aor 30

7

Click here to load reader

Upload: caroline-augusta

Post on 29-Jun-2015

90 views

Category:

Education


4 download

DESCRIPTION

l

TRANSCRIPT

Page 1: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 19

AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS DOSCIRURGIÕES-DENTISTAS EM RELAÇÃO ÀBIOSSEGURANÇA NA PRÁTICA CLÍNICA

Evaluation of dentist's knowledgeregarding to biosafety in clinical practice

Cássio Vicente Pereira 1

Marco Antonio de A.C.G. Cyrino 2

Marcone Reis Luiz 3

Anita Cruz Carvalho 4

Caroline Nunes de Almeida 4

ResumoOBJETIVOS: A presente pesquisa visou a determinar o conhecimento de cirurgiões-dentistasatuantes na cidade de Lavras, MG, Brasil, das medidas de prevenção dos riscos biológicos, comênfase na exposição a material biológico contaminado e aquisição de agentes infecciosos.METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento entre cem cirurgiões-dentistas, com umquestionário contendo 13 questões avaliando a utilização rotineira da paramentação, medidas deesterilização e desinfecção na prática profissional. Resultados: Demonstrou-se que mais de 60%dos cirurgiões-dentistas entrevistados utilizam EPI (equipamentos de proteção individual) deforma rotineira em sua atividade clínica, com exceção ao uso de gorro, onde apenas 40%afirmam utilizá-lo em todos os procedimentos. Em relação aos procedimentos de esterilização,80% dos cirurgiões-dentistas fazem uso de estufa e 20% autoclave. CONCLUSÕES: Emborahaja conscientização dos entrevistados em relação às medidas de infecção cruzada, estes aindanão praticam as normas estabelecidas dentro de um rigor profissional, uma vez que foramdetectadas falhas em alguns métodos mais primários de proteção individual, como o uso dogorro e do avental de chumbo cervical. A fim de auxiliar a superação de tais deficiências,evidencia-se a necessidade da implementação de práticas de Biossegurança na práticaodontológica e da ampliação dos conhecimentos nesta área, visando ao controle de infecções e aconseqüente proteção profissional e dos pacientes.Palavras chave: Odontologia; Biossegurança; Controle de infecções.

1 Mestre e Doutor em Biologia e Patologia Buco-Dental / Microbiologia-UNICAMP; Professor de Microbiologia eImunologia, UNILAVRAS, Professor Pesquisador do Curso de Pós-graduação em Biologia Oral, USC. Endereço: RuaPadre José Poggel, nº 506 Centenário. Lavras MG. E-mail: cá[email protected] Especialista em Endodontia.3 Mestre e Doutor em Endodontia UNESP / Araraquara; Professor de Endodontia, UNILAVRAS.4 Acadêmica de Odontologia, UNILAVRAS.

Page 2: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 20

AbstractOBJECTIVE: The purpose of this study was to survey dental patients to determine themedications they were using and to compile information on their medical histories. Informationabout medications used along with a current medical history on all dental patients is essential forsafe dental practice. Dental patients presenting with chronic diseases have been on the rise. Druginteractions and adverse drug reactions are likely to occur in an ever-growing polypharmaceuticalenvironment. MATERIALS AND METHODS: Information regarding medical conditions andmedication use was obtained from interview by a dentist of 230 dental patients. Epidemiologicaldata, medical histories and/or drug therapies and allergies were evaluated. The data was analyzedto assess any potential oral side-effects, pertinent drug interactions, or potential complications ofdental treatment.RESULTS: At least one significant medical problem was reported by 26% ofthe patients. Allergies to different drugs (12%) and cardiovascular disorders (8%) were the itemsmost frequently mentioned. Seventeen per cent of the patients reported taking medications. Themost prevalent drugs were antihypertensives, antiarrhythmic and psychotherapeutic agents.CONCLUSION: This study revealed that medical problems and allergies of dental patients arevery common. Approximately a quarter of dental patients attending for routine dental carereported at least one relevant medical problem. Allergies to different drugs, cardiovasculardisorders and depression were the items most frequently reported. The prevalent drugs usedwere antihypertensives, antiarrhythmic and psychotherapeutic agents. In order to protect thesafety of a patient it is prudent for a dental practitioner to obtain a current and thorough medicalhistory before proceeding with planned treatment.Keywords: Drug interactions; Medical history; Cardiovascular disease; Allergies;

Introdução

Na Odontologia, o profissional e equipesão expostos diariamente a uma grandevariedade de microorganismos da microbiotabucal do paciente, principalmente pelosaerossóis produzidos pela alta rotação e seringatríplice. Esses agentes podem ser patogênicos etransmitir doenças infecto-contagiosas, taiscomo: resfriado comum, pneumonia,tuberculose, hepatite B, hepatite C, entre outras(1). No atendimento ao paciente, ocirurgião-dentista e sua equipe auxiliar fazemtodo o trabalho no consultório odontológico.Devido à grande variedade de funções, podemoriginar-se cadeias e rotas de contaminação etransmissão de doenças infecto-contagiosas. Oemprego de medidas de controle de infecção,como equipamentos de proteção individual,esterilização do instrumental, desinfecção doequipamento e ambiente, anti-sepsia e outrasmedidas, podem prevenir a transmissão destasdoenças na Odontologia. A atividade prática na boca do paciente,sendo na maioria das vezes invasiva aos tecidos,coloca os profissionais sob risco decontaminação e infecção pelosmicroorganismos bucais e/ou sistêmicos, pois amanipulação e presença de sangue e saliva

constituem-se rotina diária do profissional daOdontologia (2). A cada dia, tem aumentado na práticaodontológica os contatos de profissionais compacientes infectados, portadores de doençasque oferecem riscos de vida, como a hepatite Ae tipo B, e a síndrome da imunodeficiênciaadquirida (AIDS). Por outro lado, a recíprocatambém é válida quanto à possibilidade detransmissão de doenças infecciosas pelosprofissionais de saúde a seus pacientes. Paracomprovar este aspecto, muitos estudos vêmsendo feitos e apresentados com o propósito deeducar e orientar os profissionais acerca doperigo de contaminação no consultório,sobretudo após o aparecimento da AIDS (3). Os profissionais cirurgiões-dentistas sãosuscetíveis a várias doenças. O mecanismo maisefetivo para a proteção é o oferecido pelosequipamentos de proteção individual (EPIs),constituídos por gorro, óculos de proteção,máscara, avental e/ou roupa própria doconsultório, luvas, sapatilhas ou sapato de usoexclusivo no consultório, não sópara oprofissional como também para o pessoalauxiliar. Para que o controle de infecções sejaefetivo, toda a equipe deve estar integrada,devidamente informada e paramentada, a fimde que a cadeia asséptica não seja interrompidaem nenhum momento.

Page 3: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 20

O uso de vários instrumentos,equipamentos produtores de aerossol emateriais diversos faz com que essa práticatorne-se de maior risco, pois a contaminaçãoacaba por se espalhar por todo ambiente detrabalho, necessitando maior atenção por partedo pessoal auxiliar no momento dareorganização do consultório para o próximopaciente (2). Com a finalidade de auxiliar nasuperação de tais deficiências, é necessário quese conheça a realidade do atendimentoodontológico e que se proceda a umlevantamento da atenção dispensada nocontrole das infecções e normas debiossegurança em consultórios. Com basenesses pressupostos, o presente trabalho visoua avaliar a conduta dos cirurgiões-dentistas nacidade de Lavras, MG, frente às normas debiossegurança em sua prática clínica.

Metodologia

Para a realização deste trabalho, foiaplicado um questionário com 13 perguntas a100 cirurgiões-dentistas, com consultórios nacidade de Lavras. O questioná rio não exigiaidentificação pessoal, sendo composto porquestões objetivas direcionadas às práticas de

biossegurança realizadas por esses profissionaisem consultório. Todos os profissionaisassinaram um termo de consentimentoesclarecido contendo informações sobre ametodologia da pesquisa antes de responderemao questionário sobre:

a) adoção de princípios básicos para controle deinfecção;b) uso de proteção individual;c) controle de infecção durante o atendimentoao paciente.

Resultados

Todos os questionários entregues aoscirurgiões-dentistas foram devolvidos, após oseu preenchimento, constando a presentepesquisa com um número total (n) de 100participantes. Os resultados apresentados na Tabela 1demonstram que 31% dos cirurgiões-dentistasparticipantes do trabalho não fazem uso dojaleco como paramentação; 44% deles utilizamo gorro, enquanto que 56% não o utilizam. Dos44% que fazem uso do gorro, 78% utilizam ogorro descartável e o restante (22%) o nãodescartável.

Tabela 1 Prevalência do uso de EPI e realização de técnicas de desinfecção entre os cirurgiões-dentistas.

SIM (%) NÃO (%)a) Usa jaleco? 69,0 31,0b) Usa gorro? 44,0 56,0c) Usa gorro descartável? 78,0 22,0d) Usa máscara? 97,0 3,0e) Usa máscara descartável? 67,0 33,0f) Usa óculos? 96,0 4,0g) Usa anti-sépticos para as mãos? 100,0 0h) Faz anti-sepsia intra-oral? 65,0 35,0i) Descontamina instrumentais? 100,0 0

A maioria dos profissionais utilizamáscara (97%), enquanto que 3% não utilizam.Dos 97% que utilizam máscara, 67% utilizam adescartável (tabela 1e), enquanto que 33%utilizam a não descartável.

Quatro por cento (4%) dos profissionais nãofazem uso de óculos de proteção durante oatendimento clínico; enquanto que o restante(96%) os utiliza. Todos os participantes do trabalhoutilizam anti-sépticos para a desinfecção das

Page 4: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 20

mãos. Sessenta e cinco por cento dosprofissionais fazem anti-sepsia intrabucal nospacientes antes de cada atendimento

odontológico, enquanto 35% não o fazem(Tabela 2).

Tabela 2 Tipo de anti-séptico utilizado na desinfecção das mãos por cirurgiões-dentistas.

Anti-sépticos %Sabonete 76,Degermantes 24,0

Todos os profissionais pesquisados(100%) fazem a descontaminação dosinstrumentais antes de lavá-los e secá-los, paradepois esterilizá-los, com um índice de 2,76%dos profissionais utilizando sabonetes,enquanto o restante (24%) utiliza degermantes.

Os resultados apresentados na Tabela 3demonstram que 92% dos cirurgiões-dentistasdescartam agulhas e materiais cortantes emrecipiente plástico resistente, enquanto 8%depositam em lixo hospitalar sem proteção.

Tabela 3 Descarte de agulhas e materiais cortantes por cirurgiões-dentistas.

Local de descarte %Recipiente plástico resistente 92,0Lixo Hospitalar 8,0Outros 0

Na Tabela 4 encontram-se os dados referentesà questão que determina o tipo de equipamentoutilizado pelo cirurgião-dentista paraesterilização dos instrumentais clínicos.Observa-se que

80% dos profissionais utilizam apenas a estufapara a esterilização, enquanto que 20% somenteutilizam autoclave.

Tabela 4 Métodos de esterilização.

Equipamento %Estufa 80%Autoclave 20%

Conforme a Tabela 5, apenas 12% dosprofissionais fazem uso do avental de chumbocervical e a grande maioria (78%) relatou não

usar o avental de chumbo cervical. Os demaisentrevistados (10%) relataram não possuiraparelho radiográfico no consultório.

Tabela 5 Uso de avental de chumbo cervical.

Uso de avental de chumbo cervical %Sim 12,0Não 78,0Não possuem aparelho radiográfico 10,0

Page 5: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 19

Discussão

De acordo com o resultado da questãosobre a utilização da paramentação cirúrgica,69% dos profissionais utilizam o jaleco nas suasatividades clínicas e 31% não. Os jalecos oucapotes devem ser trocados no final do períodoou quando estiverem visivelmente sujos. Se nãoforem descartáveis, devem ser colocados emsacos plásticos e fechados para transporte. Alavagem deve ser feita utilizando sabão,evitando o contato com outras roupas de usocomum (2). Os resultados obtidos em relaçãoao uso do gorro revelam que enquanto apenas44% utilizam o gorro, número muito baixoconsiderando-se que o gorro deveria ser de usomandatório para qualquer trabalho com altarotação, micromotor, pontas de ultra-som,instrumentos que produzem aerossol (4). Os resultados demonstraram queapenas 35% dos profissionais utilizam o gorrodescartável, enquanto que 9% utilizam o gorronão descartável. É possível que esse valor,relativamente baixo, resulte do fato do gorrodescartável ser mais prático e eficiente e tercusto baixo, evitando assim, como na utilizaçãodo gorro não descartável, que este material sejalevado para casa para ser lavado. Evita-se,assim, o risco de levar microorganismospatogênicos para este ou outro local. Para a questão de utilização de máscarasdurante o atendimento odontológico, 97% dosprofissionais a utilizam em seus procedimentos,resultado altamente positivo. A máscaraconstitui-se na melhor medida de proteção dasvias aéreas superiores contra osmicroorganismos presentes nas partículas deaerossóis produzidas durante os procedimentosclínicos ou durante um acesso de tosse, espirroou fala (1). O uso da máscara também reduz ainalação do aerossol contaminado, além deproteger a mucosa da boca e do nariz dacontaminação direta. A efetividade dasmáscaras cirúrgicas na redução de aerossóiscontaminados em ambiente simulado foiavaliada, protegendo até 80% contra osmicroorganismos bucais (4,5). Sessenta e setepor cento dos cirurgiões-dentistas utilizammáscara descartável no consultório. A literaturarecomenda que as máscaras sejam descartadasapós sua utilização no atendimento ao pacientee nunca deixadas no pescoço (6).

Uma alta porcentagem 96% dosprofissionais utiliza óculos para proteção visualnas suas atividades clínicas. Este valor, positivo,demonstra a preocupação dos profissionais noaspecto de proteção dos olhos. Os protetoresoculares são considerados um importantemétodo de barreira contra aerossóis e devemser adotados pelos cirurgiões-dentistas e equipe,para protegerem a mucosa ocular decontaminantes e de acidentes ocupacionais (7,2). A questão relativa ao processo dedesinfecção das mãos também demonstrou que76% dos cirurgiões-dentistas utilizam sabonetepara a desinfecção das mãos, enquanto que24% fazem assepsia das mãos comdegermantes. Considera-se que os anti-sépticosformam um grupo especial de desinfectantesque atuam destruindo a microbiota transitória e80% de microbiota residente (8). Em trabalho de avaliaçãomicrobiológica da eficácia imediata de 04agentes anti-sépticos utilizados na degermaçãodas mãos, observou-se que a clorexidina a 4%obteve a maior redução imediata porcentualmédia bacteriana (99,71%), seguida do PVP-I a10% (99,28%) e o álcool a 70% alcançou umaredução de 97,62%. Entretanto, quandoavaliada a redução bactericida comparando osabão líquido e o triclosan 0,5%, os resultadosforam de baixa significância e porcentual médiode 94,41% e 97,06%, respectivamente. Destaforma, todos os agentes apresentaram-sesatisfatórios, com redução superior a 94% (9,10). Em relação ao álcool, estudos afirmam queeste tem sido empregado como anti-séptico hámuitos anos e, ainda hoje, apesar do grandenúmero de produtos existentes no mercado,continua sendo um dos microbicidas cutâneosmais populares. O álcool tem sua concentraçãoa 70% (11, 12, 13). Os resultados obtidos em relação aouso de anti-séptico para desinfecção das mãosrevelam que todos os profissionais (100 %)lavam as mãos antes de calçarem as luvas, acada paciente. A técnica básica de lavagem dasmãos é realizada com o emprego de sabãocomum, na forma líquida, e visa a reduzir onúmero de microorganismos transitórios ealguns residentes, como também célulasdescamativas, pêlos, sujidade e oleosidade (1). De acordo com os dados obtidos, 65%dos cirurgiões-dentistas fazem anti-sepsia intra-

Page 6: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 20

oral no paciente antes de cada atendimento. Aantisepsia intrabucal antes de cada atendimentoé de grande importância, uma vez que há umaredução significativa na microbiota,aumentando as chances de sucesso notratamento. Estudos demonstrados na literaturatêm evidenciado a eficiência dos bochechos pré-operatórios na redução da microbiota oral (15). Todos os cirurgiões-dentistas (100%)fazem a descontaminação dos instrumentosantes de lavá-los e secá-los, para depoisesterilizá-los. É resultado positivo, uma vez queo cuidado com o instrumental é fatorimportante no controle de infecções. Todos osinstrumentos e materiais, com presença dematéria orgânica ou sujidade, são consideradoscontaminados e imediatamente após o usodevem ser descontaminados, lavados, secos e,conforme a indicação, esterilizados oudesinfectados e armazenados (17). Os resultados relativos ao descarte deagulhas e materiais cortantes revelam que 92%dos cirurgiões-dentistas colocam agulhas emateriais cortantes em recipiente plásticoresistente. Esses profissionais têm maiorpreocupação em relação ao perigo que estesmateriais proporcionam a eles mesmos e aopessoal manipulador de lixo hospitalar. Orestante (8%) relatou depositar agulhas emateriais cortantes em lixo hospitalar, semproteção alguma, causando o risco de acidentescom eles mesmos e com o pessoal manipuladorde lixo. Recomenda-se que os instrumentoscortantes devam ser acondicionadosseparadamente do lixo, em embalagensresistentes a perfurações, com inscrição externana embalagem de lixo contaminado (1, 14). A grande maioria dos profissionais,80%, utiliza a estufa e 20% a autoclave,mostrando que todos os profissionais utilizamesterilização por meios físicos. A literatura éunânime em afirmar a eficiência superior docalor úmido sob pressão quando comparado aocalor seco. Ainda em relação à utilização docalor seco para esterilização dos instrumentais,os autores afirmam que dos poucos que ousam, uma porcentagem ainda menor sabeutilizá-lo corretamente (16). Ainda são relatadasalgumas das vantagens da esterilização pelaautoclave como um curto ciclo de esterilização;boa penetração e grande quantidade de materialpode ser esterilizado por este meio. Sobre asdesvantagens, relatam a corrosão dos materiais,

a destruição do corte de instrumentais e asembalagens, que podem ficar úmidas (17). De acordo com os resultados, 88% dosprofissionais não utilizam o protetor cervicaldurante exame radiográfico rotineiro, enquantoque apenas 12% praticam esta medida desegurança. Na região de pescoço, aconselha-se aouso de protetor cervical, uma vez que os efeitosda radiação podem afetar a região da glândulatireóide, glândula parótida, glândulasubmandibular e linfonodos (18, 19).

Conclusões

• De modo geral, os cirurgiões-dentistasparticipantes da pesquisa e atuantes na cidadede Lavras, MG, utilizam normas debiossegurança, como o uso de paramentação(EPI), medidas de esterilização e desinfecçãoem suas atividades clínicas.• Um pequeno porcentual deprofissionais ainda não atende as normas debiossegurança, estando sujeitos à exposição aosagentes infecciosos da boca.• Aconselha-se a contínua divulgação eimplementação de normas atuais debiossegurança junto aos profissionais da áreaodontológica, para informá-los e protegê-loscontra os riscos biológicos inerentes aoexercício de sua atividade clínica.

Referências

1. Guandalini SL, Melo NSFO, Santos ECP.Biossegurança em odontologia. 2. edCuritiba: Odontex; 1999.

2. Barbosa SV, Costa-Júnior ED. Controlede infecção no consultório odontológico.Terapêutica endodô ntica. São Paulo:Santos, 1999.

3. Do Couto JL, Giogi SM, Couto RS.Controle da contaminação nosconsultórios odontológicos. RGO 1994;42:25-30

4. Ito IY, Souza-Gugelmin MCM, LimaSNM. Endodontia: tratamento de canaisradiculares.In: Leonardo MR, Leal JM.Assepsia e anti-sepsia em endodontia:

Page 7: Aor 30

Artigo Científico Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação à biossegurança na prática clínica

Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v.2, n.1, ju./set. 2005 21

Biossegurança: controle e infecção. SãoPaulo: Panamericana, 1998.

5. Alves Rezende MCR, Lorenzato F.Avaliação dos procedimentos deprevenção dos riscos biológicos porcirurgiões-dentistas. Rev Assoc Paul CirDent 2000; 54:5-10.

6. American Dental Association. Councilon dental materials and decives. Councilon dental therapeutics infection control indental office. J Amer Dent Ass 1981;102-189.

7. Magro-Filho O, Rangel-Garcia Jr, I.;MoraesSouza AM. Lavagem das mãoscom soluções de PVP-I, clorexidina esabão líquido: estudo microbiológico. RevAssoc Paul Cir Dent 1999; 53: 177-178.

8. Tortora GJ, Funke BR, Case CL.Microbiologia. 6.ed. Porto Alegre:Artmed; 2000.

9. Silva EJS, Gonçalves RG, Pontes FSC.Avaliação microbiológica da eficáciaimediata de 04 agentes anti-sépticosutilizados na degermação das mãos. RevBras Cir Impl 2000 ;7:20-27.

10. Larson E, Anderson JK, Baxandalle L,Bobo L. Effects of a protective foam onscrubbing and gloving. Am J InfectControl 1993;21: 297-301.

11. Martins, SCS, Soares JB. Avaliação daeficiência de anti-sépticos na limpeza dasmãos. B CEPPA 1993;11:65-70, 1993.

12. Tortamano N. Anti-sépticos edesinfetantes em odontologia. São Paulo:Santos, 1991.

13. Neidle EA, Yagiela JÁ . Farmacologia eterapêutica para dentistas. 3. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 1991.

14. Bork IMAG, Queiroz MCS.Acondicionamento e descarte do lixogerado em consultórios odontológicos.JAO 1998;11:13-16.

15. Mohammed CI, Manhold JH. Efficacy ofpreoperative oral rinsing to reduce aircontamination during use of air turbinehandpieces. JADA 1964;69:715-718.

16. Magro-Filho O. Controle da infecçãocruzada no consultório odontológico.Rev. Brasileira de Cirurgia eImplantodontia 2000; 7:18-27.

17. Shalhoub SY, Al-Bagieh NH. Cross-infection in the dental profession. Dentalinstruments sterilization assessment part1. Odontol Stomatol Trop 1991;14:1316.

18. Freitas A. Radiologia odontológica. SãoPaulo:Artes Médicas. 1994.

19. Romero NA. questão da biossegurança:antes de tudo, um problema deconscientização. Rev Assoc Paul Cir DentSão 1997; 3: 10-11.

Recebido em 12/02/2005; aceito em 20/04/2005Received in 02/12/2005; accepted in 04/20/2005