apostila contabilidade completa 2010

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Unidade 1 INTRODUÇÃO 1.1- DEFINIÇÃO A Contabilidade é uma ciência que desenvolveu uma metodologia própria com a finalidade de: Controlar o patrimônio das empresas. Apurar o resultado das atividades das empresas. Prestar informações às pessoas que tenham interesse na avaliação patrimonial e do desempenho dessas entidades. A função de prestar informações é de fundamental importância, porque elas são necessárias ao processo de tomada de decisões pelos administradores de uma entidade bem como pelos demais usuários da contabilidade. CONTABILIDADE (CIÊNCIA) MÉTODO FUNÇÃO ADMINISTRATIVA FUNÇÃO ECONÔMICA Controlar o Patrimônio Apurar o Redito (Resultado) Prestar informações 1

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Page 1: APOSTILA CONTABILIDADE completa 2010

Unidade 1INTRODUÇÃO

1.1- DEFINIÇÃO

A Contabilidade é uma ciência que desenvolveu uma metodologia própria com a finalidade de:

Controlar o patrimônio das empresas. Apurar o resultado das atividades das empresas. Prestar informações às pessoas que tenham interesse na avaliação patrimonial e

do desempenho dessas entidades.

A função de prestar informações é de fundamental importância, porque elas são necessárias ao processo de tomada de decisões pelos administradores de uma entidade bem como pelos demais usuários da contabilidade.

1.2 - OBJETO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE

OBJETO O objeto da contabilidade é o Patrimônio das entidades econômico-administrativas.

Patrimônio é o conjunto de elementos necessários à existência das entidades.

CAMPO DE APLICAÇÃO

CONTABILIDADE(CIÊNCIA)

MÉTODO

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

FUNÇÃO ECONÔMICA

Controlar o PatrimônioApurar o Redito

(Resultado)

Prestar informações

1

Page 2: APOSTILA CONTABILIDADE completa 2010

Aplica-se a contabilidade às entidades econômico-administrativas, também

chamadas de aziendas que tem um conceito mais amplo que empresa que incluem alem das empresas, cujo objetivo é obter lucros, as entidades que não tem esse objetivo. Enfim o campo de aplicação da contabilidade engloba todos os tipos de empresa, entidades, firmas, tantos as prestadores de serviços como as produtoras de bens para comercializar.

1.3 – USUÁRIOS DA CONTAILIDADE

Os usuários da contabilidade são as pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse na avaliação patrimonial da entidade. São, por exemplo, os acionistas de uma empresa que querem saber se ela está dando lucro ou prejuízo. São as instituições financeiras que desejam avaliar o patrimônio da empresa para saber se lhe concedem ou não um empréstimo. São os administradores da entidade, que desejam saber como se comporta o desenvolvimento das atividades da empresa e qual o resultado que está advindo das mesmas. É o Fisco, que também se interessa pelo resultado da pessoa jurídica, para lançar os tributos sobre eles incidentes.

1.4 – CONCEITOS IMPORTANTES

Redito - É o resultado da atividade econômica a qual provoca variações patrimoniais aumentativas ou diminutiva.

Regime de Caixa - Quando na apuração dos resultados, são considerados apenas os pagamentos e recebimentos efetuados no período.

Regime de Competência – Quando, na apuração dos resultados do exercício, são

considerados as receitas e despesas nas datas que se referirem, independentemente de seus recebimentos ou pagamentos.

Exercício Social – É o espaço de tempo (12 meses), findo qual as pessoas jurídicas apuram os seus resultados; ele ponde coincidir, ou não, com o ano calendário, de acordo com o que dispuser o estatuto ou contrato social da empresa.

1.5 – TÉCNICAS CONTÁBEIS

A atividade contábil comprende quatro funções técnico-administrativas, a saber:

- Escrituração – consiste no registro dos fatos patrimoniais de forma contínua e metódica, tendo como apoio a documentação relativa a esses fatos.

- Demonstração – é o processo de prestação de informações úteis, oportunas e adequadas, conforme as necessidades específicas dos usuários.

- Auditoria ou Revisão – é a inspeção que se realiza sobre a escrituração contábil, com a finalidade de verificar com exatidão quanto aos registros e demosntrações.

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- Análise de balanço- consiste no processo de transformação dos dados constantes das demonstrações financeiras em informções úteis aos diversos usuários da informação contábil.

1.6 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADEA contabilidade como ciência possui linguagem, conceitos e princípio próprios,

que lhe dão independência em relação aos demais ramos do conhecimento humano, embora, muitas vezes, se utilize de conceitos e institutos oriundos de outras ciências especialmente a Ciência Jurídica, e a Economia .

No Brasil visando uma uniformização dos procedimentos a serem observados pelos profissionais da contabilidade, uma série de normas foram estabelecidas tais como:- Princípios Fundamentais de Contabilidade- - Normas Brasileiras de Contabilidade- Código de ética do Contabilista- Estrutura Conceitual da Contabilidade - Lei das Sociedades por Ações, artigos 175 a 205.

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Unidade 2PATRIMÔNIO

2.1- CONCEITO

Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade, num determinado momento.

2.2- BENS

Os bens patrimoniais, integrantes do patrimônio de uma entidade, são coisas que cumulativamente devem atender a duas condições essenciais:

a) satisfazem necessidades humanas; eb) são suscetíveis de avaliação econômica, ou seja tem valor de mercado, têm

preço Os bens podem classificar em:

Bens Tangíveis, Concreto ou Materiais, Tem existência física, existem como coisa ou objeto.Exemplos:

dinheiro( numerário), bens de venda( mercadoria, estoque), Bens físicos ou imobilizados( imóveis, veículos, máquinas instalações, equipamentos, móveis e utensílios), Bens de renda( imóvis destinados à renda ou aluguel) etc.

Bens Intangíveis, Abstratos ou ImateriaisNão possuem existência física, porém representam uma aplicação de capital

indispensável aos objetivos da empresa, e cujo valor reside em direitos de propriedade que são legalmente conferidos aos seus possuidores, como os direitos sobre, marcas, patentes, direitos autorais, ponto comercial, tec.

2.3 - DIREITOS

Direitos são bens de nossa propriedade que se encontram em poder de terceiros. Aparecem no Patrimônio das entidades como valores a receber.

Exemplos: duplicatas a receber, Títulos a receber, Aluguéis a receber, Fornecedores, etc.

2.4 - OBRIGAÇÕES

Obrigações são bens de propriedade de terceiros que se encontram em nosso poder. Aparecem no patrimônio das entidades como valores a pagar.

Exemplos: Duplicatas à pagar, Títulos a pagar, Fornecedores, Aluguéis a pagar, etc.

2.5 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO

Demonstra-se o patrimônio de uma entidade relacionando-se todos os seus componentes: Bens, Direitos e Obrigações, num demonstrativo chamado gráfico patrimonial.

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Por convenção, os bens e direitos são relacionados no lado esquerdo do gráfico patrimonial enquanto no lado direito são relacionadas às obrigações.

GRÁFICO PATRIMONIAL

BENS Terrenos Máquinas Veículos

DIREITOS Duplicatas a Receber Carnês a Receber Contas a Receber

OBRIGAÇÕES Duplicatas a Pagar Carnês a Pagar Contas a Pagar Impostos a Recolher

2.6 -COMPONENTES PATRIMONIAIS

Ao conjunto de Bens e Direitos dá-se o nome de Ativo ( parte positiva) e ao conjunto de Obrigações chama-se o nome de Passivo ( parte negativa). Assim dinheiro em caixa, imóveis, duplicatas a receber, títulos a receber são exemplos de elementos do Ativo, enquanto duplicatas a pagar, títulos a pagar, impostos recolher são elementos do passivo. Do confronto entre total do ativo e total do passivo surge o Patrimônio Líquido.

A demonstração dos componentes do patrimônio no gráfico patrimonial com o ativo, passivo e patrimônio líquido, e seus respectivo valores, chama-se Balanço Patrimonial.

Exemplo: elaborar o balanço patrimonial dados os seguintes elementos:

Automóveis.......................................R$ 10.000 Contas a pagar....................................R$ 3.000 Contas a receber.................................R$ 5.000 Impostos a pagar................................R$ 2.000 Terrenos.............................................R$ 6.000 Duplicatas a Receber.........................R$ 7.000 Dinheiro em caixa .............................R$ 8.000 Salários pagar.....................................R$ 4.000 Móveis................................................R$ 2.000 Carnês a pagar....................................R$ 9.000

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Automóveis 10.000 Contas a pagar 3.000Contas a Receber 5.000 Impostos pagar 2.000Terrenos 6.000 Salários a pagar 4.000Duplicatas a Receber 7.000 Carnês a Pagar 9.000Dinheiro em caixa 8.000Móveis 2.000 Situação Líquida 20.000

Total 38.000 Total 38.000

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2.7 – EQUAÇÃO PATRIMONIAL

Considerando os elementos do patrimônio, podemos então apresentar a equação patrimonial:

SITUAÇÃO LÍQUIDA = ATIVO - PASSIVO

Conforme os valores dos componentes do ativo e do passivo, podemos encontrar as seguintes situações patrimoniais:

a) ATIVO > PASSIVO → SITUAÇÕ LÍQUIDA

Sendo o ativo maior que o passível exigível, ou seja, o valor dos bens e direitos superados o total das obrigações, diz-se que a situação líquida do patrimônio ou patrimônio líquido é positiva, favorável, superavitária, ou ainda, podemos dizer que existe riqueza própria.

b) ATIVO < PASSIVO → SITUAÇÕ LÍQUIDA

Quando o total de bens e direitos for menor do que o total das obrigações, ou seja, o ativo é menor que o passível exigível, diz-se que a situação líquida do patrimônio ou patrimônio líquido é negativa, desfavorável, deficitária, não existindo riqueza própria, vindo a caracterizar passivo a descoberto.

c) ATIVO = PASSIVO → SITUAÇÕ LÍQUIDA Se o total de ativo for exatamente igual ao total de das obrigações exigíveis, diz-se que a situação líquida ou o patrimônio é nula ou equilibrada, não existindo também riqueza própria.

No balanço patrimonial anteriormente apresentado, o total do ativo é R$ 38.000 e o total do passivo é R$ 18.000. Neste caso, o patrimônio líquido é R$20.000, isto é, existe uma riqueza própria de R$ 20.000 de forma que, se a entidade realizar todo o seu ativo e pagar todas as obrigações, ainda lhe sobram R$ 20.000.

Veja, agora, os seguintes componentes patrimoniais:

Dinheiro em caixa.......................................R$ 4.000 Máquinas.................................................... R$ 3.000 Duplicatas a pagar.......................................R$ 12.000 Imóveis........................................................R$ 5.000

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negativadesfavoráveldeficitária

positivafavorávelsuperavitária

nulaequilibrada

Page 7: APOSTILA CONTABILIDADE completa 2010

Impostos a pagar.........................................R$ 6.000Balanço Patrimonial

Ativo Passivo

Dinheiro em caixa 4.000 Duplicatas a pagar

12.000

Máquinas 3.000 Impostos pagar 6.000Imóveis 5.000

Subtotal 18.000

Situação Líquida (6.000)

Total 12.000 Total 12.000

Observe que o total do ativo é R$ 12.000 e o total do passivo é R$ 18.000. Sendo o ativo menor que o passivo, temos caracterizada uma situação líquida do patrimônio ou patrimônio líquido negativo em R$ 6.000 de tal forma que, se a entidade resolver realizar todo seu ativo, o valor obtido é insuficiente para liquidar todas as obrigações, restando ainda um passivo a descoberto de R$6.000.

2.8– CONCEITO DE CAPITAL

a) Capital Social , Capital Nominal ou Capital O capital Social é o investimento inicial feito pelos sócios na sociedade,

acrescido dos aumentos de capital feito através de reservas de lucros da sociedade e de novos aportes de capital pelos sócios, e diminuídos dos decréscimos sofridos pela sociedade decorrentes de eventuais saídas dos sócios da empresa ou da absorção de prejuízos sofridos pela sociedade.

O Capital social de uma empresa está representado por ações, quotas ou quinhões de capital, tendo seu valor estabelecido no contrato social ou estatuto, devidamente registrado nas juntas comerciais ou nos cartórios de registro civil das pessoas jurídicas.

b) Capital PróprioO capital próprio também conhecido como capital dos proprietários é o mesmo

que o patrimônio líquido ou situação líquida do patrimônio. Corresponde ao capital mais lucro acumulados e reservas.

c) Capital de terceirosCorresponde ao passivo exigível da entidade. Quando a entidade tem obrigações

exigíveis, podemos dizer que ela está utilizando capital de terceiros.

d) Capital total a disposição da Entidade Corresponde ao capital de terceiros, ou seja, o total do passivo. Devido à

igualdade contábil entre ativo e o passivo, podemos dizer que o capital total à disposição da entidade é equivalente o total do ativo.

e) Capital Realizado e a realizar A entrega dos recursos correspondentes ao capital subscrito chama-se

integralização de capital ou realização do capital. A integralização poderá ser

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efetuada em dinheiro ou bens. Quando efetuada em bens, estes necessitam de prévia avaliação por 3 ( três) peritos ou empresa especializada, sendo terminantemente proibida a integralização do capital em bens, por valor superior o da avaliação.

Consequentemente, da diferença entre o capital subscrito e o capital integralizado surge o capital a integralizar, ou a realizar.

f) Capital SubscritoO capital subscrito corresponde ao valor dos recursos que os sócios ou acionistas

se comprometeram a entregar par a empresa para a formação ou aumento do capital social.

2.9 - CONTABILIDADE PAR APURAR RESULTADOSO resultado da atividade econômica é determinado pela diferença entre receitas e

despesas relativas a um determinado exercício social. As entidades com finalidade econômica, ou seja, aquelas que têm como objetivo a maximização dos seus lucros, como as empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços, devem apurar os seus resultados segundo regime de competência do exercício, o qual consiste no confronto das receitas realizadas com as despesas incorridas no decorrer do exercício social considerado.

2.9.1- RECEITAS

Receitas são ingressos patrimoniais decorrentes da utilização dos recursos da entidade, sendo estes recursos materiais, humanos ou intelectuais, que exigem um certo esforço e, direta ou indiretamente, acarretem gastos para as entidades.As receitas aumentam a riqueza própria do patrimônio.

Pelo regime de competência, a receita é considerada realizada no momento em que ocorre a entrega do bem vendido ou serviço prestado. Desta forma, se uma empresa comercial vender suas mercadorias à vista, entregando ao cliente as mercadorias vendidas, neste momento a receita foi realizada. Houve, o ingresso patrimonial pelo recebimento mas, também, a empresa incorreu num gasto correspondente ao custo das mercadorias vendidas.

Se a venda for realizada a prazo, a entidade vendedora entrega a mercadoria ao cliente, ficando a vendedora com o direito de receber o valor correspondente da compradora. Neste caso, houve ingresso patrimonial na entidade vendedora com o surgimento do direito realizável, duplicatas a receber.

Por outro lado, quando o cliente paga antecipadamente, isto é, paga mas não retira as mercadorias, embora tenha havido ingresso patrimonial na entidade vendedora, não podemos chamá-lo de receita deste exercício social, mas sim, de adiantamento de clientes, que caracteriza uma obrigação da vendedora para com seu cliente até o momento em que ocorrer a entrega das mercadorias vendidas, quando então a receita será considerada realizada.

Assim, a receita diferida corresponde a uma receita recebida, porém ainda não realizada, porque não ocorreu a entrega do bem vendido ou serviço prestado.

2.9.2 – DESPESAS

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Despesas são gastos incorridos com a finalidade de gerar de gerar receitas. Estes gastos correspondem aos custos dos recursos utilizados pela entidade com seu esforço par realizar receitas. As despesas reduzem a riqueza própria do patrimônio.

Voltando ao exemplo venda de mercadorias, quando uma empresa vende suas mercadorias quando uma empresa vende suas mercadorias, no momento da entrega das mercadorias vendidas, realiza-se a receita correspondente e, neste momento, ela também incorre e na despesa custo da mercadoria vendida. Quando a entidade paga suas despesas antecipadamente ao período de sua competência, temos um ativo denominado despesa do exercício seguinte. Exemplificando, vejamos o caso de uma empresa que paga em dezembro, o aluguel relativo ao mês de janeiro, de um imóvel que será por ela utilizado. Não podemos considerar este valor pago como despesa do mês de dezembro, mas como um direito que será convertido em despesa somente em janeiro após o uso do referido imóvel.

2.9.3 - RESULTADO

Como visto anteriormente, apura-se o resultado pela diferença entre as receitas e as despesas correspondentes a um determinado exercício social. Uma vez apurado o resultado do exercício, este será incorporado ao patrimônio líquido da entidade, aumentando ou reduzindo a situação líquida do patrimônio.

RESULTADO = RECEITAS - DESPESAS

Quando, num determinado exercício social, as receitas superam as despesas, diz-se que a entidade apurou um resultado positivo ou prejuízo. Este resultado positivo reflete num aumento do patrimônio líquido.

Se, num determinado exercício social, as receitas forem em montante inferior às despesas, diz-se que a entidade incorreu em resultado negativo ou prejuízo. Este resultado negativo reflete numa diminuição do patrimônio líquido.

Sendo as receitas iguais às despesas, diz-se que o resultado foi nulo ou equilibrado. Neste caso, o patrimônio líquido não sofreu alteração, porque os ingressos patrimoniais, receitas, foram exatamente iguais aos gastos incorridos, despesas.

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Unidade 3OS FATOS CONTÁBEIS E AS VARIAÇÕES PATRIMÔNIAIS

3.1- INTRODUÇÃOOs fenômenos ocorridos no âmbito de uma entidade, quer tenham sido

consentidos ou não pela sua administração, são classificadas como atos administrativos ou como fatos administrativos.

Os atos administrativos são aqueles eventos que não afetam o patrimônio da entidade, tal como selar uma carta, redigir um telegrama, atender um telefonema, etc. Como estes acontecimentos não afetam o patrimônio da entidade. a Contabilidade não se preocupa com eles.

3.2 - FATOS ADMINISTRATIVOS

Os fatos administrativos são os acontecimentos que de alguma forma alteram o patrimônio das entidades, quer sob o aspecto qualitativo, quer sob os aspectos quantitativos. Como a contabilidade tem por objeto o patrimônio das entidades, os fatos administrativos são exaustivamente por ela estudados, e, por isso, esses eventos são também chamados de fatos contábeis. Portanto, fatos administrativos ou fatos contábeis são os que modificam o patrimônio das entidades mesmo que não tenham o consentimento ou a autorização d administração.

Comprar mercadorias, efetuar depósitos de dinheiro em bancos, pagar aluguel, prestar serviços, etc. são exemplos de fatos contábeis ou fatos administrativos.

3.3 – CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS CONTÁBEIS

Conforme o efeito dos fatos contábeis sobre o patrimônio da entidade, podemos classificá-los em: a) Fatos Permutativos b) Fatos Modificativos: aumentativos e diminutivosc) Fatos Mistos: aumentativos e diminutivos 3.3.1 – Fatos Permutativos

Os fatos que alteram o patrimônio da entidade (bens, direitos e obrigações), sem alterar o seu patrimônio liquído, são chamados fatos permutativos. Estes fatos refletem trocas entre os elementos patrimoniais, tais como bens por bens, bens por obrigações, direitos por bens, etc., de forma a não alterar a riqueza própria do patrimônio.

Exemplos: compra de mercadorias à vista ( bens por bens); compra de mercadorias a prazo (bens por obrigação) recebimento de valor nela quitação de duplicata aumento do capital social com lucros acumulados.

3.3.2– Fatos Modificativos

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São fatos modificativos aqueles que alteram o patrimônio da entidade (bens, direitos e obrigações) e o patrimônio líquido, aumentando ou diminuindo a riqueza própria do patrimônio; dai a sua classificação em fatos modificativos aumentativos e fatos modificativos diminutivos.

Os fatos modificativos aumentativos são aqueles que alteram o patrimônio da entidade, aumentando o seu patrimônio liquido.

Exemplos: a) integralização do capital social pelos sócios;

b) realização de receitas de juros; c) realização de receitas de aluguel.

Os fatos modificativos diminutivos são aqueles que alteram o patrimônio da entidade, diminuindo o seu patrimônio líquido.

Exemplos: a) distribuição de lucros ou dividendos; b) realização de despesas de juros; c) realização de despesas de aluguel.

3.3.3 – Fatos MistosSão classificados como fatos contábeis mistos aqueles que combinam fatos

contábeis permutativos e modificativos. Por isso, os fatos mistos são também classificados em fatos mistos aumentativos, quando combinam fatos permutativos e fatos modificativos aumentativos, e fatos mistos diminutivos, quando combinam fatos permutativos e fatos modificativos diminutivos.

Exemplos: a) venda de mercadorias com lucro - trocam-se mercadorias por ,dinheiro,

aumentando o patrimônio líquido pelo lucro auferido na operação (fato misto aumentativo)

b) venda de mercadorias com prejuízo - trocam-se mercadorias por dinheiro, porém o patrimônio líquido fica diminuído em virtude do prejuízo incorrido (fato misto diminutivo)

c) pagamento de uma duplicata com juros - troca-se dinheiro por obrigação, reduzindo o patrimônio líquido pela despesa de juros incorrida (fato misto diminutivo)

d) recebimento de uma duplicata com juros - trocam-se direitos por dinheiro, aumentando o patrimônio líquido pelo valor da receita de juros realizada (fato misto aumentativo)

3.4 – VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

O patrimônio das entidades passa por constantes modificações motivada pelos fatos contábeis ocorridos, tanto pelas decisões tomadas por sua administração, ou mesmo por acontecimentos imprevisíveis, fora do controle da administração mas que refletem sobre o seu patrimônio.

Quando a administração decide comprar uma máquina, está claro que esta decisão terá repercussão sobre o patrimônio da entidade. Quando ocorrem incêndios, desfalques, etc., estes eventos também refletem sobre o patrimônio apesar de não terem sido consentidos ou autorizados pela administração.

Conforme vimos anteriormente, qualquer fenômeno ocorrido no âmbito de uma entidade, com repercussões sobre o seu patrimônio, é tratado como fato administrativo ou fato contábil,

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A seguir, vejamos uma seqüência de eventos que visa ilustrar como se processam a formação e as variações do patrimônio das entidades, elaborando-se o balanço patrimonial após a ocorrência de cada fato:

1. Duas pessoas decidiram constituir uma empresa, entretanto cada uma com $ 50.000 em dinheiro, para a formação do capital social.

Observe que, ao receber o dinheiro dos sócios, no valor total de $ 100.000, surgiu no ativo da empresa o bem dinheiro. Todavia, no momento em que a empresa recebeu o dinheiro dos sócios, ela assumiu uma obrigação para com eles, no mesmo valor. A obrigação da empresa para com os sócios originária da entrega de recursos para a formação do capital da entidade chama-se, geralmente, de capital social, ou, simplesmente, capital. Por se tratar de uma obrigação da entidade para com os seus sócios, o capital é classificado no patrimônio liquido pois trata-se de uma obrigação não exigível. Desta forma, o patrimônio da empresa fica assim constituído:

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa

100.000 Patrimônio Líquido

Capital 100.000

Total do Ativo 100.000 Total do Passivo 100.000

Vejamos, agora, como fica a equação patrimonial: Ativo: .............................................. $ 100.000 (-) Passivo Exigível. ................................. zero (=) Patrimônio Líquido.....................$ 100.000

2. De posse do dinheiro, a administração resolveu adquirir máquinas, pagando à vista $ 10.000. Ao adquirir esta máquina, um novo bem passou a integrar o patrimônio da entidade, porém a empresa diminuiu o seu dinheiro em caixa, ficando o patrimônio da empresa assim constituído:

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 90.000 Passivo exigível zeroMáquinas 10.000 Patrimônio Líquido

Capital 100.000

Total do Ativo 100.000 Total do Passivo 100.000

Aplicando-se a equação patrimonial, temos

Ativo: .............................................. $ 100.000

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(-) Passivo Exigível. ................................. zero (=) Patrimônio Líquido.....................$ 100.000

O patrimônio líquido da empresa continua igual, $ 100.000 representado pelo capital social, enquanto houve uma troca do dinheiro em caixa por máquinas. Portanto, este é um fato permutativo.

3. Em seguida, compraram móveis e utensílios, à vista, por $ 20.000. Após esta operação o patrimônio da empresa fica assim constituído:

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 70.000 Passivo exigível zeroMáquinas 10.000 Patrimônio LíquidoMóveis e utensílios 20.000 Capital 100.000

Total do Ativo 100.000 Total do Passivo 100.000

Aplicando-se a equação patrimonial, temos

Ativo: .............................................. $ 100.000 (-) Passivo Exigível. ................................. zero (=) Patrimônio Líquido.....................$ 100.000

O patrimônio líquido da empresa continua no seu valor original de $ 100.000 embora tenha ocorrido nova troca do dinheiro em caixa por móveis e utensílios. Portanto, este é mais um fato contábil permutativo.

4. Compraram, a prazo, um jipe para entregas, por $ 30.000. Como a compra deste veículo foi a prazo, não houve a utilização de dinheiro no momento da operação; todavia, a empresa assumiu uma obrigação para com terceiros, que vamos representá-la por Títulos a Pagar, no valor correspondente ao bem adquirido, ficando o patrimônio da empresa assim constituído:

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 70.000 Passivo exigívelMáquinas 10.000 Títulos a pagar 30.000Móveis e utensílios 20.000Veículos 30.000 Patrimônio Líquido

Capital 100.000

Total do Ativo 130.000 Total do Passivo 130.000

Aplicando-se a equação patrimonial, temos

Ativo: .............................................. $ 130.000

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(-) Passivo Exigível. ..............................30.000 (=) Patrimônio Líquido.....................$ 100.000

Embora o ativo tenha sido aumentado de $ 100.000 para $ 130.000, não alterou o patrimônio liquido, que continua com o valor de $ 100.000. Nesta operação houve uma permuta entre o ativo Veículo e o passivo exigível Títulos a Pagar, tratando-se, também, de fato permutativo. 5. Compraram mercadorias para revenda, à vista, por $ 50.000.

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 20.000 Passivo exigívelMáquinas 10.000 Títulos a pagar 30.000Móveis e utensílios 20.000Veículos 30.000 Patrimônio LíquidoMercadoria 50.000 Capital 100.000

Total do Ativo 130.000 Total do Passivo 130.000

Aplicando-se a equação patrimonial, temos

Ativo: .............................................. $ 130.000 (-) Passivo Exigível. ..............................30.000 (=) Patrimônio Líquido.....................$ 100.000

Tanto o total do ativo, do passivo exigive1 e do patrimônio líquido permaneceram iguais ao balanço patrimonial anterior, embora tenha ocorrido mais uma permuta do dinheiro em caixa por mercadorias. Portanto, este é mais um fato permutativo.

6. Venderam parte das mercadorias, á vista, por $ 60.000. Estas mercadorias custaram $ 40.000. Observe que, na venda de mercadorias, temos dois fatos que ocorrem simultaneamente: um deles é o ingresso patrimonial decorrente da receita de venda, que reflete sobre o patrimônio, aumentando o ativo, dinheiro em caixa, e o patrimônio liquido; e o outro é a entrega das mercadorias vendidas, que reflete sobre o patrimônio da empresa. diminuindo o ativo, mercadorias em estoque, e o patrimônio liquido. O efeito sobre patrimônio líquido vai depender do resultado apurado pelo confronto entre a receita realizada na operação e a despesa correspondente ao custo das mercadorias vendidas. Ao resultado positivo chamamos de Lucro, o qual aumenta o patrimônio liquido como sendo uma obrigação da empresa para com os seus proprietários. sócios ou acionistas. Ao resultado negativo chamamos de prejuízo, o qual reduz o patrimônio liquido.

Apuração do resultado: Receita de venda de mercadorias: $ 60.000 Custo das mercadorias vendidas $ (40.000) (= ) Resultado (lucro) $ 20.000

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Desta forma o patrimônio da empresa fica assim constituído após esta operação:

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 80.000 Passivo exigívelMáquinas 10.000 Títulos a pagar 30.000Móveis e utensílios 20.000Veículos 30.000 Patrimônio LíquidoMercadoria 10.000 Capital 100.000

Lucros acumulados 20.000

Total do Ativo 150.000 Total do Passivo 150.000

Nesta operação, trocaram-se as mercadorias por dinheiro, o que caracteriza um fato contábil permutativo. Nesta troca, a entidade auferiu lucro, que aumentou o seu patrimônio liquido, caracterizando a ocorrência de um fato contábil modificativo aumentativo. Da combinação destes dois falos contábeis, podemos dizer que a venda de mercadorias com lucro é um fato contábil misto aumentativo.

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Unidade 4REGISTROS CONTÁBEIS 4.1 – INTRODUÇÃO

Escrituração é a técnica utilizada para o registro dos fatos contábeis ocorridos em uma entidade, visando o controle do patrimônio, a apuração do resultado dos exercícios sociais e a prestação de informações aos diversos usuários da informação contábil.

Por meio da escrituração contábil é que se acompanham as modificações ocorridas no patrimônio tanto ele forma cronológica, na medida em que os fatos vão acontecendo, como de forma sistemática, agrupando os elementos contábeis de acordo com a natureza.

O registro de um fato contábil é chamado de lançamento, o qual é efetuado nos livros contábeis, como o livro Diário e o livro Razão, além dos demais livros auxiliares da Contabilidade. O lançamento segue o método, universalmente aceito conhecido como MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS. Por este método, para cada debito efetuado em uma ou mais contas, deve corresponder um crédito em uma ou mais contas, de tal forma que o total debitado seja sempre igual ao total creditado.

4.2 - CONTAS

Em Contabilidade, contas são denominações contábeis que identificam e Controlam os elementos contábeis de natureza semelhante.

Exemplificando, tomemos a conta Caixa. Por meio desta conta será controlado o bem dinheiro que circula pela entidade através dos registros das operações que envolvem as entradas e as saídas do dinheiro. Se a qualquer momento pretender-se saber quanto a empresa possui em dinheiro é só verificar o saldo da conta Caixa neste momento.

4.2 - TEORIA DAS CONTAS

A perfeita classificação das contas pressupõe o conhecimento ou a definição da natureza do elemento por ela representado.

Embora esta seja uma questão aparentemente simples, ela tem dividido os doutrinadores nas soluções propostas, de forma que, para uns, as Contas representam pessoas e os vinculas jurídicos que prendem estas pessoas aos valores, enquanto que, para outros, as contas representam coisas e valores materiais.

Dai o motivo de terem surgido várias escolas ao longo do tempo, cada uma defendendo a sua teoria para justificar os Critérios por elas adotados na classificação das contas nos respectivos grupos e subgrupos .

Dentre estas escolas, temos como principais a teoria personalista, a teoria materialista e a teoria patrimonialista.

4.2.1 . Teoria Personalista

Para esta escola, as contas representam pessoas que se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito.

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Essa escola classifica as contas nos seguintes grupos:

a) Contas dos proprietários - compreendem todas as contas do patrimônio líquido, inclusive as suas variações, como receitas e as despesas.

b) Contas dos agentes consignatários - compreendem aquelas que representam os bens

c) Contas dos agentes correspondentes – Compreendem aquelas que representam direitos e obrigações.

4.2.2 . Teoria Materialista

Para esta escola a relação entre as contas e a entidade é uma relação material, e não pessoal. De sorte que a conta só deve existir enquanto existir, também, o elemento material por ela representado. Por isso, as contas são classificadas em dois grupos, a saber:

a)Contas integrais - são aquelas representativas de bens, direitos e obrigações exigíveis

c) Contas diferenciais – São as que representam o patrimônio líquido, além das receitas e das despesas.

4.2.3. Teoria Patrimonialista

A teoria patrimonialista estabelece que o objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades e sua finalidade é o controle do patrimônio, a apuração do resultado e prestação de informações sobre o patrimônio e o resultado das entidades. Portanto, esta teoria classifica as contas em dois grupos, a saber:

a)Contas Patrimoniais - são aquelas que representam o ativo e o passivo da entidade. Desta forma, são contas patrimoniais aquelas que indicam a existência de bens, direitos e obrigações, tanto as obrigações exigíveis como o patrimônio líquido, formado pelo capital social, as reservas e os lucros ou prejuízos acumulados.

b) Contas Resultados – Compreendem as receitas e despesas, que devem ser encerradas quando da apuração do resultado do exercício. Este resultado, lucro ou prejuízo, será incorporado ao patrimônio da entidade através da conta do patrimônio liquido ´´Lucros Acumulados`` ou ``Prejuízo Acumulados``.

4.3 – FUNCIONAMENTO DAS CONTAS

Como vimos anteriormente, a movimentação dos elementos contábeis é registrada através dos lançamentos nas contas correspondentes.

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Estes lançamentos são efetuados segundo o Método das Partidas Dobradas, onde a cada débito corresponde, sempre, um crédito de mesmo valor. Portanto, os lançamentos são efetuados por registros a débito e a crédito das contas movimentadas.

Para melhor compreensão do funcionamento das contas, vamos utilizar o gráfico da conta ou razonete.

O razonete é um gráfico em forma de "T" onde o lado esquerdo é o lado do débito e o lado direito é o lado do crédito. Convêm observar que as palavras "débito" e "crédito" não têm conotação positiva ou negativa, significando, simplesmente, um registro do lado direito ou do lado esquerdo do razonete, respectivamente.

Em face do anteriormente exposto, podemos afirmar que;

- débito é uma situação de dívida ou de responsabilidade da Conta para com a entidade; - crédito é uma situação de direito ou de haver da conta em relação à entidade; - Saldo é a diferença entre o total dos débitos e o total dos créditos efetuados numa conta.

Por sua vez, o saldo de urna conta, num determinado momento, poder. Ser:

- devedor - quando a soma dos débitos for maior do que a soma dos créditos; - credor - quando a soma dos débitos for menor do que a soma dos créditos; - nulo - quando a soma dos débitos é exatamente igual a soma dos créditos.

Exemplos; a) Razonete:

Nome da conta

Débitos Créditos

Devedor Credor

Saldo

a) Contas:

Caixa 10.000 3.000 7.000

8.0002.000 4.000

20.000 14.0006.000

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Duplicata a Pagar 13.000 25.000 12 .000

40.000

40.000 40.000

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Conta Caixa: Total de débitos: R$ 20.000Total de Créditos: R$ 14.000Portanto, o saldo é devedor: R$ 6.000

Conta Duplicata a pagar: Total De débitos: R$ 40.000Total de Créditos: R$ 40.000Portanto, o saldo é nulo. Significa que a conta está encerrada.

Conta Capital: Não teve lançamento a débito e o saldo é R$100.000 credor.

4.3.1 – Mecanismo de Débito e Crédito

Em conseqüência do Método das partidas dobradas e do funcionamento das contas, vistos anteriormente, desenvolveu-se o mecanismo de débito e crédito, cuja compreensão é de fundamental importância para correto lançamento dos fatos contábeis.

Os fatos administrativos aumentam ou diminuem os saldos dos elementos contábeis por eles envolvidos. Para registrar estes aumentos e reduções faz-se os lançamentos a débito e a crédito das respectivas contas, conforme o mecanismo de débito e crédito apresentado a seguir:

* Muito Importante!

Contas Aumentos Diminuições Natureza do Saldo

Ativo Débito Crédito Devedor

Passivo Crédito Débito Credor

Patrimônio Líquido

Crédito Débito Credor

Receitas Crédito Débito Credor

Despesas Débito Crédito Devedor

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Capital100.000

100.000

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4.4 – REGISTRO DOS FATOS CONTÁBEIS

A utilização do mecanismo de debito e crédito para o registro de fatos contábeis fica muito mais fácil se seguirmos, passo a passo, o procedimento exposto a seguir: seguir:

Sempre que estivermos diante de um fato contábil, devemos:

l° passo - identificar as contas envolvidas (pelo menos duas contas);

2°passo - identificar a que grupo cada conta pertence. Uma conta só pode pertencer a um determinado grupo que, segundo a teoria patrimonialista são os seguintes:

ATIVO- PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO - RECEITA - DESPESA

3° passo - identificar qual e o efeito do fato sobre cada conta envolvida, ou seja, qual elemento contábil aumenta ou diminui devido a este fato;

4°passo - efetuar o lançamento segundo o mecanismo de debito e credito

Vamos praticar este procedimento:

a) Fato contábil: integralização do capital pelos sócios no valor R$ 100.000.

1 ° passo - quais as contas envolvidas?

Este fato movimentara o elemento contábil dinheiro, pelo recebimento de $ 100.000 dos sócios. Portanto, urna das contas é a Caixa. Ainda por este fato, a empresa assume uma obrigação para com os seus sócios, obrigação esta representada pela conta Capital. Por isso, as contas envolvidas são: caixa e capital.

2° passo - a que grupo cada conta pertence? A conta Caixa é conta do ativo, porque representa o bem dinheiro. A conta Capital é conta do patrimônio líquido porque representa obrigação da empresa para com os seus sócios.

3° passo - qual o efeito deste fato sobre cada uma das contas envolvidas?

Devido a este falo o saldo da conta Caixa aumenta, porque a empresa recebe dinheiro. e o saldo da conta Capital também aumenta porque aumentou a obrigação da empresa para com os seus sócios.

4° passo - efetuar o lançamento segundo o mecanismo de debito e credito:

Caixa - conta do ativo que aumenta devido a este fato. Portanto, debita-se. Capital - conta do patrimônio liquido que também aumenta devido a este fato. Portanto, credita-se.

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b) Fato: compra de mercadorias a prazo por R$ 80000, aceitando uma duplicata no valor correspondente.

1 ° passo - quais as contas envolvidas?

As contas são: Mercadorias e Duplicatas a Pagar.

2° passo - a que grupo cada conta pertence? Mercadoria. é conta do ativo e Duplicatas a Pagar é conta do passivo.

3° passo - qual o efeito deste fato sobre cada uma das contas envolvidas?

Devido a este fato, aumenta o saldo da conta Mercadorias e também aumenta o saldo da conta Duplicatas a Pagar.

4° passo - efetuar o lançamento segundo o mecanismo de debito e credito:

Mercadoria - conta do ativo que aumenta devido a este fato. Portanto, debita-se R$80.000.

Duplicata a pagar - é conta do passivo e aumenta; portanto deve ser creditada em R$80.000.

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Caixa

100.000

Caixa

100.000

Capital

100.000

Mercadoria

80.000

Duplicatas a pagar

80.000

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4.5 – BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

Depois de efetuadas os lançamentos nos razonetes, devemos, em seguida, apurar os saldos de todas as contas.

Conforme já vimos, obtém-se o saldo de uma conta pela diferença entre o total dos débitos e o total dos créditos lançados nesta conta.

Como conseqüência do Método das Partidas Dobradas, onde a cada débito corresponde um crédito de mesmo valor, o total dos saldos devedores deve ser igual ao total dos saldos credores,

O relatório chamado Balancete de Verificação relaciona cada conta com o respectivo saldo devedor ou credor, de tal forma que se os lançamentos foram corretamente efetuados nos razonetes, o total da coluna dos saldos devedores é igual ao total da coluna dos saldos credores. Havendo diferença entre os totais, podemos afirmar que pelo menos um lançamento está errado, devendo-se revisar cada registro até que os erros sejam localizados.

BALANCETE VERIFICAÇÃOSaldos

Contas Devedores Credores

Total

4.6 – Apuração do resultado

Já se sabe que se apura o resultado pelo confronto entre as receitas e as despesas de um certo período.

Contabilmente, o resultado é apurado atraves dos lançamentos de encerramento das contas de receitas e de despesas, mediante a transferência dos respectivos saldos para uma conta transitória Chamada de Apuração do resultado do Exercício ou simplesmente ARE.

Como as contas de despesas têm saldos devedores, elas são encerradas no final do exercício social com lançamentos a credito das respectivas contas e a débito da conta apuração do resultado do exercício. Já as contas de receitas têm saldos credores e para encerrá-las faz-se lançamentos a débito das contas correspondentes, tendo como contrapartida a conta Apuração do Resultado do Exercício.

Convem ressaltar que a conta Apuração do Reau1tado elo Exercício é apenas uma conta transitória que surge na Contabilidade com a finalidade exclusiva de possibilitar a comparação entre as receitas e as despesas do período definido como exercício social. Obtido o resultado, este será transferido para a conta do patrimônio líquido Lucro Acumulados, ou Prejuízos Acumulados.

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4.7 – BALANÇO PATRIMONIAL

Após o encerramento de todas as contas de receitas e despesas e incorporado o resultado ao patrimônio liquido, todas as contas que permanecem com saldo são patrimoniais, ou seja, é do ativo, ou do passivo, ou do patrimônio liquido. Estas contas, com os respectivos saldos, vão compor, então o Balanço Patrimonial da entidade na data do encerramento do exercício social.

Exemplo:

No dia 1º de abril de 19XI, foi constituída a empresa Eletrônica viçosa, com o objetivo de prestar serviços de conserto de aparelhos eletrônicos. Os fatos contábeis ocorridos durante o primeiro mês de atividade da empresa foram:

1) Integralização do capital social pelos sócios, em dinheiro, $ 100.000. 2) Compra de mesas e cadeiras, á vista, por $ 20.000. 3) Compra de mesas e cadeiras a prazo, aceitando uma duplicata no valor de $ 80.000. 4) Conserto de um aparelho de rádio por $ 35.000. 5) Compra de peças utilizadas no conserto do rádio, no valor de $ 8.000, à vista. 6) Compra de equipamento de teste, a vista, por $ 10.000. 7) Conserto de um aparelho de televisão por $ 60.000, emitindo uma duplicata com vencimento em 15 de maio de 19X1. 8) Pagou o aluguel do mês no valor de $ 7.000. 9) A folha de pagamento do mês de abril será paga no dia 5 de maio de 19X1, no valor de $ 25.000. 10)Os Sócios aumentaram o capital da empresa para $ 150.000, integralizando mais $ 50.000 em dinheiro.

Diante destes fatos, pede-se:

a) registrar estes fatos em razonetes;b) elaborar o balancete de verificação; c) apurar o resultado do mês de abril; d) elaborar o balanço patrimonial.

Solução:

Registro dos fatos contábeis

1)Integralização do capital social em dinheiro- $100.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Capital

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Caixa e conta do ativo Capital é conta do patrimônio liquido 3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa aumenta o saldo da conta Capital também aumenta

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4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Caixa. ................. S 100.000 creditar a conta Capita..................S 100.000

2) compras de mesas e cadeiras a vista - $20.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Móveis e Utensílios

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Caixa e conta do ativo Móveis e Utensílios é também conta do ativo

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa diminui o saldo da conta Móveis e Utensílios aumenta4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes

Resposta: debitar a conta Móveis e Utensílios......... $ 20.000 creditar a conta Caixa................................S 20.00

3) compras de mesas e cadeiras a prazo, aceitando uma duplicata - $ 80.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Móveis e Utensílios e Duplicatas a Pagar

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Móveis e Utensílios e conta do ativo Duplicatas a Pagar ê conta do passivo

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Móveis e Utensílios aumenta o saldo da conta Duplicatas a Pagar também aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Móveis e Utensílios......... $ 80.000

creditar a conta Duplicatas a Pagar. ........ $ 80.000

4) Conserto de um aparelho de rádio recebendo pelo serviço, em dinheiro- $ 35.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Receitas de Serviços

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Caixa é conta do ativo Receitas de Serviços é conta de receitas

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa aumenta o saldo da conta Receitas de Serviços também aumenta

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4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Caixa....................................$ 35.000 creditar a conta Receitas de Serviços...........$ 35.000

5) Compra de peças para utilização no conserto do rádio, à vista - $ 8.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Despesas com Peças

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: a conta Caixa é conta de ativo a conta Despesas com Peças e conta de despesa

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa diminui o saldo da conta Despesas com Peças aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Despesas com Pecas...........................$ 8.000 creditar a conta Caixa..................................................$ 8.000

6) Compra de equipamento de testes, à vista - $ 10.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Equipamentos2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: a conta Caixa é conta de ativo a conta Equipamentos também e conta do ativo

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa diminui o saldo da conta Equipamentos aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Equipamentos...........................$ 10.000 creditar a conta Caixa......................................$10.000

7) Conserto de um aparelho de televisão a prazo emitindo uma duplicata - $ 60.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Duplicatas a Receber e Receitas de Serviços

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Duplicatas a Receber é conta de ativo Receitas de Serviços é conta de receita

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3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: saldo da conta Duplicatas a Receber aumenta saldo da conta Receitas de Serviços também aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Duplicatas a Receber...........................$ 60.000 creditar a conta Receitas de Serviços............................$ 60.000

8) Pagamento do aluguel do mês - $ 7.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Caixa e Despesas de Aluguel

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Caixa é conta do ativo Despesa de Aluguel é conta de despesa

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Caixa diminui o saldo da conta Despesa de Aluguel aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Despesa de Aluguel ....................$ 7.000 creditar a conta Caixa .........................................$ 7.000

9) Folha de pagamento de abril - $ 25.000

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: Despesas de Salários e Salários a Pagar

2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Despesa de Salários é conta de despesas Salários a Pagar é conta do passivo

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta: o saldo da conta Despesas de Salários aumenta o saldo da conta Salários a Pagar também aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta Despesas de salários.......................$ 25.000 creditar a conta Salários a Pagar ............................ $ 25.000

10) Integralização do capital social em dinheiro - $ 50.000.

1º passo: quais as contas envolvidas Resposta: : Caixa e Capital

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2º passo:) a que grupo cada conta pertence? Resposta: Caixa é conta do ativo

Capital é conta do patrimônio liquido

3º passo: qual o efeito deste fato sobre cada conta? Resposta : o saldo da conta Caixa aumenta o saldo d.a conta Capital também aumenta

4º passo: efetuar o lançamento nos razonetes Resposta: debitar a conta caixa.......................$ 50.000 creditar a conta capital ...................$ 50.000

a) Razonetes

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caixa Capital Móveis

100.000 35.000 50.000

185.000

140.000

20.000 8000 10.000 700045.0000

100.000 50.000

150.000

20.00080.000

100.000

Equipamentos Duplicatas a receber Despesa de aluguel

10.000 60.000 7.000 7.000

Duplicatas a pagar Receitas de serviço Despesa com peças

80.000

95.000

35.00060.000

95.000

8.000 8.000

Page 28: APOSTILA CONTABILIDADE completa 2010

b) Balancete de verificação

Balancete de verificação contas saldos

Devedor CredorCaixaCapitalMóveisDuplicatas a pagarReceitas de ServiçoDespesa com Peças EquipamentosDuplicatas a ReceberDespesas de AluguelDespesa com SaláriosSalários a Pagar

140.000

100.000

8.00010.00060.000 7.00025.000

150.000

80.00095.000

25.000

Total 350.000 350.000

C) Apuração do resultado exercício

Observe que o total das receitas foi de $ 95.000 e o total das despesas de $ 40.000, resultando no lucro de $ 55.000, incorporado ao patrimônio líquido através da conta Lucros acumulados.

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Despesa com salários Salários a pagar Lucros acumulados

25.000 25.000 25.000 55.000

A.R.E

.E

8.000 7.00025.0000 40.000

55.000

95.000

95.000

55.000

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d) Balanço Patrimonial

Balanço PatrimonialAtivo Passivo

Caixa 140.000 Duplicatas a pagar 80.000Móveis 100.000 Salários a pagar 25.000Equipamentos 10.000 105.000Duplicatas a receber 60.000 Patrimônio Líquido

Capital 150.000 Lucros acumulados 55.000

310.000 310.000

4.8 – Plano de contas

O plano de Contas é constituído de normas e procedimentos sobre a utilização das contas integrantes do sistema contábil da entidade, tendo como finalidade servir de guia para o registro e demonstração dos fatos contábeis.

E o elo de comunicação da entidade com os diversos usuários da informação contábil com os administradores, os investidores, os agentes financeiros, os clientes e fornecedores, o fisco, etc. Um Plano de contas é composto pelas seguintes partes:

- Elenco das contas - Codificação das contas - Função das contas - funcionamento das contas

4.8.1 – Elenco de contas

Também conhecido como estrutura do plano de contas, o elenco de contas consiste na relação ordenada de todas as contas utilizadas para o registro dos fatos contábeis de uma entidade.

Na definição da estrutura do plano de contas devemos adotar as diretrizes estabelecidas pela legislação comerciais e fiscais que têm se revelado bastante úteis também para fins gerenciais. Para certos setores da economia onde é preponderante o controle governamental, o plano de contas é padronizado e definido pelos respectivos órgãos fiscalizadores. Portanto temos planos de Conta padronizados para as instituições financeiras, empresas seguradoras, órgãos públicos, etc.

Apresentamos a seguir a estrutura básica do plano de controle segundo a legislação comercial.

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Ativo Ativo Circulante Disponibilidades Direitos Realizáveis Despesa do exercício seguinte. Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Investimento Imobilizado Diferido Passivo Passivo Circulante Passivo Exigível a Longo Prazo Resultado de Exercícios Futuros Patrimônio Liquido Capital Social Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reserva de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados

Convém salientar que o elenco das contas não pode ser excessivamente sintético a ponto de não proporcionar as informações requeridas pelos diversos usuários. Por outro lado, também não deverá ser excessivamente detalhado, a ponto de gerar informações desnecessárias.

4.8.2 – Função das Contas

É a parte do plano de contas que tem como finalidade explicar a razão da existência da conta, para que serve, onde se aplica, como se trabalha com ela e como ela passa pelas fases de abertura, desenvolvimento e encerramento.

4.8.3 – Funcionamento das Contas

É a parte do plano de contas que demonstra o relacionamento de uma conta com as demais, assim como a sua abertura, movimentação e encerramento.

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Unidade 5ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

5.1 – CONCEITO

O 1ançamento é o registro de um fato contábil. Ao conjunto de lançamentos chamamos de escrituração. A escrituração completa é composta pelos lançamentos contábeis e pelas demonstrações financeiras elaboradas no encerramento de cada exercício social.

5.2- MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO

A Contabilidade adota o método universalmente aceito e conhecido como "Método das Partidas Dobradas", cuja essência consiste no seguinte enunciado: para cada débito em uma ou mais contas deve corresponder um crédito em uma ou mais contas de tal forma que o total debitado seja igual ao total creditado.

5.3- FUNÇÃO DA ESCRITURAÇAO

A escrituração contábil possui duas funções. Uma é a função histórica, que consiste no registro dos fatos na ordem cronológica, função essa que é desempenhada pelo livro Diário. A outra função é sistêmica, que consiste na organização dos elementos contábeis de acordo com a sua natureza e valores respectivos. Essa função é desempenhada pelo livro razão.

5.4- PROCESSO DE ESCRITURAÇÃO

A entidade tem toda liberdade de escolher a forma de registrar os seus fatos contábeis, utilizando o registro manual, mecanizado ou por processamento de dados, devendo ser observado o seguinte procedimento:

a Contabilidade toma conhecimento da ocorrência dos fatos contábeis através de documentos. Portanto, todo lançamento deve estar apoiado em documentos hábeis e idôneos e adequados ao tipo de operação

de posse dos documentos, a etapa seguinte consiste no registro dos fatos no livro Diário, segundo as técnicas de escrituração próprias deste livro;

os lançamentos efetuados no livro Diário devem, em seguida, ser transcritos para o livro Razão.

após registrados todos os fatos nos Diários e Razão, com base nos saldos das contas do Razão, elabora-se: o Balancete de Verificação. Como vimos anteriormente este balancete tem como finalidade constatar a igualdade entre os valores debitados e creditados nas respectivas contas;

completando-se a escrituração, apura-se o resultado, com o encerramento de todas as contas de receitas e despesas, e elaboram-se as demonstrações contábeis, dentre elas as principais são: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício transcrevendo-se estas demonstrações no livro Diário.

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5.5 – ESCRITURAÇÃO DO LIVRO DIÁRIO

A escrituração do livro diário tem como objetivo o cumprimento da função histórica da Contabilidade uma vez que os lançamentos neste livro devem obedecer a ordem cronológica dos fatos contábeis ocorridos.

Dada a sua função histórica, o livro diário é o mais importante livro contábil com ele podemos recuperar todo o passado da entidade além de possibilitar a reconstituição dos demais livros, no caso de extravios. Por outro lado, a falta do livro Diário torna impossível a recuperação dos demais livros da Contabilidade.

5.6- ELEMENTOS ESSENCIAIS DO LANÇAMENTO

A escrituração contábil deve estar apoiada em documentação hábil e idônea, representativa dos fatos correspondentes. Mediante a análise dos documentos apresentados para a contabilização devemos identificar os seguintes elementos essenciais para o registro no livro Diário.

1- Local e Data2- Conta ou contas debitadas 3- Conta ou contas ceditadas , precedida da partícula “a”4- Valor da operação

Convém observar que a partícula "a" é apenas indicadora da conta creditada, sendo o seu uso facultativo. Apesar de sua importância para a perfeita compreensão dos fatos contábeis, geralmente despreza-se o histórico para fins de estudo, colocando o valor da operação ao lado da conta creditada.

5.7- FÓRMULAS DE LANÇAMENTO

Os lançamentos no livro Diário são efetuados segundo quatro tipos ou fórmulas, de acordo com a quantidade de Contas necessárias para o registro do fato contábil.

1ª fórmula simples - quando apenas uma conta é debitada e uma única Conta é creditada.

Ex.: compra de uma estante, á vista, por $ 80. 000.

Lançamento:

Móveis e Utensílios a caixa......................................................................$ 80.000

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2ª fórmula composta - quando apenas uma conta é debitada e mais de uma conta é creditada.

Ex.: compra de uma estante, á vista, por $ 80. 000, pagando $30.000 com cheque do banco do Brasil e aceitando uma duplicata pelo restante, $50.000.

Lançamento:

Móveis e Utensílios a diversos a Bancos C/Movimento...............................................$ 30.000 a Duplicatas a pagar ....................................................$ 50.000...........$80.000

3ª fórmula composta - quando mais de uma conta é debitada e uma única conta é creditada.

Ex.: integralização do capital social no valor de $ 15. 000, sendo $5.000 em móveis e utensílios e $10.000em dinheiro.

Lançamento:

Diversos a capital social caixa...............................................................$10.000 Móveis e utensílios........................................$ 5.000...........$15.000

4ª fórmula complexa - quando mais de uma conta é debitada e mais de uma conta é creditada.

Ex.: pagamento do aluguel do mês no valor de $40.000 e de uma duplicata no valor de $ 90. 000, com utilização de $30.000 em dinheiro e 100.000 em cheque.

Lançamento:

Diversos a diversos Despesa de aluguel....................................$ 40.000 Duplicatas a Pagar.....................................$ 90.000 a caixa.....................................................................................$ 30.000 a Bancos c/ Movimento...........................................................$100.000

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Unidade 6 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Com vocês já sabem, na Estrutura do Balanço patrimonial são relacionadas todas as contas patrimoniais com seus respectivos saldos, separadas em ATIVO e PASSIVO e agrupadas segundo sua natureza.

6. Grupo de Contas do Ativo

A - GRUPO DE CONTAS DO ATIVO

Integram este grupo:

- Ativo Circulante, - Ativo Realizável a Longo Prazo - Ativo Permanente

O ativo está disposto em grupos de contas homogêneas ou de mesmas características. Os itens do ativo são agrupados de acordo com a sua liquidez isto é de acordo com a rapidez. Com que podem ser convertidos em dinheiro.

ATIVO CIRCULANTE:

O dinheiro (caixa ou bancos), que é o item mais líquido, é agrupado com outros itens que são transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, menos de um ano: Aplicações Financeiras, Estoques, Duplicatas a Receber, Valores em Trânsito, etc. Este grupo podemos denominar de “Ativo Circulante”.

Contas a Receber, Títulos a receber, Duplicatas a receberSão os valores não recebidos decorrente de vendas de mercadorias ou prestação de serviços a prazo. São valores a receber de cliente.

EstoquesSão mercadorias a serem revendidas. No caso de uma indústria, são os produtos acabados, bem como matéria-prima e outros materiais secundários que compõem o produto em fabricação.

Valores em TrânsitoSão remessas de numerários de uma agência (filial) para outra.

Investimento Temporários( Aplicações Financeiras)São aplicações realizadas normalmente no mercado financeiro com excedente de caixa. São investimentos por um curto período de tempo, pois tão logo a empresa necessite do dinheiro, ela se desfaz da aplicação.

Despesa do Exercício Seguinte

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São as despesas contraídas antecipadamente e ainda não consumidas. Certamente essas despesas serão utilizadas dentro do exercício seguinte, exemplos seguro pagos antecipadamente.

Deduções do circulante( contas retificadoras do Ativo)No Balanço Patrimonial, algumas contas que apresentam saldo credor, embora sejam contas passivas devem ser agrupadas no “Ativo”, uma vez que representam valores retificativos de elementos que integram is seus grupos.

Exemplo das deduções:

- Títulos descontados- Provisão para créditos de Liquidação Duvidosa-Provisão para ajuste de Estoque ao valor de mercado-Provisão para Ajuste de títulos imobiliários-Depreciações Acumuladas-Amortização Acumulada- Exaustão Acumulada

- ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

Compreende os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. São os ativos de menor liquidez (transforma-se em dinheiro mais lentamente) que o circulante.Neste item são classificados os empréstimos ou adiantamentos concedidos às sociedades coligadas ou controladas, a diretores, a acionistas, etc.

- ATIVO PERMANENTE

São aqueles ativos que dificilmente serão vendidos, pois suas características básicas é não se destinarem à venda. Portanto pode-se dizer que são itens sem nenhuma liquidez para a empresa

Outra característica do Ativo Permanente é que são itens usados por vários exercícios ( vida útil longa) e sua reposição, ao contrário do circulante, é lenta. Seus valores não variam constantemente, daí a denominação conhecida como Ativo Fixo.

No permanente encontramos Prédios, instalações, equipamentos, móveis, utensílios, etc. pelo seu valor bruto.

Com dedução do valor bruto encontra-se a Depreciação Acumulada que é a perda da capacidade (pelo desgaste ou pela deterioração tecnológica) daqueles ativos que produzem eficientemente.

Assim, tem-se o valor líquido ( valor Bruto- Depreciação Acumulada) que deve aproximar-se do valor daqueles ativos em termos potencial capaz de trazer benefícios futuros para a empresa.

O permanente subdivide-se em Três Grupos: Investimentos, Imobilizado e Diferido.

InvestimentosSão as participações (que não se destinam a venda) em outras sociedades e aplicações de características permanentes que não se destinam à manutenção da atividade operacional da empresa.

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Exemplos: Terrenos, Imóveis alugados a terceiros, obras de arte,

ImobilizadoSão as aplicações que tenham por objetivo bens destinados à manutenção da Atividade operacional da empresa.

Exemplos: - Imóvel( onde está sediada a sede da empresa)- Instalações- Móveis e utensílios- Máquinas e Equipamentos - Marcas e Patentes

DiferidoSão as aplicações de recursos em despesas, ou gastos, que contribuem para obtenção de receita ou para formação de resultado de mais de um exercício social.

Exemplos: - Gastos pré-operacionais- gastos de reorganização- Pesquisa e desenvolvimento de produtos

6.1 Grupo de Contas do Passivo

A - GRUPO DE CONTAS DO PASSIVO :

As contas do passivo são agrupadas em ordem decrescente de exigibilidade dos elementos nele registrados, estruturados nos seguintes grupos:

- Passivo Circulante - Passivo Exigível a Longo Prazo - Resultado de Exercício Futuro- Patrimônio Líquido

PASSIVO CIRCULANTE

Neste grupo são escrituradas as obrigações da empresa, inclusive os financiamentos para aquisição de direitos do Ativo Permanente, vencíveis no exercício seguinte.São classificadas neste grupos, dentre outras , as contas que representem as seguintes exigibilidades:

Exemplos:

- Fornecedores, credores- Empréstimos bancários (vencíveis no Exerc´cio seguinte)-Obrigações tributárias (IMS,IPI,ISS, IRRF)-Contribuições Sociais (INSS,FGTS, SINDICATOS,etc.)-Provisão para imposto de renda Pessoa jurídica- Provisão para Contribuição Social

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- Provisão para o Imposto de renda s/lucro do Exercício

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

São escriturados, neste grupo, as obrigações da empresa vencíveis após o exercício seguinte, inclusive os financiamentos para aquisição de Direitos do Ativo permanente.

Integram esse grupo, dentre outras contas, as contas que representem as seguintes exigibilidades:

Exemplo:

- Financiamento- Debêntures-Obrigações tributárias (IMS,IPI,ISS, IRRF)-Hipoteca-Parcelamento de débitos fiscais e sociais- Crédito a empresas coligadas e controladas

RESULTADO DO EXERCÍCIO FUTUROS

São registradas nesse grupo as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes.

Valores que podemos classificar nesse grupo:

- valor contratado das vendas a prazo ou a prestação, para recebimento em período subseqüente, pela empresas imobiliárias, e por diminuição, os custos respectivos.

- Os juros e demais receitas financeiras recebidas antecipadamente, em operações financeiras.

-Os adiantamentos recebidos pela venda de bens importados por diminuição, os custos correspondentes.

PATRIMÕNIO LÍQUIDO

O patrimônio líquido é a diferença positiva entre os bens e direitos e as obrigações, representando, por conseguinte, o capital próprio da empresa

O Patrimônio Líquido é constituído dos seguintes componentes:Capital, social, reserva de Capital. Reserva de Reavaliação e Reserva de Lucro, lucro ou prejuízo do Exercício

Capital socialSão discriminados nesta conta o montante subscrito e , como dedução a parcela do mesmo, ainda não realizada

Reserva de capitalNesta subdivisão são agrupadas as contas enquanto não realizado ou seja, enquanto não incorporado ao próprio capital através de uma operação jurídica, que descreveremos abaixo

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Reserva de ReavaliaçãoCompreende as contrapartidas de aumentos de valores atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações dos bens com base em laudo aprovado pela assembléia.

Reservas de lucrosSão reservas constituídas pela apropriação de lucros da companhia, podendo assumir as seguintes características.

- Reserva Legal- Reserva Estatutária- Reserva para contingência- Reserva de lucros a realizar

Reserva legal - é aquela destinada a assegurar a integridade do capital social da companhia, podendo ser usada para compensar prejuízos ou para aumento do capital social.

Reserva Estatutária - São aquelas que o estatuto pode prever ou criar.

Reserva para contingência - É estabelecida pela assembléia geral ordinária.

Reserva de lucros a realizar- Pode ser constituída no exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido para reserva legal, reserva estatutária, reservas para contingência e reservas para planos de investimentos.

6.3- ESTRUTURA DO BALANÇO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

6.3.1- Demonstração do resultado

Demonstração do resultado

( + ) Receita Bruta( - ) Deduções de vendas ( impostos; vendas canceladas)( = ) Receita líquida( - ) Custos de Mercadorias Vendidas( C.M.V)( = ) Lucro Bruto( - ) Despesa com Vendas( - ) Despesas Administrativas( - ) Despesas Financeiras( + ) Receitas Financeiras( - ) Outras Despesas Operacionais( + ) Outras Receitas Operacionais( = ) Lucro Bruto( + ) Receitas Não-Operacionais( - ) Despesas Não operacionais( +/-) Resultado da Correção Monetária do Balanço( = ) Resultado antes da contribuição Social( - ) Provisão para contribuição Social( = ) Resultado antes do imposto de Renda( - ) Provisão para o Imposto de Renda

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( = ) Lucro Líquido do Exercício

Deduções de Vendas São agrupadas nesse item as contas que representam a dedução ou diminuição

dos valores em relação à receita bruta de vendas ou serviços. Exemplos: ICMS,ISS, PIS - Faturamento, Notas fiscais canceladas.

Custo da Mercadoria Vendida (CMV) Neste item são agrupados os custos apurados na venda de mercadorias. A

empresa poderá adotar o sistema de custo integrado ou pelo sistema simplificado quando a empresa não mantiver o controle permanente de estoques.

Despesa com vendas Neste grupo vamos encontrar as despesas relacionadas diretamente ao setor de

vendas de mercadoria da empresa. Podemos verificar que nesse grupo vamos encontrar subgrupos relacionados diretamente com a venda ou revenda da mercadoria.

Exemplos: Despesa com vendas - Salários - Encargos Sociais - Material de Divulgação - Anúncio de Divulgação

Despesa Gerais e Administrativas Neste grupo vamos encontrar todas as despesas relacionadas com a

administração da empresa. Esse grupo também têm subgrupos relacionados.

Exemplos: Despesa Gerais e Administrativas - Salários - Luz, água, Telefone - Encargos Sociais - Aluguel - Material de Escritório - Reprodução de Cópias

Despesa Financeiras Neste grupo são contabilizados todos os gastos despendidos com a obtenção de

recursos financeiros, junto aos bancos. Nesse item encontramos.

Exemplos: Despesa Financeiras - Despesas Bancárias - Juros S/Financiamentos bancários - Correção de Valores ( variações Passivas)

Receitas Financeiras

Nas receitas financeiras são contabilizadas as entradas de recursos provenientes de aplicações financeiras; juros recebidos, descontos obtidos, etc.

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Outras Despesas operacionais

Classificam-se neste grupo todas as despesas operacionais que não se enquadra nos itens anteriores. A despesa classificada neste item não quer dizer que não seja operacional, desde que ela seja necessária para manutenção da atividade da empresa, e não classificáveis nos demais grupos anteriores, serão classificadas nesse item.

Receitas Não- operacionais

Nas Receitas não-operacionais vamos encontrar entrada de recursos provenientes de vendas que não esteja relacionada diretamente com a atividade fim da empresa, normalmente venda de alguma máquina do imobilizado que não está produzindo, aluguel de um equipamento, etc..

Despesa Não- operacionais

São despesas que ocorrem, mas que não são necessariamente para o funcionamento normal da empresa. Esse tipo de despesa deverá ser submetido aos demais grupos para certificar-se do não enquadramento num despesa operacional.

Resultado da correção monetária do Balanço

A correção Monetária do Balanço é um procedimento obrigatório, entre outros, no encerramento do exercício social.

Podemos apurar um saldo credor ou devedor. Quando o saldo for credor, isso significará que houve um lucro inflacionário Apurado, e quando for devedor, verificamos que houve um prejuízo inflacionário. Provisão Contribuição para Provisão Social

Outro procedimento que se verifica no encerramento do exercício social, essa provisão é após fazermos as inclusões e exclusões no lucro apurado do exercício. Provisão Contribuição para Imposto de renda

Um procedimento como os demais só visto no encerramento do exercício social, a Provisão para Imposto de renda é calculada através do livro de Apuração Real(LALUR), onde se mantém registrada as inclusões e exclusões sobre o Lucro Apurado no Exercício.

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Unidade 7 Análise Através de Indicadores

7. Análise Através de Indicadores

Uma empresa utiliza, para sustentar seu processo produtivo, recursos ditos permanentes que têm um período de renovação mais lento, tais como imóveis, máquinas, instalações e também recursos de renovação mais acelerada, como os estoques, disponibilidades financeiras e as contas a receber que formam o seu capital circulante.

A análise dos circulantes está relacionada diretamente com o ativo circulante e o passivo circulante que registram estes recursos e obrigações de curto prazo. Assim capital de giro líquido ou capital circulante líquido, como é mais comum ser chamado, é igual ao ativo circulante menos o passivo circulante, assim representado:

Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante

Quando o capital circulante líquido – CCL é positivo, significa que o maior valor está localizado no ativo circulante e portando os bens de curto prazo são maiores que as obrigações, também de curto prazo. Neste caso a empresa está financiando parte de seu capital de giro com recursos de longo prazo.

Por outro lado, quando o CCL é negativo, as obrigações sobrepõem-se aos recursos de curto prazo, então denota uma situação em que a empresa está financiando parte de seus ativos permanentes com a utilização de recursos de curto prazo.

7.1. Índices de Liquidez (Solvência)

Esses indicadores medem a capacidade da empresa em pagar suas dívidas dentro do vencimento e mostram sua estrutura de endividamento. Tais indicadores são extraídos tão somente do balanço patrimonial, razão pela qual são considerados indicadores estáticos, já que qualquer pequena mudança no momento imediatamente posterior ao do cálculo acarretara na alteração sumária do resultado apurado. Quer dizer que o simples fato de comprar uma mercadoria a vista ou para pagamento a curto prazo, bem como o recebimento de qualquer valor, irá alterar o resultado ora obtido.

De modo geral, as alterações se processam de forma gradual, razão pela qual estes indicadores devem estar sempre atualizados, pois o acompanhamento sistemático destes sinalizadores é de vital importância para a alta administração. Lembrando sempre que acontecimentos extraordinários podem afetar estes indicadores fazendo com que a situação evidenciada não reflita a normalidade da empresa e acarrete mudanças bruscas.

a) Liquidez Corrente

O principal objetivo deste indicador é verificar a capacidade de pagamento que a empresa tem dos valores a curto prazo. Assim se o índice apurado for de “2,30” significa que para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo a empresa dispõe, neste

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momento de R$ 2,30 de recursos imediatos (circulantes) para pagar as dívidas constantes no passivo circulante (obrigações de curto prazo).

A fórmula utilizada para a apuração deste indicador é:

Liquidez Corrente =Ativo Circulante

Passivo Circulante

O ponto de parâmetro é que o resultado obtido da aplicação desta fórmula deve ser sempre superior a “1,00” sendo classificado, na maioria dos casos, como ótimo o índice a partir de “1,50”. É importante lembrar a qualidade dos valores apurados a receber, bem como a relevância dos saldos em estoque.

Quando o valor foi inferior a “1,00”, significa que está faltando recursos para cumprir as obrigações de curto prazo. Por exemplo, se o resultado for de “0,80”, a empresa dispõe de apenas 80% do valor das dívidas vencíveis a curto prazo, faltando então R$ 0,20 para cada R$ 1,00 de dívida assumida.

b) Liquidez Seca

Este indicador tem o mesmo objetivo do anterior, no entanto para este cálculo é excluído o valor dos estoques do total do ativo circulante. Este indicador é um pouco mais rigoroso que a Liquidez Corrente, no sentido de que a exclusão dos estoques transforma a parcela restante do ativo apenas em valores recebíveis, considerando que nada mais será comercializado pela empresa.

A forma de cálculo é igual a anterior, apenas deduzindo o valor dos estoques do ativo circulante, ficando assim representada:

Liquidez Seca =Ativo Circulante - Estoques

Passivo Circulante

A questão central deste indicador está na análise da capacidade de realização dos estoques, por isso não há um claro referencial para o cálculo. Assim, uma empresa onde os estoques predominantes são os de produtos em processo (inacabados), tem sua realização mais demorada do que uma empresa comercial que normalmente tem estoque de mercadorias com grande facilidade de venda e alta rotatividade.

Para empresas industriais é conveniente um indicador superior a “0,70” analisado sempre em conjunto com a liquidez corrente. Para as empresas comerciais este índice poderia chegar até “0,50” e ser considerado normal, dendê que, os estoques formem liquidez corrente superior a “1,00”.

c) Liquidez Imediata

A liquidez imediata também tem o objetivo de verificar a capacidade de pagamento dos valores a curto prazo, mas é um índice altamente pessimista e considera que além de nenhuma mercadoria mais ser comercializada, ainda sugere que não sejam utilizados os valores contabilizados como a receber. Desta forma são utilizados somente os valores disponíveis em caixa ou instituições financeiras de uso imediato para dar a quitação destes valores.

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Então, para este cálculo são excluídos os estoques e demais valores a curto prazo, restando somente às disponibilidades para serem confrontadas com as obrigações de curto prazo, da seguinte forma:

Liquidez Imediata =Disponibilidades

Passivo Circulante

Assim, o indicador aqui localizado indicará apenas quanto a empresa possui de recursos financeiros disponíveis de forma imediata para o pagamento das contas a curto prazo, não existindo um referencial para este indicador, já que inúmeros fatores alteram estes valores diariamente e numa velocidade que muitas vezes foge do controle da administração da empresa.

d) Liquidez Geral

Também objetiva verificar a capacidade de pagamento, no entanto, analisa agora as condições totais dos valores a receber e a realizar em confronto com os valores a pagar, considerando tanto os valores de curto como os de longo prazo.

O índice apurado significa quanto a empresa possui de bens e direito para saldas todas as suas dívidas de curto e longo prazo e é assim calculada:

Liquidez Geral =Ativo Circulante + Realizável a Longo PrazoPassivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Não há um referencial para tal indicador, apesar de alguns entenderem que é interessante ser sempre acima de “1,00”. É claro que se o indicador for superior ao limite de 1 para 1, significa que a empresa está em condições de saldar todas as suas obrigações, se é claro todos os valores se realizarem, conforme provisionados.

Assim, torna-se o ponto especial deste indicador, além do que já tratamos na liquidez corrente e seca, a qualidade dos itens de longo prazo, bem como o perfil do exigível a longo prazo. Se o exigível a longo prazo é apurado para os próximos 2 anos, a análise é diferente de, se por outro lado, ele for resgatado, por exemplo, em dez anos. O que irá validar um resultado inferior a “1,00” é a capacidade de geração de lucros da empresa que deve ser analisada paralelamente a este indicador.

e) Endividamento

A finalidade deste indicador é medir a estrutura de financiamento da empresa. O número resultante evidencia o reflexo das políticas de alavancagem financeira utilizadas pela empresa e o financiamento do capital de giro ao final de cada período. É assim, um parâmetro de garantia dos credores.

Em outras palavras, significa quanto a empresa tem de capital de giro próprio para garantir as dívidas contratadas e os financiamentos, por isso o confronto dos valores a pagar é realizado diretamente com o patrimônio líquido da sociedade:

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Endividamento =Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Patrimônio Líquido

Neste caso um ponto referencial é que este indicador deva ser sempre inferior a “1,00”, pois valores superiores a este limite sugerem excesso de endividamento da empresa através de empréstimos e financiamentos já assumidos.

O excesso de endividamento pode não trazer problemas em situações normais de demanda, mas obviamente temos que analisar também o perfil do endividamento de longo prazo juntamente com a capacidade de geração de lucros através das vendas.

7.2. Índices de Estrutura

Os índices de estrutura mostram a participação relativa das contas que constituem o capital de giro em relação ao valor total do ativo circulante. Esses indicadores podem ser analisados por intermédio de sua evolução temporal, comparando-se os balanços de períodos sucessivos, ou também por comparação com empresas ligadas ao mesmo setor.

Aliás, a análise de comparabilidade com empresas do mesmo setor é sempre recomendável, já que um indicador abaixo do padrão recomendado pode ser comum em determinado ramo de mercado, o que poderá ser facilmente detectado pela análise comparativa. Importante salientar que quanto mais afins forem os negócios das empresas comparadas, melhor será a análise dos resultados.

a) Participação das Disponibilidades

O índice de participação das disponibilidades financeiras mostra qual a participação dos recursos de liquidez imediata na estrutura atual do capital de giro. Sua fórmula de cálculo é:

Indice de Participação das Disponibilidades =DisponibilidadesAtivo Circulante

b) Participação dos Estoques

O índice de participação dos estoques mostra o peso desse item em relação ao capital de giro. Um índice elevado pode indicar uma má gestão dos estoques.

Indice de Participação dos Estoques =Estoques

Ativo Circulante

c) Participação de Contas a Receber

Outro indicador da estrutura do capital de giro é o índice de participação de contas a receber. Este indicador mostra qual o peso das contas a receber sobre o total do ativo circulante.

Quando este indicador é muito elevado, pode indicar uma política de concessão de crédito muito flexível o que aumenta o risco de inadimplência.

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Indice de Participação do Contas a Receber =Contas a ReceberAtivo Circulante

d) Financiamento

O índice de financiamento informa qual o percentual do capital de giro é financiado por empréstimos bancários de curto prazo. Um resultado alto é indicador de forte dependência de empréstimos de curto prazo e que irão pressionar o caixa da empresa.

Para a apuração deste indicador é importante salientar que se entende por financiamentos todos os empréstimos bancários de curto prazo, registrados no passivo circulante.

Indice de Participação dos Financiamentos =FinanciamentosAtivo Circulante

7.3. Índices de Eficiência (Atividade)

Esses índices estão relacionados com as contas resultantes da operação da empresa, obtidos tanto no balanço patrimonial quanto no demonstrativo de resultados do exercício e buscam evidenciar a dinâmica operacional da empresa. Os indicadores são calculados inter-relacionando o produto das transações da companhia e o saldo constante ainda no balanço patrimonial.

De modo geral, os indicadores devem refletir as políticas que norteiam a administração do fluxo de caixa, bem como da capacidade da empresa em manter um fluxo de caixa contínuo. Além disso, evidenciam ainda a produtividade dos ativos da sociedade.

a) Giro de Estoques

O indicador de giro dos estoques mostra o número de vezes ao ano que o estoque girou por causa das vendas. Sempre que ocorrer uma venda, há uma saída do estoque, e esse valor transforma-se em custo dos produtos vendidos.

A princípio, quanto maior o giro dos estoques, maior a eficiência da empresa no gerenciamento deste ativo. Este é um dos indicadores de produtividade operacional e da eficiência dos valores empatados em estocagem de materiais e produtos.

Giro de Estoques =Custo dos Produtos Vendidos

Estoque Médio

O estoque inicial é o valor da conta estoques no balanço do ano (período) anterior ao da análise e o estoque final compreende ao montante no balanço do ano atual.

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Estoque Médio =Estoque Inicial + Estoque Final

2

O prazo médio de renovação dos estoques mostra o número de dias entre a entrada da matéria-prima (ou mercadoria a ser revendida) e sua venda no mercado.

Prazo Médio de Renovação dos Estoques =360

Giro do Estoque

b) Giro de Contas a Receber

Este índice indica quantas vezes ao ano a empresa gira suas contas a receber, ou seja, está relacionada ao tempo médio que uma duplicata emitida pela empresa fica em cobrança.

Em princípio, quanto mais alto esse índice, melhor. Ele deve ser apurado da seguinte forma:

Giro do Contas a Receber =Receita Operacional Líquida

Contas a Receber Médio

O valor das contas a receber inicial corresponde Às contas a receber (duplicatas) no balanço do ano anterior e o contas a receber final é o valor dessa conta no balanço do ano atual.

Contas a Receber Médio =Contas a Receber Inicial + Contas a Receber Final

2

O prazo médio de recebimento indica o número de dias que a empresa consome, em média, para receber o valor fruto de suas vendas. Normalmente quando calculamos este indicador baseado em dados anuais com valores obtidos das demonstrações contábeis, o dado obtido tende a ser pouco significativo, portanto recomendamos que sejam realizados mensalmente, para isto basta adaptar a fórmula a seguir para o período que se deseja calcular.

Prazo Médio de Recebimento =360

Giro do Contas a Receber

Da mesma forma que nos indicadores anteriores, é importante a comparação com o setor e com a concorrência, par tentar vislumbrar como a empresa analisada se encontra no contexto setorial, bem como se as políticas de crédito adotadas internamente estão surtindo efeito em comparação com as demais empresas.

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c) Giro de Contas a Pagar

A finalidade desse indicador é mostrar o prazo médio que a empresa consegue para pagar seus fornecedores de materiais e serviços. Para esta análise a empresa depende da política de crédito adotada pelos seus fornecedores.

Quanto maior é o giro de conta a pagar, menores os tempos médios que ela utiliza para pagar seus fornecedores.

Giro do Contas a Pagar =Compras

Contas a Pagar Médio

O valor de contas a pagar inicial está registrado em contas a pagar no balanço do ano anterior, e o contas a pagar final é o valor dessa conta no balanço do ano atual. Compras é igual ao custo dos produtos vendidos apurado na DRE somados ao estoque final e deduzido do estoque inicial.

Contas a Pagar Médio =Contas a Pagar Inicial + Contas a Pagar Final

2

O prazo médio de pagamento indica o número de dias que a empresa gasta, em média, para pagar seus fornecedores. Considera-se como o tempo decorrido entre a compra da matéria-prima ou mercadoria e o efetivo pagamento da fatura do fornecedor.

Prazo Médio de Pagamento =360

Giro do Contas a Pagar

É importante salientar que tanto a análise do giro de contas a receber como de contas a pagar pode ser realizada individualmente, por cliente ou fornecedor, se a empresa necessitar de uma análise mais detalhada para rever ou renegociar as políticas de crédito com cada grupo de interessados.

d) Posicionamento Relativo

O posicionamento relativo, como o próprio nome já diz, é a relação direta entre o prazo médio de recebimento e o prazo médio de pagamento.

Esse índice deve, preferencialmente, ser inferior a “1,00”, para não comprometer de maneira negativa o fluxo de caixa da empresa, gerado pelo descompasso entre os recebimentos e os pagamentos efetuados. É apurado utilizando-se a seguinte expressão:

Posicionamento Relativo =Prazo Médio de RecebimentoPrazo Médio de Pagamento

7.4. Índices de Rentabilidade

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É importante para o administrador financeiro analisar a lucratividade das operações, assim como a rentabilidade do negócio como um todo. Os investidores esperam que a empresa seja capaz de gerar lucros, e mais ainda, que estes lucros atinjam um determinado nível mínimo de rentabilidade. Muito embora a lucratividade e rentabilidade apareçam freqüentemente como sinônimos, cabe definir com mais clareza esses termos:

Lucro (ou Prejuízo) – Pode-se dizer que seja o valor que sobra das receitas, depois de abatidos todos os custos, despesas e os impostos.

Índices de Lucratividade – Fornecem uma medida comparativa desses lucros.

Rentabilidade – Está associada aos ganhos obtidos pela empresa e seus investidores pela aplicação de recursos no negócio.

O lucro é apurado através do demonstrativo de resultados do exercício, enquanto a rentabilidade considera o lucro em proporção a certos itens do balanço patrimonial.

a) Margem de Lucro Bruto

A margem de lucro bruto mede o percentual da receita operacional líquida que sobra após o pagamento dos custos dos produtos comercializados. Quanto mais alto for este indicador, melhor, pois menor será o custo relativo dos produtos analisados.

Margem de Lucro Bruto =Lucro Bruto

Receita Operacional Líquida

O lucro bruto e a receita operacional líquida (conhecida como receita de vendas) serão obtidos diretamente no demonstrativo de resultados emitido pela contabilidade.

b) Margem de Lucro Operacional

É a proporção do lucro operacional (também intitulado de resultado operacional) sobre a receita operacional líquida. Este item representa o percentual de lucro que a empresa obteve, depois de pagos os custos dos produtos vendidos e as despesas operacionais, mas antes do pagamento dos juros sobre os empréstimos e do imposto de renda. Para este indicador, quanto mais elevadas forem as taxas, melhores são os resultados.

Margem de Lucro Operacional =Lucro Operacional

Receita Operacional Líquida

O lucro operacional também é obtido no demonstrativo de resultados do exercício em análise.

c) Margem de Lucro Líquido

É considerada a medida de sucesso da empresa, pois a margem de lucro líquido indica qual o percentual da receita operacional líquida que restou após a dedução de custos, despesas, impostos e juros.

O valor percentual aceitável está relacionado com o setor de atuação da empresa e é apurado mediante utilização da seguinte relação:

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Margem de Lucro Líquido =Lucro Líquido

Receita Operacional Líquida

O valor do lucro líquido é obtido diretamente no demonstrativo de resultados do exercício que está sendo realizada a análise.

d) Lucro por Ação

O lucro por ação – LPA indica, em unidades monetárias, o quanto realmente rendeu cada ação para o acionista. Deve-se notar que o lucro por ação não significa dinheiro efetivamente repassado aos acionistas, mas sim a quantia que estaria disponível para isso. Os valores efetivamente pagos aos detentores de ações são registrados como dividendos por ação

Lucro por Ação =Lucro Líquido

Número de Ações em Circulação

Ações que não pagam dividendos continuadamente ou em valores reduzidos tendem a perder atratividade no mercado, porque grande parte dos investidores deseja a disponibilidade de rendimentos financeiros e de preferência com fluxo contínuo.

e) Retorno sobre o Ativo Total

O (return on total assets - ROA) é também conhecido como retorno sobre o investimento (return on investment – ROI), e é o item que mede o desempenho gerencial na geração de lucros com os ativos disponíveis, através do percentual obtido pela divisão do lucro líquido pelo valor total dos ativos da empresa.

Lucro LíquidoAtivo Total

Retorno Sobre o Ativo Total =

O lucro líquido vem do demonstrativo de resultados do exercício e o valor do ativo total é extraído do balanço patrimonial.

Um número geralmente aceito como mais exato, considera no denominador, o valor do ativo médio total que é obtido pela média aritmética dos ativos totais registrados nos balanços dos dois últimos exercícios ou dos últimos doze meses do período de apuração.

O resultado, apresentado na forma decimal, deve ser lido sob a forma de porcentagem (multiplicando o resultado por cem). Quanto mais alto o valor, melhor o resultado.

O ROA pode ser decomposto, para que se possa examinar a influência da margem líquida e do giro do ativo na formação do retorno sobre os ativos. Para isso é preciso conhecer o índice de giro dos ativos, que não é um indicador de lucratividade, mas sim de eficiência.

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Giro do Ativo =Receita Operacional Líquida

Ativo Total

O giro do ativo é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Essa relação mostra a eficiência com que a administração empresarial utilizou seus ativos para gerar receita, ou seja, a velocidade com que o investimento total se transforma em volume de vendas. O número obtido comprova, em unidades monetárias, quanto foi realizado de vendas para cada unidade de ativo.

Um indicador elevado demonstra que a empresa usou seus ativos com eficácia para gerar vendas. Um índice baixo pode indicar que a empresa não está utilizando toda a capacidade de seus ativos e deve aumentar esforços de vendas ou então desfazer-se de alguns de seus ativos.

Normalmente, as empresas comerciais devem ter indicadores de giro do ativo maiores que as empresas industriais, que por sua vez, são diferenciadas também entre si pelo ciclo de produção. Ciclos mais longos tendem a refletir necessidade de mais ativos e, portanto, o giro apurado deverá ser menor.

Assim, vamos reescrever a fórmula do ROA utilizando o conceito de giro do ativo:

ROA =Lucro Líquido

Receita Operacional Líquidax

Receita Operacional LíquidaAtivo Total

Então: ROA = Margem de Lucro Líquido x Giro do Ativo.

Ao analisar o ROA decomposto desta forma, o administrador financeiro terá mais clareza para identificar os pontos fracos ou os pontos fortes disponíveis na sua taxa de retorno sobre os ativos.

f) Retorno do Capital Próprio

Apelidado de ROE - return ou common equity, este indicador mede o retorno obtido no investimento do capital dos acionistas da empresa, que é o capital próprio e está representado contabilmente nas contas do patrimônio líquido no balanço patrimonial.

Também nesse caso, para se obter maior precisão no resultado, deve-se utilizar o valor do patrimônio líquido médio, considerando-se dois exercícios seguintes ou doze meses consecutivos para o primeiro ano de análise.

Retorno do Capital Próprio =Lucro Líquido

Patrimônio Líquido

O resultado, apresentado na forma decimal, deve ser lido sob forma de porcentagem (multiplicado seu resultado por cem). E o resultado deve ser o maior possível.

O ROE também pode ser decomposto, para facilitar a análise do índice obtido, de tal forma que se possa identificar a influência do retorno sobre os ativos (ROA) e da utilização de capital de terceiros para a formação do retorno sobre o patrimônio líquido.

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No entanto, para isso é necessário que se conheça um indicador intitulado de Multiplicador de Alavancagem Financeira – MAF, que mostra o efeito do uso de capital de terceiros sobre a formação dos ativos, já que esse resultado indica quantas unidades monetárias existem em dívidas para cada unidade monetária de capital próprio. O MAF é obtido através da seguinte relação:

Multiplicador de Alavancagem Financeira =Ativo Total

Patrimônio Líquido

Assim podemos reescrever a fórmula do ROE como sendo: ROE = ROA x MAF, representado da seguinte maneira:

xPatrimônio Líquido

Ativo TotalAtivo Total

ROE =Lucro Líquido

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