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ANURIO ESPRITA

ANURIO ESPRITA 2008 ISSN 1413-5426 Ano XLV - N 45 - 3.000 exemplares rgo do IDE - Instituto de Difuso Esprita Av. Otto Barreto, 1067 - Caixa Postal 110 Fone ( 0xx19) 3541-0077 - Fax (0xx19) 3541-0966 13602-970 - Araras - Estado de So Paulo - Brasil CNPJ 44.220.101/0001-43 internet: http://www.ide.org.br e-mail: [email protected] Registrado sob n 13 do livro B, N I, fls. 19/24 do Cartrio de Registros Pblicos e sob n 1231/0681542 do Instituto Nacional de Propriedade Industrial Os artigos assinados no representam necessariamente a opinio da Editora.

ANURIO

ESPRITA

DIRETOR Wilson Frungilo Jr. SECRETRIO Hrcio Marcos C. Arantes COLABORADORES Antnio de Souza Lucena Carlos A. Baccelli Elias Barbosa Joamar Z. Nazareth Marival V. de Matos Walter Barcelos Walter Oliveira Alves Washington L. N. Fernandes COLABORADORES MEDINICOS Antnio Baduy Filho Carlos A. Baccelli Divaldo P. Franco Francisco Cndido Xavier (in memoriam) J. Raul Teixeira CAPA Csar Frana de Oliveira

NDICE GERAL APRESENTAO ESTUDOS E COMENTRIOS O que representa a ao esprita em nossa Realizao Pessoal? Joamar Zanolini Nazareth A Caminho da Luz, de Emmanuel, uma obra imprescindvel Carlos A. Baccelli Perdo, terapia bendita Marival Veloso de Matos A juventude com perigosa liberdade e os desafios de sua educao Walter Barcelos 32 evidncias de ser Jesus o Esprito Verdade e as respostas para os sete argumentos dos negadores Washington L. N. Fernandes REPORTAGENS Outra herica viagem de Divaldo Europa, em 35 dias, percorrendo mais de 40 cidades Washington L.N. Fernandes Evangelizao infanto-juvenil esprita nos Estados Unidos Walter Oliveira Alves Mdium Divaldo fez, pela primeira vez, uma palestra na Turquia Washington L.N. Fernandes NOTICIRIO Comemoraes do Sesquicentenrio de O Livro dos Espritos Notcias que merecem Destaque Homenagens a Chico Xavier Noticirio Internacional Irmos que regressaram ao Plano Espiritual Antnio de S. Lucena Espiritismo em Marcha 11

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FATOS MEDINICOS O Possvel Acontece CINEMA/VDEO Temas espritas no Cinema e no Vdeo Hrcio M. C. Arantes LITERATURA O Esprito de Leon Tolstoi revisitado Elias Barbosa Reencarnao na obra dos grandes poetas (Fernando Pessoa) HISTRIA Mais ncleos espritas centenrios Washington L.N. Fernandes Chico Xavier e sua famlia em 1930 PALAVRAS DO MAIS ALM Ajuda Espiritual Andr Luiz, A. Baduy Filho Diana e Dbora Hilrio Silva, A. Baduy Filho Sem retribuio Valrium, A. Baduy Filho O papel social do mdium Odilon Fernandes, Carlos A. Baccelli Compromisso esprita Eurcledes Formiga, Carlos A. Baccelli Herosmo incomparvel Joanna de ngelis, Divaldo P. Franco Responsabilidade medinica Manuel P. de Miranda, Divaldo P. Franco Os heris da Era Nova Vianna de Carvalho, Divaldo P. Franco Doutrina-Escola, Emmanuel, Francisco C. Xavier Ao querido Benfeitor Sebastio Lasneau, J. Raul Teixeira O Livro Estelar Ivan de Albuquerque, J. Raul Teixeira ESPERANTO Esperanto em Tpicos A origem e a organizao do livro O Esperanto como Revelao Hrcio M.C. Arantes INFORMAES Aplicando metodologia esprita, pesquisa revelou autenticidade de informao histrica em romance psicografado por Chico Xavier Publicaes Recebidas

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NDICE DAS ILUSTRAES 1/2 - Divaldo P. Franco faz palestras na Sua ...................................... 68/69 3 - Divaldo na Repblica Checa ............................................................. 70 4 - Presena de Divaldo na Repblica Eslava ........................................ 71 5/6 - Divaldo em Viena, ustria ............................................................ 71/72 7/8 - Paris e Orly com a presena de Divaldo ....................................... 73/74 9 - Evangelizadores e crianas de Orlando, Estados Unidos .................. 78 10 - Walter Alves e evangelizadoras nos EE.UU ..................................... 78 11 - Evangelizadoras e crianas em New York ......................................... 80 12 - Divaldo e Nilson Pereira na Turquia ................................................. 83 13/14 - Palestras de Divaldo em Istambul ................................................... 84 15 - Mesa de abertura do 2 Congresso Esprita Brasileiro ...................... 85 16 - Divulgao do Sesquicentenrio de O Livro dos Espritos .............. 86 17 - Apresentao dos Drages da Independncia no 2 Congresso ...... 87 18 - Mesa de encerramento do 2 Congresso .......................................... 88 19 - Psicografia especular, em ingls, pelo Divaldo ................................. 90 20 - Selo comemorativo alusivo aos 150 anos de O Livro dos Espritos . 92 21 - Comemorao do Sesquicentenrio em So Paulo ............................ 94 22 - Felipe Peixoto, Raul Teixeira e Csar Reis na homenagem do Rio aos 150 anos ..................................................................................... 96 23 - Cmara dos Deputados homenageia o Sesquicentenrio ................. 97 24 - Feto humano com quatro meses de vida .......................................... 101 25 - Dr. Hlio Bicudo ............................................................................... 102 26 - Atriz Carol Castro ............................................................................. 106 27 - Ator Marcos Caruso ........................................................................ 107 28 - Ator Caio Blat .................................................................................. 108 29 - Atriz Mait Proena ......................................................................... 109 30 - Atores Marcos Caruso e Fernanda Vasconcellos ............................ 110 31 - Divulgao do programa de TV Ghost Whisperer .......................... 113 32 - Idem, Dead Zone .............................................................................. 114 33 - Capa do livro 20 Casos Sugestivos de Reencarnao ..................... 115 34 - Autor de novelas Manoel Carlos ..................................................... 120

35 - Ator americano Denzel Washington ................................................ 121 36 - Seth Shostack, renomado astrnomo ............................................... 123 37 - Maquete do Memorial Chico Xavier, em Uberaba, MG .................... 126 38/39 - I Semana Chico Xavier em Mato, SP ..................................... 128/129 40 - Obelisco em memria da famlia Fox, em Lily Dale, NY ..................... 132 41/46 - Marlene Nobre, Vanderlei Marques, Harold Koenig, Srgio Felipe, Alberto Almeida e George Ritchie ............................. 133 47 - Grupo participante do I Simpsio Esprita dos EUA ........................ 135 48/53 - Tereza Vsquez, Alfredo Alonso, Alfredo Tabuea, Luz de Almeida, Salvador Martn e Maria Lima ............................... 137 54 - Expositores de Curso realizado em Leiria, Portugal .......................... 140 55 - Cartas de 1 Congresso Britnico de Medicina e Espiritualidade ..... 142 56 - Charles Kempf, Nestor Masotti, Roger Peres e Jean Evrard ............ 144 57 - Capa de O Livro dos Espritos em italiano ....................................... 145 58 - Capa de Motoqueiros no Alm em italiano ...................................... 146 59 - Comemorao dos 150 anos do Espiritismo em Yverdon, Sua ...... 147 60 - Capa de O Livro dos Espritos em hngaro ..................................... 148 61 - Carlos Bernardo Loureiro ................................................................. 151 62 - Etelvino Pimentel Cyriaco ................................................................ 153 63 - Dolores Bacelar ................................................................................ 154 64 - Marina Moreira Moraes ................................................................... 155 65 - Elenir Ramos Meirelles ..................................................................... 157 66 - Jos Jorge ........................................................................................ 159 67 - Wilame Miranda Nogueira ............................................................... 160 68 - Ian Stevenson .................................................................................. 162 69 - Domingas Ricci Amaral .................................................................... 163 70 - Prof. islands Erlendur Haraldssom ................................................. 165 71 - Grupo de oradores do Congresso MEDINESP 2007 ........................ 166 72 - Mesa de abertura do 13 Congresso Estadual de Espiritismo .......... 168 73 - Cena do filme Bezerra de Menezes - o Mdico dos Pobres ............. 169 74 - Inaugurao do Complexo Virio Allan Kardec em Marlia, SP ........ 170 75 - Garoto mdium Robert Movits ......................................................... 175 76 - Jovem Marcos do Sul ....................................................................... 179 77 - Criana Giovana ao lado de seus pais .............................................. 180 78 - Criana Camila Oliveira .................................................................... 180 79 - Chico Xavier .................................................................................... 181 80 - Yvonne Pereira ................................................................................. 181 81 - Robrio de Ogum ............................................................................. 181

- Divaldo Pereira Franco .................................................................... - Benedicta Gomes, Santa Dica ...................................................... - Compositor alemo Weber .............................................................. - Mdico Dr. Eurpedes T. Vieira ........................................................ - Feixe de luz que veio do Cu e penetrou no quarto de Chico Xavier .................................................................................... 87 - Menina prodgio Akiane Kramarik .................................................. 88/90 - Telas de Akiane .......................................................................... 91 - Gnio musical Jay Greenberg ........................................................... 92 - March Boedihardjo, universitrio aos 9 anos .................................. 93 - Capa do DVD Chico Xavier Indito - de Pedro Leopoldo a Uberaba ....................................................................................... 94 - Idem, As Cartas de Chico Xavier e Outras Histrias Misteriosas . 95 - Chico Xavier visita o mdium Arig na cadeia ................................ 96 - Capa do DVD Eurpedes Barsanulfo - Educador e Mdium .......... 97 - Idem, Santo Agostinho .................................................................... 98 - Idem, Compositores do Alm - Festival de Msica Medinica ...... 99 - Escritor russo Leon Tolstoi ............................................................. 100 - Poeta portugus Fernando Pessoa .................................................. 101 - Andr Luiz Xavier ........................................................................... 102 - Famlia de Chico Xavier em 1930 ..................................................... 103 - Detalhe de foto anterior ................................................................... 104 - D. Cidlia Batista Xavier, segunda me de Chico Xavier ................. 105 - Danilo Villela, Nestor Masotti, Alfonso Soares e Robinson Mattos ............................................................................ 106 - Capa de O Livro dos Espritos em Esperanto ................................. 107 - Capa de O Esperanto como Revelao ........................................... 108 - Capa de rosto de livro, em latim e alemo, de G.S. Crispus ..............

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APRESENTAO

H 45 anos, com Apresentao datada de 3 de outubro de 1963, foi lanado o primeiro Anurio Esprita, edio de 1964. E tudo comeou com uma carta de Chico Xavier, em 1958, endereada ao Dr.Lauro Michielin, que j havia editado, nos anos de 1955 e 1956, o livro Libertao (Selees Espritas), j com caractersticas de anualidade. Uma grande idia que veio a ser colocada em prtica em 1963, quando Chico Xavier voltou a sugerir a edio de um livro anual que registrasse os principais acontecimentos do movimento esprita no Brasil e no Mundo, alm de outras sees de interesse doutrinrio, culminando com significativa mensagem psicofnica de Bezerra de Menezes, atravs desse mdium, exortando os trabalhadores de Araras realizao desse projeto. A prpria denominao Anurio Esprita, bem como, a sigla IDE, ou seja, Instituto de Difuso Esprita, foram sugestes do querido mdiumANURIO ESPRITA 11

mineiro, assim como diversas idias de sees a serem implementadas nesse Anurio. E, assim, realizou-se, em 19.09.63, a assemblia geral de fundao, aprovao do estatuto, eleio e posse da primeira diretoria do Instituto de Difuso Esprita que, com a data de prefcio de 03.10.63 (trs de outubro lembrando o nascimento do Codificador Allan Kardec), tradio que se mantm at hoje, foi lanado o AE 1964. A partir da, todos os anos, a primeira pessoa que recebia, em mos, o AE era o mdium amigo, na cidade de Uberaba, com exceo do ano de 1972, quando Chico Xavier nos ofereceu a grande alegria de sua presena em nossa cidade de Araras, nas dependncias do IDE, para uma festiva Tarde-Noite-Madrugada de Autgrafos. Durante quatro dcadas, o irmo Chico colaborou com o AE, atravs de pginas publicadas, alm de suas sbias orientaes e sugestes com referncia ao material a ser divulgado em nossas edies. E, hoje, estamos lanando o 45 Anurio Esprita, publicao de artigos, estudos, informaes e precioso registro dos maiores acontecimentos do movimento esprita nacional e internacional que, certamente, so e sero, juntamente com os outros 44, e os vindouros, de muita valia, pois, no futuro, estudiosos e historiadores da Doutrina Esprita podero neles encontrar valiosos subsdios que o tempo no poder apagar e que o exemplo, melhor forma de ensinamento, com certeza trar inesgotvel fonte de entusiasmo para o trabalho no Bem. Que o Alto nos abenoe a todos para que possamos continuar sempre com o ideal da propagao e divulgao dos ensinamentos do mestre Jesus, atravs dos livros e do exemplo de Seus ensinamentos. Araras, 03 de outubro de 2007 OS EDITORES

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ANURIO ESPRITA

O QUE REPRESENTA A AO ESPRITA EM NOSSA REALIZAO PESSOAL?Joamar Zanolini Nazareth (Uberaba/MG)O verdadeiro homem de bem (...) Estuda as suas prprias imperfeies e trabalha sem cessar em combat-las. Todos os seus esforos tendem a permitir-lhe dizer, amanh, que traz em si alguma coisa melhor do que na vspera. Allan Kardec O Evangelho Segundo o Espiritismo cap.XVII item 3 O Homem de Bem- EME Editora

J estamos avanando e profundamente adentrando na movimentao deste sculo e deste milnio. A realidade est a nos despertar para os modernos desafios da sociedade atual, no mais apenas convidando, mas conclamando e gritando, para o homem e a mulher do sculo XXI encararem o desafio de frente e aplicarem solues urgentes para solucion-los. O meio ambiente, as desigualdades sociais, a frgil linha de funcionamento da Economia Mundial, a violncia, a exploso da libertinagem sexual, a juventude perdida entre tantos prazeres desequilibrantes, as drogas,ANURIO ESPRITA 13

a corrupo, a crise moral sem precedentes, a escalada da depresso e da angstia nos seres humanos, a falta de identidade da criatura para com o Criador, etc. Caramba! S tem coisa ruim acontecendo? Assim ser a reao de muitos tendo lido at aqui nossas consideraes... Logicamente que no esto to somente ocorrendo coisas ruins e catastrficas. A relao de coisas boas que temos acesso no mundo de hoje bastante extensa, refletindo o avano social que o Homem (e a Mulher, claro!) conseguiu imprimir em nossa escola planetria. O conforto que temos mo, a Cincia e suas conquistas maravilhosas, a Tecnologia a servio da comunidade, as Leis que permitem-nos uma convivncia mais civilizada, a Engenharia, a Arquitetura, as geniais descobertas da Medicina e da Biologia, e a enxurrada de facilidades criadas por tamanho desenvolvimento do conhecimento humano so atestados do quanto nos projetamos na arte de tornar a vida mais descomplicada. Contudo, todos esses aspectos representam acessrios que propiciam criatura humana a oportunidade de caminhar na direo do principal, que o prprio ser humano e sua capacidade de interagir com seus semelhantes. Tantos confortos expuseram as chagas que ainda trazemos em nosso mundo ntimo: o egosmo, o orgulho, a vaidade, o personalismo, a egolatria, o narcisismo, a ambio, o desejo de supremacia, entre tantas neuroses e transtornos de autopaixo. Nunca em todas as pocas da Humanidade - se teve tanto acesso ao atendimento de nossos anseios materiais; no entanto, nunca tiveram homens e mulheres tantos e complexos conflitos ntimos, j sendo nomeado este primeiro sculo do novo Milnio como o sculo da depresso. Tem causado tristeza e preocupao a quantidade de homens, mulheres, ricos, pobres, europeus, americanos, africanos, asiticos, idosos, jovens e at crianas de 13, 14 anos freqentando assiduamente consultrios de terapeutas, psiclogos, psiquiatras, e outros profissionais do gnero pedindo socorro para suas crises de incapacidade de lidar com seu mundo interior, apesar de tantas conquistas do mundo exterior. Tal incapacidade de lidar conosco mesmos se acentuou justamente14 ANURIO ESPRITA

porque as dificuldades enfrentadas pelas geraes anteriores absorviam esforos e energias, escondendo (de ns mesmos) grande parte de nossas necessidades morais e espirituais. Voltamos assim ao incio desse artigo, em que enumeramos tamanhos desafios que precisamos e devemos encarar face a face, pois quanto mais se limpa nossa casa ntima de tralhas que representam as dificuldades que sempre tivemos de sobreviver em uma sociedade muito injusta e desigual, mais os buracos da parede esto sendo expostos, os defeitos na pintura aparecem, as manchas no teto so percebidas, as telhas quebradas so apontadas facilmente, os cupins nos tacos e nas tbuas do piso so vistos, o perigo dos fios e cabos eltricos espalhados desorganizadamente claramente sentido, enfim, nos damos conta da profunda reforma pela qual precisa passar nossa casa interior. Basta de maquiar tais deficincias! Chega de fugirmos de ns prprios, como vimos fazendo h sculos! chegada a hora de nos autodescobrirmos e trabalharmos o rico acervo de nossas emoes, desejos e conquistas. A civilizao humana alcanou um momento crucial: ou aprendemos a nos comportarmos como civilizados, ou nossa abenoada escola chamada Terra no poder servir-nos de educandrio nobre e especial, pois que o gongo do Novo Milnio j soou, e no mais haver espao para posturas medievais de seus educandos. Assim, o motivo da srie de transtornos do sentimento, do comportamento e do psiquismo est na fuga ao convite de trabalharmos todo o material ntimo que trazemos em ns, convite esse para que nos transformemos interiormente, modificando hbitos, alijando vcios, conquistando virtudes, conhecendo mais nossas reaes, aquilatando os bons valores que j trazemos e vencendo as imperfeies, obstculos e deficincias de fundo moral e espiritual. a hora de substituirmos o homem velho pelo homem novo. UMA NOVA CONDUTA A revoluo por fora rotina usual em nossos tempos. Com uma rapidez lancinante se lanam novos produtos no mercado, provocando o espanto e admirao da populao, pois as conquistas tecnolgicas fazem com que em poucos anos se note mudanas significativas nos hbitos das pessoas.ANURIO ESPRITA 15

Uma coisa, porm, apesar do expresso do progresso material seguir clere, continua lenta, de modo semelhante a de tempos idos: nossa mudana de comportamento, o advento de uma revoluo moral, onde se forme um novo paradigma de senso coletivo, com objetivos que privilegiem o grupo e a equipe, e no o individualismo; que inspirem serenidade e calma no trato das questes da vida, e no a loucura do imediatismo; que se voltem ao nosso prximo e aos benefcios vida, e no desenvolvam a ansiedade em atender desejos pequenos e efmeros... Por que to fcil se adaptar s conquistas materiais e intelectuais e to difcil mudanas no campo do sentimento humano? Por que se aprende em poucos minutos a manusear um novo brinquedinho eletrnico e s vezes em 50 (cinqenta) anos no conseguimos vencer um simples hbito que trazemos? A resposta bem simples: para se adaptar s descobertas de cunho materialista no preciso nenhum esforo; basta dar asas aos nossos desejos e sonhos ntimos, deixando fluir as imperfeies e ms tendncias que ainda carregamos. Entretanto, para modificar um simples hbito precisamos mover montanhas dentro do corao, precisamos desenvolver esforo contnuo e repetitivo para criar um nova conduta, necessitamos de vigilncia constante para vencer o automatismo que insiste em encaixar o ontem no hoje, temos que manter busca ininterrupta de novos valores, estudar, preencher nossa mente e nosso tempo com atividades edificantes, sacrificar velhos costumes que no nos so positivos, mas que ainda os desejamos... toda essa revoluo moral que o Espiritismo tem nos convidado a envidar. Mais que tarefas mecnicas, que so nobres e nos obrigam a exerccios transformadores, o contato com a Doutrina Esprita mexe com nossas entranhas, incomoda o status, nosso modus vivendi (modo de viver), cria conflitos ntimos, muita coisa se quebra dentro de ns. Diante esse dilema, dois caminhos se abrem diante nossos olhos espirituais, representando a bifurcao crucial do progresso espiritual: I) o caminho da burocracia esprita, recheado de trabalhos formais, cargos, ttulos e tomada de posies materiais; II) o caminho da reforma ntima e a sua rdua estrada de profundas transformaes do ser.16 ANURIO ESPRITA

I - O CAMINHO DA BUROCRACIA ESPRITA O primeiro dos dois caminhos acima o mais fcil e comum, infelizmente seduzindo maior parte dos tarefeiros e trabalhadores espritas, e se subdivide em trs outras trilhas: a) a trilha dos espritas descompromissados com a responsabilidade esprita; b) a trilha dos espritas batedores de ponto; c) a trilha dos espritas executivos. A TRILHA DOS ESPRITAS DESCOMPROMISSADOS COM A RESPONSABILIDADE ESPRITA Essa primeira trilha a dos espritas mais numerosos. Com a ampla liberdade que desfrutam as instituies espritas, inclusive com a proteo legal do Estado ao seu funcionamento e desenvolvimento de suas atividades, somada divulgao crescente do Espiritismo, atravs da diria abertura de novas casas espritas pelo pas afora, e mesmo que em ritmo lento, tambm em outros pases, a profuso de editoras espritas e o lanamento constante de novos livros, o uso da mdia em geral para difundir nossa Doutrina, as idias espritas esto em toda parte. Desde o livro esprita nas livrarias convencionais at a presena de tais idias nas novelas e filmes, temos hoje a porta aberta para chegar at s pessoas de todas as camadas sociais e nveis de instruo. O resultado se demonstra pelas casas espritas com grande pblico (nas reunies pblicas), o surgimento da legio de simpatizantes e no-espritas buscando a fluidoterapia, os trabalhos de cura, as mensagens dos queridos familiares desencarnados, etc. Com isso temos uma legio dos que j se dizem espritas, mas no assumem nenhum encargo na instituio: recebem o passe, se emocionam com as prelees, eventualmente at auxiliam em uma campanha, porm no se comprometem com os destinos da casa esprita, com as propostas de propagao do Espiritismo, com os rumos do Movimento Esprita e nem assumem quaisquer encargos dentro de alguma instituio.ANURIO ESPRITA 17

Desfrutam de benefcios que a Doutrina espalha a mancheias, ardorosamente requerendo-lhes os bnus; porm nem de longe lhe querem suportar quaisquer nus. Somente o futuro trar tais almas para o caminho da disciplina e do trabalho, quando despertarem para a oportunidade mpar que tiveram para sua prpria transformao. A TRILHA DOS ESPRITAS BATEDORES DE PONTO A segunda trilha a dos espritas que, diferentemente do grupo anterior, j assumem alguma coisa dentro do grupo esprita. S que assumem geralmente uma atividade, uma tarefa, um encargo, no assumindo mais nenhuma responsabilidade. como se entendessem o servio esprita igual a um emprego comum, onde cada funcionrio tem apenas uma ou poucas atribuies, bastando que lhes cumpra com o mnimo de eficincia para se sentirem quites com o trabalho. Por isso passam a ser meros batedores de ponto, acreditando que a simples ida ao centro esprita lhes garante bem-estar, proteo espiritual e maior acesso a coisas diversas, evocando privilgios injustificados. Temos vrios trabalhadores que se sentem espritos de escol porque detm algum cargo ou desempenham alguma atividade h 10, 20 ou mais anos, demonstrando lamentvel equvoco. No se mede quaisquer progressos do esprito pela simples realizao de tarefas mecnicas. Infelizmente um nmero grande de confrades e confreitas que, apesar do muito que ganham com o contato com a instituio e com a Doutrina, no vibram com intensidade o ideal esprita e se acham missionrios, julgando estar fazendo muito. Para estes, a casa esprita uma espcie de repartio, onde algumas horas por semana justifica o salrio que pensam ganhar. Desperdiam inmeros ensejos de fazer do Espiritismo a alavanca em seus processos evolutivos, se esquecendo que somos espritos imortais caminhando para adiante na senda evolutiva, faltando-nos ainda incomensurveis conquistas, pois estamos mais prximos do incio da caminhada do que sequer do segundo dcimo da jornada.18 ANURIO ESPRITA

A estes o futuro prximo trar reflexes dolorosas pela maneira como no se esforaram por compreender melhor os objetivos de nossa amada Doutrina Esprita. Pela maneira como encaram o trabalho esprita tm se constitudo nos espritas mais atvicos, querendo trazer para a rotina das entidades espritas hbitos estranhos, tentando reeditar cultos desnecessrios, enxergando o aspecto de religiosidade presente no Espiritismo no como consequncias moralizadoras ou religao ao Criador (sentido puro original da palavra religio), mas como ritos e prticas que somente vm a tumultuar o Movimento Esprita, confundindo os profitentes menos esclarecidos (sentido corrompido da sociedade quanto palavra religio). A TRILHA DOS ESPRITAS EXECUTIVOS Esta terceira trilha a dos espritas que vem colocando a estrutura organizacional do Movimento Esprita acima do dever da renovao ntima, do amor que deve imperar entre todos, do uso da fonte de luz esprita para iluminar, consolar, confortar, esclarecer. So os que vm institucionalizando em excesso o movimento, valorizando os cargos acima dos encargos, revivendo velhas disputas de poder que j tivemos em outras denominaes religiosas no passado. Jesus clarificou-nos que aquele que quisesse ser o maior de todos deve buscar ser o servidor de todos. Infelizmente, porm, um equvoco assaz grave vem assolando nossas fileiras espritas, pois o amor simplicidade do servio cristo deu lugar - no corao de muitos - busca de destaque e status em nosso movimento. Idolatram-se mdiuns, que viram popstar; veneram-se oradores que j desenvolveram com qualidade os recursos da oratria; perseguem-se cargos de presidente de instituies com a mesma paixo em que os polticos disputam cargos pblicos; entidades so criadas com a preocupao em se projetarem gigantescas instalaes fsicas sem mesmo antes saber qual o pblico-alvo; endeusam-se espritos desencarnados sem respeitar-lhes as naturais limitaes; a disputa pelo nmero de obras editadas por escritores detona a qualidade em nome da quantidade... Tais companheiros vm, mesmo que inconscientemente, desfigurando o movimento esprita com preocupaes meramente mercantilistas, polticasANURIO ESPRITA 19

e institucionais, se esquecendo de o Espiritismo uma bno, um blsamo e um tesouro do Alto para todos ns, almas imperfeitas e to cheias de sombras por expurgar. Pensam que estamos prestando favor ao Espiritismo ao engrossar suas fileiras. Ns somos os enfermos e no os mdicos! A oportunidade de militar na casa esprita no o mesmo que fazer carreira; ensejo de luz para socorrermos nossas chagas morais, ter auxlio para retificar nossas atitudes, elevar nossos pensamentos, educar nossa palavras, aprender os caminhos do perdo, da renncia, do sacrifcio, exercitar e ampliar a capacidade de AMAR... Estamos esquecendo que o verdadeiro esprita o que se transforma intimamente e no o que soma mais ou menos anos de trabalho; o que mais busca desenvolver-se no amor e no o que mais acumula conhecimentos; o que busca no trabalho do bem, por mais simples que seja, o manancial de sade e progresso moral e no o que pensa que sinal de progresso alcanar os mais altos cargos das instituies. por estes que o Mestre Jesus chorava quando Eurpedes Barsanulfo, em desdobramento espiritual, encontrou-se com o Divino Mdico das Almas... Despertemos! A legenda de espritas que temos a alegria de envergar galardo iluminado, visando instaurar em ns o processo de EDUCAO, e no para reincidirmos em velhas iluses do passado. II - O CAMINHO DA REFORMA NTIMA E A SUA RDUA ESTRADA DE PROFUNDAS TRANSFORMAES DO SER Este segundo dos dois caminhos mais difcil, sacrificial, penoso e intenso, que se abre diante nossos olhos espirituais, representando a opo correta na bifurcao crucial de nosso progresso espiritual. Quando o Divino Amigo ilustrou ao ser humano a imagem da porta estreita e da porta larga, mostrou-nos que o caminho da elevao estreito e exigir muito de ns. O objetivo maior do Espiritismo renovar o ser e descortinar-nos a grandeza do AMOR que vigora como base da Criao Divina, e cuja cincia a frmula da vida.20 ANURIO ESPRITA

De nada adiantam 40 anos de servio nas fileiras espritas, se no aprendermos a amar nosso semelhante; De nada adianta o reconhecimento pblico como grande mdium quanto s faculdades medianmicas, se no soubermos abraar e servir aos irmos do caminho, sejam encarnados ou desencarnados; De nada adiantam 50 livros escritos, se no soubermos perdoar e relevar, compreender e auxiliar mesmo aos que nos ferem; De nada adianta dirigir a maior das instituies, se no tratarmos o mais simples e pequenino como nosso filho querido do corao, verdadeiramente vendo-o como igual; De nada adianta assumir 20 tarefas ao mesmo tempo, se no convivermos com harmonia e carinho, gentileza e fraternidade cristo com os prprios companheiros do grupo em que militamos; De nada adianta haver dezenas de atividades diversas nas instituies, estudos srios e aprofundados, semanas espritas, congressos, seminrios, simpsios, eventos inmeros, se no conseguirmos edificar a famlia esprita pelos laos do corao, respeitando a diversidade, a individualidade e a natural diferena que h entre as pessoas e os grupos. De nada adianta sermos espritas por fora, se no formos vitoriosos em sermos espritas por dentro, realizando o inadivel e essencial processo de reforma ntima, transformao moral, aperfeioamento de nossos valores, construindo os hbitos luminosos do porvir e vencendo, pouco a pouco, os hbitos equivocados que construmos ao longo dos tempos idos. A REFORMA NTIMA E A RENOVAO MORAL A frase que est no topo deste texto resume o que o verdadeiro homem de bem, que no dizer de Allan Kardec e dos espritos superiores, o mesmo que dizer o verdadeiro esprita. Trata-se de uma sntese admirvel do que seja o trabalho de reforma ntima: estudar as prprias imperfeies e trabalhar sem cessar por combatlas, esforando-se por ser cada dia ao menos um pouco melhor do que framos no dia anterior. Esta atitude que demonstra O QUE REPRESENTA A AO ESPRITA EM NOSSA REALIZAO PESSOAL.ANURIO ESPRITA 21

Ser realmente uma alma comprometida com os ideais espritas diferenciar-se, no no aspecto exterior e aparente, mas sim no mundo ntimo, do padro da conduta materialista que ainda assola a Humanidade. No vestir uma capa de santo ou iluminado; contudo, plenamente cientes de nossas ainda gigantescas deficincias morais e da quantidade de maus sentimentos que ainda carregamos em nosso corao, no mais admitir que erremos sem lutar pela retificao desses erros e que no sejamos melhores, nem que seja alguns gramas, hoje do que fomos ontem. Melhorar a qualidade de nossas atitudes, fugindo ao lugar comum, no mais reagindo como o animal racional na selva do mundo moderno, mas agir e reagir como aquele que se conscientizou em ser um homem de bem. Ser melhor no trnsito, ao lidar com as questes polticas, no seio familiar, junto vizinhana, na demonstrao de conscincia com as questes ambientais, no local de trabalho, na vibrao do esporte, no comportamento quando se est na rua, sendo melhor pai, me, filho, irmo, parente em geral, com os colegas de escola, junto aos companheiros de casa esprita, etc. No cabe mais no Terceiro Milnio a conduta de: um grande escritor esprita mal-humorado; um famoso mdium melindroso e voluntarioso; um dirigente (por todos conhecido) autoritrio e mando; um trabalhador esprita com 40 anos de servio na casa esprita, irritado e azedo; um(a) esprita que xingue no trnsito; um(a) esprita coadune com a corrupo quando ocupe algum cargo pblico; um(a) esprita que brigue com os vizinhos por questes pueris; um(a) esprita que desperdice gua, energia eltrica, que jogue papel na rua e agrida animais e plantas; um(a) esprita que enxerga os que toram por times diferentes ou morem outras cidades ou sejam de outros pases como rivais, inimigos; um(a) esprita que continue a comer demais, beber demais, falar palavres, no ter equilbrio sexual e afetivo, fumar, usar drogas ilcitas,22 ANURIO ESPRITA

discriminar os que pensem diferente, depreciar qualquer irmo do caminho, e quaisquer outras condutas desequilibradas; um(a) esprita que manifeste constantemente cime, inveja, preguia, vaidade, e tantos outros vcios. Ufa! No fcil ser esprita... Mas no quer dizer perfeio de um dia para o outro. O importante a boa vontade e o esforo em no aceitar mais a sombra, trabalhando por fazer luz em cada recesso, em cada escaninho de nosso ser, de nosso corao, de nossa mente. Melhorar um pouco a cada dia, mas melhorar mesmo! Por isso, se queremos realmente abrir as portas da felicidade e da paz, s resta seguir a recomendao de Jesus: - Se queres vir aps mim, renuncia a ti mesmo, tome a tua cruz e siga-me. Renunciar a ns mesmos renunciar ao homem velho e aos hbitos que ainda fazem de ns os homens velhos. Tomar nossa cruz a aceitao do que somos e temos que resolver, sem rebeldia ou revolta, com esforo contnuo e incessante para nos melhorarmos. Seguir ao Cristo se resume em um verbo: AMAR e AMAR sempre mais. Sigamos. Ningum do Alto disse que fcil; contudo nos disse que BOM, MUITO BOM...

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A CAMINHO DA LUZ, DE EMMANUEL, UMA OBRA IMPRESCINDVELCarlos A.BaccelliA Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, representa uma obra, doutrinariamente, imprescindvel. Do ponto de vista filosfico e religioso, o desenvolvimento de A Gnese, de Allan Kardec. O seu lcido autor espiritual a subintitula: Histria da Civilizao Luz do Espiritismo. Agora, no prximo ano, o referido livro estar completando 70 anos foi psicografado de 17 de agosto a 21 de setembro de 1938, portanto, em pouco mais de um ms, quando Chico contava 28 de idade, com uma longa e abenoada trajetria pela frente. No Antelquio, explica Emmanuel: ... procuremos esforar-nos por mostrar a verdadeira posio do Evangelho do Cristo, tanta vez incompreendido a, no mundo, em face das religies e das filosofias terrenas. No dever ser este um trabalho histrico. A histria do mundo est compilada e feita. Nossa contribuio ser tese religiosa... Foi, ento, colocada, de maneira inequvoca, o que os Espritos24 ANURIO ESPRITA

pretendiam, atravs da mediunidade de Chico: desenvolver a Doutrina em seu aspecto religioso, o que, convenhamos, no foi possvel ao Codificador, embora o Pentateuco dedique uma obra inteira O Evangelho Segundo o Espiritismo Figura do Cristo! Logo em sua Introduo, Emmanuel se refere, com notvel antecedncia, ao advento de 2 Guerra Mundial, o que, alis, em 1935, j havia sido previsto por Maria Joo de Deus, em Cartas de uma Morta: Os nossos Mestres nos falaram das grandes correntes migratrias que modificam as civilizaes, asseverando que o mundo atual se encontra beira desses movimentos inevitveis.

Por parte de alguns espritas, A Caminho da Luz tem sido objeto de injustificvel contestao, notadamente quando Emmanuel se refere evoluo do Esprito de Jesus, em linha reta para Deus, e sua condio de Governador Espiritual do Planeta. Desconhecem, talvez, o que Kardec grafou em A Gnese, no captulo III, evidenciando que o esprito, que passa pela fieira da ignorncia, no carece de passar pela do mal o mal no se constitui em fatalidade evolutiva: Deus no quer seno o bem; o mal provm unicamente do homem. Se na criao houvesse um ser predisposto ao mal, ningum o poderia evitar; porm, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, e tendo ao mesmo tempo seu livre-arbtrio e por guia as leis divinas, evitar o mal quando quiser. (grifamos) Em O Livro dos Espritos, vejamos a questo 645: Quando o homem est mergulhado, de qualquer maneira, na atmosfera do vcio, o mal no se torna para ele um arrastamento quase irresistvel? R Arrastamento, sim; irresistvel, no; porque, no meio dessa atmosfera de vcios, encontras, s vezes, grandes virtudes. So espritos que tiveram a fora de resistir e que tiveram, ao mesmo tempo, a misso de exercer uma boa influncia sobre os seus semelhantes. E, ainda, a de nmero 120: Todos os espritos passam pela fieira do mal, para chegar ao bem? R No pela fieira do mal, mas pela da ignorncia. (grifamos) Portanto possvel, sim, que alguns espritos faam a sua evoluoANURIO ESPRITA 25

em linha reta para Deus! De resto, cremos ser perda de tempo qualquer discusso em torno da evoluo do Esprito do Cristo, que, no Evangelho de Joo, cap. 8 v. 58, disse a seu prprio respeito: Antes que Abrao existisse, eu sou!

Um dos captulos mais reveladores da obra em pauta aquele em que Emmanuel se refere ao exlio de falanges espirituais para a Terra, dando origem raa branca, banidas que foram de uma grande estrela da Constelao do Cocheiro, denominada Cabra ou Capela: Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, proporcionalmente, nas regies mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famlias primitivas, descendentes dos primatas, a que nos referimos ainda h pouco. Com a sua reencarnao no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na histria etnolgica dos seres. Um grande acontecimento se verificara no planeta. que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raas brancas. Em decorrncia, explica-se a gnese da crena na Reencarnao, que, entre os egpcios, a maioria capelinos degredados, era conhecida como Metempsicose: O grande povo dos faras guardava a reminiscncia do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doa semelhante humilhao, que, na lembrana do pretrito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinao punitiva dos deuses. A metempsicose era o fruto da sua amarga impresso, a respeito do exlio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre. Segundo Emmanuel, ainda herana dos capelinos para a Humanidade a comunicao entre encarnados e desencarnados, ou seja, a mediunidade: As cincias psquicas da atualidade eram familiares aos magnos sacerdotes do templos. O destino e a comunicao dos mortos e a pluralidade das existncias e dos mundos eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos.

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Emocionante, em toda a obra, constituda de 218 pginas, a Presena de Jesus, atravs de seus Mensageiros, que, em todos os tempos, se corporificaram no Orbe, tutelando a evoluo do esprito humano, at que Ele mesmo pudesse vir traar-lhe definitivo roteiro para o Alto: ento que se movimentam as entidades anglicas do sistema, nas proximidades da Terra, adotando providncias de vasta e generosa importncia. A lio do Salvador deveria, agora, resplandecer para os homens, controlando-lhes a liberdade com a exemplificao perfeita do amor. Todas as providncias so levadas a efeito. Escolhem-se os instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade nica registra-se, ento, nas esferas mais prximas do planeta, e, quando reinava Augusto, na sede do governo do mundo, viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas. Harmonias divinas cantavam um hino de sublimadas esperanas no corao dos homens e da Natureza. A manjedoura o teatro de todas as glorificaes da luz e da humildade, e, enquanto alvorecia uma nova era para o globo terrestre, nunca mais se esqueceria o Natal, a noite silenciosa, noite santa.

No captulo I, A Gnese planetria, Emmanuel pe fim s especulaes em torno da verdadeira identidade do Esprito da Verdade, que alguns confrades insistem em dizer tratar-se do Esprito do prprio Cristo, quando, em vrias oportunidades, Chico Xavier nos disse ser Joo Batista, consoante informaes sigilosas a Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espritas. O Esprito da Verdade, Joo Batista, era, junto a Kardec, o mdium do Cristo. Eis o que nos fala Emmanuel: Essa Comunidade de seres anglicos e perfeitos, da qual Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas j se reuniu, nas proximidades da Terra, para a soluo de problemas decisivos e da direo do nosso planeta, por duas vezes, no curso dos milnios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lanassem, no Tempo e no Espao, as balizas do nosso sistema cosmognico e os prdromos da vida na matria em ignio, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do SenhorANURIO ESPRITA 27

face da Terra, trazendo famlia humana a lio imortal do seu Evangelho de amor e redeno. No captulo XXIV, de A Caminho da Luz, O Espiritismo e as grandes transies, Emmanuel nos fala de uma terceira reunio da referida Comunidade, que estaria para se realizar nas adjacncias do planeta: Espritos abnegados e esclarecidos falam-nos de uma nova reunio da comunidade das potncias anglicas do sistema solar, da qual Jesus um dos membros divinos. Reunir-se-, de novo, a sociedade celeste, pela terceira vez, na atmosfera terrestre, desde que o Cristo recebeu a sagrada misso de abraar e redimir a nossa Humanidade, decidindo novamente sobre os destinos do nosso mundo. No Evangelho de Joo, captulo 14 v. 26, fica claro que o Consolador Prometido, veio em nome de Jesus, e no por Ele pessoalmente: ...mas o Consolador, o Esprito Santo, a quem o Pai enviar em meu nome, esse vos ensinar todas as cousas e vos far lembrar de tudo o que vos tenho dito.

Iramos longe, destacando a grandeza de A Caminho da Luz, sem dvida, um dos livros mais importantes da literatura esprita, demonstrando como a trajetria da Humanidade terrestre se entrelaa com a da Humanidade desencarnada, preenchendo lacunas histricas, para as quais o homem comum permanece sem respostas. Louvemos, pois, o esforo de Emmanuel, que, atravs da mediunidade missionria de Chico Xavier, ampliou, consideravelmente, a nossa viso da prpria Doutrina. A Caminho da Luz, editado pela Federao Esprita Brasileira, um livro a ser estudado nas casas espritas, como estamos fazendo, em Uberaba, em nossas reunies pblicas, oportunizando a todos mais estreito contato com o excelente contedo do Espiritismo.

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PERDO, TERAPIA BENDITAMarival Veloso de MatosDA SIGNIFICAO ETIMOLGICA Per=Prefixo designativo de intensidade ou aumento. Superlativo, pleno, mximo, absoluto. (Lello Universal) Est presente em PERmanecer, em PERturbar, PERito (tratando-se do sabedor, do hbil, do douto em determinado assunto ou tema). Os exemplos so abundantes. Do= De doar. V.t. (lat. donare) o que se transmite gratuitamente a outrem (Lello Universal). PERDO, portanto, do ponto de vista de suas razes, quer dizer: a doao mxima que podemos fazer uns aos outros. No sentido tradicional quando o credor desobriga o devedor do dbito. Isto , faz a remisso da dvida. Exemplo maior vamos encontrar na parbola dos credores e dos devedores na qual, um indivduo perdoado em dez mil denrios, todavia no se pejou de trancafiar na priso o seu devedor e familiares, por causa de cem dinheiros. ) MT XVIII 23 a 35. O vocbulo to apropriado, corresponde to bem ao que se prope,ANURIO ESPRITA 29

que nas diversas lnguas neolatinas poder-se- dizer que do ponto de vista etimolgico no sofre mudanas fundamentais: No francs Pardon No italiano Perdone No espanhol Perdon No portugus (ltima flor do Lcio, inculta e bela, no dizer do nosso grande poeta Olavo Bilac), Perdo. O PERDO SOB VRIOS ASPECTOS Carregamos conosco a convico de que quanto aos efeitos, os resultados pela aplicao do PERDO, podemos encontr-los facilmente sob os trs aspectos que formam o monoltico arcabouo esprita-cristo, seno vejamos: CIENTFICO H alguns anos causou-nos agradvel surpresa quando em uma clnica mdica, aqui em Belo Horizonte, lamos em bem formatado cartaz: Quer sade? Faa as pazes, Perdoe. Nosso prematuro pensamento foi: Isto aqui uma clnica mdica ou uma capela de oraes? Mas como espritas no encontramos dificuldades para nos situarmos na realidade que aos poucos foi ocorrendo. Entendemos de pronto o sentido holstico daquela exortao, estampada na parede. que hoje a Medicina est plenamente ciente de que as doenas crnicas, rebeldes, que no respondem a determinadas prescries, encontram barreiras intransponveis no dio, no rancor, nos sentimentos negativos em forma de cime, de inveja, etc. Diz-nos, ao nosso ver, judiciosamente, Thorwald Dethlefsen Rudger Dahlke, em seu livro A Doena Como Caminho Ed. Cultrix-2004, Trad. de Zilda Hutchinson Schild, p. 240: O cncer s sente respeito pelo amor verdadeiro. E o smbolo do amor perfeito o corao. E conclui dizendo:30 ANURIO ESPRITA

o corao o nico rgo que no pode ser atacado pelo cncer. (o destaque nosso)* Cristina Cairo, em seu Site Oficial, comentando sobre o livro Evangelho e Sade, entre outros comentrios, afirma: ... O organismo reconhece as emoes, geradas por essa conduta que Cristo ensina como boas para o seu funcionamento, e assim promove a cura de qualquer distrbio ou doena. O PERDO (destacamos), o Amor e o respeito ao prximo levam mxima que amar ao prximo como a si mesmo. Como se v, no estamos diante de pregaes meramente do ponto de vista religioso, mas eminentemente cientfico. Para conforto dos que cerramos fileira nesse arcabouo monumental chamado Doutrina dos Espritos, ficamos tranqilos com o aspecto holstico, cuja viso aos poucos vai sendo implantada, porque desde o advento da Codificao Esprita que temos sido informados a respeito. Observem: o trip esprita compe-se de cincia, filosofia e religio. Na conscientizao de sermos um todo inter-relacionado ou holstico, j dito aqui, acreditamos que se lembrarmos dos SISTEMAS que trazemos nas nossas individualidades (antes porm pedindo permisso para faz-lo, visto no sermos versados em cincia): O Sistema Nervoso Central (que percorre todo o corpo como fios de uma teia); O Sistema Endcrino (formado por diversos rgos que secretam hormnios, substncias que agem distncia); O Sistema Imunolgico (cuja ao nos manter saudveis). Esto esses trs sistemas entrelaados, intercomunicantes e interdependentes. Trocam informes entre si. (Apostila Autoimunidade e Psicossomtica, de Gilmar Domingos Cardoso, 04/2002). Esse inderrogvel relacionamento que, do ponto de vista fsico, representa supedneo seguro para entendermos que, dependendo do tipo de msica que ouvirmos, nos alegramos ou entristecemos. Que, ouvindo algum descrever com minudncias certa iguaria que apreciamos, e se, principalmente, estivermos carentes de alimentao, sentimos salivao abundante e aparentemente gratuita. Ou nos tornamos plidos e trmulos se ouvirmos o barulho de cantar de pneus no asfalto, defronte nossa residncia, ante a suposio de ser um acidente.(*) Consultando fontes mdicas, colhemos a informao de que o cncer pode, sim, atacar o corao, embora seja um fato raro. Portanto, consideramos esta ltima frase como fora de expresso. (NR do AE)

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Fcil ento de entendermos por que o sentimento mrbido, doentio, bloqueador, do dio, do sentimento negativo, acabam por afetar as clulas da nossa organizao fisiolgica que, pela sua intensidade, afetam com certa profundidade nossos outros campos alm do fsico. Na j citada obra A Doena Como Caminho, p. 7, deparamos: ... O doente no uma vtima inocente de alguma imperfeio da Natureza, mas que de fato o autor de sua doena. E p. 14 do referido livro, que reputamos de intensa sabedoria, a seguinte afirmativa: O corpo material o palco em que as imagens da conscincia se esforam por se expressar. Portanto, a doena, inegavelmente manifestao que se expressa do centro para a periferia. O citado autor agora, p. 17, diz textualmente que a doena um estado do ser humano que indica que, na sua conscincia, ela no est mais em ordem, ou seja, sua conscincia registra que no h harmonia. Essa perda de equilbrio interior se manifesta no corpo como um sintoma. Sendo assim, o sintoma um sinal e um transmissor de informao. O autor ora citado, entre outros consideranduns, nos remete ao entendimento de que ser altamente positivo para a nossa vida como um todo, o aprender a fazer leituras, buscar interpretar o porqu de nossos desarranjos tambm como um todo, dando-nos assim o cabedal necessrio para as mudanas que precisamos operar em ns. Como sempre nos dizia o nosso saudoso irmo, sbio e virtuoso Leo Zlio, que afirmava convicto: Tudo muda, s no muda a Lei da Mudana porque muda toda hora. Recordamo-nos da perene fala do iluminado Emmanuel, quando nos aconselha elegermos como programa de nossa caminhada adentrarmos sempre o que ele judiciosamente chama de bno do recomeo. Ou pela fala pioneira do insigne codificador Allan Kardec, ao afirmar, peremptrio, ser trao marcante do Esprita pugnar pela transformao moral e de porfiar sempre para domar suas ms tendncias. E como que para demonstrar toda a legtima interao entre os dois baluartes espiritistas, o mentor espiritual de nosso sempre lembrado Chico Xavier quem nos afirma: Somos herdeiros de tendncias em busca de qualidade. FILOSFICO No sentido de responder s nossas indagaes, aos nossos porqus, quando pretendemos nos situar no contexto do cotidiano, como, por exemplo, por que me dou bem com fulano sem o mnimo esforo e por mais me esforce no consigo relacionar-me satisfatria e espontaneamente com sicrano? Em outras palavras, qual o porqu das simpatias e antipatias gratuitas? Uma srie de perguntas povoam o nosso dia-a-dia e que a Religio dos Espritos nos elucida de modo claro, objetivo e transparente. Via de regra so desacertos, desavenas em razo do orgulho, do cime, da vaidade, o personalismo exacerbado que acabaram, por dcadas a fora, constituir-se em imensa montanha de dificuldades.32 ANURIO ESPRITA

Escabrosidades essas que fazem com que nossas vidas, ao longo da caminhada evolutiva, representem veredas eivadas de urzes e espinhos. No fosse a bno do esclarecimento esprita-cristo que, como diz o insigne Lon Denis, luariza de esperana a noite de nossas vidas, no saberamos como nos livrar de tais bices, muitos de ns, aps porfiada luta confrontada com a dor e o sofrimento. No caso de se chegar a situaes extremas do pleito obsessivo, bastas vezes o obsidiado, diante da ao insistente e desagradvel do obsessor, indaga: Por que eu? A resposta pode estar num relacionamento mal conduzido de antanho, envolvendo criaturas que se digladiaram e se envolveram no cipoal do dio no passado e que hoje se reencontram lamentavelmente em bases de recprocos sentimentos deteriorados. O fato de estarmos cientes dessas verdades nos credenciam a ver no PERDO o grande e infalvel instrumental desobstruidor dos pedrouos da caminhada evolutiva. Dificuldades que sabemos, varam tmulos e sculos se no procuramos anestesi-las sob o efeito do AMOR. RELIGIOSO fundamental para o Cristianismo a prtica do Amor ao Prximo. (Por 34 vezes, o Novo Testamento nos recomenda o PERDO no sentido de absolver, remir). No Captulo XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, em seus itens 4 e 5, citando o Ev. de Mateus Cap. XXII 34 a 40 diz: Mas os Fariseus, tendo sabido que Ele tapara a boca aos Saduceus, reuniram-se e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso corao, de toda a vossa alma e de todo o vosso esprito. Eis a o maior e o primeiro mandamento. Eis o segundo que semelhante a este: Amareis vosso prximo como a vs mesmos. Toda a lei e os profetas esto contidos nesses dois mandamentos. Nos comentrios que se seguem naquela obra, a grande senha para a salvao representada pela Caridade e pela Humildade. Ora, no existe Caridade que no possua as qualidades propostas pelo inesquecvel apstolo Paulo, ao nos falar de uma caridade sem restries, constituindo-se num hino de amor e ternura, quando envia sua 1 Epstola aos Corntios XIII 1 a 7 e 13. Impossvel falar de Amor sem falar de Perdo. conclusivo, portanto, que No podendo amar a Deus, sem praticar a caridade para com o prximo; todos os deveres do homem se encontram resumidos na mxima FORA DA CARIDADE NO H SALVAO.ANURIO ESPRITA 33

E diante da lgica beleza da Doutrina revelada pelos Espritos, inegavelmente o Cristianismo Redivivo, nos termos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV, n 10, observemos o que nos oferece a questo 886 de O Livro dos Espritos, esta monumental pedra angular da Codificao: P Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendeu Jesus? R Benevolncia para com todos, Indulgncia para as imperfeies alheias, PERDO das ofensas. Alm do que, imperioso lembrar que o Perdo no via de mo nica. Isto , em face dos envolvidos nos acertos em que o objetivo seja o exerccio do Perdo, carece lembrarmos que tanto o ofendido, quanto o ofensor precisam da reciprocidade do Perdo, pois pode ter acontecido que o incio da querela se deu h sculos, sendo que hoje no sabemos precisar qual dos dois deu incio contenda. Oportuno lembrar ainda que o perdoador , sem sombra de dvida, o grande e imediato beneficiado da demanda ora desfeita, se for o caso. Encerramos esses toscos considerandos acerca do Perdo, pedindo licena para trasladar da revista Sabedoria do Evangelho Vol. 2, de Carlos Torres Pastorino, pp. 153/154, a seguinte equao que nos ensina sair da roda-viva da malquerncia, que como tentamos demonstrar, trazem conseqncias funestas para quem a cultua: Figurando o mal pelo negativo (-) e o bem pelo positivo (+), e o perdo pelo 0 (zero), temos as seguintes equaes: (-1) + (-1) = -2 mal feito mais mal retribudo = mal duplo (-1) + 0 = -1 mal feito mais perdo = 1 mal (-1) + (+1) = 0 mal feito mais benefcio prestado = mal anulado. Conclui Pastorino, com a sapincia que lhe proverbial: Ento, matematicamente se prova que s o bem praticado em favor de quem nos faz o mal que consegue extirpar a dor e o sofrimento da face da Terra. Marival Veloso de Matos Rua Astolfo Dutra 304 Pompia 30280-340 Belo Horizonte MG34 ANURIO ESPRITA

A JUVENTUDE COM PERIGOSA LIBERDADE E OS DESAFIOS DE SUA EDUCAOWalter Barcelos (Uberaba MG) [email protected] os jovens de qualquer procedncia por nossos prprios filhos, estimulando neles o amor ao trabalho e a iniciativa da educao. Emmanuel (Religio dos Espritos, Francisco C. Xavier, Jovens FEB)

A humanidade usufrui, na atualidade, enorme conforto material e, por outro lado, v-se abraada a gigantescos problemas nas relaes humanas, convivncia afetiva e psicologia pessoal. So gravames psquicos e morais afetando a atividade mental de criaturas de todas as idades, classes sociais e nveis culturais. neste mundo moral bastante perturbador e atribulado nos dias atuais que os adultos se propem educar a personalidade de crianas e jovens, visando ao futuro alegre, feliz e promissor deles. Em razo das complexidades da personalidade e das relaes humanas, reconhecemos no estar nada fcil o trabalho educativo srio, eficiente e fecundo que atenda as profundas necessidades do ser humano.ANURIO ESPRITA 35

Facilidades perigosasMocidade liberdade. Todavia, se a liberdade foge disciplina , invariavelmente, a descida para deplorvel situao. Emmanuel (Escrnio de Luz, Francisco C. Xavier Mocidade pg. 67 Casa Editora O Clarim)

As crianas e jovens de quase todos os povos, raas e naes, nos dias que correm, recebem muitas facilidades perniciosas formao de sua personalidade. Destacamos alguns maus costumes que exigem de mes, pais, educadores, religiosos e instituies respeitveis um trabalho educativo que alcancem melhores resultados. 1 - Em virtude das enormes comodidades que o conforto material oferece aos jovens, passaram a viver bem mais a liberdade sem limite, sem freio, sem rumo, sem normas, sem disciplina. 2 - Grande parte de adolescentes passa boa parte de seu tempo na ociosidade, sem atividade construtiva fsica e mental. Transcorrem horas e mais horas sem nenhuma atividade edificante. 3 - Gastam tempo em demasia com brincadeiras e diverses que poderiam ser bem mais aproveitadas na rea de seu crescimento afetivo, emocional e mental. 4 - O excesso de horas vazias leva naturalmente os adolescentes prtica de vadiagem, leviandades e delinqncias que podem chegar ao nvel de perturbadores vcios sociais. 5 - A enchente de maus costumes perturba e arrasa inelutavelmente o sutilssimo sistema psquico de grande parte de jovens, direcionandoos para o caminho triste e destruidor do tabagismo, alcoolismo e toxicomania. 6 - Experimentam, desde muito cedo, o desejo sexual quando o corpo, a mente e os desejos sexuais ainda no esto prontos para a prtica sexual saudvel. O sbio instrutor Emmanuel mostra a ntima relao entre infncia36 ANURIO ESPRITA

e adolescncia nos processos da educao: Muitos saem da meninice moralmente mutilados pelas mos mercenrias a que foram confiados no bero. Emmanuel (Religio dos Espritos, Francisco C. Xavier - Jovens FEB) As razes do desequilbrio das mentes juvenis esto fundamentadas na ausncia da boa orientao e ausncia de bons exemplos de genitores indecisos e aflitos enfrentando tantas dificuldades na educao dos filhos. Solido espiritualJuventude no um estado da carne. H moos que transitam no mundo, trazendo o corao repleto de pavorosas runas. Emmanuel (Fonte Viva, Francisco C. Xavier Busquemos a Eternidade FEB)

Um dos frutos bem amargos na sociedade atual o desejo incontido de liberdade irrestrita, sem rumo e sem nenhuma disciplina pelos jovens inconseqentes. Essas criaturas imaturas observam ao seu redor, na famlia, escola e sociedade, uma infinidade de maus exemplos cometidos pelos mais velhos. Cada pessoa, mesmo inconscientemente, busca viver mais a liberdade de fazer o que mais deseja na busca desesperada de satisfazer, em primeiro lugar, a si mesma. Boa parte dos jovens quer de imediato e de qualquer maneira conquistar e praticar os mais diversificados desejos. Isso faz com que eles vivam mais consigo mesmos, passando a viver em MAIOR SOLIDO MORAL E ESPIRITUAL. A profunda solido afetiva e mental bastante difcil de ser percebida, detectada e analisada por pais amorosos e educadores sensatos. Quanto maior o nmero de informaes diversificadas que a mente da criana e do jovem captam diariamente, de maneira incessante, maior poder ser a sua desorientao, desequilbrio e hiperatividade incontrolvel, causando emoes e comportamentos os mais estranhos, problemticos e violentos. Embora estejamos morando juntos na mesma casa, na convivncia amorosa de pais e filhos bem unidos um ao outro, cada criana e jovem encarnado est vivendo no maior isolamento afetivo, psquico e espiritual. A afetividade bela e confortadora est bem escassa no relacionamentoANURIO ESPRITA 37

entre pais e filhos. Em virtude de milhares de opes e ofertas que o mercado global oferece de forma irresistvel, chamando a ateno de sua viso, desejos, interesses, tendncias, impulsos que nascem naturalmente de sua mente com experincias multimilenares acumuladas nas encarnaes sucessivas. O corao juvenil est repleto de desejos e sonhos, emoes e sentimentos por enquanto ainda indecisos, impulsivos e desarvorados, devido s imperfeies morais que predominam em toda a populao terrestre. A triste realidade consiste em que quanto mais mente e corao de crianas e jovens estiverem distantes dos pais abnegados, bem mais complicado ser o processo de formao educacional deles. Sonhos juvenis indispensvel amparar convenientemente a mentalidade juvenil e que ningum lhe oferea perspectivas de domnio ilusrio. Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida, Francisco C. Xavier Mocidade FEB)

Uma indagao compete ser formulada por ns: em que direo estaro focalizados os desejos e pensamentos mais ntimos de cada moa e rapaz, neste mundo globalizado e to agitado de hoje? Inevitavelmente, quase todos esto sendo atrados irresistivelmente pelas ofertas douradas que o portentoso sistema capitalista vende, com beleza e encantamento, no mundo das propagandas na imprensa falada, escrita, televisiva e nas telas fantasiosas do cinema mundial. Difcil ser a mente de adolescentes no sofrer as influncias gigantescas da propaganda materialista que privilegia em excesso o bem-estar material, as facilidades e gozos que os recursos financeiros proporcionam. Coloca tudo isso em primeiro plano nos seus ideais, sonhos e interesses. A mdia mundial no d mnima importncia e mesmo zomba dos valores superiores da personalidade. Enumeramos alguns sonhos que tomam conta do imaginrio de nossos jovens, em seus investimentos emocionais na vida social: 1 - Preferem estudar e conhecer bem mais as matrias acadmicas de cunho eminentemente cientfico que oferecem melhores perspectivas de profisso e emprego compensador.38 ANURIO ESPRITA

2 - O diploma acadmico bem mais importante que o conhecimento adquirido, experincia assimilada e habilidades apreendidas. 3 - A massificao da propaganda comercial na excessiva valorizao da apresentao pessoal e beleza fsica, tornou-se idia obsessiva de moas e rapazes para atrair e conquistar a admirao sexual, simpatia afetiva e prestgio social. 4 - A diversidade do vesturio colorido atendendo a moda predominante uma das paixes das mentes jovens. No mundo comercial, a multiplicidade dos trajes bem assentados que atende o requinte da moda confeccionada com maestria para atender o mundo psicolgico inebriado da juventude. 5 - Incentivados pela enorme fora das propagandas de filmes romnticos, novelas apaixonadas e msicas bastante sonhadoras, os adolescentes esto comeando bem mais cedo a praticar o amor sexual. 6 - Ao experimentarem mais cedo os desejos sexuais, partem para a variedade de parceiros, sofrendo, porm as angstias do prazer sem amor: paixo obsessiva, cime, traio, abandono, gravidez indesejada, aborto, criminalidade, suicdio. 7 - A msica mundial faz o prazer, o delrio e alegria indefinvel dos jovens irrequietos. No havendo a moderao e ultrapassando os limites da audio saudvel, torna-se vcio incontrolvel, doentio e desequilibrado, colaborando para a desarmonia psquica e psicolgica. 8 - A mente juvenil invadida com facilidade extrema pela admirao e fascnio aos mais variados dolos no mercado global da fama, seja na msica, cinema, novela, esportes, televiso. Os dolos so engenhosamente fabricados pela mdia mundial, dominando idias, anseios, sonhos e a prpria vida ntima deles. 9 - Devido s mltiplas opes que atraem irresistivelmente os mais novos na carne, de certa forma esto mais afastados do relacionamento afetivo com os pais amorosos, convivendo mais intensamente o esprito de grupo com seus afins. Grande nmero de jovens anseia por participar mais ativamente das facilidades da vida, no se importando com deveres morais, responsabilidades prprias, compromissos familiares e obrigaes sociais.ANURIO ESPRITA 39

As sombras do materialismoCada menino e moo no mundo um plano da Sabedoria Divina para servio Humanidade, e todo menino e moo transviado um plano da Sabedoria Divina que a Humanidade corrompeu ou deslustrou. Emmanuel (Religio dos Espritos, Francisco C. Xavier Jovens pg. 138 FEB)

Ante o imenso quadro sombrio de influncias nocivas, voltamos a indagar como se encontra o estado moral e espiritual deles. Observandose suas ocupaes prediletas, atividades culturais, maus costumes rotineiros, entretenimentos e prazeres dirios, chega-se concluso que a alma de grande maioria dos jovens se encontra em completo abandono espiritual. Muito poucos realizam as religies tradicionais, no apoio seguro e educativo juventude. Vive-se mais a crena vinculada s coisas transitrias, cultivam-se as idias materialistas de felicidade. O distanciamento das prticas genunas da f religiosa leva ao vazio existencial, descrena em Deus, imaturidade sentimental, fragilidade da f, fraqueza moral, viso ingnua da vida humana. Ante o lamentvel abandono e descaso na educao da personalidade juvenil, os jovens vitalizam suas mentes, adubam seus sentimentos e fertilizam suas idias em trs fontes de poderosa influncia destruidora dos bons costumes: CULTURA MATERIALISTA, COSTUMES PERVERTIDOS e MDIA IRRESPONSVEL. Batalha bastante difcil e inglria ser a de lutar e combater essas gigantescas foras sociais repletas de materialismo e descrena, imoralidade e depravao. A filosofia materialista da grande mdia estimula os maus costumes, sempre unida aos interesses de indstrias criminosas, comerciantes que vendem todo tipo de vcios e a rede tenebrosa de trfico de txicos todos bastante vidos por lucros financeiros desmedidos. Essa imensa rede de sombras une-se ainda s aes invisveis das falanges de espritos impuros especializados em atacar, dominar e subjugar a mente da clientela humana, oferecendo o trio inseparvel do prazer imediato que arrasa pessoas e destri os lares: ALCOOLISMO, SEXUALISMO E VCIO DAS DROGAS.40 ANURIO ESPRITA

Estas algemas psquicas atormentadoras que criam a infelicidade humana esto sendo jogadas insistentemente em todos os meios de comunicao na MIDIA MUNDIAL e nas redes comerciais dos antros dos vcios movidos pela ganncia e interesses ilimitados de homens ambiciosos destitudos de sentimento cristo. Como salvar e retirar os jovens do caminho do mal e da viciao, da violncia e da delinqncia, se ns os adultos que gerenciamos a organizao social lhes oferecemos diariamente o que h de pior para seu uso e consumo no corpo e na mente, na idia e no corao, no pensamento e nas emoes? urgente desenvolver melhores sentimentos por parte dos mais envelhecidos na experincia, a fim de amar e compreender a juventude, tanto entre os de boa conduta quanto os que se locupletam na libertinagem e delinqncia. Amemos com sinceridade e muita serenidade todos os jovens, como elucida Jesus, atravs do esprito Humberto de Campos: Quando te cerque o burburinho da mocidade, ama os jovens que revelem trabalho e reflexo; entretanto no deixes de sorrir, igualmente, para os levianos e inconstantes: so crianas que pedem cuidado, abelhas que ainda no sabem fazer o mel. (Boa Nova, Francisco C. Xavier - Velhos e Moos pg. 65 - FEB) Responsabilidade educacionalOs pais que se preocupassem em despertar nos filhos a vocao para o Bem estariam cuidando da parte essencial na formao do carter deles. As demais qualidades morais e intelectuais haveriam de ser conseqncia de semelhante iniciativa. Chico Xavier (O Esprito de Chico Xavier, Francisco C. Xavier, Carlos A. Baccelli, pg. 59 Editora LEEPP)

Ante a pesada artilharia das armas automticas do materialismo ateu, dominando e sugando as melhores energias da mente juvenil vale indagar como ajudar de maneira eficiente a boa formao da vida mental da juventude?ANURIO ESPRITA 41

Para atender as profundas necessidades de educao do esprito eterno, no basta criar estabelecimentos de ensino bem organizados, equipados com maravilhosas bibliotecas e recursos de informtica e telecomunicaes, no basta espalhar a cultura extraordinria dos livros didticos, no basta executar as emocionantes cerimnias de ordem religiosa, no basta o exerccio dos esportes educativos e saudveis, no basta promover maiores recursos financeiros para as escolas, no basta melhorar o corpo docente com professores mais bem preparados, SE A MENTE E O CORAO DE GRANDE PERCENTAGEM DE JOVENS CONTINUAM ACESSVEIS AOS MAUS COSTUMES, SUBMISSAS AOS VCIOS, AUSENTES DE MORALIDADE ELEVADA E ESPIRITUALIDADE SUPERIOR. O esprito Emmanuel esclarece com clareza e lgica educacional quem deve amparar os mais jovens: O moo poder e far muito, se o esprito envelhecido na experincia no o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguir erigir, caso no se valha dos esforos que lhe precederam as atividades. Em tudo, depender de seus antecessores. (Caminho, Verdade e Vida, Francisco C. Xavier Mocidade FEB) urgente socorrer amando, conviver compreendendo e orientar educando a personalidade espiritual de nossos jovens! As instrues, informaes e conhecimentos so transmitidos abundantemente aos crebros dos jovens com certa facilidade em memorizar, todavia a educao de sentimentos e formao de carter encontra-se relegada ao esforo santo de bem poucos na sociedade brasileira. No resolve exigir com impacincia ante a indisciplina dos jovens, no ajuda cobrar insistentemente a boa conduta a todo custo deles, nem punir com autoritarismo agressivo os que praticam desobedincia, crimes e delinqncia. Violncia com violncia atrai maior dose de violncia, destruindo a paz ntima to indispensvel para a verdadeira educao das personalidades.42 ANURIO ESPRITA

O de que mais se necessita para a fecunda EDUCAO DOS JOVENS a cobertura espiritual sria, sensata e profundamente santa, a fim de dar esclarecimentos morais e iluminao dos sentimentos, equilbrio nos desejos e fortaleza para vencer as investidas do mal! Para um trabalho educativo profcuo, preciso unir em idias objetivas, sentimentos cristos e aes construtivas as maiores foras culturais do Pas: 1 - a elite cultural sinceramente compromissada com a melhor formao moral dos jovens, 2 - os estabelecimentos de ensino e instituies educacionais voltados para os valores humanos, 3 - as organizaes religiosas seriamente interessadas na educao da personalidade do jovem brasileiro, 4 - O comprometimento afetivo-pedaggico de pais responsveis e mes abnegadas. Sem a unio idealstica e bastante sria das maiores instituies do Pas, podemos ter a convico de que todo esforo educativo obter poucos resultados concretos. Ante a delinqncia juvenil que se alastra em todo o territrio brasileiro, no podemos dar prioridade unicamente s investidas policiais para capturar, processar, trancafiar e punir adolescentes desamparados de melhor apoio das elites culturais, financeiras e religiosas do Brasil. Aprisionar razovel, compreender imprescindvel, amar essencial, mas educar o carter meta fundamental! Dificuldades bem maioresNo podemos esquecer que essa fase da existncia terrestre a que apresenta maior nmero de necessidades no captulo da direo. Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida, Francisco C. Xavier, Mocidade FEB)

A juventude, nos dias atuais, encontra-se, em sua esmagadoraANURIO ESPRITA 43

maioria, desamparada quanto ao aspecto da formao moral do ser, devido s empobrecidas metas pedaggicas, s influncias tremendamente perniciosas das mensagens veiculadas pelos meios de comunicao de massa, fragilidade e cansao moral de pais e mes na aplicao da autoridade educacional, s indecises, medos e traumas de diretores e professores ante a incontrolvel insubordinao, violncia e delinqncia juvenil nas escolas pblicas e particulares. Trabalhar na orientao de jovens adolescentes constitui enfrentar maiores desafios, maiores dificuldades, maiores problemas, maiores transtornos, maiores angstias, maiores sofrimentos, maiores fracassos, maiores frustraes, maiores perigos, maiores lgrimas. As montanhas de dificuldades educacionais surgem e acumulam-se porque os adolescentes aplicam com insensatez o seu livre-arbtrio, vontade rebelde e o abuso da liberdade, ampliando e multiplicando as muralhas de obstculos, lanando muitas vezes por terra todos os benefcios recebidos. Os jovens rebeldes, inconstantes e inconseqentes so espritos com psicologia profunda de desequilbrios oriundos dos tristes dramas de dio, criminalidade e violncia de existncias passadas, esperando serem educados com as melhores lies de vida, amor genuno, exemplificao crist, seriedade moral, a fim de que possam reconstruir seus destinos infelizes. O esprito do jovem apresenta personalidade inconstante e rebelde, carregando bem mais problemas de comportamento que as crianas no ambiente afetivo do lar ou nos relacionamentos conflituosos nas escolas primrias. Para orientar melhor o jovem, necessrio assistir moralmente a criana, como nos diz Humberto de Campos: Crianas sem disciplina e jovens sem orientao sadia constituem o grmen dos imensos desastres humanos. (Reportagens de Alm Tmulo, Francisco C. Xavier O Caso de Andr, pg.43 - FEB) Os jovens devem ser socorridos em suas necessidades internas com o trabalho cuidadoso de seu ego, seus valores morais, seus sentimentos, sua capacidade de iniciativa e inventividade, sua vocao, seus talentos, suas tendncias, treinando sua inteligncia e aprimorando seus sentimentos para o bem e o belo, o til e o verdadeiro. Ao invs de preocupar-se com a aplicao da MAIORIDADE PENAL para melhor punir e condenar os adolescentes delinqentes,44 ANURIO ESPRITA

inadivel trabalhar com mais dilatado amor pela formao da MAIORIDADE MORAL na mente deles. Aprendizagem escolarA razo sem o sentimento fria e implacvel como os nmeros, e os nmeros podem ser fatos de observao e catalogao da atividade, mas nunca criaram a vida. A razo uma base indispensvel, mas s o sentimento cria e edifica. Emmanuel (O Consolador, Francisco C. Xavier, q. 198 FEB)

As escolas do mundo esto operando muito bem na rea de ensinar as cincias e culturas do mundo, a elaborao do conhecimento cientfico e tecnolgico, o desenvolvimento e sofisticao da inteligncia. Desprezam e no do o devido valor ao trabalho mais difcil e mais importante a EDUCAO PSICOLGICA, AFETIVA E MORAL. Esta ir iluminar o mundo ntimo do jovem, aprimorando o SER MORAL e no somente o SER INTELECTUAL. No bastante promover a informao cientfica, a formao artstica e profissional dos jovens. Imprescindvel adentrar com afeto e amor o seu mundo interior, ensinando-o a valorizar a sua intimidade, crescer dentro de si mesmo, melhorando-se para atuar na sociedade que o observa com ateno, expectativa e esperana de aprovao. Agir com muito amor, envolvendo a personalidade de cada adolescente, encorajando sua vontade, iluminando o seu ego, estimulando seus talentos, valorizando seus recursos artsticos, tcnicos, musicais, esportivos, desenvolvendo suas energias mentais no crescimento de suas potencialidades. Estimular cada jovem adolescente a raciocinar sobre o conhecimento que est adquirindo, extrair suas prprias concluses, tomar iniciativas prprias, promover criatividade, valorizar a si mesmo e aprimorar seus prprios valores ntimos. Nenhum adolescente, por mais problemtica, perturbada e desajustada seja a sua personalidade, no poder, em momento algum, ser desvalorizado, ser desmotivado, ser humilhado, ser excludo, ser rotulado, ser condenado. Tais atitudes violentas e orgulhosas ferindo suaANURIO ESPRITA 45

personalidade no obtero bons resultados educativos e jamais ser o amor-cristo que socorre e ampara, corrige e enobrece. Nunca, como agora, os princpios, mtodos e contedos pedaggicos da Educao do mundo foram colocados em cheque pela insubordinao dos jovens nos estabelecimentos de ensino do mundo, demonstrando que no bastante prestigiar a intelectualidade de crianas e jovens. A aquisio dos conhecimentos sempre boa, til e altamente positiva na inteligncia de cada menino ou menina, rapaz ou moa, contudo quanto boa formao da personalidade e do carter infanto-juvenis, quase no observamos resultados realmente construtivos, porque esta rea no preocupao bsica de nenhuma escola particular ou pblica, de primeiro ou segundo grau. Ser Intelectual e ser MoralO crebro e o corao no podem viver separados na tarefa construtiva. Sem a perfeita harmonia de ambos todo trabalho edificante tornase impossvel. (...) A razo calcula, cataloga, compara, analisa. O sentimento cria, edifica, alimenta, ilumina. (...) A razo o caminho humano. O sentimento a luz divina. Emmanuel (Coletnea do Alm, Espritos Diversos Lio: Sentimento e Razo pg. 111 - Edio FEESP)

Todo e qualquer ser humano possui dois fulcros bsicos de manifestao incessante de seu mundo subjetivo e psicolgico, na vida de relao com seus semelhantes: crebro e corao, inteligncia e sentimento, raciocnio e desejo, pensamento e emoo, idia e ao, conhecimentos e hbitos. Ao falar-se em Educao do ser humano, nos dias atribulados da atualidade, no se pode focalizar para educar to unicamente os brilhantes talentos da inteligncia. Os estabelecimentos de ensino do mundo e institutos de Educao esto demasiadamente preocupados e interessados em estimular, instruir e trabalhar mais as potencialidades da inteligncia, com desprezo pelo mundo de recursos de sentimentos to doentios e fragilizados das criaturas. Os desejos, intenes e sentimentos so bem mais poderosos para46 ANURIO ESPRITA

determinar as aes, hbitos, comportamentos e costumes da pessoa do que todas as potencialidades dos conhecimentos culturais e cientficos, tcnicos e religiosos acumulados. As imensas reservas psquicas de bons ou maus sentimentos arquivados na mente do esprito eterno, quando extravasados, definem, em verdade, o carter e a personalidade moral de cada pessoa, seja criana, adolescente ou adulto. Quem deseje realmente formar a personalidade de um adolescente dever trabalhar tanto o SER INTELECTUAL quanto o SER MORAL. Estudar a beleza e grandeza da cultura humana, mas aprender tambm a cincia de bem viver a boa moral. Conhecer as teorias brilhantes do pensamento, mas tambm desenvolver as riquezas dos sentimentos humanos. Estudar e manipular os recursos sofisticados da tecnologia atual, mas tambm aprender a exercitar a cincia da boa conduta na convivncia com pessoas amigas e estranhas. Conhecer e dominar as leis do raciocnio matemtico, mas aprender a praticar as energias de afeto, amizade e sinceridade que tm origem no departamento espiritual do corao. Estudar os segredos da Natureza, dominando seus fenmenos extraordinrios, mas tambm aprender a controlar e corrigir a prpria natureza inferior de sua personalidade problemtica. Conhecer os mistrios infinitos do espao sideral e do Universo, abrindo a mente para a grandeza da Criao, mas aprender tambm a analisar com sinceridade, a fim de conhecer-se, o universo de maus sentimentos e ms tendncias que cada jovem carrega em sua personalidade. Estudar com muita ateno, dominando as tcnicas eletrnicas das Telecomunicaes, mas aprender tambm a se relacionar com amor e respeito aos semelhantes. Estudar com profundidade e controlar as equaes, conexes e sistemas da Informtica, mas aprender tambm a controlar seus desejos e emoes no intercmbio com pessoas diferentes. Estudar, exercitar e adestrar as tcnicas dos sons e da msica, mas tambm aprender a sensibilizar-se na prtica das boas aes aos outros, muito especialmente os familiares.ANURIO ESPRITA 47

Estudar e desenvolver as diversas modalidades de esportes, enaltecendo a beleza e sade do corpo, mas tambm aprender a boa convivncia com adversrios e pessoas no-simpticas. Estudar e aprimorar as tcnicas no manejo dos instrumentos musicais, mas tambm aprender a superar os impulsos violentos de clera e ms tendncias, exibindo a melodia iluminada das emoes de equilbrio e serenidade. Estudar as leis e mistrios da fsica nuclear e da astrofsica, enaltecendo e valorizado o acervo cientfico da atualidade, mas tambm aprender a dar o devido valor cincia do comportamento humano para ser cidado respeitado de personalidade bondosa, digna e simptica. Juventude espritaOs jovens que, na idade da inquietude, das quedas, das distraes, se dedicam propaganda e prtica do Espiritismo, se perseverarem, chegaro muito rpidos. Miguel Vives (O Tesouro dos Espritas Lio: O Tesouro dos Espritas, EDICEL)

Os jovens tm o seu lugar respeitado e valorizado no centro esprita: a reunio de mocidade, dividida em ciclos I, II e III, de conformidade com a faixa de idade dos jovens, facilitando o trabalho na formao do conhecimento esprita a penetrar suas mentes abertas e coraes alegres. A reunio de mocidades valioso estgio de estudo, conhecimento e aprendizado esprita, muito especialmente as obras bsicas da Doutrina Esprita. preciso conhecer bem e assimilar com profundidade, a partir dos primeiros anos da adolescncia os princpios fundamentais do Espiritismo contidos nas obras do codificador, Allan Kardec. As reunies de mocidades devero ser aproveitadas para estudos metdicos da Doutrina Esprita; criar grupos musicais para cantar hinos e msicas evangelizadas; promover, treinar e apresentar maravilhosas peas teatrais; promover encontros de confraternizao entre os coraes48 ANURIO ESPRITA

jubilosos dos jovens. Sua atividade educacional dever ir muito alm dessas atividades, pois o mais importante preparar convenientemente o esprito dos jovens na idia, no conhecimento, no sentimento, na educao e na experincia, ainda nos verdes anos da vida, iluminando e fortalecendo sua personalidade para enfrentar com grandeza as lutas e provaes no futuro da existncia, a fim de aproveitar mais e melhor o seu tempo na existncia atual. O jovem que participe com seriedade, determinao e perseverana o seu estgio nas reunies de Mocidade e tambm nas tarefas doutrinria e de assistncia do centro esprita estar realmente enriquecendo sua alma e aproveitando muito bem o seu tempo, como afirma Andr Luiz: O perodo da juventude terrestre o mais propcio s modificaes da dvida crmica. (Sol nas Almas, Waldo Vieira - Lio: Mocidade CEC) A reunio de mocidades quando muito bem orientada e coordenada nas linhas do estudo doutrinrio, trabalho e afetividade crist, prepara-os com Amor, Educao e Espiritualidade, a fim de aproveitar ao mximo o tempo da existncia terrestre. Na reunio de mocidades, quando sria e produtiva, a moa e o rapaz podero muito bem habilitar-se nas virtudes evanglicas: Boa vontade, Amor, Bondade, Esforo, Dedicao, Ateno, Obedincia, Respeito, Disciplina, Determinao, Dedicao, Alegria, Espontaneidade, Sinceridade, Esprito de equipe, Desprendimento. So tesouros do esprito para a verdadeira felicidade na eternidade gloriosa. importante o jovem iniciar bem cedo o seu trabalho de esclarecimento, renovao e educao na formao da f esprita. Andr Luiz enaltece o esprito empreendedor dos jovens: Quem se aplica a servir, desde os anos da juventude, muito antes da velhice, servido pela vitria na madureza. Andr Luiz (Sol na Almas, Lio 19, Mocidade) Quem exercite a f desde a mocidade conquistar a fortaleza moral no esprito, assegurando o amadurecimento das experincias imprescindveis para a vitria espiritual na existncia terrestre. Os verdadeiros educadoresQuando te cerque o burburinho da mocidade, ama os jovens queANURIO ESPRITA 49

revelem trabalho e reflexo; entretanto no deixes de sorrir, igualmente, para os levianos e inconstantes: so crianas que pedem cuidado, abelhas que ainda no sabem fazer o mel. Humberto de Campos (Boa Nova, Francisco C. Xavier, lio: Velhos e Moos FEB)

Educadores e professores, instrutores tcnicos e coordenadores de mocidades espritas que mais acertam na formao do carter dos jovens so exatamente aqueles que se transformam em verdadeiros amigos, semeiam grande simpatia, conquistam seus coraes juvenis, estimulam a auto-estima deles, promovem o crescimento do valor individual de cada adolescente, trabalham as dificuldades de cada jovem e ajudam substancialmente o crescimento de seus prprios valores. Os melhores educadores, na verdade, so os que promovem milagres de transformao humana, trabalhando com dedicao o ntimo de cada adolescente, por mais problemtico seja. Os jovens imaturos, inseguros e ingnuos encontraram nestes bons educadores as energias indutivas que fazem nascer dentro deles mesmos: segurana, equilbrio, disciplina, estmulo, alegria, idealismo, fora de vontade para melhorar, desejo de aprender, vontade de aumentar as habilidades tcnicas, desenvolver seu valor pessoal, querer bem a si mesmos, trabalhar o auto-amor. Estes educadores so sbios e simples, bons e humanos; muitas vezes, podem estar bem longe dos grandes estabelecimentos de ensino, contudo esto bem perto do corao dos jovens. Muito alm da aplicao responsvel da matria especfica, do espontaneamente aulas de amor, de vida, de convivncia, de amizade, de simpatia, de bom carter, de compreenso, de empatia, de aceitao, de interesse, de respeito, de solidariedade. Trabalham com carinho a ESTRUTURA PSICOLGICA deles para enfrentarem com segurana os perigos e dificuldades da vida humana. Sem desenvolver bons valores morais na personalidade dos jovens, como esperar mulheres e homens honrados, dignos e honestos no amanh?50 ANURIO ESPRITA

32 EVIDNCIAS DE SER JESUS O ESPRITO VERDADE E AS RESPOSTAS PARA OS SETE ARGUMENTOS DOS NEGADORESWashington Fernandes [email protected] Sesquicentenrio do Espiritismo (2007), importante refletirmos sobre a identidade do Esprito Verdade (ou tambm Esprito da Verdade ou Esprito de Verdade), questo que faz parte da base filosfica-religiosa da Doutrina Esprita. EVIDNCIAS FILOSFICO-RELIGIOSAS H uma seqncia histrica e espiritual das Trs Revelaes: Declogo, Evangelho e Espiritismo. H evidncias de ser Jesus o Esprito Verdade, que disse: 1) - Venho como outrora, aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra - Cap. VI, 5 do ESE. S Jesus poderia proferir estas frases: vindo aos filhos de Israel (judeus); trazer a verdade; Espiritismo relembrando o Evangelho; 2) Na Revista Esprita, dezembro/1864, em A Propsito da Imitao do Evangelho: H dezoito sculos vim, por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade; ...H vrias moradas na casa de meu Pai, disse-lhes eu h dezoito sculos...; Porque os grandes sero humilhados;ANURIO ESPRITA 51

os pequenos e humildes sero exaltados. S Jesus se enquadra nesta descrio (vivido h dezoito sculos; trazido a palavra de Deus; vinha em nome do Pai; havia muitas moradas na casa do Pai; os humildes seriam exaltados); 3) Em 1858, Allan Kardec escreveu sobre o Esprito Verdade, em Instrues Prticas sobre as Manifestaes Espritas: o Esprito se deu a conhecer sob um nome alegrico (A Verdade), e Kardec soube que fora um ilustre filsofo da Antigidade. Filsofos da Antigidade foram os gregos Scrates (470-399 a.C) e Plato (427-347 a.C.), que firmaram seus nomes em mensagens transmitidas no Espiritismo. Quem seria este ilustre filsofo? por que em torno deste nome haveria tanto segredo? Outros filsofos foram os gregos Epcteto (c. 50 a.C.- c.130a.C.), Posidnio (c. 135 a.C.- c. 50a.C.), que pregaram o Bem mas no falaram aos transviados filhos de Israel e tampouco se referiram s vrias moradas; outro filsofo foi Sneca (a.C.6039d.C.) que pregou virtudes mas cometeu suicdio. A nica opo ser Jesus. 4) Est registrado que Jesus e Moiss tiveram um encontro espiritual no Monte Tabor - Mt, 17, 1-9 - demonstrando vnculos espirituais; os missionrios da Era Nova, como o mdium sueco Emanuel Swedenborg (16881772), precursor do Espiritismo, relatou que teve contatos com Jesus, que disse que ele abriria os segredos do mundo espiritual (o Cu e o Inferno). Entre os missionrios espritas, h relatos de contatos de Jesus, como os mdiuns mineiros Eurpedes Barsanulfo (1880-1918) e Chico Xavier (19102002), e o mdium baiano Divaldo Franco (BA, 1927- ). EVIDNCIAS LITERRIAS 5) A expresso Em verdade vos digo e na verdade vos digo caracterstica de Jesus, encontrada mais de sessenta vezes nos evangelistas. Citamos duas em cada: em Mt: 5,18: em verdade vos digo que at que o cu e a terra passem ...; em Mt: 6,2: Em verdade vos digo que j receberam o seu galardo ....; em Mc: 6,11: Em verdade vos digo que haver mais tolerncia ...; em Mc: 8,12: Em verdade vos digo que a essa gerao .....; em Lc: 4,24: Em verdade vos digo que nenhum profeta ...; em Lc: 13,35: em verdade vos digo que no me vereis ...; em Jo: 5,25: em verdade vos digo que vem a hora ...; em Jo: 8,34: em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado... A expresso foi utilizada pelo Esprito Verdade: Prefcio do ESE: Eu vos digo, em verdade, que so chegados os tempos; Revista Esprita, julho/ 1862, in A Telha: Em verdade vos digo, a telha que cai... H outras expresses que coincidem: 6) Cap. VI, 7 do ESE, O ESPRITO DE VERDADE afirmou: Vinde a52 ANURIO ESPRITA

mim, todos vs que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados; JESUS afirmou isso: Vinde a mim, todos vs que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei; Mt, cap. 11, 28 e ss; 7) No Prefcio do ESE: Amai-vos, tambm, uns aos outros. Jesus falou, em Jo, cap. 15,12: Que vos ameis uns aos outros. - na RE, abril/1860, em Ditados Espontneos, Conselhos, o ESPRITO VERDADE disse: Jamais uma boa rvore produzir maus frutos; jamais uma rvore m produzir bons frutos. Disse Jesus: toda a rvore boa produz bons frutos, e toda rvore m produz frutos maus. - Mt, 17,17 8) na RE, maro/1862, in Ensinos e Dissertaes Espritas, Os Obreiros do Senhor, O ESPRITO VERDADE disse: Os primeiros sero os ltimos e os ltimos sero os primeiros no reino dos cus. - disse Jesus: Os ltimos sero os primeiros e os primeiros sero os ltimos... - Mt, 20,