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Aperfeiçoamentos do mercado de geração hídrica no Brasil Alexandre Viana, Energy Trading Director Workshop DEINFRA - FIESP São Paulo, 20 março 2019

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Page 1: Aperfeiçoamentos do mercado de geração hídrica no Brasil · Os aspectos regulatórios não serão abordados nesta apresentação. 4 Aspectos regulatórios . 8 A hidrologia está

Aperfeiçoamentos do mercado de geração hídrica no Brasil

Alexandre Viana, Energy Trading Director

Workshop DEINFRA - FIESP

São Paulo, 20 março 2019

Page 2: Aperfeiçoamentos do mercado de geração hídrica no Brasil · Os aspectos regulatórios não serão abordados nesta apresentação. 4 Aspectos regulatórios . 8 A hidrologia está

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Objetivo

Fonte: SPIC Brasil

Discutir a questão estrutural do risco hidrológico (GSF – Generation Scaling

Factor) e como construir um mercado sustentável e com racionalidade

econômica no longo prazo.

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Estrutura da discussão

Fonte: SPIC Brasil

Histórico do GSF

Problemática

O futuro se mantivermos o atual desenho

Soluções e implicações de longo prazo

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Timeline do MRE – GSF

Fonte: SPIC Brasil

1980s-1994

1995-1998

1999-2002

2003-2013

2014 -2018

2019 …

Tradição do país em

cooperação das usinas

hidráulicas. GCOI e GCPS

(Eletrobrás) e participação

das estatais federais e

estaduais.

Projeto RE-SEB, executado pela

Coopers & Lybrand, estabelece

as bases para o mercado

brasileiro, inclusive a

formalização do conceito do

MRE e GSF.

Transição para o modelo

de mercado coincide com

crise hídrica e

racionamento de energia

entre 2001-2002

MRE-GSF funciona

relativamente bem em um

contexto hidrológico com

flutuações, inclusive em um

modelo de mercado híbrido

(ACR-ACL) após 2004.

Forte degradação da

performance do MRE-GSF com

elevadas exposições financeiras.

Isto resulta em judicializações e

um ambiente ruim de negócios.

Discussões para resolver o

passivo e eventualmente as

questões estruturais.

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Performance histórica do GSF

Fonte: CCEE, Viana (2017)

86% 89%

93% 96%

102% 101% 105% 103%

108% 109% 113%

108%

99%

91% 85% 87%

80% 82% 82%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%2001

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19*

* Previsão

Fator Ajuste do MRE (GSF), 2001-19

Observa-se a partir de

2014 uma redução

significativa da

performance do GSF.

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A volatilidade intra-anual do GSF também é relevante

Fonte: CCEE

Performance do GSF Flat, 2015-2018

40.0%

50.0%

60.0%

70.0%

80.0%

90.0%

100.0%

110.0%

Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec

2018

2017

2015

2016

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Existem ao menos quatro razões para a degradação do GSF...

Fonte: SPIC Brasil

1 Hidrologia

2 Menor crescimento da carga

3 Maior “competição” para atender a carga

Não exaustivo, pois dada complexidade do setor elétrico é possível

se elencar outras razões interligadas a esses três pontos principais.

Os aspectos regulatórios não serão abordados nesta apresentação.

4 Aspectos regulatórios

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A hidrologia está pior que a Média de Longo Termo (MLT) nos últimos 4 anos

Fonte: CCEE

90%

163%

40%

75%

95%

117%

47% 46%

80%

103%

32%

76%

90% 87%

50%

94%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

160%

180%

SE S NE N

2015

2016

2017

2018

MLT por submercado, 2015-2018

Apenas o submercado Sul

apresentou números

superiores a média entre

2015-17.

Mesmo aqueles que defendam

que o recorte é pequeno, e a

situação poderá melhorar, não

se deve menosprezar o efeito

caixa em situações de stress.

Desenhos de mercado rígidos

tendem a amplificar crises de

oferta.

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A crise econômica estagnou o crescimento da carga entre 2015-2017

Fonte: ONS

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

2001 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Carga do SIN em GWmédio, 2001-18

37.7

64.6 64.6 65.6 66.6

O arcabouço regulatório foi

projetado para um mercado

crescente.

A estagnação do consumo

pressionou o caixa das

distribuidoras e também

impactou GSF.

Um maior parque gerador

passou a atender um mesmo

nível de consumo.

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Menor proporção da Capacidade Instalada hidro no sistema, gerando maior “competição” para fonte

Fonte: ONS

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2006 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Nuclear

Térmica

Solar

Eólica

Hidro

Capacidade Instalada em % por tecnologia, 2006-18 Hidráulicas representavam 84.14% da

Cap. Instalada em 2006, enquanto em

2018 o número é 67%.

Outras tecnologias com CVU igual a R$

0.00 passam a “competir” no mercado,

especialmente eólica, solar PV e

biomassa.

O termo competir é usado de forma

proposital, pois na verdade não há uma

formação de preço por oferta, mas sim um

arranjo regulatório que divide o

atendimento do consumo.

Todavia, mesmo que as outras

tecnologias com custo R$ 0.00 não

entrassem, o GSF ainda tenderia a ser

baixo e o PLD ainda mais alto, com maior

despacho térmico. Não há antagonismo

das fontes.

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Maior relação Capacidade instalada versus carga, gerando maior “competição”

Fonte: ONS

0

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

160,000

180,000

2006 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Consumo Cap. Instalada (MW)

Observa-se proporcionalmente um

maior parque gerador para

atendimento do consumo.

Explicações para isto:

Menor fator de capacidade das

usinas.

Arcabouço regulatório esperando

um mercado crescente.

Consequências:

Maiores custos, pois o consumo

necessita proporcionalmente

remunerar uma maior capacidade

instalada.

Tendência estrutural de GSF

menor.

66.6

161.7

93.7

47.5

Capacidade Instalada (GW) e Consumo (GWm), 2006-18

1.97x

2.42x

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O futuro no atual paradigma resulta em um sistema com maior volatilidade do GSF

Fonte: SPIC Brasil

60%

70%

80%

90%

100%

110%

120%

Ja

n-2

0

Dec-2

0

Nov-2

1

Oct-

22

Sep

-23

Aug

-24

Ju

l-2

5

Ju

n-2

6

Ma

y-2

7

Apr-

28

Ma

r-29

Fe

b-3

0

Ja

n-3

1

Dec-3

1

Nov-3

2

Oct-

33

Sep

-34

Aug

-35

Ju

l-3

6

Ju

n-3

7

Ma

y-3

8

Apr-

39

Ma

r-40

Fe

b-4

1

Ja

n-4

2

Dec-4

2

No

v-4

3

Oct-

44

Sep

-45

Previsão estrutural do GSF flat, 2020 - 2045 Principais premissas:

A hidrologia com padrão verificado

nos últimos quatro anos, em especial

para o Nordeste e o Sudeste/Centro-

Oeste.

PIB com crescimento de 3% ao ano.

Despacho for a mérito nos meses

críticos do ano (julho-setembro)

Petróleo tipo Brent a US$ 80/barril

Garantia Física em 2045: Hidro

52%; Eólica 20%; Gás 17%; Solar

PV 8%; Outras fontes 3%.

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A solução do problema passa por um conjunto de medidas...

Fonte: SPIC Brasil

1 Parque gerador térmico com custo mais

baixo

2 Arcabouço que permita a gestão de

risco individual

3 Remunerar adequadamente o parque

hídrico pelos serviços prestados ao SIN

Criar um novo desenho de

mercado que acomode melhor

choques de oferta e demanda:

evoluir na discussão e

implementação da CP 33

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A curva de oferta térmica não é “smooth” o que amplifica estruturalmente a volatilidade e o preço da exposição quando GSF é baixo

Fonte: ONS ( PMO março/2019)

0100200300400500600700800900

1.0001.1001.2001.3001.4001.5001.6001.7001.800

0 3.000 6.000 9.000 12.000 15.000 18.000

CV

U (R

$/M

Wh

)

Disponibilidade (MWmed)

PMO fev/19 PMO mar/19

Curva de oferta térmica, PMO março/2019

A curva de oferta térmica é “agressiva”

em seu formato, com preços elevados.

Isto aumenta a volatilidade do PLD,

pois qualquer variação da hidrologia

leva a preços bem mais altos.

Em geral o GSF é baixo em momentos

que o preço é alto, amplificando o

problema.

Estudo realizado na USP em 2017

aponta que para um PLD com cap

econômico natural entre R$ 170/MWh

– R$ 200/MWh seria necessário

contratar 7.2 GW de térmicas com

CVU neste patamar.

Inflexibilidade

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Preço por oferta, serviços ancilares com valores adequados e mercado de capacidade serão pontos necessários para o futuro

Fonte: SPIC Brasil

Preço por oferta

Os agentes geradores deveriam

poder submeter lances para

definirem os seus preços, e

gerenciarem o risco de exposição.

Implementar o preço por oferta é um

trabalho de longo prazo, que envolve

discutir poder de mercado. Estima-se

que após decidido seria um processo

de 4-5 anos.

Serviços ancilares

Acompanhar a carga, fornecer

reativos e prover estabilidade ao grid

são serviços prestados por usinas

hidroelétricas que deverão ser

remunerados no futuro.

Mercado de

capacidade

Mercado de capacidade será

necessário no futuro para viabilizar

novos projetos em um contexto de

preços do mercado de energia

insuficiente (“missing money”) ou de

não financiabilidade ( “missing

funding”).

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Considerações Finais

Fonte: SPIC Brasil

O Brasil possuí uma longa tradição em cooperação e coordenação de usinas hidráulicas.

Os fundamentos do atual desenho do MRE-GSF foram consolidados no modelo RE-SEB.

O GSF teve uma performance relativamente boa até 2013, e após 2014 houve uma forte

degradação resultando em disputas judiciais que até o momento atrapalham o bom

funcionamento do mercado de curto prazo.

Existem ao menos quatro motivos que justificam a degradação do GSF

Hidrologia

Menor crescimento da carga

Maior “competição” para atender a carga

Aspectos regulatórios/desenho de mercado

A solução estrutural de longo prazo engloba ao menos três pontos:

Parque gerador térmico com custo mais baixo

Arcabouço que permita a gestão de risco individual

Remunerar adequadamente o parque hídrico

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O conteúdo desta apresentação é apenas para fomentar discussões setoriais e não representa um posicionalmente formal e oficial da SPIC Brasil. Não se deve

atribuir a SPIC Brasil nenhuma responsabilidade por decisões empresariais ou regulatórias a partir do conteúdo deste trabalho.

DISCLAIMER

Contato:

Alexandre Viana

Energy Trading Director

[email protected]

+55 11 94296-1146