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9 Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001 C hamamos ‘lixo’ a uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles o resíduo sólido urbano gerado em nossas residências. A taxa de geração de resíduos sólidos urba- nos está relacionada aos hábitos de consumo de cada cultura, onde se nota uma correlação estreita entre a produção de lixo e o poder econômico de uma dada população. O lixo faz parte da história do homem, já que a sua produção é inevitável. Para Teixeira e Bidone (1999), o lixo é definido de acordo com a conveniência e pre- ferência de cada um. O IPT/CEMPRE (1995), define-o como restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis, indese- jáveis ou descartáveis. Normalmente apresentam-se em estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com quantidade de líquido insuficiente para que possa fluir livremente). São tam- bém classificados como resíduos sóli- dos vários resíduos industriais, resíduos nucleares e lodo de esgoto desidratado, conforme aponta Mata- Alvarez et al. (2000). O lixo sempre acompanhou a história do homem. Na Idade Média acumulava-se pelas ruas e imediações das cidades, provocando sérias epide- mias e causando a morte de milhões de pessoas (Branco, 1983). A partir da Revolução Industrial iniciou-se o pro- cesso de urbanização, provocando um êxodo do homem do campo para as cidades. Observou-se assim um verti- ginoso crescimento populacional, favo- recido também pelo avanço da medi- cina e conseqüente aumento da expec- tativa de vida. A partir de então, os impactos ambientais passaram a ter um grau de magnitude alto, devido aos mais diversos tipos de poluição, dentre eles a poluição gerada pelo lixo. O fato é que o lixo passou a ser encarado co- mo um problema, o qual deveria ser combatido e escondido da população. A solução para o lixo naquele momento não foi encarada como algo complexo, pois bastava simples- mente afastá-lo, des- cartando-o em áreas mais distantes dos centros urbanos, de- nominados ‘lixões’. Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mudanças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente em quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a formas inadequadas de elimi- nação (IPT/CEMPRE, 1995). Para Bidone (1999), em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/hab/ano. No Brasil, o valor mé- dio verificado nas cidades mais popu- losas é da ordem de 180 kg/hab/ano. A produção elevada de lixo norte- americano deve-se ao alto grau de in- dustrialização e aos bens de consumo descartáveis produzidos e ampla- mente utilizados pela maioria da popu- lação. No caso do Brasil, a geração do lixo ainda é, em sua maioria, de pro- cedência orgânica; contudo, nos últimos anos vem se incorpo- rando o modo de con- sumo de países ricos, o que tem levado a uma intensificação do uso de produtos des- cartáveis. Sem dúvida, a associação do cres- cimento populacional à intensa urba- nização e às mudanças de consumo estão mudando o perfil do lixo brasilei- ro. Porém, essa ‘modernidade’ não es- tá sendo acompanhada das medidas necessárias para dar ao lixo gerado um Pedro Sérgio Fadini e Almerinda Antonia Barbosa Fadini Os resíduos gerados por aglomerações urbanas, processos produtivos e mesmo em estações de tratamento de esgoto são um grande problema, tanto pela quantidade quanto pela toxicidade de tais rejeitos. A solução para tal questão não depende apenas de atitudes governamentais ou decisões de empresas; deve ser fruto também do empenho de cada cidadão, que tem o poder de recusar produtos potencialmente impactantes, participar de organizações não- governamentais ou simplesmente segregar resíduos dentro de casa, facilitando assim processos de reciclagem. O conhecimento da questão do lixo é a única maneira de se iniciar um ciclo de decisões e atitudes que possam resultar em uma efetiva melhoria de nossa qualidade ambiental e de vida. lixo, sociedade, resíduos urbanos, tratamento de lixo, programa R3 Lixo: desafios e compromissos Países altamente indus- trializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/hab/ano. No Brasil, as cidades mais populosas produzem algo como 180 kg/hab/ano

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Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001

Chamamos ‘lixo’ a uma grandediversidade de resíduos sólidosde diferentes procedências,

dentre eles o resíduo sólido urbanogerado em nossas residências. A taxade geração de resíduos sólidos urba-nos está relacionada aos hábitos deconsumo de cada cultura, onde se notauma correlação estreita entre aprodução de lixo e o poder econômicode uma dada população. O lixo fazparte da história do homem, já que asua produção é inevitável. Para Teixeirae Bidone (1999), o lixo é definido deacordo com a conveniência e pre-ferência de cada um. O IPT/CEMPRE(1995), define-o como restos dasatividades humanas, consideradaspelos geradores como inúteis, indese-jáveis ou descartáveis. Normalmenteapresentam-se em estado sólido,semi-sólido ou semilíquido (comquantidade de líquido insuficiente paraque possa fluir livremente). São tam-bém classificados como resíduos sóli-dos vários resíduos industriais,resíduos nucleares e lodo de esgotodesidratado, conforme aponta Mata-Alvarez et al. (2000).

O lixo sempre acompanhou ahistória do homem. Na Idade Médiaacumulava-se pelas ruas e imediaçõesdas cidades, provocando sérias epide-mias e causando a morte de milhões

de pessoas (Branco, 1983). A partir daRevolução Industrial iniciou-se o pro-cesso de urbanização, provocando umêxodo do homem do campo para ascidades. Observou-se assim um verti-ginoso crescimento populacional, favo-recido também pelo avanço da medi-cina e conseqüente aumento da expec-tativa de vida. A partir de então, osimpactos ambientais passaram a terum grau de magnitude alto, devido aosmais diversos tipos de poluição, dentreeles a poluição gerada pelo lixo. O fatoé que o lixo passou a ser encarado co-mo um problema, o qual deveria sercombatido e escondido da população.A solução para o lixo naquele momentonão foi encarada como algo complexo,pois bastava simples-mente afastá-lo, des-cartando-o em áreasmais distantes doscentros urbanos, de-nominados ‘lixões’.

Nos dias atuais,com a maioria daspessoas vivendo nascidades e com o avanço mundial daindústria provocando mudanças noshábitos de consumo da população,vem-se gerando um lixo diferente emquantidade e diversidade. Até mesmonas zonas rurais encontram-se frascose sacos plásticos acumulando-se

devido a formas inadequadas de elimi-nação (IPT/CEMPRE, 1995). ParaBidone (1999), em um passado nãomuito distante a produção de resíduosera de algumas dezenas de quilos porhabitante/ano; no entanto, hoje, paísesaltamente industrializados como osEstados Unidos produzem mais de700 kg/hab/ano. No Brasil, o valor mé-dio verificado nas cidades mais popu-losas é da ordem de 180 kg/hab/ano.

A produção elevada de lixo norte-americano deve-se ao alto grau de in-dustrialização e aos bens de consumodescartáveis produzidos e ampla-mente utilizados pela maioria da popu-lação. No caso do Brasil, a geração dolixo ainda é, em sua maioria, de pro-

cedência orgânica;contudo, nos últimosanos vem se incorpo-rando o modo de con-sumo de países ricos,o que tem levado auma intensificação douso de produtos des-cartáveis.

Sem dúvida, a associação do cres-cimento populacional à intensa urba-nização e às mudanças de consumoestão mudando o perfil do lixo brasilei-ro. Porém, essa ‘modernidade’ não es-tá sendo acompanhada das medidasnecessárias para dar ao lixo gerado um

Pedro Sérgio Fadini e Almerinda Antonia Barbosa Fadini

Os resíduos gerados por aglomerações urbanas, processos produtivos e mesmo em estações de tratamento deesgoto são um grande problema, tanto pela quantidade quanto pela toxicidade de tais rejeitos. A solução para talquestão não depende apenas de atitudes governamentais ou decisões de empresas; deve ser fruto também do empenhode cada cidadão, que tem o poder de recusar produtos potencialmente impactantes, participar de organizações não-governamentais ou simplesmente segregar resíduos dentro de casa, facilitando assim processos de reciclagem. Oconhecimento da questão do lixo é a única maneira de se iniciar um ciclo de decisões e atitudes que possam resultar emuma efetiva melhoria de nossa qualidade ambiental e de vida.

lixo, sociedade, resíduos urbanos, tratamento de lixo, programa R3

Lixo: desafios e compromissos

Países altamente indus-trializados como os EstadosUnidos produzem mais de700 kg/hab/ano. No Brasil,as cidades mais populosas

produzem algo como180 kg/hab/ano

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destino adequado. Segundo aPesquisa Nacional de SaneamentoBásico (PNSB), realizada em 1989 peloInstituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) e editada em 1991(IPT/CEMPRE, 1995), “o brasileiro con-vive com a maioria do lixo que produz.São 241.614 toneladas de lixo produ-zidas diariamente no país. Fica a céuaberto (lixão) 76% de todo esse lixo.Apenas 24% recebe tratamento maisadequado”.

Destinação final do lixo (%)

Disposição a céu aberto 76

Aterro controlado 13

Aterro sanitário 10

Usina de compostagem 0,9

Incineração 0,1

Fonte: IBGE, 1991(in: IPT/CEMPRE, 1995).

Dos 24% de tratamento considera-do mais adequado, 13% é através deaterro controlado, o que ainda possi-bilita a contaminação do lençol freático.Mesmo os 10% de aterro sanitário nãosão eficiência e qualidade devido ànecessidade constante de controle emanutenção, o que nem sempreacontece, mesmo porque são raros os

aterros que operam convenientementedo ponto de vista ambiental (Figuei-redo, 1995).

Para a maioria dos administradoreso lixo é encarado como um problemae uma preocupação meramente higiê-nica. Porém, o problema maior são asmedidas paliativas e impactantes ado-tadas, como a de afastar dos olhos edas narinas esse incômodo e apresen-tar uma falsa solução à população.Enquanto isso, na região receptora dolixo está o homem, no posto de sepa-rador de lixo, à espera da matéria-prima que possibilite a sua sobrevivên-cia, convivendo com urubus, insetos,ratos e suscetível a doenças que atra-vés dele voltarão depois para os cen-

tros urbanos. A questão do lixo remete-nos a uma discussão sobre o modelode desenvolvimento escolhido pelopaís, cuja política se traduz na neces-sidade do aumento do consumo,favorecendo alguns e excluindo mui-tos. A opção por um crescimentomeramente econômico, que nos colo-ca entre os países com os maioresPIBs mundiais, destoa do conceito dedesenvolvimento, que deve ser acom-panhado de melhorias sociais. O dis-curso adotado é que esse modelo in-dustrial nos levará ao bloco dos paísesdenominados ricos, e que para issotem-se que investir em infra-estrutura,aumentando a oferta de combustíveis,de matérias-primas, de insumos pro-

Lixo: desafios e compromissos

Lixão, aterros sanitários e aterroscontrolados

O lixão é uma mera disposição dolixo a céu aberto, sem nenhum critériosanitário de proteção ao ambiente,que possibilita o pleno acesso devetores de doenças como moscas,mosquitos, baratas e ratos ao lixo.Segundo a ABNT/NBR-8849/85, umaterro controlado caracteriza-se peladisposição do lixo em local con-trolado, onde os resíduos sólidosrecebem uma cobertura de solos aofinal de cada jornada. Ao contráriodos aterros sanitários, os aterroscontrolados geralmente não pos-suem impermeabilização dos solosnem sistema de dispersão de choru-me e gases, sendo comum nestes lo-cais a contaminação de águas subter-râneas. (IPT/CEMPRE, 1995). AsFiguras 1 e 2 apresentam imagens deum lixão e de um aterro sanitário, res-pectivamente.

Figura 1: Vista do lixão de Indaiatuba-SP, em 1990. Foto: Acervo da Associação EcológicaChico Mendes de Indaiatuba (AECHIN)

Figura 2: Vista do antigo lixão de Indaiatuba, hoje transformado em aterro sanitário. Foto:Acervo da Associação Ecológica Chico Mendes de Indaiatuba (AECHIN).

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dutivos e de eletricidade.Sevá-Filho (1995) apresenta o

questionamento pertinente ao fato: secom o aumento da demanda os recur-sos vão se tornando escassos, osinvestimentos vão se tornando maiorese a produção passa a provocar maisproblemas ambientais. O certo nãoseria gastar menos, aproveitar melhoro que se produz, obter bens mais durá-veis e então aproveitar cada vez maiso lixo assim produzido, e, enfim, alcan-çar-se uma geração cada vez menorde lixo, de poluição e de miséria?

Necessita-se repensar o tipo de de-senvolvimento adotado no Brasil, noqual se valorizam os altos investi-mentos em produção sem acompa-nhamento e efetivação de planeja-mentos ambientais. A opção por essetipo de desenvolvimento vem exigindo

Lixo: desafios e compromissos

uma alta demanda de recursos, esti-mulando a criação de uma sociedadealtamente consumista e cujos resul-tados são a escassez e o esgotamentodos recursos naturais, a poluição domeio ambiente e um empobrecimentoda população devido à falsa necessi-dade de produtos cada vez mais indus-trializados, além da continuidade dapéssima distribuição da renda no país.

Lixo: uma questão de gerenciamentoPara o Manual de Gerenciamento

Integrado (IPT/CEMPRE,1995), geren-ciar o lixo é adotar um conjunto articu-lado de ações normativas, operacio-nais, financeiras e de planejamento,com base em critérios sanitários, am-bientais e econômicos para coletar,tratar e dispor o resíduo sólido munici-pal urbano. A execução de ações pla-

nejadas, de forma racional e integra-da, leva ao gerenciamento adequadodo lixo, assegurando saúde, bem-estare economia de recursos públicos, alémde ir ao encontro de um desejo maiorque é a melhoria da qualidade de vidadas gerações atuais e futuras.

Para o gerenciamento do lixo, é ne-cessária a existência de um programade educação ambiental que contem-ple a recusa de consumo de produtoscom alta capacidade de geração deresíduos, redução do consumo, reusoe reciclagem (conforme será discutidono item “O Programa R3 – Redução deConsumo, Reutilização e Reciclagemdo Lixo”).

A Tabela 1 apresenta a identificaçãodas fontes e dos resíduos gerados eos responsáveis pela destinação finalsanitariamente adequada.

Tabela 1: Geração e destino de resíduos.

Classificação por origem do lixo (Manual de Gerenciamento Integrado, IPT-CEMPRE, 1995)

Domiciliar: Aquele originado da vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (tais como cascas defrutas, verduras etc) produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldasdescartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.

Comercial: Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados,estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes etc. O lixo desses estabelecimentos e serviços tem um fortecomponente de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papeltoalha, papel higiênico etc.

Público: São aqueles originados dos serviços:• de limpeza pública urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de

galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores etc.;• de limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens etc.

Serviços de saúde e hospitalar: Constituem resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podemconter germes patogênicos. São produzidos em serviços de saúde tais como hospitais, clínicas, laboratórios,farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc. São eles: agulhas, seringas, gaze, bandagens, algodão,órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis,remédios com prazo de validade vencido, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos e raios X etc. Resíduosassépticos desses locais, constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpeza geral(pó, cinza etc.) e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticosanteriormente descritos, são considerados domiciliares.

Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: Constituem resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêmou potencialmente podem conter germes patogênicos trazidos aos portos, terminais rodoviários e aeroportos.Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem veiculardoenças provenientes de outras cidades, estados e países.

Industrial: Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria metalúrgica, química, petroquímica,papeleira, alimentícia etc.O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinza, lodo, óleo, resíduos alcalinos ou ácidos,plástico, papel, madeira, fibras, borracha, metais, escórias, vidro e cerâmica etc. Nessa categoria inclui-se a grandemaioria do lixo considerado tóxico.

Agrícola: Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas,ração, restos de colheita etc. Em várias regiões do mundo, esses resíduos já constituem uma preocupação crescente,destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva. Também asembalagens de agroquímicos** diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica, definindoos cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-responsabilizando a própria indústria fabricante desses produtos.

Entulho: Resíduos da construção civil, como demolições e restos de obras, solos de escavações etc. O entulho égeralmente um material inerte, passível de reaproveitamento.

Responsável pela destinação final

Prefeitura

Prefeitura *

Prefeitura

Gerador

Gerador

Gerador

Gerador

Gerador

(*) A prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades de resíduos comerciais e entulhos (geralmente menos que 50 kg), e de acordo com alegislação municipal específica.(**) Agroquímicos são produtos desenvolvidos pela industria química com a finalidade de matar insetos, microorganismos e espécies de plantas quepossam atrapalhar o desenvolvimento da cultura na qual se tem interesse. Nessa categoria enquadram-se os acaricidas, fungicidas, formicidas, mata-matos e outros, cujos resíduos podem ser extremamente danosos ao consumidor dos alimentos cultivados nessas condições.

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Todas as alternativas de tratamentode lixo apresentam vantagens e des-vantagens, o que por si só já é umaboa justificativa para considerar a nãogeração como a melhor opção. Umaavaliação crítica das alternativas dedestinação final de lixo é apresentadana Tabela 2.

A química e a biologia no aterroDentro do aterro sanitário, o resíduo

sólido municipal sofre uma decom-posição promovida por bactérias quemetabolizam a matéria orgânica, pro-duzindo dióxido de carbono e usandopara isso alguma espécie químicacomo receptor de elétrons. Tal proces-so pode ser classificado como um pro-cesso de respiração, no qual o agenteoxidante que comumente atua comoreceptor de elétrons é o oxigênioatmosférico (O2).

Como os aterros sanitários sãscobertos com solo e são compactadoscom tratores, de modo a minimizar oacesso de vetores de doenças aoresíduo, o oxigênio atmosférico tam-bém encontra dificuldade em entrar emcontato com o lixo e a sua concen-tração diminui até valores não signifi-cativos, à medida que a matéria orgâ-nica é oxidada.

Lixo: desafios e compromissos

Discriminação

Definição

Vantagem

Desvantagem

Usina de compostagem

Local onde a matéria orgâ-nica é segregada e subme-tida a um tratamento quevisa a obtenção do compos-to

O composto originado podevir a ser usado como adubona agricultura ou em raçãopara animais, e poderá sercomercializado. Reduz aquantidade de resíduos a serdispostos no aterro sanitário

Quando implantado comtécnicas incorretas podecausar transtornos às áreasvizinhas, como mau cheiro eproliferação de insetos eroedores, produzindo com-postos de baixa qualidade econtaminados com metaispesados, se houver falhasna separação

Incinerador

Local onde é feita a queimacontrolada do lixo inerte

Propicia uma redução no vo-lume de lixo; destrói a maio-ria do material orgânico e domaterial perigoso, que noaterro causa problemas; nãonecessita de áreas muitograndes; pode gerar energiaatravés do calor

É um sistema caro que ne-cessita de manutenção rigo-rosa e constante. Pode lan-çar diversos gases polu-entes e fuligem na atmosfera(dioxinas, furanos). Suascinzas concentram substân-cias tóxicas com potencialde contaminação do ambi-ente

Tabela 2: Vantagens e desvantagens de diferentes destinações de resíduos.

Aterro sanitário

Processo utilizado para adisposição de resíduos sóli-dos – doméstico e industrial– no solo impermeabilizado,com sistema de drenagempara o chorume

Solução mais econômica,pode ocupar áreas já de-gradadas, como antigasminerações

Tem vida útil curta; se nãohouver controle pode rece-ber resíduos perigosos co-mo lixo hospitalar e nuclear.Se não for feito com critériosde engenharia, pode causaros mesmos problemas dolixão; os materiais recicláveisnão são aproveitados

Lixão

Local onde o lixo urbano ouindustrial é acumulado deforma rústica, a céu aberto,sem qualquer tratamento.Em sua maioria são clandes-tinos

No curto prazo, é o meiomais barato de todos, poisnão implica em custos detratamento nem controle

Contamina a água, o ar e osolo, pois a decomposiçãodo lixo sem tratamento pro-duz chorume, gases e favo-rece a proliferação de inse-tos (baratas, moscas), ratose germes patológicos, quesão vetores de doença

Adaptado de Gonçalves, 1997.

Chorume: impacto ambiental associado à disposição inadequada de lixoChorume é o líquido que escoa de locais de disposição final de lixo. É resul-

tado da umidade presente nos resíduos, da água gerada durante a decom-posição dos mesmos e também das chuvas que percolam através da massado material descartado. É um líquido com alto teor de matéria orgânica e quepode apresentar metais pesados provenientes da decomposição de emba-lagens metálicas e pilhas. A composição final do chorume é fruto do tipo delixo depositado e do seu estado de degradação. Historicamente, os lixões têmsido construídos em vales, nas proximidades ou dentro de leitos de cursosd’água, o que torna o chorume um agente de comprometimento de recursoshídricos. Os lixões, por serem na verdade uma mera disposição de resíduos acéu aberto, são construídos sobre terrenos que permitem não apenas o escoa-mento do chorume, mas também a sua infiltração no solo, levando à conta-minação das águas subterrâneas. Ao contrário dos lixões, os aterros sanitá-rios, que recebem resíduo sólido municipal urbano (o lixo gerado em nossascasas), e os aterros industriais, que recebem resíduo sólido industrial, têm assuas construções pautadas em normas da Associação Brasileira de NormasTécnicas (ABNT), que prevê impermeabilização do terreno e o tratamento dochorume gerado. Poços de monitoração abertos nas proximidades do aterropermitem a avaliação constante da qualidade das águas subterrâneas e atomada de decisões em caso de eventuais infiltrações.

Mesmo na ausência de oxigênio,bactérias do tipo facultativas, quepodem viver tanto em condições aeró-bias (presença de oxigênio), quanto emcondições anaeróbias (ausência deoxigênio), assim como as bactérias estri-tamente anaeróbias, promovem a de-gradação da matéria orgânica, usandopara isso espécies receptoras de

elétrons como o Mn(IV), nitrato (NO3–),

Fe(III) e sulfato (SO42–). Finalmente, na

escassez destes, uma fração damatéria orgânica se reduz produzindometano (CH4), onde o carbono apre-senta o seu menor número de oxida-ção possível (-4), enquanto parte damatéria orgânica, que transferiu elé-trons para a formação do metano, é

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transformada em CO2, caracterizandoa digestão anaeróbia do resíduo.

Na natureza os processos anae-róbios ocorrem comumente em am-bientes onde a entrada de oxigênio édificultada. Tais processos são algu-

Lixo: desafios e compromissos

Dioxinas e furanos: um risco em processos de incineraçãoVários materiais, quando queimados, podem levar à formação de dioxinas.

Mesmo quando realizados em incineradores liberam no meio ambiente váriassubstâncias congêneres da dioxina. Tais compostos são produzidos em baixasconcentrações, como resíduos da queima de matéria orgânica em presençade produtos que contenham cloro. A produção de dioxinas pode ser evitadaou minimizada se forem empregadas altas temperaturas na incineração, visandoassegurar a combustão completa dos resíduos. Como conseqüência de seuamplo espalhamento no meio ambiente, bem como de seu comportamentolipofílico (tendência em se dissolver em gorduras e não em meio aquoso), asdioxinas são biomagnificadas ao longo da cadeia alimentar, ou seja, como aeliminação de materiais lipossolúveis é mais lenta do que a dos hidrossolúveis,ocorre uma bioacumulação de dioxinas em cada organismo. Como os orga-nismos do início da cadeia alimentar são presas dos organismos do topo (dentreeles o homem), tem-se um aumento da concentração do contaminante nosorganismos predadores, que representam o topo da cadeia alimentar. Mais de90% da exposição humana às dioxinas é atribuída aos alimentos que ingerimos,particularmente carne, peixe e produtos lácteos. Dioxinas e furanos (um grupode compostos que lembra a dioxina em termos de estrutura) estão presentesem peixes e carnes, exibindo concentrações da ordem de dezenas a centenasde picogramas (1 pg = 10-12 grama) por grama de alimento. Em outras pala-vras, ocorrem em concentrações de parte por trilhão; ou seja, seria necessárioconsumir um milhão de toneladas de alimentos para ingerir alguns gramas dedioxinas ou furanos. No entanto, quantidades bem menores do que 1 grama ea exposição crônica a tais contaminantes podem causar sérios efeitos deletérios.Em estudos envolvendo animais, uma dose diária de 1 nanograma de 2,3,7,8-TCDD por quilograma de massa corpórea por dia tem sido suficiente paraocasionar o surgimento de câncer. Com base nesses estudos, o governocanadense fixou como limite máximo de exposição às dioxinas e furanos ovalor de 0,010 ng/kg/dia, estabelecendo assim um fator de segurança de 100vezes em relação ao estudo realizado. Embora os furanos não sejam compos-tos tão estudados quanto as dioxinas, acredita-se que ambas as classes exibamos mesmos padrões de toxicidade. Estruturas típicas de uma dioxina e de umfurano são apresentadas a seguir:

Tais estruturas podem apresentar-se de diferentes formas, com maior oumenor número de átomos de cloro ligados aos anéis aromáticos. A moléculado 2,3,7,8 - TCDD é popularmente conhecida pelo nome ‘dioxina’ sendo amais tóxica dos 75 isômeros de compostos clorados de dibenzo-p-dioxinaexistentes (Baird, 1995).

mas vezes percebidos pelo cheirodesagradável que emanam, uma vezque a respiração que utiliza o SO2-

4como receptor de elétrons produz H2S,com seu característico cheiro de ovopodre.

A capacidade de oxidação de dife-rentes espécies receptoras de elétronsestá associada ao ganho energéticoproveniente de cada reação, onde ooxigênio participa como a espéciequímica que pode propiciar a maiorvariação de energia livre associada,que é dada, numericamente, pelasubtração do valor energético contidonos produtos do valor contido nos rea-gentes. Se esse resultado é negativo,é porque houve liberação de energiapara o ambiente exterior, ou seja, osprodutos encerram um conteúdo ener-gético menor do que o dos reagentes.Essa energia liberada é utilizada pelosmicroorganismos que promovem areação de modo a mantê-los vivos.

Quanto maior a quantidade de ener-gia liberada, no caso de reações inter-mediadas por microorganismos,melhor é o processo do ponto de vistabioquímico, pois maior será a relaçãoentre a energia obtida para a manuten-ção dos processos vitais e a quanti-dade de substrato metabolizado.

Uma vez dentro do aterro, a matériaorgânica não está imediatamentepronta para transformar-se em metanoe dióxido de carbono. Condiçõesambientais adequadas de pH e tempe-ratura têm um importante efeito sobrea sobrevivência e o crescimento dosmicroorganismos. Geralmente a otimi-zação do crescimento ocorre dentro deuma estreita faixa de valores de pH etemperatura. Geralmente o pH ótimopara o crescimento de microorganis-mos situa-se entre 6,5 e 7,5, emboradanos às suas estruturas celulares sósejam observados em valores de pHsuperiores a 9,0 e inferiores a 4,5. Deacordo com a temperatura em que asbactérias atuam de modo mais eficien-te na degradação da matéria orgânica,elas são classificadas como criofílicas(-10-30 °C), mesofílicas (20-50 °C) etermofílicas (45-75 °C).

Na decomposição anaeróbia deresíduos, muitos microorganismos tra-balham em conjunto para converter aporção orgânica de tais resíduos emprodutos estáveis. Em uma primeirafase, denominada hidrólise, um grupode microorganismos é responsável porhidrolisar material orgânico polimérico,lipídios e outras moléculas de alto pe-so molecular, transformando-os em

Cl

Cl O

O Cl

Cl2, ,7, -te ra lor di en o- -di xina

(2, ,7, -TCDD)

O

Cl Cl

Cl1,4,9-triclorodibenzofurano

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açúcares, aminoácidos, peptídios ecompostos relacionados, em umprocesso no qual a atuação de enzi-mas é de fundamental importância. Asegunda fase contempla a transforma-ção dos produtos da primeira etapa emácidos graxos de cadeia longa, ácidospropiônico e butírico, além de umaparcela de ácidos fórmico e acético.Nessa etapa, a razão entre as formasprotonada e desprotonada dos ácidosserá fruto da constante de ionizaçãode cada ácido envolvido e do pH domeio, sendo comum a referência naliteratura, por exemplo, tanto ao ácidoacético quanto ao seu ânion acetato.A terceira etapa, denominada comu-mente de acidogênese, envolve atransformação dos ácidos de cadeiasque contêm mais do que três átomosde carbono em ácidos acético e fórmi-

co. Finalmente, um quarto grupo debactérias, denominadas metanogê-nicas, converte os produtos da tercei-ra etapa em metano (Tchobanoglouset al., 1993; Vazoller, 1999).

A descrição do processo em quatroetapas é uma simplificação dos com-plexos mecanismos envolvidos nometabolismo anaeróbio. Acredita-seque mais de 130 espécies de diferen-tes microorganismos podem coexistirdentro de um mesmo reator (Soubes,1994), dentre eles espécies de bacté-rias, fungos, leveduras e actinomicetos(Tchobanoglous et al., 1993). Os pro-dutos apontados em cada etapa sãopredominantes, porém não os únicosa serem obtidos. Uma ilustração dessacomplexidade é demonstrada pelo fatode que não são apenas os ácidos fór-mico e acético os substratos que levam

Lixo: desafios e compromissos

Receptores de elétrons em processos respiratóriosSão apresentadas a seguir algumas reações de processos respiratórios onde se assume como matéria orgânica

(M.O.) a fórmula geral [(CH2O)106(NH3)16(H3PO4)] e que todas as reações ocorrem à mesma temperatura. Diferentesreceptores de elétrons propiciam diferentes rendimentos energéticos. Observa-se o maior ganho quando o O2 é reduzido(Froelich et al., 1979).

M.O. + 138O2 → 106CO2 + 16HNO3 + H3PO4 + 122H2O (1)∆Gº = - 3.190 kJ/mol

M.O. + 236MnO2 + 472H+ → 236Mn 2+ + 106CO2 + 8N2+ H3PO4 + 366H2O (2)∆Gº = - 3.090; - 3.050; - 2.920 kJ/mol (dependendo da forma alotrópica do MnO2)

M.O. + 94,4HNO3 → 106CO2 + 55,2N2 + H3PO4 + 177,2H2O (3a)

∆Gº = - 3.030 kJ/mol

M.O. + 84,8HNO3 → 106CO2 + 42,4N2 + 16NH3 + H3PO4 + 148,4H2O (3b)∆Gº = - 2.750 kJ/mol

M.O. + 212Fe2O3 + 848H + → 424Fe 2+ + 106CO2 + 16 NH3 + H3PO4 + 530H2O (4)∆Gº = - 1.410 kJ/mol

M.O. + 53SO42– → 106 CO2 + 16NH3 + 53S2– + H3PO4 + 106H2O (5)

∆Gº = - 380 kJ/mol

M.O. → 53CO2 + 53CH4 + 16NH3 + H3PO4 (6)∆Gº = - 350 kJ/mol

Neste sistema ilustrativo, supõe-se a matéria orgânica como o único doador de elétrons e O2, NO3 –, Fe2O3, MnO2 e

SO42– como únicos receptores. A energia livre de Gibbs para cada reação foi calculada para as condições normais de

temperatura e assumiu-se o valor do pH como constante e igual a 7,0. A ordem de liberação de energia apresentada nãoimplica, necessariamente, que o receptor de elétrons que propicia maior liberação de energia tenha que ser exaurido paraque outro receptor de elétrons, envolvido em uma reação com menor variação de energia livre, participe da oxidação damatéria orgânica. O valor da variação de energia livre indica apenas a ordem de preferência termodinâmica, onde algunsprocessos podem ocorrer de modo simultâneo. Um dos produtos de redução ocasionados pela matéria orgânica narespiração de sulfato, o sulfeto (reação 5), apresenta a capacidade de imobilizar metais na forma de sulfetos metálicos,sendo este um fator determinante da biodisponibilidade e toxicidade de metais (Morse et al., 1987).

à formação de metano (Tchobanoglouset al., 1993).

De uma forma simplificada, as eta-pas da digestão anaeróbia de resíduospodem ser vistas conforme mostradona Figura 3.

Formação de metano a partir dediferentes substratos4H2 + CO2 → CH4 + 2H2O

4HCOOH → CH4 + 3CO2 + 2H2O

CH3COOH → CH4 + CO2

4CH3OH → 3CH4 + CO2 + 2H2O

4(CH3)3N + 6H2O → 9CH4 +3CO2 + 4NH3

4CO + 4H2O → CH4 + 3CO2 +2H2O

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Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001

Uma das características da diges-tão anaeróbia é a obtenção de um pro-duto, o gás metano, que encerra umconteúdo energético relativamente al-to, que pode ser utilizado para movi-mentar veículos, gerar eletricidade oupropiciar aquecimento. Tal conteúdoenergético é fruto da baixa liberaçãode energia observada durante a meta-nogênese, energia conservada no pro-duto, conforme pode ser inferido a par-tir da comparação entre as reações 1e 6.

A viabilidade econômica do uso dometano como fonte de energia é aindaquestionável devido à presença no gásde impurezas como o H2S, que podeocasionar corrosão em motores decombustão interna. Em aterros sani-tários, os gases de compostos redu-zidos são queimados, minimizando-seassim o mau cheiro do H2S e o efeitoestufa relacionado à emissão de me-tano, que apresenta um potencial deabsorção de radiação infravermelha eaquecimento da atmosfera muito maiordo que o observado para o CO2. Comoefeito dessa queima ocorre também aemissão de SO2, o que representa umincremento na incidência de chuvasácidas.

Compostagem de resíduosO processo aeróbio pode ser em-

pregado no tratamento de resíduos só-lidos municipais urbanos de origemorgânica e também no tratamento detais resíduos dispostos conjuntamentecom lodo gerado em estações de tra-tamento de esgotos domésticos. Taisprocessos envolvem a preparação depilhas na forma de leiras, nas quais seinjeta ar por meio de tubos perfuradosintroduzidos no resíduo, ou então pormeio do constante revolvimento do ma-terial submetido à compostagem.

Durante o processo aeróbio dacompostagem, atua uma sucessão demicroorganismos facultativos e aeró-bios estritos. Na fase inicial, bactériasmesofílicas são observadas em maiorproporção e à medida que a tempe-ratura vai aumentando, as termofílicascomeçam a predominar. Fungos ter-mofílicos aparecem depois de 5 a 10dias e, no estágio final do processo,conhecido como período de cura, acti-nomicetos e fungos filamentosos co-meçam a surgir. Como nem todo resí-duo é rico em microorganismos, algunstipos de materiais, como papéis,exigem a adição de um inóculo apro-priado para iniciar-se o processo. Tal

inóculo pode ser resíduo de outras fon-tes ou de lodo de esgoto.

Compostos obtidos a partir de resí-duos de diferentes origens podem sermisturados de modo a se obteremrazões C/N ótimas, que permitam suaincorporação ao solo, como fertili-zantes. Contudo, o uso de compostoscomo fertilizantes exige um cuidadosoestudo das características microbioló-gicas e ecotoxicológicas, bem como aescolha da cultura que será desenvol-vida, antes da tomada da decisão deaplicação em solos.

A relação carbono/nitrogênioUm fator crítico para a compos-

tagem de resíduos é a relação C/N,cuja faixa ótima é de 20-25 para 1.Espécies químicas que contêm nitro-gênio atuam como nutrientes nosprocessos de degradação da matériaorgânica. Resíduos pobres em nitro-gênio, como jornais, que apresentamrelação C/N de aproximadamente 980,devem ser misturados a outros resí-duos mais ricos em nitrogênio. Emprocessos de compostagem, a relaçãoC/N comumente diminui ao longo dotempo, pois o carbono é eliminadopara a atmosfera na forma de CO2 e/ou CH4. O aumento da quantidaderelativa de nitrogênio, um importantenutriente para culturas agrícolas, tornao composto potencialmente utilizávelcomo fertilizante agrícola, desde queobservados outros parâmetros sanitá-rios de interesse, como presença deorganismos patogênicos, metais pesa-dos e substâncias orgânicas tóxicas.

O Programa R3 – redução de consumo,reutilização e reciclagem do lixo

A Agenda 21 trata, em seu capítulo21, do ‘manejo ambientalmente sau-dável dos resíduos sólidos e questõesrelacionadas com os esgotos’ epropõe, no item 21.4, a utilização deum manejo integrado nas questõesrelacionadas aos resíduos, conformesegue:

• O manejo ambientalmente sau-dável dos resíduos deve ir além do sim-ples depósito ou aproveitamento pormétodos seguros dos resíduos gera-dos, buscando resolver a causa funda-mental do problema e procurando mu-dar os padrões não sustentáveis de

Lixo: desafios e compromissos

Polímeros complexos e outrosmateriais orgânicos de alto

(proteí ídeos, etc.)

Monô ômeros(açú á ídeos)

Ácidos propiônico e butírico etc.(á

Metano, dióxido de carbonoe água

Ácido fórmico Ácido acético

Hidrólise

Acidogênese

Acetogênese

Metanogênese

Figura 3: Etapas da digestão anaeróbia (Adaptada de Vazoller, 1999).

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Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001

produção e consumo. Isso implica nautilização do conceito de manejointegrado do ciclo vital, o qual apre-senta oportunidade única de conciliaro desenvolvimento com a proteção domeio ambiente.

Em seu item 21.5, aponta a neces-sidade de ações e formulação de obje-tivos centrando-se em quatro principaisáreas de programas relacionados comos resíduos, a saber:

a) redução ao mínimo dos resíduos;b) aumento ao máximo da reutili-

zação e reciclagem ambientalmentesaudáveis dos resíduos;

c) promoção do depósito e trata-mento ambientalmente saudáveis dosresíduos;

d) ampliação do alcance dos ser-viços que se ocupam dos resíduos.

E, no item 21.6, alerta para as qua-tro áreas de programas estarem corre-lacionadas e se apoiando mutuamen-te, devendo estar integradas a fim de

constituir uma estrutura ampla e ambi-entalmente saudável para o manejodos resíduos sólidos municipais. Acombinação de atividades e a impor-tância que se dá a cada uma dessasquatro áreas variarão segundo ascondições sócio-econômicas e físicaslocais, as taxas de produção de resí-duos e a compo-sição destes. To-dos os setores dasociedade devemparticipar em to-das as áreas deprogramas.

Nesse contex-to, serão apresen-tadas as várias opções para a disposi-ção final e o tratamento de resíduossólidos, sejam estes de origem domés-tica, hospitalar, agrícola ou industrial,envolvendo a aplicação dos 3 Rs –redução do consumo e desperdício,reutilização de resíduos e reciclagem.

Em alguns casos, pode ser viável aqueima em incineradores com rigorosocontrole da qualidade dos gases emi-tidos e dos resíduos remanescentes,ou ainda a combustão em fornos defabricantes de cimento. Alternativas co-mo compostagem aeróbia e disposi-ção em aterros sanitários ou industriaistambém são viáveis. Contudo, inú-meros impactos ambientais poderiamser associados a cada uma dasopções de tratamento citadas ou aqualquer outra que venha a ser criada.

O verdadeiro desafio pertinente àquestão do lixo, seja ele de que natu-reza for, diz respeito a como não gerartal lixo ou, ao menos, minimizar a ge-ração. Havendo essa opção, assume-se que o melhor seria não gerar lixo,mas essa é uma alternativa nem sem-pre viável, uma vez que o modelo devida adotado globalmente é pautadona produção e no consumo, que têmcomo conseqüência a geração de resí-duos. Contudo, com alguma reflexãoe auxílio de programas de educaçãoambiental, podemos nos habituar en-quanto consumidores a exercer deter-minados tipos de escolha de emba-lagens de produtos, rejeitando porexemplo aqueles que possuem invólu-cros múltiplos e às vezes desneces-sários e dando preferência a embala-gens retornáveis em detrimento às des-cartáveis, bem como minimizando des-perdícios dentro de casa. A recusa detais produtos com múltiplas em-balagens representa a consolidaçãode um quarto e importante ‘R’ ao pro-grama, que força a indústria a ter uma

atitude ambientalmenteresponsável por pressãodo mercado consumidor.Atitudes como essas, se-gundo um recente estudorealizado por Teixeira(1999), podem reduzir ematé 50% a quantidade deresíduos sólidos domés-

ticos encaminhados aos aterros. Umavez minimizada a geração, parte-separa a avaliação do reuso dos resí-duos, que se nas nossas casas apre-senta um leque de opções relati-vamente limitado, pode apresentar um

Lixo: desafios e compromissos

Elemento Onde é encontrado

Mercúrio • equipamentos e aparelhos elétricosde medida

• produtos farmacêuticos• lâmpadas de néon, fluorescentes e

de arco de mercúrio• interruptores• baterias/pilhas• tintas• antissépticos• fungicidas• termômetros

Cádmio • baterias/pilhas• plásticos• ligas metálicas• pigmentos• papéis• resíduos de galvanoplastia

Chumbo • tintas, como as de sinalização de rua• impermeabilizantes• anticorrosivos• cerâmica• vidro• plásticos• inseticidas• embalagens• pilhas

(Fonte: IPT-CEMPRE, 1995)

Efeitos causados por alguns metais pesados ao homem

Efeitos

• distúrbios renais• distúrbios neurológicos• efeitos mutagênicos• alterações no metabolismo• deficiências nos órgãos

sensoriais

• dores reumáticas e miálgicas• distúrbios metabólicos

levando à osteoporose• disfunção renal

• perda de memória• dor de cabeça• irritabilidade• tremores musculares• lentidão de raciocínio• alucinação• anemia• depressão• paralisia

O verdadeiro desafiopertinente à questão do

lixo, seja ele de quenatureza for, diz respeito acomo não gerar tal lixo ou,

ao menos, minimizar ageração

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Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001

maior número de opções em relaçãoa resíduos industriais e agrícolas.

A terceira etapa da minimização dodescarte envolve a reciclagem, que éfacilmente explicada pela já difundidateoria de que resíduo nada mais é doque um material não adequadamentelocalizado no espaço e no tempo. Ouseja, aquilo que é considerado um resí-duo hoje pode não sê-lo amanhã,assim como o que uma determinadapessoa ou grupo de pessoas classificacomo resíduo pode ser matéria-primapara outra. O entendimento da neces-sidade da segregação na fonte, ouseja, da separação adequada dos ti-pos de resíduos por seus geradores,é essencial para facilitar o trabalho doreciclador, assim como a colocação domaterial reciclado no mercado, en-quanto matéria-prima ou produto aca-bado.

ReciclagemÉ o resultado de uma série de ativi-

dades através das quais materiais quese tornariam lixo ou estão no lixo sãodesviados, sendo coletados, sepa-rados e processados para uso comomatéria-prima na manufatura de bens,feitos anteriormente apenas com ma-téria-prima virgem.

Benefícios da reciclagem• diminui a quantidade de lixo a ser

aterrado (conseqüentemente aumentaa vida útil dos aterros sanitários);

• preserva os recursos naturais;• economiza energia;• diminui a poluição do ar e das

águas;• gera empregos, através da cria-

ção de indústrias recicladoras.A reciclagem, no

entanto, não podeser vista como a prin-cipal solução para olixo. É uma atividadeeconômica que deveser encarada comoum elemento dentrode um conjunto desoluções. Estas são integradas nogerenciamento do lixo, já que nemtodos os materiais são técnica ou

economicamente recicláveis. A separa-ção de materiais do lixo aumenta aoferta de materiais recicláveis. Entre-tanto, se não houver demanda de pro-dutos reciclados por parte da socie-dade o processo é interrompido, osmateriais abarrotam os depósitos e,por fim, são aterra-dos ou incineradoscomo rejeitos (IPT-CEMPRE, 1995).

Apenas quandoestiverem esgotadasas alternativas deredução de consu-mo, reuso e recicla-gem é que se devefazer a opção pelotratamento, levando-se em consideração o ônus ambientalde cada alternativa que possa vir a seradotada. O mesmo raciocínio vale parao setor produtivo, onde a busca portecnologias menos impactantes, cha-madas também ‘limpas’, é essencialpara a manutenção da qualidade devida no planeta. Tais tecnologias devemser avaliadas dentro de uma ótica dociclo de vida dos produtos, ou seja,levando-se em conta todos os impac-tos ambientais envolvidos desde aprimeira etapa de obtenção da maté-ria-prima, passando-se pela fabrica-ção, utilização, alternativa de reuso, re-ciclagem e alternativas de disposiçãofinal do produto quando o mesmo nãose prestar mais a fim algum.

AAAAAgenda 21 e desenvolvimentosustentável

A Agenda 21 é um documento quesurgiu a partir de discussões condu-

zidas durante a Con-ferência das NaçõesUnidas para o MeioAmbiente e Desenvol-vimento, a ECO-92,realizada no Rio deJaneiro entre 3 e 14 dejunho de 1992. É umprograma de açãoabrangente, a ser im-

plementado pelos governos, agênciasde desenvolvimento, organizações dasNações Unidas e grupos setoriais

independentes em cada área onde aatividade humana afeta o meio ambien-te, visando atingir o chamado de-senvolvimento sustentável. Segundo aComissão Mundial sobre o MeioAmbiente e o Desenvolvimento, “O de-senvolvimento sustentável é aquele

que atende às necessi-dades do presente semcomprometer a possi-bilidade de as gera-ções futuras satisfa-zerem suas própriasnecessidades”

Dentro de tal enfo-que, considera-se que:

• as necessidadesdos pobres são prio-ritárias;

• por desenvolvimento entende-seo progresso humano, em todas assuas facetas – cultural, econômica, so-cial e política –, que deve ser possívelem todos os países;

• essa sustentabilidade não é rígi-da; antes, deve admitir a possibilidadede mudanças, às quais se reage comadaptações;

• está implícita uma preocupaçãocom a igualdade social entre as pes-soas de uma mesma geração e entreas pessoas de uma geração e de ou-tra.

A Agenda 21 é um documento de700 páginas que se subdividem em 40capítulos. A versão em português dodocumento completo foi publicada noDiário Oficial da União como suple-mento ao número 146, do dia 2 deagosto de 1994.

Cooperativas de catadoresA formação de associações e coo-

perativas de catadores de lixo repre-senta a alternativa de saída do homemdos lixões e o resgate da sua condiçãode cidadão, com direito a benefíciossociais, educação para os filhos, auto-nomia administrativa e possibilidade deascensão social. A cooperativa deveoferecer aos seus membros assistên-cia jurídica, cursos de aperfeiçoamentoe acesso ao lazer/esporte, desenvol-vendo no catador criticidade e matu-ridade para tomar posição nas deci-sões dentro da cooperativa e até uma

Lixo: desafios e compromissos

A reciclagem não pode servista como a principal

solução para o lixo; ela éuma atividade econômica

que deve ser encaradacomo um elemento dentrode um conjunto de soluções

A aparente utopia de ummeio ambiente que

concilie desenvolvimentoassociado a sustentatibi-lidade ambiental, quali-

dade de vida e igualdadesocial só será alcançada

com muita reflexão, boavontade e esforços pessoal

e comunitário

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Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola Edição especial – Maio 2001

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Alguns sítios sobre Agenda 21,redução de uso, reciclagem, reuso ecatadores de lixo

www.bdt.org.br/publicacoes/politica/agenda21/

A base de dados da Fundação AndréTosello de Pesquisas e Tecnologia apresen-ta a íntegra da agenda 21, em português.

www.matrix.com.br/peixe/Trata-se de um Instituto Virtual de Educa-

ção para Reciclagem. Discute temas rela-cionados ao lixo, principalmente sobrecatadores de lixo, Redução, Reutilização eReciclagem.

www.cityalpha.com.br/regiao8.htmEste site apresenta o lixão de Carapi-

cuíba-SP, considerado pela CETESB comoum dos três piores do Estado de São Paulo.

www.cu r i t i ba .p r.gov.b r /agenc ia /especiais/material02.html

Apresentação do Programa de Recicla-gem desenvolvido pela Prefeitura Munici-pal de Curitiba-PR.

www.curitiba.pr.gov.br/servicos/SMLP/compralixo.html

Apresenta o Programa Compra Lixo,implantado pela Prefeitura Municipal de

Curitiba, no qual envolve a comunidade,através da criação de associações demoradores de bairro.

www.projekte.org/meioambiente99/tema03/rodrigues/text.html

Trata-se da apresentação do ProjetoLixo e Cidadania na Região Metropolitanade Belo Horizonte desenvolvido pela Fun-dação Estadual do Meio Ambiente(FEAM) e o envolvimento de instituiçõescomo Associação de Catadores, Prefei-turas de municípios envolvidos e UNICEF.

w w w . r e c i c l o t e c a . o r g . b r /quem_recebe.htm

Apresenta um relação bem ampla daspessoas e instituições que recebem oucompram diversos materiais recicláveisdos estados da Bahia, Espírito Santo,Minas Gerais, Pernambuco, Rio deJaneiro e São Paulo – capital e interior.

www.clin.rj.gov.br/program.htmApresenta os programas sociais desen-

volvidos pela Companhia de Limpeza deNiterói (CLIN), preocupada com as inicia-tivas de cunho social que são desenvol-vidas por empresas e comunidade.

www.cempre.org.br/links.htmlUm site rico em informações e vínculos

sobre a questão do lixo. O endereçocitado neste espaço abre vários vínculosde associações de reciclagem e bancosque financiam programas relacionados aomeio ambiente.

www.latasa.com.br/recicla.htmApresenta o Centro de Reciclagem de

Latas de alumínio, cujos projetos envol-vem os temas Projeto Escola e Disk Lata.Informa também os endereços dosCentros de Reciclagem da Latasa.

www.cetesb.sp.gov.br/InformacoesAmbientais/inventario_residuos/inventario.htm

Apresenta uma série de vínculos sobrelixo, e a possibilidade de baixar o Inven-tário de Resíduos formulado pela CE-TESB, que discute de forma integrada osaspectos técnicos e sociais envolvidos naquestão do lixo.

http://cecae.usp.br/recicla/3rs.htmTrata-se de um canal com o projeto USP

Recicla, o qual discute o programa dosR3s e informa os meios de contato comcooperativas de catadores e empresas dereciclagem.

Lixo: desafios e compromissos

visão política sobre o seu país e omundo em que vive.

A aparente utopia de um meioambiente que concilie desenvol-vimento associado a sustentati-bilidade ambiental, qualidade de vidae igualdade social só será alcançada

com muita reflexão, boa vontade,esforços pessoal e comunitário,disposição e ações políticas aliadasao fundamental entendimento de queo planeta como um todo é afetadopor cada atitude isolada.

Pedro Sérgio Fadini, graduado em química pela

UFSCar, mestre em engenharia em recursoshídricos e saneamento e doutor em químicaambiental, ambos pela UNICAMP, é professor naPUC-Campinas. Almerinda Antonia BarbosaFadini, graduada em geografia pela PUC-Cam-pinas, mestre em geociências e meio ambiente edoutoranda em geografia, ambos pela UNESP deRio Claro, é professora na Universidade São Fran-cisco, em Bragança Paulista.