apostila 1 penal

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    FACULDADE ESTCIO DE S PROCESSO PENAL II1 SEMESTRE DE 2011

    MASSILON DE OLIVEIRA E SILVA NETO Pgina 1

    PROCESSO PENAL II

    CAPTULO I PROCESSO E PROCEDIMENTO, SUJEITOS PROCESSUAIS, ATOSPROCESSUAIS, COMUNICAO DOS ATOS PROCESSUAIS, CITAO E INTIMAESE NOTIFICAES

    1. PROCESSO E PROCEDIMENTO. 1.1. Conceitos e classificaes: Processo e

    Procedimento. 1.2. Natureza jurdica. 1.3. Sujeitos processuais. 1.4. Ato Jurdico e AtoProcessual. 1.5. Objeto da relao jurdica processual. 1.6. Aspectos da relao processual.1.7. Incio e fim do Processo.

    2. SUJEITOS PROCESSUAIS. 2.1. Conceito. 2.2. Tipos de sujeitos processuais. 2.3. rgoJurisdicional (o Juiz). 2.4. Funes do juiz. 2.5. Atuao no processo. 2.6. Partes Materiais ePartes Processuais. 2.6.1. Partes Materiais. 2.6.2. Partes Processuais. 2.6.2.1. Capacidadepara agir (capacidade processual). 2.6.2.2. Legitimidade para agir (Legitimatio ad causam).2.6.2.2.1. Legitimidade ativa (ordinria e extraordinria). 2.6.2.2.2. Legitimidade passiva.2.6.2.4. Legitimidade Processual (legitimidade ad procesum). 2.6.2.5. Capacidade depostulao (Jus Postulandi). 2.7. O Ministrio Pblico. 2.7.1. Funes do MP. 2.8. Acusado.2.9. Defensor. 2.9.1 Espcies de defensor. 2.10. Assistente. 2.10.1.Funo do Assistente.2.10.2.Poderes do Assistente. 2.10.3. O Assistente e as razes. 2.10.4. O Assistente e osrecursos. 2.10.5. O Assistente e a sentena desclassificatria no tribunal do jri. 2.10.6. OAssistente e a apelao supletiva. 2.10.7. O Assistente e o Recurso Extraordinrio. 2.10.8.Situaes nas quais o assistente no pode recorrer. 2.10.9. O assistente e o arrolamento detestemunhas. 2.10.10. O assistente e sua interveno no processo penal. 2.11. Auxiliares daJustia. 2.11.1. Classificao dos Auxiliares. 2.12. Os peritos. 2.12.1. Classificao dosPeritos. 2.12.2. Casos de impedimento para o exerccio da funo. 2.12.3. Suspeio dosperitos.

    1. PROCESSO E PROCEDIMENTO

    1.1. CONCEITO E CLASSIFICAES

    Abolida a autodefesa, o Estado chamou a si a tarefa de solucionar os litgios, fazendo-o por meio de rgos prprios que ele instituiu: os Juzes. Assim, surgida a lide, o titular dodireito violado se dirige ao magistrado (Estado) deduzindo sua pretenso e, por bvio,reclamando a prestao jurisdicional. Surge, assim, primeiramente, um vnculo entre apessoa que pede e o juiz.

    Processo deriva de pro cedere- avanar, ir para a frente. Da dizer-se que processo aquela atividade desenvolvida pelo juiz, com o concurso dos demais sujeitos processuais partes e auxiliares da justia visando a soluo do litgio.

    A noo de processo alia-se a de procedimento. Para que o juiz possa solucionar olitgio, praticam-se, perante ele, vrios atos (o pedido do autor, o chamamento do ru, suaresposta, a produo de provas, o seu exame crtico e, finalmente, a sentena, a resoluoda lide. Ao conjunto de atos processuais que se sucedem, de forma coordenada, com a

    finalidade de resolver jurisdicionalmente o litgio, denomina-se processo, mas sob oaspecto de coordenao e ordem dos atos processuais, fala-se, tecnicamente, emprocedimento, que o iter, a coordenao dos atos processuais, a sequncia que estesdevem obedecer.

    Assim, visto internamente, o processo uma verdadeira relao jurdica de naturezapblica, progressiva, complexa, nela envolvendo-se direitos, deveres e garantias entre ossujeitos processuais. Vista externamente, no entanto, esta relao um encadeamento deatos conexos que vo se sucedendo, desde a deduo da pretenso por meio da denncia

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    ou queixa, at a deciso definitiva. Tais atos, porm, obedecem a um procedimento, que uma ordem preestabelecida por lei para assegurar uma resoluo justa do conflito.

    1.2. NATUREZA JURDICAA Relao jurdica um vnculo entre dois ou mais sujeitos, atribuindo-lhes poderes,

    direitos, faculdades e os correspondentes deveres, obrigaes, sujeies, nus. Sob esteaspecto, no se pode negar que o processo seja uma verdadeira relao jurdica.

    Se o autor tem o direito de exigir do Estado-Juiz um provimento jurisdicional e se ele obrigado a faz-lo, ainda que para dizer que o autor no tem razo, inegvel o nexoligando autor e Estado-Juiz, um exercendo o seu direito e o outro cumprindo a suaobrigao.

    Ao proibir a autotutela, chamando para si a obrigao de distribuir justia, o Estado seobrigou a prest-la, de modo que, quando surge uma lide, o titular do direito violado tem odireito de exigir do Estado, representado pelo juiz, a prestao jurisdicional, que consiste naaplicao do direito objetivo ao caso concreto, no compromisso de dizer o direito.

    1.3. SUJEITOS PROCESSUAISTrs so os sujeitos processuais principais: 1) Estado-Juiz, Autor e Ru. O Estado-

    Juiz, como rgo superpartes e destas equidistante, quem soluciona o litgio. O Autor

    quem deduz a pretenso e o Ru, a pessoa em relao a quem a pretenso deduzida.1.4. ATO JURDICO E ATO PROCESSUAL

    - ATO JURDICO uma declarao humana, que se traduz em uma declarao devontade destinada a provocar uma conseqncia jurdica;

    - ATO PROCESSUAL, por sua vez, um ato jurdico, praticado no curso do processo,por algum dos sujeitos processuais.

    1.5. OBJETO DA RELAO JURDICA PROCESSUAL a prestao jurisdicional.

    1.6. ASPECTOS DA RELAO PROCESSUALA Relao Jurdico-processual :

    AUTNOMA - Diz-se autnoma a relao processual porque independente darelao jurdico-material, que o vnculo estabelecido entre o Estado, detentor do poder depunir (jus puniendi), e o autor de algum crime.

    A relao jurdico-processual, por sua vez, independe da existncia da relaojurdico-material pois, mesmo que esta no exista, isto , mesmo que o fato no sejaverdadeiro, pode haver a relao jurdico processual, e o processo pode se desenvolvernormalmente.

    PBLICA Pois quem nela atua o Juiz, representando o Estado;

    COMPLEXA pois a relao processual contm, dentro de si, uma srie de relaesjurdicas secundrias, envolvendo juiz, partes, auxiliares da justia e terceiros interessados edesinteressados, abrangendo direitos, obrigaes, faculdades, nus e poderes, que vo

    surgindo proporo que a relao principal vai se desenvolvendo;PROGRESSIVA pois o processo, seja o cvel ou o penal, apresenta sempre um

    aspecto de continuidade, pois um avanar, um desenvolvimento.

    UNITRIA Pois, em que pese atravessar diversas fases (Postulatria, probatria Instrutria e das alegaes - , decisria e, eventualmente, a recursal e a executria), noperde a sua unidade.

    1.7. INCIO E FIM DO PROCESSO

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    Como se inicia o processo? Com a propositura da ao.E quando se tem proposta a ao penal? Com a simples oferta da pea acusatria

    (Denncia ou Queixa).Regra geral, o processo se finda quando o Juiz, aps percorrer todo o iter

    procedimental, entrega, definitivamente, a prestao jurisdicional invocada, isto , solucionao litgio, dizendo qual das partes tem razo.

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    2. SUJEITOS PROCESSUAIS

    2.1. CONCEITOSujeitos processuais so todas as pessoas que atuam no processo. Juiz, partes,

    auxiliares da justia, testemunhas, etc.

    2.2. TIPOS DE SUJEITOS PROCESSUAISOs sujeitos processuais dividem-se em:

    a)sujeitos principais, que compem a relao jurdico-processual (juiz e partes), semos quais no possvel nem mesmo a idia do processo, e:

    b) sujeitos secundrios (ou acessrios), que intervm no processo e, embora nosejam, em essncia, sujeitos processuais, por carecerem do poder de iniciativa e dedeciso, so sujeitos de determinados atos processuais indispensveis ao desenvolvimentoda relao processual. Como exemplo temos os auxiliares da justia (escrivo, escrevente,distribuidor, contador, oficial de justia, etc), o assistente de acusao,e os terceiros, quepodem ser de duas ordens:

    b.1. Terceiros interessados So o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros (art. 36 CPP);Tambm as pessoas enumeradas no art. 31 CPP (em razo do art. 36

    CPP); O fiador do ru, em virtude do que se contm nos arts. 341 e 343 CPP; Terceiro de boa-f em poder de quem a res foi apreendida.

    b.2. Terceiros desinteressados Testemunhas;Observao: 1) Os peritos, tradutores e intrpretes tanto podem serconsiderados auxiliares do juzo como terceiros desinteressados;

    2.3. RGO JURISDICIONAL (O JUIZ)O rgo jurisdicional , pois, o sujeito mais importante da relao processual. O Juiz

    o detentor da funo jurisdicional e quem preside o processo.Pode ser monocrtico (primeiro grau, juiz singular) ou colegiado (tribunais).

    2.4. FUNES DO JUIZSobre as funes do Juiz no Processo penal, assim dispe o art. 251 CPP:Cdigo de Processo Penal - Art. 251.Ao juiz incumbir prover regularidade do processo e

    manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a fora pblica

    Incumbe ao magist rado, pois:a) prover a regularidade do processo (atividade de natureza processual);b) manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, inclusive, requisitar afora pblica (atividade de natureza administrativa).

    Observao: 1) Apesar de acusatrio o nosso processo, permitido ordenar deofcio as provas que lhe parecerem teis ao esclarecimento da

    verdade;2.5. ATUAO NO PROCESSO

    Para atuar validamente no processo, necessita de: capacidade funcional (investidura),capacidade subjetiva (imparcialidade) e Capacidade objetiva (competncia)

    a) Capacidade funcional (ou investidura) o procedimento que atribui ao juiz aqualidade de ocupante do cargo, apto ao exerccio do poder jurisdicional, aps preenchertodos os requisitos legais para o ingresso na carreira da magistratura (bacharelado,aprovao em concurso pblico, posse, nomeao, etc).

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    b) capacidade subjetiva (ou imparcialidade) Decorre do Sistema Acusatrio, quedistingue o rgo acusador do rgo julgador, assim, a imparcialidade decorre daeqidistncia do juiz em face das partes.

    O CPP prev trs grupos de situaes que afastam o juiz do processo, a)voluntariamente, ou mediante apresentao de exceo, b) os impedimentos, asincompatibilidades e as hipteses de suspeio.

    No ser impedido (art. 252 e 253 CPP) Impedimentos so situaes que probem ojuiz de exercer a jurisdio em determinado processo. Os vnculos que geram impedimentosso objetivos e afastam o juiz, independentemente de seu nimo subjetivo

    A suspeio (art. 254 CPP).Observao: 1) No h suspeio por amizade ntima ou relacionamento, ainda que

    bastante cordial, entre juiz, promotor e advogados da comarca;

    2) A amizade ntima que leva ao afastamento do juiz deve ser aquelaprofunda e decorrente de motivao pessoal, exatamente aquela que retira apossibilidade de ser o juiz imparcial.

    Exercer atividade incompatvel com a sua funo (art. 95, Pargrafo CF/88);

    c) Capacidade objetiva (ou processual), isto , ter competncia para atuar noprocesso.

    Cdigo de Processo Penal - Art. 252.O juiz no poder exercer jurisdio no processo em que:

    I. tiver funcionado seu cnjuge ou parente, consangneo ou afim, em linha reta ou colateral at oterceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, rgo do Ministrio Pblico, autoridade policial, auxiliar dajustia ou perito;

    II.ele prprio houver desempenhado qualquer dessas funes ou servido como testemunha;;

    III. tiver funcionado como juiz de outra instncia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre aquesto;

    IV. ele prprio ou seu cnjuge ou parente, consangneo ou afim em linha reta ou colateral at oterceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

    Cdigo de Processo Penal - Art. 253. Nos juzos coletivos, no podero servir no mesmoprocesso os juzes que forem entre si parentes, consangneos ou afins, em linha reta ou colateral at oterceiro grau, inclusive.

    Cdigo de Processo Penal - Art. 254.O juiz dar-se- por suspeito, e, se no o fizer, poder serrecusado por qualquer das partes:

    I- se for amigo ntimo ou inimigo capital de qualquer deles;II- se ele, seu cnjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato

    anlogo, sobre cujo carter criminoso haja controvrsia;III - se ele, seu cnjuge, ou parente, consangneo, ou afim, at o terceiro grau, inclusive,

    sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;IV- se tiver aconselhado qualquer das partes;V- se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;VI- se for scio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

    Constituio Federal/88 - Art. 95, Pargrafo nico. Aos juzes vedado:I- exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio;II- receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo;III- dedicar-se atividade poltico-partidria.IV - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas,

    entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei;V- exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos

    do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao.

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    2.6. PARTES MATERIAIS E PARTES PROCESSUAISAs partes podem ser Materiais e Processuais.

    2.6.1. PARTES MATERIAISSo as pessoas da relao jurdico material (o sujeito ativo e o sujeito passivo

    da infrao penal). Pela posio processual que assumem, distinguem-se em parte

    acusadorae parte acusada(acusador e acusado).2.6.2. PARTES PROCESSUAIS

    So as pessoas que iro compor a relao jurdico processual, ou seja, aspartes principais, sem as quais nem existe a idia de processo (Juiz, autor e ru). Para quepossam figurar no processo, exige-se, destas pessoas, algumas caractersticas:

    2.6.2.1 CAPACIDADE PARA AGIR (Capacidade Processual)Qualquer pessoa pode ser parte material. (um garoto de 8 anos que seja injuriado

    parte material). Porm, para ingressar em juzo como parte no basta apenas a capacidadematerial, sendo necessria a capacidade de poder praticar como parte, atos processuais, eno processo penal, somente os maiores de 18 anos podem faz-lo, ou seja, menor de 18

    anos no pode ser ru, no pode fazer representao nem exercer o direito de queixa,porque lhe falta a capacidade processual (ver art. 24 e 30 do CPP).Se no houver quem possa represent-lo, o juiz deve nomear-lhe um curador, nos

    termos do art. 33 do CPP.

    Cdigo de Processo Penal - Art . 24 - Nos crimes de ao pblica, esta ser promovida pordenncia do Ministrio Pblico, mas depender, quando a lei o exigir, de requisio do Ministro da Justia, oude representao do ofendid o ou de quem tiver qualidade para represent-lo.(grifo nosso).

    Art . 30- Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para represent-lo caber intentar a ao privada.

    Art . 33- Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e notiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poder serexercido por curador especial, nomeado, de ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, pelo juizcompetente para o processo penal.

    2.6.2.2. LEGITIMIDADE PARA AGIR(legitimatio ad causam)Alm da capacidade processual, para ser parte principal em um processo preciso

    que a pessoa tenha legitimidade para agir, ou legitimatio ad causam.De um lado, quem a tem o Estado, como titular do direito de punir (parte legtima ad

    causam ativa), e de outro, o autor da conduta punvel(parte legtima ad causam passiva).So os que tem interesse na lide: AUTOR E RU.

    2.6.2.2.1 LEGITIMIDADE ATIVA (ORDINRIA E EXTRAORDINRIA)Quando falamos em LEGITIMIDADE ATIVA, necessria se faz a distino entre a

    ordinria e a extraordinria:a) Legitimidade Ativa Ordinria Exercida pelo Ministrio Pblico, como rgo

    do Estado que representa na atividade persecutria;

    b) Legitimidade Ativa Extraordinria Exercida pelo Ofendido ou quemlegalmente o represente.Nos crimes de alada privada, e na hiptese do art. 29 CPP, como oEstado, sem abrir mo do seu direito de punir, permitiu que os seusinteresses fossem defendidos pelo ofendido, fala-se, ento, em legitimidadeativa extraordinria.

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    2.6.2.2.2. LEGITIMIDADE PASSIVAQuem tem LEGITIMIDADE PASSIVA o autor da infrao penal.

    2.6.2.4. LEGITIMIDADE PROCESSUAL (Legitimidade ad procesum)Distinta da capacidade processual a legitimidade processual ou legitimatio ad

    procesum. Enquanto a capacidade processual confere o poder de estar em juzo, e a

    legitimidade ad causam determina quem poder figurar no plo ativo e passivo da relaojurdico-processual, a legitimidade processual traduz a idia da pessoa com capacidade deatuar validamente no processo.

    EXEMPLO: Slvio, maior de idade tem capacidade de estar em juzo. Alm disso,pode exercer o direito de queixa, por ser maior de 18 anos mas, se seu primo Paulo, de 17anos, for vtima de um crime de alada privada, a queixa no poder ser ofertada por Slvio,no obstante sua capacidade processual, pois falta-lhe a legitimidade processual.

    2.6.2.5. CAPACIDADE DE POSTULAO (Jus Postulandi)Por fim, as partes, ainda que tenham capacidade para estar em juzo, legitimidade

    para agir e legitimidade processual, no podem realizar, pessoalmente, atos processuais.Por razes de ordem tcnica, acrescenta-se legalmente uma terceira exigncia, de que as

    partes intervenham no processo somente mediante profissionais com conhecimentosjurdicos e tcnicos indispensveis para a adequada conduo do processo em nome daspartes.

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    2.7. O MINISTRIO PBLICOSegundo o artigo 127 da CF:Constituio Federal - Art. 127.O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo

    jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interessessociais e individuais indisponveis.

    2.7.1. FUNES DO MP Sobre as funes do MP no Processo penal, dispe o art. 257CPP:Cdigo de Processo Penal - Art. 257.Ao Ministrio Pblico cabe:

    I.- promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma estabelecida neste Cdigo; e (art.129, I, CF)

    II.- fiscalizar a execuo da lei.

    Assim, no Processo Penal, o MP um rgo que atua ora como parte (promovendo aao penal pblica), ora como fiscal da lei (na ao penal privada).

    Para que o MP atue validamente no processo dever se observado o seguinte:

    a) De acordo com o artigo 258 CPP: Os rgos do Ministrio Pblico no funcionaro nosprocessos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cnjuge, ou parente, consangneo ou afim, em linhareta ou colateral, at o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicvel, as prescriesrelativas suspeio e aos impedimentos dos juzes.

    Em decorrncia do disposto nos arts. 128, 5, II, e art. 129, IX, da CF, vedado ao

    membro do MP:Constituio Federal - Art. 128.O Ministrio Pblico abrange:

    5...

    II.- as seguintes vedaes:

    a. - receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens ou custasprocessuais;

    b.- exercer a advocacia;

    c.- participar de sociedade comercial, na forma da lei;

    d.- exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica, salvo uma de magistrio;

    e.- exercer atividade poltico-partidria;f. - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades

    pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei.

    Constituio Federal - Art. 129.So funes institucionais do Ministrio Pblico:

    I.- promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei;

    II.- zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitosassegurados nesta Constituio, promovendo as medidas necessrias a sua garantia;

    III.- promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, domeio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

    IV.- promover a ao de inconstitucionalidade ou representao para fins de interveno da Unio edos Estados, nos casos previstos nesta Constituio;

    V.- defender judicialmente os direitos e interesses das populaes indgenas;VI. - expedir notificaes nos procedimentos administrativos de sua competncia, requisitando

    informaes e documentos para instru-los, na forma da lei complementar respectiva;

    VII. - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada noartigo anterior;

    VIII. - requisitar diligncias investigatrias e a instaurao de inqurito policial, indicados osfundamentos jurdicos de suas manifestaes processuais;

    IX. - exercer outras funes que lhe forem conferidas, desde que compatveis com sua finalidade,sendo-lhe vedada a representao judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas.

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    2.8.ACUSADOAcusado a pessoa natural, maior de 18 anos, quem se imputa a prtica de uma

    infrao penal. a pessoa contra quem proposta a ao penal, sendo a parte passiva darelao processual.

    Observao:1) Poder ser acusado, tambm, pessoa jurdica nos termos do art. 3 da Lein 9.605/98, que instituiu a responsabilidade penal da pessoa jurdica naprtica dos crimes ambientais, de acordo com o art. 255 da CF/88;

    Menores de 18 anos no possuem legitimidade passiva, visto que so consideradosinimputveis. J os inimputveis portadores de doenas mentais, desenvolvimento mentalincompleto ou retardado possuem legitimidade passiva, pois a eles pode ser aplicadamedida de segurana.

    O acusado menor de 21 anos, antes da entrada em vigor do Cdigo Civil de 2002,necessitava de curador (art. 262 CPP Ao acusado menor dar-se- curador). Hoje desapareceua figura do curador para o maior de 18 anos, em razo da reduo da maioridade civil para18 anos (art. 2043 CC).

    Tambm as pessoas que gozam de imunidade parlamentar ou diplomtica nopodero ser acusadas no processo penal, por faltar-lhes legitimao passiva ad causam.

    O acusado, ainda que ausente ou foragido, ter sempre defensor, cabendo ao juiz odever de velar pela defesa tcnica, que necessria.A impossibilidade de identificao doacusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos no retardar a ao penal,quando certa a identidade fsica. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ouda execuo da sentena, se for descoberta a sua qualificao, far-se- a retificao portermo nos autos (no precisa aditar a denncia), sem prejuzo da validade dos atosprecedentes. (art. 259 CPP).

    Cdigo de Processo Penal - Art. 259.A impossibilidade de identificao do acusado com o seuverdadeiro nome ou outros qualificativos no retardar a ao penal, quando certa a identidade fsica. Aqualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execuo da sentena, se for descoberta a suaqualificao, far-se- a retificao, por termo, nos autos, sem prejuzo da validade dos atos precedentes.

    Se o acusado no responder intimao para o interrogatrio, reconhecimento ouqualquer outro ato que, sem ele, no possa ser realizado, a autoridade poder mandarconduzi-lo sua presena.

    Ao acusado, por ser considerado a parte mais fraca da relao jurdica e por estar emjogo o seu direito liberdade de locomoo, so asseguradas diversas garantias de ordemconstitucional, previstas no art. 5 da CF como por exemplo:

    XLIX.- assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral;

    LV.- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so asseguradoso contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

    LVI.- so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos;

    LVII.- ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria;

    LVIII. - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hiptesesprevistas em lei;

    LXI. - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada deautoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar,definidos em lei;

    LXII.- a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente aojuiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada;

    LXIII. - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lheassegurada a assistncia da famlia e de advogado;

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    LXXVIII. - a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao doprocesso e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao;

    2.9.DEFENSORComo decorrncia da garantia constitucional do contraditrio e da ampla defesa, o art.

    261 do CPP determina: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser processado ou julgadosem defensor.

    O defensor (tambm denominado procurador) o profissional habilitado (advogado,defensor pblico ou procurador do estado, onde no houver defensoria pblica); com funoindispensvel administrao da justia, dotado de conhecimento tcnicos a seremutilizados no processo penal, para a defesa do acusado.

    Em razo da indisponibilidade do direito de defesa, a sua atuao (considerada ummunus pblico) sempre obrigatria, ainda que seja feita contra a vontade do ru ou na suaausncia, sob pena de nulidade do processo. Nesse sentido, a Smula 523 do STFdetermina: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a suadeficincia s anular se houver prova de prejuzo para o ru.

    Observao: 1) A atividade do advogado transcende a simples delimitaoconceitual de profisso, alcanando o carter de munuspblico.

    2) o significado da expresso munuspblico denota "o que procede deautoridade pblica ou da lei, obrigando o indivduo a certos encargos em benefcio dacoletividade ou da ordem social"

    2.9.1. ESPCIES DE DEFENSOR:

    Defensor, no atual Estado Brasileiro, o advogado, sendo uma violao ampladefesa a atuao de pessoa que no o seja.

    a) Defensor constitudo aquele escolhido pelo prprio acusado (mesmo que sejarevel), por meio da outorga de procurao (art. 36 e ss. do CPP), para que promova a suadefesa tcnica em juzo.

    A constituio de defensor pelo acusado poder ser feita em qualquer momento doprocesso, inclusive na fase do inqurito policial, ainda que apenas para acompanhar o

    indiciado ou examinar os elementos de prova colhidos durante as investigaes, podendo oacusado constituir oralmente o defensor na ocasio do interrogatrio, independentemente deinstrumento de mandato (procurao).

    b) Defensor Dativo aquele nomeado pelo juiz em virtude de o acusado nopossuir ou no indicar um defensor tcnico de sua confiana.

    Observao: 1) Nada impede que o acusado a qualquer tempo, nomeie outro de suaconfiana, ou defenda-se sozinho, caso tenha habilitao (art. 263 CPP Se o acusadono o tiver, ser-lhe- nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear

    outro de sua confiana, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitao).

    c) Defensor ad hoc o nomeado pelo juiz para atos processuais determinados nahiptese de o defensor, constitudo ou dativo, apesar de regularmente intimado, e ainda que

    motivadamente, no comparecer.Conforme nova redao dada pela Lei 11.719/08, o artigo 265 e pargrafos passou a

    dispor de forma diferente sobre o adiamento ou no da audincia, em caso de falta dodefensor. Pelo antigo regramento, a anlise do motivo imperioso ficava a critrio do juiz, eestabelecia que a falta de comparecimento do defensor, ainda que motivada, nodeterminava o adiamento de ato algum do processo, devendo o juiz nomear substituto, aindaque provisoriamente ou para o s efeito do ato (defensor ad hoc). Porm, com as alteraes,foram inseridos os 1e 2, disciplinando o seguinte:

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    Cdigo de Processo Penal - Art. 265.O defensor no poder abandonar o processo seno pormotivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salriosmnimos, sem prejuzo das demais sanes cabveis.

    1.- A audincia poder ser adiada se, por motivo justificado, o defensor no puder comparecer;

    2.- Incumbe ao defensor provar o impedimento at a abertura da audincia. No o fazendo, o juizno determinar o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda queprovisoriamente ou s para o efeito do ato.

    Assim, passa o processo penal a admitir expressamente a redesignao deaudincia por impossibilidade de o defensor comparecer ao ato,desde que por motivojustificado e comprovado at o incio dela, sob pena de nomeao de defensor ad hoc.

    Tambm dever o juiz nomear defensor ad hocse entender que um ato importante defesa e no foi praticado pelo dativo ou pelo constitudo, como, por exemplo, aelaborao de alegaes finais ou de razes de recurso.

    d) Curador o defensor especial, nomeado pelo juiz ao incapaz ou suspeito deincapacidade mental, ou ao ndio no regime de sua legislao. A finalidade da nomeao aespecial ateno que merece o acusado nessas circunstncias, devendo haver defesa poradvogado de confiana do juiz, que possa suprir a situao de inferioridade em que se

    encontra o acusado.Deveres do defensor: O defensor tem os deveres decorrentes da disciplina estatutria

    da Ordem dos Advogados do Brasil, mas tambm dispe o art. 265 CPP:Cdigo de Processo Penal - Art. 265.O defensor no poder abandonar o processo seno por

    motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salriosmnimos, sem prejuzo das demais sanes cabveis.

    2.10. ASSISTENTEO assistente o ofendido, seu representante legal ou seu sucessor, auxiliar da

    acusao pblica.Assim, na ao penal pblica, em que o titular do direito de ao o Ministrio

    Pblico, possvel que o ofendido ou seu representante legal ou, na sua falta, os integrantesdo art. 31 do CPP (CADI), intervenham em todas as fases da ao penal(portanto, aps orecebimento da denncia) ao lado do Ministrio Pblico (art. 268 CPP).

    Como no imprescindvel para a existncia da relao processual, a figura doassistente de acusao tambm denominada; parte acessria, parte adesiva, parteadjunta, parte contingente ou parte eventual.

    O fundamento da possibilidade de sua interveno o seu interesse na reparaocivil, mas o assistente atua, tambm, em colaborao com a acusao pblica no sentido daaplicao da lei penal.

    No procedimento do tribunal do jri, a assistncia ser admitida, desde que requeridacom, pelo menos, cinco dias (antes da reforma eram trs dias) de antecedncia em relao data do julgamento (art. 430 do CPP).

    Admite-se a participao do assistente no processo desde o recebimento da dennciaat antes do trnsito em julgado da sentena, recebendo o processo no estado em que seencontrar (art. 269 CPP).

    Em regra, s possvel a existncia da figura do assistente na ao penal pblica,seja ela condicionada ou incondicionada. Assim, na ao penal privada no h que se falarem assistente, pois o ofendido atua sempre como parte principal.

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    No podem ser assis tentes:a) o(a) companheiro(a) da vtima que no tenha deixado descendentes (em virtude

    da falta de previso legal);b) o esplio, uma vez que o inventariante s o representa para os fins civis;c) quem no for vtima (em virtude da falta de interesse em obter a reparao dos

    danos decorrentes da conduta criminosa, finalidade essa da assistncia);

    d) co-ru no mesmo processo, salvo se absolvido por sentena transitada em julgado(art. 270 CPP:O co-ru no mesmo processo no poder intervir como assistente do MinistrioPblico)

    Admisso do assistente - O MP ser sempre ouvido previamente sobre o pedido deadmisso de assistente e, da deciso que o admitir ou no, fundada na falta dos requisitoslegais, no caber recurso (art. 273 CPP: Do despacho que admitir, ou no, o assistente, no caberrecurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a deciso.)

    Observao: 1) Todavia, da deciso que no admite o assistente caber aimpetrao de mandado de segurana e da deciso que excluir o assistentehabilitado caber correio parcial.

    2.10.1.FUNO DO ASSISTENTE. A Funo do assistente auxiliar a acusao para quecom isso obtenha, por meio da condenao, um ttulo executivo que servir de base para apropositura de uma futura ao civil ex delicto. Alm disso, conforme a doutrina moderna, oacusado atuar, tambm, na aplicao da lei penal.

    2.10.2.PODERES DO ASSISTENTE. Em razo do supra disposto, os poderes do assistenteso restritos, podendo praticar somente os atos previstos no art. 271 do CPP:

    Cdigo de Processo Penal - Art. 271. Ao assistente ser permitido propor meios de prova,requerer perguntas s testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar osrecursos interpostos pelo Ministrio Pblico, ou por ele prprio, nos casos dos arts. 584, 1 o, e 598.

    1. - O juiz, ouvido o Ministrio Pblico, decidir acerca da realizao das provas propostas peloassistente.

    2. - O processo prosseguir independentemente de nova intimao do assistente, quando este,intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instruo ou do julgamento, sem motivo de fora maiordevidamente comprovado.

    2.10.3.O ASSISTENTE E AS RAZES. O assistente pode arrazoar os recursos interpostospelo Ministrio Pblico e pode interpor e arrazoar os recursos nos casos de absolvio(art.598 CPP), impronncia e decretao de extino da punibilidade (art. 584, 1 CPP).Somente nestes casos que o assistente pode recorrer.

    2.10.4.O ASSISTENTE E OS RECURSOS. O assistente tambm poder interpor e arrazoaros seguintes recursos:

    2.10.4.1. apelao contra deciso que impronuncia o ru (art. 584, 1, 1 parte,do CPP, aplicvel por analogia, tendo em vista que at a edio da Lei 11.719/2008, adeciso de impronncia desafiava recurso em sentido estrito art. 581, IV).

    2.10.4.2. Recurso em sentido estrito contra deciso que declara extinta apunibilidade do acusado (art. 584, 1, 2 parte, do CPP);

    2.10.4.3. apelao supletiva contra a sentena proferida nas causas decompetncia do juiz singular ou do Tribunal do jri (ou seja, apelar independentementeda apelao do MP - art. 598 do CPP);

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    Cdigo de Processo Penal - Art. 584.Os recursos tero efeito suspensivo nos casos de perda dafiana, de concesso de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.

    1.- Ao recurso interposto de sentena de impronncia ou no caso do n oVIII do art. 581, aplicar-se-o disposto nos arts. 596 e 598;

    2.- O recurso da pronncia suspender to-somente o julgamento..

    Cdigo de Processo Penal - Art. 598.Nos crimes de competncia do Tribunal do Jri, ou do juiz

    singular, se da sentena no for interposta apelao pelo Ministrio Pblico no prazo legal, o ofendido ouqualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que no se tenha habilitado como assistente, poderinterpor apelao, que no ter, porm, efeito suspensivo.

    2.10.5.O ASSISTENTE E A SENTENA DESCLASSIFICATRIA NO TRIBUNAL DO JRI- Vale destacar que o assistente poder recorrer (apelar) da sentena desclassificatria decrime da competncia do Tribunal do Jri para outro afeto ao juiz singular, pelo fato de essadeciso se equiparar sentena de impronncia.

    2.10.6.O ASSISTENTE E A APELAO SUPLETIVATambm poder recorrer em sentidoestrito na hiptese de denegao da apelao supletiva Art. 581, XV, CPP.

    Observao: 1) Apelao supletiva um recurso interposto pelo ofendido oupor qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP, ainda que no tenham sehabilitado como assistente, na hiptese de omisso do MP, no prazo legal, diante deuma sentena absolutria proferida nos crimes de competncia do Tribunal do jri oudo juiz singular.

    2.10.7. O ASSISTENTE E O RECURSO EXTRAORDINRIO. O assistente pode, ainda,interpor recurso extraordinrio contra as decises proferidas nos recursos por eleapresentados (smula 210 do STF: O assistente do Ministrio Pblico pode recorrer,inclusive extraordinariamente, na ao penal, nos casos do art. 584, 1, e 598 do CPP) Grifo nosso.

    2.10.8.SITUAES NAS QUAIS O ASSISTENTE NO PODE RECORRER: a) das decises de pronncia;

    b) das decises de absolvio sumria;c) das decises de rejeio da denncia;d) das decises que concedem o desaforamento (tambm no pode requer-lo);e) do despacho que concede a fiana e;f) do acrdo que julga a reviso criminal.

    2.10.9. O ASSISTENTE E O ARROLAMENTO DE TESTEMUNHAS - O assistente nopode arrolar testemunhas, j que o momento oportuno para tanto o do oferecimento dadenncia. Contudo, pode o juiz ouvir as testemunhas indicadas pelo assistente comotestemunhas do juzo.

    2.10.10. O ASSISTENTE E SUA INTERVENO NO PROCESSO PENAL - Hentendimento doutrinrio no sentido de que o assistente de acusao somente pode intervirno processo penal quando demonstrar interesse de cunho econmico na condenao do ru(ressarcimento civil futuro por meio da formao de um ttulo executivo judicial sentenapenal condenatria irrecorrvel), no podendo, por exemplo, recorrer de sentenacondenatria para pleitear o aumento de pena do ru. (Porm, a OAB de SP sustentou emsegunda fase esta possibilidade).

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    2.11. AUXILIARES DA JUSTIAA eficincia da tutela jurisdicional prestada pelo juiz depende do auxlio de algumas

    pessoas, estranhas relao jurdico-processual, dotadas de f pblica e incumbidas darealizao de diversas atividades destinadas a integrar o movimento processual. So osauxiliares do juiz.

    2.11.1. CLASSIFICAO

    a) Permanentes cuja participao no processo obrigatria (Ex. Oficial de Justia eEscrivo); e

    b) Variveis (ou eventuais), cuja participao ser determinada em situaesespeciais (Ex: Peritos e intrpretes).

    2.12. OS PERITOSDentre os auxiliares da justia, so os peritos que exercem as funes mais

    complexas do processo.Segundo o professor Edgard Magalhes Noronha, Perito a pessoa encarregada pelaautoridade, sob compromisso, de esclarecer, por meio de laudo, uma questo de fatoque pode ser apreciada por seus conhecimentos tcnicos especializados

    Em regra, a percia realizada durante a fase policial, em virtude do princpio daimediatidade (pois a eventual demora pode trazer prejuzos em virtude do desaparecimentodos vestgios deixados pelo crime). Mas nada impede a sua realizao durante a instruoprocessual.

    Pelo fato de a nomeao do perito ser ato exclusivo do juiz, as partes no poderointervir na escolha do profissional nem na realizao da percia.

    2.12.1. CLASSIFICAO DOS PERITOSOs peritos podem ser;

    a) OFICIAIS quando integram os quadros de carreira da Polcia Judiciria ou;

    b) NO OFICIAIS (ou particulares, ou louvados) quando se tratarem de pessoasidneas e portadoras de diploma de curso superior, que sero convocadas diante

    da ausncia de perito oficial.Os peritos, sejam oficiais ou no, estaro sujeitos disciplina judiciria e, se uma veznomeados, recusarem o encargo, incorrero na pena de multa.

    2.12.2. CASOS DE IMPEDIMENTOS PARA O EXERCCIO DA FUNODe acordo com o artigo 279, esto impedidos de ser peritos:

    a) Os que estiverem sujeitos interdio de direito mencionada nos nmeros I e II doart. 47 CP ;

    b) Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobreo objeto da percia;

    c) Os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.

    2.12.3. SUSPEIO DOS PERITOSOs peritos, assim como os juzes, tambm podem ser considerados suspeitos pelaspartes, pelas mesmas razes que geram a suspeio dos juzes (art. 280 CPP).Cdigo de Processo Penal - Art. 279.No podero ser peritos:

    I.- os que estiverem sujeitos interdio de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Cdigo Penal; II.- os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da percia;III.- os analfabetos e os menores de 21 anos.

    Cdigo de Processo Penal - Art. 280. extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicvel, o dispostosobre suspeio dos juzes.

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    BIBLIOGRAFIA:

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    CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17 ed. So Paulo: Saraiva.2010;

    GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal:8.Ed. So Paulo: Saraiva.2010;

    JESUS, Damsio Evangelista de. Cdigo de Processo Penal Interpretado:23.Ed. So Paulo:

    Saraiva.2009;MACHADO, ngela C. Cangiano. Processo Penal. So Paulo. Premier Mxima. 2009;

    MIRABETE, Jlio Fabrini. Cdigo de Processo Penal interpretado. 17.ed. So Paulo. Atlas.2009;

    NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo de Processo Penal Comentado. 9.ed. So Paulo. RT.2009;

    PAGLIUCA, Jos Carlos Gobbis. Direito Processual Penal. 5.ed. So Paulo. Rideel. 2009;

    TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11.ed. So Paulo.Saraiva.2009;