apontamentos -etologia

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EtologiaAula 1 15.10.02 Etologia : Definio, Objectivos e Principais pressupostos. Na genealogia da Etologia encontramos a biologia como a me e, como pai, um zoologista: Charles Darwin. (Lorenz,K., 1960, citado em Lehner, 1996), A Etologia, enquanto cincia, relativamente recente, pois admite-se que tenha emergido dos trabalhos do austraco, Konrad Lorenz, e do bilogo holands, Nikolaas Tinberg, por volta da dcada de 30. No entanto, esta cincia j vem desde os trabalhos de Darwin e at mesmo antes. H uma Etologia antes de Lorenz, que se designada por Clssica. Alguns autores definem etologia como o estudo de todos os padres de comportamento animal em condies naturais, de modo a que sejam enfatizadas as funes e a histria evolucionria desses padres. O enfoque est, portanto, na observao dos comportamentos em si, com base nas suas caractersticas biolgicas - O comportamento enquanto manifestao de fenotpo. O trabalho de um etlogo essencialmente um trabalho de campo. Observam-se os nichos ecolgicos onde os comportamentos decorrem no seu mbito natural, e recolhem-se informaes fidedignas e fiveis, menosprezando os chamados relatrios anedticos, ou seja, os relatos baseados puramente em contos, histrias que se ouvem dizer e que esto dotados de um cariz de senso-comum, isto , pouco objectivos ou cientficos. A etologia uma combinao de estudos de laboratrio e de campo, mantendo pontes de ligao com reas to diversas como a neuroanatomia, ecologia e evoluo. Os etlogos esto interessados nos processos comportamentais, mais do que num grupo particular de animais e frequentemente estudam um tipo de comportamento em diversos animais. As reas de estudo, ou os pontos fundamentais da Etologia, centram-se, segundo Tinbergen (1963), na: 1) Funo Diz respeito s consequncias imediatas do comportamento do prprio animal, no ambiente; atravs de muitas observaes podem ser estabelecidas correlaes que mostrem leis de causaefeito; as funes em ltima anlise referem-se ao significado adaptativo do comportamento, em termos de um aumento na aptido individual e em termos de sucesso reprodutivo e, consequentemente, da continuidade da espece. 2) Causa Pretende responder a questes tipo: Quais os mecanismos que explicam o comportamento? Quais so os contextos nos quais

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ele ocorre e quais so os estmulos externos (exgenos) e internos (endgenos) que afectam o comportamento? 3) Ontogenia Procura pesquisar o modo como o comportamento se desenvolve ao longo da vida do indivduo; quais os processos maturacionais e de aprendizagem que so relevantes no desenvolvimento do comportamento? 4) Filogenia (Evoluo) O enfoque est em saber como se desenvolveu o comportamento em determinada espcie no decorrer da sua histria evolucionria; Uma abordagem filogentica inclu uma vertente comparativa, na qual o comportamento estudado em especes prximas para revelar diferenas que podem reflectir mudanas evolucionrias.

As diferenas (algumas) entre Psicologia e Etologia: A observao naturalista, sempre presente na etologia, contrasta pois com as observaes laboratoriais da psicologia, em que o observador recorre a meios artificialmente construdos para melhor controlo de variveis intervenientes. Para alm disso, o domnio da psicologia est centrado nos processos mentais internos (motivao, esquemas cognitivos) que originam comportamento, no se preocupando tanto com os fentipos, enquanto manifestao de comportamento biolgico. Por outro lado , o etlogo est interessado nos processos comportamentais em mais do que um grupo particular de animais, ao passo que, a psicologia visa apenas o sujeito singular, atravs do qual, pode posteriormente, elaborar leis universais para todos os outros. Mas, em suma, o percurso evolutivo de ambas tm alguns pontos em comuns (foi aps a demarcao da psicologia comparada que a Etologia se afirmou). No obstante, os seus objectivos tornaram-se necessariamente diferentes. A observao e a descrio do comportamento em situaes naturais ou semi-naturais de laboratrio tem sido a grande contribuio da Etologia em relao a metodologia e estudo emprico do comportamento humano. O objectivo compreend-lo integrado no seu ambiente evolucionrio e actual.

Noo de Escala:

Aula 2 21.10.02

Os primeiro registos que apontam para o surgimento do Homem datam de h 100.000.000/150.000.000 anos atrs! Os primeiros registos que apontam para o surgimento de arte rupestre datam de h 10.000.000/15.000.000 anos atrs!

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O Desenvolvimento da Etologia: Dos primrdios da civilizao Etologia Moderna A etologia comeou por prever e controlar o comportamento dos animais, ocupando-se, num primeiro perodo com o estudo de sinais especializados observveis, atravs dos quais se podiam prever comportamentos. Evoluo Histrica: Nos primrdios da Humanidade, o principal interesse para o Homem era o da obteno de recursos do meio, para a sua subsistncia e sobrevivncia Perodo da Revoluo Neoltica. Para tal, era importante reconhecerem os animais que deviam/podiam para caar, pescar e aqueles os quais representavam perigo. Paleoltico ---- Caador-Recolector; povos nmadas 8.000.000 anos d-se a passagem Neoltico ---- Povos fixam-se nas terras e aprendem a aproveitar dos Recursos da natureza, passando a cultivar ou a criar animais; estabelecem uma relao de propriedade com o territrio; Dois conceitos a ter em conta: Domesticao e Seleco artificial. A origem da domesticao trouxe novos tipos de contacto entre os humanos e os outros animais. Tal provocou a alterao do comportamento animal, j que se interveio nos seus hbitos, no sentido de adequ-los s necessidades do Homem. A grande consequncia disso foi o surgimento de novas raas, novos animais (Exemplo: LOBO CO ). A este ltimo aspecto, tambm se chama de seleco artificial (i.e. manipulao selectiva do prprio comportamento e das caractersticas psicolgicas). Entretanto -Aparece a escrita - Surgem as cidades - Surgem os primeiros pensadores -Surge a antiguidade Clssica e Filosfica (Grcia, Sculo V) Aristteles (Sculo V A.C.) Foi dos primeiros autores a elaborar inmeras observaes cuidadas e de grande relevncia, sobre especes animais. A sua principal obra neste mbito a Scala Natura:

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7 6 5 4 3 2 1 0 12345670- Terra, Rochas e Lquenes Cogumelos Plantas Plantas sensives e Insectos Moluscos e Reptis Peixes e macacos Quadrupedes e humanos Deuses

Na verdade, esta foi a primeira tentativa de classificao/organizao de todos os seres vivos. De todas as entidades, os humanos assumem o topo da escala e a consequente superioridade sobre todos os outros animais do planeta, sendo somente superados pelos Deuses. uma escala ordenada pela complexidade dos seres e dos seus comportamentos. Todavia, acabar por faltar uma confirmao imparcial, isto , uma vez que a escala foi definida por um humano, torna-se necessrio uma confirmao de opinio independente, que garanta a sua validade, o que, obviamente, nunca aconteceu. Aristteles foi tambm importante pois atribuiu aos animais, no s caractersticas fisiolgicas, como tambm, caractersticas psquicas (ferocidade; medo;timidez;raiva) semelhana do Homem. Plnio, o velho (23-79 A.C.) Historae Naturalis Fala acerca da inteligncia do elefante, mas baseada em factos no cientficos. uma observao anedtica assente em interpretaes livres, feitas sem qualquer rigor ou qualidade. Serve para ilustrar a diferena entre observao cientifica e no cientifica.

(Frana, Sculo XVII) Rne Descartes (Sculo XVII) No tocante, natureza humana, Descartes marcou profundamente toda a cultura com a introduo da viso Dualista Matria/Esprito Corpo/alma. Por outro lado, clamou a exactido da lgica cientifica em prol de um exerccio cientifico mais rigoroso. O movimento racionalista e, o seu expoente mximo literrio Discurso do Mtodo, introduziram uma metodologia exacta e precisa, onde no h lugar para o senso-comum ou qualquer outra forma de construo de conhecimento.

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Cogito, Ergo Sum ----- Penso, logo existo marcou toda a diferena entre o Homem e os animais, pois separou 2 classes bem distintas. A posse exclusiva pelos humanos de uma essncia espiritual separa tambm radicalmente a nossa espcie das restantes. Ser um agente pensante um privilgio exclusivo do homem. Por pensar, existo tudo tem corpo e alma, tudo matria e esprito, mas s o Homem tem esta capacidade da razo, como se isso fosse em si mesmo um dom inato.

(Frana , Sculo XIX) George Cuvier Defendeu a importncia de se estudar o comportamento em condies laboratoriais, desvalorizando o trabalho amador realizado em campo; Foi mais importante para a Psicologia

Pierre Flourens Discpulo de Cuvier, utilizou pela 1 vez, em 1864, a expresso Psicologia Comparada para descrever o estudo do comportamento em laboratrio.

Etienne Geoffrey Saint-Hillaire Defendia a importncia de se estudar os comportamentos tal qual como eles acontecem, i.e., no seu contexto natural, sem intervir.; Mais importante para a Etologia

Isidore Geoffrey Saint-Hillaire (Filho) Utilizou pela 1 vez, em 1859, expresso Etologia para descrever o estudo do comportamento animal na natureza (Inglaterra, Sculo XIX) Charles Darwin (1809-1882) My object is solely to show that there is no fundamental differences between man and higher mammals in their faculties. Darwin,C.,The Descent of Man, 1871

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Mudou radicalmente a viso do mundo Afirma que as espcies vivas se vo transformando ao longo do tempo, explicando-o como. Mentalidade Anti-Cartesiana Lgica de adaptao na evoluo de especes Exemplo da sua posio sobre a continuidade mental Origem das espcies (1859)

Comportamento 1) Todo o comportamento tem uma base fisiolgica;

Aula 3 22.10.02

2) So fenmenos observveis da actividade do animal por completo, i.e., para a Etologia no interessa apenas estudar uma parte do corpo, por exemplo a pata da r, mas a r como um todo; 3) So frequentemente reaces a estmulos identificveis; 4) Fisicamente, os comportamentos podem ser: Movimentos Postura Expresses Faciais Sinais Humanos, elctricos Vocalizaes (zumbir, mugir) Mudanas de cor (camuflagens, disfarces) Sinais Qumicos (Feromonas) Entre outros Todo o comportamento resulta da aco de rgos efectores, como sejam, os msculos, as cordas vocais, as glndulas excrinas, cromatforos, rgos luminosos etc.! tudo aquilo que permite ao animal agir sobre o meio. Cada espcie possui padres estereotipados de comportamento, dos quais, alguns podem ser partilhados por mais do que uma espcie, sendo que outros so exclusivos de uma s espcie. 1

Charles Darwin (1809-1882) - Continuao

Aula 4 28.10.02

A Etologia s conheceu o seu verdadeiro impulso com os estudo levados a cabo por Darwin. O estudo cientfico do comportamento um fenmeno recente e, para alm, da Biologia, os seus grandes alicerces esto na obra The Origin of Species, de onde se destaca um captulo chamado Instinct, que o autor utilizou para designar o comportamento natural dos animais. Para alm desta obra, h ainda a sublinhar The Expression of the Emotion in Man and in Animals.1

Este tema continua na aula 7

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Pois ento, como chegou cincia a importncia do estudo do comportamento? De Aristteles aos Tempos Modernos.

Etologia e Psicologia tem algumas diferenas, como j sabido, mas, no entanto, tm o mesmo objectivo latente que o de estudar o comportamento. Ambas s foram formadas disciplinas cientificas porque Darwin o permitiu, merc de 2 princpios base: Primeiro princpio: No podemos olhar para os humanos como sendo diferentes dos outros animais. Os humanos no so iluminados por uma qualquer partcula mstica, conforme Descartes cria (no seu caso, a razo). As emoes, os sentimentos so fenmenos naturais que encontramos em paralelo nos animais. Podem-se analisar caractersticas humanas, por exemplo a memria, como algo natural, como quem estuda a atmosfera. E Darwin tentou assim casar a histria natural com a Psicologia. Os constructos mentais do Homem no so mais do que sistemas neuronais, pelo que o seu estudo pode ser feito num mbito cientfico, onde no se encaixa o dualismo cartesiano. -A ideia da continuidade mental entre as espcies Great as it may be, the intellectual difference between man and the higher animals is one of degree and not of kind. Darwin,C.,The Descent of Man, 1871 Este primeiro principio possibilitou o desenvolvimento da Psicologia Comparada, legitimando o uso de ratos, pombos, etc. para se inferir acerca dos humanos, sem que hajam diferenas abissais. O que Darwin concluiu que h uma continuidade mental entre os humanos e os outros animais. No somos melhores, nem piores, somos diferentes e o que existe uma relao de contnum. Esta talvez a grande mudana provocada por Darwin no campo de aco da Psicologia e da Etologia e at mesmo em termos sociais: Desde Aristteles que o Homem se auto-considerava a espcie mais inteligente e dominante, iluminada pelo esprito da razo. Darwin refutou tal ideia e demonstrou que o que separa as diferentes espcies animais a continuidade mental No existem animais sobredotados e iluminados, o que existe animais diferentes, com capacidades diferentes. Tradies resultantes deste primeiro ponto para o surgimento da Psicologia Comparada: 1) Investigao experimental no laboratrio, usando mtodos quantitativos; 2) Particular interesse na aprendizagem, na plasticidade comportamental, na modificao do comportamento 3) Predominncia da tradio Americana nestas cincias

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Segundo principio: Os comportamentos como fentipos. Este segundo pressuposto possibilitou o desenvolvimento da Etologia, focando os padres de comportamento caractersticos dos animais, no maior nmero possvel de espcies. Levantam-se ento questes do tipo, como que os animais interagem entre si. Se queremos compreender como a seleco natural interveio na modelao de comportamentos animais, ento teremos que analisar isso no seu contexto natural. Tradies resultantes deste segundo ponto para o surgimento da Etologia: 1) Observaes naturalistas em ambiente natural; 2) Particular interesse no valor adaptativo dos comportamentos na sua evoluo e nos seus mecanismos causais; 3) Predominncia Europeia;

George Romanes (1848-1894) Escreveu: . Animal Intelligence (1882) . Mental Evolution in Animals (1883) . Mental evolution in Man (1888) Ficou basicamente conhecido pelos seus erros crassos, pois aceitava com evidncia o mtodo anedtico sem qualquer verificao experimental. o exemplo do que no se deve fazer em cincia.

Elaborou igualmente a Escala Emocional:

Emoes: Vergonha e Falsidade Vingana

Grupos Animais em que cada emoo surgiu pela 1 vez:: Srios, ces Macacos, elefantes Etc

(A escala continua mas no tem interesse nenhum)

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Para alm destes, os sentimentos classificados eram mgoa, dio, crueldade, orgulho, rancor, simpatia, afecto, cime, ira, hostilidade, curiosidade, desejo sexual, surpresa e medo. As emoes, segundo Romanes, surgiam pela primeira vez em grupos de animais diferentes. A prpria escala que ele construiu no tinha nenhum rigor, dado que, a sua origem, est no senso-comum, nos relatos de pessoas que viajaram e que viram animais diferentes daqueles que estavam habituados. E quem conta um conto Alemanha (Sculo XIX) Oskar Pfungst (Sculo XIX) O caso de Clever Hans: O cavalo que sabia matemtica. Um bom exemplo de como podem surgir os tais relatos pouco fidedignos, como foi referido acima, o deste cavalo, que toda a gente concebia como um gnio. Sempre que se fazia uma pergunta ao animal que envolvesse clculos matemticos, Hans retorquia sempre e acertadamente. De que modo? Algum lhe perguntava, por exemplo, 2+2, e ele respondia, batendo com a pata no cho 4 vezes. Mas porque seria ? Que explicaes podem estar por detrs deste fenmeno? Oskar Pfungst levou a cabo experincias inovadoras e trabalhou para o aperfeioamento e evoluo do mtodo experimental. Tentou perceber que fenmeno era este que punha um cavalo a fazer contas. Para o efeito, criou experincias com o cavalo e com as pessoas que iam visitlo. Pfungst pedia as pessoas para fazerem perguntas ao cavalo e para esperarem pela resposta. E variando as condies das experincias (como por exemplo a distncia entre o cavalo e as pessoas), apercebeu-se que as respostas tambm oscilavam e o animal deixava de dar respostas certas. Ento o experimentador levantou a seguinte hiptese: ser que o cavalo pra de bater a pata quando as pessoas mudam a sua expresso facial? A hiptese de Pfungst confirmou-se. Significa isto que o cavalo dava a resposta certa porque associava a mudana de expresso facial (da expectativa alegria) a um reforo que lhe davam sempre que ele adivinhava. Deixa importantes avisos: Deve-se ter precauo para que as expectativas de quem est a avaliar no influenciem as respostas/comportamentos de quem est a ser avaliado Os indivduos da experincia no podem saber quem est no grupo experimental e no grupo de controle C. Lloyd Morgan (Sculo XIX)

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Foi muito importante para a psicologia comparada e deixou o principio da parcimnia (economia, poupana, sobriedade), no que cerne atribuio de funes mentais aos animais. A sua principal obra: O cnone da Interpretao Em caso algum podemos interpretar um acto como o resultado do exerccio de uma capacidade psquica clivada, se este puder ser interpretado como o resultado de uma capacidade mais baixa na escala psicolgica (Morgan, L., Introduction to Comparative Psychology, 1894, pp. 53) Defesa do Experimentalismo Introduction to Comparative Psychology (1894) Habit and Instinct (1896) Animal Behaviour (1900) O canne no exclui a interpretao de um determinado acto como o resultado de processos mentais elevados, se ns j possuirmos evidncias independentes da sua ocorrncia no agente em causa (Morgan, L., Animal Behaviour, 1900, pp.270) Rssia (Finais do Sculo XIX) Ivan Pavlov (1848- 1936) Condicionamento Clssico Respostas: Condicionada / Incondicionada ou natural Reflexo: Condicionado / Incondicionado ou natural Estmulo: Condicionado e Incondicionado ou natural Mecanismo: E R

A ideia que importar reter a de que o crebro dos animais permite-lhes modificar o comportamento, pois eles aprendem a associar estmulos. Os animais tendem a repetir comportamentos recompensados e a recompensa pode ser usada para alterar os seus comportamentos. O mesmo equivale para os prprios homens que tambm fazem este tipo de associaes. Pavlov procurava regularidades no comportamento. Do estmulo Incondicionado --- --- Resposta condicionada Campainha Salivao E.U.A (Sculo XIX/XX) E. L. Thorndike (1849-1936)

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Foi considerado, grosso modo, como o pioneiro das experincias controladas sobre o comportamento animal. Estabeleceu a lei do efeito que estipula a seguinte premissa: se um determinado comportamento tiver consequncias positivas para o animal, ento este tender a repetilo e vice-versa. Escreveu diversas obras, entre as quais: - Educational Psychology (1903) - Animal Intelligence (1927) - The Fundamentals of learning (1932)

Filme sobre a vida e trabalho de Jane Godall

Aula 5 29.10.02

E. L. Thorndike (1849-1936): Continuao

Aula 6 04.11.02

Com a formulao das suas leis criou bases deveras importantes para o movimento Behaviorista, fundado pelo americano John Watson. Lei do Efeito Lei do Exerccio Lei da Maturao Behaviourismo Este movimento dominou grande parte da Psicologia do sculo XX, sobretudo nos E.U.A. anti-mentalista, anticognitivista. As suas premissas ligam-se bem aos predicados da Etologia - S interessa o comportamento observvel, mas, no entanto, no foi bem isso que se passou.

Skinner e a Caixa de Skinner (Experincias com ratos)

(Holanda, Finais do sculo XIX) Jakob Von Uexkull (1864-1944) Conceito de Mundo-prprio (Umwelt) - Esta foi uma descoberta interessante, j que chamou a ateno para o facto dos animais percepcionarem o mundo de um modo diferente do nosso. Cada espcie tem o seu equipamento espacio-visual nos seus canais sensoriais.

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O mundo real captado pelos diferentes animais, em funo das suas capacidades sensoriais e da filtrao realizada pelo sistema nervoso central que, por sua vez, depende do estado motivacional Filtrao Central Ateno para determinado aspecto; realizada pelos processos de ateno do SNC; So moldados pela motivao, cognio. Filtrao Perifrica Captao de informao pelos rgos dos sentidos; o mais radical. Oskar Heinroth (1871-1945) Considerado o grande impulsionador de Konrad Lorenz, estudou comparativamente os comportamentos caractersticos de vrias espcies de aves e usou o conceito de homologia evolutiva para tentar fazer dedues sobre a filogenia . Homologia = Significa que o facto de existirem determinadas caractersticas semelhantes em duas espcies diferentes, pode ser explicado pela partilha do mesmo ancestral gentico. Analogia = Podem existir caractersticas semelhantes a duas especes, por exemplo, as asas dos pssaros e dos insectos, que, no obstante podem ter funes idnticas. Posto isto podemos pensar que os movimentos originar-se-am filogeneticamente e estariam inscritos no genoma da espcie. Este facto justamente a base sobre a qual a Etologia, entendida como o estudo comparativo do comportamento, assenta. Charles Otis Whitman (1842-1910) Zologo americano; fundador do laboratrio martimo de Woods Hale; Estudou preferencialmente a evoluo filogentica de insectos e pombos. Principal Ideia : Os comportamentos e as estruturas anatmicas devem ser estudadas, tendo em considerao que ambos resultam de uma mesma evoluo gentica. Foram Whitman e Heinroth que descobriram de forma independente a existncia de padres de movimentos, cujas similaridades e diferenas, de espcie para espcie, de gnero para gnero e, at mesmo de grandes grupos taxonmicos para outros, so mantidos com a mesma constncia e exactamente do mesmo modo, para que possam ser comparveis em termos de caracteres anatmicos. Para este facto, no pode haver qualquer outra explicao seno a de que similaridades e dissimilaridades, destes movimentos coordenados , podem ser remetidas a uma origem comum, a uma forma ancestral que tambm j possua estes mesmos movimentos, numa forma porm mais primitiva. Ou seja, o conceito de Homologia pode ser aplicado a elas (Lorenz, 1995, p.18). Ponto de situao no desenvolvimento da Etologia:

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A tentativa para compreender e classificar o comportamento dos animais remonta aos tempos da pr-civilizao. No sculo V com Aristteles, surgiu a primeira classificao formal das espcies (Scala Natura). Ao longo dos sculos vrias foram as abordagens, influencias, curiosidades e marcos significativos que delinearam a formatao da Etologia, considerada clssica. Assim se destacam: Ren Descartes (Cogito, Ergo Sum); Pierre Flouris (uso do termo Psicologia pela primeira vez); Isidore Saint-Hillaire (uso do termo Etologia pela primeira vez); Charles Darwin (Origem da Espcies); George Romanes (mtodo anedtico e as emoes nos animais); Oskar Plungst (Clever Hans e os primeiros estudos experimentais); C.Lloyde Morgan (Principio da Parcimnia); Ivan Pavlov (Condicionamento Clssico); E.L.Thorndike (Leis da Aprendizagem); Jackob Von Uexkull (Mundo-Prprio); Oskar Heinroth e Charles Otis Whitman (Homologia e a origem filogentica comum). . Como vimos, o estudo cientifico do comportamento um fenmeno recente que deve os seus alicerces ao legado de Darwin e ao esprito da Biologia. No obstante, na era ps-Darwin pouco se fez ou analisou. Apenas alguns cientistas como Julian Huxley na Gr-bretanha,fundo Este o pano de Oskar Heinroth na Alemanha ou Charles Whitman nosda Etologia clssicasua E.U.A., deram a contribuio para o desenvolvimento destas questes. Somente em 1930 que emerge uma nova teoria sobre o comportamento animal, graas aos trabalhos explorados por Konrad Lorenz e, posteriormente, por Niko Tinberg. Mais tarde, ambos fundam a Escola Europeia de Etologia e, em 1972, juntamente com Karl Von Frisch, recebem o prmio Nobel da Fisiologia.

a entrada numa nova fase da Etologia A Etologia contempornea

Konrad Lorenz (1903-1989)

Niko Tinberg (1907-1988)

Karl Von Frisch (1886-1982)2 Lorenz no humanizou os animais, nem animalizou os humanos, mas descobriu pontos de ligao comuns entre o Homens os outros animais. Em 1963, na obra On aim and methods of ethology, Tinberg estabelece os 4 pontos centrais, sobre os quais a Etologia deve incidir: Causalidade, Funes do Comportamento, Filogenia e Ontogenia. Esta mudana foi profundamente marcante.

Estes autores sero falados em praticamente todo o resto da matria, ainda que de forma subentendida, pelo que os seus trabalhos sero pouco descritos por agora.2

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A primeira tentativa bem sucedida para tentar compreender a lgica bsica de comunicao entre abelhas, valeu a Karl Von Frisch o Nobel da Fsica. A dana das abelhas consiste num ritual fsico que permite que uma abelha que tenha encontrado mel, comunique s outras todas, o sitio onde estas o podem encontrar tambm.

Aula 7 05.11.02 Definio geral de comportamento: Todas as respostas musculares ou excrinas (feromonas) observveis ou mensurveis (ou ausncia, nalguns casos) e fenmenos afins (tais como, a alterao no fluxo sanguneo ou em pigmentos epidrmicos) em resposta a fenmenos no ambiente interno ou externo do animal (Grier & Burt, 1992) Os primeiros etlogos , em especial Lorenz, procuraram mais coadunar-se com as teorias que postulam a observao cuidada e a intuio, em detrimento das situaes experimentais, que conduzem ao levantamento posterior de inmeras hipteses de investigao. Lorenz introduziu portanto, no s o valor da descrio de comportamentos, como tambm chamou a ateno para a organizao de repertrios para cada espcie. Observar e descrever exactamente o que os animais fazem fascinante sua maneira, e tambm um bom motor para uma analise mais cientifica do comportamento.() Com efeito, passar longas horas a observar espcies pacientemente pode ser, em si mesmo, revelador e surpreendente. Slater, P., Essentials of Animal Behaviour, 1999 Outros conceitos relacionados: Padres de comportamento: Conjuntos de elementos que formam sequncias de actividades repetidas/reconhecidas. Cada espcie tem, em principio, padres estereotipados que podem ou no ser partilhadas em comum com outras espcies prximas. Para alm de estereotipadas as aces podem ser tambm variveis, i.e. que prprio de um s elemento (Ex: Quando se d um sorriso, piscase tambm o olho). Comportamentos estereotipados Os comportamentos estereotipados, distinguem determinado grupo animal, por lhes ser habitual e universal. So padres de movimento repetidos monotonamente, sem que precisem de ter alguma funo ou objectivo . (Ex: O sorriso, para os humanos)

Descries de comportamentos: Anota-se o que se est a passar e pode ser feito de 2 modos:

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Pela forma (descrio formal) Ex: Move-se 10cm; Estendeu as barbatanas; repousa as asasSo descries muito rigorosas e fixadas em todos os movimentos dos animais.

2) Pelas Consequncias (descrio funcional) O que aconteceu ao meio do animal? Ex: O peixe afugentou o predador para se defender . Numa observao, primeiro fazem-se as descries formais e s depois de se conhecer minimamente a espcie que passamos anlise funcional. Display (Exibio) So tipos de comportamentos que actuam como sinais, prevendo aces futuras. Esto bem presentes antes de comearem as lutas, na corte, afiliao, atraco sexual etc. Etograma Como resultado das descries sistemticas e cuidadas, o etograma surge como um inventrio, donde devem constar os padres comportamentais, ou seja, o seu repertrio da espcie em estudo. Listam-se sobretudo os padres mais estereotipados. Um etograma nunca se pode considerar definitivo. Vai se completando, uma vez que avaliar todos os comportamentos de uma s espcie em vrios contextos, um processo muito moroso. As descries dos comportamentos devem ser formais, mas os etogramas costumam apresentar-se em categorias funcionais: Exemplos:

1) Comportamentos No-SociaisComportamentos Comportamentos Comportamentos Comportamentos Comportamentos distancia) Agonsticos - Comportamentos - Comportamentos - Comportamentos - Comportamentos de de de de ameaa submisso fuga agresso de Locomoo de Alimentao de Repouso Anti-predatrios de higiene, desparatizao, conforto

2) Comportamentos Sociais (Implicam interaco a curta ou mdia

Reprodutivos - Comportamentos sexuais: Corte, copula - Parentais

3) Outros comportamentos

Comportamentos de funo incerta ou mltiplas

Como caracterizamos ento os repertrio de cada espcie?15

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Construindo um etograma o mais completo e definido tanto quanto possvel, para espcie animal. A observao naturalista ento o tipo de observao que caracteriza a Etologia, em oposio Psicologia Comparada (Observao de laboratrio). Pode processar-se por diferentes modalidades, exemplo disso so as observaes sobre o comportamento dos gansos feitos por Konrad Lorenz ou as observaes sobre o comportamento dos orangotangos, levadas a cabo por Jane Goodall. Todos os pormenores so anotados, mesmo se se desconhece o seu interesse ou sentido, sistematizando todos os dados da observao. A preocupao com o rigor cientifico exige que a presena do observador e as tcnicas, por ele empregues para registo, que podem ser desde anotaes escritas a gravaes adio e vdeo, no prejudiquem a validade da observao. A sua presena deve ser, com efeito, esquecida tornando-se familiar, para que a espontaneidade dos comportamentos se mantenha e se compreenda o comportamento em termos mais holistcos.

Em suma: O comportamento, numa perspectiva etolgica, produto e instrumento do processo de evoluo atravs de seleco natural. Isso implica dizer que o comportamento tem funo adaptativa e possui um grau de determinao gentica. Ou seja, todo o comportamento produto da evoluo filogentica.

Aula 8 11.11.02 Causalidade Prxima: Motivao Um passro cantar - porque canta? Quais as causas prximas desse comportamento? Motivao, estmulos, processos fisiolgicos no aparelho neuro-muscular. O facto de, em determinadas pocas do ano, os animais terem uma maior tendncia para mostrar determinadas respostas, tais como a fome, a sede ou a copula, deu origem a diversas teorias que incidem sobre o modo como os factores internos e externos se combinam para lapidar comportamentos. s referidas teorias atribui-se o nome de teorias de motivao. Em primeiro lugar, ser conveniente definir o conceito de motivao. Motivao um fenmeno bastante complexo e difcil de operacionalizar que implica que se tenha em considerao uma srie de outros factores subjacentes. A motivao abrange conjuntos de factores internos (fisiolgicos, cognitivos) ou externos

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que afectam a probabilidade de um organismo desencadear determinado comportamento. Os factores motivacionais so: mutveis e reversveis (mudam reversivamente mas no definitivamente). Ou seja, agora queremos comer, depois j no queremos, mas depois j vamos outra vez. Entretanto, surge um outro conceito, j usado por Darwin, que valoriza as componentes adaptativas dos comportamentos e que se designa por: Instinto A palavra em si tem vindo a cair em desuso, pelo que tem sido substituda pela expresso comportamento inato. No obstante, ela diz respeito a sistemas de comportamentos internos, tal como as drives (necessidades) em fisiologia. Na Etologia, pensava-se que os animais possuam um pequeno numero de instintos, como sejam o da alimentao, agresso e reproduo que competiam entre si. Os prprios instintos controlavam um certo numero de padres de comportamento, por exemplo: O instinto reprodutivo conduz o animal a actividades do tipo construir ninhos, comportamentos parentais ou corte. Niko Tinberg desenvolveu mesmo um modelo sugerindo que os instintos se organizam numa hierarquia. Perspectiva da Etologia Clssica acerca dos comportamentos inatos, instintivos:

1) So comportamentos estereotipados caractersticos da espcie, talcomo alguns traos anatmicos. 2) Constituem uma adaptao biolgica (Darwin) 3) Observa-se que dependem essencialmente da informao gentica, no exigindo treino ou aprendizagem . Por exemplo, a aranha nunca foi ensinada a tecer a teia, mas sabe como faz-lo.

4) So motivados por uma energia especifica da aco (que seacumula no sistema nervoso) e disparados por um estimulo do meio (Causas Prximas);

5) Esto portanto bloqueados, espera de serem libertados edesencadeados pelo estimulo adequado. Actualmente sabe-se que no assim que funciona a actividade cerebral (Estas 2 ultimas foram mais defendidas por Lorenz e Tinberg ) Muitas vezes, os animais no tm oportunidade de repetir um comportamento se sair mal no primeiro, porque a pr em risco a sua prpria vida. Por isso, que sabem responder a um estmulo de forma correcta, sem que tenham tido qualquer tipo de contacto prvio. Conceito de: Estimulo-Sinal um aspecto de estimulao exterior ao animal que lhe desperta a ateno e que far com ele desencadeie um comportamento instintivo de um modo especifico. Um estimulo

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sinal pode chamar-se desencadeador social se consistir em traos anatmicos de com-especificos. Um Exemplo: (Esgana-gata) Niko Tinberg debruou-se sobre este assunto e analisou uma espcie de peixes (esgana-gata ou stickelback), cujos machos tm a parte inferior da barriga de cor vermelha. Na Primavera, os machos ganham manchas vermelhas na barriga e alguns pontinhos azuis na cara e o seu comportamento tambm se altera. Nesta altura, eles recolhem pequenas partculas para construrem pequenos ninhos, onde as fmeas possam desovar. Quando outro macho se aproxima, o dono do territrio sente-se em perigo e procura afast-lo para longe, mas se o outro persistir, ele adopta uma posio de cabea para baixo em que exibe o brilho vermelho da sua barriga. Por isto representar um grave perigo, a ameaa vai finalmente embora. Mas, se o visitante for uma fmea, o mesmo macho comporta-se de uma maneira bem diferente: mostra-lhe a dana do zig-zag que a conduzir ao ninho, onde ela deixar os seus ovos. Assim que eles so depositados, todo o resto do processo de nascimento feito pelo macho. Seguidamente, ele fertiliza-os e protege-os de eventuais perigos, at que os ovos dem lugar a novas crias. Este caso, muito til para mostrar diferentes aspectos do comportamento de uma s espcie, tanto em termos de displays e padres fixos de comportamento, como em termo de motivaes internas e de estmulos-sinais. Tinberg experimentou colar um desenho de um esgana-gata macho, com a barriga vermelha, na parede dos seus aqurios para ver qual era a reaco do outro macho. E o comportamento foi o mesmo como se o desenho se tratasse de uma ameaa real. Assim se conclui que o estimulo-sinal, i.e., a cor vermelha, basta por si s para desencadear comportamentos agressivos nesta espcie de peixes. Com alguma certeza se puder afirmar que a seleco natural torna certas espcies mais atentas a este estmulos, pois aumenta-lhes a taxa de sucesso de sobrevivncia. No exemplo, do esgana-gata macho, a barriga vermelha existe para actuar como um aviso para os outros machos se afastarem e para as fmeas se aproximarem. Um outro exemplo, o bigode dos machos da espcie Pica-Pau (colaptes auratus) que desencadeador (estmulo-sinal) da agresso territorial nos outros machos. O estmulo s por si desencadeia o comportamento agressivo. Esta sensibilidade a certos padres de estimulao no so aprendidas nem condicionadas. Quando uma espcie sensvel a um estimulo de intensidade exagerada designado de estimulo supernatural (desencadeia o comportamento at mais do que o estimulo natural).

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Termos utilizados pelos Etlogos Clssicos: Padro fixo de Aco (J foi definido anteriormente) Comportamentos Instintivos Muitos importantes na Biologia da espcie. A me Gansa recupera o ovo para a sobrevivncia da espcie e no pode ser deixado ao acaso, deixado as vicissitudes de cada espcie. Existe portanto uma rigidez de programao do comportamento da espcie (no caso da gansa, recupera sempre os ovos). Tem de ser um padro fixo de comportamento da espcie; tem de ser gravado na aco de toda a espcie. 3 Energia especifica de Aco Potencial fisiolgico necessrio para despoletar uma determinada sequncia instintiva. J no se fala deste conceito actualmente J no existe esta lgica energtica. As sequncias instintivas, onde os animais desenvolvem um determinado comportamento, caracterizam-se primeiro por uma fase inicial (fase apetitiva), onde o animal busca estmulos selectivamente (esta fase a menos estereotipada). Segue-se imediatamente uma fase consumatria, na qual o animal finaliza a procura do estmulos, ou seja, a sequncia instintiva culmina quando o animal est satisfeito. (Craig, 1918). Mas o que acontece ao animal que acumula energia e procura o estimulo e no o encontra ? RESPOSTA: ele dirige a sua energia para outro lado. Lorenz dizia que o animal acumulou energia especifica e ao no aparecer o contexto certo ao animal, ele desloca essa energia para outra actividade. Actividade no Vcuo Comportamento instintivo exibido pelos animais na ausncia do estimulo que normalmente os despoleta. Actividade Deslocada Comportamentos instintivos exibidos pelos animais, perante um estimulo diferente daquele que normalmente os despoletam. Lorenz tentou pensar num modelo para a motivao. Usou por isso uma analogia, tal como Descartes usou a metfora das rodas dentadas para explicar como se processavam certos aspectos comportamentais, no seu modelo mecanicista. Lorenz, por seu turno, recorreu a metfora do autoclismo. Modelo Psicohidralico de Lorenz4

A gua acumulada corresponde energia especifica de aco. O peso corresponde ao estimulo-sinal, permitindo abertura da vlvula (estmulos do meio)Para os psiclogos isto era uma barbaridade porque, na altura, a questo importante era a aprendizagem e o condicionamento. Ento o conceito de comportamentos reagidos da Etologia era sempre refutado 4 Ver Slater, capitulo 4, pp. 59-603

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A escala graduada corresponde ao conjunto ou sequncia dos conhecimentos instintivos Se houver muita gua acumulada e o peso for intenso, pode sair a sequencia completa. Todos os modelos de acumulao de energia, caram em detrimento, pois no existe nada que explique a existncia de fluxos de acumulao de energia no crebro. Aula 10 18.11.02 Causalidade Prxima Os modelos acerca da motivao eram modelos muito simplistas em todos os domnios da actividade comportamental dos animais. A produo dos comportamentos mais complexa do que uma simples acumulao de energia. Conceito de Factores Motivacionais : Se isolarmos um sujeito e privarmo-lo, por exemplo, de comportamentos agressivos, quando lhe apresentarmos um objecto que, habitualmente provocaria uma resposta negativa, essa tendncia ser tanto maior ou menor quanto maior ou menor for a exposio a esse objecto. mais provvel o sujeito demonstrar um comportamento agressivo logo aps a recepo do estimulo agressivo ou s passado alguns tempos de exposio ao estimulo? O comportamento agressivo s aparece passado algum tempo de exposio ao estimulo. Existe um tempo de latncia no comportamento logo aps a apresentao do estimulo Em muitos comportamentos, no decurso da interaco, a probabilidade de um comportamento atingir a sua expresso mxima aumenta com o tempo, ao contrario do que seria de esperar, segundo modelos de acumulao de energia. Warm-up effect (Efeito de aquecimento ou sensitizao): probabilidade de um comportamento atingir a sua expresso mxima aumenta com o tempo. Temos um peixe isolado que ao fim de um certo tempo exposto a um estimulo que condiciona o comportamento agressivo (Borra preta). Era de esperar, segundo um modelo de energia acumulada, que o nmero de ataques que o peixe realiza fosse extremo, logo aps a apresentao do estimulo. Mas, na realidade, os comportamentos agressivos, vo aumentando progressivamente de intensidade medida que o tempo de exposio ao estmulo aumenta. Quem contribui para o amadurecimento da investigaes neste assunto? Daniel Lehrman (1919-1972) Psiclogo Experimental e comparativo Americano.

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Defendeu posies criticas, mas construtivas, em relao a vrios conceitos dos etlogos europeus (p.e. a perspectiva energtica rgida e inatista dos instintos). Deu grande contributos para dialogo e a aproximao entre a Etologia e a Psicologia Comparada. Trabalho mais famoso: A critique of Konrad Lorenz theorie of instinctive behaviour Quarterly reviews of Biology Foi responsvel por pensar acerca destes assuntos para o caso das hormonas. Lehrman, pensa que os aspectos motivacionais actuam de uma forma mais complexa do que Lorenz defendia. Frank Beach (1911-1988) Importante no estudo de meio fsico, meio social, hormonas e comportamento. Psiclogo comparativo americano que se dedicou ao estudo das relaes entre o sistema nervoso, as hormonas e o comportamento, numa abordagem experimental. Investigou o comportamento sexual dos mamferos, tendo trabalhado sobretudo com ces. Teve papel de grande relevo no desenvolvimento da endocrinologia comportamental e foi co-fundador da revista cientifica Hormones and behaviour Macacos Rhesus: postura de dominante: macaco com cauda para cima; - postura de subordinado: macaco com cauda para baixo; As hormonas esto relacionadas com o comportamento de dominante/subordinado e hierarquias dos animais, nomeadamente a testosterona. Sera de esperar, ento, que os animais que tivessem mais testosterona fossem os mais agressivos. No temos uma acumulao de energia e sim uma produo mais elevada de testosterona para provocar os comportamentos agressivos. Mas, mesmo assim, no explica a motivao para comportamentos agressivos. Mtodos para o Comportamento: Estudo das Relaes entre Hormonas e

1) Remoo de glndulas Endcrinas e reposio hormonal: Procedimento: Regista-se o nmero de comportamentos sexuais. De seguida, procede-se remoo dos testculos e conclu-se que a actividade de reproduo baixou drasticamente. Deu-se, ento, a hormona de que eles foram privados, mas de uma forma artificial para que os comportamentos sexuais voltassem a aparecer e ficasse demonstrada a relao causal entre hormona e comportamento (p.e.: Trabalho de Crews [1979] com lagartos verdes castrao e aplicao da testosterona).

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2) Estudos correlacionais: Trabalho de Wingfield (1884) com o pardal cantor: Tiraram uma gota de sangue ao animal e registaram as variaes da testosterona ao longo do ano, devido variao cclica desta hormona ao longo da vida do animal (?). Sobrepuseram o ciclo hormonal com o ciclo sexual do pssaro e procuraram ver em que fase do conhecimento produtivo, que eles tm um nvel de testosterona mais elevado. Wingfield chegou concluso que o nvel de testosterona mais elevado na fase em que, estes pardais tm que ter comportamentos agressivos com outros machos para acasalar. H espcies em que o comportamento territorial fortemente ligado testosterona mas h outros em que no h relao ente o comportamento territorial e a testosterona. O cenrio mais complexo do que a simples dependncia causal entre o comportamento e as hormonas. Lehrman estudou o comportamento produtivo numa espcie de rolas. Antes da poca de reproduo, os machos so agressivos com as fmeas. Na vspera de reproduo o oposto acontece: cortejam-nas sexualmente, tendo em vista a copulao. Depois desta acontecer (cpula), as fmeas pem os ovos e ambos participam na incubao dos ovos e no cuidado das crias, uma vez nascidos. O investigador identificou que o que provoca a entrada em aco das espcie de reproduo o alargamento dos dias no perodo da Primavera. Os machos em perodos do ano em que, os dias so mais curtos, tm baixos nveis de testosterona e esto correlacionados com os comportamentos agressivos para com as fmeas. Os actos agressivos dos machos sobre as fmeas inibem, portanto, a produo das hormonas reprodutivas dos mesmos. Na Primavera os dias so mais longos e os testculos dos machos comeam a produzir mais testosterona. As alteraes comportamentais dos machos so revelados no cortejamento das fmeas. O cortejamento dos machos provoca nas fmeas a produo de hormonas reprodutivas, nomeadamente estrogenios e isto faz com que elas construam o ninho. A sua construo induz produo de progesterona que essencial para o comportamento de incubao. Este ltimo essencial para a produo de prolactina que uma hormona essencial para alimentar as crias (permite a regurgitao da comida por parte dos progenitores). Existe ento uma relao complexa entre o meio-hormonascomportamento porque os testculos no sabem que os dias esto a ficar mais longos. So sim estmulos do meio recebidos pela glndula pineal que comunica ao hipotlamo e hipfise, o que os leva a estimular a produo de hormonas por parte das gnadas. Diferena nos mecanismos de controlo da agresso: Caso 1 Castanheta

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Vivem solitariamente juntos aos corais, defendendo o seu espao vital, de modo permanente e agressivo. Os animais de ambos os sexos so agressivos, desde a fase de alevins (jovens) mesmo com as gnadas imaturas. So to agressivos que quando esto isolados atacam qualquer objecto mvel. Nesta espcie, os comportamentos agressivos no dependem da testosterona. A agresso parece depender da melatonina que originada pela glndula Pineal e esta que controla a agressividade na Castanheta. Caso 2: Tilpia Vivem em cardumes. S os machos adultos defendem temporariamente territrios. Depois da poca de reproduo, voltam vida em cardume. S na poca de reproduo se observam comportamentos agressivos, apenas entre os machos adultos durante o perodo de cortejamento entre as fmeas. Quando isolados, estes animais ficam cada vez menos agressivos. A agresso parece depender dos andrognios (testosterona segregada pelos testculos). Em Suma: At no mesmo grupo de animais os factores causais que condicionam a ocorrncia de comportamentos agressivos podem ser muito diferentes e devem ser estudados caso a caso. Situao actual no estudo da causalidade prxima : A Etologia no vai pensar mais em modelos tericos acerca dos factores motivacionais. Hoje, a Etologia sabe que a sua contribuio acerca da descrio dos comportamentos, quais os estmulos a que os animais reagem e isto servir que, em dialogo, com outras cincias (neurologia etc.), se entendam estas redes de factores motivacionais que esto na base de comportamentos complexos. Existem redes de estmulos internos e externos que formam mecanismos independentes de controlo das diferentes actividades: as hormonas, os estmulos do meio fsico e social e as interaces entre todos estes. Tambm importante a contribuio da Etologia para o aspecto comparativo baseado no conceito de observao da realidade. Mesmo em espcies muito semelhantes e aparentadas, observamos comportamentos muito diferentes. No podemos partir do principio que as hormonas que determinam comportamentos numa espcie, tambm so as que determina o comportamento noutra. O objectivo desta rea da Etologia actual estudar os detalhes destas redes de factores causais nos diferentes grupos de animais.

Aula 11 19.11.02 - Vimos um vdeo qualqueracho que foi daquela gaja dos macacos, duma vila qualquer no meio duma floresta .. que foi morta no sei por quem, nem porqu. Aula 12 25.11.0223

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Ontogenia : (Desenvolvimento) O repertrio de uma espcie animal vai-se desenvolvendo ao longo do tempo, ou seja, h caractersticas eu aparecem e caractersticas que se extinguem. A informao gentica muito importante para o aparecimento de dados padres, mas no suficiente. O papel da experincia tambm deveras importante e no apenas o carcter gentico. Este um tema que interessa Etologia, pois esta pretende saber como os comportamentos surgem no animal. J que se fala em processos de maturao e aprendizagem, levanta-se a questo: O que ser mais importante : O Inato ou o Adquirido? H padres de desenvolvimento que so caractersticos numa espcie e que depois tendem a desaparecer porque s importante para uma dada situao, havendo uma srie de alteraes. Em todas as espcies existem padres de desenvolvimento que so caractersticas de uma mesma espcie. Na Psicologia Comparada, nomeadamente no behaviuorismo, foi dada uma grande importncia possibilidade de se modificar o comportamento, atravs daquilo que se pode adquirir : condicionar os animais, dando a maior importncia modificabilidade do comportamento e possibilidade de conhecermos as leis pela forma como os animais adquirem o comportamento. uma posio radical, em que se estabelecem leis, como meio de organizar racionalmente a eduo, sendo esta uma maneira de corrigir comportamentos desajustados e disruptivos e tornar a sociedade melhor. John Watson (1878-1958) Pavlov e Thorndike Burrus Skinner (1904-1990) Os etlogos da altura rejeitaram esta teoria, j que os animais da mesma espcie no aprendem todos os comportamentos e que no repertrio de cada espcie eram os factores inatos, tais como os aspectos que tinham a haver apenas com a expresso dos genes hereditariamente transmitidos. No entanto os etlogos consideravam tambm o papel da aprendizagem. Dicotomia Inato Adquirido: Comportamentos inatos - s dependem da maturao biolgica. Comportamentos adquiridos - dependem da experincia e da aprendizagem Alterao da probabilidade de um animal (organismo) mostrar um dado comportamento mais adaptativo com resultado de uma experincia. Os etlogos consideravam mais importante todos os repertrios inatos dos animais porque eles acontecem sem condicionamentos e tambm por privilegiarem mais o trabalho de observao ecolgica e no laboratorial. Muitas vezes, os animais tm que resolver os seus comportamentos com xito logo primeira vez, sem ter oportunidade de repeti-los (e.g. fuga de um predador).

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No obstante, o que interessava aos etlogos clssicos era distinguir e saber quais eram os comportamentos inatos e os adquiridos. E com esse intuito desenvolveram as clebres experincias de privao. Experincias de Privao Pretendem mostrar os comportamentos que dependiam de factores biolgicos ou de aprendizagem. Exemplo: Quer-se saber como os esquilos comem. Quer-se saber se o comportamento partir uma noz nasce com o animal ou se ele necessita de aprend-lo. Para o efeito, formaram-se dois grupos (experimental e controlo). Ao grupo experimental dada uma dieta liquida e os animais nunca viram nozes ou algum a partir nozesMais tarde, apresenta-se uma noz ao esquilo e o animal comea a parti-la e a comer o seu miolo (embora demorasse algum tempo a faz-lo) os esquilos sabiam que a noz era um alimento e que a tinham de partir, logo era um comportamento inato transmitido hereditariamente. Lorenz afirmou: O comportamento de partir ou esconder nozes inato, no entanto, os esquilos aprendem qual a tcnica de abrir a noz por observao dos mais velhos, logo este comportamento tem tambm elementos adquiridos pela experincia mosaico comportamental . Esta uma interpretao clssica de um resultado positivo: O comportamento em estudo inato Daniel Lehrman criticou Lorenz: 1) As experincias de privao podem-nos dizer quais so os estmulos que no so importantes, mas no nos podem dizer todos os estmulos que so importantes; 2) H muitos comportamentos que so estereotipados. No por serem inatos, no sentido da Etologia Clssica, mas porque todos os animais de uma determinada espcie crescem no mesmo habitat. Estereotipias pode ser causada no pela hereditariedade, mas sim pela igualdade ambiental Mas, a verdade, que h algumas falhas a ressalvar neste tipo de estudo, pois os etlogos s se lembraram da privao de estmulos bvios e o esquilo, por exemplo, no tinha sido privado de coisas duras. Esta a interpretao moderna de um resultado positivo: Os estmulos de que o sujeito foram privados no so importantes h ontogenia dos comportamentos em causa Crticas ao Behaviourismo: Os programas de aprendizagem do condicionamento tinham constrangimentos face quilo que os animais podiam aprender (ex. no podemos modificar os rituais de acasalamento) John Garcia Experincia para demonstrar esses constrangimentos:

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. Amostra A Ratos que tinham acesso a recipientes de gua que acendiam a luz e produziam um som quando eram tocados. . Amostra B Ratos que tinham acesso a recipientes de gua adocicada com sacarina.

Metade da Amostra A e da amostra B foi submetida radiao (que produzia naseas) e a outra metade sofreu um choque elctrico a seguir a cada visita ao bebedouro.Os ratos que sofreram o choque elctrico depois de beberem gua associada luz e ao som evitaram o respectivo bebedouro. Os ratos que sofreram naseas na sequncia de beberem gua adoicada evitaram o respectivo bebedouro. Consequncias Nuseas Dor (Interno) (Externo) Evitam No evitam (No Associam) No evitam (No Associam) Evitam

Estmulos Robert A. Hinde

gua Adoicada (Interno) gua+som +choque (Externo)

Legenda: Os ratos associam o sabor da gua adocicada s naseas e passam a evit-la;

os ratos associam o som dor e mostram-se mais defensivos quando ouvem o som; mas os mesmos ratos no conseguiram associar o contrrio, i.e., tm + dificuldades em associar um estmulo externo (som) a um estimulo interno (nuseas), e vice-versa.

Para alm disso, em termos biolgicos, o paladar dos ratos parecer ser um indicador mais eficaz na deteco de estmulos maus para comer, do que a audio. Os ratos tm ainda outra caracterstica interessante, em relao comida. Eles aprendem se um tipo de comida mau por eles prprios ou na troca de informaes com outros. Ou seja, se os ratos encontram um novo tipo de alimento, comem apenas um pedao e depois esperam um perodo at voltarem a comer. neste espao de tempo que eles ficam a saber se o novo alimento bom ou no e que tipo de reaces provoca. Este tipo de experincias de privao mostraram ainda que determinados aspectos do comportamento so bastante mais flexveis do que outros. Garcia contrariou, deste modo, o principio de equipotencialidade de Skinner que dizia que todo o estimulo conduz a um comportamento. O efeito Garcia defende a existncia de leis de aprendizagem mas s se estiverem ligados a mecanismos biolgicos.

Etlogo ingls que tem desenvolvido o dialogo entre as cincias naturais e as cincias humanas, e, em particular entre a Etologia e a Psicologia. Animal Behaviour. A synthesis of Ethology and comparative Psychology. (1970)

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Props que o comportamento comeasse a ser visto noutro sentido, que se abandonasse a dicotomia inato-adquirido. A velha dicotomia A velha dicotomia inato/adquirido foi substituda pela viso do desenvolvimento comportamental como um processo epigentico sendo os conceitos de inato e adquirido substitudos por novos conceitos flexveis. Comportamentos Ontogenicamente Estveis ------------------ Comportamentos Ontogenicamente Lbeis (possibilidade de serem modificados)

Ontogenia dos Comportamentos: Behaviorismo: Defesa da importncia primordial da experincia no desenvolvimento Valorizao da aprendizagem; -Etologia Clssica: Defesa do interesse em identificar o que determinado pelos genes e o que depende da experincia; A valorizao dos repertrio inatos A experincia de privao -Etologia Contempornea e Psicologia Comparada: Abandono da dicotomia inato/adquirida e o estudo da ontogenia do comportamento como um processo epigentico: a interpretao moderna, mais limitada, das experincias de privao. ateno aos efeitos da experincia sobre a maturao. ateno as estereotipias induzidas pelo meio. interesse nos constrangimentos aprendizagem. estabilidade e habilidade dos comportamentos. As influncias dos genes e do ambiente exercem-se ao longo do tempo. A maturao indissocivel da experincia e as suas interaces resultam num processo de estruturao progressiva do individuo e do seu comportamento. As for as behaviour is concerned, genes influence everything but determine nothing Peter Slater (1999)

Filogenia Evoluo no estudo dos comportamento Evoluo no estudo do parentesco evolutivo: Como eram os nossos antepassados? Quando que apareceram na histria evolutiva da linhagem do comportamento?

Aula 13 02.12.02

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Podemos falar de filogenia nos padres de conhecimento nos felinos. Ser que um dado comportamento do gato europeu foi originado neles ou surgiu nos seus antepassados? Podemos fazer experincias para estudar a filogenia dos animais? No sentido da evoluo biolgica no podemos porque houve mudanas na filogenia dos animais nos seus antepassados, ainda no estvamos c ns. No estudo da filogenia, faz todo o sentido que os combates nas espcies sociais sejam padronizados, ritualizados e os animais tendem a limitar os conhecimentos ao mximo para no se prejudicar a si prprio, para no prejudicar as suas hipteses na reproduo, porque um macho aleijado tem menos hipteses de vingar sexualmente perante as fmeas. Quando falamos de evoluo, falamos na modificao das caractersticas de uma populao ao longo das geraes. Ser que uma populao no se pode modificar sem ser por causa da seleco natural ou evoluo biolgica? Existem modificaes (por exemplo dos humanos) que so causadas pela evoluo sociocultural. No somos a nica espcie que mostra evoluo sociocultural dos comportamentos. Os chimpanzs tambm tm este aspecto. Exemplo disso so os macacos japoneses. Culturas ou Tradies - Variantes comportamentais em diferentes populaes da mesma espcie mantidas de gerao em gerao atravs da aprendizagem social sem a interveno de diferenas genticas. Nos estudos dos macacos japoneses, que habitavam numa determinada ilha, verificou-se que existiam alguns que descobrem comportamentos novos que permitem uma melhor alimentao. Uma das macacas jovens descobriu que as batatas deixadas pelos investigadores eram mais saborosas se fossem lavadas na agua do mar ficavam mais salgadas e mais ao gosto delas. Depois todas passaram a fazer o mesmo lavar as batatas na gua (esta evoluo e feita a nvel sociocultural). Tambm os piscos abrem as garrafas de leite, deixadas pelo leiteiro porta de casa das pessoas na Inglaterra e bebem as natas. Como consequncia, este comportamento proliferou pela Inglaterra toda. Tradies Comportamentos aprendidos socialmente que surgem apenas numa parte das populaes naturais de uma espcie. So comportamentos lbeis. O choro dos bebs, por seu turno, um exemplo crasso do tipo de comportamento que evolui filogeneticamente e que ontogeneticamente estvel. Como se estudam estes comportamentos filogeneticamente? Como surgiram? que evoluem

Os ces todos, de todas as raas foram produzidas deliberadamente por seleco artificial. Todos eles tm morfologias e comportamentos diferentes.

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O, j referido, choro dos bebs surgiu por evoluo filogentica: h diferenas genticas dos indivduos que esto na base das diferenas comportamentais (h sujeitos que tm fenotipos por terem gentipos diferentes) . Estas mudanas trazem vantagens para o individuo a nvel do sucesso reprodutivo. Nas moscas da espcie Hilara Sartor, o macho, na fase de acasalamento, oferece fmea um balo de seda vazio antes da cpula. A fmea segura com as patas o balo e s depois que o macho pode acasalar com ela.

Como ter surgido este comportamento? Utilizando o mtodo comparativo, olha-se para as vrias espcies do gnero Hilara e tenta-se compreender o que se passa nas diferentes espcies. As moscas alimentam-se de nctar, mas nem todas as espcies deste gnero so herbvoras. Algumas fmeas so predadoras e outras comem o prprio macho durante a cpula. Nas espcies carnvoras, os machos caam as presas e oferecem-na fmea e enquanto ela as come, o macho acasala. H outras espcies em que os machos, antes de copularem, capturam a presa e embrulham-na em fios de seda e no decorrer da copulao, enquanto ela desembrulha o presente e come o seu contedo, o macho copula sem o risco de ser ele a ser comido.

Do comportamento mais primitivo ao mais evoludo: No oferecer Balo Nada s/utilidade acasalamento) p/ganhar tempo) de, s Oferecer Prenda Oferecer prenda Oferecer

(ganha+tempo para Embrulhada Vazio o acasalamento) (aumenta o tempo (prenda

H comportamentos que so semelhantes no por razoes evolutivas (divergncias), mas por analogia (convergncia), isto , em espcies no aparentadas. O caso especifico da Linguagem dos Humanos: Origina-se atravs de processos filogenticos evolutivos a nvel gentico e depois sofreu um processo sociocultural. H sinais de comunicao entre os humanos que evoluram, num misto filogentico e cultural. Existem muitas saudaes que envolvem as mos dos indivduos. Qual a lgica evolutiva de usar as mos como cumprimento? Qualquer gesto de mostrar a mo um gesto de paz, de no ameaa. Estes gestos tm-se vindo a estilizar cada vez mais. Na linguagem dos sinais tudo o que favorece a linguagem estilizado chama-se a isso Ritualizao.

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Ritualizao Processo evolutivo de ordem natural ou filogentica, pelo qual um comportamento no-comunicativo adquire valor comunicativo. Origem Evolutiva dos Displays: Movimentos de inteno Actividades Deslocadas Respostas do sistema nervoso autnomo Respostas de proteco As exibies de qualidade do emissor Quando um macho se aproxima de uma fmea acontece cpula ou no. Isso desencadeia no macho um conflito emocional, mediante o sucesso ou insucesso da investida. Esta aproximao poder ser acompanhada de outros padres de conhecimento actividades deslocadas que do a entender fmea as intenes do animal. O macho mostra o seu display sexual, pretendendo a ateno da outra. S como nota de curiosidade, pensa-se que o acto do beijo derivou de um comportamento alimentar. Billing o nome da actividade deslocada, que significa beijo alimentar parental surgiu da observao das mes a alimentar as crias boca a boca.

Aula 14 03.12.02 Tentativa de esclarecimento acerca do percurso evolutivo das expresses faciais que levaram ao sorriso, atravs da comparao entre diversos primatas actuais: O investigador Van Hoff dedicou-se ao estudo das expresses faciais nos primatas e concluiu que eles tm msculos faciais complexos, importantes para funes vitais, como o mastigar, chupar. Tal complexidade foi adquirindo outras funes para alm das referidas. o caso das expresses faciais. Van Hoff tentou comparar as expresses de brincadeira (boca aberta mas sem mostrar os dentes) e expresses de ameaa (mostrar os dentes). Tal diferenciao serviu para mostrar que o riso possui uma certa tenso, tendo surgido duma ritualizao filogentica onde ocorreu a fixao de 2 elementos opostos: tenso (quando inspiramos) e relaxamento (quando expiramos).

Aula 15 09.12.02 Funes do comportamento (ou etologia dos comportamentos): Quais as consequncias e a importncia da adaptao de determinado comportamento?

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O comportamento dos animais o principal processo pelo qual eles agem sobre o meio: procuram-se presas, escolhem-se parceiros de acasalamento etcEsta a ecologia dos comportamentos e por isso que podemos falar sobre o papel de cada um dos padres de comportamento, na vida do animal, na sua relao com o meio. Mas qual ento a contribuio que cada comportamento d adaptao no sentido evolutivo? Como sabemos que o animal est adaptado? O que o torna adaptado? Como se define um animal bem adaptado no sentido Darwiniano? Pode-se dizer que uma caracterstica contribui para a adaptao do animal, se essa caracterstica contribuir para a sobrevivncia e sucesso reprodutivo do animal. Podemos falar de Fitness (valor adaptativo) das diferentes caractersticas anatmicas, p.e., a carapaa da tartaruga e a sua contribuio reprodutiva (protege-as dos predadores e deixa-as a salvo); o choro e a sua adaptao ao meio (os bebs que choram deixam mais genes do que os que no choram, embora a reproduo ainda esteja longe). Valor Adaptativo (Darwin):

Contribuio para a adaptao do individuo?

Qual a funo de um comportamento?

O comportamento tem sempre uma funo em ultima instncia que contribuir para o sucesso reprodutivo da espcie. Mas, em termos imediatos, qual a funo? Como se investiga? Em Etologia isso sabe-se atravs da observao das consequncias imediatas. E como que isso se observa? Anlise de Custos-Benefcios: Muitas vezes, a execuo de determinados comportamentos acarreta custos para o animal, p.e. as moscas Hilara Sartor macho que, fazem os bales de seda para oferecer as fmeas, perdem algum tempo e energia a faz-lo, mas tm em vista um objectivo ltimo o acasalamento. Falar em custos e benefcios falar, portanto, em gastos de tempo, de energia, riscos etc. que tm a funo ultima de obter ganhos. Os benefcios/ganhos podem ser desde alimentao, reproduo at sobrevivncia e ao afastamento de outros animais. Geralmente, observamos que na balana dos custos e benefcios, o que pesa mais so os benefcios, caso contrrio, a seleco natural j se tinha encarregado de eliminar aquele comportamento. Exemplo (Chapim-Real): Krebs quis investigar esta espcie pois julgava que o som/canto deste animal tinha funes diferentes, para alm de atrair as fmeas, que eram, nomeadamente, funes territoriais. Formulou a hiptese: O canto pode ter a funo de repelir os outros machos hiptese confirmada. O Chapim-real, atravs do canto, permite-se marcar o seu territrio, espao que, alis, defende agressiva e activamente. Slater quis tambm

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investigar esta questo e encontrou uma quinta em que haviam meia dzia de territrios de machos Chapins-Reais. O primeiro passo foi apanhar os Chapins todos. Depois dividiu a quinta em 3 zonas: uma zona ficou em silncio, outra com colunas que transmitiam o canto dos Chapins e outra zona, onde as colunas passavam assobios, mas de outra espcie. Ser que a quinta passava a ser colonizada novamente? E como isso aconteceria? A primeira zona a ser colonizada foi a zona do silncio, pois no havia zona territorializada. Seguiu-se a zona dos assobios da outra espcie e, s depois, a zona de canto do Chapim Real. Concluses: Um comportamento pode conseguir mais do que uma funo: - Pode atrair fmeas - Pode atrair presas - Mostrar o territrio aos outros machos - Corte - Cuidados Parentais Comportamento Consequncia Gasta menos tempo em combate Arranja + alimento para as crias Aumenta a probabilidade das crias serem mesmo suas Aumenta a probabilidade de se reproduzir N de ovos viveis

Afasta Rivais O Macho Canta Atrai Fmeas

Estimula a Parceira

Funo em ultima analise: Mais filhos na gerao seguinte H ainda a salientar que as fmeas so as nicas a poder entrar no territrio do macho e que o canto por si s no basta, necessria a presena do macho tambm importante. Um outro Exemplo: Tinberg e os seus colaboradores analisaram o comportamento de gaivotas de cabea-preta (1990) e observaram que estes animais, que constroem os ninhos em dunas, logo aps o nascimento das crias, apanham as cascas de ovo e levam-nas para longe dali. Porque o fazem? Qual a funo deste comportamento?

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Hiptese: Quais seriam os benefcios deste comportamento? Ser que as cascas do ninho aumentavam o risco de predao? (Ao afastar as cascas do ninho o predador no iria procurar as crias onde elas estavam realmente) Tinberg dividiu uma praia em duas zonas: uma de controlo e outra onde voltou a espalhar as cascas dos ovos. Qual seria a amostra mais sujeita predao? Concluiu que o grupo experimental era o mais afectado e que, pelo menos, a casca de ovo seria, efectivamente, uma forma de atrair os predadores. Mas ter a gaivota um comportamento consciente, intencional, ao tirar os ovos do ninho? No, isso no necessariamente assim. Na anlise do comportamento no devemos confundir inteno com funo. So coisas distintas. A funo I Estmulos no tem II Receptores sensoriais que ser III Processos de coordenao neuroconsciente, endocrina como s I Efectores vezes se V verifica nos V Respostas humanos, pois em ns existe antecipao do futuro e planeamento de objectivos e nos animais no. Basta que tenha havido um mutante, com algum tipo de resposta sensorial e motora de afastamento das cascas do ninho, que tenha ficado em vantagem e o comportamento evolui filogeneticamente.

Aula 16 10.12.02 Etologia Aplicada: Nos tempos modernos, uma rea de investigao e de inveno que visa encontrar as melhores condies de vida para os animais que vivem em cativeiro. Toma, igualmente, posies em relao, por exemplo, s touradas, mas f-lo cientificamente e com o rigor necessrio. Videograma Stimulus-response ASAB Association for the study of animal behaviour Temas: Apesar das diferenas entre os actos reflexos e as respostas da aprendizagem, ambos os fenmenos comportamentais, podem ser analisados na seguinte cadeia de eventos:

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Parte I :

Estmulos Luz Calor e tacto Cor e cheiro Estmulos internos

Parte II : Receptores Olfcticos Auditivos Visuais

Parte III : Coordenao Habituao Condicionamento Clssico Aprendizagem por tentativa-erro = Condicionamento operante Aprendizagem por observao Parte IV e V: Efectores de Resposta Efectores internos Necessidades stress e estereotipias comportamentais A possibilidade do melhoramento do bem-estar animal pelo conhecimento da funo e comportamento nas diferentes espcies e pelo enriquecimento ambiental

Aula 17 17.12.02 Sociobiologia: Esta a corrente, fundada por Edward Wilson, que procura explicar os padres de comportamento social de cada espcie a partir do conhecimento da sua ecologia e das presses selectivas que influenciam a sua evoluo. Atendem tambm aos aspectos genticos do seu modo de reproduo. A sociobiologia avalia tambm os custos e benefcios da funo de uma aco tanto pelos machos, como pelas fmeas. Os principais objectivos so, sobretudo, os de compreender os padres de acasalamento e de organizao social nas diferentes espcies, tendo, sempre em considerao, a anlise de custos e benefcios de cada comportamento, (no que diz respeito transmisso de genes) para as diferentes classes de indivduos na sociedade. Edward Wilson : Wilson, E.O. (1975). Sociobiolgy: The New Synthesis. Cambridge. Massachusetts: The Belknap O objectivo era explicar o comportamento social nas formigas, lees, rinocerontes, etc. luz dos constrangimentos ecolgicos e reprodutivos, sobretudo das suas condies ecolgicas, presses reprodutivas, da sua demografia procurando sempre a evoluo da reproduo sexual na espcie.

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A seleco actua primeiramente em cada animal, beneficiando aqueles que tm comportamentos mais favorveis passagem dos seus genes para a gerao seguinte. Subentendido est o conceito de fitness, para o qual, Lorenz chamou ateno (capacidade para diferente de cada um passar os seus genes para os descendentes ). Aqueles que tiverem um fitness melhor, fazem uma maior performance, no sentido de espalharem mais os seus genes. O Gene Egosta e os Comportamentos Altrustas: Poderamos ento dizer que a seleco natural promove comportamentos egostas , em detrimento de outros. Numa perspectiva Darwiniana isso correcto. Mas vrios observadores descobriram outros comportamentos que pareciam evidenciar a presena de atitudes altrustas Mas ento, porque ter a seleco natural aprovado estes comportamentos? Por que isso leva sobrevivncia das prprias crias. Se a funo biolgica a propagao dos prprios genes, ento dar a vida pelas crias e aliment-las serve para essa tal divulgao gentica. Exemplo (Coligaes de Lees) : S no nosso sculo que se estudaram a comunidade dos Lees. Ambos os sexos tm economias reprodutivas separadoras. Os grupos de fmeas vivem juntas, caam, tomam conta das crias todas e aleitam os filhos das outras. Mas no ser estranho as leoas amamentarem filhos que no so os seus? Nem por isso, pois, no fundo, todas elas so aparentadas (aleitamento partilhado). Os benefcios deste comportamento so as eventuais ajudas que podero vir a ser precisas, mais tarde (altrusmo recproco) e, no caso das leoas, por serem parentes umas das outras (parentesco), apesar de no serem filhos so sobrinhos, netos, primos. Um outro aspecto importante nestas comunidades de Lees o fenmeno de infanticdio. Na lgica de infanticdio, os machos dominantes do grupo, expulsam certos lees do seu seio, e, de seguida, matam as crias destes. partida este comportamento seria prejudicial para a prpria coligao, mas o que se observa que as fmeas, que estavam a aleitar (as crias dos outros) e que no podiam ovular, ficam desimpedidas fisiologicamente para engravidarem novamente. Com o desaparecimento das crias, a ovulao j possvel e a coligao pode perspectivar a expanso directa dos seus genes.

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Continuao da aula anterior

Aula 18 06.01.03

Um comportamento pode ter mais do que uma funo imediata, mas todas essas funes contribuem para uma lgica maior da funo ultima, i.e., o que est verdadeiramente por detrs de um comportamento, e que sempre contribuir para a propagao dos genes individuais (e no os da espcie)

Aleitamento partilhado Infanticidio Altrusmo Recproco

Explica os padres comportamentais com base na sua ecologia

Seleco de Parentesco (Kim selection): Fenmeno desenvolvido por Hamilton e Dawkins, que tem por base um conceito, cada vez mais utilizado na sociobiologia que o coeficiente de parentesco: a probabilidade de que um gene presente num individuo esteja tambm presente noutro, por razoes de ancestralidade comum. essencial para compreender que quando os animais investem noutros organismos, mesmo que no sejam os seus filhos, possa estar a aumentar o seu comportamento reprodutivo, ainda que seja de forma indirecta. Por exemplo, um pai leo tem 100% dos genes. Cada um dos seus filhos ter 50% genes seus. Se no total o pai tiver 4 filhos existiro 200% dos seus genes.

Sociobio logia (Coliga o de Lees )

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Nota: O sucesso reprodutivo no se mede s pelo nmero de descendentes directos que o individuo deixa, como tambm pelos indirectos que possa dar.

Aula 19 07.01.03 Concluso da aula anterior: Modelo do altrusmo especifico : possvel que hajam vantagens para os organismos que realizem actos altrustas. Por detrs de um custo, pode haver um ganho. Em que espcies especificas podemos encontrar comportamentos altrustas ? Espcies em que exista o reconhecimento individual; Espcies em que h pouca disperso dos animais, donde passam mais tempo juntos; Espcies que conseguem possuem mecanismos comportamentais que lhes permitem identificar a batota dos outros, que se dispe a ajudar H baixos custos para o dador e altos benefcios para o receptor! Aula 20 13.01.03 A evoluo e as funes do comportamento humanos: Ao tentarmos estudar a evoluo e funo dos comportamentos, conclumos que s h evoluo quando existe variabilidade gentica em conjunto com variabilidade comportamental. As variaes fenotipicas permitem aos indivduos ter nveis de reproduo diferentes. Significa isto que algumas das diferenas correspondem a uma maior adaptao do animal, sendo que assim tambm conseguimos entender melhor as funes de comportamento. Chapim Real cant o seguintes Noo de Territrio

Ancestrais usaram-no e resultou. Adaptou-se para os genes

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Comportamento (fentipo que ajuda no sucesso reprodutivo) Surge ento a perguntaser que o comportamento humano (o nosso comportamento) apenas uma adaptao ao meio ecolgico? Os comportamentos que observamos nos humanos variam, tal como nos animais, de cultura para cultura, merc da variao scio-cultural e no filogentica A adaptao s transformaes no mundo nas diferentes partes que o constituem O exemplo da alimentao: No paleoltico, o Homem procurava aquilo que no estava habituado a comer, ou seja, como comia muitos vegetais, frutos e tudo o que a terra podia oferecer, comeo a procurar alternativas, que, neste caso, foi a carne dos animais. Tambm os primatas procuram, por exemplo, nozes e outros frutos assim, pois saturam-se de comer fibras e vegetais. Mas o mesmo j no acontece connosco, hoje em dia. Apesar de continuarmos a partilhar parte do nosso sistema neuronal com o homem do paleoltico, nos dias que correm a nossa preferncia pela alimentao saudvel, diminuiu num sentido geral. (Exemplo da aula) Muitos de ns, na vspera de um exame, abrem o frigorifico e preferem comer um bolo a uma cenoura. Isto pode demonstrar que J no h uma busca to intensa e preocupada pelos alimentos que escasseiam. Preferncia na escolha do parceiro sexual: (As determinantes da escolha do parceiro tm as suas origens h 100.000.000 anos atrs) Psicologia Evolutiva: David Buss (1999) dedicou-se ao estudo das tendncias/preferncias sexuais dos humanos, a nvel universal. Para o efeito, analisou 37 culturas, em relao aos critrios de seleco dos parceiros sexuais. Qual o interesse etolgico deste estudo? Os genes dos humanos actuais remontam ao Paleoltico. Neste perodo, os referidos genes codificaram a estruturao dos sistemas nervosos, produzindo respostas adaptativas quele contexto ecolgico, nos vrios aspectos da vida (alimentao, reproduo etc.). No caso da sexualidade, as caractersticas consideradas como, universalmente mais atraentes, so as que maximizavam o sucesso reprodutivo no meio ancestral de outrora. E, numa lgica adaptativa faz todo o sentido estudar estes aspectos, pois eles tm o seu qu de influencia nos comportamentos de hoje. 1) O Caso dos Machos:

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O valor adaptativo (fitness) de um macho ser tanto maior, quanto maior for a sua atraco por fmeas, cujas caractersticas indiquem sinais de um potencial reprodutivo mximo5. O sucesso de certos comportamentos dependem, deste modo, do tipo de parceira que escolhem para reproduo: Se os machos A elegem as fmeas com o maior potencial reprodutivo, ento a espcie A ter uma maior taxa de sucesso de adaptao (sobrevivncia). 3 tpicos analisados entre homens e mulheres: Idade preferida para o cnjuge: mais novas VS mais velhos Estatuto socio-econmico: Pouco importante VS muito importante Perspectiva de boas condies econmicas: Pouco importante VS Muito importante O estudo provou que qualquer uma destes resultados universal Quais so, ento, as caractersticas de honestidade (no meio ancestral) que indicam que uma fmea jovem, saudvel e sem filhos ainda, e consequentemente, mais atraente aos olhos do homem? Pele lisa e firme ( um bom sinal de jovialidade) Traos infantis (Olhos grandes e vivos, linhas curvas so um bom sinal de juventude) Cintura mais estreita que as ancas (No paleoltico, a cintura estreita numa mulher era um bom sinal de que ela era pr reprodutiva. Actualmente, esse comportamento parece manter-se, pois os homens, em praticamente todo o mundo, consideram mais atraentes as mulheres, em mdia, com quociente cintura/ancas de cerca de 70%. Boa dentio ( um bom sinal de sade e ausncia de filhos pois ter um filho descalcifica) Lbios bem irrigados (Outro bom sinal de sade e juventude, s apresentveis em jovens fmeas) 2) Caso das fmeas: (Precisam, em geral, de mais tempo que os homens para a escolherem os parceiros sexuais) O valor adaptativo de uma fmea ser maior se ela escolher um macho cuja as caractersticas constituem sinais correlacionados com boas qualidades genticas , capacidade de obteno de recurso ,disponibilidade para investi-los nas crias e capacidade para as defender. A fmea bem sucedida procurava, no Paleoltico, comportamentos que indicassem: (tal como nos homens estas preferncias mantm-se de um modo geral)Estes sinais sero honestos (infalsificveis) se se apresentarem apenas em fmeas jovens, saudveis e pr-reprodutoras).5

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Vigor( virilidade) os machos tm que se envolver em jogos para mostrarem os seus potenciais ). Estatuto social ( um sinal de que os machos podem apoiar as crias e ter por isso um maior sucesso reprodutivo). Posse de recursos Estabilidade comportamental ( maturidade). Generosidade (presentes )- um sinal de posses de recursos e motivao para investir . Afectividade com as crias.

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