apostila comércio exterior i

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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2006 Comércio Exterior I Disciplina na modalidade a distância 2ª edição revista e atualizada

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça

UnisulVirtual

2006

Comércio Exterior IDisciplina na modalidade a distância

2ª edição revista e atualizada

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Comércio Exterior I.

O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem autônoma. Neste sentido, aborda conteúdos especialmente selecionados e adota uma linguagem que facilite seu estudo a distância.

Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho. Não se esqueça de que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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Renato Paulo Roratto

Palhoça

UnisulVirtual

2006

Design instrucional

Carolina Hoeller da Silva Boeing

2ª edição revista e atualizada

Comércio Exterior I

Livro didático

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Copyright © UnisulVirtual 2006 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

382 R69 Roratto, Renato Paulo

Comércio exterior I : livro didático / Renato Paulo Roratto ; design instrucional Carolina Hoeller da Silva Boeing. – Palhoça : UnisulVirtual, 2006.

208 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 85-7817-071-7 ISBN 978-85-7817-071-4 1. Comércio internacional. I Boeing, Carolina Hoeller da Silva. II. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Créditos Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina

UnisulVirtual - Educação Superior a Distância Campus UnisulVirtual Rua João Pereira dos Santos, 303 Palhoça - SC - 88130-475 Fone/fax: (48) 3279-1541 e 3279-1542 E-mail: [email protected] Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Tubarão e Araranguá Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orseni Campus Grande Florianópolis e Norte da Ilha Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Administração Renato André Luz Valmir Venício Inácio Biblioteca UnisulVirtual Soraya Arruda Waltrick Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Diva Marília Flemming

Elisa Flemming Luz Itamar Pedro Bevilaqua Janete Elza Felisbino Jucimara Roesler Lauro José Ballock Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Mauri Luiz Heerdt Mauro Faccioni Filho Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Patrícia Pozza Rafael Peteffi da Silva Raulino Jacó Brüning Design Gráfico Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro (coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Vilson Martins Filho Equipe Didático-Pedagógica Angelita Marçal Flores Carmen Maria Cipriani Pandini Caroline Batista Carolina Hoeller da Silva Boeing Cristina Klipp de Oliveira Dalva Maria Alves Godoy Daniela Erani Monteiro Will Dênia Falcão de Bittencourt Elisa Flemming Luz Enzo de Oliveira Moreira Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Márcia Loch Patrícia Meneghel Silvana Denise Guimarães Tade-Ane de Amorim

Vanessa de Andrade Manuel Vanessa Corrêa Viviane Bastos Viviani Poyer Logística de Encontros Presenciais Caroline Batista (Coordenadora) Aracelli Araldi Juliana Costa Pinheiro Letícia Cristina Pinheiro Priscila Santos Alves Monitoria e Suporte Harrison Laske (coordenador) Adriana Silveira Caroline Mendonça Edison Rodrigo Valim Gislane Frasson de Souza Josiane Conceição Leal Rafael da Cunha Lara Vinícius Maycot Serafim Produção Industrial e Logística Arthur Emmanuel F. Silveira Eduardo Kraus Francisco Asp Jeferson Cassiano Almeida da Costa Projetos Corporativos Diane Dalmago Vanderlei Brasil Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni (secretária de ensino) Djeime Sammer Bortolotti Carla Cristina Sbardella Grasiela Martins James Marcel Silva Ribeiro Lamuniê Souza Liana Pamplona Maira Marina Martins Godinho Marcelo Pereira

Marcos Alcides Medeiros Junior Maria Isabel Aragon Olavo Lajús Priscilla Geovana Pagani Ricardo Alexandre Bianchini Silvana Henrique Silva Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (coordenador) Giorgio Massignani Rodrigo de Barcelos Martins Sidnei Rodrigo Basei Edição --- Livro Didático Professor Conteudista Renato Paulo Roratto Design Instrucional Carolina Hoeller da Silva Boeing Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Adriana Ferreira dos Santos Revisão Ortográfica Amaline e Revisare Impressão PostMix

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 – Evolução histórica do comércio internacional . . . . . . . . . . 13

UNIDADE 2 – Teorias de comércio exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

UNIDADE 3 – Sistemas e regras uniformes do comércio

internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

UNIDADE 4 – Política, estrutura e administração do comércio

exterior brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

UNIDADE 5 – Rotinas e procedimentos de importação e

exportação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195

Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199

Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 203

Sumário

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Palavras do professor

Se você está lendo estas palavras, escritas com especial carinho para você neste livro, é porque você se decidiu a se aprofundar nos estudos em uma área que oferece um fascinante campo de atuação, considerando o que o comércio exterior do Brasil representa no volume das transações do comércio mundial.

Embora o comércio internacional seja uma atividade milenar, o comércio exterior brasileiro é recente. Isto você vai ter oportunidade de ver e compreender mais adiante, nas unidades e seções deste livro.

Nas unidades iniciais, procurei contextualizar os

desdobramentos do comércio internacional desde os

primeiros registros históricos, para que você tenha a

compreensão dos fatos ocorridos no passado e possa

situar-se nos eventos que ocorrem no presente.

À medida que você se aproxime das unidades fi nais,

observará que os aspectos técnicos do comércio lhe

estarão sendo apresentados de forma que condensa os

principais tópicos da linguagem técnica. O objetivo

principal é lhe proporcionar conhecimentos gerais,

relativos ao comércio internacional, e, ainda, a

compreensão da linguagem técnica e da estrutura de

organização e sistemática do comércio exterior brasileiro.

Durante seus estudos, você terá condições de se

familiarizar com os conceitos, adquirir entendimento

amplo dos processos de importação e exportação de

forma que, ao fi nal do estudo, você tenha assimilado

as teorias e adquirido domínio dos termos técnicos das

operações de Comércio Exterior.

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Em cada palavra escrita nas unidades e seções deste livro,

procurei transmitir a aprendizagem junto aos meus mestres

e os conhecimentos adquiridos através da minha experiência

e realização profi ssional: cerca de 20 anos dedicados ao

comércio exterior como assistente de exportação, trader, gerente

internacional de vendas e, atualmente, consultor de empresas e

professor.

Resta-me agradecer-lhe com sinceridade por poder partilhar tudo

isto com você e tornar-me testemunha do seu sucesso.

Bom estudo!

Professor Renato Paulo Roratto.

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Plano de estudo

Ementa

Teorias de comércio exterior. Conceitos básicos. Sistema e regras uniformes do comércio internacional. Política, estrutura e administração do comércio exterior brasileiro.

Objetivo da disciplina

Proporcionar ao aluno conhecimentos básicos e domínio dos termos técnicos de comércio exterior.

Carga horária

A carga horária total da disciplina é de 60 (sessenta) horas-aula, incluindo o processo de avaliação.

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Cronograma de estudo

Utilize o cronograma a seguir para organizar seus períodos de estudo. E não se esqueça de anotar as datas de realização das atividades de avaliação.

SemanasCarga horária

Eventos Atividades Datas-chave

1

1Início da disciplina

Leitura da mensagem do tutor no Mural e do Plano de Ensino

/

9 Unidade 1

Estudo da Unidade 1 do livro didático

/Atividades de auto-avaliação (livro didático)

Atividades no AVA

29 Unidade 2

Estudo da Unidade 2 do livro didático

/Atividades de auto-avaliação (livro didático)

Atividades no AVA

10 Unidade 3

Estudo da Unidade 3 do livro didático

/Atividades de auto-avaliação (livro didático)

Avaliação a distância

3

14 Unidade 4

Estudo da Unidade 4 do livro didático

/Atividades de auto-avaliação (livro didático)

Atividades no AVA

15 Unidade 5

Estudo da Unidade 5 do livro didático

/Atividades de auto-avaliação (livro didático)

Atividades no AVA

2Encontro presencial

Avaliação presencial /

Avaliação presencial 2ª chamada /

Avaliação fi nal (se necessário) /

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1UNIDADE 1

Evolução histórica do comércio internacional

Objetivos de aprendizagem

Ao fi nal desta unidade, você deverá ter subsídios para:

Compreender o processo de evolução do comércio internacional.

Conceituar comércio internacional.

Compreender os modelos de internacionalização da economia e as etapas de integração do mundo globalizado.

Seções de estudo

Seção 1 Comércio internacional na idade antiga.

Seção 2 Comércio internacional na idade média.

Seção 3 Comércio internacional na era dos descobrimentos.

Seção 4 Comércio internacional no pós-guerra.

Seção 5 Modelos de internacionalização da economia.

Seção 6 Formação de blocos econômicos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

O comércio internacional tem sua história registrada cerca de 2000 anos antes de Cristo, com a civilização dos Fenícios. Os períodos marcantes do desenvolvimento do comércio internacional estão ligados aos momentos importantes da história da humanidade, os quais registram profundas transformações nas sociedades, culminando com o que hoje se chama globalização.

Você está vivenciando este processo, certo?

Para entender melhor o presente, é importante que você compreenda o desenrolar do passado. Ao estudar o passado, você pode reconhecer as experiências que permitirão evitar erros já vivenciados e, assim, contribuir para as mudanças necessárias na atualidade.

Será possível verifi car, através do estudo da evolução do comércio internacional, muitas das experiências já realizadas no passado e que ainda vigoram atualmente.

Assim, aproveite este estudo para compreender os aspectos do comércio internacional na Idade Antiga e Média, na Era dos Descobrimentos, no período da Revolução Industrial e nos eventos que se sucederam desde o período pós Segunda Guerra Mundial até o tempo presente.

SEÇÃO 1 – Comércio internacional na idade antiga

Na antiguidade (2000 a.C - 476 d.C), o comércio internacional pouco existia. No Egito, de acordo com Maia (2001), o comércio exterior era inexpressivo, e as importações e exportações limitavam-se apenas a artigos de luxo. No entanto o Egito foi o maior comprador de madeiras para a fabricação de móveis e construções de palacetes.

Já, na civilização mesopotâmica, o comércio era mais intenso, chegando a estabelecer postos comerciais fora do país. Os Fenícios, navegadores notáveis, tornaram-se grandes comerciantes e instalaram postos de vendas em diversos pontos da Europa.

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Comércio Exterior I

Unidade 1

Também alcançaram desenvolvimento notável do artesanato comercial. As cidades de Tiro e Sidon tornaram-se centros comerciais da época. Em seus empórios se comercializavam objetos de cerâmica, metal e tecido por cobre, estanho e prata de procedência ocidental.

Visite o AVA e observe o mapa da Mesopotâmia no saiba mais desta unidade!

A Grécia antiga não tinha produção sufi ciente, o que fez com que se tornasse grande comprador dos produtos do exterior, pagando em troca de azeite e vinho. Mais tarde, no século VII a.C., os gregos introduziram a moeda de metal nas transações comerciais. Atenas foi um grande centro comercial da antiguidade devido à ampla aceitação da circulação de moedas, bem como pela posição geográfi ca privilegiada no Mar Mediterrâneo. Durante o império Romano, o comércio exterior se desenvolveu bastante, chegando o império a ter negociado com países distantes como Índia e China. Com a queda do império romano, inicia-se o apogeu da civilização européia.

SEÇÃO 2 – Comércio internacional na idade média

Na idade média (500 d.C - 1453), fl oresceram fora da Europa a civilização muçulmana árabe-islâmica e a civilização bizantina (SORONI, 1997).

Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia, foi um importante centro comercial bizantino e entroncamento das mais importantes rotas comerciais, marítimas e terrestres entre a Ásia e a Europa. Constantinopla distribuía ao Ocidente europeu os mais variados produtos orientais, como especiarias (cravo, canela, noz-moscada) e os tecidos de seda. Isto acarretava para a moeda bizantina uma ampla aceitação em todos os mercados conhecidos.

O império Islâmico teve origem entre os povos que habitavam a Arábia, península que se localiza entre a Ásia e a África, entre o golfo Pérsico e o mar Vermelho. Ao longo das áreas conquistadas, especialmente no Oriente, cresceram importantes

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centros urbanos e comerciais, como Damasco, Bagdá, Cairo, e, também, Córdoba, na Espanha. A civilização Islâmica trouxe para o Ocidente várias culturas agrícolas, tais como a cana-de-açúcar e laranja, bem como técnicas de produção do ferro e aço.

Na Europa, ainda sob o regime feudal, ocorreram as cruzadas, que estimularam o comércio com o Oriente. Os Europeus

tornaram-se grandes mercadores, introduzindo bens novos e exóticos no mercado europeu, fazendo surgir as primeiras feiras internacionais e, com isso, o aparecimento dos trocadores de moedas. Estes, com o tempo, tornaram-se os primeiros banqueiros. Inicialmente o comércio era local, depois regional, fi nalmente internacional.

Com isto, estabeleceram-se rotas comerciais: rota do Mediterrâneo, rota do mar do Norte, rota da Champanha, a principal da Europa. Nos entroncamentos de rotas surgiram as famosas feiras, que duravam

semanas. As feiras tiveram grande importância no fl orescimento comercial e urbano da Baixa Idade Média.

O centro de convergência das principais rotas comerciais foram as cidades italianas de Veneza, Gênova, Amalfi , Gaeta e a região de Flandres, onde as transações comerciais de mercadorias por atacado passaram a ser rotina. A mais famosa das feiras foi a da Champanha, na região leste da França. A movimentada atividade comercial desta época intensifi cou o uso do dinheiro e, sendo a moeda insufi ciente, criaram-se outros recursos fi nanceiros, como as letras de feira, de câmbio, de crédito, operadas pelos cambistas, ou banqueiros.

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Comércio Exterior I

Unidade 1

SEÇÃO 3 – Comércio internacional na era dos descobrimentos

Na era dos descobrimentos, com a invenção da caravela e da bússola, o comércio internacional cresceu como conseqüência natural da expansão geográfi ca do mundo.Com o descobrimento de novas rotas de comércio, que passou a ser feito por navios em vez de caravanas, novos produtos até então desconhecidos na Europa foram introduzidos no mercado, tais como tabaco, milho, batata e tomate (MAIA, 2001). O comércio fi cou mais lucrativo e os mercadores ganharam notoriedade e um status social mais importante.

As grandes navegações marítimas do século XV contribuíram para o crescimento acelerado do comércio internacional, integrando os continentes. Com elas, delimita-se o marco referencial do comércio internacional, período onde houve maior intensifi cação do comércio mundial, que culmina nos dias de hoje com o que se chama de globalização.

De acordo com Saroni (1997b), a expansão marítima européia foi um dos mais importantes acontecimentos do início da Idade Moderna.

O desenvolvimento do comércio e dos centros urbanos trouxe como conseqüência uma superprodução de artefatos, isto é, a produção artesanal tornou-se maior do que a capacidade de consumo. Mesmo as grandes feiras européias não conseguiam escoar toda a produção e a solução foi buscar novos mercados fora da Europa. Por outro lado, a produção agrícola era insufi ciente, voltada ainda para a subsistência dos feudos e, por isso, tornava-se necessário encontrar novos mercados fornecedores.

Outro fator de grande importância para que os europeus se lançassem ao desafi o das grandes navegações foi o comércio das especiarias, que incluía artigos muito procurados na Europa, especialmente pela nobreza.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

O monopólio das especiarias mantido pelas cidades italianas, especialmente Veneza, e pelos mercadores árabes que dominavam as rotas comerciais do Mediterrâneo, aviltava os preços destas mercadorias. Portanto eliminar intermediários no intercâmbio comercial atendia a um duplo interesse: a conveniência das fontes produtoras no Oriente e as pressões de outros países europeus, como Portugal e Espanha, de baixar os preços, negociando diretamente.

A falta de metais preciosos para cunhagem de moedas na Europa, essenciais ao comércio, foi outra causa econômica da expansão marítima, pois era urgente procurar novas minas de metais preciosos, ou recuperar moedas através do fornecimento de mercadorias no comércio internacional.

Neste caso, as mercadorias eram trocadas por dinheiro, o que permitia comprar outras mercadorias e acumular lucros.

A expansão marítima européia determinou grande fl orescimento comercial, e, com a acumulação de lucros, consolidou o poder da realeza, ensejando a implantação das poderosas monarquias nacionais. Com isto, também implantou-se e desenvolveu-se o projeto colonial que mudou o pólo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. Como conseqüência, houve fi xação do valor das moedas e sua difusão por toda a Europa e, assim, o desenvolvimento do capitalismo comercial.

Veja! A fi xação do valor das moedas foi tão importante para o desenvolvimento do capitalismo comercial, porque, quando o valor da moeda é conhecido, isto permite que as trocas comerciais ocorram com regularidade, e sua aceitação torna-se maior.

Quando o valor de uma moeda fl utua constantemente, gera insegurança. Por exemplo: se num dia um dólar americano vale dois reais e setenta centavos e, no outro, ele cai para dois e sessenta e nos dias seguintes volta a subir e descer, quem se arriscaria a fazer negócios com esta moeda?

Esse período fi cou conhecido na história como mercantilismo.

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Comércio Exterior I

Unidade 1

Para os países desprovidos de colônias, ou senhores de possessões economicamente menos lucrativas, como a Inglaterra, a atuação no comércio internacional tornou-se atividade decisiva. As manufaturas inglesas eram mais caras que os produtos agrícolas, daí a preocupação de todos os países em buscar uma balança comercial favorável, isto é, evitar que as importações superassem as exportações.

Para tanto, um dos recursos era o monopólio comercial: a venda e a compra de mercadorias exclusivamente por um governo ou empresas criada com esse fi m pelo soberano (VILLA e FURTADO 1998, p 61-62).

A exploração das novas rotas exigia considerável soma de recursos, os quais foram conseguidos através da formação de Sociedades por Ações de Mercadores, conhecidas como Companhias de Comércio. Estas levantavam o capital necessário para realizar as expedições, as quais tornaram-se importantes elementos de expansão colonial das potências européias da época.

As companhias por ações constituíram-se na expressão mais típica do mercantilismo do século XVII. Eram companhias de comércio que detinham cartas especiais outorgadas pelos Estados, concedendo-lhes privilégios, em geral o monopólio, e tinham como atribuições a colonização e administração das regiões concedidas à exploração. Constituíam-se de mercadores que se uniam com o objetivo de explorar novas terras e possibilitar as expedições e a instalação de feitorias.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A participação cada vez mais intensa dos países em desenvolvimento no comércio internacional provocou o agravamento das pressões protecionistas nos países desenvolvidos, com a proliferação das barreiras comerciais que afetam sensivelmente as exportações dos países emergentes. Entre as barreiras comerciais, procurei destacar nesta disciplina:

Barreira Tarifária: são práticas protecionistas pela incidência de alíquotas de impostos de importação, que majoram os preços dos produtos estrangeiros;

Nos séculos XVI e XVII, formaram-se várias companhias, constituídas por sociedades de acionistas. A primeira foi formada na Inglaterra: denominava-se Companhia dos Aventureiros Mercadores e contava com 240 acionistas. A mais famosa das companhias inglesas foi a Companhia das Índias Orientais no ano de 1600, à qual foi concedido, pela rainha Elisabete, o privilégio de exclusividade para comercializar com as Índias por 15 anos. Este empreendimento consistia de uma associação de capitais, ações, que se vendiam na Bolsa de Valores e, por isso, o capital estava despersonalizado, ou seja, desvinculado de seu proprietário, que já não era um comerciante aventureiro, mas sim um simples acionista. Na Holanda, constitui-se, nos mesmos moldes, a Companhia Holandesa das Índias Orientais com privilégios outorgados de monopólio do comércio, soberania sobre os territórios que adquirisse e direito de paz e guerra sobre os nativos que porventura encontrasse. As companhias de comércio se tornaram modelo de sociedade capitalista, que contribuiu

para a internacionalização da economia.

No Brasil, como parte da política mercantilista, foram formadas algumas sociedades por ações que detinham o monopólio de exploração, tais como a Companhia Geral do Comércio do Brasil, Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, Companhia do Comércio do Estado do Maranhão e a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba (DIAS e RODRIGUES, 2004: p. 35-42).

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Comércio Exterior I

Unidade 1

Barreira não-Tarifária: são práticas discriminatórias do produto estrangeiro através da imposição de cotas, controle de preços, regulamentação sanitária, normas e regras não comuns.

- Você observou que uma é protecionista e a outra é discriminatória?

Como forma de protecionismo, a barreira tarifária é menos combatida, porque as regras estão bem defi nidas, em função da alíquota, donde ser dita protecionista. Os problemas mais sérios no campo das barreiras não-tarifárias são as práticas controladas direta ou indiretamente pelos governos que discriminam o produto estrangeiro e que tendem a restringir ou alterar o volume, a composição dos produtos e o destino do comércio internacional.

Em geral as barreiras comerciais são impostas com o argumento de proteção ao desenvolvimento das indústrias locais.

SEÇÃO 4 – Comércio internacional no pós-guerra

- Você sabe quais as infl uências que a Segunda Guerra Mundial trouxe para o comércio internacional?

- Veja só:

Com a crise de 1929, os capitalistas, infl uenciados pela teoria econômica do Keynesianismo, passaram a aceitar a intervenção do Estado na economia, com o objetivo de evitar crises fi nanceiras. Após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), o capitalismo passou por trinta anos de contínuo crescimento econômico e pleno emprego, sobretudo nos países desenvolvidos. Este crescimento foi fruto da intervenção reguladora do Estado na economia, que se iniciou com o New Deal americano.

O crescimento da economia que se deu após a Segunda Guerra Mundial também foi resultado da estabilidade econômica, da maior liberdade do comércio resultante dos acordos fi rmados em

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Universidade do Sul de Santa Catarina

1944, em Bretton Woods e da atuação das organizações criadas nessa ocasião, tais como o GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o FMI – Fundo Monetário Internacional e o BIRD – Banco Internacional para reconstrução e desenvolvimento.

A queda do Muro de Berlim em 1989, o fi m da União Soviética dois anos depois e o desaparecimento dos regimes socialistas da Europa Oriental assinalaram o fi m da Guerra Fria - polarização política, ideológica e econômica que separou o mundo capitalista do chamado bloco comunista durante décadas.

A União Soviética não conseguiu assegurar à sua população um padrão de vida semelhante ao da Europa ocidental ou dos Estados Unidos. Em 1991, a União Soviética desintegrou-se, e quinze novos países surgiram.

Pouco antes, na Europa Oriental, haviam caído todos os regimes comunistas. A Europa foi a região mais favorecida com o fi m

O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado para manter a estabilidade das taxas de câmbio e proporcionar assistência nos eventuais desequilíbrios na balança de pagamentos do países-membros do acordo de Bretton Woods, desestimulando assim a prática de restrições ao comércio.

O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), também conhecido como Banco Mundial, tinha função de fi nanciar a reconstrução dos países envolvidos na guerra e fornecer recursos para fi nanciamento de projetos de infra-estrutura, programas educacionais e ambientais, bem como a geração de emprego e renda em países menos favorecidos.

O Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) surgiu em decorrência do fracasso da implementação da Organização Internacional do Comércio (OIC) prevista em Bretton Woods, em virtude da não-ratifi cação do acordo pelo Congresso dos Estados Unidos. O impasse da Criação da OIC conduziu a um acordo provisório que se estendia a negociações das tarifas tributárias de comércio internacional. O acordo, mesmo provisório, se estendeu até 1995, quando foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC).

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Unidade 1

da Guerra Fria. Na parte ocidental, apesar das difi culdades representadas pela unifi cação da Alemanha, consolidou-se a unifi cação econômica com a formação da Comunidade Econômica Européia em 1993.

Com o fi m da Guerra Fria e da ameaça soviética, os Estados Unidos se transformaram na maior potência militar do planeta, sem encontrar rival à altura. O país é também uma grande força econômica, muito superior à do Japão e da Alemanha (VILLA e FURTADO, 1998).

O capitalismo do pós-guerra continuou cada vez mais industrial e, ao mesmo tempo, mais fi nanceiro. O desenvolvimento tecnológico, adquirido com a corrida armamentista que marcou o período da Guerra Fria, acabou sendo utilizado nos setores civis, como é o caso do forno de microondas, telefone celular e a internet.

Surgiram novos ramos industriais e de serviços, que tiveram crescimento acelerado, como a informática, a robótica, as telecomunicações e a biotecnologia. Estima-se que a expansão do comércio internacional no pós-guerra tenha sido duas vezes maior do que o crescimento do produto mundial bruto. A economia mundial tornou-se interdependente.

O rápido crescimento se deve, em grande parte, à criação do acordo geral de tarifas e comércio – GATT (General Agreement on Tarifs and Trade), em 1947, que tinha o objetivo de reduzir as barreiras comerciais para a circulação de mercadorias. O aumento do fl uxo de circulação de mercadorias também foi, evidentemente, resultado da expansão das empresas multinacionais que espalham fi liais por vários países e pressionam para que haja redução das barreiras à circulação dos produtos.

No início da década de 90, foi criada a maioria dos blocos econômicos, coincidindo com a emergência da globalização, a conseqüente intensifi cação dos fl uxos de capitais e serviços e o acirramento da competição global entre as grandes corporações. Assim, a criação de blocos econômicos é uma tentativa de reduzir as barreiras em escala regional em busca de mercados (SENE e MOREIRA, 2000).

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SEÇÃO 5 – Modelos de internacionalização da economia

O processo de integração das economias mundiais pode ser sistematizado através de modelos de internacionalização, os quais representam as características da expansão do comércio mundial em determinados períodos históricos, especialmente a partir do mercantilismo, cujos eventos ocorridos determinam a sua denominação.

Dessa forma, têm-se o modelo colonizador explorador, o modelo de internacionalização da produção e o modelo de internacionalização dos processos, como você pode visualizar na fi gura a seguir:

Modelos de internacionalização das economias

Internacionalização

dos processos

Internacionalização

da produção

Modelo

Colonizador/

Explorador

Figura 1.1: Modelos de internacionalização das economias.

O modelo colonizador/ explorador se reporta aos momentos históricos, a partir do período das grandes navegações marítimas, onde as nações dominantes da época, tais como Inglaterra, França, Holanda, Espanha e Portugal, buscavam explorar as riquezas e obter matérias primas nas novas terras descobertas, para abastecerem as indústrias das metrópoles.

O modelo de internacionalização da produção se caracteriza pela instalação de fi liais de empresas estrangeiras nos territórios das nações recém soberanas, as quais exigiam, em contrapartida do acesso às matérias primas, a instalação de unidades fabris no país, a fi m de promover o desenvolvimento econômico e social. Desta forma, as indústrias se tornaram multinacionais, estabelecendo

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plantas de produção em diversos países, de modo que pudessem obter vantagens em termos de acesso a matérias primas, mão-de-obra barata e redução de tributos.

A internacionalização dos processos se caracteriza pela fragmentação dos processos de produção das indústrias multinacionais, permitindo que partes, não mais a totalidade de um produto, sejam produzidas em plantas instaladas em países que oferecem vantagens competitivas para a decisão dos investimentos indústrias.

Para que fi que mais claro, observe o exemplo a seguir:

Na indústria automobilística e na indústria de eletroeletrônica, é permitido produzir partes de um automóvel ou de computadores em regiões distintas do planeta e depois reunir as peças em um determinado país, onde é feita a montagem do produto fi nal, a ser exportado para todos os continentes.

SEÇÃO 6 – Formação de blocos econômicos

A formação de blocos econômicos é fruto de tratados internacionais. De acordo com Souza (2003: p. 42), os Tratados Internacionais são os únicos mecanismos por meio do quais as nações soberanas podem conscientemente e efetivamente criar o Direito Internacional. Um Tratado somente terá validade para um país contra os demais países signatários daquela mesma convenção, ou seja, nenhum país poderá ser obrigado às condições que nele são determinadas, sem que dele seja signatário.

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Etapas de Integração

Os blocos econômicos foram criados com a fi nalidade de desenvolver o comércio de determinada região, eliminando barreiras alfandegárias que difi cultam a importação, ou majoram os preços dos produtos importados, bem como para fortalecer o comércio externo regional e intra-regional. Os países participantes desses blocos econômicos buscam fazer acordos regionais para facilitar o fl uxo de capitais, serviços, mercadorias e, num nível mais avançado, a livre circulação de pessoas.

Dependendo do grau de integração, é possível defi nir quatro tipos de blocos: zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.

As zonas de livre comércio são formadas por países que fi rmam acordos regionais para reduzir ou eliminar barreiras alfandegárias, sejam tarifas de impostos de importação ou medidas restritivas que difi cultam a circulação de mercadorias. Com isso busca-se estimular o comércio entre os membros signatários do acordo.

A união aduaneira visa à eliminação das barreiras alfandegárias para as importações originárias de dentro da área, bem como estabelece um procedimento uniforme para os produtos importados de países fora da área, adotando uma política tarifária comum nestes casos.

O mercado comum não admite restrições aos fatores de produção, tais como capital e trabalho. Além da livre circulação de mercadorias e da implantação de uma tarifa externa comum, há a livre circulação de capitais, serviços e pessoas.

A união econômica e monetária, além de incorporar todas as características dos blocos anteriores, introduz uma moeda única, padroniza políticas monetárias comuns, tais como taxa de câmbio, juros, nível de endividamento e infl ação, as quais são administradas por um banco central único.

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Os Tratados ou Acordos Internacionais podem ser entendidos então como convenções consensuadas entre dois (acordos bilaterais) ou mais países (acordo multilateral), que orientam suas relações comerciais de forma a priorizar o intercâmbio entre eles em detrimento da entrada de produtos dos demais.

Os acordos são fi rmados pelos respectivos governos, podendo ser alterados por negociações entre as partes contratantes. Nessas ocasiões, são assinados Protocolos Adicionais (que incluem novas disposições ou produtos) ou Modifi cativos (que corrigem disposições existentes), cujos termos passam a fazer parte do acordo inicialmente fi rmado.

Ao negociarem um acordo, os países objetivam ampliar o acesso de seus produtos aos mercados externos, via preferências tarifárias, ou seja, redução do imposto de importação no mercado do parceiro.

Acordos de preferência tarifária dão acesso privilegiado a um mercado, aplicáveis às importações de determinado país em relação ao resto do mundo, em forma de redução parcial ou total dos impostos de importação. A preferência tarifária, normalmente, é estabelecida por meio da concessão de uma margem de preferência, ou seja, de um percentual de redução sobre a alíquota do imposto de importação vigente para terceiros países (não membros do acordo). As preferências podem ainda ser contigenciadas e/ou sazonais. Neste caso, os produtos negociados no acordo têm seus benefícios limitados a cotas (contingentes), expressos em quantidades, volumes ou valor monetário.

Os acordos podem simplesmente visar ao desenvolvimento do intercâmbio comercial entre os participantes; ou, decorrentes de mecanismos de desagravação estabelecidos em etapas mais profundas de integração econômica, objetivar a liberalização do comércio (LOPEZ e GAMA, 2002: p. 109).

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Síntese

Nesta unidade, você pode compreender a evolução do comércio internacional até a formação do mundo globalizado. Estes conhecimentos lhe serão úteis para compreender as principais teorias do comércio internacional, as quais serão objeto de estudo da próxima unidade.

Assim, na seção 1 você estudou que o comércio internacional na antiguidade pouco existia. No Egito, as exportações e importações limitavam-se a artigos de luxo, embora fosse o maior comprador de madeiras para a construção de palácios. O comércio exterior se intensifi cou com a civilização mesopotâmia, em função da característica dos povos Fenícios, que foram notáveis navegadores e instalaram postos de vendas em diversos pontos da Europa. No entanto, foram os Gregos, no século VII a.C, que introduziram a moeda de metal para pagamento nas suas transações comerciais.

Na idade média (seção 2) fl oresceram as civilizações muçulmanas (árabe-islâmicas) e bizantinas. A cidade de Constantinopla se tornou importante centro comercial bizantino, servindo de entroncamento principal das rotas comerciais marítimas e terrestres entre a Ásia e Europa, fazendo com que a moeda bizantina tivesse ampla aceitação nos mercados conhecidos. Com o império Islâmico, cresceram importantes centros urbanos como Damasco, Bagdá, Cairo, e a cidade de Córdoba, na Espanha, trazendo para o Ocidente novas culturas agrícolas como a cana-de-açúcar e a laranja, bem como técnicas de produção de ferro e aço. Na Europa, as cruzadas estimularam o comércio com o Oriente e fez dos Europeus, grandes mercadores. Com isto surgem as feiras internacionais e os trocadores de moedas que, com o tempo, se tornaram os primeiros banqueiros. A intensa movimentação comercial da época intensifi cou o uso do dinheiro.

Dada a insufi ciência de moedas, criaram-se novos recursos fi nanceiros como as letras de feiras, letras de câmbio, de créditos, comumente usadas por cambistas e banqueiros.

Na seção 3 você estudou que o crescimento acelerado do comércio internacional se deu como conseqüência natural

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da expansão geográfi ca do mundo, ocasionada pelas grandes navegações marítimas do século XV. Este período torna-se o marco referencial do comércio internacional e início do processo que se denomina globalização.

A expansão marítima trouxe um período de grande fl orescimento comercial com a acumulação de lucros, consolidação do poder real e conseqüente implantação das poderosas monarquias nacionais, implantação e desenvolvimento do projeto colonial, mudança do pólo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico, fi xação do valor das moedas e sua difusão por toda Europa e o desenvolvimento do capitalismo comercial (mercantilismo). A atuação no comércio internacional se tornou decisiva para países desprovidos de colônias ou senhores de possessões econômicas. Tornou-se necessário para todos os países manterem balanças comerciais favoráveis, isto é, evitar que suas importações superassem as exportações, já que as manufaturas inglesas eram mais caras que os produtos agrícolas. A solução encontrada foi o monopólio comercial, isto é, a compra e venda de mercadorias exclusivas por governos ou através das companhias de comércio criadas pelo soberano para este fi m. As companhias de comércio foram importantes elementos da expansão colonial das potencias européias e se tornaram os primeiros modelos de sociedades comerciais por ações.

Na seção 4 você pôde observar que o capitalismo passou por trinta anos de contínuo crescimento e pleno emprego, sobretudo nos países desenvolvidos. Este crescimento foi fruto da aceitação da intervenção reguladora do Estado na economia que iniciou no período do New Deal americano, após a crise de 1929. O crescimento da economia mundial que se deu após a segunda grande guerra, deve-se a fatores, tais como: estabilidade econômica e maior liberdade de comércio resultantes dos acordos fi rmados em 1944 e a atuação das organizações criadas nesta ocasião, tais como o GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o FMI – Fundo Monetário Internacional e o BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento e a atuação das empresas multinacionais. Cabe destacar que o rápido crescimento do comércio internacional do pós-guerra em muito se deve à criação do GATT, em 1947, que tinha como objetivo reduzir as barreiras comerciais (tarifárias e não-tarifárias). Como resultado, a economia mundial tornou-se interdependente e a

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reação foi a formação de blocos econômicos como uma tentativa de reduzir as barreiras comerciais em escala regional, em busca de mercados.

Você estudou ainda que o processo de integração das economias mundiais através de modelos de internacionalização representam as características da expansão mundial em determinados períodos históricos. Desta forma, você pôde observar:

o modelo de internacionalização colonial explorador, que se caracteriza pela busca e colonização de novas terras para ter acesso a matérias primas, a fi m de abastecer as metrópoles;

o modelo de internacionalização da produção, que se caracteriza pela instalação de fi liais das empresas estrangeiras nos territórios recém soberanos, como contrapartida para obterem vantagens de acesso às matérias primas, mão-de-obra barata e redução de tributos;

o modelo de internacionalização dos processos, que consiste na decisão das multinacionais de fragmentarem o processo de produção, passando a produzir partes e não a totalidade dos produtos em países que ofereçam vantagens competitivas.

Na Seção 6, você pode compreender que os acordos econômicos são fruto de tratados internacionais. Ao negociarem um

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acordo internacional, os países objetivam ampliar o acesso de seus produtos em mercados externos através margens de preferências, ou seja, de reduções de impostos de importação que privilegiam as importações originárias de um determinado país em detrimento do resto do mundo. A preferência tarifária é estabelecida como um percentual de redução sobre a alíquota de importação vigente para países não-membros do acordo. Você viu também que os acordos podem também visar ao intercâmbio comercial até a liberação total do comércio, dependendo das etapas de integração.

Atividades de auto-avaliação

1) Conforme você pode compreender, na antiguidade foram introduzidas as moedas como forma de pagamento nas transações comerciais. Na Idade Média, o uso do dinheiro foi intensifi cado e, dada a sua insufi ciência, foram criadas outras modalidades de pagamento, tais como as letras de feira, letras de câmbio e de crédito. Quais as formas de pagamento utilizadas atualmente no comércio, que você consegue distinguir?

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2) Você pôde verifi car, nesta unidade, que o comércio internacional teve suas origens com as civilizações antigas, intensifi cou-se com as grandes navegações marítimas e integrou todas as economias. Inicialmente foi local, depois regional e, fi nalmente, internacional. Elabore um conceito que melhor defi na comércio internacional para você.

3) Até que ponto o crescimento do comércio internacional contribui para o desenvolvimento das sociedades modernas?

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Unidade 1

Saiba mais

Visite este site na internet e conheça algumas curiosidades sobre as moedas antigas.

http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br

DIAS, Reinaldo. Sociologia do comércio exterior. Campinas, São Paulo: Editora Alinea, 1997.

SANCHES, Inaiê. Para entender a internacionalização da economia. São Paulo: Editora Senac, 1999.

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2UNIDADE 2

Teorias do comércio exterior

Objetivos de aprendizagem

Distinguir as principais teorias de comércio exterior.

Refl etir sobre os benefícios do comércio internacional.

Diferenciar comércio internacional e comércio exterior.

Compreender a importância do comércio exterior.

Seções de estudo

Seção 1 Teorias clássicas do comércio internacional.

Seção 2 Teorias modernas de comércio internacional.

Seção 3 Conceito de comércio internacional.

Seção 4 Benefícios do comércio internacional.

Seção 5 Princípios e fundamentos do comércio internacional.

Seção 6 Conceito de comércio exterior.

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Para início de estudo

Como você pôde compreender na unidade anterior, o comércio de mercadorias é uma atividade milenar, cujos primeiros registros encontram-se na civilização dos Fenícios, cerca do ano de 2000 a.C. Os antigos mercadores das companhias de comércio apenas ampliaram o fenômeno do comércio global, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento conjunto dos diferentes países, cada qual segundo sua vocação principal.

Nesse sentido, os benefícios do comércio internacional podem ser percebidos nas empresas pela ampliação de mercados consumidores possibilitando aos produtores ganhos de escala e aumento de produtividade; acesso a novos fornecedores de insumos e matérias primas, além da possibilidade de obtenção de novas tecnologias e novos padrões de produção; criação de novas alternativas de produção concentrando atividades em determinados lugares, fragmentando o processo de produção, aproveitando-se de vantagens comparativas.

No âmbito das nações, podem ser percebidos os seguintes benefícios:

ampliação do fl uxo monetário entre os países;

ampliação do mercado de consumo;

acesso a uma maior diversidade de mercadorias pela oferta de produtos importados;

capacitação tecnológica do parque fabril;

geração de empregos, etc.

Mas como se explica o comércio internacional? O que leva os países a negociar uns com os outros? Em que bases são possíveis as trocas de mercadorias entre os países? De que forma os diferentes países podem obter benefi cio das trocas internacionais?

Examine, a partir de agora, as teorias do comércio internacional e tente responder a estas questões.

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SEÇÃO 1 – Teorias clássicas do comércio internacional

O período mercantilista promoveu o surgimento e desenvolvimento de teorias econômicas voltadas para a intensifi cação das trocas comerciais livres entre os países: isto é o liberalismo econômico. A premissa básica do liberalismo é de que o comércio internacional decorre primariamente das diferenças existentes entre os diversos países, que buscam complementar suas necessidades internas com produtos e serviços de outras regiões do planeta onde ocorrem em abundância.

É que diferentes condições de clima e de solo fazem com que a produção agrícola de um país seja diferente das de outro. Também a diversidade do subsolo de diferentes regiões determinaria que alguns países fossem mais ricos na exploração de alguns tipos de minérios. Esses fatores - clima, solo e subsolo, determinam condições diferentes de produção.

Por outro lado, a divisão do trabalho gera especialização das atividades e determina ganhos de produtividade. Os ganhos de escala pela produção de grandes volumes de forma repetitiva proporcionam reduções de custo.

No contexto do período mercantilista surge a teoria da vantagem absoluta.

Adam Smith, através da publicação da obra Riqueza das Nações (1776) propõe a teoria da vantagem absoluta. Esta teoria parte da seguinte idéia: uma nação exportará um determinado produto, se o produz pelo mais baixo custo. Assim, cada país deveria concentrar-se na produção de mercadorias e produtos que lhes são mais vantajosos em termos de custos e condições de produção, isto é, tirando proveito dos recursos naturais, condições de clima, qualifi cação dos trabalhadores, bem como da localização privilegiada. Em síntese: concentrando-se em produzir aquilo para o que concorrem maiores vantagens.

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Concentrando-se em produzir e exportar aquilo que possui vantagem absoluta, o país cria condições de importar mercadorias das nações que também oferecem vantagens absolutas, pois isto ofereceria vantagens recíprocas. Como resultado, haveria a divisão internacional do trabalho, onde cada país se especializaria em produzir somente mercadorias que tenha melhores condições econômicas de fazer, trocando no mercado internacional os excedentes.

- Para esclarecer melhor, Veja o exemplo a seguir:

Dois países produzem pescados e vestuários com custos diferentes, conforme apresentado no quadro abaixo.

País Custo do Kg de pescado

Custo de uma peça de vestuário

A 3,00 10,00

B 5,00 8,00

Neste caso, conforme Adam Smith, o país A deveria concentrar-se em produzir pescados, o qual possui vantagem absoluta em termos de custos, enquanto o país B deveria concentrar-se em produzir vestuários, porque nisto possui vantagem absoluta.

Assim, ambos os países deveriam concentrar-se em produzir aquilo que sabem fazer melhor, com menores custos, e trocar no mercado internacional estes produtos por aquilo que os outros produzem com melhor vantagem. Como resultado, os países se benefi ciariam do comércio internacional, exportando mercadorias que produzem com vantagem absoluta e importando de onde lhes custará menos.

No entanto, de acordo com Maia (2001), a teoria da vantagem absoluta foi objeto de críticas, pois Adam Smith partiu do princípio de que cada país teria sempre vantagem absoluta em algum produto e considerou que os preços eram determinados principalmente pela quantidade de horas utilizadas (mão-de-obra) durante a produção. Na verdade, o custo das mercadorias é conseqüência de três fatores: natureza (matéria-prima), trabalho (mão-de-obra) e capital (investimentos).

Visão clássica do capitalismo, que

afi rma que o valor da mercadoria

produzida vem do trabalho

aplicado, em que as matérias-

primas têm seu valor próprio, ao

qual será adicionado valor oriundo

do trabalho.

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- Entretanto, o que você acha que aconteceria com os países que não tivessem vantagem absoluta em nenhum produto? Observe o exemplo no quadro a seguir:

Dias necessários para produzir

País 1000 Kg pescado 1000 peças de vestuários

A 90 dias 60 dias

B 100 dias 120 dias

Neste exemplo, de acordo com a teoria das vantagens absolutas, não poderia haver comércio entre esses países, porque o país A produz pescados e vestuários em condições melhores que B.

Quem trata de responder a esta questão é David Ricardo com a Teoria da Vantagem Comparativa, formulada em 1817.

De acordo com o raciocínio de David Ricardo, o país A deveria transferir os trabalhadores de pescados para o setor de vestuário, onde tem maior vantagem, assim como o país B deveria concentrar seus trabalhadores para produzir pescados, onde possui menor vantagem comparativa.

Desta forma, o país A se especializa em produzir vestuários, com isto compra pescado de B e vende vestuários para B. O país B, fazendo o inverso, se especializa em produzir pescado, com isto compra vestuário de A e vende pescado para A.

Mas como fi caria a relação das trocas neste caso?

No país A é possível trocar 1000 peças de vestuários por 1000 kg de pescados ao custo equivalentes de 90 dias (custo do pescado). No país B é possível trocar 1000 kg de peixe por 1000 peças de vestuários ao custo equivalente de 120 dias (custo do vestuário).

Portanto, se A trocar 1000 peças de vestuário por 1000 kg de pescado com B, ao preço de 90 dias, ganha 30 dias. No entanto, se B trocar 1000 kg de pescado por 1000 peças de vestuário com A, ao preço de 90 dias, ganha 30 dias.

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No país A é possível trocar 1000 peças de vestuários por 1000 kg de pescados ao custo equivalentes de 90 dias (custo do pescado). No país B é possível trocar 1000 kg de peixe por 1000 peças de vestuários ao custo equivalente de 120 dias (custo do vestuário).

Compare como fi caria a situação dos custos internos e os resultados:

o país A, tanto faz comprar no mercado interno quanto no mercado externo, que o ganho será o mesmo, 30 dias;

o país B perde 10 dias na venda de pescado para A, mas ganha 30 dias pelas compras de vestuários

de B, resultando num ganho real de 20 dias.

Neste caso o comércio entre os dois países pode ser realizado, porque a vantagem absoluta de A em produzir vestuários supera a falta de vantagem na troca de pescados.

David Ricardo propôs a teoria da vantagem comparativa em 1817, formulando o princípio dos custos comparativos, buscando explicar os mecanismos que defi niriam a escolha dos produtos a serem produzidos e comercializados entre os países, preservando a vocação individual e a busca da produtividade sistêmica.

Se um país pode produzir duas mercadorias a custo mais baixo do que outro, mas se a vantagem em produzir uma mercadoria não é tão grande quanto a obtida pelo outro país, ele pagará ao outro país para importar a primeira mercadoria, exportando a outra em pagamento (CASSAR, 2004).

A teoria de David Ricardo é mais abrangente e apresenta a idéia dos custos relativos, quando compara o custo de produção de uma unidade de uma mesma mercadoria em dois países diferentes. Tanto Ricardo quanto Adam Smith consideraram que os preços eram determinados pela quantidade de horas trabalhadas, deixando de considerar outros fatores como custos de matérias-prima, transportes e investimentos. Mesmo assim, ambos

Compare como fi caria a situação dos custos internos e os resultados:

o país A, tanto faz comprar no mercado interno quanto no mercado externo, que o ganho será o mesmo, 30 dias;

o país B perde 10 dias na venda de pescado para A, mas ganha 30 dias pelas compras de vestuários

de B, resultando num ganho real de 20 dias.

Neste caso o comércio entre os dois países pode ser realizado, porque a vantagem absoluta de A em produzir vestuários supera a falta de vantagem na troca de pescados.

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mostraram que a especialização da produção estimula o comércio internacional e benefi cia o consumidor, porém não responderam à seguinte questão:

O que aconteceria se dois países, na mesma quantidade de horas trabalhadas, obtivessem produções diferentes?

Para responder a esta questão, John Stuart Mill procura evidenciar a efi ciência comparativa através da Teoria da Demanda Recíproca. Observe o exemplo no quadro a seguir:

Produção comparativa de dois países

Insumo de trabalho

(homens/hora)País Produção de

pescadoProdução de

vestuário

10 A 200 Kg 20 peças

10 B 100 Kg 15 peças

Observando o quadro anterior, você pode verifi car que o país A possui vantagem absoluta em ambos os produtos e tem maior vantagem comparativa na produção de pescado. O país B não tem vantagens absolutas nos dois produtos, mas tem menor desvantagem comparativa na produção de vestuários.

Observe as possíveis condições de troca em ambos os países.

No país B, é possível trocar 100 kg de pescado por 15 peças de vestuário, tendo como base 10 homens/hora. No país A, tendo como base 5 homens/hora, consegue-se a mesma produção de 100 kg de pescado, o qual pode-se trocar por 10 peças de vestuário.

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Portanto, se B vender 15 peças de vestuário por 110 kg de pescado, isto é um excelente negócio, pois lhe custam 100 kg de pescado. Da mesma forma, será vantajoso para A, se aceitar receber 15 peças de vestuário por 110 kg de pescado, pois 100 kg de pescado lhe custam 10 peças de vestuário. Veja que é vantajoso para ambos os países.

O país B exportaria vestuários sempre que conseguisse mais de 100 kg de pescado por 15 peças de vestuários, e o país A compraria sempre que consiga, pelo menos, 100 kg de pescado por 10 peças de vestuários. Estes seriam os limites de possibilidade de troca onde, somente dentro destes limites, poderá ser realizado o comércio entre os dois países. É que, à medida que variam as quantidades ofertadas, dentro deste limites, há menor ou maior grau de interesse por parte dos países.

Observe o quadro a seguir:

Considerando os custos internos de pescados e vestuários em ambos os países, para o país A haveria interesse em exportar pescado, sempre que pudesse obter mais de 10 peças vestuários por 100 kg de pescado. Já em B, haverá maior interesse na troca, sempre que puder pagar com menos de 15 peças de vestuário por 100 kg de pescado ou, de outra forma, obter mais pescado por unidade de vestuário.

Valor de condição da trocaP – kg de pescado

V – peças de vestuário

Demanda de A

Grau de interesse

Demanda de B

Grau de interesse

100 P : 10 VNão há interesse em comprar vestuário de B.

Há grande interesse em comprar pescado de A.

100 P : 11VHá interesse, porém pequeno.

Continua grande o interesse.

100 P : 12 V O interesse fi ca maior.Continua grande o interesse.

100 P : 13 V Aumenta o interesse de A. Há interesse de B.

100 P : 14 V Há interesse de A. Há pouco interesse de B.

100 P: 15 VHá grande interesse de A na troca.

Mínimo interesse de B na troca.

100 P : 20 VHá muito grande interesse de A na troca.

Neste caso não há interesse de B na troca.

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Neste sentido, a teoria da demanda recíproca complementa as teorias da vantagem absoluta e a teoria da vantagem comparativa, porque consegue determinar a relação quantitativa de trocas internacionais entre os países.

SEÇÃO 2 – Teorias modernas de comércio internacional

Conforme você viu na seção anterior, as teorias clássicas do comércio internacional tomam como base o custo comparativo-trabalho, porque consideravam o trabalho da mão-de-obra como único fator de produção.

As teorias modernas procuram explicar o comércio internacional pelo custo comparativo-oportunidades, que são diferentes de um país para outro, uma vez que consideram três fatores de produção: natureza, trabalho e capital.

A Escola de Upsala da Suécia é o principal expoente das teorias modernas de comércio internacional, mais conhecida como teoria das proporções dos fatores, formulada pelos economistas Eli Filip Heckscher e Bertil Ohlin (prêmio nobel de economia em 1977). Apesar de controvertida, é considerada a mais importante e infl uente explicação para o comércio, depois da teoria das vantagens comparativas (CARVALHO e SILVA, 2003).

O principal fundamento de Heckscher e Ohlin é que as nações trocam mercadorias, porque não podem comercializar os fatores de produção. Uma nação, na qual o trabalho é relativamente escasso, importa bens cuja função de produção emprega esse fator intensivamente e exporta mercadorias que utilizam capital, seu fator abundante, em maior proporção.

Os custos de uma nação para outra são diferentes em função da disponibilidade dos fatores de produção. A disponibilidade de insumos ou matérias-primas em um país varia de acordo como se encontram na natureza e no território de um país. Diante disso, os custos dos insumos serão mais baratos onde se encontram com maior abundância. Assim, cada país se especializa e exporta o bem que requer utilização mais intensiva de seu fator de produção abundante (CARVALHO e SILVA, 2003).

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A proporção dos fatores natureza, trabalho e capital são diferentes na produção de uma mercadoria para outra, por exemplo, a indústria requer mais capital do que a agricultura, que requer extensões de terras.

Se fosse possível haver completa mobilidade dos fatores entre os países, certamente o trabalho migraria em busca de melhores salários e o capital se deslocaria para onde seu retorno fosse

maior. Esse processo eliminaria as diferenças nas dotações e remunerações relativas dos fatores de produção entre os

países, e, como conseqüência, as nações se tornariam auto-sufi cientes.

No entanto, a mão-de-obra é impossibilitada de mover-se livremente de um país para outro e por isto infl uencia na produção pelo nível de especialização, quantidade disponível e pelas diferenças salariais. A mobilidade do capital também sofre restrições de uma nação para outra em função dos riscos

comerciais, políticos e econômicos que as nações podem oferecer. Dessa forma, os fatores de produção têm difi culdades de serem transferidos de uma nação para outra e por isto afetam as condições de produção dos diferentes países, criando oportunidades para a produção de uma mercadoria com maiores vantagens sobre os demais.

Porter (1989) apresenta a seguinte crítica sobre as teorias clássicas de comércio internacional:

A vantagem comparativa baseada em fatores de produção tem uma atração intuitiva e as diferenças nacionais em custos de fatores infl uíram na determinação dos padrões de comércio de muitas indústrias. Essa opinião condicionou grande parte das políticas governamentais para com a competitividade porque se admitiu que os governos podem modifi car a vantagem de fatores, em geral ou em setores específi cos, por meio de várias formas de intervenção. Certos ou errados os governos têm implementado várias políticas destinada a melhorar a vantagem comparativa em custos de fatores. Os exemplos são a redução das taxas de juros, esforços para conter os custos salariais, desvalorização para afetar os preços comparativos, subsídios, margens de depreciação

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especiais e fi nanciamento de exportação para setores específi cos. Cada uma destas políticas, a seu modo e em diferentes horizontes temporais, visa a diminuir os custos relativos das empresas de um país, em comparação com os custos dos rivais internacionais (p. 12).

Para Porter (1989), os pressupostos da vantagem comparativa dos fatores foram mais persuasivos nos séculos XVIII e XIX, quando muitas indústrias estavam fragmentadas e a produção utilizava mais mão-de-obra e menos especialização. Os países se especializavam em produzir aquilo que possuíam em maior abundância. Os custos de fatores continuam importantes em indústrias dependentes de recursos naturais, indústrias onde a mão-de-obra não-especializada ou semi-especializada é parte predominante nos custos de fabricação e nas indústrias onde a tecnologia é simples.

Em indústrias e segmentos industriais que envolvem tecnologia sofi sticada e empregam mão-de-obra altamente especializada, a vantagem comparativa dos fatores é uma explicação incompleta do comércio.

Após a revolução industrial, no período pós-guerra, quando um número maior de indústrias passou a utilizar intensamente o conhecimento, o papel dos custos de fatores tem pouca importância. Isto porque a tecnologia deu às empresas a capacidade de compensarem os fatores escassos, por meio de novos produtos e processos, por exemplo, materiais modernos como o plástico de engenharia, cerâmicas, fi bras de carbono e silicone, que são feitos de matérias primas baratas e existentes por toda parte. O acesso a fatores abundantes é menos importante em muitas indústrias do que a tecnologia e os conhecimentos para processá-los efetiva ou efi cientemente.

Com a globalização, a competição em muitas indústrias internacionalizou-se, não só nas indústrias de manufaturas, mas cada vez mais nos serviços. As empresas competem no mercado com estratégias globais, buscando componentes e materiais por todo o mundo, onde a oferta é mais barata, e localizando suas atividades em muitas

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nações para aproveitar fatores de baixo custo. A globalização liberta a indústria dos recursos de fatores de uma única nação, pois matérias-primas, partes, peças, componentes, maquinarias e serviços são oferecidos globalmente em condições comparáveis e o capital fl ui internacionalmente de uma nação para outra, proporcionando condições de as empresas criarem vantagens para competirem no mercado global.

Porter (1989) propõe a teoria da vantagem competitiva das nações, tratando de explicar por que algumas nações são sedes de empresas bem sucedidas internacionalmente. Segundo ele, o ambiente próximo da empresa condiciona o seu êxito competitivo. No mercado internacional, são as empresas, e não as nações, que competem, mas cabe às nações proporcionar estímulo à melhoria competitiva e à inovação. O ambiente competitivo é o ambiente ideal, no qual as empresas melhoram e inovam. Os países obtêm êxito em determinadas indústrias, porque o ambiente nacional é mais dinâmico e mais desafi ador e estimula e pressiona as fi rmas, para que aperfeiçoem e ampliem suas vantagens, no decorrer do tempo.

O ambiente no qual as empresas competem, e que promove (ou impede) a criação de vantagens competitivas possui quatro atributos denominados determinantes da vantagem nacional:

condições de fatores;

condições de demanda;

indústrias correlatas e de apoio;

estratégia, estrutura e rivalidade das empresas.

Os determinantes da vantagem nacional atuam como um sistema e condicionam o ambiente da competição em determinadas indústrias. Somados a eles tem-se o papel do acaso e a infl uência do governo.

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Estratégia,

estrutura e

rivalidade das

empresas

Indústrias

Correlatas e

de Apoio

Condições de

Fatores

Apoio

Governo

Condições de

Demanda

Determinantes da Vantagem Nacional

Figura 2.1: Determinantes da vantagem nacional

Assim, as condições de fatores, como trabalho, recursos naturais, capital e infra-estrutura infl uenciam na competitividade das empresas, se o país as dispuser com baixos custos ou de qualidade excepcional.

As condições de demanda infl uenciam a competitividade das empresas, porque a existência de demanda interna de produtos de alta qualidade exige melhores performances das empresas e é transferida aos mercados estrangeiros.

A presença de indústrias correlatas e de apoio, que sejam também competitivas, cria vantagens competitivas para as indústrias ligadas quer pelo fornecimento de insumos, produtos complementares ou pela disponibilização de máquinas e equipamentos com padrões internacionais.

A estratégia, estrutura e rivalidade das empresas é o contexto de concorrência no qual as empresas são criadas e organizadas, que difere de um país para outro e condiciona o grau de agressividade e inovação das indústrias.

O papel do acaso e do Governo. O acaso atua através de acontecimentos ocasionais que modifi cam a posição competitiva, podendo neutralizar ou potencializar vantagens competitivas dos concorrentes em conseqüência de novas e diferentes condições, por exemplo, atos de pura invenção, decisões políticas ou guerras.

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O papel do governo pode infl uenciar cada um dos quatro determinantes, positiva ou negativamente, através dos atos do governo, tais como regulamentações, compras públicas, políticas sociais e econômicas, investimentos em infra-estrutura, apoio ao risco e desenvolvimento tecnológico entre outras.

Nesse sentido o papel da nação é criar ambiente favorável de estímulo à melhoria competitiva e à inovação, proporcionando condições para as empresas ampliarem as vantagens competitivas. Os países têm êxito, quando as circunstâncias nacionais apóiam a busca de estratégias adequadas, exige melhoramentos e inovação e disponibiliza conhecimentos e recursos necessários para modifi car as estratégias e antecipar as necessidades internacionais.

SEÇÃO 3 – Conceito de comércio internacional

Nas seções anteriores, você pôde familiarizar-se com a evolução histórica do comércio internacional e as principais teorias que procuram explicar o que leva os países a comercializar no mercado internacional. Foi possível compreender que as empresas realizam o comércio internacional quando possuem vantagens absolutas ou comparativas em relação aos competidores de outras nações. Por outro lado, cabe às nações oferecer condições que estimulem a competitividade, fazendo uso efi ciente dos determinantes das vantagens competitivas no sentido de criar um ambiente propício para que as empresas tenham êxito. São as empresas que competem no mercado internacional, no entanto a base do comércio internacional são os países.

Historicamente o conceito fundamental do comércio internacional baseou-se nas operações de trocas que existiam entre os países de diferentes culturas e hábitos, onde se dimentou com a evolução dos meios de transporte, alcançando regiões longínquas.

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Observe o conceito de comércio internacional apresentado por Luna (2000):

Fluxo do intercâmbio de bens e serviços entre países ou empresas desses países, resultantes em grande proporção da divisão internacional do trabalho, as leis que regem o comércio internacional, as relações que integram as entidades econômicas internacionais e a harmonização dos interesses dos países entre si no campo do comércio (p. 27).

Na mesma linha de raciocínio, Maluf (2000) apresenta o seguinte conceito:

O comércio internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultantes das especializações na divisão internacional do trabalho e das vantagens comparativas dos países. Os fatores que contribuem para a decisão de inserção em um mercado alvo seria o grau de mobilidade de fatores de produção, natureza do mercado, existência de barreiras aduaneiras, distância e variações monetárias e de ordem legal (p. 23).

No entanto, como ciência da área do comércio, o comércio internacional trata dos estudos ligados às transações realizadas entre os países. Estas transações incluem, além das trocas comerciais, as movimentações de capitais entre as nações e seus residentes.

Dessa forma, as transações incluem:

as operações comerciais de exportação e importação de mercadorias e serviços;

os investimentos externos, tanto brasileiros no exterior como estrangeiros no Brasil;

os empréstimos;

as transações sem reciprocidades, isto é os donativos.

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As transações no comércio internacional são realizadas em moedas estrangeiras, também denominadas divisas. Em geral, o dólar americano. A entrada ou saída de divisas, realizadas de um país com os demais, são contabilizadas no balanço de pagamento.

Balanço de pagamentos, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), é o registro sistemático das transações econômicas entre os residentes e não-residentes de um país durante determinado período de tempo.

Através das contas do balanço de pagamento, é possível se conhecer a situação econômica em que se encontra um dado país em relação aos demais. Observe o exemplo:

Se, num dado período, houve um maior volume de saída de moedas estrangeiras para o exterior por conta de pagamento de importações, ou porque o país investiu no exterior, ou porque houve remessa de donativos, isto signifi ca que o país se apresenta em uma situação defi citária, ou seja, está saindo mais moedas, do que entrando. Neste caso, o país tem necessidade de obter moedas estrangeiras.

As formas regulares de obtenção de moedas estrangeiras no comércio internacional podem ser através:

do aumento das exportações, ou;

da atração de investimentos estrangeiros, ou;

da obtenção de empréstimos no exterior.

Para solucionar o problema de saída de divisas, o país poderia estimular as exportações, trocando mercadorias por moedas estrangeiras, ou atrair o ingresso de moedas através de investimentos estrangeiros, ou obter empréstimos em moedas estrangeiras através do FMI ou de bancos internacionais. Cada uma destas medidas tem um ônus. Empréstimos demandam

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pagamentos de juros. Investimento estrangeiro demanda a remessa de lucros, e a exportação, em geral, demanda tempo, neste caso o de menor ônus.

Numa situação inversa, quando ocorre um ingresso maior de divisas do que saídas, isto signifi ca que o país se apresenta uma situação superavitária. Embora pareça uma situação positiva, pelo fato de dispor de maior quantidade de moedas estrangeiras, quando excessiva ela provoca efeitos indesejáveis nas economias dos países, tais como depreciação da moeda, aumento dos gastos do governo para manter as taxas de câmbio e, com isto, o aumento da base monetária, o que tende a gerar infl ação pelo aumento de papel-moeda em poder do público.

Portanto os saldos do balanço de pagamento devem ser mantidos ao longo do tempo nivelados, isto é, manter os débitos e créditos iguais. Com isto, o mercado de moedas não é afetado, restringindo-se entre os compradores, os importadores e os emitentes de ordens para o exterior, e os vendedores que são os exportadores e os benefi ciários de ordens do exterior.

Dessa forma, o balanço de pagamentos serve para informar como o país se comporta em suas transações com o exterior. Serve, também, como um instrumento de tomada de decisão governamental para corrigir os problemas relativos às transações com o exterior, bem como para medir os efeitos destas decisões.

Saldos do balanço de pagamento

Nivelado: quando o volume de entrada de divisas for igual ao volume de saída de divisas.

Superávit: quando o volume de entradas de divisas for maior que o volume de saídas.

Défi ct: quando o volume de saídas de divisas for maior que

o volume de entrada.

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Seção 4 – Benefícios do comércio internacional

O comércio internacional é uma via de duas mãos. Isso porque as vendas são representadas pelas exportações; e as compras, pelas importações. O comércio internacional é uma necessidade, porque, além da divisão internacional do trabalho, existe uma desigual distribuição das jazidas minerais no planeta, diferenças de solos e climas, o que diversifi ca a produção agrícola dos países, e também porque existe uma diferença de estágio no desenvolvimento dos países (MAIA, 2001).

Através do comércio internacional, os países podem exportar produtos os quais possuem vantagens absolutas ou comparativas e adquirir aqueles produtos os quais têm limitações em produzir. Nesse sentido, o comércio internacional deve ser visto como complementar para o desenvolvimento dos países e do padrão de vida e conforto das populações.

As trocas internacionais permitem ao país obter desenvolvimento científi co, tecnológico, mão-de-obra especializada e infl uências para o desenvolvimento de fl uxos comerciais importantes.

Seção 5 – Princípios e fundamentos do comércio internacional

Com o fi nal da Segunda Guerra Mundial, em 1945, estabeleceu-se a nova ordem mundial onde foram lançadas as bases de um novo sistema internacional, constituído pelos organismos internacionais criados desde então, tais como a Corte Internacional de Justiça, a Organização das Nações Unidas, o GATT, que mais tarde consolidou-se na Organização Mundial do Comércio. Embora, existam inúmeros exemplos de aplicação de normas do Direito Internacional nestes foros, ainda está longe de alcançar um estágio totalmente satisfatório.

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Por isso, os tratados internacionais são os únicos mecanismos por meio dos quais as nações soberanas podem, consciente e efetivamente, criar o Direito Internacional. Os tratados são de natureza voluntária e, por isto, nenhum país poderá ser obrigado às condições que nele são determinadas, sem que dele seja signatário, da mesma forma que um tratado somente terá validade para um país contra os demais, se dele forem signatários (SOUZA, 2003).

No comércio internacional, o costume tem sido sistematicamente aceito como fonte do direito internacional (lex mercatoria), embora os hábitos e costumes das nações sejam diferentes. Mesmo assim, o comércio internacional rege-se pela prática e os costumes desenvolvidos ao longo do tempo, procurando dirimir as controvérsias através da negociação e, em casos extremos, pela arbitragem.

Sob o ponto de vista teórico, o Comércio Internacional objetiva o melhor bem-estar dos povos através do aumento de sua renda real propiciada pelo livre intercâmbio de bens e serviços. De certa forma, um país tende a exportar o que produz em excedente e importar mercadorias e serviços cuja produção é insufi ciente ou inexistente no território nacional.

Em tese, um país só poderia importar o mesmo volume do montante que exporta e dessa forma manter em equilíbrio de sua balança comercial.

Como você já estudou na seção anterior, um país necessita de divisas para importar, ou seja, moedas estrangeiras. Elas podem ser geradas das seguintes formas:

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Observe conforme mencionado na seção 3, que as transações internacionais que um país realiza com os demais é contabilizada no Balanço de Pagamento. O Balanço de Pagamentos inclui a contabilização dos investimentos externos, os empréstimos, os donativos e as operações comerciais de exportação e importação, isto é a Balança Comercial. Na Balança Comercial são contabilizadas todas as operações comerciais de exportação e importação e apurado o seu saldo que, também, pode ser superavitário ou defi citário. Quando o volume fi nanceiro de operações de importação for maior que o volume fi nanceiro de exportações, têm-se o saldo defi citário. O superávit é alcançado quando o volume fi nanceiro de exportações é maior que o volume fi nanceiro de importações.

Portanto, note que o Balanço de Pagamento de um país contém a Balança Comercial

através das entradas de pagamentos de exportações;

por empréstimos externos, ou ;

investimentos externos no país.

Os desequilíbrios de comércio, tanto défi cit como superávits, ocasionam efeitos indesejáveis nas economias dos países. O desequilíbrio superavitário pode ocasionar valorização excessiva da moeda nacional, encarecimento dos produtos de exportação, aumento dos custos das matérias primas internas, aumento adicional dos custos de frete internacional em virtude do desequilíbrio de oferta de equipamentos e retaliações por parte de países em défi cit comercial.

O desequilíbrio por défi cit implica maior procura de moeda estrangeira para pagamento de importações e, com isso, valorização da moeda estrangeira. Desequilíbrios Defi citários devem ser cobertos por aumento das exportações, empréstimos ou investimentos externos. Estes últimos demandam, respectivamente, custos de juros e remessas de lucros para o exterior, além infl uenciarem no aumento dos juros internos, desvalorização da moeda, aumento da infl ação, queda de preços internacionais. Como aspecto favorável, valoriza a moeda estrangeira o que, como conseqüência, estimula a exportação.

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Existe uma máxima nas transações internacionais de que, em longo prazo, deve existir reciprocidade no comércio entre os países, isto em razão de que não é de interesse de qualquer país, a exportação de sua poupança, o endividamento e a perda de reservas cambiais. Dessa forma, as relações comerciais entre países é caracterizada pela manutenção a longo prazo de um equilíbrio entre o volume de exportação e importação.

Observe o exemplo a seguir:

Supondo a existência somente do comércio exterior do Brasil com a Argentina: se o Brasil exporta mais mercadoria para a Argentina do que esta exporta para o Brasil, ocorre uma balança de comércio favorável para o Brasil e um défi cit nas contas da Argentina. Esta situação passa a infl uenciar os seguintes aspectos:

Efeito fretes - Os fretes internacionais tendem a aumentar, porque os equipamentos de transportes fl uem do Brasil para a Argentina com mercadorias e retornam vazios;

Efeito taxas de câmbio - No Brasil ocorreria um excesso de moedas estrangeiras pela diferença do volume de exportação e importação e, como conseqüência, o preço da moeda estrangeira (taxa de câmbio) cairia;

Na Argentina ocorreria maior demanda de moedas estrangeiras para pagamento de importações, fato este que, de início, alteraria o preço da moeda estrangeira. Neste caso, a Argentina seria obrigada ou a aumentar suas exportações, exigindo que o Brasil importasse mais ou, a tomar empréstimos no estrangeiro ou, a atrair investimentos externos. Outras possibilidades seria o aumento dos impostos de importação, ou a adoção de medidas protecionistas limitando as quantidades importadas, por exemplo.

Via de regra as exportações são isentas de impostos segundo os princípios da tributação. O princípio da tributação é uma prática usual de comércio internacional, a qual determina que toda tributação decorrente da circulação internacional de mercadorias e serviços deve ocorrer no país de destino. Assim, as importações é que são taxadas de impostos que permitem

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aos governos arrecadarem mais e, de certa forma, controlar o comércio exterior, enquanto que as exportações são livres de impostos, pois não se exporta impostos.

Seção 6 – Conceito de comércio exterior

Na seção anterior, você pode perceber que o comércio internacional trata das transações realizadas entre os países.

As transações realizadas pelos países são de natureza comercial e fi nanceira, tais como os empréstimos e investimentos. Dessa forma, o comércio exterior está contido no comércio internacional de um país, no contexto das transações comerciais.

Souza (2003: p. 37), conceitua o comércio exterior como:

A prática do comércio exterior pode ser conceituada como o intercâmbio de mercadorias e serviços entre agentes econômicos que operam sob a égide da legislação nacional. Na prática do comércio exterior, ocorre o envolvimento das transações comerciais de cunho totalmente capitalista, sem a participação direta do governo nas operações comerciais, funcionando tão somente como normatizador e controlador das operações comerciais entre as empresas de diferentes países. Estas atividades e relações comerciais desenvolvidas pelas empresas comerciais constituem-se objeto de regulamentação pelo Direito Internacional Privado.

Por sua vez, Luna (2000) conceitua comércio exterior como:

Atividade de compra e venda internacional de produtos ou serviços. Importação e exportação de um país ou de uma empresa. Do comércio exterior participam empresas de pequeno e grande porte, muitas delas chamadas Trading Companies que gozam no Brasil, de um estatuto especial (p. 27).

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Para Maluf (2000: p. 23) o comércio exterior “é a relação direta de comércio entre dois países ou blocos. São as normatizações com que cada país administra seu comércio com os demais, regulando as formas, métodos e deliberações para viabilizar este comércio”.

Portanto comércio exterior é a forma pela qual um país se organiza em termos de políticas, leis, normas e regulamentos que disciplinam a execução de operações de importação e exportação de mercadorias e serviços com o exterior.

O comércio exterior contempla as operações comerciais de exportação e importação.

Exportação

Exportação é a saída de mercadoria nacional ou nacionalizada do território aduaneiro brasileiro. Esta saída está baseada em especialização do país na produção de bens para os quais tenha maior disponibilidade de fatores produtivos, garantindo excedentes exportáveis. A exportação implica entrada de divisas.

Segundo Lopes e Gama (2002: p. 175-176), o conceito de exportação pode ser visto sob os aspectos comercial, aduaneiro e cambial.

A exportação de mercadorias sob o aspecto comercial se confi gura quando a mercadoria é disponibilizada ao comprador estrangeiro em local e prazo estipulados em contrato de compra e venda internacional. O local de entrega é chamado de fronteira comercial, onde em tempo aprazado ocorre a transferência de riscos e danos do vendedor para o comprador.

Sob o aspecto aduaneiro, a exportação ocorre com a saída da mercadoria do território aduaneiro, que compreende todo o território nacional. No entanto, a compreensão de saída da mercadoria varia em função do modal de transporte utilizado.

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Nos transportes aéreo e marítimo, considera-se a saída para o exterior o ingresso da mercadoria no veículo de transporte internacional. No transporte terrestre (rodoviário ou ferroviário), quando do cruzamento da fronteira.

Sob o aspecto cambial, a exportação acontece com o ingresso das divisas pertinentes ao pagamento da exportação no estrangeiro, isto é, com a liquidação do contrato de câmbio.

Importação

Importação é a entrada de mercadorias em um país, procedente do exterior, a qual se confi gura, perante a legislação brasileira, no momento do desembaraço aduaneiro.

Sob o aspecto comercial, no entendimento de transferência de propriedade, a importação se realiza com o recebimento da mercadoria pelo comprador no local designado no exterior, de acordo com as cláusulas do contrato de compra e venda. Para fi ns cambiais, a importação representa uma saída de divisas.

Síntese

Você estudou que as teorias clássicas do comércio internacional compreendem a teoria da vantagem absoluta, a teoria das vantagens comparativas e a teoria da demanda recíproca.

A teoria da vantagem absoluta tem como princípio que um país exportará aquelas mercadorias as quais tem condições de produzir com menores custos que os demais países. Por isto, deverá se concentrar em produzir os produtos os quais têm melhores vantagens em termos de custos e condições de produção, tirando vantagens dos recursos naturais e da mão-de-obra; e importar no mercado internacional os produtos dos países que ofereçam também vantagens absolutas.

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Para a teoria da vantagem comparativa, haverá condições de comércio internacional para os países que não possuem vantagens absolutas, quando estes transferem os trabalhadores para produzir os produtos que ofereçam maiores vantagens ou menores vantagens comparativas.

A teoria da demanda recíproca complementa as teorias da vantagem absoluta e a teoria da vantagem comparativa, determinando a relação quantitativa de trocas internacionais entre os países através da verifi cação das possibilidades e dos limites de trocas, dentro dos quais haveria maior ou menor interesse dos países em comercializar no mercado internacional.

As teorias clássicas do comércio internacional tomam como base para explicar o comércio as diferenças de custos comparativos do trabalho como único fator de produção, enquanto que as teorias modernas consideram com maior amplitude que os custos de uma nação para outra são diferentes em função da disponibilidade de fatores de produção, tais como natureza, trabalho e capital. Estes fatores seriam aplicados na produção em proporções diferentes nas diferentes nações, por isso o nome da teoria da proporção dos fatores.

A principal crítica das teorias das vantagens dos custos comparativos dos fatores é apresentada por Porter. Segundo ele, os custos dos fatores são importantes para as indústrias de baixa tecnologia e de alto conteúdo de mão-de-obra. Em indústrias onde a tecnologia e o conhecimento são os insumos principais, o acesso aos fatores abundantes é menos importante, isto porque a tecnologia deu condições de as empresas terem acesso a novos produtos e processos. Com a globalização, as indústrias se libertaram dos recursos de fatores de uma única nação, pois os insumos e serviços são oferecidos globalmente em condições comparáveis, e o capital fl ui internacionalmente de uma nação para outra, proporcionando condições de as empresas criarem vantagens para competirem no mercado global.

A teoria da vantagem competitiva trata de explicar que alguns países são sede de empresas competitivas internacionalmente, porque proporcionam um ambiente próximo da empresa, que condiciona o seu êxito competitivo. Os países obtêm êxito em determinadas indústrias, porque o ambiente nacional é mais dinâmico e mais desafi ador e estimula e pressiona as fi rmas para

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a melhoria e inovação que aperfeiçoam e ampliam as vantagens das empresas no decorrer do tempo. São as empresas que competem no mercado internacional, no entanto são os países as bases do comércio internacional.

O comércio internacional proporciona condições das nações complementarem suas economias, exportando mercadorias e serviços os quais possuem melhores condições competitivas, isto para que possam adquirir aqueles produtos para os quais possuem desvantagens de fatores. As trocas internacionais não permitem relação de desequilíbrio por um longo tempo, sob pena de ocasionar efeitos indesejáveis para as economias dos países.

Você pôde compreender que enquanto o comércio internacional, como ciência comercial, trata de estudar as relações entre os países, o comércio exterior é uma forma como um país se organiza em termos de leis, regulamentos que disciplinam as operações de importação e exportação.

Agora que você está fi nalizando esta unidade, você deve se sentir mais confortável para responder às questões formuladas no início.

Atividades de auto-avaliação

A partir do conteúdo estudado nesta unidade, responda às questões a seguir, comentando cada uma delas a partir da sua compreensão.

1) Segundo as teorias clássicas, como se explica o comércio internacional?

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2) O que leva os países a negociarem uns com os outros?

3) Em que bases são possíveis as trocas de mercadorias entre os países?

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4) De que forma os diferentes países podem obter benefício das trocas internacionais?

Saiba mais

MAIA, Jaime de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. São Paulo: Atlas, 2001.

CASSAR, Maurício. Uma análise das teorias clássicas de comércio exterior. In: DIAS, Reinaldo. RODRIGUES, Waldemar. Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Altas, 2004.

PORTER, Michael. A vantagem competitiva das nações. 5ª. ed. Trad. Waltensir Dutra. São Paulo: Editora Campus, 1989.

SMITH,. Adam. A riqueza das nações, Volume 1. Tradução Alexandre Amaral Rodrigues, Eunice Ostrensky. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

SMITH, Adam. A riqueza das nações, Volume 2. Tradução Alexandre Amaral Rodrigues, Eunice Ostrensky. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

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3UNIDADE 3

Sistemas e regras uniformes do comércio internacional

Objetivos de aprendizagem

Reconhecer os organismos internacionais e suas funções.

Familiarizar-se com as regras usuais do comércio internacional.

Classifi car mercadorias no sistema de designação internacional de mercadorias.

Distinguir os termos de comércio exterior nos contratos de compra e venda.

Seções de estudo

Seção 1 Organismos internacionais.

Seção 2 Regras uniformes do comércio internacional.

Seção 3 Créditos documentários.

Seção 4 Nomenclatura internacional de mercadorias.

Seção 5 Incoterms.

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Para início de estudo

Nesta unidade, você irá conhecer a estrutura e as regras usuais que dão suporte ao desenvolvimento do comércio internacional.

Ainda durante a Segunda Grande Guerra Mundial, os países que formavam a aliança democrática na luta contra o nazismo reuniram-se na Conferência Internacional de Bretton Woods – New Hampshire (USA), sob a liderança dos Estados Unidos e do Reino Unido, em julho de 1944, com o propósito de criar uma nova estrutura econômica mundial para o período pós-guerra.

O intuito era de fomentar o intercâmbio mundial por meio do livre comércio, em virtude de que, durante a década de 30, alguns governos vinham adotando práticas restritivas através da imposição de barreiras comerciais. Por outro lado, também era necessário garantir investimentos para os países destruídos pela guerra, bem como propiciar auxílio econômico aos países que possuíam problemas de balanço de pagamento (LOPES e GAMA 2002: p. 87-97).

Durante a conferência de Bretton Woods, foram criados o Banco Mundial - BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento) e o Fundo Monetário Internacional - FMI, como órgãos disciplinadores dos fl uxos fi nanceiros e, também, iniciaram-se as discussões sobre a criação da Organização Internacional do Comércio - OIC, estrutura institucional para coordenação dos fl uxos globais de comércio. A OIC seria o terceiro organismo e seria fi liado à Organização das Nações Unidas - ONU, integrando o sistema regulador das relações econômicas internacionais.

Mesmo enquanto aguardavam a criação da OIC, 23 países, dentre os quais o Brasil, iniciaram, em 1946, negociações, com vistas a impulsionar a liberalização do comércio e estabeleceram um conjunto provisório de normas e concessões tarifárias, que foi denominado Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT (General Agreement on Tarifs and Trade), assinado em 1947. O GATT entrou em vigor em 1948.

Durante a Conferência Internacional de Havana (1947-1948), foi assinada a Carta de Havana, a qual criava a OIC. Em virtude de não haver consenso por parte da maioria das Nações participantes

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desta convenção, o documento não foi ratifi cado pelo Congresso dos Estados Unidos em 1950, porque se temia que a OIC restringisse a supremacia comercial dos EUA e, com isto, o projeto de criação da OIC não se concretizou.

Fracassada então a OIC, o GATT se tornou o instrumento que, de fato, regulamentou as relações comerciais entre os países, por mais de quatro décadas. Ao fi nal da rodada de negociações do Uruguai, em 1994, é criada a Organização Mundial do Comércio - OMC, que entrou em funcionamento em 1° de Janeiro de 1995, sucedendo assim ao GATT.

O fracasso da criação da Organização Mundial do Comércio fez com que o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) se perpetuasse por cerca de 50 anos, vindo a se tornar mais tarde, em 1995, a Organização Mundial do Comércio (OMC).

SEÇÃO 1 - Organismos internacionais

Nesta seção você irá conhecer um pouco mais as organizações formadas no pós-guerra, que deram sustentação à formação do sistema capitalista e do processo de internacionalização das economias, bem como às regra uniformes do comércio internacional.

O Fundo Monetário Internacional

O Fundo Monetário Internacional - FMI foi criado no âmbito do acordo de Bretton Woods, em 1944, com o objetivo de zelar pela estabilidade fi nanceira do mundo e socorrer, por meio de empréstimos, países em crise econômica (SENE e MOREIRA, 2000, p. 23).

Em maio de 1945, o FMI iniciou suas atividades com 44 países membros e, atualmente, conta com 184 países participantes.

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Para que a paz fosse preservada e a economia internacional crescesse, o FMI foi criado com vistas a estabelecer paridades cambiais rígidas, eliminar os controles cambiais, dar assistência aos países com problemas nos balanços de pagamento e fornecer recursos monetários aos países membros, quando justifi cável.

Qualquer país poderia ingressar no FMI, sendo necessário subscrever cotas de capital compostas de 25% em ouro ou moeda forte e 75% em moeda do próprio país. As cotas eram atribuídas em função de vários indicadores econômicos, tais como a renda nacional, valor do Balanço de Pagamentos e reservas cambiais. De acordo com o sistema de cotas, os países com necessidades econômicas poderiam sacar empréstimos através dos Direitos Especiais de Saque correspondentes às cotas de participação no fundo.

Veja os principais cotistas do FMI

Figura 3.1: Países membros com as maiores cotas.

Fonte: FMI

A implantação da paridade cambial fez com que se voltasse para o padrão-ouro. Este retorno ao padrão-ouro se fez, indiretamente, através do dólar americano, que era moeda conversível em ouro e que merecia muita confi ança. Sua equivalência era de $35 por uma onça de ouro (28,349 gramas). Assim, as moedas dos países participantes fi caram com cotações estáveis em relação ao dólar,

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permitindo uma variação de até 1% para cima ou para baixo. Quando a moeda de um país ultrapassasse esses limites, o Banco Central deste país deveria interferir no mercado, comprando ou vendendo moeda. Qualquer medida de desvalorização cambial dependeria da aprovação do FMI, que seria dada, quando necessária.

Com a fi xação de paridades cambiais, as moedas praticamente não fl utuariam e, assim, seria desnecessário qualquer controle cambial. O FMI prestaria auxílio para os países com desequilíbrios no balanço de pagamento.

As crises de 1971 e 1973 foram responsáveis pelo fi m do sistema de paridades fi xas, porque, desde a década de 50, os Balanços de Pagamentos dos Estados Unidos vinham apresentando défi cits sucessivos e, em 1970, as taxas de juros na Europa eram superiores às do mercado americano. Isto fez com que os capitais migrassem dos Estados Unidos para a Europa. Os mercados mundiais acreditavam que seria iminente a desvalorização do Dólar. O Banco Central da Alemanha exigiu que convertessem o excesso de dólares em seu poder, em ouro. As reservas americanas de ouro já vinham caindo há muito tempo. Os Estados Unidos pleitearam a valorização das moedas européias, para salvar o dólar, mas não conseguiram, e resultou que o dólar não seria mais conversível em ouro e as importações americanas foram sobretaxadas em 10% para conter os défi cits de seu balanço de pagamento. Os bancos centrais da Alemanha e Holanda quebraram as regras de Bretton Woods e deixaram fl utuar suas moedas.

Novo enfoque para o FMI

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (2005), suas fi nalidades estão centradas:

[...] principalmente en la política macroeconômica —a saber, las medidas de política que tienen que ver con el presupuesto público, la gestión de las tasas de interés,

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el dinero y el crédito, y el tipo de cambio— y la política del sector fi nanciero, que comprende la regulación y supervisión bancarias y de otras entidades fi nancieras. Además, el FMI presta atención a las medidas de carácter estructural que infl uyen en los resultados macroeconómicos, comprendida la política del mercado laboral que repercute en el empleo y el comportamiento de los salarios. El FMI asesora a los países miembros sobre la manera en que pueden mejorarse las medidas aplicadas en estos sectores para alcanzar de manera más efi caz objetivos tales como un alto nivel de empleo, baja infl ación y un crecimiento económico sostenible , o sea, el tipo de crecimiento que puede mantenerse sin que conduzca a difi cultades como infl ación y problemas de balanza de pagos (p. 5).

Assim, mediante o esforço para fortalecer o sistema fi nanceiro internacional, o FMI, desde 1999, procura, como novo enfoque, acelerar a luta pela redução da pobreza mundial através do estímulo à adoção de políticas bem fundamentadas nos países membros. Com isso pretende estimular o crescimento econômico sustentável, no sentido de que a globalização funcione em benefi cio de todos.

Você sabia:

- que a direção geral do FMI é formada pelos representantes dos países membros;

- que a sede do FMI está localizada em Washington (USA);

- que os recursos fi nanceiros do fundo monetário provêm das cotas subscritas pelos países membros;

- que o FMI examina e supervisiona a evolução econômica e fi nanceira nacional e mundial e assessora os países membros sobre as medidas econômicas que implementam;

- que empresta recursos fi nanceiros em respaldo a políticas de ajuste e reforma que sirvam para corrigir problemas de balança de pagamentos e que fomentem o crescimento sustentável;

- que oferece uma ampla gama de assistência técnica e capacitação aos funcionários públicos e de bancos centrais;

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- que o Direito Especial de Saque (DES) é um ativo de reserva monetária internacional, criado pelo FMI, que serve como unidade de conta. Até 1973, era equivalente a 0,888671 gramas de ouro fi no, correspondente a um dólar americano. Com a fl utuação das moedas, o DES passou a ser determinado pela taxa de câmbio de uma cesta de moedas, integradas pelo Dólar dos EUA, a Libra esterlina da Inglaterra, o Euro e o Yen do Japão?

O Banco Mundial

O Banco Mundial foi concebido durante a Segunda Guerra Mundial, inicialmente com o objetivo de ajudar a reconstruir a Europa após a Guerra. O trabalho de reconstrução permanece como um enfoque importante do Banco Mundial devido aos desastres naturais, emergências humanitárias e necessidades de reabilitação pós-confl itos, mas, atualmente, a principal meta do trabalho do Banco Mundial é a redução da pobreza no mundo em desenvolvimento.

O Banco Mundial é constituído por cinco instituições relacionadas sob uma única presidência.

Banco Internacional para reconstrução e Desenvolvimento – BIRD: tem como fi nalidade proporcionar empréstimos e assistência para o desenvolvimento de países de renda média. Em geral, os fi nanciamentos do Bird são para investimento em infra-estrutura dos países.

Associação Internacional de Desenvolvimento – AID: desempenha um papel importante na missão do Banco, que é a redução da pobreza. A assistência da AID concentra-se nos países mais pobres, aos quais proporciona empréstimos sem juros e outros serviços.

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Corporação Financeira Internacional – IFC: promove o crescimento no mundo em desenvolvimento, mediante o fi nanciamento de investimentos do setor privado e a prestação de assistência técnica e de assessoramento aos governos e empresas.

Agência Multilateral de Garantias e Investimentos – AMGI: ajuda a estimular investimentos estrangeiros nos países em desenvolvimento, por meio de garantias a investidores estrangeiros contra prejuízos causados

por riscos não- comerciais. A AMGI também proporciona assistência técnica para ajudar os países

a divulgarem informações sobre oportunidades de investimento.

Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos – CIADI: proporciona instalações para a resolução - mediante conciliação ou arbitragem - de disputas referentes a investimentos entre investidores estrangeiros e os seus países anfi triões.

O Banco Mundial é uma fonte mundial de assistência para o desenvolvimento, utilizando seus recursos fi nanceiros para auxiliar os países a obterem um crescimento estável, sustentável e eqüitativo.

Entre seus objetivos, procura investir nas pessoas, especialmente por meio da saúde e da educação básicas, proteger o meio ambiente, apoiar e estimular o desenvolvimento dos negócios das empresas privadas, aumentar a capacidade dos governos para prestar serviços de qualidade com efi ciência e transparência, promover reformas para criar um ambiente macroeconômico estável, conducente a investimentos e a planejamento de longo prazo e, fi nalmente, dedica-se ao desenvolvimento social, inclusão, boa governança e fortalecimento institucional como elementos essenciais para a redução da pobreza.

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Você sabia:

- que o Banco Mundial é o maior fi nanciador externo de programas de educação? No Brasil, foram investidos mais de US$2,1 bilhões, contribuindo para que o País atingisse quase 100% de matrícula escolar; que é também um dos maiores fi nanciadores internacionais de projetos de biodiversidade? No Brasil, onde se encontra a maior parte da biodiversidade do mundo, o Banco Mundial está trabalhando em parceira com a sociedade civil e as organizações internacionais em diversos projetos de proteção ambiental, incluindo um programa pioneiro para ajudar a proteger 25 milhões de hectares na Bacia Amazônica;

- que é o líder da luta contra a corrupção no mundo inteiro? Desde 1996, o Banco lançou mais de 600 programas anticorrupção e outros projetos para melhorar a governabilidade em cerca de 100 países-clientes. As iniciativas variam da declaração de bens por funcionários públicos ao treinamento de juízes e de jornalistas na elaboração de reportagens investigativas. Aproximadamente um quarto dos novos projetos abrange agora gastos públicos e reforma fi nanceira. No Brasil, a maior parte da assistência técnica e dos empréstimos setoriais é dirigida ao fortalecimento da governabilidade e da credibilidade pública.

Fonte: Banco Mundial. Dez fatos sobre o Banco Mundial. Disponível em: <www.obancomundial.org>> acesso em 20 de maio, 2005.

Organização Mundial do Comércio

O Acordo Geral de Tarifas e Comércio - GATT foi criado em 1948, com a fi nalidade de estimular o crescimento da economia mundial, mediando negociações de acordos entre os países membros para diminuir as barreiras comerciais.

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Em 1994, no fi nal da rodada do Uruguai, o GATT transformou-se na Organização Mundial do Comércio - OMC e entrou em funcionamento em 1° de Janeiro de 1995. Portanto a OMC compreende todos os acordos e entendimentos concluídos sob a égide do GATT, bem como todos os resultados da Rodada do Uruguai.

A OMC se defi ne como:

[...]la única organización internacional que se ocupa de las normas que rigen el comercio entre los países. Los pilares sobre los que descansa son los Acuerdos de la OMC, que han sido negociados y fi rmados por la gran mayoría de los países que participan en el comercio mundial y ratifi cados por sus respectivos parlamentos. El objetivo es ayudar a los productores de bienes y servicios, los exportadores y los importadores a llevar adelante sus actividades. ( OMC. Qué és la OMC. Disponível em : http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/whatis_s.htm : acesso em 20. Maio. 2005.)

A OMC tem como objetivos:

elevação do nível de vida dos povos;

pleno emprego;

expansão da produção e do comércio de bens e serviços;

melhor uso dos recursos naturais em níveis sustentáveis;

realização de esforços positivos para assegurar uma participação mais efetiva dos países em desenvolvimento no comércio internacional.

Suas funções são:

administrar e aplicar os acordos comerciais multilaterais e plurilaterais, que, em conjunto, confi guram o novo sistema de comércio;

servir de foro para as negociações multilaterais entre os Estados-Membros;

administrar o entendimento relativo às normas e procedimentos que regulam as soluções de controvérsias;

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supervisionar as políticas comerciais nacionais, apontando os temas em desacordo com as regras negociadas;

cooperar com as demais instituições internacionais que participam do fomento de políticas econômicas em nível mundial, a exemplo do Bird e FMI.

As principais diferenças entre o GATT e a OMC é que o GATT era um secretariado de um acordo comercial multilateral que tinha caráter provisório e não continha dispositivo estatutário sobre criação de uma organização. O GATT cuidava, basicamente, do comércio de bens. A OMC regulamenta também outros temas como serviços, investimentos, propriedade intelectual e práticas desleais de comércio (LOPEZ e GAMA, 2002: p. 102).

Câmara de Comércio Internacional – CCI

A Câmara de Comércio Internacional (CCI) se intitula a voz do mundo empresarial. Defende a globalização da economia como força propulsora do crescimento econômico, do emprego e da prosperidade.

As atividades da ICC – International Chamber of Commerce abrangem desde a arbitragem e a solução de confl itos até a defesa do livre comércio, o sistema de economia de mercado, a auto-regulamentação das empresas, a luta contra a corrupção e a luta contra os crimes comerciais.

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A Câmara de Comércio Internacional é um organismo não-governamental, fundado em 1919 e congrega as câmaras de comércio de forma associativa. Visa a aprimorar as relações de comércio mundial através do estabelecimento de regras de comércio. Dessa forma, tem acesso direto aos governos nacionais em todo o mundo, através de sua secretaria em Paris, oferecendo critérios empresariais às organizações intergovernamentais nos assuntos que afetam diretamente as operações empresariais.

A Câmara de Comércio Internacional (CCI) fi xa as regras e padrões do comércio internacional contemporâneo. A utilização do sistema de arbitragem para solução de confl itos comerciais tem aumentado com o estabelecimento dos Regulamentos da Corte Internacional da ICC. As regras e usos uniformes relativos aos créditos documentários (UPC 500) da Câmara de Comércio Internacional, são regras que os bancos aplicam para fi nanciar milhões de dólares no comércio mundial a cada ano. Os Incoterms da ICC são defi nições de cláusulas comerciais internacionais utilizadas cada dia numa infi nidade de contratos. Os modelos de contratos da ICC facilitam a vida das pequenas empresas. Por outro lado, a ICC é pioneira na auto-regulamentação do comércio eletrônico, bem como os códigos de conduta de publicidade e marketing estão sendo com freqüência incorporados às legislações nacionais e aos códigos de auto-regulamentação das associações profi ssionais.

A contribuição da International Chamber of Commerce (ICC) tem sido incontestável no aprimoramento dos padrões de comércio,

estabelecendo as regras uniformes do comércio internacional.

As regras de comércio são feitas através das publicações ou brochuras da Câmara de Comércio Internacional (CCI), que são um conjunto de regras e práticas uniformes de comércio, coletadas

a partir de estudos e avaliações dos usos e costumes dos diferentes países e desenvolvidas a partir de um esforço para proporcionar um melhor entendimento para as práticas de comércio internacional e para dirimir confl itos.

Sobre os Incoterms, você estudará

na última seção desta unidade.

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SEÇÃO 2 - Regras uniformes do comércio internacional

As regras uniformes no comércio internacional visam a dirimir os confl itos de entendimento dos vários termos utilizado nas relações internacionais de comércio.

A uniformização da linguagem permite uma melhor compreensão e entendimento das partes envolvidas nas operações internacionais, incluindo os bancos internacionais intervenientes nas operações de transferências de dinheiro para pagamento de importações e exportação; as aduanas dos países para efeitos de uniformização de procedimentos aduaneiros e agilidade na movimentação de cargas internacionais; os governos nas questões de negociações de acordos preferenciais de comércio; e os exportadores e importadores na compreensão uniforme das regras e práticas usuais de comércio.

Com o intuito de estabelecer um entendimento nas práticas de comércio, nos contratos de compra e venda, foram criados os Incoterms e, para auxiliar as negociações internacionais sob o aspecto de estatísticas de comércio e designação de produtos, foi criado o sistema de classifi cação internacional de mercadorias. No sistema de pagamentos internacionais foram estabelecidas as regras e usos uniformes sobre os créditos documentários (UPC 500).

SEÇÃO 3 - Créditos documentários

Os créditos documentários, conhecidos como cartas de crédito (letter of credit) é uma modalidade de pagamento internacional, utilizada pelos bancos internacionais no pagamento de exportações e importações.

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Os créditos documentários são regidos pela Publicação 500 da Câmara de Comércio Internacional (CCI), em vigor desde primeiro de janeiro de 1994. De acordo com a CCI, a Carta de crédito é um documento bancário emitido por um banco (banco emitente), a pedido de um proponente ou tomador, em geral o importador, comprometendo-se realizar um pagamento em favor do vendedor, denominado benefi ciário, pelo cumprimento dos termos estabelecidos no crédito.

Por ser documentário, o crédito sempre será pago mediante a apresentação de documentos que solicita. Assim, para receber o pagamento a que tem direito, o benefi ciário deve apresentar os documentos aos bancos intervenientes na operação, em fi el acordo com os termos solicitados na carta de crédito, isto porque os bancos não negociam com mercadorias e sim com documentos.

Os documentos solicitados para cumprimento dos termos do crédito são conhecidos como documentos de comércio exterior, usuais nas práticas de comércio internacional, tais como conhecimento de embarque, fatura comercial, apólices de seguros, certifi cados de origem, de peso, inspeção ou certifi cados fi tossanitários.

Cartas de crédito podem ser defi nidas como garantias bancárias de pagamento de exportações e importações, mediante o cumprimento dos termos do crédito.

A utilização da carta de crédito ou crédito documentário, entre outras modalidades de pagamentos internacionais, é recomendada especialmente quando há necessidade de se proteger contra riscos de não-pagamento da operação de importação ou exportação, pois o crédito documentário, além de ser um documento de garantia de pagamento do importador ao exportador, garante o cumprimento de outros itens para ambas as partes, por exemplo: Quando um crédito solicita a apresentação de um certifi cado qualquer, ele está exigindo a garantia para as partes – importador ou exportador - de que uma condição, característica ou qualidade da operação, deve ser cumprida, para então ser liberado o pagamento.

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No caso de uma primeira venda para clientes desconhecidos, é comum se exigir pagamento através de cartas de crédito. É uma forma de o vendedor se garantir de pagamento e o importador se garantir de que as condições de especifi cações do produto, entrega e prazos sejam cumpridos.

Por um lado, o exportador tem a garantia de pagamento condicionado ao cumprimento das exigências do crédito, tais como embarcar dada mercadoria até determinada data, realizar inspeções de qualidade, descrever corretamente as mercadorias, contratar seguro e outros itens, etc. Por outro lado, o importador terá garantia de que a mercadoria embarcada está de acordo com o que foi negociado previamente e que o exportador somente receberá o pagamento se cumprir aquilo que foi estabelecido.

No entanto, você saberia responder o que aconteceria no caso do não- cumprimento de um ou mais itens dos termos do crédito? Registre sua opinião nas linhas a seguir e confi ra a resposta na seqüência!

Quando ocorrem divergências entre o que foi solicitado no crédito e o que foi apresentado nos documentos, isto é denominado discrepância. A ocorrência de discrepâncias impede os bancos de honrar o pagamento do crédito. Diante disso, o pagamento fi ca condicionado à aceitação ou não da discrepância por parte do importador, ou seja, o banco deverá solicitar a concordância por escrito do importador, que pode aceitar ou recusar a discrepância.

Discrepâncias são não-conformidades com os termos do crédito, apresentadas nos documentos de comércio exterior.

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Uma discrepância pode ser apontada pelos bancos, veja o exemplo:

Quando o crédito exigir que, em dado documento, sejam colocadas barras invertidas (\\) e o exportador inadvertidamente colocou barras (//). Isto ocorre, porque o signifi cado dos símbolos pode ser distinto em países diferentes, portanto deve ser respeitado o que foi estipulado no crédito.

Na prática das operações com créditos documentários é comum se estipularem multas consideráveis por cada discrepância apresentada nos documentos, como forma de garantir que os termos do crédito sejam cumpridos fi elmente.

SEÇÃO 4 - Nomenclatura internacional de mercadorias

As primeiras listagens de classifi cação de mercadorias foram estabelecidas de forma simples e se constituíram de listas alfabéticas de produtos e seus correspondentes tributos.

Com a evolução do comércio, surgiu a necessidade de se estabelecer um nível maior de diferenciação de tributos e, por esta razão, as listas tiveram que ser ampliadas.

Com o passar do tempo, houve a necessidade de estabelecer nomenclaturas aduaneiras uniformes, que pudessem garantir, principalmente, uma linguagem aduaneira comum, aceita em nível internacional, e que fosse sistemática, mais abrangente e facilitasse análises e comprovações estatísticas.

As primeiras tentativas de estabelecer uma nomenclatura mundial comum, que atendesse estes interesses, foram as seguintes:

Nomenclatura Estatística Internacional – 1913 – 2ª Conferência Internacional sobre estatísticas;

Nomenclatura Aduaneira da Liga das Nações – 1937 – Genebra.

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Estas nomenclaturas não lograram êxito quanto à normatização e uniformização das nomenclaturas aduaneiras e, por isto, em 1948, a União Aduaneira Européia adotou a Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira, baseada na Nomenclatura de Genebra, tornando-se conhecida, a partir de 1974, pela sigla NCCA.

Esta nomenclatura representou signifi cativo avanço e contribuiu para a centralização da administração, bem como para as medidas de atualização previstas em decorrência do desenvolvimento tecnológico no mundo.

Também em 1948, a liga das Nações Unidas publicou a lista mínima de mercadorias para a estatística do Comércio Exterior, que foi revista pela Comissão de Estatística das Nações Unidas e, entre 1948 e 1950, passou a ser denominada de Classifi cação Uniforme para o Comércio Internacional – CUCI.

Em 1970, o Conselho de Cooperação Aduaneira (atualmente denominado Organização Mundial das Aduanas – OMA) decidiu estudar a possibilidade de adotar um sistema de designação de mercadorias que atendesse os interesses de facilitação do Comércio Internacional . O Conselho concluiu que havia necessidade de se criar um Sistema Harmonizado de codifi cação com base na NCCA e CUCI, surgindo daí o atual Sistema Harmonizado de codifi cação de mercadorias, que entrou em vigor em 1º de Janeiro de 1988.

Sistema Harmonizado de Designação e Codifi cação de Mercadorias - SH

Para que um produto possa usufruir de tratamento preferencial no âmbito de qualquer acordo internacional de comércio, é necessário que esteja classifi cado no Sistema Harmonizado de designação e codifi cação de mercadorias - SH.

O Sistema Harmonizado designa e codifi ca os produtos comercializados internacionalmente, criando uma linguagem uniforme, a fi m de atender tanto interesses aduaneiros quanto estatísticos no comércio internacional.

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Você sabia:

O Sistema Harmonizado foi elaborado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, criado em 1950, com sede em Bruxelas, que, mais tarde, em 1994, passou a denominar-se Organização Mundial das Aduanas - OMA, e entrou em vigor em 1° de Janeiro de 1988.

O SH distribui em 21 seções os produtos comercializados no mercado internacional. Estas são subdivididas em 96 capítulos (do 1 ao 97) e ordenadas numericamente num sistema de 6 dígitos, a partir de princípios lógicos, de acordo com as especifi cidades dos produtos, como por exemplo sua origem (animal ou vegetal), matéria constitutiva, aplicabilidade, dentre outros.

Assim, o sistema proporciona uma estrutura lógica e legal, na qual se agrupam 1.241 posições em 96 capítulos ordenados em 21 seções, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir.

Estrutura do Sistema Harmonizado

Seção Designação e capítulos compreendidos

SEÇÃO IAnimais Vivos e Produtos do Reino Animal

Capítulos 1 a 5

SEÇÃO IIProdutos do Reino Vegetal

Capítulos 6 a 14

SEÇÃO IIIGorduras de Óleos Animais ou Vegetais

Capítulo 15

SEÇÃO IVProdutos das Indústrias Alimentares, Bebidas, Tabaco

Capítulos 16 a 24

SEÇÃO VProdutos Minerais

Capítulos 25 a 27

SEÇÃO VIProdutos das Indústrias Químicas ou Conexas

Capítulos 28 a 38

SEÇÃO VIIPlásticos, Borrachas e suas obras

Capítulos 39 a 40

SEÇÃO VIIIPeles, Couro, obras destas matérias

Capítulos 41 a 43

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SEÇÃO IXMadeiras, Carvão Vegetal e obras de madeira

Capítulos 44 a 46

SEÇÃO XPastas de Madeiras, Celulose, outras madeiras fi brosas

Capítulos 47 a 49

SEÇÃO XITêxteis e suas obras

Capítulos 50 a 63

SEÇÃO XIICalçados, Chapéus, Artefatos de uso semelhante

Capítulos 64 a 67

SEÇÃO XIIIObras de Pedras, Gesso, Produtos Cerâmicos, Cimento, Vidro etc.

Capítulos 68 a 70

SEÇÃO XIVPérolas Naturais, Pedras Preciosas, Metais e suas obras

Capítulo 71

SEÇÃO XVMetais Comuns e suas obras

Capítulos 72 a 83 Obs.: O capítulo 77 está reservado para uso futuro.

SEÇÃO XVIMáquinas e Aparelhos

Capítulos 84 a 85

SEÇÃO XVIIMaterial de Transporte

Capítulos 86 a 89

SEÇÃO XVIIIInstrumentos e Aparelhos de Óptica, partes e acessórios

Capítulos 90 a 92

SEÇÃO XIXArmas e Munições

Capítulo 93

SEÇÃO XXProdutos diversos ( Móveis, Brinquedos, etc.)

Capítulos 94 a 96

SEÇÃO XXIObjetos de Arte, Coleções, Antiguidades.

Capítulos 97 a 99 Obs.: Os capítulos 98 e 99 estão reservados para usos especiais.

Os capítulos são desdobrados em posições e subposições. Os dois primeiros dígitos da codifi cação identifi cam o capítulo. Os dois dígitos seguintes as posições dentro do capítulo e, separado por um ponto, os dois dígitos correspondentes à subposição, conforme pode ser visualizados no esquema a seguir:

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Posição:

Estéreis do ácido de Isobutina 29 25 34

Capítulo

Posição no Capítulo

Subposição

Dessa forma, o código de classifi cação no sistema harmonizado do produto mármore (2515.11), por exemplo, pode ser verifi cada no tarifário, conforme o quadro a seguir:

Seção V Produtos Minerais

Capítulo 25 Sal, enxofre, terras, pedras...

Posição 2515 Mármores...

Subposição de 1° nível 2515.1 Mármores e travertinos

Subposição de 2° nível 2515.11 em bruto ou desbastados

O Sistema Harmonizado de designação de mercadorias permite a compatibilização das diferentes nomenclaturas existentes nos diferentes países, através da uniformização dos seis primeiros dígitos da codifi cação, que são iguais em todo o mundo.

Nomeclatura Comum do Mercosul

Com o Decreto n º 1.767 de 28 de Dezembro de 1995, o Brasil passa a adotar, a partir de 1º de janeiro de 1991, a Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM, como nomenclatura única nas operações de Comércio Exterior, substituindo a antiga NBM.

A adoção da NCM pelos países membros do Mercosul estava prevista pelo tratado de Assunção e segue os mesmo padrões da

Figura 3.2: Estrutura do sistema harmonizado.

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Nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação de Mercadorias, adicionado de mais 2 dígitos denominados item e subitem.

A estrutura padrão da NCM também é composta pelas mesmas 21 seções e 96 capítulos, e a codifi cação fi cou estabelecida com 8 dígitos, sendo que os 6 primeiros identifi cam o sistema harmonizado.

ç

Estéreis do ácido de Isobutina X XXX X X XX

Capítulo

Posição

Sub Posição

Item

Dentro do Mercosul, os produtos, mercadorias e serviços originários dos Estados-Parte circulam livres de tarifas, desde que atendam determinados requisitos para serem considerados originários de um dos Estados-Parte:

a mercadoria deve estar acompanhada do certifi cado de Origem Mercosul;

seja aplicado o regime de origem, ou seja, (Declaração do Produtor) as regras para conferir o caráter originário das mercadorias, os procedimentos para emissão do certifi cado, o modelo deste certifi cado e as sanções para os casos de falsidade e adulteração dos documentos;

Índice de Nacionalização que deverá observar o percentual de 60% de componentes produzidos nacionalmente.

a)

b)

c)

Figura: 3.3: Estrutura da nomenclatura comum do Mercosul.

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O primeiro passo para realizar uma operação de comércio exterior, quer seja importação ou exportação: é necessário classifi car a mercadoria nos códigos da NCM e, daí, identifi car os tratamentos administrativos a serem seguidos.

Regras gerais para classifi cação de mercadorias na NCM

Para efeitos legais, a classifi cação é determinada pelos textos das posições e as notas explicativas que constam no início de cada seção. Sendo assim:

os títulos das seções e capítulos são apenas indicativos;

qualquer referência a um artigo independe do estado em que se encontra, desde que apresente características essenciais;

a posição mais específi ca prevalece sobre a mais genérica;

produto composto de várias matérias primas, classifi ca-se pela que lhe confi ra a característica essencial;

classifi cação pela semelhança;

as embalagens, estojos, quando acompanham o produto, classifi cam-se juntamente com este. Exceto quando sejam de utilização repetida.

Parece um pouco confuso? Então participe das atividades colaborativas propostas no AVA e discuta este tema!

Tarifa Externa Comum

Com a implementação da União Aduaneira prevista no Tratado do Mercosul, foi adotada, além da Nomenclatura Comum do Mercosul, a Tarifa Externa Comum (TEC), implementada, no Brasil, pelo Decreto n° 1.343 de 23 de Dezembro de 1994 e que entrou em vigor a partir de 1995.

a)

b)

c)

d)

e)

f)

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A TEC correlaciona os itens da Nomenclatura Comum do Mercosul-NCM, com os direitos de importação incidentes sobre cada um desses itens (impostos de importação) e se aplica somente às importações provenientes dos países-não-membros.

Mas você saberia responder para que serve a Tarifa Externa Comum? Registre sua opinião nas linhas a seguir e prossiga seu estudo!

Ela serve para relacionar o percentual de imposto de importação a ser pago quando da nacionalização do produto estrangeiro no território nacional, no ato do desembaraço aduaneiro. Ou seja. Se você quer saber quanto de imposto uma determinada mercadoria pagará de imposto de importação, basta consultar a classifi cação da NCM e a correspondente Tarifa Externa Comum.

Note que o percentual de imposto de importação é comum a todos os países do Mercosul. Isto signifi ca que tanto faz importar na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e no Brasil: ela é a mesma.

SEÇÃO 5 - Incoterms

Os Incoterms: trata-se de regras básicas, padronizadas, criadas pela International Chamber of Commerce (ICC), órgão não-governamental, autofi nanciado, mundialmente reconhecido como encarregado de orientar os negócios internacionais, assim como dirimir e resolver eventuais confl itos, controvérsias e litígios, oriundos dos mais diversos contratos de compra e venda celebrados internacionalmente.

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De acordo com a ICC, os Incoterms são defi nidos como termos padrões internacionais de comércio, que estabelecem os níveis de responsabilidades e obrigações do vendedor e do comprador num contrato internacional de compra e venda, no que se refere ao pagamento de transporte, seguro e despesas decorrentes da exportação de mercadorias desde a origem até o destino.

Os Incoterms foram primeiramente publicados em 1936, compreendendo sete termos de comércio.

Desde 1953, foram feitas revisões com o propósito de adaptar os termos de comércio às novas práticas internacionais, especialmente àquelas voltadas às novas práticas de comunicação por processamento eletrônico, racionalizando os termos em relação às diversas modalidades de transporte; e, ainda, para otimizá-los tecnicamente, quanto aos processos de manuseio, embalagem, embarque, desembarque, desembaraço aduaneiro, etc.

Em 1° de janeiro de 2000 entraram em vigor as atuais regras ofi ciais da ICC, através da publicação 560, para a interpretação dos 13 (treze) termos comerciais internacionais utilizadas nos contratos internacionais de compra e venda.

As regras estabelecidas pela publicação 560 da CCI defi nem condições indispensáveis quanto:

à transferência de posse, ou seja, quando e onde a mercadoria estará disponível ao comprador;

ao meio de transporte - quem irá escolhê-lo e quem deverá providenciá-lo;

ao momento em que ocorrerá a transferência de custos e despesas adicionais do vendedor para o comprador.

Para facilitar o entendimento, os Incoterms podem ser divididos em grupos por ordem crescente de obrigações do vendedor, conforme é visualizado na fi gura a seguir.

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Grupo Descrição

E

PARTIDA

incoterm EXW.

Obrigação mínima para o vendedor, que apenas coloca a mercadoria em seu próprio estabelecimento à disposição do comprador.

F

TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO

incoterms FCA, FAS e FOB.

O vendedor entrega as mercadorias a um transportador internacional no local designado, indicado pelo comprador.

C

TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO

incoterms CFR, CIF, CPT e CIP.

O vendedor contrata o transportador, sem assumir riscos por perdas ou danos, bem como por custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. Em alguns casos como os termos CIF e CIP o seguro corre por conta do vendedor.

D

CHEGADA

incoterms DAF, DES, DEQ, DDU e DDP.

O vendedor se responsabiliza por todos os custos e riscos para colocar a mercadoria no país de destino.

Os treze Incoterm são designados por um conjunto de três letras da abreviação da denominação em inglês, a saber:

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Exw – Ex works – Na fábrica

O termo Exw - Ex works signifi ca ‘a partir do local de produção’, ou seja, na fábrica, no local designado de partida.

Neste Incoterm, a obrigação do vendedor é colocar a mercadoria no seu estabelecimento à disposição do comprador, fi cando, por conta e riscos deste, os custos desde o carregamento até o porto de destino.

O vendedor encerra sua participação no negócio, quando acondiciona a mercadoria na embalagem de transporte e a coloca disponível em suas instalações, isto é, na fábrica. As despesas que ocorrem a partir de então, são por conta do comprador, desde o carregamento a bordo do veículo fornecido pelo comprador, o desembaraço para a exportação, os riscos e custos em retirar as mercadorias das instalações do vendedor, até o destino convencionado.

O quadro a seguir oferece uma síntese das responsabilidades em relação às condições indispensáveis do Incoterm Exw.

Quadro 3.1: Responsabilidades em relação às condições indispensáveis do Incoterm Exw.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência de posse no local designado, na fábrica

Meio de transporte por conta do comprador

Transferência de custos no local designado, na fábrica

Transferência de riscos no local designado, na fábrica

O Incoterm Exw é utilizado com qualquer meio de transporte, porque este termo refere-se à entrega da mercadoria nas dependências do vendedor e, portanto, a partir daí, qualquer meio de transporte poderá ser utilizado pelo comprador, de acordo com seu interesse (VASQUEZ, 2003; p. 44).

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FOB – Free on board - Livre a bordo no porto de embarque indicado

O Incoterm FOB é usado somente no transporte marítimo e de cabotagem e signifi ca que o vendedor cumpre com suas obrigações, quando entrega a mercadoria a bordo do navio designado, no porto de embarque indicado, na data estabelecida. A transferência de risco e custos para o comprador ocorre a partir de a mercadoria cruzar a amurada do navio.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm FOB é apresentada no quadro a seguir:

Quadro 3.2: Condições indispensáveis no uso do Incoterm FOB.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posseao comprador no momento da colocação a bordo, no navio designado

Meio de transporte designado e pago pelo comprador

Transferência dos custos ao comprador no momento da colocação a bordo do navio

Transferência dos riscosao comprador no momento exato em que a mercadoria cruza a amurada do navio

FCA - Free carrier (named point) -Transportador Livre (local designado)

O Incoterm FCA signifi ca que o vendedor cumpre sua obrigação de entrega, quando tenha encaminhado as mercadorias, desembaraçadas para exportação, à custódia do transportador nomeado pelo comprador, no local ou ponto determinado. Este termo pode ser utilizado com qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal.

O vendedor deverá entregar as mercadorias à custódia do transportador indicado pelo vendedor, no local e data pactuados. A transferência de riscos de perda e danos se encerra para o vendedor no momento em que ocorre a entrega da mercadoria

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sob a custódia do transportador, bem como os custos de formalidades alfandegárias, direitos aduaneiro, impostos e outros encargos, que passam a correr por conta do comprador.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm FCA é apresentada no quadro a seguir.

Quadro 3.3: Condições indispensáveis no uso do Incoterm FCA.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posseao comprador no momento da entrega à custódia do transportador

Meio de transporte designado pelo comprador

Transferência dos custosao comprador no momento da entrega à custódia do transportador

Transferência de riscos no momento da entrega à custódia do transportador

FAS - Free Alonside Ship (named port of shipment) - Livre no costadodo navio (porto de embarque designado)

O Incoterm FAS designa que o vendedor deve disponibilizar a mercadoria no costado do navio, no local de carregamento indicado pelo comprador, no porto de embarque convencionado, dentro do prazo estipulado, avisando o comprador do término da operação. Este termo exige que o vendedor providencie o desembaraço da mercadoria para a exportação e é utilizado apenas no transporte marítimo. As despesas para transpor a murada do navio passam a correr por conta do comprador.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm FAS é apresentada no quadro a seguir.

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Quadro 3.4: Condições indispensáveis no uso do Incoterm FAS.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse ao comprador no momento do recibo ao lado do navio

Meio de transporte designado pelo comprador

Transferência dos custos ao comprador no momento do recibo ao lado do navio

Transferência de riscos no momento da entrega no costado do navio

CPT - Carriage Paid To - Transporte pago até (local designado)

Termo CPT obriga o vendedor a contratar e pagar o transportador internacional até o local designado no contrato de compra e venda, bem como todas as despesas para colocar a mercadoria a bordo do veículo de transporte. O risco de perdas e danos bem como todas as despesas devidas a eventos que ocorram após as mercadorias terem sido entregues ao transportador transferem-se para o comprador no momento da entrega da mercadoria sob a custódia do transportador. No entanto o termo CPT implica que o vendedor realize o desembaraço das mercadorias para exportação. Este termo pode ser utilizado com todos os tipos de transporte.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm CPT é apresentada no quadro a seguir.

Quadro 3.5: Condições indispensáveis no uso do Incoterm CPT.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria a bordo do navio designado

Meio de transportedesignado e pago pelo vendedor até o porto de destino designado

Transferência dos custos pagos pelo vendedor até o porto de destino designado

Transferência do risco na entrega da mercadoria sob a custódia do transportador

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CIP - Carriage And Insurance Paid To – Transporte e seguro pagos e seguro pagos até o local designado

O termo CIP, utilizado em qualquer modalidade de transporte, signifi ca que o vendedor providencia e paga o transporte internacional, mais o seguro com cobertura mínima até o local designado, bem como providencia, na origem, o desembaraço das mercadorias para a exportação.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm CIP é apresentada no quadro a seguir.

Quadro 3.6: Condições indispensáveis no uso do Incoterm CIP.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria a bordo do veículo de transporte

Meio de transporte providenciado e pago pelo vendedor

Transferência dos custos pagos pelo vendedor até o porto de destino designado

Transferência do riscoo vendedor assume os riscos até a entrega da mercadoria sob custódia do transportador

CFR - Cost And Freight - Custo e Frete no porto de embarque designado

O Incoterm CFR signifi ca que o vendedor deve pagar os custos e o frete necessário para levar as mercadorias até o porto de destino designado, excluindo a responsabilidade do pagamento do seguro internacional de perda e danos que correm por conta do comprador a partir do momento em que a mercadoria cruza a amurada do navio designado, no porto de embarque.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm CFR são apresentados no quadro a seguir:

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Unidade 3

Quadro 3.7: Condições indispensáveis do uso do Incoterm CFR

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria a bordo do navio designado

Meio de transporte Designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custospagos pelo vendedor até o porto de destino designado exceto o seguro internacional

Transferência do risco ao comprador no cruze da amurada do navio

CIF - Cost, Insurance and Freight - Custo, seguro e frete(porto de destino designado)

O termo CIF signifi ca que o vendedor assume todos os custos de colocar a mercadoria a bordo do navio por ele contratado e pago, bem como se responsabiliza pelas providências de contratação e pagamento do seguro internacional até o porto de destino designado. Este Incoterm só pode ser usado no transporte marítimo e de cabotagem.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm CIF são apresentados no quadro a seguir:

Quadro 3.8: Condições indispensáveis no uso do Incoterm CIF.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria a bordo do navio designado

Meio de transporte Designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custos pagos pelo vendedor até o porto de destino designado

Transferência do riscono exato momento do cruze da mercadoria sob a amurada do navio no porto de destino

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DES - Delivery Ex Ship – Entregue a partir do navio no porto de destino designado

O termo DES, utilizado nos transportes marítimo, de cabotagem e multimodal, signifi ca que o vendedor cumpre com a obrigação de entregar as mercadorias, quando tenham sido colocadas disponíveis para o comprador a bordo do navio, no porto de destino designado, não desembaraçadas para a importação.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm DES é apresentada no quadro a seguir.

Quadro 3.9: Condições indispensáveis no uso do Incoterm DES.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da possena entrega da mercadoria a bordo do navio designado no porto de destino

Meio de transporte designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custospagos pelo vendedor até o porto de destino designado, a bordo do navio

Transferência do riscono momento da entrega a bordo do navio, no porto de destino designado.

DAF - Delivery At Frontier – Entregue na fronteira designada

O termo DAF, utilizado em todos os tipos de transporte, em especial no transporte rodoviário e ferroviário, signifi ca que o vendedor cumpre a obrigação de entrega, quando as mercadorias tenham sido postas disponíveis ao comprador no ponto designado de fronteira do país exportador, após terem sido desembaraçadas para a exportação, porém não desembaraçadas para a importação.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm DAF é apresentada no quadro a seguir.

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Unidade 3

Quadro 3.10: Condições indispensáveis no uso do Incoterm DAF.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria no ponto de fronteira designado

Meio de transportedesignado e pago pelo vendedor até o ponto de fronteira designado

Transferência dos custos pagos pelo vendedor até o ponto de fronteira designado.

Transferência do riscoao comprador no momento da entrega no ponto de fronteira designado

DEQ - Delivery Ex Quay – Entregue a partir do cais do porto de destino designado

O termo DEQ, utilizado nos transportes marítimo, de cabotagem e multimodal, signifi ca que o vendedor cumpre as obrigações de entrega, quando as mercadorias são colocadas à disposição do comprador, no cais do porto de destino designado, não desembaraçadas para a importação. O comprador se responsabiliza pelo desembaraço e o pagamento dos direitos aduaneiro relativos à importação da mercadoria.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm DEQ é apresentada no quadro a seguir.

Quadro 3.11: Condições indispensáveis no uso do Incoterm DEQ.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posseo vendedor deve colocar a mercadoria à disposição no cais do porto designado

Meio de transporte designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custospagos pelo vendedor até o porto de destino designado, no cais do porto

Transferência do risco para o comprador no momento da entrega no cais do porto

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DDU - Delivery Duty Unpaid – Entregue com os direito não pagos no local de destino

O termo DDU, utilizado nos transportes marítimo, de cabotagem e multimodal, signifi ca que o vendedor cumpre sua obrigação quando coloca a mercadoria, por sua conta e risco, à disposição do comprador no local de destino designado, com os direitos de importação não pagos. Cabe ao importador pagar os custos de desembaraçar as mercadorias no prazo convencionado, bem como assumir todas as despesas e riscos decorrentes de sua omissão em desembaraçar no prazo.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm DDU é apresentada no quadro a seguir:

Quadro 3.12: Condições indispensáveis no uso do Incoterm DDU.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posse na entrega da mercadoria no local designado no destino

Meio de transporte designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custospagos pelo vendedor até o porto de destino designado, excluindo os direitos aduaneiros

Transferência do riscono momento da entrega da mercadoria no local de destino designado

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DDP - Delivery Duty Paid - Entregue com os direitos pagos no local de destino designado

O termo DDP, usado independentemente da modalidade de transporte, signifi ca que o vendedor cumpre com suas obrigações, quando entrega as mercadorias ao comprador no local de destino designado, livres de despesas e com os direitos e encargos de importação pagos no país de destino. O incoterm DDP representa o maior nível de responsabilidade do vendedor sobre o pagamento das despesas, risco de perda ou dano decorrente da exportação, desde a origem até o destino fi nal designado.

A síntese das condições indispensáveis no uso do Incoterm DDP é apresentada no quadro a seguir:

Quadro 3.13: Condições indispensáveis no uso do Incoterm DDP.

Condições indispensáveis Responsabilidade

Transferência da posseOcorre na entrega da mercadoria no local de destino designado no exterior

Meio de transporte é designado e pago pelo vendedor

Transferência dos custossão pagos pelo vendedor até o local designado no exterior, incluindo os direitos aduaneiros

Transferência do riscoé feita no momento da entrega no local designado no exterior.

Para sua maior compreensão, observe a ilustração da fi gura do Incoterms 2000 a seguir:

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Figura 3.4: Ilustração Incoterms 2000.

Fonte: Disponível em: << www.speedlogistics.com.ni/ incoterms.htm >> Autorização para reprodução requerida em 03

de agosto de 2005.

Nível de responsabilidades de acordo com os Incoterms

O nível de responsabilidade do vendedor sobre o pagamento das despesas decorrentes da exportação de mercadorias, aumenta no sentido do grupo E para o grupo D, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir.

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A menor responsabilidade do vendedor encontra-se nos termos do Grupo E, com o Incoterm EXW, onde o vendedor coloca a mercadoria à disposição do comprador, na fábrica, correndo por conta do importador todas as despesas desde a origem até o destino.

Nos Incoterms do Grupo F, o vendedor assume os custos de colocar a mercadoria a bordo do veículo de transporte.

À medida que se avança para o Grupo C, o vendedor passa a se responsabilizar por um nível maior de despesas, incluindo o frete e, em alguns casos, o seguro internacional.

No Grupo D, o vendedor assume um maior comprometimento com as despesas e arranjos para colocar a mercadoria no destino.

Os extremos representam interesses opostos. Nas negociações internacionais, o comprador vai sempre requerer termos (sempre que possível, os termos do Grupo D) que lhe proporcionam maior conforto. De outro lado, o exportador tende a vender nos termos que requerem menor responsabilidade.

Figura 3.5: Niveis de responsabilidade dos Incoterms.

Responsabilidade do importador

Responsabilidade do exportador

Exw FOB C&F CIF DDP

Custos / Serviços

- Frete doméstico no destino

- Impostos na importação

- Desembaraço naImportação

- Seguro Internacional

- Frete Internacional

- Desembaraço naExportação

- Frete doméstico na origem

- Carregamento

- Embalagem

Incoterm

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No Brasil, é muito comum as negociações serem realizadas com os Incoterms do Grupo F, demonstrando que os exportadores possuem menor infl uência e domínio sobre a cadeia de logística internacional. O uso dos Incoterms do Grupo D requer um domínio mais sofi sticado das atividades de logística internacional, pois a maior parte das atividades e despesas ocorre ou se baseia no exterior.

Síntese

Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer os organismos internacionais, criados no período pós-guerra, que dão sustentação ao sistema capitalista contemporâneo do mundo globalizado. Os organismos criados a partir da convenção de Bretton Woods, em 1944, tiveram importância na recuperação dos países destruídos pela Segunda Guerra Mundial e na formação de um sistema fi nanceiro internacional capaz de garantir o desenvolvimento do livre comércio internacional. Assim, o FMI foi criado para estabelecer paridades cambiais rígidas, eliminar os controles cambiais e dar assistência aos países com problemas nos balanços de pagamento, fornecendo recursos monetários aos países membros, para estruturarem suas economias quando necessário. O Banco Mundial foi concebido, inicialmente, com o objetivo de ajudar a reconstruir a Europa, após a 2ª Guerra. O trabalho de reconstrução permanece ainda como um enfoque do banco, no entanto, na atualidade, a principal meta é a redução da pobreza no mundo em desenvolvimento.

O Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT, criado em 1948 de forma provisória em função do fracasso da criação da Organização Internacional do Comércio, teve como fi nalidade estimular o crescimento da economia mundial, mediando negociações de acordos entre os países membros, para diminuir as barreiras comerciais durante 50 anos. O Acordo transformou-se na Organização Mundial do Comércio – OMC, que entrou em funcionamento em 1° de Janeiro de 1995. As principais diferenças entre o Gatt e a OMC é que o Gatt era um secretariado de um acordo comercial multilateral com caráter provisório e cuidava,

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basicamente, do comércio de bens. A OMC, além do comércio, regulamenta também outros temas como serviços, investimentos, propriedade intelectual e práticas desleais de comércio.

Nas práticas do comércio internacional, destaca-se o papel importante desempenhado pela Câmara de Comércio Internacional no sentido de estabelecer e fi xar regras e padrões uniformes do comércio internacional, baseados nos costumes e nas práticas das diversas nações. Com a implantação dos Regulamentos da Corte Internacional da ICC, os confl itos na área do comércio internacional são resolvidos pela arbitragem. As regras e usos uniformes relativos aos créditos documentários (UPC 500) da Câmara de Comércio Internacional tornaram-se regras que os bancos aplicam para fi nanciar milhões de dólares no comércio mundial a cada ano.

Os Incoterms da ICC defi nem as responsabilidades de cláusulas comerciais internacionais utilizadas nos contratos de compra e venda. Os modelos de contratos da ICC facilitam a vida das pequenas empresas. Por outro lado, a ICC é pioneira na auto-regulamentação do comércio eletrônico, bem como nos códigos de conduta de publicidade e marketing que estão sendo incorporados às legislações nacionais e aos códigos de auto-regulamentação das associações profi ssionais.

As regras uniformes no comércio internacional visam a dirimir os confl itos de entendimento dos vários termos utilizado nas relações internacionais de comércio. Assim, os créditos documentários estabelecem as defi nições de garantias de pagamentos utilizados pelos bancos internacionais nas operações de comércio exterior.

A uniformização do sistema de designação de mercadorias, realizada através do Sistema Harmonizado, permite uma linguagem aduaneira comum, aceita em nível internacional por ser abrangente e sistemática; e facilita as análises e comprovações estatísticas dos volumes de comércio realizados pelas nações. O Brasil, com a formação do Mercosul, adotou a NCM e a TEC como sistema de designação de mercadorias. Os Incoterms, em seus treze termos estabelecidos nos contratos internacionais de compra e venda, defi nem as responsabilidades relativas aos custos e despesas decorrentes da logística nos processos de importação e exportação.

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Atividades de auto-avaliação

1) O FMI foi criado para estabelecer paridades cambiais rígidas, isto é, para manter um padrão estável nas relações de trocas de moeda, permitindo fl utuações mínimas de valorização ou desvalorização das moedas. Você saberia responder de que forma as fl utuações nas relações de troca de moedas afetam as relações de trocas internacionais de mercadorias?

2) Faça distinção entre o GATT e a OMC.

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3) Aponte as características do Sistema Harmonizado de designação de mercadorias e da NCM.

4) Explique por que, à medida que se avança do incoterm do Grupo E para a utilização dos incoterms do Grupo D nos contratos de venda, isto representa um maior conforto para o importador.

Saiba mais

FMI. Quem é o Fundo Monetário Internacional. Disponível em: <http://www.imf.org/external/pubs/ft/exrp/what/spa/whats.pdf>> acesso em 12 maio 2005.

OMC. Quem é a OMC. Disponível em: <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/whatis_s.htm>> acesso 20 de maio de 2005.

ICC. What is ICC: quem é a câmara de comércio internacional. Disponível em: <http://www.iccwbo.org>> acesso 15 de jul. 2005.

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WCO. Learning about WCO: aprendendo sobre a Organização Mundial das Aduanas. Disponível em: <http://learning.wcoomd.org/fi les/Style%20elements/Discover_OMD/start.swf> Acesso em: 15 de Jul. 2005.

www.imf.org - Site do Fundo Monetário Internacional

www.wto.org - Site da Organização Mundial do Comércio

www.obancomundial.org - Site do Banco Mundial

http://www.iccwbo.org - Site da Câmara de Comércio Internacional

http://www.wcoomd.org/ie/index.html - Site da Organização Mundial das Aduanas

Veja também os seguintes vídeos:

> Del GATT a la OMC

> En el núcleo de la OMC

> Principios básicos del sistema de la OMC

> ¿Por qué es importante liberalizar?

> Una visita virtual a la OMC

Disponíveis na página da OMC através do site: <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/whatis_s.htm>>

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4UNIDADE 4

Política, estrutura e administração do comércio exterior brasileiro

Objetivos de aprendizagem

Compreender as políticas de comércio exterior brasileiro.

Verifi car a representatividade do comércio exterior brasileiro no contexto do comércio mundial.

Familiarizar-se com organização da estrutura de comércio exterior brasileira.

Reconhecer os tratamentos administrativos das operações de exportação e importação.

Dominar os termos e linguagem técnica de comércio exterior.

Seções de estudo

Seção 1 Políticas brasileiras de comércio exterior.

Seção 2 Evolução do comércio exterior brasileiro.

Seção 3 Organização do comércio exterior brasileiro.

Seção 4 Sistemática do comércio exterior brasileiro.

Seção 5 Tratamento administrativo, fi scal, cambial e aduaneiro nas exportações.

Seção 6 Tratamento administrativo, fi scal, cambial e aduaneiro nas importações.

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Para início de estudo

Embora o Brasil possua mais de 500 anos de história e as relações de comércio internacional acompanharem o desenrolar destes eventos, o comércio exterior brasileiro, tanto no passado como no presente, ainda é pouco representativo quando comparado com os volumes transacionados em torno do globo terrestre.

De certa forma, a evolução do comércio exterior brasileiro é recente e as estruturas e formas de organização ainda não atendem os anseios de um país que quer se inserir num mundo globalizado, cuja característica principal é a competição acirrada por mercados.

Há ainda um longo caminho a ser percorrido e muitos desafi os de inserir as empresas brasileiras no mercado internacional. Isto requer compreensão dos eventos passados e discernimento da estrutura atual e as formas de realizar as operações de importação e exportação.

Neste contexto, as seções seguintes visam proporcionar a você uma visão do passado, compreendendo a evolução das relações comerciais, as políticas e as formas de organização e administração atual do comércio exterior brasileiro. Nas seções fi nais você vai se familiarizar com os tratamentos administrativos nas exportações e importações.

SEÇÃO 1 - Políticas brasileiras de comércio exterior

Política de comércio pode ser defi nida como o ato de governar do Estado com vistas à consecução e à salvaguarda dos objetivos nacionais no que concerne ao comércio do país com os demais (LOPEZ e GAMA, 2002: p. 163).

A política brasileira de exportações caracterizou-se, desde 1964, pela atuação do governo na concessão de incentivos e benefícios fi scais e creditícios às exportações, acoplados à política de

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minidesvalorizações da moeda nacional, ampliação do sistema de Drawback, incentivos à criação das empresas Tradings Company e a implementação do programa Befi ex.

Mas você saberia responder quais são incentivos e benefícios fi scais e creditícios?

Benefícios fi scais traduzem-se pela desoneração dos impostos incidentes sobre os preços dos produtos quando destinados à exportação. No mercado interno, os preços dos produtos são taxados direta e indiretamente pelos impostos, tais como o imposto sobre produtos industrializados (IPI), o imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS) e os imposto para fi nanciamento da seguridade social PIS/COFINS. No caso das exportações, não ocorre incidência de impostos nas vendas para o exterior. Como incentivo fi scal às exportações, o sistema de Drawback permite a desoneração dos tributos incidentes nas importações de matérias-primas e insumos quando destinados à produção de mercadorias para exportação.

A concessão do programa especial do Befi ex foi extinta no início da década de 80 e consistia de forma semelhante ao Drawback, de benefícios de isenção de impostos incidentes sobre as importações de máquinas e equipamentos para compor o ativo imobilizado das indústrias que assumiam compromissos de destinar parte da produção para a exportação.

Benefícios creditícios permitem ao exportador acesso à recursos fi nanceiros de curto e longo prazo para fi nanciamento das exportações brasileiras com custos compatíveis aos praticados no mercado internacional.

Entre as linhas de curto prazo observe:

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ACC - Adiantamento de Contrato de Câmbio é uma linha de crédito de curto prazo concedida às empresas exportadoras que permite antecipar recursos fi nanceiros em até 180 dias antecedentes ao embarque de mercadorias a serem exportadas, permitindo assim o exportador obter recursos para fi nanciar a produção de produtos a serem exportados.

ACE - Adiantamento de Cambiais Entregues é uma operação semelhante ao processo de desconto de duplicatas no mercado interno e consiste no desconto de letras de câmbio com prazos de pagamento não superior a 180 dias, cujas mercadorias já foram embarcadas e os documentos de exportação entregues ao banco. Dessa forma, permite ao exportador obter recursos para fi nanciar o período de comercialização de exportações.

Entre as linhas de fi nanciamento de exportação de longo prazo existem:

FINAMEX: São linhas de créditos nacionais, instituídas pelo BNDES, obtidos através de agentes fi nanceiros credenciados, que permitem o fi nanciamento da produção de bens de capital, máquinas e equipamentos a serem exportados. O limite do valor fi nanciado corresponde a 70% do valor FOB com um prazo máximo de 30 meses.

Ainda no programa FINAMEX, há uma linha de crédito que permite o fi nanciamento da comercialização da mercadoria no exterior limitando-se a 85% do valor FOB da operação de exportação.

PROEX: É um programa de fi nanciamento de exportação destinado à comercialização de bens e serviços ao exterior. Os bens fi nanciáveis compreendem cerca de 85% dos produtos da pauta brasileira de exportação. Os serviços que podem ser fi nanciados compreendem projetos, consultorias, montagem, produções cinematográfi cas, software, franquias e turismo.

Entre as modalidades de fi nanciamento pode ser direto ao importador concedido pelo Banco do Brasil com recursos do Tesouro Nacional em 100% do valor da importação para operações abaixo de dois anos e limitando a 85% do valor FOB, com pagamento de 15% a título de sinal, nos prazos superiores a dois anos.

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Uma outra modalidade de fi nanciamento é o PROEX Equalização que consiste de exportações fi nanciadas por instituições fi nanceiras no país ou no exterior, na qual o Proex paga parte dos encargos fi nanceiros, de forma a tornar equivalentes aos custos praticados no exterior.

As micro e pequenas empresas podem ter acesso as linhas de fi nanciamento do PROGER Exportação do Banco do Brasil que permite adiantar recursos para as empresas exportadora para fi nanciar despesas diretamente ligadas à promoção de exportação ocorridas no Brasil e no exterior, além de fi nanciar a produção de bens constantes da Circular BNDES 177, de 23.10.2002 (modalidade pré-embarque). Esta linha de crédito conta com os recursos em moeda nacional do FAT - Fundo de amparo ao trabalhador e está limitada a R$ 250.000,00 por operação.

Uma inovação introduzida comércio exterior brasileiro no fi nal dos anos 90 foi a implantação do Seguro de Crédito às Exportações.

O seguro de crédito à exportação permite proteção ao exportador quanto a cobertura de riscos pelo não recebimento de créditos de venda ao exterior. O exportador é indenizado pela seguradora em virtude da impossibilidade de pagamento por parte do importador.

A cobertura do seguro se refere aos riscos comerciais, políticos e extraordinários que possam infl uenciar o não pagamento de exportações, como por exemplo, falência do importador, guerras, embargos econômicos, instabilidade política, moratória, desastres naturais. O Seguro de crédito no Brasil é administrado pela Seguradora Brasileira de Crédito à exportação - SBCE, com garantia da União através do Fundo de Garantia às Exportações - FGE.

O seguro funciona como uma garantia da redução do risco de empréstimo fazendo com que os custos das operações de crédito às exportações se tornem mais baratos do que outras modalidades de fi nanciamento ao comércio exterior resultando em maior competitividade dos produtos nacionais.

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As maxidesvalorizações da moeda nacional contribuíram para reduzir os custos das empresas exportadoras ao mesmo tempo em que permitem a possibilidade das empresas manterem preços mais competitivos em moeda estrangeira. As empresas exportadoras têm seus contratos de venda em moedas estrangeiras e seus custos em moeda nacional. Ao apreciar o valor da moeda estrangeira, fortalece o caixa das empresas pelo ingresso de maior quantidade de moeda nacional por unidade de moeda estrangeira, enquanto que os custos permanecem em moeda nacional.

As medidas governamentais, deste período, procuraram retirar o maior número de gravames, isto é, restrições tarifárias e não-tarifárias que superpunham ao custo dos produtos exportáveis, impedindo-os de penetrar nos mercados internacionais por falta de preços competitivos.

Por outro lado, as importações se restringiam aos bens de capitais e insumos para estimular e proteger a indústria nacional. Aos demais produtos, principalmente os considerados supérfl uos, incidiam elevadas taxas de impostos de importação.

Esta política de comércio exterior foi denominada programa de substituição das importações (PSI) que vigorou até o fi nal da década de 60.

Em um segundo período, a partir de 1970, o Brasil adota o modelo exportador que se caracterizou pela ampliação da pauta brasileira de exportações. Maior ênfase foi dada para a exportação de produtos manufaturados com maior valor agregado. Para isso, intensifi cou os incentivos creditícios e a concessão de subsídios às empresas exportadores por meio da criação de linhas de fi nanciamentos com juros inferiores ao do mercado, restituição em dinheiro de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados correspondente aos créditos da compra de insumos, além estimular as exportações por intermédio das maxidesvalorizações da moeda nacional de forma constante.

No fi nal dos anos 80, a política brasileira de comércio exterior caracterizou-se por uma abertura gradual de mercados para a importação de bens de consumo não-duráveis e eliminação

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dos subsídios e de incentivos creditícios, buscando adequar a economia brasileira à nova realidade internacional ocasionada pelo processo de globalização das economias. Em nível mundial, a liberalização do comércio exterior não admitia economias fechadas e superprotegidas como era o caso do Brasil em alguns setores como informática, bioquímicos e veículos.

Até 1992, por exemplo não se podia importar automóveis porque os impostos de importação chegavam a taxa de até 150% sobre o valor Fob dos veículos estrangeiros. O mesmo ocorria com a importação de equipamentos de informática. A partir desta data, as importações foram liberadas e o que se vê é a variedade de marcas de veículos e espécies de computadores sendo vendidos no mercado interno.

Segundo Maluf (2000), o Brasil fi nalizou a década de 90 em plena era da globalização, com altíssima concentração na pauta exportadora, onde 18 setores respondiam por mais de 90% das vendas externas e apenas 300 empresas eram responsáveis por 80% das exportações. Apesar de todo o esforço, programas e medidas adotadas pelo governo brasileiro para promover e diversifi car a pauta das exportações brasileiras, esta ainda apresentava um alto grau de concentração, tanto em relação aos produtos, quanto aos países de destino e as regiões exportadoras.

Em 1997 o Brasil apresentava os seguintes dados (MALUF, 2000, p. 20):

Apenas 6 setores industriais correspondiam a 55,1% do total das exportações;

Apenas 250 empresas correspondiam a 67,5% do volume exportado;

As exportações das regiões Sul e Sudeste representavam 82,1% do volume das exportações brasileiras, considerando ainda que São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais juntos correspondiam a 59,6% deste percentual;

51,7% do volume das exportações era destinado à apenas 6 países.

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Para você ter uma idéia da concentração, o Brasil exportou 51,5 bilhões de dólares em 1998. Em termos de produto, a pauta de exportação compreendia 6.400 itens exportados, onde apenas 10 destes produtos representaram 34,6% das exportações. O somatório de 28 produtos correspondia a 61,02% e 90 produtos a 81,4%. Os produtos básicos corresponderam a 26% da pauta de produtos exportados, os semimanufaturados a 16% e os manufaturados a 58% (MALUF, 2000, p. 20).

No ano 2000, o governo brasileiro assume o compromisso de mudar o perfi l das exportações brasileiras, estabelecendo uma meta de exportar 100 bilhões de dólares anuais. Este fato você poderá estudar com um maior aprofundamento na próxima seção.

SEÇÃO 2 - Evolução do comércio exterior brasileiro

Você sabe qual é a participação do Brasil no comércio mundial? Examine o desempenho do comércio exterior brasileiro e conheça a evolução das exportações e importações brasileiras por meio da balança comercial dos últimos 50 anos, apresentada no quadro a seguir:

Quadro 4.1: Evolução da balança comercial brasileira.

Valores expressos em bilhões de Dólares Americanos

Balança Comercial Desdobramento exportação por tipo de produtos Importação

Ano Importação Exportação Saldo Básicos Industrializados Operações Especiais

Petróleo

1950 0,942 1,355 0,413

1951 1,725 1,769 0,044

1952 1,720 1,418 -0,302

1953 1,144 1,539 0,395

1954 1,415 1,562 0,147

1955 1,104 1,423 0,319

1956 1,046 1,482 0,436

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1957 1,285 1,392 0,107

1958 1,179 1,243 0,064

1959 1,210 1,282 0,072

1960 1,293 1,269 -0,024

Valores expressos em bilhões de Dólares Americanos

Balança Comercial Desdobramento exportação por tipo de produtos Importação

Ano Importação Exportação Saldo Básicos Industrializados Operações Especiais

Petróleo

1961 1,292 1,403 0,111

1962 1,304 1,214 -0,090

1963 1,296 1,406 0,110

1964 1,086 1,430 0,344

1965 0,941 1,595 0,654

1966 1,303 1,741 0,438

1967 1,441 1,654 0,213

1968 1,855 1,881 0,026

1969 1,993 2,311 0,318

1970 2,507 2,739 0,232 2,049 0,690 0,236

1971 3,247 2,904 -0,343

1972 4,232 3,991 -0,241

1973 6,192 6,199 0,007

1974 12,641 7,951 -4,690

1975 12,210 8,670 -3,540 5,027 3,643 2,875

1976 12,383 10,128 -2,255

1977 12,023 12,120 0,097

1978 13,683 12,659 -1,024

1979 18,084 15,244 -2,840

1980 22,955 20,132 -2,823 8,488 11,376 0,268 9,844

1981 22,091 23,923 1,832 8,920 13,999 0,374 11,006

1982 19,394 20,175 0,781 8,238 11,686 0,251 10,120

1983 15,429 21,899 6,470 8,535 13,057 0,307 7,822

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1984 13,915 27,005 13,090 8,706 18,004 0,295 6,755

1985 13,153 25,639 12,486 8,538 16,821 0,28 5,442

1986 14,044 22,348 8,304 7,280 14,895 0,173 2,786

1987 15,051 26,224 11,173 8,022 18,014 0,188 3,850

1988 14,605 33,789 19,184 9,411 24,079 0,299 3,198

Valores expressos em bilhões de Dólares Americanos

Balança Comercial Desdobramento exportação por tipo de produtos Importação

Ano Importação Exportação Saldo Básicos Industrializados Operações Especiais

Petróleo

1989 18,263 34,383 16,120 9,549 24,529 0,305 3,390

1990 20,661 31,413 10,752 8,746 22,288 0,379 4,354

1991 21,041 31,620 10,579 8,732 22,546 0,342 3,370

1992 20,554 35,792 15,238 8,834 26,670 0,288 2,996

1993 25,256 38,554 13,298 9,365 28,882 0,307 2,138

1994 33,078 43,545 10,467 11,058 31,852 0,635 2,339

1995 49,972 46,506 -3,466 10,969 34,711 0,826 2,590

1996 53,301 47,747 -5,554 11,900 35,026 0,821 3,460

1997 59,747 52,990 -6,757 14,474 37,672 0,844 5,824

1998 57,730 51,140 -6,590 12,977 37,507 0,656 4,127

1999 49,272 48,011 -1,261 11,828 35,311 0,872 2,169

2000 55,783 55,086 -0,697 12,561 41,027 1,498 3,190

2001 55,580 58,223 2,643 15,342 41,415 1.736

2002 47,241 60,361 13,120 16,952 41,965 1.445

2003 48,291 73,084 24,793 21,179 50,597 1.308

2004 62,779 96,475 33,696 28,518 66,378 1.579

Fonte: MDIC/SECEX - Adaptação do Autor.

Você pode observar que até o fi nal da década de 60, as exportações e importações se mantiveram abaixo dos dois bilhões de dólares, apresentando saldos negativos apenas nos anos de 52, 60 e 62. Mesmo assim, ao longo do período 1950-1969, a balança comercial acumulou superávits.

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Ao longo da década de 70, período no qual o Brasil adotou o modelo exportador, as exportações e importações apresentam crescimento chegando, ao fi nal da década, próximo de 20 bilhões de dólares. No entanto, calcula-se um défi cit acumulado de cerca de 14,5 bilhões.

Nos anos 80, as exportações seguem em ritmo crescente enquanto que as importações apresentam declínio, gerando saldos superavitários que atingiram um pico maior de 19 U$ bilhões, em 1988. Neste período as importações se mantiveram abaixo dos 20 U$ bilhões e as exportações superaram a marca dos 30 U$ bilhões.

Na década de 90, retoma-se o crescimento acelerado das importações que mesmo em contra partida do crescimento das exportações, geram períodos de défi cits. Mesmo assim, no fi nal da década, calculando o saldo acumulado, este se apresenta superavitário.

Na virada do novo milênio, as exportações e importações seguem em ritmo crescente, gerando saldos superavitários jamais registrados na história do comércio exterior brasileiro. As exportações fi ndam o ano de 2004 na marca dos 96,4 bilhões de dólares, perto da meta estabelecida pelo governo, de exportar 100 U$ bilhões.

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Figura 4.1: Balança Comercial Brasileira - 1950 a 2004 - US$ bilhões FOB.

Fonte: MDIC/SECEX.

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Uma característica particular das exportações no período de 1950 a 1970 é que as exportações consistiam, em sua maior parte, na exportação de produtos básicos. A partir dos anos 70, observa-se uma participação crescente dos produtos industrializados na pauta de exportações. Já a partir dos anos 80, observa-se o registro do crescimento das operações especiais que fi ndam o ano de 2000, superando a marca de 1 U$ bilhão. Nesta rubrica são registradas as operações de exportações de serviços, licenças de uso de marcas e aluguéis de equipamentos.

Mesmo com este desempenho, o Brasil está aquém das oportunidades que o comércio internacional proporciona.

- Mas você deve estar se perguntando qual é a participação do Brasil no comércio mundial, não é verdade?

- Siga adiante, para a seção 3, e descubra!

SEÇÃO 3 - Organização do comércio exterior brasileiro

Você já viu nas unidades anteriores que o comércio internacional é a forma que um país se organiza em termos de leis e normas que disciplinam as operações de importação e exportação. Observe agora, o que a lei maior do Brasil determina para o comércio exterior.

A Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece em seus artigos e incisos relacionados, os pressupostos do comércio

exterior brasileiro. A Constituição Federal traz, em sua estrutura, alguns dispositivos constitucionais diretamente relacionados com a prática do comércio exterior que fazem menção ao controle tributário, fi scal e sobre as competências da administração governamental no exercício de

controle das atividades de comércio internacional.

Observe, no quadro a seguir, de que forma estes pressupostos estão descritos:

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Assim no Artigo 21, em seus incisos II, III, IV, V, VI, VII e XII, a Constituição Federal (1988) trata da competência da União em manter relações com os Estados Estrangeiros e participar de Organizações Internacionais, além de administrar as reservas cambiais do País e fi scalizar as operações de natureza fi nanceira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguro e de previdência privada. Menciona, ainda, a competência da União de explorar direta ou indiretamente a navegação aérea, aeroespacial, a infra-estrutura aeroportuária, os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre os portos brasileiros e fronteiras nacionais, os serviços de transportes rodoviário interestadual e internacional de passageiros e os portos marítimos, fl uviais e lacustres.

No Artigo 22, dos incisos II, III a XI, surge a competência privativa da União de legislar sobre o direito marítimo, aeronáutico, espacial, sobre o sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; sobre a política de crédito, câmbio, seguros e transferências de valores, o comércio exterior e interestadual, as diretrizes da política nacional de transportes, sobre o regime dos portos, navegação lacustre, fl uvial, marítima, aérea e aeroespacial, o trânsito e transporte.

O Artigo 153, em seus incisos II, V e VI, trata da competência da União de instituir imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, sobre a exportação para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados, sobre as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou valores mobiliários e sobre os produtos industrializados. No caso dos produtos industrializados, os dispositivos do § 3º do inciso VI dispõem que não incidirá imposto sobre produtos industrializados quando destinados ao exterior.

No Artigo 155, em seus incisos I ao IX, são estabelecidas as competências dos Estados e do Distrito Federal em instituir imposto sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicações, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior, sobre a entrada de mercadorias importadas do exterior, sobre o serviço prestado no exterior.

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Portanto, a legislação sobre o comércio exterior, regime dos portos e aeroportos e locais de fronteira são competências da União. Cabe somente a esta criar leis para o comércio exterior do Brasil. Aos Estados da Federação e ao Distrito Federal cabe a competência de instituírem impostos pela circulação de mercadorias e serviços relativos aos produtos semimanufaturados. Produtos industrializados quando destinados ao exterior são isentos do IPI e se estende aos impostos da competência dos estados, distrito federal e municípios conforme pode ser observado no artigo 153, VI, parágrafo 3º.

A constituição Federal menciona, também, no artigo 237 que a fi scalização e o controle sobre o comércio exterior serão exercidos pelo Ministério da Fazenda e com isso delineia a estrutura do organograma do comércio exterior brasileiro. Este tema será assunto de estudo da próxima seção.

Organograma do comércio exterior brasileiro

A organização das instituições governamentais envolvidas no comércio exterior brasileiro apresenta a descentralização como característica, isto é, não possui um órgão específi co que centralize todos os interesses nacionais à exemplo de um Ministério de Comércio Exterior.

No inciso X, deste artigo, estabelece que não incidirá os impostos da competência dos Estados e do Distrito Federal sobre as operações que destinem ao exterior, de produtos industrializados, excluídos os semi-elaborados defi nidos em lei complementar. Excluem também do imposto, as exportações de serviços.

De acordo com o Artigo 156, os municípios não têm competência para instituir qualquer imposto sobre as exportações ou importações de mercadorias e serviços.

O Artigo 237 estabelece que a fi scalização e o controle sobre o comércio exterior, ambos essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda.

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As instituições de comércio exterior brasileiro estão organizadas conforme a área de competência e responsabilidade as quais são: Política de Comércio Exterior, Política Fiscal e Política Financeira. A gestão se dá por áreas de competências, veja:

a) Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) faz parte do conselho de Governo, formado pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministro das Relações Exteriores, Ministro da Fazenda, Ministro da Agricultura, Ministro-Chefe da Casa Civil, Ministro do Planejamento e tem por objetivo a adoção, implementação e coordenação de políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens, serviços e turismo.

b) Ministério da Fazenda – responsável pela política monetária e fi scal. Conforme você viu na seção anterior, o artigo 237 da Constituição Federal de 1988 defi ne que a responsabilidade pela defesa dos interesses fazendários, de fi scalização e controle sobre o comércio exterior é deste ministério. O Ministério da Fazenda exerce esta competência pelos órgãos gestores de comércio exterior, Secretaria da Receita Federal (SRF) e Banco Central (BACEN), diretamente a ele vinculados.

c) Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) tem responsabilidade pelas decisões e execução das diretrizes políticas de comércio exterior e exerce sua função pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

d) Ministério das Relações Exteriores atua no marketing externo, voltado para a promoção e divulgação de oportunidades comerciais no estrangeiro pelos Setores

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Comercias (SECOMS) das embaixadas e consulados brasileiros no exterior.

Órgãos gestores do comércio exterior brasileiro

No âmbito do Ministério da Fazenda tem-se a Secretaria da Receita Federal (SRF) com a atribuição de execução das políticas aduaneiras e fi scalização do comércio exterior e o Banco Central com a atribuição de executor das políticas cambiais e fi nanceiras.

No âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) tem-se a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) que é responsável pela gestão e controle do comércio exterior brasileiro, sobre o qual normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades comerciais de acordo com as diretrizes da Camex.

A estrutura da SECEX é departamentalizada por assuntos específi cos:

Departamento Técnico de Intercâmbio Comercial (DTIC) - Divulga normas e diretrizes;

Departamento Técnico de Tarifas (DTT) - Estabelece tarifas;

Departamento de Planejamento e política Comercial (DPPC) - Coordena as atividades da secretaria;

Departamento de negociações internacionais (DEINT) - Promove estudos e iniciativas internas, destinados ao apoio, informação e orientação da participação brasileira em negociações de comércio exterior;

Departamento de defesa comercial (DECOM) – encarregado de examinar a procedência e o mérito de investigações de dumping, subsídios e salvaguardas, com vistas à defesa da produção interna;

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Departamento de planejamento e desenvolvimento (DEPLA) tem como competência propor e acompanhar a execução das políticas e dos programas de comércio exterior e formular propostas de planejamento da ação governamental.

Figura 4.2: Organograma do comércio exterior brasileiro.

Órgãos anuentes

São órgãos credenciados para auxiliar no controle comercial, dada a natureza do produto, ou pela fi nalidade da operação, para fi ns de licenciamento de importação ou exportação.

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Banco do Brasil – Por delegação do SECEX, responsável pela emissão de certifi cados, licença de exportação e emissão de visa para alguns produtos sujeitos a procedimentos especiais.

Conselho de Energia Nuclear (CNEN) – Concede autorização prévia para importação ou exportação de produtos radioativos.

Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) – Análise prévia para produtos do reino animal e vegetal de forma a proteger a fl ora e fauna silvestre.

Ministério do Exército – autorização prévia para produtos de uso militar.

Ministério da Agricultura e do Abastecimento Certifi cados de Padronização para produtos hortifrutigranjeiros.

Ministério da Cultura – Autorização prévia para importação e exportação de obras de arte.

Órgãos não-estatais de apoio ao comércio exterior

Fora da esfera estatal de incentivo ao Comércio Exterior existem:

Câmaras de Comércio: São associações de empresas com o intuito de promover o intercâmbio comercial divulgando informações e oportunidades de negócios entre o Brasil e os países que representam.

Federações das Indústrias dos Estados: Em geral a maioria das Federações de Indústrias possui setores de Promoções de comércio os quais tratam de promover a captação de investimentos, transferência de tecnologia, encontros e missões comerciais, além de emitirem os Certifi cados de Origem.

Embaixadas e Consulados Estrangeiros: Estas representações possuem escritórios de promoção comercial no país, que objetivam a ampliação das

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transações comerciais com o Brasil, pela divulgação de cadastros de empresas estrangeiras interessadas em atuar no mercado brasileiro.

SEÇÃO 4 - Sistemática do comércio exterior brasileiro

Desde 1992, as exportações brasileiras são operacionalizadas pelo Sistema de Comércio Exterior - SISCOMEX.

Mas o que é o SISCOMEX?

O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), por defi nição, é um instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fl uxo único e computadorizado de informações. Foi instituído pelo Decreto Lei nº 660, de 25 de setembro de 1992 (alterado pelo Decreto nº 1408 de 03.03.1995), estabelecendo que todas as informações de comércio exterior devem ser processadas através do sistema.

O SISCOMEX integra on-line, através de rede de computador, os órgãos gestores, anuentes, pontos de fronteira e bancos autorizados a operar em câmbio, permitindo aos importadores e exportadores registrar suas operações no sistema e os órgãos governamentais exercer o controle do comércio exterior brasileiro.

- Mas você deve estar se perguntando, como um exportador ou importador faz para acessar o SISCOMEX?

Para operar no SISCOMEX, o interessado deverá se credenciar no sistema observando ao disposto na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (IN SRF 455 de 5.10.2004).

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Além do credenciamento junto ao SISCOMEX, o exportador e o importador devem inscrever-se no Registro de Exportadores e Importadores (REI) da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX . A inscrição é automática, sendo realizada no ato da primeira operação de exportação ou importação em qualquer ponto conectado ao Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX.

De acordo com a Consolidação das Portarias da SECEX sobre exportação e importação (Portaria nº 15 de 17. Nov. 2004 e Portaria nº 14 de 17.Nov.2004 ), é permitido às pessoas físicas exportar e importar mercadorias em quantidades que não

revelem prática de comércio e desde que não se confi gure habitualidade, exceto nos casos de tratar-se de agricultor ou pecuarista, cujo imóvel rural esteja cadastrado no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA ou os artesãos , artistas ou assemelhado, registrado como profi ssional autônomo.

São dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no REI as exportações via remessa postal, com ou

sem cobertura cambial, exceto donativos, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de US$ 10.000,00 (dez mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda.

O credenciamento e habilitação das operações no SISCOMEX poderão ser efetuados pelo interessado, por conta própria, mediante habilitação prévia, ou por intermédio de representantes credenciados, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal (SRF).

As operações de comércio exterior, efetuadas no SISCOMEX relativo às importações, são feitas por meio de Licenciamento e nas exportações por Registro.

O Licenciamento das importações pode ser feitos de três formas:

Dispensa de licenciamento – como regra geral as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, bastando aos importadores tão-somente providenciarem a Declaração de Importação

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no Siscomex, com o objetivo de dar início aos procedimentos de despacho aduaneiro junto à unidade da Secretaria da Receita Federal.

Licenciamento Automático – é realizado de forma automática no Siscomex para os produtos listados no tratamento administrativo do Siscomex, publicados na página da Internet do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e para as importações amparadas pelo regime aduaneiro de Drawback.

Licenciamento não-automático (LI) - O licenciamento não-automático é exigido para as situações previstas nos normativos de importação e requer que o importador preste informações de natureza comercial, fi nanceira, cambial e fi scal relativas à importação de mercadorias no sistema, antes que a mercadoria embarque no exterior, ou em alguns casos anteriormente ao despacho aduaneiro de importação.

Os pedidos de licenciamento de importações deverão ser registrados no SISCOMEX pelo importador ou por seu representante legal ou, ainda, por agentes credenciados pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), da Secretaria de Comércio Exterior e pela Secretaria da Receita Federal (SRF).

Nas exportações, o registro no SISCOMEX pode ser feito pelos seguintes módulos:

Registro de Exportação (RE) – é o conjunto de informações de natureza comercial, fi nanceira, cambial e fi scal que caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e defi ne o seu enquadramento administrativo.

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As operações de exportação deverão ser objeto de Registro de Exportação no SISCOMEX, podendo ser previamente à declaração para despacho aduaneiro e ao embarque da mercadoria. Em alguns casos previstos nos normativos de exportação, o registro poderá ser feito após o embarque das mercadorias e antes da declaração para despacho aduaneiro, à exemplo das exportações combustíveis, lubrifi cantes, alimentos e outros produtos destinados ao consumo e uso à bordo de embarcações ou aeronaves, exclusivamente de tráfego internacional, de bandeira brasileira ou estrangeira e no caso de vendas de pedras preciosas e semipreciosas, metais preciosos, suas obras e artefatos de joalharia, com pagamento em moeda estrangeira, realizadas no mercado interno para não-residentes no país ou em lojas francas a passageiros com destino ao exterior.

Registro de Exportação Simplifi cado (RES) – é aplicável nas operações de exportação, com cobertura cambial e para embarque imediato para o exterior, até o limite de US$ 10.000,00 (dez mil dólares dos Estados Unidos), ou o equivalente em outras moedas. Esta modalidade é muito utilizada nas exportações via correio.

Registro de Venda (RV) – serve para registrar no SISCOMEX informações de natureza, comercial, fi scal e cambial de operações de exportações cuja venda seja realizada por meio de bolsa de valores e deverá ser efetuado no SISCOMEX previamente à solicitação do RE. Os produtos passíveis de Registro de Vendas estão relacionados no Anexo C da Consolidação das Normas de Exportação.

Registro de Crédito (RC) - é o documento eletrônico que contempla as condições defi nidas para as exportações fi nanciadas e, como regra geral, deve ser preenchido previamente ao RE. Considera-se exportação fi nanciada, toda operação de venda para o exterior com prazo de pagamento superior a 180 dias. No entanto, observando legislação específi ca, podem ser fi nanciadas

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as operações com prazo igual ou inferior a 180 dias. Os fi nanciamentos podem ser com recursos da União ou próprios do exportador.

Os normativos da sistemática das exportações brasileiras estão consolidados no ato da SECEX, Portaria Nº 15, de 17 de novembro de 2004, publicada no Diário Ofi cial da União do dia 23/11/2004. Este instrumento reúne todas as normas de exportação vigentes, a fi m de facilitar a consulta dos normativos. A portaria Nº 15 é também denominada Consolidação das Normas de Exportação (CNE). No caso das importações, os normativos estão consolidados na Portaria nº 14 de 17 de Novembro de 2004 da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

SEÇÃO 5 -Tratamento administrativo, fi scal, cambial e aduaneiro nas exportações

O exportador, ao realizar operações de vendas para o exterior, deve observar ao cumprimento das normas administrativas, às legislações fi scal, cambial e aduaneira.

Classifi cação das exportações

Exportações livres

São as exportações normais, onde não há necessidade de anuências governamentais ou tratamentos administrativos diferenciados. Podem ser processadas no sistema de comércio exterior, sem qualquer procedimento especial.

Sujeitas a procedimentos especiais

São operações que necessitam realizar procedimentos diferenciados, ou sujeitas a controles governamentais ou ainda sujeitas à interveniência administrativa de órgãos anuentes.

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Os procedimentos especiais de exportação podem ser:

Autorização prévia – São exportações sujeitas à autorização prévia de órgãos governamentais anuentes tais como: Ministério da Saúde, Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ibama, Ministério do Exército etc. As autorizações são realizadas diretamente no Siscomex, após o registro da exportação no sistema.

Contingenciamento – Mercadorias cuja exportação sofra limitações em termos de quantidade em determinados períodos de tempo, ou em função do país de destino. Neste caso, só se pode exportar uma determinada quantidade de produto em dado período de tempo.

Consignação – É permitida a exportação em consignação de todos os produtos da pauta de exportação, exceto os produtos relacionados no anexo F da portaria nº 15 do SECEX. A exportação em consignação implica a obrigação de o exportador comprovar dentro do prazo de 90 dias para as mercadorias classifi cadas nos capítulos 2,13 e 23 da NCM e 120 dias para as demais mercadorias, contados da data do embarque, o ingresso de moeda estrangeira, pela venda da mercadoria ao exterior, na forma da regulamentação cambial, ou o retorno da mercadoria.

Sujeitas ao pagamento de Imposto de Exportação – Alguns produtos estão sujeitos ao pagamento de imposto de exportação de acordo com as resoluções do Conselho Monetário Nacional, em caráter temporário de modo a exercer controle de preços. Dentre os produtos sujeitos ao pagamento de impostos estão relacionados: papel para cigarros, couro, armamentos, peles de animais e derivados do Cacau.

Suspensas

As exportações de determinados produtos podem sofrer suspensão temporária em função de ameaça ao desabastecimento interno, em função de sazonalidade, ou para países que estejam sofrendo sanções ou embargos comerciais. Isso signifi ca que por certo período de tempo não se pode realizar

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exportação de tal produto até que a causa que motivou for solucionada.

Proibidas

Normalmente envolvem a exportação de determinadas espécies de animais silvestres vivos, peles e couros em bruto e produtos confeccionados a partir dos mesmos, exportações de jacarandá da Bahia e de antigüidades com mais de 100 anos e entorpecentes são exemplos. São também proibidas as exportações de armamentos e equipamentos bélicos quando destinados ao Iraque, Libéria, Somália e Serra Leoa, por força de acordos internacionais.

As disposições sobre o sistema de tratamento administrativo das exportações brasileiras estão especifi cadas na Portaria SECEX nº 15 – Consolidação das Portarias Secex - Exportação, de 17 de Novembro de 2004 e seus anexos, conforme apresentados resumidamente no quadro a seguir:

Quadro 4.2: Sistema de tratamento administrativo das exportações brasileiras.

Anexo “ A “Remessas ao exterior que estão dispensadas de Registro de Exportação (RE)

Anexo “ B “Condições gerais para exportação de pedras preciosas e semipreciosas, metais preciosos, suas obras e artefatos de joalheria.

Anexo “ C “

Tratamento administrativo das exportações de produtos sujeitos a procedimentos especiais ou que tenham a exportação contingenciada, suspensa ou proibida, em virtude da legislação ou em decorrência de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, também as exportações sujeitas ao pagamento de imposto.

Anexo “ D “Relaciona os documentos que podem integrar o processo de exportação

Anexo “ E “ Exportação sem Cobertura Cambial

Anexo “ F “ Produtos não-passíveis de exportação em consignação

Anexo “ G “Mercadorias e Percentuais Máximos de Retenção de Margem não Sacada de Câmbio

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Antes de prosseguir, faça uma leitura da Portaria nº 15 do Secex que está disponível no site do Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior, acessando o site no endereço: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inicial/index.php

Na página inicial, localize à esquerda, o link “Exportação – Procedimentos e, então, o link de acesso à Consolidação das portarias (SECEX).

Modalidades de exportação

As exportações podem ser realizadas de forma direta ou indireta.

Exportação direta

São consideradas exportações diretas, aquelas realizadas diretamente entre o exportador e o importador no estrangeiro, nas quais os documentos da operação são emitidos pelo exportador em nome do importador, mesmo com a atuação de um agente de exportação/importação. A característica das exportações diretas é que o exportador é o mesmo fabricante.

Agente de exportação

Agente de importação

Fabricante exportador Importador

Embarque de mercadoria

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O papel do agente nas operações de

comércio exterior

O agente é uma pessoa física ou jurídica que atua como representante dos interesses das partes na negociação de pedidos de importação ou exportação. Por isso, têm-se os agentes de exportação e os agentes de importação. O agente de exportação atua no mercado representando os interesses do exportador. O agente de importação busca atender os interesses do importador, identifi cando e negociando pedidos de compras de importação.

Os agentes são remunerados em moedas estrangeiras por meio de percentuais de comissões sobre os pedidos negociados. De acordo com a legislação brasileira, as comissões de agente têm um limite máximo de 10% e podem ser pagas de três formas ou modalidades a serem registradas no Registro de exportação:

a remeter – Nesta modalidade o exportador após ter recebido o pagamento do exterior providencia o pagamento da comissão, mediante contratação de ordem do pagamento para o exterior;

deduzida da fatura – Nesta modalidade, o valor correspondente à comissão do agente aparece na fatura como um desconto deduzido do valor total a pagar pelo importador. Isso signifi ca que quem paga efetivamente o agente é o importador no exterior. Esta modalidade é muito comum para pagamento de comissões de agente de importação e nas operações realizadas entre empresas coligadas;

em conta gráfi ca – Nesta modalidade, o exportador instrui o banco que negocia os documentos de exportação no exterior para receber do cliente e providenciar o pagamento da comissão diretamente ao agente e remeter o valor líquido da operação para o exportador.

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Exportação indireta

São operações de comércio exterior, realizadas por meio de intervenientes que discutem as negociações comerciais entre o produtor e importador, comprando do fabricante e vendendo para o importador. Neste caso, o exportador será sempre diferente do fabricante.

Figura 4.4: Diagrama das exportações indiretas.

São intervenientes ou intermediários exportadores:

Empresas Comerciais Exportadoras: são empresas jurídicas de responsabilidade limitada, habilitadas a comprar e revender produtos fabricados por terceiros, e que podem ter por destino tanto o mercado interno quanto o externo. Geralmente são especializadas em determinados produtos e/ou regiões.

Trading Company: são empresas regulamentadas pelo Decreto-Lei 1.248/72, criadas com o objetivo de exportar mercadorias adquiridas no mercado interno. Sua forma de atuar é semelhante a das Comerciais Exportadoras, tendo como grande diferencial a sua forma de operar envolvendo grandes volumes de exportações, variedade de produtos e característica jurídica de ser uma sociedade anônima. Quando uma venda é realizada para

a)

b)

Agente de exportação

Agente de importação

Intermediárioexportador

Importador21Fabricante

1. Venda equiparada à exportação2. Exportação

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uma Trading Company, é denominada venda equiparada à exportação. Para efeitos legais e de incentivos fi scais, o fabricante goza dos mesmos benefícios da exportação direta.

Aspectos Cambiais das Exportações

Sob o aspecto cambial, as exportações podem ser cursadas:

Sem cobertura cambial: Quando não ocorre o pagamento da exportação e como conseqüência não há o ingresso de divisas do exterior em moeda estrangeira para pagamento da mercadoria.

Amostras sem valor comercial, retorno de animais reprodutores desde que tenham entrado no país, temporariamente, para cobertura; material para revisão ou conserto, quando amparado por contrato de garantia; mercadorias destinadas à feiras e exposições. Podem, também, ser enquadrados neste caso, a saída de bens de capital, à título de investimento, destinados ao exterior, desde que tal equipamento seja integrado ao capital da fi rma estrangeira na forma de capital de risco.

Com cobertura cambial – São as operações de exportação nas quais há pagamento proveniente do exterior pela remessa de mercadoria e conseqüente ingresso de divisas. As operações de exportação com cobertura cambial, cujo registro de exportação (RE) estiver devidamente averbado pela Secretaria da Receita Federal, deverão ser vinculadas a um Contrato de Câmbio. O Banco Central do Brasil estabelece prazos para contratação e fechamento de contrato de câmbio, que poderão ocorrer anterior ou posteriormente ao embarque da mercadoria.

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As exportações brasileiras, em geral, devem ser realizadas contra pagamento em moeda estrangeira. No entanto, o exportador ao vender as mercadorias recebe o pagamento em moeda nacional. Esta operação é exigida pela legislação cambial a qual estabelece a obrigatoriedade e prazos para realização da operação de câmbio que é a troca de moedas estrangeiras por moeda nacional.

Operações especiais de exportação

Além das operações normais de exportações, que são aquelas consideradas com cobertura cambial, com prazos de pagamento não-superiores a 180 dias e as exportações fi nanciadas, a legislação prevê ainda a possibilidade de realização de operações de exportação consideradas especiais.

Exportação com margem não-sacada

A legislação admite a exportação de produtos em cujo contrato mercantil de compra e venda determine que o pagamento da operação seja efetuado após a sua verifi cação fi nal no exterior, com base em certifi cados de análise laboratoriais ou outros documentos comprobatórios, com ou sem cláusula de retenção cambial.

A cláusula de retenção cambial permite a possibilidade de o importador reter um percentual de um máximo de 25% da venda para ser utilizado na realização testes em laboratórios credenciados no exterior, para comprovar a qualidade ou grau de pureza do produto. Assim, a remessa integral das divisas correspondentes ao pagamento do exportador fi ca condicionada ao cumprimento de exigências de comprovação de qualidade.

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Para o percentual de margem não-sacada pode ou não haver cobertura cambial, ou seja, pagamento por parte do importador, em decorrência da perda ou não do lote destinado aos laboratórios. No caso da perda ser menor que o percentual admissível, é feita a remessa ao exportador das divisas complementares no prazo máximo de 180 dias. Caso os testes revelarem margem de perda, na mercadoria, superior à parcela de “desvio” prevista e proporcional ao percentual de câmbio retido, caberá ao exportador ressarcir o importador estrangeiro pela diferença extrapolada.

Para você entender melhor, veja o exemplo:

Uma exportação com margem não-sacada de 25% será faturada da seguinte maneira:

Valor total corresponde a 100%.

75% do lote de mercadorias será faturado contra pagamento no prazo estabelecido em contrato (à vista ou a prazo).

25% é apresentado como margem não sacada, ou seja, poderão ter ou não cobertura cambial, dependendo dos testes de laboratório.

No anexo “G” da Portaria nº 15 do SECEX de 17 de Novembro de 2004, estão relacionadas as mercadorias passíveis de serem exportadas com retenção cambial e os percentuais máximos admissíveis.

Exportação em consignação

Entre as operações especiais, de interesse do exportador, existe a exportação realizada sob a forma de consignação, admitida para todos os produtos da pauta de exportação brasileira, exceto os produtos relacionados no Anexo “F” da Portaria nº 15 do Secex de 17/10/2004.

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A consignação permite ao exportador colocar mercadorias no exterior à disposição do importador, condicionando o pagamento e remessa de divisas ao exportador, nos prazos estabelecidos pelo normativo, na medida em que este realize suas vendas no exterior.

A exportação em consignação implica a obrigação de o exportador comprovar, dentro do prazo de 90 dias para as mercadorias classifi cadas nos capítulos 2,13 e 23 da NCM e 120 dias para as demais mercadorias, contados da data do embarque, o ingresso de moeda estrangeira, pela venda da mercadoria ao exterior, na forma da regulamentação cambial, ou o retorno da mercadoria.

Exportação de amostras

Amostras caracterizam-se pela limitação de quantidades e pela não destinação comercial.

Na exportação de um lote de camisas, por exemplo, é recomendável que cada peça seja de referências distintas e não objetive a venda desse lote no exterior. No caso de sapatos, admite-se que a amostra seja um pé de cada modelo e não um par. As exportações de amostras são dispensadas de registro de exportação.

Exportações destinadas a feiras, exposições e certames

A remessa de mercadoria ao exterior, com fi ns de promoção, obriga o exportador a comprovar, no prazo de 180 dias, contados da data do embarque, o retorno da mercadoria ao país, ou o ingresso de divisas na forma da legislação cambial vigente, caso tenha efetivado a venda do produto.

Na hipótese de ser inviável o retorno da mercadoria ou ocorrer a venda por valor inferior ao originalmente consignado no RE, por alteração de qualidade ou por qualquer outro motivo, o

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exportador deverá encaminhar à SECEX/DECEX (RJ) ou entidade por ela credenciada, no prazo máximo de 210 dias da data do embarque, documentação comprobatória para fi ns de análise e decisão sobre a baixa das obrigações.

As operações de exportação de mercadorias com este propósito, cujo valor declarado seja inferior a 5.000 dólares, o registro no SISCOMEX será feito por Registro de Exportação Simplifi cado (RES) e cursadas sem cobertura cambial.

Exportação com Pagamento em Moeda Nacional

Poderão ser autorizadas exportações para Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, de determinados produtos brasileiros, contra pagamento em moeda nacional por empresas que possuam sede nas cidades de fronteira tais como Bagé (RS), Barra do Quarai (RS), Bela Vista (MS), Chuí (RS), Corumbá (MS), Dionísio Cerqueira (SC), Foz do Iguaçu (PR), Guaíra (RS), Guajará-Mirim (RO), Jaguarão (RS), Ponta Porã (MS), Quarai (RS), Santana do Livramento (RS), São Borja (RS) e Uruguaiana (RS).

Somente nos casos citados é possível realizar exportações com pagamento em moeda nacional. Para os demais casos de exportação, elas devem ser cursadas em moedas estrangeiras.

Reexportação

Reexportação consiste na entrada de mercadorias em um determinado país, produzidas em outro, com o intuito fi nal de serem, posteriormente, vendidas ao exterior; sejam elas com ou sem transformação.

Uma mercadoria originária da Alemanha, chega ao Brasil onde é montada e reexportada para o Chile.

A reexportação se justifi ca quando não há rede adequada de transportes, técnicas e capitais necessários à transformação do produto por parte do país exportador, soberania nacional, e vínculos político-comerciais.

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Tratamento Fiscal nas exportações

Os incentivos fi scais concedidos às exportações brasileiras estão estabelecidos na Lei nº 8.402 de 9 de janeiro de 1992 e na Medida Provisória 674 de 25 de outubro de 1994 e suas alterações posteriores têm como fi nalidade desonerar dos impostos incidentes sobre os preço dos produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos quando destinados ao mercado internacional.

Em linhas gerais, os tratamentos fi scais nas exportações, relativos aos impostos, são os seguintes:

PIS/PASEP – Impostos que incidem sobre a totalidade das vendas mensais das empresas e integram o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Servidores Públicos (PASEP). No caso das vendas de exportação, os valores correspondentes às exportações de produtos manufaturados poderão ser excluídos da receita operacional bruta. Isso signifi ca que as vendas de exportação não são tributadas por estes impostos.

COFINS – Imposto instituído sobre a totalidade das vendas mensais das empresas à título de Contribuição para o Fundo de Investimento Social. No caso das exportações, não há incidência desta contribuição sobre as vendas quando destinadas ao exterior.

IPI – Imposto que incide sobre os preços dos produtos industrializados (IPI). Nas exportações é concedido nas modalidades de Isenção, Suspensão e Manutenção dos Créditos.

Isenção – Na exportação a isenção é genérica isto é, não se faz distinção entre produto nacional ou nacionalizado e se resume no princípio constitucional de que se é manufaturado que sai para o exterior é isento (art.153 da CF de 1988).

Suspensão – É uma isenção condicionada à não-tributação em virtude do destino fi nal do produto. O corre nas vendas para fi ns de exportação através de intervenientes ou intermediários (exportação indireta) na qual a suspensão é em caráter temporal até o momento em que se cumpra a condição da saída para o exterior.

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Manutenção dos créditos - Ocorre nas operações de mercado interno onde a indústria se credita do IPI constante nas entradas relativas aos insumos para a produção de manufaturados a serem exportados. Não havendo débito quando da saída destes produtos para a exportação, permite-se à indústria manter o crédito pela entrada dos insumos e se aproveitar deste crédito.

Você sabe a diferença de produto nacional e nacionalizado?

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Imposto de Renda – Tributo Federal sobre a renda das empresas e cidadãos. No caso das exportações, permite-se isenção ou redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre as remessa ao exterior exclusivamente para pagamento de despesas como promoção, propaganda e pesquisa de mercados de produtos brasileiros, inclusive despesas de participação em feiras internacionais. Também são isentas do Imposto de Renda as remessas de juros ao exterior devidos por fi nanciamentos às exportações.

ICMS – Imposto de competência estadual e do Distrito Federal, incidente sobre os preços de venda das mercadorias e serviços (ICMS). No caso das exportações, são previstas a não-incidência, suspensão e também a manutenção de créditos.

Não-incidência – Quando se trata de exportação de produtos industrializados, excluídos os semimanufaturados os quais podem ser tributados ou não, dependendo da legislação de cada estado.

Drawback Interno – Permite que estabelecimentos industriais possam dar saída com suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem de fabricação nacional quando destinados a

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um estabelecimento industrial para industrialização de produtos destinados á exportação. O Drawback Interno é regulado pelo Decreto nº 2.637, de 5 de junho de 1998.

Drawback – Regime Aduaneiro especial de incentivo às exportações que consiste na desoneração dos tributos incidentes sobre a importação de partes, peças, componentes ou insumos de produtos destinados à exportação. Realizada a exportação, extingue-se o compromisso do drawback.

O Drawback é um compromisso de exportação assumido pelo exportador em contrapartida de importações realizadas com a desoneração de impostos e importação de componentes e insumos utilizados na fabricação de produto destinado à exportação. Via de regra a legislação aceita que o valor da importação corresponda a 40% do compromisso de exportação, ou seja, se um exportador importar peças ou matérias-primas no valor de U$ 40.000, ele deve assumir um compromisso de exportar 100.000 dólares. O exportador assim que cumprir a obrigação de exportar, extingue o compromisso.

O regime aduaneiro especial de Drawback é regulamentado pela Portaria nº 14 do SECEX e pode ser concedido nas modalidades de:

Isenção – quando ocorre a importação para a reposição de estoque de insumos importados, ou seja, possibilita a importação de mercadorias com isenção de tributos em quantidade e em qualidade equivalente às consumidas nos produtos exportados.

Os pedidos de drawback isenção ocorrem quando o exportador exporta uma mercadoria em que utilizou estoques de matérias-primas já importadas e nacionalizadas e, assim, passa a ter direito a realizar uma nova importação para repor os estoques, amparada pelo regime de drawback com isenção de impostos, já que os mesmos foram pagos anteriormente.

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Suspensão – quando ocorre a aquisição de insumos importados para permitir a fabricação de exportáveis. O drawback suspensão permite importar sem a incidência de impostos para formação de estoque para fabricação de produtos a serem posteriormente exportados.

Restituição – possibilita a reutilização de tributos que incidiram em uma importação de insumos que foram utilizados na fabricação de produtos que foram exportados. A restituição se assemelha à isenção pelo fato de terem sidos utilizados estoques de mercadorias importadas anteriormente, só que o exportador por não querer realizar nova importação a que tem direito para repor os estoques, opta pela restituição dos valores dos impostos pagos.

Observe que as modalidades de Drawback isenção, suspensão e restituição não podem ser confundidas com o regime de tributação dos Impostos do IPI e ICMS. O Drawback se refere à modalidade de concessão do regime em função da importação de insumos, enquanto que o regime de tributação dos impostos IPI e ICMS se refere à forma de incidência dos tributos sobre as vendas de exportação.

Regimes Aduaneiros Especiais

A legislação brasileira prevê os regimes aduaneiros especiais como mecanismos para a importação e exportação de mercadorias com suspensão de tributos incidentes.

Procurei destacar aqui seguintes regimes aduaneiros na exportação:

Trânsito Aduaneiro na exportação - possibilita o transporte de mercadorias, sob controle das autoridades aduaneiras, de um ponto a outro do país, com suspensão de tributos, podendo ser aplicado nos seguintes casos:

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transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verifi cada ou despachada para exportação, do local de origem ao de destino, para posterior embarque ou armazenamento em área alfandegada;

transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacional ou nacionalizada, verifi cada ou despachada para reexportação ou exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior.

O prazo de suspensão dos tributos cobre o tempo necessário para amparar o transporte desde o local de origem até o de destino, contado a partir do momento do desembaraço para trânsito aduaneiro, e limitado ao momento da certifi cação da chegada da mercadoria no destino.

O regime se extingue na conclusão da operação de trânsito, no território nacional, mediante atestado de chegada da mercadoria ao destino.

Exportação Temporária - é concedida pela Secretaria da Receita Federal que permite a saída do País de mercadorias nacionais ou nacionalizadas condicionando à reimportação em prazo máximo de 2 anos de permanência no exterior. Esta modalidade é aplicada, entre outros casos, para:

mercadorias destinadas a feiras, competições esportivas ou exposições no exterior;

produtos manufaturados e acabados, inclusive para conserto, reparo ou restauração para seu uso ou funcionamento;

minérios e metais para recuperação ou benefi ciamento;

mercadoria a ser submetida à operação de transformação, elaboração, benefi ciamento ou montagem, no exterior e sua reimportação, na forma dos produtos resultantes dessas transformações.

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Na reimportação de mercadoria exportada temporariamente para conserto, reparo e restauração, serão exigíveis os tributos incidentes na importação dos materiais empregados na execução dos serviços, enquanto que, na hipótese de ocorrência de aperfeiçoamento passivo, serão exigíveis os tributos incidentes sobre o valor agregado.

O Regime de Exportação Temporária para Aperfeiçoamento Passivo, nos termos da Portaria MF 675/94, permite a saída do País, por tempo determinado, de mercadoria para ser submetida à operação de transformação, elaboração, benefi ciamento ou montagem, no exterior, e sua reimportação, na forma do produto resultante dessas operações.

Entreposto aduaneiro na exportação - esta modalidade é concedida pela Secretaria da Receita Federal e permite o depósito de mercadorias a serem exportadas, em local determinado, com suspensão do pagamento dos tributos e sob controle aduaneiro. O prazo de permanência da mercadoria no regime de entreposto na exportação é de até 1 ano, prorrogável até o limite máximo de 3 anos. Dentro do prazo de vigência do regime, acrescido de 45 dias após esgotar-se o prazo de permanência, deverá o exportador adotar uma das seguintes providências:

iniciar o despacho de exportação;

reintegrar a mercadoria ao estoque do estabelecimento do benefi ciário;

em qualquer outro caso, recolher os tributos suspensos de acordo com a legislação pertinente.

No regime de entreposto aduaneiro de exportação existem duas modalidades:

regime comum - que confere o direito de depósito da mercadoria, destinada ao mercado externo, com suspensão dos tributos, se devidos;

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b)

c)

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regime extraordinário - exclusivamente para empresas comerciais exportadoras (trading companies), relativamente às mercadorias que adquirirem para o fi m específi co de exportação, seja depositando em entreposto aduaneiro ou promovendo o seu embarque direto.

Depósito Alfandegado Certifi cado (DAC) - é o regime aduaneiro que admite a permanência, em local alfandegado do território nacional, de mercadoria já comercializada com o exterior e considerada exportada, para todos os efeitos fi scais, creditícios e cambiais, devendo, portanto, a operação ser previamente registrada no SISCOMEX.

Somente é admitida no regime de Depósito Alfandegado Certifi cado a mercadoria vendida mediante contrato DUB (delivered under customs bond).

DUB é um título emitido pelo Depósito Alfandegado certifi cando a custódia da mercadoria que para efeitos legais, fi scais, creditícios e cambiais, é considerada exportada.

Este regime não é permitido para as mercadorias com exportação suspensa ou proibida, em consignação ou as exportações sem cobertura cambial.

SEÇÃO 6 -Tratamento administrativo, fi scal, cambial e aduaneiro nas importações

O importador, ao realizar operações de importações do exterior, deve observar ao cumprimento das normas administrativas, às legislações fi scal, cambial e aduaneira. Os normativos de importação estão relacionados na Consolidação das portarias SECEX Importação e Drawback, na Portaria Secex nº 14 de 17 de Novembro de 2004.

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Classifi cação das importações

Importações Não-Permitidas

As importações não-permitidas podem ser subdivididas em:

Proibidas - são importações de produtos nocivos à saúde pública e ao meio ambiente , ou proveniente de países que sofrem restrições comerciais.

Temporariamente suspensas - englobam algumas importações de máquinas e equipamentos usados que não atendam às condições defi nidas pela SECEX.

Importações Permitidas

O sistema divide as importações de mercadorias permitidas em três grupos: Dispensadas de licenciamento, Sujeitas ao Licenciamento Automático e as importações sujeitas ao licenciamento Não-Automático.

Importações dispensadas do licenciamento - são dispensadas de licenciamento no SISCOMEX as importações realizadas nos regimes aduaneiros de entreposto aduaneiro e industrial, admissão temporária, regime aduaneiro especial nas modalidades de loja franca, depósito afi ançado, depósito franco e depósito especial alfandegado. Estão dispensadas de licenciamento, ainda, as importações de partes, peças e componentes aeronáuticos para manutenção de aeronaves, mercadorias destinadas ao consumo em congressos, feiras e exposições e produtos que não estejam sujeitos aos licenciamento automático e não-automático.

Importações sujeitas ao licenciamento automático - o Licenciamento Automático é efetuado pelo importador ou a seu pedido pelas agências bancárias autorizadas a operar em comércio exterior ou diretamente no sistema por meio de computadores interligados, devendo ser

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efetuado previamente ao desembaraço da mercadoria. O licenciamento automático é exigido para as operações de importação realizada no amparo do regime de Drawback e demais casos listados nos tratamentos administrativos do SISCOMEX, disponíveis na página da Internet do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Importações sujeitas ao licenciamento não-automático - O licenciamento não-automático é exigido para produtos listados no tratamento administrativo do SISCOMEX que está disponível na página do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (www.desenvolvimento.gov.br). A importação destes produtos requer, em geral, anuência de órgão gestores responsáveis pelo exame prévio, que é realizada diretamente no sistema. Também estão sujeitas ao licenciamento não-automático as importações sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não-tarifária, ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio, sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq), sujeitas ao exame de similaridade, de material usado, sem cobertura cambial, operações cursadas em moeda nacional.

Canais de Importação

Importação direta

O interessado importa a mercadoria diretamente do fornecedor no estrangeiro, executando o contato inicial, o processo de negociação, a contratação da operação e os procedimentos administrativos e fi scais para a liberação da mercadoria no Brasil.

Empresas comerciais importadoras

São empresas que operam no comércio internacional, normalmente especializadas em importar determinados produtos , ou mercados específi cos, e que prestam serviços de intermediação na execução, parcial ou completa de uma operação de importação.

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Importação pelo correio

Constitui-se num sistema de importação simplifi cado, via remessa postal e encomendas aérea, dispensando o interessado dos procedimentos normais de importação. É um canal adequado para o envio de amostras e recebimento de amostras e importação de mercadorias com pesos reduzidos. Nas importações pelo correio há isenção imposto de importação para mercadorias cujo valor não ultrapasse US$ 50.00, quando importados por pessoas físicas. O valor máximo admitido para as importações está limitado a US$ 500.00 com pagamento de 60% de impostos.

Aspectos Cambiais das importações

Os aspectos cambiais nas importações são regulados pela Circular nº 3.280/2005 do Banco Central do Brasil, publicada no Diário Ofi cial da União de 09 de Março de 2005 que divulga o novo regulamento do mercado de câmbio e de capitais internacionais (RMCCI).

Importações com pagamento em moeda nacional

De acordo com o regulamento (Título 1, Capítulo 12, seção 11), são permitidas às importações brasileiras, o pagamento em moeda nacional que, neste caso, deve ser efetuado mediante transferência internacional em reais para crédito à conta corrente em moeda nacional, aberta e mantida no Brasil nos termos da legislação e regulamentação em vigor, de titularidade do exportador estrangeiro ou de outro legítimo credor.

Importações sem cobertura cambial

As importações sem cobertura cambial são permitidas para os casos listados a seguir, os quais deverão ser licenciadas no SISCOMEX por meio de licenciamento não-automático, são eles:

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peças e acessórios, abrangidas por contrato de garantia;

importações na forma de doações;

fi lmes cinematográfi cos;

retorno de material remetido ao exterior para fi ns de testes, exames e/ou pesquisas, com fi nalidade industrial ou científi ca;

bens importados em regime de admissão temporária nos casos previstos na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (SRF) no 285/2003;

amostras, de valor superior a US$ 1.000,00 (mil dólares dos Estados Unidos da América) ou o equivalente em outra moeda;

substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.o 150, de 26 de julho de 1982;

arrendamento mercantil (leasing);

arrendamento simples, aluguel ou afretamento;

investimento de capital estrangeiro.

Operações especiais de importação

Importação em consignação

São as importações condicionadas ao pagamento quando for efetuada sua venda no mercado nacional.

Importação de material usado

É possível realizar algumas importações de material usado, desde que atendam algumas exigências, a fi m

de que evitar a importação de equipamentos obsoletos ou prejudiciais a produtividade e competitividade do parque fabril, são elas:

que os equipamentos sejam destinados a uso próprio;

que os bens não sejam produzidos no país ou não possam ser substituídos;

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que sejam de interesse da economia nacional;

que não se destinem para controle de qualidade.

Sujeitas a exame de similaridade

O exame de similaridade procura verifi car a existência de produto nacional capaz de substituir em condições idênticas a mercadoria a ser importada. Havendo existência de similar nacional, a importação do produto não será permitida pelos órgãos gestores em função da proteção ao nacional. De certa forma, é uma medida protecionista ao fabricante nacional.

Estão sujeitas à exigência de exame de similaridade, as importações que são amparadas por benefícios de isenção, redução de impostos, inclusive aquelas importações realizadas pela União, Distrito Federal, Estados e Municípios, considerando similar ao estrangeiro o produto nacional em condições de substituir o importado por ter qualidade e especifi cações equivalentes; preço não superior ao custo CIF do importado e prazo de entrega normal para o mesmo tipo de mercadoria.

As operações sujeitas a exame de similaridade devem ser licenciadas no SISCOMEX por meio de licenciamento não-automático a ser realizado previamente ao embarque da mercadoria no exterior.

Regimes aduaneiros especiais

Entre os regimes aduaneiros especiais de importação procurei destacar os seguintes:

Admissão temporária

É o regime que permite a importação de bens que devam permanecer no país durante prazo fi xado, com suspensão de tributos, retornando ao exterior, sem sofrer modifi cações que lhes confi ram nova individualidade.

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Esse regime suspensivo tem como objetivo favorecer a importação de bens para atender a interesses nacionais de ordem econômica, científi ca, técnica, social, cultural etc.

As condições básicas para aplicação do regime é que a utilização dos bens, dentro do prazo fi xado para permanência, seja exclusivamente nos fi ns previstos e que a importação seja processada como importação sem cobertura cambial.

Poderão ser admitidos no regime, entre outros, bens destinados a:

exposições artísticas, culturais e científi cas;

exposições e feiras comerciais ou industriais;

competições ou exibições desportivas;

servir de modelo industrial;

veículos de turistas estrangeiros;

aparelhos para teste e controle;

máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, para demonstração em estabelecimentos de ensino, pesquisa e médico-hospitalares.

A Legislação básica sobre o regime de admissão temporária consta no Decreto nº 4.543, de 26/12/02, arts. 306 a 334, na Lei nº 9.430, de 27/12/96 e especialmente na Instrução Normativa nº 285, de 14/01/03 da Secretaria da Receita Federal.

Entreposto aduaneiro

O regime de entreposto aduaneiro permite o depósito de mercadoria, em local determinado, com suspensão do pagamento de tributos e sob controle fi scal.

As mercadorias admitidas no regime de entreposto aduaneiro poderão ser submetidas para as operações de industrialização, manutenção ou reparo, bem como para exposição, demonstração e teste de funcionamento.

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Recinto Alfandegado

As operações de industrialização em recintos alfandegados permitem a realização das atividades de acondicionamento, montagem, benefi ciamento e transformação, no caso de preparo de alimentos para consumo a bordo de aeronaves e embarcações utilizadas no transporte comercial internacional.

O recinto alfandegado, quando credenciado para a realização de atividades de industrialização, recebe as seguintes denominações:

Aeroporto industrial, se localizado em aeroporto: nestes recintos são admitidos as partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de aeronaves, e de equipamentos e instrumentos de uso aeronáutico, provisões de bordo de aeronaves utilizadas no transporte comercial internacional e quaisquer outros importados e consignados a pessoa jurídica estabelecida no País.

Plataforma portuária industrial, se localizada em porto organizado ou instalação portuária de uso público: são admitidos nestes recintos as provisões de bordo de embarcações utilizadas no transporte comercial internacional, partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de embarcações, e de equipamentos e instrumentos de uso náutico, bens destinados à manutenção, substituição ou reparo de cabos submarinos de comunicação, quaisquer outros importados e consignados à pessoa jurídica estabelecida no País.

Porto seco industrial, se localizado em Estação Aduaneira de Interior – EADI: a admissão no regime será autorizada para a armazenagem de partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de aeronaves e embarcações, partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de outros veículos, assim como de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, quaisquer outros importados e consignados à pessoa física ou jurídica, domiciliada ou estabelecida no País.

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Loja franca

Lojas Francas são estabelecimentos comerciais instalados dentro de portos e aeroportos (zonas aduaneiras primárias) que comercializam produtos nacionais e estrangeiros sem pagamento de impostos.

A autorização para instalar e operar loja franca é outorgada à empresa selecionada mediante concorrência pública e habilitação junto à Secretaria da Receita Federal.

Nas Lojas Francas as mercadorias permanecem depositadas, com suspensão de tributos e sob controle fi scal, convertendo-se a suspensão em isenção, por ocasião da venda.

Somente poderão adquirir mercadorias das Lojas Francas os tripulantes e passageiros em viagem internacional, os participantes de missões diplomáticas, repartições consulares, representações de organismos internacionais de caráter permanente e a seus integrantes e assemelhados e empresas de navegação aérea ou marítima, para uso ou consumo de bordo de embarcações ou aeronaves, de bandeira estrangeira, aportadas no País.

A legislação pertinente ao regime especial de Loja Franca consta no Decreto nº 4.543, de 26/12/02, arts. 424 a 427 e especifi camente na Instrução Normativa SRF nº 180, de 24/07/02.

Síntese

Nesta unidade você pôde conhecer as políticas de comércio exterior adotadas pelo Brasil nas décadas que antecedem a virada do novo milênio.

Até o fi nal da década de 60, o Brasil adotou o Programa de Substituição de importações que consistia em estimular e ao mesmo tempo proteger as indústrias nacionais por meio do controle das importações, sobretaxando os produtos considerados supérfl uos, realizando maxidesvalorizações da moeda nacional,

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concessões de subsídios e incentivos para a indústria produzir produtos anteriormente importados e destiná-los à exportação.

Em um segundo momento, a partir de 1970, o Brasil adota o modelo exportador que se caracterizou pela ampliação da pauta brasileira de exportação, dando maior ênfase à exportação de produtos manufaturados. Para este propósito, intensifi cou-se a concessão de incentivos, fi scais e creditícios e subsídios concedidos às empresas exportadoras.

No fi nal dos anos 80, a política brasileira de comércio exterior caracterizou-se por uma abertura gradual de mercados para a importação de bens de consumo não-duráveis e eliminação dos subsídios e de incentivos creditícios, buscando adequar a economia brasileira à nova realidade internacional ocasionada pelo processo de globalização das economias. Mesmo assim, ao fi nal da década de 90, o comércio exterior brasileiro apresentava a pauta de exportação com alto grau de concentração, tanto em relação aos produtos, quanto aos países de destino e as regiões exportadoras, ou seja, poucos, produtos, poucas empresas exportadoras e poucos paises de destino das exportações. Como resultado pode-se observar pelo estudo da balança comercial, a evolução do comércio exterior brasileiro que pouco participa das exportações mundiais, permanecendo em torno de 1% do volume transacionado no comércio internacional.

Durante o estudo desta unidade, você teve a oportunidade de conhecer, ainda, a estrutura e organização do comércio exterior brasileiro. Você pôde verifi car que não existe um ministério específi co para os assuntos de comércio exterior e que a organização é realizada por áreas de competência, e que a Constituição Federal determina que aspectos relacionados à fi scalização e controle do comércio exterior são de competência do Ministério da Fazenda. Assim, os órgãos gestores do comércio exterior, dentro da competência dos ministérios, são três: Secretaria de Comércio Exterior, Banco Central e Secretaria da Receita Federal com as respectivas competências de normatizar, controlar e fi scalizar as operações de comércio exterior, realizadas pelo Brasil com os países do mundo.

Além dos órgãos gestores, têm-se outros órgãos governamentais que auxiliam no controle do comércio exterior brasileiro dentro de suas áreas de competência, que são os órgãos anuentes. Fora

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da esfera governamental têm-se, ainda, instituições que apóiam e incentivam o comércio exterior brasileiro.

Você estudou, também, a sistemática de comércio exterior e os tratamentos administrativos nas exportações e importações. Você teve oportunidade conhecer os principais aspectos do sistema operacional do SISCOMEX para registro das operações de exportação e licenciamento de importações. No contexto dos tratamentos administrativos, pôde observar as classifi cações, as modalidades, os regimes, as operações especiais, os aspectos cambiais e regimes aduaneiros das exportações e importações brasileiras.

Atividades de auto-avaliação

1) Descreva as principais características das políticas de comércio exterior brasileira.

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Unidade 4

2) Aponte as principais características da balança comercial dos últimos 50 anos.

3) Descreva os principais termos técnicos de comércio exterior que você passou a dominar por meio do estudo desta unidade.

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Saiba mais

Consolidação das Normas de Exportação – Portaria nº 15 do Secex. Disponível em www.desenvolvimento.gov.br

Consolidação das normas de importação e drawback – Portaria nº 14 do Secex. Disponível em www.desenvolvimento.gov.br

Explore estes site:

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: www.desenvolvimento.gov.br

Aprendendo a exportar

www.aprendendoaexportar.gov.br

Sala de negócio internacionais do Banco do Brasil

http://www.bancodobrasil.com.br/appbb/portal/on/intc/mpe/index.jsp

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5UNIDADE 5

Rotinas e procedimentos: o processo de exportação

Objetivos de aprendizagem

Conhecer as fases ou etapas do processo de exportação.

Distinguir os conhecimentos técnicos requeridos em cada etapa.

Familiarizar-se com os documentos do comércio exterior.

Dominar os termos técnicos do processo de exportação.

Caracterizar os aspectos das práticas do processo de exportação.

Seções de estudo

Seção 1 Fases ou etapas do processo de exportação.

Seção 2 Negociação de pedidos.

Seção 3 Ofi cialização da proposta de venda.

Seção 4 Trânsito interno.

Seção 5 Registro no SISCOMEX.

Seção 6 Despacho aduaneiro de exportação.

Seção 7 Embarque para o exterior.

Seção 8 Elaboração de documentos de exportação.

Seção 9 Negociação bancária e remessa para o exterior.

Seção 10 Liquidação no exterior e ingresso de divisas no país.

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Para início de estudo

Ao decidir internacionalizar suas atividades, a empresa deve se preparar para realizar operações especializadas que diferem daquelas realizadas comumente no mercado interno. Exportar ou importar, embora não sejam atividades difíceis, requerem, antes de tudo, postura profi ssional, cultura exportadora que inclui conhecimentos específi cos de cada uma das etapas dos processos.

Em uma etapa preliminar, a empresa deve examinar suas condições de ingresso no mercado internacional. Por ser uma atividade que requer visão de longo prazo, não permite aventuras descompromissadas e exige capacidade de investimento para suportar os altos custos iniciais.

Assim, em um primeiro momento, a empresa deve examinar se existe um fi rme propósito e capacidade fi nanceira para iniciar as atividades de internacionalização. Em um segundo momento, é preciso defi nir o que exportar e para onde exportar.

O que exportar:

Defi nir o que exportar, implica a empresa avaliar a capacidade exportadora. Entre as técnicas de avaliação da capacidade de exportação, as mais utilizadas são o checklist nº6 de Minervine (2001) e a técnica de identifi car os pontos fortes e fracos, as oportunidades e ameaças em termos de capacidade de produção, tipo de produto, domínio de conhecimentos técnicos, recursos humanos, tecnológicos, vantagens competitivas de impacto, além da defi nição dos preços para exportação.

Para a defi nição dos preços de exportação você deve considerar dois métodos:

o método de formação de preço de venda baseado no preço do mercado interno;

o método de formação de preços baseado no custo específi co de exportação.

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O raciocínio do método baseado no preço de mercado interno considera a formação do preço de exportação tomando o preço do mercado interno e deduzindo os impostos IPI, ICMS, PIS/COFINS que não incidem nas exportações. Deduz-se, ainda, todas as despesas que somente ocorrem no mercado interno, tais como comissões de vendedores, lucro, custos fi nanceiros, frete interno etc. Soma-se a este resultado as despesas específi cas de exportação que devem considerar o Incoterm defi nido na negociação, tais como comissão de agente, despesas de frete até o porto, custos portuários, despesas de uso do SISCOMEX, custo de emissão de certifi cados, apólice de seguro, honorários de despachantes etc. Soma-se, ainda, o lucro desejado na exportação e o resultado deve ser convertido em moeda estrangeira.

O raciocínio do método de formação de preço de exportação, baseado no custo específi co de exportação, considera o detalhamento do custo de fabricação do produto a ser exportado, adicionado das despesas específi cas de exportação mais o lucro desejado na exportação, convertidos em moeda estrangeira.

Você terá um entendimento melhor sobre a formação de preço de exportação realizando a atividade prevista no AVA, utilizando o simulador de preço de exportação.

Para onde exportar:

Embora todo produto possa ser objeto de exportação, nem tudo pode ser exportado para todos os países. Isso porque os países diferem em termos de culturas, hábitos, costumes, normas e legislações que difi cultam o ingresso de produtos estrangeiros. Dessa forma, a empresa interessada em exportar necessita identifi car e selecionar os mercados de exportação. Em geral, seleciona-se os mercados de exportação considerando aspectos como:

Proximidade geográfi ca;

Similaridade cultural;

Crescimento econômico;

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Nível de competição;

Potencial de mercado para o produto.

Entre as difi culdades encontradas pelas empresas na internacionalização dos seus negócios, aponta-se o difícil acesso a informações de mercados internacionais. Diante disso, no Brasil, o governo tem investido no desenvolvimento de mecanismos de inteligência comercial, disponibilizando informações estratégicas aos exportadores brasileiros por meio do Sistema Alice, Sistema Radar Comercial e do Brasiltradenet. Estes sistemas estão disponíveis para consulta on-line que podem ser acessados na página do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (www.desenvolvimento.gov.br).

Selecionados os mercados, o próximo passo é identifi car as oportunidades de exportação, ou seja, empresas estrangeiras interessadas em importar os produtos da empresa. Para este propósito, a Internet tem se mostrado uma ferramenta de uso indispensável, disponibilizando inúmeros de endereços que promovem a aproximação de importadores e exportadores.

Tendo a empresa identifi cado os importadores potenciais, o próximo passo é realizar as etapas do processo de exportação que será objeto de nosso estudo nas próximas seções.

SEÇÃO 1 - Fases ou etapas do processo de exportação

O processo de exportação torna-se uma atividade rotineira nas empresas exportadoras com o propósito de:

vender mercadorias no exterior;

promover a saída das mercadorias para o exterior;

providenciar o recebimento e ingresso das moedas estrangeiras no país, por conta do pagamento da exportação.

Dessa forma, o processo de exportação tem um início, um meio e um término durante os quais as rotinas e procedimentos devem atender aos aspectos comerciais das vendas de exportação e cumprir os dispositivos das normas e legislações fi scais, aduaneira e cambial.

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O início do processo se dá com a negociação do pedido. O meio do processo acontece com o embarque da mercadoria para o exterior e o término acontece com o efetivo ingresso das divisas no país. Quando a última etapa é realizada, extingue-se a responsabilidade do exportador sobre o processo de exportação, embora a legislação requeira que o mesmo seja mantido arquivado por 5 anos para efeitos de comprovação e fi scalização por parte da Secretaria da Receita Federal.

SEÇÃO 2 - Negociação de pedidos

A negociação do pedido consiste da primeira etapa do processo de exportação. Esta atividade pode ser realizada pelo vendedor internacional da empresa, também denominado Trader, ou pelo agente de exportação ou pelos intervenientes exportadores, tais como as Trading Companies as empresas Comerciais Exportadoras.

Negociar o pedido signifi ca defi nir os termos e condições para a entrega da mercadoria e o recebimento do pagamento correspondente.

No processo de negociação internacional de vendas de exportação devem ser negociados e defi nidos aspectos, tais como:

as especifi cações técnicas do produto;

o preço das mercadorias;

as condições de entrega – Incoterms;

a forma de pagamento;

o meio de transporte a ser utilizado se aéreo, marítimo ou rodoviário.

As especifi cações técnicas do produto devem incluir um estudo detalhado da embalagem que tem que atender as fi nalidades de comercialização e transporte, bem como as quantidades e volumes para caber dentro das unidades de carga internacional.

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O preço das mercadorias deve considerar os métodos de formação de preço para exportação, especifi cados de acordo com Incoterms, estudados na seção 5 da unidade 3.

As formas de pagamento no comércio internacional são:

o pagamento antecipado;

cobrança documentária;

cartas de crédito.

O pagamento antecipado é aquele que o ingresso das divisas acontece anteriormente ao embarque da mercadoria.

Cobranças documentárias são realizadas pelos de bancos internacionais para obterem o pagamento no exterior. Podem ser para pagamento à vista ou a prazo.

Na modalidade à vista, mais conhecida como CAD (cash against documents), o pagamento deve ocorrer no momento da apresentação dos documentos de exportação ao importador. Na modalidade a prazo, o importador se compromete, providenciando o aceite no saque ou letra de câmbio, a pagar no vencimento estabelecido.

Na negociação de pagamento por Cartas de Créditos devem ser negociados os termos do crédito, tais como pagamento à vista ou a prazo, os tipos de documentos a serem apresentados, o tipo de crédito, se revogável ou irrevogável, se confi rmado ou não, prazos para embarque entre outros itens.

Com o propósito de evitar mal entendidos dos termos e condições negociados, os usos e costume do comércio internacional recomendam providenciar logo após a negociação do pedido, a ofi cialização da proposta de venda.

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SEÇÃO 3 - Ofi cialização da proposta de venda

O conjunto de termos e condições negociados na fase anterior é formalizado pelo primeiro documento de comércio exterior, denominado de Fatura Proforma.

A Fatura Proforma (Proforma Invoice), tem a fi nalidade de ofi cializar a proposta de venda. É emitida pelo exportador, em língua estrangeira, geralmente o inglês, por ser a língua comum no comércio internacional e deve apresentar todos os termos e condições negociadas entre o vendedor e o comprador.

A Proforma serve para o importador confi rmar se os termos e condições conferem com o que foi negociado e, também, para iniciar as formalidades de importação junto às repartições governamentais do país do importador. Em geral a fatura proforma é solicitada para a emissão das cartas de créditos e de licenças de importação.

São indispensáveis na apresentação da fatura proforma os seguintes dados:

denominação: fatura proforma ou proforma invoice;

numeração de ordem do exportador;

identifi cação do importador e do exportador;

data de emissão e validade;

descrição do produto, quantidades, modelos;

embalagem de apresentação e transporte;

volumes e peso;

preço unitário e total;

modalidade da venda – incoterms;

condições de pagamento;

forma de pagamento;

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tipo de transporte internacional;

seguro internacional;

local de embarque e destino no exterior;

prazo de entrega;

identifi cação do banco do exportador;

validade da proposta.

Não há exigências legais de formatação da Fatura Proforma a qual é aceita desde uma carta até um contrato formal apresentando os dados da negociação, conforme apresentado anteriormente. No entanto, o costume de comércio é emitir a fatura Proforma como um formulário, conforme você pode observar na fi gura a seguir:

Figura 5.1: Fac-símile do formulário da Fatura Proforma.

Fonte: SECEX. Aprendendo exportar. CD rom. Bandeirantes Indústria Gráfi ca SA. 2002.

FATURA PRÓ-FORMADADOS DO IMPORTADOR:

LOCAL DE EMBARQUE:

OBSERVAÇÕES:

NÚMERO:DATA:

DADOS DO EXPORTADOR:

QTD DESCRIÇÃO DAS MERCADORIAS PREÇO UN. PREÇO TOTAL

LOCAL DE DESTINO:PAÍS DE ORIGEM: DATA PROVÁVEL DO EMBARQUE:

OBSERVAÇÕES:

TOTAL GERAL

INCOTERMS:

PESO LÍQUIDO: VOLUME:

BANCO (NOME, CONTA):VALIDADE DA PROFORMA:

COMISSÃO DO AGENTE:

MEIO DE TRANSPORTE:PESO BRUTO:

FORMA DE PAGAMENTO:DE ACORDO COM OS INCOTERMS-2000(ioc)

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SEÇÃO 4 - Trânsito interno

Após ter sido confi rmado o pedido e no caso de pagamento por meio de carta de crédito, sendo esta recebida, o exportador providencia a fabricação do produto e quando esta estiver pronta, deve ser transportada até o porto de embarque para o exterior.

Para a realização do transporte interno, no território nacional, do estabelecimento do exportador até o porto de embarque designado, a mercadoria deve estar amparada pela Nota Fiscal de Exportação.

A Nota Fiscal de Exportação é uma exigência fi scal e serve para amparar o transporte da mercadoria desde o estabelecimento do exportador até o porto de embarque para o exterior, bem como é exigida sua apresentação na solicitação de despacho aduaneiro de exportação junto à unidade da Secretaria da Receita Federal no porto de embarque.

Para a emissão da Nota Fiscal de exportação, a legislação requer a utilização do Modelo 1, Série B, emitida em nome do importador e deverá constar os seguintes dados:

Natureza da Operação: código 7.11 – Exportação (venda de produção do estabelecimento).

Isento do IPI – Artigo 18 – Inciso II, Decreto 2637/98.

ICMS – não-incidência – Artigo 32, Inciso I da Lei Complementar 87/96.

Neste caso, não há destaque de valores nos campos correspondentes ao IPI e ICMS em virtude da isenção e não-incidência destes tributos, conforme as legislações mencionadas.

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SEÇÃO 5 - Registro no SISCOMEX

Exceto nos casos previstos na Portaria nº 15, do Secex de 17 de Novembro de 2004, as operações de exportação devem ser objeto de registro de exportação (RE) no SISCOMEX, a ser realizado anteriormente ao despacho aduaneiro.

Deve ser observada, para os casos de vendas realizadas pela bolsa de valores a efetivação do Registro de Venda e para as exportações fi nanciadas, a emissão do Registro de Crédito, os quais devem ser registrados no Siscomex, anteriormente ao Registro de Exportação.

- Mas você deve estar se perguntando... Como eu faço para realizar um registro de exportação?

Cabe ao exportador, por intermédio de terminal próprio ou de terceiros, conectado ao SISCOMEX, prestar as informações de natureza comercial, fi nanceira, cambial e fi scal exigidas para o registro de exportação, que serão criticadas on-line pelos órgãos intervenientes do governo que acompanham ou interferem no processamento das operações de exportação e, dessa forma, o exportador pode trocar informações com os órgãos responsáveis pela autorização e fi scalização.

A inclusão das informações do registro de exportação é feita nas telas de vídeo, conforme apresentado nas ilustrações extraídas do Simulador do SISCOMEX, por meio das quais vamos destacar alguns aspectos importantes. Você pode acessar o Simulador que está disponível no seguinte endereço: www.aprendendoaexportar.gov.br

Quando o sistema é acessado, é necessário informar o código e senha do exportador, conforme você pode observar na fi gura a seguir:

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Figura 5.2: Tela de abertura do Siscomex.

Na tela seguinte são apresentadas as opções de inclusão disponíveis no sistema.

Figura 5.3: Menu de opções do Siscomex

No caso do Registro de Exportação (RE), digita-se PCEX300 no campo apropriado para a transação.

Com esta operação, abre a tela da inclusão de Registro de Exportação, onde no campo 01 deve ser identifi cado o CGC do exportador.

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Figura 5.4: Tela de inclusão de registro de exportação.

No campo 02 a exportação é enquadrada a partir dos códigos específi cos da operação que podem ser, por exemplo, drawback, registro de venda, operações de crédito, exportações com ou sem cobertura cambial. Todos os códigos requeridos para preenchimento do RE são apresentados em janelas, nas tabelas onde permite a seleção apropriada.

Os campos 03 e 04 são destinados à identifi cação da unidade da receita federal onde serão realizados os despachos aduaneiro e o local sob a jurisdição da receita federal, onde será realizado o embarque.

Existem casos em que o local de despacho é diferente do local de embarque, por exemplo, o despacho pode ocorrer numa Estação Aduaneira do Interior – EADI e o embarque ser realizado no porto de Itajaí-SC.

Observe, na tela anterior, que no campo 05 o país do importador pode ser diferente do país de destino fi nal da mercadoria, conforme apresentado no campo 06 da tela a seguir:

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Figura 5.5: Tela de inclusão de registro de exportação.

No campo 07 deve ser identifi cado o código do instrumento de negociação. Se a mercadoria a ser exportada goza de algum benefi cio, de preferência comercial em virtude de acordos econômicos realizados entre o Brasil e o país destinatário da mercadoria, a exemplo do Mercosul, Aladi etc., ele deve ser identifi cado neste campo.

No campo 09 deve ser informado o esquema de pagamento que pode consistir de uma combinação de pagamento antecipado, à vista e parcelado.

Se por exemplo você negociou um pedido de US 20,000.00 a serem pagos US 5,000 antecipado, US 3,000 a vista e mais duas parcelas de U$ 6,000 em 30 e 60 dias, o esquema de pagamento no campo 09 seria apresentado da seguinte forma:

09 Esquema de pagamento total 20,000.00

c) Valor pagto antecipado 5,000.00

d) Valor pagto a vista 3,000.00

e) Numero de parcelas 2

f) periodicidade 30

g) Indicador D

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Observe a fi gura 5.6:

Figura 5.6: Tela de descrição da mercadoria.

No campo 10 deve ser identifi cado o código da classifi cação da mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul e no campo 11 a descrição dos produtos.

Figura 5.7: Tela fi nal de inclusão de registro de exportação.

No campo 18 apresentado na fi gura número 5.7 é reservado para informar o preço total das mercadorias em duas situações distintas, ou seja, o preço da mercadoria na condição da venda e o preço no local do embarque.

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O preço na condição da venda corresponderá sempre ao preço da mercadoria no incoterm negociado. O preço no local de embarque será sempre considerado o valor FOB da mercadoria.

No exemplo apresentado na fi gura número 5.7 U$ 1,00 corresponde ao valor CIF da condição da venda e U$ 0.93 corresponde ao valor CIF menos o frete internacional mais o seguro.

No campo 20, o exportador deverá indicar o percentual de comissão a ser paga ao agente, indicando ainda, entre as três possibilidades – conta gráfi ca, a remeter, deduzida da fatura – a forma de pagamento.

No campo 21 deve ser informada a modalidade de exportação se direta ou indireta, indicando se o exportador é o fabricante ou não. Caso negativo, o sistema abre uma tela para ser informado os dados do fabricante.

Ao efetivar o registro de exportação, o sistema automaticamente gera um número de ordem que o identifi ca e apresenta o prazo de validade para despacho aduaneiro. O registro de exportação deve se emitido anteriormente ao desembaraço da mercadoria

SEÇÃO 6 - Despacho aduaneiro de exportação

O despacho aduaneiro consiste no momento pelo qual o próprio exportador ou pelo seu despachante aduaneiro, coloca as mercadorias e seus respectivos documentos à disposição da Secretaria da Receita Federal para fi ns de fi scalização e desembaraço e liberação para embarque para o exterior.

Para realização do despacho aduaneiro de exportação são necessárias a apresentação do registro de exportação e a nota fi scal.

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O despacho aduaneiro é realizado mediante a Solicitação de Despacho Aduaneiro no SISCOMEX, o qual por meio de um sistema de parametrização gerado automaticamente, designa o procedimento fi scal a ser adotado para a fi scalização e liberação da mercadoria.

O sistema de parametrização constitui-se de canais – verde, laranja e vermelho – que indicam o procedimento fi scal a ser adotado no despacho aduaneiro.

O canal verde indica o procedimento de desembaraço automático. A mercadoria é liberada automaticamente sem qualquer procedimento fi scal.

O canal laranja determina a conferencia documental, isto é, o fi scal realiza o exame da documentação de instrução de despacho e, se necessário, pode solicitar outros documentos de exportação, tais como o packing list, certifi cados ou a commercial invoice.

O canal vermelho determina a realização do exame documental e a inspeção física da mercadoria.

Concluídos os processos de fi scalização realizados durante o despacho aduaneiro, a mercadoria é liberada para embarque no veículo de transporte internacional. O despacho aduaneiro é concluído com averbação de embarque realizada pela transportadora pela Declaração de Despacho de Exportação. Somente após a averbação do embarque a Secretaria da Receita Federal emite o Comprovante de Exportação.

Para efeitos fi scais de exportação, considera-se exportada uma mercadoria quando existir um Registro de Exportação acompanhado de um Comprovante de Exportação. Dessa forma, o processo de despacho aduaneiro somente é concluído após a realização do embarque para o exterior, objeto de estudo da próxima seção.

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Unidade 5

SEÇÃO 7 - Embarque para o exterior

Após a liberação das mercadorias pela unidade da Secretaria da Receita Federal elas são entregues ao transportador para serem embarcadas a bordo do veículo de transporte internacional com destino ao exterior.

O transportador ao embarcar as mercadorias providencia a emissão do conhecimento de embarque o qual é datado e assinado. A data de embarque é considerada a data em que o transportador recebe a mercadoria a bordo do veículo de transporte.

Os conhecimentos de embarque são emitidos pelo transportador e possuem denominações distintas que dependem do modal de transporte – aéreo, marítimo, rodoviário ou ferroviário – utilizado.

Observe, a seguir,os tipos de conhecimentos de embarque:

Bill of lading ou BL – Conhecimento de transporte marítimo emitido pelas companhias de navegação marítima.

Air way bill ou AWB – Conhecimento de transporte aéreo, emitido pelas companhias de transportes aéreo.

Conhecimento de Transporte Rodoviário ou CTR – emitido pelas empresas de transportes rodoviários internacionais.

Conhecimento de Transporte Ferroviário ou CTF – emitido pelas empresas de transportes ferroviários internacional.

Conhecimento de transporte multimodal – emitido por operador logístico, empresas especializadas em consolidar cargas e utilizar diversos tipos de transportes cobertos por um mesmo conhecimento de embarque.

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O conhecimento de embarque é um contrato de transporte, negociável que atesta que o transportador tem a posse da mercadoria e a entregará no destino à pessoa, cujo nome estiver consignado no documento, mediante ainda, da apresentação dos originais emitidos quando do embarque da mercadoria na origem.

No transporte marítimo, o conhecimento de embarque ou BL (Bill of lading) tem a aparência conforme mostrada na fi gura 5.8 e onde são apresentados dados tais como identifi cação do transportado, do exportador e do consignado, número de ordem, descrição da mercadoria, porto de embarque e de destino, nome do navio além das cláusulas usuais de transporte.

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Figura 5.8: Fac-símile do conhecimento de embarque marítimo.

Fonte: Imagem obtida no site www.shancon.ru/ konosament.php acesso em 15 jul.2005.

As relações dinâmicas do Comércio Exterior se dão em torno do conhecimento de embarque. Observe os passos no quadro a seguir:

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Veja o esquema da dinâmica do comércio exterior na fi gura a seguir:

Figura 5.8: Dinâmica do comércio exterior.

Os documentos originais de transporte é que dão a transferência da posse da mercadoria, do transportador para o titular. Assim, o exportador entregará ao importador o conhecimento de transporte juntamente com os demais documentos de comércio exterior, mediante as condições de pagamento estabelecidas, de pagar à vista ou dar o aceite para pagamento no vencimento.

Os demais documentos de comércio exterior são objeto de estudo da próxima seção.

Quando o exportador entrega as mercadorias ao transportador, esse, de posse da mercadoria, emite o conhecimento de embarque em vias originais e entrega ao exportador no local de origem.

O importador, no destino, sendo o titular da mercadoria, somente terá a posse se apresentar os documentos originais do conhecimento de embarque.

Para o importador ter os documentos originais em mãos, as condições de negociação do pagamento ao exportador deverão ser cumpridas.

Exportador recebe do transportador

os originais do conhecimento de

embarque

O importador, após pagar o banco,

retira os documentos e apresenta

para o trasnportador para retirar a

mercadoria

O exportador remete os

documentos através do banco

para o importador, que

providencia o pagamento

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2

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SEÇÃO 8 - Elaboração de documentos de exportação

Após a efetivação do embarque das mercadorias, o departamento de exportação deverá providenciar a elaboração e emissão dos documentos que compõem o processo de exportação.

Os documentos de comércio exterior são classifi cados de acordo com a sua natureza, e podem ser comercial ou fi nanceiro.

Documentos comerciais

São documentos de comércio exterior que compõem o processo de exportação e servem para a transferência da titularidade e da posse da mercadoria, do exportador para o importador.

Enquadram nesta categoria os seguintes documentos:

o conhecimento de embarque;

a Fatura Comercial ou Commercial Invoice;

o Romaneio ou Packing List;

os Certifi cados.

Fatura Comercial ou Commercial Invoice

A fatura comercial, também denominada em inglês como Commercial Invoice, é um documento emitido pelo exportador, discriminando todos os termos e condições negociadas e confi rmadas anteriormente por meio da fatura Proforma.

A Fatura Comercial é requerida pelo importador para instruir o processo de desembaraço aduaneiro das mercadorias na alfândega do país de destino. Isso signifi ca que sobre os termos e condições nela declarados incidirão os tratamentos administrativos e os

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impostos de importação, de acordo com a legislação do país importador.

O preenchimento da fatura comercial deverá ser preferencialmente na língua inglesa ou no idioma do país do importador, sem emendas e rasuras.

Não existe um padrão ou modelo formal exigido. Ficando à critério do exportador, embora o uso e o costume do comércio internacional recomendam que ela apresente dados, tais como:

denominação de fatura comercial ou commercial invoice;

identifi cação do importador e do exportador;

local e data de emissão;

referências do pedido;

autorização e licenças de importação;

modalidade de transporte;

local de embarque e destino;

descrição das mercadorias;

pesos e volumes;

preços nas condições dos Incoterms em moeda estrangeira;

além de informações complementares exigidas pelo importador.

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Figura 5.9: Fac-símile da Fatura Comercial ou commercial invoice .

A Fatura Comercial é o documento hábil para o desembaraço aduaneiro das mercadorias na alfândega do país do importador. Sobre os termos e condições nela declarados incidirão os tratamentos administrativos e os impostos de importação de acordo coma legislação do país importador.

Commercial Invoice

Buyer

Nr

Date

Our Reference

Re

B/L

Your Reference

L/CContract

QTY measurementDescription of goods unit Total

Total AmountInvoice´s Total Amount:

Payment:Terms:Shipment Port:Net Weight:Gross Weight:Pakage:M3

DestinationShipping DateOur Bank: BANCO DO Brasil s.a

Swift: XDEEBBBBranch Nr. 001Account Nr 5720126-9

Original / Copy

WE HEREBY CERTIFY THAT THE TERMS OF THIS INVOICE AREIN CONFORMITY WITH THE CONTRACT NR

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Romaneio ou Packing List

Romaneio ou Packing List é um documento complementar que tem a fi nalidade auxiliar nos serviços de logística de movimentação internacional de mercadorias. Em termos de conceito é uma lista que descreve a forma com que as mercadorias foram carregadas nas unidades de carga, permitindo sua identifi cação e localização.

Figura 5.9: Packing List.

Packing List

Buyer

Nr:

Date:

RE Nr:

Invoice Nr:

B/LYour Reference:

Contract:

Description

Original

QTYPallet Marks

Port Of Shipment:Pakage:Vessel:

Net Weight Gross Weigh Measurement

Port Of Dischange:CNTR Marks:Seal:

Kg KgKg

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Comércio Exterior I

Unidade 5

O Romaneio ou Packing List descreve:

o número de volumes;

dimensões;

pesos;

quantidades de cada volume;

tipos de embalagens;

pesos líquido e bruto;

marcação de cada volume;

local de embarque e desembarque.

Além disso, identifi ca o importador e o exportador e o veículo de transporte e correlaciona os documentos do processo ao qual pertence, tais como, o número da fatura comercial, do pedido, da carta de crédito etc.

Figura 5.10: Unidade de Carga: Container 20’.

Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/porto/contei13.htm.

DIMENSÕES EM METROS

comprimentolarguraalturaabertura porta - larguraabertura porta - altura

Externas Internas

6,062,442,59

5,942,372,392,282,28

Capacidade Cúbica 33 m³1.188 pés cúbicos

Capacidade Quilos 19.046 kTara 2.181 kPeso Máximo 21.227 k

=

===

Container Fechado de 20’ x 8’ x 8’ 6’

MOORE

McC

ORMACK

MOORE

McC

ORMACK

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Certifi cados

No comércio internacional é comum a exigência de apresentação de certifi cados em função dos controles aduaneiros exercidos pelos países importadores. Os certifi cados podem ser exigidos para controles de condições sanitárias, de análises físico-químicas dos produtos, de qualidade, de inspeção e peso. Nesta categoria estão os certifi cados fi tossanitários, os certifi cados de qualidade, os certifi cados de análise, de inspeção e de peso.

Por outro lado, também são exigidos certifi cados de origem que têm como fi nalidade atestar a origem da mercadoria com o propósito de concessão de benefícios de preferências comerciais proporcionados pelos acordos econômicos fi rmados pelos países, a exemplo do Mercosul e da ALADI – Associação Latino Americana de Integração, do Sistema Geral de Preferências (SGP) e do Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC).

No âmbito dos acordos do Mercosul/Aladi são exigidos o Certifi cado de Origem do Mercosul exigido nas importações realizadas pelos países signatários deste acordo. Estes certifi cados são emitidos no Brasil pela Federação do Comércio ou Federação das Indústrias para comprovar a origem de mercadorias brasileiras quando exportadas para estes países.

No âmbito do Sistema Geral de Preferências (SGP) são exigidos a apresentação do Certifi cado de Origem “Form A” que é emitido pela SECEX pelo Banco do Brasil. Este certifi cado é exigido nas importações dos países desenvolvidos, os quais concedem margens de preferências tarifárias para os produtos originários de países em desenvolvimento como é o caso do Brasil.

No âmbito do Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) são exigidos a apresentação do Certifi cado de Origem Comum, emitido pela Confederação das Indústrias. Este documento é exigido no comércio realizado entre os países em desenvolvimento, os quais concedem entre si margens de preferências a fi m de estimular o desenvolvimento destes países menos favorecidos.

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Documentos Financeiros

Documentos fi nanceiros servem para obter pagamento no exterior. Inclui-se nesta categoria as Cartas de Crédito, Cheques e o Saque ou Cambial, também denominada Letter of Exchange.

As formas usuais de obter pagamento no exterior são por meio das cartas de créditos e as letras de câmbio. Os cheques são menos usuais por não oferecerem garantias de pagamento.

As letras de câmbio (saque ou cambial) são documentos fi nanceiros aceitos internacionalmente. Tem padrão formal, é protestável e deve ser preenchido pelo exportador na língua inglesa.

A letra de câmbio (saque ou cambial) representa os direitos em moeda estrangeira do exportador, do montante devido por conta da exportação de mercadorias e serviços.

Figura 5.11: Letra de Câmbio (saque ou cambial).

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A Letra de câmbio é sacada contra o devedor, no caso o importador, em três vias de igual teor, para pagamento à vista ou a prazo e é negociável no mercado fi nanceiro internacional. Em caso de não-pagamento, ou de recusa de aceite ela pode ser protestada de acordo com a legislação do país do importador.

Finalizada a elaboração dos documentos de comércio exterior é providenciada a juntada dos documentos que compõe o processo de exportação, em seus originais e cópias, para serem negociados com o banco e remetidos para o exterior.

SEÇÃO 9 - Negociação bancária e remessa para o exterior

A negociação bancária consiste na operação realizada com bancos autorizados a operar em comércio internacional, disponibilizando serviços fi nanceiros de cobrança e pagamento de exportações e importações.

A negociação bancária consiste na defi nição das instruções para cobrança a ser realizada no exterior ou a liquidação das operações realizadas por meio de cartas de crédito.

Assim, o exportador após ter concluído o processo de exportação, apresenta os documentos comerciais e fi nanceiros ao banco, a fi m de proceder à cobrança no exterior e obter o pagamento devido pela exportação de mercadorias e serviços.

A apresentação do conjunto de documentos de exportação é realizada pelo Borderô de exportação. Neste formulário são discriminadas as características da operação e especifi cadas todas as instruções que devem ser obedecidas para a operação de cobrança.

Por exemplo, são relacionados os documentos que compõem o processo de exportação e as referidas quantidades de originais e cópias apresentadas, a letra de câmbio e seu vencimento, a comissão do agente. No borderô são instruídas, ainda, as condições para a cobrança no exterior de obter aceite ou pagamento, protestar ou não protestar.

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Figura 5.12: Borderô de exportação.

Fonte: Banco do Brasil.

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Em algumas situações, os exportadores realizam no contexto desta etapa, operações de câmbio de exportação.

O que é câmbio?

Câmbio na exportação vem a ser a operação fi nanceira de troca de moedas estrangeiras por moedas nacionais, mediante uma taxa de câmbio convencionada.

Nas operações de importação o câmbio é a troca de moedas nacionais por moedas estrangeiras, mediante uma taxa de câmbio convencionada.

Já Taxa de câmbio é uma medida de equivalência ou o preço de uma unidade de moeda estrangeira em moeda nacional. Exemplo: A taxa de câmbio do Dólar equivale a 2,35 Reais.

As operações de câmbio se realizam em três etapas distintas, contratação, negociação e liquidação.

A contratação consiste na assinatura de um contrato de câmbio, no qual o exportador se compromete de negociar com um banco, vendendo as divisas originadas pela exportação de mercadorias e serviços, mediante um taxa de câmbio estabelecida.

A contratação do câmbio poderá ser efetuada anteriormente ao embarque ou posterior.

O câmbio contratado anterior a data de embarque pode ocorrer nos casos de pagamento antecipado e nos casos de realização de operações fi nanceira de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) que implica para o exportador em um adiantamento em moeda nacional, em até 180 dias antes do embarque. O ACC permite o exportador tomar recursos para fi nanciar a produção de bens a serem futuramente exportados.

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O Câmbio contratado posterior à data do embarque deve ser realizado em até 180 dias depois do embarque das mercadorias, podendo ser realizado com ou sem adiantamento de recursos. O adiantamento de recursos em moeda nacional pode ser realizado por meio da operação fi nanceira denominada ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues. Esta operação é admitida quando o embarque da mercadoria já foi efetivado e os documentos de exportação foram entregues no banco para cobrança no exterior para obter pagamento no vencimento. Neste caso, o ACC permite o exportador tomar recursos para fi nanciar a comercialização de exportações.

As operações de ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues se assemelham às operações de desconto de duplicatas que acontece freqüentemente no mercado interno.

A fase negociação do câmbio caracteriza-se pela entrega dos documentos comprobatórios da operação de exportação. No embarque, através do borderô de exportação, é indicada a existência de adiantamentos ou não.

A fase de liquidação do contrato de câmbio se dá quando ocorre o recebimento das divisas do exterior que são objeto de estudo da 10ª seção desta unidade.

Em geral, os bancos autorizados a operar em comércio exterior examinam os documentos e verifi cam a existência ou não de discrepâncias e remetem para outros bancos no exterior para obter o pagamento do importador.

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SEÇÃO 10 - Liquidação no exterior e ingresso de divisas no país

Nesta etapa ocorrem duas situações distintas: a liquidação no exterior e o ingresso das divisas no país.

A liquidação no exterior é o momento em que o importador realiza o pagamento do montante devido, no prazo da condição estabelecida, ou seja, antecipado, à vista ou na data do vencimento. Nas operações com cartas de crédito, a liquidação ocorre quando importador transfere os recursos ao banco que abriu a carta de crédito em favor do exportador.

O ingresso das divisas no país é o momento em que o banqueiro no exterior realiza a transferência das divisas para país em favor do exportador e este providencia a liquidação do contrato de câmbio fi rmado anteriormente com os bancos nacionais autorizados a operar em câmbio.

Existem situações em que o pagamento no exterior ocorre, no entanto as divisas não ingressam no país. Às vezes isto pode acontecer por causas temporárias como problemas internos dos bancos estrangeiros que demoram em transferir as divisas. Em outros casos mais graves, por motivos de força maior, como greves, calamidades ou, em situações mais extremas de guerras, confl itos ou, por medidas governamentais de natureza política e econômica a exemplo das declarações de moratórias.

Para efeitos dos aspectos comerciais da exportação, o importador cumpre com o compromisso na confi rmação do pagamento.

No entanto, para efeitos da legislação cambial brasileira de exportação, enquanto não ocorrer o ingresso no país das divisas do exterior, a operação de liquidação do câmbio fi ca em aberto.

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Neste caso, o responsável legal junto ao Banco Central do Brasil pelo ingresso das divisas e pela liquidação da operação de câmbio é o exportador, devendo este realizar os procedimentos estabelecidos no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) ou, caso contrário, sofrer as penalidades previstas no normativo.

Portanto, a responsabilidade o exportador sobre um processo de exportação extingue-se somente quando ocorre o ingresso das divisas do exterior e a liquidação do contrato de câmbio é realizada.

Síntese

Nesta unidade você pôde se familiarizar com as etapas das rotinas e procedimentos do processo de exportação. Para as empresas ainda não-exportadoras, antes de tudo deve haver um fi rme compromisso desta com a exportação, e de longo prazo. No aspecto técnico da preparação de empresas para exportação é importante a avaliação das condições da capacidade exportadora, bem como a elaboração e defi nição dos preços para exportação. Você observou que existem dois métodos de formação de preços para exportação: o método baseado no preço do mercado interno e o método do custo específi co para exportação.

Em princípio se pode exportar qualquer produto, porém nem todos os países serão mercados para determinados produtos. Em geral empresas exportam para mercados selecionados, os quais são avaliados de acordo com alguns critérios, tais como proximidade geográfi ca, semelhanças culturais, crescimento econômico, nível de competição e potencial de mercado para o produto. Superadas a etapa preliminar de preparação e identifi cação de clientes potenciais, o processo de exportação se inicia com o propósito de vender mercadorias nos mercados estrangeiros, providenciar a entrega e saída para o exterior e providenciar o recebimento das divisas correspondentes ao cumprimento das obrigações.

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Você pôde verifi car que a etapa inicial se dá com a negociação do pedido que pode ser realizada pelo trader, pelo agente ou pelos intermediários vendedores tais como as empresas Trading Companies e as Comerciais Exportadoras. Nesta etapa são acordados entre o vendedor e o comprador todos os termos e condições para entrega e pagamento da operação. Os termos e condições negociados são objetos de formalização, numa etapa seguinte, pela Fatura Proforma que é o primeiro documento de comércio exterior a ser emitido pelo exportador, com o propósito de ofi cializar a proposta da venda. Sucedendo a confi rmação do pedido, o exportador providencia a fabricação do produto e seu transporte para o local de embarque para o exterior. Nesta etapa, denominada trânsito interno, é emitida a nota fi scal de exportação a fi m de amparar o transporte da mercadoria no território nacional, do estabelecimento do exportador até o local de embarque para o exterior.

Você viu também que a nota fi scal é exigida, juntamente com o registro de exportação, para instruir o processo de despacho aduaneiro de exportação. O registro de exportação no Sistema de Comércio Exterior - SISCOMEX é uma fase que antecede o despacho aduaneiro. Este, por sua vez, consiste na fase seguinte na qual o exportador, a seu pedido, submete às autoridades aduaneiras, as mercadorias para fi ns de fi scalização e liberação para embarque.

Você estudou também que o procedimento de fi scalização das exportações durante o desembaraço aduaneiro é determinado pelo sistema automático de parametrização que indica através de canais, verde, laranja e vermelho o procedimento da Solicitação do Despacho Aduaneiro – SDA. Após as mercadorias e suas respectivas documentações serem liberadas pela alfândega, acontece o embarque para o exterior. Esta etapa consiste na entrega da posse da mercadoria para o transportador encarregado de transportar a mercadoria para o destino designado. O transportador de posse da mercadoria emite e entrega para o exportador o conhecimento de embarque que como título negociável, representa a titularidade da posse da mercadoria e sobre o qual se estabelece toda a dinâmica do comércio exterior.

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Na etapa de elaboração de documentos de exportação, você pôde se familiarizar com os documentos comerciais e fi nanceiros que compõem o processo de exportação, entre eles a commercial invoice, o packing list, os certifi cados e a letra de câmbio, também conhecida como saque ou cambial. Nas fases seguintes você estudou o processo de negociação bancária de documentos e os aspectos cambiais que implicam nesta etapa, bem como na fase fi nal de liquidação e ingresso no país das divisas do exterior.

Durante o estudo desta unidade, você teve a compreensão de que o processo de exportação tem início, meio e fi m, durante os quais são atendidos os aspectos comerciais da exportação e cumpridas os dispostos nas legislações normativas, fi scais e cambiais do comércio exterior brasileiro, cuja responsabilidade do exportador termina para efeitos cambiais após a liquidação do contrato de câmbio.

Atividades de auto-avaliação

1) O conceito de Registro de Exportação no SISCOMEX é o conjunto de informações de natureza comercial, fi nanceira, cambial e fi scal que caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e defi nem o seu enquadramento. Identifi que no Registro de exportação e relacione quais as informações são de natureza comercial, fi nanceira, cambial e fi scal.

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2) Observe e descreva as características do conhecimento de embarque marítimo apresentado na fi gura 5.8.

3) Descreva sucintamente cada uma das etapas do processo de exportação.

4) Identifi que e conceitue os principais termos técnicos de comércio exterior que você julga ter dominado durante o estudo desta unidade.

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Saiba mais

Regulamento de Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). Disponível em: www.bcb.gov.br

Exportação, Importação – Procedimentos. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br

Sala de negócios internacionais do Banco do Brasil. Disponível em: www.bancodobrasil.com.br

Aprendendo a Exportar: artesanatos, alimentos, confecções, fl ores, máquinas e móveis. Disponível em: www.aprendendoaexportar.gov.br

Comércio exterior: Informe BB. Revista de comércio exterior. Edições várias. Mensal. Disponível em: http://www.bancodobrasil.com.br/appbb/portal/on/intc/rvst/index.jsp

Exportnews. Informações técnicas: Manual de exportação – passo a passo para exportar. Disponível em: www.exportnews.com.br. link

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Para concluir o estudo

Ao iniciar os estudos desta disciplina, talvez você tenha se sentido como eu, ao aceitar o desafi o de escrever este livro. Mas foi realizando unidade por unidade, seção por seção passo por passo, uma coisa de cada vez e, veja: chegamos ao fi nal.

O que parecia difícil no início foi gradativamente se tornando mais ameno, calmo e tranqüilo à medida que nos tornamos mais confi antes da nossa capacidade de conhecer e compreender aquilo que ainda não dominamos. Este é o processo de construir o nosso conhecimento.

O estudo da disciplina de Comércio Exterior I teve como objetivo lhe proporcionar conhecimentos básicos e domínio dos termos técnicos de comércio exterior.

Procurei selecionar os temas e assuntos, ordenando-os de forma que você pudesse ter a compreensão dos fatos históricos do comércio internacional e avançando gradativamente, até poder ter uma visão da rotina e os procedimentos de exportação. Ao avançar os estudos em cada seção, procurei inserir amistosamente os termos técnicos usuais da linguagem de comércio exterior procurando atender os objetivos da disciplina.

Minha tarefa e meu desafi o terminam por aqui. À você cabe continuar dedicadamente seus estudos, como tem feito até então, e construir seu futuro como desejar.

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Lembre-se! Atualmente o comércio exterior brasileiro representa pouco menos de um por cento das transações mundiais, representando de modo inverso, noventa e nove por cento de oportunidades. Com dedicação e esforço, você poderá contribuir para uma maior inserção do Brasil e das empresas no comércio mundial.

Espero nos encontrarmos para comemorar novamente.

Você chegou até aqui. Portanto, pode se considerar um vencedor!

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Sobre o professor conteudista

Renato Paulo Roratto é graduado em Administração de Empresas pela Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina, Mestre em Engenharia de Produção – Gestão da Qualidade e Produtividade pela Universidade Federal de Santa Catarina. É professor das disciplinas de Comércio Exterior I e Metodologia da Pesquisa no Curso de Relações Internacionais e do Curso de Administração de Empresas da Unisul, campus Tubarão e Içara. Coordena o Programa de Internacionalização de Empresas de Tubarão –PIET, junto à Secretaria de Indústria e Comércio da Prefeitura de Tubarão. Também leciona a disciplina de Sistemática de Comércio Exterior I no curso de Comércio Exterior da Escola Superior de Criciúma – Esucri. Também foi professor das disciplinas de administração de comércio exterior, Administração Financeira e Orçamentária, Introdução ao Comércio Exterior nos Cursos de Administração de Empresa e Comércio Exterior na Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC.

Profi ssionalmente atua como consultor de comércio exterior no Projeto Start Export da Federação das Indústrias de Santa Catarina, prestando consultoria e assessoria na preparação de empresas para a exportação. Possui mais de 18 anos de experiência prática nas operações de Comércio Exterior e amplo conhecimento de mercados internacionais pelas sucessivas viagens realizadas nos mais diversos países, representando e negociando contratos de exportação para empresas do sul

de Santa Catarina.

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Referências

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Universidade do Sul de Santa Catarina

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Comércio Exterior I

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Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação

Unidade 1

1) Na atualidade é possível utilizar desde as formas simples até as mais sofi sticadas de se fazer pagamentos nas transações comerciais, tais como sistema de prestações, notas promissórias, duplicatas, cheques, cartões de crédito, cartões de débitos, leasing, consórcios, fi nanciamentos e curto e longo prazo entre outros. Especifi camente no comércio internacional é introduzida a carta de crédito como modalidade de pagamento que consiste numa garantia bancária de pagamento de exportação, condicionada ao cumprimento, por parte do exportador, das cláusulas e termos que o crédito estipula.

2) Quando se fala em comércio internacional, se fala dos países em geral. O comércio internacional na idade antiga envolvia os países conhecidos, tais como o Egito, os Fenícios, os Gregos e as transações que faziam entre si e com os demais. Na atualidade é possível observar o comércio internacional como as transações que são realizadas entre os países.

3) As grandes navegações marítimas trouxeram, como conseqüência, a expansão geográfi ca do mundo. As novas terras descobertas se transformaram em países soberanos, os quais procuraram por intermédio do comércio adquirir bens que não produziam e, com isso, o comércio internacional se intensifi cou e a economia mundial se tornou interdependente. O aumento do fl uxo de circulação de mercadorias e serviços proporcionou às sociedades maior conforto ao mesmo tempo em que exigiu maior competitividade e integração ao mercado global. De certa forma, a participação de uma nação no comércio internacional é uma questão de sobrevivência.

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Unidade 2

1) Os países possuem diferentes condições de recursos tais como natureza, capital e trabalho. Assim como a fabricação de mercadorias, empregam diferentes proporções de fatores. Os países produzirão e comercializarão no mercado internacional as mercadorias as quais podem produzir com vantagens absolutas ou de menor vantagem comparativa, utilizando da disponibilidade daquele fator de produção que dispõe em maior abundância.

2) O comércio internacional possibilita as nações se especializarem na fabricação de produtos os quais lhe são mais vantajosos em termos de custos de fatores e trocar no mercado internacional por aqueles produtos onde possui maiores desvantagens comparativas. Dessa forma, o comércio internacional possibilita a complementaridade das economias, tendo acesso aos diferentes produtos que não têm capacidade de produzir internamente.

3) De acordo com a teoria da proporção de fatores, as bases de trocas são os custos comparativos internos de produção que estabelece os limites de possibilidade de troca de mercadorias. Dentro destes limites haverá maior ou menor grau de interesse dos países em negociar.

4) Complementando suas economias pela exportação de mercadorias. A exportação cria condições de obter divisas que serão utilizadas na importação de produtos e serviços de onde custem mais barato, de melhor qualidade ou, tecnologicamente mais desenvolvidos. Com isso, as populações dos países têm maior acesso a produtos e serviços, proporcionando maior conforto.

Unidade 3

1) A existência de um padrão estável de câmbio das moedas confere segurança aos mercados internacionais e diminuição dos riscos nas relações de trocas de mercadorias e, com isso, credibilidade para a realização de negócios de longo prazo. Se as moedas fl utuam livremente, aumentam os riscos fi nanceiros de perder ou ganhar com as valorizações e desvalorizações das moedas. Em geral, o empreendedor tem propensão a correr o menor risco possível e, com isso, difi cilmente se arrisca a vender ou comprar mercadorias em situações de instabilidade e, dessa forma, as relações de trocas tendem a diminuir.

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Comércio Exterior I

2) O GATT foi um acordo provisório de preferências comerciais que vigorou por cinqüenta anos em função do fracasso da formação de uma organização regulamentadora do comércio mundial na época. Dessa forma, ele foi um instrumento que permitiu a realização e o crescimento do comércio internacional de mercadorias. No entanto, no âmbito do GATT se excluíam as negociações sobre outras questões que envolvem o comércio internacional, como as barreiras comerciais, as práticas desleais de comércio, o comércio de serviços e os fl uxos de investimentos que passaram a ser o foco das atividades da OMC a partir de sua criação em 1995.

3) O Sistema Harmonizado de designação de mercadorias estabeleceu a uniformização das nomenclaturas de mercadorias existentes, de forma que se pôde correlacionar e compatibilizar as diversas nomenclaturas utilizadas pelas nações pelo uso comum dos primeiros seis dígitos da codifi cação. Assim, a codifi cações de todas as nomenclaturas existentes possuem os seis primeiros dígitos iguais, como é o caso em que pode ser observado na NCM adotada pelo Brasil. Na NCM a diferença é a inclusão de mais dois dígitos que identifi cam mais especifi cadamente os itens e subitens da designação da mercadoria, tornando-a mais detalhada e específi ca.

O Incoterm do Grupo E representa a menor responsabilidade do vendedor quanto aos custos e despesas decorrentes do processo de logística nas operações de exportação. Isso implica dizer que transfere ao comprador um nível maior de desconforto em termos de que o comprador é quem tem que providenciar e pagar pelos arranjos logísticos de retirar a mercadoria do estabelecimento do vendedor e fazer chegar a seu estabelecimento no exterior. A utilização dos Incoterms do Grupo D, por sua vez, faz com que que os custos e despesas dos arranjos logísticos, de colocar a mercadoria no destino no exterior, sejam por conta do vendedor, implicando um maior grau de responsabilidade e domínio dos processos de logística por parte do vendedor e maior conforto por parte do comprador. Pensando em termos de competitividade, o comprador sempre escolherá a opção de negócio que lhe ofereça maior nível de conforto pelo menor preço possível. Diante disso, será sempre mais competitivo o vendedor que puder proporcionar aos clientes maior conforto pelo preço adequado.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 4

1) As políticas de comércio exterior, adotadas pelo Brasil, foram o Programa de Substituição das importações (PSI), o modelo exportador e a abertura do comércio exterior. O PSI adotado nos anos 60 procurou estimular e incentivar as indústrias brasileiras a produzir bens para substituir as importações. Entre as medidas adotadas neste programa foram a adoção de medidas protecionistas difi cultando as importações de produtos e incentivando as exportações por meio de mecanismos de concessão de incentivos e benefícios fi scais aliados às maxidesvalorizações da moeda nacional. Durante a vigência do modelo exportador, intensifi cou-se o uso de incentivos e benefícios fi scais e creditícios, dando maior ênfase às exportações de produtos manufaturados de maior valor agregado. No período de abertura do comércio exterior, procurou-se liberar a importação de bens de consumo não-duráveis e eliminar os subsídios e incentivos, a fi m de adequar a economia nacional à nova realidade mundial, trazida pelo processo de globalização.

2) Até o fi nal da década de 60, a balança comercial brasileira permaneceu abaixo dos 2 bilhões de dólares. Durante o período de vigência do modelo exportador, apesar de haver incremento no volume de comércio e onde as exportações aproximaram dos 20 bilhões de dólares,mesmo assim, apresentou-se um défi cit acumulado no período. Durante a década de 90 e nos anos 2000 as exportações e importações seguem em ritmo crescente, aproximando-se dos U$ 100 bilhões, embora apresentando períodos de défi cits.

3) Ao longo desta unidade foram apresentados termos técnicos usuais no comércio exterior brasileiro. Esta atividade visa a identifi car os termos técnicos que você considera como aquisição de novos conhecimentos. Portanto, é individual a cada aluno. Procurei destacar termos técnicos em especial, os apresentados nos tratamentos administrativos de exportação e importação, além de outros. Sinta-se confortável em citar aqueles que lhe proporcionaram novos conhecimentos.

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Comércio Exterior I

Unidade 5

1) Para efeitos fi scais, você pode observar no registro de exportação as informações solicitadas relativas ao NCM, a descrição das mercadorias, o enquadramento da operação, a indicação dos instrumentos de negociações. As informações de natureza comercial são as quantidades, pesos, descrição da mercadoria, prazos de pagamento, destino da mercadoria, identifi cação do importador entre outras. De natureza cambial importam as informações relativas à moeda de negociação, o valor da operação, o enquadramento da operação se fi nanciada, dentre outras.

2) Algumas características que você pôde observar no conhecimento de embarque marítimo é que ele possui a identifi cação do transportador e um número de ordem, identifi cação do exportador ou quem embarcou a mercadoria, o consignatário, quem deve ser notifi cado, descrição da carga, pesos e volumes, é assinado e datado. Apresenta também algumas cláusulas tais como “shipper’s load, count, stowed and seal” que signifi ca que o transportador recebeu um container já carregado, contado, acondicionado e lacrado para transporte. Outra expressão é “Freight Collect” que signifi ca que o valor correspondente ao frete internacional será pago no destino. Se o frete fosse pago pelo exportador, a expressão seria “Freight prepaid”.

3) Compare a descrição das etapas do processo de exportação com a síntese da unidade e verifi que até que ponto a sua descrição assimila uma ordem seqüencial de início meio e fi m do processo.

4) Ao longo desta unidade foram apresentados termos técnicos usuais no comércio exterior brasileiro. Esta atividade visa a identifi car os termos técnicos que você considera como aquisição de novos conhecimentos, portando é individual a cada aluno.

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