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Contabilidade Agrcola e Contabilidade Pecuria

Guarant do Norte MT 2012 INTRODUO Com a evoluo da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhores qualidades, o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais tcnicas tanto na rea de produo como tambm no gerenciamento financeiro de sua propriedade. Alm disso, deve buscar um acompanhamento para suas atividades e para a tomada de decises, pois cada vez mais luta-se por mais espao no mercado e o aprimoramento dos produtos agrcolas. A agricultura passou por uma crise na dcada de 1990, muita gente ficou no meio do caminho e s sobreviveu quem adotou mtodo de gesto profissional no campo. Atravs desses acontecimentos houve uma melhor explorao dos seus recursos, com a finalidade de obter de forma gil e segura o retorno do seu investimento, e adquirir maior rentabilidade dentro da atividade desenvolvida. E associado a isso, agregou-se melhores produtos e servios para os consumidores, pois o mercado atual requer cada dia mais qualidade em seus produtos. Desta forma, a contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial, atravs de informaes que permitam o planejamento, o controle e a tomada de deciso, transformando as propriedades rurais em empresas com capacidade para acompanhar a evoluo do setor, principalmente no que tange aos objetivos e atribuies da administrao financeira, controle dos custos, diversificao de culturas e comparao de resultados. Atividade Rural Antes de citarmos quais so as atividades consideradas rurais, importante conhecermos o que uma empresa rural.Arnodi apud Anceles (2002, p. 158), comenta que a empresa para se enquadrar no direito, tem uma viso tripartite: o empresrio, a atividade econmica organizada e o estabelecimento. Dessa forma, vemos que a empresa rural se enquadra na definio do direito, uma vez que o empresrio o prprio produtor rural, pessoa fsica ou jurdica, a atividade econmica organizada o intercambio de bens e servios e o estabelecimento o local onde se desenvolve essa atividade, que a propriedade rural. Segundo Marion (2002, p. 24), empresas rurais so aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criao de animais e da transformao de determinados produtos agrcolas.

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Para Crepaldi (1998, p. 23), a unidade de produo em que so exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrcolas, criao do gado ou culturas florestais, com a finalidade de obteno de renda Ambos os conceitos de empresa rural abordam a explorao da terra e da criao dos animais como fonte de renda. E partindo desses conceitos classificam as atividades rurais em trs grupos distintos: 1) Produo Vegetal-Atividade Agrcola; 2) Produo Animal-Atividade Zootcnica; 3) Indstrias Rurais-Atividade Agroindustrial. Assim, a Instruo Normativa SRF n. 83, de 11 de outubro de 2001, em seu artigo 2 considera atividade rural: a) a agricultura; b) a pecuria; c) a extrao e a explorao vegetal e animal; d) a explorao de atividades zootcnicas, tais como apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; e) a atividade de captura de pescado in natura, desde que a explorao se faa com apetrechos semelhantes aos da pesca artesanal (arrastes de praia, rede de cerca entre outros), inclusive a explorao em regime de parceria; f) a transformao de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas as caractersticas do produto in natura, feita pelo prprio agricultor ou criador, com equipamentos e utenslios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando-se exclusivamente de matria-prima produzida na rea rural explorada. Dessa forma, nem todas as atividades desenvolvidas no meio rural so consideradas pela lei como sendo atividades rurais, o caso da fabricao de bebidas alcolicas e o beneficiamento de arroz em mquinas industriais. O Empresrio Rural O Novo Cdigo Civil (NCC), que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, define o termo empresrio como aquele que exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou servios. Essa iniciativa de produo de riqueza, realizada de forma profissional reconheceu o trabalho do produtor rural potencialmente como o de criao de bens e servios. No caso da Sociedade Empresria o NCC considera quando pessoas celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. Dessa forma, a sociedade rural, quando houver a unio de duas ou mais pessoas passa a ser vista como uma sociedade empresria. Assim, conforme o NCC, o empresrio cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode exercer esta atividade nas seguintes formas jurdicas: a) autnomo: sem registro na Junta Comercial; b) empresrio individual: inscrito na Junta Comercial ( no obrigatrio);

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c) sociedade empresria: inscrita na Junta Comercial, na forma de sociedade limitada ou sociedade annima, entre outras. Alm disso, o NCC, atravs do artigo 970 diz que a lei assegurar um tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresrio rural e ao pequeno empresrio, quanto inscrio e aos efeitos da decorrente. A obrigao do Registro ainda no estaria sendo cobrada pelo NCC em relao ao empresrio rural e ao pequeno empresrio. Conforme Silva (2004, p. 2-3), somente com a edio da lei prevista no artigo 970, se poder definir exatamente quando e como o produtor rural, hoje sem registro, se submeter o regime obrigatrio de escriturao, uma vez que no tendo registro, no considerado empresrio rural, e, como tal, imune obrigao estabelecida pelo artigo 1.179 do NCC, que regulamenta a obrigatoriedade da escriturao contbil e elaborao anual do Balano Patrimonial e Demonstrao do Resultado do Exerccio. O produtor rural deve aguardar novo disciplinamento especfico para alterar a forma de seus procedimentos administrativos e fiscais, de registro e de escriturao, salvo se for empresa jurdica .Ento ter que ajustar os seus atos constitutivos s novas disposies vigentes no prazo de um ano. Portanto o empresrio rural deve prevenir-se para o futuro, e que ter mudanas em sua forma de avaliar sua atividade. A lei j prev que alteraes devero ocorrer mais cedo ou mais tarde, e para que o produtor rural no ser pego de surpresa, deve implantar a contabilidade em sua propriedade rural desde agora, antecedendo os acontecimentos que faro parte muito em breve de sua vida cotidiana. Essa nova viso da potencialidade rural e valorizao do produtor rural, atravs do NCC, vm a colaborar no correto procedimento de como administrar uma propriedade rural, tambm colocando em suas mos uma melhor maneira de que ele e sua famlia venham adquirir cada dia mais crescimento e auto-sustentao para exercer as atividades no agronegcio brasileiro. O Atual Cenrio da Contabilidade Rural Todas as atividades rurais por menores que elas sejam, requerem um controle eficiente, uma vez que os impactos das decises administrativas so fundamentais para uma boa gesto. Um fato real que acontece hoje na maioria das propriedades rurais que muitos dos servios contbeis que so importantes instrumentos gerenciais no so utilizados por seus administradores ou proprietrios. Muitas vezes, o produtor rural guarda em sua memria as informaes, no anota os acontecimentos que so de extrema importncia para a correta contabilizao, de maneira que com o passar do tempo so esquecidos, e no calculados na hora da comercializao dos produtos. Segundo Procpio (1996, p. 24), confirmando a falta de controle e organizao financeira, apenas 32,5% separa suas despesas particulares de seu negcio agropecurio. Ou seja, 67,5% no apuram o lucro adequadamente de seu negcio, j que no possuem um sistema simples de separao do que despesa normal de sua vida cotidiana em relao a sua atividade empresarial.

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Assim, na maioria das propriedades os seus gestores no possuem condies para discernir os resultados obtidos com suas culturas, os custos de cada plantio desenvolvidos em sua propriedade, verificar quais seriam os mais rentveis, onde poderiam minimizar os custos de produo. Muitas vezes, o produtor rural no consegue distinguir o dinheiro que obteve com a venda do milho, do recebido da venda do leite. Ento o controle de caixa da propriedade fica totalmente desorganizado, envolvendo tambm seu capital particular, dificultando ainda mais a contabilizao de seus resultados. Mas para que haja a realizao de um trabalho mais preciso e dinmico, o profissional contbil deve estar ciente que o produtor rural vem de longa data acostumado ou impossibilitado de adquirir alguns conhecimentos que sero passados, de acordo Lemes (1996), o que se percebe nas organizaes que se dedicam a essa atividade uma contabilidade insuficientemente explorada quanto a seu poder de identificar, registrar, mensurar e possibilitar a anlise dos fatos ocorridos. Desta forma, deve ser realizado um trabalho de maneira clara e objetiva, para haver aceitao e entendimento por parte do agricultor, permitir que o mesmo perceba que esses recursos, traro para ele e sua famlia uma comodidade e tambm podero elevar o rendimento dos seus negcios. De acordo com Procpio (1996, p.20) muitos administradores rurais reconhecem a necessidade da Contabilidade, reivindicam um quadro de informaes bsicas para a tomada de decises e utilizam alguns relatrios contbeis. Todavia, esses relatrios so analisados algumas vezes por esses administradores sem adequada considerao das informaes necessrias ou adequado conhecimento de como esses relatrios deveriam ser interpretados. A atividade rural seria mais bem gerenciada, se existisse o mesmo desenvolvimento como acontece com os outros setores, em se tratando de informaes contbeis, elaboradas e aplicadas no ramo da atividade rural. Informaes Geradas pela Contabilidade A contabilidade aplicada na atividade rural pode demonstrar toda a vida evolutiva da empresa. Por isso imprescindvel que tambm na agropecuria, a contabilizao dos fatos e sua estruturao sejam realizadas com o perfeito conhecimento, no apenas tcnico, mas tambm de sua atividade operacional, respeitando as peculiaridades da atividade. Crepaldi (1998, p. 75-76), aponta a contabilidade como um dos principais sistemas de controle em formao para as empresas rurais, podendo, atravs de seus instrumentos, verificarem a situao da empresa sob os mais diversos enfoques, tais como, anlise de estrutura, de evoluo, de solvncia, de garantia de capitais prprios e de terceiros, de retorno de investimentos, entre outros. Desta forma, necessrio elaborar informaes contbeis que permitam ao empresrio rural, conhecer melhor sua propriedade, e suas atividades desenvolvidas, destacando-se alguns pontos importantes, como: a) quais atividades produtivas ele desenvolve; b)

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planejamento e controle das atividades exploradas; c) ter as receitas e despesas evidenciadas para o desempenho do negcio; d) o potencial de crescimento da propriedade, e das atividades rurais; e) destacar o retorno dos seus investimentos, e principalmente saber qual o verdadeiro custo de produo. Todas essas informaes devem estar de forma clara e objetiva, com o intuito de abastecer o empresrio rural com as instrues corretas e capazes de ajud-lo no bom desempenho do agronegcio. Pois, assim como os demais setores, a agropecuria objetiva o retorno econmico-financeiro que satisfaa o produtor rural, e seus familiares. Assim, a contabilidade est constantemente gerando informaes diretamente relacionadas com a lucratividade, liquidez e alguns riscos que podem ocorrer no agronegcio. A Contabilidade para o Desenvolvimento do Agronegcio Com a concorrncia acirrada, e a busca por melhores produtos surge a necessidade de uma contabilidade diferenciada para a atividade rural, que desenvolva informaes concretas para que o empresrio rural consiga distinguir em sua propriedade o real desempenho de seu negcio. Tecnologias novas contribuem para a formao de um crculo virtuoso, no qual quem ganha mais investe mais e pesquisa mais, aumentando a produo e os lucros futuros. Do mesmo modo, a integrao de atividades, criando complexos agroindustriais, tambm permite que se agregue valor produo e lucro conta bancria dos produtores (REVISTA VEJA, 2004, p. 20). Dessa maneira, a contabilidade desenvolvida e aplicada no gerenciamento da propriedade rural ser um ferramenta indispensvel para todos os produtores rurais, at os que no possuem estrutura suficiente para manter um controle de seus custos, despesas e receitas em suas propriedades rurais.De acordo com Lemes (1996, p. 30) A atividade agropecuria tem destacada importncia em pases de grandes extenses territoriais e condies climticas como o Brasil. Apesar da ausncia de incentivos e de uma poltica governamental destinada ao setor agropecurio, este tem movido milhes de reais em recursos, gerado milhares de empregos e tornando algumas regies do pas plos econmicos de riquezas. Segundo Massilon (2003, p. 26), o agronegcio brasileiro tem grande importncia na balana comercial, participando com 37% da pauta de exportaes e sendo altamente superavitrio, o que vem contribuindo para diminuir os dficits comerciais do Brasil. Os dados do BNDS, Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social, mostram que entre os dez segmentos econmicos que geram empregos a menor custo, sete so segmentos do agronegcio e que os gastos das famlias brasileiras, aproximadamente 45% deles so de produtos do agronegcio. De acordo com a Revista Veja (2004, p. 18-22), estudos da Unetad, o rgo da Organizao das Naes Unidas responsvel pelo desenvolvimento do comrcio internacional, calculam que o Brasil liderar a produo de alimentos no planeta em poucos anos. E que o agronegcio gira a roda de toda a nossa economia, est por

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trs do processo de desenvolvimento dos pases mais avanados do mundo. A riqueza de um pas vem de agricultura e da pecuria, j que nenhuma nao nasceu industrial. Desta forma, percebe-se um vasto campo a ser explorado neste setor pela contabilidade, e que esta, proporcionar mais segurana ao empresrio rural na hora de tomar suas decises. Assim, a contabilidade aplicada de forma precisa e correta, busca seu principal objetivo, que desempenhar um importante papel para as empresas rurais. E unindo o empresrio rural com seus conhecimentos prticos, e a contabilidade bem elaborada, iro desempenhar um excelente trabalho junto a atividade rural desenvolvida pelo empresrio. Tudo isso faz com que o empresrio rural obtenha melhores resultados em menos tempos, adquirindo assim uma tima rentabilidade para seus negcios. Segundo Procpio (1996, p. 20), numa abordagem de negcio na Administrao Agropecuria, o produtor deve ter ferramentas para descrever financeiramente a atividade em andamento e evidenciar seu desempenho. Dessa forma, a contabilidade deve ser adequada conforme as necessidades e o grau de aplicabilidade do estabelecimento rural. O Brasil tem grandes expectativas em relao a outros pases, pois suas capacidades no ramo da agricultura e da pecuria so muito animadoras, e vem destacando-se nas exportaes; pois o Brasil vende 82% do suco de laranja distribudo no planeta; detm 38% do mercado mundial de soja em gro; vende 29% de todo o acar consumido no mundo, 28% do caf em gro e 44% do caf solvel; vende 23% do tabaco consumido no mundo; o primeiro em venda de frangos; o maior exportador de lcool. Ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de couro curtido e calados de couro e assumiu a liderana do mercado mundial de carne bovina em 2003 (REVISTA VEJA,2004, p. 21). Neste contexto, o empresrio rural deve possuir a correta contabilizao de sua atividade, sendo indispensvel recorrer ao auxlio de um profissional contbil. Assim, o mesmo ter melhores condies de elaborar relatrios especficos para sua propriedade e seu ramo de atividade, sabendo quais as tendncias do mercado tanto interno, quanto externo e buscando um aprimoramento e a diversificao de seus produtos com base nessas tendncias. Atravs dessa assessoria o produtor rural poder explorar melhor o seu ciclo produtivo, uma vez que ter melhores condies de acompanhar todos os procedimentos que so realizados em sua propriedade, de acordo Santos (1996), o processo produtivo, por sua vez, o conjunto de eventos e aes atravs dos quais os fatores de produo se transformam em produtos vegetais e animais. O desenvolvimento gerencial contbil possibilitar um aumento dos resultados econmicos, para Crepaldi(1998), voltado para melhor utilizao dos recursos econmicos da empresa, atravs de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informao gerencial de maneira que os recursos existentes e disponveis da propriedade rural sero melhores aproveitados e estaro em harmonia com as atividades desenvolvidas na unidade de produo, estabelecendo

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metas e objetivos definidos e direcionando a tomada de decises em busca da rentabilidade desejada. E assim como as demais empresas, as empresas rurais tambm devem ter preocupaes quando se tratam de custos na produo, aumento da lucratividade, planejamento, controle e retorno do capital investido. Neste sentido, Santos (1996, p. 43), afirma que, a agricultura ser to mais prspera quanto maior for o domnio que o homem venha a ter sobre o processo de produo, que se obter na medida do conhecimento acerca das tcnicas de execuo e gerncia. De maneira geral, o gerenciamento das atividades rurais, comparando os resultados obtidos entre uma cultura e outra. Assim, as instrues contbeis devem estar sincronizadas com os recursos disponveis na propriedade rural, de maneira que o custo x benefcio estejam em evidncia, para que o empresrio rural possua condies de visualizar seu desenvolvimento de hoje e do futuro. Consideraes Finais No mundo dos negcios, as mudanas ocorrem desenfreadamente, e em algumas vezes geram certas incertezas, devido as variveis econmicas e a concorrncia acirrada parecem trabalhar juntas, podendo levar os resultados a influenciar os negcios de modo geral. No agronegcio, isso tambm acontece, o empresrio rural deve estar atento aos acontecimentos do mercado, as inovaes da tecnologia e buscar o aprimoramento de suas tcnicas produtivas e financeiras. Assim, a contabilidade deve assegurar ao empresrio rural condies de sobreviver e garantir a competitividade no agronegcio, direcionando na tomada de decises, possibilitando o aumento dos resultados econmicos. Por outro lado, deve preservar o que ser deixado aos seus sucessores, para que os mesmos possam ter condies de dar continuidade ao trabalho realizado. Essas so algumas das vantagens que a contabilidade trar para a atividade rural, e para o empresrio rural. Dessa forma, os resultados dos empreendimentos devem satisfazer ao empresrio rural e permitir a ele lutar por seu espao, em um mundo cada vez mais globalizado e com tantas novidades surgindo a todo tempo. Aps, o empresrio rural poder perceber que a atividade rural unida com a contabilidade vm dando certo, e que seu correto planejamento e controle ir lhe proporcionar timos resultados econmicos. *Por Patrcia Miranda

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2- EMPRESA RURAL CONCEITOS PRELIMINARES Empresas rurais so aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo atravs do cultivo da terra, da criao de animais e da transformao de determinados produtos agrcolas. O campo de atividades das empresas rurais pode ser dividido em trs grupos distintos:

Produo vegetal atividade agrcola. Produo animal atividade zootcnica. Indstrias rurais atividade agroindustrial.

2.1 - Atividade Agrcola Arte de cultivar a terra. Arte esta decorrente da ao do homem sobre o processo produtivo procura de satisfao de suas necessidades bsicas, ou seja um sistema de plantar, tratar e colher, com a finalidade de produzir alimentos para subsistncia do homem e do animal. Pode ser dividida em dois grandes grupos: Culturas hortcola e forrageira: Cereais (feijo, soja, arroz, milho, trigo, aveia ...); Hortalias (verduras, tomate, pimento ...); Tubrculos (batata, mandioca, cenoura ...); Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta ...); Especiarias (cravo, canela...); Fibras (algodo, pinho...); Floricultura, forragens, plantas industriais... Arboricultura Florestamento (eucalipto, pinho...); Pomares (manga, acerola, laranja, ma...); Vinhedos, olivais, seringais, outros. 2.2 - Atividade Zootcnica Atividade relativa a criao de animais, podem ser divididas em: Apicultura (criao de abelhas); Avicultura (criao de aves); Cunicultura (criao de coelhos); Pecuria (criao de gado); Outros

Pecuria a arte de tratar o gado, sendo que gado so animais geralmente criados no campo, para servios de lavoura, para consumo domstico ou9

para fins industriais ou comerciais. Tem-se como exemplo: os bovinos, caprinos, eqinos, sunos, ovinos, outros. 2.3 - Atividade Agroindustrial Atividade de transformar os produtos agrcolas ou zootcnicos. Beneficiamento do produto agrcola (arroz, milho, caf); Transformao de produtos zootcnicos (mel, laticnios, casulos de seda); Transformao de produtos agrcolas (cana-de-acar em lcool e aguardente; soja em leo; uvas em vinho e vinagre; moagem de trigo e milho); A atividade agroindustrial deve atender as seguintes condies: No alterar a composio e as caractersticas do produto in natura; Ser feita pelo prprio produtor rural, com equipamento e utenslios usualmente empregados nas atividades rurais; Utilizar exclusivamente matria-prima produzida na unidade rural explorada.

2.4 - Contabilidade Rural Aplicada a contabilidade aplicada especificamente a certo ramo de atividade ou setor da economia rural. Assim h : Contabilidade Agrcola a Contabilidade Geral aplicada s empresas agrcolas; Contabilidade Rural a Contabilidade Geral aplicada s empresas rurais; Contabilidade Zootcnica a Contabilidade Geral aplicada s empresas que exploram a Zootcnica; Contabilidade da Pecuria a Contabilidade Geral aplicada s empresas pecurias; Contabilidade Agropecuria a Contabilidade Geral aplicada s empresas agropecurias; Contabilidade da Agroindstria a Contabilidade Geral aplicada s empresas agroindustriais; Contabilidade das Atividades de Extrativismo a contabilidade Geral aplicada s empresas que desempenham a atividade de extrativismo , seja vegetal , animal ou mineral.

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3- ANO AGRCOLA X EXERCCIO SOCIAL O trmino do exerccio social nas empresas rurais deveria ser igual ao das empresas comerciais, industriais, servios, em 31/12 ? No!!!!. Nas empresas comerciais, industriais, servios, pode ser escolhido qualquer ms para encerramento do exerccio social, no haveria dificuldades, pois as receitas e despesas so acumuladas ms a ms. Entretanto a escolha do ms de dezembro se deve ao fato de ser o ltimo ms do ano e tambm pela reduo ou interrupo das atividades operacionais, proporcionando frias coletivas, condies adequadas para o inventrio de mercadorias. Para a atividade agrcola, a receita concentra-se, normalmente durante ou logo aps a colheita. Portanto ao trmino da colheita e comercializao dessa colheita, temos o encerramento do ano agrcola. Sendo ano agrcola definido como o perodo em que se planta, colhe e, normalmente, comercializa a safra agrcola. Quando as empresas armazenam a safra para obter melhor preo, neste caso considera-se ano agrcola o trmino da colheita. No existe melhor momento para medir o resultado do perodo, seno logo aps a colheita e sua respectiva comercializao. No h lgica para se esperar 6, 8 ou mais meses at o final do ano (se a colheita for no incio do ano) para mensurar o resultado (lucro ou prejuzo) da safra agrcola. Desta forma a apurao de resultado sendo realizada logo aps a colheita e comercializao contribui de forma mais adequada na avaliao do desempenho da safra agrcola, na tomada de decises com relao ao o que fazer no novo ano agrcola. Se o ano agrcola terminar em maro, o exerccio social poder ser encerrado em 31/3 ou 30/4. Apurar o resultado antes do final da colheita se torna difcil pelo fato do produto agrcola ainda no ter agregado todos os seus custos e tambm por no se saber a receita que se obter. H empresas que apresentam colheitas em perodos diferentes no ano devido a diversidade de seus produtos. Neste caso recomenda-se que o ano agrcola seja fixado em funo da cultura que prevalea economicamente. Se a empresa cultiva feijo entre os ps de caf, ou milho entre as ruas de uva, certamente o perodo de colheita do caf e da uva que determinar o ano agrcola, mesmo que no seu encerramento haja uma cultura secundria em formao, e a avaliao, ainda que no perfeita, no traria grandes distores contabilidade, pois o valor apurado no seria relevante em ralao cultura principal. Se houvessem diversas culturas, milho, feijo, cana-de-acar, soja, por exemplo, o ano agrcola seria fixado com base na cultura de maior representatividade.

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Exemplo: Milho (colheita em novembro/dezembro) - 20%; Feijo (colheita em maro) 30%; Cana-de-acar (colheita em maro/abril) 10% e Soja (colheita em julho/agosto) 40%. O perodo mais apropriado para o encerramento do balano seria 31 de julho ou 31 de agosto, quando se encerra a colheita do soja, produto com maior representatividade. Para a atividade pecuria, o perodo adequado para o encerramento do exerccio social, no o ano civil. O ideal faz-lo logo aps o nascimento dos bezerros ou do desmame. H empresas que planejam lotes de nascimento para determinados perodos do ano, atravs de inseminao artificial ou as estao de monta (perodo de cruzamento de touro e vaca), acelerao de cios .... Havendo a ocorrncia do nascimento de bezerros, a contabilidade, por intermdio de relatrios contbeis, informar os usurios sobre tal fato. Para tanto h necessidade do encerramento do exerccio social e de confeco do Balano Patrimonial. O bezerro ser o fruto, o produto final que valoriza o patrimnio da empresa. A falta de um planejamento dos perodos de nascimento dos bezerros pode dificultar na fixao do ms de encerramento, porque os nascimentos se espalham pelo ano inteiro, entretanto haver um perodo de concentrao de nascimentos que determinar o ms do trmino do exerccio social. H empresas que fixam o exerccio social com base no ms seguinte em que concentram a venda das reses para o frigorfico. Esse critrio igualmente vlido quanto ao nascimento dos bezerros. Exemplo: Nascimento dos bezerros - dezembro Venda aos frigorficos abril Tanto pode o encerramento do balano ser realizada em dezembro como em abril. 3.1 - Exerccio social e imposto de renda A Lei n. 7.450/85, o Imposto de renda tornou obrigatrio, para todas as empresas, o exerccio social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 1/1 a 31/12. O que veio trazer srios prejuzos para a contabilidade rural, que j no poder utilizar o ano agrcola coincidindo com o exerccio social. Entretanto seria bastante interessante para as empresas rurais que mantivessem os perodos do ano agrcola para melhor gerenciamento de suas atividades.

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3.2 - Forma Jurdica de explorao na agropecuria At 2002, as sociedades eram divididas em sociedade comercial e sociedade civil. A partir do incio de 2003, entra em cena o NCC (Novo Cdigo Civil), que revoga a primeira parte do Cdigo Comercial Brasileiro de 1850. O NCC define como empresrio aquele que exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens e servios. Assim, o produtor rural passa a ser chamado de empresrio rural em funo da definio acima, desde que se inscreva na junta comercial. No se inscrevendo na junta comercial, ele ser um produtor rural autnomo. Em relao sociedade, o NCC considera sociedade empresria pessoas que celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e servios para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. Assim, a expresso sociedade empresria substitui a expresso anterior sociedade comercial. Dessa forma a sociedade rural (quando houver a unio de duas ou mais pessoas) passa a ser vista como uma sociedade empresria. De maneira geral, conforme o novo Cdigo, o empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode exercer essa atividade nas seguintes formas jurdicas: Autnomo, sem registro na Junta Comercial; Empresrio individual, quando inscrito na Junta Comercial ( optativo); Sociedade empresria, inscrita na Junta Comercial (na forma de sociedade limitada, ou sociedade annima etc.). O NCC diz que a lei assegurar tratamento favorecido diferenciado e simplificado ao empresrio rural quanto inscrio e aos efeitos da decorrentes. No Brasil, por ser menos onerosa, a forma de explorao de Empresrio Rural Autnomo prevalece, tambm por obter vantagens fiscais. Os Empresrios Rurais Autnomos ou Individuais tidos como pequenos e mdios produtores rurais no precisam, para fins de IR, fazer escriturao regular em livros contbeis e podem utilizar apenas um livro caixa para efetuar uma escriturao simplificada. J os Empresrios Rurais Autnomos ou Individuais tidos como grande produtor rural (o conceito de pequeno, mdio e grande produtor rural fixado conforme a Receita Bruta (vendas), cujo montante fixado pelo Imposto de Renda) so equiparadas as Sociedades Empresrias para fins contbeis, devendo fazer escriturao regular por meio de profissional contbil qualificado.

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Associao na explorao da atividade agropecuria Nas exploraes agropecurias, encontram-se dois tipos de investimentos: Capital Fundirio So recursos fixos, vinculados terra, e dela no retirveis. Corresponde a aquilo que nas indstrias transformadoras corresponde aos edifcios e seus anexos. Exemplo: terra, edifcios e edificaes rurais, benfeitorias e melhoramentos na terra, cultura permanente, pastos, etc. Capital de exerccio (capital operacional ou capital de trabalho) o instrumental necessrio para o funcionamento do negcio, podendo ser permanente (no se destina venda, de vida til longa), ou circulante, ou de giro (recursos financeiros e valores que sero transformados em dinheiro ou consumidos a curto prazo). Exemplo: gado para reproduo, animais de trabalho, equipamentos, trator, outros. Nas associaes dos capitais fundirios e de exerccio podem existir duas personalidades economicamente distintas: o proprietrio da terra, que participa no negcio com o capital fundirio; o empresrio, que participa com o capital de exerccio, explorando o negcio agropecurio independentemente de ser ou no proprietrio da terra. Empresrio agropecurio com a propriedade da terra O proprietrio da terra investe capital de exerccio e administra seus negcios. Parceria O proprietrio da terra contribui no negcio com o capital fundirio e capital de exerccio e o parceiro com a execuo do trabalho. Arrendamento O proprietrio da terra aluga seu capital fundirio por determinado perodo a um empresrio. Comodato Emprstimo gratuito em virtude do qual uma das partes cede por emprstimo, para uso pelo tempo e condies estabelecidas. Condomnio a propriedade em comum, ou a co-propriedade, em que os condminos proprietrios compartilham dos riscos e dos resultados, da mesma forma que a parceria, na proporo da parte que lhes cabe no condomnio.

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4 - CARACTERSTICAS PECULIARES DO SETOR RURAL CLIMA: Influncia na escolha das variedades e espcies (vegetais e animais), que se adaptam com mais facilidade ao cliente da regio. Influncia no momento do plantio (nvel de umidade do solo), no desenvolvimento da planta (chuvas regulares) e colheita (estiagem). O clima pode, tanto favorecer a produo, como provocar perdas parciais ou totais (excesso de chuvas, estiagem prolongada, ventos fortes, chuvas de granizo, geadas). CORRELAO TEMPO DE PRODUO VERSUS TEMPO DE TRABALHO Na Indstria, somente o trabalho modifica a produo de determinado bem. Na rea rural, alm do trabalho, existe influncia muito grande da natureza no processo produtivo (crescimento natural) DEPENDNCIA DE CONDIES BIOLGICAS O ciclo de produo da agropecuria est intimamente relacionado s condies biolgicas. No se pode alterar a seqncia da produo (interromper o desenvolvimento de uma lavoura de milho para se obter soja, por exemplo; interromper o crescimento dos leites, para se produzir novilhos) irreversibilidade do ciclo produtivo. Na Indstria: Pode-se adotar 3o turno para acelerar a produo. Na rea Rural: A pesquisa agropecuria pode conseguir espcies animais e variedades vegetais mais precoces e produtivas, mas ainda assim sujeitas s condies biolgicas. TERRA, como participante da produo o principal fator de produo na atividade rural. Para que no haja sua depreciao, devem-se adotar prticas conservacionais: - Fertilizao (evita a exausto do solo perda qualitativa do solo) - rotao de culturas (evita a exausto do solo perda qualitativa do solo) - reflorestamento s margens dos rios (evita a eroso perda quantitativa do solo) ESTACIONALIDADE DA PRODUO Ao contrrio do que acontece na Indstria, boa parte dos produtos da rea rural apresentao concentrao da produo em determinadas pocas do ano. INCIDNCIA DE RISCOS Clima: seca, geada, granizo Ataque de pragas e molstias Flutuaes de preos de seus produtos15

SISTEMA DE COMPETIO ECONMICA A rea rural apresenta uma concorrncia perfeita: Existncia de um grande nmero de produtos e consumidores Produtos que apresentam normalmente, pouca diferenciao entre si Entrada no negcio e a sada dele pouco alteram a oferta total Conseqncia: o preo do produto ditado pelo mercado, podendo at ser inferior aos custos de produo. PRODUTOS NO UNIFORMES o Na agropecuria, ao contrrio da indstria, h dificuldades em se obter produtos uniformes quanto forma, tamanho e qualidade decorrente da influncia das condies biolgicas e clima. Conseqncia: Custos adicionais de classificao e padronizao, visto que o mercado exigente. ALTO CUSTO DE SADA E/OU ENTRADA No negcio agrcola, algumas exploraes exigem altos investimentos em benfeitorias e mquinas e, conseqentemente, condies adversas de preo e mercado devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuzo, ao abandonar a explorao, poder ser maior. A cultura de caf, laranja, pecuria leiteira podem ser consideradas como exploraes de alto custo de entrada, enquanto culturas anuais milho e soja, por exemplo so exploraes de menor custo de entrada. MERCADO Tendncias de Mercado: Feijo (preo regulado pelo mercado interno) Caf, soja, trigo, laranja (produtos de exportao: seguem as tendncia do mercado internacional, sendo cotados em dlar, e o termmetro so as Bolsas de Chicago e Nova Iorque). Desvalorizao cambial, do real em relao ao dlar, ocorrida no incio de 1999, influenciou positivamente nos preos dos produtos com cotao internacional. J, os insumos foram influenciados negativamente, visto que a maior parte da matria prima utilizada para sua produo so importadas. Os Nmeros da Laranja Descompasso entre oferta e procura Produo 1990/2000 381 milhes a 388 milhes de caixa Receitas com exportaes em 98 US$ 1,315 Volume processado em 98 279 milhes de caixas Volume processado em 99 280 milhes de caixas rea plantada 840 mil h Consumo interno 50/60 milhes de caixas Fonte: Abecitrus/Esalq/Abracitrus/IEA

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5 - PLANIFICAO CONTBIL NA ATIVIDADE AGRCOLA 5.1 - Escriturao nas Empresas Rurais Para se alcanar um nvel profissional de gerenciamento da propriedade rural, de fundamental importncia uma escriturao correta e simplificado. Escriturao todo o trabalho de anotar dados, arquivar documentos, obter e organizar informaes, como o total das despesas e receitas do ms, a lucratividade por explorao e a rentabilidade da propriedade. bem como os seus resultados. Por isso, necessrio um mtodo para a organizao desses dados. Nas propriedades que j possuem um escritrio com esta finalidade, o trabalho bem simples, necessitando, na maioria das vezes, apenas de algumas adequaes, o que pode ser feito de forma rpida a partir de uma consultaria especializada. Mas no caso daquelas em que no h controle algum, ou quando h dados arquivados de maneira dispersa, o trabalho requer mais mtodo: preciso saber como fazer os lanamentos das despesas e receitas, organizar os controles, avaliar o patrimnio e analisar os indicadores de desempenho. E sobre esta situao que vamos tratar agora. 5.2 - Escriturao da Produo Entre as aes de gesto da empresa rural, est a escriturao da produo. Aliados aos resultados da anlise financeira, os dados da escriturao vo permitir uma avaliao precisa do custo de produo e dos ndices de produtividade, gerando informaes teis ao gerenciamento da propriedade. Estas informaes, organizadas ano aps ano, permitiro ter uma viso clara da evoluo (ou involuo...) dos ndices de produtividade e da eficincia administrativa. exemplos de como estes dados podero ser teis: Dois E a partir da que todos os trabalhos sero desenvolvidos, sejam eles de controle financeiro ou da produo,

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5.3 -Escriturao Financeira A escriturao financeira o controle de todas as despesas e receitas que ocorrem na empresa rural, alm da avaliao de todo o patrimnio envolvido na produo, tais como: terras, benfeitorias, mquinas e animais. Agora, uma sugesto importante: normalmente nas empresas familiares, responsvel pelo gerenciamento da propriedade quem toma todas as decises de compra e venda, acompanhamento da lavoura e dos animais, alm de ser o responsvel direto pelos funcionrios. Nesta situao fica quase impossvel realizar um trabalho to metdico como a escriturao financeira, fato que leva muitas vezes ao insucesso na implantao de um modelo de contabilidade e custos. Assim, o que se sugere que esta funo seja repassada a algum da famlia, pois alm de permitir uma maior constncia no trabalho, a responsabilidade da gesto dividida, coloca os negcios sob conhecimento de outras pessoas, evitando um modelo de gesto extremamente centralizador - e com ele todas as conseqncias negativas que vm junto. A escriturao pode ser dividida quanto ao objetivo: a) escriturao para o fluxo de caixa: neste sistema so lanadas todas as

despesas e as receitas, gerando um saldo mensal, que pode ser positivo ou negativo. b) escriturao para o controle de custos: a diferena dos lanamentos para

composio do custo de produo que as despesas e as receitas so apropriadas para cada atividade em especfico, o que chamamos de apropriao. c) escriturao para a contabilidade: alm dos lanamentos do fluxo de caixa, tambm est envolvida a anlise patrimonial e todos os custos relacionados em fixos e variveis. Com o resultado deste possvel visualizar o desempenho da empresa rural, levando em conta todas as atividades de produo.

O Balano Patrimonial nada mais do que um conjunto de informaes sobre a situao em que se encontra uma empresa num determinado momento. Consiste

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em levantar o patrimnio da empresa rural, fazer o inventrio dos seus bens, direitos e obrigaes, dando valor a tudo. E servir como balano de abertura da atividade do produtor. necessrio tomar conhecimento detalhado do que existe na propriedade, bem como o valor de cada coisa, com a finalidade de permitir a tomada de decises acertadas sobre os itens que requerem tais medidas. O levantamento dos componentes que formam o patrimnio administrvel da empresa deve ser to prximo da realidade quanto possvel, ou seja, determinar o valor dos mesmos. Patrimnio o conjunto de bens, direitos e obrigaes de um produtor rural ou empresa rural, sujeitos a uma administrao, com a finalidade de auferir lucro ou criar renda. BENS Chamam-se bens as coisas capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e que podem ser compradas por valor em moeda. Ex.: Terra, Gado, Maquinaria, Estoque de produtos agrcolas, etc. DIREITOS So direitos, para um produtor rural ou empresa rural, todos os valores que tem a receber de terceiros, sejam pessoas fsicas ou jurdicas, que so clientes, ou que negociam algum produto da empresa rural. OBRIGAES So obrigaes todos os valores que a empresa ou produtor rural estiver devendo a terceiros, sejam eles pessoas fsicas ou jurdicas, que so os fornecedores que venderam a prazo ou que financiaram de alguma forma a empresa rural ou o produtor.

O perodo indicado para a realizao do levantamento poder variar bastante em funo do tipo de atividade envolvida, do ciclo de produo e da necessidade de o produtor obter estas informaes. Salienta-se que este levantamento dever ser realizado no mnimo uma vez por ano, sempre no mesmo perodo, devendo-se optar sempre pelo perodo entre-safra das atividades, e se a empresa for diversificada, deve-se observar a entre-safra daquelas atividades que participam com maior receita para a empresa. Para fins de levantamento patrimonial consideram-se todos os bens mveis e imveis existentes na propriedade, pois a propriedade rural, como um todo, representa uma empresa produtora de bens e servios.

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O levantamento patrimonial engloba todos os itens da empresa rural em estudo e compe-se dos seguintes itens: a) ATIVO CIRCULANTE 1. Caixa/bancos - neste item so totalizados os valores disponveis em caixa (em dinheiro) ou em depsito na(s) conta(s) corrente(s) de instituies financeiras, no momento do levantamento. 2. Aplicaes financeiras - considera-se aqui a soma de valores aplicativos no mercado financeiro com liquidez imediata. 3. Caderneta de poupana - so totalizados neste item os depsitos em cadernetas de poupana, existentes no momento. 4. Contas a receber - aqui so descritos valores que o produtor tem a receber por produtos j comercializados ou servios prestados a terceiros, sendo identificados os devedores, data para receber e valores. 5. Produtos para venda - neste item so descritos todos os produtos estocados e que se destinam venda, citando a descrio do produto, quantidades estocadas, valor unitrio e valor total. 6. Animais para venda - de acordo com os objetivos do produtor, existem animais que so destinados venda ou produo. Neste item citam-se os animais destinados venda, mesmo que no se encontrem prontos para comercializao. 7. Culturas anuais - neste quadro so relatados todos os tipos de lavouras anuais, bem como a rea utilizada. Existem duas maneiras para avaliar as lavouras. Se a lavoura se encontra em perodo inicial, devemos avali-la pelo desembolso realizado e corrigido. Porm, se a lavoura est em fase final, deve avaliar-se pela previso de colheita, com base no histrico da lavoura e no conhecimento do produtor. O valor unitrio considerado deve basear-se no preo mnimo ou preo mdio do mercado, no perodo. 8. Insumos estocados para custeio insumos estocados, quer de produo destinados a custear as lavouras, criaes empresa rural. Os insumos devem ser momento do levantamento. b) REALIZVEL A LONGO PRAZO 1. Contas a receber - devem ser lanados os valores a receber com vencimentos superiores a 360 dias da data do levantamento patrimonial. - neste quadro so relatados todos os prpria ou comprados no mercado, e outras atividades realizadas dentro da avaliados pelo preo de mercado, no

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c) ATIVO FIXO E/OU PERMANENTE 1. Mquinas, motores, veculos, equipamentos - so descritos aqui todos estes itens, desde que estejam relacionados produo. Os mesmos sero discriminados individualmente e avaliados conforme o valor de mercado. 2. Benfeitorias e construes - relacionam-se todas as obras que fazem parte do processo produtivo da empresa, avaliado segundo o tipo de construo, conforme valor do mercado, ou depreciado o valor do investimento de acordo com os anos de uso. 3. Terra - deve ser citado o total da rea prpria da empresa ou propriedade rural, bem como avaliar o valor do hectare de terra nua, de acordo com o padro local. Aps multiplica-se a rea pelo valor unitrio e obtm-se o valor total da terra prpria - este total que deve ser considerado para o balano patrimonial. 4. Animais produtores - relacionam-se os animais que no se destinam venda, no perodo do prximo ciclo de produo. 5. Outros investimentos - citam-se neste quadro aqueles investimentos que, embora no fazendo parte da propriedade, esto relacionados com ela, em alguma parte do processo de produo, comercializao ou industrializao. 6. Insumos estocados para investimentos - relacionam-se neste item todos os insumos estocados que se destinam realizao de melhorias na estrutura de produo da empresa rural ou propriedade rural. 7. Animais de servio - discriminam-se aqui aqueles animais que tm a finalidade de colaborar como fora de trabalho na propriedade, quer como trao, quer na lida de rebanhos. 8. Culturas e pastagens perenes - descrevem-se aqui aquelas culturas e pastagens que no precisam ser semeadas ou plantadas anualmente, ou seja, tm um ciclo de produo que dura dois ou mais anos. Avaliam-se pelo valor do investimento depreciado conforme os anos de vida ou pela produo de massa verde. Considera-se como cultura perene apenas o valor do investimento atual na cultura. d) PASSIVO CIRCULANTE 1. Emprstimo de custeio - so dvidas contradas junto a instituies financeiras com finalidade de adquirir os insumos bsicos para implementar a atividade-fim. Apresentam um prazo curto para pagamento da dvida, geralmente ao fim da safra. Relacionam-se os credores, a data de vencimento do contrato, o valor contratado junto instituio e os encargos financeiros (juros, correo monetria e taxas). 2. Emprstimo de investimento - so dvidas contradas junto instituio financeira com objetivo de ampliar, manter ou iniciar um investimento na empresa

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rural, tais como comprar trator, construir galpo, implantar uma cultura perene, etc. Geralmente, o pagamento a longo prazo e em parcelas, apresentando um perodo de carncia. Citam-se, os valores que devero ser pagos dentro do perodo (parcelaano) e o saldo da dvida. 3. Contas a pagar - nesse item consideram-se todas aquelas dvidas referentes ao sistema de produo. e) PATRIMNIO LQUIDO 1. Capital prprio - pode-se calcular a partir do Ativo Total, descontando-se os valores do total das dvidas. Capital Prprio = Ativo Total - Passivo Exigvel Assim classificados e ordenados esses componentes, temos o Balano Patrimonial, que, em termos prticos, o retrato da propriedade, naquele momento.

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Planificao No se observa variaes em relao as contas do Disponvel, Duplicatas a Receber, Despesas do Exerccio Seguinte; as contas do Passivo e Patrimnio Lquido. Alteraes observam-se na conta: Estoque - que recebem roupagem especial por meio de culturas temporrias; colheitas, etc. Imobilizado - culturas permanentes; benfeitorias no imvel rural; animais de trabalho, etc. Empresa Industrial Balano Patrimonial ATIVO Circulante . Disponvel . Valores a receber . Estoques - Matria prima - Produtos em Elaborao - Produtos Acabados - Almoxarifado . Despesas do Exerccio Seguinte Realizvel a Longo Prazo Permanente . Investimentos . Imobilizado . Diferido PASSIVO Circulante . Fornecedores . Instituies Financeiras . Salrios a pagar . Encargos Sociais . Impostos a Pagar . Contas a pagar . Outros Exigvel a Longo Prazo Patrimnio Lquido . Capital . Reservas . Lucros ou Prejuzos Acumulados

Comparao: Indstria x empresa agrcola Estoques Matria prima I material empregado na fabricao de um produto A produtos que compem a cultura (adubos, sementes, herbicidas...) Produto em Elaborao I produo em andamento A cultura temporria em formao (soja, trigo, milho...) ou colheita em andamento (caf, laranja, cana-de-aucar...)

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Produto Acabado I produto terminado e pronto para venda A produo colhida, produtos agrcolas prontos para venda (soja, milho, caf...) Almoxarifado I ou A estoque de materiais para consumo que no compe o produto ou a cultura, mas utilizado para outras finalidades (combustvel, lubrificantes, material escritrio, ferramentas...) Imobilizado Cultura Permanente em Formao (caf, ma, pssego ...) Pode ser realizado um controle por cultura. Ex. Caf (adubao, formicidas, sementes/mudas, mo de obra ...) Cultura Permanente Formada (pastos naturais, pastos artificiais, caf, goiaba ...) Terras ( Area de explorao, area florestal ...) Benfeitorias na propriedade (terreiro cimentado, canais de irrigao, poos, estradas, audes, cercas ...) Edifcios e Construes (casas para administrao, casas para colonos, escolas ...) Animais de Trabalho (cavalo, burros, jumentos ...) (-) Depreciao, exausto Diferido Gastos pr operacionais Melhorias (destocamento, desmatamento, terraplenagem ...) (-) amortizao Operacionalizao do Plano de Contas Inventrio processo de verificao de existncias na empresa: mercadorias, materiais, produtos, bens do imobilizado, contas a receber e a pagar. O mais comum nos estoques. Existindo os mtodos: Permanente e Peridico. Permanente qualquer alterao no estoque registrado pela Contabilidade (os grandes supermercados e hipermercados utilizam este processo diretamente na registradora)

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Peridico o inventrio ao fim de cada perodo contbil. Aquelas empresas que fazem contagem fsica dos estoques). No inventrio peridico o Custo dos Produtos Vendidos assim determinado: EI + Compras do exerccio + Mo-de-obra + outros custos agrcolas EF Entre os dois mtodos, o melhor para a atividade agrcola, o permanente, pois a qualquer momento pode-se saber o custo da Cultura Temporria ou da Colheita em andamento. Sistema Auxiliar de Contas Cultura ou Colheita em Andamento (controla por cultura) Cultura Temporria Soja Insumos Sementes Adubos ... Material Consumido (sementes, fungicidas ...) Mo-de-obra (salrios, 13., frias ...) Outros Custos Agrcolas (depreciao, exausto, seguros ...) Produtos Agrcolas Soja Beneficiamento Acondicionamento

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6 - FLUXO CONTBIL NA ATIVIDADE AGRCOLA 6.1 - Culturas Temporrias sujeitas ao replantio aps a colheita perodo de vida curto aps a colheita so arrancadas dando espao para novo plantio so conhecidas como cultura anual exemplos: soja, milho, feijo, arroz, batata, legumes. So contabilizadas no Ativo Circulante, onde os custos so acumulados numa subconta com o ttulo especfico da cultura em formao (arros, feijo, milho, trigo, cebola... ) da conta Culturas Temporrias em Formao.

Consideram-se custo de cultura todos os gastos identificveis direta ou

indiretamente com a cultura (ou produto), como sementes, adubos, mo-de-obra (direta ou indireta), combustvel, depreciao de mquinas e equipamentos utilizados na cultura, servios agronmicos e topogrficos, outros.

Entendem-se como despesa do perodo todos os gastos no identificveis

com a cultura, no sendo acumulados no estoque, mas apropriados como despesa do perodo. Cita-se despesas de vendas (propaganda, comisso de vendedores...), despesas administrativas (honorrios dos diretores, pessoal de escritrio ...) e despesas financeiras (juros, correo monetria...). Quando se tratar de uma nica cultura os custos so apropriados diretamente, entretanto quando da existncia de vrias culturas necessrio o rateio dos custos s culturas.

Todos os custos so acumulados at a colheita na conta Culturas

Temporrias em Formao e aps o trmino da colheita, essa conta ser baixada pelo seu valor de custo e transferida para uma nova conta, Produtos Agrcolas, sendo especificado como sub-conta, o tipo de produto (soja, milho, batata...) conta de Produtos Agrcolas sero somados todos os custos posteriores colheita (para acabamento do produto ou para deix-lo em condies de ser vendido, consumido ou reaplicado, como beneficiamentos, acondicionamentos) e todos os custos para manuteno desse estoque: silagem, congelamento.

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medida que a produo agrcola for vendida, proporcionalmente baixa-se da conta Produtos Agrcolas transferindo o valor do custo para a conta Custo do Produto Vendido (resultado), especificando o tipo de produto agrcola vendido (trigo, tomate, abbora...)

Os gastos de armazenagem do produto agrcola totalmente acabado at a

sua efetiva venda so tratados como despesa de vendas e no custo do produto.

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FASE DA CULTURA TEMPORRIA FORMAO Plantio, adubao, sementes, calcrio, mo-de-obra, irrigao, herbicidas, produtos qumicos...

REGISTROS CONTBEIS

ATIVO CIRCULANTECULTURA TEMPORRIA

Tipo de Plantao XXXXA contrapartida desses lanamentos ser normalmente Disponvel, Contas a Pagar, Depreciao Acumulada...

COLHEITA Mo-de-obra, combustvel da colheitadeira...

XXX YYYY YYYY

ATIVO CIRCULANTE PRODUTOS AGRCOLAS Tipo de Produto

PRODUTOS COLHIDOS Beneficiamento, acondicionamento...

YYYY VVVV XXXX XXXX

VENDA DO PRODUTO Transferem-se Produtos Agrcolas para o Custo do Produto Vendido

DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO Receita (-) CPV Lucro Bruto LLLL (XXXX) SSSS

DESPESAS DO PERODO De Vendas, Administrativas eFinanceiras

(-) Desp. Operacional Vendas Administrativas Financeiras Lucro Operacional

(aaaa) (bbbb) (cccc) TTTT

Lanamentos Contbeis Pela formao at a colheita D Cultura Temporria em Formao C Disponvel, Contas a Pagar, Depreciao No encerramento da colheita D Produtos Agrcolas C Cultura Temporria em Formao Pela Venda D Disponvel, Contas a Receber C Venda dos Produtos Agrcolas Pela apurao do resultado D Custo dos Produtos Vendidos C Produtos Agrcolas Perdas Extraordinrias D Despesas no Operacionais C Culturas Temporrias

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6.2 - Culturas Permanentes permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produo. durao mnima de quatro anos. Exemplos: cana-de-acar, citriculturas, cafeicultura, frutferas... So contabilizados no Ativo Permanente Imobilizado na conta Cultura Permanente em Formao, especificando o tipo de cultura (pssego, caf, pastagem...) Os custos diretamente identificveis a cultura (custos de cultura) como: adubao, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mo-de-obra, encargos sociais, manuteno, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, servios de terceiros, sementes, mudas, irrigao, produtos qumicos, depreciao de equipamentos utilizados na cultura, outros. As despesas administrativas, de vendas e financeiras so consideradas despesas do perodo. Aps a formao da cultura, que pode levar vrios anos (antes da primeira florada ou produo, do primeiro ciclo de produo ou maturidade) transfere-se o valor acumulados da conta Cultura Permanente em Formao para Cultura Permanente Formada . Lanamentos Contbeis Formao da Cultura D Cultura Permanente em Formao C Disponvel, Contas a Pagar Trmino da Formao D Cultura Permanente Formada C Cultura Permanente em Formao

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ATIVO PERMANENTE

PREPARO DO SOLO Destoca, limpeza, roada, gradeao, drenagem ... ADUBAO E PREPARO DO PLANTIO Sulcagem, coveamento, alinhamento, marcao, estaqueamento, adubao bsica e outros produtos.

caf, ou seringueira, ou laranja, ou ma, ou Banana, ou cana, ou ............... ou

PLANTIO Canteiros, sementes, mudas, plantio, replantio, enxertia, transplante, embalagem de mudas, transplante de mudas... IRRIGAO Rega, transporte de gua, consumo de energia eltrica ... TRATAMENTO FITOSSANITRIO Servio de agrnomo e de terceiros, tratamento do solo, capina, combate formiga, herbicida, fungicida ... MANUTENO NO PERODO DE CRESCIMENTO Poda, raleao, desbroto e outros ...

CULTURA EM FORMAO Tipo de plantao XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX YYYYYYA contrapartida desses lanamentos ser Disponvel ou Contas a Pagar

YYYYYY

CULTURA PERMANENTE FORMADA

O saldo da cultura em formao transferido para Cultura Formada.

Neste estgio, a plantao atingiu sua maturidade e est em condies de produzir. Esboa-se a primeira colheita, a primeira produo.

CULTURA FORMADATipo de plantao YYYYY

Com a formao da cultura, a preocupao passa a ser a primeira colheita. Todos os custos necessrios para a realizao da colheita: mo-de-obra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicao de herbicida, desbrota, raleao), produtos qumicos (para manuteno da rvore, das flores, dos frutos...), custo com irrigao (energia eltrica, transporte de gua, depreciao de motores...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, servios de terceiros, outros, so lanados em conta denominada Colheita em Andamento. Tambm ao custo da colheita adicionado a depreciao (ou exausto) da Cultura Permanente Formada, sendo consideradas as quotas anuais compatveis com o tempo de vida til de cada cultura. A Depreciao podendo ser iniciada por ocasio da primeira colheita. Os custos indiretos rateados e apropriados Cultura Permanente em Formao, conforme sua atribuo para essa cultura. Podendo ser utilizado o nmero de horas que o trator da fazenda destinou especificamente cultura em anlise; o nmero de horas que determinados funcionrios estiverem disposio da cultura em formao, e assim sucessivamente. As perdas extraordinrias a que esto sujeitas as culturas, como as decorrentes de incndios, geadas, inundao, granizo, tempestades, secas e outros eventos desta natureza, provocam perdam de capacidade parcial e, em alguns casos, at total e devem ser baixadas do Ativo Permanente e ser considerada como perda do perodo, indo diretamente para o Resultado do Exerccio, mesmo que tal perda esteja coberta por seguro, no importando se culturas formadas ou em formao. Essas perdas sero classificadas como Despesas no Operacionais. Existindo perdas que no caracterizem perdas extraordinrias, que sejam perdas normais, inerentes prpria plantao, sendo previsveis, fazendo parte da expectativa da empresa, faro parte do custo dos produtos agrcolas (no sendo baixado como perda extraordinria). Gastos que aumentem a vida til da plantao, incrementando sua capacidade produtiva, devem ser adicionados ao valor da cultura formada para serem depreciados at o final da vida til da cultura. As despesas financeiras decorrentes de um financiamento para capital de giro devem ser lanadas atendendo o princpio da Realizao da Receita em Confronto32

da Despesa, assim so registradas quando forem regsitradas a colheita e venda da safra para a qual foi efetuado o financiamento. Somente pode falar em depreciao em caso de empreendimento prprio da empresa e do qual sero extrados os frutos. Exemplos: ma, pssego, caf... Exausto no tem a extrao de frutos mas a prpria rvore ceifada ou extrada do solo. Exemplo: cana-de-acar, pastagem... A amortizao reservado para os casos de aquisio de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriando-se o custo desses direitos ao longo do perodo determinado, contratado para a explorao. Gastos com desmatamento, destocamento, terraplenagem, desvios de leitos de rios e crregos, irrigao, nivelamento, outros; So lanados como melhorias em Ativo Diferido. Amortizao no perodo mximo de 10 anos e mnimo de 5 anos. Receita resultante de desmatamento lanada como recuperao do custo, abatendo o gasto de melhorias. Se as culturas existentes so todas permanentes, havendo mais de 5 colheitas, os gastos com melhorias podem agregar a Cultura Permanente em Formao. Lanamento Contbeis Perodo de Formao do Produto D Colheita em Andamento C Disponvel, Contas a Pagar, Depreciao Trmino da Colheita D Produtos Agrcolas C Colheita em Andamento Pela Venda D Disponvel, Contas a Receber C Venda de Produtos Agrcolas Pela Apurao do Resultado D CPV C Produtos Agrcolas

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Perdas Extraordinrias D Despesas no Operacionais C Culturas Permanentes Formadas

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CULTURA PERMANENTE COLHEITA AT A VENDA

REGISTROS CONTBEIS

PERODO DE FORMAO DO PRODUTO (e no da planta que o Ativo Permanente) PODA/ FLORAO HERBICIDA/ INSETICIDA + RALEAO/ DESBASTES + COLHEITA + CUIDADOS AGRNOMICOS/ IRRIGAO

ATIVO CIRCULANTE COLHEITA EM FORMAO Tipo de Plantao XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXXA contrapartida desses lanamentos ser normalmente Disponvel, Contas a Pagar, Depreciao Acumulada.

YYYYY

PRODUTOS COLHIDOS Beneficiamento, acondicionamento ...

ATIVO CIRCULANTE PRODUTOS AGRCOLAS Tipo de Produto YYYY VVVV XXXX XXXX

VENDA DO PRODUTO Transferem-se Produtos Agrcolas Para o Custo do Produto Vendido

DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO Receita (-) CPV LLLL (XXXX)

DESPESAS DO PERODO De Vendas, Administrativas Financeiras

Lucro Bruto SSSS (-) Desp. Operacional Vendas (aaaa) Administrativas (bbbb) Financeiras (cccc)

Lucro Operacional 6.3 - Depreciao - Cultura depreciao significa desgaste do bem.

TTTT

As culturas permanentes so passveis de depreciao em caso de empreendimento prprio da empresa e do qual sero extrados os frutos. Os custos de aquisio ou formao da cultura depreciado em tantos anos quantos forem os de produo de frutos. Somente pode falar em depreciao em caso de empreendimento prprio da empresa e do qual sero extrados os frutos. Exemplos: ma, pssego, laranja, caf... Um cafeeiro produz gros de caf (frutos), mantendo-se a rvore intacta, incidir a depreciao. Na cultura do ch, o desbastamento das folhas considerado depreciao pois a folha o produto final e no a rvore, o caule. O mesmo ocorre com a bananeira, que, aps produzir o cacho de bananas, tem seu tronco cortado, da a depreciao. Qual a taxa de depreciao a ser utilizada ? Pode ser respondida por agrnomos, tcnicos em agronomia ou pelos prprios agricultores que conhecem a vida til ou o nmero de anos de produo da rvore, que varia no s em funo do tipo de solo, clima, manuteno, mas tambm em virtude da qualidade ou tipo de rvore. O prprio I.R., possivelmente considerando estas variveis, no define taxas. Ressalta-se, todavia, que o IR assegura empresa o direito de computar a quota efetivamente adequada s condies de depreciao de seus bens, desde que faa a prova da vida til do bem determinado. Exemplo: Se uma videira na regio de Valinhos-SP, produzir frutos, em mdia, durante 15 anos, a taxa de depreciao mdia anual ser de 6,67% (100 / 15 anos) Mtodo de depreciao linear. Mtodo da soma dos dgitos dos anos depreciao acelerada que leva em considerao no apenas a obsolescncia, mas tambm o incremento de utilizao de um ativo no incio. No incio da vida de um ativo, o consumo provavelmente maior do que em qualquer outra poca. SA = N (N+1) 2 Onde: SA = soma dos anos N = Nmero de anos36

SA = 4 (5) = 10 2 1. ano 2. ano 3. ano 4. ano = = = = 4/10 = 3/10 = 2/10 = 1/10 = 40% X 30% X 20% X 10% X 100.000 100.000 100.000 100.000 = = = = 40.000 30.000 20.000 10.000

Mtodo das taxas decrescentes depreciao do bem em cotas decrescentes e que leva, tambm, em considerao o aumento do uso nos primeiros anos de vida til. A forma mais comum de depreciao pelo saldo decrescente a taxa dobrada sobre o saldo do valor do bem, isso significa dobrar a taxa do mtodo de linha reta. Aplicao do mtodo para um bem com vida til de cinco anos, taxa de depreciao de linha reta de 20% ao ano e com um custo original de $ 5.000. C = F X SVB Onde: C = Cota F = Fator SVB = Saldo Valor Bem ANO 1 2 3 4 5 FATOR 40% 40% 40% 40% 40% SVB 5.000 3.000 1.800 1.080 648 COTA 2.000 1.200 720 432 259

Pode-se calcular a taxa de depreciao de acordo com a produo estimada da cultura permanente (mtodo das taxas variveis). Admitindo-se colher 1.000.000 de caixas de uva de determinada videira, cuja produo do primeiro ano foi de 70.000 caixas, a depreciao, ser de 7% (70.000 / 1.000.000) e variar anualmente. O uso deste mtodo tem as seguintes caractersticas: - tem menos custo de depreciao nos anos de safras ruins; - de no haver reduo excessiva no lucro (prejuzo) evitando grandes oscilaes nos resultados no decorrer de vrios anos. - a depreciao no ano de maior produo ser maior. 6.4 - Depreciao Implementos Agrcolas

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umas das grandes dificuldades determinar o custo dos equipamentos agrcolas utilizados na cultura agrcola. atribuir o custo de reposio de peas (que aumenta a vida til do trator imobilizado) ou custo dos dias parados por defeito ou quebra, cultura que na ocasio era beneficiada pelo equipamento. Dias parados deve ser lanado com tempo improdutivo (custo indireto) e rateado entre as diversas culturas e criao do perodo. Quando o tempo de paralisao grande dever ser registrado como perdas. No clculo da depreciao, pela legislao fiscal, so apropriados entre as diversas culturas, o valor encontrado pelo percentual em relao aos anos de vida til e o custo do equipamento. analisando verifica-se que esta forma de apropriao no considera as paralisaes em virtude de entre-safra, chuvas, geadas, ociosidade. Para tanto o ideal seria a apropriao da depreciao em decorrncia do uso efetivo dos equipamentos s culturas, atravs da estimativa de nmero de horas de trabalho do equipamento, em vez da quantidade de anos de vida til. 6.5 - Exausto relaciona-se com a perda de valor dos bens ao longo do tempo, decorrentes de sua explorao. Representa a perda de valor, pela utilizao, de uma lavra (lavoura), jazida pu reserva florestal. Toda cultura, da qual extrado o caule, permanecendo a razi para formao de novas rvores, sofrer exausto. Exausto no tem a extrao de frutos mas a prpria rvore ceifada ou extrada do solo. Exemplo: cana-de-acar, reflorestamento, pastagem... No caso de cana-de-acar a quota de exausto anual ser admitindo-se 4 cortes, de 25% ou 3 cortes, 33,33%. Supondo-se que toda a extrao ocorra dentro do exerccio social, basta multiplicar o percentual de 25% pelo custo de formao da cana-de-acar. Se o exerccio social terminar antes do trmino do ano agrcola, ou seja, a colheita no est terminada por ocasio do final do exerccio social, h necessidade de calcular o percentual do volume ou a quantidade extrada em relao cultura total. Para tanto existe a necessidade de termos os seguintes dados: 1. quantidade de cortes38

2. produo por corte (unidade, rea plantada, peso ...) 3. produo no perodo 4. valor de aquisio ou formao (custo de recomposio natural para pastagens). Critrios/Cultura 1. 2. 3. 4. Reflorestamento 4 - 25% 12.500 un 6.000 un 125.000 cana-de-acar 4 - 25% 2.800 hectares 1.400 hectares 50.000 Pastagem 18 - 5,56% 50.000 t 150.000 t 20.000

Resultaro os seguintes clculos: Exausto por Corte Extrao do perodo Exausto do perodo Resultado 125.000 * 25% 31.250 6.000/12.500 48% 31.250 * 48% 15.000 50.000 * 25% 12.500 1.400/2.800 50% 12.500 * 50% 6.250 20.000 * 5,56% 1.112 150.000/50.000 300% 1.112 * 300% 3.336

6.6 - Amortizao A amortizao reservado para os casos de aquisio de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriando-se o custo desses direitos ao longo do perodo determinado, contratado para a explorao. Gastos com desmatamento, destocamento, terraplenagem, desvios de leitos de rios e crregos, irrigao, nivelamento, outros; So lanados como melhorias em Ativo Diferido. Amortizao no perodo mximo de 10 anos e mnimo de 5 anos. Receita resultante de desmatamento lanada como recuperao do custo, abatendo o gasto de melhorias. Se as culturas existentes so todas permanentes, havendo mais de 5 colheitas, os gastos com melhorias podem agregar a Cultura Permanente em Formao. So exemplos: 1. os gastos pr-operacionais referentes implantao de novas fazendas. So os gastos no acumulveis no Ativo Imobilizado, tais como os administrativos financeiros;39

2. gastos com pesquisas cientficas ou tecnolgicas referentes parte gentica, biolgicas e experimentaes concernentes a plantaes e animais; 3. gastos com melhorias no solo que propiciam incremento na capacidade produtiva, tais como desmatamento, corretivos, destocamento, nivelamento ... suponha-se que determinada empresa de exportao de suco de laranja, adquira o direito de colheita de um pomar, durante trs anos. A empresa adquirente registrar o custo de aquisio no Ativo Imobilizado e far a amortizao de 1/3 por colheita, distribuindo o custo desses direitos ao longo do perodo de trs anos, contratados para a explorao.

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8 - PECURIA CONCEITOS PRELIMINARES Pecuria a arte de criar e tratar gado. Gados so animais geralmente criados no campo, para: servios de lavoura consumo domstico fins industriais ou comerciais

Exemplos de gado: bovinos, sunos, caprinos, eqinos, ovinos, muares etc. Os bovinos, tambm chamados Gado Vacum, vo servir s seguintes finalidades: o trabalho o reproduo o corte e leite. A atividade escolhida (bovina de corte) poder conter as outras finalidades (trabalho, reproduo e leite), que sero abordadas como acessrias. 8.1 - Sistemas de Produo Os sistemas de produo (manejo) do bovino podem ser divididos basicamente em extensivo e intensivo. Sistema Extensivo Animais mantidos em pastos nativos, na dependncia quase exclusiva dos recursos naturais; Normalmente sem alimentao suplementar (rao, sal, etc.); Sem cuidados veterinrios constantes; Ocorre em grandes glebas de terras; Produtividade baixa. Sistema Intensivo Formao de pastagens artificiais, com forrageiras adequadas regio. Diviso dos pastos em piquetes propiciando rodzio do gado (permite repouso e recuperao das pastagens). Melhoria das condies de alimentao (arraoamento, sal, minerais etc.), associando pasto + suplementao, ou pasto + confinamento.41

Melhoria das condies higinico-sanitria. Introduo de novas raas produtivas, adequadas regio, em substituio aos gados nativos. Em sntese, tecnologia e assistncia tcnica esto mais presentes, proporcionando diminuio da rea til necessria com conseqente aumento da produtividade, elevao da rentabilidade e reduo do prazo de retorno do capital investido. 8.2 - Especializao das Empresas Pecurias Existem trs fases distintas, na atividade pecuria de corte, pelas quais passam o animal que se destina ao abate: a)Cria. A atividade bsica a produo e a venda de bezerros, que s sero vendidos aps o desmame. Normalmente, a matriz (em poca de boa fertilidade) produz um bezerro por ano. b)Recria. A atividade bsica , a partir do bezerro adquirido, a produo e a venda do novilho magro para engorda. c)Engorda. A atividade bsica , a partir do novilho magro adquirido, a produo e a venda do novilho gordo. H empresas que, pelo processo de combinao das vrias fases, obtm at seis alternativas de produo (especializaes): Cria. Cria-recria. Cria-recria-engorda. Recria. Recria-engorda. Engorda.

8.3 - Pastagem Lugar onde pasta (come erva no ceifada) ou pode pastar o gado. uma das partes mais importantes do planejamento agropecuria, uma vez que a boa pastagem contribuir, em conjunto, para a melhoria da qualidade do gado, para o alto rendimento do projeto. Basicamente, h dois tipos de pastagem: a natural e a artificial. Pastagem natural o pasto nativo (reas no cultivadas) do qual se aproveita o potencial natural (campos, cerrados, capins naturais etc.). Geralmente so reas de boa cobertura vegetal e que no apresentam grandes problemas de eroso. Este tipo de pasto sofre melhoramentos espordicos (criao extensiva).

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Pastagem artificial aquela formada por pastos cultivados. Considerada uma cultura como qualquer outra; portanto, recebendo todos os cuidados que a uma cultura so dispensados , como: preparo do solo, terraceamento, drenagem, adubao, plantio, corretivos etc. As principais forrageiras utilizadas nos pastos artificiais so: -Gramneas: capim colonio, capim gordura, capim jaragu, capim pangola, outros capins e cereais. -Leguminosas: alfafa, soja perene, siratro, carrapicho, beio de boi etc. -Cactceas: palma, mandacaru, xiquexique etc. -Outras: mandioca, suplementar). batata-doce etc. (Nesses casos, como alimentao

8.4 - Tipos de Pastoreio (Pastejo) Basicamente, h dois tipos de pastoreio: em rodzio e contnuo. Pastoreio em rodzio (Mtodo Voisin) Em determinado momento interrompe-se o pastoreio para manter o pasto em repouso por certo tempo. Esta tcnica moderna torna-se possvel dividindo-se uma grande rea em piquetes (que so identificados por um nmero), em seguida, introduz-se o pastoreio rotativo. Pastoreio contnuo Ao contrrio do pastoreio em rodzio, o contnuo aquele em que o gado mantido permanente e ininterruptamente num mesmo pasto (com lotao durante o ano todo).

Tanto no pastejo em rodzio como no contnuo usual separar os animais em lotes distintos, conforme as categorias do rebanho. Assim, teremos um lote de vacas em cria, outro de animais de engorda, outro de vacas grvidas etc. Um dos aspectos fundamentais no pastejo (em rodzio ou contnuo) o planejamento do nmero de cabeas por hectare, para que no haja excesso de animal para a pastagem disponvel, ou vice-versa, visando dessa forma a uma maior43

produtividade. Da a preocupao dos pecuaristas em calcular a densidade mdia das pastagens, em termos de unidade animal e de cabea por hectare, determinando a lotao ideal do pasto. Com o objetivo de transformar animais de diferentes categorias em uma unidadepadro e para isso determinar a lotao de animais por hectare utilizam-se certos pesos com base no consumo de alimento. Os pesos so, conforme a Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral da Secretaria da Agricultura do Estado de So Paulo: Touro: Vaca: Novilho (1 a 2 anos): Novilho (2 a 3 anos): Novilho (+ de 3 anos): Novilha (1 a 2 anos): Novilha (+ de 2 anos): Bezerro (at 1 ano): 8.5 - Instalaes Curral: Lugar onde se junta e recolher o gado para trabalhos de rotina, tais como castrao, vacina, aplicao de vermfugos, desmama, marcao, separao de acordo com idade, sexo e utilizao funcional (reprodutores, matrizes, garrotes etc.). Curraletes: Diviso interna do curral em seces. No curral ainda se encontra o brete, que um corredor por onde os animais passam, um a um, permitindo o exame individual ou os trabalhos de vacinao e marcao, alm da apartao, no momento da sada, para o curralete determinado. Galpo para ordenha: Embora nossa abordagem se restrinja ao gado de corte, comum nessa atividade, o aproveitamento de certa quantidade de leite das vacas de cria (matrizes). Para isso existe o galpo para ordenha, que um corredor, elevado (+ 70 cm) do nvel do solo, com divises internas, que permitem a ordenha de diversas vacas ao mesmo tempo. Ressalte-se que h outras formas de galpo para ordenha. Este galpo pode, em alguns casos, ser substitudo pelo prprio curral ou pelo estbulo. Estbulo: Lugar coberto onde se recolhe o gado. Mais utilizado para ordenha, embora sem as mesmas condies higinicas apresentadas pelo galpo. 1,20 1,00 0,60 0,80 1,00 0,60 0,80 0,20

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Galpes: Alm de abrigarem os animais, so utilizados para o arraoamento em regime de engorda confinada; para guarda e preparo da rao; para guarda de equipamentos diversos, tais como: mquinas agrcolas, tratores, arados, roadeiras, ferramentas, motores, bombas hidrulicas etc. Cerca: As cercas devem ser funcionais e econmicas. Os tipos mais comuns so: cercas de arame liso e de arame farpado. Cocho de sal: Composto geralmente de duas reparties, para facilitar a distribuio de sal mineral.

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8.6 - Alimentao Alimentao no pasto (pastejo direto), atravs do pastoreio contnuo ou rotativo. Atravs do corte e distribuio das forrageiras no estbulo ou curral. Colhendo a forragem em capineiras evitam-se inconvenientes tais como pisoteios, com a vantagem de poder enriquec-la e faz-la render mais mediante emprego de adubaes qumicas e orgnicas As capineiras representam uma forma de reserva para os perodos de seca e para o inverno. O excesso de capim de pastos e capineiras, bem como outras forrageiras, podem ser utilizados em silagem e em fenao. Silagem Constitui o mtodo clssico de armazenamento e conservao do excesso de forragens obtido no perodo das guas e em culturas apropriadas. Os silos so de alvenaria (mais dispendiosos) ou tipo trincheira (escavaes no sentido do declive do terreno com bordos rampados). Neste ltimo, a forragem bem comprimida, para a eliminao do ar, utilizando-se tcnica adequada. Fenao Consiste no dessecamento (desidratao) da planta; a perda do excesso de gua d-se naturalmente, pela exposio da planta cortada ao sol, ou mecanicamente. Alm das forrageiras, o gado, sobretudo aquele que depende de pastagem artificial (na pastagem natural a diversificao de forrageiras atende geralmente s exigncias do organismo), necessita de aditivos alimentao (nutrientes), tais como sal e minerais, vitaminas, hormnios, tranqilizantes, farinha de osso etc. Um dos problemas relativos alimentao do gado o fornecimento de protena, que suprido a baixo custo, pela uria (complementao com protena bruta; concentrado de nitrognio, com base em resduo de petrleo), no arraoamento do gado. 8.7 - Reproduo um fenmeno biolgico cuja finalidade dar continuidade multiplicao da espcie. O estudo da gentica de suma importncia para os criadores de gado em geral, pois propicia o conhecimento do mecanismo de transmisso de fatores de aprimoramento hereditrio; dessa forma, consegue-se que geraes vindouras sejam de mais alta qualidade e, ainda, de melhor rendimento. Portanto, o acasalamento de reprodutores no deve ser ao acaso, mas manipulado, planejado.46

Os mtodos de reproduo, geralmente encontrados so: a)Seleo. Efetua-se o acasalamento de bovinos previamente escolhidos dentro do plantel, tendo em vista suas caractersticas raciais, sua produtividade, as qualidades a serem perpetuadas etc. Enfim, visa e elevao do nvel qualitativo nas sucessivas geraes. b)Consanginidade. Consiste no acasalamento de animais de grau de parentesco muito prximo como pai-filha ou pai-neta, ou filho-me etc., com o objetivo de apressar o aperfeioamento de uma raa. c)Cruzamento. o mtodo de reproduo em que intervm animais da mesma espcie, mas de raas diferentes. d)Outros mtodos: mestiagem, cruzamento contnuo etc. De acordo com os mtodos de reproduo tm-se: -Gado puro: gado de raa, controlado genealogicamente por certificado de origem; h o puro de origem (PO) e o puro por cruzamento (PC). -Gado mestio: gado de raas misturadas (raas no definidas). No Brasil, h diversos grupamentos raciais, tais como: Zebuna (Nelore, Gir etc.), Indubrasil, Guzer.

8.8 - Formas de Reproduo Atravs do reprodutor A seleo de um reprodutor (touro) exige o mximo cuidado, alm de um estudo acurado da parte do criador, cujo objetivo deve ser sempre adequar uma raa com bons ndices de produtividade e que se assimile regio. Na criao extensiva exige-se uma quantidade maior de touros para atender a certo nmero de vacas (matrizes), o que no acontece na criao intensiva, graas inexistncia de grandes distncias a serem percorridas. Isto impede a disperso do rebanho e facilita, assim, a procriao. Atravs da inseminao artificial Consiste na introduo mecnica do smen no trato genital da fmea, durante o perodo do cio (perodo do apetite sexual e da fertilidade da fmea). a) Algumas vantagens da inseminao artificial Torna acessvel aos criadores a utilizao de machos de elite, cuja aquisio seria invivel, em virtude dos altos preos alcanados pelos mritos genticos, dos riscos47

que possam correr em certas regies inspitas, das condies climatolgicas pouco favorveis. Permite fecundar um nmero de fmeas muitas vezes maiores do que o seria pela cobertura (monta) natural. Permite restringir os riscos da disseminao de molstias infecciosas, especialmente as do aparelho reprodutor. Facilita o acasalamento de animais, cuja diferena de tamanho muito acentuada, e a utilizao de touros que se tornaram incapazes de realizar a cobertura. A fertilidade do rebanho (para macho e fmea) constitui um dos pontos que devem merecer a ateno do criador. Dele depende o desfrute do rebanho e, conseqentemente, a rentabilidade da explorao. A constatao de uma fertilidade imperfeita levar o criador a descartar o animal do seu rebanho permanente, destinando-o comercializao ou a consumo na prpria fazenda. b) Limitaes da inseminao artificial Escassez de pessoal especializado na superviso (veterinrio), elaborao, anlise de dados e orientao de inseminao. Visualizao eficiente do cio, principalmente em grandes rebanhos. Abastecimento peridico dos botijes com nitrognio lquido, notadamente em propriedades mais distantes dos grandes centros possuidores de tal estrutura. c) Anotaes no ato da inseminao muito importante que haja um sistema de controle no ato da inseminao, cujas anotaes devero ser feitas em fichas individuais, ou por lotes de manejo, ou por dia de servio. Devero constar de tais fichas: Identificao da matriz (nmero do animal, ou brinco, ou data) Identificao do reprodutor, data e hora da cobertura, idade aproximada da matriz, raa, data para o primeiro diagnstico de gestao, poca provvel do parto, nmero de piquete onde se localiza etc. Registro genealgico de produtos de inseminao artificial. necessrio que os criadores interessados no registro genealgico, que possuem rebanho P.O. (puro de origem) e P.C. (puro por cruzamento) e que adotam o processo de inseminao artificial, obtenham o certificado de compra de smen, emitido pela associao especfica.

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Tal certificado permite no s o controle do smen de determinado touro, utilizado em inseminao artificial, como tambm o controle do servio de inseminao de cada produtor associado.

8.9 Diviso do Rebanho em Categorias A diviso dos bovinos em grupos obedece aos seguintes critrios: finalidade, sexo, idade e peso. A separao dos bovinos de acordo com a sua categoria constitui um bom indicador do nvel de manejo do gado (registro de cobertura, nascimento, vacinao etc.), permitindo um eficiente controle da pastagem. Classificao por Idade a) Bezerro Ao recm-nascido da vaca denomina-se bezerro (a), que pertencer a esta classificao normalmente at o desmame. Etapas de manejo do bezerro O desmame uma operao de manejo que tem a finalidade de beneficiar a matriz; procura-se, contudo, no prejudicar o bezerro (desmamar precocemente). A descorna geralmente efetuada com a idade de 10 a 15 dias, usando-se ferro quente ou produtos qumicos. A pesagem recomendvel assim que os animais nascem e por ocasio da desmama. uma informao til para certos sistemas de avaliao contbil e para controle. A marcao dos animais obedece s seguintes finalidades: marca da fazenda, identificao do animal e vacinao. Outras marcaes podero ser feitas relativamente ao nmero de ordem ou registro do animal, correspondente ao controle da fazenda, para efeito de seleo, controle de fertilidade ou para registro genealgico. Castrao. Recomenda-se que a castrao seja feita a faca, no final da estao de nascimento, englobando animais desde poucos dias at quatro meses de idade. Se houver algum interesse na manuteno do bezerro para touro, no devero ser cortados os seus rgos reprodutores. Para fins contbeis, considera-se bezerro de zero a 12 meses de idade, mesmo que o desmame no ocorra no 12o ms. Pode-se, para aperfeioar o processo de avaliao, dividir esta categoria em bezerro de zero a 6 meses e bezerro de 7 a 12 meses.

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Por ocasio do desmame, geralmente o at ento bezerro passa a ser denominado novilho, e a bezerra, novilha. b) Novilha Para fins contbeis, faz-se uma distino entre as novilhas de 13 a 24 meses e as novilhas de 25 a 36 meses, sendo que nesta ltima diviso se encontram tambm novilhas em experimentao para matriz. Pode-se, de acordo com a necessidade, estabelecer uma terceira de diviso de 37 a 48 meses e assim por diante. Como na categoria de bezerros, para uma avaliao do rebanho mais perfeita, poder-se-ia tambm distribu-las em faixas etrias semestrais. c) Vaca (Matriz) Aps a primeira pario, a novilha passa para a categoria de vaca (fmea adulta j parida) ou matriz. Assim, a novilha em experimentao, se apresentar bom desempenho, passar a categoria de matriz. d) Novilho Estgio do desmame ao abate. O abate deve ocorrer quando o ganho de peso no for mais compensatrio em relao ao custo da manuteno do novilho. Este ponto timo de venda varia consideravelmente em relao regio, raa, tecnologia empregada etc. geralmente, a idade de abate varia entre dois e cinco anos, tendo como principal varivel a suplementao alimentar, sobretudo no perodo de escassez. A obteno de altos ganhos no perodo de escassez pressupe a necessidade de altos investimentos em pastagens cultivadas, em silos, em capineiras e, neste caso, muitos produtores no dispem de recursos e/ou no esto dispostos a realizar grandes investimentos numa atividade que, para alguns, apresenta perspectivas pouco definidas. A falta de controle e de um planejamento mais acurado por parte do pecuarista, de maneira geral, fator preponderante, no sentido de que dificulta o investimento em suplementao alimentar. Por exemplo, poucos pecuaristas sabem responder qual o ganho mdio dirio de peso do novilho, na escassez, decorrente da suplementao. Dessa forma, torna-se difcil observar a viabilidade do investimento. A falta de investimento bsico, aliada s condies de clima e solo, estado sanitrio e nvel zootcnico do rebanho, propiciam ao Brasil uma baixa taxa de desfrute do rebanho (evidencia a produtividade do rebanho, exprimindo sua capacidade de gerar excedente para o rebanho). H pases que, com rebanhos menores que o do Brasil, conseguem abater elevado nmero de bovinos, beneficiando-se de alto desfrute, graas ao sistema intensivo de explorao e tecnologia aplicada.

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O novilho, manso, no utilizado para corte, que se presta para servios agrcolas, denomina-se boi. Para fins contbeis, faremos uma distino entre novilhos de 13 a 24 meses de novilhos de 25 a 36 meses, sendo que nesta ltima diviso se encontra tambm o gado no castrado, em experimentao para touro. Pode-se, de acordo com a necessidade, estabelecer uma terceira diviso, de 37 a 48 meses e assim por diante. A diviso por idade semestral tambm poderia ocorrer com vantagens para esta categoria. e) Boi Bovino adulto, castrado e manso; pode ser empregado nos servios agrcolas. A emasculao impede o desenvolvimento das caractersticas do touro. f) Garrote (ou Tourinho) Macho inteiro (no castrado) desde a desmama at a entrada na reproduo. Para fins contbeis, deixa-se o garrote no grupo de novilhos at mais ou menos 24 meses, para da classific-lo no grupo garrotes (tourinhos) em experimentao. Nada impede, todavia, distribuies semestrais de idade ou a distino de garrote imediatamente a categoria de bezerro. g) Touro A idade para incio do trabalho (garrote passa para a categoria de touro) deve ser em torno de dois a trs anos e recomenda-se que a permanncia no rebanho no ultrapasse a faixa de trs a quatro anos. Um reprodutor, trabalhando a campo, comea a declinar no seu desempenho a partir de cinco a seis anos de idade; portanto, neste ponto, deve ser substitudo, para no prejudicar o desempenho reprodutivo do rebanho. Acrescenta-se que a permanncia por tempo superior pode acarretar problemas de consanginidade, j que um reprodutor utilizado por mais de trs anos no rebanho j ter filhas em idade de reproduo. O touro descartado do rebanho pode servir a duas finalidades: Se seu smen tiver elevado grau de fertilidade (desconsiderando-se o problema de consanginidade), poder-se- utiliz-lo para inseminao artificial. Ser castrado e engordado, para ser aproveitado para consumo. Neste caso, so denominados marruco ou touruno. Para fins contbeis, considera-se que o Garrote, de 25 a 36 meses, em experimentao, apresentando bom desempenho, passar para a categoria de Touro.

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8.10 - Seleo para Gado de Corte A seleo para gado de corte consiste em decidir sobre os animais (reprodutores e fmeas) que sero incorporados ao plantel reprodutivo, por quanto tempo permanecero no rebanho e quantas so as oportunidades que tero de deixar descendentes. Os caracteres que devem ser levados em conta nos programas de seleo para gado de corte so os seguintes: Fertilidade Habilidade materna Taxa de crescimento at o ponto de abate Eficincia alimentar Rendimento de carcaa

A taxa de crescimento medida pelos ganhos de peso em confinamento ou no pasto ( o carter que deve receber maior nfase em qualquer programa de seleo). Tanto reprodutores como matrizes devem ser bons ganhadores de peso; primeiro, porque ganho de peso apresenta alta correlao com eficincia alimentar; segundo, porque a comercializao por peso. A taxa de crescimento uma caracterstica altamente herdvel; por isso pode ser rapidamente melhorada pela seleo. Sanidade Um dos fatores mais importantes para o sucesso da explorao pecuria a assistncia higinico-sanitria, que progrediu sensivelmente nos ltimos tempos com a vacinao sistemtica contra diversas molstias, tais como: febre aftosa, brucelose, raiva, carbnculo sintomtico etc. Comercializao do Bovino de Corte Basicamente, a pecuria tem por finalidade a produo de carne, leite e de subprodutos. Atualmente, vem-se desenvolvendo a largos passos no Brasil a criao de gado, para atender ao mercado de reprodutores, uma vez que, do ponto de vista econmico, igualmente interessante s finalidades citadas. O mercado de reprodutores visa a selecionar o puro-sangue, ou mesmo o purocruzado, no sentido de melhorar a qualidade dos rebanhos nativos. Dessa forma, o reprodutor ter valor superior ao que teria no corte. Transporte de gado Dada a distncia dos rebanhos dos grandes centros de consumo, os meios de transporte tm sido preocupao constante para o escoamento e a comercializao da produo pecuria. A locomoo do gado bovino, inicialmente, na maioria das vezes era feita atravs de longas caminhadas do prprio rebanho, que percorria quilmetros e quilmetros de52

distncia; dentro dos sistemas de transportes existentes, tal locomoo pode ser por via ferroviria (mais econmico), rodoviria e fluvial, cada uma com vantagens e desvantagens peculiares. Em qualquer meio de transporte, o gado de corte sofre depreciao, ao ser deslocado, tais como: perda de peso, perda por leses ou mesmo perda por morte. Encontra-se ainda a necessidade de evoluo no transporte de bovinos, bem como de uma estrutura mais adequada do sistema securitrio com o objetivo de cobrir toda e qualquer perda. Entrepostos Muito comuns nos pases mais adiantados na produo de bovinos, sobretudo nos Estados Unidos, praticamente inexistem no Brasil. So mercados pblicos para o comrcio de animais de corte, localizados em pontos estratgicos, onde h extraordinria facilidade de comercializao do gado vivo, o que propicia maiorias oportunidades, principalmente para os pequenos criadores, que dificilmente so visitados pelos grandes compradores. Os entrepostos servem, portanto, como ponto de parada para de