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201
As cozinhas dos apartamentos urbanos da cidade de São Paulo de 2000 a 2015. Espaços mínimos e integrados.

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As cozinhas dos apartamentos urbanos da cidade

de São Paulo de 2000 a 2015.

Espaços mínimos e integrados.

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Sandra Regina Escridelli da Silveira

As cozinhas dos apartamentos urbanos da cidade de São

Paulo de 2000 a 2015.

Espaços mínimos e integrados.

São Paulo

2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Sandra Regina Escridelli da Silveira

As cozinhas dos apartamentos urbanos da cidade de São

Paulo de 2000 a 2015.

Espaços mínimos e integrados.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para

obtenção do título de mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora:

Prof.ª Dra. Eunice Helena Sguizzardi Abascal

São Paulo

2017

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S587c Silveira, Sandra Regina Escridelli da.

As cozinhas dos apartamentos urbanos da cidade de São Paulo de 2000

a 2015. Espaços mínimos e integrados / Sandra Regina Escridelli da

Silveira - 2017.

201 fl. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade

Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.

Bibliografia: f. 189 – 193.

1. Apartamentos, Cozinhas. 2. Eletrodomésticos. 3. Programa

Arquitetônico. 4. Design. I. Título.

CDD 728.098161

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Aos meus netos, Gustavo e Gabriel, aos meus

filhos, Thais e Luiz, e à minha mãe, Luiza, que de

alguma forma me impulsionaram a finalizar este

trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Professora Doutora Eunice Helena S. Abascal, pela dedicação

na condução desta pesquisa.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Ao Mack Pesquisa pelo apoio e colaboração.

À Professora Raquel Cymrot, pela dedicação e paciência na tabulação de meus

questionários aplicados no decorrer desta pesquisa.

Ao Senac São Paulo, por me possibilitar as horas dedicadas a esta pesquisa.

Aos meus colegas de docência do Senac Santana, por auxiliarem na coleta de

dados de questionários aplicados .

À toda a equipe de arquitetos e colaboradores da incorporadora que me auxiliou na

coleta de dados para esta pesquisa, especialmente a arquiteta Pauline Duailibe.

À arquiteta Joara Santos, pelos conhecimentos, observações e tempo

compartilhados.

À Thais Escridelli da Silveira, sempre a meu lado, que auxiliou na organização deste

trabalho.

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RESUMO

Esta dissertação tem por finalidade uma abordagem exploratória a fim de

compreender as características espaciais e o uso das cozinhas dos apartamentos

paulistanos, em especial as denominadas cozinhas abertas, no recorte de 2000 a

2015. O estudo tem como enfoque a organização dos espaços mínimos das

cozinhas nos apartamentos contemporâneos, e a integração das cozinhas abertas

ao espaço social da sala de estar em projetos de apartamentos residenciais

urbanos, com dois e três dormitórios, lançados pelo mercado imobiliário, no recorte

considerado. A pesquisa comporta três partes: primeiramente apresentamos um

breve histórico da indústria de eletrodomésticos, a oferta de modernidade, atributos

e vantagens que esses produtos oferecem ao consumidor e seu impacto na

composição das cozinhas ao agregar design, utilidades, dimensões, capacidade,

cores e acabamentos atraentes. A segunda parte aborda a trajetória da cozinha nos

projetos de apartamentos, desde o momento de maior verticalização da cidade de

São Paulo (anos 1950) até os dias atuais. Finalizando, a terceira parte contempla a

análise de projetos de apartamentos residenciais projetados no período de 2000 a

2015, destacando-se as áreas destinadas às suas cozinhas lineares fechadas ou

integradas quanto à legislação e normas da construção civil. Nesta parte analisam-

se também os resultados de um questionário aplicado a moradores em

apartamentos paulistanos, procurando investigar as razões da escolha do tipo de

cozinha, vantagens e desvantagens da tipologia cozinha aberta ou fechada, e

hábitos e costumes culinários envolvidos no uso dessas cozinhas.

Palavras-chave: Apartamentos; Cozinhas; Eletrodomésticos; Programa

arquitetônico; Design

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ABSTRACT

This dissertation aims at an exploratory approach in order to understand the spatial

characteristics and the use of the apartments ' kitchens, in particular, the so-called

open kitchens, in 2000 to 2015 clipping. Has as focus the Organization of minimum

spaces of contemporary apartments, kitchens, and integration of open kitchens living

room social space in the design of urban residential apartments with two and three

bedrooms, released by the real estate market, in the cutout. The research consists of

three parts: a brief history of the household appliance industry, the supply of

modernity, attributes and advantages that these products offer the consumer and

their impact in the composition of the aggregate design, utilities, dimensions,

capacity, attractive colors and finishes. The second part addresses the trajectory of

the kitchen in the apartment projects, from the moment of greater verticalization of

São Paulo (years of 1950) to the present day and, finally, the third part includes the

analysis of projects of residential apartments designed in the period from 2000 to

2015, highlighting the areas for their kitchens closed or integrated linear as to the

legislation and standards of construction. In this part also analyzed the results of a

questionnaire applied to residents in apartments of São Paulo, seeking to investigate

the reasons for the choice of the type of cuisine, advantages and disadvantages of

open or closed kitchen typology, culinary habits and customs involved in the use of

these kitchens.

Keywords: Apartments; Kitchens; Appliances; Architectural Design Program

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LISTA DE ABREVIATURAS

BNH Banco Nacional da Habitação

EMBRAESP Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio

PMCMV Programa Minha Casa, Minha Vida

SECOVI Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e

Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenho esquemático da localização de bancada e equipamento de

cozinha por Catherine Esther Beecher ___________________________________ 29

Figura 2 - A imagem da esquerda mostra uma cozinha tradicional com todos os

movimentos necessários para a tarefa doméstica, na imagem da direita a

simplificação dos movimentos através de um estudo de eficiência _____________ 31

Figura 3 - Projeto de Margarete Scutte-Lihotzky para a cozinha de Frankfurt _____ 32

Figura 4 - Foto tirada na época de sua entrega no condomínio operário em Frankfurt

_________________________________________________________________ 33

Figura 5 - Corresponde à cozinha reformada recentemente e na cor original de seu

projeto ___________________________________________________________ 33

Figura 6 - Desenho de cozinha racional. Arquiteto: Henrique Mindlin ___________ 36

Figura 7- Refrigerador Brastemp Imperador ______________________________ 39

Figura 8 - Refrigeradores Clímax _______________________________________ 39

Figura 9 - Anúncio da loja Isnard _______________________________________ 40

Figura 10 - Refrigerador Consul a querosene _____________________________ 41

Figura 11 - Propagandas sobre a marca Gelomatic _________________________ 42

Figura 12 - Propaganda da Consul Junior, 1957 ___________________________ 43

Figura 13 - Conjunto quitinete _________________________________________ 44

Figura 14 - Fogão Dako a carvão _______________________________________ 45

Figura 15 - Fogões a gás _____________________________________________ 45

Figura 16 - Primeiro liquidificador brasileiro: Nêutron, da Walita, fabricado em 1944;

_________________________________________________________________ 47

Figura 17 - Misturador de massas Turmix, que podia ser acoplado ao liquidificador

Walita, 1952 _______________________________________________________ 47

Figura 18 - Anúncio da empresa Prosdocimo Figura 19 - Anúncio da

empresa Walita ____________________________________________________ 49

Figura 20 - Anúncio Geladeira Prosdocimo _______________________________ 50

Figura 21 - Anúncio da empresa Securit _________________________________ 50

Figura 22 - Propaganda cozinha planejada _______________________________ 52

Figura 23 - Propaganda de cozinhas planejadas ___________________________ 54

Figura 24 - Reportagem “Arquitetos comentam as tendências em Cozinhas” _____ 56

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Figura 25 - Fogões da Vicking, modelo de pé e para embutir _________________ 60

Figura 26 - Exemplo de cozinha compacta e integrada, com todos os equipamentos

embutidos _________________________________________________________ 61

Figura 27- Exemplo de cozinha compacta e utensílios expostos _______________ 62

Figura 28- Batedeira Stand Mixer da KitchenAid ___________________________ 63

Figura 29 - Brastemp Inverse Maxi _____________________________________ 65

Figura 30 - Geladeira Brastemp Inverse YOU, personalizada _________________ 66

Figura 31 - Geladeira Consul Bem-Estar _________________________________ 66

Figura 32 - Geladeira Side Inverse da Brastemp ___________________________ 67

Figura 33 - Geladeira Side by Side da Brastemp ___________________________ 67

Figura 34 - Fogão com forno duplo Brastemp Figura 35 - Cooktop, linha Gourmand

_________________________________________________________________ 68

Figura 36- Forno Multifuncional Brastemp, linha Gourmand __________________ 68

Figura 37 - Lava-louças Brastemp de embutir _____________________________ 69

Figura 38 - Lava-louças Consul Facilite Compacta 6 Serviços ________________ 70

Figura 39 - Cozinha planejada com produtos da Brastemp da Linha Vitreous _____ 70

Figura 40 - Propaganda sobre eletrodomésticos ___________________________ 72

Figura 41 - Plantas de casas geminadas em lotes estreitos, 1896. Projeto dos

arquitetos Milanese e Marzo, esquina da Rua Abranches com a Rua Fortunato,

cidade de São Paulo ________________________________________________ 80

Figura 42 - Plantas dos pavimentos do palacete da condessa de Parnaíba, de 1891

_________________________________________________________________ 83

Figura 43 - Edifício Angel - pavimento-tipo e sexto pavimento _________________ 87

Figura 44 - Piso térreo do Edifício João Alfredo ____________________________ 88

Figura 45 – Pavimento-tipo do Edifício João Alfredo, projetado com lavanderia

coletiva no térreo ___________________________________________________ 88

Figura 46 - Corte esquemático Edifício Esther com a disposição de seus tipos de

apartamentos ______________________________________________________ 89

Figura 47 - 4º andar do Edifício Esther ___________________________________ 90

Figura 48 - 5º e 6º andares do Edifício Esther _____________________________ 90

Figura 49 - Detalhe da entrada de serviços do 5º ao 6º andar do Edifício Esther,

onde 1 é entrada de serviço; 2 é despensa; 3 é a cozinha com bancada; 4 é a

dependência de empregada ___________________________________________ 91

Figura 50 - 7º e 8º andares do Edifício Esther _____________________________ 92

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Figura 51 - 9º andar do Edifício Esther ___________________________________ 92

Figura 52 - Detalhe entrada serviço dos 7º e 8º andares, Edifício Esther ________ 93

Figura 53 - Detalhe entrada serviço do 9º andar, Edifício Esther _______________ 93

Figura 54 - 10º andar do Edifício Esther __________________________________ 93

Figura 55 - 11º andar do Edifício Esther __________________________________ 94

Figura 56 - Planta pavimento-tipo do Edifício Prudência _____________________ 96

Figura 57 - Planta da cozinha do Edifício Prudência, após reforma de 2002, pelo

escritório Andrade Moretin, com uma área total de 35,05 m2 __________________ 96

Figura 58 - Planta do térreo e do 1º ao 10º pavimento do Edifício Atlanta, construído

entre 1945-1949, projeto de Adolf Franz Heep, São Paulo. __________________ 100

Figura 59 - Perspectiva interna e planta sugestiva de distribuição de mobiliário de um

dos apartamentos do Edifício Icaraí, de autoria do arquiteto Adolf Franz Heep Note-

se a mesa que continua no terraço ____________________________________ 101

Figura 60 - Detalhe de projeto de quitinete para apartamento de Franz Heep ___ 102

Figura 61 - Reportagem sobre projeto de quitinete para apartamento de Franz Heep

________________________________________________________________ 103

Figura 62 - Projeto de David Libesking, 1961_____________________________ 105

Figura 63 - Planta do Edifício Barão de Pirapitingui, projeto de Botti-Rubin Arquitetos,

1968 ____________________________________________________________ 105

Figura 64 - Projeto de Eduardo Knesse de Mello, de 1961, Rua Iguatemi, São Paulo

________________________________________________________________ 107

Figura 65 - Apartamento de 74 m2, de 1979, situado à R. Pedralia, 93, São Paulo

(SP) ____________________________________________________________ 109

Figura 66 - Anúncio Publicitário - Edifício Maison de Clermond Ferrand - Veplan

Incorporadora, bairro Ibirapuera - São Paulo _____________________________ 110

Figura 67 - Anúncio publicitário Edifício Cap D’antibes, PBK Empreendimentos

Imobiliários, Brooklin, São Paulo ______________________________________ 111

Figura 68 - Destaque da planta do apartamento no anúncio publicitário Edifício Cap

D’antibes, PBK Empreendimentos Imobiliários, Brooklin, São Paulo ___________ 112

Figura 69 - Anúncio publicitário. Planta assinada pelo arquiteto Israel Rewin, Edifício

Maison D’amandy __________________________________________________ 114

Figura 70 - Destaque do anúncio anterior com definição da espacialidade da planta,

destacando a copa/cozinha __________________________________________ 114

Figura 71 - Anúncio das duas tipologias, para alto padrão e médio padrão ______ 116

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Figura 72 - Destaque de apartamento alto padrão década de 1980, com cozinha e

copa definidas espacialmente em planta ________________________________ 116

Figura 73 - Destaque de apartamento menor padrão da década de 1980, com

cozinha definida em espaço reduzido e espaço para uma pequena mesa para

refeições rápidas __________________________________________________ 117

Figura 74 - Anúncio publicitário: várias tipologias para apartamentos de 2 dormitórios

________________________________________________________________ 119

Figura 75 – Planta-tipo Edifício Vaneska, apartamento de 3 dormitórios, 130 m²,

1994, construtora Tarjab ____________________________________________ 122

Figura 76 – Planta-tipo, Edifício Giardino Di Mariana, apartamento de 3 dormitórios,

78 m², de 1997, construtora Brookfield _________________________________ 122

Figura 77- Planta baixa com proposta formal e proposta de cozinha integrada e a

sala de estar ampliada ______________________________________________ 127

Figura 78 - Planta com áreas dos ambientes total 66 m2, condomínio Vergê, projeto

de 2007 _________________________________________________________ 127

Figura 79 - Plantas-tipo do Edifício The Year Edition, Alto da Lapa, São Paulo (SP)

________________________________________________________________ 128

Figura 80 – Planta-tipo do Edifício Thera Faria Lima, Pinheiros, São Paulo (SP) _ 129

Figura 81 - Modelo de apartamento padrão econômico com 38,72 m² _________ 131

Figura 82 - Dimensões mínimas a serem seguidas na construção de habitações

unifamiliares ______________________________________________________ 133

Figura 83 - Norma de Desempenho ABNT, Tabela F1 – Móveis e equipamentos

padrão __________________________________________________________ 134

Figura 84 - Tabela F2 - Dimensões mínimas de mobiliário e circulação ________ 135

Figura 85 - Plantas de cozinhas de apartamentos encontradas no mercado no século

XXI, na tipologia dois e três dormitórios _________________________________ 137

Figura 86 - Opções de planejamento nas elevações de parede das cozinhas tipo

corredor ou integrada _______________________________________________ 138

Figura 87 - Base (insatisfeitos com a cozinha) 42 pesquisas pós-ocupação _____ 139

Figura 88 - Base: motivos de insatisfação para 24 entrevistados _____________ 139

Figura 89 - Edifício Perdizes Project - entregue em maio de 2000. Tipologia dois

dormitórios. Localização: R. Coronel Melo de Oliveira, 427, Perdizes - São Paulo

(SP) ____________________________________________________________ 145

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Figura 90 - Edifício Reserva Villa Lobos - entregue em setembro de 2002. Tipologia

dois dormitórios. Localização: Av. Diógenes Ribeiro de Lima, 299, Alto da Lapa - São

Paulo (SP) _______________________________________________________ 145

Figura 91 - Imóvel Ventana Morumbi 2004 - entregue em julho de 2004. Tipologia

três dormitórios. Localização: R. Helena Pereira de Moraes, 415, Morumbi - São

Paulo (SP) _______________________________________________________ 146

Figura 92 - Imóvel Higienópolis - entregue em dezembro de 2005. Tipologia três

dormitórios. Localização: R. Emílio de Menezes, 55, Higienópolis - São Paulo (SP)

________________________________________________________________ 146

Figura 93 - Condomínio Varanda Pompéia 2007 - entregue em novembro de 2007.

Tipologia dois dormitórios. Localização: R. Joaquim Ferreira, 55, São Paulo (SP) 147

Figura 94 - Condomínio Varanda Pompéia 2007 - entregue em novembro de 2007.

Tipologia três dormitórios. Localização: R. Joaquim Ferreira, 55, São Paulo (SP) 147

Figura 95 - Imóvel Varanda Expressions - entregue em dezembro de 2007, Tipologia

dois dormitórios com opção de cozinha fechada. Localização: R. Galvão Bueno, 143,

Barra Funda, São Paulo (SP). Área total: 67 m2; Área da cozinha: 4,24 m²;

Circulação: 0,90 m; Mobiliário mínimo na opção fechada: fogão, geladeira, bancada

de pia; na opção aberta há possibilidade de balcão para refeições integrando a sala

de estar _________________________________________________________ 148

Figura 96 - Imóvel Varanda Expressions - entregue em dezembro de 2007. Tipologia

dois dormitórios com opção de cozinha aberta. Localização: R. Galvão Bueno, 143,

Barra Funda, São Paulo (SP). Área total: 67 m2; Área da cozinha: 4,24 m²;

Circulação: 0,90 m; Mobiliário mínimo na opção fechada: fogão, geladeira, bancada

de pia; na opção aberta há possibilidade de balcão para refeições integrando a sala

de estar _________________________________________________________ 148

Figura 97 - Imóvel Domna Pompéia - entregue em junho de 2008. Tipologia dois

dormitórios e cozinha fechada. Localização: R. Dr. Augusto de Miranda, 1303, São

Paulo (SP) _______________________________________________________ 149

Figura 98 - Imóvel Edifício Minara - entregue em agosto de 2009. Tipologia dois

dormitórios e cozinha aberta. Localização: Av. Padre Lebret, 2009, Morumbi, São

Paulo (SP) _______________________________________________________ 149

Figura 99 - Imóvel Liber Park Campo Limpo - entregue em dezembro de 2010.

Tipologia três dormitórios e cozinha integrada. Localização: Estrada do Campo

Limpo, 5785, São Paulo (SP) _________________________________________ 150

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Figura 100 - Imóvel Thera Faria Lima Residence - entregue em dezembro de 2011.

Tipologia dois dormitórios com cozinha integrada. Localização: R. Paes Leme, 215,

São Paulo (SP) ____________________________________________________ 150

Figura 101 - Imóvel Varanda Ipiranga - entregue em 2013. Tipologia dois dormitórios

sendo opção de cozinha integrada. Localização: Rua Clemente Pereira, 732,

Ipiranga, São Paulo (SP) ____________________________________________ 151

Figura 102 - Imóvel Gran Cypriani - projeto de 2015 e entrega prevista para 2018.

Tipologia duas suítes e cozinha integrada com a sala. Localização: R. Cipriano

Barata, 1124, Ipiranga, São Paulo (SP) _________________________________ 151

Figura 103 - Planta apartamento decorado, Living Magic de 83 m² com living

ampliado _________________________________________________________ 157

Figura 104 - Detalhe da planta do espaço da cozinha com o projeto decorado para

venda ___________________________________________________________ 158

Figura 105 - Planta do espaço da cozinha com o projeto modificado para cliente final

________________________________________________________________ 158

Figura 106 - Resultado do projeto com ampliação de 0,30 m na largura da cozinha

________________________________________________________________ 159

Figura 107 - Organização interna dos armários __________________________ 159

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução das áreas úteis médias dos apartamentos por número de

dormitórios _______________________________________________________ 124

Tabela 2 - Tipos e áreas das cozinhas comparadas às normas de desempenho

aplicadas nas plantas apresentadas ___________________________________ 152

Tabela 3 - Número de moradores por apartamento ________________________ 164

Tabela 4 - Participação das respostas dos questionários por número de dormitórios

dos apartamentos envolvidos na pesquisa ______________________________ 164

Tabela 5 - Relação de ocupação profissional dos participantes_______________ 165

Tabela 6 - Número de pessoas que trabalham fora por unidade pesquisada ____ 166

Tabela 7 - Refeições realizadas fora de casa ____________________________ 166

Tabela 8 - Número de refeições feitas em casa por apartamento _____________ 167

Tabela 9 – Tipo de cozinha por zona de São Paulo _______________________ 168

Tabela 10 - Outros aspectos quanto a desvantagens de uso da cozinha integrada

________________________________________________________________ 172

Tabela 11 - Outras vantagens da cozinha fechada ________________________ 174

Tabela 12 - Tabela de proporção quanto a ruídos espalhados pela casa em relação

ao uso da cozinha integrada ou fechada ________________________________ 176

Tabela 13 - Tabela de proporção quanto a odores espalhados pela casa no uso de

cozinha integrada ou fechada ________________________________________ 176

Tabela 14 - Tabela de proporção de acidentes domésticos no uso de cozinha

integrada ou fechada _______________________________________________ 177

Tabela 15 - Tabela de proporção em relação à integração familiar no uso de cozinha

integrada ou fechada _______________________________________________ 177

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Motivos de escolha da tipologia da cozinha integrada _____________ 169

Gráfico 2 - Desvantagens de uso da cozinha integrada ____________________ 170

Gráfico 3 - Vantagens de uso cozinha integrada __________________________ 170

Gráfico 4 - Motivo de opção pela cozinha fechada _________________________ 171

Gráfico 5 - Desvantagens de uso da cozinha fechada ______________________ 172

Gráfico 6 - Vantagens de uso da cozinha fechada _________________________ 173

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 19

MATERIAIS E MÉTODOS DE ANÁLISE ............................................................................ 21

CAPÍTULO I - A COZINHA MODERNA E CONTEMPORÃNEA ......................................... 26

1.1 A ideia da cozinha racional...................................................................................... 29

1.1.1 A cozinha de Frankfurt............................................................................................. 30

1.1.2 A cozinha racional no Brasil..................................................................................... 34

1.2 A indústria nacional dos eletrodomésticos................................................................. 37

1.2.1 As décadas de 1950 e 1960 − A entrada dos eletrodomésticos nos lares

brasileiros........................................................................................................................... 38

1.2.2 As décadas de 1970 a 1990 e as cozinhas planejadas........................................... 48

1.2.3 A cozinha contemporãnea........................................................................................53

1.3 Século XXI – A cozinha dinâmica e inteligente..................................................... 59

1.3.1 Inovação e indústria do eletrodoméstico............................................................... 64

1.4 Mudanças de hábitos na cozinha contemporânea.................................................. 71

CAPÍTULO II - AS COZINHAS NOS PROGRAMAS ARQUITETÔNICOS DOS

APARTAMENTOS DA CIDADE DE SÃO PAULO .............................................................. 75

2.1 Antecedentes da incorporação imobiliária............................................................. 79

2.1.1 O início da verticalização na cidade de São Paulo e as tipologias de

apartamentos..................................................................................................................... 85

2.1.2 Os apartamentos quitinetes..................................................................................... 97

2.2 As décadas de 1950 e 1960: mudança programática e dinamismo na

verticalização baseados na incorporação imobiliária........................................................ 104

2.3 A década de 1970 e a compactação de espaços como variedade de oferta no

mercado paulistano........................................................................................................... 108

2.4 As décadas de 1980 e 1990 − Tipologias distintas e reduções de áreas..............113

2.5 O programa arquitetônico e as áreas dos apartamentos oferecidos pelas

incorporadoras no início do séc. XXI............................................................................. 123

2.5.1 As cozinhas de espaços mínimos ou integradas dos apartamentos

contemporâneos......................................................................................................... 126

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2.5.2 As áreas de cozinha nos apartamentos e a legislação que rege o projeto

arquitetônico residencial na cidade de São Paulo.......................................................... 132

2.6 Transformações do espaço da cozinha no apartamento urbano......................... 140

CAPÍTULO III - ANÁLISES DE AMOSTRAGEM E ANÁLISE DE QUESTIONÁRIOS

APLICADOS ..................................................................................................................... 142

3.1 Análise de empreendimentos de acordo com a legislação.................................... 144

3.1.2 Considerações sobre a análise das plantas......................................................... 153

3.2 Fórum de Cozinhas − Projeto de cozinha para o consumidor final................... 155

3.3 Análise de questionários aplicados a responsáveis por domicílio em condomínios

paulistanos....................................................................................................................... 161

3.3.1 Resultados sobre moradores, hábitos, usos e costumes...................................... 164

3.3.2 Resultados sobre tipos de cozinhas.......................................................................167

3.3.3 Descrição e análise de resultados − Cozinhas integradas.....................................168

3.3.4 Descrição e análise de resultados − Cozinhas fechadas....................................... 171

3.4 Análises de respostas quanto ao modo de preparo de alimentos na cozinha...... 174

3.5 Satisfação de uso e organização de mobiliário na cozinha................................... 174

3.6 Observações sobre respostas dos participantes profissionais da área................. 175

3.7 Comparação de vantagens e desvantagens de uso para todos os participantes nos

dois tipos de cozinha..................................................................................................... 176

3.8 Comentários gerais sobre os resultados da tabulação de questionários.............. 178

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 183

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 189

ANEXOS ........................................................................................................................... 194

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19

INTRODUÇÃO

A organização dos espaços mínimos das cozinhas e a integração das cozinhas

abertas ao espaço social da sala de estar no projeto de apartamentos residenciais

urbanos, com dois e três dormitórios, lançados pelo mercado imobiliário no período

de 2000 a 2015 na cidade de São Paulo, são o foco principal no estudo proposto

nesta dissertação de mestrado. A pesquisa explora as características espaciais e o

uso das cozinhas dos apartamentos paulistanos, em especial as denominadas

cozinhas abertas e a introdução dos eletrodomésticos na cozinha moderna com uma

abordagem em seu desenho em planta nos apartamentos urbanos e sua utilização

no cotidiano das famílias que habitam esses apartamentos, no recorte temporal

citado, na cidade de São Paulo.

O mercado imobiliário, para atender a demanda, produz e comercializa de forma

expressiva as tipologias de cozinhas integradas ou com área reduzida, compostas

apenas por uma parede que ampara todas as instalações de seus equipamentos. A

organização espacial das plantas e a forma como as cozinhas são projetadas e

entregues a seus novos moradores estabelecem uma relação específica com a

produção dos equipamentos a elas destinados, com design arrojado e tecnologias

cada vez mais inovadoras, que se adequam ou se adaptam aos apartamentos

residenciais na cidade de São Paulo.

Um século depois do aparecimento dos primeiros eletrodomésticos, o projeto da

cozinha continua a ser uma importante variável e porta de entrada dessa categoria

de objetos no ambiente doméstico, incorporando diferentes tecnologias e produtos

de conservação e preparação dos alimentos, direcionando também novos hábitos e

costumes familiares e suas diversas relações. O modelo padrão de funcionalidade

do espaço da cozinha, o triângulo constituído por trabalho no fogão, geladeira e pia,

altera-se frente às facilidades proporcionadas pela tecnologia dos eletrodomésticos

atuais, propiciando mais rapidez na execução das atividades culinárias que podem

ser usufruídos pela dona de casa, empregada doméstica e pelo elemento masculino.

A pesquisa será embasada na tipologia residencial para o apartamento de dois e

três dormitórios por caracterizar unidades residenciais unifamiliares presumindo-se

mais de dois habitantes por unidade, e que se caracterizam como as que mais são

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20

comercializadas pelas incorporadoras na cidade de São Paulo, de acordo com

levantamentos de dados fornecidos pela EMBRAESP1 e organizados pela SECOVI2,

no período dos anos 2004 e 2014, do total de lançamentos imobiliários de

apartamentos residenciais na cidade de São Paulo, 40% foram na tipologia de dois

dormitórios e 30% na tipologia de três dormitórios, evidenciando a importância da

escolha dessas tipologias.

Na sequência de obtenção de dados para justificar a escolha da tipologia, em

levantamento de dados realizado pela Secovi, em novembro de 2015, acerca de

comercialização do produto, foram levantados os seguintes números:

A tipologia de dois dormitórios lidera a venda no setor, com representação de 45,5%,

sendo 1.125 unidades comercializadas apenas em novembro de 2015, seguidas de

vendas de imóveis de um dormitório com 33,6%, 830 unidades e de três dormitórios

com 18,2%, 450 unidades e de quatro dormitórios com 2,7%, 68 unidades, conforme

anexo 1. Considerando o valor global de vendas, as unidades de dois e três

dormitórios continuam sendo maiores, de 2014 a 2015, conforme anexo 2.

A partir do recorte espacial do objeto e das tipologias lançadas no mercado

imobiliário paulistano no período considerado, fez-se necessário encontrar material

para estudos, e as incorporadoras foram fonte deste material. Entre as três

Incorporadoradoras que mais comercializaram e produziram imóveis, no período

citado, apenas uma foi coadjuvante para a análise dos casos relativos aos espaços

da cozinha nos projetos arquitetônicos de apartamentos de dois e três dormitórios no

período estudado, a qual chamaremos neste estudo de Incorporadora “A”. Esta

Incorporadora possibilitou acesso direto a arquitetos e desenvolvedores de produtos

em sua sede em São Paulo, no período do desenvolvimento deste trabalho.

Outras Incorporadoras não responderam as solicitações de informações para esta

pesquisa.

1EMBRAESP – Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio S/C Ltda.

2SECOVI – Sindicato de Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e

Comerciais de São Paulo.

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Ressalta-se que não é objetivo desta pesquisa a proposta de soluções projetuais

para apartamentos de dois e três dormitórios. Visa-se compreender as

características arquitetônicas e a organização do espaço da cozinha residencial em

apartamentos contemporâneos a partir do desenho da planta com espaços

integrados à área de estar e o desenho da cozinha com áreas reduzidas, e como

esta tipologia vem sendo incorporada e equacionada pelos produtores imobiliários

da cidade de São Paulo ao sustentarem a eventual praticidade e funcionalidade

oferecidas ao usuário final. Serão estudadas as cozinhas lineares, do tipo corredor,

presentes nos apartamentos urbanos lançados pelo mercado imobiliário no período

de 2000 a 2015 na cidade de São Paulo, nas tipologias de dois e três dormitórios.

O estudo proposto está articulado à análise dos hábitos, costumes culinários e

relações familiares engendrados pelo uso desse espaço integrado ou reduzido, e

como o usuário é levado a adotar ou solicitar ao empreendedor um ou outro tipo de

cozinha. Deseja-se compreender como e por que se dá a aprovação ou

desaprovação dessa cozinha frente a esse tipo de espaço a partir de seu uso, e

como a especificidade dessas cozinhas demanda a aquisição de eletrodomésticos e

eletroportáteis, que possibilitam o uso de forma a atender ao apelo de modernidade

implícito, o qual leva a uma inter-relação entre arquitetura e design,

complementando as informações obtidas.

MATERIAIS E MÉTODOS DE ANÁLISE

O método adotado para o desenvolvimento da dissertação envolveu a organização

de um panorama histórico das características e transformações das cozinhas,

iniciado na década de 1930, mostrando a influência da cozinha mínima e

racionalizada, de ideologia europeia, no projeto das cozinhas nos apartamentos

burgueses paulistanos. Foram utilizados neste panorama histórico, referencias

bibliográficas cujos autores conhecidos como o professor Carlos Lemos,Silvia

Fraiha, José Abramovitz e Maria Naclério Homem, deram subsídios para uma linha

de tempo até década de 1980, mas a partir daí fez-se necessário coleta e análise

de peças gráficas, coleta e análise de propagandas dos eletrodomésticos e

apartamentos dentro de reportagens em jornais e revistas na cidade de SãoPaulo ,

no período citado. Com material coletado passou-se à dissertar sobre a relação

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22

entre a industrialização brasileira, com suas características singulares de alcance e

difusão social de seus produtos na década de 1950. Assim, procurou-se evidenciar

que o espaço da cozinha nos apartamentos burgueses paulistanos procuraram

atender aos apelos de modernidade que a indústria do eletrodoméstico trazia e, ao

mesmo tempo, seus espaços generosos ainda refletiam hábitos de moradia em

unidades residenciais unifamiliares. Esta dissertação de cunho histórico se estende

até os anos 2000, e demonstra as principais transformações do espaço da cozinha,

até o advento da cozinha dita “integrada”.

Para alcançar os objetivos propostos, foram realizadas análises comparativas das

características das cozinhas em projetos de apartamentos residenciais ofertados no

período de 2000 a 2015, na cidade de São Paulo, selecionados a partir de arquivos

disponibilizados pela Incorporadora “A”. Esta análise gráfica foi complementada com

entrevistas com promotores imobiliários, folderes e resultados de pós ocupação da

incorporadora citada.

As informações fornecidas contemplam dados de localização e as plantas de

edifícios de apartamentos de dois ou três dormitórios, lançados pela incorporadora

na cidade de São Paulo no período citado.

A análise consta de uma base, formada pelo redesenho de apartamentos lançados

pela incorporadora, no período de 2000 a 2015, com suas áreas totais e

detalhamento das áreas de cozinha em planta e elevação da parede principal, onde

podem ser observados a locação dos principais móveis e equipamentos, atentando

à obediência ao Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo e

Normas de Desempenho (ABNT) NBR 15575 do Município de São Paulo.

A partir desses redesenhos, como método de análise foram elencadas algumas

categorias, tais como a relação entre as áreas úteis dessas cozinhas e as

dimensões do mobiliário, bem como a inclusão de eletrodomésticos nesses espaços,

visando observar se a oferta espacial confere ou não uma eficiência de uso. A fim de

cruzar esses resultados com uma análise dos hábitos de uso da cozinha para os fins

a que se destina, de preparação dos alimentos e prática de costumes alimentares,

foi aplicado um questionário especialmente elaborado para esse tipo de observação,

resultando na coleta e processamento de informações para avaliar as vantagens e

desvantagens da cozinha integrada e da cozinha fechada relativamente aos seus

usuários, considerando que, se barulhos e cheiros podem ocorrer nos dois casos,

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23

fez-se necessário compreender as razões da satisfação ou insatisfação frente a

essas tipologias, e se estatisticamente o nível de insatisfação é maior no grupo com

cozinha aberta ou fechada

Para tanto, foi elaborado um questionário (Anexo 3) com o apoio da Prof.ª Ms.

Raquel Cymrot, estatística e docente da EEM, Escola de Engenharia Mackenzie. O

mesmo foi cadastrado na Plataforma Brasil e submetido ao Comitê de ética da UPM,

por se tratar de pesquisa que tem o envolvimento de seres humanos, e aplicado a

moradores de apartamentos já habitados e que contêm cozinhas com espacialidade

integradas e com espaços reduzidos.

Todos os procedimentos éticos para a realização da pesquisa foram contemplados e

submetidos ao comitê de Ética em Pesquisa-Humanos da Universidade

Presbiteriana Mackenzie (ver Anexo 4).

A amostragem foi feita por meio de visita direta a condomínios selecionados; logo,

de natureza não probabilística, uma vez que, em geral, foi possível aplicar os

questionários a moradores de edifícios por meio de contato prévio com síndico ou

morador do edifício.

Dessa maneira, foram disponibilizados 414 questionários e obtidos 201 retornos com

respostas para tabulação e consolidação de dados. Vale ressaltar que o fato de

cada morador poder se recusar a participar da pesquisa tornou a amostragem

probabilística inviável, e assim foi prevista, primeiramente, a realização de uma

análise descritiva de dados, seguida de construção de intervalos de 95% de

confiança para proporções e médias e da realização de testes de hipótese para

diferença de proporções em dois grupos de interesse, teste de independência

Quiquadrado ou Exato de Fisher para pares de varáveis, entre outros.

Todos os testes de hipótese foram realizados assumindo-se um nível de

significância igual a 5%, sendo, portanto, rejeitadas as hipóteses com nível descritivo

inferior a este valor (SIEGEL; CASTELLAN, 2008).

Outras variáveis, como possíveis interferências que a opção de escolha por um ou

outro modelo possa acarretar no cotidiano das famílias em relação ao preparo de

alimentos, horários de uso e espacialidade funcionais ou não, decorrentes de

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dimensões oferecidas em planta de apartamento, foram também abordadas a fim de

complementar o estudo.

Esta análise foi realizada com o auxílio do programa estatístico Minitab, disponível

na Escola de Engenharia da UPM.

A diversidade de métodos utilizados e os vários caminhos usados para a realização

desta pesquisa foram construídos para preencher uma lacuna bibliográfica

encontrada a partir da década de 1980. Assim o diagnóstico final desta pesquisa foi

realizado a partir de:

• Pesquisas em mídias impressas (folders dos lançamentos, oferecidos pelas

construtoras) e digitais (sites das construtoras);

• Coleta e análise de peças gráficas em propagandas dos eletrodomésticos e

de apartamentos em reportagens de jornais e revistas de grande veiculação

na cidade de São Paulo. Estas foram utilizadas para o estudo das

transformações do design e da relação entre o uso dos equipamentos e os

espaços integrados e os hábitos das famílias

• Entrevistas com promotores imobiliários;

• Pesquisa com moradores em seus domicílios;

• Tabulação de respostas e leitura de dados para considerações sobre hábitos

e costumes na utilização do espaço da cozinha no apartamento urbano.

Desta maneira o processo de pesquisa estruturou-se em três capítulos assim

descritos:

O primeiro capítulo realiza o breve histórico já anunciado, da indústria de

eletrodomésticos e sua relação com o apelo de modernidade, o qual vai sendo

difundido socialmente e incorporado ao projeto dos apartamentos paulistanos, que

permite compreender os atributos e vantagens que esses produtos oferecem ao

consumidor e seu impacto na composição das cozinhas, ao agregar qualidades ao

design, ao uso, modificando as dimensões, a capacidade espacial da planta, as

cores e acabamentos.

O segundo capítulo aborda a trajetória do espaço da cozinha e de seus

equipamentos (mobiliário e eletrodomésticos) nos projetos de apartamentos, desde

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o momento de maior verticalização da cidade de São Paulo (anos de 1950) até os

dias atuais.

O terceiro capítulo contempla a análise de plantas de projetos de apartamentos

residenciais projetados no período de 2000 a 2015, e das áreas destinadas às suas

cozinhas lineares − fechadas ou integradas, quanto à legislação e normas da

construção − e também apresenta a análise dos resultados do questionário aplicado

a moradores em apartamentos paulistanos, em que foram coletados dados sobre as

razões da escolha do tipo de cozinha, vantagens e desvantagens da tipologia

cozinha aberta ou fechada, além de hábitos, usos e costumes na utilização desse

espaço doméstico.

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CAPÍTULO I

A COZINHA MODERNA E CONTEMPORÃNEA

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CAPÍTULO I – A COZINHA MODERNA E CONTEMPORÃNEA

Este capítulo traça um breve histórico do processo de modernização que se vincula

ao desenvolvimento da indústria brasileira de eletrodomésticos. Nele também são

apresentadas as características de uma cozinha racional brasileira, cujo tema foi

objeto de preocupação dos arquitetos nacionais, tal como se apresenta no artigo do

arquiteto Henrique Mindlin, publicado na revista Acrópole (junho de 1938, p. 21),

“Análise racional do projeto”. Neste artigo Mindlin trata dos três fundamentos para a

racionalização do trabalho na cozinha: armazenamento e conservação; limpeza e

preparo; e cozimento e serviço, representados pela presença da geladeira, da pia,

da bancada de trabalho e do fogão. São assim descritas as ideias presentes nos

projetos de cozinhas norte-americanas: neles estão previstas superfícies contínuas,

ao nível da cintura do usuário, aproveitando-se a parte inferior e superior das

paredes para a fixação dos armários, propondo a automação dos aparelhos, sempre

colocados à mão, definindo um espaço de fácil utilização para a simplificação do

trabalho e a automação dos aparelhos auxiliares, contidos todos em um espaço

menor para atender ao usuário. Assim a cozinha foi alvo de amplos estudos sobre

sua racionalidade, que introduziram ideias tayloristas na sua organização espacial e

funcional, bem como nas atividades de trabalho que nela têm lugar. Segundo

Naclério Homem (2015, p. 104), “[...] a racionalidade constitui o caráter básico da

cozinha moderna, uma vez que ela visa à programação do espaço para seu melhor

aproveitamento, assim como do equipamento disponível, objetivando facilitar ou

agilizar as operações culinárias”.

O debate sobre a questão da modernização do país é aspecto fundamental para

este capítulo, em que se explora o desenvolvimento industrial brasileiro durante o

governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), com a criação do Plano de Metas,

que favoreceu o desdobramento de vários setores industriais. Desenvolveram-se os

campos da indústria elétrica pesada, a química pesada, a de máquinas e

equipamentos mais sofisticados, a automobilística, a indústria naval, além da

indústria do aço, petróleo e energia elétrica (MELLO; NOVAIS, 1998). Entre todas

essas, encontra-se a indústria dos produtos para a casa brasileira.

De acordo com Fraiha e Abramovitz (2006), uma das características da

modernização da sociedade brasileira estava justamente relacionada à ampliação do

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acesso ao consumo de eletrodomésticos, facilitado pela implementação do sistema

de crédito popular.

A automação integrou-se à cozinha racional, constituindo a cozinha moderna, e

encontrou-se totalmente apoiada na tecnologia e no projeto. Ao mesmo tempo,

contida em um espaço menor, ela pôde atender aos interesses da indústria da

construção civil. Com a chegada das cozinhas planejadas no Brasil, por meio da

marca americana Kitchens, uma nova cozinha se desenvolve em torno do forno e

fogão embutidos, da pia e bancadas integradas e da geladeira, associados a outros

aparelhos de pequeno e grande porte e a determinados tipos de móveis, acrescidos

da racionalização ou do planejamento, além da preocupação estética.

Comparativamente à cozinha moderna do século XX, a cozinha do século XXI se

apresenta como um espaço social de alta tecnologia e sofisticação, integrado à sala

de visitas e, por vezes, dispensando paredes e a antiga sala de jantar, modificando

hábitos alimentares, de uso e de consumo. Por outro lado, a decoração e a escolha

dos materiais para sua composição passam por escolhas cuidadosas, as paredes e

o piso recebem cores e texturas naturais ou de materiais tecnologicamente

inovadores.

De toda maneira, a ideia de cozinha racional permanece como ideologia mestre para

a compreensão das transformações passadas pelo espaço dedicado ao preparo dos

alimentos. No entanto, a despeito desse discurso, outras falas e razões vêm sendo

elaboradas ao longo do tempo para justificar as mudanças, possibilitando

compreender melhor as relações entre discurso e práticas, ou modos de

apresentação ou difusão do produto espacial e dos equipamentos, e as próprias

condições do espaço produzido e de sua funcionalidade.

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1.1 A ideia da cozinha racional

Os modelos de tecnologia e equipamentos utilizados nas cozinhas paulistanas,

assim como a organização da casa e do trabalho doméstico, remontam aos projetos

de racionalização da cozinha que eram pensados e implantados na Europa e

Estados Unidos ao final do século XIX. Nos Estados Unidos, com o fim da Guerra de

Secessão e a abolição da escravatura, os problemas relativos ao serviço doméstico

expõem em primeiro plano a necessidade de mudança da organização doméstica.

Nos países europeus, além da diminuição de oferta de mão de obra para o trabalho

doméstico, havia cada vez mais uma reação contra a presença de empregados nos

lares (GIEDION, 1948), fato que levou à maior preocupação com a organização do

espaço da casa e suas atividades. Segundo o mesmo autor, o marco inicial desse

movimento foi a publicação, em 1841, do manual Treatise on domestic economy, de

Catherine Esther Beecher, que tinha por objetivo ensinar economia doméstica e

organização de tarefas diárias da cozinha para donas de casa e lançava bases para

a organização doméstica aos moldes do trabalho fabril através de uma obra

denominada The American woman’s home, que analisava a importância do

planejamento da cozinha, estabelecendo superfícies de trabalho para facilitar a

execução de tarefas, como é possível observar na Figura 1:

Figura 1 - Desenho esquemático da localização de bancada e equipamento de cozinha por Catherine Esther Beecher

Fonte: BEECHER, Catherine Treatise on domestic economy, 1841, p. 240.

http://www.uh.edu/engines/epi1940.htm Acessado em: 11/10/2015.

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30

Os fabricantes americanos de aparelhos domésticos se interessaram pelas

pesquisas lançadas por Beecher e, nesse processo, os engenheiros tiveram um

papel importante elaborando novas formas de organização espacial e o estudo dos

movimentos necessários para a execução das tarefas domésticas, através do

desenvolvimento do fogão compacto de ferro e do ajuste com a superfície contínua

de trabalho.

A mecanização das tarefas domésticas e o fornecimento de gás e eletricidade nas

casas reforçaram esse processo. Se nos Estados Unidos os engenheiros tiveram um

papel primordial na reorganização do trabalho doméstico, na Europa foram os

arquitetos que tomaram a frente nas pesquisas, sem o componente social

representado pela Guerra da Secessão do caso americano.

Arquitetos europeus desenvolveram projetos como a “cozinha de Frankfurt”, um

espaço altamente especializado e de tamanho reduzido. Esta cozinha se destacava

pela padronização dos componentes e disposição dos equipamentos (fogão, pia e

armários) em superfície contínua de trabalho. O ponto de partida dessas pesquisas

foi o livro House hold engineering: scientific management in the home, de Christine

Frederick, publicado em 1915 pela American School of Home Economics (BRUNA,

2010), que analisava os conceitos tayloristas empregados nas fábricas no final do

século XIX e os transportava para o uso doméstico.

1.1.1 A cozinha de Frankfurt

A transferência dos conceitos tayloristas para o espaço doméstico no início do

século XX é um fato que promove a transformação da produção habitacional de

massa em espaços de redução e condicionamento do ser humano. Otimizando os

espaços domésticos e as atividades de seus moradores, como repouso, lazer,

alimentação e higiene, o roteiro de cada movimento em uma organização funcional

permite que o mercado industrial seja consumido de forma quase que compulsiva

(JORGE, 2012).

Nas pesquisas funcionais e de eficiência, a cozinha se transforma em um espaço de

amplo interesse para estudos de arquitetura moderna. Trata-se de um espaço

nevrálgico, sobre o qual são feitos inúmeros esforços para melhorar a enormidade

de tarefas que abriga. Neste sentido, destaca-se o trabalho de Christine Frederick

(BRUNA, 2010) que consiste em uma ampla gama de assuntos relacionados com a

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economia doméstica, envolvendo desde o planejamento das finanças ao

planejamento do cardápio para a família. Uma parte importante do seu trabalho está

pautada no estudo de tempos e movimentos para a melhoria da eficiência na

realização de tarefas e na análise das “ferramentas” que podem auxiliar as

atividades. Estudos comparativos de movimentos realizados nesse espaço foram

feitos para diagnosticar um estudo de eficiência, conforme Figura 2.

Figura 2 - A imagem da esquerda mostra uma cozinha tradicional com todos os movimentos necessários para a tarefa doméstica, na imagem da direita a simplificação dos movimentos através de um estudo de eficiência

Fonte: FREDERICK, 1921, p. 22-23; https://histarq.files.wordpress.com.jpg Acessado em: 16/01/2016.

Seguindo esse pensamento, o arquiteto Ernst May, encarregado da construção de

novas moradias na prefeitura de Frankfurt após a Primeira Guerra Mundial, solicita à

arquiteta Margarete Scutte-Lihotzky uma cozinha pequena e confortável, com as

dimensões de 3,50 m x 1,90 m, onde se poderiam resolver todas as tarefas

domésticas a que lhe atribuíssem, sob o aspecto de eficiência e economia, num

apartamento para classe média (JORGE, 2012).

Num esforço detalhado dos movimentos necessários para a realização de todas as

tarefas dentro da cozinha, a arquiteta projeta um espaço onde cada atividade é

explorada de forma a garantir eficiência e economia de tempo na realização de

todas as atividades. Observa-se em seu estudo a preocupação com o conforto, com

a localização de um banco para se trabalhar sentada, uma bancada colocada sob a

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janela para receber luz e outros dispositivos, como gavetas para temperos à frente

do fogão, para facilitar o processo de preparo dos alimentos (ver Figuras 3, 4, 5).

Figura 3 - Projeto de Margarete Scutte-Lihotzky para a cozinha de Frankfurt

Fonte: JORGE, 2012, p. 58

Onde: 1 - fogão de ferro; 2 e 3 - armários superiores; 4 - tábua para passar roupa; 5, 7 e 8 - bancadas e armários; 6 - banco; 9 - escorredor para louças; 10 - tanque de lavagem; 11,1 2 e 13 - armários e dispensers para armazenagem de utensílios e alimentos.

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Figura 4 - Foto tirada na época de sua entrega no condomínio operário em Frankfurt

Fonte: JORGE, 2012, p. 58

Figura 5 - Corresponde à cozinha reformada recentemente e na cor original de seu projeto

Fonte: JORGE, 2012, p. 58

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34

Por meio de estudos de tempo e movimentos necessários para a elaboração de

pratos culinários e com a finalidade de aumentar a produtividade, a cozinha de

Frankfurt atendeu ao objetivo de poupar tempo e racionalizar movimentos.

A organização da cozinha visava atingir uma simplificação das tarefas, com a

economia de movimentos e o barateamento dos equipamentos a partir da produção

em grande escala. A ideia desse tipo de cozinha era liberar a mulher para o mercado

de trabalho, diminuindo e simplificando ao máximo o trabalho doméstico. A

padronização e racionalização da habitação e seus componentes visava a uma

radical transformação da casa, em especial da cozinha, e apoiava-se tanto no

desenvolvimento de novos equipamentos quanto nos estudos de racionalização do

trabalho doméstico.

A principal preocupação era o desenvolvimento de um novo tipo de habitação, que

deveria induzir um novo comportamento social. Os novos equipamentos domésticos

e a racionalização do trabalho estariam a serviço de uma nova forma de morar em

casas concebidas como “máquinas de morar” (BRUNA, 2010, p. 27-44).

1.1.2 A cozinha racional no Brasil

Os movimentos arquitetônicos e sociais que surgiam na Europa teriam influenciado

as discussões sobre habitação social no Brasil a partir da década de 1930. Em maio

de 1931, sob o patrocínio da Prefeitura e do Instituto de Engenharia de São Paulo,

realizou-se em São Paulo o I Congresso de Habitação, onde o debate sobre

arquitetura europeia e sua intervenção na vida das classes trabalhadoras por

intermédio da construção de moradias foi parâmetro para esse evento.

A partir da década de 1930, começam a ser discutidos no Brasil os princípios de

racionalização do trabalho e, segundo Naclério Homem (2015), o Instituto de

Organização Racional do Trabalho (IDORT) começou a publicar em sua revista uma

série de artigos sobre a aplicação de princípios de racionalidade na cozinha

inspirados em parâmetros da engenharia norte-americana.

A partir desses princípios, o arquiteto Henrique Mindlin apresenta, na edição de

junho de 1938 da revista Acrópole, um artigo intitulado “Análise racional do projeto”,

no qual trata dos três centros de trabalho da cozinha: armazenamento e

conservação; limpeza e preparo; cozimento e serviço, representados pela geladeira,

pela pia e bancada de trabalho e pelo fogão.

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35

O artigo analisava os projetos de cozinha norte-americanos, apresentados ora em

forma de I, ora em L ou em U, tratados como espaços compactos, em vista de

reduzirem-se as distâncias ao mínimo possível. Previam-se superfícies contínuas,

colocadas no nível da cintura do usuário, aproveitando-se a parte inferior e superior

das paredes para a fixação dos armários valorizando a automação dos aparelhos,

sempre colocados à mão. A disposição de um espaço para a copa ou sala de

almoço era conjugada à cozinha. Deveria ser clara, arejada e bem iluminada por

janelas e luzes noturnas. Seu planejamento considerava três grandes centros de

atividades: armazenamento e conservação; limpeza e preparo; cozimento e serviço.

Apresentados em perfeita conexão, e mediante a melhor disponibilidade do

equipamento para servir a habitação, mostram que o trabalho é simplificado pela

disposição e pela automação dos aparelhos auxiliares. Assim estava definida a

cozinha racional: com aparelhos e móveis integrados em superfícies contínuas

contidos num espaço menor e melhor utilizado, atendendo toda a necessidade de

uso (ver Figura 6).

É importante ressaltar que a mecanização não era privilégio de todos. Até que a

indústria de produção de equipamentos alcançasse o público em geral, a cozinha

racional se caracterizou como um fenômeno urbano e que afetou as classes mais

favorecidas, em que a dona de casa tinha a ajuda da empregada doméstica, um

remanescente de uma sociedade escravagista e de costumes patriarcais.

Após o desenvolvimento de hidrelétricas, das indústrias do aço e de bens duráveis,

no pós-guerra a produção do equipamento doméstico ocorre em larga escala e se

vulgariza, segundo Naclério Homem (2015): os liquidificadores e batedeiras

eletrificados vieram poupar a mão de obra da dona de casa e de sua cozinheira, que

frequentavam escolas de culinária a fim de compreender o uso desses

equipamentos na casa das patroas (OLIVEIRA, 2013).

Analisando a proposta do espaço para uma cozinha racional brasileira, suas

dimensões generosas atestam o quanto seu projeto deve a uma concepção cultural

do morar pautada na moradia unifamiliar de espaços avantajados, um

remanescente, pode-se dizer, dos sobrados urbanos brasileiros e de residências

unifamiliares, casarões e palacetes paulistanos (NACLÉRIO HOMEM, 2015).

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Figura 6 - Desenho de cozinha racional. Arquiteto: Henrique Mindlin Fonte: Revista Acrópole, junho de 1938, p. 21.

1 – Geladeira

2 – Despensa

3 – Mesa de serviço com armário inferior

4 - Pia

5 - Despejo

6 – Fogão

7 – Armários para louça de uso diário

8 – Armários e depósito

9 e 10 – Banco e mesa para refeições rápidas e de empregados.

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37

1.2 A indústria nacional dos eletrodomésticos

O ano de 1929 é marcado pela crise econômica mundial e o Brasil, mais

especificamente a Região Sudeste, com uma economia baseada na cafeicultura,

sofre as consequências da quebra de exportações do setor cafeicultor, o que resulta

em duas únicas opções para o crescimento econômico: início da industrialização na

Região Sudeste e o incentivo à agricultura de abastecimento interno voltado à

policultura.

A fragmentação de grandes fazendas de café e a venda de seus lotes dá

possibilidade de investimentos à indústria e ao comércio na cidade de São Paulo.

Entre a década de 1930 e o final da Segunda Guerra Mundial, o crescimento da

cidade de São Paulo é significativo em termos demográficos, pois o êxodo rural se

acentua e se destaca uma reorganização de classes sociais, ampliando a

composição de uma classe média formada por profissionais da indústria que se

instala ao redor do centro novo da cidade.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil retoma as importações de produtos

dos Estados Unidos, mas também vê crescer a indústria nacional, mais

especificamente a indústria dos eletrodomésticos. O alto custo dos produtos

estrangeiros, aliado às dificuldades de importação durante a guerra, motivou alguns

empreendedores a investirem na produção nacional desses artefatos para os lares

brasileiros.

Profissionais liberais, funcionários de setores administrativos das fábricas e

funcionários dos setores públicos da cidade absorvem a americanização e o gosto

pelo consumo e conforto e adotam o “American way of life”, que chegava através do

cinema, rádio, jornais, revistas e principalmente pela televisão, substituindo os

costumes europeus dominantes até a década de 1930. Nesse momento, segundo

Fraiha e Abramovitz (2006), os eletrodomésticos se tornam cada vez mais presentes

no novo estilo de vida e a indústria nacional não demorou a implantar grande

número de produtos destinados aos lares de uma emergente classe média.

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38

1.2.1 As décadas de 1950 e 1960 − A entrada dos eletrodomésticos nos lares

brasileiros

No início do século XX, manusear alimentos e preparar as refeições exigia que

fossem tomadas várias providências, como comprar a maior parte dos ingredientes

no dia da refeição, pois as condições de armazenamento dos alimentos eram

precárias e acessíveis a poucos. As geladeiras-armários, revestidas internamente

com isolante térmico, que recebiam barras de gelo compradas isoladamente para o

armazenamento dos alimentos mais perecíveis, dão lugar à refrigeração elétrica,

que facilita seu uso diário por produzir seu próprio gelo, proporcionando maior

autonomia para as donas de casa. Segundo Lemos (1978, p. 148):

“As geladeiras elétricas começaram a surgir por volta de 1934 assim mesmo para os ricos. A classe média usava pedras de gelo, da Antarctica, em caixas ou armários forrados com folhas de flandres. Cozinhava-se a lenha ou a carvão, pois o gás, que fora de iluminação e, depois, aproveitado nos fogões, era acessível somente nas ruas principais de bairros importantes.”

No período dos anos 1930, São Paulo é o maior parque industrial da América Latina,

palco de grandes transformações sociais marcadas por greves do operariado e

revoluções como as de 1930. Em 1934, a Constituição dá direito de voto às

mulheres e também direito de frequentar a universidade e escolas feministas, para o

aprendizado das artes de cozinhar, lavar e passar, possibilitando a elas ampliação

de seu espaço no mundo moderno.

Na década de 1940, o grupo Brasmotor, uma indústria mecânica paulista, já se

aventurava no mercado de eletrodomésticos utilizando tecnologia importada e

fabricava aqui os gabinetes de eletrodomésticos inspirados no design norte-

americano. Com a conhecida marca Brastemp, estabelece parceria com o grupo

americano Whirlpool para fornecer tecnologia das unidades de refrigeração e, em

1954, lança sua primeira geladeira elétrica – a Brastemp Super Luxo – que deu

sequência aos refrigeradores Príncipe, Conquistador e Imperador, este indicado na

Figura 7.

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Figura 7- Refrigerador Brastemp Imperador

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 75

Outras experiências pioneiras no caso da refrigeração são estabelecidas pelas

empresas Clímax e Consul, como é possível observar nas Figuras 8 e 9.

Figura 8 - Refrigeradores Clímax

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 68.

Fabricado pela Brasmostor, seu

desenho era realizado por

engenheiros e a preocupação estética

bastante apurada. É importante

ressaltar seu desenho inteiramente

nacional e o fato de este refrigerador

já contar com o aproveitamento das

portas.

Refrigeradores Clímax em

exposição na loja Isnard, em

1952. Nota-se o desenho da

maçaneta idêntico aos

refrigeradores norte-americanos

da marca Coldspot.

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Figura 9 - Anúncio da loja Isnard

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 71.

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41

As empresas nacionais lançaram também na década de 1950 vários refrigeradores

domésticos que eram oferecidos tanto na versão de funcionamento à eletricidade

quanto a querosene e a gás. Vale lembrar que, para a venda do produto em território

nacional, as empresas tinham de considerar que a eletricidade não estava instalada

em todo o território brasileiro. A Indústria de Refrigeração Cônsul produziu seu

primeiro refrigerador elétrico importando compressores da Dinamarca, pois até então

produzia seus produtos a querosene, como indicado na Figura 10.

A marca Gelomatic, fabricada pela Indústria Brasileira de Embalagens, recebeu um

prêmio internacional em 1958, a medalha de Ouro na Exposição Universal de

Bruxelas, sendo o único produto nacional premiado no gênero.

Alguns anúncios dessa marca chamavam a atenção principalmente para seus

interiores coloridos, que seguiam as tendências dos moldes fabricados fora do

Brasil, como é possível observar na Figura 11.

Figura 10 - Refrigerador Consul a querosene

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 69.

Primeiro refrigerador Consul a

querosene.

Refrigerador Consul Q300, de

1950, Acervo Multibrás.

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Figura 11 - Propagandas sobre a marca Gelomatic

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 74

O crescente processo de urbanização e a opção por moradia em apartamentos cada

vez menores, as famosas quitinetes, vão justificar a criação de um equipamento de

refrigeração que se tornará quase que um ícone: o refrigerador Consul Junior,

lançado em 1957 pela Indústria de Refrigeração Consul S/A, que refletia as

transformações da sociedade brasileira em meados dos anos 1950 (ver Figura 12).

As mesmas razões que levaram à criação do Consul Junior motivaram a criação de

uma nova categoria de eletrodoméstico: uma combinação de fogão elétrico,

refrigerador e pia em um só equipamento. Esses produtos eram especialmente

adequados às pequenas quitinetes que invadiam os centros urbanos de São Paulo e

do Rio de Janeiro e fizeram parte de um estilo de moradia dos anos 1950 e 1960,

como é possível observar na Figura 13.

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Figura 12 - Propaganda da Consul Junior, 1957

Fonte : FRAIHA, 2006, p. 72

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Figura 13 - Conjunto quitinete

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 73

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45

No caso dos fogões, destacamos uma das primeiras empresas nacionais a produzir

fogões domésticos a carvão, a Dako, fundada em 1935, como indicado na Figura 14.

Outras empresas nacionais também se destacam na fabricação de fogões, como a

Walig, Semer e a Fundição Brasil, que iniciaram a fabricação de fogões domésticos

após a Segunda Guerra Mundial, como é possível observar na Figura 15.

Figura 14 - Fogão Dako a carvão

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 55

Figura 15 - Fogões a gás

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 58.

Com a produção do gás GLP pela Petrobrás, na década de 1950, o fogão a gás

alcança os lares brasileiros em substituição aos fogões a lenha e a carvão. A

energia elétrica se espalhava também rapidamente pelos lares urbanos e um dos

maiores confortos oferecidos pela eletricidade era a refrigeração de alimentos.

Ancorada pelo desenvolvimento industrial brasileiro, a modernização despertou o

desejo e possibilitou o acesso a uma variedade de bens de consumo. Durante o

governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), a criação do Plano de Metas, que

tinha como lema “50 anos em 5”, favoreceu o desdobramento de vários setores

Fogão a carvão Dako de 1937,

feito em ferro com textura

imitando madeira. Acervo Dako

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industriais, entre eles os campos da indústria elétrica e da química pesada, o de

máquinas e equipamentos mais sofisticados, a automobilística, a indústria naval,

além da indústria do aço, petróleo e energia elétrica (MELLO; NOVAIS, 1998), e a

indústria dos produtos para a casa brasileira.

De acordo com Fraiha e Abramovitz (2006), uma das características da

modernização da sociedade brasileira estava justamente relacionada à ampliação do

acesso ao consumo de eletrodomésticos, facilitado pela implementação do sistema

de crédito popular. Além disso, para muitas famílias brasileiras, possuir uma casa

moderna e desfrutar do conforto doméstico significava a ascensão do seu padrão de

vida. Dessa forma, havia uma grande quantidade de aparelhos eletrodomésticos

disponíveis no mercado nacional e que, aos poucos, foram sendo incorporados aos

lares das famílias das camadas médias brasileiras:

“[...] o ferro elétrico, que substituiu o ferro a carvão; o fogão a gás de botijão, que veio tomar o lugar do fogão elétrico, na casa dos ricos, ou do fogão a carvão, do fogão a lenha, do fogareiro e da espiriteira, na dos remediados ou pobres: em cima dos fogões, estavam, agora, panelas – inclusive a de pressão – ou frigideiras de alumínio e não de barro ou de ferro; o chuveiro elétrico; o liquidificador e a batedeira de bolo; a geladeira; o secador de cabelos; a máquina de barbear, concorrendo com a gilete; o aspirador de pó, substituindo as vassouras e o espanador; a enceradeira, no lugar do escovão [...]” (MELLO; NOVAIS, 1998, p. 563).

A entrada dos eletroportáteis na casa brasileira já ocorria nos anos 1940 através da

Hanover, empresa norte-americana, mas alguns fabricantes nacionais, como Walita,

Arno e a empresa Real, iniciam a produção de muitos eletroportáteis que têm

aceitação no mercado doméstico.

As formas aerodinâmicas são presentes em muitos desses produtos e há elementos

formais derivados do Art Déco, exemplificados em tampas e bases de

liquidificadores, como é possível observar nas Figuras 16 e 17:

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Figura 16 - Primeiro liquidificador brasileiro: Nêutron, da Walita, fabricado em 1944; Figura 17 - Misturador de massas Turmix, que podia ser acoplado ao liquidificador Walita, 1952

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 78 e 83.

Um grande retrato do avanço da produção de eletrodomésticos no Brasil pode ser

revelado com as feiras de utilidades domésticas, patrocinadas pela Federação de

Indústrias do Estado de São Paulo. Conhecidas como UDs e inspiradas nas

experiências europeias, como o Salon des Arts Menagers, de Paris, funcionaram

como mostras anuais de objetos e utilidades domésticas de 1960 até 1983 na cidade

de São Paulo. Nessas feiras era possível comprar produtos domésticos produzidos

pela indústria nacional e em seus estandes pessoas capacitadas explicavam planos

de venda e crédito, prazos de entrega e garantias de fabricação.

Em suas quatro categorias de expositores, podiam-se encontrar utensílios

domésticos, acabamentos de interiores, mobiliário e decoração e eletrodomésticos.

O objetivo desse evento era seguramente expandir o mercado interno e oferecer à

população o que havia de mais moderno em termos de utilidades domésticas. Em

uma reportagem na revista Casa e Jardim, datada de 25 de abril de 1960, é relatado

como a aquisição de modernos eletrodomésticos na feira poderia melhorar a vida na

cozinha:

“[...]. Em cada casa a cozinha é um lugar sacrificado, mas não deixa de ser um dos mais importantes recintos domésticos. E para a cozinha vimos fogões bonitos, tão práticos e tão eficientes que, temos certeza, cozinhar neles será uma arte, uma satisfação e não como nos tempos antigos cujo senhor representava trabalhos forçados com suor da lenha e carvão.”

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Segundo Naclério Homem (2015, p. 114), é “importante frisar que a feira também

mostrava as últimas novidades mesmo antes de ser lançada a venda ao

consumidor”. Em 1963, o lançamento de lava-louças, fogões com mais de quatro

bocas, materiais de revestimentos para armários de caráter mais fácil na limpeza,

como a fórmica, formas refratárias e grills que podiam ser apresentados diretamente

à mesa, mostravam o caráter da cozinha funcional para designar a cozinha

compacta, completa e fácil de ser utilizada pela dona de casa. O equipamento

integrou-se à cozinha racional, constituindo a cozinha moderna que revela vínculos

com a ciência, além de se encontrar totalmente apoiada na tecnologia e no projeto,

realizado tanto na indústria quanto no particular. “Ao mesmo tempo, contida em um

espaço menor, ela pôde atender aos interesses da indústria da construção civil”

(NACLÉRIO HOMEM, 2015, p. 111).

1.2.2 As décadas de 1970 a 1990 e as cozinhas planejadas

Com a reestruturação da Zona Franca de Manaus em 1967 e o estabelecimento do

livre comércio de importação e exportação, o Brasil se viu ávido pelo consumo de

eletrodomésticos nunca antes imaginados em sua cozinha. Com as importações de

produtos externos ao país, a indústria nacional renova toda a linguagem na

aplicação de propagandas, incentivando a aquisição dos eletrodomésticos nacionais,

conforme Figuras 18 a 20.

Com os equipamentos totalmente eletrificados, como exaustores, liquidificadores,

torradeiras e batedeiras, que podiam ser utilizados uniformemente sobre uma única

bancada, e através do desenho planejado de todas as suas divisões, utilizando

novos materiais de acabamento e revestimento, nascem as cozinhas completas. A

empresa Kitchens introduz o modelo de cozinha planejada para a população de

maior poder aquisitivo e torna-se referência em cozinhas planejadas, lançando no

mercado uma dupla de aparelhos que era inédita no período: o fogão embutido e o

forno de embutir de parede, que traziam uma linguagem moderna aos moldes das

cozinhas americanas.

Outras empresas, como Todeschini, Fiel, Continental e Securit, também apostam

neste modelo de planejamento de cozinha e oferecem projetos de cozinhas fazendo

uso da bancada e os três elementos básicos: fogão, pia e refrigerador. A empresa

Securit, na década de 1970, lança uma linha de cozinha seguindo a tendência

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italiana, licenciada pela BOFFI CUCINE, com a colaboração do designer Ugo Boffi,

conforme Figura 21, totalmente de madeira e laminada, seguindo essa mesma linha

de trabalho até hoje.

Figura 18 - Anúncio da empresa Prosdocimo Figura 19 - Anúncio da empresa Walita

Fonte: Revista VEJA Novembro de 1968 Fonte: Revista VEJA Setembro de 1968

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Figura 20 - Anúncio Geladeira Prosdocimo Fonte: Revista Veja, fevereiro de 1974

Figura 21 - Anúncio da empresa Securit Fonte: Revista Veja, outubro de 1968

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51

Na década de 1980, destaca-se a utilização do micro-ondas aliado ao freezer,

provocando grandes mudanças na cozinha. Com a possibilidade de ser programado

para descongelar e aquecer alimentos de forma rápida, essa dupla de

eletrodomésticos entra nas cozinhas facilitando a vida da mulher moderna,

agilizando suas tarefas e liberando-a da necessidade de uma cozinheira. Na cozinha

planejada, projeta-se o desejo de que ela se enquadre à modernidade e à facilidade

de aquisição de equipamentos que o momento econômico trazia com o maior

acesso ao crédito; e a implantação de energia elétrica na maioria dos lares torna

esse desejo realidade na maior parte das casas dos grandes centros urbanos.

Com os congeladores providos de sistema de autodescongelamento, o sistema

Frost Free, seu posicionamento na cozinha planejada é facilitado. Esses novos

aparelhos trouxeram consigo uma série de recipientes especiais para sua utilização,

desde o papel-alumínio até as formas refratárias ou plásticas, que poderiam ser

levadas do freezer ao forno e à mesa. Fogões com acabamento em aço inox,

acendimento automático, forno com visor e autolimpante completariam a equipe de

eletroportáteis, formada por desde o simples liquidificador, facas elétricas, abridores

de latas elétricos, multiprocessadores de alimentos até uma linha nostálgica que

lembraria os liquidificadores e batedeiras da década de 1950.

Empresas de cozinhas planejadas investiam no apelo estético e organizacional de

que a cozinha, por sua facilidade de manejo, seria de poder decisivo para a dona de

casa continuar com sua empregada doméstica, conforme dizeres de anúncios na

Revista Veja de dezembro de 1989 (Figura 22):

“Se você é uma destas felizardas que possuem empregadas e ainda não tem uma cozinha Todeschini, abra o olho. A sua vizinha pode estar comprando uma e andar de conversinhas no muro com sua empregada. Afinal, quem não gosta de conforto? Uma cozinha Todeschini é o melhor lugar da casa. Prática na sua funcionalidade e bom gosto em todos os detalhes. Podendo combinar e modular à vontade, dependendo do espaço e da sua necessidade. Agora, se você ainda não tem uma empregada, faça este favor para você mesma. Amanhã as coisas podem melhorar.”

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Figura 22 - Propaganda cozinha planejada Fonte: Revista Veja, dezembro de 1989, p. 62

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53

1.2.3 A cozinha contemporãnea

Na segunda metade da década de 1990, o poder aquisitivo da população aumenta

com a estabilização da economia brasileira, mediante o Plano Real e importações de

bens de consumo que invadem o mercado nacional. Investimentos estrangeiros e a

exportação para a América Latina de algumas de nossas indústrias incentivam a

fusão de algumas produtoras de fogões e geladeiras, como Consul, Semer,

Brastemp, o Grupo Brasmotor que viria ser absorvido pelo grupo Whirlpool, assim

como outras empresas, por exemplo a holandesa Philips, que absorveria a Walita, a

alemã Bosch, que absorveria a Continental, e o grupo francês SEB, que absorveria a

Arno.

Camadas mais pobres da população têm fácil acesso a linhas de crédito e o

aumento na aquisição de eletrodomésticos para a composição das cozinhas nos

lares brasileiros é bastante significativa. Segundo Frahia e Abramovitz (2006, p.

164),

“A Pesquisa Nacional por Amostra do IBGE (PNAD) indica que, entre os anos de 1993 e 2004, o número de habitações com geladeiras cresceu de 71,8% para 88,1%; o número de domicílios com máquinas de lavar roupa subiu de 24,3% para 34,9% e o de moradias com rádios cresceu de 85,1% para 88,1% no mesmo período. O destaque maior está no crescimento do percentual de domicílios com televisão, saltando de 75,8% em 1993 para 90,9% em 2004. Estes números ficam mais alarmantes quando observamos os dados da pesquisa do IBGE para 1960 em que o fogão aparece como o único item presente na maioria das casas, com uma participação de 88,4%. Do total de domicílios pesquisados em 1960, somente 34,4% possuíam rádio, 11,6% geladeiras e 4,6% possuíam televisão.”

Com acesso a um número cada vez maior de eletrodomésticos em sua casa, a

classe média consome de maneira adaptada suas cozinhas planejadas, ora com

acabamentos de materiais sofisticados como o Corian, da Dupont, ora com

acabamentos mais acessíveis, como madeiras revestidas de laminados e muitas

vezes com aço inoxidável. Uma profusão de estilos de cozinhas, como cozinhas em

vários formatos e cores, são oferecidas pelas empresas que vendem cozinhas

planejadas e há uma mudança notável no apelo publicitário, passando-se a afirmar

que a dona de casa podia entender de cozinha pelo seu espaço organizacional e

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54

não pelos dotes culinários, conforme anúncio da empresa Todeschini, na Revista

Claudia de agosto de 1991 (Figura 23):

“Entender de cozinha não significa saber preparar molhos ou temperos especiais. Mesmo quem não sabe nem fritar um ovo sabe que Todeschini é a melhor cozinha que existe. Qualidade em todos os detalhes e uma racionalização de espaço impressionante. Se você quer agradar na cozinha, comece com Todeschini.”

Figura 23 - Propaganda de cozinhas planejadas Fonte: Revista Claudia, agosto de 1991, p. 54

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O conceito de cozinha planejada entrou no mercado doméstico com grande força,

mesmo já instalado no país nas décadas anteriores. Revistas de decoração

lançavam reportagens divulgando o trabalho de vários arquitetos e decoradores da

época, que sugeriam formas de planejar a cozinha moderna para poder abrigar a

grande quantidade de equipamentos já existentes à época, confirmando a

necessidade de montar uma cozinha funcional e prática, que estivesse ajustada à

vida moderna, mas que também se ajustasse à estética.

A triangulação da disposição dos móveis mais importantes da cozinha, a geladeira,

o fogão e a bancada de pia, era a fórmula perfeita para a disposição dos móveis e a

maioria dos fabricantes insistia nesse esquema, considerando que o projeto da

cozinha era um laboratório, pois do projeto planejado dependiam a funcionalidade, a

beleza e a segurança da cozinha.

Nesse período, a Kitchens cria muitos projetos que são idealizados por arquitetos,

acompanhada de uma série de outros fabricantes de cozinhas planejadas instaladas

em São Paulo, como a Ornare e a Florense, que já na década de 1990 utilizavam

computadores para realizar seus projetos de cozinhas com linhas modulares como

solução moderna para grandes e pequenos espaços acompanhados de

revestimentos de última geração para a finalização de suas cozinhas.

Ao driblar a falta de espaço projetado na arquitetura, as bancadas planejadas

substituem as tradicionais mesas e as cadeiras ao seu redor, como é possível

observar na Figura 24 e em reportagem da revista Casa e Jardim de 1990, p. 44:

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Figura 24 - Reportagem “Arquitetos comentam as tendências em Cozinhas” Fonte: Revista Casa e Jardim, abril de 1990, p. 44.

Arquitetos falam de suas preferências na concepção de seus projetos, como a

arquiteta Esther Giobbi, que coloca o modelo de cozinha em ilha como um culto à

cozinha, importante no convívio entre o dono da casa, que gosta de cozinhar, e seus

convidados, ou ainda dentro da família, quando o casal e os filhos gostam de estar

juntos na hora de preparar refeições. A arquiteta é adepta de cozinhas

concentradas, onde as novidades em design de fogões, exaustores e outros

aparelhos devem embelezar, mas também ser fáceis de manusear. Na mesma

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reportagem, outros depoimentos consagram alguns resultados impostos na solução

da cozinha planejada, como o de João Mansur na Revista Casa e Jardim de

dezembro de 1997, p. 122:

“[...], mas ilhas podem ser substituídas por penínsulas, criando até ambientes diferenciados dentro de uma cozinha. João Mansur lembra que a ilha requer 0,90 cm ao redor para proporcionar boa circulação. A disposição L ou em U é, então, uma alternativa, porém a disposição em linha dá resultados maravilhosos. Para ele, o branco absoluto combinado ao aço inox de cubas e ao granito preto de bancadas, aliados ao design de novos equipamentos, dá para a cozinha a modernidade que ela merece.”

Outros arquitetos, como Ana Maria Vieira Santos, Roberto Migotto e Brunete

Fraccaroli, adeptos da cozinha tipo “laboratório”, insistem que a limpeza do espaço é

fundamental, portanto o uso de armários com portas de vidro, revestimentos claros e

aparelhos embutidos é importante e orientam na escolha de materiais e sobre como

deve ser um projeto de uma cozinha funcional, conforme texto de Isabel Ignaccarini,

na Revista Casa e Jardim de abril de 1997, p.122:

“1: Em forma de triângulo, em L ou U, concentre os diversos elementos de uma cozinha para economizar energia de trabalho, tendo tudo à mão; 2: Fogões e micro-ondas (liberam calor) não devem estar próximos aos que conservam frios (geladeiras, freezers, etc.), a não ser que estejam bem isolados; 3: Não esqueça que um gaveteiro é fundamental ao lado do fogão; 4: Áreas úmidas devem ter sempre revestimento adequado: azulejos, granitos, mármores, cerâmicas, etc.; 5: Nas bancadas de trabalho, prefira o granito ao mármore, pois resiste ao ataque corrosivo do limão, de detergentes, etc.; 6: As bancadas de aço inox são modernas e bonitas, mas riscos aparecem com mais facilidade; 7: Os eletrodomésticos devem ficar à mão, expostos sobre bancadas ou em nichos próprios; 8: Os utensílios e panelas podem ficar expostos com um bom sistema de sucção; 9: Tomadas e iluminação devem ser embutidos e o projeto deve planejar suas disposições com precisão para facilitar sua vida; 10: Unificar marcas de eletrodomésticos dá à cozinha beleza e elegância; 11: Não esqueça o ponto de água para instalação de lava-louças, geladeiras, que fazem gelo externamente (para elas a água deve ser filtrada); 12: Linhas retas facilitam a limpeza da cozinha; 13: Isolamento térmico e sonoro é fundamental em um ambiente onde cheiros e barulhos são uma constante; 14: Coifas de última geração absorvem completamente os odores e a fumaça, melhorando o ar da cozinha;

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15: Conjugar a cozinha com a área de serviço ou a sala de visitas pode dar bons resultados quando o problema é espaço; 16: Escolher materiais nobres. São duráveis e não saem de moda; 17: Trituradores de lixo, que já estão no mercado brasileiro, evitam o acúmulo excessivo de lixo orgânico e facilitam a limpeza; 18: Use aramados para organizar seus espaços de estocagem; 19: O fogão também deve ter iluminação direta e reforçada.”

Todos os fabricantes das cozinhas planejadas buscavam oferecer as mais recentes

novidades na área de cozinha, como aramados que facilitavam o armazenamento de

produtos nos armários, cestos, portas – coisas em geral. As bancadas de trabalho

dos dois lados da pia e ao lado do fogão, paredes ocupadas com geladeiras,

freezers, micro-ondas, ilhas centrais com fogões, bancadas em L ou U, compunham

as diversas soluções encontradas. Arquitetos e decoradores tentavam unir o

tradicional ao mais moderno em matéria de acabamentos e eletrodomésticos,

driblando a falta de espaço com bancadas planejadas a fim de substituir a tradicional

mesa com cadeiras ao redor.

Multiplicaram-se empresas de cozinhas planejadas: Ornare, Florense, Dellano,

Celmar, Todeschini, Bomtempo, todas elas seguindo tendências internacionais do

mercado. Segundo Naclério Homem (2015, p. 124):

“Conjugadas ou não com a sala de jantar e até com a área de serviço, as cozinhas modernas incorporaram a copa, perderam a despensa, substituída pela geladeira, pelo congelador, e por um móvel destinado a guardar os enlatados. Em algumas, os nichos e utensílios aparentes dispensaram os armários aéreos. Seja como for, as cozinhas se tornaram cada vez menores, apresentando os eletrodomésticos embutidos, ou o fogão instalado no meio do recinto.”

Com equipamentos ultramodernos, as cozinhas necessitam de projetos que

associem estética, conforto e sofisticação. Conferindo as tendências internacionais,

a indústria nacional se inspira em feiras como a Euro Cucina, de Milão, na Itália, a

Möbel Messe, feira do móvel de Frankfurt, feiras nacionais de mobiliário, como a

Casa Cor, e eventos de decoração nacionais, expandindo propostas de trabalhos de

decoradores e arquitetos, assim como de fabricantes do ramo de construção e

indústrias de eletrodomésticos, para atender a uma classe média que consome

cozinhas menores em apartamentos urbanos.

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1.3 Século XXI – A cozinha dinâmica e inteligente

No final do século XX, o potencial do mercado brasileiro de eletrodomésticos e do

crescente número de marcas de cozinhas planejadas, acessíveis para todas as

classes sociais, cresceu de forma a disponibilizar bens para a montagem e

decoração de apartamentos urbanos.

Desde os materiais de revestimento a acabamento dos móveis, a indústria de

móveis planejados para cozinhas e demais dependências da habitação ganha corpo

e um vasto mercado ao investir em valores estéticos e de reposição de peças e na

facilidade de manutenção e limpeza.

Revestidas anteriormente de azulejos e pisos cerâmicos, as novas cozinhas ganham

novos revestimentos que permitem limpeza fácil, além de resistência ao tempo e a

produtos abrasivos.

O mobiliário ganha modernos desenhos e acabamentos, com disposições

ergonômicas detalhadas nas alturas e profundidades, a fim de melhor servir ao

usuário final. Acabamentos perfeitos e refinados permitem a visualização desse

espaço por toda a área de estar e social da habitação, antes confinado ao setor de

serviços do apartamento.

As transformações dos eletrodomésticos nesse período influenciam muito nesse

modelo de desenho da cozinha no apartamento urbano.

A sofisticação e o desenho arrojado desses equipamentos os fazem ter aparência

estética invejável: desde o fogão de pés com 6 ou 4 bocas ao fogão de mesa, os

cooktops, separados do forno, que podem ser embutidos em prateleiras ou paredes,

com fontes de energia elétrica, a gás ou por indução, passando pelos fornos com

controle automático de temperatura e luz interna, ou marcas de internacionais, como

da Viking, que descongelam, cozinham gratinam e desidratam, até as geladeiras

side by side, frezzers horizontais e verticais, assim como modelos dois em um com

acabamentos coloridos ou em aço inox (ver Figura 25).

Impossível esconder esses produtos, e é na cozinha aberta que o seu design une a

beleza ao planejamento, introduzindo na cozinha planejada e na disposição dos

móveis a beleza de materiais e utensílios, difundindo a noção de eficiência e

conforto orientada pela mídia.

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Figura 25 - Fogões da Vicking, modelo de pé e para embutir

Fonte: www.vicking.com.br/ catálogo 2016

Com o objetivo de tornar as cozinhas menos parecidas com áreas de serviço,

profissionais da área de decoração compõem espaços cada vez mais sofisticados,

mecanizados, compactos e de fácil utilização por seus usuários, concentrando todas

as operações em uma bancada, agilizando as atividades e economizando energia e

espaço.

O posicionamento do fogão e da coifa preferencialmente ao centro da bancada e

embutido permite que, às vezes, a cozinha elimine suas paredes, unindo-se às salas

e áreas de serviço, dispensando as salas de jantar.

No início dos anos 2000 surge um culto à gastronomia, com a tendência relativa ao

conceito de alimentação saudável e alimentação preventiva, o que amplia o enfoque

sobre a cozinha. Assim, um novo conceito de cozinha, “a cozinha gourmet”,

associado às tendências de compactação dos espaços de cozinhas, surge em

grande quantidade nos apartamentos metropolitanos e se apresenta como novo

modo de cozinhar, conforme Figura 26.

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Figura 26 - Exemplo de cozinha compacta e integrada, com todos os equipamentos embutidos Fonte: http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Galeria-de-fotos/fotos/ Acesso em: 26/03/2016

Os espaços integrados ou exíguos desta cozinha apresentam inúmeros utensílios de

aço inoxidável ou cobre que são expostos ou colocados de modo estratégico para

serem visualizados facilmente, assim como panelas de teflon, vidro, churrasqueiras,

tostadeiras, sanduicheiras, grills e máquinas de café. Todo esse equipamento sendo

utilizado, tanto pelo homem como pela mulher, traz um requinte de apreciação ao

design dos eletrodomésticos e utensílios, aliando o belo ao planejado, como é

possível observar na Figura 27.

Seguindo a tendência de sofisticação e compactação de espaços, a partir de 2008

cresce em importância o conjunto conforto e facilidade. Aliado a esses conceitos,

deve-se associar a relação dos fabricantes dos eletrodomésticos com a necessidade

mundial de economia de energia. Os produtos com selo verde são considerados de

uso correto em proteção ambiental. Os fogões e fornos a gás possuem recurso

econômico, como timers para programar o desligamento automático e sensores que

ajustam a temperatura dos mesmos, enquanto refrigeradores e freezers,

responsáveis por 30% de consumo de energia total de uma casa, devem possuir

selo informando o gasto dessa energia ao usuário e também, preferencialmente,

serem fabricados para uso de gás isobutano, que não causa efeitos maléficos ao

aquecimento global.

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Figura 27- Exemplo de cozinha compacta e utensílios expostos

Fonte: http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Galeria-de-fotos/fotos/ Acesso em: 26/03/2016

Os recursos eletrônicos e sofisticados aliados ao design dos produtos estimulam a

indústria nacional na produção de eletrodomésticos e eletroportáteis, que entram

nas casas brasileiras nas últimas décadas de modo a estimular o consumo.

Naclério Homem (2015) fala de uma cozinha de marca, em torneiras assinadas por

designers ou réplicas bem feitas, a preços populares, onde o profissional propõe-se

a planejar, incorporando conceitos sobre o homem, a beleza e a elegância, além da

praticidade.

A marca KitchenAid, uma das marcas da rede Whirlpool da América Latina, utiliza

como recurso de propaganda o desempenho impecável e a criatividade dos

consumidores no processo culinário, tornando a experiência da cozinha um dos

momentos mais especiais da vida, com a batedeira Stand Mixer (Figura 28),

assinada pelo designer Egmond Arens, em 1936, e reconhecida como um clássico

dos eletroportáteis, em exposição no MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova

York).

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Figura 28- Batedeira Stand Mixer da KitchenAid

Fonte: http://www.kitchenaid.com.br/produto/stand-mixer-metalizada/ Acessado em: 26/03/2016

As diversas opções de layout da cozinha nos anos 2000 se adaptam às preferências

do cliente, são mecanizadas, compactas, e na maior parte das vezes dispostas em I,

facilitando os movimentos do operador. Nos espaços cada vez mais exíguos dos

apartamentos modernos, a concentração das atividades em apenas uma bancada

dá oportunidade de desenho a uma cozinha cada vez mais personalizada, de acordo

com a necessidade de cada usuário.

Os eletrodomésticos altamente tecnológicos possibilitam a menor necessidade de

espaços arquitetônicos da cozinha e, ocupando espaço na área social da casa, a

cozinha hoje visa sua compactação, facilidade de uso, menos tempo para sua

manutenção, conforto e estética, segundo Naclério Homem (2015, p. 133):

“O design, atividade que procura aliar o belo ao planejamento, foi introduzido nas cozinhas e tornou-se visível no apuro das formas, na disposição dos móveis e na beleza dos materiais e dos utensílios.”

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1.3.1 Inovação e indústria do eletrodoméstico

Em parceria com Universidade de São Paulo, no ano de 2010, a Whirpool da

América Latina implementou a metodologia Design for Enviroment (DFE) como

ferramenta de processo de desenvolvimento de produtos, tendo como base a

minimização de emissão de CO2, eliminação de substâncias nocivas, uso

sustentável de água e conservação de recursos, gerando indicadores de

monitoramento e aprimoramento dos produtos.

O Projeto para o Ambiente, DFE, é uma ferramenta ligada ao desenvolvimento do

produto e seu ciclo de vida até o descarte e, através de sua utilização, os projetos de

eletrodomésticos contribuem com o surgimento de produtos ambientalmente

amigáveis, parâmetros estes utilizados pelas empresas do setor a fim de se

adequarem aos processos de proteção ambiental, desde a otimização de material

até o descarte final de embalagens e sucatas, assunto em alta neste início de

século.

Neste sentido de inovação na produção dos eletrodomésticos, as linhas inteligentes

marcam época. Providas de monitores e outros dispositivos que permitem múltiplas

funções, acionando tablets e smartphones, auxiliam os usuários tanto no momento

de cozinhar como no momento das compras e acondicionamento de alimentos.

A geladeira Brastemp Inverse Maxi, indicada na Figura 29, foi o primeiro refrigerador

no mercado brasileiro a ter uma Central Inteligente: uma tela touchscreen de sete

polegadas que leva o consumidor à era digital, permitindo o gerenciamento de seu

estoque, controlando a quantidade e o tempo de validade dos alimentos

armazenados no refrigerador, e permitindo também que o consumidor monte sua

lista de compras e a envie para o smartphone para ser utilizada no supermercado,

além de possibilitar dividi-la com outros integrantes da família ou amigos para que

eles também possam acessar e alterar a lista, marcando os itens comprados ou

acrescentando outros. Além de tudo isso, é possível mostrar receitas, escrever

mensagens e números de telefone e fazer upload de fotos através de uma conexão

USB, que podem ser apresentadas em um modo de exibição de slides, incluindo a

conectividade com um Brastemp APP para iOS e Android.

A Central Inteligente abriga também um Guia Rápido Digital, com um passo a passo

de como operar cada uma das funções da tela do seu refrigerador: calendário; timer;

ímãs digitais para colocar telefones úteis (como táxi, farmácias e deliveries) e post

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its, espaço para recados e lembranças de compromissos importantes ou para deixar

mensagens aos familiares de maneira bem mais moderna e divertida. Possui

iluminação de LED, que economiza energia e deixa a geladeira mais moderna, e

Smart Bar, um compartimento removível para levar à mesa, usado para resfriar latas

ou garrafas mais rapidamente e que avisa quando a bebida está no ponto ideal para

consumo.

Figura 29 - Brastemp Inverse Maxi

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

Seguindo as linhas inteligentes, a Brastemp possibilita ainda produtos

personalizados na linha dos refrigeradores, onde o consumidor pode ainda incluir

seu nome no aparelho, como uma assinatura em uma obra de arte.

A linha Brastemp YOU, indicada na Figura 30, possibilita ao consumidor montar

produtos da marca de acordo com seu estilo (cooktop e a geladeira), utilizando

cores, configurações e texturas exclusivas através do acesso ao site

www.you.brastemp.br.

A linha Bem-Estar da Consul, demonstrada na Figura 31, com gaveta especial que

preserva as propriedades naturais das folhas e dos vegetais, possui um filtro que

acaba com os odores ruins dentro do refrigerador e espaço especial para frutas

localizado na porta do refrigerador.

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Figura 30 - Geladeira Brastemp Inverse YOU, personalizada Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

Figura 31 - Geladeira Consul Bem-Estar

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

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Outros lançamentos, como a Geladeira Brastemp Side Inverse, demonstrada na

Figura 32, possui a alta capacidade do modelo Side by Side, indicado na Figura 33,

mas com freezer na parte inferior e refrigerador na parte superior, permitindo melhor

aproveitamento interno e alimentos e bebidas sempre ao alcance das mãos. Ela

possui Ice Maker, que produz até 12 bandejas de gelo automaticamente, sem

precisar de ponto de água.

Figura 32 - Geladeira Side Inverse da Brastemp

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

Figura 33 - Geladeira Side by Side da Brastemp

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

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Seguindo lançamentos mais atuais, temos os fogões com 5 bocas, de embutir ou de

pé, com fornos duplos, um a gás e outro elétrico, conforme Figura 34, com mesa de

vidro e trempes individuais de ferro fundido, e o cooktop com grelhas de ferro

fundido, conforme Figura 35, características da linha Gourmand, da Brastemp,

acompanhados de fornos multifuncionais com micro-ondas, na linha Semi

Profissional, conforme Figura 36, “que traz 80 receitas pré-programadas auxiliando

no preparo de pratos e combinando técnicas de preparo como um chef de cozinha”,

segundo o site www.brastemp.com.br (acessado em: 29/03/2016).

Figura 34 - Fogão com forno duplo Brastemp Figura 35 - Cooktop, linha Gourmand

Fonte: www.Brastemp.com.br/ linha Gourmand / Acessado em: 29/03/2016

Figura 36- Forno Multifuncional Brastemp, linha Gourmand

Fonte: www.Brastemp.com.br/ Acessado em: 29/03/2016

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As versões de lava-louças também compactas permitem instalação embutidas ou

portáteis, atendendo as necessidades espaciais de instalações em uma cozinha

planejada (Figura 37), modelo Built In da Brastemp, com a mesma dimensão dos

fornos de embutir. Segundo propaganda do site da Brastemp

(www.brastemp.com.br), “Ela é compacta por fora, ideal para quem pretende ter uma

cozinha planejada. Com a mesma largura que os fornos de embutir Brastemp,

garante alinhamento estético na sua cozinha”.

O modelo Facilite de lava-louças da marca Consul, demonstrado na Figura 38, foi

pensado para quem não tem espaço para embutir, permitindo apenas um encaixe na

torneira da pia.

Nas linhas de inovação e sofisticação da indústria nacional de eletrodomésticos, a

Brastemp lançou em 2015 a Linha Vitreous, conforme Figura 39, disponibilizando

arquivos em DWG para arquitetos que estejam fazendo projetos de cozinhas

planejadas segundo o site de vendas no lene da Brastemp

(www.brastemp.com.br/vendasonline/ Acessado em: 29/03/2016), o produto:

“Com seu acabamento impecável em vidro branco, o Forno Brastemp Vitreous de Embutir Elétrico faz da sua cozinha uma referência de estilo. Ganhe agilidade com o pré-aquecimento rápido e precisão com 30 receitas pré-programadas. Com suas funções especiais, experimente saborosos grelhados e assados suculentos e asse carnes e tortas simultaneamente sem mistura de aromas.”

Figura 37 - Lava-louças Brastemp de embutir

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

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Figura 38 - Lava-louças Consul Facilite Compacta 6 Serviços

Fonte: www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ Acessado em: 28/03/2016

Figura 39 - Cozinha planejada com produtos da Brastemp da Linha Vitreous

Fonte: www.brastemp.com.br/ Acessado em: 29/03/2016

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1.4 Mudanças de hábitos na cozinha contemporânea

As rupturas sofridas com a introdução do fogão a gás, de alimentos industrializados

e eletrodomésticos nas cozinhas paulistanas desencadearam uma série de

atividades propostas pelos fabricantes para que o público consumidor valorizasse o

uso desse novo estilo de vida proposto, como um apelo do moderno e do

tecnológico, como um movimento que derrubaria o atraso rural.

Agora, dominar a chama azulada do fogão a gás e o tempo de cozimento não é o

suficiente para o cozinhar, mas por outro lado é necessário o conhecimento do uso

do produto acondicionado em latas e embalagens, desenvolvidas sob o apelo da

assepsia em seu modo de produção.

Diversas empresas do setor alimentício investem no setor culinarista, oferecendo

cursos para que os consumidores aprendam a manusear os alimentos

industrializados, assim como a indústria de eletrodomésticos ensina a utilização de

seus produtos aliados a este novo processo da indústria alimentícia.

Nestas duas categorias, o trabalho da indústria está em adequar o uso ao modo

“moderno“ de cozinhar, oferecendo atrativos, como redução do tempo gasto nas

operações, e agregando simplicidade no preparo do alimento, limpeza e organização

no espaço da cozinha. No caso de pequenos equipamentos elétricos que passam a

fazer parte do mundo culinário como, por exemplo, o liquidificador, era necessário

ensinar as funções e o modo de operação dessa novidade moderna com cursos e

receitas onde o equipamento era primordial na conjugação de uso de determinados

produtos enlatados. Owensby (1999) lembra que a atmosfera urbana de cidades

como Rio de Janeiro e São Paulo contribuía para a aceitação desses novos bens de

consumo, como é possível observar na Figura 40, na medida em que sua aquisição

se relacionava à energia elétrica, principal ícone da modernidade naquele momento:

“O sentimento aprofundado de ter que possuir certos objetos ‘modernos’ – rádios, refrigeradores, telefones, tapetes, máquinas de escrever, máquinas de costura – sinalizou uma transformação no significado social de consumo: a própria ideia de ‘necessidade’ estava se modificando à medida que as oportunidades de compra se expandiam dramaticamente. Uma maior e melhor variedade de produtos foi disponibilizada para a grande população de modo sem precedentes” (Owensby, 1999, p. 112).

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Figura 40 - Propaganda sobre eletrodomésticos

Fonte: FRAIHA, 2006, p. 81.

Após a chegada dos primeiros eletrodomésticos no Brasil, é impossível imaginar

uma casa sem esses equipamentos, considerados como necessidades absolutas

para seus consumidores, algo inevitável da vida moderna.

Enquanto na primeira metade do século XX os clientes eram satisfeitos com

soluções para as obrigações de serviços, como limpeza da casa e preparo de

alimentos, com marcas que significavam segurança para seu investimento, e em

alguns casos prestígio social, o consumidor do século XXI solicita algo mais

envolvente, mais intenso e representativo com personalização. Esses parecem ser

os ícones da vida urbana contemporânea.

A cozinha, considerada o principal espaço da moradia, a “rainha dos lares”, abrigou

sempre a maior parte de novos aparelhos elétricos, comparada a uma fábrica que

utiliza as mais diferentes matérias-primas para produzir alimentos, foi a porta de

entrada da casa para o desenho de diversos e importantes equipamentos derivados

do desenho industrial, e absorveu os mais diversos modelos de produtos.

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73

A substituição de antigos utensílios e equipamentos de cozinha por toda a imensa

série de objetos industrializados atualmente nos remete a pensar em espaços que

abriguem todos os equipamentos que, expostos ou guardados em armários,

desenhados com exclusividade para o cliente, devem trazer em sua concepção

divisões e subdivisões cada vez mais próximas à quantidade de utensílios e

equipamentos aos quais a dona da casa tem acesso de compra.

A ampliação do acesso ao consumo de eletrodomésticos alterou de modo

substancial os hábitos e costumes domésticos nacionais. Com os aparelhos

eletrodomésticos, a mecânica masculina, sua organização técnica, suas máquinas e

sua lógica, entraram nas cozinhas das mulheres sem permitir-lhes adaptar esses

utensílios às seculares técnicas do corpo, impondo-lhes autoritariamente uma nova

maneira de relacionar-se com as coisas, outros modos de organização (GIARD,

2008).

Segundo o mesmo autor, a cozinha possui hoje uma quantidade de materiais de

acondicionamento que facilitam o trabalho nela realizado, como potes, vasilhas,

embalagens herméticas, papel-alumínio e manteiga, e complementa relatando que a

atividade que lhe é atribuída ocorre de maneira bastante simples, pois tem um

significado quase que gestual ao desembalar e embalar, abrir caixas e vidros com

instrumentos adequados e que requisitam pouco esforço físico ao usuário.

No momento do preparo do alimento uma gama imensa de eletroportáteis, como

batedeiras, processadores, liquidificadores, descascadores, descaroçadores, aliados

a potes, panelas, fornos e grills, transformam em curto espaço de tempo o alimento

descongelado ou comprado semipronto em pratos apresentados de forma quase

“profissional”.

Silva (2002) relata que o fogão a lenha, por exemplo, envolvia um saber de

sensibilidade no tocante à quantidade de calor exato para o preparo de alguns

alimentos, sensibilidade adquirida ao longo de gerações e experiências vividas em

longos preparos.

A cozinheira tinha o domínio dos ingredientes, dos utensílios e do processamento no

uso de forno e fogão. O domínio dessa habilidade lhe criava uma linha divisória

entre as boas cozinheiras de forno e fogão e as cozinheiras do trivial, a cozinha do

dia a dia, e a introdução do fogão a gás e eletroportáteis produziu uma nova

condução dos modos de fazer, como observa Giard (2008, p. 274):

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“Os gestos antigos não foram relegados simplesmente por causa da entrada de aparelhos eletrodomésticos na cozinha, mas por causa da transformação de uma cultura material e da economia de subsistência que lhe é solidária.”

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CAPÍTULO II

AS COZINHAS NOS PROGRAMAS

ARQUITETÔNICOS DOS APARTAMENTOS DA

CIDADE DE SÃO PAULO

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CAPÍTULO II – AS COZINHAS NOS PROGRAMAS ARQUITETÔNICOS DOS

APARTAMENTOS DA CIDADE DE SÃO PAULO

A consulta a várias fontes sobre a habitação vertical na cidade de São Paulo, seu

início e transformações ao longo do século XX até a contemporaneidade, dá

embasamento à compreensão e definição de características sobre a evolução das

áreas das cozinhas nos apartamentos urbanos dessa cidade, objetivo deste

segundo capítulo. Trata-se de compreender essa evolução, no âmbito do tema da

verticalização, em meio à produção dos edifícios vinculada ao processo de

incorporação imobiliária. Pesquisas publicadas em artigos pelo Nomads - Núcleo de

Estudos sobre Habitação e Modos de Vida, da Universidade de São Paulo, são

destaque para leituras, análises sobre a verticalização em São Paulo e o surgimento

da incorporação imobiliária como processo de produção e comercialização que

alterou a forma de produção de edifícios residenciais para a classe média,

consumidora de apartamentos de aluguel, situação de rentismo que perdurou até o

ano de 1942, quando da chamada Lei do Inquilinato.

Segundo Tramontano e Villa (2000, p. 4), "o aluguel deixa de ser uma atividade

rentável aos investidores e inicia-se um período de produção para venda alterando a

forma de fabricar edifícios” no período de 1947 a 1964, e esse tipo de

empreendimento ganha força com o apoio do Banco Nacional Imobiliário e da

Companhia Nacional de Investimentos, que realizam em São Paulo vários tipos de

condomínios, encomendados a arquitetos conhecidos, como, por exemplo, o Edifício

Copan, no início dos anos 1950, por Oscar Niemeyer.

Para suprir a carência de habitação, o apartamento veio solucionar o problema de

moradia da classe média e atender suas necessidades programáticas, aportando

dois ou três quartos, sala cozinha e banheiro. Pouco depois, as classes mais ricas

da cidade se interessariam também por esse tipo de moradia, que foi então

reproduzida em bairros próximos da área central, em loteamentos no bairro de

Higienópolis, por exemplo.

Até a metade do século XX, o programa arquitetônico dos apartamentos desenha a

cozinha nas áreas de serviço, sem contato algum com a área social, mas nos

apartamentos tipo quitinete ela torna-se compacta, despojada e símbolo de uma

produção de eletrodomésticos especialmente criados para esse tipo de moradia.

O espaço da cozinha caminha com a indústria de eletrodomésticos que se expandia

no país e a arquitetura moderna encontra nela o espaço necessário para a proposta

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de um espaço pequeno, mas funcional, uma cozinha racional, uma unidade de

trabalho e transformação de matéria-prima aos moldes dos preceitos tayloristas, um

espaço eficiente e funcional.

A partir da década de 1960, as incorporações se voltam com força para a produção

dos apartamentos de dois e três dormitórios e se acentua a expansão da

verticalização de São Paulo (SOMECK, 1997), mas, ainda na área de serviço e

afastada do setor social, a cozinha fica limitada a uma parede equipada

estruturalmente para receber fogão, geladeira e bancada com pia, porém com

tamanhos generosos de até 7 m² e conectada aos dormitórios de empregada e wc

em programas arquitetônicos de apartamentos de dois e três dormitórios.

O mercado imobiliário estabelece o padrão para os apartamentos da década de

1980: o alto padrão apresenta cozinhas integradas à copa e à sala de jantar, com

espaço generosos, e apartamentos de padrão médio têm as copas-cozinhas

reduzidas sem a definição do espaço para sala de jantar ou estar, apenas uma

grande sala com proposta de dois ambientes. A partir da segunda metade dos anos

1990, a estabilização econômica promove um cenário de maior comercialização do

apartamento e esta modalidade de habitação tem suas áreas muito reduzidas por

questões de mercado, demanda e espaço para suas implantações na cidade.

A redução das áreas das cozinhas não comporta mais o espaço para a copa e ela

volta a ser o corredor antes projetado nos anos 1960, mas sem a grande área de

serviço, o wc e o dormitório de empregada.

As áreas reduzidas dos apartamentos são recorrentes a partir dos anos 2000,

estabelecendo necessidades e transformações decorrentes de uma possibilidade de

consumo e ao mesmo tempo da alta de preços dos espaços para implantação de

novos empreendimentos. As plantas de apartamentos compactos são justificadas

pela necessidade de mecanização e são apelos de venda das incorporadoras.

De acordo com Tramontano e Villa (2000), o apartamento se populariza como

modalidade habitacional e suas áreas se reduzem em tamanho por motivos

econômicos, de demanda, de mudanças de grupos familiares e diminuição de áreas

urbanas disponíveis para atender a demanda. A reação do mercado imobiliário para

atender o público consumidor visa oferecer áreas cada vez menores no espaço útil

de moradia, complementadas com áreas coletivas valorizadas com equipamentos de

lazer como piscinas, quadras esportivas e playgrounds.

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As zonas de serviços dos apartamentos são as primeiras a serem compactas e as

cozinhas são apresentadas em formato linear e abertas, integradas ao espaço social

da sala de estar, dispensando paredes, deixando à vista eletrodomésticos de última

geração, louças e eletroportáteis com o apelo da modernidade que o design arrojado

desses produtos evidencia, mas se apresentam com áreas muito menores do que a

proposta que a cozinha racional apresentou no início do século XX, e:

“Em muitos casos, a sala e a cozinha fundiram-se em um único cômodo, um pouco maior do que as antigas salas de estar, o que influencia hábitos culinários dos moradores, desencorajando-os a, por exemplo, prepararem frituras e pratos de longo cozimento. Menores as unidades, a divisão interna permaneceu, contudo, repetitiva” (TRAMONTANO; VILLA, 2000, p. 7).

A expansão do mercado imobiliário no início do século XXI, suas estratégias de

organização de uso funcional dos espaços, áreas social, íntima e serviços, e a

articulação da área útil do desenho da cozinha nas tipologias de dois e três

dormitórios a partir das exigências do Código de Obras do município de São Paulo

e das Normas de Desempenho – ABNT- NBR 15575 complementam este capítulo.

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2.1 Antecedentes da incorporação imobiliária

A formação do mercado de terras na cidade de São Paulo se inicia a partir da

segunda metade do século XIX devido às transformações econômicas relacionadas

com a expansão cafeicultora, a expansão da rede ferroviária no estado de São

Paulo, o aumento demográfico na cidade, e a implantação de rede de luz elétrica,

gás e saneamento básico e de novos materiais para construção civil, antes

importados. Assim, em substituição à antiga cidade do período imperial, surge uma

nova cidade, chamada de “São Paulo do café” (MORAES, 2013).

Devido ao adensamento habitacional que resultou da imigração europeia e do

aumento do contingente populacional, a substituição de mão de obra escrava por

mão de obra assalariada acarretou uma expansão de oportunidades de ascensão do

mercado imobiliário. Os imigrantes que atuavam como artesãos, construtores e

pequenos comerciantes vão engrossar a massa de moradores pertencentes à classe

média da cidade e, segundo Fonseca (2004), vão influenciar nosso modo de

construir e morar com novas tecnologias e alterações nos programas de

necessidades. Nas casas de classe média, proporcionaram uma drástica redução

das áreas de serviço facilitando o trabalho doméstico, reduzindo o número de

criadagem e ensinando novos modos de cozimento e preparo dos alimentos.

Nas casas de lotes estreitos e alongados da cidade de São Paulo do meio do século

XIX (Figura 41), as circulações funcionavam como corredor e a comunicação entre

os dormitórios existiam como herança das alcovas coloniais. Segundo Naclério

Homem (2015, p. 45),

“os modelos medievo-renascentistas herdados de Portugal induziam sempre a mesma disposição de planta alongada, mediante a qual o estar ficava na parte fronteira e o repouso no centro; nos fundos, a sala de jantar, a cozinha e os serviços.”

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Figura 41 - Plantas de casas geminadas em lotes estreitos, 1896. Projeto dos arquitetos Milanese e Marzo, esquina da Rua Abranches com a Rua Fortunato, cidade de São Paulo Fonte: LEMOS, 1978, p. 144.

Situada nos fundos da habitação, em lotes estreitos ou em andares superiores nos

sobrados, as cozinhas eram dispersas e sujas pela gordura e fuligem dos fornos de

carvão. Com a introdução dos fogões a gás da rede pública, houve a diminuição de

espaço na casa para o estoque de carvão, facilitando o trabalho doméstico na

cozinha bem como a limpeza e organização desse espaço.

Nos palacetes, muitas vezes se encontravam cozinhas nos porões que se ligavam a

uma sala de jantar através de uma escada unida a um espaço de nome

afrancesado, “service”, que viria a receber o nome de copa mais à frente.

Outras vezes, o espaço da cozinha estava destinado à área de serviços e moradia

dos serviçais da casa. No zoneamento das funções desse tipo de moradia, copiado

dos modelos parisienses, encontram-se novidades como: sala de senhoras, jardins

de inverno, sala de bilhar e gabinetes.

O espaço da cozinha era importante na definição dos novos padrões de moradia do

final do século XIX em São Paulo. Prova disso era a preocupação das autoridades

públicas e a tentativa de padronização através dos códigos de posturas e sanitário.

A higiene (física e social) teve um papel decisivo nas transformações da cozinha nos

centros urbanos brasileiros.

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O grande alvo das autoridades foi a péssima condição das cidades: epidemias,

como a de febre amarela em 1893, levaram o poder público a medicalizar sua

atuação.

Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, onde os engenheiros e arquitetos

estavam no primeiro plano nas discussões acerca da arquitetura, no caso brasileiro,

as autoridades médicas tiveram um papel de destaque, apoiadas pelas autoridades

públicas. Num contexto de epidemias e necessidade de limpeza e organização da

cidade, as antigas moradias – e o espaço da cozinha em particular – despertaram a

atenção, e as autoridades médicas e o governo interviram no espaço doméstico por

meio de leis. A Lei Municipal nº 375, de 1898, em seu artigo 28, definia que as

habitações operárias “com mais de um repartimento, cozinha, esgoto, deveriam

observar as prescrições de higiene e asseio, dos regulamentos sanitários”. A Lei

Municipal nº 498, de 14 de dezembro de 1900, estabeleceu prescrições para a

construção de casas de habitação operária, pois deveria ser estabelecido o mínimo

de higiene.

Nas moradias mais simples o que imperava era a precariedade do espaço da

cozinha, exíguo, mal iluminado e mal equipado, segregado nos fundos do espaço da

casa.

Apenas nos palacetes eram respeitadas todas as exigências dos códigos de

posturas e sanitário (superfície ladrilhada, impermeabilização das paredes, etc.).

“Entretanto, muitas vezes o fogão a gás estava localizado na copa e servia apenas

para aquecer as refeições vindas da cozinha em direção à sala de jantar” (ROLNIK,

1999, p. 133).

Com a colaboração de arquitetos e empreiteiros italianos e de outras

nacionalidades, fazendeiros abastados construíam seus palacetes e estabeleciam

grande contraste com as casas de tradição regional advindas da tradicional casa

portuguesa (BRUNO, 1991).

Em seu projeto, esses palacetes contam com uma divisão de três setores: repouso,

estar e serviços, separados entre si por um hall ou vestíbulo, aos moldes dos

apartamentos parisienses, divisão denominada tripartite e utilizada até os dias de

hoje em nossa moradia. Na Figura 42, as plantas de implantação do palacete da

condessa de Parnaíba, de 1891, de autoria do arquiteto Ramos de Azevedo,

demonstram exatamente essa divisão.

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Organizada na zona de serviços e separada em seu desenho das zonas de estar e

repouso, a cozinha acompanhava despensa e quartos de criadas, banheiros, wc e

copa, que se articulava com a rouparia, quarto de passar e lavanderia em um

puxado no andar térreo da casa, voltando-se ao quintal, à horta e à entrada de

fornecedores, que chegavam pelos fundos da casa.

A partir das transformações de chácaras em lotes urbanos, os proprietários de terras

percebem grandes possibilidades de obtenção de lucro e no “final do século XIX

estabelece-se um mercado imobiliário considerável constituído em compra e venda

de terras e aluguel de edificações” (ROLNIK, 1999, p. 101).

Nesse período de grande disputa por localizações e lotes na cidade, os imóveis

urbanos tornam-se grande opção de investimento devido a algumas circunstâncias:

a proibição do tráfico de escravos estava determinada e os recursos empregados

para esse fim estavam disponíveis; o crescimento demográfico e econômico da

capital e a progressiva mudança de proprietários rurais para a capital faz crescer a

demanda por imóveis; a busca por aplicações financeiras seguras em um cenário

incerto de final de Império e início de República; e a falência do Banco Mauá & Cia,

em 1875, que causou pânico na bolsa de valores de São Paulo, pois todas as

pessoas com recursos na cidade haviam depositado seu dinheiro naquela

instituição.

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Figura 42: Plantas dos pavimentos do Palacete da Condessa de Parnaíba, de 1891

Figura 42 - Plantas dos pavimentos do palacete da condessa de Parnaíba, de 1891

Fonte: NACLÉRIO HOMEM, 2015, p. 223

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Desse modo, o investimento na construção de moradias em determinados bairros

próximos ao centro antigo foi bastante significativo, além de ser alimentado pelo

encilhamento3 que incentivava a industrialização e estimulava a atividade econômica

por meio de aberturas de crédito e emissão de moeda. Assim:

“O reflexo deste fenômeno econômico-financeiro proporcionou a abertura de quinze bancos e 297 empresas, sendo que 14 delas dedicadas à construção civil, além da construção de sete imobiliárias e quatro empreendimentos ligados à produção de material para construção, como cerâmica, telhas e tijolos” (MORAES, 2013, p. 25).

Logo após o período de euforia que esse tipo de ajuda financeira governamental

ocasionou, seguiram-se investimentos voltados para as raízes de natureza

imobiliária, vistos com bons olhos pelos investidores rentistas.

Neste crescimento pautado pela construção imobiliária, surgem as fábricas de

cimento. Em 1926 é instalada a indústria de cimento em Perus, que se tornou de

fato um distrito do município de São Paulo em 1934, e a indústria de aço,

favorecendo a produção de edificações na cidade. Nesse momento, a locação de

habitações é a saída para suprir a demanda do crescimento da população da

cidade, o que acaba se revelando um negócio bastante rentável.

De acordo com Souza (1994, p. 87), “o imóvel era um negócio certo e o aluguel do

imóvel era a forma corrente de obtenção de renda”, e que era reinvestido, ou seja,

compravam-se novos lotes e construíam-se novas casas de aluguel.

Com essa forma de renda muitos imigrantes viram a solução para suas pequenas

poupanças, assim como a classe média, que confiava no setor imobiliário como a

forma de poupar, já que não tinha a possibilidade de participar do mercado

agroexportador e industrial. Essa mesma classe média se organizava na produção e

financiamento da construção de habitações, como vilas e casas, desde a compra do

terreno até a encomenda da construção a uma empreiteira, ocasionando um negócio

seguro com remuneração certa, gerando uma produção rentista até a década de

1940.

3O encilhamento foi uma medida tomada no Brasil no final da Monarquia e início da República, com a intenção

de promover a industrialização e as atividades econômicas, facilitando créditos a industriais e emissão de moeda. As consequências ao longo de sua atuação foram um mercado altamente inflacionário e especulação desenfreada.

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2.1.1 O início da verticalização na cidade de São Paulo e as tipologias de

apartamentos

A verticalização começou a se acentuar na cidade de São Paulo nos anos 1920. Do

ponto de vista do investimento imobiliário, a produção de prédios constituía uma

“inovação à subdivisão do solo (loteamento), numa estratégia de valorização do

capital” (SOMECK,1997, p. 156), que multiplica uma parcela do solo urbano com a

sua verticalização.

Nesse período, há uma corrida à construção de edifícios de mais de dez andares,

destinados ao aluguel para fins comerciais e residenciais, refletindo nitidamente a

mentalidade de valorização do solo.

Respondendo à demanda de novos modos de vida urbanos, a expansão e

verticalização da cidade de São Paulo caracterizou-se fortemente até a década de

1930 pela produção de novos conceitos e formas de uso do espaço habitável. Essa

nova proposta de morar, embora fosse curiosa para a época, era de propriedade de

famílias de posses e tradicionais na cidade, porém alugada às famílias de classe

média, e era vista de forma depreciativa e associada à ideia de cortiço, habitações

coletivas voltadas às classes de baixa renda. Para convencer o público de que se

tratava de uma habitação de caráter respeitoso e de família, seu projeto

arquitetônico deveria seguir as soluções e a formalidade da distribuição interna das

casas térreas com corredores, salas, saletas, etc.

Reproduziam-se casas empilhadas ou palacetes isolados, com suas amplas e

confortáveis dimensões de cômodos separados por segregação de espaços de

serviços e sociais, a fim de convencer uma velha burguesia e uma classe média em

expansão, constituída por profissionais liberais, médicos, engenheiros, economistas,

etc., ligados quase na sua totalidade ao setor de serviços, imbuídos de grande

desejo de ascenção social e que formavam um novo mercado consumidor potencial

desse tipo de moradia. Havia intenção de oferta de todo tipo de disposição que

reproduzisse a antiga casa, como relata Lemos (1978, p. 161):

“[...] classe de hábitos modestos e de passado frugal, mas quase sempre ostentando, da porta da rua para fora, costumes na verdade não bem condizentes com as posses de sua camada social [...] deveria em tudo, substituir a casa isolada, não a casa modesta de gente pobre, mas o palacete da classe abastada. [...] que tivesse o máximo de conforto aliado ao mínimo de promiscuidade.”

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Segundo Pinheiro (2008), aceitar a moradia em um edifício de apartamentos como

novo conceito de habitação expunha um descompasso em relação às tecnologias

construtivas que eram empregadas em sua construção. Seguindo preceitos

racionalistas no processo construtivo, que facilitava o aproveitamento das

distribuições internas dos cômodos e sua divisão por ambientes, o desenho interno

dos apartamentos permaneceu com a mesma intenção conservadora de reprodução

de soluções formais dos palacetes burgueses, com suas cozinhas generosas, com

espaços reservados à despensa e entradas separadas das áreas sociais dos

apartamentos.

Na contramão desse processo, alguns edifícios desse período trazem inovações no

desenho do espaço de morar, como o exemplo do primeiro edifício de construção

moderna paulistana, construído em 1927, na Avenida Angélica, número 172, pelo

arquiteto Julio de Abreu Junior, demonstrado na Figura 43, concebido dentro dos

preceitos modernistas, inovando na distribuição interna dos apartamentos e

possibilitando a sobreposição de espaços e funções, eliminando corredores e unindo

num só espaço amplo as salas de almoço, jantar e visitas, e iluminado por amplo

terraço.

Segundo Reis Filho (1968), com seus dormitórios voltados para o fundo e as

dependências de empregada voltadas para a rua da entrada principal, o edifício

causou certo estranhamento por remanejar posições tradicionais entre setor íntimo e

de serviço porque possuía seis andares e tinha o 6º andar reservado às

dependências de empregados dos apartamentos. A cozinha centralizada no corpo

do projeto trazia uma conformação muito parecida com os projetos de apartamentos

atuais. A solução de ventilação através do forro do banheiro, que possuía abertura

externa, sai totalmente dos programas de espaços de morar do período em que foi

projetado.

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Figura 43 - Edifício Angel - pavimento-tipo e sexto pavimento

Fonte: Banco de dados de apartamentos – Nomads-Usp, apud Moraes, 2013, p. 267

Encontra-se no período de 1930 a 1940, a tipologia de apartamento residencial,

construída sem o espaço da cozinha, presumindo-se que a utilização de

restaurantes e lanchonetes próximos deles possibilitasse a eliminação desse

cômodo. No entanto, apresenta em seu desenho o acréscimo de lavanderias

coletivas , como no caso do Edifício João Alfredo, situado na Rua das Palmeiras,

número 107, indicado nas Figuras 44 e 45 (Revista Acrópole, set. 1942).

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Figura 44 - Piso térreo do Edifício João Alfredo Fonte: Revista Acrópole, set. 1942, p. 173

Figura 45 – Pavimento-tipo do Edifício João Alfredo, projetado com lavanderia coletiva no térreo Fonte: Revista Acrópole, set. 1942, p. 174

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Outro exemplo, o Edifício Esther, projetado pelo arquiteto Vital Brasil em 1936 e

finalizado em 1938, situado na Praça da República, número 60, onde foram

projetadas unidades habitacionais com programa familiar completas ou para

solteiros, com 1 ou 2 dormitórios no mesmo andar, e unidades comerciais de

aluguel em outros andares. Esse edifício possui sete tipologias de moradia e 11

andares, sendo três deles destinados a comércio e serviços, com espaço projetado

para um restaurante e garagem em seu subsolo, como é possível observar no corte

esquemático, na Figura 46.

Figura 46 - Corte esquemático Edifício Esther com a disposição de seus tipos de apartamentos Fonte: Revista Projeto nº 31/ julho de 1981 - arquiteto Luiz Carlos Dahier

Os apartamentos do 4° andar do Edifício Esther eram chamados de apartamentos

econômicos, não possuíam cozinha e eram projetados para aluguel para solteiros

(Figura 47).

Os oito apartamentos do 5º e 6º andares (Figuras 48 e 49) são do modelo C, com 2

quartos, sala, banheiro e uma cozinha de 2,50 m x 2,50 m, provida de despensa,

localizada na entrada de serviço do apartamento, próxima ao banheiro de serviço, e

tanque de lavagem de roupas. O espaço da cozinha possuía bancada para pia e era

uma passagem para as dependências do apartamento e dependência de

empregadas, aos moldes das casas térreas em lotes estreitos do período.

Corte esquemático Edifício

Esther:

No térreo: espaços para lojas

Do 1º ao 3º andar somente

escritórios para aluguel.

Do 4º ao 11º andar tipologias

de apartamentos nomeados de

A a G.

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Figura 47 - 4º andar do Edifício Esther

Fonte:ATIQUE (2004, p.121).

Figura 48 - 5º e 6º andares do Edifício Esther

Fonte: ATIQUE (2004, p.121).

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Figura 49 - Detalhe da entrada de serviços do 5º ao 6º andar do Edifício Esther, onde 1 é entrada de serviço; 2 é despensa; 3 é a cozinha com bancada; 4 é a dependência de empregada

Fonte: A autora.

Nos 7º e 8º andares do Esther (Figuras 50 e 51), os apartamentos de modelo D

possuem sala, quarto e uma cozinha de 7 m² (código Arthur Saboya de 1929, art.

197, item b), com despensa e entrada separada da entrada social do apartamento;

já os apartamentos de modelo E são de 3 dormitórios, sala, cozinha com 7 m2, área

para tanque, wc e despensa de 4,5 m², que era usada como quarto de empregada

(ATIQUE, 2004).

No 9º andar do Esther (Figura 52), os apartamentos modelo E se localizam nos

extremos do andar e no centro se localizam quatro apartamentos duplex, modelo F,

com sala de pé-direito duplo, área de serviço e cozinha com 5,00 m x 2,00 m, 10 m2,

no andar de baixo e no andar superior 3 dormitórios e 2 banheiros. No 10° andar,

(Figura 59), os apartamentos de modelo A se localizam nas extremidades e no

centro do pavimento o andar superior do duplex do 9º andar e no 11º andar (Figura

53) há cobertura ou as chamadas penthouses, com terraços e jardins, sala, cozinha

de 7 m2, em formato linear com despensa, 2 banheiros e 3 dormitórios (ATIQUE,

2004).

1

2 3 4

2

3

4

v

1 1

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92

Figura 50 - 7º e 8º andares do Edifício Esther

Fonte: ATIQUE (2004, p.122).

Figura 51 - 9º andar do Edifício Esther

Fonte: ATIQUE (2004, p.122).

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93

Figura 52 - Detalhe entrada serviço dos 7º e 8º andares, Edifício Esther

Fonte: A autora.

Figura 53 - Detalhe entrada serviço do 9º andar, Edifício Esther

Fonte: A autora.

Nas figuras acima é possível ver: 1 é entrada de serviço; 2 é despensa; 3 é a cozinha com bancada; 4 é a dependência de empregada.

1

4 3 2

1

2

1

2

2

2

2

1 3

1

4

1 3

1

3

3

Figura 54 - 10º andar do Edifício Esther Fonte: ATIQUE (2004, p.122).

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94

Figura 55 - 11º andar do Edifício Esther

Fonte: ATIQUE (2004, p.122).

Nessa obra, os conceitos de planta livre e da estrutura independente são explorados

de forma radical, pois além da variação das plantas obtidas a cada andar temos a

presença marcante da estrutura incidindo e exposta no interior dos compartimentos.

São 28 apartamentos sem cozinha, equivocadamente chamados de econômicos,

que provavelmente passaram a ser utilizados como quitinetes e adaptados com

mobiliário produzido na época, que continha fogão, pia e geladeira, mas a ideia de

uso do restaurante por seus moradores estava identificada pelo acesso por

elevadores até o subsolo, acessíveis a todos os andares (ATIQUE, 2004).

As cozinhas, quando existentes, tinham a mesma configuração: um retângulo

azulejado, com pia embutida em superfície de trabalho. Sua circulação mediava as

áreas de serviço e a esfera pública da casa e seguia o código Arthur Saboya, de

1929, que exigia área mínima de 7 m² para as cozinhas desse tipo de habitação.

Pensadas nos padrões de minimização de esforços, como nos estudos de Catherine

Beecher sobre organização dos serviços domésticos e nos estudos envolvidos na

cozinha de Frankfurt, citados no capítulo I desta dissertação, ressalta-se que as

cozinhas do Edifício Esther contavam com água quente e água fria e aparelhos

sinalizadores para as empregadas atenderem as necessidades de sua presença.

Importante frisar que esse edifício foi produzido a partir de um concurso privado,

onde seus proprietários exigiram um projeto moderno, dentro de um programa

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95

preestabelecido, e que seria um representante da arquitetura moderna carioca na

cidade de São Paulo (PINHEIRO, 2008).

O Edifício Esther é um bom exemplo de que a organização da planta poderia ser

realizada de acordo com a necessidade de uso e não apenas consequência do limite

estrutural e, nesse sentido, pode ser considerado bastante inovador para a época de

sua concepção.

Outro exemplo, o Edifício Prudência (indicado na Figura 56), projetado em 1944 pelo

arquiteto Rino Levi, também dispunha de uma planta livre e aberta em várias

direções, sendo fixa apenas a área úmida, e a área social poderia ter espacialidade

modificada de acordo com a necessidade da família. Poucos edifícios possuíam

esse aproveitamento e configuração espacial, permanecendo em sua maioria com o

mesmo modelo de tripartição dos antigos palacetes urbanos, conservando a área

social composta de sala de estar conjugada a um hall de entrada, de onde há uma

distribuição para cômodos íntimos e áreas de serviço, onde estava localizada a

cozinha, segundo Anitelli (2010).

Observa-se a cozinha de dimensão bastante ampla, com dimensões aproximadas

de 35 m2, de acordo com planta de reforma feita pelo escritório Andrade Moretin,

indicada na Figura 57. Ela é disponibilizada em corredor, mas com espaços bastante

amplos para disposição de todos os equipamentos e eletrodomésticos atuais, sem a

preocupação com redução de espaços, com área para copa e despensa e

totalmente separada da área social do apartamento, uma vez que se trata de uma

opção de habitação para uma classe mais abastada, sem limitação de orçamentos.

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96

Figura 56 - Planta pavimento-tipo do Edifício Prudência

Fonte: Banco de dados de apartamentos - Nomads-Usp, apud Anitelli, 2010 p. 155

Figura 57 - Planta da cozinha do Edifício Prudência, após reforma de 2002, pelo escritório Andrade Moretin, com uma área total de 35,05 m

2 Fonte: Desenho produzido pela autora com base em detalhes do site do escritório Andrade Moretin.

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97

2.1.2 Os apartamentos quitinetes

O mercado imobiliário era, desde o início do século XX, um dos principais vetores de

investimento econômico de São Paulo, mas sua reestruturação foi efetiva a partir da

década de 1940.

Do ponto de vista do setor residencial, a promulgação da Lei do Inquilinato em 1942

e a criação de um sistema de crédito possibilitaram o surgimento de um mercado de

compra e venda de imóveis que suplantou o mercado rentista, até então

preponderante, com consequências diversas para cada uma das camadas da

sociedade. Para as classes de menor poder aquisitivo, cujas possibilidades de

participação nos programas de financiamento eram quase nulas, as mudanças

foram fatais. Pressionados pelos proprietários, constrangidos pelo aumento do

aluguel e premidos pela insegurança da condição de inquilinos, os trabalhadores

deixaram seus imóveis de locação por cortiços e favelas na região central ou

moradias autoconstruídas nas periferias, que se expandiram consideravelmente.

Para a elite seus efeitos foram mínimos, mas para as classes médias os edifícios

verticais se tornariam ao longo dos anos a principal alternativa de moradia, com

tipologias variadas em função da maior ou menor capacidade de endividamento.

Se para aqueles com maior poder aquisitivo a área não se configurava como uma

variável tão decisiva quanto a localização do empreendimento (escolhida em função

da exclusividade do uso residencial), ao menos do ponto de vista econômico, para

os remediados ela era um fator essencial.

Devido ao desejo de permanecer nas áreas centrais da cidade, seja pela inserção

social e simbólica que ela possibilitava, seja pela proximidade dos espaços de

trabalho, serviço, comércio e lazer e daqueles providos de infraestrutura urbana, a

camada da sociedade de menor poder aquisitivo passou a morar em apartamentos

com áreas cada vez mais reduzidas. Daí a preponderância entre os investimentos

dos anos 1940 aos anos 1950 nos apartamentos quitinetes, espaços multifuncionais

com áreas que variavam entre 25 m² e 40 m², segundo Silva (2013).

A origem da nova tipologia estava vinculada aos processos de metropolização e

modernização e também ao surgimento de novos atores em uma nova sociedade

urbana. Evidenciando a intenção de um Modernismo, o cenário urbano da cidade de

São Paulo a partir dos anos 1940 traz um conceito utilitário da casa que absorve o

estilo americano de modernidade e costumes.

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98

O centro da capital paulista estava ambientado com modismos e costumes desde o

modo de se vestir aos hábitos domésticos. Ambientes decorados de maneira

rebuscada ainda eram utilizados, como nas antigas casas, com os setores de

serviços separados das áreas sociais, permanecendo intocáveis mesmo com as

influências e costumes norte-americanos que assombravam a capital paulistana.

Originalmente, as quitinetes eram destinadas a um público de solteiros e jovens

casais, formado por pequenos funcionários do comércio, indústria e serviços

urbanos, alguns deles recém-chegados a São Paulo, e a maioria em início de

carreira. Se o modo de vida desses novos clientes impulsionava e, ao mesmo

tempo, adaptava-se às quitinetes, é certo também que a cidade lhes dava suporte.

De um lado, porque a industrialização liberou a casa das atividades de preparação

dos alimentos e do vestuário e, de outro, porque a modernização fez da cidade um

espaço não só de trabalho, mas também de lazer, de serviço e de consumo, que se

animava fora do ambiente residencial com cinemas, teatros, museus, livrarias,

bibliotecas, restaurantes, confeitarias, cafés, bares e casas noturnas.

É nesse momento que um novo modo de vida, mais despojado e menos

hierarquizado, se afirma:

“Desaparecendo, para homens e mulheres, a distinção rígida entre a roupa de ficar em casa e o traje de sair, de sair para a cidade, para visitar fulano ou sicrano, de ir à missa todos os domingos, de ir às festas e que o vestuário foi simplificado, facilitando o dia a dia e colocando em desuso o suspensório, a abotoadura, a barbatana da camisa social, o pregador de gravata, o lenço de pano, a cinta-liga, a anágua e a combinação.” (MELLO; NOVAIS, 1998, p. 559)

Na casa, vai se afirmando uma vivência igualmente mais simples e integrada que

possibilitava a agregação da sala de jantar à de estar, a eliminação de ambientes

como os salões de visita, as salas de fumar, de jogos, de brinquedos, de costura, o

gabinete, o quarto de empregada e a lavanderia, e a diminuição da cozinha e áreas

de serviço.

Consolidando a verticalização das áreas centrais da cidade, o apartamento do tipo

quitinete é um dos vetores de crescimento da cidade, sendo resultado de uma

operação aritmética cujo objetivo principal era estabelecer a melhor equação entre

preço da terra, tecnologia, legislação urbanística e desenho arquitetônico, com vistas

ao aproveitamento do solo urbano por meio da multiplicação de unidades

habitacionais.

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99

A contribuição de arquitetos estrangeiros nesse período se deu pela diversificação

das referências arquitetônicas na cidade, não só do ponto de vista estético, mas

também técnico e funcional, no sentido do desenho e do arranjo dos ambientes

internos. Podemos citar como exemplos desse tipo de moradia os apartamentos

construídos pelo arquiteto Adolf Franz Heep, nas décadas de 1940 e 1950, na

cidade de São Paulo.

O edifício de apartamentos quitinetes Atlanta, construído entre 1945 e 1949 na

Praça da República, número 550 (Figura 58), projetado por Heep, apresenta a nova

tipologia na cidade pela primeira vez deixando um projeto significativo, tanto em

função de seu agenciamento quanto em sua linguagem, por referências vividas em

sua formação de arquiteto em Frankfurt e Paris (SILVA, 2013).

Como nos edifícios de Paris, Heep agregou na parte dos fundos do prédio a

circulação e a área molhada, reeditando nas paredes da escada a solução de

concentrar as tubulações de água, esgoto, incêndio e lixo (área em destaque).

As soluções técnicas e de âmbito da engenharia, como as soluções arquitetônicas,

formais e construtivas, expressam a produção moderna de arquitetura da época. O

desenho do peitoril da varanda, misto de proteção e assento que se configura como

um espaço de estar e de expansão da sala em direção à Praça da República,

contribui para a ampliação desse ambiente.

A janela de piso a teto, composta por portas de correr de vidro e de veneziana,

delimita a varanda, tornando o ambiente de dimensões reduzidas muito mais

agradável.

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Em seu projeto original, a cozinha do Edifício Atlanta já possui a definição da

mobília, garantindo seu funcionamento a partir de um desenho preciso e detalhado

de todas as possibilidades de uso do espaço integrado (SILVA, 2013).

Outro edifício projetado por Heep, o Edifício Icaraí, foi construído em 1953 na Praça

Roosevelt, número 128 (demonstrado na Figura 59), e implantado num terreno de

15 m de frente por 25 m de fundos; possui 24 andares e 4 apartamentos quitinetes

por andar de 3,50 m de largura por 11,20 m de profundidade.

A qualidade dos espaços é garantida no desenho de cada um dos ambientes. “A

pequena cozinha também é projetada com os móveis que dão suporte ao seu

funcionamento, garantindo a redução de sua área ao mínimo necessário” (SILVA,

2013, p. 151).

No período de sua concepção, a indústria de eletrodomésticos já fornecia

equipamentos para suprir essa área mínima, que dava nome à tipologia quitinete,

produzidos pela Consul e pela Campos Sales refrigeração, como visto no capítulo I.

Figura 58 - Planta do térreo e do 1º ao 10º pavimento do Edifício Atlanta, construído entre 1945-1949, projeto de Adolf Franz Heep, São Paulo. Fonte: SILVA (2013, p. 150).

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101

Na passagem para o ambiente que abriga as múltiplas funções de dormitório, sala

de estar e de jantar, há um armário e uma luminária, provavelmente desenhados

pelo arquiteto, que marcam a transição para o espaço íntimo do apartamento.

Figura 59 - Perspectiva interna e planta sugestiva de distribuição de mobiliário de um dos apartamentos do Edifício Icaraí, de autoria do arquiteto Adolf Franz Heep Note-se a mesa que continua no terraço Fonte: Revista Acrópole, São Paulo, nº 210, abr. 1956.

A exatidão das dimensões dos ambientes, da sua adequação funcional, o desenho

de móveis que dão suporte às mais diferentes atividades e a preocupação em

ampliar o espaço com varandas e janelas que se estendem de piso a teto são

resultado de sua experiência em Frankfurt e Paris (SILVA, 2013).

A qualidade de seus projetos não é verificada em outros edifícios quitinete

construídos em São Paulo por outros arquitetos no mesmo período, seja em função

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de uma menor experiência profissional ou pela preocupação exclusiva com os lucros

imobiliários. “A produção de Heep se destaca pela capacidade de atender às

demandas do mercado imobiliário sem sacrificar a qualidade dos espaços e da

construção” (SILVA, 2013, p. 153).

Seguindo a linha de racionalidade e pela escassez de elementos construtivos que se

adequassem aos espaços mínimos projetados, o arquiteto lançou mão de vários

detalhes para atender seus projetos. Na reportagem “Kitchnete para apartamento”,

da revista Acrópole, de janeiro de 1957, o arquiteto explica o detalhamento de uma

cozinha para seus projetos de apartamentos, conforme se pode acompanhar nas

Figuras 60 e 61.

Figura 60 - Detalhe de projeto de quitinete para apartamento de Franz Heep Fonte: Revista Acrópole, nº 219, jan. 1957.

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Figura 61 - Reportagem sobre projeto de quitinete para apartamento de Franz Heep Fonte: Revista Acrópole, nº 219, jan. 1957.

A reportagem mostra uma solução projetual, elaborada pelo arquiteto Franz Heep,

para solucionar o espaço reduzido para implantação da pia, fogão elétrico e

geladeira de “4 pés” em apartamento quitinete.

As prateleiras de granilite completavam o espaço para guardar objetos da cozinha e

embaixo da bancada, uma geladeira, acompanhada de um compressor para seu

funcionamento, era acondicionada com fechamento de portas venezianas.

O conjunto de equipamentos, bancada com pia, fogão elétrico de duas chamas e

geladeira, formava o conjunto que recebe o nome de “kitchinette”. Situado na

entrada do apartamento, era ventilado por caixilho basculante em cima da porta de

entrada (Revista Acrópole, jan.1957).

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104

2.2 As décadas de 1950 e 1960: mudança programática e dinamismo na

verticalização baseados na incorporação imobiliária

Nas décadas de 1950 e 1960, o incorporador passou a ser o agenciador na

produção imobiliária que atendia interesses mercadológicos diferentes e articulava

recursos para a produção e comercialização das unidades produzidas. Objetivando

a multiplicação de capital investido na construção civil, propunha a busca de

mercado consumidor do produto imobiliário e gerava alterações no modo de

produção do espaço habitável e na tipologia arquitetônica. Segundo Rosseto (2002),

o processo de produção da moradia era dominado pelas relações capitalistas e isto

fazia com que a busca do lucro se impusesse sobre todas as decisões, da escolha

do terreno à comercialização final.

A grande maioria dos edifícios produzidos nas décadas de 1950 e 1960, seguindo

ou não os preceitos modernistas, continuava a apresentar a distribuição interna de

seus espaços baseada na tripartição da casa burguesa do início do século XX

(TRAMONTANO; VILLA, 2000).

Os apartamentos de padrão alto ou médio, conforme Figura 62, já ofereciam em

suas plantas espaços sociais generosos, com as varandas compondo o setor social.

A sala de jantar continua a ter um protagonismo especial na área social do

apartamento.

Aumentam os números de banheiros e a cozinha, ainda na zona de serviço, se

unifica à copa, dividida apenas por uma mesa de refeição e bem delimitada e

setorizada na área de serviço. Atendendo uma classe média emergente, a moradia

apresentava espaços destinados aos empregados, com banheiro e dormitório, além

de halls e vestíbulos íntimos e sociais a fim de atrair o possível comprador.

Até o final dos anos 1960, há uma mudança na ação programática desse padrão de

apartamentos, quando as varandas são suprimidas e dão lugar a amplas salas

envidraçadas, com extensos panos de vidros, assim como outras mudanças, como a

introdução do lavabo e das suítes com closet, espaços reservados para armários

embutidos. Nas áreas de serviço, destina-se espaço para máquinas de lavar roupa e

se estabelece a separação física da copa e da cozinha (Figura 63).

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Figura 62 - Projeto de David Libesking, 1961

Fonte: Revista Acrópole, nº 282, 1962

Figura 63 - Planta do Edifício Barão de Pirapitingui, projeto de Botti-Rubin Arquitetos, 1968 Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 18 de fevereiro de 1968

Projeto de David Libesking, 1961 1 – Hall de entrada; 2 – Hall de serviço; 3 – Vestíbulo; 4 – Living; 5 – Sala de jantar; 6 – Varanda; 7 – Dormitórios; 8 – Banheiros; 9 – Hall íntimo; 10 – Copa/cozinha, em destaque; 11 – Dormitório de empregada; 12 – Área de serviço.

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O espaço da cozinha, que continua a ser definido como copa/cozinha com local para

refeições diárias da família, próxima à área de trabalho da mesma, é alvo de

investimentos pelas empresas de projetos de cozinhas planejadas com toda a gama

de produtos oferecidos pelo mercado da decoração e pela propaganda que difundia

as possibilidades de uma cozinha organizada como referenciado no capítulo I.

As áreas de serviço e dormitório de empregada constituem uma área de dimensões

parecidas com a área de um apartamento popular.

A mudança significativa na distribuição interna dos apartamentos de padrão médio e

popular desse período se deu com a introdução do aparelho de TV, que se torna o

móvel mais importante das salas de visitas, antes isoladas, passando a ser o centro

de lazer e convivência doméstico.

Na ação programática da arquitetura, na maioria desses apartamentos, a sala torna-

se o centro distribuidor das circulações internas, unindo-se à sala de jantar,

garantindo a privacidade dos ambientes íntimos.

A cozinha torna-se mais próxima da sala, desaparece a copa, mas ainda mantém

vínculo direto com o setor de serviços, dormitório e banheiro de empregada. Sua

entrada ainda é separada da entrada social dos apartamentos (ver destaque na

Figura 64).

Segundo Tramontano (2006), a utilização de áreas reduzidas a partir da década de

1960 em apartamentos de dois e três dormitórios propõe que muitas atividades

domésticas sejam realizadas em cômodos de apenas uma função. As cozinhas

ficaram muito menores e, muitas vezes, foram limitadas a apenas uma parede

equipada estruturalmente para receber o fogão, a geladeira e a bancada de pia,

transformando-se em um corredor que liga o hall de entrada do apartamento à área

de serviço do mesmo.

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107

Figura 64 - Projeto de Eduardo Knesse de Mello, de 1961, Rua Iguatemi, São Paulo

Fonte: Banco de dados Nomads - USP, apud Anitelli, 2010,p. 159.

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108

2.3 A década de 1970 e a compactação de espaços como variedade de oferta

no mercado paulistano

Na década de 1970, o morar em apartamentos, já aceito e consagrado pela

sociedade, estimulou a produção imobiliária em grande escala dessa tipologia na

capital paulista. Fato este que fora fomentado com a criação do Sistema Financeiro

de Habitação, do Banco Nacional de Habitação BNH, em 1964, no propósito de

adequar-se à realidade econômica do país nesse período, passando a privilegiar o

financiamento de imóveis para as classes média e alta, rebaixando juros e

aumentando o limite de preço do imóvel a ser financiado, enfim, intensificando a

oferta desse modelo de habitação (BONDUKI, 2014).

Com grande apelo publicitário, uma gama enorme de áreas, padrões de

acabamentos e soluções adotadas na distribuição de espaços internos e externos

buscava estimular as vendas nesse período. Mesmo nos programas arquitetônicos

de menor área útil, elas eram bastante generosas, resgatando muitas vezes

tipologias já disseminadas em décadas anteriores: sala para dois ambientes, copa e

cozinha, banheiro social, área de serviço e banheiro de serviço.

As cozinhas continuam a apresentar-se em espaços cada vez mais reduzidos,

contíguas às áreas de serviços. Com apenas uma parede contínua, repete a

bancada de trabalho com os elementos fogão, geladeira e pia e se interliga à área

de serviço. Nos apartamentos de três dormitórios, podia haver uma suíte e

dormitório de empregada, conforme detalhe da Figura 65.

Grandes apartamentos, de quatro e até cinco dormitórios, com até dois dormitórios

de empregada, lavanderias e entradas de serviço separadas dos acessos sociais,

tinham como atrativos de venda a profusão de halls e separações da área social e

de serviços, rouparia, despensa e copa separada da cozinha, escritórios e suítes. As

varandas aparecem em áreas muito diminutas, mas, em alguns casos, o anúncio

das vagas de garagens já é frisado como apelo de venda, assim como os jardins e

espaços de convivência externos e estilos utilizados nas fachadas, como Neo

Clássico, Mediterrâneo, etc. Em algumas tipologias já não existem as entradas de

serviço separadas das entradas sociais, conforme destaque nas Figuras 66, 67 e 68.

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Figura 65 - Apartamento de 74 m2, de 1979, situado à R. Pedralia, 93, São Paulo (SP)

Fonte: Catálogo de Condomínios do 123i, www.123i.com.br/ Acessado em: 11/11/2016

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110

.

Figura 66 - Anúncio Publicitário - Edifício Maison de Clermond Ferrand - Veplan Incorporadora, bairro Ibirapuera - São Paulo

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo, 3 de agosto de 1975, p. 30.

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Figura 67 - Anúncio publicitário Edifício Cap D’antibes, PBK Empreendimentos Imobiliários, Brooklin, São Paulo

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, edição de 3 de abril de 1975, p. 11

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Figura 68 - Destaque da planta do apartamento no anúncio publicitário Edifício Cap D’antibes, PBK Empreendimentos Imobiliários, Brooklin, São Paulo

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, edição de 3 de abril de 1975, p. 11

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113

A solução encontrada pelos promotores de venda em relação à organização das

plantas, que se tornam repetitivas e sem muita opção de escolha, foi a valorização

de equipamentos de uso comum, como playground, piscinas e quadras esportivas,

destacando atividades antes realizadas em áreas públicas e agora possíveis de

serem feitas dentro dos muros do condomínio.

Na maioria dos anúncios publicitários da época encontram-se aspectos relevantes

para o comprador, como informações sobre parcelamento e financiamento, a

localização do imóvel, o nome do bairro e o nome do edifício. Na maioria das vezes,

o nome alude a uma origem ou tradição europeia e a aspectos simbólicos, como a

imagem da incorporadora ou do construtor em detrimento do aspecto da habitação,

onde o anúncio apresenta apenas o número de dependências e acabamentos

escolhidos enquanto nada é mencionado sobre a adequação física em relação à

demanda e às necessidades dos futuros moradores.

2.4 As décadas de 1980 e 1990 − Tipologias distintas e reduções de áreas

A grande novidade da década de 1980 foi a característica de tipologias definidas

como alto padrão e padrão médio de um lado e apartamentos menores para um

público de menor renda de outro (MORAES, 2013).

Nos modelos de alto padrão, verificou-se a novidade das varandas com jardins,

decks e piscinas, em uma área de lazer destinada ao condomínio e usufruída por

cada apartamento, sendo estes os elementos de estímulo à venda do produto

imobiliário. Em relação à distribuição dos ambientes, paredes angulares e cantos

chanfrados se tornariam usuais, e uma série de espaços funcionais específicos

foram criados, como sala de TV, sala de lareira e escritório. Os dormitórios

passaram a ter varandas individuais, geralmente com cantos chanfrados; a área de

serviço se torna capaz de funcionar como um pequeno apartamento para os

empregados; e a cozinha agora é separada da copa e da sala de almoço como é

possível observar nas Figuras 69 e 70.

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114

Figura 69 - Anúncio publicitário. Planta assinada pelo arquiteto Israel Rewin, Edifício Maison D’amandy

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 1986, p. 6.

Figura 70 - Destaque do anúncio anterior com definição da espacialidade da planta, destacando a copa/cozinha Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 1986, p. 6

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115

No detalhe da planta, Figura 70 a distribuição dos ambientes com paredes angulares

e cantos chanfrados; sala de TV, sala de lareira, escritório; os dormitórios com

varandas individuais; e a área de serviço funcionando como um pequeno

apartamento para os empregados. A cozinha ampla com a parede em L forma a

bancada de trabalho, e a pequena área de refeições rápidas, a copa.

As cozinhas planejadas ganham espaço nessas áreas generosas, compondo

ambientações onde um grande número de eletrodomésticos pode ser embutido para

garantir melhor organização do trabalho. Em contrapartida, vale destacar a grande

dificuldade de se projetar mobiliário para uma área de paredes tão desiguais e de

cantos em evidência, dando vazão à imaginação dos profissionais para preencher

esses espaços com prateleiras para objetos sem utilidade ou funcionalidade.

Por outro lado, em relação aos apartamentos para um público de renda menor, as

áreas úteis diminuem, fazendo com que alguns ambientes desapareçam, como, por

exemplo, o lavabo e o banheiro de empregadas. Já o dormitório de empregada

começa a ser utilizado como argumento de vendas, como o ambiente reversível,

podendo tornar-se outro ambiente para a família, e a divisão espacial entre o

elevador social e de serviço deixa de existir na maioria dos lançamentos.

Em relação à cozinha, a diminuição de seu espaço a resume a uma parede de

equipamentos ligada à área de serviço (TRAMONTANO, 2006).

Não há entradas separadas, social e de serviço, e uma porta única dá acesso ao

apartamento, permanecendo a divisão fundamentada em zonas funcionais,

determinando ambientes de dimensões mínimas para abrigar o mobiliário necessário

para seu uso. Com o objetivo de evitar desperdício de espaço, esse padrão foi

repetido pelas construtoras, sendo utilizado até os dias de hoje, como é possível

observar nas Figuras 71 a 73.

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116

Figura 71 - Anúncio das duas tipologias, para alto padrão e médio padrão

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 1986, p. 1

Figura 72 - Destaque de apartamento alto padrão década de 1980, com cozinha e copa definidas espacialmente em planta

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 1986, p. 1

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117

Figura 73 - Destaque de apartamento menor padrão da década de 1980, com cozinha definida em espaço reduzido e espaço para uma pequena mesa para refeições rápidas Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 1986, pag. 1

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118

Na década de 1990, verificou-se uma redução drástica de terrenos livres para a

construção de novos empreendimentos na cidade de São Paulo, o que ocasionou o

encarecimento do metro quadrado da terra. A redução das áreas internas dos

apartamentos foi inevitável como estratégia para suprir uma demanda crescente por

unidades residenciais e a oferta de um maior número delas.

Os arquitetos tiveram o desafio de aproveitar cada espaço útil e transformá-lo em

produto atraente ao comprador, sem comprometer o custo final, que deveria ser

compatível com as expectativas do mercado. A compactação de áreas dos

apartamentos tornou-se então imprescindível para a sobrevivência das

incorporadoras (MORAES, 2013). Na Figura 74, é possível observar anúncio

publicitário com várias tipologias de plantas para apartamentos de dois dormitórios

com suíte, em vários bairros de regiões diferentes da cidade de São Paulo.

Algumas características socioeconômicas da época também caminhavam em

paralelo à oferta de novas tipologias habitacionais, contribuindo para mudanças na

configuração espacial. A dificuldade financeira verificada à época, como a dos

estratos médios da população em manter uma empregada que dormisse no

emprego, é um sintoma da redução do poder aquisitivo e de renda que facilitaria, por

exemplo, a extinção do dormitório de empregada.

Segundo Moraes (2013), as facilidades de uso e aquisição de eletrodomésticos e de

todo tipo de eletroportáteis, que substituíam paulatinamente horas de cozimento e

preparação de alimentos, facilitaram a disposição espacial da cozinha em um longo

corredor com espaço útil nos dois lados; já o banheiro de serviço foi excluído, visto

que a maioria da população foi paulatinamente substituindo a empregada mensalista

por uma diarista.

“Na área de serviço foi preservado o espaço para colocação da máquina de lavar e

secar roupas, uma sobre a outra, sendo que o varal suspenso permanece sobre o

tanque” (MORAES, 2013, p. 284). As estratégias de venda, localização e

compatibilização de preços de terrenos disponíveis tornam-se pontos mais

importantes enfrentados pelo setor imobiliário nas décadas de 1980 e 1990.

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119

Figura 74 - Anúncio publicitário: várias tipologias para apartamentos de 2 dormitórios Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1994, p. 10

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120

Os anos de 1980 foram um período de significativos desajustes econômicos entre o

preço da casa própria e o poder aquisitivo da população, comprometendo grande

parte da renda da classe média e em 1986 culminando com o colapso do Sistema

Financeiro da Habitação e a extinção do Banco Nacional da Habitação. Por outro

lado, esse empobrecimento da população fez crescer a procura por imóveis

menores e com preços mais condizentes com o bolso dessa classe. Nessas

condições, as incorporadoras enfrentariam a necessidade de adaptação rápida à

nova situação dos consumidores, reprogramando as operações de vendas e ofertas

de seus produtos.

Na segunda metade de 1990, a estabilização econômica advinda do Plano Real

possibilitou a comercialização de apartamentos compatível com o poder de compra

da classe média baixa que, no mercado imobiliário, teria segurança de que os

valores das prestações de seu imóvel caberiam em suas possibilidades de renda.

Metade dos imóveis lançados no ano de 1996 foi adquirida por famílias com renda

entre 12 e 20 salários mínimos, de acordo com pesquisa realizada pelo sindicato da

habitação – Secovi-SP, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, de 14/10/1996.

Até o final da década de 1990, o apartamento popularizou-se enquanto modalidade

habitacional, diminuindo suas dimensões por muitas razões.

Destaca-se um cenário de euforia consumista. Santos e Silveira (2001) ressaltam

que 24 milhões de cartões de crédito no Brasil pertenciam a uma população que

recebia mais de cinco salários mínimos – números que incluíam cartões de crédito

populares, que funcionavam em redes credenciadas, com um crédito pré-aprovado

proporcional à renda do possuidor. Esses cartões foram criados por bancos,

supermercados e financeiras com finalidade de “financeirizar” as camadas mais

baixas da população, cuja renda não daria acesso a cheques.

O setor imobiliário se adapta ao novo cenário e reprograma sua produção e venda,

intensificando a especulação imobiliária (CAMARGO, 2003).

Os bairros da cidade que nos anos anteriores eram foco de atração da população de

renda mais alta tornaram-se praticamente esgotados para possíveis novos

lançamentos e, por seus preços, incapazes de atender a nova demanda. Foram

substituídos por lançamentos em bairros mais distantes do centro, num movimento

de dispersão que procurava a identificação de bairros potencialmente adensáveis

para atender a demanda.

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121

Nesse ímpeto de viabilização, produção e comercialização das áreas úteis

habitáveis dos apartamentos, estas se tornaram relativamente menores em relação

ao período anterior. De acordo com Moraes (2013), a redução da área útil dos

apartamentos é inversamente proporcional à área média total do apartamento, pois

o proprietário passa a adquirir mais área no empreendimento do que área habitável.

Nas Figuras 75 e 76, as duas plantas atendem à tipologia de três dormitórios e nota-

se claramente a redução de áreas dos ambientes e a extinção da área de copa junto

à cozinha, a extinção do terraço do dormitório, suíte, extinção do dormitório de

empregada, utilizado ainda até meados da década de 1990, mesmo em

apartamentos ditos de classe média, mas com áreas bem menores.

Com essa redução significativa de área, na cozinha suprimiu-se o espaço de copa e

área reservada para refeições. Na planta de 1997 o espaço de sala de jantar está

subentendido como incluído na sala de estar.

Nesses exemplos, as áreas de cozinhas e de área de serviço sofreram uma redução

de aproximadamente 6 m2 em apenas três anos.

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122

Figura 75 – Planta-tipo Edifício Vaneska, apartamento de 3 dormitórios, 130 m², 1994, construtora Tarjab

Fonte: www.123i.com.br/ Catálogo de Condomínios do 123i, Acessado em: 28/03/2016.

Figura 76 – Planta-tipo, Edifício Giardino Di Mariana, apartamento de 3 dormitórios, 78 m², de 1997, construtora Brookfield

Fonte: www.123i.com.br/ Catálogo de Condomínios do 123i, Acessado em: 28/03/2016.

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123

2.5 O programa arquitetônico e as áreas dos apartamentos oferecidos pelas

incorporadoras no início do séc. XXI

Os projetos dos apartamentos paulistanos têm sido produzidos neste início de

século com base em critérios mais mercadológicos do que arquitetônicos, apoiados

em um programa arquitetônico de poucas inovações e adequações às necessidades

de seus moradores. Através de soluções repetitivas é oferecido aos usuários um

desenho que poderia ser considerado inovador nas décadas de 1940 e 1950, mas

que não expressa as transformações e complexidades do cotidiano imposto ao

morador atual.

Na maioria de suas propostas e em seu desenho, a semelhança de

compartimentação com funcionalidade estanque é consequência de uma priorização

de demandas mercadológicas onde o usuário final terá de se adequar ao oferecido,

sendo parte não consultada, quando o contrário deveria acontecer. Segundo Abreu

e Tramontano (2009, p. 149),

”De fato, o esforço por parte dos usuários parece o maior, no sentido

de se adequarem aos espaços produzidos pelo mercado, quando

seria razoável que ocorresse o contrário; os agentes envolvidos na

produção de unidades residenciais em edifícios de apartamentos é

que deveriam se esforçar para produzir espaços mais adequados às

demandas de futuros moradores e, afinal, consumidores de seus

produtos.”

A especulação imobiliária e uma maior quantidade de produção sem qualidade

reduzem cada vez mais as áreas internas das unidades habitacionais, sem atenção

devida à maior quantidade de atividades exercidas no ambiente doméstico atual.

Segundo Tramontano (2004, p. 15), as soluções arquitetônicas são produzidas “[...]

por profissionais cujo objetivo é a comercialização do imóvel, mesmo que fundada

em representações nem sempre verossímeis das aspirações dos compradores [...]”.

Desenhos padronizados com propostas de multifunções e nomenclaturas ditas

inovadoras, como espaço reversível, sala de estudos, home theater e cozinha

gourmet, são apresentados como opções de uso moderno ao futuro morador. Nesse

contexto, as famílias do século XXI se veem confinadas em espaços cada vez mais

exíguos, que recebem um número crescente de equipamentos e itens de mobiliários,

incompatíveis com o perfil do morar contemporâneo.

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124

Na Tabela 1, uma demonstração de áreas úteis dos apartamentos lançados no

município de São Paulo, no período de 1985 a 2011, nos mostra que houve

transformações significativas até o ano 2000, principalmente na tipologia de três

dormitórios, mas após este período não há alterações significativas em metragem de

áreas:

Tabela 1 - Evolução das áreas úteis médias dos apartamentos por número de dormitórios

PERÍODO

ÁREAS ÚTEIS MÉDIAS (m²)

01 dorm. 02 dorm. 03 dorm. 04 dorm.

1985 40,77 64,87 114,03 191,34

1987 40,28 59,24 97,69 251,13

1989 38,08 60,11 98,72 218,09

1991 40,23 57,51 98,51 168,04

1993 39,42 55,65 82,50 175,49

1995 40,14 57,04 83,37 158,96

1997 30,87 54,63 74,93 205,53

1999 31,21 54,34 79,17 193,13

2000 31,94 53,19 80,52 180,83

2002 39,99 55,63 84,85 174,25

2004 52,44 59,65 87,29 184,52

2005 41,94 55,46 88,23 180,60

2006 40,41 53,38 89,84 177,35

2007 44,23 52,63 85,35 167,83

2008 49,14 53,01 82,67 173,78

2009 55,69 53,40 83,49 162,14

2010 47,55 56,38 84,31 168,45

2011 46,14 57,79 81,34 171,52

Fonte: Tabela realizada a partir de dados da Embraesp. Relatórios Anuais. São Paulo, 2011. Apud Villa, 2008 e Moraes, 2013.

Percebem-se as oscilações em relação à variação de áreas em maior escala por

tipologia de um e quatro dormitórios, enquanto nas tipologias de dois e três

dormitórios essas oscilações foram menores no início do século XXI.

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125

Mas o que realmente mudou em relação à configuração espacial nos apartamentos

foram os terraços, que aparecem cada vez maiores neste início de século, por

consequência de uma legislação onde a varanda pode ocupar 10% da projeção do

pavimento térreo em um só espaço, diferente da legislação da década de 1990,

onde os terraços só podiam ocupar 1/3 da fachada com 1,20 m de profundidade.

A valorização do espaço do terraço, antes um elemento externo ao programa

arquitetônico, agora o transforma em espaço social e, às vezes, interligado à

cozinha através da área de serviço e agregado à área do apartamento sem ser

computável, mas vendável. Isso dá destaque às práticas de lazer, como o famoso

churrasco de fim de semana, e torna-se um elemento de convívio social, muitas

vezes trazendo a atividade do cozinhar para sua área, agora transformada em

terraço gourmet, um espaço interno da moradia, e solucionando frequentemente o

problema da área tão reduzida das cozinhas projetadas no programa arquitetônico

do apartamento.

Para o arquiteto Henrique Cambiaghi Filho, em entrevista à revista ZAP Imóveis em

13 de abril de 2009, a mudança do conceito do terraço foi uma exigência de

mercado: “As pessoas questionavam a falta de circulação entre a cozinha e o

terraço gourmet”, justificando assim sua interligação ao espaço da cozinha através

da área de serviço em alguns modelos.

Dessa maneira, o mercado imobiliário vende a área social que o terraço representa

desenhando áreas dos ambientes íntimos no limite da legislação.

Segundo Moraes (2013), os terraços são aceitos por todas as classes sociais em

São Paulo, mas em unidades de padrão econômico ele não é incidente. Acima

dessas tipologias ele faz parte do projeto arquitetônico, é recorrente em tipologias

com número superior a dois dormitórios e sempre ligado à esfera doméstica ou dos

serviços.

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126

2.5.1 As cozinhas de espaços mínimos ou integradas dos apartamentos

contemporâneos

A compartimentação dos modelos de apartamentos lançados no início de século XXI

e a formulação espacial interna dos seus espaços deixam igualmente de demonstrar

preocupação nos projetos em dar opções ao comprador.

De acordo com as Figuras 77 e 78, em um condomínio de nome Vergê, lançado em

2007 no bairro de Perdizes, São Paulo, as plantas demonstram um espaço

reversível para dormitório e a área de cozinha, intencionalmente, oferece a

possibilidade de integração com a sala de estar.

A cozinha consiste em uma simples parede com os principais elementos que a

caracterizam, como pia, fogão e geladeira, com dimensões de 1,50 m de largura por

3,85 m de comprimento, sugerindo a opção de que seja fechada ou aberta para a

sala, mas sua composição nunca poderá sofrer alteração por ser formada por

apenas uma parede, que recebe estrutura para comportar o mobiliário mínimo à sua

funcionalidade.

Outro exemplar nas Figuras 79 e 80, as plantas dos edifícios Thera Faria Lima, de

2011, e o The Year Edition, de 2014, ambos lançados pela Incorporadora “A”,

possuem uma diferença de área de cozinha pouco significativa em relação ao

Edifício Vergê, de 2007.

Com apenas 15 cm ou 0,20 m a mais na largura que o exemplo anterior, perdem por

volta de 0,95 m no comprimento, ganhando em área nas varandas gourmet.

Esse terraço muda as configurações das salas de estar, como na Figura 86, onde

possui uma área de quase três vezes o tamanho da cozinha, que nesse modelo tem

1,65 m de largura x 2,80 m de comprimento.

Aqui as varandas gourmet são utilizadas como valorização da área social em

detrimento do espaço de serviço e íntimo dos apartamentos, tornando-se argumento

de venda para suprir a exiguidade da área da cozinha.

Outras vezes, o terraço se interliga com as cozinhas pela área de serviço, como no

exemplo da Figura 80.

Nesse modelo, a cozinha também é apresentada integrada à sala. O cliente já

recebe o apartamento com essa condição, e sua dimensão é de 1,70 m x 2,75 m.

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Figura 77- Planta baixa com proposta formal e proposta de cozinha integrada e a sala de estar ampliada

Fonte: Incorporadora “A”, banco de dados.

Figura 78 - Planta com áreas dos ambientes total 66 m

2, condomínio Vergê, projeto de 2007

Fonte: Incorporadora ”A”, banco de dados.

.

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128

Figura 79 - Plantas-tipo do Edifício The Year Edition, Alto da Lapa, São Paulo (SP)

Fonte: Incorpporadora “A”, banco de dados, 2016.

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129

Figura 80 – Planta-tipo do Edifício Thera Faria Lima, Pinheiros, São Paulo (SP)

Fonte:Incorporadora “A”, banco de dados, 2016.

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130

Vale ressaltar programas arquitetônicos de apartamentos de padrão econômico,

como os do Programa Minha Casa, Minha Vida, apresentados a partir de 2009 como

política de estímulo direto à produção empresarial por meio de um pacote de

subsídios diretos e indiretos às empresas e à população beneficiária de habitações

sociais.

Esse modelo de produção habitacional permite a execução das unidades

habitacionais diretamente cedida a empresas construtoras que apresentarem

projetos em terrenos viáveis segundo critérios específicos.

De acordo com a cartilha do PMCMV, da Caixa Econômica Federal, são duas

tipologias concebidas para o programa: Tipologia 1 – casa térrea e Tipologia 2 –

apartamento.

Na especificação da tipologia 1 (casa térrea) é necessário cumprir o seguinte

programa arquitetônico:

• Compartimentos: sala, cozinha, banheiro, circulação, 2 dormitórios e área

externa com tanque e máquina.

• Área interna útil: 36,00 m² (não computadas paredes e área de serviço).

• Piso: cerâmica esmaltada em toda a unidade, com rodapé, e desnível máximo

de 15 mm.

Na especificação da tipologia 2 (apartamento) é necessário cumprir o seguinte

programa arquitetônico:

• Compartimentos: sala, 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas

pessoas, cozinha, área de serviço e banheiro.

• Área interna útil: 39,00 m².

• Piso: cerâmica em toda a unidade, com rodapé, e desnível máximo de 15 mm.

Cerâmica no hall e nas áreas de circulação internas. Cimentado alisado nas

escadas.

De acordo com o modelo de planta na Figura 81, lançado em São Paulo, que

oferece o apartamento pelo modelo do programa Minha Casa, Minha Vida, a cozinha

dentro da compartimentação do apartamento não difere em relação aos modelos

dos apartamentos fora do programa. A cozinha possui a largura de 1,50 m e o

comprimento de 3,65 m está somado à medida da área de serviço, originando uma

área de 5,45 m2.

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131

Figura 81 - Modelo de apartamento padrão econômico com 38,72 m²

Fonte: http://www.tenda.com/imoveis/residencial-mirante-guaianazes

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132

2.5.2 As áreas de cozinha nos apartamentos e a legislação que rege o projeto

arquitetônico residencial na cidade de São Paulo

A partir de toda semelhança nos partidos arquitetônicos vistos nesse período, é

importante fazermos uma leitura de que a cozinha nos apartamentos lançados no

início do século XXI se apresentam com área limite de espaço disponível para

circulação e mobiliário mínimo exigido pelo Código de Obras e Edificações do

Município, na Lei complementar nº 42, de setembro de 1992, e pelas Normas de

Desempenho da ABNT NBR 15575, que tratam de dimensões mínimas de mobiliário

e circulação, móveis e equipamentos padrão dos ambientes residenciais e de

trabalho, conforme Figuras 82 a 84.

No Código de Obras e Edificações do Município, para o compartimento da cozinha

temos as seguintes exigências para habitação unifamiliar:

Área mínima de 4,00 m2;

Em sua projeção em planta deve ser inscrito um círculo de diâmetro de

1,50 m;

Pé-direito mínimo de 2,50 m;

Revestimentos de piso e paredes impermeáveis.

Dentro da Norma de Desempenho, em relação à organização funcional do espaço é

previsto um mobiliário mínimo para a cozinha:

Fogão + geladeira + pia de cozinha + armário sobre a pia + gabinete (espaço

obrigatório para este móvel) + apoio para refeição (duas pessoas), sendo este último

opcional.

Determina também as dimensões mínimas para:

Fogão: largura 0,55 m e profundidade 0,60 m;

Bancada com pia: largura de 1,20 m e profundidade de 0,50 m;

Geladeira: largura de 0,70 cm e profundidade de 0,70 m.

A circulação mínima exigida pela norma à frente da pia é de 0,85 m, sendo a

largura mínima da cozinha 1,50 m.

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133

Figura 82 - Dimensões mínimas a serem seguidas na construção de habitações unifamiliares

Fonte: Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (Tabela II – Fl. 45)

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134

Figura 83 - Norma de Desempenho ABNT, Tabela F1 – Móveis e equipamentos padrão Fonte: ABNT – NBR 15575

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135

Figura 84 - Tabela F2 - Dimensões mínimas de mobiliário e circulação

Fonte: ABNT – NBR 15575-1

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136

De acordo com a legislação, as dimensões mínimas exigidas no projeto dos espaços

arquitetônicos dos apartamentos residenciais, com destaque aos espaços das

cozinhas, são oferecidas pelo mercado imobiliário em condições legais, mas nem

sempre são condições funcionais de uso.

A produção imobiliária se utiliza de recursos hábeis ao se apropriar, em suas

propagandas de venda, das várias demandas sociais refletidas nas transformações

de modos de vida neste início de século. Espaços decorados com suas cozinhas

equipadas com eletrodomésticos sofisticados e de última geração, aliados às

facilidades de compra de produtos eletrodomésticos, trazem para o consumidor o

encanto com a estética apresentada sem que ele se dê conta do espaço exíguo para

o ato de cozinhar em si.

A estratégia da cozinha aberta está envolvida com argumentos de venda relativos à

união familiar em um espaço integrador e alimenta o sonho de um espaço moderno,

mas não passa de artifício para não demonstrar a dificuldade de seu uso no

cotidiano de uma família. Segundo Queiroz (2008, p. 87):

“O desenho da cozinha, aparentemente pensado para ocupar o menor espaço possível, também pode ser verificado em muitas unidades de três ou quatro dormitórios, principalmente naquelas mais compactas e econômicas.”

A arquiteta Pauline Dualibe, que atua na área de desenvolvimento de produto da

Incorporadora “A”, traz um panorama a respeito dos espaços das cozinhas ofertados

pela construtora, com dados substanciais relativos às dimensões produzidas e à

necessidade do cliente final em relação ao uso.

De acordo com a arquiteta, em uma pesquisa sobre plantas de apartamentos de

algumas incorporadoras importantes no cenário da cidade de São Paulo, feita em

seu departamento no final de 2015, nas tipologias com dois e três dormitórios, de

45 m² a 85 m², lançadas entre 2012 e 2015, foram encontradas em quase 100%

delas a cozinha tipo corredor, em linha, com espaço para geladeira, bancada e

fogão, variando na forma como ela se integra.

Algumas são integradas à sala e aos terraços, outras têm a integração total com a

área de serviço. “Também temos toda integrada, área de cozinha, sala e serviço, ou

totalmente fechada e separada da área de serviço”, conforme exemplos da Figura

85.

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137

De acordo com a arquiteta, foram encontradas larguras entre 1,50 m a 1,70 m e o

comprimento de 2,70 m a 3,00 m, concluindo-se que:

Quando temos 1,50 m de largura, temos uma área de manobra de 0,90 m e

ficamos com larguras aproximadas para geladeira de 0,80 m, uma bancada

de 1,20 m e o fogão de 0,70 m;

Com a dimensão de largura de 1,50 m não é possível projetar a cozinha

fechada, ela tem de ser aberta, porque não há espaço para a porta; e em

relação a armários, não há espaço para os mesmos, não há espaço nem para

o micro-ondas;

Com 1,50 m de largura, temos um armário com duas portas embaixo da pia,

duas portas acima e a coifa ou depurador, acoplada ao armário superior. Não

há espaço para micro-ondas, nenhum eletroportátil;

Com 1,70 m de largura já é possível colocar uma porta fechando o ambiente

e uma área de trabalho de 1,10 m, ganhando mais uma porta de armário, em

cima e em baixo. Temos um pouco mais de armário e bancada para

eletroportáteis, conforme Figura 86.

Integrada à sala e terraço Integrada à sala e área serviço

Integrada à sala Fechada e separada da área de serviço

Figura 85 - Plantas de cozinhas de apartamentos encontradas no mercado no século XXI, na tipologia dois e três dormitórios Fonte: Arquiteta Pauline Duailibe (fevereiro de 2016)

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138

Atributos como a água quente na pia e o ponto de exaustão para coifa, que é um

eletrodoméstico imprescindível na cozinha integrada, não são fornecidos na maior

parte dos empreendimentos oferecidos, mesmo sendo a única opção de cozinha a

integrada. Os melhores depuradores não resolvem o problema dos cheiros e odores

espalhados pela casa.

A arquiteta observa também a questão dos pontos de elétrica, pois hoje, com a

gama de eletrodomésticos a preços acessíveis de compra, o consumidor prefere os

fogões de embutir ou cooktop. O forno de embutir de parede, em geral, possui

alimentação elétrica de 220 volts, sendo necessário um ponto específico no quadro

para sua instalação. Porém, atualmente os projetos das cozinhas não possuem essa

estrutura elétrica. A lava-louça também é polêmica, pois hoje há empresas que

entregam projetos com o ponto de lava-louças e outras não, e o cliente precisa fazer

reforma para adequar a arquitetura a todo tipo de eletrodoméstico necessário para a

cozinha ser funcional à sua família.

Em uma avaliação de pós-ocupação feita pela Incorporadora “A” em um de seus

empreendimentos, no ano de 2015, 42 usuários responderam a uma pesquisa sobre

Figura 86 - Opções de planejamento nas elevações de parede das cozinhas tipo corredor ou integrada

Fonte: Arquiteta Pauline Duailibe (fevereiro de 2016)

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139

satisfação da cozinha do apartamento recebido e foram obtidos os seguintes

resultados (Figura 87):

Figura 87 - Base (insatisfeitos com a cozinha) 42 pesquisas pós-ocupação Fonte: Incorporadora “A” , 2016.

Na sequência, na Figura 88, segue o resultado da pesquisa com 24 entrevistados

sobre a insatisfação em relação à cozinha.

Figura 88 - Base: motivos de insatisfação para 24 entrevistados

Fonte: Incorporadora ”A”, 2016.

De acordo com a arquiteta, não há como saber se a insatisfação em relação ao

tamanho da cozinha é por falta de armário ou se ela é pequena por falta de área de

circulação, mas as pessoas acham que ela é pequena.

A arquiteta de interiores Tatiana Moreira, que atua como arquiteta de interiores de

estandes de venda da Incorporadora “A”, complementou o depoimento trazendo um

panorama sobre os desafios de disposição dos eletrodomésticos principais de forma

funcional para a atividade-fim e previsão de espaços para os eletroportáteis em

armários possíveis dentro dos espaços das cozinhas apresentadas anteriormente.

O espaço é pequeno para o uso em relação à grande quantidade de produtos que

nos é oferecida: torradeiras, cafeteiras, eletroportáteis, fritadeiras, micro-ondas,

fornos elétricos, além da quantidade de potes e utensílios do dia a dia, como pratos

de vários tamanhos e utilidades, copos, xícaras e talheres − não há espaço para

guardar e expor todos os produtos que a mídia orienta em termos de tendências de

decoração.

98%

2%

Pequena

Existe uma coluna em cima do armário

Motivos da insatisfação: Cozinha

Principais motivos de insatisfação: o Pequena (63%); o Pouca iluminação / escura (13%);

o Espaço mal utilizado (4%).

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140

De acordo com a arquiteta de interiores Juliana Faria, que atua com projetos de

interiores para estandes de vendas na Incorporadora “A”, na cidade de São Paulo, a

facilidade de compra de eletrodomésticos, como um kit cozinha, simplifica para o

consumidor montar esse espaço, suprindo assim uma ordem hierárquica de

necessidades onde esse ambiente deve ser o primeiro a ser executado para a

família ocupar a casa.

A quantidade de eletrodomésticos e utensílios, de desenho e material cada vez mais

tecnológicos, convida à sua exposição quase como objetos de decoração. Se a

cozinha não vai para a sala, a sala vai para a cozinha, com prateleiras e exposição

de peças e utensílios.

As cozinhas planejadas são produzidas em grande escala e necessitam de um

espaço arquitetônico capaz de atender a essa demanda do morador

contemporâneo, determinando a multiplicidade de profissionais envolvidos e sua

adequação ao consumidor do século XXI.

Os espaços reduzidos impõem aos planejadores de cozinhas um grande desafio:

dispor os eletrodomésticos principais de forma funcional para a atividade-fim e

prever espaços para todos os itens desejados pelo usuário em armários, embutidos

ou não, de forma estética e funcional.

2.6 Transformações do espaço da cozinha no apartamento urbano

O caminho percorrido pelo espaço da cozinha dentro do partido arquitetônico dos

apartamentos na cidade de São Paulo até 2015 nos dá um panorama exato de como

esse espaço, antes escondido aos fundos da casa colonial, se transforma diante das

facilidades que a tecnologia traz para o conforto doméstico.

Da cozinha como unidade de trabalho e transformação de matéria-prima até o

aprimoramento da cozinha racional do período entre guerras, com parâmetros de

racionalidade, aumento de produção e diminuição da fadiga na execução do

trabalho, encontra-se o espaço necessário para profissionais colocarem em prática

os princípios da arquitetura moderna, com a proposta de um espaço pequeno mas

funcional nos apartamentos da cidade de São Paulo.

Até a metade do século XX, ela ainda se encontra nos fundos dos apartamentos,

nas áreas de serviço, sem contato algum com a área social, nos apartamentos do

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141

tipo quitinetes, e, caminhando com a indústria de eletrodomésticos que se expandia

no país, tornou-se compacta, despojada e símbolo de uma produção de

eletrodomésticos especialmente criados para esse tipo de moradia.

A partir da década de 1960, ainda na área de serviço e afastada do setor social, em

apartamentos de dois e três dormitórios fica limitada a uma parede equipada

estruturalmente para receber fogão, geladeira e bancada com pia, mas tinha

tamanhos generosos de até 7 m² e estava conectada aos dormitórios de

empregadas e wc.

Na década de 1980, a estrutura de apartamentos de alto padrão define a cozinha

com copa integrada e sala de jantar com espaço generoso, enquanto os

apartamentos de padrão médio apresentam as copas-cozinhas, sem a definição de

sala de jantar ou estar, apenas uma grande sala com proposta de dois ambientes.

Na segunda metade dos anos 1990, a estabilização econômica promove um cenário

de maior comercialização do apartamento e esta modalidade de habitação tem suas

áreas diminuídas por questões de mercado, demanda e espaço para sua

implantação na cidade.

A redução das áreas das cozinhas não comporta mais o espaço para a copa e ela

volta a ser o corredor antes projetado nos anos 1960, mas sem a grande área de

serviço, o wc e o dormitório de empregada.

Nos anos 2000, as áreas reduzidas dos apartamentos estabelecem necessidades e

transformações decorrentes de uma possibilidade de consumo e, ao mesmo tempo,

a alta de preços dos espaços para implantação de novos empreendimentos.

As plantas de apartamentos compactos com intenção de racionalidade são

justificadas pela necessidade de mecanização e são apelos de venda das

incorporadoras.

A zona de serviços dos apartamentos é a primeira a sofrer com a compactação e as

cozinhas são apresentadas em formato linear e abertas, integradas ao espaço social

da sala de estar, dispensando paredes, deixando à vista eletrodomésticos de última

geração, louças e eletroportáteis com o apelo da modernidade que o design arrojado

desses produtos evidencia, mas têm agora áreas muito menores do que a proposta

que a cozinha racional apresentou no início do século XX. Os empreendedores

imobiliários se eximem da responsabilidade de produzir um espaço muito exíguo,

seguindo as medidas mínimas da legislação da construção, com modelos repetitivos

e sem a funcionalidade na produção da tarefa a que se destinam.

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142

CAPÍTULO III

ANÁLISES DE AMOSTRAGEM

E

ANÁLISE DE QUESTIONÁRIOS APLICADOS

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143

CAPÍTULO III - ANÁLISES DE AMOSTRAGEM E ANÁLISE DE QUESTIONÁRIOS

APLICADOS

Este capítulo se divide em duas partes: a primeira traz uma análise de amostragem

de plantas de apartamentos onde serão estudadas as cozinhas lineares, do tipo

corredor, fechadas ou integradas, presentes nos apartamentos urbanos lançados

pelo mercado imobiliário no período de 2000 a 2015 na cidade de São Paulo, nas

tipologias de dois e três dormitórios, quanto ao Código de Obras e Edificações do

Município de São Paulo e às Normas de Desempenho, segundo a ABNT, a NBR

15575.

Ressalta-se que não é objetivo desta análise propor soluções projetuais para

apartamentos de dois e três dormitórios. Visa-se apenas verificar as características

arquitetônicas e a organização do espaço da cozinha residencial em apartamentos

contemporâneos, a partir do desenho da planta com espaços integrados à área de

estar, e o desenho da cozinha com áreas reduzidas, observando-se como essa

realidade é equacionada pelos produtores imobiliários da cidade de São Paulo em

relação à exigência da legislação e a espacialidade oferecida ao usuário final. Cabe

mencionar que apenas uma Incorporadora foi coadjuvante na análise de plantas

dos projetos arquitetônicos de apartamentos de dois e três dormitórios no período

estudado, e é mencionada como Incorporadora “A”. Outras incorporadoras foram

contatadas, mas não tiveram interesse na disponibilidade de material para a análise.

A segunda parte apresenta a análise dos resultados de um questionário aplicado a

moradores de apartamentos paulistanos lançados no período de 2000 a 2015, na

cidade de São Paulo, por meio do qual foram coletados dados sobre as razões da

escolha do tipo de cozinha, vantagens e desvantagens da tipologia cozinha aberta

ou fechada, além de hábitos, usos e costumes na utilização desse espaço

doméstico. Busca-se compreender como se dá a adesão ou não do usuário a esse

espaço, em termos de comportamento, e como a especificidade dessas cozinhas

demanda a aquisição de eletrodomésticos e eletroportáteis, que possibilitam o uso

de forma a atender o apelo de modernidade implícito, o que leva a uma inter-relação

entre arquitetura e design.

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144

3.1 Análise de empreendimentos de acordo com a legislação

O desenvolvimento da análise apresentada a seguir passa por uma reflexão sobre o

desenho das plantas de apartamentos lançados no período de 2000 a 2015, na

cidade de São Paulo, com destaque para o desenho das cozinhas apresentadas

nesses apartamentos. Para melhor visualização da situação espacial dessas

cozinhas, foram feitos detalhes com pelo menos uma elevação da parede principal

composta dos principais itens exigidos pela Norma de Desempenho da ABNT –

NBR 15575-1, referente às dimensões mínimas de mobiliário e circulação para uma

cozinha.

Foram reproduzidos 14 desenhos de plantas de apartamentos selecionados a partir

de arquivo cedido pela Incorporadora “A” contendo 1.930 empreendimentos

lançados na cidade de São Paulo, no período de 2000 a 2015. O critério de escolha

foi o empreendimento que teria à época de seu projeto uma proposta que seguia à

risca a norma de desempenho e que se torna modelo de repetição nos

empreendimentos seguintes.

Segundo a arquiteta Pauline Duailibe, que atua na Incorporadora “A” na área de

desenvolvimento de produto, “A escolha do local e seu entorno são imprescindíveis

para um empreendimento imobiliário ser lançado, na decisão do investimento, mas a

norma de desempenho decide as áreas lançadas para que o empreendimento seja

viável economicamente”. Dessa forma, o cumprimento da legislação nos fornece

elementos importantes na leitura das plantas aqui demonstradas.

A leitura das plantas será baseada em três pontos descritos abaixo:

Leitura de ano de lançamento, áreas totais, parciais e áreas das cozinhas;

A vinculação à norma de desempenho e legislação do município;

Tipologias de cozinhas nos projetos, fechadas ou abertas.

Ao final da leitura das plantas, uma tabela com as áreas e comparativos de

cumprimento das normas foi montada para melhor compreensão dos itens acima.

A seguir a apresentação das plantas, em ordem crescente de datas a partir do ano

2000 até 2015.

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Figura 89 - Edifício Perdizes Project - entregue em maio de 2000. Tipologia dois dormitórios. Localização: R. Coronel Melo de Oliveira, 427, Perdizes - São Paulo (SP) Área total: 87 m²; Área da cozinha : 8,20 m2; Circulação: 0,91 m; Mobiliário: bancada de pia com armários, fogão e geladeira e pequena bancada para refeições

Figura 90 - Edifício Reserva Villa Lobos - entregue em setembro de 2002. Tipologia dois dormitórios. Localização: Av. Diógenes Ribeiro de Lima, 299, Alto da Lapa - São Paulo (SP) Área total: 92 m2; Área da cozinha: 7,73 m2; Circulação: 0,62 m a 0,80 m; Mobiliário: bancada de pia com armários, fogão e geladeira e pequena bancada para refeições

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146

Figura 91 - Imóvel Ventana Morumbi 2004 - entregue em julho de 2004. Tipologia três dormitórios. Localização: R. Helena Pereira de Moraes, 415, Morumbi - São Paulo (SP) Área total: 113 m²; Área da cozinha: 10,00 m2; Circulação: 1,09 m; Mobiliário: bancada de pia, com armários, fogão e geladeira e pequena bancada para refeições 4 lugares

Figura 92 - Imóvel Higienópolis - entregue em dezembro de 2005. Tipologia três dormitórios. Localização: R. Emílio de Menezes, 55, Higienópolis - São Paulo (SP) Área total: 198 m²; Área da cozinha: 14,32 m2; Circulação: 1,38 m; Mobiliário: bancada de pia com armários, fogão e geladeira, mesa para 4 lugares e despensa

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147

Figura 93 - Condomínio Varanda Pompéia 2007 - entregue em novembro de 2007. Tipologia dois dormitórios. Localização: R. Joaquim Ferreira, 55, São Paulo (SP) Área total: 67 m²; Área da cozinha: 4,27 m2; Circulação: 0,83 m a 0,97 m; Mobiliário: bancada de pia, com armários, fogão e geladeira

Figura 94 - Condomínio Varanda Pompéia 2007 - entregue em novembro de 2007. Tipologia três dormitórios. Localização: R. Joaquim Ferreira, 55, São Paulo (SP) Área total: 81 m2; Área da cozinha: 5,95 m2; Circulação: 0,72 m. Mobiliário: bancada de pia de 2,00 m, com armários, fogão e geladeira

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148

Figura 95 - Imóvel Varanda Expressions - entregue em dezembro de 2007, Tipologia dois dormitórios com opção de cozinha fechada. Localização: R. Galvão Bueno, 143, Barra Funda, São Paulo (SP). Área total: 67 m2; Área da cozinha: 4,24 m²; Circulação: 0,90 m; Mobiliário mínimo na opção fechada: fogão, geladeira, bancada de pia; na opção aberta há possibilidade de balcão para refeições integrando a sala de estar

Figura 96 - Imóvel Varanda Expressions - entregue em dezembro de 2007. Tipologia dois dormitórios com opção de cozinha aberta. Localização: R. Galvão Bueno, 143, Barra Funda, São Paulo (SP). Área total: 67 m2; Área da cozinha: 4,24 m²; Circulação: 0,90 m; Mobiliário mínimo na opção fechada: fogão, geladeira, bancada de pia; na opção aberta há possibilidade de balcão para refeições integrando a sala de estar

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Figura 97 - Imóvel Domna Pompéia - entregue em junho de 2008. Tipologia dois dormitórios e cozinha fechada. Localização: R. Dr. Augusto de Miranda, 1303, São Paulo (SP) Área total: 88 m2; Área da cozinha: 5,69 m2; Circulação : 0,72 m; Mobiliário mínimo: fogão, geladeira, bancada de pia; na parede oposta à bancada espaço para geladeira e pequeno armário

Figura 98 - Imóvel Edifício Minara - entregue em agosto de 2009. Tipologia dois dormitórios e cozinha aberta. Localização: Av. Padre Lebret, 2009, Morumbi, São Paulo (SP) Área total: 59 m2; Área da cozinha: 6 m²; Circulação: de 0,82 m a 0,90 m; Mobiliário mínimo: fogão, geladeira, bancada de pia; há possibilidade de balcão para refeições integrando a sala de estar

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Figura 99 - Imóvel Liber Park Campo Limpo - entregue em dezembro de 2010. Tipologia três dormitórios e cozinha integrada. Localização: Estrada do Campo Limpo, 5785, São Paulo (SP) Área total: 57 m2; Área da cozinha: 6 m2; Circulação: de 0,89 m a 0,96 m; Mobiliário mínimo: fogão, geladeira, bancada de pia com armário, bancada para refeições integrada à sala de estar

Figura 100 - Imóvel Thera Faria Lima Residence - entregue em dezembro de 2011. Tipologia dois dormitórios com cozinha integrada. Localização: R. Paes Leme, 215, São Paulo (SP) Área total: 65m2; Área da cozinha: 4,69 m2; Circulação: 1,04 m. Mobiliário mínimo; fogão, bancada com pia, geladeira, bancada para refeições integrada à sala de estar

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151

Figura 101 - Imóvel Varanda Ipiranga - entregue em 2013. Tipologia dois dormitórios sendo opção de cozinha integrada. Localização: Rua Clemente Pereira, 732, Ipiranga, São Paulo (SP)

Área total: 68 m2; Área da cozinha: 4,40 m2; Circulação: 0,81 m. Mobiliário mínimo: fogão, geladeira, bancada com pia e bancada para refeições integrada com sala de estar

Figura 102 - Imóvel Gran Cypriani - projeto de 2015 e entrega prevista para 2018. Tipologia duas suítes e cozinha integrada com a sala. Localização: R. Cipriano Barata, 1124, Ipiranga, São Paulo (SP) Área total: 115 m2; Área da cozinha 5,03 m2; Circulação: 0,92 m. Mobiliário mínimo: fogão, geladeira, bancada com pia e bancada para refeições integrada à sala de estar

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152

Tabela 2 - Tipos e áreas das cozinhas comparadas às normas de desempenho aplicadas nas plantas apresentadas

Ano / Imóvel Nº dorm. Área total Área da cozinha Circulação da cozinha

Tipo de cozinha Normas de desempenho Observações

2000 Edifício Perdizes Project

2

87,00 m2

8,20 m2

0,91 m

Fechada com entrada de serviço e

circulação para área de serviço e sala

estar

Apenas uma parede com espaço para

fogão/geladeira e bancada com pia e

armários

Apartamento com entrada

social e de serviço separadas

2002 Edifício Reserva Villa Lobos

2

92,00 m2

7,73 m2

0,62 / 0,80 m

Fechada com entrada de serviço e

circulação para área de serviço e sala

estar

Uma parede com espaço para fogão e

bancada com pia e na parede oposta

espaço para geladeira e pequena

bancada

Apartamento com entrada

social e de serviço separadas

2004 Edifício Ventana Morumbi

3

113,00 m2

10,00 m2

1,09 m

Fechada e com passagem para área de

serviços

Fechada com bancada em L contendo

fogão, pia e armários, geladeira com

espaço para mesa e quatro cadeiras

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2005 Edifício Vert

Higienópolis

3

198,00 m2

14,32 m2

1,38 m

Fechada e com passagem para área de

serviços

Fechada com bancada em I contendo

fogão, geladeira e bancada com armários

e espaço para mesa e quatro cadeiras

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2007 Edifício Varanda Pompéia

2

67,00 m2

4,27 m2

0,83 a 0,97 m

Fechada e com circulação para área de

serviços

Fechada e com uma parede única para

bancada com pia, fogão e geladeira

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

3

81,00 m2

5,95 m2

0,72 m

Fechada e com circulação para área de

serviços

Fechada com uma parede para bancada

com pia e fogão e parede oposta para

armário, geladeira/freezer

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2007 Varanda

Expressions

2

67,00 m2

4,24 m2

0,90 m

Fechada e aberta com circulação para

área de serviço e

Aberta para sala de estar

Opção fechada e aberta possuem única

parede para bancada com pia, fogão e

geladeira

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2008 Domna Pompéia

2

88,00 m2

5,69 m2

0,72 m

Fechada e com circulação para área de

serviços

Fechada com uma parede para bancada

com pia e fogão e parede oposta para

armario, geladeira/freezer

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2009 Edifício Menara

2

58,00 m2

6,00 m2

0,82/ 0,90 m

Aberta e com circulação para área de

serviços

Aberta com parede única para bancada,

fogão, geladeira e armários

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2010 Edifício Liber Park

3

57,00 m2

6,00 m2

0,89 a 0,96 m

Aberta e com circulação para área de

serviços

Aberta com parede única para bancada,

fogão, geladeira e armários

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2011 Edifício Thera Faria Lima

2

66,00 m2

4,69 m2

1,04 m

Aberta com circulação para área de

serviços que é ligada à varanda

Aberta com parede única para bancada,

fogão, geladeira e armários, integrada à

sala de estar

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2013 Varanda Ipiranga

2

68,00 m2

4,40 m2

0,81 m

Aberta com circulação para área de

serviços

Aberta com parede única para bancada,

fogão, geladeira e armários, integrada à

sala de estar

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

2015 Gran Cypriani

2

115,00 m2

5,00 m2

0,92 m

Aberta com circulação para área de

serviços

Aberta com parede única para bancada,

fogão, geladeira e armários, integrada à

sala de estar

No hall do elevador está a

entrada única do

apartamento

Fonte: A autora.

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153

3.1.2 Considerações sobre a análise das plantas

A Tabela 2 possibilita a leitura sobre as áreas totais e áreas de cozinhas das plantas

desenhadas nas Figuras 89 a 102, distinguindo-se as áreas de circulação e o

mobiliário possível nas áreas das cozinhas detalhadas.

Na leitura das plantas de 2000 até 2002, encontram-se entradas separadas e

nomeadas como entradas social e de serviço. A cozinha possui área de circulação

generosa, mas já se apresenta linear com uma parede para os principais móveis

para sua utilização.

A partir de 2004, as plantas apresentam um hall na área dos elevadores onde há

uma única entrada para os apartamentos.

Até 2005 as áreas das cozinhas variam entre 14 m2 e 7 m2, mas sua área de

circulação é bastante comprometida por possuírem porta de entrada e porta de

acesso à área de serviço, que também dá acesso a dormitório de empregada com

banheiro. A partir dessa data, esses ambientes são suprimidos e as cozinhas ficam

ligadas diretamente às áreas de serviço, com formato linear e fechadas. As cozinhas

aparecem com espaço para mesa com quatro cadeiras nas áreas de 14 m2 ou para

bancadas para refeições rápidas nas áreas de

7 m2.

A partir de 2007, as áreas totais dos apartamentos são muito menores e as áreas

das cozinhas variam entre 4 m2 e 6 m2 (respeitando-se o mínimo exigido pela

legislação, de 4 m2 como área mínima), em forma linear e contendo em uma única

parede todo o mobiliário exigido pela norma de desempenho: o fogão, a geladeira e

a bancada com pia.

As cozinhas abertas ou integradas surgem como opção espacial a partir de 2007,

como alternativa para o comprador do imóvel, mas não perdem a caracterísca inicial

de espaço mínimo exigido pela legislação.

Nos projetos a partir de 2009, esses espaços já são apresentados com mais

integração às áreas sociais das unidades. As cozinhas se transformam em paredes

unidas à área de serviço, que por sua vez também tem um espaço mínimo para

máquina de lavar e secar e um pequeno tanque. Não importa a área total do

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154

apartamento: a cozinha integrada ou fechada é um espaço igual em espacialidade

de uso.

As varandas são projetadas com espaço para bancada com pia e churrasqueira e, a

partir de 2011, tomam proporções importantes e áreas dos apartamentos, unidas à

área social.

Ao serem detalhadas, as áreas de cozinhas tiveram a composição espacial que

seguiu a obrigatoriedade imposta pela Norma de Desempenho em relação ao

mobiliário minimo exigido.

Em sua maioria, essas cozinhas conseguem abrigar o mobiliário mínimo exigido pela

norma, mas dentro das medidas mínimas. Se o usuário quiser atender o apelo de

modernidade que a indústria dos eletrodomésticos faz ao consumidor, é necessário

uma reforma considerável, pois na maioria das cozinhas, com uma bancada de 1,20

m, só é possível a instalação de um fogão de 0,55 m de largura e uma geladeira de

0,70 m a 0,90 m, que seria uma geladeira duplex.

Caso a opção for por uma geladeira side by side, com 0,90 m de largura e

0,75 m de profundidade, por exemplo, como as geladeiras citadas no capítulo I desta

pesquisa, a reforma tem de ser total, com diminuição de bancada ou da bancada

inteira com cooktop simples, pois um cooktop de vidro cerâmico que possui no

mínimo 0,70 m de largura não viabiliza a bancada para a cozinha funcionar.

Nas cozinhas de dimensões mínimas é impossível a instalação de fornos elétricos

de embutir em coluna. Outro eletro que tem de ser o menor possível é o lava-louças

para ser embutido no armário sob a bancada da pia, que tem reduzido ainda mais o

seu armário.

Com a largura de 1,50 m as cozinhas realmente tornam impossível a colocação de

uma porta, então a opção de cozinha integrada é a saída para a circulação e

possibilidade de abertura de portas de geladeira e fornos.

A circulação mínima de 0,85 m nem sempre é conseguida dentro da planta das

cozinhas com seu mobiliário projetado. Quando a incorporadora apresenta e entrega

o imóvel apenas a bancada está instalada, sendo impossivel para o usuário

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155

perceber a circulação diminuta. Após instalados o fogão e a geladeira, que têm

profundidades maiores que a da bancada, a dificuldade de circulação é constatada.

Em relação à mesa para refeições para no mínimo duas pessoas, é possível

introduzir esse móvel no projeto até as plantas de 2005. Após essa data, o corredor

de 1,50 m de largura permanece repetitivo até 2015 pois esse mobiliário é opcional

dentro da norma de desempenho.

Em relação à exaustão, nenhuma das plantas estudada tem estrutura para coifas,

apenas pontos de elétrica para um exaustor ou depurador com filtro.

3.2 Fórum de Cozinhas − Projeto de cozinha para o consumidor final

Dentro de uma proposta para discutir aspectos relevantes ao atendimento do

usuário final diante de questões de uso do espaço projetado para as cozinhas nos

apartamentos residenciais e o impacto de uso pelo consumidor final, a Incorporadora

“A” idealizou um fórum sobre cozinhas na sede da empresa, na cidade de São

Paulo, em fevereiro de 2016, com participação de todo o grupo de desenvolvimento

do produto da empresa e arquitetos convidados, entre os quais estive presente.

Conduzido pelo diretor de incorporação em São Paulo, o Sr. Eduardo Leite, foi

apresentado um planejamento de cozinha na configuração corredor dentro de um

apartamento na tipologia três dormitórios, com living ampliado, para um cliente final,

comprador do mesmo.

A arquiteta de interiores Tatiana Moreira, que desenvolve projetos para estandes de

vendas da incorporadora “A” (os apartamentos decorados), apresentou as

problemáticas enfrentadas nesse projeto de medidas muito justas, onde havia

apenas 0,97 m entre parede e a bancada de pedra, entregue ao morador.

A proposta de conseguir mais armários, exigência do cliente comprador, foi o desafio

da arquiteta, que demonstrou para o grupo o que foi necessário fazer em termos de

reforma para atender a demanda do usuário.

A reforma exigiu que se deslocasse uma parede e aumentasse a largura da cozinha

de 1,50 m para 1,80 m a fim de se colocar armários para mantimentos (ver Figuras

100 a 103).

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156

Assim foi possível deixar uma bancada, com armário embaixo e em cima, para

guardar louça, mantimentos e alguns eletros, e ainda uma área para o trabalho, pois

na bancada da pia não há muito espaço para fazer uma massa, preparar comida ou

apoiar panelas. De acordo com a arquiteta:

“Se pensarmos que nos ambientes decorados não se vê um escorredor de pratos sobre a bancada de pia e normalmente em uma casa ele sempre está cheio, o sonho do usuário se desmantela na primeira refeição feita em sua casa, pois não há espaço para ele.”

Demonstrando seu projeto e suas dificuldades para atender o usuário comprador do

produto oferecido pela empresa, a proposta apresentada pela arquiteta no Fórum foi

a de um espaço de 1,80 m de largura para que uma cozinha possa abrigar todos os

objetos necessários para o seu funcionamento, sendo que o mínimo projetado é

1,50 m de largura para as cozinhas atualmente projetados pela incorporadora “A”.

Complementando a apresentação, a arquiteta Juliana Farias, que atua na área de

decoração de interiores como organizer, relatou que o maior problema nas cozinhas

é a quantidade de coisas a serem guardadas e que o espaço das cozinhas atuais

não colabora com essa necessidade. A mudança de portas de armários por

gavetões na parte de baixo das pias foi a última grande inovação em relação a

espaços, mas os problemas em relação a alturas de prateleiras continuam.

Organizadores para o aproveitamento de espaços têm sido de grande ajuda para

que cada centímetro disponível nos armários seja ocupado (Figura 104).

De acordo com a arquiteta, para um casal com um ou dois filhos, calcula-se a

necessidade de pelo menos 15 itens de utensílios. Na parte de baixo da pia,

costumamos guardar as panelas de uso diário, precisamos de espaço razoável para

parte de louça, xícaras de café, de chá, canecas, pratos fundos, rasos e de

sobremesa, além de potes para mantimentos, assadeiras, formas, bandejas e os

mantimentos.

Na bancada e nos armários, cada centímetro é importante se pensarmos em guardar

todos os utensílios necessários. “A quantidade de gavetas também se tornou um

problema, pois ainda temos a divisão de armários como nos anos 1960”, afirma a

arquiteta. Hoje é necessário ter mais gavetas com menor dimensão na altura, pois

só com altura interna de 6 cm já é possível a organização dos garfos e facas.

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157

Podemos ter algumas gavetas menores e outras um pouco mais altas para guardar

espremedor de batatas ou outro utensílio maior. As divisões para outros utensílios

também seguem projetos de divisões de armários para atender as necessidades dos

clientes e seus costumes culinários.

Figura 103 - Planta apartamento decorado, Living Magic de 83 m² com living ampliado

Fonte: Arquiteta Tatiana Moreira, Fórum de Cozinhas.

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158

Figura 104 - Detalhe da planta do espaço da cozinha com o projeto decorado para venda

Fonte: Arquiteta Tatiana Moreira, Fórum de Cozinhas.

Figura 105 - Planta do espaço da cozinha com o projeto modificado para cliente final

Fonte: Arquiteta Tatiana Moreira, Fórum de Cozinhas.

Com aumento de 0,30 m a arquiteta projetou bancada com armários de prateleiras estreitas para acomodar utensílios.

Dimensão da parede com

equipamentos: 3,45 m,

somado o espaço de área de

serviço.

Contém bancada de pia,

fogão e geladeira.

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159

Figura 106 - Resultado do projeto com ampliação de 0,30 m na largura da cozinha

Fonte: Arquiteta Tatiana Moreira, Fórum de Cozinhas.

Figura 107 - Organização interna dos armários

Fonte: Arquiteta Juliana Farias, 2016.

Resultado do projeto com ampliação

para armários na proposta de

aumento de 0,30 m na largura da

cozinha.

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160

Finalizando as exposições, ficaram as propostas para se observarem as questões

econômicas que essas possíveis melhoras no dimensionamento das cozinhas dos

apartamentos possam causar nos futuros lançamentos pela incorporadora.

Considerando o estudo das plantas anteriores, com espaços tão exíguos, as

necessidades do usuário final nem sempre encontram soluções projetuais

satisfatórias. O planejamento da área da cozinha e sua organização necessitam de

um espaço arquitetônico capaz de atender a demanda do morador contemporâneo,

determinando a multiplicidade de profissionais envolvidos em sua adequação ao

consumidor final.

A cozinha deste século não está tão diferente em relação à economia de tempo,

racionalização de atividades, disposição de mobiliário e automação.

Considerando-se os três pontos de atividades como armazenamento e conservação;

limpeza e preparo; e cozimento e serviço, a composição da cozinha racional não

deixou de existir. Ela tinha uma melhor disposição dos equipamentos e um arranjo

espacial determinando economia de tempo no seu uso. Hoje ela está menor, muito

menor, desafiando os fabricantes das cozinhas planejadas e arquitetos de interiores

a realizarem projetos que consigam ser eficientes, funcionais e esteticamente

atraentes para o consumidor do século XXI.

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161

3.3 Análise de questionários aplicados a responsáveis por domicílio em

condomínios paulistanos

Como método de análise sobre alterações de hábitos de uso e costumes alimentares

nas cozinhas de apartamentos da cidade de São Paulo, foi aplicado um questionário

especialmente elaborado para esse fim, que resultou na coleta e processamento de

informações para a avaliação das vantagens e desvantagens da cozinha integrada e

da cozinha fechada na população que as utiliza. A fim de compreender as vantagens

e desvantagens no uso das cozinhas abertas e de espaços mínimos nos

apartamentos, e considerando que barulhos e cheiros podem ocorrer nos dois

casos, se fez necessário comparar a insatisfação e se estatisticamente esta é maior

no grupo com cozinha aberta ou fechada (ver questionário no Anexo 3).

O questionário elaborado para essa análise teve apoio da Prof.ª Raquel Cymrot,

estatística e docente da EEM, Escola de Engenharia Mackenzie. O mesmo foi

cadastrado na Plataforma Brasil, submetido ao Comitê de ética da UPM, por se

tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, e aplicado a moradores de

apartamentos já habitados e que contam com cozinhas com espacialidade integrada

e com espaços reduzidos.

Os procedimentos éticos para a realização da pesquisa foram contemplados e

submetidos ao comitê de Ética em Pesquisa-Humanos da Universidade

Presbiteriana Mackenzie.

A amostragem foi feita por acessibilidade e de natureza não probabilística, pois foi

possível aplicar os questionários a moradores de edifícios por contato do

pesquisador com o síndico ou morador do edifício, ou através de conhecidos que

facilitaram o contato do pesquisador com os mesmos.

Dessa maneira, foram disponibilizados 414 questionários e obtidos 201 retornos com

respostas para tabulação e consolidação de dados. Vale ressaltar que o fato de

cada morador poder se recusar a participar da pesquisa tornou a amostragem

probabilística inviável, assim foi previsto, primeiramente, a realização de uma análise

descritiva de dados, seguida de construção de intervalos de 95% de confiança para

proporções e médias e da realização de testes de hipótese para diferença de

proporções em dois grupos de interesse, teste de independência Quiquadrado ou

Exato de Fisher para pares de variáveis, entre outros.

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162

Todos os testes de hipótese foram realizados assumindo-se um nível de

significância igual a 5%, sendo, portanto, rejeitadas as hipóteses com nível descritivo

inferior a este valor (SIEGEL; CASTELLAN, 2008).

A análise foi realizada com o auxílio do programa estatístico Minitab, disponível na

Escola de Engenharia da UPM.

Após a coleta dos dados, estes foram tabulados e consolidados. Em uma planilha de

Excel, cada resposta foi digitada em uma linha. Em questões para as quais o

respondente tinha que escolher apenas uma opção, a resposta foi digitada em uma

única coluna (por exemplo: "Quantos moradores trabalham fora de casa?"). Já em

uma questão que permitia marcar mais de uma alternativa, cada alternativa, com

resposta dicotômica (marcou ou não marcou), foi digitada em uma coluna (por

exemplo: "Qual refeição é feita fora de casa, diariamente, por algum morador?

Assinale uma ou mais respostas”).

A distribuição dos questionários nos condomínios selecionados foi possível graças à

intercessão de moradores contatados pela autora, que abriram a possibilidade desse

evento acontecer. Dessa maneira, foram distribuídos

414 questionários em cinco condomínios assim distribuídos: um na zona norte, um

na zona sul, um na zona oeste, um na zona leste e um na área central da cidade de

São Paulo, a fim de se abranger toda a cidade, com ao menos um condomínio por

região.

Na zona norte foi selecionado um condomínio com duas torres, com 15 andares

cada, totalizando 120 apartamentos localizado na Rua Alberto Savoy, 390, na Vila

Guacá, entregue no início do ano 2000, sendo obtidos 67 questionários respondidos,

percentual de 33,33%;

Na zona sul foi selecionado um condomínio localizado na Av. Agami, 62, em

Indianópolis, prédio mais antigo que sofreu reforma estrutural de hidráulica e elétrica

nos anos 2010 (informação dada por um dos proprietários), com uma torre de 13

andares com 52 apartamentos, sendo obtidos 36 questionários respondidos,

percentual de 17,91%;

Na zona oeste foi selecionado um condomínio com quatro torres de 92 apartamentos

em cada torre, onde os questionários foram aplicados apenas na torre A, localizado

à Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 756, na Vila Anastácio, entregue em 2015,

onde se obtiveram 48 questionários respondidos num percentual de 17,91%.

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163

Na zona leste, o questionário foi aplicado em um condomínio com uma torre de 20

andares e 80 apartamentos, localizado à Rua Teresina, 86, na Mooca, entregue em

2010, tendo sido obtidas 23 respostas do total de questionários aplicados, um

percentual de 11,44%;

No centro foi selecionado um condomínio com uma torre de 15 andares, com 60

apartamentos, localizado à Rua Dr. Gabriel dos Santos, 121, em Santa Cecília. O

edifício foi entregue em 2015, tem projeto de 2013 e nele foram obtidas 27 respostas

do total de questionários aplicados, um percentual de 13,43%;

Vale ressaltar que a maior quantidade de respostas obtidas na zona norte se deveu

à facilidade de acesso da pesquisadora ao local, devido ao fato de morar e trabalhar

na região próxima ao endereço citado, onde mantém contato com vários moradores.

Em relação aos condomínios onde foram aplicados os questionários, todos se

localizam na cidade de São Paulo, em edifícios com apartamentos de até 3

dormitórios e que possuem cozinhas com três tipos de configuração: cozinha

fechada, cozinha em corredor ou cozinha integrada.

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164

3.3.1 Resultados sobre moradores, hábitos, usos e costumes

Em relação ao gênero das pessoas consultadas, 134 pessoas (ou 66,67%) são do

sexo feminino, e 67 pessoas (ou 33,33%) são do sexo masculino.

No que toca à escolaridade dos participantes, considerado o total, a proporção de

escolaridade de pessoas de nível superior é de 54,50%.

Nas respostas obtidas em relação ao número de moradores por apartamento,

observou-se que a maior incidência está entre 2 e 4 moradores por apartamento,

conforme Tabela 3, e a maior quantidade de questionários respondidos foi de

apartamentos com 2 e 3 dormitórios (Tabela 4), o que vem ao encontro do objeto de

estudo desta pesquisa, cujo recorte é de apartamentos de 2 e 3 dormitórios,

lançados pela indústria imobiliária na cidade de São Paulo no período de 2000 a

2015.

Tabela 3 - Número de moradores por apartamento

Nº moradores Número de

apartamentos Percentual (%)

1 13 6,47

2 57 28,36

3 50 24,88

4 64 31,84

5 16 7,96

6 1 0,50

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Tabela 4 - Participação das respostas dos questionários por número de dormitórios dos apartamentos envolvidos na pesquisa

Nº dorm. Apartamentos por

dormitório Percentual (%)

0 1 0,50

1 4 1,99

2 88 43,78

3 108 53,73

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários aplicados.

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165

Ainda em relação aos moradores envolvidos na pesquisa, 27,86% dos apartamentos

sinalizaram a presença de pessoas que não trabalham nem estudam, ou seja, não

possuem atividade externa à casa rotineiramente; 24,50% indicam a presença de

moradores que trabalham em casa, no sistema de home office; e 75,50% possuem

moradores que trabalham fora de casa.

Quanto às profissões dos entrevistados, observa-se uma grande variedade, de

acordo com a Tabela 5.

Tabela 5 - Relação de ocupação profissional dos participantes

OCUPAÇÃO dos

PARTICIPANTES Nº

OCUPAÇÃO dos

PARTICIPANTES Nº

ADMINISTRADOR 13 ENGENHEIRA 2

ADVOGADO 8 ESTETICISTA 4

AERONAUTA 1 ESTUDANTE 11

ANALISTA 1 GERENTE ATENDIMENTO 1

APOSENTADA 11 GERENTE OPERACIONAL 2

ARQUITETO 22 GERENTE VENDAS 3

AUXILIAR ESCRITÓRIO 1 GESTOR 1

BANCÁRIA 4 JORNALISTA 2

COMERCIANTE

/COMERCIÁRIA 6 MANICURE 2

CONFERENTE 1 MARCENEIRO 1

CONSULTOR COMERCIAL 1 MOTORISTA 1

COORDENADOR TÉCNICO 1 NUTRICIONISTA 1

COORDENADOR

PEDAGÓGICO 3 PEDAGOGA 3

CORRETORA 2 PROFESSOR 28

DESENHISTA INDUSTRIAL 2 PSICÓLOGA 3

DESIGNER 9 RECEPCIONISTA 2

DIRETOR COMERCIAL 1 SECRETÁRIA 6

DIRETOR DE TECNOLOGIA 1 SUPERVISOR VENDAS 9

DO LAR 9 TEC. EDIFICAÇÕES 3

ECONOMISTA 1 TEC.TRANSPORTE 1

ED. FÍSICO 1 VENDEDOR 4

EMPRESÁRIA 5 NÃO INFORMARAM

OCUPAÇÃO 8

TOTAL 201

Fonte: A autora, a partir de tabulação de questionários.

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166

Quanto ao número de moradores por unidade residencial pesquisada que trabalham

fora de casa, temos a seguinte Tabela 6:

Tabela 6 - Número de pessoas que trabalham fora por unidade pesquisada

Nº dos que trabalham

fora

Número de

apartamentos

Percentual (%)

0 11 5,47

1 60 29,85

2 122 60,70

3 8 3,98

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Para direcionarmos os resultados da pesquisa aos aspectos do espaço da cozinha

propriamente, foi importante investigar a relação entre seu uso (entendendo isso

como pautado pelo número e pelo tipo de refeições realizadas em casa e fora de

casa), a rotina e a frequência de uso da cozinha. Assim, observou-se que 60,70%,

correspondentes a 122 das unidades pesquisadas, apresentam moradores que

realizam pelo menos uma (1) refeição fora de casa, como o almoço, contabilizando

81,59% dessas refeições. Ver Tabela 7:

Tabela 7 - Refeições realizadas fora de casa

Café fora Almoço fora Jantar fora

N° % Nº % Nº %

Não 170 84,58 37 18,41 175 87,06

Sim 31 15,42 164 81,59 26 12,94

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Quanto às refeições realizadas em casa, as três modalidades de refeições rotineiras,

café da manhã, almoço e jantar, são preparadas nas unidades pesquisadas, sendo

que um percentual de 62,19% das unidades preparam as três modalidades de

refeições, 21,89% preparam duas modalidades de refeições e 14,93% apenas uma

modalidade. Ver Tabela 8.

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167

Tabela 8 - Número de refeições feitas em casa por apartamento

Café em casa Almoço em casa Jantar em casa

N° % Nº % Nº %

Não 26 12,94 60 29,85 24 11,94

Sim 175 87,06 141 70,15 177 88,06

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Sobre o questionamento sobre quem mais utiliza o espaço da cozinha para o

preparo dos alimentos, as mulheres obtiveram um percentual de 82,09%, um

número expressivo entre as 165 unidades que responderam a essa questão, das

201 pesquisadas no total. Quando a resposta obtida assinalava a opção “outros”,

foram mencionadas em maior número e em ordem decrescente, a avó, a moradora e

a empregada. Quanto à responsabilidade de manutenção da cozinha, 81,59% ou

164 respostas recaem sobre a figura da mulher; apenas 7,96% ou 16 respostas

recaem sobre o marido, e 5,47% ou 11 respostas sobre a empregada.

Em relação ao hábito de cozinhar, 135 respostas ou 67,16% afirmam que na

moradia alguém gosta de cozinhar e a frequência com que se recebem amigos para

refeições conjuntas é “raramente”, com 98 respostas (ou 48,76%) de “às vezes”,

com 84 respostas (ou 41,79%) o que dimensiona que receber amigos não é um

hábito rotineiro.

3.3.2 Resultados sobre tipos de cozinhas

Em relação aos tipos de cozinhas existentes nos apartamentos pesquisados, a

cozinha fechada, de tipo corredor, está presente em 146 apartamentos, ou 72,64%

das unidades pesquisadas, e as cozinhas integradas estão em 55 unidades, ou em

27,36% dos apartamentos.

Proporcionalmente, os apartamentos da região sul da cidade de São Paulo que

foram pesquisados possuem mais cozinhas integradas, e as cozinhas fechadas

ocorrem em maior número na zona norte. Ver Tabela 9.

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168

O sistema de exaustão mais utilizado é o de depurador, existente em 130 unidades,

ou 64,68% delas.

As coifas existem em apenas 42 unidades, ou em 20,90% delas, e no restante, de

29 unidades ou 14,43%, não há sistemas de exaustão mecânica.

Tabela 9 – Tipo de cozinha por zona de São Paulo

Tipo

cozinha centro leste norte oeste sul Todos

Integrada 4 7 13 10 21 55

Fechada 23 16 54 38 15 146

Todos 27 23 67 48 36 201

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Quando confrontados os dados de tipos de cozinhas e o tipo de exaustão utilizado,

as cozinhas integradas utilizam em sua maioria a coifa: 25 das coifas utilizadas

estão em cozinhas integradas.

3.3.3 Descrição e análise de resultados − Cozinhas integradas

Na análise de variáveis sobre as escolhas da tipologia, encontram-se as seguintes

informações relativas aos motivos de escolha da cozinha integrada:

A opção pela tipologia por gostar de conversar com a família enquanto prepara os

alimentos obteve 85,5% das respostas, enquanto o motivo de ampliar o espaço da

moradia obteve 83,6% das respostas.

Em relação a deixar os eletrodomésticos à mostra obteve 43,6% das repostas, e a

opção deixar o espaço com aspecto mais moderno obteve 56,4% das respostas. Ver

Gráfico 1.

Page 171: ão Paulo de 2000 a 2015. Espaços mínimos e integrados.tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3256/5/Sandra Regina... · Figura 37 - Lava-louças Brastemp de embutir _____69 Figura

169

Gráfico 1 - Motivos de escolha da tipologia da cozinha integrada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Em relação às desvantagens de uso da cozinha integrada, o questionamento sobre

ruídos incômodos que se espalham para o restante da casa obteve 67,3% das

respostas positivas para este item, e houve 87,3% de respostas positivas para o item

há dispersão de odores para o restante da casa.

Sobre os itens acidentes domésticos no espaço reduzido e privacidade as respostas

foram 98% e 100% de negatividade, respectivamente, indicando que não há

incidências de acidentes. Do mesmo modo, os usuários desse tipo de cozinha se

sentem devassados, sem qualquer tipo de privacidade. Ver Gráfico 2.

Quanto às vantagens de uso da cozinha integrada, em relação à integração familiar

enquanto se prepara os alimentos, a questão recebeu 98,2% das respostas

positivas, e sobre o questionamento relativo à disposição dos equipamentos e

utensílios de forma prática e funcional, 65,5% das respostas foram positivas. Mas

em relação à facilidade de manutenção, apenas 34,5% assinalam esse item

positivamente. Ver Gráfico 3.

conversa ampliar

eletrod. moderno

não

sim

Categoria

85,5%

14,5%

83,6%

16,4%

43,6%

56,4% 56,4%

43,6%

Motivo de opção pela cozinha integrada

Page 172: ão Paulo de 2000 a 2015. Espaços mínimos e integrados.tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3256/5/Sandra Regina... · Figura 37 - Lava-louças Brastemp de embutir _____69 Figura

170

Gráfico 2 - Desvantagens de uso da cozinha integrada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Gráfico 3 - Vantagens de uso cozinha integrada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

ruídos odores

acidentes privacidade

não

sim

Categoria

67,3%

32,7%

87,3%

12,7%

1,8%

98,2% 100,0%

Desvantagem de uso da cozinha integrada

integração familiar disposição equip.

facilidade manutençao

não

sim

Categoria

98,2%

1,8%

65,5%

34,5%

34,5%

65,5%

Vantagem de uso da cozinha integrada

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171

3.3.4 Descrição e análise de resultados − Cozinhas fechadas

Nas respostas obtidas em relação à opção de escolha pelo modelo de cozinha

fechada, os questionamentos em relação à facilidade de manutenção e não tive

opção quando da aquisição do apartamento receberam respostas positivas muito

próximas, sendo 46,9% e 46,6%, respectivamente.

Nos questionamentos em relação à escolha por não gostar de mostrar a cozinha e

pelo fato desta proporcionar mais privacidade frente às rotinas diárias, as respostas

positivas foram muito parecidas e muito menores, 19,2% e 22,9% , respectivamente.

Ver Gráfico 4.

Gráfico 4 - Motivo de opção pela cozinha fechada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Quanto às desvantagens de uso da cozinha fechada, foram obtidas respostas em

relação à dispersão de odores mesmo em cozinhas fechadas com 43,2% de

respostas positivas, e integração familiar interrompida, com 45,9%, enquanto o relato

de acidentes domésticos é muito pequeno, com apenas 4,1%, e a presença de

poucos armários tem 24,1%. Ver gráfico 5

facil manutenção não mostrar cozinha

mais privacidade não tive opção

não

sim

Categoria

46,9%

53,1%

19,2%

80,8%

22,9%

77,1%

46,6%

53,4%

Motivo de opção pela cozinha fechada

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172

Gráfico 5 - Desvantagens de uso da cozinha fechada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

No restante, de 8 respostas, quanto a outras desvantagens da cozinha fechada,

foram identificadas as seguintes respostas:

Tabela 10 - Outros aspectos quanto a desvantagens de uso da cozinha integrada

Pequena: não tem espaço para mesa e cadeiras, sequer para utensílios 1

Difícil circulação para mais de uma pessoa 1

Não há desvantagens 2

Não vejo desvantagem 3

Pouca iluminação natural 1

Total 8

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

odores acidentes

integração familiar poucos armários

não

sim

Categoria

43,2%

56,8%

4,1%

95,9%

45,9%

54,1%

24,1%

75,9%

Desvantajem de uso da cozinha fechada

Page 175: ão Paulo de 2000 a 2015. Espaços mínimos e integrados.tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3256/5/Sandra Regina... · Figura 37 - Lava-louças Brastemp de embutir _____69 Figura

173

Quanto às vantagens de uso, as respostas positivas obtidas sobre o questionamento

organização do espaço, 65,1% das respostas foram positivas, sendo que sobre a

disposição prática e funcional dos equipamentos, foram 51,5% de respostas

positivas.

As questões sobre não ter de se preocupar com odores e ruídos obtiveram

respostas positivas de 32,2% e 24,7%. Ver gráfico 6.

Pode-se dizer que é possível que estes dois últimos itens não indicam

necessariamente uma vantagem significativa, relativamente a outras vantagens

sinalizadas, para se ter uma cozinha fechada.

Gráfico 6 - Vantagens de uso da cozinha fechada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

organização dispoição equip.

sem odores sem ruidos

não

sim

Categoria

65,1%

34,9%

51,4%48,6%

32,2%

67,8%

24,7%

75,3%

Vantagem de uso da cozinha fechada

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174

Para o questionamento sobre quais seriam outras vantagens da cozinha fechada,

houve mais quatro tipos de respostas:

Tabela 11 - Outras vantagens da cozinha fechada

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

3.4 Análises de respostas quanto ao modo de preparo de alimentos na

cozinha

Independentemente do tipo de cozinha e a relação dos diversos modos de

preparação dos alimentos, observou-se que, quanto ao preparo convencional de

frituras e cozimento, foram obtidas 142 respostas positivas e para o uso de

fritadeiras elétricas ou outro equipamento como forno micro-ondas e elétricos, 163

respostas foram positivas, sendo que 121 dos participantes assinalaram as duas

respostas conjuntamente.

A pergunta você modificou sua forma habitual de preparar os alimentos porque a

cozinha é integrada obteve apenas 20 respostas positivas e na questão sobre

consumo de alimentos pré-prontos, congelados ou industrializados seguiram-se

apenas 17 respostas positivas.

3.5 Satisfação de uso e organização de mobiliário na cozinha

Quanto à satisfação de uso do espaço da cozinha, 34,20% ou 33 dos participantes

que possuem cozinha integrada estão satisfeitos com suas cozinhas e 90,79% ou 92

participantes que possuem cozinhas fechadas estão satisfeitos com sua cozinha.

Em relação ao mobiliário de suas cozinhas, 42,41% ou 41 dos participantes que

possuem cozinha integrada estão satisfeitos com os móveis que possuem no arranjo

Não há vantagens se comparada a cozinha fechada à integrada 2

Não há vantagem 1

O restante da casa não fica sujo porque não é contaminado pela gordura da cozinha

1

Total 4

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175

espacial de sua cozinha, enquanto 12,59% ou 14 participantes com esta cozinha

estão insatisfeitos ou indiferentes em relação ao mobiliário que possuem.

Quanto aos proprietários das cozinhas fechadas, 6659% ou 114 estão satisfeitos ou

totalmente satisfeitos com seu arranjo espacial da cozinha e os outros 33,41% ou 32

participantes estão insatisfeitos ou indiferentes quanto ao mobiliário que possuem.

3.6 Observações sobre respostas dos participantes profissionais da área

Quanto aos profissionais da área de arquitetura, design e desenho industrial que

participaram da pesquisa, através de uma tabulação específica, observou-se que

suas opiniões em relação a haver facilidade de manutenção nas cozinhas fechadas

foram positivas, enquanto as questões sobre ter mais privacidade ou melhor

organização do espaço não obtiveram nenhuma consideração em nenhum tipo de

cozinha.

Proporcionalmente esses profissionais apontam ter cozinha fechada porque não

tiveram opção de escolha na tipologia, mas relatam maior vantagem da cozinha

fechada por não precisarem se preocupar em manter a organização o tempo todo e

que todos os utensílios são dispostos de forma prática e funcional.

Também se manifestaram positivamente em relação ao fato de ser uma vantagem

da cozinha fechada não haver preocupação com ruídos espalhados pela casa, mas

não há considerações positivas em relação a odores espalhados pela casa neste

tipo de cozinha.

Os que possuem cozinha fechada preparam mais frituras e cozimentos de modo

convencional e não há variável positiva em relação ao maior uso de equipamentos

como fritadeiras ou fornos de micro-ondas e elétricos ou consumo de alimentos pré-

prontos.

Há total satisfação com o espaço e mobiliário de suas cozinhas.

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176

3.7 Comparação de vantagens e desvantagens de uso para todos os

participantes nos dois tipos de cozinha

Ruídos provenientes das cozinhas

As diferenças entre desvantagem e vantagem entre uma cozinha ou outra cozinha

quanto à dispersão de ruídos espalhados pela casa é proporcionalmente igual (IC de

95% para diferença), ou seja, as duas cozinhas espalham ruídos pela casa ao serem

utilizadas. Ver Tabela 12:

Tabela 12 - Tabela de proporção quanto a ruídos espalhados pela casa em relação ao uso da cozinha integrada ou fechada

Tipo de

cozinha Não Sim

Total de

participantes

Percentual por tipo

cozinha

Integrada 18 37 55 6,72%

Fechada 36 110 146 7,53%

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Dispersão de odores durante o uso da cozinha

Proporcionalmente quem tem cozinha integrada aponta maior dispersão de odores

para o restante da casa como desvantagem, 87,27%, contra 43,15% entre os que

possuem cozinha fechada. Ver Tabela 13.

.

Tabela 13 - Tabela de proporção quanto a odores espalhados pela casa no uso de cozinha integrada ou fechada

Tipo de

cozinha

Não

dispersão

Dispersão Total de

participantes

Percentual por tipo

cozinha

Integrada 7 48 55 87,27 %

Fechada 83 63 146 43,15 %

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

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177

Acidentes domésticos nos tipos de cozinhas

Proporcionalmente não há diferença entre riscos maiores de acidentes em uma ou

outra cozinha. Ver Tabela 14:

Tabela 14 - Tabela de proporção de acidentes domésticos no uso de cozinha integrada ou fechada

Tipo de

cozinha

Não

acidentes

Acidentes Total de

participantes

Percentual por tipo

cozinha

não sim

Integrada 54 1 55 98,2% 1,8%

Fechada 140 6 146 95,9% 4,1 %

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

Integração familiar no uso das cozinhas

A porcentagem de 45,89% de moradores com cozinha fechada veem como

desvantagem dessa cozinha a integração familiar interrompida, contra 1,82% de

moradores com cozinha integrada.

Ou seja, 98,18% de moradores com cozinha integrada veem a integração familiar

como dado positivo no uso dessa cozinha. Ver Tabela 15.

Tabela 15 - Tabela de proporção em relação à integração familiar no uso de cozinha integrada ou fechada

Tipo de

cozinha Integra

Não

integra

Total de

participantes

Percentual por tipo

cozinha

Sim Não

Integrada 54 1 55 98,18% 1,82%

Fechada 79 67 146 54,11% 45,89%

Fonte: A autora, através de tabulação de questionários.

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178

3.8 Comentários gerais sobre os resultados da tabulação de questionários

A realização da tabulação dos questionários revela dados significativos em relação

aos hábitos dos moradores em seus apartamentos quanto ao uso do espaço de

suas cozinhas.

Observou-se que a maioria dos respondentes dos questionários é do sexo feminino

e a maioria de moradores por apartamento está entre dois e quatro moradores,

confirmando o tamanho familiar reduzido deste século.

Há que se notar a maioria de profissões liberais na listagem das profissões dos

respondentes, caracterizando uma possível flexibilidade de horários no uso rotineiro

da casa, o que envolve, por exemplo, o número de refeições que são preparadas em

casa ou feitas fora de casa.

O almoço é a refeição que mais é feita fora de casa, com 164 respostas positivas,

enquanto a maior quantidade de refeições feitas em casa se refere ao jantar, com

177 respostas positivas no total de 201 dados.

Ressalta-se que as três principais refeições, café, almoço e jantar, são preparadas

diariamente em 62% dos apartamentos pesquisados.

Não há como afirmar se as pessoas que trabalham em casa, 24,50% dos

respondentes, preparam suas refeições em casa, mas é possível afirmar que na

maioria dos apartamentos pesquisados a mulher é a grande responsável pela

utilização do espaço da cozinha e também por sua organização, e apenas 5,4% das

respostas recai sobre a figura da empregada doméstica, confirmando pesquisa do e-

pesquisa Nomads - USP (2004), que afirma que na maioria das habitações cozinhar

é uma atividade diária, realizada por uma pessoa do grupo familiar ou por uma

empregada.

Sobre gostar de cozinhar, 67,16% dos respondentes afirmam que alguém em sua

casa gosta de cozinhar, o que não implica que cozinhem necessariamente, e o

hábito de receber amigos está ficando cada vez mais raro entre esses moradores.

A cozinha fechada tipo corredor é a tipologia presente na maioria dos apartamentos

pesquisados, estabelecendo pouca preferência nas cozinhas integradas.

Proporcionalmente, os apartamentos da região sul que foram pesquisados possuem

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179

mais cozinhas integradas, e as cozinhas fechadas ocorrem em maior número na

zona norte. É possível dizer que esta proporção se deva à razão de que o edifício

pesquisado na zona sul sofreu reforma nos anos 2010 para adequar-se

estruturalmente às necessidades de seus moradores, enquanto o edifício da zona

norte, datado do início de 2000, ainda preserva a estrutura original de sua

implantação.

Ressalta-se também que o sistema de exaustão mais utilizado em qualquer tipo de

cozinha é o depurador, e o sistema de coifas ocorre em apenas 42 das unidades

pesquisadas, sendo que 25 delas são cozinhas integradas. Surpreende a

quantidade de unidades sem nenhum sistema de exaustão, o que talvez justifique a

grande quantidade de respostas sobre a desvantagem de uso das cozinhas em

relação a odores dispersos pelo apartamento, tanto nas cozinhas fechadas como

integradas.

Sobre a opção de escolha pelo tipo de cozinha integrada, quando ela existe, as

relações de ampliação de espaço e integração familiar são os motivos mais

recorrentes, enquanto as desvantagens de uso desse tipo de cozinha são os ruídos

e os odores que se espalham pela casa enquanto ela está sendo usada. Nas

cozinhas fechadas, a facilidade de manutenção do espaço é o item mais

mencionado sobre opção de escolha, mas também quase metade das respostas

mostra que não houve escolha sobre o tipo de cozinha existente na compra do

imóvel.

A vantagem de uso da cozinha fechada está mais relacionada ao fato de os usuários

não precisarem se preocupar com sua organização o tempo todo e a disposição

espacial de todos os equipamentos, mas é ressaltado que, mesmo fechada, ela

possui a desvantagem de dispersar odores e ruídos pela casa durante seu uso.

Pode-se dizer que, independentemente do tipo de cozinha, em relação aos diversos

modos de preparação dos alimentos é citado que, quanto ao preparo convencional

de frituras e cozimento, 142 respostas foram positivas, e para o uso de fritadeiras

elétricas ou outro equipamento como forno micro-ondas e elétricos, 163 respostas

foram positivas, sendo que 121 dos participantes totais assinalaram as duas

respostas conjuntamente.

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180

É possível afirmar que o grau de insatisfação em relação ao uso e à organização

espacial das cozinhas é pequeno dentro do grupo pesquisado, mas é importante

mencionar alguns comentários de alguns participantes sobre o arranjo espacial de

sua cozinha, como:

“Necessito de mais armários”;

“Gostaria de adquirir armários de maior profundidade e bancada maior”;

“Falta espaço para guardar coisa e não posso receber ajuda quando cozinho

por falta de espaço”;

“Acho que é pequena mas funcional e se tivesse uma janela maior seria bom”;

“Gosto dos móveis e utensílios de minha cozinha. Se fosse maior poderia

comprar outros que tenho vontade de ter”;

“Fácil de limpar pois é pequena”;

“Supre as necessidades de forma simples e prática”;

“Talvez outro tipo de armário”;

“O fato de não ser planejada, não houve aproveitamento do espaço”;

“Pouco espaço na cozinha”;

“Os móveis não são adequados quanto à sua posição na cozinha”;

“Para o uso atual atende”;

“Cozinha arejada e organizada”;

“Cozinha atende bem a família”;

“Planejo reestruturar a cozinha com novos eletrodomésticos”;

“Poderia diminuir um pouco a bancada e armários para maior espaço de

movimentação”;

“Tenho geladeira duplex mas gostaria de um freezer para armazenar

congelados e preparados por mim”;

“Apesar de ser fechada, nossa cozinha atende muito bem nossas

necessidades e faz com que sejamos mais práticos e não acumulemos muitos

utensílios”;

“Todos meus eletrodomésticos me atendem perfeitamente”;

“Pelo fato de ser espaço reduzido não tive opções e preencho os espaços

conforme a disposição do local”;

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181

“Layout ruim e qualidade ruim dos armários”;

“Falta espaço para guardar coisas e não pode receber ajuda quando se

cozinha por falta de espaço na bancada”;

“O espaço é pequeno, mas aproveitado de forma a otimizar a sua utilização”;

“Adquirimos há pouco tempo o imóvel e precisamos otimizar os espaços com

móveis planejados”;

“A minha pia é pequena e não tenho bancada, o que dificulta muito na

preparação das refeições”;

“Satisfeita pela disposição do mobiliário mas perde quando há mais de uma

pessoa na cozinha, mais de duas é impraticável”;

“Tenho armários necessários e eletros também, todos dispostos de maneira

prática, funcional e organizada”;

“A única desvantagem é ser demasiada pequena”;

“Necessito de mais armários para meus utensílios”;

“Precisei de um armário na sala de jantar como complemento”;

“É uma cozinha prática e funcional para o dia a dia”;

“Tenho armários feitos sob medida e eletros funcionais”;

“Preciso de mais armários para me atender”;

“Gostaria de ter uma cozinha de ilha porque acho linda e porque acho que

uniria a família no momento do preparo da comida”;

“Foi uma cozinha planejada com arquiteto e atende as minhas necessidades”;

“A cozinha foi planejada por nós e é bastante funcional. Poderia ter uma

bancada maior”;

“Necessito de mais armários na cozinha”;

“Falta espaço para mesa e cadeiras”;

“Acho pequena, poucos armários”;

“Acho pequena e apertada, guardo muita coisa no armário da lavanderia”;

“Gostaria de mais armários inteligentes”;

“A cozinha atende por sermos apenas duas pessoas, mas precisamos de um

armário na sala para ajudar nas louças”;

“Minha cozinha é planejada e funcional”;

“Há espaço para as pessoas participarem da criação de pratos, gosto de

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182

cozinhar. É suficiente para toda a família”;

“Gosto da minha cozinha planejada”;

“Minha cozinha atende minha família em todos os detalhes e todos os

armários são suficientes”;

“É mais importante um espaço eficiente do que grande. Uma cozinha muito

grande gera muita manutenção. Tenho minha cozinha como preciso, não

estoco o que não uso. Gosto de alimentos frescos”;

“Preciso de mais armários para me atender”;

“Muito pequena”;

“Cozinha suficiente para minha necessidade”;

“Totalmente satisfeita”;

“Gosto muito desta cozinha”;

“Tudo está na medida exata para meu uso”;

“Estou satisfeita com minha cozinha pois atende todas as necessidades de

minha família”.

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183

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na intenção de preencher uma lacuna bibliográfica encontrada a partir da década

de 1980, e para melhor compreensão do tema escolhido para essa pesquisa foram

construídos vários caminhos com a finalidade de problematizar e mapear como a

industrialização se apoia no discurso de venda de equipamento e como a

arquitetura mapeia e determina o uso dos espaços da cozinha de espaços mínimos

nos apartamentos urbanos.

Assim, o processo de organização e construção do diagnóstico final desta pesquisa

foi realizado a partir de pesquisas em mídias impressas (folders dos lançamentos,

oferecidos pelas construtoras) e digitais (sites das construtoras) e também através

de coleta e análise de peças gráficas em propagandas dos eletrodomésticos e de

apartamentos em reportagens de jornais e revistas de grande veiculação na cidade

de São Paulo para se discorrer a respeito das transformações do design e da

relação entre o uso dos equipamentos e os espaços integrados. Através de

entrevistas com promotores imobiliários e pesquisa com moradores em seus

domicílios foi possível obter dados para considerações sobre hábitos e costumes na

utilização do espaço da cozinha no apartamento urbano.

O diagnóstico final obtido de forma inédita e traçado por vários caminhos se inicia

considerando que, a partir de 1930, a espacialidade da cozinha nos projetos

residenciais urbanos tornou-se objeto de discussão com base nos princípios da

engenharia norte-americana quanto à racionalidade e compactação, disposição e

automação de seus equipamentos, aliados ao trabalho simplificado.

Nesse mesmo período, com o crescimento da indústria nacional, é na cozinha

paulistana que os eletrodomésticos encontram espaço para um apelo de

modernidade que invade os lares de uma emergente classe média, que começa a se

acostumar com a moradia em apartamentos no centro de São Paulo.

Até a década de 1950, as cozinhas, com seus espaços ainda configurados na zona

de serviços dos apartamentos de aluguel, ou em apartamentos de alto padrão,

possuíam espaços generosos atendendo ao limite imposto pelo código de Obras

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184

Arthur Saboya, de área mínima de 7 m2 para as moradias em apartamentos. Essas

cozinhas possuíam, além de seu espaço generoso, áreas destinadas para

armazenamento, as despensas, enquanto nos apartamentos do tipo quitinete, de

áreas reduzidas e destinados a moradores solteiros ou casais sem filhos, um

mobiliário era desenhado exclusivamente para abrigar fogão, pia e geladeira, e havia

a finalidade de manter a qualidade desses espaços, projetados para que se

adequassem aos novos modos de vida que a crescente indústria do pós-Segunda

Guerra impunha.

No período entre de 1960 a 1970, ainda instaladas na zona de serviço e afastadas

do setor social, as cozinhas dos apartamentos paulistanos já se configuram em uma

parede equipada estruturalmente para receber fogão, geladeira e bancada com pia,

mas com áreas de até 10 m² e conectadas aos dormitórios de empregadas e wc. A

indústria dos eletrodomésticos assume papel importante para a composição desses

espaços, impondo a alternativa de áreas planejadas por indústrias especializadas

que dariam os contornos de uma cozinha moderna, sofisticada e de uso moderno

dentro das tendências de praticidade e de consumo que o período trazia.

Na década de 1980 os apartamentos de alto padrão desenham a cozinha com copa

integrada e salas de jantar com espaços generosos, mas os apartamentos de

padrão médio já começam a reduzir suas áreas e as copas-cozinhas assumem o

espaço das refeições, deixando sem definição o espaço da sala de jantar ou estar e

propondo apenas uma grande sala para dois ambientes.

Na segunda metade dos anos 1990, a estabilização econômica promove um cenário

de maior comercialização do apartamento e esta modalidade de habitação tem suas

áreas diminuídas por questões de mercado, demanda e espaço para suas

implantações na cidade de São Paulo. A partir da implementação da Lei

complementar nº 42, de setembro de 1992, do Código de Obras de 1992 e pelas

Normas de Desempenho da ABNT - NBR 15575, que tratam das dimensões

mínimas de mobiliário e estabelecem áreas mínimas para os espaços domésticos, é

visível a redução das áreas das cozinhas. Elas não comportam mais o espaço para

a copa e voltam a ser o corredor antes projetado nos anos 1960, mas sem a grande

área de serviço, o wc e o dormitório de empregada.

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No início do século XXI, a produção de áreas reduzidas dos apartamentos, dentro do

cumprimento da legislação, estabelece necessidades de transformações de

consumo desse espaço nos apartamentos. A zona de serviços dos apartamentos é a

primeira a sofrer com a compactação, e as cozinhas, com áreas mínimas de 4 m2,

são apresentadas em formato linear, fechadas ou abertas, integradas ao espaço

social da sala de estar, dispensando paredes e deixando à vista eletrodomésticos,

louças e eletroportáteis como apelo da modernidade que o design arrojado desses

produtos evidencia.

Embasados pelo Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo e pela

Norma de Desempenho ABNT - NBR 15575, as cozinhas são produzidas como

espaços sem qualidade, seguindo as medidas mínimas da legislação, com modelos

repetitivos e sem a funcionalidade na produção da tarefa a que se destinam,

diferentemente do que registramos no início do século XX, onde eram previstos

espaços para armazenamento, como as despensas, além da área mínima do espaço

exigido para a cozinha.

Nos detalhes das cozinhas, dentro da análise das plantas do período de 2000 a

2015, é possível perceber a obediência da legislação pelo mínimo exigido, mas fica

claro que a utilização dessas cozinhas exige uma reforma considerável quando de

sua aquisição, pois na maioria possuem uma bancada de 1,20 m e só é possível a

instalação de um fogão de 0,55 m de largura e uma geladeira de 0,70 m ou 0,90 m

de largura, e não há espaços para armários além dos armários embaixo da bancada

de pia.

Ao abrigar a quantidade de mobiliário mínimo exigido pela legislação, os espaços

das cozinhas se restringem a uma única parede que comporta o trio de

equipamentos fundamentais: fogão, geladeira e bancada com pia. Não há espaço

para bancadas ou mesa para refeições pois elas são opcionais dentro da Norma de

Desempenho da ABNT.

A opção pela cozinha integrada em alguns projetos abordados parece ser resultado

de projetos sem qualidade ou singularidade em seu estudo, que se apresentam

apenas como uma repetição de plantas ao longo do período estudado, pois fica

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demonstrado que, com a largura de 1,50 m (mínimo exigido pela legislação), não é

possível projetar uma cozinha fechada. Assim, a situação parece forçá-la a ser

aberta, porque de outro modo não é possível a abertura de portas, sequer da própria

cozinha e da geladeira, ao mesmo tempo. A circulação fica prejudicada quando

instalados todos os equipamentos, sendo então possível apenas um armário com

duas portas embaixo da pia, duas portas acima e a coifa ou depurador, acoplada ao

armário superior.

A redução das áreas dos apartamentos, e em especial na zona de serviços, hoje é

um problema que parece ser deixado às empresas de cozinhas planejadas ou ao

trabalho de arquitetos de interiores, que se valem dessa condição arquitetônica para

produzirem projetos equiparáveis a um quebra-cabeças, aproveitando cada

centímetro de área disponível para solucionar esse desafio. Nos questionários

aplicados, por exemplo, dos 56 comentários sobre a insatisfação com suas cozinhas,

22 deles falam da falta de armários, justificando a necessidade desse item para

guardar utensílios. A antiga despensa projetada nos primeiros apartamentos na

cidade de São Paulo, mencionados no capítulo II desta dissertação, solucionava a

necessidade de se guardar todos os utensílios necessários ao uso da cozinha e

também de guardar os mantimentos.

Em relação ao tamanho da cozinha, ser pequena é uma questão de praticidade de

uso, de sua manutenção e organização diária. Ressalta-se que a maioria dos

respondentes trabalham fora, sugerindo que a falta de tempo para a preparação dos

alimentos também solicita elementos que facilitem o dia a dia, como eletroportáteis

que substituem antigos manejos dos alimentos. O cotidiano favorece o uso de uma

gama imensa de eletroportáteis e eletrodomésticos que proporcionam conforto em

seu uso e liberdade de tempo para atividades de lazer e descanso aos usuários.

As cozinhas de tipologia integrada inspiram as ideias de ampliação de espaço e

integração familiar reveladas na opção de escolha por essa tipologia, mas também

apresentam muitas desvantagens, como ruídos e odores que se espalham pela casa

enquanto está sendo usada. Porém, o atributo de cozinha moderna é bastante

citado pelos optantes da cozinha integrada, evidenciando que o apelo de

modernização utilizado pela indústria para a compra de novos equipamentos é muito

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forte, suplantando as desvantagens por ela oferecidas. Já nas cozinhas fechadas, a

facilidade de manutenção desse espaço é o item mais mencionado sobre opção de

escolha, no entanto essa tipologia também apresenta a desvantagem de espalhar os

odores pela casa quando de seu uso, deixando clara a ineficiência do sistema de

exaustão utilizado nos apartamentos. Dentre as respostas obtidas sobre a exaustão,

dos 201 questionários respondidos, em 130 unidades são utilizados os depuradores,

em 42 unidades são utilizadas coifas e em 29 unidades não se usa nenhum tipo de

exaustão.

Pode-se dizer que, em relação a hábitos e costumes, no uso da cozinha o preparo

de alimentos ainda segue os modos mais tradicionais de frituras e velhos

cozimentos, mas não se pode negar que os eletrodomésticos e toda a sua

tecnologia estão sendo apropriados pelo usuário e transformando o ato de cozinhar,

que continua a fazer parte do nosso cotidiano. Quando se pergunta se os usuários

das cozinhas de espaços mínimos ou integrados preparam frituras e cozimentos de

modo convencional, a resposta é sim, mas também é confirmado que se usam

eletrodomésticos para essa função e não a tradicional frigideira e o óleo no modo de

manipulação dos alimentos. O número significativo de respostas afirmativas quanto

ao uso de equipamentos, como fornos micro-ondas e fritadeiras, no uso diário da

cozinha nos dá essa dimensão de transformação de costumes.

Quanto às facilidades funcionais e equipamentos presentes nos projetos dos

apartamentos residenciais, como a água quente na pia, pontos de instalação elétrica

e ponto de exaustão para coifas, verificou-se que se apresentam em número

insuficiente e evidenciam a desatualização do projeto dos apartamentos, em

especial para as plantas com opções de cozinhas integradas. Na maioria dos casos,

apenas um ponto de energia de 220 volts é fornecido, o que gera a necessidade de

readequação das instalações e onera os proprietários, pois os fogões de embutir ou

cooktops e a maior parte dos fornos elétricos, de embutir ou em coluna, possuem

alimentação elétrica de 220 volts. Na cozinha fechada ou na integrada, a partir da

análise dos detalhes das plantas realizada para os casos do período estudado, não

há espaço para lava-louças de tamanho convencional, pressupondo-se que o

usuário tenha que se servir dos modelos de tamanhos reduzidos oferecidos pela

indústria dos eletrodomésticos.

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O usuário precisa fazer uma reforma para adequar a arquitetura a todo tipo de

eletrodoméstico necessário para a cozinha se tornar funcional e atender ao apelo de

contemporaneidade, automação e dinamismo que essa indústria dispõe no mercado

para a sua família. Porém, mesmo assim essa reforma fica contida em uma

possibilidade muito aquém da ideal, como no exemplo citado nesta dissertação,

apresentado no Fórum de Cozinhas.

O Espaço exíguo das cozinhas dos apartamentos apresentados nesta pesquisa está

abaixo do razoável e a inadequação de seu uso, aqui assumida pelos arquitetos

entrevistados deixa claro que este espaço não consegue expressar os hábitos

culturais de cozinhar brasileiro. Pode-se questionar como se dá o manuseio e

preparo de alimentos em uma cozinha exígua onde, em sua maioria, são mantidas

e operacionalizadas pelas mulheres em um espaço exíguo e cercadas de

equipamentos sem importância e não necessários.

Nas cozinhas de espaços mínimos ou integrados deste início de século, a

associação com a dependência da produção da indústria dos eletrodomésticos nos

coloca quase que a obrigatoriedade de uso desses produtos, sem análise de espaço

da arquitetura que consumimos e sem a apreciação das necessidades mínimas do

usuário na rotina diária dos usos domésticos. Encontram-se propostas de partidos

arquitetônicos semelhantes em seu desenho compartimentado e com funcionalidade

estanque, consequência de uma priorização de demandas mercadológicas, onde o

usuário final tem de se adequar ao oferecido, sendo parte não consultada, quando o

contrário deveria acontecer. A insatisfação quanto ao espaço pequeno é

apresentada nos resultados finais da análise de respostas e surge quase como uma

resignação ao que é apresentado na aquisição do imóvel, como se fosse o

suficiente. O usuário, assim, é obrigado a se adaptar ao que lhe foi imposto, já que a

indústria dos móveis planejados é que recebe a menção quanto a ser a

solucionadora desse problema que, em nenhum momento, foi atribuído à indústria

imobiliária.

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Revistas

Revista Casa e Jardim, edições de dezembro de 1989, dez. de 1997 e abril de 1997. Revista Projeto nº 31/ julho de 1981 - arqtº Luiz Carlos Dahier Revista Veja São Paulo, Acervo digital Acervo digital Revista Acrópole: EDIFÍCIO Lívia Maria, Acrópole, São Paulo, n.1, p. 52, mai. 1938. EDIFICIO Santa Amália. Acrópole, São Paulo, n. 64, p. 94, ago. 1943. EDIFÍCIO Icaraí. Acrópole, São Paulo, n. 210, abr. 1956. EDIFÍCIO João Alfredo, Acrópole, São Paulo, p. 173 e 174, set. 1942. Jornais Acervo digital, jornal O Estado de S. Paulo; Acervo digital jornal Folha de S. Paulo Sites www.nomads.usp.br www.vitruvius.com.br www.123i.com.br www.revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Galeria-de-fotos/fotos/ (Acessado em: 26/03/2016) www.kitchenaid.com.br/produto/stand-mixer-metalizada/ (Acessado em: 26/03/2016) www.whirpool.com.br/casesdeinovacao/ (Acessado em: 28/03/2016) www.sinduscon.com.br www.secovi.com.br www.embraesp.com.br www.cyrela.com.br www.gafisa.com.br www.even.som.br www.rossi.com.br Anuários/Anais Embraesp - Relatórios anuais Secovi - Relatórios anuais de 2000 a 2015

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ANEXOS

ANEXO 1 - Pesquisa do mercado imobiliário sobre a comercialização de imóveis na cidade de São Paulo em novembro de 2015. Fonte: Embraesp/ elaboração GeoSecovi /www.secovi.com.br/ Acessado em: 03/03/2016

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ANEXO 2 - Venda de imóveis novos entre nov/ de 2014 e nov/ de 2015 na cidade de São Paulo, segmentado por quantidade de dormitórios. Fonte: Embraesp/elaboração GeoSecovi /www.secovi.com.br/ Acessado em: 03/03/2016

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ANEXO 3 – Questionário elaborado para aplicação domiciliar a moradores de

apartamentos de dois e três dormitórios na cidade de São Paulo

Pesquisa sobre uso de Cozinha Integrada ou Cozinhas com Espaços

Reduzidos em Apartamentos

ENDEREÇO

Escolaridade: ( ) 1° grau ( ) 2º Grau ( ) 3º Grau( ) Pós graduação

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

Ocupação:

Número de moradores : ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) acima de 5

Nº de dormitórios do apartamento : ( ) 1 ( ) 2 ( )3 ( ) 4 ( ) acima de 4

HÁBITOS DOS MORADORES

1 - Há moradores que não trabalham ou não estudam? ( ) não ( ) sim

2 - Há moradores que realizam HomeOffice em sua casa, alguma vez por semana?

( ) não ( ) sim

3 –Quantos moradores trabalham fora de casa?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) acima de 5

4 - Qual refeição é feita fora de casa, diariamente, por algum morador?(assinale uma ou

mais respostas)

( ) café da manhã ( ) almoço ( ) jantar ( ) nenhuma

5 - Quais refeições são preparadas em sua casa diariamente?(assinale uma ou mais

respostas)

( ) Café da manhã ( ) almoço ( ) jantar ( ) nenhuma

6 – Quem cozinha com maior frequência em sua casa?

( ) marido ( ) mulher ( ) filho/s ( ) empregada ( ) outro: __________________

7- Tem empregada:

( ) Não ( ) 1 a 2 vezes por semana ( ) 3 a 4 vezes por semana ( ) 5 a 7 vezes por semana

8 – O responsável pela organização e manutenção da cozinha de sua casa é:

( ) marido ( ) mulher ( ) filho/s ( ) empregada ( ) outro: ______

9– Com que frequência recebe se amigos em casa para as refeições?

( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre

10 - Há algum morador em sua casa que gosta de cozinhar?

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( ) não ( ) sim

OBRE SUA COZINHA

1 - Que Tipo de Cozinha você possui:

A ( ) Integrada com a Sala ( Tipo Americana - Aberta )

B ( ) Fechada, Tipo corredor com bancada de pia, fogão, geladeira

C ( ) Outros – comente:_________________________________________________

2-Em sua cozinha você tem instalado:

( ) coifa( ) depurador com filtro ( ) nenhum dos dois

3-Se possui COZINHA INTEGRADA, a opção por este modelo foi por... (assinale uma ou mais

respostas)

A ( ) Por gostar de conversar com a família enquanto prepara os alimentos

B ( ) Para ampliar o espaço de sua casa

C ( ) Para deixar a mostra seus eletrodomésticos e utensílios

D( ) Para deixar o ambiente mais moderno

E ( ) Outros – mencione:

4 - Quanto a desvantagens de uso, você pode mencionar que em sua COZINHA INTEGRADA:

(assinale uma ou mais respostas)

A( ) Os ruídos incômodos se espalham para o restante da casa;

B( ) Há dispersão de odores para o restante da casa;

C( ) Há mais acidentes domésticos, devido ao espaço muito reduzido;

D( ) Há menor privacidade da família, pois há em determinados horários empregados

trabalhando na cozinha

E ( ) Outra desvantagem. - mencione: _______________________________________

5– Quanto a vantagens de uso, você pode mencionar que em sua COZINHA INTEGRADA:

(assinale uma ou mais respostas)

6 – Se possui COZINHA FECHADA, optou por este modelo por: (assinale uma ou mais

respostas)

A( ) Há facilidade de manutenção

B( ) Não gosto de deixar a mostra minha cozinha;

C( ) Há mais privacidade , em relação a organização diária;

D( ) Não tive opção no momento da aquisição do apartamento ( ) Outros- mencione-

____________________________________________________

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7-Quanto à desvantagens de uso, você pode mencionar que em sua COZINHA FECHADA: (

assinale uma ou mais respostas)

A ( ) Há dispersão de odores para o restante da casa, mesmo fechada;

B ( ) Há mais acidentes domésticos , devido ao espaço muito reduzido;

C ( ) A integração entre os familiares fica interrompida no momento do preparo dos

alimentos

D ( ) Há pouco espaço para armários

D ( ) Outros – mencione: ________________________________________________

8 - Quanto a vantagens de uso, você pode mencionar que em sua COZINHA FECHADA:

(assinale uma ou mais respostas)

A ( ) Não preciso me preocupar em manter a organização o tempo todo

B ( ) Todos os equipamentos e utensílios estão dispostos de forma prática e funcional;

C ( ) Não tenho de me preocupar com odores espalhados pela casa;

D ( ) Não há preocupação com ruídos espalhados pela casa

E ( ) Outros – mencione_____________________________________________________

QUANTO AO MODO DE UTILIZAÇÃO DA COZINHA (para todos os tipos de COZINHA)

9- Quanto ao modo de preparo do alimento em sua cozinha (assinale uma ou mais

respostas):

A ( ) Você prepara frituras e cozimentos de modo convencional ;

B ( ) Você utiliza fritadeira elétrica ou outros equipamentos na preparação dos alimentos

como micro ondas e fornos elétricos;

C ( ) Você modificou sua forma habitual de preparar os alimentos porque a cozinha é

integrada;

D ( ) Você passou a consumir mais alimentos congelados e ou comida pronta ou semi

pronta e mais produtos industrializados.

E ( ) Outros – mencione: __________________________________________________

10 – Sua cozinha atende suficientemente você e sua família:

( ) em nada ( )um pouco ( ) mais ou menos ( ) bem ( ) muito bem

11- Qual seu grau de satisfação quanto ao uso do mobiliário (armários e bancadas/mesa)e

eletrodomésticos de sua cozinha?

( ) totalmente insatisfeito ( ) insatisfeito ( )indiferente

( ) satisfeito ( ) totalmente satisfeito

12– Comente a resposta anterior:

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ANEXO 4 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO SUJEITO DE

PESQUISA Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “AS COZINHAS DOS APARTAMENTOS URBANOS DA CIDADE DE SÃO PAULO DE 2000 A 2015. ESPAÇOS MÍNIMOS

E INTEGRADOS”, que se propõe a avaliar a organização espacial e o uso de espaços de cozinhas. Os dados do estudo serão coletados através de preenchimento de questionário intitulado Cozinha Integrada ou Cozinhas com espaços reduzidos em apartamentos. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador Responsável e ou assistente de pesquisa devidamente cadastrado e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal não oferecem riscos aos participantes. Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo. Desde já agradecemos a sua colaboração. Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento, tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar-me da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo. Nome do Sujeito de Pesquisa: _________________________________________ Assinatura do Sujeito de Pesquisa: ________________________________________ Declaro que expliquei ao Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas. São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____. Nome do Pesquisador Responsável _______________________________________________

Assinatura: ________________________________________________

Nome do Orientador. ________________________________________________

Assinatura. ________________________________________________

Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo. (11) 2114-8452; email: [email protected]