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Tiago Araújo 2012/2013 1 Apontamentos de Procedimento e Processo Tributário (PPT) Com base nas aulas de Sebastião Oliveira

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Tiago Araújo 2012/2013

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Apontamentos de Procedimento e Processo Tributário (PPT)

Com base nas aulas de Sebastião Oliveira

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Procedimento Tributário (1º Mini Teste) Direito Fiscal: Direito objectivo / direito processual: PPT Direito Substantivo: consiste num conjunto de normas em matéria tributária. Direito Adjectivo: é composto por um conjunto de normas, que dizem respeito à aplicação em concreto de normas tributárias.

Esse conjunto de normas diz respeito aos poderes executivos levados a cabo por órgãos administrativos (Autoridade Tributária) ou por órgãos jurisdicionais (Tribunais).

O PPT tem como elemento essencial o tributo. O tributo é uma prestação coactiva e com fins financeiros. Quanto à origem é uma prestação coactiva e é sempre fixado por um ato normativo (Lei, DL ou Regulamento). Não podem ser criados tributos por entidades privadas, vigorando aqui o princípio da tipicidade. (não há tributos que não estejam tipificados numa lei).

O conteúdo consta também do acto normativo e, quanto à sua fixação é definido pelo próprio ato normativo. O tributo tem fins financeiros, são exigidos com vista à produção de bens públicos e semipúblicos. Âmbito dos tributos:

1. Impostos 2. Taxas 3. Contribuições especiais

Conceitos:

1. Direito tributário 2. Jurisdição tributária

Ao nível dos tribunais existem 3 denominações:

1. Tribunais fiscais 2. Tribunais administrativos 3. Tribunais tributários

Tribunais fiscais: surgem porque entendem que eles se destinam a dirimir/resolver os conflitos das relações jurídicas. E diziam que os conflitos relativos a relações jurídicas das taxas ou outros tributos seriam resolvidos por outros tribunais, por exemplo tribunais administrativos. Hoje, as questões relativas aos conflitos das relações jurídicas tributárias são resolvidas nos tribunais tributários. Solução jurídica: apesar do artigo 212º nº3 CRP e o artigo 1º nº 1 do ETAF se referirem apenas às relações administrativas e fiscais devem entender-se como sendo feita com referência às relações administrativas e tributárias. Dado que: 1º Quer a redacção do ETAF, quer a jurisprudência não no sentido de considerarem que os tribunais tributários (e não os tribunais fiscais) são os órgãos

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competentes para dirimir os litígios emergentes das relações jurídico-tributárias, respeitantes a todos os tributos e não apenas aos impostos; 2º O ETAF no artigo 49º nº 1 alínea a) “ (…) os tribunais tributários (…)”. O CPPT no artigo 148º nº1 alínea a) diz-nos que o processo de execução fiscal se aplica a todos os tributos (impostos, taxas e contribuições especiais). Conteúdo do Direito Tributário Adjectivo: Atores do DTA:

1. Autoridade tributária 2. Os tribunais tributários (TT) 3. Os sujeitos passivos

O DTA é composto por dois grandes grupos de normas: 1º Normas jurídicas relativas à actividade tributária (prevenção das infracções tributárias e observação das realidades tributárias): fins das normas relativas a actividade tributárias “inspecções” 2º Normas jurídicas relativas a justiça tributária (tutelam e protegem as posições jurídicas subjectivas) “defendem-se no tribunal” Actividade Tributária (a.t.): É composta por um conjunto de actos que revestem natureza diversa. Esta compreende actuações de natureza administrativa (ex. liquidação de um tributo, reconhecimento de uma isenção) bem como actuação de natureza jurisdicional (actividade dos tribunais tributários). Porém na maioria dos casos a actividade tributária ganha forma através da prática de actos emanados pelos órgãos administrativos tributários. Caracterização da actividade tributária: A actividade tributária é juridicamente enquadrada, goza em princípio de uma prevenção de legalidade e é impugnável. “resolvem-se no tribunal” Os actos emanados, actos de aplicação ou execução das normas tributárias substantivas abrangem:

1. Interpretação das normas tributárias (circulares administrativas e ofícios circulares) “interpreta a norma, quando há duvidas”

2. Determinação e caracterização da situação abstracta prevista no tipo legal “o que é caducidade o que é prescrição”

3. A declaração de aplicação do tipo tributário normativo a esse caso concreto 4. A emanação de um acto conclusivo (cobrança de um tributo, avaliação dos

direitos e deveres ou a exoneração da obrigação de pagamento) “ex. isenção”

OBS: a.t. = (actividade tributária) AT = (Autoridade Tributaria)

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A a.t. é de natureza procedimental e é composta por um conjunto de operações que tem as seguintes características:

1. Cada acto deve ter uma finalidade específica, não se devendo praticar actos inúteis (princípio da economia procedimental);

2. Todos os actos devem possuir uma conexão entre si; 3. Existir uma relação de causalidade entre os diversos actos.

Noção e Classificação dos Actos Tributários É o acto emanado no exercício da actividade tributária que é produtor de efeitos externos e de carácter individual e concreto. Abrangem:

1. Liquidação de um imposto 2. Reconhecimento de uma isenção 3. Prestação de uma informação vinculativa

O que mais se evidencia é o acto de liquidação (determinação em concreto do

sujeito passivo e de “quantum” do tributo). Esta é a noção técnica de acto tributário ou acto tributário em sentido restrito e é em relação a ela (acto de liquidação) em acto definitivo. Temos ainda os actos preparatórios e prévios do acto de liquidação Por exemplo: afixação administrativa da matéria tributável Outro exemplo: a correcção administrativa das declarações do sujeito passivo Para além dos actos de liquidação e actos prévios e preparatórios existem outros actos que integram a noção ampla de actos tributários. Por exemplo:

1. Actos de prestação das informações vinculativas (57º CPPT) 2. Actos de avaliação prévia (58º CPPT) 3. Actos de reconhecimento de benefícios fiscais (55º CPPT) 4. Actos de admissibilidade do pagamento da divida tributária em prestações

(42º LGT) 5. Actos de inspecção tributária (RCPIT - DL 412/98 31-DEZ)

Nota: Todos estes actos são susceptíveis de impugnação directa nos tribunais tributários.

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Classificação dos actos tributários

a) Quanto à estrutura? - Actos tributários unilaterais (quando são fixados pela AT) Também há actos tributários bilaterais (37º LGT) “acordo ou contractos fiscais/tributários” A maioria dos actos tributários é unilateral por força do princípio da legalidade e/ou da tipicidade, porém há actos bilaterais. P.e.: os contractos fiscais “el-corte inglês em Portugal”; As avenças “pagar impostos no banco ou CTT”

b) Quanto ao conteúdo? - Positivo (nascimento de um direito) - Negativo (um beneficio fiscal) “uma isenção”

c) Quanto à eficácia? - Atos tributários provisórios: retenção na fonte ou pagamentos por conta - Atos tributários definitivos: pagamento definitivo Conclusões: Esta classificação assume um relevo fundamental uma vez que em princípio apenas serão sujeitos a controlo jurisdicional os actos unilaterais, positivos e definitivos dos quais destacamos o acto de liquidação. Quanto aos actos bilaterais já houve uma intervenção da vontade do sujeito passivo, logo compreende-se a insusceptibilidade de controlo jurisdicional. Quanto aos actos negativos: P.e.: o sujeito passivo do imposto requer o reconhecimento de um beneficio fiscal nos termos do Artigo 65º CPPT por um período de 10 anos. A AT concede o benefício mas apenas por um período de 5 anos, impugnável será o futuro acto positivo de tributação, ou seja a partir do 6º ano. Esta afirmação é falsa pois só os actos positivos são objectos de impugnação.

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Justiça tributária

1. Finalidades e enquadramento da justiça tributária. Esta faz parte do DTA (Direito Tributário Administrativo) e tem como finalidades:

a. Legalidade da actuação dos agentes de autoridade tributária b. Protecção das posições jurídicas dos contribuintes

E deve estar constitucionalmente enquadrada (ser conforme a constituição) daí que observem os seguintes princípios:

1. Princípio da constitucionalidade (3º nº3 + 204º CRP) e (1º nº2 ETAF) A inconstitucionalidade tem de ser decretada e é incidental;

2. Princípio da independência dos tribunais (203º CRP) e (2º ETAF) Os tribunais apenas estão sujeitos à lei (independência objectiva) Impossibilidade de transferência para outros não expressos na lei (inamovibilidade e irresponsabilidade); (independência subjectiva) (216º nº1 CRP) e (3º ETAF)

3. Princípio da reserva da função jurisdicional em matéria tributária (202º nº1 CRP) e (1º nº1 ETAF) Os actos jurisdicionais só podem ser praticados por um juiz num tribunal.

4. Princípio da protecção jurídica (20º CRP)

a) Todos os sujeitos passivos têm de ser protegidos juridicamente b) Direito de acesso aos tribunais c) Direito à informação e consultadoria jurídica d) Direito a patrocínio judiciário e) Direito a uma decisão jurídica em tempo razoável f) Direito a um processo equitativo (268º nº4 CRP) e (145º e 147º CPPT)

5. Princípio da reserva legal das garantias dos contribuintes

Diz-nos que a alteração das garantias dos contribuintes está sujeita à reserva da lei (lei da AR ou DL autorizado) (21º e 103º nº2 CRP) A violação deste princípio faz gerar uma inconstitucionalidade e confere ao lesado um direito à resistência. Garantias dos contribuintes Podem ser:

1. Graciosas ou administrativas a. Impugnatórias b. Não impugnatórias

2. Jurisdicionais

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Garantias administrativas não impugnatórias

1. O direito à informação (268º nº1 CRP) Compreende um conjunto de direitos:

a. Direito de acesso aos processos e arquivos (268º nº2 CRP) b. Direito ao esclarecimento em tempo útil (59º nº3 al. f) LGT) c. Direito de obter informações (67º nº1 al. a) LGT) d. Direito à comunicação (67º nº1 al. b) e 70º nº3 LGT) e. Direito à notificação (268º nº3 da CRP e 35º e ss CPPT) f. Direito à fundamentação (268º nº3, parte final da CRP) g. Direito a requerer as certidões necessárias a utilização dos meios

administrativos e contenciosos h. Direito a informação prévia vinculativa para a AT (68º da LGT e 57º

CPPT) i. Direito de participação (267º nº1 CRP e 60º nº1 LGT). Nalguns

casos, a participação do contribuinte é obrigatória, no caso do artigo 63º nº4 do CPPT (normas anti abuso) e artigo 92º nº1 LGT (procedimento de revisão)

OBSERVAÇÕES: Como é que é feito o Direito de Participação? Através do exercício do Direito de Audição, que é desencadeado/promovido antes: - Da conclusão do acto tributário definitivo por excelência (acto de liquidação) - Do indeferimento total ou parcial da reclamação ou do recurso - De decisão de aplicação dos métodos indirectos de tributação - Da conclusão do relatório de inspecção tributária O direito de audição pode ser dispensado (60º nº2 LGT) QUESTÃO: O que é que acontece se a AT estiver obrigada a notificar o contribuinte para que este faça o direito de audição e não o faz? VER 99º al. c) CPPT: fundamentos da impugnação Garantias administrativas impugnatórias

1. A reclamação (reclamação graciosa) 2. Recurso (recurso hierárquico)

Reclamação O contribuinte requer a sindicância de um determinado acto de natureza administrativa junto da própria entidade que o praticou (68º e ss CPPT)

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Recurso O contribuinte recorre para o superior hierárquico, para que este aprecie o acto preferido pelo seu inferior hierárquico. No recurso pedimos a sindicância junto de uma entidade diferente da entidade que praticou o acto (66º CPPT). QUESTÃO: Qual é o pedido formulado na reclamação? Requerer a anulação total ou parcial de um acto tributário com fundamento em qualquer ilegalidade. Regra geral: a reclamação é facultativa Porém em alguns casos é obrigatória: - 131º nº1 e 2 CPPT (Autoliquidação) - 132º nº3 e 5 CPPT (Retenção na Fonte) - 133º nº2 e 3 CPPT (Pagamentos por conta) - 117º nº1 CPPT (Aplicação dos métodos indirectos) QUESTÃO: O que é que faço no recurso? No recurso venho junto do mais elevado superior hierárquico solicitar que anule total ou parcialmente o acto preferido pelo inferior (36º nº2 CPPT): são dirigidos normalmente ao ministério das finanças Garantias Jurisdicionais

1. Direito à acção 2. Direito à oposição 3. Direito ao Recurso Jurisdicional

Direito à acção (96º nº1 LGT e 268º nº4 CRP) A acção que nós usamos para “atacar” um acto é Impugnação judicial. Direito à oposição A oposição serve para atacar um processo de execução fiscal. Direito ao Recurso Jurisdicional Impugnação das decisões dos tribunais inferiores. APARTE: Hierarquia dos Tribunais 1º Supremo Tribunal Administrativo 2º Tribunal Central Administrativo do Norte/Sul (TCA) 3º Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF)

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Procedimento Tributário

O procedimento tributário é composto por um conjunto de actos provenientes de órgãos administrativos tributários distintos, relativamente autónomos e organizados sequencialmente, direccionados à produção de um determinado resultado, do qual são instrumentais. Quais são os elementos constitutivos? - Conjunto de actos - Provenientes de órgãos administrativos tributários (ministro das finanças., chefe das finanças) atenção à competência do órgão administrativo - Relativamente autónomos (devem ser independentes um dos outros sobre pena de se praticarem actos repetidos, inúteis ou simplesmente dilatórios) - Organizados sequencialmente - Direccionados à produção de um resultado de que são instrumentais Pontos de contacto/divergências entre o procedimento e o processo tributário 1º As actuações procedimentais bem como as actuações processuais têm que estar sujeitas as mesmas exigências constitucionais e legais, sobre pena da sua invalidade (anulabilidade ou nulidade) Ex: anulação de um acto tributário de liquidação se não for observado o artigo 60º LGT Ex: irregularidade do processo de impugnação judicial quando não é dada vista ao ministério público (121º CPPT) 2º O princípio do contraditório está previsto tanto no procedimento tributário como no processo Ex: o direito de contestação do representante da fazenda pública no processo de impugnação nos termos de 110º CPPT Exemplo prático: A empresa XPTO impugna judicialmente IRC 2011. O RFP vai proceder ao princípio da contradição Ex: Direito de Oposição do executado no processo de execução fiscal. (203º e ss CPPT) Exemplo prático: O serviço de finanças do Porto 2 aplica um processo de execução fiscal à empresa XPTO. A empresa indignada opõe-se a esse processo. 3º Sobre o Ponto de vista de interesses dir-se-á que regra geral: - No procedimento tributário os interesses são do próprio autor do acto; - No processo tributário os interesses são do destinatário dos actos.

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Exemplo prático: A empresa XPTO tem para liquidar IRC de 2011: 57000€ Quem está a “pedir” o acto de liquidação é a AT LOGO, o AUTOR neste caso é a AT e o DESTINATÁRIO é a XPTO Mas se XPTO impugnar judicialmente esta liquidação de IRC o interessado neste caso é o Destinatário, ou seja a XPTO. OBS: Isto não é totalmente verdade na medida em que existem procedimentos em que os interesses são exclusivamente do destinatário do acto. Ex: Obter uma informação vinculativa Ex: Reconhecimento de um benefício Fiscal Exemplos práticos: - Procedimento de liquidação de imposto: INTERESSADO: Autor (AT) - Procedimento de informação vinculativa: INTERESSADO: Destinatário - Procedimento de reconhecimento de um benefício Fiscal INTERESSADO: Destinatário Existem processos em que se procuram defender interesses de natureza pública. Ex: processo de execução fiscal 4º No procedimento tributário não há, em regra, litígio, enquanto que no processo tributário há litígio. Também aqui não é bem verdade, há procedimentos em que existe litígio (ver procedimentos impugnatórios) Ex: Reclamação Graciosa Há processos onde a componente litigiosa não está presente. Ex: O processo de divórcio por mútuo consentimento 5º O procedimento será a forma típica de exteriorização de vontade dos poderes legislativos e administrativos. O processo será a forma típica de exteriorização de vontade do poder jurisdicional. CONCLUSÃO: Não há noção de procedimento e processo tributário. Existe sim no CPPT e no artigo 44º uma referência aos actos compreendidos no procedimento. E o artigo 97º faz uma referência aos processos, sendo que no artigo 96º se refere às finalidades do processo.

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NOÇÃO CLARA!

Procedimento tributário é o conjunto de actos concretizadores e/ou exteriorizadores de vontade dos agentes administrativos tributários, quer estes se chamem autoridade tributária, administração fiscal, fazenda publica ou fisco.

Processo tributário é o conjunto de actos concretizadores e/ou exteriorizadores de vontade dos agentes jurisdicionais tributários. FASES do procedimento tributário (São comuns a todos ou quase todos os procedimentos) 1ª Fase do procedimento: Fase da Iniciativa É a fase do impulso procedimental que pode ser da iniciativa da autoridade tributária ou do contribuinte. Classifica-se em 3 partes.

a. Fase da iniciativa pública Quando o impulso do procedimento é da iniciativa da AT Ex: 55º CPPT: procedimento de orientações genéricas

b. Fase da iniciativa não pública Quando o impulso procedimental é da iniciativa dos contribuintes. Ex: 68º CPPT: reclamação graciosa

a. Fase da iniciativa Oficiosa Quando o impulso procedimental não está subordinado à vontade da AT, resulta da lei. Ex: Aplicação de métodos indirectos de tributação

b. Fase da iniciativa Não Oficiosa Quando o impulso procedimental está subordinado à vontade da AT

a. Fase da iniciativa Provocada

Quando o impulso procedimental é provocado pela AT. Ex: 78º LGT: Revisão de actos tributários por iniciativa da AT mas a pedido do contribuinte

b. Fase da iniciativa Não Provocada Quando o impulso procedimental não é provocado pela AT NOTA: Em suma a decisão é sempre da AT A iniciativa pode ser da AT (não provocada) ou contribuinte (provocada)

2º Denuncia Prevista no artigo 70º LGT e carece de 2 requisitos:

1- O denunciante deve identificar-se 2- Não pode ser manifestada a falta de fundamento

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2ª Fase do procedimento: Fase Instrutória Os órgãos administrativos tributários competentes e os restantes interessados procuraram trazer para o procedimento os elementos de prova necessários e fixar os interesses de cada um. Nesta fase muitos actos poderão ser praticados e ser de natureza diversa. Ex: - Exibição de documentos; - Actos de inspecção; - Visitas aos locais determinados; - Emissão de actos consultivos tais como pareceres - Informações Podem intervir:

1- Órgãos administrativos da AT 2- Peritos 3- Avaliadores 4- Testemunhas

ASSIM, A direcção da instrução, nos termos do artigo 71º LGT, cabe ao órgão da AT competente para a decisão. Mas se a instrução for realizada por órgão diferente do competente para a decisão, cabe ao órgão instrutor a elaboração de um relatório, nos termos do nº2 do artigo 71º LGT. O órgão instrutor pode utilizar:

a. Todos os meios de prova admitidos em direito (72ºLGT) Ex: Actas, Documentos, Perícias (50º CPPT)

Nisto consiste o princípio de plenitude provatória. De entre os vários meios de prova merece particular saliência a prova documental, que consiste nos documentos e declarações apresentadas pelos contribuintes (prova documental). Tanto é assim que o artigo 75º LGT, presume verdadeiros e de boa fé. Esta presunção cessa quando se verificam as regras do artigo 75º LGT. Na fase instrutória o “Onus” da prova (quem tem que provar) recai sobre quem as invoca. (ver artigo 54º nº1 LGT)

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O “Onus” da prova na tributação por métodos indirectos (54º nº1 LGT)

1ª Regra: Compete à AT o “Onus” da prova de verificação dos pressupostos da sua aplicação. “Tem de ser provado à AT” 2ª Regra: Cabendo ao sujeito passivo o “Onus” da prova do excesso na respectiva notificação, esta fase deve estar sujeita ao princípio da celeridade “ rapidamente concluída”. Se o procedimento for da iniciativa do contribuinte e estiver parado por mais de 90 dias por motivo a este imputável gera o arquivamento do procedimento, devendo a AT até 15 dias antes do termos desse prazo notificar o contribuinte por conta registada e informá-lo do incumprimento dos seus deveres de cooperação (artº 53º CPPT). 3ª Fase do procedimento: Fase Decisória

Nesta fase o órgão administrativo tributário forma a sua vontade que deve ser livre, esclarecida e ponderada em função da prova produzida. Caso contrário, o acto tributário poderá ser anulado. Apesar de o procedimento tributário estar subordinado a um princípio geral de obrigatoriedade de decisão (Artº 56º nº1 LGT), nos termos do nº2, a AT não está obrigada a decidir quando:

a) A administração tributária se tiver pronunciado há menos de 2 anos sobre o pedido do mesmo autor com idênticos objecto e fundamentos

b) Tiver sido ultrapassado o prazo legal de revisão do acto tributário “é de 4 anos”

Nesta fase deve o interessado ter oportunidade de exercer o seu direito de participação no procedimento, nomeadamente através da sua audição (oralmente ou por escrito) num prazo maior ou igual que 15 dias ou menos ou igual que 25 dias a fixar pela AT em carta registada a enviar para esse efeito para o domicílio fiscal do contribuinte (Artigo 60º nº4 e nº6 LGT). Com essa notificação para o exercício do direito de audição deve-lhe ser remitido o projecto de decisão e a sua fundamentação (60º nº5 LGT). A decisão do procedimento poderá ser expressa ou tácita. É expressa quando há uma decisão escrita. É tácita quando resulta do tempo. A decisão expressa pode ser positiva = deferimento A decisão expressa pode ser negativa = indeferimento O indeferimento deve ser devidamente fundamentado pela AT e ser susceptível de impugnação, sobre pena de ser violado o princípio do acesso ao direito à justiça administrativa. A decisão tácita pode ser de deferimento mas a lei diz expressamente que o silêncio da AT gera deferimento tácito.

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Regra Geral: Se o interessado solicita algo no procedimento à AT a regra é a de indeferimento tácito, para efeitos de recurso hierárquico, recurso contencioso ou impugnação judicial nos termos do artigo 57º nº1 e nº5 LGT e artigo 106º CPPT. No entanto, há casos que deferimento tácito. Só são de admitir quando a lei expressamente os prevê. Ex: Artigo 64º nº3 CPPT: “procedimento de elisão de presunções Artigo 133º nº4 CPPT: Reclamação dos pagamentos por conta Artigo 64º nº3 RCPIT: O pedido do sancionamento do relatório final de inspecções. Para além da verificação do princípio da obrigatoriedade de decisão existe ainda o princípio da obrigatoriedade da fundamentação (ver Artigo 77º nº1 LGT) Qual a sanção a aplicar por falta de fundamento? Artigo 99º aliena c) e 70º nº1 CPPT 4º Fase do procedimento: Fase integrativa da eficácia Proferida a decisão é necessário que esta seja plenamente eficaz nos termos do artigo 36º do CPPT e 77º nº6 LGT é necessário leva-la ao conhecimento do interessado. Aqui depende se o destinatário está ou não individualizado. Se está individualizado: Notificação (notificar) nos termos do Artigo 35º nº1 LGT Senão: Publicação Artigo 56º CPPT Se estivermos em presença de um PEF e quisermos levar ao conhecimento de alguém que contra ele existe um processo de execução a forma é de citação. Princípios Aplicáveis ao procedimento tribuário - Princípio da legalidade de actuação administrativa (Artigo 103º nº2 e 3 CRP), diz-nos que as garantias dos contribuintes são determinadas por lei. Exemplo de garantia: alteração da moldura penal dos crimes tributários; mexer nos benefícios fiscais.

A liquidação e cobrança dos impostos só podem ser feitas nas formas previstas da lei. (Artigo 8º nº2 LGT), também prevê este princípio – a substituição e responsabilidade tributária/ fiscal está sujeita à lei.

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A definição das obrigações acessórias também só pode ser feita nas formas previstas da lei. As regras de procedimento e processo tributário também têm de estar sujeitos à lei.

Quando se viola o princípio da legalidade (artigo 103º nº 2 e 3 ???), o sujeito pode invocar a inconstitucionalidade.

Quando se viola o princípio da legalidade (artigo 8º LGT), o contribuinte invoca a ilegalidade. - Princípio da verdade material Para se obter a verdade material é necessário:

Conhecimento e aceitação total do princípio da igualdade (Artigo 55º LGT) Tem como condição necessária o princípio da cooperação/colaboração

(Artigo 59º LGT) – os órgãos da AT e os contribuintes estão sujeitos a um dever de colaboração reciproco e presume-se que as suas actuações estejam sujeitas a boa-fé.

Dever de Colaboração: (Artigo 48º nº1 e 2 CPPT) (Artigo 59º nº3 e 4 LGT) (Artigo 49º CPPT) (Artigo 9º EBEF) (Artigo 14º nº1 LGT) - Princípio da confidencialidade A todos é reconhecido o direito à reserva da intimidade de vida privada e familiar (Artigo 26º CRP e Artigo 80º Código Civil) Como proceder mediante a figura jurídica do sigilo? - Os funcionários da AT estão sujeitos ao sigilo profissional (Artigoº 64º nº1 LGT) - O procedimento de inspecção tributária é sigiloso (Artigo 22º RCPIT) Se o dever de sigilo for violado o que é que acontece? - Existe punição da conduta respectiva como crime (Artigoº 91º RGIT) - O dever de sigilo cessa nos casos do nº2 do Artigo 64 LGT O acesso à informação protegida pelo sigilo profissional (advogados, Bancários ou outros) depende em regra de autorização judicial - Princípio da imparcialidade Este princípio diz-nos o seguinte: a AT está obrigada a um dever de investigação. Essa investigação faz-se na fase da instrução do processo, sendo que a AT está subordinada a um dever de imparcialidade (Artigo 55º LGT) Como é que este dever se manifesta? - Os órgãos da AT intervêm na qualidade de defensores de interesse público e não da AT. - O processo de inspecção deve conter todos os elementos necessários à descoberta da verdade mesmo que estes sejam desfavoráveis à AT.

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- Princípio da obrigatoriedade da decisão Nos termos do artigo 51º da CRP e do artigo 56º LGT a AT está obrigada em alguns casos a pronunciar-se e noutros casos está obrigada a decidir O dever de pronúncia é diferente do dever de decisão O dever de decisão exige nomeadamente a observância dos seguintes requisitos:

1. A legitimidade de quem solicita aquele procedimento 2. Competência do órgão decisor 3. Tempestividade do requerido (dentro do prazo)

OBS: Faltando um destes requisitos não há lugar ao dever de decisão. Também não há dever de decisão quando se verifica o nº2 al. a) do Artigo 56º LGT Consequências da não actuação da AT nesta matéria:

Se houver uma mera violação do dever de pronúncia (Ex. a AT deve responder e não responde) – Ver artigo 147º CPPT – Intimação para um comportamento

Se houver uma violação do dever de decidir - presunção de indeferimento tácito

- Princípio da obrigatoriedade de fundamentação da decisão Este princípio é da exigência constitucional (Artigo 268º nº3 CRP) e também está tratado no Artigo 77º nº1 LGT E quais são as decisões que precisam de fundamentação? Todas? Mesmo a dos Actos favoráveis? (Reconhecimento de um BF) Ou só os que afectem direitos ou interesses legalmente protegidos? Resposta: Parece ser de considerar todas as decisões com vista a um adequado e eficaz controlo dos actos administrativos e tributários. Exigindo que quando as decisões sejam lesivas para o contribuinte, os mesmos sejam suficientemente fundamentadas para que seja percebido o percurso da decisão e sejam analisadas as hipóteses de correcção jurídica. Essa fundamentação abrange: O dever de motivação e o dever de justificação e deve ser feita de uma forma oficiosa, completa, clara, actual e expressa. A falta destes requisitos são factores de ilegalidade susceptíveis de conduzir à anulação do acto. - Princípio da publicidade dos Actos (eficácia do acto) Os actos podem consistir:

Num acto geral – publicação Num acto individual – notificação

A publicação é feita através do procedimento de orientação genérica – emana-se circulares administrativas, oficio circular, oficio circulado. São colocados numa base de dados organizada especificamente para o efeito (Artigo 55º e 56º CPPT)

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NOTIFICAÇÃO A Notificação é a comunicação individual de um acto ao seu interessado e faz-se pela via da notificação ou da citação que lhe pretendemos comunicar que contra ele impende um PEF. Em procedimento tributário só têm relevância as notificações. A noção jurídica está no 35º nº1 CPPT Formas da notificação

Pessoal Não Pessoal

o Edital o Postal o Electrónica

Se estivermos a falar em sujeito passivo de imposto temos que conhecer o seu domicílio Fiscal (19º nº2 CPPT). Se o sujeito passivo de imposto se mudar de domicílio tem que comunicar essa alteração nos termos do artigo 19º nº3 LGT e 40º nº2 e 3 CPPT. Os sujeitos passivos não residentes devem nomear um representante residente em território nacional (Artigo 19º nº5 LGT). A sua falta gera a obrigatoriedade do pagamento de uma coima nos termos do artigo 124º RGIT. Efeitos da notificação Os actos em matéria tributária que afectem os direitos ou interesses legítimos dos contribuintes só produzem efeitos quando lhes sejam validamente notificados. (36º nº1 CPPT) Regime das notificações Requisitos formais 1ª Regra A notificação dos actos ou decisões susceptíveis de alterarem a situação tributária dos contribuintes ou a convocação para assistirem ou participarem em actos ou diligências, a notificação deve ser efectuada por carta registada com Aviso de Recepção (A/R) (artigo 38º nº1 CPPT) A notificação considera-se efectuada na data em que o A/R for assinado pelo próprio. Se o A/R for assinado por um terceiro presente no domicílio a notificação tem-se por efectuada na pessoa do notificando presumindo-se que este lhe entregou a carta (artigo 39º nº3 CPPT). Se o A/R não for assinado a AT tem 15 dias para notificar novamente o sujeito. Esse 2ª notificação dá-se como válida quer este assine ou não. 2ª Regra A notificação da liquidação de impostos periódicos é feita por simples via postal (artigo 38º nº4 CPPT)

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3ª Regra Em todos os outros actos a notificação é efectuada por carta registada nos termos do artigo 38º nº3 CPPT. A notificação considera-se efectuada no 3º dia posterior ao do registo ou no 1º dia útil seguinte a este quando o 3º dia não seja útil (Artigo 39º nº1 CPPT). 4ª Regra A notificação via electrónica, quando legal, começa a contar no dia a seguir à abertura do correio electrónico. Requisitos substanciais Quanto a estes predem-se com o conteúdo das notificações (artigo 36º nº2 CPPT). A falta dos requisitos referidos dá a possibilidade ao interessado de os poder requerer no prazo de 30 dias ou no prazo da reclamação, recurso ou impugnação se este prazo for menor (Artigo 37º nº1 CPPT). A falta da notificação ou a notificação juridicamente mal efectuada faz incorrer o acto em ineficácia e não a sua invalidade. - Principio do duplo grau de decisão A tutela adequada só e conseguida se for assegurado um eficaz controlo jurisdicional das decisões administrativas, contada esta pode ser conseguida ao nível administrativo através do procedimento de reclamação e do recurso hierárquico. A mesma pretensão do contribuinte não pode ser apreciada por mais de dois órgãos integrando a mesma cadeia hierárquica. Nisto consiste o duplo grau de decisão. Ex: Acto tributário Defender por Via administrativa (AT)

Por esta via se fizermos um Reclamação ou Revisão

e SE a decisão for desfavorável podemos recorrer ao recurso hierárquico e se esta

for na mesma desfavorável aí o contribuinte tem de se defender nos tribunais

Defender via jurisdicional (tribunais) OBS: Apenas se pode recorrer administrativamente uma vez. Após uma decisão administrativa desfavorável considera-se verticalmente definitivo podendo ser atacado agora jurisdicionalmente (Artigo 47º nº1 e 2 CPPT). As entidades com legitimidade procedimental tributária (Artigo 9º nº1 CPPT)

1- Autoridade Tributária (AT) 2- Contribuintes 3- Partes nos contractos Fiscais 4- Outras pessoas que provem ter interesse legalmente protegido

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1- Autoridade Tributária (AT) Está tratada no artigo 1º nº3 LGT e fazem parte os seguintes órgãos: - DGCI: Direcção Geral dos impostos - DGAIEC: Direcção geral das alfândegas e dos impostos especiais do consumo (DL360/99 e Portaria 705-A/2000) DGITA: Direcção geral da informática e tratamento de dados (DL 51/98 de 11 Março) - Outras entidades públicas legalmente incumbidas da liquidação e cobrança dos impostos. Ex: CTT - O ministro das finanças ou outro membro do governo com competência em sede tributária - Os órgãos dos governos regionais e das autarquias locais (com competência tributária) OBS: A autoridade tributária só deve obediência À CRP e À LEI. Competência da AT

1. Em Razão da matéria Entre outros salienta-se: - Liquidação e cobrança de impostos (artigo 78º e ss CPPT) - Proceder à revisão oficiosa dos actos tributários (artigo 78º LGT) - Decidir as petições e as reclamações (Artigo 68º e ss CPPT) - Pronunciar-se sobre recursos hierárquicos (artigo 66º e 67º CPPT) - Reconhecer isenção ou outros benefícios fiscais (artigo 65º CPPT) - Receber e tratar as petições iniciais (Pis) nos processos de impugnação judicial (artigo 103º e ss CPPT) - Instaurar os processos de execução fiscal (PEFs) (Artigo 188º CPPT)

2. Em razão do território É saber qual o órgão territorialmente competente. São várias as regras para esta competência e ele é visto caso a caso, na medida em que a nossa legislação formula várias regras. Assim temos: - Lugar da verificação do facto “órgão da AT desse Lugar” Ex. Aplicação de coimas Artigo 52º alínea b) RGIT - Lugar da residência (domicilio fiscal para pessoas singulares ou sede para pessoas colectivas) - O da área da situação dos bens Ex. IMI Artigo 78º nº1 e 115º nº2 e 131º CIMI - A área onde se deve efectuar ou efectuou a liquidação do tributo. Ex. Reclamação do acto de liquidação. Reconhecimento de um benefício fiscal Há ainda casos de competência de órgãos ou serviços centrais abrangendo todo o território nacional.

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3. Competência em razão da hierarquia Esta competência está ligada com recurso às decisões A hierarquia em Direito Fiscal é a Seguinte: 1º Ministro das Finanças (tem a seu cargo o ministério das Finanças) 2º Secretário de estado dos assuntos Fiscais (tem a seu cargo uma secretaria de estado e é ajudado pelo subsecretário de estado) 3º Director Geral dos Impostos (tem a seu cargo uma direcção geral e é ajudado pelo subdirector geral) 4º Director distrital de Finanças (no código: Órgão periférico regional) “DL 433/99 de 26-10 Artigo 6º nº3” 5º O chefe do serviço de finanças (no código: órgão periférico local) “DL 433/99 de 26-10 Artigo 6º nº1”

3.1. Conflitos de competência - Conflito Positivo - Conflito Negativo Estamos em presença de um conflito positivo quando dois ou mais órgãos consideram-se competentes para decidir. Quando nenhum dos órgãos se considera competente para decidir estamos em presença de um conflito negativo. Critério para a resolução deste problema: Estes critérios estão tratados no artigo 11º CPPT e assim temos: - se se aplicar a regra do nº1 do artigo 11º quem resolve é o dirigente máximo. - se for aplicável o nº2 do artigo 11º é competente o ministro respectivo - se for aplicável o nº3 do artigo 11º quem resolve é o 1º ministro - se for um problema enquadrado no nº4 do artigo 11º a resolução é dos tribunais tributários (TT). 0 OBS: se destes critérios não resultar uma conclusão considera-se competente nos termos do artigo 61º nº4 LGT ao órgão da AT da área do domicílio fiscal do sujeito passivo ou interessado ou do seu representante legal. O desrespeito por estas regras faz:

1- Remessa das peças do procedimento para o órgão competente nos termos do artigo 61º nº2 LGT

2- Consideração do acto em causa como anulável nos termos do artigo 70º nº1 e 99º alínea b) CPPT

2- Contribuintes / Sujeitos Passivos Em regra, Sujeito passivo é diferente de contribuinte mas pode ser o mesmo em alguns casos. Contribuinte é quem suporta economicamente o imposto. Ex: Imposto de selo: Quem entrega: sacador (contribuinte); Quem paga: Aceitante/sacado (Sujeito passivo) IRS: Sujeito passivo = Contribuinte

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Os sujeitos passivos podem ser originários e não originários. O Sujeito Passivo Originário é a pessoa ou entidade usufrutuária de um benefício económico. (Percepção de um rendimento, titular de um património ou aquele que afectou bens ao consumo ou à despesa) O Sujeito Passivo Não Originário é a pessoa ou entidade que não sendo Sujeito Passivo Originário tem a obrigação fiscal de pagar o imposto. Ex: O substituto na substituição tributária O herdeiro na sucessão tributária O gerente/Administrador/responsável na responsabilidade fiscal

3- Outras entidades Está tratado no artigo 9º LGT e podem ser as partes nos contractos fiscais. E artigo 37º LGT outras pessoas com interesse legalmente protegido. Ex: Ex-cônjuge e ex-sócio. Procedimento tributário em especial Os procedimentos tributários dividem-se em 3 grandes grupos:

1. Procedimentos pré-liquidatórios a. Informativos b. Avaliação c. Reconhecimento de benefícios fiscais

2. Procedimentos de liquidação e cobrança 3. Procedimentos impugnatórios

1. Procedimentos pré-liquidatórios de Natureza informativa

Destinatário: Contribuinte Procedimento de orientações genéricas Tem a ver com a fixação do sentido ou alcance de determinada norma ou expressão (interpretação). Ex: Saber se determinada despesa é custo fiscal ou não. Saber se um determinado sujeito pode ser considerado deficiente ou não. Perante estas situações torna-se necessário uniformizar, interpretar e integrar as normas tributárias. É para isto que serve o procedimento de orientações genéricas. Está regulado nos artigos 55º e 56º CPPT e 68º-A LGT. Surgem assim as circulares administrativas (Artigo 55º nº3 CPPT) IMPORTANTE: é um procedimento que não vai resultar na consagração de um acto tributário de conteúdo individual e concreto mas sim um acto tributário de conteúdo geral e abstracto.

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Competência É do dirigente máximo do serviço em causa ou um funcionário em que ele tenha delegado competência. Consequência jurídica - Vinculação - É de eficácia prospectiva e não retroactiva (princípio da segurança jurídica – Artigo 68º nº5 e 68º-A nº2 LGT) - São normas e não pareceres com efeito vinculativos (artigo 68º nº4 LGT e portaria 972/2009 de 31 Agosto) - É necessário publicitá-los para que o contribuinte tenha conhecimento, na base de dados das finanças (artigo 56º nº1, 2, 3 e 4 CPPT) - Quando o contribuinte solicita a interpretação de uma norma falo através de um requerimento dirigido ao dirigente máximo em causa. Procedimento de informação vinculativa Este procedimento só pode versar: - Sobre a concreta situação tributária dos contribuintes (artigo 67º nº1 alínea c) LGT) - Sobre pressupostos de quaisquer benefícios fiscais (Artigo 57º nº2 e nº3 e Artigo 65º CPPT) Não é possível informação com carácter vinculativo sobre problemas de natureza doutrinal. O pedido deve identificar todos os factos. A competência para decidir é também do diferente máximo do serviço (artigo 68º nº1 LGT). A apresentação do pedido é feita pelo próprio Sujeito passivo, por outro interessado, ex-cônjuge ou ex-sócio ou por representante legal (artigo 68º nº4 LGT) - Prazo e forma de resposta Prazo: 10 dias Artigo 67º nº2 LGT Forma: Despacho Artigo 57º nº1 CPPT - Vinculação Os órgãos da AT ficam vinculados nos seguintes termos:

1. Vinculação inter-partes (artigo 68º nº2 LGT) 2. Só vincula a partir da notificação (artigo 57º nº1 CPPT) 3. A vinculação é relativa e não absoluta: sede perante uma decisão contrária

dos tribunais (artigo 68º nº7 LGT e artigo 57º nº1 CPPT) 4. As informações prestadas não podem ser alteradas à posteriori a não ser

que se alterem os factos

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Procedimento pré-liquidatório de natureza informativa: Procedimento de inspecção tributária Consta do RCPIT (DL 412/98 de 31-12) e aplica-se ainda a LGT, o CPPT, demais códigos e leis tributárias, lei orgânica da DGCI e o CPA Objectivos: 1º Verificação do cumprimento das obrigações tributárias 2º Observação da realidade tributária 3º Prevenção das infracções tributárias O procedimento de inspecção tributária deverá observar os termos do artigo 5º RCPIT as seguintes princípios: - Princípio da verdade material - Princípio da proporcionalidade - Princípio do contraditório - Princípio da cooperação Quanto às actuações (artigo 2º nº2 RCPIT) Espécies de inspecções tributárias Quanto às finalidades (artigo 12º RCPIT) - De comprovação e verificação nº1 alínea a) - De informação nº1 alínea b) Quanto ao lugar onde é feito (artigo 13º RCPIT) - Procedimento de inspecção interno aliena a) - Procedimento de inspecção externo aliena b) “nas instalações do contribuinte Quanto à abrangência (artigo 14º) - Procedimento de inspecção-geral ou polivalente nº1 aliena a) - Procedimento parcial ou univalente nº1 aliena b) Atores da inspecção tributária

1. A Autoridade Tributária (AT) Quanto à competência (artigo 16º RCPIT) Quanto ao dever de sigilo (Artigo 22º nº1 RCPIT)

2. Os Sujeitos Passivos. Visam primeiramente os Sujeitos Passivos Originários mas podem ser ainda inspeccionados (artigo 2º nº3 RCPIT)

a. Os substitutos (artigo 20º LGT) b. Os responsáveis subsidiários ou solidários (artigo 22º e ss LGT)

Podem inspeccionar as sociedades ou em grupo tributados pelo grupo consolidado (artigo 69º e ss CIRC) - Os sócios das sociedades transparentes (artigo 6º CIRC) - E quaisquer outras pessoas que tenham colaborado nas infracções tributárias.

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Como é feita a selecção dos contribuintes a inspeccionar? Artigo 27º RCPIT Regras:

1. São seleccionados de acordo com o plano nacional de actividades de inspecção tributária

2. Definidos pelo director geral dos impostos 3. Mediante denúncia 4. Verificação dos desvios significativos 5. Por iniciativa do próprio sujeito passivo ou terceiro que prove interesse

nisso (DL 699 de 8-JAN)

NOTA: O visado deve ser notificado pessoalmente ou por via postal. (artigo 38º e 37º nº2 RCPIT) Na inspecção externa o visado deve indicar uma pessoa para contactar a AT (artigo 52º RCPIT) O início do procedimento deve ser feito com uma antecedência mínima de 5dias (artigo 49º nº1 RCPIT) A notificação ao contribuinte faz: -Suspender o prazo da caducidade da liquidação (artigo 46º nº1 LGT). No entanto tal suspensão cessa se a inspecção externa ultrapassar o prazo de 6 meses. - Há situações que justificam uma dispensa de notificação (artigo 50º RCPIT) Regras da notificação Quanto às pessoas singulares (artigo 35º e ss CPPT + 39º RCPIT) Quanto às pessoas colectivas (artigo 40º RCPIT) Quanto a entidades residentes no estrangeiro (artigo 41º RCPIT) A falta de colaboração ilegítima permite aplicar os métodos indirectos (artigo 10º RCPIT) e em alguns casos responsabilidade disciplinar. (Artigo 63º nº5 LGT) legitima a falta de colaboração. Âmbito do procedimento de inspecção - Quanto à dimensão (artigo 28º RCPIT + 63º LGT) Só é possível mais que um procedimento de inspecção sobre a mesma matéria nos termos do artigo 63º nº4 LGT - Quanto ao local da inspecção (Artigo 34º RCPIT) - Quanto ao horário (Artigo 35º RCPIT) Consequências do procedimento de inspecção tributária Nos termos do artigo 60º do RCPIT, antes do relatório de inspecção deve ser enviado um projecto de relatório para efeito de audição prévia. Quanto aos elementos que devem constar no relatório (artigo 62º nº2 e 3 RCPIT). Quanto aos efeitos do relatório de inspecção (artigo 64º nº4 RCPIT)

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Procedimento de acesso a informações bancárias Relativamente a este procedimento a regra geral é de sigilo profissional Este sigilo caracteriza: - Identidade dos clientes - As contas de depósito - Os movimentos respectivos e demais operações bancárias Os dados respeitantes às contas bancárias não devem ser divulgados pelas instituições financeiras a terceiros. Excepções ou derrogações do sigilo bancário mediante autorização judicial (artigo 63º nº2 LGT). Há casos em que a AT sem dependência de autorização judicial pode ter acesso às contas bancárias. (artigo 63-B nº1 LGT, 63-A nº2 LGT e 63-B nº7 LGT). Havendo pedido pela AT nos termos legais há 3 situações que pode ocorrer:

1. Fornecimento de dados 2. Oposição ilegítima do sujeito passivo ou contribuinte, podendo ser

tributado por métodos indirectos (artigo 146º-A CPPT) 3. A falta de cooperação da entidade bancária, nos termos do artigo 14º da

LEI 30g/2000, faz com que seja aplicável ao responsável do banco o crime de desobediência qualificada.

1. Procedimentos de avaliação Está previsto no artigo 58º CPPT Legitimidade para requerer? Nº1 Validade para requerer? Nº2 Esta avaliação tem uma validade de 3 anos. Só não será se for interposto uma reclamação ou impugnação quanto aquele valor. Nº3

1.1. Procedimento de avaliação directa Artigo 33º LGT Para que serve? Para ir de encontro à verdade material. Determina o valor real do rendimento ou bens sujeitos a tributação. Quem faz a avaliação? Em regra a AT. Nos impostos de autoliquidação é feita pelo próprio sujeito passivo. Como se faz? Através das declarações apresentadas e/ou a contabilidade ou escrita. (artigo 75º nº1 LGT) Que se pretende com este tipo de procedimento? Pretende-se um concreto exercício tributário ou acto de liquidação ao contrário da avaliação prévia.

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OBS: Quando a avaliação directa for feita pela AT pode este acto de liquidação ser impugnado administrativamente em tribunal? 1ª Solução à pergunta: Conjugando o artigo 86º nº1 LGT com o artigo 54º do CPPT, se a avaliação directa não for sujeita a liquidação seria aquele susceptível de controlo jurisdicional imediato. 2ª Solução à pergunta: Artigo 78º LGT, antes de se recorrer ao tribunal o sujeito impugnante deveria auscultar a AT através do pedido de revisão dos actos tributários e só depois é que deve seguir a via contenciosa.

Procedimento de avaliação indirecta Artigo 85º e ss LGT Objectivo? Visa uma verdade material aproximada, logo é: -Excepcional e subsidiária em relação à avaliação directa - A determinação do valor dos rendimentos ou bens tributários é feita a partir de indícios presunções, etc Competência? É só da AT (artigo 54º CIRC), cabendo à AT o Onus da prova. Artigo 74º nº3 LGT. Quando se pode efectuar? Artigo 87º LGT

1. A avaliação indirecta determina a matéria colectável 2. Admite sempre prova em contrário Artigo 73º LGT 3. Deve ainda verificar-se as regras do nº4 e 5 do artigo 77º LGT

Casos em que se aplica a avaliação indirecta

1- Impossibilidade de comprovação e quantificação directa e exacta dos elementos (artigo 88º LGT). Critério para apurar a matéria colectável (90º nº1 LGT)

2- A matéria tributável do Sujeito Passivo se afastar sem razão justificada (Artigo 89º nº1 LGT) Critério para apurar a matéria colectável (90º nº2LGT)

3- Os rendimentos declarados em sede de IRS se afastarem significativamente para menos sem razão justificada (artigo 89-A LGT). Critério Artigo 89º-A nº6 LGT. “Aplica-se em casos de manifestação de fortuna indevida”

4- Apresentação de resultados tributários nulos ou prejuízos fiscais durante vários exercícios consecutivos (3anos).

Controlo O ónus da prova cabe à AT. O sujeito passivo deve participar no acto de avaliação directa, exercendo o direito de audição (artigo 60º nº1 alínea d) e artigo 82º nº3 LGT). O sujeito passivo também tem possibilidade de solicitar se não concorda com o valor fixado o pedido de revisão da avaliação indirecta. (artigo 82º nº4 e 91º LGT)

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Como pode o Sujeito passivo colocar este valor em crise? 1º Via Administrativa através do pedido de revisão da matéria tributável, nos termos do artigo 91º e ss da LGT e depois se não for aceite o seu pedido de revisão e o SP entender que tem razão pode agora seguir a via judicial através da impugnação judicial. NOTA BEM: Para atacar o acto de fixação indirecta com recurso ao tribunal é necessário que previamente tenha sido intentado o pedido de revisão da matéria tributável. (artigo 86º nº5 e artigo 91º e ss LGT e 117º CPPT). Procedimento de reconhecimento de benefícios Fiscais Artigo 65º CPPT Conceito de Beneficio fiscal Artigo 2º EBF Os benefícios fiscais podem, nos termos do artigo 5º EBF ser: - Automáticos - De reconhecimento O procedimento de reconhecimento é da iniciativa do interessado (beneficiário) que solicita À AT, mediante requerimento, o reconhecimento de um benefício. Este requerimento é dirigido ao serviço competente para a liquidação do tributo. Consequências do reconhecimento de um benefício fiscal: - Despacho de deferimento ou despacho de indeferimento cabendo aqui o recurso hierárquico nos termos do artigo 65º nº4 CPPT - Tal despacho é irrevogável podendo ser suspenso nos termos do artigo 14º nº4 e 5 EBF - Tal despacho tem efeito meramente declarativo nos termos do artigo 12º EBF. Procedimentos de liquidação - Artº 59º CPPT

1- A liquidação consiste na determinação e quantificação da obrigação tributária. A liquidação pode ser provisória feita com base nos elementos anteriormente declarados pelo sujeito passivo.

Exemplos de liquidação provisória: Pagamentos por conta Retenção na fonte

2- Liquidação definitiva (acto impugnável da AT de natureza definitiva, unilateral e positiva)

3- Liquidação adicional: Surge com a revisão de um acto tributário de liquidação definitiva

4- Autoliquidação (é feita pelo próprio sujeito passivo Ex: IRC 5- Hétero-liquidação (é feita pela AT ou por um terceiro)

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Procedimento de cobrança - artº 78º e ss CPPT A cobrança pode ser: Voluntária (feita nos prazos legalmente estabelecidos) Coerciva (Feita através de um PEF no qual se executa o património do devedor) Pode ainda ser: Cobrança imediata (se a AT cobra junto dos Sujeitos passivos originários) Cobrança mediata (se a AT cobre junto dos Sujeitos passivos não originários) Ex. A substituição tributária (retenção da fonte) O pagamento do imposto pode ser feito: - A pronto - Em prestações (artigo 42º nº1 LGT e Artigo 86º nº2 CPPT e 196º CPPT) A que se pede? DL 492/88 de 30-12 - Podemos extinguir a divida através da dação em pagamento. Este pedido é dirigido ao ministério das finanças ou ao órgão executivo. Artigo 87º e 201º CPPT. Também podemos extinguir uma divida através da figura da compensação. Artigo 89º e 90º CPPT. Procedimentos impugnatórios Aquele de que nós nos servimos para atacar. O primeiro procedimento impugnatório chama-se: Procedimento de revisão da matéria colectável. Artigo 91º e 92º LGT - Que se faz? Questiona-se graciosamente o acto de fixação da matéria colectável, com recurso a métodos indirectos. Artigo 92º nº1 LGT. - Quem tem Legitimidade para intentar este procedimento? O sujeito passivo da matéria colectável em causa. Artigo 91º nº1 LGT. O requerimento deve ser fundamentado e é dirigido ao órgão da AT da área do seu domicílio/ Sede fiscal. - Prazo para interpor o pedido de revisão? 30 Dias contados da data da notificação da decisão. Não tem custos ou encargos. Artigo 91º nº8 LGT

NOTA: Nº9 e 10 do artigo 91º LGT Nestes casos há agravamento da colecta. Este procedimento tem efeito suspensivo da liquidação do tributo. Artigo 91º nº2 LGT

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- Fundamentos? 1. Artigo 92º nº1 LGT e 117º CPPT (errónea, qualificação da matéria

colectável) 2. Artigo 91º nº14 LGT e 117º acontrariu CPPT (não verificação dos

pressupostos da determinação indirecta da matéria colectável) IMPORTANTE: Este procedimento é obrigatório nos casos do contribuinte pretender impugnar judicialmente este imposto. Para isso tem que ter antes intentado o pedido de revisão (artigo 117º nº1 CPPT). Este procedimento não pode ser usado:

1. No regime Simplificado de Tributação Artigo 91º nº1 LGT 2. Na avaliação da matéria colectável ter sido feita com base em manifestação

de fortuna. Artigo 89º-A nº7 LGT - Tramitação Se houver acordo entre os peritos inviabiliza a impugnação judicial posterior – senão houver acordo poderá haver lugar à impugnação judicial. IMPORTANTE: Se o pedido de revisão tiver a intervenção de um 3º perito (perito independente) e os pareceres do perito do contribuinte e do perito independente forem iguais, contrários ao perito da AT, esta decisão tem efeito suspensivo. Não há a liquidação de imposto sem que se fixe a matéria colectável definitiva. Procedimento de revisão dos actos tributários Está tratado no Artigo 78º LGT. Neste procedimento o acto tributário vai oficiosamente (iniciativa da AT) ou a pedido do sujeito passivo ser reapreciado pelo próprio órgão que o praticou. Todo o procedimento assenta no princípio da verdade material. A revisão pode ser a favor da AT e, gera uma liquidação adicional. (artigo 89º CIRS e artigo 99º CIRC) ou pode ser a favor do sujeito passivo gerando a anulação da liquidação. Artigo 93º CIRS, 62ç CIRC e 98º CIVA. - Prazo

- Da iniciativa da AT: 4 anos. Artigo 78º nº6 LGT - Da iniciativa do SP: 120 dias Artigo 78º nº1 e 70º nº1 CPPT OU 4 anos

quando se verifica o Artigo 78º nº4 LGT - Fundamentos

1. Erro impugnável aos serviços (artigo 78º nº2 LGT) 2. Ilegalidade, injustiça grave ou notória (artigo 78º nº4 LGT) 3. Duplicação da colecta (Artigo 78º nº1,3,4 e 5 LGT)

O deferimento do procedimento de revisão pode ter como consequência: - Anulação do acto tributário (ex-tunc) - Revogação do acto (ex-nunc)

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- Reforma do acto (correcção) - Ratificação (surge normalmente quando há vicio de incompetência) - Conversão (o 1º acto não estava devidamente elaborado) O indeferimento é de acordo com a jurisprudência dominante susceptível de impugnação. Procedimento da reclamação graciosa É o procedimento impugnatório por excelência. Pretende-se a anulação total ou parcial dos actos tributários. (Artigo 68º e ss CPPT) - Fundamento Qualquer ilegalidade dos actos tributários não tem efeito suspensivo. Artigo 69º alínea f) CPPT Só suspende com a prestação de uma garantia nos termos do artigo 199º CPPT A reclamação graciosa interrompe o prazo de prescrição Artigo 49º nº1 LGT Deve ser apresentada pelo contribuinte/substituto, pelos responsáveis ou o seu representante legal. - Forma Forma escrita podendo ser oralmente (artigo 70º nº6 CPPT) - Onde? Junto do serviço periférico local (chefe do serviço finanças) da área do domicílio/sede fiscal ou local da situação dos bens. A reclamação é dirigida ao órgão periférico regional. (director de finanças da área da situação) Artigo 73º nº1 CPPT - Fundamentos Artigo 70º CPPT e 99º CPPT - Prazo Regra geral prevista no artigo 102º CPPT por remissão do artigo 70º nº1 CPPT e o prazo é de 120 dias. Excepcionalmente há outro prazo. Artigo 102º nº4 CPPT - Decisão Deferimento expresso (anulação do acto total ou parcial) com efeito ex-tunc Indeferimento expresso Artigo ??? Atenção ao artigo 77º CPPT que manda agravar a colecta No silêncio da AT em regra a reclamação é indeferida (ao fim de 4 meses) artigo 57º nº1 LGT Há casos de deferimento tácito Artigo 133º nº4 CPPT O que fazer quando a reclamação não tem provimento? Há lugar à impugnação da decisão (vamos para o tribunal)

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- Prazos Se o indeferimento expresso: 15 dias (artigo 102º nº2 CPPT) Se o indeferimento tácito: 90 dias (artigo 102º nº1 alínea d) CPPT ou 30

dias nos casos em que a reclamação foi prévia ou necessária (artigo 131º nº1 e nº2 CPPT) + (artigo 132º nº3 e nº5 CPPT) + (artigo 133º nº2 e 3 CPPT) Ou Recurso hierárquico: Prazo 30 dias do indeferimento da reclamação (artigo 76º nº1 CPPT) Procedimento do recurso hierárquico Aqui solicitamos ao superior hierárquico da entidade que praticou o acto uma nova apreciação deste. Pode incidir sobre questões de legalidade ou questões sobre o mérito do acto praticado. - Objectivo Revogação do acto O recurso hierárquico pode ser necessário: (há casos em que não podemos impugnar judicialmente sem interpor o recurso hierárquico) Ou Facultativo A grande maioria é de carácter facultativo Efeitos do Recurso hierárquico?

1- Meramente devolutivo: O acto de que se recorre continua a produzir os seus efeitos ou tem efeito suspensivo quando se recorre o acto suspende. (artigo 67º nº1 CPPT)

A interposição do Recurso Hierárquico interrompe a prescrição. Artigo 49º nº1 LGT Competência? O recurso Hierárquico é entregue junto do órgão recorrido - Prazo 30 Dias e é dirigido ao mais alto superior hierárquico do autor do auto. (artigo 66º nº2 CPPT e 80º LGT)

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PROCESSO TRIBUTÁRIO (2º Mini Teste) O processo tributário tem um conjunto de meios processuais:

1. Procedimento de direito ou interesse legalmente protegido em matéria colectável

2. Meios impugnatórios de meios lesivos 3. Os meios que obriguem a AT a praticarem actos administrativos 4. As medidas cautelares

1. Procedimento de direito ou interesse legalmente protegido em matéria colectável

Estes meios destinam-se a averiguar do grau de deficiência do contribuinte ou a situação económica difícil da empresa pois estas situações podem conferir uma isenção ou redução do imposto. Então o lesado pode intentar em tribunal uma acção de simples apreciação. (artigo 145º CPPT – procedimento do direito). Este meio processual é subsidiário em relação a todos os outros.

2. Meios impugnatórios de meios lesivos 1º Impugnação judicial (Artigo 99º e ss CPPT) 2º O processo de derrogação do sigilo bancário (Artigo 146º-A CPPT) 3º Oposição à execução fiscal (Artigo 204º e ss CPPT) 4º Reclamação dos actos do órgão da execução fiscal (Artigo 276º CPPT) Obs: O artigo 95º LGT diz-nos no seu nº1 “(…) o interessado tem o direito de (…) de todo o acto lesivo dos seus direitos e interesses legalmente protegidos” Nº2 do 95º : Define alguns exemplos de actos lesivos dos interesses

3. Os meios que obriguem a AT a praticar actos administrativos Artigo 147º CPPT – Intimação para um comportamento. Exemplo: recusar o reembolso

4. As medidas cautelares Estas destinam-se à protecção do património na esfera jurídica do contribuinte. Aplicam-se quando – Existe receio de frustração de cobrança dos créditos tributários, ou destruição ou extravio de documentos. Pode a AT: - Proceder à apreensão de bens ou documentos; ou - à retenção de prestação tributária a que o contribuinte tenha legalmente direito. (Artigo 51º LGT e Artigo 135º e ss CPPT) No processo tributário discute-se a legalidade de um ato e não o mérito e oportunidade da actuação da AT.

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Princípios do processo tributário

1. Princípio da plenitude dos meios processuais A cada direito deve corresponder uma acção (artigo 97º nº2 LGT)

2. Princípio da verdade material O processo tributário visa a descoberta da verdade material (artigo 13º nº1 CPPT)

3. Princípio da colaboração Tanto a AT como os contribuintes estão obrigados a colaborar no sentido da descoberta da verdade material. Artigo 99º nº2 e 3 LGT Sanção por não colaborar (AT): Artigo 104º nº1 LGT Sanção por não colaborar (Sujeito passivo): Artigo 104º nº2 LGT

4. Princípio da celeridade O Processo tributário tem que ser decidido em tempo útil (artigo 97º nº1 LGT). A lei impõe ao juiz um prazo de duração máxima do processo, 2 anos ou 90 dias (artigo 96º nº2 CPPT).

5. Princípio do incansitório No processo tributário devem realizar-se todas e quaisquer diligências de prova se o contribuinte não tiver património suficiente pode haver lugar à revisão das execuções contra os gerentes ou administradores da empresa.

6. Princípio do contraditório Em processo de impugnação o contraditório verifica-se: - Com apresentação da contestação - artigo 110º nº1 CPPT - e também se manifesta com as alegacões nos termos do artigo 120º CPPT.

7. Principio do duplo grau de jurisdição Um processo tributário só admite duas decisões. 1ª Decisão: dos tribunais tributários cabe recurso de duplo grau de decisão, recurso para: O tribunal central administrativo (TCA) “Norte e Sul” para a secção contenciosa e tributária. Quando: alego no recurso matéria de facto acompanhada ou não da matéria de direito (artigo 38º alínea a) do ETAF O recurso pode ser promovido para o supremo tribunal administrativo (STA) quando as alegacões versam exclusivamente matéria de direito designam-se recurso “per Saltum” (artigo 26º alínea b) ETAF E em algumas situações as decisões do TCA cabe em recurso para o supremo tribunal Administrativo (artigo 26º alínea a) ETAF Os recursos só são admitidos em função do valor da causa (princípio da sucumbência) (Artigo 105º LGT, 6º ETAF, 280º nº4 CPPT)

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Intervenientes no processo tributário

1. Os sujeito passivos quer tenham qualidade de contribuinte, substituto e responsável

2. Representante da fazenda pública (Artigo 53º e ss ETAF)+(15º nº1 CPPT) Quais os actos mais importantes do representante da fazenda pública? - Contestação da petição inicial da impugnação. Artigo 110º nº1 CPPT - Extinção da impugnação (artigo 112º nº4 CPPT) - Arresto (artigo 136º CPPT) - Arresto no âmbito do PEF - Arrolamento (artigo 140º CPPT) - A contestação da oposição no processo de execução (artigo 210º CPPT) - Interposição do recurso das sentenças dos tribunais tributários de 1ª instância. Artigo 280º nº1 CPPT Quem é o representante da Fazenda Publica? - Nos tribunais, (Artigo 54º nº1 ETAF) na secção contencioso tributário do STA pode ser: Director geral dos impostos ou director geral das alfândegas. Na secção contencioso tributário do TCA é o subdirector geral dos impostos ou o subdirector geral das Alfândegas - Nos tribunais Tributários é o director de finanças ou o director das Alfandegas

3. Ministério Publico (zela pela ilegalidade) – Artigo 51º ETAF É o representante do estado, defenda a legalidade, promove a realização do interesse público. Deveres do Ministério público: - Pronuncia-se sobre as questões de legalidade (artigo 14º e 121º CPPT) - Interpõe recurso das sentenças dos tribunais tributários de 1ª instância (sobre questões de legalidade) – Artigo 280º nº1 CPPT É representado: No STA pelo Procurador-Geral da república No TCA pelos procuradores gerais adjuntos Nos TT 1ª instância pelo procurador da república

4. Tribunais Em direito tributário os tribunais denominam-se tribunais administrativos e fiscais (artigo 8º ETAF) Competência dos tribunais tributários (TT)

1. Em razão da matéria (artigo 49º ETAF) 2. Em razão do território (artigo 50º ETAF) 3. Em razão da hierarquia (38º ETAF para o TCA e 26º ETAF para o STA) 4. Em razão do valor (artigo 6º nº6 ETAF) Os tribunais tributários de 1ª instância têm uma alçada cujo valor é de 1250€

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Incompetência dos TT 1. Incompetência absoluta. Dá-se quando há a violação das regras da

competência em razão da matéria e em razão da hierarquia. (artigo 16º nº1 CPPT) Sanção: Artigo 18º nº2 CPPT Pode o interessado requerer no prazo de 14 dias a remessa do processo no tribunal competente

2. Incompetência relativa. Verifica-se quando há violação das regras da competência em razão do território. Artigo 17º nº1 CPPT. Sanção: Artigo 18º nº1 CPPT

Impugnação judicial Processo tributário que o contribuinte se serve para impugnar judicialmente um acto de liquidação. (Artigo 99º e ss CPPT). Objectivo? Anulação total ou parcial dos actos tributários Caracterização? É uma acção de tipo declarativo de simples apreciação Impugnação vs Reclamação

Impugnação Semelhanças Reclamação Os mesmos Objectivos

Os mesmos Fundamentos A inexistência de efeito suspensivo da respectiva liquidação

Decorre junto do tribunal Decorre perante a AT É mais lenta (prazos) É mais rápida (indef. tácito) Tem formalismos É um meio simples É onerosa (tem custos) É gratuito Não deve ter duração acumulada superior a 2 anos (96º CPPT)

Deve ser concluída em 4 meses e actos praticados no prazo de 10 dias (57º LGT)

Admite os meios gerais de prova (115º nº1 CPPT)

Único meio de prova são documentos e elementos oficiais (69º aliena e) CPPT)

Decisões fazem caso julgado As decisões são meros actos administrativos

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Fundamentos da impugnação (99º CPPT)

A reclamação (70º nº1 CPPT)

Tempestividade

Regra geral: 90 dias seguidos para impugnar a contar a partir dos factos do artigo

102º nº1 CPPT

Se a impugnação for promovida após um indeferimento expresso da reclamação:

prazo 15 dias seguidos após o indeferimento expresso da reclamação ou recurso

hierárquico. Artigo 102º nº2 CPPT

- 30 Dias quando se verifica a regra do 134º nº3 CPPT

- A todo o tempo quando o fundamento da impugnação for anulação do acto

102º nº3 CPPT

Reclamação

- Indeferimento tácito

Promove - Recurso Hierárquico

- 30 dias após os 120 dias

- 66º nº5 – 60 dias. Se não estiver decidido ao fim dos 60 dias

indeferimento tácito. Aqui pode-se impugnar judicialmente 90 dias após.

OU

Promove - Impugnar (90 dias após 4 meses)

- Indeferimento expresso

Promove -Recurso Hierárquico

- 30 dias . Se após os 60 dias for:

Indeferimento tácito (90 dias para impugnar).

Indeferimento expresso (15 dias para impugnar).

Deferimento (nada se faz).

OU

Promove - Impugnação judicial (15 dias)

- Prévia e necessária: 30 dias (131º e ss CPPT)

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Fases da impugnação judicial

1ª Fase: Petição inicial (103º CPPT) – onde apresentamos a impugnação judicial

2ª Fase: Contestação – promovida pelo representante da fazenda pública. Prazo

legal: 90 dias (110º CPPT). A falta de contestação não representa a confissão dos

factos articulados pelo impugnante (110º nº6 CPPT).

3ª Fase: A decisão pré-instrutória (pode haver ou não)

Há 3 tipos de decisões:

1- Revogação do acto no prazo de 30 dias pelo dirigente do órgão

periférico regional se o valor da causa for inferior ou igual a 5x a alçada

dos TT (1250€), ou pelo dirigente do órgão periférico regional se o valor

for superior.

Se a questão for simples e dispensar de elementos de prova para o efeito

– extinção da instância e sem custas por inutilidade superveniente.

2- Despacho de aperfeiçoamento ou de correcção (110º nº2 CPPT)

3- Após vista ao ministério público para que conheça de imediato do fundo

da questão apenas de direito lavra a decisão judicial

Não havendo decisão pré-instrutória passa-se à 4ª fase

4ª Fase: A instrução – a produção da prova. A prova em sede de impugnação pode

ser documental, testemunhal, cientifica, técnica, pericial, etc. Aqui, são admitidos

os meios gerais de prova (115º a 119º CPPT). “ é diferente da reclamação”

Prova documental

Se um documento não for verdadeiro temos que impugnar o documento no prazo

de 10 dias. (115º nº4 CPPT). Quanto à prova testemunhal não pode exceder 3 por

cada facto e 10 por cada acto tributário. (Artº 118º nº1 CPPT)

Prova pericial

É a que resulta da actividade científica, técnica ou laboral (artigo 116º CPPT)

Outras: Aquelas que o juiz entender

5ª Fase: Alegações – Resumo do que aconteceu (120º CPPT). São por escrito.

Prazo até 30 dias

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6ª Fase: vista ao ministério público, para se pronunciar sobre questões de

legalidade (121º CPPT)

7ª Fase: Sentença (123º CPPT) – Se tivermos pago um imposto temos que

requerer juros indemnizatórios (143º nº1 LGT)

Processo de execução Fiscal (PEF)

É o processo usado pela AT para efectuar a cobrança coerciva dos impostos. É

instaurada com base num título executivo. Nem todas as dívidas são cobradas em

PEF.

Quais são as dívidas cobradas pelo PEF? Artigo 148º CPPT

É necessário o titulo executivo – Artº 162º CPPT – consiste na certidão da dívida.

Quanto à certidão de dívidas (artº 88º nº2 CPPT). A falta desses elementos gera a

nulidade do PEF – Artº 163º CPPT. A falta do titulo executivo da certidão gera a

nulidade do processo – Artº 165º nº1 aliena b) CPPT.

Competência?

Há actos praticados pela AT, denominam-se actos de natureza administrativa e há

actos praticados no PEF pelo tribunal, actos de natureza jurisdicional.

Exemplo de actos de natureza administrativa:

- Instauração do processo de execução – Artº 150º CPPT

- Citação do executado – Artº 188º CPPT

- Autorização do pagamento em prestações – Artº 197º CPPT

- Autorização para a dação em pagamento – Artº 201º CPPT

Exemplo de actos jurisdicionais:

- Decisão da oposição é execução – Artº 203º CPPT

- Os incidentes durante um processo – Artº 127º e ss CPPT “falsidade de um documento; chamada dos herdeiros”

- Os embargos – Artº 237º CPPT “penhorou um bem que não é do executado”

É competente para a execução do PEF o órgão de execução do domicílio ou sede do devedor ou da situação dos bens – Artº 150º CPPT

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Legitimidade para intervir no PEF

- Os órgãos da AT – Artº 152º CPPT

- O sujeito passivo na qualidade do executado

- O cabeça de casal e os herdeiros – Artº 154º CPPT

- Os responsáveis tributários (por efeito da reversão)

Quem são os responsáveis tributários? Artº 22º nº3 LGT

- A responsabilidade entre eles é solidária (Artº 24º nº1 LGT)

- A responsabilidade é subsidiária. Primeiro deve esgotar-se o património do devedor originário e só depois é que há reversão.

Quem são os responsáveis?

- Administradores, gerentes, directores, órgãos de fiscalização, TOC, ROC, etc (artº 24º LGT)

- É ainda o titular do estabelecimento individual de responsabilidade limitada (artº 25º LGT)

- Liquidatário da sociedade – Artº 26º LGT e ARtº 156º CPPT

- O substituto em relação ao substituído – Artº 28º LGT e 159º CPPT

Tramitação

1ª Fase – instauração do processo de execução

2ª Fase – Citação do executado ou do responsável – Artº 35º nº2 CPPT

Efeitos da citação:

- Interrompe o prazo de prescrição do PEF (artº 49º nº1 CPPT)

- A sua falta constitui uma nulidade. Artº 165º nº1 CPPT

Quanto à forma e substância da citação:

Forma: - Pessoal, postal ou edital ou via internet

Substância: - Mesmos elementos da Notificação (190º,191º,192º CPPT)

Depois da citação o executado ou responsável pode pagar, pode requerer o

pagamento em prestações (196º CPPT) e (42º nº2 LGT) ou pode requerer a dação

em pagamento 201º CPPT.

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3ª Fase – Dedução de oposição à execução

A dedução à oposição está previsto no Art.º 212º CPPT – A oposição não suspende

a execução a não ser que o devedor preste garantia adequada. (garantia bancária,

seguro caução e entrega de um imóvel).

Se o executado não tem bens pode requerer a dispensa de garantia ao abrigo do

art.º 52º nº4 LGT.

Quais os fundamentos da oposição? Só e só os do art.º 204º CPPT

Prazo para deduzir à oposição? 30 Dias – art.º 203º CPPT

4ª Fase – Penhora - Prazo: 15 dias

5ª Fase – convocação de credores (art.º 240º CPPT)

6ª Fase – Venda de bens penhorados

Pode ser feita:

- Por proposta em carta fechada (art.º 248º CPPT)

- Por negociação particular (art.º 252º CPPT)

- Por proposta via internet

Deve ser publicitada a venda – Art.º 249º nº7 CPPT

No decurso do PEF pode haver ainda 3 fazes anormais:

7ª Fase – incidentes – art.º 166º nº1 CPPT

Podem ser:

- Embargos de terceiros

- Habilitação de herdeiros

- Apoio judiciário

8ª Fase - suspensão da execução

Motivos:

- Pagamento em prestações (art.º 52º nº1 LGT)

- Oposição à execução com garantia prestada (art.º 212º CPPT)

- Reclamação graciosa e impugnação judicial ou recurso com garantia prestada. (art.º 169º nº6 CPPT)

- Instauração de um plano especial de reutilização (PER) ou de uma Acção de insolvência com ou sem recuperação (art.º 180º CPPT)

- Declaração em falhas (art.º 272º e ss CPPT)

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9ª Fase – Extinção da execução

Causas:

- Pagamento (art.º 264º e ss ou 261º e 263º CPPT)

- Anulação da dívida (art.º 270º e 271º CPPT)

- Anulação do processo

- Decurso de 1 ano (art.º 177º CPPT)

Reclamações das decisões do órgão de execução fiscal

Artº 103º nº2 LGT Artº 276º nº1 CPPT Artº278º CPPT “é um processo urgente, passa à frente de todos os outros”