apostila completa atualizada - isolada de ciências humanas - super-humano (prof gilmar santos)

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IMPULSO PRÉ-VESTIBULAR E CONCURSO - 2014 - FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – PROF. GILMAR SANTOS – MÓDULO INTENSIVO – CAPÍTULO 1: O conhecimento é um problema? 1.0 Introdução à Filosofia 1.1 – Filosofias: “O uso normal e correto da língua portuguesa admite um sentido muito amplo para a palavra “filosofia”. Fala-se, por exemplo, que Fulano tem uma excelente “filosofia” de trabalho; que a vovó tem uma “filosofia de vida formidável”(...) Como se não bastasse, as livrarias oferecem, sob a rubrica “filosofia”, uma variedade bastante exótica, onde aparecem, entre outras produções, tratados de ioga, e disciplinas espirituais e ascéticas de monges tibetanos. Em todos esses casos, e é o que deve unificar tantos usos diferentes da palavra, filosofia tem a ver com uma forma de saber – e que não é um saber qualquer: não é, por exemplo um “saber que o fogo queima”, ou um “saber nadar” (...) por mais úteis e até indispensáveis que sejam todos esses tipos de saber. Mas é preciso estar ciente de que a disciplina acadêmica que se intitula “filosofia” usa essa palavra num sentido estrito, que exclui do seu âmbito essas variações citadas acima. 1.2 - Filosofia Filosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; sophia = sabedoria) e em seu sentido estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre os antigos gregos, e que teve continuidade especialmente entre os ocidentais. 1.3 – Origem da Filosofia Platão (em Teeteto) e Aristóteles (em Metafísica) consideram que a filosofia começa quando algo desperta nossa admiração, espanta-nos, capta nossa atenção (que é isso? por que é assim? como é possível que seja assim?), interroga-nos insistentemente, exige uma explicação (...) O que vale salientar ser próprio da condição humana. IMPULSO PRÉ-VESTIBULAR E CONCURSO - Av. Souza Filho Nº748 Ed. Ireneu Nogueira Sala 205 2º Andar – Centro - Petrolina – PE - CEP: 56302-370 – Fone: 3861-9385 / 87 8861-9385 E-mail: [email protected] Facebook:https://www.facebook.com/impulso.prevestibulareconcurso

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IMPULSO PRÉ-VESTIBULAR E CONCURSO - 2014- FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – PROF. GILMAR SANTOS – MÓDULO INTENSIVO –

CAPÍTULO 1: O conhecimento é um problema?

1.0 – Introdução à Filosofia

1.1 – Filosofias: “O uso normal e correto da língua portuguesa admite um sentido muito amplo para a palavra “filosofia”. Fala-se, por exemplo, que Fulano tem uma excelente “filosofia” de trabalho; que a vovó tem uma “filosofia de vida formidável”(...) Como se não bastasse, as livrarias oferecem, sob a rubrica “filosofia”, uma variedade bastante exótica, onde aparecem, entre outras produções, tratados de ioga, e disciplinas espirituais e ascéticas de monges tibetanos.

Em todos esses casos, e é o que deve unificar tantos usos diferentes da palavra, filosofia tem a ver com uma forma de saber – e que não é um saber qualquer: não é, por exemplo um “saber que o fogo queima”, ou um “saber nadar” (...) por mais úteis e até indispensáveis que sejam todos esses tipos de saber.

Mas é preciso estar ciente de que a disciplina acadêmica que se intitula “filosofia” usa essa palavra num sentido estrito, que exclui do seu âmbito essas variações citadas acima.

1.2 - FilosofiaFilosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; sophia = sabedoria) e em seu sentido estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre os antigos gregos, e que teve

continuidade especialmente entre os ocidentais.

1.3 – Origem da FilosofiaPlatão (em Teeteto) e

Aristóteles (em Metafísica) consideram que a filosofia começa quando algo desperta nossa admiração, espanta-nos, capta nossa atenção (que é isso?

por que é assim? como é possível que seja assim?), interroga-nos insistentemente, exige uma explicação (...) O que vale salientar ser próprio da condição humana.

“A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.”

1.4 – Para que Filosofia?Ora, numa sociedade em que

as explicações estão todas prontas, onde as normas são aceitas sem discussão, a tendência é estagnar. As alterações, inevitáveis em qualquer comunidade humana, ficam por conta de fatores externos: mudanças climáticas, cataclismas, guerras, invasões... Mas lá onde há questionamento de tudo existe um princípio interno de transformação, e

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existe a permanente possibilidade de mudança. Sendo assim a Filosofia apresenta-se contra a ordem estática das coisas, para ela não é possível o mundo permanecer tal e qual.

1.5 – Contribuições da Filosofia para o Ocidente

A idéia de que a Natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais, isto é, os mesmos em toda a parte e em todos os tempos. Assim, por exemplo, graças aos gregos, no século XVII da nossa era, o filósofo inglês Isaac Newton estabeleceu a lei da gravitação universal de todos os corpos da Natureza. A lei da gravitação afirma que todo corpo, quando sofre a ação de um outro, produz uma reação igual e contrária, que pode ser calculada usando como elementos do cálculo a massa do corpo afetado, a velocidade e o tempo com que a ação e a reação se deram.

Essa lei é necessária, isto é, nenhum corpo do Universo escapa dela e pode funcionar de outra maneira que não desta; e esta lei é universal , isto é, válida para todos os corpos em todos os tempos e lugares.

A idéia de que as leis necessárias e universais da Natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento, isto é, não são conhecimentos misteriosos e secretos, que precisariam ser revelados por divindades, mas são conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força e capacidade, pode alcançar.

A idéia de que nosso pensamento também opera obedecendo a leis, regras e normas universais e necessárias, segundo as quais podemos distinguir

o verdadeiro do falso. Em outras palavras, a idéia de que o nosso pensamento é lógico ou segue leis lógicas de funcionamento. (...)

A idéia de que as práticas humanas, isto é, a ação moral, a política, as técnicas e as artes dependem da vontade livre, da deliberação e da discussão, da nossa escolha passional (ou emocional) ou racional, de nossas preferências, segundo certos valores e padrões, que foram estabelecidos pelos próprios seres humanos e não por imposições misteriosas e incompreensíveis, que lhes teriam sido feitas por forças secretas, invisíveis, sejam elas divinas ou naturais, e impossíveis de serem conhecidas.

A idéia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, porque obedecem a leis naturais ou da natureza humana, mas também podem ser contingentes ou acidentais, quando dependem das escolhas e deliberações dos homens, em condições determinadas.Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é, portanto, essa diferença entre o necessário e o contingente, pois ela nos permite evitar o fatalismo - “tudo é necessário, temos que nos conformar e nos resignar ” -, mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos, se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar, pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos.

A idéia de que os seres humanos, por Natureza, aspiram ao conhecimento verdadeiro, à felicidade, à justiça, isto é, que os seres humanos não vivem nem agem cegamente, mas criam valores pelo

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quais dão sentido às suas vidas e às suas ações. (Adaptado de Chauí, Marilena. Convite à Filosofia).

1.6 – CONHECER É UM PROBLEMA?

1.6.1 – O que é a Teoria do Conhecimento?

“É uma reflexão filosófica com o objetivo de investigar as origens, as possibilidades, os fundamentos, a extensão e o valor do conhecimento”.

Historicamente só passou a ser tratada como disciplina na Idade Moderna, a partir, principalmente, de Galileu Galileu. Entre os nomes de maior destaque estão o francês, René Descartes, os ingleses David Hume e John Locke, e o alemão Immanuel Kant.

1.6.2 – O que é o Conhecimento?

“Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente” (Richard Rorty, filósofo estadunidense). A representação, por sua vez, é o processo pelo qual a mente torna presente diante de si a imagem, a idéia ou o conceito de algum objeto.

1.6.3 – Elementos do processo de conhecimento

Para que exista o conhecimento é necessário que ocorra a relação entre um sujeito conhecedor e um objeto conhecido. Dependendo da corrente filosófica, será dada, no processo de conhecimento maior ou menor importância ao sujeito (é o caso do idealismo) ou ao objeto (é o caso do realismo ou materialismo).

Para o realismo, os objetos é que determinam o conhecimento, pois trazem em si as características

que os definem como tal. Já segundo o idealismo, a percepção da realidade é construída pelas nossas idéias. Ou seja, tudo é uma representação.

1.6.4 – As possibilidade do conhecimento

Ceticismo: prega a impossibilidade de conhecimento da verdade.Dogmatismo: defende a possibilidade de conhecermos a verdade.

1.6.4.1 – Ceticismo Absoluto: “tudo é ilusório e passageiro”

O Ceticismo Absoluto consiste em negar de forma total nossa possibilidade de conhecer a verdade. Para o filósofo grego Górgias (considerado o pai do ceticismo) “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo; e se pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-lo aos outros”.

Para Pirro (considerado fundador do ceticismo), é impossível conhecer a verdade devido duas principais fontes de erro: os sentidos e a razão. Para ele os nossos sentidos não são dignos de confiança e a nossa razão é limitada, já que não podemos conhecer plenamente a realidade e atribuímos opiniões diferentes a uma mesma situação.

Para os críticos o ceticismo absoluto é uma doutrina radical, estéril e contraditória – a ponto de anular a si mesma.

1.6.4.2 – Ceticismo Relativo: “o domínio do aparente e do provável”Entre as doutrinas que manifestam o ceticismo relativo, destacamos:Subjetivismo: considera o conhecimento uma relação subjetiva e pessoal entre o sujeito e a realidade. A origem do subjetivismo está no grego Protágoras, sofista do

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século V. a.C, que dizia que “o homem é a medida de todas as coisas”

Relativismo: entende que não existe verdades absolutas, mas apenas relativas, que têm validade limitadas a um certo tempo, a uma situação determinada etc.

Probabilismo: propõe que nosso conhecimento é incapaz de atingir a certeza plena. O que podemos alcançar é uma verdade provável – com maior ou menor credibilidade.

Pragmatismo: considera que é verdadeiro aquilo que é útil, que dá certo, que serve aos interesses das pessoas na sua vida prática.

1.6.4.3 - Dogmatismo

a) Dogmatismo ingênuo - predomina no senso comum, consiste em acreditar plenamente nas possibilidades do nosso conhecimento. O dogmatismo ingênuo não vê problemas na relação sujeito e objeto – acredita que, sem dificuldades, percebemos o mundo tal qual ele é.

b) Dogmatismo crítico: acredita em nossa capacidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e de nossa inteligência. Confia que, através de um tratado metódico, racional e científico, o ser humano se torna capaz de conhecer a realidade do mundo.

1.6.4.4 – CriticismoO criticismo, desenvolvido pela

filosofia de Kant, no século XVIII, representa uma tentativa de superação tanto do ceticismo quanto do dogmatismo, pois acredita na possibilidade do conhecimento mas se pergunta sobre as reais condições nas quais seria possível esse

conhecimento. Ou seja, afirma que podemos conhecer mas essa possibilidade é limitada e ocorre sob condições específicas, descritas na obra Crítica da razão pura, de Kant.

1. 7 – TEORIA DO CONHECIMENTO – PARTE II: MITO X FILOSOFIA

1.7..1. - MITO: Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.). A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito - é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável. Como o mito narra a origem do mundo e de

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tudo o que nele existe? De três maneiras principais:

a) Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais.(...) A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados. Ex.: mito de Eros.

b) Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens. Ex. Guerra de Tróia.

c) Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. Ex. mito de Prometeu.

Alguns termos: Cosmogonia: é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas; Teogonia: é a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados. É o nome, também, da obra do poeta grego Hesíodo, que apresente o mesmo sentido.

1.7.2 – FILOSOFIA - CaracterísticasO pensamento filosófico em seu nascimento tinha como traços principais:tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é, colocado um problema, sua solução é submetida à análise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita

como uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira;exigência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o filósofo é aquele que justifica suas idéias provando que segue regras universais do pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando afirmo e nego a mesma coisa sobre uma mesma coisa (por exemplo: “Pedro é um menino e não um menino”, “A noite é escura e clara”, “O infinito não tem limites e é limitado”). Assim, quando uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela deve ser considerada falsa;recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele;tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades. Ex.: relação entre as variações de estado da água e os sentidos. (gelo, neblina, chuva, correnteza do rio)

1.7..3 - QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE FILOSOFIA E MITO? Podemos apontar três como as mais importantes:a) O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na

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totalidade do tempo), as coisas são como são;b). O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.c) O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.

1.7.4 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS: EM BUSCA DO PRINCÍPIO (ARCHÉ)

A Filosofia nasceu dentro de um contexto em que o desenvolvimento do comércio e das cidades (polis) gregas contribuíam para novos questionamentos e a ocupação de espaços públicos em que o poder da palavra racionalizada

(logos) tornava-se mais importante que a palavra narrada (mito). Nesse sentido a invenção da política cumpre um papel fundamental enquanto instrumento para a demonstração de poder pela palavra.

Os primeiros filósofos gregos foram testemunhas e construtores dessa nova fase da história helênica. Porém, dedicaram-se a reflexões voltadas especialmente para a compreensão do princípio (arché) responsável pelas origens e manutenção do cosmo, daí esse período filosófico ser chamado também de cosmológico. Entre eles destaca-se:Tales de Mileto: “tudo é água”

Anaximandro de Mieto: “Nem água nem algum dos elementos, mas alguma substância diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos”.

Anaxímenes de Mileto: “E assim como nossa alma, que é ar, nos mantém unidos, da mesma maneira o vento envolve todo o mundo”.

Pitágoras de Samos: “todas as coisas são números”

Heráclito de Éfeso: “tudo flui, nada persiste, nem parmanece o mesmo” (escola mobilista – constante vir-a-ser ou devir); para ele a vida era um fluxo constante, impulsionada pela luta de forças contrárias (dialética); “a guerra é a mãe de todas as coisas”.

Parmênides de Eléia: “o ente é; pois é ser e nada não é”; defendia a existência de dois caminhos para a compreensão da realidade. O primeiro é o da filosofia, da razão, da essência. O segundo é o da crendice, opinião pessoal, aparência enganosa,

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que ele considerava a “via de Heráclito”. Segundo Parmênides, o caminho da essência nos leva a concluir que na realidade:

a) existe o ser, e não é concebível sua não-existência.

b) o ser é; o não-ser não é.É considerado o primeiro filósofo

a formular os princípios lógicos de identidade e de não-contradição, desenvolvido de depois por Aristóteles.

Ao refletir sobre o ser, pela via da essência, o filósofo eleático conclui que o ser é eterno, único, imóvel e ilimitado. Essa seria a via da verdade pura, a via a ser buscada pela ciência e pela filosofia. Por outro lado, quando a realidade é pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em função do movimento, da pluralidade e do devir.

Mas o filósofo sabia que é no mundo da ilusão, das aparências e das sensações que os homens vivem seu cotidiano. Então, “o mundo da ilusão não é uma ilusão de mundo”, mas uma manifestação da realidade que cabe à luz da razão interpretar, explicar, compreender.

Empédocles de Agrigento: “pois destes (elementos) todos se constituíram harmonizados, e por estes é que pensam, sentem prazer e dor. Defendiam a existência de quatro elementos primordiais, que constituem as raízes de todas as coisas percebidas: o fogo, a terra, a água e o ar. Esses elementos são movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos: o amor (atração, união) e o ódio (repulsa, desagregação).

Demócrito de Abdera: “o homem é um microcosmo”. Responsável pelo desenvolvimento do atomismo, afirmava que todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis (átomos). Para ele, o átomo seria o equivalente ao conceito de ser em Parmênedes. Além dos átomos, existiria no mundo real o vácuo, que representaria a ausência de ser (o não-ser). Devido a existência do vácuo, o movimento se torna possível. Para Demócrito, é o acaso ou a necessidade que promove a aglomeração de certos átomos e a repulsão de outros. Acaso (encadeamento imprevisível de causas); Necessidade (encadeamento previsível de causas). A principal contribuição trazida pelo atomista Demócrito foi a concepção mecanicista, segundo a qual “tudo o que existe no universo nasce do acaso ou da necessidade”. Isto é, “nada nasce do nada, nada retorna ao nada. Tudo tem uma causa. E os átomos são a causa última do mundo.

ANOTAÇÕES:______________________________

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QUESTÕES DE VESTIBULARES – CAP. 1

1. (UEM-v-2009) O que caracteriza a filosofia é a coragem para enfrentar a tradição irrefletida, o distanciamento dos problemas imediatos da vida, a procura pela unidade do saber em face à pluralidade das ciências, a crítica da cultura e das ideologias, assegurando a racionalidade e a reflexãocrítica. Sobre o exposto, assinale o que for correto.01) Sócrates, no seu trabalho de maiêutica e ironia enfrentou a sociedade do seu tempo e obteve a pena máxima, condenado a tomar cicuta.02) Filósofo é aquele que pergunta e que transforma as respostas em perguntas, porque nenhum saber é eterno e isento de críticas em seus fundamentos. 04) A reflexão filosófica, por ser racional e abstrata, não tem aplicação prática, reproduzindo

eternamente as mesmas perguntas sem sentido.08) Com as teses do materialismo histórico de Karl Marx, a filosofia perdeu sua vocação prática de transformar a realidade e ficou ainda mais isolada, condenada à sala de aula e ao círculo dos intelectuais.16) Mais do que um saber teórico, a filosofia é uma atitude e um modo de vida, pois não se trata de acumular verdades, mas radicalizar a dúvida e a insatisfação diante dos problemas fundamentais da existência.

02. (UEL 2004) Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” promovida pelos primeiros filósofos.

a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos naturais.b) A discussão crítica das idéias e posições que podem ser modificadas ou reformuladas.c) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse substituir a verdade imposta pela religião.d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o conhecimento.e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.

3. (UEM-i-2008p3g1/04) – “Os antigos, ou melhor, os antiqüíssimos, (teólogos), transmitiram por tradição a nós outros seus descendentes, na forma do mito, que os astros são Deuses e que o divino abrange toda a natureza ... Costuma-se dizer que os Deuses têm forma humana, ou se transformam em semelhantes a outros seres viventes ... Porém, pondo-se de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto é, se se acreditou que as substâncias primeiras eram Deuses, poderia pensar-se que isto foi dito por

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inspiração divina ...” (Aristóteles, Metafísica, XII, 8, 1074b, apud Mondolfo, O pensamento antigo, I, São Paulo: Mestre Jou, 1964, p.13). Com base nesse excerto e no seu conhecimento sobre a questão da origem da filosofia, assinale o que for correto.01) Antes de fazerem filosofia, os gregos já indagavam sobre a origem e a formação do universo; e as respostas a esse problema eram oferecidas sob a forma de mito, isto é, por meio de uma narrativa alegórica que descreve a origem ou a condição de alguma coisa, reportando a um passado imemorial.02) Na Teogonia, Hesíodo descreve a gênese do mundo coincidindo com o nascimento dos deuses; as forças e os domínios cósmicos não surgem como pura natureza, mas sim como divindades: Gaia é a Terra, Urano é o Céu, Cronos é o Tempo, aparecendo ora por segregação, ora pela intervenção de Eros, princípio que aproxima os opostos.04) Os primeiros filósofos gregos buscaram descobrir o princípio (arché) originário de todas as coisas, o elemento ou a substância constitutiva do universo; elaborando uma cosmologia, não se contentavam com doutrinas divinamente inspiradas, mas tentavam compreender racionalmente o cosmo. 08) Os gregos foram pouco originais no exercício do pensamento crítico racional; apropriaram-se das conquistas científicas e do patrimônio cultural de civilizações orientais com mínimas alterações.16) É tese hoje bastante aceita que o nascimento da filosofia na Grécia não foi um “milagre” realizado por um povo privilegiado, mas a culminação de um processo lento, tributário de um passado mítico, e influenciado por transformações políticas, econômicas e sociais.

4 (UPE). O problema do conhecimento ocupou filósofos desde a Antiguidade. A partir da Idade Moderna, sobretudo, a teoria do conhecimento passou a ser tratada como uma das disciplinas centrais da filosofia. Nesse sentido, ao tratar do conhecimento, a filosofia evidencia:I. Para os realistas, o sujeito predomina em relação ao objeto.II. Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente.III. Para os idealistas, o objeto é que determina o conhecimento.IV. Para que exista conhecimento, sempre será necessária a relação entre sujeito conhecedor e objeto conhecido.V. Só haverá conhecimento, se o sujeito conseguir representá-lo mentalmente.Qual das alternativas a seguir contém as afirmações INCORRETAS?A) Apenas II e III. B) Apenas II, IV e V. C) Apenas I e III. D) Apenas I, III e IV. E) Apenas IV.

5 (UPE). Os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e, de modo geral, procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais entram em conflito.Qual das ações humanas abaixo pode-se afirmar ser uma atitude filosófica?I. Afirmar que “Onde há fumaça, há fogo”II. Perguntar: O que é causa? O que é efeito?III. Solicitar: “Seja objetivo” ou dizer “Eles são muito subjetivos”.IV. Indagar: O que é objetividade? O que é subjetividade?

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V. Interrogar: O que é amor? O que é desejo? O que são sentimentos?Somente está CORRETO o que se afirma emA) II e III. B) II, IV e V. C) I e IV. D) I, III e IV. E) IV.

6 (UPE). Os mitos gregos são narrativas sobre a origem de alguma coisa (da terra, das plantas, do bem e do mal, da doença, da morte, da chuva,...). Sobre mito, analise as afirmativas abaixo.I. É um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra.II. É uma narrativa feita em público, baseada na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador.III. É uma narrativa inventada pelos gregos, baseada na razão sistemática.IV. É uma narrativa, que encontra a origem de tudo o que existe a partir de relações sexuais entre forças divinas e pessoais.V. É uma narrativa, que toma como base situações de rivalidade ou de aliança entre deuses para explicar a origem de alguma coisa no mundo.Somente está CORRETO o que se afirma emA) I, II, III e IV. B) II, IV e V. C) I e IV. D) I, II, IV e V. E) IV e V.

7. Leia o texto abaixo um assinale a questão correta.

“Há algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios

tão mal assegurados não podia ser senão duvidosos e incerto, de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, me desfazer de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos.” Descartes.

a) segundo o texto, o autor crítica a religião e os seus dogmas

b) o autor critica a filosofia e despertar para o senso comum.

c) o autor apresenta-se como um amante das falsas opiniões

d) o autor critica o senso comum e despertar para o senso crítico.

e) n.d.a

7. Indagando a essência do mundo, da natureza e do ser, os primeiros filósofos gregos ficaram conhecidos como pré-socráticos ou _________1_____________, sendo esse período na história da filosofia grega denominado ______________2______________.

a) 1- sofistas; 2-antropológico.b) 1- naturalistas; 2-cosmológico.c) 1-antropológico; 2 – sofistad) 1-naturalistas; socrático.

8. A teoria do conhecimento tem precisamente por objetivo, EXCETO:

a) estudar a possibilidade do conhecimentob) analisar a origem do conhecimentoc) estudar o valor e o limite do conhecimentod) evitar qualquer crítica aos métodos científicose) n.d.a

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9. Sobre o Ceticismo é FALSO afirmar:

a) é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder alcançar um conhecimento verdadeiro;

b) O filósofo grego, Pirro, é considerado um dos pais do ceticismo

c) O ceticismo pode ser dividido em várias correntes, entre eles o relativismo

d) Para o cético absoluto é impossível conhecer algo porque nosso conhecimento provém dos sentidos

e) Acredita que o ser humano pode conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e de nossa inteligência.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 2: O homem é a medida de todas as coisas?

2.0 – TEORIA DO CONHECIMENTO: Período Clássico.

2.1 – OS SOFISTASDiferente dos primeiros

filósofos, preocupados com a investigação da natureza (cosmologia), os sofistas (“sábios”) se interessaram em compreender o universo humano e suas relações com a sociedade, daí fazendo parte do chamado período antropológico. Os sofistas eram professores que vendiam seus ensinamentos e treinavam jovens para a arte de discursar/debater (retórica). As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento do poder de argumentação. Entre as idéias que

caracterizava o pensamento dos sofistas está o relativismo, ou seja, tudo seria relativo a um conjunto de fatores e circunstâncias. Sócrates e Platão teceram duras críticas, acusando-os de ensinar a arte da manipulação, sem qualquer amor pela verdade. Porém, abordagens recentes procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se numa concepção flexível sobre os homens, a sociedade e a compreensão do real.

O subjetivismo de Protágoras estava entre as lições dos sofistas. Vale lembrar que foram figuras marcantes no contexto da Democracia Ateniense.

2.2 – SÓCRATES

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Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Discordando dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas, o que propunha Sócrates?

Propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a divisa de Sócrates.

Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico, isto é, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espírito e de sua capacidade para conhecer a verdade.Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos: a ironia e a maiêutico.

Ironia (do grego, “interrogação”): é a maneira pela qual Sócrates interrogava o interlocutor sobre aquilo que pensam saber. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a arrogância e a presunção do saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da sua própria ignorância. “Sei que nada sei”, dizia Sócrates.

A ironia socrática tinha um caráter purificador porque levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias,

onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências.

Maiêutica (“arte de trazer à luz”): maneira pela qual Sócrates ajudava seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Seria, provavelmente, uma referência a atividade da sua que, sendo parteira, ajudava a trazer crianças ao mundo.

Sócrates foi considerado uma ameaça para a democracia ateniense, na medida em que não respeitava a ordem vigente e dirigia sua atenção para as pessoas sem fazer distinções de classe ou posição social. Interessado tão somente na prática da virtude e na busca da verdade, contrariava os valores dogmáticos da sociedade da época. Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a juventude. Foi processado e condenado a beber cicuta ( veneno extraído de uma planta de mesmo nome). Não se conhece nenhum escrito de Sócrates, o que se sabe sobre ele foi escrito pelos seus discípulos. Dentre eles, Platão é o de maior destaque.

2.3 - PLATÃONascido em Atenas, Platão

(427-347 a.C) – apelido de Arístocles - pertencia a uma das mais nobres famílias atenienses. Fundou sua própria escola filosófica (academia – homenagem ao amigo Academus).

Um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão é sua teoria das idéias, com a qual procura explicar como se desenvolve o conhecimento. Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve por meio da passagem progressiva do mundo das sombras

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e aparências para o mundo das idéias e essências (daí sua filosofia ser intitulada idealista/idealismo).

O método de Platão, chamado Dialético, consiste na contraposição de uma opinião com uma crítica que dela podemos fazer, ou seja, na afirmação de uma tese qualquer seguida de uma discussão negação desta tese (antítese) com o objetivo de purificá-la dos erros e equívocos, dando origem a síntese (novo conhecimento).

E qual a diferença entre conhecimento e opinião? A opinião nasce da percepção da aparência e da diversidade das coisas. O conhecimento, por sua vez, é elaborado quando se alcança a idéia, que rompe com as aparências e a diversidade ilusória. Para Platão no conhecimento matemático estavam presente as condições para idéias perfeitas.

Em “Mito da Caverna”, espécie de conto, Platão mostra a diferença entre pessoas que estão aprisionadas ao mundo sensível e aquelas que alcançaram a liberdade através da filosofia. Platão escreveu, principalmente, na forma de diálogos. Entre as principais obras de Platão, destaca-se: Apologia a Sócrates, Fédon, Teeteto, A República. Nesse último, imaginou uma sociedade ideal, governada por reis-filósofos. Seriam pessoas capazes de atingir o mais alto conhecimento do mundo das idéias, que consiste na idéia do bem.

2.4 – ARISTÓTELES

Nascido em Estagira (Macedônia), Aristóteles (384-322

a.C) foi um dos mais importantes filósofos gregos da Antiguidade. Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos seres, procurando defini-la em termos. Ao contrário de Platão, para ele a realidade sensorial é o ponto de partida fundamental em que a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada ser reais (por isso ele é considerado um defensor do realismo). Em outras palavras, a partir da existência do ser, devemos atingir a sua essência.

Neste sentido, afirmava Aristóteles, o ser individual, concreto, único não pode ser objeto da ciência. O objeto próprio das ciências é a compreensão do universal, visando o estabelecimento de definições essenciais, que possam ser utilizadas de modo generalizado.

A indução (operação mental que vai do particular para o geral) representa, para Aristóteles, o processo intelectual básico de aquisição de conhecimento.

Assim, por exemplo, o conceito de escola, -- ou qualquer conclusão científica sobre esse conceito – foi elaborado tendo como base a observação sistemática das diferentes instituições às quais se atribui o nome de escola. Dessa maneira, o conceito escola tem sentido universal porque reúne em si a estrutura essencial aplicável ao conjunto das múltiplas escolas concretas existentes no mundo. Retomando a questão do ser, Aristóteles pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e à transitoriedade das

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coisas. Era a clássica polêmica entre Heráclito e Parmênides. Para esse problema, Aristóteles propôs uma nova interpretação ontológica (relativa ao estudo do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir:

o ato – a manifestação atual do ser; aquilo que já existe ( ex.: uma árvore)

a potência – as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é mas pode vir a ser. (ex.: em uma semente há uma árvore em potencial)

Quando a potência não consegue chegar ao ato, Aristóteles aponta para o acidente, ou seja, algo que não ocorre sempre. (ex.: falta de chuva). Assim, segundo o filósofo, devemos distinguir também em todos os seres existentes:

a substância – aquilo que é estrutural e essencial do ser;

o acidente – aquilo que é atributo cinscunstancial e não-essencial do ser.

O que determina a realidade de um ser? A causa.

A investigação do ato e da potência do ser pretende, no entanto, de alguns esclarecimentos sobre a causalidade. Isto porque essa passagem da potência para o ato não se dá ao acaso: ela é causada.

Aristóteles emprega o termo causa em sentido bastante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que determina a

realidade de um ser. Distingue, assim, quatro tipos de causas fundamentais:

causa forma: forma adquirida (ex. estátua de um homem)

causa eficiente: agente que produziu diretamente a coisa (ex.: escultor)

causa final – objetivo, intenção, finalidade, ou razão de ser de um coisa. (ex.: estátua para exaltar a figura de um general)

causa material: refere-se à matéria de que é feita a coisa. (exemplo: mármore utilizado na confecção de uma estátua).

Segundo Aristóteles, a causa formal está diretamente subordinada à causa final, pois a finalidade de uma coisa determina o que os seres efetivamente são. A potência, em si mesma, não é capaz de formalizar o ser em ato. Para que se dê a passagem, é preciso a intervenção de um agente transformador (causa eficiente), guiado por uma finalidade (causa final).

Assim, segundo Aristóteles, a causa final é que comanda o movimento da realidade. É pela causa final, em última instância, que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato.

2.5 - Princípios geraisCom os filósofos gregos,

estabeleceram-se alguns princípios gerais do conhecimento verdadeiro:

as fontes e as formas do conhecimento: sensação,

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percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição intelectual;

a distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento intelectual;

o papel da linguagem no conhecimento;

a diferença entre opinião e saber; a diferença entre aparência e essência;

a definição dos princípios do pensamento

verdadeiro (identidade, não-contradição, terceiro excluído, causalidade), da forma do conhecimento verdadeiro (idéias, conceitos e juízos) e dos procedimentos para alcançar o conhecimento verdadeiro (indução, dedução, intuição); a distinção dos campos do

conhecimento verdadeiro, sistematizados por Aristóteles em três ramos: teorético (referente aos seres que apenas podemos contemplar ou observar, sem agir sobre eles ou neles interferir), prático (referente às ações humanas: ética, política e economia) e técnico (referente à fabricação e ao trabalho humano, que pode interferir no curso da Natureza, criar instrumentos ou artefatos: medicina, artesanato, arquitetura, poesia, retórica, etc.).

ANOTAÇÕES:

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______________________________________QUESTÕES DE VESTIBULARES –

CAP. 2

10. Sobre os aspectos relativos à formação da pólis grega, favoráveis à emergência do Logos, considere as afirmativas a seguir.

I.O surgimento do espaço público faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito: surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana.II. A idéia de que as coisas sucedem – devir – devido à existência de leis naturais, está intimamente unida à idéia de essência e permanência. Tais idéias giram em torno do problema das relações entre o permanente (essencial) e o mutável

(acidental), essenciais para os filósofos pré-socráticos.III. Em torno de 900 a 750 a.C., começam a surgir as cidades-Estado; ocorre uma progressiva secularização da sociedade e racionalização das relações sociais e econômicas que exigem uma normalização: a urbanização faz emergir uma nova mentalidade.IV. A decadência do poderio dos palácios abre espaço para conflitos provocados pelas lutas pelo poder. Ocorrem disputas entre iguais (pertencentes a diferentes clãs aristocráticos) e entre desiguais (entre a aristocracia e as comunidades de campesinos e artesãos). Esta situação dificulta a emergência do pensamento filosófico, que precisava de harmonia para desenvolver-se.Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e III. b) I e IV. c) II e IV. d) I, II e III. e) II, III e IV.

11. (UEM-i-2008p3g1/19) – Sócrates representa um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré- socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Assinale o que for correto.01) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.02)Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre.04) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a ironia.08) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro pelos seus ensinamentos.16) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria, com isso, sinalizar a necessidade de adotar

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uma nova atitude diante do conhecimento e apontar um novo caminho para a sabedoria.

12. - (UEM – Verão 2008) “Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”. (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).

Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale o que for correto.

01) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da

existência humana, relatando como eram a vida e a organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.02) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Idéias.04) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.08) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas Idéias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.16) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

13. (UEM-i-2008p3g1/20) – Aristóteles considera que só o homem é um animal político, porque somente ele é dotado de linguagem na forma de palavra (lógos) e com ela pode exprimir o bem e o mal, o justo e o injusto. O fato de os homens poderem estabelecer em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política. Assinale o que for correto.01) A retórica é a arte da eloqüência, de bem falar e argumentar. Foi utilizada na Antiguidade Clássica como um dos principais recursos da política.02) Os sofistas desenvolveram e ensinaram a retórica como

instrumentalização da linguagem cujo objetivo era torná-la uma estratégia para vencer adversários nos embates políticos. 04) Para os gregos antigos, a palavra mito (mythos) significa narrativa, é a palavra que narra a origem dos deuses, do mundo, dos homens, da comunidade humana e da vida do grupo social. 08) A linguagem para os gregos antigos tem duas formas de expressão: o mythos e o lógos. O mythos desenvolve a palavra mágica e encantatória; o lógos, a linguagem como poder de conhecimento racional.

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16) A obra filosófica de Platão é isenta de qualquer mito, é o que permite caracterizá-la como sendo absolutamente racionalista.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 3: O que vale mais, a fé, a razão ou a experiência?

3. TEORIA DO CONHECIMENTO: DA IDADE MÉDIA À IDADE MODERNA.

3.1 – FILOSOFIA MEDIEVAL3.1.1 - Filosofia Patrística (do século I ao século VII)

Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval. A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião – o Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente com tal

conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela.

A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã (apologética) contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. Começa aí uma longa aliança entre fé e razão que se estende por toda a Idade Média e em que a razão é considerada auxiliar da fé e a ela subordinada.

Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino,

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Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio. (...)

Os Padres recorrem inicialmente à filosofia platônica e realizam uma grande síntese com a doutrina cristã, mediante adaptações consideradas necessárias.

Para impor as idéias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso, surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma graça divina, superior ao simples conhecimento racional.

O principal nome da patrística é Santo Agostinho (354-430). Agostinho retoma a dicotomia platônica referente ao mundo sensível e ao mundo das idéias e substitui esse último pelas idéias divinas. Segundo a teoria da iluminação, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: tal como o sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto. Baseando-se no profeta Isaías, dizia ser necessário “crer para compreender”.. Entre as suas obras destacam-se: Confissões e A Cidade de Deus.

3.1.2 – A EscolásticaA escolástica é a filosofia cristã

que se desenvolve desde o IX, tem o seu apogeu no século XIII e começo do século XIV, quando entra em decadência.

Continua a aliança entre razão e fé, aquele sempre considerada a

“serva da teologia”. Entre os nomes de destaque estão: Santo Anselmo , Pedro Abelardo e Santo Tomás de Aquino.

Durante muito tempo predomina na Idade Média a influência da filosofia de Platão, considerada mais adaptável aos ideais cristãos. O pensamento de Aristóteles era visto com desconfiança, ainda mais pelo fato de os árabes terem feito interpretações tidas como perigosas para a fé.

A partir do século XIII, Santo Tomás utiliza as traduções feitas diretamente do grego e faz a síntese mais fecunda da escolástica, e que será conhecida como filosofia aristotélica-tomista. Retomando os princípios básicos do pensamento de Aristóteles sobre o ser e o saber, Aquino enfatizou a realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento dessa realidade, ressaltou uma série de princípios: da não contradição – o ser é ou não é; da substância – distinção entre substância (essência, propriamente dita de uma coisa) do acidente (qualidade não-essencial); da causa eficiente – todos os seres são contingentes, ou seja, dependem de outro para existir, chamado ser necessário; da finalidade – todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de “uma razão de ser” (causa final); do ato e da potência – todo ser contingente possui duas dimensões: o ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, a potência representa a capacidade do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se.

O que o filósofo escolástico empreendeu foi uma sistematização da doutrina cristã que se apóia em parte da filosofia aristotélica, mas contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de criação do mundo, a noção de um deus único, a idéia de que o vir-a-ser (passagem da potência para o ato)

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não é autodeterminado, mas procede de Deus.

Mas que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção entre o ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa distinção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência se identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro. Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem.

Isso equivale dizer que, nas outras criaturas, o ser é diferente da essência, pois as criaturas são seres não-necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em entes, em seres existentes. Obra-destaque: Suma Teológica.

3.1.3 – A Questão dos Universais

Aristóteles não será conhecido na Idade Média a não ser a partir do século XIII, quando suas obras são traduzidas para o latim.

No entanto, no século VI. Boécio traduzira a lógica aristotélica, tecendo um comentário a respeito da questão da existência real ou não dos universais. O universal é o conceito, a idéia, a essência comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de homem). Em outras palavras, perguntava-se se os gêneros e espécies tinham existência separada dos objetos sensíveis: as espécies (como o cão) e os gêneros (como os animais) teriam existência real"? Ou seja, selam realidades, idéias ou apenas" palavras? Essa questão é retomada nos séculos XI e XII, alimentando longa polêmica, cujas soluções principais são: o realismo, o conceptualismo e o nominalismo.

Os realistas, como Santo Anselmo e Guilherme de Champeaux, consideram que o universal tem realidade objetiva (são res, ou seja, "coisa"). É evidente a

influência platônica do mundo das idéias. No século XIII, Santo Tomás de Aquino, já conhecendo Aristóteles, é partidário do realismo moderado, segundo o qual os universais só existem formalmente no espírito, mas têm fundamento nas coisas.

Para os nominalistas, como Roscelino, o universal é apenas um conteúdo da nossa mente, expresso em um nome. Ou seja, os universais são apenas palavras, sem nenhuma realidade específica correspondente. Essa tendência reaparece no século XIV com Guilherme de Ockam, franciscano que representa a reação à filosofia de Santo Tomás.

Pedro Abelardo, grande mestre da polêmica, opta pela posição conceptualista, intermediária entre as duas anteriores. Para ele os universais são conceitos, entidades mentais. Podemos analisar o significado dessas oposições a partir das contradições que estabelecem fissuras na compreensão mística do mundo medieval. Sob esse aspecto, os realistas são os partidários da tradição, e como tal valorizam o universal, a autoridade, a verdade eterna, representada pela fé. Por outro lado os nominalistas consideram que o individual e mais real, indicando o deslocamento do critério da verdade da fé e da autoridade para a razão humana. Naquele momento histórica essa última posição representa a emergência do racionalismo burguês em oposição às forças feudais que deseja superar.

3.1.4 - Características da Filosofia Medieval Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do espírito humano imortal.

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A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), a diferença e separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), O Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais), a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval.

Outra característica marcante da Escolástica foi o método por ela inventado para expor as idéias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta devia ser ou refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de outros Padres da Igreja.

Assim, uma idéia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da força e da qualidade dos argumentos encontrados nos vários autores. Por causa desse método de disputa - teses, refutações, defesas, respostas, conclusões baseadas em escritos de outros autores -, costuma-se dizer que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma idéia é considerada verdadeira se for baseada nos argumentos de uma autoridade reconhecida (Bíblia, Platão, Aristóteles, um papa, um santo).Os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura. Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi.

3.2 – A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO MODERNO

O Renascimento, ao resgatar o antropocentrismo (o homem como centro do universo) questionou a autoridade papal, propiciou o surgimento do protestantismo e acabou com a hegemonia da Igreja Católica; além de recuperar o racionalismo naturalista grego, abrindo caminho para a construção do conhecimento científico, preparando também o terreno para atuação do homem moderno.

Durante a Idade Antiga e Média, a realidade do mundo era inquestionável e enfatizada era a existência do objeto, conhecido através da sua essência. A crença no poder sem limites da razão que marcou o pensamento moderno, atingiu o seu ponto alto com o iluminismo, no séc. XVIII, também conhecido como Século das Luzes. A verdadeira sabedoria só seria possível através da razão.

3.3 – O RACIONALISMO CARTESIANO

René Descartes (1596-1650) nasceu na França, em uma família burguesa enobrecida, estudou em colégio jesuíta, onde aprendeu autodisciplina e tomou gosto pelos estudos.

Foi neste período que notou a ausência de uma metodologia capaz de fornecer sustentação a ciência e a filosofia; instruindo, controlando e ordenando as idéias para guiar a busca pela verdade. O que o levaria a escrever, mais tarde, o Discurso do método.

Na realidade, Descartes estabeleceu uma critica a ciência de

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sua época e aos ensinamentos tradicionais. Chegou a afirmar que na filosofia não se encontrava até então uma só coisa que não fosse duvidosa.

Isto, principalmente porque reinava naquele momento a escolástica, uma tendência medieval que defendia a idéia de que a fé em Cristo e a razão deveriam ser conciliadas.

Para Tomás de Aquino, por exemplo, não poderia haver contradição entre fé e razão, sendo que Deus garantia a verdade em detrimento do óbvio.

Já Santo Agostinho simbolizava a junção entre fé e razão através de um episódio que o teria levado a conversão.

Segundo ele, andando pela praia, questionando a existência de Deus, encontrou um garoto tentando encher um buraco na areia com água do mar. Ao perguntar àquela criança sua intenção, obtém a resposta que o menino queria colocar toda a água do mar no buraco.

Chamando o garoto de louco, escuta dele que é mais fácil colocar toda água do mar no buraco na areia do que o homem, com sua razão limitada, entender o que é Deus.

Descarte se opôs, justamente, a este tipo de pensamento e forma de explicar o mundo.

3.3.1 – O Método CartesianoPara Descartes, a razão era a

única capaz de construir uma ciência segura que conduzisse a verdade, possibilitando certezas matemáticas, inserindo-se no contexto da matemática universal cartesiana.

Isto porque a razão seria o único elemento comum a todos os homens, sendo imutável no tempo e espaço, portanto, universal.

Para a realização deste projeto, Descartes defendeu a idéia de que a ciência e filosofia precisavam de um método

universalmente aplicável para fornecer alicerces seguros para a construção do conhecimento.

O método foi definido como um conjunto de regras que, observadas com exatidão, conduziriam à certeza, “ensinando a não tomar o falso por verdadeiro e aumentando, progressivamente”, o conhecimento.

Neste sentido, o método adquiriu o significado que possui ainda entre nós hoje: um conjunto de operações, de regras para alcançar um resultado.

Este método universal deveria ser crítico, para contestar e evitar erros; e positivo, forçando a acreditar que é possível chegar à verdade, mesmo que provisória.

O método cartesiano defende três princípios:

1. Clareza: só aceitar aquilo que se a apresenta imediatamente ao espírito; o que surge por meio da intuição direta e é entendido só ao ser observado.2. Distinção: só aceitar como verdadeira uma idéia que não se confunda com nenhuma outra, sem possibilidade de dúvida.3. Evidência: aquilo que é claro e distinto; o que pode ser expresso pela máxima de só aceitar como verdadeira a idéia que se apresenta de imediato e sobre a qual não existe dúvida, não havendo como confundi-la com outra.

Portanto, para encontrar a verdade, seria necessário um esforço para não aceitar como certo aquilo que não seja claro e distinto, assim evidente; afastando preconceitos, precipitações, situações emocionais e psicológicas que conduzem ao erro.Para atingir esta intenção, Descartes pensou em quatro regras que compõem seu método:

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1. Evidência: só tomar como verdadeiro aquilo que se apresenta de forma clara e distinta.2. Análise: dividir problemas complexos em partes menores para solucionar cada questão e, portanto, resolver o problema maior.3. Síntese: conduzir o pensamento de forma ordenada, organizando do mais fácil para o mais difícil, do simples para o complexo.4. Enumeração ou Revisão: retomar o pensamento em busca da falhas, encontrando erros reiniciar todo processo.

Neste contexto, para tornar o método uma matemática universal (mathema universalis) seria necessário ainda usar dois elementos:1. Intuição: uma operação ou processo racional que permite a apreensão imediata e instantânea de uma evidência.2. Dedução: a operação ou processo racional pelo qual, a partir de verdades conhecidas, poderíamos extrair outras verdades, pois as verdades estariam ligadas, encadeadas de forma progressiva.Seja como for, a partir do racionalismo cartesiano, todo conhecimento cientifico passou a carecer de metodologia para ser considerado ciência.

O método se tornou o alicerce, a base de sustentação de qualquer teoria.

3.3.2 - As Verdades Primeiras

Descartes afirma que devemos rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar. Só devemos aceitar as coisas indubitáveis, mas não devemos duvidar por duvidar, como céticos, que não acreditam na possibilidade do conhecimento humano atingir a verdade. O objetivo da dúvida cartesiana é encontrar uma primeira

verdade impondo-se com absoluta certeza. Assim torna-se evidente que para Descartes, que após duvidar de tudo chegamos na primeira certeza: o "Cogito, ergo sum" – Penso, logo existo. Isso é claramente visto em o Discurso sobre o Método de Descartes em sua V parte.

"(…) Depois examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas nem por isso podia supor que eu não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de pensar em duvidar da verdade das outras coisas (…) compreendi que era uma substancia cuja essência ou natureza dependia do pensar (…)"

A Segunda verdade é a de Deus, pois visto a primeira verdade dizer: eu penso, então não estou só. Diz o autor: "O exame das minhas idéias leva-me a afirmar a existência de Deus, é Deus que garante as verdades (…), permitindo suas aplicações"

Conclui Descartes que temos três tipos de idéias, as formadas pelo mundo exterior, as inventadas pela imaginação e as natas que são dadas por Deus, assim estas formam o fundamento da ciência.

Essas idéias estão presentes nas obras Discurso do método (1637), Meditações metafísicas (1641) e Princípios da filosofia (1644).

3.3.3 - Os impactos do cartesianismo

• Um dos grandes impactos do cartesianismo consiste na rejeição de toda e qualquer autoridade, no processo de conhecimento, distinta da Razão. • importante é que devemos julgar por nós mesmos. Só devemos aceitar

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aquilo que podemos compreender clara e distintamente e demonstrar racionalmente. Devem ser excluídos os dogmas religiosos, os preconceitos sociais, as censuras políticas e os dados fornecidos pelos sentidos. S• A grande contribuição (para alguns, desastrosa) de Descartes para a ciência moderna está, efetivamente, na descaracterização de um mundo enquanto qualitativo e sua redução a um mundo puramente quantitativo. Ou seja, as matemáticas passaram a constituir o modelo e a linguagem de todo o conhecimento científico, substituindo a qualidade sentida pela quantidade medida. A matemática é aplicável à totalidade do real. • Historicamente, o cartesianismo dá origem a duas correntes filosóficas: o racionalismo, com Spinoza, Malebranche e Leibniz, e o empirismo com Locke, Berkeley e Hume, sendo essa a corrente adversária de Descartes. O empirismo defende que todo o conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível (interna ou externa), inclusive os princípios racionais do conhecimento, não atribuindo ao espírito nenhuma atividade própria.

3.4 – O EMPIRISMO INGLÊSNo decorrer da historia da

Filosofia muitos filósofos defenderam a tese do empirismo. Os mais famosos são os filósofos empiristas ingleses do século XVI ao XVIII, a citar: Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley e David Hume.

3.4.1 – Temas Centrais: O conhecimento e a origem das idéias.

Desde Bacon, o empirismo caracteriza-se pela defesa de uma ciência baseada em um método experimental, valorizando a observação e a aplicação prática da ciência. As leis científicas seriam fundamentalmente resultado de generalizações com base na observação da repetição de fenômenos com características constantes. A esse procedimento chama-se indução, sendo uma lógica indutiva a base da concepção empirista de ciência.

Essa concepção parte de uma teoria do conhecimento que explica a origem das idéias a partir de um processo de abstração que se inicia com a percepção que temos das coisas através de nossos sentidos. “Nada está no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos” – eis um dos lemas do empirismo. É a partir dos dados de nossa sensibilidade que o entendimento produz, por um processo de abstração, as idéias. As idéias simples, provenientes das impressões sensíveis, dão origem, através do processo de associação e combinação, a idéias mais complexas. Quanto mais próxima da impressão sensível que a causou, mais real – nítida e precisa – é a idéia; quanto mais distante, menos real. É nesse sentido que a verificação empírica é um dos critérios básicos da validade do conhecimento. O conhecimento é, portanto, sempre probabilístico, dependendo sua certeza das verificações a serem feitas e do acordo entre as experiências dos indivíduos. A concepção empirista é assim fortemente individualista, já que a experiência é sempre individual.

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3.4.2 - Thomas Hobbes

Thomas Hobbes nasceu em Malmesbury, em 1588. Bem cedo aprendeu o grego e o latim, e muitos de seus escritos (suas obras-primas) foram redigidos em língua latina. Completando os estudos superiores em Oxford, a partir de 1608 torna-se preceptor entre os poderosos Cavendish, condes de Devonshire. Fez diversas viagens no continente (1610, 1629 e 1634) e, de 1640 ate 1651, durante a ditadura de Cromwell, viveu em exilio voluntario em Paris, onde, em 1646, foi ate preceptor do futuro rei Carlos II. Morreu em 1679. Filósofo moderno, é um dos representantes do empirismo inglês. Entre suas obras sao fundamentais: “De cive” (1642), “De corpore” ' (1 655), “De homine” (1658), “Leviatã" (1651 em ingles, 1670 em latim).

Para Hobbes, a realidade possui um único princípio: ela se compõe de corpos em movimento. Polemizando com a filosofia cartesiana, Hobbes afirma que admitir o “eu penso” é admitir uma coisa pensante, sendo que esta somente pode possuir natureza corporal. Para este filósofo, que se opõe radicalmente à concepção dualista de Descartes (1596-1650), o espírito deve ser encarado como um movimento oriundo do corpo orgânico e material.

Para tal compreensão mecanicista da realidade, existir é ser no espaço; logo, é estar sujeito, como corpo, às leis que regem o movimento. Partindo deste pressuposto, seu pensamento se estrutura como uma física, que possui como tarefa a investigação de

duas espécies de corpos: os naturais (filosofia da natureza) e os artificiais – Estado (filosofia política). Tudo o que não é corpóreo deve está fora da filosofia.

Hobbes encara o problema do conhecimento humano a partir das sensações, movimento pelo qual os entes sensíveis afetam o corpo humano. Dos órgãos dos sentidos, parte um movimento em direção ao cérebro e, então, ao coração; deste órgão, tem início um movimento de reação, que é o que denominamos, propriamente, sensação.

Das imagens (denominadas por este filósofo fantasmas) dos entes singulares, produzida a partir das sensações, originam-se os nomes ou conceitos universais. O conhecimento, assim, é encarado como uma combinatória destes nomes, ou, para falar com Hobbes, um cálculo, que consiste em adições e subtrações de signos, de maneira que a ciência pode ser encarada como “conhecimento das conseqüências de uma palavra a outra”.

Deste modo, é possível afirmar que o empirismo de Hobbes se encontra associado a uma postura racionalista, bem como a uma concepção nominalista da questão do conhecimento.

3.4.5 - John Locke

O empirismo inglês se inicia com o filósofo John Locke (1632 – 1704), conhecido como o teórico do liberalismo. Locke parte do ponto de vista cartesiano propondo o problema metafísico de Descartes como o problema do conhecimento, e

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com isso inicia sua filosofia partindo da pergunta: "Qual é a essência, qual é a origem, qual é o alcance do conhecimento humano?". Essa importante reflexão encontra-se em sua obra Ensaio sobre o entendimento humano.

Investigando a origem das ideias, Locke utiliza-se do caminho da psicologia, pois assim como para Descartes, qualquer pensamento é todo fenômeno psíquico em geral. Por esse caminho Locke também mostra que existe diante das ideias, a sensação, que surge com a mudança mental através dos sentidos; e a reflexão que é obtida pela alma através de tudo que diante dela ocorre.

Portanto, para Locke, as ideias simples que surgem das sensações, das reflexões, ou da combinação entre elas, são as ideias correspondente a uma realidade que existe em si e por si mesma. Já o que causa essas ideias simples é a "qualidade" dos objetos. Porém, nem tudo tem o mesmo valor ontológico e por esse motivo Locke diferencia essas percepções como as qualidades primárias, que são a extensão, a solidez, a forma, o movimento, o repouso, o número, a impenetrabilidade dos corpos; e as qualidades secundárias que são a cor, o odor, a temperatura, o som, o sabor, etc.

Criticando a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirma que o conhecimento só se inicia após a experiência sensível, pois se essas ideias existissem até mesmo uma criança teria desde que nascesse, a ideia de Deus como ser perfeito.

Entre as obras de Locke, destacam-se: Ensaio sobre o entendimento humamo; Segundo ensio sobre o governo civil.

3.4.6 - David Hume

David Hume nasceu em Edimburgo em 1711, e desde jovem se apaixonou pelo estudo dos clássicos e da filosofia. Já em 1729 teve a poderosa intuição de uma nova "ciência da natureza humana", da qual nasceu a ideia básica de sua obra-prima, o “Tratado sobre a natureza humana”, em três volumes publicados em Londres entre 1739 e 1740 (em I748 foi publicado um resumo com o titulo “Ensaios sobre o intelecto humano”, rebatizado por fim em 1758 com “Pesquisas sobre o intelecto humano”). O sucesso literário veio porem com os “Ensaios morais e políticos”, em 1741. De 1763 a 1766 foi secretario do embaixador inglês em Paris, e quando voltou a Londres levou consigo Rousseau, com o qual porém as relações logo se deterioraram. Nos últimos anos retirou-se em Edimburgo, onde se dedicou as novas edições de suas obras e a revisão dos “Diálogos sobre religião natural” (redigidos em 1751 e publicados postumamente em 1779). Morreu em 1776.

Retomando o empirismo de Locke, David Hume defende o pensamento de que a experiência escreve e grava em nosso espírito as idéias, e a razão irá associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos. Por isso, Hume dirá que a razão é o

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hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por diferença.

O exemplo mais importante (por causa das conseqüências futuras) oferecido por Hume para mostrar como formamos hábitos racionais é o da origem do princípio da causalidade (razão suficiente).

A experiência me mostra, todos os dias, que, se eu puser um líquido num recipiente e levar ao fogo, esse líquido ferverá, saindo do recipiente sob a forma de vapor. Se o recipiente estiver totalmente fechado e eu o destampar, receberei um bafo de vapor, como se o recipiente tivesse ficado pequeno para conter o líquido.

A experiência também me mostra, todo o tempo, que se eu puser um objeto sólido (um pedaço de vela, um pedaço de ferro) no calor do fogo, não só ele se derreterá, mas também passará a ocupar um espaço muito maior no interior do recipiente. A experiência também repete constantemente para mim a possibilidade que tenho de retirar um objeto preso dentro de um outro, se eu aquecer este último, pois, aquecido, ele solta o que estava preso no seu interior, parecendo alargar-se e aumentar de tamanho.

Experiências desse tipo, à medida que vão se repetindo sempre da mesma maneira, vão criando em mim o hábito de associar o calor com certos fatos. Adquiro o hábito de perceber o calor e, em seguida, um fato igual ou semelhante a outros que já percebi inúmeras vezes. E isso me leva a dizer: “O calor é a causa desses fatos”. Como os fatos são de aumento do volume ou da dimensão dos corpos submetidos ao

calor, acabo concluindo: “O calor é a causa da dilatação dos corpos” e também “A dilatação dos corpos é o efeito do calor”. É assim, diz Hume, que nascem as ciências. São elas, portanto, hábito de associar idéias, em conseqüência das repetições da experiência.

Ora, ao mostrar como se forma o princípio da causalidade, Hume não está dizendo apenas que as idéias da razão se originam da experiência, mas está afirmando também que os próprios princípios da racionalidade são derivados da experiência.

Mais do que isso. A razão pretende, através de seus princípios, seus procedimentos e suas idéias, alcançar a realidade em seus aspectos universais e necessários. Em outras palavras, pretende conhecer a realidade tal como é em si mesma, considerando que o que conhece vale como verdade para todos os tempos e lugares (universalidade) e indica como as coisas são e como não poderiam, de modo algum, ser de outra maneira (necessidade).

Ora, Hume torna impossível tanto a universalidade quanto a necessidade pretendidas pela razão. O universal é apenas um nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição de semelhanças percebidas e associadas.

O necessário é apenas o nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição das percepções sucessivas no tempo. O universal, o necessário, a causalidade são meros hábitos

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psíquicos.

3.5 – O CRITICISMO KANTIANO

Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um dos principais representantes do iluminismo. Suas obras, Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica da Faculdade de Julgar (1790), submetem a razão a um exame rigoroso para verificar a possibilidade de alcance da razão como instrumento de acesso ao conhecimento. Por isso, sua filosofia foi também chamada de criticismo kantiano. Kant reconheceu a existência de dois tipos de conhecimento: o empírico (a posteriori) obtido por meio da experiência sensível; e o puro (a priori) que não depende da experiência e das impressões dos sentidos e produz juízos necessários e universais.

Ele também atribuiu ao sujeito a elaboração do conteúdo do conhecimento por intermédio de condições subjetivas que são as faculdades e suas respectivas formas: a sensibilidade, espaço e tempo, entendimento, categorias de unidade, pluralidade, totalidade, realidade, negação, limitação, substância, causalidade, comunidade, possibilidade, existência e necessidade.

Assim, o conhecimento começa com as experiências sensíveis que atingem os sentidos: a matéria do conhecimento são as impressões que o sujeito recebe dos objetos exteriores, de maneira desorganizada, desordenada. Os dados empíricos são organizados

logicamente pelo espaço e tempo, formas a priori da sensibilidade.

A filosofia kantiana é também denominada idealismo transcendental: o sujeito constrói o conhecimento e dá significado e sentido à realidade a partir de categorias subjetivas a priori (idealismo); o conhecimento não está particularmente voltado para os objetos, mas para o modo de conhecê-los aprioristicamente (transcendental). Kant revolucionou a Filosofia ao atribuir ao sujeito um papel determinante no ato de conhecer. Este já não resulta de uma adequação do sujeito a uma realidade exterior, mas sim de uma construção mental apriorística do espírito. Eis uma citação de Kant Crítica da Razão Pura:

A razão só vê o que ela mesma produz segundo o objeto, que ela deve ir à frente com princípio de seus juízos segundo leis constantes e deve obrigar a natureza a responder as suas perguntas, sem se deixar, porém, conduzir por ela como se estivesse presa a um laço. (...) Até agora se supõe que todo o nosso conhecimento deveria regular-se pelos objetos; porém todas as tentativas de estabelecer algo a priori sobre ele através de conceitos por meio dos quais o nosso conhecimento seria ampliado, fracassaram sobre esta pressuposição. (...) Admitindo-se que o nosso conhecimento de experiência se regule pelos objetos como coisas em si mesmas, ver-se-á que o incondicionado não pode ser pensado sem contradição, admitindo-se em compensação, que a nossa representação das coisas como nos

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são dadas se regule não por estas como coisas em si mesmas, mas antes estes objetos como fenômenos se regulem pelo nosso modo de representação, ver-se-á que, a contradição desaparece.

O criticismo kantiano, ao sintetizar entre o racionalismo e o empirismo provocou o surgimento, de um lado, dos idealistas (Fichte, Schelling e Hegel) que enfatizaram a postura do sujeito como construtor do conhecimento a partir de categorias a priori, concebendo a realidade como produto exclusivo do pensamento humano: de outro lado, os positivistas (Comte e seguidores) que destacaram o valor da experiência sensível como fundamento epistemológico das ciências, enfatizando o real como objeto de investigação do espírito positivo.

Em Kant, chama-se dialético o uso especulativo, não experimental e não científico, da razão. A dialética transcendental trata das idéias puras da razão, e se chama assim porque as idéias se defrontam com oposições insolúveis, isto é, que permitem a sustentação tanto da tese quanto da antítese. Deste modo, tanto é possível sustentar o determinismo quanto a liberdade, tanto a infinitude quanto a finitude, a existência quanto a inexistência.

Finalmente, a dialética adquire o sentido mais próximo do

que irá servir ao marxismo. Para Hegel, compreender a natureza é representá-la como um processo. O Ser é a Idéia que se exterioriza e se manifesta nas obras que produz e que se interioriza voltando a si mesmo e reconhecendo a sua produção. Esse movimento da Idéia, de exteriorização e interiorização se faz por contradições. Sendo que essa estrutura contraditória do real, a dialética, passa por três momentos: tese – o da identidade; antítese - o da contradição; e, síntese - o da positividade ou negação da negação.

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QUESTÕES – CAP. 3

1. (UEM-2008 (p3g1-06) – A Patrística foi a Filosofia Cristã dos primeiros séculos de nossa era. Consistia na elaboração doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias. Dado o encontro entre a nova religião e o pensamento filosófico greco-romano, o grande tema da Filosofia Patrística foi o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo Agostinho, expoente dessa filosofia, sobre a relação fé e razão, defendia a tese que se pode resumir nesta frase: “Credo ut intelligam” (Creio para entender). A esse respeito, assinale o que for correto. 01) Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das Idéias à luz do cristianismo e formula a teoria da iluminação segundo a qual o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: à semelhança do sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto. 02) De acordo com Santo Agostinho, a razão é superior e precede a fé; pois, se o homem, ser racional, for

incapaz de entender os ensinamentos religiosos, não poderá acreditar neles. 04) Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com a razão, esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela subordinada. 08) Para Santo Agostinho, fé e razão são inconciliáveis, pois os mistérios da fé são insondáveis e manifestam-se como uma loucura para a razão humana.16) A fé, para Santo Agostinho, não oprime a razão, mas, ao contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé mantinha fechados. A partir dos princípios da fé, a razão, por suas próprias forças, deduzirá conseqüências e tentará resolver os problemas que Deus deixou para nossas livres discussões.

2. (UEM-V-2009p3g1-09) A patrística surge no séc. II d.c. e estende-se por todo o período medieval conhecido como alta Idade Média. É considerada a filosofia dos Padres da Igreja. Entre seus objetivos encontramos a conversão dos pagãos, o combate às heresias e a consolidação da doutrina cristã. Sobre a patrística, assinale o que for correto.01) A patrística deixa de ser predominante como doutrina do cristianismo quando, a partir do séc. IX, surge uma nova corrente filosófica denominada escolástica, que atinge o apogeu no séc XIII.02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo escreveu o livro Confissões, razão pela qual é considerado o primeiro filósofo cristão.

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04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo Agostinho, tomam ideias da filosofia clássica grega, particularmente de Platão, que são adaptadas às necessidades das verdades expressas pela teologia cristã.08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e razão caracteriza-se por um predomínio da fé sobre a razão; em Santo Agostinho, a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada.16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ajudou Santo Agostinho a compreender os princípios da filosofia de Aristóteles, sem a qual Santo Agostinho não poderia construir seu próprio sistema filosófico.

3. ( UFF. 2010) A importância do filósofo medieval Tomás de Aquino reside principalmente em seu esforço de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz:

“As verdades que professamos acerca de Deus revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus, etc. Estas últimas verdades, os próprios filósofos as provaram por meio de demonstração, guiados pela luz da razão natural”. A partir dessa

citação, identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Tomás de Aquino.(A) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades acerca de Deus.(B) O ser humano só alcança o conhecimento graças à revelação da verdade que Deus lhe concede.(C) A fé é o único meio de o ser humano chegar à verdade.(D) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar por seus meios naturais certas verdades.(E) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer d’Ele.

4. (UEM-2008 (p3g1)05) – A questão dos universais foi um dos grandes problemas debatidos na Filosofia Medieval. A dificuldade era determinar o modo de ser das idéias gerais, gêneros ou espécies, tais como homem, animal etc.; ou seja, saber se os universais correspondem a uma realidade fora de nós ou se são puras abstrações do espírito e sem realidade. Realismo e nominalismo foram as duas soluções típicas do problema, surgindo o conceitualismo como solução intermediária. Em relação à questão dos universais, assinale o que for correto.

01) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que os universais existiam na realidade, independentemente das coisas individuais. 02) Os realistas foram os primeiros filósofos acreditarem na realidade virtual; foram, assim, precursores da inteligência artificial.

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04) Uma forma moderada de realismo foi defendida por Santo Tomás de Aquino, o qual, sob influência de Aristóteles, supôs que o universal estaria na coisa, como sua forma ou substância; depois da coisa, como conceito no intelecto; e antes da coisa, na mente divina, como modelo das coisas criadas.08) No conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais são conceitos que não existem na realidade, nem são meros nomes; eles são o significado dos nomes e podem subsistir mesmo na falta de particulares a que se apliquem.16) O nominalismo asseverou que os universais nada têm de real; são meros nomes, pois o que realmente existe são os particulares.

5. É amplamente conhecido, na história da filosofia, como Descartes coloca em dúvida todo o conhecimento, até encontrar um fundamento inabalável; uma espécie de princípio de reconstituição do conhecimento. Neste processo, Descartes elege uma regra metodológica que o orientará na busca de novas verdades. A regra geral que orientará Descartes na busca de novas verdades é :

a) a possibilidade do mundo externo.

b) a possibilidade de unirmos corpo e alma. c) a clareza e distinção. d) a certeza dos juízos matemáticos. e) a idéia de que corpo e alma são entidades distintas.

6. Leia o texto a seguir: Certamente, temos aqui ao menos

uma proposição bem inteligível, senão uma verdade, quando afirmamos que, depois da conjunção constante de dois objetos, por exemplo, calor e chama, peso e solidez, unicamente o costume nos determina a esperar um devido ao aparecimento do outro. Parece que esta hipótese é a única que explica a dificuldade que temos de, em mil casos, tirar uma conclusão que não somos capazes de tirar de um só caso, que não discrepa em nenhum aspecto dos outros. A razão não é capaz de semelhante variação. As conclusões tiradas por ela, ao considerar um círculo, são as mesmas que formaria examinando todos os círculos do universo. Mas ninguém, tendo visto somente um corpo se mover depois de ter sido impulsionado por outro, poderia inferir que todos os demais corpos se moveriam depois de receberem impulso igual. Portanto, todas as inferências tiradas da experiência são efeitos do costume e não do raciocínio. (HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1999. pp. 61-62.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de David Hume, é correto afirmar:

a) A razão, para Hume, é incapaz de demonstrar proposições matemáticas, como, por exemplo, uma proposição da geometria acerca de um círculo. b) Hume defende que todo tipo de conhecimento, matemático ou experimental, é obtido mediante o uso da razão, e pode ser justificado com base nas operações do raciocínio.

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c) É necessário examinar um grande número de círculos, de acordo com Hume, para se poder concluir, por exemplo, que a área de um círculo qualquer é igual a "PI" multiplicado pelo quadrado do raio desse círculo. d) Hume pode ser classificado como um filósofo cético, no sentido de que ele defende a impossibilidade de se obter qualquer tipo de conhecimento com base na razão. e) Segundo Hume, somente o costume, e não a razão, pode ser apontado como sendo o responsável pelas conclusões acerca da relação de causa e efeito, às quais as pessoas chegam com base na experiência.

7. Leia o texto a seguir. A razão humana, num determinado domínio dos seus conhecimentos, possui o singular destino de se ver atormentada por questões, que não pode evitar, pois lhe são impostas pela sua natureza, mas às quais também não pode dar respostas por ultrapassarem completamente as suas possibilidades. (KANT, I. Crítica da Razão Pura (Prefácio da primeira edição, 1781). Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p. 03.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Kant, o domínio destas intermináveis disputas chama-se:

a) experiência. b) natureza. c) entendimento. d) metafísica. e) sensibilidade.

8. Leia o seguinte texto de Descartes:

[...] considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e certa, pois, como acabara de encontrar uma proposição que eu sabia sê-lo inteiramente, pensei que devia saber igualmente em que consiste essa certeza. E, tendo percebido que nada há no "penso, logo existo" que me assegure que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, pensei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos clara e distintamente são todas verdadeiras.

(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 57.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento cartesiano, é correto afirmar:

a) Para Descartes, a proposição "penso, logo existo" não pode ser considerada como uma proposição indubitavelmente verdadeira. b) Embora seja verdadeira, a proposição "penso, logo existo" é uma tautologia inútil no contexto da filosofia cartesiana. c) Tomando como base a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que o que é necessário para que uma proposição qualquer seja verdadeira é que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e distintamente. d) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma que não é possível se ter certeza sobre a verdade de qualquer proposição. e) Tomando como exemplo a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que uma proposição qualquer só pode ser

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considerada como verdadeira se ela tiver sido provada com base na experiência.

9. (UEM/CVU - GABARITO 1 – Quest4-Ver2009-P3)

4O que caracteriza a modernidade, segundo Marilena Chauí, é a descoberta da consciência reflexiva do sujeito que conhece sua faculdade desconhecer, e, aliada a isso, a tese de que a Natureza pode ser completamente conhecida enquanto objeto das representações do sujeito transcendental. (CHAUI, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.49). Sobre a filosofia moderna, assinale o que for correto.

01) A modernidade é o período histórico marcado por avanços tecnológicos e inovações constantes. Só o que é novo e original pode-se dizer moderno, fator que o deixa em estado de transformação e novidade permanente. 02) Sujeito transcendental é o conceito da modernidade utilizado na intenção de objetivar o transcendente. Uma vez que o mundo em si não é acessível, mas apenas os fenômenos, o sujeito transcendental cumpre a função de estabelecer a ponte entre o sensível e o inteligível, atingindo, nesse processo, o supra-sensível.04) O filósofo René Descartes, no final da era moderna, reformulou a tese empirista e racionalista de David Hume e de Immanuel Kant, respectivamente, fazendo uma síntese das doutrinas que representam as teorias do conhecimento do período moderno. 08) Chama-se fenomenologia a corrente filosófica da modernidade

que estuda as aparências, tendo por fundadores Roger Moore e Bertrand Russell.16) Para René Descartes, no início da era moderna, o pensamento, também chamado de cogito, conduzido pelo método da dúvida metódica, fundamenta a certeza e a possibilidade do conhecimento verdadeiro e apodítico.

10. IFPA (2009) Em linhas gerais, sobre a filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), em sua obra intitulada Crítica da razão pura, é correto afirmar:

I. Para Kant, a razão pode conhecer a realidade tal como esta é em si mesma. A razão está nas coisas e não em nós. A realidade é um dado exterior ao qual o intelecto deve se conformar.II. Para Kant, a razão não está nas coisas, mas em nós. A razão não pode conhecer a realidade tal como esta é em si mesma, apenas podemos conhecer os fenômenos, isto é, “aquilo que aparece”.III. Kant esforça-se para mostrar como, na relação com o conhecimento, aquilo que chamamos ser, é não um ser “em si”, mas um ser objeto, um ser “para” ser conhecido, um ser posto logicamente pelo sujeito.IV. Para conhecer as coisas, segundo kant, temos de organizá-las a partir da forma a priori do tempo e do espaço. Dessa forma, para o filósofo, o tempo e o espaço não existem como realidade externa, são antes formas que o sujeito põe nas coisas.

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Quais das alternativas acima estão corretas:

a) Somente as alternativas I e IV estão corretas.b) As alternativas I e III estão corretas.c) Somente as alternativas II e III estão corretas.d) Apenas a alternativa I está correta.e) As alternativas II, III e IV estão corretas.11. UFAL (2008) O pensamento filosófico da modernidade tem em Kant uma das expressões mais atuantes e significativas para o mundo ocidental. De fato, as reflexões de Kant contribuíram para:a) reativar o pensamento cristão, relacionando-o com os princípios medievais.b) rediscutir a História dentro dos paradigmas da dialética hegeliana.c) repensar o conteúdo do conhecimento humano mostrando os limites da racionalidade.d) definir a estrutura da democracia contemporânea, seguindo Jean Jacques Rousseau.e) afirmar, com base na filosofia empirista, a simplicidade do conhecimento cientifico.

ANOTAÇÕES:_________________________

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CAPÍTULO 4: a felicidade é o nosso único objetivo?

4. FILOSOFI MORAL: DO PENSAMENTO CLÁSSICO AO MEDIEVAL.

4.1 – O que é Filosofia Moral?

Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus

membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças muito profundas de castas ou de classes podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social.

No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética,

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entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Podemos dizer, a partir dos textos de Platão e de Aristóteles, que, no Ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates.

4.2 – Senso moral e consciência moral

Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem naabundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral .

Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma coisa de que, depois, sentimos vergonha, remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos também exprimem nosso senso moral.

Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo (...) Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e que o roubo fará

diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva, ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao homicídio? Que fazer? Situações como essas – mais dramáticas ou menos dramáticas – surgem sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral , pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as conseqüências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.

Todos os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com conseqüências para nós e para os outros. Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem.Juízo de fato e de valor

Se dissermos: “Está chovendo”, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: “A chuva é boa para as plantas” ou “A chuva é bela”, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor.

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Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor - avaliações sobre coisas, pessoas e situações - são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.

Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.

Os juízos éticos de valor são também normativos, isto é, enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto.Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade.

Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral .

4.3 - Sentido das palavras Ética e Moral

Os costumes, porque são anteriores ao nosso nascimento e formam o tecido da sociedade em que vivemos, são considerados inquestionáveis e quase sagrados (as religiões tendem a mostrá-los como tendo sido ordenados pelos deuses, na origem dos tempos). Ora, a palavra costume se diz, em grego, ethos – donde, ética – e, em latim, mores – donde, moral. Em outras

palavras, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. Sócrates indagava o que eram, de onde vinham, o que valiam tais costumes.

No entanto, a língua grega possui uma outra palavra que, infelizmente, precisa ser escrita, em português, com as mesmas letras que a palavra que significa costume: ethos. Em grego, existem duas vogais para pronunciar e grafar nossa vogal e: uma vogal breve, chamada epsilon, e uma vogal longa, chamada eta.

Ethos, escrita com a vogal longa (ethos com eta), significa costume; porém, escrita com a vogal breve (ethos com epsilon), significa caráter, índole natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sentido, ethos se refere às características pessoais de cada um que determinam quais virtudes e quais vícios cada um é capaz de praticar. Refere-se, portanto, ao senso moral e à consciência ética individuais.

4.4 - Alguns conceitos

        Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. Moore GE. Princípios Éticos. São Paulo: Abril Cultural, 1975:4

       A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser humano chegue a realizar-se a sí mesmo como tal, isto é, como pessoa. (...) A Ética se ocupa e

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pretende a perfeição do ser humano. Clotet J. Psico 1986;12(1)84-92.

  "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7)

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto".

4.5 - Os constituintes do campo ético

Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que faz e sente.

Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.

A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, as conseqüências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins (empregar meios imorais para alcançar fins morais é

impossível), a obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).

A vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça tal poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar submetida à vontade de um outro nem pode estar submetida aos instintos e às paixões, mas, ao contrário, deve ter poder sobre eles e elas.

O campo ético é, assim, constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes. Estas são realizadas pelo sujeito moral , principal constituinte da existência ética. O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições:

ser consciente de si e dos outros, isto

é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;

ser dotado de vontade, isto é, de

capacidade para controlar e orientar desejos,

impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;

ser responsável, isto é, reconhecer-se

como autor da ação, avaliar os efeitos e conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas conseqüências, respondendo por elas;

ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-

se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a

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fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.

O campo ético é, portanto, constituído por dois pólos internamente relacionados: o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas.

Do ponto de vista do agente ou sujeito moral, a ética faz uma exigência essencial, qual seja, a diferença entre passividade e atividade. Passivo é aquele que se deixa governar e arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade.

Ao contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência contra si e contra os outros. Numa palavra, é autônomo.

Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para si mesmas o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva e social, a ética não é

alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, econômicas e culturais da ação moral.

Conseqüentemente, embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade que a institui (universal porque seus valores são obrigatórios para todos os seus membros), está em relação com o tempo e a História, transformando-se para responder a exigências novas da sociedade e da Cultura, pois somos seres históricos e culturais e nossa ação se desenrola no tempo.

Além do sujeito ou pessoa moral e dos valores ou fins morais, o campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins.

Costuma-se dizer que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um fim legítimo, todos os meios disponíveis são válidos. No caso da ética, porém, essa afirmação deixa de ser óbvia. Suponhamos uma sociedade que considere um valor e um fim moral a lealdade entre seus membros, baseada na confiança recíproca. Isso significa que a mentira, a inveja, a adulação, a má-fé, a crueldade e o medo deverão estar excluídos da vida moral e ações que os empreguem como meios para alcançar o fim serão imorais.

No entanto, poderia acontecer que para forçar alguém à lealdade seria preciso fazê-lo sentir medo da punição pela deslealdade, ou seria preciso mentir-lhe para que não perdesse a confiança em certas pessoas e continuasse leal a elas. Nesses casos, o fim – a lealdade – não justificaria os meios – medo e mentira? A resposta ética é: não. Por quê? Porque esses meios desrespeitam a consciência e a liberdade da pessoa moral, que agiria por coação externa e não por reconhecimento interior e verdadeiro do fim ético.

No caso da ética, portanto, nem todos os meios são justificáveis,

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mas apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras, fins éticos exigem meios éticos.

A relação entre meios e fins pressupõe que a pessoa moral não existe como um fato dado, mas é instaurada pela vida intersubjetiva e social, precisando ser educada para os valores morais e para as virtudes.

Poderíamos indagar se a educação ética não seria uma violência. Em primeiro lugar, porque se tal educação visa a transformar-nos de passivos em ativos, poderíamos perguntar se nossa natureza não seria essencialmente passional e, portanto: forçar-nos à racionalidade ativa não seria um ato de violência contra a nossa natureza espontânea? Em segundo lugar, porque se a tal educação visa a colocar-nos em harmonia e em acordo com os valores de nossa sociedade, poderíamos indagar se isso não nos faria submetidos a um poder externo à nossa consciência, o poder da moral social. Para responder a essas questões precisamos examinar o desenvolvimento das idéias éticas na Filosofia.

4.6 - Ética em Sócrates

Percorrendo praças e ruas de Atenas – contam Platão e Aristóteles -, Sócrates perguntava aos atenienses, fossem jovens ou velhos, o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir.

Que perguntas Sócrates lhes fazia? Indagava: O que é a coragem? O que é a justiça? O que é a piedade? O que é a amizade? A elas, os atenienses respondiam dizendo serem virtudes. Sócrates voltava a indagar: O que é a virtude? Retrucavam os atenienses: É agir em

conformidade com o bem. E Sócrates questionava: Que é o bem? As perguntas socráticas terminavam sempre por revelar que os atenienses respondiam sem pensar no que diziam. Repetiam o que lhes fora ensinado desde a infância. Como cada um havia interpretado à sua maneira o que aprendera, era comum, no diálogo com o filósofo, uma pergunta receber respostas diferentes e contraditórias. Após um certo tempo de conversa com Sócrates, um ateniense via-se diante de duas alternativas: ou zangar-se e ir embora irritado, ou reconhecer que não sabia o que imaginava saber, dispondo-se a começar, na companhia socrática, a busca filosófica da virtude e do bem.

Por que os atenienses sentiam-se embaraçados (e mesmo irritados) com as perguntas socráticas? Por dois motivos principais: em primeiro lugar, por perceberem que confundiam valores morais com os fatos constatáveis em sua vida cotidiana (diziam, por exemplo, “Coragem é o que fez fulano na guerra contra os persas ”); em segundo lugar, porque, inversamente, tomavam os fatos da vida cotidiana como se fossem valores morais evidentes (diziam, por exemplo, “É certo fazer tal ação, porque meus antepassados a fizeram e meus parentes a fazem”). Em resumo, confundiam fatos e valores, pois ignoravam as causas ou razões por que valorizavam certas coisas, certas pessoas ou certas ações e desprezavam outras, embaraçando-se ou irritando-se quando Sócrates lhes mostrava que estavam confusos.

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Tais confusões, porém, não eram (e não são) inexplicáveis.

Nossos sentimentos, nossas condutas, nossas ações e nossos comportamentos são modelados pelas condições em que vivemos (família, classe e grupo social, escola, religião, trabalho, circunstâncias políticas, etc.). Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e maneiras parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde o nosso nascimento: somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos.

Sócrates embaraçava os atenienses porque os forçava a indagar qual a origem e a essência das virtudes (valores e obrigações) que julgavam praticar ao seguir os costumes de Atenas. Como e por que sabiam que uma conduta era boa ou má, virtuosa ou viciosa? Por que, por exemplo, a coragem era considerada virtude e a covardia, vício? Por que valorizavam positivamente a justiça e desvalorizavam a injustiça, combatendo-a? Numa palavra: o que eram e o que valiam realmente os costumes que lhes haviam sido ensinados?

4.7 - Ética em PlatãoA filosofia em Platão segue

uma orientação ética: ensina o homem a desprezar os prazeres, as riquezas e as honras. A finalidade do homem em Platão é procurar transcender a realidade, procurar

um bem superior em relação àquele que perdeu. Para se atingir este bem o homem necessita viver numa "cidade perfeita" – A República: a Callipolis. O homem mais feliz é o justo; bem mais do que o injusto num mar de delícias.

Não só em “A República”, como também na obra “Fédon”, Platão vai ensinar que para se conseguir a felicidade deve-se renunciar aos prazeres e as riquezas e dedicar-se à prática da virtude. O que vemos aqui é que em Platão os conceitos de felicidade e justiça caminham juntos. Podemos definir felicidade da seguinte maneira: seguir sua própria natureza; e a definição de justiça se dá da seguinte forma: fazer aquilo que é próprio de cada um. Este paralelo traçado entre os dois conceitos se concretiza dentro de “A República” ao estruturar sua cidade utópica.

O conceito de dar a cada um aquilo que lhe é próprio assume uma postura central dentro da organização da república platônica. Existe baseado nesta teoria um sistema educacional a fim de orientar cada um segundo suas aptidões. Os que possuem sensibilidade grosseira devem-se dedicar à agricultura, a produção, ao artesanato e ao comércio; cuidando da subsistência da cidade. Os que possuidores da coragem constituem a guarda, a defesa da cidade, estes são os guerreiros. A última classe, aponta, é dedicada para aqueles que estudam a filosofia, disciplina que eleva a alma, a fim de atingir o conhecimento mais puro e é a fonte de toda a verdade: a estes caberiam a administração da cidade. Portanto dentro desta visão fica claro que a atitude do justo é de estar trabalhando dentro de suas aptidões. Para se formar um estado justo é necessário antes de tudo, que seus cidadãos sejam justos. Jamais

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poderia se conceber um estado justo com pessoas injustas ou seu contrário. A formação da população vai determinar como será o Estado. Assim se entende toda a estrutura educacional do estado platônico – cada um deve ser direcionado segundo suas aptidões, desenvolvendo as virtudes que lhe são próprias e adequadas para aquilo que estão desenvolvimento.

Para Platão a alma humana possuí três virtudes: a temperança, a coragem e a sabedoria, sendo a justiça a base dessas três, que seguindo a mesma linha constituirá três almas: a apetitiva, a irascível e racional que culmina numa distribuição harmônica de atividade na alma , conforme a razão, constituiria seguindo a virtude fundamental: a justiça. Este último argumento é o ponto central de ligação entre os conceitos de sabedoria e justiça.

4.8 - Ética em Aristóteles

Se devemos a Sócrates o início da filosofia moral, devemos a Aristóteles a distinção entre saber teorético e saber prático.

O saber teorético é o conhecimento de seres e fatos que existem e agem independentemente de nós e sem nossa intervenção ou interferência. Temos conhecimento teorético da Natureza. O saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como conseqüência de nossa ação e, portanto, depende de nós. A ética é um saber prático. O saber prático, por seu turno, distingue-se de acordo com a prática, considerada como práxis ou como técnica. A ética refere-se à práxis.

Na práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis.

Assim, por exemplo, dizer a verdade é uma virtude do agente, inseparável de sua fala verdadeira e de sua finalidade, que é proferir uma verdade. Na práxis ética somos aquilo que fazemos e o que fazemos é a finalidade boa ou virtuosa. Ao contrário, na técnica, diz Aristóteles, o agente, a ação e a finalidade da ação estão separados, sendo independentes uns dos outros. Um carpinteiro, por exemplo, ao fazer uma mesa, realiza uma ação técnica, mas ele próprio não é essa ação nem é a mesa produzida pela ação. A técnica tem como finalidade a fabricação de alguma coisa diferente do agente e da ação fabricadora. Dessa maneira, Aristóteles distingue a ética e a técnica como práticas que diferem pelo modo de relação do agente com a ação e com a finalidade da ação.

Também devemos a Aristóteles a definição do campo das ações éticas (in Ética a Nicômaco). Estas não só são definidas pela virtude, pelo bem e pela obrigação, mas também pertencem àquela esfera da realidade na qual cabem a deliberação e a decisão ou escolha.

Em outras palavras, quando o curso de uma realidade segue leis necessárias e universais, não há como nem por que deliberar e escolher, pois as coisas acontecerão necessariamente tais como as leis que as regem determinam que devam acontecer.

Não deliberamos sobre as estações do ano, o movimento dos astros, a forma dos minerais ou dos vegetais. Não deliberamos e nem decidimos sobre aquilo que é regido pela Natureza, isto é, pela

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necessidade. Mas deliberamos e decidimos sobre tudo aquilo que, para ser e acontecer, depende de nossa vontade e de nossa ação. Não deliberamos e não decidimos sobre o necessário, pois o necessário é o que é e o que será sempre, independentemente de nós. Deliberamos e decidimos sobre o possível , isto é, sobre aquilo que pode ser ou deixar de ser, porque para ser e acontecer depende de nós, de nossa vontade e de nossa ação.

Aristóteles acrescenta à consciência moral, trazida por Sócrates, a vontade guiada pela razão como o outro elemento fundamental da vida ética. A importância dada por Aristóteles à vontade racional, à deliberação e à escolha o levou a considerar uma virtude como condição de todas as outras e presente em todas elas: a prudência ou sabedoria prática. O prudente é aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética, ou seja, entre as várias escolhas possíveis, qual a mais adequada para que o agente seja virtuoso e realize o que é bom para si e para os outros.

A justiça em Aristóteles

Para Aristóteles a justiça é o principal fundamento da ordem do mundo. Todas as virtudes estão subordinadas a ela. A justiça é indissociável da pólis, ou seja, da vida em comunidade.

Aristóteles destaca dois sentidos de justiça e injustiça: o justo pelo respeito à lei, e o justo por respeito à igualdade (teoria da justiça da “equidade”)

A noção de equidade foi exposta como uma correção da lei quando ela é deficiente em razão de sua universalidade, ou seja, um complemento da justiça que permite adaptá-la aos casos particulares. Justiça geral e justiça particular

A justiça geral é a observância da lei, o respeito à legislação ou as normas convencionais instituídas pela polis. Tem como objetivo o bem comum, a felicidade individual e coletiva. A justiça geral é também chamada de justiça legal.

Para Aristóteles, a lei positiva tem seu fundamento nos costumes. Disso decorre que a lei não tem nenhuma força para ser obedecida a não ser pelo costume.

Justiça particular – tem por objetivo realizar a igualdade entre o sujeito que age o sujeito que sofre a ação. Esta divide-se em justiça distributiva e justiça corretiva.

A justiça distributiva consiste na distribuição ou repartição de bens e honraria segundo os méritos de cada um.

A justiça corretiva visa a correção das transações entre os indivíduos, que pode ocorrer de modo voluntário, como nos delitos em geral.

4.9 - A Ética no Período Helenístico

No período helenista, os filósofos se ocupam predominantemente com questões morais, e destacam-se duas tendências opostas, e hedonismo e o estoicismo. Para os hedonistas (do grego hedoné, "prazer"), o bem se encontra no prazer. Mas, ao

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contrário do que se poderia supor, o principal representante do hedonismo grego, Epicuro (341-270 a.C.), considera que os prazeres do corpo são causas de ansiedade e sofrimento. Para permanecer imperturbável, a alma precisa desprezar os prazeresmateriais, o que leva Epicuro a privilegiar os prazeres espirituais, dentre os quais aqueles referentes à amizade.

Na mesma época, o estóico Zeno de Cítio (336-264 a.C.) despreza os prazeres em geral, ao considerá-los fonte de muitos males. As paixões devem ser eliminadas porque só produzem sofrimento e por isso a vida virtuosa do homem sábio, que vive de acordo com a natureza e a razão, consiste em aceitar com impassibilidade o destino e o sofrimento.

As teorias estóicas foram bem aceitas pelo cristianismo ainda na época do Império Romano, tendo também fecundado as idéias ascéticas do período medieval.

4.10 - O QUE PENSAVAM OS FILÓSOFOS GREGOS?

Podemos resumir a ética dos antigos em três aspectos principais:1. o racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele; 2. o naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza (o cosmos) e com nossa natureza (nosso ethos), que é uma parte do todo natural;3. a inseparabilidade entre ética e política: isto é, entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade, pois somente na existência compartilhada com outros

encontramos liberdade, justiça e felicidade.

A ética, portanto, era concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos, apetites e desejos, para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade, e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica. Sua finalidade era a harmonia entre o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos, que também deveriam ser virtuosos.

4.11 - ÉTICA NA IDADE MÉDIA: O cristianismo, interioridade e dever.

Diferentemente de outras religiões da antiguidade, que eram nacionais e políticas, o cristianismo nasce como religião de indivíduos que não se definem por seu pertencimento a uma nação ou a um Estado, mas por sua fé num mesmo e único Deus. Em outras palavras, enquanto nas demais religiões antigas a divindade se relacionava com a comunidade social e politicamente organizada, o Deus cristão relaciona-se diretamente com os indivíduos que nele crêem. Isso significa, antes de qualquer coisa, que a vida ética do cristão não será definida por sua relação com a sociedade, mas por sua relação espiritual e interior com Deus. Dessa maneira, o cristianismo introduz duas diferenças primordiais na antiga concepção ética: em primeiro lugar, a idéia de que

a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade (a polis) nem com os outros. Nossa

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relação com os outros depende da qualidade de nossa relação com Deus, único mediador entre cada indivíduo e os demais. Por esse motivo, as duas virtudes cristãs primeiras e condições de todas as outras são a fé (qualidade da relação de nossa alma com Deus) e a caridade (o amor aos outros e a responsabilidade pela salvação dos outros, conforme exige a fé). As duas virtudes são privadas, isto é, são relações do indivíduo com Deus e com os outros, a partir da intimidade e da interioridade de cada um;

em segundo lugar, a afirmação de que

somos dotados de vontade livre – ou livre-arbítrio – e que o primeiro impulso de nossa liberdade dirige-se para o mal e para o pecado, isto é, para a transgressão das leis divinas. Somos seres fracos, pecadores, divididos entre o bem (obediência a Deus) e o mal (submissão à tentação demoníaca).

Em outras palavras, enquanto para os filósofos antigos a vontade era uma faculdade racional capaz de dominar e controlar a desmesura passional de nossos apetites e desejos, havendo, portanto, uma força interior (a vontade consciente) que nos tornava morais, para o cristianismo, a própria vontade está pervertida pelo pecado e precisamos do auxílio divino para nos tornarmos morais.

Qual o auxílio divino sem o qual a vida ética seria impossível? A lei divina revelada, que devemos obedecer obrigatoriamente e sem exceção.

O cristianismo, portanto, passa a considerar que o ser humano é, em si mesmo e por si mesmo, incapaz de realizar o bem e as virtudes. Tal concepção leva a introduzir uma nova idéia na moral: a idéia do dever.

Por meio da revelação aos profetas (Antigo Testamento) e de Jesus Cristo (Novo Testamento), Deus tornou sua vontade e sua lei manifestas aos seres humanos, definindo eternamente o bem e o mal, a virtude e o vício, a felicidade e a infelicidade, a salvação e o castigo. Aos humanos, cabe reconhecer a vontade e a lei de Deus, cumprindo-as obrigatoriamente, isto é, por atos de dever. Estes tornam morais um sentimento, uma intenção, uma conduta ou uma ação.

Mesmo quando, a partir do Renascimento, a filosofia moral distancia-se dos princípios teológicos e da fundamentação religiosa da ética, a idéia do dever permanecerá como uma das marcas principais da concepção ética ocidental. Com isso, a filosofia moral passou a distinguir três tipos fundamentais de conduta:1. a conduta moral ou ética, que se realiza de acordo com as normas e as regras impostas pelo dever;2. a conduta imoral ou antiética, que se realiza contrariando as normas e as regras fixadas pelo dever;3. a conduta indiferente à moral, quando agimos em situações que não são definidas pelo bem e pelo mal, e nas quais não se impõem as normas e as regras do dever.

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Juntamente com a idéia do dever, a moral cristã introduziu uma outra, também decisiva na constituição da moralidade ocidental: a idéia de intenção.

Até o cristianismo, a filosofia moral localizava a conduta ética nas ações e nas atitudes visíveis do agente moral, ainda que tivessem como pressuposto algo que se realizava no interior do agente, em sua vontade racional ou consciente. Eram as condutas visíveis que eram julgadas virtuosas ou viciosas. O cristianismo, porém, é uma religião da interioridade, afirmando que a vontade e a lei divinas não estão escritas nas pedras nem nos pergaminhos, mas inscritas no coração dos seres humanos. A primeira relação ética, portanto, se estabelece entre o coração do indivíduo e Deus, entre a alma invisível e a divindade. Como conseqüência, passou-se a considerar como submetido ao julgamento ético tudo quanto, invisível aos olhos humanos, é visível ao espírito de Deus, portanto, tudo quanto acontece em nosso interior. O dever não se refere apenas às ações visíveis, mas também às intenções invisíveis, que passam a ser julgadas eticamente. Eis por que um cristão, quando se confessa, obriga-se a confessar pecados cometidos por atos, palavras e intenções. Sua alma, invisível, tem o testemunho do olhar de Deus, que a julga.

ANOTAÇÕES:

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TEXTO COMPLEMENTAR

Recomendada pela ONU, busca da felicidade pode fazer parte da Constituição brasileira31/07/2011 - 10h26

Marcos ChagasRepórter da Agência Brasil

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Brasília - O Brasil pode ser um dos países a seguir a orientação da ONU que reconhece a busca da felicidade como "um objetivo humano fundamental". A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 19, que tramita no Senado há cerca de um ano, pretende acrescentar a felicidade na lista dos direitos sociais previstos no Artigo 6º da Constituição. O texto já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e está pronto para ser votado no plenário da Casa. Se aprovado, segue para a Câmara.

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), autor da PEC, a inciativa não se resume a incluir a palavra à Constituição. Ele destaca que o Estado deve propiciar ao cidadão direitos sociais que lhe proporcionem bem-estar.

“Todo mundo tem que ter o direito de buscar a felicidade. Essa busca da felicidade é atrapalhada ou facilitada, pelo Estado, pelo governo”, ressaltou o parlamentar, à Agência Brasil. Segundo Cristovam, inflação alta, filas em hospitais e para conseguir vagas em escolas públicas, por exemplo, são fatores que atrapalham a felicidade do cidadão, cabendo ao governo e aos políticos darem uma solução para esses problemas.

De acordo com o senador, a proposta foi mal interpretada por parlamentares, o que impossibilitou a votação do texto no primeiro semestre. O pedetista destacou ainda ações governamentais, como o Plano Real e o Programa Bolsa Família, que ajudaram as pessoas “a caminhar em direção à felicidade”.

Na vida pessoal, Cristovam tem uma receita para conviver com a conturbada rotina político-partidária, marcada por intrigas, conchavos e

acordos nem sempre transparentes. “Eu deixo as dificuldades no trabalho”, disse. Mas, salienta que não tem como deixar de se inconformar com a infelicidade de milhares de cidadãos brasileiros vítimas da violência, da pobreza e da desigualdade.

Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução que reconhece a busca da felicidade como "um objetivo humano fundamental". Mais do que um anseio individual, a ONU estabelece a importância de criação de políticas públicas com essa finalidade.

Há 25 anos no Parlamento, o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), considera importante o papel do legislador em contribuir com a população para a busca da felicidade.

“O Orçamento, por exemplo, deveria trazer mais investimentos em políticas para os idosos, tanto para o aposentado quanto para aquele que não é aposentado. O Orçamento poderia cada vez mais investir na política para a educação, no combate à violência e em segurança pública”, destacou o senador.

O peemedebista Pedro Simon (RS), também há décadas no Congresso, já se mostrou desiludido com o caminho que toma o cenário político quando reiterou por várias vezes sua determinação de abandonar a vida pública quando encerrar seu mandato de senador em 2015. Nesses momentos “de angústia”, ele busca na família o amparo necessário para lidar com as frustrações.

Simon disse que está satisfeito com o trabalho desempenhado no Senado,

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guardadas as devidas limitações a que é imposto. “Estamos vivendo uma época muito triste, uma época em que o Brasil é o país da impunidade, em que só ladrão de galinha vai para a cadeia, um país onde nenhum dos Três Poderes faz aquilo que tem que fazer e pouco está preocupado com isso.”

Edição: Talita Cavalcante

QUESTÃO PARA DEBATE:

Qual a relação da recente orientação da ONU/Brasil sobre a felicidade humana e as discussões dos filósofos na antiga Grécia?ANOTAÇÕES _____________________________________

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QUESTÕES DE VESTIBULARES – CAPÍTULO 4

1. (UPE) Moral e Ética, muitas vezes, na linguagem cotidiana, são tidas como sinônimos; porém, para a Filosofia, compõem áreas distintas do pensamento filosófico. Partindo desta constatação, estaria CORRETA a afirmação que se completa na alternativa:

A) A Ética se aplica à disciplina filosófica que trata de estabelecer os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas, qualificando-as de boas ou más.B) A Ética não chamou a atenção de filósofos gregos como Aristóteles.C) A questão da moral não se enquadra nos estudos sobre Ética.D) No século XVII, Spinosa negou a importância dos estudos sobre Ética.E) Os estudos sobre Ética só tomaram fôlego no século XX com a obra de filósofos, como Michel Foucault e Jean Paul Sartre.

2. UNIMEP (2003) “O sujeito sonega imposto, joga lixo na rua, pára em fila dupla ao buscar o filho na escola e não registra a empregada doméstica. Depois dessas, entre outras ações não menos desrespeitosas às leis ou às regras do bom convívio social, ele quer cobrar ética na política. Esse comportamento incoerente é inviável. A ética só existe no convívio social. Se a pessoa não consegue viver em sociedade sendo ética, ela não está em condições de decidir o melhor candidato para a sociedade’, diz Mário Sérgio Cortella, filósofo e colunista da Folha.” (Folha de São Paulo, Na boca de todo mundo, ética perde significado, Caderno Equilíbrio, 26 de

setembro de 2002, página 9). Em ano de eleições, a palavra ética aparece nos discursos de quase todos os candidatos a algum cargo. Por outro lado, muitos eleitores também cobram dos políticos uma postura ética; no entanto, nem sempre o cidadão age, ele próprio, eticamente. Dentre as alternativas abaixo, escolha a que melhor define a Ética:a) Ética é a ciência do comportamento humano; como o ser humano é um ser social, ética e política estão necessariamente articuladas.b) Ética diz respeito às ações humanas, dizendo aquilo que se deve e o que não se deve fazer, sem que precisemos pensar a respeito.c) Ética é a ciência do comportamento humano, preocupada exclusivamente com as ações individuais, sem nenhuma relação com a política.d) Ética e política andam sempre juntas; por isso, todos os políticos são necessariamente éticos.e) Ética é a ciência do conhecimento humano, preocupada com tudo

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aquilo que devemos saber para poder agir politicamente.

3. UNIMEP (2007) Desde o final de 2002, temos assistido na mídia à divulgação de notícias sobre o suposto nascimento de um bebê que teria sido “produzido” por técnicas de clonagem humana. A façanha teria sido conseguida por um laboratório de genética ligado a uma seita religiosa, comandada por Raël, um ex-jornalista francês que se apresenta como uma espécie de “embaixador” de seres extraterrestres, com os quais teria tido contatos. Essas notícias trazem à tona aquela que talvez seja a mais filosófica das questões contemporâneas: quais os limites da ciência no trato com seres humanos? Para respondê-la, lidamos necessariamente com valores que fundamentam distintas posições. Essa problemática contemporânea faz parte de um dos grandes campos da Filosofia, existente desde a antiguidade, conhecido comoa) Epistemologia.b) Psiquiatria.c) Teodideia.d) Ética.e) Filosofia Social.

4. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais adequada. (Platão. A República. Fundação Calouste Gulbenkian.)

No trecho apresentado acima, faz-se referência à justiça, na concepção

platônica. Assinale a opção que contém a proposição verdadeira que sustenta o argumento usado por Platão para definir e justificar tal concepção.

A) A igualdade natural predispõe o ser humano para ajustiça e para o bem comum.B) Compartilhar tarefas e habilidades com nossossemelhantes é a base natural de uma cidade justa.C) A execução da função própria é uma exigência das convenções políticas como instrumentos jurídicos para a fundação das cidades.D) O ato de cada um fazer o que lhe é mais adequado por natureza é necessário para a formação de uma cidade justa.E) O interesse pessoal de cada um conduz naturalmente à implementação da justiça na cidade.

5. A Ética a Nicômaco é o principal tratado ético de Aristóteles. Dois tópicos centrais da ética aristotélica são a teoria das virtudes e a análise do conceito de justiça. Sobre estes dois tópicos, leia com atenção as seguintes afirmativas: I. para Aristóteles o ser humano possui apenas um tipo de virtude, ligada apenas às disposições morais e não às intelectuais. II. as virtudes são o meio termo entre disposições morais contrárias. III. ações morais que exprimem o caráter virtuoso são praticadas por causa de algo exterior a elas. IV. ações morais têm de ser necessariamente as ações voluntárias. V. a justiça é apenas uma virtude de indivíduos e não de instituições da polis. VI. Aristóteles explicita a diferença

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entre justiça distributiva e justiça corretiva. VII. Aristóteles determina a sabedoria prática (fronesis) como uma capacidade superior à inteligência (nous). VIII. para Aristóteles a amizade é uma virtude que só ocorre por causa e em vista da utilidade.

Assinale a alternativa CORRETA.

A( ) Somente as afirmativas II, III e VI são corretas. B( ) Somente as afirmativas I, IV, V e VI são corretas. C( ) Somente as afirmativas I, IV e VI são corretas. D( ) Somente as afirmativas I, IV e V são corretas. E( ) Somente as afirmativas II, IV e VI são corretas.

6. A filosofia de Epicuro (341 a 240 a.c.) pode ser caracterizada por uma filosofia da natureza e uma antropologia materialista; por uma ética fundamentada na amizade e a busca da felicidade nos princípios de autarquia (autonomia e independência do sujeito) e de ataraxia (serenidade, ausência de perturbação, de inquietação da mente). Sobre a filosofia de Epicuro, assinale o que for correto.01) A filosofia de Epicuro fundamenta-se no atomismo de Demócrito. Epicuro acredita que a alma humana é formada de um agrupamento de átomos que se desagregam depois da morte, mas que não se extinguem, pois são eternos, podendo reagrupar-se infinitamente.02) Para Epicuro, a amizade se expressa, sobretudo, por meio do engajamento político como forma de amar todos os homens representados pela pátria.

04) Epicuro, como seu mestre Demócrito, foi ateu, considera que a crença nos deuses é o resultado da fantasia humana produzida pelo medo da morte.08) Epicuro critica os filósofos que ficavam reclusos no jardim das suas academias e ensinavam apenas para um grupo restrito de discípulos. Acredita que a filosofia deve ser ensinada nas praças públicas.16) Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois, enquanto vivemos, a morte está ausente e quando ela for presente nós não seremos mais; portanto, a vida e a morte não podem encontrar-se. Devemos exorcizar todo temor da morte e sermos capazes de gozar a finitude da nossa vida.Resposta:

7. (Quest 17 UEM/VestInv/2011– P3G1)Diferenciam-se, na Filosofia, os juízos de conhecimento e os juízos de valor. Os primeiros qualificam os seres em suas propriedades objetivas, enquanto os segundos revelam as relações estabelecidas entre os seres a partir de um sujeito que julga. Sobre os juízos de conhecimento e os juízos de valor, assinale o que for correto.01) Uma proposição do tipo “A caneta é azul” é um juízo de conhecimento. Uma proposição do tipo “A caneta é ruim, pois falha muito” é um juízo de valor.02) A temática dos valores considera, de maneira notável, os juízos morais (realidade do dever ser) e os juízos estéticos (realidade dos sentimentos em relação aos objetos belos).04) Enquanto a moral é o conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época por um grupo de pessoas, a ética é a parte da Filosofia que se ocupa da reflexão sobre a moral.

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08) Juízos de conhecimento, assim como juízos de gosto, são relativos à vontade dos indivíduos e não podem encontrar, por isso, fundamento racional que lhes dê estatuto universal e coletivo.16) Para o existencialismo, os juízos morais são indiscutíveis, razão pela qual se devem aceitar os padrões de conduta sem julgamento pessoal ou segundo as particularidades dos indivíduos.8. (QUEST10-UEM/VestInv/2008P3G1) – O Período Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes filosóficas desse período surgem como tentativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenômenos.Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que forcorreto.01) Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que

vive de acordo com a natureza e a razão. 02) Conforme a moral estóica, nossos juízos e paixões dependem de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas temos. 04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma.08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porquenada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que deixamos de ser.16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a tranqüilidade da alma.

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CAPÍTULO 5: Podemos fugir às nossas responsabilidades?

5. Filosofia Moral: da Modernidade ao Mundo Contemporâneo

5.1. Natureza humana e dever

O cristianismo introduz a idéia do dever para resolver um problema ético, qual seja, oferecer um caminho seguro para nossa vontade, que, sendo livre, mas fraca, sente-se dividida entre o bem e o mal. No entanto, essa idéia cria um problema novo. Se o sujeito moral é aquele que encontra em sua consciência (vontade, razão, coração) as normas da conduta virtuosa, submetendo-se apenas ao bem, jamais submetendo-se a poderes externos à consciência, como falar em comportamento ético por dever? Este não seria o poder externo de uma vontade externa (Deus), que nos domina e nos impõe suas leis, forçando-nos a agir em conformidade com regras vindas de fora de nossa consciência?Em outras palavras, se a ética exige um sujeito autônomo, a idéia de dever não introduziria a heteronomia, isto é, o domínio de nossa vontade e de nossa consciência por um poder estranho a nós?

Um dos filósofos que procuraram resolver essa dificuldade foi Rousseau, no século XVIII. Para ele, a consciência moral e o sentimento do dever são inatos, são “a voz da Natureza” e o “dedo de Deus” em nossos corações. Nascemos puros e bons , dotados de generosidade e de benevolência para com os outros. Se o dever parece ser uma imposição e uma obrigação externa, imposta por Deus aos humanos, é porque nossa bondade natural foi pervertida pela sociedade, quando esta criou a

propriedade privada e os interesses privados, tornando-nos egoístas, mentirosos e destrutivos.

O dever simplesmente nos força a recordar nossa natureza originária e, portanto, só em aparência é imposição exterior. Obedecendo ao dever (à lei divina inscrita em nosso coração), estamos obedecendo a nós mesmos, aos nossos sentimentos e às nossas emoções e não à nossa razão, pois esta é responsável pela sociedade egoísta e perversa.

5.2 - Ética em Kant

Uma outra resposta, também no final do século XVIII, foi trazida por Kant.

Opondo-se à “moral do coração” de Rousseau, Kant volta a afirmar o papel da razão na ética. Não existe bondade natural. Por natureza, diz Kant, somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais.

A exposição kantiana parte de duas distinções:1. a distinção entre razão pura teórica ou especulativa e razão pura prática;2. a distinção entre ação por causalidade ou necessidade e ação por finalidade ou liberdade.Razão pura teórica e prática são universais, isto é, as mesmas para todos os homens em todos os tempos e lugares – podem variar no tempo e no espaço os conteúdos dos conhecimentos e das ações, mas as formas da atividade racional de conhecimento e da ação são

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universais. Em outras palavras, o sujeito, em ambas, é sujeito transcendental , como vimos na teoria do conhecimento. A diferença entre razão teórica e prática encontra-se em seus objetos. A razão teórica ou especulativa tem como matéria ou conteúdo a realidade exterior a nós, um sistema de objetos que opera segundo leis necessárias de causa e efeito, independentes de nossa intervenção; a razão prática não contempla umacausalidade externa necessária, mas cria sua própria realidade, na qual se exerce.

Essa diferença decorre da distinção entre necessidade e finalidade/liberdade.A Natureza é o reino da necessidade, isto é, de acontecimentos regidos por seqüências necessárias de causa e efeito – é o reino da física, da astronomia, da química, da psicologia. Diferentemente do reino da Natureza, há o reino humano da práxis, no qual as ações são realizadas racionalmente não por necessidade causal, mas por finalidade e liberdade.

A razão prática é a liberdade como instauração de normas e fins éticos. Se a razão prática tem o poder para criar normas e fins morais, tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever.

Este, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à nossa vontade e à nossa consciência, é a expressão da lei moral em nós, manifestação mais alta da humanidade em nós. Obedecê-lo é obedecer a si mesmo. Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos.

Resta, porém, uma questão: se somos racionais e livres, por que valores, fins e leis morais não são

espontâneos em nós, mas precisam assumir a forma do dever?

Responde Kant: porque não somos seres morais apenas. Também somos seres naturais, submetidos à causalidade necessária da Natureza. Nosso corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e paixões. Nossos sentimentos, nossas emoções e nossos comportamentos são a parte da Natureza em nós, exercendo domínio sobre nós, submetendo-se à causalidade natural inexorável.

Quem se submete a eles não pode possuir a autonomia ética.

A Natureza nos impele a agir por interesse. Este é a forma natural do egoísmo que nos leva a usar coisas e pessoas como meios e instrumentos para o que desejamos. Além disso, o interesse nos faz viver na ilusão de que somos livres e racionais por realizarmos ações que julgamos terem sido decididas livremente por nós, quando, na verdade, são um impulso cego determinado pela causalidade natural. Agir por interesse é agir determinado por motivações físicas, psíquicas, vitais, à maneira dos animais.

Visto que apetites, impulsos, desejos, tendências, comportamentos naturais costumam ser muito mais fortes do que a razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam dobrar nossa parte natural e impor-nos nosso ser moral.

Elas o fazem obrigando-nos a passar das motivações do interesse para o dever. Para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever de sermos livres.

Assim, à pergunta que fizemos no capítulo anterior sobre o perigo da educação ética ser violência contra nossa natureza espontaneamente passional, Kant responderá que, pelo contrário, a violência estará em não

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compreendermos nossa destinação racional e em confundirmos nossa liberdade com a satisfação irracional de todos os nossos apetites e impulsos. O dever revela nossa verdadeira natureza.

O dever, afirma Kant, não se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que definiriam a essência de cada virtude e diriam que atos deveriam ser praticados e evitados em cada circunstância de nossas vidas. O dever não é um catálogo de virtudes nem uma lista de “faça isto” e “não faça aquilo”. O dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral.Essa forma não é indicativa, mas imperativa. O imperativo não admite hipóteses (“se… então ”) nem condições que o fariam valer em certas situações e não valer em outras, mas vale incondicionalmente e sem exceções para todas ascircunstâncias de todas as ações morais. Por isso, o dever é um imperativo categórico. Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica, mas a lei moral interior.

O imperativo categórico exprime-se numa fórmula geral: Age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se torne uma lei universal . Em outras palavras, o ato moral é aquele que se realiza como acordo entre a vontade e as leis universais que ela dá a si mesma.

Essa fórmula permite a Kant deduzir as três máximas morais que exprimem a incondicionalidade dos atos realizados por dever. São elas:1. Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da Natureza;2. Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio;

3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais.

A primeira máxima afirma a universalidade da conduta ética, isto é, aquilo que todo e qualquer ser humano racional deve fazer como se fosse uma lei inquestionável, válida para todos e em todo tempo e lugar. A ação por dever é uma lei moral para o agente.

A segunda máxima afirma a dignidade dos seres humanos como pessoas e, portanto, a exigência de que sejam tratados como fim da ação e jamais como meio ou como instrumento para nossos interesses.

A terceira máxima afirma que a vontade que age por dever institui um reino humano de seres morais porque racionais e, portanto, dotados de uma vontade legisladora livre ou autônoma. A terceira máxima exprime a diferença ou separação entre o reino natural das causas e o reino humano dos fins. O imperativo categórico não enuncia o conteúdo particular de uma ação, mas a forma geral das ações morais. As máximas deixam clara a interiorização do dever, pois este nasce da razão e da vontade legisladora universal do agente moral. O acordo entre vontade e dever é o que Kant designa como vontade boa que quer o bem.

O motivo moral da vontade boa é agir por dever. O móvel moral da vontade boa é o respeito pelo dever, produzido em nós pela razão. Obediência à lei moral, respeito pelo dever e pelos outros constituem a bondade da vontade ética.

O imperativo categórico não nos diz para sermos honestos, oferecendo-nos a essência da honestidade; nem para sermos justos, verazes, generosos ou corajosos a partir da definição da essência da justiça, da verdade, da generosidade

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ou da coragem. Não nos diz para praticarmos esta ou aquela ação determinada, mas nos diz para sermos éticos cumprindo o dever (as três máximas morais). É este que determina por que uma ação moral deverá ser sempre honesta, justa, veraz, generosa ou corajosa. Ao agir, devemos indagar se nossa ação está em conformidade com os fins morais, isto é, com as máximas do dever.

Por que, por exemplo, mentir é imoral? Porque o mentiroso transgride as três máximas morais. Ao mentir, não respeita em sua pessoa e na do outro a humanidade (consciência, racionalidade e liberdade), pratica uma violência escondendo de um outro ser humano uma informação verdadeira e, por meio do engano, usa a boa-fé do outro. Também não respeita a segunda máxima, pois se a mentira pudesse universalizar-se, o gênero humano deveria abdicar da razão e do conhecimento, da reflexão e da crítica, da capacidade para deliberar e escolher, vivendo na mais completa ignorância, no erro e na ilusão.

Por que um político corrupto é imoral? Porque transgride as três máximas. Por que o homicídio é imoral? Porque transgride as três máximas.

As respostas de Rousseau e Kant, embora diferentes, procuram resolver a mesma dificuldade, qual seja, explicar por que o dever e a liberdade da consciência moral são inseparáveis e compatíveis. A solução de ambos consiste em colocar o dever em nosso interior, desfazendo a impressão de que ele nos seria imposto de fora por uma vontade estranha à nossa.

5.3 - Cultura e dever: a Ética em Hegel

Rousseau e Kant procuraram conciliar o dever e a idéia de uma natureza humana que precisa ser

obrigada à moral. No entanto, ao enfatizarem a questão da natureza (Natureza e natureza humana), tenderam a perder de vista o problema da relação entre o dever e a Cultura, pois poderíamos repetir, agora, a pergunta que fizemos antes: Se a ética exige um sujeito consciente e autônomo, como explicar que a moral exija o cumprimento do dever, definido como um conjunto de valores, normas, fins e leis estabelecidos pela Cultura? Não estaríamos de volta ao problema da exterioridade entre o sujeito e o dever? A resposta a essa questão foi trazida, no século XIX, por Hegel.

Hegel critica Rousseau e Kant por dois motivos. Em primeiro lugar, por terem dado atenção à relação sujeito humano-Natureza (a relação entre razão e paixões), esquecendo a relação sujeito humano-Cultura e História. Em segundo lugar, por terem admitido a relação entre a ética e a sociabilidade dos seres humanos, mas tratando-a a partir de laços muito frágeis, isto é, como relações pessoais diretas entre indivíduos isolados ou independentes, quando deveriam tê-la tomado a partir dos laços fortes das relações sociais, fixadas pelas instituições sociais (família, sociedade civil, Estado). As relações pessoais entre indivíduos são determinadas e mediadas por suas relações sociais. São estas últimas que determinam a vida ética ou moral dos indivíduos.

Somos, diz Hegel, seres históricos e culturais. Isso significa que, além de nossa vontade individual subjetiva (que Rousseau chamou de coração e Kant de razão prática), existe uma outra vontade, muito mais poderosa, que determina a nossa: a vontade objetiva, inscrita nas instituições ou na Cultura.

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A vontade objetiva – impessoal, coletiva, social, pública – cria as instituições e a moralidade como sistema regulador da vida coletiva por meio de mores, isto é, dos costumes e dos valores de uma sociedade, numa época determinada. A moralidade é uma totalidade formada pelas instituições (família, religião, artes,técnicas, ciências, relações de trabalho, organização política, etc.), que obedecem, todas, aos mesmos valores e aos mesmos costumes, educando os indivíduos para interiorizarem a vontade objetiva de sua sociedade e de suacultura.

A vida ética é o acordo e a harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural . Realiza-se plenamente quando interiorizamos nossa Cultura, de tal maneira que praticamos espontânea e livremente seus costumes e valores, sem neles pensarmos, sem os discutirmos, sem deles duvidarmos, porque são como nossa própria vontade os deseja. O que é, então, o dever? O acordo pleno entre nossa vontade subjetiva individual e a totalidade ética ou moralidade.

Como conseqüência, o imperativo categórico não poderá ser uma forma universal desprovida de conteúdo determinado, como afirmara Kant, mas terá, em cada época, em cada sociedade e para cada Cultura, conteúdos determinados, válidos apenas para aquela formação histórica e cultural. Assim cada sociedade, em cada época de sua História, define os valores positivos e negativos, os atos permitidos e os proibidos para seus membros, o conteúdo dos deveres e do imperativo moral. Ser ético e livre será, portanto, pôr-se de acordo com as regras morais de nossa sociedade, interiorizando-as.

Hegel afirma que podemos perceber ou reconhecer o momento em que uma sociedade e uma Cultura entram em declínio, perdem força para conservar-se e abrem-se às crises internas que anunciam seu término e sua passagem a umaoutra formação sociocultural. Esse momento é aquele no qual os membros daquela sociedade e daquela Cultura contestam os valores vigentes, sentem-se oprimidos e esmagados por eles, agem de modo a transgredi-los. É o momento no qual o antigo acordo entre as vontades subjetivas e a vontade objetiva rompem-se inexoravelmente, anunciando um novo período histórico.

Numa perspectiva algo semelhante à hegeliana encontra-se, no século XX, o filósofo francês Henri Bergson. Como Hegel, Bergson procura compreender a relação dever-Cultura ou dever-História e, portanto, as mudanças nas formas e no conteúdo da moralidade. Distingue ele duas morais: a moral fechada e a aberta.

A moral fechada é o acordo entre os valores e os costumes de uma sociedade e os sentimentos e as ações dos indivíduos que nela vivem. É a moral repetitiva, habitual, respeitada quase automaticamente por nós. Em contrapartida, a moral aberta é uma criação de novos valores e de novas condutas que rompem a moral fechada, instaurando uma ética nova. Os criadores éticos são, para Bergson, indivíduos excepcionais – heróis, santos, profetas, artistas -, que colocam suas vidas a serviço de um tempo novo, inaugurado por eles, graças a ações exemplares, que contrariam a moral fechada vigente.

Hegel diria que a moral aberta bergsoniana só pode acontecer quando a moralidade vigente está em crise, prestes a terminar, porque um novo período histórico-cultural

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está para começar. A moral fechada quando sentida como repressora e opressora, e a totalidade ética, quando percebida como contrária à subjetividade individual, indicam aquele momento em que as normas e os valoresmorais são experimentados como violência e não mais como realização ética.

5.4 - A Ética em Espinosa

Se, agora, tomarmos como referência um filósofo do século XVII, Espinosa, veremos o quadro alterar-se profundamente.

Para Espinosa, somos seres naturalmente passionais, porque sofremos a ação de causas exteriores a nós. Em outras palavras, ser passional é ser passivo, deixando-se dominar e conduzir por forças exteriores ao nosso corpo e à nossa alma. Ora, por natureza, vivemos rodeados por outros seres, mais fortes do que nós, que agem sobre nós. Por isso, as paixões não são boas nem más: são naturais. Três são as paixões originais: alegria, tristeza e desejo. As demais derivam-se destas.

Assim, da alegria nascem o amor, a devoção, a esperança, a segurança, o contentamento, a misericórdia, a glória; da tristeza surgem o ódio, a inveja, o orgulho, o arrependimento, a modéstia, o medo, o desespero, o pudor; do desejo provém a gratidão, a cólera, a crueldade, a ambição, o temor, a ousadia, a luxúria, a avareza.

Uma paixão triste é aquela que diminui a capacidade de ser e agir de nosso corpo e de nossa alma; ao contrário, uma paixão alegre aumenta a capacidade de existir e agir de nosso corpo e de nossa alma. No caso do desejo, podemos ter paixões tristes (como a crueldade, a ambição, a avareza) ou alegres (como a gratidão e a ousadia).

Que é o vício? Submeter-se às paixões, deixando-se governar pelas causas externas. Que é a virtude? Ser causa interna de nossos sentimentos, atos e pensamentos. Ou seja, passar da passividade (submissão a causas externas) à atividade (ser causa interna). A virtude é, pois, passar da paixão à ação, tornar-se causa ativa interna de nossa existência, atos e pensamentos. As paixões e os desejos tristes nos enfraquecem e nos tornam cada vez mais passivos. As paixões e os desejos alegres nos fortalecem e nos preparam para passar da passividade à atividade.

Como sucumbimos ao vício? Deixando-nos dominar pelas paixões tristes e pelas desejantes nascidas da tristeza. O vício não é um mal: é fraqueza para existir, agir e pensar.

Como passamos da paixão à ação ou à virtude? Transformando as paixões alegres e as desejantes nascidas da alegria em atividades de que somos a causa. A virtude não é um bem: é a força para ser e agir autonomamente.

Observamos, assim, que a ética espinosista evita oferecer um quadro de valores ou de vícios e virtudes, distanciando-se de Aristóteles e da moral cristã, para buscar na idéia moderna de indivíduo livre o núcleo da ação moral. Em sua obra, Ética, Espinosa jamais fala em pecado e em dever; fala em fraqueza e em força para ser, pensar e agir.

As virtudes aristotélicas inserem-se numa sociedade que valorizava as relações sociopolíticas entre os seres humanos, donde a proeminência da amizade e da justiça. As virtudes cristãs inserem-se numa sociedade voltada para a relação dos humanos com Deus e com a lei divina. A virtude espinosista toma a relação do indivíduo com a Natureza e a sociedade, centrando-se nas idéias

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de integridade individual e de força interna para relacionar-se livremente com ambas. Como, porém, vivemos numa cultura cristã, a perspectiva do cristianismo, embora historicamente datada, tende a ser dominante, ainda que se altere periodicamente para adaptar-se a novas exigências históricas. Assim, no século XVII, Espinosa abandona as noções cristãs de pecado e dever que, no século XVIII, reaparecemcom Kant.Razão, desejo e vontade

A tradição filosófica que examinamos até aqui constitui o racionalismo ético, pois atribui à razão humana o lugar central na vida ética. Duas correntes principais formam a tradição racionalista: aquela que identifica razão com inteligência, ou intelecto – corrente intelectualista – e aquela que considera que, na moral, a razão identifica-se com a vontade – corrente voluntarista.

Para a concepção intelectualista, a vida ética ou vida virtuosa depende do conhecimento, pois é somente por ignorância que fazemos o mal e nos deixamos arrastar por impulsos e paixões contrários à virtude e ao bem. O ser humano, sendo essencialmente racional, deve fazer com que sua razão ou inteligência (o intelecto) conheça os fins morais, os meios morais e a diferença entre bem e mal, de modo a conduzir a vontade no momento da deliberação e da decisão. A vida ética depende do desenvolvimento da inteligência ou razão, sem a qual a vontade não poderá atuar.

Para a concepção voluntarista, a vida ética ou moral depende essencialmente da nossa vontade, porque dela depende nosso agir e porque ela pode querer ou não querer o que a inteligência lhe

ordena. Se a vontade for boa, seremos virtuosos, se for má, seremos viciosos. A vontade boa orienta nossa inteligência no momento da escolha de uma ação, enquanto a vontade má desvia nossa razão da boa escolha, no momento de deliberar e de agir. A vida ética depende da qualidade de nossa vontade e da disciplina para forçá-la rumo ao bem. O dever educa a vontade para que se torne reta e boa.

Nas duas correntes, porém, há concordância quanto à idéia de que, por natureza, somos seres passionais, cheios de apetites, impulsos e desejos cegos, desenfreados e desmedidos, cabendo à razão (seja como inteligência, no intelectualismo, seja como vontade, no voluntarismo) estabelecer limites e controles para paixões e desejos.

Egoísmo, agressividade, avareza, busca ilimitada de prazeres corporais, sexualidade sem freios, mentira, hipocrisia, má-fé, desejo de posse (tanto de coisas como de pessoas), ambição desmedida, crueldade, medo, covardia, preguiça, ódio, impulsos assassinos, desprezo pela vida e pelos sentimentos alheios são algumas das muitas paixões que nos tornam imorais e incapazes de relações decentes e dignas com os outros e conosco mesmos. Quando cedemos a elas, somos viciosos e culpados. A ética apresenta-se, assim, como trabalho da inteligência e/ou da vontade para dominar e controlar essas paixões.

Uma paixão – amor, ódio, inveja, ambição, orgulho, medo – coloca-nos à mercê de coisas e pessoas que desejamos possuir ou destruir. O racionalismo ético define a tarefa da educação moral e da conduta ética como poderio da razão para impedir-nos de perder a liberdade sob os efeitos de paixões desmedidas e incontroláveis. Para

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tanto, a ética racionalista distingue necessidade, desejo e vontade.

A necessidade diz respeito a tudo quanto necessitamos para conservar nossa existência: alimentação, bebida, habitação, agasalho no frio, proteção contra as intempéries, relações sexuais para a procriação, descanso para desfazer o cansaço, etc.

Para os seres humanos, satisfazer às necessidades é fonte de satisfação. O desejo parte da satisfação de necessidades, mas acrescenta a elas o sentimento do prazer, dando às coisas, às pessoas e às situações novas qualidades e sentidos. No desejo, nossa imaginação busca o prazer e foge da dor pelo significado atribuído ao que é desejado ou indesejado.

A maneira como imaginamos a satisfação, o prazer, o contentamento que alguma coisa ou alguém nos dão transforma esta coisa ou este alguém em objeto de desejo e o procuramos sempre, mesmo quando não conseguimos possuí-lo ou alcançá-lo. O desejo é, pois, a busca da fruição daquilo que é desejado, porque o objeto do desejo dá sentido à nossa vida, determina nossos sentimentos e nossas ações. Se, como os animais, temos necessidades, somente como humanos temos desejos. Por isso, muitos filósofos afirmam que a essência dos seres humanos é desejar e que somos seres desejantes: não apenas desejamos, mas sobretudo desejamos ser desejados por outros.

A vontade difere do desejo por possuir três características que este não possui:1. o ato voluntário implica um esforço para vencer obstáculos. Estes podem ser materiais (uma montanha surge no meio do caminho), físicos (fadiga, dor) ou psíquicos (desgosto, fracasso, frustração). A tenacidade e a

perseverança, a resistência e a continuação do esforço são marcas da vontade e por isso falamos em força de vontade ;2. o ato voluntário exige discernimento e reflexão antes de agir, isto é, exige deliberação, avaliação e tomada de decisão. A vontade pesa, compara, avalia, discute, julga antes da ação;3. a vontade refere-se ao possível, isto é, ao que pode ser ou deixar de ser e que se torna real ou acontece graças ao ato voluntário, que atua em vista de fins e da previsão das conseqüências. Por isso, a vontade é inseparável da responsabilidade.

O desejo é paixão. A vontade, decisão. O desejo nasce da imaginação. A vontade se articula à reflexão. O desejo não suporta o tempo, ou seja, desejar é querer a satisfação imediata e o prazer imediato. A vontade, ao contrário, realiza-se no tempo; o esforço e a ponderação trabalham com a relação entre meios e fins e aceitam a demora da satisfação. Mas é o desejo que oferece à vontade os motivos interiores e os fins exteriores da ação. À vontade cabe a educação moral do desejo. Na concepção intelectualista, a inteligência orienta a vontade para que esta eduque o desejo. Na concepção voluntarista, a vontade boa tem o poder de educar o desejo, enquanto a vontade má submete-se a ele e pode, em muitos casos, pervertê-lo.

Consciência, desejo e vontade formam o campo da vida ética: consciência e desejo referem-se às nossas intenções e motivações; a vontade, às nossas ações e finalidades. As primeiras dizem respeito à qualidade da atitude interior ou dos sentimentos internos ao sujeito moral; as últimas, à qualidade da atitude externa, das condutas e dos comportamentos do sujeito moral.

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Para a concepção racionalista, a filosofia moral é o conhecimento das motivações e intenções (que movem interiormente o sujeito moral) e dos meios e fins da ação moral capazes de concretizar aquelas motivações e intenções.

Convém observar que a posição de Kant, embora racionalista, difere das demais porque considera irrelevantes as motivações e intenções do sujeito, uma vez que a ética diz respeito à forma universal do ato moral, como ato livre de uma vontade racional boa, que age por dever segundo as leis universais que deu a si mesma. O imperativo categórico exclui motivos e intenções (que são sempre particulares) porque estes o transformariam em algo condicionado por eles e, portanto, o tornariam um imperativo hipotético, destruindo-o como fundamento universal da ação ética por dever.

5.5 - Ética das emoções e do desejo

O racionalismo ético não é a única concepção filosófica da moral. Uma outra concepção filosófica é conhecida como emotivismo ético.

Para o emotivismo ético, o fundamento da vida moral não é a razão, mas a emoção. Nossos sentimentos são causas das normas e dos valores éticos. Inspirando-se em Rousseau, alguns emotivistas afirmam a bondade natural de nossos sentimentos e nossas paixões, que são, por isso, a forma e o conteúdo da existência moral como relação intersubjetiva e interpessoal. Outros emotivistas salientam a utilidade dos sentimentos ou das emoções para nossa sobrevivência e para nossas relações com os outros, cabendo à ética orientar essa utilidade de modo a impedir a violência e garantir relações justas entre os seres humanos.

Há ainda uma outra concepção ética, francamente contrária à racionalista (e, por isso, muitas vezes chamada de irracionalista), que contesta à razão o poder e o direito de intervir sobre o desejo e as paixões, identificando a liberdade com a plena manifestação do desejante e do passional. Essa concepção encontra-se em Nietzsche e em vários filósofos contemporâneos.

Embora com variantes, essa concepção filosófica pode ser resumida nos seguintes pontos principais, tendo como referência a obra nietzscheana A genealogia da moral:

a moral racionalista foi erguida

com finalidade repressora e não para garantir o exercício da liberdade; a moral racionalista

transformou tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício, falta, culpa, e impôs a eles, com os nomes de virtude e dever, tudo o que oprime a natureza humana;

paixões, desejos e vontade referem-se à vida e à expansão de nossa força vital, portanto, não se referem, espontaneamente, ao bem e ao mal, pois estes são uma invenção da moral racionalista; a moral racionalista foi

inventada pelos fracos par a controlar e dominar os fortes, cujos desejos, paixões e vontade afirmam a vida, mesmo na crueldade e na agressividade. Por medo da força vital dos fortes, os fracos condenaram paixões e desejos, submeteram a vontade à razão, inventaram o dever e impuseram castigos para os transgressores;

transgredir normas e regras estabelecidas é a verdadeira expressão da liberdade e somente os

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fortes são capazes dessa ousadia. Para disciplinar e dobrar a vontade dos fortes, a moral racionalista, inventada pelos fracos, transformou a transgressão em falta, culpa e castigo;

a força vital se manifesta como

saúde do corpo e da alma, como força da imaginação criadora. Por isso, os fortes desconhecem angústia, medo, remorso, humildade, inveja. A moral dos fracos, porém, é atitude preconceituosa e covarde dos que temem a saúde e a vida, invejam os fortes e procuram, pela mortificação do corpo e pelo sacrifício do espírito, vingar-se da força vital;

a moral dos fracos é produto do

ressentimento, que odeia e teme a vida,envenenando-a com a culpa e o pecado, voltando contra si mesma o ódio à vida;

a moral dos ressentidos, baseada no

medo e no ódio à vida (às paixões, aos desejos, à vontade forte), inventa uma outra vida, futura, eterna, incorpórea, que será dada como recompensa aos que sacrificarem seus impulsos vitais e aceitarem os valores dos fracos;

a sociedade, governada por fracos

hipócritas, impõe aos fortes modelos éticos que os enfraqueçam e os tornem prisioneiros dóceis da hipocrisia da moral vigente;

é preciso manter os fortes, dizendo-

lhes que o bem é tudo o que fortalece o desejo da vida e o mal tudo o que é contrário a esse desejo.

Para esses filósofos, que podemos chamar de anti-racionalistas, a moral racionalista ou dos fracos e ressentidos que temem a vida, o corpo, o desejo e as

paixões é a moral dos escravos, dos que renunciam à verdadeira liberdade ética.

São exemplos dessa moral de escravos: a ética socrática, a moral kantiana, a moral judaico-cristã, a ética da utopia socialista, a ética democrática, em suma, toda moral que afirme que os humanos são iguais, seja por serem racionais (Sócrates, Kant), seja por serem irmãos (religião judaico-cristã), seja por possuírem os mesmos direitos (ética socialista e democrática).

Contra a concepção dos escravos, afirma-se a moral dos senhores ou a ética dos melhores, dos aristoi, a moral aristocrática, fundada nos instintos vitais, nos desejos e naquilo que Nietzsche chama de vontade de potência, cujo modelo se encontra nos guerreiros belos e bons das sociedades antigas, baseadas na guerra,nos combates e nos jogos, nas disputas pela glória e pela fama, na busca da honra e da coragem.

Essa concepção da ética suscita duas observações.

Em primeiro lugar, lembremos que a ética nasce como trabalho de uma sociedade para delimitar e controlar a violência, isto é, o uso da força contra outrem. Vimos que a filosofia moral se ergue como reflexão contra a violência, em nome de um ser humano concebido como racional, desejante, voluntário e livre, que, sendo sujeito, não pode ser tratado como coisa. A violência era localizada tanto nas ações contra outrem – assassinato, tortura, suplício, escravidão, crueldade, mentira, etc. – como nas ações contra nós mesmos – passividade, covardia, ódio, medo, adulação, inveja, remorso, etc. A ética se propunha, assim, a instituir valores, meios e fins que nos libertassem dessa dupla violência.

Os críticos da moral racionalista, porém, afirmam que a

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própria ética, transformada em costumes, preconceitos cristalizados e sobretudo em confiança na capacidade apaziguadora da razão, tornou-se a forma perfeita da violência.

Contra ela, os anti-racionalistas defendem o valor de uma violência nova epurificadora – a potência ou a força dos instintos -, considerada libertadora. O problema consiste em saber se tal violência pode ter um papel liberador e suscitar uma nova ética.

Em segundo lugar, é curioso observar que muitos dos chamados irracionalistas contemporâneos baseiam-se na psicanálise e na teoria freudiana da repressão do desejo (fundamentalmente, do desejo sexual). Propõem uma ética que libere o desejo da repressão a que a sociedade o submeteu, repressão causadora de psicoses, neuroses, angústias e desesperos. O aspecto curioso está no fato de que Freud considerava extremamente perigoso liberar o id, as pulsões e o desejo, porque a psicanálise havia descoberto uma ligação profunda entre o desejo de prazer e o desejo de morte, a violência incontrolável do desejo, se não for orientado e controlado pelos valores éticos propostos pela razão e por uma sociedade racional.

Essas duas observações não devem, porém, esconder os méritos e as dificuldades da proposta moral anti-racionalista. É o seu grande mérito desnudar a hipocrisia e a violência da moral vigente, trazer de volta o antigo ideal de felicidade que nossa sociedade destruiu por meio da repressão e dos preconceitos. Porém, a dificuldade, como acabamos de assinalar acima, está em saber se o que devemos criticar e abandonar é a razão ou a racionalidade repressora e violenta, inventada por nossa sociedade, que

precisa ser destruída por uma nova sociedade e uma nova racionalidade.

Sob esse aspecto, é interessante observar que não só Freud e Nietzsche criticaram a violência escondida sob a moral vigente em nossa Cultura, mas a mesma crítica foi feita por Bergson (quando descreveu a moral fechada) e por Marx, quando criticou a ideologia burguesa.

5.6 - Ética em Marx

Marx afirmava que os valores da moral vigente – liberdade, felicidade, racionalidade, respeito à subjetividade e à humanidade de cada um, etc. – eram hipócritas não em si mesmos (como julgava Nietzsche), mas porque eram irrealizáveis e impossíveis numa sociedade violenta como a nossa, baseada na exploração do trabalho, na desigualdade social e econômica, na exclusão de uma parte da sociedade dos direitos políticos e culturais. A moral burguesa, dizia Marx, pretende ser um racionalismo humanista, mas as condições materiais concretas em que vive a maioria da sociedade impedem a existência plena de um ser humano que realize os valores éticos. Para Marx, portanto, tratava-se de mudar a sociedade para que a ética pudesse concretizar-se.

Críticas semelhantes foram feitas por pensadores socialistas, anarquistas, utópicos, para os quais o problema não se encontrava na razão como poderio dos fracos ressentidos contra os fortes, mas no modo como a sociedade está organizada, pois nela o imperativo categórico kantiano, por exemplo, não pode ser respeitado, uma vez que a organização social coloca uma parte da sociedade como coisa, instrumento ou meio para a outra parte.

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5.7 - Ética e psicanálise

Desenvolvida pelo médico austríaco Sigmund Freud, a Psicanálise – campo clínico e de investigação da psiquê humana – introduziu um conceito novo, o inconsciente, que limitava o poder soberano da razão e da consciência, além de descortinar a sexualidade como força determinante de nossa existência, nosso pensamento e nossa conduta.

No caso da ética, a descoberta do inconsciente traz conseqüências graves tanto para as idéias de consciência responsável e vontade livre quanto para os valores morais.

De fato, se, como revela a psicanálise, somos nossos impulsos e desejos inconscientes e se estes desconhecem barreiras e limites para a busca da satisfação e, sobretudo, se conseguem a satisfação burlando e enganando a consciência, como, então, manter, por exemplo, a idéia de vontade livre que age por dever? Por outro lado, se o que se passa em nossa consciência é simples efeito disfarçado de causas inconscientes reais e escondidas, como falar em consciência responsável? Como a consciência poderia responsabilizar-se pelo que desconhece e que jamais se torna consciente?

Mais grave, porém, é a conseqüência para os valores morais. Em lugar de surgirem como expressão de finalidades propostas por uma vontade boa e virtuosa que deseja o bem, os valores e fins éticos surgem como regras e normas repressivas que devem controlar nossos desejos e impulsos inconscientes. Isso coloca dois problemas éticos novos.

Em primeiro lugar, como falar em autonomia moral, se o dever, os valores e os fins são impostos ao sujeito por uma razão oposta ao inconsciente e, portanto, oposta ao

nosso ser real? A razão não seria uma ficção e um poder repressivo externo, incompatível com a definição da autonomia? Em segundo lugar, visto que os desejos inconscientes se manifestam por disfarces, como a razão poderia pretender controlá-los sob o dever e as virtudes, se não tem acesso a eles?

A psicanálise mostra que somos resultado e expressão de nossa história de vida,marcada pela sexualidade insatisfeita, que busca satisfações imaginárias semjamais poder satisfazer-se plenamente.

Não somos autores nem senhores de nossa história, mas efeitos dela.

Mostra-nos também que nossos atos são realizações inconscientes de motivações sexuais que desconhecemos e que repetimos vida afora.

Do ponto de vista do inconsciente, mentir, matar, roubar, seduzir, destruir, temer, ambicionar são simplesmente amorais, pois o inconsciente desconhece valores morais. Inúmeras vezes, comportamentos que a moralidade julga imorais são realizados como autodefesa do sujeito, que os emprega para defender sua integridade psíquica ameaçada (real ou fantasmagoricamente). Se são atos moralmente condenáveis, podem, porém, ser psicologicamente necessários.

Nesse caso, como julgá-los e condená-los moralmente? Faríamos, porém, uma interpretação parcial da psicanálise se considerássemos apenas esse aspecto de sua grande descoberta, ignorando um outro que também lhe é essencial. De fato, a psicanálise encontra duas instâncias ou duas faces antagônicas no inconsciente: o id ou libido sexual, em busca da satisfação, e o superego ou censura moral,

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interiorizada pelo sujeito, que absorve os valores de sua sociedade.

Nossa psique é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. O id ama o proibido; o superego quer ser amado por reprimir o id, imaginando-se tanto mais amado quanto mais repressor. O id desconhece fronteiras; o superego só conhece barreiras. Vencedor, o id é violência que destrói os outros. Vencedor, o superego é violência que destrói o sujeito. Neuroses e psicoses são causadas tanto por um id extremamente forte e um superego fraco, quanto por um superego extremamente forte e um id fraco. A batalha interior só pode ser decidida em nosso proveito por uma terceira instância: a consciência.

Descobrir a existência do inconsciente não significa, portanto, esquecer a consciência e abandoná-la como algo ilusório ou inútil. Pelo contrário, a psicanálise não é somente uma teoria sobre o ser humano, mas é antes de tudo uma terapia para auxiliar o sujeito no autoconhecimento e para conseguir que não seja um joguete das forças inconscientes do id e do superego.

No caso específico da ética, a psicanálise mostrou que uma das fontes dos sofrimentos psíquicos, causa de doenças e de perturbações mentais e físicas, é o rigor excessivo do superego, ou seja, de uma moralidade rígida, que produz um ideal do ego (valores e fins éticos) irrealizável, torturando psiquicamente aqueles que não conseguem alcançá-lo, por terem sido educados na crença de que esse ideal seria realizável.

Quando uma sociedade reprime os desejos inconscientes de tal modo que não possam encontrar meios imaginários e simbólicos de expressão, quando os censura e condena de tal forma que nunca possam manifestar-se, prepara o

caminho para duas alternativas igualmente distantes da ética: ou a transgressão violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos, ou a resignação passiva de uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade.

Em outras palavras, em lugar de ética, há violência; por um lado, violência da sociedade, que exige dos sujeitos padrões de conduta impossíveis de seremrealizados e, por outro lado, violência dos sujeitos contra a sociedade, pois somente transgredindo e desprezando os valores estabelecidos poderão sobreviver.

Em suma, sem a repressão da sexualidade, não há sociedade nem ética, mas a excessiva repressão da sexualidade destruirá, primeiro, a ética e, depois, a sociedade.

O que a psicanálise propõe é uma nova moral social que harmonize, tanto quanto for possível, os desejos inconscientes, as formas de satisfazê-los e a vida social.

Essa moral, evidentemente, só pode ser realizada pela consciência e pela vontade livre, de sorte que a psicanálise procura fortalecê-las como instâncias moderadoras do id e do superego. Somos eticamente livres e responsáveis não porque possamos fazer tudo quanto queiramos, nem porque queiramos tudo quanto possamos fazer, mas porque aprendemos a discriminar as fronteiras entre o permitido e o proibido, tendo como critério ideal a ausência da violênciainterna e externa.

5.8 - Ética na Atualidade –

Contexto:- Crise da racionalidade após as duas Grandes Guerras- Revolução Técnico-Científica- Intensa mercantilização das relações

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- Globalização e Neoliberalismo

Nesta civilização, aumenta cada vez mais a desproporção entre o poder de dominação técnica e os critérios morais capazes de reger a nova civilização daí decorrente. Para Emmanuel Levinas, filósofo francês, isto se manifesta através dos acontecimentos marcantes do século XX: as duas guerras mundiais, as revoluções que vitimaram milhões de inocentes, a crise da razão e das ciências, a perda do sentido da vida humana, o abalo profundo de toda a tradição cultural do ocidente que coloca cada ser humano, cada nação, cada cultura face ao desafio de assumir as possibilidades e os riscos dos efeitos de suas ações . No plano da vida humana, este abismo entre poder tecnológico e ética se manifesta, por exemplo, como possibilidade de interferir nos processos químicos que determinam o envelhecimento orgânico transformando a morte numa espécie de fronteira virtual.

Hoje se transforma em possibilidade o controle do comportamento humano através de agentes químicos que podem induzir o controle de processos psíquicos, além do mais espetacular que é a manipulação tecnológica dos processos genéticos, tornando realidade o sonho de planificação e produção em laboratório da vida humana de tal modo que o homem contemporâneo tem a sensação de que ele afinal tomou seu destino em suas mãos e se fez sujeito de um agir coletivo capaz de submeter toda a natureza a seus fins assim que a técnica,neste projeto de emancipação tecnocrática da modernidade, de meio se transformou no fim fundamental da vida humana.

Ética da responsabilidade de H. Jonas.

Hans Jonas (10 de maio de 1903 - 5 de fevereiro de 1993) foi um filósofo alemão. É conhecido principalmente devido à sua influente obra O Princípio da Responsabilidade (publicada em alemão em 1979, e em inglês em 1984). Seu trabalho concentra-se nos problemas éticos sociais criados pela tecnologia. Jonas quer sustentar que a sobrevivência humana depende de nossos esforços para cuidar de nosso planeta e seu futuro. Formulou um novo e característico princípio moral supremo: "Atuar de forma que os efeitos de suas ações sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana genuína".

Embora tenha-se atribuído a "O Princípio da Responsabilidade" o papel de catalisador do movimento ambiental na Alemanha, sua obra "O Fenômeno da Vida" (1966) forma a espinha dorsal de uma escola de bioética nos Estados Unidos. Leon Kass, bioeticista estadunidense referiu-se ao trabalho de Jonas como uma de suas principais inspirações. Profundamente influenciado por Heidegger, "O Fenômeno da Vida" tenta sintetizar a filosofia da matéria com a filosofia da mente, produzindo um rico entendimento da biologia, em busca de uma natureza humana material e moral.

pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Jonas

A Ética em J. Habermas

Jürgen Habermas (Düsseldorf, 18 de Junho 1929) é um filósofo e sociólogo alemão.

Em geral considerado como o principal herdeiro das discussões da Escola de Frankfurt, uma das principais correntes do Marxismo

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cultural, Habermas procurou, no entanto, superar o pessimismo dos fundadores da Escola, quanto às possibilidades de realização do projeto moderno, tal como formulado pelos iluministas. Profundamente marcados pelo desastre da Segunda Guerra Mundial, Adorno e Horkheimer consideravam que houvesse um vínculo primordial entre conhecimento racional e dominação, o que teria determinado a falência dos ideais modernos de emancipação social.

Para recolocar o potencial emancipatório da razão, Habermas adota o paradigma comunicacional. O seu ponto de partida é a ética comunicativa de Karl Otto Apel , além do conceito de "razão objetiva" de Adorno, também presente em Platão, Aristóteles e no Idealismo alemão - particularmente na ideia hegeliana de reconhecimento intersubjectivo.

Assim, Habermas concebe a razão comunicativa - e a acção comunicativa ou seja, a comunicação livre, racional e crítica - como alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista - "aprisionada" pela lógica instrumental, que encobre a dominação. Ao pretender a recuperação do conteúdo emancipatório do projeto moderno, no fundo, Habermas está preocupado com o restabelecimento dos vínculos entre socialismo e democracia.

Segundo o autor, duas esferas coexistem na sociedade: o sistema e o mundo da vida. O sistema refere-se à 'reprodução material', regida pela lógica instrumental (adequação de meios a fins), incorporada nas relações hierárquicas (poder político) e de intercâmbio (economia).

O mundo da vida é a esfera de 'reprodução simbólica', da linguagem, das redes de significados que compõem determinada visão de mundo, sejam eles referentes aos fatos objetivos, às normas sociais ou aos conteúdos subjetivos.

É conhecido o diagnóstico habermasiano da colonização do mundo da vida pelo sistema e a crescente instrumentalização desencadeada pela modernidade, sobretudo com o surgimento do direito positivo, que reserva o debate normativo aos técnicos e especialistas. Contudo, desde a década de 1990, mudou sua perspectiva acerca do direito, considerando-o mediador entre o mundo da vida e o sistema.

Na ação comunicativa ocorre a coordenação de planos de dois ou mais atores via assentimento a definições tácitas de situação. Tem-se não raro uma visão reducionista deste conceito, entendido como mero diálogo. Mas de fato a ação comunicativa pressupõe uma teoria social - a do mundo da vida - e contrapõe-se à ação estratégica, regida pela lógica da dominação, na qual os atores coordenam seus planos no intuito influenciar, não envolvendo assentimento ou dissentimento. Habermas define sinteticamente a ação estratégica como "cálculo egocêntrico".

Seus estudos voltam-se para o conhecimento e a ética. Sua tese para explicar a produção de saber humano recorre ao evolucionismo, pois a racionalidade comunicativa é considerada 'aprendente'. Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades mais complexas de conhecer a realidade, além de representar garantia contra regressões metafísicas, com

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possíveis desdobramentos autoritários. Evolui-se assim através dos erros, entendidos como falhas de coordenação de planos de acção.

Habermas defende também uma ética universalista, deontológica, formalista e cognitivista. Para ele, os princípios éticos não devem ter conteúdo, mas garantir a participação dos interessados nas decisões públicas através de discussões (discursos), em que se avaliam os conteúdos normativos demandados naturalmente pelo mundo da vida.

Sobre sua teoria discursiva, aplicada também à filosofia jurídica, pode ser considerada em prol da integração social e, como consequência, da democracia e da cidadania. Tal teoria coloca a possibilidade de resolução dos conflitos vigentes na sociedade não com uma simples solução, mas a melhor solução - aquela que resulta do consenso de todos os concernidos.

Ética em Peter Singer

Peter Albert David Singer (Melbourne, 6 de julho de 1946) é um filósofo e professor australiano. É professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Atua na área de ética prática, tratando questões de Ética de uma perspectiva utilitarista.

Seu livro Libertação Animal (publicado originalmente em 1975) foi de uma importante influência formativa no movimento de Libertação Animal. Singer é um grande defensor dos animais, apoiando plenamente a causa da libertação animal, um dos muitos motivos que o fez adotar o veganismo.

Nesta obra ele argumenta contra o "especismo": a discriminação contra certos seres baseada apenas no facto de estes pertencerem a uma dada espécie. Ele considera que todos os seres que são capazes de sofrer devem ter seus interesses considerados de forma igualitária e conclui que o uso de animais - nos moldes atuais - para alimentação é injustificável, já que cria sofrimento desnecessário. Assim sendo, ele considera que o vegetarianismo é a única dieta aceitável. Singer condena também a vivissecção, apesar de acreditar que algumas experiências com animais poderão ser realizadas se o benefício (por exemplo, avanços em tratamentos médicos, etc.) for maior que o mal causado aos animais em causa.

A economia e a ética confluem em diversas áreas relevantes na atualidade, uma das quais são os direitos do meio ambiente. Este problema foi abordado pelo filósofo australiano Peter Singer em seu importante livro Ética Prática. Este é um problema que diz respeito ao nosso dia a dia e que tem ganhado importância nos últimos 50 anos. Trata-se de um problema ético relevante na medida em que um ser racional deve levá-lo em conta considerando quais são as responsabilidades que temos para com o meio ambiente e para o bem-estar das gerações futuras que herdarão a Terra.

Singer é um filósofo utilitarista. Para ele, na medida em que alguém vive de acordo com padrões éticos, deve justificá-los não apenas em termos de interesse pessoal, mas demonstrando que os atos com base no interesse pessoal são compatíveis com princípios éticos referentes a um público maior. Dentro da tradição utilitarista existe o axioma de que na decisão de

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questões morais cada qual valha por uma e nenhuma por mais de uma. Nesse sentido a ética tem um caráter universal, devendo-se atribuir aos interesses alheios o mesmo peso que atribuímos aos nossos.

Em Ética Prática, Peter Singer faz uma aplicação da ética ou da moralidade à abordagem de questões práticas como o tratamento dispensado às minorias étnicas, a igualdade para as mulheres, o uso de animais em pesquisas e para a fabricação de alimentos, a preservação do meio ambiente, o aborto, a eutanásia e a obrigação dos ricos de ajudar os pobres.

ANOTAÇÕES__________________________________

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QUESTÕES DE VESTIBULARES – CAPÍTULO 5

1. UFPE (2007) Como se caracteriza acima de tudo um filósofo no sentido maior?a) Pensador das ideias filosóficas elaboradas.b) Criador de novos horizontes teórico-práticos de sentido crítico em seu contexto histórico.c) Amante do Saber e da Erudição.d) Pensador da lógica e de como funciona o conhecimento intelectual.e) Nenhuma das alternativas anteriores.

2. “Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de conduta” Imperativo categórico. (Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII).Esta frase de Kant traduz os princípios fundamentais da ética kantiana e significa que:Assinale a(as) alternativa(s) CORRETA(s):a) devemos agir sempre pensando em nós mesmos, sem nos importar com os outros.b) devemos sempre agir pensando nos outros, sem nos importar com nós mesmos.c) nossa ação deve sempre estar fundamentada em nossos desejos, exclusivamente.

d) nossa ação deve ser racionalmente decidida, de forma que possa valer para todos e não apenas para nós mesmos.e) nossa ação deve ser decidida instintivamente, de forma tal que valha tanto para nós mesmos como também para todos os outros.

3. U. Amazônia-PA (2008). Considerando a obra nietzscheana “A genealogia da moral”, há em Nietzsche uma concepção ética contrária à racionalista. Deste modo, é correto afirmar:1 - Transgredir normas e regras estabelecidas é a verdadeira expressão da liberdade e somente os fortes são capazes dessa ousadia.2-A força vital se manifesta como saúde do corpo e da alma, como força da imaginação criadora. Por isso, os fortes desconhecem angústia, medo, remorso, humildade e inveja.3- A moral racionalista foi erguida com finalidade repressora e não para garantir o exercício da liberdade.4 - A moral racionalista transformou tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício, falta, culpa, e impôs a eles, com os nomes de virtude e dever, tudo o que oprime a natureza humana.São corretas as afirmativas:a) 1, 2, 3 e 4.b) 2 e 4, somente.c) 1 e 3, somente.d) 2 e 3, somente.Resposta:Alternativa a

5 - Leia o seguinte trecho. "Se compararmos as definições que os antigos e os modernos dão à noção de ética, percebemos que são tão radicalmente diferentes que se cria em torno delas um verdadeiro campo de contradições. [...] entre as duas concepções existe muito mais

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que simples diferenças: há uma verdadeira ruptura, uma contradição." Adauto Novaes. Cenário in____ (Org.). Ética p. 9.

No texto, do qual o trecho acima foi retirado, Adauto Novaes escreve sobre as distintas concepções que o conceito de ética pode apresentar. Em relação às diferenças apontadas pelo autor, entre as noções de ética dos antigos e dos modernos, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1 - Antigos. 2 - Modernos.

( ) Ideia de ética ligada a noções de dever, obrigação e obediência. ( ) A noção de virtude está ligada ao hábito de obedecer a uma lei nitidamente definida e de uma origem suprassensível. ( ) Subordinaram a ética às ideias de felicidade da vida presente e de um soberano bem. ( ) A felicidade é pensada em termos de eficácia técnica, de consumo. ( ) A virtude está ligada à posse de uma qualidade natural. ( ) Concepção ligada a uma dialética da aparência. A sequência correta é

a) 1, 1, 1, 2, 2, 2. c) 1, 2, 2, 2, 1, 1. b) 2, 1, 2, 1, 1, 1. d) 2, 2, 1, 2, 1, 2.

6. UFPE (2006) Numa posição de Peter Singer (autor de Ética Prática), como decidir no caso de alguém desejar fazer um aborto?

a) A mãe tem completa autonomia sobre o feto e total poder de decisão.b) Os médicos são quem devem dar a última palavra.c) Todos os envolvidos devem ser consultados e acordarem a decisão de menor impacto e maior benefício, seja ela qual for.d) De forma alguma alguém pode fazer um aborto, somente nos casos previstos em lei.e) É moral fazer o aborto até os dois meses de gravidez, numa visão da pediatria inovadora

7. F. Carlos Chagas-SP (2010) A uma certa altura de sua Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant formula o princípio segundo o qual “age somente de acordo com aquela máxima pela qual possas ao mesmo tempo querer que ela se torne universal”. (Citado por MARCONDES, D. Textos básicos de ética. De Platão a Foucault. São Paulo: Jorge Zahar, 2007, p. 87). Conhecendo-se a filosofia moral kantiana, pode-se dizer que essa é a definição de:a) máxima moral.b) ação prática.c) esclarecimento.d) imperativo categórico.e) categoria prática.

8. Analise os dizeres abaixo. "Quem quer ser um líder mundial tem de saber cuidar da Terra inteira e não apenas da indústria norte-americana." Romano Prodi ex-primeiro ministro da Itália e ex-presidente da Comissão da União Européia, em resposta a uma declaração do ex-presidente dos EUA, George W. Bush). "O valor da vida de um ser humano inocente não varia segundo a

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nacionalidade". Peter Singer Os dois dizeres acima, representam ideias relativas às mudanças que ocorrem no campo da ética, no mundo contemporâneo, diante das questões suscitadas pela globalização. Sobre essas mudanças, é correto afirmar que

a) o mundo apresenta um momento único, onde os valores individuais precisam ser reformulados, para que continuem existindo, ou seja, se mantiver o rumo das mudanças atuais em um contexto de universalização de valores, os valores individuais deixarão de existir. b) frente à questão da globalização, os líderes das nações devem incorporar uma perspectiva mais ampla que o puro e simples interesse nacional, à medida que os países do mundo se aproximam entre si a fim de resolver problemas em comum. Tem-se a necessidade de se adotar uma nova postura ética. c) diante do caos globalizado, deve-se, em nome de uma moral elevada, estabelecer uma supremacia de um governo nacional que seja considerado apto ao governo mundial, a partir de princípios sólidos e ideais elevados, como a democracia e o equilíbrio entre poderes. d) toda e qualquer ética, pensada a partir das mudanças ocorridas devido ao processo de globalização, deve ter em conta que as reais bases para o desenvolvimento humano se dá no campo econômico, com a manutenção da política de livre mercado, adaptado ao contexto histórico existente.

9 - “A ciência permite que os humanos satisfaçam suas necessidades. Não faz nada para mudá-las. Não são diferentes hoje do que sempre foram. Há progresso no conhecimento, mas não na ética. Esse é o veredito tanto da ciência quanto da história, e o ponto de vista de cada uma das religiões mundiais. O crescimento do conhecimento é real e – a menos que ocorra uma catástrofe de âmbito mundial – já irreversível. Melhorias no governo e na sociedade não são menos reais, mas são temporárias. Não apenas podem ser perdidas, como também certamente o serão. A história não é progresso ou declínio, mas ganhos e perdas recorrentes. O avanço do conhecimento nos engana quando nos induz a pensar que somos diferentes de outros animais, mas nossa história mostra que isso não ocorre.” GRAY, John. Cachorros de Palha. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. P. 169.

O filósofo inglês John Gray defende que é um engano pensar que existe progresso humano, pois acredita que as melhorias no mundo social são apenas temporárias e cíclicas. Apesar disso, o trecho acima demonstra que ele acredita que:

(A) Ainda que não tenhamos alcançado o progresso humano, a ciência está tornando isso cada vez mais uma realidade possível.(B) As religiões mundiais são capazes de propiciar o progresso ético de toda a humanidade.(C) O conhecimento tem crescido e já é pouco provável que possamos perdê-lo, porém, as melhorias sociais se mostram temporárias.(D) A ciência avançaria de forma consistente se conseguisse mudar as necessidades humanas, permitindo

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uma nova forma de lidar com a natureza, por exemplo.(E) O avanço no conhecimento é idêntico ao avanço humano e ético.

10 Kant, em sua Crítica da razão prática, procura demonstrar como é possível fundamentar a conduta moral de forma objetiva. Sua pretensão é mostrar como a moral pode ser organizada da mesma maneira que a vida social, isto é, segundo leis e princípios objetivos. Sendo assim, é incorreto afirmar que, para Kant, a conduta moral:a) não pode ser justificada por meio de experiências individuais.b) não pode ser reduzida a costumes e tradição.c) não pode ser fundamentada de forma teológica.d) não resulta meramente do efeito causado pelos objetos externos sobre o sujeito.e) não decorre de imperativos categóricos extraídos da razão.

11. (UEM/Vest-Inver/2009-P3G1) “A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral.” (ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 301).A ética nasce quando a indagação formula duas questões: primeiro, de onde vêm e o que valem os costumes; segundo, o que é o caráter de cada pessoa, isto é, seu senso e consciência moral. Assinale o que for correto.01) Para Nietzsche, a ética institui um “dever ser” moral, os princípios e os valores que ela dita são universais, portanto válidos para todos os homens, independentemente do tempo e do espaço.02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos atenienses sobre o que

eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir inauguram a filosofia moral, porque definem o campo no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos pela determinação do seu ponto de partida, isto é, a consciência do agente moral.04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em princípios ascéticos, em uma moral da abnegação, como condições indispensáveis para impor aos homens um“dever ser” capaz de conter o caráter perverso dos seus instintos e paixões.08) A ética não se confunde com a política, todavia elas mantêm entre si uma relação necessária, pois a formação ética é, ao sobrepor os interesses coletivos aos individuais, importante para o exercício dacidadania.16) Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, o homem é egoísta, ambicioso, destrutivo, ávido de prazeres que nunca o saciam e pelos quais mata, mente, rouba; é a razão pela qual precisa do dever para se tornar um ser moral.

12. (UEM/Vest-Invern/2011 – P3g1) “Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os seus membros” (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.310).

Sobre a moral, assinale o que for correto.01) A ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes, pois a ética não pode ser dissociada da filosofia moral.02) Santo Agostinho rompe com a concepção moral da religião maniqueísta ao defender que o mal não tem uma entidade, mas é a ausência do bem.

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04) A ética hegeliana fundamenta-se no princípio rousseauniano da bondade natural dos homens, segundo o qual a sociedade é que a corrompe.08) Immanuel Kant afirma que o homem é um ser ávido de prazeres insaciáveis, em nome dos quais ele rouba e mata. Para Kant, não existe bondade natural, pois a natureza do homem é egoísta, ambiciosa, agressiva e cruel.16) Pode-se afirmar, com base nos textos de Platão e de Aristóteles, que, no Ocidente, a ética inicia-se com Sócrates.

13. Freud ( 1856-1939 ), médico austríaco, teve como principal novidade a descoberta do inconsciente e a compreensão da natureza sexual da conduta, que foram golpes fortes na noção de liberdade racional da sociedade ocidental. Sobre as teorias de Freud, marque a alternativa incorreta. (A) A teoria de Freud é duramente criticada pelas psicologia de linha naturalista, pois não usa a experiência no sentido tradicional do método científico. (B) Freud trabalha com uma realidade hipotética, considerada inverificável nos moldes tradicionais: o inconsciente. (C) A vida inconsciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o consciente. (D) A vida consciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o inconsciente.

14. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral tradicional, herdeira do pensamento socrático-platônico e da religião judaica-cristã, a transvaloração de todos os valores. Conforme Aranha e Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da moral

tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de rebanho’, ‘de escravos’, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo”. Desta forma, opõe a moral do escravo à moral do senhor, a nova moral.(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 286.)

Assinale a alternativa que contenha a descrição da “moral do senhor” para Nietzsche.A) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria.B) É negativa, baseada na negação dos instintos vitais.C) É transcendental; seus valores estão no além-mundo.D) É positiva, baseada no sim à vida.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 6: nascemos para a vida em sociedade?

6. O ESTUDO DA SOCIEDADE HUMANA

6.1. De que se ocupam as Ciências Sociais?

Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem, respiram. Mas elas também cooperam umas com as outras no Trabalho, recebem salário, descontam cheques, fazem reuniões para melhorar a produção, entram em greve, casam-se, estudam, divertem-se.

Como vemos, as pessoas apresentam os mais variados comportamentos. Alguns desses comportamentos - como andar, respirar, dormir - são comportamentos estritamente individuais, que se originam no indivíduo enquanto organismo biológico. Esses tipos de comportamento são estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve, casar-se, são comportamentos sociais, pois só existem porque existe a sociedade, porque ao longo da História o homem organizou sua vida em grupo.

Cabe às Ciências Sociais pesquisar e estudar o comportamento social humano e suas várias formas de organização.

Assim, podemos dizer que as Ciências Sociais são o estudo sistemático do comportamento social do homem. Portanto, o objeto de estudo das Ciências Sociais é o compartilhamento social humano. Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências Sociais em diversas disciplinas, para facilitar a

sistematização do estudo e das pesquisas. Essa divisão abrange as seguintes disciplinas:

Sociologia - estuda as relações e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade: a Sociologia abrange, portanto, o estudo dos grupos da divisão da sociedade em camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade etc.;

Economia - estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços: são fenômenos

estudados pela Economia a distribuição da renda num país, a política salarial, a produtividade de uma empresa etc.;

Antropologia - estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, assim como origem e a evolução das culturas Atualmente, tem-se preocupado não só com cultura dos povos pré-letrados, como também com a diversidade cultural existente nas sociedades industriais; são objeto de estudo da Antropologia os tipos de organização familiar, as religiões, a magia, os ritos de iniciação dos jovens, o casamento etc.;

Ciência Política - Estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas formas de governo; é a Ciência Política que

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estuda, por exemplo, os partidos políticos, mecanismos eleitorais etc.

Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas. Embora cada uma se ocupe preferencialmente de um aspecto da realidade social, elas complementam umas às outras e atuam frequentemente juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.

O objetivo das Ciências Sociais é aumentar o máximo possível o conhecimento sobre o homem e a sociedade, através de investigação cientifica.

As Ciências Sociais cumprem, portanto, um papel fundamental num mundo de mudanças e agitações sociais. Elas nos permitem entender melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos sociais que nos rodeiam.

6.2. Pequena história das Ciências Sociais

Durante milhares de anos os homens vêm refletindo sobre os grupos e as sociedades em que vivem, procurando compreendê-los.

As primeiras tentativas de compreender as forças sociais não tiveram êxito. Tais tentativas baseavam-se mais na imaginação, na fantasia, na especulação, do que na investigação cientifica dos fenômenos.

Recorriam, por exemplo, a deuses e heróis para explicar certos fenômenos sociais. Assim, para os gregos, Zeus, senhor dos homens e dos deuses, era deus Justiceiro, que mantinha a ordem no mundo moral e físico. Hera, esposa de Zeus, protegia o casamento e era a divindade tutelar da vida familiar.

Ainda na Antiguidade, durante a Idade Média e até o início da Idade Moderna, as tentativas de explicação da sociedade foram muito influenciadas pela filosofia e pela religião, as quais propunham normas

para melhorar a sociedade de acordo com seus princípios.

Essas primeiras tentativas de estudo sistemático sobre a sociedade humana começaram com os filósofos gregos Platão (427-347 a.C.), em seu livro A República, e Aristóteles (384-322 a. C.), com Política. É de Aristóteles a afirmação de que "o homem nasce para viver em sociedade".

Na Idade Média, os filósofos continuaram a descrever a sociedade em que viviam e a propor normas que o homem vivesse numa sociedade ideal.

Santo Agostinho, Por exemplo, na sua obra A cidade de Deus, achava que os homens e sua cidade o reinava o pecado então normas para se viver numa cidade onde não houvesse pecado.

Obras como essa descreviam a sociedade humana de uma perspectiva religiosa muito acentuada.

Com o Renascimento, começaram a surgir autores que trataram os fenômenos sociais num nível mais realista. Assim, escreveram sobre a sociedade de sua época: Maquiavel, em O príncipe; Tomás Morus, em Utopia; Tomas Campanella, em Cidade do sol; Francis Bacon, em Nova Atlântida.

Mais tarde, outras obras importantes, fruto da reflexão sobre a sociedade, deram grande contribuição ao desenvolvimento das Ciências Sociais. Entre elas, destacam-se O elogio da loucura, de Erasmo de Roterdã, e O Leviatã, de Tomás Hobbes.

Já no século XVIII, um avanço importante para a análise mais realista da sociedade foi a contribuição de Giambattista Viço, com sua obra A nova ciência. Nela, afirma que a sociedade se subordina as leis definidas, que podem ser descobertas pela observação objetiva. "O mundo social é, com

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toda certeza, obra do homem" foi um conceito totalmente revolucionário para a época. Alguns anos depois, Jean-Jacques Rousseau reconheceu a decisiva influência da sociedade sobre o indivíduo: em O contrato social, ele afirma que "o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe".

Contudo, foi no século XIX - com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel Tarde e, principalmente Emile Durkheim, Max Weber e KarI Marx – que a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente cientifico.

6.3 - Surge a Sociologia

As primeiras reflexões mais sistemáticas sobre a sociedade só começaram a ser formuladas no momento em que ela se diversificou como nunca anteriormente, com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra por volta de 1750. Ela deu origem a novos grupos sociais – burguesia e o proletariado – e à formação de um novo tipo de estrutura social: a sociedade capitalista.

Nesse processo teve particular importância a Revolução Francesa (1789), que concorreu para a ascensão da burguesia ao poder e para dar maior visibilidade aos problemas e conflitos sociais.

A Revolução industrial introduziu a máquina a vapor no processo produtivo, reorganizou o trabalho manufatureiro de forma radical, destruiu o artesão independente, introduziu a fábrica moderna e criou uma nova classe de trabalhadores: o proletariado, ou classe operária, concentrando sobretudo em grandes unidades industriais.             Esse processo provocou muitas mudanças, como o crescimento das cidades, a

concentração de centenas de milhares de trabalhadores em bairros industriais e a degradação das condições de vida do trabalhador. Até o fim do século XIX, as jornadas de trabalho na indústria européia giravam em torno de catorze ou dezesseis horas por dia. Não havia descanso remunerado, como hoje, nem férias, nem aposentadoria. Como observa Carlos Martins “as conseqüências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemias de tifo e cólera que dizimavam parte da população, etc.” (MARTINS, CARLOS B. O que é Sociologia. São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 1986. p. 13-4)            Desse modo com as mudanças ocasionadas pela Revolução industrial, diversos pensadores começaram a refletir sobre os novos fenômenos sociais: “A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela Revolução Industrial.

6.4 - COMTE – o pai da Sociologia

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado pai da sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva.

A sociologia é entendida por Comte no mais amplo sentido da palavra, incluindo uma parte essencial da psicologia, toda a economia política, a ética e a filosofia da história. Da mesma forma como protesta contra a abordagem dos fenômenos psicológicos individuais independentemente do

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desenvolvimento mental da raça, Comte opõe-se também ao isolamento da política e da ética em relação à teoria geral da sociedade. Comte ressaltou ainda que os objetos das ciências sociais não devem ser tratados independentemente do curso de desenvolvimento revelado pela história.

Aspecto fundamental da sociologia comteana é a distinção entre a estática e a dinâmica sociais. A primeira estudaria as condições constantes da sociedade; a segunda investigaria as leis de seu progressivo desenvolvimento. A idéia fundamental da estática é a ordem; a da dinâmica, o progresso. Para Comte, a dinâmica social subordina-se à estática, pois o progresso provém da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes de qualquer

sociedade : religião, família, propriedade, linguagem, acordo entre poder espiritual e temporal, etc.

Sua doutrina, o positivismo, exerceu forte influência sobre a oficialidade do Exército brasileiro nas últimas décadas do século XIX. Por isso, um dos lemas positivistas, “Ordem e Progresso”, figura na bandeira do Brasil.

6.5. DURKEIM – o sistematizador

Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais.

As obras de Durkheim foram importantíssimas para definir os métodos de trabalho dos sociólogos

e estabelecer os principais conceitos da nova ciência. Entre essas obras, destacamos: A divisão do trabalho social, As regras do método sociológico e O suicídio.

6. 5.1 - O fato socialÉ o objeto da Sociologia. Os

fatos sociais “são maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de poder coercitivo “, e que exercem influências sobre o indivíduo.

Os fatos sociais possuem três características:- A exterioridade: os fatos sociais existem antes do nascimento do indivíduo eatuam sobre ele independente de sua vontade.- A coercitividade: os fatos sociais exercem força social e força sobe os indivíduos, levando-os a agirem de acordo com as regras estabelecidas pela sociedade. Ex: a língua.- A generalidade: os fatos sociais são tomados coletivamente, pelo conjunto da sociedade. As crenças, os costumes, os valores.

É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior ou, ainda, que é geral em uma determinada sociedade, apresentando uma existência própria, independente das manifestaçõesindividuais.

Os fatos sociais existem fora dos indivíduos, mas são interiorizados e passam a existir em suas consciências. São externos porque foram transmitidos socialmente aos indivíduos.

A educação é um fato social, imposto aos indivíduos e pressiona-os a girem de acordo com leis, normas, valores, costumes e tradições de uma sociedade. O comportamento dos indivíduos é socialmente determinado e a educação é uma força essencial na

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conformação do indivíduo aos padrões morais e sociais de uma sociedade.São fatos sociais: o direito (as regras jurídicas e morais), os dogmas religiosos, os sistemas financeiros, a educação, entre outros.

A sociedade e os grupos sociais exercem coerção sobre os indivíduos, fazendo-os assumirem papéis relacionados com um fenômeno em particular. Ao assumir o papel de torcedor de um time ou ao fazer parte de determinada religião, por exemplo, a pessoa toma atitudes especiais, que lhe são exteriores.

6.5.2 - A divisão do trabalho social: solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.

Para este pensador, a sociedade só ode existir segundo a solidariedade ou sentimento de interdependência que o ser humano possui em relação ao outro. Não é possível existir sociedade sem tal princípio, de tal maneira que a vida coletiva pressupõe, para Durkheim, a formação de um contexto que possui vida própria, para além das vontades individuais. A sociedade se sobrepõe ao indivíduo. Assim, todo grupo existe segundo o desenvolvimento de regras comuns a partir das quais a vida social é possível.

A divisão do trabalho no capitalismo se intensifica em função do aumento do volume da população. Esse aumento leva a uma maior aproximação dos membros da sociedade, no espaço físico, e maior comunicação e interdependência, no espaço social. Durkheim considerava que a crescente divisão do trabalho, levava a um aumento da solidariedade entre os homens, pois a especialização das atividades dos indivíduos aumentava a dependência entre eles, unindo-os e reforçando a coesão e solidariedade social.

Em sua obra A divisão do trabalho social, Durkheim relaciona a divisão do trabalho social à ordem moral. A divisão do trabalho resultaria na relação de cooperação e de solidariedade entre os homens. No entanto, como as transformações sócio-econômicas eram aceleradas nas sociedades européias capitalistas, inexistia um novo e eficiente conjunto de idéias morais que pudesse guiar o comportamento dos indivíduos, isso levava ao mau funcionamento da sociedade.

Durkheim identifica a existência na história das sociedades de dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.

A solidariedade mecânica surge nas sociedades simples e tradicionais, onde os indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciaram e reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. Os indivíduos compartilham a tal ponto padrões de conduta que não há grande diferenciação entre eles, pois numa tribo ou cidade do interior, o padrão moral se efetiva sobre os indivíduos a tal ponto que o que é válido para um, também, é aos demais. Existe uma forte imposição moral nessas sociedades tradicionais.

A solidariedade orgânica surge nas sociedades mais complexas e modernas, onde existe uma maior divisão do trabalho e uma maior individualidade, pois as pessoas criam autonomia em relação à consciência coletiva. Por meio da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições. Assim, o efeito mais importante da divisão do

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trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.

Nas grandes cidades industriais, observadas por Durkheim no final do século XIX e início do XX, as relações sociais não estavam pautadas pela intensa imposição moral presente nas sociedades simples e tradicionais. A presença do individualismo e da diversidade causavam a perda de coesão e do consenso da vida em sociedade.

6.5.3 - O normal e o patológico – o conceito de anomia

Durkheim caracterizou o fenômeno social de normal ou patológico. Para ele, ofenômeno pode ser considerado normal se for encontrado na sociedade de formageneralizada, não coloque em risco a integração social e esteja dentro de um determinado nível.

O crime é um fenômeno normal, pois é encontrado em todas as sociedadesde todos os tipos, é geral, e, ao mesmo tempo em que, ao se impor a punição, serve para lembrar e fortalecer os valores de toda sociedade.

Fato social normal é geral, recorrente e que favorece a integração social.

Fato social patológico é excepcional, transitório e põe em risco a integração social.

Para ele, o suicídio também é normal, pois existe em todas as sociedades. Torna-se anormal se houver o aumento das taxas.6.6 - KARL MARX (1818-1883)

6.6.1 - Sua obraA obra de Marx é resultado de

um contexto sócio-político específico, resposta aos problemas colocados pela sociedade burguesa e, também, propõe a

intervenção e transformação dessa sociedade.

Não podemos confundir a obra de Marx com o Marxismo. Na verdade não existe um Marxismo, mas vários, ou seja, são várias as interpretações dadas de suas teorias e variam em função do interesse e do momento histórico em que se quer aplicá-las.

Marx desenvolveu uma teoria da história e analisou a sociedade capitalista,de forma crítica, original e estruturada, apresentado aspectos práticos para transformação dessa realidade. A sua obra fundou um modo original de pensar a sociedade burguesa e a sua dinâmica, que incluía a revolução socialista.

Enquanto o positivismo se preocupava com a manutenção da ordemcapitalista, Marx vai realizar uma crítica profunda e radical da sociedade, ressaltando suas contradições e antagonismos.

A Sociologia traz no bojo de sua formação duas tradições diferentes: a conservadora, que se identifica com os valores e os interesses da classe dominante, e a revolucionária, que se compromete com a crítica e a transformação da sociedade. Esse pensamento crítico surge na tradição da obra de Marx.

6. 6. 2 - Condições históricasMarx nasceu na Alemanha,

filho de advogado em uma família abastada. Inicialmente cursou Direito, mas optou por Filosofia, tornando-se doutor.

Marx abandonou a vida universitária, trabalhou em um jornal de tendência liberal, onde foi editor. Depois se transfere para Paris, onde conhece F. Engels, com o qual desenvolveu intensa atividade política e teórica até o final da vida. Entrou em contato com setores mais radicais do movimento operário e

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realizou um intenso trabalho político e teórico, até ser expulso. Foi para Bruxelas, continuando sua atuação junto ao movimento operário, sendo novamente expulso. Retornou a Paris e depois para Alemanha, de onde foi expulso e, em 1949, aos 30 anos, seguiu para o seu último exílio, a Inglaterra, onde morreria em 1883.

6.6.3 - Seu pensamentoMarx articulou um modo

radicalmente novo de pensar a sociedade, por meio de crítica e reflexão rigorosa. Seu pensamento se desenvolveu ancorado naexperiência, permeadas de vitórias e derrotas, que o movimento operário e popular da época acumulava, nas lutas sindicais e políticas do século XIX.

Marx, sempre preocupado com a teoria e a prática, elaborou um conjunto de idéias inovadoras: o materialismo histórico, a teoria econômica e a proposta de transformação, o socialismo científico.Para ele, a função da Sociologia não era solucionar os problemas sociais e estabelecer a ordem, segundo os positivistas. Ao contrário, a Sociologia deveria contribuir para a transformação da sociedade, ao proporcionar uma análise crítica e desmistificadora da realidade capitalista.

Marx foi extremamente original em sua obra, tendo fundamentado seus estudos em Hegel, no pensamento socialista francês e inglês e nos economistas clássicos Adam Smith e David Ricardo.

6.6.4 - Seu métodoO materialismo pressupõe,

de modo geral, que a produção material de uma sociedade constitui o fator determinante da organização social e política de uma época. Assim, a base material (econômica)

exerce influência direta nos outros níveis da realidade: Estado, instituições jurídicas, políticas, religião, moral.

Por meio da dialética, Marx explicou as significativas transformações da história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico.

Marx elaborou um esquema teórico sobre a história da humanidade, desenvolvendo o método materialismo histórico. Segundo sua teoria da história,as sociedades encontravam-se em constante transformação e o motor da história era os conflitos e as posições entre as classes sociais. Assim, o movimento da história possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético.

E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes. Em outras palavras, a estrutura de uma sociedade reflete a forma como os homens se organizam para a produção social de bens.

6.6.5 - Sua teoriaSegundo Marx, para conhecer

a realidade era preciso compreender a relação dos homens com o mundo material. Também, era preciso compreender como esse mundo material e as idéias a ele relacionadas se transformavam e transformavam a realidade.

Para ele, a sociedade tem contradições e conflitos e, são essas contradições e conflitos que garantem sua transformação. Cada época histórica tem seus conflitos e contradições. Para entendermos uma

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sociedade é preciso compreender seus conflitos e suas contradições.

A chave para a compreensão da trama social é a organização do trabalho eas relações estabelecidas entre os homens no mundo da produção. Ou seja, é na vida material que tudo acontece. A política, a cultura, a justiça, a religião refletem esse conflito.

Na produção social de sua vida, os homens contraem determinadas relações– são as relações de produção. Essas relações são necessárias e independentesda vontade humana. O conjunto das relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real, a base econômica de uma determinada sociedade. Sobre essa base real se levanta a superestrutura jurídica, política e espiritual.“(...) Não é consciência do homem que determina sua existência, pelo contrario, é sua existência que determina sua consciência.”(Marx)

As relações de produção, marcadas pela existência de classes sociais com posições e interesses antagônicos, desenvolvem relação de conflito e esse conflito é a mola propulsora das transformações e mudanças históricas. Essa é a teoria da história para Marx.

Marx aplicou essa teoria e desvendou profundamente o modo de produção capitalista. Segundo suas análises, no capitalismo as relações de produção são fundamentadas na propriedade privada dos meios de produção e na venda da força de trabalho assalariada.“(...)as relações burguesas de produção são a última forma antagônica do processo social de produção (...) antagonismo que provém das condições sociais de vida dos indivíduos.”

Segundo seu pensamento, as classes sociais são determinadas no processo produtivo, sendo definidas pelo lugar que as pessoas ocupam no processo produtivo em relação aos meios de produção: se detém ou não esses meios. Variando ao longo da história: senhores da terra/servos, burguês/assalariado, entre outros. A relação entre as classes sociais é marcada pela opressão de uma sobre a outra, pela exploração de uma sobre a outra.

O modo de produção capitalista e sua superação

O capitalismo é marcado por relações sociais de produção nas quais uns são proprietários dos meios de produção e outros vendem sua força de trabalho como mercadoria para garantiram a reprodução material de suas vidas. Os donos dos meios de produção utilizam a força de trabalho para produzir mercadoria e é a força de trabalho que gera valor à mercadoria.

A partir da inter-relação entre infra-estrutura econômica se constrói toda uma superestrutura (Estado, leis, religião, etc) para garantir a ordem do sistema capitalista.

O capitalista paga o salário ao trabalhador, mas esse salário nunca corresponde ao valor produzido pelo trabalhador. Este produz uma parte de trabalho que é paga pelo salário, a outra parte trabalhada fica com o empresário – é a mais-valia, o que valoriza o capital.

A resolução do conflito entre os proprietários dos meios de produção e doproletariado, ou seja, da relação de exploração do capitalismo, só pode ser conseguida com a luta de classes, em que seja superada a causa dos conflitos: a propriedade privada dos meios de produção. Aí está formada a teoria do

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socialismo científico, que constitui o processo de transição pelo qual a sociedade tem que passar até a etapa final, o comunismo.

O EstadoMarx expõe uma nova

concepção, segundo a qual o Estado surgiu junto coma propriedade privada na história da humanidade. Em suas análises, rompeu com o pensamento liberal que analisava o Estado como um arranjo contratual entre os indivíduos a fim de garantir a ordem, a propriedade e os direitos civis, sendo o representante de todos os setores a sociedade.

Segundo Marx, o Estado é um instrumento cujo objetivo fundamental é manter as relações sociais dominantes. Enfim, o Estado é instrumento de manutenção da ordem dominante e representante dos interesses dessa classe.Para que essa dominação seja aceita pacificamente por toda sociedade, o Estado age em nome do “interesse geral” e das “leis”. Assim, a maneira como as classes dominantes justificam sua dominação se impõe também pelas idéias, não apenas dentro do Estado, mas nos códigos de leis, nas igrejas, jornais, educação, meios de comunicação, propagandas – a ideologia.

Concluindo, Marx elaborou uma crítica radical ao capitalismo, colocando em evidência os antagonismos e contradições desse sistema. Para Marx, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material e estrutura econômica, que é o fundamento da história humana.

6.7. Max Weber (1864-1920)

6.7.1 - PensamentoO pensamento de Max Weber

é uma inesgotável fonte de reflexão para os

problemas do mundo contemporâneo. De um lado, Weber questionava a confiança no modelo positivista em se formular leis sociais. Para ele, não é possível produzir leis sobre os fenômenos sociais, pois a relação existente entre os homens e entreestes e as instituições sociais é desordenado, imprevisível e caótico, não existindo continuidade na história humana. O conhecimento da história é importante, no entanto isso não tornava possível a elaboração de leis e generalizações dos fenômenos sociais. Não existem leis sociais que possam ser antecipadas e controladas e que passe a prever e controlar a realidade social (crítica ao positivismo).

Por outro lado, Weber considerava a economia e as formas de produção importantes, mas não acreditava que os fatores econômicos explicavam as condições históricas em sua totalidade, ou seja, não acreditava que a economia tivesse papel preponderante sobre as demais esferas da realidade social (crítica ao marxismo).

Weber sempre se preocupou em conferir o caráter científico à Sociologia. Considerava que o cientista deveria assumir uma posição neutra, não podendo ter preferências políticas e ideológicas a partir de sua profissão. Fazia a distinção entre o cientista e o político - o homem de ação. Na verdade, ele isolou a Sociologia dos movimentos revolucionários: A ciência deve oferecer a compreensão da conduta, das motivações e conseqüências dos atos do homem. A Sociologia deveria ser um conjunto de técnicas neutras para a compreensão da realidade social.

6.7.2 - Seu objetoWeber considerava o

individuo e a sua ação como ponto

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chave da investigação. Era preciso compreender as intenções e as motivações dos indivíduosque vivenciam as situações sociais.

6.7.3 - Seu métodoNaquele momento surge nas

ciências sociais uma tendência que distingue explicação e compreensão da realidade. O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas sim buscam os processos vivos da experiência humana, extraindo deles seu sentido. Os fenômenos sociais só tem significado se conhecermos a motivação e o sentido mais profundo que existem por trás desses fenômenos.

Weber analisa o papel das pessoas e as suas ações individuais. A sociedade deve ser entendida a partir das interações sociais. A ação social dá sentido à ação individual. A ação social é orientada pelo comportamento e valores dos indivíduos e dos grupos, sendo fundamental para a organização da sociedade humana.

A conduta adquire o sentido social quando se orienta pelo comportamento de outras pessoas. As teorias sociológicas desenvolvidas ao longo do século XIX privilegiavam os fenômenos sociais coletivos. Para Emile Durkheim o importante era o fenômeno coletivo e não o comportamento individual, pois a sociedade está acima do individuo. Karl Marx, por sua vez, trata da relação dos agrupamentos sociais, e não do indivíduo.

Para colocar o homem no centro das preocupações sociológicas, Weber teve que reformular o método científico: a

tarefa do sociólogo é captar o sentido dascondutas humanas.

Weber concebe o objeto da sociologia como, "a captação da relação de sentido" da ação humana, ou seja, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação que o configura. Para Weber não é possível explicar um fenômeno social como resultado da relação entre causas e efeitos, semelhante às ciências naturais, mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude.

Por exemplo, mais importante do que entender porque de algo aconteceu(causas) é compreender o que levou ao indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a secomportar de determinada maneira. O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações.

Por exemplo, se uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.

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6.7.4 - Conceitos:Para realizar a análise

compreensiva, Weber formula o conceito “tipo ideal”, que representa o primeiro nível de generalização de conceitos abstrato. O tipo ideal é um ponto de partida, contendo parâmetros estabelecidos de comportamento, de ação, de dominação. O tipo ideal fornece o recurso essencial para a compreensão dos comportamentos sociais, permitindo analisar as formas de ação social.

6.7.5 - Tipos de ação socialOs tipos de ação social jamais

são encontrados na realidade em toda a sua pureza, e, na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados.

Ação é social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para quem age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha sentido para o individuo que age. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros. Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos.

Weber definiu quatro tipos de ação social:a. Ação tradicional: tradições, costume. Ex: dar presente de Natal b. Ação afetiva: baseada em sentimentos e afetividade, não racional. Ex: torcer por um timec. Ação racional orientada para valores: racional, a ação é importante e não os fins. Ex: trabalho voluntário ou de um político, onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio final, mas a missão. (em crise)d. Ação racional orientada pra fins: racional, o importante é o resultado. Ex: empresa capitalista.

Esses tipos de ação existem de formas diferentes nas sociedades humanas.

Nas sociedades antigas e feudais prevaleciam os tipos tradicionais e afetivos, daí a família e a igreja terem papel fundamental nessas sociedades.

Na sociedade capitalista predomina ação racional, com planejamento eficiente e com metas, orientada pra fins. A empresa do século XVIII para a atual sofreu várias modificações, mas seus fins e objetivos continuam os mesmos: lucro, acumulação econômica e otimização produtiva.

Esse tipo de comportamento social pautado na racionalidade é o que caracteriza a sociedade moderna e a que subordinam a tradição, os afetos e os valores à racionalidade. Isso leva ao “desencantamento do mundo”, pois o homem passa a maior parte do seu tempo realizando atividades buscando os efeitosesperados (racional) e não pautados em seus valores, suas tradições e suas afetividades.

7.6 - Tipos de dominação/autoridade

Existem três tipos puros de dominação:a. Tradicional: respeita aos costumes e regras. É o tipo em que o indivíduo ocupa posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo. A autoridade e as prerrogativas pessoais são mais extensas. Ex: coronéis, soberanos e patriarcas antigos ou medievaisb. Carismática: capacidade de liderança e comando, em que se almeja estabelecer uma nova ordem.c. Racional-legal: assentada na noção de direito que se liga aos aspectos racionais e técnicos da administração. Racionalidade e justiça se fundem. Ex: sociedades modernas. Atua baseado nas leis e regulamentos e precisa de formação técnica.

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6.7.7 - TemasWeber abrangeu vários temas

em sua produção acadêmica: religião, direito,arte, economia, política, burocracia.

A religiãoEm “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber buscou examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica do indivíduo, considerando as contribuições dos valores éticos protestantes na formação do moderno capitalismo. A acumulação de capital foi um fator importante para o capitalismo, mas surge também uma nova mentalidade guiada por princípios religiosos. Essas convicções religiosas no indivíduo, a partir de uma vida pessoal rígida e disciplinada, levaram o indivíduo a valorizar o trabalho e a considerar o sucesso econômico como bênção de Deus. Havia uma doutrina pessoal austera, que permitiu a acumulação de riqueza e novos investimentos – que foi a base do capitalismo.

O CapitalismoPor que o capitalismo se

desenvolveu somente na sociedade Ocidental, especialmente na Europa a partir do século XVI? Como historiador, Weber possuía grande conhecimento das civilizações orientais que chegaram a ter forte economia monetária, avanço tecnológico e uso intensivo. No entanto, não desenvolveram o capitalismo.

Considerava que as instituições capitalistas – as grandes empresas - eramfruto de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro e um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo se caracterizava pela busca contínua de rentabilidade por meio de empreendimentos científicos e

racionais, sendo uma expressão da modernização e racionalidade. Weber conclui que ética protestante, juntamente com outros fatores políticos, tecnológicos e econômicos, contribuiu para o surgimento do capitalismo. Nos países ocidentais se fortaleceu uma forma de ação social especial a partir da religiosidade protestante: ascetismo e valorização do trabalho, que então passou a ser considerado uma virtude. Estabeleceu-se um ideal de vida baseado no trabalho assentadas nas seguintes posturas: disciplina, parcimônia, discrição e poupança. Esses novos valores defendidos pelas seitas protestantes alteraram a conduta de diversos grupos dirigentes e elites econômicas.

A burocraciaWeber considerava que a

sociedade moderna atravessava um processo de racionalização, em que todas as áreas adquiriam o caráter racional e científico. O fenômeno social que representa essa racionalização é a burocracia moderna, o governo de repartições.

Ao analisar a instituição burocrática, Weber percebeu que essa ação racional orientada para os fins passou a fazer parte da vida moderna e a penetrar em todas as atividades. A burocracia existiu em outros sistemas, mas nas sociedades modernas ela assume três características essenciais:a. Sistemas regulados por normas formais, o que torna o comportamento dos funcionários previsível e controlado.b. Impessoalidade, cargos e não pessoas tomam as decisões.valores e preferências não devem intervir.c. O burocrata tem uma especialidade técnica.

Weber esclareceu que a burocracia é um sistema social que se aproxima dos

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ideais democráticos, pois promove a igualdade de oportunidades e premia o mérito pessoal. No entanto, apesar dos processos administrativos mais transparentes da burocracia, o intenso crescimento da racionalidade penetra em todas as áreas e gera uma excessiva especialização, construindo um mundo cada vez mais intelectual e artificial, sem criatividade e originalidade, guiado por normas e regulamentações.

No mundo contemporâneo todas as instituições se tornam empresas, com padrões sofisticados e previsíveis, com planejamento e metas. Há um preço a serpago: a perda da autonomia e criatividade dos indivíduos.

Concluindo, Weber prioriza o papel dos atores e as suas ações individuais. A sociedade deve ser entendida a partir desse conjunto de interações sociais.

BIBLIOGRAFIA"O que é Sociologia" - Autor: Carios B. Martins/Introdução à sociologia - Pérsio Santzos de Oliveira

1. UEMA (2008) A Sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. Boa parte de seus temas de análise e de reflexão foi retirada das novas situações, como exemplo, a situação da classe trabalhadora, o surgimento da cidade industrial, as transformações tecnológicas, a organização do trabalho na fábrica etc.MARTINS, Carlos B. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982. Coleção Primeiros Passos.Do texto, depreende-se que:

a) a Sociologia surge para resolver os problemas advindos com as grandes revoluções ocorridas no

século XVIII e manter o status quo da classe dominante.b) os temas tratados pela Sociologia voltam-se para a solução de conflitos de classe e visam à transformação do status quo da classe dominante no capitalismo.c) a sociedade industrial coloca questões como a organização do trabalho, as inovações tecnológicas e o conflito de classes, objetos de estudo da Sociologia funcionalista.d) o pensamento sociológico volta-se, de maneira divergente, para a análise do social como problema fruto da situação vivida no contexto do século XVIII..e) as consequências sociais decorrentes das grandes revoluções ocorridas no século XVIII no mundo europeu são analisadas unilateralmente pela Sociologia.

2. (UEM2008-Quest15) Leia o texto a seguir:“A Sociologia não se limita ao estudo das condições de existência social dos seres humanos. Todavia, essa constitui a porção mais fascinante ou importante de seu objeto e aquela que alimentou a própria preocupação de aplicar o ponto de vista científico à observação e à explicação dos fenômenos sociais. Ora, ao se falar do homem, como objeto de indagações específicas do pensamento, é impossível fixar, com exatidão, onde tais indagações se iniciam e quais são os seus limites. Pode-se, no máximo, dizer que essas indagações começam a adquirir consistência científica no mundo moderno, graças à extensão dos princípios e do método da ciência à investigação das condições de existência social dos seres humanos. Sob outros aspectos, já se disse que o homem sempre foi o principal objeto da curiosidade humana.

Atrás do mito da Religião ou da Filosofia sempre se acha um agente humano, que se preocupa,

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fundamental e primariamente, com questões relativas à origem, à vida e ao destino de seus semelhantes.” (FERNANDES, Florestan. A herança intelectual da Sociologia. In: FORACCHI, Marialice e MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977, p.11.)

Pode-se concluir do texto que a Sociologia 01) nasce e se desenvolve procurando compreender a Idade Média. Os sociólogos utilizaram os recursos explicativos gerados, sobretudo, pelas doutrinas religiosas para analisar a organização do mundo.02) empreende uma reflexão sistemática sobre as transformações sociais em curso nas sociedades em que a ciência se tornou uma poderosa ferramenta de compreensão do mundo.04) define, ao refletir sobre os conflitos estabelecidos nas relações entre indivíduo e sociedade, que a função dos sociólogos é encontrar soluções para esses conflitos.08) objetiva construir formas de conhecimento científico sobre a realidade, estabelecendo teorias e metodologias que gerem compreensão dos fenômenos sociais.16) elabora um estudo organizado do comportamento humano. Logo, podem ser objetos de estudo dessa ciência, dentre outros: as formas de exclusão social, os novos arranjos familiares, os processos de construção da cidadania e o fenômeno da violência urbana.

3. UFPA (2009) Augusto Comte identificou os movimentos vitais da sociedade como dinâmicos e estáticos. Em relação a esses movimentos, é correto afirmar que o movimento dinâmico:a) se refere à velocidade na produção industrial da Europa do século XIX.

b) representa mudanças nos modos de vida em sociedade para formas mais complexas..c) preserva a base de todas as instituições sociais totalizantes.d) proporciona a coesão das instituições e a competição entre os indivíduos.e) incentiva a manutenção da ordem, valendo-se de modos tradicionais de viver em sociedade.

4. (UEM2011-VestInvQuestão03)

Os fatos sociais são definidos por Émile Durkheim, um dos fundadores da Sociologia, como o objeto fundamental dessa ciência. Sobre esse conceito, assinale o que for correto.01) Os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, possuindo existência concreta que ultrapassa as vontades e pensamentos dos membros de uma sociedade, tomados isoladamente.02) Os fatos sociais são coercitivos, portanto, exercem pressão sobre os indivíduos com o objetivo de submetê-los às suas determinações, normas e regras.04) Os fatos sociais são anteriores aos membros das coletividades, pois já existem antes da chegada de cada um dos indivíduos e, provavelmente, continuarão a existir após as suas mortes. 08) A coerção exercida pelos fatos sociais é apenas de natureza física, ou seja, manifesta-se somente pela ameaça de castigos corporais ou pela privação da liberdade.16) Os fatos sociais não se aplicam à totalidade dos membros de uma sociedade. Estão excluídos do seu alcance de sujeição e determinação os membros do grupo intelectual e economicamente dominante.

5. Leia o texto.O conceito da economia marxista é definido pelo conjunto das forças produtivas e das relações de

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produção. O modo de produção se confunde, de certa maneira, com a estrutura econômica da sociedade, englobando a produção, distribuição, circulação e consumo. Louis Althusser entende o modo de produção como uma totalidade que articula a estrutura econômica, a estrutura político-jurídica (leis, Estado) e uma estrutura ideológica (ideias, costumes). Teoricamente, numa formação social concreta, podem estar presentes váriosmodos de produção, tendo um como dominante. Embora a questão da sucessividade histórica obrigatória dos modos de produção tenha dominado os estudos marxistas por muito tempo, ela não encontra respaldo teórico nas obras de Marx, e nem mesmo nas de Engels.Fonte: SANDRONI, Paulo. Verbete Modo de Produção. In:_Dicionário de Economia do Século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 565-566.

Após a leitura atenta do texto, assinale a alternativa em que aparecem listados, em ordem cronológica, os quatro mais importantes modos de produção da história da humanidade.a) Escravista / Feudal / Asiático / Capitalista.b) Capitalista / Feudal / Asiático / Escravista.c) Feudal / Escravista / Capitalista / Asiático.d) Asiático / Escravista / Feudal / Capitalista.e) Asiático / Feudal / Escravista / Capitalista.

6. Observe atentamente as informações abaixo para responder à questão.Numa palavra, em todas as partes os comunistas apóiam todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas existentes. Em todos esses movimentos, põem em destaque como questão fundamental

do movimento a questão da propriedade, tenha ela alcançadoou não uma forma mais desenvolvida. Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e suas intenções.

Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social até aqui existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar: Proletários de todos os países, uni-vos!Fonte: MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Vozes, 1993. p. 99

O século XX foi marcado por uma série de movimentos que tomaram por base as ideias de Marx e Engels sobre uma possível Revolução Comunista. Assinale a alternativa na qual aparecem, na ordem histórica em que aconteceram, três dos mais importantes desses movimentos:a) Revolução Russa / Revolução Cubana / Revolução Chinesa.b) Revolução Cubana / Revolução Mexicana /Revolução Sandinista.c) Revolução Chinesa / Revolução Russa / Revolução Cubana.d) Revolução Cubana / Revolução Russa / Revolução Chinesa.e) Revolução Russa / Revolução Chinesa / Revolução Cubana.

7. “Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo ou de cidadão, quando me desincumbo de encargos que contraí, pratico deveres que estão definidos fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Mesmo estando de acordo com sentimentos que me são próprios, sentindo-lhes interiormente a realidade, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu quem os

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criou, mas recebi-os por meio da educação. Assim, também o devoto, ao nascer, encontra prontas as crenças e as práticas da vida religiosa; o sistema de sinais de que me sirvo para exprimir pensamentos; o sistema de moedas que emprego para pagar dívidas; os instrumentos de crédito que utilizo nas relações comerciais; as práticas seguidas na profissão etc., etc., funcionam independentemente do uso que delas faço. Tais afirmações podem ser estendidas a cada um dos membros de que é composta uma sociedade, tomados uns após outros. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais. Esses tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não.”Émile Durkheim. As regras do método sociológico. José Albertino Rodrigues (Org.). Trad. Laura Natal Rodrigues. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1984, p. 1-2 (com adaptações).

No segmento de texto acima, Durkheim trata, sobretudo,

a) da anomia social.b) da solidariedade social.c)da consciência coletiva.d) do fato social.e) das representações coletivas.

8. “Tal como concebida por Durkheim, a sociologia é o estudo dos fatos essencialmente sociais, e a explicação desses fatos de maneira sociológica. [...] Seu objetivo é demonstrar que pode e deve haver uma sociologia objetiva e científica,

conforme o modelo de outras ciências, tendo como objeto o fato social. Para que haja tal sociologia, duas coisas são necessárias: que seu objeto seja específico, distinguindo-se do objeto de outras ciências, e que possa ser observado e explicado de modo semelhante ao que acontece com os fatos observados e explicados pelas outras ciências” (ARON, R. As etapas do pensamento sociológico).

Com relação ao tema, segundo Èmile Durkheim, quais são as características distintivas do fato social em relação às consciências individuais?

a) Intencionalidade e coercitividadeb) Exterioridade e coercitividadec) Exterioridade e generalidaded) Intencionalidade e subjetividadee) Generalidade e coercitividade

9 - Para o sociólogo Émile Durkheim, quando, numa sociedade organizada, ocorrem situações em que os contatos entre os órgãos sociais se tornam insuficientes ou pouco duradouros, surge uma situação de desequilíbrio, pois o sentimento de interdependência das partes se amortece, as relações sociais ficam precárias e as regras sociais indefinidas, portanto vagas.Para esse autor, esse fenômeno significa a) consciência social.b) anomia.c) representação social.d) alienação.

10. U. E. Maringá-PR (2008) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chauí afirma que “(...) a

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coerência ideológica não é obtida malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas. Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a suposta veracidade daquilo que está explicitamente afirmado”. (O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 4).

Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para Karl Marx, assinale o que for correto.01) Na maioria das sociedades capitalistas, as desigualdades são ocultadas pelos princípios ideológicos que afirmam a importância dos seguintes elementos: o progresso, o “vencer na vida”, o individualismo, a mínima presença do Estado na economia e a soberania popular por meio da representação.02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em uma determinada sociedade, portanto expressa a realidade tal qual ela é na sua objetividade.04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma “questão” individual sem interferências anteriores e influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, com base em sua própria ideologia, ela poderá agir e refletir em sociedade.08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia racial afirma que índios, negros e brancos vivem em harmonia, com igualdade de condições. Essa formulação omite as desigualdades étnicas existentes no país.16) Ideologia consiste em ideias que predominam na sociedade e que, por isso, são internalizadas por todos os indivíduos. Portanto, não existem possibilidades de se romper com seus pressupostos.

11 - “A ciência de [Karl] Marx tem por fim demonstrar rigorosamente

essas proposições: o caráter antagônico dasociedade capitalista, a autodestruição inevitável dessa sociedade contraditória, a explosão revolucionária que porá fim ao caráter antagônico da sociedade atual. Portanto, o centro do pensamento de Marx é a interpretação do regime capitalista enquanto contraditório, isto é, dominado pela luta de classes” (ARON, R. As etapas do pensamento sociológico). Essa constatação expressa uma máxima do pensamento de Marx: a transformação histórica da sociedade capitalista como resultado das contradições e antagonismos presentes em uma sociedade de classes. Levando em consideração o exposto, segundo Karl Marx, qual seria o motor do movimento histórico na sociedade capitalista?a) A contradição entre as forças produtivas e as relações sociais de produção.b) A contradição entre o modo de produção feudal e o modo de produção capitalista.c) A contradição entre os interesses das frações de classe da burguesia.d) A contradição entre a propriedade privada dos meios de produção e a socialização do capital.e) A contradição entre salários, mais valia e lucro.

12 - Os pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels desenvolveram uma teoria empírica que se tornou um dos pilares teórico-metodológicos da sociologia. Esse núcleo científico e social da teoria marxista, que não consiste em uma

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filosofia, “designa uma visão do desenrolar da história que procura a causa final e a grande força motriz detodos os acontecimentos históricos importantes no desenvolvimento econômico da sociedade, nas transformações dos modos de produção e de troca, na conseqüente divisão da sociedade em classes distintas e na luta entre estas classes” (ENGELS, F. Do socialismo utópico ao socialismo científico).Como Marx e Engels denominaram essa teoria empírica?a) Marxismo analíticob) Materialismo históricoc) Materialismo dialéticod) Idealismo hegelianoe) Ideologia alemã

13. A noção de que nossas próprias habilidades, enquanto seres humanos, são assumidas por outras entidades. O termo foi originalmente empregado por Marx em referência à projeção dos poderes humanos sobre os deuses. Mais tarde, ele empregou o termo para se referir à perda do controle por parte dos trabalhadores sobre a natureza da tarefa desempenhada e sobre os resultados de seu trabalho. Feuerbach utilizou esse termo em referência à instituição de deuses ou forças divinas distintas dos seres humanos. O texto refere-se CORRETAMENTE ao conceito de:

a) Ideologia.b) Anomia. c) Alienação.

d) Magia. e) Simulacros.

14 - O tratado de sociologia geral, intitulado Economia e Sociedade,

constitui-se numa das obras-primas do sociólogo alemão Max Weber. Nesse livro, o autor estabeleceu os conceitos fundamentais para sua abordagem sociológica.Assinale a alternativa que expressa corretamente o conceito de Sociologia formulado por Max Weber nessa obra.

a) A sociologia é uma ciência que descreve positivamente os fenômenos sociais, distinguindo-os em normais e patológicos.b) A sociologia é uma ciência que explica evolutivamente a transformação da sociedade ocidental.c) A sociologia é uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos..d) A sociologia é uma ciência que explica os nexos causais envolvidos na relação entre as estruturas e funções presentes nos fenômenos sociais.e) A sociologia é uma ciência que descreve15. A ética protestante e o espírito do capitalismo, de Max Weber, reconhece a peculiaridade especifica do racionalismo ocidental. Entre as afirmações seguintes, assinale àquela que destoa do pensamento exposto pelo autor na citada obra, caracterizando-se como INCORRETA.

a) O capitalismo é a força mais significativa de nossa vida moderna.b) O ocidente desenvolveu uma gama de significados do capitalismo, e, o que lhe dá consistência – tipos, formas e direções – que antes nunca existiam em parte alguma.c) O desejo de ganho ilimitado não se identifica nem um pouco com o capitalismo, e muito menos com o “espírito” do capitalismo.

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d) A empresa capitalista e o empreendimento capitalista, não só como empreendedores ocasionais, mas também como empresas duradouras, existiam de longa data e em toda parte.e) É possível interpretar a reforma como “conseqüência histórica necessária” de certas mudanças econômicas.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 7: Política, pra quê?

7. Concepções de política

7.1 - Sentidos da palavra política

- Usamos a palavra política ora para significar uma atividade específica – o governo -, realizada por um certo tipo de profissional – o político -, ora para significar uma ação coletiva – o movimento estudantil nas ruas – de reivindicação de alguma coisa, feita por membros da sociedade e dirigida aos governos ou ao Estado. - Podemos usar a palavra política ainda noutro sentido. De fato, freqüentemente, encontramos expressões como “política universitária”, “política da escola”, “política do hospital”, “política da empresa”, “política sindical”.

Podemos, então, indagar: Afinal, o que é a política? É a atividade de governo? É a administração do que é público? É profissão de alguns especialistas? É açãocoletiva referida aos governos? Ou é tudo que se refira à organização e à gestão de uma instituição pública ou privada? No primeiro caso (governo e administração), usamos “política” para nos referirmos a uma atividade que exige formas organizadas de gestão institucional e, no segundo caso (gestão e organização de instituições), usamos “política” para nos referirmos ao fato de que organizar e gerir uma instituição envolve questões de poder. Em resumo: Política diz respeito a tudo quanto envolva relações de poder ou a tudo quanto envolva organização e administração de grupos?

Como veremos posteriormente, o crescimento das atribuições conferidas aos governos, sob a forma do Estado, levou a uma ampliação do campo das atividades políticas, que passaram a abranger

questões administrativas e organizacionais, decisões econômicas e serviços sociais. Essa ampliação acabou levando a um uso generalizado da palavra política para referir-se a toda modalidade de direção de grupos sociais que envolva poder, administração e organização.

Podemos, assim, distinguir entre o uso generalizado e vago da palavra política e um outro, mais específico e preciso, que fazemos quando damos a ela três significados principais inter-relacionados:1. o significado de governo, entendido como direção e administração do poder público, sob a forma do Estado. O senso comum social tende a identificar governo e Estado, mas governo e Estado são diferentes, pois o primeiro diz respeito a programas e projetos que uma parte da sociedade propõe para o todo que a compõe, enquanto o segundo é formado por um conjunto de instituições permanentes que permitem a ação dos governos.

Ao Estado confere-se autoridade para gerir o erário ou fundo público por meio de impostos, taxas e tributos, para promulgar e aplicar as leis que definem os costumes públicos lícitos, os crimes, bem como os direitos e as obrigações dos membros da sociedade. Também se reconhece como autoridade do governo ou do Estado o poder para usar a força (polícia e exército) contra aqueles que forem considerados inimigos da sociedade (criminosos comuns e criminosos políticos).

Confere-se igualmente ao governo ou ao Estado o poder para decretar a guerra e a paz. Exige-se dos membros da sociedade obediência ao governo ou ao Estado,

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mas reconhece-se o direito de resistência e de desobediência quando a sociedade julga o governo ou mesmo o Estado injusto, ilegal ou ilegítimo.

A política, neste primeiro sentido, refere-se, portanto, à ação dos governantes que detêm a autoridade para dirigir a coletividade organizada em Estado, bem como às ações da coletividade em apoio ou contrárias à autoridade governamental e mesmo à forma do Estado;

2. o significado de atividade realizada por especialistas – os administradores – e profissionais – os políticos -, pertencentes a um certo tipo de organização sociopolítica – os partidos -, que disputam o direito de governar, ocupando cargos e postos no Estado. Neste segundo sentido, a política aparece como algo distante da sociedade, uma vez que é atividade de especialistas e profissionais que se ocupam exclusivamente com o Estado e o poder. A política é feita “por eles” e não “por nós”, ainda que “eles” se apresentem como representantes “nossos”;

3. o significado, derivado do segundo sentido, de conduta duvidosa, não muito confiável, um tanto secreta, cheia de interesses particulares dissimulados e freqüentemente contrários aos interesses gerais da sociedade e obtidos por meios ilícitos ou ilegítimos. Este terceiro significado é o mais corrente para o sensocomum social e resulta numa visão pejorativa da política. Esta aparece como um poder distante de nós (passa-se no governo ou no Estado), exercido por pessoas diferentes de nós (os administradores e profissionais da política), através de práticas secretas que beneficiam quem as exerce e prejudicam o

restante da sociedade. Fala-se na política como “mal necessário”, que precisamos tolerar e do qual precisamos desconfiar. A desconfiança pode referir-se tanto aos atuais ocupantes dos postos e cargos políticos, quanto a grupos e organizações que lhes fazem oposição e pretendem derrubá-los, seja para ocupar os mesmos postos e cargos, seja para criar um outro Estado, através de uma revolução socioeconômica e política.

Cotidianamente, jornais, rádios, televisões mostram, no mundo inteiro, fatos políticos que reforçam a visão pejorativa da política: corrupção, fraudes, crimes impunes praticados por políticos, mentiras provocando guerras para satisfazer aos interesses econômicos dos fabricantes de armamentos, desvios de recursos públicos que deveriam ser usados contra a fome, as doenças, a pobreza, aumento das desigualdades econômicas e sociais, uso das leis com finalidades opostas aos objetivos que tiveram ao ser elaboradas, etc.

Ao lado desses fatos, não passa um dia sem que saibamos o modo desumano, autoritário, violento com que funcionários públicos, cujo salário é pago por nós (através de impostos), tratam a população que busca os serviços públicos.

Também contribui para a visão negativa da política a maneira como as leis estão redigidas, tornando-se incompreensíveis para a sociedade e exigindo que sejam interpretadas por especialistas, sem que tenhamos garantia de que as interpretam corretamente, se o fazem em nosso favor ou em favor de privilégios escondidos.

O que é curioso, porém, aumentando nossa percepção da política como algo paradoxal, é o fato de que só podemos opor-nos a tais fatos e lutar contra eles através

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da própria política, pois mesmo quando se faz uma guerra civil ou se realiza uma revolução, os motivos e objetivos são a política, isto é, mudanças na forma e no conteúdo do poder. Mesmo as utopias de emancipação do gênero humano contra todas as modalidades de servidão, escravidão, autoritarismo violência e injustiça concebem o término de poderes ilegítimos, mas não o término da própria política.

As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar empolítica, recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política existente continue tal qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política.

O vocabulário da políticaO historiador helenista Moses

Finley, estudando as sociedades grega e romana, concluiu que o que chamamos de política foi inventado pelos gregos e romanos.

Antes de examinarmos o que foi tal invenção, já podemos compreender a origem greco-romana do que chamamos de política pelo simples exame do vocabulário usado em política: democracia, aristocracia, oligarquia, tirania, despotismo, anarquia, monarquia são palavras gregas que designam regimes políticos; república, império, poder, cidade, ditadura, senado, povo, sociedade, pacto, consenso são palavras latinas que designam regimes políticos, agentes políticos, formas de ação política.

A palavra política é grega: ta politika, vinda de polis.

Polis é a Cidade, entendida como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos (politikos), isto é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais, portadores de dois direitos inquestionáveis, a isonomia (igualdade perante a lei) e a isegoria (o direito de expor e discutir em público opiniões sobre ações que a Cidade deve ou não deve realizar).

Ta politika são os negócios públicos dirigidos pelos cidadãos: costumes, leis, erário público, organização da defesa e da guerra, administração dos serviços públicos (abertura de ruas, estradas e portos, construção de templos e fortificações, obras de irrigação, etc.) e das atividades econômicas da Cidade (moeda, impostos e tributos, tratados comerciais, etc.).

Civitas é a tradução latina de polis, ortanto, a Cidade como ente público e coletivo. Res publica é a tradução latina para ta politika, significando, portanto, os negócios públicos dirigidos pelo populus romanus, isto é, os patrícios ou cidadãos livres e iguais, nascidos no solo de Roma.

Polis e civitas correspondem (imperfeitamente) ao que, no vocabulário político moderno, chamamos de Estado: o conjunto das instituições públicas (leis, erário público, serviços públicos) e sua administração pelos membros da Cidade.

Ta politika e res publica correspondem (imperfeitamente) ao que designamos modernamente por práticas políticas, referindo-se ao modo de participação no poder, aos conflitos e acordos na tomada de decisões e na definição das leis e de sua aplicação, no reconhecimento dos direitos e das obrigações dos membros da comunidade política e às decisões concernentes ao erário ou fundo público.

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Dizer que os gregos e romanos inventaram a política não significa dizer que, antes deles, não existiam o poder e a autoridade, mas sim que inventaram o poder e a autoridade políticos propriamente ditos. Para compreendermos o que se pretende dizer com isso, convém examinarmos como era concebido e praticado o poder nas sociedades não greco-romanas.7.2 - O poder despótico

Nas realezas existentes antes dos gregos, nos territórios que viriam a formar a Grécia – realezas micênicas e cretenses -, bem como as que existiam nos territórios que viriam a formar Roma – realezas etruscas -, assim como nos grandes impérios orientais – Pérsia, Egito, Babilônia, Índia, China – vigorava o poder despótico ou patriarcal .

Em grego, despotes, e, em latim, pater-familias, o patriarca, é o chefe de famíliaxiv cuja vontade absoluta é a lei: “Aquilo que apraz ao rei tem força de lei”. O poder era exercido por um chefe de família ou de famílias (clã, tribo, aldeia), cuja autoridade era pessoal e arbitrária, decidindo sobre a vida e a morte de todos os membros do grupo, sobre a posse e a distribuição das riquezas, a guerra e a paz, as alianças (em geral sob a forma de casamentos), o proibido e o permitido.

Assim constituído, o poder possuía as seguintes características:

despótico ou patriarcal: era exercido pelo chefe de família sobre um conjunto de famílias a ele ligadas por laços de dependência econômica e militar, por alianças matrimoniais, numa relação pessoal em que o chefe garantia proteção e os súditos ofereciam lealdade e obediência, jurando cumprir a vontade do primeiro;

despótico ou patriarcal: era exercido pelo chefe de família sobre um conjunto de famílias a ele ligadas por laços de dependência econômica

e militar, por alianças matrimoniais, numa relação pessoal em que o chefe garantia proteção e os súditos ofereciam lealdade e obediência, jurando cumprir a vontade do primeiro;

total : o detentor da autoridade

possuía poder supremo inquestionável para decidir quanto ao permitido e ao proibido (a lei exprime a vontade pessoal do chefe), para estabelecer os vínculos com o sagrado, isto é, com os deuses e antepassados (o chefe detém o poder religioso), para decidir quanto à guerra e à paz (o chefe detém o poder militar). A tomada de decisão cabia exclusivamente ao rei. Este possuía conselheiros (sacerdotes e militares), que o informavam e lhe sugeriam condutas e ações, mas a decisão cabia apenas a ele. O conselho era secreto, os motivos de uma decisão eram secretos, o que se passava entre o rei e seus conselheiros era secreto. Somente a decisão tornava-se pública, sob a forma de um decreto real;

incorporado ou corporificado: o

detentor do poder figurava em seu próprio corpo as características do poder, apresentando-se como manifestação da própria comunidade. Sua cabeça encarnava a autoridade que dirige, seu peito encarnava a vontade que ordena, seus membros superiores encarnavam os delegados que o representavam (sacerdotes e militares), seus membros inferiores encarnavam os súditos que o obedeciam. Essa figuração do poder no corpo do próprio rei indicava a existência de uma organização social fortemente hierarquizada, na qual cada indivíduo possuía um lugar fixo e predeterminado, só tendo existência social graças a esse lugar. O corpo do rei permitia não só figurar a hierarquia, mas também a

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forte centralização da autoridade, concentrada na cabeça e no peito do dirigente;

mágico: por receber a autoridade

dos deuses, o detentor do poder possuía força sobrenatural ou mágica. Sua palavra era um comando misterioso que fazia existir aquilo que era dito (o rei dizia “faça-se” e as coisas aconteciam simplesmente porque ele as havia dito e desejado); seus gestos e desejos tinham força para matar e curar, sua maldição destruía tudo quanto fosse amaldiçoado por ele, dele dependiam a fertilidade da terra, a vitória ou a derrota na guerra, o início ou o fimde uma peste, fenômenos meteorológicos, cataclismos;

transcendente: por ser de origem

divina, o rei era divinizado e acreditava-se em sua imortalidade como condição da preservação da comunidade. Essa divinização o colocava acima e fora da comunidade. Tal separação levava a considerar que o dirigente ocupava um lugar transcendente, graças ao qual via tudo, sabia tudo e podia tudo, tendo o império total sobre a comunidade;

hereditário: era transmitido ao

primogênito do rei ou, na falta deste, a um membro da família real. A família reinante constituía uma linhagem e uma dinastia, que só findava ou por falta de herdeiros diretos ou por usurpação do poder por uma outra família, que dava início a uma nova linhagem ou dinastia.

7.3 - A invenção da políticaQuando se afirma que os

gregos e romanos inventaram a política, o que se diz é que desfizeram aquelas características da autoridade e do poder. Embora,

nos começos, gregos e romanos tivessem conhecido a organização econômico-social de tipo despótico ou patriarcal, um conjunto de medidas foram tomadas pelos primeiros dirigentes – os legisladores – de modo a impedir a concentração dos poderes e da autoridade nas mãos de um rei, senhor da terra, da justiça e das armas, representante da divindade.

A propriedade da terra não se tornou propriedade régia ou patrimônio privado do rei, nem se tornou propriedade comunal ou da aldeia, mas manteve -se como propriedade de famílias independentes, cuja peculiaridade estava em não formarem uma casta fechada sobre si mesma, porém aberta à incorporação de novas famílias e de indivíduos ou não-proprietários enriquecidos no comércio.

Apesar das diferenças históricas na formação da Grécia e de Roma, há três aspectos comuns a ambas e decisivos para a invenção da política. O primeiro, como assinalamos há pouco, é a forma da propriedade da terra; o segundo, o fenômeno da urbanização; e o terceiro, o modo de divisão territorial das cidades.

Como a propriedade da terra não pertencia à aldeia nem ao rei, mas às famílias independentes, e como as guerras ampliavam o contingente de escravos, formou-se na Grécia e em Roma uma camada pobre de camponeses que migraram para as aldeias, ali se estabeleceram como artesãos e comerciantes, prosperaram, fizeram, das aldeias, cidades, passaram a disputar o direito ao poder com as grandes famílias agrárias. Uma luta de classes perpassa a história grega e romana exigindo solução.

A urbanização significou uma complexa rede de relações econômicas e sociais que colocava

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em confronto não só proprietários agrários, de um lado, e artesãos e comerciantes, de outro, mas também a massa de assalariados da população urbana, os não-proprietários, genericamente chamados de “os pobres”.A luta de classes incluía, assim, lutas entre os ricos e lutas entre ricos e pobres.

Tais lutas eram decorrentes do fato de que todos os indivíduos participavam das guerras externas, tanto para a expansão territorial, quanto para a defesa de sua cidade, formando as milícias dos nativos da cidade. Essa participação militarfazia com que todos se julgassem no direito, de algum modo, de intervir nas decisões econômicas e legais das cidades. A luta das classes pedia uma solução.

Essa solução foi a política. Finalmente, os primeiros chefes políticos ou legisladores introduziram uma divisão territorial das cidades que visava a diminuir o poderio das famílias ricas agrárias, dos artesãos e comerciantes urbanos ricos e à satisfazer a reivindicação dos camponeses pobres e dos artesãos e assalariados urbanos pobres. Em Atenas, por exemplo, a polis foi subdividida em unidades sociopolíticas denominadas demos; em Roma, em tribus.

Quem nascesse num demos ou numa tribus, independentemente de sua situação econômica, tinha assegurado o direito de participar das decisões da cidade. No caso de Atenas, todos os naturais do demos tinham o direito de participar diretamente do poder, donde o regime ser uma democracia. Em Roma, os nãoproprietários ou os pobres formavam a plebe, que tinha o direito de eleger um representante – o tribuno da plebe – para defender e garantir os interesses plebeus junto aos interesses e privilégios dos que participavam diretamente do

poder, os patrícios, que constituíam o populus romanus. O regime político romano era,assim, uma oligarquia.

Diante do poder despótico, gregos e romanos inventaram o poder político porque: separaram a autoridade pessoal

privada do chefe de família – senhorio patriarcal e patrimonial – e o poder impessoal público, pertencente à coletividade; separaram privado e público e impediram a identificação do poder político com a pessoa do governante. Os postos de governo eram preenchidos por eleições entre os cidadãos, de modo que o poder deixou de ser hereditário;

separaram autoridade militar e poder civil, subordinando a primeira ao segundo. Isso não significa que em certos casos, como em Esparta e Roma, o poder político não fosse também um poder militar, mas sim que as missões militares deviam ser, primeiro, discutidas e aprovadas pela autoridade política e só depois realizadas. Os chefes militares não eram vitalícios nem seus cargos eram hereditários, mas eram eleitos periodicamente pelas assembléias doscidadãos;

separaram autoridade mágico-religiosa e poder temporal laico, impedindo a divinização dos governantes. Isso não significa que o poder político deixasse de ter laços com a autoridade religiosa – os oráculos, na Grécia, e os augúrios, em Roma, eram respeitados firmemente pelo poder político. Significa, porém, que os dirigentes desejavam a aprovação e a proteção dos deuses, sem que isso implicasse a divinização dos governantes e a submissão da política à autoridade sacerdotal;

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criaram a idéia e a prática da lei como

expressão de uma vontade coletiva e pública, definidora dos direitos e deveres para todos os cidadãos, impedindo que fosse confundida com a vontade pessoal de um governante. Ao criarem a lei e o direito, afirmaram a diferença entre o poder político e todos os outros poderes e autoridades existentes na sociedade, pois conferiram a uma instância impessoal e coletiva o direito exclusivo ao uso da força para punir crimes, reprimir revoltas e matar para vingar, em nome da coletividade, um delito julgado intolerável por ela. Em outras palavras, retiraram dos indivíduos o direito de fazer justiça com as próprias mãos e de vingar por si mesmos uma ofensa ou um crime. O monopólio da força, da vingança e da violência passou para o Estado, sob a lei e o direito;

criaram instituições públicas para aplicação das leis e garantia dos direitos, isto é, os tribunais e os magistrados;

criaram a instituição do erário público

ou do fundo público, isto é, dos bens e recursos que pertencem à sociedade e são por ela administrados por meio de taxas, impostos e tributos, impedindo a concentração da propriedade e da riqueza nas mãos dos dirigentes;

criaram o espaço político ou espaço público – a assembléia grega e o senado romano -, no qual os que possuem direitos iguais de cidadania discutem suasopiniões, defendem seus interesses, deliberam em conjunto e decidem por meio do voto, podendo, também pelo voto, revogar uma decisão tomada. É esse o coração da invenção política. De fato, e como vimos, a marca do poder despótico

é o segredo, a deliberação e a decisão a portas fechadas. A política, ao contrário,introduz a prática da publicidade, isto é, a exigência de que a sociedade conheça as deliberações e participe da tomada de decisão.

Além disso, a existência do espaço público de discussão, deliberação e decisão significa que a sociedade está aberta aos acontecimentos, que as ações não foram fixadas de uma vez por todas por alguma vontade transcendente, que erros de avaliação e de decisão podem ser corrigidos, que uma ação pode gerar problemas novos, não previstos nem imaginados, que exigirão o aparecimento de novas leis e novas instituições. Em outras palavras, gregos e romanos tornaram a política inseparável do tempo e, como vimos no caso da ética, ligada à noção de possível ou de possibilidade, isto é, a idéia de uma criação contínua da realidade social.

Para responder às diferentes formas assumidas pelas lutas de classes, a política é inventada de tal maneira que, a cada solução encontrada, um novo conflito ou uma nova luta podem surgir, exigindo novas soluções. Em lugar de reprimir os conflitos pelo uso da força e da violência das armas, a política aparece como trabalho legítimo dos conflitos, de tal modo que o fracasso nesse trabalho é acausa do uso da força e da violência.

A democracia ateniense e as oligarquias de Esparta e da república romana fundaram a idéia e a prática da política na Cultura ocidental. Eis por que os historiadores gregos, quando a Grécia caiu sob o domínio do império de Alexandre da Macedônia, e os historiadores romanos, quando Roma sucumbiu ao domínio do império dos césares, falaram em corrupção e decadência da política:

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para eles, o desaparecimento da polis e da res publica significava o retorno ao despotismo e o fim da vida política propriamente dita.

Evidentemente, não devemos cair em anacronismos, supondo que gregos e romanos instituíram uma sociedade e uma política cujos valores e princípios fossem idênticos aos nossos. Em primeiro lugar, a economia era agrária e escravista, de sorte que uma parte da sociedade – os escravos – estava excluída dos direitos políticos e da vida política. Em segundo lugar, a sociedade era patriarcal e, conseqüentemente, as mulheres também estavam excluídas da cidadania e da vida pública. A exclusão atingia também os estrangeiros e os miseráveis.

A cidadania era exclusiva dos homens adultos livres nascidos no território da Cidade. Além disso, a diferença de classe social nunca era apagada, mesmo que os pobres tivessem direitos políticos. Assim, para muitos cargos, o pré-requisito da riqueza vigorava e havia mesmo atividades portadoras de prestígio que somente os ricos podiam realizar. Era o caso, por exemplo, da liturgia grega e do evergetismo romano, isto é, de grandes doações em dinheiro à cidade para festas, construção de templos e teatros, patrocínio de jogos esportivos, de trabalhos artísticos, etc.

O que procuramos apontar não foi a criação de uma sociedade sem classes, justa e feliz, mas a invenção da política como solução e resposta que uma sociedade oferece para suas diferenças, seus conflitos e suas contradições, sem escondê-los sob a sacralização do poder e sem fechar-se à temporalidade e às mudanças.

7.4 - Sociedade contra o EstadoExaminamos até aqui duas

grandes respostas sociais ao poder: a resposta despótica e a política. Em

ambas, a sociedade procura organizar-se economicamente – a forma da propriedade -, mantendo e mesmo criando diferenças sociais profundas entre proprietários e não-proprietários, ricos e pobres, livres e escravo s, homens e mulheres. Essas diferenças engendram lutas internas, que podem levar à destruição de todos os membros do grupo social.

Para regular os conflitos, determinar limites às lutas, garantir que os ricos conservem suas riquezas e os pobres aceitem sua pobreza, surge uma chefia que, como vimos, pode tomar duas direções: ou o chefe se torna senhor das terras, armas e deuses e transforma sua vontade em lei, ou o poder é exercido por uma parte da sociedade – os cidadãos -, através de práticas e instituições públicas fundadas na lei e no direito como expressão da vontade coletiva. Nos dois casos, surge o Estado como poder separado da sociedade e encarregado de dirigi-la, comandá-la, arbitrar os conflitos e usar a força. Há, porém, um terceiro caminho. Fomos acostumados pela tradição antropológica européia a considerar as sociedades existentes na América como atrasadas, primitivas e inferiores. Essa visão nasceu do processo de colonização e conquista, iniciado no século XVI. Os conquistadores e colonizadores que aportaram na América interpretaram as diferenças entre eles e os nativos americanos como distinção hierárquica entre superiores e inferiores: para eles os “índios” não tinham lei, rei, fé, escrita, moeda, comércio, História; eram seres desprovidos dos traços daquilo que, para o europeu cristão, súdito de monarquias, constituiria a civilização.

Sem dúvida, os conquistadores encontraram grandes impérios na América: incas, astecas e maias. Por

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isso, os destruíram a ferro e fogo, exterminando as gentes, pilhando as riquezas e erigindo igrejas sobre seus templos. Todavia, exceto por esses impérios destruídos, os conquistadores encontraram as demais nações americanas organizadas de maneira incompreensível para os padrões europeus.

Transformaram o que eram incapazes de compreender em inferioridade dos americanos. Considerando-os selvagens e bárbaros, justificavam a escravidão, a evangelização e o extermínio.

A visão européia, depois compartilhada pelos brancos americanos, era e é etnocêntrica, isto é, considera padrões, valores e práticas dos brancos adultos proprietários europeus como universais e definidores da Cultura e da civilização.

Para o etnocentrismo, portanto, os nativos americanos possuíam e possuemsociedades carentes: falta-lhes o mercado (moeda e comércio), a escrita (alfabética), a História e o Estado. Possuem, portanto, sociedades sem comércio, sem escrita, sem memória e sem Estado.

O antropólogo francês Pierre Clastres estudou essas sociedades por um prisma completamente diferente, longe do etnocentrismo costumeiro. Mostrou que possuem escrita, mas que esta não é alfabética nem ideográfica ou hieroglífica(isto é, não é a escrita conhecida pelos ocidentais e orientais), mas é simbólica, gravada nos corpos das pessoas por sinais específicos, inscrita com sinais específicos em objetos determinados e em espaços determinados. Somos nós que não sabemos lê-la.

Mostrou também que possuem memória – mitos e narrativas dos povos -, transmitida oralmente de

geração em geração, transformando-se de geração em geração. Mostrou, pelas mudanças na escrita e na memória, que tais sociedades possuem História, mas que esta é inseparável da relação dos povos com a Natureza, diferentemente da nossa História, que narra como nos separamos da Natureza e como a dominamos. Mas, sobretudo, mostrou por que e como tais sociedades são contra o mercado e contra o Estado. Em outras palavras, não são sociedades sem comércio e sem Estado, mas contrárias a eles.

As sociedades indígenas estudadas por Clastres são sul-americanas, encontrando-se num estágio anterior ao das sociedades indígenas da América do Norte e dos três grandes impérios situados no México, na América Central e no norte da América do Sul. São, portanto, sociedades que não se organizaram na forma das chefias norte-americanas nem dos grandes impérios, mas inventaram uma organização deliberada para evitar aquelas duas formas de poder.

As sociedades indígenas são tribais ou comunais. Nelas, não há propriedade privada nem divisão social do trabalho, não havendo, portanto, classes sociais nem luta de classes. A propriedade é tribal ou comum e o trabalho se divide por sexo e idade. São comunidades no sentido pleno do termo, isto é, são internamente homogêneas, unas e indivisas, possuindo uma História e um destino comuns. São sociedades do cara-a-cara, onde todos se conhecem pelo nome e são vistos uns pelos outros diariamente.

Por isso mesmo, nelas o poder não se destaca nem se separa, não forma umainstância acima dela (como na política), nem fora dela (como no despotismo). A chefia não é um poder de mando a que a comunidade

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obedece. O chefe não manda; a comunidade não obedece. A comunidade decide para si mesma, de acordo com suas tradições e necessidades.

A oposição se estabelece não no interior da comunidade, mas em seu exterior, isto é, nas relações com as outras comunidades, portanto, no que se refere àguerra e às alianças de sangue pelo casamento. A função da chefia é representar a comunidade perante outras comunidades.

O que é e o que faz o chefe, uma vez que não tem a função do poder, pois este pertence à comunidade e dela não se separa? O chefe possui três funções: doar presentes, fazer a paz e falar. Exprimindo a benevolência dos deuses e a prosperidade da comunidade, o chefe deve, em certos períodos, oferecer presentes a todos os membros da tribo, isto é, devolver a ela o que ela mesma produziu. A doação de presentes é a maneira deliberada que a comunidade inventou para impedir que alguém possa concentrar bens e riquezas, tornar-se proprietário privado, criar desigualdade econômica e social, de onde surgem a luta de classes e a necessidade do poder do Estado.

Quando famílias ou indivíduos entram em conflito, o chefe deve intervir. Não dispõe de códigos legais para arbitrar o conflito em nome da lei. Que faz ele? A paz. Como a obtém? Apelando para o bom senso das partes, aos bons sentimentos, à memória da comunidade, à tradição do bom convívio entre as pessoas. Em suma, através dele a comunidade fala para reafirmar-se como comunidade indivisa.

Excetuando-se a doação de presentes, a paz entre membros da comunidade, a diplomacia para tratar com outras comunidades aliadas e o direito a usar a força,

liderando os guerreiros durante a guerra, a grande função da chefia situa-se na fala ou na Grande Palavra. Todas as tardes, o chefe se dirige a um local distante da aldeia, mas visível e de onde possa ser ouvido, e ali discursa. Embora ouvido, ninguém deve dar-lhe atenção e o que ele diz não é ordem ou comando obrigando à obediência. Que diz ele? Diz a palavra do poder: canta sua força e coragem, seu prestígio, sua relação com os deuses, seus grandes feitos. Mas ninguém lhe dá atenção. Ninguém o escuta.

A Grande Palavra tem significado simbólico: a comunidade lembra a si mesma, diariamente, o risco e o perigo que correria se possuísse um chefe que lhe desse ordens e ao qual devesse obedecer. A Grande Palavra simboliza a maneira pela qual a comunidade impede o advento do poder como algo separado dela e que a comandaria pela coerção da lei e das armas. Com a cerimônia da Grande Palavra, a sociedade se coloca contra o surgimento do Estado.

Toda vez que o chefe não realiza as três funções internas e a função externa tais como a comunidade as define, todas as vezes que pretende usar suas funções para criar o poder separado, ele é morto pela comunidade.

Evidentemente, nossa tendência será dizer que tal organização é própria de povos pouco numerosos e de uma vida sócio-econômica muito simples, parecendo-nos, a nós, membros de sociedades complexas e de classes, uma vaga lembrança utópica. Pierre Clastres, porém, indaga: Por que outras comunidades, mundo afora, não foram capazes de impedir o surgimento da propriedade privada, das divisões sociais de castas e classes, das desigualdades que resultaram na necessidade de criar o poder separado, seja como poder

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despótico, seja como poder político? Por que, afinal, os homens sucumbiram à necessidade de criar o Estado como poder de coerção social?

7.5 - Filosofias políticas

A vida boaQuando lemos os filósofos

gregos e romanos, observamos que tratam a política como um valor e não como um simples fato, considerando a existência política como finalidade superior da vida humana, como a vida boa, entendida como racional, feliz e justa, própria dos homens livres. Embora considerem a forma mais alta de vida a do sábio contemplativo, isto é, do filósofo, afirmam que, para os não-filósofos, a vida superior só existe na Cidade justa e, por isso mesmo, o filósofo deve oferecer os conceitos verdadeiros que auxiliem na formulação da melhor política para a Cidade.

Política e Filosofia nasceram na mesma época. Por serem contemporâneas, diz-se que “a Filosofia é filha da polis” e muitos dos primeiros filósofos (os chamados pré-socráticos) foram chefes políticos e legisladores de suas cidades. Por sua origem, a Filosofia não cessou de refletir sobre o fenômeno político, elaborando teorias para explicar sua origem, sua finalidade e suas formas. A esses filósofos devemos a distinção entre poder despótico e poder político.

7.5.1 - Origem da vida políticaEntre as explicações sobre a

origem da vida política, três foram as principais e as mais duradouras:

1. As inspiradas no mito das Idades do Homem ou da Idade de Ouro. Em cada versão, a perda da Idade de Ouro é narrada de modo diverso,

porém, em todas, a narrativa relata uma queda dos humanos, que são afastados dos deuses, tornam-se mortais, vivem isoladamente pelas florestas, sem vestuário, moradia, alimentação segura, sempre ameaçados pelas feras e intempéries. Pouco a pouco, descobrem o fogo: passam a cozer os alimentos e a trabalhar os metais, constroem cabanas, tecem o vestuário, fabricam armas para a caça e proteção contra animais ferozes, formam famílias.

A última idade é a Idade do Ferro, em geral descrita como a era dos homens organizados em grupos, fazendo guerra entre si. Para cessar o estado de guerra, os deuses fazem nascer um homem eminente, que redigirá as primeiras leis e criará o governo. Nasce a política com a figura do legislador, enviado pelos deuses.

Com variantes, esse mito será usado na Grécia por Platão e, em Roma, por Cícero, para simbolizar a origem da política através das leis e da figura do legislador. Leis e legislador garantem a origem racional da vida política, a obra da razão sendo a ordem, a harmonia e a concórdia entre os humanos sob a forma da Cidade. A razão funda a política.

2. As inspiradas pela obra do poeta grego Hesíodo, O trabalho e os dias. Agora, a origem da vida política vincula-se à doação do fogo aos homens, feita pelo semideus Prometeu. Os homens viverão melhor, mas enfrentarão diversos conflitos. Os quais serão resolvidos através de acordos. É a teoria política defendida pelos sofistas. Nessa concepção, o desenvolvimento das técnicas e dos costumes leva a convenções entre os humanos para a vida em comunidade sob leis. A convenção funda a política.

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3. As teorias que afirmam que a política decorre da Natureza e que a Cidade existe por natureza. Os humanos são, por natureza, diferentes dos animais, porque são dotados do logos, isto é, da palavra como fala e pensamento. Por serem dotados da palavra, são naturalmente sociais ou, como diz Aristóteles, são animais políticos. Não é preciso buscar nos deuses, nas leis ou nas técnicas a origem da Cidade: basta conhecer a natureza humana para nela encontrar a causa da política. Os humanos, falantes e pensantes, são seres de comunicação e é essa a causa da vida em comunidade ou da vida política. Nessa concepção, a Natureza funda a política.

Na primeira teoria, a política é o remédio que a razão encontra para a perda da felicidade da comunidade originária. Na segunda, a política resulta do desenvolvimento das técnicas e dos costumes, sendo uma convenção humana. Na terceira, enfim, a política define a própria essência do homem, e a Cidade éconsiderada uma instituição natural. Enquanto as duas primeiras reelaboram racionalmente as explicações míticas, a terceira parte diretamente da definição danatureza humana.

7.5.2 - Finalidade da vida política

Para os gregos, a finalidade da vida política era a justiça na comunidade. A noção de justiça fora, inicialmente, elaborada em termos míticos, a partir de três figuras principais: themis, a lei divina que institui a ordem do Universo; cosmos, a ordem universal estabelecida pela lei divina; e dike, a justiça entre as coisas e entre os homens, no respeito às leis divinas e à ordem cósmica. Pouco a pouco, a noção de dike torna-se a regra

natural para a ação das coisas e dos homens e o critério para julgá-las.

A idéia de justiça se refere, portanto, a uma ordem divina e natural, que regula, julga e pune as ações das coisas e dos seres humanos. A justiça é a lei e a ordem do mundo, isto é, da Natureza ou physis. Lei (nomos), Natureza (physis) e ordem (cosmos) constituem, assim, o campo da idéia de justiça.

A invenção da política exigiu que as explicações míticas fossem afastadas – themis e dike deixaram de ser vistas como duas deusas que impunham ordem e leis ao mundo e aos seres humanos, passando a significar as causas que fazem haver ordem, lei e justiça na Natureza e na polis. Justo é o que segue a ordem natural e respeita a lei natural. Mas a polis existe por natureza ou por convenção entre os homens? A justiça e a lei política são naturais ou convencionais? Essas indagações colocam, de um lado, os sofistas, defensores do caráter convencional da justiça e da lei, e, de outro lado, Platão e Aristóteles, defensores do caráter natural da justiça e da lei.

Para os sofistas, a polis nasce por convenção entre os seres humanos quando percebem que lhes é mais útil a vida em comum do que em isolamento.

Convencionam regras de convivência que se tornam leis, nomos. A justiça é o consenso quanto às leis e a finalidade da política é criar e preservar esse consenso.

Se a polis e as leis são convenções humanas, podem mudar, se mudarem ascircunstâncias. A justiça será permitir a mudança das leis sem que isso destrua a comunidade política, e a única maneira de realizar mudanças sem destruição da ordem política é o debate para chegar ao consenso, isto é, a expressão pública da

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vontade da maioria, obtida pelo voto.Por esse motivo, os sofistas se

apresentavam como professores da arte da discussão e da persuasão pela palavra (retórica). Mediante remuneração, ensinavam os jovens a discutir em público, a defender e combater opiniões, ensinando-lhes argumentos persuasivos para os prós e os contras em todas as questões.

A finalidade da política era a justiça entendida como concórdia, conseguida nadiscussão pública de opiniões e interesses contrários. O debate dos opostos, a exposição persuasiva dos argumentos antagônicos, deviam levar à vitória do interesse mais bem argumentado, aprovado pelo voto da maioria.

Em oposição aos sofistas, Platão e Aristóteles afirmam o caráter natural da polis e da justiça. Embora concordem sob esse aspecto, diferem no modo como concebem a própria justiça.

Para Platão, os seres humanos e a polis possuem a mesma estrutura. Os humanos são dotados de três almas ou três princípios de atividade: a alma concupiscente ou desejante (situada no ventre), que busca satisfação dos apetites do corpo, tanto os necessários à sobrevivência, quanto os que, simplesmente, causam prazer; a alma irascível ou colérica (situada no peito), que defende o corpo contra as agressões do meio ambiente e de outros humanos, reagindo à dor na proteção de nossa vida; e a alma racional ou intelectual (situada na cabeça), que se dedica ao conhecimento, tanto sob a forma de percepções e opiniões vindas da experiência, quanto sob a forma de idéias verdadeiras contempladas pelo puro pensamento.

Também a polis possui uma estrutura tripartite, formada por três classes sociais: a classe econômica dos proprietários de terra, artesãos e

comerciantes, que garante a sobrevivência material da cidade; a classe militar dos guerreiros, responsável pela defesa da cidade; e a classe dos magistrados, que garante o governo da cidade sob as leis.

Por seu turno, Aristóteles terá uma teoria política diversa da dos sofistas e dePlatão. Para determinar o que é a justiça, diz ele, precisamos distinguir dois tipos debens: os partilháveis e os participáveis. Um bem é partilhável quando é uma quantidade que pode ser dividida e distribuída – a riqueza é um bem partilhável.

Um bem é participável quando é uma qualidade indivisível, que não pode ser dividida nem distribuída, podendo apenas ser participada – o poder político é um bem participável. Existem, pois, dois tipos de justiça na Cidade: a distributiva, referente aos bens econômicos; e a participativa, referente ao poder político. A Cidade justa saberá distingui-las e realizar ambas.

A justiça distributiva consiste em dar a cada um o que é devido e sua função é dar desigualmente aos desiguais para torná-los iguais. Suponhamos, por exemplo, que a polis esteja atravessando um período de fome em decorrência de secas ou enchentes e que adquira alimentos para distribuí-los a todos. Para ser justa, a Cidade não poderá reparti-los de modo igual para todos. De fato, aos que são pobres, deve doá-los, mas aos que são ricos, deve vendê-los, de modo a conseguir fundos para aquisição de novos alimentos. Se doar a todos ou vender a todos, será injusta. Também será injusta se atribuir a todos as mesmas quantidades de alimentos, pois dará quantidades iguais para famílias desiguais, umas mais numerosas do que outras.

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A função ou finalidade da justiça distributiva sendo a de igualar os desiguais, dando-lhes desigualmente os bens, implica afirmar que numa cidade onde a diferença entre ricos e pobres é muito grande vigora a injustiça, pois não dá a todos o que lhes é devido como seres humanos. Na cidade injusta, em lugar de permitirem aos pobres o acesso às riquezas (por meio de limitações impostas à extensão da propriedade, de fixação da boa remuneração do trabalho dos trabalhadores pobres, de impostos e tributos que recaiam sobre os ricos apenas, etc.), vedam-lhes tal direito. Ora, somente os que não são forçados às labutas ininterruptas para a sobrevivência são capazes de uma vida plenamente humana e feliz. A Cidade injusta, portanto, impede que uma parte dos cidadãos tenha assegurado o direito à vida boa.

A justiça política consiste em respeitar o modo pelo qual a comunidade definiu a participação no poder. Essa definição depende daquilo que a Cidade mais valoriza, os regimes políticos variando em função do valor mais respeitado pelos cidadãos.

Há Cidades que valorizam a honra (isto é, a hierarquia social baseada no sangue, na terra e nas tradições), julgando o poder a honra mais alta que cabe a um só: tem-se a monarquia, onde é justo que um só participe do poder. Há Cidades que valorizam a virtude como excelência de caráter (coragem, lealdade, fidelidade ao grupo e aos antepassados), julgando que o poder cabe aos melhores: tem-se a aristocracia, onde é justo que somente alguns participem do poder. Há Cidades que valorizam a igualdade (são iguais os que são livres), consideram a diferença entre ricos e pobres econômica e não política, julgando que todos possuem o direito de participar do poder: tem-

se a democracia, onde é justo que todos governem.

7.5.3 - Os regimes políticosDois vocábulos gregos são

empregados para compor as palavras que designam os regimes políticos: arche – o que está à frente, o que tem comando – e kratos – o poder ou autoridade suprema. As palavras compostas com arche (arquia)designam quantos estão no comando. As compostas com kratos (cracia) designam quem está no poder.

Assim, do ponto de vista da arche, os regimes políticos são: monarquia ou governo de um só (monas), oligarquia ou governo de alguns (oligos), poliarquia ou governo de muitos (polos) e anarquia ou governo de ninguém (ana).

Do ponto de vista do kratos, os regimes políticos são: autocracia (poder de uma pessoa reconhecida como rei), aristocracia (poder dos melhores), democracia (poder do povo).

Na Grécia e na Roma arcaicas predominaram as monarquias. No entanto, embora os antigos reis afirmassem ter origem divina e vontade absoluta, a sociedade estava organizada de tal forma que o governante precisava submeter as decisões a um Conselho de Anciãos e à assembléia dos guerreiros ou chefes militares. Isso fez com que, pouco a pouco, o regime se tornasse oligárquico, ficando nas mãos das famílias mais ricas e militarmente mais poderosas, cujos membros se consideravam os “melhores”, donde a formação da aristocracia.

O único regime verdadeiramente democrático foi o de Atenas. Nas demaiscidades gregas e em Roma, o regime político era oligárquico-aristocrático, as famílias ricas sendo hereditárias no poder, mesmo quando admitiam a

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entrada de novos membros no governo, pois as novas famílias também se tornavam hereditárias.

Devemos a Platão e a Aristóteles duas idéias políticas, elaboradas a partir da experiência política antiga: a primeira delas é a distinção entre regimes políticose não-políticos; a segunda, a da transformação de um regime político em outro.

Um regime só é político se for instituído por um corpo de leis publicamente reconhecidas e sob as quais todos vivem, governantes e súditos, governantes e cidadãos. Em suma, é político o regime no qual os governantes estão submetidos às leis. Quando a lei coincide com a vontade pessoal e arbitrária do governante, não há política, mas despotismo e tirania. Quando não há lei de espécie alguma, não há política, mas anarquia.

A presença ou ausência da lei conduz à idéia de regimes políticos legítimos e ilegítimos. Um regime é legítimo quando, além de legal, é justo (as leis são feitas segundo a justiça); um regime é ilegítimo quando a lei é injusta ou quando é contrário à lei, isto é, ilegal, ou, enfim, quando não possui lei alguma.

Os regimes políticos se transformam em decorrência de mudanças econômicas – aumento do número de ricos e diminuição do número de pobres, diminuição do número de ricos e aumento do número de pobres – e de resultados de guerras – conquistas de novos territórios e populações, submissão a vencedores queconquistam a Cidade.

Presença ou ausência da lei, variação econômica e militar determinam, segundo Platão e Aristóteles, a corrupção ou decadência dos regimes políticos: a monarquia degenera em tirania, quando um só governa para servir aos seus interesses pessoais; a

aristocracia degenera em oligarquia dos muito ricos –plutocracia – ou dos guerreiros – timocracia -, que também governam apenas em seu interesse próprio; a democracia degenera em demagogia e esta, em anarquia.

Em geral, a anarquia leva à tirania, quando a sociedade, desgovernada, apela para um homem superior aos outros no manejo das armas e dos argumentos, nelebuscando a salvação.

A tipologia platônico-aristotélica segundo o valor dos que participam do poder e a teoria da decadência ou corrupção dos regimes políticos serão mantidas até o século XVIII, aparecendo com vigor numa das obras políticas mais importantes da Ilustração, O espírito das leis, de Montesquieu. Nessa obra, encontramos também uma idéia desenvolvida por Aristóteles, para quem a variação dos regimes políticos depende de dois fatores principais: a natureza ou índole do povo e a extensão do território.

Assim, por exemplo, um povo cuja índole ou natureza tende espontaneamente para a igualdade e a liberdade e cuja Cidade é de pequena extensão territorial, naturalmente instituirá uma democracia e será mal-avisada se a substituir por um outro regime. Em contrapartida, um povo cuja índole ou natureza tende espontaneamente para a obediência a uma única autoridade e que vive num território extenso, naturalmente instituirá a monarquia, sendo desavisada se a substituir por outro regime político. Em outras palavras, os filósofos gregos legaram ao Ocidente a idéia de regimes políticos naturais.

7.5.4 - Romanos: a construção do príncipe

Após o primeiro período de sua história política, a época arcaica

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e lendária dos reis patriarcais, semi-humanos e semi-divinos, Roma torna-se uma república aristocrática governada pelos grandes senhores de terras, os patrícios, e pelos representantes eleitos pela plebe, os tribunos da plebe. O poder cabe a uma instituição designada como o Senado e o Povo Romano, que pode, em certas circunstâncias previstas na lei, receber os “homens novos”, isto é, os plebeus que, por suas riquezas, casamentos ou feitos militares, passam a fazer parte do grupo governante. Roma é uma república por três motivos principais: 1. o governo está submetido a leis escritas impessoais; 2. a res publica (coisa pública) é o solo público romano, distribuído às famílias patrícias, mas pertencentes legalmente aRoma;3. o governo administra os fundos públicos (recursos econômicos provenientes de impostos, taxas e tributos), usando-os para a construção deestradas, aquedutos, templos, monumentos e novas cidades, e para a manutenção dos exércitos.

No centro do governo estavam dois cônsules, eleitos pelo Senado e pelo PovoRomano, aos quais eram entregues dois poderes: o administrativo (gestão dos fundos e serviços públicos) e o imperium, isto é, o poder judiciário e militar. O Senado reservava para si duas autoridades: o conselho dos magistrados e a autoridade moral sobre a religião e a política.

República oligárquica, Roma é uma potência com vocação militar. Em 50 anos,conquista todo o mundo conhecido, com exceção da Índia e da China. Esse feito é obra militar dos cônsules que, como dissemos, foram investidos com o imperium (poder

judiciário e militar). São imperadores.

Pouco a pouco, à medida que Roma se torna uma potência mundial, alguns dos cônsules (Júlio César, Numa, Pompeu) reivindicam mais poder e mais autoridade, que lhes vão sendo concedidos pelo Senado e pelo Povo Romano.

Gradualmente, sob a aparência de uma república aristocrática, instala-se uma república monárquica, que se inicia com Júlio César e se consolidará nas mãos de Augusto. Com ele, a monarquia irá perdendo o caráter republicano até substituir o consulado, tornando-se senhorial e instituir-se como Principado. O príncipe é imperador: chefe militar, detentor do poder judiciário, magistrado, senhor das terras do império romano, autoridade suprema.

Essa mudança transparece na teoria política. Embora esta continue afirmando os valores republicanos – importância das leis, do direito e das instituições públicas, particularmente do Senado e Povo Romano – a preocupação dos teóricos estará voltada para a figura do príncipe.

Inspirando-se no governante-filósofo de Platão, os pensadores romanos, como Cícero e Sêneca, produzirão o ideal do príncipe perfeito ou do Bom Governo. A nova teoria política mantém a idéia grega de que a comunidade política tem como finalidade a vida boa ou a justiça, identificada com a ordem, harmonia ou concórdia no interior da Cidade. No entanto, agora, a justiça dependerá das qualidades morais do governante. O príncipe deve ser o modelo das virtudes para a comunidade, pois ela o imitará.

Na verdade, os pensadores romanos viram-se entre duas teorias: a platônica, que pretendia chegar à política legítima e justa educando

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virtuosamente os governantes; e a aristotélica, que pretendia chegar à política legítima e justa propondo qualidades positivas para as instituições da Cidade, das quais dependiam as virtudes dos cidadãos. Entre as duas, os romanos escolheram a platônica, mas tenderam a dar menor importância à organização política da sociedade (as três classes platônicas) e maior importância à formação do príncipe virtuoso.

O príncipe, como todo ser humano, é passional e racional, porém, diferentemente dos outros humanos, não poderá ceder às paixões, mas apenas à razão. Por isso, deve ser educado para possuir um conjunto de virtudes que são próprias do governante justo, ou seja, as virtudes principescas. O verdadeiro vir (varão, em latim) possui três séries de virtutes ou qualidades morais. A primeira delas é comum a todo homem virtuoso, sendo constituída pelas quatro virtudes cardeais: sabedoria ou prudência, justiça ou eqüidade, coragem e temperança ou moderação. A segunda série constitui o conjunto das virtudes propriamente principescas: honradez ou disposição para manter os princípios em todas as circunstâncias, magnanimidade ou clemência, isto é, capacidade para dar punição justa e para perdoar, e liberalidade, isto é, disposição para colocar sua riqueza a serviço do povo. Finalmente, a terceira série de virtudes refere-se aos objetivos que devem ser almejados pelo príncipe virtuoso: honra, glória e fama.

7.5.5 - O poder teológico-político: o cristianismo

Para compreendermos as teorias políticas cristãs precisamos ter em mente as duas tradições que o cristianismo recebe como herança e sobre as quais elaborará suas

próprias idéias: a hebraica e a romana.

Os hebreus, embora tenham conhecido várias modalidades de governo – patriarcas, juízes, reis -, deram ao poder, sob qualquer forma em que fosse exercido, uma marca fundamental irrevogável: o caráter teocrático. Em outras palavras, consideravam eles que o poder, em sua plenitude e verdade, pertence exclusivamente a Deus e que este, por meio dos anjos e dos profetas, elege o dirigente ou os dirigentes. O poder (kratos) pertence a Deus (theos), donde: teocracia. Além disso, os hebreus se fizeram conhecer não só como Povo de Deus, mas também como Povo da Lei (a lei divina doada a Moisés e codificada por escrito). A legalidade era algo tão profundo que, quando o cristianismo se constitui como nova religião, fala-se na Antiga Lei (a aliança de Deus com o povo, prometida a Noé, Abraão e dada a Moisés) e na Nova Lei (a nova aliança de Deus com o povo, através do messias Jesus).

Do lado romano, o processo que viemos descrevendo acima prosseguiu e, no período em que o cristianismo se expande e se encontra em vias de tornar-se religião oficial do Império Romano, o príncipe já se encontra investido de novos poderes. Sendo Roma senhora do Universo, o imperador romano tenderá a ser visto como senhor do Universo, ocupando o topo da hierarquia do mundo, em cujo centro está Roma, a Cidade Eterna.

A elaboração da teoria política cristã como teologia política resultará da apropriação dessa dupla herança pelo poder eclesiástico.

O poder teológico-políticoO poderio da Igreja cresce à

medida que se esfacela e desmorona o Império Romano. Dois motivos levam a esse crescimento: em

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primeiro lugar, a expansão do próprio cristianismo pela obra da evangelização dos povos, realizada pelos padres nos territórios do Império Romano e para além deles; em segundo lugar, porque o esfacelamento de Roma, do qual resultará, nos séculos seguintes, a formação sócio-econômica conhecida como feudalismo, fragmentou a propriedade da terra (anteriormente, tida como patrimônio de Roma e do imperador) e fez surgirem pequenos poderes locais isolados, de sorte que o único poder centralizado e homogeneamente organizado era o da Igreja.

A Igreja (tanto em Roma quanto em Bizâncio, tanto no Ocidente quanto no Oriente) detém três poderes crescentes, à medida que o Império decai: 1. o poder religioso de ligar os homens a Deus e dele desligá-los; 2. o poder econômico decorrente de grandes propriedades fundiárias acumuladas no correr de vários séculos, seja porque os nobres do Império, ao se converterem, doaram suas terras à instituição eclesiástica, seja porque esta recebera terras como recompensa por serviços prestados aos imperadores; 3. o poder intelectual, porque se torna guardiã e intérprete única dos textos sagrados – a Bíblia – e de todos os textos produzidos pela cultura greco-romana – direito, filosofia, literatura, teatro, manuais de técnicas, etc. Saber ler e escrever tornou-se privilégio exclusivo da instituição eclesiástica. Será a Igreja, portanto, a formuladora das teorias políticas cristãs para os reinos e impérios cristãos. Essas teorias elaborarão a concepção teológico-política do poder, isto é, o vínculo interno entre religião e política.

As teorias teológico-políticas

Na elaboração da teologia política, os teóricos cristãos dispunham de três fontes principais: a Bíblia latina, os códigos dos imperadores romanos, conhecidos como Direito Romano, e as idéias retiradas de algumas poucas obras conhecidas de Platão, Aristóteles e sobretudo Cícero.

De Platão, vinha a idéia da comunidade justa, organizada hierarquicamente e governada por sábios legisladores. De Aristóteles, vinha a idéia de que a finalidade do poder era a justiça, como bem supremo da comunidade. De Cícero, a idéia do Bom Governo do príncipe virtuoso, espelho para a comunidade. De todos eles, a idéia de que a política era resultado da Natureza e da Razão.

No entanto, essas idéias filosóficas precisavam ser conciliadas com a outra fonte do conhecimento político, a Bíblia. E a conciliação não era fácil, uma vez que aEscritura Sagrada não considera o poder como algo natural e originado da razão, mas proveniente da vontade de Deus, sendo, portanto, teocrático.

As teorias do poder teológico-político, embora tenham recebido diferentes formulações no correr da Idade Média, variando conforme as condições históricas exigiam, apresentavam os seguintes pontos em comum:

* o poder é teocrático, isto é, pertence a Deus e dele vem aos homens por ele escolhidos para representá-lo O regime político é a monarquia teocrática em que o monarca é rei pela graça de Deus. A comunidade política se forma pelo pacto de submissão dos súditos ao rei;* o rei traz a lei em seu peito e o que apraz ao rei tem força de lei. O rei é, portanto, a fonte da lei e da justiça –

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afirma-se que é pai da lei e filho da justiça.Sendo autor da lei e tendo o poder pela graça de Deus, está acima das leis e não pode ser julgado por ninguém, tendo poder absoluto. O fundamento dessa idéia é retirado de um preceito do Direito Romano que afirma: “Ninguém pode dar o que não tem e ninguém pode tirar o que não deu”.

Se não foi o povo quem deu o poder ao rei, pois o povo não tem o poder, uma vez que este a Deus pertence, o povo também não pode julgar o rei nem tirar-lhe o poder. Se um rei for tirânico e injusto, nem assim os súditos podem resistir-lhe nem depô-lo, pois ele está no poder pela vontade de Deus, que, para punir os pecados do povo, o faz sofrer sob um tirano. Este é um flagelo de Deus. * o príncipe cristão deve possuir o conjunto das virtudes cristãs – fé, esperança e caridade – e o conjunto das virtudes definidos por Cícero e Sêneca como próprias do Bom Governo. Sendo o espelho da comunidade, em sua pessoa devem estar encarnadas as qualidades cristãs que a comunidade deve imitar.

Mesmo que considere a política algo natural – como dizia Aristóteles e dirão vários teólogos, como são Tomás de Aquino – e mesmo que se considere que a comunidade política é obra da razão – como diziam Platão e Cícero e afirmarão vários teólogos, como Guilherme de Ockham -, ainda assim, a finalidade suprema do poder político, isto é, o bem e a justiça, não são estritamente terrenos ou temporais, mas espirituais. O príncipe é responsável pela finalidade mais alta da política: a salvação eterna de seus súditos;

a comunidade e o rei formam o

corpo político: a cabeça é a coroa ou o rei, o peito é a legislação sob a guarda dos magistrados e conselheiros do rei, os membros superiores são os senhores ou barões que formam os exércitos do rei e a ele estão ligados por juramento de fidelidade ou de vassalagem, e os membros inferiores são o povo que trabalha para o sustento do corpo político. A polis platônica é, assim, transformada no corpo político do rei ;

a hierarquia política e social é considerada ordenada por Deus e natural. O mundo é um cosmos, isto é, uma ordem fixa de lugares e funções que cada ser (minerais, vegetais, animais e humanos) ocupa necessariamente e nos quais realiza sua natureza própria. Os seres do cosmos estão distribuídos em graus e o grau inferior deve obediência ao superior, submetendo-se a ele.

No caso da comunidade política, a hierarquia obedece aos critérios das funções e da riqueza, formando ordens sociais e corpos ou corporações que são órgãos do corpo político do rei. Não existe a idéia de indivíduo, mas de ordem ou corporação a que cada um pertence por vontade divina, por natureza e por hereditariedade, ninguém podendo subir ou descer na hierarquia a não ser por vontade expressa do rei. Cada um nasce, vive e morre no mesmo lugar social, transmitindo-o aos descendentes.

Esse papel central que as teorias conferem à idéia de cosmos hierárquico responde a três exigências práticas: manter a concepção imperial romana e eclesiástica, manter a concepção teocrática judaica e, sobretudo, oferecer uma garantia teórico-política a uma sociedade fragmentada em propriedades isoladas e espalhadas pelo antigo território do Império para as quais já

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não existe a referência urbana de Roma;

no topo da hierarquia encontram-se o

papa e o imperador. O primeiro exige o poder espiritual, o segundo, o temporal. Dada a ruralização da vida econômico-social e sua fragmentação, cada região possui um conjunto de senhores que escolhe um rei entre seus pares, garantindo-lhe – e à sua dinastia – a permanência indefinida no poder. Este só passa a outro rei se o reinante morrer sem herdeiro do sexo masculino, ou se trair seus pares e for por eles deposto, ou se houver uma guerra na qual seja derrotado e o vencedor tenha força para reivindicar o poder régio. A assembléia dos reis subordina-se ao Grande Rei ou imperador da Europa (Sacro Império Romano-Germânico), que possui o poder teocrático, isto é, ele é escolhido por Deus e não pelos outros reis;

a justiça, finalidade da comunidade

cristã, é a hierarquia de submissão e obediência do inferior ao superior, pois é essa a ordem natural criada pela lei divina. A vida temporal é inferior à vida espiritual e por isso a finalidade maior do governante é a salvação da alma imortal de seus súditos, pela qual responderá perante Deus.

O dualismo do poderNo final da Idade Média,

sobretudo com a retomada das obras de Aristóteles pelos teólogos, haverá um esforço para separar a Cidade de Deus – a Igreja – e a Cidade dos Homens – a comunidade política.

Considera-se que a primeira foi instituída e fundada diretamente por Deus com a doação das Chaves do Reino aos apóstolos, mas a segunda foi instituída ou fundada pela Natureza, que fez o homem um ser racional e um animal político.

Sem dúvida, a boa cidade é a cidade dos homens cristã, em harmonia com a Cidade de Deus, mas as instituições políticas devem ser consideradas humanas, criadas em concordância com a ordem e a lei naturais, derivadas da lei divina eterna.

Um dos teóricos mais importantes da naturalidade da política é o teólogo sãoTomás de Aquino, para quem, sendo o homem um animal social, a sociabilidadenatural já existia no Paraíso, antes da queda e da expulsão dos seres humanos.

Após o pecado original, os seres humanos não perderam sua natureza sociável e, por isso, naturalmente organizaram-se em comunidades, deram-se leis e instituíram as relações de mando e obediência, criando o poder político.

Diferentemente de santo Agostinho, para quem o pecado tornara o homem perverso e violento, injusto e fundador da Cidade dos Homens, injusta como ele, para são Tomás, os humanos perderam a inocência original, mas não perderam a natureza original que lhes fora dada por Deus. Por esse motivo, neles permaneceu o senso de justiça, entendida como o dever de dar a cada um o que lhe é devido, e com ela fundaram a comunidade política.

A finalidade da comunidade política é a ordem – o inferior deve obedecer ao superior – e a justiça – dar a cada um segundo suas necessidades e méritos.

Ordem e justiça definem a comunidade política como o único instrumento humano legítimo para assegurar o bem comum.

Na mesma linha de separação entre poder espiritual da Igreja e poder temporal da comunidade política, encontra-se o teólogo inglês Guilherme de Ockham, que, para

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melhor definir a justiça e o bem comum, introduz a idéia de direito subjetivo natural .

Para que a comunidade política possa realizar a justiça, isto é, dar a cada um o que lhe é devido segundo suas necessidades e seus méritos, é preciso que o legislador e o magistrado possuam um critério ou uma medida que defina o justo.

Essa medida é o direito subjetivo natural de cada um e de todos os homens como o direito à vida, à consciência e aos bens materiais e espirituais necessários à garantia da vida e da consciência.

Com são Tomás e Ockham, novas idéias são trazidas à teoria política, ainda que continue teológica, isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante da tradição teocrática medieval, são novas as idéias de comunidade política natural, lei humana política e direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados de consciência e de vontade.

Os dois teólogos mantêm a idéia de bom governo do príncipe cristão virtuoso e a de que a monarquia é a forma natural e melhor de governo, a mais adequada para realizar a justiça como bem comum. Conservam também a idéia de hierarquia natural criada pela lei divina eterna e concretizada pela lei natural. Finalmente, introduzem o primeiro esboço do que viria a ser conhecido, com a Reforma Protestante, como o direito de resistência dos súditos do tirano.

Os governados não podem depor nem matar o tirano, mas podem resistir a ele, buscando instrumentos legais que contestem sua autoridade, forçando-o a abdicar do poder. Um dos instrumentos legais mais importantes para isso é a idéia de direito subjetivo natural: quando este é violado pelo governante, o governo se torna ilegítimo, o pacto de submissão

perde a validade e o governante deve abdicar do poder.

7.6 - O ideal republicano

Contexto Medieval

- Renascimento Comercial e Urbano- Corporações de ofício- Surgimento da burguesia- Conflitos entre a burguesia e os setores ligados ao regime feudal. - Renascimento Cultural

Nesse ambiente, entre 1513 e 1514, em Florença, é escrita a obra que inaugura o pensamento político moderno: O príncipe, de Maquiavel.

7.6.1 - A revolução maquiavelistaDiferentemente dos teólogos,

que partiam da Bíblia e do Direito Romano para formular teorias políticas, e, diferentemente dos contemporâneos renascentistas, que partiam das obras dos filósofos clássicos para construir suas teorias políticas, Maquiavel parte da experiência real de seu tempo.

Foi diplomata e conselheiro dos governantes de Florença, via as lutas européias de centralização monárquica (França, Inglaterra, Espanha, Portugal), viu a ascensão da burguesia comercial das grandes cidades e sobretudo viu a fragmentação da Itália, dividida em reinos, ducados, repúblicas e Igreja. A compreensão dessas experiências históricas e a interpretação do sentido delas o conduziram à idéia de que uma nova concepção da sociedade e da política tornara-se necessária, sobretudo para a Itália e para Florença.

Sua obra funda o pensamento político moderno porque busca oferecer respostas novas a uma situação histórica nova, que seus contemporâneos tentavam compreender lendo os autores antigos, deixando escapar a

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observação dos acontecimentos que ocorriam diante de seus olhos.

Se compararmos o pensamento político de Maquiavel com os quatro pontos nos quais resumimos a tradição política, observaremos por onde passa a ruptura maquiavelista:1. Maquiavel não admite um fundamento anterior e exterior à política (Deus, Natureza ou razão). Toda Cidade, diz ele em O príncipe, está originariamente dividida por dois desejos opostos: o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser oprimido nem comandado. Essa divisão evidencia que a Cidade não é uma comunidade homogênea nascida da vontade divina, da ordem natural ou da razão humana. Na realidade, a Cidade é tecida por lutas internas que a obrigam a instituir um pólo superior que possa unificá-la e dar-lhe identidade. Esse pólo é o poder político. Assim, a política nasce das lutas sociais e é obra da própria sociedade para dar a si mesma unidade e identidade. A política resulta da ação social a partir das divisões sociais;2. Maquiavel não aceita a idéia da boa comunidade política constituída para o bem comum e a justiça. Como vimos, o ponto de partida da política para ele é a divisão social entre os grandes e o povo. A sociedade é originariamente dividida e jamais pode ser vista como uma comunidade una, indivisa, homogênea, voltada para o bem comum. Essa imagem da unidade e da indivisão, diz Maquiavel, é uma máscara com que os grandes recobrem a realidade social para enganar, oprimir e comandar o povo, como se os interesses dos grandes e dos populares fossem os mesmos e todos fossem irmãos e iguais numa bela comunidade.

A finalidade política não é, como diziam os pensadores gregos,

romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas, como sempre souberam os políticos, a tomada e manutenção do poder. O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder e que, para isso, jamais deve aliar-se aos grandes, pois estes são seus rivais e querem o poder para si, mas deve aliar-se ao povo, que espera do governante a imposição de limites ao desejo de opressão e mando dos grandes. A política não é a lógica racional da justiça e da ética, mas a lógica da força transformada em lógica do poder e da lei;3. Maquiavel recusa a figura do bom governo encarnada no príncipe virtuoso, portador das virtudes cristãs, das virtudes morais e das virtudes principescas. O príncipe precisa ter virtu, mas esta é propriamente política, referindo-se às qualidades do dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que para isso deva usar a violência, a mentira, a astúcia e a força. A tradição afirmava que o governante devia ser amado e respeitado pelos governados. Maquiavel afirma que o príncipe não pode ser odiado.

Isso significa, em primeiro lugar, que deve ser respeitado e temido – o que só é possível se não for odiado. Significa, em segundo lugar, que não precisa ser amado, pois isto o faria um pai para a sociedade e, sabemos, um pai conhece apenas um tipo de poder, o despótico. A virtude política do príncipe aparecerá na qualidade das instituições que soube criar e manter e na capacidade que tiver para enfrentar as ocasiões adversas, isto é, a fortuna ou sorte;4. Maquiavel não aceita a divisão clássica dos três regimes políticos (monarquia, aristocracia, democracia) e suas formas corruptas ou ilegítimas (tirania, oligarquia, demagogia/anarquia), como não aceita que o regime legítimo seja o

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hereditário e o ilegítimo, o usurpado por conquista. Qualquer regime político – tenha a forma que tiver e tenha a origem que tiver – poderá ser legítimo ou ilegítimo. O critério de avaliação, ou o valor que mede a legitimidade e a ilegitimidade, é a liberdade.

Todo regime político em que o poderio de opressão e comando dos grandes é maior do que o poder do príncipe e esmaga o povo é ilegítimo; caso contrário, é legítimo. Assim, legitimidade e ilegitimidade dependem do modo como as lutas sociais encontram respostas políticas capazes de garantir o único princípio que rege a política: o poder do príncipe deve ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo. O príncipe pode ser monarca hereditário ou por conquista; pode ser todo um povo que conquista, pela força, o poder. Qualquer desses regimes políticos será legítimo se for uma república e não despotismo ou tirania, isto é, só é legítimo o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interessesde um particular ou de um grupo de particulares.

Dissemos que a tradição grega tornara ética e política inseparáveis, que a tradição romana colocara essa identidade da ética e da política na pessoa virtuosa do governante e que a tradição cristã transformara a pessoa política num corpo místico sacralizado que encarnava a vontade de Deus e a comunidade humana.

Hereditariedade, personalidade e virtude formavam o centro da política, orientada pela idéia de justiça e bem comum. Esse conjunto de idéias e imagens é demolido por Maquiavel. Um dos aspectos da concepção maquiavelista que melhor revela essa demolição encontra-se na figura do príncipe virtuoso.

Quando estudamos a ética, vimos que a questão central posta

pelos filósofos sempre foi: O que está e o que não está em nosso poder? Vimos também que “estar em nosso poder” significava a ação voluntária racional livre, própria da virtude, e “não estar em nosso poder” significava o conjunto de circunstâncias externas que agem sobre nós e determinam nossa vontade e nossa ação. Vimos, ainda, que esse conjunto de circunstâncias que não dependem de nós nem de nossa vontade foi chamado pela tradição filosófica de fortuna. A oposição virtude-fortuna jamais abandonou a ética e, como esta surgia inseparável da política, a mesma oposição se fez presente no pensamento político. Neste, o governante virtuoso é aquele cujas virtudes não sucumbem ao poderio da caprichosa e inconstante fortuna.

Maquiavel retoma essa oposição, mas lhe imprime um sentido inteiramente novo. A virtu do príncipe não consiste num conjunto fixo de qualidades morais que ele oporá à fortuna, lutando contra ela. A virtu é a capacidade do príncipe para ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna.

Em outras palavras, um príncipe que agir sempre da mesma maneira e de acordo com os mesmos princípios em todas as circunstâncias fracassará e não terá virtu alguma.

Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias, deve mudar com elas e, como elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e vencê-las. Em certas circunstâncias, deverá ser cruel, em outras, generoso; em certas ocasiões deverá mentir, em outras, ser honrado; em certos momentos, deverá ceder à vontade dos outros, em algumas, ser inflexível.

Em Maquiavel ethos político e o ethos moral são diferentes e não

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há fraqueza política maior do que o moralismo que mascara a lógica real do poder.

Por ter inaugurado a teoria moderna da lógica do poder como independente da religião, da ética e da ordem natural, Maquiavel só poderia ter sido visto como “maquiavélico”. As palavras maquiavélico e maquiavelismo, criadas no século XVI e conservadas até hoje, exprimem o medo que se tem da política quando esta é simplesmente política, isto é, sem as máscaras da religião, da moral, da razão e da Natureza.

Para o Ocidente cristão do século XVI, o príncipe maquiavelista, não sendo o bom governo sob Deus e a razão, só poderia ser diabólico. À sacralização do poder, feita pela teologia política, só poderia opor-se a demonização. É essa imagem satânica da política como ação social puramente humana que os termos maquiavélico e maquiavelismo designam.

O mundo desordenadoA obra de Maquiavel, criticada

em toda a parte, atacada por católicos e protestantes, considerada atéia e satânica, tornou-se, porém, a referência obrigatória do pensamento político moderno. A idéia de que a finalidade da política é a tomada e conservação do poder e que este não provém de Deus, nem da razão, nem de uma ordem natural feita de hierarquias fixas exigiu que os governantes justificassem a ocupação do poder. Em alguns casos, como na França e na Prússia, surgirá a teoria do direito divino dos reis, baseada na reformulação jurídica da teologia política do “rei pela graça divina” e dos “dois corpos do rei”. Na maioria dos países, porém, a concepção teocrática não foi mantida e, partindo de Maquiavel, os teóricos tiveram que elaborar novas teorias políticas.

Para compreendermos os conceitos que fundarão essas novas teorias precisamos considerar alguns acontecimentos históricos que mudaram a face econômica e social da Europa, entre os séculos XV e XVII.

A nova situação histórica fazia aparecer dois fatos impossíveis de negar:1. a existência de indivíduos – um burguês e um trabalhador não podiam invocar sangue, família, linhagem e dinastia para explicar por que existiam e por que haviam mudado de posição social, mas só podiam invocar a si mesmos como indivíduos;2. a existência de conflitos entre indivíduos e grupos de indivíduos pela posse de riquezas, cargos, postos e poderes anulava a imagem da comunidade cristã, una, indivisa e fraterna. Os teóricos precisavam, portanto, explicar o que eram os indivíduos e por que lutavam mortalmente uns contra os outros, além de precisarem oferecer teorias capazes de solucionar os conflitos e as guerras sociais. Em outras palavras, foram forçados a indagar qual é a origem da sociedade e da política. Por que indivíduos isolados formam uma sociedade? Por que indivíduos independentes aceitam submeter-se ao poder político e às leis?

A resposta a essas duas perguntas conduz às idéias de Estado de Natureza e Estado Civil.

7.7 - Estado de Natureza, contrato social, Estado Civil

O conceito de Estado de Natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. Duas foram as principais concepções do Estado de Natureza:

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1. a concepção de Hobbes (no século XVII), segundo a qual, em Estado de Natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos ou “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam.

Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte quevencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias; a posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar;

2. a concepção de Rousseau (no século XVIII), segundo a qual, em Estado de Natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a Natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, o grito e o canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o meu e o teu, isto é, a propriedade privada, dá origem ao Estado de Sociedade, que corresponde, agora, ao Estado de Natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.

O Estado de Natureza de Hobbes e o Estado de Sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força. Para cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidem passar à sociedade civil,

isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis.

A passagem do Estado de Natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social , pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social funda a soberania.

Como é possível o contrato ou o pacto social? Qual sua legitimidade? Os teóricos invocarão o Direito Romano – “Ninguém pode dar o que não tem e ninguém pode tirar o que não deu” – e a Lei Régia romana – “O poder é conferido ao soberano pelo povo ” – para legitimar a teoria do contrato ou do pacto social.

Parte-se do conceito de direito natural : por natureza, todo indivíduo tem direito à vida, ao que é necessário à sobrevivência de seu corpo, e à liberdade. Por natureza, todos são livres, ainda que, por natureza, uns sejam mais fortes e outros mais fracos. Um contrato ou um pacto, dizia a teoria jurídica romana, só tem validade se as partes contratantes forem livres e iguais e se voluntária e livremente derem seu consentimento ao que está sendo pactuado.

A teoria do direito natural garante essas duas condições para validar o contrato social ou o pacto político. Se as partes contratantes possuem os mesmos direitos naturais e são livres, possuem o direito e o poder para transferir a liberdade a um terceiro; e se consentem voluntária e livremente nisso, então dão ao soberano algo que possuem, legitimando o poder da soberania. Assim, por direito natural, os indivíduos formam a vontade livre da sociedade, voluntariamente fazem um pacto ou

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contrato e transferem ao soberano o poder para dirigi-los.

Para Hobbes, os homens reunidos numa multidão de indivíduos, pelo pacto, passam a constituir um corpo político, uma pessoa artificial criada pela ação humana e que se chama Estado. Para Rousseau, os indivíduos naturais são pessoas morais, que, pelo pacto, criam a vontade geral como corpo moral coletivo ou Estado.

A teoria do direito natural e do contrato evidencia uma inovação de grande importância: o pensamento político já não fala em comunidade, mas em sociedade. A idéia de comunidade pressupõe um grupo humano uno, homogêneo, indiviso, compartilhando os mesmos bens, as mesmas crenças e idéias, os mesmos costumes e possuindo um destino comum. A idéia de sociedade, ao contrário, pressupõe a existência de indivíduos independentes e isolados, dotados de direitos naturais e individuais, que decidem, por um ato voluntário, tornarem-se sócios ou associados para vantagem recíproca e por interesses recíprocos. A comunidade é a idéia de uma coletividade natural ou divina; a sociedade, a de uma coletividade voluntária, histórica e humana.

A sociedade civil é o Estado propriamente dito. Trata-se da sociedade vivendo sob o direito civil, isto é, sob as leis promulgadas e aplicadas pelo soberano.

Quem é o soberano? Hobbes e Rousseau diferem na resposta a essa pergunta.

Para Hobbes, o soberano pode ser um rei, um grupo de aristocratas ou umaassembléia democrática. O fundamental não é o número de governantes, mas a determinação de quem possui o poder ou a soberania. Esta pertence de modo absoluto ao Estado, que, por meio das

instituições públicas, tem o poder para promulgar e aplicar as leis, definir e garantir a propriedade privada e exigir obediência incondicional dos governados, desde que respeite dois direitos naturais intransferíveis: o direito à vida e à paz, pois foi por eles que o soberano foi criado. O soberano detém a espada e a lei; os governados, a vida e a propriedade dos bens.

Para Rousseau, o soberano é o povo, entendido como vontade geral, pessoa moral coletiva livre e corpo político de cidadãos. Os indivíduos, pelo contrato, criaram-se a si mesmos como povo e é a este que transferem os direitos naturais para que sejam transformados em direitos civis. Assim sendo, o governante não é o soberano, mas o representante da soberania popular. Os indivíduos aceitam perder a liberdade civil; aceitam perder a posse natural para ganhar a individualidade civil, isto é, a cidadania. Enquanto criam a soberania e nela se fazem representar, são cidadãos. Enquanto se submetem às leis e à autoridade do governante que os representa chamam-se súditos. São, pois, cidadãos do Estado e súditos das leis.

7.7.1 - A teoria liberal

No pensamento político de Hobbes e Rousseau, a propriedade privada não é um direito natural, mas civil. Em outras palavras, mesmo que no Estado de Natureza (em Hobbes) e no Estado de Sociedade (em Rousseau) os indivíduos se apossem de terras e bens, essa posse é o mesmo que nada, pois não existem leis para garanti-las. A propriedade privada é, portanto, um efeito do contrato social e um decreto do soberano. Essa teoria, porém, não era suficiente para a burguesia em ascensão.

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De fato, embora o capitalismo estivesse em vias de consolidação e o poderio econômico da burguesia fosse inconteste, o regime político permanecia monárquico e o poderio político e o prestígio social da nobreza também permaneciam. Para enfrentá-los em igualdade de condições, a burguesia precisava de uma teoria que lhe desse legitimidade tão grande ou maior do que osangue e a hereditariedade davam à realeza e à nobreza. Essa teoria será a da propriedade privada como direito natural e sua primeira formulação coerente será feita pelo filósofo inglês Locke, no final do século XVII e início do século XVIII.

Locke parte da definição do direito natural como direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas. Esses bens são conseguidos pelo trabalho.

Como fazer do trabalho o legitimador da propriedade privada enquanto direito natural?

Deus, escreve Locke, é um artífice, um obreiro, arquiteto e engenheiro que fez uma obra: o mundo. Este, como obra do trabalhador divino, a ele pertence. É seu domínio e sua propriedade. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, deu-lhe o mundo para que nele reinasse e, ao expulsá-lo do Paraíso, não lhe retirou o domínio do mundo, mas lhe disse que o teria com o suor de seu rosto.

Por todos esses motivos, Deus instituiu, no momento da criação do mundo e do homem, o direito à propriedade privada como fruto legítimo do trabalho. Por isso, de origem divina, ela é um direito natural.

O Estado existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural de propriedade.

Dessa maneira, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças ao seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade.

O burguês não se reconhece apenas como superior social e moralmente aos nobres, mas também como superior aos pobres. De fato, se Deus fez todos os homens iguais, se a todos deu a missão de trabalhar e a todos concedeu o direito à propriedade privada, então, os pobres, isto é, os trabalhadores que não conseguem tornar-se proprietários privados, são culpados por sua condição inferior. São pobres, não são proprietários e são obrigados a trabalhar para outros seja porque são perdulários, gastando o salário em vez de acumulá-lo para adquirir propriedades, ou são preguiçosos e não trabalham o suficiente para conseguir uma propriedade.

Se a função do Estado não é a de criar ou instituir a propriedade privada, mas de garanti-la e defendê-la contra a nobreza e os pobres, qual é o poder do soberano?

A teoria liberal, primeiro com Locke, depois com os realizadores da independência norte-americana e da Revolução Francesa, e finalmente, no século passado, com pensadores como Max Weber, dirão que a função do Estado é tríplice:1. por meio das leis e do uso legal da violência (exército e polícia), garantir o direito natural de propriedade, sem interferir na vida econômica, pois, não tendo instituído a propriedade, o Estado não tem poder para nela interferir. Donde a idéia de liberalismo, isto é, o Estado deve respeitar a liberdade econômica dos proprietários privados, deixando que façam as

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regras e as normas das atividades econômicas;2. visto que os proprietários privados são capazes de estabelecer as regras e as normas da vida econômica ou do mercado, entre o Estado e o indivíduo intercala-se uma esfera social, a sociedade civil, sobre a qual o Estado não tem poder instituinte, mas apenas a função de garantidor e de árbitro dos conflitos nela existentes. O Estado tem a função de arbitrar, por meio das leis e da força, os conflitos da sociedade civil;3. o Estado tem o direito de legislar, permitir e proibir tudo quanto pertença à esfera da vida pública, mas não tem o direito de intervir sobre a consciência dos governados. O Estado deve garantir a liberdade de consciência, isto é, a liberdade de pensamento de todos os governados e só poderá exercer censura nos casos em que se emitam opiniões sediciosas que ponham em risco o próprio Estado.

Na Inglaterra, o liberalismo se consolida em 1688, com a chamada Revolução Gloriosa. No restante da Europa, será preciso aguardar a Revolução Francesa de 1789. Nos Estados Unidos, consolida-se em 1776, com a luta pela independência.

A cidadania liberalO Estado liberal se apresenta

como república representativa constituída de três poderes: o executivo (encarregado da administração dos negócios e serviços públicos), o legislativo (parlamento encarregado de instituir as leis) e o judiciário (magistraturas de profissionais do direito, encarregados de aplicar as leis). Possui um corpo de militares profissionais que formam as forças armadas – exército e polícia -, encarregadas da ordem interna e da defesa (ou ataque) externo. Possui

também um corpo de servidores ou funcionários públicos, que formam a burocracia, encarregada de cumprir as decisões dos três poderes perante oscidadãos.

O Estado liberal julgava inconcebível que um não-proprietário pudesse ocupar um cargo de representante num dos três poderes. Ao afirmar que os cidadãos eram os homens livres e independentes, queriam dizer com isso que eram dependentes e não-livres os que não possuíssem propriedade privada. Estavam excluídos do poder político, portanto, os trabalhadores e as mulheres, isto é, a maioria da sociedade.

Lutas populares intensas, desde o século XVIII até nossos dias, forçaram o Estado liberal a tornar-se uma democracia representativa, ampliando a cidadania política. Com exceção dos Estados Unidos, onde os trabalhadores brancos foram considerados cidadãos desde o século XVIII, nos demais países a cidadania plena e o sufrágio universal só vieram a existir completamente no século XX, como conclusão de um longo processo em que a cidadania foi sendo concedida por etapas.

Não menos espantoso é o fato de que em duas das maiores potências mundiais, Inglaterra e França, as mulheres só alcançaram plena cidadania em 1946, após a Segunda Guerra Mundial. Pode-se avaliar como foi dura, penosa e lenta essa conquista popular, considerando-se que, por exemplo, os negros do sul dos Estados Unidos só se tornaram cidadãos nos anos 60 do século passado. Também é importante lembrar que em países da América Latina, sob a democracia liberal, os índios ficaram excluídos da cidadania e que os negros da África do Sul votaram pela primeira vez em 1994. As lutas indígenas, em

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nosso continente, e as africanas continuam até nossos dias XIX.

A idéia de revoluçãoA política liberal foi o

resultado de acontecimentos econômicos e sociais que impuseram mudanças na concepção do poder do Estado, considerado instituído pelo consentimento dos indivíduos através do contrato social. Tais acontecimentos ficaram conhecidos com o nome de revoluções burguesas, isto é, mudanças na estrutura econômica, na sociedade e na política, efetuadas por uma nova classe social, a burguesia.

Significado político das revoluções

Uma revolução, seja ela burguesa ou popular, possui um significado político da mais alta importância, porque desvenda a estrutura e a organização da sociedade e do Estado. Ela evidencia:

a divisão social e política, sob a

forma de uma polarização entre um altoopressor e um baixo oprimido;

a percepção do alto pelo baixo da

sociedade como um poder que não é natural nem necessário, mas resultado de uma ação humana e, como tal, pode serderrubado e reconstruído de outra maneira;

a compreensão de que os agentes

sociais são sujeitos políticos e, como tais,dotados de direitos. A consciência dos direitos faz com que os sujeitos sócio-políticos exijam reconhecimento e garantia de seus direitos pela sociedade epelo poder político. Eis por que toda revolução culmina numa declaração pública conhecida como Declaração Universal dos Direitos dos Cidadãos;

pela via da declaração dos direitos, uma revolução repõe a relação entre poder político e justiça social, mas com uma novidade própria do mundo moderno, pois a justiça não depende mais da figura do bom governo do príncipe virtuoso, e sim de instituições públicas que satisfaçam à demanda dos cidadãos ao Estado. Cabe ao novo poder político criar instituições que possam satisfazer e garantir a luta revolucionária por direitos.

As revoluções sociaisAcabamos de ver que as

revoluções modernas possuem duas faces: a face burguesa liberal (a revolução é política, visando à tomada do poder e à instituição do Estado como república e órgão separado da sociedade civil) e a face popular (a revolução é política e social, visando à criação de direitos e à instituição do poder democrático que garanta uma nova sociedade justa e feliz).

Vimos também que, nas revoluções modernas, a face popular é sufocada pelaface liberal, embora esta última seja obrigada a introduzir e garantir alguns direitos políticos e sociais para o povo, de modo a conseguir manter a ordem e evitar a explosão contínua de revoltas populares.

A face popular vencida não desaparece. Ressurge periodicamente em lutas isoladas por melhores condições de vida, de trabalho, de salários e com reivindicações isoladas de participação política. Essa face popular tende a crescer e manifestar-se em novas revoluções (derrotadas) durante todo o século XIX, à medida que se desenvolve o capitalismo industrial e as classes populares se tornam uma classe social de perfil muito definido: os proletários ou trabalhadores industriais.

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Correspondendo à emergência e à definição da classe trabalhadora proletária e à sua ação política em revoluções populares de caráter político-social, surgem novas teorias políticas: as várias teorias socialistas.

7.8 - A política contra a servidão voluntária

7.8.1 - A tradição libertária

As teorias socialistas modernas são herdeiras da tradição libertária, isto é, daslutas sociais e políticas populares por liberdade e justiça contra a opressão dos poderosos.

7.8.2 - As teorias socialistasSão três as principais

correntes socialistas modernas. Vejamos, a seguir, o que cada uma defende.

7.8.2.1 - Socialismo utópicoEssa corrente socialista vê a

classe trabalhadora como despossuída, oprimida e geradora da riqueza social sem dela desfrutar. Para ela, os teóricos imaginamuma nova sociedade onde não existam a propriedade privada, o lucro dos capitalistas, a exploração do trabalho e a desigualdade econômica, social e política. Imaginam novas cidades, organizadas em grandes cooperativas geridas pelos trabalhadores e nas quais haja escola para todos, liberdade de pensamento e de expressão, igualdade de direitos sociais (moradia, alimentação, transporte, saúde), abundância e felicidade.

As cidades são comunidades de pessoas livres e iguais que se autogovernam. Por serem cidades perfeitas, que não existem em parte alguma, mas que serão criadas pela

vontade livre dos despossuídos, diz-se que são cidades utópicas e as teorias que as criaram são chamadas de utopias. Os principais socialistas utópicos foram os franceses Saint-Simon, Fourier, Proudhon, Louis Blanc e Banqui, e o inglês Owen.

7.8.2.2 - AnarquismoO principal teórico dessa

corrente socialista foi o russo Bakunin, inspirado nas idéias socialistas de Proudhon. Seu ponto de partida é a crítica do individualismo burguês e do Estado liberal, considerado autoritário e antinatural. Como Rousseau, os anarquistas acreditam na liberdade natural e na bondade natural dos seres humanos e em sua capacidade para viver felizes em comunidades, atribuindo a origem da sociedade (os indivíduos isolados e em luta) à propriedade privada e à exploração do trabalho, e a origem do Estado ao poder dos mais fortes (os proprietários privados) sobre os fracos (os trabalhadores).

Contra o artificialismo da sociedade e do Estado, propõem o retorno à vida em comunidades autogovernadas, sem a menor hierarquia e sem nenhuma autoridade com poder de mando e direção. Afirmam dois grandes valores: a liberdade e a responsabilidade, em cujo nome propõem a descentralização social e política, a participação direta de todos nas decisões da comunidade, a formação deorganizações de bairro, de fábrica, de educação, moradia, saúde, transporte, etc.

Propõem também que essas organizações comunitárias participativas formem federações nacionais e internacionais para a tomada de decisões globais, evitando, porém, a forma

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parlamentar de representação e garantindo a democracia direta.

As comunidades e as organizações comunitárias enviam delegados às federações.

Os delegados são eleitos para um mandato referente exclusivamente ao assunto que será tratado pela assembléia da federação; terminada a assembléia, o mandato também termina, de sorte que não há representantes permanentes. Visto que o delegado possui um mandato para expor e defender perante a federação as opiniões e decisões de sua comunidade, se não cumprir o que lhe foi delegado, seu mandato será revogado e um outro delegado eleito.

Como se observa, os anarquistas procuram impedir o surgimento de aparelhos de poder que conduzam à formação do Estado. Recusam, por isso, a existência de exércitos profissionais e defendem a tese do povo armado ou das milícias populares, que se formam numa emergência e se dissolvem tão logo o problema tenha sido resolvido. Consideram o Estado nacional obra do autoritarismo e da opressão capitalista e, por isso, contra ele, defendem o internacionalismo sem fronteiras, pois “só o capital tem pátria” e os trabalhadores são “cidadãos do mundo”.

Os anarquistas são conhecidos como libertários, pois lutam contra todas as formas de autoridade e de autoritarismo. Além de Bakunin, outros importantes anarquistas foram: Kropotkin, Ema Goldman, Tolstoi, Malatesta e GeorgeOrwell, autor do livro 1984.

7.8.2.3 - Comunismo ou socialismo científico

Crítico não só do Estado liberal, mas também do socialismo utópico e do anarquismo. Encontra-

se desenvolvido nas obras de Marx e Engels.

A perspectiva marxistaCom a obra de Marx, estamos

colocados diante de um acontecimento comparável apenas ao de Maquiavel. Embora suas teorias sejam completamente diferentes, pois respondem a experiências históricas e a problemas diferentes, ambos representam uma mudança decisiva no modo de conceber a política e a relação entre sociedade e poder. Maquiavel desmistificou a teologia política e o republicanismo italiano, que simplesmente pretendia imitar gregos e romanos. Marx desmistificou a política liberal. Marx parte da crítica da economia política.

A crítica da economia política consiste, justamente, em mostrar que, apesar das afirmações greco-romanas e liberais de separação entre a esfera privada da propriedade e a esfera pública do poder, a política jamais conseguiu realizar a diferença entre ambas. Nem poderia. O poder político sempre foi a maneira legal e jurídica pela qual a classe economicamente dominante de uma sociedade manteve seu domínio.

O Estado é a expressão política da luta econômico-social das classes, amortecida pelo aparato da ordem (jurídica) e da força pública (policial e militar). Não é, mas aparece como um poder público distante e separado da sociedade civil. Não por acaso, o liberalismo define o Estado como garantidor do direito de propriedade privada e, não por acaso, reduz a cidadania aos direitos dos proprietários privados (vimos que a ampliação da cidadania foi fruto de lutas populares contra as idéias e práticas liberais).

Gênese da sociedade e do Estado

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Os seres humanos, escrevem Marx e Engels, distinguem-se dos animais não porque sejam dotados de consciência – animais racionais -, nem porque sejam naturalmente sociáveis e políticos – animais políticos -, mas porque são capazes de produzir as condições de sua existência material e intelectual. Os seres humanos são produtores: são o que produzem e são como produzem. A produção das condições materiais e intelectuais da existência não são escolhidas livremente pelos seres humanos, mas estão dadas objetivamente, independentemente de nossa vontade. Eis porque Marx diz que os homens fazem sua própria História, mas não a fazem em condições escolhidas por eles. São historicamente determinados pelas condições em que produzem suas vidas.

A produção material e intelectual da existência humana depende de condições naturais (as do meio ambiente e as biológicas da espécie humana) e da procriação. Esta não é apenas um dado biológico (a diferença sexual necessária para a reprodução), mas já é social, pois decorre da maneira como se dá o intercâmbio e a cooperação entre os humanos e do modo como é simbolizada psicológica e culturalmente a diferença dos sexos. Por seu turno, a maneira como os humanos interpretam e realizam a diferença sexual determina o modo como farão a divisão social do trabalho, distinguindo trabalhos masculinos, femininos, infantis e de velhice.

A produção e a reprodução das condições de existência se realizam, portanto, através do trabalho (relação com a Natureza), da divisão social do trabalho (intercâmbio e cooperação), da procriação (sexualidade e instituição da família) e do modo de apropriação da Natureza (a propriedade).

Esse conjunto de condições forma, em cada época, a sociedade e o sistema das formas produtivas que a regulam, segundo a divisão social do trabalho. Essa divisão, que começa na família, com a diferença sexual das tarefas, prossegue na distinção entre agricultura e pastoreio, entre ambas e o comércio, conduzindo à separação entre o campo e a cidade. Em cada uma das distinções operam novas divisões sociais do trabalho.

A divisão social do trabalho não é uma simples divisão de tarefas, mas a manifestação da existência da propriedade, ou seja, a separação entre as condições e os instrumentos do trabalho e o próprio trabalho, incidindo, a seguir, sobre a forma de distribuição dos produtos do trabalho. A propriedade introduz a existência dos meios de produção (condições e instrumentos de trabalho) como algo diferente das forças produtivas (trabalho).

Essas diferentes formas da propriedade (tribal, servidão coletiva, escravista, feudal, capitalista, socialista) dos meios de produção e das relações com as forças produtivas ou de determinações sociais decorrentes da divisão social do trabalho constituem os modos de produção.

Marx e Engels observaram que, a cada modo de produção, a consciência dosseres humanos se transforma. Descobriram que essas transformações constituem a maneira como, em cada época, a consciência interpreta, compreende e representa para si mesma o que se passa nas condições materiais de produção e reprodução da existência. Por esse motivo, afirmaram que, ao contrário do que se pensa, não são as idéias humanas que movem a História, mas são as condições históricas que produzem as idéias.

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Na obra Contribuição à crítica da economia política, Marx sugere que não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina sua consciência.

É por afirmar que a sociedade se constitui a partir de condições materiais que o pensamento de Marx e Engels é chamado de materialismo histórico.

Materialismo porque somos o que as condições materiais (as relações sociais de produção) nos determinam a ser e a pensar. Histórico porque a sociedade e a política não surgem de decretos divinos nem nascem da ordem natural, mas dependem da ação concreta dos seres humanos no tempo.

A História não é um progresso linear e contínuo, uma seqüência de causas e efeitos, mas um processo de transformações sociais determinadas pelas contradições entre os meios de produção (a forma da propriedade) e as forças produtivas (o trabalho, seus instrumentos, as técnicas). A luta de classes exprime tais contradições e é o motor da História. Por afirmar que o processo histórico é movido por contradições sociais, o materialismo histórico é dialético.

As relações sociais de produção não são responsáveis apenas pela gênese da sociedade, mas também pela do Estado, que Marx designa como superestrutura jurídica e política, correspondente à estrutura econômica da sociedade.

Qual a gênese do Estado? Conflitos entre proprietários privados dos meios deprodução e contradições entre eles e os não-proprietários (escravos, servos, trabalhadores livres). Os conflitos entre proprietários e as contradições entre proprietários e não-proprietários aparecem para a consciência social sob a forma de

conflitos e contradições entre interesses particulares e o interesse geral.

Aparecem dessa maneira, mas não são realmente como aparecem. Em outras palavras, onde há propriedade privada, há interesse privado e não pode haver interesse coletivo ou geral.

Resta a segunda indagação de Marx, qual seja, por que os sujeitos sociais não percebem o vínculo entre o poder econômico e o poder político?

A ideologiaQuando citamos o texto da

Contribuição à crítica da economia política, vimos que Marx afirma que a consciência humana é sempre social e histórica, isto é, determinada pelas condições concretas de nossa existência.

Isso não significa, porém, que nossas idéias representem a realidade tal como esta é em si mesma. Se assim fosse, seria incompreensível que os seres humanos, conhecendo as causas da exploração, da dominação, da miséria e da injustiça nada fizessem contra elas. Nossas idéias, historicamente determinadas, têm a peculiaridade de nascer a partir de nossa experiência social direta. A marca da experiência social é oferecer-se como uma explicação da aparência das coisas como se esta fosse a essência das próprias coisas.

Não só isso. As aparências – ou o aparecer social à consciência – são aparências justamente porque nos oferecem o mundo de cabeça para baixo: o que é causa parece ser efeito, o que é efeito parece ser causa. Isso não se dá apenas no plano da consciência individual, mas sobretudo no da consciência social, isto é, no conjunto de idéias e explicações que uma sociedade oferece sobre si mesma.

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A inversão entre causa e efeito, princípio e conseqüência, condição e condicionado leva à produção de imagens e idéias que pretendem representar a realidade. As imagens formam um imaginário social invertido – um conjunto de representações sobre os seres humanos e suas relações, sobre as coisas, sobre o bem e o mal, o justo e o injusto, os bons e os maus costumes, etc. Tomadas como idéias, essas imagens ou esse imaginário social constituem a ideologia.

A ideologia é um fenômeno histórico-social decorrente do modo de produção econômico.

À medida que, numa formação social, uma forma determinada da divisão social se estabiliza, se fixa e se repete, cada indivíduo passa a ter uma atividade determinada e exclusiva, que lhe é atribuída pelo conjunto das relações sociais, pelo estágio das forças produtivas e pela forma da propriedade. Cada um, por causa da fixidez e da repetição de seu lugar e de sua atividade, tende a considerá-los naturais (por exemplo, quando alguém julga que faz o que faz porque tem talento ou vocação natural para isso; quando alguém julga que, por natureza, os negros foram feitos para serem escravos; quando alguém julga que, por natureza, as mulheres foram feitas para a maternidade e o trabalho doméstico).

Os que produzem idéias separam-se dos que produzem coisas, formando um grupo à parte. Pouco a pouco, à medida que vão ficando cada vez mais distantes e separados dos trabalhadores materiais, os que pensam começam a acreditar que a consciência e o pensamento estão, em si e por si mesmos, separados das coisas materiais, existindo em si e por si mesmos. Passam a acreditar na independência entre a consciência e o mundo material, entre o

pensamento e as coisas produzidas socialmente. Conferem autonomia à consciência e às idéias e, finalmente, julgam que as idéias não só explicam a realidade, mas produzem o real. Surge a ideologia como crença na autonomia das idéias e na capacidade de as idéias criarem a realidade.

Ora, o grupo dos que pensam – sacerdotes, professores, artistas, filósofos, cientistas – não nasceu do nada. Nasceu não só da divisão social do trabalho, mas também de uma divisão no interior da classe dos proprietários ou classe dominante de uma sociedade. Como conseqüência, o grupo pensante (os intelectuais) pensa com as idéias dos dominantes; julga, porém, que tais idéias são verdadeiras em si mesmas e transformam idéias de uma classe social determinada em idéias uni versais e necessárias, válidas para a sociedade inteira.

Como o grupo pensante domina a consciência social, tem o poder de transmitir as idéias dominantes para toda a sociedade, através da religião, das artes, da escola, da ciência, da filosofia, dos costumes, das leis e do direito, moldando a consciência de todas as classes sociais e uniformizando o pensamento de todas asclasses.

A ideologia torna-se propriamente ideologia quando não aparece sob a forma do mito, da religião e da teologia. Com efeito, nestes, a explicação sobre a origem dos seres humanos, da sociedade e do poder político encontra a causa fora e antes dos próprios humanos e de sua ação, localizando a causa originária nas divindades. A ideologia propriamente dita surge quando, no lugar das divindades, encontramos as idéias: o Homem, a Pátria, a Família, a Escola, o Progresso, a Ciência, o Estado, o Bem, o Justo, etc.

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Com isso, podemos dizer que a ideologia é um fenômeno moderno, substituindo o papel que, antes dela, tinham os mitos e as teologias. Com a ideologia, a explicação sobre a origem dos homens, da sociedade e da política encontra-se nas ações humanas, entendidas como manifestação da consciência ou das idéias.

Assim, por exemplo, julgar que o Estado se origina das idéias de Estado de Natureza, direito natural, contrato social e direito civil é supor que a consciência humana, independentemente das condições históricas materiais, pensou nessas idéias, julgou-as corretas e passou a agir por elas, criando a realidade designada e representada por elas.

Que faz a ideologia? Oferece a uma sociedade dividida em classes sociais antagônicas, e que vivem na forma da luta de classes, uma imagem que permita a unificação e a identificação social – uma língua, uma religião, uma raça, uma nação, uma pátria, um Estado, uma humanidade, mesmos costumes. Assim, a função primordial da ideologia é ocultar a origem da sociedade (relações de produção como relações entre meios de produção e forças produtivas sob a divisão social do trabalho), dissimular a presença da luta de classes (domínio e exploração dos não-proprietários pelos proprietários privados dos meios de produção), negar as desigualdades sociais (são imaginadas como se fossem conseqüência de talentos diferentes, da preguiça ou da disciplina laboriosa) e oferecer a imagem ilusória da comunidade (o Estado) originada do contrato social entre homens livres e iguais. A ideologia é a lógica da dominação social e política.

Porque nascemos e somos criados com essas idéias e nesse imaginário social, não percebemos a

verdadeira natureza de classe do Estado. A resposta à segunda pergunta de Marx, qual seja, por que a sociedade não percebe o vínculo interno entre poder econômico e poder político, pode ser respondida agora: por causa da ideologia.

7.9 - A questão democrática

7.9.1 - As experiências totalitárias: fascismo e nazismo

O século XX, durante os decênios de 1920-1940, viu acontecer uma experiência política sem precedentes: o totalitarismo, realizado por duas práticas políticas, o fascismo (originado na Itália) e o nazismo ou nacional-socialismo (originado na Alemanha).

A Alemanha, derrotada na Primeira Guerra Mundial, perde territórios e é obrigada a pagar somas vultosas aos vencedores para ressarci-los dos prejuízosda guerra. A economia está destroçada, reinam o desemprego, a recessão e a inflação galopante. A crise toma proporções excessivas quando, em 1929, aBolsa de Valores de Nova York “quebra”, levando à ruína boa parte do capital mundial.

Partindo da crítica marxista ao liberalismo, mas recusando a idéia de revolução proletária comunista, o austríaco Adolf Hitler se oferece à burguesia e à classe média para salvá-las da revolução operária. Propõe o reerguimento da Alemanha através do fortalecimento do Estado, do nacionalismo geopolítico (a nação é o “espaço vital ” do povo, que deve conquistar e manter territórios necessários ao seu desenvolvimento econômico) e da aliança com os setores conservadores do capital industrial e sobretudo do capital financeiro. Hitler é eleito, em eleições livres e diretas, para o

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parlamento e, a seguir, dá o golpe de Estado nazista.

A Itália, embora estivesse do lado dos vencedores da Primeira Guerra Mundial, ficou insatisfeita com as compensações que lhe foram dadas e, ao mesmo tempo, tentava manter-se economicamente pela exploração de colônias na África. Benito Mussolini, como Hitler, partiu da crítica marxista ao liberalismo, mas, como Hitler, recusava a idéia de revolução proletária comunista. Em vez dela, propôs o fortalecimento do Estado nacional, a aliança com setores conservadores do capital industrial e financeiro, a guerra de conquista de territórios e o nacionalismo baseado nas glórias do antigo Império Romano.

Por que nazismo? Essa palavra é a abreviação do nome de um partido político ao qual Hitler se filiou. Inicialmente, o partido denominava-se Partido Operário Alemão, mas Hitler propôs que fosse denominado Partido Operário Alemão Nacional-Socialista (Nationalsozialistische – Nazi). Operário, para indicar a oposição aos liberais, mas nacional-socialista para indicar a oposição aos comunistas e socialistas (críticos do nacionalismo por ser uma ideologia necessária ao capital).

A palavra fascismo foi inventada por Mussolini a partir do vocábulo italiano fascio, feixe. É dupla a significação do fascio: por um lado, refere-se ao conjunto de machados reunidos por meio de um feixe de varas, carregados por funcionários que precediam a aparição pública dos magistrados na antiga Roma, os machados significando o poder do Estado para decapitar criminosos e as varas, a unidade do povo romano em torno do Estado; por outro lado, refere-se a uma tradição popular do século XIX, em que certas comunidades, lutando por seus interesses e

direitos, simbolizavam sua luta e unidade pelos fasci. Mussolini se apropria do símbolo romano e popular, criando por toda a Itália os fasci de combate.

Embora de origem e significação diferentes, nazismo e fascismo possuem aspectos comuns:

o antiliberalismo: não como afirmação do socialismo e sim como defesa da total intervenção do Estado na economia e na sociedade civil.

a colaboração de classe: afirmação de que o capital e o trabalho não são contrários nem contraditórios, mas podem e devem colaborar em harmonia para o bem da coletividade. (corporativismo)

aliança com o capital industrial

monopolista e financeiro: isto é, com ossetores do capital cuja vocação é imperialista, exigindo a conquista de novos territórios para a ampliação do mercado e o acúmulo do capital;

nacionalismo: a realidade social é

a Nação, entendida como unidade territorial e identidade racial, lingüística, de costumes e tradições.

partido único que organiza as

massas: a relação entre a sociedade (a nação) e o Estado é feita pela mediação do partido;

educação moral e cívica: para

garantir a adesão das massas à ideologia nazi-fascista, o Estado introduz a educação moral e cívica;

propaganda de massa: o nazi-

fascismo introduz, pela primeira vez na História, a prática (hoje cotidiana e banal) da propaganda dirigida às massas;

prática da censura e da delação: o

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Estado, através do partido, das associações e de aparelhos especializados (policiais e militares), controla o pensamento, as ciências e as artes por meio da censura, queimando livros e obras de arte “contrários” à pátria e aos chefes, prendendo e torturando os dissidentes, perseguindo os “inimigos internos”. Estimula também, sobretudo em crianças e jovens, a prática da delação contra os dissidentes, “desviantes” e “inimigos internos” do Estado;

racismo: menos forte no fascismo,

é um componente essencial do nazismo, que inventa a idéia de “raça ariana” ou “raça nórdica”, superior a todas as outras (destaque para o antisemitismo).

Totalitarismo, portanto, significa

Estado total, que absorve em seu interior e em sua organização o todo da sociedade e suas instituições, controlando-a por inteiro.

O nazi-fascismo proliferou por toda a parte. Foi vitorioso não apenas na Itália e na Alemanha, mas, com variações, tomou o poder na Espanha (de Franco), em Portugal (com Salazar) e em vários países da Europa Oriental.

Conseguiu ter partidos significativos em países como França (Ação Francesa), Inglaterra, Bélgica, Áustria, Argentina. No Brasil, deu origem à Ação Integralista Brasileira, criada por Plínio Salgado.

7.9.2 - A Revolução de Outubro

Em outubro de 1917, contra toda expectativa marxista, tem lugar a Revolução Russa, sob a liderança do Partido Bolchevique.

Por que contra toda expectativa marxista? Porque Marx julgara que a revolução proletária só poderia realizar-se quando as

contradições internas ao capitalismo esgotassem as possibilidades econômicas e políticas da burguesia e o proletariado, através da revolução, instaurasse a nova sociedade comunista. Em termos marxistas, a revolução proletária deveria acontecer nos países decapitalismo avançado, como a Inglaterra, a França, a Alemanha.

Era essencial para a teoria da praxis revolucionária o pleno desenvolvimento do capitalismo, pois isso significava que a infra-estrutura econômica, o avanço tecnológico e o grau de organização da classe trabalhadora preparariam a grande mudança histórica.

Não era concebível, portanto, a revolução na Rússia, que vivia sob o Antigo Regime (a monarquia por direito divino, absoluta ou czarista), era majoritariamente pré-capitalista, com pequeno desenvolvimento do capitalismo em alguns centros urbanos, promovido não pela burguesia (quase inexistente), mas pelo próprio Estado e pelo capital externo (inglês, francês e alemão), sem forte consciência e organização proletárias.

Foi ali, porém, que aconteceu a primeira revolução proletária, antecedida por duas revoluções menores: a de 1905, que instaurou o parlamento, com partidospolíticos da burguesia liberal, e a de fevereiro de 1917, que proclamou a república e convocou uma assembléia constituinte, mas cujo governo provisórionão realizou as reformas prometidas e prosseguiu na guerra contra a Alemanha,provocando reação popular e rebelião das tropas.

Nas circunstâncias russas, o grande sujeito revolucionário não pôde ser a classe proletária organizada, mas teve que ser uma vanguarda política, liderada por

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intelectuais acostumados às lutas clandestinas, o Partido Bolchevique ou a fração majoritária do Partido Social-Democrata, que iria tornar-se o Partido Comunista Russo.

Que dificuldades enfrentou a Revolução de Outubro?

as dificuldades previsíveis, que

toda revolução comunista enfrentaria, isto é, a reação militar e econômica do capital, sob a forma de guerra civil e de boicote econômico internacional;

a existência da Primeira Guerra

Mundial, que não só depauperou a precária economia russa, mas também permitiu que os poderes capitalistas enviassem tropas para auxiliar a contra-revolução, o chamado Exército dos Brancos;

o fracasso da revolução comunista

alemã, em 1919, da qual se esperava não só apoio para o desenvolvimento da sociedade socialista russa, mas também que fosse o estopim da revolução proletária mundial; esta, se ocorresse, livraria a revolução russa do isolamento, do boicote capitalista internacional e da ameaça permanente de invasão militar capitalista;

a ausência de forte consciência

política e organização operárias num paísmajoritariamente camponês e no qual as atividades políticas tinham sido necessariamente obra de grupos clandestinos, formados sobretudo por intelectuais e estudantes. O contingente revolucionário mais significativo que os bolcheviques conseguiram não veio do proletariado organizado, mas das tropas (exército e marinha) rebeladas contra a guerra mundial, iniciada em 1914. A militarização, inevitável em toda revolução, no caso da russa institucionalizou-se

como organização do Partido Bolchevique;

a ausência de economia capitalista

desenvolvida que houvesse preparado a infra-estrutura econômica e a organização sociopolítica para a nova sociedade. A revolução teve que realizar duas revoluções numa só: a burguesa, de destruição do Antigo Regime, e a comunista, contra a burguesia. Essa situação, mais a ruína econômica causada pela guerra e pela continuação da guerra civil, bem como o boicote do capitalismo internacional obrigaram ao chamado “comunismo de guerra”, que transformou a “ditadura do proletariado” em ditadura do Partido Bolchevique para a instauração de uma nova forma inesperada de capitalismo, o capitalismo de Estado, considerado “etapa socialista” para a futura sociedade comunista. Em outras palavras, a estatização da economia substituiu a abolição do Estado, prevista pelo Manifesto comunista.

Assenhoreando-se do Estado, o Partido Bolchevique criou um poderoso aparato militar e burocrático, que, evidentemente, entrou em conflito com os conselhos populares de operários, camponeses e soldados, os sovietes, pois estes haviam-se organizado para realizar o autogoverno de uma sociedade sem Estado. Os sovietes foram sendo dizimados e substituídos por órgãos do Partido Bolchevique, deles restando apenas o nome, que seria colado ao de república socialista: República Socialista Soviética.

Em 1923, o Partido Bolchevique está profundamente dividido entre a posição de Trotski – que critica a burocratização e propõe a tese da revolução permanente – e a de Stalin, que conseguira galgar o posto de secretário-geral do partido,

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acumulando enormes poderes em suas mãos. Doente, Lênin escreve um testamento político no qual sugere o afastamento de Stalin, alertando para o perigo de seu autoritarismo. Não foi, porém, atendido. Morre em janeiro de 1924.

Valendo-se do cargo e colocando a direção partidária contra Trotski, Stalin assume o poder do Estado. Sob sua orientação (embora ficasse nos bastidores), as principais lideranças da revolução foram expulsas do partido; Trotski foi banido e, em 1940, assassinado por um agente stalinista, no México.

Com a tese “socialismo num só país” (portanto oposta à tese marxista do internacionalismo proletário e da revolução mundial), Stalin implanta à força a coletivização da economia, sob a direção do Estado e do partido. Exerce controle militar, policial e ideológico sobre toda a sociedade, institui o “culto à personalidade” e, em 1936, começa os grandes expurgos políticos, conhecidos como “processos de Moscou”. Sempre nos bastidores, conseguiu que seus aliados forjassem todo tipo de acusação contra lideranças políticas de oposição, levando-as à condenação à morte, ou à prisão perpétua em campos de concentração. Fortaleceu a polícia secreta e consolidou o totalitarismo.

Além da coletivização econômica, planejou a economia para investimentos na indústria pesada, sacrificando a produção de bens de consumo e os serviços públicos sociais. Prevendo a Segunda Guerra Mundial, orientou a economia para a indústria bélica, química pesada e energia elétrica, produzindo, às custas de enormes sacrifícios e privações da população, o maior crescimento econômico da história da Rússia, que se tornou potência econômica e militar mundial.

O totalitarismo stalinistaEmbora o totalitarismo russo

esteja ligado indissoluvelmente ao nome de Stalin, isso não significa que tenha terminado com sua morte.

Até a chamada glasnost (transparência), proposta nos anos 80 por Gorbatchev, existiu o stalinismo sem Stalin, ou seja, o totalitarismo. Muitos traços do stalinismo são semelhantes aos do nazi-fascismo (centralização estatal, partido único com controle total sobre a sociedade, militarização, nacionalismo, imperialismo, censura do pensamento e da expressão, propaganda estatal no lugar da informação, campos de concentração, invenção contínua dos “inimigos internos”), mas a diferença fundamental e trágica entre eles está no fato de que o stalinismo sufocou a primeira revolução proletária e deformou profundamente o marxismo, marcando com o selo totalitário os partidos comunistas do mundo inteiro.

As grandes teses de Marx foram destruídas pelas teses stalinistas:

à tese marxista da revolução proletária mundial, o stalinismo contrapôs a tese do socialismo num só país, transformando-a em diretriz obrigatória para os partidos comunistas do mundo inteiro. Isso significou que tais partidos deveriam abandonar práticas revolucionárias em seus países, para não prejudicar as relações internacionais da União Soviética. Eram estimuladas, porém, as guerras de libertação nacional contra os países colonialistas sempre que isso fosse do interesse econômico e geopolítico da Rússia;

à tese marxista da ditadura do

proletariado para a derrubada do Estado, o stalinismo contrapôs a ditadura do partido único e do Estado forte;

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à tese marxista da abolição do Estado na sociedade comunista sem classes sociais, contrapôs o agigantamento do Estado, a absorção da sociedade pelo aparelho estatal e pelos órgãos do partido, cuja burocracia constituiu-se numa nova classe dominante, com interesses e privilégios próprios;

à tese marxista da luta proletária

contra a burguesia e a pequena burguesia,bem como à afirmação de que, em muitos processos revolucionários, parte da burguesia e da pequena burguesia se aliam ao proletariado, mas o abandonam a partir de certo ponto, devendo ele prosseguir sozinho na ação revolucionária, o stalinismo contrapôs a tese oportunista da “estratégia” e da “tática”, segundo a qual, em certos casos, o proletariado faria alianças e nelas permaneceria e, em outros, não faria aliança alguma, se isso não fosse do interesse da vanguarda partidária;

à tese marxista do internacionalismo

proletário (“Proletários de todos os países, uni-vos”, dizia o Manifesto comunista), contrapôs o nacionalismo e o imperialismo russos, primeiro invadindo e dominando a Europa Oriental, e depois os países asiáticos não dominados pela China;

à tese marxista do partido político

como instrumento de organização da classe trabalhadora e expressão prática de suas idéias e lutas, contrapôs a burocracia partidária como vanguarda política, que não só “representa” os interesses proletários, mas os encarna e os dirige, pois é detentora do poder e do saber;

à tese marxista da relação indissolúvel entre as idéias e as condições materiais, isto é, entre

teoria e prática, que permitia o desenvolvimento da consciência crítica da classe trabalhadora, contrapôs a propaganda estatal, a ideologia do chefe como “pai dos povos”, o controle da educação e dos meios de comunicação pelo partido e pelo Estado;

à tese de Marx de que a teoria e a

prática estão numa relação dialética, que o conhecimento é histórico e um processo interminável de análise e compreensão das condições concretas postas pela realidade social, o stalinismo contrapôs uma invenção, o Diamat (materialismo dialético), isto é, o marxismo como doutrina a–histórica, fixada em dogmas expostos sob a forma de catecismos de vulgarização da ideologia stalinista. Foi tão longe nisso, que considerou função do Estado definir o pensamento correto. Para tanto, os intelectuais do partido foram encarregados de determinar as linhas “corretas” para a Filosofia, as ciências e as artes. Instituiu-se a psicologia oficial, a medicina e a genética oficiais, a literatura, a pintura, a música e o cinema oficiais, a filosofia e a ciência oficiais, encarregando-se a polícia secreta de queimar obras, prender, torturar, assassinar ou enviar para campos de concentração os “dissidentes” ou “desviantes”. Os herdeiros de Stalin foram mais longe: consideravam que, como o partido e o Estado dizem a verdade absoluta, os “desvios” intelectuais, artísticos e políticos eram sintomas de distúrbios psíquicos e de loucura, enviando os “dissidentes” para hospitais psiquiátricos;

à tese marxista de que a classe

trabalhadora é sujeito de sua própria história quando toma consciência de sua situação e luta contra ela, aprendendo com a memória dos combates e a tradição das derrotas,

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o stalinismo contrapôs a idéia de história oficial da classe proletária, identificada com a história do partido comunista e com a interpretação dada por este último aos acontecimentos históricos, roubando assim dos trabalhadores o direito à memória;

à tese marxista de que os inimigos

da classe trabalhadora não são indivíduos dessa ou daquela classe, mas uma outra classe social enquanto classe, contrapôs a idéia de “inimigos do povo saídos do seio do próprio povo ” como inimigos de sua própria classe, porque são “agentes estrangeiros infiltrados no seio do povo uno, indiviso, bom e homogêneo”;

à tese de Marx da nova sociedade

como concretização da liberdade, da igualdade, da abundância, da justiça e da felicidade, o stalinismo contrapôs o “operário-modelo” e o “militante exemplar ”, acostumados à obediência cega aos comandos do Estado e do partido e à hierarquia social imposta por eles. Viver pelo e para o Estado e o partido tornaram-se sinônimos de felicidade, liberdade e justiça.

A transformação das idéias e práticas stalinistas em instituições sociais fez com que o stalinismo não fosse um acontecimento de superfície, que pudesse ser apagado com a morte de Stalin. Pelo contrário. Foi instituída uma nova formação social , que modelou corpos, corações e mentes e que só desapareceu, parcialmente, no fim dos anos 80 e inícios dos 90, porque a crise econômica, provocada pelo delírio armamentista, fez emergirem contradições sufocadas durante 70 anos.

7.10 - A democracia como ideologia

Dois acontecimentos políticos marcaram o período posterior à Segunda Guerra Mundial: a guerra fria e o surgimento do Estado do Bem-Estar Social (Welfare State).

A guerra fria foi a divisão geopolítica, econômica e militar entre dois grandes blocos: o bloco capitalista, sob a direção dos Estados Unidos, e o bloco comunista, sob a direção da União Soviética e da China. Uma das principais razões para essa divisão foi militar, isto é, a invenção da bomba atômica, que punha fim às guerras convencionais.

Inicialmente, cada bloco julgava que a posse de armamentos nucleares lhe daria mais poder para eliminar o outro. Pouco a pouco, porém, a chamada “corrida armamentista” deixou de visar diretamente à guerra, voltando-se para a intimidação recíproca dos adversários, limitando suas ações imperialistas.

Finalmente, percebeu-se que uma guerra não convencional ou nuclear teriaresultado zero, ou seja, não teria vencedores, pois o planeta seria inteiramente destruído. Antes, porém, que se chegasse a essa conclusão, a guerra fria definiu o alinhamento político e econômico de todos os países à volta dos dois blocos hegemônicos.

O Estado do Bem-Estar Social (Welfare State) foi implantado nos paísescapitalistas avançados do hemisfério norte como defesa do capitalismo contra o perigo do retorno do nazi-fascismo e da revolução comunista. A crise econômica gerada pela guerra, as críticas nazi-fascista e socialista ao liberalismo, a imagem da sociedade socialista em construção na União Soviética e na China, fazendo com que os trabalhadores encontrassem nelas (ignorando o que ali realmente se passava) um contraponto para as

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desigualdades e injustiças do capitalismo, tudo isso levou a prática política a afirmar a necessidade de alterar a ação do Estado, corrigindo os problemas econômicos e sociais.

O Estado passa a intervir na economia, investindo em indústrias estatais, subsidiando empresas privadas na indústria, na agricultura e no comércio,exercendo controle sobre preços, salários e taxas de juros. Assume para si um conjunto de encargos sociais ou serviços públicos sociais: saúde, educação, moradia, transporte, previdência social, seguro-desemprego. Atende demandas decidadania política, como o sufrágio universal.

Sob os efeitos da guerra fria e do Estado do Bem-Estar Social, o bloco capitalista procurou impedir, nos países economicamente subdesenvolvidos ou do Terceiro Mundo (América Latina, África, Oriente Médio), rebeliões populares que desembocassem em revoluções socialistas. O perigo existe por dois motivos principais: ou porque os países do Terceiro Mundo são colônias dos países capitalistas, ou porque neles a desigualdade econômico-social, a miséria e as injustiças são de tal monta que, nas colônias, guerras de libertação nacional e, nos demais países, rebeliões populares podem acontecer a qualquer momento etransformar-se em revoluções. O caso de Cuba, em 1958, evidenciou essa possibilidade.

Os países mais fortes do bloco capitalista adotaram duas medidas: através do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), fizeram empréstimos aos Estados do Terceiro Mundo para investir nos serviços sociais e em empresas estatais; e, através dos serviços de espionagem e das forças armadas, ofereceram “ajuda” militar

para reprimir revoltas e revoluções. Com isso, estimularam, sobretudo a partir dos anos 60, a proliferação de ditaduras militares e regimes autoritários no Terceiro Mundo, como foi o caso do Brasil.

No centro do discurso político capitalista encontra-se a defesa da democracia.

Vimos que as formações sociais totalitárias cresceram à sombra da crítica à democracia liberal, considerada responsável pela desordem e caos sócio-econômicos, porque abandona a sociedade à cobiça ilimitada dos ricos e poderosos. A democracia é o mal.

Por seu turno, na luta contra os totalitarismos, os Estados capitalistas afirmaram tratar-se do combate entre a opressão e a liberdade, a ditadura e a democracia. A democracia é o bem.

Nos dois casos, a democracia, erguida ora como o mal, ora como o bem, deixava de ser encarada como forma da vida social para tornar-se um tipo de governo e um instrumento ideológico para esconder o que ela é, em nome do que ela “vale”.

Tanto assim, que os grandes Estados capitalistas, campeões da democracia, não tiveram dúvida em auxiliar a implantação de regimes autoritários (portanto antidemocráticos) toda vez que lhes pareceu conveniente.

Embora liberalismo e Estado do Bem-Estar Social (ou social-democracia) sejam diferentes quanto à questão dos direitos – o primeiro limita os direitos à cidadania política da classe dominante, o segundo amplia a cidadania política e acolhe a idéia de direitos sociais -, no que tange à democracia são semelhantes.

Como a definem? Como regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. O que isso quer dizer?

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Em primeiro lugar, que identificam liberdade e competição – tanto a competição econômica da chamada “livre iniciativa”, quanto a competição política entre partidos que disputam eleições.

Em segundo lugar, que identificam a lei com a potência judiciária para limitar o poder político, defendendo a sociedade contra a tirania, a lei garantindo os governos escolhidos pela vontade da maioria.

Em terceiro lugar, que identificam a ordem com a potência do executivo e dojudiciário para conter e limitar os conflitos sociais, impedindo o desenvolvimento da luta de classes, seja pela repressão, seja pelo atendimento das demandas por direitos sociais (emprego, boas condições de trabalho e salário, educação, moradia, saúde, transporte, lazer).

Em quarto lugar, que, embora a democracia apareça justificada como “valor” ou como “bem”, é encarada, de fato, pelo critério da eficácia. Em outras palavras, defendem a democracia porque lhes parece um regime favorável à apatia política – a política seria assunto dos representantes, que são políticos profissionais -, que, por seu turno, favorece a formação de uma elite de técnicos competentes aos quais cabe a direção do Estado, evitando, dessa maneira, uma participação política que traria à cena os “extremistas” e “radicais” da sociedade.

A democracia é, assim, reduzida a um regime político eficaz, baseado na idéia de cidadania organizada em partidos políticos e manifestando-se no processo eleitoral de escolha dos representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas (e não políticas) para os problemas sociais.

Vista por esse prisma, é realmente uma ideologia política e justifica a crítica que lhe dirigiu Marx ao referir-se ao formalismo jurídico que preside a idéia dedireitos do cidadão. Em outras palavras, desde a Revolução Francesa de 1789, essa democracia declara os direitos universais do homem e do cidadão, mas a sociedade está estruturada de tal maneira que tais direitos não podem existir concretamente para a maioria da população. A democracia é formal, não é concreta.

7.10.1 - A sociedade democrática

Vimos que uma ideologia não nasce do nada, nem repousa no vazio, masexprime, de maneira invertida, dissimulada e imaginária, a praxis social ehistórica concretas. Isso se aplica à ideologia democrática. Em outras palavras, há, na prática democrática e nas idéias democráticas, uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores ao que a ideologia democrática percebe edeixa perceber.

Que significam as eleições? Muito mais do que a mera rotatividade de governos ou a alternância no poder. Simbolizam o essencial da democracia: que o poder não se identifica com os ocupantes do governo, não lhes pertence, mas é sempre um lugar vazio, que os cidadãos, periodicamente, preenchem com um representante, podendo revogar seu mandato se não cumprir o que lhe foidelegado para representar.

As idéias de situação e oposição, maioria e minoria, cujas vontades devem ser respeitadas e garantidas pela lei, vão muito além dessa aparência. Significam que a sociedade não é uma comunidade

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una e indivisa voltada para o bem comumobtido por consenso, mas, ao contrário, que está internamente dividida e que as divisões são legítimas e devem expressar-se publicamente. A democracia é a única forma política que considera o conflito legítimo e legal, permitindo que seja trabalhado politicamente pela própria sociedade.

As idéias de igualdade e liberdade como direitos civis dos cidadãos vão muitoalém de sua regulamentação jurídica formal. Significam que os cidadãos são sujeitos de direitos e que, onde tais direitos não existam nem estejam garantidos, tem-se o direito de lutar por eles e exigi-los. É esse o cerne da democracia.

Um direito difere de uma necessidade ou carência e de um interesse. Uma necessidade ou carência é algo particular e específico. Alguém pode ter necessidade de água, outro, de comida. Um grupo social pode ter carência de transportes, outro, de hospitais. Há tantas necessidades quanto indivíduos, tantas carências quanto grupos sociais.

Um interesse também é algo particular e específico. Os interesses dos estudantes brasileiros podem ser diferentes dos interesses dos estudantes argentinos. Os interesses dos agricultores podem ser diferentes dos interesses dos comerciantes. Os interesses dos bancários, diferentes dos interesses dos banqueiros. Os interesses dos índios, diferentes dos interesses dos garimpeiros.

Necessidades ou carências podem ser conflitantes. Suponhamos que, por exemplo, numa região de uma grande cidade, as mulheres trabalhadoras tenhamnecessidade ou carência de creches para seus filhos e que, na mesma região, um outro grupo social,

favelado, tenha carência de moradia. O governo municipaldispõe de recursos para atender a uma das carências, mas não a ambas, de sorteque resolver uma significará abandonar a outra.

Interesses também podem ser conflitantes. Suponhamos, por exemplo, que interesse a grandes proprietários de terra deixá-las inativas esperando a valorização imobiliária, mas que interesse a trabalhadores rurais sem terra o cultivo de alimentos para a sobrevivência; temos aí um conflito de interesses.

Suponhamos que interesse aos proprietários de empresas comerciais estabelecer um horário de trabalho que aumente as vendas, mas que interesse aoscomerciários um outro horário, no qual possam dispor de horas para estudar, cuidar da família e descansar. Temos aqui um outro conflito de interesses.

Um direito, ao contrário de necessidades, carências e interesses, não é particular e específico, mas geral e universal, válido para todos os indivíduos, grupos e classes sociais. Assim, por exemplo, a carência de água e de comida manifesta algo mais profundo: o direito à vida. A carência de moradia ou de transporte também manifesta algo mais profundo: o direito a boas condições de vida. O interesse dos estudantes, o direito à educação e à informação. O interesse dos sem-terra, o direito ao trabalho. O dos comerciários, o direito a boas condições de trabalho.

Dizemos que uma sociedade – e não um simples regime de governo – é democrática, quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da república, respeito à vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo, que é condição do próprio

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regime político, ou seja, quando institui direitos.

A criação de direitosQuando a democracia foi

inventada pelos atenienses, criou-se a tradição democrática como instituição de três direitos fundamentais que definiam ocidadão: igualdade, liberdade e participação no poder. Igualdade significava: perante as leis e os costumes da polis, todos os cidadãos possuem os mesmos direitos e devem ser tratados da mesma maneira. Por esse motivo, Aristóteles afirmava que a primeira tarefa da justiça era igualar os desiguais, seja pela redistribuição da riqueza social, seja pela garantia de participação no governo.Também pelo mesmo motivo, Marx afirmava que a igualdade só se tornaria um direito concreto quando não houvesse escravos, servos e assalariados explorados, mas fosse dado a cada um segundo suas necessidades e segundo seu trabalho.

A observação de Aristóteles e, depois, a de Marx indicam algo preciso: a mera declaração do direito à igualdade não faz existir os iguais, mas abre o campo para a criação da igualdade, através das exigências e demandas dos sujeitos sociais.

Em outras palavras, declarado o direito à igualdade, a sociedade pode instituir formas de reivindicação para criá-lo como direito real.

Liberdade significava: todo cidadão tem o direito de expor em público seus interesses e suas opiniões, vê-los debatidos pelos demais e aprovados ou rejeitados pela maioria, devendo acatar a decisão tomada publicamente. Na modernidade, com a Revolução Inglesa de 1644 e a Revolução Francesa de 1789, o direito à liberdade ampliou-se. Além da

liberdade de pensamento e de expressão, passou a significar o direito à independência para escolher o ofício, o local de moradia, o tipo de educação, o cônjuge, em suma, a recusa das hierarquias fixas, supostamente divinas ou naturais.

Acrescentou-se, em 1789, um direito de enorme importância, qual seja, o de que todo indivíduo é inocente até prova em contrário, que a prova deve serestabelecida perante um tribunal e que a liberação ou punição devem ser dadas segundo a lei. Com os movimentos socialistas, a luta social por liberdade ampliou ainda mais esse direito, acrescentando-lhe o direito de lutar contra todas as formas de tirania, censura e tortura e contra todas as formas de exploração e dominação social, econômica, cultural e política.

Observamos aqui o mesmo que na igualdade: a simples declaração do direito à liberdade não a institui concretamente, mas abre o campo histórico para a criação desse direito pela práxis humana.

Participação no poder significava: todos os cidadãos têm o direito de participar das discussões e deliberações públicas da polis, votando ou revogando decisões.

Esse direito possuía um significado muito preciso. Nele afirmava-se que, do ponto de vista político, todos os cidadãos têm competência para opinar e decidir, pois a política não é uma questão técnica (eficácia administrativa e militar) nem científica (conhecimentos especializados sobre administração e guerra), mas ação coletiva, isto é, decisão coletiva quanto aos interesses e direitos da própria polis.

A democracia ateniense, como se vê, era direta. A moderna, porém, é representativa. O direito à participação tornou-se, portanto, indireto, através da escolha de

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representantes. Ao contrário dos outros dois direitos, este último parece ter sofrido diminuição em lugar de ampliação. Essa aparência é falsa e verdadeira.

Falsa, porque a democracia moderna foi instituída na luta contra o Antigo Regime e, portanto, em relação a esse último, ampliou a participação dos cidadãos no poder, ainda que sob a forma da representação.

Verdadeira, porque, como vimos, a república liberal tendeu a limitar os direitos políticos aos proprietários privados dos meios de produção e aos profissionais liberais da classe média, aos homens adultos “independentes”. Todavia, as lutas socialistas e populares forçaram a ampliação dos direitos políticos com a criação do sufrágio universal (todos são cidadãos eleitores: homens, mulheres, jovens, negros, analfabetos, trabalhadores, índios) e a garantia da elegibilidade de qualquer um que, não estando sob suspeita de crime, se apresente a um cargo eletivo.

Vemos aqui, portanto, o mesmo que nos direitos anteriores: lutas sociais que transformam a simples declaração de um direito em direito real, ou seja, vemosaqui a criação de um direito.

As lutas por igualdade e liberdade ampliaram os direitos políticos (civis) e, apartir destes, criaram os direitos sociais – trabalho, moradia, saúde, transporte, educação, lazer, cultura -, os direitos das chamadas “minorias”xxv – mulheres, idosos, negros, homossexuais, crianças, índios – e o direito à segurança planetária – as lutas ecológicas e contra as armas nucleares.

As lutas populares por participação política ampliaram os direitos civis: direitode opor-se à tirania, à censura, à tortura, direito de fiscalizar o Estado

por meio de organizações da sociedade (associações, sindicatos, partidos políticos); direito à informação pela publicidade das decisões estatais.

A sociedade democrática institui direitos pela abertura do campo social à criação de direitos reais, à ampliação de direitos existentes e à criação de novos direitos.

Com isso, dois traços distinguem a democracia de todas as outras formas sociais e políticas:1. a democracia é a única sociedade e o único regime político que considera o conflito legítimo . Não só trabalha politicamente os conflitos de necessidade e de interesses (disputas entre os partidos políticos e eleições de governantes pertencentes a partidos opostos), mas procura instituí-los como direitos e, comotais, exige que sejam reconhecidos e respeitados. Mais do que isso. Na sociedade democrática, indivíduos e grupos organizam-se em associações, movimentos sociais e populares, classes se organizam em sindicatos e partidos, criando um contra-poder social que, direta ou indiretamente, limita o poder do Estado;2. a democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às transformações e ao novo. Com efeito, pela criação de novos direitos e pela existência dos contra-poderes sociais, a sociedade democrática não está fixada numa forma para sempre determinada, ou seja, não cessa de trabalhar suas divisões e diferenças internas, de orientar-se pela possibilidade objetiva (a liberdade) e de alterar-se pela própria praxis.

Os obstáculos à democraciaLiberdade, igualdade e

participação conduziriam à célebre formulação da política democrática

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como “governo do povo, pelo povo e para o povo ”. Entretanto, o povo da sociedade democrática está dividido em classes sociais – sejam os ricos e os pobres (Aristóteles), os grandes e o povo (Maquiavel), as classes sociais antagônicas (Marx).

É verdade que a sociedade democrática é aquela que não esconde suas divisões, mas procura trabalhá-las pelas instituições e pelas leis. Todavia, no capitalismo, são imensos os obstáculos à democracia, pois o conflito dos interesses é posto pela exploração de uma classe social por outra, mesmo que a ideologia afirme que todos são livres e iguais.

É verdade que as lutas populares nos países de capitalismo avançado ampliaram os direitos e que a exploração dos trabalhadores diminuiu muito, sobretudo com o Estado do Bem-Estar Social. No entanto, houve um preço a pagar: a exploração mais violenta do trabalho pelo capital recaiu sobre as costas dos trabalhadores nos países do Terceiro Mundo.

Houve uma divisão internacional do trabalho e da exploração que, ao melhorar a igualdade e a liberdade dos trabalhadores de uma parte do mundo, agravou as condições de vida e de trabalho da outra parte. E não foi por acaso que, enquanto nos países capitalistas avançados cresciam o Estado de Bem-Estar e a democracia social, no Terceiro Mundo eram implantadas ditaduras e regimes autoritários, com os quais os capitalistas desses países se aliavam aos das grandes potências econômicas.

A situação do direito de igualdade e de liberdade é também muito frágil nos dias atuais, porque o modo de produção capitalista passa por uma mudança profunda para resolver a recessão mundial. Essa mudança, conhecida com o nome de

neoliberalismo, implicou o abandono da política do Estado do Bem-Estar Social (políticas de garantia dos direitos sociais) e o retorno à idéia liberal de autocontrole da economia pelo mercado capitalista, afastando, portanto, a interferência do Estado no planejamento econômico.

O abandono das políticas sociais chama-se privatização, e o do planejamento econômico, resregulação. Ambas significam: o capital é racional e pode, por si mesmo, resolver os problemas econômicos e sociais. Além disso, o desenvolvimento espantoso das novas tecnologias eletrônicas trouxe a velocidade da comunicação e da informação e a automação da produção e distribuição dos produtos.

Essa mudança nas forças produtivas (pois a tecnologia alterou o processo social do trabalho) vem causando o desemprego em massa nos países de capitalismo avançado, movimentos racistas contra imigrantes e migrantes, exclusão social, política e cultural de grandes massas da população. Esse fenômeno começa também a atingir alguns países do Terceiro Mundo, como o Brasil.

Em outras palavras, os direitos econômicos e sociais conquistados pelas lutas populares estão em perigo porque o capitalismo está passando por uma mudança profunda. De fato, tradicionalmente, o capital se acumulava, se ampliava e se reproduzia pela absorção crescente de pessoas no mercado de mão-de-obra (ou mercado de trabalho) e no mercado de consumo dos produtos. Hoje, porém, com a presença da tecnologia de ponta como força produtiva, o capital pode acumular-se e reproduzir-se excluindo cada vez mais as pessoas do mercado de trabalho e de consumo. Não precisa mais de grandes massas trabalhadoras e

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consumidoras, pode ampliar-se graças ao desemprego em massa e não precisa preocupar-se em garantir direitos econômicos e sociais aos trabalhadores porque não necessita de seus trabalhos e serviços. Por isso o Estado do Bem-Estar Social tende a ser suprimido pelo Estado neoliberal, defensor da privatização das políticas sociais (educação, saúde, transporte, moradia, alimentação).

O direito à participação política também encontra obstáculos. De fato, no capitalismo da segunda metade do século XX, a organização industrial do trabalho foi feita a partir de uma divisão social nova: a separação entre dirigentes e executantes. Os primeiros são os que recebem a educação científica e tecnológica, são considerados portadores de saberes que os tornam competentes e por isso com poder de mando. Os executantes são aqueles que não possuem conhecimentos tecnológicos e científicos, mas sabem apenas executar tarefas, sem conhecer as razões e as finalidades de sua ação. São por isso considerados incompetentes e destinados a obedecer.

Essa forma de organização da divisão social do trabalho propagou-se para a sociedade inteira. No comércio, na agricultura, nas escolas, nos hospitais, nasuniversidades, nos serviços públicos, nas artes, todos estão separados entre “competentes” que sabem e “incompetentes” que executam. Em outras palavras, a posse de certos conhecimentos específicos tornou-se um poder para mandar e decidir.

Essa divisão social converteu-se numa ideologia: a ideologia da competência técnico-científica, isto é, na idéia de que quem possui conhecimentos está naturalmente dotado de poder de mando e direção. Essa ideologia, fortalecida pelos

meios de comunicação de massa que a estimula diariamente, invadiu a política: esta passou a ser considerada uma atividade reservada paraadministradores políticos competentes e não uma ação coletiva de todos os cidadãos.

Não só o direito à representação política (ser representante) diminui porque se restringe aos competentes, como ainda a ideologia da competência oculta e dissimula o fato de que, para ser “competente”, é preciso ter recursos econômicos para estudar e adquirir conhecimentos. Em outras palavras, os “competentes” pertencem à classe economicamente dominante, que, assim, dirige a política segundo seus interesses e não de acordo com a universalidade dos direitos.

Um outro obstáculo ao direito à participação política é posto pelos meios de comunicação de massa. Só podemos participar de discussões e decisões políticas se possuirmos informações corretas sobre aquilo que vamos discutir e decidir.

Ora, como já vimos, os meios de comunicação de massa não informam, desinformam. Ou melhor, transmitem as informações de acordo com os interesses de seus proprietários e das alianças econômicas e políticas destes com grupos detentores de poder econômico e político. Assim, por não haver respeito ao direito de informação, não há como respeitar o direito à verdadeira participação política.

Os obstáculos à democracia não inviabilizam a sociedade democrática. Pelocontrário. Somente nela somos capazes de perceber tais obstáculos e lutar contra eles.

7.10.2 - Dificuldades para a democracia no Brasil

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Periodicamente os brasileiros afirmam que vivemos numa democracia, depois de concluída uma fase de autoritarismo. Por democracia entendem a existência de eleições, de partidos políticos e da divisão republicana dos três poderes, além da liberdade de pensamento e de expressão. Por autoritarismo, entendem um regime de governo em que o Estado é ocupado através de um golpe (em geral militar ou com apoio militar), não há eleições nem partidos políticos, o poder executivo domina o legislativo e o judiciário, há censura do pensamento e da expressão (por vezes com tortura e morte) dos inimigos políticos. Em suma, democracia e autoritarismo são vistos como algo que se realiza na esfera do Estado e este é identificado com o modo de governo.

Essa visão é cega para algo profundo na sociedade brasileira: o autoritarismo social. Nossa sociedade é autoritária porque é hierárquica, pois divide as pessoas,em qualquer circunstância, em inferiores, que devem obedecer, e superiores, que devem mandar. Não há percepção nem prática da igualdade como um direito.

Nossa sociedade também é autoritária porque é violenta (nos termos em que, no estudo da ética, definimos a violência): nela vigoram racismo, machismo, discriminação religiosa e de classe social, desigualdades econômicas das maiores do mundo, exclusões culturais e políticas. Não há percepção nem prática do direito à liberdade.

O autoritarismo social e as desigualdades econômicas fazem com que a sociedade brasileira esteja polarizada entre as carências das camadas populares e os interesses das classes abastadas e dominantes, sem conseguir ultrapassar carências e interesses e

alcançar a esfera dos direitos. Os interesses, porque não se transformam em direitos, tornam-se privilégios de alguns, de sorte que a polarização social se efetua entre os despossuídos (os carentes) e os privilegiados. Estes, porque são portadores dos conhecimentos técnicos e científicos, são os “competentes”, cabendo-lhes a direção da sociedade.

Como vimos, uma carência é sempre específica, sem conseguir generalizar-se num interesse comum nem universalizar-se num direito. Um privilégio, por definição, é sempre particular, não podendo generalizar-se num interesse comum nem universalizar-se num direito, pois, se tal ocorresse, deixaria de ser privilégio.

Ora, a democracia é criação e garantia de direitos. Nossa sociedade, polarizada entre a carência e o privilégio, não consegue ser democrática, pois não encontra meios para isso.

Esse conjunto de determinações sociais manifesta-se na esfera política. Em lugar de democracia, temos instituições vindas dela, mas operando de modo autoritário.

Assim, por exemplo, os partidos políticos costumam ser de três tipos: os clientelistas, que mantêm relações de favor com seus eleitores, os vanguardistas,que substituem seus eleitores pela vontade dos dirigentes partidários, e os populistas, que tratam seus eleitores como um pai de família (o despotes) trata seus filhos menores. Favor, substituição e paternalismo evidenciam que a prática da participação política, através de representantes, não consegue se realizar no Brasil. Os representantes, em lugar de cumprir o mandato que lhes foi dado pelos representados, surgem como chefes, mandantes, detentores de favores e

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poderes, submetendo os representados, transformando-os em clientes que recebem favores dos mandantes.

A “indústria política” – isto é, a criação da imagem dos políticos pelos meios de comunicação de massa para a venda do político aos eleitores-consumidores -, aliada à estrutura social do país, alimenta um imaginário político autoritário. As lideranças políticas são sempre imaginadas como chefes salvadores da nação, verdadeiros messias escolhidos por Deus e referendados pelo voto dos eleitores.

Na verdade, não somos realmente eleitores (os que escolhem), mas meros votantes (os que dão o voto para alguém).A imagem populista e messiânica dos governantes indica que a concepção teocrática do poder não desapareceu: ainda se acredita no governante como enviado das divindades (o número de políticos ligados a astrólogos e videntes fala por si mesmo) e que sua vontade tem força de lei.

As leis, porque exprimem ou os privilégios dos poderosos ou a vontade pessoal dos governantes, não são vistas como expressão de direitos nem de vontades e decisões públicas coletivas. O poder judiciário aparece como misterioso, envolto num saber incompreensível e numa autoridade quase mística. Por isso mesmo, aceita-se que a legalidade seja, por um lado, incompreensível, e, por outro, ineficiente (a impunidade não reina livre e solta?) e que a única relação possível com ela seja a da transgressão (o famoso “jeitinho”). Como se observa, a democracia, no Brasil, ainda está por ser inventada.

ANOTAÇÕES:

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QUESTÕES – CAP. 7

1. U. E. Londrina-PR (2003) “Toda cidade [pólis], portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final. (...) Estas considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal social, e um homem que por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade.” (ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad.

De Mário da Gama Kuri. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.) De acordo com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a pólis:

a) É instituída por uma convenção entre os homens.b) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a vida em sociedade.c) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses, alheia à vontade humana.d) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspota.e) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ordenam.

2. Vunesp (2009). O modelo da cidade ideal, segundo Platão, está fundamentado na concepção de uma divisão em três partes ou classes sociais: artesãos, agricultores e comerciantes; guerreiros; magistrados e governantes. Este modelo funda-se na teoria de que cada indivíduo possui três almas ou três princípios que o compõem: a alma concupiscente; a alma irascível; e a alma racional. Cada classe social possuiria uma função bem definida, na qual cada membro seria escolhido pelas suas capacidades, surgidas em um processo de educação. Desse modo, os magistrados e os governantes seriam escolhidos para esses cargos segundo seus conhecimentos e sabedoria, pois seriam eles os mais preparados para fazer uso da alma racional. A concepção de regime político que fundamenta o modelo de governo platônico é a:

a) Democracia.b) Aristocracia.c) Monarquia.d) Tirania.e) Oligarquia.

3. U. E. Maringá-PR (2010)

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A formação da polis, na Grécia Antiga, caracterizou-se por uma estrutura sociopolítica em que havia uma divisão substancial entre a esfera privada e a esfera pública. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.(01) A divisão entre a esfera privada e a pública não impediu que todos os habitantes de Atenas participassem da vida política que se realizava na esfera pública.(02) A Retórica era malvista, pois era considerada um recurso linguístico enganoso e demagógico utilizado para ascender ao poder da esfera pública.(04) Na esfera pública, é garantida a igualdade de direitos perante a lei, isto é, o princípio de isonomia, como também é reconhecida a igualdade de direito ao uso público e político da palavra, ou seja, o princípio de isegoria.(08) Aristóteles, na sua obra Política, defende uma democracia em que a participação na esfera pública é concedida a todos os habitantes da polis.(16) Habituados ao discurso, os cidadãos gregos encontram na ágora o espaço social para o debate e o exercício da persuasão, dando-lhes a possibilidade de decidir os destinos da polis.

4. UEL (2011)  Leia o texto a seguir.Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao romper com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância,

na lei natural concernente à autoconservação, da qual deriva a segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”. (HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.)

 Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar: a)  A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na observância da justiça e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.b)  A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao renunciarem sua liberdade em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam na condição natural de guerra.c)  A justiça é definida como observância das leis naturais e, portanto, a injustiça consiste na submissão ao poder coercitivo que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus pactos.d)  As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, têm lugar a partir do momento em que os homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra generalizada de todos.e)  A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida em que as leis que a efetivam sejam criadas, por direito natural, pelos súditos com o objetivo de assegurar

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solidariamente a paz e a segurança de todos.

5. UEL (2010)       Com a secularização do pensamento político, filósofos do século XVIII procuram justificar racionalmente o poder do Estado sem a utilização de argumentos religiosos. Recorrem, para isso, à ideia de contrato social como passagem do estado de natureza à sociedade civil. Sobre o contratualismo clássico, assinale o que for correto. 01)  Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes estão de acordo quanto à forma de vida do homem pré-social ou natural, pois o recurso ao estado de natureza é unânime e invariável entre os contratualistas clássicos.02)  Thomas Hobbes ilustra sua teoria política com um monstro bíblico retirado do livro de Jó, o Leviatã, que é um ser artificial e idealizado pelos homens para representar o Estado.04)  A partir do conceito de vontade geral, Jean-Jacques Rousseau fundamenta sua teoria, para a qual o bem do Estado atinge todos os indivíduos.08)  O contratualismo clássico confunde, ao recorrer à hipótese do estado de natureza, “origem” (termo lógico) e “início” (termo histórico). Devido a isso, é uma teoria política controversa, nacontemporaneidade.16)  À ideia de pacto social ou contrato, está associado o “problema dos universais”, que vem da Idade Média.

6. PUC-PR (2009) Rousseau, no texto Sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755), estabelece que:

a) A invenção da propriedade privada, das sociedades e das leis foram acontecimentos que deram origem, diversificaram e aprofundaram as formas de desigualdade.b) A desigualdade natural entre os homens é a principal razão da desigualdade social e política.c) A desigualdade econômica se deve, sobretudo, à inteligência mais aguçada dos ricos.d) A invenção da sociedade e das leis nasceu para garantir os direitos naturais da vida e da propriedade.e) A invenção da política marcou o fim da desigualdade entre senhores e escravos.

7. ETICO (2011)      [...] O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição [...] nisto temos a clara diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham confundido, eles estão tão distantes um do outro [...].LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978.  8. Leia o texto acima e assinale a alternativa correta. a)  Para Locke, o estado de natureza é um estado de destruição, inimizade, enfim uma guerra “de todos os homens contra todos os homens”.b)  Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra.c)  Segundo Locke, para compreendermos o poder político, é necessário distinguir o estado de guerra do estado de natureza.d)  Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no fato de ambos utilizarem o conceit de estado de natureza exatamente com o mesmo significado.

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9. U. F. Uberlândia-MG (1998) Para Rousseau, o contrato não faz o povo perder a soberania, pois não é criado um Estado separado do próprio povo. Isto é possível, porque:a) o contrato surge de uma visão individualista do homem;o indivíduo preexiste ao Estado e o pacto visa garantir os interesses e a propriedade dos indivíduos.b) não existe democracia, mas um governo absoluto que não pode ser contestado.c) são os interesses privados que expressam a vontade geral e que, através do contrato, criam o Estado.d) “a essência humana é ser livre da dependência das vontades alheias, e a liberdade existe como exercício de posse”.e) soberano é o corpo coletivo que expressa, através da lei, a vontade geral.

10. Maquiavel esteve empenhado na renovação da política em um período ainda dominado pela teologia cristã com os seus valores que atribuíam ao poder divino a responsabilidade sobre os propósitos humanos. Em sua obra mestra, O príncipe, escreveu:“Deus não quer fazer tudo, para não nos tolher o livre arbítrio e parte da glória que noscabe”.MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 108.

Assinale a alternativa que fundamenta essa afirmação de Maquiavel.A) Deus faz o mais importante, conduz o príncipe até o trono, garantindo-lhe a conquista e a posse. Depois, cabe aosoberano fazer um bom governo submetendo-se aos dogmas da fé.B) A conquista e a posse do poder político não é uma dádiva de Deus. É preciso que o príncipe saiba agir, valendo-se das

oportunidades que lhe são favoráveis, e com firmeza alcance a sua finalidade.C) Os milagres de Deus sempre socorreram os homens piedosos. Para ser digno do auxílio divino e alcançar a glóriaterrena é preciso ser obediente à fé cristã e submeter-se à autoridade do papa.D) Nem Deus, nem o soberano são capazes de conquistar o Estado. Tudo que ocorre na História é obra do capricho, doacaso cego, que não distingue nem o cristão nem o gentio. 

11. F. Carlos Chagas-SP (2010) No Leviatã, Hobbes opõe-se à tese aristotélica de que o homem é sociável por natureza, dizendo que:a) a constituição de uma sociedade organizada é impossível.b) a socialização desvirtua o homem, tornando-o indefeso.c) ninguém quer renunciar à sua liberdade e viver em sociedade.d) os homens são naturalmente inclinados à discórdia e à luta de uns contra outros.e) toda ciência política é desprovida de valor, já que os homens não foram feitos para viver em sociedade.

12. U. F. Pelotas-RS (2008) Sobre Filosofia Política, podemos dizer que:I- Nicolau MAQUIAVEL recusa a figura do bom governo, encarnada no príncipe virtuoso, portador das virtudes cristãs. O príncipe precisa ter virtu, mas esta é propriamente política, referindo-se às qualidades do dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que para isso deva usar a violência, a mentira, a astúcia e a força.II- Para Jean-Jacques ROUSSEAU, o soberano é o governante, entendido como vontade geral, pessoa moral coletiva livre e que defende a propriedade privada; os governados

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se submetem às leis e à autoridade do governante e, como súditos, jamais exercem a cidadania.III- John LOCKE desenvolve uma teoria socialista que desmistificou a política liberal. Para ele, as relações fundamentais de toda sociedade humana são as relações de produção, que correspondem a um certo estágio das forças produtivas.IV- Para Thomas HOBBES, quando os interesses egoístas predominam, cada um se torna um lobo para o outro (homo homini lupus). As disputas provocam a guerra de todos contra todos (bellum omnium contra omnes), com graves prejuízos para a indústria, a agricultura, a navegação, o desenvolvimento da ciência e o conforto de todos.As afirmativas corretas são apenas:a) I, II e III.b) II e III.c) II, III e IV.d) I e IV..

13. (UFU2009/2Q09)Leia atentamente o texto abaixo e assinale a alternativa que indica com qual teoria filosófica ele se relaciona.“É possível afirmar que a sociedade se constitui a partir de condições materiais de produção e da divisão social do trabalho, que as mudanças históricas são determinadas pelas modificações naquelas condições materiais e naquela divisão do trabalho e que a consciência humana é determinada a pensar as idéias que pensa por causa das condições materiais instituídas pela sociedade.”CHAUÍ, M. Filosofia. São Paulo: Ática, 2007.

Este texto descreve

A)a concepção de Marx, que escreveu obras como Contribuição à Economia Política e O Capital.B) a concepção de Nicolau Maquiavel, que escreveu, dentre outras obras, O Príncipe.

C) a concepção de Thomas Hobbes, autor do Leviatã.D) a concepção de Jean Jacques Rousseau, autor de O Contrato Social.

14. (UFU2008/2Q7) Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) escreveu a obra Do Contrato Social, na qual analisa os fundamentos do direito político e não o surgimento histórico das sociedades políticas. Nessa obra, esse autor afirma que o pacto social ocorre quando cada um concorda em ceder todos os seus direitos à comunidade, saindo, portanto, do estado de natureza e adentrando no estado civil. Com isso, cada um dos participantes só tem a ganhar, pois antes deveria proteger-se somente com as próprias forças, mas a comunidade formada pelo pacto garantirá a vida e os bens de cada associado ampliandosuas forças.Com base nessas idéias, marque a alternativa correta.A) O texto acima sustenta que os participantes do pacto adquirem o direito de defender, com suas próprias forças, seus bens e suas vidas.B) O texto acima descreve a fundação do corpo político para Rousseau.C) O texto acima descreve a passagem do estado civil ao estado de natureza.D) O texto acima descreve um momento histórico vivido por toda a humanidade.

TEXSTO PARA QUESTÕES 15 e 16 UPE2011As entrevistas realizadas pelo “Jornal Nacional” com Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra provocaram três tipos principais de avaliação: se a performance midiática do candidato foi boa ou não, se falou bobagens ou não e,

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especialmente, se os dois apresentadores do noticiário agiram bem ou mal como entrevistadores.

O primeiro tipo de avaliação não é mais novidade há muito tempo. Eleição é um exercício de convencimento, não de discussão de ideias – saber vender o peixe é muito mais importante do que o peixe em si. Se o candidato foi simpático ou não, se olhou para a câmera ou para os entrevistadores, se parecia calmo ou nervoso, se escolheu as cores certas para a roupa – tudo isso é mais importante do que suas ideias e propostas.

A atenção que se dá aos erros, exageros e mentiras dos candidatos seria útil, se ajudasse o eleitor a formar uma opinião sobre o grau de preparo e o caráter de quem pede o voto. Mas, bem adestrados, eles cometem cada vez menos deslizes, o que explica o destaque desproporcional dado a certas bobagens (caso da confusão que Dilma fez ao colocar a Baixada Santista no Estado do Rio).

Mais peculiar e interessante é a preocupação geral com a performance de William Bonner e Fátima Bernardes. Para a Globo, dado o seu passivo, é fundamental demonstrar isenção. Isso começa pelo enfoque adotado para as entrevistas. “Vamos abordar aqui temas polêmicos das candidaturas e também confrontar os candidatos com as suas realizações em cargos públicos”, avisou Bonner no dia da entrevista com Dilma.

(Blog do Jamildo,11.08.10)15. (UPE2011). A política é uma importante dimensão da vida humana em sociedade. Mesmo sem saber ou sem querer, o ser humano está envolvido totalmente na política. A filosofia discute a

atividade política nos seguintes termos:I. Refere-se às decisões que realizamos ao longo da vida para garantia dos bens privados.II. É o conjunto de atividades humanas que se refere à cidade e às coisas de interesse público.III. É uma atividade que se realiza em continuação da Ética aplicada à vida pública. (Aristóteles).IV. Política é a dimensão humana que se preocupa com questões de interesse individual no exercício do poder na esfera pública.V. É o processo de formação do sujeito em sociedade. (Lasswell e Kaplan).

Somente está CORRETO o que se afirma em.A) II, III e IV.B) II, IV e V.C) I e IV.D) I, II e IV.E) IV.

16. (UPE2011) O autor do comentário anterior acusa que a entrevista realizada pelo Jornal Nacional não aprofundou dimensões políticas que se espera à qualidade do gestor público. Sobre essas qualidades, identifique-as abaixo:I. Capacidade de gerir seus negócios particulares.II. Capacidade de gerir a educação pública.III. Capacidade de convencimento.IV. Capacidade de gerir o transporte público.V. Capacidade de gerir a saúde pública.

Estão CORRETAS:A) apenas I, III, IV e V.B) apenas II, IV e V.C) apenas I e V.D) I, II, III, IV e V.E) apenas IV e V.

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17. (UPE. q32). Uma das obras de Aristóteles essenciais aos estudos da sociedade é A Política; escrita no século III a. C. , que influenciou bastante o pensamento de gerações seguintes. Sobre A Política de Aristóteles, é INCORRETO afirmar queA) os sistemas de governos são estudados.B) a sociedade doméstica ou familiar é analisada.C) não se importa em tematizar os modos de se gerir a coisa pública.D) a formação do cidadão e a educação dos jovens aparecem como uma das temáticas.E) a situação das mulheres e dos escravos na sociedade é nela abordada.

18. UPE. Karl Marx foi um dos pensadores mais influentes da história da filosofia, possuidor de uma obra vasta, com repercussões nas ciências políticas, na teoria da História, na Economia e em vários outros campos do saber. Tendo em vista a numerosa produção marxiana, assinale a alternativa em que só são nominadas obras da autoria de Marx.A) A Ideologia Alemã, Ensaios e A Sagrada Família.B) O Capital, Assim falou Zaratrusta e O 18 Brumário.C) A Ideologia Alemã, O Capital e Teses sobre Feuerbach.D) O 18 Brumário, O Elogio da Loucura e A Miséria da Filosofia.E) A Utopia, O Capital e Ensaios.

20.. Sobre as relações entre política e moral, é CORRETO afirmar queA) o primeiro defensor da autonomia da esfera política em relação a todas as outras e, em particular, às esferas da moral e da religião, foi Nicolau Maquiavel.B) Santo Agostinho afirmou a existência de duas associações do

espírito: cidade de Deus e cidade terrena ou Estado.C) as ideias de Aristóteles estabelecem que o homem é um animal essencialmente político e sociável.D) no Leviatã, Hobbes dá as razões desse conflito, cabendo destacar, em primeiro lugar, a de que os homens competem, permanentemente, por „honra e dignidade‟, resultando disso inveja e ódio; em segundo lugar, dado que o bem comum e o bem privado são distintos, é o último que tende a prevalecer.E) Locke partilhava da ideia de que a sociabilidade natural, ao contrário do que presumiam os escolásticos, não levava necessariamente à constituição do Estado; a sociedade civil não deveria, portanto, ser tomada como Estado.

21. (UEM2010-InvQ20) Lutas populares intensas e profundas crises econômicas forçaram o Estado liberal a tornar-se uma República democrática representativa, ampliando a cidadania política. Com base nessa afirmação, assinale o que forcorreto.01) O Welfare State (Estado de bem-estar social), com fundamentos da teoria do economista John Maynard Keynes, representa uma ruptura com a concepção da ortodoxia liberal de um Estado minimalista.02) O neoliberalismo amplia a política social do Welfare State, reforçando a intervenção do Estado no sentido de defender e garantir direitos e benefícios sociais no campo da previdência social.04) Nos Estados Unidos, o presidente Roosevelt, depois da grande crise de 1929, elabora um plano econômico conhecido como New Deal, caracterizado pelo dirigismo estatal e o subsídio financeiro às obras públicas.

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08) O liberalismo caracteriza-se pela diferença e distância entre o Estado e a sociedade, pois é essa distância que lhe permite defender a ideia de liberdade econômica e social.16) O neoliberalismo, como a última das revoluções burguesas, foi decisivo na conquista da cidadania, ao consolidar os direitos da sociedade civil, permitindo, por exemplo, que as mulheres usufruíssem, em 1930, na França e na Inglaterra, do sufrágio universal.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 8: Que herança deixaremos?

8. Organização Social, Cidadania e Democracia

8.1. Viver em comunidade

Se pudesse escolher, onde você gostaria de viver: em uma aldeia de índios, em uma comunidade de pescadores à beira-mar, em uma vila distante encravada nas montanhas, ou em uma grande cidade como Porto Alegre, São Paulo, Paris Nova York, Buenos Aires, Fortaleza, Rio de Janeiro?

A vida nas grandes cidades tem, sem dúvida, muitas vantagens.

Mas, de vem em quando, muitos de seus habitantes se cansam do ritmo vestiginoso que as caracteriza, da poluição, do execesso de trabalho, da falta de tempo para pensar em si mesmos, da violência urbana, do trânsito caótico, da solidão, da ausência de solidariedade entre as pessoas, etc. Em momentos como esses, algumas dessas pessoas sonham com a volta ao campo, a uma vida simples e calma, marcada pelas afetividade e por relações de solidariedade entre os habitantes da comunidade.

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Durante os anos 1960, setores da juventude nos Estados Unidos se recusavam a viver na sociedade industrial capitalista. Insatisfeitos com o consumismo desenfreado e a vida nas grandes cidades, muitos desses jovens – conhecidos com hippies – se transferiram pa o campo, onde fundaram comunidades baseadas no princípio da “paz e amor”. Havia nessa opção uma espécie de nostalgia das antigas comunidades camponesas, que eram representadas na imaginação dos jovens hippies como a solução ideal para os problemas vividos na sociedade industrial.

A maior parte dessas comunidades teve vida breve e muitos dos jovens hippies que abandonaram as cidades acabaram se reintegrando à sociedade industrial capitalista. Entretanto, a experiência mostra bem algumas das diferenças que separam os conceitos de sociedade e de comunidade.

8.2 - Como identificar uma comunidade?

Independentemente das variações entre elas, as comunidades têm algumas características em comum que servem para identificá-las como um tipo específico de organização social:* Nitidez – São os limites territórios da comunidade.* Pequenez – A comunidade é uma unidade de pequenas dimensões, limitando-se quase sempre a uma aldeia ou conjunto de aldeias.* Homogeneidade – As atividades desenvolvidas por pessoas de mesmo sexo e faixa de idade, assim como seu estado de espírito são muito parecidos entre si; o modo de vida de uma geração é semelhante ao da precedente.* Relações pessoais – Em comunidade, as pessoas se

relacionam por meio de vínculos pessoais, diretos e geralmente de caráter afetivo ou emocional.

8.3 - Um novo tipo de “comunidade”?

Recentemente, os meios de comunicação passaram a utilizar o conceito de comunidade de forma distanciada do seu significado original. Na atualidade assiste-se, nas grandes cidades do mundo, à formação de tribos urbanas, como os punks, os surfistas, os rappers, as gangues de periferia. São microgrupos geralmente ligados por interesses momentâneos.

Ao lado deles surgem também grupo formados pelo contato virtual proporcionado por redes de computadores como a internet. A esses grupos tem-se aplicado – de uma forma talvez pouco apropriada – a expressão comunidades virtuais.

Nessas novas “comunidades” ocorre a inversão do processo de formação de laços de afinidade social. Nas relações sociais tradicionais, quando conhecemos uma pessoa pela primeira vez, o encontro se dá, fisicamente, no “mundo real”. A partir desse contato inicial, e à medida que vamos aprofundando o conhecimento, trocamos informações, identificamos pontos de vista comuns, criamos laços de afinidade.

Nas comunidades virtuais, cuja comunicação é eletrônica, ocorre um processo inverso. As primeiras interações são realizadas a partir de interesses comuns, previamente determinados. O encontro pessoal poderá se realizar no futuro, mas ele não é fundamental para o funcionamento da interatividade. Isso se torna evidente nos grupos de conversação da internet, quando pessoas entram em contato para discutir futebol, filosofia, música e outros temas, sem

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nunca se terem visto ou pretenderem se encontrar.

As tribos eletrônicas, que se formam no ciberespaço, são expoentes da era tecnológica, que está promovendo a união entre a informática e as novas formas de sociabilidade pós-modernas. A cibercultura é um fenômeno recente, em expansão contínua, e, como tal, sem regras ou limites ainda definidos, funcionando basicamente a partir de uma comunicação espontânea, sem que se saiba quem é e onde está o outro. A presença física deixa de ser, assim, uma das precondições para a realização do contato.

8.4 - A comunidade em crise

Com o avanço da industrialização e da urbanização, as comunidades tradicionais foram perdendo seu poder de integração. À medida que isso acontecia, elas ainda se mantinham unidas, mais por uma necessidade imposta socialmente – quando não por coerção – do que por aquilo que seus integrantes tinham em comum. Muitos comportamentos foram mantidos, ainda que perdessem suas funções.

É o que acontece com a família, que para muitos está em franca decadência. Trata-se, até certo ponto, de um equívoco. É verdade que um número substancial de casamentos tem terminado em divórcio, principalmente nos centros urbanos. Mas a instituição família passou por crises também em épocas anteriores.

Temos exemplos disso em obras de literatura do século XIX, que retratam famílias internamente desfeitas, mas que permaneciam unidas para manter a aparência imposta pela sociedade, apenas para representar um papel social. Apegar-se à família era uma necessidade

vital; ser repudiado por ela, uma catástrofe.

Atualmente, a ligação familiar é, de forma crescente, uma associação voluntária, afetiva e de respeito mútuo, sobre a qual pesa cada vez menos a imposição social. Antes, um dos sustentáculos da família burguesa era a submissão da mulher ao marido, que não raras vezes mantinha uma amante. Hoje, como resultado dos movimentos feministas e da conquista de direitos pelas mulheres, a base de sustentação da família passou a ser a igualdade dos cônjuges perante a lei.

Entretanto, a mobilidade geográfica e ocupacional tende a retirar as pessoas do lugar e da classe social a que pertencem, ou da cultura em que nascem, da qual faziam parte seus pais, irmãos e outros familiares. Atua, assim, no sentido de desagregar a unidade familiar.

8.5 - Viver em Sociedade

Os sociólogos costumam fazer distinção entre sociedade e comunidade. Em sentido amplo, a expressão sociedade refere-se à totalidade das relações sociais entre os seres humanos. Assim, pode-se falar genericamente em “sociedades” indígenas ou camponesas. A rigor, porém, do ponto de vista sociológico, sociedade seria uma associação humana caracterizada por relações baseadas em convenções, em vínculos impessoais e não em laços afetivos.

Segundo o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies (1855-1936), enquanto a comunidade está ligada por uma vontade coletiva natural, na sociedade predomina a vontade racional, deliberada, proposital.

Os conceitos de comunidade e de sociedade

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Para Ferdinand Tönnies, a comunidade (Gemeinschaft, em alemão) é definida pelo ato de “viver junto, de modo íntimo, privado e exclusivo”, como na família, nos grupos de parentesco, na vizinhança e na aldeia camponesa. Já sociedade (Gesellschaft) é caracterizada por ele como “vida pública”, como uma associação na qual se ingressa consciente e deliberadamente.

Nas comunidades, os indivíduos estão envolvidos como pessoas completas, que podem satisfazer todos os seus objetivos na vida em grupo. Nas sociedades, os indivíduos também se encontram envolvidos entre si; mas a busca da realização de certos fins comuns é específica e parcial. Resumindo:Comunidade: unida por acordo de sentimentos ou emoções;Sociedade: unida por um acordo racional de interesses, ou seja, por regras e convenções racionalmente estabelecidas.

A sociedade moderna

Alguns sociólogos chegam a usar o termo sociedade comunitária para agrupamentos comunitários tradicionais e, em oposição utilizam o termo sociedade societária para designar as sociedades modernas.

As grandes metrópoles contemporâneas são uma expressão da sociedade societária. Esta se caracteriza pela acentuada divisão do trabalho e pela proliferação de papéis sociais. Nela os indivíduos precisam enquadrar-se numa complexa estrutura social, na qual ocupam determinados status e desempenham papéis diferentes, frequentemente sem ligação entre si.

As relações sociais nas sociedades societárias tendem a ser transitórias, superficiais e impessoais. Os indivíduos associam-se uns aos outros com base em propósitos limitados. São relações

essencialmente instrumentais, como a existente entre patrão e empregado, estabelecida por meio de um contrato de trabalho. A vida perde a coesão unitária que mantinha estável a antiga comunidade. O trabalho fica distanciado da família e do lazer. A religião tende a confinar-se a determinadas ocasiões e lugares, em vez de fazer parte do convívio cotidiano das pessoas.

Os mores são enfraquecidos e a lei formal emerge para regular o comportamento e governar o intercâmbio social.

Entretanto, o predomínio da tradição e o respeito aos costumes característicos da sociedades comunitárias não implicam necessariamente uma qualidade de vida melhor e mais feliz.

8.6 - Sob o impacto da globalização

Com o avanço da industrialização, a sociedades comunitárias tenderam a se transformar mais ou menos rapidamente em sociedades societárias. Com a globalização, esse processo, iniciado com a Revolução Industrial do século XVIII, ganhou uma intensidade jamais sonhada anteriormente. Vale destacar: crescimento explosivo das cidades; declínio da importância da família; internacionalização da economia; surgimento das redes virtuais de comunicação; ampliação da burocracia; estímulo ao individualismo; diminuição do papel da religião (em reação a esse aspecto observa-se o crescimento das igrejas evangélicas).

Tais mudanças conduzem, de um lado, ao conflito, à instabilidade, à ansiedade e às tensões psicológicas; de outro, à liberação dos sistemas de controle e de

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coerção, e a novas oportunidades para o desenvolvimento humano.

Solidão e auto-isolamento na grande cidade

Embora as definições de Tönnies sejam um instrumento indispensável para a compreensão dos dois tipos de organização social, a Sociologia contemporânea atualizou os conceitos de comunidade e sociedade, de acordo com as novas relações sociais que vêm se estabelecendo entre os indivíduos. Um exemplo de um novo tipo de vida, que se baseia em relações sociais acentuadamente indiretas, são os chamados singles (pessoas que preferem viver sozinhas).

A tendência para o autoisolamento vem se verificando principalmente nas grandes cidades: é cada vez maior o número de pessoas que moram sozinhas. O tabu de que está só é sinal de abandono ou de incompetência afetiva vem sendo superado por uma nova forma de olhar a questão. Hoje, morar sozinho é acima de tudo uma opção de vida, que tem suas vantagens e desvantagens.

No Brasil, há quase 4 milhões de pessoas que vivem sozinhas em seus domicílios. As explicações são razões demográficas, econômicas ou particulares: as pessoas se casam menos e com mais idade (o número de solteiros é cada vez maior), o grupo dos descasados também aumenta (cerca de 150 mil pessoas se divorciam anualmente no Brasil), os casais tendem a ter menos filhos do que antigamente, é comum que, na separação, cada um arrume seu próprio canto, e há também o aumento de expectativa de vida do brasileiro (o número de idosos também aumenta). São exigentes, têm estilo próprio e colecionam manias: a tribo dos singles não pára

de crescer. Essa tendência é mundial. Nos Estados Unidos há 26 milhões de adultos que moram sozinhos por opção.

Uma interpretação sociológica da “tendência single”_ Os singles são sistemáticos e individualistas. Alguns estudiosos acreditam que o individualismo leva à percepção de que é desvantajoso estar com outra pessoa. Os singles confessam uma certa intolerância para com o outro, prevalecendo o egoísmo. A dificuldade de estabelecer relações duradouras e o fortalecimento do individualismo poderão gerar alguns dos principais problemas sociais num futuro próximo. Eles são cada vez mais numerosos nas grandes metrópoles do que no campo (onde os estímulos para uma vida comunitária e solidária são mais fortes): um terço deles vive em cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Ao mesmo tempo, sua formação educacional está acima da média: são geralmente bem-sucedidos na carreira profissional, ganham bem e moram, de modo geral, em casas confortáveis.

8.7 - Que herança deixaremos?

Como será a sociedade no futuro? Qual será a a base do consenso e da estabilidade na sociedade pós-industrial urbana? Será necessário, para resolver nossos problemas econômicos e sociais, retomar os valores tradicionais e os modos mais antigos de organização? Serão as formas sociais alternativas (como a dos singles) apropriadas a uma sociedade complexa como a nossa, com valores muitas vezes conflitantes, como o da liberdade, da oportunidade e da individualidade? Será possível conciliar, de alguma forma, os diferentes e, muitas vezes, conflitantes tipos de vida que se

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estabelecem no centro e nos bairros das grandes metrópoles e em suas periferias?

Embora as metrópoles contribuam para o surgimento de novos estilos de vida, as mudanças não são muito freqüentes nos bairros pobres da periferia, onde o código moral se baseia, em geral, na ajuda mútua e podem-se encontrar relações intensas de vizinhança, nas quais os indivíduos estabeleçam contatos sociais diretos, com ações de solidariedade. Mesmo numa sociedade igualitária, preservam-se certos valores, a vida gira em torno da família, do local de moradia, das relações de vizinhança. O vizinho passa a ser quase um membro da família, um companheiro nas horas de apuro.

Entretanto, a velocidade com que estão se dando as mudanças na sociedade societária traz novos desafios: o assustador aumento da criminalidade e as dificuldades para combatê-la. Embora, em alguns lugares a solidariedade continue forte em alguns lugares da periferia, ela perde sua força nas grandes cidades; antigas instituições sociais sofrem duros golpes em sua credibilidade e legitimidade. Tudo favorece o comportamento individualista que se manifesta inclusive no desenvolvimento de estratégias de estratégias de autodefesa pessoal ou de procurar “fazer justiça pelas próprias mãos”. Mesmo algumas relações de vizinhança, onde persistem as manifestações de vida comunitária, poderão não sobreviver ao individualismo crescente, que tende a se universalizar.

Com seu estímulo ao consumo e à competição desenfreada, a economia capitalista, dinâmica e tecnologicamente inovadora, colabora para reforçar a cultura do individualismo e o isolamento; favorece a formação de uma

sociedade egocêntrica, com uma frágil conexão entre seus membros, na qual as pessoas buscam satisfazer apenas suas necessidades e impulsos. Numa sociedade desse tipo, a satisfação individual está acima de qualquer obrigação comunitária.

8.8 - Direitos Humanos e Cidadania

CidadaniaA sociedade contemporânea

tem algumas características que atuam no sentido de desagregar valores cultivados não só nas antigas comunidades (solidariedade, vida familiar, igualdade de oportunidade, participação política etc.), mas também na própria sociedade societária até meados do século XX..

Mas, no interior da própria sociedade societária moderna existem forças que se opõem fortemente a essas tendências desagregadoras. Isso acontece porque todas as sociedades pós-industriais são sociedades democráticas, que se caracterizam pelo respeito aos direitos humanos, pelo “império da lei” (todos são iguais perante a lei e ninguém está acima dela), pela pluralidade de partidos políticos, pelo voto livre e universal e pela alternância no poder.

Um dos fundamentos do regime democrático é o conceito de cidadania, para o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético

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forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...)”.

A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe e pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder. A cidadania está diretamente ligada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização da Nações Unidas (ONU). Na época – marcada pela vitoria das nações democráticas contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)-, ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz, liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando.

Direitos HumanosOs princípios da Declaração

Universal dos Direitos Humanos, compare com a realidade da cidadania, tal como ela vem sendo praticada no mundo em geral e no Brasil, em particular:

· Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.· Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.· Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa.· Todo ser humano tem direito à alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos.· Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.· Toda ser humano tem direito ao trabalho e à livre escolha de emprego.· Toda pessoa tem direito à segurança social.· Toda pessoa tem direito a tomar parte no governo de seu país.

· Toda pessoa tem direito a uma ordem social em que seus direitos e liberdade possam ser plenamente realizados.· Todo individuo tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei.· Todo ser humano tem direito à instrução.

Atualmente a essência é única: significado o direito de viver com dignidade e em liberdade.Os direitos das Crianças – uma declaração, com dez itens – aprovados pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1950.

1. Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.2. Direito a proteção especial para seu desenvolvimento físico, mental e social.3. Direito a um nome e a uma nacionalidade4. Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.5. Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.6. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.7. Direito à educação gratuita e ao lazer8. Direito a ser socorrida em primeiro lugar, em caso de catástrofe.9. Direito de ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.10. Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

As condições de vida das crianças podem indicar o nível de desenvolvimento de um país e permitem fazer projeções de como será sua situação no futuro: por trás de cada criança abandonada existe pelo menos um adulto abandonado; essa criança que hoje vive nas ruas provavelmente ira gerar, quando adulta, outras crianças abandonadas. Ao aceitar passivamente enormes contingentes de crianças de rua, a sociedade esta negando a essas pessoas as condições básicas de vida e mostrando ao lado mais cruel da ausência de cidadania.

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Outro indicador do grau de cidadania de uma nação é o tratamento que se dá aos idosos. Crianças e idosos são os dois extremos frágeis de uma sociedade. Toda sociedade que não respeita suas crianças e seus idosos é incapaz de atender aos princípios mínimos dos direitos humanos e da cidadania.

Nascimento e transformações do conceito de cidadania

No começo da Idade Moderna, o conceito de cidadania estava associado ao burguês, não ao conjunto da sociedade.Havia uma separação entre o homem urbano e o homem rural, referia-se somente aos habitantes da cidade.

A Grécia Antiga era formada por cidades-estados autônomas, conhecidas como pólis. Em algumas delas vigorava a democracia direta, regime político no qual os cidadãos, chamados de politai, participavam das decisões do governo da cidade por meio de assembléias. Entretanto, nem os escravos nem os estrangeiros eram considerados cidadãos.

Com a queda do Império Romano, em 476, desapareceu o conceito da cidadania na Europa. Na Idade Média, não havia cidadãos. Os senhores feudais tinham servos da gleba, as cidades tinham burgueses, a Igreja comungantes e o rei vassalos e súditos.Com a Revolução Americana (1776) e a Francesa (1789), o conceito de cidadania voltou a ocupar um lugar central na vida política. Então, ampliou-se e aprofundou-se cada vez mais, ate agregar todos os indivíduos das sociedades democráticas modernas.Como termo político, cidadania significa exercício de direitos, compromisso ativo, participação política, responsabilidade, participar da vida na comunidade, na sociedade, no país.

Os graves problemas políticos, raciais, étnicos, de desemprego e de exclusão social somente poderão ser superados com o pleno exercício da cidadania.

Aspectos jurídicos, sociológicos e éticos da cidadania_ “cidadania – afirma o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein – é o direito de se ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar um médico que cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento esta o respeito à coisa publica”.

Uma das principais funções do estado ,hoje, é produzir bens e serviços sociais – como educação, saúde, previdência social – para serem distribuídos gratuitamente aos membros da sociedade. São bens e serviços que não podem ser individualizados.É previsto em lei que o bem público, sendo bem de todos, não pode pertencer a algum grupo social especifico ou a uma entidade particular. Ninguém pode se utilizar de bens públicos para fins particulares e quem o faz esta cometendo um crime contra a sociedade, devendo ser condenado pela Justiça.

A sociedade contemporânea, constituída em torno da informação, deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve valorizar numa democracia: igualdade e liberdade.A política da igualdade incorpora a igualdade formal, segundo a qual

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todos são iguais perante a lei, uma conquista do período de constituição dos Estados modernos. Seu ponto de partida é o reconhecimento dos direitos humanos e o exercício dos direitos e deveres da cidadania. A política da igualdade se expressa na busca da equidade. Esta deve:· Promover a igualdade entre desiguais, por meio da educação, da saúde pública, da moradia, do emprego, do meio ambiente saudável e de outros benefícios sociais;

· Combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física.

A distinção entre público e privado é um dos valores mais importantes da democracia.

Além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares.No Brasil as mudanças na economia e na sociedade têm beneficiado mais os grupos sociais que já eram privilegiados do que as camadas mais pobres da população.

ANOTAÇÕES:

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______________________________________QUESTÕES – CAP. 8

1. U.E. Londrina/PR (2006) “Três grandes dimensões fundamentam o vínculo social. Primeiro, a complementaridade e a troca: a divisão do trabalho social cria diferenças com base na complementaridade, o que permite aumentar as trocas. Em segundo lugar, o sentimento de pertença à humanidade que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos: força da linhagem, do vínculo sexual e familiar; afirmação de um destino comum da humanidade por grandes sistemas religiosos e metafísicos. Por fim, o fato de viver junto, de partilhar uma mesma cotidianeidade; a proximidade surge então como produtora do vínculo social e o camponês sedentário como o ser social por excelência.” (BOURDIN, Alain. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A, 2001 p. 28.)Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:a) A divisão do trabalho social na sociedade contemporânea desagrega os vínculos sociais.b) Os sistemas religiosos e metafísicos são fatores de isolamento social, por resultarem de criações subjetivas dos indivíduos.

c) O cotidiano das pequenas cidades e do mundo campesino favorece a criação de vínculos sociais..d) Pela ausência da cotidianeidade, as grandes metrópoles deixaram de ser lugares de complementaridade e de trocas.e) O forte sentimento de pertencer à humanidade desmantela a noção de comunidade e minimiza o papel da afetividade nas relações sociais.

2. ( UEM/ Inv/2008–P3Soc-Q17P3g1)

– “Historicamente, a cidadania foi concedida arestritos grupos de elites – homens ricos de Atenas e barões ingleses do século XIII – e posteriormente estendida a uma grande porção dos residentes de um país.” (VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania. A sociedade civil na globalização. Rio de Janeiro: Record, 2001, pp. 34-35).Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre o tema tratado pelo autor.01) O estabelecimento dos deveres e dos direitos da cidadania moderna esteve intimamente vinculado ao processo de construção e de consolidação dos Estados nacionais.02) A cidadania é um conceito que está associado estritamente à Idade Moderna, já que a democracia só passou a ser implementada a partir desse período.04) Considerando o processo histórico dos últimos 200 anos, podemos afirmar que a incorporação de novos grupos ao estatuto da cidadania foi realizada não apenas por concessões, mas também pelas lutas sociais que reivindicaram novos direitos.08) Nos diferentes períodos históricos, os direitos de cidadania constituíram-se, invariavelmente, como privilégio exclusivo das elites econômicas.16) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas, representou um marco importante

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no processo de consolidação da cidadania no século XX.

3. U.E. Londrina/PR (2007) Segundo Antônio Cândido: “[...] o caipira não vive como antes em equilíbrio precário, segundo os recursos do meio imediato e de uma sociabilidade de grupos segregados; vive em franco desequilíbrio econômico, em face dos recursos que a técnica moderna possibilita. [...] O desenvolvimento da economia baseada na exportação dos gêneros tropicais acentuou a diferenciação dos níveis econômicos, que foram aos poucos gerando fortes distinções de classe e cultura. Quando este processo avultou, o caipira ficou humanamente separado do homem da cidade, vivendo cada um o seu tipo de vida. Mas em seguida, [...] graças aos recursos modernos de comunicação, ao aumento da densidade demográfica e à generalização das necessidades complementares acham-se frente a frente homens do campo e da cidade, sitiantes e fazendeiros, assalariados agrícolas e operários – bruscamente reaproximados no espaço geográfico e social, participando de um universo social que desvenda dolorosamente as discrepâncias econômicas e sociais”.Fonte: CÂNDIDO, A. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1982. p. 223.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:a) Grupos sociais rurais e urbanos foram separados no Brasil em decorrência da diferenciação cultural, resultado do desequilíbrio econômico e do uso de técnicas modernas de produção.b) Grupos sociais rurais são segregados culturalmente e, desta forma, a cultura urbana não consegue aproximar-se dos homens do campo, resultando em aumento

do desequilíbrio econômico no campo.c) A aproximação entre homem do campo e o homem rural ocorre nos momentos em que os grupos sociais rurais deixam de segregar a cultura urbana e aceitam as melhorias tecnológicas advindas dos modernos meios de comunicação.d) Os desequilíbrios econômicos dos grupos sociais rurais são consequência da segregação feita pelo homem da cidade.e) Os grupos sociais rurais viviam em uma situação de equilíbrio precário quando isolados da cidade e passaram a viver em desequilíbrio econômico quando se reencontraram com a vida urbana, devido à modernização e à expansão demográfica

4. U.E. Londrina/PR (2006) A proteção e a promoção dos direitos humanos continuaram a se situar entre as principais carências a ser enfrentadas pela sociedade civil. [...] A enumeração das principais áreas de intervenção das organizações da sociedade civil soa como demandas de séculos passados: a ausência do estado de direito e a inacessibilidade do sistema judiciário para as não elites; o racismo estrutural e a discriminação racial e a impunidade dos agentes do Estado envolvidos em graves violações aos direitos humanos. Como vimos, a nova democracia continuou a ser afetada por um ‘autoritarismo socialmente implantado’, uma combinação de elementos presentes na cultura política do Brasil, valores e ideologia, em parte engendrados pela ditadura militar, expressos na vida cotidiana. Muitos desses elementos estão configurados em instituições cujas raízes datam da década de 30.”Fonte: PINHEIRO, P. S. Transição Política e Não-Estado de Direito na República. In: WILHEIM, J. e PINHEIRO, P. S. (org.). Brasil

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– um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 296-297.

Em relação à violência, analise o texto anterior e selecione a alternativa que corresponde à ideia desenvolvida pelo autor:a) A democracia brasileira é fortemente responsável pelo surgimento de uma cultura da violência no Brasil.b) Muito mais do que os traços culturais, é o desenvolvimento econômico que acarreta o desrespeito aos direitos humanos no Brasil.c) Com a democratização, as não-elites brasileiras finalmente tiveram pleno acesso ao sistema judiciário e aos direitos próprios do Estado de Direito.d) Historicamente, o desrespeito aos direitos humanos afeta de modo igual a brancos e negros, ricos e pobres.e) A violência no Brasil expressa-se na vida cotidiana e, para ser superada, depende de ações da sociedade civil.

5. Considerando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos em 2008 e utilizando seus conhecimentos sobre o tema “cidadania: direitos sociais, civis e políticos”, assinale o que for correto.

01) Os artigos que integram a Declaração Universal dos Direitos Humanos expressam a vontade de assegurar os valores de justiça, solidariedade, igualdade e tolerância a todos os povos.02) A existência de regimes democráticos é, em si, uma garantia de que a cidadania pode ser amplamente exercida e os direitos humanos assegurados aos diferentes grupos sociais.04) Há uma relação direta entre grau de instrução e garantia de

direitos sociais, civis e políticos; por isso, a luta por educação pública, gratuita e de qualidade é uma bandeira permanente para diversos movimentos sociais.08) Em países nos quais uma pequena parcela da população concentra a riqueza nacional, a grande maioria não tem acesso a bens de cidadania como saúde, educação e habitação.16) No Brasil, durante o regime militar, a luta pela afirmação dos direitos civis e políticos foi duramente reprimida por um Estado que, mesmo autoritário, criou instituições que asseguraram, por exemplo, o direito social à aposentadoria.

6. UFPA (2006) As leis da sociedade moderna se fundamentam em valores e princípios que se opõem ao modo de produção anterior e têm como base a(s) concepção(ões) (de):

a) teológicas, mitológicas e transcendentais.b) igualdade, liberdade e fraternidade.c) dogmáticas, mitológicas e transcendentais.d) idealista, como a única forma de expressão do saber.e) metafísica, como única forma de conhecer o real.

7. (UEM2010-INV-p3-g1Q2)Sobre os temas cidadania e movimentos sociais no final dos anos 70, no Brasil, assinale o que for correto.01) Homossexuais, negros, mulheres e ambientalistas são alguns dos grupos sociais que se fortaleceram com o processo de abertura política pelo qual passou a sociedade brasileira, nesse período.02) Nesse momento, há uma retração da participação política da

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população brasileira nos movimentos operário e sindical.04) A pauta de reivindicação dos movimentos sociais contribuiu para reforma ou manutenção das políticas públicas na área da saúde e da educação.08) A organização de parcela da população emmovimentos sociais indicou que essas pessoasexerceram a cidadania de forma passiva, ou seja, subordinada aos interesses de um pequeno grupo.16) A estruturação de alguns grupos em movimentos sociais indicou que seus integrantes exerceram a democracia representativa.

8. (ENEM 2009) “Art. 5º – todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.”(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988) Com base no artigo constitucional acima referido,a) é permitida a perseguição aos homossexuais. b) é permitida a perseguição religiosa.c) é proibida a eleição de mulheres para cargos executivos.d) é proibida a discriminação racial.e) é eliminado o racismo.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 9: perdemos a noção de tudo?

9.0 - Mudança Social e Paradigma da Modernidade

9.1 - Mudança Social:

Para explicar melhor o conceito de mudança social, tomemos, por exemplo, a abolição da escravatura no Brasil no dia 13 de maio de 1888. Ela ocorreu como resultado de um movimento, a campanha abolicionista, que mobilizou amplos setores da opinião pública brasileira durante quase duas décadas. Uma das modificações sociais mais decorrentes desse fato ocorreu nas instituições econômicas. O trabalho, por exemplo, deixou de ser escravo e passou a ser realizado por trabalhadores livres e assalariados. Por sua vez, a instituição do trabalho assalariado desencadeou profundas transformações na estrutura social brasileira do final do século XIX.

Outro exemplo é a questão da reforma agrária, tema sempre presente em todas as discussões sobre os graves problemas do campo e que, de alguma forma, afeta toda a sociedade brasileira.

Ao compararmos o movimento abolicionista, que envolveu uma parte das elites intelectuais e econômicas brasileiras do final do século XIX, com a atual campanha pela reforma agrária, que já dura mais de quarenta anos, vamos notar algumas semelhanças entre ambos. Da mesma forma que na segunda metade do século XIX existiam grupos favoráveis e contrários ao abolicionismo, também hoje há os que defendem a reforma agrária e os que se opõem a ela.

Durante o Segundo reinado no Brasil (1840-1889), os grupos mais conservadores, formados principalmente por grandes fazendeiros, alegavam que a abolição provocaria o caos na economia brasileira, desorganizando a produção agrícola. Muitos chegavam ao extremo de querer impor suas idéias pela força das armas.

Atualmente, alegações semelhantes às dos conservadores do tempo do Império são apresentadas pelos grandes proprietários de terras contrários à reforma agrária. Também entre eles existem grupos que vêm se armando para resistir às mobilizações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e às tentativas de

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incluir suas fazendas entre às áreas destinadas a desapropriações para fins de reforma agrária.

Esses exemplos mostram que as formas de organização de uma sociedade podem ser substancialmente alteradas por mudanças sociais. A partir dessas mudanças, a história das sociedades vai assumindo formas próprias, específicas de cada sociedade.Moderno versus arcaico

Uma das características mais marcantes da sociedade moderna tem sido sua capacidade de produzir e absorver mudanças sociais. Ora, cada grande mudança social representa uma certa ruptura com a tradição. Entretanto, isso não significa necessariamente que as sociedades modernas tenham rompido inteiramente seus vínculos com o passado e com as tradições. Na realidade, muitas dessas tradições permanecem embutidas em nossa sociedade, alguma delas sob nova feição (a família nuclear, por exemplo, é uma instituição que não desapareceu, apesar de todas as rupturas ocorridas desde o modo de produção foi substituído pelo capitalismo).

É certo que as atitudes, os valores, o comportamento e os conhecimentos das pessoas que vivem numa sociedade moderna são muito diferentes dos de uma sociedade tradicional. Mesmo assim, muitos aspectos da sociedade tradicional são mantidos. Isso quer dizer que as rupturas são acompanhadas de formas de perman6encia e que mesmo as sociedades mais avançadas conservam valores que vêm do passado.

9.1.1. Mudanças sociais e relações sociais As mudanças sociais, como vimos, alteram a estrutura social e

com ela também as relações sociais. As modificações por que passou a família, por exemplo, levaram a uma menor distância social entre pais e filhos. As relações que, na família patriarcal, supunham uma estrita obedi6encia dos filhos ao pai, foram hoje substituídas em boa parte por uma relação mais aberta e menos rígida entre os familiares.

9.1.3. No ritmo das mudanças

O ritmo das mudanças sociais varia de sociedade para sociedade: é lento nas sociedades mais simples, como as pequenas comunidades isoladas, e acelerado e até vertiginoso nas sociedades

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industriais e pós-industriais, especialmente nas grandes cidades, onde a estrutura social apresenta maior complexidade. O ritmo das mudanças depende do maior ou menor número de contatos sociais com outros povos, do desenvolvimento dos meios de comunicação e também de certas atitudes políticas e sociais, que aceleram ou dificultam os processos de transformação social. Já vimos, por exemplo, como a campanha abolicionista, seguida da extinção do trabalho escravo no Brasil, contribuiu para importantes mudanças na sociedade brasileira no século XIX. Se é fato incontestável que a sociedade está sempre em mutação, lenta ou acelerada, também é certo que as mudanças não têm o mesmo ritmo em todos os setores da sociedade, nem ocorrem da mesma forma nas diversas áreas da vida cultural e social. De modo geral, uma sociedade substitui mais facilmente os bens materiais do que nas crenças, os aspectos culturais, os modos de vida. A sociedade industrial, por exemplo, substituiu o carro a tração animal pelo automóvel e o barco a vela pelo navio a vapor, mas não criou nada novo para colocar no lugar das religiões ou da família.

9.1.4. Causas das mudanças sociais

Fatores geográficos: as secas do Nordeste brasileiro, por exemplo, alteram substancialmente a vida das populações dessa região, provocando seu empobrecimento e a migração em massa de sertanejos para outras regiões do país.

Fatores econômicos: de modo geral, o desenvolvimento econômico contribui para grandes mudanças na vida da sociedade, elevando o nível de vida dos grupos sociais e estimulando a mobilidade social, com a passagem de pessoas de uma classe social para outra.Fatores sociais: conflitos entre classes sociais, guerras e revoluções estão entre os processos que mais modificam a estrutura social das sociedades. A Revolução Francesa de 1789, por exemplo, alterou completamente as relações sociais e as formas de vida da sociedade francesa, extinguindo a monarquia absoluta e o controle do poder pela nobreza. Essas mudanças, aliás, não se restringiram à França, mas tiveram influência determinante sobre os outros países.

Fatores culturais: o surgimento de uma nova crença religiosa pode ser determinante na promoção de mudanças sociais, como aconteceu com o advento do cristianismo e do islamismo. Em outro

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plano, as descobertas científicas, ao ampliar o domínio do ser humano sobre a natureza, contribuem também para provocar mudanças na sociedade.As mudanças sociais podem ser provocadas por forças endógenas ou por forças exógenas.

Forças endógenas ou internas: são aquelas que têm sua origem no interior da própria sociedade. Entre essas forças, temos as invenções. Entre as invenções que mais profundamente alteraram a estrutura da sociedade, podemos destacar a máquina a vapor, determinante no desencadeamento da Revolução Industrial e na formação do capitalismo moderno. O telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão e o computador foram também decisivos para o processo de internacionalização da sociedade contemporânea e para o surgimento da sociedade contemporânea e para o surgimento da sociedade informatizada, marcada pela expansão dos meios de comunicação.

Forças exógenas ou externas: são as que provém de outras sociedades, como é o caso da difusão cultural. No processo de difusão, o prestígio da cultura doadora também é um dado importante na assimilação de seus valores pela cultura receptora. Exemplo: costumes, tendências musicais, modismos e novos produtos vindos dos Estados Unidos. Outro fator é a novidade. Em geral, todo bem novo tem facilidade de ser aceito, desde que responda às expectativas do mercado consumidor.

9.1.5. - Invenções e Patrimônio Cultural

Primeiramente vamos diferenciar invenção de descoberta. Descoberta é a aquisição de um novo conhecimento, de uma informação nova. Invenção é o elemento ativo, a aplicação da descoberta.

Por isso, dizemos: descoberta da eletricidade e invenção da lâmpada. Assim, a mera descoberta não modifica a cultura ou a sociedade. Isso decorre de sua aplicação prática, isto é, da invenção.

Toda invenção é produto de uma sociedade determinada, embora não seja criação da sociedade em seu conjunto. Na verdade, a sociedade fornece as bases para o surgimento da invenção, pois todo inventor utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura. Nenhuma geração parte da estaca zero, mas de uma herança social transmitida.

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As invenções são geradas pela combinação do patrimônio cultural da sociedade com determinadas necessidades sociais.

Globalização e Difusão cultural

Ao lado das invenções, há uma força externa que, juntamente com outros fatores, ocasiona mudanças sociais: a difusão cultural.

É a difusão que aumenta e expande a cultura das várias sociedades e acelera o ritmo de mudança.

É mais fácil substituir ou difundir técnicas do que valores morais, ideias, sistemas religiosos ou filosóficos. Estes estão impregnados de reações emotivas, de significado simbólico difícil de copiar e de modificar.

Além disso, os valores morais, os modos de vida e as religiões têm um enraizamento muito mais profundo no ser humano do que o uso de determinadas técnicas e máquinas; portanto, são mais difíceis de serem substituídos.

A difusão cultural se dá atualmente de modo muito mais rápido do que até algumas décadas atrás. Isso porque a rapidez das mensagens transmitidas pelos meios de comunicação tende a se tornar cada vez maior. Exemplo: a difusão da cultura norte americana sobre os países emergentes.

9.1.6 - Fatores contrários e fatores favoráveis às mudanças sociais:

a) Obstáculos: são barreiras oriundas da própria estrutura social e que dificultam ou impedem a mudança social. A agricultura brasileira, por exemplo, até a abolição, era quase totalmente baseada no trabalho escravo. Um dos obstáculos à libertação dos escravos não estava relacionado a questões éticas ou morais, mas sim às dificuldades encontradas para a substituição da mão-de-obra escrava por trabalhadores livres.b) Resistências: são reações conscientes e deliberadas para impedir a mudança social. Assim, no Brasil do século XIX a abolição encontrou grande resistência entre os proprietários de terras e de escravos. Esse grupo era consciente de que seus interesses imediatos sairiam prejudicados com a emancipação dos escravos e se organizaram com o objetivo deliberado de resistir à medida.

As atitudes individuais e sociais que favorecem ou rejeitam a mudança social podem ser classificadas em quatro tipos principais:a) Atitude conservadora: é aquela que se mostra contrária ou temerosa em relação às mudanças. Uma das manifestações dessa

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atitude é o tradicionalismo, pelo qual o respeito à tradição, a imposição de valores cultivados pelos mais velhos as mais jovens e as normas tradicionalmente vigentes na sociedade emergem-se como alguns obstáculos às inovações na vida social.b) Atitude reacionária: equivale ao conservadorismo exagerado. Opõe-se, não raro pela violência, a qualquer tipo de mudança nas instituições sociais e até mesmo às simples introdução de inovações.c) Atitude reformista ou progressista: é a que vê com agrado a mudança moderada. É o desejo de mudanças gradativas dos modos de vida existentes e das instituições. Aqueles que adotam essa posição são geralmente pessoas de centro-esquerda ou de esquerda moderada.d) Atitude revolucionária: é a posição adotada pela esquerda radical. Defende transformações profundas e imediatas das instituições, até com o emprego de métodos violentos, para mudar a situação social existente.

9.2 - PARADIGMA DA MODERNIDADE

A modernidade é o momento histórico que sucede o período medieval. Pode-se dizer que na modernidade há um desencantamento do conhecimento, ou seja, o divino, a fé e os fenômenos sobrenaturais deixam de compor a base do conhecimento, sendo estes substituídos pela razão pura, na busca da ordem e do progresso.

Em verdade, todo o conhecimento que consolidou a modernidade se baseava na razão, na ciência, na matemática, no absoluto, pretendendo todas as descobertas da modernidade serem uma verdade absoluta, em oposição ao conhecimento que lhe precedia, e daí advém o que muitos denominam sua “arrogância”.

Com efeito, a consolidação do pensamento moderno se dá por meio das descobertas científicas, as quais deixaram de utilizar o esoterismo e o divino como explicação para os fenômenos da natureza. Ocorre, portanto, um abandono do misticismo, buscando a razão científica para responder aos anseios de seus pesquisadores. Por tal motivo, a verdade passou a ser aquilo que fosse comprovado matematicamente, racionalmente, deixando de ser verdade as outras crenças desprovidas desta razão.

A revolução científica iniciada nos idos do século XVI é considerada como a base do período moderno. A partir daí, começam a surgir novos estudos sobre os fenômenos da natureza, desvinculados da explicação divina. Os pesquisadores e estudiosos das ciências naturais começam a construir métodos próprios de estudo e observação dos fatos baseados na razão, o que mais tarde,

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acabará se tornando o verdadeiro conhecimento científico das coisas. Tudo o que não tiver método próprio baseado na razão, na lógica e na matemática não será considerado Ciência.Sobre a formação do paradigma dominante, instaurado pelo pensamento consolidado na modernidade, afirma Boaventura de Sousa Santos:O modelo de racionalidade que preside à ciência moderna constituiu-se a partir da revolução científica do século XVI e foi desenvolvido nos séculos seguintes basicamente no domínio das ciências naturais. Ainda que com alguns prenúncios no século XVIII, é só no século XIX que este modelo de racionalidade se estende às ciências sociais emergentes. A partir de então pode falar-se de um modelo global (isto é, ocidental) de racionalidade científica que admite variedade interna, mas que se defende ostensivamente de duas formas de conhecimento não científico (e, portanto, potencialmente perturbadoras): o senso comum e as chamadas humanidades ou estudos humanísticos (em que se incluiriam, entre outros, os estudos históricos, filológicos, jurídicos, literários, filosóficos e teleológicos) (SANTOS, B.S. A crítica da razão indolente contra o desperdício da experiência. São

Paulo: Cortez. 2007., p. 60-61).Este quadro demonstra claramente que a modernidade se

constrói em um momento de oposição ao período medieval, no qual a religião cristã era a dominadora de todo o conhecimento. As respostas de todos os questionamentos encontravam em Deus a sua solução. Foi o momento histórico marcado pelo Estado Absolutista e pelo domínio da Igreja Católica.

Sendo assim, após um período extremamente marcado pelo divino, desenvolve-se um novo conhecimento que despreza tal elemento, sendo este substituído pela razão. Acerca da superação do modelo medieval, vale à pena citar o entendimento de Eduardo C. B. Bittar:(...) o processo de germinação da modernidade dá-se uma vez plantada no espírito medieval a semente de sua própria corrosão: o anseio de liberdade (comercial, intelectual, científica, religiosa) e a crença na razão. A fé religiosa, a crença em valores espirituais como determinantes da vida temporal, que imperava na mentalidade e no pensamento medievais, é, paulatinamente, substituída por uma fé racional, a crença em explicações racionais tornando-se cosmovisão necessária para a laicização cultural do Ocidente (BITTAR, E.C.B. O Direito na pós-modernidade. Rio de Janeiro: ForenseUniversitária. 2005, p. 36).

Nesta esteira, tudo o que não fosse racional, que não pudesse ser matematicamente comprovado, não teria utilidade como conhecimento. Nesse diapasão, o senso comum, bem como os estudos humanísticos, deixam de ter importância para o

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conhecimento, pois estes não poderiam ser provados com a exatidão que lhes proporcionaria a matemática, a física, não se constituindo em verdades absolutas, e, se não eram verdades absolutas, não haveriam de ser úteis para o conhecimento moderno.

Tal modelo de conhecimento científico inserido pela modernidade passa a ser o único conhecimento relevante, sendo tal fato globalmente aceito. Mas além de ser um modelo global, a nova racionalidade é também um modelo totalitário. Sobre o assunto esclarece Boaventura de Sousa Santos:

Sendo um modelo global, a nova racionalidade científica é também um modelo totalitário, na medida em que nega o caráter racional a todas as formas de conhecimento que não se pautam pelos seus princípios epistemológicos e pelas suas regras metodológicas. É esta a sua característica fundamental e a que melhor simboliza a ruptura do novo paradigma científico com os que o precedem. Está consubstanciada, com crescente definição, na teoria heliocêntrica do movimento dos planetas de Copérnico, nas leis de Kepler sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos corpos, na grande síntese da ordem cósmica de Newton e, finalmente, na consciência filosófica que lhe conferem Bacon e Descartes. Esta preocupação em testemunhar uma ruptura fundante que possibilita uma e só uma forma de conhecimento verdadeiro está bem patente na atitude mental dos protagonistas, no seu espanto perante as próprias descobertas e na extrema e ao mesmo tempo serena arrogância com que se medem com os seus contemporâneos (2007, p. 61).

Observa-se que há uma supervalorização da lógica, e sendo assim, o próprio conhecimento relativo às ciências sociais será desenvolvido nos mesmos moldes do estudo dos fenômenos naturais, matematicamente e fisicamente comprovados, como veremos mais adiante.

Todo o conhecimento científico que passava a se desenvolver serviria, também, para que o homem dominasse a natureza, de maneira que esta serviria ao homem. Com a modernidade, portanto, passa-se a acreditar que o homem, por meio de seu conhecimento científico tem inteligência suficiente para dominar a natureza, e garantir a existência da raça humana pela eternidade, ao contrário da crença medieval do fim dos tempos.

O método utilizado e “inventado” pelos cientistas modernos, como Bacon e Descartes, só para citar alguns poucos exemplos, os levavam a crer que havia apenas um meio de se chegar à verdade, sendo menosprezadas todas as outras formas de sabedoria precedentes.

O moderno estudo dos fenômenos naturais foi tão intenso e dominador, que acabou influenciando diretamente a forma de estudo e conhecimento das ciências sociais emergentes. Estudava-se, portanto, o indivíduo da mesma forma que se estudava o movimento da queda dos corpos, por exemplo. Ou seja, o fato do ser humano ter suas especificidades, subjetividades, bem como o fato de a sociedade ser marcada pelo momento histórico e cultural de

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determinada época foram de certo modo ignorados, tentando fazer-se das ciências sociais também uma ciência objetiva, na tentativa de encontrar verdades absolutas que servissem como leis naturais.

A modernidade, entretanto, não é marcada apenas pelo aspecto científico e filosófico. Outros aspectos sociais, na esfera política e econômica, contribuíram para que a modernidade se tornasse o espectro que se tornou.

Com efeito, a modernidade foi marcada pela ascensão da burguesia ao poder, pelo Estado Liberal, solidificando-se, assim, o conceito de soberania, pela Revolução Industrial. Na verdade, a ideologia moderna, a visão mecanicista do mundo, era conveniente à nova classe social que ascendia, bem como ao modelo liberal estatal ora imposto.

Desta forma, devemos pensar a consolidação do paradigma da modernidade não apenas do ponto de vista ideológico científico, mas também sob o prisma dos acontecimentos sociais, econômicos e políticos que marcaram a época. Na verdade, o paradigma moderno encontra sustentação justamente nos fatos sociais.

9.3 - A PÓS-MODERNIDADE

Nas últimas décadas tem havido um enorme e diversificado esforço intelectual de reflexão sobre a natureza, as características e as implicações dos fenômenos e das transformações que se processam no âmbito das sociedades humanas. Nessa discussão, a noção de que essas mudanças e os novos problemas vividos pela humanidade significam ou indicam uma situação histórica sem precedentes, configurando a própria “crise da modernidade”, tornou-se praticamente um lugar-comum. Houve um “envelhecimento” da era moderna e a “crise da modernidade” é uma constatação consensual e ponto de partida para análises com diagnósticos extremamente diferenciados, feitas a partir de perspectivas teóricas e ideológicas muito heterogêneas.

A chamada “crise da modernidade” tem sido objeto de ampla discussão que está documentada em extensa bibliografia publicada de uns anos para cá. Na grande maioria das vezes, a modernidade é entendida como um fenômeno abrangente de natureza cultural que tem caracterizado o conjunto da vida intelectual a partir do final do século XVIII e continua, de alguma forma, a vigorar aténossos dias. Numa operação simultânea, a modernidade aparece desvinculada da emergência e afirmação do sistema capitalista e, logo, as mazelas do capitalismo são obliteradas e suas manifestações ideológico-culturais são atribuídas vagamente à modernidade.

Os problemas e as contradiçõesda moderna sociedade burguesa são atribuídos à modernidade e tratados como se não tivessem nenhuma relação com a sua lógica capitalista. Assim, pode-se perfeitamente propor a “superação” da

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modernidade sem quaisquer rupturas com a ordem social burguesa e abre-se o caminho para a veiculação de um pensamento “transgressor” que não questiona seriamente a vigência globalizada da lógica do capital, mas, ao contrário, parece-lhe altamente funcional.

Entre essas perspectivas destaca-se o pensamento pós-moderno, que surgiu na década de 70 nos países capitalistas industrializados, inicialmente dirigido à tematização das questões estéticas e arquitetônicas, tendo, desde então, uma crescente difusão e repercussão no mundo da cultura e incidindo amplamente na elaboração da teoria social e na reflexão filosófica.

Como o próprio termo sugere, o pensamento pós-moderno se afirma como expressão intelectual de uma suposta nova ordem societária que se estaria formando em contraposição à modernidade em crise. O pensamento pós-moderno é a expressão teórica e cultural de uma nova situação sócio-histórica: a condição pós-moderna.

O pensamento pós-moderno instauraria uma nova modalidade de “racionalidade” e de cultura, que é a expressão de um conjunto de transformações econômicas, sociais e políticas, produzindo uma mudança qualitativa nas instituições da sociedade moderna.

Assim, o pensamento pós-modernosignificaria, simultaneamente, uma crítica e uma ruptura com a modernidade, com implicações que atingem desde a vida cotidiana até a produção do conhecimento social.

As mudanças experimentadas pelas sociedades contemporâneas, nos últimos tempos, alteraram as formas para si mesmos o mundo onde vivem. Há uma enorme dificuldade de sentir e representar o mundo contemporâneo, pois a sensação vigente é de irrealidade, de vazio e de confusão. A capacidade de representação da razão humana estaria se esvaziando progressivamente.

Estaríamos diante do predomínio de um princípio esvaziador que atuaria em todas as esferas do mundo e da sociedade moderna, envolvendo suas instituições e suas formas simbólicas e imaginárias.

Assim, por exemplo, estariam se processando a desreferencialização do real, a desmaterialização da economia, a desestetização da arte, a desconstrução da filosofia, a despolitização da sociedade e a dessubstancialização do sujeito. Ou seja, tudo o que existe estaria marcado pela efemeridade, pela fragmentação, pelo descentramento, pela indeterminação, pela descontinuidade, pelo ecletismo das diferenças e pelo caos paradoxal.

O cotidiano constitui o espaço onde se encontram condensados os traços definidores da pós-modernidade. Atualmente, a nossa cotidianidade está atravessada pela individualização, pelo consumismo e pelo predomínio da

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informação. Através da publicidade, que invadiu todas as brechas da vida do homem – no trabalho, na escola, no lazer, nas ruas, nos transportes ou em casa –, ocorreu a estetização dos objetos de consumo e a erotização e a personalização das mercadorias. As vitrines e o vídeo passaram a ser dimensões indispensáveis para existência de todas as coisas do mundo. A realidade social se desmaterializou e passou a ser o domínio do signo, que transformou o cotidiano na vivência imediata de simulacros, instaurando-se a hiperrealidade pela generalização da informação na sociedade informatizada de massas.

Para Lyotard, a sociedade pós-moderna se configura como uma nebulosa de “jogos de linguagem” que tecem os vínculos sociais. Os sujeitos sociais dissolvem-se pela atomização do social em redes flexíveis de jogos de linguagem heteromórficos, que se disseminam e que não podem ser disciplinados por regras gerais. A realização diferenciada e heterogênea de jogos de linguagem cria instituições sociais “em pedaços”, de onde emanam regras de enunciação que definem o que pode ser dito e como pode ser dito. Porém, esses poderes institucionais, dispersos em nuvens de elementos narrativos, não estabelecem limites absolutos, pois essas regras de enunciação são mutáveis e flexíveis. A sociedade, assim, teria se transformado num conjunto descentrado e pluralista de redes de enunciado de diferentes tipos.

Numa perspectiva distinta, mas complementar a essa, Baudrillard afirma que a comunicação de massa, que caracteriza a sociedade contemporânea, ao autonomizar a produção de signos em relação a qualquer referente concreto, transformou a realidade em simulacro: um mundo artificial que substitui o mundo real. Isso ocorre através da produção de signos que tentam ser mais reais do que a própria realidade, gerando-se uma hiper-realidade. As novas tecnologias e processos comunicativos terminam produzindo linguagem e signos que são auto-referentes. Haveria um esvaziamento da realidade material com a emancipação dos signos que produzem uma realidade aparente como puro simulacro. Como exemplo acabado disso, a publicidade atuaria como um jogo sobre si mesma, deixando de existir diálogo entre o emissor e o receptor, que são as massas inertes, fascinadas com o poder da comunicação. Assim, as mercadorias perdem sua materialidade e seu valor de uso e só adquirem sentido através da publicidade, que faz da imagem um simulacro da mercadoria. A comunicação de massa transferiria a vivência no real para a vivência no signo. Portanto, a cultura pós-moderna seria a cultura do simulacro.

ANOTAÇÕES:

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QUEST – CAP. 9

1. (UEM2008/CVUP3G1-Q12) - Podemos conceituar mudança social como toda inovação ocorrida na sociedade de forma geral ou em um grupo específico. Sobre esse tema, assinale o que for correto.01) O filósofo Auguste Comte era favorável àRevolução Francesa, visto que apoiava as mudanças que ela continha. Afirmava, entretanto, que as transformações da sociedade deveriam ser condicionadas pela manutenção da ordem social.02) No processo histórico de desenvolvimento das sociedades humanas, as mudanças são inevitáveis. É consenso na sociologia que elasocorrem em todas as instituições sociais de modo natural, em circunstâncias semelhantes à evolução pela qual passam os animais e osvegetais.04) Com a ampliação das suas bases industriais na década de 1950, o Brasil passou por uma grande transformação: sua população, que era rural, tornou-se majoritariamente urbana. Essa mudança foi provocada pelas condições favoráveis oferecidas nas cidades, isto é, oferta de emprego, de moradia, serviços de saúde e educação suficientes para todos aqueles que imigraram para o espaço urbano.08) Vê-se, em nossa sociedade urbana industrial, que as famílias passaram por mudanças. O outrora preponderante tipo familiar patriarcal sofreu modificações. Hoje há outras formas de organização familiar, como a família conjugal (com a diluição do poder entre mulheres e homens), a família chefiada por mulheres e a conjugalidade homossexual.

16) Com base nas conseqüências produzidas pela Lei Áurea de 1888, no Brasil, podemos concluir que, dependendo do contexto, mudanças legislativas não são suficientes para alterar prontamente padrões cristalizados de relações sociais.

2. (UEM2010/CVUP3G1-Q13) Os movimentos teóricos em estética, na pós-modernidade, sofrem transformações, destacando-se, nos modos de produção da obra de arte, a reprodutibilidade técnica e a indústria cultural. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.01) A partir da sociedade industrial ou pós-industrial, os objetos de consumo, produzidos em série, são anônimos, descartáveis e efêmeros, características que encontramos na indústria cultural.02) Com o advento da tecnologia, a fotografia e o cinema são possibilidades de manifestação estética acessíveis a um número maior de espectadores, colaborando para a formação de uma sociedade unidimensional.04) A sala de concerto e o museu exprimem as formas tradicionais da obra de arte, contrapostas ao CD, DVD, MP3, que são tecnologias portáteis, mas também modificadoras da experiência estética.08) Com o advento da internet, o livro perdeu totalmente seu lugar, permanecendo restrito aos intelectuais e frequentadores dos museus-biblioteca.16) No mundo contemporâneo, a modificação do espaço urbano, com o fechamento das antigas salas de cinema do centro das cidades e a construção dos shopping centers, acarreta uma mudança na percepção estética.

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3. – Sobre as mudanças sofridas pelo Estado brasileiro, os padrões que marcaram sua relação com a sociedade civil e as interpretações produzidas sobre essa temática, assinale o que for correto.01) A passagem do Império para a Repúblicaimplicou fortes transformações na organização do poder político. Conforme exigências da nova ordem, a denominada Primeira República dissolveu o fenômeno da apropriação privada do Estado pelas oligarquias.02) O conceito de “modernização conservadora” é aplicado para designar o grande controle que o Estado exerceu sobre os processos de mudança ocorridos no Brasil, como, por exemplo, aqueles relacionados à industrialização.04) A ascensão de Getúlio Vargas ao poder promoveu, pela primeira vez no Brasil, a inclusão, de forma autônoma, da classe trabalhadora nos centros decisórios de políticas. Por isso, esse estadista foi denominado “o pai dos pobres”.08) O patrimonialismo atribuído ao Estado brasileiro por vários teóricos corresponde, entre outros fatores, às relações de lealdade que se estabeleceram entre os detentores do poder e determinados grupos de elite. Como resultado, dificultou-se a consolidação de uma burocracia moderna para gerir a máquina pública do país.16) No Brasil, o poder executivo concentrou,historicamente, as maiores parcelas de poderpolítico. Ao lado de outros elementos, esse fato explica a fragilidade do sistema partidáriobrasileiro em cumprir sua função de permitir aexpressão e de garantir os direitos dos diferentes grupos existentes em nossa sociedade.

4. (UEM2008/CVUP3G1-Q2) - É correto afirmar que acompanham ou são conseqüências da atual fase de internacionalização da economia os seguintes fenômenos:01) a reestruturação produtiva, que se refere ao conjunto das transformações que ocorreu nas tecnologias e nas relações de produção,causando, entre outros, o desaparecimento dealgumas profissões e o desemprego estrutural.02) o acirramento da competição tecnológica, que tem reordenado o padrão de acumulaçãocapitalista e gerado grandes corporações globais, por meio de fusões de empresas queoperam em um determinado setor econômico.04) a alta rotatividade da mão-de-obra e formas mais flexíveis e precárias de contrato entre empregadores e empregados.08) o fortalecimento das organizações sindicais, que têm assumido papel decisivo no conteúdo das mudanças em curso no mundo do trabalho.16) o afrouxamento das leis contra imigração, já que os países mais ricos necessitam da mão-de-obra originária dos países que estão em uma posição econômica subordinada.

5. (ÉTICO21). As transformações tecnológicas que se verificam na civilização contemporânea, durante as últimas décadas, atingem significativamente o conjunto da vida social. Dentre as alternativas a seguir, assinale a única que não se refere adequadamente às implicações sociais dessas novas tecnologias.a) As novas modalidades de comunicação, especialmente aquelas possibilitadas pelas tecnologias da informática, não devem ser

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entendidas unicamente em suas dimensões quantitativas, como a redução virtual do tempo e do espaço, mas, isto sim, como meios pelos quais se estabelecem relações sociais originais, que precisam ser examinadas pelas atuais pesquisas sociológicas.b) As mudanças econômicas pertencentes à globalização impõem o desaparecimento de atividades profissionais tradicionais e o surgimento de ocupações vinculadas às tecnologias eletrônicas.c) As transformações tecnológicas atingem os mais diferentes setores da sociedade, sendo visíveis, por exemplo, na educação, setor em que têm sido incorporadas, embora nem sempre tal inserção seja precedida de rigorosas reflexões pedagógicas.d) Contrariamente às previsões pessimistas que se elaboraram nas últimas décadas, as tecnologias computacionais não apenas não implicaram a diminuição dos níveis de emprego, como, em sentido contrário, produziram a total absorção da mão de obra disponível nos países do hemisfério sul.e) As tecnologias eletrônicas, que afetam sensivelmente o cotidiano dos indivíduos, não implicam a automática supressão dos problemas sociais, sendo que, em contextos nos quais não há um planejamento social adequado de suas utilizações, é recorrente se observar o aprofundamento das desigualdades na sociedade.

6. O acesso ao conhecimento científico e técnico sempre teve importância na luta competitiva; mas, também aqui, podemos ver uma renovação de interesse e de ênfase, já que, num mundo de rápidas mudanças de gostos e necessidades e de sistemas de produção flexíveis (em oposição ao mundorelativamente estável do fordismo), o conhecimento da última técnica, do

mais novo produto, da mais recente descoberta científica, implica a possibilidade de alcançaruma importante vantagem competitiva. O próprio saber se torna uma mercadoria-chave, a ser produzida e vendida a quem pagar mais, sob condições que são elas mesmas cada vez mais organizadas em bases competitivas.Fonte: Harvey, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 2003, p. 151 (com cortes)

O processo descrito no texto revela uma mudança relevante em relação à associação contemporânea entre conhecimento, produção econômica e vida social. Assinale a alternativa que melhor sintetiza essa mudança.a) A conversão do conhecimento, de mero fator de produção à mercadoria, no sistema produtivo atual.b) A transformação do conhecimento em insumo produtivo, ao contrário do que ocorria nas sociedades industriais.c) O papel central da técnica no estabelecimento de vantagens comparativas, em decorrência das mudanças surgidas no sistema fordista.d) O caráter flexível dos gostos, demandas e necessidades do consumidor determina o grau de utilização de insumos tecnológicos na produção.e) A intensificação da competitividade entre os agentes econômicos, própria do ambiente de produção do conhecimento e da tecnologia, como universidades e centros de pesquisa.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 10: Um outro mundo é possível?

10. Movimentos Sociais no Brasil

10.1 - Pensando no conceito

Sem que se tenha uma data precisa, foi constatado que os movimentos sociais tiveram origem desde os primórdios da civilização. No entanto, somente no final da década de 60, já no século XX, mais precisamente no ano de 1968, os movimentos sociais deixam de ser contemplados como organização

e ação dos trabalhadores em sindicatos para se dar destaque aos chamados novos movimentos sociais. Com isso, qualquer discussão travada sobre movimentos sociais recai na formulação de um conceito, pois apesar de todo desenvolvimento alcançado pelos pesquisadores para traçar uma definição, não há consenso entre os estudiosos do tema.

Para Maria da Glória Gohn os movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes

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e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo.

Não havendo acordo sobre o conceito de movimentos sociais, Ilse Scherer-Warren, menciona que para

alguns autores, toda ação coletiva com caráter reivindicativo ou de protesto é movimento social, independente do alcance ou significado político ou cultural da luta.

Feita essas observações, verifica-se a imprecisão e polêmica que norteiam a conceituação dos movimentos sociais, mas considerando que a crise do mundo industrial e a passagem a um capitalismo organizado em redes tem como resultado uma fragmentação social, cria-se assim, uma nova forma de organização e ação.

Essa fragmentação social fez desmoronar as mais tradicionais identidades, formas de organização sindical e da representação política, refletindo assim, num declínio dos movimentos sociais organizados e

oriundos a estes, do movimento operário.

Constatada a crise do século passado e de suas massas operárias organizadas no partido e também no sindicato, pode-se contemplar a crescente de movimentos que já foram e, ainda são, capazes de articular pelo avesso essa fragmentação. A esses dá se o nome de novos movimentos sociais que se contrapõem aos velhos, tanto em suas práticas quantos nos objetivos.

Segundo Ilse Scherer-Warren têm emergidos novos movimentos sociais que almejam atuar no sentido de estabelecer um novo equilíbrio de forças entre Estado (aqui entendido como o campo da política institucional: o governo, dos partidos e dos aparelhos burocráticos de dominação) e sociedade civil (campo da organização social que se realiza a partir das classes sociais ou de todas as outras espécies de agrupamentos sociais fora do Estado enquanto aparelho), bem como no interior da própria sociedade civil nas relações de força entre dominantes e dominados, entre subordinantes e subordinados.

Na compreensão de Maria da Glória Gohn, são novos os movimentos das mulheres, os ecológicos, os que se colocam contra a fome e outros, todos sinalizando em princípio um distanciamento do caráter classista. Portanto, os novos movimentos sociais desenvolvem ações particularizadas relacionadas às dimensões da identidade humana. Isso, na

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concepção de Touraine pode ser estabelecido como resistência ao poder apoiada na defesa do sujeito a partir da reconstrução da identidade pessoal.

As novas contestações não visam criar um novo tipo de sociedade, mas “mudar a vida”, defender os direitos do homem, assim como o direito à vida para os que estão ameaçados pela fome e pelo extermínio, e também o direito à livre expressão ou à livre escolha de um estilo e de uma história de vida pessoais.

Neste contexto, os novos movimentos sociais que não atuam num processo de identidade, mas de identificação, tematizam questões como de gênero, orientação sexual e étnica. Sem deixar de compartilhar por outras lutas, tais qual pela terra, distribuição de renda e antiglobalização.

Assim, verifica-se que nenhum ator social na atualidade, encontra-se sozinho em suas lutas, mas a atuação se dá em rede, numa articulação global cuja ação é local.

Maria da Glória Gohn afirma que não há um conceito sobre movimento social, mas vários, conforme o paradigma utilizado.

10.2 - O caso brasileiro

A análise dos movimentos sociais no Brasil revelam forte enfoque teórico oriundo do marxismo, sejam eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural. Tais movimentos, quando se referiam ao espaço urbano possuíam um

leque amplo de temáticas como, por exemplo, as lutas por creches, por escola pública, por moradia, transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversidade de temáticas expressou-se nos movimentos de bóias-frias (das regiões cafeeiras, citricultoras e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra, arrendatários e pequenos proprietários.          Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação específica, no entanto, todos expressavam as contradições econômicas e sociais presentes na sociedade brasileira.          No início do século XX, era muito mais comum a existência de movimentos ligados ao rural, assim como movimentos que lutavam pela conquista do poder político. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade através da realização de manifestações em espaços públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares urbanos foram impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Nos anos 1960 e 1970, mesmo diante de forte repressão policial, os movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaram-se as

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manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já".          Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores.           Concomitante às ações coletivas que tocam nos problemas existentes no planeta (violência, por exemplo), há a presença de ações coletivas que denunciam a concentração de terra, ao mesmo tempo que apontam propostas para a geração de empregos no campo, a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); ações coletivas que denunciam o arrocho salarial (greve de professores e de operários de indústrias automobilísticas); ações coletivas que denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial); ações coletivas que têm espaço urbano como locus para a visibilidade da denúncia, reivindicação ou proposição de alternativas.          As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas entre outros, são características da ação de um movimento social. A ação em praça pública é o que dá visibilidade ao movimento social, principalmente quando este é

focalizado pela mídia em geral. Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os demais atores coletivos de uma sociedade.

          O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla MST, é um movimento social brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação da reforma agrária no Brasil. Teve origem na aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam desgostosos com o modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente na década de 1970, o qual priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das terras improdutivas.          Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no Brasil remontarem apenas às ligas camponesas, associações de agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST proclama-se como herdeiro

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ideológico de todos os movimentos de base social camponesa ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o direito feudal português, fato este que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à terra.          Uma das atividades do grupo consiste na ocupação de terras improdutivas como forma de pressão pela reforma agrária, mas também há reivindicação quanto a empréstimos e ajuda para que realmente possam produzir nessas terras. Para o MST, é muito importante que as famílias possam ter escolas próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não precisem ir à cidade e, desta forma, fixar as famílias no campo.

A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social ou associação de moradores.          O movimento recebe apoio de organizações não governamentais e religiosas, do país e do exterior, interessadas em estimular a reforma agrária e a distribuição de renda em países em desenvolvimento. Sua principal fonte de financiamento é a própria base de camponeses

já assentados, que contribuem para a continuidade do movimento.          Dados coletados em diversas pesquisas demonstram que os agricultores organizados pelo movimento têm conseguido usufruir de melhor qualidade de vida que os agricultores não organizados.          O MST reivindica representar uma continuidade na luta histórica dos camponeses brasileiros pela reforma agrária. Os atuais governantes do Brasil têm origens comuns nas lutas sindicais e populares, e portanto, compartilham em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única arma que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária, a ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.

          O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu em 1997 da necessidade de organizar a reforma urbana e garantir moradia e a todos os cidadãos. Está organizado nos municípios do Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. É um movimento de caráter social, político e sindical. Em 1997, o MST fez uma avaliação interna em que reconheceu que seria necessária

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uma atuação na cidade além de sua atuação no campo. Dessa constatação, duas opções de luta se abriram: trabalho e moradia.           Estão em quase todas as metrópoles do País. São desdobramentos urbanos do MST, com um comando descentralizado. As formas de atuação variam de um movimento para outro. Em geral, as ocupações não têm motivação política, apenas apoio informal de filiados a partidos de esquerda. O objetivo das ocupações é pressionar o poder público a criar programas de moradia e dar à população de baixa renda acesso a financiamentos para a compra de imóveis.          Atualmente, o MTST é autônomo em relação ao MST, mas tem uma aliança estratégica com esse.

O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento altermundialista organizado por movimentos sociais de diversos continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é Um outro mundo é possível.

É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da

dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais.          A luta por um mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum Social Mundial, tem suas raízes fixadas na resistência histórica dos povos contra todo o gênero de opressão em todos os tempos, resistência que culmina em nossos dias com o movimento irmanando milhões de cidadãos e não-cidadãos do mundo inteiro contra as conseqüências da mundialização do capital, patrocinada por organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outros.          O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, entre 25 e 30 de janeiro de 2001, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos. Esse Fórum Econômico tem cumprido, desde 1971, papel estratégico na formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em todo mundo. Sua base organizacional é uma fundação suíça que funciona como consultora da ONU e é financiada por mais de 1.000 empresas multinacionais.         

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O Feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta os direitos iguais e a proteção legal às mulheres. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias, todas preocupadas com as questões relacionadas às diferenças entre os gêneros, e advogam a igualdade para homens e mulheres e a campanha pelos direitos das mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade. A teoria feminista surgiu destes movimentos femininos, e se manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história feminista e a crítica literária feminista.          O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à

contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.          Durante a maior parte de sua história, a maior parte dos movimentos e teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres brancas de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte. No entanto, desde pelo menos o discurso Sojourner Truth, feito em 1851 às feministas dos Estados Unidos, mulheres de outras raças propuseram formas alternativas de feminismo. Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento pelos direitos civis que surgiu nos Estados Unidos, e o colapso do colonialismo europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste Asiático. Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e no Terceiro Mundo propuseram feminismos "pós-coloniais" - nas quais algumas postulantes, como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional ocidental como sendo etnocêntrico. Feministas negras, como Angela Davis e Alice Walker, compartilham este ponto de vista.

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          Desde a década de 1980, as feministas standpoint argumentaram que o feminismo deveria examinar como a experiência da mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente, e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.

O movimento estudantil, embora não seja considerado um movimento popular, dada a origem dos sujeitos envolvidos,

que, nos primórdios desse movimento, pertenciam, em sua maioria, a chamada classe pequeno burguesa, é um movimento de caráter social e de massa. É a expressão política das tensões que permeiam o sistema dependente como um todo e não apenas a expressão ideológica de uma classe ou visão de mundo. Em 1967, no Brasil, sob a conjuntura da ditadura militar, esse movimento inicia um processo de reorganização, como a única força não institucionalizada de oposição política. A história mostra como

esse movimento constitui força auxiliar do processo de transformação social ao polarizar as tensões que se desencadearam no núcleo do sistema dependente. O movimento estudantil é o produto social e a expressão política das tensões latentes e difusas na sociedade. Sua ação histórica e sociológica tem sido a de absorver e radicalizar tais tensões. Sua grande capacidade de organização e arregimentação foi capaz de colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968. Ademais, a histórica resistência da União Nacional dos Estudantes (UNE), como entidade representativa dos estudantes, é exemplar.          O movimento estudantil é um movimento social da área da educação, no qual os sujeitos são os próprios estudantes. Caracteriza-se por ser um movimento policlassista e constantemente renovado - já que o corpo discente se renova periodicamente nas instituições de ensino.          Podem-se encontrar traços de movimentos estudantis pelo menos desde o século XV, quando, na Universidade de Paris, uma das mais antigas universidades da Europa, registraram-se vários movimentos grevistas importantes. A universidade esteve em greve durante três meses, em 1443, e

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por seis meses, entre setembro de 1444 e março de 1445, em defesa de suas isenções fiscais. Em 1446, quando Carlos VII submeteu a universidade à jurisdição do Parlamento de Paris, eclodiram revoltas estudantis - das quais participou, entre outros, o poeta François Villon - contra a supressão da autonomia universitária em matéria penal e a submissão da universidade ao Parlamento. Freqüentemente, estudantes eram detidos pelo preboste do rei e, nesses casos, o reitor dirigia-se ao Châtelet, sede do prebostado, para pedir que o estudante fosse julgado pelas instâncias da universidade. Se o preboste do rei indeferia o pedido, a universidade entrava em greve. Em 1453, um estudante, Raymond de Mauregart, foi morto pelas forças do Châtelet e a universidade entrou novamente em greve por vários meses.          Contemporaneamente, destacam-se os movimentos estudantis da década de 1960, (dentre os quais os de maio de 1968 na França). No mesmo ano, também se registraram movimentos em vários outros países da Europa Ocidental, nos Estados Unidos e na América Latina. No Brasil, o movimento teve papel importante na luta contra o regime militar que se instalou no país a partir de 1964.

Movimentos ecológicos.

Os movimentos ecológicos, com suas correntes, ambientalista e conservacionista. A primeira dessas correntes volta-se para um desenvolvimento controlado e equilibrado quanto a utilização dos recursos naturais; a segunda, mais radical, nega a utilização de tecnologias que põem em perigo o meio ambiente, optando por soluções alternativas. Ambas explicitam claramente as contradições de um modelo de desenvolvimento autodestrutivo, que põe em risco não um seguimento social especifico ou uma determinada classe social, mas a sociedade humana como um todo, na medida em que ameaça o equilíbrio ecológico.

Esses movimentos, ao se insurgirem, por exemplo, contra uma empresa industrial que despeja poluentes químicos em um rio, tornando suas águas impróprias para a utilização pelos humanos ou por qualquer ser vivo; ao se colocarem contra a construção de usinas nucleares, que põe em risco a vida em áreas imensas; ao protestarem contra a construção de uma barragem de uma usina hidrelétrica, na medida em que essa construção se faz em detrimento do equilíbrio ambiental de uma determinada bacia hidrográfica; ou, ainda, ao se oporem radicalmente à pesca incontrolada da baleia, que põe

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em risco a sobrevivências da espécie, esses movimentos estão não apenas contrariando interesses de grupo econômicos e/ou de um modelo de desenvolvimento, mas pondo em causa um direito que é de todos, o direito a uma vida saudável – o que só pode ser assegurado por uma natureza saudável.

ANOTAÇÕES:

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QUEST – CAP.1O

1. UFPA (2008) Os chamados “novos movimentos sociais” se diferenciam daqueles denominados como “tradicionais ou clássicos”. Sobre esses movimentos, é correto afirmar:a) Os novos movimentos sociais surgiram no contexto europeu do período pós-guerra e se expandiram nas lutas operárias do capitalismo comercial norte-americano.b) Entre os movimentos sociais clássicos identifica-se o movimento feminista, que surgiu no início do século XIX, a partir da luta das mulheres pelo direito ao voto e à participação política parlamentar.c) Uma das características dos novos movimentos sociais é o fato de estes serem causados pelos paradoxos e

contradições existentes no capitalismo comercial e industrial.d) Os novos movimentos sociais tornaram-se espaço de manifestação e reivindicação de vários segmentos e classes sociais, desde a segunda metade do século XX.e) Os participantes dos movimentos sociais tradicionais objetivavam a conquista do poder político por meio da luta armada, enquanto os novos movimentos sociais utilizam a paz armada como estratégia para essa conquista.

2. Assinale a única alternativa incorreta a respeito dos movimentos sociais nas sociedades ocidentais da era contemporânea.a) Os movimentos sociais se intensificam a partir do século XIX, sobretudo em decorrência dos problemas apresentados pela sociedade capitalista, como a concentração das riquezas e as péssimas condições de vida dos trabalhadores. Muitas vezes, esses movimentos ultrapassaram a defesa das reformas sociais, preconizando, isto sim, soluções revolucionárias que substituíssem o capitalismo por sociedades igualitárias. b) Nas últimas décadas, os movimentos sociais têm sofrido con-sideráveis transformações, nas quais as reivindicações de teor nitidamente classista cedem espaço a múltiplas mobilizações, organizadas em torno de temas como legalização do aborto, direito dos homossexuais e questões ecológicas.c) No século XIX, os movimentos sociais dos trabalhadores possuíam forte influência do anarquismo e do marxismo, sendo que, após a Revolução Russa de 1917, declinou a presença de ideias anarquistas e fortaleceram-se as posições favoráveis ao socialismo de inspiração marxista.d) De maneira geral, com a dinâmica socioeconômica instaurada com a

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globalização e a decomposição do bloco socialista, o movimento sindical modificou suas aspirações e suas reivindicações, renunciando a propostas de transformações sociais radicais e limitando-se à defesa de interesses pontuais, como a manutenção de emprego e reajustes salariais.e) Em que pesem as intensas mobilizações sociais dos séculos XIX e XX, o radicalismo das posições políticas de seus participantes e suas inumeráveis divisões internas inviabilizaram totalmente as conquistas sociais pretendidas. Dessa forma, as reformas sociais ocorridas nas civilizações capitalistas devem ser compreendidas na esfera exclusiva do Estado, sem que para tanto tenham contribuído as lutas empreendidas pelos movimentos sociais.

3. O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento organizado por movimentos sociais de diversos continentes, com o objetivo de elaborar alternativas para uma transformaçãosocial global. Seu slogan é “Um outro mundo é possível”. É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal e estãoconstruindo alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais. O Fórum Social Mundial tem o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos.Fonte: Os Movimentos Sociais no Brasil. Disponível em: <http://geomundo.com. br/geografia-30197.htm>. Acesso em 8 de março de 2010 (adaptado)

Segundo o texto:

a) O Fórum Econômico Mundial de Davos busca alternativas para solucionar problemas sociais decorrentes da globalização neoliberal.b) Tanto o Fórum Social como o Econômico buscam alternativas para minimizar os efeitos negativos da globalização econômica em escala mundial.c) O Fórum Econômico Mundial tem como objetivo propor alternativas à globalização neoliberal, contrapondo-se ao Fórum Social Mundial.d) O slogan “Um outro mundo é possível” remete à luta dos países neoliberais pela construção de um mundo mais humano e justo.e) O Fórum Social Mundial tem como objetivo propor alternativas à globalização neoliberal, contrapondo-se ao Fórum Econômico Mundial de Davos.

4. “Diretas Já” foi um movimento político democrático com grande participação popular que ocorreu no ano de 1984.Este movimento era favorável e apoiava a emenda do deputado Dante de Oliveira que restabeleceria as eleições diretas para presidente da República no Brasil. Estes eventos populares contaram com a participação de milhares de brasileiros. Em 25 de abril de 1984, a emenda constitucional das eleições diretas foi colocada em votação. Porém, para a desilusão do povo brasileiro, ela não foi aprovada. As eleições diretas para presidente do Brasil só ocorreriam em 1989, conforme estabelecido pela Constituição de 1988. Fonte: Diretas Já. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/diretas_ja.htm. Acesso em 8 de março de 2010 (adaptado

O texto acima versa sobre um dos maiores movimentos populares da

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história do Brasil: as Diretas Já!. De acordo com o fragmento:a) apesar das manifestações populares, a Emenda Dante de Oliveira foi derrotada, demonstrando que os interesses das classes dominantes se sobrepõem aos das demais classes.b) as pressões populares foram responsáveis pela aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas para a Presidência da República para o ano de 1989.c) a não aprovação da Emenda Dante de Oliveira está relacionada às manifestações populares a ela contrárias, uma vez que a maioria dos brasileiros apoiava o governo em vigor.d) a Constituição de 1988, ao determinar a volta das eleições diretas para Presidência da República, incorporou a Emenda Dante de Oliveira ao seu texto, realizando o sonho dos brasileiros, frustrado em 1984.e) a eleição de Dante de Oliveira para a Presidência da República, em 1989, marcou o fim dos governos militares e das eleições indiretas para o cargo, consolidando oregime democrático brasileiro.

5. Leia atentamente os textos a seguir.Texto 1Cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um “fora da lei”, Conselheiro decide se fixar à margem norte do rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasce ali uma experiência extraordinária: em Bello Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se num vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram recebidos de braços abertos pelo peregrino. Era uma comunidade onde todos tinham

acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um “lugar santo”, segundo os seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado, e começam a se articular em busca de uma “solução” ao problema.http://pt.wikipedia.org (acesso em 1º jul. 2010)

Texto 2Movimentos param Transamazônica em protesto contra Belo Monte“A vinda do presidente Lula a Altamira é uma afronta, um grande desacato aos movimentos sociais, aos povos indígenas, aos trabalha-dores rurais e aos ribeirinhos.” Assim afirma Antônia Melo, uma das coordenadoras do Movimento Xingu Vivo para Sempre, articulação que organiza entre hoje e amanhã protestos contra a visita do pre-sidente Lula a Altamira e a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A hidrelétrica, prevista para gerar mais de 11 mil megawatts (MW), será construída no rio Xingu (PA). Segundo ambientalistas e movimentos sociais, a barragem desviaria em 80% o fluxo do rio Xingu e devastaria uma extensa área de floresta tropical brasileira, deslocando mais de 20 mil pessoas e ameaçando a sobrevivência de diversos povos indígenas. “Essa obra é inviável em todos os aspectos: social, ambiental, econômico”, fala Antônia, que será uma das atingidas por Belo Monte.Antonia vive há 55 anos em Altamira. Por causa da obra, ela será desalojada de onde mora. “Primeiramente vou perder minha casa, que demorei anos para construí-la e ainda não a terminei. Além das questões materiais e de toda uma vida que será modificada, a obra também exerce uma violência psicológica enorme para nós, que

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vivemos nas proximidades, porque não saberemos que futuro teremos. É algo muito incerto e obscuro”, conta.Thais Iervolino. 24 horas News.

Observa-se, que apesar de separado pelo tempo histórico, o povoado de Belo Monte, liderado por Antônio Conselheiro no sertão da Bahia, quanto o projeto governamental da usina hidrelétrica no Pará denomi-nado de Belo Monte, há a existência de fortes conflitos. A partir dos textos, avalie os fatores presentes nos conflitos descritos.a) Em ambos os textos os conflitos são de caráter econômico, político e social, que nos remetem à organização de movimentos sociais de contestação da ordem política e econômica vigente do Brasil.b) Enquanto o texto 1 identifica a Guerra de Canudos, um movimento de caráter messiânico, religioso, sem contestação da ordem política, o texto 2 aponta para uma politização do movimento social a partir da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.c) A única semelhança entre os textos é a localização, Belo Monte, região inóspida, vítima da seca que ao longo da história republicana foi alvo de políticas públicas para promover a modernização e a inclusão social, apesar das resistências locais.d) Os textos mostram a formação de um grupo de resistência popular em relação aos projetos governamentais para a região Norte, que visam eliminar a pequena propriedade por meio do agronegócio.e) Os textos possibilitam uma interpretação contraditória dos fatos históricos; ao mesmo tempo que valoriza a importância dos mo-vimentos sociais na transformação da realidade deixa transparecer que a revolta não vale a pena, já que o povoado de Canudos foi destruído e

a construção da usina de Belo Monte foi autorizada

6. A Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 22 de setembro de 2006, modificou o Código Penal Brasileiro, tornando mais rigorosas as punições previstas para as agressões domésticas contra as mulheres. Sob a perspectiva sociológica, tal lei deve ser compreendida como:a) uma conquista das lutas femininas e um importante instrumento de defesa dos direitos das mulheres, pois a existência de leis dessa natureza, ainda que não elimine o problema, contribui para a transformação sociocultural e fornece amparo legal às potenciais vítimas. b) uma discriminação legal que reforça as posições sociais de inferioridade feminina, posto que considera, implicitamente, a mulher como um ser incapaz de se defender fisicamente das eventuais agressões, resolvendo, assim, o problema no próprio âmbito familiar.c) a demonstração de que os avanços sociais independem de mobilizações por parte da sociedade, bastando o uso de princípios racionais de organização da sociedade, tarefa que, por sua vez, apenas o Estado pode realizar.d) simples meio de neutralização dos movimentos feministas, visto que historicamente a lei mostra-se impotente diante da força própria da realidade social.e) mecanismo ideológico de dominação capitalista, pois, ao res-saltar questões específicas, como o problema feminino, desviam a atenção dos trabalhadores daquilo que lhes diz

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7. (UEM2008-INVP3G1Q19) – De diferentes formas e portando objetivos variados, os movimentos sociais tiveram presença constante na história de muitas sociedades. A respeito desse tema, assinale o que for correto.01) A repressão exercida pelo regime militar instaurado no Brasil em 1964 sobre a sociedade civil conseguiu bloquear a organização dos movimentos sociais. Durante toda a sua vigência até o período da transição para o regime democrático, o país não experimentou movimentos de resistência.02) Como os movimentos sociais não visam àapropriação do Estado, a sua história, de forma geral, mostra que eles sempre tiveram impactos muito reduzidos no sistema político.04) A análise desenvolvida por Karl Marx no século XIX sobre o capitalismo disseminou-se pela Europa e por outras partes do mundo,inspirando e influenciando fortemente o movimento operário do século XX.08) Movimentos como o ecológico, o feminista e os étnicos passaram a ter uma presença marcante nas sociedades contemporâneas. Alguns dos seus intérpretes afirmam que eles contribuíram decisivamente para deixar visíveis novas dimensões das contradições e das opressões existentes nas relações sociais. 16) Os movimentos sociais expressam açõescoletivas que, dependendo dos seus princípiosnorteadores e dos grupos que mobilizam, podem tanto visar a mudanças na sociedade como opor-se a elas.

8. U.E. Londrina/PR (2004) “Ainda que do ponto de vista social o Brasil continue sendo um país de

muitas e profundas desigualdades sociais, não se pode ignorar ter havido mudanças significativas no campo político, em especial a partir dos anos 80. Nesse sentido, [...] a abertura de fóruns públicos de representação e participação teve o efeito de explicitar e tornar pública a dimensão conflitiva da vida social. A questão pode parecer trivial, já que nesses espaços convergem e se expressam reivindicações vocalizadas por diversos movimentos sociais. Mas há algo como uma metamorfose do conflito social quando esse ganha essas esferas públicas que estabelecem a mediação entre Estado e sociedade. Pois aí o particularismo das reivindicações necessariamente tem que se redefinir em função de parâmetros públicos de gestão política das cidades.”(PAOLI, Maria; TELLES, Vera. Direitos Sociais, conflitos e negociações no Brasil contemporâneo. In: ALVAREZ, Sonia; DAGNINO, Evelina (Orgs.). Cultura e política nos movimentos sociais latino-americanos. Belo Horizonte: UFMG, 2000. p. 117-118.)

Conforme o texto, é correto afirmar:a) As mudanças no campo político levaram ao atendimento permanente das reivindicações dos diversos movimentos sociais porque as tornaram públicas.b) A constituição de esferas públicas de representação e participação fez com que os conflitos sociais passassem a ser reconhecidos de acordo com padrões públicos.c) Com a abertura dos fóruns públicos de representação e participação, as demandas dos movimentos sociais tornaram-se menos reivindicativas.d) A abertura de fóruns de participação, a partir das reivindicações dos movimentos sociais, levou ao reforço da prática patrimonialista no Estado brasileiro.e) Do ponto de vista democrático, a abertura de fóruns públicos de participação implicou um retrocesso na solução dos conflitos sociais.

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9. UFPA (2007) Negros e negras, indígenas e vários grupos étnicos, gays e lésbicas, prostitutas e prostitutos, idosos e idosas, portadores (as) de necessidades especiais, movimentos ambientalistas e anti-globalização apresentaram-se no cenário político local, nacional e internacional para reivindicar a criação ou a efetivação de seus direitos, e para propor ou interferir na adoção de políticas públicas específicas para eles por parte do Estado. Os cientistas políticos, sociólogos e antropólogos estudam a ação política destes atores na perspectiva do(s):

a) Movimentos Operários.b) Terrorismo.c) Sindicalismo.d) Cooperativismo.e) Novos Movimentos Sociais.ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO 11: há cultura em tudo?

11. Cultura, Identidade Cultural e Multiculturalismo na Sociedade Global.

11.1 - O papel da educação na transmissão da culturaO antropólogo Clyde Kluckhohn (1905-1960) observa em

“Antropologia: Um espelho para o homem” que cultura é "a vida total de um povo, a herança social que o indivíduo recebe de seu grupo, ou pode ser considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou".

Por sua vez, Bronislaw Malinovski (1884-1942), outro antropólogo, ensina que a cultura compreende "artefatos, bens, processos técnicos, idéias, hábitos e valores herdados".

A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social.Nas sociedades em que não há escolas, a transmissão da cultura se dá por intermédio dá família ou da convivência com o grupo adulto. Nesse caso, diz-se que a educação é informal ou assistemática .

Quando há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais. Nesse caso, a educação é formal ou sistemática, isto é, obedece a uma organização previamente planejada. Não há, portanto, um modelo único, uma forma exclusiva de educação.

11.2 Identidade cultural

Cada sociedade elabora sua própria cultura ao longo da história e recebe a influência de, outras culturas. Todas as sociedades, desde as mais simples até as mais complexas, têm sua própria cultura. Não há sociedade sem cultura.

Desde que nasce, um indivíduo é influenciado pelo meio social em que vive. Com exceção do recém-nascido e dos raros indivíduos que

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foram privados da possibilidade de convívio humano, não há pessoas desprovidas de cultura.

A cultura pode ser definida também como um estilo de vida próprio, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura apresentam o que se chama de identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.

Por exemplo, as comunidades indígenas são realidades culturais diferenciadas em relação à sociedade dita "civilizada". Como tal, são

capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural, como vimos na carta dos chefes indígenas ao governo de Virgínia.

No texto complementar, veja um exemplo de como a identidade cultural pode ser mais importante ainda do que a herança biológica.

11.3 - Aspecto material e o não-material da culturaA cultura material consiste em todo tipo de utensílios produzidos

em uma sociedade - ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos ali-mentares, habitação etc. - e interfere diretamente em seu estilo de vida.

Por exemplo: um dos alimentos básicos no interior do Nordeste é a farinha de mandioca; muitos nordestinos preferem utilizar redes em vez de camas para dormir; também no interior dessa região, as casas das classes baixas são muitas vezes construídas com barro socado entre hastes de madeira cruzadas (taipa.) e cobertura de palha. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida fundamentado na cultura material da região. I

Já a cultura não-material abrange todos os aspectos morais e intelectuais da sociedade, tais como: normas sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes, folclore etc.

Por exemplo, a maior parte da população brasileira segue a religião católica, não há pena de morte em nossa legislação e a miscigenação racial é muito forte, embora persistam manifestações de preconceito e atitudes discriminatórias, principalmente contra os negros. Esses aspectos não-materiais de nossa cultura contrastam com os que encontramos, por exemplo, nos Estados Unidos - uma sociedade de maioria protestante, na qual muitos estados empregam a pena de morte e onde a discriminação I racial era oficialmente permitida até a década de 1960, quando, após muita luta, criaram-se leis que impedem as práticas racistas.

Uma das manifestações da cultura não material de maior interesse para o antropólogo é o folclore.

Interdependência entre o material e o não-material da culturaIMPULSO PRÉ-VESTIBULAR E CONCURSO - Av. Souza Filho Nº748 Ed. Ireneu Nogueira Sala 205 2º Andar – Centro -

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Existe uma interdependência estreita e constante entre cultura material e cultura nãomaterial. Quando, por exemplo, assistimos à apresentação de uma orquestra, sabemos que as músicas executadas são produto da criatividade de um ou mais músicos. Entretanto, para comunicar sua criação aos outros, os artistas valem-se de instrumentos musicais. Da mesma forma que uma melodia requer instrumentos musicais para sua exteriorização, também as religiões, de modo geral, necessitam de templos, altares e outros componentes materiais para que possam ser praticadas.

Na verdade, a interdependência entre esses dois aspectos é intrínseca a qualquer cultura, pois um grupo só pode realizar sua cultura não-material apoiado em meios concretos de expressão que fazem parte de sua cultura material (os instrumentos de uma orquestra, por exemplo )..

11.4 - Componentes da cultura

A cultura é um todo orgânico, um sistema, um conjunto de partes que se relacionam estreitamente. Para melhor compreender o que é uma cultura, vamos estudar alguns de seus componentes.

Os principais aspectos de uma cultura são: os traços culturais, o complexo cultural, a área cultural o padrão cultural e a subcultura.

11.4 .1 - Traços culturaisVocê já viu alguém dançando frevo? Trata-se de um gênero musical

típico de Pernambuco e do carnaval do Recife e de Olinda. Pois bem, cada passo do frevo é um traço cultural dessa manifestação de cultura popular que é o carnaval pernambucano (o mesmo se pode dizer do samba no Rio de Janeiro).

Traço cultural é o menor componente representativo de uma cultura. Ele pode ser um objeto material - por exemplo, o cocar de penas usado por nossos índios. Neste caso, ele próprio é constituído de partes menores - as penas usadas na confecção do cocar, por exemplo, Entretanto, as penas de pássaro só passam a ser um traço cultural quando reunidas, em nosso exemplo, na forma de cocar.

Um carro, um lápis, uma capa, uma pulseira, um computador são outros exemplos de traços culturais. Os traços culturais são os com-ponentes mais simples da cultura. Eles ,são as unidades de uma cultura.

É necessário ressaltar que os traços culturais só têm significado quando considerados dentro de uma cultura específica. Um colar pode ser um simples adorno para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou religioso.

Para os fiéis de religiões afro-brasileiras como o candomblé, por exemplo, as cores dos colares usados dependem da divindade cultuada pela pessoa. De acordo com a crença, eles dão proteção a quem os

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utiliza. Portanto, só quando consideramos o conjunto da cultura é que podemos entender um determinado traço cultura,l. No exemplo do frevo de Pernambuco, determinado passo só pode ser entendido como traço cultural quando integrado ao todo orgânico daquela cultura.

11.4 .2 - Complexo cultural

A combinação dos traços culturais em torno de uma atividade básica forma um complexo cultural.

Por exemplo, o carnaval no Brasil é um complexo cultural que reúne um grupo de traços culturais relacionados uns com os outros: carros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, trios elétricos, desfiles, orquestras de frevo, baterias de escolas de samba, fantasias etc. Da mesma forma, o futebol é um complexo cultural que pode ser desmembrado em vários traços culturais: o campo, a bola, o juiz, os jo-gadores, a torcida, as regras do jogo etc. .

11.4 .3 - Área culturalA região em que predominam determinados complexos culturais

forma uma área cultural. Esta é, portanto, o espaço geográfico no qual se manifesta certa cultura. Assim, os grupos humanos localizados em determinada área cultural apresentam grandes semelhanças quanto aos traços e complexos culturais.

Quando diversas culturas, de diferentes origens, se encontram em uma mesma área cultural, e entre elas se desenvolve uma relação de simbiose e respeito mútuo, temos uma situação multicultural.

No Brasil não temos ainda uma situação multicultural. Existem, sim, miscigenação racial e sincretismo cultural, mas ainda não se pode falar em multiculturalismo, pois convivemos com manifestações de racismo, preconceito e discriminação. Apesar disso, é inegável que a miscigenação deu origem no Brasil a uma fusão de culturas.

11.4 .4 - Padrão cultural

Padrão cultural é um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos de determinada cultura ou sociedade. Em outras palavras: quando os membros de uma sociedade agem de uma mesma forma, estão expressando os padrões culturais do grupo. Por exemplo, o casamento monogâmico é um dos padrões culturais da sociedade brasileira.

11.4 .3 - Subcultura

No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a existência de uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais certos costumes e valores se diferenciam claramente dos praticados em outras regiões do país. Em algumas dessas comunidades, as pessoas se comunicam não só em português, mas

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também em idiomas europeus, como o alemão.Isso acontece devido à presença nessas áreas de imigrantes de

origem européia - principalmente italianos e alemães - que ali se ins-talaram no final do século XIX e que, por seu isolamento, mantiveram traços culturais dos países de origem: hábitos alimentares, festas típicas e, em alguns casos, até o idioma materno. Temos, assim, uma subcultura regional no quadro mais amplo da cultura brasileira.

A ocorrência de subculturas não se limita a diferenças regionais. Também pode se verificar na relação entre gerações. Às vezes, por exemplo,os jovens criam costumes e modos de vida radicalmente distintos da norma adulta. Por isso, alguns autores falam da existência de uma subcultura juvenil.

Exemplo de subcultura juvenil são as chamadas tribos urbanas: punks, góticos, skinheads etc. Cada membro de uma tribo se identifica pelos símbolos comuns, como o vestuário e o linguajar peculiares que caracterizam o espírito do grupo.

11.5 - O crescimento do patrimônio cultural

Cada geração passa por processos de aprendizagem, nos quais assimila a cultura de seu tempo e se torna apta a enriquecer o patri-mônio cultural das gerações futuras. É na capacidade que os grupos têm de perpetuar e acrescentar novos valores à cultura que reside a possibilidade de progresso.

Em geral, o enriquecimento patrimonial de uma cultura se faz por meio de dois processos: a invenção e a difusão. Depois de estudá-Ios, vamos ver como o desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura gera o processo conhecido como retardamento cultural.

Invenção e difusão cultural

Em meados do século XIX, o uso do motor a vapor para mover um veículo correndo sobre trilhos criou um meio de transporte que teria im-portância decisiva no mundo moderno: o trem. Impacto maior ainda foi provocado no fim daquele século pela invenção do automóvel, que era pouco mais que uma carruagem impulsionada por um motor a explosão.

As invenções são geradas pela combinação entre o patrimônio cultural da sociedade e determinadas necessidades sociais. Nenhum inventor parte da estaca zero. Em seu trabalho de criação, ele utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura, combinando elementos preexistentes para produzir algo novo.

Assim, invenção é a combinação de traços já existentes, dando como resultado um traço cultural novo. Muitas vezes, como no caso do trem e do automóvel, as invenções acarretam mudanças amplas e profundas em toda a cultura.

Alguns traços culturais, como uma nova moda ou o uso de um equipamento recentemente inventado, difundem-se não só na sociedade em que tiveram origem, mas também entre culturas diferentes,

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geralmente através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, cinema, rádio, Internet etc.).

Quando isso ocorre, dizemos que está havendo um processo de difusão cultural. Pode-se afirmar que o enriquecimento cultural se verifica mais freqüentemente por difusão do que por invenção. Geralmente, o patrimônio de uma cultura cresce de geração em geração. As culturas se desenvolvem incorporando traços culturais em maior número do que aqueles que caem em desuso.

Assim, a cultura é o somatório de todas as realizações das gerações passadas que se su cederam no tempo, mais as realizações da geração presente.

11.6 - Retardamento cultural

As mudanças dos diversos componentes da cultura não acontecem no mesmo ritmo: alguns se transformam mais rapidamente do que ou-tros. As invenções, por exemplo, acarretam mudanças mais aceleradas na cultura material do que na cultura não-material: os instrumentos, as máquinas e as técnicas mudam mais rapidamente do que a religião, os padrões familiares e a educação.

Essa diferença de ritmo provoca descompassos entre os diversos componentes da cultura. A introdução da pílula anticoncepcional na década de 1960, por exemplo, encontrou grande resistência por parte de setores religiosos, enquanto milhões de mulheres em todo o mundo já se beneficiavam com a invenção.

Toda vez que há um desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura, pode-se falar de retardamento ou demora cultural.

11.7 - Aculturação: contato e mudança cultural

Durante a colonização do Brasil, houve intenso contato entre a cultura do conquistador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos.

Em decorrência desse contato, ocorreram modificações tanto na cultura dos europeus recém-chegados - que assimilaram muitos traços culturais dos outros povos - quanto na dos indígenas e africanos, que foram dominados e perderam muitas de suas características.

Desse processo de contato e mudança cultural - conhecido como aculturação - resultou a cultura brasileira.

Quando seres humanos de grupos diferentes entram em contato direto e contínuo, geral mente ocorrem mudanças culturais nos grupos, pois verifica-se a transmissão de traços culturais de uma sociedade para outra. Alguns traços são rejeitados; outros são aceitos e incorporados, quase sempre com mudanças significativas, à cultura resultante.

Nos anos 1970, alguns cientistas sociais, como o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro (1922-1997), questionaram essa conceituação.

Na verdade, diziam eles, a adoção de traços culturais de um grupo por outro geralmente envolve desigualdades ou assimetrias, como ocorre,

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por exemplo, com a relação entre os povos indígenas e a sociedade capitalista no Brasil. Não se trata de uma relação entre iguais, mas de uma relação de dominação. Essa dominação pode ser de tal forma intensa que não deixa ao grupo subordinado nenhuma alternativa senão aculturar-se (LINDOSO, Felipe. In: Dicionário de Ciências Sociais, op. cit., p. 19).

11.8 - Marginalidade Cultural

Na cidade paulista de Tupã – na reserva dos índios Kaingang – vivem duzentos indígenas culturalmente descaracterizados. Eles desconhecem seu passado, não conseguem se expressar em sua própria língua, não se lembram de seus cantos, de suas danças e de suas antigas práticas de caçadores e pescadores. Também não estão incorporados à cultura da sociedade que os cerca. São mansos e tristes.

Quando duas culturas entram em contato e uma delas se impõe à outra pela força, geralmente ocorrem – além da aculturação – conflitos emocionais nos indivíduos que pertencem à cultura dominada. Aqueles que não conseguem se integrar totalmente a nenhuma das culturas que os rodeia ficam à margem da sociedade. A esse fenômeno dá-se o nome de marginalidade cultural.

A marginalidade cultural também pode ocorrer quando a cultura de um grupo é degradada e destruída por um grupo dominante. A situação de povos indígenas no Brasil, como os Kaingang e outros, é resultante dessa relação desigual, assimétrica, entre a cultura do dominador (que, nesse caso, incluía armas de fogo e bebidas alcoólicas) e a cultura do dominado.

11.9 - Cultura e contracultura

Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores culturais vigentes, opondo-se radicalmente a eles num movimento chamado contracultura.

Na década de 1950, os Estados Unidos conheceram a beat generation (geração beat), que contestava o consumismo do pós-guerra norte-americano, o Americam way of life (estilo americano de ser) que os filmes de Hollywood apregoavam, o anticomunismo generalizado e a ausência de um pensamento crítico.

Na década de 1960, também nos Estados Unidos, surgiu o movimento hippie. Como a beat generation, foi um fenômeno de contracultura, por que contestava os valores fundamentais da sociedade industrial: a competição desenfreada, a acumulação de riquezas, a luta pela ascensão social a qualquer preço, etc. Além disso, era radicalmente contrário à Guerra do Vietnã (1959-1975), à estrutura familiar convencional, à sociedade de consumo e aos hábitos alimentares baseados em comida industrializada e fast food (refeição rápida) – traços culturais típicos da sociedade norte-americana.

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Muitos jovens dessa época deixaram casa e universidade para viver em comunidades no campo, onde plantavam e produziam a própria comida e educavam seus filhos com base em valores mais humanizados. Alguns abraçaram religiões orientais, como o zen-budismo e o hinduísmo. Seu principal lema era: “faça amor, não faça guerra”.

Em fins dos anos 1970, o movimento hippie, que havia ultrapassado as fronteiras dos Estados Unidos, foi perdendo o vigor, até desaparecer por completo, às vésperas da década de 1980.

Leia, na seqüência, como se deu a comemoração dos 25 anos do Festival de Woodstock (1969), um marco da contracultura e do movi-mento hippie nos Estados Unidos.

11.10 - Socialização e controle social

Segundo o sociólogo norte-americano G. Smith Russel, "nove décimos de tudo o que você faz, diz, pensa, sente, desde que se levanta de manhã cedo até que vai para a cama dormir, você diz, faz, pensa, sente não como expressão própria, independente, mas em conformidade inconsciente e sem crítica com regras, regulamentos, hábitos grupais, padrões, códigos, estilos e sensações que existiam muito antes que você nascesse".

Já vimos que a sociabilidade - tendência natural da espécie humana para viver em sociedade - é desenvolvida por meio do proces so de socialização, pelo qual o indivíduo se integra ao grupo em que nasceu, assimilando sua cultura.

A socialização é o ato de transmitir ao indivíduo, de levá-Io a assimilar e introjetar os padrões culturais da sociedade. É também um processo social abrangente, pois afeta direta ou indiretamente todos os indivíduos que vivem em uma determinada comunidade ou sociedade.

O maior instrumento de socialização é o controle social, que pode assumir diversas formas. O olhar de reprovação dos pais quando a criança toma sopa fazendo barulho, as chacotas dos adolescentes se um deles aparece vestido de terno e gravata são exemplos de controle social.

O controle social são as formas pelas quais a sociedade introjeta os valores do grupo na mente de seus membros, para evitar que adotem um comportamento divergente.

O principal objetivo do controle social é fazer com que cada indivíduo tenha o comportamento socialmente esperado. É esse controle que, por exemplo, nos leva a manter a cabeça descoberta, enquanto até algumas décadas atrás esse mesmo controle fazia com que a maioria das pessoas usasse chapéu.

Para a antropóloga norte-americana Ruth Benedict (1887-1948), a história da evolução de um indivíduo é, antes de mais nada, o relato de sua acomodação aos padrões e tradições vigentes em sua comunidade. Desde o momento em que ele nasce, os costumes do grupo a que pertence moldam suas experiências e seu comportamento. As primeiras palavras de uma criança são necessariamente pronunciadas em uma

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língua determinada. Por isso mesmo, essa criança já é um produto da cultura em que vive. Ao tornar-se adulta, já está suficientemente treinada para tomar parte nas atividades da comunidade, com seus hábitos e suas crenças".

A primeira agência de controle social é a família. Desde que nasce a criança é orientada, educada e moldada pelo grupo familiar. Depois da família, temos a Igreja, a escola e o Estado: são todos os agências formais ou institucionalizadas de controle social.

11.10.1 - Tipos de controle social

O controle social pode ser difuso (informal) ou institucionalizado (formal). Nas comunidades isoladas e pequenas, como os povoados do interior ou as aldeias indígenas, o controle social é difuso, vago, muitas vezes de caráter religioso. Nas sociedades complexas, o controle social é institucionalizado ou formal, isto é, há órgãos e instituições sociais encarregados de sua aplicação, como a polícia, para se dar um exemplo.

Também as sanções podem ser difusas ou organizadas, dependendo do tipo de controle social. Mas, quando algumas sanções estabelecidas pela sociedade deixam de funcionar surge a necessidade de elaborar novas leis e criar novas instituições para exercer com eficácia o controle social desejado. Nas sociedades modernas, mais complexas, aumenta a presença da instituição jurídica, da instituição policial e do Estado, em substituição aos controles espontâneos, antes exercidos pela família e pelos membros da comunidade. Assim, nas sociedades modernas os siste-mas de controle social são quase totalmente institucionalizados, isto é, dependem mais de leis ,regras estabelecidas do que de normas propostas pela tradição.

Ao mesmo tempo, à medida que as sociedades vão se tornando mais complexas, os sistemas de controle passam a assumir diferentes funções. Estas não se impõem meramente para punir ações ilícitas ou fazer valer determinadas normas e padrões, mas também têm a finalidade de manter o equilíbrio da sociedade e de dar proteção social efetiva aos seus membros socialmente desamparados.

De modo geral, podemos falar de três funções de controle social:. a de ordem social;. a de proteção social;. a de eficiência social.As funções de controle de ordem social ligam-se à aplicação de

normas e de leis. Por exemplo, fazer cumprir a lei, prender e punir cri-minosos, manter a ordem pública. Na sociedade moderna, essas funções são desempenha das basicamente pelo Estado, com seus órgãos específicos de caráter repressivo ou jurídico, como a polícia e os tribunais de justiça.

As funções de proteção social relacionam-se ao cumprimento de normas que beneficiam setores menos protegidos da sociedade. Entre elas, estão as de previdência social e a proteção dos direitos humanos. Dessas funções faz parte também a proteção das crianças e adolescentes

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da mulher e dos idosos, assim como a garantia de que sejam asseguradas a igualdade de direitos na educação, a assistência médica , universal e a defesa do meio ambiente.

As funções de eficiência social estão relacionadas com regras e procedimentos que levem os indivíduos a contribuir de forma produtiva para o bem-estar e o desenvolvimento da sociedade. A proteção ao trabalho, as ações cooperativas, a formação profissional, os cuidados com a saúde pública e com a educação em geral estão entre essas funções.

O que integra o indivíduo à sociedade e ao grupo social em que vive é o patrimônio cultural que ele recebe. Essa transmissão começa no momento em que ele nasce (e até mesmo antes, quando ele se encontra ainda no útero materno e recebe estímulos de diversas procedências do meio social). O veículo pelo qual ela é realizada nesse momento inicial da vida é a família. Depois, toda a sociedade interage com ele. Em todos esses momentos, o indivíduo está assimilando valores e regras por meio da educação.

Assim, são objetivos da educação: a transmissão da cultura, a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e, como conseqüência, o desenvolvimento da personalidade e da própria sociedade.

A criança, ao aprender as regras de comportamento do grupo em que nasceu, inicia seu processo de socialização. Isso acontece desde que aprende a dar os primeiros passos, a falar as primeiras palavras, de forma a poder se comunicar com os outros seres humanos. A partir desses contatos primários, ela assimila uma série de informações básicas para a convivência humana.

À medida que cresce, seu processo educativo vai adquirindo complexidade. É um processo permanente, que nunca termina, pois vai acompanhá-la durante toda a vida. Em uma palavra, ela estará sempre aprendendo novas coisas: informações, valores, formas de comportamento.

Entretanto, a educação não é um processo de aprendizagem passivo. Enquanto aprende, a criança reage com atitudes e formas de agir, sentir e pensar que exercem influência no próprio processo educativo. Além disso, a educação permite que a criança, ao crescer, também possa interferir no meio social em que vive ajudando a incorporar inovações e até a modificar padrões culturais estabelecidos

ANOTAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Textos Complementares

Cultura e Globalização

Um sintoma muito característico da for ma pela qual ocorre o novo ciclo de ocidentalização do mundo está no fato de que a língua inglesa se tornou uma língua universal. É usada não somente entre europeus e norte-america nos, por um lado, mas também por asiáticos, africanos e latino-americanos. É usada igual mente entre diferentes povos africanos, asiá ticos e latino-americanos, quando necessitam comunicar-se entre si.

E há países, como a Ín dia, por exemplo, em que o inglês é a língua nacional de fato. [ ... ]

É óbvio que a ocidentalização não flui tranquilamente. Primeiro, porque as nações dominantes e as organizações multinacionais atuam de modo diverso, divergente ou mes mo contraditório, umas com relação às outras. No processo de ocidentalização, no que se refere à esfera cultural, em sentido amplo, há linhas, padrões, modas ou ondas parisienses, londrinas, norte-americanas, alemãs, italianas e outras.

Segundo, porque os novos grupos, classes, nacionalidades ou sociedades não ocidentais, mais ou menos inseridos no processo global de ocidentalização, também possuem sua cultura, continuam a produzir culturalmente, devolvem

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elementos culturais ocidentais com ingredientes nativos, quando não lançam na sociedade mundial suas produções originais. [ ... ]

Na cultura da sociedade global, as religiões e seitas, as línguas e dialetos, os nacionalismos e as nacionalidades, as ideologias e as utopias, ressurgem como se fossem erupções vulcânicas. Mas ressurgem diferentes, com outros significados, em outros horizontes. Primeiro, porque se debilitam ou mesmo se quebram estruturas nacionais, o que abre novas possibilidades a particularismos, regionalismos, singularidades.

Segundo, porque as novas estruturas mundiais não foram ainda suficientemente codificadas, sedimentadas. Terceiro e último, rompem-se conceitos universais que expressavam e articulavam significativamente modos de ser, pensar, imaginar.

Em outras palavras, as ressurgências não são apenas de tradições, de configurações passadas, mas também a revelação de um novo todo, no qual as formações singulares adquirem outros significados. Com o declínio da sociedade nacional e a emergência da sociedade global, modificam-se as articulações e mediações nas quais se inserem as partes e o todo, as singularidades, particularidades e universalidades.

IANNI, Octavio. A sociedade global. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1992. p. 71-6.

Redes Digitais e Controle Social

A comunicação em redes digitais distribuídas coloca culturas muito distintas em contato cotidiano. As grandes diferenças do mundo presencial, as diversas perspectivas étnicas e os distintos olhares das classes sociais não desapareceram no ciberespaço. Apesar de as tecnologias da informação darem a impressão de homogeneizar os comportamentos, as atitudes e as finalidades, a comunicação em redes digitais não dissolveu nem aplacou as diferenças. Isso ocorre também porque o ideário e as visões de mundo dos desenvolvedores estão embutidos em suas criações: nos softwares, nos códigos e nos protocolos, que permitem às redes existirem.

Nesse sentido, a maior parte da tecnologia informacional, aparentemente neutra, é a universalização do que Richard Barbrook (2001) denominou de “ideologia californiana”. As ideias liberais fundidas aos sonhos libertários e anarquistas presentes na cultura norte-americana estão concentradas nas regras de operação da rede e em suas arquiteturas de comunicação, ou seja, constituem os protocolos técnicos da internet. São, portanto, o que Boaventura de Souza Santos chamou de “localismos globalizados” (2002, 65).

Nesse sentido, a ideia de que existem “tecnologias de comunicação globais” (WOLTON, 2003, 122) ou “universal sem totalidade” (LÉVY, 1999, 111) não pode esconder que decisões liberais e libertárias conformaram os protocolos que definem a operação

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da rede. Isso quer dizer que o modo como a Internet funciona não é e não era o único modo possível de organizar a comunicação digital. Basta recordar que a rede francesa Minitel era completamente diferente da Internet. Enquanto a Minitel tinha todas as informações e inteligência concentradas em computadores centrais, a Internet não possui um centro computacional, o que permitiu que toda a sua riqueza criativa se distribuísse pelas extremidades, nos computadores dos usuários.

A tecnologia de comunicação em rede está sendo usada, reconfigurada e assimilada em ritmo crescente pelas diversas culturas, inclusive pelas comunidades tradicionais, seja no Nepal, seja na Floresta Amazônica. Esse processo certamente conduzirá uma série de mudanças em cada uma dessas culturas. O que já se nota são processos de um tipo de desintermediação e a elevação das interações sociais intra e inter grupos, principalmente a partir da expansão e consolidação das redes de relacionamento ou redes sociais, fenômeno de dimensão planetária. Também é marcante a tendência de envolvimento dos segmentos mais mobilizados na rede em debates e em ações relacionadas às questões internacionais, como o golpe militar em Myanmar (2009), as eleições no Irã (2009), os terremotos no Haiti e no Chile (2010), entre tantos outros exemplos.

Tais fatos podem reforçar a proposição de Gustavo Lins Ribeiro de que a comunicação transnacional estaria conformando uma “comunidade transnacional virtual-imaginada”, um sentimento mais forte de pertencimento ao mundo do que simplesmente à comunidade imaginada nacional.

O que se torna cada vez mais evidente é que, se a comunicação em redes digitais distribuídas não dissolve as diferenças socioculturais no ciberespaço, ela recoloca, em um novo cenário, o antigo e complexo debate entre universalismo e relativismo.

Até que ponto poderemos ter uma rede transnacional sem que seus fluxos de informação, suas mensagens e suas tecnologias de compartilhamento sejam controladas nacionalmente? Uma cultura nacional que tem uma série de vetos a determinados comportamentos pode levar suas restrições ao ciberespaço? Tais restrições, mantidas pela tradição, podem colocar em risco as liberdades básicas de expressão e de interação? Mas o que justificaria a regulamentação, a partir de valores liberais?

Todo o discurso da sociedade de informação, da era informacional e de uma sociedade em rede está baseado em práticas globais ocidentais que carregam valores vinculados à doutrina liberal, à ideia de que o poder político estatal deve respeitar os direitos individuais: a propriedade privada, a livre iniciativa econômica e as liberdades fundamentais, entre elas a liberdade de expressão, de associação e de imprensa.

Mas nem todas as culturas e hegemonias políticas nacionais aceitam ou interpretam do mesmo modo tais valores políticos. Assim, as práticas comunicativas em redes distribuídas, sem centros de controle, são colocadas em questão, uma vez que podem portar conteúdos e conversações reprovados e considerados nefastos por uma cultura ou pela maioria política de uma sociedade nacional.

A tensão entre o fluxo de informações sem bloqueios ou sem filtros nacionais e a regulamentação

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legislativa realizada em cada país é ampliada pelo interesse de grandes corporações que buscam limitar as práticas comunicacionais e as criações tecnológicas, uma vez que acreditam que as redes digitais distribuídas podem fulminar seus modelos de negócios baseados na aceitação da propriedade intelectual que estava consolidada no mundo industrial. Aparentemente por isso, enquanto a China bloqueia a Internet por motivos mais políticos do que econômicos, o parlamento francês aprova, em 2009, a proposta do presidente Sarkozy de desconectar quem compartilhar arquivos que violem o copyright, denominada Lei Hadopi.

Contudo, a não-regulamentação nacional da Internet é apontada como algo queassegura a supremacia das relações de mercado. Dominique Wolton escreveu que “não há liberdade de comunicação sem regulamentação, isto é, sem proteção desta liberdade. Aliás, os arautos da desregulamentação são favoráveis a uma regulamentação: aquela do mercado, quer dizer, a das relações econômicas, a das leis da selva” (2003, 122). A partir da noção de que a liberdade não é natural, mas uma construção social, Wolton reivindica a definição do que deve compor tal liberdade de comunicação.

O problema reforça o confronto entre definições universalistas e aquelas culturalmente localizadas; entre o ideal liberal do direito irrestrito de se expressar e a autodeterminação política das nações, que podem construir soluções de governo consideradas autoritárias, conservadoras e, até mesmo, totalitárias aos olhos liberais.

Outro complicador é que se, por um lado, a comunicação em redes distribuídas — sem

regulamentação nacional — permite que determinadas forças do mercado atuem somente em função dos seus interesses, por outro lado, certas legislações da Internet podem também concentrar interesses dessas mesmas ou de outras forças de mercado. A comunicação distribuída, do modo como se espalhou pelo planeta, por exemplo, descontenta claramente os grupos de mídia controlados por Rubert Murdoch1, as indústrias fonográfica e cinematográfica norte-americana e as corporações que fazem da propriedade sobre bens imateriais sua fonte de lucro. Por isso, esses atores lutam por leis nacionais que façam valer seus objetivos empresariais em mecanismos legais que consolidem seus modelos de negócios.

SILVEIRA.Sérgio Amadeu da. Ambivalências, liberdade e controledos ciberviventes. (In: Cidadania e redes digitais = Citizenship and digital networks. / Sergio Amadeu da Silveira, organizador. – 1a ed. – São Paulo: ComitêGestor da Internet no Brasil : Maracá – Educação e Tecnologias, 2010. Vários tradutores.)

ANOTAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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QUESTÕES – CAP. 11

1. UFPA (2008) Pode-se dizer que as diferenças culturais existentes na humanidade são explicadas e compreendidas, entre outros fatores, por meio de seus processos de socialização. A escola é um

importante espaço desse processo porque:

a) proporciona a educação formal, que é um instrumental relevante na manutenção das realidades socioculturais, uma vez que apenas os membros mais velhos de uma dada sociedade determinam o modo se ser, agir e pensar das novas gerações.b) é possível perceber, no universo da sala de aula, o caráter formal e informal da educação, pois alunos e professores trazem consigo uma bagagem cultural que se manifesta espontaneamente e em situações diversas.c) transmite modelos sociais de comportamento homogêneo, uma vez que as diferenças sociais e culturais entre as pessoas garantem o dinamismo neste processo educativo.d) busca ampliar ações afirmativas por meio do diálogo com outras identidades, ou seja, o interculturalismo, baseando-se na eliminação das diferenças socioculturais e reforçando conflitos e disputas pela manutenção ou ampliação de poder.e) aprender e ensinar aspectos culturais são processos que se manifestam em momentos e lugares específicos da educação formal, como é o caso do que se processa nas escolas e universidades.

2. Sobre a interação entre os grupos étnicos no Brasil e a diversidade cultural do país, assinale o que for correto.

01) O conceito de etnia diz respeito à origem comum de um povo. Pertencem à mesma etnia os indivíduos que compartilham uma história, os mesmos laços linguísticos e culturais.02) O Brasil é conhecido por sua diversidade étnica e cultural. Ao

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longo de toda a história, esse contato ocorreu sem conflitos, a interação social e étnica deu-se de modo pacífico e harmonioso.04) A mobilização de parcelas de grupos de indivíduos negros, reivindicando igualdade de oportunidade no mercado de trabalho, na educação e o fim da discriminação, é um exemplo de demanda de etnicidade.08) No início do século XX, ainda era possível encontrar grupos indígenas isolados, como os Xetá no noroeste paranaense. Com a colonização cafeeira, eles foram perseguidos e retirados de suas terras, restando pouquíssimos deles como resultado daquele contato interétnico.16) A vida cultural brasileira é fruto de um processo de assimilação das heranças culturais de diferentes grupos étnicos – indígenas, africanos, europeus, asiáticos, entre outros. Os integrantes desses grupos interagem, negociam e disputam em torno de suas ideias e interesses, formando nosso legado cultural.

3. U.E. Londrina/PR (2006) “A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso-comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova [...]. Dessa maneira, um conjunto de programas e publicações que poderiam ter verdadeiro significado cultural tornam-se o contrário da Cultura e de sua democratização, pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, infantil, desinformada e passiva.” (CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 330-333.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre meios de comunicação e indústria cultural, considere as afirmativas a seguir.I. Por terem massificado seu público por meio da indústria cultural, os meios de comunicação vendem produtos homogeneizados.II. Os meios de comunicação vendem produtos culturais destituídos de matizes ideológicos e políticos.III. No contexto da indústria cultural, por meio de processos de alienação de seu público, os meios de comunicação recriam o senso comum enquanto novidade.IV. Os produtos culturais com efetiva capacidade de democratização da cultura perdem sua força em função do poder da indústria cultural na sociedade atual.Estão corretas apenas as afirmativas:a) I e II.b) I e III.c) II e IV.d) I, III e IV.e) II, III e IV.

4. U.E. Londrina/PR (2003) O etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de etnocentrismo”. (WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)Com base no texto e nos conhecimentos de sociologia, assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude etnocêntrica:

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a) A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à presença, em sua formação, de etnias de tipo incivilizado.b) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes que podem influenciar as formas de conhecimentos ocidentais.c) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar pela tolerância e pela compreensão dos valores, da lógica e da dinâmica própria a cada uma delas.d) As culturas podem conviver de forma democrática, dada a inexistência de relações de superioridade e inferioridade entre as mesmas.e) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanização das relações sociais, a partir do aprendizado sobre as diferentes visões de mundo.

5. (CPM-PE). A Música Popular Brasileira (MPB) teve uma forte atuação no mercado fonográfico, no Brasil, durante todo o século XX. Desde os grandes nomes da era do rádio até o manguebeat do fim do século, a MPB se popularizou e se tornou uma das facetas culturais nacionais mais conhecidas no exterior. Sobre essa realidade, marque a alternativa CORRETA.A) Apesar da variada produção nacional, nos anos 30 a 50, as rádios brasileiras tocavam em massa o jazz norte-americano.B) O samba teve em Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareh dois dos seus principais compositores.C) A música de Ary Barroso, em especial os sambas-exaltação, foi utilizada ideologicamente no Estado Novo como divulgadores de um discurso nacionalista e ufanista.D) Apesar de sofrerem perseguições políticas no período da ditadura civil-militar (1964-1885), os músicos não transpareceram, na produção

musical de então, suas inquietações com o regime ditatorial.E) Fortemente influenciado pelo movimento armorial de Ariano Suassuna, o manguebeat retomou a produção de gêneros musicais regionais, repelindo as influências da chamada música pop.

6. (UEM20080InvQ1) – Conhecer, registrar e analisar as características da produção cultural e artística popular são recursos importantes para a construção da memória e da identidade de um povo. Nesse sentido, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).01) No Brasil, existem diversas festas entendidas como manifestações da tradição popular, porém os folcloristas reconhecem como brasileiras apenas aquelas que não possuem influência estrangeira.02) Alguns países europeus tiveram problemas em relação à definição e à manutenção de suas fronteiras e de sua soberania, bem como com questões étnico-culturais. Por isso, utilizaram suas tradições populares com o objetivo de imprimir e difundir a idéia de nação. 04) As noções de “cultura erudita” e “culturapopular” são construções utilizadas para diferenciar as crenças, os valores e os costumes do povo e das elites. Entretanto essas noções obscurecem os diálogos e as trocas entre os diferentes grupos existentes na sociedade. 08) Um exemplo de reflexão sobre a culturabrasileira foi a Semana de Arte Moderna de1922, que, entre outras coisas, pretendia mostrar “o Brasil” às classes médias e às elitesnacionais, valorizando as expressões e os costumes da população simples.16) Para o senso comum, há uma hierarquia na definição da cultura popular brasileira. Desse modo,

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aquelas manifestações culturais restritas a alguns grupos étnicos, religiosos ou regionais tendem a ser entendidas como de menor relevância para a cultura nacional.

ANOTAÇÕES:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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CAPÍTULO 12: O carneiro sacrificado morre, e a arte, não?

12. INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE

12.1 - O que é Arte?

«atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de

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prolongamento ou renovação»...; «a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos ....» Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, segunda edição),

" A Grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente no seu caráter ambíguo, que deixa ao espectador decidir sobre o seu significado. " Theodor Adorno

12.2 - Como a arte se apresenta?

Sob formas variadas como: plástica, música, cinema, teatro, dança, arquitetura, etc...

Pode ser sentida de três maneiras: visão, audição ou mista (audiovisual)

O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.

12.3 - O que é a História da Arte?

A história da arte é uma disciplina que estuda a evolução das expressões artísticas, a constituição e a variação das formas, dos estilos, dos conceitos transmitidos através das obras de arte.

12.4 - Duas tendências na História da Arte

• Naturalismo , que parte da representação do mundo visível.

• Abstracionismo , que não nos remete a objetos ou figuras conhecidas, preferindo as linhas, cores e planos.

12.5 - ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA

Paleolítico  -  a principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é o naturalismo. O artista  pintava os seres, um animal, por exemplo, do modo como o via de uma determinada perspectiva, reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava. Atualmente, a explicação mais aceita é que essa arte era realizada por caçadores, e que fazia parte do processo de magia por meio do qual procurava-se interferir na captura de animais, ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o representasse ferido mortalmente num desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em rochedos e paredes de cavernas. O homem deste período era nômade.

Os artistas do Paleolítico Superior realizaram também trabalhos em escultura. Mas, tanto na pintura quanto na escultura, nota-se a ausência de figuras masculinas. Predominam figuras femininas, com a cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos, ventre

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saltado e grandes nádegas. Destaca-se: Vênus de Willendorf.

Neolítico - a fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela manutenção de manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar cerâmicas e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros arquitetos do mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do atrito e deu início ao trabalho com metais.

Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo na arte. O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais e figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os próprios temas da arte mudaram: começaram as representações da vida coletiva. Além de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu uma cerâmica que revela sua preocupação com a beleza e não apenas com a utilidade do objeto, também esculturas de metal. Desse período temos as construções denominadas dolmens. Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no chão, como se fossem paredes, e uma grande

pedra era colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. E o menir que era monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra fincado no solo em sentido vertical.

O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a História registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma argamassa.

12.6 - ARTE NO ANTIGO EGITO

O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários e túmulos grandiosos.

Arquitetura:solidez e durabilidade; 

• sentimento de eternidade;  • aspecto misterioso e

impenetrável.

Pintura:• ignorância da

profundidade; IMPULSO PRÉ-VESTIBULAR E CONCURSO - Av. Souza Filho Nº748 Ed. Ireneu Nogueira Sala 205 2º Andar – Centro -

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(ausência de três dimensões)

• colorido: a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo;

• Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil.

Escultura:• Os escultores egípcios

representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade.

Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um encanto todo especial às construções

12.7 - ARTE GREGA

Arte grega liga-se à inteligência. Era antropocêntrica. Seus reis não eram deuses, mas eram justos. Esta arte está voltada para os prazeres presentes. Observando a natureza o artista vai criando suas manifestações, estando em busca da perfeição.

Arquitetura:

Coluna Dórica: - era simples e maciça. O fuste da coluna era monolítico e grosso. O capitel era uma almofada de pedra. Nascida do sentir do povo grego, nela se expressa o pensamento.

Coluna Jônica: Representava a graça e o feminino. A coluna apresentava fuste mais delgado e não se firmava diretamente sobre o estilóbata, mas sobre uma base decorada. O capitel era formado por duas espirais unidas por duas curvas.

Coluna Coríntia: Ordem Coríntia - o capitel era formado com folhas de acanto e quatro espirais simétricas, muito usado no lugar do capitel jônico, de um modo a variar e enriquecer aquela ordem. Sugere luxo e ostentação. a) Templos, dos quais o mais importante é o Partenon de Atenas.b) Teatros, que eram construídos em lugares abertos (encosta) e que compunham de três partes: a skene ou cena, para os atores; a konistra ou orquestra, para o coro; o koilon ou arquibancada, para os espectadores. Um exemplo é o Teatro de Epidauro. c) Ginásios, edifícios destinados à cultura física. d) Praça - Ágora onde os gregos se reuniam para discutir os mais variados assuntos, entre eles; filosofia.

Pintura:A pintura grega encontra-se

na arte cerâmica. Os vasos gregos são também conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as

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cores e o espaço utilizado para a ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Tipos de figuras e vasos:1) figuras negras sobre o fundo vermelho  2) figuras vermelhas sobre o fundo negro  3) figuras vermelhas sobre o fundo branco

Escultura:A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das formas, o movimento.

• No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir, em mármores, grandes figuras de homens nus. (as mulheres aparecem vestidas).

• No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas, para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o nu feminino.

No Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento.

Os materiais:A maior parte das obras

gregas que chegou aos dias de hoje é feita em pedra, especialmente o mármore branco. Nos primórdios da sua cultura foi usada madeira, e também a terracota, que perdurou por todo o período. O bronze foi largamente empregado a partir da fase clássica, quando sua técnica foi "redescoberta" e aperfeiçoada, bem como ocasionalmente se fez uso de marfim, ouro, pedras nobres e outras matérias-primas.

12.8 - ARTE ROMANA

A arte romana sofreu duas fortes influências: a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza.Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso do arco e da abóbada nas construções.

Arquitetura:• busca do útil imediato,

senso de realismo;• grandeza material,

realçando a idéia de força;• energia e sentimento;• predomínio do caráter

sobre a beleza;• originais: urbanismo, vias

de comunicação, anfiteatro, termas.

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As construção eram de seis espécies, de acordo com as funções:

1) Religião: Templos 2) Comércio e civismo: Basílica3) Higiene: Termas 4)Divertimentos:

a) Circo: jogos (corridas), execução de escravosb) Teatro: imitava o teatro

gregoc) Anfiteatro : lutas dos

gladiadores 5) Monumentos decorativos

a) Arco de Triunfo: homenagem aos generaisb) Coluna Triunfal: homenagem ao imperador Trajano

6) Moradia: Casa

Pintura:O Mosaico foi muito

utilizado na decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral.A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 a.C.

Escultura:Os romanos eram grandes

admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas (mas não desprezavam o ideal de beleza humana, como fizeram os gregos). Retratavam os imperadores e os homens da sociedade.Mais realista que idealista, a

estatuária romana teve seu maior êxito nos retratos. 

12.9 - ARTE MEDIEVALA arte voltou-se para a

valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval.

Românica:Arquitetura:• abóbadas em

substituição ao telhado das basílicas;

• pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;

• aberturas raras e  estreitas usadas como janelas;

• torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada;

Pintura:• A pintura românica

desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do afresco;

• Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa.

• As características essenciais da pintura românica foram a deformação e o colorismo.

Gótico:Expressou as mudanças da

sociedade feudal em direção ao capitalismo e os valores da burguesia nascente. (1150-1500)

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• naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.

• A arquitetura expressa a grandiosidade (um Deus que vive num plano superior); tudo se volta para o alta (céu)

• A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico

• Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja

12.10 - ARTE RENASCENTISTA

O termo renascimento, ou renascença, faz referência a um movimento intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVI, e daí difundido por toda a Europa. À concepção medieval do mundo se contrapõe uma nova visão, empírica e científica, do homem e da natureza. A idéia de um 'renascimento' ocorrido nas artes e na cultura relaciona-se à revalorização do pensamento e da arte da Antigüidade clássica e à formação de uma cultura humanista. A obra do pintor, arquiteto e teórico Giorgio Vasari

(1511-1574) constitui a principal fonte de informação acerca da arte renascentista italiana. A renovação das artes ocorrida na Itália, segundo o seu célebre Vida dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos (1550; 2ª edição 1568), tem como ponto de apoio a recusa do antinaturalismo da tradição bizantina e, paralelamente, a redescoberta da escultura clássica operada por Nicola Pisano no sarcófago de Pisa. A visão de Vasari sobre a história da arte italiana como progresso, com seu ápice no século XV, fornece as balizas para os juízos críticos posteriores. A noção de renascimento tal como a entendemos hoje, é estabelecida pelo historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-1897) em seu livro A cultura do Renascimento na Itália (1867), que define o período como de grande florescimento do espírito humano, espécie de "descoberta do mundo e do homem".

É possível afirmar, sem entrar na discussão dos limites cronológicos do renascimento, que os artistas do período se orientam por ideais de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça - representados com o auxílio dos sentidos de simetria e proporção das figuras - de acordo com os parâmetros ditados pelo belo clássico. Algumas obras de Michelangelo Buonarroti (1475-1564) exemplificam a realização do modelo clássico, seja nos estudos de anatomia para composições maiores (Estudo para uma das Sibilas no teto da capela Sistina), seja em esculturas, como o célebre Davi

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(1501/1504). As imagens de Rafael (1483-1520), por sua vez, dão plena expressão aos valores da arte renascentista, destacando-se pela beleza projetada segundo os padrões idealizados do universo clássico (A Ninfa Galatéia, ca.1514). O desenvolvimento das pesquisas científicas, por sua vez, fornecem subsídios para a produção de novos métodos e técnicas. A perspectiva, impulsionada por Filippo Brunelleschi (1377-1446) e descrita por Leon Battista Alberti (1404-1472) no tratado Della Pittura (1435), altera de modo radical os modos de representação e as concepções de espaço. A nova ciência da perspectiva é colocada em prática por uma série de artistas. Masaccio (1401-1428) é considerado exímio na aplicação das conquistas científicas à arte da representação. A primeira obra a ele atribuída, o tríptico de San Giovenale (Uffizi, Florença, 1422), é exemplar de como conseguir criar um sentido coerente de terceira dimensão sobre a superfície bidimensional.

A cidade de Florença no século XV é tida como berço do movimento, lugar onde se realizam algumas das obras mais inovadoras do renascimento. Os nomes de Donatello (ca.1386-1466), Leonardo da Vinci (1452-1519), além dos já mencionados Rafael, Masaccio e Brunelleschi figuram entre os maiores representantes da arte renascentista. Donatello é um dos responsáveis pela criação do estilo renascentista escultórico em Florença. Destaca-se, segundo

Vasari, pela "força emocional" de seus trabalhos, como pode ser observado nas figuras feitas para os nichos do Or San Michele e para a Catedral de Florença. O bronze Davi (ca.1430), de sua autoria, é considerado a primeira figura nua em tamanho natural feita desde a Antigüidade clássica. Michelangelo, herdeiro de Donatello, conhece a fama em função de duas esculturas: Baco (Bargello, Florença, ca.1496/1497) e Pietà (S. Pedro, Roma, 1498/1499). Esta última se notabiliza pela solução bela e harmoniosa que o artista encontra para a imagem trágica do cristo morto deitado no colo da madona. A maestria técnica de Michelangelo pode ser observada no afresco feito para o forro da Capela Sistina (1508/1512), considerado uma das obras-primas da arte pictórica.

Leonardo é autor de obra artística e científica, célebre por seus escritos, pelos retratos e pela invenção da técnica do sfumato, em que se vale da justaposição matizada de tons e cores diferentes, de modo que se aproximem, "sem limites ou bordas, à maneira da fumaça", nas palavras do próprio artista. Com isso Leonardo logra suavizar os contornos característicos da pintura do início do século XV, revelando as potencialidades da tinta a óleo. No período florentino, entre 1500 e 1506, realiza os célebres Mona Lisa, a pintura mural da Batalha de Anghiari (Pallazio Vecchio, Florença) destruída e preservada em cópias feitas por outros artistas - que influenciará os

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pintores de batalhas até o século XIX - e A Virgem e o Menino com Sant'Ana, tratando de tema que o fascinava na época. O sorriso enigmático, as sombras, o dedo indicador elevado e as fartas cabeleiras são traços salientes dos retratos de Leonardo, repetidos pelos seguidores. Rafael sofre influências de Leonardo e Michelangelo. Datam do período florentino, algumas de suas mais célebres representações da Virgem com o Menino (Madona Sistina, ca.1512-1514). Nestas imagens, assim como em pinturas da Sagrada Família, exercita sua maestria de composição e expressão, representando as figuras sagradas como seres humanos. Os retratos de Rafael são comparados aos de Leonardo, pelo estilo sutil das caracterizações e aos de Ticiano (ca.1488-1576), em função das cores empregadas. Os ideais renascentistas encontram seguidores por toda a Europa: Albrecht Dürer (1471-1528), Lucas van Leyden (ca.1494-1533), Quinten Metsys (1466-1530), Jan van Scorel (1495-1562), entre outros. A expressão máxima da crise dos valores e princípios do renascimento, segundo algumas leituras, pode ser encontrada no maneirismo.

12.11 - MANEIRISMO

O maneirismo é empregado pela crítica moderna para designar a produção artística, especialmente a italiana, que tem lugar entre 1520 e 1600, isto é, entre o fim do Alto Renascimento e o início do barroco. A recuperação da

noção como categoria histórica, referida a um estilo específico - que se observa no período entre guerras, sobretudo na década de 1920 - não deve obscurecer sua trajetória tortuosa, marcada por imprecisões e por uma série de conotações negativas. O termo é popularizado por Giorgio Vasari (1511 - 1574) - ele próprio um artista do período - que fala em maniera como sinônimo de graça, leveza e sofisticação. Nos escritos posteriores de Giovanni Pietro Bellori (1613 - 1696) e de Luigi Lanzi (1732 - 1810), a noção aparece ligada à elegância artificial e à virtuosidade excessiva. Essa chave crítica de leitura, que reverbera em diversos estudos posteriores, associa maneirismo à decadência em relação à perfeição clássica representada pelas obras de Michelangelo Buonarroti (1475 - 1564) e Rafael (1483 - 1520). De acordo com essa linhagem crítica, maneirismo aparece como imitação superficial e distorcida dos grandes mestres do período anterior, como abandono do equilíbrio, da proporção e racionalidade cultivados pelo classicismo. "Vácuo entre dois cumes", "momento de cansaço e inércia que seguiu fatalmente, quase por reação ao esplêndido apogeu das artes na primeira metade do século XVI", ou "fase de crise", a história do maneirismo, indica o crítico Giulio Carlo Argan, é inseparável das avaliações negativas que rondam a noção.

Despida do sentido pejorativo a ela atribuído pela crítica até o

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início do século XX, a arte maneirista passa a ser pensada como um desdobramento crítico do Renascimento. O corte com os modelos clássicos se observa, entre outros, pelo rompimento com a perspectiva e com a proporcionalidade; pelo descarte da regularidade e da harmonia; pela distorção das figuras; pela ênfase na subjetividade e nos efeitos emocionais; pelo deslocamento do tema central da composição. Criada nos ambientes palacianos para um público aristocrático, a arte maneirista cultiva o estilo e a elegância formais, a beleza, a graça e os aspectos ornamentais. Aspectos maneiristas podem ser encontrados tanto na fase florentina de Michelangelo, quanto no período tardio da produção de Rafael, indicam alguns comentadores, o que leva a pensar essa produção como um desdobramento de certos problemas postos pela arte renascentista. À primeira geração maneirista ligam-se os nomes de Pontormo (1494  - 1557) e Fiorentino Rosso (1494 - 1540), em Florença; o de Domenico Beccafumi (1486 - 1551) em Siena; e o de Parmigianino (1503 - 1540), no norte da Itália. Os murais realizados por Pontormo em Certosa di Val d'Ema, 1522 e 1523 são emblemáticos das opções maneiristas.

Neles não se nota nenhum recurso à perspectiva. As figuras, de proporções alongadas e modo antinatural, encontram-se dissolvidas na composição, cujo movimento é obtido pelos contrastes acentuados.

A falta de harmonia vem acompanhada por forte intensidade espiritual e expressão emocional, o que leva Erwin Panofsky (1892 - 1968) a localizar neles uma influência de certas obras de Albrecht Dürer (1471 - 1528). Procedimentos e influências semelhantes podem ser observados em trabalhos de Beccafumi, como Descent of Christ into Limbo, de 1528. Uma segunda fase do maneirismo aparece associada a trabalhos de Vasari (Allegory of the Immaculate Conception) - em que se notam influências de Michelangelo - e a obras de Agnolo Bronzino (1503-1572), como Descent into Limbo, 1552. Este trabalho, que comenta o anterior de Beccafumi, conhece nova sistematização: mais firmeza dos contornos e ênfase acentuada nos aspectos plásticos da composição. Longe da harmonia clássica, a segunda fase maneirista, nos termos de Panofsky, expõe tensões - por exemplo, as derivadas do jogo entre realidade e imaginação - que são exploradas em seguida pelo barroco.

Fora da Itália, o maneirismo é associado à obra de El Greco (1541 - 1614), célebre pelas figuras alongadas pintadas com cores frias que, em sua fase italiana, absorve as inspirações visionárias da obra de Jacopo Tintoretto (1519 - 1594). Os artistas franceses ligados à Escola de Fontainebleau conhecem o estilo maneirista por Rosso, que trabalha na decoração da Grande Galeria Real do Palácio de Fontainebleau, entre

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1531 e 1540. Nos Países Baixos, o maneirismo se desenvolve principalmente por meio das obras de Bartholomaeus Spranger (1546 - 1611) e Hans von Aachen (1552 - 1615). No campo da arquitetura, o maneirismo conhece a adesão de Giulio Romano (ca.1499 - 1546), autor da decoração do Palazzo del Tè, iniciado em 1526, na corte de Federico Gonzaga, Mântua, e de Andrea Palladio (1508 - 1580), responsável por diversos projetos, entre os quais, a Igreja de San Giorgio Maggiori, em Veneza, iniciada em 1566, e o Teatro Olímpico em Vicenza, começado em 1558.

12.12 - BARROCO

Em geral, compreende-se como barroca a arte desenvolvida no século XVII. Contudo, alguns historiadores costumam apontar como o início da época barroca os anos finais do século XVI, que com a arte religiosa da contra-reforma teria gerado os primeiros frutos do que viria a ser a arte barroca, plenamente desenvolvida apenas durante a primeira metade do século XVII. Como marco inicial aponta-se a primeira igreja da recém-fundada Companhia de Jesus em Roma, a Igreja de Jesus, 1568, com a fachada de Giacomo della Porta (ca.1541 - 1604). Alguns teóricos fazem avançar o estilo barroco até meados do século XVIII, com sua derivação rococó ou rocaille, cuja graciosidade requintada de formas sinuosas e assimétricas pode ser vista como um processo natural de desenvolvimento do século anterior.

Além das dificuldades com respeito às datas, deve-se considerar aquela relativa à própria definição estilística da arte barroca. Após seu surgimento na Roma católica, ela se dissemina fortemente pelo mundo, gerando uma série de variações nacionais. Por isso a dificuldade de unir num mesmo denominador comum trabalhos de alguns dos grandes mestres como Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571 - 1610), Peter Paul Rubens (1577 - 1640), Diego Velázquez (1599 - 1660), Rembrandt van Rijn (1606 - 1669), Gian Lorenzo Bernini (1598 - 1680), Francesco Borromini (1599 - 1667), Baciccio (1639 - 1709) e Aleijadinho (1730 - 1814). Estudos mais profundos sobre o período são relativamente recentes, considerando que só a partir da segunda metade do século XVIII a arte posterior ao Renascimento começa a ser chamada de forma pejorativa de barroca. Em contraposição ao ideal clássico, as obras desses artistas mostram certa tendência ao bizarro, ao assimétrico, ao extravagante, ao apelo emocional, inexistente até então na arte renascentista.

Deve-se aos teóricos Alois Riegl (1858 - 1905) e Heinrich Wölfflin (1864 - 1945) o início da revalorização das obras barrocas no fim do século XIX. Para eles, não se trata mais de hierarquizar momentos radicalmente diversos da história da arte, mas sim de reconhecer e valorizar os traços distintivos do barroco como expressão de uma outra forma de

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ver o mundo. Segundo Wöllflin, além das diferenças individuais e nacionais de cada artista, pode-se dizer que a arte barroca, tanto na arquitetura e escultura quanto no desenho e na pintura, tem as seguintes características: apresenta os objetos como manchas ou massas de cor; enfatiza a profundidade e não o plano; sua forma é aberta, pois as indeterminações dos limites entre os objetos representados e as perspectivas não centrais sugerem uma continuidade no espaço e no tempo; a sensação de unidade prevalece sobre a singularidade de cada parte; as formas têm clareza relativa, ou seja, não é mais preciso reproduzir as coisas em todos os seus detalhes, basta sugerir ao espectador alguns pontos de apoio para que a imaginação complete o resto.

Em seu conjunto, essas qualidades formais servem a uma interpretação do mundo na qual a aparência mutável da realidade se sobrepõe à visão da beleza ideal imutável. O homem barroco compreende a natureza como infinita em sua diversidade e dinamismo e para expressar tal sentimento utiliza recursos como contrastes abruptos de luz e sombra, manchas difusas de cores, passagens súbitas entre primeiro e segundo planos, diagonais impetuosas, ausência de simetria, entre outros. De certa forma, o desapego pelas formas "ideais" de beleza e perfeição clássicas e a valorização da representação dos temas com base na experiência

predispõem algumas obras barrocas a uma espécie de naturalismo, quer dizer, a imagem pictórica das coisas e seres humanos tal como aparecem, com suas marcas do tempo, seus defeitos físicos, seus traços bizarros e feios, sem retoque algum. A questão da veracidade do instante representado se dá na arte barroca pelo apelo à emoção do espectador. Por isso as contorções exageradas dos corpos e rostos, os efeitos irreais de luz e sombra são alguns dos recursos teatrais utilizados para convencer. No caso da arte decorativa - um dos gêneros mais desenvolvidos do período -, a composição cenográfica das figuras serve ao mesmo propósito.

Em vista do desenvolvimento que a arte barroca conhece nos países protestantes setentrionais, principalmente na figura singular de Rembrandt, torna-se problemático afirmar que o barroco é apenas a arte da Igreja católica contra-reformista. É também. Bem como soube expressar os interesses das monarquias absolutistas. Na verdade, ao propiciar a flexibilização dos cânones clássicos (dando liberdade ao artista de criar novas formas de representação) e atribuir à arte uma capacidade de persuasão inédita até então, o barroco é bem acolhido em diversas partes do mundo, gerando pela primeira vez na história da arte uma série de nuances nacionais. Encontra, por exemplo, um desenvolvimento importante na arte ibero-

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americana. No Brasil, a arte barroca, com base nos modelos europeus, é adaptada às condições regionais (materiais e técnicas, bem como espirituais), conquistando características próprias cem anos após sua ocorrência na Europa, em pleno século XVIII.

12.13 - ARTE MODERNA

Há controvérsias sobre os limites temporais do moderno e alguns de seus traços distintivos: como separar clássico/moderno, moderno/contemporâ- neo, moderno/pós-moderno. Divergências à parte, observa-se uma tendência em localizar na França do século XIX o início da arte moderna. A experiência urbana - ligada à multidão, ao anonimato, ao contingente e ao transitório - é enfatizada pelo poeta e crítico francês Charles Baudelaire (1821 - 1867) como o núcleo da vida e da arte modernas. O moderno não se define pelo tempo presente - nem toda a arte do período moderno é moderna -, mas por uma nova atitude e consciência da modernidade, declara Baudelaire, em 1863, ao comentar a pintura de Constantin Guys (1802 - 1892). A modernização de Paris - traduzida nas reformas urbanas implementadas por Haussmann, entre 1853 e 1870 - relaciona-se diretamente à sociedade burguesa que se define ao longo das revoluções de 1830 e 1848. A ascensão da burguesia traz consigo a indústria moderna, o mercado mundial e o livre comércio, impulsionados pela

Revolução Industrial. A industrialização em curso e as novas tecnologias colocam em crise o artesanato, fazendo do artista um intelectual apartado da produção. "Com a industrialização, esse sistema entra em crise", afirma o historiador italiano Giulio Carlo Argan, "e a arte moderna é a própria história dessa crise."

O trajeto da arte moderna no século XIX acompanha a curva definida pelo romantismo, realismo e impressionismo. Os românticos assumem uma atitude crítica em relação às convenções artísticas e aos temas oficiais impostos pelas academias de arte, produzindo pinturas históricas sobre temas da vida moderna. A Liberdade Guiando o Povo (1831), de Eugène Delacroix (1798 - 1863), trata da história contemporânea em termos modernos. O tom realista é obtido pela caracterização individualizada das figuras do povo. O emprego livre de cores vivas, as pinceladas expressivas e o novo emprego da luz, por sua vez, recusam as normas da arte acadêmica. O realismo de Gustave Courbet (1819 - 1877) exemplifica, um pouco mais tarde, outra direção tomada pela representação do povo e do cotidiano. As três telas do pintor expostas no Salão de 1850, Enterro em Ornans, Os Camponeses em Flagey e Os Quebradores de Pedras, marcam o compromisso de Courbet com o programa realista, pensado como forma de superação das tradições clássica e romântica, assim como

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dos temas históricos, mitológicos e religiosos.

O rompimento com os temas clássicos vem acompanhado na arte moderna pela superação das tentativas de representar ilusionisticamente um espaço tridimensional sobre um suporte plano. A consciência da tela plana, de seus limites e rendimentos inaugura o espaço moderno na pintura, verificado inicialmente com a obra de Éduard Manet (1832 - 1883). Segundo o crítico norte-americano Clement Greenberg, "as telas de Manet tornaram-se as primeiras pinturas modernistas em virtude da franqueza com a qual elas declaravam as superfícies planas sob as quais eram pintadas". As pinturas de Manet, na década de 1860, lidam com vários temas relacionados à visão baudelairiana de modernidade e aos tipos da Paris moderna: boêmios, ciganos, burgueses empobrecidos etc. Além disso, obras como Dejeuner sur L´Herbe [Piquenique sobre a relva] (1863) desconcertam não apenas pelo tema (uma mulher nua, num bosque, conversa com dois homens vestidos), mas também pela composição formal: as cores planas sem claro-escuro nem relevos; a luz que não tem a função de destacar ou modelar as figuras; a indistinção entre os corpos e o espaço num só contexto. As pesquisas de Manet são referências para o impressionismo de Claude Monet (1840 - 1926), Pierre Auguste Renoir (1841 - 1919), Edgar Degas (1834 - 1917), Camille Pissarro (1831 - 1903), Paul

Cézanne (1839 - 1906), entre muitos outros. A preferência pelo registro da experiência contemporânea, a observação da natureza com base em impressões pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claro-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas, o aproveitamento máximo da luminosidade e uso de cores complementares favorecidos pela pintura ao ar livre constituem os elementos centrais de uma pauta impressionista mais ampla explorada em distintas dicções. Um diálogo crítico com o impressionismo estabelece-se, na França, com o fauvismo de André Derain (1880 - 1954) e Henri Matisse (1869 - 1954); e, na Alemanha, com o expressionismo de Ernst Ludwig Kirchner (1880 - 1938), Emil Nolde (1867 - 1956) e Ernst Barlach (1870 - 1938).

O termo arte moderna engloba as vanguardas européias do início do século XX - cubismo, construtivismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, neoplasticismo, futurismo etc. - do mesmo modo que acompanha o deslocamento do eixo da produção artística de Paris para Nova York, após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), com o expressionismo abstrato de Arshile Gorky (1904 - 1948) e Jackson Pollock (1912 - 1956). Na Europa da década de 1950, as reverberações dessa produção norte-americana se fazem notar nas diversas experiências da tachismo. As produções artísticas das décadas de 1960 e

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1970, segundo grande parcela da crítica, obrigam a fixação de novos parâmetros analíticos, distantes do vocabulário e pauta modernistas, o que talvez indique um limite entre o moderno e o contemporâneo. No Brasil, a arte moderna - modernista - tem como marco simbólico a produção realizada sob a égide da Semana de Arte Moderna de 1922. Já existe na crítica de arte brasileira uma considerável produção que discute a pertinência da Semana de Arte Moderna de 1922 como divisor de águas.

12.14 - ARTE CONTEMPORÂNEA

Os balanços e estudos disponíveis sobre arte contemporânea tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o advento da arte pop e do minimalismo, um rompimento em relação à pauta moderna, o que é lido por alguns como o início do pós-modernismo. Impossível pensar a arte a partir de então em categorias como "pintura" ou "escultura". Mais difícil ainda pensá-la com base no valor visual, como quer o crítico norte-americano Clement Greenberg. A cena contemporânea - que se esboça num mercado internacionalizado das novas mídias e tecnologias e de variados atores sociais que aliam política e subjetividade (negros, mulheres, homossexuais etc.) - explode os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares. As novas orientações artísticas,

apesar de distintas, partilham um espírito comum: são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia. As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações habituais, colocando em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. Interpelam criticamente também o mercado e o sistema de validação da arte.

Tanto a arte pop quanto o minimalismo estabelecem um diálogo crítico com o expressionismo abstrato que as antecede por vias diversas. A arte pop - Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg e outros - traduz uma atitude contrária ao hermetismo da arte moderna. A comunicação direta com o público por meio de signos e símbolos retirados da cultura de massa e do cotidiano - histórias em quadrinhos, publicidade, imagens televisivas e cinematográficas - constitui o objetivo primeiro de um movimento que recusa a separação arte e vida, na esteira da estética anti-arte dos dadaístas e surrealistas. Trata-se também da adoção de outro tipo de figuração, que se beneficia de imagens, comuns e descartáveis, veiculadas pelas mídias e novas tecnologias, bem como de figuras emblemáticas do mundo contemporâneo, a Marilyn Monroe de Andy Warhol, por exemplo. A figuração é retomada, com sentido inteiramente diverso,

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nos anos 1980 pela transvanguarda, no interior do chamado neo-expressionismo internacional. O minimalismo de Donald Judd, Tony Smith, Carl Andre e Robert Morris, por sua vez, localiza os trabalhos de arte no terreno ambíguo entre pintura e escultura. Um vocabulário construído com base em idéias de despojamento, simplicidade e neutralidade, manejado com o auxílio de materiais industriais, define o programa da minimal art. Uma expansão crítica dessa vertente encontra-se nas experiências do pós-minimalismo, em obras como as de Richard Serra e Eva Hesse. Parte da pesquisa de Serra, sobretudo suas obras públicas, toca diretamente às relações entre arte e ambiente, em consonância com uma tendência da arte contemporânea que se volta mais decididamente para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou as áreas urbanas. Preocupações semelhantes, traduzidas em intervenções sobre a paisagem natural, podem ser observadas na land art de Walter De Maria e Robert Smithson. Outras orientações da arte ambiente se verificam nas obras de Richard Long e Christo.

Se os trabalhos de Eva Hesse não descartam a importância do espaço, colocam ênfase em materiais, de modo geral, não rígidos, alusivos à corporeidade e à sensualidade. O corpo sugerido em diversas obras de E. Hesse - Hang Up , 1966 - toma o primeiro plano no interior da

chamada body art. É o próprio corpo do artista o meio de expressão em trabalhos associados freqüentemente a happenings e performances. Nestes, a tônica recai, uma vez mais, sobre o rompimento das barreiras entre arte e não-arte, fundamental para a arte pop, e sobre a importância decisiva do espectador, central já para o minimalismo. A percepção do observador, pensada como experiência ou atividade que ajuda a produzir a realidade descoberta, é largamente explorada pelas instalações. Outro desdobramento direto do minimalismo é a arte conceitual, que, como indica o rótulo, coloca o foco sobre a concepção - ou conceito - do trabalho. Sol LeWitt em seus Parágrafos sobre Arte Conceitual (1967), esclarece: nessas obras, "a idéia torna-se uma máquina de fazer arte". É importante lembrar que o uso de novas tecnologias - vídeo, televisão, computador etc. - atravessa parte substantiva da produção contemporânea, trazendo novos elementos para o debate sobre o fazer artístico.

Os desafios enfrentados pela arte contemporânea podem ser aferidos na produção artística internacional. Em relação ao cenário brasileiro, as Bienais Internacionais de São Paulo ajudam a mapear as diversas soluções e propostas disponíveis nos últimos anos. Na década de 1980, a exposição Como Vai Você, Geração 80?, no Parque Lage, Rio de Janeiro, e a participação dos artistas do Ateliê da Lapa e Casa 7 na Bienal

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Internacional de São Paulo, em 1985, evidenciam as pesquisas visuais.

12.15 - INFLUÊNCIAS EUROPÉIAS SOBRE A ARTE BRASILEIRA.

Barroco Brasileiro  

O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses, leigos e religiosos. Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa, estendendo-se até as duas primeiras décadas do século XIX. Como estilo, constitui um amálgama de diversas tendências barrocas, tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas. Tal mistura é acentuada nas oficinas laicas, multiplicadas no decorrer do século, em que mestres portugueses se unem aos filhos de europeus nascidos no Brasil e seus descendentes caboclos e mulatos para realizar algumas das mais belas obras do barroco brasileiro. Pode-se dizer que o amálgama de elementos populares e eruditos produzido nas confrarias artesanais ajuda a rejuvenescer entre nós diversos estilos, ressuscitando, por exemplo, formas do gótico tardio alemão na obra de Aleijadinho (1730-1814). O movimento atinge o auge artístico a partir de 1760, principalmente com a variação rococó do barroco mineiro.

Durante o século XVII a Igreja teve um importante papel como mecenas na arte colonial. As diversas ordens religiosas

(beneditinos, carmelitas, franciscanos e jesuítas) que se instalam no Brasil desde meados do século XVI desenvolvem uma arquitetura religiosa sóbria e muitas vezes monumental, com fachadas e plantas retilíneas de grande simplicidade ornamental, bem ao gosto maneirista europeu. É somente quando as associações leigas (confrarias, irmandades e ordens terceiras) tomam a dianteira no patrocínio da produção artística no século XVIII, momento em que as ordens religiosas vêem seu poder enfraquecido, que o barroco se frutifica em escolas regionais, sobretudo no Nordeste e Sudeste do país. Contudo a primeira manifestação de traços barrocos, se bem que misturado ao estilo gótico e românico, pode ser encontrada na arte missionária dos Sete Povos das Missões na região da Bacia do Prata. Ali se desenvolveu, durante um século e meio, um processo de síntese artística pelas mãos dos índios guaranis com base em modelos europeus ensinados pelos padres missionários. As construções desses povos foram quase totalmente destruídas. As ruínas mais importantes são as da missão de São Miguel, no Estado do Rio Grande do Sul.

As primeiras manifestações do espírito barroco no resto do país estão presentes em fachadas e frontões, mas principalmente na decoração de algumas igrejas, também em meados do século XVII. A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalha-se pela Igreja e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro,

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construída entre 1633 e 1691. Os motivos folheares, a multidão de anjinhos e pássaros, a figura dinâmica da Virgem no retábulo-mor, projetam um ambiente barroco no interior de uma arquitetura clássica. A vegetação barroca é introduzida na Bahia no fim do séc. XVII na decoração, por exemplo, da antiga Igreja dos Jesuítas, atual Igreja Catedral Basílica, cuja construção da capela-mor, com seus cachos de uva, pássaros, flores tropicais e anjos-meninos, data de 1665-1670. No Recife destaca-se a chamada Capela Dourada ou Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, idealizada no apogeu econômico de Pernambuco, em 1696, e finalizada em 1724.

Entre os anos de 1700 e 1730 uma vegetação de pedra esculpida tende a se espalhar nas fachadas, como imitação dos retábulos, seguindo a lógica da ornamentação barroca. Em 1703 o dinamismo conquista o exterior pela primeira vez de forma ostensiva na fachada em estilo plateresco da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador. No entanto, vale notar que tal exuberância representa uma exceção no barroco brasileiro, pois mesmo em seu período áureo as igrejas barrocas nacionais, tal como as portuguesas, são marcadas por um contraste entre a relativa simplicidade de seus exteriores e as ricas decorações interiores, simbolizando dessa forma a virtude do recolhimento, requisito necessário à alma cristã. Esses primeiros 30 anos

marcam a difusão no Brasil do estilo "nacional português", sem grandes variações nas diversas regiões .

Surge então um novo ciclo de desenvolvimento do barroco entre meados de 1730 e 1760, com predominância do estilo português "joanino", cuja origem remonta ao barroco romano. Há uma significativa barroquização da arquitetura com a construção de naves poligonais e plantas em elipses entrelaçadas. Destaca-se no período, com ressonâncias posteriores, a atuação dos artistas portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito.

Nota-se que, em meados do século XVIII, a perda da força econômica e política inicia um período de certa estagnação no Nordeste, com exceção de Pernambuco, que conhece o estilo rococó na segunda metade do século. O foco volta-se para o Rio de Janeiro, transformada em capital da colônia em 1763, e a região de Minas Gerais, desenvolvida à custa da descoberta de minas de ouro (1695) e diamante (ca.1730). Não por acaso, dois dos maiores artistas barrocos brasileiros trabalham exatamente nesse período: Mestre Valentim (ca.1745-1813), no Rio de Janeiro, e o Aleijadinho, em Ouro Preto e adjacências.

É na suavidade do estilo rococó mineiro (a partir de 1760) que se encontra a expressão mais original do barroco brasileiro. A extrema religiosidade popular, sob o patrocínio exclusivo das

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associações laicas, se expressa em um espírito contido e elegante, gerando templos harmônicos e dinâmicos de arquitetura em planos circulares, com graciosa decoração em pedra-sabão. As construções monumentais são definitivamente substituídas por templos intimistas de dimensões singelas e decoração requintada, mais apropriados à espiritualidade e às condições materiais do povo da região.

Um dos exemplos mais bem-acabados desse estilo pode ser contemplado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência (1767), cujo risco, frontispício, retábulos laterais e do altar-mor, púlpitos e lavabo são de autoria de Aleijadinho. A pintura ilusionista do teto da nave (1802) é de um dos mais talentosos pintores barrocos, Manoel da Costa Athaide (1762-1830). Destaca-se ainda a parceria dos dois artistas nas esculturas de madeira policromada (1796-1799) representando os Passos da Paixão de Cristo para o Santuário do Bom Jesus dos Matozinhos, em Congonhas do Campo. No adro desse santuário, Aleijadinho deixa o testemunho mais eloqüente de seu talento artístico: seus 12 Profetas de pedra-sabão (1800-1805).

No Rio de Janeiro a presença lusitana se faz sentir mais fortemente. Distingue-se das outras cidades pela tendência à sobriedade neoclássica, reforçada pelas influências no

Brasil da reforma pombalina. Na arte civil (por exemplo: Passeio Público, de 1779-1785 e Chafariz da Pirâmide, de 1789) e sacra de Mestre Valentim o perfeito equilíbrio entre os postulados racionais do classicismo, a dinâmica e grandiloqüência do barroco e um certo sentido de preciosismo e delicadeza da estética rococó, sintetiza brilhantemente o espírito da arte carioca da segunda metade do século XVIII.

Missão Artística Francesa no Brasil

O século XIX no Brasil presencia mudanças profundas na história das artes plásticas em relação aos séculos anteriores, cujo sentido não pode ser compreendido sem referência à chamada Missão Artística Francesa. Em 26 de março de 1816 aporta no Rio de Janeiro um grupo de artistas franceses, liderados por Joachim Lebreton (1760 - 1819), secretário recém-destituído do Institut de France.1

Acompanham-no o pintor histórico Debret (1768 - 1848), o paisagista Nicolas Taunay (1755 - 1830) e seu irmão, o escultor Auguste Marie Taunay (1768 - 1824), o arquiteto Grandjean de Montigny (1776 - 1850) e o gravador de medalhas Charles-Simon Pradier (1783 - 1847). O objetivo é fundar a primeira Academia de Arte no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Há duas versões sobre a origem da Missão. A primeira afirma que, por sugestão do conde da Barca, o príncipe Dom João (1767 -

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1826) requer ao marquês de Marialva, então representante do governo português na França, a contratação de um grupo de artistas capaz de lançar as bases de uma instituição de ensino em artes visuais na nova capital do reino. Aconselhado pelo naturalista Alexander von Humboldt (1769 - 1859), Marialva chega a Lebreton, que se encarrega de formar o grupo. A outra versão2 afirma que os integrantes da Missão vêm por iniciativa própria, oferecendo seus serviços à corte portuguesa. Formados no ambiente neoclássico e partidários de Napoleão Bonaparte, os artistas se sentem prejudicados com a volta dos Bourbon ao poder. Decidem vir para o Brasil e são acolhidos por D. João, esperançoso de que possam ajudar nos processos de renovação do Rio de Janeiro e de afirmação da corte no país. Recentemente historiadores buscaram um meio termo entre a duas versões, que parece a mais plausível. Fala-se em casamento de interesses: por um lado, o rei teria se mostrado receptivo à criação da academia; a par dessa informação, Lebreton, com o intuito de sair da França, teria oferecido seus serviços, arregimentando artistas dispostos a se refugiar em outro país.

Não foram poucas as dificuldades encontradas pelo grupo para realização da missão. A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios é criada por decreto no dia 12 de agosto de 1816, estabelecendo pelo período de seis anos pensão aos artistas franceses. No

entanto, ela não passa de uma medida formal, pois não chega a funcionar, devido a causas políticas e sociais: a resistência de membros lusitanos do governo à presença francesa; as dificuldades impostas pelo representante da monarquia francesa, o cônsul-geral coronel Maler; o atraso de ordem material e estrutural no qual se encontrava o Rio de Janeiro; o desprezo da sociedade por assuntos relativos às artes. A escola abre as portas somente em 5 de novembro de 1826, passando por dois outros decretos, o de 12 de outubro de 1820, que institui a Real Academia de Desenho, Pintura e Arquitetura Civil, e o derradeiro, de 25 de novembro do mesmo ano, que anuncia a criação de uma escola de ensino unicamente artístico com a denominação Academia e Escola Real.3

Durante o longo tempo de espera, os franceses seguem com suas atividades. Notadamente Debret e Grandjean de Montigny aceitam encomendas oficiais. O primeiro realiza diversas telas para a família real e o último é responsável pelo edifício da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba e outras obras públicas, como o prédio da Alfândega (atual Casa França-Brasil). Por ocasião das festas comemorativas da coroação de Dom João VI, em 1818, ambos idealizam, com Auguste Taunay, a ornamentação da cidade. Debret também se dedica ao ensino de desenho e pintura num espaço alugado, enquanto realiza as aquarelas que marcariam sua

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obra da fase brasileira.5 No Rio de Janeiro, Nicolas Taunay segue como pintor de paisagem encantado com a natureza tropical.

A situação torna-se difícil com a morte de Lebreton em 1819, e a nomeação, em 1820 do pintor português Henrique José da Silva (1772 - 1834) para a direção da Academia Real. Nicolas Taunay decide voltar para França em 1821 e é substituído pelo filho Félix Taunay (1795 - 1881). Os outros tentam adaptar-se à realidade de uma academia distante de seus planos originais. Com a chegada de reforços franceses, os irmãos Marc Ferrez (1788 - 1850) e Zepherin Ferrez (1797 - 1851), escultor e gravador, respectivamente, os remanescentes da Missão6

procuram resistir às adversidades criadas pelo novo diretor. Debret não agüenta por muito tempo e retorna à França em 1831, levando seu aluno preferido, Porto Alegre (1806 - 1879).

Historicamente, além da importância da Missão Artística Francesa como fundadora do ensino formal de artes no Brasil, pode-se dizer que durante o tempo em que esses artistas permanecem no país, dentro ou não da Academia, eles ajudam a fixar a imagem do artista como homem livre numa sociedade de cunho burguês e da arte como ação cultural leiga no lugar da figura do artista-artesão, submetido à Igreja e seus temas, posição predominante nos séculos anteriores.

O Modernismo no Brasil

O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor de águas na história da cultura brasileira. O evento - organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte academica. A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país fazem do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção realizada sob a influência de 1922. Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade. Os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930, como a fase em que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas européias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.). Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articula a um forte interesse pelas questões nacionais, que ganham acento destacado a partir da década de 1930, quando os ideais de 1922

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se difundem e se normalizam. Ainda que o modernismo no Brasil deva ser pensado a partir de suas expressões múltiplas - no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco etc. - a Semana de Arte Moderna é um fenômeno eminentemente urbano e paulista, conectado ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização.

Apesar da força literária do grupo modernista, as artes plásticas estão na base do movimento. O impulso teria vindo da pintura, da atuação de Di Cavalcanti à frente da organização do evento, das esculturas de Brecheret e, sobretudo, da exposição de Anita Malfatti, em 1917. Os trabalhos de Anita desse período (O Homem Amarelo, a Estudante Russa, A Mulher de Cabelos Verdes, A Índia, A Boba, O Japonês etc.) apresentam um compromisso com os ensinamentos da arte moderna: a pincelada livre, a problematização da relação figura/fundo, o trato da luz sem o convencional claro-escuro. A obra de Di Cavalcanti segue outra direção. Autodidata, Di Cavalcanti trabalha como ilustrador e caricaturista. O traço simples e estilizado se tornará a marca de sua linguagem gráfica. A pintura, iniciada em 1917, não apresenta orientação definida. Suas obras revelam certo ecletismo, alternando o tom romântico e "penumbrista" (Boêmios, 1921) com as inspirações em Pablo Picasso, Georges Braque e Paul Cézanne, que o levam à geometrização da

forma e à exploração da cor (Samba e Modelo no Atelier, ambas de 1925). Os contrastes cromáticos e os elementos ornamentais da pintura de Henri Matisse, por sua vez, estão na raiz de trabalhos como Mulher e Paisagem, 1931. A formação italiana e a experiência francesa marcam as esculturas de Brecheret. Autor da maquete do Monumento às Bandeiras, 1920, e de 12 peças expostas na Semana (entre elas, Cabeça de Cristo, Daisy e Torso), Brecheret é o escultor do grupo modernista, comparado aos escultores franceses Auguste Rodin e Emile Antoine Bourdelle pelos críticos da época.

Tarsila do Amaral não esteve presente ao evento de 1922, o que não tira o seu lugar de grande expoente do modernismo brasileiro. Associando a experiência francesa - e o aprendizado com André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger - aos temas nacionais, a pintora produz uma obra emblemática das preocupações do grupo modernista. Da pintura francesa, especialmente das "paisagens animadas" de Léger, Tarsila retira a imagem da máquina como ícone da sociedade industrial e moderna. As engrenagens produzem efeito estético preciso, fornecendo uma linguagem aos trabalhos: seus contornos, cores e planos modulados introduzem movimento às telas, como em E.F.C.B., 1924 e A Gare, 1925. A essa primeira fase "pau-brasil", caracterizada pelas paisagens nativas e figurações líricas,

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segue-se um curto período antropofágico, 1927-1929, que eclode com Abaporu, 1928. A redução de cores e de elementos, as imagens oníricas e a atmosfera surrealista (por exemplo, Urutu, O Touro e O Sono, de 1928) marcam os traços essenciais desse momento. A viagem à URSS, em 1931, está na origem de uma guinada social na obra de Tarsila (Operários, 1933), que coincide com a inflexão nacionalista do período, exemplarmente representada por Candido Portinari. Portinari pode ser tomado como expressão típica do modernismo de 1930. À pesquisa de temas nacionais e ao forte acento social e político dos trabalhos associam-se o cubismo de Picasso, o muralismo mexicano e a Escola de Paris (entre outros, Mestiço, 1934, Mulher com Criança, 1938 e O Lavrador de Café, 1939). Lasar Segall, formado no léxico expressionista alemão, aproxima-se dos modernistas em 1923, quando se instala no país. Parte de sua obra, ampla e diversificada, registra a paisagem e as figuras locais em sintonia com as preocupações modernistas (Mulato 1, 1924, O Bebedouro e Bananal, 1927).

Ainda que o termo modernismo remeta diretamente à produção realizada sob a égide de 1922 - na qual se incluem também os nomes de Vicente do Rego Monteiro, Antonio Gomide, John Graz e Zina Aita - a produção moderna no país deve ser pensada em chave ampliada, incluindo obras anteriores à década de 1920 - as de Eliseu

Visconti e Castagneto, por exemplo -, e pesquisas que passaram ao largo da Semana de Arte Moderna, como as dos artistas ligados ao Grupo Santa Helena (Francisco Rebolo, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano etc.).

12.16 - Ariano Suassuana e o Movimento Armorial 

Ariano Suassuna é em geral conhecido como dramaturgo, autor de (ao menos) um clássico de nossa literatura, “O auto da compadecida”, muito competentemente transposto para as telas de cinema, que adiante comentaremos. Também é de se lembrar sua obra maior, como ele mesmo a considera, “o Romance d´A Pedra do Reino”.

Sobre o Movimento Armorial, fundado por Ariano, comecemos pelo significado desta palavra, "armorial", que na tela o computador teima em não reconhecer, grifando-a de vermelho, sinal de que não consta em seus registros, com o que Ariano se deleitaria. Armus, significando simplesmente "braço" (como arms, em inglês), ou mais restritamente, "ombro", é o étimo latino donde advém "armorial". Os bons dicionários, porém, a registram, como derivada de "armadura", que, por sua vez, tem como raiz aquela do latim clássico arma, donde decorreria, claro, a homônima de nossa última flor do lácio, assim como simplesmente ferramentas, utensílios em geral, e também armarium, que era não só um armário qualquer, mas também outros mais específicos, como os

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cofres e as bibliotecas, palavra que já não tem entre nós o sentido que teve antes, no latim vulgar, de local onde se guardam as armas, o "arsenal" ou armamentarium, como diriam, com sua proverbial precisão lingüística, os latinos clássicos. Ao mesmo tempo, enquanto se guardaram- ou se guardem ainda, a sete chaves - armas em casa, elas decerto ali ficariam em um armário. Mas voltando à nossa "armadura", a armatura, fazemos bem em lembrar com ela dos cavaleiros medievais, que as usavam, assim como consigo portavam suas armas, tendo isso tudo a ver com a proposta armorial, como veremos. E também tudo a ver tem o sentido, heráldico, adquirido como que por metonímia ou, mais precisamente, por metalepse (outra palavra não reconhecida pelo computador, mas que consta de um bom dicionário, claro, e vale a pena ir lá ver o que é), de "conjunto de emblemas simbólicos que distinguem uma família nobre de uma coletividade", como consta do Petit Robert, dicionário da língua francesa, do que podemos aproveitar, agora por metonomásia. Nosso Houaiss registra o substantivo como sendo um livro de registro de brasões da nobreza, sendo o adjetivo o que for a esses e à heráldica relativo. Inexplicavelmente, porém, não registrar (ainda) o sentido em que o empregou Ariano, quando definiu o (seu) Movimento Armorial, na Revista Pernambucana de Desenvolvimento, em 1977: "Em

nosso idioma, ‘armorial' é sempre substantivo. Passei a empregá-lo também como adjetivo. Primeiro, porque é um belo nome. Depois, porque é ligado aos esmaltes da Heráldica, limpos, nítidos, pintados sobre metal ou, por outro lado, esculpidos em pedra, com animais fabulosos, cercados por folhagens, sóis, luas e estrelas. Foi aí que, meio sério meio brincando", como é bem do seu feitio, vale já dizer, remetendo à descrição feita da figura de Ariano ao final, para aqueles que não tiveram o supremo prazer de conhecê-lo, "comecei a dizer que tal poema ou tal estandarte da Cavalhada era ‘armorial', isto é, brilhava em esmaltes puros, festivos, nítidos, metálicos e coloridos, como uma bandeira, um brasão ou um toque de clarim. Lembrei-me, aí, também das pedras armoriais, dos portões e frontadas do Barroco brasileiro, e passei a estender o nome à Escultura com a qual sonhava para o Nordeste. Descobri ainda para qualificar os ‘cantares' do Romanceiro, os toques de viola e rabeca dos cantadores - toques ásperos, arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta, lembrando o clavicórdio e a viola de arco de nossa Música barroca de século XVIII". Pronto, eis aí os elementos fundamentais postos à mesa: superação da dicotomia entre cultura erudita e cultura popular, evocação das origens medievais de nossa cultura, preservada nessa saudosa nostalgia contra-reformista que foi - e é - o nosso barroquismo, cultura da armadura transformada em couro, da espada transformada

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em peixeira, do cavaleiro, solitário, transformado em cangaceiro, em "bandido", excluído; a atonalidade da música medieval, mantida em nosso sertão imemorial, assim como os trovadores e o cancioneiro, com esses mesmos nomes, inclusive, sem esquecer do romanço (outra para ver no dicionário - êta programa ignorante da gota serena), preservado na literatura de cordel, nosso romanceiro popular nordestino, que até em seu suporte material remete à origem medieval, com as xilogravuras que ilustram suas capas. Em entrevista concedida a nossa amiga e conterrânea Cláudia Leitão, quando da preparação da tese que defendeu sobre a ética armorial como manifestação da pós-modernidade, na Sorbonne, sob a orientação de Michel Maffesoli (no sentido de quem se deve entender compreensão de ética na pós-modernidade), Ariano acrescenta, sobre sua concepção, já mais recentemente, nos seguintes termos: "(...) a arte armorial é uma recriação, é busca de suas origens de sua pureza original embora transcenda essas mesmas origens. Seja na tapeçaria, na escultura, na pintura, no teatro, na literatura, na música, em quaisquer de suas manifestações a arte armorial está embebida de um espírito dionisíaco, do gosto da festa, de comunhão..."Então, pode ser vista como armorial uma festa popular, como aquela estudada por Cláudia em sua tese, a dos Caretas, na cidade de Jardim, no Vale do Cariri, encravado entre o Ceará, onde se

situam geopoliticamente, a Paraíba e Pernambuco, para onde se volta, espiritualmente, capitania originária de todos esses estados, surgidos de seu esquartejamento para arrefecer- lhe, debalde, a inata rebeldia, mantida em cada uma de suas partes, às vezes com até maior bravura, bastando lembrar aqui o mais notório, mas longe de ser único, exemplo de Canudos. Cláudia quer também aproximar etimologicamente armis de alma, por ser o inerme, sem armas, também inanimado, sem alma, para reforçar o modo comunitário de se relacionar com o mundo pelo caráter imagético das criações artísticas e, em geral, culturais de proveniência sertaneja, tal como ressalta o movimento armorial, e vai, para isso, associar a forma, armis, com um conteúdo, que é sua alma, reaproximando o que foi cindindo na modernidade. Aqui nos ocorre Maffeo Vegio (1407-1458), em sua célebre tentativa de continuar a Eneida de Virgílio, ao compor o Suplementum, que seria o Livro XIII, em cujo 274º hexâmetro - a sextilha que também é usada nos cordéis - refere-se a quem "nasceu onde brilha a forma" (Nate, ubi forma nitens), a Grécia ensolarada como o nosso Nordeste, onde é comum nos referirmos à forma, nesse sentido, como formosura, e no 279º verso "eis que morre inutilmente pelo braço armado da vingança" (Heu mortem inuisam, quae sola ultricibus armis). Já os entalhes de madeira com que em 1502 Sebastian Brantare ilustrou a obra de Maffeo são claramente o que em nosso País, então

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recentemente "descoberto", vai se tornar a xilogravura, sendo ambas reminiscências das iluminuras, os desenhos que adornavam os livros na Idade Média.A obra em cerâmica de Francisco Brennand é armorial, assim como a do gravurista Gilvan Samico, aquém se refere Ariano no texto anteriormente citado, pois "(...) desse mundo estranho e belo do Romanceiro e das capas dos ‘folhetos' nordestinos é que brota a gravura de Gilvan Samico. É nesse mundo que ele mergulha, procurando um reencontro com as raízes do seu sangue, e de onde regressa com seus ‘pássaros de fogo', seus ‘dragões'(...)", essa fauna fantástica do imaginário sertanejo, em sua riqueza anárquica e, espontaneamente, surreal, mágico-realista, mais próxima do que Ariano dionisiacamente chama de "fecundo caos original".Em 1970, no plano da música, Ariano formou o Quinteto Armorial, com um violino, uma viola, duas flautas e percussão, esperando que músicos de formação erudita e com os instrumentos eruditos pudessem captar o que ele, talvez por lhe faltar formação musical, pudera perceber de riqueza no sincretismo indígena e mourisco-ibérico com o canto gregoriano jesuítico, num barroco nosso, mais próximo da Idade Média e da Renascença que o europeu, ecoando na rabeca, nos pífanos e na zabumba dos rincões sertanejos. O Quinteto chegou a virar Orquestra, mas aí desagradou o criador, pelo excesso de sofisticação, e ele

partiu para a criação da Orquestra Romançal, para preservar o espírito sertanejo, pela utilização de instrumentos e repertório populares. Ariano, em aulas na então Faculdade de Filosofia do Recife, em relação à arquitetura, já advertia seus alunos do quanto havia de nefasto em um modernismo importado, de formas frias e iguais, tanto para o prédio público, como para aqueles residenciais, quando temos um manancial popular de formas pujantes, tais como aquelas que se destacam em nossas festas populares, que melhor cairiam às fachadas dos prédios ao povo destinados, assim como temos também, tradicionalmente, um modo de construção acolhedor e tranqüilo para as moradas particulares.

ANOTAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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QUESTÕES – CAP. 12

1 - As manifestações artísticas revelam características próprias de cada cultura e de cada época. O artista pode se manifestar de diversas formas. Assinale a única alternativa que contém essas formas de expressão.

A) Literatura, física, química, biologia.B) Escultura, matemática, literatura,

dança.C) Desenho, química, biologia,

literatura.D)Desenho, literatura, música,

química.E) Música, teatro, escultura, dança.

2 - Quando você organiza seus objetos e quadros no seu quarto, enfeita seu caderno ou quando escolhe suas roupas de forma que combinem, você está usando o seu talento estético, o seu gosto. Dizem que de “artista, médico e de louco, todos temos um pouco”. Mas há pessoas que têm a arte como profissão. Quem se dedica à arte pode ter diversos objetivos. Assinale dentre as alternativas abaixo a única que não corresponde às atividades do artista.

A) Provocar emoção e proporcionar prazer estético.

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B) Descrever e explicar o comportamento da natureza, elaborando hipóteses e teorias.

C) Comunicar aos outros seus pensamentos e divulgar sua visão de mundo.

D)Documentar o seu tempo.E) Explorar novas formas de expressão.

3 - . “É possível dizer (...) que arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia. Portanto, podemos ficar tranquilos: se não conseguimos saber o que é arte, pelo menos sabemos quais coisas correspondem a essa ideia e como devemos nos comportar diante delas.” (COLI, Jorge. O que é Arte. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 8). Diante do exposto pelo autor, assinale o que for correto.

01) Caso uma pintura ou uma escultura, independente do prestígio social do artista, não seja admirada por um certo número de pessoas, ela já não pode mais ser considerada uma obra de arte.

02)- A definição de obra de arte varia no tempo e no espaço, porém a definição de arte como manifestação da atividade humana é a mesma em todas as sociedades no passado e no presente.

04) Certos meios expressivos como as histórias em quadrinhos não podem ser considerados obras de arte, porque, na sociedade contemporânea, somente são assim definidos os objetos expostos nas galerias e nos museus.

08) Em uma sociedade complexa como a que vivemos, a aceitação de uma definição de obra de arte depende, entre outros fatores, das convenções estéticas e do acesso dos cidadãos às diferentes manifestações artísticas.

16) Embora a definição de arte dependa da cultura na qual estamos inseridos, não podemos deduzir do texto que só é possível reconhecer um objeto como obra de arte quando há consenso a respeito dessa definição.

4 - A Pré-História é um dos períodos da Arte mais fascinante, sem registro escrito. Quando se analisa o Paleolítico, tem-se como característica estética o/a:

a) Racionalismo. c) Naturalismo.b) Geometrização. d) Abstracionismo.

5 - É sabido que, no período conhecido como Paleolítico, o homem expressou sua “arte” pintando, desenhando e gravando nas paredes de cavernas e, também, criando esculturas de argila .São exemplos de expressões artísticas do homem, no período Paleolítico, a pintura Rupestre de

a) Altamira (Espanha) e Vênus de Willerdofb) Tassili (Saara) e Vênus Esteatopígeas.c) Lascaux (França) e Pintura Rupestre de Tassili (Saara).d) Tassili (Saara) e Vênus de Willendorf.

6 - A vida em coletividade, gerou conquistas écnicas no Neolítico. Houve forte reflexo nas expressões artísticas. A consequência imediata foi o abandono do estilo que predominava no Paleolítico. Essa foi a primeira grande transformação na História da Arte. Nesse novo estilo surgido, tem-se como características estéticas o

a) geometrizante e o não abstrato.b) simplificador e o geometrizante.c) complexo e o irracional.d) irracional e o simplificador.

7 - Para representar a figura humana, a pintura egípcia possuía regras e normas. A lei que regia essa representação humana denominava-se

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a) Frontalidade. c) Perspectiva.b) Lateralidade. d) Egiptologia.

8 - A arte do Renascimento é chamada de

a) barroca, e se inspira no gótico e no românico.b) romântica, e se inspira na natureza.c) maneirista, e se inspira na objetividade.d) realista, e se inspira na subjetividade.e) clássica, e se inspira no mundo greco-romano.

9 - Na transição entre a Idade Média e a Idade Moderna:

(01) Na inspiração artística da Renascença, os motivos religiosos constituíram uma exceção. No conjunto das obras do período, este foi o caso de Velázquez e Rembrandt.

(02) A arte renascentista preocupou-se com o homem e, tecnicamente, com o jogo de cores, luzes e sombras, perspectiva e movimento.

(04) Os princípios do racionalismo e do humanismo tiveram origem na teologia medieval, que defendia a independência da razão frente ao mundo espiritual.

(08) O homem do Renascimento considerava-se inserido em um "tempo novo", que expressava a concepção de mundo de uma sociedade marcada pelo desenvolvimento da economia mercantil.

(16) O Renascimento artístico optou pelo gradual abandono dos valores e formas da Antigüidade Clássica que haviam sido resgatados durante a Idade Média.

(32) As Grandes Navegações, ao abrirem novos mundos à exploração dos europeus, contribuíram para o questionamento de valores filosóficos e culturais na Época Moderna.

9 - Na cultura barroca do século XVII observam-se, entre outras, as características:

I) Crise da vontade humana e constatação da dúvida em torno do melhor caminho para se obter a salvação.

II) Presença de valores políticos que orientavam a subordinação da sociedade ao rei e efetivavam a monarquia constitucional.

III) Ambiente social envolvido pelas dúvidas acerca do futuro, transformando o homem barroco em melancólico, cético e místico.

A frase "Ser ou não ser, eis a questão" de William Shakespeare é mais bem interpretada pelas características:

a) I e III, apenas

b) I e II, apenas

c) II e III, apenas

d) I, apenas

e) II, apenas

10 - Na Europa do século XIX:

(01) As duas grandes escolas literárias da época foram o Romantismo e o Realismo. Este último utilizou como fonte de inspiração os problemas sociais resultantes das distorções criadas pela industrialização.

(02) A "Segunda Revolução Industrial" caracterizou-se pelo estreito relacionamento entre ciência e técnica. Esta situação promoveu importantes mudanças na estrutura de produção das fábricas, mas também contribuiu para o agravamento de problemas sociais.

(04) Nesse período, a Inglaterra pode ser tomada como o modelo ideal do

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nascente capitalismo industrial: economia forte e desenvolvida, poderio militar e regime político estável, assentado no crescimento da representatividade das camadas médias de sua população.

(08) O final do século foi marcado pela suspensão das disputas políticas e econômicas entre as grandes potências européias, levando ao internacionalismo e à progressiva pacificação do Continente.

(16) As pesquisas e descobertas realizadas nos campos da física e da química tiveram aplicação prática e estética no desenvolvimento de novas formas artísticas, como a fotografia e o cinema.

(32) A cultura popular viu-se ameaçada pelos movimentos migratórios em direção às cidades e pela adoção de políticas nacionais de educação.

11 - As igrejas e os conventos, no Brasil colonial, foram construídos seguindo o estilo barroco da arte européia da época.Na arquitetura colonial, o movimento barroco se constituiu em

a) oposição à suntuosidade nos ornamentos e na iluminação dos ambientes religiosos.b) expressão e instrumento da Contra-Reforma, associando poder, religião e riqueza.c) afirmação dos ideais da Reforma Religiosa, a qual pregava as liberdades individuais e justificava o enriquecimento.d) valorização do equilíbrio nas formas e da austeridade na decoração, inspirando-se na arquitetura grega clássica.

12 - Entre 1508 e 1512, Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina no Vaticano, um marco da civilização ocidental. Revolucionária, a obra chocou os mais conservadores, pela quantidade de corpos nus, possivelmente, resultado de seus secretos estudos de anatomia,

uma vez que, no seu tempo, era necessária a autorização da Igreja para a dissecação de cadáveres. Recentemente, perceberam-se algumas peças anatômicas camufladas entre as cenas que compõem o teto.Alguns pesquisadores conseguiram identificar uma grande quantidade de estruturas internas da anatomia humana, que teria sido a forma velada de como o artista “imortalizou a comunhão da artecom o conhecimento”.Uma das cenas mais conhecidas é “A criação de Adão”. Para esses pesquisadores ela representaria o cérebro num corte sagital, como se pode observar nas figuras a seguir.

Considerando essa hipótese, uma ampliação interpretativa dessa obra-prima de Michelangeloexpressaria

(A) o Criador dando a consciência ao ser humano, manifestada pela função do cérebro.(B) a separação entre o bem e o mal, apresentada em cada seção do cérebro.(C) a evolução do cérebro humano, apoiada na teoria darwinista.(D) a esperança no futuro da humanidade, revelada pelo conhecimento da mente.(E) a diversidade humana, representada pelo cérebro e pela medula.

13. Observe a imagem.

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Osíris. Disponível em: <www.akenatonjh.com.br>. Acesso em: 21 set. 2007.

A pintura egípcia pode ser caracterizada como uma arte que(A) definiu os valores passageiros e transitórios como forma de representação privilegiada.(B) concebeu as imagens como modelo de conduta, utilizando‐as em rituais profanos.(C) elegeu os valores eternos, presentes nos monumentos funerários, como objeto de representação.(D) valorizou a originalidade na criação artística como possibilidade de experimentação de novos estilos.(E) adornou os palácios como forma de representação pública do poder político.

14. Observe e compare as duas imagens.

VELÁZQUEZ, Diego. Las Meninas, 1656. Museu do Prado, Madri.

PICASSO, Pablo. Las Meninas, 1957. Museu Picasso, Barcelona.

Os quadros acima tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da história da arte. O confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura moderna, que se caracteriza pela(A) tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.(B) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.(C) continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas.(D) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de técnicas do Oriente.(E) ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.

15. "Só a antropofagia nos une(...) Tupi, or not Tupi that is the question (...) Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida (...). Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império (...) Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos"

(ANDRADE, Oswald. Manifesto Antropófago. SP, 1928)

O trecho revela alguns dos princípios orientadores do modernismo brasileiro iniciado em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Sua interpretação sugere:

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a) a expressão do Modernismo como aceitação dos padrões estéticos classicistas e da arte acadêmica e convencional;

b) uma declaração de princípios nacionalistas que criticam a incorporação da cultura americana e o Estado Novo;

c) a associação da Antropofagia ao Modernismo como uma das correntes em que este se dividiu, internamente, opondo-se ao Romantismo;

d) a consideração da Antropofagia como um processo de devorarão cultural das técnicas autenticamente nacionais, visando a reelaborá-las;

e) a acentuação do caráter de busca da identidade nacional do modernismo pela valorização das raízes brasileiras.

16 - (ENEM, 2009)

 Figura 1

Disponível em: <http://www.vemprabrotas.com.br/pcastro5/campanas/campanas.htm>. Acesso em: 24 abr. 2009.

   Figura 2

 Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/wpcontent/uploads/2008/02/cadeira-real.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2009.

Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas diferentes, ou seja, a figura 1 corresponde a um projeto elaborado por Fernando e Humberto Campana e a figura 2, a um mobiliário do reinado de D. João VI, pode-se afirmar que:

(A) os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário de Fernando e Humberto Campana, assim como os materiais e as ferramentas utilizados na confecção do mobiliário do reinado de D. João VI, determinaram a estética das cadeiras.

(B) as formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto Campana são complexas, enquanto que as formas do mobiliário do reinado de D. João VI são simples, geométricas e elásticas.

(C) o artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empregado por Fernando e Humberto Campana, enquanto que o mobiliário do reinado de D. João VI foi industrial.

(D) ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando consoante as necessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade.

(E) o mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário daquele do reinado de D. João VI, considera primordialmente o conforto

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que a cadeira pode proporcionar, ou seja, a função em detrimento da forma.

 17 - (ENADE, 2008) O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), talvez o pensador moderno mais incômodo e provocativo, influenciou várias gerações e movimentos artísticos. O Expressionismo, que teve forte influência desse filósofo, contribuiu para o pensamento contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através do embate entre a razão e a fantasia.

As obras desse movimento deixam de priorizar o padrão de beleza tradicional para enfocar a instabilidade da vida, marcada por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade.

Das obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é:(A) (B) (C)

Homem idoso na poltrona

Rembrandt van Rijn - Louvre, Paris

Disponível em: http://www.allposters.com/gallery.asp?startat=/getposter.aspolAPNum=1350898

Figura e borboleta

Milton Dacosta

Disponível em:http://www.unesp.br/ouvidoria/publicacoes/ed_0805.php

O grito

Edvard Munch - Museu Munch, Oslo

Disponível em:http://members.cox.net/claregerber2/The%20Scream2.jpg

(D) (E)

Menino mordido por um lagarto

Michelangelo Merisi (Caravaggio) - National

Gallery, Londres

Disponível em:http://vr.theatre.ntu.edu.tw/artsfileartists/images/Caravaggio/Caravaggio024/File1.jpg

Abaporu - Tarsila do Amaral

Disponível em: http://tarsiladoamaral.com.br/

18 - (ENEM, 2008)

Na obra Entrudo, de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), apresentada acima:

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 A) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de engenho e suas relações com os escravos.B) identifica-se a presença de traços marcantes do movimento artístico denominado Cubismo.C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angústia e inquietações que revelam as relações conflituosas entre senhores e escravos.D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se as imagens que representam figuras humanas.E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem delinear as figuras ou as fisionomias.

19 - (ENEM, 2009)

TEXTO A

Oiticica, Hélio. Metaesquema I, 1958. Guache s/ cartão. 52 cm x 64 cm. Museu de Arte Contemporânea – MAC/USP. Disponível em: http://www.mac.usp.br/. Acesso em: 01 maio 2009.

TEXTO BMetaesquema I

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sentido de permitir que o apreciador participe da obra de forma efetiva. Nesta obra, como o próprio nome define: meta – dimensão virtual de movimento, tempo e espaço; esquema – estruturas, os Metaesquemas são estruturas que parecem movimentar-se no espaço. Esse trabalho mostra o deslocamento de figuras geométricas simples dentro de um campo limitado: a superfície do papel. A isso podemos somar a observação da

precisão na divisão e no espaçamento entre as figuras, mostrando que, além de transgressor e muito radical, Oiticica também era um artista extremamente rigoroso com a técnica.

Disponível em: http://www.mac.usp.br/. Acesso em 02 maio 2009 (adaptado).

Levando-se em consideração o texto e a obra Metaesquema I, reproduzidos acima, verifica-se que

 (a)   a obra confirma a visão do texto quanto à idéia de estruturas que parecem se movimentar, no campo limitado do papel, procurando envolver de maneira mais efetiva o olhar do observador.

 (b)   a falta de exatidão no espaçamento entre as figuras (retângulos) mostra a falta de rigor da técnica empregada dando à obra um estilo apenas decorativo.

 (c)   Metaesquema I é uma obra criada pelo artista para alegrar o dia-a-dia, ou seja, de caráter utilitário.

 (d)   a obra representa a realidade visível, ou seja, espelha o mundo de forma concreta.

 (e)   a visão de representação das figuras geométricas e rígidas, propondo uma arte figurativa.

20.

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Observe a figura.------ split --->

A pintura apresentada ("Banheira", Edgar Degas, 1886) pode ser considerada uma obra impressionistaa) pela rigidez dos movimentos dos traços e construção vertical das formas.b) pela presença de um corpo nu expressando a dignidade e o poder humano.c) pela cópia mecânica da vida cotidiana e simultânea alteração da realidade.d) pelo esforço de reduzir a luz, manter os traços retos, os contornos grossos e o sabor primitivo da vida.e) pela preocupação com a luminosidade e sua incidência nas formas e o valor atribuído à beleza e à própria arte.

Questão 21.

"Vai minha tristeza

E diz a ela que sem ela não pode ser

Diz-lhe numa prece

Que ela regresse

Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade

A realidade é que sem ela

Não há paz, não há beleza

É só tristeza e a melancolia

Que não sai de mim

Não sai de mim, não sai".

Lançado em 1958 no Brasil, o 78 rpm "Chega de Saudade" tornou-se, um disco/manifesto do estilo que viria a consagrar-se com o nome de Bossa Nova, reunindo três dos maiores expoentes do movimento: Antônio Carlos

Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.

A respeito desse movimento musical e do contexto histórico do seu lançamento e difusão, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Voltada para o grande consumo do mercado discográfico, a Bossa Nova reforçava o nacionalismo, incorporando ritmos do autêntico samba de morro e passando a ser cultivada pelos segmentos mais populares do Rio de Janeiro.

b) Preocupada em marcar sua oposição ao universo dos bares e das sarjetas em que se refugiavam os amantes traídos, a Bossa Nova introduziu novos temas na canção popular brasileira, cantando as praias, as mulheres e a alegria de viver, em músicas com "Corcovado", "O barquinho" e "Garota de Ipanema."

c) A Bossa Nova seria percebida como música alienada por diversos intelectuais e artistas que, como os integrantes do Teatro de Arena e do Cinema Novo, defendiam a utilização das artes e da música como instrumentos de conscientização popular, o que resultou mais tarde na incorporação do ritmo bossa-novista por alguns músicos às canções de protesto.

d) A Bossa Nova tornou-se símbolo dos novos tempos, os "anos dourados", entre o final dos anos 50 e início da década de 1960, marcados pelo clima de euforia, otimismo e de modernidade proporcionada pela produção de automóveis e pela construção de Brasília.

22 - A arte moderna não nasceu como um desdobramento da arte do século XIX. Ao contrário, ela surgiu como "ruptura" da unidade política e cultural daquele centenário, que possibilitou a

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manifestação dos movimentos artísticos de vanguarda do início do século XX. Refletindo sobre tal ambiente cultural, considere as seguintes afirmativas:

I - No campo da pintura, uma tendência importante foi o expressionismo, que privilegiou o emocional e as reações subjetivas, em detrimento do convencional e do domínio da razão.

II - A produção artística musical manteve-se fiel aos cânones ou normas tradicionais, como se observa na música do russo Igor Stravinski.

III - Poetas e artistas recusavam-se a ver o mundo sob uma única dimensão, valorizando a multiplicidade do olhar, o perspectivismo e o relativismo.

IV - Destacava-se a impetuosidade contida nos "manifestos" de fundação dos movimentos de vanguarda, o radicalismo das obras e, por vezes, o escândalo.

Assinale a alternativa correta.a) Apenas as afirmativas III e IV são verdadeiras.b) Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.c) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.d) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.e) Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.

ANOTAÇÕES:

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