se transformem em apenas uma visita.

1- Inspeção Geral: é uma inspeção mais simples, onde se procura ter um panorama geral dos setores de trabalho.

2- Inspeção Localizada: este tipo de inspeção é realizado quando se quer esclarecer uma situação de risco que foi observada em inspeções gerais, por algum membro da CIPA, por queixas de trabalhadores ou ainda por ocorrência de acidentes de trabalho.

3- Inspeção de Fatores de Risco: é uma inspeção em que se procura detectar situações ou condições que possam causar acidentes ou constituírem fontes de agentes agressivos à saúde dos trabalhadores, como por exemplo: operações com produtos perigosos, ausência de proteções coletivas, problemas com sinalização, falta de conforto nos locais de trabalho, entre outras.

5.2. Como fazer uma inspeção

A inspeção deve ser feita com o acompanhamento, passo a passo, dos serviços realizados no local previamente escolhido. Para facilitar sua realização, o ideal é seguir o fluxo das atividades ou dos serviços realizados. Faça o fluxograma acompanhando desde a chegada da materia prima, sua transformaçao até o setor de expedição.

Para que a inspeção seja planejada previamente é fundamental definir o objetivo da inspeção, pode-se criar um roteiro ou uma ficha de verificação, onde serão anotadas todas as situações em que os trabalhadores possam sofrer algum tipo de dano e quais os controles disponíveis – equipamentos de segurança individual ou coletivo. A inspeção somente estará completa, se os trabalhadores forem escutados, isso é fundamental para se obter informações sobre os principais problemas e situações que eles consideram perigosas.

As inspeções realizadas serão posteriormente debatidas pela equipe técnica do setor e medidas corretivas devem ser solicitadas à gerencia competente.

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5.3. Fazendo uma lista de verificação Para facilitar o processo de identificação de perigos no ambiente de trabalho, a

norma britânica BS 8800/96 indica uma lista de referência que se origina com perguntas como:

Durante as atividades de trabalho, os seguintes perigos podem existir?

a) escorregões ou quedas no piso;

b) quedas de pessoas de alturas;

c) quedas de ferramentas, materiais, entre outros, de alturas;

d) pé direito inadequado;

e) perigos associados com o manuseio ou levantamento manual de ferramentas, cargas etc;

f) perigos da planta e de máquinas associadas com a montagem, operação, manutenção, modificação, reparo e desmontagem;

g) perigos de veículos, cobrindo tanto o transporte no local quanto o de percursos em estradas ou ruas;

h) incêndio e explosões;

i) violência contra o pessoal;

j) substâncias que possam ser inaladas;

k) substâncias ou agentes que possam causar danos aos olhos;

l) substâncias que possam causar danos ao entrar em contato ou serem absorvidas pela pele;

m) substâncias que possam causar danos sendo ingeridas;

n) energias prejudiciais (eletricidade, radiação, ruído, vibração);

o) disfunções dos membros superiores associadas com o trabalho e resultantes de tarefas freqüentemente repetidas;

p) ambiente térmico inadequado (quente ou frio);

q) níveis de iluminação;

r) superfícies de piso escorregadias e não uniformes;

s) guarda-corpos ou corrimões inadequados em escadas;

t) trabalho em turno noturno;

u) ritmo acelerado de trabalho;

v) Presença de animais peçonhentos;

x) Microorganismos (Vírus, bactérias, platelmintos, fungos etc);

z) Outros tipos de animais (aves, gado em geral, cães, etc)

Cada supervisão ou gerencia deve elaborar sua própria lista de verificação, levando em consideração as características do trabalho executado.

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6. Técnicas para identificação de perigos Várias são as técnicas que podem ser utilizadas para a identificação de perigos numa instalação industrial. Entre as diversas técnicas utilizadas para a identificação de perigos, as mais comumente utilizadas, e aqui apresentadas, são:

− Análise Preliminar de Perigos (APP); − Análise de Perigos e Operabilidade (Hazard and Operability Analysis - HazOp).

No entanto, outras técnicas, como por exemplo, “E se ?” (What If ?) e Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE), entre outras, poderão ser utilizadas, desde que adequadas à instalação em estudo.

6.1. Análise Preliminar de Perigos (APP)

A APP - Análise Preliminar de Perigos (PHA - Preliminary Hazard Analysis) é uma técnica que teve origem no programa de segurança militar do Departamento de Defesa dos EUA. Trata-se de uma técnica estruturada que tem por objetivo identificar os perigos presentes numa instalação, que podem ser ocasionados por eventos indesejáveis. Esta técnica pode ser utilizada em instalações na fase inicial de desenvolvimento, nas etapas de projeto ou mesmo em unidades já em operação, permitindo, nesse caso, a realização de revisão dos aspectos de segurança existentes. A APP deve focalizar todos os eventos perigosos cujas falhas tenham origem na instalação em análise, contemplando tanto as falhas intrínsecas de equipamentos, de instrumentos e de materiais, como erros humanos. Na APP devem ser identificados os perigos, as causas e os efeitos (conseqüências) e as categorias de severidade correspondentes (Tabela 7), bem como as observações e recomendações pertinentes aos perigos identificados, devendo os resultados ser apresentados em planilha padronizada. A Figura 3 apresenta um exemplo de planilha para a realização da APP.

PERIGO CAUSA EFEITO CATEGORIA OBSERVAÇÕES E DE SEVERIDADE RECOMENDAÇÕES

Figura 3 – Exemplo de planilha para APP

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6.2. Análise de Perigos e Operabilidade (HazOp)

A Análise de Perigos e Operabilidade é uma técnica para identificação de perigos projetada para estudar possíveis desvios (anomalias) de projeto ou na operação de uma instalação. O HazOp consiste na realização de uma revisão da instalação, a fim de identificar os perigos potenciais e/ou problemas de operabilidade por meio de uma série de reuniões, durante as quais uma equipe multidisciplinar discute metodicamente o projeto da instalação. O líder da equipe orienta o grupo através de um conjunto de palavras-guias que focalizam os desvios dos parâmetros estabelecidos para o processo ou operação em análise. Essa análise requer a divisão da planta em pontos de estudo (nós) entre os quais existem componentes como bombas, vasos e trocadores de calor, entre outros.

Tabela 1 - APP - Categorias de Severidade CATEGORIA DE SEVERIDADE EFEITOS

I – Desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável. II – Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e à

comunidade externa.

III – Crítica

Possíveis danos ao meio ambiente devido a liberações de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis, alcançando áreas externas à instalação. Pode provocar lesões de gravidade moderada na população externa ou impactos ambientais com reduzido tempo de recuperação.

IV – Catastrófica

Impactos ambientais devido a liberações de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis, atingindo áreas externas às instalações. Provoca mortes ou lesões graves na população externa ou impactos ao meio ambiente com tempo de recuperação elevado.

A equipe deve começar o estudo pelo início do processo, prosseguindo a análise no sentido do seu fluxo natural, aplicando as palavras-guias em cada nó de estudo, possibilitando assim a identificação dos possíveis desvios nesses pontos. Alguns exemplos de palavras-guias, parâmetros de processo e desvios, estão apresentados nas Tabelas 2 e 3. A equipe deve identificar as causas de cada desvio e, caso surja uma consequência de interesse, devem ser avaliados os sistemas de proteção para determinar se estes são suficientes. A técnica é repetida até que cada seção do processo e equipamento de interesse tenham sido analisados. Em instalações novas o HazOp deve ser desenvolvido na fase em que o projeto se encontra razoavelmente consolidado, pois o método requer consultas a desenhos, P&ID's e plantas de disposição física da instalação, entre outros documentos.

Tabela 2 - Palavras-guias

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Palavra-guia Significado Não Negação da intenção de projeto

Menor Diminuição quantitativa Maior Aumento quantitativo

Parte de Diminuição qualitativa Bem como Aumento qualitativo Reverso Oposto lógico da intenção de projeto

Outro que Substituição completa

Tabela 3 – Parâmetros, palavras-guias e desvios

Parâmetro Palavra-guia Desvio

Fluxo Não

Menor Maior

Reverso

Sem fluxo Menos fluxo Mais fluxo

Fluxo reverso Pressão Menor

Maior

Pressão baixa Pressão alta

Temperatura Menor Maior

Baixa temperatura Alta temperatura

Nível Menor Maior

Nível baixo Nível alto

Os principais resultados obtido do HazOp são:

− identificação de desvios que conduzem a eventos indesejáveis; − identificação das causas que podem ocasionar desvios do processo; − avaliação das possíveis consequências geradas por desvios operacionais; − recomendações para a prevenção de eventos perigosos ou minimização de possíveis consequências.

A Figura 4 apresenta um exemplo de planilha utilizada para o desenvolvimento da análise de perigos e operabilidade.

Palavra-Guia Parâmetro Desvio Causas Efeitos Observações e Recomendaçõ

es

Figura 4 – Exemplo de planilha para HazOp

6.3. Consolidação dos cenários acidentais Identificados os perigos da instalação em estudo, devem ser claramente elencados os cenários acidentais considerados, os quais serão estudados detalhadamente nas etapas posteriores do trabalho. Para tanto, deve-se estabelecer claramente o critério considerado para a escolha dos cenários acidentais considerados relevantes, levando-se em conta a severidade do dano decorrente da falha identificada. Assim, por exemplo, caso a técnica de identificação de perigos utilizada tenha sido a APP, todos os perigos classificados em categorias de severidade III e IV deverão ser

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contemplados na lista de cenários acidentais a serem estudados nas etapas posteriores do estudo. Já, na aplicação de outras técnicas, como HazOp, AMFE e What If, entre outras, o analista deve deixar claro o critério utilizado para a definição dos cenários acidentais escolhidos como relevantes.

6.4. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade A estimativa dos efeitos físicos decorrentes de cenários acidentais envolvendo substâncias inflamáveis deverá ser precedida da elaboração de Árvores de Eventos para a definição das diferentes tipologias acidentais. A Análise de Árvores de Eventos (AAE) deverá descrever a seqüência dos fatos que possam se desenvolver a partir do cenário acidental em estudo, prevendo situações de sucesso ou falha, de acordo com as interferências existentes, até a conclusão das mesmas com a definição das diferentes tipologias acidentais. As interferências a serem consideradas devem contemplar ações, situações ou mesmo equipamentos existentes ou previstos no sistema em análise, as quais se relacionam com o evento inicial da árvore e que possam acarretar diferentes “caminhos” para o desenvolvimento da ocorrência, gerando, portanto diferentes tipos de fenômenos. A estimativa dos efeitos físicos deverá ser realizada através da aplicação de modelos matemáticos que efetivamente representem os fenômenos em estudo, de acordo com os cenários acidentais identificados e com as características e comportamento das substâncias envolvidas. Os modelos a serem utilizados deverão simular a ocorrência de liberações de substâncias inflamáveis e tóxicas, de acordo com as diferentes tipologias acidentais. Para uma correta interpretação dos resultados, esses modelos requerem uma série de informações que devem estar claramente definidas. Portanto, neste capítulo estão definidos os pressupostos que deverão ser adotados para o desenvolvimento dessa etapa do estudo de análise de riscos, bem como a forma de apresentação dos resultados. Qualquer alteração nos dados aqui apresentados, deverá ser claramente justificada. Deve-se ressaltar que todos os dados utilizados na realização das simulações deverão ser acompanhados das respectivas memórias de cálculo, destacando-se, entre outros, os cálculos das taxas de vazamento, as áreas de poças e as massas das substâncias envolvidas na dispersões e explosões de nuvens de gás ou vapor.

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7. Metodologias de reconhecimento e avaliação quali tativa dos fatores de risco

Basicamente reconhecer os riscos é fazer a identificação da presença dos fatores de riscos no ambiente de trabalho. Utilizamos uma metodologia que abarca estratégias indicadas pela American Industrial Hygiene Association (AIHA) e pela norma britânica BS 8800.

A detecção da presença dos fatores de riscos é realizada por setor, primeiramente caracterizando as condições gerais do ambiente e posteriormente enumerando as principais atividades realizadas pelas equipes de trabalho ou por função. Serão considerados também a jornada de trabalho, os equipamentos e ferramentas utilizados e as fontes de agentes ambientais presentes no ambiente ou gerados pelo serviço.

Os trabalhadores devem ser questionados e incentivados a falarem sobre os serviços e sua percepção de exposição aos riscos ambientais. Alem do conhecimento do trabalhador sobre os quase acidentes ou situações que eles indicarem como inseguras são de fundamental importância neste estudo. Por outro lado eles se sentirão valorizados e como preconiza a NR 9 farão parte do processo de gestão dos riscos ambientais.

7.1. Probabilidade de Ocorrência e Gravidade do Dano

A avaliação do risco é a fase em que devemos qualitativamente estimar a Probabilidade de Ocorrência (PO) de uma não conformidade e caso haja lesões pessoais qual será a Gravidade do Dano (GD). Tanto a PO quanto do GD serão mensurados através de atribuição de valores entre 1 a 4 de acordo com a menor ou maior possibilidade de ocorrência ou dos danos prováveis da exposição ao fator de risco. A avaliação destes indicadores é feita de acordo com o grupo de risco que se vai analisar. No caso de risco de acidentes, levamos em consideração: a) A freqüência de acidentes ocorridos na empresa – CAT ou entrevistas com os

trabalhadores sobre as situações perigosas; b) Relatos de quase acidentes. c) Freqüência de acidentes ocorridos registrados em boletins estatísticos disponíveis; d) A inspeção nos locais de trabalho sobre a presença dos fatores de riscos e dos

métodos de controle utilizados.

Quando constatado a presença de algum agente ambiental que possam causar doenças o fator preponderante é a exposição que pode ser estimada analisando os seguintes fatores:

a) Vias de exposição (inalação, ingestão, via epidérmica); b) Intensidade de exposição, c) Duração; d) Freqüência; e) Quais as exigências físicas, mentais e psíquicas são requeridas para realizar o

trabalho. Os riscos ergonômicos podem também ser analisados levando-se em consideração:

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a) Postura de trabalho; b) Ritmo exigido para realização da tarefa; c) Repetitividade; d) Tempo de pausas; e) Controle do trabalhador sobre a produção; f) Testes para verificação de fadiga e estresse.

Para se chegar à mensuração qualitativa do PO e do GD teremos que construir tabelas que possam servir como indicadores. A construção destas tabelas surge pela experiência adquirida pelos profissionais que as utilizam. Nos exemplos abaixo indicamos algumas situações a serem aplicadas. Na tabela 4 podemos analisar a PO relativa à ocorrência de acidentes que pode ser obtida nos locais a serem estudados através das estatísticas de acidentes ou pela análise da execução dos serviços realizada por profissionais da área da segurança do trabalho. Tabela 4 – Categorias de Probabilidade de Ocorrências de Acidentes ÍNDICE CATEGORIA DESCRIÇÃO 0 Insignificante Provavelmente não Ocorrerá 1 Baixa É possível que ocorra em longo prazo 2 Média É possível que ocorra em médio prazo 3 Alta Provavelmente irá ocorrer em médio prazo 4 Muito Alta Provavelmente irá ocorrer em um curto espaço de tempo Na tabela 5 o que se deve ser estudado é a exposição dos trabalhadores aos agentes ambientais. Detectado a presença do agente será estudado qual é a exposição do trabalhador ao agente levando-se em consideração também o tempo. Tabela 5 – Probabilidade de Ocorrência de Exposição a Agentes Ambientais.

CATEGORIA DESCRIÇÃO 0 Não há exposição Nenhum contato com o agente ou contato improvável. 1 Exposição níveis baixos Contatos infreqüentes com o agente. 2 Exposição moderada Contato freqüente com o agente a baixas concentrações

ou infreqüentes a altas concentrações. 3 Exposição elevada Contato freqüente com o agente a altas concentrações. 4 Exposição altíssima Contato freqüente com o agente a concentrações

elevadíssimas. Em todas as situações podem ser elaboradas tabelas especificas para cada tipo de risco a fim de se aprimorar a capacidade de

A gravidade do dano (GD) pode ser estimada atribuindo-se valores maiores ou menores quando analisarmos o potencial do agente causar dano a saúde ou a magnitude das lesões no caso de acidentes.

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Na tabela 6 verificamos o GD quando analisamos qual é a conseqüência ou o dano causado caso ocorra o acidente, também obtido pela estatística ou pela análise da situação em estudo. Tabela 6 – Categorias Relacionadas às Conseqüências do Acidente GD CATEGORIA

CONSEQÜÊNCIA DESCRIÇÃO

0 Inexistente O Fato ocorrido não implicará em nenhum dano ou efeito adverso

1 Desprezível ou Insignificante

Provavelmente não afetará a segurança e a saúde das pessoas resultando em menos de um dia de trabalho perdido, entretanto é uma não conformidade com um critério específico.

2 Marginal ou moderado Pode causar uma lesão ou doença ocupacional de efeitos reversíveis de pouca importância, resultando na perda de dias de trabalho ou danos à propriedade irrelevantes.

3 Crítico Pode causar lesões severas, doenças ocupacionais severas ou danos significativos à propriedade.

4 Catastrófico Pode causar mortes ou perda das instalações. A mesma análise é feita quando estudamos os efeitos dos agentes ambientais sobre a saúde dos trabalhadores, conforme a tabela 7. Assim, quanto maior é a capacidade do agente em causar um dano irreversível maior será a gravidade do dano. Tabela 7 – Gradação Qualitativa dos Efeitos

GD DESCRIÇÃO 0 Efeitos reversíveis de pouca importância ou desconhecidos ou apenas suspeitos. 1 Efeitos reversíveis preocupantes. 2 Efeitos reversíveis severos e preocupantes. 3 Efeitos irreversíveis preocupantes. 4 Ameaça à vida ou doença/lesão incapacitante.

Para aprimorar nossa análise neste aspecto podemos levar em consideração aspectos sobre os agentes ambientais levando em consideração para a análise diversos parâmetros técnicos. Entre os principais estão os Limites de Tolerância ou TLvs indicados pela NR 15 ou pela ACGIH, os denominados TLvs (Limites de Exposição para Substâncias Químicas e Agentes Físicos), veja a tabela 5. Outra questão a ser levada em consideração na análise são a capacidade carcinogênica, tóxica e corrosiva do agente químico, veja as tabelas 9 e 10. É indicado dispor de informações técnicas de qualidade sobre todos os produtos químicos utilizados no processo industrial, as fichas de emergência dos produtos perigosos e a constituição químicas das matérias primas utilizadas. Alguns produtos ao serem desgastados no processo industrial podem gerar substâncias que antes eram inertes no

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interior do produto, mas que por reação química ou por abrasão podem vir a ser dispostas no ambiente de trabalho. A questão dos TLvs merecerá um capítulo a parte a ser considerado, pois eles se referem às concentrações em que se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde. Todavia devido á grande variação da susceptibilidade individual, uma percentagem da população exposta poderá experimentar desconforto a algumas substancias em concentrações iguais ou menores que os limites de exposição (ACGIH, 2003). Algumas pessoas podem ainda ser hipersuscetíveis e terem respostas não usuais a algumas substâncias químicas devido a fatores genéticos, faixa etária, sexo, hábitos pessoais (fumo, álcool ou uso de drogas e medicamentos) ou exposições anteriores. Assim, o serviço médico da empresa ou os profissionais que aplicam este método devem levar em consideração sempre os casos atípicos. Tabela 8: Graduação do dano conforme os Limites de Exposição.

TLvs – Limites exposição (ACGIH) Dano potencial Índice de Gravidade (GD) Gases e vapores

(PPM) Particulados (névoas e poeiras)

(mg/m³)

4 Severo 0-10 0-0,1

3 Sério 11-100 0,11-1,0

2 Moderado 101-500 1,1-10

1 Leve Acima de 500 Acima de 10

Na tabela 9 verificamos que quanto menor é o limite de exposição (TLv), maior será o dano que o agente poderá causar ao organismo exposto. Tabela 9: Exposição a agentes químicos irritantes, cáusticos ou corrosivos. (GD) Categoria Descrição

1 Leve Levemente irritante para peles, olhos e mucosas. Vapores e fumos irritantes em contato com a pele, olhos e membranas mucosas.

2 Moderado Irritante para membranas mucosas, olhos, pele e sistema respiratório superior.

3 Sério Altamente irritante e corrosivo para membranas, mucosas, pele, sistema respiratório e digestivo, com lesões não incapacitantes.

4 Severo Efeito cáustico e corrosivo severo sobre a pele, mucosa e olhos, perda de visão, podendo resultar em morte ou lesões incapacitantes.

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No caso de agentes carcinogênicos nossa avaliação deve ser em prol da segurança daí a graduação do dano já começa em 2, devendo-se sempre superestimar a prevenção de exposição a estes agentes, conforme a tabela 10. Tabela 10: Exposição a agentes carcinogênicos. (GD) Categoria Descrição

2 Moderado Carcinogênico, teratogênico ou mutagênico confirmado somente em animais.

3 Sério Suspeito de ser carcinogênico; teratogênico ou mutagênico em seres humanos.

4 Severo Produto carcinogênico, teratogênico ou mutagênico confirmado para seres humanos.

7.2. Medidas de controle Existentes

O uso de Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC e Equipamentos de Proteção Individual - EPI pode ser utilizado como parâmetro para atenuação da graduação tanto da probabilidade de ocorrência como da graduação do dano. No entanto deve-se tomar bastante cuidado nesta análise.

No caso as medidas preventivas, principalmente os EPIs podem mascarar o risco analisado, pois devemos levar em conta o uso adequado, a efetividade da proteção que o equipamento promete oferecer. Por outro lado o EPI é uma proteção adicional quando o risco não foi controlado.

A análise deve levar em conta também se as medidas de proteção coletiva existentes têm manutenção e se são adequadas aos agentes, atribuindo-se índices menores onde há controle e maior quando houver deficiências

Na tabela 11 temos o exemplo de tabela que pode ser utilizada para analisar o agente conforme a proteção oferecida no ambiente de trabalho. Tabela 11 - Categorias de Probabilidade de Ocorrência de Acidentes em Função da Eficiência das Medidas Preventivas ÍNDICE CATEGORIA

PROBABILIDADE DESCRIÇÃO DA CONDIÇÃO DAS MEDIDAS PREVENTIVAS

0 Insignificante Muito Boa 1 Baixa Boa 2 Média Apresenta pequenos desvios 3 Alta Apresenta desvios ou problemas 4 Muito Alta Medidas preventivas inadequadas ou inexistentes

.

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7.3. Estimativa do Risco O grau de risco é analisado com a confrontação da probabilidade de ocorrência

(PO) com a gravidade do dano (GD), através da utilização da tabela 9. Onde obtemos a estimativa se o risco é tolerável, isto é, reduzido ao nível mais baixo e razoavelmente praticável (BS 8800), ou caso contrário é passível de uma intervenção de controle imediata.

Esta estimativa servirá como base analítica da eficiência das medidas de segurança adotada pela empresa e como parâmetro após implantação de melhorias. Este também será o indicador das prioridades de ações do PPRA no cronograma anual. Quanto maior for a estimativa de risco e o número de trabalhadores expostos maior será sua prioridade.

Nesta fase do estudo do documento base não será levado em consideração a questão do custo da implantação das medidas previstas no PPRA. Tabela 12 – Estimativa do Risco Segundo a BS 8800

Índice de Gravidade do Dano Índice de Probabilidade de Ocorrência do Dano

1

2

3

4

1 RISCO TRIVIAL

RISCO TOLERÁVEL

RISCO TOLERÁVEL

RISCO MODERADO

2 RISCO TOLERÁVEL

RISCO TOLERÁVEL

RISCO MODERADO

RISCO SUBSTÂNCIAL

3 RISCO TOLERÁVEL

RISCO MODERADO

RISCO SUBSTÂNCIAL

RISCO SUBSTÂNCIAL

4 RISCO MODERADO

RISCO SUBTÂNCIAL

RISCO SUBSTÂNCIAL

RISCO INTOLERÁVEL

Para se compreender o significado da estimativa de risco veja a definição dada pela BS 8800 para cada parâmetro: Risco Trivial: Nenhuma ação é requerida e nenhum registro documental precisa ser mantido. Risco Tolerável: Nenhum controle adicional é necessário. Pode-se considerar uma solução mais econômica ou aperfeiçoamento que não imponham custos extras. A monitoração é necessária para assegurar que os controles sejam mantidos. Risco Moderado : Devem ser feitos esforços para reduzir o risco, mas os custos de prevenção devem ser cuidadosamente medidos e limitados. As medidas de redução de risco devem ser implantadas dentro de um período de tempo definido. Quando o risco moderado é associado a conseqüências extremamente prejudiciais, uma avaliação posterior pode ser necessária, a fim de estabelecer, mais precisamente, a probabilidade de dano, como uma base para determinar a necessidade de medidas de controle aperfeiçoado. Risco Substancial: O trabalho não deve ser iniciado até que o risco tenha sido reduzido. Recursos consideráveis poderão ter de ser alocados para reduzir o risco. Quando o risco envolver trabalho em execução, ação urgente deve ser tomada.

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Risco Intolerável : O trabalho não deve ser iniciado nem continuar até que o risco tenha sido reduzido. Se não for possível reduzir o risco, nem com recursos ilimitados, o trabalho tem de permanecer proibido. Na tabela 13 estão indicadas as principais ações a serem tomadas em relação à avaliação qualitativa. Nota-se que as medidas de prevenção são prioritárias em relação às ações de avaliação quantitativas que são caras e não trazem benefícios para os trabalhadores,

Tabela 13: Medidas Técnicas

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA MEDIDA DE PREVENÇÃO

Necessidade Prioridade Necessidade Prioridade

TRIVIAL Não é necessária - Não é necessária -

TOLERÁVEL Necessária somente para comprovar as medidas de controle, ou eventualmente para fins de documentação

BAIXA Manter e melhorar as medidas

existentes se apresentar vantagens

econômicas.

ALTA

BAIXA

MODERADO Necessária para avaliar eficácia das medidas de controle e documentar exposição

ALTA (GD 4)

MÉDIA (GD 3 e 2)

BAIXA (GD 1)

Manter medidas e melhorá-las se for

viável.

ALTA

MÉDIA

Necessária para melhor estimar a exposição

ALTA SUBSTÂNCIAL

Não é necessária para decidir adotar ou melhorar medidas de controle

Necessária a implantação de

medidas de controle ou de melhoria nas

existentes

ALTA

Necessária somente quando há exigências legais (previdência)

ALTA INTOLERÁVEL

Não é necessária para decidir pela adoção ou melhoria de medidas de controle.

-

O trabalho deve ser interrompido até a adoção de alguma medida, no mínimo

em caráter emergencial.

AÇÃO IMEDIATA OU

INTERRUPÇÃO DO TRABALHO.

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8. Documento Base

O documento base do PPRA deverá conter no mínimo as seguintes informações:

1- Identificação das empresas do ramo de atividade, importância econômica na região em que estão instaladas e o número de trabalhadores contratados direta e indiretamente;

2- Aspectos históricos sobre como as empresas surgiram e o contexto sócio-econômico e como se organizam as representações de classe dos trabalhadores;

3- O processo de produção onde se verificará a capacidade produtiva, matérias-primas utilizadas, os meios de produção (máquinas, equipamentos, ferramentas, o mobiliário, etc.) e o fluxograma da produção;

4- Organização do Trabalho onde se verifica a divisão das tarefas (concepção e execução), os mecanismos de controle da produção (ritmos, produtividade, autonomia), a jornada de trabalho (turnos, tempo para pausas, horas-extras, rodízios de funções), aspectos de estabilidade no emprego, salário e a relação com os sindicatos das categorias;

5- Instalações da empresa: onde o espaço físico do local de trabalho é analisado no aspecto de divisão espacial (layout), ventilação, iluminação, conforto e higiene (banheiros, bebedouros, vestiários, áreas de lazer, refeitórios, etc.);

6- Descrição das condições ambientais de trabalho: onde se estuda se no meio ambiente de trabalho existem elementos que possam ser agentes nocivos para os trabalhadores como os aerodispersóides (poeiras, fumos metálicos, gases e vapores), a presença de energias como o ruído, vibração, radiações, a presença de microorganismos que possam ser fonte de contaminação e as situações que podem provocar acidentes, incluída aí uma análise da gestão destes fatores de risco;

7- Relação com o meio ambiente: como se dá a disposição de todos os resíduos sólidos e líquidos do processo de produção e qual é sua influência no ecossistema do entorno da fábrica.

O relatório do documento base tem que ser escrito obedecendo a NBR 12256 que estabelece as normas como deve ser escrito um trabalho cientifico ou relatório técnico e a NBR 6023/2002 que estabelece as orientações para fazer citações ou referências bibliográficas.

8.1. Capa e folha de rosto do Documento

Na capa deverá ser utilizada a folha de papel timbrado da empresa contendo o título “Programa de Prevenção de Riscos Ambientais”, o nome da empresa ou estabelecimento onde foi realizado o trabalho e a data da sua conclusão, que passará a ser a data do documento base

A folha de rosto Com o mesmo aspecto da capa deve indicar a que se destina o trabalho e seus autores ou responsáveis.

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8.2. Sumário

O sumário deve figurar em uma folha própria, contendo o detalhamento do PPRA e as respectivas páginas onde se encontram os assuntos:

• Introdução.........................................4

• Objetivo.............................................9

• Identificação da empresa.................10

• Atividades da empresa.....................11

8.3. Introdução do PPRA

Neste texto deve estar explicito todo o interesse da empresa em cumprir o conteúdo da NR 9 e das demais normas de SST do Ministério do Trabalho e Emprego e o compromisso de realizar todos os esforços para prevenir riscos a saúde.

O empregador é que deve assinar o PPRA e assim nesta introdução fica explicito o compromisso de se fazer cumprir integralmente a programação do PPRA.

Como exemplo de texto de abertura, veja abaixo.

“Em 29 de dezembro de 1994, a portaria n.25 aprovou o texto da Norma Regulamentadora NR-9 que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implantação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA”.

“O PPRA está descrito neste documento base e contêm os aspectos estruturais do programa, a estratégia e metodologia de ação, forma de registro, manutenção e divulgação dos dados, bem como a periodicidade e a forma de avaliação do desenvolvimento do programa e o planejamento anual com o estabelecimento das metas a serem cumpridas com os prazos para sua implantação conforme o cronograma anual”.

Devendo estar indicadas as interfaces com outros programas, tais como: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, Programa de Proteção Respiratória – PPR, Programa de Controle de Ruído Ocupacional – PCRO e Programa de Prevenção de Riscos Ergonômicos – PPRE.

O PPRA constitui-se numa ferramenta de extrema importância para segurança e saúde dos empregados, proporcionando identificar as medidas de proteção do trabalhador a serem implantadas, servindo também para a elaboração do PCMSO prevista na NR-7.

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8.4. Identificação da Empresa

Após a introdução deve-se fazer a identificação da empresa com as seguintes informações:

• Razão social;

• CNPJ;

• CNAE e atividade principal;

• Grupo, sub-grupo;

• Grau de risco;

• Endereço completo e telefones;

• Horário de funcionamento da empresa;

• Jornada diária;

• Nº de empregados;

• Responsável pela inspeção

8.5. Política de Segurança da Empresa

É um compromisso fundamental da “Marmoraria Brasil”, garantir condições seguras e ambientes de trabalho adequado e compatível com as normas legais relativas à segurança e saúde do trabalho, proporcionar treinamentos específicos para todos empregados, capacitando-os a reconhecer os fatores de riscos e as formas de controle adotadas pela empresa.

A direção da Marmoraria Brasil enfatiza que sua política em saúde e segurança no trabalho é prioritária em relação à da produção, pois a saúde de seus empregados vem em primeiro lugar. Assim, em caso do trabalhador encontrar uma situação de risco grave e eminente deverá paralisar o serviço e informar a seu superior hierárquico para que a situação possa ser sanada.

8.6. Responsabilidades

O texto deve indicar qual é a responsabilidade de cada um dos responsáveis pelo cumprimento das metas no PPRA.

• do gerente da empresa;

• Dos encarregados por setor;

• Do setor administrativo;

• Dos empregados;

• Da CIPA

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8.7. Atividades da Empresa

Descrever neste item, de forma sucinta, como as atividades ocorrem no estabelecimento e quais os seus processos de trabalho;

Trata-se de uma empresa de pequeno porte dirigida por um sócio proprietário, sendo constituída pelo setor produtivo e por um escritório.

Sua atividade básica é o beneficiamento de pedras ornamentais (mármore e granito);

8.8. Ciclo Produtivo

• Recebimento de matéria prima (chapas de mármore e granito);

- Movimentação e estocagem manual;

• Polimento das chapas;

- Polimento manual...

• De acordo com os pedidos as peças são cortadas nas medidas, coladas e estocadas para secagem;

• Despacho para cliente.

Figura 5: Fluxograma

Recebimento material Estoque

Almoxarifado

Polimento

Compras e Recebimento pedido

Contabilidade

Corte conforme Os pedidos

Expedição

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8.9. Caracterização dos Riscos

• Dados Preliminares:

• Dados disponíveis na literatura sobre os riscos relativos às atividades da empresa são:

• Inalação de poeiras de sílica livre cristalizada emitida nos cortes e polimentos das chapas de granito;

• Exposição contínua a ruído acima de 85 DBa

Outras informações:

• Acidentes e doenças registrados em anos anteriores;

• Ações de fiscalizações: apontar a data e os pontos exigidos pelos auditores fiscais;

• Prioridades apontadas pelos dados preliminares: Controle emissão de poeiras, ruído e melhorias na ergonomia;

• Estratégias para o reconhecimento dos riscos: Divisão da empresa nos setores (Escritório, Estoque/almoxarifado, Produção e Expedição.

Reconhecimento dos Riscos

• Caracterização do ambiente e processo de trabalho;

• Caracterização da força de trabalho: nº de trabalhadores por função e descrição das tarefas realizadas por função.

• Horário e jornada de trabalho;

• Observações gerais.

8.10. Conclusões e Recomendações

As avaliações contidas neste documento base não se esgotam por si só devendo ser reavaliadas caso haja evolução técnica nos conhecimentos sobre o assunto ou novas informações possam ser adquiridas nas observações diárias feitas pelos gerentes de setores.

Cachoeiro do Itapemirim, 30/07/2008_______________________ assinar.

• Anexos:

• Avaliações ambientais;

• Estudos de Equipamentos de Proteção Coletiva;

• Formulários de acompanhamento da execução do PPRA.

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Tabela 14: Estimativa de Risco da Empresa Marmoraria Brasil.

:

TAREFA/OPERAÇÃO

OU

ITEM ANALISADO

SITUAÇÕES DE RISCO (AGENTES E FATORE S

DE RISCO)

MEDIDAS DE CONTROLE

CONSEQUÊNCIAS OU

EFEITOS POTÊNCIAIS

POPULAÇÃO

EXPOSTA (PO) (GD)

Estimativa de

RISCO

Levantamento e transporte manual de cargas – Chapas de granito são movimentadas do setor de estoque até as bancadas

É utilizado um carrinho transportador e realizado por dois ajudantes.

Lesões músculo- esqueléticas

Ajudante Geral (6)

Encarregado geral (1)

1 3 2 Recebimento de Matéria prima e transporte interno.

Chapas trincadas Treinamento Lesões músculo-esqueléticas, cortes e

esmagamento

Ajudantes (6) 3 3 4

Esforço físico intenso – Na manipulação das peças e trabalho em posição ortostática.

Rodízio de tarefas.

Lesões músculos- esqueléticas (ex.

lombalgias)

Ajudante geral(6) 2 3 2

Presença de poeiras contendo sílica livre cristalizada

Uso de máscara

Silicose Cortador (5)

Ajudante (3)

3 4 3

Corte de chapas

Ruído Uso de protetores auricular

Perda auditiva temporária e permanente

Cortador (5)

Ajudante (3)

3 3 3

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8.11. Plano Anual

Período: 01/01/2008 a 31/12/2008.

Declaração: É o compromisso da empresa de executar as fases operacionais do PPRA de forma a investir recursos no controle, monitoramento e revisão do PPRA.

Tabela 15: Cronograma de ações 2009.

Natureza do risco

Objetivos e Metas

Ação programada

Estratégia Metodologia

Cronograma

I F

Responsável

Uso de protetores respiratórios

Informar aos trabalhadores sobre o risco da poeira de silica, adquirir o EPI adequado e treinar no uso.

02/01 Garantir proteção de inalação de poeiras de sílica.

Instalar sistema de corte a úmido

Realizar estudo de viabilidade econômica

02/01 15/02

Química

Poeira Sílica

Compra do sistema

Instalação

15/02

01/04

30/02

30/06

Física

Ruído

Controle de exposição.

Avaliação ambiental

Realizar avaliação ambiental

02/02 30/02

Figura 6: Planilha de acompanhamento de Execução

Etapas previstas

Data Conclusão

Prevista

Atividade executada

Data Conclusão Efetiva

Problemas e atrasos

Ação: Responsável

Observações:Avaliação:

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O plano anual deve prever as reuniões de avaliação da execução das etapas conforme a seguinte ordem de ações:

1- Exame periódico da situação: reunião semestral com os responsáveis pela execução com o coordenador;

2- Avaliação anual: uma auditoria com profissional externo competente em higiene ocupacional, escolhido a critério do coordenador do PPRA. O resultado da auditoria deve ser apresentado em reunião geral a fim de determinar ações futuras e estabelecer os objetivos para o próximo período

8.12. Dos Prazos

Apesar de não haver indicação na NR 9 dos prazos para execução das medidas de controle o tempo indicado como base são:

• Caráter imediato: até 30 dias;

• Curto prazo: 1 a 3 meses;

• Médio prazo: 3 a 12 meses.

• Longo prazo: 1 a 2 anos

9. Controles dos Riscos

Deverão ser tomadas medidas necessárias e suficientes para eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas as seguintes situações:

A- identificação, na fase de antecipação, de risco potencial a saúde;

B- constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente a saúde;

C- quando os resultados das avaliações ambientes ultrapassarem os valores limites previstos na NR 15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH.

D- quando através do PCMSO, ficar caracterizado o nexo causal entre danos a saúde do trabalhador e a situação a que ficaram expostos

O estudo desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverão obedecer a seguinte hierarquia (9.3.5.2):

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A- medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou formação de agentes prejudiciais à saúde;

B- medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho;

C- medidas que reduzam os níveis de concentração desses agentes no ambiente de trabalho.

9.1. Inviabilidade técnica ou econômica

Quando comprovado pelo empregador a inviabilidade técnica da medida de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou em fazem de implantação devem ser adotadas as seguintes medidas emergenciais:

A- medidas de caráter administrativo ou de organização de trabalho;

B- utilização de equipamento de proteção individual – EPI.

9.2. Hierarquia do Controle

a) Controle do risco na fonte;

� Substituição de materiais;

� Substituição/modificação de processos e de equipamentos;

� Controle e manutenção de processos e equipamentos;

� Métodos úmidos

b) Controle da propagação do agente

� Ventilação geral diluidora;

� Ventilação local Exaustora;

� Isolamento;

c) Controle ao nível do trabalhador.

� Limitação do tempo de exposição;

� Educação;

� Treinamento;

� Vigilância médica;

� Equipamento de Proteção Individual.

d) Outras medidas

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� Planta do local (lay-out);

� Limpeza;

� Transporte;

� Armazenagem;

� Rotulagem;

� Sinais e avisos;

� Vigilância ambiental;

� Práticas de trabalho adequadas

� Equipamentos mínimos para evitar agravamento de danos.

9.3. Avaliação das medidas de controle

O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas considerando os dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle médico de saúde previsto na NR – 7.

Os indicadores de avaliação é um dos desafios do sistema de gestão a serem implantado na empresa. Por exemplo, o sistema pode prever que todos os trabalhadores sejam treinados a utilizarem o protetor auricular em um determinado local de trabalho. Após o período de treinamento em inspeções regulares serão anotados quantos trabalhadores estavam utilizando corretamente o equipamento é isso poderá dar um indicador da eficiência do treinamento. Outro exemplo é realizar medições ambientais para verificar a eficiência de captação de poeira de um exaustor pela concentração medida.

Exemplo de programa de Avaliação:

Implantar o uso de proteção auricular;

Objetivo: O uso contínuo do protetor auricular por todos os empregados nos locais com LT acima de 85 Dba;

Estratégia: Compra de protetores auriculares de boa qualidade, realizar palestras com todos os empregados sobre a importância do uso continuo e sobre a higienização e guarda do equipamento, realizar inspeções periódicas;

Indicador: % de trabalhadores que usam > 80%.

9.4. Do nível de Ação Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que a exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico

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Deverão ser objeto de controle sistemático:

A- para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional;

B- para ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido a NR 15, anexo I, item 6.

9.5. Monitoramento

Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando a introdução ou modificação das medidas de controle sempre que necessário (9.3.7.1).

9.6. Registro dos dados

Deverá ser mantido pelo empregador um registro de dados, estruturado de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA;

� Os dados devem ser mantidos por um período mínimo de 20 anos;

� O registro dos dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores interessados e seus representantes e para as autoridades competentes.

9.7. Das Responsabilidades

Do empregador:

- Estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição;

Do trabalhador:

- Colaborar e participar da implantação d PPRA;

- Seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA;

- Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.

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9.8. Das Informações

Os trabalhadores interessados terão o direito de apresentar propostas e receber informações e orientações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução do PPRA;

Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos (9.5).

9.9. Das disposições finais

Sempre que vários empregadores realizem, simultaneamente, atividades no mesmo local de trabalho terão o dever de executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA visando a proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ambientais gerados (9.6.1).

O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados no mapa de riscos, previstos na NR-5, deverão ser considerados para fins de planejamento e execução do PPRA em todas as suas fases (9.6.2).

O empregador deverá garantir que, nas ocorrências de riscos ambientais nos locais de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhadores, os mesmos possam interromper de imediato as suas atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as devidas providências (9.6.3).

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10. Referências Bibliográficas CANQUILHEM, G. O normal e o patológico , Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978. FACCHINI, L.A. Por que a doença? A inferência causal e os marcos teóricos de análise. In: BUSCHINELLI, J. T., org., Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil . p.33-55. Petrópolis: Vozes, 1993. LAURELL, A.C. & NORIEGA, M. Processo de produção e saúde – Trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989.

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