apostila civil - eduardo tavares

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO DIREITO CIVIL I - Prof. Eduardo Tavares Apresentação do Programa; Objetivos do Curso; Metodologia de Trabalho; Plano de Aulas Calendário Indicação Bibliográfica Objetivos da Universidade, MEC, OAB PLANEJAMENTO – PLANO DE AULAS E CALENDÁRIO AULA CONTEÚDO 1 Apresentação da disciplina O Código Civil Brasileiro; A Constitucionalização do Direito Civil 2 Direitos da Personalidade Modalidades Aplicação de Princípios Constitucionais 3 Fatos Jurídicos; Classificação Teorias Ato-Fato 4 Ato Jurídico e Negócio Jurídico Existência, Validade e Eficácia Ato Jurídico stricto sensu 5 Negócio Jurídico – Elementos Essenciais Teoria da declaração, da vontade e da confiança Classificação Forma Interpretação Motivo e Causa Pressuposição

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Page 1: Apostila Civil - Eduardo Tavares

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁCURSO DE DIREITO

DIREITO CIVIL I - Prof. Eduardo Tavares

Apresentação do Programa; Objetivos do Curso; Metodologia de Trabalho; Plano de Aulas Calendário Indicação Bibliográfica Objetivos da Universidade, MEC, OAB

PLANEJAMENTO – PLANO DE AULAS E CALENDÁRIO

AULA CONTEÚDO1 Apresentação da disciplina

O Código Civil Brasileiro; A Constitucionalização do Direito Civil

2 Direitos da Personalidade Modalidades Aplicação de Princípios Constitucionais

3 Fatos Jurídicos; Classificação Teorias Ato-Fato

4 Ato Jurídico e Negócio Jurídico Existência, Validade e Eficácia Ato Jurídico stricto sensu

5 Negócio Jurídico – Elementos Essenciais Teoria da declaração, da vontade e da confiança Classificação Forma Interpretação Motivo e Causa Pressuposição

6 Modalidades do Negócio Jurídico; elementos acidentais Condição – Efeitos e Proibições; Modo e Condição: distinção Cláusulas perplexas Termo – Efeitos Encargo – conceito e efeitos APLICAÇÃO DE AV-1

7 Defeitos do Negócio Jurídico Erro, Dolo, Coação Conceitos, requisitos e espécies

Page 2: Apostila Civil - Eduardo Tavares

8 Continuação dos defeitos do Negócio Jurídico Lesão, estado de perigo e Fraude Conta Credores Conceitos, requisitos e efeitosDiferenças ente as figuras jurídicas

semelhantes9 Invalidade do Negócio Jurídico

Inexistência Jurídica Ineficácia e Invalidade Nulidade e Anulabilidade Conversão Simulação – conceito, requisitos e feitos Simulação Objetiva e Subjetiva. Absoluta e Relativa

10 Atos Ilícitos Elementos, Culpa, Teorias Conseqüência do ato ilícito Dano Excludentes Abuso de Direito

11 Prescrição e Decadência Diferenciação: direitos subjetivos e direitos potestativos Regras gerais e prazos de prescrição e Decadência Impedimento, Suspensão e Interrupção da PrescriçãoAPLICAÇÃO DE AV-2

12 RevisãoAPLICAÇÃO DE AV-3

AULA 1

O CÓDIGO CIVIL E A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

Código Civil Brasileiro: histórico, as reformas do Código,o Novo Código Civil: estrutura, Constituição Federal e o Código Civil

1 - Fontes:- Direito Romano, legislação Justianéia;- Ordenações do Reino – Filipinas; somadas às leis pós Brasil Império;- Código Napoleônico de 1804;- Código Alemão de 1896;- Consolidação de Teixeira de Freitas.

2 - Histórico:- É a legislação portuguesa que maior influência trouxe ao Código de 1916.

Page 3: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- Após a Independência em 1822, lei de 20/10/1823 determinou que continuasse a vigorar a legislação do Reino, ou seja, as ordenações Filipinas ( 1603 ). Fato interessante é que estas vigoraram em sua origem até 1863, quando revogadas. No Brasil vigorou até a entrada do Código Civil em 1916.

- Na Constituição do Império, em 1824, determinava em seu artigo 179 , nº 18, a organização de um código civil fundado na equidade e na justiça.

- O primeiro passo foi o esboço de Teixeira de Freitas, que só se efetivou em 1859, resultou em estudo com 5.000 artigos, não aproveitado no Brasil. Porém, foi a grande obra na Argentina do Direito Civil.

- Já na República, foi incumbido por Campos Sales, então Ministro da Justiça, um novo projeto da autoria de Coelho Rodrigues; não foi convertido em lei.

- Como presidente da República, Campos Sales escolheu Clóvis Beviláqua para elaborar novo projeto, baseado nos estudos de Coelho Rodrigues. No mesmo ano, o jurisconsulto apresentou o projeto ( 1899 ) que , após quinze anos de debates, se converteu no Código Civil Brasileiro, promulgado em 1916, entrando em vigor a 1º de Janeiro de 1917.

3 – O Código Civil de 1916- As reflexões da evolução da sociedade brasileira no antigo código;- O papel da mulher na sociedade, A Constituição de 1988 e as relações sócio-

econômico trouxeram verdadeira revolução no interior do Código ( Fato Social – Valor e Norma ).

- Resultado disto foi sua permanente atualização por legislação complementar à CRFB/88 e até mesmo pela jurisprudência

- As relações entre o direito civil e o direito comercial- A origem do direito do trabalho no direito civil ( contratos de prestação ); o

questionamento entre direito público e direito privado

4 – As reformas do Código de 1916- Na década de 1940 – tentativas de implementação do código das obrigações:

Orozimbo Nonato; Philadelpho Azeredo; Hahnemann Guimarães – converteu-se na parte geral dos direitos das obrigações.

- Várias leis de 1950 a 1977, dentre estas destacam-se a Lei 4.121/62 – Estatuto da Mulher casada e a lei 6.515/77 – Lei do Divórcio.

- Início da década de 1960, nova tentativa por Orlando Gomes e Caio Mário da Silva Pereira; buscava suprimir a parte geral, recebendo muitas críticas; sendo o projeto revisto e incorporado ao Novo Código Civil

5 - O Novo Código Civil- Formada Comissão em 1969 para elaborar um projeto de Novo Código Civil;

apresentação de anteprojeto de autoria de Moreira Alves, Arruda Alvim e Silvio Marcondes, com supervisão geral de Miguel Reale.

- Este anteprojeto sofreu diversas emendas, tendo sua versão final data de 1975, consolidando-se no projeto de lei 634/75 e enviado ao Legislativo.

- Muitos debates na Câmara resultaram no projeto de lei de nº 634-B, sendo obrigado a aguardar a nova CRFB/88.

Page 4: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Novos institutos entram na pauta, tais como: proteção à família surgida fora do casamento; igualdade ente os cônjuges; igualdade entre os filhos naturais e adotivos; ampliação do divórcio.

- Finalmente, é o projeto aprovado no legislativo, sancionado em 10/01/2002; publicado em 11/01/2002; vaccacio legis de 01 ano.

- Consta o Novo Código de duas partes: Geral e Especial- PARTE GERAL: dividido em três livros

o Livro I - Teoria das Pessoas: sujeito de direito, personalidade civil, capacidade, personalidade jurídica, domicílio e ausência.

o Livro II – Classificação dos Benso Livro III Fatos e Atos Jurídicos ( relações jurídicas )

- PARTE ESPECIAL: dividido em cinco Livros:o Livro I – Direito das Obrigações;o Livro II - Direito da Empresa;o Livro III – Direito das Coisas;o Livro IV – Direito de Família;o Livro V - Direito das Sucessões.

- Contém um novo livro somente sobre o direito de empresa; trata da Comissão;

Contratos de agência e distribuição; corretagem; transporte – sendo todos relacionados à atividade comercial.

- Seu conteúdo é composto de regras sobre a pessoa, a família e o patrimônio; tutela da personalidade humana, disciplinando a personalidade jurídica, a família, o patrimônio e a sua transmissão ( Francisco Amaral ).

6 – Princípios Básicos:- Socialidade

- É o sentido social do Código, tendo como contraponto a visão individualista que prevalecia no Código de 1916; prevalece o interesse coletivo sobre o individual, sem deixar de lado o valor fundamental da pessoa humana. Ocorre a revisão de direitos e deveres em relação ao proprietário, ao contratante, ao empresário, ao pai de família e ao testador ( REALE).

- Eticidade- Há uma prioridade à Boa-Fé, à equidade e à justa causa; funda o juiz, a sua decisão, em valores éticos; quebra-se o formalismo de 1916; o código não pode prever tudo e dispor sobre tudo. A pessoa humana é a fonte de todos os valores. Exemplo: situações imprevisíveis do contrato

- Operabilidade

Page 5: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- É a efetividade que o código deve ter para que as normas sejam aplicadas. Melhor exemplo é a diferenciação entre prescrição e decadência. O legislador deve atuar para o indivíduo em sua situação específica.

- CLÁUSULAS GERAIS – conceito e função- são normas “abertas” que tem por objetivo melhor adequar a aplicabilidade da norma

ao caso concreto de forma a estar de acordo com a Constituição e com o Código Civil.

7 – Direito Civil - Constituição Federal – Microssistemas Jurídicos- A lei ordinária e a Lei Maior devem conviver harmoniosamente, pois compõem o

mesmo sistema jurídico pátrio. A lei ordinária é construída a partir de diretrizes constitucionais e assim devem andar juntas de forma a delinear os conflitos na sociedade.

- Para tanto, há que se utilizar da sistemática interpretativa do Código Civil segundo a Constituição. Neste aspecto há que se registrar duas linhas de raciocínio. Uma em relação aos diversos sentidos que a norma possa produzir e buscar aquele que mais se aproxima com a vontade constitucional; a outra em relação à interpretação dada pelo legislador às diretrizes constitucionais e que conduz à norma ordinária, o que implica em sua utilização pelo julgador, diante de várias possibilidades interpretativas (Luís Roberto Barroso).

- No processo de atualização legislativa, face a permanente dinâmica da sociedade, nasce um rol de leis especiais, autônomo, denominado microssistemas jurídicos, descentralizando numa pluralidade de estatutos autônomos. Trata-se de legislação específica, setorial, destinada a regular institutos isolados, afastando a incidência do Código Civil.

- Neste aspecto, cresce em importância a aplicação da Constituição Federal, harmonizando e unificando o sistema, criando o Direito Civil Constitucional, através da aplicação de princípios e normas superiores de Direito Civil, consagradas na própria Constituição Federal.

8 – A Constitucionalização do Direito Civil- A Constituição Federal é dotada de vários princípios: Dignidade da Pessoa Humana,

Valorização Social do Trabalho, Igualdade e proteção dos Filhos, Exercício Não Abusivo da Atividade Econômica, Função Social da Propriedade, dentre outros.

- Na aplicação do Direito Civil, direito privado, há que se fazer uma reflexão a partir de uma interpretação segundo a Constituição, ou seja, a compatibilidade com a Lei Maior.

- Ocorre, assim, um cotejamento dos princípios constitucionais numa releitura da norma privada, preservando-a no que tange a sua compatibilização.

- Assim, a norma privada deve permitir mais de uma interpretação para que se verifique aquela que melhor se adequa aos comandos constitucionais.

9 – Caso Concreto nº 1

10 – Exercícios

Page 6: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Aula 2

DIREITOS DA PERSONALIDADE

1 – FDUNDAMENTAÇÃO Artigos 11 a 21 do Código Civil Fundamento: art. 5º, X da CRFB/88; art. 220 da CRFB; art. 5º, IV e V da CRFB/88. Pressuposto: existência de direitos extra-patrimoniais nas relações interprivadas.

Possibilita a pessoa atingida um instrumento para a sua defesa e reparação de danos (lesão ou ameaça de lesão). Proteção à pessoa humana: direitos subjetivos privados.

No antigo CC havia proteção ao patrimônio e à circulação de riquezas; tratava das liberdades públicas e não da proteção à pessoa no âmbito privado.

2 - PERSONALIDADE X DIREITO DA PERSONALIDADE

LIVRO I, Título I:Capítulo I – Da personalidade e da CapacidadeCapítulo II – Dos Direitos da Personalidade

- No capítulo I tem-se a personalidade como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil; confunde-se com a capacidade de direito que é a titularidade das relações jurídicas.

- Ângulo Externo: personalidade enquanto capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações no meio social; do homem em relação aos demais integrantes da sociedade.

- Já no Direito de Personalidade tem-se a Personalidade como um conjunto de características e atributos da pessoa humana considerada como objeto de proteção por parte do ordenamento jurídico; tutela dos direitos personalíssimos da pessoa; lesão ou ameaça de lesão provocada em face da personalidade da pessoa humana.

- Ângulo Interno: interior do próprio homem com uma visão de necessidades e direitos básicos enquanto cidadão;

Direitos da Personalidade: intransmissibilidade e irrenunciabilidade. Reparabilidade a lesão ou ameaça de lesão; Cessação dos atos danosos; Proteção ao corpo, à vida, ao nome e ao patrimônio, ao pseudômino,

à privacidade e intimidade.

3 - CARACTERÍSTICAS:- generalidade; extrapatrimonialidade, caráter absoluto, inalienabilidade, imprescindibilidade e intransmissibilidade, imprescritíveis, impenhoráveis, vitalícios, necessários e oponíveis erga omnes** inatos: duas correntes: ínsitos ao próprio homem X dependem de lei para nascerem, o que prevalece- os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade são transmissíveis.

OBSERVAÇÃO:

Page 7: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- Direitos Originários: são os direitos inatos às pessoas que se impunham ao Direito e ao Estado;- Direitos do Homem: são próprios de qualquer pessoa, tendo como critério identificador a titularidade exercida pelo sujeito do direito, pessoa natural;- Direitos Personalíssimos: são os insusceptíveis de serem transmitidos de um titular para outro;- Direitos Pessoais: são aqueles quem não tem natureza real.

4 - CLASSIFICAÇÃO:- Direito à Integridade Física: à vida, ao próprio corpo e ao cadáver.- Direito à Integridade Moral: honra, liberdade, recato, imagem, nome e direito moral do

autor.

5 – NO CÓDIGO CIVIL

Artigo 11:- características gerais, salvo as exceções previstas em lei; limitação voluntária,

autorização por lei; comportamento do sujeito de direito.

Artigo 12:- indenizatório por prejuízos materiais e morais, sem prejuízo de ações administrativas

ou penais.- Parágrafo Único: companheiro ou companheira, na contra-mão do direito. A lei

8971/94 que trata de alimentos e sucessão para companheiros, regulando situação específica.

Artigo 13 - trata da remoção de órgãos. Para atos praticados em vida; exigência médica ( risco de

vida presumido ); não basta autorização; médico deve atestar o procedimento.- Contrariar os bons costumes – troca de sexo é vedada; bons costumes; depende da

região.- Análise jurídica quanto a alteração em registro público; exames periciais e intervenções

cirúrgicas autorizadas

Artigo 14- Objetivo científico ou altruístico ( transplante de órgãos para salvar vidas. Vontade do doador presumida até disposição em contrário do próprio; cumpra-se à vontade do finado.

Artigo 15- vedado o tratamento médico com risco de vida; autorização do paciente ou familiares.

Artigos 16 e 17 - nome = prenome + sobrenome;

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- situação da mulher no divórcio: opção exercida pela mulher; manutenção do nome da família é direito personalíssimo; referência com o nome dos filhos.

- Proteção ao nome veda a exposição vexatória ou vergonhosa por terceiros, independe da intenção.

- PROTEÇÃO AO NOME: Atributo externo da personalidade; Natureza jurídica do nome: direito da personalidade ou sinal distintivo revelador da personalidade.

- O prenome não pode ser alterado; apelidos públicos notórios; situações vexatórias; acréscimos.

- Art. 56 da lei 6015 – pode ser alterado no primeiro ano após atingir a maioridade civil desde que não haja prejuízo aos apelidos de família: inclusão de sobrenome materno, supressões, traduções ; sempre por sentença do juiz, ouvido o MP. Lei 9807/99 -

Artigo 18- autorização prévia do portador do nome; proteção à utilização do nome, pessoa física

ou jurídica; a marca está aqui incluída.

Artigo 19- pseudômino de artistas integram a personalidade, desde que constante e legítimo, e em

atividade lícita; identificação da pessoa que o adotou.

Artigo 20- proteção à honra, à boa fama e à respeitabilidade da pessoa para que não seja atingida

injustamente. A utilização deve se dar na forma da lei.- Dano moral e dano material.- Autorização expressa ou tácita, sem deixar dúvidas; renúncia à privacidade.- Administração da Justiça: dilação probatória, por quebra de sigilo bancário, telefônico

ou fiscal ou qualquer outra prova amparada pelo segredo de justiça. Processo Judicial: busca da verdade real.

- Autorização do Juiz competente ( administrativo e judicial ).- Manutenção da Ordem Pública - juízo de valor da autoridade com plena convicção,

responsabilizando-se ante a pessoa do atingido; ordem pública X Direito Privado.- Novamente no parágrafo único faltou o companheiro e companheira.

Artigo 21:- Instrumento de proteção á vida privada, a inviolabilidade e à intimidade; é um instrumento de proteção. Fundamenta-se no artigo 5º, XI da CRFB/88.

6 – DIREITOS DA PERSONALIDADE e CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL- Dois aspectos são relevantes quando da efetivação dos direitos da personalidade:

Page 9: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- Primeiramente a verificação do aspecto limitativo autorizativo pelo elemento vontade, onde o operador do direito verificará se´é possível a disposição do direito, na forma do artigo 11 do CC;

- Em segundo lugar, quase sempre o tema atingirá princípios constitucionais que devem ser observados e numa primeira vista parece verdadeiro conflito normativo. Pode-se, aqui, fazer referência a “preponderância de um princípio sobre o outro” na aplicação do caso concreto , resguardando sempre o espírito da Lei Maior e os fundamentos do Novo Código Civil.

7 – IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 31 – Definições:- O Código Civil vigente trouxe-nos uma correção no conceito de fato jurídico, ato

jurídico e negócio jurídico, de forma a facilitar a distinção entre os institutos.- Fato Jurídico é todo o acontecimento que produz efeito jurídico: constitutivo,

conservativo, modificativo e extintivo.- Poderá com a intervenção do homem ou não.- Assim, teremos:- O Fato Natural (da natureza), tais como, a chuva, o vento, o terremoto; poderá produzir

conseqüências jurídicas (perda da propriedade); O Fato Jurídico produzido pelo homem mas que independe de sua vontade, tais como o usucapião, o nascimento, a morte, e que produz conseqüências jurídicas; AMBOS OS CASOS SÃO Fato Jurídico em sentido estrito ;

- O Fato Jurídico produzido pelo homem através de sua vontade – SERÁ O ATO JURÍDICO QUE PODERÁ SER LÍCITO OU ILÍCITO;

- No Código de 1916, o ato ilícito não era considerado ato jurídico por ser algo contra o ordenamento; com o Novo Código, firma-se a posição do ato jurídico que embora ilícito, produz efeitos jurídicos.

- Parece-nos, acompanhando a maioria dos autores, que o novo código civil veio corrigir algumas situações que se encontravam fora desta classificação, ou seja, o ato jurídico e ilícito que gera efeito jurídico; e ainda, os atos jurídicos que não contém intuito negocial, mas que sendo lícitos geram efeitos jurídicos, mesmo não querendo o agente. Assim, o agente, mesmo sem o intuito negocial, termina por gerar efeitos jurídicos com atais atos.

2 – CLASSIFICAÇÃO:Com o Código Civil vigente, melhor seria a seguinte classificação:

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- Fatos Jurídicos em sentido amplo – todo o acontecimento , natural ou humano que produza efeitos jurídicos:

a) Fatos Jurídico em sentido estrito - externos ao homem – fatos que não envolvem qualquer ato humano e que provocam o surgimento ou a modificação de relações jurídicas. Ex.: a mudança do curso de um rio; chuva em alto mar.

i) ordinários – nascimento, morte, decurso de tempoii) extraordinário - , terremoto, enchente, caso fortuito, força maior

b) Ato-Fato Jurídico – não importa a vontade; efeitos produzidos pela norma; relevante é a consequência do ato. Ex: compra de sorvete por uma criança.

i) atos-reais – resultam de situações fáticas: pintura de um quadro por um louco;

achado de um tesouro.

ii) atos-fatos indenizativos – de um ato humano decorre prejuízo a terceirosiii) atos-fatos caducificantes – fatos jurídicos cujo efeito é a extinção de determinado

direito; ex: decadência da ação anulatória de casamento.

c) Ação Humana ( atos jurídicos )

i) Lícitos - atos jurídico em sentido amplo; conforme a lei:ato jurídico em sentido estrito; meramente lícitos; sem intuito negocial,

mas que sendo lícitos, geram efeitos jurídicos, embora não pretendidos pelo agente; o efeito jurídico surge como uma circunstância acidental não imaginada pelo autor do ato. É irrelevante o elemento vontade, pois os efeitos advém de lei. O agente não goza de escolha dos efeitos produzidos.

Fato Jurídico(sentido amplo )

Fato Jurídico em sentido estrito

Ato-Fato Jurídico

Ação Humana

Lícita ( ato JurídicoEm sentido amplo )

Ilícita Ato Ilícito

Ato Jurídico em sentido estrito(não negocial )

Negócio Jurídico

Page 11: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Ex.: domicílio civil surgido sem a vontade do agente ( pressuposto fático contido na norma ); o plantio em terra própria com semente alheia, a construção do imóvel; a pintura sobre uma tela

negócio jurídico – com propósito negocial desejado pelo agente, alcance do efeito jurídico desejado: adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Podem ser unilateral ( testamento ) ou bilateral ( contrato ). Há uma declaração de vontade e um efeito pretendido.

ii) Ilícitos – atos desconformes com a lei e que produzem dano a terceiros que devem ser indenizados, com ou sem intenção do agente ( interesse civil )

3 – O ATO-FATO JURÍDICO:- é o fato jurídico, qualificado pela atuação humana, mas que para o direito é irrelevante se a pessoa teve ou não a intenção de praticá-lo. Encontra-se no limiar das duas situações: é um fato jurídico em que há atuação humana, mas que há intuito negocial, mas não há vontade pois o direito o desconsidera. No entanto, produz consequências jurídicas: melhor exemplo ocorre quando uma criança vai a uma sorveteria e compra um sorvete. Apesar de haver um sentido de negócio jurídico, não há que se falar em elemento vontade, neste caso, porém produz efeitos como verdadeiro negócio jurídico.

4 – Aquisição de Direito

- É o encontro do direito com seu titular. Pode ser originária – quando feita sem qualquer relação com o titular anterior; ou derivada – quando há este relacionamento. Observe-se, desde já, que “ninguém pode transferir mais do que possui”.

- Se há aquisição derivada esta uma SUCESSÃO, seja a título singular ( compra e venda), seja a título coletivo ( herdeiro ou legatário ), ratando-se de objeto (coisa) ou direito.

- Poderá, ainda, ser universal quando se transmite o patrimônio por inteiro ( sucessão causa mortis ).

- Poderá ser gratuita ( sem contraprestação ) ou ( onerosa ).- A aquisição de direitos estará sempre relacionada a um fato ou conjunto de fatos

(aquisição da propriedade por usucapião) que lhe são antecedentes.

- O Direito poderá ser atual – quando está pronto para ser exercido; ou futuro – cuja aquisição ainda não se completou por faltar-lhe um fato, seja objetivo seja pelo tempo.

- O Direito Eventual é o direito futuro mas que já apresenta algum de seus elementos constitutivos; já alguma relação com o presente, proteção jurídica. Alguém que vende algo que ainda não possui e que deve adquirir para podre transmitir. O evento futuro é inerente ao próprio negócio ao próprio direito. Há um elemento futuro que o direito necessita para completar-se; índole interna.

Page 12: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- Expectativa de Direito – é a mera possibilidade, esperança de se adquirir um direito; há um direito em potencial. É o caso do herdeiro testamentário que aguarda a abertura da sucessão, enquanto não ocorre o evento morte; não qualquer proteção jurídica; não há direito.

- Direito Condicional é aquele que está sob uma condição, evento futuro e incerto. O evento futuro é externo ao ato.

- Tais conceitos serão revistos posteriormente, quando tratarmos de validade e eficácia do negócio jurídico.

5 – Modificação de Direito

- Os direitos podem ter modificações qualitativas ou quantitativas, seja objetiva ( dinheiro e cheque ) , seja subjetiva ( Cessão de Crédito, transferência causa mortis ). Não confundir com a extinção de um direito e nascimento de outro ( Novação ).

6 – Defesa de Direito

- Em relação a defesa de direitos, é tratativa do direito adjetivo, processual. Porém registre-se que o titular do direito deve ter um meio de defende-lo ou de exerce-los caso sofram ameaça ou seja tolhido o seu exercício. ( art. 5º, XXXV da CRFB ) – direito de ação. Legítima defesa e ação judicial ( todo o direito corresponde uma ação que o assegura )

- O poder judiciário só se manifesta na solução de casos específicos, não o fazendo em situações genéricas. A ação é o direito público subjetivo do cidadão contra o Estado para obter proteção jurídica.

7 – Extinção de Direito

- Os direitos nascem, existem e se extinguem, morrem.- Não confundir a extinção ( desaparecimento do direito para qualquer titular ) com a

perda do direito que ocorre quando o direito passa a outro titular, desligando-se do anterior; é o caso da alienação ( com vontade ) e da desapropriação ( sem vontade ).

- No perecimento do direito, o objeto perde suas características essências, seja porque se confunde com outro, seja porque deixou de existir, seja porque está em lugar onde não possa ser retirado.

- A renúncia também é causa de extinção, sendo que há casos em que há aquisição do direito pelo outro titular ( renúncia a herança ). Entende-se, assim que na realidade o

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exemplo é uma alienação ( VENOSA ), pois há consentimento da parte que recebe o direito.

- O abandono da coisa também é a renúncia com a intenção implícita.- Assim, poderá ocorrer a extinção do direito quando: ( RODRIGUES )- perece o objeto do direito; o objeto se confunde com outro; o objeto fica em ligar onde é difícil sua retirada; ocorre a perempção ( art. 268, § único do CPC ) o direito é personalíssimo e falece o seu titular; ocorre a Confusão ( reúne numa só pessoa as figuras de credor e devedor art. 381 do

CC); a instituição jurídica fica abolida.

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 4

DO NEGÓCIO JURÍDICO – art. 104 a 114 do CC- É o ato jurídico em que o efeito jurídico é almejado pelo sujeito; ato de vontade e

lícito.- Indivíduo capaz de criar relações, desde que em conformidade com a ordem social; é

eficaz pois a vontade não destoa da lei.- Autonomia da vontade: Liceidade + vontade.- Uma vez acordado entre as partes, a lei lhe empresta sua força coercitiva o que torna a

relação jurídica estabelecida obrigatória.- pacta sunt servanda; a convenção tem força de lei ? Rege as relações privadas, onde o

interesse público não é maior ( sempre que não colidirem com a lei de ordem pública ).- Há cada vez mais intensamente um interesse público, o que enfrenta a autonomia da

vontade; decorrente disto as críticas ao princípio de que o contrato faz lei ente as partes.

- Atenção para as diversas nomenclaturas dos Juristas.

OS PLANOS DA EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DO NEGÓCIO

JURÍDICO

Page 14: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Existência – atendimento a certos requisitos Validade – é a perfeição daqueles requisitos; aptidão legal para produzir efeitos Eficácia – embora válido, seus efeitos podem estar suspensos por existência de

elementos acidentais

1 – O Plano da Existência:

- Neste plano não se fala em invalidade ou de eficácia, mas tão somente sua análise quanto a existência de certos elementos constitutivos, imprescindíveis à existência do Negócio Jurídico.

Elementos constitutivos

a) Manifestação de Vontade:

- poderá ser expressa - através da escrita ou falada, gestos ou sinais ou ,ainda, tácita, - através de um comportamento do agente.

- Qualquer neutralização à manifestação volitiva ( vis absoluta – violência física ) torna o ato inexistente.

- Em relação ao silêncio, em regra, não produz efeitos pela ausência de manifestação de vontade. Porém, em situações como o mandato na doação pura, a abstenção produzirá efeitos.

- No Código Civil, artigo 111 esclarece que o silêncio deverá ser examinado no caso concreto.

- Por fim, no plano da validade, veremos que o silêncio de quem tem obrigação de informar conduz à omissão dolosa ( art. 147 CC ).

b) Agente Emissor da vontade:

- somente existirá o ato com a presença do agente; a exceção para o fato jurídico

em sentido estrito.

c) Objeto:

- há necessidade de um objeto, onde estará centrado o interesse jurídico., seja uma atividade do devedor, seja um objeto material.

Page 15: Apostila Civil - Eduardo Tavares

d) Forma:

- É o meio pelo qual a declaração se exterioriza, chega ao mundo exterior.- Registre-se que a simples intenção do agente não interessa ao direito.

2 – O Plano da Validade:

- É a análise qualitativa que deverá recair sobre cada um dos elementos

constitutivos do Negócio Jurídico. Observe-se que seus elementos são os mesmos da

Existência, porém com a respectiva qualidade necessária que lhe dá validade.

Pressupostos de Validade do Negócio Jurídico

a) manifestação de vontade livre e de boa-fé;- deve ser livre; não pode estar impregnada pela malícia ou pela má-fé; caso não,

poderá o negócio jurídico ser anulado por vício ( defeitos do negócio jurídico – artigo 138 a 165 do CC ).

- Tal pressuposto esta regido por dois princípio: boa-fé e autonomia privada.- A autonomia privada, liberdade de negociar, possui sua limitação centrada na

Constituição, princípios constitucionais ( função social da propriedade, exercício da atividade econômica, defesa do consumidor, etc ); art. 421do CC – função social do contrato.

- Individualismo selvagem X Solidarismo Social- Boa-Fé subjetiva (posseiro; pagamento ac redor putativo) – e Boa-Fé objetiva,

caracterizada pela diligência e probidade; padrão ético objetivo de confiança recíproca; deveres mínimos de lealdade. Ex.: compra de maquinaria de alta tecnologia e indispensável assessoria técnica que não é prestado e o contato é silencioso –poderá ser anulado por violação à boa-fé objetiva.

b) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio;capacidade do agente – Representação, Assistência; o intuito é dar proteção àqueles que não possuem capacidade ( art. 105 do CC ), devido a ausência de vontade ou a falta de aperfeiçoamento desta.

Page 16: Apostila Civil - Eduardo Tavares

IMPEDIMENTO – apesar de capaz, o agente poderá estar impedido, ou seja, não possuir legitimidade para proceder o negócio jurídico naquele caso concreto: tutor; o excluído da herança por indignidade; a consequência desta violação é a nulidade do negócio jurídico por violação à norma cogente.

LEGITIMAÇÃO – aptidão para atuar em negócio jurídico que tenham determinado objeto, em função de uma relação em que se encontra o interessado em face do objeto. Ex.: o tutor e os bens objetos de sua gestão; o condômino e o seu quinhão em coisa indivisível ( art. 504 do CC ); ascendente e a venda a descendentes art. 496 do CC ). Assim, a Legitimação é instituto relacionado ao processo civil, ou seja, pode-se adquiri-la desde que cumpridas certas condições processuais.

c) objeto lícito, possível e determinado ( ou determinável );

- o objeto não pode estar contra a lei, a moral ou os bons costumes, sendo estes interesse da sociedade que não podem ser colididos; deve ser juridicamente possível. Atenção para os objetos de contratos que são tolerados pela sociedade ( ex.: contrato de locação em casas de prostituição )

- Quando o objeto é ilícito, ou quando se atua em juízo em busca da própria torpeza, caberá ao magistrado buscar a justiça e a conveniência, fundando-se nos artigos 150, 182 e 885 do CC

d) forma adequada ( livre ou legalmente prescrita ).- A liberdade da forma é a regra, porém se a lei determinar deve Ter a forma solene

estabelecida ( Ex.: compra de bem imóvel ) – art. 107 e 108 do CC; art. 1640 do CC- Objetivo da forma solene: facilidade da prova; garantia de autenticidade do ato;

dificuldade de se ter vício por dolo ou coação; seriedade do ato.- No caso de forma solene, forma e ato se confundem. Art. 109 do CC.- Na dúvida sobre a vontade da parte, deve o juiz buscar saná-la no processo, buscando a

efetiva vontade das partes. Porém a vontade não poderá ser maior do que a declaração clara e insusceptível de dúvidas.

Interpretação do Negócio Jurídico

Page 17: Apostila Civil - Eduardo Tavares

- Na interpretação do negócio jurídico, art. 112, 113 e 114 do CC, ganha em

importância a manifestação de vontade; trata-se da Boa-fé objetiva, já tratada no

item acima.

A Causa no Negócio Jurídico:

- Tema polêmico, não se deve confundir, no direito pátrio, a causa com o motivo, sendo este um elemento móvel subjetivo, irrelevante para o direito; somente terá sentido analisar-se a causa se esta possui relevância jurídica.

a) corrente subjetivista: é a razão determinante, fim imediato que determina a

declaração de vontade; caráter finalístico: Ex na venda do imóvel é o recebimento

do preço, não importando para quê vende-se o imóvel.

b) corrente objetivista: é a significação social do negócio e sua função (Orlando

Gomes); caberá ao direito tutelar atos socialmente úteis. Ex.: num contrato de

seguro, a transferência lícita do risco é a função prática social do negócio.

- Há, ainda aqueles doutrinadores que não defendem a importância atribuída à causa, bem como aqueles que a função social do negócio não se confunde com a sua causa..

- O Código Civil, em seu art. 166, III, coloca a causa como pressuposto de validade ( e não de existência) - por tratar-se de “motivo relevante”.

- E ainda no art. 140 do CC trata do falso motivo – como razão determinante, aderindo à corrente subjetivista – tratando de finalidade negocial típica que poderá levar à anulabilidade do negócio se não atendido. Ex.: aquisição de imóvel por entidade filantrópica para transformar em asilo, obtendo, assim abatimento

Page 18: Apostila Civil - Eduardo Tavares

no preço; ´se desvirtuado este fim, poderá o negócio ser anulado pela atitude dolosa de desvirtuar a expressa razão do negócio.

3 – O Plano da Eficácia:

- será verificado quando estudarmos os Elementos Acidentais no Negócio Jurídico.- conceitualmente pode-se afirmar que o negócio jurídico que existe e é válido,

poderá estar sujeito a certos acontecimentos acordados ente as partes e que influenciarão a eficácia do negócio jurídico. Ex.: Dou-lhe um carro se voc~e passar na faculdade.

Classificação dos Negócios Jurídicos:a) Negócios Unilaterais e Bilaterais:- Unilateral – declaração de vontade de uma das partes para que o negócio se aperfeiçoe.

Ex.: testamento;- Bilateral – manifestação de vontade de ambas as partes. Ex.: Contrato

b) Negócio Oneroso e Gratuito- Oneroso – à vantagem obtida corresponde um sacrifício; reciprocidade entre as partes.

Ex.: compra e venda, locação- Gratuito – sacrifício ocorre somente com uma das partes, pois a outra somente se

beneficia. Ex.: doação- Todo negócio oneroso é bilateral, mas nem todo negócio bilateral é oneroso. Ex.:

comodato, mandato, doação.

c) Negócios causa mortis e inter vivos :- causa mortis – negócio em que o efeito são produzidos após a morte do agente. Ex.: testamento, doação causa mortis.- inter vivos – são os negócios cujos os efeitos ocorrem durante a vida dos interessados.

d) Negócios Solenes e Não-Solenes:- Solenes – são aqueles que para se aperfeiçoarem necessitam de uma forma prescrita em

lei. Ex.: testamento, adoção- Não-Solenes – independem de forma determinada, podendo as partes recorrer a

qualquer delas. Ex.: compra e venda de bens móveis.

DA REPRESENTAÇÃO – art. 115 a 120 do CC; 653 a 692 do CC

- A representação pode ser adquirida por lei ou por parte interessada.- A manifestação de vontade pelo representante vincula o representado, desde que

emitida nos limites dos poderes autorizados.

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- A representação quando expressa pela parte interessada deve se dar na forma de mandato ( Outorgante ou Outorgado; Mandante e Mandatário ), art. 38 do CPC (poderes adjudicia e extra )

- É vedado o contrato consigo mesmo. Caso em que um único indivíduo adquire duas modalidades jurídicas diferentes, ou seja, atua em seu próprio nome e em nome de outrem. Ver art. 497, I, IV do CC e

- Exceção quando a venda é feita pelo próprio mandatário e ainda com o consentimento e em que não haja conflito de interesses – art. 117 do CC e Súmula 165 do STF

Atos praticados contra o interesse do Representado, pois causam prejuízo – art. 118. - Interesse do Representado X Interesse do Terceiro de Boa-Fé – art. 119

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 5

Capítulo III: Elementos Acidentais: da Condição, do Termo e do Encargo

1 – Definições:

São elementos acidentais; não são indispensáveis, porém alteram as consequências do ato jurídico; afetam o negócio jurídico, sempre por ajuste entre as partes. Encontra-se no plano da Eficácia do Negócio Jurídico; eficácia do ato negocialNormalmente, são verificados os planos da existência e da validade, para após tratar-se do plano da eficácia.Não é qualquer eficácia do negócio, mas aquela eficácia determinada pela vontade das partes.Um negócio jurídico TERÁ ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA E DE VALIDADE, podendo ainda ser composto com ELEMENTOS ACIDENTAIS ( EFICÁCIA ).Podem ser: a condição, o termo e o encargo.

OBSERVAÇÃO: poderá o ato nulo ou anulável produzir efeitos jurídicos, com repercussões no plano da eficácia. Ex: Casamento Putativo; Ato-Fato Jurídico. 2 - A Condição ( artigo 121 do CC )- A eficácia do negócio jurídico depende de evento futuro e incerto. O negócio já existe

desde logo (existência do negócio jurídico), porém a sua eficácia é que se subordina a um evento futuro e incerto. Superado tal evento, o negócio gera os seus efeitos; frustrado, o negócio se desfaz.

- Possui dois elementos: incerteza e futuridade. - Trata-se da incerteza originada no próprio fato e não ao período do tempo. Ex.: a morte

poderá ser Termo ou Condição. Se no exemplo tratar-se de “quando a pessoa morrer” –

Page 20: Apostila Civil - Eduardo Tavares

é termo, pois todos vamos morrer um dia. Mas se o exemplo tratar de morte em cinco dias – é condição pois não se tem certeza da ocorrência do evento.

- Portanto, o evento é considerado relevante em função da vontade entre as partes.- As condições necessárias ao negócio jurídico (conditiones juris) não se enquadram da

categoria de elemento acidental.Ex.: formalidade exigida por negócio jurídico. Existem situações que fazem parte do ato, tal como a outorga de escritura quando na compra –venda de imóvel, não se tratando de condição. Não se trata de evento futuro e incerto, mas uma consequência necessária do próprio ato.

ATENÇÃO: - A condição passada faz do negócio puro e simples. - Tratando-se de evento certo, não é condição, mas TERMO.- Há negócios que não permitem qualquer condição. Ex: Casamento, Emancipação,

Sucessão. A questão maior é o risco para institutos protegidos pela sociedade.

- As Condições podem ser assim classificadas:

a) quanto à sua natureza: necessárias (conditiones juris )e voluntárias.b) quanto ao modo de atuação: suspensivas e resolutivas.c) quanto ao plano fenomenológico: positivas ( ocorrência do fato ) e negativas ( fato

que deixa de ocorrer ).d) quanto a sua licitude: lícitas e ilícitas. ( perplexas, puramente e simplesmente

potestativas )e) quanto à possibilidade: possíveis e impossíveis (física e juridicamente )f) quanto á sua origem ( causais, potestativas e mistas )

- Vamos nos deter nas de maior relevância:- As condições podem ter sua eficácia adiada a um evento futuro e incerto, tratando-se

de Suspensivas: – quando impede que o negócio se aperfeiçoe até que ocorra a condição; o ato negocial subordina a aquisição de direitos e deveres obrigacionais; na vigência de uma condição, não se terá adquirido direito; assim no caso de pagamento antecipado, cabendo a ação de repetição de indébito ( ação in rem verso – por pagamento indevido ).

- Condição Suspensiva ( art. 125 do CC )- A eficácia fica subordinada a evento futuro e incerto. Se ocorrer, adquire-se o direito.

Ex.: carro se passar na faculdade- Atos conservatórios da coisa ( art. 130 do CC ) – direito eventual.- A existência de condição suspensiva faz com que não se possa dispor da coisa de forma

a descaracterizá-la. ( art. 126 do CC )

- Ou ainda, quando este evento futuro e incerto determina a suspensão da eficácia do negócio jurídico, como Resolutiva: – torna sem efeito o negócio na medida que a condição ocorre.. A condição resolutiva poderá ser tácita (opera-se de pleno direito ) ou expressa ( necessidade de haver interpelação judicial ). Ex: contatos bilaterais sem cláusula de resolução com a ocorrência do inadimplemento ( futuro e incerto ). Poderá

Page 21: Apostila Civil - Eduardo Tavares

o credor pleitear a dissolução do negócio jurídico; para tanto deverá promover a interpelação judicial do inadimplente.

- Condição Resolutiva ( art. 127 do CC )- A eficácia do negócio é imediata, e durará enquanto a condição resolutiva não advier.- Desfaz-se, assim o negócio jurídico.

Condição causal, potestativa ou mista- causal: evento alheio à vontade das partes; caso fortuito ou ao acaso; e ainda, a

condição que depende da vontade exclusiva de um Terceiro.- Potestativa: quando depende da vontade de uma das partes, que pode provocar ou

impedir sua ocorrência, inteiro arbítrio ( puramente potestativas ). As simplesmente potestativas são válidas: acontecimento + vontade. Ex: viagem ao redor do mundo; Locatário na renovação.

- Mista: é condição que depende de uma das partes e de um terceiro. Ex.: constituição de uma Sociedade.

- Ainda em relação às condições potestativas:- As condições simplesmente potestativas estão relacionadas a um grande esforço ou

determinado trabalho de uma das partes (WALD) são aceitas em nosso ordenamento: doação de determinado livro que o donatário irá escrever, venda de determinado objeto, aquisição de determinado bem, conclusão de um curso;

- Já nas condições puramente potestativas verifica-se a presença de certos termos, tais como: se eu quiser, caso seja de meu interesse, se na data aprazada o declarante tiver condições de fazer. Nestas há um arbítrio exclusivo e não um esforço, prejudicando a boa fé objetiva.

ATEJÇÃO: venda a contento ( não é considerada potestativa ) , mas sim uma venda que se efetiva na medida em que o comprador provar e gostar, e só assim querer comprar; satisfação do adquirente.

Condições Lícitas e Ilícitas- Todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes são

lícitas.- Exemplos contra o direito e a moral: proibição de se casar, proibição de locomover-se;

proibição de mudar de religião – todas promovem a nulidade do negócio jurídico ( art. 123 c/c 166, VII do CC ).

São proibidas as seguintes condições: ( art. 123 do CC )I. que privarem de todo o efeito do ato

II. que o sujeitarem ao arbítrio de uma das partesIII. Impossíveis, fisicamente, juridicamente e contrárias à moral e aos bons costumes.

As condições perplexas ( incompreensíveis ou contraditórias são aquelas que inviabilizam o próprio negócio jurídico: Ex.: empresto o imóvel desde que você não more nem o alugue.

Page 22: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Condições Possíveis e Impossíveis:

- Impossibilidade Física – subordina a evento que contradiz a natureza das coisas. Ex.: Jamais chover na Terra. É condição inalcançável por TODAS as pessoas. É condição inexistente ( art. 124 do CC )

- Juridicamente Impossível – condição que colide com a lei, a moral ou os bons costumes. É invalidado o ato a ela subordinado ( art. 123 do CC ), contamina todo o contrato, tornando-o nulo.

Ex.: a questão de não contrair casamento de forma geral pode ferir a liberdade ou ser altruísta. Com certa pessoa não ( Silvio Rodrigues ). Também por doença é contraditório.

- Registre-se que, a qualquer tempo, o critério classificatório interage, ou seja é possível ter-se diversas classificações no mesmo caso concreto: voluntária, suspensiva, fisicamente possível e lícita.

Da Condição Maliciosa ( art. 129 do CC )- Poderá ocorrer quando se impede a realização ou quando lhe é forçada o advento.- Na condição suspensiva, o credor acelera a ocorrência e o devedor atrasa;- Na condição resolutiva, o titular do direito evita a ocorrência e o credor força a

aparição.- Nestes dois casos a lei desconsidera a realidade e estabelece o contrário do se passou .- Observa-se a presença de dolo por parte da parte que provocou o ato maliciosamente.

Da Retroatividade da Condição - A regra geral é de que a condição não retroage, ou seja, os efeitos produzidos antes de

suprida a condição não são considerados. - A exceção à regra só deverá ser considerada quando convencionado pelas partes ou se

lei específica estabelecer. Ex.: atos de disposição durante a pendência da condição suspensiva ( art. 126 do CC );

- Prevalecerá sempre o princípio da Boa-Fé. ( art. 128, in fine do CC )

3 – O Termo ( art. 131 do CC )- Está relacionado à eficácia do ato jurídico; é o dia em que começa ou que termina sua

eficácia; - Há negócios jurídicos em que a eficácia é instantânea, de exigibilidade imediata;- É acontecimento futuro e certo. Possui duas características: futuridade e certeza- Diferencia-se da condição pelo fato deste ser direito eventual, podendo ou não se

realizar.- Já no termo, o direito pertence ao credor, é certo, é deferido; ocorre apenas a suspensão

da eficácia do negócio jurídico.- O termo inicial, termo suspensivo, dies a quo – é aquele que suspende o exercício do

direito; a eficácia negocial é protraída para data certa, a partir da qual as obrigações são exigíveis, onde começa a eficácia de um ato jurídico; compara-se à condição suspensiva. Suspende o exercício mas não a aquisição do direito ( art. 130 do CC ). A

Page 23: Apostila Civil - Eduardo Tavares

exigibilidade do negócio é transitoriamente suspensa, mas as partes adquirem desde já os direitos e deveres do negócio jurídico. Pode haver o cumprimento antecipado da obrigação, não se caracterizando enriquecimento sem causa, pois há direito. A subordinação é apenas do exercício, exigibilidade, que está suspensa..

- O termo final, termo resolutivo ou extintivo, dies ad quem – é o que dá o término a um direito; as partes podem acordar a data certa, onde termina a eficácia do ato jurídico; compara-se a condição resolutiva. ( art. 135 do CC )

- O termo poderá ser certo; há certeza na ocorrência, podendo ser uma data ou um lapso temporal

- Porém , também poderá ser incerto, sendo certo que existirá ( “quando José morrer !”)- O termo poderá ser convencional, legal ou de graça ( fixado por decisão judicial ).

4 – Prazos ( art. 132 do CC) - Lapso de tempo entre a declaração de vontade e o advento do Termo; é o período de

tempo entre o termo inicial e final;- Forma: exclui-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. ( art. 132 ). - Vencimento no Sábado, feriado ou Domingo, prorroga-se para o primeiro dia útil.- Quando não se estabelece o prazo, os atos são exequíveis de imediato. (art. 134 CC).

5 – Encargos ( art. 136 do CC )- É um ônus que diminui a liberalidade; uma limitação trazida ao negócio, quer para dar

destino ao objeto, quer para trazer uma contraprestação.- Clóvis Beviláqua: “determinação acessória” pela imposição de prestação, de um ônus.- Não atua sobre a eficácia, mas poderá ocorrer se o disponente impor, o que torna uma

condição suspensiva. ( art. 562 do CC ); - A aquisição do direito se dá desde logo, mas existe um ônus a ser cumprido. ( art. 553

do CC ).- O encargo poderá ser exigido pela via judicial; seu descumprimento não gera a

invalidade do negócio, mas uma cobrança judicial. - Art. 137 do CC – diferença de não escrito e invalidade do negócio jurídico – Ex.:

Viagem a marte X casa doada para prostituição ).

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 6

Defeitos do Negócio Jurídico – Erro, Dolo e Coação

1 – Introdução:

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- A vontade, no ato jurídico deve ser livre e consciente. É elemento essencial; se não, ocorre o ato está defeituoso.

- A vontade pode não se manifestar, gerando ato nulo ou inexistente.- A nova abordagem do Código Civil: Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão e

Fraude contra Credores.- Simulação passa ao capítulo da invalidade do Negócio Jurídico.- A Lesão é retomada como Defeito do Negócio Jurídico.- O negócio terá vida jurídica até ser anulado.- PRAZO DECADENCIAL PARA ATOS JURÍDICOS EIVADOS DE VÍCIOS, na

forma do artigo 178, I, II e III do CC; prazo da pretensão; a partir que cessar a incapacidade; simulação com prazo imprescritível – ato nulo.

São Vícios de Consentimento: - O Erro, o Dolo, a Coação, a Lesão e o Estado de Perigo incidem sobre a vontade, não

permitindo ao agente externá-la conforme seu desejo. A vontade encontra-se prejudicada pela ignorância ou engano, pelo comportamento malicioso e pela ameaça. Há uma disparidade entre a vontade e a declaração, surgindo o defeito de consentimento. A lei protege o autor da declaração

São Vícios Sociais:- A Fraude contra Credores e a Simulação; a vontade do agente se efetiva pelo

consentimento. Não há diferença entre a declaração e a vontade; o fim é de ludibriar terceiros; é consciente; não há constrangimento. A lei protege terceiros interessados

TEORIAS DA DECLARAÇÃO, DA VONTADE E DA CONFIANÇA:

Vontade Real X Declaração- A proteção conferida ao autor da declaração e o conflito com a necessária segurança

das relações sociais que protege pessoas que imaginaram como válido o negócio jurídico.

Posições Doutrinárias:a) Teoria da Vontade Real – Individualista, formulada por Savigny, atende somente o

autor da declaração, ignorando a sociedade; deve prevalecer a vontade e não a declaração, quando em disparate. Tal tese poderá trazer insegurança social, vez que atinge pessoas de boa-fé, pelo desfazimento do negócio.

b) Teoria da Declaração – é o lado oposto, desconsiderando a vontade; almeja assegurar a estabilidade das relações sociais; protege a pessoa a quem a declaração se dirige.

c) Teoria da Responsabilidade – Moderada entre os dois extremos anteriores. Torna a declaração eficaz quando o vício provém de culpa ou dolo do declarante, vinculando-o, apesar de não querer. Não se pode utilizar da própria torpeza ( dolo ) ou de sua ignorância ( culpa ) para retirar a eficácia do ato, prejudicando terceiros. Ainda é

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insuficiente para atender ao terceiro de boa-fé, pois poderá manter o prejuízo à sociedade.

d) Teoria da Confiança – melhor protege a pessoa a que se destina a declaração; considera preponderante o princípio da Boa-Fé de quem é atingido pela declaração da vontade. Verifica-se a possibilidade do contratante, com um mínimo de investigação descobrir o vício; caso ocorra a hipótese, prevalecerá a vontade real; caso não prevalecerá a declaração. É, de certa forma, medida a consciência com que se efetiva o negócio jurídico, afastando a negligência. Esta é a solução adotada pelo legislador no Código Civil Brasileiro.

2 – O Erro ( art. 138 a 147 do CC )- é uma idéia falsa da realidade fazendo com que o declarante, por desconhecimento ou

ignorância produza um efeito, pelo ato jurídico, que não o faria se o conhecesse. A vontade está viciada e o negócio inválido. Pressupostos necessários:

a) ser o erro substancial ( da substância do Negócio Jurídico )b) ser escusável; ( perdoável dentro do que se espera do homem médio )c) não ser susceptível de ser conhecido pelo outro contratante. ( pois neste caso

caracteriza o dolo )

Não estão incluídos na invalidade do ato jurídico:- se o erro for acidental;- se o erro foi produzido por imprudência, imperícia ou negligência e há benefício

quando da anulação;- se há conhecimento do erro, com mínima diligência, pelo contratante, que não poderá

alegar boa-fé.

OBS:I. O erro grosseiro é inescusável, tendo como parâmetro o homem comum, ou

que pode ser percebido por pessoa de diligência normal; a referência maior é a declaração de vontade;

II. A posição do declaratário deve ser considerada pois encontrava-se de boa-fé, não colaborou para a situação de erro; por isso deve ser escusável o erro do declarante.

III. O erro deverá ser examinado na situação concreta considerando o homem normal, a declaração de vontade, a diligência exigida.

Erro Substancial: - É aquele que, se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria. (art.138

do CC ).- Na forma do art. 139 do CC, ocorre erro substancial quando o engano: a) Erro da natureza do ato: venda e doação.b) Erro sobre o objeto da declaração: troca de imóvel por outro na mesma quadra.c) Erro em relação a qualidades essenciais do objeto: quadro original; cavalo de corrida.d) Erro em relação à pessoa: doação a pessoa errada ( intuitu personae )

Page 26: Apostila Civil - Eduardo Tavares

Erro Acidental – sanável; incapaz de viciar o ato

Erro e Vícios Redibitórios

- O erro está relacionado à declaração de vontade; anulável o negócio jurídico; é subjetivo;

- Já o vício redibitório atrela-se ao vício oculto no objeto; poderá ser anulado ( ação redibitória ) ou diminuído o preço ( ação quanti minoris ); é objetivo. Se o defeito é visível não há que se falar em redibição.

Erro Escusável:- Não é estabelecido pelo lei, pois esta o coloca implícito no termo Erro. Dependerá da

situação da parte que a alega, se tinha obrigação de conhecer a verdade. Verifica-se a diligência necessária para o ato jurídico. Ex.: compra de terreno com recuo que inviabiliza a construção.

Erro conhecido pelo outro contratante- Se o contratante encontra-se de má-fé, não fará jus a proteção jurídica, se não atuou

com o mínimo de diligência. ( art. 138, in fine do CC ).- Situação similar quando a declaração é feita por representante; deve haver diligência.

Falso Motivo ( art. 140 do CC )- Ocorre quando, não sendo erro substancial, as partes elevam o erro acidental em

importância, promovendo a substancial, constituindo-se em condição de validade do ato jurídico: ex: faturamento exposto em contrato de compra de empresa; compra de loja em frente a uma indústria para buscar o faturamento.

- Atenção para a situação em que o motivo é colocado como condição de forma expressa.

Erro por ignorância à lei ( art. 139, III do CC )- Não há intenção de descumprir a lei, com agente de boa-fé: neste caso há erro de

direito. Quando o agente nunca pretendeu furtar-se ao cumprimento da lei; Ex.: importação de mercadoria não permitida onde não há vontade de burlar a lei. Erro júris. “A lei é humana e eqüitativa”. ( Washington de Barros)

- Ato ilícito: ninguém poderá alegar o desconhecimento da lei. Tem alcance limitado.- Somente quando tratar-se de norma não-cogente.- Deve ser interpretada na forma da execução por parte de quem a vontade declarada se

dirige, na forma da vontade real do manifestante. Art. 142 e 144 do CC. Princípio da Conservação – deve o intérprete, desde que não haja prejuízo, empreender esforços para dar eficácia jurídica ao que seria invalidado.

A Responsabilidade na anulação do negócio jurídico por erro.- A responsabilidade é daquele que pede a anulação do negócio;- É injusto para o declaratório: dois prejuízos: anulação do negócio e o prejuízo.

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- Ex.: O autor em ação declaratório de anulação de negócio é condenado a devolver o preço no desfazimento do negócio jurídico pela reconvenção; possível a execução, mesmo sem a reconvenção. Prevalece o Direito Material protegido.

-3 – O Dolo ( art. 145 a 150 do CC )- Diferencia-se do Erro pois não é espontâneo mas provocado. Provém da malícia

imposta para ludibriar a vítima. Deverá ocorrer a demonstração do artifício doloso.

- Há um artifício capaz de um contratante iludir o outro.- Erro ( ignorância do declarante ) e Dolo ( malícia do declaratório ); - Dolo e Fraude ( ardiloso capaz de burlar a lei ou convenção preexistente ou futura

)

Dolo Principal - Constitui o vício de consentimento, capaz de anular o ato jurídico;o ato não ocorreria

se não houvesse o dolo principal.

Dolo Acidental- É o ato ilícito, mas que não anula o ato jurídico, promovendo, exclusivamente, as

perdas e danos; o ato ocorre, porém de forma diferente, mais onerosa para a vítima do dolo; não é a razão precípua do negócio jurídico. ( art. 146 do CC )

Intensidade do Dolo.- Dolo tolerado é aquele que uma vez efetivado poderia ser facilmente percebido pelo

contratante; não há, assim, ANULAÇÃO DO ATO, devido a ausência da gravidade; deve o contratante possuir diligência necessária para apurar as informações trazidas. ex.: o vendedor que exagera nas virtudes do bem que comercializa

- ATENÇÃO PARA SITUAÇÕES DO CDC, onde princípios expressamente estabelecidos na lei retiram tal possibilidade, caracterizando-se a hipossuficiência do consumidor. Dolo Positivo e Dolo Negativo )

Dolo por Omissão- O dolo negativo pode ser malicioso, configurando-se em dever de agir. - A polêmica se estabelece quando se guarda a informação quando a lei determina que

haja manifestação ou quando o julgador entende que houve abstenção dolosa, ainda que a lei não imponha. Esta última acaba por prevalecer pois falar a verdade é dever genérico, pela boa-fé dos contratantes.( art. 147 do CC ).

- Pressupostos necessários:a) ato bilateral;b) intenção do prejuízo do contratante e do benefício do autor do dolo;c) dever de revelar circunstância relevante;d) estar a omissão relacionada ao consentimento;e) partir a omissão do outro contratante.

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Dolo Eventual – art. 148 do CC- Se a parte a quem aproveita não sabia e nem tinha como saber do expediente astucioso,

subsiste o negócio, embora o terceiro responda civilmente perante a parte ludibriada, pelo fato de não ter avisado à vítima da atuação dolosa.

- Será o negócio anulado, no entanto, se o terceiro tinha conhecimento ou poderia ter conhecimento da atuação maliciosa.

Dolo de ambas as partes- o dolo recíproco não promove a anulação do ato jurídico (art. 150 do CC ); á a própria

torpeza presente em ambas as partes.

4 – Coação:- A vontade deve ser livre e consciente. Ocorre a Coação quando esta vontade não se

manifestou livremente. Há uma pressão exercida sobre o indivíduo de forma a influenciá-lo na concordância do ato. Este ato deve ser injusto.

- Violência: vis absoluta – violência física; não há consentimento; a vontade é integralmente

neutralizada; não há ato jurídico; ato por inexistência, falta pressuposto de existência.

vis compulsiva – violência moral; é vício de vontade; há uma escolha da vítima pelo ato extorquido; ato anulável; temor constante e capaz de perturbar o espírito.

- Pressupostos para caracterizar a Coação: ( art. 151 do CC )

a) Que a ameaça seja causa do ato – a violência deve ser a causa do consentimento; é questão de prova onde deve ser demonstrado a relação de causalidade ente a violência e o consentimento.

b) Que ela seja grave – a gravidade deve ser tamanha para o aparecimento do temor que vicie a escolha da vítima pelo ato extorquido.

Demonstração: Critério Abstrato – compara-se ao homem médio e normal ( afasta-se a desmedida covardia) ; Critério Concreto – examina-se a vítima e suas particularidades ( sexo, educação, temperamento ); utilizada no Código Civil em seu artigo 152, critério subjetivo.

- O simples Temor Reverencial ( desgosto de pai e mãe, superior hierárquico; pessoas que inspirem respeito e obediência ) não se caracteriza com a gravidade exigida para a coação ) art. 153 do CC, vez que desacompanhado de outros

Page 29: Apostila Civil - Eduardo Tavares

expedientes coatores; se a força moral vier acompanhada de ameaças e violência, vicia o ato.

- Ex.: casamento, relações trabalhistas

c) Que ela seja injusta – atuação em desacordo com a lei; deve ser ilícito; a obtenção de fim a que tem direito é lícita ( Ex.: ameaça de execução de dívida ). - Embora a cobrança seja lícita, não pode extorquir o injusto ( Ex.: denúncia de ato

ilícito se não pagar a dívida; cobrança de hipoteca se não casar ). Art. 153 – “normal” = exercício de direito X abuso de direito. A iliceidade está no meio utilizado pelo agente.

d) Que ela seja atual ou iminente – deve a coação incutir no paciente o temor de um dano iminente; deve ser atual e inevitável ( mal evitável, remoto ou impossível não se caracteriza como coação ); deve a ameaça provocar o espírito da vítima um temor intenso para viciar a vontade.

e) Que traga justo receio de um grave prejuízo – união das perspectivas dos ítens a) e c).

f) Que o prejuízo recaia sobre a pessoa ou os bens do paciente ou pessoa de sua família. – é o conteúdo da ameaça. Divide-se em direção da ameaça e intensidade:

- Direção da Ameaça – violência à pessoa e a seus familiares e aos seus bens ( ex.: confissão de dívida obtida por prisão; ameaça de incêndio; a ameaça pode ocorrer ao coator pelo próprio ( suicídio ); pode haver, ainda, ameaças a terceiros que devem ser provadas.

- Intensidade do Perigo Ameaçado – a questão é verificar se a ameaça teve a intensidade necessária para contaminar a vontade do paciente; quando se compara bens patrimoniais, é possível uma verificação quantitativa, mas entre espécies diferentes, moral e material, a intensidade da contaminação deve ser verificada, não se prendendo à comparação como requisito; problema superado com o artigo 151 do CC.

- A Coação provinda de Terceiros – somente quando a parte beneficiada pela coação tinha conhecimento da situação.( art. 154 do CC )

- Devem estar presente TODOS os pressupostos; faltando um deles não ocorrerá a Coação. São requisitos elementares.

Coação exercida por terceiro:- Há aqui a indenização pelo dano havido. Funciona com similaridade do art. 148 para dolo eventual; só se admite a anulação se o terceiro sabia ou deveria saber da coação, respondendo solidariament4e com o terceiro por perdas e danos, na forma do artigo 154 do CC.

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Page 30: Apostila Civil - Eduardo Tavares