aplicação dos perfis de imagem na indústria do petróleo
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Universidade Federal da Bahia
Instituto de Geociências
Curso de Graduação em Geologia
Jaime Roedel Junior
Aplicação dos Perfis de Imagem na
Indústria do Petróleo
Salvador, BA
2014
i
Jaime Roedel Junior
Aplicação dos Perfis de Imagem na Indústria
do Petróleo
Trabalho final de graduação apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da Bahia.
Orientador: Prof. Msc. Roberto Rosa
Salvador BA
2014
ii
TERMO DE APROVAÇÃO
Jaime Roedel Junior
Aplicação dos Perfis de Imagem na Indústria
do Petróleo
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Geologia na Universidade Federal da Bahia
__________________________________________________________________________
1° Examinador: Prof. MSc. Roberto Rosa da Silva – Orientador
Petrobras/Instituto de Geociências – UFBA
__________________________________________________________________________
2° Examinador: Prof. Dr. Geraldo Girão Nery
IGEO-UFBA
__________________________________________________________________________
3° Examinador: MSc. Flávio Miranda de Oliveira
Petrobras
Salvador BA
2014
iii
RESUMO
A crescente demanda por hidrocarbonetos torna necessária a utilização de
técnicas que ajudem na delineação de características estruturais, sedimentares e
estratigráficas dos reservatórios. Os perfis de Imagens Resistivas e Acústicas
proporcionam dados de alta resolução aumentando a capacidade de compreensão
dessas características e atributos da rocha reservatório. Utilizando para isso
propriedades físicas, como resistividade elétrica e impedância acústica, para gerar
imagens da parede do poço.
As aplicações dos perfis de imagem resistiva são principalmente a definição
de acamamento, distinção dos tipos de fraturas, falhas, dobras e discordâncias
angulares, geometria do poço, reconhecimento de camadas finas e de
truncamentos erosivos, determinação de paleocorrentes através de estruturas de
escorregamento e estratificações cruzadas, reconhecimento de feições
sedimentares diagenéticas e secundarias, ligadas principalmente a dissolução e
cimentação, tais como vugs, estilolitos, moldes, concreções e superfícies de ‘hard-
ground’. Outras feições ligadas à bioturbação e escape de fluidos também podem
ser reconhecidas.
Os perfis de imagens acústicas. Além de fornecer todas as informações dos
perfis de imagem resistivas, são ainda bastante utilizados na determinação da
geometria do poço, além de permitir a análise dos regimes de tensões (stress)
atuantes na perfuração. Importante na previsão de estabilidade da perfuração em
formações não consolidadas. A medição do tempo de trânsito e da amplitude de
uma onda na formação fornecem precisas informações sobre o Caliper e formação
de reboco.
Palavras-chave: Perfil de Imagem, rocha reservatório, dados de alta resolução,
resistividade elétrica, impedância acústica.
iv
ABSTRACT
With the increasing demand for hydrocarbons , the use of techniques that help
in the delineation of structural, stratigraphic and sedimentary characteristics of the
reservoirs becomes necessary. The profiles and images Acoustic Resistive provide
high-resolution data increases the capacity for understanding of these characteristics
and attributes of the reservoir rock. Using it for physical properties such as electrical
resistivity and acoustic impedance to generate images of the well wall.
The applications of resistive image profiles are mainly the definition of lodging,
distinguishing the types of fractures, faults, folds and angular disagreements, pit
geometry, recognition of thin layers and erosional truncation, determining
paleocurrent slip through structures and stratifications cross- recognition of
diagenetic and secondary , mainly related to dissolution and cementation, such as
vugs, stylolites, molds, concretions and surfaces hard -ground sedimentary features .
Other features and bioturbation connected escaping fluid can also be recognized.
The profiles of acoustic images are used in the identification of types of
fractures. Are still widely used in determining the geometry of the well, in addition to
enable the analysis of stresses acting regimes (stress) in drilling. Important in
predicting the stability of drilling in unconsolidated formations. The measurement of
transit time and amplitude of a wave in training provide accurate information about
Caliper and training plaster.
Key-words: Borehole image logs, reservoir rock, high-resolution data, electrical
resistivity, acoustic impedance.
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: (a): Ilustração de " The electromagnetic teleclinometer and dipmeter”. (b): Exemplo
de novos dados dipmeter. Stick-plot mostra estilo de mergulhos aparentes em um corte
geológico transversal. ............................................................................................................ 3
Figura 2: (Esquerda) Ilustração do dipmeter microlaterolog de 3-braços. (Direita) Um dos
primeiros microlaterolog dipmeter com três-braços. ............................................................... 3
Figura 3: Imagem de poço (direita) e BHTV (esquerda) mostrando fratura vertical induzida,
Zemanek et ai. de 1969 ......................................................................................................... 5
Figura 4: Exemplo de 2-patins FMS. Duas passagens separadas de dados são recobertos
no perfil, e é evidente que a ferramenta foi rotacionada em 90 graus entre passes,
aumentando ligeiramente a cobertura .................................................................................... 6
Figura 5: Exemplos de modernas ferramentas de alta resolução de imagem fixa. (a) Imagem
Resistiva do FMI (Schlumberger). (b) Imagem Resistiva do STAR (Baker Atlas). (c). Imagem
Acústica CBIL (Baker Atlas). ................................................................................................. 7
Figura 6: Linha do tempo esquemática para o desenvolvimento e interpretação de imagem
de poço. ................................................................................................................................ 8
Figura 7: Esquema da ferramenta de perfis de imagem resistiva mostrando detalhe do patim
com a distribuição dos eletrodos. ......................................................................................... 10
Figura 8: Articulador de seis braços. Ferramenta EARTH Imager. ...................................... 11
Figura 9: Elementos básicos de uma ferramenta de perfilagem de obtenção de perfis de
Imagem Elétrica de Poço. .................................................................................................... 12
Figura 10: Perfil de imagem resistiva, da EARTH Imager. ................................................... 12
Figura 11: Comparação entre, da direita para esquerda: imagem adquirida, imagem estática
e imagem dinâmica. ............................................................................................................. 13
Figura 12: Esquema mostrando o transdutor e o eixo de rotação na parede do poço, e o
centralizador na ferramenta UBI. ......................................................................................... 14
Figura 13: Esquema mostrando o transdutor rotacionando 360° e emitindo pulsos na parede
do poço. ............................................................................................................................... 15
Figura 14: Esquema comparando as formas que os métodos acústico e resistivo operam
dentro do poço. .................................................................................................................... 15
Figura 15: Esquema da ferramenta OMI da Weatherford. .................................................... 18
Figura 16: Exemplo de determinação do azimute. ............................................................... 20
Figura 17: Feições planares elípticas dentro de um cilindro gerando num plano ondas
senoidal, determinando assim direção e mergulho .............................................................. 21
vi
Figura 18: Exemplo de determinação do azimute . .............................................................. 18
Figura 19: Legenda dos ted poles. ....................................................................................... 18
Figura 20: Esquema mostrando a as condições como se formam e se apresentam as
fraturas naturais e as induzidas na parede do poço. .......................................................... 23
Figura 21: Representação de como as fraturas naturais se comportam na parede do poço. 23
Figura 22: fraturas vistas nos perfis de imagens acústica e no perfil de imagem resistiva. . 24
Figura 23: A: padrão de fratura natural (imagem resistiva). B: padrão de fratura natural
(imagem acústica). C: padrão de fratura induzida durante a perfuração (imagem resistiva) 25
Figura 24: Fratura induzida na vertical. ................................................................................ 26
Figura 25: Perfil de imagem resistiva mostrando conjunto de fraturas induzidas em echelon.
............................................................................................................................................ 26
Figura 26: Perfil acústico mostrando breakouts na parede de um poço. .............................. 27
Figura 27: Em (a) e (b) Fratura induzida (DIF); em (c) fratura induzida e breakout. ............. 27
Figura 28: Perfil de imagem acústico mostrando em (a) fratura natural e breakout, e em (b)
fraturas naturais. .................................................................................................................. 28
Figura 29: Breakouts em perfis de imagem resistivos. observar ampliação oval na
representação da forma do poço. ........................................................................................ 28
Figura 30: O perfil UBI mostra uma combinação de breakouts e fraturas naturais em um
reservatório do Cretáceo no Oriente Médio. ........................................................................ 29
Figura 31: Comparação entre os perfis FMI, ARI e UBI. ..................................................... 30
Figura 32: Perfil de imagem resistiva estático (esquerda) e dinâmico (direita), mostrando
uma fratura aberta ............................................................................................................... 31
Figura 33: Falha normal, direção NW mergulhando para W................................................. 32
Figura 34 (a): Exemplo de uma falha cimentada com calcita visto tanto no testemunho
quanto em um perfil de imagem resistivo. Figura 34 (b): Plano de falha vista em perfil de
imagem resistivo, observar mergulho elevado. ................................................................... 32
Figura 35: Bbloco diagrama mostrando como se forma uma falha normal (a esquerda), no
meio falha normal em afloramento, e a direita falha normal vista em perfil de imagem
resistiva. .............................................................................................................................. 33
Figura 36: Familias de falhas: Os quatro principais tipos de falhas (linha superior) podem ser
diferenciados: Lístrica e rollower, normal, reversa e falhas de empurrão. Abaixo
correspondentes em imagens de poço (linha inferior). ........................................................ 35
Figura 37: Perfil FMI normalizado, perfil dipmeter e perfil FMI mostrando variação de cores e
sua relação condutividade resistividade ............................................................................... 35
Figura 38: Mapa mostrando a localização dos poços, as estruturas e falhas na campo West
Mara, Venezuela. ................................................................................................................. 36
Figura 39: Morfologia dos planos de fraturas. ...................................................................... 37
vii
Figura 40 (a): Fraturas reforçada por efeito de dissolução (A). Figura 40 (b): Estilolitos e
‘tenshion gashes’ em A. ....................................................................................................... 38
Figura 41 (a): Sequência laminada mergulhando para SE. Figura 41 (b): Dolomitização. (c):
Fratura Induzida em A e uma pequena falha em B. ............................................................ 39
Figura 42 (a): As fraturas abertas (A) e fraturas reforçada por dissolução (B). Figura 43 (b):
Formação de estilolitos. ...................................................................................................... 39
Figura 43: Imagem dinâmica e estática mostrando efeitos de bioturbação. ......................... 40
Figura 44: Perfil de Imagem mostrando padrão difuso de cores no sedimento, com uma
tendência verticalizada (Bioturbação). ................................................................................. 41
Figura 45: Afloramento mostrando como se formam marcas de raizes. ............................... 41
Figura 46: Estruturas causadas por raizes. .......................................................................... 42
Figura 47: Indicação de locais com brecha. ......................................................................... 42
Figura 48: Correlação de concreção calcária no arenito em afloramento e em perfil de
imagem resistiva. ................................................................................................................. 43
Figura 49: Perfil de Imagem mostrando possível concreção. Observar forma concêntrica na
imagem. ............................................................................................................................... 43
Figura 50: Perfil de imagem mostrando forma arredondada de fragmentos, em
conglomerados. ................................................................................................................... 44
Figura 51: Ripples em arenito, visto em perfil de imagem resistiva.. .................................... 45
Figura 52: Estratificação cruzada tabular em grande escala, antigas dunas.. ..................... 45
Figura 53: Estratificação cruzada observada em perfil de imagem resistiva. ....................... 46
Figura 54: Estratificaçã o cruzada com a direção e mergulho. Imagem resistiva OBMI. ...... 46
Figura 55: Perfil de imagem resistiva de arenito fluvial, representação em 3D do poço. A
direita diagrama de rosa mostrando o fluxo da paleocorrente para W. ................................ 40
Figura 56: Acamamento contorcido ( deformado) em afloramento. ...................................... 47
Figura 57: Acamamento deformado visto em perfil de imagem. ........................................... 40
Figura 58: Turbidito visto em perfil de imagem resistiva. ...................................................... 49
Figura 59: Texturas carbonáticas em perfis de imagem resistivo. ........................................ 50
Figura 60: Restos fósseis na proximidade de um recife. ...................................................... 51
Figura 61: Textura recifal em perfis de imagens. ................................................................. 51
Figura 62: Perfil de imagem mostrando feição de fluxo de detritos, em rocha carbonática. . 52
Figura 63: Perfil de imagem mostrando estruturas típicas de ambientes cársticos. ............. 53
Figura 64: Dissolução cárstica. ............................................................................................ 53
Figura 65: Estilolito em perfil de imagem resistiva. .............................................................. 54
Figura 66: Bloco diagrama mostrando a correlação estratigráfica a partir da integração de
dados de afloramentos (Log 1 e Log 2), Gr e dos perfis de imagens FMS (Piracés-1) e FMI
(Piracés-2). .......................................................................................................................... 56
viii
Figura 67: Painel de correlção de sub superfície. Observar o GR e os perfis de imagens
FMS e FMI.. ......................................................................................................................... 57
Figura 68: Na sequência Gama Ray, perfil FMS normalizado, perfil dipmeter e perfil FMS
mostrando a variação de cores do branco ao marrom escuro. ............................................. 58
Figura 69: Intervalo B da figura 67, mostrado as variações dos mergulhos, interpretado como
de estratificação cruzada. .................................................................................................... 59
Figura 70: Perfil GR, perfil FMI normalizado, profundidade (em metros), perfil com mergulhos
e perfil FMI destacando os intervalos B e C. ....................................................................... 60
Figura 71: Intervalos B e C da figura 17. Em B, detalhe da parte superior: padrão de cor
difusa indica bioturbação. (C) Detalhe com pequenos megaripples: 10-20 cm de arenito
grosseiro (laranja mais claro) e finas camadas de siltito (mais escuro. ................................ 60
Figura 72: Imagem dinâmica e imagem estática FMI. .......................................................... 61
Figura 73: Afloramento de crevasse delta correlacionado com a parte de granulação fina no
intervalo D, da figura 66 do poço Pirace’s1. ......................................................................... 62
Figura 74: Perfil de imagem FMS, mostrando crevase delta e laminação, em camadas finas
de siltito alternadas com arenitos. ........................................................................................ 62
Figura 75: Afloramento de crevasse splay. .......................................................................... 63
Figura 76: Perfil de imagem resistiva FMS do poço Parecis -1 mostrando crevasse splay. . 63
Figura 77: Representação esquemática do modelo de deposição de águas profundas para
um sistema submarino de lama rica (modificado após Reading & Richards, 1994). ............ 65
Figura 78: Perfil de imagem estática, indice de heterogeneidade e fácies texturais na última
pista . ................................................................................................................................... 66
Figura 79: Caracterização litológica de camadas delgadas usando perfil de fácies iCore*. O
perfil iCore* e testemunho são fortemente concordantes uns com os outros. ................... 66
Figura 80: Testemunho e imagens resistivas. ..................................................................... 67
Figura 81: Integração de testemunho com perfil de imagem estática, dinâmica, índice de
heterogeneidade e integração de fácies. ............................................................................. 68
Figura 82: Esquema mostrando trajeto da corrente elétrica dentro da formação. ................ 69
Figura 83: Figura relacionando índice de cor nos perfis de imagens resistivos com o
tamanho dos grãos na parede do poço. ............................................................................... 69
Figura 84: Variações de tamanho de grãos e índice classificação crescente da esquerda
para a direita, que representam valores relativos, mas podem ser convertidos em escalas
quantitativas quando correlacionados com outros dados básicos.. ...................................... 70
Figura 85: Gama gay, perfil de Imagem, Mapa Textural, A última faixa mostra registro
convencional da permeabilidade do. Observar os triângulos laranja na ultima pista. ........... 70
Figura 86: GR, Perfil de imagem resistiva, mapa de heterogeneidade textural, mineralógico
e na ultima faixa a permeabilidade obtida pelo perfil de imagem e testemunho. .................. 71
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1: Exemplo de tabulações com novos dados. Tabulação detalhada dos dados
Dipmeter Microlaterolog Contínua reproduzida a partir de De Chambrier. ............................. 4
Tabela 2: Ferramentas de obtenção de imagens de poço, seus princípios e fabricantes. ...... 8
Tabela 3: comparação entre diferentes ferramentas de imagens elétricas e sua cobertura de
poço. .................................................................................................................................... 17
Tabela 4: Segmentos estruturais definidos para o poço 8H obtidos através de perfis de
imagem (Fonte Antunes et al, 2oo3). ................................................................................... 35
Sumário 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 Apresentação ........................................................................................................................ 1
1.2 Objetivo .................................................................................................................................. 1
1.3 Metodologia ........................................................................................................................... 2
2. HISTÓRICO ................................................................................................................................. 2
x
3. PERFIS DE IMAGEM ................................................................................................................ 8
3.1 Perfis de Imagens Resistivas ............................................................................................ 9
3.2 Perfis de Imagens Acústicas ............................................................................................. 13
3.3 Ferramentas ........................................................................................................................ 16
3.3.1 SHDT (Stratigraphic High Resolution Dipmeter Tool) ................................... 16
3.3.2 FMS (Formation Micro Scanner) ....................................................................... 17
3.3.3 FMI (Formation Micro Imager) ........................................................................... 17
3.3.4 OMI (Oil Mud Imager) ......................................................................................... 17
3.3.5 UBI (Ultrasonic Borehole Imager) ..................................................................... 18
4. APLICAÇÕES DOS PERFIS IMAGEM ................................................................................. 19
4.1 Análises de estruturas ....................................................................................................... 20
4.1.1 Determinação do azimute .................................................................................. 20
4.1.2 Distinção entre fraturas naturais e fraturas induzidas ................................... 22
4.1.3 Breakouts e fraturas induzidas .......................................................................... 27
4.1.3 Fraturas abertas e fechadas .............................................................................. 29
4.1.4 Caracterização de trends de falhas e fraturas ................................................ 31
4.1.5 Carbonatos fraturados ........................................................................................ 35
4.2 Características Deposicionais .......................................................................................... 40
4.2.1 Feições Deposicionais Siliciclásticas ............................................................... 40
4.2.2 Feições Deposicionais Carbonáticas ............................................................... 49
4.3 Perfis de Imagem na interpretação de fácies de ambientes deposicionais .............. 54
4.3.1 Perfis de Imagens na interpretação de fácies na Bacia de Ebro, na
Espanha ............................................................................................................................... 55
4.3.2 Perfis de Imagem na análise de sistemas de turbiditos de águas profundas,
na bacia de Krishna-Godavari, costa leste da Índia ..................................................... 64
4.4 Estimativas de porosidade ................................................................................................ 68
5. CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 72
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 73
xi
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
As Ferramentas de obtenção dos Perfis de Imagens Acústicas e Resistivas
foram desenvolvidas inicialmente para proporcionar estimativas mais precisas do
mergulho estrutural em poços. Elas são uma progressão natural das ferramentas
conhecidas como “dipmeter” (perfis de mergulho). O seu desenvolvimento permitiu a
interpretação de estruturas sedimentares e posteriormente características
estratigráficas e estruturais.
Os perfis de imagem veem cada vez mais sendo utilizadas na delimitação de
características de reservatórios, através da interpretação de heterogeneidades
produzidas por processos sedimentares, estruturais e/ou diagenéticos, pois
proporcionam dados de alta resolução que aumentam em muito a capacidade de
compreensão das características e atributos das rochas reservatório. É uma
alternativa muito mais barata do que por meio da amostragem de testemunhos,
embora estes ainda sejam a melhor forma de caracterizar os reservatórios. Ainda
assim, é possível extrapolar espacialmente para além da parede do poço
informações obtidas pelos perfis de imagens, através da correlação de poços.
1.2 Objetivo
Apresentar inicialmente as ferramentas utilizadas na obtenção de imagens
elétricas de poço, assim como sua evolução dentro da indústria do petróleo.
Definindo seus princípios básicos, aplicações e limitações. Posteriormente, as
principais aplicações práticas destes perfis, e dessa forma contribuir para uma
melhor caracterização de reservatório.
Na comunidade acadêmica, ampliar e difundir o conhecimento acerca dos
perfis de imagens seja resistivo ou acústico. Pois no contexto atual, com a crescente
demanda por hidrocarbonetos esses perfis representam cada vez mais, uma
importante ferramenta na prospecção de petróleo.
2
1.3 Metodologia
A presente monografia foi elaborada através de levantamento bibliográfico,
principalmente a artigos e a sites referentes ao tema proposto, de forma sistemática.
Inicialmente, foi abordado todo o histórico do desenvolvimento dos perfis de
imagens resistivas e acústicas. Posteriormente, as principais aplicações práticas
voltadas para a indústria do petróleo, como descrição e interpretação de perfis de
imagem acústica e resistiva voltados para rochas carbonáticas e siliciclásticas, que
constituem os principais reservatórios de hidrocarbonetos.
2. HISTÓRICO
As ferramentas dipmeter tradicionais podem ser consideradas como as
percussoras das ferramentas de imagem elétrica de poço, que nasceram destas em
meados da década de 80. Foi uma evolução lenta, que remonta a década de 30,
quando os irmãos Schlumberger inventaram o termo ‘Electric Coring ' para descrever
as medidas petrofísicas adquiridas por sondas elétricas em poços. A figura 1-a
mostra " The electromagnetic teleclinometer and dipmeter”, a primeira descrição de
uma ferramenta dipmeter, medindo a inclinação e o azimute de um poço (figura 1-b).
O marco histórico seguinte no desenvolvimento de ferramentas dipmeter ocorre no
início dos anos 1940, com o desenvolvimento de registos dipmeter compostos por
três medições SP equi - espaçados em torno do poço (Doll 1943 apud Prosser e
Bourke, 2014).
O dipmeter é descrito por Schlumberger et al. (1933) como "um pólo
para o envio de corrente para a terra, e eletrodos de medição . Estes
últimos permitem a medição de superfícies equipotenciais, induzida
pela passagem de corrente, a partir do qual pode-se deduzir a
direção do mergulho das camadas" ... As interseções da direção e
azimute das superfícies equipotenciais com o poço foram usados
para determinar o azimute do mergulho das formações, mas os
autores apontam que ... "Quanto ao valor absoluto do mergulho, é
dado pelos testemunhos recuperados no poço". [...] ( Prosser e
Bourke 2014).
3
Figura 1 (a): Ilustração de " The electromagnetic teleclinometer and dipmeter”. Figura
1 (b): Exemplo de novos dados dipmeter. Stick-plot mostra estilo de mergulhos
aparentes em um corte geológico transversal.
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
No inicio dos anos 1950, as ferramentas dipmeter estavam utilizando dados
adquiridos com três curvas de resistividade de muito maior resolução: Dipimeter
Microlog Contínuo, segundo De Chambrier (1953 apud Prosser e Bourke, 2014), e
posteriormente patins Microlaterolog (Bricaud e Poupon, 1959, Figura 2).
Figura 2: (Esquerda) Ilustração do dipmeter microlaterolog de 3-braços. (Direita) Um
dos primeiros microlaterolog dipmeter com três-braços.
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
4
Grande parte dos dados deste período foram ainda apresentados como
simples tabulações de profundidade, exemplos dos quais são mostrados na tabela 1.
Tabela 1: Exemplos de tabulações com novos dados. Tabulação detalhada dos
dados Dipmeter Microlaterolog Contínua.
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
No inicio do anos 60, o desenvolvimento do dipmeter de alta resolução HDT,
descrito por Allaud et al. (1960 apud Prosser e Bourke, 2014), através da fita
magnética de armazenamento de mídia (Moran et al. 1962), mudou a aquisição e
correlação de dados, baseado nas compensações das curvas de resistividade. Esta
ferramenta foi de muitas maneiras a precursora da base de dispositivos de imagem
de resistividade de poço, comuns hoje em dia, compreendendo quatro braços
carregando eletrodos com uma resolução de pequena escala. Como apenas três
pontos são necessários para calcular um mergulho em um poço, no braço extra um
velocímetro foi adicionado para ajudar a corrigir as variações de velocidade da
ferramenta.
O final dos anos 60, também testemunhou a primeira incursão a aquisição de
imagens do poço completa usando princípios de medição acústica, com um
“televiewer” acústico desenvolvido pela Mobil (Zemanek et al. 1968 apud Prosser e
Bourke, 2014). As unidades iniciais foram construídas e utilizadas pela Mobil (Fig. 3)
com ‘displays’ sendo vistos em monitores de TV. Imagens baseadas em ' Câmeras
5
de TV' foram utilizadas pela primeira vez durante o final dos anos 1950 pela Shell
(Briggs 1964 apud Prosser, et al 2014), e estas ferramentas desenvolvidas para as
câmeras down-hole de vídeo, comuns hoje em dia. Sistemas de câmera fotográfica
para perfuração já estavam sendo implantados antes deste tempo, como parte das
pesquisas photoclinometer. Dempsey e Hickey de Birdwell desenvolveram uma
câmera de alta resolução, de 16 mm no fundo de um poço em 1958.
Figura 3: Imagem de poço (direita) e BHTV (esquerda) mostrando fratura vertical
induzida, Zemanek et al. de 1969.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Os idealizadores das ferramentas tinham dificuldades em processar grande
volume de dados durante os anos de 60. Nos quarenta anos seguintes, o tratamento
desses dados evoluiu a partir de minicomputadores, o DEC PDP 11s no final dos
anos sessenta, e o Vax 11s no final dos anos setenta, eram comumente usados
para processamento dos dados das ferramentas dipmeter e nas primeiras imagens
de poço até meados de 1980, quando softwares de processamento e interpretação
começaram a serem implementados nas estações de trabalho Sun and Silicon
Graphics. Estes sistemas de estação de trabalho desenvolveram-se rapidamente
através dos anos 90 para soluções baseadas em software interativo que são
amplamente usados nos PCs de hoje.
6
Perfis de Imagem modernos podem adquirir centenas de dados de pontos por
nível, em incrementos verticais amostrados de 3 mm a um decímetro dependendo
do tipo de imagem e transporte. Não surpreendentemente, após o advento dos
computadores na década de 1960, 1970 e 1980 viu-se o desenvolvimento de muitos
dos algoritmos de cálculo automático de mergulho que ainda estão em uso hoje.
O desenvolvimento do dipmeter após a duplicação da capacidade do eletrodo
do dispositivo gerou o primeiro dipmeter de alta resolução (SHDT) em 1983.
Acompanhando o desenvolvimento dipmeter de alta resolução, o desenvolvimento
do acelerômetro triaxial de estado sólido e cartucho magnetômetro formaram o
projeto para dispositivos de imagem moderna. Em 1986, a primeira ferramenta
moderna de imagem resistiva, Formation Micro-Scanner (FMS), foi desenvolvida
pela Schlumberger.
Figura 4: Exemplo de um perfil FMS de 2-patins. Duas passagens separadas de
dados são recobertos no perfil, a ferramenta foi rotacionada em 90 graus,
aumentando ligeiramente a cobertura.
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
Posteriormente, Schlumberger desenvolveu a ferramenta FMS com 16
eletrodos em todos os quatro patins, e depois acrescentou a capacidade do eletrodo
para 24 botões por bloco. A adição de quatro flaps adicionais, que também
carregavam eletrodos, resultou no desenvolvimento da ferramenta FMI.
7
O desenvolvimento de imagens de alta resolução na década de 80 resultou
no primeiro dispositivo de imagem acústica (CBIL), pela Western Atlas (Faraguna et
al. 1989). Essas ferramentas utilizam um transdutor de rotação para acionar um
pulso acústico na parede do poço, com o tempo de amplitude e de trânsito do sinal
retornando, sendo utilizado para a construção de imagens de alta resolução
circunferêncial. Exemplos de alta resolução de resistividade e imagens acústicas são
ilustrados na Figura 5.
Figura 5: Exemplos de modernas ferramentas de alta resolução de imagem. (a)
Imagem Resistiva do FMI (Schlumberger). (b) Imagem Resistiva STAR (Baker Atlas).
(c). Imagem Acústica CBIL (Baker Atlas).
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
Inicialmente, os perfis dipmeter e posteriormente os perfis de imagem eram
corridos somente com fluidos de perfuração a base de água. Na década de 1980
dipmeters passaram a ser corridos também em lama a base de óleo. No entanto,
somente a partir da última década que as primeiras ferramentas de imagem para
poços perfurados com fluido a base de óleo começaram a aparecer no mercado,
com o desenvolvimento do dispositivo OBMI da Schlumbergers (Cheung et al. 2001).
Desde então, rapidamente outros dispositivos de outras empresas foram sendo
desenvolvidos.
8
Figura 6: Linha do tempo esquemática para o desenvolvimento e interpretação de
imagem de poço.
Fonte: Prosser e Bourke, 2014.
3. PERFIS DE IMAGEM
A crescente demanda por hidrocarbonetos faz necessário o desenvolvimento
e domínio de técnicas que ajudem na delineação de características de reservatórios
(Taha, M., 2011) através de ferramentas cada vez mais refinadas. Os perfis de
imagem, representam esses tipos de ferramentas, sendo possível obter dados
estruturais, sedimentares e estratigráficos.
As análises detalhadas das estruturas existentes nos reservatórios
petrolíferos (falhas, fraturas, estratificações, etc.) visando aumentar a produção
através de diferentes técnicas, entre elas a interpretação dos perfis de imagem, é de
suma importância nesse contexto, uma vez que a porosidade e a permeabilidade
são usualmente influenciadas por estruturas em diferentes escalas (Harvey, N.,
2010), seja em rochas carbonáticas ou em rochas siliciclásticas. Sendo de vital
interesse da indústria, uma vez que no Brasil, muitos campos petrolíferos já estão
maduros, como é o caso da Bacia do Recôncavo, ou são bastante complexos e
heterogêneos como os reservatórios do pré-sal.
Os perfis de imagens são representações da imagem do poço obtidas por
ferramentas de perfilagem que promovem uma varredura na sua parede. A
resolução e a cobertura ira depender da ferramenta e do método utilizado, ja que
existe uma variedade de ferramentas de distintas empresas de perfilagem.
Imagens de alta resolução de poço podem ser usadas para identificar uma
variedade de atributos geológicos, tais como mergulhos estruturais, falhas e fraturas.
9
Estas imagens também podem fornecer informações sobre a condição do stress, e
mecânica das rochas ao redor do poço e auxiliar na determinação da porosidade.
3.1 Perfis de Imagens Resistivas
As ferramentas de imagens resistivas resultaram da evolução das
ferramentas de mergulho, por isso, fornece todas as informações do dipmeter.
Realizando o mapeamento da resistividade da parede do poço através de um
expressivo numero de eletrodos (podem chegar a 192), distribuídos em 4 ou 6 patins
(Fig.7), com uma resolução de 0,2 polegadas.
As medições de intensidade de corrente, que refletem as variações de micro-
resistividade, são convertidas em imagens, com cores de intensidade variável. O
preto indica a menor micro-resistividade e o branco indica a maior micro-
resistividade. Outros valores de micro-resistividade são apresentados, usando várias
codificações de cores, permitindo a visualização de feições geológicas na parede do
poço.
As variações de microresistividade podem ser causadas por
heterogeneidades litológicas, composicionais, texturais e estruturais. A natureza do
fluido na zona lavada e as condições mecânicas também influenciam na leitura.
A aquisição é efetuada através de uma amostragem temporal fixa, na qual os
sinais obtidos são então deslocados verticalmente para obter-se uma sincronização
vertical das profundidades. A razão de amostragem é de 120 amostras por pé, no
poço.
Para garantir que o valor do deslocamento seja o correto (visto que a
elasticidade do cabo e as forças de fricção atuando nos patins aliado ao peso da
ferramenta tornam a velocidade de perfilagem inconstante e intermitente), é preciso
calcular a velocidade instantânea da ferramenta utilizando-se um acelerômetro de 3
eixos incorporado à ferramenta. Um magnetômetro e um inclinômetro são também
partes integrantes, sendo responsáveis pela correta medida das direções e das
inclinações de camadas, fraturas, etc.
10
Figura 7: Esquema da ferramenta de perfis de imagem resistiva mostrando detalhe
do patim com a distribuição dos eletrodos.
Fonte: Universidade Petrobras, 2013.
Inicialmente os perfis de imagem resistiva eram corridos apenas com fluidos
de perfuração a base de água, porém esta limitação foi superada por uma nova
geração de ferramentas (Fig. 8), que correm com fluidos a base de óleo. Graças as
adaptações das ferramentas de segunda geração, substituindo botões que mediam
a micro-resistividade por lâminas em miniatura “scratcher springloaded”, que fazem
contato elétrico com a formação cortando as camadas não condutivas (reboco) na
parede do poço.
Essa tecnologia gera informações precisas e minimiza problemas comumente
associados com irregularidades na geometria do poço como desmoronamentos e
formação de reboco, por exemplo.
Figura 8: Articulador de seis braços. Ferramenta EARTH Imager.
Fonte: Pavlivic, M. et al, 2002.
11
Um conjunto de patins submetido a um potencial relativo constante (V) em
relação a um eletrodo de retorno (eletrodo superior) colocado mais acima no poço,
com número variável de botões que medem as variações locais de resistividade (R)
em frente aos botões através da medição da distribuição da intensidade de corrente
(I) medida nos botões (Fig.9).
As Imagens são apresentadas em faixas paralelas cobrindo o perímetro do
poço, representado em 2D na figura seguinte (Fig. 10), sendo que a cobertura lateral
varia com o diâmetro do poço.
Figura 9: Elementos básicos de uma ferramenta de perfilagem de Imagem Elétrica
de Poço.
Fonte: Doherty, L. 2008
.
Eletrodo superior
Corrente
Eletrodos inferiores
Isolador
12
Figura 10: Exemplo de perfil de imagem resistiva, da EARTH Imager.
Fonte: Pavlivic, M. et al, 2002.
O processamento das imagens é feito em estações de trabalho
(Workstations). A sequência para gerar as imagens dos perfis de Imagem é: Data
(dado bruto de campo), Load, Boreid (correção de profundidade entre os patins),
Borscale (ajuste a uma curva de resistividade), Bornor (geração da imagem estática
e dinâmica), Bordip (qualidade dos dados de mergulho), Borview (demais
tratamentos) e Data Save.
As Imagens Estáticas são utilizadas para observar toda a imagem do intervalo
perfilado através de 128 cores que serão distribuídas em histogramas por valores de
resistividade. Serve para verificar grandes contrastes, presença de fluidos e uma
ideia da transmissibilidade da rocha. Já as Imagens Dinâmicas, que também utilizam
as 128 cores em uma janela de tratamento de 20 cm do intervalo perfilado,
ressaltando dessa forma a distribuição das cores (Fig. 11).
13
Figura 11: Da direita para esquerda: comparação entre imagem adquirida, imagem
estática e imagem dinâmica.
Fonte: Universidade Petrobras, 2013.
3.2 Perfis de Imagens Acústicas
Os perfis de Imagens Acústicas são uma alternativa aos perfis de imagens
resistivas por independer do fluido de perfuração, sendo corrida em fluidos de
perfuração a base de óleo. Fornece imagem de toda a circunferência do poço, com
um espectro de cores padrão de 256 tonalidades.
Estas ferramentas utilizam um pulso acústico para obter a imagem da forma
da parede do poço. Na geração das imagens, as ferramentas operam com a rotação
de transdutores ultra-sônico, para produzir o tempo de trânsito (TT) e a amplitude
(AMP) do sinal. Esse transdutor giratório emite e recebe os pulsos ultra-sônicos
refletidos na parede do poço, gerando dois distintos perfis de imagem.
A sonda inclui um subconjunto transdutor de rotação, que está disponível em
diferentes tamanhos para para atender a todos os diametros de pocos perfurados. O
sentido de rotação do subconjunto controla a orientação do transdutor, para a
esquerda para o modo de medição padrão (transdutor de frente para a parede da
perfuração) e no sentido horário para ligar o transdutor 180 ° no seu subconjunto
14
(transdutor de frente uma placa de reflexão no interior da ferramenta) para medir
propriedades do fluido (fig. 12).
Figura 12: Esquema mostrando o transdutor e o eixo de rotação em relação a
parede do poço, e o centralizador na ferramenta UBI.
Fonte: Doherty, L., 2008.
O transdutor funciona no modo pulso-eco. Como transmissor ele emite o
pulso ultrassônico que viaja pelo fluido de perfuração até atingir a parede do poço,
onde parte da energia é refletida de volta, retorna pelo fluido e é registrada pelo
transdutor. Pulsos múltiplos são disparados em posições azimutais igualmente
espaçadas ao longo da parede do poço (Fig.13). A razão de amostragem é de 60
amostras por pé.
15
Figura 13: Esquema mostrando o transdutor rotacionando 360° e emitindo pulsos na
parede do poço.
Fonte: Adaptado de Pavlovic & Castillo, 2004; Baker Hughes.
Figura 14: Esquema comparando as formas que os métodos acústico e resistivo operam
dentro do poço.
Fonte: TETZLAFF, 2000.
Os dados da ferramenta UBI, por exemplo, são processados tanto nos
softwares de unidades de superfície Maxis, como nos Data Services Centers,
corrigindo as variações no registro do tempo de transito e amplitude, aplicando
assim a filtragem dos ruídos. Os tempos de trânsito são convertidos em informação
do raio do poço utilizando a velocidade do sinal ultrasonico no fluido, medido pelo
instrumento.
Impedância
acústica do fluido
de perfuração =ρ1.V1
Impedância
acúsitca da
formação=
ρ2.V2
16
As imagens são orientadas pela combinação da inclinometria com dados
GPIT (“General Purpose Inclinometry Tool”), em seguida, reforçada pela
normalização dinâmica e exibida como uma imagem para a interpretação visual.
Dados de imagem de amplitude e raio podem ser carregados em uma estação de
trabalho para análise e interpretação geológica (Doherty, 2008).
Atualmente, imagens obtidas por princípios ópticos, elétricos, acústicos e
nucleares podem ser fornecidas por praticamente todos os fabricantes. Apesar da
longa historia dos registros dipmeter e das imagens de poço, os maiores avanços
ocorreram nos ultimos vinte anos (fig. 6), porém, tendo acrescentado pouco nas
técnicas de interpretação, que foram desenvolvidas antes da década de 90.
Tabela 2: Ferramentas de obtenção de imagens de poço, seus princípios e fabricantes.
AST Acoustic Scanning Tool Acoustic Reeves
CAST Circumferential Acoustic Scanning Tool Acoustic Haliburton
CBIL Ferramenta de imagem circunferencial de Poços
Acoustic Baker Hughes
Earth Imager terra Imager Resistivity Baker Hughes
EMI Microimager elétrica Resistivity Haliburton
FMI Microimager formação Resistivity Schlumberger
FMS Formação MicroScanner Resistivity Schlumberger
HDT Ferramenta Dipmeter Alta Resolução Dipmeter Schlumberger
HexDip Dipmeter hexagonal Dipmeter Baker Hughes
MBD Multi-Button Dipmeter Dipmeter Reeves
OBDT Oil Based Mud Dimeter Tool Dipmeter Schlumberger
OBMI Oil Based Mud Imager Resistivity Schlumberger
RAB Resistivity At Bit Tool Resistivity Schlumberger
SED Six-Arm Dipmeter Dipmeter Haliburton
SHDT Stratigraphic High Resolution Dipmeter Tool Dipmeter Schlumberger
STAR Simultaneous Acoustic and Resistivity Combined Baker Hughes
UBI Ultrasonic Borehole Imager Acoustic Schlumberger
Fonte: http://www.taskgeoscience.co.uk/imageTools.asp
3.3 Ferramentas
3.3.1 SHDT (Stratigraphic High Resolution Dipmeter Tool)
Primeiro dipmeter de alta resolução, de 1983 (Schlumberger), com 4 braços,
dois dos quais compostos por patins transportando 27 eletrodos cada, e dois
17
eletrodos dipmeter SHDT. A principal característica desta ferramenta é o desenho da
pastilha, composto por dois botões adjacentes. Isso permite automaticamente os
mais complexos cálculos de mergulho em algumas simples imagens.
3.3.2 FMS (Formation Micro Scanner)
O FMS mede a resistividade dos minerais na parede do poço. Esses perfis
podem ser usados para interpretar o estado de tensão em profundidade e investigar
quais as fraturas estão transmitindo fluidos no reservatório.
3.3.3 FMI (Formation Micro Imager)
Perfis de Imagens Elétricas de alta resolução como o FMI (5 mm de resolução
vertical) podem identificar fraturas e outras características, dependendo do contraste
de resistividade da rocha.
Imagens elétricas de alta resolução são obtidas através da ferramenta FMI,
pela varredura da parede do poço, através do arranjo de pequenos eletrodos (192)
pressionados contra a superfície do poço. Estes botões examinam pequenos
incrementos verticais sucessivos da formação (cada 0,1 pol). As imagens possuem
uma cobertura de poço de 80% num diâmetro de 8,5 pol.
Tabela 3: Comparação entre diferentes ferramentas de imagens elétricas e sua
cobertura da parte interna do poço.
Ferramenta Cobertura de poço Diâmetro FMI (Formation MicroImager) 80% 8,5 pol.
FMS (Formation MicroScanner) 40% 8,5 pol.
SHDT (Stratigraphic High Resolution Dipmeter Tool)
3% 8,5 pol.
Fonte: dados de TAHA, M. 2011.
3.3.4 OMI (Oil Mud Imager)
A ferramenta OMI é um avanço nos perfis de imagens resistivos, pois com ele
é possível obter perfis resistivos em poços perfurados com fluidos de perfuração a
base de óleo. Essa ferramenta possui seis braços que articulam de forma
independente o caliper em dois planos para manter os patins contra a parede do
18
poço. Cada um dos patins contém 10 faces de eletrodos em lâminas projetadas
para cortar o reboco e manter contato com a formação (Fig. 15). As medições em
alta velocidade permitem que cada patins obtenha medições precisas da
resistividade da formação, oferecendo qualidade próxima na resolução dos Perfis de
Imagem obtidos em lama à base de água.
O pacote de navegação integrado, posicionado próximo aos “patins”, permite
que precisas medidas sejam obtidas, através das imagens, para uma análise
estrutural e sedimentar.
Essa ferramenta permite a visualização de estruturas, identificando a
orientação de falhas e fraturas, determinando mergulhos estruturais, estratificações
cruzadas e relações de finas camadas de areia. Também permite análises precisas
de fácies e inferir estimativas de porosidade e permeabilidade secundaria.
Figura 15: Esquema da ferramenta OMI da Weatherford.
Fonte: Weatherford, 2010.
3.3.5 UBI (Ultrasonic Borehole Imager)
A ferramenta UBI (Fig 16) foi desenvolvida a partir do gerador de imagens
ultra sónico (USI). Sendo adequado para utilização em poço aberto. A ferramenta
UBI tem um transdutor rotativo que emite pulsos ultra-sônicos e recebe retornando
ecos da parede da perfuração. Tempo de trânsito nos dois sentidos e amplitude do
eco pode ser obtido e, com uma alta taxa de amostragem, as imagens do poço
podem ser processadas usando o tempo de transito ou amplitude.
Seção eletrônica
superior
Pacote
eletrônico
inferior
Pacote
integrado de
navegação
Braços do caliper
articulados
independente
Pastilhas
OMI
19
4. APLICAÇÕES DOS PERFIS IMAGEM
Os Perfis de Imagem têm desempenhado um papel fundamental na
modelagem e desenvolvimento de reservatórios em vários lugares do mundo. A
análise detalhada das estruturas tectônicas, estratigráficas e diagenéticas, visando
aumentar a produção através de diferentes técnicas, possui uma grande importância
econômica, uma vez que a porosidade e a permeabilidade dos reservatórios são
usualmente influenciadas por estruturas em diferentes escalas. São utilizados para
isso propriedades físicas como resistividade elétrica e impedância acústica para
gerar imagens da parede do poço.
Os perfis de imagem resistivas possuem maior resolução vertical do que os
perfis de imagem acústicas, devido ao maior numero de amostragens por pé, o que
facilita na identificação de finas camadas. Em compensação os perfis de imagem
acústicos possuem um recobrimento total do poço, porem, são muito afetados pelas
condições de poço, como o peso da lama (concentração de sólidos).
As aplicações dos perfis de imagem resistivas são principalmente a definição
de acamamento, distinção entre fraturas abertas e fechadas, naturais e induzidas,
falhas, dobras e discordâncias angulares, geometria do poço, reconhecimento de
camadas finas e de truncamentos erosivos, determinação de paleocorrentes através
de estruturas de escorregamento e estratificações cruzadas, reconhecimento de
feições sedimentares diagenéticas e secundárias, ligadas principalmente a
dissolução e cimentação, tais como vugs, estilolitos, moldes, concreções e
superfícies de hard-ground. Outras feições ligadas á bioturbação e escape de fluidos
tambem podem ser reconhecidas.
Os perfis de imagens acústicos são usados na identificão de fraturas abertas
e distinção entre fraturas naturais e induzidas. São ainda bastante utilizados na
determinação da geometria do poço, alem de permiti a análise dos regimes de
tensões (stress) atuantes na perfuração. Identifica breakouts, “chavetas”,
desmoronamentos (washouts) e deslizamentos (shear slides). Importante na
previsão de estabilidade da perfuração em formações não consolidadas. A medição
do tempo de trnsito e da amplitude de uma onda na formação fornecem precisas
informações sobre o Caliper e de formação de reboco.
Fig. .....
20
A principal área de sobreposição entre estas ferramentas ocorre em fraturas e
análise de camadas finas. As técnicas para detectar fraturas ou limites de camadas
são diferentes e as imagens produzidas por cada uma das ferramentas podem ou
não serem similares. O intérprete deve saber quando e por que as imagens serão
semelhantes e as razões para quaisquer discrepâncias quando eles ocorrerem
(Akbar, M., et al, 1993).
4.1 Análises de estruturas
4.1.1 Determinação do azimute
As características sedimentares e estruturais intersectadas pelo poço, que
não sejam verticais ou horizontais, são expressas por uma elipse na parede desse
poço. Cada uma destas elipses reflete a magnitude do mergulho e azimute de certa
característica sedimentar ou evento estrutural (Figuras 16 e 17).
Figura 16: Exemplo de determinação do azimute.
Fonte: Schlumberger, 1999.
Ao apresentar as imagens do poço, na estação de trabalho, numa vista plana
(duas dimensões), as elipses transformam-se em ondas senoidais (Fig.17). Os
mergulhos interativos selecionados possuem a maior precisão possível, já que são
manualmente selecionadas das imagens, e podem ser verificadas e categorizadas
por tipo de acamamento e/ ou por feição com cores diferentes. A figura 18 mostra
21
como se apresentam as ondas senoidais em relação a magnitude do mergulho das
estruturas.
Figura 17: Feições planares elípticas dentro de um cilindro gerando num plano
ondas senoidal, determinando assim direção e mergulho.
Fonte: Taha, M. 2011.
Figura 18: Exemplo de determinação do azimute.
Fonte: Universidade Petrobras, 2013.
22
Os mergulhos estruturais, embora mais precisos nos perfis dipmeter e de
imagem resistivo, também podem ser estudados através dos perfis de imagem
acústicos. No entanto, os resultados são menos confiável em virtude de sua menor
resolução vertical.
As diferentes estruturas são representadas seguindo padrões de cores
específicos para cada uma. Exemplos: em verde (fig. 19) acamamentos, em azul
fratura. O símbolo representado por um traço e uma bola (preenchida pela cor da
estrutura que representa) são as formas de representar o azimute. O traço quando
esta acima da bola indica o norte, abaixo o sul, a esquerda o leste e a direita o
oeste. E a bola indica a magnitude do mergulho.
Figura 19: Legenda dos ted poles.
Fonte: Universidade Petrobras, 2013.
4.1.2 Distinção entre fraturas naturais e fraturas induzidas
Durante a perfuração, fraturas são produzidas devido ao stress gerado pela
combinação de diferentes campos de tensão, principalmente ao redor do poço com
a pressão da lama e efeitos térmicos. Podem estar associados a sistemas de
fraturas pré-existentes (fraturas naturais). Dependendo de sua aparência, as fraturas
23
naturais podem ser distinguidas das induzidas durante a perfuração (Figuras. 20 e
21), e qualificadas como características produtivas. O stress induzido por fraturas é
geralmente classificado pelo modo de origem, de cisalhamento e modos de tração
das falhas, breakout, etc. Fraturas naturais são admitidas como geradas por
tensões tectônicas. São mais comuns em rochas carbonáticas do que em arenitos e
tipicamente ocorrem em direções específicas que são ditadas pelas tensões
tectônicas regionais.
Figura 20: Esquema mostrando a as condições como se formam e se apresentam as
fraturas naturais e as induzidas na parede do poço.
Fonte: Doherty, L. 2008.
Figura 21: Representações de como as fraturas se apresentam na parede do poço.
Fonte: Universidade Petrobras, 2013.
24
Sistemas de fraturas ocorrem na maioria, senão em todos os reservatórios,
por isso, a sua grande importância na identificação através dos perfis de imagens. A
figura.22 mostra uma comparação entre um perfil de imagem acústico (esquerda),
com um perfil de imagem resistiva (direita). Notar maior resolução vertical da
imagem resistiva, onde observa-se mais feições na imagem, mesmo não possuindo
recobrimento total da parede do poço como a imagem acústica.
Figura 22: Fraturas vistas no perfil de imagem acústica e no perfil de imagem
resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Feições planares como fraturas naturais aparecem com um padrão senoidal
nas Imagens de Poço (Fig. 23). Na vertical, fraturas induzidas na perfuração não têm
um padrão senoidal (Figuras 24 e 25), mas podem ser distinguidas por sua
tendência vertical (axial) ao longo do furo (intervalo de 180 º), e no caso de poços
verticais, elas geralmente apresentam in-situ uma tendência regional na direção de
tensão máxima horizontal.
25
Figura 23: A: padrão de fratura natural (imagem resistiva). B: padrão de fratura
natural (imagem acústica). C: padrão de fratura induzida (na vertical) durante a
perfuração (imagem resistiva).
Fonte: Al-KATHIB, H., et al, 2009.
Na maioria dos casos, durante a perfuração, são desenvolvidas fraturas
induzidas na parede do poço e não se estendem para dentro da formação, enquanto
fraturas naturais vão além da parede do poço como parte do sistema de fraturas do
reservatório. Microfraturas podem existir na formação, mas são geralmente menores
do que a resolução das ferramentas de imagem poço. Diferentes tipos de fraturas
podem ser identificados por suas aparências nas imagens adquiridas: abertas,
parcialmente abertas, fechadas, fraturas naturais limitadas pela litologia e fraturas
induzidas por stress (Al-Khatib,H. et al, 2009).
Exemplos de perfis de imagens resistivas mostrando padrão de fraturas
induzidas na vertical (Fig. 24) e fraturas induzidas em echelon (Fig. 25).
26
Figura 24: Fratura induzida na vertical.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 25: Perfil de Imagem resistiva mostrando conjunto de fraturas induzidas em echelon.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Fraturas induzidas em
echelon
27
4.1.3 Breakouts e fraturas induzidas
O aumento do stress pode ser suficiente para provocar fraturas induzidas,
(notar a verticalidade das fraturas) e fragmentos de rocha podem causa
desmoronamentos desiguais em lados opostos do poço (Fig. 26). Estas ampliações
ovais são conhecidos como Breakouts. Exemplos de Breakouts e fraturas induzidas
são mostrados nas figura 27 (Imagem Resistiva) e 28 (Imagem Acústica).
Figura 26: Perfil acústico mostrando breakouts na parede de um poço.
Fonte: Schlumberger, 2002.
Figura 27: Em (a) e (b) Fratura induzida (DIF); em (c) fratura induzida e breakout.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Breakout
Breakout
Fratura induzida
28
Figura 28: Perfil de imagem acústico mostrando em (a) fratura natural e breakout, e
em (b) fraturas naturais.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Os breakouts geram ampliações ovais que podem ser identificadas pelos
perfis de caliper e pelos perfis de imagem (Fig. 29), evidenciando condições
atuantes no ambiente de perfilagem. Na figura 30, perfil de imagem acústico com
uma combinação de breakouts e fraturas naturais em um reservatório do Cretáceo,
no Oriente Médio.
Figura 29: Breakouts em perfis de imagem resistivos. Observar ampliação oval na
representação da forma do poço.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
29
Figura 30: O perfil UBI mostra uma combinação de breakouts e fraturas naturais em
um reservatório do Cretáceo no Oriente Médio.
Fonte: Akbar, M., et al, 1993.
4.1.3 Fraturas abertas e fechadas
Muitas vezes a comparação da imagem entre diferentes perfis podem
demostrar diferentes atributos de fraturas, permitindo a discriminação entre fraturas
abertas e fechadas, profundas e rasas e fraturas naturais e induzidas. Exemplo
prático com os perfis FMI, ARI e UBI (Fig. 31), corridos em fluidos de perfuração à
base de água apresentando diferentes atributos de fraturas.
30
Figura 31: Comparação entre os perfis FMI, ARI e UBI.
Fonte: Akbar, M., et al, 1993.
Na figura 32, perfil de imagem resistiva OBMI, mostrando nas imagens
resistivas estática e dinâmica, fratura aberta exposta cheia de lama resistiva (linha
azul na imagem dinâmica).
31
Figura 32: Perfil de imagem resistiva estático (esquerda) e dinâmico (direita),
mostrando uma fratura aberta.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
4.1.4 Caracterização de trends de falhas e fraturas
Imagens Elétricas de poço podem fornecer dados essenciais para a
compreensão de reservatórios. Estes dados incluem a detecção de fraturas (Fig.
33), a sua frequência, a orientação, morfologia, origem e atributos. Os resultados
podem ser utilizados para compreender os processos de fraturamentos e dessa
forma prever as localizações e orientações que novos poços deverão seguir para
uma melhor produção.
Acamamentos podem truncar planos de falha, podendo ocorrer justaposição
de fácies, muitas vezes acompanhado de falhas de arrasto, com fraturamento ou
brechação próximos. Os planos de falha tendem a possuir alto ângulo (Fig. 34).
32
Figura 33: Falha normal, direção NW mergulhando para W.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 34 (a): Exemplo de uma falha cimentada com calcita vista tanto no testemunho
quanto em um perfil de imagem resistivo. Figura 34 (b): Plano de falha vista em perfil de
imagem resistivo, observar mergulho elevado.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
A B
33
A compreensão dos mecanismos de produção de fraturas é um fator crucial
na modelagem e desenvolvimento de reservatórios clásticos e carbonáticos, onde a
abordagem tradicional de registro utilizando perfis de imagens de poço nem sempre
é conclusiva. Mesmo assim, a maioria das características, como fraturas e falhas,
podem ser identificadas em perfis de imagens com razoável confiança (Al-Khatib,H.
et al, 2009). Conhecendo a geometria do plano de falha (Fig. 35), onde se cruza o
poço permitindo projetar a falha fora do poço e prever o seu efeito em outros locais.
Para tal, se faz necessário, muitas vezes, a integração de dados obtidos por
outros métodos, como os de perfilagem convencionais e não-convencionais, e
principalmente testemunhos para modelagem e desenvolvimento de reservatórios.
Na figura 36, famílias de falhas em perfil e seus correspondentes nos perfis de
imagem.
Figura 35: Bloco diagrama mostrando como se forma uma falha normal (a
esquerda), no meio falha normal em afloramento, e a direita falha normal vista em
perfil de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
34
Figura 36: Familias de falhas: Os quatro principais tipos de falhas (linha superior)
podem ser diferenciados: Lístrica e rollover, normal, reversa e falhas de empurrão.
Abaixo correspondentes em imagens de poço (linha inferior).
Fonte: Akbar, M. et al,1993.
Na figura seguinte (Fig. 37), arranjo padrão de Perfis de Imagem. Da
esquerda para a direita: Perfil de Imagem dinamicamente normalizado com ondas
senoidais traçadas manualmente (linhas vermelhas) com áreas da parede do poço
não abrangidos pela ferramenta. A profundidade em metros, ao centro.
Posteriormente, representação dos ângulos de mergulho (pontos) e direção dip
(traços). As cores nas imagens representam a variação da resistividade da
formação. As cores variam entre o branco e o amarelo (arenito resistivo) ao marrom
e preto (folhelho condutor).
Figura 37: Perfil FMI normalizado, perfil dipmeter e perfil FMI mostrando variação de
cores e sua relação condutividade resistividade.
Fonte: Adaptado de M. E. Donselaar and J. M. Schmidt, 2005
35
Em artigo publicado por Antunes, et al (2003), foi empregada uma técnica de
análise detalhada de perfis de imagem, visando a caracterização da distribuição da
densidade, espaçamento e orientação do padrão de fraturamento ao longo de um
poço horizontal em reservatório petrolífero fraturado, localizado no Campo de Xaréu,
na Bacia do Ceará. Na tabela 4 são mostrados para cada intervalo de segmento do
poço 8H, no Campo de Xéreu: profundidade medida (PM) e verticalizada (PVR) em
metros; os intervalos de azimute; números de dados de So (acamamentos), fraturas
e de densidade média de fraturas por metro quadrado ρr.
Tabela 4: Segmentos estruturais definidos para o poço 8H obtidos através de perfis de
imagem. (Fonte: Antunes, et al (2003)).
Densidade de fraturas é definida como o número de fraturas por unidade de
comprimento, dentro de um intervalo de uma altura definida. Este valor deve ser
corrigido para a orientação de polarização criada pelas mudanças no ângulo de um
dos planos de fratura e do eixo de perfuração. Aumento anômalo de fraturas de
origem tectônica (fraturas naturais) em reservatórios podem estar associados a uma
falha. Outras variações na densidade de fratura têm sido atribuídas a mudanças na
litologia, porosidade ou argilosidade.
4.1.5 Carbonatos fraturados
Em carbonatos densamente fraturados, imagens de poço são ideais para
detectar e caracterizar fraturas. Estes dados incluem a detecção de fraturas,
determinando sua frequência, orientação, morfologia, origem e atributos. Estes
36
resultados podem ser utilizados para compreensão dos processos de fraturamento
no campo ajudando a prever os locais ideais e orientações para novos poços
(Acuna, et al 1997).
A interpretação de carbonatos fraturados em dois poços do Campo West
Mara, Acuna et al, através de Imagens elétricas do poço foram obtidas por uma
ferramenta FMI, contendo uma ampla amostragem dos tipos de fraturas e suas
características (Fig. 38). As imagens FMI foram analisadas em uma estação de
trabalho usando software Image Examiner GeoFrame. Diferentes características dos
processos de fratura no campo são deduzidas a partir desses resultados.
Figura 38: Mapa mostrando a localização dos poços, as estruturas e falhas no
campo West Mara, Venezuela.
Fonte: Acuna, et al. 1997.
As fraturas expostas invadidas pela lama foram identificadas pela cor preta.
Fraturas cimentadas puderam ter seus mergulhos medidos pela sua cor branca,
devido aos minerais de preenchimento serem geralmente mais resistente do que a
matriz circundante.
A morfologia dos planos de fratura pode ser definida pelas imagens de poço..
Quatro tipos de morfologia foram reconhecidos (Fig. 39): 1) fraturas abertas, 2)
fraturas deformadas, 3) fraturas cimentadas, e 4) fraturas vuggy. Fraturas
37
deformados podem se formar durante o processo de fraturamento ou um pouco
depois. O movimento ao longo de planos de fratura pode aumentar ou diminuir as
propriedades de fratura, dependendo da maleabilidade das rochas. Fraturas vuggy
se desenvolvem pela circulação de fluidos subterrâneos causando dissolução nas
fratura. Eles são normalmente associados com inconformidades e topografias
cársticas em carbonatos.
Figura 39: Morfologia dos planos de fraturas.
Fonte: Acuna, et al. 1997.
A figura 40 (a) mostra os efeitos de dissolução ao longo da parte superior de
carbonatos do Cretáceo. Fraturas expostas apresentando elevados ângulos de
mergulho, em A. Na figura 40 (b), estilólitos com tenshion gashes foram
desenvolvidos.
Fratura aberta
Fratura Parcialmente preenchida por minerais Fratura Preenchida por minerais Fratura vuggy
38
Figura 40 (a): Fraturas reforçadas por efeito de dissolução A (linha azul). Figura 40
(b): Estilolitos e tenshion gashes em A.
Fonte: Acuna, et al. 1997.
Na Figura 41 (a) a seção superior é bastante estratificada e apresenta uma
magnitude de mergulho de 10 ° para a SSE. Rochas carbonáticas são altamente
fossilíferas, e desenvolvem ‘vuggy’ e porosidade móldica por processos de
dissolução, que têm reforçada a qualidade de reservatório por abrir a comunicação
entre várias zonas porosas. Porosidade secundária criada por dolomitização
também aumentou a qualidade reservatório neste poço (Fig. 41 b). Um pequena
falha é vista em 6075 pés (Fig. 41 c).
Fraturas
Estilolitos
e tenshion
gashes
a
b
39
Figura 41 (a): Sequência laminada mergulhando para SE. Figura 41 (b):
Dolomitização. Figura 41 (c): Fratura Induzida em A e uma pequena falha em B.
Fonte: Acuna, et al. 1997.
As imagens abaixo ilustram diferentes tipos de fraturas. Fraturas cimentadas
e fraturas abertas foram reconhecidas em toda a seção do reservatório. As fraturas
foram reforçadas por dissolução e efeitos de perfuração ao longo várias zonas (Fig.
42 a). Estilolitos foram observados em vários zonas (Fig. 42 b).
Figura 42 (a): As fraturas abertas (A) e fraturas reforçadas por dissolução (B). Figura
42 (b): Formação de estilolitos.
Fonte: Acuna, et al. 1997.
a b c
a b
40
4.2 Características Deposicionais
4.2.1 Feições Deposicionais Siliciclásticas
Vários exemplos de imagens em perfis têm sido atribuídos a feições
deposicionais, mesmo que para isso seja necessário uma calibragem dos perfis com
testemunhos ou afloramentos. Alguns exemplos de perfis de imagem são
apresentados a seguir.
Estruturas sedimentares de origem biológica, características de ambientes
específicos perturbam a estrutura sedimentar primária, como a estratificação. Essas
estruturas podem ser identificadas através dos perfis de imagens (Figuras 43 e 44),
observar a textura da imagem muito caótica contendo cores claras e escuras sem
nenhum padrão. Na sequência, afloramento onde se pode observar a ação de raízes
sobre arenito estratificado (Fig. 45). Logo em seguida, perfil de imagem resistiva
mostrando efeito de marcas de raízes (Fig. 46).
Figura 43: Imagem dinâmica e imagem estática mostrando efeitos da bioturbação.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Imagem Dinâmica Imagem estática
41
Figura 44: Perfil de Imagem mostrando padrão difuso de cores no sedimento, com
uma tendência verticalizada (Bioturbação).
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 45: Afloramento mostrando como se formam as marcas de raízes.
Fonte: Mendes et al, 2012.
Bioturbação
42
Figura 46: Estruturas causadas por raízes.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Brecha é uma rocha formada por fragmentos centi a decimétricos, angulosos,
unidos através de um cimento natural. As brechas podem ter varias origens,
sedimentares ou estruturais. Conforme pode ser observado no exemplo a seguir
(Fig. 47). Ao lado, foto de uma foto de uma amostra de mão de brecha sedimentar.
Figura 47: Indicação dos locais com brecha.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Concreções são concentrações nodularers, através de acreção concêntrica,
de certos componentes minerais autigênicos em rochas sedimentares e tufos
vulcânicos, desenvolvida em torno de um núcleo. É mais dura que a rocha
43
hospedeira apresentando composições variáveis: calcária, sederítica, silicosa,
ferruginosa, etc. a figura 48 mostra um perfil de Imagem mostrando concreção
calcária em arenito, correlacionado a afloramento. É possível observar a forma
concêntrica na figura 49, onde foi interpretada como possível concreção.
Figura 48: Correlação de concreção calcária no arenito em afloramento e em perfil
de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 49: Perfil de Imagem mostrando possível concreção. Observar forma
concêntrica na imagem.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
44
Conglomerados são rochas clásticas formadas por fragmentos
correspondentes a seixos, contendo comumente matrizes arenosas e/ou pelíticas e
cimento químico variável. No perfil de imagem resistiva da Fig. 50, pode-se observar
forma arredondada dos seixos (tonalidade mais clara) e ao redor cores mais escuras
na matriz, provavelmente síltica- argilosa.
Figura 50: Perfil de imagem mostrando forma arredondada de fragmentos, em
conglomerados.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Estruturas sedimentares se formam durante a deposição (primárias) ou logo
após (secundárias). Exemplos destas estruturas puderam ser observados através
dos perfis de imagens, o que torna essas ferramentas úteis na interpretação dos
tipos de ambientes deposicionais.
Na figura 51, observam-se ripples em arenito. Vale ressaltar que podem ser
indicativos do topo de uma camada. Notar contraste de cor no perfil de imagem
resistiva abaixo e acima dos ripples.
SEIXOS
MATRIZ (Silte-argila)
45
Figura 51: Ripples em arenito visto em perfil de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Arenitos eólicos podem constituir ótimos reservatórios, por serem bastante
porosos e permeáveis. Estruturas sedimentares como estratificações e
acamamentos podem ser identificadas pelos perfis de imagem. Estratificações
cruzadas tabulares de grande porte (Fig. 52), típicas de dunas antigas podem ser
reconhecidas.
Figura 52: Estratificação cruzada tabular em grande escala, antigas dunas.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
46
A estratificação cruzada é o tipo mais comum de estratificação, sendo definida
como uma camada consistindo de lâminas internas inclinadas em relação ao plano
principal de sedimentação (Figuras 53 e 54). Estratificação cruzada indicando fluxo
de paleocorrentes para W, dentro do sistema de canais (Fig. 55).
Figura 53: Estratificação cruzada observada em perfil de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 54: Estratificação cruzada com a direção e mergulho. Imagem resistiva OBMI.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
47
Figura 55: Perfil de imagem resistiva de arenito fluvial, e representação em 3D
poço. À direita diagrama de rosas mostrando o fluxo da paleocorrente para W
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Deformações em camadas estratificadas podem ser interpretadas através de
perfis de imagens. Como podemos ver nas figuras 56 e 57.
Figura 56: Acamamento contorcido ( deformado) em afloramento.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
48
Figura 57: Acamamento deformado visto em perfil de imagem.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Os turbiditos são formados a partir de fluxos de correntes de turbidez ou
correntes de densidade. Ao se depositarem, é formado um estrato característico
(sequência Bouma), por decantação seguida de tração. Na figura 58, pode-se
perceber finas camadas estratificadas numa sequencia incompleta de Bouma.
49
Figura 58: Turbidito visto em perfil de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
4.2.2 Feições Deposicionais Carbonáticas
Feições típicas de rochas carbonáticas podem ser identificadas através de
perfis de imagens. Alguns exemplos dessas feições ou estruturas são apresentados
a seguir.
Carbonatos podem se originar de carapaças e esqueletos calcários de
organismos vivos, que compõem os calcários fossilíferos, e ainda por precipitação
química. Na figura 59, texturas carbonáticas em perfil de imagem resistiva.
50
Figura 59: Texturas carbonáticas em perfis de imagem resistiva. Observar efeito de
dissolução nas fraturas.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Recifes de corais, conchas de moluscos, algas calcárias, equinodermas,
briozoários, foraminíferos e protozoários são os principais responsáveis pelos
depósitos provenientes de organismos sintetizantes do carbonato dissolvido em
meio aquoso. Esses depósitos são gerados em ambiente marinho raso, de águas
quentes, calmas e transparentes. Os organismos morrem e suas conchas e
estruturas calcárias vão se depositando no local. Na figura 60, perfil de imagem
resistivo mostrando restos de fósseis, assim como na figura 61, onde perfil de
imagem mostra aspectos texturais de um recife.
Efeitos de
dissolução
carbonátic
a
51
Figura 60: Restos fósseis na proximidade de um recife.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 61: Textura recifal em perfis de imagens.
Fonte: AAPG, 2009.
52
O fluxo de detritos é um movimento de massa rápido, violento, contínuo e
fluido constituído por sedimentos e água, impulsionados pela gravidade. Fluxos de
detritos carbonáticos foram interpretados na figura 62.
Figura 62: Perfil de imagem mostrando feição de fluxo de detritos, em rocha
carbonática.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Marcas de dissolução são muito comuns em rochas carbonáticas, no
ambiente cárstico, por feições morfológicas particulares. As formas cársticas são
muito variadas, sendo as mais importantes: as lapiás, as dolinas, os sumidouros, as
úvalas, os poljés, as ressurgência, etc. Nas figuras 63 e 64, perfil de imagem
mostrando algumas dessas estruturas.
53
Figura 63: Perfil de imagem mostrando estruturas típicas de ambientes cársticos.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
Figura 64: Dissolução cárstica.
Fonte: AAPG, 2009.
Dissolução
cásrtica
54
Os estilolitos são superfícies marcadas e evidenciadas por um plano que
separa duas massas rochosas com a aparência de uma fina sutura ou costura de
picos interpenetrados, de tonalidade escura que poderá ser o resultado da
acumulação residual de elementos insolúveis, tais como argilas e matéria orgânica
devido ao soterramento. No caso dos calcários, estes dissolvem-se antes de se
deformarem, por imposição de pressões (Fig. 65).
Figura 65: Estilolito em perfil de imagem resistiva.
Fonte: THOMPSON, L. B. 2009.
4.3 Perfis de Imagem na interpretação de fácies de ambientes
deposicionais
A utilização de perfis na interpretação de fácies é antiga, remonta desde
1956, quando Shell utilizou padrões das curvas de perfis a poço aberto, sendo os
mais utilizados desde então os perfis GR e SP na interpretação de fácies de
ambientes deposicionais. As variações de micro-resistividade na parede do poço
Estilolito
55
obtida pelos perfis de imagens resistivas e podem ser utilizados na interpretação
estratigráfica de padrões de acamamento e estruturas sedimentares. Sendo
necessária a calibração dessas imagens com testemunhos ou com afloramentos, e
ainda outros métodos para uma interpretação mais segura. Associada a outros
métodos pode, inclusive, auxiliar numa modelagem espacial do reservatório, através
da correlação de poços.
“(...) registros de imagem do poço na interpretação estratigráfica focado no
reconhecimento de tendências de litofácies em imagens estatisticamente
normalizadas por Salimullah & Stow, 1992. No ambiente fluvial, Luthiet ai.
(1990) e Mercadier & Livera (1993) utilizaram dados para medição de
profundidade de imagem derivados de poços para interpretar as
orientações de canais fluviais, e Hockeret al. (1990) usou uma ferramenta
de medição de profundidade de alta resolução para distinguir várias fácies
fluviais.” Cita Donselaar, M. E. et al, 2005.
4.3.1 Perfis de Imagens na interpretação de fácies na Bacia de Ebro, na
Espanha
No artigo publicado por Donselaar, M. E. et al (2005), foram utilizados perfis
de imagens na interpretação de fácies de ambiente fluvial na Bacia de Ebro, na
Espanha. Para isso, foi realizada a comparação direta de imagens de poço com
afloramentos de reservatórios nas proximidades (Fig. 66).
O estudo detalhado dos afloramentos forneceu dados para a distinção das
várias associações de fácies fluviais. A topografia, a existência de afloramentos em
seções transversais e os dados de paleo-fluxo permitiram a distinção de diferentes
litofácies fluviais e a reconstrução dos trends do canal. De cada unidade de
litofácies, os ângulos e direções de mergulho de estruturas sedimentares e as
tendências verticais de tamanho de grãos foram medidos em detalhe para a
comparação com os dados dos perfis de imagens obtidos em profundidade.
Sendo quatro associações de fácies de ambiente deposicional fluvial
identificadas: (i) fluvial meandrante; (ii) rios entrelaçados (iii) crevasse deltas e (iv)
crevasse splays, tendo sido estabelecidas as características das litofácies e
distribuição das paleocorrentes de cada associação.
56
Figura 66: Bloco diagrama mostrando a correlação estratigráfica a partir da
integração de dados de afloramentos (Log 1 e Log 2), Raios Gama e dos perfis de
imagens FMS (Piracés-1) e FMI (Piracés-2).
Fonte: Donselaar, et al, 2005.
Foi realizado o reconhecimento da sucessão de estruturas sedimentares de
pequena escala e sua interpretação em termos de tipos de fácies, como
preenchimento de canal, crevasse splays, etc. Além disso, a distribuição das
direções de mergulho das estruturas podem ser tratadas estatisticamente para
determinar a direção do paleo-fluxo local.
Foram obtidos perfis de imagens de dois poços a uma profundidade de 200 m
(Pirace’s 1 e Pirace’s 2), perfurados a partir do planalto próximo ao penhasco onde
estão situados os afloramentos (Fig. 66). O perfil de Imagem Pirace's-1 foi obtido a
uma profundidade de 150 m, e um programa completo de registro foi concluido em
ambos os poços, incluindo GR, resistividade, neutrons e densidade. As ondas
senoidas retiradas dos perfis normalizados dinamicamente foram identificados e
utilizados para a medição das direções e ângulos de mergulho manualmente. Na
figura 67, painel de correlção de sub-superfície, observar o GR e os perfis de
imagens FMS e FMI. Esses valores elevados de GR e a cor escura nos perfis de
Imagens são interpretados como siltitos e folhelhos, já as cores claras e valores
baixos de GR são interpretados como de arenitos.
57
Figura 67: Painel de correlação de sub-superfície. Observar o perfil de GR e os
perfis de imagens FMS e FMI.
Fonte: Donselaar, et al, 2005.
Em um intervalo de 7 metros de espessura (Fig. 68), ocorre uma sucessão de
cores. Na base observa-se uma mudança brusca de cor, do marrom escuro passa
para uma cor mais clara, amarelo, sendo interpretado como uma superfÍcie erosional
entre uma planicie de inundação e um arenito fluvial. Na metade superior do perfil a
cor passa a mudar gradualmente, de um amarelo claro para castanho, indicando
58
granodecrescência ascendente no empacotamento. Na análise dos mergulhos, o
arenito fluvial exibe uma grande dispersão dos ângulos e sentidos de mergulhos, em
vermelho. Enquanto a região mais escura, do laranja escuro para marrom, é notado
uma distribuição de mergulho de caráter unidirecional e com baixa dispersão, com
mudança gradual de ângulo de mergulho, em amarelo.
Figura 68: Na sequência Gama Ray, perfil FMS normalizado, perfil dipmeter e perfil
FMS mostrando a variação de cores do branco ao marrom escuro.
Fonte: Donselaar, et al, 2005.
A figura 69 mostra o intervalo B em destaque, onde foi subdividido em 10
pequenos intervalos de 40 cm de espessura com mergulhos unidirecionais e um
ângulo de imersão constante. A variação do mergulho neste intervalo é interpretada
como a representação de estratificação cruzada acanalada.
59
Figura 69: Intervalo B da figura 67, mostrado as variações dos mergulhos,
interpretado como de estratificação cruzada.
Fonte: Donselaar, et al, 2005.
Na figura 70, Perfil de Imagem FMS da Schlumberger mostrando arenito de
granulação fina, de rio meandrante, no poço Piracés’ 1, num intervalo que varia de
67 a 74 m de profundidade. Mudança gradual de cor de laranja a marrom escuro na
imagem normalizada estatisticamente. As cores mais escuras indicando teor de
argila alto, isto é apoiado pelos valores elevados de raios gama. Bimodalidade na
trama dos mergulhos: intervalos de mergulhos para sudoeste (amarelo) de
superficies de acresção laterais alternando de camadas grosseiras para finas ( de
baixo pra cima), em roxo intervalos apresentando mergulhos para nordeste de
pequenas megaripples. Observar a diminuição da ocorrência ascendente de
megaripples. Na figura 71, intervalo B e C da figura 70, com padrão de cor difusa
indicando bioturbação e megarriples, respectivamente.
0° 90°
60
Figura 70: Perfil GR, perfil FMI normalizado, profundidade (em metros), perfil com
mergulhos e perfil FMI destacando os intervalos B e C.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Figura 71: Intervalos B e C da figura 17. Em B, detalhe da parte superior: padrão de
cor difusa indica bioturbação. (C) Detalhe com pequenos megaripples: 10-20 cm de
arenito grosseiro (laranja mais claro) e finas camadas de siltito (mais escuro).
Fonte: adaptado de: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Na figura seguinte (Fig.72), arenito de rio entrelaçado no poço Piracés-2, no
intervalo de 121-130 metros de profundidade, mostrando cores amarelas da base
61
para o topo no perfil de imagem FMS normalizado, indicando ausência de uma
tendência granulométrica. Valores baixos de raios gama também indicam um baixo
teor de argila. A seta entre o intervalo 125,6 e 126 indica reativação do canal com
bolas de argila (descontínuas manchas marrons escuras).
Figura 72: Imagem dinâmica e imagem estática FMI.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Afloramento de arenito-siltito de delta de crevasse (Fig.73), correlacionado
com o intervalo D no painel da figura 67. No intervalo 48,6 a 50,2 metros do perfil de
imagem FMS (Fig.74), delta de crevasse (bolas lilás), a uma profundidade logo
abaixo de 52,2 metros. Notar que os ângulos dos mergulhos diminuíram assim como
a cor da imagem normalizada estática, que ficou mais escura. O contraste de cores
do afloramento na imagem da Fig. 73 é interpretado como camadas finas de siltito
62
alternadas com arenito. O registo de medição de profundidade de imersão mostra
ângulos elevados na base (cerca de 25°), e uma diminuição do ângulo ascendente
de mergulho. Os mergulhos são unidirecionais com uma dispersão muito baixa.
Figura 73: Afloramento de delta de crevase delta correlacionado com a parte de
granulação fina de intervalo D, da figura 67 do poço Piracés-1.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Figura 74: Perfil de imagem FMS, mostrando crevase delta e laminação, em
camadas finas de siltito alternadas com arenitos.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Finas camadas de crevasse splay embutidos na planície de inundação (Fig.
75). Os crevasse splays são lateralmente ligados aos corpos de arenito de canais
fluviais.
63
No perfil de imagem FMS da figura 76, crevasse splay, no poço Piracés-1, no
intervalo de 105-106 m de profundidade. Observe o contraste entre a base do leito
de arenito, de cor laranja escuro e o argilito de cor marrom da planície de inundação
subjacente, e a mudança de cor gradual no topo. Baixos mergulhos constantes para
o leste no intervalo de 105,2 a 105,8 m.
Figura 75: Afloramento de crevasse splay.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
Figura 76: Perfil de imagem resistiva FMS do poço Parecis -1 mostrando crevasse
splay.
Fonte: Donselaar, M. E. et al, 2005.
64
Os critérios diagnósticos para o estabelecimento de uma sucessão de fácies
de um ambiente fluvial através dos perfis de imagens foram a cor, em imagens
estaticamente normalizadas. Barras entrelaçadas arenosas em afloramento não
mostram uma variação granulométrica de tendência vertical, refletido na imagem
resistiva estática normalizada, apresentando cor amarela uniforme da base para o
topo. Em imagens dinamicamente normalizadas, estruturas sedimentares como
estratificação cruzada acanalada, barras de acreção lateral, sobrepostos a
megarripples e barras de acreção entrelaçadas, puderam ser interpretadas através
de seus padrões de mergulhos.
4.3.2 Perfis de Imagem na análise de sistemas de turbiditos de águas
profundas, na bacia de Krishna-Godavari, costa leste da Índia
Canais e lobos submarinos apresentam uma grande quantidade de
reservatórios marinhos de águas profundas. Basu, et al, 2007, integrou os Perfis de
Imagens resistivas com perfis espectroscópicos na caracterização deste tipo de
reservatório offshore, na Índia. A bacia de Krishna-Godavari (KG) está localizada na
costa leste da Índia, e cobre uma área aproximada de 100,000 km ². O trecho do
trato sedimentar compreende uma gama de ambientes deposicionais que compõem
planície costeira, delta, sopé de plataforma, profundos e complexos canais
marinhos.
Perfis de imagem resistiva de poço e perfis de espectrometria foram
calibrados com testemunho para fornecer dados suficientes para qualificar uma
detalhada descrição de fácies.
Canais submarinos podem ser classificados como canais de fluxo por
gravidade e complexos canais de “levee” (Fig.77), é caracterizados por uma forte
heterogeneidade textural. O workflow é composto por várias etapas que envolvem
Perfis de Imagem, processamento de perfis espectroscopicos e interpretação
seguida por correlação com os dados fundamentais a diferentes fases de integração
de dados.
65
Figura 77: Representação esquemática do modelo de deposição de águas
profundas para um sistema submarino de rica em lama (modificado após Reading &
Richards, 1994).
Fonte: Basu, I. et al. 2007.
Arenitos com camadas muito finas (menos de alguns centímetros) e pouca
heterogeneidade textural são comuns em ambientes de águas profundas. A enorme
espessura de corpos de areia. Por outro lado, são muitas vezes caracterizadas por
uma grande variabilidade estrutural dependendo da natureza dos depósitos de fluxo
de massa (Basu, I et all. 2007).
Outra aplicação das Imagens elétricas de poço é a avaliação visual das
mudanças texturais. Essa aplicação envolve um trabalho composto por várias
etapas, desde o registro da imagem até o seu processamento, além de sua
interpretação acompanhada com dados de outros métodos, sendo o espectróscopio
utilizado nesse exemplo.
Na figura 78, Índice de heterogeneidade e fácies texturais calculados com
base no espectro de cor da imagem resistividade estática. Clastos de lama
suspensa entre XX97m-XX98m mostram heterogeneidade do arenito. A diminuição
da fração de matriz (porção mais leve na faixa 3) é também um indicativo de
heterogeneidade.
Vale Inciso Sistema de
canal-levee
Escorregamento
Lobos
deposicionais
66
Figura 78: Perfil de imagem estatica, índice de heterogeneidade e fácies texturais na
última pista.
Fonte: Basu, I et all. 2007.
A integração de dados obtidos pelos perfis de imagem de poço aos perfis de
espectrometria e testemunhos (fácies petrofísicas). Na pista iCore* (Fig. 79), é
possível distinguir finas camadas ricas em siltes- argilas e areia.
Figura 79: Caracterização litológica de camadas delgadas usando perfil de fácies
iCore*. O perfil iCore* e testemunho são fortemente concordantes uns com os
outros
Fonte: Basu, I et all. 2007.
67
Classes de texturas obtidas através de testemunhos, imagens dinâmicas e
estáticas resistivas na interpretação de depósitos de fluxo de gravidade são
mostrados na Fig. 80.
Figura 80: Testemunho e imagens resistivas.
Fonte: Basu, I et all. 2007.
A integração de fácies litológicas e fácies texturais, possibilitaram a
interpretação na figura 81 de um xisto arenoso sem padrão. Por conseguinte, a
análise estrutural dá uma percepção e quantificação do nível de heterogeneidade
existente dentro de uma unidade de areia maciça.
Os dados de perfis de imagem e de espectroscopia, quando combinados,
podem permitir obter uma alta resolução mineralogica e textural. Os resultados são
então calibrados para a validação e avaliação crítica do sistema de fácies resultante.
A informação de alta resolução, derivada a partir de imagens de micro-
resistividade pode também ser usada para estimar com precisão reservatórios de
hidrocarbonetos em finas camadas de arenito maciço, onde muitas vezes são
inferiores a resolução de métodos convencionais.
68
Figura 81: Integração de testemunho com perfil de imagem estática, dinâmica, índice
de heterogeneidade e integração de fácies.
Fonte: Basu, I et all. 2007.
4.4 Estimativas de porosidade
A análise textural dos perfis de imagens permite refinar os cálculos de
permeabilidade dos reservatórios, onde as variações de tamanho dos grãos podem
ser inferidas e relacionadas diretamente com o fluxo em direções horizontais (kh) e
verticais (kv). O kv incorpora um índice de laminação que é calculado diretamente a
partir da imagem (Harvey, 2010).
Pode-se utilizar o espectro de condutividade para expressar a distribuição da
porosidade em carbonatos (Harvey, 2010). Em sedimentos clásticos a utilização do
mapa textural pode ser utilizado para definir a permeabilidade através de equações
que dimensionem o tamanho dos poros e sua distribuição na rocha.
69
Perfis de Imagens resistivas proporcionam pequenas medições que podem
dar a ideia do fluxo de corrente elétrica. Esse fluxo será afetado pelo tamanho dos
poros e tortuosidade do seu trajeto dentro da formação (Fig. 82).
Figura 82: Esquema mostrando trajeto da corrente elétrica dentro da formação.
Fonte: Harvey, 2010
Em reservatórios clásticos a distribuição de resistividade / condutividade em
ferramentas de imagem elétrica pode ser atribuído e relacionado ao tamanho de
grãos dentro da rocha reservatório, folhelhos mostrarão uma resistividade menor,
enquanto grãos de areia irão mostrar uma alta resistividade. Podendo então ser
inferidas estimativas de permeabilidade em função das variações de cores (Fig. 83).
Figura 83: Figura relacionando índice de cor nos perfis de imagens resistivos com o
tamanho dos grãos na parede do poço.
Fonte: Harvey, 2010
ARGILA
A
ARENITO
Permeabilidade
SILTE
Resistividade
70
A Figura 84 apresenta exemplo de variações de tamanho de grãos e também
um índice de classificação com base na textura da imagem. A figura seguinte mostra
a integração de dados na obtenção de valores de porosidade do poço (Fig. 85). A
última faixa mostra registro convencional da permeabilidade. Observar os triângulos
laranja que incorpora o tamanho de grão e porosidade principal. E na figura 86,
permeabilidade obtida por perfil de imagem e testemunho.
Figura 84: Variações de tamanho de grãos e índice classificação crescente da
esquerda para a direita, que representam valores relativos, mas podem ser
convertidos em escalas quantitativas quando correlacionados com outros dados
básicos.
Fonte: Harvey, 2010
71
Figura 85: GR, perfil de Imagem, mapa textural, e na última faixa mostra registro
convencional da permeabilidade. Observar os triângulos laranja na última pista.
Fonte: Harvey, 2010
Figura 86: GR, Perfil de imagem resistiva, mapa de heterogeneidade textural,
mineralógico e na ultima faixa a permeabilidade obtida pelo perfil de imagem e
testemunho.
Fonte: Harvey, 2010
72
5. CONCLUSÕES
Perfis de Imagens Resistivas e Acústicas podem ser utilizados na
interpretação de estruturas. Diferentes tipos de fraturas podem ser distinguidos de
acordo com seu aspecto na imagem. São ferramentas importantes na obtenção de
dados e caracterização de trends de falhas e fraturas. Estes resultados podem ser
utilizados para compreender os processos de fraturamentos e, dessa forma, prever
as localizações e orientações que novos poços deverão seguir para uma melhor
produção.
Em carbonatos densamente fraturados, imagens de poço são ideais para
detectar e caracterizar fraturas. Fraturas cimentadas podem ser identificadas na
imagem. Efeitos de dissolução também podem ser observados.
Condições de perfuração podem ser avaliadas através das imagens, como
breakouts e desmoronamentos. Importante na previsão de estabilidade de poço em
formações não consolidadas.
Perfis de imagem na interpretação de fácies de ambiente deposicional
utilizam uma combinação de informação detalhada de mergulhos, obtidos nos perfis
dinamicamente normalizados, associados aos perfis estaticamente normalizados,
onde é possível observar a variação de cor.
Na interpretação de fácies de ambientes marinhos de água profunda quando
combinado com outros métodos possibilita a identificação de finas camadas de
arenitos maciços típicos de turbiditos, que muitas vezes não são identificados por
métodos convencionais devido à resolução dos mesmos não permitirem.
As variações de cor nos perfis de imagem resistiva com testemunhos e/ou
afloramentos ajudam a obter melhores estimativas de porosidade e permeabilidade.
73
6. REFERÊNCIAS
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