aplicacao de nr-10- 97 folhas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PROJETO DE GRADUAÇÃO APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E ESTUDO DE CASO LOERCYO GUISSO ZORZAL VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

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Page 1: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PROJETO DE GRADUAÇÃO

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E ESTUDO DE CASO

LOERCYO GUISSO ZORZAL

VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

Page 2: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

LOERCYO GUISSO ZORZAL

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E ESTUDO DE CASO

Parte manuscrita do Projeto de Graduação do aluno Loercyo Guisso Zorzal, apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

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LOERCYO GUISSO ZORZAL

APLICAÇÃO DA NR 10 A SUBESTAÇÕES PREDIAS E ESTUDO DE CASO

COMISSÃO EXAMINADORA: ___________________________________ Prof. Dr. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho. Orientador ___________________________________ Prof. Dr. Domingos Sávio Lyrio Simonetti. Examinador

___________________________________ Prof. Getúlio Vargas Loureiro, Ph. D. Examinador

Vitória - ES, 30 de dezembro de 2008.

Page 4: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

i

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares, meu pai Jurandi Zorzal, minha mãe Renilza Guisso Zorzal e minha irmã Lorrayne Guisso Zorzal, que tanto me apoiaram no decorrer desses seis anos de intenso estudo e trabalho.

Page 5: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me deu orientação, força e saúde no decorrer desses seis

anos, fazendo com que eu alcançasse esse objetivo final que é a graduação.

Agradeço aos meus pais, Jurandi Zorzal e Renilza Guisso Zorzal pelo, sempre

presente, apoio aos meus estudos desde o jardim de infância.

Agradeço minha irmã Lorrayne Guisso Zorzal, pelo incentivo, apoio e

orientação em todos esses anos.

Agradeço a Nelice José Soares, uma pessoa muito importante na minha vida e

na vida da minha família.

Ao Prof. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho, pela orientação.

A Waldyr Silveira Filho, Edson Rosetti e Marcos Meneghim, companheiros da

VALE, pela oportunidade de aprendizado e de crescimento profissional.

Aos meus amigos e familiares que direta ou indiretamente contribuíram para

que esse trabalho fosse realizado.

Page 6: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Condição para Autorização de Trabalhadores. .........................................19

Figura 2 - Joaquim Gomes Pereira, Engenheiro Eletricista e de Segurança no

Trabalho, Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego Coordenador do

GTT-10 de atualização da NR 10. ............................................................................25

Figura 3 - Subestação abaixadora desabrigada..........................................................27

Figura 4 - Subestação abaixadora abrigada...............................................................27

Figura 5 - Transformador desabrigado instalado no poste.........................................27

Figura 6 - Modelo de subestação predial com 1 transformador.................................32

Figura 7 - Modelo de subestação predial com 2 transformadores..............................33

Figura 8 - Modelo de subestação H. ........................................................................34

Figura 9 - Instalações elétricas inadequadas. ............................................................36

Figura 10 - Choque por contato com circuito energizado..........................................38

Figura 11 - Choque por contato com corpo eletrizado. .............................................39

Figura 12 - Raio atingindo o Cristo Redentor. ..........................................................39

Figura 13 - Termo de Responsabilidade. ..................................................................53

Figura 14 - Aterramento temporário em rede de baixa tensão...................................54

Figura 15 - Exemplos de Detector de Tensão. ..........................................................55

Figura 16 - Exemplo de travas para disjuntores. .......................................................55

Figura 17 – Capacete de aba frontal .........................................................................56

Figura 18 – Luva isolante de borracha......................................................................56

Figura 19 - Cinto trava-queda...................................................................................56

Figura 20 - Modelo de Seccionamento Trifásico. .....................................................61

Figura 21 - Modelo de Bloqueio e Impedimento ......................................................61

Figura 22 – Teste de ausência de tensão. ..................................................................61

Figura 23 - Exemplos de Formação de Arco Elétrico. ..............................................63

Figura 24 - Queimadura com Arco Elétrico..............................................................64

Figura 25 - Distâncias do ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada

e livre.......................................................................................................................67

Page 7: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

iv

Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada

e livre, com interposição de superfície de separação física adequada........................68

Figura 27 - Malha de terra em subestação predial.....................................................70

Figura 28 - Dispersão de corrente por eletrodo. ........................................................71

Figura 29 - Tensão de passo por raio. .......................................................................71

Figura 30 - Exemplo de Tensão de Referência. ........................................................72

Figura 31 - Campus de Goiabeiras da UFES. ...........................................................73

Figura 32 - Subestação do CT da UFES. ..................................................................74

Figura 33 - Porta Corta Fogo....................................................................................77

Figura 34 - Luminária de emergência modelo Aureolux da Aureon. ........................78

Figura 35 - Placa de Sinalização...............................................................................79

Figura 36 - Caixa Coletora de Óleo. ........................................................................80

Page 8: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

v

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Condições para subestação abrigada.......................................................31

Quadro 2 - Possíveis conseqüências do choque elétrico no corpo humano. ..............40

Quadro 3 - Classificação das características da pele. ................................................42

Quadro 4 - Chances de salvamento...........................................................................42

Quadro 5 - Índice de Acidentes Fatais de 2007.........................................................45

Quadro 6 - Acidentados com Arco Elétrico por Instalação / Equipamento do SEP. ..46

Quadro 7 - Acidentes Fatais por ano. .......................................................................47

Quadro 8 - Custo Total Estimado de Acidentes do Trabalho por Ano (milhões de

reais). .......................................................................................................................49

Quadro 9 - Pirâmide do Setor Elétrico......................................................................49

Quadro 10 - Exemplo de análise de acidente. ...........................................................50

Quadro 11 - Reportagem Jornalística. ......................................................................51

Quadro 12 - Suportabilidade da pele humana. ..........................................................64

Quadro 13 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre. ...................66

Quadro 14 - Custo....................................................................................................81

Quadro 15 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa. .................................................84

Quadro 16 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa (Continuação). .........................85

Quadro 17 - Análise Preliminar de Tarefa. ...............................................................86

Quadro 18 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais ........................................87

Quadro 19 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação). ................88

Quadro 20 - Permissão para Trabalhos Especiais. ....................................................89

Quadro 21 - Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação). .............................90

Quadro 22 - Classificação das Instalações Consumidoras.........................................91

Page 9: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

vi

GLOSSÁRIO

Área Classificada – Região Explosiva.

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.

CTTP - Comissão Tripartite Permanente.

FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e

Medicina do Trabalho.

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.

NR – Norma Regulamentadora.

NBR – Norma Brasileira.

OIT – Organização Internacional do Trabalho.

SE’s – Subestação.

SEP – Sistema Elétrico de Potência.

Cobei – Comitê Brasileiro de Eletricidade.

Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da

Eletricidade.

Abradee – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.

Fundação COGE – Fundação Comitê de Gestão Empresarial.

ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A

GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia

de Segurança e Medicina do Trabalho.

EPI - Equipamento de Proteção Individual.

EPC - Equipamento de Proteção Coletiva.

APT – Análise Preliminar de Tarefa.

PTE – Permissão para Trabalhos Especiais.

AT – Alta Tensão.

CT – Centro Tecnológico.

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo.

QQP – Quadro de Quantitativo e Preço.

Prontuário - sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de

informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

Page 10: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

vii

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA....................................................................................................... I

AGRADECIMENTOS............................................................................................II

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... III

LISTA DE QUADROS ...........................................................................................V

GLOSSÁRIO......................................................................................................... VI

SUMÁRIO............................................................................................................VII

RESUMO.................................................................................................................X

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................11

2 NR 10 ...........................................................................................................12

2.1 Histórico Geral ..............................................................................................12

2.2 Ministério do Trabalho e Emprego ................................................................13

2.3 Conceito ........................................................................................................15

2.3.1 Considerações Iniciais ..........................................................................15

2.3.2 História da NR 10.................................................................................15

2.3.3 Objetivos que Nortearam a Atualização da NR 10................................16

2.3.4 Como foi a elaboração da Nova NR 10.................................................16

2.3.5 Como é o processo de revisão da Nova NR 10 .....................................16

2.3.6 Principais Aspectos da Nova NR 10 .....................................................17

2.3.6.1 Diretrizes Gerais......................................................................17

2.3.6.2 Diretrizes Relacionadas aos Projetos Elétricos.........................18

2.3.6.3 Diretrizes para Autorização de Trabalhadores em Eletricidade 18

2.3.6.4 Diretrizes ao Prontuário das Instalações Elétricas [9]...............20

2.4 Impactos e Contribuições...............................................................................21

2.5 Conclusões ....................................................................................................25

3 SUBESTAÇÕES .........................................................................................26

3.1 Definição.......................................................................................................26

3.2 Sistema Elétrico de Potência..........................................................................28

3.3 Subestações prediais ......................................................................................28

3.3.1 NBR 14039 ..........................................................................................29

Page 11: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

viii

3.3.1.1 Histórico..................................................................................29

3.3.1.2 A norma “tampão”...................................................................30

3.3.2 Características ......................................................................................31

3.4 Conclusões ....................................................................................................34

4 CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA ............................................35

4.1 Choque Cultural ............................................................................................35

4.2 Adequação lenta ............................................................................................36

4.3 Choque elétrico .............................................................................................37

4.3.1 Choque por contato com circuito energizado ........................................38

4.3.2 Choque por contato com corpo eletrizado.............................................38

4.3.3 Choque por Descarga Atmosférica (raio)..............................................39

4.3.4 Limiar ..................................................................................................40

4.4 Estatísticas.....................................................................................................43

4.4.1 Introdução ............................................................................................43

4.4.2 Dados...................................................................................................44

4.4.3 Fatos ....................................................................................................50

4.5 EPI e EPC......................................................................................................51

4.5.1 Das obrigações do empregador.............................................................52

4.5.2 Das obrigações do empregado ..............................................................52

4.5.3 Exemplos .............................................................................................54

4.5.3.1 EPC .........................................................................................54

4.5.3.2 EPI ..........................................................................................56

4.6 Conclusões ....................................................................................................57

5 NR 10 E SUBESTAÇÕES ..........................................................................58

5.1 Introdução .....................................................................................................58

5.2 Medidas de Controle......................................................................................59

5.2.1 Medidas de Controle de Risco Elétrico.................................................59

5.2.1.1 Instalações Energizadas ...........................................................59

5.2.1.2 Instalações Que Podem Vir a Ser Energizadas .........................60

5.3 Regras de Ouro..............................................................................................61

Page 12: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

ix

5.3.1 Seis Regras de Ouro .............................................................................62

5.3.2 Cinco Regras de Ouro ..........................................................................62

5.4 Seccionamento ..............................................................................................63

5.4.1 Efeitos do Arco Elétrico .......................................................................63

5.4.2 Fatores que Influenciam a Formação do Arco Elétrico .........................64

5.4.3 Causas do Arco Elétrico .......................................................................65

5.5 Zona de Risco e Zona Controlada ..................................................................65

5.6 Aterramento...................................................................................................68

5.6.1 Tensão de Toque e de Passo .................................................................70

5.7 Conclusões ....................................................................................................72

6 ESTUDO DE CASO....................................................................................73

6.1 Setor de Estudo..............................................................................................73

6.2 Situação Atual ...............................................................................................74

6.3 Proposta de Melhoria.....................................................................................76

6.4 Custo .............................................................................................................80

6.5 Documentação Sugerida ................................................................................82

6.6 Conclusão do Estudo de Caso........................................................................82

7 CONCLUSÃO.............................................................................................83

APÊNDICE A.........................................................................................................84

APÊNDICE B.........................................................................................................86

APÊNDICE C.........................................................................................................87

APÊNDICE D.........................................................................................................89

APÊNDICE E.........................................................................................................91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................92

Page 13: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

x

RESUMO

O presente Projeto de Graduação foi desenvolvido com o objetivo de destacar

a importância da segurança nos trabalhos que envolvam energia elétrica, em especial,

aos trabalhos em subestações prediais. Assunto este amplamente discutido, nos dias

atuais, pela sociedade e empresas no geral em todo o país.

Este trabalho visa estabelecer mecanismos para identificar possíveis falhas de

segurança, em subestações prediais em geral, já em operação, propondo soluções

tecnicamente viáveis e ambientalmente corretas, com o intuito de adequá-las as

normas de segurança, tornando sua operação segura.

Inicialmente é apresentado um conteúdo teórico sobre a NR 10, sobre

subestações e segurança em eletricidade. Por fim os conceitos teóricos são

confrontados com um estudo de caso baseado na SE do CT – UFES.

Page 14: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

11

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, é impossível falar de operação, utilização e consumo de energia

elétrica sem falar de segurança. Qualquer ser humano que está exposto à energia

elétrica tem o direito de usá-la ou operá-la de forma segura, sem risco à sua

integridade física. O presente Projeto de Graduação tem por objetivo propor soluções e

critérios adequados à construção e à operação de subestações de edificações, de acordo

com as normas de segurança vigente, com a finalidade de tornar o ambiente seguro e

ecologicamente correto, visando a evitar um possível acidente ambiental.

Sugerem-se estudos, relacionados à evolução da segurança com eletricidade

no Brasil, histórico de acidentes, conseqüências do choque elétrico no ser humano e

um estudo das principais normas relacionadas ao assunto e suas aplicações, tendo

como principal a NR 10.

Tem-se no final deste trabalho um estudo de caso, feito na subestação elétrica

do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, com a finalidade de

identificar as possíveis falhas de segurança que a subestação apresenta, propondo

soluções e custo estimado para um possível gasto de adequação futura da mesma.

Page 15: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

12

2 NR 10

2.1 Histórico Geral

Antes de se abordar o assunto da NR 10, sugere-se apresentar a história da

segurança do trabalho no país, a criação das secretarias, dos ministérios e dos demais

órgãos responsáveis por tal atividade.

Existem referências legais à Inspeção do Trabalho no Brasil desde o século

XIX, como o Decreto n. º 1313 de 17/01/1891, mas o mesmo apenas tratava de normas

relativas ao trabalho de crianças no Distrito Federal (na época, a cidade do Rio de

Janeiro) e nunca foi respeitado. A competência era dos estados de legislar sobre o

trabalho, e a inspeção era inviabilizada pelos interesses patronais. Em 1921 foi criada a

Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Distrito Federal (Rio de Janeiro).

Com a reforma constitucional de 1926 estabeleceu-se a competência da União

para legislar sobre o trabalho.

O Decreto nº 19671-A, de 04/04/1931, no governo Getúlio Vargas, criou o

Departamento Nacional do Trabalho, cabendo a esse Departamento a fiscalização do

cumprimento de Leis sobre acidentes do trabalho, jornada, férias, trabalho de mulheres

e menores, e organização sindical.

A obrigatoriedade de comunicação de acidentes do trabalho à autoridade

policial foi estabelecida pelo Decreto n° 24637, de 10/07/1934, o qual também previa

a imposição de multas administrativas, pelo Departamento Nacional do Trabalho.

As Leis de proteção do trabalho foram agrupadas na Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, pelo Decreto-lei n° 5452, de 01/05/1943. Em 19/07/1947 a

Organização Internacional do Trabalho - OIT adota a Convenção nº 81, que estabelece

que cada Membro da OIT, para o qual a referida Convenção está em vigor, deve ter

um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais.

A Lei n. º 6514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, do Título II, da CLT,

relativo à Segurança e Medicina do Trabalho - artigos 154 a 201. A Portaria nº 3214,

de 08/06/1978, aprovou as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do

Trabalho - NR. Essas Normas têm sido alteradas ao longo do tempo, por diversas

Portarias.

Page 16: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

13

Nos dias atuais o Brasil adota uma série de Convenções da Organização

Internacional do Trabalho (OIT). As Convenções da OIT que foram ratificadas e

promulgadas pelo Brasil deram origem a alterações nas Normas Regulamentadoras

pertinentes a cada assunto abrangido pela referida Convenção. As Normas

Regulamentadoras têm sido alteradas nos últimos anos, tanto para fazer frente à

evolução dos métodos produtivos e relações do trabalho quanto para adequar-se às

Convenções da OIT promulgadas pelo Brasil. [5]

2.2 Ministério do Trabalho e Emprego

Nos diversos ministérios formados ao longo dos anos pelos governos que

lideraram o país, tem-se o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, nome esse criado

pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República Fernando Henrique Cardoso,

presidente do Brasil na época. O antigo Ministério do Trabalho – MT abrange os

seguintes assuntos: política e diretrizes para a geração de emprego e renda e de apoio

ao trabalhador; política e diretrizes para a modernização das relações do trabalho;

fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, bem como aplicação das

sanções previstas em normas legais ou coletivas; política salarial; formação e

desenvolvimento profissional; segurança e saúde no trabalho; política de imigração; e

cooperativismo e associativismo urbanos.[6]

A seguir têm-se uma breve história e importantes fatos e acontecimentos, no

decorrer dos anos, relacionados ao MTE.

1912 - Foi constituída a Confederação Brasileira do Trabalho - CBT, durante o

quarto Congresso Operário Brasileiro, realizado nos dias 7 a 15 de novembro,

incumbida de promover um longo programa de reivindicações operárias: jornada de

oito horas, semana de seis dias, construção de casas para operários, indenização para

acidentes de trabalho, limitação da jornada de trabalho para mulheres e menores de

quatorze anos, contratos coletivos ao invés de contratos individuais, seguro obrigatório

para os casos de doenças, pensão para velhice, fixação de salário mínimo, reforma dos

impostos públicos e obrigatoriedade da instrução primária.

Page 17: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

14

1918 - Foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, por meio do Decreto

nº 3.550, de 16 de outubro, assinado pelo Presidente da República, Wenceslau Braz P.

Gomes, a fim de regulamentar a organização do trabalho no Brasil.

1930 - Foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, por meio do

Decreto nº 19.433, de 26 de novembro, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas,

assumindo a pasta o Ministro Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor.

1960 - O Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho e

Previdência Social, por meio da Lei nº 3.782, de 22 de julho.

1974 - O Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho, por

meio da Lei nº 6.036, de 1º de maio.

1977 - Foi criado o Conselho Nacional de Política de Emprego, por meio do

Decreto nº 79.620, de 18 de janeiro.

1992 - O Ministério passou a ser denominado Ministério do Trabalho e da

Administração Federal, por meio da Lei nº 8.422, de 13 de maio. Por meio do Decreto

nº 509, de 24 de abril, foi criada a DRT no Estado de Tocantins e extintos os seguintes

órgãos:

• Conselho Nacional de Seguridade Social;

• Conselho de Gestão da Proteção ao Trabalhador;

• Conselho de Gestão da Previdência Complementar;

• Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social;

• Conselho Nacional do Trabalho.

Por meio da Lei nº 8.490, de 19 de novembro, foi criado o Conselho Nacional

do Trabalho e o Ministério passou a ser denominado de Ministério do Trabalho.

1999 - O Ministério passou a ser denominado Ministério do Trabalho e

Emprego, por meio da Medida Provisória nº 1.799, de 1º de janeiro.

2004 - O Decreto nº 5.063, de 3 de maio, deu nova Estrutura Regimental ao

Ministério do Trabalho e Emprego, estruturando a Ouvidoria-Geral e o Departamento

de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude.

2008 - O Decreto nº 6.341, de 3 de janeiro alterou a nomenclatura das

Delegacias Regionais do Trabalho para Superintendências Regionais do Trabalho e

Page 18: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

15

Emprego, das Subdelegacias do Trabalho para Gerências Regionais do Trabalho e

Emprego e das Agências de Atendimento para Agências Regionais. As

Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego passaram a ser competentes para

execução, supervisão e monitoramento de todas as ações relacionadas às políticas

públicas afetas ao Ministério do Trabalho e Emprego.

O atual líder do MTE é o Senhor Ministro Carlos Lupi. [7]

2.3 Conceito

Como se pode observar, as Normas Regulamentadoras foram criadas em 1978;

ao longo dos anos algumas foram atualizadas e outras foram criadas. Hoje temos trinta

e cinco Normas Regulamentadoras mais cinco Normas Regulamentadoras Rurais.

Entre essas normas a Norma Regulamentadora de n° 10 (NR 10), é a norma que trata

de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

2.3.1 Considerações Iniciais

Em 1983, entrou em vigor a 1º edição da NR 10 do Ministério do Trabalho e

Emprego. Embora de grande alcance para a época, seu texto se tornou inadequado às

atuais exigências para a segurança do trabalhador.

2.3.2 História da NR 10

No Final da década de noventa, o Governo, na figura do Ministério do

Trabalho e Emprego queria crescer com a imagem do Brasil frente ao mundo

globalizado, pretendendo passar a imagem de um país em desenvolvimento não só

econômico e tecnológico, mas também resguardando o capital humano. Por meio de

índices de acidentes no mercado de trabalho em específico: Geração de energia,

Siderurgia, Metalurgia, Distribuição de energia e Construção civil, foi evidenciado que

era o setor que mais vitimava pessoas e profissionais. Foi então estabelecida em 1998

uma meta para o governo na redução de acidentes elétricos em 40% até 2002. Muitas

ações emergenciais foram realizadas naquele momento. Eram ações de bloqueios

imediatos e de fiscalizações sem um aprofundamento mais técnico. Foi então que em

Page 19: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

16

2001 teve-se início à formatação da NR 10, indo à publicação no DO – Diário Oficial

em 2004. Com a publicação em Diário Oficial em 07/12/2004, o instrumento saiu com

prazo para aplicação de 24 meses, ou seja, cumprimento na íntegra da norma a

partir de 07/12/2006. [10]

2.3.3 Objetivos que Nortearam a Atualização da NR 10

A atualização da regulamentação normativa NR 10 está sendo colocada em

prática em atendimento à demanda social, e foi priorizada pela Comissão Tripartite

Permanente (CTTP), frente às necessidades provocadas pelas mudanças introduzidas

no setor eletroenergético e nas atividades com eletricidade, especialmente quanto à

nova organização do trabalho, à introdução de novas tecnologias e materiais, à

globalização e, principalmente, pela responsabilidade do MTE em promover a redução

de acidentes envolvendo esse agente de elevado risco: a ENERGIA ELÉTRICA. [9]

2.3.4 Como foi a elaboração da Nova NR 10

O processo de construção da nova NR 10 foi realizado por três depurações

seguindo um esquema: o MTE propôs um rascunho que servia de base para o início da

norma. A origem foi por demanda das necessidades Sociais e Níveis de acidentes em

cada setor. Na continuidade do processo o documento foi levado à consulta pública por

meio do Diário Oficial e publicações em sites. Nesse momento foram ouvidas mais de

1500 propostas do setor público para integrar-se ao escopo inicialmente apresentado.

Por último formou-se a comissão (Governo + Representantes dos trabalhadores +

Representantes dos empregadores + Coordenação da norma) para discussão e

aprovação da NR 10. [10]

2.3.5 Como é o processo de revisão da Nova NR 10

A revisão da norma se dá pela disposição da comissão em tripartite, sob a

coordenação de um responsável em fechar ações de consenso: O governo (MTE,

ANEL, Previdência Ministerial e Fundacentro); e Representantes dos Trabalhadores

Page 20: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

17

(CUT, CGT, SDS, Força Sindical); Representantes dos Empregadores (CNI, CNC,

CNT, CNA e CNB). [10]

2.3.6 Principais Aspectos da Nova NR 10

2.3.6.1 Diretrizes Gerais

- Estabelecer diretrizes básicas para implementação de medidas de controle e

de sistemas preventivos ao risco elétrico;

- Criar o "Prontuário das Instalações Elétricas" de forma a organizar os

documentos e registros;

- Estabelecer o Relatório de Auditoria de Conformidade das Instalações

Elétricas;

- Obrigar a introdução de conceitos de segurança, nos projetos das instalações

elétricas;

- Elevar os níveis de segurança na construção, montagem, operação e

manutenção das instalações elétricas;

- Tornar obrigatória a introdução de dispositivos, equipamentos e medidas de

controle coletivo;

- Diferenciar os níveis de proteção para os trabalhos em instalações elétricas

energizadas e desenergizadas;

- Estabelecer o distanciamento seguro e criar as zonas de "risco" e

"controlada" no entorno de pontos ou conjuntos energizados;

- Estabelecer a proibição de trabalho individual para atividades com alta

tensão ou no sistema elétrico de potência;

- Tornar obrigatória a elaboração de procedimentos operacionais contendo as

instruções de segurança;

- Estender a regulamentação às atividades realizadas nas proximidades de

instalações elétricas;

- Criar a obrigatoriedade de certificação de equipamentos, dispositivos e

materiais destinados à aplicação em áreas classificadas;

Page 21: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

18

- Definir o entendimento quanto a "profissional qualificado e habilitado”,

“pessoa capacitada” e "autorizada";

- Proteger contra incêndio e explosão as áreas onde houver instalações ou

equipamentos elétricos;

- Estabelecer a necessidade de sinalização de segurança nas instalações e

serviços com eletricidade;

- Estabelecer responsabilidade aos empregadores, contratantes e trabalhadores;

- Tornar obrigatório o treinamento para profissionais autorizados a intervir em

instalações elétricas - curso básico e complementar;

- Complementar-se com as normas técnicas oficiais;

- Apresentar um glossário contendo conceitos e definições claros e objetivos.

2.3.6.2 Diretrizes Relacionadas aos Projetos Elétricos

- Prever dispositivos que permitam intertravamento;

- Planejar espaçamento e distanciamento seguros;

- Prever a necessidade de "aterramento elétrico";

- Indicar a posição "liga - desliga" de dispositivos de manobra;

- Planejar prevenção contra as influências ambientais;

- Prever disposições contra incêndios e explosões;

- Descrever o princípio funcional dos elementos de proteção destinados à

segurança das pessoas;

- Descrever a compatibilidade dos dispositivos de proteção.

2.3.6.3 Diretrizes para Autorização de Trabalhadores em Eletricidade

Conforme exigido no item 10.8 da nova NR 10, as condições para que um

trabalhador esteja autorizado a desempenhar atividades com eletricidade devem

atender os seguintes aspectos (Ver Figura 1):

Page 22: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

19

Figura 1 - Condição para Autorização de Trabalhadores.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Podem-se considerar autorizados os trabalhadores habilitados ou capacitados

com anuência formal da empresa:

- Todo profissional autorizado deve portar identificação visível e permanente

contendo as limitações e a abrangência de sua autorização.

- O profissional autorizado a trabalhar em instalações elétricas deve ter essa

condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.

- Os profissionais e pessoas autorizadas a trabalhar em instalações elétricas

devem apresentar estado de saúde compatível com as atividades a serem

desenvolvidas.

Page 23: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

20

- Os profissionais e pessoas autorizados a trabalhar em instalações elétricas

devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da

energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações

elétricas.

- Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que

ocorrer alguma das situações a seguir:

a) Troca de função ou mudança de empresa;

b) Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a

03 meses;

c) Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos ou

processos de trabalho.

- O trabalho em áreas classificadas deve ser precedido de treinamento

específico de acordo com o risco envolvido;

- Os trabalhadores com atividades em proximidades de instalações elétricas

devem ser informados e possuir conhecimentos que permitam identificá-las, avaliar

seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. [9]

2.3.6.4 Diretrizes ao Prontuário das Instalações Elétricas [9]

Todas as empresas devem possuir, devidamente atualizada, toda a

documentação técnica referente ao seu sistema elétrico (diagramas unifilares e

especificações dos equipamentos e dispositivos de proteção).

Para estabelecimentos que possuam potência instalada acima de 75kW

deverão estar disponíveis os seguintes documentos:

- Relatório anual de auditoria de conformidade com a NR 10, com

recomendações e cronograma de regularização visando ao controle dos riscos

elétricos;

- Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de

segurança e saúde, implantadas e relacionadas nesta Norma;

- Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra

descargas atmosféricas de acordo com o item 10.1.1.1 da norma;

Page 24: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

21

- Especificação do ferramental e dos equipamentos de proteção coletiva e

individual, aplicável conforme determina esta Norma;

- Documentação comprobatória de qualificação, habilitação, capacitação, e

autorização dos profissionais e de treinamentos realizados;

- Certificação de equipamentos e materiais elétricos instalados em áreas

classificadas.

- Para trabalhos envolvendo o sistema elétrico de potência ou em suas

proximidades, deverão também estar disponíveis, além dos documentos já citados, os

seguintes:

1. Procedimento de ordem geral para contingências não previstas;

2. Certificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

3. Especificação do ferramental utilizado.

2.4 Impactos e Contribuições

É de conhecimento que a aplicação de uma norma que altera o hábito de

trabalho no dia a dia das empresas, gera custos em determinadas adequações e cria

uma visão negativa entre alguns empresários e alguns trabalhadores. Fato esse

relacionado ao gasto financeiro que o empresário teve ou ainda terá com mudanças em

instalações, e que o trabalhador terá na forma de realizar seu serviço.

Um exemplo claro é que uma simples ação de troca de uma lâmpada, feita por

um profissional de elétrica, não pode ser mais realizada por uma única pessoa, a NR

10 visa à proibição do trabalho individual, justificando, caso ocorra algum tipo de mal

súbito o companheiro de tarefa deverá estar preparado para ações de primeiros

socorros e resgate. Têm–se assim custos maiores, visto que uma tarefa que até então

era executada por uma única pessoa, hoje não é mais possível.

Em entrevista a empresa MAN-IT - Soluções em Manutenção, uma empresa

de consultoria e treinamentos, no dia 15/06/2007 o Engenheiro Eletricista e

profissional de Engenharia de Segurança no Trabalho, Joaquim Gomes Pereira, atuante

há 26 anos como Auditor Fiscal do MTE e Coordenador da NR 10, reponde a diversas

perguntas interessantes.

Page 25: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

22

Entrevista

Man-IT: Após a implantação final da NR 10 em 07/12/2004, houve uma

sensível diminuição dos acidentes com eletricidade?

Eng. Joaquim: “O processo de redução de acidentes no trabalho é dinâmico e

as alterações na Norma são muito recentes em função do cumprimento na íntegra da

norma ser a partir de 07/12/2006 o que dificulta uma avaliação concreta. Contudo eu

acredito que as alterações já são percebidas durante as práticas de fiscalizações”.

Man-IT: Já é possível quantificar essa diminuição?

Eng. Joaquim: "Não. Não existem no Brasil indicadores acidentários,

direcionados especificamente aos acidentes elétricos, que permitam avaliar e

quantificar diretamente os acidentes envolvendo energia elétrica".

Man-IT: Sabemos da atuação das delegacias de trabalho quanto à orientação

e notificação sobre a necessidade de implantação da NR 10 e treinamento dos

colaboradores. Isto tem ajudado no maior controle das atividades relacionadas à

eletricidade?

Eng. Joaquim: "Sem dúvida a atuação dos Auditores Fiscais do Ministério do

Trabalho e Emprego, sediados nas Delegacias Regionais do Trabalho distribuídas em

todos os Estados da Federação, é um fator fundamental no controle e na melhoria

contínua nas condições de segurança e saúde no trabalho envolvendo energia elétrica.

Nesse sentido, os Auditores Fiscais foram instruídos quanto às alterações ocorridas na

Norma com o objetivo de garantir ambientes laborais seguros e saudáveis".

Man-IT: Algum setor da economia com maior preocupação e destaque com

os treinamentos?

Eng. Joaquim: "Bem, o setor de telecomunicações, mais especificamente o de

telefonia fixa, inicialmente entendeu que a regulamentação não atingia o setor,

contudo depois de notificadas vêm acelerando a realização dos treinamentos “básico”

e “complementar”".

Man-IT: Algum setor da economia com menor preocupação e destaque com

os treinamentos?

Page 26: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

23

Eng. Joaquim: "Não. De uma forma geral as empresas vêm atendendo a

Norma".

Man-IT: Hoje as multas aplicadas giram em torno de quais valores? Como é o

processo de multa? Como se dá a autuação? Existe primeiramente um auto de vistoria?

Eng. Joaquim: "Atenção especial deverá ser aplicada à possibilidade de

interdições pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou ainda pelo Ministério Público

do Trabalho em setores e frentes de trabalho ou equipamentos, ou ainda ao embargo de

obras com base na ausência de medidas de segurança elétrica preconizada na NR 10.

Em algumas situações o Poder Judiciário pode arbitrar por sanções relativas ao

faturamento da empresa.

As multas variam de oitocentos reais a seis mil reais por item. “Finalmente

cabe-nos lembrar que a Norma faz parte do Ordenamento jurídico Nacional e,

naturalmente, é a base dos Órgãos Públicos, tais como, Ministério da Justiça, da

Previdência Social da Saúde, dentre outros”.

Man-IT: Alguma ação específica planejada para aumento do controle para

implantação da NR 10 pelas empresas e treinamento dos seus colaboradores?

Eng. Joaquim: "As ações fiscalizatórias serão genéricas e abrangentes a toda

a Norma que se constitui num conjunto de medidas de gestão de segurança e saúde no

trabalho e controle dos riscos em instalações ou serviços com a energia elétrica.

Além dos treinamentos de segurança, as ações deverão ser dirigidas a

documentação nos serviços e instalações elétricas: a documentação das instalações

elétricas é habitualmente uma incógnita nos estabelecimentos e sistemas e as suas

limitações raramente são conhecidas pelo usuário (trabalhador), devendo, doravante,

ser organizada em um prontuário, organizado e mantido pelo empregador ou por

pessoa formalmente designada pela empresa, permanecendo à disposição dos

trabalhadores envolvidos com instalações e serviços em eletricidade, e ser revisado e

atualizado periodicamente; desenergização das instalações: a existência de

procedimento padronizado, com a aplicação de sistemas de travamento das fontes, de

sinalização, de medição do ponto de intervenção, de aterramento e equipotencialização

elétrico, de isolamento das circunvizinhanças da operação.

Page 27: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

24

Sistemas de segurança em instalações elétricas energizadas tais como:

existência de aterramento elétrico, aplicação de disjuntores de seccionamento

automático, sinalização das instalações, identificação dos trabalhadores autorizados,

trabalho acompanhado, vestimentas especiais para os autorizados, etc.

“Procedimentos: desenvolvimento de procedimentos operacionais e

procedimentos de segurança devem se fundir num só, prevendo passo a passo a

segurança do trabalhador em cada ação e em cada fase da atividade laboral”.

Man-IT: Recomendações finais para as empresas que ainda não se

preocuparam com o cumprimento da NR 10.

Eng. Joaquim: "O Ministério do Trabalho e Emprego planejou como meta

institucional para o ano de 2007, ações fiscalizatórias voltadas aos quesitos de

segurança em serviços e instalações elétricas em várias atividades econômicas, tais

como: concessionárias elétricas, metalúrgicas, siderurgia, construção civil. O prazo

final para ações foi em dezembro de 2006, ou seja, não há argumentação para não

realização de procedimentos pertinentes à NR 10. O atendimento é compulsório. Os

itens são passíveis de punibilidade não só pelo MTE, mas também fundamentará a

Justiça em suas decisões e sentenças, o Ministério Público em suas ações, o Ministério

da Previdência Social quanto ao FAP (Fator Acidentário Previdenciário)".

Man-IT: Qual sua conclusão ou pensamento sobre as empresas que traduzem

essa nova regulamentação como simplesmente mais um treinamento de 40 horas?

Eng. Joaquim: "Lembramos que os treinamentos “básicos” e

“complementar”, preconizados na Norma são fundamentais no fornecimento de

subsídios técnicos e elementos de segurança aos trabalhadores a serem "autorizados"

por seu(s) tomador (es) de serviço(s) a intervir em instalações ou realizar serviços

elétricos e, conseqüentemente, na mudança de cultura dos trabalhadores autorizados.

Tratar como “mais um treinamento” sem o necessário cuidado com os

profissionais ou instituições que o ministrarão é um erro e a perda de uma excelente

oportunidade quanto à transferência de conhecimento em segurança elétrica e do

trabalho específico e próximo da realidade de cada empresa, das situações efetivas de

trabalho e nas condições reais das atividades a serem desenvolvidas pelos autorizados

Page 28: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

25

e de prevenir problemas futuros. Devemos lembrar que a autoridade é da empresa,

também a ela cabe a responsabilidade pela autorização. [8]

Figura 2 - Joaquim Gomes Pereira, Engenheiro Eletricista e de Segurança no Trabalho, Auditor Fiscal do

Ministério do Trabalho e Emprego Coordenador do GTT-10 de atualização da NR 10.

Fonte: http://www.man-it.com.br/index.php?option=com_conten t&view=art

icle&id=141 [Capturado em setembro de 2008]

2.5 Conclusões

Neste capítulo apresentou-se um breve histórico da NR 10, destacando fatos e

acontecimentos, partes integrantes, princípios, aplicações, contribuições e impactos,

além de uma entrevista feita ao Eng. Joaquim Gomes Pereira, um dos responsáveis

pela atualização da NR 10.

Page 29: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

26

3 SUBESTAÇÕES

3.1 Definição

Uma Subestação é uma instalação elétrica de alta potência, contendo

equipamentos para transmissão, distribuição, proteção e controle de energia elétrica.

Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema de

transmissão elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os

níveis de tensão e funcionando como pontos de entrega para consumidores industriais.

Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por

diversas subestações, onde os transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão.

Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda

excessiva de energia ao longo do caminho e faz com que o sistema possa transmitir

uma maior quantidade de energia. Já ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros

urbanos, permitem a distribuição da energia por toda a cidade.

Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição primária

ainda não está adequada para o consumo residencial imediato. A instalação de

transformadores menores reduz ainda mais a tensão da energia que vai diretamente

para as residências, comércios e outros locais de consumo. [11]

Têm-se no Brasil diversos modelos de subestações, sejam elas elevadoras ou

abaixadoras de tensão. Podem ser desprotegidas ao tempo, chamadas de subestação

desabrigada, conforme figura 3. Podem ser protegidas do tempo, chamadas de

subestações abrigadas, em alvenaria ou no interior de cubículo metálico (invólucro

metálico), conforme figura 4, ou até mesmo constituídas apenas, por um transformador

instalado no topo do poste, conforme figura 5. Para que se possa melhor entender, tem-

se a seguir uma breve descrição do SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) do

país.

Page 30: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

27

Figura 3 - Subestação abaixadora desabrigada.

Figura 4 - Subestação abaixadora abrigada.

Figura 5 - Transformador desabrigado instalado no poste.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Page 31: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

28

3.2 Sistema Elétrico de Potência

A energia elétrica que alimenta indústrias, comércio e residências, é gerada

principalmente a partir de usinas hidroelétricas, em que a energia originada pelas

quedas d’água, movimenta as turbinas dos geradores, transformando energia mecânica

em energia elétrica. A energia elétrica produzida no Brasil provém em sua maior parte

das usinas hidroelétricas seguidas das usinas termoelétricas e termonucleares [9].

A NR 10 estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando à

implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de forma a garantir a

segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente interajam em

instalações elétricas e serviços com eletricidade.

É aplicada às fases de geração, transmissão, distribuição até a medição.

Com o objetivo de uniformizar o entendimento, a NR 10 no seu Glossário

define que o SEP trabalha com vários níveis de tensão, classificados em:

- Extra baixa tensão – Considera-se extra baixa tensão, a tensão não superior a

50V em corrente alternada entre fases ou fase e terra, ou 120 V em corrente contínua.

- Baixa tensão – Considera-se baixa tensão, a tensão superior a 50V em

corrente alternada, ou 120 V em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 V em

corrente alternada entre fases ou entre fase e terra, ou 1500 V em corrente contínua.

- Alta tensão – Desta forma considera-se alta tensão, a tensão superior a 1000

V em corrente alternada entre fases ou entre fase e terra, ou 1500 V em corrente

contínua. [9]

3.3 Subestações prediais

A Norma Técnica da ESCELSA sobre “Fornecimento de Energia Elétrica em

Tensões Secundária e Primária 15 kV” em seu capítulo 5 diz o seguinte:

Item 5.4 - Categoria IV - Ligação Através de Subestação Particular. “São as

unidades consumidoras com carga total instalada superior a 75 kW e demanda máxima

até 2.500 kW, ou menor que 75 kW, desde que possuam qualquer dos equipamentos

vetados na Categoria III”, ver apêndice E.

Page 32: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

29

Tem-se assim a grande maioria de condomínios residências e estabelecimentos

comerciais, enquadrados nessa categoria de instalação, como: supermercados,

pequenas fábricas, etc.

A NBR (Norma Brasileira) que estabelece as condições e padrões de

instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV é a NBR 14039.

3.3.1 NBR 14039

3.3.1.1 Histórico

No Brasil, as instalações elétricas de média tensão, permaneceram durante

décadas com a mesma norma, sem nenhuma revisão. A história da norma de média

tensão começa com a NB 79 – Execução de instalações elétricas de alta tensão de 0,6 a

15 kV, publicada em 1967. Contudo, essa norma foi elaborada com os conhecimentos

da década de 60 e tendo como pano de fundo um Brasil isolado do resto do mundo, do

ponto de vista tecnológico. A norma refletia a necessidade do país na época, de

padronizar a execução de instalações de 0,6 a 15 kV. A NB 79 não contemplava, em

nenhuma parte de seu texto, a atividade de projeto.

Essa norma foi utilizada por todas as concessionárias de energia elétrica para

balizar seus padrões de postos de entrada em distribuição primária. Sem revisões que

lhe permitissem adequar-se às novas tecnologias dos equipamentos e incluir a

atividade de projeto em seu escopo, a NB 79 deixou de ser consultada pelos

profissionais de instalações elétricas de média tensão. Assim, os padrões das

concessionárias passaram a balizar de fato, e não de direito, quase todos os projetos de

instalações de média tensão no Brasil, com exceção dos projetos feitos pelas grandes

empresas de engenharia, que tinham acesso a normas estrangeiras.

Por essa razão, a NB 79 foi cancelada em janeiro de 1996. Mas como esse

cancelamento se deu sem substituição, isto é, sem que uma nova versão ocupasse o

lugar da norma cancelada, criou-se assim um vácuo legal. Havia os padrões das

concessionárias, mas eles não têm valor para assegurar a qualidade mínima exigida,

deixando os projetistas e instaladores sem respaldo legal no desempenho de suas

Page 33: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

30

funções. Portanto, tornava-se necessário elaborar uma nova norma de média tensão.

[12]

3.3.1.2 A norma “tampão”

Dado que no Brasil o uso de normas não é voluntário, e considerando a

importância das instalações de média tensão, o Cobei – Comitê Brasileiro de

Eletricidade, órgão da ABNT responsável por elaborar normas na área de eletricidade,

começou a preparar uma nova norma para média tensão. Por razões regimentais da

ABNT, uma vez que a NB 79 foi cancelada sem substituição, teria de ser elaborada

uma nova norma, inclusive com numeração diferente.

Em um panorama nacional completamente diferente do da década de 60,

quando foi elaborada a antiga NB 79, a nova norma deveria ter um nível de exigência

muito superior ao de sua antecessora. Conseqüentemente, seu conteúdo teria de ser

necessariamente maior e mais abrangente, o que demandaria um extenso trabalho da

comissão de estudos responsável pela elaboração do documento. Essa tarefa

provavelmente consumiria alguns anos. Porém, a urgência provocada pelo vácuo legal

que se estabelecera com o cancelamento da antiga norma fez com que se optasse por

elaborar uma norma “tampão”, com valor técnico e legal, mas de caráter temporário.

Convém deixar claro que o termo “tampão” não figura na norma e não tem nenhum

efeito legal. É só um adjetivo informal para ressaltar o caráter temporário da norma.

Do ponto de vista legal, a norma é definitiva.

Para o trabalho de elaboração da norma “tampão”, foi usado como base o texto

da antiga NB 79, estando claro que, pela sua obsolescência, não bastava reeditar o

texto cancelado. Foi necessária uma revisão no texto, enfocando:

• Uma ampliação dos limites de tensão da norma — ao invés de 0,6 a 15

kV ficou de 1 kV a 36,2 kV;

• Um acerto na terminologia;

• Uma correção nos pontos obsoletos.

Page 34: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

31

Essa norma, atualmente em vigor, ficou em votação nacional no último

trimestre de 1997 e foi publicada em abril de 1998, sob o número NBR 14 039 e com o

nome de “Instalações elétricas de alta tensão de 1 a 36,2 kV”.

Durante os anos de 1997 a 2003, esta passou por uma rigorosa e profunda

revisão. Em outubro de 2000 a comissão de estudos decidiu publicar uma emenda à

norma de 1998; a norma emendada passou a ser denominada NBR 14039:2000. O

projeto da nova versão da norma entrou em consulta pública em julho de 2003 com

previsão de ser publicado ainda no segundo semestre do mesmo ano.

Atualmente a norma está em pleno vigor. Tem-se no capítulo 5 deste trabalho,

uma melhor apresentação dessa norma em conjunto com a NR 10, relacionada às

subestações. [12]

3.3.2 Características

Tem-se como o objetivo principal deste trabalho, a segurança. No entanto para

que se possa obter um mínimo de segurança desejado para as pessoas envolvidas com

eletricidade, e que precisam, de alguma forma, acessar uma subestação é necessário

um conjunto de regras na construção dessas subestações.

Uma subestação particular abrigada e que não faz parte integrante da

edificação, deve seguir as seguintes condições definidas pela ESCELSA.

Quadro 1 - Condições para subestação abrigada.

a) ser construída com paredes de alvenaria, com teto e piso em concreto armado, para

qualquer potência de transformador, até o limite previsto nesta Norma e apresentar

características definitivas de construção;

b) ter porta metálica e abrir para fora, conforme figuras 6 e 7;

c) ter o teto impermeabilizado e inclinação mínima de 2% de modo a evitar o

escoamento de água sobre os condutores de 15 KV;

d) possuir sistema de iluminação artificial;

e) como medida de segurança, recomenda-se prever sistema de proteção contra

incêndio;

Page 35: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

32

f) havendo na subestação mais de um transformador, deverá existir no lado da alta

tensão, chave seccionadora basculante tripolar, classe 15 kV, corrente mínima 200 A,

comando simultâneo ou chave fusível classe 15 kV em cada unidade, monopolar ou

tripolar;

g) os elos fusíveis para transformadores de potência acima de 225 kVA deverão ser

dimensionados pelo fabricante;

h) é permitido também o uso de subestação blindada em recinto fechado, localizada

no térreo, quando em edifício de uso coletivo. A sua construção deverá obedecer ao

item 10 desta Norma (Câmara de Transformação ou Cabina). Quando a localização

for em piso intermediário da edificação o transformador deverá ser a seco ou a

silicone.

Fonte: NOR-TEC-01

Figura 6 - Modelo de subestação predial com 1 transformador.

Fonte: NOR-TEC-01

Page 36: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

33

Figura 7 - Modelo de subestação predial com 2 transformadores.

Fonte: NOR-TEC-01

As figuras 6 e 7 apresentam um modelo de subestação predial para um ou dois

transformadores respectivamente. Pode-se notar que a alimentação dos

transformadores se dá através de uma caixa de passagem subterrânea, que os

transformadores estão providos de uma circulação de ar, e que o espaço físico de

circulação destinado ao operador possui proteção evitando contato com a Zona de

Risco. As figuras correspondem respectivamente aos desenhos 27 e 28 da NOR-TEC-

01.

Como já mencionado no início deste capítulo, as subestações constituídas

apenas de um transformador instalado no poste, também são de grande utilidade e

fáceis de serem encontradas nos sistemas de distribuição das concessionárias elétricas.

O presente trabalho trata apenas da segurança voltada às subestações abrigadas, no

entanto tem-se na figura 8 uma ilustração desse outro tipo de subestação predial que é

chamada pelos profissionais da área de subestação H, pelo fato de o transformador

estar apoiado por cruzetas em dois postes, dando uma aparência de letra H.

Page 37: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

34

Figura 8 - Modelo de subestação H.

Fonte: http://www.aessul.com.br [Capturado em Novembro de 2008]

3.4 Conclusões

No presente capítulo destaca-se que uma subestação é um conjunto de

condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características da

energia elétrica, permitindo a sua distribuição aos pontos de consumo em níveis

adequados de utilização. A subestação denominada particular é aquela construída em

propriedade particular suprida através de alimentadores de distribuição primários, que

atendem os pontos finais de consumo.

Page 38: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

35

4 CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA

4.1 Choque Cultural

A edição de número 114 de 2008 da revista Alcoolbrás [13] traz em sua

reportagem de capa o assunto da NR 10. A revista aborda o tema relacionando a

dificuldade cultural com que a maioria dos empresários ainda é resistente quando se

trata de adequações de segurança em suas usinas e fábricas. Em resumo, a reportagem

cita que em recentes visitas a algumas usinas de açúcar e álcool do interior paulista, o

engenheiro eletricista Edson Martinho, presidente da Abracopel (Associação Brasileira

de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), detalhou aos engenheiros

responsáveis pelas empresas as mudanças impostas pela segunda revisão da NR 10.

O engenheiro eletricista detectou que uma das usinas apresentava diversos

procedimentos contrários às recomendações da Norma, por exemplo,

dimensionamento de dispositivos de proteção inadequados em áreas potencialmente

inflamáveis e a falta de orientação aos profissionais que trabalham com eletricidade.

O presidente da Abracopel alertou a empresa sobre a necessidade de correções

para adequação à nova NR 10. Como resposta, relata ter ouvido do engenheiro

responsável pela unidade industrial: “A nossa planta tem mais de 50 anos e adequá-la

custará muito. O que fizemos é explicar para o funcionário que ele tem que tomar

cuidado e torcer para que não aconteça nenhum acidente”.

Observa-se que se o empresário responsável pela usina mantiver este

pensamento, a usina terá que torcer e rezar bastante para não sofrer um acidente. Sem

medidas de segurança e com equipamentos carentes de dispositivos de proteção, a

unidade e seus funcionários estão expostos a riscos como choque elétrico, e ocorrência

de sobreaquecimento em fios, cabos e dispositivos, o que pode provocar incêndios.

Ao não mapear as suas áreas classificadas e oferecer treinamento específico

aos funcionários do setor elétrico, a usina também permanece sujeita a uma eventual

explosão, visto que suas instalações apresentam situações precárias conforme mostra a

figura 9.

Mas a usina paulista não é um caso isolado de insegurança em instalações

elétricas. Essa é a realidade em muitas outras unidades de diversos setores industriais

Page 39: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

36

do País. Mais de três anos depois da segunda revisão da Norma e um ano após a

expiração do prazo para adequação, muitas empresas ainda caminham a passos lentos

para a adaptação à NR 10. [13]

A eletricidade tem grande potencialidade para causar danos de gravidade

elevada, desde uma simples contração muscular, seqüelas graves, queimaduras

profundas, parada cardíaca e até óbito, conforme item 4.3 deste trabalho.

Figura 9 - Instalações elétricas inadequadas.

Fonte: Edição 114- 2008 da Revista Alcoolbrás.

4.2 Adequação lenta

Embora tenha provocado um grande impacto no sentido de alertar sobre a

importância da segurança em eletricidade e acerca da fiscalização, a lei que trouxe

uma série de avanços em relação à segurança em serviços com eletricidade ainda não

conseguiu gerar resultados efetivos em redução de acidentes.

O maior argumento alegado para a dificuldade de adaptação às novas medidas

de segurança é o custo. O engenheiro eletricista Edson Martinho afirma para a revista

Alcoolbrás, que o problema está no tempo em que as empresas deixaram de fazer as

instalações corretas. “Durante anos fizeram gambiarras, amarra-arame, ajustezinhos e

Page 40: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

37

o provisório vai se tornando permanente. Quando chega uma norma e exige

adequação, substituição de vários equipamentos, se descobre que é caro. Mas se

tivesse havido planejamento anterior, hoje o custo seria muito menor”.

Atualmente a adaptação está concentrada principalmente nas multinacionais e

grandes companhias, que já possuem dotação orçamentária e muitas das ferramentas

administrativas e de controle exigidas pela NR 10.

Além das multinacionais e grandes empresas, que já se preocupavam com

segurança até antes da publicação da NR 10, os especialistas dividem o nível de

adequação em outras três categorias:

• Empresas que se informaram logo após a revisão da Norma e estão na

fase final de adaptação;

• Empresas que não têm a estrutura organizacional tão bem elaborada,

mas já iniciaram a adaptação;

• E empresas, geralmente as pequenas, que ainda nem começaram, e

adotaram a filosofia popular “deixa como está para ver como é que

fica” - e ainda continuam colocando como eletricistas pessoas sem

qualificação.

Mesmo entre aquelas que já iniciaram a adequação, há ainda empresas que

optam por atender a requisitos mínimos. “É um grande problema o pessoal que age

assim para não ser multado. A preocupação deve ser com a saúde e a segurança do

trabalhador. Mas quando a empresa vai pelos requisitos mínimos, sempre procura uma

saída para gastar menos. Com isso, pode comprometer a segurança”, afirma o

coordenador geral da área de segurança elétrica do MTE, Joaquim Gomes Pereira. [13]

4.3 Choque elétrico

A diferença entre sorte e morte de um acidentado é determinada por alguns

volts e alguns segundos de tempo. De acordo com pesquisas não oficiais, de cada três

choques, um é fatal, enquanto que, em outros tipos de acidentes, ocorre uma morte

para cada 200 ocorrências, em média. O choque elétrico é o conjunto de perturbações

de natureza e efeitos diversos, que se manifestam no organismo humano ou animal,

Page 41: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

38

quando este é percorrido por corrente elétrica. As manifestações relativas ao choque

elétrico, dependendo das condições e da intensidade da corrente, podem ser desde uma

ligeira contração superficial até uma violenta contração muscular que pode provocar a

morte. Os tipos mais prováveis de choque elétrico são aqueles em que a corrente

elétrica circula da palma de uma das mãos à palma da outra mão, ou da palma da mão

até a planta do pé. Existem três categorias de choque elétrico, a serem discutidas nos

próximos itens. [9]

4.3.1 Choque por contato com circuito energizado

Tem-se nesse tipo de choque o mais comum em residências. O choque surge

pelo contato direto da pessoa com a parte energizada, seja uma simples tomada ou um

fio desencapado, conforme figura 10. O choque dura enquanto permanecer o contato e

a fonte de alimentação permanecer ligada. As conseqüências podem ser pequenas

contrações ou até lesões irreparáveis. [9]

Figura 10 - Choque por contato com circuito energizado.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

4.3.2 Choque por contato com corpo eletrizado

Tem-se nesse tipo de choque, o choque proveniente de eletricidade estática,

(ver figura 11)normalmente de pequena duração, suficiente apenas para descarregar a

carga da eletricidade contida no elemento energizado,. Na maioria das vezes, não

provoca efeitos danosos ao corpo. [9]

Page 42: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

39

Figura 11 - Choque por contato com corpo eletrizado.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

4.3.3 Choque por Descarga Atmosférica (raio)

Quando acontece uma descarga atmosférica (Ver figura 12) e esta entra em

contato direto ou indireto com uma pessoa, tem-se o choque por “raio”. Os efeitos são

imediatos podendo causar queimaduras graves e até a morte. [9]

Figura 12 - Raio atingindo o Cristo Redentor.

Fonte: http://oquesefaz.files.wordpress.com/2008/02/raio_cristo_redentor.jpg

[Capturado em setembro de 2008]

Page 43: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

40

4.3.4 Limiar

O corpo humano começa a perceber a passagem de corrente elétrica a partir de

1 mA. Essa sensação de percepção é chamada de Limiar de Sensação da corrente. No

entanto quando se toca um objeto energizado, o cérebro emite sinais elétricos para a

mão para que ela solte esse objeto, isso se dá de forma rápida e instantânea. Contudo, a

corrente alternada entre 9 e 23 mA para os homens e 6 a 14 mA para as mulheres,

excita os nervos, provocando contrações musculares permanentes, e impede que a

pessoa possa se soltar do circuito. A esse processo dá-se o nome de Limiar de Não

Largar.

Para valores acima de 100 mA, ocorre o Limiar de Fibrilação Ventricular,

podendo causar:

• Queimaduras;

• Parada respiratória;

• Fibrilação ventricular;

• Morte cerebral;

Tem-se no quadro 2 uma classificação das conseqüências do choque de acordo

com o valor da corrente.

Quadro 2 - Possíveis conseqüências do choque elétrico no corpo humano.

Intensidade (mA)

Perturbações Possíveis

Estado após o choque Salvamento

Resultado final provável

1 (Limiar de sensação)

Nenhuma Normal - Normal

1 a 9

Sensação cada vez mais

desagradável à medida que a intensidade aumenta.

Contrações Musculares

Normal Desnecessário Normal

Page 44: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

41

9 a 20

Sensação dolorosa.

Contrações violentas;

perturbações circulatórias.

Morte aparente Respiração

artificial Restabelecimento

20 a 100

Sensação insuportável; contrações

violentas; asfixia; perturbações circulatórias

graves, inclusive fibrilação

ventricular.

Morte aparente Respiração

artificial Restabelecimento ou

morte.

Acima de 100 Asfixia imediata;

fibrilação ventricular.

Morte aparente Muito difícil Morte

Vários ampéres Asfixia imediata;

queimaduras graves.

Morte aparente ou imediata

Praticamente impossível

Morte

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Se a intensidade da corrente elétrica for de valor elevado, normalmente acima

de 30 mA e circular pelo diafragma, por um período de tempo relativamente pequeno,

normalmente por alguns minutos, ocorrerá a morte por asfixia. Aliás, o tempo é fator

importante para prevenir os efeitos de um choque elétrico, se ocorrer a exposição a

qualquer situação de choque por tempos inferiores a 5 segundos, as chances de

sobrevivência aumentam dramaticamente. Por isto as normas relativas à proteção de

sistemas elétricos, inclusive utilizando o DR, prevêem tempos máximos para a

abertura do disjuntor de proteção.

A asfixia advém do fato do diafragma (músculo associado à respiração) se

contrair, cessando assim, a respiração. Caso não seja aplicada a respiração artificial em

no máximo seis minutos, ocorrerão sérias lesões cerebrais e possível morte.

As condições da pele e o tempo de salvamento (Ver quadro 3) também são

características a serem consideradas nos estudos. De acordo com o quadro 4 a partir de

6 minutos, a chance de salvar o acidentado é praticamente zero, por isso é necessário

que o profissional que trabalha com eletricidade esteja apto a prestar os primeiros

socorros, especialmente através de técnicas de reanimação cárdio-respiratória. [9]

Page 45: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

42

O CEFET do estado do Ceará promove cursos técnicos em segurança do

trabalho que apresenta em sua grade curricular segurança em eletricidade e primeiros

socorros. Além das instituições públicas, existem as escolas de treinamento privadas,

que oferecem tais cursos como, por exemplo, a Mazza Consultoria Técnica e Serviços

Ltda, uma empresa com sede no Rio de Janeiro e que possui contrato com as grandes

empresas do país (Petrobrás, Vale, etc).

Quadro 3 - Classificação das características da pele.

Código da pele Classificação Característica

da pele Aplicações e exemplos

BB1 Elevada Condições Secas Circunstâncias nas quais a pele está seca (nenhuma umidade inclusive suor)

BB2 Normal Condições

úmidas

Passagem da corrente elétrica de uma mão à

outra ou a um pé, com a pele úmida (suor) e a

superfície de contato sendo significativa (exemplo, um

condutor está seguro dentro da mão).

BB3 Fraca Condições Molhadas

Passagem da corrente elétrica entre duas mãos e

dois pés, estando as pessoas com os pés

molhados a ponto de se poder desprezar a

resistência da pele dos pés.

BB4 Muito fraca Condições

imersas

Pessoas imersas na água, por exemplo, em banheiras

ou piscinas. Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Quadro 4 - Chances de salvamento.

Tempo após o choque para iniciar a respiração artificial

Chances de reanimação da vítima

1 minuto 95 % 2 minutos 90 % 3 minutos 75 % 4 minutos 50 % 5 minutos 25 % 6 minutos 1 % 8 minutos 0,5 %

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Page 46: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

43

4.4 Estatísticas

4.4.1 Introdução

Estimulada por negligência ou ignorância, a falta de segurança alimenta as

estatísticas sobre acidentes, mortes e explosões causados por energia elétrica no Brasil.

O coordenador geral da área de segurança envolvendo eletricidade do MTE,

Joaquim Gomes Pereira, se baseia em estatísticas do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) em paralelo com dados de acidentes em outros países, para obter um

número mínimo de ocorrências com eletricidade no Brasil.

A última estatística divulgada pelo INSS, referente ao fechamento de 2006,

relata 2718 mortes em todo o território nacional, provocadas por acidentes de trabalho.

“Com base nas estatísticas de outros países, em que a energia elétrica envolve de 18%

a 20% desses acidentes de trabalho, podemos dizer que cerca de 550 mortes foram

causadas por energia elétrica”, estima Pereira.

Na verdade esse número na prática é ainda maior, visto que o cálculo

considera apenas o número de profissionais registrados no INSS, que hoje representam

apenas 38% da massa trabalhadora nacional - 62% não participam da estimativa de

Pereira. A partir de 1990, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

(Abradee) e a Fundação COGE iniciaram a implementação de uma coleta de dados de

acidentes da população, relacionadas com a rede elétrica das concessionárias. A última

análise divulgada, referente ao período de 2001 a 2006, mostra uma média anual de

986 pessoas acidentadas, sendo 324 fatais.

Mas segundo o presidente da Abracopel, o engenheiro eletricista Edson

Martinho, a maior porcentagem das estatísticas não apresenta a fonte especificada,

visto que nos hospitais brasileiros não se identifica o fator causador do óbito, apenas o

que aquela causa determinou ao indivíduo. “Se a pessoa estava tomando banho e

recebeu um choque elétrico (a causa) e, por isso, teve uma parada cardíaca

(conseqüência da causa) e morreu, em seu atestado de óbito aparecerá morte por

parada cardíaca. É por isso que os números registrados, com certeza, devem ser

dezenas de vezes maior”, explica. [13]

Page 47: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

44

4.4.2 Dados

As Centrais Elétricas Brasileiras S.A – ELETROBRÁS, em prol dos seus

trabalhadores, dos contratados, usuários, acionistas e da população em geral, mantêm

uma parceria com a Fundação COGE, com o objetivo de consolidar um Relatório

Anual de Estatísticas de Acidentes no Setor de Energia Elétrica. Este importante

documento, destinado à utilização pelas empresas do Grupo ELETROBRÁS e demais

empresas do setor, constitui-se numa importante ferramenta de segurança e da saúde

no trabalho, possibilitando o estabelecimento de prioridades nas ações efetivas para a

prevenção de acidentes e de doenças trabalhistas.

A Fundação COGE vem sendo contratada desde julho de 2000 pela Eletrobrás,

para dar continuidade às atividades inerentes às Estatísticas de Acidentes do Trabalho

no Setor Elétrico Brasileiro, sucedendo o GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão

de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, nessa área.

Têm-se no quadro 5 dados divulgados em junho do presente ano (2008),

relativo ao ano de 2007. O índice de acidentes típicos refere-se a acidentes causados

nas próprias empresas responsáveis pela geração ou distribuição da energia. O índice

de trajeto refere-se aos acidentes ocorridos durante o transporte ao local do serviço. O

índice das contratadas apresenta o número de acidentes ocorridos com as empresas

terceiras e o índice população refere-se à população em geral, ou seja, pessoas que não

pertencem à área técnica, mas que foram vítimas de acidentes. Para exemplificar

houve 3 acidentes com contratadas do setor de Geração e Transmissão e 56 acidentes

com contratadas do setor de Distribuição, totalizando, no ano de 2007, 59 acidentes

fatais com contratadas no setor de energia.

Page 48: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

45

Quadro 5 - Índice de Acidentes Fatais de 2007.

Fonte: Fundação COGE

Apenas para título de informação o quadro 6 apresenta acidentes envolvendo

arco elétrico, assunto esse abordado no item 5.4.1 desse trabalho, dividido por área. É

interessante analisar que no ano de 2003, um ano antes da publicação da NR 10, houve

6 acidentes em subestação com arco elétrico e a partir de 2006, prazo máximo para

atendimento da NR 10, houve apenas 1 acidente, chegando a zero acidente no ano de

2007.

Já o quadro 7 apresenta um histórico dos acidentes fatais a partir de 1999, a

curva superior indica o índice de acidentes fatais com contratadas que atuam no setor

elétrico (curva em azul) e a curva inferior (curva em vermelho) indica os acidentes

ocorridos com as empresas responsáveis por tal serviço, por exemplo a Escelsa no

Espírito Santo ou a Light no Rio de Janeiro. Pode-se destacar uma diminuição

considerável do ano de 2006 para 2007, mas ainda preocupante, visto que os números

de 2007 ainda são números altos de acidentes fatais.

Page 49: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

46

Quadro 6 - Acidentados com Arco Elétrico por Instalação / Equipamento do SEP.

Fonte: Fundação COGE

Page 50: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

47

Quadro 7 - Acidentes Fatais por ano.

Fonte: Fundação COGE

Page 51: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

48

Pode-se observar que os números são preocupantes, o relatório de 2007 mostra

ainda que o contingente de 108.756 empregados próprios do setor conviveu em suas

atividades com riscos registrando-se 906 acidentados de trabalho típico, com

afastamento, acarretando um custo de R$ 532.523.754,00 (Quinhentos e trinta e dois

milhões quinhentos e vinte e três mil setecentos e cinqüenta e quatro reais), entre

custos diretos (remuneração do empregado durante seu afastamento) e indiretos (custo

de reparo e reposição de material, custo de assistência ao acidentado e custos

complementares – interrupção de fornecimento de energia elétrica, por exemplo).

Com base em estudos voltados à realidade dos acidentes no Brasil,

considerando os acidentes sem perda de tempo e os acidentes com e sem danos

materiais, o custo dos acidentes no Setor Elétrico Brasileiro seria da ordem de: R$

93.443.155,20 (Noventa e três milhões quatrocentos e quarenta e três mil cento e

cinqüenta e cinco reais e vinte centavos). Mas essa mesma estimativa incluindo os

acidentes com perda de tempo, ou seja, o custo total dos acidentes, fica em torno R$

532.523.754,00 (Quinhentos e trinta e dois milhões quinhentos e vinte e três mil

setecentos e cinqüenta e quatro reais) conforme já mencionado e apresentado no

quadro 8. Isso representa o investimento necessário para a construção de 8 PCHs –

Pequenas Centrais Hidrelétricas de 30 MW cada, que poderiam atender a uma

demanda de cerca de 1.250.000 habitantes ou ainda o montante aproximado necessário

para a construção de 1.902 km de Linhas de Transmissão, em 230 kV, circuito

simples, incluindo: levantamento topográfico, projeto de engenharia, materiais e

construção.

Page 52: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

49

Quadro 8 - Custo Total Estimado de Acidentes do Trabalho por Ano (milhões de reais).

Fonte: Fundação COGE

Devido a esses e outros estudos feitos no decorrer dos anos a Fundação COGE

elaborou uma pirâmide do Setor Elétrico Brasileiro, conforme mostra o quadro 9.

Quadro 9 - Pirâmide do Setor Elétrico.

Fonte: Fundação COGE

Page 53: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

50

Observa-se que para cada acidente fatal ocorreram 36.300 atos e/ou condições

inseguras. Tais acidentes podem ser evitados com o cumprimento de procedimentos

técnicos de trabalho, como: planejamento, supervisão, descrição da atividade de

execução, que será apresentado com maiores detalhes no capítulo 5 deste trabalho.

4.4.3 Fatos

É lamentável abrir o jornal e ler mais uma notícia envolvendo acidente com

eletricidade, mas o fato ocorre. Para conhecimento, o quadro 10 mostra um exemplo

de como é feita a análise do acidente por parte das empresas e o quadro 11 uma

reportagem jornalística divulgada recentemente.

Quadro 10 - Exemplo de análise de acidente.

Função Tipo de acidente Descrição do acidente

Serviços de operação. Exposição à energia elétrica, alta

tensão.

Ao abrir porta e grade de um

disjuntor na UHE, por iniciativa

própria, uma vez que a sua

atividade seria a de atenuação de

um alarme no piso de turbinas,

ultrapassou a distância de

segurança, causando descarga

elétrica.

Inspeção / Manutenção Linhas de

Transmissão.

Exposição à energia elétrica, alta

tensão.

Quando da conexão do cabo

elétrico da bobina de bloqueio da

fase A (alfa), o cabo de

aterramento foi desconectado deste

cabo elétrico, provocando choque

por indução elétrica no empregado.

Serviço Ligação

de Consumidores.

Exposição à energia elétrica, alta

tensão.

Após conclusão de tarefa e retirada

do aterramento temporário, ficou

por alguns instantes conversando

no alto do poste e, no momento de

descer, ao ajustar um jumper, tocou

na rede de AT, que fora energizada

por terceiro, sofrendo uma

descarga elétrica.

Fonte: Fundação COGE.

Page 54: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

51

Quadro 11 - Reportagem Jornalística.

Rapaz morre com choque elétrico

Um jovem de 22 anos morreu por arritmia terça-feira ao chegar no Hospital Santa Otília, de Orleans, após levar

um choque elétrico numa máquina de solda. Atílio Weber era funcionário de uma empresa de silo e estava no

interior do município fazendo a montagem de uma estrutura metálica quando aconteceu o acidente. Segundo

informações repassadas pela Delegacia de Polícia de Orleans, o episódio aconteceu na comunidade de Vila

Nova, próxima ao bairro Barracão, por volta das 14h. Durante vistoria de peritos no local do acidente foi

verificado que o aparelho que o jovem estava usando estava em péssimas condições de uso, o que pode ter

facilitado o choque. O laudo da polícia, que pode confirmar a causa da morte provocada por descarga elétrica,

ainda não foi divulgado.

Fonte: A Tribuna de Criciúma - 28/04/2007

4.5 EPI e EPC

O Equipamento de Proteção Individual, EPI, é todo produto ou dispositivo, de

uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos capazes de

ameaçar a sua saúde e a sua segurança. A utilização deste tipo de equipamento só

deverá ser feita quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os

riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de

proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos

riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho

e/ou de doenças profissionais e do trabalho.

Os equipamentos de proteção coletiva, EPC, são dispositivos utilizados no

ambiente de trabalho e têm o objetivo de proteger os trabalhadores contra riscos

inerentes aos processos. Como o EPC independe da vontade do trabalhador para

atender suas finalidades, a preferência pela utilização deste é maior em relação à

utilização do EPI, já que colabora no processo aumentando a produtividade e

minimizando os efeitos e perdas em função da melhoria no ambiente de trabalho.

Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos

completamente ou se oferecer proteção parcialmente. [14]

De acordo com a Norma Regulamentadora 6 – NR 6, a empresa é obrigada a

fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de

conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

Page 55: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

52

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção

contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;

c) para atender a situações de emergência.

O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importada,

só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação,

CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. [9]

4.5.1 Das obrigações do empregador

Dentre as atribuições exigidas pela NR 6, cabe ao empregador as seguintes

obrigações:

• Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;

• Exigir seu uso;

• Fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão,

nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

• Orientar e treinar o trabalhador sobre uso adequado, guarda e

conservação;

• Substituir imediatamente o EPI, quando danificado ou extraviado;

• Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e

comunicar o MTE qualquer irregularidade observada.

4.5.2 Das obrigações do empregado

• Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina;

• Responsabilizar-se pela guarda e conservação;

• Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio ao

uso;

• Cumprir as determinações do empregador sob o uso pessoal.

Page 56: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

53

O item que trata da responsabilidade de guarda e conservação do EPI é de

grande importância visto que as empresas solicitam aos funcionários a assinatura de

um termo de responsabilidade que inclusive evidencia a entrega do equipamento. A

figura 13 apresenta um modelo desse tipo de termo.

Figura 13 - Termo de Responsabilidade.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Page 57: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

54

4.5.3 Exemplos

4.5.3.1 EPC

Aterramento Temporário

Quando se trabalha em rede desenergizada é feito o aterramento temporário

nas linhas com o objetivo de evitar acidentes que possam ser causados por uma

eventual e indevida energização por um fator aleatório qualquer. Tem-se, portanto que

o simples desligamento da linha não garante a total segurança do eletricista e o

aterramento é de fundamental importância para a realização dos trabalhos com

segurança, conforme exemplificado pela figura 14. [9]

Figura 14 - Aterramento temporário em rede de baixa tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Detector de Tensão

Para que o eletricista possa realizar um aterramento temporário na linha, este é

obrigado a realizar previamente um teste de ausência de tensão, confirmando que a

chave ou o equipamento responsável por abrir o circuito realmente atuou e que não

haverá tensão presente na linha. A figura 15 apresenta dois modelos de detectores de

tensão. [9]

Page 58: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

55

Figura 15 - Exemplos de Detector de Tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Travas e Bloqueadores

Dentre os EPC apresentados, as travas e os bloqueadores (Ver figura 16) com

certeza são os de maior uso e rotina em subestações, e de grande importância. Esses

equipamentos são compostos de chaves com cartão de identificação, geralmente

dizendo o motivo do bloqueio e o responsável pelo bloqueio, informações estas de

extrema importância, pois geralmente nas grandes empresas ocorrem trocas de turno

de pessoal, evitando assim informações incompletas para a nova equipe do turno e até

mesmo possíveis acidentes. [9]

Figura 16 - Exemplo de travas para disjuntores.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Page 59: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

56

4.5.3.2 EPI

Existem diversos modelos e tipos de EPI. Para efeito de conhecimento seguem

os mais comuns e algumas ilustrações.

• Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;

• Proteção respiratória: máscaras e filtros;

• Proteção visual e facial: óculos e viseiras;

• Proteção da cabeça: capacetes (figura 17);

• Proteção para o cabelo: boné, capuz, gorro e rede;

• Proteção para o tronco: aventais, capas e jaquetas;

• Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes (figura 18);

• Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;

• Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões (figura 19).

Figura 17 – Capacete de aba frontal

Figura 18 – Luva isolante de borracha.

Figura 19 - Cinto trava-queda.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Page 60: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

57

4.6 Conclusões

Os destaques deste capítulo foram os números apresentados referentes às

estatísticas de acidentes. Acredita-se que a empresa de referência deve apontar para a

garantia da redução dos índices de acidentes de trabalho, com metas graduais tendo em

vista a meta de acidente zero. Deve objetivar o aperfeiçoamento tecnológico e a

melhoria das redes já instaladas e deve considerar a qualificação e o treinamento

constante dos trabalhadores, próprios e/ou terceirizados, como forma de aumentar a

qualidade do serviço prestado e diminuir o número de acidentes, fato este obrigatório,

segundo a NR 10.

Page 61: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

58

5 NR 10 e SUBESTAÇÕES

5.1 Introdução

O objetivo deste trabalho é abordar os itens práticos do dia a dia dos serviços

com eletricidade e propor formas corretas de execução com segurança. O presente

capítulo compara itens e procedimentos em subestações elétricas com a NR 10.

Os trabalhos no SEP podem ser divididos em:

� Trabalhos no setor de geração;

� Trabalhos no setor de transmissão;

� Trabalhos no setor de distribuição;

Como a abordagem é em subestações, tem-se no setor de distribuição o foco

das atenções. O setor de distribuição de energia elétrica é segmentado e contém um

maior número de trabalhadores, em atividades que vão desde as subestações de

distribuição até o ponto de entrega da energia, que pode ser em postes, subestações

consumidoras prediais, etc.

Estão envolvidos nesta atividade os trabalhadores de:

� Construção;

� Manutenção com rede energizada ou não, à distância ou a contato

direto;

� Operação;

� Medição (corte, religação, etc)...

Com essas informações, tem-se a definição do item 10.1 da norma, que trata

do Objetivo e do Campo de Aplicação acima citado.

Page 62: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

59

5.2 Medidas de Controle

O item 10.2 da NR 10 trata das medidas preventivas de controle do risco

elétrico e de outros, mediante a análise de risco. A análise de risco trata da exploração

das possíveis causas e dos possíveis impactos nas áreas decorrentes dessa exploração.

Além das medidas de controle de risco coletivo e individual, assuntos estes já tratados

no capítulo 4, têm-se diversas outras medidas de controle de risco, tais como: [9]

� De origem elétrica;

� De queda;

� De ambientes confinados;

� No transporte e com equipamentos;

� De ataque de insetos e de animais peçonhentos;

� De área classificada;

� De umidade;

� Ocupacional.

5.2.1 Medidas de Controle de Risco Elétrico

5.2.1.1 Instalações Energizadas

Quando for necessário serviço de manutenção sob tensão, este deverá ser

planejado e programado, detalhando os procedimentos a serem executados, a fim de

estabelecer medidas preventivas necessárias. Esse tipo de procedimento é adotado por

grande parte das empresas, é possível destacar como exemplo, os documentos de APT

– Análise Preliminar de Tarefa e a PTE – Permissão para Trabalhos Especiais, ambas

as siglas utilizadas em procedimentos internos de grandes companhias. No capítulo 6

tem-se uma maior ênfase nesse tipo de documento.

Tem-se ainda que toda a ocorrência não programada, em instalações sob

tensão, deve ser comunicada ao responsável para que este possa tomar as medidas

cabíveis e que são expressamente proibidos o acesso e a permanência de pessoas não

autorizadas em ambientes próximos, que ofereçam riscos. [9]

Page 63: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

60

5.2.1.2 Instalações Que Podem Vir a Ser Energizadas

A manutenção ou reparo em instalações que não estejam sob tensão, só pode

ser feito quando as mesmas estiverem bloqueadas e posteriormente liberadas. Entende-

se por instalação liberada, aquela cuja ausência de tensão pode ser constatada com

dispositivo para esta finalidade.

Para garantir a ausência de tensão (Ver figura 22) no circuito, durante todo o

tempo da atividade, os dispositivos de comando devem estar sinalizados e bloqueados

(Ver figura 21), bem como o circuito elétrico aterrado. Os serviços de manutenção e

reparos em partes das instalações sob tensão, só podem ser executados por

profissionais qualificados, devidamente treinados, em cursos especializados, com

emprego de ferramentas e equipamentos destinados à atividade.

Nas partes das instalações sob tensão, sujeitas a risco de contato durante os

trabalhos, devem ser colocados placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas

e demais meios de sinalização que chamem a atenção quanto ao risco.

Quando os dispositivos de interrupção ou de comando não puderem ser

manobrados (a figura 20 mostra uma alavanca de seccionamento trifásica apenas para

título de exemplificação), por questão de segurança, principalmente em casos de

manutenção, devem ser cobertos por uma placa indicando a proibição, com letreiro

visível a olho nu, a uma distância mínima de 5 metros e uma etiqueta indicando o

nome da pessoa encarregada de recolocação em uso normal do referido dispositivo. [9]

Page 64: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

61

Figura 20 - Modelo de Seccionamento Trifásico.

Figura 21 - Modelo de Bloqueio e Impedimento

Figura 22 – Teste de ausência de tensão.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.3 Regras de Ouro

O novo texto da NR 10 cita em seu item 10.5, alguns procedimentos de

desenergização e reenergização, que são chamados pelos profissionais de elétrica, de

“Regras de Ouro”. Essas regras ditam o procedimento seguro para desenergização e

reenergização do circuito e que é muito utilizado em subestações.

Page 65: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

62

5.3.1 Seis Regras de Ouro

As Seis Regras de Ouro servem para desenergização do circuito, que será

submetido a manutenção, troca de equipamento ou qualquer outro tipo de serviço. As

regras são:

a) Seccionamento;

b) Impedimento de reenergização;

c) Constatação da ausência de tensão;

d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos

condutores dos circuitos;

e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;

f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

Os cuidados e possíveis conseqüências do seccionamento e o conceito de zona

controlada estão respectivamente nos itens 5.4 e 5.5 deste trabalho.

5.3.2 Cinco Regras de Ouro

As Cinco Regras de Ouro servem para reenergização do circuito, que foi

submetido a manutenção, troca de equipamento ou qualquer outro tipo de serviço. As

regras são:

a) Retirada de ferramentas, utensílios e equipamentos;

b) Retirada, da zona controlada, de todos os trabalhadores não envolvidos

no processo de reenergização;

c) Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das

proteções adicionais;

d) Remoção da sinalização de impedimento de reenergização;

e) Destravamento se houver, e religação dos dispositivos de

seccionamento.

Page 66: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

63

5.4 Seccionamento

O seccionamento é o ato de promover a descontinuidade elétrica de um

circuito ou equipamento, mediante o acionamento de um dispositivo apropriado para

este fim. No caso de seccionamento em subestações, inclusive subestações prediais,

dependendo das características dos equipamentos e dos níveis de tensão e corrente

presentes no circuito, pode haver arco elétrico. Chama-se de arco elétrico a corrente

que circula através do ar ou de um material isolante, após vencer a resistência de

isolamento, assim a região deixa de ser isolante e passa a conduzir eletricidade. A

figura 23 mostra uma seqüência na formação desse arco, primeiro têm-se a chave

fechada funcionando normalmente, mas durante a sua abertura é gerado uma centelha

caracterizando o arco elétrico.

Em subestações prediais deve-se ter cuidado com esse tipo descarga elétrica,

visto que esta produz calor que pode causar queimaduras de segundo ou terceiro graus.

O arco elétrico, provocado pelo seccionamento de chaves e disjuntores de subestações,

possui energia suficiente pra queimar roupas e provocar incêndios, além de emitir

vapores e raios ultravioleta. [9]

Figura 23 - Exemplos de Formação de Arco Elétrico.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.4.1 Efeitos do Arco Elétrico

Os efeitos causados pelo arco elétrico podem atingir tanto os equipamentos,

causando danificação total ou parcial, ou até mesmo queimaduras no homem. O

quadro 12 mostra a suportabilidade da pele humana aos efeitos do arco elétrico e a

figura 24 exemplifica um possível acidente.[9]

Page 67: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

64

Quadro 12 - Suportabilidade da pele humana.

44° C – Durante 6 horas, já provoca lesão;

70 ° C – Com exposição de 1 segundo é suficiente para provocar destruição total das

células da pele (queimaduras de 3° grau);

80 ° C – Com exposição de 0,1 segundo provoca destruição da pele, com possível

recuperação;

96 ° C – Com valor igual ou maior e com exposição de 0,1 segundo, a radiação

provoca total destruição da pele, com ferimentos incuráveis.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

Figura 24 - Queimadura com Arco Elétrico.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.4.2 Fatores que Influenciam a Formação do Arco Elétrico

• Corrente elétrica – quanto menor a corrente, menor o arco e, portanto,

menor a temperatura e suas conseqüências.

• Tensão elétrica – quanto maior a tensão, para uma mesma corrente,

maior será o arco e mais dificilmente será extinto.

• Velocidade de abertura – quanto menor a velocidade de abertura, maior

é o tempo em que os contatos ficam expostos a elevadas temperaturas

podendo ser danificados.

• Meio ambiente – ambiente úmido com elevada temperatura contribui

para formação de arco elétrico e aumenta sua intensidade.

Page 68: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

65

• Fator de potência do circuito – circuitos puramente resistivos possuem

menores riscos de formação do arco elétrico do que circuitos que

apresentam bobinas em sua composição.

5.4.3 Causas do Arco Elétrico

As causas mais comuns na formação do arco elétrico são as seguintes [9].

• Mau contato ocasionado por aperto insuficiente em conexões de aperto;

• Depreciação (ou deterioração) da isolação (sobretensão, sobrecarga e

dielétrico comprometido);

• Defeito de fabricação de componentes ou equipamentos;

• Projetos de instalação inadequados ou mal dimensionados;

• Manutenção inadequada (alterações sutis sem avaliação técnica

adequada);

• Contatos acidentais ou inadvertidos de ferramentas ou peças (erro

humano).

5.5 Zona de Risco e Zona Controlada

Em subestações elétricas prediais geralmente tem-se na alta tensão de

transformadores um valor de 11,4 kV ou de 13,8 kV. Tais valores de tensão

relativamente altos têm o poder de formar campos eletromagnéticos relativamente

fortes, o que pode ser perigoso. Trabalhadores expostos a essas condições, de intenso

campo magnético e que possuam em seu corpo próteses metálicas (pino, encaixe,

articulações), devem dispensar especial atenção à sua saúde com exames regulares. A

radiação pode promover aquecimento intenso nos elementos metálicos, o que pode

provocar necroses ósseas. Em relação aos trabalhadores portadores de aparelhos e

equipamentos eletrônicos (marca-passo, auditivos, dosadores de insulina, etc), a

radiação pode interferir nos circuitos elétricos e poderá criar disfunções e mau

funcionamento dos mesmos.

Page 69: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

66

Considere-se também o cuidado com ferramentas que podem ser atraídas pelo

campo magnético e provocar acidentes.

Atenta a estes fatos a NR 10 traz, no ANEXO II (Ver quadro 13) de seu texto,

uma tabela de raios de delimitação de três zonas: de risco, controlada e livre (figura

25). Essa tabela serve de referência, como por exemplo, nas medidas que um projetista

deve considerar na hora de construir o layout de uma subestação predial levando em

consideração distâncias necessárias para acomodar o transformador, as chaves e o

painel elétrico de acordo com a tensão de funcionamento, limitando assim a zona de

risco e minimizando a ocorrência de acidentes.

Quadro 13 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Faixa de tensão nominal da

instalação elétrica em kV.

Rr - Raio de delimitação entre

zona de risco e controlada em

metros.

Rc - Raio de delimitação entre

zona controlada e livre em

metros.

< 1 0,20 0,70

≥ 1 e < 3 0,22 1,22

≥ 3 e < 6 0,25 1,25

≥ 6 e < 10 0,35 1,35

≥ 10 e < 15 0,38 1,38

≥ 15 e < 20 0,40 1,40

≥ 20 e < 30 0,56 1,56

≥ 30 e < 36 0,58 1,58

≥ 36 e < 45 0,63 1,63

≥ 45 e < 60 0,83 1,83

≥ 60 e < 70 0,90 1,90

≥ 70 e < 110 1,00 2,00

≥ 110 e < 132 1,10 3,10

≥ 132 e < 150 1,20 3,20

≥ 150 e < 220 1,60 3,60

≥ 220 e < 275 1,80 3,80

≥ 275 e < 380 2,50 4,50

≥ 380 e < 480 3,20 5,20

≥ 480 e 700 5,20 7,20

Fonte: NR 10

Page 70: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

67

A figura 25 apresenta as distâncias das zonas, referente a um ponto

energizado, visto de cima.

Figura 25 - Distâncias do ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre.

Fonte: NR 10

Nas figuras 25 e 26 têm-se:

ZL = Zona livre.

ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.

ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de

técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.

PE = Ponto da instalação energizado.

SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos

dispositivos de segurança.

Quando a arquitetura da subestação do local de trabalho não permite respeitar

a distância necessária para o trabalho com segurança, no caso de instalações antigas,

por exemplo, tem-se na figura 26 uma forma de isolar a região de risco tornando-se

assim uma zona livre e segura para a execução do trabalho.

Page 71: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

68

Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de

superfície de separação física adequada.

Fonte: NR 10

5.6 Aterramento

O texto da NR 10 cita em seus diversos itens e subitens a palavra aterramento.

Tem-se no aterramento das instalações elétricas mais um procedimento de segurança, e

nas subestações isso não é diferente. O objetivo do aterramento é prover um sistema

ou instalação elétrica de um potencial de referência e um caminho de baixa

impedância para a corrente de falta.

A norma que trata das Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2

kV, é a NBR 14039:2003; portanto os projetos de subestações de acordo com a NR 10

deverão atender também à NBR 14039, que diz o seguinte:

Norma NBR 14039 item

6.4 Aterramento e condutores de proteção

6.4.1 Generalidades

6.4.1.1 As características e a eficácia dos aterramentos devem satisfazer as

prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação.

Page 72: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

69

6.4.1.2 O valor da resistência de aterramento deve satisfazer as condições de

proteção e de funcionamento da instalação elétrica, de acordo com o esquema de

aterramento utilizado.

NOTA - O arranjo e as dimensões do sistema de aterramento são mais

importantes que o próprio valor da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-

se uma resistência da ordem de grandeza de 10 ohms, como forma de reduzir os

gradientes de potencial no solo.

6.4.2 Ligações à terra

6.4.2.1 Aterramento

6.4.2.1.1 A seleção e a instalação dos componentes dos aterramentos devem

ser tais que:

a) o valor da resistência de aterramento obtida não se modifique

consideravelmente ao longo do tempo;

b) resistam às solicitações térmicas, termomecânicas e eletromecânicas;

c) sejam adequadamente robustos ou possuam proteção mecânica apropriada

para atender às condições de influências externas.

6.4.2.1.2 Devem ser tomadas precauções para impedir danos aos eletrodos e a

outras partes metálicas por efeitos de eletrólise.

6.4.2.1.3 Conexões mecânicas embutidas no solo devem ser protegidas contra

corrosão, através de caixa de inspeção com diâmetro mínimo de 250 mm que permita

o manuseio de ferramenta. Esta exigência não se aplicaria a conexões entre peças de

cobre ou cobreadas, com solda exotérmica.

6.4.2.1.4 Os pára-raios de resistência não linear devem ter ligação à terra, a

mais curta possível, na qual devem ser evitados curvas e ângulos pronunciados.

Tem-se na figura 27 um modelo de sistema de aterramento para subestação de

acordo com a NBR 14039. A figura exemplifica a ligação da parte interna da

subestação, que podem ser as carcaças metálicas dos painéis e grades de proteção, as

hastes da malha.

Page 73: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

70

Figura 27 - Malha de terra em subestação predial.

Fonte: www.miomega.eng.br [Capturado em Novembro de 2008].

5.6.1 Tensão de Toque e de Passo

Quando se projeta uma malha de terra, há algumas preocupações, como o

cuidado para que ela seja eficiente e possa escoar a corrente para a qual ela vai ser

dimensionada. Uma malha para uma subestação é totalmente distinta de uma malha de

terra para a rede primária, porque o nível, a potência de curto-circuito, na casa de uma

pessoa, é totalmente diferente da potência de curto-circuito de um sistema de 15 mil

volts, por exemplo.

Quanto mais alto for o nível de tensão, mais alta a potência de curto-circuito,

maior a capacidade de um defeito na penetração da corrente dentro do solo, então a

malha deve ser dimensionada para o valor da corrente que deve ser escoada. Essa

corrente vai entrar na terra, vai mexer com os potenciais da malha, portanto deve-se

checar esses potenciais para os dois limites: o potencial de passo e o de toque que

estão associados a corrente de falta e ao ser humano.

Quando circula corrente no solo, aparece diferença de potencial entre pontos

da superfície que são chamadas de Linhas Equipotenciais (Ver figura 28). Essas

linhas equipotenciais podem provocar ao ser humano uma Tensão de Toque, que é a

diferença de potencial que surge entre uma pessoa estando no solo e que toca um

equipamento energizado. Já a Tensão de Passo (Ver figura 29) é a diferença de

potencial entre os membros de apoio de pessoas (pés) ou animais (patas),

Page 74: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

71

considerando-se que estes estejam em linhas equipotenciais diferentes. Geralmente se

considera para seres humanos a distância de um metro entre pés. [9]

Figura 28 - Dispersão de corrente por eletrodo.

Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.

LTC

Figura 29 - Tensão de passo por raio.

Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.

LTC

Page 75: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

72

Existe ainda a Tensão de Transferência, que seria a diferença de potencial

que aparece entre dois pontos (duas pessoas) ligadas por um elemento não isolante. A

figura 30 ilustra a tensão de transferência.

Figura 30 - Exemplo de Tensão de Referência.

Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

5.7 Conclusões

Destaca-se neste capítulo a abordagem da NR 10 em subestações, atentando

especificamente para subestações prediais, tendo em vista as medidas de controle

adotadas para um trabalho seguro. É importante repetir a grande utilidade e a

eficiência na adoção das Regras de Ouro, dos conceitos de Zonas Controlada e Livre,

causas e efeitos do arco elétrico e a importância de um aterramento bem projetado para

o sucesso das instalações.

Page 76: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

73

6 ESTUDO DE CASO

6.1 Setor de Estudo

O setor de estudo deste trabalho está relacionado à Subestação Elétrica do

Centro Tecnológico (CT) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A UFES

foi criada a partir da Instituição Estadual denominada Universidade do Espírito Santo,

fundada em 5 de maio de 1954 pelo então governador Jones dos Santos Neves. No

entanto esta se tornou federal em 30 de janeiro de 1961 por meio do ato administrativo

do então Presidente da República Juscelino Kubitschek. [16]

A UFES foi a primeira instituição de ensino superior federal no Espírito Santo,

e o professor Rubens Sérgio Rasseli é o atual reitor pelo segundo mandato

consecutivo. A universidade possui aproximadamente 2.168 funcionários, 1.175

docentes e 19.460 estudantes sendo 12.424 estudantes de graduação, além de 66 cursos

de graduação, 77 cursos de especialização, 36 doutorados entre outros.

Figura 31 - Campus de Goiabeiras da UFES.

Fonte: http://www.folhauniversitaria.blogspot.com

[Capturado em Novembro de 2008]

A figura 31 apresenta um painel artístico no Campus de Goiabeiras da UFES

cujo endereço é a Avenida Fernando Ferrari, nº 514, Campus Universitário Alaor

Queiroz de Araújo, Goiabeiras, Vitória, Espírito Santo, Brasil CEP: 29075-910.

Page 77: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

74

A subestação elétrica do CT (Ver figura 32) está localizada entre os prédios

CT I e CT II e tem a função de alimentar eletricamente as cargas dos prédios do

Centro Tecnológico.

Figura 32 - Subestação do CT da UFES.

6.2 Situação Atual

A situação atual da Subestação (SE) do CT é relativamente precária,

carecendo de cuidados urgentes e de algumas adequações a fim de estar em

conformidade com as normas de segurança vigentes. A SE possui dois

transformadores de potência, um de 300 kVA e outro de 500 kVA, ambos recebendo

alimentação em 11,4 kV e abaixando para 220 V trifásico.

Ao longo dos capítulos anteriores foram apresentadas considerações

importantes envolvendo segurança em subestações prediais. Há vários itens

preocupantes que foram identificados em uma breve inspeção realizada por mim e pelo

Professor Dr. Wilson Correa Pinto de Aragão Filho do Curso de Engenharia Elétrica

da Universidade, e que precisam ser cuidados ou providenciados.

Page 78: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

75

i. A subestação não apresenta proteção segura contra acesso de pessoas

não autorizadas e entrada de animais;

ii. Não possui porta corta-fogo, equipamento este responsável por não

permitir avanço de chamas em um possível incêndio;

iii. Apresenta uma proteção precária dos painéis de baixa tensão

energizados, dificultando instalação de bloqueios e sinalização em

possíveis serviços de manutenção;

iv. Possui diversos objetos em seu interior não destinados a fins elétricos,

como caixas de papelão e carteiras;

v. Possui restos inservíveis de material elétrico não segregados ou

destinados a locais corretos, como por exemplo, fusível tipo NH;

vi. Os painéis de baixa tensão não apresentam uma identificação correta e

organizada dos circuitos que alimentam;

vii. Falta identificação das chaves e dos disjuntores dos painéis;

viii. A subestação não possui um esquema unifilar disponível em seu

interior, como determina a NR 10;

ix. Não existe um prontuário (sistema organizado de forma a conter uma

memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos

trabalhadores) dos projetos elétricos fixados nos quadros de baixa

tensão;

x. Não existe um sistema de combate a incêndio com extintores e

iluminação de emergência;

xi. A subestação não apresenta nenhuma placa de identificação em seu

exterior ou interior, informando sobre a presença de Alta Tensão;

xii. A caixa coletora de óleo não possui permeabilização adequada para

evitar um possível contato do óleo isolante, presente no interior dos

transformadores, com o solo;

xiii. Não existe tela metálica de proteção externa.

Page 79: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

76

No entanto a subestação possui alguns itens em conformidade com as normas,

o que na grande maioria das subestações prediais não acontece, como:

o Ventilação adequada, incluindo ventilação forçada por exaustores;

o Aterramento das carcaças metálicas, como por exemplo, das grades de

proteção dos transformadores, das esquadrias em alumínio responsável

pela ventilação;

o Caixa coletora de óleo, evitando possível acidente ambiental;

o Layout adequado da planta baixa, respeitando as distâncias mínimas

para serviços de acordo com os conceitos de Zona Controlada e Zona

Livre da NR 10.

o O nível do piso da subestação é elevado em relação ao nível do solo,

evitando entrada de água da chuva.

6.3 Proposta de Melhoria

Apresenta-se a seguir, uma proposta de melhoria das situações levantadas no

item 6.2 deste trabalho. Essa proposta tem o objetivo de aumentar a segurança da

subestação e fazer com que esta atenda às normas. No item 6.4 tem-se uma abordagem

do custo estimado com tais melhorias. Cada tópico que será abordado corresponde ao

tópico mencionado anteriormente.

i. Instalação de fechadura e/ou cadeado evitando acesso de pessoas não

autorizadas e/ou animais, de acordo com o item 4.1.1.1 da NBR 14039;

Comentário: na região em que se encontra a subestação, vivem diversos

macacos, e que podem perfeitamente acessá-la, pois como o local

geralmente é aquecido, poderia servir de refúgio para os bichos em dias de

chuva, podendo ocasionar acidentes ou até mesmo incêndio.

ii. Instalação de porta corta-fogo, conforme item 10.9 da NR 10;

Comentário: A figura 33 apresenta um modelo desse tipo de porta,

atualmente em grande uso na indústria.

Page 80: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

77

Figura 33 - Porta Corta Fogo.

iii. Troca dos painéis existentes, por painéis que permitam bloqueio e

possuem proteção interna das partes metálicas, como por exemplo,

proteção de acrílico, de acordo com o item 10.4.1 da NR 10;

iv. Não armazenar nenhum tipo de material, seja elétrico ou não, que não

esteja em funcionamento e que não faça parte da subestação, em seu

interior;

Comentário: outro tipo de material armazenado dentro de subestação é

comum em prédios residenciais, por exemplo, vassouras e restos de tintas,

materiais estes inflamáveis e que podem contribuir para um possível

incêndio.

v. Idem item iv;

vi. Colocar rótulos identificadores nos circuitos, disjuntores e nas portas

dos painéis, identificando-os, conforme itens 10.3 e 10.10.1 da NR 10.

vii. Idem item vi;

viii. Disponibilizar o esquema unifilar atualizado do projeto elétrico da

subestação em local visível e de fácil acesso, conforme itens 9.1.10 da

NBR 14039 e 10.3.7 da NR 10;

Comentário: geralmente o unifilar fica atrás da porta principal, armazenado

em suporte próprio.

Page 81: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

78

ix. Idem item viii;

x. Instalar extintores e iluminação de emergência com autonomia mínima

de 2 horas, conforme itens 10.9.1 da NR 10 e item 9.2.1.3 da NBR

14039;

Comentário: A figura 34 mostra um exemplo de luminária de emergência

utilizada em grandes empresas (o fabricante garante 4 anos de vida útil da

bateria, 8 horas de autonomia das luzes acessas no caso de utilização das

lâmpadas de 22 W).

Figura 34 - Luminária de emergência modelo Aureolux da Aureon.

xi. Instalar placas de sinalização em português, sendo permitido o uso de

línguas estrangeiras em caráter adicional, conforme item 9.1.9 e 9.1.11

da NBR 14039.

Comentário: Existem diversos modelos e tipos para placa de sinalização;

sugere-se instalar placas de acordo com a NOR-TEC-01 (Fornecimento de

Energia Elétrica em Tensões Secundária e Primária 15 kV) da ESCELSA.

A figura 35 apresenta um exemplo.

Page 82: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

79

Figura 35 - Placa de Sinalização.

Fonte: NOR-TEC-01

Notas: 1 – Os dizeres da placa: PERIGO ALTA TENSÃO e o símbolo

representativo de descarga elétrica serão em cor vermelha.

2 – A placa será branca e o símbolo de “caveira”, será em cor preta.

3 – Material chapa n° 18 (1,27mm).

4 – As cotas são em milímetros.

xii. Certificar o perfeito isolamento da caixa coletora de óleo, garantindo a

impermeabilidade da alvenaria em que ela foi construída, evitando

possível acidente ambiental, de acordo com o item 9.1.12 da NBR

14039;

Comentário: Quando existir mais de um transformador, que é o caso da

subestação do CT, sugere-se que a caixa tenha capacidade de armazenar

25% a mais [4] do que a quantidade de óleo do maior transformador. Em

geral um transformador de 500 kVA possui de 700 a 800 litros de óleo,

Page 83: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

80

podendo variar de acordo com o fabricante. A figura 36 apresenta um

modelo esquemático.

Figura 36 - Caixa Coletora de Óleo.

Fonte: NOR-TEC-01

Notas: 1 - Fundo da caixa de pedra britada ou concreto impermeável caso haja

infiltração.

2 – Sugere-se a construção de um sifão (corta chama) no tubo que liga a

área do transformador à caixa.

xiii. Instalar tela metálica sustentada com mourões e com portão e cadeado

ao redor da subestação.

Para finalizar, sugere-se a instalação de trilhos ao longo da subestação até o

portão de acesso, para facilitar uma possível remoção dos transformadores.

6.4 Custo

O quadro 14 apresenta uma estimativa do custo previsto para solucionar os

problemas dos tópicos abordados no item 6.3 deste trabalho. Os custos apresentados

baseiam-se em pesquisas de preço no mercado da Grande Vitória e em Quadros de

Page 84: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

81

Quantitativos e Preços (QQP) de contratos com empresas de construção civil e elétrica

também da Grande Vitória.

Item Descrição Unidade Quantidade Preço (R$)

i Fornecimento de cadeado Papaiz 50mm. Peça 2 51,92

ii

Fornecimento e montagem de porta corta fogo, constituída de chapas duplas e alma de amianto, com duas folhas e dispositivo para fechamento a

cadeado, com dimensões (200x210) cm construída de acordo com a EB-132 da ABNT.

Peça 1 1.311,25

iii

Quadro em chapa para 40 disjuntores com chave geral e barramento, com porta e contraporta,

inclusive montagem e fornecimento dos disjuntores.

Peça 1 2.244,20

iv Ver item xiv - - - v Ver item xiv - - - vi Ver item xv - - - vii Ver item xv - - - viii Projeto de instalações elétricas. Verba 1 1.507,10 ix Ver item viii - - -

x Fornecimento e instalação de conjunto,

extintores mais luminária de emergência, com autonomia mínima de 2 horas.

Peça 2 1.295,75

xi Placa de advertência com a inscrição "Perigo -

Alta Tensão". Peça 3 150,00

xii

Reparo da caixa coletora de óleo com fornecimento, preparo e aplicação de concreto Fck=30 Mpa - (5% de perdas já incluído) mais

aplicação de manta impermeável.

Verba 1 371,79

xiii

Fornecimento e instalação de alambrado em tela de arame com mourões de concreto armado

#2x2”, mais portão estruturado em tubo de ferro galvanizado ø 2", fechamento em tela

galvanizada n° 12, malha 2", revestida com PVC.

Verba 1 4.363,01

xiv Retirada de entulho em caçamba estacionária,

capacidade de 5,00 m³, inclusive carga. Verba 1 195,43

xv Miscelâneas e serviços de mão de obra em geral,

não contemplados anteriormente (retirada dos quadros e porta antiga).

Verba 1 300,00

TOTAL 11.790,45 Quadro 14 - Custo.

Page 85: Aplicacao de NR-10- 97 Folhas

82

6.5 Documentação Sugerida

Para enriquecimento deste trabalho, os apêndices A, B, C e D apresentam

sugestões de procedimentos para execução de qualquer tipo de tarefa, inclusive os

trabalhos em subestação. Esses documentos foram elaborados e construídos por

profissionais de segurança de grandes empresas, e são obrigatoriamente utilizados nas

mesmas.

Tem-se como objetivo conhecer os perigos de uma determinada tarefa e os

meios de eliminar, minimizar ou controlar os riscos. Conscientizar os empregados da

importância de se conhecer os perigos e os meios de eliminar, minimizar ou controlar

os riscos antes da realização das tarefas.

Sugere-se a qualquer empresa que tenha em seu escopo de trabalho, serviços

com eletricidade, uma elaboração de um procedimento assim como os dos apêndices,

com o objetivo de minimizar e conhecer os riscos inerentes às suas atividades, e

conseqüentemente redução nos acidentes de trabalho.

6.6 Conclusão do Estudo de Caso

Sugere-se execução imediata dos itens apresentados neste capítulo, com o

objetivo de solucionar os problemas abordados. É necessário que seja feito(a):

• Troca dos quadros de baixa tensão;

• O unifilar das instalações;

• Uma elaboração de um prontuário das instalações;

• Verificação e condição da malha de terra;

• Verificação do funcionamento dos ventiladores de exaustão.

Com todos estes itens implementados pode-se partir para a execução final dos

trabalhos na SE.

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83

7 CONCLUSÃO

Este trabalho visou principalmente a um estudo de segurança em serviços com

eletricidade. No entanto teve uma abordagem voltada a serviços em subestações

prediais.

Tem-se no início dos estudos, uma pesquisa sobre a história do MTE,

ressaltando os fatos acontecidos, e desde quando o Brasil começou a se preocupar com

a segurança do trabalho.

Foram destacados também os conceitos de trabalhador habilitado, qualificado

e capacitado a desenvolver algum tipo de tarefa. No capítulo 4, pode-se observar o

impacto que os empresários, em geral, sofreram com a necessária e obrigatória

implementação da NR 10. Ainda no capítulo 4, foram mostrados os tipos e as

conseqüências de um choque elétrico no ser humano, e as estatísticas de acidentes no

país. Têm-se uma grande preocupação visto que em 2007 houve praticamente um

acidente fatal por dia no setor elétrico.

Foi feita uma apresentação sobre conceitos e tipos de EPI e EPC, destacando

as obrigações do empregador e do empregado. No capítulo 5, destacaram-se os itens

de segurança da NR 10 com serviços em subestações, como procedimentos adotados

em sistemas energizados ou não.

Para finalizar, foi apresentada uma estimativa de custo para uma possível

adequação às normas de segurança da subestação elétrica do Centro Tecnológico da

Universidade Federal do Espírito Santo.

Fica como sugestão para futuros trabalhos o desenvolvimento de uma pesquisa

envolvendo a NR 10 em área classificadas, ou seja, uma elaboração de um manual ou

procedimento prático de instalações elétricas em atmosfera explosiva.

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APÊNDICE A

Quadro 15 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa.

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85

Quadro 16 – PRO da Análise Preliminar de Tarefa (Continuação).

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APÊNDICE B

Quadro 17 - Análise Preliminar de Tarefa.

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APÊNDICE C

Quadro 18 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais

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88

Quadro 19 - PRO da Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação).

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89

APÊNDICE D

Quadro 20 - Permissão para Trabalhos Especiais.

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Quadro 21 - Permissão para Trabalhos Especiais (Continuação).

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APÊNDICE E

Quadro 22 - Classificação das Instalações Consumidoras.

Fonte: NOR-TEC-01

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] NR 10, 2004. Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

[2] ABNT-NBR 14039, 2003. Instalações Elétricas de Alta Tensão.

[3] ABNT-NBR 5410, 2004. Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

[4] MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed. LTC.

[5] Cronologia da Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho no Brasil.

Disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_Legisla%C3%A7%C3%A3o_de_Segu

ran%C3%A7a_e_Sa%C3%BAde_no_Trabalho_no_Brasil

[Capturado em setembro de 2008]

[6] Ministério do Trabalho e Emprego.

Disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_do_Trabalho_e_Emprego

[Capturado em setembro de 2008]

[7] A História do MTE.

Disponível em http://www.mte.gov.br/institucional/historia.asp

[Capturado em setembro de 2008]

[8] Entrevista sobre NR 10 com Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.

Disponível em

http://www.man-it.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=141

[Capturado em setembro de 2008]

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93

[9] Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.

[10] História da NR 10.

Disponível em http://www.diagnerg.com.br/?kurole=nr10

[Capturado em setembro de 2008]

[11] Subestação.

Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Subesta%C3%A7%C3%A3o

[Capturado em setembro de 2008]

[12] História NBR 14039

Disponível em

http://www.nbr14039.eng.br/nbr14039/html/historico_norma_mt.htm

[Capturado em setembro de 2008]

[13] Choque Cultural.

Disponível em

http://www.editoravalete.com.br/site_alcoolbras/edicoes/ed_114/mc_1.html

[Capturado em setembro de 2008]

[14] EPI - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Disponível em http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm

[Capturado em setembro de 2008]

[15] Eletricidade Mata – Choque Elétrico

Disponível em http://www.ricardomattos.com/eletro2.html

[Capturado em setembro de 2008]

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[16] Universidade Federal do Espírito Santo

Disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_do_Esp%C3%ADrito_Santo

[Capturado em dezembro de 2008]

[17] NOR-TEC-01, 2007. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensões Secundária e

Primária 15 kV. ESCELSA.