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APLICAÇÃO DO CEP NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE INTERNET
Patricia Goncalves Carneiro (UFG)
Diene Maria Oliveira (UFG)
Nayane Goncalves Neto (UFG)
LUCIANA VIEIRA DE MELO (UFG)
Julio Cesar Valandro Soares (UFG)
Historicamente, as empresas de telecomunicação, seja por telefone ou via
internet, recebem diversas reclamações sobre a qualidade de seus serviços.
Uns entendem que o atendimento ao cliente para resolução de problemas é
dificultado ao extremo, outros pensam que o sinal disponibilizado pelas
prestadoras, geralmente, não são condizentes com o que foi contratado. Com
isso, vêm ocorrendo no Brasil vários desentendimentos entre consumidores e
empresas deste setor, de forma que o governo federal se vê obrigado a
intervir no sentido de proteger o elo que paga pelo serviço através de
legislações específicas. Denota-se, então, um aquecimento do assunto acerca
da seguinte pergunta: até que ponto pode ser tolerada a queda de qualidade
no fornecimento? Neste sentido, este trabalho busca entender a variação
deste processo ao longo de certo período de tempo, através da aplicação de
ferramentas voltadas para o controle estatístico do processo.
Palavras-chave: Controle Estatístico de Processo, Cartas de Controle, Índices
de Capabilidade
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
O número de brasileiros que acessam a internet cresce a cada ano. Segundo IBGE (2007), em
2005, verificou-se que 21% dos brasileiros, com idade de 10 anos ou acima, acessaram a
internet, pelo menos uma vez, no período de referência dos últimos três meses, em algum
local, por meio de microcomputador, seja em seu domicílio, local de trabalho,
estabelecimento de ensino ou qualquer outro local. Já em 2011, de acordo com IBGE (2013),
através de uma pesquisa feita pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de
Domicílios), esse percentual cresceu para 46,5%.
E esse número vem crescendo mais a cada ano, devido à própria modernização dos modos de
vida na sociedade atual, bem como a políticas de inclusão social e digital, feitas na última
década, com mais intensidade em comparação à anterior.
Com essa crescente no número da população de brasileiros que acessam a internet, cresce
também a demanda por esses serviços, de forma que se vê necessária uma interferência
governamental nesse relacionamento, no sentido de proteger as partes envolvidas,
eprincipalmente os direitos do consumidor. Essa regulamentação sugerida se faz ainda mais
necessária quando, nos últimos tempos, há um grande índice de reclamações relacionadas à
contratação de serviços de internet.
Dessa forma, a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), entidade responsável por
essa regulamentação, determinou, na Resolução nº 574 de 28 de outubro de 2011, que as
operadoras responsáveis a fornecer Internet Banda Larga com mais de 50 mil assinantes eram
obrigadas a fornecer uma velocidade instantânea de no mínimo 20% da contratada e uma
velocidade média de 60%. Isso significa que uma empresa que se dispõe a fornecer uma
velocidade de 100 kbps ((Kb/s ou Kbit/s), ela é obrigada entregar um mínimo de 20 kbps
durante todo o período vigente de contrato, enquanto que a média deve ser pelo menos 60
kbps.
Esse panorama, em relação ao consumidor, melhorou a partir de novembro de 2013, segundo
a cartilha “Principais Direitos dos Usuários e Obrigações das Prestadoras de Serviços de
Telecomunicações”, disponibilizada por Anatel (2014). Nela, diz que a partir deste período,
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a velocidade mínima permitida passou a ser de 30% (em 95% dos casos) e a velocidade média
deve ser acima de 70%. De acordo com essa mesma cartilha, a partir de novembro de 2014
esses números ainda aumentarão para 40% e 80%, respectivamente.
Segundo a Anatel (2014) as operadoras que não cumprirem essas metas propostas pela
agência estão sujeitas a sansões administrativas, que incluem advertências, suspensão
temporária e multas, de acordo com a Resolução nº 589 de 7 de maio de 2012.
Sendo assim, entende-se que são necessários estudos neste setor, pelos seguintes motivos:
estes são escassos; é um problema adquirido nos últimos anos; e sua regulamentação também
é recente. O Controle Estatístico do Processo (CEP) pode ser uma ferramenta adequada, visto
que, segundo Silva et al. (2013), ela se tornou, nos dias atuais, importante para o controle de
qualidade, de forma que requer um comprometimento, por parte de seus utilizadores, para que
se consiga uma precisão dos resultados.
Em se tratando da indústria de telecomunicações, Psychogioset al. (2012) dizem que ela é de
grande importância em termos de tecnologia, regulações, demanda de clientes e ações
competitivas. Estes autores também observaram uma alta na aplicação de ferramentas
estatísticas no ramo de serviços, no que tange à disponibilidade de literatura.
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar a qualidade de alguns serviços de
contratação de Internetutilizandoo controle estatístico do processo (CEP). Esta análise
consiste num estudo de capabilidade, feito através de limites e gráficos de controle.
Para isso, este trabalho é estruturado da seguinte maneira: na seção 2 é feita uma revisão
teórica sobre o CEP; na seção 3 são mostrados os procedimentos metodológicos utilizados no
estudo; na seção 4 são expostos os resultados e discussões acerca do tema; na seção 5 são
feitas as conclusõesdeste artigo.
2. Referencial Teórico
Nesta seção serão apresentados conceitos básicos necessários para a implementação do
controle estatístico de processos e métodos utilizados no caso estudado.
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2.1.Implementação do controle estatístico de processo (CEP)
Para o controle da qualidade, os métodos estatísticos de Processos tem sido uma ferramenta
de grande uso das empresas. Para obtenção de resultados positivos no uso dessa ferramenta, é
necessário cautela e muito compromisso. Montgomery (2001) afirma que o CEP faz com que
o ambiente se torne um lugar onde todos os indivíduos envolvidos pretendem obter uma
melhora contínua na qualidade e na produtividade. Esse ambiente tem um desenvolvimento
melhor, quando a gerência também participa desse procedimento de melhoria contínua. Esse
processo não é um processo de curto prazo, no qual uma vez é aplicado e esquecido, e sim um
processo contínuo. O CEP deve ser pensado como uma ferramenta que seja rotineira em uma
empresa, e que esse processo seja melhorado continuamente para que se tenha um melhor
resultado no controle da qualidade.
A implantação do CEP fará com que o processo permaneça estável e irá reduzir a
variabilidade. De certa forma em qualquer processo por mais cauteloso que sejaa
variabilidade sempre existirá. Nas características chaves de qualidade, essa variabilidade vem
de máquinas controladas de forma indevida, matéria prima com defeitos e erro do operador.
Algumas variabilidades são muito grandes, estando fora dos padrões aceitáveis do
processo(MONTGOMERY, 2001).
2.2. Métodos estatísticos básicos
A princípio é fundamental ter uma compreensão em alguns métodos estatísticos básicos como
a média aritmética, amplitude e desvio padrão.
A média aritmética de um conjunto de números é indicada por . A amplitude é a diferença
entre o maior valor e o menor valor de um conjunto de dados. O desvio padrão é indicado
como a medida de dispersão mais utilizada, no qual o seu valor indica qual próximo os
valores de um conjunto de dados estão agrupados em torno da média aritmética (MCGRAW-
HILL E SPIEGEL, 1993).
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2.3. Gráficos de controle
Os gráficos de controle são aplicados para conferir se um processo está ou não sob controle
estatístico. Tal procedimento fornece informações da situação real do processo com alto grau
de eficiência. Os gráficos de controle utilizam os dados em uma sequência de um lado, e de
outro, uma característica que pode estar relacionada com a qualidade. Os gráficos de controle
trabalham com as oscilações percebidas ao longo do processo. Tais oscilações demonstram as
variações ocorridas pelos dados relacionados ao processo. Com a percepção dos limites
estabelecidos no próprio gráfico constata-se se o processo se comporta de maneira satisfatória
ou não, torna-se possível também identificar quando ocorrem as maiores variações
(PALADINI, 1990).
O gráfico apresenta uma linha central, com o valor médio da característica da qualidade que
representa o estado sob controle. O limite superior de controle (LSC) e o limite inferior de
controle (LIC) são também colocados no gráfico, na forma de linhas horizontais. Os limites
de controle são adotados de modo que, se o processo estiver sob controle estatístico, todos os
pontos amostrais estarão entre eles. Caso um ponto esteja fora dos limites de controle, o
processo estará fora de controle, logo será necessária uma investigação e ação corretiva para
eliminar a causa desse comportamento (MONTGOMERY, 2001).
Na figura abaixo se tem as fórmulas utilizadas para os cálculos de limites de controle superior
e inferior tanto para os gráficos das médias como para os gráficos de desvios padrão.
Figura 1 – Fórmulas utilizadas para obtenção dos gráficos de controle
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Fonte: Adaptado de Corrêa e Corrêa (2004)
As constantes e são tabeladas de acordo com o tamanho de cada amostra. A Tabela
1 trás seus devidos valores para amostras de três dados, que é o caso desse estudo.
Tabela 1 – Tabela de constantes para n=3
Fonte: Adaptado de portalaction (2014).
2.4. Limites de Especificação
Corrêa e Corrêa (2004) afirmam que os limites de especificação pretendem minimizar os
riscos, e são estipulados pela engenharia.
Para Lourenço Filho (1976), os limites de especificação indicam aquilo que é exigido no
projeto, para que o produto possa satisfazer a finalidade no qual é desejado. É através dos
limites de especificação, que é possível identificar se o processo atende ou não as
especificações.
3. Procedimentos Metodológicos
A pesquisa é exploratória de caráter quantitativo. A pesquisa é exploratória, pois foi realizado
um levantamento bibliográfico sobre o controle estatístico de processos para verificar a
qualidade dos serviços de Internet fixa que são oferecidos pelas prestadoras desse tipo de
serviço. Além disso, houve a realização da coleta de dados para familiarizar-se com o
problema em questão, nesse caso, para avaliar se as empresas estão atendendo as leis que
envolvem a prestação deste tipo de serviço.A pesquisa tem um caráter quantitativo, pois a
mesma utiliza-se de ferramentas estatísticas para a realização do estudo de caso.
A coleta de dados foi realizada por meio do site da Anatel que mede a velocidade de conexão
fornecida por prestadores de serviço em um determinado momento. Para isso, foi verificada
durante 14 dias seguidos a velocidade de conexão de cinco prestadores, três via banda larga e
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duas via radiofrequência, em cinco residências, nesse caso dos próprios autores. A divisão do
estudo foi feita da seguinte forma:
Análise de três prestadoras de serviço via banda larga, cada uma com uma velocidade de
conexão diferente.
Análise de duas prestadoras de serviço via radiofrequência com a mesma velocidade
de conexão.
Em seguida FOI comparado o serviço seja via banda larga, ou via a radiofrequência.
Cada dia foi verificada a velocidade por três vezes em determinados períodos, sendo
uma vez no período da manhã às 7:00, uma no período da tarde às 12:00 e outra no período da
noite às 22:00. A justificativa da análise em relação aos três períodos do dia se dá devido às
variações presentes na velocidade de conexão durante o dia, principalmente por haver
horários de pico, isto é, horários em que há maior quantidade de pessoas acessando a Internet
ao mesmo tempo.
Quanto à escolha do tipo de coleta realizada, a mesma se deu em função da pré-disposição de
horário disponível de cada autor que efetuou a coleta de dados. Desta forma, foram
estabelecidos três horários em que todos pudessem realizar a verificação ao mesmo tempo,
durante os quatorze dias. Como a população é desconhecida, o tamanho de cada amostra foi
montado considerando o período de coleta dos dados (quatorze dias), isto é, três horários, três
dados por amostra.
Apartir dos dados coletados foram calculados por meio de ferramentas estatísticas a média
( ), a média das médias ( ), o desvio padrão ( ), os limites inferior (LIC) e superior de
controle (LSC). Com base nos resultados obtidos foi realizada a construção dos gráficos de
controle: média e desvio-padrão, para verificar se o processo está sob controle estatístico.
Como a lei que regulamenta a prestação de serviços de internet estabelece apenas um limite
mínimo para o fornecimento da velocidade de internet, não há limite de especificação superior
e apenas o limite de especificação inferior de 30% do valor contratado pelo usuário.
Portanto,não foram calculados os índices e nem o coeficiente de capabilidade.
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4. Resultados e discussões
Devido ao grande número de dados e tabelas serão apresentadas apenas as tabelas para
construção dos gráficos das médias e desvios padrão, contento as médias das amostras, os
limites superior e inferior de controle, os limites de especificação e as médias das médias em
cada caso analisado.
Na Tabela 2 encontram-se os dados para a construção do gráfico da média do usuário de
Internet banda larga de velocidade de 5 Mbps e em seguida tem-se o gráfico com os valores
dispostos e análise dos mesmos.
Tabela 2 – Dados para construção do gráfico da média da velocidade de internet banda larga
de 5 Mbps
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 1 – Internet banda larga com velocidade de 5 Mbps
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Fonte: Elaborado pelos autores
Nota-se através do Gráfico 1 que um dos pontos está abaixo do limite inferior de controle
(LIC) e outro ponto está bastante próximo do limite. Na Tabela 2 esses dados podem ser
identificados. O ponto que se encontra abaixo do LIC é referente à amostra do 13º dia e o
outro ponto que se aproxima do limite inferior é do 3º dia. Essas características, tanto do
Gráfico 1 como dos dados da Tabela 1, podem estar indicando o que já se pode afirmar que o
processo encontra-se fora de controle estatístico, isto é, existe alguma causa não aleatória
envolvida no processo. Neste caso, torna-se desnecessário o esboço do gráfico de desvio.
Na Tabela 3 estão dispostos os dados para a construção do gráfico da média do usuário de
internet banda larga (I) com velocidade de 1 Mbps e em seguida tem-se o gráfico com os
valores expostos e análise dos mesmos.
Tabela 3 – Dados para construção do gráfico da média da velocidade de internet banda larga
(I) de 1 Mbps
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Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 2 – Internet banda larga (I) de 1 Mbps
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Fonte: Elaborado pelos autores
O Gráfico 2 contém todos os dados entre os limites de controle, o que sugere que o processo
está sob controle estatístico e atende a especificação. Porém se faz necessário o esboço do
gráfico do desvio padrão para melhor análise dos dados.
Tabela 4 – Dados para esboço do gráfico do desvio padrão
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Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 3 – Desvio padrão para a velocidade de internet banda larga (I) de 1 Mbps
Fonte: Elaborado pelos autores
O Gráfico 3 do desvio padrão para o caso de internet banda larga (I) mostra que o processo
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encontra-se fora do controle estatístico de processo, pois quatro dos quatorze pontos
ultrapassam o limite superior de controle. Isto também indica que alguma causa não aleatória
está influenciando no processo.
A Tabela 5 mostra os dados para a construção do gráfico da média do usuário de internet
banda larga (II) com velocidade de 1 Mbps e em seguida tem-se o gráfico com os esses
valores dispostos e a análise dos mesmos.
Tabela 5 – Dados para construção do gráfico da média da velocidade de internet banda larga
(II) de 1 Mbps
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 4 – Internet banda larga (II) de 1 Mbps
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Fonte: Elaborado pelos autores
Através da análise do Gráfico 4, é possível notar que o processo encontra-se sob controle
estatístico e atende a especificação. No entanto, a seguir tem-se a tabela com os valores dos
desvios padrão de cada amostra e os parâmetros necessários para elaboração do gráfico do
desvio padrão que também segue abaixo para melhor avaliação dos dados.
Tabela 6 –Dados para esboço do gráfico do desvio padrão
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Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 5 – Desvios padrão para internet banda larga (II) de 1 Mbps
Fonte: Elaborado pelos autores
O Gráfico 5 até certo ponto tem um comportamento de variação contínua. No entanto, dois
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pontos extrapolam o limite superior de controle, indicando que o processo não está sob
controle estatístico. Esses pontos são referentes aos dias 11 e 14 de coleta dos dados,
provavelmente, dias em que ocorreram causas não aleatórias.
A Tabela 7 contém os dados de Internet via radiofrequência com velocidade de 1 Mbps para o
primeiro usuário que serão utilizados para o esboço do gráfico da média.
Tabela 7 – Dados para construção do gráfico da média para o primeiro usuário de
radiofrequência
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 6 – Internet via radiofrequência do primeiro usuário
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Fonte: Elaborado pelos autores.
A primeira análise a ser feita referente ao Gráfico 6 é que o limite inferior de controle está
abaixo do limite inferior de especificação, portanto o processo não está sob controle
estatístico e não atende a especificação. Mais uma vez torna-se desnecessário esboçar o
gráfico do desvio padrão.
Na Tabela 8 estão dispostos os dados do segundo usuário de internet via radiofrequência com
velocidade de 1 Mbps para construção do gráfico da média.
Tabela 8 – Dados para construção do gráfico da média para o segundo usuário de internet via
radiofrequência
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Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 7 – Internet via radiofrequência do segundo usuário de 1 Mbps
Fonte: Elaborado pelos autores
Através do Gráfico 7 pode-se perceber que o processo encontra-se sob controle estatístico de
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processo e também atende a especificação. No entanto para uma melhor análise dos dados
faz-se necessário à construção do gráfico do desvio padrão.
Tabela 9 – Dados para a construção do gráfico do desvio padrão para o segundo usuário de
radiofrequência
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 8 – Gráfico do desvio padrão para o segundo usuário de internet via radiofrequência
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Fonte: Elaborado pelos autores
Mais uma vez é possível comprovar através do gráfico do desvio padrão que um processo não
está sob controle estatístico. Dessa vez, trata-se do Gráfico 8 referente ao segundo usuário de
Internet via radiofrequência de 1 Mbps. Os dados expostos no gráfico possuem
comportamento variado e três dos catorze pontos estão fora do limite superior de controle.
Nota-se também que quatro pontos estão bastante próximos do limite inferior de controle, o
que demonstra a variação dos dados. Logo, este processo também se encontra fora de controle
estatístico, o que pode ser explicado por causas não aleatórias.
Realizando as comparações dos serviços de internet tanto banda larga quanto radiofrequência,
ambas estão fora do controle estatístico. Logo, as mesmas não atendem as especificações, de
acordo com os métodos utilizados.
Porém, é necessário que se faça uma observação importante acerca dos procedimentos de
análise realizados no presente trabalho: na legislação vigente que lida com serviços de
contratação de internet, seja banda larga ou radiofrequência, não se utiliza estes aqui
aplicados. Ou seja, apesar de as análises identificarem que todos os casos apresentados estão
fora de controle estatístico, estando, por conseguinte fora da especificação, não significa que
as empresas contratadas estejam infringindo a lei imposta para tal.
O que estes resultados mostram, principalmente, é o aspecto de qualidade dos serviços
prestados, ressaltando que os apresentados neste estudo estão todos fora de um padrão de
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qualidade que os métodos de controle estatístico determinam, e não necessariamente que as
empresas estejam fora da legislação, visto que esta última, pelos números demonstrados no
início, é demasiadamente branda com aqueles que vendem este tipo de serviço, e as empresas,
por sua vez, trabalham pelo fornecimento do mínimo exigido.
5. Conclusões
Conforme se objetivou neste artigo analisar a qualidade de alguns serviços de contratação de
Internet (algumas banda larga, outras via radiofrequência) com auxilio de métodos de CEP,
conclui-se que este foi atingido com êxito, de forma que esta análise consistiu no estudo de
capabilidade do fornecimento de velocidade de download feito por diferentes empresas
contratadas.
Notou-se que todas as análises, não atenderam as especificações determinadas pelos métodos
utilizados, de forma que estas também não estiveram sob controle estatístico, ou seja, existem
causas não aleatórias impactando no fornecimento deste serviço. Este fato em especial se deve
a leveza exigida pela legislação vigente para tal, de forma que as empresas contratadas para
prestação de serviços de internet são pouco pressionadas em relação ao fraco desempenho e
trabalham para fornecimento do mínimo exigido por lei.
As principais limitações deste trabalho se deram pelo fato de os locais e horários para coleta
de dados terem sido determinados através da conveniência dos autores, devido à
impossibilidade de se conseguir coletar amostras ainda mais significativas, tanto por restrição
de tempo disponível para tal como também pela baixa disponibilidade de recursos para uma
construção de amostragem mais satisfatória.
Para futuras pesquisas, sugere-se que trate este estudo com maior profundidade, trabalhando
com aprofundamento maior desse estudo por meio de amostras maiores, de forma a não só
estudar a capabilidade dos processos para fornecimento de internet, como também trabalhar
com amostras maiores e de intervalos de tempo maiores, sendo assim, e possível obter
diversas referencias em dados e aplica-los em cima do real modelo aplicado pela legislação
vigente, para de fato entender o quanto as empresas estão conforme exigido.
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Nesta perspectiva, este tipo de estudo pode contribuir para aquecer a discussão sobre este
tema, tendo como consequência uma maior conscientização por parte da população de que
estão sendo oferecidos serviços de baixa qualidade neste setor estudado.
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