apostila adubos e adubacao 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO LSO-526 ADUBOS E ADUBAÇÃO - APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS - ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES 6ª edição Autores: Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti Prof. Dr. Luís Ignácio Prochnow Msc. Fernanda Latanze Mendes Msc. Gean Carlos Silva Matias Engº Agr. Rodrigo Coqui da Silva Piracicaba, fevereiro de 2011.

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Page 1: Apostila Adubos e Adubacao 2012

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO

LSO-526 ADUBOS E ADUBAÇÃO

- APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS -

ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES

6ª edição

Autores:

Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti

Prof. Dr. Luís Ignácio Prochnow

Msc. Fernanda Latanze Mendes

Msc. Gean Carlos Silva Matias

Engº Agr. Rodrigo Coqui da Silva

Piracicaba, fevereiro de 2011.

Page 2: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Generalidades

O sucesso na atividade agrícola só pode ser obtido quando se empregam

técnicas adequadas e específicas para cada propriedade. Não é diferente para o

manejo químico do solo, onde só um programa bem conduzido de análise química

de terra, interpretação dos resultados, recomendações de corretivos e fertilizantes e

finalmente, aplicação correta dos insumos podem resultar em adequada nutrição das

plantas.

Na disciplina de Química e Fertilidade do Solo (LSO-300) os alunos foram

treinados, por meio de aulas teórico-práticas e exercícios, no que diz respeito à

análise química de terra e interpretação dos resultados. Esta apostila de aulas

práticas foi preparada para retomar deste ponto, fazendo com que os alunos

possam, a partir dos dados analíticos, emitirem recomendações de calagem e

adubação que conduzam a produtividades economicamente viáveis.

Para que este objetivo seja atingido faz-se necessário conhecer a

legislação de fertilizantes, saber interpretar os resultados de suas análises, preparar

fórmulas a partir de fertilizantes simples e saber manusear tabelas de adubação.

Tudo isto foi previsto de tal forma que esperamos que ao final os alunos possam

estar seguros de suas recomendações agronômicas quanto à aplicação de insumos

básicos, como corretivos, gesso agrícola e fertilizantes.

1.2. Objetivo

Alimentar (adubar ou fertilizar) a planta, para nutrir o homem e o animal, de

maneira adequada e econômica, sem causar danos ao ambiente.

Lembrem-se o homem se alimenta da planta, ou planta transformada (animal)

e a planta se alimenta do solo ou do substrato, e somente adubando a planta é

possível a produção de alimentos, fibras, energia.

1.3. Composição da planta

A planta é formada de: ar x água x solo

Page 3: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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a) 95% da massa seca de uma planta tem origem no ar e na água, através dos

denominados macronutrientes orgânicos: C, H e O, ou seja, carbono (C) do

CO2, hidrogênio (H) da H2O e oxigênio (O2) do CO2 e da H2O, na reação

simplificada da fotossíntese;

6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2

b) 5% da massa seca da planta tem origem no solo, através dos elementos

minerais (nutriente: elemento essencial ou benéfico para o crescimento e

produção dos vegetais), classificados em (Anexo V- Apostila Legislação –

Capítulo I, página 2:

I. Macronutrientes:

Macronutrientes primários: nitrogênio (N); fósforo (P2O5); potássio (K2O);

Macronutrientes secundários: cálcio (Ca ou CaO); magnésio (Mg ou

MgO); enxofre (S).

II. Micronutrientes: boro (B); cloro (Cl); cobalto (Co); cobre (Cu); ferro (Fe);

manganês (Mn); molibdênio (Mo); níquel (Ni); silício (Si); zinco (Zn).

Figura 1. Relação solo, planta, atmosfera.

luz

Page 4: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE FERTILIZANTES, CORRETIVOS,

SUBSTRATOS, INOCULANTES E CONTAMINANTES (Decreto MAPA n.º

4954/2004 Brasil, Lei 6894/1980)

2.1. Introdução

A produção e comercialização de corretivos, fertilizantes, substratos,

inoculantes e contaminantes no Brasil são regidos por meio dos seguintes

dispositivos legais, conforme fluxuograma a seguir:

Figura 2. Fluxograma da lei, decretos, instrução normativa e portarias do MAPA.

Page 5: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Essa legislação define e classifica os produtos passíveis de serem utilizados

como fertilizantes e corretivos na agricultura, estabelece normas para

estabelecimentos produtores, para registro de produtos, para a inspeção e

fiscalização da produção. Também define as sanções e penalidades que devem ser

aplicadas em casos de se encontrar empresas ou produtos fora das especificações

definidas pela legislação.

A fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes é exercida em

âmbito nacional pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

2.2. Definições (Artigo 2º do Decreto n.º 4954/2004 - Anexo 1, Apostila

Legislação).

Neste item serão relacionadas definições que serão importantes no decorrer

das práticas realizadas.

2.2.1. Fertilizante

Define-se como fertilizante toda substância mineral ou orgânica, natural ou

sintética fornecedora de um ou mais nutrientes para as plantas.

Os fertilizantes podem ser classificados de duas maneiras: pelo critério

químico, em minerais (ou inorgânicos), orgânicos e organo-minerais, e pelo critério

físico em sólidos, líquidos e gasosos. Será dada maior ênfase nas aulas práticas aos

fertilizantes minerais sólidos.

Artigo

III - Fertilizante: substância mineral ou orgânica, natural ou sintética,

fornecedora de um ou mais nutrientes de plantas, sendo:

a) Fertilizante mineral: produto de natureza fundamentalmente mineral,

natural ou sintético obtido por processo físico, químico ou físico-químico, fornecedor

de um ou mais nutrientes de plantas;

Page 6: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Exemplos:

Natural:

Fluorapatita: 3Ca3(PO4)2 CaF2 ou Ca10(PO4)6F2

Sintético:

CO2 + NH3 CO(NH2)2 (45%N)

Uréia

Cloreto de potássio (KCl): (60% K2O)

Superfosfato Triplo: CaH2PO4 (42% P2O5)

b) Fertilizante orgânico: produto de natureza fundamentalmente orgânica,

obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou

controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal

ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais;

Exemplos:

Natural: Cama de frango, esterco de bovino, torta de mamona

Controlado: Compostagem: Mistura de produtos com relação C/N (baixa) com

C/N (alta);

Esterco de galinha (C/N baixa) + palha de milho (C/N alta)

Torta de filtro (C/N média) + bagaço de cana (C/N alta)

c) Fertilizante mononutriente: produto que contém um só dos

macronutrientes primários; N ou P2O5 ou K2O.

Exemplos:

N - uréia: CO(NH2)2

P2O5 - Superfosfato Simples (SPS): CaH2PO4 CaSO4.2H2O

K2O – Cloreto de potássio: KCl

d) Fertilizante binário: produto que contém dois macronutrientes primários;

NP2O5 ou NK2O ou P2O5K2O

Page 7: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Ex.: Fosfato Monoamônio (MAP): NH4H2PO4

Nitrato de potássio → KNO3

e) Fertilizante ternário: produto que contém os três macronutrientes

primários;

N - P2O5 - K2O

Ex.: Formulação: 04 - 14 - 08

04kg N

100kg 14kg P2O5

08kg K2O

f) Fertilizante com outros macronutrientes: produto que contém

macronutrientes secundários, isoladamente ou em misturas destes, ou ainda com

outros nutrientes (Ca, Mg, S);

Ex.: Sulfato de cálcio: CaSO4 2H2O

Sulfato de Magnésio: MgSO4 x H2O

g) Fertilizante com micronutrientes: produto que contém micronutrientes,

isoladamente ou em misturas destes, ou com outros nutrientes;

Ex.:

B - Ácido Bórico: H3BO3 (17%B)

Zn - Sulfato de zinco: ZnSO4 x H2O (20% Zn)

Cu - Sulfato de cobre: CuSO4 x H2O (24% Cu)

Mn - Sulfato de manganês: MnSO4.H2O (26% Mn)

Mo – Molibdato de sódio: Na2MoO4.2H2O (39% Mo)

h) Fertilizante mineral simples: produto formado, fundamentalmente, por um

composto químico, contendo um ou mais nutrientes de plantas;

Uréia - N → CO(NH2)2

Page 8: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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MAP - N + P2O5 → NH4 H2PO4

i) Fertilizante mineral misto: produto resultante da mistura física de dois ou

mais fertilizantes simples, complexos ou ambos;

Ex.: Uréia + MAP

KCl + Uréia

SPS + KCl

j) Fertilizante mineral complexo: produto formado de dois ou mais compostos

químicos, resultante da reação química de seus componentes, contendo dois ou

mais nutrientes;

NH3 + H3PO4 + KCl → complexo (N-P2O5-K2O)

(gás) (líquido) (sólido) (sólido)

l) Fertilizante orgânico simples: produto natural de origem vegetal ou animal,

contendo um ou mais nutrientes de plantas;

Ex.: Esterco de curral

Cama de frango

Torta de mamona

Torta de filtro

m) Fertilizante orgânico misto: produto de natureza orgânica, resultante da

mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos simples, contendo um ou mais

nutrientes de plantas;

Esterco + Sangue

Esterco + Restos vegetais

Vinhaça + Tortas vegetais

n) Fertilizante orgânico composto: produto obtido por processo físico, químico,

físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matéria-prima de

origem industrial, urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas,

Page 9: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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podendo ser enriquecido de nutrientes minerais, princípio ativo ou agente capaz de

melhorar suas características físicas, químicas ou biológicas;

Ex.: Compostagem: requisitos básicos: umidade, aeração e materiais com

diferentes relações C/N.

o) Fertilizante organomineral: produto resultante da mistura física ou

combinação de fertilizantes minerais e orgânicos.

Ex.:

Fosfato natural + Esterco de curral

Gesso agrícola + Cama de frango

2.2.2. Corretivo (Artigo 2 do Decreto n.º 4954/2004 – Anexo I – Apostila

Legislação)

IV - Produto de natureza inorgânica, orgânica ou ambas, usado para melhorar

as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, isoladas ou cumulativamente,

ou como meio para o crescimento de plantas, não tendo em conta seu valor como

fertilizante, além de não produzir característica prejudicial ao solo e aos vegetais,

assim subdividido:

a) Corretivo de acidez: produto que promove a correção da acidez do solo,

além de fornecer cálcio, magnésio ou ambos;

Ex.:

Calcário: Ca, Mg(CO3)2

Cal virgem: CaO Aumenta o pH do solo

Cal hidratada: Ca(OH)2

Page 10: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Conceito de pH

pH = 7,0 : [H+] = [O H-]

pH > 7,0 : [H+] < [O H-]

pH < 7,0 : [H+] > [O H-]

H2O

CaMg (CO3)2 Ca++ + Mg++ + CO3=

CO3- + H2O ⇔ HCO3

- + OH-

HCO3- + H2O ⇔ H2CO3 + OH-

H2CO3 ⇔ H2O + CO2

OH- + H+ ⇔ H2O

3OH- + Al+++ ⇔ Al(OH)3

b) Corretivo de alcalinidade: produto que promove a redução da alcalinidade

do solo;

Ex.:

Enxofre (S):

S + 1,5 O2 + H2O → H2SO4 ⇔ 2H+ + SO4=

H+ (acidez) + OH- (alcalinidade) → H2O

Abaixa o pH

c) Corretivo de sodicidade: produto que promove a redução da saturação de

sódio no solo;

Sulfato de cálcio (gesso): CaSO4 2H2O

-Na

+ CaSO4 2H2O → Ca + NaSO4-↓

-Na

Solo sódico Solo normal Lixiviação

Page 11: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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d) Condicionador do solo: produto que promove a melhoria das propriedades

físicas, físico-químicas ou atividade biológica do solo;

Ex.: Material orgânico (matérias-primas de ordem vegetal ou animal)

Melhora a retenção de água (CRA) a capacidade de troca catiônica (CTC)

e) Substrato para plantas: produto usado como meio de crescimento de

plantas.

Ex.: Turfa (xaxim)

Casca de pinus

2.2.3. Inoculante

V- Produto que contém microorganismos com atuação favorável ao

crescimento de plantas.

Ex.: Rhizobium (soja, feijão, amendoim, alfafa, ervilha)

N2 + 3H2 2NH3

Rhizobium

2.2.4. Biofertilizantes

VI- Produto que contém princípio ativo ou agente orgânico isento de

substâncias agrotóxicas capaz de atuar direta ou indiretamente sobre o todo ou

parte das plantas cultivadas, elevando sua produtividade, sem ter em conta o seu

valor hormonal ou estimulante.

Page 12: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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2.2.5. Carga (Anexo V - Apostila de Legislação: Anexo V)

XIII- Material adicionado em mistura de fertilizantes, para o ajuste de

formulação, que não interfira na ação destes e pelo qual não se ofereçam garantias

em nutrientes no produto final.

Ex.: Granilha

Areia

2.2.6. Aditivo (Anexo V - Apostila de Legislação: Anexo IV)

XV- Qualquer substância adicionada intencionalmente ao produto para

melhorar sua ação, aplicabilidade, função, durabilidade, estabilidade e detecção ou

para facilitar o processo de produção.

Ex.: Óleo / Cera

2.2.7. Fritas

XVI- Produtos químicos fabricados a partir de óxidos e silicatos, tratados a

alta temperatura até a sua fusão, formando um composto óxido de silicatado,

contendo um ou mais micronutrientes.

Óxido + silicatos 1500ºC fritas

2.2.8. Contaminantes

São agentes fitotóxicos, patogênicos ao homem, animais e plantas, metais

pesados tóxicos, pragas e ervas daninhas.

(Anexo VIII da Apostila de Legislação – Portaria n.º 27/2006)

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3. GARANTIAS E TOLERÂNCIAS DOS FERTILIZANTES MINERAIS SÓLIDOS E

CORRETIVOS DE ACIDEZ

3.1. Garantias

3.1.1. Fertilizantes minerais sólidos

a) Fertilizantes simples

As especificações dos principais fertilizantes minerais simples comercializados no

Brasil estão apresentadas no Anexo V da Legislação (Anexo II – páginas 22 a 49).

b) Fertilizantes minerais mistos e complexos

- Devem conter NPK, ou dois deles; - Somatória mínima N total + P2O5 solúvel em ácido cítrico ou citrato neutro de

amônio + H2O + K2O solúvel em água igual ou superior a 21%

3.1.2. Corretivos de acidez

- Poder de neutralização (PN) maior ou igual a 67%;

- Teores de CaO + MgO maior ou igual a 38%;

- Que até 95% passe em peneira de 2 mm, 70% em peneira de 0,84 mm e 50%

em peneira de 0,30 mm;

- PRNT mínimo de 45%.

3.2. Tolerâncias (Anexo V da Legislação, Capítulo III, páginas 11 a 13)

3.2.1. Fertilizantes simples, mistos e complexos

a) Teores de N, P2O5, K2O, Ca, Mg e S

- até 15% quando o teor do elemento for igual ou menor que 5%;

Page 14: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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- até 10% quando o teor do elemento for superior a 5% e inferior a 40%, sem

exceder 1,0 unidade;

- até 1,5 unidade quando o teor do elemento > 40%.

a) Garantias individuais

Tolerância Garantia

(1) até 15,0% ≤ 5,0%

(2) até 10,0% (sem exceder 1 unidade) 5 a 40,0%

(3) até 1,5 unidade > 40,0%

Ex.:

a) Uréia

CO(NH2)2 : 45,0%N

Logo: >40% → até 1,5 unidade

45,0 - 1,5 = 43,5%N

Portanto, o mínimo de N na uréia permitido por lei é de 43,5%N.

b) Fosfato Monoamônico (MAP)

9,0% N

NH4H2PO4 48,0% P2O5 em CNA + H2O

44,0% P2O5 em H2O

b1) N = 9,0% 5,0 a 40,0%

10,0% sem exceder 1 unidade

Page 15: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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9,0 x 0,10 = 0,9

9,0 - 0,9 = 8,1% N ou 9,0 - 1,0 = 8,0% N

Portanto, o mínimo de N no MAP é de 8,1% N.

b2) P2O5 em CNA + H2O = 48,0%

> 40% → sem exceder 1,5 unidade

48,0 - 1,5 = 46,5% P2O5 em CNA + H2O

Portanto, o mínimo de P2O5 CNA + H2O é de 46,5% P2O5 (a tolerância,

portanto é de 0,96% P2O5).

P2O5 em H2O = 44,0%

44,0 - 1,5 = 42,5% P2O5H2O

b) No caso de fertilizantes mistos ou complexos, somatória dos teores não poderá

ser inferior a 95% do teor total, sem exceder 2,0 unidades da garantia total do

produto.

Ou

Na somatória de N e/ou P2O5, e/ou K2O, até 5,0%, sem exceder 2 unidades.

Ex.: 04 - 14 - 08

(1) Nitrogênio = 4%

15% de 04 = 0,6

4 - 0,6 = até 3,4% N

(2) Fósforo = 14%

10% de 14 = 1,4

14 - 1,4 = até 12,6% P2O5

• sem exceder 1,0 unidade

14 - 1,0 = 13%P2O5

(3) Potássio = 8%

10% de 8,0 = 0,8

Page 16: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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8,0 - 0,8 = até 7,2% K2O

• não exceder 1,0 unidade

8,0 - 1,0 = 7,0% K2O

Portanto, valor mínimo 7,2% K2O.

04 - 14 - 08 = Σ N + P2O5 + K2O = 26

26 x 0,05 = 1,3

26,0 - 1,3 = 24,7 (Σ N + P2O5 + K2O)

• sem exceder 2 unidades

26 - 2 = 24,0 (Σ N + P2O5 + K2O)

Portanto, valor tolerado = 24,7

Obs..: 3,4N + 13P2O5 + 7,2K2O = 23,6 (portanto, fora da legislação), pois não

preenche o critério, mais rígido, isto é, o que apresentar maior valor, o qual foi de

24,7 (ΣN + P2O5 + K2O).

3.2.2. Micronutrientes

a) Tolerâncias mínimas

(1) Quando produzidos ou comercializados em misturas

- até 20% quando o teor do elemento ≤ 1,0%

- até 15% quando o teor do elemento 1,0 a 5,0%

- até 10% quando o teor do elemento > 5,0%

Page 17: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Tolerância (%) Garantia (%)

até 20 ≤ 1,0

até 15 1,0 a 5,0

até 10 > 5,0

Ex.: 04 - 14 - 08 + 0,5%B

0,5%B → < 1,0% (tolerância)

0,5%B x 0,2 = 0,1% (tolerância)

0,5 - 0,1 = 0,4%B

Portanto, valor mínimo é de 0,4%B.

(2) Quando produzidos ou comercializados isoladamente, ou quando se tratar dos

fertilizantes minerais simples constantes do (Anexo V da Apostila de Legislação): até

10% dos teores garantidos desses nutrientes, sem exceder 1,0 (uma) unidade.

Ex.: Sulfato de Zinco

ZnSO4.H2O : 20% Zn

• 10% de 20 = 2

20,0 - 2,0 = 18,0%Zn

• 20 - 1,0 = 19,0%Zn

Portanto, o teor mínimo de zinco é de 19,0%Zn.

b) Tolerâncias máximas

I- com relação aos nutrientes garantidos ou declarados dos produtos:

a) para os fertilizantes para aplicação via solo:

Page 18: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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1. para Boro (B), até 1,5 (uma e meia) vez o teor declarado, quando produzido ou

comercializado em misturas, e até ¼ (um quarto) do valor declarado quando

produzido ou comercializado isoladamente;

Em misturas

Ex.: 04 - 14 - 08 + 0,5%

Limite: 1,5 x 0,5 = 0,75%B (teor máximo)

Comercialização isolado

Ex.: Ácido Bórico (H3BO3) = 17,0%B

17 ÷ 4 = 4,25

17 + 4,25 = 21,25%B (valor máximo)

2. para Cobre (Cu), Manganês (Mn) e Zinco (Zn), até 3 (três) vezes o teor declarado

desses nutrientes, quando produzidos ou comercializados em misturas com

macronutrientes primários e/ou em misturas de micronutrientes e/ou em misturas de

micronutrientes com macronutrientes secundários e até ¼ (um quarto) do valor

declarado, quando produzido ou comercializados isoladamente;

Misturas com macronutrientes primários

Ex.: 4 - 14 - 8 +3,0%Zn

2,0%Mn

1,0%Cu

Page 19: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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Zn: 3 x 3 = até 9,0% Zn

Mn: 2 x 3 = até 6,0% Mn

Cu: 1 x 3 = até 3,0% Cu

Produtos Simples

Sulfato de Zinco: ZnSO4H2O : 22%Zn

22 ÷ 4 = 5,5

22 + 5,5 = 27,5%Zn (valor máximo permitido)

b) para os fertilizantes para fertirrigação, foliar, hidroponia e para semente, para

macronutrientes e micronutrientes:

Teor Garantido/Declarado (%) Tolerância

Até 0,5 0,1 + 150% do teor garantido/declarado

Acima de 0,5 até 1 0,35 + 100% do teor garantido/declarado

Acima de 1 até 10 1 + 25% do teor garantido/declarado

Acima de 10 2 + 15% do teor garantido/declarado

Page 20: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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4. PROPRIEDADES FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DOS

FERTILIZANTES E CORRETIVOS

4.1. Atributos de natureza física

4.1.1. Natureza física

4.1.2. Granulometria

4.1.3. Dureza dos grânulos

4.1.4. Fluidez ou escoabilidade

4.1.5. Densidade

4.2. Atributos de natureza físico-química

4.2.1. Solubilidade

4.2.2. Higroscopicidade

4.2.3. Empedramento

4.2.4. Índice salino

4.3. Atributos de natureza química

4.3.1. Origem

4.3.2. Formas e garantias dos nutrientes

4.3.3. Concentração de nutrientes

4.3.4. Poder acidificante dos adubos

4.3.5. Índice de basicidade

4.1. Atributos de natureza física

Os principais atributos de natureza física podem ser classificados em:

natureza física, granulometria, dureza dos grânulos, fluidez ou escoabilidade e

densidade.

Page 21: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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4.1.1. Natureza física

(Anexo V da apostila de legislação – Fertilizantes Minerais – In SARC n.º

5/2004).

As especificações, garantias e tolerâncias dos produtos descritos a seguir são

exigidas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA).

Quanto a natureza física (Capítulo II – Seção I), os fertilizantes são

classificados em: sólido e fluido.

(1) Sólido: os fertilizantes sólidos, de acordo com sua utilização podem ser

empregados: via solo, via foliar, fertirrigação e hidroponia.

1.1. Via solo: a classificação dos fertilizantes sólidos via solo são:

a) Granulado e mistura granulada;

b) Mistura de grânulos;

c) Microgranulado;

d) Pó;

e) Farelado fino;

f) Farelado;

g) Farelado grosso.

Page 22: Apostila Adubos e Adubacao 2012

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As especificações estão apresentadas na Tabela(*) a seguir (Anexo V-

Apostila Legislação - página 4).

Tabela 1. Natureza física e especificação granulométrica.

NATUREZA FÍSICA ESPECIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA

Peneira Passante Retido

GRANULADO E MISTURA GRANULADA: produto constituído de partículas em que cada grânulo contenha os elementos declarados ou garantidos do produto.

4 mm (ABNT nº 5) 1 mm (ABNT nº 18)

95% mínimo 5% máximo

5% máximo 95% mínimo

MISTURA DE GRÂNULOS: produto em que os grânulos contenham, separadamente ou não, os elementos declarados ou garantidos do produto.

4 mm (ABNT nº 5) 1 mm (ABNT nº 18)

95% mínimo 5% máximo

5% máximo 95% mínimo

Microgranulado 2,8 mm (ABNT nº 7) 1 mm (ABNT nº 18)

90% mínimo 10% máximo

10% máximo 90% mínimo

Pó 2,0 mm (ABNT nº 10) 0,84 mm (ABNT nº 20) 0,3 mm (ABNT nº 50)

100% 70% mínimo 50% mínimo

0% 30% máximo 50% máximo

Farelado Fino 3,36 mm (ABNT nº 6) 0,5 mm (ABNT nº 35)

95% mínimo 75% máximo

5% máximo 25% mínimo 5% máximo 25% mínimo

Farelado 3,36 mm (ABNT nº 6) 0,5 mm (ABNT nº 35)

95% mínimo 25% máximo

5% máximo 75% mínimo

Farelado Grosso 4,8mm (ABNT nº 4) 1,0 mm (ABNT nº 18)

100% 20% máximo

0% 80% mínimo

(*) Os fertilizantes sólidos destinados a aplicação foliar, fertirrigação e hidroponia ficam dispensados de

apresentar garantia granulométrica.

a) e b) Granulado e Mistura Granulada e Mistura de Grânulos

4,0 mm (ABNT nº. 5)

95% (no mínimo)

1,0 mm (ABNT nº. 18)

5% (no máximo)

Page 23: Apostila Adubos e Adubacao 2012

23

- Granulado: são divididos em mistura de grânulos, mistura granulada e mistura

complexa.

1) Mistura de grânulos: produto granulado misto, em que os grânulos contêm,

separadamente, os elementos garantidos. É obtido pela mistura mecânica de dois

ou mais elementos simples granulados.

= SPS

= KCl

= Uréia

Apresentam as vantagens de menor custo dos fertilizantes, de economia nas

operações, flexibilidade nas operações e o não empedramento. Porém, apresenta o

problema da segregação, ou seja, a desuniformidade na quantidade de adubo

aplicada devido à separação das partículas por ordem de tamanho. Isso gera

desuniformidade na aplicação, com nutrições desbalanceadas e também problemas

de regulagem e desgaste das máquinas.

N •

P2O5 •

K2O •

Fertilizantes em grânulos

Menor custo dos fertilizantes

Economia nas operações

Flexibilidade nas formulações

Não empedramento

Qualitativa

• Segregação

Quantitativa

Misturador

Page 24: Apostila Adubos e Adubacao 2012

24

2) Mistura Granulada: fertilizante composto originado da mistura de produtos

na forma de pó e posteriormente granulado, tendo no mesmo grânulo dois ou três

macronutrientes primários.

= SPS + Uréia + KCl

(P2O5 + N + K2O)

Não há formação de novos compostos químicos.

N

Pó P2O5

K2O

Fertilizante simples pó Mistura granulada

3) Mistura complexa: composta de matérias primas (adubos) em diferentes

estados físicos que passam por um reator, granulador e posteriormente pelo

secador. Assim serão obtidos grânulos contendo todos elementos especificados no

produto.

NH3 (Gás) + H3PO4 (Liquido) + KCl (Pó) reator (mistura completa sólida)

Grande Vantagem (2 e 3): Possuir 2 ou 3 nutrientes no mesmo grão.

Adubos em Reator

diferentes estados Granulador

físicos Secador

Misturador Granulador Secador P2O5 K2O

H2O N

Processos Tecnológico

Page 25: Apostila Adubos e Adubacao 2012

25

N (NH3)

P2O5 (H2PO4)

K2O (KCl)

Matérias-primas básicas Mistura complexa

c) Microgranulado:

2,8 mm (ABNT nº. 7)

90% (no mínimo)

1,0 mm (ABNT nº. 18)

10% (no máximo)

d) Pó

2 mm (ABNT nº. 10)

100%

0,84 mm (ABNT nº. 20)

70% (no mínimo)

0,3 mm (ABNT nº. 50)

50% (no mínimo)

Ex.: calcários, concentrado fosfático, enxofre elementar.

Reator Granulador Secador

N

P2O5 K2O

Page 26: Apostila Adubos e Adubacao 2012

26

e) Farelado fino

3,36 mm (ABNT nº. 6)

95% (no mínimo)

0,50 mm (ABNT nº. 35)

75% (no máximo)

f) Farelado

3,36 mm (ABNT nº. 6)

95% (no mínimo)

0,50 mm (ABNT nº. 35)

25% (no máximo)

Ex.: gesso agrícola, adubos simples, enxofre elementar.

g) Farelado grosso

4,8 mm (ABNT nº. 4)

100%

1,0 mm (ABNT nº. 18)

20% (no máximo)

Page 27: Apostila Adubos e Adubacao 2012

27

(2) Fluido (Anexo V da Apostila Legislação, Capítulo II, página 4)

-

§ 3º Fertilizante fluido: produto que se apresenta no estado de solução ou

suspensão, em que indique obrigatoriamente a sua densidade e as suas garantias

em percentagem mássica (peso de nutrientes por peso de produto) e em massa por

volume (quilogramas por hectolitro ou gramas por litro), devendo a indicação desta

última ser feita entre parênteses, com a mesma dimensão gráfica, podendo ser

apresentada como:

I - solução verdadeira: são soluções com ausência de sólidos suspensos e

sem qualquer possibilidade de separação física entre os componentes, ou seja,

soluto e solvente;

II - suspensão homogênea: são dispersões compostas de uma fase

líquida, que é uma solução verdadeira ou apenas um dispersante, e outra fase de

sólidos em suspensão, mas que fica homogeneamente dispersa na fase líquida; a

dispersão fluida homogênea pode apresentar separação de fases, mas só após

longo período de decantação, mas a homogeneidade da suspensão deve ser

recomposta facilmente por agitação; a viscosidade das dispersões homogêneas

varia desde a viscosidade da água até à dos géis coloidais;

III - suspensão heterogênea: são dispersões compostas de pelo menos

uma fase líquida predominante, que é uma solução verdadeira ou apenas um

dispersante, e uma ou mais fases de sólidos em suspensão, que só ficam

homogeneamente dispersas na fase líquida sob vigorosa agitação; cessando

agitação pode ocorrer rápida separação de fases; a dispersão fluida heterogênea

geralmente apresenta viscosidade e densidades elevadas.

4.1.2. Granulometria

a) Tamanho

b) Forma das partículas

c) Densidade dos grãos

Page 28: Apostila Adubos e Adubacao 2012

28

a) Tamanho: segregação; separação das partículas por ordem de tamanho.

Segregação ocorre: produtos com partículas de tamanho desuniforme.

Problemas da segregação:

1. Desuniformidade na quantidade de adubo aplicada;

2. Mistura de grânulos: quantidade e qualidade.

Solução: produto com granulometria uniforme ⇒ Problema da indústria

a1) Sistemas de peneiras – na saída da produção:

Fertilizantes simples

Misturas granuladas

Misturas complexas

O produto não enquadrado é reciclado.

a2) Seleção das matérias-primas – mistura de grânulos ⇒ problemas

a2.1) Legislação: granulometria muito ampla ⇒ não atende o aspecto de

segregação;

a2.2) Matérias-primas importadas: KCl (cloreto de potássio);

a2.3) Fertilizantes simples, especialmente micronutrientes não se

compatibilizam com a maioria dos fertilizantes;

Ex.: Ácido bórico, borax, sulfato de zinco → cristais pequenos

Fritas (óxidos silicatados) = pó fino

b) Forma das partículas: fluidez, higroscopicidade, empedramento.

* Fluidez e empedramento → Ideal; forma com menor superfície de

contato.

* Higroscopicidade → Ideal; forma com menor superfície de exposição.

Resumo: forma esférica.

Page 29: Apostila Adubos e Adubacao 2012

29

Para evitar a segregação:

- Utilizar matérias-primas dentro de faixa granulométrica adequada;

- Usar processos de manuseio adequados, desde a matéria-prima até seu

destino.

Variáveis que interferem na qualidade da aplicação

↓ Relação

Perfil longitudional

Perfil transversal

↓ Fatores

* Taxa de aplicação

* Simetria

* Segregação

Segregação

* Tamanho

* Densidade

* Forma das partículas

* Maiores tamanhos e maiores densidades → maiores distâncias

* Menor densidade → mais deriva

Método para aplicação

Page 30: Apostila Adubos e Adubacao 2012

30

Figura 3. Avaliação da qualidade de aplicação de corretivos e fertilizantes.

4.1.3. Dureza dos grânulos

É a resistência à quebra ou abrasão, que podem gerar pó ou grânulos

desuniformes, medida através da resistência à compressão, abrasão e impacto.

Os grânulos não devem quebrar facilmente, portanto resistindo ao

armazenamento, empilhamento e ao transporte. Não devem resistir à solubilização.

a) Grãos “moles” – quebram com facilidade

Ex.: Armazenamento (empilhamento)

b) Grãos “duros”: impede a dissolução dos nutrientes

Dureza = f (natureza do material e umidade)

Uso de “aglutinantes” na granulação

Mole: Quando o grão pode ser rompido ao ser comprimido entre os dedos

indicador e polegar;

Mediamente Duro: Quando pode ser rompido ao comprimirmos sobre uma

superfície dura e com o dedo indicador;

Page 31: Apostila Adubos e Adubacao 2012

31

Duro: Quando não se rompe, mesmo comprimido sobre uma superfície dura e

com o dedo indicador.

- Resistência à compressão

Tabela 2. Valores típicos de resistência a compressão (dureza) para grãos de

aproximadamente 2,5mm.

Fertilizantes Dureza (quilos)

Nitrato de Amônio (perolado) 1,0

Sulfato de Amônio (cristais) 1,5

MAP 5,8

DAP 4,0

Superfosfato Triplo 1,3

Superfosfato Simples 1,1

KCl 5,8

- Resistência à abrasão

Tabela 3. Porcentagens de degradação dos fertilizantes mais utilizados.

Fertilizantes Resistência à abrasão

(% Degradação)

Nitrato de Amônio (perolado) 7,0

Sulfato de Amônio (cristais) 2,5

MAP 0,8

DAP 0,2

Superfosfato Triplo 1,6

Superfosfato Simples 13,0

KCl 3,8

Page 32: Apostila Adubos e Adubacao 2012

32

- Resistência ao impacto

Tabela 4. Valores de resistência ao impacto (produtos importados).

Fertilizantes Resistência ao impacto

% de fragmentação

Uréia (perolada) 10,5

Nitrato de Amônio (perolado) 4,5

MAP 1,0

DAP 0,8

Superfosfato Triplo 0,6

KCl 3,6

4.1.4. Fluidez ou escoabilidade

Fluidez = escoamento dos fertilizantes sólidos

♦ Comprometido: higroscopicidade, empedramento e desuniformidade de

tamanho e forma das partículas;

♦ Fertilizantes fluidos: natureza da mistura (solução ou suspensão),

viscosidade e densidade;

♦ Fluidez compromete: uniformidade da distribuição e rendimento da

aplicação.

FLUIDEZ X ÂNGULO DE REPOUSO

α

β

Medida: ângulo de repouso

• •

Page 33: Apostila Adubos e Adubacao 2012

33

Função: higroscopicidade // empedramento // desuniformidade no tamanho //

forma das partículas.

Afeta: uniformidade de distribuição // rendimento da aplicação

Figura 4. Esquema de determinação de ângulo de repouso.

Ângulo de repouso: ângulo entre o piso e a superfície da pilha tomada pelo

produto quando descarregado no silo. Mede tendência de escoamento.

Page 34: Apostila Adubos e Adubacao 2012

34

Ângulo de repouso = arc tg x escala vertical (a)

escala horizontal (b)

ÂNGULO DE REPOUSO = α

a

α

b

Produto a b a/b αααα

Uréia 14,4 22,8 0,63 32,28

Gesso 16,9 18,6 0,91 42,26

Calcário 13,8 16,7 0,83 39,57

NPK: 6-12-6 14,3 19,8 0,72 35,84

Conclusão: A uréia por apresentar menor ângulo de repouso, apresenta maior

fluidez.

Umidade % ∝∝∝∝

0,0 35,03

2,1 41,53

6,4 45,73

6,9 46,55

8,4 47,53

Fonte: LUZ, 1991.

Ou seja, quanto maior a umidade, maior ângulo de repouso.

Page 35: Apostila Adubos e Adubacao 2012

35

4.1.5. Densidade

a) Adubos sólidos – pouca importância;

b) Adubos fluidos;

b1) Afeta viscosidade e consequentemente a fluidez;

b2) Transformações da garantia do produto entre as relações peso/peso e

peso/volume.

Ex.: UAN (Uran): d = 1,326 g cm-3

Sulfuran: d = 1,26 g cm-3

4.2. Atributos de natureza físico-química

4.2.1. Solubilidade

Objetivos: solúveis em água ou insolúveis em água, mas solúveis na solução

solo

Observações: * alta solubilidade em água – perdas acentuadas

* linha de pesquisa – obtenção de produtos de solubilidade

intermediária

Lenta liberação de nutrientes (“Slow release”)

Ex.: uréia revestida com enxofre

Produto de Solubilidade (PS): é a quantidade máxima do fertilizante ou corretivo (em

gramas) que conseguimos dissolver em 100 mL de água.

Page 36: Apostila Adubos e Adubacao 2012

36

Tabela 5. Produto de solubilidade de alguns fertilizantes.

Fertilizantes Produto de solubilidade

(g/100 mL água) a 20ºC

Ácido fosfórico 45,7

Ácido bórico 5

Cloreto de cálcio 60

Cloreto de potássio 34

DAP 40

MAP 22

Gesso 0,241

Nitrato de amônio 190

Nitrato de potássio 31

Sulfato de amônio 73

Sulfato de potássio 11

Superfosfato simples 2

Superfosfato triplo 4

Sulfato de manganês 105

Sulfato de zinco 75

Sulfato de cobre 22

Uréia 100

4.2.2. Higroscopicidade

Conceito: é a propriedade que um adubo possui de absorver água da

atmosfera.

Umidade crítica (UC): umidade relativa do ar em que o adubo inicia a

absorção de água.

Redução da higroscopicidade: aumento do tamanho e revestimento dos

grânulos da uréia, nitrato de amônio

Ex.: Nitrato de amônio – UR = 59,4

Page 37: Apostila Adubos e Adubacao 2012

37

Interpretação: quando a temperatura estiver a 30ºC e a umidade relativa da

atmosfera estiver acima de 59,4%, o nitrato de amônio absorverá água.

Misturas: uréia + nitrato de amônio a 30ºC – UC = 18%

Figura 5. Umidades críticas de fertilizantes e misturas a 30ºC. Valores em

porcentagem de umidade relativa.

4.2.3. Empedramento

Cimentação das partículas do fertilizante formando uma massa de dimensões

muito maiores que a das partículas originais.

Causas: efeito químico e efeito físico.

Efeito químico

Ex.: DAP + Superfosfatados

H+

(NH4)2 HPO4 + Ca(H2PO4)2 H2O 2NH4 H2PO4 + CaHPO4 + H2O

DAP SPT H2O cristais de MAP Água

Page 38: Apostila Adubos e Adubacao 2012

38

Ex.: Uréia + Superfosfato

4(NH2)2 CO + Ca(H2PO4)2. H2O → Ca(H2PO4)2.4(NH2)2.CO + H2O

CaSO4.2H2O + (NH2)2CO → (NH2)2CO CaSO4 + 2H2O

Gesso Uréia Aduto de Uréia

Como evitar o empedramento

Amonificação

Ca(H2PO4)2.H2O + H3PO4 + 2NH3 → CaHPO4 + 2NH4H2PO4 + H2O

Superfosfato Acidez Amônia Fosfato Bicálcico MAP

livre

Efeito Físico

Está ligado a problemas de higroscopicidade, causando o empedramento dos

fertilizantes.

4.2.4. Índice salino

Medida da tendência do adubo para aumentar a pressão osmótica da solução

do solo comparada à de igual peso de nitrato de sódio, cujo valor é igual a 100.

É uma característica intrínseca, ou melhor, uma propriedade imutável de cada

produto.

Solução: fertilizantes com alto índice salino devem ser aplicados parcelados.

Ex.: Cloreto de potássio, nitrato de amônio, uréia.

Uréia SPT Aduto de uréia

Page 39: Apostila Adubos e Adubacao 2012

39

Tabela 6. Índice salino de diversos fertilizantes, calculados em relação ao nitrato de

sódio tomado como índice 100.

Fertilizantes Índice de Salinidade

Nitrato de sódio 100

Nitrato de amônio 105

Sulfato de amônio 69

DAP 30

MAP 34

Nitrocálcio 61

Uréia 75

Amônia anidra 47

Superfosfato simples 8

Superfosfato triplo 10

Cloreto de potássio 116

Sulfato de potássio 46

Nitrato de potássio 74

Índice salino → Solubilidade

↑ Solubilidade → ↑ Concentração salina

Conseqüência: ↑ Pressão osmótica

Manejo: Parcelamento

- Solos arenosos

- Altas doses de K2O

Page 40: Apostila Adubos e Adubacao 2012

40

Tabela 7. Índice salino de fertilizantes.

Produto Teor

Relativo NaNO3 = 100

por unidade de nutrientes

Nitrogenados Amônia anidra 82,2% N 47,1 0,572 Nitrato de amônio 34,0 104,7 2,990 Sulfato de amônio 21,0 69,0 3,253 Solução nitrogenada 41,0 78,3 1,930 Nitrocálcio 27,0 61,1 2,982 Nitrato de cálcio 12,0 52,5 4,409 15,5 65 4,194 Calciocianamida 21,0 31 1,476 Nitrato de sódio 16,5 100 6,060 Uréia 46,6 75,4 1,618 Salitre potássio 15% N 14% K2O 92 3,173 Orgânico, natural 5% 3,5 0,702 13% 3,5 0,270

Fosfatados Superfosfato simples 20% P2O5 7,8 0,390 Superfosfato triplo 45 10,1 0,224 48 10,1 0,210 Fosfato monoamônio 12% N 62% P2O5 29,9 0,405 Fosfato diamônico 21% N 54% P2O5 34,2 0,456

Potássicos Cloreto de potássio 60% K2O 116,3 1,936 Nitrato de potássio 14% N 46% K2O 73,6 1,219 Sulfato de potássio 50% K2O 46,1 0,853 Sulfato de potássio e magnésio 22% K2O 43,2 1,921

Diversos Dolomita 20% MgO 0,8 0,042 Gesso 32% CaO 8,1 0,247 Carbonato de cálcio 56% CaO 4,7 0,083 Sal amargo (sulfato de magnésio) 16% MgO 44,0 2,687

Page 41: Apostila Adubos e Adubacao 2012

41

Tabela 8. Índice salino comparativo de dois fertilizantes mistos. (TISDALE &

NELSON, 1966).

Índice salino

unidade nutriente

(5 – 10 – 10) (10 – 20 – 20)

kg Índice salino

Kg Índice salino

Solução amoniacal (40,6% N) 1,930 74 5,79 - -

DAP (21,2% N; 53,8% P2O5) 1,614; 0,637 - - 186 6,37

Uréia (46,6% N) 1,618 - - 120 9,71

Sulfato de amônio (21,2% N) 3,253 97 6,51 - -

Super triplo (46,0% P2O5) 0,210 - - 208 2,10

Super simples (200% P2O5) 0,390 500 3,90 - -

Cloreto de potássio (50% K2O) 2,189 200 21,89 - -

Cloreto de potássio (60% K2O) 1,936 - - 333 38,72

Condicionador - 50 - 55 -

Enchimento - 79 - 88 -

Índice salino / Unidade de nutriente

* IS (NaNO3) = 100

%N = 16

16 100

x = 100 = 6,25

16

1 x

* IS (NH4)2SO4 = 69

%N = 21

69/21 = 3,28

N (NaNO3) > N(NH4)2SO4

6,25 / 3,28 = 1,9

Page 42: Apostila Adubos e Adubacao 2012

42

Portanto, o nitrato de sódio, apresenta o dobro de salinidade, por unidade de

N, em relação ao sulfato de amônio.

Fórmula: 5 – 10 – 10

* Solução amoniacal (40,6% N): 74 kg

N * Sulfato de amônio (21,2% N): 97 kg

Dados: IS – solução amoniacal = 1,963 / unidade de N

IS – sulfato de amônio = 3,25 / unidade de N

a) Solução amoniacal

* 100 Kg solução amoniacal ⇒ 40,6 kg N

* 74 Kg solução amoniacal ⇒ x

x = 30,0 kg N/t

1 N ⇒ 1,93 IS

30 N ⇒ y

y = 57,9 IS/t = 5,79 IS/100 kg formula

b) Sulfato de amônio

100kg SA ⇒ 21,2kg N

97kg SA ⇒ x

x = 20,56kg N

1 N ⇒ 3,25 IS

20,56 ⇒ y

y = 66,83/t = 6,68 IS / 100 kg

Page 43: Apostila Adubos e Adubacao 2012

43

c) P2O5: Superfosfato Simples (IS = 0,390); 500kg

100kg ⇒ 20,6kg P2O5

500kg ⇒ x

x = 103kg P2O5/t

1 P2O5 ⇒ 0,39

103 P2O5 ⇒ y

y = 40,17/t = 4,0/100kg

d) KCl: Cloreto de potássio (50% K2O) IS = 1,936

100kg ⇒ 50kg K2O

200kg ⇒ x

x = 100kg K2O

1 K2O ⇒ 1,936

100 K2O ⇒ y

y = 193,6/t ou 19,36/100 kg

IS = 5,79 + 6,68 + 4,00 + 19,36 = 35,83

Metodologia Analítica para Determinação do Índice de Salinidade (IS)

Princípio do Método: uso do Nitrato de sódio p.a. como parâmetro

comparativo, expresso em condutividade elétrica (mS/cm) como 100%, em relação

direta.

Metodologia: diluir 1,0 g NaNO3 p.a., completando a 100ml com água

deionizada, determinando a condutividade elétrica em mS/cm a 25ºC. Em seguida

pesar 1,0 g do produto (amostra) completando a 100 mL com água deionizada e

determinar a condutividade elétrica em mS/cm a 25ºC.

Page 44: Apostila Adubos e Adubacao 2012

44

Cálculos:

CE produto

CE NaNO3

Obs.: uS/cm = 10-6

mS/cm = 10-3

dS/cm = 10

Fonte: (MORAES JR., A.A. de 2005).

4.3. Atributos de natureza química

4.3.1. Origem

a) Minerais ou orgânicos

b) Naturais ou artificiais

a) Minerais

Objeção: possível presença de compostos nocivos às plantas, aos animais e

ao meio ambiente, conforme Tabela 9.

Tabela 9. Limite de tolerância de compostos nocivos em fertilizantes.

Fertilizante Composto Legislação

Uréia Biureto 1,5%(*) e 0,3(**)

Nitrato de sódio Perclorato 1% NaClO4

Sulfato de Amônio Tiocianato 1% NH4SCN (*) Aplicada via solo. (**) Aplicada via foliar.

calor

2CO (NH2)2 NH2 - CO - NH - CO - NH2 + NH3

Biureto

x 100 = índice de salinidade

Page 45: Apostila Adubos e Adubacao 2012

45

b) Orgânicos

(1) Pobreza em nutrientes

(2) Efeito melhorador das propriedades físicas e físico-químicas do solo

(3) Também apresentam a possibilidade de conterem compostos nocivos às

plantas, aos animais e ao meio ambiente.

Obs.: fertilizantes que podem contaminar o solo são os orgânicos de origem

urbano-industrial (lodo de esgoto), os quais podem apresentar níveis tóxicos de

chumbo (Pb) e cádmio (Cd).

4.3.2. Formas e garantias dos nutrientes

a) Teor total

Ex.: nitrogênio

b) Teor solúvel em água

Ex.: Potássio (K2O)

c) P2O5

Água

Água + Citrato neutro de amônio (CNA + H2O)

Ácido Cítrico a 2,0% (1:100) (HCi)

Total

- Fosfatos acidulados (SPS, SPT, MAP e DAP)

P2O5: H2O

P2O5: CNA + H2O

P2O5: Total

- Fosfatos térmicos (Termofosfato Magnesiano e escórias)

P2O5: H2O

P2O5: CNA + H2O ou HCi a 2,0%

P2O5: Total

Page 46: Apostila Adubos e Adubacao 2012

46

- Fosfatos reativos (Gafsa, Djebel Onk, Arad, Daoui)

P2O5: H2O

P2O5: HCi a 2,0%

P2O5: Total

Obs.: No mínimo 30% do P2O5 Total dos fosfatos reativos deve ser solúvel em HCi a

2,0%.

d) Micronutrientes

Teor Total: todos

CNA + H2O: Cu e Mn (mínimo 60% do teor total)

HCi a 2,0%: demais micro (mínimo 60% do teor total

4.3.4. Poder acidificante dos adubos

Conceito: índice de acidez de um fertilizante ⇒ quilogramas (kg) de carbonato

de cálcio necessário para neutralizar a acidez originada pelo uso de 100 kg do

fertilizante.

Adubos amoniacais: são de caráter ácido, em virtude da presença do íon

amônio (NH4+) que é doador de H+, responsável pela acidez:

2NH4+ +

3O2 2NO2- + 4H+ + 2H2O

Tabela 10. Índice de acidez de alguns fertilizantes

Fertilizantes Índice de Acidez (*) Amônia anidra (83% N) 147 Sulfato de amônio (20% N) 110 Nitrato de amônio (34% N) 62 Uréia (45%) 71 MAP (9% N) 58 DAP (16% N) 75

(*) Quantidade de carbonato de cálcio que deve ser

adicionado ao solo para neutralizar a aplicação de 100 kg do

fertilizante.

Page 47: Apostila Adubos e Adubacao 2012

47

4.3.5. Índice de basicidade dos fertilizantes

É a quantidade em kg de CaCO3 que exercem a mesma ação neutralizadora

de 100 kg do fertilizante.

Ex.: I.B. do Termofosfato = 50

50kg CaCO3 ⇔ 100kg de Termofosfato

Tabela 11. Índice de basicidade (IB) de fertilizantes.

Fertilizantes I.B. Termofosfato 50 Escorias de desfosforização e Escorias silicatadas 50-65 Fosfato natural reativo 20(*)

(*) Valor médio.

Calcários

CaCO3 → Ca++ + CO3=

CO3= + H+ → HCO3

-

HCO3- + H+ → H2CO3 → H2O + CO2

OH- + H+ → H2O ou

OH- + Al+++ → Al(OH)3

Termofosfato

H2O

CaSiO3.MgSiO3 → Ca2+ + Mg2+ 2SiO32-

SiO32- + H2O ⇔ HSiO3

- + OH-

HSiO3- + H2O ⇔ H2SiO3

- + OH-

H2SiO3 ⇔ H2O + SiO2

Portanto: (Calcário + Termofosfato), neutralizam a acidez do solo, pela

liberação de hidroxila (OH-).

OH- + H+ → H2O

3OH- + Al3+ → Al(OH) 3

Page 48: Apostila Adubos e Adubacao 2012

48

4.4. Mistura de adubos

4.4.1. Compatibilidade

Compatíveis

Semi compatíveis

Incompatíveis

- Compatíveis: não traz alterações em suas características físicas e/ou

químicas

Ex.: Uréia + KCl

- Semi compatíveis: misturar um pouco antes da aplicação

Ex.: Uréia + Superfosfato

- Incompatíveis: não podem ser misturados

Ex.: Termofosfatos + Uréia

H2O

CO(NH2)2 NH3 + CO2

NH3 + H2O ⇔ NH4+ + OH-

Portanto, devido ao termofosfato liberar OH- (item 3.3.4), haverá a reação com

NH4 (amônio), formando NH3 (amônia), que será perdida por volatilização.

Page 49: Apostila Adubos e Adubacao 2012

49

Orientação por mistura de fertilizantes.

Tabela 12. Possibilidade de mistura de fertilizantes.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

1 X X X X

2 0

3 X 0 X X X X 0 0 0 X X 0 X 0

4 X X X X

5 X X 0 X X

6 X X X X X X X

7 X 0 X X X

8 0 X X 0 X

9 0 X 0 X

10 0

11 X X X 0 X X 0

12 X 0

13 0

14 X

15 X 0 X 0 X X X

Adubos que podem ser misturados

0 Adubos que só podem ser misturados um pouco antes da aplicação

X Adubos que não podem ser misturados

1 Sulfato de amônio 2 Nitrato de sódio e nitrato de potássio 3 Nitrato cálcio 4 Nitrato de amônio e sulfonitrato de amônio 5 Uréia 6 Calciocianamida 7 Superfosfatos 8 Fosfatos de amônio 9 Fosfatos bicálcico 10 Farinha de ossos 11 Termofosfatos e escórias 12 Fosfatos naturais ou rochas fosfatadas 13 Cloreto de potássio 14 Sulfato de potássio 15 Calcário

Page 50: Apostila Adubos e Adubacao 2012

50

5. AMOSTRAGEM DE FERTILIZANTES E CORRETIVOS PARA ANÁLISES

5.1. Coleta e preparo de amostras de fertilizantes sólidos e corretivos

Para que um fertilizante ou corretivo tenha resultados de análise confiáveis é

necessário que sejam coletados e preparados corretamente, visando se obter uma

amostra bem homogênea, representativa do produto.

5.1.1. Procedimentos para coleta de amostras

a) Produtos ensacados com mais de 60kg (“Big-Bag”) - Usando uma sonda de

tubo duplo perfurado com a ponta cônica, conforme Figura 6:

Figura 6. Ilustração do amostrador utilizado.

• Inserir a sonda verticalmente em três pontos diferentes em cada embalagem,

conforme Figura 7.

• Para lotes com mais de 200 unidades, este deverá ser subdividido em lotes

de 200 embalagens. A quantidade de embalagens esta apresentada na

Tabela 13:

Page 51: Apostila Adubos e Adubacao 2012

51

Tabela 13. Número de “Big-Bags”a serem amostrados em função do tamanho do

lote

Tamanho do lote

(numero de embalagens)

Número mínimo de embalagens a

serem amostrados

Até 50 5

51 a 100 10

101 a 150 15

Superior a 151 até 200 20

Figura 7. Como inserir a sonda de amostragem de fertilizantes em “Big-Bag”.

b) Produtos ensacados de 10 a 60 kg - Usando uma sonda de tubo duplo

perfurado com a ponta cônica.

• Nos sacos inserindo totalmente a sonda fechada, na diagonal, abrindo a

sonda dentro do saco para que o produto caia pelos furos da sonda, em

seguida fechá-la e retirá-la, conforme Figura 8.

• Retirar as frações de cada saco a ser amostrado.

Page 52: Apostila Adubos e Adubacao 2012

52

• Formar uma única amostra e quartear esta amostra até se obter uma

quantidade de aproximadamente 250 gramas.

• Enviar esta amostra para o laboratório em embalagem plástica.

O produto a ser amostrado deverá ser coletado de sacos escolhidos ao

acaso, para que a amostra seja representativa do lote. O número mínimo de

subamostras será o estabelecido pela Tabela 14.

Tabela 14. Número de sacos a serem amostrados, para embalagens de 10 a 60 kg.

Tamanho do lote

(numero de embalagens)

Número mínimo de embalagens a

serem amostrados

Até 50 7

51 a 100 10

Superior a 100 até 4.000 10 + 2% do total do lote

Figura 8. Como inserir o amostrador em embalagens de 10 a 60kg.

c) Produtos ensacados até 10 kg.

• Deve-se retirar embalagens de diferentes posições do lote, aleatoriamente.

• Embalagens maiores que 1 kg devem ser reduzidas por quarteação a porções

de aproximadamente 1 kg.

• Estas porções devem ser misturadas e homogeneizadas e novamente

quarteadas.

• Embalagens até 1 kg, o conteúdo total das embalagens será misturado,

homogeneizado e quarteado.

Page 53: Apostila Adubos e Adubacao 2012

53

O número mínimo de subamostras será o estabelecido pela Tabela 15.

Tabela 15. Número de embalagens, até 10 kg a serem amostrados em função do

tamanho do lote.

Tamanho do lote

(numero de embalagens)

Número mínimo de embalagens a

serem amostrados

Até 20 5

21 a 50 7

51 a 100 10

Superior a 100 até 1.000 10 + 0,50% do total do lote

d) Produtos a granel

• Também usar uma sonda.

• Enfiar a sonda no lote de adubo de cima para baixo, no sentido do prumo.

• Retirar 10 porções em locais diferentes para cada 100 toneladas do produto

escolhido ao acaso.

• Em lotes superiores a 100 toneladas, deverão ser retiradas 10 porções mais 1

(uma) para cada 100 toneladas no caso de fertilizantes simples, complexos,

mistura granulada e corretivos de acidez, salinidade e sodicidade; ou 10

porções mais 3 para cada 100 toneladas no caso de fertilizantes minerais

mistos, quando em mistura de grânulos, pó e farelados, no caso de

fertilizantes orgânicos e substratos.

• Misturar bem as porções fazendo uma única amostra. Quartear até se obter

uma porção de 250 gramas.

• Enviar esta porção ao laboratório em embalagem de plástico.

• Proteger bem a embalagem para não ocorrer vazamento durante o transporte.

5.1.2. Métodos de quarteação

As porções de amostra coletadas deverão ser colocadas em recipiente limpo

e seco, e homogeneizadas convenientemente, após o que será quarteada, visando

Page 54: Apostila Adubos e Adubacao 2012

54

obter quatro partes homogêneas da amostra, de aproximadamente 250 g. A

quarteação pode ser realizada de duas maneiras: manualmente ou por quarteador

tipo Jones.

Após, coletada e preparada corretamente, a amostra de fertilizante ou

corretivo está pronta para ser enviada para o laboratório, onde serão determinadas a

granulometria e o teor de nutrientes, o que irá definir se o mesmo está dentro das

especificações.

a) Manual

• Depositar o material coletado em um local liso e limpo. Com uma régua dividir

o monte em quatro partes iguais.

• Escolher duas partes e desprezar as outras duas.

• Juntar as duas partes escolhidas e misturar bem. Repetir a operação,

dividindo os montes em quatro partes até se obter, na última mistura, a

amostra de 250 gramas.

Figura 9. Esquematização do modo de quartear manualmente.

b) Quarteador tipo Jones:

• Deve-se usar quarteador tipo JONES (Figura 10), possuindo, no mínimo, 8

vãos de separação, com largura mínima de 15 mm cada.

• Nivelar o quarteador em superfície lisa, jogar o produto sobre os vãos,

desprezar o produto de uma em cada duas bandejas coletoras, repetindo até

quantidade suficiente para compor quatro subamostras.

Page 55: Apostila Adubos e Adubacao 2012

55

Figura 10. Quarteador tipo JONES.

5.2. Coleta e preparo de amostras de fertilizante fluidos

● Deve ser feita com frascos amostradores ou outro instrumento que viabilize a

amostragem, estas frações retiradas serão reunidas, homogeneizadas e divididas

em 4 partes.

● Acondicionar em frascos de vidro ou polietileno com fechamento hemético.

● Amostragens em linhas de descargas com produto já homogeneizado é

necessário desprezar o primeiro litro para recolher a amostra. O uso dos

amostradores (Figura 11) é necessário quando não houver condições de

homogeneização do liquido no depósito.

● No caso de produtos fluidos embalados, usar as seguintes normas apresentadas

na Tabela 16.

Tabela 16. Número de embalagens a serem amostrados em função do tamanho do

lote (fertilizantes fluidos).

Tamanho do lote

(numero de embalagens)

Número mínimo de embalagens a

serem amostrados

Até 100 1 unidade

Superior a 100 + 1 unidade para cada 500 ou fração

Page 56: Apostila Adubos e Adubacao 2012

56

Figura 11. Amostrador para fertilizantes fluidos.

Page 57: Apostila Adubos e Adubacao 2012

57

6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE CORRETIVO DE ACIDEZ DO SOLO

6.1. Introdução

Os dados mais importantes levados em consideração na análise dos

corretivos agrícolas são a granulometria (RE), o poder de neutralização (PN) e os

teores de neutralizantes (CaO e MgO), a partir dos quais é possível calcular o Poder

Relativo de Neutralização Total (PRNT) do corretivo. A seguir serão descritos os

passos visando determinar essas características.

6.2. Preparo da amostra

Homogeneizar toda a amostra e, se necessário reduzir por quarteação até

obter uma quantidade de aproximadamente 250g.

6.3. Determinação da umidade

Equipamentos - estufa e balança de precisão.

Procedimento:

a) Pesar, integralmente, a amostra destinada à análise, com precisão de 0,1

g (P);

b) Colocar em estufa, à temperatura de 105-110OC, até peso constante;

c) Deixar esfriar e pesar (G);

d) Calcular a % de umidade pela expressão:

Umidade (U%) = (P - G) x 100

P

onde:

P = peso, em g, da amostra natural;

G = peso, em g, da amostra seca.

Dividir a amostra secada em duas frações iguais: uma destina-se à

granulométrica e não deve sofrer qualquer preparo; a outra se destina à análise

Page 58: Apostila Adubos e Adubacao 2012

58

química e deve ser reduzida por quarteação a aproximadamente 50g, massa que

deverá ser totalmente moída e passada em peneira com abertura de malha de

0,3mm (ABNT n.º 50).

6.4. Análise granulométrica

6.4.1. Determinação

Equipamentos:

a) Conjunto de peneiras com aro de 20 cm de diâmetro, 5 cm de altura e

aberturas de malha de 2 mm (ABNT no 10), de 0,84 mm (ABNT no 20) e de

0,3 mm (ABNT no 50), mais o coletor.

b) Agitador mecânico vibratório.

Procedimento:

a) Encaixar as peneiras uma sobre a outra, em ordem decrescente de

abertura de malha, ficando embaixo o fundo;

b) Transferir integralmente a fração da amostra seca para a primeira peneira;

c) Tampar e agitar durante 5 minutos no agitador mecânico, com reostato ao

máximo.

d) Pesar as frações retidas em cada peneira com aproximação de 0,01g;

e) Calcular os resultados, de acordo com as fórmulas:

% da amostra retida na peneira no 10 = R1 x 100

G

% da amostra retida na peneira no 20 = R2 x 100

G

% da amostra retida na peneira no 50 = R3 x 100

G

% da amostra que passa na peneira no 50 = [G – (R1 + R2 + R3)] x 100

G

Page 59: Apostila Adubos e Adubacao 2012

59

onde:

G = peso, em g, da amostra analisada

R1 = peso, em g, do material retido na peneira 10

R2 = peso, em g, do material retido na peneira 20

R3 = peso, em g, do material retido na peneira 50

6.4.2. Reatividade do corretivo (RE)

Diz respeito a quantidade de corretivo, em porcentagem, que reage em um

período de três meses em condições ideais de umidade.

Para os calcários, foram determinadas as taxas de reatividade para as

diferentes frações granulométricas. Na Tabela 17 encontram-se as taxas de

reatividade das partículas adotadas pela legislação.

Tabela 17. Taxas de reatividade das partículas de diferentes tamanhos dos

calcários, adotadas pela legislação brasileira (Alcarde, 1992).

Fração granulométrica Taxa de Reatividade (RE)

Peneira no (ABNT) Dimensão (mm) (%)*

maior que 10 maior que 2 0

10 - 20 2 - 0,84 20

20 - 50 0,84 - 0,30 60

menor que 50 menor que 0,30 100

* Percentual do corretivo que reage em 3 meses, em condições ideais de umidade.

Portanto, dispondo-se da composição granulométrica de um corretivo, pode-

se calcular sua reatividade pela expressão:

RE (%) = %F10-20 x 0,2 + %F 20-50 x 0,6 + %F < 50 x 1

onde:

%F10-20 = % passante na peneira 10 e retida na 20

%F 20-50 = % passante na peneira 20 e retida na 50

Page 60: Apostila Adubos e Adubacao 2012

60

%F < 50 = % passante na peneira 50

0,2; 0,6; 1 = taxas de reatividade das respectivas frações granulométricas

Art. 2º Os corretivos de acidez, alcalinidade e sodicidade terão a natureza

física sólida, apresentando-se em pó, caracterizado como produto constituído de

partículas que deverão passar 100% (cem por cento) em peneira de 2 (dois)

milímetros (ABNT n.º 10), no mínimo 70% (setenta por cento) em peneira de 0,84

(zero vírgula oitenta e quatro) milímetros (ABNT n.º 20) e no mínimo 50% (cinqüenta

por cento) em peneira de 0,3 (zero vírgula três) milímetros (ABNT n.º 50).

§ 1º Para que os produtos especificados no caput deste artigo possam conter

a expressão “ULTRAFINO” ou “FILLER” agregada ao seu nome, deverão ser

constituídos de partículas que deverão passar 100% (cem por cento) na peneira de

0,3 (zero vírgula três) milímetros (ABNT n.º 50).

§ 3º Os produtos especificados no caput deste artigo que não se enquadrem

na especificação granulométrica mínima ali estabelecida poderão ser registrados

com especificação granulométrica distinta daquela, desde que o interessado

apresente relatório técnico-científico conclusivo sobre a eficiência agronômica do

mesmo para o uso a que se destina.

6.4.3. Exercícios

a) Calcular a reatividade (RE) de um calcário com a composição

granulométrica abaixo:

• Retido na peneira 10 = 4%

• Retido na peneira 20 = 6%

• Retido na peneira 50 = 10%

b) Para o cálculo do RE de um calcário adotou-se o seguinte procedimento:

• Pesagem de 82,7 g do material

• 0,8 g retido em peneira 10

• 4,7 g retidos em peneira 20

• 19,0 g retidos em peneira 50

Pergunta-se: Qual o RE desse corretivo?

Page 61: Apostila Adubos e Adubacao 2012

61

6.5. Poder de neutralização (PN)

6.5.1. Introdução

O PN indica a capacidade potencial ou teórica do corretivo em neutralizar a

acidez dos solos. Depende do teor de neutralizantes presentes e da natureza

química do neutralizante. Cada espécie química tem uma determinada capacidade

de neutralização, expressas em relação à capacidade do CaCO3, tomado como

padrão, e com capacidade de neutralização relativa igual a 1. Para o MgCO3 este

valor é 1,19, para o CaO é 1,79 e para o MgO é 2,48.

O PN pode ser avaliado de duas maneiras: PN determinado e PN calculado.

6.5.2. PN determinado

É determinado pela quantidade de ácido clorídrico que reage com uma

amostra do corretivo (PN determinado), conforme a Figura 12.

É obtido em laboratório através do método da titulação com indicador.

Figura 12. Representação da determinação do poder de neutralização.

a) Transferir 1,0 g da amostra de calcário (0,5 g se calcário calcinado, cal virgem

ou cal hidratada) para copo de 250 mL.

b) Adicionar exatamente 50 mL da solução de HCL 0,5 mol L-1 padronizada,

cobrir com vidro de relógio e ferver suavemente por 5 minutos.

c) Transferir a suspensão para balão volumétrico de 250 mL já contendo 150 mL

de água destilada, esfriar, completar volume e filtrar.

d) Transferir uma alíquota de 50 mL para erlenmeyer de 250 mL, acrescentar

Page 62: Apostila Adubos e Adubacao 2012

62

aproximadamente 50 mL de água destilada e 3 gotas de solução de

fenolftaleína a 0,5%.

e) Titular com solução de NaOH 0,1 mol L-1 padronizada, até o aparecimento de

uma leve cor rosada

V = mL de NaOH 0,1 mol L-1

f) Cálculos:

Adicionados 50 mL de HCl 0,5 mol L-1 para neutralizar o CaCO3 presente

50 mL HCl 0,5 mol L-1 = 25 mmol HCl adicionados (em 250 mL)

Retirou 50 mL do extrato ⇒ 5 mmol HCl

V mL NaOH 0,1 mol L-1 = 0,1 V mmol NaOH

0,1 . V mmol NaOH equivalente ao HCl que não neutralizou o CaCO3

(5 - 0,1 . V) = mmol HCl que neutralizou o CaCO3 adicionado (50 mL de

extrato)

5 (5 – 0,1 . V) mmol HCl que neutralizou o CaCO3 adicionado

1 mmolL HCl neutraliza 0,5 mmol de CaCO3 = 50 mg de CaCO3 = 0,05 g

CaCO3

5 (5 – 0,1 . V) mmol neutraliza x = 0,25 (5 – 0,1 . V) g de CaCO3

1 g calcário contém 0,25 (5 – 0,1 . V) g de CaCO3

100 g calcário contém PN(% de CaCO3)

PN (% de CaCO3 equivalente) = 25 (5 – 0,1 . V)

Se massa de calcário for de 0,5 g (calcário calcinado, cal virgem ou cal

hidratada), multiplicar valor por 2.

g) Transferir 1,0 g da amostra de calcário (0,5 g se calcário calcinado, cal virgem ou

cal hidratada) para copo de 250 mL.

h) Adicionar exatamente 50 mL da solução de HCL 0,5 mol L-1 padronizada, cobrir

Page 63: Apostila Adubos e Adubacao 2012

63

com vidro de relógio e ferver suavemente por 5 minutos.

i) Transferir a suspensão para balão volumétrico de 250 mL já contendo 150 mL de

água destilada, esfriar, completar volume e filtrar.

j) Transferir uma alíquota de 50 mL para erlenmeyer de 250 mL, acrescentar

aproximadamente 50 mL de água destilada e 3 gotas de solução de fenolftaleína

a 0,5%.

k) Titular com solução de NaOH 0,1 mol L-1 padronizada, até o aparecimento de

uma leve cor rosada

V = mL de NaOH 0,1 mol L-1

l) Cálculos:

Adicionados 50 mL de HCl 0,5 mol L-1 para neutralizar o CaCO3 presente

50 mL HCl 0,5 mol L-1 = 25 mmol HCl adicionados (em 250 mL)

Retirou 50 mL do extrato ⇒ 5 mmol HCl

V mL NaOH 0,1 mol L-1 = 0,1 V mmol NaOH

0,1 . V mmol NaOH equivalente ao HCl que não neutralizou o CaCO3

(5 - 0,1 . V) = mmol HCl que neutralizou o CaCO3 adicionado (50 mL de

extrato)

5 (5 – 0,1 . V) mmol HCl que neutralizou o CaCO3 adicionado

1 mmolL HCl neutraliza 0,5 mmol de CaCO3 = 50 mg de CaCO3 = 0,05 g

CaCO3

5 (5 – 0,1 . V) mmol neutraliza x = 0,25 (5 – 0,1 . V) g de CaCO3

1 g calcário contém 0,25 (5 – 0,1 . V) g de CaCO3

100 g calcário contém PN(% de CaCO3)

PN (% de CaCO3 equivalente) = 25 (5 – 0,1 . V)

Se massa de calcário for de 0,5 g (calcário calcinado, cal virgem ou cal

hidratada), multiplicar valor por 2.

Page 64: Apostila Adubos e Adubacao 2012

64

6.5.3. PN calculado

Sabendo-se os teores de CaO e MgO de um corretivo, e utilizando-se dos

índices de capacidade de neutralização relativa ao CaCO3 desses óxidos, é possível

se obter o %ECaCO3 calculado ou teórico do produto, também conhecido como PN

calculado, utilizando-se da expressão:

PN = Eq. CaCO3 = % CaO x 1,79 + % MgO x 2,48

O fator 1,79 surgiu da relação entre a massa molecular do CaCO3 com a do

CaO:

massa molecular do CaCO3 100 = 1,78 massa molecular do CaO 56

O fator 2,48 surgiu da relação entre a massa molecular do CaCO3 com a do

MgO:

massa molecular do CaCO3 100 = 2,48 massa molecular do MgO 40

Portanto, a multiplicação dos teores de CaO e MgO por esses valores

converte-os em % CaCO3.

O PN indica, portanto, a capacidade potencial do corretivo em neutralizar a

acidez dos solos. O PN do corretivo depende não só do teor de neutralizantes

presentes, mas também da natureza química do neutralizante. Na Tabela 18 está

apresentada a capacidade de neutralização em relação à capacidade do CaCO3,

tomado como padrão.

Page 65: Apostila Adubos e Adubacao 2012

65

Tabela 18. Capacidade de neutralização de diferentes materiais neutralizantes.

(Alcarde, 1992).

Espécie Neutralizante

Poder de neutralização ou equivalente ao CaCO3(%)

CaCO3 100 MgCO3 119

CaO 179 MgO 248

Ca(OH)2 135 Mg(OH)2 172 CaSiO3 86 MgSiO3 100

Assim, por exemplo, o MgCO3 apresenta capacidade de neutralização

19% maior que o CaCO3, ou seja, 100 kg de MgCO3, tem uma ação equivalente a

119 kg de CaCO3.

É importante ressaltar que nem sempre os valores do PN determinado,

são semelhantes ao do PN calculado. Assim, o PN determinado indica apenas que o

produto é alcalino ou básico, e a partir daí apenas supõe-se que o seu constituinte

seja o CaCO3, não possibilitando caracterizar a natureza química do neutralizante,

isto é, se é carbonato, óxido, hidróxido ou silicato, assim como também não

possibilita caracterizar se o produto é corretivo de acidez dos solos, isto é, se a base

está associada ao cálcio ou magnésio. Sendo o produto um corretivo de acidez, os

valores determinados, ou seja, os valores do PN, são os que apresentam

significância prática, pois nem todo o cálcio ou o magnésio do produto está

associado à base, como por exemplo, o cálcio do gesso agrícola. Quando os valores

dos dois métodos (determinado e calculado) estiverem próximos significa que todo o

cálcio e magnésio do produto estão associados a bases.

6.5.4. Teores de cálcio e magnésio

6.5.4.1. Introdução

Os teores de cálcio e magnésio podem ser obtidos através de determinação

em espectofotometria de absorção atômica, ou por quelatometria. A seguir estão

descritos as metodologias para determinação do cálcio e magnésio pelo método

quelatométrico do EDTA.

Page 66: Apostila Adubos e Adubacao 2012

66

6.5.4.2. Preparo do extrato

a) Pesar 0,5 g de calcário moído, passar para erlenmeyer de 125 mL.

b) Adicionar 25 mL de HCl (1 + 1) , tapar com vidro de relógio e ferver na chapa

aquecedora por 20 minutos.

c) Esfriar e passar para balão volumétrico de 250 mL.

d) Filtrar em papel de filtro Whatman no 1 para copo de 150 mL.

6.5.4.3. Determinação do cálcio

a) Pipetar 5 mL do extrato para erlenmeyer de 250 mL

b) Adicionar 100 mL de água destilada, e os seguintes reagentes, na ordem: 4

ml de NaOH 20%, , 3 mL de KCN a 5%, 10 gotas de trietanolamina, 5 gotas

do indicador calcon.

c) Titular com EDTA 0,02 mol L-1 até a viragem de lilás para cor azul celeste.

V = mL gastos na titulação do cálcio

d) Cálculos

250 mL contém 0,5 g de calcário

5 mL contém x

x = 10 mg de calcário na alíquota

1 L EDTA 1 mol L-1 neutraliza 56 g de CaO (peso molecular)

1 mL EDTA 0,02 mol L-1 neutraliza 1,12 mg de CaO

V mL EDTA 0,02 mol L-1 neutraliza y mg de CaO

y = V . 1,12 mg de CaO na alíquota

10 mg de calcário contém V . 1,12 mg de CaO

100 mg de calcário contém % CaO

% CaO = V . 11,2

Page 67: Apostila Adubos e Adubacao 2012

67

6.5.4.4. Determinação do cálcio + magnésio

a) Pipetar 5 mL do extrato para erlenmeyer de 250 mL.

b) Adicionar 100 mL de água destilada, e os seguintes reagentes, na ordem: 5

mL da solução tampão pH 10, , 3 mL KCN a 5%, 10 gotas de trietanolamina, 5

gotas do indicador ericromo negro T, agitando após cada adição.

c) Titular com EDTA 0,02 mol L-1, até a viragem da cor lilás para azul celeste.

V1 = mL gastos na titulação do cálcio + magnésio

(V1 – V) = mL gastos na titulação do magnésio

d) Cálculos

Como já demonstrado para o cálcio:

x = 10 mg de calcário na alíquota

1 mL EDTA 1 mol L-1 neutraliza 40,32 g de MgO (peso molecular)

1 mL EDTA 0,02 mol L-1 neutraliza 0,806 mg de MgO

(V1 – V) mL EDTA 0,02 mol L-1 neutraliza y mg de MgO

y = (V1 – V) . 0,806 mg de MgO na alíquota

10 mg de calcário contém (V1 – V) . 0,806 mg de MgO

100 mg de calcário contém % MgO

% MgO = (V1 - V) . 8,06

6.5.5. PN calculado x PN determinado

Na Tabela 19 encontram-se comparações entre o valor do PN calculado e do

determinado de diversas amostras, citados em Alcarde (1992).

Page 68: Apostila Adubos e Adubacao 2012

68

Tabela 19. Valores comparativos do % ECaCO3, determinados através do PN, ou

calculados através dos teores de CaO e MgO.

Amostras % E CaCO3 Amostras % E CaCO3 Determinado Calculado Determinado Calculado

1 107,6 107,7 6 53,9 76,7 2 77,1 85,7 7 54,6 75,7 3 88,1 91,7 8 95,0 98,2 4 69,7 83,2 9 76,7 80,7 5 98,2 99,0 10 84,7 85,2

Observam-se produtos em que os resultados são semelhantes, enquanto em

outros o resultado do PN determinado é bastante inferior ao do calculado. Isso é

justificado pelo fato de nem todo o cálcio ou o magnésio do produto estar associado

à base: estes não são contemplados na determinação do PN. Sendo o produto um

corretivo de acidez, os valores determinados são mais significantes. Podem também

ocorrer situações em que o PN determinado seja maior que o calculado. Isto

acontece quando o produto analisado contém bases neutralizantes não ligadas a

cálcio e magnésio.

6.5.6. Poder relativo de neutralização total (PRNT)

Englobando os valores de PN e da RE, calcula-se o PRNT do corretivo

expresso pela seguinte equação:

PRNT = PN x RE 100

Logo, PRNT expressa o potencial da pureza que exerce sua ação num

período de 3,0 meses. Assim, por exemplo, um calcário com as seguintes

características:

PN = 90%

RE = 80%

terá um PRNT de 72%, isto é, 80% (RE) de seu potencial de neutralização (PN =

90%) será exercido em 3,0 meses, ou seja 72%, enquanto que, 90-72 = 18%, agirá

posteriormente.

Page 69: Apostila Adubos e Adubacao 2012

69

§ 1º Quanto aos valores do poder de neutralização (PN), soma dos óxidos

(%CaO + %MgO) e PRNT:

Material corretivo de acidez PN (% e CaCO3)

Mínimo

Soma %CaO +

%MgO Mínimo

PRNT

Mínimo

Calcário agrícola 67 38 45

Calcário calcinado agrícola 80 43 54

Cal hidratada agrícola 94 50 90

Cal virgem agrícola 125 68 120

Parâmetros de referência para

outros corretivos de acidez

67 38 45

6.5.7. Efeito residual (ER)

O ER é o tempo de duração da correção da acidez, ou seja, é a duração da

calagem. O fator que mais interfere nesse parâmetro é a reatividade, isto é, quanto

maior a reatividade do corretivo, menor o efeito residual. Logo:

ER = PN - PRNT

Na Tabela 20 está apresentado valores de PN, RE, PRNT e ER de quatro

tipos de calcário.

Tabela 20. Cálculo e interpretação do PRNT em calcários. (Alcarde, 1992).

Calcários PN RE PRNT Ação do PN ------------------------- % ---------------------- 3,0 meses ER

1 100 70 70 70 30

2 80 87 70 70 10

3 70 100 70 70 0

Observa-se pela Tabela 20 que embora os três calcários apresentem o

mesmo PRNT (70%), o seu comportamento no solo é diferente, isto é, esse

parâmetro não permite uma adequada avaliação dos corretivos, exigindo, portanto,

também o conhecimento do PN.

Page 70: Apostila Adubos e Adubacao 2012

70

7. DETERMINAÇÃO DE FORMAS E TEORES DE NITROGÊNIO (N) EM

FERTILIZANTES

7.1. Preparo da amostra

Após o recebimento da amostra pelo laboratório, esta deverá ser

primeiramente preparada. Deve-se homogeneizar toda a amostra e dividi-la em duas

frações iguais. Uma das frações destina-se à análise granulométrica - quando a

mesma for prevista - e a outra, às análises químicas.

A fração destinada às análises deve ser moída e passada totalmente em

peneira com abertura de malha de 0,84 mm (ABNT no 20). Após, deve ser

homogeneizada e guardada em ambiente hermético.

7.2. Princípio e aplicação do método de análise

O nitrogênio nos fertilizantes é garantido pelo seu teor total presente (Brasil,

1982). É avaliado pelo método de Kjeldahl (Kane, 1995), como amônia oriunda da

formas nitrogenadas orgânicas ou minerais. A metodologia permite considerar três

etapas: digestão, destilação e volumetria do nitrogênio.

A digestão consiste na transformação do N da amostra em amônio, com a

eliminação do carbono como CO2 dos produtos orgânicos e solubilização de

compostos devido a ação do ácido sulfúrico e catalisadores.

CO(NH2)2 + H2SO4 NH4+ + SO4

= + CO2 + H2O

A destilação é a separação do nitrogênio do material digerido. Isto é obtido

em destiladores onde o aquecimento e a alcalinização da amostra promovem a

decomposição dos sais amoniacais com desprendimento de amônia coletada em

solução receptora.

NH4+ + NaOH NH3

NH3 + H3BO3 NH4+ + H2BO3

-

Cu

Page 71: Apostila Adubos e Adubacao 2012

71

A quantidade de nitrogênio é avaliada por volumetria. A amônia em contato

com a solução receptora (HCl, H2SO4 ou H3BO4) produz sais de amônio, alterando o

título da solução. O uso de solução de NaOH padronizada na titulação irá avaliar o

excesso de ácido colocado para coletar a amônia. Por outro lado, a titulação com

H2SO4 avalia diretamente a quantidade de amônio que alterou a acidez da solução.

H2BO3- + H+ H3BO3

H2SO4

Padrão

(*) Indicadores: Bromocresol verde + vermelho de metila

Verde Róseo

Ao método de Kjeldahl foram introduzidas várias modificações sem, contudo

alterar a sua originalidade. Isto se deve a necessidade de identificar as diferentes

combinações de formas nitrogenadas nos adubos. Com esta finalidade são

apresentados alguns métodos para dosagem do nitrogênio empregando-se o

microdestilador.

7.3. Determinação do nitrogênio total

7.3.1. Micro método da liga de Raney (Apostila: Legislação: Anexo IX: Manual de métodos

analíticos oficiais para fertilizantes minerais, orgânicos, organominerais e corretivos, páginas 11 a 13).

a) Princípio e aplicação

Este método fundamenta-se na amonificação de todas as formas não

amoniacais de nitrogênio seguida da destilação alcalina da amônia, que é recebida

numa quantidade em excesso de ácido bórico. O borato de amônio formado é

titulado com ácido padronizado. Aplicável a fertilizantes contendo formas de

nitrogênio solúveis em água, como a amoniacal, nítrica e amídica da uréia, que são

as mais comumente utilizadas nas formulações de fertilizantes minerais.

indicadores(*)

Page 72: Apostila Adubos e Adubacao 2012

72

b) Materiais

b.1) Equipamentos

- Conjunto microdigestor e microdestilador para nitrogênio.

b.2) Reagentes e soluções

- Indicador verde de bromocresol 1 g/L; Pesar 0,25 g do indicador, triturar

em almofariz com 7-8 mL de NaOH 4g/L, transferir para um balão volumétrico de

250 mL e completar o volume com água destilada.

- Indicador vermelho de metila 1 g/L: Dissolver 0,1g de vermelho de metila

em álcool etílico e transferir para um balão volumétrico de 100 mL. Completar o

volume com álcool etílico.

- Indicador alaranjado de metila 1 g/L: Dissolver 0,1g do indicador em água

destilada e completar o volume a 100 mL.

- Mistura de indicadores: Misturar 1 volume da solução de vermelho de

metila 1 g/L e 10 volumes da solução de verde de bromocresol 1 g/L.

- Ácido bórico, H3BO3, 20 g/L com mistura de indicadores: Pesar 20g de

ácido bórico p.a. dissolver em água destilada morna. Esfriar e transferir para um

balão volumétrico de 1 L. Acrescentar 20mL da mistura de indicadores e completar o

volume com água destilada.

- Hidróxido de sódio, NaOH, 450 g/L: Pesar 450g de NaOH p.a., dissolver

em água destilada e transferir para um balão volumétrico de 1 litro. Esfriar e

completar o volume.

- Ácido sulfúrico concentrado, H2SO4 p.a.

- Liga ou pó catalítico de Raney (50% Al – 50% Ni)

Solução de ácido sulfúrico, H2SO4, aproximadamente 0,025 M: Diluir 14

mL de H2SO4 p.a. em 1.000 mL com água destilada. Transferir 100 mL desta

solução para um balão volumétrico de 1.000 mL e completar o volume com água

destilada.

Page 73: Apostila Adubos e Adubacao 2012

73

Padronização:

a) Pesar exatamente 1,0000g de carbonato de sódio, Na2CO3, padrão

primário, secado por 2h a 280-12 290 ºC em forno elétrico, resfriado e mantido em

dessecador;

b)Transferir para um balão volumétrico de 200 mL, completar o volume com

água destilada e agitar até completa solubilização;

c) Transferir 10 mL da solução de carbonato de sódio para erlenmeyer de 250

mL;

d) Adicionar 50 mL de água destilada e 5 gotas do indicador alaranjado de

metila 1 g/L;

e) Titular com a solução de H2SO4 até começar a variar a cor do indicador em

relação a uma solução de referência (usar uma solução de 80 mL de água fervida

por dois minutos acrescidos de 3 gotas de alaranjado de metila);

f) Interromper a titulação, ferver por 2 a 3 minutos, esfriar e prosseguir a

titulação até variação definitiva da cor do indicador para um tom laranja-

avermelhado; anotar o volume final, em mL;

g) Repetir este procedimento de titulação por três vezes e calcular o volume

médio gasto (V);

h) Calcular a molaridade da solução pela expressão;

M = 0,47175 , onde :

V

V = média dos volumes, em mL, da solução de H1SO4, gastos nas titulações

c) Procedimento

c.1) Extração/Digestão

a) Pesar 1g da amostra, com aproximação de 0,1mg (G), transferir para balão

volumétrico de 250 mL e completar o volume com água destilada;

b) Agitar manualmente por 5 minutos e deixar em repouso por mais 30

minutos; filtrar, se necessário, em papel de filtro de porosidade média;

c) Digestão em microdigestor: retirar uma alíquota do extrato que contenha de

5 a 15 mg de N (Tabela 22) e colocar no tubo de vidro do microdigestor;

Page 74: Apostila Adubos e Adubacao 2012

74

d) Acrescentar 0,7g de liga de Raney, elevar o volume a 25mL com água

destilada e adicionar 5 mL de H2SO4 concentrado, nessa ordem;

e) Aquecer no microdigestor até o aparecimento de densos fumos brancos do

H2SO4. Esfriar em ambiente com exaustão e, em seguida, transferir para o

microdestilador.

Tabela 22. Alíquota a ser tomada conforme a especificação (garantia) do produto:

Garantia (em % de N) Alíquota (em mL)

até 5 25

6 a 10 20

11 a 25 10

Acima de 26 5

Digestão alternativa, em béquer:

a) Retirar uma alíquota do extrato que contenha de 5 a 15 mg de N (Tabela

22) e transferir para um béquer de 100 mL;

b) Acrescentar 0,7g de liga de Raney, elevar o volume a 25mL com água

destilada e adicionar 5 mL de H2SO4 concentrado, nessa ordem;

c) Aquecer em chapa aquecedora até o aparecimento de densos fumos

brancos do H2SO4, próximo da secura da amostra. Deixar esfriar em capela;

d) Adicionar 20 mL de água destilada e ferver novamente até dissolver todo o

conteúdo;

e) Esfriar e transferir para o tubo do microdestilador.

c.2) Determinação

a) Adaptar ao microdestilador o tubo contendo a amostra digerida, com a

ponta do condensador já mergulhada num erlenmeyer de 125 mL contendo 10 mL

da solução de H3BO3 20 g/L com mistura de indicadores e 40mL de água destilada;

b) Adicionar 25 mL de NaOH 450 g /L ao tubo de destilação;

c) Imediatamente, colocar o microdestilador em funcionamento e aguardar

que o mesmo promova a destilação da amostra até a obtenção de um volume total

de aproximadamente 100 mL no erlenmeyer de recepção;

Page 75: Apostila Adubos e Adubacao 2012

75

d) Retirar e titular o destilado no erlenmeyer com H2SO4 0,025M padronizado.

Anotar o volume gasto (Va);

e) Preparar uma prova em branco(Vb);

f) Calcular a % de nitrogênio total presente na amostra pela expressão:

% N = 700,35 M (Va - Vb) , onde :

AG

Va = volume, em mL, da solução de ácido sulfúrico gasto na titulação da amostra;

Vb = volume, em mL, da solução de ácido sulfúrico gasto na titulação da prova em

branco;

M = molaridade (exata) da solução de ácido sulfúrico;

A = alíquota tomada, em mililitros;

G = massa inicial da amostra, em grama.

d) Cuidados especiais

- O pó catalítico de Raney reage vagarosamente com água ou umidade do ar

formando alumina; evitar contato prolongado com água ou umidade durante a

estocagem ou uso;

- Proceder às adições de acido sulfúrico cuidadosamente, para evitar reação

violenta;

- Vistoriar periodicamente o aparelho destilador visando evitar perdas de

amônia e eventuais vazamentos de soluções reagentes.

- Destilar uma amostra de referência periodicamente;

- Manusear todos os ácidos fortes com auxilio de EPI’s.

7.3.2. Método simplificado para determinação do N total na uréia

a) Em erlenmeyer de 125 mL adicionar:

0,5 g do material (uréia)

25 mL de H2SO4 (1+1)

2 g de CuSO4.4H2O

Page 76: Apostila Adubos e Adubacao 2012

76

b) Cobrir o erlenmeyer com vidro de relógio, levando-o em seguida para a chapa

aquecedora deixando-o ferver até o aparecimento de densos fumos brancos.

Deixar ferver por mais 1 hora.

c) Após esfriar, transferir o material digerido para balão volumétrico de 500 mL,

tendo o cuidado de lavar o erlenmeyer com 3 porções de água destilada.

Completar o volume e homogeneizar.

d) Pipetar uma alíquota de 10 mL do material para microdestilador e acrescentar 10

mL de NaOH 18 mol L-1. Em um copo de 150 mL para receber o destilado

acrescentar 10 mL de H3BO3 a 4% com os indicadores indicadores bromocresol

verde e vermelho de metila (solução receptora).

e) Colocar o microdestilador em funcionamento até que o destilado dobre o volume

da solução receptora (+ 5 minutos). Parar a destilação.

f) Titular com H2SO4 0,05 mol L-1 até viragem do indicador de azul para róseo.

V = mL de H2SO4 0,05 mol L-1

g) Cálculo:

em 500 mL contém 0,5 g do material

em 10 mL contém x g do material

x = 0,01 g de material

1 mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a 0,0014 g de N

V mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a y

y = V . 0,0014 g N

em 0,01 g de material contém V . 0,0014

em 100 g de material contém N% no adubo

N% no adubo = 100 . V . 0,0014

= V . 0,14

0,01 0,01

N% no adubo = 14 . V

Page 77: Apostila Adubos e Adubacao 2012

77

7.3.3. Determinação do nitrogênio nítrico e amoniacal

Esse método avalia primeiro a quantidade de amônio e na mesma amostra o

nitrato. A adição de óxido de magnésio favorece a transformação de todo o

nitrogênio amoniacal presente na amostra para amônia. Depois de determinado o

nitrogênio amoniacal na amostra, a adição da liga de Devarda (45% de Al, 50% de

Cu e 5% de Zn) permite que todo o nitrogênio que estava na forma nítrica, após

converter-se em amoniacal, seja determinado.

Fase amoniacal

a) Dissolver 1 g do material em balão volumétrico de 250 Ml, completar o volume e

agitar.

b) Transferir uma alíquota de 5 mL para o bulbo do microdestilador e juntar 0,5 g de

óxido de magnésio.

c) Destilar, coletando o destilado em 10 mL de solução receptora de ácido bórico a

4% e proceder como descrito em 7.3.2. e em diante.

d) Cálculo - Do mesmo modo que 7.3.2. g, temos:

em 250 mL contém 1 g do material

em 5 mL contém x g do material

x = 0,02 g de material

1 mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a 0,0014 g de N

V mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a y

y = V . 0,0014 g N

em 0,02 g de material contém V . 0,0014

em 100 g de material contém N% no adubo

N% no adubo = 100 . V . 0,0014

= V . 0,14

0,02 0,02

% de N ≈ NH4 no adubo = 7 . V

Page 78: Apostila Adubos e Adubacao 2012

78

Fase nítrica

a) Após terminada a destilação da fase amoniacal, adicionar na amostra 2 g de liga

de Devarda e redestilar, recebendo em outra solução de ácido bórico a 4% como

para a fase amoniacal

b) Cálculo – Do mesmo modo que se realizou na determinação do N amoniacal,

temos:

em 250 mL contém 1 g do material

em 5 mL contém x g do material

x = 0,02 g de material

1 mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a 0,0014 g de N

V mL de H2SO4 0,05 mol L-1 equivale a y

y = V . 0,0014 mg N

em 0,02 g de material contém V . 0,0014

em 100 g de material contém N% no adubo

N% no adubo = 100 . V . 0,0014

= V . 0,14

0,02 0,02

% de N ≈ NO3- no adubo = 7 . V

Page 79: Apostila Adubos e Adubacao 2012

79

8. DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO EM FERTILIZANTES

8.1. Introdução

A caracterização dos fertilizantes fosfatados no Brasil é realizada por meio

das seguintes determinações:

• teor total de P2O5;

• teor solúvel em água;

• teor solúvel em citrato neutro de amônio + água (CNA + H2O);

• teor solúvel em ácido cítrico a 2%, relação 1:100;

8.2. Extratores de fósforo de fertilizantes

Os teores de fósforo acima discriminados são determinados a partir do uso de

extratores específicos, procurando simular ao extraído pelas raízes das plantas,

exceto, evidentemente, ao P2O5 Total. Os extratores para as diferentes fontes de

fósforo são:

(1) para os fosfatos acidulados (SPS, SPT, MAP, DAP)

a. teor solúvel em citrato neutro de amônio mais água

b. teor solúvel em água

(2) para os fosfatos térmicos (termofosfato magnesiano)

a. teor total

b. teor solúvel em ácido cítrico a 2%, relação 1:100

(3) para os fosfatos naturais (reativos)

a. teor total

b. teor solúvel em ácido cítrico a 2%, relação 1:100

Na tabela 23 estão apresentados as fontes, garantias e características dos

principais fertilizantes fosfatados comercializados (Anexo II da Instrução Normativa

Nº 05 – 23/02/2007).

Page 80: Apostila Adubos e Adubacao 2012

80

Tabela 23. Garantias e características dos principais fertilizantes fosfatados.

Fosfatos Fontes Garantias Características

Acidulados Superfosfato Simples (SPS)

18% P2O5 Fósforo determinado como P2O5 solúvel em Citrato Neutro de Amônio mais água e mínimo de 15% em água.

Superfosfato Triplo (SPT)

41% P2O5 Fósforo determinado como P2O5 solúvel em Citrato Neutro de Amônio mais água e mínimo de 36% em água.

Fosfato Monoamônico (MAP)

48% P2O5 Fósforo determinado em P2O5 solúvel em Citrato Neutro de Amônio mais água e mínimo de 44% solúvel em água.

Fosfato Diamônico (DAP)

45% P2O5 Fósforo determinado em P2O5 solúvel em Citrato Neutro de Amônio mais água e mínimo de 38% solúvel em água.

Térmicos Termofosfato Magnesiano

17% P2O5 Fósforo determinado como P2O5 total e mínimo de 11% do teor total solúvel em Ácido Cítrico a 2% na relação 1:100. Granulometria: partículas deverão passar 75% na peneira de 0,15 mm (ABNT nº 100)

Naturais Fosfato Reativo

27% P2O5 Fósforo determinado como P2O5 total e mínimo de 30% do teor total solúvel em Ácido Cítrico a 2% na relação 1:100. Granulometria: partículas deverão passar 100% na peneira de 4,8 mm (ABNT nº 4) e passar 80% na peneira de 2,8 mm (ABNT nº 7)

O processo de determinação do fósforo disponível inclui duas etapas:

extração do fósforo pelos diferentes solventes ou ácidos, e determinação da

quantidade de fósforo extraído. A seguir serão descritas as metodologias para as

extrações de fósforo, e quantificação do P extraído, pelos métodos colorimétrico e

gravimétrico.

Page 81: Apostila Adubos e Adubacao 2012

81

8.3. Reagentes utilizados para extrações e determinações das frações de

fósforo (Legislação: “Métodos de Análises” nº 24/2007)

- Ácido nítrico, HNO3, p.a.

- Ácido clorídrico, HCl, p.a.

- Solução de ácido clorídrico (1+1): Juntar volumes iguais de água destilada e ácido

clorídrico concentrado.

- Reagente "quimociac": Dissolver 70g de molibdato de sódio, Na2MoO4.2H2O, em

150 mL de

água destilada. Dissolver 60g de ácido cítrico cristalizado, C6H8O7.H2O, em uma

mistura de 85 mL de ácido nítrico concentrado e 150 mL de água destilada. Esfriar e

adicionar aos poucos, com agitação, a solução de molibdato à mistura de ácido

cítrico e nítrico. Dissolver 5 mL de quinolina sintética, C9H7N, em uma mistura de 35

mL de ácido nítrico e 100 mL de água destilada. Adicionar esta solução, aos poucos,

à solução de molibdato, ácido cítrico e nítrico; homogeneizar e deixar em repouso

durante 24 horas. Filtrar, juntar 280 mL de acetona, completar a 1 litro com água

destilada e homogeneizar. Guardar esta solução em frasco de polietileno.

- Solução vanadomolíbdica: dissolver 20 g de molibdato de amônio (NH4MoO4, p.a.)

em 200-250 mL de água destilada a 80-90 ºC e deixar esfriar. Dissolver 1g de

metavanadato de amônio (NH4VO3, p.a.) em 120-140 mL de água destilada a 80-

90ºC, esperar esfriar e adicionar 180 mL de HNO3 concentrado. Adicionar a solução

de molibdato à de metavanadato, aos poucos e agitando. Transferir para um balão

volumétrico de 1000 mL, completar o volume com água destilada e homogeneizar.

- Solução padrão de 500 mg L-1 de P2O5: transferir 0,9640 g de KH2PO4 padrão

primário com 99,5 % de pureza, secado por 2 h a 105ºC, para um balão volumétrico

de 1000 mL. Dissolver com água destilada, completar o volume e homogeneizar.

- Citrato neutro de amônio – CNA: dissolver 370g de ácido cítrico mono hidratado

cristalizado,

C6H8O7.H2O, em 1500 mL de água destilada e adicionar 345 mL de hidróxido de

amônio, NH4OH, p.a., com 28 a 29% de NH3. Esfriar e medir o pH. Ajustar o pH para

7,0 com hidróxido de amônio 1+9 ou com solução de ácido cítrico a 100 g L-1.

Determinar a densidade, que deve ser de 1,09 à temperatura de 20ºC, adicionando

água, ou ácido cítrico, se necessário. Guardar a solução em frasco hermeticamente

fechado. Verificar, semanalmente, o pH acertando quando necessário.

Page 82: Apostila Adubos e Adubacao 2012

82

- Citrato neutro de amônio - CNA (1+9): transferir 25 mL da solução CNA para um

balão volumétrico de 250 mL e completar o volume com água destilada.

- Solução de ácido cítrico 2 g /100 mL: pesar 10 g de ácido cítrico cristalizado mono

hidratado p.a., C6H807.H2O, e dissolver em água destilada, transferir para balão

volumétrico de 500 mL e completar o volume. Usá-la recém-preparada.

8.4. Extrações de fósforo de fertilizantes

8.4.1. Teor total de fósforo

a) Em bequer de 150 mL adicionar:

1 g do fertilizante

50 mL de HCl (1+1)

b) Cobrir com vidro de relógio e deixar ferver durante 30 minutos, em chapa

aquecedora.

c) Esfriar e passar para balão volumétrico de 250 mL, completar o volume com

água destilada e homogeneizar.

d) Filtrar em papel de filtro tipo Whatman no 1 e proceder a determinação.

8.4.2. Fósforo solúvel em água

a) Em erlenmeyer de 250 mL adicionar:

1 g do material

100 mL de água (com o auxílio de proveta).

b) Colocar no agitador e agitar durante 30 minutos.

c) Transferir para balão de 250 mL e completar o volume com água destilada

d) Filtrar usando papel de filtro do tipo Whatman no 1 e proceder a determinação.

8.4.3. Fósforo solúvel em citrato neutro de amônio + água (CNA + água)

a) Em bequer de 100 mL adicionar

0,5 g do material

50 mL de solução neutra de citrato de amônio

Page 83: Apostila Adubos e Adubacao 2012

83

b) Cobrir com vidro de relógio e deixar ferver durante 10 minutos, em chapa

aquecedora.

c) Transferir para balão de 250 mL e completar o volume com água destilada.

d) Filtrar usando papel de filtro do tipo Whatman no 1 e proceder a determinação.

8.4.4. Fósforo solúvel em ácido cítrico a 2%

a) Em erlenmeyer de 250 mL adicionar:

1 g do material

100 mL de ácido cítrico a 2% (com o auxílio de proveta)

b) Colocar no agitador e agitar durante 30 minutos.

c) Transferir para balão de 250 mL e completar o volume com água destilada

d) Filtrar usando papel de filtro do tipo Whatman no 1 e proceder a determinação.

8.5. Determinações

8.5.1. Determinação pelo reagente vanado molíbdico (colorimetria)

A solução de ácido molíbdico e vanádico em presença de ortofosfatos

desenvolve a formação de ácido vanadomolibdofosfórico, de coloração alaranjada. A

intensidade desta cor pode ser medida com o auxílio de colorímetro fotoelétrico

ajustado em 420 a 480 nm. A sílica com estes reagentes desenvolve a mesma cor,

porém esta desaparece depois de 5 minutos, razão pela qual se recomenda a leitura

10 minutos após a adição dos reagentes.

8.5.1.1. Preparo do padrão: É feita visando-se a calibração do colorímetro.

a) Dilui-se em 1 litro 1,9173 g de KH2PO4, onde cada mL contém 1,0 mg de P2O5.

b) A seguir, pipetar quantidades de 1 a 4 mg de P2O5 para balões volumétricos de

100 mL e adicionar o reagente vanado molíbdico.

c) Proceder a leitura dos padrões e construir gráfico para cálculo das percentagens

de P2O5 no adubo.

Page 84: Apostila Adubos e Adubacao 2012

84

8.5.1.2. Determinação

a) Transferir uma alíquota de 2 mL do extrato para balão volumétrico de 100 mL e

juntar 20 mL de reagente vanado molíbdico (a alíquota do extrato pode ser maior,

dependendo da concentração de P2O5 presente).

b) Misturar, completar o volume com água destilada e deixar em repouso por 10

minutos.

c) Fazer a leitura em colorímetro com filtro de 420 a 480 nm anteriormente calibrado

com o padrão.

d) Calcular a porcentagem de fósforo sabendo que em uma alíquota de “X” mg do

material contém uma quantidade de P2O5 obtida na reta padrão mediante a

leitura no colorímetro

Teor de P2O5 = L x F Onde:

L = Leitura da amostra obtida no colorímetro

F = Fator de conversão da reta padrão

8.5.2. Determinação pelo método gravimétrico do quimociac

a) Pipetar uma alíquota do extrato contendo de 10 a 25 mg de P2O5 e transferir para

um béquer de 400 mL. Diluir, se necessário, a 100 mL e aquecer até o inicio da

fervura.

b) adicionar 50 mL de reagente “quimiociac” e ferver durante 1 min, dentro da

capela.

c) Esfriar a temperatura ambiente, agitando cuidadosamente, 3 a 4 vezes durante o

resfriamento.

d) Filtrar, sob a ação de vácuo, em cadinho de placa porosa, previamente secado a

250 ºC e tarado; lavar com 5 porções de 25 mL de água destilada, tendo o cuidado

de adicionar cada porção após a anterior ter passado completamente.

e) Secar durante 30 minutos a 250 º C esfriar em dessecador e pesar como

(C9H7N)3H3[PO4.12 MoO3];

f) Calcular o percentual de P2O5 da amostra utilizando a seguinte expressão:

Page 85: Apostila Adubos e Adubacao 2012

85

% P2O5 total = m x 801,75

v

m= massa (g) do precipitado

v= volume (mL0 da alíquota do extrato usada na determinação

Page 86: Apostila Adubos e Adubacao 2012

86

9. DETERMINAÇÃO DE POTÁSSIO EM FERTILIZANTES

9.1. Introdução

A atomização de uma solução na chama promove o deslocamento dos

elétrons dos elementos neles contidos à níveis mais elevados de energia. Cessado o

efeito, os elétrons retornam ao nível energético anterior e a energia absorvida é

liberada como radiação.

Bunsen e Kirchoff, estudando o espectro formado pelos elementos químicos

verificaram que a identificação poderia ser feita no comprimento de onda emitida

onde a intensidade exprime a quantidade.

O potássio apresenta propriedades bem definidas para a sua dosagem pelo

método de fotometria de chama. A emissão no comprimento de 766 a 767nm é a

mais usada para a avaliação do potássio. A determinação do potássio pode ainda

ser efetuada por métodos volumétricos e gravimétricos.

Nos adubos minerais, de um modo geral, o potássio (K2O) apresenta-se como

solúvel em água. Entretanto, no caso de resíduos orgânicos e silicatos é necessário

proceder a digestão do material com ácidos minerais.

O principal fertilizante potássico é o cloreto de potássio (KCl), com garantia de

58% de K2O, tendo o potássio na forma de cloreto determinado como K2O solúvel e

água.

9.2. Determinação do potássio por fotometria de chama

9.2.1 Princípio

Consiste na solubilização do potássio em água e medida da sua emissão em

fotômetro de chama devidamente calibrado.

9.2.2 Reagentes e equipamentos

- Soluções padrões contendo 1000 mg L-1 (estoque), 40 mg L-1 e 16 mg L-1 de K.

- Fotômetro de chama.

Page 87: Apostila Adubos e Adubacao 2012

87

9.2.3. Extração

a) Pesar “G” gramas da amostra, conforme Tabela 24 e transferir para béquer de

100 mL, adicionar 50 mL de água e ferver por 10 minutos;

Tabela 24. Quantidade a pesar conforme a especificação do produto (garantia, em

%).

Garantia (% em massa) G (em grama) Volume do balão 1 (mL)

Até 30% 8 / Garantia 100

Acima de 30 até 45% 20 / Garantia 250

Acima de 45% 40 / Garantia 500

b) Esfriar e transferir para balão volumétrico (balão 1) e homogeneizar;

c) Filtrar em papel de filtro de porosidade média, se necessário.

9.2.4. Determinação

a) Pipetar 5 mL do extrato e transferir para balão volumétrico de 250 mL, completar o

volume com água destilada e homogeneizar;

b) Retirar 30 mL para um copo de 50 mL e proceder a leitura da concentração na

amostra no fotômetro de chama;

c) Ajustar o fotômetro de chama em "80" (valor de escala), ou em 16 mg L-1, com a

solução padrão de 16 mg L-1 de K2O, usando água destilada para zerar o aparelho;

d) Medir o valor da emissão do potássio na solução diluída da amostra, registrando a

leitura (L ou L’);

e) Calcular a % K2O, pela expressão:

G 1000

LVOK (%)

b

2 =

ou G 200

VLOK (%)

b*

2 =

Page 88: Apostila Adubos e Adubacao 2012

88

onde :

Vb = Volume do balão utilizado na primeira avolumação (balão 1).

L = Leitura da solução diluída da amostra em valor de escala.

L* = Leitura da solução diluída da amostra em mg L-1.

G = Massa inicial da amostra, em grama.

Page 89: Apostila Adubos e Adubacao 2012

89

10. PREPARO DE FERTILIZANTES MISTOS OU FÓRMULAÇÕES

10.1 Introdução

As empresas produzem número elevado de adubos mistos adaptados as mais

diversas condições de solo, planta e ambiente. Entretanto, por várias razões, as

misturas podem ser preparadas diretamente na propriedade agrícola. Nesse caso

convém conhecer as regras visando o preparo correto dessas fórmulas, visando a

máxima economia, e o melhor aproveitamento dos nutrientes pelas culturas.

Nem todos os fertilizantes podem ser misturados entre si, sob risco de

comprometer toda a mistura. É o que se denomina de compatibilidade e

incompatibilidade dos adubos, conforme já abordado no capítulo 4.

10.2. Exercícios sobre misturas de fertilizantes

10.2.1. Uma fórmula útil

Suponha que se quer preparar A kg de mistura B - B1 - B2 com os adubos:

x com C% de N

y com C1% de P2O5

z com C2% de K2O

Considerando o N:

100 kg da mistura - B kg de N

A kg da mistura - T kg de N

T = A . B 100

Por outro lado,

100 kg de x - C kg de N

W kg de x - T kg de N

(1)

Page 90: Apostila Adubos e Adubacao 2012

90

T = C . W 100

Portanto, de acordo (1) e (2):

C . W =

A . B 100 100

W = A . B

C

A fórmula (3) fornece a quantidade do adubo nitrogenado x a ser empregado

para se obter A quilos de uma mistura com B% do mesmo nutriente.

Do mesmo modo se procede para o P2O5 e o K2O:

W1 = A . B1

C1

W2 = A . B2

C2

Somando-se W + W1 + W2 , o que faltar para atingir A kg da mistura será

acrescido como enchimento.

Exemplo : Suponha que se quer preparar 1 t de mistura 4-14-8 usando-se os

seguintes adubos:

sulfato de amônio - 20% de N

superfosfato simples - 18% de P2O5

superfosfato triplo - 40% de P2O5

cloreto de potássio - 60% de K2O

Para o nitrogênio:

W = 1000. 4

= 200 kg de sulfato de amônio 20

Para o fósforo, pretende-se fornecer 4% como super triplo e 10% como super

simples:

(2)

(3)

(P2O5)

(K2O)

Page 91: Apostila Adubos e Adubacao 2012

91

Quantidade de super simples = 1000 . 10

= 556 kg 18

Quantidade de super triplo = 1000 . 4

= 100 kg 40

Para o potássio:

W = 1000. 8

= 134 kg de cloreto de potássio 60

Portanto, para se obter 1 t de 4-14-8, têm-se que misturar:

200 kg de sulfato de amônio 556 kg de super simples 100 kg de super triplo 134 kg de cloreto de potássio

990 kg da fórmula 4-14-8

faltam 10 kg, que serão fornecidos como enchimento.

Obs. Quando se deseja preparar uma quantidade A de uma mistura contendo B% de

um elemento partindo-se de uma quantidade W1 de uma mistura que contém C1%

do mesmo elemento e de um adubo que possui C% do mesmo, a fórmula fica:

W = AB - W1C1

C

10.2.2. Exercício

1) Calcular as quantidades de adubos necessárias para se preparar 1 t da mistura

4-5-18. Dispõe-se dos seguintes adubos: sulfato de amônio (20% de N),

superfosfato simples (20% de P2O5) e sulfato de potássio (50% de K2O).

2) Deseja-se preparar 5t da mistura 4-8-12, um quarto com N aparecendo na forma

nítrica e três quartos na forma amoniacal. Dispõe-se dos seguintes adubos:

nitrato de sódio (16% de N), sulfato de amônio (20% de N), superfosfato simples

(20% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

3) Pretende-se fazer 1 t da mistura 4-10-15, a metade do N devendo estar na forma

(4)

Page 92: Apostila Adubos e Adubacao 2012

92

nítrica e a outra metade na forma amoniacal, com os seguintes adubos:

nitrocálcio (10,5% de N nítrico e 10,5% de N amoniacal), superfosfato simples

(20% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

4) Deseja-se preparar 1 t de 5-10-10 com os seguintes adubos: nitrato de sódio

(15% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5 solúvel em água), fosfato natural

(14% de P2O5 solúvel em ácido cítrico e 14% solúvel em ácidos minerais) e

cloreto de potássio (60% de K2O). Quer-se que a mistura possua 4% de P2O5

solúvel em água, 3% solúvel em ácido cítrico e 3% solúvel em ácidos minerais.

5) Calcular as quantidades de adubos necessárias para preparar 1 t da mistura 4-

15-6 utilizando nitrato de sódio (16% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5),

termofosfato (19% de P2O5 e 19% de MgO) e cloreto de potássio (60% de K2O).

A mistura deve conter 10% de MgO.

6) Preparar 1 t da mistura 10-8-10 partindo do DAP (18% de N e 46% de P2O5), do

sulfato de amônio (20% de N) e do cloreto de potássio (60% de K2O).

7) Calcular as quantidades de adubos necessárias para preparar 1 t da mistura 12-

24-12 usando o DAP (18% de N e 46% de P2O5), o sulfato de amônio (20% de N)

e o cloreto de potássio (60% de K2O).

8) Calcular as quantidades de adubos necessárias para preparar 1 t de 2-16-8

usando-se os materiais relacionados a seguir: torta de algodão (com composição

6-3-2), fosfato bicálcico (40% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

9) Preparar 1 t da fórmula 5-15-10, sem enchimento, utilizando-se de sulfato de

amônio (20% de N), superfosfato simples (20% de P2O5), superfosfato triplo (45%

de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

10) Preparar 1 t da fórmula 5-10-15, sem enchimento, utilizando-se de Nitrato de

amônio (34% de N), superfosfato simples (20% de P2O5), superfosfato triplo (45%

de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

Page 93: Apostila Adubos e Adubacao 2012

93

11) Preparar 1 t de 5-10-10 usando: sulfato de amônio (20% de N), superfosfato

simples (20% de P2O5), cloreto de potássio (60% de K2O) e resíduo (10% de

K2O). As proporções de KCl e resíduo devem ser de tal ordem que não seja

necessário usar enchimento.

12) Pretende-se preparar 1 t da mistura 4-14-8 usando a maior quantidade possível

da mistura 10-10-10. Dispõe-se também de sulfato de amônio (20% de N),

superfosfato triplo (45% P2O5) e cloreto de potássio (60% K2O).

13) Calcular as quantidades de adubos e de enchimento necessários para preparar 1

t da mistura 10-5-10. Pretende-se utilizar a maior quantidade possível da mistura

8-8-8, completando-se com uréia (45% de N), superfosfato triplo (45% P2O5) e

sulfato de potássio (50% de K2O).

14) Deseja-se preparar 1 t da fórmula 8-5-12 utilizando a maior quantidade possível

da fórmula 5-10-15, completando com os seguintes materiais, se necessário:

nitrocálcio (27% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5) e sulfato de potássio

(50% de K2O).

15) Preparar 1 t de 5-25-25, sem carga, usando uréia (45% de N), MAP (10% de N e

52% de P2O5), superfosfato triplo (43% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de

K2O).

16) Calcular quanto da fórmula 2-4-12 será necessário para preparar 1 t da fórmula

8-10-10, de modo a não necessitar de enchimento. Empregar, também, sulfato

de amônio (20% de N), superfosfato triplo (43% de P2O5) e cloreto de potássio

(60% de K2O).

17) Preparar 1 t de 10-20-20, sem carga, usando uréia (45% de N), MAP (10% de N

e 52% de P2O5), superfosfato triplo (43% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de

K2O).

18) Calcular as quantidades de sulfato de amônio (20% de N), DAP (17% de N e

43% de P2O5), superfosfato simples (18% de P2O5) e KCl (60% de K2O) para

Page 94: Apostila Adubos e Adubacao 2012

94

preparar 1 t da fórmula 15-15-15 sem enchimento.

19) Calcular as quantidades de adubos necessárias para preparar 1 t da mistura 5-

10-10. Dispõe-se de 500 kg da mistura 2-6-3 e dos seguintes fertilizantes: uréia

(45% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de

K2O).

20) Calcular as quantidades de adubos simples necessárias para preparar 5 t da

mistura 4-20-16 que deverão ser empregadas na cultura de arroz irrigado.

Dispõe-se dos seguintes adubos: nitrato de sódio (16% de N), sulfato de amônio

(20% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de

K2O). E para arroz de sequeiro, existe outra opção?

21) Calcular as quantidades necessárias de adubo para preparar 1 t da mistura 5-15-

18. Deseja-se que a mistura contenha 4% de MgO, e destina-se à cultura do

fumo. Dispõe-se dos seguintes adubos: Nitrato de sódio (16% de N), uréia (45%

de N), superfosfato triplo (45% de P2O5), termofosfato (20% de P2O5 e 20% de

MgO), cloreto de potássio (60% de K2O) e sulfato de potássio (50% de K2O).

22) Calcular as quantidades de adubos simples necessárias para preparar 2 t da

mistura 4-10-10. Esta mistura será aplicada em um terreno ácido. Dispõe-se

dos seguintes adubos: nitrato de sódio (16% de N), sulfato de amônio (20% de

N), uréia (45% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5), termofosfato (20% de

P2O5), cloreto de potássio (60% de K2O).

23) Quantos kg de sulfato de amônio (20% de N), de superfosfato triplo (45% de

P2O5) e de cloreto de potássio (60% de K2O) existem em 2,3 t da mistura 6-8-12.

24) Qual é a fórmula de uma mistura de adubos preparada com 111 kg de uréia (45%

de N), 222 kg de superfosfato triplo (45% de P2O5), 200 kg de sulfato de potássio

(50% de K2O) e 466 kg de enchimento? E a relação entre os nutrientes?

25) Calcular as quantidades de adubos simples que devem ser utilizados para se

Page 95: Apostila Adubos e Adubacao 2012

95

obter 1 t da mistura 4-20-20, de modo que não seja necessário adicionar

enchimento. Adubos disponíveis: DAP (18% de N e 46 % de P2O5), superfosfato

simples (18 % de P2O5), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio

(60% de K2O).

26) Calcular as quantidades de adubo simples para produzir 1 t da fórmula 12-6-12,

de modo que não seja necessário adicionar enchimento. A mistura será utilizada

em uma área deficiente em enxofre. Dispõe-se de sulfato de amônio (20% de N),

uréia (45% de N), superfosfato simples (18% de P2O5), superfosfato triplo (45%

de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O).

Page 96: Apostila Adubos e Adubacao 2012

96

11. RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM E ADUBAÇÃO

11.1 Introdução

A maioria dos solos brasileiros apresenta-se deficiente em nutrientes,

principalmente fósforo e nitrogênio, e com condição marcante de acidez. Estas

características conduzem a baixas produtividades das culturas comerciais e, desta

forma, faz-se imprescindível manejar quimicamente o solo com o intuito de propiciar

condições adequadas para o desenvolvimento das plantas.

O primeiro passo para que se estabeleça um programa de manejo químico

adequado do solo diz respeito à avaliação da fertilidade da área específica a ser

cultivada. Vários métodos existem para este fim (sintomas de deficiência e toxidez,

análise de tecidos vegetais ou foliar, experimento em vaso ou campo, análise

microbiológica e análise química de terra), porém o método mais difundido é o da

análise química de terra. Trata-se de uma técnica de emprego relativamente

simples, de baixo custo e calibrada para atender as expectativas de se recomendar

doses corretas de calcário e fertilizantes.

A Figura 13 apresenta as etapas fundamentais a serem seguidas em um

programa de calagem e adubação quando se utiliza a análise química de terra. É

importante notar que todas são fundamentais para o sucesso do programa e que

qualquer falha poderá conduzir a recomendação de doses inadequadas de calcário

e/ou fertilizantes.

No curso prático da disciplina de adubos e adubação parte-se do princípio

que o aluno já obteve os conceitos fundamentais relacionados à técnica da análise

química de terra, principalmente quanto à interpretação dos resultados analíticos.

Para obtenção de detalhes relacionados a divisão da gleba em áreas homogêneas,

coleta das amostras, análise laboratorial e interpretação dos resultados, favor

consultar a apostila das aulas práticas da disciplina de fertilidade do solo (Prochnow

et al., 1998).

Uma vez realizada a interpretação dos resultados obtidos em laboratório,

segundo os métodos prescritos para o estado ou região onde se encontra a

propriedade, deve-se recomendar as quantidades de calcário e fertilizantes para

cada uma das glebas amostradas. Isto será abordado nesta apostila através de

exemplos e exercícios práticos.

Page 97: Apostila Adubos e Adubacao 2012

97

Área a ser cultivada

Divisão em glebas homogêneas

Coleta das amostras de terra

Análise laboratorial

Interpretação dos resultados

Recomendação de calagem e adubação

Aplicação de insumos

Figura 13. Etapas a serem seguidas no programa de calagem e adubação.

11.2 Princípios gerais

Sabendo-se que a coleta das amostras foi bem realizada, que o resultado

analítico é confiável (obtido em laboratório com controle de qualidade e estão

coerentes) e a interpretação foi realizada segundo os métodos analíticos

empregados no laboratório, a próxima etapa seria recomendar as quantidades de

calcário e fertilizantes. Neste sentido o primeiro passo seria a obtenção do boletim

de recomendação específico para a região, nunca se esquecendo que os métodos

analíticos empregados no laboratório devem ser respeitados. Desta forma, não seria

possível recomendar a quantidade de P2O5 a se aplicar, se a análise de fósforo

disponível das amostras de terra foi realizada pelo método do duplo ácido ou

“Mehlich” e a tabela de adubação contempla o método da resina trocadora de íons.

O cálculo da dose de calcário deve ser realizado empregando-se o método

“oficial” recomendado na região. Os métodos mais utilizados no Brasil são o do

Page 98: Apostila Adubos e Adubacao 2012

98

alumínio trocável e Ca + Mg (Paraná, Minas Gerais, Goiás e estados do norte e

nordeste), solução tampão SMP (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e saturação

por bases (São Paulo e locais específicos de outros estados da Federação).

Quanto à recomendação de adubação, normalmente a tarefa consiste em

estabelecer em que classe de teor esta o resultado da análise, o que conduz as

quantidades de P2O5 e K2O a serem aplicadas. As quantidades de fertilizantes

recomendadas são específicas para cada cultura e divididas em adubação de plantio

e cobertura. Isto será demonstrado através de exemplos práticos.

Nesta apostila serão adotados os métodos de recomendação de calagem e

adubação previstos no boletim 100 do Instituto Agronômico de Campinas (Raij et al.,

1996).

11.3 Tabelas de recomendações de calagem e adubação

Como exemplo, será utilizada a tabela de recomendação de calagem e

adubação para a cultura do milho para grão do boletim 100.

A tabela traz informações sobre o espaçamento a ser adotado para milho

grão e silagem. Quanto a recomendação de calcário indica-se a V% a ser utilizada

na fórmula (V% ideal para aquela espécie), informações gerais e casos específicos a

serem respeitados. A tabela de adubação mineral de plantio permite definir a

quantidade de N-P2O5-K2O a serem utilizadas, isto em função da produtividade

esperada. As recomendações de enxofre e zinco são indicadas logo a seguir.

Segue-se a tabela de adubação mineral de cobertura, a qual esta

organizada de forma a estabelecer as quantidades de N, em função da

produtividade esperada e classe de resposta a nitrogênio, e de K, em função da

produtividade e teor do elemento na análise química de terra. Várias informações

gerais sobre a classe de resposta e aplicação do N em cobertura estão incluídas.

É importante notar que este modelo não é uniforme para todas as culturas.

As tabelas são estabelecidas em função das necessidades nutricionais da espécie,

ou até variedade, e das informações existentes na literatura.

Page 99: Apostila Adubos e Adubacao 2012

99

Recomendações de calagem e adubação para a cultura do milho

Page 100: Apostila Adubos e Adubacao 2012

100

Page 101: Apostila Adubos e Adubacao 2012

101

As quantidades de N, P2O5 e K2O que constam das tabelas surgem

a partir de resultados de experimentos denominados curvas de resposta, como as da

Figura 4. Verifica-se que através destas curvas é possível detectar-se qual a melhor

dose do nutriente para cada situação de classe de resposta (muito baixo, baixo e

médio). Para as classes de resposta alta e muito alta, as quantidades recomendadas

se dão no sentido de manter a fertilidade do solo quanto aquele nutriente. As curvas

de resposta são específicas para cada cultura e devem ser obtidas em várias

condições de solo e clima para serem validadas. Estudos econômicos são

incorporados aos dados obtidos no sentido de permitir obter-se a dose mais

econômica de fertilizante a ser aplicado.

A seguir será dado um exemplo prático de recomendação para a cultura do

milho. O resultado de análise é o considerado a seguir.

pH M.O. P K Ca Mg Al H+Al (CaCl2) g dm-3 mg dm-3 -------------------------------mmolc dm-3--------------------------

4,0 9 3 0,5 4 2 8 31

11.4. Exemplo de recomendação de calagem e adubação

11.4.1. Calagem

Como visto, no caso do estado de São Paulo tem sido utilizado o método da

saturação por bases para a recomendação das doses de corretivo. A fórmula que

deve ser considerada é a que se segue:

nc = (V2 – V1) . T 10 . PRNT

Onde: n.c.= toneladas por hectare do calcário escolhido

V2= V% indicado na tabela de recomendação de adubação

V1= V% da análise química de terra

T = CTC da análise química de terra mmolc dm-3

PRNT= Poder Relativo de Neutralização Total do corretivo escolhido

Page 102: Apostila Adubos e Adubacao 2012

102

Figura 14. Curvas de resposta de soja e milho à adubação fosfatada, para três

classes de teores de fósforo no solo (Raij, 1991)

A consulta da tabela de recomendação de calagem e adubação para o milho

permite verificar que, uma vez que o teor de matéria orgânica do solo esta abaixo de

50 g dm-3, o V2 é de 70%. Os valores de V1 e CTC são obtidos através de cálculos

onde:

SB (soma de bases) = K + Ca + Mg CTC (capacidade de troca de cátions) = SB + (H+Al)

V1 (saturação por bases da análise) = (SB.100)/CTC

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No caso do exercício proposto têm-se, portanto:

SB= 6,5 mmolc dm-3

CTC= 37,5 mmolc dm-3

V1= 17%

A partir destes resultados e considerando-se um PRNT de 90 verifica-se que

a quantidade de calcário a ser aplicada seria de 2,2 t ha-1.

Como a recomendação é de um teor de magnésio de no mínimo 5 mmolc

dm-3, deve-se dar preferência pela aplicação de calcário com maiores teores de

MgO.

11.4.2. Adubação de plantio

Considerando-se uma produtividade esperada de 6-8 t ha-1 e os teores de P

e K, respectivamente de 3 mg dm-3 e 0,5 mmolc dm-3 , definem-se as seguintes

quantidades de N, P2O5 e K2O (kg ha-1) a aplicar: N= 30, P2O5= 90 e K2O= 50.

Além disto verifica-se que deve aplicar aproximadamente 40 kg ha-1 de S e a

quantidade de Zn segundo a análise deste elemento pelo método do DTPA, bem

como 1,0 kg ha-1 de B.

11.4.3. Como aplicar as quantidades prescritas

Os produtos possíveis de serem utilizados dividem-se em dois grupos,

fertilizantes simples ou fórmula.

11.4.3.1. Aplicação de fertilizantes simples

Para se calcular as quantidades de fertilizantes simples a serem aplicadas na

cultura do milho, serão consideradas as seguintes fontes: uréia (45% de N) para

fornecer nitrogênio, superfosfato triplo (45% de P2O5) para fornecer fósforo e cloreto

de potássio (60% de K2O) para fornecer o potássio.

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Para o N - preciso de 30 kg ha-1

100 kg uréia - 45 kg N

x - 30 kg N ⇒ 66,7 kg ha-1 de uréia

Fazendo-se o mesmo para o fornecimento de P e K, têm-se:

Para o P – preciso de 90 kg ha-1 ⇒ 200 kg ha-1 de superfosfato triplo

Para o K – preciso de 50 kg ha-1 ⇒ 83,3 kg ha-1 de cloreto de potássio

Recomenda-se também a aplicação de 40 kg ha-1 de S. Uma alternativa para

aplicá-lo seria através da fonte de N, utilizando sulfato de amônio (20% de N e 24%

de S) ao invés da uréia.

Para o N – preciso de 30 kg ha-1 de N ⇒ 150 kg ha-1 de sulfato de amônio

Essa quantidade de sulfato de amônio fornece 36 kg ha-1 de S.

No caso de deficiência de zinco, este deve ser aplicado no plantio. Supondo a

necessidade de se aplicar 4 kg ha-1 do elemento, este pode ser fornecido na forma

de oxi-sulfato de zinco (20% de Zn). Necessito aplicar 20 kg ha-1 de oxi- sulfato de

zinco, bem como 1 kg ha-1 de B, na forma de ulexita (10%B), correspondente a 10 kg

ha-1 do produto.

11.4.3.2. Aplicação de fórmulas

O fertilizante pode ser aplicado, ainda, utilizando-se de formulas comerciais.

Supondo que as fórmulas que tenho disponíveis no mercado sejam: 4-14-8, 4-20-20,

20-5-20, 19-10-19, 4-30-10.

O primeiro passo é estabelecer a relação de nutrientes que necessito e

procurar uma fórmula com a mesma relação, ou próxima desta.

Necessidade ⇒ N = 30 kg ha-1; P2O5 = 90 kg ha-1 e K2O = 50 kg ha-1

Relação ⇒ 1 : 3,0: 1,6

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Entre as fórmulas comerciais disponíveis, a que melhor se encaixa é a 4-14-8

(relação 1 : 3,5 : 2)

O segundo passo é calcular a quantidade necessária a ser aplicada. Faz-se

isto multiplicando a soma dos nutrientes recomendados por 100 e dividindo pela

soma dos nutrientes na fórmula:

(30 + 90 + 50) x 100 =

170 x 100 = 650 kg ha

-1 da fórmula 4-14-8

(4 + 14 + 8) 26

O S pode constar da fórmula (se o N for fornecido com sulfato de amônio ou o

P como superfosfato simples), ou pode ser adicionado por outra fonte.

No caso do Zn, este deve constar da fórmula. Para determinar o seu teor,

multiplicar a quantidade necessária por 100 e dividir pela quantidade a ser aplicada

da fórmula:

Necessito 4 kg ha-1 de Zn ⇒ 4 x 100 / 650 ⇒ 0,60% de Zn

No caso do B (1) ⇒ 1 kg ha-1 x 100 / 650 = 0,15%B

Portanto, devo aplicar 650 kg ha-1 da fórmula 4-14-8 + 0,60 Zn + 0,15%B

11.4.4. Adubação de cobertura

Para a definição da dose de N a ser aplicada em cobertura seria necessário

conhecer o histórico da área. No caso do K a quantidade seria de 60 kg ha-1 de K2O.

A adubação de cobertura poderia ser realizada através da aplicação de fertilizantes

simples ou uma fórmula contendo apenas N e K2O (exemplo: 20-00-20).

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11.5. Recomendações de calagem e adubação para a cultura da soja

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11.6. Recomendações de calagem e adubação para a cultura do feijão

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1% NH4