apa lagoa de iriry

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA PLANEJAMENTO TERRITORIAL URBANO E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: APA LAGOA DE IRIRY RODRIGO OTAVIO TEIXEIRA DE OLIVEIRA Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

PLANEJAMENTO TERRITORIAL URBANO E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: APA LAGOA DE IRIRY

RODRIGO OTAVIO TEIXEIRA DE OLIVEIRA

Rio de Janeiro 2010

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PLANEJAMENTO TERRITORIAL URBANO E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: APA LAGOA DE IRIRY

Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro 2010

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Ficha Catalográfica

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de Especialização em Engenharia Urbana

Planejamento Territorial Urbano e Unidades de Conservação: APA Lagoa de

Iriry, por Rodrigo Otavio Teixeira de Oliveira – Rio de Janeiro, 2010

127 páginas. Trabalho de Conclusão – 2010

1. Controle da expansão urbana em Áreas de Proteção Ambiental. 2. APA Lagoa de Iriry

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PLANEJAMENTO TERRITORIAL URBANO E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: APA LAGOA DE IRIRY

MONOGRAFIA

RODRIGO OTAVIO TEIXEIRA DE OLIVEIRA

Objetivo: Trabalho para aprovação do curso

Curso: Especialização em Engenharia Urbana

Data de aprovação em ____/____/_____

Prof. Orientador: Eng. Paulo Roberto Ferreira Carneiro, D.Sc. Pesquisador do Laboratório de Hidrologia da UFRJ

Coordenador: Profª Rosane Martins Alves, D SC.,

Escola Politécnica UFRJ

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Marlene e Roberto, com todo amor, carinho, respeito e admiração.

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AGRADECIMENTOS A realização desta pesquisa foi fruto do apoio de importantes figuras, considerando um mix

de conselhos e orientações profissionais ao longo de todo o processo acadêmico.

Ao meu orientador, Professor Paulo Roberto Ferreira Carneiro, por sua atenção e ajuda em

todos os momentos no desenvolvimento do trabalho, além de fornecer materiais importantes

para compreensão dos assuntos abordados.

Agradeço a minha querida Ana Paula Coutinho, parceira de todas as horas e fiel aos meus

sonhos. Pelo incentivo, pelas palavras de apoio e carinho, por me escutar e fazer entender

cada conversa ao longo dos dias.

Agradecimento ao Engenheiro Civil e Ex-Subsecretário da Secretaria Municipal de

Urbanismo, e Obras do Município de Rio das Ostras – SEMUOB, Alan Canto Ribeiro, que

cordialmente me recebeu a fim de ajudar no desenvolvimento da pesquisa. Obrigado por

suas orientações e a todos os materiais fornecidos.

Agradeço também a Bióloga e Chefe da Divisão de Fiscalização de Meio Ambiente da

Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca – Monique Almeida Bezerra,

por sua contribuição técnica e informações precisas ao longo da pesquisa.

Ao Biólogo Gerente da APA Lagoa de Iriry e Membro do Conselho Consultivo – Jorge

André, por conceder seu tempo ao fornecimento de material para impressão.

A todos os amigos da Turma de Engenharia Urbana que se envolveram no processo desde

o início e estiveram juntos debatendo e trazendo conhecimentos diversos, em especial ao

amigo Osvaldo Moura Rezende, que desde o início pude contar com seu apoio e amizade.

Agradeço a Cidade de Rio das Ostras pela sua singularidade, praias maravilhosas e

natureza exuberante. Sinônimo de orgulho pela sua bela paisagem aprendi a amá-la e

cuidá-la como um filho, capaz de sentir os incautos advindos do seu crescimento.

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“A Natureza pode suprir todas as necessidades básicas do homem, menos a sua ganância.”

(Mahatma Gandhi)

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RESUMO

O processo acelerado da expansão urbana existente nas cidades, de modo geral, é

resultado do movimento migratório de populações atraídas pela possibilidade de inserção no

mercado de trabalho em regiões com fortes concentrações de investimentos. A pressão

exercida pelo mercado imobiliário formal e informal sobre novas áreas resulta na ocupação

de áreas sob proteção legal. Essas áreas acabam por ser alvo de impactos ambientais

contribuindo para aumentar os conflitos entre a questão urbana e ambiental no uso e

ocupação do território.

Em função do exposto, a pesquisa busca analisar o impacto da expansão urbana no

Município de Rio das Ostras, cuja dinâmica vem sofrendo rápido processo de transformação

pela proximidade com o pólo petrolífero instalado na cidade vizinha de Macaé. O estudo de

caso foi realizado no Loteamento Jardim Bela Vista, no qual está inserida grande parte da

Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Iriry – APA Lagoa de Iriry.

Buscou-se no trabalho analisar o processo de crescimento urbano no loteamento,

após a criação da APA - regulamentada em 2003; avaliar o adensamento urbano em cada

área de zoneamento definida no Plano de Manejo Ambiental (PMA) – homologado em 2004,

em desacordo com o estabelecido; e apresentar uma proposta urbanística através de um

Projeto Conceitual, associando conservação ambiental com a utilização de equipamentos

urbanos multifuncionais.

Utilizou-se, basicamente, a sobreposição de mapas digitalizados fornecidos pela

Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, e trabalho de campo para atualização dos dados.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Município de Rio das Ostras no Estado do Rio de Janeiro. Fonte: http://www.riodasostras.com.br/cidade/mapas/ Figura 2 - Limites geográficos definidos para a APA Lagoa de Iriry – Lei Municipal 740/2003. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 3 - Lançamentos Imobiliários no município e Macaé entre 2007 e 2008. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 4 - Rodovia Amaral Peixoto, em amarelo, como vetor de crescimento urbano. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 5 - Localização Geográfica do Loteamento Jardim Bela Vista no município. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 6 - Localização e limites geográficos do Loteamento Jardim Bela Vista. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 7 - Curvas de nível do Loteamento Jardim Bela Vista. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 8 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento em 2003. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 9 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento entre 2003 e 2007. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 10 - Lotes irregulares ocupando áreas de alagamentos. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 11 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento entre 2007 e 2010. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 12 - Crescimento de ocupações entre os anos de 2007 e 2010. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 13 - Panorama de lotes públicos e privados desocupados em 2010. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 14 - Limites geográficos definidos pelo PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 15 - Limites geográficos da ZPVS definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 16 - Ampliação da área em estudo - ZCVS. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 17 - Limites geográficos da ZCVS 1 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

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Figura 18 - Ampliação da área em estudo (ZCVS 1). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 19 - Identificação de lotes ocupando áreas de alagamento. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 20 - Limites geográficos da ZCVS 2 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 21 - Limites geográficos da ZOC 1 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 22 - Ampliação da área em estudo (ZOC 1). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 23- Limites geográficos da ZOC 2 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 24 - Ampliação da área em estudo (ZOC 2). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 25 - Ampliação da área em estudo (ZOC 2). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 26 - Limites geográficos da ZOC 3 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 27 - Ampliação da área em estudo (ZOC 3). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 28 - Limites geográficos da ZM definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 29 - Ampliação da área em estudo (ZM). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 30 - Ampliação da quadra 57 pertencente a ZOC 2. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 31 - Ocupações irregulares na ZCVS 1. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 32 - Instrumentos da Política Urbana e Ambiental definidos para a cidade. Fonte: Anexo IV – PD. Figura 33 - Indicação das intervenções propostas. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 34 - Delimitação das áreas de estudo para o trecho de intervenção 1. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 35- Demarcação da área a sofrer intervenção (em lilás). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

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Figura 36 - Demarcação da área a sofrer intervenção (em lilás). Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 37 - Remoção das ocupações na ZOC 1. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 38 - Planta do loteamento aprovado em 14/06/1961. Fonte: SEMUOSP. 17-12-2008. Figura 39 - Em vermelho, áreas sujeitas a alagamento e áreas públicas do município. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 40 - Construções irregulares em área de alagamento periódico próxima a Av. Brasília. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 41 - Mapa viário interligando as duas avenidas através da Rua Rio de Janeiro. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010. Figura 42 - Localização da área de aplicação do Projeto Modelo. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Vista panorâmica do Loteamento Jardim Bela Vista. Fonte: o autor, 2010. Imagem 2 - Vista Panorâmica da Restinga ao redor da Lagoa de Iriry. Fonte: o autor, 2010. Imagem 3 - Presença de terrenos arenosos. Fonte: o autor, 2010. Imagem 4 - Gravatá (bromelia-antiacantha). Fonte: http://lh4.ggpht.com/_cFWifFMbEJA/SWICg0qK3RI/AAAAAAABhsU/n2ouHCQIjPE/DSC01451.JPG Imagem 5 - Salsa da Praia (Ipomea ancetosifolia). Fonte: o autor, 2010. Imagem 6 - Martin Pescador (Ceryle Torquata). Fonte: http://www.argentour.com/images/martin_pescador_grande.jpg Imagem 7 - Maria-farinha (Ocypode albicans). Fonte: http://www.erel2010.com.br/v2/images/stories/Conhea_Recife/maria_farinha.jpg Imagem 8 - Av. Brasília sentido Lagoa de Iriry com pavimentação asfáltica. Fonte: o autor, 2010. Imagem 9 - Rua interna com pavimento natural. Fonte: o autor, 2010. Imagem 10 - Utilização de pavimento semi-permeável na orla da Lagoa de Iriry. Fonte: o autor, 2010. Imagem 11 - Presença de grama nas calçadas - Rua Rio de Janeiro. Fonte: o autor, 2010. Imagem 12 - Descaso com a infiltração das águas na rótula da Av. Brasília. Fonte: o autor, 2010. Imagem 13 - Presença de cerca de isolamento próximo a quadra 23. Fonte: o autor, 2010. Imagem 14 - Isolamento de trilhas ecológicas através de cercas próxima a orla da lagoa. Fonte: o autor, 2010. Imagem 15 - Construção com 4 pavimentos na esquina da Rua Recife com Rua João Pessoa. Fonte: o autor, 2010. Imagem 16 - Diversas construções em andamento (maio/2010). Fonte: o autor, 2010. Imagem 17 - Quadra na Rua Bom Jesus de Itabapoana, área adjacente ao loteamento alvo da especulação imobiliária. Fonte: o autor, 2010. Imagem 18 - Novos lançamentos no Loteamento Ouro Verde - Vizinho à Jardim Bela Vista. Fonte: o autor, 2010. Imagem 19 - Construções de baixo padrão construtivo na esquina da Rua Vitória com Rua Belo Horizonte. Fonte: o autor, 2010. Imagem 20 - Construções em desacordo com o Código de Obras do município. Esquina da Rua Vitória com Rua Belo Horizonte. Fonte: o autor, 2010.

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Imagem 21 - Construção em andamento na Rua Porto Alegre sem placa de responsáveis técnicos. Fonte: o autor, 2010. Imagem 22 - Ausência de placa de responsáveis técnicos. Fonte: o autor, 2010. Imagem 23 - Construções avançam em áreas alagadiças na Rua Recife. Fonte: o autor, 2010. Imagem 24 - Compra e venda de lote na Rua Maceió divide espaço com terreno pantanoso. Fonte: o autor, 2010. Imagem 25 - Presença de condomínios na Av. Ouro Verde. Fonte: o autor, 2010. Imagem 26 - Condomínio na esquina da Rua Fortaleza e Rua Maceió. Fonte: o autor, 2010. Imagem 27 - Placa informativa de Área Pública como propriedade do Município na rótula da Av. Ouro Verde . Fonte: o autor, 2010. Imagem 28 - Mais placas são observadas no local. Fonte: o autor, 2010. Imagem 29 - Lotes irregulares ocupando áreas restritivas a ocupação humana (ZCVS 1) na Quadra 23. Fonte: o autor, 2010. Imagem 30 - Invasões na quadra 23. Fonte: o autor, 2010. Imagem 31 - Presença de residências dentro da ZM. Fonte: o autor, 2010. Imagem 32 - Despejo de resíduos em valão próximo a Lagoa de Iriry. Fone: o autor, 2010. Imagem 33 - Drenagem das águas convergindo para a Lagoa de Iriry visto na Rua Aracajú. Fonte: o autor, 2010. Imagem 34 - Construção desacata a ordem de embargo na Rua Fortaleza. Fonte: o autor, 2010. Imagem 35 - A mesma obra em andamento. Fonte: o autor, 2010. Imagem 36 - Construções em desacordo com o PMA na esquina da Rua Fortaleza com Rua Recife. Fonte: o autor, 2010. Imagem 37 - Mesma construção com alto padrão construtivo. Fonte: o autor, 2010. Imagem 38 - Construção irregular na Rua da Praia à direita. Fonte: o autor, 2010. Imagem 39 - Ocupação em área de restinga. Fonte: o autor, 2010. Imagem 40 - Presença de comércio dentro da ZM. Fonte: o autor, 2010. Imagem 41 - Ocupações irregulares executadas áreas restritivas ao uso. Fonte: o autor, 2010. Imagem 42 - Proposta de Intervenção para proteção da área adjacente - ZCVS 1. Fonte: o autor, 2010.

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Imagem 43 - Vista da Rua Rio de Janeiro entre a Av. Brasília e Av. Ouro Verde, em 05/2010. Fonte: o autor, 2010. Imagem 44 - Terreno baldio e rua sem tratamento urbanístico, em 05/2010. Fonte: o autor, 2010. Imagem 45 - Projeto Conceitual de Intervenção para criação de praças públicas no loteamento. Fonte: o autor, 2010.

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LISTA DE PERSPECTIVAS

Perspectiva 01 - Vista panorâmica da praça e proposta de pavimentos permeáveis nas ruas internas. Perspectiva 02 - Proposta de um ambiente seguro e acolhedor para os visitantes. Perspectiva 03 - Previsão de equipamentos e mobiliários como mesa de jogos, bancos, lixeiras e iluminação. Perspectiva 04 - Pérgula para proteção solar e parque infantil para diversão das crianças. Perspectiva 05 - Ambiente arborizado com árvores, grama e pavimento adequado a infiltração das águas. Perspectiva 06 - Criação de ambientes sombreados e ensolarados para contemplação do usuário.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Contagem populacional entre os anos de 1996 e 2009. Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais.html

Tabela 02 - Tabela de crescimento populacional do Município de Rio das Ostras. Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais.html

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SUMÁRIO

RESUMO I – INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação ----------------------------------------------------------------------------------------------- 02

II – OBJETIVOS 2.1 Objetivos Gerais ------------------------------------------------------------------------------------------- 08

2.2 Objetivos Específicos ------------------------------------------------------------------------------------- 08

III – METODOLOGIA

3.1 Estudo de Caso – Loteamento Jardim Bela Vista – APA Lagoa de Iriry ------------- 10

3.1.1 Análise do Processo de Uso e Ocupação do Solo --------------------------------------------- 10

3.1.2 Critérios de zoneamento e Análise das Ocupações ------------------------------------------- 12

3.1.3 Proposta de Projeto Urbanístico Conceitual ----------------------------------------------------- 12

IV – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -------------------------------------------------------------------------- 14

V – RESULTADOS

5.1 Contextualização do Crescimento Urbano no Município de Rio das Ostras --------------- 18

5.2 Estudo de Caso – Loteamento Jardim Bela Vista – APA Lagoa de Iriry -------------- 24

5.2.1 Localização Geográfica ------------------------------------------------------------------------------- 24

5.2.2 Características locais ---------------------------------------------------------------------------------- 28

5.2.3 Aplicação da Metodologia ---------------------------------------------------------------------------- 42

5.2.3.1 Processo de Uso e Ocupação do Solo --------------------------------------------------------- 42

5.2.3.1.1 Construções existentes em 2003 -------------------------------------------------------------- 43

5.2.3.1.2 Construções datadas entre 2003 e 2007 ---------------------------------------------------- 44

5.2.3.1.3 Construções datadas entre 2007 e 2010 ---------------------------------------------------- 46

5.2.3.1.4 Lotes Vazios em 2010 ---------------------------------------------------------------------------- 48

5.2.3.2 Critérios de zoneamento e Análise das Ocupações ---------------------------------------- 49

5.2.3.3 Proposta Urbanística -------------------------------------------------------------------------------- 80

CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------------------- 105

BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------------------------------- 106

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1

Capítulo I INTRODUÇÃO

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2

1.1 – Apresentação

A Cidade de Rio das Ostras está localizada na Região dos Lagos a 170 km da

Capital do Rio de Janeiro (22° 31’ 37” de latitude a sul e 41° 56’ 42” de longitude oeste), a

uma altitude de quatro metros em relação ao nível do mar. Faz limite com os municípios de

Macaé ao norte, Barra de São João ao sul, Casimiro de Abreu a oeste, e o Oceano Atlântico

a leste. A cidade ocupa uma área total de 230 km², acolhendo uma população estimada de

100.000 habitantes, em 2010.

Figura 1 - Localização do Município de Rio das Ostras no Estado do Rio de Janeiro. Fonte:

http://www.riodasostras.com.br/cidade/mapas/

A fim de compreendermos como se deu esse processo de ocupação do uso do solo

no município, foi necessário fazermos um breve resumo histórico de sua evolução urbana

até os dias atuais.

Tomando como referência histórica alguns dos viajantes que passaram por Rio das

Ostras nos primeiros anos do Séc. XIX, o trabalho ilustra a passagem de do príncipe

Maximiliano de Wied-Neuwied, que fez uma longa viagem pelas terras brasileiras, relatando-

a minuciosamente no livro Viagem ao Brasil (1ªed. 1820-1821). Sua escrita soa, por vezes,

como a composição de um painel onde o olhar é guiado pelo encantamento e a palavra quer

apenas registrar a beleza do quadro natural:

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3

(...) tomamos uma larga estrada de areia escura em direção à costa e encontramo-nos numa bela eminência rochosa cheia de coqueiros, que entrava pelo mar; perto, um riacho chamado Rio das Ostras, desemboca no oceano. Andamos uns cem passos ao longo do riacho, e descarregamos a tropa, para que o atravessasse. A água desse riacho é clara, e as margens aprazíveis; numerosos ramos entrelaçados pendiam sobre ele, encimados pelos coqueiros esbeltos.

Porém, outros, antes dele, já tinha passado por ali. Os primeiros habitantes foram os

índios, que tiravam do mar, mangues, brejos, lagoas e restingas o alimento e tudo o mais

que fosse necessário para o dia-a-dia. Seguiram-se a eles os índios da etnia Tupi que já

empregavam o fogo como método de limpeza dos terrenos para a agricultura. (RIO DAS

OSTRAS, 2002)

Mais tarde, índios e colonizadores europeus associaram-se na busca predatória do

pau-brasil. Aqueles derrubando a vegetação com a eficiência do machado de ferro

conseguido por escambo; estes abrindo clareiras a fogo e a machado para instalação das

feitorias. (RIO DAS OSTRAS, loc.cit)

A segunda metade do Século XX, entretanto, foi a que trouxe mais e maiores

impactos sobre o ambiente natural litorâneo. Desde a década de 50, os 230 km² que

perfazem a área do município foram impactados pelo processo de urbanização acelerada

que lhe trouxe as mazelas comuns e conhecidas da degradação ambiental.

Com a vertiginosa expansão das cidades costeiras, os loteamentos espalharam-se e

pessoas infiltraram-se pelas zonas praianas. E Rio das Ostras não foi exceção ao processo.

A cidade cresceu, e cresce cada vez mais rápido, alastrando-se ao longo da RJ 106,

subindo as poucas encostas, embrenhando-se pelos brejos, mangues, margens de rios e

lagoas e pela planície das restingas. (RIO DAS OSTRAS, loc.cit)

A população tradicional passou a ser expulsa do seu território, principalmente ao

redor dos manguezais invadidos e aterrados para receber asfalto e cimento, incorporando-

se à periferia das regiões urbanizadas. Regiões que, mesmo caóticas, sem coleta nem

tratamento de esgoto, passaram a ser legalizadas pelos seus sucessivos prefeitos.

Grande parte da zona urbana em Rio das Ostras se consolidou a partir da drenagem

e aterros de áreas originalmente alagadas, à custa da redução dos ecossistemas não

apenas dos manguezais, conhecidos como “berçários da vida”, mas também de restingas e

Mata Atlântica.

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4

Além disso, diversos outros fatores foram determinantes ao rápido crescimento

urbano nestas últimas décadas. Podemos citar a especulação imobiliária, o “recorte” da

cidade pela Rodovia Amaral Peixoto – RJ-106, e a qualidade de vida na região. Cabe aqui

ressaltar o importante papel exercido pelo Município de Macaé na configuração do tecido

urbano em Rio das Ostras.

(Os fatores de crescimento estão detalhados no Capítulo V– Resultados)

Devido ao rápido crescimento econômico de Macaé nos últimos anos, esse

município obteve o maior índice de geração de empregos formais do RJ, sendo uma das 40

melhores cidades do Brasil para se investir. Porém, a conseqüência deste “boom” petrolífero

foi a favelização, especulação imobiliária, danos ao meio-ambiente, entre outros. (CARRO,

2003)

A atração de mão-de-obra em Macaé foi um verdadeiro Oásis. No entanto, a baixa

qualificação de mão-de-obra levou muitas famílias a se deparar com a rigidez do mercado e

a conseqüente favelização na periferia destas cidades. A demanda por escritórios e

habitações para executivos, fez com que o custo de vida aumentasse, empurrando a

população para áreas periféricas e até para outras cidades, como Rio das Ostras. (CARRO,

loc.cit)

Porém, de todo o processo de ocupação em Rio das Ostras ao longo da história,

sobrou fragmentos representativos dos diversos ecossistemas que existem no município,

onde a busca pela harmonização dos espaços ocupados com a proteção de sua rica biota

levou a criação da APA Lagoa de Iriry, figura jurídica classificada no Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (Lei 9.985/2000), como Unidade de Uso Sustentável, que deve

compatibilizar interesses conservacionistas e preservacionistas com ocupações controladas.

– Ver Figura 2.

A criação da APA Lagoa de Iriry considerou a biodiversidade desse significativo

fragmento de vegetação de restinga ainda presente em toda a área de entorno (RIO DAS

OSTRAS, 2002). As paisagens notáveis, os monumentos geológicos, a flora e a fauna típica

foram alguns dos atributos naturais determinantes para a criação da Área de Proteção

Ambiental da Lagoa de Iriry.

Ela contém espécies raras, ameaçadas de extinção, de valores medicinais,

ornamentais e científicos. Nela, o clima, o solo, a flora, e a fauna interagem para compor

unidades de paisagens distribuídas em ambientes úmidos, aquáticos e terrestres que

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5

formam um cenário de beleza multifacetada, referencial paisagístico e cultural do ambiente

de Rio das Ostras.

Criada pelo Decreto n° 28/2000, regulamentada pela Lei Municipal n° 740/2003, com

homologação do Plano de Manejo Ambiental – pelo Decreto Municipal n° 120/2004, a Área

de Proteção Ambiental da Lagoa de Iriry é um dos mais importantes fragmentos de

vegetação de restinga no bioma brasileiro, com seus diferentes tipos de ambientes, que

compõem o cenário paisagístico municipal. (Figura 2)

A APA Lagoa de Iriry, por suas qualidades intrínsecas, por seu importante papel

ecológico, pela sua inter-relação biótica e pela expressividade de sua componente vegetal,

torna-se um local necessário à disciplinar a ocupação da terra e administrar diligentemente a

exploração dos recursos naturais.

De acordo com o exposto, este trabalho estrutura-se da seguinte forma:

O Capítulo 1 faz a introdução do tema da pesquisa, apresentando um resumo

histórico da expansão urbana no Município de Rio das Ostras, de modo a nos permitir

melhor compreensão dos fatores que levaram a ocupação acelerada do solo urbano,

deixando para todos nós a importante tarefa de zelar pelo ambiente equilibrado e preservar

este belíssimo fragmento de restinga ainda presente no município.

O Capítulo 2 apresenta os objetivos a serem alcançados pela pesquisa,

considerando os aspectos gerais propostos e a itemização dos objetivos específicos em

torno da avaliação da expansão urbana no loteamento e, em especial, a APA Lagoa de Iriry.

O Capítulo 3 apresenta a metodologia aplicada. Este trabalho constitui-se na tarefa

de analisar o crescimento urbano no loteamento em estudo após a criação da APA, avaliar o

adensamento urbano em cada área de zoneamento definida no PMA, e apresentar uma

proposta urbanística visando o resgate de áreas ocupadas e o uso sustentável do solo.

O Capítulo 4 trata da revisão bibliográfica da pesquisa, fazendo uma abordagem

geral pela bibliografia estudada, através de livros, revistas, artigos de jornais, dissertações,

publicações, entre outros, de forma a compor um raciocínio lógico e esclarecedor sobre o

assunto.

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6

O Capítulo 5 apresenta os resultados obtidos com a pesquisa. A fim de nos

aprofundarmos na análise do crescimento urbano no loteamento, o capítulo faz um

aprofundamento preliminar sobre os fatores que levaram a expansão urbana no município.

Importante entendermos essa ocupação de forma ampla, conhecendo as razões para a

atual configuração do tecido urbano no loteamento em estudo.

Através de mapas sobrepostos, acusa a real situação de ocupação do solo no

loteamento, a notória preocupação com a expansão urbana em direção aos limites

estabelecidos na APA, e faz análises pertinentes a atenção que deve ser dada para que, em

pouco tempo, não seja tarde para pensar em alguma estratégia emergencial de proteção ao

meio ambiente.

Apresenta também uma Proposta Urbanística através de um Projeto Conceitual de

uso e conservação do solo que propõe ao município a reintegração de terras ocupadas de

forma irregular ou mesmo através da preservação de áreas desocupadas, criando-se áreas

verdes para percolação das águas pluviais, entre tantos outros benefícios como lazer e

cultura.

Figura 2 - Limites geográficos definidos para a APA Lagoa de Iriry – Lei Municipal 740/2003.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

.

Page 24: apa lagoa de iriry

7

Capítulo II OBJETIVOS

Page 25: apa lagoa de iriry

8

2.1 – Objetivos Gerais

O objetivo geral do trabalho é apresentar o panorama atual de expansão urbana no

Loteamento Jardim Bela Vista em Rio das Ostras/RJ, no qual está inserida em grande parte

a APA Lagoa de Iriry, e alertar as autoridades para o uso sustentável do solo e ao adequado

controle da expansão urbana no loteamento a fim de proteger o ecossistema local da região.

2.2 – Objetivos Específicos

A intenção do trabalho é:

1 – Analisar o processo de crescimento urbano no Loteamento Jardim Bela Vista, sobretudo

nos limites definidos pelo PMA, do período que antecedeu a aprovação da APA em 2003 até

os dias atuais – 2010.

2 – Avaliar o adensamento urbano em cada área de zoneamento definida no PMA,

compatibilizando o observado com as diretrizes estabelecidas.

3 – Apresentar uma proposta urbanística de conservação ambiental visando o resgate de

áreas adjacentes a zonas de proteção integral do ecossistema e a destinação de áreas

verdes no interior do loteamento com potencial de lazer para a população.

Page 26: apa lagoa de iriry

9

Capítulo III METODOLOGIA

Page 27: apa lagoa de iriry

10

3.1 - Estudo de Caso – Loteamento Jardim Bela Vista – APA Lagoa de Iriry

A pesquisa desenvolveu-se através da sobreposição de mapas digitalizados

fornecidos pela Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, trabalho de campo, reuniões com

técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca e Secretaria

Municipal de Urbanismo e Obras, e fontes bibliográficas. Basicamente dividiu-se em três

etapas para que haja uma melhor compreensão dos objetivos a serem alcançados.

Primeiramente fez-se necessário entender como se deu o processo de uso e

ocupação do solo no Loteamento Jardim Bela Vista após a Criação da APA Lagoa de Iriry, a

fim de embasar a necessidade de proteger áreas críticas à ocupação e controlar o avanço

do adensamento urbano.

A segunda etapa da pesquisa constituiu-se na compreensão dos critérios

estabelecidos no (PMA), de forma a avaliarmos as ocupações existentes em cada

zoneamento.

A terceira etapa baseou-se nos resultados obtidos nas etapas anteriores, com o

objetivo de apresentar uma proposta urbanística de conservação ambiental para o

loteamento assegurando áreas verdes e pavimentos permeáveis, destinação de espaços de

lazer para a população, com a finalidade de proteger e recompor o ecossistema original.

3.1.1 – Processo de Uso e Ocupação do Solo

Para a análise de crescimento urbano dentro do loteamento em estudo, a pesquisa

desenvolveu-se através sobreposição de diversos dados e mapas digitalizados fornecidos

pela Secretaria Municipal de Urbanismo, e Obras do Município de Rio das Ostras -

SEMUOB, além de um intenso trabalho de campo para atualização dos mesmos, através da

verificação de novas construções em todo o perímetro urbano, a geração de fotografias e

observação das características gerais da área estudada.

Como instrumento de análise inicial, foi necessário obter a imagem espacial do

loteamento em estudo através do Google Earth 2009, servindo como base para a pesquisa.

Esta imagem capturada pelo satélite está datada em 01 de abril de 2007 – última fonte de

acesso pública gratuita disponível para o município. (BRASIL. Google Earth 2009. IMAGEM

BASE.GIF. Rio das Ostras: Google Earth, 2010. 1 imagem de satélite 545 kb. RJ. 24 Abr.

2010)

Page 28: apa lagoa de iriry

11

Os mapas foram digitalizados para o programa gráfico AutoCad, fruto de dados

levantados realizados pelo município, além de estudos elaborados pela própria Secretaria e

terceirizados.

Com o objetivo de analisar a crescente ocupação do território desde a criação da

APA Lagoa de Iriry – regulamentada em 2003, foi necessário obter o aerofotogramétrico do

município datado de 2003; e 2007 (último levantamento digitalizado disponível na

SEMUOB), a fim de possibilitar a sobreposição de diversas informações relativas à

ocupação no loteamento Jardim Bela Vista.

Para complementar a análise, foi necessária a realização de trabalho de campo, de

modo a levantar os lotes com ocupação posterior a 2007, e áreas verdes públicas ou

privadas ainda desocupadas.

Trata-se, portanto, de 3 momentos importantes no crescimento urbano no

Loteamento Jardim Bela Vista. O primeiro momento definido até o ano de 2003 – com as

construções assinaladas em amarelo; o segundo momento compreendido entre os anos de

2003 a 2007 – com as construções assinaladas em vermelho; e o terceiro momento datado

entre 2007 a 2010 – com as construções assinaladas em azul. A cor verde representa os

lotes públicos e privados desocupados em 2010.

Importante alertar, que a legenda azul representa esquematicamente as construções

inseridas nos lotes, próximas da realidade vista no local. Esta dificuldade torna-se natural a

partir do momento que não se trata de dados levantados em solo.

(As ilustrações e análises, propriamente ditas, relativas a esta etapa, estão descritas no

Capítulo V – Resultados).

3.1.2 – Critérios de zoneamento e a análise das ocupações

Para esta análise, foi necessário fazer uma avaliação da ocupação por cada área de

zoneamento, de forma a identificar ocupações irregulares em desacordo com os parâmetros

estabelecidos no PMA, e/ ou mesmo, a identificação de parâmetros urbanísticos que

facilitam a ocupação.

Page 29: apa lagoa de iriry

12

O Plano de Manejo Ambiental – homologado pelo Decreto Municipal n° 120/2004,

definiu parâmetro de ocupação para a área da APA. Estes parâmetros serão analisados no

capítulo de resultados.

As áreas de zoneamento para a APA foi retirada da definição do Mapa de

Zoneamento elaborado pela Empresa Environ Consultoria e Projetos Ltda. – Empresa

responsável pela elaboração do (PMA), em novembro de 2004.

Foram gerados figuras específicas por cada área de zoneamento, possibilitando-nos

avaliar a localização das construções irregulares ou não, e propor a reintegração das áreas

críticas à conservação do meio ambiente.

Como instrumento de análise para esta etapa, a pesquisa se desenvolveu através da

elaboração de figuras confeccionados pelo programa Photoshop, de forma a gerar imagens

sobrepostas e precisas sobre a área de estudo.

(As ilustrações e análises, propriamente ditas, relativas a esta etapa, estão descritas no

Capítulo V – Resultados).

3.1.3 – Proposta de Projeto Urbanístico Conceitual

Para a apresentação da Proposta Urbanística conceitual de uso e conservação

ambiental, foi elaborado um estudo setorial a fim de ilustrar áreas de interesse ao município

para destinação de áreas verdes e pavimentos permeáveis, espaços de lazer para a

população, proteção e recomposição do ecossistema original, ou mesmo a remoção de

famílias ocupantes de áreas inundáveis.

Para o desenvolvimento do projeto setorial, foram escolhidas áreas de notável

interesse para o município, onde, através das compatibilizações apresentadas na etapa 2,

foi observado, principalmente, a expansão urbana em desacordo com as legislações

pertinentes ao Loteamento Jardim Bela Vista e a APA Lagoa de Iriry.

Page 30: apa lagoa de iriry

13

Capítulo IV REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Page 31: apa lagoa de iriry

14

A evolução urbana de uma cidade reflete o crescimento econômico-social ao longo

dos anos, onde o desenvolvimento das atividades de produção depende do conjunto de

políticas participativas e integradas. Nesse sentido, a engenharia urbana deve ser entendida

e aplicada, onde a contribuição para o eficiente processo de uso e ocupação do solo se dá

através da aplicação de diversas especialidades.

Nesse sentido, destacam-se ações fundamentais para a adequada expansão urbana,

através do planejamento adequado dos espaços públicos, do respeito às necessidades dos

rios sem retificá-los e obstruí-los com obras imediatistas, da conscientização a população

para a correta destinação dos resíduos sólidos, do combate as cheias urbanas com

sistemas de drenagem adequados, do planejamento do transporte público e da inclusão

social através de uma política habitacional eficaz.

A intervenção proposta neste trabalho através de um projeto conceitual necessita

primeiramente de amplo conhecimento da área em estudo, e dos fatores que contribuem

diretamente e indiretamente para a expansão urbana. Através do conhecimento das

necessidades da população local e dos problemas urbanos gerados pela deficiência na

administração pública municipal, podemos estabelecer critérios de intervenção capazes de

solucionar desde os problemas simples aos mais complexos.

Compreender o processo de evolução urbana de uma cidade através da percepção

humana também contribui para o direcionamento das intervenções propostas. Desta forma,

a participação da população através de depoimentos, críticas e sugestões para um espaço

urbano justo e agradável torna-se importante para o sucesso das ações.

Outro fator fundamental para obter-se o resultado desejado, está associado à coleta

de informações junto ao corpo técnico das secretarias municipais, onde através de estudos

já realizados, favorece a compreensão do problema e o desenvolvimento adequado de todo

o trabalho. A Secretaria Municipal de Urbanismo e Obras do Município de Rio das Ostras

colaborou neste processo, de modo a fornecer materiais e dados geográficos importantes.

Através destes fatores, ao estudarmos a ocupação do solo como fator de expansão

urbana num determinado espaço da cidade, é importante analisarmos a demanda por novas

terras de uma forma ampla, entendendo que fatores levaram a sua procura, e como se deu

a ocupação da cidade ao longo dos anos.

Page 32: apa lagoa de iriry

15

O processo de ocupação territorial, com a evolução do desenvolvimento econômico-

social de suas populações, determina as condicionantes que regem a utilização do solo em

geral, e em particular, do solo para fins urbanos (SERFHAU, MINTER e OEA./1974).

A produção e o consumo do espaço, assim como a urbanização, estão inseridos no

amplo processo de reprodução das relações de produção capitalistas, na medida em que

são guiados pelos ditames da propriedade privada, e são regulados pelas necessidades do

capital de gerar valor excedente. (BOTELHO, 2007)

Entretanto o art. 225 da Constituição Federal estabelece que “todos tem direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público o dever de defendê-lo e à coletividade o de

preservá-lo para a presente e futuras gerações”.

Nos últimos anos a questão ambiental tornou-se assunto indispensável nos debates

políticos e na elaboração de leis que protejam os ecossistemas sem restringir o

desenvolvimento local. Entende-se por desenvolvimento o processo de mudança

econômica, social e cultural que promove a elevação da qualidade de vida e das

oportunidades, em ambiente saudável e com base em economia eficiente. (LIMA; BUARQUE,

2005)

Diversos autores citam o Planejamento Integrado permanente e contínuo como a

solução viável para a reorganização do meio urbano e o controle racional de expansão e

desenvolvimento. (SERFHAU, MINTER e OEA./1974).

O planejamento proporciona aos decisores e às instituições púbicas a oportunidade

de não deixar-se apanhar na armadilha do imediatismo na resposta aos problemas: se não

há previsão e planejamento, quanto maiores as dificuldade e carências maior a tendência a

ser dominado e atropelado pelas emergências. A falta de uma atitude estratégica e

preventiva leva ações fragmentadas, de baixa eficácia, favorecendo grande desperdício de

recursos. (LIMA; BUARQUE, 2005)

Em função disso, leis restritivas ao uso e ocupação do solo tornam-se essenciais,

cabendo a Administração Municipal proteger seus biomas através de uma política integrada

que garanta recursos financeiros à proteção ambiental, de modo a investir, em programas

de capacitação de seus funcionários (art.33 – Plano Diretor - Lei Complementar n° 004/

2006), reprimindo a prática de construção e uso irregular das edificações, revendo normas e

Page 33: apa lagoa de iriry

16

atualizando as normas pertinentes, simplificando a legislação e implantando sistema eficaz

de fiscalização. (art. 34 – Plano Diretor).

O trabalho apresentado está embasado no conhecimento da literatura registrada em

diversos livros e teses de mestrado e doutorado relacionados a inúmeras questões urbanas,

permitindo melhor compreensão dos assuntos abordados, o desenvolvimento das propostas

urbanísticas de uso e conservação ambiental, e a formatação do trabalho em si.

Cabe citar o trabalho da aluna Flávia de Souza Royse, com sua tese de mestrado em

urbanismo pela UFRJ que aborda a recuperação ambiental de rios urbanos, onde pude

basear-me na maneira como o assunto foi explorado e na execução gráfica das imagens

trabalhadas pela autora.

Page 34: apa lagoa de iriry

17

Capítulo V

RESULTADOS

Page 35: apa lagoa de iriry

18

5.1 – Contextualização do crescimento Urbano no Município de Rio das Ostras

Com o intuito de clarear o raciocínio em torno do tema principal do trabalho, torna-se

necessário compreendermos os principais aspectos que evidenciam a ocupação acelerada

do território em Rio das Ostras, para nos situarmos no tempo e no espaço ao analisarmos o

objeto de estudo.

Serão detalhados abaixo alguns dos importantes fatores de crescimento urbano,

como: (a) Crescimento populacional, (b) Qualidade de vida, (c) Especulação imobiliária, (d)

Sistema viário e (e) Proximidade com o Município de Macaé. Cabe dizer que estes 5 fatores

estão ligados entre si ao longo do tempo.

a – Crescimento Populacional

O crescimento populacional de Rio das Ostras nesta última década se deu através,

principalmente, do chamariz advindo do petróleo explorado no Município de Macaé. Até o

início dos anos 90, Rio das Ostras pertencia ao Município de Casimiro de Abreu,

conseguindo sua Emancipação Político-Administrativa através da Lei n° 1984, de 10 de abril

de 1992 (PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS, 2010). De lá pra cá, a cidade cresceu a

passos largos, com uma média de crescimento anual entre 1.500 a 2.000 habitantes,

conforme mostrado na tabela abaixo.

Tabela 1 - Contagem populacional entre os anos de 1996 e 2009.

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais.html

Ano População

1996 28.106

1997 29.569

1998 30.802

1999 32.036

2000 36.419

2001 39.046

2002 40.248

Ano População

2003 42.024

2004 45.755

2005 47.819

2006 49.868

2007 74.750

2008 91.085

2009 96.622

Observamos entre os anos de 2006 e 2008, que a cidade obteve seu maior

crescimento. Neste momento Rio das Ostras se deparava com o verdadeiro crescimento

“repentino”, passando a acolher mão-de-obra de diversos municípios vizinhos.

Page 36: apa lagoa de iriry

19

É notório também observarmos um crescimento menor entre os anos de 2008 e

2009, acolhendo não mais que 6 mil habitantes novos. A explicação para esta queda

populacional pode estar relacionada com a saturação de oportunidades no ramo petrolífero

que exige mão-de-obra qualificada.

A tabela seguinte nos mostra, principalmente a migração de trabalhadores ativos em

busca de novas oportunidades na região. Percebemos ainda, que a população de jovens

entre 20 e 29 anos representa a maior força de trabalho entre 2007 e 2008.

Tabela 2 - Tabela de crescimento populacional do Município de Rio das Ostras.

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais.html

Ano 1 ano 1 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 29 30 - 39 40 -49 50 -59 60 -69 70-79 80 e+ Ind Total

1996 566 2.113 2.792 2.993 2.874 5.130 4.575 3.092 1.874 1.245 597 213 43 28.106

1997 595 2.223 2.937 3.149 3.024 5.397 4.813 3.253 1.972 1.310 628 224 44 29.569

1998 620 2.316 3.060 3.280 3.150 5.622 5.014 3.3389 2.054 1.364 654 233 46 30.802

1999 645 2.408 3.182 3.411 3.276 5.847 5.215 3.524 2.136 1.419 680 243 48 32.036

2000 706 2.795 3.295 3.463 3.673 6.262 6.021 4.450 2.721 1.842 879 312 0 36.419

2001 757 2.996 3.534 3.712 3.938 6.714 6.455 4.771 2.917 1.975 942 335 0 39.046

2002 780 3.089 3.641 3.826 4.060 6.920 6.655 4.918 3.007 2.036 972 345 0 40.248

2003 815 3.225 3.802 3.996 4.238 7.226 6.948 5.135 3.140 2.125 1.014 360 0 42.024

2004 887 3.511 4.140 4.351 4.615 7.867 7.565 5.591 3.418 2.314 1.104 392 0 45.755

2005 927 3.670 4.326 4.547 4.823 8.222 7.906 5.843 3.573 2.418 1.154 410 0 47.819

2006 967 3.827 4.512 4.742 5.031 8.574 8.244 6.093 3.726 2.523 1.204 427 0 49.870

2007 1.141 4.739 6.482 6.360 6.032 13.965 12.472 10.532 6.973 3.667 1.745 637 5 74.750

2008 1.390 5.775 7.899 7.750 7.350 17.018 15.197 12.831 8.498 4.469 2.126 776 6 91.085

Cabe aqui ressaltar, que anos antes estes jovens migravam para outras cidades de

maior estrutura educacional, com oferecimento de cursos técnicos e universidades. Em

razão do rápido crescimento advindo do petróleo, necessariamente Rio das Ostras teve que

ampliar sua rede de infraestrutura, incluindo uma completa rede educacional, oferecendo

aos antigos e novos moradores que chegam à cidade, escolas, universidades como UFF e

Cândido Mendes, cursos técnicos de especialização, entre outros.

Através do crescimento populacional nos últimos anos, pudemos entender boa parte

do processo de ocupação de novas terras e o adensamento de áreas já consolidadas como

é o caso do loteamento em estudo. A demanda por novas terras vem fazendo pressão sob o

solo urbano, e muitas vezes, o despreparo e a falta de uma gestão integrada agravam o

problema.

Page 37: apa lagoa de iriry

20

b – Qualidade de Vida

Como fator contribuinte ao crescimento urbano da cidade, podemos destacar

também a qualidade de vida, sendo uma das responsáveis principais pela migração de uma

população estimada, hoje, em mais de 100.000 habitantes.

Qualidade de vida é o método usado para medir as condições de vida de um ser

humano. Envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos

sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra e outras

circunstâncias da vida.

Rio das Ostras atrai em média 200.000 mil pessoas por ano. Fruto de uma bela

paisagem, a cidade é conhecida pelos seus atributos naturais e culturais, abrangendo 14

praias, ilhas, lagoas, manguezais. (O DIA, 2009)

Além de sua beleza ímpar abrigando 5 Unidades de Conservação, a cidade atrai não

só turistas atraídos pela qualidade de vida, mas também executivos que chegam à região

para convenções e reuniões, sendo oferecidos desde pequenas pousadas até grandes

hotéis de luxo.

A cidade modernizou-se, e é hoje, referência mundial na coleta e reciclagem de lixo,

além de possuir uma moderna estação de tratamento de esgoto, com capacidade para 570

litros de esgotos por segundo, e tratamento de 100% do esgoto produzido na cidade. (VIDOR, 2009)

c – Especulação imobiliária

Paralelamente ao crescimento populacional, observamos como um forte indutor de

ocupação do solo em Rio das Ostras, comum a todas as cidades, a especulação imobiliária

voraz em busca de novas terras e compradores. Botelho (2007) define incorporação

imobiliária, resumidamente, a partir de uma tríade envolvendo o setor imobiliário, a

propriedade fundiária, que proporciona uma renda aos seus proprietários na forma de venda

ou aluguel; e o mercado financeiro, que recebe juros pelo capital antecipado ao setor

imobiliário.

Em especial ao setor imobiliário, o autor (ibid,2007) diz que o setor é constituído

pelas atividades da indústria da construção civil, ligadas a construção de edificações e obras

Page 38: apa lagoa de iriry

21

de engenharia civil; as atividades da indústria produtora de materiais de construção; e

aquelas ligadas ao terciário, tais como as atividades imobiliárias (loteamento, compra, venda

e locação, etc.) e as atividades de manutenção predial. Dentre as atividades fundamentais

para a produção imobiliária, estão o loteamento e a incorporação.

A exemplo da sede por novas terras no município podemos citar alguns exemplos.

O interesse da Distribuidora BR em negociar com a Prefeitura de Rio das Ostras um

terreno de 60mil m² no município a fim de expandir suas operações. (O GLOBO, 2009)

Outro exemplo, prova da pressão exercida pelas incorporadoras, é mostrada na

imagem abaixo, onde estão assinalados alguns dos grandes empreendimentos lançados em

Macaé e Rio das Ostras no período compreendido entre 2007 e 2008.

Figura 3 - Lançamentos Imobiliários no município e Macaé entre 2007 e 2008.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O ritmo de vendas de imóveis novos entre as imobiliárias de Macaé foi de 20 a 50%

em relação ao mesmo período anterior. Alguns dos fatores que contribuíram para esse

aquecimento em Macaé foi o pagamento da PL (Participação de Lucros) da Petrobrás, cujas

maiores vendas se concentram em imóveis de R$ 130 mil a R$ 250 mil. (O DEBATE, 2009)

Page 39: apa lagoa de iriry

22

Observamos, portanto, a pressão exercida pela incorporação imobiliária no

desenvolvimento de uma cidade ao exigir naturalmente a demanda por novas terras, e a

ocupação de lotes ainda desocupados em áreas já consolidadas, principalmente numa

cidade, (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2010), como uma das 5 cidades do Estado do Rio

que mais arrecadam com os royalties.

d – Sistema Viário

Ao analisarmos o sistema viário principal do município na figura abaixo, podemos

identificar a Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) – em amarelo, como um importante vetor de

crescimento urbano. Natural a todas as cidades, Rio das Ostras recebeu influencia direta

com a ocupação dos loteamentos à beira da estrada. É comum observarmos construções de

baixo padrão construtivo no centro da cidade pela população local de baixa renda. Podemos

notar a mancha do sítio urbano ao longo da rodovia.

Figura 4 - Rodovia Amaral Peixoto, em amarelo, como vetor de crescimento urbano.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Importante dizer que, devido ao crescimento desses dois municípios, o Governo do

Estado do Rio confirmou as obras de duplicação da Rodovia Amaral Peixoto no trecho que

Page 40: apa lagoa de iriry

23

liga Rio das Ostras a Macaé, segundo matéria publicada no site www.clickmacae.com.br em

9 de junho de 2010.

Com o crescimento destes dois municípios, a rodovia acabou ficando

subdimensionada, havendo a necessidade da duplicação como já ocorreu no Município de

Rio das Ostras, onde foram executadas algumas soluções para a melhoria do tráfego da

cidade, como a duplicação da rodovia no centro do município, reforma do trecho da RJ 162

(Serramar), que junto com a implantação da Estrada do Contorno desviam o tráfego pesado

para fora do centro urbano da cidade.

e – Proximidade com Macaé

A proximidade da Cidade de Rio das Ostras com o Município de Macaé influenciou

diretamente os cofres públicos do município riostrense nos últimos dez anos com o

pagamento de royalties e participações especiais pela indústria do (O ESTADO DE SÃO

PAULO, 2010).

O Estado do Rio produz 85% do petróleo gerado no país, sendo, portanto, Rio das

Ostras beneficiado por cruzar as projeções de suas linhas geográficas com plataformas de

petróleo em alto mar (SIDNEY REZENDE, 2009). Porém, torna-se preocupante neste

momento a possível dependência financeira advindas dos royalties.

O Professor da USP Fernando Postali, pesquisador de economia do petróleo,

constatou que os municípios que recebem royalties tendem a ter crescimento econômico

menor. E vai além: quanto maior a arrecadação menor a taxa de crescimento. (O ESTADO

DE SÃO PAULO, 2010)

Se a emenda Ibsen for aprovada, redistribuirá os royalties, mantendo 40% da receita

com a União e dividindo o restante por todo o País, de acordo com critérios dos Fundos de

Participação dos Estados e dos Municípios.

A Secretaria de Planejamento Municipal já sente o temor da perda. O município já

fez a paralisação das obras de duplicação da RJ-106 que liga a cidade à Macaé, e a

construção da Vila Olímpica. (REDE RECORD, 2010)

Observamos, portanto, que essa arrecadação extraordinária não se reflete

necessariamente em desenvolvimento econômico, e que a perda significativa desses

Page 41: apa lagoa de iriry

24

recursos poderá ameaçar, inclusive, a proteção das Unidades de Conservação do

Município. Tudo dependerá de uma política consistente, integrada, com a devida distribuição

e destinação dos recursos financeiros independente dos royalties.

5.2 – Estudo de Caso – Loteamento Jardim Bela Vista - APA Lagoa de Iriry

Diante aos diversos fatores de crescimento apresentados acima, pudemos observar

claramente como o Loteamento Jardim Bela Vista, no qual abriga grande parte da APA

Lagoa de Iriry, “espreme-se” entre as duas cidades sofrendo com a pressão imobiliária em

busca de novas terras, fruto do adensamento já consolidado na área central da cidade, e

com o próprio crescimento natural já mencionado.

Cabe agora analisarmos detalhadamente a forma como vem acontecendo a

ocupação do solo em específico a APA Lagoa de Iriry, no Loteamento Jardim Bela Vista,

objeto da nossa pesquisa. O crescimento urbano acelerado e as deficiências na legislação e

na ação fiscalizatória de prefeitura, apresentam-se como um fator de preocupação quanto a

integridade das Unidades de Conservação existentes no município.

5.2.1 Localização Geográfica

Aprovado em 16 de novembro de 1960, o Loteamento Jardim Bela Vista encontra-se

em área urbana, fazendo limite com os Loteamentos Terra Firme e Mar & Lago à norte,

Loteamento Ouro Verde ao sul, Rodovia Amaral Peixoto à oeste, e Oceano Atlântico à leste,

conforme mostra a figura a seguir.

Page 42: apa lagoa de iriry

25

Figura 5 - Localização Geográfica do Loteamento Jardim Bela Vista no município.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Figura 6 - Localização e limites geográficos do Loteamento Jardim Bela Vista.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 43: apa lagoa de iriry

26

Jardim Bela Vista acomoda em seus limites parte significativa da Área de Proteção

Ambiental da Lagoa de Iriry – APA Lagoa de Iriry, tornando este loteamento em uma

importante área de preservação e de controle da expansão urbana.

Segundo o art. 3 da Lei Complementar n° 007/2008 que revoga a Lei n° 194/96 e

719/2002, e institui o Zoneamento Geofísico do Município de Rio das Ostras, o território

municipal fica dividido em 4 (quatro) macro-áreas: I- área urbana, II – área de expansão

urbana, III – área rural, IV – áreas protegidas. Dentre as áreas protegidas estão as Unidades

de Conservação (UC).

O art. 17 define a APA Lagoa de Iriry como uma Unidade de Conservação. No item

5.2.3.2, falaremos das leis específicas a criação da APA e UC.

Ainda baseado na lei, o loteamento está enquadrado na ZR-5 e ZUM-1, Zona

Residencial 5 e Zona de Uso Misto, respectivamente, e tem para as tem Zonas de Unidades

de Conservação –ZUC, os critérios de assentamento e implantação da edificação no terreno

estabelecidos por legislação específica. (art. 17 - Lei Complementar n° 007/2008)

A Zona residencial 5 (ZR-5) delimita-se ao sul pela faixa que corresponde ao limite

da ZR-3 da orla, a oeste a Rua Jéferson de Góes e Rua Nério Giovanni da ZR-7, a norte o

Rio das Ostras e a ZCS – Rodovia Amaral Peixoto, a leste a linha limítrofe do perímetro

urbano. Na área acima descrita serão feitas as devidas exclusões correspondentes, ZM-1,

ZM-2, ZR-7 E ZUCS.

Como Zona de Uso Misto Um – ZUM-1, caracterizada como uma área de apoio às

zonas residenciais e zona comercial e serviço, enquadra-se a Av. Brasília que faz conexão

entre a Rodovia Amaral Peixoto com a Lagoa de Iriry. (art. 15 - Lei Complementar n°

007/2008)

Observa-se na tabela a seguir, que a taxa de ocupação máxima para os lotes da ZR-

5 é de 50%, quando a altura máxima da construção for de 12 metros. Importante dizer que o

zoneamento geofísico do município não estabelece uma taxa de ocupação máxima

permissível para determinada zona. Apenas estabelece parâmetros por lote, o que de certa

forma facilita a ocupação integral da zona.

Page 44: apa lagoa de iriry

27

Zona Usos Permitidos Lote Mín.

(m²)

Testada

Mín.(m)

Tx. Ocup.

Máx (%)

Altura

Máxima

Observação

Resid.5 (ZR-5) Afast. Frontal 3,00m

Resid. Unifamiliar Resid. Bifamiliar Resid. Multifamiliar Grupamento comercial varejista local Comercial Varejista em geral Serviços locais Serviços em geral

450 15 50% 40% 30% 25%

12m 14m 17m 20m

Liberado acréscimo de pavimento técnico com altura máxima de 3,5 metros limitado a 10% de área do pavimento tipo

Para a ZUM-1, em específico à Av. Brasília, a taxa de ocupação máxima permitida é

livre para construções de até 5,5 metros.

Zona Usos Permitidos Lote Mín.

(m²)

Testada

Mín.(m)

Tx de

Ocup.

Máxima

(%)

Altura

Máxima

Observação

Zona de Uso Misto (ZUM1) Afast. Frontal 3,00m

Resid. Unifamiliar Resid. Bifamiliar Resid. Multifamiliar Grupamento comercial varejista local Comercial Varejista em geral Comercial Varejista de grande porte Serviços locais Serviços gerais a,b,c Industrial – baixo impacto institucional

450 15 Livre 50% 40% 40%

5,5m 13m 16m 18m

Liberado acréscimo de pavimento técnico com altura máxima de 3,5 metros limitado a 10% de área do pavimento tipo Para uso exclusivamente residencial com apartamento de cobertura

Page 45: apa lagoa de iriry

28

5.2.2 Características locais

Relevo aparentemente plano, com suaves ondulações, colonizado por restinga. A

parte mais elevada da lagoa é feita de uma barreira arenosa moldada pelo trabalho conjunto

das correntes marítimas, das ondas, pelo recuo do mar e dos ventos. (RIO DAS OSTRAS,

2002)

Imagem 1 - Vista panorâmica do Loteamento Jardim Bela Vista. Fonte: o autor, 2010

Imagem 2 - Vista Panorâmica da Restinga ao redor da Lagoa de Iriry. Fonte: o autor, 2010

Page 46: apa lagoa de iriry

29

Imagem 3 - Presença de terrenos arenosos. Fonte: o autor, 2010

Sua fauna e flora exuberante abrigam diversas espécies. Dentre as espécies da flora

mais observadas podemos destacar: Gravatá (bromélia antiacantha), Salsa-da-Praia

(Ipomea ancetosifolia), Aroeira (Schinus terebinthifolius), Arumbeva (Opuntia vulgaris),

Rabo-de-arara (Norantea brasiliensi), Araçarana (Tocoyena bullata), Cacto (Melocactus

melocactoides), Grumixama (Eugenia brasiliensis) e Clúsia (Clusia hilariana). (RIO DAS

OSTRAS, 2002)

 

Imagem 4 - Gravatá (bromelia-antiacantha). Fonte: http://lh4.ggpht.com/_cFWifFMbEJA/SWICg0qK3RI/AAAAAAABhsU/n2ouHCQIjPE/DSC01451.JPG

Page 47: apa lagoa de iriry

30

 

Imagem 5 - Salsa da Praia (Ipomea ancetosifolia). Fonte: o autor, 2010

Quanto a Fauna presente, destacam-se como aves a batuíra (Charadrius collaris) e o

Martim-pescador (Ceryle torquata). Como réptil – taraguira (Tropidurus torquatus); e

Artrópodo: Maria-farinha (Ocypode albicans). (RIO DAS OSTRAS, 2002)

 

Imagem 6 - Martin Pescador (Ceryle Torquata). Fonte: http://www.argentour.com/images/martin_pescador_grande.jpg

Page 48: apa lagoa de iriry

31

 

Imagem 7 - Maria-farinha (Ocypode albicans). Fonte: http://www.erel2010.com.br/v2/images/stories/Conhea_Recife/maria_farinha.jpg

O loteamento apresenta uma diferença de nível de 5 a 6 metros. O escoamento das

águas das chuvas e do lençol freático formam a Lagoa de Iriry. Nas áreas adjacentes da

lagoa não tem profundidade suficiente para acumular água o tempo todo, mas ainda são

baixas o bastante para eventuais inundações e estão sempre mais ou menos úmidas,

devido a proximidade do lençol d`água subterrâneo.

 

Figura 7- Curvas de curvas de nível do Loteamento Jardim Bela Vista. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 49: apa lagoa de iriry

32

As Avenidas principais do loteamento que ligam a Rodovia Amaral Peixoto à Lagoa

propriamente dita são pavimentadas com asfalto, sendo as ruas internas mantidas as

condições naturais do solo. Nas áreas de estacionamento próximas a orla da lagoa,

observa-se a utilização de pavimento semipermeável com bloco intertravado.

 

Imagem 8 - Av. Brasília sentido Lagoa de Iriry com pavimentação asfáltica. Fonte o autor, 2010

 

Imagem 9 - Rua interna com pavimento natural. Fonte: o autor, 2010

Page 50: apa lagoa de iriry

33

Imagem 10 - Utilização de pavimento semi-permeável na orla da Lagoa de Iriry. Fonte: o autor, 2010

Observa-se em algumas ruas a preocupação de alguns moradores com a

permeabilidade do solo ao utilizar gramas nas calçadas, porém, quando inexistentes sob o

ponto de vista funcional são executadas com materiais impermeáveis, muitas vezes

ignorando a importância da arborização urbana. Observa-se a presença de árvores

“esganadas” sem gola de infiltração.

Imagem 11 - Presença de grama nas calçadas - Rua Rio de Janeiro. Fonte: o autor, 2010

Page 51: apa lagoa de iriry

34

Imagem 12 - Descaso com a infiltração das águas na rótula da Av. Brasília. Fonte: o autor, 2010

Preservação do ecossistema, e revitalização ambiental em alguns pontos. É possível

notar o isolamento de algumas áreas com cercas para a recuperação do ecossistema, de

modo a coibir a entrada da população por trilhas existentes.

Imagem 13 - Presença de cerca de isolamento próximo a quadra 23. Fonte: o autor, 2010

Page 52: apa lagoa de iriry

35

Imagem 14 - Isolamento de trilhas ecológicas através de cercas próxima a orla da lagoa.

Fonte: o autor, 2010

Crescente expansão urbana e desrespeito ao zoneamento proposto. Por se tratar de

um loteamento dotado de qualidades intrínsecas, diversas construções crescem

simultaneamente a outras, num ritmo acelerado a parecer um verdadeiro canteiro de obras.

Imagem 15 - Construção com 4 pavimentos na esquina da Rua Recife com Rua João Pessoa.

Fonte: o autor, 2010.

Page 53: apa lagoa de iriry

36

Imagem 16 - Diversas construções em andamento – maio/2010. Fonte: o autor, 2010.

Grandes áreas a ser ocupadas. A pressão imobiliária se faz presente em pequenas e

médias construções, mas também em grandes empreendimentos nas áreas adjacentes.

Lotes que resistiram até então a especulação imobiliária são finalmente destinados a

construção de condomínios residenciais de 4 pavimentos.

Imagem 17 - Quadra na Rua Bom Jesus de Itabapoana, área adjacente ao loteamento alvo da

especulação imobiliária. Fonte: o autor, 2010

Page 54: apa lagoa de iriry

37

Imagem 18 - Novos lançamentos no Loteamento Ouro Verde - Vizinho à Jardim Bela Vista.

Fonte: o autor, 2010.

O Loteamento Jardim Bela Vista é composto por construções de baixo e médio

padrão construtivo, sendo observado em diversos pontos construções em alvenaria ao

natural, e na maioria das vezes em desacordo com os parâmetros urbanísticos definidos no

PMA e no zoneamento geofísico.

Imagem 19 - Construções de baixo padrão construtivo na esquina da Rua Vitória com Rua Belo

Horizonte. Fonte: o autor, 2010

Page 55: apa lagoa de iriry

38

Imagem 20 - Construções em desacordo com o Código de Obras do município. Esquina da Rua

Vitória com Rua Belo Horizonte. Fonte: o autor, 2010.

Obras executadas sem placa de responsáveis técnicos. É comum não observarmos

placas técnicas nas obras em andamento. Poucas obras informam o responsável técnico

pelo projeto de arquitetura – PRPA, e o profissional responsável pela execução da obra –

PREO.

Imagem 21 - Construção em andamento na Rua Porto Alegre sem placa de responsáveis técnicos.

Fonte: o autor, 2010.

Page 56: apa lagoa de iriry

39

Imagem 22 - Ausência de placa de responsáveis técnicos. Fonte: o autor, 2010.

Cotas de nível baixas e ocupação de áreas alagadiças. Diversas casas são

construídas em terrenos alagadiços e pantanosos, apresentando em muitas delas qualidade

técnica construtiva, sendo postas a venda logo em seguida e negociadas por imobiliárias

locais.

 

Imagem 23 - Construções avançam em áreas alagadiças na Rua Recife. Fonte: o autor, 2010.

Page 57: apa lagoa de iriry

40

 

Imagem 24 - Compra e venda de lote na Rua Maceió divide espaço com terreno pantanoso. Fonte: o autor, 2010.

Presença de condomínios horizontais e casas geminadas. Diversos terrenos baldios

e lotes desocupados deram lugar a condomínios horizontais e casas geminadas nestes

últimos anos. É possível notar condomínios de padrão elevado, com gabaritos permissíveis

ocupando 3 lotes ou mais.

Imagem 25 - Presença de condomínios na Av. Ouro Verde. Fonte: o autor, 2010.

Page 58: apa lagoa de iriry

41

Imagem 26 - Condomínio na esquina da Rua Fortaleza e Rua Maceió. Fonte: o autor, 2010.

Demarcação das áreas públicas. Nas áreas centrais das avenidas Brasília e Ouro

Verde percebemos terrenos apropriados pela Prefeitura de Rio das Ostras, todos eles com

placas informativas de propriedade pública, sendo proibida qualquer atividades humanas.

 

Imagem 27 - Placa informativa de Área Pública como propriedade do Município na rótula da Av. Ouro Verde . Fonte: o autor, 2010.

Page 59: apa lagoa de iriry

42

 

Imagem 28 - Mais placas são observadas no local. Fonte: o autor, 2010.

5.2.3 Aplicação da Metodologia

5.2.3.1 – Processo de Uso e Ocupação do solo

Conforme a metodologia mencionada no Capítulo III, à etapa abaixo tem por objetivo

analisar o adensamento urbano no Loteamento Jardim Bela Vista, compreendido entre os

anos de 2003 - período que antecedeu a homologação do (PMA), passando pela

configuração do espaço urbano no ano de 2007, até finalmente os dias atuais, em maio de

2010.

A base utilizada para geração das figuras foi realizada, conforme mencionado no

Capítulo III, com base no Google Earth 2009. A imagem base, gerada por satélite em 01 de

abril de 2007, estará acrescentada da mancha de alagamento pertencente à Lagoa de Iriry,

fornecida por mapa digitalizado pela Secretaria Municipal de Urbanismo, e Obras do

Município de Rio das Ostras - SEMUOB.

A seguir, vamos analisar as figuras de acordo com a ordem cronológica de ocupação:

- Construções existentes em 2003 – ano de homologação do PMA;

- Novas construções datadas entre 2003 e 2007;

- Construções datadas entre 2007 e 2010;

- Lotes vazios.

Page 60: apa lagoa de iriry

43

5.2.3.1.1 Construções existentes em 2003

A figura abaixo representa em amarelo as construções existentes até o ano de 2003

– anteriores a regulamentação da APA Lagoa de Iriry pela Lei Municipal n° 740/2003.

Figura 8 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento em 2003.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Neste momento, percebemos moderada ocupação do solo no loteamento,

apresentando ocupação em torno de 30 a 40% do território. A maioria dos lotes encontra-se

desocupados, muitos deles em terrenos pantanosos e alagadiços.

Embora o panorama atual indique desde já atenção para a expansão urbana, este

cenário é aceitável quando se trata de uma região que abriga uma APA. No que diz respeito

à APA, o art. 15 da Lei n° 9.985/2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC define a APA como uma área em geral extensa, com certo grau de

ocupação humana.

Podemos observar que a parte inferior da figura, próxima a Av. Ouro Verde, abriga o

maior número de construções, diagnosticando o sentido de ocupação vindo da área central

de cidade em direção a Macaé.

Page 61: apa lagoa de iriry

44

Percebe-se através da mancha de alagamento, que praticamente não existem

construções sobre estas áreas. Com exceção de dois lotes já ocupados na área central que

liga a Av. Brasília à Av. Ouro Verde. Estas áreas apresentam cotas de nível baixa

favorecendo as inundações periódicas - Ver Figura 7.

5.2.3.1.2 Construções datadas entre 2003 e 2007

A figura abaixo representa considerável acréscimo de construções comparado ao

período anterior de análise, assinaladas em vermelho, compreendendo os anos de 2003 a

2007, fruto do crescimento urbano acelerado no município. É possível notar que

praticamente o número de construções dobraram em apenas 4 (quatro) anos após a

homologação do (PMA).

Figura 9 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento entre 2003 e 2007.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Vemos o crescente e acelerado processo de ocupação, cada vez mais próximo a

APA, sendo percebido o aumento significativo de construções datadas entre 2003 e 2007

nas zonas de ocupação controlada, incluindo a ZCVS1 com proibições integrais de

ocupação humana, conforme mostra a imagem 30. (Os Zoneamentos definidos no PMA

serão detalhados no item 5.2.3.2).

Page 62: apa lagoa de iriry

45

Imagem 29 - Lotes irregulares ocupando áreas restritivas a ocupação humana (ZCVS 1) na Quadra

23. Fonte: o autor, 2010.

Cabe dizer que a APA é definida como Unidade de Conservação, destinada a

proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à

melhoria da qualidade de vida da população local e objetivando a proteção dos

ecossistemas regionais. (Resolução CONAMA 10/88 – art. 1°)

Neste momento as ocupações dentro dos limites da APA já configuram um quadro

de alerta. É possível notarmos a presença de construções datadas entre 2003 e 2007 (em

vermelho) dentro dos limites da APA e mais outras construções na parte inferior, todas

ocupando áreas passíveis de inundações. Conforme mostra a figura 10 abaixo nota-se o

crescente número de construções exercendo pressão imobiliária na mancha de alagamento.

Page 63: apa lagoa de iriry

46

Figura 10 - Lotes irregulares ocupando áreas de alagamentos.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O art. 41 da lei 208/96 que institui o Código de Obras do município não permite

construção em terrenos pantanosos e alagadiços, antes de executadas as necessárias

obras de drenagem, enxugo ou terraplanagem.

O art. 2 da Lei 208/96 do Código de Obras, diz que qualquer construção somente

poderá ser executada após a aprovação do projeto e concessão de licença de construção

pela Prefeitura Municipal.

5.2.3.1.3 Construções datadas entre 2007 e 2010

A seguir, a figura representada por construções em azul, datadas entre os anos de

2007 a 2010, comprova o adensamento acelerado, e em alguns casos descontrolado.

Na parte inferior da figura, condomínios e casas conjugadas são construídas, de

modo a afunilar o eixo vertical que liga a rótula da Av. Brasília com a rótula da Av. Ouro

Verde, conexão esta passível de alagamento.

Percebemos neste momento o crescente número de construções sobrepostas à

mancha de alagamento no eixo vertical de interligação das duas avenidas.

Page 64: apa lagoa de iriry

47

Figura 11 - Panorama de uso e ocupação do solo no loteamento entre 2007 e 2010.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Abaixo, observamos a presença de novas construções. Estas, de padrão construtivo

baixo, aproveitando-se da deficiente fiscalização do órgão competente e ignorando os

parâmetros construtivos definidos no Código de Obras do município. Neste momento, é

possível observar o ritmo acelerado que o espaço vem sendo ocupado, transformando o

cenário natural num verdadeiro canteiro de obras.

Figura 12 - Crescimento de ocupações entre os anos de 2007 e 2010.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 65: apa lagoa de iriry

48

5.2.3.1.4 – Lotes vazios em 2010

A figura abaixo apresenta, em verde, os lotes desocupados em maio de 2010.

Percebemos na parte inferior da figura a quantidade reduzida de lotes vazios públicos ou

privados, abertos, cercados ou murados. A ocupação cada vez mais intensa faz com que

áreas importantes à destinação de praças públicas e áreas verdes, deixem de ser utilizadas

pela população, passando a atender ao interesse de poucos.

Figura 13 - Panorama de lotes públicos e privados desocupados em 2010.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Considerações Finais:

Diversos fatores contribuem para degradação do meio ambiente. Fica claro que este

pequeno fragmento de restinga encontrado em Rio das Ostras vive em constante ameaça

pelo crescimento urbano. A pressão imobiliária exercida na natureza é crescente e

naturalmente irracional. Lamentavelmente ao projetarmos um futuro próximo, percebemos

que mais áreas verdes poderão deixar de existir.

Ao analisarmos as figuras, nos deparamos com uma realidade preocupante, onde a

ocupação do solo deveria ser monitorada e avaliada em prazos curtos para a revisão das

leis. O art. 34 do Plano Diretor do Município cita a repressão à prática de construção e uso

irregular das edificações, revendo e atualizando as normas pertinentes, simplificando a

legislação e implantando sistema eficaz de fiscalização.

Page 66: apa lagoa de iriry

49

Esta avaliação considerou a expansão urbana como ameaça principal à conservação

das áreas de proteção do município, algo importante a ser observado e controlado, cabendo

a Administração Pública a revisão imediata das leis que incidem diretamente na APA Lagoa

de Iriry e seu entorno através de uma política integrada e contínua. Torna-se importante

questionar alguns pontos que incidem direta ou indiretamente na política de uso e ocupação

do solo.

A exemplo do Zoneamento Geofísico do Município de Rio das Ostras este não

deveria permitir para esta área de imensurável valor ambiental, uma ocupação tão

permissível. Não basta definir parâmetros construtivos POR LOTE, mas sim da ZONA como

um todo, de forma a não favorecer a ocupação integral da área.

O ano de 2007 já nos chamava atenção para uma futura e desenfreada ocupação,

como de fato aconteceu nos quatro anos seguintes. Hoje, a pressão é maior em cima da

APA e o retrabalho com ações fiscalizadoras dificulta o êxito na proteção da APA em

estudo.

É notória também a deficiência dos órgãos fiscalizadores na aprovação e

licenciamento de obras na região em função dos parâmetros construtivos executados como

ATE e taxa de ocupação superior a lei, seja por ocupação de lotes e áreas proibitivas ao uso

ou mesmo a ocupação de áreas restritivas ao uso em terrenos pantanosos e alagadiços.

5.2.3.2 – Critérios de zoneamento e Análise das ocupações

A fim de balizar a conservação e preservação de significativos remanescentes dos

biomas brasileiros e o manejo sustentável dos recursos naturais, a criação das Áreas de

Proteção Ambiental – APAs, através da Lei 6902/81, regulamentada pelo Decreto 99274/90,

estabeleceu normas visando limitar ou proibir algumas atividades nestas áreas.

A APA Lagoa de Iriry foi criada pelo Decreto Municipal n° 28/2000 e regulamentada

pela Lei Municipal n° 740/2003. Esta lei define a área da APA em 849.873,00m², com

perímetro de 5.473,64m. (Ver Figura 2)

O Art. 1°da Resolução CONAMA 10/88 que dispõe sobre as APAs, define APA como

sendo Unidade de Conservação, destinada a proteger e conservar a qualidade ambiental e

Page 67: apa lagoa de iriry

50

os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população

local e objetivando a proteção dos ecossistemas regionais.

A Lei Federal 9985/2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC, regulamentada pelo Decreto Federal 4340/2002, em seu Art. 27, diz

que todas as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo.

Por estas razões o Plano de Manejo Ambiental da APA Lagoa de Iriry foi elaborado,

sendo homologado pelo Decreto Municipal n° 120/2004, com uma área de 982.742,43 m² e

perímetro de 5.781,00m, conforme apresentado na Figura 14 abaixo.

Figura 14 - Limites geográficos definidos pelo PMA.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Importante dizermos, que os limites geográficos estabelecidos conforme a Lei

Municipal n° 740/2003, que regulamentou a APA em questão, teve seus limites alterados,

propostos pela equipe da Environ Consultoria e Projetos LTDA – Empresa que elaborou o

Page 68: apa lagoa de iriry

51

(PMA) para a Lagoa de Iriry, com base no diagnóstico ambiental apresentado, onde foram

acrescentadas áreas para a composição da APA.

De acordo com o exposto no (PMA), o acréscimo de áreas para compor a APA foi

devido as suas condições geobiofísicas com restrições de ocupação e uso do solo em

termos de geotecnia (áreas alagadas) e em termos ambientais (área com mata de restinga e

brejos herbáceos).

Além da ocupação, outro fato que levou a selecionar essas áreas como parte

integrante da APA, é o fato de que as mesmas funcionam como pontos naturais de recarga

e renovação das águas da Lagoa de Iriry, sendo, portanto, responsáveis, também, pela

sobrevivência desse manancial.

Portanto, buscando um melhor entendimento da posição dos marcos propostos,

foram traçados os limites com base em testadas e confrontações estabelecidos pelos lotes

das quadras dos antigos loteamentos da área, não apenas seguindo as coordenadas

geográficas propriamente ditas. Esse procedimento fez com que se corrigissem as

distorções existentes, onde hoje se encontram lotes seccionados perante os limites da APA,

isto é, parte dos mesmos está dentro e outra parte está fora dos limites estabelecidos,

dificultando a materialização dos mesmos e, consequentemente, a determinação da área da

APA no campo.

Logo, segundo o PMA, o estabelecimento dos limites da APA pelos lotes e quadras

dos antigos loteamentos, foi a forma mais segura e mais fácil para a divisão da área da APA

Lagoa de Iriry.

A fim de estabelecer normas de uso, de acordo com as condições locais bióticas,

geológicas, urbanísticas, entre outras, e levar em conta a importância ecológica, as

limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e

alternativas de exploração de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais, o (PMA)

definiu as seguintes zonas características para a APA.

Zona de Preservação da Vida Silvestre (ZPVS), Zona de Conservação da Vida Silvestre

(ZCVS), Zona de Ocupação Controlada (ZOC) e Zona Mista (ZM).

Page 69: apa lagoa de iriry

52

A análise desta pesquisa será desmembrada, de forma a estudarmos as condições

de ocupação encontradas em cada uma das zonas. Para isso, será descrito os parâmetros

urbanísticos permitidos por zona definidas no PMA.

Page 70: apa lagoa de iriry

53

ZONA DE PRESERVAÇÃO DA VIDA SIVESTRE (ZPVS) A figura abaixo apresenta na cor verde escuro os limites geográficos definidos no (PMA)

para a zona ZPVS.

Figura 15 - Limites geográficos da ZPVS definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Zona onde as características naturais permanecem em boas condições, e/ou considerada

zona de preservação permanente, não se tolerando qualquer alteração humana,

representando o mais alto grau de preservação;

Zona dedicada à proteção integral de ecossistemas, dos recursos energéticos e ao

monitoramento ambiental;

Page 71: apa lagoa de iriry

54

O Objetivo geral do manejo é de preservar garantindo a evolução natural, permitindo apenas

pesquisas científicas orientadas.

Ambientes incluídos Mata de restinga, moita de restinga e brejos

Critérios para Edificações Não será permitido qualquer tipo de edificação e/ou construção

Objetivos de Manejo Proteção integral de ecossistemas e pesquisa científica

controlada

Atividades previstas Fiscalização e monitoramento ambiental, Prevenção e

combate a incêndio, Pesquisa científica, Recuperação

ambiental, Visitas para fins de pesquisa científica orientada

Proibições da Zona Destruir ou danificar qualquer mata ou qualquer outro tipo de

vegetação, provocar incêndio, impedir ou dificultar a

regeneração natural de floresta e demais formas de vegetação,

instalar qualquer tipo de infraestrutura, deslocar-se utilizando

veículos motorizados, instalar edificação de qualquer natureza,

visitação pública sem a prévia autorização do órgão gestor da

UC

Avaliação:

A área está totalmente preservada, mantido os objetivos do manejo. Podemos

observar na figura abaixo, entretanto, considerável expansão urbana em direção a ZPVS,

alertando-nos desde então, pela pressão exercida na ocupação de novas terras, com

construções datadas entre 2003-2007, e uma construção datada posterior a 2007 (em azul),

precisamente na quadras 23 do Loteamento Jardim Bela Vista.

Page 72: apa lagoa de iriry

55

Figura 16 - Ampliação da área em estudo - ZCVS.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Paralelamente ao risco de expansão urbana em uma zona de proteção integral,

estas construções ocupam áreas de alagamento, sendo as quadras 22, 23, 24 áreas a

serem evitadas, segundo o Capítulo 7 do PMA. Diz ainda, que mesmo com a execução de

obras dispendiosas, ainda assim seriam consideradas de risco, devendo ser restringida a

sua ocupação.

Page 73: apa lagoa de iriry

56

ZONA DE CONSERVAÇÃO DA VIDA SILVESTRE (ZCVS 1) A figura abaixo apresenta na cor verde claro os limites geográficos definidos no (PMA) para

a zona ZCVS 1.

Figura 17 - Limites geográficos da ZCVS 1 definidos no PMA.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Zona onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana, contendo espécies da

flora e da fauna ou fenômenos naturais de elevados valores ecológicos e científicos.

Objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar

as atividades de pesquisa científica, educação ambiental e proporcionar formas de lazer e

recreação sustentáveis.

Page 74: apa lagoa de iriry

57

Ambientes incluídos Mata de restinga, moita de restinga, brejos, faixa marginal de

proteção da lagoa

Critérios para Edificações Não serão permitidas edificações no local, sendo apenas

permitida instalações de equipamentos rústicos de lazer como:

mirante, play-ground e bancos

Objetivos de Manejo Proteção integral de ecossistemas, possibilitando a pesquisa

científica e a educação ambiental

Atividades previstas Fiscalização ambiental, Prevenção e combate a incêndio,

Pesquisa científica, Educação ambiental, Recuperação

ambiental, Visita pública, Instalação de trilhas educativas,

Lazer contemplativo

Proibições da Zona Destruir ou danificar qualquer mata ou qualquer outra forma de

vegetação, provocar incêndio, impedir ou dificultar a

regeneração natural ou a recuperação ambiental de floresta e

demais formas de vegetação, instalar edificação de qualquer

natureza

Avaliação:

De acordo com os critérios definidos para edificação na ZCVS 1, não são permitidas

edificações de qualquer natureza no local. Entretanto, podemos observar na figura abaixo

que o objetivo do manejo na proteção integral do ecossistema não está sendo cumprido,

presumindo-se a degradação da vegetação local.

Figura 18 - Ampliação da área em estudo (ZCVS 1).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 75: apa lagoa de iriry

58

Foram observadas 6 (seis) construções no lote 23, sendo 5 (cinco) datadas entre

2003 e 2007, e 1(uma) construção datada após 2007. Esta última estando encostada na

divisa da ZPVS. Estas construções irregulares caracterizam-se por baixo padrão construtivo,

sem conceitos arquitetônicos definidos, apresentando acabamentos improvisados de

composição de fachada, com diferentes esquadrias, telhas populares, fiação elétrica

aparente, deficiente fechamento de acesso ao lote, entre outros.

Imagem 30 - Invasões na quadra 23. Fonte: o autor, 2010.

Estas construções além de ocuparem áreas proibitivas, estão instaladas em áreas

suscetíveis a alagamentos periódicos alertando a Administração Municipal para a

necessidade imediata de remoção destes moradores, conforme mostra a figura abaixo.

Importante dizer que estas áreas já foram identificadas pelas autoridades. A resistência dos

moradores dificulta sua remoção.

Page 76: apa lagoa de iriry

59

Figura 19 - Identificação de lotes ocupando áreas de alagamento.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Percebemos também uma construção residencial datada antes de 2003 ocupando a

ZCVS 1. Trata-se de uma construção simples, de baixo padrão construtivo, posicionada em

fundo de lote, cabendo a Administração Municipal desapropriá-la.

Imagem 31 - Presença de residências dentro da ZPVS 1. Fonte: o autor, 2010.

Page 77: apa lagoa de iriry

60

ZONA DE CONSERVAÇÃO DA VIDA SILVESTRE (ZCVS 2)

A figura abaixo apresenta na cor azul claro os limites geográficos definidos no (PMA) para a

zona ZCVS 2.

Figura 20 - Limites geográficos da ZCVS 2 definidos no PMA.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Zona onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana, contendo espécies da

flora e da fauna ou fenômenos naturais de elevados valores ecológicos e científicos.

Objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar

as atividades de pesquisa científica, educação ambiental e proporcionar formas de lazer e

recreação sustentáveis.

Page 78: apa lagoa de iriry

61

Ambientes incluídos Lagoa de Iriry

Critérios para Edificações Não será permitido qualquer tipo de construção na mesma,

excetuando uma pequena estrutura de apoio (píer) para

descida dos barcos da escola de remo

Objetivos de Manejo Conservação do ecossistema e minimização dos impactos pelo

uso público com fins lucrativos e/ou recreativos

Atividades previstas Monitoramento ambiental, Pesquisa científica, Educação

ambiental, Visitação pública com fins de lazer, recreação e

educação, pesca desportiva ou científica

Proibições da Zona Lançar resíduos de qualquer natureza, instalar estruturas como

muros de contenção ou outros de igual natureza, utilizar

embarcações náuticas motorizadas, pescar com fins de

comercialização, explorar comercialmente o uso de

embarcações náuticas, sem a prévia autorização do órgão

gestor da UC e da SEMAP, ficando desde já definido que o

número máximo de pedalinhos serão 6 (seis) e de caiaques

serão 10 (dez)

Avaliação:

Não foi observado qualquer tipo de construção na zona, estando neste sentido em

acordo com as determinações estabelecidas no Plano de Manejo Ambiental. Quanto ao

lançamento de resíduos de qualquer natureza, foi observado o despejo de resíduos

aparentemente sem qualquer tipo de tratamento, sendo este jogado diretamente na lagoa.

As imagens abaixo retratam a realidade do local, sendo a primeira fotografada no

Bairro Terra Firme onde a água é jogada numa espécie de valão a céu aberto até encontrar-

se com a lagoa, e a segunda imagem localizada na Rua Aracajú, próxima ao mar na ZOC 1.

Page 79: apa lagoa de iriry

62

Imagem 32 - Despejo de resíduos em valão próximo a Lagoa de Iriry. Fone: o autor, 2010.

Imagem 33 - Drenagem das águas convergindo para a Lagoa de Iriry visto na Rua Aracajú.

Fonte: o autor, 2010.

Page 80: apa lagoa de iriry

63

ZONA DE OCUPAÇÃO CONTROLADA 1 (ZOC 1) A figura abaixo apresenta na cor branco os limites geográficos definidos no (PMA) para a

zona ZOC 1.

Figura 21 - Limites geográficos da ZOC 1 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Aquela constituída por áreas alteradas pelo homem, sendo permitida uma ocupação

antrópica controlada. O ambiente será mantido o mais próximo possível do natural.

Ambientes incluídos Área com instalações físicas da APA (Infraestrutura)

Critérios para Edificações Será permitida edificações para fins de lazer e pesquisas

científicas, com os seguintes critérios:

Page 81: apa lagoa de iriry

64

Gabarito: 2 pavimentos;

Taxa de Ocupação (TO): 30%;

IAT: 0,90 (Multiplica-se pela área do terreno, temos a ATE

permitida);

Taxa de Permeabilidade: 50%

Afastamento mínimo frontal: 3,00m

Objetivos de Manejo Recuperação e conservação do ambiente natural e

minimização dos impactos pelo uso público

Atividades previstas Fiscalização e Educação ambiental, Contemplação com a

natureza, Recreação e lazer, paisagismo com espécies nativas

de ocorrência local, edificação de estrutura de apoio às

atividades de fiscalização, educação e recuperação ambiental,

comércio de baixo impacto, sistema viário, estacionamento e

ciclovia, implantação de projetos de cunho urbanístico

ambiental, visitação pública com fins de lazer, recreação e

educação, comércio de alimentação, artesanato e souvernirs

(em quiosques)

Proibições da Zona Transitar com veículos em velocidades acima de 40km/h,

buzinar e uso de aparelhos sonoros em altos volumes,

estacionar veículos, caminhar,colocar cadeiras ou outros

objetos sobre a vegetação, causando danos à mesma,

lançamento de resíduos fora dos locais apropriados,

publicidade sem a prévia autorização do órgão gestor

Avaliação:

A área pertencente à ZOC-1 mantém-se preservada como estabelece o PMA.

Percebe-se, entretanto, na quadra 55 – lotes 06 e 07, construções datadas anterior a 2003,

dispostas em vila, de baixo padrão construtivo e 1 pavimento. As mesmas não apresentam

fins de lazer, pesquisas científicas, e infraestrutura da APA conforme definido para a zona.

Page 82: apa lagoa de iriry

65

Figura 22 - Ampliação da área em estudo (ZOC 1).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Todas as obras já desta quadra já receberam ordem de despejo, sendo que um dos

proprietários, está ampliando sua construção ignorando a ordem de embargo, e diz só parar

quando a prefeitura o indenizar. Abaixo as imagens da construção e do pedreiro dando

continuidade à obra.

Imagem 34 - Construção desacata a ordem de embargo na Rua Fortaleza. Fonte: o autor, 2010.

Page 83: apa lagoa de iriry

66

Imagem 35 - A mesma obra em andamento. Fonte: o autor, 2010.

Page 84: apa lagoa de iriry

67

ZONA DE OCUPAÇÃO CONTROLADA 2 (ZOC 2) A figura abaixo apresenta na cor laranja os limites geográficos definidos no (PMA) para a

zona ZOC 2.

Figura 23- Limites geográficos da ZOC 2 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Aquela constituída por áreas alteradas pelo homem, sendo permitida uma ocupação

antrópica controlada. O ambiente será mantido o mais próximo possível do natural.

Ambientes incluídos Área residencial

Critérios para Edificações Será permitida edificações de uso residencial unifamiliar, com

os seguintes critérios:

Page 85: apa lagoa de iriry

68

Gabarito: 2 pavimentos;

Taxa de Ocupação (TO): 30%;

IAT: 0,90 (Multiplica-se pela área do terreno, temos a ATE

permitida);

Taxa de Permeabilidade: 50%

Afastamento mínimo frontal: 3,00m

Objetivos de Manejo Recuperação e manejo do ecossistema lagunar de Iriry

Atividades previstas Edificações para fins residenciais, paisagismo com o uso de

espécies locais, implantação de projetos de cunho urbanístico-

ambiental, com pequena taxa de ocupação

Proibições da Zona Retirar cobertura vegetal sem a prévia autorização do órgão

gestor da UC, instalar as edificações fora dos critérios

estabelecidos

Avaliação:

A ZOC 2 segue os critérios estabelecidos no PMA, porém ao analisarmos o histórico

de crescimento nesta zona, observamos principalmente, entre os anos de 2003 e 2007, um

rápido adensamento do solo, ocupando as áreas arenosas a direita da figura, e nas áreas

mais baixas a esquerda.

Figura 24 - Ampliação da área em estudo (ZOC 2).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 86: apa lagoa de iriry

69

Conforme abordado anteriormente, as quadras 22 e 23 foram as mais adensadas.

Estas, por construções de baixo padrão construtivo pela população de baixa renda. As

construções mais recentes no restante, datadas entre 2007 e 2010, variam suas

características construtivas entre casas de 2 pavimentos com satisfatório acabamento e

conceito arquitetônico, com casas mais simples em construção.

Figura 25 - Ampliação da área em estudo (ZOC 2).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Na figura acima, observamos na quadra 57 construções de médio para alto padrão

construtivo, datadas entre 2007 a 2010, que estão executadas em desacordo com o

estabelecido no PMA, onde este estabelece taxa de ocupação máxima para o lote de 30%.

Page 87: apa lagoa de iriry

70

Imagem 36 - Construções em desacordo com o PMA na esquina da Rua Fortaleza com Rua Recife.

Fonte: o autor, 2010.

Imagem 37 - Mesma construção com alto padrão construtivo. Fonte: o autor, 2010.

A construção nestes lotes adensa uma área que poderia ser destinada a elaboração

de projetos de cunho urbanístico-ambiental conforme determinado na zona. É possível

acreditar que o restante dos lotes da mesma quadra, sejam em breve ocupados.

Observamos também que os limites definidos no PMA induziram a ocupação da

quadra 57. Embora estas construções datadas entre 2007 e 2010 sejam permitidas para a

área, cabe aos órgãos competentes verificar a licença concedida em acordo com os

parâmetros urbanísticos legais estabelecidos.

Page 88: apa lagoa de iriry

71

ZONA DE OCUPAÇÃO CONTROLADO (ZOC 3) A figura abaixo apresenta na cor laranja os limites geográficos definidos no (PMA) para a

zona ZOC 3.

Figura 26 - Limites geográficos da ZOC 3 definidos no PMA. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Aquela constituída por áreas alteradas pelo homem, sendo permitida uma ocupação

antrópica controlada. O ambiente será mantido o mais próximo possível do natural.

Ambientes incluídos Área de uso turístico (pousadas)

Critérios para Edificações Será permitida edificações de uso turístico, com os seguintes

critérios:

Page 89: apa lagoa de iriry

72

Gabarito: 2 pavimentos;

Taxa de Ocupação (TO): 30%;

IAT: 0,90 (Multiplica-se pela área do terreno, temos a ATE

permitida);

Taxa de Permeabilidade: 50%

Afastamento mínimo frontal: 3,00m

Objetivos de Manejo Implantação de unidades turísticas e a minimização dos

impactos da mesma sobre a bacia hidrológica da Lagoa de

Iriry, devendo o paisagismo ser executado com o uso de

espécies locais

Atividades previstas Edificações de estrutura de apoio turístico, implantação de

projetos de cunho urbanístico-ambiental, com pequena taxa de

ocupação

Proibições da Zona Retirar cobertura vegetal sem a prévia autorização do órgão

gestor da UC, instalar as edificações fora dos critérios

estabelecidos

Avaliação:

A ZOC 3 abrange uma pequena parcela no zoneamento da APA. Porém, a ZOC 3

desperta enorme interesse para sua ocupação pois localiza-se próxima a Praia de Costa

Azul.

Figura 27 - Ampliação da área em estudo (ZOC 3).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 90: apa lagoa de iriry

73

Foi observado a construção de uma residência datada entre 2003 e 2007, sendo esta

executada em desacordo com os parâmentros de zoneamento e pela Lei Estadual n°

1130/87, que defini a Lagoa de Iriry como área de interesse especial do Estado. Segundo a

lei, a faixa marginal de proteção da mesma é de 300 (trezentos) metros, sendo os 100 (cem)

metros mais próximos da Lagoa não passível de ocupação e os 200 (duzentos) metros

restantes passível de ocupação com restrição de uso a ser definido pela Prefeitura.

Imagem 38 - Construção irregular na Rua da Praia à direita. Fonte: o autor, 2010.

Imagem 39 - Ocupação em área de restinga. Fonte: o autor, 2010.

Esta construção não tem fins turísticos de hotél, pousada ou restaurante, e além de

agredir o ecossistema local. A construção vem sofrendo apliação ao longo dos anos, e

Page 91: apa lagoa de iriry

74

estava sendo erguida sem projeto aprovado, profissionais qualificados para execução, sem

placa de licença na obra, necessitando o embargo imediato. É comum a força policial entrar

em ação, a fim de conter a resistência dos proprietários e seus empregados, por eles

orientados a não paralisar a obra.

Page 92: apa lagoa de iriry

75

ZONA MISTA (ZM) A figura abaixo apresenta na cor laranja os limites geográficos definidos no (PMA) para a

zona ZM.

Figura 28- Limites geográficos da ZM definidos no PMA.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O que Plano de Manejo define: Aquela constituída por áreas alteradas pelo homem, sendo permitida uma ocupação

antrópica controlada. O ambiente será mantido o mais próximo possível do natural.

Ambientes incluídos Área de uso misto (comercial e residencial)

Critérios para Edificações Será permitida edificações unifamiliares e/ou comerciais, com

os seguintes critérios:

Page 93: apa lagoa de iriry

76

Gabarito: 2 pavimentos;

Taxa de Ocupação (TO): 30%;

IAT: 0,90 (Multiplica-se pela área do terreno, temos a ATE

permitida);

Taxa de Permeabilidade: 50%

Afastamento mínimo frontal: 3,00m

Objetivos de Manejo Implantação de residências e comércios e minimização dos

impactos da mesma sobre a bacia hidrológica da Lagoa de Iriry

Atividades previstas Edificações (comercial e residencial), implantação de projetos

de cunho urbanístico-ambiental

Proibições da Zona Retirar cobertura vegetal sem a prévia autorização do órgão

gestor da UC, instalar as edificações fora dos critérios

estabelecidos

Avaliação:

Observamos na ZM construções datadas em 2003 e 2007, atendendo ao uso

definido no (PMA), notando-se a presença de construções comerciais e residenciais em sua

extensão.

Figura 29 - Ampliação da área em estudo (ZM).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Page 94: apa lagoa de iriry

77

Imagem 40 - Presença de comércio dentro da ZM. Fonte: o autor, 2010.

Considerações Finais:

Conseguimos observar ao longo da avaliação setorial de zoneamento definido pelo

Plano de Manejo, o adensamento urbano gradativo dentro dos limites da APA Lagoa de Iriry.

Conforme ilustrado ao longo da pesquisa, o Loteamento Jardim Bela Vista vê cada vez mais

e em pouco tempo, suas terras sendo ocupadas sem o adequado planejamento urbano,

reflexo de um crescimento urbano acelerado e sem controle no município.

Embora o Plano de Manejo tenha atingido em grande parte seus objetivos, fica claro,

porém, que é necessário rever seus critérios de ocupação, zoneamentos propostos, e

parâmetros urbanísticos definidos. Natural que seja assim, pois a criação de um Plano de

Manejo requer revisões periódicas por abranger áreas de proteção ambiental que sofrem

com a dinâmica da cidade em que está situada.

A repressão à prática de construção e uso irregular das edificações, revendo e

atualizando as normas pertinentes, simplificando a legislação e implantando sistema eficaz

de fiscalização são alguns dos objetivos da política de urbanização e uso do solo, citados no

art. 34 – X do Plano Diretor do Município de Rio das Ostras (Lei Complementar n°

004/2006).

Diante da avaliação feita, torna-se importante considerarmos dois aspectos a serem

revistos no plano de manejo. O primeiro relacionado com a ausência de taxa de ocupação

geral por zoneamento da APA. O segundo aos limites geográficos definidos no plano.

Page 95: apa lagoa de iriry

78

1 – Taxa de Ocupação Geral por Zoneamento do PMA:

A Lei Complementar n° 007/2008 que institui o Zoneamento Geofísico do Município

de Rio das Ostras, não estabelece parâmetros urbanísticos para a APA, sendo estes

definidos pelo Plano de Manejo Ambiental (Art. 17). Como mencionado no item 5.2.1, o

loteamento em estudo pertence a ZR-5 e ZM-3, considerando a APA como ZUC-1 – APA.

Porém, o (PMA) define as zonas de uso e taxa de ocupação para construção por LOTE, e

não por ZONA. Dessa forma, o adensamento proposto é integral para cada um dos

zoneamentos, o que acarretará com o tempo, problemas ambientais de grande porte para a

região.

Através da Análise de Crescimento Urbano ilustrada na pesquisa, pudemos observar

que a expansão urbana tende a aumentar para os próximos anos, invadindo áreas ainda

desocupadas, muitas delas pertencentes à APA Lagoa de Iriry. A pressão pela demanda de

novas terras é previsível, porém, poderá acarretar sérios danos ambientais.

É notório que as construções existentes no loteamento ocupam mais de 50% do

território, alertando-nos para o necessário e rigoroso controle do adensamento urbano e

fiscalização em todos os sentidos através de leis mais restritivas ao uso do solo e à proteção

dos ecossistemas da região.

2 – Limites geográficos definidos no PMA:

Podemos perceber em alguns momentos, que os limites geográficos definidos no

(PMA) acabam por induzir a ocupação dos lotes, sejam eles em zona de ocupação

controlada ou não.

Page 96: apa lagoa de iriry

79

Figura 30 - Ampliação da quadra 57

pertencente a ZOC 2. Fonte: Imagem Google

Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Ao analisarmos a ZOC-2 pudemos

observar claramente que o surgimento de

novas construções datadas entre 2003 e

2007, se deu pela permissão de uso do

próprio zoneamento definido no plano.

Em especial a quadra 57, é notório que os

limites definidos ao contornar a quadra,

induziram a ocupação dos lotes até então

vazios entre 2007 e 2010, que

apresentavam forte potencial para fins de

projetos de cunho urbanístico-social.

Outro exemplo de indução de ocupação

ocorreu devido aos limites geográficos

definidos para ZCVS-1 (em verde),

precisamente nas quadras 22 e 23. Embora

o (PMA) não sugira desapropriações de

lotes existentes até o momento de sua

elaboração, a passagem dos limites

geográficos por trás destas construções pelo

centro da quadra, não foi suficiente para

coibir o surgimento de novas construções.

Os limites geográficos definidos para cada

zona requer fiscalização periódica nestes

locais.

Figura 31 - Ocupações irregulares na ZCVS 1. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo

autor, 2010.

Page 97: apa lagoa de iriry

80

5.2.3.3 – Proposta Urbanística I - Introdução

A proposta urbanística a ser apresentada tem como objetivo mostrar a possibilidade de

se obter um ambiente saudável e equilibrado ao destinarmos para a população áreas verdes

públicas, através de praças com equipamentos para fins de lazer, espaços para a execução de

projetos sociais, culturais e ambientais, calçadas planejadas que respeitem não apenas o

pedestre, mas também a natureza através da utilização de pavimentos semi-permeáveis e

golas de infiltração para as árvores e arbustos ao longo das vias, bem como o controle de fluxo

de visitantes dentro dos limites da APA Lagoa de Iriry nas épocas de maior freqüência da

população local e visitantes.

A proposta visa o uso sustentável do solo, a integração do homem com a natureza,

oferecendo melhores condições de vida pelo equilíbrio e respeito ao meio ambiente. O controle

da expansão urbana no Loteamento Jardim Bela Vista deve ser visto como a principal razão na

busca de espaços verdes e proteção da APA Lagoa de Iriry, mas também devido o aumento do

stress urbano comum as grandes cidades, a necessidade de estar próximo à natureza tem

aumentado consideravelmente, pois estas áreas verdes proporcionam lazer, prática de

esportes, meditação, estudo e entretenimento.

Será apresentada uma proposta de intervenção para o loteamento, baseando-se em

ações que incidem diretamente na ocupação ordenada do solo. São eles:

1 - Desocupação de áreas sujeitas a alagamentos periódicos e/ou que ocupem áreas

ambientais restritivas à ocupação humana e que estejam em descordo com as leis pertinentes;

2 – Assegurar áreas verdes públicas de lotes desocupados no interior do loteamento e/ou

mesmo com a recuperação de lotes já construídos em áreas adjacentes de zonas de proteção

integral do ecossistema, para a criação de praças, parques e projetos de cunho urbanístico-

ambiental.

3 – Composição paisagística adequada para a região considerando a utilização de pavimentos

semi-permeáveis nas calçadas e ruas internas, e da arborização urbana com espécies locais

de restinga.

Para que as propostas de intervenção tenham validade, é necessário que esteja

amparada em lei, de forma a nos permitir o remanejo de construções irregulares. Abaixo, serão

Page 98: apa lagoa de iriry

81

abordados resumidamente os instrumentos de gestão urbana e ambiental previstos no Plano

Diretor do Município de Rio das Ostras – Lei Complementar n° 004/2006.

Sob o ponto de vista legal, de acordo com o art. 119 do Plano Diretor do município, para

a implementação, controle, indução e promoção do desenvolvimento urbano, o Município de

Rio das Ostras aplicará as diretrizes e normas legais de parcelamento, uso e ocupação do solo

e promoverá, direta ou indiretamente, a execução dos projetos e das ações estratégicas nos

termos desta lei, utilizando, isolada ou combinadamente, dentre outros, os instrumentos

previstos nos artigos 4° e seguintes da Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001,

denominado Estatuto da Cidade, noutras leis nacionais, inclusive na legislação nacional de

proteção e recuperação do meio ambiente.

O anexo IV do Plano Diretor da cidade (Figura 32) delimita as áreas no município

passíveis de aplicação dos diversos instrumentos citados em seu art. 119. Dentre alguns dos

instrumentos da gestão urbana e ambiental aplicáveis a nossa proposta de intervenção,

podemos sugerir para os itens 1, 2 e 3 mencionados a cima:

a) A Desapropriação, especialmente com base no art. 44 da Lei Nacional n° 6.766, de 19 de

dezembro de 1979.

b) A Transferência do Direito de Construir, onde o Poder Executivo poderá autorizar o

proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local ou a alienar, o

direito de construir quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de: I -

implantação de equipamentos urbanos e comunitários, II – preservação, quando o imóvel for

considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural, III – servir a

programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de

baixa renda e habitação de interesse social. (art. 125)

c) O exercício do Direito de Preempção onde o Poder Público Municipal poderá exercer o

direito de preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre

terceiros, localizados em área delimitada por lei municipal, baseada no Plano Diretor. (art.

126). Esse direito será exercido sempre que o Poder Executivo necessitar de áreas para (d)

ordenamento e direcionamento da expansão urbana; (e) implantação de equipamentos

urbanos e comunitários; (f) criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes, para

garantir novas áreas públicas em pró da população

d) A Operação Urbana Consorciada onde o conjunto de medidas coordenadas pelo Poder

Executivo Municipal com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes

Page 99: apa lagoa de iriry

82

e investidores privados têm o objetivo de alcançar transformações urbanísticas estruturais,

melhorias sociais e a valorização ambiental, notadamente ampliando os espaços públicos,

recuperando e preservando áreas urbanas de interesse ambiental, revitalizando áreas

excessivamente adensadas, e implantando projetos de interesse turístico junto à orla

marítima do Município de Rio das Ostras. (art. 131 - § 1°)

e) O Consórcio Imobiliário, onde o proprietário que transferir seu imóvel para o município

receberá como pagamento, unidades imobiliárias devidamente urbanizadas ou edificadas.

(art. 137 - § 2°)

f) O Direito de Superfície no qual o município poderá receber em concessão, diretamente ou

por meio de seus órgãos, empresas ou autarquias, o direito de superfície, nos termos d

legislação em vigor, para viabilizar a implementação de diretrizes constantes na lei. (art.

138)

Figura 32 - Instrumentos da Política Urbana e Ambiental definidos para a cidade. Fonte: Anexo IV – PD.

Os instrumentos acima apresentados podem ser aplicados no loteamento, dando-nos

reforço jurídico no controle da ocupação de novas terras, incluindo áreas pertencentes da APA

Lagoa de Iriry. Cabe a Administração Municipal definir estas estratégias legais visando à

proteção do ecossistema local.

Page 100: apa lagoa de iriry

83

Vale lembrar também, que este trabalho não tem a intenção de especificar espécies

arbóreas ou mesmo representar o papel do profissional paisagista na reconstituição da

paisagem natural dentro do cenário devastado pelas construções. Obviamente, que este é um trabalho multidisciplinar, onde a questão paisagística requer conhecimentos de botânica,

ecologia, variações climáticas regionais e estilos arquitetônicos, sendo também importante o

conhecimento das compatibilidades plásticas para o equilíbrio das formas e cores.

Cabe a Administração Municipal cuidar destes espaços criados, proporcionando um

visual extremamente pacificador e relaxante para todos através do cuidado com as espécies

inseridas em suas ruas, avenidas, praças públicas, jardins públicos e particulares e limpeza

periódica e manutenção para a saúde das plantas.

No sentido de diminuir custos e evitar a sobrecarga administrativa no serviço público,

algumas soluções alternativas têm sido adotadas com sucesso tanto na implantação quanto na

manutenção de áreas verdes no país. A mais comum é a adoção de áreas verdes públicas por

grupos empresariais privados, que garantem sua manutenção, obtendo em troca espaço

publicitários de apelo ecológico, bastante vantajoso nos dias atuais. Dentre outras, podem ser

citadas soluções desse tipo adotadas em Curitiba nas décadas de 70 e 80, bem como Porto

Alegre e Vitória. A contribuição empresarial pode ser adotada também para a implantação de

novas áreas verdes, o que pode ser bem exemplificado com o Jardim Botânico Municipal de

Curitiba, que contou com decisivo apoio do grupo “O Boticário” (MILANO, 1993).

II - A Proposta

Visando a proteção e recuperação de áreas de interesse para o município, a figura

abaixo assinala as áreas propostas à intervenção, sendo representadas em verde as áreas de

passíveis de alagamento periódico, e em lilás as áreas sugeridas à implementação e

complementação de áreas verdes públicas, sejam elas compostas de equipamentos e

mobiliários para a população, ou mesmo para a proteção e recomposição do ecossistema local.

Page 101: apa lagoa de iriry

84

Figura 33 - Indicação das intervenções propostas.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Observamos na figura acima áreas de diversas proporções, sendo indicado desde

grandes faixas que abrangem diversos quarteirões, como pequenas e médias praças públicas

espalhadas no interior do loteamento. Basicamente as faixas grandes observadas na figura tem

por finalidade a recuperação de áreas adjacentes a áreas de proteção integral, ou mesmo com

a finalidade de assegurar áreas passíveis de alagamento periódico.

A seguir, serão apresentadas as justificativas de escolha das áreas propostas para

intervenção. Importante dizer que o trabalho não tem por finalidade apresentar um projeto

urbanístico para cada uma das áreas assinaladas em figura, mas sim a apresentação de um

Projeto Conceitual de área verde escolhida na figura capaz de se aplicado nos diferentes

espaços.

A figura abaixo apresenta três situações distintas para aplicação das ações sugeridas.

1 - Área 1 - Proposta de resgate e preservação das áreas adjacentes a ZCVS 1 de forma a

coibir o ritmo acelerado da expansão urbana em sua direção para fins de lazer e contemplação;

Page 102: apa lagoa de iriry

85

2 - Área 2 – Proposta de resgate das áreas de inundação, e conectar as duas avenidas do

loteamento, de forma a garantir áreas verdes, a melhoria do fluxo de veículos e pessoas, e a

criação de um corredor ecológico capaz de transformar positivamente a paisagem urbana;

3 – Área 3 – Proposta de criação de praças públicas no interior das quadras afim de garantir

áreas verdes no loteamento propondo áreas de infiltração de águas pluviais, o oferecimento à

população de áreas de convívio social através de quadras poliesportivas, mesas com jogos,

pista de skate, entre outras possíveis atividades pertinentes à implementação.

Figura 34 - Delimitação das áreas de estudo para o trecho de intervenção 1.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Abaixo será apresentado as justificativas para a escolha das áreas, sendo apresentado

o Projeto Conceitual de Uso e Conservação na Área 3.

(1) – Área 1:

Após concluirmos a análise de ocupação por zoneamento no item 5.2.3.2 pudemos

observar que a expansão urbana atingiu os limites máximos permitidos e em alguns casos

agredindo o meio ambiente ocupando áreas restritivas ao uso.

Page 103: apa lagoa de iriry

86

O zoneamento geofísico do município e o (PMA) não definem claramente uma taxa de

ocupação para o loteamento, e sim apenas para o lote. Em função disso, acabam por induzir a

ocupação integral dos espaços vazios contribuindo para futuros problemas de drenagem

urbana, além de dificultar a fiscalização de novas construções erguidas em áreas adjacentes

aos limites geográficos da ZCVS-1 (em verde).

A falta de adequação na definição de índices de ocupação do solo faz com que os

Planos Diretores ou Leis de Zoneamento, sejam elaborados sem uma clara definição do

resultado final quando a cidade estiver densamente ocupada (BOURSCHEID; LOCH, 1994)

Imagem 41 - Ocupações irregulares executadas áreas restritivas ao uso. Fonte: o autor, 2010.

Nesse sentido, torna-se necessário garantir áreas adjacentes aos limites geográficos

dando utilidade a elas seja sob o ponto de vista social, cultural ou paisagístico, com a criação

de parques, praças, jardins, entre outras formas de compor a paisagem urbana.

Dentre os diversos espaços propostos delimitados na Área 1, escolhemos uma área de

interesse para o município representada na figura 35 visando o resgate de uma área adjacente

a ZCVS 1, hoje ocupada. A imagem abaixo, mostra na cor lilás a destinação de áreas

adjacentes a ZCVS 1 (verde claro) para o desfrute da população. Vale lembrar que torna-se

necessário, obviamente, propor a desocupação dos lotes já construídos dentro da ZCVS 1.

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87

Figura 35- Demarcação da área a sofrer intervenção (em lilás).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

O resultado obtido com a destinação da área na cor lilás confrontante com a ZCVS 1

para fins de lazer a população, garante a proteção dos limites geográficos da zona, uma vez

que não temos a presença de construções adjacentes a estas marcações, facilitando não

apenas a fiscalização destas áreas, mas também o benefício adquirido pela população com a

utilização destes espaços.

Abaixo apresentamos uma proposta de intervenção para a área, sendo representadas

de forma setorizada todas as atividades indicadas.

A proposta se constitui na aplicação de espaços arborizados com espécies de flora da

região compondo uma paisagem acolhedora e agradável, através de espaços contemplativos e

de lazer com lago artificial, trechos para caminhadas, estacionamento para visitantes, parque

infantil com brinquedos ecológicos, mesas de jogos, bancos e pérgulas para o alívio do sol.

A aplicação de pavimentos permeáveis para infiltração das águas pluviais, torna-se

indispensável, sendo estes aplicados em toda a praça, incluindo o estacionamento para

visitantes, e excluindo as caixas de areia dos parques infantis.

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Imagem 42 - Proposta de Intervenção para proteção da área adjacente - ZCVS 1. Fonte: o autor, 2010.

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A área abaixo pertencente a Área de Intervenção 1, baseia-se nos mesmos princípios,

sendo representado 2(duas) áreas: (1) Proteção do ecossistema local destinando as áreas

adjacentes a ZCVS 1 para fins comunitários ou de preservação, (2) desapropriação de

construções irregulares que ferem as disposições do (PMA) para a ZOC 1, necessitando seu

remanejo.

Figura 36 - Demarcação da área a sofrer intervenção (em lilás).

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

(1) - Observamos que as quadras acima da Av. Brasília são divididas entre a ZCVS 1 e ZOC 2.

Uma explicação para tal divisão em meio à quadra pode ser explicada pela Lei Estadual n°

1130/87, que defini a Lagoa de Iriry como área de interesse especial do Estado. Segundo a lei,

a faixa marginal de proteção da mesma é de 300 (trezentos) metros, sendo os 100 (cem)

metros mais próximos da Lagoa não passível de ocupação e os 200 (duzentos) metros

restantes passível de ocupação com restrição de uso a ser definido pela Prefeitura. Embora o PM tenha seguido as restrições da lei, este por sua vez induz a ocupação até os

limites da ZCVS 1. Notadamente a ZOC 2 exercerá pressão sobre a ZCVS 1, podendo esta

ceder seus limites à invasões conforme observado anteriormente.

Page 107: apa lagoa de iriry

90

Propõe-se para esta área, a proteção do ecossistema adjacente, através do plantio da

vegetação de restinga complementar e/ou projetos de cunho paisagístico. O objetivo principal

nesta intervenção é proibir qualquer construção que faça limites com a ZCVS 1. Dessa forma o

ambiente se mantém protegido, e permite a adminstração municipal maior fiscalização nestas

áreas de entorno.

2 - Para as desapropriações necessárias, é

sugerido a remoção de todas as

construções da quadra, incluindo a Base

Operacional da APA, sendo esta relocada

para quadra 57. O remanejo desta

construção embora atenda as diretrizes do

PM, visa a liberação da área para proteção

do ecossistema e/ou implementação de

projetos ambientais aconselhados para a

zona. A relocação da Base Operacional da

APA passa a ocupar um lote da ZOC 2,

com construção datada entre 2007 e 2010.

Figura 37 - Remoção das ocupações na ZOC1. Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo

autor, 2010. (2) – Área 2:

Jardim Bela Vista é cortado ao centro pela Avenida Brasília e abaixo pela Avenida Ouro

Verde que faz limite geográfico com o Loteamento vizinho. Estas avenidas conectam a Rodovia

Amaral Peixoto com a Lagoa de Iriry desempenhando importante papel viário dentro do

loteamento. Trata-se, portanto, de duas avenidas paralelas entre si, com a função de conduzir

seus moradores e visitantes ao convívio da lagoa.

Ao analisarmos o projeto de loteamento aprovado em 14/06/1961, observamos que a

Rua Rio de Janeiro representada na cor amarelo na figura abaixo, foi planejada como eixo

vertical de ligação entre as duas avenidas, através de caixa de rolamento mais larga (25

metros), com mão e contra mão de veículos, sendo desenhada de forma a considerar uma

previsão futura no alívio do fluxo de pessoas, cargas e veículos no interior do loteamento.

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91

Figura 38 - Planta do loteamento aprovado em 14/06/1961. Fonte: SEMUOSP. 17-12-2008

Observamos, entretanto, que o loteamento hoje não reflete o projeto aprovado. Embora

com ruas largas, observa-se o terreno ao natural sem definição de via e calçamento, com mato

alto ao longo da via, com pouca arborização urbana e terrenos baldios abertos.

Imagem 43 - Vista da Rua Rio de Janeiro entre a Av. Brasília e Av. Ouro Verde, em 05/2010.

Fonte: o autor, 2010.

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92

Imagem 44 – Terreno baldio e rua sem tratamento urbanístico, em 05/2010. Fonte: o autor, 2010.

É notório que a expansão urbana venha a contribuir para o aumento dos problemas

urbanos, sendo necessário planejarmos ruas e avenidas capaz de suportar o fluxo maior de

pessoas e carros no futuro, além de considerar o aumento do número de visitantes no período

de verão.

Torna-se necessário projetarmos espaços planejados para atender a esta demanda

natural, tendo como objetivo: (1) a conexão entre as avenidas, (2) a desocupação de áreas de

alagamentos, (3) o transporte público restrito, (4) a composição paisagística adequada.

1 – Conexão entre áreas restritas ao uso

A Rua Rio de Janeiro neste trecho compreendido entre as duas avenidas do

loteamento exerce um papel importante de conexão entre áreas restritivas ao uso. Trata-se da

área próxima a rótula da Av. Brasília passível de alagamentos e área pública próxima a rótula

da Av. Ouro Verde, conforme mostra a figura abaixo, tomando como partido o planejamento

urbano integrado para estas áreas.

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Figura 39 - Em vermelho, áreas sujeitas a alagamento e áreas públicas do município.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

2 – Desocupação de áreas de alagamentos periódicos

A figura abaixo apresenta a área proposta para intervenção na Rua Rio de Janeiro e

adjacências, representando na cor verde as áreas de alagamento periódico e na cor lilás as

áreas que complementam a intervenção através da alargamento da via e destinação de áreas

verdes públicas para criação de praças.

Nota-se a ocupação de diversos lotes que se encontram em áreas restritivas ao uso.

São áreas alagadiças e terrenos pantanosos, que devem ser resgatados ao meio ambiente,

seja para a recomposição da paisagem urbana, ou mesmo para fins de lazer para a população.

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Figura 40 - Construções irregulares em área de alagamento periódico próxima a Av. Brasília.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Observamos na análise de uso e ocupação do solo – item 5.2.3.1, que estas áreas

foram ocupadas, em grande parte, entre os anos de 2003 a 2007. Nos quarteirões próximos a

Av. Ouro Verde (direita da figura), foi observado construções mais recentes, datadas entre

2007 e 2010.

3 - Transporte público restrito

Hoje é possível notar a circulação de ônibus ou micro-ônibus no interior da APA

fazendo paradas próximas a Lagoa, favorecendo ao aumento do número de visitantes em

épocas de verão e possível descontrole na demanda exercida. Além disso, o transporte público

feito hoje próximo a Lagoa de Iriry não atende a uma demanda suficiente de moradores que

justifique sua entrada por se tratar de uma área pouco adensada e preservada pela restinga.

A proposta para o local é controlar o fluxo interno de ônibus, veículos, vans, entre

outros, criando espaços apropriados fora do interior da APA para receber os visitantes da

lagoa. Os transportes em massa, de ônibus e vans ficariam restritos a Av. Brasília, Rua Rio de

Janeiro e Av. Ouro Verde, conforme mostra a imagem abaixo.

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95

Figura 41 - Mapa viário interligando as duas avenidas através da Rua Rio de Janeiro.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

4 – Composição paisagística adequada

Ao propormos o alargamento de uma via e influenciarmos o fluxo de pessoas e

veículos ao longo da rua, torna-se importante nos atentarmos ao adequado tratamento

paisagístico, a infiltração das águas pluviais através de pavimentos permeáveis ou semi-

permeáveis, a composição de ruas arborizadas e frescas, com instalação de abrigos de ônibus,

entre outros.

Por se tratar de uma rua suscetível a alagamentos periódicos, a proposta é coibir a

expansão de novas construções, criando espaços agradáveis que integrem a paisagem urbana

através de espaços públicos planejados conforme apresentado na Área de Intervenção 1,

garantindo a percolação das águas pluviais, e a integração social da população ao desfrutar

áreas de lazer e convívio para suas famílias.

Hoje, Jardim Bela Vista não conta com quadras poliesportivas, pista de skate, praças

arborizadas com brinquedos para crianças, entre outros benefícios. A demanda imobiliária por

novos lotes cresce sem deixar espaços públicos de convivência, contando apenas com a

paisagem natural da Lagoa de Iriry, propriamente dita.

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96

Embora a lagoa seja o verdadeiro chamariz por sua beleza indiscutível, sua utilização

requer grande deslocamento pelo interior do loteamento, o que torna importante também

pensarmos em praças internas mais próximas a vizinhança. Trata-se, portanto, de um

excelente ponto de integração social no interior do loteamento.

(3) – Área 3

Hoje, embora ainda com muitos lotes desocupados no Loteamento Jardim Bela Vista,

observamos uma carência de praças públicas internas, com equipamentos comunitários

zelando pela saúde e bem estar da população.

O loteamento caracteriza-se por quadras longas medindo em média 180m x 60m,

dificultando o acesso de população ao convívio da natureza ao redor da Lagoa de Iriry.

Estimular o convívio social, o esporte e áreas arborizadas é imprescindível para a qualidade de

vida de quem ali reside e/ou utiliza seus espaços.

A proposta tem por finalidade garantir áreas de médias e grandes proporções –

indicadas na imagem 35, de modo a convergir moradores locais para seu desfrute. Além de

proporcionar ruas mais seguras, com pessoas circulando pelas praças, estimula a flora e fauna

da região.

Figura 42 - Localização da área de aplicação do Projeto Conceitual.

Fonte: Imagem Google Earth, trabalhada pelo autor, 2010.

Vale lembrar, que não se trata aqui de propor um corredor ecológico propriamente dito

capaz de interligar ecossistemas próximos, mas de garantir o adensamento adequado em torno

de 50% de taxa de ocupação, através de praças e benfeitorias para a população. Para isso,

Page 114: apa lagoa de iriry

97

escolhemos a área assinalada em amarelo para apresentarmos nosso Projeto Conceitual de

Uso e Conservação Ambiental.

O Projeto Conceitual apresentado na imagem 46 destina em seu espaço, locais

contemplativos de lazer para todas as idades. Trata-se de uma praça pública interna no

loteamento, localizada entre a Rua São Paulo e Rua Niterói, de pequenas proporções medindo

35m x 60m, levando-se em consideração a presença de construções ao seu redor.

Foi proposto um lago artificial como forma de estimular o lazer contemplativo ao seu

redor. Além de um ambiente acolhedor, conseguimos através do lago proposto maior umidade

no local. Diversas praças espalhadas no mundo têm o lago como elemento principal de atração

para seus freqüentadores.

Vale lembrar, entretanto, que o Projeto Conceitual proposto não tem por finalidade criar

regras de execução através dos equipamentos propostos, podendo estes ser variados e

dispostos de acordo com a necessidade local, cabendo a participação da população na

implementação destes espaços. Dentre os equipamentos propostos, podemos destacar:

parque infantil, pista de skate, mesa de jogos para idosos, quadras poliesportivas, quadras de

vôlei de areia, trilhas para caminhadas, pérgulas com sombreamento, bancos, além dos

equipamentos de iluminação e coleta de resíduos sólidos.

Para a implementação destes espaços devemos considerar a freqüência de

alagamentos no local através do estudo de drenagem das águas pluviais, de modo a se

planejar espaços apropriados para receber esta demanda. Como forma de absorver estas

águas temporárias, observa-se em diversas praças o planejamento através da execução de

bacia de detenção de águas pluviais ou mesmo quadras poliesportivas.

A especificação dos mobiliários propostos deve ser cuidadosamente indicada levando

em consideração a durabilidade do material, o conceito sustentável com a compra de eventuais

madeiras certificadas e empresas com selo de qualidade ambiental, além claro, do custo para

implementação e o custo do material.

A utilização de pavimentos permeáveis ou semi-permeáveis ajuda na percolação das

águas pluviais, sendo estes indicados para o local, cabendo a Administração Municipal, junto

aos seus técnicos, a decisão pelo material apropriado.

Abaixo apresentamos o Projeto Conceitual de Uso e Conservação Ambiental propriamente dito:

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Imagem 45 - Projeto Conceitual de Intervenção para criação de praças públicas no loteamento.

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Perspectiva 1 - Vista panorâmica da praça e proposta de pavimentos permeáveis nas ruas internas.

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Perspectiva 2 - Proposta de um ambiente seguro e acolhedor para os visitantes.

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Perspectiva 3 - Previsão de equipamentos e mobiliários como mesa, bancos, lixeiras e iluminação.

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Perspectiva 4 - Pérgula para proteção solar e parque infantil para diversão das crianças.

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Perspectiva 5 - Ambiente arborizado com árvores, grama e pavimento adequado a infiltração das águas.

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Perspectiva 6 - Criação de ambientes sombreados e ensolarados para contemplação do usuário.

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CONCLUSÃO

É notório identificarmos ao longo do trabalho o acelerado processo de expansão

urbana na Cidade de Rio das Ostras. Diversos fatores contribuíram para que áreas até

então desocupadas fossem alvo de ocupação, muitas vezes agredindo Áreas de Proteção

Ambiental e ignorando leis restritivas ao uso e ocupação do solo. Sua localização e

crescimento populacional nas últimas décadas foram determinantes ao processo de

ocupação do solo, esbarrando-se em gestões ambientais deficientes.

A proximidade com o Município de Macaé e a especulação imobiliária exercida na

busca de novas terras desencadeou no Loteamento Jardim Bela Vista uma ocupação

desordenada, sem respeito aos padrões construtivos e leis de zoneamento, cabendo a

Administração Municipal o dever e a obrigação de fiscalizar estas áreas que ferem leis

federais, estaduais e municipais.

O crescimento populacional trouxe mão de obra barata e o adensamento da periferia

de Rio das Ostras, ocupando de forma irregular áreas de alagamentos periódicos e zonas

de proteção ambiental. Muitas vezes existe resistência dos moradores quando recebida a

ordem de embargo de suas construções, dificultando o trabalho de fiscalização da

Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Pesca e Agricultura.

Cabe a Administração Municipal do Município de Rio das Ostras atuar com uma

Política Integrada capaz de proteger e preservar adequadamente esse remanescente de

restinga do território nacional. Torna-se importante a garantia e destinação de recursos para

o Meio Ambiente, afim de identificar áreas ocupadas irregularmente e apresentar uma

fiscalização mais eficiente de todos os Órgãos envolvidos no processo de uso e ocupação

do solo.

Nesse sentido, o trabalho apresentado atingiu o objetivo proposto ao analisar o

processo de uso e ocupação do solo no Loteamento Jardim Bela Vista, avaliando o

zoneamento definido para a região e o Plano de Manejo da APA Lagoa de Iriry. Através

desse estudo, pudemos estudar no loteamento seu passado, afim de entendermos o

presente e modificarmos o futuro com a proposta de sugerir a revisão das leis envolvidas em

cima dos dados levantados, e apresentarmos uma proposta urbanística conceitual de uso e

conservação ambiental.

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