apostila curso basico escotista cursante

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APOSTILA DO CURSANTE CURSO BÁSICO LINHA ESCOTISTA

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ESCOTISTA

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  • APOSTILA DO CURSANTE

    CURSO BSICO

    LINHA ESCOTISTA

  • APOSTILA CURSO BSICO

    LINHA ESCOTISTA

    Esta a Apostila do Cursante do Curso Bsico da UEB - Unio dos Escoteiros do Brasil - paraEscotistas, conforme previsto nas Diretrizes Nacionais para Gesto de Adultos, e produzido pororientao da Diretoria Executiva Nacional com base na experincia centenria do Movimento

    Escoteiro no Brasil.

    2 EDIO | ABRIL DE 2014

    ContedoOs contedos que aparecem nesta apostila foram baseados nos materiais de

    cursos das Regies Escoteiras.

    IlustraesForam usados desenhos produzidos ou adaptados por Raphael Luis K.,

    assim como ilustraes em geral que fazem parte do acervo da UEB ou so de domnio pblico.

    DiagramaoRaphael Luis K.

    Organizao de contedoMegumi Tokudome | Vitor Augusto Gay

    Reviso de textosShenara Pantaleo

    Todos os direitos reservados.Nenhuma parte desta publicao poder ser traduzida ou adaptada a nenhum idioma, como

    tambm no pode ser reproduzido, armazenado ou transmitido por nenhuma maneira ou meio,sem permisso expressa da Diretoria Executiva Nacional da Unio dos Escoteiros do Brasil.

    Unio dos Escoteiros do Brasil - Escritrio NacionalRua Coronel Dulcdio, 2107 - Bairro gua Verde

    CEP 80250 100 | Curitiba | Paranwww.escoteiros.org.br

  • 3ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    MENSAGEM

    A Apostila do Cursante um instrumento de apoio aos adultos em processo de formao, cujo contedo busca contribuir para o desenvolvimento das competncias necessrias para o exerccio das atribuies inerentes aos escotistas e dirigentes no Movimento Escoteiro.

    A UEB est se dedicando a atualizar e produzir importantes publicaes para adultos, contando, para tanto, com a inestimvel colaborao e esforo de muitos voluntrios de todo o Brasil, alm do apoio dos profissionais do Escritrio Nacional. A todos que contriburam, e continuam trabalhando, os agradecimentos do escotismo brasileiro.

    claro que ainda podemos aprimorar o material, introduzindo as modificaes necessrias a cada nova edio. Portanto, envie suas sugestes para melhorar o trabalho ([email protected]), pois a sua opinio e participao sero muito bem-vindas!

    A qualidade do Programa Educativo aplicado nas Sees, alm da eficincia nos processos de gesto da organizao escoteira, em seus diversos nveis, depende diretamente da adequada preparao dos adultos.

    O nosso trabalho voluntrio rende mais e melhores frutos na medida em que nos capacitamos adequadamente para a tarefa. Portanto, investir na formao significa valorizar o prprio tempo que dedicamos voluntariamente ao escotismo.

    Alm disso, o nosso compromisso com as crianas e jovens exige que estejamos permanentemente dispostos a adquirir novos conhecimentos, habilidades e atitudes, em coerncia com a postura de educadores em aperfeioamento constante.

    Desejo que tenham timos e proveitosos momentos de formao, que aprendam e ensinem, que recebam e compartilhem. Sejam felizes!

    Sempre Alerta!

    Diretoria Executiva Nacional

    Seja bem vindo ao Curso do Nvel Bsico da Linha Escotista. Esta apostila foi especialmente preparada com contedos selecionados para que voc se sinta cada vez mais apto contribuir com o Escotismo brasileiro. Aproveite para ler e discutir o contedo da apostila com o seu assessor pessoal de formao. Ao final de cada unidade, anote as suas dvidas e sugestes para melhor aproveitamento do curso e sua participao no Grupo Escoteiro.

    OBJETIVO DO NVEL

    Qualificar o adulto para uma atuao plena como Escotista.

    TAREFAS PRVIAS

    Ler e discutir com o APF:

    Apostila do curso Bsico Escotista - cursante;

    Pelo menos os seguintes captulos do Manual do Escotista conforme o ramo que voc atua:

    Ramo Lobinho: Os meninos e meninas da Alcateia / o marco simblico do Ramo Lobinho / o ciclo de programa / as reas de desenvolvimento, as competncias e as atividades dos lobinhos;

    Ramo Escoteiro: Os jovens de 11 a 14 anos / o marco simblico / o ciclo de programa / as reas de desenvolvimento, os objetivos educativos e as competncias;

    Ramo Snior: A identidade pessoal / o mtodo escoteiro / o ciclo de programa / as reas de desenvolvimento e os objetivos educativos;

    Ramo Pioneiro: A adultez emergente / valores e mtodo escoteiro / o ciclo de programa / as reas de desenvolvimento, objetivos educativos, competncias e plano de desenvolvimento pessoal.

    Ler os captulos do POR : dos adultos e o especfico do Ramo de atuao.

    APRESENTAO

  • 4 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Diretrizes Nacionais para Gesto de Adultos;

    Guia do Chefe Escoteiro

    Leitura do documento de bolso do jovem, especfico ao Ramo (Alcateia em Ao, Tropa Escoteira em Ao, Tropa Snior em Ao e Cl Pioneiro em Ao)

    SUGESTO DE LEITURA

    Padres de Atividades Escoteira De Lobinho a Pioneiro

    SUGESTO DE LEITURA - RAMO LOBINHO

    Livro de Jngal

    PRTICA SUPERVISIONADA

    Participar do planejamento e auxiliar na aplicao de um ciclo de programa de acordo com a funo exercida na UEL inclusive acompanhando a progresso pessoal de crianas e jovens da sua Seo .

    Elaborar o Plano Pessoal de Formao

    Participar do planejamento e auxiliar na aplicao de uma atividade ao ar livre.

    B) escolher duas opes:

    participar da organizao de uma Flor Vermelha , Fogo de Conselho ou Lamparada

    ter participado de pelo menos dois mdulos seminrios, oficinas ou cursos tcnicos (presencial e/ou EAD);

    ter participado de pelo menos uma atividade de adultos, no nvel distrital, regional ou nacional;

    ter coordenado ou auxiliado em pelo menos uma reunio de pais da seo;

    ter participado de pelo menos trs reunies de Roca de Conselho, Corte de Honra ou Comisso Administrativa do Cl, dependendo se seu Ramo de atuao.

  • 5CURSO BSICOESCOTEIROS DO BRASIL

    APRESENTAO ...................................................................................................................................................................................................... 3

    MTODO ESCOTEIRO ............................................................................................................................................................................................... 7

    CONHECENDO O JOVEM II ....................................................................................................................................................................................... 9

    SISTEMA DE EQUIPE E SISTEMA DE PARTICIPAO .............................................................................................................................................. 21

    COMPETNCIAS, ATIVIDADES E AVALIAO DA PROGRESSO PESSOAL .............................................................................................................. 37

    CICLO DE PROGRAMA .............................................................................................................................................................................................73

    PLANEJANDO ATIVIDADES AO AR LIVRE ............................................................................................................................................................... 91

    MARCO SIMBLICO E SMBOLO DOS RAMOS ...................................................................................................................................................... 101

    ESPECIALIDADES E INSGNIAS DE INTERESSE ESPECIAL ..................................................................................................................................... 121

    JOGOS II - UM RECURSO EDUCATIVO .................................................................................................................................................................. 133

    ADMINISTRAO DE SEO ................................................................................................................................................................................ 139

    ESCOTISMO E COMUNIDADE ............................................................................................................................................................................... 143

    ESPIRITUALIDADE II ............................................................................................................................................................................................ 145

    FOGO DE CONSELHO, LAMPARADA E FLOR VERMELHA ....................................................................................................................................... 147

    GRUPO ESCOTEIRO COMO UNIDADE FAMILIAR ................................................................................................................................................... 153

    CERIMNIAS II .................................................................................................................................................................................................... 157

    CANCIONEIRO ..................................................................................................................................................................................................... 171

    NDICE

  • 7ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    O Mtodo Escoteiro com aplicao eficazmente planejada e sistematicamente avaliada nos diversos nveis do Movimento caracteriza-se pelo conjunto dos seguintes pontos:

    Aceitao da Promessa e da Lei EscoteiraTodos os membros assumem voluntariamente, um compromisso de vivncia da Promessa e da Lei Escoteira.

    Aprender fazendoEducando pela ao, o Escotismo valoriza: o aprendizado pela prtica; o treinamento para a autonomia, baseado na autoconfiana e iniciativa; os hbitos de observao, induo e deduo.

    Vida em equipeDenominada nas Tropas, Sistema de Patrulhas, incluindo:

    A descoberta e aceitao progressiva de responsabilidade; A disciplina assumida voluntariamente; A capacidade tanto para cooperar como para liderar.

    Atividades progressivas, atraentes e variadas Compreendendo:

    Jogos; Habilidades e tcnicas teis, estimuladas por um sistema de distintivos; Vida ao ar livre e em contato com a natureza; Interao com a comunidade; Mstica e ambiente fraterno.

    Desenvolvimento pessoal com orientao individual:Considerando:

    A realidade e o ponto de vista dos jovens; A confiana nas potencialidades de cada jovem; O exemplo pessoal do adulto; Sees com nmero limitado de jovens e faixa etria prpria.

    O Mtodo Escoteiro pode ser definido corno um sistema de autoeducao progressiva, que complementa o trabalho da famlia e da escola, e que se baseia na interao de vrios elementos, entre os quais se destacam:

    Um sistema progressivo de objetivos, competncias e atividades; A presena estimulante do adulto; A aprendizagem pela ao; A adeso Lei e Promessa; O marco simblico; O sistema de patrulhas; A aprendizagem por meio do servio; A vida em contato com a natureza; A aprendizagem por meio do jogo.

    Embora esses elementos existam isoladamente, preciso compreend-los em conjunto, apreciar sua interconexo e os processos segundo os quais eles operam, para que se possa entender o Mtodo Escoteiro.

    Como qualquer outro sistema, o Mtodo Escoteiro possui certa complexidade dinmica, mas, quando entendem os vnculos entre as partes, os escotistas se familiarizam progressivamente com esse dinamismo e o incorporam a sua forma de agir.

    Para saber mais, confira:

    Manual do Escotista (Ramos Lobinho, Escoteiro,Snior e Pioneiro)

    Guia do Chefe EscoteiroEscotismo na Prtica

    MTODO ESCOTEIRO

  • 8 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    ANOTAES

  • 9ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    As mudanas decorrentes do crescimento fsico e psicolgico causam impactos na vida social da criana/adolescente/jovem e por essa razo, no Grupo Escoteiro, deve-se ter ateno a esse processo e oferecer-lhes experincias de maneira criativa e atraente. As mudanas nas atividades e a forma de aplica-las podem mudar com o passar do tempo, mas a essncia do Escotismo, ou seja, seus princpios e valores jamais mudam com as geraes.

    Abaixo, apresentamos o quadro das fases de desenvolvimento evolutivo relativo a crianas, adolescentes e jovens entre 7 e 21 anos de idade, que so atendidas pelo Movimento Escoteiro.

    RAMO LOBINHO

    O conhecimento espontneo que temos sobre as crianas muito til, mas no suficiente se queremos ajud-los a crescer e a se desenvolver. Para proporcionar atividades atraentes, desafiadoras e seguras, assim como para avaliar o desenvolvimento pessoal de cada lobinho(a), imprescindvel uma informao ampla e um conhecimento profundo das crianas com 6 anos e meio a 10 anos. Um perfil em linhas gerais:

    So ativas e sempre cheias de energia;

    Fazem perguntas e buscam respostas sobre as coisas. Tudo novidade e descoberta;

    Observadoras da natureza e do mundo que os rodeia, inventores de objetos, obras de arte, capazes de construir qualquer coisa;

    Defensoras do que consideram justo e verdadeiro;

    Pouco a pouco as opinies e interesses dos demais so considerados;

    Aprendem que nem sempre podem fazer tudo que querem;

    Aceitam compromissos relacionados com pequenas tarefas e tentam realiz-las bem;

    Humor estvel, s se altera em caso de emoes fortes e contraditrias, desaparecendo com a mesma rapidez com que aparecem;

    As opinies dos adultos influenciam intensamente sua conduta, mas de modo passageiro, de modo que a repetio das recomendaes ser sempre necessria;

    Compartilham com a famlia, com os amigos e com os escotistas de maneira espontnea a alegria, a tristeza, a raiva, a excitao provocada por algo novo ou o tdio pela rotina;

    Apesar de seu individualismo, podem realizar jogos e conviver com outros meninos e meninas dentro de um ambiente de regras que regulam a vida comum;

    Progressivamente, as regras impostas pelos adultos passam a ser regras consensuais com outras crianas e adultos que ajudam a respeitar essas regras;

    Descobrem que existem pessoas com opinies diferentes e similares e isso constituir a base para a tolerncia e o respeito aos demais e aos seus diferentes modos de viver;

    Curiosos sobre a ideia de Deus esto dispostos a fazer o que Ele espera que faam, mas tambm pediro coisas concretas, agradecero a Ele seus momentos de alegria e pediro proteo e consolo em seus momentos de medo ou tristeza.

    CONHECENDO O JOVEM II

    RAMO LOBINHO

  • 10 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Do ponto de vista fsico e, salvo por seus sistemas reprodutores, os meninos e meninas entre seis anos e meio e 10 anos so muito semelhantes, mas possvel observar diferenas nos traos de personalidade, nos comportamentos, nas atitudes e nos interesses de meninas e meninos.

    Atualmente se entende que as formas de comportamento so aprendidas socialmente e dependem do ambiente em que as crianas so educadas, com os modelos que tm como referncia e com o que representam para eles uma mulher ou um homem com qual se identificam.

    Acreditamos que se deve educar na diferena, resgatando e ressaltando as infinitas possibilidades que residem nas diferenas entre homens e mulheres.

    O processo educativo deve considerar os meninos e meninas iguais diante dos direitos e garantir a todos as oportunidades de pleno desenvolvimento. Isto significa promover, entre as crianas, o conhecimento do outro, o respeito por suas particularidades e pelo carter complementar de ambos os sexos.

    necessrio dedicar tempo criana, conhecer seu ambiente, compartilhar vivncias, ser testemunha de suas reaes, compreender suas frustraes, escutar seu corao, decifrar seus sonhos.

    Essa principal tarefa de um escotista e seu sucesso depender da qualidade das relaes que estabelecer com cada um dos meninos e meninas. Essa relao deve basear-se no interesse, no respeito e na considerao.

    TRABALHO DE GRUPO

    Pesquisando nos livros De Lobinho a Pioneiro e Manual do Escotista do Ramo Lobinho, cada grupo de trabalho deve produzir um cartaz ilustrativo e elencar as principais caractersticas da criana na rea de desenvolvimento que lhe coube.

    Depois devem apresentar para todos e dar oportunidade para que os outros grupos faam acrscimos.

    ANOTAES

  • 11ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    Crianas, adolescentes e jovens possuem caractersticas prprias, porm interligadas entre as suas fases de desenvolvimento. importante que o Grupo Escoteiro e os escotistas tenham clareza de que apesar dos membros juvenis estejam divididos em Ramos nos Grupos, so seres nicos que transitam por estes Ramos e recebe de cada Ramo uma nova experincia que lhe auxilia a se tornar um cidado melhor para o mundo.

    Neste perodo de transio de passagem entre os Ramos importante que os Escotistas do Ramos que entregaro e recebero o(a) garoto(a) trabalhem sempre em conjunto. Esta simples ao propicia para que a mudana de Ramo impacte menos possvel no processo evolutivo do jovem.

    As mudanas do mundo moderno causam impactam na criana/adolescente/jovem que participa dos Grupos Escoteiros e por isto necessrio estar atento e oferecer de forma criativa e atraente as experincia na vida deles. As mudanas nas atividades e a forma de oferecer podem mudar com o passar do tempo, mas a essncia do Escotismo e os bons valores jamais mudam com as geraes.

    Abaixo, apresentamos o quadro das fases de desenvolvimento evolutivo relativo a crianas, adolescentes e jovens entre 7 e 21 anos de idade, que so atendidas pelo Movimento Escoteiro.

    RAMO ESCOTEIRO

    O Ramo Escoteiro se ocupa com os jovens que esto no perodo da Pr-Adolescncia, composta por duas fases distintas, que chamamos de pr-puberdade (entre 11 e 13 anos de idade) e puberdade (entre 13 e 15 anos de idade).

    Na primeira etapa, aproximadamente entre os 11 e 13 anos, as preocupaes do adolescente se concentram, de um modo geral, nos aspectos biolgicos do eu. Os jovens se encontram muito atarefados em se ajustar a uma velocidade inslita de amadurecimento biolgico e se voltam para eles mesmos. Como no se sentem seguros, no esto muito interessados em seus pares do outro sexo, no se propiciam contatos com eles e tendem, inclusive, a afast-los. Esta atitude muda por volta dos 13 anos, na medida em que os jovens se adaptam s novas condies, consolidam sua imagem corporal e adquirem uma nova segurana. Com o prosseguimento do desenvolvimento, as turmas do mesmo sexo cedem espao s mistas, onde se encontram jovens de ambos os sexos.

    De 13 15 anos, tambm de maneira genrica, se acentua o desenvolvimento cognitivo associado as transformaes fsicas. Aparece com mais clareza a etapa das operaes formais ou pensamento abstrato, constituda pela capacidade de pensar sobre afirmaes que no guardam relao com objetivos reais. Nesta faixa etria, os jovens demostram mais capacidade de formular, provar hipteses e de pensar em o que poderia ser, em lugar de pensar apenas no que , o que os torna mais introspectivos e analticos. O aumento do uso da ironia, a capacidade de criticar e o gosto pela utilizao de duplo sentido nas expresses do desejo de mostrar suas novas habilidades.

    Do ponto de vista do nosso Programa Educativo, essas duas faixas etrias do origem a duas colunas diferentes de objetivos intermedirios e Competncias que, embora apontem para os mesmos objetivos finais, consideram as particularidades de cada faixa etria, tal como foram descritas.

    Nesta fase, meninos e meninas so iguais e diferentes, as alteraes hormonais que despertam a adolescncia marcaro diferenas fsicas e motoras, alm de ritmos de crescimento distintos, entre o homem e a mulher.

    Tambm possvel observar diferenas em aspectos afetivos e cognitivos, que se referem aos impulsos, comportamentos, atitudes e interesses dos jovens de

    CONHECENDO O JOVEM II

    RAMO ESCOTEIRO

  • 12 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    ANOTAES

    ambos os sexos. A origem da diferena destes aspectos da personalidade que no so de natureza fsica tem gerado discusses acaloradas. No entanto, hoje se aceita, de modo geral, que as formas de comportamento de homens e mulheres so adquiridas e dependem, quase que completamente do ambiente em que os jovens foram educados e dos modelos que tiveram a seu redor, que representam para eles uma forma herdada de ser homem e ser mulher.

    O que se deve, ento, educar na igualdade, fazendo com que os jovens experimentem uma real aprendizagem da igualdade de direitos entre os homens e mulheres, garantindo a ambos os sexos as mesmas oportunidades de pleno desenvolvimento.

  • 13ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    Os mais velhos acreditam em tudo, os de meia-idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo.

    (Oscar Wilde)

    Crianas, adolescentes e jovens possuem caractersticas prprias, porm interligadas entre as suas fases de desenvolvimento. importante que o Grupo Escoteiro e os Escotistas tenham clareza de que apesar dos membros juvenis estarem divididos em Ramos nos Grupos, so seres nicos que transitam por estes Ramos e recebem de cada Ramo uma nova experincia que lhes auxilia a se tornarem um cidado melhor para o mundo.

    Neste perodo de transio de passagem entre os Ramos importante que os Escotistas dos diversos Ramos que entregar e receber o(a) garoto(a) trabalhem sempre em conjunto. Esta simples ao auxilia de maneira que a mudana de Ramo impacte o mnimo possvel no processo evolutivo do jovem.

    As mudanas do mundo moderno causam impactos nas crianas e jovens que participam dos Grupos Escoteiros e por isto necessrio estar atento e oferecer de forma criativa e atraente as experincias na vida deles. As mudanas nas atividades e a forma de oferecer podem mudar com o passar do tempo, mas a essncia do Escotismo e os bons valores jamais mudam com as geraes.

    Abaixo, apresentamos o quadro das fases de desenvolvimento evolutivo relativo a crianas, adolescentes e jovens entre 7 e 21 anos de idade, que so atendidas pelo Movimento Escoteiro.

    CONHECENDO OS JOVENS DO RAMO SNIOR

    O Ramo Snior se ocupa com os jovens que esto no perodo da Primeira Adolescncia entre 15 e 18 anos de idade.

    Evidentemente, neste perodo, os jovens tem caractersticas especficas, que se manifestam nos seus principais interesses e necessidades.

    preciso que os Escotistas estejam cientes de que os jovens so normalmente imprevisveis e raramente conseguem controlar sentimentos e emoes durante esse periodo turbulento.

    Um dos grandes dilemas saber se Sou Normal? Como neste periodo os jovens passam por uma srie incontvel de alteraes fsicas, muito comum que fiquem se olhando diante do espelho, no se sabendo se esto maravilhados ou horrorizados com o que vem. Corpos e emoes em transformao, numa velocidade alarmante. Com certo desespero, procuram ficar iguais aos amigos, ser normais, quer seja quanto aparncia fsica, quer seja quanto ao comportamento. Muitas vezes os dois juntos.

    UM PERFIL EM LINHAS GERAIS SOBRE OS DISTINTOS ASPECTOS DA PERSONALIDADE

    possvel que muitas das caractersticas apresentadas sejam familiares e o faam lembrar-se dos jovens da sua seo. Mas importante ressaltar que as caractersticas seguintes so genricas e que os jovens podem apresent-las em maior ou menor intensidade em diferentes momentos de seu desenvolvimento.

    Entre os 14 ou 15 anos e at os 17 ou 18 anos a principal caracterstica est na busca da identidade pessoal, ou seja, sentir-se estvel ao longo do tempo. Um dos sinais mais evidentes dessa busca o afastamento de sua famlia e a aproximao aos grupos de amigos.

    Enquanto as mudanas fsicas na adolescncia podem, quase sempre, ser vistas, as alteraes emocionais so complexas e no raro se apresentam como grandes desafios. Emocionalmente os adolescentes so imprevisveis. Em um dia esto psicologicamente estveis e agem com maturidade. No seguinte, tornam-se de uma hora para outra mal humorados, chorosos, zangados e reagem de forma imatura. preciso muita pacincia, compreenso e parcimnia ao lidar com tais situaes.

    CONHECENDO O JOVEM II

    RAMO SNIOR

  • 14 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Principalmente porque estes comportamentos interferem diretamente na vida de Patrulha e da Tropa.

    O grupo de amigos para o adolescente funciona como um espao intermedirio entre a famlia e a sociedade. Nos grupos eles encontram um elevado grau de intimidade e coeso o que proporciona a troca de sentimentos e idias gerando apoio e segurana. Quando estamos num grupo de iguais, fica mais fcil falar de incertezas, fantasias e desejos com a convico de se sentir compreendido e aceito.

    Abstenha-se de fazer comentrios sobre as alteraes fsicas que saltam vista. Um comentrio, por mais inocente que seja, pode provocar uma reao negativa ou o jovem pode ficar ainda mais ansioso.

    PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

    Para conhecer um pouco mais os jovens entre 15 e 18 utilizaremos o conceito de reas de desenvolvimento. Refere-se aos desafios que se enfrentam em um determinado perodo da vida para conseguir dar o prximo passo, tendo assim uma slida plataforma.

    HABITUAR-SE AO CORPO E SENTIMENTOS NO PROCESSO DE AMADURECIMENTO SEXUAL

    Mesmo que as mudanas graduais na infncia permitam que a criana v se acostumando mudana de imagem corporal, ou seja, a imagem que ele tem de seu prprio corpo; a velocidade e a intensidade das mudanas, nesta etapa torna muito difcil integr-los mantendo um senso de familiaridade e at mesmo de estabilidade consigo mesmo.

    Deve se adaptar a um corpo que rapidamente dobrou de tamanho e adquiriu caractersticas sexuais. Isto significa que o jovem deve aprender a lidar com as mudanas biolgicas e sentimentos sexuais, estabelecendo uma identidade sexual e prtica de comportamentos saudveis e habilidades para desenvolver relacionamentos amorosos.

    Neste periodo, muitos esto se tornando sexualmente ativos, isto quando no tiveram sua iniciao ainda no Ramo Escoteiro, portanto, precisam aprender o que vem a ser um comportamento responsvel e quais as consequncias da atividade sexual.

    Tambm normal e bastante comum que os adolescentes passem por um periodo em que questionam a sua sexualidade. Tambm no raro que tenham experincias com pessoas do mesmo sexo. Pode ser um singelo beijo ou ir alm disso. Experincias com outros

    do mesmo sexo no significam, obrigatoriamente, que o jovem vai assumir uma identidade homosexual. Muitos passam por perodos de incertezas, durante os quais ocorrem essas experincias.

    Para muitos jovens, uma fase traumtica, repleta de sentimentos de culpa em razo do estigma social e postura familiar ligados homossexualidade. Muitos sofrem com pesadelos e acreditam que, se sarem caa desenfreada por um parceiro do sexo oposto, a atrao que sentem por aqueles do mesmo sexo vai desaparecer. Alguns jovens se envolvem em inmeros relacionamentos heterossexuais apenas para provar que so normais. Lembre-se de que o desejo de ser normal uma das grandes preocupaes da adolescncia.

    De toda forma, o importante o Escotista saber lidar com tranquilidade com estas condutas e, principalmente, evitar uma viso preconceituosa quanto ao comportamento adotado, buscando, na maneira do possvel, envolver a famlia, para que o/a jovem se sinta bem acolhido/a.

    DESENVOLVER E IMPLEMENTAR HABILIDADES ESPECIFICAS DO PENSAMENTO FORMAL

    Os jovens se deparam com mudanas profundas em seu pensamento, agora tem a habilidade de compreender e coordenar de forma mais eficaz as ideias abstratas, pensar em diversas possibilidades, testando hipteses, projetando para o futuro, construindo filosofias e estabelecendo conceitos.

    DESENVOLVER E IMPLEMENTAR UM NVEL MAIS COMPLEXO DE PERSPECTIVA

    Quando os jovens aprendem a se colocar na posio de outra pessoa aprendem a tomar a sua prpria perspectiva e as dos outros, usando essa nova habilidade para resolver conflitos e problemas em suas relaes. A isso chamamos de empatia.

    DESENVOLVER E APLICAR NOVAS HABILIDADES DE ADAPTAO, TAIS COMO A TOMADA DE DECISES, RESOLUO DE PROBLEMAS E RESOLUO DE CONFLITOS

    A partir das novas capacidades de pensamento, os jovens adquirem novas habilidades para pensar e planejar o futuro. Assim, utilizam estratgias mais complexas no processo de deciso, resoluo de problemas e resoluo de conflitos, bem como reduzem os riscos que assumem e atingem seus objetivos ao invs de coloc-los em risco.

  • 15ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    IDENTIFICAR OS VALORES MORAIS, NORMAS DE CONDUTA E CRENAS

    Os jovens desenvolvem uma compreenso mais completa do comportamento tico. Questionam crenas apresentadas na infncia e adotam valores para orientar suas decises e comportamentos. Do ponto de vista religioso deve passar de uma f recebida no seio familiar para uma f prpria.

    COMPREENDER E EXPRESSAR EMOES MAIS COMPLEXAS

    Identificar e comunicar emoes mais complexas, entender as emoes dos outros de maneira mais sofisticada e pensar sobre as emoes de forma mais abstrata.

    A estabilidade emocional conseguida nos anos que antecederam e a segurana dos afetos dentro da famlia vo conter as oscilaes e permitiro uma direo mais estvel. J aqueles que no contaram com esta unidade e coerncia familiar na infncia e puberdade, tero que lutar com mais esforos para enfrentar as naturais crises desta fase.

    Alguns jovens se envolvem em atitudes perigosas porque esto entediados, zangados ou querem chamar ateno. Trata-se de um sentimento de ligao, de ser importante para outra pessoa ou pessoas, sobretudo para a famlia.

    Os sentimentos que afloram servem, em geral, para disfarar sentimentos profundos mais delicados. mais fcil ficar zangado do que triste ou amedrontado. Por baixo da raiva, sempre encontramos mgoa, culpa, tristeza ou medo. Normalmente a raiva a opo segura que os jovens escolhem quando esto confusos.

    O que os jovens mais querem que os escutem e que sejam valorizados. Eles aprendem a escutar quando so escutados e aprendem a confiar quando lhes atribuem responsabilidades.

    FORMAR AMIZADES INTIMA TENDO APOIO MTUO

    Nesta fase, tendem a desenvolver relacionamentos com seus pares desempenhando um papel muito mais importante do que na infncia. Elas deixam de ser amizades baseadas em compartilhar atividades e interesses para aquelas baseadas em compartilhar ideias e sentimentos.

    ESTABELECER OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA IDENTIDADE PESSOAL

    Embora o processo de formao da identidade dure toda a vida, aspectos fundamentais da identidade so forjadas na adolescncia, incluindo o desenvolvimento de uma identidade que reflete um senso de individualidade e conexo com pessoas e grupos que so valorizados. Desenvolve uma identidade positiva sobre a sexualidade, relaes de gnero, atributos fsicos e sensibilidade a diferentes grupos, etnias e nveis scio-econmicos que compem a sociedade.

    A busca por uma identidade uma das mais importantes metas que os adolescentes tm de alcanar. Cabelos verdes, cabelos azuis, brincos por todo lado, todo de preto, cabelo espetado, sem cabelo, etc. Alm disso, pode contar que estilo musical, linguagem, bijuteria, tudo que for visvel e audvel vai mudar de novo e outras tantas vezes. Os adolescentes iro sempre surpreend-lo!

    Alguns adolescentes no acham uma identidade de uma hora para outra. Para descobrirem quem so, experimentam uma sequncia de mascaras at encontrarem a que serve. Muitos escolhem participar de grupos ou tribos para terem algo com que se identificar, para pertencerem. Isto ocorre, independentemente de fazerem parte do Movimento Escoteiro e estarem inseridos numa Patrulha.

    RESPONDER AS DEMANDAS QUE IMPLICAM EM FUNES E RESPONSABILIDADES DECORRENTES DO AMADURECIMENTO

    Gradualmente assume o papel que deles se espera na vida adulta, eles aprendem habilidades para adquirir e gerenciar os mltiplos requisitos que lhes permitam ser inseridos no mercado de trabalho, de modo a corresponder s expectativas da famlia e da comunidade, como cidados.

    Na fase intermediria da adolescncia, os jovens comeam a refletir sobre as opes de carreira profissional. Isto quando no foram inseridos no Mercado de trabalho, sem qualquer qualificao, por razes socio-familiares. Porm, normalmente, na ps-adolescncia que so levados a considerer planos e objetivos de longo prazo.

    Em qualquer das etapas da adolescncia podemos proporcionar aos jovens alguns estmulos, por meio de atividades vivenciadas, que os inspire, e da, quem sabe, comearem a pensar: Bem, isso o que quero ser. o que realmente quero fazer da minha vida. Porm, devemos tambm lembrar que no somos os nicos influenciadores

  • 16 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    para tal e, por isso, no se torna uma obrigao que os jovens encontrem, em nossas atividades, seu futuro profissional.

    REFORMULANDO RELAES COM OS ADULTOS QUE EXERCEM O PAPEL DE PAIS OU RESPONSVEIS

    Embora s vezes o processo da adolescncia seja descrito como separar dos pais ou outros responsveis, hoje temos a interpretao no sentido de um esforo conjunto de adultos e adolescentes para estabelecer um equilbrio entre autonomia e conexo contnua, enfatizando um ou outro antecedente de acordo com cada famlia e as tradies culturais.

    CADA JOVEM UMA HISTRIA E UM PROJETO QUE NO SE REPETE

    Contudo, evidente que nem todos os jovens so iguais e que nem todos enfrentam as mesmas demandas do seu ambiente. Um jovem do interior possui prioridades e necessidades diferentes de um jovem de uma grande cidade, por exemplo. O mesmo princpio de aplica se consideradas diferenas culturais, econmicas, etc.

    Mesmo assim, todos os adolescentes compartilham certo numero de experincias e problemas comuns. Todos passam por mudanas fsicas e fisiolgicas na puberdade. Todos enfrentam a necessidade de estabelecer a sua identidade e traar o seu prprio caminho como membro independente da sociedade. Contudo e no obstante, diferentemente do que de forma comum se apresentam em muitas palestras, no existe uma identidade nica, um adolescente ou a possibilidade de generalizao os jovens de hoje. Essas so simplificaes equivocadas e exageradas, principalmente se vierem acompanhadas de percepes euforicamente positivas (como o futuro da Nao) ou negativas (como o reflexo de todo o mal da nossa sociedade)

    Mas, no basta ao adulto educador no Movimento Escoteiro saber o que a adolescncia, a puberdade e quais so os desafios que se apresentam aos jovens entre 15 e 18 anos. Para essa etapa de desenvolvimento e de grandes mudanas (irregulares e individuais), necessrio, conhecer a cada jovem pessoalmente.

    Para tanto, fundamental observar as particularidades que tornam nica a personalidade de cada jovem e que dependem da gentica e do ambiente - do lugar onde nasceu, da ordem que ocupa entre seus irmos, da escola em que estuda, dos amigos e amigas com quem convive ao seu redor, da forma na qual se tem desenvolvido sua vida. Enfim, da sua histria nica e de sua realidade individual.

    Para obter essa informao de cada jovem que integra a Tropa Snior ou Guia no bastam livros, cursos e nem manuais. necessrio tempo para compartilhar, conhecer o seu ambiente, viver os mesmos momentos, ser testemunha de suas reaes, entender as suas frustraes, escutar seu corao, decifrar seus sonhos... Esse esforo a primeira tarefa de um Escotista e seu xito depender da qualidade das relaes que estabelea com cada jovem. Uma relao educativa que expresse interesse, respeito e considerao.

    Uma personalidade integrada com sucesso depender da vitria razovel na passagem de todos s fases anteriores do desenvolvimento. Alm disso, tambm depender da soluo de numerosas tarefas especficas da adolescncia a fim de que ao final deste perodo este adolescente se forme um adulto razoavelmente autossuficiente. Neste perodo se alcanou o ponto decisivo de sua jornada. a hora de caminhar por si s.

    Mais detalhes sobre as caractersticas dojovem que faz parte da sua Tropa Snior podem ser encontrados na publicao De Lobinho a Pioneiro

    ou no Manual do Escotista Ramo Snior.

    ANOTAES

  • 17ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    Crianas, adolescentes e jovens possuem caractersticas prprias, porm interligadas entre as suas fases de desenvolvimento. importante que o Grupo Escoteiro e os escotistas tenham clareza de que, apesar dos membros juvenis estarem divididos em Ramos nos Grupos, so seres nicos que transitam por estes Ramos e recebem de cada um deles uma nova experincia que lhes auxiliam a se tornar um cidado melhor.

    Abaixo, apresentamos o quadro das fases de desenvolvimento evolutivo relativo a crianas, adolescentes e jovens entre 7 e 21 anos de idade, que so atendidas pelo Movimento Escoteiro.

    OS JOVENS DO RAMO PIONEIRO

    Devido a fatores sociais, aos avanos da nutrio e aos cuidados com a sade em geral, a adolescncia comea, em mdia, antes do que comeava h um sculo, por volta dos 10 anos de idade.

    Da mesma maneira, se considerarmos como final da adolescncia o momento em que o jovem assume papis de adulto, tais como casamento, maternidade ou paternidade e o emprego estvel, a adolescncia ultimamente termina depois.

    O perodo da adolescncia, compreendido tradicionalmente entre os 10 e 18 anos de idade, hoje se estende um pouco alm, em um perodo que se denominou adolescncia tardia.

    Atualmente, tende-se a reconhecer trs perodos na adolescncia:

    Adolescncia prematura: dos 10 aos 14 anos Adolescncia mdia: dos 15 aos 18 anos Adolescncia tardia: dos 18 aos 25 anos aproximadamente,

    Todas estas divises so relativas e devem ser considerados os contextos sociais, culturais e a biografia individual.

    Por ser a idade de interesse do Ramo Pioneiro, o texto se concentra nas caractersticas da faixa etria dos 18 aos 21 anos.

    ALGUMAS CARACTERSTICAS DA ADOLESCNCIA TARDIA

    1. Continua a explorao para construo da identidade

    O jovem nesta fase explora vrias possibilidades de amor e trabalho. Obtm concluses sobre quem , quais so suas capacidades e limitaes, quais so suas ideias, valores e que lugar ocupa na sociedade. Essas exploraes fazem com que, nessa etapa, ainda exista instabilidade. Por outro lado, cabe lembrar que o sentido da identidade no se consegue de uma vez e para sempre; constantemente, se perde e se recupera, ainda entre os adultos.

    2. Sente-se no meio do caminho

    J no considerado adolescente, mas tambm no considerado plenamente adulto. Sente que alcanou o amadurecimento em alguns aspectos, mas em outros no.

    3. a idade das possibilidades, das esperanas e das expectativas

    J que pouco dos sonhos juvenis foram testados na vida real. Para a maioria dos jovens, a margem de autonomia para tomar decises de como viver maior do que antes e, provavelmente, tambm menor do que ser no futuro.

    CONHECENDO O JOVEM II

    RAMO PIONEIRO

  • 18 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    4. Surge o pensamento dialtico e o juzo reflexivo

    O jovem evolui de uma forma de pensamento dual, por meio do qual se tende a enxergar as situaes em termos polarizados (um ato certo ou errado, uma afirmao verdadeira ou falsa, independentemente dos refinamentos ou da situao a que se aplique), a um pensamento mltiplo ou pensamento dialtico, no qual cada questo tem outros lados, valorizando todos os pontos de vista. consciente de que os problemas no tm uma soluo nica, e que as estratgias ou pontos de vista contrrios tm seus mritos e devem ser considerados. Do pensamento dialtico, surge o juzo reflexivo que consiste na capacidade de avaliar a coerncia lgica de provas e argumentos.

    5. Tambm aparece o pensamento crtico e a capacidade de compromisso

    Na adolescncia tardia aparece, tambm, o pensamento crtico. Trata-se do pensamento que no somente implica a memorizao de informao, sem analis-la, mas tambm fazer juzo sobre seu significado, relacion-la com outra informao e considerar porque vlida ou invlida. A capacidade de compromisso tem a ver com a possibilidade da pessoa assumir aqueles pontos de vista que considera vlidos, enquanto continua aberta a reavaliar suas opinies caso se apresentem novas provas.

    6. Dissolve-se o egocentrismo

    medida que aprendem a considerar ou adotar a perspectiva dos outros, os jovens se tornam menos egocntricos, como parte do processo que os aproxima da maturidade. O jovem entende que a outra pessoa tem uma perspectiva diferente da sua, e se d conta, tambm, de que as outras pessoas entendem que ele tem sua prpria perspectiva.

    7. Melhora da autoestima

    A autoestima o sentimento de valorizao e bem estar pessoal que uma pessoa tem de si mesma. Imagem pessoal, conceito pessoal e auto-percepo so conceitos relacionados que se referem forma como as pessoas se veem e se avaliam. Na adolescncia Tardia, o jovem j passou pelas mudanas difceis da puberdade e se sente mais confortvel com sua aparncia, aumentando a autoestima na maioria dos casos. Melhora a relao com seus pais e os conflitos diminuem.

    8. A relao com os parceiros ganha em intimidade e confiana

    Os parceiros nunca deixam de influenciar na adolescncia. Na adolescncia tardia, ocorre diferente; diminui como presso de grupo e aumenta como fonte de conselho pessoal e apoio emocional. Os jovens costumam dedicar mais tempo a conversas sobre temas importantes para eles do que a atividades compartilhadas.

    9. A relao com a famlia se estrutura mais horizontalmente

    Na adolescncia tardia, aumenta a capacidade dos jovens de entender seus pais. medida que amadurecem, mostram-se mais capazes de compreender a forma como seus pais veem as coisas. Da mesma maneira, os pais tendem a mudar a forma como veem e se relacionam com seus filhos. Diminui o papel de superviso e a relao torna-se mais ampla e amvel. Nasce uma nova intimidade com senso de respeito mtuo. Esta tendncia melhor observada nos casos em que os jovens saem da casa da famlia. Estes jovens tendem a se dar melhor com seus pais do que os que permanecem em suas casas.

    10. O Trabalho torna-se relevante

    O trabalho no somente importante do ponto de vista econmico (autonomia econmica), mas tambm como possibilidade de realizao dos direitos de cidado, acesso informao e vnculos sociais. Dele depende a implementao de outros projetos na vida do jovem, como, por exemplo, conseguir seu espao prprio e a vida em parceria. Entre os jovens, so frequentes os empregos temporrios que no tm relao com um futuro trabalho adulto. Geralmente, os jovens tm acesso a empregos no qualificados, o que implica em poucas oportunidades de crescimento e baixo reconhecimento social, o que se denomina precarizao do emprego (trabalho flexvel). O acesso a um emprego, cada vez mais, requer maior extenso dos anos de escolaridade. Ao constituir-se o trabalho no valor principal obre o qual giram parte das possibilidades de realizao pessoal, qualquer problema com esse origina sentimentos de desnimo e falta de esperana. Por isso, ao falar dos projetos, o assunto emprego deve ser prioritrio.

  • 19ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    11. O amor nesta etapa

    Nas relaes amorosas entre adolescentes, difcil que o compromisso exista, e, se existe, oscilante. Enquanto algumas relaes podem prolongar-se, na maior parte dos casos durar pouco. No significa que no sejam capazes de se comprometer, mas que o faro ao final da adolescncia tardia. claro que todos conhecemos algumas excees bem sucedidas.

    12. A influncia dos meios de comunicao

    Atualmente, os jovens crescem imersos em um mundo de mdia e, para a maioria deles, um tema especial e fascinante. Este mundo moldado pela televiso, pela msica, pelo cinema, pelas redes sociais, videogames, telefones celulares, etc. Os meios de comunicao tendem a usar os jovens como usurios ativos e no como receptores passivos. Por sua vez, os jovens selecionam os diversos meios e relacionam de maneira diferente s mesmas experincias, fazendo uso deles como entretenimento, busca de sensaes, formao de identidade ou identificao com a cultura juvenil. A tecnologia desempenha um papel predominante entre os jovens. Esta uma gerao que, em geral, est mais capacitada para utilizar a tecnologia.

    13. A globalizao produz uma identidade bicultural

    Enquanto a globalizao faz com que jovens de diferentes culturas experimentem ambientes cada vez mais parecidos, isso no significa que a identidade cultural

    seja a mesma em todas as partes do mundo. A identidade dos jovens est se tornando cada vez mais bicultural, com uma identidade para sua partipao em sua cultura e outra na cultura global.

    14. Esta uma etapa com nfase cultural

    A existncia e o prolongamento dessa etapa variam de acordo com contextos culturais, sociais, econmicos, ambiente rural ou urbano, e de gnero. As trajetrias de construo da identidade so fortemente influenciadas pela classe social e pelo gnero. Os adultos responsveis devem aprender a analisar os aspectos de desenvolvimento de seus jovens a partir dos aspectos culturais. A adolescncia, e em especial esta etapa denominada adolescncia tardia, uma construo cultural e no um fenmeno puramente psicolgico ou biolgico. Isto faz com que as caractersticas dessa etapa variem no somente de um pas a outro, mas tambm de uma cidade a outra e at mesmo de um bairro a outro, especialmente em pases com diversidade cultural. Por isto, especialmente nesse Ramo, os adultos responsveis devem adaptar a aplicao do mtodo escoteiro realidade cultural dos diferentes ambientes em que atuam os jovens.

    Leia mais sobre o assunto, no Manual doEscotista do Ramo Pioneiro e no livro De lobinho apioneiro: a criana e o jovem com quem lidamos.

    ANOTAES

  • 20 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    ANOTAES

  • 21ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    SISTEMA DE EQUIPE

    A ALCATEIA

    A Alcateia a Seo do Grupo Escoteiro para crianas de 6,5 a 10 anos, podendo ser composta apenas de Lobinhos, apenas de Lobinhas ou ter uma composio mista. No caso das Alcateias mistas, deve-se procurar alcanar um nmero equilibrado de meninos e meninas, admitidas as variaes que decorrem das circunstncias naturais na vida da Seo.

    Para a organizao das crianas e melhor funcionamento da Alcateia, os escotistas a dividem em pequenos grupos denominados Matilhas, cada uma delas composta por at seis lobinhos e lobinhas.

    Do ponto de vista educacional, as matilhas no chegam a ser comunidades de vida, como acontece com as Patrulhas e Equipes, em outros Ramos. Assim, as atividades so mais frequentemente realizadas pela Alcateia, como um todo, do que pelas Matilhas.

    por isso que dizemos que a unidade da Alcateia a prpria Alcateia. O esprito de grupo est na Alcateia em si, pois os lobos caam todos juntos e as matilhas servem apenas para melhor planejar a caada. Devemos enfatizar e estimular essa unidade, baseando-se tanto na mstica do menino lobo que aprendeu a conviver em uma sociedade organizada, harmoniosa e obediente lei, como nos prprios princpios da Lei e na Promessa do Lobinho.

    A Alcateia congrega at 24 Lobinhos divididos em 4 matilhas.

    AS MATILHAS

    As matilhas so equipes compostas por 4 a 6 crianas com a finalidade de organizar melhor o funcionamento da Alcateia.

    Do ponto de vista educativo, as Matilhas no chegam a ser uma comunidade de vida, como acontece com as Patrulhas nos Ramos Escoteiro e Snior, mas j o primeiro passo na vivncia do sistema de equipes, to caracterstico do Escotismo.

    De qualquer forma, as Matilhas se constituem em um ncleo educativo, pois a organizao em pequenos grupos facilita a exposio do ponto de vista das crianas, favorece a aprendizagem das responsabilidades, a iniciativa pessoal e as decises tomadas em grupo,

    aspectos que uma criana teria dificuldade de desenvolver em um grupo maior.

    O lobo o animal smbolo de todas as Matilhas, que se distinguem numa mesma Alcateia pelas cores tpicas de suas pelagens, ou seja: Matilha Preta, Matilha Cinza, Matilha Branca, Matilha Vermelha, Matilha Marrom ou Matilha Amarela.

    PRIMO (A) E SEGUNDO (A)

    A matilha liderada por um lobinho ou lobinha, denominado Primo (no sentido de primeiro) ou Prima, auxiliado e substitudo em suas ausncias por outro lobinho ou lobinha, denominado Segundo ou Segunda. Ambos so eleitos pela prpria Matilha, de acordo com as orientaes descritas no Manual do Escotista - Ramo Lobinho.

    As atribuies dos Primos variam segundo as atividades e de acordo com a experincia do lobinho e da lobinha que exerce a funo. Eles (as) auxiliam os escotistas na organizao e funcionamento da sua Matilha.

    ORIENTAES IMPORTANTES:

    A matilha um grupo estvel e coeso, no uma estrutura ocasional. Por meio da vivncia e aes, seus integrantes auxiliam uns aos outros (os que mais sabem ajudam os que menos sabem);

    Tem um lder eleito pelas crianas: o Primo ou Prima assume um papel relevante na animao da matilha e no cumprimento de suas tarefas, auxiliado pelo Segundo ou Segunda.

    SISTEMA DE PARTICIPAO: ROCA DE CONSELHO

    SISTEMA DE EQUIPE E SISTEMA DE PARTICIPAO

    RAMO LOBINHO

  • 22 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Como a Alcateia de Seeonee, que reunia todos os lobos em um Conselho, a Alcateia tambm se rene como um rgo que toma decises e, seguindo a tradio do Povo Livre, realizada uma atividade especial denominada Roca de Conselho, da qual participam os escotistas e todos os lobinhos e lobinhas, mesmo que ainda no tenham feito a Promessa Escoteira.

    Durante a Roca de Conselho somente se decidem assuntos que so muito especiais para a Alcateia e para seus integrantes como:

    A acolhida de novos lobinhos; A despedida de lobinhos e lobinhas que passam para o Ramo Escoteiro ou de Escotistas que deixam a Alcateia; A aprovao do calendrio de atividades de um ciclo de programa; A avaliao do que se realizou durante o ciclo de programa; e Outros assuntos importantes ou especiais que possam surgir.

    Em nenhum caso se analisam assuntos relacionados com a organizao e com a rotina, j que esses se discutem muito brevemente todas as semanas, no comeo ou no fim das reunies normais da Alcateia. As formalidades da Roca de Conselho so as seguintes:

    So convocadas com uma semana de antecedncia, indicando previamente os temas sobre os quais se pretende conversar; Os membros da Alcateia devem comparecer corretamente vestidos conforme uma das opes descritas no POR; Devem ser realizadas em um local especial ou, se isso no possvel, na prpria Gruta, devidamente ambientada para a ocasio; Um certo ritual marcar o incio e o trmino da reunio: o canto do hino da Alcateia, o Grande Uivo, uma reflexo especial.

    Apesar dessas formalidades, as reunies devem ser simples, dinmicas e durar no mais que 20 a 30 minutos.

    ANOTAES

  • 23ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    SISTEMA DE EQUIPE

    SISTEMA DE PATRULHAS

    O Sistema de Patrulhas foi idealizado por Baden Powell para contemplar a tendncia natural dos jovens em formar pequenos grupos em torno de um lder, a fim de realizar uma atividade de interesse comum.

    O sistema de patrulhas uma forma de organizao e aprendizagem, com base no Mtodo Escoteiro, pelo qual os jovens amigos integram uma forma livre e com nimo permanente, um pequeno grupo com identidade prpria, a fim de desfrutar de suas amizades, apoiar-se mutuamente em seu desenvolvimento pessoal, comprometer-se em torno de um projeto comum e interagir com outros grupos similares.

    CARACTERSTICAS BSICAS DAS PATRULHAS

    O ingresso na patrulha voluntrio: Este elemento a prpria essncia do Grupo informal. O fato de pertencer ou no a uma patrulha um ato que depende da escolha do jovem e de sua aceitao pelos demais integrantes. Os jovens preferem conviver com as pessoas que gostam, com as pessoas que se sente a vontade, com amigos com quem tenham interesses comuns.

    um grupo coeso de carter permanente: A patrulha no uma estrutura ocasional projetada para a conquista de um objetivo imediato. um grupo estvel com membros permanentes que, por meio da vivencia e da ao de seus integrantes, constri uma histria, cria tradies e assume compromissos comuns, transmitindo tudo isso, progressivamente, a cada um de seus novos integrantes.

    Quantidade de integrantes: No existe um nmero ideal de integrantes da patrulha, mas, a experincia recomenda que tal nmero no seja inferior a 5 nem superior a 8. Dentro dessas margens, o melhor numero aquele que tem o nmero de amigos ou aquele que o os prprios membros do grupo entendem ser o melhor. O melhor ou pior funcionamento de uma patrulha no depende do nmero de integrantes, mas da sua coeso interna.

    Tem sua prpria identidade: A identidade de uma patrulha como grupo informal sua conscincia de ser de uma determinada maneira, ao longo do tempo e apesar das diferentes situaes que se pode apresentar. A estrutura interna, a posio e os papeis que atribui a seus integrantes, suas normas seu estilo de liderana e os smbolos que adota guardam uma relao bastante estreita de sua identidade.

    A posio que os jovens se atribuem determina os papeis e as tarefas internas: A posio lugar que os integrantes de um grupo reconhecem que cada um deve ocupar dentro do grupo. N os grupos formais, a posio se baseia, como regra geral, na funo desempenhada na organizao formal, nos grupos informais, entretanto, a posio pode estar baseada em qualquer circunstancia relevante para o grupo. Na patrulha a atribuio de posio decorre da idade, da antiguidade de participao no Movimento Escoteiro, da experincia, dos vnculos afetivos, das condies pessoais e das habilidades especficas.

    A posio que os jovens se atribuem quase sempre determina a hierarquia formal dentro da patrulha. De acordo com ela as patrulhas costumam designar seus membros para exercer cargos. Dentre estes cargos esto;

    Monitor Sub Monitor Secretrio Tesoureiro Cozinheiro Enfermeiro Animador Almoxarife

    Podem ainda haver outros cargos, que surgem espontaneamente das necessidades de organizao da patrulha.

    Os jovens fazem periodicamente um rodzio entre os cargos, avaliando-os e redistribuindo-os de acordo com as atividades em desenvolvimentos. Admite-se, contudo, que se o Conselho de patrulha assim o desejar, qualquer um possa ser reeleito para um dado cargo, observando o cuidado para que no haja acomodao.

    SISTEMA DE EQUIPE E SISTEMA DE PARTICIPAO

    RAMO ESCOTEIRO

  • 24 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Conselho de patrulha: O conselho de patrulha funciona como uma instancia formal de tomada de decises relevantes, e dele participam todos os integrantes da patrulha, sob a presidncia do Monitor. Suas reunies podem acontecer sempre que a patrulha considere necessrio, sem que converta, pela excessiva frequncia, na reunio habitual de patrulha, que tem uma funo bem mais operacional. As decises tomadas no Conselho de Patrulha devem ser registradas no livro da Patrulha.

    SISTEMA DE PARTICIPAO

    CORTE DE HONRA NA TROPA ESCOTEIRA

    A Corte de Honra o rgo formado pelos Monitores da Tropa, com ou sem a participao dos Submonitores, que se rene com a equipe de escotistas. presidida por um dos membros juvenis e age como principal rgo executivo da Tropa.

    A Corte de Honra responsvel pela administrao interna da Tropa, devendo evitar, por todos os meios cabveis, a criao de regulamentos e normas que a burocratizem e lhe retirem a agilidade de funcionamento. Ela serve como ponto de encontro para onde convergem os interesses das Patrulhas que, mediante a democrtica negociao, se convertem em interesses da Tropa como um todo, inclusive nos casos relacionados com a aplicao de medidas disciplinares e concesso de Distintivos Especiais, devendo se reunir pelo menos uma vez por ms.

    A equipe de escotistas assessora e orienta educativamente as reunies da Corte de Honra, cabendo como adultos responsveis, oferecer informaes e orientaes que assegurem o carter educativo das decises e a segurana fsica e psicolgica dos envolvidos. Compete ao Chefe de Seo, como obrigao legal e educacional, sempre que necessrio, estabelecer parmetros e limites para a deciso de seus integrantes, explicando suas razes da forma mais clara possvel.

    A ASSEMBLIA DE TROPA

    A assemblia integrada por todos os jovens da Tropa, que intervm individualmente e no como representantes de suas patrulhas. Rene-se ao menos duas vezes em cada ciclo de programa ou quando for necessrio. Quem a preside o jovem que for eleito com esse propsito ao comeo da Assemblia.

    Os escotistas participam da Assemblia orientando-a e, embora no votem, podem vetar em casos raros e extremos que forem contra a Lei e a Promessa Escoteira,

    regras escoteiras, legislao vigente ou nas questes relativas segurana nas atividades.

    Cada vez que na tropa se devam estabelecer normas de funcionamento ou convivncia, estas sero determinadas na Assemblia de Tropa. Como as normas afetam a todos, todos devem tomar parte na sua criao. Nisso reside o principal auxlio da Assemblia no funcionamento do sistema.

    CONSELHO DE PATRULHA

    O Conselho de Patrulha a reunio formal dos membros da Patrulha, sob a presidncia de seu Monitor, para tratar de todas as tarefas necessrias ao desenvolvimento de cada Ciclo de Programa e auxiliar na avaliao da progresso pessoal de seus integrantes.

    O Conselho de Patrulha delibera sobre todos os assuntos de interesse da Patrulha, inclusive suas atividades, admisso de novos membros, problemas de administrao, treinamento e disciplina.

    PROCESSO DE TOMADA DE DECISES

    A tomada de decises um importante componente do auto desenvolvimento do jovem. Aprender a decidir, muitas vezes, significa abrir mo de alguma coisa para ter outra ou estabelecer prioridades.

    Os jovens podem e devem assumir o risco de suas decises. Aprender a decidir e assumir os riscos da deciso um treinamento para a vida.

    Erros vo acontecer. Os resultados podem at causar decepo ou frustrao. Deve-se no entanto ter em mente que este um exerccio simulado da vida como adulto. Quanto antes o jovem praticar este jogo, tanto antes ele estar apto a assumir o seu destino.

  • 25ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    ANOTAES

  • 26 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    ANOTAES

  • 27ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    SISTEMA DE EQUIPE

    SISTEMA DE PATRULHAS

    Em todos os casos, como um passo decisivo para o sucesso, recomendaria muitssimo o uso do Sistema de Patrulhas, isto , a formao de pequenos grupos, cada um sob a responsabilidade de um rapaz encarregado da liderana.

    As palavras acima citadas encontram-se nas pginas iniciais da primeira edio do livro Scouting for Boys (Escotismo para Rapazes), publicado em 1908, num prembulo para os formadores.

    Desde ento, muitas coisas tm acontecido, sendo que uma das mais surpreendentes foi o grande nmero de edies desse livro de Baden-Powell. E se algum abrir a ltima edio, encontrar as seguintes palavras: Geralmente o Escotismo praticado por um par de escoteiros e s vezes por um Escoteiro sozinho; se um nmero maior se junta para p-lo em prtica, chama-se a isto uma Patrulha.

    Trecho extrado do livro O Sistema de Patrulhas do Cap. Roland E. Phillips, da Editora Escoteira:

    Devemos atribuir ideia fundamental contida nos dois trechos citados a maior parte do xito obtido em seu trabalho pelos Chefes Escoteiros no Brasil e ao redor do mundo.

    Mas o que o Sistema de Patrulhas?

    Ainda citando Baden Powell:

    O principal objetivo do Sistema de Patrulhas dar responsabilidade real a tantos rapazes quanto seja possvel. Isto faz com que cada rapaz sinta que tem, pessoalmente, alguma responsabilidade pelo bem de sua Patrulha.

    (Devemos lembrar que na poca, o Escotismo era exclusivamente masculino)

    O Sistema de Patrulhas a denominao que recebe a aplicao do terceiro ponto do Mtodo Escoteiro: ou seja a vida em equipe que inclui:

    a descoberta e a aceitao progressiva da responsabilidade;

    a disciplina assumida voluntariamente e a capacidade tanto para cooperar como para liderar.

    Mas isso s possvel se os pontos que o caracterizam forem mantidos e colocados em prtica com:

    um ambiente divertido pequenas unidades permanentes

    Baden Powell observando a tendncia natural dos jovens em formar pequenos grupos em torno de um lder, partiu desta observao bsica para a criao do Sistema de Patrulhas. A disciplina e as responsabilidades assumidas no Sistema de Patrulhas treinam os jovens na tomada de decises, que em ltima anlise, o que os jovens assumam o seu prprio desenvolvimento, do propsito do Escotismo. A prtica de B-P. na formao de soldados e mais tarde, em tcnicas de jovens, o levou a crer que o Sistema de Patrulhas a melhor forma de desenvolver o trabalho de formao do carter a que o Escotismo se prope.

    O Sistema de Patrulhas , ento, a organizao de aprendizagem com base no Mtodo Escoteiro, pelo qual jovens amigos integram de forma livre e com nimo permanente um pequeno grupo com identidade prpria, com o propsito de desfrutar sua amizade, apoiar-se mutuamente em seu desenvolvimento pessoal, comprometer-se em um projeto comum e interagir com outras patrulhas.

    Para que o sistema de patrulhas funcione corretamente, seguem algumas orientaes importantes:

    O ingresso na patrulha voluntrio: o fato de pertencer ou no a uma patrulha um ato que depende da prpria escolha do jovem e da aceitao do resto dos integrantes da patrulha. Deve haver, naturalmente, um respeito aos demais requisitos do programa, como o nmero mximo de jovens em uma patrulha e, nos casos de coeducao com patrulhas mistas, um equilbrio numrico de rapazes e moas.

    um grupo coeso de carter permanente: no uma estrutura ocasional. um grupo estvel que mantm os mesmos membros, que atravs da vivncia e aes de seus integrantes constri uma histria, estabelece tradies e tem em comum seu compromisso;

    SISTEMA DE EQUIPE E SISTEMA DE PARTICIPAO

    RAMO SNIOR

  • 28 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    Tem identidade prpria, autnoma e autossuficiente: cada um da patrulha tem sua identidade, seus smbolos (nome, sua bandeirola, seu local e seu livro de patrulha), forma de ser e caractersticas diferentes das outras patrulhas. Cada uma das patrulhas da Tropa deve ser autnoma, ou seja, ter sua prpria vida independente da Tropa, inclusive criando suas prprias normas, desde que coerentes com os valores propostos pela Lei Escoteira. Tambm, cada patrulha autossuficiente, j que deve buscar resolver seus problemas sozinhas, sem a necessidade de apoio de outras patrulhas ou mesmo dos escotistas da tropa.

    Realiza atividades por sua conta e com outras patrulhas da Tropa: a patrulha tem vida prpria. Com isto queremos dizer que realiza suas prprias atividades, projetos e reunies independente das que realizam com a Tropa. As patrulhas tambm propem atividades para fazer com as outras patrulhas da Tropa.

    As funes so atribudas e h tarefas para cada integrante: as patrulhas designam aos seus membros diferentes encargos. Cada jovem deve ter a oportunidade de ser responsvel por uma tarefa e exercer um encargo por um tempo no menor que o tempo de um Ciclo de Programa, estimulando com isso o exerccio da liderana na patrulha por todos, conforme a situao se apresente. Tambm deve ter a oportunidade de exercer diferentes responsabilidades.

    Tem um lder eleito pelos jovens: o Monitor de patrulha um jovem integrante da Patrulha, eleito pelos outros jovens, e que assume um papel relevante na direo e animao da equipe;

    Tem uma nica instncia formal de tomada de decises, o Conselho de Patrulha: espao que se toma as decises mais importantes da patrulha e do qual todos participam. Suas reunies podem realizar-se cada vez que a patrulha perceba ser necessrio, sem que sua excessiva frequncia o converta na reunio habitual de patrulha (na que a patrulha realiza atividades). Trata assuntos como: aprovao das atividades da patrulha para um ciclo de programa e das atividades propostas para serem realizadas pela Tropa; avaliao das atividades de patrulha e auto avaliao de progresso pessoal de cada jovem; eleio do Monitor da patrulha; administrao dos recursos; determinao de cargos e avaliao de seu desempenho. As reunies do Conselho de Patrulha devem ser registradas na ata da patrulha;

    Aprende atravs das aes: os jovens aprendem atravs das aventuras e desafios que vivem juntos na patrulha, planejando atividades, organizando-as, gerando recursos, avaliando resultados e aprendizagens, auxiliando uns aos outros (os que mais sabem ajudam os que menos sabem);

    Interage com outras patrulhas da Tropa: a patrulha interage com as outras patrulhas, competindo e cooperando. Interage tambm com os Escotistas e com os outros membros do Grupo Escoteiro.

    Ambiente divertido: Ao mesmo tempo em que atribui responsabilidades, o Sistema de Patrulhas proporciona divertimento. A aventura, a ao, alegria e o ambiente fraterno predominante em todas as atividades faz com que cada atividade ou cada instante seja vivido intensamente pelos jovens. Este um ponto fundamental que difere o Escotismo de qualquer outro sistema educacional - o de direcionar para o trabalho sem priv-lo do aspecto prazeroso.

    Cabe ao Escotista da Seo orientar seus Monitores de tal forma que suas Patrulhas tenham membros satisfeitos de a ela pertencerem, trabalhando juntos e divertindo-se juntos. No h como conseguirem que a Patrulha trabalhe reunida, de uma forma produtiva e harmoniosa se as desavenas entre seus membros no permite que se goze com alegria os momentos que todos esto juntos.

    Em ltima anlise, o que buscamos o conjunto de todos os elementos apresentados, que simplesmente a felicidade que todos almejam, to brilhantemente prevista por B-P. no Sistema de Patrulhas.

    PATRULHAS NO RAMO SNIOR

    Na Tropa Snior as Patrulhas podem conter de quatro a seis jovens. No caso de tropas mistas, as Patrulhas tambm podem ser compostas por jovens de ambos os sexos, apenas por seniores ou apenas por guias, se os jovens assim desejarem. Isso porque com menos de 4 jovens, a diviso de encargos fica muito pesada para os jovens, e com mais de 6 as relaes que devem ser profundas entre os jovens, tornam-se superficiais.

    Cada Patrulha Snior/Guia adota um nome caracterstico, que pode ser o de acidente geogrfico ou o de uma tribo indgena nacional.

  • 29ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    DIFERENAS ENTRE A PATRULHA DE ESCOTEIROS E A PATRULHA SNIOR

    Patrulha de Escoteiros Patrulha Snior

    A patrulha escoteira um grupo de amigos mais

    orientado ao

    A Patrulha Snior um grupo de amigos mais orientando relao

    Isto produz conseqncias

    Tem de 6 a 8 integrantes Tem de 4 a 6 integrantes

    Podem ser verticais ou horizontais

    Tendem a ser horizontais

    Alm da amizade, sua coeso requer Homogeneidade

    A coeso se baseia fundamentalmente na Profundidade da

    relao

    Todas as atividades dos pequenos grupos so

    por patrulha

    Algumas atividades e projetos se realizam por

    equipes de interesse temporrias.

    A liderana mais permanente e o monitor

    da patrulha, que personifica as aspiraes dos demais jovens, um iniciador de aes da

    patrulha

    A liderana mais rotativa e menos

    personalizada, sem que o monitor perca seu carter

    de educador dos pares.

    Como existe uma relao de amizade, mas no seletiva, os conflitos

    esto mais relacionados com a liderana, as operaes e a ao.

    Como h relaes mais intensas e profundas com

    amigos mais seletivos, podem aumentar os conflitos de carter

    emocional.

    MONITOR (A) E SUBMONITOR (A)

    Cada Patrulha liderada por um dos seus integrantes, eleito pela prpria Patrulha e nomeado pelo Chefe de Seo para ser Monitor. O Monitor auxiliado em suas atribuies pelo Submonitor, o qual indicado pelo Monitor, com a aprovao do Conselho de Patrulha.

    O Monitor e o Submonitor no necessitam ter um mandato de durao predeterminada e ocuparo seus cargos segundo avaliao conduzida pelo Conselho de

    Patrulha. O exerccio da liderana parte do Programa Educativo e todos devem ter a oportunidade de exerc-la.

    O Monitor um jovem que est desenvolvendo sua capacidade de liderana. Como tal, responsvel pela administrao, disciplina, treinamento e atividades de sua Patrulha. Preside o Conselho de Patrulha, organiza a programao das reunies e demais atividades, transmitindo aos companheiros os conhecimentos, habilidades e tcnicas escoteiras. Cabe-lhe zelar para que seus companheiros distribuam entre si, segundo critrios prprios de cada Patrulha, as tarefas e os encargos necessrios ao seu bom funcionamento.

    ENCARGOS NA PATRULHA

    Para assegurar o comprometimento de todos com o funcionamento da Patrulha e objetivando o sucesso de suas atividades, o Conselho de Patrulha, segundo seus prprios critrios e suas avaliaes de desempenho, deve estabelecer responsabilidades especficas denominadas ENCARGOS, que propiciam o desenvolvimento da capacidade de gerir responsabilidades, de liderar e ser liderado e trabalhar em equipe. Esses encargos esto descritos no POR, mas permitido s patrulhas criar outros alm dos apresentados, conforme as necessidades de cada atividade.

    EQUIPES DE INTERESSE NO RAMO SNIOR

    Alm das Patrulhas no Ramo Snior, existem as Equipes de Interesse. Estes so formados por jovens de distintas Patrulhas da mesma Tropa. Eles tm como objetivo realizar alguma tarefa ou atividade especfica dentro de uma atividade ou projeto. Por exemplo, em um projeto de navegao de um rio canoas, nem todos se ocupam da mesma coisa, por isso se formam equipes de interesse que se encarregaro do financiamento do projeto, outros da compra dos materiais, outros das instrues das embarcaes, outros do menu...etc. Uma vez cumprida a tarefa especfica para a qual se formou, a equipe de interesse se dissolve. Deste modo, enquanto as Patrulhas so permanentes, as Equipes de Interesse so temporrias.

    SISTEMA DE PARTICIPAO

    CORTE DE HONRA

    A Corte de Honra o rgo formado pelos Monitores da Tropa, com ou sem a participao dos Submonitores,

  • 30 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    que se rene com a equipe de escotistas. presidida por um dos membros juvenis e age como principal rgo executivo da Tropa.

    A Corte de Honra responsvel pela administrao interna da Tropa, devendo evitar, por todos os meios cabveis, a criao de regulamentos e normas que a burocratizem e lhe retirem a agilidade de funcionamento. Ela serve como ponto de encontro para onde convergem os interesses das Patrulhas que, mediante a democrtica negociao, se convertem em interesses da Tropa como um todo, inclusive nos casos relacionados com a aplicao de medidas disciplinares e concesso de Distintivos Especiais, devendo se reunir com frequncia, de preferncia semanalmente.

    A equipe de escotistas assessora e orienta educativamente as reunies da Corte de Honra, cabendo como adultos responsveis, oferecer informaes e orientaes que assegurem o carter educativo das decises e a segurana fsica e psicolgica dos envolvidos. Compete ao Chefe de Seo, como obrigao legal e educacional, sempre que necessrio, estabelecer parmetros e limites para a deciso de seus integrantes, explicando suas razes da forma mais clara possvel. O escotista, no entanto, no possui poder de voto. Sua funo nas reunies da Corte de Honra referem-se especialmente boa aplicao do Mtodo Escoteiro e segurana de todos. Em todo caso, cabe ao escotista ouvir mais do que falar nessas reunies.

    A CORTE DE HONRA TEM UMA DUPLA FUNO:

    a) o rgo de governo que coordena as operaes, sendo rgo executivo e administrativo; e

    b) a instncia de aprendizado para os monitores e submonitores e, em segundo plano, para os responsveis pelas equipes de interesse.

    Atravs de seus lderes, todas as patrulhas intervm no processo de tomada de deciso relativas ao comum. Para que essa representao opere com efetividade, as patrulhas conhecem com antecipao os temas que sero discutidos na Corte de Honra e emitem suas opinies. Qualquer que seja sua opinio, todos os membros da Tropa so solidrios com as decises tomadas na Corte de Honra.

    Como instncia que coordena as operaes a Corte de honra se ocupa, de forma geral, com todos os aspectos que tem relao com a interao entre as patrulhas tais como:

    - Prepara o diagnstico e a nfase para cada ciclo de programa e pr-selecionar as atividades e projetos comuns;

    - Organiza em um calendrio as atividades e projetos comuns selecionados pela Assemblia e colabora com sua programao e preparao;

    - Avalia as atividades realizadas em cada ciclo e fixa os critrios de avaliao da progresso pessoal dos jovens;

    - Aprova a Entrega dos distintivos de progresso outorgados pelos escotistas encarregados do acompanhamento;

    - Obtm e administra os recursos necessrios para a realizao e financiamento das atividades comuns programadas.

    - Apia as patrulhas e equipes de interesse em seu funcionamento, na integrao de novos jovens e na vinculao com redes externas; e supervisiona os processos de eleio de monitores e responsveis, salvo quando estes ltimos so designados e nomeados;

    - Desenvolve aes de captao quando for necessrio

    - Decide, conjuntamente com a Assemblia de Tropa e com a Assemblia de Grupo, a poltica pela qual as patrulhas e a tropa decidiram seu carter misto, de acordo com as orientaes dadas nesse captulo.

    Como instncia de aprendizado suas funes so:

    - Reflete sobre a vivncia e o cumprimento da Lei e Promessa pelos membros da Tropa;

    - Capacita os monitores, submonitores e responsveis para o desempenho de suas funes. Sendo esse um aspecto chave para o funcionamento do sistema de patrulha, deve ser lembrado que os escotistas atuam como mediadores educativos e quase sempre atravs dos monitores, submonitores e responsveis.

    - Promove, por meio de seus membros ou de terceiros, a capacitao especfica e a informao tcnica que requerem certas atividades

    - Capta e orienta especialistas externos para o apoio de especialidades

  • 31ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    - Recebe novos membros e organiza seu perodo introdutrio;

    - Determina aes de reconhecimento ou correo quando forem necessrias ou apropriadas

    A ASSEMBLIA DE TROPA

    A assemblia integrada por todos os jovens da Tropa, que intervm individualmente e no como representantes de suas patrulhas. Rene-se ao menos duas vezes em cada ciclo de programa ou quando for necessrio. Quem a preside o jovem que for eleito com esse propsito ao comeo da Assemblia.

    Os escotistas participam da Assemblia orientando-a e, embora no votem, podem vetar em casos raros e extremos que forem contra a Lei e a Promessa Escoteira, regras escoteiras, legislao vigente ou nas questes relativas segurana nas atividades.

    Cada vez que na tropa se devam estabelecer normas de funcionamento ou convivncia, estas sero determinadas na Assemblia de Tropa. Como as normas afetam a todos, todos devem tomar parte na sua criao. Nisso reside o principal auxlio da Assemblia no funcionamento do sistema.

    CONSELHO DE PATRULHA

    O Conselho de Patrulha a reunio formal dos membros da Patrulha, sob a presidncia de seu Monitor, para tratar de todas as tarefas necessrias ao desenvolvimento de cada Ciclo de Programa e auxiliar na avaliao da progresso pessoal de seus integrantes.

    O Conselho de Patrulha delibera sobre todos os assuntos de interesse da Patrulha, inclusive suas atividades, admisso de novos membros, problemas de administrao, treinamento e disciplina.

    PROCESSO DE TOMADA DE DECISES

    A tomada de decises um importante componente do auto desenvolvimento do jovem. Aprender a decidir, muitas vezes, significa abrir mo de alguma coisa para ter outra ou estabelecer prioridades.

    Os jovens podem e devem assumir o risco de suas decises. Aprender a decidir e assumir os riscos da deciso um treinamento para a vida.

    Erros vo acontecer. Os resultados podem at causar decepo ou frustrao. Deve-se no entanto ter em mente que este um exerccio simulado da vida como adulto.

    Quanto antes o jovem praticar este jogo, tanto antes ele estar apto a assumir o seu destino.

    QUAL A FUNO DO CHEFE?

    O Chefe deve ser hbil o suficiente para identificar a potencialidade de cada jovem e, de forma consciente estimul-lo para a descoberta desta potencialidade.

    O Chefe deve preparar a Corte de Honra para que ela possa assumir a administrao da Tropa. Esta uma fase diretiva. medida que os jovens vo dominando as tcnicas de administrao o Chefe vai diminuindo a diretividade e assumindo seu papel permanente de conselheiro, incentivador e observador.

    Ao Chefe cabe acompanhar a elaborao do planejamento e a execuo das atividades para que no ocorram acidentes nem transgresses Promessa Escoteira.

    Um dos pontos do Mtodo Escoteiro o Aprender Fazendo e no caso da tomada de decises pode-se dizer que s se aprende a decidir ... decidindo.

    Mais orientaes sobre o Sistema dePatrulhas ou das Equipes de Interesse podem

    ser encontradas no Manual do Escotista - Ramo Sniore em outras publicaes oficiais da Unio dos

    Escoteiros do Brasil.

  • 32 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    ANOTAES

  • 33ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    SISTEMA DE EQUIPE

    EQUIPES DE INTERESSE NO CL PIONEIRO

    As equipes de interesse no Cl Pioneiro so integradas por jovens de um mesmo Cl ou de outros Cls, podendo contar com outros colaboradores. O que une fundamentalmente a equipe de interesse a tarefa a realizar, por meio de uma atividade varivel ou um projeto. O interesse na tarefa no implica que, na equipe de interesse, no existam relaes interpessoais, mas a orientao tarefa primordial.

    As equipes de Interesses so uma excelente oportunidade para que os jovens ganhem e pratiquem competncias, se insiram socialmente e avancem na conquista de seu Plano de Desenvolvimento Pessoal.

    Por sua natureza, so essencialmente temporrias e se constituem ou dissolvem segundo se d o incio ou trmino de uma atividade varivel ou um projeto.

    A equipe de Interesse dirigida por um Responsvel, escolhido dentre os participantes.

    Caracterstica das Equipes de Interesse no Ramo Pioneiro:

    Orientada tarefa. A integrao est mais determinada pelo interesse da atividade ou projeto a realizar.

    Essencialmente temporria, formada para a realizao de atividades ou projetos especficos.

    Satisfaz principalmente a necessidade de alcanar conquistas concretas mediante a realizao.

    Os integrantes tm interesse em uma tarefa, atividade ou projeto, e sua relao boa, mesmo que no necessariamente seja uma amizade profunda.

    O nmero de integrantes muito varivel, e depende da natureza e complexidade da tarefa.

    As tarefas da Equipe de Interesse so sempre atividades varveis e projetos, geralmente orientados aos campos de ao prioritrios.

    A responsabilidade da equipe do participante que est mais bem preparado para a tarefa, em que se destaca sua funo de lder.

    A liderana se apoia na competncia.

    Sua estrutura formal depende das necessidades planejadas pela atividade.

    Os papis e tarefas internas se determinam em funo dos diferentes aspectos da atividade ou projeto a realizar e das capacidades pessoais.

    A identidade como grupo no um tema relevante

    SISTEMA DE PARTICIPAO

    1. Conselho de Cl

    formado por todos os jovens do Cl, os quais intervm individualmente e no com representantes de suas equipes de interesse. convocado de acordo com a Carta Pioneira. O jovem que preside a COMAD que preside este Conselho.

    O Conselho de Cl no se confunde com a reunio do Cl, que se caracteriza pelo desenvolvimento de uma atividade, de acordo com a programao.

    As atribuies do Conselho de Cl so:

    Estabelecer normas de funcionamento e convivncia cada vez que seja necessrio faz-lo.

    Fixar a viso e o prazo em que se espera atingi-la.

    Determinar os objetivos anuais do Cl de acordo com a viso, integrados com o Planejamento Anual de Grupo.

    Decidir os projetos e atividades do Cl que se realizaro em um ciclo de programa e aprovar o calendrio de atividades depois que estas tenham sido organizadas pela COMAD do Cl.

    Outorgar atribuies adicionais ao Presidente da COMAD com o de acordo da Equipe de Escotistas.

    SISTEMA DE EQUIPE E SISTEMA DE PARTICIPAO

    RAMO PIONEIRO

  • 34 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    2. COMAD Comisso Administrativa do Cl Pioneiro

    O Cl dirigido por uma Comisso Administrativa, com composio, funes e mandato definidos na Carta Pioneira. Esta Comisso responsvel pelos assuntos de administrao, finanas, disciplina e programao do Cl.

    A Comisso Administrativa do Cl particularmente responsvel pela manuteno de um ambiente moralmente sadio em todas as atividades do Cl, assegurando um alto nvel de realizao e produtividade, de disciplina e de boa apresentao pessoal.

    A COMAD constituda por todos aqueles que foram eleitos para os diversos cargos: Presidente, Secretrio, Tesoureiro, etc. Estes cargos so criados pelo Cl de acordo com as suas necessidades, constando da Carta Pioneira.

    Num Cl pequeno, o Conselho de Cl e a COMAD se confundem, pois todos os pioneiros participam efetivamente dos assuntos e tomada de deciso referentes direo do Cl.

    A COMAD, assim como o Conselho de Cl, devem receber o assessoramento e a orientao do Mestre Pioneiro e de seus Assistentes. Os Escotistas, participam da COMAD, embora sem exercerem cargos, zelando para que o Cl seja conduzido dentro do Propsito, Princpios e Mtodo Escoteiro. Lembramos que o responsvel final pelo Cl o Mestre Pioneiro, que tem direito a veto sobre as decises da COMAD, direito esse que dever ser exercido em questes de segurana, moral ou violao de regulamentos escoteiros.

    O Mestre responsvel pelo treinamento da COMAD. No Ramo Pioneiro o Cl eficiente quando a COMAD atuante.

    A COMAD cumpre dupla funo:

    o organismo que coordena as operaes no Cl.

    a instncia de aprendizagem, especialmente para os Coordenadores das Equipe de Interesse e responsveis pelas atividades.

    Carta Pioneira

    A Carta Pioneira a Constituio do Cl. Estabelece as regras de gesto administrativa complementares s demais normas escoteiras. Ela o resultado de sugestes e debates, sendo aprovada pelo pioneiros no Conselho de Cl. Cada Cl deve elaborar a sua prpria Carta Pioneira, subordinando-a ao Estatuto da UEB, ao POR e aos demais regulamentos escoteiros em vigor, inclusive o Estatuto do Grupo.

    Leia mais sobre a elaborao da CartaPioneira no Manual do Escotista do Ramo Pioneiro.

    3. Equipe de Escotistas

    Os escotistas, como equipe ou individualmente, atuam geralmente como tutores em suas tarefas educativas e como assessores nos aspectos organizativos do Cl. Um dos adultos desempenhar o papel de responsvel pelo Cl (Mestre) e os outros sero Assistentes do Cl. O nmero ideal de adultos nem Cl de pelo menos um adulto para cada seis jovens.

    Leia mais sobre a atuao e capacitao deescotistas no Manual do Escotista do Ramo Pioneiro.

  • 35ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    ANOTAES

  • ANOTAES

  • 37ESCOTEIROS DO BRASIL CURSO BSICO

    AS REAS DE DESENVOLVIMENTO

    O Movimento Escoteiro convida as crianas a se desenvolverem de forma equilibrada todas as dimenses de sua personalidade. um desafio para que explorem a riqueza de suas possibilidades e para serem pessoas completas.

    Para ajud-los a conquistar este propsito o Programa Educativo agrupa essas dimenses em reas de desenvolvimento, que consideram a variedade de expresso do ser humano.

    Dimenso da Personalidade

    rea de desenvolvimento

    O corpo Fsico

    A inteligncia Intelectual

    A vontade Carter

    Os afetos Afetivo

    A integrao social Social

    O sentido da existncia Espiritual

    A considerao dessas diferentes reas de desenvolvimento uma perspectiva educativa muito til, pois permite:

    Evitar que as atividades desenvolvidas nas sees se concentrem apenas em alguns aspectos da personalidade dos jovens, descuidando dos outros;

    Contribuir para que as crianas, adolescentes e jovens percebam, pouco a pouco, as diferentes realidades que convivem dentro de si, ajudando-os, por meio dos objetivos, a se desenvolverem em todas essas dimenses;

    Avaliar seu desenvolvimento em todas as diferentes dimenses.

    OS OBJETIVOS EDUCATIVOS

    A atividade educativa no imaginvel sem que se definam claramente os objetivos que pretende atingir. Por isso o Programa Educativo da UEB definiu objetivos finais como referncia de onde queremos chegar.

    Os objetivos educativos de cada faixa etria so uma sequncia de passos intermedirios at a conquista de cada um dos objetivos finais e apresentam condutas que os jovens podem alcanar, de acordo com sua idade.

    Assim como os objetivos finais, os objetivos educativos de cada faixa-etria de desenvolvimento se estabelecem para todas as reas de crescimento, tratando de cobrir de forma equilibrada o desenvolvimento de todos os aspectos da personalidade das crianas e jovens, o desenvolvimento Fsico, Intelectual, Social, Espiritual, Afetivo e de Carter.

    AS COMPETNCIAS

    Como estamos falando de um Movimento Educativo, que tem como propsito contribuir com a formao integral dos jovens, entendemos que o processo de desenvolvimento pessoal deve considerar o ser humano em sua totalidade, ou seja, o desenvolvimento nas seis reas. Se por um lado as atividades escoteiras devem oferecer experincias educativas que auxiliem no desenvolvimento do jovem em todas essas reas, por

    COMPETNCIAS, ATIVIDADES E AVALIAO DAPROGRESSO PESSOAL

    RAMO LOBINHO

  • 38 ESCOTEIROS DO BRASILCURSO BSICO

    outro o sistema de avaliao deve ter indicadores que incentivem os jovens a crescer nas seis dimenses e que nos ajudem a fazer uma avaliao de como isso est acontecendo.

    Para avaliao dos jovens os Objetivos foram transformados em Competncias.

    Por COMPETNCIA define-se a unio de CONHECIMENTO, HABILIDADE e ATITUDE em relao a algum tema especfico.

    O aspecto educativo da Competncia que ela rene no s o SABER algo (Conhecimento), mas tambm o SABER FAZER (Habilidade) para aplicao do conhecimento e, mais ainda, SABER SER (Atitude) em relao ao que sabe e faz, ou seja, uma conduta que revela a incorporao de valores.

    Como no Ramo Lobinho, trabalhamos com duas faixas-etrias, a saber:

    Primeira Fase (compreendida entre 6,5 e 9 anos) Segunda Fase (de 9 at completar 11 anos)

    As competncias tambm foram definidas com progressivo nvel de dificuldade e de abrangncia para cada uma dessas fases.

    AS ATIVIDADES EDUCATIVAS

    Para ajudar as crianas a ganharem competncias so oferecidas atividades, que por ser uma proposta pessoal, ou seja, para a criana e no para a Alcateia, as denominamos atividades pessoais. Elas podem ser realizadas individualmente, em pequenos grupos, em matilha, etc, conforme estabelecem as propostas.

    Cada atividade rica em oportunidades para que cada jovem adquira ou desenvolva uma competncia. Por outro lado, s vezes preciso que realizem vrias atividades para ganhar uma competncia. Assim, para cada competncia foi estabelecido um conjunto de atividades pessoais.

    E para que os chefes tenham parmetros na avaliao do que os jovens conquistam, as atividades so entendidas como indicadores de aquisio das competncias.

    Exemplo de competncia e suas atividades:

    CompetnciaAtividades

    (indicadores)

    Conhece a estrutura da Alcateia e os principais

    elementos do Ramo Lobinho.

    S1 - Saber como organizada a Alcatia, conhecer as pessoas

    que dela fazem parte, saber fazer as formaes

    e atender as vozes de comando dos Velhos

    Lobos.

    S2 - Ouvir o episdio Irmos de Mowgli (1 parte) do Livro da Selva

    de Rudyard Kipling

    S3 - Usar o Lema do Lobinho, a Saudao,

    o Aperto de Mo e participar do Grande

    Uivo, compreendendo seus significados.

    S4 - Conhecer o uniforme de lobinho ou traje

    usado por sua Seo e os distintivos que ir receber neste perodo.

    No Manual do Escotista do Ramo Lobinho esto descritas todas as competncias e o conjunto de atividades sugeridas para cada competncia.

    Nos guias do Caminho da Jngal esto descritas e explicadas somente as atividades pessoais.

    A PROGRESSO PESSOAL NO RAMO LOBINHO O CAMINHO DA JNGAL

    A progresso de uma criana comea desde que ingressa na Alcateia. No perodo inicial que dura de dois a trs meses, a criana toma conhecimento do funcionamento da Alcateia, conhece seus companheiros e escotistas e se familiariza com o cotidiano da vida de grupo da Seo.

    As atividades pessoais das crianas esto configuradas como passos a serem dados pelo Caminho da Jngal, q