ao ilustrÍssimo senhor pregoeiro da fundaÇÃo … - funai... · a inconstitucionalidade da lei...
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AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR PREGOEIRO DA FUNDAÇÃO NACIONAL DO
ÍNDIO
Ref.: Pregão Eletrônico Nº 01/FUNAI/2018
A PRIMESYS SOLUÇÕES EMPRESARIAIS S.A (PRIMESYS), pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 59.335.976/0001-68,
com sede na Cidade de São Paulo/SP, na Rua dos Ingleses, 600 – 5º andar, por
seu representante legal infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Senhoria, apresentar, PEDIDO DE ALTERAÇÃO DO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO, com efeito de Impugnação na hipótese de seu
indeferimento, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
Da análise do Edital em epígrafe observa-se que algumas disposições
atentam contra os princípios da Razoabilidade, Legalidade e da Competitividade,
possibilitando, desta feita, o afastamento de possíveis interessados no
procedimento licitatório acima referido e, consequentemente, impedindo que
essa FUNAI selecione e contrate a proposta mais vantajosa.
É com o objetivo de garantir a eficácia do certame, ao se observar os
princípios mencionados anteriormente, bem como o da Vinculação ao
Instrumento Convocatório, que a licitante apresenta o seguinte pedido de
alteração do Edital:
1 – DA NECESSÁRIA ALTERAÇÃO DO EDITAL
A) Com relação à exigência do Edital, cumpre-nos destacar a decisão do
Conselho Especial do TJDFT, de 27/07/2013, transcrita abaixo, que declarou
a inconstitucionalidade da Lei Distrital nº 5.014/2013, sobre excessivas
exigências em relação à qualificação econômico-financeira, que acabariam
inviabilizando a participação de empresas de pequeno porte, restringindo, desta
forma, a competitividade e afrontando a livre concorrência e os princípios
norteadores da licitação, além de exceder os limites da razoabilidade:
“Num Processo 2013 00 2 003060-5
Reg. Acórdão 700691
Relator Des. FLAVIO ROSTIROLA
Requerente(s) PROCURADORA-GERAL DE JUSTIÇA DO
DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
Requerido(s) GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
Advogado(s) PAOLA AIRES CORRÊA LIMA (Procurador)
Requerido(s) PRESIDENTE DA CÂMARA LEGISLATIVA
DO DISTRITO FEDERAL
Advogado(s) SIDRAQUE DAVID MONTEIRA
ANATELLETO. (Procurador) e outro(s)
Curador PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
Advogado(s) ROBSON VIEIRA TEIXEIRA DE FREITAS
(Procurador)
Advogado(s) MARCELO CAMA PROENÇA FERNANDES
(Procurador) e outro(s)
Amicus Curiae SINDICATO DAS EMPRESAS DE
SEGURANÇA PRIVADA, SISTEMAS DE SEGURANÇA
ELETRÔNICA, CURSOS DE FORMAÇÃO E
TRANSPORTE DE VALORES NO DISTRITO FEDERAL -
SINDESP
Advogado(s) MARCELO LUIZ AVILA DE BESSA
Origem LEI DISTRITAL 5.014, DE 11 DE JANEIRO DE
2013 (SERVIÇOS TERCEIRIZADOS NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA DO DF)
Ementa AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
LEI DISTRITAL 5.014/13. NORMAS ESPECÍFICAS PARA
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS OU
NÃO, CHAMADOS SERVIÇOS TERCEIRIZADOS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL.
PARÂMETRO DE CONTROLE. COMPETÊNCIA DO
TJDFT. REQUISITOS CRIADOS SEM BASE TÉCNICA E
QUE PRATICAMENTE EXCLUEM AS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS DAS REFERIDAS
CONCORRÊNCIAS PÚBLICAS. CARTELIZAÇÃO E
AUMENTO DE PREÇOS PREVISTOS PELA PRÓPRIA
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO DO
DF. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE VISTO SOB A
PERSPECTIVA DA PROIBIÇÃO DO EXCESSO.
INCONSTITUCIONALIDADE
MATERIAL. 1.Considerando que a própria Lei Orgânica do
Distrito Federal é o instrumento jurídico revestido de
parametricidade, para efeito de fiscalização concentrada de
constitucionalidade da Lei Distrital impugnada (CF, art.
125, §2º), foi afastada a preliminar e declarada a
competência dessa Egrégia Corte de Justiça para apreciar
a Ação Direta.
2.Revela-se legítimo invocar, como referência
paradigmática, para efeito de controle abstrato de
constitucionalidade de Lei Distrital, cláusula de caráter
remissivo, que, inscrita na Lei Orgânica, remete,
diretamente, às regras normativas constantes da própria
Constituição Federal, assim incorporando-as, formalmente,
mediante referida técnica de remissão, ao plano do
ordenamento constitucional do Estado-membro. 3.É aturada
a jurisprudência que veda a abusividade da atividade
legislativa do Estado. Todas as normas emanadas do Poder
Público devem ajustar-se à cláusula que consagra, em sua
dimensão material, o princípio do substantive due process
of law (CF, art. 5º, LIV). Nesse sentido, o"postulado da
proporcionalidade qualifica-se como parâmetro de aferição
da própria constitucionalidade material dos atos estatais""
(RE 200844-AgR). Nesse contexto, o que se afere na ação
é se a Lei Distrital nº 5.014/2013 atende aos elementos
parciais (o subprincípios) do princípio da proporcionalidade,
quais sejam: (a) adequação (também designado de
pertinência ou aptidão), (b) necessidade e (c)
proporcionalidade em sentido estrito. 4.Em análise do texto
normativo, fica claro que o meio escolhido (os índices
exigidos) pela norma impugnada não é adequad o ao fim
que se tenta alcançar (resguardar os interesses financeiros
da Administração Pública). Nesse sentido, a Lei Distrital
não se reveste do necessário coeficiente de adequação
(pertinência ou aptidão). 5.A norma pode ser compreendida
como um ativo inibidor da concorrência. Uma verdadeira
barreira à entrada de concorrentes no mercado relevante de
prestação de serviços terceirizados na Administração
Pública do Distrito Federal gerando um verdadeiro poder de
mercado. O abalo do princípio pela conduta anticompetitiva,
possui nítido objetivo de eliminar (ou, no mínimo, diminuir) a
concorrência. 6.Considerando que o parâmetro tomado
como base fática da norma diz respeito à Administração
Federal, apresentando estrutura administrativa e condições
financeiro-orçamentárias completamente diversas do
âmbito distrital, a Lei Distrital nº 5.014/2013 não observa o
princípio da proporcionalidade como proibição de excesso.
7.Julgado procedente o pedido, para declarar, em tese e
com efeitos ex tunc e erga omnes, a inconstitucionalidade
material da Lei Distrital 5014, de 11 de janeiro de 2013.
Decisão PRELIMINARES REJEITADAS. UNÂNIME. NO
MÉRITO, REJEITADA A ALEGAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. ACOLHIDA A
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. UNÂNIME.”
Diante da Decisão acima, não restam dúvidas de que o item 8.8.3. precisa
ser excluído do Edital, ou que ele passe a permitir que sua comprovação
econômico-financeira seja feita de forma alternativa, isto é, por meio da
apresentação única da comprovação de Patrimônio Líquido igual ou
superior a 10% (dez por cento) do valor estimado para a contratação, por ser
esta a medida mais apropriada, razoável e em conformidade com os ditames
legais relativos ao assunto.
Ao proceder da forma ora requerida, esse órgão adequaria seu Edital à Lei
8.666/93, que determina que a qualificação econômico-financeira seja
comprovada por meio de: índice de solvência geral e liquidez corrente positivo
OU mediante comprovação de capital social OU patrimônio líquido superior à
contratação ou à 10% do valor da licitação/contratação (Art. 31, §3º).
Esta alternatividade, inclusive, é entendimento do próprio Tribunal de
Contas da União, que sempre se posicionou neste sentido, tanto que editou
a súmula nº 275, abaixo destacada que estabelece que:
‘’Para fins de qualificação econômico-financeira, a
Administração pode exigir das licitantes, de forma não
cumulativa, capital social mínimo ou patrimônio líquido
mínimo ou garantias que assegurem o adimplemento do
contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega
futura e de execução de obras e serviços.’’
Além disso, as alterações ora propostas encontram respaldo no disposto
no art. 31 §1o da Lei 8.883, de 08/06/94, que alterou dispositivo da lei 8.666/93
sobre a matéria, o qual transcrevemos:
"Art. 31 - A documentação relativa à qualificação
econômica-financeira limita-se-á a:
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
que comprovem a boa situação financeira da empresa,
vedada a sua substituição por balancetes ou balanços
provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais
quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de
apresentação da proposta;
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida
pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de
execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa
física;
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos
no "caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por
cento) do valor estimado do objeto da contratação.
§1o A exigência de índice limitar-se-á à demonstração da
capacidade financeira do licitante com vistas aos
compromissos que terá que assumir caso lhe seja
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade e
lucratividade."
É neste sentido que também se posiciona a doutrina:
"O Essencial é que a Administração não estabeleça
exigências descabidas na espécie, nem fixe mínimos de
idoneidade financeira desproporcionais ao objeto do
certame, a fim de não afastar os interessados de
reduzida capacidade financeira, que não é absoluta,
mas relativa a cada licitação. Desde que o interessado
tenha capacidade financeira real para a execução do objeto
da licitação" (Hely Lopes Meirelles).
Só assim estar-se-á de fato estabelecendo critérios legítimos e legais para
a qualificação econômico-financeira das empresas interessadas em participar do
certame, ampliando a competição no certame e garantindo não só a isonomia
entre as proponentes como a possibilidade de melhor contratação pela
Administração Pública.
B) Nos itens 8.10 e seguintes do Edital, abaixo transcritos, encontramos a
exigência de tempo mínimo de prestação de serviço bem como apresentação de
cópia de contrato para comprovação de legitimidade de atestados. Ocorre que
tais exigências não se alinham com os ditames legais e recentes entendimentos
jurisprudenciais.
8.10.1. Comprovação de aptidão para a prestação dos
serviços em características, quantidades e prazos
compatíveis com o objeto desta licitação, ou com o item
pertinente, por período não inferior a três anos, mediante
a apresentação de atestados fornecidos por pessoas
jurídicas de direito público ou privado.
8.10.2. Os atestados referir-se-ão a contratos já concluídos
ou já decorrido no mínimo um ano do início de sua
execução, exceto se houver sido firmado para ser
executado em prazo inferior, apenas aceito mediante a
apresentação do contrato.
Ocorre que, de acordo com o artigo 30, parágrafo 5º, da Lei 8.666/93,
encontramos vedação expressa quanto às exigências trazidas pelo Edital em
comento, conforme lemos: “É vedada a exigência de comprovação de atividade
ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais
específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que inibam a
participação na licitação.”
Outrossim, não há razoabilidade na solicitação de comprovação de
aptidão para a prestação dos serviços por período não inferior a três anos, sendo
que o Contrato estabelece a vigência de somente 12 meses para o objeto da
licitação, uma vez que de acordo com o mesmo artigo da Lei de Licitações, que
disciplina documentos aceitáveis para fins de aptidão técnica, encontramos
respaldos para exigências exclusivamente de atestados de capacidade técnica
que demonstre comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto
da licitação.
A ausência de razoabilidade acima citada, inclusive, se respalda nos
entendimentos da doutrina regente da matéria, nas palavras de Marçal Justen
Filho, que diz que “caberá à Administração, na fase interna antecedente à própria
elaboração do ato convocatório, avaliar os requisitos necessários, restringindo-se
ao estritamente indispensável a assegurar um mínimo de segurança quanto à
idoneidade dos licitantes.”
Em relação aos subitens referentes à apresentação de cópia de contrato,
e em observância ao artigo 30 da Lei 8.666/93, em seu parágrafo 3º, sabemos
que não há qualquer precedente que nos traga o entendimento de que a aptidão
técnica das licitantes se dará por meio da vinculação das cópias de contratos
anteriormente firmados, conforme exigido pelo Edital, por meio do que lemos:
“Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou
atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e
operacional equivalente ou superior”.
Sendo assim, por total falta de autorização legal, podemos afirmar que
esse órgão não deve condicionar a pontuação técnica dos licitantes à
apresentação das cópias dos respectivos contratos de prestação de serviços.
Encontramos respaldo a respeito do até aqui alegado na Jurisprudência
do Tribunal de Contas da União, conforme abaixo:
“As exigências relativas à capacidade técnica guardam
amparo constitucional e não constituem, por si só, restrição
indevida ao caráter competitivo de licitações conduzidas
pelo Poder Público.
Tais exigências, sejam elas de caráter técnico-profissional
ou técnico-operacional, não podem ser desarrazoadas a
ponto de comprometer o caráter competitivo do certame,
devendo tão somente constituir garantia mínima suficiente
de que o futuro contratado detém capacidade de cumprir
com as obrigações contratuais.
Tais exigências devem ser sempre devidamente
fundamentadas, de forma que fiquem demonstradas
inequivocamente sua imprescindibilidade e pertinência em
relação ao objeto licitado. (Acórdão 1.942/2009, Plenário,
rel. Min. André Luís de Carvalho).
Vale ressaltar, ademais, que a exigência aqui mencionada é
extremamente rechaçada pelo TCU, conforme Acórdão 2024/2007 – PLENÁRIO,
onde houve o reconhecimento de que a exigência de acompanhamento de cópia
dos contratos aos atestados de capacidade técnica é indevida.
Em outro entendimento, Acórdão 1224/2015 – Plenário – TCU, num caso
concreto, onde também foram exigidos outros documentos além dos atesados de
capacidade técnica comuns e de acordo com o objeto, observou a relatora que a
empresa comprovando ter a capacidade mínima exigida pelo certame, através de
atestado que forneça informações necessárias que fundamentem o atendimento
dos critérios técnicos exigidos pelo termo de referência, preenche os critérios
legalmente exigidos.
Ainda, reforçou o fato de que “a exigência de apresentação de atestados
de capacidade técnica juntamente com as notas fiscais e/ou contratos prevista
no edital do pregão eletrônico (...) não encontra amparo no art. 30 da Lei
8.666/1993 e na jurisprudência desta Corte”. (Acórdão 1224/2015-Plenário, TC
003.763/2015-3, relatora Ministra Ana Arraes, 20.5.2015).
De acordo com Acórdão 597/2007-Plenário - TCU, encontramos outro
precedente que nos traz o entendimento a respeito da ilegalidade da exigência
de apresentação de documentos na fase de habilitação que restrinja o caráter
competitivo dos certames licitatórios, conforme abaixo:
REPRESENTAÇÃO. LICITAÇÃO. EXIGÊNCIAS DE
DOCUMENTOS NA FASE DE HABILITAÇÃO
RESTRITIVOS AO CARÁTER COMPETITIVO DO
CERTAME. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA ANULAÇÃO DO
PREGÃO. PROCEDÊNCIA PARCIAL. 1. É ilegal a
exigência de apresentação de documentos na fase de
habilitação que restrinjam o caráter competitivo dos
certames licitatórios. (...) 5. Verificada a inclusão de
cláusulas restritivas ao caráter competitivo do procedimento
licitatório, deve a entidade proceder às medidas
necessárias com vistas à sua anulação, em prazo fixado
por este Tribunal. (Acórdão 597/2007-Plenário - TCU)
Ademais, acreditamos que esse i. órgão tem ciência da confidencialidade
envolvida nos contratos firmados entre particulares, bem como nos contratos
firmados com a Administração Pública, razão pela qual se faz inviável a
disponibilização dos documentos sem o aceite prévio dos contratantes.
Tendo em vista o exíguo prazo para todos os licitantes conseguirem
permissão dos contratantes para disponibilização dos contratos, entendemos que
caso não seja de interesse da Administração Pública excluir a exigência em
comento, será extremamente necessário o adiamento da Licitação para data
posterior.
Nesta esteira, merece destaque a Lei de Licitações, que em seu artigo 3º,
§ 1º, inciso I, prevê expressamente como intolerável a atuação contrária ao
interesse público e à competitividade, proibindo peremptoriamente a adoção de
condutas dissonantes com os desideratos da Lei.
"Art. 3º - É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante
para o específico objeto do contrato;"
Sendo assim, solicitamos que esse i. órgão acate nosso pleito, uma vez
que somente assim estar-se-á de fato estabelecendo critérios legítimos e legais
para a qualificação técnica das empresas interessadas em participar do certame,
não somente ampliando a competição como garantindo a isonomia entre as
proponentes e a possibilidade de melhor contratação pela Administração Pública.
2 – DO PEDIDO DE ADIAMENTO
Informamos que na documentação habilitatória desta CLARO consta
inscrição no SICAF, decorrente de uma sanção de suspensão de licitar e
contratar com a União ou Entes da Administração Pública Federal, pelo período
de 26/10/2017 a 25/02/2018, aplicada pela DRF Novo Hamburgo/ RS.
Informamos, também, que não esperávamos sanção tão gravosa e de
âmbito tão abrangente ao contemplar toda esfera do Governo Federal (União),
desconsiderando que o atraso ou inexecução do contrato se deu tão somente
com dois endereços da Delegacia Regional Federal de Novo Hamburgo.
Após não lograrmos êxito em nosso pleito administrativo, impetramos, em
01/12/2017, Mandado de Segurança, relativamente ao caso em referência,
distribuído à 3ª vara Federal de Porto Alegre.
A decisão da MM. Juíza Maria Isabel Pezzi Klein, da 3ª vara Federal de
Porto Alegre, Seção Judiciária do Rio Grande de Sul, relativa ao Mandado de
Segurança nº 5062934-04.2017.4.04.7100/RS, é clara, no sentido de que a
manutenção dos contratos já vigentes, antes da inscrição da CLARO no SICAF,
relativa à penalidade de suspensão do direito de licitar e contratar com a
Administração Pública Federal, recebida pela DRF de Novo Hamburgo/RS, está
garantida, o que engloba, também, as renovações, caso sejam do interesse das
partes, perdurando o impedimento para participação em licitações e assinaturas
de novos contratos.
Tal posicionamento foi confirmado na decisão da mesma Juíza sobre os
Embargos de Declaração em Mandado de Segurança, interpostos por esta
empresa e acolhidos parcialmente, com a finalidade “de permitir a continuidade
dos contratos administrativos firmados pela impetrante, em vigor antes de
26/10/2017, permitindo que os mesmos sejam aditados, ou prorrogados, ainda
que o termo previsto para tanto ocorra dentro do período da sanção imposta
pelas autoridades impetradas.”
Informamos que ainda estamos recorrendo judicialmente para conseguir
reverter a sanção aplicada a esta Claro, de forma total, e que iremos manter
esse órgão informado de quaisquer novos acontecimentos quanto a
regularização junto ao SICAF.
Sendo assim, a participação da CLARO no processo licitatório em questão
atende à ampliação da concorrência, levando em consideração o princípio da
eficiência (art. 37, caput da CR) e da seleção da proposta mais vantajosa, uma
vez que a competitividade que aqui buscamos propicia a redução dos preços.
Encontramos respaldo de nosso pedido na Lei regente da matéria, Lei
8.666/96, em seu artigo 3º, parágrafo 1º, inciso I, conforme abaixo:
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo,
inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante
para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto
nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de
23 de outubro de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.349,
de 2010)
O Superior Tribunal de Justiça – STJ, inclusive, já consolidou
entendimento no seguinte sentido:
“o procedimento licitatório há de ser o mais abrangente
possível, dando azo à participação do maior número
possível de concorrentes. A escolha final há de recair
sempre na proposta mais vantajosa para a
Administração Pública”.
Solicitamos que o Pregão Eletrônico em tela seja adiado com a finalidade
de ocorrer nos primeiros dias úteis do mês de março de 2018, data em que a
CLARO não terá mais impedimentos de licitar e contratar com a União e Entes
Federativos.
Sem dúvida alguma a prorrogação pretendida resultará em benefícios
para a Administração Pública, uma vez que se estará ampliando a competição
em busca pela melhor oferta, assegurando assim a participação de uma empresa
no certame com excelência técnica, reconhecida notoriedade no setor de
telecomunicações e anos de bons serviços prestados.
Por todo o exposto, requeremos o acolhimento do pleito acima
destacados, sendo certo que tal medida encontra respaldo nos princípios da
Legalidade, Isonomia, Ampla Competitividade e Razoabilidade, na forma do
disposto na Lei 8.666/93.
3 – DA CONCLUSÃO E DO PEDIDO
Como resta demonstrado, a alteração do edital é medida garantidora da
legalidade da licitação, possibilitando a FUNAI selecionar a proposta mais
vantajosa para os serviços contratados, por meio da correção das incoerências
aqui apontadas.
Ante o exposto, a fim de garantir a aplicação dos princípios regentes da
matéria, requer a alteração do edital nos termos propostos acima.
Ainda, na hipótese do I. Pregoeiro não acolher as presentes razões, digne-
se a recebê-las como impugnação aos termos do edital, com efeito suspensivo,
de acordo com o disposto na legislação vigente.
Atenciosamente,
________________________