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Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água Aplicação ao caso dos SMAS de Almada Ana Catarina dos Santos Capelo Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores: Prof. António Jorge Silva Guerreiro Monteiro Prof.ª Ana Fonseca Galvão Júri Presidente: Prof. António Alexandre Trigo Teixeira Orientador: Prof. António Jorge Silva Guerreiro Monteiro Vogal: Eng. Luís Filipe da Costa Pico Adão Novembro 2015

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Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano

da Água

Aplicação ao caso dos SMAS de Almada

Ana Catarina dos Santos Capelo

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores: Prof. António Jorge Silva Guerreiro Monteiro

Prof.ª Ana Fonseca Galvão

Júri

Presidente: Prof. António Alexandre Trigo Teixeira

Orientador: Prof. António Jorge Silva Guerreiro Monteiro

Vogal: Eng. Luís Filipe da Costa Pico Adão

Novembro 2015

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AGRADECIMENTOS

O trabalho desenvolvido e materializado neste documento revelou ser um desafio. Não reflete apenas

o meu esforço mas o daqueles que directa e indirectamente me acompanharam. A todos eles, eu dedico

esta página.

À professora Ana Galvão, pelo acompanhamento e disponibilidade e por todos os materiais de estudo

fornecidos.

Ao professor António Monteiro, pelas críticas e sugestões que de certo enriqueceram o trabalho.

Aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada, em especial ao Engenheiro Luís

Adão, pela disponibilidade na cedência de todos os dados necessários à concretização do caso de

estudo, pelas críticas e observações tecidas ao longo de todo o processo de desenvolvimento, pela

dedicação e paciência. Ao Engenheiro José Ceia por todas as informações e contributos prestados.

A todos os colegas e amigos pelos momentos de descontração e que incansavelmente demonstraram

o seu apoio e disponibilidade em ajudar, não só nesta fase final como ao longo de todo o meu percurso

académico.

Por último, à minha família por toda a dedicação, paciência e amor inquestionáveis e por todos os

valores transmitidos.

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RESUMO

Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que

comprometem a sua gestão e operacionalidade. Para poderem garantir o direito ao acesso de água

potável e saneamento de águas residuais e drenagem de águas pluviais, preconizado pelas Nações

Unidas, as entidades gestoras devem encarar o ciclo urbano de água de forma integrada e com vista à

gestão sustentável do sector.

A presente dissertação tem como objetivo principal a aplicação de um modelo de metabolismo ao caso

de um sistema de água de Portugal, mais concretamente do concelho de Almada, cujos serviços

englobam todo o ciclo urbano de água.

A metodologia desenvolvida dividiu-se nas seguintes etapas: 1) definição genérica de um ciclo urbano

de água, 2) construção de um modelo matemático que traduz as relações entre processos, 3)

construção de uma plataforma de inserção de dados que está diretamente ligada ao modelo

matemático e 4) definição de indicadores de desempenho.

Da aplicação ao caso de estudo resultou: 1) uma quantificação de volumes de água, consumos e

produções energéticos, emissões de gases com efeito de estufa (GEE), reagentes e lamas e 2) a

caracterização dos serviços nas dimensões ambiental e económica. Através do estudo da evolução

populacional no futuro foram aplicados os indicadores obtidos na caracterização dos serviços e

estimados os volumes de água e reagentes, consumos de energia e custos correntes para 2021 e 2031.

O conceito de metabolismo aplicado aos serviços da água tem inerente a noção de gestão integrada

por funcionar como um quadro unificador das relações entre os processos e recursos que são

utilizados/ transformados em funções vitais aos seus habitantes.

Palavras-chave: metabolismo urbano, indicadores de desempenho, ferramentas de apoio à decisão,

serviços da água, ciclo urbano de água.

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ABSTRACT

Currently, the water industry faces great challenges that compromise their management and operation.

In order to guarantee the human right to drinking water and sanitation, advocated by the United Nations,

water utilities must face the urban water cycle in an integrated way and with a sustainable management

perspective.2662

As a main objective, in the present dissertation is applied a metabolism model to the case of a water

system of Portugal, more specifically, to the municipality of Almada, which has the operation of the entire

urban water cycle.

The methodology developed is divided in the following steps: 1) generic definition of an urban water

cycle, 2) construction of a mathematical model that reflects the relationships between processes, 3)

construction of a platform to introduce all the data which is directly linked to the mathematical model and

4) definition of performance indicators.

The application to the study case resulted in: 1) a quantification of water volumes, consumption and

energy production, emissions of greenhouse gases (GHG), reagents and sludge and 2) the

characterization of all services in environmental and economic dimensions. Throughout the study of

population evolution, the indicators of all services were applied to estimate volumes of water, reagents

and sludge, energy consumption and current costs for 2021 and 2031.

The concept of metabolism, applied to water services, has inherent the notion of integrated management

because it results in a unifying framework of relations between processes and resources

used/transformed into vital functions to its inhabitants.

Keywords: urban metabolism, performance indicators, decision support tools, water services, urban

water cycle.

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ÍNDICE

1. Introdução ......................................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento e motivação do tema .....................................................................................1 1.2 Objetivos .......................................................................................................................................2 1.3 Estrutura .......................................................................................................................................3

2. Caracterização do sector da água ................................................................................................ 4

2.1 Modelos de Gestão .....................................................................................................................4 2.2 Enquadramento estratégico .......................................................................................................6 2.3 Enquadramento legal e regulador ............................................................................................8 2.4 Principais intervenientes ......................................................................................................... 10

3. Estado de Arte ............................................................................................................................... 11

3.1 Gestão Integrada do ciclo urbano de água .......................................................................... 11 3.2 Metabolismo urbano ................................................................................................................ 16

3.2.1 Metabolismo linear e Metabolismo circular .................................................................. 17

3.2.2 Tipos de análise ................................................................................................................ 17

3.2.3 Fases de construção do modelo .................................................................................... 18

3.2.4 Métodos analíticos utilizados .......................................................................................... 18

3.2.5 Aplicação de modelos de metabolismo ao ciclo urbano de água ............................. 19

3.3 Conceito de sustentabilidade aplicado ao sector da água ................................................ 22 3.4 Ferramentas de avaliação para sistemas do ciclo urbano da água ................................. 24

4. Metodologia desenvolvida ............................................................................................................ 27

4.1 Definição do sistema ................................................................................................................ 28 4.1.1 Variáveis ............................................................................................................................ 29

4.1.2 Relações matemáticas e resolução do sistema de equações .................................. 34

4.2 Plataforma de inserção de dados .......................................................................................... 39 4.2.1 Descrição do sistema (DS) ............................................................................................. 39

4.2.2 Dados de Base (DB) ........................................................................................................ 40

4.2.3 Volume captado e Volume elevado (VC_VE) .............................................................. 42

4.2.4 Sistema de Adução (Cad) ............................................................................................... 42

4.2.5 Sistema de Distribuição (R_CD) .................................................................................... 42

4.2.6 Consumos (C) ................................................................................................................... 43

4.2.7 Sistema de drenagem (CDr) ........................................................................................... 43

4.2.8 Estações de tratamento de água residual (ETAR) ...................................................... 44

4.2.9 Sistema hidrológico (SH) ................................................................................................. 46

4.3 Avaliação de desempenho ...................................................................................................... 46 5. Caso de Estudo: Aplicação do modelo de metabolismo ao concelho de Almada .............. 49

5.1 Caracterização do concelho de Almada ............................................................................... 49 5.2 Caracterização dos SMAS de Almada .................................................................................. 51

5.2.1 Padrão de Consumo – Geração de Águas Residuais ................................................ 52

5.2.2 Sistema de abastecimento de água .............................................................................. 55

5.2.3 Sistema de drenagem e tratamento de águas residuais ............................................ 58

5.3 Análise da situação atual da entidade gestora .................................................................... 64 5.3.1 Sistema de abastecimento (AA) ..................................................................................... 65

5.3.2 Sistema de saneamento (AR) ......................................................................................... 68

5.4 Avaliação de cenários de evolução populacional ............................................................... 70 6. Considerações finais e trabalho futuro ....................................................................................... 76

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Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 79

Anexos.................................................................................................................................................. 85

A. Representação gráfica da definição genérica do ciclo urbano da água ............................... 86

B. Equações ........................................................................................................................................ 88

C. Dados de Base utilizados no caso de estudo (Capítulo 5) ..................................................... 90

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Delimitação das Regiões Hidrográficas (APA, 2014a) .............................................. 9

Figura 3.1 – Meios/ processos para uma gestão integrada no ciclo urbano de água

(adaptado de Philip (2011))............................................................................................................... 12

Figura 3.2 - Quadro de transição na gestão da água urbana (Brown et al. 2008). .................. 13

Figura 3.3 - Balanço hídrico em contexto natural e urbano (WSUD, 2014) .............................. 15

Figura 3.4 - Modelo conceptual dos fluxos de água no metabolismo de água urbana (Zhang,

et al., 2010) .......................................................................................................................................... 21

Figura 3.5 - Modelo conceptual do metabolismo de água urbana (Pizzol, et al., 2013) ......... 21

Figura 3.6 – Visualização da quantificação de indicadores de acordo com o PLAN (PLAN,

2015)..................................................................................................................................................... 26

Figura 4.1 - Partes constituintes do modelo de metabolismo desenvolvido ............................. 27

Figura 4.2 - Interações entre os processos que compõem o ciclo urbano da água ................ 28

Figura 4.3 – Processos naturais ....................................................................................................... 29

Figura 4.4 - Abastecimento de água ............................................................................................... 30

Figura 4.5 - Consumo de água ......................................................................................................... 30

Figura 4.6 - Drenagem e tratamento de água residual e pluvial ................................................. 31

Figura 4.7 - Processos de recuperação de água .......................................................................... 31

Figura 4.8 - Definição genérica do ciclo urbano de água – Processos e fluxos (adaptado de

Brattebø (2011)) .................................................................................................................................. 33

Figura 4.9 – Balanço de fluxos de água entre 1 - Fonte de Água e 11- Captação .................. 35

Figura 4.10 – Plataforma de inserção de dados ............................................................................ 39

Figura 5.1 - Localização do concelho de Almada.......................................................................... 50

Figura 5.2 - Distribuição do consumo de água no concelho de Almada, 2013 ........................ 54

Figura 5.3 – Bacias de drenagem do concelho de Almada ......................................................... 59

Figura 5.4 – Comparação entre AR recolhida em ETAR e Consumo de água ........................ 63

Figura 5.5 – Metabolismo do sistema de abastecimento (volumes de água em m3) .............. 65

Figura 5.6 – Consumo de energia elétrica nos subsistemas AA ................................................ 65

Figura 5.7 - Eficiência energética dos furos de captação ............................................................ 66

Figura 5.8 - Eficiência energética na elevação de água a partir das EEP ................................ 66

Figura 5.9 - Eficiência energética nos reservatórios elevados de distribuição ......................... 66

Figura 5.10 – Emissões de GEE nos subsistemas AA ................................................................. 67

Figura 5.11 - Metabolismo do sistema de drenagem de AR (volumes de água em m3) ......... 68

Figura 5.12 - Metabolismo do sistema de tratamento de AR (volumes de água em m3) ........ 68

Figura 5.13 - Consumo de energia elétrica nos subsistemas AR ............................................... 69

Figura 5.14 - Eficiência energética nas estações elevatórias de águas domésticas ............... 69

Figura 5.15 - Emissões de GEE nos subsistemas AR ................................................................. 70

Figura 5.16 – Situação atual – Volumes ......................................................................................... 72

Fi gura 5.17 – Cenário de evolução populacional expansionista Ano 2031 – Volumes ......... 74

Figura 5.18 - Cenário de evolução populacional expansionista Ano 2031 com diminuição das

perdas – Volumes ............................................................................................................................... 75

Figura C.0.1 – Relação entre rácio Vida residual/Vida útil e kconservação ...................................... 85

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Componentes que constituem os sistemas em “alta” e os sistemas em “baixa”

(adaptado de RASARP (2010b)) ........................................................................................................ 4

Tabela 2.2 - Modelos de Gestão utilizados em sistemas de titularidade estatal (adaptado de

RASARP (2012)) .................................................................................................................................. 5

Tabela 2.3 - Modelos de Gestão utilizados em sistemas de titularidade municipal ou

intermunicipal (adaptado de RASARP (2012)) ................................................................................ 5

Tabela 3.1 – Sustentabilidade no projeto TRUST (Objetivos e critérios de avaliação) ........... 23

Tabela 3.2 – Conjunto de ferramentas TRUST de avaliação de desempenho e

sustentabilidade dos sistemas do ciclo urbano de água. ............................................................. 25

Tabela 4.1 – Matriz C – Coeficientes respeitantes a cada variável ............................................ 34

Tabela 4.2 - Indicadores para traduzir o nível de atividade/ atendimento da entidade ........... 47

Tabela 4.3 – Indicadores traduzidos por volume de água e per capita ..................................... 47

Tabela 4.4 – Indicadores para traduzir as atividades de O&M afectas aos sistemas de

abastecimento e saneamento........................................................................................................... 48

Tabela 4.5 – Indicadores para Sistemas de saneamento descentralizados ............................. 48

Tabela 5.1 – Dados para Plataforma de Dados/ DS – DG (Descrição do sistema – Descrição

Global) .................................................................................................................................................. 50

Tabela 5.2 – Tipologia de solos no concelho de Almada (adaptado de CMA (2008)) ............ 51

Tabela 5.3 – Plataforma de dados/ Consumos - Uso doméstico ................................................ 52

Tabela 5.4 - Plataforma de dados/ Consumos - Uso não-doméstico, não faturado, autorizado

............................................................................................................................................................... 54

Tabela 5.5 - Plataforma de dados/ ETAR – Afluentes domésticos............................................. 55

Tabela 5.6 - Plataforma de Dados/ Descrição do Sistema (DS) - Abastecimento e

distribuição de água ........................................................................................................................... 56

Tabela 5.7 – Lista de dados relativos ao sistema de abastecimento e distribuição ................ 57

Tabela 5.8 – Reagentes utilizados no tratamento de água para abastecimento para o ano

2013 ...................................................................................................................................................... 58

Tabela 5.9 – Plataforma de Dados/ Dados gerais (DG) – Caracterização do sistema de

drenagem doméstica .......................................................................................................................... 59

Tabela 5.10 – Lista de dados relativos ao sistema de drenagem e tratamento ....................... 60

Tabela 5.11 – Caracterização geral das ETAR ............................................................................. 61

Tabela 5.12 – Emissões de óxido nitroso nos sistemas de tratamento ..................................... 62

Tabela 5.13 – Estimativa das emissões de metano nas ETAR do Valdeão e Quinta da

Bomba .................................................................................................................................................. 62

Tabela 5.14 – Indicadores que traduzem o nível de serviço da entidade gestora ................... 64

Tabela 5.15 – Normalização de valores para o sistema de abastecimento .............................. 70

Tabela 5.16 - Normalização de valores para o sistema de saneamento ................................... 71

Tabela 5.17 – Estimativa da evolução populacional de acordo com três cenários possíveis

(de Plano Estratégico de Abastecimento de Água no concelho de Almada (2013) ................ 73

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SIMBOLOGIA E ACRÓNIMOS

ACV – Análise do Ciclo de Vida

APA - Agência Portuguesa do Ambiente

AR – Água residual

ASD – Água residual de Sistema separativo Doméstico

AU - Água residual de Sistema Unitário

ARH - Administração de Região Hidrográfica

ARUT - Águas Residuais Urbanas Tratadas

CESUR - Centro de Sistemas Urbanos e Regionais

CWB – City Water Balance

DQA - Directiva Quadro da Água

EEP - Estações Elevatórias Primárias

EG – Entidade(s) Gestora(s)

ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos

ETAR – Estação de Tratamento de Água Residual

GEE – Gases com efeito de estufa

GPI – Gestão Patrimonial de Infraestruturas

iGPI – Iniciativa Nacional para a Gestão Patrimonial de Infraestruturas

INAG - Instituto da Água

IRAR - Instituto Regulador de Águas e Resíduos

IWA – International Water Association

O&M – Operação e Manutenção

PEAASAR - Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais

PENSAAR - Plano Estratégico Nacional para os Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas

Residuais

PGRH - Planos de Gestão de Região Hidrográfica

PNUEA – Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água

RASARP - Relatório Anual do Sector de Águas e Resíduos em Portugal

SD – Sistemas descentralizados

SMAS – Serviços Municipalizados de Abastecimento e Saneamento

TRUST - Transitions to the Urban Water Services of Tomorrow

UWOT – Urban Water Optioneering Tool

WSUD - Water Sensitive Urban Design

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento e motivação do tema

O acesso a água potável bem como o posterior tratamento das águas residuais refletem o grau de

desenvolvimento das sociedades.

A Diretiva Quadro da Água (DQA) (Diretiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23

de Outubro de 2000) considera que “a água não é um produto comercial como outro qualquer, mas um

património que deve ser protegido, defendido e tratado como tal.” A água é um elemento indispensável

à vida e os serviços da água proporcionam uma maior facilidade ao seu fornecimento e à sua pronta

utilização e garantem uma posterior recolha, transporte e tratamento dos resíduos decorrentes,

assegurando que volta para o meio recetor com uma qualidade compatível com este.

Duma forma geral, as entidades gestoras do ciclo urbano da água enfrentam grandes desafios que

caso não sejam solucionados poderão dar origem a grandes constrangimentos nos serviços da água

de todo o mundo, nas próximas décadas. Os principais problemas são o crescimento acentuado da

população em meio urbano, a deterioração das infraestruturas que compõem os serviços da água

acompanhada dos elevados custos de operação e manutenção (O&M) e as alterações climáticas, que

dão origem a acontecimentos climáticos extremos (frequentes cheias/ frequentes períodos de seca)

(TRUST, 2012a).

Existem também problemas intrínsecos na forma como são pensados os serviços da água. Os atuais

sistemas de água são centralizados. Algumas desvantagens decorrentes deste tipo de sistemas são a

localização pontual de fontes de captação para abastecer uma certa população, resultando muitas

vezes em problemas de sobre-exploração, conduzem a água unidireccionalmente, muitas vezes não

aproveitam os nutrientes que se encontram nas águas residuais para a agricultura, são consumidores

de uma quantidade considerável de energia (em que uma parte é obtida através de fontes não

renováveis) e são suportados por um grande nível de infraestruturas, que necessita de grandes

esforços de manutenção (WSUD, 2014).

Dada a evolução do sector da água, existem inúmeras tecnologias desenvolvidas para o tratamento de

efluentes. A comparação entre as diferentes soluções revela-se útil para compreender de que forma as

especificidades das características socioeconómicas de cada região são encaradas no momento de

escolher uma solução de tratamento correta.

Cada vez mais todo o processo que ocorre nos sistemas de água é comparado a um conceito simples

da biologia: metabolismo. Esta noção torna claro que os sistemas que compõem os serviços da água

correspondem a um conjunto de fluxos de água, energia e materiais que são mobilizados, com a

tecnologia adequada, para satisfazer algumas necessidades - abastecimento de água e saneamento –

e que por implicarem transformações originam emissões de gases e resíduos.

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2

O desempenho dos sistemas de água deve ser analisado de forma integrada, seguindo estratégias que

cumpram os requisitos legais impostos e que garantam uma utilização responsável e sustentável dos

recursos naturais (IWA, 2014). A gestão integrada dos sistemas de água é baseada na premissa de

que o ciclo urbano de água deve ser avaliado como um todo, tendo em conta que o conceito de

sustentabilidade assenta em três pilares – dimensão económica, social e ambiental (Hellström et al.,

2000).

Por toda a Europa, as entidades e autoridades relativas aos serviços da água encontram-se em fase

de transição de práticas de gestão convencionais, isto é, que têm apenas em conta a satisfação da

procura enquanto as águas residuais e pluviais são encaminhadas para fora do meio urbano, para uma

visão integrada do ciclo urbano da água, que promove o eficiente uso de água. Uma abordagem

possível é estabelecer um ciclo urbano de água fechado através da implementação de estratégias de

reutilização.

1.2 Objetivos

A presente dissertação insere-se no âmbito do projeto Europeu TRUST (Transitions to the Urban Water

Services of Tomorrow) que tem como principal objetivo o desenvolvimento das melhores ferramentas

que facilitem a transição para os serviços da água urbana do futuro.

Tem como principal objetivo a construção de uma ferramenta que caracteriza de forma integrada o ciclo

urbano de água. Pretende-se que a avaliação seja feita ao nível dos recursos que são utilizados na

operação e manutenção, das emissões de GEE e das implicações económicas decorrentes da

atividade dos sistemas de água.

Um primeiro objetivo a atingir é explorar a potencialidade do uso de balanço de massas para a gestão

do ciclo urbano de água. A metodologia desenvolvida tem na sua base o conceito de metabolismo. O

metabolismo urbano, à semelhança do conceito original da Biologia, corresponde à contabilização dos

fluxos de entrada e saída de um sistema urbano que permitem que se atinjam certos níveis de qualidade

de vida. Da coleta e organização dos dados e da análise modular dos fluxos de energia, água e

emissões é simplificada a perceção faseada dos subprodutos associados.

Para ter em conta a noção da adoção de uma gestão integrada, foi considerado no modelo a inclusão

de todos os componentes que compõem o ciclo urbano da água, como os sistemas de captação e

abastecimento de água potável, os sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais, os sistemas

naturais que se traduzem em acontecimentos pluviométricos, infiltração e escoamento e os sistemas

de recuperação e reutilização de água consoante os usos.

O modelo desenvolvido serve como um sistema simples de fornecimento de indicadores de

desempenho, que caracterizam o ciclo urbano de água de uma cidade ou região, funcionando também

como ferramenta de benchmarking. Os indicadores obtidos foram pensados para reproduzir informação

acerca de três fluxos metabólicos: água, energia e emissões de GEE traduzidas em emissões

equivalentes de dióxido de carbono (CO2).

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Ao serem identificados os processos críticos, uma ferramenta integrada como o modelo de metabolismo

permite a análise e o desenvolvimento das possíveis soluções a implementar no futuro, essencialmente

relacionadas com a ligação água-energia-emissões.

1.3 Estrutura

A presente dissertação contempla seis capítulos.

Serve o presente capítulo para fazer o enquadramento ao tema desenvolvido ao longo da dissertação.

É feita uma descrição dos objetivos a alcançar e da estrutura do documento.

No Capítulo 2 faz-se uma caracterização do sector de água de uma forma global, realçando os

principais stakeholders a nível internacional e nacional e quais os mais relevantes e recentes

documentos orientadores.

No Capítulo 3 são abordadas as questões da necessidade de adquirir uma gestão integrada nos

serviços da água, os mais recentes padrões de sustentabilidade e ferramentas para a sua quantificação

e o conceito de metabolismo urbano aplicado ao sector da água. Este é o capítulo que traduz toda a

pesquisa feita e que orienta a execução dos capítulos seguintes.

No Capítulo 4 descreve-se a metodologia desenvolvida e adotada a aplicar para um caso de estudo.

Serve a metodologia desenvolvida para a avaliação de um ciclo urbano de água através da

quantificação modular de fluxos.

O caso de estudo, descrita no capítulo 5, corresponde aos serviços da água operacionalizados pelos

Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Almada. Nesta fase do trabalho são

reunidos todos os dados necessários para a correta implementação do modelo, é feita uma análise da

situação atual da entidade e são analisados cenários de evolução populacional.

Por fim, no Capítulo 6 é feito um resumo das principais conclusões do estudo e são enumeradas

algumas sugestões para trabalho futuro, que possam complementar e aperfeiçoar o trabalho até então

realizado.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR DA ÁGUA

Os serviços da água surgiram da necessidade fornecer água potável para consumo humano e de

controlar a proliferação de doenças infeciosas via hídrica. Em Portugal, a realidade deste sector é mais

animadora, com o acesso generalizado dos serviços da água à quase totalidade da população

portuguesa, se comparada à situação que se prolongou até ao início da década de noventa (RASARP,

2010a).

Em 1986, com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, o Estado Português teve à

sua disposição os meios financeiros que possibilitaram um maior investimento nos serviços da água.

Nos subcapítulos seguintes é feita uma descrição dos enquadramentos estratégico e legal no sector

da água em Portugal, ambos bastante interligados. O sector da água é constituído por um conjunto de

intervenientes e de modelos de gestão que contribuam para o melhor funcionamento de todos os

sistemas que se inserem no ciclo urbano de água (a apresentar nos Capítulos 2.1 Modelos de Gestão

e 2.4 Principais Intervenientes).

2.1 Modelos de Gestão

Os serviços da água agrupam-se em sistemas “em alta” e sistemas “em baixa”. Duma forma simplista,

poder-se-á dizer que os sistemas de alta e de baixa correspondem, “respetivamente, às atividades

grossista e retalhista dos sectores de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais

urbanas e de gestão de resíduos urbanos” (RASARP, 2010b).

Na Tabela 2.1 são enumerados os componentes que constituem ambos os sistemas consoante se

refiram a serviços de abastecimento ou serviços de saneamento.

Tabela 2.1 - Componentes que constituem os sistemas em “alta” e os sistemas em “baixa” (adaptado de RASARP (2010b))

SISTEMA “EM ALTA” SISTEMA “EM BAIXA”

SERVIÇOS DE

ABASTECIMENTO

Componentes de captação,

tratamento de água potável,

Tubagens adutoras

Armazenamento e

distribuição de água ao

consumidor

SERVIÇOS DE

SANEAMENTO

Componentes de tratamento

de águas residuais

Transporte e descarga de

águas residuais

Recolha e drenagem das

águas residuais urbanas e

pluviais

Os modelos de gestão adotados podem ser de natureza estatal ou municipal, definindo-se como

componente “em alta” os sistemas multimunicipais e como componente “em baixa” os sistemas

municipais, de acordo com o Decreto-Lei n.º379/93. As Tabelas 2.2 e 2.3 ilustram os vários modelos

existentes no sector da água.

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Tabela 2.2 - Modelos de Gestão utilizados em sistemas de titularidade estatal (adaptado de RASARP (2012))

MODELO ENTIDADE GESTORA TIPO DE COLABORAÇÃO

GESTÃO

DIRETA Estado -

DELEGAÇÃO Empresa Pública -

CONCESSÃO Entidade concessionária

multimunicipal

Participação do Estado e municípios no

capital social da entidade gestora

concessionária, podendo ocorrer participação

minoritária de capitais privados

Atualmente, não existem casos de um modelo de gestão direta de titularidade estatal. A EPAL

(Empresa Portuguesa de Águas Livres, SA.) é uma empresa de capitais públicos detida a 100% por

outra, a AdP. Este é um exemplo de um modelo de gestão por Delegação no conjunto de modelos de

titularidade estatal (EPAL, 2013).

De acordo com o RASARP (2012), as entidades gestoras que operam nos sistemas “em alta” de

abastecimento e saneamento possuem maioritariamente um modelo de gestão através de concessão

multimunicipal (75% e 84%, respetivamente).

Tabela 2.3 - Modelos de Gestão utilizados em sistemas de titularidade municipal ou

intermunicipal (adaptado de RASARP (2012))

MODELO ENTIDADE GESTORA TIPO DE COLABORAÇÃO

GESTÃO DIRETA

Serviços municipais -

Serviços municipalizados -

Associação de municípios (serviços intermunicipais)

Constituição de uma pessoa coletiva de direito público integrado por vários municípios

DELEGAÇÃO

Empresa constituída em parceria com o Estado (integrada no sector empresarial local ou do Estado)

Participação do Estado e municípios no capital social da entidade gestora da parceria

Empresa do sector empresarial local sem participação do Estado (constituída nos termos da lei comercial ou como entidade empresarial local)

Eventual participação de vários municípios no capital social da entidade gestora, no caso de serviço intermunicipal, podendo ocorrer participação minoritária de capitais privados

Junta de Freguesia e associação de utilizadores

Acordos ou protocolos de delegação entre município e Junta de Freguesia ou associação de utilizadores

CONCESSÃO Entidade concessionária municipal Parceria Público-Privada (municípios e outras entidades privadas)

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Os modelos de gestão de titularidade municipal ou intermunicipal mais recorrentes são os serviços

municipais, municipalizados e intermunicipais (gestão direta) (RASARP, 2012).

Em 2012, os serviços municipais possuíam uma expressão significativa (50% para a distribuição de

água potável e 74% para a drenagem de águas residuais), embora a percentagem de população

servida fosse menor (31% para a distribuição de água potável e 40% para a drenagem de águas

residuais).

2.2 Enquadramento estratégico

Atualmente, as preocupações prementes no sector da água são a obtenção de sistemas sustentáveis

e a correta gestão das infraestruturas existentes, ao mesmo tempo que se assegura um serviço de

qualidade.

Um documento de crucial importância para o sector da água, aprovado pelo Ministério do Ambiente, do

Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR, 2007), é o Plano Estratégico de

Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR), que traça os principais

objetivos e estratégias para o futuro do sector.

No ano de 2000 foi aprovado pelo XIV Governo a primeira fase do plano, o PEAASAR I (2000-2006),

articulado com o Quadro Comunitário de Apoio para Portugal (QAC III). Teve um papel essencial na

estruturação de todo o sector de abastecimento de água e saneamento de águas residuais,

principalmente incindindo na vertente “em alta”. Foram deixadas em aberto as soluções previstas na

lei para os sistemas “em baixa”, preconizando apenas como desejável a possibilidade da integração

desses nos sistemas plurimunicipais.

Apesar da importância da primeira fase do PEAASAR, existiam muitos problemas por resolver,

sobretudo ao nível dos sistemas municipais em baixa. Os principais problemas a resolver eram

(PEAASAR II, 2007):

- A existência de níveis de atendimento às populações, em quantidade e em qualidade, aquém dos

objetivos inicialmente estabelecidos;

- A deficiente articulação entre as vertentes em alta e em baixa tendo como consequência a perda

de operacionalidade das infraestruturas construídas;

- A existência de uma grande quantidade de sistemas de pequena dimensão sem que fossem

aproveitadas as economias de escala;

- As diferenças tarifárias praticadas entre as autarquias, com a agravante de as tarifas não refletirem

a recuperação de todos os custos operacionais dos sistemas.

A definição de um novo programa, através do PEAASAR II (2007-2013), foi importante na redefinição

das linhas de orientação para o sector. Foram definidas medidas de otimização de gestão e de

desempenho ambiental e clarificado o papel da iniciativa privada. Desta forma pretendeu-se assegurar

uma eficaz proteção dos valores ambientais e permitir uma abordagem eco-eficiente das entidades

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gestoras (EG). Foi proposta uma maior cooperação entre o Estado e as autarquias, com vista à

integração de sistemas municipais e multimunicipais.

As principais linhas de desenvolvimento estratégico para o sector foram a verticalização dos modelos

de gestão (existência de uma única entidade gestora nos serviços “em alta” e nos serviços “em baixa”)

e alargá-los a empresas privadas, com maior capacidade de investimento. Este movimento é

fundamental para alcançar ganhos de escala, eficiência e melhor uso dos recursos (RASARP, 2010a).

O PENSAAR 2020 (Plano Estratégico Nacional para os Sistemas de Abastecimento de Água e de

Águas Residuais) surge no seguimento dos anteriores planos com uma maior articulação com o novo

quadro comunitário e com novos objetivos para a gestão do sector da água. Identificam-se quatro partes

principais que correspondem às suas fases de desenvolvimento. Na primeira fase é definida a situação

de referência que inclui o balanço do PEAASAR II e o diagnóstico da situação atual. Na segunda fase

define-se o quadro estratégico para o sector, incluindo a Visão, objetivos, indicadores, metas e

cenários. De acordo com o quadro estratégico é definido o Plano de ação na terceira fase através da

elaboração de medidas e ações de acordo com os investimentos e recursos financeiros, humanos e

legais disponíveis. Por fim, na quarta e última fase, é elaborado o Plano de Gestão através da gestão,

monitorização, atualização de plano e avaliação do seu desempenho (PENSAAR 2020, 2015)

Em 2005, foram aprovadas as linhas programáticas para a criação do Programa Nacional para o Uso

Eficiente da Água (PNUEA) com o principal objetivo de promover o uso eficiente deste recurso em meio

urbano, agrícola e industrial. O PNUEA pretende ser a resposta para minimizar os riscos de escassez

hídrica e melhorar as condições ambientais nos meios hídricos (PNUEA, 2013).

Como forma de unificar e disponibilizar informação sobre o sector a utentes e intervenientes do sector,

o Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) iniciou em 2004 a publicação regular de um Relatório

Anual do Sector de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), estruturado em quatro volumes

(MAOTDR, 2007).

No volume 1 é feita uma caracterização geral do sector, no volume 2 é feita uma caracterização

económica e financeira, o volume 3 materializa a avaliação da qualidade do serviço e por fim, o volume

4 corresponde à caracterização da qualidade da água para consumo (ERSAR, 2013). Atualmente, a

construção e a divulgação das edições do RASARP está a cargo da Entidade Reguladora dos Serviços

de Água e Resíduos (ERSAR).

Uma vez que o sector da água está fortemente dependente do grau de conservação das infraestruturas,

foi promovida a Iniciativa Nacional para a Gestão Patrimonial de Infraestruturas (iGPI).

A iGPI “é promovida com o objetivo principal de capacitar as entidades gestoras de serviços urbanos

de água para o desenvolvimento, implementação e manutenção de planos de gestão patrimonial de

infraestruturas” (iGPI, 2014). Este é um passo muito importante para as EG que transitam de um ciclo

de construção para um ciclo de gestão do seu património, racionalizando e justificando os investimentos

para manter e reabilitar as componentes físicas do sistema.

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Através da partilha de informação das ferramentas necessárias para a tomada de decisão eficiente e

experiências entre os responsáveis de EG de todo o país, promovido pelo projeto AWARE-P, ocorreu

uma maior disseminação das melhores práticas de gestão patrimonial de infraestruturas (GPI),

facilitando a obtenção de um desenvolvimento sustentável. No âmbito deste projeto, a ERSAR

promoveu a publicação dos Guias Técnicos n.º 16 e 17, sobre gestão patrimonial de infraestruturas de

serviços da água.

A importância da GPI é reconhecida na legislação do sector, nomeadamente no Decreto-Lei n.º

194/2009, de 20 de agosto, que determina que as EG dos serviços da água devem dispor de informação

sobre a situação atual e futura das infraestruturas, a sua caracterização e a avaliação do seu estado

funcional e de conservação. As EG que servem mais de 30 mil habitantes devem ainda promover e

manter um sistema de gestão patrimonial de infraestruturas (ERSAR, 2010).

2.3 Enquadramento legal e regulador

A mais recente legislação para o sector da água tem por base a gestão sustentável de todos os

sistemas que operam em “alta” e em “baixa”.

A década de noventa ficou marcada pelos importantes avanços na legislação, para o sector da água.

Em 1993, foi criado o Decreto-Lei n.º 379/93, de 5 de Novembro que se constitui como o mais

importante diploma que regula a atividade, estabelecendo o regime de exploração e gestão dos

sistemas municipais e multimunicipais de captação, tratamento e distribuição de água para consumo

público e de recolha, tratamento e rejeição de efluentes.

O Decreto-Lei n.º 372/93, de 29 de Outubro, define uma estratégia rigorosa que possibilite “o aumento

do grau de empresarialização no sector, incluindo capitais privados, e permita a aceleração do ritmo de

investimento” acautelando ao mesmo tempo os interesses nacionais.

Os diplomas referidos vieram atribuir maiores responsabilidades às entidades a nível local,

salvaguardando, no entanto, que o investimento deve ser complementado pela Administração Central

para as atividades em alta, através da criação de sistemas multimunicipais. Estas medidas promovem

a gestão partilhada entre municípios e a participação de capitais e conhecimento privados,

proporcionando desta forma um maior desenvolvimento do tecido empresarial e a existência de uma

verdadeira indústria da água.

A publicação da legislação referida foi um grande ponto de partida para a implementação de soluções

integradas que permitem a resolução de problemas complexos, relacionados com a falta da capacidade

técnica dos municípios envolvidos, e a adotação de modelos de gestão mais estruturados. Em 2003, o

Governo português procedeu a uma clarificação do regime do Decreto-Lei n.º 379/93 com a publicação

do Decreto-Lei nº.103/2003, onde foi explicitado o objetivo da criação dos sistemas multimunicipais.

No contexto da Comunidade Europeia, foi aprovada em 2000 a Diretiva Quadro da Água (DQA), da

qual resultou o estabelecimento de um novo quadro legal de ação comunitária para a gestão dos

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recursos hídricos, com a obrigatoriedade de transposição para o direito nacional. É preconizada uma

abordagem abrangente e integrada para a proteção e gestão dos recursos hídricos com o objetivo de

alcançar o bom estado de todas as águas em 2015.

Da transposição para o direito nacional, resultaram em 2003 a Lei da Água e a Lei Complementar que

substituiu a antiga lei, datada de 1919, que carecia de importantes conceitos de natureza ambiental

(MAOTDR, 2007).

Duma forma geral, a Lei da Água estabelece as bases e o quadro institucional para uma gestão

sustentável de todo o sector, sendo que as principais premissas são garantir a universalidade de

acesso, a continuidade e a qualidade de serviço e a eficiência e equidade de preços.

Da implementação da Lei da Água resultaram alterações significativas ao anterior modelo institucional

de gestão dos recursos hídricos.

Foram criadas as Administrações de Região Hidrográfica (ARH)

e foi instituído o Instituto Nacional da Água (INAG) como

Autoridade Nacional da Água. Estes organismos estão inseridos

na Agência Portuguesa do Ambiente (APA). A APA é um serviço

central da administração direta do Estado, integrado no

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (APA,

2014a).

Na Figura 2.1 é possível ter uma ideia da delimitação das

Regiões Hidrográficas.

A principal função das ARH é a elaboração de Planos de Gestão

de Região Hidrográfica (PGRH) para a gestão, proteção e

valorização ambiental, social e económica dos recursos

hídricos, tendo em conta o contexto da região.

Para além disto, o Estado assume o papel de regulador através

da ERSAR, criada a 2009. O novo regime jurídico introduziu um

reforço na regulação do sector sendo alargado o âmbito de

intervenção da ERSAR a todas as entidades gestoras dos

serviços da água, comparativamente à antiga entidade de

regulação, o IRAR.

Figura 2.1 - Delimitação das Regiões Hidrográficas (APA,

2014a)

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2.4 Principais intervenientes

O sector da água em Portugal é composto por um conjunto de entidades públicas e privadas

responsáveis pela gestão e regulação de serviços de captação e abastecimento de água às populações

e serviços de saneamento e drenagem das águas residuais e pluviais.

O conjunto de entidades, públicas e privadas, que operam no sector da água podem dividir-se em

quatro grandes grupos:

- Grupo AdP, grande operador público nacional, responsável pela gestão e exploração dos sistemas

multimunicipais;

- Entidades municipais, como os municípios, serviços municipalizados, empresas municipais e

intermunicipais;

- Grupos de entidades gestoras privadas, como a Be Water, Indaqua, Aqualia ou a Aquapor;

- Empresas de prestação de serviços.

O sector da água continua a ser maioritariamente composto por entidades públicas sendo que as

principais são o grupo Águas de Portugal (AdP) e as entidades municipais.

O grupo AdP, enquanto instrumento do Estado para a prossecução das políticas vigentes, realizou as

seguintes medidas, consideradas de grande importância para o desenvolvimento do sector em Portugal

(MAOTDR, 2007):

- Alargamento e consolidação dos sistemas multimunicipais de abastecimento e saneamento

(Exemplos: EPAL, Águas do Noroeste, SIMRIA, Águas do Centro, Águas do Algarve);

- Execução de programas de investimentos em infraestruturas de abastecimento e saneamento,

num total de 1200 milhões de euros.

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3. ESTADO DE ARTE

3.1 Gestão Integrada do ciclo urbano de água

A nível global tem-se procurado caminhar para uma gestão dos serviços da água mais sustentável

como resposta: 1) à crescente pressão demográfica (com um aumento cada vez maior da população

que vive em meio urbano, em oposição ao meio rural), dificultando a capacidade dos sistemas naturais

de assimilar a poluição; 2) às alterações climáticas e 3) à degradação das infraestruturas.

No centro de toda a questão está a água, que não deve ser encarada como uma mercadoria, mas como

a base da vida, sem substituto semelhante. As Nações Unidas declararam na Assembleia Geral

decorrida a 28 de Julho de 2010 que o acesso à água potável e o saneamento são direitos humanos

(ONU, 2014).

Isto tem levado a uma crescente preocupação com as questões ambientais e sociais aliadas às já muito

disseminadas questões económicas, para alcançar uma gestão sustentável dos recursos e dos

serviços da água e continuar a proporcionar uma boa qualidade de vida à população. Tem sido motivo

de diálogo entre investigadores e profissionais a adoção de uma gestão integrada do ciclo urbano de

água (Jefferies e Duffy, 2011).

Estando a Europa num período de transição, a emergente e anteriormente citada legislação ambiental

da União Europeia (DQA) é fundada nos princípios de uma gestão integrada, da prevenção de poluição

e num conceito mais completo de sustentabilidade onde figuram não apenas os aspetos ambientais e

económicos mas também os aspetos sociais e institucionais (Makropoulos et al., 2008)

O ciclo urbano de água está direta e indiretamente ligado a uma variedade de outros serviços urbanos

(sector da energia, transportes, etc.). Desta forma, é necessária a coordenação e cooperação entre os

diversos órgãos responsáveis pela gestão desses serviços, bem como entre outros grupos de interesse.

Uma abordagem mais alargada do desempenho dos serviços da água permitirá uma melhor

compreensão do caminho a percorrer no futuro.

A abordagem a uma gestão integrada envolve preocupações com: 1) a conservação de água; 2) o uso

de fontes de água distintas consoante a finalidade do seu consumo (Ex.: uso de água das chuvas ou

reutilização de águas residuais tratadas para rega ou indústrias) a diferentes escalas e que são

sensíveis aos ciclos de energia e nutrientes; 3) a redução dos gases com efeito de estufa; 4) o

desenvolvimento e utilização de energias renováveis e 5) a proteção dos cursos de água e aquíferos.

Em Mitchell (2006) são enumerados os seguintes princípios para uma gestão integrada:

- Considerar todas as partes no ciclo da água, natural ou construído, superficial ou subterrâneo;

- Considerar todos os requisitos para a água, ambos antropogénicos e ecológicos;

- Considerar o contexto local, tendo em conta as perspetivas ambientais, sociais, culturais e

económicas, para a construção de um sector da água adaptativo;

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- Incluir todos as partes interessadas nos processos de planeamento e decisão, através da obtenção

de informação precisa, útil e acessível;

- Balancear necessidades ambientais, sociais e económicas no curto, médio e longo prazo, para

alcançar sistemas sustentáveis.

A adoção de uma gestão integrada promove uma estrutura baseada em conhecimentos científicos que

permite assimilar e organizar informação multidisciplinar e a comunicação entre as entidades

interessadas, que possuem obviamente perspetivas, valores e prioridades distintos (Laniak et al.,

2013).

Apesar da compreensão na mudança de paradigma para uma gestão integrada, as políticas de água

urbana têm-se deparado com algumas dificuldades na sua implementação (Marteleira et al., 2014).

Na Figura 3.1 estão presentes todos os componentes, processos e meios para uma abordagem

integrada.

A transição para uma gestão integrada é muito complexa por envolver um grande número de

participantes e por ter na sua base um planeamento estratégico e de longo prazo recorrendo a práticas

de gestão sustentáveis.

Para avaliar o estágio de transição em que uma cidade se encontra no que respeita a boas práticas de

gestão integrada, foi construída uma ferramenta conceptual que traduz mudanças marcadas nos pilares

das práticas institucionais: cognitiva, reguladora e normativa (Brown et al., 2008). A Figura 3.2

Figura 3.1 – Meios/ processos para uma gestão integrada no ciclo urbano de água (adaptado de Philip (2011))

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demonstra a progressão linear dos seis estados de transição acompanhada da acumulação de fatores

sociais e políticos.

As ferramentas de apoio à decisão funcionam como instrumentos que permitem a análise e visualização

da informação necessária aos decisores, funcionando também como plataforma de comunicação. A

construção de ferramentas de apoio à decisão decorrem da necessidade de caracterizar, monitorizar e

simular de forma metódica e holística toda a complexidade dos sistemas de abastecimento de água e

de drenagem de águas residuais e pluviais.

Com o objetivo de servir de suporte à mudança a longo prazo existem alguns projetos e programas que

funcionam na base anteriormente referida.

TRUST foi um projeto transdisciplinar de fundos europeus, conduzido por equipas de investigação

direcionadas para inovações na governança, em conceitos de modelação, de tecnologias e de

ferramentas de suporte à tomada de decisão.

Teve como principal objetivo fornecer o suporte necessário às autoridades e instituições dentro da

União Europeia, para formular e implementar políticas que promovam uma transição nos serviços da

água para um futuro mais sustentável. Foram incluídos modelos de metabolismo, indicadores de

desempenho, avaliação de risco e análises da perceção dos utilizadores e dos modelos de governação.

Para demonstrar e legitimar todo o conhecimento adquirido, foram desenvolvidas e implementadas de

forma individual algumas soluções em sistemas urbanos de água de nove cidades/ regiões piloto, que

possuem características diferentes.

Este foi um projeto ambicioso por incutir desde o início a premissa de interdisciplinaridade, englobando

os vários intervenientes nos sistemas de água urbana e por definir diferentes caminhos para a adoção

de práticas sustentáveis consoante as necessidades de certa região/ cidade.

Figura 3.2 - Quadro de transição na gestão da água urbana (Brown et al. 2008).

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O projeto de investigação SWITCH – Gerindo a cidade do futuro, realizado entre 2006 e 2011, teve

como principal objetivo desenvolver e prever a aplicação de alternativas para a gestão das águas

urbanas de forma a resolver os atuais problemas nos serviços da água (SWITCH, 2014).

Foi possível compreender que a aplicação de alternativas para uma gestão sustentável é condicionada

pelo contexto, tendo sido proposta uma tipologia de cidades. Foram enumeradas as seguintes

categorias de cidade: 1) Cidades onde a acessibilidade de serviços básicos é um problema; 2) Cidades

com forte capacidade no sector da água; 3) Cidades com um padrão de precipitação tropical; 4) Cidades

com um padrão de precipitação moderado, afetado pelas alterações climáticas; 5) Cidades com

escassez de recursos hídricos; 6) Cidades com potencial para reutilização de águas tratadas (van der

Steen et al., 2011).

A caraterização das cidades em tipologias consoante as suas características faz com que existam

diferenças de critérios de caso para caso. Este assunto é desenvolvido no Capítulo 3.4 relativo a

ferramentas de avaliação para sistemas do ciclo urbano da água.

O programa Water Sensitive Urban Design (WSUD) é uma iniciativa de Greater Sydney Local Land

Services, na Austrália, que enfrenta graves problemas de escassez de água (WSUD, 2014). Este surgiu

na sequência de investimentos em fontes de água alternativas devido à escassez de água que se tem

verificado nesta região.

A dessalinização é a forma mais disseminada de obtenção de água para abastecimento, na Austrália

(Chanan et al., 2009). Através do WSUD, procuram-se desenvolver as ferramentas e o conhecimento

para construir soluções de redução de água potável e a reutilização de águas residuais e pluviais,

contrariando desta forma o cenário business-as-usual, com um aumento esperado do consumo

energético em 200-250% de 2007 a 2030.

Na ótica do WSUD, a integração do planeamento urbano com a gestão, proteção e conservação do

ciclo urbano da água é fundamental para assegurar que todo o serviço da água responde de forma

correta aos processos naturais (Chanan et al., 2009; Mitchell, 2006). Na Figura 3.3 é feito um

paralelismo entre o balanço de água em meio natural e urbano. O balanço de acordo com WSUD é

caracterizado por uma diminuição dos volumes de captação e dos volumes de águas residuais

encaminhados para o meio recetor.

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Figura 3.3 - Balanço hídrico em contexto natural e urbano (WSUD, 2014)

O projeto PREPARED Enabling Change (2010-2014), financiado pela União Europeia no contexto do

sétimo quadro de investimentos do Programa “Ambiente”, consiste no desenvolvimento de soluções

adaptativas para o sector da água para uma eficaz preparação às alterações climáticas verificadas nas

últimas décadas (PREAPRED, 2014).

O projeto AWARE-P IAM tem como principal missão o fornecimento de uma metodologia inovadora e

estruturada na gestão patrimonial de infraestruturas às entidades gestoras do ciclo urbano da água

(AWARE, 2015). Os principais produtos do projeto são manuais de boas práticas, software open-source

de planeamento de GPI e apoio à decisão, estudos-piloto e cursos de formação.

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3.2 Metabolismo urbano

Metabolismo é um modelo conceptual derivado da Biologia que representa o conjunto de reações

químicas que ocorrem num organismo vivo e que lhe permitem crescer, reproduzir-se e responder ao

ambiente que o rodeia.

O conceito de metabolismo urbano foi desenvolvido por Wolman (1965) motivado pela deterioração da

qualidade do ar e da água das cidades americanas. O estudo consistiu na análise do metabolismo de

uma hipotética cidade americana, com 1 milhão de habitantes, com recurso a dados nacionais.

Este conceito tem sido aplicado com maior expressão como um quadro unificador das relações entre

os recursos que são utilizados/ transformados em funções vitais aos seus habitantes e que dão origem

a resíduos e emissões. É baseado na ideia de que as pressões ambientais geradas em contexto urbano

precisam de ser avaliadas segundo uma abordagem sistémica, com uma forte componente de

interdisciplinaridade (Minx et al., 2010).

Os modelos de metabolismo podem ser aplicados a nível global, nacional, regional, urbano ou sectorial.

A aplicação a uma escala urbana apresenta potencialidades que a nível regional ou a nível global não

existiriam. A uma escala maior que a urbana, o sistema é encarado como uma caixa fechada com

entrada de recursos e importações e com a saída de resíduos e exportações sem que seja possível

considerar os processos que conduzem as entradas e as saídas (Steinberger, et al., 2011).

Ao quantificar os fluxos de materiais/ bens e de energia, os estudos do metabolismo urbano das

cidades/ regiões representam uma importante ferramenta de avaliação acerca da direção de

desenvolvimento da cidade (Kennedy, et al., 2007).

Uma lista exaustiva de estudos realizados pode ser encontrada em Kennedy, et al. (2011), com

diferentes níveis de abrangência consoante o número de diferentes tipos de fluxos e processos

considerados. Algumas das cidades analisadas na base do metabolismo urbano foram Bruxelas

(Duvigneaud e Denayeyer-De Smet, 1977), Hong Kong (Newcombe et al., 1978), Sydney (Newman,

1999), Londres (Chartered Institute of Wastes Management, 2002) e Lisboa (Niza et al., 2009).

Da pesquisa feita, ressaltam alguns exemplos de aplicações práticas de um modelo de metabolismo:

- Constituição de uma base de dados de todas as opções tecnológicas que utilizam água e que

traduzem os vários tipos de uso (e.g. máquina de lavar roupa e máquina de lavar loiça) e as

características das variedades disponíveis (e.g. máquina de lavar roupa da marca X e máquina de

lavar roupa da marca Y), para a representação de todo o serviço de água por a agregação de

escalas menores (Makropoulos, et al., 2008);

- Suporte à construção de Indicadores de sustentabilidade urbana (Minx, et al., 2010; Hellström, et

al., 2000);

- Serve como ferramenta de benchmark que possibilita a construção de classes de metabolismo

urbano (Kennedy, et. al 2007);

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- Construção de modelos matemáticos para análise política e de opções de gestão, que permitem a

avaliação de cenários e alternativas, atendendo aos desafios que se colocam à sustentabilidade das

cidades (Steinberger, et al., 2011).

3.2.1 Metabolismo linear e Metabolismo circular

Segundo Girardet, et al. (2009), as cidades contemporâneas possuem maioritariamente um

metabolismo linear aberto. No metabolismo linear aberto os fluxos são unidirecionais e os materiais/

energia são obtidos, utilizados e rejeitados como resíduos/ emissões. A quantidade de recursos

requeridos à entrada do sistema é elevada bem como a diluição e/ou assimilação dos resíduos

resultantes.

Este tipo de metabolismo é insustentável porque contribui para um aumento da pegada ecológica, para

tipicamente uma a duas ordens de magnitude das áreas das próprias cidades (Kennedy et al., 2007).

A pegada ecológica é um indicador que analise o impacto do consumo dos recursos naturais, incluindo

as pressões ambientais indiretas. É definida como sendo o total da área biológica produtiva e da água

utilizada para continuamente produzir os recursos e assimilar os desperdícios que advêm das

atividades de consumo de uma determinada população. Permite calcular a área necessária para

produzir tudo aquilo que se consome e para assimilar os resíduos resultantes, revelando os limites

ecológicos do planeta (Minx, et al., 2010; Codoban e Kennedy, 2008)

Dada a presença dos desafios anteriormente referidos, a longo prazo é benéfico que as cidades adotem

um metabolismo do tipo circular, mimetizando os ecossistemas naturais e os sistemas biológicos, que

possuem ciclos fechados. A estrutura conceptual de disciplinas como a Ecologia Industrial possui um

elevado grau de conexão com o conceito de metabolismo urbano circular. Nesta abordagem o objetivo

é desenvolver sistemas eficientes considerando o uso de recursos como restaurativo, sem que

representem perigo para o meio ambiente.

No metabolismo circular, o que é resíduo para uma atividade ou função pode ser matéria-prima para

uma outra e é dada grande enfase à utilização de energias renováveis. Neste tipo de metabolismo é

necessária uma abordagem holística e sistémica encarando o ciclo urbano de forma integrada,

combinando várias disciplinas como a engenharia, a arquitetura, as ciências socias e do ambiente e as

aspirações da comunidade. Os princípios-padrão são a conservação, recuperação e reutilização.

3.2.2 Tipos de análise

O modelo de metabolismo pode ser estático ou dinâmico. A análise estática examina de que forma as

características do sistema se encontram interligadas enquanto a análise dinâmica examina como essas

evoluem com o tempo (Brattebø, 2011). Para tal é necessário definir a escala temporal de estudo.

Tipicamente a escolha recai para uma escala anual (Codoban e Kennedy, 2008).

Para desenvolver um modelo dinâmico é necessário definir cenários de estudo, isto é, assumir como

evoluem as condições económicas, sociais e ambientais que são externas ao sistema. Tendo em conta

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18

o cenário de estudo, o modelo deve incluir quais as alternativas que o sistema adota para responder

às alterações.

3.2.3 Fases de construção do modelo

O modelo de metabolismo é definido como qualitativo, quantitativo ou operativo. Um modelo de

metabolismo diz-se qualitativo quando são definidos todos os componentes, fluxos e relações entre os

vários subsistemas e são definidas as variáveis críticas respeitantes a cada uma das relações. O

modelo de metabolismo qualitativo pode caminhar para um modelo quantitativo quando são

caracterizadas as expressões matemáticas que traduzem as relações anteriormente referidas e se

constrói um modelo matemático.

Os benefícios de construir um modelo matemático para o utilizador são: 1) Encarar diferentes hipóteses

de estudo e com diferentes valores para as variáveis independentes para calcular as variáveis

dependentes; 2) Através da interligação dos subsistemas é possível analisar diferentes partes do

sistema dentro do mesmo quadro analítico, compreendendo de que forma cada um contribui para a

qualidade do serviço.

Por fim, após testar, validar e calibrar o modelo matemático, segundo constrangimentos e hipóteses

relativas a cada região/ cidade, o modelo de metabolismo desenvolvido é útil ao nível operacional

(Brattebø, 2011).

3.2.4 Métodos analíticos utilizados

As metodologias mais utilizadas e fundamentais para avaliar o metabolismo urbano e a sua

sustentabilidade são a Análise do Fluxo de Materiais (AFM) e a Análise do Ciclo de Vida (ACV).

Análise do Fluxo de Materiais (AFM)

Uma vez que o conceito de metabolismo urbano assenta numa abordagem sistémica, um dos métodos

utilizados é a AFM. Tem como propósito a contabilização e a análise estruturada dos fluxos e stocks

de materiais, substâncias, necessidades energéticas e das emissões de um sistema com limites bem

definidos (Heijungs e Voet, 2008).

No AFM é necessário definir os subsistemas que compõem o sistema, com o nível de desagregação

pretendido. Daqui resulta um maior número de variáveis consoante o maior nível de desagregação do

sistema. No subcapítulo seguinte (3.2.5 Aplicação do modelo de metabolismo ao ciclo urbano de água)

são exemplificados diferentes definições de sistemas do ciclo urbano da água.

O princípio base do AFM é a conservação da matéria, isto é, os fluxos que entram num subsistema são

iguais aos fluxos de saída acrescidos da variação de stock verificada nesse subsistema. As equações

de balanço traduzem este princípio e a par com as equações de abordagem ao modelo, são construídas

equações em igual número das variáveis.

Análise do Ciclo de Vida (ACV)

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19

A ACV é usado para obter uma análise estruturada dos potenciais impactes ambientais associados

com determinados stresses ambientais associados a um produto/ serviço. Os princípios básicos de

funcionamento encontram-se fixados na norma ISO 14040. As fases da ACV são:

- Definição de objetivos e do âmbito de estudo, onde o produto ou serviço avaliado é definido, uma

base funcional para comparação é escolhida e o nível de detalhe definido;

- Inventário dos processos envolvidos e quantificação dos respetivos fluxos de entrada e saída;

- Avaliação do impacto decorrentes dos efeitos do uso de recursos e das emissões geradas. Os

resultados do inventário são transformados em indicadores e agrupadas num número limitado de

categorias de impacto que são depois ponderadas por grau de importância. Alguns exemplos de

categorias de impacto são a eutrofização, a acidificação, o efeito de estufa, a carciogenia, a camada

de ozono, etc.;

- Interpretação dos resultados na forma mais informativa possível. São avaliadas as necessidades

e oportunidades de reduzir os impactos desse produto ou serviço.

3.2.5 Aplicação de modelos de metabolismo ao ciclo urbano de água

O ciclo urbano de água corresponde a um conjunto de interações entre os sistemas que compõem os

serviços da água e o sistema hidrológico. Nos sistemas do ciclo urbano de água, o conceito do

metabolismo assenta na ideia de que a relação entre o meio ambiente e o ciclo urbano de água pode

ser descrita através da análise sistemática dos fluxos de água, energia e materiais de e para o meio

ambiente.

O estudo do ciclo urbano de água através de um modelo de metabolismo pode ser feito através de

vários métodos, desde a simples avaliação das entradas e saídas dos vários subsistemas (recursos,

resíduos, emissões), incluindo os subsistemas naturais, até à complexa modelação de todos os

processos que transformam essas entradas (Mitchell et al., 2001).

Um modelo de metabolismo aplicado ao ciclo urbano de água, com uma forte abordagem sistémica,

pode ser descrito através de cinco características de sistema que se encontram interligadas (Brattebø,

2011):

CS1: Condições de fronteira (económicas, sociais e ambientais) como as condições

socioeconómicas de uma dada cidade, a escassez de água, meio recetores sensíveis, etc.;

CS2: Critérios de consumo (quantidade e qualidade) para os vários usos (habitação, indústria,

parques, comércio, etc.);

CS3: Fluxos de água (potável, residual, pluvial), atividades de manutenção e operação, tecnologias

e ativos físicos existentes em cada subsistema do ciclo urbano de água. A particularidade dos

serviços da água é a de possuírem uma componente física muito forte com todas as tecnologias

envolvidas na captação, nas estações elevatórias e nas estações de tratamento e os ativos físicos

como as redes de abastecimento e de drenagem;

CS4: Recursos, custos e riscos decorrentes dos fluxos de água, atividades de manutenção e

operação, tecnologias e ativos físicos como: 1) os recursos consumidos (reagentes, materiais

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constituintes das redes de abastecimento e drenagem); 2) emissões para o ar e para a água e 3)

resíduos e/ou recursos de saída para reutilização/ tratamento/ disposição no meio receptor;

CS5: Qualidade de cada subsistema e de todo o sistema através da avaliação do desempenho,

custo e risco de cada unidade. Esta avaliação permite compreender quais as áreas com mais

necessidade de serem melhoradas tendo em conta estratégias e visões de longo prazo.

Através desta definição, o modelo de metabolismo proposto deixa em aberto a oportunidade para a

implementação de soluções de reutilização de água através de sistemas descentralizados (on site

systems) e através da alimentação direta na rede principal de abastecimento (recovery system),

contrariando o atual caminho unidirecional da água.

Alguns dos softwares/ ferramentas desenvolvidos para a modelação dos sistemas de água partiram da

simulação das necessidades de água dos componentes avaliados individualmente ao nível das

habitações/ indústrias, sendo depois somadas a um nível maior. Alguns dos modelos desenvolvidos

são o Aquacycle (Mitchell, et al. 2001; Mitchell et al. 2008), o UWOT - Urban Water Optioneering Tool

(Makropoulos et al., 2008) e o CWB – City Water Balance (Last, 2010).

Duma forma geral, estes modelos têm a desvantagem de não incluir os sistemas naturais (reservas de

água subterrânea, água superficial, etc.) e de não incluir os consumos energéticos relativos a uma dada

alternativa, pelo que devem servir de complemento a modelos mais integrados e abrangentes.

O trabalho desenvolvido por Rozos e Makropoulos (2013) deu origem a uma redefinição do modelo

UWOT, anteriormente mencionado, pela consideração completa do ciclo urbano de água (desde a

captação até a deposição no meio recetor) com base: 1) nos “sinais” das necessidades de água que

são movidos para montante (abastecimento e distribuição) e para jusante (drenagem e tratamento) de

todo o sistema de água; 2) na simulação-otimização de todo o sistema e 3) no vínculo água-energia.

Este estudo foi feito para os serviços da água de Atenas, que enfrentam atualmente problemas de

escassez de água e de consumos de água com variação sazonal.

No âmbito do projeto TRUST, foi desenvolvido e testado o modelo WaterMet2. O WaterMet2 identifica

e quantifica os fluxos metabólicos das entradas (recursos) e das saídas (emissões e resíduos) de um

sistema do ciclo urbano de água. Teve como objetivo o cálculo da pegada ecológica correspondente

às principais decisões em vista, às estruturas principais dos sistemas de água e o nível de reabilitação

e manutenção através de critérios económicos, ambientais e de segurança e confiabilidade.

Existem estudos que na ótica da Ecologia, analisam as interações entre os vários subsistemas.

Exemplo disso são os trabalhos desenvolvidos por Zhang, et al. (2010) para a cidade de Beijing, na

China e o trabalho de Pizzol et al. (2013) para a cidade de Hillerød, na Dinamarca (Figuras 3.4 e 3.5).

Em ambos foi aplicado o método de análise de rede ecológica ao sistema urbano para os fluxos de

água. Este conceito tem como base o modelo de Leountieuf, inicialmente empregue para estudos de

análise económica e que avalia as interdependências entre vários sectores económicos através da

identificação dos fluxos diretos e indiretos.

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Pizzol et al. (2013) partiu da hipótese de que a sustentabilidade dos sistemas humanos (e em concreto

dos sistemas de água) pode ser alcançada comparando estes com os sistemas naturais

(ecossistemas). À semelhança do que acontece na natureza, o objetivo é fechar o ciclo, com uma maior

reintegração de processos naturais e mudando para a noção de que um resíduo de uma atividade serve

de matéria-prima a uma outra.

Um aspeto importante no estudo do metabolismo do ciclo urbano da água realçado no trabalho de

Rozos et al. (2011) é a incorporação de modelos de análise espacial para a simulação do crescimento

urbano, que influencia o nível de pressão nas fontes hídricas, caso não sejam tomadas diferentes

opções de fornecimento e tratamento de água. Para além disto, os modelos de análise espacial

permitem o desenvolvimento de soluções aplicadas caso a caso consoante as propriedades específicas

do local ou consoante as estratégias de planeamento urbano para a região em estudo.

O consumo de energia no sector da água é de extrema importância na construção de um modelo de

metabolismo, uma vez que na sua produção são usados combustíveis fósseis, que libertam gases com

efeito de estufa (GEE) e porque decorrem daí custos significativos. Este consumo reflete-se nas

atividades de elevação de água/ água residual/ água pluvial para cotas superiores, para os processos

de tratamento e para operações de manutenção. Em Covas e Ramos (1999) é feita uma análise da

eficiência energética nos sistemas de abastecimento tendo em conta o consumo de energia de

bombagem e a pressão de elevação por se refletir no volume de perdas reais.

As emissões de GEE nos serviços da água são resultado do consumo de energia como referido

anteriormente. No entanto, as emissões de GEE durante os processos de recolha e tratamento das

águas residuais não devem ser negligenciados devido à emissão de metano (CH4) e de óxido nitroso

(N2O), com elevado potencial de aquecimento global, traduzido em termos equivalentes da quantidade

de dióxido de carbono (CO2).

Figura 3.4 - Modelo conceptual dos fluxos de água no metabolismo de água urbana

(Zhang, et al., 2010)

Figura 3.5 - Modelo conceptual do metabolismo de água urbana (Pizzol, et al.,

2013)

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Em Sá (2011) foi feita uma avaliação da contribuição atual dos serviços da água para o consumo de

energia e emissão de GEE e no seu seguimento estimaram-se as contribuições das diversas

componentes para o consumo de energia para o caso da região do Algarve. Concluiu-se os serviços

da água contribuem com 3% para o consumo de eletricidade e 1,4% para as emissões de GEE da

região. Os sistemas de abastecimento (elevação e transporte de água para consumo) são os

componentes com maior consumo e os sistemas de tratamento de águas residuais promovem a

produção de energia a partir da recuperação de biogás em ETAR.

Compreender a ligação entre água, energia e emissões permite antecipar mudanças num sector em

resultado de alterações no outro.

Ao incorporar um estudo completo de todo o sistema do ciclo urbano de água, a visão integral deste

constitui uma importante plataforma que facilita o debate e a negociação por parte de vários

intervenientes, tornando a avaliação de diversas alternativas e a análise da sustentabilidade processos

mais rápidos (Makropoulos et al., 2008).

3.3 Conceito de sustentabilidade aplicado ao sector da água

A necessidade de alcançar um desenvolvimento sustentável nos serviços da água face aos desafios

que enfrentam é premente. De acordo com a norma internacional ISO 24512: 2007, os objetivos gerais

a alcançar pelas entidades gestoras são a garantia da proteção da saúde pública, a satisfação das

necessidades e expectativas dos consumidores, a prestação de serviço em condições normais e em

emergência, a sustentabilidade das unidades distribuidoras de água e a proteção do ambiente.

O conceito Sustentabilidade é entendido como sendo o conjunto de qualidades sociais (inclusão social),

ambientais (proteção ambiental) e económicas (progresso económico) de um dado sistema, numa

perspetiva holística e de longo termo, com foco na equidade entre gerações, de acordo com o relatório

Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial da Organização das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, que decorreu no Rio de Janeiro em 1992 (CMMAD, 1991).

Atualmente, a incorporação da avaliação da sustentabilidade nos processos de decisão é uma tarefa

chave para as entidades gestoras por todo o mundo (Foxon et al., 2002).

No âmbito do projeto TRUST, o quadro para a avaliação da sustentabilidade de um sistema de água

utiliza as três dimensões principais da sustentabilidade – económica, social e ambiental – e mais duas

dimensões de suporte que dizem respeito aos ativos e à governança. A consideração das dimensões

de suporte reforça a importância destas num sistema fortemente baseado em infraestruturas. Na Tabela

3.1, são enumerados os principais objetivos e critérios de avaliação para as dimensões descritas, cuja

influência principal são os indicadores de desempenho desenvolvidos pelo IWA, desenvolvido e testado

por mais de 70 EG de mais de 20 países (Matos et al, 2003).

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Tabela 3.1 – Sustentabilidade no projeto TRUST (Objetivos e critérios de avaliação)

Dimensão Objetivos Critérios de avaliação

Social

S1) Acesso a serviços da água urbana S2) Satisfação efetiva das necessidades e expetativas dos utilizadores S3) Aceitação e consciência dos sistemas do ciclo urbano de água

S11) Cobertura do serviço S21) Qualidade do serviço S22) Segurança e saúde S31) Acessibilidade

Ambiental

En1) Uso eficiente da água, da energia e dos materiais En2) Minimização de outros impactos ambientais

En11) Eficiência no uso da água (incluindo usos finais) En12) Eficiência no uso de energia En13) Eficiência no uso de materiais En21) Eficiência ambiental (exploração de recursos e emissões no ciclo de vida de componentes para a água, ar e solo)

Económica Ec1) Assegurar sustentabilidade económica nos sistemas do ciclo urbano de água

Ec11) Custo de recuperação e reinvestimento (inclui custos financeiros) Ec12) Eficiência económica Ec13) Nível de endividamento Ec14) Disposição para pagar

Governança

G1) Participação pública G2) Transparência e responsabilidade G3) Clareza, firmeza e mensurabilidade das políticas G4) Alinhamento da cidade, das empresas e do planeamento dos recursos hídricos

G11) Iniciativas de participação G21) Disponibilidade de informação e divulgação pública G22) Avaliação de mecanismos de responsabilização G31) Clareza, firmeza, ambição e capacidade de medição de políticas G41) grau de alinhamento da cidade, empresas e planeamento dos recursos hídricos

Ativos

A1) Fiabilidade, adequação e resiliência das infraestruturas A2) Capital humano A3) Gestão da informação e do conhecimento

A11) Adequação da taxa de reabilitação A12) Fiabilidade e falhas A13) Adequação da capacidade das infraestruturas A14) Adaptação a mudanças (Ex.: alterações climáticas) A21) Adequação do treinamento, capacidade de construir e transferir conhecimento A31) Qualidade do sistema de gestão da informação e do conhecimento

A dimensão social traduz-se na garantia de acesso aos serviços da água urbana, na satisfação por

parte dos utilizadores e no seu grau de aceitação dos serviços. Na dimensão ambiental, serviços mais

sustentáveis devem incluir a otimização do uso da água, energia e materiais e minimizar impactos

negativos (efluentes não tratados e emissões). A sustentabilidade no domínio económico inclui critérios

relacionados com os investimentos necessários, eficiência e liquidez.

De acordo com Dyllick e Hockerts (2002), a teoria tradicional da economia assume que o capital

económico é facilmente substituível pelos capitais social e natural. É possível que as gerações futuras

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consigam substituir recursos naturais através de inovações tecnológicas. No entanto, pensa-se ser

complicado substituir ou obter alternativas relativamente às funções como a proteção dos raios

ultravioleta pela camada de ozono ou como a estabilização climática da floresta da Amazónia.

O conceito relativamente aos benefícios que o ser humano obtém dos ecossistemas tem a designação

de serviços dos ecossistemas. Foi popularizado através do Millennium Ecossystem Assessment (MEA),

um programa de avaliação dos efeitos da atividade humana no ambiente (UNEP, 2015).

Os ativos estão associados com as infraestruturas físicas (durabilidade, fiabilidade, flexibilidade e

adaptabilidade) e com o capital humano (gestão de informação e conhecimento). A governança

relaciona-se com os processos políticos, sociais, económicos e administrativos que afetam o

desenvolvimento, o fornecimento e a gestão dos recursos hídricos e serviços associados. Os níveis de

serviço devem ser estabelecidos através de uma participação pública.

Desta forma, surge a definição de sustentabilidade nos serviços do ciclo urbano de água, proposta no

âmbito do projeto:

“A sustentabilidade nos serviços do ciclo urbano de água é satisfeita quando a qualidade dos ativos e

da governança dos serviços é suficiente para ativamente assegurar as contribuições necessárias para

o desenvolvimento social urbano, ambiental e económico de maneira a satisfazer as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade de satisfazer as necessidades próprias das gerações

futuras.”

3.4 Ferramentas de avaliação para sistemas do ciclo urbano da água

O caminho percorrido para a adoção de práticas sustentáveis não é único, muitas vezes pouco claro e

depende fortemente do contexto social, ambiental e económica da cidade ou região (Hellström et al.,

2000). Outro problema relacionado com a transição para sistemas mais sustentáveis prende-se com a

falta de consenso sobre a forma de incorporar a avaliação da sustentabilidade nos processos de

decisão (Blackwood et al., 2003).

A quantificação da sustentabilidade pode ser um processo ambíguo e deve ser feita com considerável

atenção às características particulares do problema em questão (Makropoulos et al., 2008). Por

exemplo, num local em que a escassez de água seja um assunto da maior importância, um indicador

que traduza as perdas de água na rede é mais relevante do que numa região onde esse problema não

se coloca.

O uso de indicadores de desempenho permite medir quantitativamente um aspeto particular (critério de

avaliação) do desempenho da entidade gestora ou do seu nível de serviço, “simplificando uma

avaliação que de outro modo seria mais complexa e subjetiva” (ERSAR, 2014)

A identificação de critérios e indicadores representa o que é proposto que seja investigado quando se

faz uma análise de um sistema urbano de água. Em Lundin, et al (1999) é referido que a escolha de

indicadores de sustentabilidade deve ter em conta os seguintes critérios:

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- Capacidade de demonstrar uma aproximação ou afastamento para a obtenção de sistemas

sustentáveis;

- Capacidade de aplicabilidade em diferentes escalas e tipos de tecnologias usadas;

- Capacidade de fornecer um aviso prévio de potenciais problemas;

- Disponibilidade de dados para o estudo de tendências espaciais e temporais;

- Serem de fácil interpretação para facilitar o envolvimento de pessoal técnico e administrativo e da

comunidade.

Para tornar o conceito de sustentabilidade mais operacional e de utilização mais prática, foram

desenvolvidos sistemas de avaliação de desempenho no âmbito do projeto TRUST. Na tabela 3.4.1

encontram-se as ferramentas desenvolvidas no âmbito do projeto TRUST que traduzem o estado do

sistema do ciclo urbano e do nível de preparação para a transição para sistemas mais sustentáveis.

Tabela 3.2 – Conjunto de ferramentas TRUST de avaliação de desempenho e sustentabilidade

dos sistemas do ciclo urbano de água.

Baseline

assessment

(TRUST, 2012b)

Em que consiste: Inquérito promovido junto das cidades piloto do projeto construído

numa base de matriz SWOT (Strenght, Weakness, Opportunities and Threats: Pontos

Fortes, Pontos fracos, Oportunidades e Ameaças, respectivamente). É organizado em

cinco partes: A: informação geral; B: Água potável a fornecer pelas cidades piloto; C:

Águas residuais; D: Qualidade ambiental, biodiversidade e atratividade; E: Governança

Objetivo: Constitui um primeiro passo para a compreensão da situação actual dos

sistemas de água e para a discussão entre os vários intervenientes. Serve também

como plataforma de partilha de boas práticas.

Self-assessment

(TRUST, 2013)

Em que consiste: Ferramenta de auto-avaliação online para qualquer sistema de ciclo

urbano de água, através de uma correspondência de indicadores de desempenho que

obedecem a critérios e objetivos sustentáveis, consoante as condições socio-

económicas.

Disponível em: https://self-assessment.trust-i.net/

Objetivo: Avaliação rápida do desempenho de um ciclo urbano de água, por parte dos

interessados. Com esta ferramenta é possível fazer o benchmarking da

sustentabilidade do ciclo urbano de água em estudo.

Financial

Sustainability

Rating Tool

(TRUST, 2014)

Em que consiste: Avaliação das diversas áreas de actuação de uma entidade

gestora, tendo em conta as características específicas do país onde se insere. Existe

a possibilidade de analisar tendências futuras como o crescimento da população

Disponível em: http://fsrt-trust.ing.unibo.it/fsrt/

Objetivo: Oferecer às entidades gestoras a possibilidade de classificar a sua situação

financeira e de identificar as necessidades de optimização.

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A nível nacional, a ERSAR implementou um sistema de avaliação do desempenho das entidades

gestoras com recurso a um conjunto de indicadores de águas, águas residuais e resíduos. Os

indicadores desenvolvidos têm uma grande influência do sistema Perfomance Indicators do IWA, à

semelhança dos indicadores TRUST. A publicação dos resultados permite a regulação por

benchamarking e a consulta das melhores práticas por parte das entidades gestoras.

O produto final de uma ferramenta de avaliação deve ser um conjunto de informações que permitem a

tomada apropriada de decisões, tendo em conta todas as áreas de interesse, as partes interessadas e

os fatores de influência num determinado ambiente. Deve ser fácil de usar e interpretar, deve utilizar

métricas cujos dados são facilmente acessíveis por parte das entidades e origina um interesse no

estudo das áreas com necessidade de mais atenção.

A título de exemplo, apresenta-se de seguida o software PLAN, desenvolvido no âmbito do AWARE-P.

O PLAN é uma ferramenta que permite facilmente fazer comparações entre soluções ou alternativas

de projeto de forma numérica e visual (Figura 3.6). A avaliação, baseada em três eixos, é feita em

múltiplas dimensões (ambiental, económica, social, de serviço) de acordo com as métricas que melhor

refletem os objetivos de desempenho e que minimizam os riscos.

Figura 3.6 – Visualização da quantificação de indicadores de acordo com o PLAN (PLAN, 2015).

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4. METODOLOGIA DESENVOLVIDA

Numa primeira fase foi feita uma pesquisa bibliográfica relativamente ao conceito de metabolismo

urbano e ao conceito de sustentabilidade, aplicado aos serviços da água (Capítulo 3). Da análise feita,

foi desenvolvida a metodologia para a construção de um modelo conceptual baseado na ideia de

metabolismo, aplicado ao ciclo urbano da água.

Com a conceptualização do modelo de metabolismo pretende-se fazer uma caracterização dos fluxos

metabólicos no ciclo urbano de água (água, energia, reagentes, materiais, emissões de GEE e potencial

para fenómenos de acidificação e eutrofização) que permitam uma sistematização da informação

relevante para a tomada de decisões. Os métodos analíticos utilizados encontram-se descritos na

secção 3.2.4 Métodos analíticos utilizados. O registo e tratamento da informação através do software

Microsoft Office Excel.

O modelo desenvolvido, e que é esquematizado na Figura 4.1, é composto por:

1) Definição dos processos e fluxos que compõem o sistema e das relações matemáticas entre os

diversos subsistemas;

2) Plataforma de inserção de dados relevantes para a caracterização quantitativa dos vários

processos;

3) Indicadores de desempenho para avaliação da sustentabilidade do serviço de água que derivam

diretamente dos volumes de água anuais.

Com a caracterização dos fluxos metabólicos é possível inferir alguns indicadores para a situação atual.

No entanto, com a definição das relações matemáticas entre subsistemas é possível o cálculo desses

indicadores para alguns cenários. Desta forma, o modelo de metabolismo torna-se uma ferramenta

muito importante para o processo de tomada de decisão.

Figura 4.1 - Partes constituintes do modelo de metabolismo desenvolvido

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O desenvolvimento da metodologia descrita tem essencialmente como fundamento o documento de

Brattebø (2011) e os indicadores de desempenho da ERSAR (ERSAR, 2014). Em Brattebø (2011) é

apresentada uma definição genérica do sistema do ciclo urbano da água, englobando os processos de

recuperação/ reutilização de água, para a construção do modelo de metabolismo no âmbito do projeto

TRUST para a cidade de Oslo (Brattebø, et al., 2012).

4.1 Definição do sistema

À semelhança da definição de Brattebø (2011), é feita uma tentativa de descrever o ciclo urbano de

água de forma genérica, apesar das especificidades que os vários serviços da água podem apresentar.

O ciclo urbano da água é definido em cinco subsistemas: 1) Processos naturais; 2) Abastecimento de

água; 3) Consumo de água; 4) Drenagem e tratamento de água residual e pluvial; 5) Processos de

recuperação de água.

Os limites espaciais a considerar são os que traduzem a exploração e fornecimento de serviços da

entidade gestora. O estudo é feito numa base anual, partindo do pressuposto que não existem

variações de água nos diversos subsistemas no final de cada ciclo.

A unidade de estudo é o metro cúbico (m3) para a água, o quilograma (kg) para as emissões de GEE

e para as emissões de gases e resíduos que provocam fenómenos de acidificação e eutrofização e o

quilowatt hora (kWh) para o consumo e produção de energia.

A figura seguinte (Figura 4.2) reflete as interações existentes entre os cinco subsistemas que se

inserem nos limites definidos.

Figura 4.2 - Interações entre os processos que compõem o ciclo urbano da água

A designação dos subsistemas é feita da seguinte forma:

- Intervalo de [1-4]: Processos Naturais;

- Intervalo de [11-16]: Processos associados ao Abastecimento de água;

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- Intervalo de [21-22]: Processos associados ao Consumo de água;

- Intervalos de [31-39], [331], [351] e [391-392]: Processos associados à Drenagem e Tratamento

de água residual e pluvial;

- Intervalo de [41-43]: Processos de recuperação de água.

4.1.1 Variáveis

Um sistema é composto por processos e por fluxos. Os processos são responsáveis por extrair água e

por tratar, transportar e armazenar água/água residual/água pluvial. São respeitantes a cada

subsistema existente num sistema do ciclo urbano de água. Os fluxos referem-se às quantidades de

água, energia, materiais e emissões decorrentes da atividade dos processos.

Nas secções que se seguem são apresentados os principais processos que compõem o ciclo urbano

da água. Os componentes que dizem respeito a cada processo são designados por duas parcelas. A

primeira é um algarismo, que pode ir de 0 a 4 de acordo com a seguinte definição:

0 – Processos naturais;

1 - Processos associados ao abastecimento de água;

2 - Processos associados ao Consumo de água;

3 - Processos associados à drenagem e tratamento de água residual e pluvial;

4 - Processos de recuperação de água.

A segunda parcela representa de forma unívoca o componente que pertence ao grupo de cada um dos

processos. Estes valores podem ir de 1 a n, sendo que n é o número de componentes de cada

processo.

Processos e variação de stock

Os processos naturais dizem respeito à utilização dos recursos hídricos, precipitação, infiltração e

receção de efluentes no meio recetor. É importante a incorporação dos sistemas naturais por

influenciarem os sistemas que compõem os serviços da água. Exemplos desta interação são a

infiltração de águas subterrâneas nos coletores de água residual, o défice de água subterrânea por

captação através de furos ou o impacto ambiental no meio recetor da descarga descontrolada de

efluentes. No modelo desenvolvido, os processos naturais traduzem-se em quatro unidades (Figura 4.

3):

Figura 4.3 – Processos naturais

Os processos associados ao abastecimento de água são constituídos pela captação, tratamento,

adução e distribuição de água (Figura 4.4). Os processos diretamente associados ao abastecimento

de água incluem a captação, o tratamento e a adução de água bem como os reservatórios e a

distribuição da água à população/ sectores de atividade económica.

∑Qin1 ∆Q1 ∑Qin2 ∆Q2 ∑Qin3 ∆Q3 ∑Qin4 ∆Q4

03

Meio receptor

04

Águas subterrâneas

01

Fonte de captação

02

Precipitação

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A captação pode ser de origem subterrânea ou superficial. Pode acontecer que os serviços da água

possuam instalações de tratamento de água com estações elevatórias primárias (EEP), representando

um fator importante de consumo energético. Os reservatórios de distribuição podem ser elevados,

enterrados ou semienterrados. No primeiro caso, estes necessitam de energia para elevar a água a

cotas mais elevadas. A distribuição, por se caracterizar por uma rede extensa de tubagens, é o

processo que geralmente reflete um maior volume de perdas de água.

Figura 4.4 - Abastecimento de água

O Consumo de água traduz-se em uso doméstico e uso não-doméstico (Figura 4.5). O uso doméstico

incorpora o consumo de água da população residente e flutuante. O uso não-doméstico engloba o

consumo de água pelas indústrias, serviços e comércio, rega, limpeza de ruas e o uso autorizado para

as autarquias e bombeiros.

Figura 4.5 - Consumo de água

Os processos associados à drenagem e tratamento de água residual e pluvial englobam aqueles

que permitem uma correta gestão dos efluentes e que traduzem os mecanismos de geração de

escoamento para o sistema pluvial e unitário. Os processos que o caracterizam são demonstrados na

Figura 4.6.

Os sistemas descentralizados, não fazendo parte do sistema central de drenagem através de uma

extensa rede de coletores e de tratamento, tratam a água residual a nível local. Exemplos destes

sistemas são as fossas sépticas. Podem incluir sistemas de recuperação de água através, por exemplo,

de esquemas de aproveitamento das águas cinzentas, inseridos ao nível das habitações.

A bacia de drenagem diz respeito às características e tipologias do solo que condicionam a geração de

escoamento, indiretamente proporcional à taxa de infiltração. É importante na perceção da resposta da

área de influência à ocorrência de cheias e da resposta do sistema pluvial e unitário ao volume de água

que gera escoamento.

∑Qin11 ∆Q11 ∑Qin12 ∆Q12 ∑Qin13 ∆Q13

∑Qin14 ∆Q14 ∑Qin15 ∆Q15 ∑Qin16 ∆Q16

15 16

Adução de água bruta Tratamento de água/ EEP

Adução Reservatórios Distribuição

11

Captação

12 13

14

∑Qin21 ∆Q21 ∑Qin22 ∆Q22

21

Uso Doméstico

22

Uso não Doméstico

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31

Os processos de 33 a 38 caracterizam as infraestruturas que recolhem e transportam os efluentes e as

águas pluviais. Os sistemas unitário e separativo doméstico correspondem à extensa rede de coletores

que afluem aos intercetores/ emissários antes de atingirem as estações de tratamento (ETAR).

Os processos 331 e 351 traduzem as bacias de retenção como forma de redução do risco de cheias.

Por fim, os processos 391 e 392 permitem uma gestão das lamas produzidas no tratamento das águas

residuais e possuem um enorme potencial na geração de energia por aproveitamento do gás metano

que se forma no processo de digestão anaeróbica.

Os processos de recuperação de água correspondem ao grupo que permite, com maior relevância,

tornar todo o sistema de água um ciclo fechado. Brattebø (2011) considerou que este grupo deve

integrar o sistema central de abastecimento através de três processos que incluem o tratamento

adicional da água tratada nas ETAR, da água do meio recetor e da água das bacias de retenção e o

seu transporte e armazenamento. A figura seguinte clarifica as designações e a numeração dadas a

este grupo (Figura 4.7).

Figura 4.7 - Processos de recuperação de água

Fluxos

A definição gráfica do ciclo urbano de água, com a ilustração dos fluxos entre os diversos processos

encontra-se na Figura 4.8. No entanto, foram feitas algumas modificações relativamente à definição

segundo Brattebø (2011). Nos Anexos A e B são colocadas ambas as definições de ciclo urbano de

água, sendo que a primeira corresponde à versão original e a segunda à nova definição, de acordo

com as seguintes alterações:

∑Qin41 ∆Q41 ∑Qin42 ∆Q42 ∑Qin43 ∆Q43

ReservatórioAduçãoTratamento

434241

∑Qin31 ∆Q31 ∑Qin32 ∆Q32 ∑Qin33 ∆Q33 ∑Qin34 ∆Q34

∑Qin35 ∆Q35 ∑Qin36 ∆Q36 ∑Qin37 ∆Q37 ∑Qin38 ∆Q38

∑Qin39 ∆Q39 ∑Qin331 ∆Q331 ∑Qin351 ∆Q351 ∑Qin391 ∆Q391

∑Qin392 ∆Q392

391

Tratamento de lamas

39

ETAR

331

Reservatório

351

Reservatório

392

Colocação final de lamas

38

Reser vatório

31

Sistemas descentralizados

32

Bacia de drenagem

33

Sistema Unitário

35

Sist. Separ. (pluvial)

36

Sist. Separ. (doméstico)

37

Interceptor/ Emissário

34

Interceptor/ Emissário

Figura 4.6 - Drenagem e tratamento de água residual e pluvial

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32

- A eliminação do fluxo Q37,3, que corresponde à descarga para o meio recetor da água residual

dos intercetores do sistema separativo doméstico em alturas de grande afluência. A razão desta

alteração é motivada pela existência do fluxo Q36,3 que já contempla a descarga do sistema

separativo doméstico;

- A eliminação do fluxo Q31,3, que corresponde à descarga da água residual tratada em sistemas

descentralizados. Em geral, o que acontece é o encaminhamento dos resíduos, aquando da limpeza

das fossas, para o sistema de drenagem, materializado pelo novo fluxo com a designação Q31,36;

- Incorporação dos fluxos Q21,0 e Q22,0 que traduzem as perdas para fora do sistema no uso

doméstico e no uso não-doméstico. Estas perdas correspondem à transpiração e/ou

evapotranspiração.

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33

Processos relativos aos subsistemas naturais (01-04)

Processos relativos aos subsistemas do abastecimento de água potável (11-16)

Processos relativos ao consumo de água (21-22)

Processos relativos aos subsistemas de drenagem e tratamento de águas residuais e pluviais (31-39), (331), (351), (391-392)

Processos relativos aos subsistemas de recuperação cíclica de água (41-43)

∑Qin2 ∆Q2 Q2,32 Q0,33 Q0,34 Q0,39 Q391,0 Q39,0

Q0,12 Q0,14

Q32,3

Q22,0 Q21,0 Q33,3

∑Qin32 ∆Q32 Q32,33

∑Qin392 ∆Q392

Q21,33

Q16,21 Q391,392

∑Qin21 ∆Q21 Q21,36 Q33,34 Q34,38

9 432 177 0 ∑Qin33 ∆Q33 ∑Qin34 ∆Q34

Q12,13 Q13,14 Q14,15 Q15,16 Q4,33

∑Qin1 ∆Q1 ∑Qin12 ∆Q12 ∑Qin13 ∆Q13 ∑Qin14 ∆Q14 ∑Qin15 ∆Q15 ∑Qin16 ∆Q16 Q331,33 Q33,331 ∑Qin391 ∆Q391

Q1,11 Q11,12 Q22,33 Q391,39 Q39,391

Q16,22

Q22,36

∑Qin22 ∆Q22 ∑Qin331 ∆Q331 Q38,39 Q39,3

∑Qin11 ∆Q11 ∑Qin38 ∆Q38 ∑Qin39 ∆Q39 ∑Qin3 ∆Q3

Q12,0 Q43,13 Q13,0 Q14,0 Q42,15 Q15,0 Q16,0 Q31,22 Q22,31 Q21,31 Q38,3

Q31,3

Q31,21

Qin Qout Q31,36 Q32,35

Q41,22 ∑Qin31 ∆Q31 Q35,3

Q31,4 Q4,35 ∑Qin35 ∆Q35

Q351,35 Q35,351

∑Qin ∆Q

∑Qin351 ∆Q351

Q351,41

Q39,41 Q36,3

Q42,43 Q41,42 Q3,41

∑Qin43 ∆Q43 ∑Qin42 ∆Q42 ∑Qin41 ∆Q41 Q37,38

Q32,4 Q36,37 Q37,3

Q43,0 Q42,0 ∑Qin36 ∆Q36 ∑Qin37 ∆Q37

Q41,0 Q4,36

Q0,36 Q0,37

∑Qin4 ∆Q4

Colocação final de lamas

02

Precipitação

32

Bacia de influência 392

21

Uso Doméstico 33 34

Sistema Unitário Interceptor/ Emissário

391

Fonte de captação Adução de água bruta Tratamento de água/ EEP Adução Reservatórios Distribuição Tratamento de lamas

01 12 13 14 15 16

22 331

11 Uso não Doméstico Reservatório

N.º do processo

39 03

Captação Reser vatório ETAR Meio receptor

38

31

Sistemas descentralizados 35

Sist. Separ. (pluvial)

Balanço do processo

36 37

Sist. Separ. (doméstico) Interceptor/ Emissário

Definição do Processo

351

Reservatório

43 42 41

04

Águas subterrâneas

Reservatório Adução Tratamento

Figura 4.8 - Definição genérica do ciclo urbano de água – Processos e fluxos (adaptado de Brattebø (2011))

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34

4.1.2 Relações matemáticas e resolução do sistema de equações

O passo seguinte à construção do modelo é a definição das relações matemáticas entre os fluxos de

água e os processos do ciclo urbano da água. Estas relações dividem-se em equações de dois tipos:

equações de balanço de massa e equações de abordagem ao modelo.

As equações de balanço são o resultado de fluxos que entram e saem de um processo num

determinado intervalo de tempo. Sempre que a diferença desses fluxos é diferente de zero existe uma

variação de stock associada (caracterizadas por ΔQ<nº do processo>). Para o presente trabalho, considerou-

se que que as variações de stock são nulas para a escala temporal considerada.

As equações de abordagem ao modelo descrevem as relações que existem entre os processos que

compõem o sistema de água. Uma das interligações mais importantes é de que forma os critérios de

consumo de água influenciam todo o metabolismo do sistema de água.

Sistema de equações para cálculo dos fluxos de água

Para a obtenção de um modelo matemático é necessário que o número de equações seja igual ao

número de fluxos (70 fluxos) que ocorrem entre os 28 processos definidos, acrescido do número das

equações de balanço. Desta forma, são definidas ao todo 70 + 28 = 98 equações matemáticas.

A resolução do sistema de equações dá origem ao modelo matemático. Os fluxos de energia e emissão

de GEE são recolhidos e analisados em função dos fluxos de água obtidos. Para tornar a resolução do

sistema de equações exequível, é feita uma transposição dessas para o sistema matricial,

considerando que se trata de um sistema de equações lineares.

Desta forma, são construídas três matrizes.

- A matriz 𝑪 é quadrada (98x98) e composta pelos coeficientes respeitantes a cada variável

(identificação de fluxos e variações de stock) (Tabela 4.1). A correspondência entre variáveis e número

do índice em coluna pode ser consultada no Anexo B.1, bem como a descrição sucinta de cada variável;

Tabela 4.1 – Matriz C – Coeficientes respeitantes a cada variável

Variáveis 1 2 … 97 98

(Q0,12) (Q0,14) … (ΔQ42) (ΔQ43)

Equações de Abordagem ao

modelo

1 c1,1 c1,2

c1,97 c1,98 2 c2,1 c2,2 c2,97 c2,98 … … … 51 c51,1 c51,2 c51,97 c51,98

Equações de variação de

stock

52 c52,1 c52,2 …

c52,97 c52,98

… … …

70 c70,1 c70,2 c70,97 c70,98

Equações de Balanço de

massas

71 c71,1 c71,2 …

c71,97 c71,98

… … …

98 c98,1 c98,2 c98,97 c98,98

- A matriz 𝒀, de dimensões (98x1) traduz os termos independentes. O valor de 𝒚𝐢, para i entre 52 e 98,

é nulo;

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35

{𝒀} = {

𝒚𝟏

𝒚𝟐

⋮𝒚𝟗𝟖

}

- A matriz 𝑿, de dimensões (98x1), corresponde à solução das variáveis que traduzem os fluxos de

água de cada fluxo e variação de stock.

{𝑿} = {

𝑥1

𝑥2

⋮𝑥98

}

A definição do sistema linear é traduzida pela Eq. 4.3, sendo que a sua solução é alcançado segundo

a transformação na Eq. 4.4.

[𝐶]{𝑋} = {𝑌}

[𝐶][𝐶]−1{𝑋} = [𝐶]−1{𝑌} ⇔ [𝐼]{𝑋} = [𝐶]−1{𝑌} ⇔ {𝑋} = [𝐶]−1{𝑌}

Equações de balanço

As equações de balanço de massa seguem o princípio da conservação de massa e existem tantas

equações de balanço de massa quanto o número de processos. No caso do sistema definido, existem

28 equações de balanço.

Em Eq. 4.5 é traduzido o princípio supracitado para cada processo de tal forma que a diferença entre

as entradas e as saídas do processo é igual à variação de stock na unidade de tempo do estudo.

∑ 𝑄𝑚,𝑖 − ∑ 𝑄𝑖,𝑗 = 𝛥𝑄𝑖 ∑ 𝑄𝑚,𝑖 − ∑ 𝑄𝑖,𝑗 − 𝛥𝑄𝑖 = 0

A título de exemplo, apresentam-se as equações de balanço para o processo 1 (Fonte de Captação) e

11 (Captação), sendo que as restantes são apresentadas no Anexo B.2. Da Figura 4.9 é possível

visualizar os fluxos de entrada e saída de cada um dos processos.

Processo 1: −𝑄1,11 − 𝛥𝑄1 = 0

Processo 11: 𝑄1,11 − 𝑄11,12 − 𝛥𝑄11 = 0

Q1,11 Q11,12

∑Qin1 ∆Q1 ∑Qin11 ∆Q11

1 11

Fonte de captação Captação

(Eq. 4.1)

(Eq. 4.2)

(Eq. 4.4)

(Eq. 4.3)

(Eq. 4.5)

Figura 4.9 – Balanço de fluxos de água entre 1 - Fonte de Água e 11- Captação

(Eq. 4.6)

(Eq. 4.7)

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36

Equações de abordagem ao modelo

O número de equações necessárias para a caracterização do modelo de análise é de 70, o mesmo

número correspondente ao de fluxos existentes. As equações de abordagem podem traduzir a relação

entre subsistemas ou a quantificação direta de fluxos. De referir que é este grupo de equações que

traduz os processos críticos, isto é, todo o sistema vai responder de acordo com alterações que ocorram

nesses processos.

Os coeficientes que possam estar afetos aos fluxos encontram-se distintamente referidos e são

inseridos na plataforma de dados de acordo com os dados recolhidos da entidade que gere o sistema

de água ou de acordo com valores recolhidos através da revisão bibliográfica. A constituição da

plataforma de dados é explicada com maior pormenor no seguinte subcapítulo (4.2 Plataforma de

inserção de dados).

No presente caso, as equações foram definidas para terem em conta a alteração que ocorre no ciclo

urbano da água quando ocorre uma mudança no consumo de água potável (Processos em Consumo

de Água).

Desta forma, foram inicialmente definidas as equações que traduzem de forma direta os consumos de

água (Eq. 4. 8) e que parte é afeta ao uso doméstico e não-doméstico (Eq. 4. 9).

Consumo de água 1 | Q16,21+Q16,22+Q41,22= 𝒚𝟏 (Eq. 4. 8)

2 | Q16,21 - %𝐝𝐨𝐦é𝐬𝐭𝐢𝐜𝐨 (Q16,21+Q16,22+Q41,22) = 0 (Eq. 4. 9)

Para montante, as relações foram pensadas de forma a repercutirem as alterações do consumo.

Água importada 3 | Q0,12 = 𝒚𝟑 (Eq. 4. 10)

4 | Q0,14 = 𝒚𝟒 (Eq. 4. 11)

Água reutilizada (Resultante do sistema central de reutilização/

recuperação)

5 | Q42,15 - %𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨𝟏 Q41,42 = 0 (Eq. 4. 12)

6 | Q43,13 - %𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨𝟐 Q42,43=0 (Eq. 4.13)

Perdas na distribuição 7 | Q15,16 - %𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚𝐬.𝐝𝐢𝐬𝐭𝐫 (Q16,21+ Q16,22) = 0 (Eq. 4.14)

Perdas nos reservatórios 8 | Q14,15 + Q42,15 - %𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚𝐬.𝐫𝐞𝐬𝐞𝐫 Q15,16 = 0 (Eq. 4. 15)

Perdas na adução 9 | Q13,14 + Q0,14 - %𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚𝐬.𝐚𝐝𝐮çã𝐨𝟏 Q14,15 = 0 (Eq. 4. 16)

10 | Q11,12 + Q0,12 - %𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚𝐬.𝐚𝐝𝐮çã𝐨𝟐 Q12,13 = 0 (Eq. 4. 17)

Perdas em ETA/ EEP 11 | Q12,13 + Q43,13 - %𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚𝐬.𝐭𝐫𝐚𝐭 Q13,14 = 0 (Eq. 4.18)

As restantes equações referentes ao consumo de água traduzem as percentagens de água para o

sistema de drenagem, através do chamado coeficiente de afluência, os volumes de água para os

sistemas descentralizado e as percentagens e volumes de água reutilizada.

Coeficiente de afluência 12 |Q21,33 + Q21,36 - 𝒄𝐚𝐟𝐥𝐮ê𝐧𝐜𝐢𝐚.𝐝𝐨𝐦 (Q16,21+Q31,21) = 0 (Eq. 4. 19)

13 |Q22,33 + Q22,36 - 𝒄𝐚𝐟𝐥𝐮ê𝐧𝐜𝐢𝐚.𝐧.𝐝𝐨𝐦 (Q16,22+Q31,22+ Q41,22) = 0 (Eq. 4. 20)

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37

Água para Sistemas descentralizados

14 |Q21,31= 𝒚𝟏𝟒 (Eq. 4. 21)

15 |Q22,31= 𝒚𝟏𝟓 (Eq. 4. 22)

Água reutilizada de SD local

16 |Q31,21 - %𝐒𝐃.𝐝𝐨𝐦 Q21,31=0 (Eq. 4. 23)

17 |Q31,22 - %𝐒𝐃.𝐧.𝐝𝐨𝐦 Q22,31=0 (Eq. 4.24)

Para jusante, as equações repercutem os volumes de água residuais gerados aquando do consumo

de água para uso doméstico e não-doméstico. Nesta fase, a água pode ser encaminhada para o

sistema unitário ou separativo doméstico. Pode ainda existir uma parcela que se refere ao volume de

efluentes que vêm de um sistema externo e que são incorporados na rede de coletores do sistema em

estudo (Eq. 4.25 a Eq. 4. 28). Por fim, é necessário considerar que existe uma parcela que reflete os

volumes afetos aos sistemas descentralizados (Eq. 4.31 e Eq. 4. 32), sendo que uma parte se perde

por infiltração e outra é incluída na drenagem centralizada após a sua limpeza. Assumiu-se que os

volumes recolhidos dos SD são incluídos apenas no sistema separativo doméstico.

Água residual (AR) importada

18 |Q0,33 = 𝒚𝟏𝟖 (Eq. 4. 25)

19 |Q0,34 = 𝒚𝟏𝟗 (Eq. 4. 26)

20 |Q0,36 = 𝒚𝟐𝟎 (Eq. 4. 27)

21 |Q0,37 = 𝒚𝟐𝟏 (Eq. 4. 28)

AR para sistema unitário 22 |Q21,33 - %𝐀𝐑.𝐝𝐨𝐦.𝐀𝐔 (Q21,33+Q21,36) = 0 (Eq. 4. 29)

23 |Q22,33 - %𝐀𝐑.𝐧.𝐝𝐨𝐦.𝐀𝐔 (Q22,33+Q22,36) = 0 (Eq. 4.30)

Infiltração e Limpeza de AR de SD

24 |Q31,4 = 𝒚𝟐𝟒 (Eq. 4. 31)

25 |Q31,36 - %𝐀𝐑.𝐒𝐃.𝐀𝐒𝐃 (Q21,31 + Q22,31) = 0 (Eq. 4. 32)

Intimamente ligados ao sistema de drenagem encontram-se os processos naturais. As relações que se

seguem traduzem a quantificação da precipitação que gera escoamento e que se infiltra para o solo ou

para a rede de drenagem de águas residual e pluvial.

Precipitação/ Drenagem AP

26 | Q02,32 = 𝒚𝟐𝟔 (Eq. 4. 33)

27 | Q32,03 - %𝐀𝐏.𝐛𝐚𝐜𝐢𝐚 Q02,32 =0 (Eq. 4. 34)

28 | Q32,04 - %𝐀𝐏.𝐢𝐧𝐟𝐢𝐥𝐭𝐫𝐚çã𝐨 Q02,32 =0 (Eq. 4.35)

29 | Q32,33 - %𝐀𝐏.𝐀𝐔 Q02,32 =0 (Eq. 4.36)

30 | Q32,35 - %𝐀𝐏.𝐀𝐏 Q02,32 =0 (Eq. 4.37)

Infiltração

31 | Q04,33 = 𝒚𝟑𝟏 (Eq. 4.38)

32 | Q04,35 = 𝒚𝟑𝟐 (Eq. 4..39)

33 | Q04,36 = 𝒚𝟑𝟑 (Eq. 4.40)

Descargas indevidas 34 | Q33,03 - %𝐀𝐑.𝐀𝐔 (Q21,33+ Q22,33+ Q04,33+ Q32,33+ Q0,33) =0 (Eq. 4.41)

35 | Q36,03 - %𝐀𝐑.𝐀𝐒𝐃 (Q21,36+ Q22,36+ Q4,36+ Q32,36+ Q0,36) =0 (Eq. 4.42)

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38

Bacias de detenção

36 | Q33,331 = 𝒚𝟑𝟔 (Eq. 4.43)

37 | Q331,33 = 𝒚𝟑𝟕 (Eq. 4.44)

38 | Q35,351 = 𝒚𝟑𝟖 (Eq. 4.45)

39 | Q351,41 = 𝒚𝟑𝟗 (Eq. 4.46)

As expressões que traduzem o tratamento das águas residuais são:

AR para tratamento 40 | Q38,39 = 𝒚𝟒𝟎 (Eq. 4.47)

AR importada 41 | Q0,39 = 𝒚𝟒𝟏 (Eq. 4.48)

AR exportada 42 | Q39,0 - %𝐀𝐑.𝐄𝐓𝐀𝐑.𝐞𝐱𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐝𝐚(Q0,39+ Q38,39 )= 0 (Eq. 4.49)

AR para reutilizar 43 | Q39,41 - %𝐀𝐑.𝐄𝐓𝐀𝐑.𝐑𝐞𝐮𝐭𝐢𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐚 (Q38,39+ Q0,39) = 0 (Eq. 4.50)

44 |Q03,41 = 𝒚𝟒𝟒 (Eq. 4.51)

Lamas

45 | Q39,391 = 𝒚𝟒𝟓 (Eq. 4.52)

46 | Q391,0 = 𝒚𝟒𝟔 (Eq. 4.53)

47 | Q391,39 = 𝒚𝟒𝟕 (Eq. 4.54)

48 | Q391,392 = 𝒚𝟒𝟖 (Eq. 4.55)

O sistema de recuperação e reutilização de águas tratadas foi caracterizado segundo as expressões

que se seguem:

49 |Q41,22 - %𝐫𝐞𝐮𝐭𝐢𝐥𝐢𝐳𝐚çã𝐨.𝐧.𝐝𝐨𝐦(Q03,41+ Q39,41+ Q351,41) = 0 (Eq. 4.56)

50 |Q41,42 - %𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨.𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐩𝐨𝐫𝐭𝐞 (Q03,41+ Q39,41+ Q351,41) = 0 (Eq. 4.57)

51 | Q42,43 - %𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨.𝐚𝐫𝐦𝐚𝐳𝐞𝐧𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 Q41,42=0 (Eq. 4.58)

Para o estudo na escala anual, as variações de stock dos processos consideram-se nulas e por isso

as restantes 19 equações traduzem-se na seguinte expressão geral:

𝛥𝑄𝑖 = 0, 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑖 ∈

Processos associados ao Abastecimento de água:

[11,16];

(Eq. 4.59) Processos associados ao Consumo de água: [21,22];

Processos associados à Drenagem e Tratamento de AR

e AP: [33,39]; [351];

Processos de recuperação de água: [41,43]

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39

4.2 Plataforma de inserção de dados

Para a caracterização de um ciclo urbano de água numa base anual é necessária a recolha de dados

referentes aos volumes de água, dos consumos energéticos e de reagentes químicos.

A plataforma de inserção de dados é construída para servir de suporte à caracterização dos fluxos do

sistema anteriormente descrito e à construção dos indicadores de sustentabilidade que dão origem a

informações relevantes às entidades gestoras e a todas as partes interessadas. O seu desenvolvimento

é feito em Excel e é dividido em diversas partes.

Na Figura 4.10 encontram-se as sheets que compõem esta parte do modelo. As setas indicam a

utilização de dados entre sheets, realçando o caracter complexo de um sistema de água. De seguida,

é descrito o conteúdo de cada uma.

Figura 4.10 – Plataforma de inserção de dados

4.2.1 Descrição do sistema (DS)

A parte inicial refere-se à inserção de dados gerais de caracterização do sistema como o ano de estudo,

a cidade/ região de estudo, a população (residente e flutuante) e a área abrangida.

Nesta parte são também necessários dados gerais relativamente aos sistemas de abastecimento e

drenagem. Os dados a recolher são, para o caso do sistema de abastecimento, o número de captações

existentes (subterrâneas ou superficiais), volumes de água captado, elevado, distribuído e consumido

e percentagens de perda de água correspondentes. São também inseridos dados relativos à

importação de água.

Para o caso do sistema de drenagem, os dados a recolher são as percentagens de água de consumo

doméstico e não-doméstico afeta a cada tipo de sistema (separativo ou unitário), os volumes de água

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residual descarregados em situações de sobre utilização da rede e de água residual importada para a

rede e para os intercetores.

4.2.2 Dados de Base (DB)

De seguida é desenvolvido o que se designou por Dados de Base. Servem de auxílio nos cálculos para

a obtenção dos indicadores de desempenho. Dizem respeito a valores considerados constantes para

a realidade do ciclo urbano de água em estudo.

As diversas tabelas que compõem esta secção são descritas seguidamente e apresentadas no Anexos

C. Os valores que as compõem tiveram como base a aplicação de um modelo de metabolismo, para a

cidade de Oslo (Brattebø, et al., 2012). Por sua vez estes foram retirados de uma base de dados

desenvolvida através do método ACV (Ecoinvent, 2013). É explicitamente indicado sempre que os

valores utilizados se referem a fontes distintas.

Materiais e reagentes- Produção

São listados os reagentes usados para o tratamento de água bruta/ água residual bem como os

materiais que compõem a rede de abastecimento e a rede de drenagem. Inclui informação acerca do

propósito a que se destina cada material ou reagente.

São incluídos os consumos energéticos específicos (valores energéticos por kg de material ou reagente

produzidos), as emissões específicas de GEE (valores de emissão de GEE por kg de material ou

reagente produzidos) e o potencial de acidificação e eutrofização na produção dos materiais e dos

reagentes.

Potencial GEE

Esta informação é utlizada para o cálculo dos impactos ambientais pela emissão de GEE. Nesta tabela

encontram-se os principais gases emitidos, diretamente ou indiretamente, que decorrem da atividade

dos sistemas de água para os impactos ambientais de aquecimento global.

A unidade comum para reportar cada um dos impactos é kg CO2e (CO2 equivalente). Desta forma, são

também colocados os valores de potencial que permitem converter os gases para as unidades

correspondentes.

Energia - Emissões GEE na produção

As principais formas de energia utilizadas são a eletricidade da rede e os combustíveis fósseis.

A eletricidade é utilizada para a operação de vários processos ao longo do sistema como a elevação

de água nas fontes de captação, nas estações elevatórias ou nas estações de tratamento. Na produção

de energia elétrica são emitidos GEE dependendo a sua quantidade das fontes utilizados (renováveis

ou não renováveis). A produção por fontes não renováveis traduz-se numa maior emissão de GEE.

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Os combustíveis são usados essencialmente em geradores, nos trabalhos de instalação e reabilitação

de tubagens e no transporte de reagentes. A sua combustão dá origem à emissão de gases com

elevadas emissões específicas de CO2.

Os valores que constam na Figura C.3 do Anexo C foram obtidos em EDP (2014) e (SunEarth Tools,

2014) para as emissões específicas do ano 2013, decorrentes da produção de energia elétrica da rede

e da utilização dos combustíveis fósseis, respetivamente.

Material – Vida útil

Nesta subsecção são introduzidos os coeficientes que traduzem a vida útil para cada material, em anos.

Estes valores têm em conta que uns materiais são mais resistentes que outros, assumindo uma vida

útil base de 50 anos (Eq. 4.60).

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 = 𝑉𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝐶𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙

A vida útil do material, juntamente com o ano de instalação da infraestrutura e o ano de estudo

permite conhecer a vida residual do material, de acordo com a seguinte expressão:

𝑉𝑖𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 = 𝐴𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜 − 𝐴𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎çã𝑜 − 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙

Caso este valor seja negativo, admite-se que a vida residual é zero.

Material – Infiltração

A infiltração para a rede dá-se essencialmente no sistema de drenagem de água residual, e resulta

num aumento de água a ser tratada nas ETAR.

Para o presente trabalho decidiu-se fazer uma estimativa tendo em conta a densidade aproximada de

cada tubagem (traduzido no coeficiente kmaterial), o estado de conservação das tubagens, com base na

vida útil do material e do ano de estudo (traduzido no coeficiente kconservação) e o nível freático (traduzido

no coeficiente kNF), que depende do uso do solo e da precipitação média anual (valores presentes nos

Anexos C.4 a C.6).

A definição de tais coeficientes, que são aplicados a um volume de infiltração-base, foi baseada na

regulamentação prevista para os caudais de infiltração em sistemas de drenagem presente no Decreto-

Regulamentar nº.23/95, artigo 126º, onde é referido que os caudais de infiltração podem variar entre

0,5 a 4,0 m3/dia por centímetro de diâmetro e por quilómetro de comprimento da rede.

A expressão que traduz a estimativa do volume de infiltração afluente às ETAR é descrita no

subcapítulo 4.2.7 Sistema de drenagem (CDr).

ETAR – Emissões

As emissões diretas de GEE ocorrem com maior expressão nas ETAR, com a emissão de metano

(CH4) e de óxido nitroso (N2O) no tratamento dos afluentes em fase anaeróbica. Apesar de estas terem

(Eq. 4.60)

(Eq. 4.61)

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origem biogénica, isto é, resultam dos processos de oxidação de matéria orgânica, devem ser

contabilizadas por apresentarem períodos de retenção na atmosfera elevados (CEI, 2014).

Sempre que não exista a informação disponível, é possível fazer uma estimativa das emissões de CH4

e N2O decorrentes do tratamento de águas residuais. Para o cálculo das emissões de metano recorreu-

se à metodologia do IPCC (2006) e que se encontra aplicada no documento da APA (2013).

Na presente subsecção apresentam-se os coeficientes relativos a cada tipo de tratamento, englobando

a fase líquida e a fase sólida, que servem de base ao cálculo das emissões de CH4.

As emissões de N2O foram calculadas com base numa adaptação da metodologia aplicada por Simeão

(2014), tendo em conta que a produção de N2O ocorre de duas formas: através do azoto presente no

efluente (N2Oefluente) e nos processos de tratamento com ocorrência de nitrificação e desnitrificação

(N2Otratamento).

Ambas as metodologias são descritas na subsecção 4.2.8 Estações de tratamento de águas residuais.

4.2.3 Volume captado e Volume elevado (VC_VE)

De acordo com o número de furos de captação (no caso da utilização de recursos hídricos de origem

subterrânea) é feita uma listagem dos volumes de água captados e elevados, das alturas manométricas

de elevação, do consumo e do custo de energia respeitante a cada furo. Uma vez que o presente

estudo não possui captações de origem superficial, não foram definidos os parâmetros a considerar

para este caso.

A elevação de água bruta pode não ser uma necessidade para muitos sistemas, caso a orografia do

terreno permita um transporte da água por gravidade até ao sistema de distribuição. No entanto, e

sempre que isso se verifique, reúne-se a informação relativamente aos volumes de água elevados, à

altura manométrica, ao consumo e custo da energia associado e ao consumo e custo de energia para

os serviços de apoio nas estações elevatórias primárias. Os reagentes utilizados encontram-se

associados às estações elevatórias/ ETA definidas.

4.2.4 Sistema de Adução (Cad)

São definidos os materiais que compõem o sistema de adução bem como as suas características

geométricas (diâmetro) e a sua idade. Recorrendo à tabela Material – Vida útil dos dados de base é

calculada a vida residual das tubagens.

Para além disto, são construídas duas matrizes auxiliares sendo que a primeira é uma compilação do

comprimento da rede por material e por diâmetro e é calculada automaticamente e a segunda o custo

de construção unitário (€/km) do sistema por material e por diâmetro, dados esses a ser fornecidos pela

entidade gestora.

4.2.5 Sistema de Distribuição (R_CD)

O sistema de distribuição é composto pelos reservatórios de distribuição e pela rede de distribuição. É

feita uma caracterização de ambas as componentes.

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Para os reservatórios de distribuição é necessária a introdução de dados relativamente aos volumes

de água distribuída a partir destes e os consumos e os custos de energia de elevação e alturas

manométricas para o caso dos reservatórios elevado.

Para a rede de distribuição, a necessidade de dados é idêntica à do sistema de adução, inclusivamente

a questão do custo de construção unitário da rede por material e por diâmetro.

4.2.6 Consumos (C)

É feita uma desagregação em consumo doméstico e consumo não-doméstico. Nesta secção são

calculados os volumes de água que influenciam as necessidades de água a extrair nas fontes de

captação e os volumes a serem tratados.

O consumo doméstico refere-se à utilização de água por parte da população ao nível habitacional. É

dividido em consumo pela população residente e consumo pela população flutuante por se assumir que

os padrões de consumo são diferentes. Admite-se também que a influência da população flutuante no

sistema se reflete nos meses de época alta (Julho, Agosto, Setembro).

Por sua vez, o consumo não-doméstico divide-se em consumo faturado (que inclui a indústria e os

serviços) e o consumo não faturado (consumos públicos como a rega, lavagem de arruamentos, etc.).

A divisão dos seguintes tipos de consumo de água foi feita para permitir uma discriminação das

parcelas que geram faturação à entidade gestora.

4.2.7 Sistema de drenagem (CDr)

O sistema de drenagem é dividido em sistema unitário (AU) que recebe água residual e água pluvial, o

sistema separativo que é composto por uma rede destinada apenas à recolha de água residual (ASD)

e uma rede para a água pluvial (AP).

É feita uma caracterização das três redes e dos emissários correspondentes por material, diâmetro,

comprimento e ano e local de instalação.

As tabelas possuem uma parte de cálculos automáticos recorrendo aos coeficientes presentes nas

tabelas Material – Vida Útil e Material – Infiltração dos dados de base. Os cálculos mencionados (Eq.

4.2.7.1) dão origem a uma estimativa do volume de infiltração no sistema de drenagem.

𝑉𝑖𝑛𝑓 = ∑ 𝑘𝑁𝐹𝑘𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙𝑘𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎çã𝑜 × 𝐷 × 𝐿 × 𝑉𝑖𝑛𝑓−𝑏𝑎𝑠𝑒 × 365

Tal que,

𝑉𝑖𝑛𝑓 – Volume de infiltração total (m3);

D – Diâmetro de cada troço de tubagem (cm);

L – Comprimento de cada troço de tubagem (km);

𝑉𝑖𝑛𝑓−𝑏𝑎𝑠𝑒 - Volume de infiltração base (m3/dia/cm/km).

(Eq. 4.62)

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À semelhança do que acontece no sistema de adução e no sistema de distribuição é feita uma

compilação do comprimento das redes (cálculo automático) e dos custos unitários de construção (a

inserir com dados da entidade gestora) por material e por diâmetro.

Nesta secção é feita uma referência aos consumos e custos energéticos de elevação e respetivas

alturas manométricas nas estações elevatórias de águas residuais.

4.2.8 Estações de tratamento de água residual (ETAR)

São inseridos os dados referentes aos volumes de água recolhidos, à estimativa das populações

equivalentes servidas, à percentagem referente a água residual importada, aos volumes de água

utilizadas para uso da ETAR e aos volumes de água tratada reutilizada por outras entidades.

Os consumos e custos energéticos são introduzidos juntamente com quantificação do biogás produzido

e da produção de energia resultante da sua queima.

É construída uma tabela com dados relativos à produção de lamas como o volume produzido, o volume

de lamas importado e o volume de lamas para uso agrícola ou para aterro.

Nas ETAR são utilizados consideráveis volumes de reagentes para proceder ao tratamento das AR. É

por isso feita uma caracterização dos tipos de tratamento e dos reagentes utilizados em cada ETAR,

por tipo de tratamento.

Por fim, e como referido anteriormente, sempre que não existam dados suficientes, a estimativa da

emissão de GEE nas ETAR, em especial de CH4 e N2O, é feita recorrendo às metodologias adotadas

em APA (2013) e Simeão (2014), respetivamente.

Para a determinação da emissão de CH4, a metodologia baseia-se em três passos:

- Determinação da matéria orgânica total gerada segundo a seguinte expressão:

𝑇𝑂𝑊𝑑𝑜𝑚 = 𝑃 × 𝐷𝑑𝑜𝑚

A matéria orgânica é expressa em termos da carência bioquímica de oxigénio

(𝑇𝑂𝑊𝑑𝑜𝑚 𝑒𝑚 𝑘𝑔 𝐶𝐵𝑂 𝑎𝑛𝑜)⁄ e é função da população e da quantidade de matéria orgânica gerada por

pessoa (𝐷𝑑𝑜𝑚 𝑒𝑚 𝑘𝑔 𝐶𝐵𝑂 ℎ𝑎𝑏. 𝑎𝑛𝑜⁄ ; 𝐷𝑑𝑜𝑚 = 22,5).

- Estimativa dos fatores de emissão através de:

𝐸𝐹𝑖 = 𝐵0𝑖 × ∑ (𝑊𝑆𝑖𝑥 × 𝑀𝐶𝐹𝑥)𝑥

Os fatores de emissão (𝐸𝐹𝑖 𝑒𝑚 𝑘𝑔 𝐶𝐻4 𝑘𝑔 𝐶𝐵𝑂⁄ ) são determinados por fase de tratamento (líquido ou

sólido), sendo que 𝑊𝑆𝑖𝑥 se refere à fração de afluente do tipo i que é submetido ao tratamento x.

Dependem do potencial máximo de produção de metano (𝐵0𝑖 𝑒𝑚 𝑘𝑔 𝐶𝐻4 𝑘𝑔 𝐶𝐵𝑂⁄ ; 𝐵0𝑖 = 0,6 ) e dos

factores de conversão referentes aos vários tratamentos que podem existir numa ETAR (𝑀𝐶𝐹𝑥).

(Eq. 4.63)

(Eq. 4.64)

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O fator 𝑀𝐶𝐹 varia entre 0 para um sistema completamente aeróbico e 1 para um sistema

completamente anaeróbico.

- Cálculo das emissões considerando que as emissões são função da matéria orgânica gerada (𝑇𝑂𝑊)

e dos factores que caracterizam cada tipo de tratamento. A expressão seguinte tem em conta que as

emissões totais de metano devem ser descontadas do metano que é recuperado para aquecimento ou

geração de energia (𝑀𝑅), uma vez que não é emitido para a atmosfera.

𝑀 = ∑ (𝑇𝑂𝑊𝑖 × 𝐸𝐹𝑖 − 𝑀𝑅𝑖)𝑖

As emissões de N2O são estimadas recorrendo à seguinte expressão:

𝑁2𝑂 = 𝑁2𝑂𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 + 𝑁2𝑂𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

A primeira parcela do segundo termo corresponde à quantidade de óxido nitroso emitida aquando a

descarga do efluente no meio hídrico receptor (Eq. 4.67).

𝑁2𝑂𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑁𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 × 𝐸𝐹𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 × 4428⁄

Em que,

𝑁2𝑂𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Emissões de óxido nitroso na descarga do efluente em meio hídrico receptor (kg/ano);

𝑁𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Azoto total presente no efluente da ETAR (kg/ano);

𝐸𝐹𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Factor de emissão de óxido nitroso na descara do efluente (kgN2O-N/kgN), 𝐸𝐹𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 =

0,01 kg N2O-N/kg N (APA, 2013);

44/28 – Factor de conversão de N2O-N em N2O (-).

A segunda parcela é descrita na seguinte equação.

𝑁2𝑂𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑁𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 × 𝐸𝐹𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 4428⁄

Em que,

𝑁2𝑂𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 – Emissões de óxido nitroso produzidas nas ETAR (kg/ano);

𝑁𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Azoto total presente no afluente da ETAR (kg/ano);

𝐸𝐹𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 – Factor de emissão de óxido nitroso no tratamento de águas residuais domésticas

(kgN2O-N/kgN) ;

44/28 – factor de conversão de N2O-N em N2O (-).

De acordo com Simeão (2014), que referencia Kimochi, et al. (1998) e (Kampschreur, et al. (2009),

𝐸𝐹𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0,00035 kg N2O-N/kg N para tratamento por lamas activadas.

(Eq. 4.65)

(Eq. 4.66)

(Eq. 4.67)

(Eq. 4.68)

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4.2.9 Sistema hidrológico (SH)

O sistema hidrológico engloba os processos naturais como a precipitação e a infiltração, com grande

importância para o ciclo urbano da água.

É necessária a introdução da precipitação média anual (𝑃 𝑒𝑚 𝑚𝑚). Admitindo que a dimensão da bacia

hidrográfica que engloba o sistema de água (𝐴𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑘𝑚2) é reduzida, considera-se que o volume

de água precipitada (𝑉𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑚3) segue a seguinte expressão:

𝑉𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑃 × 𝐴𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 × 1000

Através deste volume, da definição dos vários tipos de uso do solo, dos coeficientes de infiltração e dos

coeficientes de escoamento associados pretendem-se calcular os volumes de infiltração e de

escoamento, respetivamente.

4.3 Avaliação de desempenho O procedimento até aqui descrito tem como objetivo final a construção de indicadores de desempenho

como ferramenta de gestão na fase de planeamento estratégico.

A metodologia adotada é composta pelas seguintes etapas principais:

- Estabelecimento de objetivos e critérios de avaliação: A definição de objetivos foi feita segundo os

mais recentes padrões de sustentabilidade dos guias nacionais da ERSAR (ERSAR, 2014). Os

objetivos que se pretendem alcançar são: 1) a garantia do acesso a serviços da água; 2) o uso

eficiente da água, da energia e dos materiais; 3) a minimização de impactos ambientais; 4) a

sustentabilidade económica nos sistemas do ciclo urbano de água e 5) a confiabilidade, adequação

e resiliência da infraestrutura.

- Estabelecimento dos indicadores que traduzem as medidas de desempenho. Estes foram definidos

tendo como influência os indicadores de qualidade do serviço elaborados em ERSAR (2014) e que

figuram em grande parte no Plano Estratégico de Gestão Patrimonial de Infraestruturas de Almada,

elaborado no âmbito do projeto GPI (2012-2013). Foi tida em conta a escolha dos indicadores cujos

dados necessários são facilmente acessíveis.

- Análise dos valores obtidos e seleção da melhor opção para futuros melhoramentos do sistema,

tendo por base cenários da evolução populacional.

Nas Tabelas de 4.2 a 4.5 é feito um resumo dos principais indicadores desenvolvidos que tiveram como

principais dimensões de análise a ambiental e a económica. Da dimensão ambiental resultaram

indicadores que traduzem a quantidade de energia consumida, a eficiência energética na elevação de

água, as emissões diretas e indiretas de GEE. Sempre que tal se verifique, são referidas as

designações dos indicadores utilizados com base no Guia 19 da ERSAR (ERSAR, 2014).

As emissões diretas ocorrem essencialmente no tratamento de águas residuais em fase líquida e sólida

e na utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia e para o funcionamento das viaturas

(Eq. 4.69)

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pertencentes à entidade gestora. Pode ocorrer uma diminuição do seu valor para o caso dos sistemas

de águas residuais caso exista um aproveitamento do metano para a produção de biogás. São

analisadas as emissões mais importantes que são a emissão de dióxido de carbono (CO2), metano

(CH4) e óxido nitroso (N2O).

As emissões indiretas estão relacionadas com a produção de energia elétrica consumida nos processos

de tratamento e elevação de água, a produção e transporte de reagentes, a degradação dos

constituintes remanescentes no efluente lançados para o meio recetor e o transporte e deposição de

lamas em aterros.

O aspeto económico retrata os custos correntes afetos a cada parte do sistema. Os custos correntes

são traduzidos pela soma dos custos de operação e dos custos com o pessoal (ERSAR, 2014).

Os custos de operação englobam os custos com a importação de água bruta e tratada, energia,

serviços externos, aluguer de equipamentos e serviços, reagentes, taxas, contribuições e impostos

durante o período de referência. Os custos com o pessoal referem-se aos custos com empregados da

entidade gestora deduzidos da parcela de mão-de-obra relativa ao autoinvestimento em infraestruturas.

Tabela 4.2 - Indicadores para traduzir o nível de atividade/ atendimento da entidade

Nível de

atividade

da

entidade

Capitaçãouso-doméstico (AA) Acessibilidade física do serviço - Indicador AA01b (ERSAR) (AA) Adesão ao serviço - Indicador AA07b (ERSAR) (AR) Acessibilidade física do serviço - Indicador AR01b (ERSAR) (AR) Adesão ao serviço - Indicador AR06b (ERSAR) (AR) Destino adequado de águas residuais recolhidas - Indicador AR12ab (ERSAR)

(l/hab.dia) (%) (%) (%) (%) (%)

Tabela 4.3 – Indicadores traduzidos por volume de água e per capita

Subsistema(s) Indicadores

Por m3 Per capita

Captação, Reservatórios de distribuição

Eletricidade consumida (kWh/m3) Eficiência média (kWh/m3/100m) - Indicador AA15ab (ERSAR) Furo com menor eficiência (-) GEEdirecto (kg CO2-eq/m3) GEEindirecto (kg CO2-eq/m3) Custos correntes (€/m3)

Volume captado/ distribuído (m3/hab) Eletricidade consumida (kWh/hab) Combustíveis O&M (l/hab) GEEdirecto (kg CO2-eq/hab) GEEindirecto (kg CO2-eq/hab) Custos correntes (€/hab)

EEP, ETAR, Tratamento de

lamas

Electricidade consumida (kWh/m3) Reagentes (kg/m3) Eficiência média (kWh/m3/100m) - Indicador AR11ab (ERSAR)

Troço/ Instalação com menor eficiência (-) (Quando aplicável) GEEdirecto (kg CO2-eq/m3) GEEindirecto (kg CO2-eq/m3) Custos O&M (€/m3) Produção própria de energia (%) Destino de Lamas do tratamento (%) (Quando aplicável)

Volume a tratar (m3/hab) (Quando aplicável

Quando aplicável) Volume de lamas originado (kg/hab) (Quando aplicável Quando aplicável) Electricidade consumida (kWh/hab) Combustíveis O&M (l/hab) Reagentes (kg/hab) GEEdirecto (kg CO2-eq/hab) GEEindirecto (kg CO2-eq/hab) Custos O&M (€/hab) Produção própria de energia (%) Destino de Lamas do tratamento (%) - Indicador AR16ab (ERSAR)

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As unidades de medida para os indicadores por volume referem-se aos volumes de água distribuída,

sempre que que se trate de um processo afeto ao sistema de abastecimento e aos volumes de água

recolhida nas ETAR para os sistemas de drenagem.

Tabela 4.4 – Indicadores para traduzir as atividades de O&M afectas aos sistemas de abastecimento e saneamento

Redes Indicadores

Caracterização O&M Rede Per capita

Adução, Distribuição GEE O&M (kg CO2-eq/m) Água não faturada (%)

Comprimento (m/hab) GEE O&M (kg CO2-eq/hab)

Sistema separativo doméstico, Sistema separativo pluvial

Energia elevação (kWh/m3) Eficiência (kWh/m3/100m) Combustíveis O&M (l/m) GEEindirecta (kg CO2-eq/hab)

Tabela 4.5 – Indicadores para Sistemas de saneamento descentralizados

Sistemas descentralizados

Indicadores

Expressividadepopulação (%) (hab SD/hab total)

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5. CASO DE ESTUDO: APLICAÇÃO DO MODELO DE

METABOLISMO AO CONCELHO DE ALMADA

No presente capítulo é aplicada a metodologia descrita anteriormente, ao caso do concelho de Almada.

Considerou-se como ano de estudo o ano de 2013 por ser o ano mais recente com um volume

considerável de dados.

Inicialmente é feita uma caracterização geral do concelho de Almada e uma caracterização mais

pormenorizada da entidade gestora responsável pelo fornecimento de água potável à população e pela

gestão dos resíduos gerados decorrentes de toda a atividade do ciclo urbano de água onde opera.

Nesta fase foram utilizados os dados e informações disponibilizados pela entidade gestora através de:

- Plano Estratégico de Abastecimento de Água do concelho de Almada - Relatório final, 2013 (PEA,

2013);

- Plano Estratégico de Drenagem de águas residuais e pluviais do concelho de Almada – Memória

Descritiva e Justificativa, 2012 (PED, 2012);

- Plano Estratégico de Gestão Patrimonial de Infraestruturas (2013-2033), 2013;

- Consumos mensais para uso não-doméstico, 2013;

- Consumo de combustíveis fósseis para actividades de operação/ manutenção do sistema, 2013;

- Reporte de contas POCAL, 2013;

- Padrão de consumo de água para abastecimento, 2010;

- Documentos de apoio da ERSAR para as estações de tratamento de AR, 2013;

- Documentos de apoio da ERSAR para os serviços de abastecimento e drenagem, ambos em

baixa, 2013.

No final, são construídos os indicadores de desempenho e através destes é feita uma análise a cenários

de crescimento da população.

No presente trabalho optou-se por não incluir e desenvolver a caraterização dos fluxos e redes de

drenagem relativos a água pluvial por não existir muita informação disponível.

5.1 Caracterização do concelho de Almada

O concelho de Almada pertence ao distrito de Setúbal e possui uma extensa área litoral, fazendo

fronteira a Oeste com o Oceano Atlântico e a Norte com o Estuário do rio Tejo. O concelho de Sesimbra

delimita Almada a Sul e o concelho do Seixal a Este.

A área territorial do concelho é de cerca de 70 km2 e é dividido administrativamente em onze freguesias:

Almada, Cacilhas, Caparica, Charneca da Caparica, Costa de Caparica, Cova da Piedade, Feijó,

Laranjeiro, Pragal, Sobreda e Trafaria (Figura 5.1).

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Os Censos de 2011 revelam uma população residente de 172 253 habitantes e é na zona Nordeste do

concelho que se regista a maior densidade populacional (INE, 2013).

Existe também uma forte componente de população flutuante, representando um total de 49 536

habitantes. A população flutuante define-se como a população com ocupação de residências

secundárias, de hotelaria e de parques de campismo. A freguesia da Costa da Caparica possui o maior

número de população flutuante nos meses de Verão devido à grande oferta turística (PEA, 2013).

A tabela seguinte (Tabela 5.1) traduz os dados necessários para o preenchimento dos campos na

Plataforma de Dados/ DS (Descrição do sistema)DG (Dados Gerais).

Tabela 5.1 – Dados para Plataforma de Dados/ DS – DG (Descrição do sistema – Descrição

Global)

Ano de estudo (-) 2013

Cidade / Região (-) Almada

População residente (hab) 172.253

População flutuante (hab) 49.536

População total (hab) 221.789

Alojamentos (-) 101.146

Área territorial (km2) 70,21

Figura 5.1 - Localização do concelho de Almada

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De acordo com o documento PDM de Almada (CMA, 2008), a tipologia do solo no concelho de

Almada divide-se nas seguintes parcelas (Tabela 5.2):

Tabela 5.2 – Tipologia de solos no concelho de Almada (adaptado de CMA (2008))

Tipologia do solo Contribuição

Praias e Dunas 3,18%

Matos/ povoamentos florestais 40,78%

Áreas agrícolas 6,36%

Áreas edificadas dispersas 1,88%

Áreas edificadas fragmentadas 20,16%

Áreas edificadas compactas 17,56%

Áreas turísticas 4,05%

Complexos desportivos 0,14%

Outros usos 5,89%

5.2 Caracterização dos SMAS de Almada Os SMAS de Almada são responsáveis pela gestão dos sistemas de água desde a captação, passando

pela adução, distribuição de água potável até aos sistemas de recolha, transporte e tratamento de

águas residuais e aos sistemas de recolha e transporte de águas pluviais.

Possuem um modelo de gestão direta com titularidade municipal. Englobam desta forma todo o ciclo

urbano de água, operando em “alta” e em “baixa”.

Para o estudo, a escala espacial considerada é a que corresponde aos limites administrativos do

concelho. Para efeitos do modelo, foi assumido que as fontes de captação se encontram na fronteira

do sistema apesar de a sua localização ser no concelho adjacente, no Seixal. Esta hipótese teve em

conta que a exploração da água subterrânea tem como destino apenas o concelho de Almada.

As linhas de orientação e estratégia que regem a entidade gestora decorrem do plano estratégico para

o Município – Almada “Mais” Sustentável, Solidária e Eco-eficiente que assentam essencialmente em

três grandes pilares estratégicos: Garantia da satisfação das necessidades dos utentes através de um

serviço de qualidade, Sustentabilidade da organização otimizando a capacidade e a operacionalidade

dos sistemas e desenvolvendo ações de manutenção e reabilitação da infraestrutura instalada e

Sustentabilidade Ambiental garantindo a proteção e preservação dos aquíferos, promovendo a

eficiência e fiabilidade dos sistemas, garantindo o tratamento da totalidade das águas residuais geradas

e promovendo ações de sensibilização junto da população (SMAS, 2014)

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52

5.2.1 Padrão de Consumo – Geração de Águas Residuais

Para uma perceção do nível de atendimento no abastecimento e na drenagem e tratamento de AR, os

dados são organizados por: 1) população sem serviço; 2) população com serviço disponível não efetivo*

e 3) população com serviço efetivo.

Número de alojamentos localizados na área de intervenção da entidade gestora que não se

encontram ligados à rede pública mas para os quais as infraestruturas do serviço de recolha

e drenagem se encontram disponíveis.

O consumo doméstico de água foi calculado com base na população residente e flutuante e na

capitação. Uma vez que a informação disponibilizada se refere ao número de fogos, assumiram-se

valores para o número de habitantes por fogo, sendo que este valor é mais elevado para o caso da

população flutuante, de acordo com o Plano Estratégico de Abastecimento de Almada.

Os consumos totais de água foram calculados da seguinte forma:

𝐶 = ∑ 𝑃𝑜𝑝𝑖 × 𝑐𝑎𝑝𝑖 × 𝐷𝑖

Tal que:

C – Consumo de água da rede (l3);

Pop – População com serviço efectivo (hab);

cap – Capitação média (l/hab/dia). A capitação da população flutuante foi definida como sendo 20%

superior à da população residente de acordo com a hipótese de que ocorre na época alta do Verão,

dando origem a uma maior necessidade de consumo;

D – Número de dias para a qual se aplica a capitação média. No caso da população flutuante,

assumiu-se para este termo o número de dias respeitante aos três meses de Verão.

Na tabela seguinte são sintetizados os dados inseridos relativamente ao consumo de água para uso

doméstico.

Tabela 5.3 – Plataforma de dados/ Consumos - Uso doméstico

Residente Flutuante

Sem serviço disponível

Nr.º fogos (-) 0 0

Habitantes por fogo (hab) 0,0 0,0

População (hab) 0 0

Serviço disponível não

efetivo

Nr.º fogos (-) 6783 0

Habitantes por fogo (hab) 1,7 0,0

População (hab) 11552 0

* População com serviço disponível não efetivo: População cujos alojamento se localizam na área de intervenção da entidade gestora que não se encontram ligados à rede pública mas para os quais as infraestruturas do serviço de recolha e drenagem se encontram disponíveis

(Eq. 5.1)

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Residente Flutuante

Serviço efetivo

Nr.º fogos (-) 94363 20640

Habitantes por fogo (hab) 1,7 2,4

População com serviço efetivo (hab) 160701 49536

Capitação média de água potável (l/hab.dia) 147 177

Consumo (dm3) 8,6 x 103 0,8 x 103

Até à década de noventa, o concelho apresentava uma forte componente industrial no sector da

construção, da reparação naval e na fabricação de vestuário. Porém, com o encerramento das mais

importantes indústrias, como a Companhia Portuguesa de Pescas, a Sociedade de Reparação de

Navios, a Lisnave, entre outros, Almada é hoje um concelho onde o sector terciário representa quase

80% da atividade económica. No ano de 2013, o consumo de uso não-doméstico com faturação

traduziu-se num volume de cerca 1,8 x 106 m3.

O uso não-doméstico, não faturado e autorizado refere-se à água utilizada para rega, para limpeza de

arruamentos e outros consumos públicos pelos bombeiros. Para traduzir as parcelas referidas

consideram-se as seguintes hipóteses:

- A água para rega é calculada tendo por base uma capitação por hectare de área verde.

A área verde foi definida tendo por base os usos do solo (Eq. 5.2). Para o presente estudo,

assumiu-se que as zonas de rega com uso de água não faturada se encontram nas zonas de

edificação compacta e nos complexos desportivos municipais. O parâmetro 𝑓𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒𝑠 reflete

a percentagem dessas áreas que necessitam de rega. Para o presente estudo assumiu-se um

valor de 0,1.

𝐴𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒 = (𝐴𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çõ𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑎𝑠 + 𝐴𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠) × 𝑓𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒𝑠

A capitação definida teve por base o documento de Rosa (1998), que define um valor médio

de 19000l/ha/dia para plantas médias. Assumiu-se também que a rega é feita, em média, três

dias por semana;

𝐶𝑟𝑒𝑔𝑎 = 𝐴𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒 × 𝐶𝑎𝑝𝑟𝑒𝑔𝑎

- A água afeta à lavagem de arruamentos assume-se com sendo o produto entre uma capitação e o

número total de habitantes. A capitação admitida foi adaptada do Decreto de Lei nº. 23/95, que prevê

uma capitação mínima para os consumos públicos, assumindo-se um valor de 3 l/hab/dia.

- Os restantes consumos públicos resultaram da diferença entre o valor do consumo não-doméstico,

não faturado e autorizado que consta do balanço hídrico no documento de apoio da ERSAR preenchido

pela entidade gestora, e as parcelas anteriores.

Na Tabela 5.4 são enumerados os resultados respeitantes ao consumo doméstico não faturado

autorizado. Os dados refletem os consumos numa base anual.

(Eq. 5.2)

(Eq. 5.3)

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54

Tabela 5.4 - Plataforma de dados/ Consumos - Uso não-doméstico, não faturado, autorizado

Rega

Área Verde (𝐴𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒) (ha) 124,2717

Capitação (𝐶𝑎𝑝𝑟𝑒𝑔𝑎) (l/ha.dia) 19 x 103

Consumo anual (𝐶𝑟𝑒𝑔𝑎) (dm3) 0,4

Lavagem de arruamentos

Capitação (l/hab.dia) 3

Consumo anual (m3) 242.859

Outros consumos publicos (Bombeiros, etc.)

Consumo anual (dm3) 0,2

Em 2013, o fornecimento de água teve a distribuição representada na Figura 5.2.

Figura 5.2 - Distribuição do consumo de água no concelho de Almada, 2013

Os afluentes que são gerados do consumo de água podem ter vários caminhos: não são submetidos a

tratamento (sem serviço disponível e serviço disponível não efetivo); são encaminhados pelo sistema

de drenagem diretamente para o rio (sistema de drenagem disponível sem tratamento); são

encaminhados através do sistema de drenagem para a ETAR (serviço disponível efetivo) ou são

tratados em sistemas descentralizados (Soluções individuais de tratamento de águas residuais).

Na Tabela 5.5 é feita a sintetização de dados relativos à geração de afluentes por consumo doméstico.

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Tabela 5.5 - Plataforma de dados/ ETAR – Afluentes domésticos

Nr.º fogos sem serviço disponível (-) 0

Serviço disponível não

efectivo

Nº de fogos (-) 8.049

Habitantes por fogo (hab) 5,75

População (hab) 46253

Coeficiente de afluência (-) 0,90

Capitação de AR (l/dia.hab) 133

Volume de água (dm3) 2,2 x 103

Sistema de drenagem

disponível sem tratamento

Nº de fogos (-) 600

Habitantes por fogo (hab) 2,40

População (hab) 1440

Coeficiente de afluência (-) 0,90

Capitação de AR (l/dia.hab) 133

Volume de água (dm3) 69

Soluções individuais de tratamento de

águas residuais

Tipo (-) Fossa séptica

Nº de fogos (-) 3.127

Habitantes por fogo (hab) 2,40

População (hab) 7505

Coeficiente de afluência (-) 0,90

Capitação de AR (l/dia.hab) 146

Volume de água (dm3) 0,4 x 103

Serviço disponível efectivo

Nº de fogos (-) 91.236

Habitantes por fogo (hab) 1,92

População (hab) 175354

Coeficiente de afluência (-) 0,90

Capitação de AR (l/dia.hab) 133

Volume de água (dm3) 8,5 x 103

Relativamente ao consumo não-doméstico, considerou-se que a geração de afluentes é o produto entre

o volume de água consumida e o coeficiente de afluência, que se assumiu ser igual a 0,90. Este valor

é usado pela entidade gestora.

No caso das soluções individuais de tratamento de água residuais a capitação considerada teve em

conta a média das capitações de água doméstica para população residente e para população flutuante.

5.2.2 Sistema de abastecimento de água

O sistema de abastecimento de água engloba todas as atividades de captação, transporte, tratamento

e controlo de qualidade, reserva e distribuição de água potável.

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Na Tabela 5.6 são apresentados os fluxos de água, o número das fontes de captação, EEP/ ETA e

reservatórios de distribuição e as percentagens de perda de água por subsistema. As perdas de água

por subsistema resultam de estimativas de acordo com a experiência dos elementos da entidade. Todos

os valores foram fornecidos pela entidade gestora.

Tabela 5.6 - Plataforma de Dados/ Descrição do Sistema (DS) - Abastecimento e distribuição de

água

Fontes de água (11 e 12)

N.º de fontes de água subterrânea (-) 32

N.º de fontes de água superficial (-) -

Água captada (dm3) 16,3 x 103

Perdas - Adução primária (12) (%) 3%

12) Sistemas de tratamento e/ou elevação (13)

N.º EEP/ ETA (-) 4

Água elevada (m3) 16,0 x 103

Água importada (m3) 0

Perdas - EEP/ ETA (13) (%)

Adução (14)

Água importada (m3) 0,00

Perdas (14) (%) 5%

Reservatórios de Distribuição (15)

Água distribuída* (m3) 15,7 x 103

Capacidade de reserva de água tratada (dias) 2

Perdas - Reser. Distribuição (15) (%) 2%

Perdas distribuição (16) (%) 24%

Consumo (21 e 22)

Água consumida* (m3) 11,9 x 103

* Valores estimados

Os valores de água distribuída registados para o ano 2013 não se traduziam em valores reais. Os

dados apresentavam um valor superior do volume de água distribuída em relação à água elevada. Para

corrigir este valor, verificaram-se os consumos de água do ano anterior e considerou-se a mesma

relação entre água captada e água distribuída.

Os valores do consumo são parcialmente estimados, mais concretamente a parcela do consumo não-

doméstico. O consumo doméstico é obtido através da contagem que é feita pela entidade nas

habitações.

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As percentagens de perda de água nos vários componentes do sistema de abastecimento e distribuição

de água foram definidos de acordo com a experiência e conhecimento da entidade.

Os demais valores (água captada, água elevada, etc.) foram obtidos através da medição de caudais

efetuados nos vários componentes.

Tendo em conta os dados gerais decorrentes da Tabela 5.6 é feita uma caracterização pormenorizada

relativamente aos fluxos de água, consumos de energia, custos de energia e a materiais de construção.

Na tabela seguinte é feito um resumo dos dados introduzidos, fazendo a ponte entre os subsistemas

criados no modelo de metabolismo e a plataforma de dados (Tabela 5.7).

Tabela 5.7 – Lista de dados relativos ao sistema de abastecimento e distribuição

Subsistema MM/ Plataforma

Dados

Fontes de Captação/ Volumes captados e

elevado (VC_VE)

Volumes captados e elevados (m3), alturas manométricas (m), energia de captação/ elevação (kWh) e custos associados (€).

Os dados são por furo e têm em conta o ano de instalação.

EEP/ ETA/ Volumes captados e elevado

(VC_VE)

Energia e custos associados aos serviços de apoio

Quantificação dos volumes de água encaminhados para o sistema adutor através de troços gravíticos ou elevados (m3)

Quantificação da energia (kWh e €) e dos custos dos volumes de água elevados

Adução/ Caracterização do sistema adutor (CAd)

Caraterização do sistema adutor por ano de instalação, diâmetro, comprimento, material e vida residual

Reservatórios de distribuição/ R_CD

Quantificação dos volumes de água encaminhados por troços gravíticos ou elevados (m3)

Quantificação da energia (kWh e €) e dos custos dos volumes de água elevados

Distribuição/ R_CD Caraterização do sistema de distribuição por ano de

instalação, diâmetro, comprimento, material e vida residual

As EEP localizam-se em Vale de Milhaços, Corroios, Quinta da Bomba e em Feijó. A central de Vale

de Milhaços abastece essencialmente as zonas oeste e centro do concelho, a central de Corroios

abastece a zona centro e Nordeste do concelho, a central da Quinta da Bomba abastece a zona Este

e por fim a central do Feijó a zona do Feijó.

O comprimento total da rede de abastecimento de água é de cerca de 875 km (79 km em alta e 796

km em baixa). Existem 26 reservatórios com uma capacidade de reserva média de cerca de 2 dias. Os

principais materiais constituintes do sistema de adução são o fibrocimento (70%) e o ferro fundido dúctil

(22%) e na rede de distribuição é o PVC (60%).

O tratamento da água bruta é feito de forma simples nos postos de cloragem instalados nas EEP

(Tabela 5.2.6).

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58

Tabela 5.8 – Reagentes utilizados no tratamento de água para abastecimento para o ano 2013

Reagentes para tratamento

EEP Tipo Quantidade

(kg/ano)

Vale de Milhaços Cl 4474

Corroios Cl 2064

Quinta da Bomba Cl 730

Feijó Cl 741

5.2.3 Sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

O sistema de drenagem de águas residuais corresponde ao conjunto de processos e infra-estruturas

responsáveis pela recolha, transporte, tratamento das águas residuais geradas pelos habitantes ou

outras entidades e posterior rejeição no meio recetor.

Parte da área do concelho encontra-se classificada como zona sensível, ao abrigo do Decreto-Lei nº.

198/2008, de 8 de Outubro. As zonas enquadradas no estuário do Tejo integram a lista de identificação

de zonas sensíveis na categoria de “Águas doces superficiais, estuários e lagoas costeiras”. É por isso

muito importante a existência de um sistema de drenagem de águas residuais eficiente e um tratamento

rigoroso destas para afluentes que atinjam estas zonas.

A área territorial de Almada é dividida em sete bacias de drenagem sendo estas a Bacia da Caparica,

a Bacia da Trafaria, a Bacia do Norte, a Bacia de Almada, a Bacia do Alfeite, a Bacia de Corroios e a

Bacia da Aroeira (Figura 5.3).

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Figura 5.3 – Bacias de drenagem do concelho de Almada

Na Tabela 5.9 é feita uma caracterização da percentagem de afluentes afetos a cada tipo de rede

(unitária ou separativa). Uma vez que não existem dados acerca dos volumes pretendidos, é feita uma

estimativa com base no nível de infraestruturação das redes. Além disto, são colocados os valores

relativos a volumes de AR importada e do número de ETAR existentes.

Tabela 5.9 – Plataforma de Dados/ Dados gerais (DG) – Caracterização do sistema de

drenagem doméstica

Drenagem Doméstica (33 e 36)

Sistema Unitário para consumo Doméstico (%) 1%

Sistema Unitário para consumo não-doméstico (%) 0%

Água residual descarregada (para situações de sobreutilização da rede)

(m3) 0

Água residual importada para a rede (m3) 0

Água residual importada para os interceptores (m3) 0

Sistema Separativo para consumo Doméstico (%) 99%

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Drenagem Doméstica (33 e 36)

Sistema Separativo para consumo não-doméstico (%) 100%

Água residual descarregada (para situações de sobreutilização da rede)

(dm3) 0,5 x 103

Água residual importada para a rede (dm3) 0

Água residual importada para os interceptores (dm3) 0

ETAR (39)

Número de Estações de tratamento (-) 4

À semelhança do que acontece no sistema de abastecimento e distribuição de água, é feita uma maior

pormenorização do sistema de drenagem e tratamento de água residual. Na Tabela 5.10 são listados

os dados utilizados para caracterizar os fluxos de água, consumos de energia, custos de energia e a

materiais de construção.

Tabela 5.10 – Lista de dados relativos ao sistema de drenagem e tratamento

Subsistema MM/ Plataforma

Dados

Sistemas descentralizados/

ETAR

População servida, coeficiente de afluência, capitação correspondente

Sistema Unitário/ Drenagem (CDr)

Caraterização do sistema de recolha e drenagem de AR por coletores unitários, por ano de instalação, diâmetro, comprimento, material e vida residual

Sist. Separativo (Doméstico) /

Drenagem (CDr)

Caraterização do sistema de recolha e drenagem de AR por coletores separativos, por ano de instalação, diâmetro,

comprimento, material e vida residual

Interceptor Unitário/

Drenagem (CDr)

Interceptor Separativo/

Drenagem (CDr)

Caraterização dos intercetores de AR, por ano de instalação, diâmetro, comprimento, material e vida residual

Quantificação dos volumes de água elevados (m3)

Quantificação da energia (kWh e €) e dos custos dos volumes de água elevados

ETAR/ ETAR

Quantificação dos volumes de AR recolhidos, importados, reutilizados na ETAR (m3)

Quantificação dos volumes de AR tratados (m3)

Quantificação da energia (kWh e €) e dos custos associados no tratamento

Quantificação do biogás produzido para produção de energia própria (kg CH4)

Quantificação dos reagentes utilizados na fase liquida e na fase sólida (kg)

Emissões GEE (Ver Tabela 5.2.9)

Tratamento de lamas/ ETAR

Quantificação de lamas produzidas e importadas

A rede de coletores que compõe o subsistema de drenagem é essencialmente separativa desde o início

e desenvolve-se por 72 km no sistema em alta e por 523 km no sistema em baixa (com uma constituição

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maioritária em grés cerâmico e PVC), perfazendo um total de 595 km. Para complementar toda a rede

de drenagem existem tuneis e estações elevatórias.

Caracterização das ETAR

As ETAR existentes estão dimensionadas para atender à totalidade do efluente produzido no concelho

de Almada e parte do concelho do Seixal. Os principais reagentes utilizados são o cloreto férrico, a cal

hidratada e os polielectrólitos (fase líquida e fase sólida).

Na Tabela 5.11 é feita a caracterização geral das ETAR existentes no sistema de drenagem e

tratamento de AR. A população equivalente foi calculada com base na capitação média em águas

residuais de 120 l/hab.dia. de acordo com os dados fornecidos pela entidade.

Tabela 5.11 – Caracterização geral das ETAR

ETAR Subsistemas abrangentes

Sistema de tratamento População equivalente no ano de estudo Fase Líquida

Fase Sólida/ Fase gasosa

Mutela Bacias do Alfeite, do Norte e de Almada

Digestão aeróbia no tanque de

arejamento

Digestão anaeróbia

134.525

Desinfecção por UV Desidratação das

lamas em centrífugas

Portinho da Costa

Bacias da Caparica, do Norte e da Trafaria

Decantação primária avançada dos

sólidos em suspensão e

recirculação interna de lamas

Digestão anaeróbia

62.533 Desidratação das

lamas Biofiltros

Emissário submarino

Quinta da Bomba

Bacia de Corroios, da Aroeira e parte do

Alfeite e da Caparica

Decantação primária

Desidratação das lamas

123.099 Leitos percoladores

Decantação secundária

Valdeão

Afluentes do Hospital Garcia da Orta, parte

do Bairro do Matadouro, Pousada da Juventude,

Instituto Estradas de Portugal

Decantação primária

- 4.432

Lamas activadas (arejamento mecânico)

Decantação secundária

A ETAR da Quinta da Bomba serve também o concelho de Seixal, sendo a proporção de serviço de

55,1% para Almada e 44,9% para o Seixal. Esta instalação tem previstas intervenções cujo principal

objetivo é aumentar a eficácia do tratamento das lamas originando o cumprimento da legislação e para

a cogeração de energia através do biogás.

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Relativamente às emissões diretas de GEE, existem dados disponíveis para as ETAR da Mutela e

Portinho da Costa sobre as emissões de metano. Estas são aproveitadas a 100% para produção de

energia através da combustão do biogás que se forma na digestão anaeróbica das lamas.

No entanto, é ainda necessária a contabilização das emissões de óxido nitroso para todas as

instalações e as emissões de metano para as ETAR da Quinta da Bomba e do Valdeão (Tabelas 5.12

e 5.13).

Tabela 5.12 – Emissões de óxido nitroso nos sistemas de tratamento

Mutela Portinho da

Costa Valdeão

Quinta da Bomba

SD

População (hab eq) 134525 62533 4432 123099 7505

P (kg proteína/ hab.ano) 46 46 46 46 46

F (kg N/ kg proteína) 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16

Nafluente (kg N/ ano) 990104 460243 32620 906009 55235

EFtratamento (kg N2O-N/ kg N) 0,00035 0,00035 0,00035 0,00035 0,00035

Nefluente (kg N/ ano) 530298 247163 34782 467288 39236

EFefluente (kg N2O-N/ kg N) 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

N2O (kg N2O/ ano) 5650 2633 359 4990 412

Para o cálculo da quantidade de azoto no efluente, considerou-se de forma conservativa que a

concentração de N é a corresponde ao valor máximo admissível (90mg/l).

Tabela 5.13 – Estimativa das emissões de metano nas ETAR do Valdeão e Quinta da Bomba

Coeficientes

Valdeão Quinta da Bomba

Fase líquida

Fase sólida Fase líquida Fase sólida

População equivalente (hab) 4432 123099

Ddom (kg CBO5/hab.ano) 22,5 22,5

TOW (ton CBO5/ano) 100 2770

B0 (kg CH4/kg CBO5) 0,6 0,6

WS 63% - 63% -

MCF 0,1 0 0,1 0

EF (kg CH4/kg CBO5) 0,0378 - 0,0378 -

MR (kg CH4/ ano) 0 0

M (kg CH4/ ano) 3.769 104.696

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Infiltrações/ Afluências indevidas

De acordo com a expressão definida em 4.2.7 Sistema de Drenagem (CDr) (Eq. 4.2.7.1), foram

calculados os volumes de infiltração nas redes de drenagem. Este cálculo é de extrema importância

por se refletir num acréscimo de volume que vai afluir à ETAR para ser tratado.

Os coeficientes descritos na secção 4.2.2 Dados de Base (DB) foram definidos de forma iterativa tendo

em conta o padrão mensal de consumo de água potável do ano de 2010 (o único ano com dados deste

tipo) e o volume mensal de água recolhido nas ETAR.

Para tal foram admitidas as seguintes hipóteses para o cálculo do volume de água residual gerado:

- O consumo de água potável que gera escoamento de AR para a rede de drenagem não possui a

parcela referente ao consumo público (Volume não faturado, autorizado) por se considerar que não

atinge a rede de drenagem;

- O padrão de consumo de água potável mantém-se constante para o ano de estudo;

- Apenas uma percentagem da água potável consumida é encaminhada para os sistemas de

tratamento, facto este materializado pelo coeficiente de afluência (𝑐𝑎𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎).

Na Figura 5.4 é possível verificar que a hipótese de considerar um coeficiente de afluência médio de

0,9 faz com que exista uma situação de excesso de AR gerado para os meses de Verão. Para a análise

dos volumes de infiltração, foi construída outra curva (AR gerado [ajustado]) que traduz volumes de

infiltração praticamente nulos para os meses de maior calor.

Desta análise, estimou-se um valor de 2 100 000 m3 para o volume infiltrado para os coletores. No

entanto, é necessário referir que o volume calculado não está unicamente afeto à parcela de infiltração.

Nos meses entre Fevereiro e Abril, os volumes recolhidos rondam entre 30% e 80% do volume de AR

gerado, o que sugere a existência de ligações indevidas na rede separativa doméstica.

Figura 5.4 – Comparação entre AR recolhida em ETAR e Consumo de água

Page 74: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

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Lacunas do conhecimento

Neste estudo não foram desenvolvidas as metodologias para a caracterização dos volumes de

drenagens pluviais por se considerar que existem deficiências no conhecimento sobre variáveis ou

dados considerados fundamentais, nomeadamente:

- Regime de precipitação do concelho;

- Caracterização geológica aprofundada para obter valores de escoamento e infiltração;

- Comportamento das bacias de drenagem e das redes de drenagem pluvial.

5.3 Análise da situação atual da entidade gestora

Quando os SMAS de Almada foram criados, as linhas estratégicas de atuação dos SMAS de Almada

eram o de garantir o abastecimento de água a toda a população residente no concelho e o progressivo

alargamento da drenagem de águas residuais como forma de assegurar a saúde pública e o controlo

da poluição ambiental. Nos meados dos anos 80, foram acrescentados objetivos relativamente à

sustentabilidade económica e organizacional da entidade.

Tendo sido concluídos, em grande parte, os esforços mencionados, o tipo de atividade dos SMAS de

Almada concentra-se atualmente no incremento da qualidade dos serviços que presta e no aumento

da eficiência no funcionamento dos sistemas físicos e na organização que os gere, tendo por base o

uso racional dos recursos naturais.

No presente subcapítulo é demonstrada a informação decorrente da aplicação dos indicadores

definidos para as dimensões ambiental e económica. Estes são agrupados por subsistema e por

sistema de água (AA) e por sistema de águas residuais (AR).

Como referido anteriormente, alguns dos indicadores utilizados foram calculados com base no Guia 19

da ERSAR. Estes são classificados de acordo com valores de referência admitidos pela entidade

reguladora. O sistema de avaliação possui três tipos de classificação: Qualidade do serviço satisfatória;

Qualidade do serviço média; Qualidade do serviço insatisfatória.

Os SMAS de Almada possuem uma total cobertura da população para os serviços de abastecimento e

saneamento (100%). No entanto, é necessário trabalhar no sentido de garantir o fornecimento de água

potável e a drenagem das águas residuais através da ligação das redes principais com os ramais das

habitações, para garantir uma plena adesão ao serviço (Tabela 5.14).

Tabela 5.14 – Indicadores que traduzem o nível de serviço da entidade gestora

Capitação (l/hab.dia) 154

(AA) Acessibilidade física do serviço 100,0%

(AA) Adesão ao serviço 93,3%

(AR) Acessibilidade física do serviço 100,0%

(AR) Adesão ao serviço 91,9%

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65

(AR) Destino adequado de águas residuais recolhidas 99,4%

(AR) Produção própria de energia 24%

(AA) Água não faturada (sistema em alta) 7,5%

(AA) Água não faturada (sistema em baixa) 19,1 %

(SD) % população servida 3,38%

Os subcapítulos que se seguem refletem o resultado da análise que foi feita para os serviços de água

de Almada tendo por base a aplicação do modelo de metabolismo centrado no consumo.

5.3.1 Sistema de abastecimento (AA)

Na Figura 5.5 estão esquematizados os volumes de água que percorrem todos os processos

respeitantes ao sistema de abastecimento.

A relação entre consumo de energia em cada processo

e volume de água distribuído (fluxo Qout16 da Figura 5.5)

encontra-se esquematizada de seguida (Figura 5.6). A

captação é o processo com maiores necessidades

energéticas para extração de água de fontes

subterrâneas.

A parcela Tratamento/ EEP possui uma elevada quota-

parte no consumo de energia, representando

simultaneamente consumos elevados de energia

elétrica. Apesar de os dados disponíveis não permitirem

a desagregação entre Tratamento e EEP, no caso do

sistema dos SMAS sabe-se que o consumo de energia

desta parcela deve-se em grande parte à elevação

efetuada nas EEP.

Em 2013, os valores do consumo energético por volume de água distribuída e por subsistema

traduziram-se em 0,53 kWh/m3, 0,45kWh/m3 0,11kWh/m3 para a Captação, EEP e Reservatórios

elevados de distribuição.

Figura 5.5 – Metabolismo do sistema de abastecimento (volumes de água em m3)

48%

42%

10%

Captação

Tratamento/ EEP

Reservatórios de Distr

Figura 5.6 – Consumo de energia elétrica nos subsistemas AA

Q0,12 Q0,14

0 0

Q12,13 Q13,14 Q14,15 Q15,16 Qout16

∑Qin01 ΔQ01 -16344374 ∑Qin12 16344374 ΔQ12 0 15873080 ∑Qin13 15873080 ΔQ13 0 15873080 ∑Qin14 15873080 ΔQ14 0 15117219 ∑Qin15 15117219 ΔQ15 0 14820803 ∑Qin16 14820803 ΔQ16 0 11984826

Q1,11 Q11,12

16344374 16344374

Q12,0 Q43,13 Q13,0 Q14,0 Q42,15 Q15,0 Q16,0

471294 0 0 755860,96 0 296416 2835977

∑Qin11 16344374 ΔQ11 0

Fonte de captação Adução de água bruta Estações Elevatórias Primárias Adução

11

Captação

Reservatórios Distribuição

01 12 13 14 15 16

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66

As Figuras de 5.7 a 5.8 refletem a classificação e quantificação da eficiência energética das

infraestruturas existentes em cada um dos subsistemas referidos. A classificação foi feita com base

nos valores de referência para o indicador AA15ab.

Figura 5.7 - Eficiência energética dos furos de captação

Figura 5.8 - Eficiência energética na elevação de água a partir das EEP

Figura 5.9 - Eficiência energética nos reservatórios elevados de distribuição

Conhecendo a expressividade que o consumo de energia no processo de captação de água tem e

tendo em conta que a eficiência na elevação de água através dos furos de captação é mediana, é

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67

preferível recomendar o estudo de intervenções no equipamento existente ou proceder a operações

para aumentar a eficácia dos equipamentos.

Na figura seguinte é possível ter uma ideia da quantidade de emissões de GEE por volume de água

distribuído nos vários processos que compõem o sistema de abastecimento de água. Estes valores

foram inferidos do consumo de energia elétrica de acordo com o fator de emissões de GEE para a

produção de energia elétrica presente em Anexo na tabela C.3.

Figura 5.10 – Emissões de GEE nos subsistemas AA

Da Figura 5.10 constata-se que no sistema AA as emissões são indiretas e existe uma forte relação

com a energia consumida em cada subsistema. Na captação as emissões indiretas de GEE possuem

o maior valor, em proporção com o que acontece com o consumo de energia necessário à sua

operação.

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

Captação Tratamento/ EEP Reservatórios deDistr

kg C

O2-

eq

/m3

GEEindirecto

GEEdirecto

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68

5.3.2 Sistema de saneamento (AR)

Nas Figuras 5.11 e 5.12 encontram-se esquematizados os volumes de água que percorrem todos os

processos respeitantes aos sistemas de drenagem e tratamento de água residuais.

Figura 5.11 - Metabolismo do sistema de drenagem de AR (volumes de água em m3)

Figura 5.12 - Metabolismo do sistema de tratamento de AR (volumes de água em m3)

Q39,0

0

∑Qin392 0 ΔQ392 0

Q391,392

0

Q0,39 Q391,0

2360844 ∑Qin391 0 ΔQ391 0 0

Q391,39

0 Q39,391

0

Q38,39 11856171 Q39,3

∑Qin39 14217014 ΔQ39 0 14215975

Q39,41

1039

ETAR

392

Colocação final de lamas

391

Tratamento de lamas

39

Q02,32

∑Qin2 ΔQ2 -47 092 073 47092073,17 Q0,33 Q0,34

0 0

Q32,3 12690278

Q32,33 705 015 Q33,3 0

∑Qin32 47092073,17 ΔQ32 13 245 587

Q21,33 84890 Q33,34

Q22,33 0 789905

Q4,33 0 ∑Qin33 789905 ΔQ33 0 ∑Qin34 789905 ΔQ34 0

Qout21 Q33,331

8488959 Q331,33 0

0 Q34,38

789905

∑Qin331 0 ΔQ331 0

Q35,03

705015

Qout22 Q32,35 705015,4274

2298320 Q38,39

Q32,4 Q4,35 0 ∑Qin35 705015 ΔQ35 0 11 856 171

19746177,2 Q35,351 Q351,41 ∑Qin38 12235217 ΔQ38 0

Q351,35 0 0

0 Q38,3

379 046

Q37,38

Qout31 ∑Qin351 0 ΔQ351 0 11445312

0 Q31,04 Q36,3 1271701

0

Q31,36 0

Q21,36 8404070 Q36,37

Q22,36 2298320 11445312

Q04,36 2014624 ∑Qin36 1E+07 ΔQ36 0 ∑Qin37 11445312 ΔQ37 0

Q0,36 Q0,37

0 0

∑Qin4 19746177,2 ΔQ4 17 731 554

38

Reservatório

04

Águas subterrâneas

351

Reservatório

36 37

Sist. Separ. (doméstico) Interceptor

34

Sist. Separ. (pluvial)

02

Precipitação

32

Bacia de influência

33

Sistema Unitário Interceptor

331

Reservatório

35

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69

Os consumos de eletricidade por volume de água recolhido em ETAR, nos subsistemas de saneamento

traduziram-se em 0,35kWh/m3. A distribuição dos consumos energéticos é traduzida nas Figuras 5.13.

Figura 5.13 - Consumo de energia elétrica nos subsistemas AR

Na rede de drenagem, mais concretamente no sistema separativo doméstico, a eficiência das estações

elevatórias é insatisfatória na maioria dos casos. Apesar de os dados fornecidos terem que ser

utilizados com alguma reserva, a necessidade de intervir nas infraestruturas que elevam AR para as

ETAR é elevada (Figura 5.14). Alguns dos investimentos devem refletir um esforço na monitorização

das horas de funcionamento das bombas e dos caudais horários de cada bomba.

A média de consumo de energia de energia elétrica obtida por volume de AR recolhido em ETAR foi

de 0,07 kWh/m3.

Figura 5.14 - Eficiência energética nas estações elevatórias de águas domésticas

As emissões de GEE são altamente preponderantes nos sistemas de drenagem, mais concretamente

nas instalações de tratamento, devido à produção de subprodutos como o metano e o óxido de nitroso.

A influência destes gases, com alto potencial para o aquecimento global, é traduzido na Figura 5.15

através das emissões de GEE diretas. Uma vez que as emissões de metano decorrentes da digestão

de lamas na Mutela e no Portinho da Costa são totalmente recuperadas para produção de biogás e

50%50%

Fase líquida Fase Sólida

Page 80: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

70

não existe digestão de lamas na Quinta da Bomba e no Valdeão, as emissões diretas no Tratamento

de lamas são nulas.

Figura 5.15 - Emissões de GEE nos subsistemas AR

As emissões de GEE nas ETAR têm uma grande parcela de emissões diretas (devido às emissões de

oxido nitroso na fase líquida). A representação na Figura 5.15 pode ter algum grau de incerteza

associado, mais concretamente na fase sólida, por não se disporem de dados relativos à emissão de

gases no tratamento de lamas.

5.4 Avaliação de cenários de evolução populacional

Da análise da situação atual da entidade gestora obtiveram-se os seguintes valores indicativos para

cada um dos processos. Na Tabela 5.15 são apresentados os valores que representam os volumes

de água per capita no sistema de abastecimento e os recursos/ emissões utilizados por volume de

água consumido.

Tabela 5.15 – Normalização de valores para o sistema de abastecimento

Captação (valores por volume captado)

Volume (m3/hab) 73,7

Electricidade consumida (kWh / m3) 0,39

Eficiência média (kWh /m3/100m) 0,46

GEEdirecto (kg CO2-eq /m3) 1,26 x 10-6

GEEindirecto (kg CO2-eq /m3) 0,06

Custos O&M (€ /m3) 0,147

Tratamento/ EEP (valores por

volume tratado)

Volume (m3/hab) 71,6

Electricidade consumida (kWh /m3) 0,34

Reagentes (kg /m3) 0,001

Eficiência média (kWh /m3 /100m) 0,43

GEEdirecto (kg CO2-eq /m3) 1,30 x 10-6

GEEindirecto (kg CO2-eq/m3) 0,05

Custos O&M (€ /m3) 0,20

0,000

0,020

0,040

0,060

0,080

0,100

0,120

0,140

0,160

0,180

ETAR - Fase líquida ETAR - Fase sólida

kg C

O2-

eq

/m3

GEEindirecto

GEEdirecto

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71

Reservatórios de Distribuição (valores por

volume distribuido)

Volume (m3/hab) 66,8

Electricidade consumida (kWh /m3) 0,08

Eficiência média (kWh /m3/100m) 0,69

GEEdirecto (kg CO2-eq /m3) 1,37 x 10-6

GEEindirecto (kg CO2-eq /m3) 0,01

Custos O&M (€ /m3) 0,11

Na tabela 5.16 são apresentados os valores que representam os volumes de água per capita no

sistema de saneamento e os recursos/ emissões utilizados por volume de água tratado.

Tabela 5.16 - Normalização de valores para o sistema de saneamento

ETAR - Fase líquida

Volume (m3 afluente/hab) 53,5

Electricidade consumida (kWh /m3) 0,17

Reagentes (kg /m3) 0,01

Eficiência média (kWh /m3 /100m) -

GEEdirecto (kg CO2-eq /m3) 0,14

GEEindirecto (kg CO2-eq/m3) 0,02

Custos O&M (€ /m3) 0,20

Produção própria de energia (%) 24

ETAR - Fase sólida

Volume originado (kg /hab) 0,05

Electricidade consumida (kWh /m3) 0,17

Reagentes (kg /m3) 3,98E-3

Eficiência média (kWh /m3 /100m) -

GEEdirecto (kg CO2-eq /m3) 3,49E-06

GEEindirecto (kg CO2-eq/m3) 0,028

Custos O&M (€ /m3) 0,13

Na Figura 5.16 é possível visualizar os fluxos que representam os volumes de água em todo o ciclo

urbano de água. A capitação que resulta da relação entre o volume total consumido e o número de

habitantes é de 148 l/hab.di

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72

Figura 5.16 – Situação atual – Volumes

∑Qin02 ∆Q02 Q02,32 Q0,33 Q0,34 Q0,39 Q391,0 Q39,0

Q0,12 Q0,14 0 -47 092 073 47 092 073 0 0 2 360 844 0 0

0 0 Q32,3

Q22,0 Q21,0 12 690 278 Q33,3

254 330 507 257 0

∑Qin32 ∆Q32 Q32,33

47 092 073 13 245 587 705 015 ∑Qin392 ∆Q392

Q21,33 0 0

Q16,21 84 890 Q391,392

9 432 177 ∑Qin21 ∆Q21 Q21,36 Q33,34 Q34,38 0

9 432 177 0 8 404 070 ∑Qin33 ∆Q33 789 905 ∑Qin34 ∆Q34 789 905

Q12,13 Q13,14 Q14,15 Q15,16 Q04,33 789 905 0 789 905 0

∑Qin01 ∆Q01 ∑Qin12 ∆Q12 15 873 080 ∑Qin13 ∆Q13 15 873 080 ∑Qin14 ∆Q14 15 117 219 ∑Qin15 ∆Q15 14 820 803 ∑Qin16 ∆Q16 0 Q331,33 Q33,331 ∑Qin391 ∆Q391

2E+07 -16344374 16 344 374 0 15 873 080 0 15 873 080 0 15 117 219 0 14 820 803 0 0 0 0 0

Q01,11 Q11,12 Q22,33 Q391,39 Q39,391

16344374 16 344 374 Q16,22 0 0 0

2 552 649 Q22,36

∑Qin22 ∆Q22 2 298 320 ∑Qin331 ∆Q331 Q38,39 Q39,03

∑Qin11 ∆Q11 2 552 649 0 0 0 ∑Qin38 ∆Q38 11 856 171 ∑Qin39 ∆Q39 14 215 975 ∑Qin03 ∆Q03

16 344 374 0 12 235 217 0 14 217 014 0 29 262 016

Q12,0 Q43,13 Q13,0 Q14,0 Q42,15 Q15,0 Q16,0 Q31,22 Q22,31 Q21,31 Q38,03

471 294 0 0 755 861 0 296 416 2 835 977 0 0 435 961 Q31,3 379 046

Q31,21

0

Qin Qout Q31,36 Q32,35

Q41,22 ∑Qin31 ∆Q31 0 705 015 Q35,03

1 039 435 961 0 Q31,04 Q04,35 ∑Qin35 ∆Q35 705 015

0 0 705 015 0

Q351,35 Q35,351

0 0

∑Qin ∆Q

∑Qin351 ∆Q351

Q351,41 0 0 0

Q39,41 1 039 Q36,03 1 271 701

Q42,43 Q41,42 Q3,41 0

∑Qin43 ∆Q43 0 ∑Qin42 ∆Q42 0 ∑Qin41 ∆Q41 Q37,38

0 0 0 0 1 039 0 Q32,04 Q36,37 11 445 312 Q37,3

Q43,0 Q42,0 19 746 177 ∑Qin36 ∆Q36 11 445 312 ∑Qin37 ∆Q37

0 0 Q41,0 Q04,36 12 717 013 0 11 445 312 0

0 2 014 624

Q0,36 Q0,37

0 0

∑Qin04 ∆Q04

19 746 177 17 731 554

02

Precipitação

32

Bacia de influência 392

33 34

Sistema Unitário Interceptor/ Emissário

Colocação final de lamas

391

Fonte de captação Adução de água bruta Tratamento de água/ EEP Adução Reservatórios Distribuição Tratamento de lamas

01 12 13 14 15 16

33122

Reservatório11 Uso não Doméstico

Balanço do processo

351

39 03

Captação Reser vatório ETAR Meio receptor

38

N.º do processo

Definição do Processo

Sist. Separ. (doméstico) Interceptor/ Emissário

35

31

Sist. Separ. (pluvial)

Sistemas descentralizados

Reservatório

36 37

21

04

Águas subterrâneas

43 42 41

Reservatório Adução Tratamento

Uso Doméstico

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73

Tendo em conta o estudo mencionado no Plano Estratégico de Abastecimento de Água do concelho

de Almada (PEA, 2013), as projeções de evolução populacional para um horizonte até 2031 revelam

os seguintes valores para três possíveis cenários (Tabela 5.17):

Tabela 5.17 – Estimativa da evolução populacional de acordo com três cenários possíveis (de Plano Estratégico de Abastecimento de Água no concelho de Almada (2013)

Situaçã

o actual

Cenário menos

exigente Cenário base

Cenário

expansionista

2011 2021 2031 2021 2031 2021 2031

População Residente

172253 169877 166270 174273 170679 179261 189255

População Flutuante

49536 49536 49536 49536 49536 49536 49536

Os cenários obtidos foram desenvolvidos tendo em conta diversos estudos, entre os quais as projeções

de evolução populacional 2000-2050 para as NUT III do território nacional (INE, 2005), as projeções de

evolução populacional para o concelho de Almada, de acordo com o Centro de Sistemas Urbanos e

Regionais (CESUR) e a previsão dos SMAS de Almada no âmbito do Documento de Enquadramento

Estratégico (DEE) de 2009.

No cenário menos exigente, os critérios adotados resultam em estimativas da população de Almada

baixas comparativamente aos restantes cenários. O cenário base é o que melhor se ajusta aos

resultados dos Censos de 2011. O cenário expansionista trata-se de uma abordagem mais conservativa

resultando num crescimento da população positivo, ao contrário dos restantes cenários.

A população flutuante foi considerada constante por não se dispor de nenhuma indicação sobre este

assunto.

Partindo do cenário de evolução populacional, foram aplicados os novos inputs que traduzem uma

alteração dos consumos. A título de exemplo é apresentada a representação dos volumes para uma

alteração da população residente para o cenário expansionista para o ano 2031 (Figura 5.17).

Da situação atual para o cenário expansionista de 2031 ocorreu um aumento da população de 7%.

Mantendo todas as variáveis constantes, este aumento representa um decréscimo da capitação em

0,3%, representando um valor de 147,5 l/hab.dia. De acordo com o modelo, os restantes parâmetros

acompanham o aumento em 7%, tal como a eletricidade consumida, as emissões de GEE, a utilização

de reagentes, etc.

No entanto, se as perdas na rede de distribuição diminuírem para 10%, ocorrerá um decréscimo de 5%

nos parâmetros como a eletricidade consumida, as emissões de GEE (Figura 5,18).

Page 84: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

74

Fi gura 5.17 – Cenário de evolução populacional expansionista Ano 2031 – Volumes

∑Qi0n2 ∆Q02 Q02,32 Q0,33 Q0,34 Q0,39 Q391,0 Q39,0

Q0,12 Q0,14 0 -47 092 073 47 092 073 0 0 2 360 844 0 0

0 0 Q32,3

Q22,0 Q21,0 12 690 278 Q33,3

256 125 628 904 0

∑Qin32 ∆Q32 Q32,33

47 092 073 13 245 587 705 015 ∑Qin392 ∆Q392

Q21,33 0 0

Q16,21 92 568 Q391,392

10 285 351 ∑Qin21 ∆Q21 Q21,36 Q33,34 Q34,38 0

10 285 351 0 9 164 248 ∑Qin33 ∆Q33 797 584 ∑Qin34 ∆Q34 797 584

Q12,13 Q13,14 Q14,15 Q15,16 Q04,33 797 584 0 797 584 0

∑Qin01 ∆Q01 ∑Qin12 ∆Q12 17 027 620 ∑Qin13 ∆Q13 17 027 620 ∑Qin14 ∆Q14 16 216 781 ∑Qin15 ∆Q15 15 898 805 ∑Qin16 ∆Q16 0 Q331,33 Q33,331 ∑Qin391 ∆Q391

2E+07 -17533194 17 533 194 0 17 027 620 0 17 027 620 0 16 216 781 0 15 898 805 0 0 0 0 0

Q01,11 Q11,12 Q22,33 Q391,39 Q39,391

17533194 17 533 194 Q16,22 0 0 0

2 571 200 Q22,36

∑Qin22 ∆Q22 2 315 075 ∑Qin331 ∆Q331 Q38,39 Q39,03

∑Qin11 ∆Q11 2 571 200 0 0 0 ∑Qin38 ∆Q38 12 765 046 ∑Qin39 ∆Q39 15 124 784 ∑Qin03 ∆Q03

17 533 194 0 12 942 135 0 15 125 890 0 30 046 561

Q12,0 Q43,13 Q13,0 Q14,0 Q42,15 Q15,0 Q16,0 Q31,22 Q22,31 Q21,31 Q38,03

505 574 0 0 810 839 0 317 976 3 042 254 0 0 399 631 Q31,3 177 089

Q31,21

0

Qin Qout Q31,36 Q32,35

Q41,22 ∑Qin31 ∆Q31 0 705 015 Q35,03

1 106 399 631 0 Q31,04 Q04,35 ∑Qin35 ∆Q35 705 015

0 0 705 015 0

Q351,35 Q35,351

0 0

∑Qin ∆Q

∑Qin351 ∆Q351

Q351,41 0 0 0

Q39,41 1 106 Q36,03 1 349 395

Q42,43 Q41,42 Q3,41 0

∑Qin43 ∆Q43 0 ∑Qin42 ∆Q42 0 ∑Qin41 ∆Q41 Q37,38

0 0 0 0 1 106 0 Q32,04 Q36,37 12 144 552 Q37,03

Q43,0 Q42,0 19 746 177 ∑Qin36 ∆Q36 12 144 552 ∑Qin37 ∆Q37

0 0 Q41,0 Q04,36 13 493 946 0 12 144 552 0

0 2 014 624

Q0,36 Q0,37

0 0

∑Qin04 ∆Q04

19 746 177 17 731 554

02

Precipitação

32

Bacia de influência 392

33 34

Sistema Unitário Interceptor/ Emissário

Colocação final de lamas

391

Fonte de captação Adução de água bruta Tratamento de água/ EEP Adução Reservatórios Distribuição Tratamento de lamas

01 12 13 14 15 16

33122

Reservatório11 Uso não Doméstico

Balanço do processo

351

39 03

Captação Reser vatório ETAR Meio receptor

38

N.º do processo

Definição do Processo

Sist. Separ. (doméstico) Interceptor/ Emissário

35

31

Sist. Separ. (pluvial)

Sistemas descentralizados

Reservatório

36 37

21

04

Águas subterrâneas

43 42 41

Reservatório Adução Tratamento

Uso Doméstico

Page 85: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

75

De acordo com o exposto até aqui, a apreciação global do modelo é de que uma vez estabelecidas as relações entre componentes dos vários sistemas que

compõem o ciclo urbano da água, é possível jogar com algumas variáveis e perceber como se comporta o sistema tendo sempre como base uma visão total

deste. Isto requer um grande esforço de dados e de processos matemáticos para conseguir repercutir num modelo único toda a complexidade do ciclo urbano

de água de uma cidade ou região. Para além disso, sentiu-se a necessidade de englobar outros modelos, como o uso dos solos, modelação hidrológica, etc.

No âmbito deste trabalho, tudo o que pedia uma integração com modelos mais sofisticados não foi feita. A título de exemplo, para resolver a questão do uso

dos solos, recorreu-se a dados do PDM de Almada.

Para o presente caso de estudo optou-se por centrar a modelação no consumo de água por se considerar que este é um factor significativo no ciclo urbano de

água. De acordo com a análise feita, alterações no consumo (por questões de evolução populacional) provocam alterações significativas na operação a

montante e a jusante.

∑Qi0n2 ∆Q02 Q02,32 Q0,33 Q0,34 Q0,39 Q391,0 Q39,0

Q0,12 Q0,14 0 -47 092 073 47 092 073 0 0 2 360 844 0 0

0 0 Q32,3

Q22,0 Q21,0 12 690 278 Q33,3

256 125 628 904 0

∑Qin32 ∆Q32 Q32,33

47 092 073 13 245 587 705 015 ∑Qin392 ∆Q392

Q21,33 0 0

Q16,21 92 568 Q391,392

10 285 351 ∑Qin21 ∆Q21 Q21,36 Q33,34 Q34,38 0

10 285 351 0 9 164 248 ∑Qin33 ∆Q33 797 584 ∑Qin34 ∆Q34 797 584

Q12,13 Q13,14 Q14,15 Q15,16 Q04,33 797 584 0 797 584 0

∑Qin01 ∆Q01 ∑Qin12 ∆Q12 15 146 303 ∑Qin13 ∆Q13 15 146 303 ∑Qin14 ∆Q14 14 425 050 ∑Qin15 ∆Q15 14 142 206 ∑Qin16 ∆Q16 0 Q331,33 Q33,331 ∑Qin391 ∆Q391

2E+07 -15596018 15 596 018 0 15 146 303 0 15 146 303 0 14 425 050 0 14 142 206 0 0 0 0 0

Q01,11 Q11,12 Q22,33 Q391,39 Q39,391

15596018 15 596 018 Q16,22 0 0 0

2 571 200 Q22,36

∑Qin22 ∆Q22 2 315 075 ∑Qin331 ∆Q331 Q38,39 Q39,03

∑Qin11 ∆Q11 2 571 200 0 0 0 ∑Qin38 ∆Q38 12 765 046 ∑Qin39 ∆Q39 15 124 784 ∑Qin03 ∆Q03

15 596 018 0 12 942 135 0 15 125 890 0 30 046 561

Q12,0 Q43,13 Q13,0 Q14,0 Q42,15 Q15,0 Q16,0 Q31,22 Q22,31 Q21,31 Q38,03

449 715 0 0 721 253 0 282 844 1 285 655 0 0 399 631 Q31,3 177 089

Q31,21

0

Qin Qout Q31,36 Q32,35

Q41,22 ∑Qin31 ∆Q31 0 705 015 Q35,03

1 106 399 631 0 Q31,04 Q04,35 ∑Qin35 ∆Q35 705 015

0 0 705 015 0

Q351,35 Q35,351

0 0

∑Qin ∆Q

∑Qin351 ∆Q351

Q351,41 0 0 0

Q39,41 1 106 Q36,03 1 349 395

Q42,43 Q41,42 Q3,41 0

∑Qin43 ∆Q43 0 ∑Qin42 ∆Q42 0 ∑Qin41 ∆Q41 Q37,38

0 0 0 0 1 106 0 Q32,04 Q36,37 12 144 552 Q37,03

Q43,0 Q42,0 19 746 177 ∑Qin36 ∆Q36 12 144 552 ∑Qin37 ∆Q37

0 0 Q41,0 Q04,36 13 493 946 0 12 144 552 0

0 2 014 624

Q0,36 Q0,37

0 0

∑Qin04 ∆Q04

19 746 177 17 731 554

02

Precipitação

32

Bacia de influência 392

33 34

Sistema Unitário Interceptor/ Emissário

Colocação final de lamas

391

Fonte de captação Adução de água bruta Tratamento de água/ EEP Adução Reservatórios Distribuição Tratamento de lamas

01 12 13 14 15 16

33122

Reservatório11 Uso não Doméstico

Balanço do processo

351

39 03

Captação Reser vatório ETAR Meio receptor

38

N.º do processo

Definição do Processo

Sist. Separ. (doméstico) Interceptor/ Emissário

35

31

Sist. Separ. (pluvial)

Sistemas descentralizados

Reservatório

36 37

21

04

Águas subterrâneas

43 42 41

Reservatório Adução Tratamento

Uso Doméstico

Figura 5.18 - Cenário de evolução populacional expansionista Ano 2031 com diminuição das perdas – Volumes

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E TRABALHO FUTURO

Com o desenvolvimento do presente trabalho é evidente que à medida que as cidades evoluem, as

entidades responsáveis pela gestão dos serviços da água são confrontadas com desafios cada vez

mais complexos e multifacetados. A dicotomia entre o aumento das expectativas sociais e a diminuição/

degradação das reservas hídricas naturais, aliada às consequências que advêm das alterações

climáticas conduz a um repensamento na gestão do ciclo urbano de água.

A gestão tradicional, baseada em sistemas centralizados, levanta grandes desafios na gestão da

conservação das infraestruturas e é limitativa na obtenção de resultados sustentáveis a longo prazo. O

conceito de metabolismo urbano aplicado ao ciclo urbano de água é um dos meios para modificar o

paradigma atual, verificado na maioria dos serviços da água. O estudo estruturado e sistematizado dos

volumes de água, consumos de energia, emissões de GEE e quaisquer outros parâmetros

considerados relevantes, proporciona uma visão ampla e integrada do funcionamento dos sistemas. A

combinação da implementação deste conceito com indicadores de desempenho e de sustentabilidade

conduz à escolha de soluções mais adequadas de acordo com os objetivos pretendidos, tendo em

conta o contexto socioeconómico da região.

Um dos desafios à implementação de um modelo de metabolismo é se e como podem as características

sistémicas serem transpostas ao nível de uma cidade/ região tendo como base um número limitado de

dados e qual a melhor descrição e modelação das suas relações.

A metodologia desenvolvida permitiu compreender quais os tipos de dados necessários para, por um

lado caracterizar a situação atual dos serviços da água e por outro promover uma base de informação

integrada que permite uma monitorização do progresso para um desenvolvimento urbano mais

sustentável. Desta forma, as ferramentas de apoio à decisão no processo de desenvolvimento de

sistemas de água para direções mais sustentáveis devem seguir uma estrutura definida e a sua

construção requere a experiência dos intervenientes para guiar todo o processo.

Relativamente ao caso de estudo analisado no capítulo 5:

- Os SMAS de Almada possuem um nível de serviço praticamente pleno, estando no entanto na ordem

do dia as questões de eficiência na gestão dos recursos utilizados e de um planeamento para uma

correta gestão das infraestruturas;

- A escassez de dados não permitiu um completo estudo do ciclo urbano. A avaliação de cenários que

traduzem as diferenças de disponibilidades de água e proteção dos recursos hídricos poderia ser feita

através da integração de um modelo de uso do solo recorrendo a sistemas de informação geográfica;

- A avaliação de cenários que traduzem a utilização de tecnologias de reutilização de água pluvial

poderia ser feita através da integração de modelos que avaliam as condições climáticas bem como um

estudo aprofundado da componente pluvial, que não foi tida em conta neste estudo;

Page 87: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

77

- Os volumes de infiltração nos coletores devem ser encarados com alguma reserva uma vez que foram

obtidos com base nos volumes de água consumida e recolhida, não tendo em conta parâmetros

relativos à condição de humidade do solo. Para além disto, o facto de o modelo genérico utilizado não

ter em conta as ligações indevidas nos sistemas separativos domésticos (não existe um fluxo que ligue

o processo 32 - Bacia de influência com o processo 36 - Sistema Separativo Doméstico), é possível

que a quantificação do volume de infiltração com base no volume de água recolhida nas ETAR tenha

em conta não apenas a parcela da infiltração mas também os volumes de água pluvial por ligações

indevidas;

- É imperativo um maior cuidado na obtenção de dados em todos os processos realizados. Os SMAS

de Almada têm trabalhado nesse sentido, através da implementação de uma central de telegestão para

o sistema de abastecimento que promove a medição dos níveis dos furos de captação e reservatórios,

analisam a qualidade da água em todas as saídas para a rede de distribuição, utilizam medidores de

caudal que permitem detetar roturas na rede de distribuição.

A aplicação do modelo de metabolismo aplicado ao caso de estudo revelou ser uma ferramenta

importante na análise do funcionamento dos sistemas de abastecimento e drenagem, nomeadamente

no que diz respeito à avaliação e comparação do desempenho dos mesmos em questões como a

emissão de GEE e consumos de energia.

Existem alguns pontos fracos que podem ser melhorados. A desagregação do consumo de água foi

feita em consumo doméstico e não-doméstico. Apesar de na plataforma de dados se ter pensado na

inserção de dados por população residente e flutuante para o consumo doméstico e por consumo não-

doméstico (faturado e não faturado autorizado), os dados disponíveis não garantem uma completa

fiabilidade das parcelas consideradas isoladamente. A separação do consumo por sectores – industrial,

doméstico, agrícola, terciário – permitiria o estabelecimento do contributo destes para a recuperação

dos custos dos serviços de abastecimento de água.

A complexidade do ciclo urbano da água faz com que a aplicação do modelo de metabolismo seja

eficiente se integrada com outros modelos como modelos de uso dos solos, modelos hidrológicos,

modelos de infiltração e exfiltração nos coletores, modelos numéricos de águas subterrâneas, modelos

que descrevam a emissão de GEE nos componentes das ETAR, etc. No entanto, surge o problema de

obter uma abordagem sistémica com uma necessidade de aquisição de dados incomportável. A

aplicação do modelo de metabolismo deve resultar de um equilíbrio entre escala de estudo, nível de

detalhe do sistema e volume de dados disponível.

Tendo isto em conta, as entidades gestoras devem promover uma gestão centralizada dos dados,

nomeadamente de volumes de água/água residual/ pluvial captados, elevados e tratados,

infraestruturação, reagentes, actividades de operação e manutenção e custos associados.

A capacidade regenerativa do ambiente não é avaliada por não ter sido possível estabelecer a ligação

entre o que é consumido e a capacidade de renovação do local de extração bem como a ligação entre

a transformação do consumo em resíduos e emissões e a capacidade de absorção do meio receptor.

Page 88: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

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Uma vez que estas capacidades dependem dos acontecimentos passados, seria interessante

desenvolver um histórico de resiliência do local.

Em forma de conclusão, a modelação dos aspetos sociais e de governança tornaria a aplicação de um

modelo de metabolismo ao ciclo urbano da água mais completa. A titulo de exemplo, efetuar estudos

que analisem a correlação entre os hábitos de uma população tendo em conta o nível de

desenvolvimento e o nível de consumo de água.

Com a integração destes fatores, todas as dimensões para um conceito de desenvolvimento

sustentável seriam consideradas, refletindo um verdadeiro sentido de transdisciplinaridade.

Page 89: Aplicação de um modelo de metabolismo ao Ciclo Urbano da Água · ii RESUMO Atualmente, as Entidades Gestoras do Ciclo Urbano da água enfrentam grandes desafios que comprometem

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ANEXOS

A. Representação gráfica da definição genérica do ciclo urbano da água

Figura A.1 - Definição genérica do ciclo urbano da água – Versão original

Figura A.2 - Definição genérica do ciclo urbano da água – Versão adaptada

B. Equações

B.1 – Descrição das variáveis e correspondência com os índices em coluna da matriz C

B.2 - Equações de Balanço de massa

C. Dados de Base utilizados no caso de estudo (Capítulo 5)

Figura C.0.1 – Relação entre rácio Vida residual/Vida útil e kconservação

Tabela C.1 - Materiais e reagentes – Consumos energéticos e emissões GEE no processo de

produção

Tabela C.2 - Potencial de aquecimento global das principais emissões no ciclo urbano de

água

Tabela C.3 - Energia – Emissões de GEE na produção de energia eléctrica/ utilização dos

combustíveis fósseis

Tabela C.4 - Material - Vida útil/ Infiltração (ktempo vida útil e kmaterial)

Tabela C.5 - Material – Estado de conservação (kconservação)

Tabela C.6 – Material – Infiltração de acordo com a bacia de drenagem (kNF)

Tabela C.7 - ETAR – Emissões de metano (CH4)

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A. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DEFINIÇÃO GENÉRICA DO CICLO URBANO DA ÁGUA

Figura A.1 - Definição genérica do ciclo urbano da água – Versão original

Processos relativos aos subsistemas naturais (1-4)

Processos relativos aos subsistemas do abastecimento de água potável (11-16)

Processos relativos ao consumo de água (21-22)

Processos relativos aos subsistemas de drenagem e tratamento de águas residuais e pluviais (31-39), (331), (351), (391-392)

Processos relativos aos subsistemas de recuperação cíclica de água (41-43)

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Processos relativos aos subsistemas naturais (1-4)

Processos relativos aos subsistemas do abastecimento de água potável (11-16)

Processos relativos ao consumo de água (21-22)

Processos relativos aos subsistemas de drenagem e tratamento de águas residuais e pluviais (31-39), (331), (351), (391-392)

Processos relativos aos subsistemas de recuperação cíclica de água (41-43)

Figura A.2 - Definição genérica do ciclo urbano da água – Versão adaptada

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B. EQUAÇÕES B.1 – Descrição das variáveis e correspondência com os índices em coluna da matriz C

1 Q0,12 Importaçãp de água bruta

2 Q0,14 Importação de água tratada

3 Q0,33 Água importada para sistema unitário

4 Q0,34 Água importada para interceptor do sistema unitário

5 Q0,36 Água importada para sistema separativo (doméstico)

6 Q0,37 Água importada para interceptor do sistema separativo (doméstico)

7 Q0,39 Importação de água residual para ETAR

8 Q01,11 Água captada

9 Q11,12 Água captada para o sistema de adução "primário"

10 Q12,0 Perdas de água no sistema de adução "primário"

11 Q12,13 Água para tratamento

12 Q13,0 Perdas de água no tratamento

13 Q13,14 Água tratada para o sistema de adução "secundário"

14 Q14,0 Perdas de água no sistema de adução "secundário"

15 Q14,15 Água para os reservatórios de distribuição

16 Q15,0 Perdas nos reservatórios de distribuição

17 Q15,16 Água para o sistema de distribuição

18 Q16,0 Perdas no sistema de distribuição

19 Q16,21 Distribuição para consumo Doméstico

20 Q16,22 Distribuição para consumo não Doméstico

21 Q02,32 Precipitação para a bacia de influência

22 Q21,0 Água que sai do sistema por transpiração, etc.

23 Q21,31 Efluente proveniente do consumo doméstico para tratamento em sistemas descentralizados

24 Q21,33 Efluente do consumo de água de uso doméstico para sistema unitário

25 Q21,36 Efluente do consumo de água de uso doméstico para sistema separativo (doméstico)

26 Q22,0 Água que sai do sistema por evaporação, etc.

27 Q22,31 Efluente proveniente do consumo não doméstico para tratamento em sistemas descentralizados

28 Q22,33 Efluente do consumo de água de uso não doméstico para sistema unitário

29 Q22,36 Efluente do consumo de água de uso não doméstico para sistema separativo (doméstico)

30 Q03,41 Água proveniente do meio receptor para o sistema de recuperação

31 Q31,21 Água tratada em sistemas descentralizadas utilizada para fins domésticos / água proveniente de furos não incluidos

31 no sistema geral de abastecimento (Aroeira)

32 Q31,22 Água tratada em sistemas descentralizadas utilizada para fins não domésticos

33 Q31,36 Efluente proveniente dos sistemas descentralizados que é descarregado para o sistema separativo

34 Q31,04 Efluente proveniente dos sistemas descentralizados que se infiltra

35 Q32,03 Escoamento de água que alcança o meio receptor

36 Q32,33 Drenagem para o sistema unitário do escoamento resultante da precipitação na bacia de influência

37 Q32,35 Drenagem para o sistema separativo (pluvial) do escoamento resultante da precipitação na bacia de influência

38 Q32,04 Infiltração de água precipitada

39 Q33,03 Águas residuais que alcança o meio receptor em alturas de grande carga do sistema unitário

40 Q33,331 Águas residuais no sistema unitário para bacia de detenção

41 Q33,34 Águas residuais no sistema unitário para interceptor

42 Q331,33 Retorno de águas residuais para sistema unitário

43 Q34,38 Águas residuais para tratamento

44 Q35,03 Águas residuais que alcança o meio receptor em alturas de grande carga do sistema separativo (pluvial)

45 Q35,351 Águas residuais no sistema separativo (pluvial) para bacia de detenção

46 Q351,35 Retorno de águas residuais para sistema separativo (pluvial)

47 Q351,41 Água pluvial para sistema de recuperação

48 Q36,03 Águas residuais que alcança o meio receptor em alturas de grande carga do sistema separativo (doméstico)

49 Q36,37 Águas residuais no sistema separativo (doméstico) para interceptor

50 Q37,38 Águas residuais para tratamento

51 Q38,03 Água que atinge o meio receptor através de By-pass na ETAR, para grandes cargas de efluente

52 Q38,39 Água residual para tratamento

53 Q39,0 Exportação de lamas não tratadas

54 Q39,03 Águas residuais tratadas para meio receptor

55 Q39,391 Tratamento de lamas

56 Q39,41 Água residual da ETAR utilizada no sistema de recuperação

57 Q391,0 Exportação de lamas tratadas

58 Q391,39 Retorno da água resultante do tratamento de lamas

59 Q391,392 Colocação final de lamas tratadas

60 Q04,33 Infiltração de águas subterrâneas no sistema unitário

61 Q04,35 Infiltração de águas subterrâneas no sistema separativo (pluvial)

62 Q04,36 Infiltração de águas subterrâneas no sistema separativo (doméstico)

63 Q41,0 Perdas e exportação de água do sistema de recuperação

64 Q41,22 Água tratada reutilizada para uso não doméstico

65 Q41,42 Água reutilizada para transporte

66 Q42,0 Perdas e exportação no transporte de água do sistema de recuperação

67 Q42,15 Água transportada no sistema de recuperação de água para os reservatórios de distribuição da rede principal

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B.2 - Equações de Balanço de massa

68 Q42,43 Transporte de água reutilizada para reservatório

69 Q43,0 Perda e exportação de água reutilizada em reservatório

70 Q43,13 Água armazenada no sistema de recuperação de água para tratamento no sistema principal

71 ΔQ01 Acumulação média de água na fonte hidrica de captação

72 ΔQ02 Acumulação média de água das chuvas

73 ΔQ03 Acumulação média de água no meio receptor

74 ΔQ04 Acumulação média nas reservas de água subterrânea

75 ΔQ11 Acumulação média de água na captação

76 ΔQ12 Acumulação média de água no sistema de adução para água captada

77 ΔQ13 Acumulação média de água nas EEP

78 ΔQ14 Acumulação média de água no sistema de adução para água tratada

79 ΔQ15 Acumulação média de água nos reservatórios de distribuição

80 ΔQ16 Acumulação média de água no sistema de distribuição

81 ΔQ21 Acumulação média de água ao nivel das habitaçoes

82 ΔQ22 Acumulação média de água ao nivel do uso não doméstico

83 ΔQ31 Acumulação média de água nos sistemas descentralizados

84 ΔQ32 Acumulação média na bacia de influência

85 ΔQ33 Acumulação média de água no sistema unitário

86 ΔQ331 Acumulação média de água nas bacias de retenção alimentadas pelo sistema unitário

87 ΔQ34 Acumulação média de água no interceptor do sistema unitário

88 ΔQ35 Acumulação média de água no sistema separativo (pluvial)

89 ΔQ351 Acumulação média de água nas bacias de retenção alimentadas pelo sistema separativo (pluvial)

90 ΔQ36 Acumulação média de água no sistema separativo (doméstico)

91 ΔQ37 Acumulação média de água no interceptor do sistema separativo (doméstico)

92 ΔQ38 Acumulação média de água nos reservatórios para ETAR

93 ΔQ39 Acumulação média de água em ETAR

94 ΔQ391 Acumulação média de água no tratamento de lamas

95 ΔQ392 Acumulação média de água nas lamas em destino final

96 ΔQ41 Acumulação média de água recuperada

97 ΔQ42 Acumulação média no transporte de água recuperada

98 ΔQ43 Acumulação média de água em reservatório do sistema de recuperação

71 -Q01,11-ΔQ01=0

72 -Q02,32-ΔQ02=0

73 Q01,11-Q11,12-ΔQ11=0

74 Q31,04+Q32,04-Q04,33-Q04,35-Q04,36-ΔQ04=0

75 Q32,03+Q33,03+Q35,03+Q36,03+Q38,03+Q39,03-Q03,41-ΔQ03=0

76 Q0,12+Q11,12-Q12,0-Q12,13-∆Q12 = 0

77 Q12,13+Q43,13-Q13,0-Q13,14-∆Q13 = 0

78 Q0,14+Q13,14-Q14,0-Q14,15-∆Q14 = 0

79 Q14,15+Q42,15-Q15,0-Q15,16-∆Q15 = 0

80 Q15,16-Q16,0-Q16,21-Q16,22-∆Q16 = 0

81 Q16,21+Q31,21-Q21,0-Q21,31 -ΔQ21=0

82 Q16,22+Q31,22-Q22,0+Q39,41-Q22,31 -ΔQ22=0

83 Q21,31+Q22,31-Q31,21-Q31,22 -ΔQ31=0

84 Q2,32-Q32,4-Q32,3-Q32,33-Q32,35-ΔQ32=0

85 Q0,33+Q4,33+Q21,33+Q22,33+Q32,33+Q331,33-Q33,3-Q33,34-Q33,331-ΔQ33=0

86 Q0,34+Q33,34-Q34,38-ΔQ34=0

87 Q04,35+Q32,35+Q351,35-Q35,3-Q35,351-ΔQ35=0

88 Q0,36+Q4,36+Q21,26+Q22,36+Q31,36-Q36,3-Q36,37-ΔQ36=0

89 Q0,37+Q36,37-Q37,38-ΔQ37=0

90 Q34,38+Q37,38-Q38,39-Q38,3-ΔQ38=0

91 Q0,39+Q38,39+Q391,39-Q39,0-Q39,03-Q39,41-Q39,391-ΔQ39=0

92 Q33,331-Q331,33-ΔQ331=0

93 Q35,351-Q351,35-Q351,41-ΔQ351=0

94 Q39,391-Q391,0-Q391,39-Q391,392-ΔQ391=0

95 Q391,392-ΔQ392=0

96 Q03,41+Q39,41+Q351,41-Q41,0-Q41,22-Q41,42-ΔQ41=0

97 Q41,42-Q42,0-Q42,15-Q42,43-ΔQ42=0

98 Q42,43-Q43,0-Q43,13-ΔQ43=0

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C. DADOS DE BASE UTILIZADOS NO CASO DE ESTUDO (CAPÍTULO 5)

Tabela C.1 - Materiais e reagentes – Consumos energéticos e emissões GEE no processo de produção

Tipo Designação Códig

o Propósito/

Subsistema

Produção

Energia (kWh/ kg reagente)

GEE (kg CO2-eq./ kg

reagente)

Reagente Cloro Cl EEP 1,00 1,05

Reagente Cloreto férrico (solução a 40%) CF ETAR 1,39 0,26

Reagente Cal hidratada CH ETAR 1,00 0,76

Reagente Polielectrólito fase líquida

(aniónico) PEA ETAR 1,00 1,00

Reagente Polielectrólito fase sólida

(catiónico) PEC ETAR 1,00 1,00

Material Fibrocimento FC Tubagens 0,10 0,13

Material Betão Simples BS Tubagens 0,10 0,13

Material Betão Armado BA Tubagens 0,10 0,13

Material Ferro dúctil FFD Tubagens 10,56 3,40

Material Resina epóxi R Reabilitação

tubagens 6,39 6,70

Material Ferro fundido cinzento FF Tubagens 6,94 3,34

Material Aço leve A Tubagens 26,67 6,50

Material Polietileno PEAD Tubagens 0,90 2,34

Material Polipropileno PP Tubagens 0,73 2,34

Material Polipropileno corrugado PPc Tubagens 0,73 2,34

Material Poliuretano PU Tubagens 0,49 4,30

Material Polivinil cloreto PVC Tubagens 0,90 2,36

Material Polivinil cloreto corrugado PVCc Tubagens 0,90 2,36

Material Ferro Galvanizado FG Tubagens 10,56 3,40

Material Grés cerâmico GC Tubagens 0,10 0,13

Material Poliéster reforçado a fibra de

vidro PRFV Tubagens 0,10 0,13

Material Alvenaria de pedra AlvP Tubagens 0,10 0,13

Tabela C.2 - Potencial de aquecimento global das principais emissões no ciclo urbano de água

Emissão para ar/água GEE

(kg CO2-eq./ kg)

Dióxido de carbono (CO2) 1

Metano (CH4) 24

Óxido nitroso (N2O) 310

Tabela C.3 - Energia – Emissões de GEE na produção de energia elétrica/ utilização dos combustíveis fósseis

Tipo GEE

Comentários Valor Unidade

Eletricidade da rede† 141,58 gCO2-eq/KWh produzido Produção

† Dados referentes ao ano de 2013

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Gasóleo 2,6256 gCO2-eq/l Utilização

Gasolina 2,3035 gCO2-eq/l Utilização

Tabela C.4 - Material - Vida útil/ Infiltração (ktempo vida útil e kmaterial)

Vida útilbase (anos) 50

Material Código Vida útil (anos) Ktempo vida útil‡ Kmaterial

Fibrocimento FC 45 0,90 1,00

Betão Simples BS 50 1,00 1,00

Betão Armado BA 50 1,00 1,00

Ferro dúctil FFD 50 1,00 0,60

Resina epóxi R 50 1,00 0,60

Ferro fundido cinzento FF 60 1,20 0,60

Aço leve A 60 1,20 0,60

Polietileno PEAD 48 0,96 0,70

Polipropileno PP 50 1,00 0,70

Polipropileno corrugado PPc 50 1,00 0,70

Poliuretano PU 50 1,00 0,70

Polivinil cloreto PVC 48 0,96 0,70

Polivinil cloreto corrugado PVCc 48 0,96 0,70

Ferro Galvanizado FG 50 1,00 0,60

Grés cerâmico GC 40 0,80 1,00

Poliéster reforçado a fibra de vidro PRFV 50 1,00 0,60

Alvenaria de pedra AlvP 50 1,00 1,00

Tabela C.5 - Material – Estado de

conservação (kconservação)

Vida residual/Vida útil (%)

kconservação

-0,70 -0,05 1,00

-0,05 0,00 0,95

0,00 0,10 0,90

0,10 0,20 0,80

0,20 0,30 0,70

0,30 0,40 0,50

0,40 0,50 0,30

0,50 0,60 0,19

0,60 0,70 0,17

0,70 0,80 0,15

0,80 0,90 0,12

0,90 1,00 0,10

Figura C.1 – Relação entre rácio Vida residual/Vida útil e

kconservação

‡ Valores com base na experiência da entidade gestora SMAS de Almada

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Tabela C.6 – Material – Infiltração de acordo com a bacia de drenagem (kNF)

Freguesia/ Subsistema

KNF

Bacia Almada 0,03

Bacia Aroeira 0,90

Bacia Caparica 1,00

Bacia Corroios 0,50

Bacia Norte 0,90

Bacia Trafaria 0,90

Tabela C.7 - ETAR – Emissões de metano (CH4)

Código Sistemas de tratamento de águas residuais

MCF WS

Fase líquida

Fase sólida

Fase líquida

Fase sólida

Tratamento secundário e terciário

1 3.4.1- Biodiscos com digestão anaeróbia de lamas 0,17 0,8 63% 37%

2 3.4.2- Biodiscos sem digestão anaeróbia de lamas 0,10 0,0 63% -

3 3.4.3- Lamas activadas com digestão anaeróbia de

lamas 0,17 0,8 63% 37%

4 3.4.4- Lamas activadas sem digestão anaeróbia de

lamas 0,10 0,0 63% -

5 3.4.5- Lagonagem (com lagoa anaeróbia) 0,20 0,0 100% -

6 3.4.6- Lagonagem (sem lagoa anaeróbia) 0,00 0,0 63% -

7 3.4.7- Leitos percoladores com digestão anaeróbia de

lamas 0,17 0,8 63% 37%

8 3.4.8- Leitos percoladores sem digestão anaeróbia de

lamas 0,10 0,0 63% -

9 3.4.9- Tanque Imhoff 0,80 0,0 100% -

10 3.4.10- Valas de oxidação com digestão anaeróbia de

lamas 0,00 0,0 63% -

11 3.4.11- Valas de oxidação sem digestão anaeróbia de

lamas 0,20 0,0 63% 37%

12 3.4.12- Outros tratamentos com digestão anaeróbia de

lamas 0,17 0,8 63% 37%

13 3.4.13- Outros tratamentos sem digestão anaeróbia de

lamas 0,00 0,0 63% -

14 3.4.14- Com tratamento não especificado 0,20 0,0 100% -