apontamentos direito executivo

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Apontamentos direito executivo

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Caractersticas da aco executivaA primeira caracterstica o favor creditoris. A execuo seria um processo sem igualdade material de fundo entre credor exequente e devedor executado, prevalecendo a posio daquele sobre a deste. Este favor creditoris decorre do prprio postulado intrnseco da execuo: a parte activa no pretende ter um direito, mas exerce j um direito, demonstrado no ttulo executivo. Neste sentido, a execuo do e para o credor. A segunda caracterstica a coaco. Os actos materiais so realizados sem concurso da vontade do destinatrio. Ao ser um momento do exerccio do ius imperii, podem ser impostas medidas de coaco ao executado e aos terceiros que no colaborem com a realizao coactiva da prestao. A terceira e a proporcionalidade. Ou seja, os actos executivos deve, ser proporcionais ao crdito. Deve penhorar-se o estritamente necessrio.Os actos executivos de penhora e de apreenso de coisas e ulteriores actos de venda devem ser os estritamente necessrios e adequados para satisfazer a pretenso do autor (735/3; 813/1; 751/2). A quarta a especializao. A aco executiva destina-se a realizao dos direitos ou poderes a uma prestao.Por ltimo, a formalizao. No h aco executiva sem o ttulo executivo.

A aco executiva aquilo a que o autor tem direito (720 - o agente de execuo tem o poder de direco do processo).1. Fase introdutria: requerimento executivo, despacho liminar, citao.2. Fase da penhora: aqui que o agente de execuo vai praticar os actos preparatrios da penhora e os actos de penhora propriamente ditos. Os actos preparatrios so sobretudo as pesquisas nas bases de dados. Chegados aqui temos de distinguir consoante a forma de processo ( 550 CPC forma de processo comum). Ha tipos de pedidos (10/4) e por isso os actos executivos vo depender. A mais importante a execuo para pagamento de quantia certa ( at porque as outras duas podem convolar-se em pagamento de quantia certa). Nos termos do 550 execuo para quantia certa tem duas formas, a ordinria e a sumria. Na forma ordinria h citao previa a penhora e h despacho liminar do juiz. Na forma sumria, a citao posterior penhora e no h despacho do juiz (726 e 875) dispensa de citao prvia.Quando houver citao (732), o executado tem 20 dias para se defender atravs da oposio execuo. Esta aco corre por apenso, um incidente declarativo paralelo que em regra no tem efeito suspensivo.Quando acabar a fase da penhora, pode haver oposio penhora, atravs do incidente declarativo de oposio penhora (784) ilegal. Imaginemos que se penhora um bem de terceiro que no executado, por engano, ento ele tem no 342 o embargo de terceiro sua disposio. Finda a penhora, o 786 deve citar o cnjuge se se penhorarem bens comuns ou se se penhorou um bem imvel, mas ele a intervm como parte no processo. Tem de se citar os credores com garantia real e o estado ( crditos tributrios ou de segurana social privilgio creditorio). O art. 824 do CC diz que os bens vendidos numa aco executivo so vendidos livres de garantias reais e portanto, os bancos, por ex., tm de aparecer antes do pagamento. Os credores reclamantes com garantia real tem de vir antes para executar a sua dvida. O problema que a aco executiva comea por ser uma execuo singular e pode terminar por ser uma execuo colectiva. Depois h o incidente de reclamao e graduao de crdito que diz quais os crditos reconhecidos com garantias reais e por que ordens que eles vo ser graduados, segundo as foras da sua garantia real. Isso quer dizer que se o exequente no tiver garantia real, pode acontecer que este no receba nada, fica no fim da lista. 3. Venda: o agente de execuo vai vender os bens (811) e com o produto da venda sero pagos os crditos segundo a graduao de crditos e os custos da execuo.4. Pagamento: h vrias formas de pagamento (795). Pagamento significa satisfao do crdito do exequente. O credor pode ser pago atravs de uma dao pro solvendo (entrega da coisa), consignao de rendimentos, etc.

Objecto da aco executiva: O pedido o efeito jurdico pretendido pelo exequente junto de um tribunal (724/1 al f)). Nas aces executivas o efeito jurdico pretendido corresponde tendencialmente mesma situao de vantagem que adviria s cumprimento espontneo do devedor. esse o objecto imediato. Alis pelo pedido que se distinguem as aces. O pedido da aco executiva a realizao coactiva da prestao. O credor pretende obter a mesma situao de vantagem que adviria do cumprimento da obrigao. O objecto mediato, a prestao devida o objecto pedido o objecto devido o fim da execuo (10/6). Tendencialmente a aco executiva uma execuo especfica. A execuo especfica de entrega de coisa certa pode se convidar numa execuo especfica de entrega de quantia certa.Escrevemos que o objecto do pedido ser tendencialmente o objecto da prestao, com a diferena de a mesma ser realizada coactivamente. Efectivamente, nem sempre se d essa coincidncia entre objecto pretendido e objecto mediato da execuo. Verificada a impossibilidade legal ou prtica de obteno da mesma vantagem que adviria do cumprimento espontneo do devedor, pode o credor pretender um efeito jurdico sucedneo, enquanto objecto imediato. Nestes casos, o pedido de cumprimento especfico d lugar a um pedido de cumprimento por equivalente. De entre as vrias espcies, a execuo para pagamento de quantia certa serve de modelo para as restantes, a ela se recorrendo na falta de normas especiais (551/2). Alm disso, quer a execuo para entrega de coisa certa, quer a execuo para prestao de facto podem, a dado momento, ser convertidas em execuo para pagamento de quantia certa (867 869).H trs tipos de aco executiva: para pagamento de quantia certa, para entrega de coisa certa, para prestao de facto.Na aco executiva para pagamento de quantia certa, um credor (o exequente) pretende obter o cumprimento de uma obrigao pecuniria atravs da execuo do patrimnio do devedor (executado) (817 CC). O exequente obtm assim o mesmo resultado que com a realizao da prestao que, segundo o ttulo executivo, lhe devida. Na aco executiva para entrega de coisa certa, o exequente, titular do direito prestao duma coisa determinada, pretende que o tribunal apreenda essa coisa ao devedor (executado) e seguidamente lha entregue (827 CC). Pode porm acontecer que a coisa no seja encontrada e neste caso o exequente proceder a liquidao do seu valor e do prejuzo resultante da falta da entrega, penhorando-se bens do executado para pagamento da quantia liquidada (867 CPC).Por outro lado, o direito prestao da coisa pode ter por base uma obrigao ou um direito real.Na aco executiva para prestao de facto, quando este seja fungvel, o exequente pode requerer que ele seja prestado por outrem custa do devedor (828 CC), sendo ento apreendidos e vendidos os bens deste que forem necessrios ao pagamento do custo da prestao. Mas quando o facto seja infungvel, o exequente j s pode pretender a apreenso e venda dos bens do devedor suficientes para o indemnizar do dano sofrido com o incumprimento (868 CPC). Por outro lado, no caso de violao de um dever de omisso (prestao de facto negativo), o exequente, consoante os casos, pedir a demolio da obra que porventura tenha sido efectuada pelo devedor, custa deste, assim como a indemnizao do prejuzo sofrido ou uma indemnizao compensatria (829 CC e 876 CPC). Assim, tambm neste tipo de processo, o credor pode obter o mesmo resultado que obteria com a realizao, ainda que por terceiro, da prestao que, segundo o ttulo lhe devida.Desta breve anlise dos tipos de aco executiva, podemos retirar algumas concluses:1. A aco executiva pressupe sempre o dever de realizao duma prestao.2. Diversamente da aco declarativa, a aco executiva no pode ter lugar perante a simples previso da violao de um direito. Atravs dela o exequente visa reparar um direito violado. S pode propor a aco depois de consumada a violao.3. Atravs da aco executiva, o exequente pode obter resultado idntico ao da realizao da prpria prestao que, segundo o ttulo executivo, lhe devida, quer por meio directo ( apreenso e entrega da coisa ou quantia devida; prestao de facto devido por terceiro), quer por meio indirecto ( apreenso e venda dos bens do devedor e subsequente pagamento), ou, em sua substituio, um valor equivalente do patrimnio do devedor (execuo por equivalente). A execuo por equivalente constitui expresso do princpio segundo o qual todo o patrimnio do devedor responde pelas suas obrigaes (817 Cc ) . Ao invs, a execuo especfica da obrigao (em sentido lato) a entregar uma coisa ou prestar um facto mais no do que a forma jurisdicional de exerccio de um direito real ou de crdito.4. O tipo de aco executiva sempre determinado em face do ttulo executivo, consoante deste conste uma obrigao pecuniria, uma obrigao de prestao de coisa ou uma obrigao de prestao de facto. Mas pode haver converso da aco executiva de entrega de coisa certa para prestao de quantia certa (867, 869, 877), mesmo quando, sendo a prestao de facto infringvel, logo no momento da propositada se sabe que salva a hiptese de prestao voluntria pelo devedor, essa converso necessariamente se verificar.5. A satisfao do credor na aco executiva conseguida mediante a substituio do tribunal ao devedor. Essa actuao do tribunal, ainda que quando tida atravs do agente de execuo, visa a efectivao do direito.

Qual o objecto mediato? Se o objecto imediato a realizao coactiva da prestao, ento o objecto mediato o prprio objecto da aco devida. Por exemplo: pagamento de quantia certa. A prestao em si mesma o objecto mediata do meu pedido (art. 10/4). A cada objecto mediato corresponde um procedimento diferente. A execuo para pagamento de quantia certa; a execuo para prestao de facto (868); a execuo para prestao de coisa certa. Essas normas so normas de especializao, porque o procedimento que serve de base aos demais a regra comum da execuo para pagamento de quantia certa. Para alm disso, na parte inicial do CPC temos uma data de normas comuns a qualquer processo (por exemplo: legitimidade).Dada a instrumentalizado, o direito apenas poder ser exercido depois do vencimento (802?).Espcies de pedidos executivos: Pagamento de quantia certa. Nela, o efeito jurdico pretendido pelo credor o pagamento da quantia, se necessrio por via executiva, obtendo o exequente o mesmo resultado que com a realizao da prestao que segundo o ttulo executivo, lhe devido. Aplica-se a norma do art. 817 do CC. Entrega de coisa certa. Aqui no se trata de executar o patrimnio do devedor, mas sim executar um bem que est na sua posse formal. Vale o 859 seguintes e o 744. Neste procedimento, o estado tambm apreende bens, mas para posterior entrega ao exequente que sobre eles invoca direito. Prestao de facto. A coisa no o centro da execuo, mas uma organizao de meios pelo devedor que s o concurso da prpria vontade pode gerar. O credor, seguindo a sequncia processual dos artigos 868 seguintes requerer perante o executado, como efeito jurdico, a prestao de outrem, se o facto for fungvel, bem como a indemnizao moratria a que tenha direito ou a indemnizao do dano sofrido com a no realizao da prestao, sendo infundindo. Sendo o facto negativo, pode o requerente requerer a demolio da obra.

Causa de pedir: a mesma causa de pedir da aco condenatria. A causa de pedir o facto jurdico de onde decorre o efeito pretendido. Na aco executiva, o facto da aquisio de um direito uma prestao pelo exequendo. No o crdito, , por exemplo, o contrato. Mas podia ser, por exemplo, a mora. sempre no fundo o ttulo material (porque que eu tenho direito a ). Na aco executiva, no o ttulo executivo mas atravs dele que eu demonstro a titularidade de uma prestao. A causa de pedir incorpora o ttulo executivo. Na estrutura da aco executiva ele aparece consubstanciado no ttulo executivo.Tambm num ttulo de crdito, a causa de pedir o facto do saque, emisso ou subscrio do ttulo. No relevante a relao subjacente. Todavia, os vcios da relao subjacente podem ser relevados na oposio execuo. Nos ttulos de crdito, a causa de pedir a causa de emisso do ttulo.

Pressupostos da aco executivaPressupostos especficos:A aco executiva postula a existncia do direito exequente. A causa de pedir fundamento de no prosseguimento da execuo. Ou h causa de pedir titulada e podemos arrancar com a execuo, caso contrrio, h indeferimento liminar. A aco executiva tem um pressuposto formal, ou seja, necessria a apresentao de um ttulo executivo que se refira a causa de pedir. No vai haver uma deciso de procedncia ou no, a execuo admissvel ou no admissvel. O ttulo no um pressuposto processual, ele tem a ver com a relao material. No o ttulo um pressuposto processual.A aco executiva tem um especial cuidado ao modo como a causa de pedir apresentada documento que certifique a existncia do direito. O ttulo executivo o documento pelo qual o requerente da realizao coactiva da prestao demonstra a aquisio de um direito a uma prestao segundo os requisitos legalmente prescritos. um documento apresentado pela parte activo que condio para que haja execuo sem ttulo no h execuo, da que o professor diga que uma condio formal. A principal funo do ttulo de certificao ou demonstrao da titularidade do direito afirmado. aquilo que o lebre de Freitas chama de exequibilidade extrnseca. Por outro lado, o professor acrescentou segundo requisitos legalmente prescritos. No ttulo executivo um ttulo que esteja no cdigo civil ou nas leis substantivas. Cabe a lei processual, enunciar quais so os documentos que valem como ttulo executivo. E para valer como ttulo executivo tm de ser cumpridos requisitos da lei processual. O ttulo o documento que integra de forma suficiente a causa de pedir.Para que possa ter lugar a realizao coactiva de uma prestao devida, h que satisfazer dois tipos de condio: a) O dever de prestar deve constar dum ttulo: o ttulo executivo, que extrinsecamente condiciona a exequibilidade do direito, na medida em que lhe confere o grau de certeza que o sistema reputa suficiente para a admissibilidade da aco executiva.b) A prestao deve mostrar-se certa, exigvel e lquida, que intrinsecamente condicionam a exequibilidade do direito na medida em que sem eles no admissvel a satisfao coactiva da prestao. Mas a certeza, a exigibilidade e a liquidez s constituem pressupostos autnomos da aco executiva quando no resultem j do ttulo executivo (713), caso contrrio diluem-se no mbito das restantes caractersticas da obrigao a sua verificao presumida pelo ttulo. O ttulo no pode enunciar qualquer direito, tem de ser um direito a uma prestao e depois est tem de ser certa, lquida e exigvel. A obrigao tem de ser quantitativamente e qualitativamente certa. Esta caracterstica da certeza no especfica da aco executiva, tambm assim o no processo declarativo. Por isso o professor diz que a certeza na verdade uma caracterstica do pedido processual. O que especfico a exigibilidade. No se podem executar obrigaes futuras. Tem de haver um incumprimento ou um vencimento da obrigao. Isto corresponde h condio material da aco executiva. Em suma, a execuo tem uma condio formal que o ttulo uma condio material que a exigibilidade.

A disparidade entre a realidade o que constar do ttulo quanto certeza, exigibilidade e liquidez da prestao tem o mesmo tratamento que a mesma disparidade relativa a prpria existncia e a outros aspectos do contedo da obrigao. No tendo o exequente que delas fizer prova, s em oposio execuo elas podero ser postas em causa, com sujeio, no caso da execuo da sentena, exigncia da alnea g) do art. 729/1, sem possibilidade de recurso ao disposto na alnea e) do mesmo artigo.A liquidez, quando referida sentena judicial condenatria esta s constitui ttulo executivo aps a liquidao da obrigao pecuniria que no dependa de mero clculo aritmtico, a qual tem lugar no prprio processo declarativo (704/6). Neste caso, a liquidez integra o prprio ttulo em vez de complementar um ttulo j constitudo. Integra tambm o prprio ttulo a liquidez da obrigao pecuniria (sempre ressalvada a liquidao por mero clculo aritmtico), quando se est perante um ttulo de crdito (703/1 al e)).Como pressupostos processuais, o ttulo executivo e a verificao da certeza, da exigibilidade e da liquidez da obrigao exequendo so requisitos de admissibilidade da aco executiva, sem os quais no tm lugar as providncias executivas. A est desnecessidade duma distino rigorosa entre pressuposto processual e conduo da aco no mbito do processo executivo se devem as concomitantes afirmaes de que o ttulo executivo um pressuposto processual e de que condio necessria suficiente da aco executiva.

Documento recognitivo:Os documentos autnticos e autenticados no constituem ttulo executivo apenas quando formalizem o acto de constituio duma obrigao. Tambm o so quando deles conste o reconhecimento pelo devedor de uma obrigao pre-existente: confisso do acto que a constituiu (352 CC, 358/2 CC e 364 CC); reconhecimento de dvida (458 CC). o que expressamente consta do 703-1-b). A prova da obrigao tanto pode ser feita atravs do documento original como atravs duma sua certido ou fotocpia autntica (383 CC, 384 CC, 386 CC, 387 CC). O artigo 706/2 CPC garante que no carecem de reviso para ser exequveis os ttulos exarados em pas estrangeiro. Apesar disso, no se podem esquecer as formalidades adicionais comuns de legalizao pedidas pelo 440 CPC. Todavia, estas formalidades esto dispensada quando se apliquem convenes internacionais.

A promessa de contrato real e a previso de obrigaes futuras. A norma hoje constante do artigo 715 j estatua para todos os casos de obrigaes recprocas em que o exequente devesse cumprir ao mesmo tempo ou antes do executado, qualquer que fosse o ttulo executivo e estivesse em causa um contrato de execuo instantnea ou execuo continuada, contestando-se com a oferta da prestao e admitindo mais largamente os meios de prova. No fazendo sentido um regime mais apertado no caso de escritura pblica do que no de outro ttulo executivo, a nica maneira de compatibilizar os dois preceitos consistia em restringir a expresso prestao futura, por forma a faz-la coincidir com prestao constitutiva de um contrato real (prestao quoad constitutuinem). A prova complementar seria exigida apenas quando fosse apresentado um ttulo executivo negocial que provasse a contratao unilateral ou bilateral da obrigao de celebrar um contrato real.Para que a execuo fosse ento possvel, no bastava a escritura, era preciso outro documento que provasse a realizao de alguma das prestaes integradoras do contrato prometido e que fosse passado de acordo com a prpria escritura, ou, no silncio desta, com alguma das alneas do 703/1.Dos trs exemplos dados pela doutrina corrente, s a abertura de crdito enquanto promessa de emprstimo cabia seguramente no mbito de previso do 707, devendo ser documentalmente provada a realizao do emprstimo mesmo quando a lei substantiva dispensasse prova documental (396 CCom). A empreitada e o contrato de fornecimento do lugar aplicao da norma constante no 715. Nos contratos historicamente abrangidos pelo 707 -abertura de crdito e o fornecimento- a obrigao exequenda constitui-se com a entrega de um bem. Naturalmente essa entrega que deve ser objecto de prova complementar do titulo: a entrega do dinheiro mutuado, a entrega do bem fornecido, a entrega da obra, etc. A nica forma de distinguir o 707 do 715 era justamente notar que aquele se referia a obrigao exequenda que se constitui ou se vence consoante seja contrato preparatrio ou no, com a realizao da convencionada prestao futura de entrega de um bem.

Obrigaes futuras strictu sensu: decorre de um contrato que as partes estavam obrigadas, pelo ttulo executivo, a constituir.Sendo uma obrigao futura est-se em sede de 707 CPC e ser necessrio demonstrar o facto da constituio da obrigao aps a emisso do ttulo executivo. Sendo uma obrigao no vencida, mas constituda, reger o 715 CPC.Mais, se a prova da obrigao futura pode ser feita apenas documentalmente (707), j a prova do vencimento pode ser feita por qualquer meio de prova (715).

Ttulos de crdito Limites objectivos.As obrigaes prejudicadas de fonte legal:Tal como sucede com a sentena condenatria, sempre se discutiu se quando os juros de mora legais no estivessem estipulados no ttulo executivo poderiam, apesar disso, ser exigidos na execuo.Hoje, pacfico que em qualquer execuo fundada em ttulos privados podem tambm ser realizadas coactivamente as obrigaes legais prejudicadas tituladas.Em concreto, no caso especifico da letra e livrana, o portador pode, ao abrigo dos artigos 48, 77 e 1 LULL, executar o crdito titulado a pagamento, com juros, se assim for estipulado, os juros de mora desde a data de vencimento e as despesas do protesto. A pessoa que pagou uma letra ou livrana (77/1 LULL) pode reclamar dos seus garantes conforme o 49 LULL a soma integral que pagou, os juros da dita soma desde a data em que pagou e as despesas que tiver feito. Tratando-se de execuo de cheque, o portador pode executar, nos termos do 45 LUC a importncia do cheque no paga, os juros de mora desde a data de apresentao a pagamento e as despesas do protesto.

No referncia causa de pedir: se a causa ou fundamento da obrigao exequenda no constar do ttulo, dever ser alegada no requerimento, sob pena de ineptido do requerimento executivo. E tratando-se de ttulo executivo negocial, decorrer do 726/2 al C) CPC o nus de prova mnima do facto constitutivo.No reconhecimento de dvida do 458/1 CC, decorre do preceito que, fica o credor dispensado de provar a relao fundamental, cuja existncia se presume at prova em contrrio. Cabe ao devedor alegar e provar a falta de causa ou inexistncia, nulidade ou anulabilidade do negcio de onde procede a dvida. J na execuo de ttulos de crdito dissemos que a causa de pedir ainda a aquisio na esfera do requerente de um direito a uma prestao mediante o saque ou emisso do ttulo, mas sem que ele tenha de indicar a que relao subjacente corresponde esse direito (1 LULL e 458 CC).Por isso, a apresentao do ttulo de crdito, devidamente datado preenchido, preenche s por si a exigncia de causa de pedir. O credor de livrana, por exemplo, apenas tem de juntar a livrana com o requerimento inicial, no tendo pois que juntar o documento donde conste a obrigao fundamental.

Prova do ttulo: de acordo com o novo 724/5 CPC, determina-se que quando a execuo se funde em ttulo de crdito e o requerimento executivo tiver sido entregue por via electrnica, o exequente deve sempre juntar o original.Portanto, parecer que para o legislador as fotocpias dos ttulos cambirios no so ttulo executivo, ainda que obedecendo aos requisitos da lei notarial, deve juntar-se o original.

Prescrio da obrigao cartular: No caso de letras e livranas (ex vi do 77 LULL ), o art. 70 LULL determina que as aces contra o aceitante prescrevem em trs anos a contar do seu vencimento (33 LULL). As aces do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano a contar da data do protesto feito em tempo til, ou da data do vencimento se se trata da letra com clusula sem despesas. As aces dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em seis meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele prprio foi acionado.Quanto ao cheque, o portador tem oito dias para apresentao do cheque a pagamento, contados da data nele aposta (e no da data do preenchimento) (29/1 LUC). Esgotado esse prazo, alguns considera, que o ttulo prescreve. No entanto, a maioria da doutrina entende que no. Na verdade, o art. 32/2 LUC estabelece que o sacado, isto , a entidade bancria, pode pag-lo mesmo depois de findo o prazo. Todavia, o sacador pode revogar unilateralmente o cheque (32/1 LUC), obstando licitamente ao pagamento.Ainda que apresentado dentro desse prazo, se o cheque no for pago, constitui condio de aco a verificao de um protesto por verificao de recusa de pagamento que constate que o cheque foi apresentado em tempo til mas no foi pago (40 LUC ).A ausncia de verificao de recusa de pagamento determina que o cheque no possa valer como ttulo de crdito.Finalmente, esta aco cambiaria prescreve decorridos seis meses contados do termo do prazo de apresentao (52/1 LUC). Portanto, esgotado o segundo prazo, ocorre a prescrio do cheque como ttulo executivo cambirio. Prescrito o ttulo de crdito, ele ainda pode ser executado enquanto documento particular, mero quirgrafo.

Tese de mero quirgrafo:O credor pode executar j no a obrigao cartular, mas a obrigao subjacente Trata-se de uma responsabilidade solidria no gozando o avalista do benefcio da excusso previa, conforme o art. 47/ I e II da LULL. uso do mesmo documento, agora como simples reconhecimento particular de dvida, nos termos do 458 CC.Requisitos:1. Deve estar assinado pelo devedor;2. Contenha ou represente um acto jurdico por virtude do qual algum se tenham constitudo em obrigao de pagar determinada quantia a outrm.3. Natureza no formal da relao subjacente. Por exemplo, no h ttulo se a relao subjacente um contrato de mtuo titulado na letra, pois o dito contrato exige a sua reduo a escritura pblica, face certo valor, nos termos do 1143 CC.4. S pode valer nas relaes imediatas.

Na opinio de Rui Pinto, parece abusivo afirmar uma vontade negocial de reconhecimento de dvida. A assinatura da letra, livrana ou cheque somente constitutiva da respectiva obrigao. Atribuir-se uma vontade de reconhecer uma dvida equivale a ultrapassar os limites e inerentes seguranas do ttulo de crdito e dos seus limites temporais.Seguimos assim Lopes Cardoso para quem o credor perde o ttulo e, como no contm a causa da obrigao, nem sequer como reconhecimento de dvida subjacente pode sobreviver.

Procedimento:

A. Pressupostos processuais. Regras de procedimento.Competncia. .O tribunal de execuo o competente para o apenso da oposio execuo, por fora da regra do art. 91/1 CPC de que P tribunal competente para a aco tambm competente para conhecer as questes que o ru suscite como meio de defesa.Est excluda a interveno do tribunal colectivo, mesmo quando o valor da causa superior alada da relao.Partes. Elas devem apresentar personalidade, capacidade e legitimidade, sendo o executado (728/1) e o exequente (732/2), respectivamente o autor e o ru desta causa. Mas tambm o cnjuge goza de legitimidade activa nos termos do 787/1 CPC, apesar de no ser executado.Normas de procedimento. A oposio a execuo conhece normas prprias de procedimento, constantes dos artigos 728, 732 e 733 CPC.No mais, por se tratar de um incidente, observar-se- o disposto nos artigos 293 e 294, ex. Vi art. 292 CPC.

B. Litisconsrcio inicial e superveniente.No caso de haver pluralidade de sujeitos processuais tem-se discutido qual a sua expresso no apenso declarativo. Vale aqui a doutrina de TEIXEIRA DE SOUSA. Diz este autor que na pluralidade de executados, ainda que em litisconsrcio necessrio, qualquer deles tem legitimidade singular para opor-se execuo, tal como sucederia com a legitimidade para interpor recurso (634/1).Existindo pluralidade de exequentes,h litisconsorcio necessrio passivo se P fundamento da oposio lhes for comum. Por exemplo, incompetncia do tribunal- incerteza, inexigibilidade ou liquidez da obrigao, falsidade do processo ou do translado.Pode haver interveno de terceiros na oposio execuo? A resposta negativa. A sentena a proferir em sede de oposio execuo no uma sentena de condenao, antes conduzindo, se aquela for procedente, extino total ou parcial da execuo.

Legitimidade processual plural

O litisconsrcio tem de decorrer do ttulo executivo. Pode acontecer que do ttulo conste mais do que um devedor. Deve resultar do ttulo que a situao material em comunho.

Litisconsrcio necessrio convencional e natural: Atento o 33/1 CPC, pode afirmar-se que o litisconsrcio necessrio na aco executiva quando a realizao coactiva de um direito a uma prestao apenas por todos os credores ou contra todos os devedores pode ter lugar, seja por lei, vontade das partes ou indivisibilidade material da prpria prestao.O litisconsrcio necessrio convencional existe quando as partes convertem uma obrigao apreciaria ou solidria numa obrigao a que chamaremos de unitria. Por exemplo, A acorda com B e C que os 10 000 euros que lhe mtua apenas podero ser, em tribunal, exigidos a ambos ao mesmo tempo.O litisconsrcio necessrio natural exige uma indivisibilidade da prpria prestao: apenas pode ser materialmente realizada em face de todos os credores ou por todos os devedores. Tal dificilmente configurvel na execuo para pagamento de quantia certa, pois o objecto da prestao naturalmente divisvel.No entanto, na execuo para entrega de coisa certa, embora raramente, h litisconsrcio necessrio natural passivo quando aquela indivisibilidade material surgir como a prpria indivisibilidade material dos actos de apreenso, independentemente da questo da continuariam do direito de fundo. Por exemplo, se um automvel estiver numa garagem que pertena a mais do que uma pessoa. Ento tambm tenho de demandar o dono da garagem, porque s posso ter acesso ao bem com a contribuio do dono da garantem.Mas j no h litisconsrcio necessrio natural se a coisa cuja entrega era devida por vrios se encontra apenas em casa de um dos obrigados, na sua posse, mesmo que todos invocassem direitos prprios.finalmente, na execuo para prestao de facto podem configurar-se obras ou factos plurais, como por exemplo a realizao de um concerto.

Litisconsrcio necessrio legal:No plano obrigacional, exemplos de litisconsrcio necessrio legal so os que esto nos artigos 496/2 ( vrios titulares sucessivos de crdito de indemnizao) e 500/1 CC (litisconsrcio entre comitente e comissrio).Mas h ainda o 535/1 CC: em sede de execuo de obrigaes indivisveis com pluralidade de devedores, s de todos os obrigados pode o credor exigir o cumprimento da prestao, salvo se tiver sido estipulada a solidariedade ou esta resultar da lei.Tambm na execuo sub-rogatria se o credor exerce a faculdade de executar contra terceiro, os direitos de contedo patrimonial que compete ao seu devedor ser necessria a citao do devedor sub-rogado, em litisconsrcio passivo, como impe o 608 CC. Nos litgios reais, os artigos 1404 e 1405/1 CC impem um litisconsrcio passivo: os contitulares de direitos exercem, em conjunto, todos os direitos que pertencem ao proprietrio singular. Tal vale seja na execuo para entrega de coisa certa, seja na execuo para pagamento de quantia certa com garantia real sobre bem em contitularidade. Por outro lado, o 2091/1 CC dita que, em regra, os direitos relativos herana s podem ser exercidos conjuntamente por todos os herdeiros ou contra todos os herdeiros.Em matria conjugal o art. 34 CPC estatui litisconsrcios necessrios activos no seu n.1 e necessrios passivos no seu nmero 3, primeira e terceira parte.O 34/1 e 3 apenas se aplicam execuo para entrega de coisa certa. Eles regulam a disponibilidade comum sobre bens prprios ou comuns tendo por objecto os casos dos artigos 1682 CC (bens mveis) e 1682-A CC (bens imveis).Por exemplo, A pode requerer contra B e C, cnjuges, a entrega de um estabelecimento comercial o que manifestamente cai no art. 1682-A/1 al. B).Por seu turno, na execuo de prestao de facto no se pe um problema de perda de direitos ou bens.J na execuo de prestao pecuniria, o risco de perda ou operao de bens indisponvei considerado. Aqui, ou ambos os cnjuges so citados enquanto devedores, ou quando somente um executado valer o regime do 740 e 786/1 al. A), segunda parte CPC, protector de bens comuns, eventualmente indisponveis, ou o regime do 786/1 al. A), primeira parte CPC, especificamente destinado s indisponibilidades sobre bens prprios.J a primeira parte a segunda parte do n.3 no se aplicam fora da execuo para pagamento de quantia certa. Elas apontam respectivamente para o regime da execuo de dvidas comuns e para o regime das dvidas comunicveis. Se a primeira parte impe um litisconsrcio conjugal passivo, a segunda j admite litisconsorcio voluntrio conveniente.

Regime da preterio de litisconsrcio necessrio:A preterio de litisconsrcio necessrio causa de ilegitimidade nos termos do 33/1 CPC. de conhecimento oficioso e sanvel, constituindo uma excepo dilatria que pode ser fundamento de oposio execuo ao abrigo do 729 al. C) CPC.O tribunal que conhea deve proferir despacho liminar ou superveniente de aperfeioamento (726/4 CPC e 734 cpc). A sanao d-se pela interveno principal provada do interessado faltoso, ao abrigo do 316/1 CPC.No regime do 261 CPC, o exequente pode sanar o vcio ainda em 30 dias sobre o trnsito em julgado formal do despacho de indeferimento ou sentena de procedncia de oposio execuo fundada em preterio de litisconsrcio necessrio.Deste modo o exequente conseguir reabrir a instncia, mantendo todos os benefcios temporais da sua prvia propositura.

Litisconsrcio voluntrio / crditos plurais:Importa distinguir, consoante o regime da obrigao exequenda seja de obrigao plural ou situao real em contitularidade. O que decorre do regime comum do 32 CPC que sendo a obrigao parciais cabe ao exequente optar entre exigir a prestao acompanhado e/ou contra todos os devedores ou no. Se o credor se apresentar sozinho ou apenas deduzir pretenso contra um dos obrigados, apenas pode executar a respectiva quota-parte na prestao, sob pena de indeferimento parcial do requerimento (726/3 CPC).Deste modo, a demanda plural na execuo de obrigaes parcirias configura-se como um litisconsrcio voluntrio conveniente. Tratando-se de obrigaes solidrias, o cumprimento total e ntegro pode ser exigido por um dos credores em representao dos demais, ou realizado por um dos devedores em representao dos restantes (512/1 CC).Vale o 32/2 CPC, bastando que um dos credores / devedores intervenha para assegurar a legitimidade. Basta a interveno de um deles para se executar a totalidade da dvida. Regime idntico rege a execuo de obrigaes indivisveis com pluralidade de credores. Qualquer dos credores tem o direito de exigi-las por inteiro e o devedor, uma vez judicialmente citado para a execuo, deve exonerar-se relativamente a todos ou alguns credores (538/1 CC).Cabe ao exequente optar entre a via do litisconsrcio voluntrio, se actua ou demanda em conjunto, e a via da substituio processual se actua ou demandar sozinho.Finalmente, se houver um devedor principal um devedor subsidirio, mxime, um fiador, ambos legitimados ex vi 53/1 CPC, o credor pode optar entre demandar um deles ou ambos, j que a eventual alegao do benefcio da excusso prvia no respeita legitimidade (745 CPC).

Litisconsrcio voluntrio / situaes reais e sucessrias em contitularidade:Tanto a comps-se como a compropriedade podem ser defendidas singularmente em representao processual em sede de legitimidade activa em execuo para entrega de coisa certa ao abrigo dos artigos 1268/1 e 1405/2 CC.Assim, por exemplo, a execuo para entrega de coisa em compropriedade pode ser instaurada por qualquer dos comproprietrios. O mesmo sucede com o herdeiro que pede separadamente a totalidade dos bens da herana em poder de terceiro, representando os demais (2078/1 CC).

Litisconsrcio superveniente: consensual que se admite a interveno de terceiros para ocuparem a posio de exequente ou de executado nos casos tipificados na lei: Do devedor na execuo movida contra o terceiro com garantia real (54/3 CPC). Do devedor principal ou do fiador, na execuo movida respectivamente contra o fiador ou contra o devedor principal (745/2 CPC). Do exequente na execuo de bens com garantia real (750 CPC).Por outro lado, a lei permite a interveno de outros terceiros com direito ou posse incompatvel com a penhora (342 CPC), com um crdito suportado por garantia real e do cnjuge do executado (786/1 al a) e B) CPC).Fora deste ncleo duro, a doutrina divide-se entre o campo dos autores que admitem a aplicabilidade dos artigos 311 e seguintes CPC a aco executiva e a doutrina que, inversamente admite a interveno de terceiros apenas em casos pontuais. Para Rui Pinto, o princpio da estabilidade da instncia determina que apenas podem ter lugar modificaes subjectivas da instncia quando a lei as preveja (259 CPC). Vimos que as normas executivas admitem intervenes de terceiros nos casos tpicos atrs referidos.J as intervenes de terceiros dos artigos 311 e seguintes do CPC, apresentam um regime unitrio tipicamente declarativo. As previses respectivas postulam uma discusso declarativa que, em absoluto, est ausente do procedimento executivo. Portanto, os incidentes gerais de interveno de terceiros so incidentes declarativos.O mbito subjectivo da execuo pr-definido pelo ttulo executivo e os sujeitos assim demandados ho-de sempre apresentar legitimidade por fora dos artigos 53 e seguintes CPC e no como resultado do prprio procedimento de interveno.E, portanto, por aqui no se acham excepes para efeitos do 259 CPC. A regra vigente na execuo a da inadmissibilidade de intervenes atpicas de terceiros, seja a que ttulo for.Podemos invocar princpios que imponham a admissibilidade de interveno de terceiros excepcional? Um princpio pode ser o da tutela da materialidade subjacente: seria um desperdcio processual que o credor tivesse de abrir uma outra aco s para poder demandar outro devedor. A ser assim, concordaramos com lebre de Freitas: a interveno de terceiros apenas pode ter lugar quando o credor queira. O 54/2 e 711/1 CPC confirmariam um princpio de disponibilidade do credor na conformao subjectiva da instncia, tanto inicial como superveniente.Do lado do executado, apenas o direito constitucional de defesa podem justificar que ele possa chamar outro devedor ao procedimento executivo. Em qualquer caso, o terceiro que seja admitido execuo ter o prazo prprio para deduo de oposio execuo em 20 dias a contar da citao para interveno. Trata-se de uma oposio superveniente, no pela matria mas pelos sujeitos (728/2 CPC).

Impulso inicial.A. Petio inicial:A oposio a execuo substancialmente uma contestao ao pedido executrio, mas formalmente uma petio inicial, j que constitui uma nova relao processual ao contrrio do que sucederia formalmente com uma contestao.A petio inicial de oposio deve ser apresentada num prazo de 20 dias a contar da citao do executado, nos termos do art. 728/1.Todavia, por fora da aplicao analgica do art. 569/1, 2 parte, o prazo para deduo de oposio execuo, na sequncia da revogao do despacho que indeferiu liminarmente o requerimento executivo, conta-se da notificao ao executado do despacho que ordenou o prosseguimento da execuo e no da prvia citao.Se est pendente pedido de apoio judicirio na modalidade de nomeao de patrono, o prazo para deduo de oposio execuo interrompe-se com a apresentao de documento comprovativo de ter sido requerido apoio judicirio naquela modalidade.No plano formal, a petio inicial apresenta a estrutura e contedo de uma comum petio inicial, nos termos do art. 552 CPC. Como tal, inadmissvel a deduo de embargos de executado por simples requerimento em que se remeta para a petio do co-embargaste, sob pena de ineptido.Por outro lado, com a petio inicial deve o opoente arrolar as testemunhas e/ ou requerer outras provas, por fora do 293/1.Finalmente, P executado pode com a petio de oposio requerer a substituio da penhora por cauo idnea, ao abrigando 751/7.Quanto ao valor da causa, por se tratar de um incidente de instncia, aplicam-se os artigos 304/1 CPC.Em consequncia, o valor da aco de oposio o da execuo a que respeita, salvo se tiver valor diverso deste (304/1). Se, porm, o opoente no indicar valor, entende-se que aceita o valor dado execuo (307/1).No plano material do contedo funcional, a oposio a execuo um acto de resposta a uma pretenso processual. Por isso, deve entender-se que est petio por se configurar como um articulado de contestao do pedido executivo segue o regime e princpios daquela.Daqui decorrem vrias consequncias.A primeira consequncia a de que a petio de oposio constitui o momento oportuno para deduzir toda a defesa (573). Por isso, no pode o opoente deduzir facto posterior em outros embargos, nos termos do 728/2, que no seja superveniente.A segunda consequncia a de que, quanto ao regime de custas e seu comprovativo, a petio de oposio deve ser equiparada contestao (570). Deste modo, no comprovado o pagamento da taxa de justia inicial em tempo no deve secretaria recusar-se a receber a petio, mas sim no prazo de 10 dias a contar da apresentao da contestao, dever notificar o opoente para efectuar o pagamento com acrscimo de multa.Discutia-se se o artigo 569/2 era aplicvel a oposio a execuo. A questo ficou resolvida com o art. 729/3 que expressamente dita no ser aplicvel a oposio a execuo o n.2 do 569. E portanto, o prazo para cada oposio deve ser computado individualmente.

B. Recebimento e despacho liminar.H lugar a despacho liminar, que poder ser de indeferimento quando...a) Tiver sido deduzida fora do prazo (732/1 alnea a)).b) O fundamento no se ajustar ao disposto nos artigos 729 a 731 e 732/1 alnea b).c) O pedido for manifestamente improcedente (732/1 alnea c)).d) Ocorram,de forma evidente, excepes dilatrias insuprveis e de que o juiz deva conhecer oficiosamente (590/1).Naturalmente que o despacho de aperfeioamento cabe, com o mesmo alcance do 590/2, isto , tanto para suprir excepes dilatrias, como para aperfeioamento da petio inicial,por fora do art. 6/2 CPC.

C. Efeitos da pendncia.A regra decorre do art. 733/1, de onde se conclui que o recebimento dos embargos no suspende a marcha de processo executivo.As excepes so as do 733/2, mas acrescenta-se: se foi impugnada, no mbito da oposio a execuo deduzida, a exigibilidade ou a liquidao da obrigao exequenda (729 alnea e)) e o juiz considerar, ouvido o embargado, que se justifica a suspenso sem prestao de cauo.Em todo o caso, a prpria oposio execuo pode tambm ser suspensa nos termos gerais do 269. Assim, poder ser suspensa ao abrigo do 272/1 por pendncia de causa prejudicial. Por exemplo, h relao de prejudicialidade entre uma oposio execuo e aco declarativa em que se discuta nesta o reconhecimento de um crdito do embargante executado que este queira compensar. No caso da oposio execuo no chegar sequer a ser recebida, sendo liminarmente rejeitada, pergunta-se se ainda assim pode haver suspenso da execuo quando admissvel. A resposta negativa. Para poder ser decretada a suspenso da execuo condio indispensvel o prvio recebimento dos embargos, no sendo recebidos a instncia fica extinta, nada havendo a suspender.Suspensa a marcha do processo, mantm a sua eficcia os actos processuais j consumados, mxime, a penhora, mas no se promove ou aceita mais algum acto processual executivo.Por isso, mesmo que o executado tenha prestado cauo nos termos do art. 733/1 alnea a), no h lugar ao levantamento da penhora ipso facto.Todavia, no novo 733/2 determina-se uma restrio suspenso: a suspenso da execuo decretada aps a citao dos credores, no abrange o apenso de verificao e graduao de crditos.Em qualquer caso,na execuo suspensa prosseguir se a oposio estiver parada por 30 dias por negligncia do opoente em promover os termos respectivos.Por outro lado, o 733/5 exprime uma preocupao do legislador com o direito constitucional habitao, pois permite que a marcha se possa suspender se o bem penhorado for a casa de habitao efectiva do embargante.Seja como for, se a execuo no for suspensa, nenhum credor pode ser pago sem prestar cauo, enquanto estiver pendente a oposio a execuo.

D. Prestao de cauo.A prestao de cauo pode ter por objecto qualquer das formas admitidas pelo 623/1 e 2 CC.A prestao de cauo tem natureza incidental, nos termos dos artigos 906 e seguintes do CPC, sendo processada por apenso, embora com aplicao das regras prprias de processo autnomo (913), com as especialidades previstas no 915.Apenas o executado embargante, na petio inicial ou aps o despacho de recebimento, a pode requerer para efeito de suspenso da execuo e no est sujeita a qualquer prazo, podendo ter lugar a todo o tempo.O exequente ser ouvido nesse procedimento, podendo impugnar o valor ou a idoneidade da mesma (913/2).Sendo impugnada, cabe ao tribunal decidir da idoneidade da cauo quando no houver acordo dos interessados (623/3 CC).A jurisprudncia aponta um critrio funcional de avaliao dessa idoneidade: suficiente a cauo que seja juridicamente admissvel e no plano factica seja objectivamente adequada (pecuniria e temporalmente) a permitir por si ou em complemento com a penhora, a satisfao da obrigao caucionada. A cauo pode ser prestada por terceiro.

E. Notificao pessoal.O exequente ser, segundo o art. 732/2, notificado para contestar em 20 dias. Esta notificao deve ser feita pessoalmente, nos termos dos artigos 225/2 ex vi art. 250 CPC.

F. Oposio superveniente.O 728/2 CPC aceita que possa haver oposio a execuo deduzida depois deste momento quando ela se baseie em factos que ocorreram ou foram conhecidos depois daquele prazo inicial, isto , os factos que sejam objectiva ou subjectivamente supervenientes. Esses novos fundamentos tero sempre de ser os permitidos pelos artigos 729 a 731 e 857 CPC.

Contestao sequncia sumria.Na contestao o exequente pode...a) Impugnar as excepes peremptrias (incluindo a que causa a inexigibilidade da obrigao ), as excepes dilatrias negativas (vg., a litispendncia) e as nulidades formais do ttulo executivo.b) Alegar os factos contrrios aos que consubstanciam excepes dilatrias positivas (por ex., a incompetncia internacional), inexistncia ou inexequibilidade do ttulo executivo ou a incerteza ou ilquidez do crdito.Diversamente, no admissvel reconveno. Por isso, a compensao ser sempre invocvel como excepo peremptria extintiva pelo executado e mesmo que o seu valor seja superior ao do crdito exequendo. Esta concluso parece ser de manter mesmo no novo 729 alnea h).A respectiva sentena no serve de ttulo executivo contra o exequente e a condenao do exequente a pagar a diferena entre os crditos ter de ser obtida em aco declarativa autnoma.O exequente, confrontado com o teor da petio de oposio no pode unilateralmente alterar a causa de pedir da aco executiva. Relembre-se que essa alterao objectiva apenas pode ter lugar em rplica, se o processo a admitir o que no o caso. No h, em regra, mais articulados, como impe o 732/2 CPC.Por fora do 732/3 falta de contestao aplicvel o disposto no 567/1 e no 485 CPC, isto , consideram-se confessados os factos articulados pelo opoente, sem prejuzo dos casos de revelia inoperante.Todavia, no se tm por confessados os factos que estiverem em oposio com os expressamente alegados pelo exequente no requerimento executivo.

Saneamento, instruo, discusso e julgamento.A. Procedimento.Aps a contestao, seguem-se os termos do processo sumrio, sem mais articulados ou do processo comum declarativo, como enuncia o 732/2.

B. Regime probatrio.Em matria de nus subjectivo da prova a regra aplicvel na oposio execuo a geral: aquele que invocar um direito cabe fazer prova dos factos constitutivos do direito alegado, conforme o 342/1 CC, cabendo contra quem o direito arrogado um direito de fazer a prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado (342/1 CC).Em consequncia, ao executado embargante, funcionalmente em posio de demandado na execuo, que cumpre alegar e provar os factos impeditivos ou extintivos do direito que o exequente se arroga. Por exemplo, ao embargante que incumbe demonstrar que a livrana em branco foi preenchida abusiva,ente em despeito pelo convencionado ou a extino da dvida por compensao.Inversamente, caber ao exequente embargado fazer prova dos factos impugnados ou dos factos constitutivos da sua pretenso. Por exemplo, cabe ao exequente embargado o nus de alegao e prova dos requisitos de exequibilidade de uma acta de condomnio.Na oposio execuo os meios de prova admissveis seguem o regime comum com a restrio quanto ao nmero de testemunhas do art. 789 CPC.Mas deste mesmo regime comum da prova resulta a sujeio as inerentes restries probatrias. Em especial, por fora dos artigos 395 e 351 CC as partes do negcio titulado documentalmente no podem usar de prova documental ou por presuno judicial, nos casos previstos nos artigos 392 e 394. Por exemplo, o executado no pode fazer prova do pagamento ou outro facto extintivo da obrigao cuja constituio se prove por documento ou outro meio com fora probatria plena (394/2 CC).Todavia, j referimos que na oposio execuo de sentena fundada em facto extintivo ou modificativo da obrigao (729 alnea g)) apenas admissvel prova destes por documento, restrio probatria que no vale para as execues fundadas em ttulo diversos de sentena. Por exemplo, o pagamento da dvida aps a condenao judicial deve ser provada por documento; a compensao releva se o crdito do reclamante estiver documentalmente provado.No entanto, nada impede que esses mesmos factos venham a ser provados por confisso no processo, como decorre do 364/2 CC.Da restrio probatria ressalva-se apenas e s a prescrio do direito ou da obrigao que pode ser provada por qualquer meio nos termos gerais. A razo reside em o documento no ser o meio de prova normal para o facto que levou a prescrio.Esta limitao ao direito a prova tem sido criticada pela doutrina, nomeadamente por LEBRE DE FREITAS, dizendo que a adequao do meio de prova no pode deixar de ser em funo do facto a provar. Para RUI PINTO, a ratio deste preceito probatrio restritivo coerente com o sistema de impugnao de sentena transitada em julgado em matria de facto: neste apenas se admite prova documental a suportar o pedido de reviso de sentena (696 alnea c)).

Pessoalmente, o professor considera que dentro do esprito da ratio pode estender-se a prova admissvel tanto a confisso como a meios de prova ainda mais seguros que o meio documental, como seja a inspeco judicial ou peritagem.Como ltima salvao, resta ao executado que pague o que no deve e depois propor aco de restituio do indevido pois o exerccio do direito de aco no conhece nessa eventualidade limitaes probatrias.

Sentena:A sentena de oposio execuo deve ser proferida no prazo mximo de trs meses contados da data da petio de oposio execuo (723/1 alnea b).Sendo vrios os opoentes, o prazo de 3 meses para a oposio contado singularmente (728/3 e 569/2 CPC).A sentena de oposio execuo impugnvel nos termos gerais. Efectivamente, dela pode caber recurso de apelao tanto em sede de 922-B/1 alnea c) como enquanto deciso que pe termo a causa incidental em sede de 853/1 remetente para o 644/1 alnea a).J o recurso de revista admitido tanto pelo 922-C como pelo 870 CPC.Havendo absolvio da instncia numa oposio execuo, pode o executado servir-se da faculdade prevista no 279/2? Ou seja, pode intentar nova oposio execuo no prazo de 30 dias a contar do trnsito em julgado da sentena de absolvio da instncia? Deve o juiz in casu lanar mo do princpio da adequao formal, plasmado no 547 CPC por a tramitao processual prevista na lei no se adequar s especificidades da causa e aceitar a nova petio de oposio execuo ouvido o exequente.

Efeitos da sentena final.

Sentena de forma:Ela pode terminar na absolvio do exequente da instncia incidental quando o tribunal anule todo o processo de oposio execuo ou se verifique uma excepo dilatria relativamente prpria instncia de oposio execuo. Nesta eventualidade a instncia executiva mantm-se.A sentena far caso julgado formal nos termos do 620/1 CPC pois recai unicamente sobre a relao processual. Tem assim fora obrigatria apenas dentro do processo.

A. Pluralidade de exequentes.Existindo pluralidade de exequentes, h litisconsrcio necessrio passivo se o fundamento da oposio lhes for comum, pelo que a sentena os vincular a todos nessa eventualidade . Fora desse caso, a sentena apenas ter efeitos para os que foram concretamente demandados. Os demais so terceiros a causa declarativa, embora sendo partes executivas, no so abrangidos pela eficcia directa do caso julgado da sentena de mrito. Quanto muito, podero dela beneficiar secundumEventum litis (531, 538/2 CC).

B. Pluralidade de executados.Havendo pluralidade de executados, qualquer deles tem legitimidade activa para opor-se execuo (634/1).Tambm por este lado, o caso julgado formal ou material apenas vincular os concretos executados e exequente que foram partes na oposio execuo. E quanto aos demais executados que no participaram nos embargos? TEIXEIRA DE SOUSA defende que se h litisconsrcio voluntrio na aco executiva a deciso pode aproveitar, i.e., por ser deciso favorvel aos demais nos termos do 634/2 por analogia; se o fundamento for comum (vg., inexequibilidade do ttulo); se o executado no opoente for titular de interesse essencialmente dependente de interesse do executado opoente (vg., ser terceiro garante); ou se o executado no opoente for um devedor solidrio, salvo se for um fundamento pessoal. Havendo um litisconsrcio necessrio na execuo, novamente o 634/1 dita que a deciso favorvel aproveita aos demais, apesar de no serem opoentes.

Esquema da marcha de processo ordinrio:1. 550: processo ordinrio ou sumrio.2. 724 - requerimento executivo.3. Distribuio electrnica do processo.4. 725 - recebimento ou recusa.5. 726 - despacho liminar. (Indeferimento liminar (726/2); indeferimento parcial (726/3); despacho de aperfeioamento (726/4) se as irregularidades no forem supridas, aplica-se o 726/5; despacho de citao do executado (726/6).6. Citao o executado ou se ope ou paga. 7. Oposio execuo (princpio do contraditrio) 728/1 . Visa a extino da aco executiva. Verdadeiramente j estamos aqui perante uma aco declarativa que corre por apenso. Ele vai-se pronunciar relativamente aos fundamentos invocados. Dada a actividade cognitiva (direito material), uma aco declarativa enxertada na aco executiva.

Penhora

A penhora pode ser tomada num sentido de fase e num sentido de acto processual.A penhora o acto pelo qual um direito do executado fica a ordem do estado em ordem a garantir a venda ulterior.O estado retira ao executado os poderes de aproveitamento e de disposio de um direito patrimonial da titularidade do executado. A penhora uma restrio esfera jurdica patrimonial do executado e neste sentido restringe o direito de propriedade. E indirectamente a penhora tambm tem efeitos sobre os direitos de personalidade dos executados, pense-se na penhora do salrio, na penhora da habitao, da conta bancria. Claro que tudo isto constitucional, porque o art. 817 CC diz que o credor tem o direito de executar os bens do devedor. Os bens do devedor constituem garantia geral da obrigao. Em conformidade, o art. 735/1 enuncia que esto sujeitos execuo todos os bens do devedor susceptveis de penhora, que nos termos da lei substantiva, respondem pela dvida exequenda. Este procedimento no absoluto, claro. A penhora no vale por si prpria, tem uma funo instrumental. Ningum deve colocar a aco executiva para fazer penhoras, mas para obter o pagamento.Portanto o objectivo obter o pagamento voluntrio ou forado. No possvel comear logo pela venda dos bens. Tem de haver sempre um leilo. A penhora tem uma funo instrumental de salvaguardar a venda executiva. Sem ela havia o risco de o direito execuo ser postergado, acautela o direito execuo do credor atravs da venda. Este efeito de acautelamento obtido atravs : indisponibilidade material dos bens do devedor, constitui-se uma posse atravs do estado (a ordem de um depositrio); indisponibilidade jurdica, ou seja, os bens no saem da esfera jurdica do executado. Por outro lado, a penhora tambm pode significar uma fase processual. Antes do acto de penhora temos as diligncias prvias a penhora (pesquisa de bens, identificao dos bens, consulta das bases de dados); depois temos o acto de penhora em si prprio; a notificao s partes de que foi feita uma penhora; uma fase eventual de impugnao do acto de penhora (exerccio de direito de defesa: oposio de terceiro, oposio a penhora, reclamao de actos do agente de execuo). Qual o objecto da penhora? Costuma dizer-se que incide sobre bens. Isto no est correcto em sentido rigoroso porque tal como as esferas jurdicas no contm bens, mas direitos, tambm a penhora incide sobre direitos do executado (direitos reais, direitos de crdito). Na verdade o que se transmite so direitos, a penhora antecipa o objecto da venda executiva. O cdigo esta arrumado sobre o objecto mediato da penhora (coisas) porque os actos concretos de penhora so diferentes consoante se tenha de penhorar um imvel, um automvel, um direito de crdito. Mas no se pode dizer em bom rigor que o objecto da penhora so bens.Ento o objecto da penhora toda e qualquer situao jurdica activa disponvel de natureza patrimonial, integrante na esfera jurdica do executado, cuja titularidade possa ser transmitida foradamente nos termos da lei substantiva (601 CC e 817 CC).O objecto potencial o patrimnio do devedor, mas o objecto concreto da penhora depende de limites da lei substantiva (se aqueles bens respondem pela dvida; se so transmissveis; tm de ser direitos no abrangidos por normas de impenhorabilidade objectiva), do princpio da proporcionalidade (o mbito da penhora mede-se pelo mbito da dvida. S se penhora na estrita medida do que for necessrio para cobrir a dvida), do princpio da adequao (tem de se penhorar os bens que sejam de mais fcil realizao pecuniria. Ou seja, que sejam mais facilmente vendidos). Este o mbito objectivo da penhora.Quanto ao mbito subjectivo, s se podem penhorar bens do executado. No se podem penhorar bens do terceiro a execuo. Apenas os bens do devedor esto sujeitos execuo e s nos casos do art. 818 do CC que podem ser penhorados bens de terceiro. Mas em qualquer dos casos s se podem penhorar bens de um executado. Mesmo quando se terceiro a dvida, no se pode ser terceiro a execuo. No se podem penhorar bens de quem no parte, a utiliza-se os embargos de terceiro. O art. 747 CPC diz que se podem penhorar bens da titularidade de um executado mesmo que sobre estes bens incida uma posse de terceiro. No plano subjectivo, a regra tanto pelo 817 CC como pelo 53 CPC a de que apenas os bens do devedor esto sujeitos execuo.O 735/2 CPC admite porm que nos casos especialmente previstos na lei possam ser penhorados bens de terceiro a dvida. A condio necessariamente que a execuo tenha sido movida contra terceiro. O terceiro a dvida no pode ser terceiro ao processo. A saber: a) Art. 54/2 CPC : um sujeito que tenha dado em garantia real de uma dvida alheia a um bem seu.b) Arts. 818 e 616/1 CC: terceiro contra quem tenha sido obtida com sucesso sentena de impugnao pauliana.O fiador e o scio de sociedade de responsabilidade ilimitada, entre outros, esto sujeitos a penhora nos termos do art. 735/1.Por outro lado, determina o art. 747/1 que os bens do executado so apreendidos ainda que por qualquer ttulo se encontrem em poder de terceiro (786). Por exemplo, o direito de reteno de terceiro sobre a coisa penhorada no impede esta; pode ser feita a penhora de imvel objecto de eficcia real de contrato promessa; um andar arrendado pode ser penhorado em execuo movida contra o senhorio.

Limites substantivos:Responsabilidade universal e imediata. Exepcoes.Que bens respondem pela dvida (601 CC, 817 CC, 735/1 CPC )? A responsabilidade do devedor universal e imediata, ou seja, respondem todos os seus bens e incondicionalmente sem nenhuma moratria. Isto vale tanto para as pessoas singulares como para as pessoas colectivas.Podem existir excepes, desde logo porque podem haver limitaes legais e convencionais a responsabilidade em segundo lugar temos de considerar as situaes de patrimnios autnomos. Tanto para as pessoas singulares como para as pessoas colectivas a regra a da responsabilidade universal e imediata (601 CC) ou seja, pelo cumprimento das obrigaes respondem todos os bens do devedor susceptveis de penhora, sem prejuzo dos regimes especiais.Por exemplo, o andar de um prdio onde ainda no se constituiu propriedade horizontal no pode ser indicado a penhora porque no tem ainda autonomia jurdica, mas sim a totalidade do respectivo prdio. Importa ter em conta que este princpio conhece vrios desvios e excepes. Em primeiro lugar, podem existir limitaes legais e convencionais da responsabilidade. Por outro lado, o prprio 601 CC ressalva os regimes especialmente estabelecidos em consequncia da separao de patrimnios. Se o executado entender que foram penhorados bens em desrespeito essas limitaes poder, invocando a violao do concreto preceito, deduzir oposio a penhora ao abrigo das alneas a) e b) do n.1 do 863-A.

Limitaes de responsabilidade legais: o que h mais no direito societrio, como o caso dos scios das sociedades por quotas (197/3 CSC)). Ou os scios das sociedades annimas (271 CSC).Outro exemplo est no art. 1181 do CC ( direitos adquiridos em execuo de mandato).Limitaes convencionais de responsabilidade: arts. 602 e 603 do CC. OS artigos 602 e 603 CC contm com diferentes solues regimes de limitao negocial de responsabilidade. O 602 CC dita que as partes podem, por conveno entre elas, limitar a responsabilidade do devedor a alguns dos seus bens ou que determinados bens sejam excludos da execuo.Por outro lado, esta limitao tanto pode ser contempornea como posterior constituio da dvida.E portanto, por vontade das partes pode a responsabilidade ser limitada, como deixar de ser imediata.Quid juris se os bens reservados para a responsabilidade se desvalorizarem, deteriorarem ou perecerem? Esse risco corre por conta do credor, sem prejuzo das regras da resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias. Assim no ser tratando-se de facto imputvel ao devedor. Nessa eventualidade, a actuao de m f do devedor h-de fundamentar uma resoluo do acordo por parte do credor. Todavia, a admissibilidade desta conveno conhece restries. No poder ter lugar quando se trate de matria subtrada disponibilidade das partes vg., direito a alimentos.Em segundo lugar, pode perguntar-se se as partes podem acordar que certos bens do devedor respondero pela dvida mesmo que eles no cubram a dvida toda. A ser assim tal contrariaria o 809 CC, consubstanciando uma renncia antecipada aos direitos ao cumprimento e indemnizao por mora. Pires de lima e Antunes Varela dizem que seria aceitvel a diminuio da responsabilidade desde que em concreto no esvazie de eficcia o direito execuo, opinio que partilhada por lebre de Freitas.J o art. 603 CC regula o caso especial de limitao de responsabilidade numa doao ou testamento. Neste caso, os bens podem ser deixados ou doados com a clusula de excluso da responsabilidade por dvidas do beneficirio, respondendo somente as obrigaes posteriores liberalidade. Separao plena de patrimnios: havendo plena autonomia patrimonial, certos bens s respondem por certas dvidas e mais nenhumas. o que sucede no regime da penhora em execuo de dvidas de herana contra herdeiros (744 CPC). Na execuo contra o herdeiro s podem penhorar-se os bens recebidos do autor da herana. Mas se os herdeiros depositaram aquilo que para eles representa o valor remanescente da herana que receberam, depois de pago o passivo, este depsito pode ser penhorado.

Separao condicional de patrimnios: aqui temos uma responsabilidade subsidiria porque h bens que respondem imediatamente por uma certa categoria de dvidas e outros bens que vo respondem em segunda linha condicionalmente por essa categoria de dvidas (se os primeiros bens no satisfizerem plenamente o interesse do exequente). Aqui distingue-se.Na responsabilidade subsidiria objectiva, dentro do patrimnio do devedor h um conjunto de bens que s respondem pelas dvidas na falta ou insuficincia dos restantes bens ( por ex., existncia de uma garantia real benefcio da excusso real- 697 CC; regime de comunho de bens conjugal). Nesta subsidariedade, a condio de penhora dos bens que respondem em segunda linha uma prognstico fundamentada de falta ou insuficincia dos bens do executado que podiam primariamente ser executados (745/5).Na responsabilidade subsidiria subjectiva, a subsidariedade ente as dvidas de dois sujeitos um devedor principal um devedor solidrio e, consequentemente, entre os respectivos patrimnios.Aqui, a condio de penhora dos bens do devedor subsidirio a verificao da falta dos bens do patrimnio do devedor principal. Esse esgotamento s ocorre com um pagamento insuficiente resultante da venda.O regime processual da penhora numa situao de responsabilidade subsidiria subjectiva ou equiparada consta do 745/5 CPC. O regime processual da penhora numa situao de subsidariedade objectiva consta do 745/5 CPC, completado pelos artigos 740 a 742 CPC, 786/1 alnea a) e 752/1 CPC.

Responsabilidade subsidiria objectiva: benefcio da excusso real.Bens comuns, sendo dvida prpria, ou bens prprios, sendo dvida da responsabilidade de ambos os cnjuges (1695 e 1696 CC).Bens onerados com garantia real a favor do credor (benefcio da excusso real) (697 CC e 752 CPC).Ora, quanto ao 697 CC, pode dizer-se que nele se estatui que o devedor que for dono da coisa hipotecada tem o direito de se opor no s a que outros bens sejam penhorados na execuo enquanto no se reconhecer a insuficincia da garantia, mas ainda que, relativamente aos bens onerados, a execuo no se estenda alm do necessrio satisfao do direito do credor. Os bens no onerados s devem ser Penhorados na falta ou insuficincia dos bens onerados. Trata-se do benefcio da excusso real. Diversamente, caso o devedor no seja dono da coisa hipotecada ou, por outro modo, dada em garantia real, mas sim um terceiro, j no h responsabilidade subsidiria (697 CC a contrario).Por outras palavras, o devedor no tem direito a que a penhora se inicie sobre os bens alheios. Por essa razo j vimos que o art. 54/2 CPC admite que o credor possa executar logo o terceiro sozinho, sem que dai advenha ilegitimidade singular do terceiro ou de ambos em litisconsrcio voluntrio.Ora, este benefcios tambm vale para o penhor de coisas e privilgios creditrios, ex vi do artigo 678 e 753, mas quando entramos no 752/1 CPC parecem levantar-se dificuldades de articulao. Como ensinava ANSELMO DE CASTRO, esto aqui compreendidas todas as garantias reais, incluindo os privilgios creditrios e os casos similares de separao de patrimnios. Ou seja, alm do que j se admite no CC, cabem ainda todas as restantes garantias reais, incluindo o penhor de direito (679 CC) e direito de reteno (754 CC). Em suma, as causas legitimas de preferncia, conforme o 604/2 CC.O arresto defe aqui ser tambm considerado equiparado a uma garantia real, provisria, embora. Lembre-se que o arresto tem os mesmos efeitos que a penhora por fora do artigo 622 CC e do 391/2 CPC.Se o credor tem um arresto a seu favor, deve pelo 752/1 CPC a penhora comear pelos bens penhorados.O agente de execuo est vinculado esta norma, pelo que no pode deixar de promover primariamente a penhora dos bens sobre os quais incida a garantia do exequente, salvo se o exequente tiver renunciado ou expressamente no pretender exercer a garantia. Por exemplo, na execuo movida contra fiador e devedor principal mesmo que haja bens de fiador com renncia ao benefcio da excusso previa, devem primeiro ser penhorados os bens da garantia pois o fiador perdeu esse benefcio (640 alinea a) CC). J p mesmo no sucedeu para o devedor principal.S na sua falta ou insuficincia ir penhorar outros bens do devedor, embora no caso do 54/3 CPC somente depois de ele estar na aco como executado.Se o executado entender que est subsidariedade no foi respeitada, poder, invocando a violao do 752/1 CPC e do 697 CC, deduzir oposio a penhora ao abrigo do 784/1 b) CPC.Caso os bens onerados sejam insuficientes, o agente de execuo pode autonomamente fazer a penhora de outros bens ao abrigo do 751/4 b) CPC.

Responsabilidade subsidiria subjectiva: as situaes de responsabilidade subsidiria subjectiva so, nomeadamente, os casos de fiana, do scio de sociedade civil, do scio de sociedade em nome colectivo e do scio comanditado em sociedade em comandita.J o avalista no devedor subsidirio, mas solidrio.Quanto ao fiador, na execuo da obrigao afianada -lhe lcito recusar o cumprimento enquanto o credor no tiver excutido todos os bens do devedor sem obter a satisfao do seu crdito (638/1 CC). Apenas assim no ser na fiana mercantil (101 C. Com.) ou quando o fiador tenha renunciado ao benefcio da excusso previa (640 e 641/2 CC).Por outro lado, se para a segurana da mesma dvida houver garantia real constituda por terceiro contempornea da fiana ou anterior a ela, tem o fiador direito de exigir a execuo prvia das coisas sobre que recai a garantia real, mesmo que os bens do devedor principal se hajam esgotado (639/1 CC). Esta proteco do fiador existe haja ou no benefcio de excusso previa.Diversamente, se essa garantia real incidir sobre bens do devedor principal, ser irrelevante para o fiador. Este reclamara a excusso previa dos bens do devedor principal. J ser depois da estrita legitimidade do devedor principal invocar em sede de oposio a penhora (697 CC) o benefcio da excusso real.Finalmente, se a garantia real foi constituda em bens do fiador, este tem direito a que na execuo dos seus bens se comece pelos onerados, graas ao 697 CC.

Quanto ao scio de sociedade civil na execuo de dvidas da sociedade, o 997/1 CC determina que os scios tm responsabilidade pessoal e solidria. Todavia, o n.2 do mesmo artigo acrescenta que o scio pode exigir a previa excusso do patrimnio social.Soluo semelhante est prevista no 175/1 CSC relativamente ao scio de sociedade e, nome colectivo na execuo de dvidas da sociedade.

Procedimento depois da reforma de 2013:Na reforma de 2013, o devedor subsidirio que seja singularmente demandado tem a seu favor a garantia da forma ordinria do 550/3 alnea d), desde que no haja renunciado ao benefcio da excusso previa.Ao contrrio, em todas as demais situaes a execuo do devedor subsidirio singularmente citado, mas com renncia ao benefcio da excusso previa e execuo conjunta de devedor subsidirio e devedor principal a execuo seguir nos termos gerais a forma ordinria ou sumria conforme o que decorra da aplicao do 550.Assim, se for movida contra o devedor subsidirio, singularmente ou com o devedor principal, no podem penhorar-se os seus bens enquanto no estiverem excutidos todos os bens do devedor principal.Para tanto, ele tem o nus de invocar o benefcio da excusso prvia em requerimento, entregue no prazo da oposio execuo (728/1), como objeco preventiva a penhora.Na eventualidade de execuo contra ambos se a forma for sumria, a lei no clara quanto aos termos da alegao pelo devedor subsidirio do benefcio da excusso previa necessariamente j depois da penhora. Parece-nos que ser no prazo das oposies (856/1) mas visto que a penhora j se consumou, no mais ser uma objeco preventiva penhora, mas um fundamento de oposio penhora, previsto no art. 784/1 b) CPC.Se for execuo movida apenas do devedor principal, executam-se os seus bens mas se eles se revelarem insuficientes, pode o exequente requerer no mesmo processo execuo contra o devedor subsidirio que ser citado para pagamento do remanescente.Naturalmente que manda o princpio da economia processual que est soluo valha para quando o devedor principal haja sido citado supervenientemente. Nessa eventualidade o devedor subsidirio (que j invocar com sucesso o benefcio da excusso previa) em vez de citado, ser notificado.Continua a garantir-se no 745/4 que quando se houver de executar os bens do devedor subsidirio, pode este indicar bens do devedor principal adquiridos ou conhecidos supervenientemente. Novamente, parece estar pressuposto que o devedor subsidirio j fizera oportunamente a invocao do benefcio da excusso prvia.

Disponibilidade e transmissibilidade:A. Indisponibilidade.A penhora apenas pode recair sobre uma situao jurdica activa disponvel de natureza patrimonial e cuja titularidade possa ser transmitida foradamente nos termos da lei substantiva. cabea, no so penhorveis as coisas fora de comrcio (202/2 CC), como os bens de domnio pblico do estado e das restantes pessoas colectivas pblicas (736 alnea b ) CPC ); e os bens que, pela sua natureza, no so susceptveis de apropriao individual.A penhora de direitos indisponveis, intransmissveis ou sem autorizao exigida legal ou contratualmente ilegal, podendo constituir fundamento de oposio penhora ao abrigo do 784/1 a) CPC.Assim, so indisponveis o direito alimentos, conforme o 2008/2 CC. O mesmo sucede em regra com o direito sucesso de pessoa viva (2028 CC).Por isso, no podem tambm ser transmitidos foradamente e, para tal, penhorados.Tambm os crditos provenientes do direito indemnizao por acidente de trabalho so inalienveis, impenhorveis e irrenunciveis (302 CT).

B. Intransmissibilidade objectiva.H direitos disponveis mas que so intransmissveis em razo do seu objecto. O art. 736 alnea a) define genericamente como absolutamente impenhorveis as coisas ou direitos inalienveis.So direitos legalmente inalienveis :a) O direito de uso e habitao o qual foi constitudo intuitu personae, no pode ser trespassado ou locado (1488 CC).b) A servido predial, pois apenas pode ser penhorada com os prdios a que pertencem, activa ou passivamente (1545 CC).c) O direito ao arrendamento (1038 alinea f)).Ao contrrio, o arrendamento para fim no habitacional pode ser abrangido pela penhora de estabelecimento comercial, porque pode ser transmitido sem consentimento do senhorio (1112/1 alinea a) CC).Mais genericamente, so sempre inalienveis os bens cuja alienao seja nula nos termos do 280 CC, por objecto contrrio lei, ordem pblica ou ofensivo dos bons costumes.Por outro lado, pode haver direitos contratualmente intransmissveis. Por exemplo, o proprietrio de raiz e usufruturio acordarem no ttulo constitutivo que p usufruto no poder ser trespassado (1444/1 CC).

C. Impossibilidade subjectiva:Nas situaes de limitao subjectiva da transmissibilidade esta est pelo direito substantivo na dependncia de autorizao de terceiro ao direito, decorrente de acordo entre as partes ou de disposio legal.Por exemplo, um lobista em centro comercial apenas puder ceder a sua posio contratual com o consentimento do proprietrio do centro comercial. Ou os actos dispositivos do inabilitado que carecem de autorizao do curador (153/1).No caso do curador ou do cnjuge, no estaro em causa para dar o seu consentimento a penhora.J nos demais casos, parece ser necessria a autorizao do terceiro o que levanta a questo de se, ento, em caso de no autorizao qual o interesse que deve prevalecer.Na restrio subjectiva da transmissibilidade feita a atribuio da faculdade de disposio a terceiro ao direito . Por exemplo, os actos dispositivos do incapaz apenas podem ser praticados em seu nome pelo representante legal (124 e 139 CC). O credor pignoratcio pode vender a coisa empenhada (675/1 CC).Aqui o terceiro ser parte na causa como credor reclamante (666 para o credor pignoratcio) ou ocupar a posio de mero representante legal suprindo a incapacidade judiciria do executado (16/1).

Impenhorabilidades objectivas:A. Impenhorabilidades absolutas.O cdigo arrola as impenhorabilidades absolutas no 736 alnea a) CPC. Mas h normas avulsas que prevem a impenhorabilidade de bens.Sao impenhorveis, em primeiro lugar, os bens cuja apreenso constituiria uma ofensa aos bons costumes:a) Os objectos especialmente destinados ao exerccio do culto pblico.b) Os tmulos.c) Os instrumentos indispensveis aos deficientes e os objectos destinados ao tratamento de doentes (736 alinea f)).d) Quaisquer outros cuja apreenso viole aquela clusula geral.Em segundo lugar, os bens cuja apreenso carea de justificao econmica pelo seu diminuto valor venal.Em terceiro lugar, os bens isentos de penhora por disposio especial: por ex., os manuscritos inditos, esboos, desenhos, telas ou esculturas quando incompletos salvo oferecimento ou consentimento do devedor.Mas importa no perder de vista que estes limites remetem na realidade para os princpios constitucionais da dignidade da pessoa humana (1 CRP) e da proporcionalidade das restries aos direitos fundamentais do executado (18/2 CRP). So absolutamente impenhorveis os bens cuja apreenso ou alienao ofendam a dignidade do executado ou com desproporcionalidade perante o ganho econmico para o exequente. A casa de morada de famlia no bem impenhorvel, no gozando o cnjuge do executado do direito de exigir a restrio da penhora de forma a que est no contenda com a faculdade de usar a casa de famlia.O que a lei prev so vrias formas de considerao e proteco indirecta desse direito, maxime quanto a suspenso da venda (704/4, 733/5, 785/4 e 856/4 CPC), quanto ao depositrio (756/1 alinea a)) e quanto ao gradus executionis (751/3 alneas a) e b) ).

B. Impenhorabilidades relativas:Depois, h bens que esto afectos a certas dvidas e mais nenhumas ou que s respondem numa dada circunstncia processual. No h aqui, portanto, confuso com os bens subsidiariamente penhorveis, pois estes esto afectos a certas dvidas mas tambm podem responder por outras, embora em segundo lugar.Nos termos do 737/1, os bens do domnio privado do estado e das restantes pessoas colectivas pblicas podem beneficiar de iseno de penhora desde que se verifique um pressuposto funcional: se encontrem especialmente afectados realizao de fins de utilidade pblica. Nessa eventualidade s respondem por dvida com garantia real e quando sejam os bens onerados por essa mesma garantia. Se no for esse o caso concreto, o bem ser penhorvel e valero as regras gerais da penhora.Por exemplo, susceptvel de ser penhorado um imvel que pertena a uma instituio privada de solidariedade social sobre o qual recaia hipoteca judicial a favor do exequente, desde que a entidade no seja de utilidade pblica.Todavia, nada impede ao executado de, em oposio a penhora vir fazer prova da verificao in concreto dos pressupostos destas impenhorabilidades objectivas.Por seu turno, os instrumentos de trabalho e os objectos indispensveis ao exerccio da actividade ou formao profissional do executado, por regram no podem ser penhorados qualquer que seja a profisso.Por exemplo, o txi como instrumento de trabalho do motorista proprietrio -se veculo, que o seu nico instrumento de trabalho e nica fonte de rendimentos; a biblioteca jurdica de um advogado.Apenas podem ser penhorados se o executado os indicar para penhora ou forem penhorados como elementos corpreos de um estabelecimento comercial. Mas esses bens respondem ainda pelo pagamento do preo da sua aquisio ou do custo da sua reparao.A estas restries dever-se-ia ainda acrescentar a que est tratada no art. 736 e como impenhorabilidade relativa no 737/3 CPC.Neste preceito enuncia-se a regra da impenhorabilidade dos bens imprescindveis qualquer economia domstica. Mas note-se que no 737/3 CPC os bens devem estar na habitao efectiva do executado.Actualmente, entendem-se impenhorveis os electrodomsticos como por ex., um frigorfico, uma cama para descansar ou um fogo para cozinhar.Ora, no se trata de um regime de impenhorabilidade absoluta visto que no mesmo lugar legal se determina que esses bens podem ser penhorados na execuo do crdito do preo da respectiva aquisio ou do custo da sua reparao. Por ex., um frigorfico, sendo embora um bem imprescindvel a qualquer economia domstica, pode ser penhorado na execuo destinada a obter o pagamento do preo da sua aquisio.

Impenhorabilidades parciais.Penhora de crditos de rendimentos pessoais.Trata-se de crditos sujeitos ao regime do 779 e do 773 e seguintes.Deve entender-se que os rendimentos do autor e, em geral de profisso liberal cabero no 738/1 se for demonstrado que constituem in casu, rendimento de subsistncia, ainda que sejam recebidos anualmente ou, mesmo, de modo irregular.L-se no 738/1 e 2 que so impenhorveis 2/3 da parte lquida, considerados os descontos legalmente obrigatrios. Qualquer invocao de gastos pessoais deve ser feita a posteriori nos estritos limites do 738/6 CPC, no se restringindo o objecto inicial.Penhorado 1/3 do vencimento do executado, numa execuo, nada impede que o mesmo tero venha a ser penhorado noutra execuo, valendo a o regime da reclamao de crdito no processo da primeira penhora (794). O que no pode suceder haver penhora de qualquer outra parte desse vencimento, seja nessa ou noutra execuo. Ou seja, no pode penhorar vrios teros em diferentes execues. O vencimento e o executado so rigorosamente nicos ainda que mude a execuo.Contudo, a parte impenhorvel, isto , aquela que permanecer como rendimento disponvel do executado, tem um limite mnimo e um limite mximo. O limite mnimo consiste numa garantia de reserva de um montante equivalente a um salrio mnimo (738/3). Por exemplo, partindo de um salrio mnimo de 450, num salrio de 600,ms fosse penhorado 1/3 (200), sobrariam 400, o que menos que o salrio mnimo. Neste caso, a parte penhorada deve ser reduzida para 150 de modo a reservarem-se os 450 de salrio mnimo.Nos casos extremos em que o executado aufere apenas rendimentos iguais ou inferiores ao salrio mnimo ou uma penso de sobrevivncia, ou ainda o rendimento de reinsero social, no podem estes ser penhorados de todo.No 738/2 o limite mnimo continua a no se aplicar ao executado que no tenha outro rendimento, mas j a circunstncia de o crdito exequendo ser por alimentos tem uma relevncia legal diferente: vale a regra de inaplicabilidade pura e simples da regra de impenhorabilidade de 2/3 execuo por alimentos (738/4).Na execuo por alimentos o rendimento do executado em vez de ser penhorvel em pelo menos 1/3, mesmo que o restante fique abaixo daquilo que seria o limite mnimo, penhorvel na sua totalidade.

Penhora de indemnizaes de seguro:Os crditos de seguros so objecto de sujeio aos limites objectos de penhorabilidade constantes do 738/1 a 3 CPC, quando tenham os caracteres que nesse artigo se estabelecem. Nomeadamente, devero ser prestaes pagas regularmente a ttulo de seguro, indemnizao por acidente de modo a poderem beneficiar de uma impenhorabilidade de 2/3 do seu montante. E, por outro lado, apenas podem ser seguros que sustentem uma pessoa singular no uma pessoa colectiva.Por essa razo, um crdito indemnizatrio irregular ou nico no est em princpio protegido pela ompenhorabilidade parcial, porque se presume que no sustenta o executado.Por exemplo, os crditos do executado sobre a entidade patronal provenientes de indemnizaes por despedimento podem ser totalmente penhorado em execuo contra si movida.Portanto, a lei associa a natureza do sustento regularidade do rendimento. No entanto, sobretudo no novo 738/1 parece ser mais importante a funo de sustento do rendimento e menos a sua regularidade o que poder alterar o resultado interpretativo.No caso de execuo de crdito de alimentos no conflito entre o interesse do menor na obteno de alimentos por parte do pai e entre o interesse deste na manuteno de um mnimo de dignidade deve prevalecer o do pai considerando-se impenhorvel a penso por acidente de trabalho inferior ao salrio mnimo nacional, nico rendimento deste.

Isenes e redues da penhora:Os factores que determinavam a deciso do juiz em isentar ou reduzir a penhora eram a natureza e o montante da dvida exequenda e as necessidades do executado e do seu agregado familiar.Apenas se enuncia no art. 738/6 que ponderados o montante a natureza do crdito exequendo, bem como as necessidades do executado e do seu agregado familiar, pode o juiz excepcionalmente e a requerimento do executado reduzir por perodo que considere razovel a parte penhorvel dos rendimentos e mesmo, por perodo no superior a um ano, isent-los de penhora.Quanto ao aumento da penhora, o 738 CPC deixou pura e simplesmente de prever o aumento da extenso da penhora.

Penhora de crditos subrogado em crdito de rendimentos pessoais:Este regime de impenhorabilidade parcial vale ainda para crditos subrogados no crdito de rendimento pessoal. Efectivamente, o 739 determina que so impenhorveis a quantia em dinheiro ou o depsito bancrio resultantes da satisfao de crdito impenhorvel nos mesmos termos em que o era o crdito originariamente existente. Assim, um salrio que seja recebido por transferncia para a conta do executado continua a estar salvaguardado pelo 738/1 e n.3, os quais iro restringir o saldo efectivamente penhorvel.A lei abrange qualquer depsito bancrio ordem ou a prazo,mas seguramente que no se aplica a produtos poupana pura. Normalmente estes planos de poupana so municiados com uma transferncia peridica de pequenos montantes. Ora, com essa transferncia a quantia perde a qualidade primria de sustento (739) e passa a ter a qualidade secundria de poupana. E, em consequncia, se o executado pode colocar de lado parte do seu rendimento para entesouramento, tambm pode sujeitar-se a que esta quantia v pagar o que devia ter pago. Caber ao executado demonstrar a origem do dinheiro ou do depsito bancrio para efeitos da invocao do 739 e atravs dele do 738/1. Todavia, assim no ser se for por si mesmo notrio que se trata de uma conta ordenado ou de uma conta em que esta domiciliado o pagamento por transferncia do rendimento. Neste caso, o agente de execuo oficiosamente ter em conta o 738/1.Qual o meio para o executado invocar a origem do crdito? Parece ser em sede de oposio a penhora (784/1 alnea a)).

Penhora de quantias pecunirias ou de saldo bancrio da conta a ordem:Suponha-se agora que o executado ou o agente de execuo oficiosamente no relevaram uma origem subrogado do dinheiro ou do depsito bancrio que permita a tutela do 739 CPC. Nessa eventualidade, pode ser penhorada a totalidade da quantia pecuniria ou do saldo, mas com salvaguarda de um valor global correspondente a um Salrio mnimo desde que se trate de conta a ordem.No novo 738/5 h duas pequenas mudanas. O preceito passa a tutelar qualquer saldo bancrio ordem ou a prazo. Por outro lado, e tendo em conta a no sujeio da execuo por alimentos impenhorabilidade parcial do 738/1, determina-se que nessa eventualidade o que se salvaguarda no um valor global correspondente a um salrio mnimo, mas o equivalente totalidade da penso social do regime no contributivo.Apesar de procedimentalmente reguladas pelo 782, no plano funcional o objecto da penhora de que se trata no 739 no o mesmo objecto do 738/5. Na realidade, no 739 o objecto so ainda rendimentos pessoais, embora funcionalmente subrogados em depsito bancrio. J no 738/5 o objecto so saldos bancrios proprio sensu.

Dvidas conjugaisResponsabilidade subjectiva comum:No plano subjectivo, a responsabilidade pode ser de ambos os cnjuges ou unicamente daquele que se obrigou.So da responsabilidade de ambos os cnjuges as dvidas que se subsumam s previses dos artigos 1691; 1692 alnea b), 2 parte, 1693/2, e 1694/1 CC.Dentro destas dvidas, deve ainda distinguir-se as dvidas comuns das dvidas comunicveis.As dvidas comuns tm por fonte um facto praticado por ambos os cnjuges, ainda que antes do casamento (1691/1 alnea a) CC).As dvidas comunicveis tm por fonte um facto praticado por um dos cnjuges mas que implica uma comunicao da responsabilidade voluntria ou legal. A comunicao voluntria resulta do consentimento dado para o acto pelo cnjuge que no contraiu a dvida, como consta da segunda parte da alnea a) do n.1 do 1691 CC. A comunicao legal resulta da subsuno da situao a alguma das previses das alneas b) a e) do n.2 do 1691 ou dos artigos 1692 alnea b),2 parte, 1693/2 e 1694/1 CC.O regime das dvidas da responsabilidade de ambos os cnjuges (1695) resume-se a isso: a dvida do casal que seja titularidade ou do interesse de ambos deve ser suportada pelos bens de ambos. Isso no to evidente nos casos de dvidas comuns pois essa partilha j decorreria das regras gerais das obrigaes. O que h uma vantagem objectiva nos regimes de comunho de bens e a favor dos cnjuges: os bens prprios ficam subtrados a penhora de modo imediato, reservando-se a ttulo subsidirio.J no caso das dvidas comunicveis, o que sucede que ao impor a comunicao da dvida, todos os bens dos membros do casal (seus ou comuns) podem ser penhorados e apenas a subsidiariedade que no regime de comunho de bens, poder proteger uma parte do patrimnio.O cnjuge do devedor terceiro ao negcio. Por isso, e por ex., o cnjuge do comprador de um electrodomstico no pode exigir ao vendedor a entrega da coisa porquanto ele no o comprador.O cnjuge do devedor tambm tambm terceiro obrigao pecuniria exequenda. Ele no poder, por isso, invocar a oposio a execuo do crdito do devedor marido ou mulher.No entanto, o comprador j pode interpelar o cnjuge para pagar o preo judicial ou extrajudicialmente, porque ele responde na mora. Ou seja, como o fiador, o cnjuge que v a dvida do consorte comunicada um devedor de garantia, cobrindo as consequncias legais e contratuais da mora. E por isso a partilha das consequncias negativas far-se- ao nvel do patrimnio afecto satisfao das obrigaes.

Responsabilidade subjectiva prpria.A responsabilidade subjectiva prpria do cnjuge que deu causa a dvida , primariamente, residual perante a responsabilidade subjectiva comum: a das dvidas contradas voluntariamente, antes ou depois do casamento, por cada um dos cnjuges, sem o consentimento do outro, fora dos casos indicados nas alneas b) e c) do n.1 do 1691, l-se no 1692 alnea a) CC. Secundariamente, so ainda prprias as dvidas constitudas :a) Ex lege como sano (1692 alneas a) e b) CC).b) Por outrem, mas transmitidas por acto de liberalidade (1693 CC).c) Contradas voluntariamente e ainda que pudesseM caber nas alneas b) e c) do 1691/1 , tenham garantias sobre bens comuns (1692 alnea c) conjugado com o 1694/2 CC).

Responsabilidade objectiva. Separao de patrimnios.No plano subjectivo, deve recordar-se que j o art. 601 CC ressalvara da responsabilidade universal e imediata os regimes especialmente estabelecidos em consequncia da separao de patrimnios.Ora, h separao de patrimnios nos regimes de comunho de bens adquiridos (1721 e seguintes CC ) e de comunho geral (1732 e seguintes CC). Nestes regimes disting