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ACR 10109 SE M1160 APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10109 SE (0000692-11.2012.4.05.8501) APTE : ADAUTO VIEIRA ARAGÃO ADV/PROC : SERGIO ALEXANDRE GUIMARAES MACIEL APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ORIGEM : VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) - SE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma RELATÓRIO O JUIZ FRANCISCO CAVACANTI (Relator): O MINISTéRIO PúBLICO FEDERAL MPF ofereceu denúncia contra em desfavor de ADAUTO VIEIRA ARAGãO, pela suposta prática criminosa descrita no art. 171, §3º do Código Penal. Segundo a peça acusatória, o acusado, na qualidade de Presidente da Associação Progresso dos Produtores do Assentamento Jacaré/Curituba, teria fraudado o programa da CONAB para fins de recebimento dos recursos financeiros. A denúncia foi recebida em 14.04.2012 (fls. 07 v e 08). Termo de audiência de interrogatório do réu às fls. 95/98 e devolução da carta precatória para oitiva das testemunhas de acusação às fls. 117/120. Alegações finais do MPF pela condenação do acusado. A defesa pugna pela inexistência de crime diante da ausência de prejuízo, inaplicabilidade da qualificadora descrita no §3º do art. 171 frente à CONAB e aplicação do instituto do arrependimento posterior. Defesa preliminar do réu às fls. 71, acompanhada dos documentos de fls. 72 e 73. A Sentença julgou procedente a pretensão punitiva estatal para condenar ADAUTO VIEIRA ARAGãO à pena de 01 (um) ano e 04 meses de reclusão e ao pagamento de 10 dias-multa, sob o valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato, substituída por duas restritivas de direitos, pela prática do delito previsto no art. 171 §3º do CP. ADAUTO VIEIRA ARAGãO interpôs apelação (fls. 172/8), alegando a descaracterização do crime de estelionato por ausência de prejuízo, bem como a não incidência da qualificadora prevista no § 3º do art. 171 do CP, em razão de não ser a CONAB entidade de direito público, requerendo também a plicação do arrependimento posterior. O MPF apresentou contrarrazões às fls. 181/186. Em parecer (fls. 206/209), a Procuradoria Regional da República 5ª Região opinou pelo improvimento do recurso. PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI 1

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ACR 10109 SEM1160

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10109 SE (0000692-11.2012.4.05.8501)APTE : ADAUTO VIEIRA ARAGÃOADV/PROC : SERGIO ALEXANDRE GUIMARAES MACIELAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALORIGEM : 6ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/EXECUçõES PENAIS) - SERELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

RELATÓRIO

O JUIZ FRANCISCO CAVACANTI (Relator): O MINISTéRIO PúBLICO

FEDERAL – MPF ofereceu denúncia contra em desfavor de ADAUTO VIEIRA ARAGãO, pelasuposta prática criminosa descrita no art. 171, §3º do Código Penal.

Segundo a peça acusatória, o acusado, na qualidade de Presidente daAssociação Progresso dos Produtores do Assentamento Jacaré/Curituba, teria fraudadoo programa da CONAB para fins de recebimento dos recursos financeiros.

A denúncia foi recebida em 14.04.2012 (fls. 07 v e 08).

Termo de audiência de interrogatório do réu às fls. 95/98 e devolução dacarta precatória para oitiva das testemunhas de acusação às fls. 117/120.

Alegações finais do MPF pela condenação do acusado. A defesa pugnapela inexistência de crime diante da ausência de prejuízo, inaplicabilidade daqualificadora descrita no §3º do art. 171 frente à CONAB e aplicação do instituto doarrependimento posterior.

Defesa preliminar do réu às fls. 71, acompanhada dos documentos de fls.72 e 73.

A Sentença julgou procedente a pretensão punitiva estatal para condenarADAUTO VIEIRA ARAGãO à pena de 01 (um) ano e 04 meses de reclusão e ao pagamento de10 dias-multa, sob o valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato, substituídapor duas restritivas de direitos, pela prática do delito previsto no art. 171 §3º do CP.

ADAUTO VIEIRA ARAGãO interpôs apelação (fls. 172/8), alegando adescaracterização do crime de estelionato por ausência de prejuízo, bem como a nãoincidência da qualificadora prevista no § 3º do art. 171 do CP, em razão de não ser aCONAB entidade de direito público, requerendo também a plicação do arrependimentoposterior.

O MPF apresentou contrarrazões às fls. 181/186.

Em parecer (fls. 206/209), a Procuradoria Regional da República 5ªRegião opinou pelo improvimento do recurso.

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É o relatório.

Ao eminente revisor.

JUIZ FRANCISCO CAVALCANTIRelator

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APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10109 SE (0000692-11.2012.4.05.8501)APTE : ADAUTO VIEIRA ARAGÃOADV/PROC : SERGIO ALEXANDRE GUIMARAES MACIELAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALORIGEM : 6ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/EXECUçõES PENAIS) - SERELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATOMAJORADO (ART. 171, § 3º DO CP). CONAB. PROGRAMANACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURAFAMILIAR - PRONAF. APROPRIAÇÃO DE VALORESREFERENTES A CÉDULA DE PRODUTO RURAL. CONDUTATÍPICA.. MAJORANTE. INCIDÊNCIA. INSTITUTO DEECONOMIA POPULAR COM CARÁTER BENEFICENTEARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16 DO CP). NÃOCONFIGURAÇÃO. APELAÇÃO IMPROVIDA.1. Apelação interposta contra sentença que julgou procedente apretensão punitiva estatal para condenar o réu à pena de 01 (um) ano e04 (quatro) meses de reclusão e ao pagamento de 10 (dez) dias-multa,sob o valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato,substituída por duas restritivas de direitos, pela prática do delitoprevisto no art. 171 §3º do CP. Segundo a narrativa do ParquetFederal, o acusado, na qualidade de Presidente da AssociaçãoProgresso dos Produtores do Assentamento Jacaré / Curituba / PoçoRedondo – SE, teria fraudado o Programa Nacional de Fortalecimentoda Agricultura Familiar – PRONAF, obtendo vantagem ilícita (valoresreferentes à Cédula de Produto Rural n. SE/2008/02/0232, celebradoem 21/11/2008) em detrimento da CONAB, tendo-se verificado asdiversas irregularidades através de oitivas e supervisões in loco portécnicos da referida empresa pública.2. O fato de o réu ter devolvido parcialmente os valores apropriadosquatro anos após sua percepção em nada interfere no juízo desubsunção dos fatos à norma penal, pois que o crime de estelionato seconsuma quando há apropriação da vantagem ilícita, de modocontrário ao direito e em prejuízo alheio (no caso, em detrimento daCONAB).3. Tampouco merece guarida a tese apresentada pela defesa de que nãoincide a qualificadora prevista no §3º do art. 171 do CP, porquanto aCONAB, empresa pública, seria pessoa jurídica de direito privado.Ora, o parágrafo terceiro do art. 171 do CP define o aumento de penanão apenas quando a conduta é praticada contra entidade de direitopúblico, mas também contra instituto de economia popular, assistência

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social ou beneficência. Ora, esse é precisamente o caráter da CONAB,como define o art. 19º da Lei 8.029/90.4. Apesar de efetuada a devolução do saldo acrescido dos encargos,não restou comprovada a correta aplicação da quantia restante de R$4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais), sacados, tampouco a suadevolução com os acréscimos legais. Como é pacífico najurisprudência, “a aplicação do art. 16 do Código Penal exige acomprovação da integral reparação do dano ou a restituição da coisaaté o recebimento da denúncia, devendo o ato ser voluntário” (HC200902062662, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJEDATA:02/12/2011).5. Precedentes desta Corte, em circunstâncias fáticas idênticas: ACR9950 Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima SegundaTurma DJE - Data::22/08/2013, ACR 9254 - Desembargador FederalFrancisco Barros Dias Data:04/10/2012.6. Apelação improvida.

VOTO

O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI (Relator): Como ensaiado norelatório, cuida-se de apelação interposta contra sentença que julgou procedente apretensão punitiva estatal para condenar ADAUTO VIEIRA ARAGãO à pena de 01 (um) ano e04 meses de reclusão e ao pagamento de 10 dias-multa, sob o valor de 1/30 do saláriomínimo vigente à época do fato, substituída por duas restritivas de direitos, pela práticado delito previsto no art. 171 §3º do CP.

Segundo a narrativa do Parquet Federal, o acusado, na qualidade dePresidente da Associação Progresso dos Produtores do Assentamento Jacaré / Curituba /Poço Redondo – SE, teria fraudado o Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar – PRONAF, obtendo vantagem ilícita (valores referentes à Cédulade Produto Rural n. SE/2008/02/0232, celebrado em 21/11/2008) em detrimento daCompanhia Nacional de Abastecimento (CONAB), tendo-se verificado as diversasirregularidades através de oitivas e supervisões in loco por técnicos da referida empresapública.

Em suas razões recursais, o apelante alegou, em esforçada síntese: (a) quea conduta praticada pelo réu é formalmente atípica, por ausência de prejuízo à CONAB,porquanto a verba fora integralmente devolvida (fls. 72/73); (b) a não incidência damajorante do parágrafo terceiro do art. 171 do CP, porque a CONAB não é pessoajurídica de direito público; (c) a aplicação da causa de diminuição de pena em função doarrependimento posterior (art. 16 do CP).

Ab initio, conheço dos recursos, porque estão presentes seuspressupostos de admissibilidade intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse e ausência

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de fato extintivo e impeditivo do direito de recorrer) e extrínsecos (tempestividade eregularidade formal).

Passo à análise dos argumentos apresentados pelo réu.

Para melhor deslinde da questão, transcrevo o tipo penal imputado:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualqueroutro meio fraudulento:(...)§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento deentidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência socialou beneficência.

Com efeito, não merece prosperar a alegação de atipicidade da condutapela suposta falta de prejuízo ao erário, pois o fato de o réu ter devolvido parcialmenteos valores relativos à Cédula de Produto Rural n. SE/2008/02/0232, celebrado em21/11/2008, com a devida correção monetária, não importa num juízo de inadequaçãodo fato à norma penal. O Código Penal, tratando da consumação dos crimes penais,dispõe:

Art. 14 - Diz-se o crimeI - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.

Ora, não há vantagem ilícita senão aquela que decorre de prejuízo alheio.De fato, a consumação do crime de estelionato se dá quando há apropriação dessavantagem, de modo contrário ao direito (no caso, a transferência das verbas à associaçãodirigida pelo réu Adauto Vieira) - da qual decorre, logicamente, o prejuízo ao patrimônioda CONAB. Tratando a respeito, assim ensina Cezar Roberto Bitencourt:

Consuma-se o estelionato, em sua forma fundamental, no memento e no lugar emque o agente obtém o proveito a que corresponde o prejuízo alheio. Na verdade, éindispensável que a vantagem obtida, além de indevida, decorra do erro produzidopelo agente, isto é, que aquela seja consequência deste1.

A jurisprudência do Col. Superior Tribunal de Justiça, simili modo,admite à unanimidade que a consumação do crime de Estelionato se dá no momento daobtenção da vantagem ilícita, a exemplo do que ocorre nos crimes contra a previdência.In verbis (destaques acrescidos):

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. ESTELIONATO QUALIFICADO,RECEPTAÇÃO, FORMAÇÃO DE QUADRILHA, FALSIFICAÇÃO DEDOCUMENTO. USO DE DOCUMENTO FALSO. FALSIDADE IDEOLÓGICA ECRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. COMPETÊNCIA FIRMADAPELO DELITO CUJA PENA SEJA MAIS GRAVE. ESTELIONATOQUALIFICADO. CONSUMAÇÃO NO MOMENTO E LUGAR DA OBTENÇÃODA VANTAGEM ILÍCITA. CONEXÃO. CONCURSO DE JURISDIÇÕES.CRIMES DA MESMA ESPÉCIE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO LOCAL

1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 786.�

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ONDE OCORREU O MAIOR NÚMERO DE INFRAÇÕES. ART. 78, II, B, DOCPP. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.1. Estando as provas entrelaçadas e tendo sido praticado por várias pessoas, emboraem local e tempo diverso, deve-se reconhecer a existência de conexão, por seenquadrar a situação fática em alguma das hipóteses previstas no art. 76 do Códigode Processo Penal. 2. A pretensão delimita a competência jurisdicional e orecebimento da peça acusatória evidencia a justa causa para o procedimentocriminal, nos termos aspirados pelo órgão acusador. 3. O crime de estelionatoconsuma-se no momento e lugar em que o agente obtém a vantagem indevida.4. A configuração da continuidade delitiva exige o implemento dos requisitos dapluralidade de delitos da mesma espécie e o nexo entre as condutas, mediante averificação das circunstâncias em razão de tempo, lugar e modo de execução, o queé aferível mediante prévio processamento e instrução do feito. 5. O reconhecimentoda continuidade delitiva nesta instância, para efeito de fixar a competênciajurisdicional, constituiria precipitação, tendo em vista que o ordenamento jurídicooferece meios eficazes de fixação da competência jurisdicional quando crimesconexos são praticados em mais de uma circunscrição (art. 78, II, CPP). 6. Conflitoconhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 2ª Vara Criminal daSeção Judiciária do Estado de São Paulo, ora suscitado.(CC 200901845858, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO,DJE DATA:07/05/2010 ..DTPB:.)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ESTELIONATOPREVIDENCIÁRIO. CONSUMAÇÃO. EFETIVA OBTENÇÃO DAVANTAGEM INDEVIDA (APOSENTADORIA). TRANSFERÊNCIAPOSTERIOR DO LOCAL DE RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO.IRRELEVÂNCIA PARA FINS DE COMPETÊNCIA. ART. 70 DO CPP.1. O crime de estelionato previdenciário se consuma com o efetivo recebimentoda vantagem indevida, no caso, com o início do pagamento da aposentadoria,que se deu na cidade do Rio de Janeiro/RJ. 2. Assim, embora o local derecebimento do benefício previdenciário tenha sido posteriormente transferido paraa cidade de Brasília/DF, a competência já havia sido fixada pelo lugar em que seconsumou a infração, a teor do que dispõe o art. 70 do CPP. 3. Conflito conhecidopara reconhecer a competência do Juízo Federal da 1ª Vara Criminal da SeçãoJudiciária do Rio de Janeiro/RJ, o suscitado.(CC 201202148494, MARCO AURÉLIO BELLIZZE, STJ - TERCEIRA SEÇÃO,DJE DATA:19/03/2013)

Portanto, a posterior devolução dos valores (completos ou não) realizadaem 17/02/2012 (fl. 72) não conduz à atipicidade da conduta, visto que o crime já restavaconsumado à época, apenas sendo admissível como causa de diminuição de pena do art.16 do CP (arrependimento posterior) ou como atenuante genérica (art. 65, II, b do CP).

Tampouco merece guarida a tese apresentada pela defesa de que nãoincide a qualificadora prevista no §3º do art. 171 do CP, porquanto a CONAB, empresapública, seria pessoa jurídica de direito privado. Como ensina José dos Santos CarvalhoFilho,

Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes daAdministração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquerforma jurídica adequada a sua natureza, para que o Governo exerça atividades

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gerais de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviçospúblicos.2

Todavia, o parágrafo terceiro do art. 171 do CP define o aumento depena não apenas quando a conduta é praticada contra entidade de direito público, mastambém contra instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Ora,esse é precisamente o caráter da CONAB, como define o art. 19º da Lei 8.029/90:

Art. 19. É o Poder Executivo autorizado a promover:[...]Parágrafo único. Constituem-se em objetivos básicos da Companhia Nacional deAbastecimento: a) garantir ao pequeno e médio produtor os preços mínimos e armazenagem paraguarda e conservação de seus produtos;b) suprir carências alimentares em áreas desassistidas ou não suficientementeatendidas pela iniciativa privada;c) fomentar o consumo dos produtos básicos e necessários à dieta alimentar daspopulações carentes; d) formar estoques reguladores e estratégicos objetivando absorver excedentes ecorrigir desequilíbrios decorrentes de manobras especulativas; e) (Vetado).f) participar da formulação de política agrícola; eg) fomentar, através de intercâmbio com universidades, centros de pesquisas eorganismos internacionais, a formação e aperfeiçoamento de pessoal especializadoem atividades relativas ao setor de abastecimento.h) assistir, mediante a doação de alimentos disponíveis em seus estoques, àscomunidades e famílias atingidas por desastres naturais em Municípios em situaçãode emergência ou estado de calamidade pública reconhecidos pelo Poder Executivofederal, na forma do regulamento.

Fica patente, portanto, que apesar de ser pessoa jurídica de direitoprivado, a CONAB tem qualidade de instituto de economia popular e de caráterbeneficente – atraindo, portanto, a aplicação da referida majorante.

Ademais, em pesquisa à jurisprudência desta Corte, pude observar que hávários acórdãos nos quais se julgaram circunstâncias fáticas absolutamente semelhantes aesta, subsumindo-se as condutas perpetradas ao delito do art. 171, na forma daqualificadora do parágrafo terceiro. Transcrevo (com destaques).

PROCESSUAL PENAL. PENAL. PRELIMINARES DE VIOLAÇÃO AODEVIDO PROCESSO LEGAL, AS GARANTIAS DO CONTRADITÓRIO E DAAMPLA DEFESA AFASTADAS. CRIMES DE ESTELIONATO EFALSIDADE IDEOLOGICA EM DETRIMENTO DE ENTIDADE DEDIREITO PÚBLICO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.DOLO EVIDENCIADO. REDUÇÃO DA PENA-BASE PARA O MÍNIMOLEGAL. APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS.1. Trata-se de apelação criminal contra sentença que condenou dois dos acusadospela prática do crime tipificado no art. 171, parágrafo 3º do CP, em continuidadedelitiva, a pena de 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão e 10 (dez) dias-

2 CARVALHO FILHO, José dos Santo. Manual de Direito Administrativo. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2008, pg. 471

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multa, correspondendo o dia-multa a um trigésimo do salário mínimo vigente àépoca dos fatos, e um terceiro pela prática do crime de que trata o art. 299, do CP,também em continuidade delitiva as mesmas sanções, sendo as penas privativas deliberdade de cada acusado substituídas por duas restritivas de direito. [...] 4.Materialidade dos fatos reconhecida pela prática de irregularidades ocorridas naaplicação dos valores (bruto) - R$ 29.999,40 (vinte e nove mil novecentos e noventae nove reais e quarenta centavos) constantes da Cédula de Produto Rural nº2008/02/2007 repassados pela CONAB a instituição Associação José Ribamardirigida pelos primeiros acusados na execução do Programa de Aquisição deAlimentos de Agricultores Familiares consistente na doação de 11.538 l (onze milquinhentos e trinta e oito litros) de bebida láctea e 7.500 (sete mil e quinhentoslitros) de iogurte supostamente adquirida de agricultores familiares destinados aoatendimento a 1.300 pessoas cadastradas na Escola Presidente Dultra que sequerhavia recebido tais produtos, conquanto o seu diretor (terceiro acusado) à épocahouvesse firmado termos de recebimento dos gêneros alimentícios.. 5. [...] 6. Aautoria resta evidenciada através das mesmas provas e do depoimento dastestemunhas arroladas pela acusação, as quais afirmaram em Juízo não teremvendido seus produtos para os acusados, que apesar disso, tiveram seu nomeelencados como beneficiário do programa sem nunca terem participado do mesmo,além de não fazerem parte da Instituição dirigida pelos acusados 7. A EscolaPresidente Dultra segundo se apurou embora não tivesse recebido quaisquerdoações de gênero alimentícios da Associação Instituição José Ribamar que teriamsido comprados dos agricultores, figurava como beneficiária, pois havia falsostermos de recebimento dos produtos. 8. A devolução de parte (R$ 21.574,44 [vintee um mil reais, quinhentos e setenta e quatro mil e quarenta e quatro centavos-valor principal]), em 15/06/2011 dos valores líquidos - R$ 28.244,44 (vinte eoito mil, duzentos e quarenta e quatro reais e quarenta e quatro centavos)repassados à Instituição Associação José Ribamar dirigida pelos dois primeirosacusados, em 23/12/2008 através da conta nº. 154229, agência 0612, do Bancodo Brasil em nome desta instituição relativos a Cédula de Produto Rural-Doação-CPR-DOAÇÃO nº 2008/02/2007, não tem o condão de afastar aconduta delituosa tipificada no art. 171, do CP, qual seja, a fraude, a obtençãode vantagem indevida e a ocorrência de prejuízo à CONAB. Até porque, aindaque tenha sido devolvido à União, os valores já mencionados acrescido dosencargos no valor de 9.582,64 (nove mil quinhentos e oitenta e dois reais esessenta e quatro centavos), não restou comprovado a correta aplicação daquantia restante - R$ 6.670,00 (seis mil seiscentos e sessenta reais), nem tãopouco a sua devolução com os acréscimos legais à CONAB. 9. O dolo consistentena vontade livre e consciente dos dois primeiros acusados em induzir a erro aConab, pela inexecução do acordo celebrado com esta, com obtenção de vantagemilicita já que não comprovou aplicação correta dos recursos constantes da CPR emreferência. 10. Da mesma forma o delito de falsidade ideológica imputado a um dosacusados, restou caracterizado. O próprio acusado em seu depoimento na fase doinquérito policial admitiu assinar os termos de recebimento e de aceitabilidadeantes da entrega dos produtos. Além disso, confirmou que ocupara o cargo dediretor da Escola Municipal Presidente Dultra à época dos fatos, não podendo assimadmitir que uma pessoa responsável pela administração de uma escola, com nívelsuperior completo, assinasse os termos de recebimento de produtos antes de seremestes fornecidos à escola alegando desatenção. 11. Assim, autoria e materialidadedo delito restaram comprovadas pela confissão do acusado quanto a assinatura detais termos sem que os produtos fossem fornecidos, além das demais provascarreadas para os autos. O elemento dolo, igualmente restou configurado pelavontade livre e consciente de praticar o delito, não logrando o acusado infirmá-lo.12. Levando-se em conta que foram instaurados dois feitos (processo nº. 0000859-

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62.2011.4.05.8501, cuja data de recebimento da denúncia 10 de agosto de 2011 e oprocesso nº. 0000860-47.2011.4.05.8500, a peça acusatória fora recebida em 28 dejunho de 2011, adota-se como parâmetro para fins de prevenção, este último, semprejuízo da unificação das penas, quando advir a fase da execução da pena.Precedente: STJ, Sexta Turma, HC 12719, Relator: Min. Hamilton Carvalhido,julg. 13/02/2011, publ. DJE: 13/08/2011, pág. 278, decisão unânime). 13. Emrelação a dois dos acusados reduz-se à pena-base para o mínimo legal, fixando-aem 01 (um) ano de reclusão. [...](ACR 9254 - Desembargador Federal Francisco Barros Dias Data:04/10/2012)

PENAL. AÇÕES PRATICADAS EM DETRIMENTO DA CONAB. PROCESSOSUSPENSO QUANTO A UM DOS RÉUS (ACUSADO DE FALSIDADEIDEOLÓGICA). CONFIGURAÇÃO DO ILÍCITO QUANTO A OUTROS DOIS(UM DELES CONDENADO AINDA EM PRIMEIRO GRAU). AUSÊNCIA DEPROVAS RELATIVAMENTE AO QUARTO. APELO DA DEFESAIMPROVIDO. APELO MINISTERIAL PARCIALMENTE PROVIDO (PARACONDENAR UM DOS RÉUS ABSVOLVIDOS EM PRIMEIRA INSTÂNCIA). 1.Quatro agentes foram denunciados por ações praticadas em detrimento da CONAB:1) o presidente da Associação Camponesa de Poço Redondo/SE; 2) oresponsável técnico pela elaboração de projeto (levado a efeito pela referidaassociação) vinculado ao PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar); 3) o agente que entregara (ao responsável técnico)Declarações de Aptidão ao PRONAF (DAP's), documentos com os quais acontratação teria sido concluída; e 4) a presidente da Fundação Dom JoséBrandão de Castro, a qual teria assinado termo de recebimento eaceitabilidade de produtos alimentícios jamais repassados pela associaçãocamponesa; 2. O processo foi suspenso em relação à presidente da Fundação,porquanto, acusada de falsidade ideológica (CP, Art. 299), teve direito a sursisprocessual; a sentença, ao final, condenou o responsável técnico por estelionatoqualificado (2 anos de reclusão, mais multa) e absolveu os outros dois acusados;houve, então, recurso do réu condenado em primeiro grau e, também, do MPF(pretendendo a condenação dos outros dois); 3. São incontroversos: i) o negócio("compra da agricultura familiar com doação simultânea") entre a CONAB e aAssociação Camponesa de Poço Redondo/SE, consistente na aquisição de carnebovina, ovina e suína, até 30 de julho de 2009, através de recursos federais (R$65.406,00). Referida avença foi materializada através da emissão de Cédula deProduto Rural - CPR - SE - nº 2008/02/3006, datada de 24 de novembro de 2008. Aintenção da empresa pública era a de que os produtos fossem destinados à FundaçãoDom José Brandão de Castro, mas ii) não houve o recebimento das mercadorias,apesar das declarações passadas pela fundação em sentido contrário; 4. O apelo doresponsável técnico deve ser rejeitado. A prova dos autos é mais que robusta nosentido de que ele detinha toda a "tecnologia" necessária à obtenção dos recursos,pondo-a em prática. Demais disso, é insofismável a sua liderança em toda aoperação (apesar de não ser ele o presidente da associação camponesa beneficiadacom o "repasse"); 5. De seu lado, o apelo do MPF precisa ser parcialmenteprovido. Com efeito, a prova formulada nos autos é absolutamente suficientepara responsabilizar o presidente da associação também por estelionato (o quese diz não pelo fato neutro do ser presidente, vedada a responsabilizaçãoobjetiva em sede penal), mas, sobretudo, porque a narrativa que apresentou éinacreditável (ele não teria concordado com os produtos constantes daproposta, mas assinara a proposta forçadamente); sua pena, ausente qualquerrazão que motive a majoração para além do mínimo legal, resta fixada em 1 ano e04 meses de reclusão, mais 10 dias-multa, cada um deles dosado em 1/30 do saláriomínimo vigente à época dos fatos; 6[...]l; 8. Apelação da defesa improvida e

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apelação do MPF parcialmente provida, tudo nos termos do parecer exarado peladouta Procuradoria Regional da República.(ACR 9950 Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima SegundaTurma DJE - Data::22/08/2013)

No tocante à aplicação da causa de diminuição de pena do art. 16 do CP(arrependimento posterior), também não vislumbro possibilidade de aplicá-la. Comomuito bem asseverou o douto magistrado a quo,

Apesar de efetuada a devolução do saldo acrescido dos encargos (fls. 72/73), nãorestou comprovada a correta aplicação da quantia restante de R$ 4.400,00 (quatromil e quatrocentos reais), sacados, conforme documento de fls. 154 do IP, nem tãopouco a sua devolução com os acréscimos legais.

É pacífico na jurisprudência que a aplicação do art. 16 do Código Penalexige, até o recebimento da denúncia, a comprovação reparação integral do dano ou arestituição da coisa. Transcrevo (grifos meus):

HABEAS CORPUS. PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. PRETENDIDOAFASTAMENTO DA REINCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ APRECIADA POR ESTACORTE. REITERAÇÃO DE PEDIDO. TESE DE QUE NÃO RESTOUCARACTERIZADO O DELITO. REVOLVIMENTO DE PROVAS.IMPOSSIBILIDADE. PLEITO DE RECONHECIMENTO DOARREPENDIMENTO POSTERIOR. IMPROCEDÊNCIA. HABEAS CORPUSPARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO. 1. Noque diz respeito ao pedido de afastamento da agravante da reincidência, constata-seque a súplica constitui mera reiteração de pedido já apreciado por esta Corte. 2. Oexame da alegação de que não restou caracterizado o crime de apropriação indébitademanda, no caso, a reapreciação de matéria fático-probatória, incabível na estreitavia do habeas corpus. 3. A aplicação do art. 16 do Código Penal exige acomprovação da integral reparação do dano ou a restituição da coisa até orecebimento da denúncia, devendo o ato ser voluntário. Na espécie, osmencionados requisitos não foram preenchidos. Precedentes. 4. Habeas corpusparcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado. (HC 200902062662, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJEDATA:02/12/2011).

Improcedente, portanto, também esta alegação do réu.

Com essas considerações, nego provimento à apelação.

É como voto.

JUIZ FRANCISCO CAVALCANTIRelator

PODER JUDICIáRIO

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ACR 10109 SEM1160

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10109 SE (0000692-11.2012.4.05.8501)APTE : ADAUTO VIEIRA ARAGÃOADV/PROC : SERGIO ALEXANDRE GUIMARAES MACIELAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALORIGEM : 6ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/ EXECUçõESPENAIS) - SERELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATOMAJORADO (ART. 171, § 3º DO CP). CONAB. PROGRAMA NACIONALDE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR - PRONAF.APROPRIAÇÃO DE VALORES REFERENTES A CÉDULA DEPRODUTO RURAL. CONDUTA TÍPICA.. MAJORANTE. INCIDÊNCIA.INSTITUTO DE ECONOMIA POPULAR COM CARÁTERBENEFICENTE ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16 DO CP).NÃO CONFIGURAÇÃO. APELAÇÃO IMPROVIDA.1. Apelação interposta contra sentença que julgou procedente a pretensãopunitiva estatal para condenar o réu à pena de 01 (um) ano e 04 (quatro)meses de reclusão e ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, sob o valor de 1/30do salário mínimo vigente à época do fato, substituída por duas restritivas dedireitos, pela prática do delito previsto no art. 171 §3º do CP. Segundo anarrativa do Parquet Federal, o acusado, na qualidade de Presidente daAssociação Progresso dos Produtores do Assentamento Jacaré / Curituba /Poço Redondo – SE, teria fraudado o Programa Nacional de Fortalecimentoda Agricultura Familiar – PRONAF, obtendo vantagem ilícita (valoresreferentes à Cédula de Produto Rural n. SE/2008/02/0232, celebrado em21/11/2008) em detrimento da CONAB, tendo-se verificado as diversasirregularidades através de oitivas e supervisões in loco por técnicos da referidaempresa pública.2. O fato de o réu ter devolvido parcialmente os valores apropriados quatroanos após sua percepção em nada interfere no juízo de subsunção dos fatos ànorma penal, pois que o crime de estelionato se consuma quando háapropriação da vantagem ilícita, de modo contrário ao direito e em prejuízoalheio (no caso, em detrimento da CONAB).3. Tampouco merece guarida a tese apresentada pela defesa de que não incidea qualificadora prevista no §3º do art. 171 do CP, porquanto a CONAB,empresa pública, seria pessoa jurídica de direito privado. Ora, o parágrafoterceiro do art. 171 do CP define o aumento de pena não apenas quando aconduta é praticada contra entidade de direito público, mas também contrainstituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Ora, esse éprecisamente o caráter da CONAB, como define o art. 19º da Lei 8.029/90.4. Apesar de efetuada a devolução do saldo acrescido dos encargos, nãorestou comprovada a correta aplicação da quantia restante de R$ 4.400,00(quatro mil e quatrocentos reais), sacados, tampouco a sua devolução com os

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acréscimos legais. Como é pacífico na jurisprudência, “a aplicação do art. 16do Código Penal exige a comprovação da integral reparação do dano ou arestituição da coisa até o recebimento da denúncia, devendo o ato servoluntário” (HC 200902062662, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA,DJE DATA:02/12/2011).5. Precedentes desta Corte, em circunstâncias fáticas idênticas: ACR 9950Des. Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima - Segunda Turma DJE – Data:22/08/2013; ACR 9254 - Rel. Des. Federal Francisco Barros Dias - SegundaTurma - Data: 04/10/2012.6. Apelação improvida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do TribunalRegional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos dorelatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento.

Recife, 17 de dezembro de 2013.

JUIZ FRANCISCO CAVALCANTIRelator

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